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Seu exemplo pode ser seguido. Conserve seu veículo com responsabilidade. Revista do Detran/PR - ano V/ Número 46 DETRÂNSITO DETRÂNSITO Quem tem medo do teste da baliza? ESTACIONAMENTO A vez da bicicleta no trânsito MOBILIDADE COMPORTAMENTO Por amor, pai deixa filho na prisão

detrânsito 46 final pdf - detran.pr.gov.br · invisível da fatalidade no trânsito está o homem que ... da manhã de 4 de janeiro. Albert Camus - prêmio Nobel de literatura de

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Seu exemplopode ser seguido.Conserve seu veículo com responsabilidade.

Revista do Detran/PR - ano V/ Número 46

DETRÂNSITODETRÂNSITO

Quem tem medo do teste da baliza?ESTACIONAMENTO

A vez da bicicleta no trânsitoMOBILIDADE

COMPORTAMENTOPor amor, pai deixa filho na prisão

Ó Fortuna

Expediente:Detrânsito é uma publicação do Detran/PR, ano V, nº 46, junho/julho/agosto 2007Editor: jornalista José Fernando da Silva (DRT - 3936)Impressão, Imprensa Oficial/ Tiragem: 60 mil exemplares Projeto gráfico e editoração - Almir Feijó/ Foto capa - Paulo da RosaDetran/PR - Diretor Geral: David Antonio Pancotti

Cartas

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EDITORIAL

Infortúnio, destino e fado ruins determinados pela fatalidade e o acaso. Eis, pois, como classificamos os acontecimentos que nos atingem de forma trágica e repentina. Notem nessas palavras e expressões a ausência de tudo que hoje reputamos ao campo da razão, pois elas pertencem ao universo do onírico e remontam a épocas que se esquecem na noite do tempo.

Fortuna era o nome da divindade romana relacionada à sorte dos homens. Como bem descreve o anônimo poeta na abertura da obra Carmina Burana, a Fortuna é deusa caprichosa, responsável pelos impre-vistos incoerentes e até mesmo injustos pertinentes à existência humana.

A civilização ocidental pensou assim por mais de mil anos e foi necessário mais um milênio para que a razão demonstrasse que, entre o nascer e o morrer, a vida do homem não é determinada apenas pela sorte ou fortuna. Mas, por mais racionais que tentamos ser diante da tragédia, mergulhados no espanto, em estranha nostalgia, erguemos nossas mãos para os céus a clamar por uma explicação lógica para o absurdo que nos alcança.

No século passado desenvolvemos muitos artífices deste absurdo. O automóvel, por exemplo que nos oferece facilidades diante da vida moderna, é a mesma máquina que, ao transitar, pode nos empurrar para a vala da fatalidade e do acaso.

Vivemos, por certo, o tempo das grandes contradições e esquecemos a mais das vezes que não há nada de racional, em nome da economia de tempo e

conforto, em deixar a vida à mercê dos maus fados agregados aos algarismos das estatísticas de trânsito - tão desfavoráveis, tão certeiros.

Quanto prejuízo isso nos traz?Infinitos: os materiais são desprezíveis diante

do prejuízo contado em vidas e, principalmente, no que essas vidas deixam de produzir em benefício da humani-dade.

Dentre tantos que foram alcançados pela mão invisível da fatalidade no trânsito está o homem que pregava a revolta metafísica diante do absurdo da existência abreviada pela morte.

França, 1960, final da manhã de 4 de janeiro. Albert Camus - prêmio Nobel de literatura de 1957 - aceitou uma carona de Sens a Paris. Sentado no banco traseiro, talvez Camus nem notasse que o carro, um Facel-Vega, estava sendo conduzido a mais de 130 quilômetros por hora.

Um camponês segue pela estrada de bicicleta e vê o Facel-Vega frear e desgovernado encontrar uma árvore.

Camus estava morto. Em seu bolso, uma passagem de trem que poderia ter lhe dado outro destino. Ao lado do corpo, os manuscritos de um novo livro: "O Primeiro Homem", um romance autobiográfico. Ironicamente, nas notas ao texto, ele escrevera que aquele romance ficaria inacabado.

De fato, com sorte, ou sem sorte, com fortuna ou sem fortuna, qualquer vida abreviada nos parecerá obra inacabada.

Sr. Diretor Geral - Detran/PR Quero parabenizar a revista Detrânsito pela excelente qualidade de suas reportagens. Como Diretor de Ensino em um CFC, tenho buscado junto ao Detran do meu estado referências voltadas para educação para o trânsito, mas até então não encontrei material tão interessante. Claudir Piva RomeroDiretor de EnsinoVideira - SC Quero cumprimentá-los pela revista Detrânsito, conteúdos com qualidade e que me auxilia nas aulas teóricas bem como nos cursos de renovação.Artur Roscoche dos SantosSão Mateus do Sul PR

Quero agradecer por ter recebido o exemplar da Revista do Detran/PR, e parabenizar toda equipe pela elaboração. Esta publicação já esta me ajudando nas aulas que ministro sobre Direção Defensiva e Legislação de Trânsito nos curso de Capacitação (Transporte Coletivo de Passageiro, Escolar, Produtos Perigosos e Emergências) e Instrutor de Trânsito. Parabéns a toda Diretoria.Manoel Silva Felix Da CostaPresidente Prudente - SP

Gostaria de cumprimentar a todos que fazem parte do projeto e elaboração dessa brilhante revista. Primeiramente gostaria de parabenizá-los pelas excelentes publica-ções. Sou Policial Rodoviário Estadual do Rio Grande do Sul, educador de trânsito (Instrutor Teórico de Trânsito de um CFC) e sou bacharel em direito pela URI- Campus de Erechim/RS. Sempre gostei do trânsito, e depois que comecei a trabalhar na Polícia Rodoviária Estadual fiquei apaixonado ainda mais pelo trânsito. Porém, vivendo diariamente nas rodovias, e após uma análise pessoal, conclui que precisamos colaborar de forma direta ou indireta para termos mais educação e segurança no trânsito.Então, percebi que poderia fazer mais do que simplesmente fiscalizar, orientar e a forma que encontrei para isso foi como instrutor de trânsito, pois é aí que começa a formação de um bom condutor, e com isso estaria colaborando para tentarmos diminuir esses índices alarmantes de acidentes.Porém, pouco material, muitas vezes superficiais demais diante da complexidade do assunto.Tive acesso à Detrânsito por meio de um colega que esteve em Curitiba e então percebi que havia encontrado um material excelente com temas relevantes, atuais, polêmicos e aprofundados, por autores altamente capacitados. Este é um dos melhores materiais disponíveis atualmente no mercado, e conseqüentemente colabora muito com o trânsito brasileiro.Sandro Lazzarin Erechim - RS

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NOTAS

COMPORTAMENTO

Sem pressa para tirar a habilitação

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Cel. David Antônio Pancotti Diretor Geral do Detran/PR O Conselho Nacional de

Trânsito (Contran) prorrogou o prazo de entrada em vigor da resolução 231, que estabelece o novo sistema de placas de veículos, por meio da resolução 241. A entrada em vigor, que antes estava prevista para 01 de agosto, foi adiada para 01 de janeiro do próximo ano.

Agora os fabricantes das placas terão mais tempo para se adequarem ao novo estilo com a fonte Mandatory. A nova norma manda padronizar a tipologia dos caracteres das placas de identificação dos veículos. As placas também devem possuir uma película refletiva em veículos de duas ou três rodas como motonetas, triciclos, ciclomotor e motocicleta.

Deverão contar com o novo modelo com película, somente as motos registradas na categoria aluguel (utilizada para trabalho). Essa mudança tem o propósito de melhoria na visibili-dade das placas garantindo uma melhor identificação do veículo.

O Conselho Nacional de Trânsito (Contran) autorizou o uso de equipamentos que utilizam mapas para localização. De acordo com a resolução 242, estes equipamentos deverão ser destinados a orientar o condutor quanto ao sistema de auxílio à manobra, indicação de trajetos ou orientação sobre as condições da via por meio de mapas, imagens e símbolos. Na Resolução, os equipamentos poderão ser previstos pelo fabricante do veículo ou utilizados como acessórios de forma provisória. No caso dos provisórios, enquanto o veículo estiver em movimento, a norma orienta que a instalação deve ser realizada no pára-brisa ou no painel dianteiro.

Em relação aos equipamentos de entretenimento, continua permitida a instalação no painel somente daqueles que, automaticamente, deixam de funcionar ou são capazes de substituir a imagem por áudio quando o veículo estiver se deslocando.

Quem descumprir as regras estará cometendo infração grave, sujeito a multa de R$ 127,69, cinco pontos na CNH e mais a retenção do veículo para a regularização.

Contran prorroga prazo paraentrada em vigor de resoluções

A nova Resolução 242 libera o uso de gerador de imagem Cartográfica

Em 2006, o Paraná possuía 1.146.005 condutores cadastrados na categoria A, que permite conduzir veículos de duas e três rodas. Por ser um veículo rápido e econômico, a procura pelas motocicletas aumenta cada vez mais. O total da frota, comparado com o ano de 2005, cresceu 14,69%.

O aumento do número de acidentes de trânsito que envolve motociclistas, que no Paraná��em 2006�foi�GH�8,77%, preocupa�não só as autoridades, mas todos os cidadãos comuns que possuem ou conhecem alguém que possua motocicleta. Os motociclistas representam 30,49% das vítimas de acidentes de trânsito no Paraná��Procurando�aumentar�a�seguran-ça dos motociclistas no trânsito, o Conselho Nacional de Trânsito (Con-tran) publicou as resoluções 203 e 219. A 203, que entrará em vigor dia 01 de janeiro, prevê regras para o uso do capacete, como faixas retrorrefletivas, cinta jugular com engate para estar devidamente afixado na cabeça e viseira ou óculos de proteção apropriados.

A resolução 219, que também começa a vigorar em janeiro de 2008, por sua vez estabelece o uso de placas vermelhas para motocicletas que sejam utilizadas no transporte de cargas, prevê um tamanho específico de dimensão máxima para os baús que transportam cargas e especificações particulares para o uso da grelha. Um exemplo de segurança instituída por essas medidas é o transporte de gás de cozinha. Os motociclistas que carregam, dois, três ou mais botijões de gás, arriscando a própria vida e a vida de outras pessoas, poderá carregar apenas um botijão de forma mais segura e para isso será preciso passar por um curso para se especializar nesse tipo de transporte, tudo isso buscando a segurança do motociclista profissional.

Para as resoluções entrarem em vigor, os municípios precisarão regulamentar a profissão dos motoboys, melhorando a qualidade profissio-nal da classe, pois só assim conseguirão fiscalizar as novas normas. Essas novas medidas diminuirão o número de acidentes que envolvem os motoci-clistas. Uma reunião com os órgãos fiscalizadores de trânsito de Curitiba foi realizada no último mês de julho, na sede central do Detran/PR, para discutir a vigência das novas normas e acertar os detalhes da regulamenta-ção da profissão.

Outro problema que precisa ser resolvido para acabar com a briga dos motoboys e motoristas é o famoso hábito de ³ costurar´�no trânsito. Talvez uma pista exclusiva, ou única, seja a solução para este problema que irrita tanto os motoristas quanto os motoboys. O número de acidentes que pode acontecer com as ³ costuras´�também deve ser diminuído com uma pista exclusiva, pois assim os motociclistas andarão separados dos veículos e não teremos as famosas fechadas que, às vezes sem intenção, os motoris-tas acabam realizando.

Repito sempre, a palavra chave nas relações sociais é o respeito. O trânsito hoje carece muito disso. Essas resoluções pregam justamente o respeito por parte do motociclista às normas de segurança. O respeito da sociedade ao se conscientizar de que duas rodas não são somente sinônimos de rapidez, pois numa motocicleta está um outro ser humano, trabalhador, pai de família, que utiliza seu veículo como forma de obter renda e sustento.

Motoboys em segurança com as novas regras do Contran

Candidatos mais maduros se dizem mais responsáveis no trânsito

A idade pouco importa quando há� um� sonho� � SDUD�VH� realizar��Dificuldade� no� aprendizado� por�causa� da� idade� caracterizada pelas descobertas, coragem e euforia também não é desculpa. A responsa-bilidade é uma das características mais marcantes da idade, principal-mente porque a maioria tem família e, talvez por isto, começa a ver o mundo com um olhar diferente, sempre pensando no cônjuge e nos filhos. É�assim�que�se�caracterizam�os�candidatos�à primeira�habilitação com mais de 30 anos.

