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FECHAMENTO AUTORIZADO PODE SER ABERTO PELA ECT Deus viu tudo o que tinha feito: e era muito bom. Gn 1, 31

Deus viu tudo o que tinha feito: e era muito bom.guaxupe.org.br/wp-content/uploads/2018/06/jornal_comunhao_julho... · ação concreta da Igreja no Brasil, quanto a reflexão do próximo

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Deus viu tudo o que tinha feito: e era muito bom.

““Gn 1, 31

“Tomai, Senhor, e recebeiToda a minha liberdade, a minha memória também.

O meu entendimento e toda a minha vontadeTudo o que tenho e possuo, vós me destes com amor.

Todos os dons que me destes, com gratidão vos devolvoDisponde deles, Senhor, segundo a vossa vontade.

Dai-me somente, o vosso amor, vossa graçaIsto me basta, nada mais quero pedir”

[Santo Inácio de Loyola, fundador dos jesuítas]

O ser humano é um local privilegiado onde a graça divina atua. Na essên-cia humana está a marca do Criador

que o institui seu legítimo cooperador. A missão humana nasce de sua criação e na maturidade dos dons possibilitados pela ação do Espírito Santo que o qualifica com inúmeras habilidades para transformar sua realidade. Porém, a cicatriz do pecado im-pede que o homem desenvolva, de modo puro e justo, a tarefa a qual a Trindade lhe confiou.

Nesta edição, o jornal apresenta duas áreas de ação centrais para a humanidade: o meio ambiente e a sociedade. A Igreja tem refletido e atuado profundamente so-bre essas duas realidades vitais para a ga-rantia da vida humana e da convivência so-

cial. Sem uma dessas realidades, o homem estaria diante de limitações graves. Sem uma sociedade justa e fraterna, tudo o que se construiu historicamente sofre ameaças, e aqui estão os direitos humanos, a econo-mia, a política e a cultura. A humanidade se desumaniza ao se ameaçar o tecido social que a mantém. Do mesmo modo, a Casa Comum e todos os seus recursos naturais que tornam possível a vida no planeta em nível mais essencial. Tanto os projetos atendidos pelos Fundos de Solidariedade, ação concreta da Igreja no Brasil, quanto a reflexão do próximo Sínodo dos Bispos, ao olhar sobre a Amazônia, indicam a pre-ocupação da Igreja, em seu duplo papel de Mãe e Mestra, em lutar pela humanidade, oferecendo-lhe luzes e alimento.

Outras editorias destacam: a valoriza-ção do papel das famílias como espaço de diálogo e consolidação dos valores hu-manos, com o auxílio da Amoris Laetitia, o Caminho de fé dos discípulos no Evangelho de São Marcos; as características bíblicas e teológicas do Dízimo e a conscientização das comunidades; e, ainda, a postura da Conferência dos Bispos sobre as eleições deste ano.

Chamados a ser Sal e Luz, os cristãos devem incidir de modo constante e sutil no mundo, transformando todas as realidades em que se inserem. Ao agir de modo livre e autêntico, a figura de Cristo resplandece em seus rostos e suas ações.

editorial

voz do pastor

expediente

Em toda a sua história de vida e de fé, a Igreja sempre se preocupou e se envol-veu com as grandes questões sociais.

Nos últimos tempos, escreveu vários docu-mentos iluminadores como parâmetros de sua presença e ação.

A Igreja foi e é especialista no tocante à vida humana e sempre se colocou a serviço, mesmo porque, em sua doutrina e a partir dos evangelhos, encontra sua razão de ser. Ao longo de sua caminhada, a exemplo de Jesus, foi ao encontro dos pobres e dos so-fredores, dando-lhes alívio e consolo. Nin-guém tem como negar os grandes feitos em favor de pobres, órfãos, migrantes, doentes, asilados, deportados. Esses irmãos e irmãs encontram acolhida em abrigos, orfanatos, asilos, creches, hospitais, escolas e casas que lhes oferecem alimento, roupa, segu-rança e dignidade.

Tivemos grandes personagens históricos envolvidos com a caridade: santos e santas, catequistas, missionários, voluntários, con-sagrados, leigos e leigas: São Francisco, Santa Clara, Santa Teresa de Calcutá, Beata Dulce dos Pobres, Santa Margarida Maria, Santo Dias (operário), São Vicente, Dom Os-car Romero e tantos outros.

Em cada tempo, nos deparamos com irmãos e irmãs em situações de risco, fra-gilizados e desprezados, que passam a ser vistos como um peso inconveniente. A mis-

são da comunidade cristã - a Igreja - deve estar sempre em sintonia com o Senhor, através da escuta constante do Evangelho para responder às necessidades urgentes e desafiadoras.

Mesmo com a presença do Estado, que deveria suprir as demandas sociais, a Igre-ja vem respondendo a contento aos apelos dos mais frágeis, por isso é interessante olhar ao nosso redor e percebermos a pre-sença cristã em algumas realidades de risco. Gostaria de destacar o grande envolvimento da Igreja através da Campanha da Fraterni-dade, realizada todos os anos.

De alguns anos para cá, os temas con-templam de alguma forma a realidade social e atendem a alguns projetos sociais. Com a Coleta da Solidariedade, realizada no Do-mingo de Ramos, cria-se um fundo deno-minado Fundo Diocesano de Solidariedade. São muito os projetos atendidos por esse fundo em nível diocesano e, também, em todo o país. É uma participação das comu-nidades que não ajudam somente naquela temática central, mas gera, também, consci-ência comunitária.

O Papa Francisco têm-nos nos dado muita luz e encorajamento na busca de solu-ções para questões sociais e humanitárias. Falou-nos através da encíclica Laudato Si’ e, no próximo ano, promoverá o Sínodo dos Bispos sobre a Amazônia. O papa sempre

Diretor geralDOM JOSÉ LANZA NETO EditorPE. SÉRGIO BERNARDES | MTB - MG 14.808

Equipe de produçãoLUIZ FERNANDO GOMESJANE MARTINS

RevisãoJANE MARTINS

Jornalista responsável ALEXANDRE A. OLIVEIRA | MTB: MG 14.265

Projeto gráfico e editoração BANANA, CANELA bananacanela.com.br | 35 3713.6160

ImpressãoGRÁFICA SÃO SEBASTIÃO

Tiragem3.950 EXEMPLARES

RedaçãoRua Francisco Ribeiro do Vale, 242 Centro - CEP: 37.800-000 | Guaxupé (MG)

Telefone35 3551.1013

[email protected]

Os Artigos assinados não representam necessariamente a opinião do Jornal.

Uma Publicação da Diocese de Guaxupé

www.guaxupe.org.br

Dom José Lanza Neto,Bispo da Diocese de Guaxupé

demonstra sensibilidade para com os povos em situação de risco, como os imigrantes que chegam de toda parte na Europa. Em nossas comunidades, podemos também desenvolver e incentivar aqueles trabalhos pastorais de incidência na realidade social e acompanharmos as políticas públicas.

Destacaríamos nosso empenho em viver uma Igreja samaritana: pastoral da criança, pastoral da saúde, pastoral da sobriedade, pastoral dos idosos, casa de acolhida para dependentes químicos e moradores de rua, vicentinos e tantas outras atividades que acontecem no anonimato. O Documento de Puebla (1976) deu grande destaque aos pobres e levou-nos a fazer uma opção pre-ferencial pelos pobres, colocou-nos no cora-ção do Evangelho.

O desafio é sempre grande ao fazermos essa opção, pois caminhamos na contramão de um mundo consumista, voltado mais para o acumular e ao fechamento sobre si mesmo. Queremos renovar nossa disposi-ção ao Evangelho e aos documentos magis-teriais da Igreja para permanecermos nesta grande empreitada: sermos a presença viva de Jesus na pessoa do pobre e do margi-nalizado. Inspiremos ainda nossa opção na sagrada Família de Nazaré, pobre desde sua origem até o calvário, onde da cruz Jesus abraça toda a humanidade pobre e carente e dá o seu amor.

2 | JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ

No ano passado, a Dio-cese de Guaxupé dis-tribuiu mais de 40 mil

reais a 5 projetos sociais em seu território com o Fundo Diocesano de Solidariedade (FDS). O valor arrecadado é fruto das doações de todas as comunidades que com-põem a diocese no Domingo de Ramos. No mesmo ano, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) finan-ciou 237 projetos em todo o Brasil com um valor superior a 5 milhões e 800 mil reais.

As iniciativas visam sem-pre uma concretização do objetivo de cada campanha. Assim, a CNBB e as dioceses podem multiplicar o auxílio a variadas instituições e proje-tos que utilizam o valor a eles destinados para transformar muitas reali-dades do país. No ano passado, os proje-tos participantes incluíam atividades como conscientização de jovens e adultos, pro-dução de hortas caseiras e comunitárias, captação de água pluvial, coleta de resídu-os e produção de produtos de limpeza.

Apesar das polêmicas envolvendo a CNBB no início deste ano sobre as institui-ções e os projetos atendidos, informações inexatas já esclarecidas pela instituição, é essencial perceber o resultado concreto que a participação de tantos fiéis tem ge-rado para projetos que seriam inviabiliza-dos sem os recursos proporcionados pelas dioceses. Como afirma o subsídio prepara-tório para a 5ª Assembleia Diocesana de Pastoral, “é urgente a criação de estruturas sociais justas e transformadoras” (ADP 29). Essa realidade só acontecerá com a con-tribuição sistemática das instituições e o empenho maciço de todas as pessoas que acreditam num mundo novo, marcado pela igualdade e justiça social.

