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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS DEPARTAMENTO DE QUÍMICA Curso de Bacharelado em Química Tecnológica da UFMG DETERMINAÇÃO NEFELOMÉTRICA DO TEOR DE HIDROCARBONETOS EM ETANOL COMBUSTÍVEL Belo Horizonte 2014 BÁRBARA MURTA GUIMARÃES

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS

DEPARTAMENTO DE QUÍMICA

Curso de Bacharelado em Química Tecnológica da UFMG

DETERMINAÇÃO NEFELOMÉTRICA DO TEOR DE

HIDROCARBONETOS EM ETANOL COMBUSTÍVEL

Belo Horizonte

2014

BÁRBARA MURTA GUIMARÃES

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BÁRBARA MURTA GUIMARÃES

DETERMINAÇÃO NEFELOMÉTRICA DO TEOR DE HIDROCARBONETOS

EM ETANOL COMBUSTÍVEL

Monografia de graduação apresentada ao Departamento de Química do Instituto de Ciências Exatas, da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito para a obtenção do título de bacharel em Química Tecnológica.

Orientador: Paulo Jorge Sanches Barbeira

BELO HORIZONTE

2014

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus por ter me dado força de vontade e paciência para

superar todas as dificuldades.

Aos meus pais pelo amor incondicional e pela compreensão nos

momentos de ausência.

À minha irmã, Gláucia, pelo carinho e por estar sempre presente, me

ajudando em todos os momentos.

Ao professor Paulo Jorge pela orientação e pela oportunidade de

aprendizado.

Às professoras Camila Corgozinho e Vânya Pasa pelo apoio e pela

oportunidade de crescimento durante a participação no PRH.

Aos alunos do PRH e toda a equipe do LEC pela ajuda e por tornar os

dias de muito trabalho mais alegres. Em especial, à Werônica, por compartilhar

comigo todos os momentos, das horas de estudo e trabalho às horas de diversão,

desde o início da graduação.

Agradeço também o apoio financeiro da Agência Nacional do Petróleo,

Gás Natural e Biocombustíveis – ANP -, da Financiadora de Estudos e Projetos –

FINEP – e do Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT por meio do Programa de

Formação de Recursos Humanos da ANP para o Setor Petróleo e Gás – PRH-

ANP/MCT.

A todos que de alguma forma contribuíram para a realização deste

trabalho.

Muito obrigada.

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RESUMO

Com o crescente uso do etanol no panorama brasileiro e mundial, justifica-se

um rígido controle da qualidade do álcool comercializado. Esse trabalho tem como

objetivo o desenvolvimento de um método para a determinação do teor de

hidrocarbonetos em etanol combustível, um dos parâmetros avaliados pela Agência

Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) no controle da qualidade do

combustível. O procedimento propõe a quantificação por nefelometria, um método

mais rápido, simples e exato que o estabelecido pela norma ABNT NBR 13993. As

condições experimentais e de leitura foram otimizadas visando a eliminação de

qualquer interferência por absorção e a estabilidade das emulsões formadas. O

procedimento mostrou linearidade entre 0,50 e 10,00% v/v. O limite de quantificação

foi estimado em 0,3% v/v. A veracidade do método foi comprovada por comparação

com o procedimento normatizado. A metodologia proposta demonstrou ser eficaz,

simples, rápida mais exata e mais precisa se comparada ao método normatizado.

Palavras-chave: Nefelometria. Etanol combustível. Teor de hidrocarbonetos.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Expectativa da produção de etanol no Brasil até 2030.8 ......................................... 3

Figura 2. Ensaio da Norma ABNT NBR 13993. ...................................................................... 7

Figura 3 Esquema de representação da formação de emulsões por agitação mecânica. ..................................................................................................... 10

Figura 4. Esquema de representação de um nefelômetro. ................................................... 10

Figura 5. Espectros de absorbância das 34 amostras de etanol combustível provenientes de diferentes regiões do estado de Minas Gerais .................... 18

Figura 6. Relação entre a intensidade de radiação dispersada e o teor de água na mistura etanol/água das 34 amostras utilizando-se um comprimento de onda de emissão da fonte de 600 nm. ..................................................... 19

Figura 7. Avaliação da estabilidade das emulsões e da intensidade de radiação dispersada variando-se o tempo de pré-agitação da mistura. ....................... 20

Figura 8 Variação na ordem de adição dos componentes da mistura. ................................. 21

Figura 9. Curva analítica: variação da intensidade do sinal nefelométrico com o teor de hidrocarbonetos nos padrões de gasolina em etanol. .............................. 22

Figura 10. Curva analítica e análise de resíduos. ................................................................ 26

Figura 11. Curva analítica obtida no procedimento de estimação do limite de quantificação. ................................................................................................ 33

Figura 12. Curva analítica utilizada para quantificar as amostras B. .................................... 34

Figura 13. Curva analítica utilizada para quantificar as amostras A. .................................... 34

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Especificações do etanol anidro combustível (EAC) e do etanol hidratado combustível (EHC).10 ...................................................................................... 5

Tabela 2. Intensidades de sinal nefelométrico obtidas na determinação do LD e do LQ. ................................................................................................................ 24

Tabela 3. Intensidades de sinal nefelométrico obtidas no ensaio de precisão...................... 27

Tabela 4. Comparação entre o método nefelométrico e o método normatizado. .................. 29

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ABREVIATURAS

OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo

PROÁLCOOL – Programa Nacional do Álcool

ANP – Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais

REGAP – Refinaria Gabriel Passos

UV-Vis – Espectroscopia no Ultravioleta Visível

LD – Limite de Detecção

LQ – Limite de Quantificação

INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 1

1.1 ETANOL COMBUSTÍVEL ............................................................................ 1

1.2 CONTROLE DA QUALIDADE DO ETANOL COMBUSTÍVEL ..................... 4

1.3 DETERMINAÇÃO DO TEOR DE HIDROCARBONETOS EM ETANOL COMBUSTÍVEL ............................................................................ 6