O mais comum é�ver�os�jovens��assim�que�completam����anos��corre-rem�para�um�Centro�de�Formação de Condutores (CFC), as antigas auto-escolas, para tirar a carteira. Ver uma pessoa mais experiente, mas ainda jo-vem, é�de�se�estranhar��Muitos�apren-deram�a�dirigir�com�os�pais��com�o�marido�ou�até sozinhos, já os menos

afobados deixaram para aprender no CFC. De janeiro a junho de 2007, 13.373 pessoas com mais de 31 anos tiraram a primeira habilitação, en-quanto 62.599 pessoas de 18 a 30 anos procuraram o serviço no mes-mo período.

A busca por oportunidade me-lhor também é um bom motivo para tirar a primeira habilitação. Nabir José Esconiscki (49) é cobrador de ônibus e resolveu tirar a habilitação para, futuramente, tentar ser moto-rista de ônibus. ³Antes eu não tinha planos de comprar um carro, agora já pretendo até ser motorista de ônibus´��revela��Ele�aprendeu�a�dirigir�no�CFC�e�não sentiu nenhuma dificuldade no aprendizado. ³O mais difícil é con-trolar o nervosismo na hora do exa-me´��um�obstáculo enfrentado por to-dos os candidatos, independente da idade. Esconiscki foi aprovado no pri-meiro exame e não se arrepende de

ter demorado tanto para ter a habili-tação. ³Agora eu sou mais responsá-vel, tenho minha família e penso nela. A única vantagem que ia ter se eu ti-vesse tirado a carteira mais cedo é que talvez eu já fosse motorista."

Dois meses depois de passar no exame prático, Esconiscki está con-duzindo motocicleta. O carro ainda está nos planos e logo será comprado. A sensação de ter habilitação é des-crita como algo correto. ³Agora pos-so andar de moto sossegado, de cabe-ça erguida, sem culpa e sem medo de levar multa´��afirma��O�próximo pas-so é esperar passar dois anos para alte-rar categoria e conquistar a promo-ção para motorista de ônibus.

O Examinador Flávio Augusto Plantes avalia a demora para tirar a carteira. ³Algumas pessoas caem no comodismo. Hoje, há uma grande necessidade em se ter habilitação. Não tem mais aquela coisa do

Franklin�Benetti��³Não me arrependo de ter aprendido a dirigir tarde. Hoje sou mais responsável e realizado como pessoa´

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marido ou do namorado levar, atualmente é�mais�fácil ter habilita-ção do que depender dos outros. Comprar um carro também ficou muito mais fácil, o que fez aumentar o interesse pela carteira´��

A teoria de Plantes é confirma-da pelos candidatos. ³Demorei para tirar a carteira por preguiça, fiquei sossegada e o gasto do dinheiro com os filhos também não permitiu que sobrasse para a CNH. Dirijo desde os 17 anos, aprendi manobrando o carro da minha mãe na garagem´�� revela�Áurea Luzia Correa (33) aprovada no primeiro exame.

Mas nem todos os candidatos têm a mesma sorte de serem aprova-dos de imediato. Mariluz Macanin (40) esperou os filhos crescerem para tirar a habilitação. Ela fez as aulas junto com a filha. Ambas aprenderam a dirigir no CFC e Mariluz não sentiu grandes dificul-dades. ³A parte teórica é a mais difícil. Claro que, se eu tivesse meus 18, 19 anos, seria tudo mais fácil porque depois de uma certa idade o reflexo fica mais lento´��acredita��A�habilita-ção vai trazer independência na sua locomoção. No dia do exame ela conseguiu disfarçar bem o nervosis-mo, mas se atrapalhou no momento de fazer a baliza e extrapolou o tempo de cinco minutos para colocar o carro na vaga e por isto teve que marcar um novo teste. ³Agora estou

mais calma e daqui 15 dias eu volto, se Deus quiser vou conseguir´�

Franklin Benetti (40) resolveu tirar a habilitação para poder passear com mais conforto com a família. Benetti conta que já teve dois carros e sempre dirigiu sem habilitação. ³Uma vez a polícia me pegou andando de moto e sem carteira. No mais, eu sempre andava pouco´��Ele�aprendeu�a�dirigir�com�� � �anos��por�pura�curiosidade��³Ficava perguntan-do como que fazia e observava

como não engatar corretamente as marchas, não ligar a seta ao fazer conversões, entre outros detalhes que somam pontos no momento do teste.

Aos 59 anos, Maria de Lourdes da Silva decidiu tirar a habilitação para ir ao trabalho de carro. ³Sou professora, trabalho em dois turnos , com a habilitação eu posso ir trabalhar de carro, e assim evitar o ônibus´�� No� terceiro� teste�� Maria�deixou�o�carro�morrer�cinco�vezes�na�baliza�e�não conseguiu completar o teste.

Muitas vezes a reprovação não é nem por falta de preparo ou por dificuldades no aprendizado, mas sim por falta de atenção. Lúcia Aparecida Saraiva (36) fez a baliza certinho, conseguiu até�sair�da�vaga��mas�na�hora�de�voltar�o�carro�para�trás do protótipo se descuidou e bateu a traseira do veículo, sendo eliminada na hora. "Com a habilita-ção ia poder trabalhar de carro".� "Aprendi na auto-escola e não tive nenhuma dificuldade. Ter demorado para tirar a habilitação foi até melhor, porque agora eu me sinto mais madura, vejo as coisas erradas no trânsito e penso em evitar quando tiver a carteira´��diz�

Para tirar a primeira habilitação, o candidato deve, obrigatoriamente,

ser maior de 18 anos e submeter-se a exames de aptidão física e mental,

Lúcia Aparecida Saraiva: ³Me sinto mais madura. Vejo as coisas erradas no trânsito e penso em evitar quando tiver a carteira

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Áurea Luzia Correa, 33 anos, demorou para tirar a habilitação ³ por preguiça´

bastante também´�� A�demora� para� aprender� a�dirigir�� segundo� Benetti��foi�por� falta�de�oportuni-dade��³Vim do interior e lá não tinha muito contato com carros. Mas não me arrependo de ter aprendi-do a dirigir tarde. Hoje, sou mais responsável e realizado como pessoa´��afirma �� No � primeiro �exame�Benetti�VH�descui-dou�com�alguns�pedestres�que� atravessavam� na�esquina�� ³Nunca está 100%, mas agora estou mais preparado´�� 0 as�mesmo� se� sentindo� mais�seguro�� HOH� infelizmente�não conseguiu passar no segundo exame por pequenos descuidos,

Para�Nabir�José Esconiscki, a carteira de habilitação garantiu a sensação de dignidade por poder andar habilitado

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Maria de Lourdes da Silva decidiu tirar a habilitação aos 59 anos para facilitar a ida ao trabalho

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ª HAB LI A Ã1 I T Ç O

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"Quem vai ser o primeiro? Cronômetro acionado. Pode come-çar!" Essas�são as frases usadas pelos examinadores do Departamento de Trânsito do Paraná (Detran�PR)�no�início do exame prático de direção veicular, prova obrigatória para quem pretende obter a primeira habilitação (Permissão para Dirigir).

Antes de o candidato pisar no acelerador, um "Boa Sorte"��afinal�� carrasco aqui�� apenas� o�exame��os�examinadores�não!

Para a maioria dos candida-tos, o exame prático é o pior dos três testes exigidos pelo Detran/PR para a obtenção da permissão para dirigir.

A baliza assume o papel de questão bicho papão da prova. ³É um

Baliza: o "terror"�dos candidatos à primeira habilitação

Ansiedade e nervosismo contribuem para o alto índice de reprovaçãono exame prático

Mariele Passos

procedimento obrigatório que o candidato enfrenta para tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), no qual é avaliada a real capacidade do candidato em contro-lar e manobrar o veículo em vagas demarcadas no estacionamento. Também é�avaliada�a�capacidade�de�reflexo�do�futuro�motorista��requisi-to�importantíssimo para se dirigir um veículo´�� explica� Larson� Orlando��da� Divisão de Aprendizagem e Habilitação (DAH).

A C o o r d e n a d o r a d e Habilitação do Detran/PR Maria Aparecida Farias diz que a intenção da baliza é avaliar se o candidato está bem preparado para estacionar de modo que não tumultue o fluxo da

via e assim não cause problemas no tráfego. Para ela, a baliza é a princi-pal etapa de todos os testes exigidos pelo Detran. ³No teste prático tem que se começar com a baliza, porque se o condutor não consegue nem colocar na vaga estipulada, prova-velmente, não conseguirá�manobrar�o�veículo na rua´��

De acordo com dados estatísticos do Detran/PR, no mês de junho deste ano, dos 7.288 candida-tos, 3.165 foram reprovados (43,42%). O examinador Erick Costa diz que ³muitos candidatos a CNH chegam ao Detran nervosos e ansiosos, o que já é um mau sinal. Mas não é só isso: reprovam porque se preocupam em passar na primeira

tentativa da baliza, não pensam que podem manobrar o carro, sair da vaga e tentar mais duas vezes´�

De acordo com o Manual de Procedimentos, o candidato tem direito a três tentativas para colocar e retirar o veículo da vaga em até cinco minutos. A avaliação inicia-se numa faixa de cor verde pintada preferen-cialmente atrás do protótipo traseiro (objetos parados que determinam o espaço da vaga para estacionar, com seis metros de espaço entre eles). A conclusão da baliza acontece quando o candidato aciona o freio estacioná-rio (freio de mão), sendo que o veículo deverá ficar alinhado numa distância de no máximo 30 cm do meio fio. Se o candidato não posicio-nar o veículo devidamente, tocar no cone, ultrapassar o tempo limite de cinco minutos, deixar o carro "morrer", bater ou encostar no protótipo, estará eliminado do exame prático e terá que remarcar o teste.

Segundo Orlando, antes do candidato iniciar, o examinador deve dar as instruções básicas do teste. Costa diz que muitos candidatos decoram o que é explicado pelo instrutor e não aprendem a manobrar o veículo. Orlando também segue este raciocínio e ainda destaca que para muitos candidatos o terrorismo da baliza está no tempo que ele tem para colocar e retirar o veículo da vaga. ³Se o candidato está preparado, o tempo não é um empecilho e não é�motivo�para�estar�nervoso��porque�ele�sabe�e�praticou�na�auto�escola´��argumenta�

Além do tempo, outro problema para alguns candidatos que enfrentam a baliza são os protótipos. Nos casos de Karina Wagner Bittencourt (22) e Robson Schneider Favero (19) o motivo pelo re-teste do exame prático é�que�na�primeira� tentativa� de� realizar� a�baliza�ambos�bateram�nos�protótipos.

Já Alexandra Pere i ra Guimarães (31) estava no seu sexto exame prático. O motivo das reprovações? Baliza! Todas as cinco reprovações estavam ligadas ao tão temido quesito, seja em relação ao tempo, como também aos protótipos.

³Fico muito nervosa. E de todos os testes, para mim, o pior é a baliza. Mas hoje, felizmente, consegui passar na baliza. Já no teste de rua não. Vá saber o que acontece né?´��desabafa�

O vigilante Pedro Do É Silva (41) já dirigia veículos na região rural do Paraná��Há um ano comprou um carro, mas só pensa em pegar no volante quando estiver devidamente habilitado. Ele estava no seu quinto exame prático e

adivinhem o maior adversário de Pedro. Isso mesmo, a temida baliza. Em duas tentativas, Pedro bateu nos protótipos e nas outras duas ultrapas-sou o limite de tempo. Ele terá que remarcar o teste pela sexta vez, já�que�o�motivo�de�sua�quinta�reprova-ção novamente foi o tempo, que ao seu ver é muito curto. ³O examinador poderia ter dado uma chance, por causa de dois dedinhos�fora�da�faixa�tive� que� tirar� o� carro� e� por� isso�estourei�o� tempo´��Costa�esclarece�

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No exame prático, a baliza é o maior temor dos candidatos à 1ª Habilitação

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HABILITAÇÃO

SEGURO

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Vanussa Popovicz

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Todo ano, no início do mês d e a g o s t o , j u n t o c o m o Licenciamento, começa a ser cobrado o Seguro Obrigatório de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (DPVAT). Criado pela lei 6.194/74, o DPVAT garante indeni-zação em casos de acidentes ocorri-dos em território nacional que tenha ocasionado vítima. Despesas com medicamentos e internação, assim como indenização em caso de invalidez permanente ou morte são garantidas por este seguro.

