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i TÚLIO GUSTAVO VEIGA GAMA MARCADORES CELULARES E MEDIADORES INFLAMATÓRIOS EM LESÕES PERIRRADICULARES CRÔNICAS PRIMÁRIAS DE PACIENTES INFECTADOS PELO HIV: ESTUDO COMPARATIVO

Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

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Page 1: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

i

TÚLIO TÚLIO GUSTAVO VEIGA GAMA

MARCADORES CELULARES E MEDIADORES

INFLAMATÓRIOS EM LESÕES

PERIRRADICULARES CRÔNICAS PRIMÁRIAS

DE PACIENTES

INFECTADOS PELO HIV: ESTUDO

COMPARATIVO

2014

Page 2: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

ii

TÚLIO GUSTAVO VEIGA GAMA

DETECÇÃO DA EXPRESSÃO DE MARCADORES CELULARES E

MEDIADORES INFLAMATÓRIOS EM LESÕES PERIRRADICULARES

CRÔNICAS PRIMÁRIAS DE PACIENTES INFECTADOS PELO HIV

Tese apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Odontologia da

Universidade Estácio de Sá, visando

a obtenção do grau de Doutor em

Odontologia (Endodontia).

Orientador: Prof. Dr. Lúcio de Souza Gonçalves

UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

RIO DE JANEIRO

2014

Page 3: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

iii

FICHA CATALOGRÁFICA

Page 4: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

iv

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus avós, Gustavo

Veiga e Zurema Barbosa de Souza Veiga que

sempre foram meus exemplos, fontes de

inspiração e estímulo.

Page 5: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

v

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus e meu guias de luz pela minha saúde e força na trajetória de

todo o curso e na confecção deste trabalho.

À minha família pelo amor e apoio incondicional. Principalmente à minha

esposa que muitas vezes cuidou do Arthur para que eu pudesse estudar.

Ao meu orientador, Professor Lúcio de Souza Gonçalves, por acreditar em

mim, e também pelo estímulo, paciência, dedicação e compreensão.

Ao Professor Fábio Ramoa Pires pelo rico conhecimento transmitido e o tempo

dedicado a mim e ao nosso trabalho.

À Professora Luciana Armada Dias pela paciência e ajuda fundamental tanto

na parte prática como teórica.

Ao Professor José Freitas Siqueira Júnior e ao corpo docente do Programa de

Pós-graduação em Odontologia da Universidade Estácio de Sá pelo apoio e

por acreditarem na conclusão do objetivo final, mesmo nos momentos de

dúvida e angústia em meu caminho.

À amiga e Capitã Simone Marques Paiva, e ao Coronel Rogério do Hospital

Central da Aeronáutica, à Coordenadora de Odontologia do Centro

Educacional Serra dos Orgãos, Monique Sandim e à Chefe do Serviço de

Odontologia da Policlínica Manoel Guilherme da Silveira Filho por permitirem

através de concessões que eu pudesse realizar o curso de Doutorado.

Page 6: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

vi

ÍNDICE

RESUMO ......................................................................................................... vii

ABSTRACT ..................................................................................................... viii

LISTA DE FIGURAS ......................................................................................... ix

LISTA DE TABELAS ...........................................................................................x

LISTA DE ABREVIATURAS ...............................................................................xi

1. INTRODUÇÃO ..............................................................................................01

2. REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................ 03

3. JUSTIFICATIVA ........................................................................................... 34

4. HIPÓTESE ................................................................................................... 35

5. OBJETIVOS ................................................................................................. 36

6. MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................... 37

7. RESULTADOS ............................................................................................. 52

8. DISCUSSÃO ................................................................................................ 62

9. CONCLUSÕES ............................................................................................ 67

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................ 68

11. ANEXOS ..................................................................................................... 82

Page 7: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

vii

RESUMO

Objetivos: Comparar a prevalência de granulomas e cistos perirradiculares

entre pacientes infectados e não infectados pelo HIV, e estimar a intensidade

da resposta imune destes pacientes através da detecção da expressão dos

seguintes marcadores imunológicos: TNF-α, IFN-y, IL-6, IL-18, CD3, CD8,

CD20 e CD68. Métodos: Foram utilizadas 34 lesões perirradiculares

inflamatórias divididas igualmente entre dois grupos: pacientes infectados pelo

HIV (H) e não infectados pelo HIV (NH). As lesões foram processadas para

análise histopatológica e reações imunoistoquímicas. Ambas as análises foram

realizadas com auxílio de microscópio óptico. Nas análises imunoistoquímicas,

foram estabelecidos três níveis de intensidade: ausente/focal, leve/moderada e

intensa. Diferenças significativas entre os grupos, para todos os parâmetros

estudados, foram avaliadas pelos testes Qui-quadrado, exato de Fisher e

Mann-Whitney. Resultados: A frequência de granulomas foi maior no grupo H

(47,1%) quando comparada com o grupo NH (29,4%), enquanto para cistos

perirradiculares foi observado o inverso (H = 52,9% e NH = 79,6%). Entretanto,

estas diferenças não foram estatisticamente significantes (p=0,481). Na

comparação entre grupos no que diz respeito à expressão dos marcadores

imunológicos estudados, não houve diferença estatisticamente significante para

nenhum deles (p>0,05). Conclusões: Não há diferença entre pacientes

infectados e não infectados pelo HIV com relação à prevalência de granulomas

e cistos perirradiculares, bem como na resposta imune determinada pelos

marcadores imunológicos IL-6, IL-18, TNF-α, IFN-y, CD3, CD8, CD20 e CD 68,

em lesões perirradiculares.

Palavras-chave: Endodontia, Lesão Perirradicular, Resposta Imune.

Page 8: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

viii

ABSTRACT

Objectives: This study compares the prevalence of periapical cysts and

granulomas between HIV and non-HIV patients, and estimates the immune

intensity through the expression of the following immunological markers: TNF -

α, IFN - y, IL - 6, IL - 18, CD3, CD8, CD20 and CD68. Methods: Thirty-four

inflammatory periapical lesions were divided into two groups: 17 HIV (H) and 17

non-HIV (NH) patients. The lesions were submitted to histopathological analysis

and immunohistochemical study. Both analyzes were performed on an optical

microscope. The immunohistochemical analysis, three levels of intensity were

established: absent/focal, mild/moderate and severe. For all parameters

studied, Chi-square test, Fisher’s exact test and Mann-Whitney test were used

to analyze significant differences between groups. Results: The frequency of

granulomas was higher in H group (47.1 %) than NH group (29.4 %), and the

opposite results were observed for (H = 52.9 % and NH = 79.6%), was seem no

statistically significant difference between group (p = 0.481). Comparison

between groups regarding to the expression of immunological markers showed

no statistically significant (p > 0.05). Conclusions: There are no differences

between HIV-infected and non-HIV-infected patients with respect to the

prevalence of periradicular granulomas and cysts, as well as to the immune

response determined by immunological markers IL-6, IL-18, TNF-α, IFN-y, CD3,

CD8, CD20 and CD68.

Keywords: Endodontics, Perirradicular Lesion, Immune Response.

Page 9: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

ix

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Critérios de classificação leve/moderado e intenso .......................50

Figura 2. Imagens histológicas das lesões perirradiculares. .........................55

Figura 3. Expressão imunoistoquímica dos marcadores celulares avaliados

nas lesões perirradiculares estudadas..............................................................57

Figura 4. Expressão imunoistoquímica de interferon gama nas lesões

perirradiculares..................................................................................................59

Figura 5. Expressão imunoistoquímica de interleucina 6 nas lesões

perirradiculares..................................................................................................60

Figura 6. Expressão imunoistoquímica de interleucina 18 nas células inflamató-

rias e no epitélio hiperplásico dos cistos perirradiculares.................................61

Figura 7. Expressão imunoistoquímica citoplasmática de Fator de Necrose Tu-

moral alfa em células inflamatórias nas lesões perirradiculares.......................61

Page 10: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

x

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Relação dos anticorpos primários utilizados no estudo, com detalhes

sobre seu tipo, fabricante, diluição e controle positivo..................................... 46

Tabela 2. Comparação das características sociodemográficas e do

comportamento relacionado à saúde entre os grupos estudados.................... 52

Tabela 3. Características específicas relacionadas ao grupo infectado pelo

HIV.................................................................................................................... 53

Tabela 4. Comparação das características macroscópicas e histopatológicas

das lesões perirradiculares inflamatórias diagnosticadas nos dois grupos

estudados......................................................................................................... 54

Tabela 5. Expressão dos marcadores celulares CD3, CD8, CD20 e CD68 nas

lesões perirradiculares avaliadas nos dois grupos estudados.......................... 56

Tabela 6. Expressão de IFN-y, IL-6, IL-18 e TNF-α nas lesões perirradiculares

avaliadas nos dois grupos estudados .............................................................. 58

Page 11: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

xi

LISTA DE ABREVIATURAS

AIDS – Síndrome da Imunodeficiência Adquirida

BCR - B Cell Receptor

CD – Cluster of differentiation

DNA - Deoxyribonucleic acid

HCA - Hospital Central da Aeronáutica

HIV - Human Immunodeficiency Virus

HUCFF - Hospital Universitário Clementino Fraga Filho

IFN-y - Interferon Gama

IL – Interleucina

Ig - Imunoglobulina

LPS - Lipopolissacarídeo

MHC – Complexo Principal de Histocompatibilidade

mm3 – Milímetros Cúbicos

NF-Kβ – Fator Nuclear Kappa Beta

NK - Natural Killer

PAF - Platelet Activating Factor

Page 12: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

xii

PAI - Periapical Index

PMB - Polimixina

RNA - Ribonucleic Acid

SIDA - Síndrome da Imunodeficiência Adquirida

TARV - Terapia Antirretroviral Combinada

TCR - T Cell Receptor

Th1 - Linfócito T Helper 1

TNF-α - Tumor Necrosis Factor Alfa

UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro

Page 13: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

1

1. INTRODUÇÃO

A infecção pelo vírus da imunodeficiência adquirida humana (HIV),

caracterizada por apresentar um curso progressivo levando rapidamente ao

óbito, vem apresentando um perfil de evolução crônico em função da

introdução de um novo regime terapêutico, desde 1996 (SUCHINA et al.,

2006). Esta nova terapia, conhecida como terapia antirretroviral combinada

(TARV), tem diminuído a carga viral (podendo levar à indetecção) e reduzindo

a morbidade e mortalidade relacionada à aids. O índice de mortalidade, por

exemplo, reduziu em 24% entre 2005 e 2011 (UNAIDS, 2012). Além disso após

a introdução da TARV, houve redução das manifestações clínicas de infecções

oportunistas em pacientes infectados pelo HIV, que eram altamente

prevalentes nesta população (PALELLA et al., 1998).

Em Endodontia, pouco foi estudado sobre a influência da infecção pelo

HIV, a qual tem como principais objetivos a prevenção e o tratamento das

infecções pulpares e perirradiculares, que são causadas por microrganismos

orais provenientes de processos cariosos e/ou traumatismos dentários. A

relação de causa e efeito entre a microbiota oral e a infecção endodôntica só

foi relatada a partir do trabalho de KAKEHASHI et al. (1965) que utilizaram

ratos livres de microrganismos (germ-free) e ratos convencionais. As polpas

dentais dos dois grupos de ratos foram expostas ao meio bucal, mas apenas

nos animais convencionais foi observado um processo infeccioso.

Com o desenvolvimento de uma infecção endodôntica a partir da necrose

Page 14: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

2

pulpar, a polpa perde suas propriedades de defesa, permitindo a invasão e

proliferação de microrganismos ao sistema de canais radiculares. Ao se

estabelecerem no interior deste sistema de canais, os microrganismos seguem

em direção aos tecidos perirradiculares e desenvolvem um processo

inflamatório (MÁRTON & KISS, 2000).

A principal defesa do organismo para conter esta invasão microbiana nos

tecidos perirradiculares é representada pela resposta imune inflamatória do

hospedeiro. Esta resposta pode estar alterada em pacientes imunossuprimidos

ou imunodeficientes, que apresentam dificuldades em responder às infecções,

como por exemplo, os pacientes diabéticos e também, pacientes infectados

pelo HIV. A imunodeficiência dos pacientes infectados pelo HIV pode ser um

fator fundamental para caracterizar uma resposta inflamatória inadequada

frente aos fatores de agressão pulpar. Isso pode gerar um processo infeccioso

exacerbado (osteomielite), ou aumentar a susceptibilidade do hospedeiro a

infecções oportunistas ou até mesmo a uma septicemia, aumentando, também,

as chances de fracasso no resultado do tratamento endodôntico, caso este seja

necessário (OLIVEIRA et al., 2010).

A importância da resposta inflamatória inicial, que é caracterizada pelo

sistema imune inato, pode ser evidenciada pela sua capacidade em prevenir a

transmissão viral ou armazenar o vírus até que uma resposta imune adaptativa

se desenvolva. A partir da invasão e ultrapassagem da primeira barreira

imunológica pelos microrganismos, inicia-se a resposta imune adaptativa (ZHU,

2010).

Page 15: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

3

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 INFECÇÃO PELO HIV

A primeira descrição clínica da infecção pelo HIV aconteceu em 1981 por

Gottlieb como uma doença rara e de progressão rápida, verificada

principalmente em pacientes jovens (BÜRKLEIN & SCHÄFER, 2007). Um perfil

clínico foi estabelecido quando havia a associação de uma infecção por

Pneumocisto e o Sarcoma de Kaposi, condição exclusiva de pacientes

imunocomprometidos. A partir daí uma imunodeficiência prévia foi relacionada

como a causa mais provável deste quadro. Em 1983, o vírus da linfoadenopatia

foi isolado por um grupo de pesquisa na França e relacionado como precursor

da aids (PATTON et al., 2002).

Em 1985, foi disponibilizado um teste de detecção para o vírus da

linfoadenopatia, e um ano depois este vírus recebeu o nome de HIV. No início

da epidemia a infecção pelo HIV era descrita como uma patologia de

desenvolvimento fulminante, levando em muitos casos ao óbito rapidamente

(FICARRA & SHILLITOE, 1992). Com a introdução da TARV (terapia

antirretroviral combinada), vem apresentando um perfil de evolução crônico

(SUCHINA et al., 2006).