1.4 EMULSÕES E MICROEMULSÕES ............................................................. 8

1.5 NEFELOMETRIA ....................................................................................... 10

2 OBJETIVOS ............................................................................................... 12

3 PARTE EXPERIMENTAL .......................................................................... 13

3.1 MATERIAIS UTILIZADOS .......................................................................... 13

3.1.1 Amostras .................................................................................................... 13 3.1.2 Soluções padrão ........................................................................................ 13 3.1.3 Equipamentos ............................................................................................ 13

3.1.4 Limpeza dos materiais ............................................................................... 14

3.2 METODOLOGIA ........................................................................................ 14

3.2.1 Preparação das soluções padrão ............................................................... 14 3.2.2 Preparação das soluções para leitura ........................................................ 14

3.2.3 Leitura nefelométrica .................................................................................. 15 3.2.4 Tratamento dos dados ............................................................................... 15

3.3 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS ..................................................... 15 3.3.1 Determinação da faixa ótima de comprimento de onda ............................. 15 3.3.2 Otimização da quantidade de água a ser adicionada para formar

emulsões .................................................................................................... 16 3.3.3 Otimização do tempo de pré-agitação da solução e da ordem de

adição dos reagentes e avaliação da estabilidade das emulsões .............. 16 3.3.4 Determinação da faixa linear e da faixa de trabalho .................................. 17

3.3.5 Avaliação da precisão ................................................................................ 17

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................. 18

4.1 OTIMIZAÇÃO DOS PARÂMETROS EXPERIMENTAIS ............................ 18 4.1.1 Determinação da faixa ótima de comprimento de onda ............................. 18 4.1.2 Otimização da quantidade de água a ser adicionada para formar

emulsões .................................................................................................... 19 4.1.3 Otimização do tempo de pré-agitação da solução e avaliação da

estabilidade e da influência da ordem de adição dos reagentes ................ 19

4.2 DETERMINAÇÃO DAS FIGURAS DE MÉRITO ........................................ 21 4.2.1 Determinação da faixa linear e da faixa de trabalho .................................. 21

4.2.2 Determinação dos limites de detecção e quantificação ............................. 22

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4.2.3 Avaliação da linearidade e da reprodutibilidade da curva analítica ............ 25

4.2.4 Avaliação da precisão ................................................................................ 26 4.2.5 Avaliação da veracidade ............................................................................ 27

5 CONCLUSÕES .......................................................................................... 30

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 31

APÊNDICE I .............................................................................................................. 33

APÊNDICE II ............................................................................................................. 34

ANEXO A .................................................................................................................. 35

ANEXO B .................................................................................................................. 37

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Etanol Combustível

Suprir a crescente demanda energética mundial tem sido um grande desafio

para nossa sociedade. A busca por combustíveis alternativos têm sido crescente nas

últimas décadas porque é vista como uma solução para o aquecimento global

através do uso de fontes renováveis de energia, que, além de não poluírem como os

combustíveis fósseis, são produzidas resguardando os recursos naturais.1,2 O álcool

combustível se enquadra na faixa de combustíveis alternativos utilizados atualmente

no Brasil para suprir a demanda energética do país de forma mais sustentável.

O álcool etílico pode ser obtido a partir de vegetais ricos em açúcar, como a

cana-de-açúcar, a beterraba e espécies que contém amido, extrato da mandioca, do

arroz e do milho e da celulose extraída da madeira, principalmente dos eucaliptos.

No Brasil, a maior parte do álcool produzido é obtida através da cana-de-açúcar e

um hectare de cana produz cerca 3.350 litros de etanol.3

O processo de obtenção do etanol a partir da cana-de-açúcar pode ser

descrito da seguinte forma: após o corte, a cana é transportada à usina, lavada,

picada e moída, processo no qual são separados o caldo e o bagaço.

Acrescentando-se água e um pouco de ácido ao caldo, obtém-se o mosto, que será

utilizado na fermentação. Leveduras selecionadas são então adicionadas ao mosto e,

ao se alimentarem, produzem enzimas que agem como catalisadores na conversão

do açúcar em álcool e gás carbônico. Em seguida, o mosto fermentado é destilado

para obtenção do etanol.4

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Até meados do século XX o álcool era pouco utilizado como combustível,

sendo o petróleo a mais importante fonte de energia do mundo. Devido à grande

instabilidade política na região com maior potencial petrolífero (Oriente Médio) os

países produtores de petróleo criaram a OPEP (Organização dos Países

Exportadores de Petróleo) que passou a impor os preços e controlar a produção. A

política de preços da OPEP atingiu fortemente o Brasil já que, na época, a produção

local de petróleo representava apenas 23% do consumo interno.5

Para minimizar o efeito na balança de pagamentos entre importação e

exportação e diminuir sua vulnerabilidade energética, o governo brasileiro criou o

Programa Nacional do Álcool – PROÁLCOOL. O Proálcool foi lançado no final de

1975, tendo como principais forças motrizes a problemática situação internacional do

petróleo e suas consequências sobre a balança de pagamentos; a dependência

externa de energia e a segurança nacional; e a crise da economia açucareira

mundial. Tratava-se de substituir o petróleo importado pelo álcool produzido

domesticamente a partir da cana-de-açúcar.6

Hoje, o Brasil produz cerca de 25 bilhões de litros/ano de álcool, destacando-

se como um dos maiores produtores mundiais, e, de acordo com o plano estratégico

da Petrobrás Biocombustíveis, a expectativa é que a produção alcance cerca de

822 mil barris/ano (o que equivale a cerca de 48 bilhões de litros/ano) até 2030

(Figura 1). Sendo que todas as montadoras instaladas no país produzem carros

bicombustíveis, as vendas dos automóveis com motor flex correspondem a 94% das

vendas para o mercado dos automóveis 0 Km.7,8

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Figura 1. Expectativa da produção de etanol no Brasil até 2030.8