As indenizações são de R$ 13.500,00 nos casos de invalidez e morte e até R$ 2.700 por vítima para despesas com medicamentos e

hospitais. No ano passado, em todo o Paranà. foram�registrados�72.688�acidentes. Apenas�30.740�pessoas�receberam�a�indenização do DPVAT. No ano de 2007, 13.540 paranaenses foram indenizados. No Brasil, foi pago mais de R$ 1 bilhão em indenizações no ano de 2006. “Todas as vítimas de trânsito t ê m d i r e i t o d e receber o seguro, até os pedestres, pois são vítimas de veículos automotores” explica�o�diretor�geral�do�Detran, coronel David Antonio Pancotti. Só não recebe o seguro o motorista envolvi-do no acidente que estiver com os

impostos do veículo atrasados. O prazo para pedir a indenização é de três anos, contados a partir da data do acidente, ou seja, se o acidente ocorreu em 2006, as vítimas podem

d a r e n t r a d a n o DPVAT até 2009. Há casos em que o prazo pode ser maior que três anos, quando o acidente ocorreu antes da entrada do novo Código Civil,

em 2003. Nos casos de invalidez em que o acidentado esteve ou ainda está�em�tratamento, o�prazo�leva�em�conta�a�data�do�laudo�de�conclusão do Instituto Médico Legal (IML).

A auxiliar administrativa

Muitas vítimas de acidentes de trânsito não sabem dos benefícios do seguro DPVAT.

que� não é possível dar chances, "porque no dia-a-dia do trânsito as chances nem sempre existem e pequenos erros podem gerar uma colisão."

Para a assistente comercial Márcia Cristina Gonçalves (30), que aprendeu a dirigir em um Centro de Formação de Condutores (CFC), o nervosismo aumenta por se saber que está sendo avaliada. "Na auto-escola a gente aprende certo, chega no Detran parece que desaprende-mos o que nos ensinaram, só pelo fato de sabermos que estamos sendo avaliados."� Márcia vai para o seu sétimo exame prático e as reprova-ções também foram na hora de fazer a baliza.

Maria Aparecida diz que qualquer situação de avaliação é motivo de nervosismo e vai ter sempre quem culpe a pessoa que está avaliando, ³isto não acontece só aqui no Detran/PR´�� argumenta�� Ela�ainda� ressalta� que� não se deve atribuir ao examinador a responsabi-lidade pela reprovação, pois, a atividade do examinador é avaliar o candidato de acordo com os pré�requisitos�para�se�obter�a�CNH�

“Não adianta culpar o examinador pela falta de preparo do aluno´��esclarece�a�psicóloga Sallete Coelho Martins, especialista em trânsito e que trabalha com pessoas

que têm medo de dirigir. Ela explica de forma científica a razão de muitas reprovações. ³A primeira falha que esse candidato tiver vem por um pensamento automático, também chamado de pensamento negativo, o qual gera os sintomas fisiológicos, como o tremor, boca seca e mão suada. Estes pensamentos podem ser tratados inclusive com o auxílio da

terapia cognitiva comportamental�"Nem só de reprovação é

feito o exame prático de direção veicular. Daqueles 7.288 candidatos, 4.123 foram aprovados (56,58%). A secretária Tahise Negro Marques (31) foi aprovada no seu segundo exame prático e o que lhe favoreceu foi lembrar de todas as etapas na hora da prova. "Precisa praticar muito na auto-escola e na hora do teste se concentrar nas manobras"��recomen-da��Tahise�ficou�bastante�preocupa-da�no�início do teste. "Não comecei bem o teste, e isso me deixou aflita. Cheguei a pensar que ali poderia estar reprovada."� Ela conta ter�controlado� a� ansiedade e ficado�calma�durante�a�maior�parte�do�teste,�R�TXH�foi�de�fundamental�importân-cia para a aprovação. "Agora é só esperar a habilitação chegar."

Pedro Silva espera conseguir ser aprovado no exame, para só então começar a dirigir seu novo carro

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Para Tahise Marques, no momento do exame a concentração é fundamental

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DPVAT ±�Seguro�para�todosPoucos buscam os direitos quando sofrem um acidente

"As indenizações são de R$ 13.500,00 nos casos de invalidez e morte e até

R$ 2.700,00 por vítima para despesas com

medicamentos e hospitais"

LICENCIAMENTO

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O Banco do Brasil já�recebe�as� Guias� de� Recolhimento� de�Licenciamento� Anual� de� Veículos (GRLAV) referente a 2007.

O pagamento pode ser�feito�somente� no� Banco� do� Brasil� ou�Banco�Popular��Caso�o�proprietário do veículo tenha débitos de IPVA, ele deve retirar o extrato nas máqui-nas de auto-atendimento no banco e dirigir-se ao caixa para prosseguir com a operação. Os correntistas do Banco do Brasil contam com a possi-bilidade de efetuar o pagamento nos terminais eletrônicos do banco ou via internet.

A cobrança se estende até� 30 de�novembro��mas�as�datas�limi-tes�para�o�pagamento�são determina-das de acordo com os dois últimos dí-gitos da placa. Para saber a data de

Licenciamento de veículo é recolhido pelo Banco do Brasil

vencimento do licenciamento, o pro-prietário do veículo pode consultar o calendário disponível no� site� do�Detran�PR (www.detran.pr.gov.br) ou� aguardar� o� recebimento� da�GRLAV�� Junto� com� a� taxa� de�Licenciamento�é�cobrado�o�Seguro�Obrigatório do veículo. A taxa é�de� R$ 25,40�para�todos�os�veículos e�o�seguro� varia� de� R$ 84,72 a R$ 480,47 de�acordo�com�a�espécie, tipo e categoria do veículo.Atrasados ±�O�proprietário que pos-sui débitos e impostos atrasados de-ve quitar esses valores para poder li-cenciar o veículo. Depois do paga-mento, o documento é�encaminhado via Correios para o endereço em que o veículo está�cadastrado��Caso�não tenha ninguém na propriedade para a s s i n a r o A R ( Av i s o d e

consultadas no site www.dpvatsegu-ro.com.br�� ou� no� telefone� 0800 41 5100�� No� Paraná�� o� Sindicato � dos �Corretores � de� Seguro (Sincor � P5 )�orienta � e� encaminha �� sem� custos�� a�documentação para o recebimento do seguro DPVAT. A solicitação pode ser feita nas regionais de Curitiba, Cascavel, Londrina, Maringá e Ponta Grossa ou pelo telefone 0800 415100 de qualquer lugar do estado.

É importante ter em mãos o Boletim de Ocorrência do acidente, os documentos pessoais e CPF; comprovante de res idência ; Certificado de Registro do Veículo (CRV) no caso de proprietário do veículo; certidão de óbito para os casos de indenização por morte;

Mercia Caroline não sabia que precisava das notas fiscais e dos receituários para receber as indenizações

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Vítimas indenizadas no Brasil em 2006

Quantidade Valor gasto em indenização Valor arrecadado*

Vítimas indenizadas no Paraná em 2006

Vítimas indenizadas no Brasil no primeiro semestre de 2007

Vítimas indenizadas no Paraná no primeiro semestre de 2007

193.118 R$ 1,027 bilhão R$ 2,9 bilhões

Quantidade Valor gasto em indenização Valor arrecadado*

30.740 R$ 89,7 milhões R$ 254 milhões

Quantidade Valor gasto em indenização

116.502 R$ 578,4 milhões

Quantidade Valor gasto em indenização

13.540 R$ 46,7 milhões

* De todo o valor arrecadado, 50% é destinado ao Governo Federal.

laudo do Instituto Médico Legal (IML) para os casos de indenização por invalidez permanente; relatórios médicos, comprovante de despesas e declaração da instituição que prestou o atendimento no caso de reembolso de despesas médicas.

Do total arrecadado com o DPVAT, 45% são repassados ao Ministério da Saúde, para custeio do atendimento médico-hospitalar às vítimas de acidentes de trânsito em todo país, e 5% são repassados ao Ministério das Cidades, para aplicação exclusiva em programas destinados à prevenção de acidentes de trânsito.

Na tabela abaixo, o total de vítimas, gastos e arrecadação do DPVAT em 2006 e 2007.

Recebimento) da GRLAV, a corres-pondência é�encaminhada�para�a�uni-dade�dos�Correios�mais�próxima do endereço da residência, onde perma-nece por três meses. Passado esse pra-zo, o documento é�encaminhado�pa-ra�a�Ciretran�do�município de empla-camento do veículo. Em Curitiba e Região Metropolitana a correspon-dência vai para o Posto Central, na rua João Negrão número 246.

O Detran/PR alerta que cir-cular com o veículo não licenciado é�infração de trânsito de natureza gra-víssima, com penalidade de sete pon-tos na carteira de habilitação do pro-prietário, multa de R$ 191,54 e apre-ensão do veículo (artigo 230, inciso V, do CTB).� Veja o cronograma�de�paga-mento�na�tabela�abaixo�

Mercia Caroline Sanchez Rufatto (20) foi atropelada por uma motoci-cleta em setembro de 2006. Chegou ao hospital com fraturas no tornoze-lo, na mandíbula e na bacia. Precisou usar fraldas, ficou cinco meses sem andar e foi submetida a inúmeras sessões de fisioterapia. Como não sabia que podia recorrer ao DPVAT, ela se desfez de muitas notas fiscais dos medicamentos que precisou tomar. ³No hospital tem algumas seguradoras que entregam folhetos falando do DPVAT, mas a maioria cobra 30% do valor do reembolso, aí não temos muita informação de como que funciona, por isso que eu consegui apenas parte do seguro´� �conta�� Cobrar � para � dar � entrada � no �seguro � ou � para � prestar � informações não é correto, por isso o assegurado deve procurar uma conveniada que faça o serviço gratuitamente.

O reembolso de Mercia saiu 21 dias depois que ela deu entrada no DPVAT. Ela conseguiu apenas R$ 1.060,00 dentre todos os gastos que teve com os medicamentos, porque jogou algumas notas fiscais fora. ³Precisa da nota fiscal e do receituá-rio do medicamento �́ � explica �� As sessões de� fisioterapia� não foram reembolsadas, assim como as próteses que precisarão ser trocadas nos próximos anos também não terão reembolso. Mercia está aguardando o último laudo médico para dar entrada no DPVAT por invalidez. ³Estou com seqüelas permanentes, como a prótese que eu tenho na bacia que tem uma vida útil de cerca de cinco anos. O médico falou que é quase certo que o último laudo vai afirmar a minha invalidez´� � conta�

Os valores cobrados pelo DPVAT variam de acordo com a categoria do veículo, ou seja, motos pagam um valor diferente dos carros que pagam um valor diferente dos ônibus e assim sucessivamente. Poucos utilizam o benefício, que é �administrado � pela � Federação Nacional dos Seguros Privados e de Capitalização (Fenaseg), com sede no Rio de Janeiro. Para dar entrada no DPVAT, basta procurar uma das seguradoras conveniadas, espalha-das por todo Brasil, que podem ser

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Procure abaixo a dezena final da placa de seu veículo:

Dia NovembroOutubroSetembroAgosto

Vencimento

Dia 13 - - -01 e 02

Dia 14 - - -11 e 12

Dia 15 - - -21 e 22

Dia 16 -06, 07 e 08 -31 e 32

Dia 17 -16, 17 e 1803,04 e 0541 e 42

Dia 18 -26, 27 e 2813, 14 e 15 -

Dia 19 09 e 1036, 37 e 3823, 24 e 25 -

Dia 20 19 e 20 -33, 34 e 3551 e 52

Dia 21 29 e 30 -43, 44 e 4561 e 62

Dia 22 39 e 4046,47 e 48 -71 e 72

Dia 23 49 e 5056, 57 e 58 -81 e 82

Dia 24 -66, 67 e 6853, 54 e 5591 e 92

Dia 25 -76, 77 e 7863, 64 e 65 -

Dia 26 59 e 6086, 87 e 8873, 74 e 75 -

Dia 27 69 e 70 -83, 84 e 85 -

Dia 28 79 e 80 -93, 94 e 95 -

Dia 29 89 e 9096, 97 e 98 - -

Dia 30 99 e 00 - - -

Exemplo: o veículo cuja dezena final seja "44", deverá efetuar o pagamento do Licenciamento Anual no dia 21 de Setembro

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BIOCOMBUSTÍVEIS

O governador Roberto Requião e o ministro da Agricultura Reinhold Stephanes inauguraram a usina de produção de biodiesel insta-lada no Instituto de�Tecnologia�do�Paraná�(Tecpar)��na�Cidade�Industrial�de�Curitiba��O�equipa-mento�tem�capacidade�para�produzir�de�500�a�1.000�litros�dia�de�combus-tível alternativo e recebeu investi-mentos de cerca de R$ 1 milhão, pro-venientes do Fundo Paraná�de�Ciências e Tecnologia.

Requião disse que, a partir do protótipo, o governo do Estado pretende construir outras usinas no interior do Paraná��para�a�produção de combustível a um custo mais bara-to para os agricultores.