A iniciativa realizada pela Igreja no Bra-sil visa a estabelecer uma vivência sólida de princípios fundamentais da Doutrina So-cial da Igreja (DSI): Bem Comum, Destina-ção Universal dos Bens, Subsidiariedade, Participação, Solidariedade e Valores Fun-damentais da Vida Social.

Bem Comum e Destinação dos BensAo se compreender a Criação como

iniciativa divina e dom ofertado gratuita-mente à humanidade, esses dois princípios podem ser compreendidos como parte do plano salvífico, que toda a humanidade ti-vesse para seu justo e necessário susten-to, acesso aos recursos essenciais que lhe propiciassem uma vida digna a todos os seus membros. “A pessoa não pode pres-

cindir dos bens materiais que respondem às suas necessidades primárias e cons-tituem as condições basilares para a sua existência; estes bens lhe são absoluta-mente indispensáveis para alimentar-se e crescer, para comunicar, para associar-se e para poder conseguir as mais altas finalida-des a que é chamada”. (DSI 171)

Desse modo, é tarefa dos cristãos con-siderar o bem comum como critério para o estabelecimento de suas estruturas cul-turais, políticas e econômicas. Quaisquer caminhos estabelecidos para as nações devem, antes de considerar o direito in-dividual, priorizar o bem comum a fim de oferecer condições satisfatórias para toda a população, assim evitando-se o risco de privilegiar uma pequena camada social em detrimento de uma população imensa com seus direitos básicos limitados. “O bem comum não consiste na simples soma dos bens particulares de cada sujeito do corpo social. Sendo de todos e de cada um, é e permanece comum, porque indivisível e porque somente juntos é possível alcançá--lo, aumentá-lo e conservá-lo, também em vista do futuro” (DSI 164).

Participação e SubsidiariedadeA sociedade é formada por todos os in-

divíduos nela inseridos, independentemen-te de sua condição financeira, orientação sexual, ideologia ou modo de vida. Desse modo, é fundamental oferecer o direito à participação integral de cada sujeito, não somente nos deveres civis e legais, mas, também, nos bens produzidos pela comu-nidade humana, sejam de ordem material, moral ou cultural.

A participação dos sujeitos “não pode ser delimitada ou reduzida a alguns conteúdos particulares da vida social, dada a sua impor-

tância para o crescimento, humano antes de tudo, em âmbitos como o mundo do trabalho e as atividades econômicas nas suas dinâmi-cas internas, a informação e a cultura e, em grau máximo, a vida social e política até aos níveis mais altos, como são aqueles dos quais depende a colaboração de todos os povos para a edificação de uma comunidade inter-nacional solidária” (DSI 189).

Com o objetivo de promover a inte-gração plena de todos no tecido social, a Igreja destaca a subsidiariedade como via da conscientização dos direitos básicos de cada pessoa, assim como a promoção da dignidade humana com iniciativas transfor-madoras e igualitárias. Daí se compreende o investimento sistemático de recursos provindos das comunidades em campa-nhas e ações direcionadas por temas e re-alidades diversos. “É impossível promover a dignidade da pessoa sem que se cuide da família, dos grupos, das associações, das realidades territoriais locais, em outras pa-lavras, daquelas expressões agregativas de tipo econômico, social, cultural, desportivo, recreativo, profissional, político, às quais as pessoas dão vida espontaneamente e que lhes tornam possível um efetivo crescimen-to social” (DSI 185).

Valores Fundamentais e Solidariedade“Em todo o mundo, desigualdades mui-

to fortes entre países desenvolvidos e paí-ses em desenvolvimento, alimentadas tam-bém por diversas formas de exploração, de opressão e de corrupção, que influem ne-gativamente na vida interna e internacional de muitos Estados” (DSI 192). O princípio da solidariedade expõe a relevância de se acompanhar com uma visão ética as situa-ções humanas que podem gerar injustiça e a degradação do ser humano. A Doutrina

opiniãoFUNDO DE SOLIDARIEDADE:CONCRETIZAÇÃO DA DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA

Social da Igreja busca manter consciente-mente a fraternidade entre indivíduos, clas-ses e nações.

Atualmente, um recurso pode contribuir decisivamente para o controle social em vista da garantia dos direitos humanos. “A rapidíssima multiplicação das vias e dos meios de comunicação «em tempo real», como são os telemáticos, os extraordiná-rios progressos da informática, o crescente volume dos intercâmbios comerciais e das informações estão a testemunhar que, pela primeira vez desde o início da história da humanidade, ao menos tecnicamente, é já possível estabelecer relações também en-tre pessoas muito distantes umas das ou-tras ou desconhecidos” (DSI 192).

A Igreja defende como valores intrínse-cos à humanidade a Verdade, a Justiça e a Liberdade. Assim, toda a ação social das comunidades cristãs se estabelece com a meta de preservar esses pilares sociais que garantem critérios universais válidos para que não se estabeleça uma barbárie. Con-servar a prática de uma ética universal que responda aos anseios mais profundos da vida e das atividades humanas “constitui a via segura e necessária para alcançar um aperfeiçoamento pessoal e uma convivên-cia social mais humana; eles constituem a referência imprescindível para os respon-sáveis pela coisa pública” (DSI 197)

Ao refletir sobre temas estruturais da sociedade brasileira, a Campanha da Fra-ternidade investe em projetos de grande incidência social com a partilha cristã de recursos a uma ampla rede de pessoas de boa vontade dispostas a transformar o mundo em que vivem por consciência de sua corresponsabilidade com o mundo, com a humanidade e com o Criador.

Por padre Sérgio Bernardes, assessor de comunicação – Diocese de Guaxupé

COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 3

notícias

Com imagens e informações da Coordenação de Pastoral – PUC Minas

Texto/Imagem: Assessoria de Comunicação CNBB - Padre Henrique NevestonTexto: Douglas Ribeiro | Fotos: Gustavo Henrique

Com informações e imagens de padre Glauco Siqueira e Comunidade Mariana Resgate

PUC Minas promove Festival de Música Cristã, em Poços

Assembleia Regional reúne bispos e coordenadores de pastoral SAV promove Encontro

Vocacional em Guaxupé

Comunidades de Vida participam de formação continuadaA Pastoral Universitária da PUC Minas,

campus de Poços de Caldas, pro-moveu, no mês de maio, a primeira

edição do Festival de Música Cristã. A orga-nização foi realizada pela coordenação de pastoral da universidade, liderada por Rosi-nei Costa Papi Dei Agnoli.

Segundo a organização do evento, o objetivo do festival é semear a cultura do encontro e da fraternidade, da alegria e da

Entre os dias 4 e 7 de junho, foi realizado em Caeté (MG), a assembleia anual do Conselho Episcopal de Pastoral do Re-

gional Leste 2. Em conjunto com esse encon-tro também se realiza o encontro regional dos coordenadores de Pastoral. O encontro acon-teceu na Casa de Retiro Monsenhor Domin-gos Evangelista Pinheiro, de propriedade do Instituto São Luís da Congregação das Irmãs Auxiliadoras de Nossa Senhora da Piedade.

Dentre os palestrantes da assembleia es-tiveram Dom Vicente de Paula Ferreira, bispo auxiliar de Belo Horizonte, e José Antônio, que discorreram, respectivamente, sobre o

Entre os dias 8 e 10 de junho aconteceu, no Seminário Diocesano São José, em Guaxupé, o primeiro Encontro Vocacio-

nal do ano. O tema principal foi Fortalezas e fragilidades do jovem no caminho vocacio-nal, com base na nova  Ratio Fundamenta-lis, documento da Congregação para o Clero que trabalha o dom da vocação presbiteral.

Com a participação de 40 jovens, de 14 a 27 anos, o encontro foi enriquecido com palestras, momentos de partilha, Vigília Eu-carística, orações e com a Eucaristia, cen-tro da vida do Seminário.

Entre os dias 24 e 27 de maio, aconte-ceu 2º Módulo da Escola de Formação para novas comunidades. O encontro

aconteceu na Vila Betânia, em Machado, e reuniu cerca de 50 participantes de comuni-dades de vida da Diocese de Guaxupé e de dioceses vizinhas.

O encontro teve como temática os Con-selhos Evangélicos  e teve a assessoria de membros da Comunidade de Vida Oásis, de

paz, e valorizar aqueles que se dedicam à música, a compor, a cantar e a tocar a alma e o coração das pessoas.

Três padres da Diocese de Guaxupé se apresentaram no festival: Luciano Campos Cabral, de Botelhos, Rodrigo Papi, de São Sebastião do Paraíso, e Rovilson Ângelo da Silva, de Machado. Leigos e comunidades de vida da diocese também se apresenta-ram no evento, que tinha caráter ecumênico.

tema: Igreja em saída em ano de eleições e Quais as crises do sistema eleitoral? A ficha limpa não funciona? Vícios de nosso sistema eleitoral. Também, os participantes acompa-nharam uma reflexão sobre a liturgia tendo como cenário as Igrejas Particulares do Re-gional Leste 2.

O encontro foi encerrado no Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade, situa-do no coração de Minas Gerais. Segundo informações do seu site oficial, desde 13 de maio de 2010, o santuário está vinculado espiritualmente à Basílica de Santa Maria Maior em Roma.

O bispo, dom José Lanza Neto, presi-diu a Santa Missa no sábado de manhã. Aproveitou a oportunidade para conhe-cer os vocacionados e, num momento fraterno, conversou sobre o surgimento da vocação com alguns.

Para o vocacionado Jean Gabriel, da Paróquia São Joaquim em Alterosa, “o encontro foi propício para discernir a vo-cação, conhecer outros jovens que tam-bém se sentem chamados a ser padre e para meditar a Palavra de Deus”.

