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Destaque Setorial - BradescoD
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Priscila Pacheco Trigo
17 de novembro de 2015
Telecomunicações
Avanço dos serviços de telecomunicações deverá ser mais lento nos próximos anos
Os serviços de telecomunicações apresentaram forte expansão nos últimos anos, sustentados pelo mercado de trabalho aquecido, pela mobilidade social, pelas novas tecnologias e pelo barateamento dos serviços (e aparelhos). Do lado da demanda das empresas, o aumento do volume de negócios e a necessidade de informação rápida fomentaram o mercado. À frente, vislumbramos menor ritmo de expansão, diante de um cenário de enfraquecimento do mercado de trabalho e da atividade econômica. Somado a isso, o acesso a esses serviços está compatível com a renda média da população brasileira, conforme comparação com os principais países no mundo. Nesse sentido, a expansão do setor nos próximos anos será mais dependente de avanços reais da renda da população brasileira.
As condições favoráveis do mercado de trabalho e a ampliação da mobilidade social, observadas nos últimos anos, refletiram no consumo das famílias. A inserção de mais de 40 milhões de pessoas na classe média em dez anos possibilitou às famílias
brasileiras se equiparem com bens de consumo duráveis e abriram espaço para a contratação de serviços complementares a esses bens, como é o caso de seguros e de telecomunicações, que começaram a fazer parte da cesta de consumo.
Nesse contexto, o setor de telecomunicações vem se destacando, com a inserção de novas tecnologias e com a mudança de hábito da população, em escala global. No mercado de telefonia móvel brasileiro, mais de 94 milhões de novos acessos foram acrescentados nos últimos cinco anos, o que foi impulsionado pela redução real dos preços de aparelhos celulares e dos serviços oferecidos e das condições favoráveis do mercado de trabalho. Em setembro passado, havia 275,9 milhões de acessos ativos, sendo 203,5 milhões de linhas pré-pagas e 72,4 milhões de linhas pós pagas. A telefonia fixa, por sua vez, expandiu de forma mais moderada nos últimos anos, inclusive registrando retração desde 2014. Esse segmento sofre concorrência direta com a telefonia móvel, tanto na demanda das famílias quanto das empresas.
Base de acessos móveis em milhares (inclui modens e chips bloqueados)
Fonte: AnatelElaboração: BRADESCO
Os destaques nos últimos anos foram, sem dúvida, os serviços de banda larga e TV por assinatura. O número de acessos de banda larga fixa totalizou 25,4 milhões em setembro deste ano, lembrando
que o serviço começou a ser oferecido a partir de 2000. Nos serviços de TV paga, as assinaturas atingiram 19,5 milhões no mesmo período. Com isso, a densidade ultrapassou 38,3 acessos para
116.314
122.858
151.949
173.959
191.472
210.510
227.352
252.982260.065
266.999271.100
277.409 283.518275.890
90.000
110.000
130.000
150.000
170.000
190.000
210.000
230.000
250.000
270.000
290.000
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Acessos Móveis - milhões
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Acessos de banda larga fixa – em milhares de acessos
Fonte: TELECOElaboração: BRADESCO
cada 100 domicílios com banda larga e 29,4 acessos para cada 100 domicílios. Note que os acessos à TV por assinatura estão praticamente estabilizados há
mais de um ano, em função da concorrência com serviços de streaming de vídeo1, entre outros fatores conjunturais ligados à atividade econômica.
6.6107.623
9.074
10.419
12.442
15.122
16.80917.596
18.62819.812
19.638
5.500
7.500
9.500
11.500
13.500
15.500
17.500
19.500
21.500
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TV por assinatura – em mil assinaturas
Fonte: AnatelElaboração: BRADESCO
Apesar de não termos uma abertura maior dos dados, é importante ressaltar que o avanço da telefonia celular nos últimos anos também está atrelado à demanda empresarial. A facilidade na comunicação e o acesso rápido à informação são os principais fatores para impulsionar a demanda das empresas a tais serviços. Nesse contexto, a densidade da telefonia celular no Brasil, hoje em 134,75 para cada 100 habitantes, reflete ao menos em parte o fato de que muitas pessoas têm linha corporativa, além da particular.