“São usinas que podem transformar qualquer tipo de olerícu-la e até�resíduos de animais. Elas se-rão instaladas no interior do Estado para atender pequenas cooperativas

Paraná inaugura usina para produção de biodiesel no Tecpar

e associações de produtores que, des-ta forma, a partir de suas lavouras, vão produzir combustível para suas máquinas. É�um�instrumento�de�eco-nomia sustentável, de fixação do ho-mem no campo e de barateamento do trabalho agrícola da pequena e média propriedade´��destacou�o�governa-dor�

O secretário da Agricultura e d o A b a s t e c i m e n t o Va l t e r Bianchini,lembrou que a inaugura-ção da usina surge num momento em que o governador Roberto Requião está�colocando�à�disposição dos agri-cultores familiares quatro mil trato-res, que podem ser financiados por dez anos, com dois anos de carência, pequena taxa de juros e com paga-mento em equivalência/produto, ten-do como�moeda�o�milho��³Essas usi-nas vão com certeza fornecer o bio-diesel que esses tratores precisam pa-ra movimentar a economia de nosso

Estado´��disse�o�secretário.O vice-governador Orlando

Pessuti fez questão de destacar que a planta de produção de biodiesel��que�leva�o�nome�do�Nilton�Emilio�Bührer, é�o�cumprimento�de�um�pla-no�traçado pelo Governo do Estado em maio de 2003, quando o governa-dor Roberto Requião criou o Programa Paraná�Bioenergia��tendo�como�coordenadores�o�próprio Pessuti e o ex-secretário estadual de Ciências, Tecnologia e Ensino Superior, Aldair Rizzi.

“Passamos a coordenar um grupo de pessoas e entidades, que ini-ciaram a discussão para a implanta-ção do programa de bioenergia. E dis-so resultou uma série de ações. Tive-mos seminários, congressos e reu-niões, de onde saiu a decisão de cons-truirmos essa planta industrial no Tecpar, para que pudéssemos testar todos os tipos de óleos e certificá�los��

Foi�quando�também surgiu a idéia de que o Iapar e a Emater fa-riam todo o trabalho de pesquisa de oleaginosas. Hoje, estamos pesquisando 15 varie-dades, que apresentam ótimos índi-ces de produtividade´��acrescentou�

A solenidade de inaugura-ção também con-tou com a presença de praticamente to-dos os secretários de Estado, direto-res de órgãos pú-blicos e autarquias, além da delegação francesa da região de Rhône-Ales, que esteve no Paraná�para�estu-dar�o�desenvolvi-mento�sustentável e o crescimento das regiões metropo-litanas.Multiuso -�A�planta�de�produção do Tecpar é�multiuso��isto�é��pode�testar�qualquer�tipo de óleo, mas vai come-çar com o de girassol. O governo quer estudar a possibilidade de apro-veitamento de diversas matérias-primas regionais, basicamente óleos vegetais de oleaginosas, tais como a soja, o girassol e o nabo forrageiro, além de gorduras animais.

O projeto contempla tam-bém atividades de treinamento e par-ticipação em eventos��compra�de�ma-terial�de�consumo��de�dois�veículos com motor a diesel para testes e de dois kits de conversão de motores��e�a�manutenção de equipamentos.

A empresa vencedora da lici-tação para fornecimento dos equipa-mentos para a planta de produção de biodiesel do Tecpar foi a Tecnologias Bioenergét icas (Tecbio) , de Fortaleza. Criada em 2001, a Tecbio dá�continuidade�aos�trabalhos�sobre�biocombustíveis realizados pelo pes-quisador Expedito Parente, o enge-nheiro químico que criou em 1977 o processo de obtenção do novo com-bustível.

“A planta foi adequada se-gundo normas de segurança e pa-drões de qualidade e tem uma carac-terística bem marcante: vai produzir a energia necessária ao�seu�funciona-

mento´��afirmou�o�diretor�técnico do Tecpar, Bill Jorge Costa, que tam-bém coordena o Centro Brasileiro de Referência em Biocombustíveis (Cerbio).Programa���O�projeto�de�instalação da unidade atende aos objetivos do

P r o g r a m a Paranaense de Bioenergia, cria-do em 2003 pelo g o v e r n o d o Estado para gerir e fomentar ações de pesquisa, de-senvolvimento, aplicações e uso de biomassa e im-p l a n t a r n o Paraná�o�biodie-sel�como�um�bio-

combustível adicional à�matriz�ener-gética ±�de�gasolina��diesel�e�álcool ±�utilizada atualmente.

De acordo com o definido no programa, ao Tecpar cabe a pro-dução de biodiesel e o estudo das dife-rentes matérias-primas indicadas pe-la Secretar ia de Estado da Agricultura e do Abastecimento e pe-lo Instituto Agronômico do Paraná�(Iapar)��³Agora será�possível acom-panhar a produção e a utilização do produto em escala semi-industrial´��afirma�Bill�Jorge�Costa��³O Tecpar é�referência, trabalha na área desde a

década de 80´��acrescenta�Homenagem���O�instituto�prestou�uma�homenagem�ao�professor da Universidade Federal do Paraná��pes-quisador�e�químico do Instituto de Biologia e Pesquisas Tecnológicas (IBPT), precursor do Tecpar, Nilton Emílio Bührer, dando à�planta�o�seu�nome��³É�um�reconhecimento�pelo�seu�trabalho�e�dedicação à�pesquisa�científica nessa área. A primeira vez que eu vi biodiesel foi na mão do pro-fessor Bührer, uma semana depois nós começamos a testar o produto´��afirmou�o�pesquisador�do�instituto�José�Carlos�Laurindo�

Entre inúmeras atividades que desenvolveu, Bührer coordenou vários projetos buscando alternati-vas energéticas com base agrícola em resposta à�crise�do�petróleo. Ele contribuiu com estudos que origina-ram o programa pró�álcool do gover-no federal e os avanços do biodiesel. A família, presente na solenidade, re-cebeu com�satisfação a lembrança: “Lembramos das conversas nos al-moços de domingo, quando ele fala-va que deveríamos pensar em com-bustíveis alternativos, pois o petró-leo iria acabar um dia´��relembra�José�Conrado�Bührer, um dos filhos do homenageado, agradecendo a ini-ciativa.

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Stephanes e Requião na solenidade de inauguração da usina de biocombustíveis

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Equipamento�da�usina�de�produção de biodiesel tem capacidade para produzir de 500 a 1.000 litros por dia

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ENTREVISTA

Anderson Maciel

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Indicadores econômicos co-mo o PIB per capita, poder de consu-mo e compra da população, assim co-mo os indicadores demográficos (crescimento populacional e taxa de natalidade), entre outros, são as ma-térias primas para o desenvolvimen-to de estudos e pesquisas do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES). O coordenador do Núc leo de Conjuntura e Macroeconomia do Instituto Julio Suzuki (37) considera que atualmente, tanto o Paraná quan-to o Brasil atravessam um momento

PIB, IDH, Juros e afins: o que os números dizem sobre a economia

Pesquisas do Ipardes auxiliam no planejamento e execução de políticas públicas do Estado. Alguns indicadores explicam o porquê do aumento

nas vendas de veículos automotores

Julio Suzuki: “As economias do país e do Paraná estão mais sólidas, estando até mais resistentes a crises externas, como é possível perceber nesta atual fase de instabilidade nas bolsas ao redor do mundo”

de estabilidade e com perspectivas de crescimento em suas economias. O País, por exemplo, até 2002 apre-sentava crescimento médio do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,5% ao ano. Hoje, já se projeta cresci-mento anual de 4,5%, podendo che-gar a 5%. Suzuki, entrevistado desta edição da Detrânsito, explica, tam-bém, a importância do investimento em infra-estrutura para o desenvolvi-mento econômico do estado do Paraná e do país.

Detrânsito - Quais são os fatores

que resultaram nas perspectivas de crescimento econômico do país e do estado? Qual o reflexo deste crescimento na renda da popula-ção?

Julio Suzuki - Na década de 90 e no início deste século, algumas crises, como as da Rússia, Argentina, México e Ásia, refletiram negativa-mente em várias partes do mundo, atingindo principalmente e mais for-temente economias frágeis e em pro-cesso de desenvolvimento, como é o caso do Brasil. Hoje a conjuntura eco-

nômica mundial, apesar de alguns al-tos e baixos, está favorável para o de-senvolvimento dos países que há anos vinham sofrendo com baixas ta-xas de crescimento. Isso se reflete no estado do Paraná, o qual tem encara-do o atual cenário como a oportuni-dade de executar políticas de desen-volvimento preocupadas com o cres-cimento sócio-econômico sustentá-vel. Existe atualmente uma diversifi-cação e aprimoramento da produção no estado. As economias do país e do Paraná estão mais sólidas, estando até mais resistentes a crises externas, como é possível perceber nesta atual fase de instabilidade nas bolsas ao re-dor do mundo. Com isso, a tendência é que a economia, tanto do país quan-to do Paraná, continue a crescer nos próximos anos. O reflexo na renda é percebido ao comparar o PIB per ca-pita, que no estado do Paraná passou de R$ 6.847,00 em 2000 para R$ 10.725,00 em 2004. Maior inclusive que o PIB per capita do país, que em 2004 era de R$ 9.729,00.

Detrânsito - Recentemente a frota da cidade de Curitiba chegou a marca de 1 milhão de veículos. Ela tem crescido em média de 0,56% ao mês. E de acordo com dados da A s s o c i a ç ã o N a c i o n a l d o s F a b r i c a n t e s d e Ve í c u l o s Automotores (Anfavea), nos seis primeiros meses de 2007 já foram licenciados mais de 1 milhão de au-tomóveis em todo o Brasil, repre-sentando um aumento de 25% em relação ao mesmo período do ano passado. Quais os indicadores que exercem influência direta no au-mento do consumo da população, em especial do consumo de veícu-los?

Julio Suzuki - No Brasil, diferente dos países desenvolvidos, onde as po-pulações possuem uma renda bem maior e já consomem bastante, o con-sumo aqui ainda é reprimido devido a baixa renda. Assim, qualquer au-mento de renda reflete imediatamen-te em aumento de consumo. Até por fazermos parte de um sistema econô-mico capitalista, o brasileiro tem co-mo característica a alta propensão pa-

ra consumir, em especial veículos au-tomotores. Somado a esses dois fato-res, a diminuição nas taxas de juros faz com que se crie um ótimo cenário para o consumo de veículos, que são produtos cujas vendas têm uma gran-de sensibilidade com o crédito. Com a queda nos juros aumenta-se a ven-da de veículos financiados, princi-palmente de veículos novos. E o cres-cimento da indústria automobilística e das vendas de automóveis estão acontecendo principalmente devido a demanda do mercado interno. Não são as exportações que impulsionam o aumento da produção e da comerci-alização de veículos. Mas isso não significa que exista uma substituição do carro novo pelo antigo, já que este passa para a população de renda mais baixa. Ou seja, isso significa que são mais veículos realmente circulando nas ruas brasileiras.

Detrânsito - Ao contrário da eco-nomia, a população apresenta ta-xas de crescimento cada vez meno-res. O estudo do Ipardes mostra que de 2010 a 2020 a taxa de cresci-mento anual da população deve ca-ir em 55%. Qual a razão dessa tra-jetória da população ser contrária a da economia?

Julio Suzuki - Para entender o por-que da trajetória inversa do cresci-mento da população, pode ser feita uma relação com o crescimento eco-nômico para justificar o baixo cresci-mento populacional. Com um PIB per capita maior e uma política de dis-tribuição de renda bem executada, au-menta-se também o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Regiões de IDH elevado represen-tam e significam aumento da escola-ridade, e por consequência um maior planejamento familiar, ocasionando assim a diminuição das taxas de nata-lidade e de fecundidade. No Paraná, estado com o 6º melhor IDH do país (0,787), a taxa de fecundidade pas-sou de 2,62 em 1991 para 2,3 em 2000. Essa é uma das razões para a população não ter a mesma evolução da economia. Porém, esse fato não é exclusivo do Paraná. Podemos con-siderar um fenômeno nacional e até

mesmo mundial. É preciso ressaltar que existem algumas particularida-des em certas regiões do estado. A Mesorregião Metropolitana de Curitiba (região que compreende também os municípios do litoral do estado), apesar de também apresen-tar baixas taxas de natalidade, ainda assim teve um crescimento populaci-onal grande nos últimos anos. Em 1980 a população dessa mesorregião era de 1.703.787 pessoas, já em 2000 passou para 3.053.313. Isso se deve, principalmente, ao fluxo migratório.

Detrânsito - O fluxo migratório no Paraná aconteceu de maneira mui-to diversificada ao longo da histó-ria. Hoje, como é o fluxo migrató-rio no estado?