Foster, M. G. S. Plano Estratégico Petrobrás 2030. p. 26

O álcool anidro (produção de, aproximadamente, 9,0 bilhões de litros/ano), é

utilizado hoje na proporção de 25%, como aditivo para a gasolina, o que proporciona

uma economia na produção do derivado de petróleo. O Senado Federal aprovou

recentemente a Medida Provisória 647, que aumenta o percentual da mistura de

etanol anidro na gasolina para 27,5%.7

O bagaço da cana tem sido utilizado atualmente para geração de

bioeletricidade nas indústrias sucroenergéticas, o que as torna autossuficientes em

energia. Estima-se que a redução anual de emissão de gases de efeito estufa

advinda do consumo de etanol e bioeletricidade poderá crescer das atuais 46

milhões de toneladas de CO2 eq (quantidade de gases de efeito estufa em termos

equivalentes da quantidade de dióxido de carbono) anuais para 112 milhões de

toneladas no ano de 2020.7

Além das vantagens econômicas relacionadas à sua produção e da

sustentabilidade, a produção e o uso do etanol trazem benefícios sociais como a

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geração de emprego e de saúde pública. Um estudo liderado pelo médico

patologista Paulo Saldiva, da Universidade de São Paulo, mostra que a substituição

em larga escala dos derivados de petróleo pelo etanol proporcionaria uma redução

de gastos públicos e familiares com a saúde da ordem de US$ 190 milhões ao ano

ao Estado.7

1.2 Controle da Qualidade do Etanol Combustível

Para poder ser comercializado, o etanol combustível deve obedecer algumas

normas e especificações estipuladas pela Agência Nacional de Petróleo, Gás

Natural e Biocombustível (ANP) através da Resolução ANP Nº 7 de 21 de fevereiro

de 2013. Nessa resolução, estão contidas as características especificadas para o

etanol combustível em relação a seu aspecto, cor, massa específica, teor alcoólico,

potencial hidrogeniônico, condutividade elétrica, dentre outros quesitos controlados,

como apresentado na Tabela 1.9

Como pode ser observado na Tabela 1, o teor de hidrocarbonetos é uma das

características controladas pela ANP, que estabelece uma concentração máxima de

3% v/v.

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Tabela 1. Especificações do etanol anidro combustível (EAC) e do etanol hidratado

combustível (EHC).10

CARACTERÍSTICA UNIDADE LIMITE MÉTODO

EAC EHC NBR ASTM

Aspecto - Límpido e Isento de Impurezas (LII)

Visual

Cor - (2) (3) Visual

Acidez total, máx. (em miligramas de ácido acético)

mg/L 30 9866 -

Condutividade elétrica, máx. (17)

µS/m 389 10547 -

Massa específica a 20ºC (4) (5) (6)

kg/m³ 791,5 máx. 807,6 a 811,0

5992 e 15639 D4052

Teor alcoólico (5) (6) (7) (8)

% volume 99,6 mín. 95,1 a 96,0

5992 e 15639 -

% massa 99,3 mín. 92,5 a 93,8

Potencial hidrogeniônico (pH)

- - 6,0 a 8,0 10891 -

Teor de etanol, mín. (9) % volume 98,0 94,5 - D5501

Teor de água, máx. (9) (10)

% volume 0,4 4,9 15531 15888 E203

Teor de metanol, máx. (11)

% volume 1 cromatografia

Resíduo por evaporação, máx. (12) (13)

mg/100 mL 5 8644 -

Goma Lavada (12) (13) mg/100 mL 5 - D381

Teor de hidrocarbonetos, máx. (12)

% volume 3 13993 -

Teor de cloreto, máx. (12) (14)

mg/kg 1 10894 D7328 D7319

Teor de sulfato, máx. (14) (15)

mg/kg 4 10894 D7328 D7319

Teor de ferro, máx. (14) (15)

mg/kg 5 11331 -

Teor de sódio, máx. (14) (15)

mg/kg 2 10422 -

Teor de cobre, máx. (15) (16)

mg/kg 0,07 - 11331 -

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1.3 Determinação do Teor de Hidrocarbonetos em Etanol Combustível

A presença de hidrocarbonetos no etanol pode estar associada ao processo

de colheita da cana de açúcar utilizada para sua produção11, devido à contaminação

por lubrificantes presentes no maquinário, e ao armazenamento do combustível,

quando feito em tanques previamente utilizados para armazenar gasolina.

Os hidrocarbonetos aromáticos são substâncias perigosas para a saúde

humana, e podem afetar o sistema nervoso central dos seres humanos e animais.

Os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, por exemplo, apresentam atividade

cancerígena e mutagênica.12 Sendo assim, o controle da quantidade de

hidrocarbonetos presente no etanol se torna necessário para prevenir a emissão de

quantidades significativas desse poluente durante a queima do combustível.

Na literatura científica, as determinações de hidrocarbonetos são feitas, na

maioria dos casos, para controle da qualidade de água. Dentre os métodos

utilizados estão cromatografia gasosa equipada com detector de ionização de

chama13, espectroscopia de infravermelho próximo14 e cromatografia líquida de alta

eficiência em fase reversa15. Não foram encontrados registros de determinação do

teor de hidrocarbonetos em etanol combustível.

Atualmente, a análise para determinação do teor de hidrocarbonetos em

etanol combustível é feita de acordo com a norma NBR 13993, regulamentada pela

Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que estabelece um teor máximo

permitido de 3% v/v. De acordo com a norma, 50 mL da amostra são adicionados a

uma proveta de 100 mL e o volume é completado com uma solução aquosa de

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cloreto de sódio a 10% m/v. A proveta é invertida por dez vezes, evitando agitação,

para facilitar a extração e deixada em repouso por, no mínimo, 15 minutos. Após a

extração, pode-se visualizar a separação de fases como demonstrado na Figura 2 e

o volume é utilizado para determinar o teor de hidrocarbonetos presente na amostra.

A solução de cloreto de sódio é utilizada para aumentar a tensão interfacial entre os

dois líquidos, evitando assim a formação espontânea de microemulsões e

proporcionando uma separação adequada de fases.

Figura 2. Ensaio da Norma ABNT NBR 13993.

O teor de hidrocarbonetos é determinado então pela Equação 1.

G = (A x 2) + 1 [1]

Onde, A é o volume de fase orgânica observado durante o experimento e G é o teor

de hidrocarbonetos presente no etanol combustível dado em %v/v.

Apesar do método estabelecido pela Norma ABNT NBR 13993 ser simples e

barato, este pode ter sua exatidão afetada, uma vez que depende de uma boa

separação de fases e a quantificação é baseada no volume observado em uma

proveta que apresenta subdivisões de 1 mL. Além disso, o tempo de execução do

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ensaio é longo (maior que 15 minutos), o que prejudica o fluxo de trabalho em um

laboratório de rotina.