A infecção pelo HIV é o melhor exemplo de imunodeficiência relatada na

literatura. A doença é caracterizada por uma susceptibilidade a patógenos

oportunistas ou pela ocorrência de uma forma agressiva de linfoma de células

Page 16: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

4

B ou de Sarcoma de Kaposi, que são motivados por uma grave diminuição da

quantidade de células T CD4+ no organismo (BERCINI et al., 1995).

Atualmente, são reconhecidos dois tipos de vírus, tipo 1 e tipo 2, com

vários subtipos, que causam a aids. O HIV-1 é o tipo mais virulento e causador

da pandemia, e é caracterizado por uma diminuição progressiva de células T

CD4+, e por falhas funcionais das células T; enquanto o HIV-2 é menos

patogênico e endêmico, encontrado na África Ocidental e na Índia (GLICK et

al., 1989; MURPHY et al., 2010b).

O HIV é um vírus de RNA (ácido ribonucleico) e possui uma enzima

denominada transcriptase reversa que processa o RNA genômico em DNA

(deoxyribonucleic acid) complementar. O vírus tem um receptor em linfócitos T,

que são as células a serem infectadas primariamente. O vírus se encaixa

através da proteína gp120 em uma proteína específica da membrana celular do

hospedeiro chamada CD4 (BÜRKLEIN & SCHÄFER, 2007).

Após a invasão celular ocorre a decomposição do capsídeo nuclear, o

RNA viral é transcrito em DNA e integrado ao DNA do hospedeiro. Assim

sendo, o vírus se estabelece dentro da célula e essas células infectadas podem

se acoplar a outras células sendo o vírus transferido de célula para célula. A

estrutura viral resultante deste processo e as proteínas enzimáticas são

sintetizadas juntas com o RNA para formar novos vírus e ocorrer sua liberação

(BÜRKLEIN & SCHÄFER, 2007).

O HIV é um membro da família Retroviridae, com tropismo por duas

proteínas da célula do hospedeiro: CD4 e um co-receptor (CCR5 ou CXCR4).

Page 17: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

5

De acordo com MURPHY et al. (2010b) e EWEKA et al. (2012) é possível que

em pacientes imunodeficientes o prognóstico de cura em infecções seja mais

desfavorável quando comparado com indivíduos não infectados pelo HIV, em

virtude da depleção de linfócitos T CD4+, contribuindo também para um atraso

no reparo de lesões perirradiculares.

Baixos níveis de linfócitos T CD4+ estão associados com uma variedade

de condições, incluindo muitas infecções virais, infecções por bactérias, sepse,

tuberculose, coccidioidomicose, queimaduras, traumas, injeções intravenosas

de proteínas estranhas ao organismo, má nutrição, exercícios em excesso,

gravidez, variação diária normal, e até mesmo estresse psicológico. Essas

contagens são realizadas por exame específico. Este exame não evidencia a

presença do HIV. Ele é usado para monitorar a função do sistema imunológico

em pacientes infectados pelo HIV. Quando os níveis de células T CD4+ estão

abaixo de 200 células/mm3 ou quando certas infecções oportunistas se

manifestam, tais como tuberculose e toxoplasmose, pode ser diagnosticada a

Aids (MURPHY et al., 2010b).

Tem sido demonstrado que nas fases iniciais da periodontite apical,

linfócitos T CD4+ são predominantemente encontrados. Em contraste a este

achado, durante a fase crônica, as células predominantes são os linfócitos T

CD8+, com uma diminuição simultânea do número de linfócitos T CD4+. Em

comparação aos linfócitos T CD4+, os linfócitos T CD8+ praticamente não são

afetados pelo HIV (STASHENKO & YU, 1989; KAWASHIMA et al., 1996).

Os baixos níveis de linfócitos T CD4+ em pacientes infectados pelo HIV

Page 18: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

6

podem interferir no processo de reparo de lesões perirradiculares, após o

tratamento endodôntico. Como estas células tem um importante papel na

ativação de linfócitos B, macrófagos e outras células T, os baixos níveis em

pacientes imunocomprometidos pode gerar uma resposta inflamatória

inadequada contra microrganismos que tenham sobrevivido ao preparo químico

mecânico do sistema de canais radiculares (GERNER et al., 1988; QUESNELL

et al., 2005; TUNES et al., 2010).

Os linfócitos T tem um papel importante no desenvolvimento e na

progressão de lesões perirradiculares. Essas células mediam a resposta

imunológica adaptativa celular, e são as principais células de uma infecção

crônica. Esta resposta ocorre quando o hospedeiro é sensibilizado por uma

substância estranha de alta especificidade, aumentando sua capacidade de

defesa após sucessivas exposições. Inicialmente, o linfócito reconhece a

molécula do antígeno utilizando receptores de superfície ligando-se a uma

pequena porção proteica dos antígenos (pequenas sequências peptídicas), que

são apresentados em conjunto a uma molécula de MHC (Complexo Principal

de Histocompatibilidade) (PULVER et al., 1978; TORABINEJAD &

KETTERING, 1985; MARTON & KISS, 2000; FUKADA et al., 2009). A

população de células T presentes no desenvolvimento de lesões

perirradiculares após indução de imunossupressão foi analisada e observou-se

um decréscimo significativo da população de células T CD4+ no grupo de

pacientes imunossuprimidos, enquanto a população de células T CD8+ não

apresentou significante diferença entre os dois grupos (LEVINE et al., 2001).

A carga viral do HIV é marcador útil para a predição da progressão da

Page 19: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

7

doença e monitorização da eficácia do tratamento antirretroviral. Tem sido

sugerido que a infectividade do HIV está relacionada à concentração do vírus.

Ainda não está bem claro o mecanismo pelo qual os pacientes com alta carga

viral do HIV tem maior comprometimento imunológico. Supõe-se que a grande

quantidade de vírus circulante leve a maior replicação viral e,

consequentemente, maior destruição dos linfócitos T CD4+ (HO, 1996;

VERNAZZA et al., 1999).

Uma das consequências mais marcantes da aids é o alto risco dos

pacientes no desenvolvimento de doenças oportunistas quando comparados

aos pacientes saudáveis. Desta maneira, parece relevante a detecção e a

pesquisa de patógenos virais reconhecidos em infecções endodônticas, como

Citomegalovírus e vírus Epstein-Barr, relacionando-os com a resposta

inflamatória inadequada destes pacientes. Este cenário começou a se alterar

com a introdução da TARV, acabando por se transformar em uma doença de

imunodeficiência crônica (PALELLA et al., 1998; de BRITO et al., 2009). Novos

medicamentos foram introduzidos no combate ao HIV, e sua eficácia foi

demonstrada através de ensaios clínicos, indicando que os tratamentos

combinados atrasam a progressão do vírus e aumentam a expectativa de vida

dos pacientes. Nos países industrializados observou-se um declínio na

incidência das doenças oportunistas e a mortalidade por aids diminuiu

(CHAPPLE & HAMBURGER, 2000).

Page 20: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

8

2.2 INFECÇÃO PELO HIV EM ENDODONTIA

Com o crescimento do número de pacientes portadores do HIV que

procuram o consultório odontológico, cirurgiões dentistas cada vez mais tem

que usar seu julgamento clínico, baseado em conhecimento para propor melhor

atendimento para estes pacientes. Sugere-se que complicações operatórias

tem maior probabilidade de ocorrer em pacientes infectados pelo HIV.

A cavidade oral é uma fonte importante de informações de diagnóstico e

prognóstico em pacientes com infecção pelo HIV. Lesões da cavidade oral

podem ser as primeiras características clínicas do HIV e estão associadas com

a progressão da doença. O aparecimento dessas lesões orais são indicadores

de imunodeficiência avançada, sendo utilizadas até mesmo como teste inicial,

diagnóstico e planejamento de casos para estes pacientes. Lesões orais

influenciam negativamente na melhora do paciente, afetando atividades

socioeconômicas e funcionais, pois além dos fatores psicológicos, também

causam dor, desconforto entre outros sinais e sintomas (CHAPPLE &

HAMBURGER, 2000; EWEKA et al., 2012).

Até recentemente, pouco se conhecia a respeito da patogenicidade e

progressão clínica de uma infecção perirradicular de origem endodôntica

associada à infecção pelo HIV, bem como seu prognóstico e tratamento.

No início da epidemia da infecção pelo HIV, era recomendado que

elementos dentários portadores de periodontite apical aguda em pacientes

soropositivos fossem extraídos, ou recebessem um tratamento cirúrgico

Page 21: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

9

perirradicular complementar, em virtude de diversas complicações pertinentes

à imunodeficiência causada pelo HIV. Subsequentemente, alguns autores

preconizavam o tratamento endodôntico em sessão única com cobertura

antibiótica, mas contra indicavam este procedimento em dentes molares

(HURLEN & GERNER, 1984; GERNER et al., 1988; SCULLY et al., 1991;

SAMARANYAKE, 1992).

Poucos estudos avaliaram o comportamento das lesões perirradiculares

em pacientes infectados pelo HIV, após tratamento endodôntico. Estes estudos

não demonstraram diferenças significativas, além de uma taxa satisfatória de

sucesso (91%), quando foram comparados os níveis de sucesso do tratamento

endodôntico em pacientes infectados pelo HIV e pacientes saudáveis. Foram

analisados dados relacionados às complicações durante o tratamento; reparo

ósseo evidenciado radiograficamente através de classificações específicas,

como o índice perirradicular (PAI score), além de acompanhamentos clínicos e

radiográficos (COOPER, 1993; QUESNELL et al., 2005; SUCHINA et al.,

2006). Outro estudo, uma revisão retrospectiva de 1810 tratamentos

odontológicos invasivos, realizados principalmente por clínicos gerais, em 331

pacientes infectados pelo HIV com imunodeficiência avançada (linfócitos T

CD4+ < 200 células/mm3), demonstrou um baixo índice de complicações

(0,9%) (GLICK et al., 1994).

A presença do HIV em polpas dentárias vivas foi demonstrada em

pacientes infectados por este vírus, porém a avaliação da resposta imunológica

em lesões perirradiculares destes pacientes ainda não foi determinada

Page 22: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

10

(GERNER et al., 1988; GLICK et al., 1989). Estudos imunohistológicos, relatos

de casos clínicos, e princípios de imunologia básica demonstraram que o

tratamento de periodontites apicais poderia ter um prognóstico desfavorável em

pacientes imunocomprometidos, como em pacientes portadores do HIV. De

acordo com esses autores, células T, que são atingidas pelo vírus, executam

um papel importante na patogênese, e inclusive no reparo de periodontites

perirradiculares (PULVER et al., 1978; TORABINEJAD & KETTERING, 1985;

MARTON & KISS, 2000; QUESNELL et al., 2005).

O tratamento endodôntico, mesmo que seja realizado criteriosamente e

de acordo com os padrões de excelência em Endodontia, não consegue

eliminar totalmente a microbiota presente em uma infecção endodôntica.

Assim, a resposta imunológica fica responsável por eliminar microrganismos

que tenham sobrevivido ao preparo químico-mecânico do sistema de canais

radiculares. Deste modo, ao final do tratamento, a obturação do sistema de

canais radiculares tem como principal função privar a microbiota sobrevivente

de nutrientes e espaço para proliferação, que possam favorecer seu

desenvolvimento (SIQUEIRA Jr et al., 2010). Então, um protocolo terapêutico

endodôntico diferenciado para pacientes imunocomprometidos poderia ser

adotado já que o sistema imune destes pacientes tem uma menor capacidade

em debelar a infecção. Até o presente momento, recomendações terapêuticas

em Endodontia para pacientes infectados pelo HIV, baseadas em evidências

científicas não estão disponíveis em larga escala na literatura. Algumas

recomendações ainda permanecem controversas e sem estabelecimento de

protocolos de tratamento (SCULLY et al., 1991; BURKLEIN & SCHÄFER,

Page 23: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

11

2007).

2.3 ETIOLOGIA DAS LESÕES PERIRRADICULARES

Os principais motivos para os tratamentos endodônticos na atualidade

ocorrem por etiologia microbiana. Infecções endodônticas geralmente

acontecem por exposição do tecido pulpar aos microrganismos orais como

deficiência da integridade da estrutura dental. A perda de estrutura pode ser

resultado de processos cariosos, por fraturas da estrutura dentária, bem como

por iatrogenias e outras circunstâncias que possam levar microrganismos a

entrarem em contato com o tecido pulpar. Na maioria dos casos, quando não

ocorre a remoção do agente agressor, o contato de microrganismos com o

tecido pulpar leva a uma infecção que desencadeia uma resposta inflamatória

na área de tecido exposta. Na falta de tratamento, a inflamação será seguida

de uma necrose tecidual, que poderá gerar uma infecção, aguda ou crônica,

que seguirá gradativamente em direção ao ápice radicular causando,

posteriormente, uma reabsorção óssea local perirradicular (SIQUEIRA Jr,

2005).

Na cavidade pulpar, estes microrganismos encontram-se em posição

privilegiada no interior do sistema de canais radiculares, onde as células

imunocompetentes são incapazes de eliminá-los. Em contrapartida, as células

de defesa, principalmente neutrófilos polimorfonucleares, formam uma barreira

apical com o objetivo de inibir uma exteriorização desta microbiota aos tecidos

perirradiculares e uma possível septicemia (METZGER, 2000; CRUVINEL et

Page 24: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

12

al., 2010; SANTOS et al., 2010; GRAVES et al., 2011).

A periodontite apical com características crônicas é geralmente associada

à baixa virulência e baixo número de microrganismos envolvidos no consórcio

microbiano, o que muitas vezes representa, no entanto, uma fonte persistente

de agressão aos tecidos acometidos. Essa persistência pode estar associada à

organização da comunidade microbiana em biofilmes, resultando na

inacessibilidade às defesas do hospedeiro devido à localização anatômica da

infecção e a forma de arranjo bacteriano (SIQUEIRA & ROÇAS, 2007b;

GRAVES et al., 2011).