Julio Suzuki - Diferente das décadas de 60 e 70, quando muitos paranaen-ses deixaram o estado, hoje acontece o contrário. O fluxo migratório, que é a atração de contingente populacio-nal de outras regiões e de outros esta-dos, é intenso em direção a Região Metropolitana de Curitiba. Só para se ter uma idéia, quase metade da po-pulação que mora em Curitiba não nasceu na cidade. O Censo Demográfico realizado em 2000 pe-lo IBGE revela que a população de Curitiba era de 1.587.315 habitantes. Deste total, 756.799 moradores da ci-dade não eram nascidos na capital pa-ranaense. O mesmo censo mostra que as cidades do entorno de Curitiba tiveram um grande cresci-mento populacional em relação à pes-quisa anterior (1996), como foram os casos de Fazenda Rio Grande (10,91%), Campo Magro (5,99%), São José dos Pinhais (5,43%) e Colombo (5,09%). Uma das razões deste fluxo migratório em direção à Região Metropolitana de Curitiba é o crescimento e a diversificação da eco-nomia desta região, que conta com in-dústrias dos mais variados setores.

Detrânsito - Os crescimentos eco-nômico e populacional atingem di-retamente o trânsito e os sistemas de transportes destas regiões. Qual é a região que apresenta o maior crescimento econômico e demo-

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gráfico, e que por conseqüência também tende a apresentar maio-res problemas e desafios para a ges-tão do trânsito e transporte?

Julio Suzuki - Londrina e Maringá também apresentaram um cresci-mento populacional devido ao fluxo migratório, principalmente durante o ciclo do café e da soja. Mas hoje o crescimento mais significativo acon-tece na Região Metropolitana de Curitiba. Como em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte e outras regiões metropo-litanas, existe o reflexo destes cresci-mentos no trânsito e no sistema de transporte. Com Curitiba não foi dife-rente. Os sistemas de transporte e viá-rio da cidade não atende somente à ca-pital, mas também todas as cidades da região. Afinal, muitas pessoas mo-ram nas cidades metropolitanas e tra-balham em Curitiba e vice-versa. Por isso se faz necessário implementar e aumentar os sistemas de transporte e viário. E como não se trata de apenas um município, o desafio é grande, po-rém não é impossível. Já nas regiões de Londrina e Maringá, e até em ou-tras cidades do interior, apesar do pa-norama diferente de Curitiba, é pre-ciso que já se façam projetos e plane-jamentos de trânsito e transporte, pa-ra que estes locais estejam prepara-dos em caso de um possível inchaço populacional.

Detrânsito - Investimentos em in-fra-estrutura, os quais estão incluí-dos o trânsito e transportes, são in-dispensáveis para o desenvolvi-mento econômico. Como estes seto-res estão sendo contemplados pelos governos federal e estadual?

Julio Suzuki - Com as projeções de crescimento do país torna-se indis-pensável o investimento em infra-estrutura. Em âmbito nacional, hoje existe uma carência de investimen-tos neste setor. Por isso, nos novos planejamentos do governo federal, como é o caso do PAC, percebe-se uma preocupação especial com o se-tor de infra-estrutura. Já foram apre-sentados grandes projetos viários e energéticos. Até porque, a falta des-tes investimentos pode ser um garga-

lo no caminho do crescimento do pa-ís. O Paraná, em comparação com os estados da região Sul, ainda apresen-ta uma infra-estrutura em condições melhores. Mas isso não quer dizer que podemos abrir mão de investi-mentos. O governo do estado tem uma visão bastante ampla do setor es-trutural e vem realizando investi-mentos. As estradas são um bom exemplo, até porque elas ainda são a principal forma de escoamento de mercadorias dentro do Brasil. Existe também os projetos na área ferroviá-ria, setor ainda pouco explorado em nosso país, mas que é altamente efi-ciente tanto para o trânsito de pesso-as como de mercadorias. Estes in-vestimentos se executados em um pe-ríodo de tempo adequado podem ga-rantir bons resultados para a econo-mia do estado e do país.

Detrânsito - Têm-se especulado muito a respeito da vinda da mon-tadora japonesa Toyota para o Paraná. Isso representa perspecti-vas de ampliação da indústria auto-motiva no estado?

Julio Suzuki - Com o aumento da produção, principalmente direciona-da para o mercado interno, apresen-ta-se uma conjuntura favorável e em expansão deste setor. As indústrias si-tuadas no Paraná não fogem a esta re-gra. Percebe-se o aumento da produ-ção dos produtos já existentes e lan-çamento de novos modelos. A ques-tão da Toyota ainda está no âmbito da especulação. Pode existir uma dispu-ta entre os estados para atrair a planta da fábrica. E aí, vai pesar a infra-estrutura oferecida. Em relação a al-guns estados o Paraná tem uma van-tagem neste quesito. Mas também vai contar a proximidade de merca-dos consumidores e até mesmo os in-centivos fiscais, fator sempre deter-

minante nas instalações de indústrias automotivas.

Detrânsito - O biodiesel tem sido assunto recorrente. O que repre-senta para economia o crescimen-to da produção deste tipo de com-bustível?

Julio Suzuki - O Paraná apresenta um cenário promissor neste mercado. O próprio governo tem se mostrado interessado nesta área, e por meio do Tecpar lançou recentemente a planta piloto de uma unidade de pesquisa e desenvolvimento desta tecnologia. O biodiesel é um produto que pode le-var o desenvolvimento não só do combustível, mas também de pesqui-sas em outras áreas científicas e tec-nológicas. Por terem destaques as pes-quisas com soja e cana-de-açúcar aqui realizadas, o Paraná já dispõe de uma razoável estrutura de pesquisa e de know how para desenvolver o bio-diesel no estado. O efeito na econo-mia é multiplicador, pois se desen-volvem todas as atividades que são necessárias para produção do bio-combustível. E o mais interessante é que o desenvolvimento dos bio-combustíveis tem sua força no inte-rior do estado, região que oferece uma boa condição para o desenvolvi-mento de outras tecnologias também. Podendo até fazer com que grandes empresas voltem suas atenções para essa região e não somente para a Região Metropolitana de Curitiba. No interior existem grandes universi-dades públicas e redes de ensino de qualidade, além de outras condições básicas para instalação de indústrias. Seria muito interessante para o interi-or que se desenvolvessem outras ati-vidades industriais além do agro-negócio. Até mesmo porque o interi-or não é apenas sinônimo de agro-negócio.

Ferrovias: alternativa ainda pouco explorada no Brasil.

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Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); Departamento de Trânsito do Paraná (Detran/PR)

* Dados preliminares divulgados pelo IBGE em agosto de 2007** Frota de veículos até o mês de julho de 2007

1.476.253

566.967

1.587.315

674.781

1.788.599*

1.005.066**

1996 2000 2007

População Frota de veículos

Curitiba

9.003.804

1.871.347

9.563.458

2.351.408

10.155.274*

3.846.310**

1996 2000 2007

População Frota de veículos

Paraná

No início dos anos 70, diante da crescente mudança no comportamento econômico do Paraná e das novas tendências da economia no setor agroindustrial, cria-se no estado uma equipe denominada Grupo de Estudos para as Atividades Agroindustriais do Paraná (GEAAIP), vinculada ao Banco de Desenvolvimento Econômico do Paraná (BADEP). Este grupo foi o embrião para o surgimento do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES), que tem a função de estudar a realidade econômica e social do Estado para subsidiar a formulação, execução, acompa-nhamento e avaliação de políticas públicas.O IPARDES hoje é uma autarquia vinculada à Secretaria de Estado do Planejamento e Coordenação Geral (SEPL). Em seus trinta e dois anos de trajetória, as análises do instituto mudaram a maneira de pensar o Estado, procurando entender sua complexa economia, propondo e disseminando a visão do Paraná como uma economia integrada ao espaço econô-mico nacional e internacional, afetada, conseqüentemente, pelos processos que aí ocorrem. Os estudos do IPARDES são referência obrigatória para quem pesquisa o Paraná.

Ipardes pensa o Paraná

PARANÁ

POPULAÇÃO CENSITÁRIA E POPULAÇÃO PROJETADA, SEGUNDO MESORREGIÕES GEOGRÁFICAS - 1970/2000, 2010 E 2020

1970 1980 1991 2000 2010 2020

Noroeste 962.798 746.472 655.509 641.084 616.251 546.507

Centro-Ocidental 528.734 417.452 387.451 346.648 289.425 222.350

Norte Central 1.521.550 1.479.850 1.638.677 1.829.068 1.970.039 1.942.717

Norte Pioneiro 705.957 571.679 555.339 548.190 511.072 433.603

Centro-Oriental 355.253 472.643 547.559 623.356 687.645 680.001

Oeste 752.432 960.709 1.016.481 1.138.582 1.231.310 1.227.917

Sudoeste 446.360 521.249 478.126 472.626 436.795 369.848

Centro-Sul 338.141 453.030 501.428 533.317 533.738 485.965

Sudeste 267.830 302.521 348.617 377.274 383.827 351.922

Metropolitana de Curitiba 1.050.813 1.703.787 2.319.526 3.053.313 3.991.909 4.921.002

PARANÁ 6.929.868 7.629.392 8.448.713 9.563.458 10.652.011 11.181.832

FONTES: Para o período 1970/2000: IBGE - Censos Demográficos; para 2010 e 2020: Projeção IPARDES

NOTA: A data de referência dos Censos de 1970, 1980 e 1991 é 1º de setembro; a do Censo de 2000 é 1º de agosto e

a da projeção é 1º de julho.

PARANÁ

TAXAS GEOMÉTRICAS DE CRESCIMENTO ANUAL DA POPULAÇÃO CENSITÁRIA E DA POPULAÇÃO PROJETADA,

SEGUNDO MESORREGIÕES GEOGRÁFICAS - 1970-2000 E 2000-2020

1970-1980 1980-1991 1991-2000 2000-2010 2010-2020

Noroeste -2,51 -1,17 -0,25 -0,40 -1,19

Centro-Ocidental -2,34 -0,68 -1,24 -1,80 -2,60

Norte Central -0,28 0,93 1,24 0,75 -0,14

Norte Pioneiro -2,09 -0,26 -0,15 -0,70 -1,63

Centro-Oriental 2,90 1,35 1,46 0,99 -0,11

Oeste 2,47 0,51 1,28 0,79 -0,03

Sudoeste 1,56 -0,78 -0,13 -0,79 -1,65

Centro-Sul 2,97 0,93 0,69 0,01 -0,93

Sudeste 1,23 1,30 0,89 0,17 -0,86

Metropolitana de Curitiba 4,95 2,84 3,13 2,74 2,11

PARANÁ 0,97 0,93 1,40 1,09 0,49

FONTE DOS DADOS BÁSICOS: IBGE - Censos Demográficos; Projeção IPARDES

NOTA: Dados trabalhados pelo IPARDES.

PARANÁ

PARTICIPAÇÃO PERCENTUAL DA POPULAÇÃO DAS MESORREGIÕES GEOGRÁFICAS NO TOTAL DO ESTADO - 1970/2020

1970 1980 1991 2000 2010 2020

Noroeste 13,9 9,8 7,8 6,7 5,8 4,9

Centro-Ocidental 7,6 5,5 4,6 3,6 2,7 2,0

Norte Central 22,0 19,4 19,4 19,1 18,5 17,4

Norte Pioneiro 10,2 7,5 6,6 5,7 4,8 3,9

Centro-Oriental 5,1 6,2 6,5 6,5 6,5 6,1

Oeste 10,9 12,6 12,0 11,9 11,6 11,0

Sudoeste 6,4 6,8 5,7 4,9 4,1 3,3

Centro-Sul 4,9 5,9 5,9 5,6 5,0 4,3

Sudeste 3,9 4,0 4,1 3,9 3,6 3,1

Metropolitana de Curitiba 15,2 22,3 27,5 31,9 37,5 44,0

PARANÁ 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

FONTES: Para o período 1970/2000: IBGE - Censos Demográficos; para 2010 e 2020: Projeção IPARDES

NOTA: Dados trabalhados pelo IPARDES.

MESORREGIÃO

GEOGRÁFICA

POPULAÇÃO

Censitária Projetada

MESORREGIÃO

GEOGRÁFICA

TAXA MÉDIA GEOMÉTRICA DE CRESCIMENTO ANUAL DA POPULAÇÃO (%)

Censitária Projetada

MESORREGIÃO

GEOGRÁFICA

DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO (%)

Censitária Projetada

20 21

INFRA-ESTRUTURA

O governador Roberto Requião e o prefeito de Maringa Silvio�Barross II inauguraram�a�passarela�sobre�a�PR�317, obra�que�liga�dois�dos�principais�shoppings�atacadistas�de�vestuário da cidade, o Vest Sul e o Shopping Portal, por onde circulam em média mais de duas mil pessoas por mês, chegando a 6 mil em datas especiais. Por unir os dois shoppings, cortado pela rodovia, a obra já�é�conhecida�pela�população como ³ Passarela da Moda´�

A passarela recebeu o nome do comerciante José�Alves��um�dos�idealizadores do projeto e que morreu atropelado em julho de 2006, dias antes de o governador assinar a ordem de serviço para a execução da obra, que recebeu investimentos de R$ 1 milhão. O Governo do Estado investiu R$ 500 mil, a União R$ 430 mil e a Prefeitura de�Maringá�entrou�com�os�R$ 70 �mil�restantes�

“As coisas acontecem sempre assim. Tem que haver alguém que tome a iniciativa. Alguém criativo, decidido e insisten-te. Hoje, homenageamos o José�Alves�com�essa�passarela��que�serve�de�modelo�para�o�Paraná��Esse�tipo de passarela já�existe�na�Europa��São passarelas comerciais, auto-sustentáveis. Elas existem em Campinas nas vias de auto-velocidade, mas no Paraná�é�a�primeira��É�preciso�que�este�tipo�de�passarela�se�torne�padrão para o Estado´��destacou�o�governador.