Sendo assim, esse trabalho tem como objetivo propor a quantificação do teor

de hidrocarbonetos em etanol combustível por nefelometria, uma técnica simples e

rápida, que pode proporcionar resultados mais exatos e precisos quando comparada

ao procedimento normatizado. O método se baseia na medida da luz dispersada

pelas emulsões e microemulsões formadas entre os hidrocarbonetos presentes no

etanol combustível e a água.

1.4 Emulsões e Microemulsões

Emulsão é um sistema disperso, formado por dois líquidos imiscíveis, um

agente emulsificante e agitação suficiente para transformar o sistema numa fase

contínua.16 As gotículas, que normalmente apresentam diâmetros entre 0,1 e 20 µm,

possuem uma estabilidade mínima devido às forças elétricas. Uma emulsão é

considerada estável quando não se separa em suas duas fases por um período de

tempo razoável. Esse pode variar de minutos a anos, dependendo da emulsão em

questão.17

As emulsões podem ser classificadas de acordo com a fase dispersa, em

emulsões do tipo óleo em água, nas quais o líquido disperso é apolar e o meio é

polar, e emulsões do tipo água em óleo, quando a fase dispersa é polar e o meio

apolar. Em geral, as emulsões são preparadas a partir de pequenas quantidades de

amostra e grandes quantidades de água e homogeneizadas por quantidades

adequadas de um tensoativo.18

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As microemulsões podem ser caracterizadas como agregados esféricos com

diâmetros entre 10 nm e 0,14 µm e constituídas por misturas ternárias ou

quaternárias homogêneas com características de fluidos sem periodicidade e tensão

superficial com valores próximos a zero. Suas estabilidades mecânica e

termodinâmica permitem sua formação sem a necessidade de aplicação de trabalho

mecânico.18

As microemulsões podem ser formadas a partir das emulsões pela adição de

um co-tensoativo, que geralmente é um álcool ou uma amina. Todavia, estudos

mostram que alguns sistemas formados na ausência de tensoativo também exibem

propriedade de microemulsões. Mantendo-se constantes a pressão, a temperatura e

a força iônica da solução e em uma composição adequada, o sistema forma-se

espontaneamente, quando a energia livre da interface está próxima de zero.18 Este

fenômeno pode ser observado também em uma mistura de hidrocarbonetos em

água.

O processo de emulsificação provoca um aumento da área interfacial dos dois

líquidos, o que leva a um aumento brusco da energia livre de superfície. O

fornecimento de energia mecânica ao sistema é uma maneira de vencer a barreira

da tensão interfacial e favorecer a formação das emulsões. Entretanto, isto não é

suficiente para manter estável a dispersão, uma vez que a barreira só é vencida

enquanto durar a agitação.18 A Figura 3 representa a formação de emulsões, cujo

tempo de vida é classificado como o tempo que leva para que as duas fases se

separem novamente após a agitação.

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10

Figura 3 Esquema de representação da formação de emulsões por agitação mecânica.

1.5 Nefelometria

A nefelometria é uma técnica baseada na medida da radiação dispersada pelas

partículas suspensas no meio a determinado ângulo do feixe incidente,

posicionando-se o detector fora do caminho de incidência da radiação a partir da

fonte. Na maioria das vezes, o detector está localizado a 90° da direção da radiação

incidente, como demonstrado no esquema da Figura 4.19

Figura 4. Esquema de representação de um nefelômetro.

FONTE: www.splabor.com.br

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11

Considerando-se que apenas a direção da propagação é afetada, pode-se

afirmar que a dispersão da radiação associada à nefelometria não envolve perda de

potência da radiação. Entretanto, a intensidade do feixe de luz pode ser afetada por

absorção ou fluorescência da solução em certos comprimentos de onda da luz

transmitida. Neste caso, deve-se escolher um comprimento de onda que não esteja

relacionado a estes fenômenos.19 Sendo assim, é necessário avaliar em qual faixa

de comprimento de onda as amostras absorvem. Neste trabalho serão utilizadas

amostras de etanol combustível, como essa substância não apresenta fluorescência,

não será necessário avaliar possíveis comprimentos de onda relacionados a este

fenômeno.

A intensidade da radicação dispersada é diretamente proporcional ao produto da

radiação incidente na amostra pela concentração das partículas suspensas. A

relação entre essas três variáveis é descrita pela Equação 2.

I = K.I0.C [2]

Onde I0 representa a intensidade do feixe de luz incidente na amostra, I representa a

intensidade da radiação dispersada pelas partículas presentes na amostra, C

representa a concentração da mesma e K é um valor constante para um instrumento

particular e sob condições experimentais cuidadosamente controladas.19

Visto que as medições envolvem a geração de uma fase coloidal dispersa em

solução, o controle das condições experimentais é estabelecido pela otimização de

variáveis como concentração e ordem de adição dos reagentes, tempo de pré-

agitação e temperatura.19

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2 OBJETIVOS

O presente trabalho tem por objetivo geral o desenvolvimento de um

procedimento para determinação do teor de hidrocarbonetos presente em etanol

combustível por nefelometria.

Os objetivos específicos a serem abordados são:

Otimização das condições instrumentais, como comprimento de onda de

emissão da fonte, abertura da fenda e sensibilidade do aparelho;

Otimização das condições experimentais para promover a formação de

emulsões mais estáveis e um sinal nefelométrico mais intenso, como a

quantidade de água a ser adicionada, ordem de adição dos reagentes e

tempo de agitação da solução;

Avaliação das figuras de mérito: limites de detecção e quantificação,

linearidade, precisão e veracidade;

Determinação do teor de hidrocarbonetos em amostras de etanol combustível

pelo procedimento proposto e comparação com os resultados obtidos pelo

procedimento normatizado.

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3 PARTE EXPERIMENTAL

3.1 Materiais Utilizados

3.1.1 Amostras

As amostras de etanol combustível foram cedidas pelo Laboratório de

Ensaios de Combustíveis da UFMG. Selecionou-se amostras provenientes de

diferentes regiões do estado de Minas Gerais e com diferentes teores de

hidrocarbonetos.