Caxias do Sul (RS), Gislaine Benedetti e Cris-tina Barbosa.

Nesse módulo foram abordados a vida consagrada e os conselhos evangélicos através de formações, partilhas, filmes e orações conduzidas, o que levou cada mem-bro de comunidade a uma experiência linda com o chamado que Deus fez a cada um dentro do seu carisma específico.

4 | JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ

Com informações/imagem: Comunidade Mariana Resgate

Texto: Gabriel Ribeiro, seminarista filosofia / Imagem: Pascom SeminárioCom informações de Edon Fonseca, coordenador diocesano de CatequeseImagem: José Eduardo da Silva

Comunidade Mariana Resgate lança CD com músicas litúrgicas

Seminário Diocesano Santo Antônio celebra festa de seu padroeiro

Catequese e Liturgia: formação reúne 200 catequistas em Guaxupé

Inspirada nesse ensinamento do cate-cismo católico, a Comunidade de Vida e Aliança Mariana Resgate, de Alfenas,

lança o CD Celebrai, com propostas de can-ções para celebrações litúrgicas.

“A música na liturgia tem a função de le-var os fiéis a rezarem de forma única, criar um ambiente de alegria, partilha e oração. Sendo um instrumento para que o louvor

O Seminário Diocesano Santo An-tônio em Pouso Alegre, onde residem os seminaristas das

etapas da filosofia e teologia, cele-brou, no dia 13 de junho, a festa de seu padroeiro. A Celebração Eucarística foi presidida pelo vigário geral da diocese de Guaxupé, Padre Maia, e contou com a participação do clero da Diocese de Guaxupé. Em sua reflexão, Padre Maia falou da vida de Santo Antônio e deu conselhos para os seminaristas sobre como cultivar a vocação sacerdotal.

Para a realização das festividades, a comunidade filosófica e teológica promoveu dois dias preparatórios. No primeiro dia, a celebração foi presidida

No dia 17 de junho, mais de 200 ca-tequistas de todos os setores da diocese participaram do Encontro

Diocesano de Coordenadores Paroquiais de Catequese, na Cúria Diocesana, em Guaxupé.

A assessoria foi do padre Vanildo de Paiva, catequéta, autor de livros na área de catequética e membro do clero da Ar-quidiocese de Pouso Alegre. As obras prin-cipais do autor são Catequese e Liturgia e O Processo de Formação da Identidade Cristã.

O tema abordado no encontro foi Cate-quese e Liturgia. O assessor desenvolveu a primeira colocação sobre Catequese e Li-

da assembleia unida suba a Deus como um incenso agradável”, esclarece a fundadora da comunidade, Danusa da Silva.

A Comunidade Mariana Resgate, que já desenvolve um projeto de música com o ministério  Mariano Resgate, busca con-tribuir com o enriquecimento da liturgia, fonte e cume da espiritualidade cristã.

pelo Padre Robson Inácio, com a pre-sença dos seminaristas da arquidioce-se de Pouso Alegre. No segundo dia, a Missa foi presidida pelo Padre José Augusto, com a participação dos semi-naristas da Diocese da Campanha.

Antônio de Pádua nasceu em Lisboa, Portugal, no final do século XII. Perten-ceu à Ordem dos Frades Menores. Sua fama de santidade se espalhou devido aos seus famosos sermões, fruto de sua hábil retórica e vida íntima com Deus. Faleceu em 1231, aos 35 anos. O papa Leão XIII o chamou de “o santo de todo o mundo”, percebendo sua po-pularidade.

turgia e sua necessária interação. A segun-da conferência abordou a Educação para a ritualidade – O simbólico na catequese e na liturgia.

A última fala versou sobre como cele-brar na catequese, apresentando pistas para uma catequese celebrativa. No encer-ramento do encontro, foi realizada uma ce-lebração de louvor à Palavra de Deus.

Para a participante Ana Rosa Prado, de Paraguaçu, o encontro foi muito positivo por apresentar novas perspectivas, “Foi muito importante para nosso crescimento na fé e prática da catequese, fazendo essa união com a liturgia”.

“O canto e a música desempenham a sua função de sinais, dum modo tanto mais signifi-cativo, quanto mais intimamente estiverem unidos à ação litúrgica.” (CIC 1157)

COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 5

em pautaIDENTIDADE E CLAMORES DA PAN-AMAZÔNIAA Amazônia é um dos temas debati-

dos no Vaticano atualmente. No dia 8 de junho, foi apresentado na Sala

de Imprensa o Documento Preparatório do Sínodo dos Bispos de 2019.

“Amazônia: novos caminhos para a Igre-ja e para uma ecologia integral” é o título do Documento, composto por um texto-base, que oferece uma análise da conjuntura atual da Amazônia e aponta percursos e novos ca-minhos para a Igreja a serviço da vida nesse bioma.

O objetivo do material é preparar as co-munidades para o Sínodo e ouvi-las, para que essa grande assembleia repercuta, de fato, os clamores que saem das bases, o que é um desejo expresso do Papa Francisco.

O texto está dividido em três partes, segundo o método ver, discernir e agir. Ao final do material, estão algumas questões que permitem um diálogo e uma progres-siva aproximação da realidade para que as populações da Amazônia sejam ouvidas. Nesta edição apresentamos a primeira par-te, o Ver, que apresenta um convite a olhar a identidade e os clamores da Pan-Amazônia. Território, diversidade sociocultural, iden-tidade dos povos indígenas, memória his-tórica eclesial, justiça e direitos dos povos, espiritualidade e sabedoria, são os pontos apresentados nessa parte do texto.

O territórioA bacia amazônica representa para nos-

so planeta uma das maiores reservas de bio-diversidade (30 a 50% da flora e fauna do mundo), de água doce (20% da água doce não congelada de todo o planeta), e possui mais de um terço das florestas primárias do planeta. Também a captação do carbono pela Amazônia é significativa, embora os oceanos sejam os maiores captadores de carbono. São mais de sete milhões e meio de quilômetros quadrados, com nove países que fazem parte deste grande bioma que é a Amazônia (Brasil, Bolívia, Colômbia, Equa-dor, Guiana, Peru, Suriname, Venezuela, in-cluindo a Guiana Francesa como território ultramar).

A denominada “Ilha Guiana”, delimitada pelos rios Orinoco e Negro, pelo Amazonas e pelas costas Atlânticas da América do Sul, entre as desembocaduras do Orinoco e do Amazonas, faz também parte deste territó-rio. Outros espaços compõem igualmente o território porque se encontram, por causa de sua proximidade, sob a influência climáti-ca e geográfica da Amazônia.

Sem dúvida, esses dados não repre-sentam uma região homogênea. Observa-mos que a Amazônia abriga muitos tipos de “Amazônia”. Nesse contexto, é a água, através de suas cachoeiras, rios e lagos, que representa o elemento articulador e integra-dor, tendo como eixo principal o Amazonas, o rio mãe e pai de todos. Num território tão diverso, pode-se imaginar que os diferentes grupos humanos que o habitam precisavam

adaptar-se às distintas realidades geográfi-cas, ecossistêmicas e políticas.

Durante muitos séculos, o trabalho da Igreja Católica na Amazônia procurou dar respostas a esses diferentes contextos hu-manos e ambientais.

Diversidade socioculturalDadas as proporções geográficas, a

Amazônia é uma região na qual vivem e convivem povos e culturas diversas, e com modos de vida diferentes.

A ocupação demográfica da Amazônia antecede o processo colonizador por mi-lênios. Por uma questão de sobrevivência que incluía as atividades de caça, pesca e o cultivo na várzea, até a colonização, o predomínio demográfico na Amazônia con-centrava-se às margens dos grandes rios e lagos. Com a colonização, e com a escravi-dão indígena, muitos povos abandonaram esses sítios e se refugiaram no interior da selva. Desta maneira, teve início durante a primeira fase da colonização um processo de substituição populacional, com uma nova concentração demográfica às margens dos rios e lagos.

Além das circunstâncias históricas, os povos das águas, neste caso, da Amazônia, sempre tiveram em comum a relação de in-terdependência com os recursos hídricos. Por isso, os camponeses da Amazônia e suas famílias utilizam as várzeas, em sintonia com o movimento cíclico de seus rios – inunda-ção, refluxo e período de seca –, numa rela-ção de respeito por entenderem que “a vida dirige o rio” e “o rio dirige a vida”. Ademais, os povos da selva, recolhedores e caçado-res por excelência, sobrevivem com aquilo que a terra e a floresta lhes oferecem. Esses povos vigiam os rios e cuidam da terra, da mesma maneira que a terra cuida deles. São os protetores da selva e de seus recursos.

Sem embargo, hoje, a riqueza da selva e dos rios da Amazônia está ameaçada pe-los grandes interesses econômicos que se alastram sobre diferentes regiões do terri-tório. Tais interesses provocam, entre outras coisas, a intensificação do desmatamento indiscriminado na selva, a contaminação dos rios, lagos e afluentes (por causa do uso indiscriminado de agrotóxicos, derrame de petróleo, mineração legal e ilegal, e dos derivados da produção de drogas). A tudo isso, soma-se o narcotráfico, pondo em ris-co a sobrevivência dos povos que, nesses territórios, dependem de recursos animais e vegetais.

Por outro lado, as cidades da Amazônia cresceram muito rapidamente, e integraram muitos migrantes, forçosamente deslocados de suas terras, empurrados até as periferias dos grandes centros urbanos que avançam selva adentro. Em sua maioria são povos indígenas, ribeirinhos e afrodescendentes expulsos pela mineração ilegal e legal ou pela indústria de extração petroleira; são en-curralados pela expansão da exploração da

madeira e representam os mais flagelados pelos conflitos agrários e socioambientais. As cidades também se caracterizam pelas desigualdades sociais. A pobreza produzida ao largo da história gerou relações de subor-dinação, de violência política e institucional, aumento do consumo de álcool e drogas – tanto nas cidades como nas comunidades –, e representa uma ferida profunda nos cor-pos dos povos amazônicos.