Segundo ele, a passarela nos moldes da que foi construída em Maringá�pode�ser�explorada�comer-cialmente��com�a�implantação de lojas e lanchonetes, que vão bancar o custo da segurança do local por 24 horas.

“O modelo é�interessante��pode�ser�estudado�e��com algumas modificações, estabelecer um padrão para o Estado. Confesso que, quando vi o projeto, achei que valia a

Fo

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EC

S

Passarela Maringá ��Passarela�da�Moda��em�Maringá��terá um fluxo de cerca de 6 mil pessoas em datas espe-ciais.

Governo inaugura Passarela da Moda entre pólos de confecções de Maringá�

pena investir nesta obra, por ser uma atitude pioneira dos empresários de Maringá�e�que�merecia�o�apoio�do�Governo�do�Estado´��disse�ainda�Requião.

A passarela tem uma área de 870 metros quadrados, sendo 5,5 de altura e 40 metros de comprimento. Duas torres de concreto foram construídas, sendo que no hall de cada uma delas há�espaço para exposição de peças de vestuários ou até�mesmo�para�exploração comerci-al, como sugeriu o próprio governa-dor.

“Essa passarela é�auto�sustentável, porque é�mantida�pelos�empresários dos dois shoppings

atacadistas. Tudo começou quando levei o projeto ao governador Roberto Requião, que se encantou com a idéia e comentou que todas as passarelas deveriam seguir este modelo. Foi naquele momento que ele destinou recursos, a fundo perdido, para a construção. Em nome da comunidade maringaense, quero agradecer ao governador por esta decisão e estamos felizes com sua presença aqui´��afirmou�o�prefeito�Silvio�Barros�II�

O prefeito fez questão de destacar ainda que o Governo do Estado vem realizando diversas obras em Maringá�e�região, como a duplicação da rodovia PR-317, no

trecho que liga a cidade a Paiçandu. Ele disse ainda que o governador Requião foi decisivo para a inclusão de Maringá�no�PAC���Plano�de�Aceleração do Crescimento, em que o governo federal pretende liberar R$ 25 milhões para a revitalização do Bairro Santa Felicidade. ³ Quero registrar aqui o meu sincero agrade-cimento público ao secretário do Planejamento Enio Verri e principal-mente ao governador Roberto Requião por serem os responsáveis pela liberação desses recursos junto ao governo federal´�

A solenidade de inaugura-ção da passarela da moda contou ainda�com�as�presenças dos secretá-rios Heron Arzua (Fazenda), Valter Bianchini (Agricultura), Luis Mussi (Especial) e Enio Verri (Planejamen-to), do presidente da Associação da Passarela Portal da Moda, Wilson Kuramoto, da presidente do Shopping Vest Sul, Evanisa Maria de Lira, dos deputados Luis Nishimori, Dr. Batista e Odilio Balbinoti, do arcebispo de Maringá��Anoar�Batisti��do�senador�Wilson�de�Campos��do�reitor�da�UEM��Décio Sperandio, e do responsável pela Região Metropolitana de Maringá��João Ivo Kalefi.

22 23

usuários das rodovias paranaenses. ³Não existe motivo para reajustes neste�nível, mesmo porque a gente não vê�tantas�benfeitorias��A�gente�sabe�que�o�fluxo�de�veículos aumenta a cada ano, mas que este aspecto não é�levado�em�conta�pelas�concessionárias´��disse�

Segundo ele, estudos feitos pelo IPEA ±�Instituto�de�Pesquisa�Econômica Aplicada ±�revelam�que�na�Europa�o�lucro�médio das empresas de pedágio gira em torno de 12%, nos Estados Unidos, 15%, e no Brasil, 18%. “Entretanto, a mesma pesquisa mostra que existe no Paraná�uma�empresa�cujo�lucro�chega a 66%. A�pesquisa�não cita o�nome da concessionária, mas não é�difícil imaginar qual seja.”

Kaniak fez questão de destacar que o Sindicato dos Engenheiros do Paraná�tem�³uma posição de muitos anos contrária aos pedágios, por entender que existem verbas suficientes para a manuten-ção das rodovias brasileiras. No Paraná��houve�um�sucateamento�das�rodovias��justamente�para�provocar�a�privatização a partir de 1998."

PEDÁGIO

As tarifas de pedágio cobradas pelas seis concessionárias, que exploram o chamado Anel da Integração, tiveram aumento real de 30,22% acima do IPCA ±�Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, índice oficial do governo federal para medição das metas inflacionárias.

O índice de reajuste médio aplicado pelas concessionárias, de junho de 1998 a junho de 2007, foi de 136,27%, bem acima da inflação do período medida pelo IBGE. A consta-tação foi feita por técnicos do Dieese - Departamento�Intersindical�de Estatística e Estudo Socioeconômico.

A pesquisa encomendada pelo Senge-PR ±�Sindicato�dos�Engenheiros�do�Estado�do�Paraná�±�revela�que�o�reajuste�mais�elevado�ficou�por�conta�da�praça 1, da Ecovia, no município de São José�dos�Pinhais (caminho das praias), onde a tarifa subiu de R$ 3,80 para R$ 10,90. O índice aplicado pela concessioná-ria foi de 186,84%, ou seja, 58,09% acima da inflação.

A Econorte, que explora a Praça 2, em Jataizinho, no Norte do Estado, aumentou a tarifa de R$ 3,70 para R$ 9,50��O�índice de reajuste foi de 156,76 (41,51% acima da inflação). A tarifa da praça 5 da Rodonorte, em Tibagi, passou de R$ 2,80 para R$ 6,40 (128,57%, ou seja, 25,98% acima da inflação). A Viapar também aplicou reajuste acima da inflação (18,84%) em sua tarifa na praça 5, em Campo Mourão. A tarifa passou de R$ 3,20 para R$ 6,90.

A concessionária Rodovia das Cataratas fez sua tarifa da praça 3, em Cascavel, saltar de R$ 3,00 para R$ 6,20 (106,67%), com um aumento real de 13,90%. A Caminhos do Paraná��em�sua�praça 4, no município de Imbituva, reajustou a tarifa de R$ 2,80 para R$ 5,70 (103,57%). O índice foi superior a

Tarifas de pedágio têm aumento real de 30,22% acima da inflação�

inflação do período em 12,20%.Para o secretário estadual de

Transportes, Rogério Tizzot, a pesquisa divulgada pelo Dieese é�mais�uma�comprovação do ³absurdo que foi a implantação dos pedágios no Paraná��porque�além da retirada de benefícios, as concessionárias tiveram o direito de acréscimos acima dos reajustes de contrato pelo acordo firmado no Governo Lerner. Esses acréscimos foram programa-dos para valerem a partir de 2003. Ou seja, ele deixou a ³bomba relógio´�para�o�Governo�Requião´�

Tizzot destacou que o atual governo, por considerar que as tarifas são exorbitantes��³não autorizou nenhum reajuste a partir de 2003. Assim, todos os reajustes aplicados pelas concessionárias foram por decisão judicial. O Governo do Estado continua com ações na Justiça para reduzir o valor das tarifas´��finalizou�

O presidente do Sindicato dos Engenheiros do Paran��Ulisses�Kaniak ao tomar�conhecimento�da�pesquisa�de�preços do Dieese, disse que a entidade entende que existe um abuso das concessionárias contra os

Tarifas de pedágio têm aumentos abusivos no Paraná

O aumento acentuado da frota automobilística nos últimos anos está saturando nossas ruas, avenidas, provocando enormes congestionamentos, tornando o tempo médio de deslocamento entre um ponto e outro de uma grande cidade cada vez maior, principal-mente nos horários de pico, que são no início da manhã e final da tar-de.

Segundo as estatísticas realizadas pelo DETRAN / PR (2006), a frota de veículos só na cidade de Curitiba aumentou 6,21% de 2005 para 2006 e estima-se que neste ano ela chegue a um milhão de veículos, concluindo que para cada dois habitantes um possui veículos.

Com o aumento da frota, causando congestionamentos, maior poluição sonora provocada por motores e buzinas, motoristas imprudentes e pedestres que não respeitam as regras de circulação, espera-se também o aumento de estresse e conseqüentemente o aumento dos índices de acidentes, provocados principalmente por falha

Cassemira de F. da Maia Kopycki CRP 08/04164Psicóloga Perita e Especialista em Trânsito e Saúde Mental PUC/PRAtuando no Setor de Avaliação Psicológica convênio PUC/DETRAN-PR

humana, fazendo com que o compor-tamento agressivo de um motorista desencadeie a agressividade do outro, resultando num quadro caótico de motoristas mal-humorados, agredin-do-se mutuamente , aumentando mais a violência urbana.

H E N N E S S Y E WIESENTHAL (1997, citado por Presa, 2002), têm realizado estudos sobre o estresse, mensurando a predisposição ao mesmo e as reações dos motoristas ao passar pela experiência de condições de conges-tionamento no trânsito e encontra-ram uma grande variedade de comportamentos direto e indiretos provenientes dos motoristas em situações de grandes congestiona-mentos, enfrentando também comportamento provocativo de outros motoristas ou pedestres, xingamentos, palavrões, ofensas morais, etc. Concluem que o estresse ao volante está se tornando uma síndrome típica em motoristas de grandes centros urbanos que usam o automóvel diariamente.

Para VASCONCELOS

(1998), o trânsito é uma disputa pelo espaço físico, que reflete uma disputa pelo tempo e pelo acesso ao equipamentos urbanos é uma negociação permanente do espaço, coletivo e conflituoso. E essa negociação, dadas as características de nossa sociedade, não se dá entre pessoas iguais: a disputa pelo espaço tem uma base ideológica e política; dependendo de como as pessoas se vêem na sociedade e de seu acesso real ao poder.

Nessa disputa pelos espaços surgem divergências de idéias, de valores, de cultura. E a negociação que deve ocorrer no trânsito nem sempre acontece. Os condutores ficam então, nervosos, ansiosos e estressados, traçando um caminho para a luta e a agressividade no trânsito.

De acordo com STORR (1970), não pode haver dúvida de que o homem também é um animal territorial. Mesmo em circunstâncias tão remotas do primitivo como na civilização ocidental contemporâ-nea, a área rural é demarcada por

ARTIGO

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COMPORTAMENTO

Jornais do país inteiro noticiaram o caso do pai que se negou pagar fiança para o filho que dirigia embriagado e sem habilitação pelas ruas de Londrina. Rodolfo Martins (22) foi abordado pela polícia, tentou fugir, bateu em alguns carros que estavam estacionados e capotou a camioneta pertencente a seu pai, Juraci Martins (56). Rodolfo foi preso em flagrante por cometer o crime de dirigir embriagado, conforme o previsto no artigo 165 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB).

Ju rac i , quando f i cou sabendo que seu filho havia tomado o veículo alcoolizado, chamou a polícia para detê�lo��³Eu me preocu-pei quando soube que ele estava bêbado e tentei evitar uma tragédia. Quando cheguei no local ele já�estava�no�camburão´��Rodolfo�não possui habilitação. ³Ele perdeu a permissão dele por cometer infra-ções e depois não conseguiu mais passar nos testes do Detran´��conta�o�pai�

Rodolfo havia tomado um calmante antes de ingerir bebida alcoólica. ³Ele pegou o carro escondido e depois disse que só queria dar uma voltinha com o carro. Além de bêbado, imagine se ele mata uma pessoa´��diz�Juraci. ³Ingerir medicação e em seguida bebida alcoólica pode potencializar o efeito da droga. Provavelmente ele não contava com total consciência do perigo que estava exposto devido ao efeito do remédio, que não deixa de ser uma droga´��explica�a�psicóloga Simone Silvana Lazaroto Scettini.Fiança - A família de Rodolfo se negou a pagar a fiança de R$ 500,00 para tirá�lo�da�cadeia�e�com�isso�o�

Por amor ao filhoJovem foi preso em flagrante por dirigir embriagado e pais negaram-se a pagar a fiança

fato�tornou�se�conhecido�nacional-mente��³Jogamos tudo em cima dele, acredito que foi uma ótima lição´��diz�Juraci��Mais�tarde�Rodolfo�saiu�da�cadeia�por�causa�de�uma�liminar�que�lhe�garantiu�a�liberdade��

Após sair da prisão, o jovem afirmou que o pai agiu corretamente, pois assim ele teve a oportunidade de refletir sobre tudo o que fez de errado. Rodolfo já voltou ao trabalho e, segundo seus familiares, ele está�se�apegando�a�Deus�e�aceitando�a�ajuda�da�família.

