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Trabalho apresentado ao IV Fórum Florestal do Sudoeste Goiano e I Simpósio Florestal de Goiás. ¹ – Engenheira Florestal - e-mail: [email protected], ² - Orientador - Professor Msc. Eng. Florestal - FIMES - e-mail: [email protected] Determinação de fatores de conversão para um povoamento de Eucalyptus grandis ¹Rezende,S.P.,²Santos,G.A. Resumo Este trabalho teve como objetivo de determinar fatores de conversão, para otimizar as estimativas dos volumes em povoamento de Eucalyptus grandis. Para a obtenção destes fatores de conversão foi necessário abater, cubicar e empilhar 102 árvores, esta madeira transformou em 4 pilhas, que foi empilhadas manualmente, nas quais obteve-se os volumes reais (m³) e o volume em estéreo (st). Após o processamento dos dados avaliou se existia diferença significativa nas estimativas dos volumes obtidos com os fatores de conversão, através do teste “t” e o teste do . Diante dos resultados da análise estatística, pode-se afirmar que existe uma diferença significativa nas estimativas do volume estimado com o uso do fator de forma, no entanto o FF encontrado com valor 0,63 esta entre os fatores de forma utilizados para espécies de eucaliptos, os volumes obtidos com o uso do FC e o FE, apresentaram estimativas precisas, desta forma pode se recomendar o uso FC de 0,74 e o FE de 1,36 para povoamento heterogêneo de Eucalyptus grandis. Palavras–chaves: Eucalyptus grandis, fatores de conversão, volume estéreo, volume cúbico 1-Introdução A madeira de eucalipto é utilizada para o abastecimento da maior parte das indústrias de base florestal no Brasil, daí a necessidade de se produzir florestas plantadas com a finalidade de conseguir suplementar o ritmo acelerado do desenvolvimento dessas induistrias. A escolha do eucalipto para suprir o consumo de madeira, está relacionada a algumas vantagens da espécie, tais como rápido crescimento; características silviculturais desejáveis (incremento, forma, desrama etc.); grande diversidade de espécies, facilidades de propagação; e possibilidades de utilização para os mais diversos fins, o que justifica sua aceitação no mercado. Segundo Machado e Figueiredo Filho (2006) estimar o volume das árvores é a principal finalidade dos levantamentos florestais, sendo de suma importância conhecer de forma precisa as estimativas do volume desta floresta, os inventários florestais são executados com o objetivo de fornecer estas estimativas, ou seja,

Determinacao de Fatores de Conversao Para Um Povoamento de E.grandis

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Page 1: Determinacao de Fatores de Conversao Para Um Povoamento de E.grandis

Trabalho apresentado ao IV Fórum Florestal do Sudoeste Goiano e I Simpósio Florestal de Goiás.¹ – Engenheira Florestal - e-mail: [email protected],² - Orientador - Professor Msc. Eng. Florestal - FIMES - e-mail: [email protected]

Determinação de fatores de conversão para um povoamento de Eucalyptus grandis¹Rezende,S.P.,²Santos,G.A.

Resumo

Este trabalho teve como objetivo de determinar fatores de conversão, para otimizar

as estimativas dos volumes em povoamento de Eucalyptus grandis. Para a obtenção destes

fatores de conversão foi necessário abater, cubicar e empilhar 102 árvores, esta madeira

transformou em 4 pilhas, que foi empilhadas manualmente, nas quais obteve-se os volumes

reais (m³) e o volume em estéreo (st).

Após o processamento dos dados avaliou se existia diferença significativa nas

estimativas dos volumes obtidos com os fatores de conversão, através do teste “t” e o teste

do X². Diante dos resultados da análise estatística, pode-se afirmar que existe uma diferença

significativa nas estimativas do volume estimado com o uso do fator de forma, no entanto o

FF encontrado com valor 0,63 esta entre os fatores de forma utilizados para espécies de

eucaliptos, os volumes obtidos com o uso do FC e o FE, apresentaram estimativas precisas,

desta forma pode se recomendar o uso FC de 0,74 e o FE de 1,36 para povoamento

heterogêneo de Eucalyptus grandis.