Os movimentos migratórios mais recen-tes na região amazônica estão caracteriza-dos sobretudo pela mobilização de indíge-nas de seus territórios originários para as cidades. Atualmente, entre 70% e 80% da po-pulação da Pan-Amazônia vive nas cidades. Muitos indígenas estão sem documentos ou irregulares; são refugiados, ribeirinhos, ou pertencem a outros grupos de pessoas vulneráveis. Em consequência desse fluxo migratório, cresce em toda a Amazônia uma atitude de xenofobia e de criminalização dos migrantes e deslocados. Tudo isso dá lugar à exploração dos povos da Amazônia, vítimas de mudança de valores decorrentes da economia mundial, na qual prevalece o valor lucrativo sobre a dignidade humana. Um exemplo disso é o crescimento dramá-tico do tráfico de pessoas, especialmente o de mulheres, para fins de exploração sexual e comercial. Elas perdem seu protagonismo nos processos de transformação social, eco-nômica, cultural, ecológica, religiosa e políti-ca em suas comunidades.

Em resumo, o crescimento desmedido das atividades agropecuárias, extrativistas e madeireiras da Amazônia, não só danificou a riqueza ecológica da região, de suas flores-tas e de suas águas, mas também empobre-ceu sua riqueza social e cultural, forçando um desenvolvimento urbano não “integral” nem “inclusivo” da bacia Amazônica. Como resposta a essa situação, nota-se um cres-cimento das capacidades de organização e um avanço da sociedade civil, com atenção particular às problemáticas ambientais. No campo das relações sociais, apesar de li-mitações, a Igreja Católica desenvolveu em geral um trabalho significativo, fortalecendo seus próprios caminhos a partir de sua pre-sença encarnada e de sua criatividade pas-toral e social.

Identidade dos povos indígenasNos nove países que compõem a Pan-

-Amazônia, registra-se uma presença apro-ximada de três milhões indígenas, constituí-da por cerca de 390 povos e nacionalidades diferentes. Vivem nesse território também, segundo dados de instituições especializa-das da Igreja (por exemplo, o Conselho Indi-genista Missionário do Brasil/CIMI) e outras, entre 110 e 130 “povos livres”, ou “Povos Indígenas em Situação de Isolamento Vo-luntário”. Além disso, nos últimos tempos, surge uma nova situação, constituída pelos indígenas que vivem no tecido urbano; al-guns reconhecidos como tais, e outros, que

desaparecem nesse contexto e, por isso, são chamados “invisíveis”. Cada um desses povos representa uma identidade cultural particular, uma riqueza histórica específica e um modo próprio de ver o mundo, e de relacionar-se com este, a partir de sua cos-movisão e territorialidade específica.

Além das ameaças que emergem do interior de suas próprias culturas, os povos indígenas viveram desde os primeiros con-tatos com os colonizadores fortes ameaças externas (cf.  LS  143,  DAp  90). Para enfren-tá-las, os povos indígenas e comunidades amazônicas se organizaram e se organizam, lutam em defesa de suas vidas e culturas, seus territórios e direitos, da vida do univer-so e de toda a criação. Os mais vulneráveis são, sem dúvida, os “Povos Indígenas em Situação de Isolamento Voluntário”, que não têm instrumentos de diálogo e negociação com os atores externos que invadem seus territórios.

Alguns “não indígenas” têm dificuldade de compreender a alteridade indígena e, muitas vezes, não respeitam a diferença do outro. Diz o Documento de Aparecida sobre a falta de respeito aos indígenas e afro-a-mericanos: «A sociedade tende a menos-prezá-los, desconhecendo o porquê de suas diferenças. Sua situação social está marca-da pela exclusão e a pobreza » (DAp  89). No entanto, segundo a afirmação do Papa Francisco em Puerto Maldonado: «A sua vi-são do mundo, a sua sabedoria, têm muito

6 | JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ

Fonte: Documento Preparatório – Sínodo dos Bispos 2019

para ensinar a nós que não pertencemos à sua cultura. Todos os esforços que fizermos para melhorar a vida dos povos amazônicos serão sempre poucos» (Fr.PM).

Nos últimos anos, os povos indígenas começaram a escrever sua própria histó-ria e a descrever de maneira mais formal suas próprias culturas, costumes, tradições e saberes. Escreveram sobre o ensino que receberam da parte de seus antepassados, pais e avós, que são memórias pessoais e coletivas. Hoje, o ser indígena não se de-duz somente da pertença étnica. Esse ser se refere também à capacidade de manter a identidade sem se isolar das sociedades que o rodeiam e com as quais interage.

Face a esse processo de interação, sur-gem organizações indígenas que buscam o fortalecimento da história de seus povos, para orientar a luta pela autonomia e auto-determinação: «é justo reconhecer a existên-cia de esperançosas iniciativas que surgem das vossas próprias bases e organizações, procurando fazer com que os próprios po-vos originários e as comunidades sejam os guardiões das florestas e que os recursos produzidos pela sua conservação revertam em benefício das vossas famílias, na melho-ria das vossas condições de vida, da saúde e da instrução das vossas comunidades» (Fr. PM). Por conseguinte, nenhuma iniciati-va pode ignorar que a relação de pertença e participação que os habitantes amazônicos estabelecem com a criação faz parte de sua

identidade e contrasta com uma visão mer-cantilista dos bens da criação (cf. LS 38).

Em muitos desses contextos, a Igreja Ca-tólica está presente através de missionários e missionárias comprometidos com as cau-sas dos povos indígenas e amazônicos.

Memória histórica eclesialO início da memória histórica da pre-

sença da Igreja na Amazônia situa-se no cenário da ocupação colonial da Espanha e de Portugal. A incorporação do imenso território amazônico na sociedade colonial, com sua posterior apropriação por parte dos Estados nacionais, transcorreu num longo processo, de mais de quatro séculos. Até o início do século XX, as vozes em defesa dos povos indígenas eram frágeis, embora não ausentes (cf. Pio X, Carta Encíclica La-crimabili Statu 7.6.1912). Com o Concílio Va-ticano II, essas vozes se fortaleceram. Para estimular “o processo de mudança através dos valores evangélicos”, a II Conferência do Episcopado Latino-Americano, realizada em Medellín (1968), em sua Mensagem aos Povos da América Latina, lembrou que «ape-sar de suas limitações », a Igreja «viveu com nossos povos o problema da colonização, libertação e organização». E a III Conferên-cia do Episcopado Latino-Americano, rea-lizada em Puebla (1979), nos lembrou que a ocupação e colonização do território de Ameríndia foi «um agigantado processo de dominações», cheio de «contradições e dila-cerações» (DP 6). E, mais tarde, a IV Confe-rência de Santo Domingo (1992) nos adver-tiu sobre «um dos episódios mais tristes da história latino-americana e caribenha», que «foi o translado forçado, como escravos, de um enorme número de africanos». São João Paulo II chamou este deslocamento de um «holocausto desconhecido do qual partici-param batizados que não viveram a sua fé» (DSD 20; cf. João Paulo II, Discurso à comu-nidade católica da  Ilha de Gorée, Senegal, 22.02.1992, n.3; Mensagem aos Afro-ameri-canos, Santo Domingo, 13.10.1992, n.2). Por essa «ofensa escandalosa para a história da humanidade» (DSD 20), o Papa e os delega-dos em Santo Domingo pediram perdão.

Lamentavelmente, ainda hoje existem restos do projeto colonizador que criou ma-nifestações de inferiorização e demonização das culturas indígenas. Tais resquícios debi-litam as estruturas sociais indígenas e per-mitem o desprezo de seus saberes intelec-tuais e de seus meios de expressão. O que assusta é que até hoje, 500 anos depois da conquista e depois de mais ou menos 400 anos de missão e evangelização organiza-da, e depois de 200 anos da independência dos países que configuram a Pan-Amazônia, processos semelhantes continuam-se alas-trando sobre o território e seus habitantes, hoje vítimas de um novo colonialismo feroz com máscara de progresso. Com razão, o Papa Francisco afirmou em Puerto Maldo-nado: «Provavelmente, nunca os povos ori-ginários amazônicos estiveram tão ameaça-dos nos seus territórios com o estão agora». Hoje, por causa da ofensa escandalosa des-

ses novos colonialismos, «a Amazônia é uma terra disputada em várias frentes» (Fr.PM).

Em sua história missionária, a Amazônia tem sido lugar de testemunho concreto de estar na cruz, inclusive, muitas vezes, lu-gar de martírio. A Igreja também aprendeu que, nesse território, habitado por mais de dez mil anos por uma grande diversidade de povos, suas culturas se construíram em harmonia com o meio ambiente. As culturas pré-colombianas ofereceram ao cristianis-mo ibérico que acompanhava os conquista-dores múltiplas pontes e conexões possíveis «como a abertura à ação de Deus, o sentido da gratidão pelos frutos da terra, o caráter sagrado da vida humana e a valorização da família, o sentido de solidariedade e a cor-responsabilidade no trabalho comum, a im-portância do culto, a crença em uma vida ul-traterrena e tantos outros valores» (DSD 17).