Rodolfo não foi internado em uma clínica para se libertar do vício da droga, apenas está freqüen-

tando um centro de tratamento. ³A família agiu certo em todos os momentos, desde a repressão até�o�momento�em�que�buscou�ajuda��mas�vai�errar�se�não incentivá�lo�a�ir�para�uma�clínica de recuperação, pois é quase um milagre uma pessoa se libertar de vícios sozinha´��acredita�Simone�

Rodolfo foi indiciado pelo artigo 306 do CTB, que prevê de seis meses a três anos de detenção, multa e proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir, ou seja, Rodolfo ficará impedido de se reabilitar pelo tempo que o juiz determinar, ou caso tenha consegui-

Juraci Martins: ³ Eu sofri no coração, mas é meu filho quem sentiu na pele o efeito de uma má atitude e se fosse preciso faria tudo de novo´

Vanussa Popovicz

REFERÊNCIAS

ABRAMET Associação Brasileira de Medicina de Tráfego. Medicina de tráfego : 101 perguntas e respos-ta. 1.ed. São Paulo, 2002.

PRESA, Luís Alberto Passos. Mensuração da raiva em motoristas: STAXI, São Paulo: Vetor, 2002.

STORR, Anthony. A agressão humana. Tradução de Edmond Jorge. Zahar editores, Rio de Janeiro, 1970.

VASCONCELOS, E. O que é trânsito? 3.ed. Coleção Primeiros Passos. São Paulo: Brasiliense, 1998.

cercas e tapume de varas ou ripas, muitas das quais exibem avisos dizendo que os “Invasores serão processados”; e o ingresso em nossas casas de pessoas não-autorizadas é tão ressentido quanto a perda de qualquer propriedade que elas possam esconder. A presença de um estranho no jardim geralmente é considerada como uma ameaça ou, pelo menos, como uma circunstân-cia que exige investigação.

Como os outros animais, o homem também reage com maldade à superaglomeração. Embora, na civilização adiantada, o amontoa-mento de gente nas cidades não leve, forçosamente, à escassez de alimen-to, talvez existam traços de agressi-vidade que outrora serviam para espaçar tanto os indivíduos como grupos de homens. Aqueles dentre nós que vivem em cidades aprendem a se acomodar, em certo grau, ao tipo de congestionamento que parece ser uma conseqüência inevitável da urbanização; quanto mais amontoa-dos ficamos, maior a facilidade com que tendemos ao ressentimento mútuo, favorecendo ao descontrole do impulso agressivo.

É verdade também que algumas pessoas se alteram com maior facilidade quando estão na direção de um veículo, muitas vezes elas nem estão totalmente consci-entes dos fatores que estão gerando o seu estresse. Também é importante destacar que nem todo o tipo de estresse tem de ser necessariamente negativo para a condução, já que este pode ajudar, em alguns momentos, no estado de alerta e reação que se necessita para o manejo dos veículos ou para evitar um acidente. O estresse não é mais que uma resposta adaptativa do organismo a situações em que seja necessária uma tomada de decisão. Geralmente esta decisão envolve respostas vigorosas, rápidas e que tem por finalidade o retorno ao equilíbrio.

O cortisol é o hormônio do estresse e seus níveis aumentam e diminuem ao longo do dia, apresen-

tando um pico pela manhã. Este hormônio tem um papel preponde-rante na regulação do metabolismo, da pressão arterial, da função cardiovascular e da atividade imunológica. O cortisol ajuda o organismo a responder ao estresse, mobilizando-o para uma atividade intensa. Quando produzido em níveis excessivos, em conseqüência do estresse crônico, sobrecarrega o sistema cardiovascular, o cérebro, o metabolismo e as demais funções corporais.

O motorista deve ficar alerta para o estresse crônico, o estresse de longo prazo (os negati-vos; conseqüência de situações consideradas altamente estressantes, como por exemplo : a morte de um ser querido, mudança de emprego, divórcio, etc.). Estes são geralmente geradores de maiores níveis de hostilidade e de comportamentos competitivos, manifestações de agressividade direta em relação a outros condutores aumentando a predisposição para uma condução imprudente, com tendência à tomada de decisões mais perigosas do que a habitual ou com menor valoração e percepção de risco.

Segundo os especialistas em Medicina de Tráfego (ABRAMET 2002), o organismo tende a reagir ao estresse através de quatro estágios : alerta, resistência, exaustão e falência, causando sérias consequên-cias fisicas e emocionais.

O organismo pode diante de uma situação estressante reagir “enviando mensagens”, de tensão muscular nos braços e cintura escapular, sensação de aperto no estômago, taquicardia, rubor facial, insônia, cefaléia, lombalgia, etc.

Assim ,caracterizando a fase de exaustão, e como não é possível modificar o trânsito, temos que aprender a conviver com situações estressantes durante a nossa vida, então, os especialistas em Medicina de Tráfego passam algumas reco-mendações para diminuir o estresse no trânsito :

- Saia com antecedência de casa;- Procure caminhos alternativos, evitando grandes avenidas, de trânsito intenso;- Quando tiver discussão, no trabalho ou em casa, evite sair de casa;- Procure ouvir música calma e relaxante, em volume condizente, confortável, não ouça o noticiário do rádio. Começar o dia bombardeado por notícias deprimentes sobre corrupção e desvios de verbas é meio caminho andado para piorar seu estado de espírito.- Deixe o ar condicionado ligado, mesmo com a janela um pouco aberta;- Conte até dez antes de responder a insultos e fazer gestos obscenos, não descarregue sua ira nos outros. Procure ser mais tolerante com as barbeiragens dos outros motoristas, evite revidar, fechadas, xingar, respeite os pedestres, eles estão desprotegidos em relação a você. - Faça exercício respiratórios, inspirando e expirando lentamente, “sinta o ar entrar em seus pulmões”;- Aproveite o trânsito parado para planejar seu fim de semana ou férias;- Evite manter o pé fixo na embrea-gem e faça exercícios com os pés.

Procure ser solidário no trânsito

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Publique seu artigo acadêmico na Detrânsito

[email protected]

do a reabilitação antes da sentença, ficará suspenso do direito de dirigir conforme o que estiver previsto na pena.

A família de Rodolfo está animada com a recuperação do jovem. “Graças a Deus tudo está indo bem. Eu sofri no coração, mas é meu filho quem sentiu na pele o efeito de uma má�atitude. Caso�fosse�preciso, eu�faria�tudo�de�novo, pois�foi�só assim que consegui ver uma luz no fim do túnel”, diz�Juraci�� Comportamento ±�Simone explica que a correção deve ocorrer na infância e não na adolescência como aconteceu com Rodolfo. ³O correto é repreender a criança e explicar por que ela não pode ter aquele determinado comportamen-to´��Mas�só repreender não é suficiente. A criança tem que entender a situação, caso contrário, isso pode ocasionar várias conse-qüências futuras. ³Colocar limites nas atitudes das crianças, impor horários para os pré�adolescentes�quando�eles�forem�sair�de�casa�é a melhor atitude que um pai pode tomar para ter controle e conhecer o filho. É importante também não deixar de ligar para ver se o filho está bem. Manter o diálogo ajuda a ganhar mais intimidade na vida do filho, garante a amizade, confiança e abre a oportunidade de se saber com quem a criança ou adolescente anda, como ele realmente é�e�o�que�faz´��completa�

Para a psicóloga, antiga-mente as famílias eram mais nume-

rosas e os problemas com o mau comportamento dos filhos eram menores. ³Atualmente há o oposto desta situação, em que as famílias são pequenas e os desvios sociais, morais e éticos são maiores´��

Simone explica também que alguns psicólogos consideram a punição uma maneira de educação, outros dizem que punir não educa. ³É o caso das multas. Há duas situações, a punição administrativa com uma pontuação na habilitação e também a financeira com um determinado

Simone Scettini: ³' esvios sociais, morais e éticos são maiores do que antigamente´�

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valor, mas tudo isso não significa que a pessoa vá mudar o comporta-mento, ela apenas evita certas atitudes. O correto, na minha opinião, não é aplicar o curso de reciclagem para os condutores que atingem os 20 pontos, mas trazê�los�a�sala�de�aula�antes�de�atingirem�a�pontuação máxima para que haja uma preven-ção e educação antes deles chegarem ao limite que é a reciclagem´�

EDUCAÇÃO

Durante a apresentação do programa Fica Comigo da Secretaria de Estado da Educação (SEED), realizada no Colégio Estadual do Paraná��em�Curitiba��foi�apresenta-do�o�projeto�³Comunidade e Trânsito´�desenvolvido pelo Detran/PR. Assim como ocorreu em 2 0 0 6 , a s m o b i l i z a ç õ e s d o

“É interesse de toda a população que os acidentes de trânsito possam ser reduzidos”�

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Detran/PR investe em Educação para o Trânsito

Projeto ³Comunidade e Trânsito´�serviu�como�base�para�a�criação de

outro programa voltado para crianças e adolescentes

³Comunidade e Trânsito´�serão realizadas em conjunto com o projeto Fica Comigo, na etapa de sensibilização.

Durante as reuniões deste projeto, que acontecem nos núcleos regionais de educação (NRE), além do principal tema de debates, evasão escolar, serão abordados também

temas como trânsito, violência e trabalho infantil. ³Aproveitamos o projeto Fica Comigo, que debate o tema evasão escolar com vários segmentos da sociedade, para apresentar o nosso projeto. Afinal é interesse de toda população que os acidentes de trânsito possam ser reduzidos´��conta�Maria�Helena�

Apresentação de dança na Semana Nacional de Trânsito

28 29

Gusso�Mattos��coordenadora�da�Divisão de Educação para o Trânsito do Detran/PR.

A intenção do Detran/PR, com a realização do projeto Comunidade e Trânsito é a criação de comissões de trânsito, nos municípios paranaenses, e também a conscientização da comunidade sobre os riscos que o trânsito traz, principalmente para as crianças. O Detran fornece suporte para a formalização desta comissão, repassando conhecimento e técnicas para servirem de base para o estudo e análise do trânsito da cidade ou região. ³Antes de tentar solucionar um problema grave de trânsito, é importante identificar tudo que o envolve: incidência, locais de ocorrência e demais fatores, que quando identificados facilitam na solução dos problemas. Um bom exemplo da aplicação destas técnicas é a identificação de quais ruas localizadas no entorno de escolas e colégios apresentam maior número de acidentes de trânsito´��conta�o�diretor�geral�do�Detran�PR��coronel�David�Antônio Pancotti.

³Os problemas do trânsito refletem-se diretamente na escola. Uma criança que sofre um acidente de trânsito tem grandes chances de apresentar queda em seu rendimento escolar, visto que o mais simples dos acidentes pode fazer com que ela seja obrigada a faltar aulas para realizar o devido tratamento médico. E, se a lesão é�mais�grave��ela�tem�seu�desenvolvimento�prejudicado��devido�às seqüelas do acidente, podendo até ser mais um motivo para o afastamento das crianças dos bancos escolares, agravando o problema da evasão escolar. Por isso é� importante�que�exista�uma�mobilização de todos os cidadãos para se construir um comportamento consciente e cooperativo no trânsito´��explica�Maria�Helena�Mattos�

No final de cada evento o Detran/PR vai distribuir um kit disponibilizando a palestra em DVD e uma cartilha que explica de que forma a comunidade pode criar uma comissão para buscar soluções no trânsito do município. As secretarias

de educação de cada cidade também receberão um kit, voltado para o professor, com material educativo sobre o trânsito, para que se possa trabalhar o tema em sala de aula.

D o s 111 m u n i c í p i o s visitados em 2006 durante a etapa de sensibilização do projeto, surgiram 22 comissões, que já estão formadas e cadastradas junto ao Detran/PR. A expectativa é de que o número de comissões dobre até�o�final�do�ano�Comunidade e Trânsito Jovem

Neste ano também foi lançado o programa ³Comunidade Trânsito Jovem´��³Este novo projeto surgiu na esteira do sucesso do Comunidade e Trânsito��e�também atenderá as necessidades dos adolescentes e crianças, posto que este grupo é�um�dos�mais�afetados�pelos�acidentes�de�trânsito´��diz�Christofer�Borges�da�Cruz��funcio-nário da Coordenadoria de Educação para o Trânsito (COET) e integrante da equipe que coordena o projeto.