3.1.2 Soluções padrão

As soluções padrão foram preparadas utilizando-se Álcool Etílico PA (95%)

(Anidrol) e Gasolina A, fornecida pela Refinaria Gabriel Passos (REGAP).

3.1.3 Equipamentos

Espectofotômetria UV-Vis

Para a obtenção dos espectros de absorbância nas regiões UV-Visível

utilizou-se um espectrofotômetro UV-Vis 8451A da Hewlett-Packard. Cubetas de

quartzo, com caminho óptico de 10 mm e duas faces polidas, foram utilizadas para

leitura.

Nefelometria

Para obtenção dos espectros nefelométricos, as leituras das soluções

foram feitas em um espectrofluorímetro RF-5301 PC da Shimadzu. Cubetas de vidro,

com caminho óptico de 10 mm e quatro faces polidas, foram utilizadas para leitura.

Os espectros foram lidos em um comprimento de onda de excitação de 600 nm, em

uma faixa de emissão de 450 a 650 nm.

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3.1.4 Limpeza dos materiais

Todos os tubos e vidrarias foram previamente descontaminados em banho de

HNO3 10% v/v por, no mínimo, 24 horas e enxaguados com água ultra purificada.

Após a utilização, os tubos e vidrarias foram lavados com detergente e água.

Em seguida, enxaguou-se com água ultra purificada e etanol, respectivamente, para

facilitar a secagem.

As cubetas utilizadas nas medidas espectrotofométrica e nefelométrica foram

enxaguadas por 3 três vezes com água de torneira. Em seguida, lavou-se com água

ultra purificada e etanol, respectivamente.

3.2 Metodologia

3.2.1 Preparação das soluções padrão

Sete níveis de concentração de gasolina em etanol foram utilizados para

construção da curva analítica: 0,50; 1,00; 2,00; 3,00; 4,00; 5,00; 6,00% v/v. As

soluções padrão foram preparadas em balões volumétricos de 10,00 mL variando-se

o volume de Gasolina A adicionado e completando-se o volume com álcool etílico

PA (95%). Para cada nível de concentração, preparou-se três soluções padrão.

Como branco, utilizou-se álcool etílico PA.

3.2.2 Preparação das soluções para leitura

As soluções foram preparadas adicionando-se 4,00 mL de amostra ou padrão

à um tubo Falcon de 50 mL. Em seguida, adicionou-se 6,00 mL de água purificada

ao tubo para se obter uma solução 60% v/v água/etanol. A solução foi agitada em

vortex por 120 segundos para formar as emulsões. Em seguida, transferiu-se a

mistura para uma cubeta de vidro e a leitura nefelométrica foi feita em triplicata.

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3.2.3 Leitura nefelométrica

As leituras nefelométricas foram feitas em triplicata em um

espectrofluorímetro, utilizando-se os parâmetros listados abaixo:

Comprimento de onda da fonte: 600 nm

Faixa de emissão: 450 a 650 nm

Janela de emissão: 1,5 nm

Janela de excitação: 1,5 nm

Sensibilidade: baixa

3.2.4 Tratamento dos dados

Os dados obtidos a partir das leituras nefelométricas foram exportados e

tratados no programa Excel®. Planilhas foram desenvolvidas para correção da linha

de base dos espectros de radiação dispersada. Em seguida, construiu-se uma curva

analítica no próprio programa, utilizando-se as intensidades de radiação dispersada

por cada nível de concentração.

Posteriormente, a concentração de cada amostra foi determinada

substituindo-se a média das intensidades de radiação dispersada na equação da

curva analítica obtida.

3.3 Procedimentos Experimentais

3.3.1 Determinação da faixa ótima de comprimento de onda

Para determinar a faixa ótima de comprimento de onda, utilizou-se

primeiramente o equipamento UV-Vis visando à eliminação de possíveis

interferências de absorção. Trinta e quatro amostras de etanol combustível

provenientes de diferentes regiões de Minas Gerais e com diferentes aspectos

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(incolor, levemente amarelada e amarelada) foram selecionadas e fez-se a leitura da

absorbância na faixa de comprimento de onda de 190 a 820 nm.

3.3.2 Otimização da quantidade de água a ser adicionada para formar emulsões

Foram realizadas leituras, em triplicata, para diversas misturas etanol/água

com o teor de água variando entre 0 e 90% v/v. Adicionou-se 1,5 mL de amostra à

cubeta e diferentes volumes de água foram acrescentados para variar a

concentração entre 0 e 50% v/v. Posteriormente, 1,5 mL de água foram adicionados

à cubeta e diferentes volumes de amostra foram acrescentados para variar a

concentração entre 50 e 90%v/v. A mistura foi agitada manualmente.

3.3.3 Otimização do tempo de pré-agitação da solução e da ordem de adição dos reagentes e avaliação da estabilidade das emulsões

Para otimizar o tempo de pré-agitação da mistura etanol/água necessário

para produzir o sinal nefelométrico mais intenso, preparou-se uma solução de 3% de

gasolina A em álcool etílico PA. 4,00 mL da solução foram transferidos para um tubo

Falcon de 50 mL. Em seguida, adicionou-se 6,00 mL de água purificada ao tubo. A

mistura foi agitada em vortex e fez-se a leitura em triplicata imediatamente e após

5, 10, 15 e 30 minutos, para verificar a influência do tempo de agitação na

estabilidade das emulsões. Os tempos de agitação de 30, 60, 120 e 180 segundos

foram avaliados em triplicata.

Para avaliar a influência da ordem de adição dos componentes, separaram-se

três das 34 amostras inicialmente utilizadas. A amostra AM25, por apresentar um

sinal nefelométrico mais intenso, a AM23, por apresentar um sinal médio, e a AM26,

por apresentar um sinal baixo, mas ainda assim perceptível.

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Primeiramente, transferiu-se 10,00 mL de amostra para um balão volumétrico

de 25 mL. Completou-se o volume com água purificada, agitou-se em vortex por

120 segundos, e fez-se a leitura em triplicata. O mesmo procedimento foi realizado

em triplicata para cada amostra.