Pensando à frente, a evolução do acesso aos serviços de telecomunicações deve ocorrer de
maneira moderada, conforme parcela relevante das empresas e famílias já possui acesso aos serviços. De fato, há uma relação positiva entre o PIB per capita e a densidade de banda larga e de telefonia fixa quando analisamos os dados dos principais países no mundo, conforme gráficos a seguir. Comparados a outros países, esses serviços no Brasil estão compatíveis com os ganhos de renda do brasileiro. O País possui 11,8 acessos de banda larga para cada 100 habitantes, ao mesmo tempo em que estão ligados 22,1 telefones fixos para cada 100 habitantes, ou seja, 35,8 e 67,3 acessos respectivos por domicílio2.
1 Serviços de transmissão de vídeo pela Internet sem a necessidade de download do material.2 Dados de 2014.
8.32510.054
11.126
13.224
15.869
18.976
22.795
25.434
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
12.000
14.000
16.000
18.000
20.000
22.000
24.000
26.000
28.000
1º T
082º
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3º T
084º
T08
1º T
092º
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3º T
094º
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1º T
102º
T10
3º T
104º
T10
1º T
112º
T11
3º T
114º
T11
1º T
122º
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3º T
124º
T12
1º T
132º
T13
3º T
134º
T13
1º T
142º
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144º
T14
1º T
152º
T15
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PIB per capita versus densidade em banda larga - 2014
Fonte: TELECOElaboração: BRADESCO
PIB per capita versus densidade em telefonia fixa -
2014
Fonte: TELECOElaboração: BRADESCO
No caso de telefonia móvel, a relação não é clara, de forma que países com renda per capita semelhante possuem dispersão grande na densidade desses serviços. Ainda assim, o Brasil possui 138 linhas para cada 100 habitantes, como apontado anteriormente, e
está entre um dos países com maior acesso à telefonia móvel. Por fim, para TV por assinatura, os dados globais são escassos dificultando a análise. Vale ainda ressaltar que o Brasil possui 9,6 acessos para cada habitante, ou 29,6 acessos para cada 100 domicílios.
PIB per capita versus densidade em telefonia móvel - 2014
Fonte: TELECOElaboração: BRADESCO
Acessos por 100 hab.
PIB per capita (US$ PPP)
EUA
AlemanhaCanadá
FrançaReino Unido
Japão
Itália
Coreia
EspanhaPortugal
Rússia
Chile
Argentina
Uruguai
México
Venezuela
Brasil
Colômbia
China
Peru
Equador
ParaguaiBolívia
Índia
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
45,0
50,0
0 10.000 20.000 30.000 40.000 50.000 60.000
banda larga
EUA
Alemanha
Canadá
França
Reino Unido
Japão
Itália
Coreia
EspanhaPortugal
Rússia
ChileArgentina
Uruguai
México
Venezuela
Brasil
Colômbia
China
Peru
Equador
Paraguai
Bolívia
Índia0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
0 10.000 20.000 30.000 40.000 50.000 60.000
fixo
Acessos por 100 hab.
PIB per capita (US$ PPP)
EUA
Alemanha
Canadá
França
Reino UnidoJapão
Itália
CoreiaEspanha
Portugal
Rússia
Chile
Argentina
Uruguai
México
Venezuela
Brasil
Colômbia
China
PeruEquador
Paraguai
Bolívia
Índia
60,0
80,0
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160,0
180,0
0 10.000 20.000 30.000 40.000 50.000 60.000
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Acessos por 100 hab.
PIB per capita (US$ PPP)
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Densidade em TV por assinatura – acesso por 100 habitantes – 2014
Fonte: TELECOElaboração: BRADESCO
Nesse sent ido, o avanço dos serv iços de telecomunicações nos próximos anos dependerá muito mais do crescimento populacional, da renda das famílias e da evolução dos negócios do que ao acesso desses serviços, como ocorreu nos últimos anos. Enquanto o crescimento populacional é cada vez menor, a atual conjuntura não é favorável para os ganhos de renda dos trabalhadores e da atividade empresarial. Ou seja, o cenário adverso neste e no próximo ano implica uma acomodação da atividade de telecomunicações no Brasil nesse período.
Esperamos, dessa forma, que a demanda por serviços de telecomunicações continue desacelerando nos
próximos meses. Para 2016, projetamos diminuição do número de acesso de TV por assinatura e telefonia fixa, de 1,0% e 1,5% respectivamente. Para telefonia fixa, além da atual conjuntura, a trajetória de substituição pelo acesso móvel deve se manter nos próximos anos. Para banda larga, ainda enxergamos espaço para crescimento, levando em conta a facilidade de comunicação obtida com acesso à internet e a necessidade de informação rápida, além do barateamento desses serviços. Ainda assim, projetamos expansão mais modesta para tais serviços em 2016: alta de 1,1% nos acessos de banda larga. Por fim, o número de acessos de telefonia móvel deve permanecer no mesmo patamar deste ano.