Justiça e direitos dos povosEm sua visita a Puerto Maldonado, o

Papa Francisco pediu que se transforme o paradigma histórico em que os Estados veem a Amazônia como despensa de recur-sos naturais, “sem ter em conta os seus ha-bitantes” (Fr.PM) e sem se preocupar com a destruição da natureza. As relações harmo-niosas entre o Deus Criador, os seres huma-nos e a natureza estão quebradas por causa dos efeitos nocivos do neoextrativismo e por pressão dos grandes interesses econômicos que exploram o petróleo, o gás, a madei-ra, o ouro, e pela construção de obras de infraestrutura (por exemplo: megaprojetos hidrelétricos, eixos viários, como rodoviá-rias interoceânicas) e pelas monoculturas agroindustriais (cf. Fr.PM).

A cultura dominante de consumo e de descarte converte o planeta num lixão. O Papa denuncia esse modelo de desenvolvi-mento anônimo, asfixiante, sem mãe, com sua obsessão pelo consumo e seus ídolos de dinheiro e poder. Impõem-se novos co-lonialismos ideológicos disfarçados pelo mito do progresso que destroem as identi-dades culturais próprias. Francisco apela à defesa das culturas e à apropriação de sua herança, que é portadora da sabedoria an-cestral. Essa herança propõe uma relação harmoniosa entre a natureza e o Criador e expressa com clareza que «a defesa da terra não tem outra finalidade senão a defesa da vida» (Fr.PM). A terra deve conservar-se terra santa: «Esta não é uma terra órfã! Tem Mãe!» (Fr.EP).

Por outra parte, a ameaça contra os ter-ritórios amazônicos «também vem da per-versão de certas políticas que promovem a `conservação´ da natureza sem ter em conta o ser humano, nomeadamente vós, irmãos amazônicos que a habitais» (Fr.PM). A orien-tação do Papa Francisco é cristalina: «Acho que o problema essencial é como reconci-liar o direito ao desenvolvimento, inclusive o social e cultural, com a proteção das carac-terísticas próprias dos indígenas e dos seus territórios. [...] Nesse sentido, deveria preva-lecer sempre o direito ao consenso prévio e informado» (Fr.FPI).

Paralelamente, os povos indígenas, cam-pesinos e outros setores populares em nível regional na Amazônia e em nível nacional em cada país, organizaram processos po-líticos em torno de agendas baseadas em seus direitos humanos. A situação do direito ao território dos povos indígenas na Pan--Amazônia gira em torno de um problema constante, que é a falta de regularização de terras e do reconhecimento de sua proprie-dade ancestral e coletiva. Em consequência disso, não existe no território em questão uma interpretação integralmente articulada com a dimensão da cultura e cosmovisão de cada povo ou comunidade indígena.

Proteger os povos indígenas e seus ter-ritórios é uma exigência ética fundamental e um compromisso básico dos direitos huma-nos. Para a Igreja, esse compromisso é um imperativo moral coerente com o enfoque da “ecologia integral” de Laudato si’(cf. LS, cap. IV).

Espiritualidade e sabedoriaPara os povos indígenas da Amazônia,

o bem viver existe quando estão em comu-nhão com as outras pessoas, com o mundo, com os seres de seu entorno e com o Cria-dor. Os povos indígenas, realmente, vivem no interior da casa que Deus mesmo criou e lhes deu como presente: a Terra. Suas diver-sas espiritualidades e crenças os motivam a viver uma comunhão com a terra, a água, as árvores, os animais, com o dia e a noite. Os anciãos sábios, segundo as diferentes culturas chamados pajé, curandeiro, mestre, wayanga ou xamã – entre outros – promo-vem a harmonia das pessoas entre si e com o cosmo. Todos eles são «memória viva da missão que Deus nos confiou a todos: cuidar da Casa Comum» (Fr.PM).

Os indígenas amazônicos cristãos en-tendem a proposta do bem viver como vida plena no horizonte da colaboração na cria-ção do Reino de Deus. Esse bem viver será alcançado somente quando se realizar o projeto comunitário em defesa da vida, do mundo e de todos os seres vivos.

«Mas somos chamados a tornar-nos os instrumentos de Deus Pai para que o nosso planeta seja o que Ele sonhou ao criá-lo e corresponda ao seu projeto de paz, beleza e plenitude» (LS 53). Esse sonho começa a ser construído dentro da família, que é a pri-meira comunidade da nossa existência: «A família é e sempre foi a instituição social que mais contribuiu para manter vivas as nossas culturas. Em períodos de crises passadas, face aos diferentes imperialismos, a família dos povos indígenas foi a melhor defesa da vida» (Fr.PM).

No entanto, é necessário reconhecer que na região amazônica existe uma gran-de diversidade cultural e religiosa. Se por um lado, em sua maioria, promovem o bem viver  como um projeto de harmonia entre Deus, os povos e a natureza, por outro lado existem também algumas seitas que, moti-vadas por interesses alheios ao território e a seus habitantes, nem sempre favorecem uma ecologia integral.

COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 7

bíblia

para se aprofundar

O CAMINHO: O ITINERÁRIO DOS DISCÍPULOS NO EVANGELHO DE MARCOS

GESTÃO PAROQUIALPARA UMA IGREJA EM SAÍDA

O Evangelho de Marcos (68-70) passa o tempo todo falando do caminho per-corrido por Jesus desde a Galileia até

Jerusalém; ele mostra que, para ser discípu-lo e discípula, é necessário seguir o mesmo caminho de Jesus. Fica evidente que os pri-meiros discípulos de Jesus (1,16-20) são cha-mados ao seguimento na Galileia e, depois

O livro escrito por dom Edson Oriolo, bispo auxiliar da arquidiocese de Belo Horizonte, trata da gestão paroquial

como meio que pode ajudar a comunidade paroquial a viver melhor a proposta do evan-gelho. Segundo o autor, muito se fala sobre gestão, seja ela econômica, social, familiar, gestão da saúde, entre outras. Para ele, as pessoas procuram atingir uma excelência em suas atividades diárias, com isso, tudo o que é feito para sair da realidade, a fim de alcan-çar uma excelência, pode ser chamado de gestão. Como por exemplo: planejamentos, orçamentos e gestão de conflitos.

Com esse pensamento e inspirado nas exortações apostólicas Evangelii Nuntiandi do Papa Paulo VI e Evangelli Gaudium do

Por padre Francisco Albertin Ferreira, mestre em Ciências da Religião com especialização em Sagrada Escritura

Texto/Imagem: Divulgação

de ressuscitado, as mulheres recebem esta ordem: “Agora vocês devem ir e dizer aos dis-cípulos dele e a Pedro que ele vai a Galileia na frente de vo-cês. Lá vocês o verão, confor-me ele mesmo disse” (16,7). Os discípulos (menos Judas Iscariotes) que estavam em Jerusalém são convocados a voltar para a Galileia e a fazer o mesmo cami-nho de Jesus. Claro que não é

um caminho no sentido geográfico mas, sim, um caminho teológico. Tudo no evangelho de Marcos acontece ao longo do caminho.

• Marcos 1,1-13 é uma apresentação de Jesus, da mesma forma que 16,9-20 é como se fosse uma conclusão.

• 1,14—8,26 – Jesus caminha ensinando

o povo da Galileia e região, bem como os povos pagãos do outro lado do mar, juntamente com seus discípulos, vários ensinamentos, vários milagres, parábo-las e ação concreta em defesa da vida.

• 8,27—10,52 – Jesus mostra qual é o ca-minho do verdadeiro discipulado, onde estavam como que cegos e, depois de curados pela fé, purificados pelo ba-tismo e renovados pela nova criação. Como o cego Bartimeu, são convidados “a ver de novo e seguir Jesus pelo cami-nho” (10,52);

• 11—15,47 – E que caminho? O caminho para Jerusalém, ou seja, o caminho da cruz, da doação sem reserva da própria vida até as últimas consequências como fez Jesus.

• 16,1-8 – Mostra o novo caminho com Jesus Ressuscitado, que se reinicia na Galileia: é o caminho teológico. Em pou-cas palavras: seguir o mesmo caminho de Jesus e viver como ele viveu.

O Evangelho de Marcos mostra que os discípulos são bem humanos, com fraque-zas, cegos, querendo poder, ser maior do que os outros. Jesus repreende Pedro: “Fi-que longe de mim, Satanás! Você não pensa as coisas de Deus, mas as coisas dos ho-mens” (8,33). Os discípulos discutem pelo caminho qual deles é o maior e Jesus diz: “Se alguém quer ser o primeiro, deverá ser

o último, e ser aquele que serve a todos” (9,35). Querem poder, lugar de honra e, para decepção total deles, Jesus afirma: “Porque o Filho do Homem não veio para ser servi-do. Ele veio para servir e para dar a sua vida como resgate em favor de muitos” (10,45).

Tanto naquela época quanto nos dias de hoje percorremos vários caminhos, den-tre eles: do poder, do querer ser mais do que os outros, da violência, riquezas e gló-rias... Todavia, Jesus nos mostra que só Ele é “o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14,6). Os primeiros cristãos foram definidos como seguidores do Caminho (At 9,2). Não é fácil seguir o itinerário de Jesus traçado no Evan-gelho de Marcos, é muito exigente e requer renúncias, bem como assumir a cruz e doar a própria vida. Muitos dos discípulos e discípu-las de Jesus ainda estão preocupados com o Templo e Jesus mostrou neste Evangelho que o caminho se faz pelo deserto, um caminho de conversão, sacrifícios e de uma vida nova, tanto que as primeiras palavras de Jesus nes-te Evangelho são: O tempo já se cumpriu e o Reino de Deus está próximo. Convertam-se e acreditem na Boa Notícia” (1,15).