Após a necrose pulpar, a disseminação e a instalação de bactérias, além

de seus produtos e subprodutos, nos tecidos perirradiculares, estimulam e

ativam os mecanismos de defesa imune inato e adquirido, permitindo que

eventos vasculares e celulares propiciem o desenvolvimento dos granulomas e

cistos perirradiculares com o decorrer da infecção (SIQUEIRA, 2005). O

aspecto histopatológico das lesões perirradiculares de origem endodôntica se

correlaciona com a resposta dinâmica da periodontite apical. Algumas

mudanças morfológicas caracterizam uma periodontite apical aguda, como,

hiperemia, vasodilatação, edema, extravasamento de neutrófilos e monócitos,

além de reabsorção óssea limitada. Quando bactérias patogênicas rompem as

barreiras protetoras anatômicas primárias, as barreiras funcionais e invadem o

tecido perirradicular previamente saudável, o início de uma lesão aguda

desenvolve-se em abscesso perirradicular, caracterizado histologicamente por

infiltrados inflamatórios com um abundante número de neutrófilos

polimorfonucleares (MÁRTON & KISS, 2000). A partir destas alterações na

Page 25: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

13

região perirradicular, pode ocorrer o desenvolvimento de granulomas ou cistos,

caso a infecção endodôntica não seja solucionada (LIN et al., 2007).

O granuloma perirradicular constitui-se de uma aglomeração de tecido de

granulação associado ao ápice de um dente acometido de necrose pulpar. O

cisto perirradicular é representado por uma cavidade patológica revestida

internamente por epitélio, constituído externamente por um tecido fibroso.

(KRAMER et al., 1992). Esta lesão pode surgir a partir de um granuloma

perirradicular preexistente, bem como por indução dos restos epiteliais de

Malassez. A formação da cápsula cística acontece à medida que os elementos

epiteliais proliferam, com um consequente aparecimento de uma cavidade

(lúmem), preenchida de material líquido ou semilíquido, eventos esses,

relacionados aos processos imunoinflamatórios (SANTOS et al., 2010).

Os granulomas perirradiculares são formados devido à penetração de

agentes infecciosos microbianos e irritantes nos tecidos perirradiculares,

ocasionando um aumento do número de fibroblastos, fibras colágenas, células

endoteliais e capilares, em associação com a hiperemia e edema inflamatório

(processo proliferativo). Por outro lado, durante o período de deposição da

dentina radicular, a bainha epitelial de Hertwig desorganiza-se por apoptose,

deixando os restos epiteliais de Malassez. A partir destes, podem se

desenvolver os cistos perirradiculares pela ação de citocinas pró inflamatórias,

que parecem estimular a divisão dessas células epiteliais, bem como a

reabsorção óssea adjacente (KRAMER et al., 1992).

Os cistos odontogênicos podem ser caracterizados como de

Page 26: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

14

desenvolvimento ou inflamatórios, sendo o cisto perirradicular classificado

como um cisto odontogênico inflamatório. Os cistos perirradiculares

odontogênicos representam uma das principais causas de destruição óssea

nos tecidos perirradiculares. Na fase de formação do cisto perirradicular ocorre

o desenvolvimento da cavidade cística incipiente que pode ocorrer a partir de

vários mecanismos, os quais podem ser simultâneos ou independentes,

destacando-se dois tipos mais frequentes: uma das teorias diz que a cavidade

cística incipiente forma-se através do revestimento epitelial da área focal de

destruição tecidual, devido a sua propriedade principal de pavimentar

superfícies (SANTOS et al., 2010). Outra teoria para a formação cística

descreve que a proliferação celular interna do granuloma perirradicular não

recebe, por difusão, os nutrientes necessários oriundos do estroma

circunjacente para o metabolismo da lesão. Assim, a falta desses nutrientes

resulta em degeneração e morte das células centrais do tecido proliferativo,

com subsequente liquefação, provocando uma cavitação no interior do tecido

patológico (WARD et al., 2004).

Como descrito anteriormente, o estroma circundante, na tentativa de

impedir o processo de crescimento da lesão perirradicular, reage produzindo

fibras colágenas e organizando a cápsula cística. Assim, parte da reabsorção

óssea acontece devido à produção de colagenases e prostaglandinas pelos

fibroblastos capsulares e pela estimulação osteoclástica associada ao infiltrado

inflamatório. O crescimento do cisto perirradicular, resultaria da degradação

das células centrais, com consequente aumento da pressão osmótica interna

em relação à pressão osmótica do estroma circundante. Os produtos da

Page 27: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

15

necrose e da descamação epitelial levam ao acúmulo de proteínas no interior

da cavidade cística. A concentração elevada dessas proteínas promove um

aumento na pressão osmótica através da barreira semipermeável, constituída

pelo epitélio de revestimento. Essa diferença de pressão osmótica facilitaria

internamente o acúmulo de líquido, para compensar e balancear a pressão

osmótica total. Este processo permitiria que a pressão hidrostática interna do

cisto perirradicular aumentasse, comprimindo deste modo, o revestimento

interno estimulando a divisão celular (WARD et al., 2004).

O crescimento cístico ocorre de forma contínua, lenta e depende de

estímulos, sendo multifatorial. Este aumento leva o cisto a expandir-se,

comprimindo o granuloma ou a parede fibrosa cística. A compressão dos vasos

e do infiltrado celular resulta no estresse metabólico com liberação de citocinas,

fatores de crescimento e de produtos derivados do ácido aracdônico como as

prostaglandinas. Com a reabsorção óssea circunjacente, o cisto se estabiliza, a

pressão hidrostática diminui, retomando-se um novo ciclo de acúmulo de

proteínas, atração de líquidos, e nova reabsorção óssea periférica (LIN et al.,

2007).

Durante a resposta inflamatória associada às lesões perirradiculares,

células presentes no local da injúria liberam citocinas, quimiocinas, leucotrienos

e prostaglandinas. Estes mediadores químicos da inflamação realizam o

recrutamento de neutrófilos polimorfonucleares e outros leucócitos para a área

lesada, criando, no local, atividades e consequências dicotômicas que são

essenciais para o processo de proteção e destruição tecidual. Deste modo, o

Page 28: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

16

organismo tem um papel crítico de proteção, porém essencial no

desenvolvimento das lesões perirradiculares de origem endodôntica limitando a

disseminação microbiana aos espaços faciais mais profundos (SIQUEIRA,

2000).

2.4 RESPOSTA INFLAMATÓRIA

A partir do momento em que há uma invasão microbiana ao sistema de

canais radiculares, é gerada uma resposta inflamatória imunológica tecidual.

Segundo MURPHY et al. (2010a) para realizar uma proteção de maneira

eficaz, a resposta imune deve satisfazer quatro características principais. São

elas:

Reconhecimento imunológico: detecção imediata de um agente

infeccioso, que é realizada pelos neutrófilos polimorfonucleares e

macrófagos (sistema imune inato); e pelos linfócitos (sistema

imune adaptativo);

Função imune efetora: conter a infecção e, se possível, eliminá-la

completamente. É representada pelo sistema complemento,

anticorpos e a capacidade destrutiva de linfócitos e outras células

sanguíneas brancas;

Regulação imune: manutenção controlada da resposta imune,

para que esta não cause danos ao hospedeiro. A falha nesta

condição faz com que surjam complicações como processos

Page 29: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

17

alérgicos e doenças autoimunes;

Memória imunológica: proteção do hospedeiro contra a

recorrência de uma infecção. O hospedeiro estabelece uma

resposta forte e imediata, caso ocorra futuramente uma nova

exposição a um patógeno conhecido.

2.4.1 RESPOSTA IMUNE INATA

A primeira linha de defesa do organismo é conhecida como resposta

imune inata (imunidade inata ou resposta imune não adaptativa), que é ativada

para a defesa do organismo contra diversos antígenos, sem estabelecer uma

resposta duradoura e nem específica para nenhum patógeno individualmente

(SIQUEIRA & ROÇAS, 2007a).

A imunidade inata foi conhecida principalmente pelos trabalhos de Elie

Metchnikoff, que descobriu a capacidade de células fagocíticas (macrófagos)

em encapsular e digerir uma diversidade de microrganismos. Ele acreditava,

porém, que a resposta inata mediada por macrófagos englobasse todas as

defesas do hospedeiro. Este tipo de reposta imune ocorre imediatamente após

a exposição do hospedeiro à agressão, caracterizando uma resposta

inflamatória aguda, que dura aproximadamente dois a três dias, podendo,

porém, ser efetiva em poucos minutos ou horas, por ser um tipo de resposta

imune que não se baseia na expansão clonal de linfócitos antígeno-específicos

(CONSOLARO, 2009a; CRUVINEL et al., 2010).

Page 30: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

18

O sistema imunológico natural é representado por barreiras epiteliais,

células circulantes teciduais e proteínas plasmáticas. As células do sistema

fagocitário mononuclear se originam na medula óssea, circulam no sangue e

maturam, sendo ativadas em vários tecidos. A primeira célula a entrar no

sangue periférico após deixar a medula é o monócito, e quando migram do

sangue para um tecido passam a ser chamados de macrófagos

(CONSOLARO, 2009b). Esta é uma importante célula apresentadora de

antígenos, produz diversos mediadores (citocinas) como a interleucina 1 (IL-1),

que é um estimulador de linfócitos T e linfócitos B, mediando também uma

série de efeitos biológicos que incluem a ativação da resposta imune pela

aceleração da célula Linfócito T helper 1 (Th1) em granulomas perirradiculares

(FARRAR et al., 1980; OPPENHEIM et al., 1982; TANI et al., 1992; COLIĆ et

al., 2009a).

As citocinas produzidas por macrófagos têm um importante papel na

inflamação aguda, elevando a temperatura corporal, que é mediada por Fator

de Necrose Tumoral Alfa (TNF-α), IL-6 e IL-1β. Os neutrófilos são as primeiras

células de defesa a chegarem ao local da agressão tecidual. Atuam impedindo

que agentes infecciosos se disseminem sistemicamente no hospedeiro. Eles

deixam as vênulas e seguem um gradiente de substâncias quimioatrativas que

são liberadas no local da injúria. Os neutrófilos respondem à quimiotaxia

quando os receptores de alta afinidade para peptídeos bacterianos formilados e

IL-8 são ativados (SIQUEIRA, 2000).

Os neutrófilos possuem diversos mecanismos para combater o agente

agressor. Uma deles ocorre através de granulações específicas que aumentam

Page 31: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

19

em número, sendo sua síntese contínua. Estes grânulos armazenam

substâncias com propriedades antibióticas (lactoferrina, lisossomas,

defensinas, seprocidinas e catelicidinas). As substâncias liberadas de seus

grânulos levam a uma degradação tecidual, através do processo de

desgranulação. Além disso, os neutrófilos são uma importante fonte de

prostaglandinas; um vasodilatador, responsável também pela destruição óssea

perirradicular nos casos de lesões de origem endodôntica (SIQUEIRA, 2000;

LEPRINCE et al., 2012).

Neutrófilos e macrófagos realizam o reconhecimento de patógenos pelos

mesmos receptores de superfície celular. A ligação do patógeno a estes

receptores em muitos casos leva à fagocitose, que leva à lise microbiana no

interior do fagócito, através do processo de internalização, o fagossoma. Este

se torna então acidificado, destruindo a maioria dos patógenos (METZGER,

2000; JEONG & LEE, 2011). Além da função de fagocitose, estas células

também podem participar da manutenção do processo inflamatório pela

liberação de substâncias como: enzimas, mediadores químicos e radicais

livres, que são tóxicos ao organismo. Nas primeiras 24 horas da injúria, os

neutrófilos polimorfonucleares predominam no local da agressão, sendo

substituídos gradativamente, em 24 a 48 horas, pelos monócitos (SIQUEIRA,

2000).

Os neutrófilos polimorfonucleares também produzem IL-1 e IL-6,

induzidos pela presença de lipopolissacarídeos (LPS) bacterianos, o que

sugere que estas células, anteriormente consideradas como simples células

efetoras de fases finais da resposta imune não-específica, possam participar

Page 32: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

20

ativamente da expressão gênica em ciclos positivos de auto estimulação, tais

como ativação sinérgica da explosão oxidativa e citotoxicidade de neutrófilos,

bem como na regulação da proteção e destruição dos circuitos regulatórios,

tais como a regulação positiva do receptor molecular para adesão de células e

do recrutamento e maturação de osteoclastos (MÁRTON & KISS, 2000).

Após a fase aguda, a inflamação adquire um caráter crônico e o perfil

celular muda de uma grande quantidade de neutrófilos para um maior número

de macrófagos e linfócitos. Depois de 3 a 5 dias, clones de linfócitos são

produzidos e o tecido se torna infiltrado por células imunocompetentes. Neste

caso, especialmente linfócitos T CD8 (LEPRINCE et al., 2012).

Para que um antígeno seja reconhecido, receptores com especificidade

para moléculas dos patógenos, devem detectar padrões estruturalmente

repetidos, carreados pela estrutura molecular de sua superfície, como o ácido

lipoteicóico, da parede celular de bactérias Gram-positivas, e o LPS da parede

celular de bactérias Gram-negativas. Fagócitos também possuem vários

receptores de superfície celular que reconhecem diretamente a superfície de

patógenos. Entre eles está o receptor de manose de macrófago, uma lectina do

tipo C (cálcio dependente) que se liga às moléculas de açúcar presentes na

superfície de diversas bactérias e vírus, incluindo o vírus HIV (CÓLIC et al.,

2009a; COLIĆ et al., 2009b).

Em resposta aos antígenos e às citocinas produzidas por células que

encontram microrganismos, células endoteliais aumentam rapidamente a

expressão, em sua superfície, de proteínas chamadas selectinas. Facilitando

Page 33: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

21

deste modo, interações com moléculas na superfície da célula endotelial. Como

resultado, os leucócitos repetitivamente se destacam e se ligam novamente, e

assim rolam ao longo da superfície endotelial (SIQUEIRA, 2000). Após a

fagocitose do antígeno e fusão do fagossomo com o lisossomo, células

fagocíticas produzem produtos com ação antimicrobiana, tais como: peptídeos,

enzimas, óxido nítrico (NO), ânion superóxido (O2) e peróxido de oxigênio

(H2O2), que causam a morte microbiana (DENNISON & DYKE, 2000;

SIQUEIRA, 2000).

Quimiocinas são polipeptídeos produzidas por macrófagos teciduais,

células endoteliais e vários outros tipos de células em resposta a produtos

microbianos. São transportadas para a superfície das células endoteliais, onde

se ligam por heparan sulfato glicosaminoglicanos, e são exibidas em altas

concentrações. Na superfície das células endoteliais, as quimiocinas se ligam a

receptores específicos na superfície de leucócitos em rolagem (GAZIVODA et

al., 2009). Estas moléculas quimioatraentes têm papel fundamental no

recrutamento de monócitos, neutrófilos e outras células efetoras do sangue

para os locais da infecção atuando em conjunto com mediadores vasoativos e

citocinas, como o TNF-α (ABBAS & LICHTMAN, 2009a).