Em seguida, transferiu-se 10,00 mL de água purificada para um balão

volumétrico de 25 mL. Adicionou-se 10,00 mL de amostra ao balão, completou-se o

volume do mesmo com água purificada e agitou-se em vortex por 120 segundos.

Esse procedimento também foi realizado em triplicata para cada amostra.

3.3.4 Determinação da faixa linear e da faixa de trabalho

Os padrões foram preparados adicionando-se diferentes quantidades de

Gasolina A à balões volumétricos de 50 mL e completando-se o volume com álcool

etílico PA. Em seguida, 4,00 mL do padrão e 6,00 mL de água purificada foram

transferidos para um tubo Falcon de 50 mL. A mistura foi agitada em vortex por

120 segundos e, em seguida, foram feitas leituras em triplicata, nas condições

otimizadas anteriormente.

3.3.5 Avaliação da precisão

Foram preparadas soluções com teores de hidrocarbonetos de 2,0; 3,0 e

5,0% v/v. Sete replicadas foram preparadas para cada faixa de concentração. Em

seguida, 4,00 mL de cada solução foram transferidos para um tubo Falcon de 50 mL,

adicionou-se 6,00 mL de água purificada e agitou-se a mistura, em vortex, por

120 segundos. A leitura nefelométrica da solução foi feita imediatamente, em

triplicata.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Otimização dos Parâmetros Experimentais

4.1.1 Determinação da faixa ótima de comprimento de onda

A partir dos resultados obtidos, pode-se perceber que algumas amostras

apresentam bandas de absorção entre 190 e 500 nm, como mostrado na Figura 5.

Como pode ser observado na ampliação da figura, as amostras de etanol

combustível apresentam banda de absorção até, aproximadamente, 500 nm.

Concluiu-se então que a leitura nefelométrica deveria ser feita em 600 nm para evitar

a ocorrência de interferência por absorção.

Figura 5. Espectros de absorbância das 34 amostras de etanol combustível provenientes de diferentes regiões do estado de Minas Gerais

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4.1.2 Otimização da quantidade de água a ser adicionada para formar emulsões

Os resultados obtidos para as 34 amostras com comprimento de onda de

emissão da fonte de 600 nm estão representados na Figura 6. A partir dos dados

obtidos pode-se concluir que a solução que, em geral, apresenta sinal mais intenso

é a de 60% v/v de água em etanol.

Figura 6. Relação entre a intensidade de radiação dispersada e o teor de água na

mistura etanol/água das 34 amostras utilizando-se um comprimento de onda de

emissão da fonte de 600 nm.

4.1.3 Otimização do tempo de pré-agitação da solução e avaliação da estabilidade e da influência da ordem de adição dos reagentes

A Figura 7 apresenta os resultados obtidos para cada condição. Na qual,

pode-se perceber que a intensidade do sinal nefelométrico aumenta com o tempo de

agitação da solução, indicando que o tempo de agitação influencia na formação das

emulsões. Entretanto, o tempo de 180 segundos apresentou sinais baixos, isto pode

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20

ser associado à formação de partículas muito pequenas, o que dificulta o

espalhamento da radiação.

Observando-se os dados obtidos pode-se perceber que o tempo de agitação

de 120 segundos proporcionou sinais nefelométricos mais intensos. Foi possível

observar também que, com esse tempo de agitação, a solução apresenta

decaimento de sinal a partir de 15 minutos após cessar agitação. Pode-se concluir

que o tempo de estabilidade das emulsões é de 15 minutos, portanto a leitura

nefelométrica deve ser feita nessa faixa.

Figura 7. Avaliação da estabilidade das emulsões e da intensidade de radiação

dispersada variando-se o tempo de pré-agitação da mistura.

A Figura 8 apresenta os resultados obtidos variando-se a ordem de adição

dos reagentes. Pode-se perceber que a ordem não influencia na formação das

emulsões, pois a intensidade de sinal nefelométrico não varia com a ordem de

adição.

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21

Figura 8 Variação na ordem de adição dos componentes da mistura.

4.2 Determinação das figuras de mérito

As figuras de mérito são indicadores quantitativos do escopo e do bom

desempenho da técnica utilizada.20 Neste trabalho, serão determinados a faixa linear,

a faixa de trabalho, os limites de detecção (LD) e de quantificação (LQ), a precisão e

a veracidade do método proposto.

4.2.1 Determinação da faixa linear e da faixa de trabalho

Para verificar a linearidade da relação entre o teor de hidrocarbonetos

presente na amostra e a intensidade do sinal nefelométrico, construiu-se uma curva

analítica com onze níveis de concentração. A Figura 8 apresenta a curva analítica

obtida após o tratamento estatístico dos dados experimentais pelo método dos

mínimos quadrados21, cujas equações estão apresentadas no Anexo A.

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22

Figura 9. Curva analítica: variação da intensidade do sinal nefelométrico com o teor de

hidrocarbonetos nos padrões de gasolina em etanol.

A faixa de trabalho deve cobrir a faixa de aplicação para a qual o ensaio vai

ser utilizado e a concentração mais esperada da amostra deve se situar no centro da

faixa de trabalho.22 De acordo com a Resolução ANP N°7, de 21.2.2013, a

concentração máxima de hidrocarbonetos permitida para etanol combustível é de

3,00% v/v.23 Sendo assim, o limite superior da faixa de trabalho será estabelecido

como 6,00% v/v, visando apresentar a concentração crítica no centro da curva. O

limite inferior da faixa de concentração pode ser determinado pelo limite de

quantificação, que é o fator limitante do método.22

4.2.2 Determinação dos limites de detecção e quantificação

O limite de detecção (LD) consiste no menor valor de concentração do analito

que pode ser detectado pelo método. Para a validação de um método analítico, é

normalmente suficiente fornecer uma indicação do nível em que a detecção do

analito pode ser distinguida do sinal do branco/ruído.22

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23

Para determinar o valor do limite de detecção, foram utilizadas sete replicatas do

branco da amostra (álcool etílico PA), quantidade sugerida pelo documento de

orientação do INMETRO (DOQ-CGCRE-008). O procedimento otimizado

anteriormente foi realizado para cada replicata de branco da amostra e o limite de

detecção foi calculado pela Equação 3.