Qual caminho queremos seguir? A vida e o mundo nos oferecem várias opções. Je-sus nos ensina a assumir nossa cruz, a doar nossa vida e a amar verdadeiramente como ele nos amou. Ainda hoje uma voz grita no deserto: “Preparem o caminho do Senhor, endireitem suas estradas!” (1,3).

Papa Francisco, ambos sobre o anúncio do evangelho no mundo contemporâneo, dom Oriolo apresenta, no livro, pistas de gestão paroquial, com o objetivo de incentivar uma evangelização alicerçada no amor por Jesus Cristo e pela valorização do povo de Deus.

Os capítulos introdutórios que seguem do um ao sexto discorrem sobre a passagem da chamada pastoral de manutenção para uma pastoral missionária. A leitura traz indicações sobre a finalidade da paróquia num contexto urbano, ressaltando a questão da “gestão” no dinamismo da evangelização. Outro tema em destaque é a figura do sacerdote como gestor por excelência. O autor, com base em suas experiências, aponta caminhos para os sacerdotes administrarem bem suas paró-

quias. Oriolo afirma que a gestão deve estar alicerçada, sobretudo, na força do Espírito Santo.

O sétimo capítulo discute a gestão de conflitos no ambiente paroquial. Dom Oriolo lembra que uma paróquia saudável é aquela que aprende a lidar com os conflitos. No oi-tavo capítulo, o volume apresenta o tema da gestão de pesquisa. Por fim, o último capítulo apresenta, além de treinamentos e estraté-gias para as equipes da pastoral do dízimo, uma reflexão acerca da compreensão do dí-zimo como pastoral e não somente como um meio de arrecadação de dinheiro. A obra é indicada não apenas para os sacerdotes, mas também para os conselhos: paroquiais, pas-torais, administrativos e para todos os fiéis.

8 | JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ

iniciação à vida cristã

vida cristãCONTRIBUIÇÕES DA AMORIS LAETITIA PARA A REFLEXÃO FAMILIAR

APROFUNDAMENTO DA FÉ:TEMPO DE CULTIVARO livro do catequista e o livro das cartas

compõem o segundo volume da co-leção Viver em Cristo, elaborada pela

Província Eclesiástica de Pouso Alegre (MG), formada pelas dioceses de Campanha, Gua-xupé e Pouso Alegre. A coleção se destina à catequese com adultos e possui inspiração catecumenal, cujo processo é dividido em três volumes: Tempo de Semear (anúncio da fé); Tempo de Cultivar (Aprofundamento da Fé) e Tempo de Colher e Partilhar os frutos (vivência quaresmal e mistagógica).

Neste Tempo se realizará o aprofunda-mento da fé que coincide com o tempo que costumeiramente chamávamos de catequese

Sabe-se da dificuldade de conciliar, na maioria das vezes, doutrina e práxis. Sobre o tema famílias, as distintas ci-

ências estão apresentando notáveis conside-rações que acabam por distanciar ainda mais as duas realidades. Frente a esta situação, a Igreja, após um profundo percurso de refle-xão sinodal, oferece a seus membros a Exor-tação Apostólica Amoris Laetitia. A partir dela pode-se compreender como está o caminho da Igreja para contribuir com as famílias sem perder sua missão de anunciar a verdade so-bre a família. Nota-se que o caminho mais se-guro está no anúncio da alegria do amor, que pode ser encontrado na família e é a fonte de encontro pessoal com Deus e a salvação.

A exortação foi publicada no dia 19 de março de 2016, quarto ano do pontificado do papa Francisco. O texto possui nove capítulos marcados por um acontecimento linguístico que não pode ser negligenciado: linguagem materna, familiar, próxima, coloquial, domés-tica. Vale ressaltar que este marco linguístico não desqualifica o texto. Embora fosse um texto muito esperado, sua recepção causou estranhamento e dificuldades de compreen-são em alguns pontos específicos. Frente a esta situação, além do método de leitura in-dicado pelo próprio papa, faz se necessário ressaltar que:

1. Todo documento oficial da Igreja tem como objetivo favorecer o cresci-mento espiritual de seus membros;

2. A Exortação não foi produzida so-mente para um grupo especifico de

Por Luciano Nascimento, estagiário pastoral

Texto/Imagem: Divulgação

com adultos, pois os conteúdos da mensa-gem de Jesus e ensinamentos da Igreja são aqui desdobrados e interiorizados. No Tempo de Cultivar, além do livro guia para o proces-so de formação, o catequista terá em mãos o Livro das Cartas, que serão entregues ao ini-ciando a cada encontro, assumindo uma di-mensão de transmissão de um “testamento” de fé, em nome da Igreja. Daí a importância das assinaturas e da entrega somente à me-dida que os conteúdos forem sendo aprofun-dados.

O material pode ser adquirido pelo Secre-tariado de Pastoral da Diocese de Guaxupé ([email protected] / 35 3551 1013).

pessoas, pelo contrário, é para a Igreja universal;

3. Ela é fruto de um percurso sinodal que foi respeitado pelo papa Fran-cisco.

Com estas pistas de leituras, consegue-se extrair deste documento preciosas contribui-ções para nossa reflexão familiar. Dentre elas, uma perspectiva de leitura à luz de um redes-cobrimento da pessoa para o amor. Pois a alegria que nasce da experiência de um amor verdadeiro é o maior contributo que o docu-mento pode oferecer.

A Recepção da Exortação e sua Aplicação Pastoral

Uma das clarezas sobre a realização do Sínodo era o olhar da Igreja para a realidade matrimonial e familiar com o objetivo de apro-ximar a fé e a práxis, o que gerou grandes ex-pectativas nos âmbitos eclesiais e extra ecle-siais. Com a divulgação do documento final, redigido pelo papa, iniciaram-se profundas e acirradas reflexões sobre as interpretações sobre o texto.

Mesmo não sendo o centro, o capítulo oitavo foi o que mais despertou atenção dos leitores. As imprecisões na escrita e o seu ca-ráter subjetivo fez com que não fosse subme-tido a uma exegese atenta e analítica. Diante deste fato, surge a indagação: como aplicar pastoralmente o documento? Acreditamos que, para a eficácia pastoral da exortação, faz-se necessário compreender as ações do papa Francisco. Elas são uma reforma ecle-

sial ou um modo de se fazer pastoral? Logo depois, aprofundar os três verbos (acompa-nhar, discernir e integrar) e seus significados em uma ação pastoral. E, por fim, refletir a compreensão do papa no que tange à moral, que seguramente não se trata de uma moral casuística.

Pelos seus pronunciamentos, logo no início de seu pontificado, juntamente com outros gestos, percebe-se que o papa “assi-milou o que há de melhor na teologia moral e nos ensinamentos da Igreja, mas esboçou uma concepção ainda mais rica, reforçando o que se poderia chamar de ‘Moral de Jesus Cristo’” (SILVA apud MOSER, 2014 p.46-47). No que consiste essa Moral de Jesus Cristo?

Trata-se de um resgate da pessoa. Cristo, nos Evangelhos, devolve as pessoas a si mesmas. Segundo o cardeal italiano Coccopalmerio (2017), o papa afirma uma própria hermenêu-tica da pessoa: O da não exclusão, pois toda pessoa, independente da situação em que se encontra, possui valor em si.

Esse percurso nos levará a uma atitude pastoral que o desejo maior não seja o de reformular, inovar ou disputar questões ideo-lógicas, mas, sim, devolver às pessoas a sua dignidade, que refletirá diretamente na famí-lia. Concluindo que a vivência do amor, pro-pagado pela família e exaltado pela exorta-ção, poderá contribuir qualitativamente para a aproximação doutrina e práxis.

COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 9

direito canônicoASPECTOS BÍBLICOS E TEOLÓGICOS DO DÍZIMO

Por padre Francisco Clóvis Nery, vigário judicial da Diocese de Guaxupé

Fonte: Didaqué – A Instrução dos Doze Apóstolos, escrito do século 2 da Era Cristã

O dízimo é paroquial, partilhado na co-munidade em que participa. Uma vez que se espera que todos os agentes

de pastoral, dos diversos movimentos e minis-térios contribuam com o dízimo, o testemunho é o mais importante. Os ministros ordenados, além de serem dizimistas, são também agentes e têm grande responsabilidade. Boa formação dos agentes da pastoral do dízimo e material de boa qualidade. Ter coragem de investir e com ousadia.

Muito além de uma lei e seu cumprimento obrigatório, o dízimo se diferencia por provir de uma decisão pessoal, é compromisso moral, sua contribuição é sistemática, estável, assumida de modo permanente. É periódico: mensal - ligado ao salário ou outros tipos de ganho; ou anual - ligado a colheitas ou à venda de produtos.

A contribuição com o dízimo e sua corres-pondência pastoral precisam estar baseadas em uma correta compreensão dos fundamen-tos bíblicos e eclesiais, em suas dimensões e finalidades. Tal perspectiva garante que o dí-zimo se situe no âmbito da fé cristã e na ação evangelizadora. Ele não pode ser assumido uni-camente como forma de captação de recursos para outras pastorais. Esta compreensão não expressa toda riqueza de seu significado.

A principal fundamentação do dízimo en-contra-se na Sagrada Escritura. Antes de tudo, é preciso recordar que a revelação divina é pro-gressiva e orientada para Cristo. A decisão de contribuir com o dízimo nasce de um coração agradecido por ter encontrado o Deus da vida e experimentado a beleza de sua presença amo-

rosa no dia a dia.Deus é o Senhor de tudo, o proprietário da

terra de onde provém o alimento e a fonte de toda bênção (Lv 25,23; Sl 24,1). Dízimo é grati-dão: Abrão decide dar a Melquisedec o dízimo de todos os despojos oriundos de sua vitória (Gn 14,17-20); Jacó se dispõe a oferecer o dízimo como resultado de sua experiência com Deus em Betel (Gn 28,18-22). O dízimo é oferecido como reconhecimento e gratidão pela dádiva de Deus que abençoa e acompanha aquele que a Ele se confia.