As quimiocinas estão dispostas em sequências de aminoácidos, e têm

como receptores proteínas integrais da membrana, contendo sete hélices

transmembrânicas, que sinalizam através de um par de proteínas G (COLIĆ et

al., 2009b). Podem ser classificadas em quatro grupos: quimiocinas CC, com

resíduos de cisteína adjacentes à porção aminoterminal, que se ligam aos nove

receptores de quimiocinas CC (CCR1-9), promovendo a migração de

Page 34: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

22

monócitos, de linfócitos e de outros tipos celulares; e as quimiocinnas CXC,

com dois resíduos de cisteína separados por um aminoácido, que se ligam aos

seis receptores CXC (CXCR1-6), promovendo a migração de neutrófilos

(LUSTER, 1998).

De uma maneira geral, as citocinas podem atuar de forma autócrina,

afetando o comportamento de células que liberam suas próprias citocinas; de

forma parácrina, influenciando células adjacentes; ou endócrina, afetando o

comportamento de células distantes. Existem duas principais famílias

estruturais de citocinas: as hematopoietinas (incluem os hormônios de

crescimento e interleucinas), com funções na resposta imunológica inata e

adaptativa; e a família do TNF que também atua nas respostas imunológicas

inata e adaptativa e incluem muitas substâncias relacionadas à membrana

celular (LUSTER, 1998; GAZIVODA et al., 2009).

Algumas citocinas parecem ter influência na formação do cisto

perirradicular. Entre elas podem-se destacar a IL-1 e a IL-6 que parecem estar

relacionadas com a proliferação do epitélio cístico, além do TNF-α, que atua

como regulador autócrino e parácrino na adesão dos neutrófilos

polimorfonucleares ao endotélio, potencializando sua ação citotóxica (SANTOS

et al., 2010).

Os mediadores inflamatórios estimulam as células endoteliais a

expressarem proteínas que ativam a coagulação sanguínea. Este processo

diminui o fluxo sanguíneo e impede que o antígeno tenha acesso à corrente

sanguínea e se dissemine através dos tecidos, ocasionando uma septicemia.

Page 35: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

23

Este patógeno, então, é carreado através da corrente linfática para os

linfonodos regionais, iniciando a resposta imune adaptativa. O TNF-α é a

principal citocina reguladora deste fluxo sanguíneo e coagulação (GAZIVODA

et al., 2009).

Os linfócitos são as únicas células capazes de reconhecer antígenos

específicos, tornando-se desta maneira, as principais células da imunidade

adquirida. Assim, a imunidade inata não desempenha apenas funções

defensivas logo após a infecção, mas também proporciona o sinal de que uma

infecção está ocorrendo, ativando uma resposta imunológica adaptativa

(PHILIPPI et al., 2003).

2.4.2 CITOCINAS, MARCADORES CELULARES E A RESPOSTA IMUNE

ADAPTATIVA

Fator de Necrose Tumoral α (TNF-α)

O TNF-α é um mediador solúvel e é liberado a partir de células

imunocompetentes nos processos inflamatórios. O TNF-α desempenha um

papel importante na iniciação e regulação dos eventos celulares que compõem

o sistema imune. Os efeitos biológicos do TNF-α incluem a ativação de

leucócitos, tais como linfócitos (T e B), macrófagos e células natural killer (NK);

indução da febre; liberação de proteínas de fase aguda, citocinas, quimiocinas

e estimulam a expressão gênica, além de ativação de células endoteliais

Page 36: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

24

(PRŠO et al., 2007).

Esta citocina tem importantes efeitos locais e sistêmicos. É o principal

mediador da resposta inflamatória aguda contra bactérias Gram-negativas e

outros microrganismos infecciosos. A concentração sérica de TNF pode

preceder infecções graves por Gram-negativos. Seu nome deriva de sua

identificação original como uma substância presente no soro, que causava a

necrose de tumores. A principal fonte celular de TNF é constituída por fagócitos

mononucleares ativados (MARTINHO et al., 2010).

O TNF- α é expresso por macrófagos em resposta a uma infecção em

lesões perirradiculares, que atua na iniciação e coordenação dos eventos

celulares associados à resposta imune contra a infecção, regulando a resposta

do hospedeiro à invasão bacteriana e estimulando a reabsorção óssea

(MARTINHO et al., 2010).

Em alguns casos, a supressão do TNF-α ou da sinalização do receptor de

IL-1, provoca uma maior formação de osteoclastos levando ao aumento da

lesão perirradicular, mesmo embora, ambas as citocinas estimulem a

reabsorção óssea. Este evento ocorre porque a supressão de TNF-α ou da IL-1

prejudica a sinalização da atividade antibacteriana para a resposta do

hospedeiro, que é um fator crítico em lesões de origem endodôntica. Em

particular, a sinalização do receptor de IL-1 é necessária para evitar a

propagação de uma infecção a partir de uma polpa necrótica em planos faciais

profundos e proteger o hospedeiro do que resultaria de uma maior morbidade e

pior prognóstico do caso (GRAVES et al., 2000).

Page 37: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

25

O TNF pode ser classificado e subdividido em TNF-α e TNF-β. Ambos

estão relacionados de forma quase similar, com a resposta inflamatória e

atividade antitumoral. A fonte principal do TNF-α são os monócitos e

macrófagos, e do TNF-β são os linfócitos T (SANTOS et al., 2010). O primeiro

é um importante e potente mediador da reabsorção óssea perirradicular, pois

ativa osteoclastos, possuindo contudo atividade semelhante à IL-1, sendo

responsável também pela sua indução. É citostático (cessa a divisão celular

sem a sua lise) e citotóxico (cessa a divisão celular e induz sua lise), sendo

liberado por monócitos após ativação de leucócitos. Esta citocina induz um

crescimento significativo na atividade de osteoclastos e seus efeitos podem ser

inibidos pela calcitonina e interferon. Além disso, mostra-se como um fator

importante na proliferação e diferenciação de células precursoras de

osteoclastos para osteoclastos maduros (ROODMAN, 1993; SANTOS et al.,

2010).

HONG et al. (2004) perceberam que a partir da estimulação de IL-1 e do

TNF-α através da exposição destes mediadores ao LPS de dois patógenos

comuns à infecção endodôntica (Fusobacterium nucleatum e Porphyromonas

endodontalis) estas citocinas foram responsáveis pela reabsorção óssea em

lesões perirradiculares.

Os receptores de TNF pertencem a uma imensa família de proteínas, que

estão envolvidas nas respostas imunes e inflamatórias. A principal função

fisiológica do TNF é estimular o recrutamento de neutrófilos e monócitos para

locais de infecção e ativar estas células para a erradicação de microrganismos.

Estes efeitos ocorrem sobre células do endotélio vascular e leucócitos, fazendo

Page 38: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

26

com que células do endotélio expressem moléculas de adesão para leucócitos,

neutrófilos, monócitos e linfócitos. Além disso, estimula células endoteliais e

macrófagos a secretar quimiocinas que atuam na adesão celular, aumentando

a afinidade das integrinas leucocitárias por seus ligantes. Atuam também nos

fagócitos mononucleares estimulando a síntese de IL-1 (MARTINHO et al.,

2010).

Interleucina 6 (IL- 6)

A IL-6 é uma citocina pleiotrópica que influencia as respostas imunes

antígeno-específicas além de regular as reações inflamatórias. Estimula a

formação de precursores de osteoclastos a partir da unidade de formação de

colônias de granulócitos-macrófagos e aumenta o número de osteoclastos no

local da injúria, levando ao aumento sistêmico da reabsorção óssea. Junto com

o TNF-α e a IL-1, a IL-6 pertence ao grupo das citocinas pró-inflamatórias

(PRŠO et al., 2007).

Existem duas vias de regulação da reabsorção óssea: a que afeta o

número de osteoclastos no sítio da inflamação e aquela que atua sobre a

atividade individual dos osteoclastos.

Esta citocina é produzida por muitos tipos de células incluindo fagócitos

mononucleares ativados, células endoteliais, osteoblastos e fibroblastos que

atuam na imunidade adquirida e inata. Sua produção no local da reabsorção

óssea ocorre a partir do estímulo de IL-1 e do TNF-α, atuando na síntese de

Page 39: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

27

proteínas de fase aguda pelos hepatócitos, bem como no crescimento de

linfócitos B que produzem anticorpos (ABBAS & LITCHMAN, 2009b).

A IL-6 tem sido observada na grande maioria das lesões perirradiculares,

e pode estar aumentada no plasma sanguíneo durante a ocorrência de

processos infecciosos e processos inflamatórios sintomáticos (BARKHORDAR

et al., 1999; PRŠO et al., 2007). Além disso, o crescimento cístico pode estar

relacionado à estimulação autócrina, pela proliferação das células epiteliais do

cisto perirradicular através da atuação do TNF-α e da IL-6, e à perda óssea

local causada pela atividade osteolítica destas citocinas (PRŠO et al., 2007).

Segundo PRŠO et al. (2007) uma infecção endodôntica de caráter crônico

provoca a expressão de duas importantes citocinas, o TNF-α e a IL-6, as quais

desempenham um papel importante na patogênese das lesões perirradiculares

estimulando sintomatologia e reabsorção óssea.

Interleucina 18 (IL-18)

A IL-18 é uma citocina que pertence ao grupo das citocinas associadas ao

linfócito T helper. É produzida por monócitos / macrófagos, e tem um papel

relevante na resposta imune pela potencialização da resposta das células T,

além de regular a produção de IFN-y (interferon gama) (MUNDER et al., 1998),

provavelmente em interação com a IL-12 (TAKEDA et al., 1998; DINARELLO,

1999; NAKANISH et al., 2001).

Os linfócitos T e as células Natural Killer (NK) são os alvos primários para

a IL-18. Como exemplo, a IL-18 estimula diretamente a produção de TNF no

Page 40: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

28

sangue humano; linfócitos T CD4 e células NK. É provável que estes efeitos

biológicos da IL-18 sejam mediados, em parte, através da ativação pós-

receptores de fator nuclear kappa B (NF-kB) (complexo proteico que

desempenha funções como fator de transcrição) (WALKER, 1994; HARRER et

al., 1996).

A IL-18 está associada com desenvolvimento de uma imunidade protetora

contra microrganismos intracelulares incluindo diversos vírus. Além disso, esta

citocina tem sido encontrada como fator inibitório da replicação do HIV-1 em

células mononucleares do sangue periférico (CHOI et al., 2001). Porém, em

virtude das suas propriedades inflamatórias, esta citocina potencializada

poderia contribuir para uma ativação imune inapropriada e prejudicial em

pacientes infectados pelo HIV-1 (SHAPIRO et al., 1998; KLEIN et al., 2000;

NAKANISH et al., 2001). Apesar disso, o papel exato da IL-18 na patogênese

do HIV-1 ainda não está claro, pois ela pode interagir com citocinas pró-

inflamatórias, como IL-1, TNF-α e IFN-y, e estimular a produção do HIV-1, in

vitro (STYLIANOU et al., 2003).

Para uma atividade biológica completa, a IL-18, requer a clivagem de sua

forma precursora pela enzima IL-1β conversora, o que pode representar um

alvo para intervenção terapêutica na infecção pelo HIV-1. Por outro lado,

reduzindo-se a atividade biológica da IL-18 pode haver uma supressão de uma

resposta inflamatória de Th1 eficiente e ocasionar uma redução de linfócitos T

citotóxicos, alvo das células infectadas pelo HIV-1 (CHOI et al., 2001).

A IL-18 atua também na indução de TNF-α, IL-1β, IL-1α além de β-

Page 41: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

29

quimiocinas em células humanas primárias. Assim sendo, contribui para a

resposta inflamatória local e sistêmica, tendo deste modo, uma função pró-

inflamatória (NAKAMURA et al., 1993; CHOI et al., 2001; NAKANISHI et al.,

2001).

Interferon γ (IFN-γ)

Em uma infecção viral, como é o caso do HIV, há uma produção de

proteínas conhecidas como interferons, que interferem com a replicação viral,

bloqueando a disseminação dos vírus para os locais não infectados. Estas

proteínas são representadas pelo interferon-alfa (IFN-α) e interferon-beta (IFN-

β), não relacionados com o desenvolvimento do cisto e do granuloma

perirradicular. Estes são completamente diferentes do interferon-gama (IFN- y),

o qual não é diretamente induzido pela infecção viral, sendo produzido

tardiamente pelos linfócitos T helper e é responsável pela ativação de

macrófagos e indução de interleucinas (COOPER, 1993; SABOIA-DANTAS et

al., 2007; SANTOS et al., 2010). Estes macrófagos podem então, produzir

diversos mediadores inflamatórios como a IL-1, fator de ativação plaquetária

(PAF), prostaglandinas e leucotrienos (CHOI et al., 2001; LEPRINCE et al.,

2012).

CD3

Além de citocinas, participam também da resposta inflamatória, células

Page 42: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

30

específicas que possuem um CD (cluster of differentiation) como molécula de

superfície. Existem mais de 250 tipos de moléculas CD, são proteínas

presentes na membrana celular ligadas ao complexo principal de

histocompatibilidade, que são representados por um conjunto de anticorpos

monoclonais, que reconhecem epítopos de uma molécula cuja presença à

superfície de certas células do sistema imune contribui para a diferenciação de

leucócitos em relação a outros tipos celulares. Deste modo pode haver a

identificação e diferenciação de diversos tipos celulares (MURPHY et al.,

2010a). Esta especificidade elevada, combinada com a presença de células

CD3 em todas as fases de desenvolvimento de células T, torna este co-

receptor um marcador útil para a imunoistoquímica de células T em porções de

tecido. O CD3 permanece presente em quase todos os linfomas de células T e

leucemias, e pode, portanto, ser usado para distinguí-las das células B e

neoplasias mielóides superficialmente semelhantes (MURPHY et al., 2010b).

CD8

Outra molécula de superfície é o CD8. É uma glicoproteína

transmembranar que serve como co-receptor para o TCR. O CD8 liga-se a uma

molécula de MHC, mas é específico para a proteína de MHC de classe I.