Palavras–chaves: Eucalyptus grandis, fatores de conversão, volume estéreo, volume cúbico

1-Introdução

A madeira de eucalipto é utilizada para o abastecimento da maior parte das

indústrias de base florestal no Brasil, daí a necessidade de se produzir florestas plantadas

com a finalidade de conseguir suplementar o ritmo acelerado do desenvolvimento dessas

induistrias. A escolha do eucalipto para suprir o consumo de madeira, está relacionada a

algumas vantagens da espécie, tais como rápido crescimento; características silviculturais

desejáveis (incremento, forma, desrama etc.); grande diversidade de espécies, facilidades

de propagação; e possibilidades de utilização para os mais diversos fins, o que justifica sua

aceitação no mercado.

Segundo Machado e Figueiredo Filho (2006) estimar o volume das árvores é a

principal finalidade dos levantamentos florestais, sendo de suma importância conhecer de

forma precisa as estimativas do volume desta floresta, os inventários florestais são

executados com o objetivo de fornecer estas estimativas, ou seja,

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conhecer a quantidade de madeira por unidade de área, o que facilita na comercialização

desta matéria-prima.

O volume de madeira pode ser apresentado em metros cúbicos (m 3 ) ou estere

(m st ), sendo algumas vezes, necessária a conversão entre estas unidades. Por tanto o

principal foco, neste caso, é a determinação de fatores de conversão entre volumes. O fator

de empilhamento e o fator de cubicação permite tal conversão de forma prática e rápida,

reduzindo gastos com a mão-de-obra durante a mensuração da madeira.

2-Materiais e métodos

2.1 Localização

A área de estudo foi um povoamento da espécie Eucaliptus grandis com 7 anos de

idade, com uma área de 0,83 ha um espaçamento de 3x2m, pertence ao Instituto de

Ciências Agrárias (ICA), mantido pelas Faculdades Integradas de Mineiros, Fazenda

Experimental Prof. Luiz Eduardo de Oliveira Salles, localizada na BR 364, km 312, Fazenda

Flores no município de Mineiros, região sudoeste do estado de Goiás.

2.2 Levantamento dos dados

Para a realização da coleta de dados foi feito um caminhamento com a finalidade de

conhecer a área. Após esse caminhamento, observou-se que a área estava heterogênea,

portanto, a melhor tomada de decisão foi usar o procedimento de amostragem sistemático,

onde sistematizou os diâmetros e a quantidade de árvores por linha.

Devido à alta heterogeneidade das árvores do povoamento, buscou-se sistematizar

a amostragem dos indivíduos, adotando como critério os indivíduos de maior, médio e menor

diâmetro por linha de plantio. Assim, foram amostrados 102 indivíduos de um total de 34

linhas.

2.3 Volumetria

A medida da produção de madeira na forma de pilhas é o método mais prático,

mas não é o único método. A figura 1 apresenta um esquema das três formas básicas de se

medir o volume de madeira de uma floresta:

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FIGURA 1: Representação gráfica dos possíveis volumes advindos da madeira. DAP é o diâmetro à altura do peito e dmim é o diâmetro mínimo para a comercialização de madeira (5cm). Fonte: BATISTA e COUTO (2002)

Com as árvores em pé mensurou-se os DAPs e as alturas de cada individuo para

obtenção do volume do cilindro. Em seguida, com o auxilio de um motosserra, os indivíduos

foram abatidos, no intuito de adquiri o volume sólido através da Cubagem rigorosa pelo

método de Smalian, todas estas medidas foram retiradas com auxilio de uma trena e fita

métrica de costureira, elas foram divididas em seções com comprimento de 0,30cm; 0,70cm;

0,30cm; 1,70m; 1,00m; 1,00;... 1,00m, foram feitas seções áte atingir 5 cm de diâmetro ou

15,7cm de circunferência.