O dízimo deve ser compreendido como pre-ceito: “Todo dízimo do país tirado das sementes da terra e dos frutos das árvores pertence ao Senhor como coisa consagrada” (Lv 27,30). As-sim, decorrem alguns elementos significativos: sustento dos serviços litúrgicos (Nm 18,21-32; Dt 12,12; 14,27), ao sacerdote (Nm 18,26), no auxílio

aos necessitados: estrangeiro, órfão e viúva (Dt 14,28-29; 26,12-13) e, numa perspectiva peda-gógica: caminho para se aprender e exercitar o temor do Senhor (Dt 14,22-23). O profeta Amós condena o dízimo descompromissado (Am 4,4-5), e em Malaquias encontramos o preceito do dízimo sob um prisma mais profundo: o da fide-lidade à Aliança.

Nos Evangelhos, na Comunidade dos dis-cípulos de Jesus, encontramos que “ajudavam com seus bens” (Lc 8,1-3) e tinham uma “bolsa comum” (Jo 13,29). Nas primeiras comunidades cristãs o que cada um possuía era posto a ser-viço dos outros. Eram perseverantes: em ouvir o ensinamento dos Apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações (cf At. 2,44-47). Por livre decisão: “a partilha não era imposta pelos apóstolos, mas expressão natu-ral do amor a Cristo e aos irmãos” (CNBB Doc.

100 n. 84). Coletas feitas para ajudar os que, na Judeia, sofriam durante a “grande fome” eram modelos de uma prática que se tornou recor-rente entre as comunidades cristãs (At 11,29; Rm 15,26-27; 1Cor 16,1-4; 2Cor 8-9; Gl 2,10). Essas coletas são uma das formas que a partilha de bens assumiu e inspiram a dimensão caritativa do dízimo.

O apóstolo Paulo ensina que cada fiel deve dar “como dispôs em seu coração” pois “Deus ama a quem dá com alegria” (2Cor 9,7). O cristão é chamado a contribuir pela consciência que tem de ser servo de Cristo (1Cor 7,22) e por saber que ele não pertence a si mesmo (1Cor 6,19). A dife-rença principal do dízimo no Novo Testamento está na motivação: não é mais por força da lei, mas pela decisão livre de consciência. Este per-curso bíblico leva a perceber que a consciência do dízimo parte do reconhecimento a Deus e da gratidão a Ele, é atitude que brota da fé.

Em nossos dias, uma mentalidade bastan-te difundida e que precisamos evitar é propor o dízimo baseando-se na chamada teologia da prosperidade, fundamentada somente em alguns textos do Antigo Testamento que rela-cionam a obediência a Deus e o dízimo com a multiplicação de bens materiais e com a pros-peridade pessoal. Essa interpretação isola os textos bíblicos do seu contexto e do conjunto da Sagrada Escritura. Quando o dízimo é proposto com essa fundamentação, se falsifica o rosto paterno e amoroso de Deus revelado por Jesus Cristo, se distorce a relação com Ele e se priva do dízimo seu autêntico significado.

[Continua na próxima edição]

patrimônio espiritualA VIDA EM COMUNIDADESe vier alguém até você e ensinar tudo o

que foi dito anteriormente, deve ser aco-lhido. Mas se aquele que ensina é per-

verso e ensinar outra doutrina para te destruir, não lhe dê atenção. No entanto, se ele ensina para estabelecer a justiça e conhecimento do Senhor, você deve acolhê-lo como se fosse o Senhor. Já quanto aos apóstolos e profetas, faça conforme o princípio do Evangelho.

Todo apóstolo que vem até você deve ser recebido como o próprio Senhor. Ele não deve ficar mais que um dia ou, se necessário, mais outro. Se ficar três dias é um falso profeta. Ao partir, o apóstolo não deve levar nada a não ser o pão necessário para chegar ao lu-gar onde deve parar. Se pedir dinheiro é um falso profeta. Não ponha à prova nem julgue

um profeta que fala tudo sob inspiração, pois todo pecado será perdoado, mas esse não será perdoado.

Nem todo aquele que fala inspirado é profeta, a não ser que viva como o Senhor. É desse modo que você reconhece o falso e o verdadeiro profeta. Todo profeta que, sob ins-piração, manda preparar a mesa não deve co-mer dela. Caso contrário, é um falso profeta. Todo profeta que ensina a verdade mas não pratica o que ensina é um falso profeta. Todo profeta comprovado e verdadeiro, que age pelo mistério terreno da Igreja, mas que não ensina a fazer como ele faz não deverá ser julgado por você; ele será julgado por Deus. Assim fizeram também os antigos profetas. Se alguém disser sob inspiração: “Dê-me dinhei-

ro” ou qualquer outra coisa, não o escutem. Porém, se ele pedir para dar a outros necessi-tados, então ninguém o julgue.

Acolha toda aquele que vier em nome do Senhor. Depois, examine para conhecê-lo, pois você tem discernimento para distinguir a esquerda da direita. Se o hóspede estiver de passagem, dê-lhe ajuda no que puder. En-tretanto, ele não deve permanecer com você mais que dois ou três dias, se necessário. Se quiser se estabelecer e tiver uma profissão, então que trabalhe para se sustentar. Porém, se ele não tiver profissão, proceda de acordo com a prudência, para que um cristão não viva ociosamente em seu meio. Se ele não aceitar isso, trata-se de um comerciante de Cristo. Te-nha cuidado com essa gente!

“Todos os que tinham abraçado a fé reuniam-se e punham tudo em comum: vendiam suas propriedades e bens, e dividiam-nos entre todos, segundo as necessidades de cada um.” (Atos 2,44-45)

Todo verdadeiro profeta que queira esta-belecer-se em seu meio é digno do alimento. Assim também o verdadeiro mestre é digno do seu alimento, como qualquer operário. Assim, tome os primeiros frutos de todos os produtos da vinha e da eira, dos bois e das ovelhas, e os dê aos profetas, pois são eles os seus sumos-sacerdotes. Porém, se você não tiver profetas, dê aos pobres. Se você fi-zer pão, tome os primeiros e os dê conforme o preceito. Da mesma maneira, ao abrir um recipiente de vinho ou óleo, tome a primeira parte e a dê aos profetas. Tome uma parte de seu dinheiro, da sua roupa e de todas as suas posses, conforme lhe parecer oportuno, e os dê de acordo com o preceito.

10 | JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ

políticaELEIÇÕES 2018: COMPROMISSO E ESPERANÇA - MENSAGEM DA 56ª ASSEMBLEIA GERAL DA CNBB AO POVO BRASILEIRO

FONTE: CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL

Nós, bispos católicos do Brasil, cons-cientes de que a Igreja “não pode nem deve ficar à margem na luta

pela justiça” (Papa Bento XVI –  Deus Ca-ritas Est,  28), olhamos para a realidade brasileira com o coração de pastores, pre-ocupados com a defesa integral da vida e da dignidade da pessoa humana, especial-mente dos pobres e excluídos. Do Evange-lho nos vem a consciência de que “todos os cristãos, incluindo os Pastores, são chamados a preocupar-se com a constru-ção de um mundo melhor” (Papa Francisco –  Evangelii Gaudium, 183), sinal do Reino de Deus.

Neste ano eleitoral, o Brasil vive um momento complexo, alimentado por uma aguda crise que abala fortemente suas estruturas democráticas e compromete a construção do bem comum, razão da ver-dadeira política. A atual situação do País exige discernimento e compromisso de to-dos os cidadãos e das instituições e orga-nizações responsáveis pela justiça e pela construção do bem comum.

Ao abdicarem da ética e da busca do bem comum, muitos agentes públicos e privados tornaram-se protagonistas de um cenário desolador, no qual a corrupção ga-nha destaque, ao revelar raízes cada vez mais alastradas e profundas. Nem mesmo os avanços em seu combate conseguem convencer a todos de que a corrupção será definitivamente erradicada. Cresce, por isso, na população, um perigoso descrédi-to com a política. A esse respeito, adverte--nos o Papa Francisco que, “muitas vezes, a própria política é responsável pelo seu descrédito, devido à corrupção e à falta de boas políticas públicas” (Laudato Sì,  197). De fato, a carência de políticas públicas consistentes, no país, está na raiz de gra-ves questões sociais, como o aumento do desemprego e da violência que, no campo e na cidade, vitima milhares de pessoas, sobretudo, mulheres, pobres, jovens, ne-gros e indígenas.

Além disso, a perda de direitos e de conquistas sociais, resultado de uma eco-nomia que submete a política aos interes-ses do mercado, tem aumentado o número dos pobres e dos que vivem em situação de vulnerabilidade. Inúmeras situações exigem soluções urgentes, como a dos presidiários, que clama aos céus e é cau-sa, em grande parte, das rebeliões que ceifam muitas vidas. Os discursos e atos de intolerância, de ódio e de violência, tanto nas redes sociais como em manifestações públicas, revelam uma polarização e uma radicalização que produzem posturas anti-democráticas, fechadas a toda possibilida-

de de diálogo e conciliação.Nesse contexto, as eleições de 2018

têm sentido particularmente importante e promissor. Elas devem garantir o forta-lecimento da democracia e o exercício da cidadania da população brasileira. Consti-tuem-se, na atual conjuntura, num passo importante para que o Brasil reafirme a nor-malidade democrática, supere a crise insti-tucional vigente, garanta a independência e a autonomia dos três poderes constituí-dos – Executivo, Legislativo e Judiciário – e evite o risco de judicialização da política e de politização da Justiça.  É imperativo as-segurar que as eleições sejam realizadas dentro dos princípios democráticos e éti-cos para que se restabeleçam a confiança e a esperança tão abaladas do povo brasi-leiro. O bem maior do País, para além de ideologias e interesses particulares, deve conduzir a consciência e o coração tanto de candidatos, quanto de eleitores.