O ³Comunidade Trânsito Jovem´�utilizará as mesmas ferra-mentas do ³Comunidade e Trânsito´��só que agora voltadas para o grupo formado por crianças e adolescentes. As es t ru turas dos Grêmios Estudantis servirão como base para expandir o projeto entre os jovens paranaenses. Nos dias 29 e 31 de agosto foram realizadas duas apresentações deste projeto nos NRE da Região Norte Metropolitana de C u r i t i b a e d a R e g i ã o S u l Metropolitana de Curitiba.��

INTERNACIONAL

No país do Porsche, BMW e Mercedes, um outro meio de transporte divide espaço com os carros nas ruas alemãs: a bicicleta, ecológica e econômica. Em Bonn, o representante da associação de c i c l i s t a s (ADFC) Johannes Frech,estima que 20% dos habitan-tes da cidade utilizem a bicicleta como principal meio de transporte. Ou seja, dois de cada dez moradores da antiga capital alemã�pedalam�até�o�trabalho��vão à�escola�de�bicicleta�e�se�locomovem�sobre�duas�rodas�para�fazer�pequenas�compras�no�supermercado�

Mas esse cenário não é�exclusivo�de�Bonn��A�bicicleta�corresponde a 9% dos veículos no trânsito no país e estima-se que em todo o território alemão circulem mais de 78 milhões de bicicletas ±�uma�vez�e�meia�a�quantidade�de�carros�do�país.

Mas não basta pegar a bicicleta e sair pedalando. O ciclista que não quiser ser multado tem que possuir certos acessórios básicos: buzina, farol dianteiro e traseiro se

andar à�noite��além de refletores nas rodas para prevenir os motoristas da presença do ciclista.

Além disso, quem estiver sobre duas rodas deve respeitar regras de trânsito semelhantes às�impostas�aos�motoristas�de�carro��Como�há�poucas�ciclovias�nos�moldes�de�outras�cidades��como�Colônia, geralmente as bicicletas dividem as ruas de Bonn com os carros. Apenas crianças podem pedalar nas calçadas. O que há�em�

várias ruas é�uma�área preferencial ou exclusiva para o uso de bicicletas.

Bicicletas para todos os gostosO preço de uma bicicleta

básica, com um�cesto para o trans-porte de sacolas e os acessórios obrigatórios, varia entre 300 e 2000 euros. Mas quem�quiser mais conforto e um design original ±�e se dinheiro não for problema ±�pode�optar�pela�Scorpion��A�principal�diferença deste modelo, que custa entre 4 mil e 8 mil euros, são as três rodas e o banco com encosto inclinado,�que deixa o ciclista quase deitado.

As�mães, mesmo de recém-nascidos, também possuem opções para pedalar sem deixar a criança em casa. Existem carrinhos para bebês que são encaixados na bicicleta e custam entre 300 e 600 euros.

Mas quem estiver só�de�passagem�pela�cidade��pode�alugar�uma�bicicleta por uma tarifa diária que varia entre 7 e 15 euros. Pela opção mais cara, conhecida como Call a bike��a�pessoa�telefona�para�

Ciclitas utilizam faixas exclusivas e evitam acidentes na Europa

Bicicleta, veículo popular para cotidiano e turismo

Dois de cada dez

habitantes de Bonn

utilizam a bicicleta

como principal meio

de transporte.

Essa realidade não

é exclusiva da cidade,

a bicicleta é

a principal forma

de locomoção de 9%

dos alemães

Maria Helena: "É interesse de toda a população que os acidentes de trânsito possam ser reduzidos"

COMUNIDADE & TRÂNSITO JOVEM03/10 ±�Maringá�Apucarana04/10±Londrina��Cornélio Procópio05/10 ±�Jacarezinho�Ibaiti15/10 ±�Ponta�Grossa��Irati16/10 ±�Paranaguá29/10 ±�Foz�do�Iguaçu/Cascavel30/10±Dois�Vizinhos��Francisco�Beltrão31/10 ±�Pato�Branco�Laranjeiras�do�Sul05/11 ±�Paranavaí�Loanda06/11 ±�Cianorte�Umuarama

COMUNIDADE & TRÂNSITO24 e 25/09 ±�Telêmaco Borba27 e 28/09 ±�Região Metropolitana Sul09 e 10/10 ±�Guarapuava23 e 24/10 ±�Wenceslau�Braz25 e 26/10 ±�Ibaiti05 e 06/11 ±�Cornélio Procópio07 e 08/11 ±�Jacarezinho

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to: P

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rodas. A bicicleta está�inserida�na�realidade�alemã�como�meio�de�transporte�cotidiano�e�jeito�alternati-vo�de�fazer�turismo��(dWelle)

0700 05 22 55 22��informa�os�dados�do�cartão de crédito e recebe um número. Com esse código, ela desativa a tranca eletrônica de uma das bicicletas das estações de aluguel.

A outra opção é�alugar�uma�bicicleta�na�Radstation��uma�oficina�e�estacionamento�de�bicicletas�financiada�pelo�governo�alemão e a fundação Caritas. Como o objetivo da instituição não é�o�lucro��mas�oferecer�trabalho�a�jovens�desem-pregados��não apenas o aluguel é�mais�barato��como�todos�os�outros�serviços. O conserto de bicicletas é�cerca�de�50��mais�barato�do�que�nas�outras�oficinas�de�Bonn�e�a�diária do estacionamento custa apenas 80 centavos de euro.

Mas a bicicleta não é�usada�apenas�dentro�das�cidades��O�Escritório de Turismo de Bonn oferece mapas para turistas que

Bonn: 20% da população utiliza a bicicleta como meio de transporte.

No total, 10,6 mil bicicle-tas estão sendo colocadas à�disposição dos parisienses em 750 “estacionamentos" espalhados pela cidade. O sistema, chamado Vélib, começou a funcionar em julho. É�preciso�pagar�uma�assinatura, que�pode�ser�anual��semanal�ou�diária, o que permite que os turistas também aluguem as bicicletas.

O valor da assinatura diária é�de�apenas�1�euro, menos�do�que�uma�passagem de metrô�ou�de�ônibus, que custa 1,50 euros. Todas as opções de assinatura permitem utilizar a bicicleta gratuitamente durante meia hora. Acima desse prazo, deve ser pago um suplemen-to. A bicicleta pode depois ser devolvida em qualquer um dos inúmeros estacionamentos do sistema Vélib. Lotação - O objetivo da prefeitura é que as pessoas utilizem o sistema como um meio de transporte e não conservem a bicicleta o dia inteiro.

Paris aluga bicicletas para aliviar trânsito

"Além de desestimular o uso de carros e diminuir a poluição, o Vélib também tem o objetivo de reduzir a lotação nos metrôs e ônibus", disse à�BBC Brasil Bernard James�da�direção dos Transportes da prefeitura de Paris.

Segundo ele, 371 km de ciclovias foram construídos na capital nos últimos anos. A prefeitura também já�anunciou�que�o�número de bicicletas do sistema Vélib irá�praticamente�dobrar, de 10,6�mil�atualmente�para�20 mil, até�o�final�do�ano�

O prefeito de Paris Bertrand Delanoë declarou�uma�verdadeira�guerra�aos�motoristas�da�capital. Desde�que�assumiu�o�cargo, em�2001, ele�vem�realizando�inúmeras medidas para diminuir o fluxo de carros na cidade.

A prefeitura reduziu, por exemplo, o número de pistas utilizadas pelos carros em grandes avenidas e ruas centrais para construir faixas de ônibus e ciclovias.

Diminuiu também o número de vagas de estacionamento para os carros nas ruas.Queda no fluxo

D e a c o r d o c o m o responsável pela direção dos Transportes de Paris, o fluxo de carros que circulam diariamente na capital diminuiu 20% desde 2001. O número de ciclistas na cidade, segundo James, aumen-tou 46% nesse mesmo período. Cerca de R$ 1 bilhão já�foram�investidos�em�diversas�obras�para�reduzir�o�fluxo�de�carros�em�Paris.

M u i t o s m o t o r i s t a s entrevistados pela BBC Brasil aprovam o aspecto ecológico da iniciativa, mas criticam o fato de que ciclovias sejam construídas em áreas de tráfego intenso. Segundo eles, isso piora ainda mais o trânsito na cidade, já�que�há�menos�pistas�para�os�carros��(BBC)

Daniela Fernandes

NOTAS INTERNACIONAIS

30

optarem por conhecer a região pedalando. Numa das livrarias da cidade, pode-se encontrar cerca de 70 guias diferentes para viajar pelos quatro cantos do mundo sobre duas

Trânsito e a chance de infarto

Uma pesquisa européia descobriu que pessoas que enfren-tam congestionamentos de trânsito têm três vezes mais chance de sofrer um ataque cardíaco do que as que não passam por essa situação. Os cientistas estudaram centenas de ataques cardíacos e concluíram que quase um em cada 12 casos estão ligados com o trânsito. Mulheres e homens com mais de 60 anos correm um risco maior.

O estudo foi divulgado na publicação médica New England Journal of Medicine. Os pesquisado-res dizem ser necessário pesquisar mais para descobrir se os ataques são ligados ao stress ou à exposição a altos níveis de poluição. Eles ouviram 691 voluntários, sobrevi-ventes de ataques cardíacos entre 1999 e 2001. Os pacientes fizeram um resumo de suas atividades nos quatro dias que antecederam seus ataques.

Ficar preso em um congesti-onamento de trânsito pareceu aumentar o risco de ataque, indepen-dente do tipo de transporte usado. Ataques do coração se mostraram 2,6 vezes mais comuns para pessoas em automóveis, 3,1 vezes para quem estava usando transporte público e 3,9 mais alto para ciclistas.

Pelo fato de pessoas usando transporte público pareceram estar em risco, os pesquisadores acreditam que o stress não deve ser o único fator. Escrevendo na publicação, os pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa para o Meio-Ambiente e Saúde em Neuherberg disseram que “dado o que sabemos, é impossível determinar a contribuição relativa de fatores de risco como o stress e poluição do ar relacionada com o tráfego”. (BBC)

Carro sem motorista

A cidade de Daventry, na Grã-Bretanha, está apresentando a moradores protótipos do "cybercar",

um veículo sem motorista. A idéia da prefeitura é colocar os carros à disposição do público para que funcionem como táxis, levando as pessoas diretamente a seus destinos ao longo de uma rota pré-determinada. Os carros são guiados por computador e utilizam raios laser para detectar obstáculos no caminho. O aeroporto de Heathrow deve ser o primeiro a adotar a idéia, quando inaugurar seu quinto terminal - os carrinhos deverão ligar o local ao estacionamento. (BBC)

Acidentes matam 400 mil jovens

Acidentes de trânsito são a principal causa mundial de morte de jovens entre 10 e 24 anos, de acordo com o relatório Youth and Road Safety (Juventude e Segurança no Trânsito, em tradução livre), da Organização Mundial da Saúde (OMS). Todos os anos, quase 400 mil jovens morrem nas ruas e nas estradas do mundo, segundo o levantamento. Mais da metade das vítimas vive na África e no Sudeste Asiático.

Segundo o relatório, jovens em pior situação financeira estão mais expostos aos riscos de morrer em uma colisão. Os homens também têm mais chances de morrer do que as mulheres. No geral, todos os anos, cerca de 1,2 milhão de pessoas de todas as idades morrem em acidentes rodoviários. De acordo com a OMS, o custo anual dos acidentes é de US$ 528 bilhões (mais de R$ 1 trilhão). Nos países de rendimentos baixos e médios, esses gastos ficam entre

US$ 65 bilhões e US$ 100 bilhões (entre R$ 132 bilhões e R$ 204 bilhões). “A falta de segurança nas nossas estradas se tornou um importante obstáculo para a saúde e o desenvolvimento”, disse Margaret Chan, diretora-geral da OMS. “Nossas crianças e jovens estão entre os mais vulneráveis. As colisões rodoviárias não são ‘aciden-tes’. Nós precisamos desafiar a noção de que são inevitáveis e abrir espaço para uma ênfase pró-ativa e preventiva.”

De acordo com editorial da revista médica The Lancet, as vítimas fatais nos países menos desenvolvidos tendem a ser pedes-tres, ciclistas, motoqueiros ou passageiros, já que "a infra-estrutura urbana e de transportes não é preparada para usuários não-motorizados das ruas, que são obrigados a dividir o espaço com carros, ônibus, caminhões e anima-is". "As mortes e ferimentos no trânsito são uma pandemia, especial-mente entre pessoas jovens", acrescenta o editorial. "A solução individual está em algo que é talvez uma das coisas mais difíceis de serem mudadas: o comportamento humano."

“Os acidentes de trânsito afetam desproporcionalmente os jovens. O ensino de segurança rodoviária desde uma idade bastante jovem deve se tornar uma prioridade, com adultos dando um bom exemplo o tempo todo", concluiu a revista. (BBC)