Após a cubagem os indivíduos foram seccionados em toretes de 1,10m de

comprimento, conforme exigência da empresa compradora da madeira. Os toretes foram

cubados pelo método de Smalian, tomando-se três medidas de cada um (base, médio e

topo). Estes foram empilhados em quatro pilhas com dimensões de 1,10m de largura, 2,00m

de comprimento e 1,00m de altura, foi tirada cinco medidas de altura para obter uma altura

média, e tomou-se também a medida do volume em metro estéreo.

2.4 Análise de dados

- Desvio Padrão: um valor que quantifica a dispersão dos volume estimados sob a

distribuição normal dos volumes reais.

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4

1

2

1

1

2

nn

di

diS

n

in

i

- Coeficiente de Variação: é interpretado como a variabilidade entre os volumes reais e

estimado em relação à média dos volumes estimados.

y

SCV

ˆ

- Teste “Student” t: é um teste de hipótese que tem com função detectar se existe diferença

significativa entre o volume real e o volume estimado.

S

yyt

ˆˆ

n

SS ˆ

- Teste de Qui- quadrado X²: indica se há diferença significativa ou não entre os volumes

reais e estimados.

n

i y

yy

1

22

ˆ

ˆ

Onde:

di = Diferença entre o volume real e o volume estimado

y = Volume real

y = Volume estimado

n = Numero de amostras

3-Resultados e discussão

A tabela1 apresenta o resumo dos valores médios de fatores de conversão, desta

forma pode se afirmar que 74% das pilhas de madeiras é volume sólido, e que é necessário

1,36 St para se ter 1m³ de volume sólido, e que através do fator de forma 0, 63, foi possível

aproximar em 36,50% as estimar o volume do cilindro em volume real. Os valores médios

dos fatores de conversão são próximos dos fatores encontrados em trabalhos de pesquisa

de outras regiões.

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Tabela 1: Fatores de Conversão médios.Fatores de Conversão Valores

Fator de Forma 0,63Fator de Empilhamento 1,36Fator de Cubicação 0,74

Analisando a tabela 2, nota-se que a estatística coeficiente de variação ficou alto,

quando usou o fator de forma para estimar o volume do cilindro em volume real, testa forma

o fator de forma foi um valor não aceitavel, já com relação aos fatores de empilhamento e

cubicação obteve valores muito baixo, sendo assim fatores aceitáveis para converter o

volume em st /m³ ou m³/st.

Tabela 2: Volumes médios e Estatísticas analisadas. Volume real (total) Volume estimado (total) CV% t X²

Cubado (m³) 6,6770 11,1833 94,48 4,307 ' 8,282 *

Toretes (m³) 6,8514 6,8505 0,72 0,019 " 0,012 **Pilha (St) 9,31 9,3243 0,01 0,214 " 0,009 **' comprado com o t tabelado: 1,66 * comparado com o X² tabelado: 125,42"comparado com o t tabelado:2,35 **comparado com o X² tabelado: 7,81

Pela aplicação do teste t (tabela 2) verificou que existe uma diferença significativa,

a 95% de probabilidade, entre as estimativas do volume do cilindro feita pelo fator de forma,

com relação as estimativas feitas pelo fator de empilhamento e cubicação o teste t mostrou

que não existe diferenças significativa, a nível de probabilidade de 95%.

Utilizou também a análise com o teste do X², que não apresentou diferença

significativa, a nível de probabilidade de 95%, para todos os fatores de conversão.

Média dos diferentes volumes

00,020,040,060,08

0,10,120,140,160,18

0,2

V olume do C ilindro V olume S olido V olume E s timadopelo F F

Vo

lum

e (m

3 )

FIGURA 6: Variação das medias dos volumes.