(MURPHY et al., 2010c). O co-receptor de CD8 é predominantemente expresso

na superfície de células T citotóxicas, mas também pode ser encontrado nas

células NK, timócitos corticais e células dendríticas (PHILIPPI et al., 2003).

O domínio extracelular de CD8 semelhante a IgV interage com a porção

Page 43: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

31

α3 da molécula MHC de classe 1. Isto mantém a afinidade do receptor da

célula T citotóxica e a célula alvo ligada em conjunto durante a ativação

específica do CD8. As células T CD8 citotóxicas com proteína de superfície são

chamados de células T CD8+, estando ativadas (BARBER et al., 2006;

MURPHY et al., 2010c).

CD20

O CD20 é uma fosfoproteína glicosilada expressa na superfície de todas

as células B que começam na fase pró-B (CD45R+, CD117+) e aumentam

progressivamente em concentração até à maturidade. Nos seres humanos o

CD20 é codificado pelo gene MS4A1. Os membros desta família de proteínas

são caracterizados por morfologias estruturais comuns e apresentam padrões

de expressão únicos entre células hematopoiéticas e tecidos não linfóides. Este

gene codifica para uma molécula de superfície de linfócitos B que

desempenham um papel importante no desenvolvimento e diferenciação das

células B em células plasmáticas (plasmócitos) (MURPHY et al., 2010c).

Os linfócitos B são responsáveis pela resposta imune do tipo humoral.

Estes reconhecem o determinante antigênico da macromolécula estranha e

diferenciam-se em plasmócitos que sintetizam anticorpos específicos contra

este determinante. O reconhecimento de antígenos é realizado através de

glicoproteínas localizadas na superfície celular denominadas de

imunoglobulinas (MURPHY et al., 2010c).

Para a ativação dos linfócitos B, além do reconhecimento do antígeno, é

Page 44: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

32

necessário um segundo sinal de ativação. Os linfócitos B maduros expressam

duas classes de anticorpos ligados a membrana, IgM e IgD, que funcionam

como receptores para associação de antígenos com as proteínas IgA e IgB,

formando o complexo receptor da células B (BCR). Os plasmócitos de

indivíduos normais se caracterizam pela presença dos marcadores antigênicos

CD45+, CD19+ e CD20, entre outros (ABBAS & LICHTMANN, 2009c).

Os linfócitos T e os linfócitos B são programados para responder a

antígenos específicos. Uma vez que existe uma grande variedade de

antígenos, é compreensível que os linfócitos T citotóxicos, os linfócitos T

supressores e linfócitos B sejam encontrados no interior das lesões

perirradiculares (PHILIPPI et al., 2003).

A imunoistoquímica pode ser usada para determinar a presença de CD20

em células através de cortes de tecidos histológicos. O CD20 permanece

presente na maioria das células de tumores de células B, e está ausente em

neoplasias de células T, pode ser muito útil para o diagnóstico de condições

tais como os linfomas de células B e leucemias (MURPHY et al., 2010c).

CD68

O CD68 é uma glicoproteína que se liga a uma lipoproteína de baixa

densidade. É expresso em monócitos e macrófagos (MURPHY et al., 2010a).

A técnica de imunoistoquímica pode ser usada para identificar a presença

de CD68, que é encontrado nos grânulos citoplasmáticos de uma variedade de

Page 45: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

33

células sanguíneas. É particularmente útil como um marcador para as diversas

células da linhagem de macrófagos, incluindo monócitos, histiócitos, células

gigantes, células de Kupffer, e os osteoclastos. Esta característica permite que

ele seja utilizado para distinguir as doenças diferentes, de aparência

semelhante, como as formas de monócitos/macrófagos e de leucemia linfóide.

A sua presença em macrófagos também faz com que seja útil para o

diagnóstico de condições relacionadas com a proliferação ou a anormalidade

destas células, tais como histiocitose maligna, o linfoma histiocítico, e doença

de Gaucher (METZGER, 2000; KURODA, 2010).

Page 46: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

34

3. JUSTIFICATIVA

Diversos estudos têm demonstrado uma correlação entre as alterações

imunológicas em pacientes infectados pelo HIV e infecções orais. Estes

achados podem estar associados às dificuldades desses pacientes em gerar

uma resposta inflamatória adequada diante de determinadas infecções.

Entretanto, ainda não está claro como se comporta a resposta inflamatória

dessa população frente à infecção endodôntica primária.

Page 47: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

35

4. HIPÓTESE

A hipótese do presente estudo foi a presença de menor intensidade e

frequência de detecção dos marcadores imunológicos em lesões

perirradiculares de pacientes infectados pelo HIV em comparação com

pacientes não infectados pelo HIV. A hipótese nula foi a ausência de diferença

entre os grupos.

Page 48: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

36

5. OBJETIVOS

5.1. Objetivos Gerais

Comparar a prevalência de granulomas e cistos perirradiculares

entre pacientes infectados e não infectados pelo HIV; e

Estimar a intensidade da resposta imune em pacientes infectados

pelo HIV e compará-la com pacientes não infectados pelo HIV

através da detecção da expressão de marcadores imunológicos

(IL-6, IL-18, TNF-α, IFN-y, CD3, CD8, CD20 e CD 68) em lesões

perirradiculares, pelo método de imunoistoquímica.

Page 49: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

37

6 - MATERIAIS E MÉTODOS

6.1 SELEÇÃO DA AMOSTRA

Pacientes infectados pelo HIV, e pacientes não infectados, que tivessem

elementos dentários portadores de lesão perirradicular crônica e infecção

endodôntica primária, foram selecionados no período de 2 anos e 4 meses

(Março de 2011 a Julho de 2013). A confirmação destas condições foi obtida no

prontuário médico/odontológico em conjunto com anamneses dos pacientes e

exame clínico radiográfico. Os pacientes soropositivos para o HIV, foram

selecionados de modo que todos estivessem em uso da terapia antirretroviral

combinada.

Os pacientes foram selecionados entre indivíduos em manutenção ou

tratamento odontológico no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da

Universidade Federal do Rio de Janeiro (HUCFF - UFRJ - Rio de Janeiro -

R.J.), e no Hospital Central da Aeronáutica (HCA - Rio de Janeiro - R.J.). Todos

os pacientes foram informados por escrito dos objetivos do trabalho, seus

riscos e benefícios e assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido

(TCLE) (Anexo1) para a participação no estudo. Em seguida, foi preenchido um

questionário de anamnese (prontuário odontológico), que incluiu dados

sociodemográficos, informações médicas e odontológicas (Anexo 2).

Todos os pacientes apresentaram um exame radiográfico panorâmico dos

maxilares, avaliado por um único profissional calibrado em identificação de

lesões perirradiculares pelo sistema de identificação de índice periapical (PAI).

Page 50: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

38

O índice periapical (PAI) é baseado na comparação entre as radiografias de um

conjunto de imagens radiográficas pré-definidas e as ilustrações que foram

categorizadas com índices de 1 a 5. Os exames radiográficos panorâmicos dos

maxilares já faziam parte da rotina de triagem e exame dos centros

odontológicos em questão. Deste modo, o paciente não necessitou realizar o

exame apenas como propósito do pesquisa (ORSTAVIK et al., 1986).

6.2 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO

A partir da avaliação da radiografia panorâmica dos maxilares, os

elementos dentários que apresentaram suspeita de área radiolúcida na região

perirradicular com características de infecção endodôntica primária em

consequência de necrose pulpar, e com indicação de exodontia, foram

selecionados. Nestes casos, foram então realizadas radiografias periapicais

destes elementos, para uma análise mais detalhada, além de teste pulpares

para a confirmação da presença da necrose pulpar e formação da lesão

perirradicular. O maior diâmetro radiográfico das lesões perirradiculares

estudadas foi obtido a partir da mensuração da imagem nas radiografias

periapicais com régua milimetrada e com negatoscópio, em ambiente com

restrição adequada de iluminação, e expresso em milímetros.

A exodontia do elemento selecionado foi indicada por problemas

periodontais ou perdas coronárias extensas. A perda de estrutura dentária

ocorreu tanto por traumatismo dentário como por um processo carioso extenso,

que impossibilitou a restauração do elemento dentário. Para a confirmação do

Page 51: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

39

diagnóstico de necrose pulpar foram realizados testes de inspeção visual, de

sensibilidade térmica (frio e calor), de mobilidade e sondagem perirradicular.

6.3 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO

Os elementos dentários selecionados não apresentaram preparo de

acesso coronário à câmara pulpar, fraturas radiculares, lesões endo-

periodontais e nem indícios de algum tratamento prévio do conduto radicular.

Como o presente estudo estimou a resposta inflamatória de pacientes

específicos, foram excluídos do estudo, pacientes portadores de diabetes ou

outras doenças sistêmicas imunossupressoras (exceto infecção pelo HIV);

além de pacientes que estivessem em uso de anti-inflamatórios, antivirais

(exceto medicamentos constituintes da terapia antirretroviral para o HIV) e

antibióticos, entre outras medicações que pudessem interferir na resposta

inflamatória destes pacientes. Indivíduos que, por motivos sistêmicos,

necessitavam de medicação profilática para tratamento dentário, e que fizeram

uso de antimicrobianos e/ou imunossupressores nos últimos 3 meses, também

foram excluídos.

Page 52: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

40

6.4 COLETA DAS AMOSTRAS

A partir da seleção dos pacientes, os mesmos foram encaminhados ao

Hospital Central da Aeronáutica (HCA - Rio de Janeiro - R.J.), onde foram

realizadas as exodontias. Por motivos de melhor estrutura cirúrgica, todas as

coletas foram realizadas no HCA. Uma minuciosa anamnese foi realizada para

confirmação dos dados dos prontuários dos pacientes.

Para o preparo do campo cirúrgico, foi realizada uma assepsia intra-oral,

com 3 ml de digluconato de clorexidina 0,12% (Periogard – Colgate – R.J. -

Brasil), oferecido ao paciente em copo de plástico descartável, através de

bochecho por 1 minuto com sua excreção logo em seguida. Além disso, foi

realizada assepsia extra-oral com solução degermante de digluconato de

clorexidina alcoólica a 2% (Fórmula e Ação – S.P. – Brasil) seguida de soro

fisiológico estéril - 0,9% (Arboreto – M.G. - Brasil), através de limpeza em

esfregaço da face com gazes estéreis.

A solução anestésica de escolha foi a Mepivacaína a 2%, 1:100.000 com

vasoconstrictor (Epinefrina) (Nova DFL – Rio de Janeiro – Brasil), e para os

pacientes onde o uso de vasoconstrictores estava contra-indicado foi utilizada a

solução de Mepivacaína a 3% sem vasoconstrictor (Nova DFL – Rio de Janeiro

– Brasil). A técnica anestésica de escolha para elementos dentários maxilares

foi a infiltrativa submucosa (subperiosteal) com complementação isquêmica em

papilas circundantes. Em dentes mandibulares foi utilizado o bloqueio regional

dos nervos alveolar inferior, bucal e lingual, utilizando-se a técnica de anestesia

para o nervo alveolar inferior. Para cada elemento dentário foram utilizados 02

Page 53: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

41

tubetes de 1,8 ml cada, através da inserção de agulhas longas 27G (Unoject –

Nova DFL – Rio de Janeiro - Brasil) inseridas em uma carpule com refluxo

(Quinelato – São Paulo – Brasil).

Após o procedimento anestésico, aguardou-se um tempo de anestesia de

08 a 10 minutos. A eficácia da anestesia dos tecidos foi confirmada através do

toque de um descolador tipo Molt (Quinelato – São Paulo – Brasil) nas áreas

adjacentes ao elemento dentário a ser extraído, além de uma consulta verbal

ao paciente sobre a sensação de dormência da área. Quando o bloqueio neural

através do procedimento anestésico foi estabelecido e confirmado, um

descolador tipo Molt foi utilizado para a o descolamento do tecido gengival

circunjacente ao elemento dentário (sindesmotomia) bem como a secção das

fibras do ligamento periodontal.

Com uma alavanca reta (Quinelato – São Paulo – Brasil) posicionada

entre o colo dentário e a crista óssea alveolar, foram empreendidos

movimentos oblíquos ao instrumento a fim de dilatar as paredes do osso

alveolar e realizar a luxação do elemento dentário do seu respectivo alvéolo

dentário. Com o elemento dentário luxado, um fórceps (Quinelato - São Paulo -

Brasil) (o tipo de fórceps dependeu do elemento a ser extraído) foi utilizado

para a apreensão e remoção do elemento em questão. Seguindo-se a remoção

do elemento dentário, foi feita inspeção visual da região apical do elemento

extraído.

Quando a lesão perirradicular apresentou-se aderida ao ápice radicular,

foi utilizada uma lâmina de bisturi número 15-C (Solidor - São Paulo - Brasil),

Page 54: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

42

para uma remoção criteriosa desta, sem a perda ou com o mínimo de dano ao

material, na sua separação da raiz dentária. Após a remoção da lesão

perirradicular, a mesma foi armazenada em pote de coleta estéril contendo

aproximadamente 10ml de formol tamponado (Labormed - R.J. - Brasil) e

encaminhado ao laboratório de Histopatologia da Universidade Estácio de Sá.

Nenhuma das amostras ficou menos de 24h formolizada, ao invés disso, o

tempo de armazenamento médio em formol foi de aproximadamente 15 dias.

Entretanto, houve casos onde a lesão perirradicular não apresentou-se

aderida ao ápice dentário após sua extração. Nestes casos a mesma foi

coletada do fundo do alvéolo ósseo, utilizando-se uma cureta de alvéolo tipo

Lucas (Quinelato – São Paulo – Brasil), e em seguida lavada em uma cuba

estéril com soro fisiológico a 0,9% estéril até que o excesso de sangue da

lesão fosse removido. A partir daí, a mesma foi colocada em pote coletor estéril

com formol tamponado, da mesma forma como descrito acima.

Quando o paciente apresentou mais de um elemento dentário com lesão

perirradicular, e com indicação para exodontia relacionada aos critérios de

inclusão e exclusão do estudo, foram coletadas as duas amostras, para que

fosse escolhida a lesão de melhor qualidade no corte histológico. Após o

armazenamento da amostra as mesmas foram numeradas sequencialmente de

acordo com o número de procedimentos cirúrgicos realizados, e caracterizadas

de acordo com a situação sistêmica do indivíduo e ao grupo ao qual pertenceu,

sendo posteriormente encaminhadas ao laboratório de Patologia e

Imunoistoquímica (PPGO) da Universidade Estácio de Sá do Rio de Janeiro -

Page 55: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

43

R.J., para que fossem processadas e analisadas por cortes histopatológicos e

pelo método de imunoistoquímica.