Serviços de telefonia – em milhares
Fonte: Anatel e TelecoElaboração: BRADESCO
32,1
20,518,0
15,7 15,413,4 12,6
9,6 9,0 7,6
4,8
-
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10,0
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TV assinatura
Data Telefonia fixa Telefonia móvel Bada larga fixa TV por assinatura
2008 41.200 150.641 10.054 6.321
2009 41.500 173.959 11.526 7.473
2010 42.000 202.944 13.830 9.769
2011 43.000 242.232 16.342 12.744
2012 44.300 261.808 18.976 16.189
2013 45.200 271.100 21.269 18.020
2014 45.002 280.732 23.968 19.574
2015* 43.652 276.240 25.663 19.515
2016* 42.997 276.240 25.945 19.320
Variação %
2009 0,7% 15,5% 14,6% 18,2%
2010 1,2% 16,7% 20,0% 30,7%
2011 2,4% 19,4% 18,2% 30,5%
2012 3,0% 8,1% 16,1% 27,0%
2013 2,0% 3,5% 12,1% 11,3%
2014 -0,4% 3,6% 12,7% 8,6%
2015* -3,0% -1,6% 7,1% -0,3%
2016* -1,5% 0,0% 1,1% -1,0%
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Perfil Setorial
• O número de acessos de telefonia no Brasil somou 325,7 milhões em 2014.
• Telefonia fixa respondeu por 13,8% dos acessos, com 45,0 milhões, enquanto telefonia celular representou 86,2% dos acessos, 280,7 milhões.
• Dentro do acesso móvel, 75,8% utilizam serviço pré-pago, enquanto 24,2% são pós-pago.
• A densidade média brasileira para telefonia celular é de 138,0 acessos para cada 100 habitantes. Centro-Oeste (159,2), Sudeste (145,3) e Sul (140,8) se destacam.
• Em TV por assinatura, foram 19,5 milhões de acessos em 2014.
• A densidade de TV por assinatura atingiu 29,8 acessos para cada 100 habitantes, com as regiões Sudeste (42,3) e Sul (29,6) superando a média nacional.
• A banda larga encerrou 2014 com 23,97 milhões de acessos e densidade de 36,51 acessos para cada 100 habitantes.
• Regionalmente, Sudeste, Sul e Centro-Oeste possuem densidade acima da média brasileira: 50,2; 41,6 e 37,4 respectivamente.
Octavio de Barros - Diretor de Pesquisas e Estudos EconômicosMarcelo Cirne de Toledo - Superintendente executivoEconomia Internacional: Fabiana D’Atri / Felipe Wajskop França / Daniela Cunha de Lima / Thomas Henrique Schreurs Pires Economia Doméstica: Igor Velecico / Andréa Bastos Damico / Ellen Regina Steter / Myriã Tatiany Neves Bast / Ariana Stephanie ZerbinattiAnálise Setorial: Regina Helena Couto Silva / Priscila Pacheco Trigo / Leandro de Oliveira Almeida Pesquisa Proprietária: Fernando Freitas / Leandro Câmara Negrão / Ana Maria Bonomi BarufiEstagiários: Davi Sacomani Beganskas / Henrique Neves Plens / Mizael Silva Alves / Gabriel Marcondes dos Santos / Wesley Paixão Bachiega / Carlos Henrique Gomes de Brito / Gustavo Assis Monteiro
Equipe Técnica
O DEPEC – BRADESCO não se responsabiliza por quaisquer atos/decisões tomadas com base nas informações disponibilizadas por suas publicações e projeções. Todos os dados ou opiniões dos informativos aqui presentes são rigorosamente apurados e elaborados por profissionais plenamente qualificados, mas não devem ser tomados, em nenhuma hipótese, como base, balizamento, guia ou norma para qualquer documento, avaliações, julgamentos ou tomadas de decisões, sejam de natureza formal ou informal. Desse modo, ressaltamos que todas as consequências ou responsabilidades pelo uso de quaisquer dados ou análises desta publicação são assumidas exclusivamente pelo usuário, eximindo o BRADESCO de todas as ações decorrentes do uso deste material. Lembramos ainda que o acesso a essas informações implica a total aceitação deste termo de responsabilidade e uso. A reprodução total ou parcial desta publicação é expressamente proibida, exceto com a autorização do Banco BRADESCO ou a citação por completo da fonte (nomes dos autores, da publicação e do Banco BRADESCO).