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Observando a figura 6, nota-se que existe uma variação entre os volumes obtido

na amostra, podendo afiram que o fator de forma consegui aproximar o volume do cilindro ao

volume real, porem está estimativa foi insuficiente para expressar de forma significativa o

volume real. Isso pode ser explicado pele condução que teve o povoamento. Segundo

Scolforo e Figueiredo Filho(1995) citado por Oliveira et al(1999) o fator de forma expressa a

conicidade de uma árvore, que e indicado pelo afilamento da base do tronco para o topo, e

essa conicidade pode ser influenciada por varias variáveis, entre elas esta o sítio, o

espaçamento, desbaste e a idade, outros fatores que pode explicar esta variação é o

produção das mudas deste povoamento, sabe-se que as mudas foram oriundas de

sementes não certificadas o que aumenta a variação do povoamento, e que estas mudas

foram as rejeitadas para vender.

A metodologia usada para adquiri este fator de forma, e mais usada em

povoamento com situações normais, ou seja, que tenha os tratos silviculturais corretos e que

seja mudas de boas procedência, o fator de forma para ser considerado bom deve aproximar

as estimar o volume do cilindro ao volume real em 50%( OLIVEIRA; et al, 1999).

Média dos diferentes volumes

0

0,4

0,8

1,2

1,6

2

V olume R eal do Torete V olume E s timado por F C

Vo

lum

e (m

3 )

FIGURA 7: Variação entre as medias dos volumes real dos torres da pilhas e estimado pelo fator de cubicação.

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Média dos diferentes volumes

0

0,5

1

1,5

2

2,5

V olume da P ilha V olume E s timado por F E

Vo

lum

e (S

t)

FIGURA 8: Variação entre as medias dos volumes real da pilhas (através dasdimensões da pilha) e o volume estimado pelo fator de empilhamento.

A figura 7 e 8 mostra o que as estatísticas confirmou, ou seja, que não houve

variação nas estimativas feitas com o uso do fator de cubicação e o fator de empilhamento,

isso pode ser explicado pelo forma de mensurar os toretes, e pelo fato de que as

características do povoamento não interferiu nas estimativas.

4-Conclusão

Como base nos resultados obtidos, conclui-se que o fator de forma 0,63 não foi

aceitável para as características do povoamento, apesar de reduzir o volume do cilindro

36,50%, sendo esse fator próximo dos fatores recomendados para povoamento de

Eucalyptus grandis.

Em relação ao fator de empilhamento e fator de cubicação, pode-se afirma que

através deles é possível obter estimativas precisa do volume, então são fatores que pode ser

recomendados para povoamentos heterogêneos de Eucalyptus grandis.

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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARROS, Marcos Vinicios. Fator de cubicação para madeira empilhada de Eucalyptus

grandis W. Hill ex. Mailden, com toretes de dois comprimentos, e sua variação com o

tempo de exposição ao ambiente. 2006. 103f. Tese (Livre-Docência em Manejo Florestal)-

Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2006.

BATISTA, João L.f.; HITON, Thadeu Z.. O estéreo. Metrvm, Piracicaba, n. , p.01-18, nov.

2002. Disponível em:

<httpcmq.esalq.usp.brwikilibexefetch.phpid=publico%3Ametrvm%3Astart&cache=cache&me

dia=publicometrvmmetrvm-2002-n02.pdf.> Acesso em:12/09/2008.

CAMPOS, João Carlos Chagas; LEITE, Helio Garcia. Mensuração florestal: perguntas e

respostas.2. ed. rev.e ampl. Viçosa: Ed. UFV, 2006. 470p.

MACHADO, Sebastião do Amaral; FIGUEIREDO FILHO, Afonso. Dendrometria. 2.ed.

Guarapuava:UNICENTRO, 2006. 316p.

OLIVEIRA, José Tarcisio da Silva et al. Caracterização da madeira de sete espécies de

eucaliptos para a construção civil: avaliações dendrométricas das árvores. Scientia

Forestalis, Viçosa, n. 56, p.113-124, dez. 1999. Disponível em: <

http://www.ipef.br/publicacoes/scientia/nr56/cap08.pdf> Acesso em: 28/11/2008.

SCOLFORO, José Roberto S; MELLO, José Márcio. Inventario Florestal . Larvas:

UFLA/FAEPE, 1997. 341 p.