6.5 TÉCNICA HISTOPATOLÓGICA

Foram selecionadas 34 amostras de 34 pacientes, onde dentre elas, 17

foram relacionadas a pacientes HIV positivos (grupo H) e 17 relacionadas a

pacientes ditos não infectados pelo HIV (grupo NH). De cada amostra foram

feitos 9 cortes, sendo 1 corte de cada lâmina encaminhado à análise

histopatológica em hematoxilina e eosina e 8 cortes destinados às reações

imunoistoquímicas.

O corte destinado à análise histopatológica convencional foi obtido com

espessura de 4 µm e montado em lâminas histológicas convencionais, sendo

colocado na estufa por cerca de 3 horas. As lâminas foram posteriormente

coradas em hematoxilina e eosina de acordo com a técnica padronizada no

Laboratório de Patologia Bucal (PPGO) da Universidade Estácio de Sá do Rio

de Janeiro – R.J. e montadas com lamínulas e Entellan (Merck, Darmstadt,

Alemanha).

6.6 TÉCNICA IMUNOISTOQUÍMICA

Os cortes histológicos utilizados para a técnica imunoistoquímica foram

montados em lâminas silanizadas. O processo de silanização se iniciou com a

organização intercalada das lâminas nos berços metálicos. Em seguida as

lâminas foram colocadas em lavagem durante 3-4 horas em água corrente,

adicionando-se detergente neutro (Labormed – R.J. – Brasil). As lâminas foram

Page 56: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

44

então colocadas na estufa (Fanem, São Paulo, Brasil) por 40 minutos para

secar, na temperatura de 1600 C.

Com o fim do ciclo da estufa, as lâminas foram deixadas para esfriar por

mais 40 minutos. Em seguida, a estufa foi novamente aquecida até chegar a

2400 C. Após este processo as lâminas passaram pelo processo de silanização

propriamente dito. Em três cubas diferentes de vidro com 400 ml de acetona

(CH3)2CO (Proquímios - R.J. - Brasil) cada, onde na primeira cuba foram

adicionados 24 ml de 3-aminopropyl-triethoxy silano minimum 98% (Sigma

A3648 - SIGMA - ALDRICH Co., St. Louis, E.U.A), as lâminas foram

mergulhadas duas vezes em cada uma das cubas, sendo em seguida

colocadas novamente na estufa por mais 40 minutos à 2400 C. Após secagem,

as lâminas silanizadas receberam cortes de 3μm de espessura de cada caso a

partir dos blocos de parafina previamente selecionados e foram deixadas por

um período de 3 a 4 horas na estufa à 60ºC, concluindo o processo.

As reações de imunoistoquímica foram realizadas seguindo o protocolo

de AZEVEDO et al. (2008) e segue como descrito abaixo:

As lâminas foram desparafinizadas e hidratadas com dois banhos

sequenciais em xilol, seguidos de banhos em álcool absoluto, álcool a 90°,

álcool a 70° e álcool a 50°. Após essas etapas, as lâminas foram colocadas em

berços de vidro sem fundo e em recipiente plástico (tipo tupperware) contendo

solução tampão citrato-ácido cítrico pH 6,0, de forma que todos os cortes

ficassem cobertos pelo líquido. O tupperware foi então coberto com filme PVC

e levado ao forno de microondas (Panasonic - potência de 850W) em um ciclo

Page 57: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

45

de 12 minutos, na potência máxima. Após o término do ciclo, o recipiente foi

retirado do microondas e permaneceu resfriando a temperatura ambiente por

20 minutos.

Após o resfriamento, as lâminas foram lavadas em água corrente por 5

minutos e colocadas em cubas verticais de vidro onde foram submetidas ao

processo de inativação da peroxidase endógena, por meio de 5 banhos de 5

minutos cada, com água oxigenada (H2O2) (Farmax - Divinópolis - Brasil) a 20

volumes. Ao fim desta etapa as lâminas foram submetidas a 3 lavagens em

água corrente e incubação posterior em solução de PBS (Laborclin,

Pinhais/PR, Brasil) 1X (pH 7,4). Após a diluição dos anticorpos primários com

solução PBS/BSA (albumina sérica bovina) a 1%, aplicou-se na superfície de

cada uma das lâminas uma quantidade suficiente de anticorpo para cobrir todo

o corte e estas foram então incubadas em câmara úmida a 4ºC por 16 horas

(overnight). Os anticorpos primários utilizados no estudo, assim como seu tipo,

fabricante, diluição e controle positivo estão expressos na Tabela 1.

Page 58: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

46

Tabela 1. Relação dos anticorpos primários utilizados no estudo, com detalhes sobre seu tipo,

fabricante, diluição e controle positivo.

ANTICORPO TIPO FABRICANTE DILUIÇÃO CONTROLE POSITIVO

Anti IL-6 Camundongo Monoclonal

Santa Cruz Biotechnology

1:500 Pulmão

Anti IL-18 Coelho Policlonal

Santa Cruz Biotechnology

1:200 Baço

Anti CD3 Camundongo Monoclonal

Dako 1:200 Linfonodo

Anti CD8 Camundongo Monoclonal

Dako 1:200 Linfonodo

Anti CD20cy Camundongo Monoclonal

Dako 1:200 Linfonodo

Anti CD68 Camundongo Monoclonal

Dako 1:500 Mucocele

Anti TNF-α Camundongo Monoclonal

Santa Cruz Biotechnology

1:100 Líquen plano

Anti Interferon-y

Coelho Policlonal

Santa Cruz Biotechnology

1:200 Epitélio oral

No dia seguinte, o anticorpo primário foi descartado da superfície das

lâminas e estas foram submetidas a 3 lavagens de 1 minuto cada em PBS 1X.

Para a aplicação do anticorpo secundário (LSAB + system HRP, Dako) utilizou-

se o mesmo recipiente plástico, só que forrado com espuma umedecida com

água e aquecida. Foi realizada inicialmente a incubação das lâminas por 30

minutos em estufa a 40ºC com o anticorpo secundário biotinilado, seguida de 3

lavagens de 1 minuto cada com PBS 1X e da incubação das lâminas com o

complexo estreptavidina-biotina por 30 minutos em estufa a 40ºC. Após este

Page 59: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

47

período, as lâminas foram novamente submetidas a 3 lavagens de 1 minuto

cada com PBS 1X, e foi feita aplicação de solução de diaminobenzidina (DAB,

Dako) na superfície dos cortes para revelação da reação, utilizando-se para

isto, uma gota de DAB para cada 1 ml de diluente, por 5 minutos.

Após este período, o DAB foi desprezado em recipiente específico para

seu descarte e as lâminas foram submetidas à lavagem em água corrente por 5

minutos. A contra coloração foi realizada por hematoxilina de Carazzi por 1

minuto, após a qual, os cortes foram desidratados e diafanizados, e as lâminas

então montadas em Entellan.

Foram incluídos controles positivos e negativos para todas as reações,

segundo as orientações do fabricante.

6.7 ANÁLISE HISTOPATOLÓGICA

A análise histopatológica foi realizada com auxílio de microscópio óptico

(Leica DM500, Heerbrugg, Suécia) acoplado a câmera digital de captura de

imagens (Leica DM500). Cada lâmina foi analisada primeiramente com

aumento de 4X, seguidos de aumentos de 10X, 40X e 100X onde foi analisada

a presença das características microscópicas que permitissem o diagnóstico de

granuloma ou de cisto perirradicular e as características do epitélio (quando

presente) e do infiltrado inflamatório. Para o diagnóstico de cisto perirradicular

foi considerada imprescindível a presença de uma cavidade revestida

internamente por epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado e

Page 60: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

48

circundada externamente por um tecido conjuntivo permeado por infiltrado

inflamatório.

Para a verificação e identificação precisa e específica da presença de

células inflamatórias, um maior aumento óptico foi utilizado para melhor

visualização desses detalhes (100X). Foram observados principalmente

neutrófilos polimorfonucleares, plasmócitos, macrófagos, células epiteliais e

linfócitos, nos tecidos estudados. Nos cortes avaliados, também foram

observados, além da presença do infiltrado inflamatório, macrófagos

espumosos, fendas negativas de cristais de colesterol, além da presença focal

de bactérias em algumas amostras.

6.8 ANÁLISE IMUNOISTOQUÍMICA

Para a análise imunoistoquímica foram estudadas 8 lâminas histológicas

de cada caso, cada uma contendo um corte com um dos 8 marcadores

analisados (IL-6, IL-18, TNF-α, IFN-y, CD3, CD8, CD20 e CD68). A análise foi

realizada sob microscopia óptica em aumento de 40X, por três observadores

calibrados.

Foram consideradas marcações positivas aquelas para as quais os

marcadores apresentaram coloração acastanhada, localizando-se no

citoplasma e/ou na membrana celular, dependendo do marcador em questão.

As marcações foram classificadas em três níveis, incluindo marcação

ausente/focal (valor 0 - para os casos onde não se percebia marcação em uma

visualização geral ou observava-se apenas marcação focal em locais isolados

Page 61: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

49

e limitados), leve/moderada (valor 1 - onde se evidenciava marcação de forma

mais homogênea, embora não intensa e generalizada) e intensa (valor 2 -

marcação generalizada e forte em todas ou na maioria das áreas teciduais

analizadas). A Figura 1 exemplifica os contrastes de marcação leve/moderada

e intensa para CD20 e para CD68. Para todos os casos e todos os

marcadores, a caracterização das marcações foi obtida pela análise de, no

mínimo, 10 campos de grande aumento (40x).

Page 62: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

50

A

B

C

D

Figura 1. Critérios de classificação leve/moderado e intenso. Expressão imunoistoquímica de CD20: (A) leve/moderada e (B) intensa; Expressão imunoistoquímica de CD68: (C) leve/moderada e (D) intensa (Imunoperoxidase 10x, todos).

6.9 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Todos os testes estatísticos empregados no presente estudo foram

realizados utilizando-se o programa estatístico SPSS (Statistical Package for

the Social Sciences, versão 17.0, Chicago, IL). Análises descritivas foram

realizadas para as características sociodemográficas, de comportamentos

relacionados à saúde e das características relacionadas à infecção pelo HIV

(carga viral plasmática, níveis de linfócitos TCD4+, tempo de infecção pelo HIV

e tempo de exposição à TARV). Os dados descritivos foram obtidos através do

cálculo da frequência e percentagem das variáveis categorias e da mediana

Page 63: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

51

das variáveis contínuas. Na comparação entre os grupos, as variáveis

qualitativas foram analisadas através da frequência de cada categoria,

enquanto as variáveis quantitativas foram avaliadas pela mediana computada

em cada grupo estudado. Diferenças significativas entre os grupos para todos

os parâmetros estudados foram avaliadas pelos testes Qui-quadrado, exato de

Fisher; Mann-Whitney. O nível de significância empregado em todas as

análises foi de 0,05.

Page 64: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

52

7. RESULTADOS

7.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

Em ambos os grupos, a maioria dos pacientes era branca (grupo H -

64,7% e grupo NH - 58,8%) e não tabagista (grupo H - 88,2% e, grupo NH -

70,6%) (Tabela 2). Quando os dois grupos foram comparados com relação às

características sociodemográficas e ao hábito do tabagismo, não houve

diferenças estatisticamente significantes para nenhuma variável (p>0,05).

Essas informações podem ser observadas na Tabela 2.

Tabela 2. Comparação das características sociodemográficas e do comportamento relacionado

à saúde entre os grupos estudados.

Características Grupo H (N = 17)

Grupo NH (N = 17)

Valor de P

Parâmetros sociodemográficos

Idade* [mediana (min – max)] 45 (31 - 72) 47(29 - 64) 0,783 Gênero¶- N (%) 0,732 Masculino 7 (41,2) 9 (52,9) Feminino 10 (58,8) 8 (47,1) Etnia§- N (%) 0,560 Brancos 11 (64,7) 10 (58,8) Pardos 5 (29,4) 4 (23,5)

Negros 1 (5,9) 3 (17,7)

Comportamento relacionado à saúde

Tabagismo¶- N (%) 0,398

Sim 2 (11,8) 5 (29,4)

Não 15 (88,2) 12 (70,6) *Teste de Mann-Whitney; ¶teste exato de Fisher; §teste Qui-quadrado; H (infectado pelo HIV);

NH (não infectado pelo HIV).

Page 65: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

53

A Tabela 3 descreve as características associadas somente aos pacientes

do grupo infectado pelo HIV. A grande maioria (82,3%) apresentava carga viral

plasmática indetectável e a mediana dos níveis de linfócitos TCD4 era 450

células/mm3 de sangue.

Tabela 3. Características específicas relacionadas ao grupo infectado pelo HIV.

Características específicas Valores

Carga viral - N (%) δ

Detectável 3 (17,7)

Indetectável 14 (82,3)

Linfócitos TCD4 - Mediana (mín-max) Ω 450 (355 - 1300)

Tempo de exposição ao HIV - Mediana (min-máx) ‡ 5 (2 - 12)

Tempo de TARV - Mediana (mín-máx) ‡ 4 (1,5 - 9)

δCópias/mL; ΩCélulas / mm3 de sangue; ‡ Valores em anos.

7.2 ANÁLISE RADIOGRÁFICA E HISTOPATOLÓGICA

O tamanho radiográfico das lesões perirradiculares utilizadas no estudo

variou de 1,0 mm a 10,0 mm de diâmetro. A mediana do tamanho da lesão foi

maior no grupo H (3,0 [1,0 – 8,0]) em comparação com grupo NH (2,5 [1,5 –

10,0]), mas essa diferença não foi estatisticamente significante (p=0,533)

(Tabela 4). Com relação às frequências (%) de cistos e granulomas, também

não houve diferença significativa entre os grupos (p=0,481) (Tabela 4).

Page 66: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

54

Tabela 4. Comparação das características macroscópicas e histopatológicas das lesões

perirradiculares inflamatórias diagnosticadas nos dois grupos estudados.