LD = + t (n-1, 1-α) . s [3]

sendo:

= média dos valores de intensidade dos brancos da amostra;

t = 3,143 (valor dado pela distribuição de Student unilateral para uma amostra

com 6 graus de liberdade e 99% de confiança);

s = desvio padrão amostral dos brancos da amostra.

O limite de quantificação (LQ) corresponde ao padrão de calibração de menor

concentração (excluindo o branco). Este é dado pela média do branco mais 10

desvios padrões, como representado na Equação 4.22

LQ = + 10s [4]

A Tabela 2 apresenta os valores de sinal nefelométrico obtidos durante o

experimento. Para determinar a concentração referente à intensidade do sinal no

limite de quantificação, construiu-se uma curva analítica (Apêndice I) com sete níveis

de teor de hidrocarbonetos em etanol, variando entre 0,50 e

6,00% v/v. A leitura dos padrões foi realizada em triplicata nas condições

estabelecidas anteriormente. Substituindo-se os valores de intensidade da radiação

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dispersada obtidos para LD e LQ na equação da curva de calibração apresentada no

Apêndice I, foi possível determinar que LD = 0,283% v/v e

LQ = 0,287% v/v. Os cálculos estão apresentados no Apêndice I.

De acordo com a norma ABNT NBR 13993, o limite de quantificação da

metodologia atualmente utilizada pela ANP é de 1,00% v/v. Por tanto, pode-se

concluir que o método proposto é mais sensível que o normatizado.

Tabela 2. Intensidades de sinal nefelométrico obtidas na determinação do LD e do LQ.

Replicata Intensidade (cps)

Branco 1

0,153

Branco 2

0,124

Branco 3

0,147

Branco 4

0,152

Branco 5

0,164

Branco 6

0,181

Branco 7

0,159

Média

0,154

Desvio Padrão

0,017

Intensidade LD

0,207

Intensidade LQ

0,324

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25

4.2.3 Avaliação da linearidade e da reprodutibilidade da curva analítica

Para avaliar a reprodutibilidade da curva analítica, sete níveis de

concentração de soluções padrão foram preparadas e lidas em três dias diferentes.

A cada dia, as leituras foram feitas em triplicata. Estabeleceu-se a faixa de

concentração entre 0,50 e 6,00 % v/v como sendo a faixa de trabalho, pois engloba

a faixa de interesse de determinação do método. O limite inferior de 0,50% v/v foi

definido por ser uma concentração quantificável e fácil de ser reproduzida no

preparo da solução padrão. Os valores obtidos para cada nível de concentração

foram plotados em um único gráfico e estão apresentados na Figura 10. A

construção da curva analítica foi feita a partir de uma regressão linear pelo método

dos mínimos quadrados, cujas equações estão apresentadas no Anexo A.21 A

análise residual comprovou a linearidade da curva analítica, uma vez que o gráfico

de resíduos vesus teor de hidrocarbonetos apresentou uma dispersão aleatória dos

resíduos em relação ao eixo horizontal.21 A Figura 9 apresenta a curva analítica e o

gráfico de resíduos obtido.

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26

Figura 10. Curva analítica e análise de resíduos.

4.2.4 Avaliação da precisão

A precisão de um método é usualmente determinada pelo coeficiente de variação

(expresso em %), também conhecido como desvio padrão relativo, que pode ser

calculado pela Equação 5.22

[5]

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Sendo:

DP = desvio-padrão

CM = concentração média determinada

O procedimento foi realizado com o intuito de avaliar a repetitividade do método

em torno de 3,00% v/v que é o teor máximo permitido pela ANP.

A Tabela 3 apresenta os resultados obtidos nas leituras. Pode-se perceber que

os níveis de menor concentração demonstraram ser mais precisos que os de maior

concentração, isto indica que a formação das emulsões está sendo prejudicada

quando há maior concentração de hidrocarbonetos. Sendo assim, a metodologia

deve ser otimizada quando for necessária a utilização em concentrações maiores.

Tabela 3. Intensidades de sinal nefelométrico obtidas no ensaio de precisão.

4.2.5 Avaliação da veracidade

A veracidade foi avaliada comparando-se o método proposto com o

procedimento normatizado ABNT NBR 13993. A comparação foi feita determinando-

se o teor de hidrocarbonetos presente em amostras de etanol combustível pelos dois

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28

métodos e avaliando, estatisticamente, se o procedimento proposto apresentou

valores equivalentes ao normatizado.

Dez amostras, com variados teores de hidrocarbonetos foram selecionadas

para realização da análise da veracidade. As amostras foram analisadas pelo

método normatizado e pelo método proposto, ambos em triplicata. Os valores

obtidos para cada procedimento foram comparados estatisticamente pelo teste F e

pelo teste t de Student, cujas equações estão apresentadas no Anexo B. A Tabela 4

apresenta os dados obtidos. Pode-se verificar que os valores obtidos pelos

procedimentos são estatisticamente iguais a 95% de confiança, comprovando-se

assim a veracidade do método proposto neste trabalho.

As curvas analíticas utilizadas para quantificar as amostras por nefelometria

estão apresentadas no Apêndice II.

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Tabela 4. Comparação entre o método nefelométrico e o método normatizado.

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5 CONCLUSÕES

Este trabalho teve como objetivo o desenvolvimento de uma metodologia

simples, rápida e exata para determinação do teor de hidrocarbonetos em etanol

combustível utilizando nefelometria. A metodologia proposta utiliza menor

quantidade de amostra e é mais rápida que o procedimento normatizado.

No processo de otimização das condições experimentais, foi estabelecido que

o comprimento de onda a ser utilizado na fonte de luz é de 600 nm, o teor de água

da solução etanol/água é de 60% v/v e o tempo de pré-agitação de 120 segundos.

O procedimento mostrou linearidade entre 0,5 e 10,0% v/v. A faixa de trabalho

foi limitada até 6,0% v/v. O limite de quantificação foi estimado em 0,3% v/v.

Demonstrando maior sensibilidade em relação ao procedimento normatizado.