Características Grupo H (N=17)

Grupo NH (N=17)

Valor de P

Tamanho da lesão*- mediana (min-máx)

3,0 (1,0 – 8,0) 2,5 (1,5 – 10,0) 0,533

Histopatologia ¶ - N (%) 0,481 Granulomas 8 (47,1) 5 (29,4) Cistos 9 (52,9) 12 (79,6)

*Teste de Mann-Whitney; ¶teste exato de Fisher; H (infectado pelo HIV); NH (não infectado pelo

HIV).

Page 67: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

55

A Figura 2 mostra alguns achados histopatológicos encontrados nas

lesões perirradiculares estudadas.

A

B

C

D

E

F

Figura 2. Imagens histológicas das lesões perirradiculares. Granuloma perirradicular: (A) Visão em menor aumento da lesão inteira (HE, 4x); (B) Área central apresentando intenso infiltrado inflamatório circundada por macrófagos espumosos à esquerda (HE, 10x); (C) Detalhe do infiltrado composto por plasmócitos, linfócitos, neutrófilos e macrófagos espumosos (HE, 40x); (D) Granuloma perirradicular mostrando esparso infiltrado inflamatório (HE, 10x). Cisto perirradicular: (E) Cavidade cística revestida por epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado e cápsula de tecido conjuntivo inflamado (HE, 10x); (F) Epitélio cístico hiperplásico e intenso infiltrado inflamatório no tecido conjuntivo subjacente (HE, 10x).

Page 68: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

56

7.3 ANÁLISE IMUNOISTOQUIMICA

A análise imunoistoquímica foi realizada individualmente para cada

marcador estudado. A Tabela 5 mostra a distribuição da expressão de

marcação de CD3, CD8, CD20 e CD68 nos dois grupos estudados. Não houve

diferença estatisticamente significante entre os grupos para nenhum desses

marcadores celulares (p<0,05). A figura 3 ilustra as marcações celulares para

CD3, CD8, CD20 e CD68 em aumentos de 100X. À exceção do CD68, que

apresentou marcação citoplasmática e de membrana, os demais marcadores

mostraram marcações apenas na membrana celular.

Tabela 5. Expressão dos marcadores celulares CD3, CD8, CD20 e CD68 nas lesões

perirradiculares avaliadas nos dois grupos estudados.

Marcadores N (%)

Grupo H (N = 17)

Grupo NH (N = 17)

Valor de P

CD3 0,239 Ausente/Focal 11 (64,6) 10 (58,8) Leve/Moderada 4 (23,5) 7 (41,2) Intensa 2 (11,8) 0 (0) CD8 0,769 Ausente/Focal 3 (17,7) 2 (11,8) Leve/Moderada 10 (58,8) 12 (70,5) Intensa 4 (23,5) 3 (17,7) CD20 0,563 Ausente/Focal 2 (11,8) 1 (5,9) Leve/Moderada 7 (41,2) 10 (58,8) Intensa 8 (47,0) 6 (35,3) CD68 0,921 Ausente/Focal 5 (29,4) 4 (23,5) Leve/Moderada 9 (52,9) 10 (58,8) Intensa 3 (17,7) 3 (17,7)

O valor de p refere-se ao teste Qui-quadrado; H (infectado pelo HIV); NH (não infectado pelo

HIV).

Page 69: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

57

A

B

C

D

Figura 3. Expressão imunoistoquímica dos marcadores celulares avaliados nas lesões perirradiculares estudadas. A. CD3; B. CD8; C. CD20; D. CD68 (Imunoperoxidase, 100x).

A Tabela 6 mostra a distribuição da expressão de marcação de IFN-y, IL-

6, IL-18 e TNF-α nos dois grupos estudados. Não houve diferença

estatisticamente significante entre os grupos para nenhum desses mediadores

estudados (p<0,05).

Page 70: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

58

Tabela 6. Expressão de IFN-y, IL-6, IL-18 e TNF-α nas lesões perirradiculares

avaliadas nos dois grupos estudados.

Mediadores inflamatórios - N (%)

Grupo H (N = 17)

Grupo NH (N = 17)

Valor de P

IFN-y 0,423 Ausente / Focal 2 (11,8) 4 (23,5) Leve / Moderada 9 (52,9) 10 (58,8) Intensa 6 (35,3) 3 (17,7)

IL-6 1,00 Ausente / Focal 5 (29,4) 5 (29,4) Leve / Moderada 9 (52,9) 9 (52,9) Intensa 3 (17,7) 3 (17,7)

IL-18 0,087 Ausente / Focal 1 (5,9) 3 (17,7) Leve / Moderada 7 (41,2) 11 (64,6) Intensa 9 (52,9) 3 (17,7)

TNF-α 0,432 Ausente / Focal 10 (58,8) 13 (76,4) Leve / Moderada 05 (29,4) 02 (11,8) Intensa 02 (11,8) 02 (11,8)

O valor de p refere-se ao teste Qui-quadrado; H (infectado pelo HIV); NH (não infectado pelo HIV).

A figura 4 ilustra a expressão tecidual de IFN-y no epitélio cístico, nas

células inflamatórias, nos macrófagos e nas células endoteliais. A figura 5

ilustra a expressão tecidual de IL-6 nas células inflamatórias, nas células

endoteliais, nas células gigantes multinucleadas de corpo estranho

direcionadas aos cristais de colesterol e nos fibroblastos. A figura 6 ilustra a

expressão tecidual de IL-18 nas células inflamatórias e no epitélio cístico. A

figura 7 ilustra a expressão tecidual de TNF-α nas células inflamatórias em

lesões perirradiculares.

Page 71: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

59

A

B

C

D

E

F

Figura 4. Expressão imunoistoquímica de interferon gama nas lesões perirradiculares. (A) e (B) Expressão no epitélio cístico e nas células inflamatórias adjacentes (Imunoperoxidase, 40x). (C) Intensa expressão em macrófagos (Imunoperoxidase, 40x). (D) Expressão nas células inflamatórias e no endotélio (Imunoperoxidase, 40x). (E) e (F) Expressão nas células inflamatórias (predominantemente macrófagos) e no endotélio (detalhe em F) (E - imunoperoxidase, 40x; F - imunoperoxidase, 100x).

Page 72: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

60

A

B

C

D

E

F

Figura 5. Expressão imunoistoquímica de interleucina 6 nas lesões perirradiculares. (A) Células gigantes multinucleadas do tipo corpo estranho expressando interleucina 6 circundando fendas de cristais de colesterol (Imunoperoxidase, 100x). (B) e (C) Expressão de interleucina 6 em células endoteliais (Imunoperoxidase, 40x ambas). (D) Detalhe da expressão de interleucina 6 nas células endoteliais e em neutrófilos em processo de diapedese (Imunoperoxidase, 100x). (E) e (F) Expressão de interleucina 6 nos fibroblastos (E - imunoperoxidase, 40x; F - imunoperoxidase, 100x).

Page 73: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

61

A

B

Figura 6. Expressão imunoistoquímica de interleucina 18 nas células inflamatórias e no epitélio hiperplásico dos cistos perirradiculares (A e B - Imunoperoxidase 40x).

A

B

Figura 7. Expressão imunoistoquímica citoplasmática de Fator de necrose tumoral alfa em células inflamatórias nas lesões perirradiculares (A - Imunoperoxidase 40x; B - Imunoperoxidase, 100x).

Page 74: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

62

8. DISCUSSÃO

O presente estudo teve como objetivo detectar a expressão de IL-6, IL-18,

TNF-α, IFN-y, CD3, CD8, CD20 e CD68 em diferentes regiões das lesões

perirradiculares através do método de imunoistoquímica em pacientes

infectados e não infectados pelo HIV. Os resultados não demonstraram

diferenças estatisticamente significantes entre os dois grupos para nenhum dos

marcadores estudados. Todos os pacientes do grupo H faziam uso de TARV

por no mínimo 18 meses, apresentavam mediana dos níveis de linfócitos

TCD4+ de 450 células/mm3 e 82,3% deles tinham carga viral indetectável,

demonstrando que a doença HIV/Aids estava controlada. Estas características

do grupo H podem ter contribuído para uma marcação de mediadores

imunológicos semelhante ao grupo NH.

Um estudo realizado com 90 amostras de lesões perirradiculares

analisaram as marcações de células CD8 (PHILIPPI et al. 2003). Na cápsula

fibrosa, os Linfócitos T CD8+ tiveram distribuição difusa na maioria dos

abscessos crônicos, sendo ausentes na maioria dos cistos abscedados e cistos

inflamatórios. Na zona de infiltração celular, houve uma distribuição difusa de

Linfócitos T CD8+, sendo encontrada em todos os cistos abscedados e, na

maioria dos cistos inflamatórios (82,4%). Linfócitos T CD8+ sub-epiteliais não

foram encontrados na maioria dos cistos inflamatórios e tiveram uma

distribuição difusa na maioria dos cistos abscedados. Na zona supurativa, os

linfócitos T CD8 + foram distribuídos de maneira difusa em todos os abscessos

Page 75: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

63

crônicos e na maioria dos cistos abscedados (97,5%). Em nosso estudo, as

amostras não foram analisadas de acordo com sítios específicos da lesão. As

análises foram realizadas de acordo com uma disposição geral de marcação

celular nas lesões perirradiculares. O tipo predominante de intensidade de

marcação para CD8 foi leve/moderada para ambos os grupos.

Os neutrófilos polimorfonucleares, as células plasmáticas e linfócitos

podem ser encontrados no epitélio proliferativo de cistos perirradiculares. O

número de linfócitos T CD4+ é geralmente o mesmo ou maior que o número de

linfócitos T CD8+ e têm sido frequentemente encontrado no interior do epitélio

(TORABINEJAD, 1983; GAO et al., 1988). O marcador celular CD4 não foi

analisado no presente estudo, porém as marcações de CD3 e CD8

apresentaram padrão de normalidade, com marcações similares para ambos

os grupos, sugerindo a presença de linfócitos T CD4+ nestas lesões.

Embora os linfócitos B e células do plasma representem uma grande

população do infiltrado inflamatório perirradicular, a determinação quantitativa

de subpopulações normalmente demonstra uma predominância de linfócitos T

sobre os linfócitos B (TORABINEJAD & KETTERING, 1985; YU &

STASHENKO, 1987; PIATTELLI et al., 1991). Entretanto, as células T são mais

numerosas em lesões crônicas quando comparadas às lesões agudas,

enquanto para as células B ocorre o inverso. Além disso, os linfócitos B são

frequentemente encontrados de maneira focal, enquanto os linfócitos T são

mais difusos (JOHANNESSEN et al., 1984; PIATTELLI et al., 1991; AKAMINE

et al. 1994; ALAVI et al., 1998).

Page 76: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

64

No presente estudo, as marcações celulares dos linfócitos T (CD3) e

linfócitos B (CD20) nas lesões perirradiculares apresentaram resultados

conflitantes com os achados da literatura descritos anteriormente. Linfócitos T

exibiram em sua grande maioria marcações com classificação ausente/focal,

totalizando 21 casos (61,7%) de 34 amostras. Enquanto que uma marcação

ausente/focal para linfócitos B, ocorreu em apenas 3 casos (8,8%) de 34,

sendo 2 casos para o grupo H e 1 caso para o grupo NH. As marcações

predominantes para linfócitos B variaram de leve/moderado a intenso.

Em conjunto com o declínio dos níveis de linfócitos T CD4+, o HIV

também parece afetar monócitos, podendo ter um impacto ainda mais profundo

sobre a progressão da infecção pelo HIV para a Aids. (KURODA, 2010). O

tecido inflamatório presente nas lesões perirradiculares é predominantemente

infiltrado por macrófagos, podendo representar 46% das células inflamatórias

presentes. Além de outras propriedades, o macrófago é a principal fonte de IL-

1β, secreta IFN-y e é quase o produtor exclusivo de TNF-α, na presença de

bactérias ou componentes bacterianos (MUNDER et al., 1998; METZGER,

2000; MARTINHO et al., 2010). Os achados do presente estudo demonstraram

uma frequência maior de marcação leve/moderada para macrófago (CD68) em

ambos os grupos (52,9% e 58,8% nos grupos H e NH, respectivamente), sem

diferença significante entre os grupos. Estes resultados foram os mesmos para

as marcações do IFN-y.

No que diz respeito ao TNF-α e à IL-6, o presente estudo demonstrou

marcação ausente/focal em 67% (23 lesões) e 29% (10 lesões) das amostras,

respectivamente. Estes achados divergem com os observados na literatura,

Page 77: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

65

pois os estudos têm demonstrado a presença de ambos os mediadores em

100% das lesões estudadas (ARTESE et al. 1991; PRŠO et al., 2007;

MARTINHO et al., 2010).

A IL-18 também foi avaliada no presente estudo, pois os níveis séricos

desta citocina são significativamente maiores em pacientes infectados pelo HIV

quando comparados aos de um grupo controle não infectado pelo HIV (CHOI et

al., 2001; STYLIANOU et al., 2003; LIOVAT et al., 2012). Entretanto, os

resultados do presente estudo não confirmaram estes achados em lesões

perirradiculares, visto que a marcação para IL-18 foi similar para os dois grupos

analisados.

Com relação às dimensões dos cistos perirradiculares, podem variar de

poucos milímetros a alguns centímetros (LIN et al., 2007). Quanto maior o

tamanho da lesão perirradicular maior o tempo de desenvolvimento da mesma

(TSESIS et al. 2008). Geralmente, estas lesões apresentam diâmetro superior

a 10 mm, o que não foi confirmado pelo presente estudo, pois a maior lesão

apresentava somente 10 mm de diâmetro. Este achado confirma o fato de que

o diagnóstico de cisto perirradicular não está relacionado com o tamanho da

lesão e sim com aspectos histológicos (SILVA et al., 2008).

Do ponto de vista histológico, das 34 amostras estudadas, 13 (38%) eram

granulomas e 21 (62%) cistos perirradiculares. Estes resultados não estão de

acordo com outros estudos, os quais encontram frequência (%) maior de

granulomas que variaram entre 52% a 85,6% (SPATAFORE et al. 1990,

MATSUO et al. 1992; NAIR et al. 1996; SANCHIS et al., 1998).

Page 78: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

66

Quando comparamos os dois grupos com relação ao tamanho das lesões

perirradiculares, não houve diferença estatisticamente significante. O mesmo

ocorreu para a prevalência de cistos perirradiculares e granulomas. Não foi

encontrado relato na literatura que analisasse a prevalência de cistos e

granulomas perirradiculares em pacientes HIV e não HIV.

Os resultados aqui apresentados precisam ser considerados com cautela

em função das limitações do estudo. Por ser um estudo seccional, não foi

possível estabelecer inferências causais. Além disso, o pequeno tamanho

amostral pode justificar a ausência de diferenças estatísticas entre os dois

grupos em virtude da baixa potência do estudo.

Apesar das limitações deste estudo, estes resultados podem contribuir

para um melhor entendimento a respeito dos mecanismos imunológicos dos

pacientes infectados pelo HIV diante de uma infecção endodôntica. Os

resultados mostraram que todo o grupo infectado pelo HIV fazia uso de TARV,

sugerindo um papel importante deste fator na manutenção da capacidade

imunológica, confirmado pelos níveis adequados de linfócitos T CD4+ e pela

carga viral indetectável da grande maioria dos pacientes.

Page 79: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

67

9. CONCLUSÕES

De acordo com os resultados apresentados no presente estudo, pode-se

concluir que:

Não há diferença entre pacientes infectados pelo HIV e não infectados

pelo HIV com relação à prevalência de granulomas e cistos

perirradiculares.

Não há diferença na resposta imune de pacientes infectados pelo HIV em

uso da TARV quando comparada a pacientes não infectados pelo HIV no

que diz respeito à detecção da expressão dos marcadores imunológicos

IL-6, IL-18, TNF-α, IFN-y, CD3, CD8, CD20 e CD 68 em lesões

perirradiculares.

Page 80: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

68

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Page 94: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

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11. ANEXOS

ANEXO 1

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Nome do entrevistado: _______________________________________Idade: _______

Projeto: Análise de resposta inflamatória em lesões perirradiculares e sua associação com

parâmetros clínicos, microbiológicos endodônticos e inflamatórios em pacientes saudáveis e

pacientes infectados pelo HIV.

Pesquisador Responsável: Túlio Gustavo Veiga Gama.

Eu, ________________________________________________________________, abaixo

assinado, declaro ter pleno conhecimento do que se segue:

1. Objetivo da Pesquisa: analisar a resposta inflamatória de pacientes saudáveis e pacientes

infectados pelo HIV e avaliar a sua relação com a doença perirradicular.

2. Benefícios que possam ser obtidos: todos os pacientes portadores de doença endodôntica

com indicação de exodontia serão submetidos a tratamento cirúrgico e acompanhamento

completos. Os pacientes sem doença endodôntica serão avaliados clinicamente e, se

necessário, encaminhados para tratar em outra especialidade.

3. Receberei resposta ou esclarecimento a qualquer dúvida acerca de assuntos relacionados

com o objeto da pesquisa.

4. Tenho a liberdade de retirar o meu consentimento a qualquer momento e deixar de

participar do estudo.

5. Obterei informações atualizadas durante o estudo, ainda que isto possa afetar minha

vontade de continuar dele participando.

6. A pesquisa manterá o caráter oficial das informações relacionando-as com a minha

privacidade.

7. Em caso de dúvidas, poderei esclarecê-las através de contato telefônico com o

pesquisador pelos telefones a mim passados.

Rio de Janeiro, _____de ___________________de 20 ______

__________________________________ _________________________________

Assinatura do Participante Assinatura do Pesquisador Responsável

Page 95: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

83

ANEXO 2

PRONTUÁRIO ODONTOLÓGICO

Nome:______________________________________________________________________

Endereço:___________________________________________________________________

Bairro:_____________________ Cep:_____________ Data de Nascimento: ____/____/___

Sexo: ( ) Masc. ( ) Fem. Nacionalidade/Naturalidade:___________________________

Estado Civil:_______________ Raça: ________________ Tel: _______________________

Pesquisador nas Perguntas sobre escolaridade preencher:

1= Analfabeto/lê-escreve3= 1o grau completo 5=2o grau completo

2= 1o grau incompleto 4= 2o grau incompleto 6= 3o grau incompleto/completo

Escolaridade:

Quantos cômodos existem na casa:

Quantas pessoas residem na moradia?

Renda familiar (marcar em salários mínimos):

A. INFORMAÇÕES MÉDICAS

1- Nome do médico _________________________________ Tel: ______________________

2- Data do seu último exame médico:_____/_____/_____.

3- Você já foi hospitalizado(a)? _________________________________________________

( ) Sim ( ) Não ( ) Não Sei

4- Em caso de resposta positiva, qual o motivo? _____________________________________

5- Você está sob cuidados médicos? ______________________________________________

( ) Sim ( ) Não ( ) Não Sei

6- Em caso de resposta positiva, qual o motivo? _____________________________________

7- Você tem ou já teve algumas das seguintes condições:

Page 96: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

84

a- Doenças congênitas do coração? _____________________________________________

Sim ( ) Não ( ) Não Sei

b-Doenças cardíacas (ex.: infarto, angina, derrame, pressão alta, pressão baixa)?

___________________________________________________________________________

( ) Sim ( ) Não ( ) Não Sei

B. Respiração difícil quando deitado ou sem fazer esforço físico? ______________

( ) Sim ( ) Não ( ) Não Sei

C. Inchaço nos pés ou nos tornozelos? ___________________________________

( ) Sim ( ) Não ( ) Não Sei

D. Dor, pressão ou mal estar no peito? ___________________________________

( ) Sim ( ) Não ( ) Não Sei

c- Febre reumática? __________________________________________________________

( ) Sim ( ) Não ( ) Não Sei

d- Endocardite bacteriana? _____________________________________________________

( ) Sim ( ) Não ( ) Não Sei

e- Sopro no coração? _________________________________________________________

( ) Sim ( ) Não ( ) Não Sei

f- Desmaios, convulsões ou epilepsia_____________________________________________

( ) Sim ( ) Não ( ) Não Sei

g- Dor de cabeça frequente (2 ou mais por semana)? ________________________________

( ) Sim ( ) Não ( ) Não Sei

h- Tratamento com neurologista? ________________________________________________

( ) Sim ( ) Não ( ) Não Sei

i- Problemas pulmonares (ex.: tuberculose, asma, enfisema, bronquite)? _________________

( ) Sim ( ) Não ( ) Não Sei

j- Hepatite, outras doenças hepáticas, icterícia? ____________________________________

( ) Sim ( ) Não ( ) Não Sei

k- Artrite ou dores articulares? __________________________________________________

( ) Sim ( ) Não ( ) Não Sei

l- Doenças sexualmente transmissíveis (ex.: sífilis, gonorreia, AIDS)? ___________________

( ) Sim ( ) Não ( ) Não Sei

Page 97: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

85

m- Diabetes? ________________________________________________________________

( ) Sim ( ) Não ( ) Não Sei

Demora na cicatrização dos ferimentos? __________ ( ) Sim ( ) Não ( ) Não Sei

Você urina mais de 6 vezes por dia? _____________ ( ) Sim ( ) Não ( ) Não Sei

Você sente sede a maior parte do tempo? _________ ( ) Sim ( ) Não ( ) Não Sei

n- Problemas sanguíneos (ex.: anemia, fragilidade capilar, coagulação, sangramento,

hemoptise, melena, hematêmese, hematúria, epistaxes)?

___________________________________________________ ( ) Sim ( ) Não ( ) Não Sei

o- Úlceras ou outros problemas estomacais? _______________________________________

( ) Sim ( ) Não ( ) Não Sei

p- Reação alérgica a: anestésicos, antibióticos (ex.: penicilina, tetraciclina), sulfa, analgésicos,

anti-inflamatórios, tranquilizantes, outros (ex.: alimentos, iodo, poeira)?

___________________________ ( ) Sim ( ) Não ( ) Não Sei

q- Em caso de resposta positiva, qual(is) substância(s) você é alérgico?

___________________________________________________________________________

8- Você já foi submetido à transfusão sanguínea? ___________________________________

( ) Sim ( ) Não ( ) Não Sei

9- Você está tomando algum medicamento (listar mais adiante)? _______________________

( ) Sim ( ) Não ( ) Não Sei

10- Você teve alguma redução acentuada do seu peso? ______________________________

( ) Sim ( ) Não ( ) Não Sei

11- Você teve alguma alteração recente no seu apetite? ______________________________

( ) Sim ( ) Não ( ) Não Sei

12- Você foi submetido à radioterapia? ___________________________________________

( ) Sim ( ) Não ( ) Não Sei 13- Você já foi submetido a tratamento para (marcar 1 = sim; 2 =

não; e 3 = não sabe)

Page 98: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

86

DOENÇA DOENÇA

Hipertrofia de parótidas Impetigo

Doença renal Estrófica

Síndrome nefrótica Eczema Seborréico

Amigdalite Osteomielite

Diarreia Déficit de crescimento

Monilíase Retinite (CMV,

toxoplasmose)

Otite Articulação (artrite)

Infecção respiratória Distúrbios emocionai

Problemas

gastrointestinais

Hipertensão

Pneumonia Cardiopatias

Escarlatina Diabetes

Hemoglobinopatia Colagenoses

Febre Anemia

Herpes labial Hepatite

Herpes Zoster Alergia respiratória

Gengivoestomatite

Herpética

Aftas

Retardo mental Trombocitopenia

Doença metabólicas Leucopenia

Encefalopatia Agranulocitose

Neuropatia periférica Retardo do desenv.

psicomotor

Page 99: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

87

Outros______________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

14- Gravidez ________________________________________________________________

( ) Sim ( ) Não ( ) Não Sei

Em caso de resposta positiva, há quantos meses? ____________________________

Você já passou pela menopausa? _________________________________________

( ) Sim ( ) Não ( ) Não Sei

Você está tomando algum hormônio? ______________________________________

( ) Sim ( ) Não ( ) Não Sei

15- Hábitos:

Fumo

(1- não; 2- de 1 a 10 cig. P/ dia; 3- de 10 a 20 cig. P/dia;4- + de 20 cirg. P/dia)

Caso seja ex-fumante, informe:

Há quanto tempo parou? __________Quanto tempo fumou?_____________Quantos

cigarros fumava?__________

Álcool

(1- sim; 2- não) Consumo diário: ___________________________________

Drogas

(1- sim; 2- não; 3- injetáveis)

16- Você tomou algum medicamento nos últimos dias?

(1- sim; 2- não)

Se a resposta for positiva, quais os medicamentos que você utilizou nos últimos 90 dias?

Page 100: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

88

MEDICAMENTO POSOLOGIA

Quando você fez exame p/ o HIV? __________________________________________

(Data ______ /_______ / ________________)

Por que você fez o teste da Aids? ___________________________________________

Dados Laboratoriais:

Data

______/______/_______

Hemácias

Hematócrito

Plaquetas

VHS

Leucócitos

Neutrófilos

Linfócitos

Granulócitos

CD4

CD8

CD4/CD8

Carga Viral

Taxa de glicose

Page 101: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

89

1- INFORMAÇÕES ODONTOLÓGICAS

1-Queixa Principal: ___________________________________________________________

2-Nome do seu dentista ___________________________ Tel: ________________________

3- Freqüência de visitas ao dentista ______________________________________________

4- Data da última visita ao dentista: ______________________________________________

5- Sua gengiva sangra? _______________________________________________________

( ) Sim ( ) Não ( ) Não Sei

6- Você já teve abscesso periodontal ou GUNA? ____________________________________

( ) Sim ( ) Não ( ) Não Sei

7- Você já foi submetido a tratamento periodontal? ___________________________________

( ) Sim ( ) Não ( ) Não Sei

8- Em caso de resposta positiva:

Qual?________________________Quando? _________________________________

9- Você já foi submetido a tratamento ortodôntico? ___________________________________

( ) Sim ( ) Não ( ) Não Sei

10- Em caso de resposta positiva:

Qual? ________________________________________

Quando? _____________________________________

Duração do tratamento? _________________________

11- Você já foi submetido a tratamento endodôntico? _________________________________

( ) Sim ( ) Não ( ) Não Sei

Em caso de resposta positiva, informar a data do

tratamento:____________________________________

12- Você usa ou já usou alguma prótese dentária? ___________________________________

( ) Sim ( ) Não ( ) Não Sei

Em caso de resposta positiva, informar o tempo de duração da prótese em

uso:__________________________________________________________________

13- História Familiar:

Alguém em sua família tem ou teve doença periodontal? ________________________

( ) Sim ( ) Não ( ) Não Sei

Page 102: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

90

Ágüem em sua família teve perda precoce dos dentes? _________________________

( ) Sim ( ) Não ( ) Não Sei

Em caso de resposta positiva, citar quem e possíveis

causas:_______________________________________________________________

14- Você costuma respirar pela boca? _____________________________________________

( ) Sim ( ) Não ( ) Não Sei

15- Você range os dentes? ______________________________________________________

( ) Sim ( ) Não ( ) Não Sei

16- Quantas vezes você escova os dentes por dia? __________________________________

( ) Sim ( ) Não ( ) Não Sei

17- Alguém já lhe ensinou a escovar os dentes? _____________________________________

( ) Sim ( ) Não ( ) Não Sei

18- Você usa fio dental? ________________________________________________________

( ) Sim ( ) Não ( ) Não Sei

19- Você usa ou já usou algum medicamento para de problemas dentários? _______________

( ) Sim ( ) Não ( ) Não Sei

29- Em caso de resposta positiva, informe qual medicamento, quando usou e as condições que

levou ao uso:_________________________________________________________________

ODONTOGRAMA:

PLANO DE TRATAMENTO:

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

Page 103: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

91

DIAGNÓSTICO:

Status pulpar: ( ) vital ( ) necrose

Dor: ( ) ausente ( ) leve ( ) moderada ( ) severa

Dente em relação à cavidade bucal:

( ) aberto/sem curativo ( ) fechado com curativo ( ) restaurado

Aspectos radiográficos:

( ) sem lesão perirradicular ( ) com lesão perirradicular

Presença de fratura/fissura/trinca: ( ) sim ( ) não

Tamanho da lesão: _________ x__________

( ) tratamento ( ) retratamento ( ) canal não tratado

Testes perirradiculares

Percussão: ( ) positiva ( ) negativa

Palpação: ( ) positiva ( ) negativa

Presença de fístula: ( ) sim ( ) não

Tratamento realizado:

Data Procedimento Observações Ass: paciente Ass:

profissional

______________________________________________

Assinatura e Data

Page 104: Detecção da expressão de marcadores celulares e mediadores

92