Os resultados da quantificação do analito nas amostras obtidos pelo método

proposto foram comparados com os resultados obtidos pelo método normatizado

para as mesmas amostras. Pode-se concluir que os resultados não diferem

estatisticamente a 95% de confiança.

Sendo assim, o trabalho apresentou um método mais rápido, simples, exato e

mais preciso que o normatizado.

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[15] MORET, S.; CONTE, L.; DEAN, D. Assessment of Polycyclic Aromatic Hydrocarbon Content of Smokes Fish by Means of a Fast HPLC/HPLC Method. J. Agric. Food Chem, 1999, 47(4), pp 1367-1371 [16] SILVA, R. P. Geração e Caracterização Reológica de Emulsões de Água em Óleo Pesado para Aplicações em Projeto de Separadores Gravitacionais. Dissertação de Mestrado – UNICAMP, 2004. [17] RANGEL, R. M. Modelamento da Eletrocoagulação Aplicada ao Tratamento de Águas Oleosas Provenientes das Indústrias Extrativas. Tese de Doutorado – PUC – Rio, 2008 [18] ALMEIDA, L. F. Um Analisador Fluxo-Batelada com Bomba-Pistão Aplicado à Preparação de Soluções de Calibração e Microemulsões: Determinação de Metais em Água Mineral e Gasolina por GF AAS. Tese de Doutorado – UFPE, 2007. [19] MARTINS, G. S. Construção de um Turbidímetro de Baixo Custo para Controle de Qualidade de Efluentes Industriais. Tese de Doutorado - UNICAMP, 2012. [20] Ribeiro, F. A. d. L.; Ferreira, M. M. C.; Morano, S. C.; Silva, L. R. d.; Schneider, R. P., Planilha de validação: uma nova ferramenta para estimar figuras de mérito na validação de métodos analíticos univariados. Química Nova 2008, 31, 164-171 [21] Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Guia de Validação e Controle da Qualidade Analítica. Brasília, 2011. [22] INMETRO. Orietação sobre validação de métodos analíticos. DOQ-CGCRE-008, Revisão 03 – FEV/2010 [23] ANP. Resolução ANP N°7, de 21.2.2013 - DOU 22.2.2013 – Retificada DOU 15.4.2013. [24] RIBANI, M., BOTTOLI, C.B.G., COLLINS, C.H., JARDIM, C.S.F., MELO, L.F.C. Validação em Métodos Cromatográficos e Eletroforéticos. Quim. Nova, Vol. 27, No. 5, 771-780, 2004. [25] Montgomery D. C., Runger G. C., Estatística Aplicada e Probabilidade para Engenheiros. Rio de Janeiro: LTC Editora, 2003

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APÊNDICE I

Figura 11. Curva analítica obtida no procedimento de estimação do limite de quantificação.

Cálculo do limite de detecção:

0,209 = 31,523(LD) – 8,7251

LD = 0,283% v/v

Cálculo do limite de quantificação:

0,329 = 31,523(LQ) – 8,7251

LQ = 0,287% v/v

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APÊNDICE II

Figura 12. Curva analítica utilizada para quantificar as amostras B.

Figura 13. Curva analítica utilizada para quantificar as amostras A.

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ANEXO A

O ajuste de regressão linear é dado pela Equação A.II.1

Y = a + bx + [A.II.1]

O método dos mínimos quadrados consiste em estimar os parâmetros a e b

de modo a minimizar a soma dos quadrados dos desvios do valor observado em

relação ao valor estimado pela regressão linear. Esse desvio é representado por

no modelo. De acordo com o método, os parâmetros devem ser estimados pelas

equações A.II.2 e A.II.3.25

= [A.II.2]

Onde:

Sxx =

Sxy =

= - [A.II.3]

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A estimação dos parâmetros do modelo requer a suposição de que os erros

sejam variáveis aleatórias não correlacionadas com média zero e variância

constante. Sendo assim, uma análise de resíduos deve ser feita para verificar a

adequação do modelo ajustado. Os resíduos de um modelo de regressão são dados

pela equação A.II.4., em que é uma observação real e é o valor ajustado

correspondente.25

[A.II.4]

Plotando-se um gráfico dos resíduos calculados versus as variáveis

independentes (x) pode-se fazer uma análise dos resíduos, cujo padrão ideal, que

indica que o modelo foi bem ajustado, fornecerá uma disposição aleatória dos

resíduos em torno do eixo zero.25

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ANEXO B

Primeiramente, o teste F (Fischer-Snedecor) é aplicado para avaliar se as

variâncias dos dados obtidos pelos dois métodos podem ser consideradas

estatisticamente iguais, em cada amostra. Calcula-se então o valor F para cada

amostra pela equação A.III.1.21

Fcalc = [A.III.1]

Onde:

s1 e s2 são as variâncias das replicatas das amostras analisadas pelo método

normatizado e por nefelometria, com a maior variância no numerador.

Uma vez calculado o F, deve-se obter o valor crítico tabelado de Ftab,α,v1,v2

com v1 graus de liberdade no numerador e v2 graus de liberdade no denominador.

Adotar um nível de significância α = 0,05.

Se, em uma dada amostra, o valor de Fcalc for menor que o Ftab,α,v1,v2 as

variâncias desse nível de concentração podem ser consideradas estatisticamente

iguais. Neste caso, a igualdade das médias dos dois conjuntos de dados pode ser

testada com a distribuição t de student. Desse modo, o valor t é obtido pela equação

A.III.2.25

[A.III.2]

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Onde:

Sendo: n1 e n2 os números de replicatas das análises realizadas.

O valor crítico tabelado de ttab,α,v é obtido a partir da tabela de distribuição de

Student para (v = n1 + n2 – 2) graus de liberdade e nível de significância α = 0,05.

Se em uma dada amostra o valor de Fcalc for maior que o Ftab,α,v1,v2 as

variâncias não podem ser consideradas estatisticamente iguais. Verifica-se a

igualdade entre as médias com a distribuição t de Student usando a equação A.III.2.

Neste caso, para a obtenção do valor crítico tabelado ttab,α,v o número de graus de

liberdade tem que ser calculado pela equação A.III.3.

[A.III.3]

Em ambos os casos, se o valor de tcalc for menor que ttab,α,v , as médias são

consideradas estatisticamente iguais.25