Nas eleições, não se deve abrir mão de princípios éticos e de dispositivos legais, como o valor e a importância do voto, em-bora este não esgote o exercício da cida-dania; o compromisso de acompanhar os eleitos e participar efetivamente da cons-trução de um país justo, ético e igualitário; a lisura do processo eleitoral, fazendo valer

as leis que o regem, particularmente, a Lei 9840/1999 de combate à corrupção eleito-ral mediante a compra de votos e o uso da máquina administrativa, e a Lei 135/2010, conhecida como “Lei da Ficha Limpa”, que torna inelegível quem tenha sido condena-do em decisão proferida por órgão judicial colegiado.

Neste Ano Nacional do Laicato, com o Papa Francisco, afirmamos que “há neces-sidade de dirigentes políticos que vivam com paixão o seu serviço aos povos, (…) solidários com os seus sofrimentos e es-peranças; políticos que anteponham o bem comum aos seus interesses privados; que não se deixem intimidar pelos grandes po-deres financeiros e midiáticos; que sejam competentes e pacientes face a problemas complexos; que sejam abertos a ouvir e a aprender no diálogo democrático; que conjuguem a busca da justiça com a mise-ricórdia e a reconciliação” (Mensagem aos participantes no encontro de políticos cató-licos – Bogotá, Dezembro-2017).

É fundamental, portanto, conhecer e avaliar as propostas e a vida dos candida-tos, procurando identificar com clareza os interesses subjacentes a cada candidatura. A campanha eleitoral torna-se, assim, opor-tunidade para os candidatos revelarem seu

pensamento sobre o Brasil que queremos construir. Não merecem ser eleitos ou re-eleitos candidatos que se rendem a uma economia que coloca o lucro acima de tudo e não assumem o bem comum como sua meta, nem os que propõem e defendem reformas que atentam contra a vida dos pobres e sua dignidade. São igualmente reprováveis candidaturas motivadas pela busca do foro privilegiado e outras vanta-gens.

Reafirmamos que “dos agentes políti-cos, em cargos executivos, se exige a con-duta ética, nas ações públicas, nos contra-tos assinados, nas relações com os demais agentes políticos e com os poderes eco-nômicos” (CNBB – Doc. 91, n. 40 – 2010). Dos que forem eleitos para o Parlamento espera-se uma ação de fiscalização e legis-lação que não se limite à simples presença na bancada de sustentação ou de oposição ao Executivo (cf. CNBB – Doc. 91, n. 40– 2010). As eleições são ocasião para os elei-tores avaliarem os candidatos, sobretudo, os que já exercem mandatos, aprovando os que honraram o exercício da política e reprovando os que se deixaram corromper pelo poder político e econômico.

Exortamos a população brasileira a fa-zer desse momento difícil uma oportuni-dade de crescimento, abandonando os ca-minhos da intolerância, do desânimo e do desencanto. Incentivamos as comunidades eclesiais a assumirem, à luz do Evangelho, a dimensão política da fé, a serviço do Reino de Deus. Sem tirar os pés do duro chão da realidade, somos movidos pela esperança, que nos compromete com a superação de tudo o que aflige o povo. Alertamos para o cuidado com fake news, já presentes nes-se período pré-eleitoral, com tendência a se proliferarem, em ocasião das eleições, causando graves prejuízos à democracia.

O Senhor “nos conceda mais políticos, que tenham verdadeiramente a peito a so-ciedade, o povo, a vida dos pobres” (Papa Francisco – Evangelii Gaudium, 205). Nos-sa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, seja nossa fiel intercessora.

 Aparecida – SP, 17 de abril de 2018.

Cardeal Sergio da RochaArcebispo de Brasília – DF

Presidente da CNBB

Dom Murilo Sebastião Ramos Krieger, SCJArcebispo São Salvador da Bahia

Vice-Presidente da CNBB

“Continuemos a afirmar a nossa esperança, sem esmorecer” (Hb 10,23)

COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 11

comunicaçõesaniversários julho

agenda pastoral

Natalício3 Padre Edimar Mendes Xavier9 Padre Francisco dos Santos11 Padre Antônio Carlos Melo12 Padre Ailton Goulart Rosa 16 Padre José Milton Reis17 Padre Rovilson Ângelo da Silva22 Padre José Pimenta dos Santos

1 Solenidade dos Apóstolos Pedro e Paulo Encontro Setorial da Mãe Rainha – Setor Alfenas5 Reunião do Conselho de Presbíteros - Guaxupé5 - 8 Encontro para Coordenadores Diocesanos de Catequese no Regional Leste II – Belo Horizonte7 Encontro Diocesano das Equipes Paroquiais de Formação Cristã – Guaxupé7 – 8 Retiro do Conselho Diocesano da RCC – Petúnia8 Encontro dos MECE’s – Setor Passos9 Reunião dos Presbíteros – Setores Alfenas e Areado – Paróquia Sagrada Família – Machado11 Reunião dos Presbíteros – Setor Passos – Paróquia São José – Passos12 Reunião do Conselho Econômico Diocesano – Guaxupé13 Reunião dos Presbíteros – Setor Guaxupé – Catedral Diocesana

28 Padre Claudionor de Barros28 Padre Juvenal Cândido Martins

Ordenação 1 Padre Sérgio A. Bernardes Pedroso2 Padre Denis Nunes de Araújo6 Padre Norival Sardinha Filho

14 Reunião do Conselho Diocesano do ECC – Paróquia São José – São Sebastião do Paraíso15 Kairós Diocesano da RCC – Petúnia18 Reunião dos Presbíteros – Setor Poços de Caldas – Paróquia São João Bosco – Poços de Caldas19 Reunião dos Presbíteros – Setores Cássia e São Sebastião do Paraíso – Jacuí22 Encontro dos MECE’s – Setor Areado Encontro Setorial da Mãe Rainha – Setor São Sebastião do Paraíso23 - 26 Formação Permanente do Clero em Brodowski - SP27 - 29 Cursilho Jovem Misto em Poços de Caldas28 Setores Missionários: Reunião com os formadores das SMP29 Encontro dos MECE’s – Setor Guaxupé

9 Padre Edson Alves de Oliveira10 Padre Antônio Donizeti de Oliveira15 Padre Robison Inácio de Souza Santos16 Padre Francisco Clóvis Nery16 Padre Sidney da Silva Carvalho16 Padre Weberton Reis Magno17 Padre Reinaldo Marques Rezende17 Padre Paulo Carmo Pereira

20 Monsenhor José dos Reis22 Padre Vinícius Pereira Silva23 Dom José Geraldo Oliveira do Valle (episcopal)30 Padre José Ricardo Esteves Pereira30 Padre Ademir da Silva Ribeiro30 Padre Sebastião Marcos Ferreira

Texto/Imagem: Vatican Newssínodo dos bisposSÍNODO DOS JOVENS:SETE PALAVRAS-CHAVE DO INSTRUMENTO DE TRABALHOPublicado o Documento de trabalho

da 15ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, programado no

Vaticano de 3 a 28 de outubro deste ano, sobre o tema Os jovens, a fé e o discerni-mento vocacional.

Um bilhão e 800 mil pessoas entre 16 e 29 anos, isto é, ¼ da humanidade, são os jo-vens do mundo. No Instrumento de Trabalho do próximo Sínodo sobre a juventude, publi-

cado no dia 19 de junho, os padres sinodais poderão encontrar a descrição de sua varie-dade, suas esperanças e dificuldades.

O Instrumentum Laboris é o momento de convergência da escuta de todos os componentes da Igreja e também de vozes que não pertencem a ela.

Estruturado em três partes – reconhe-cer, interpretar e escolher – o documento busca oferecer as chaves de leitura da re-

alidade juvenil, baseando-se em diferentes fontes, entre as quais um Questionário on line que reuniu as respostas de mais de 100 mil jovens.

Que querem os jovens da Igreja

Portanto, o que querem os jovens de hoje? Sobretudo, o que buscam na Igreja? Em primeiro lugar, desejam uma “Igreja autêntica”, que brilhe por “exemplaridade, compe-tência, corresponsabilidade e solidez cultural”, uma Igreja que compartilhe “sua situação de vida à luz do Evangelho ao invés de fazer pregações”,

uma Igreja que seja “transparente, aco-lhedora, honesta, atraente, comunicativa, acessível, alegre e interativa”. Enfim: uma Igreja “menos institucional e mais rela-cional, capaz de acolher sem julgar pre-viamente, amiga e próxima, acolhedora e misericordiosa”.

Tolerância zero Mas há também quem não pede nada

à Igreja ou pede que seja deixado em paz, considerando-a um interlocutor não signi-ficativo ou uma presença que “incomoda e irrita”. Um motivo para essa atitude está nos casos de escândalos sexuais e econô-micos, sobre os quais os jovens pedem à Igreja que “reforce sua política de tolerân-cia zero”.

Outro motivo está no despreparo dos ministros ordenados e na dificuldade da Igreja em explicar o motivo das próprias posições doutrinais e éticas diante da so-ciedade contemporânea.

Sete palavrasTudo isso se articula em sete palavras que

o Instrumentum Laboris assim classificou:1. Escuta: os jovens querem ser ouvi-

dos com empatia.

2. Acompanhamento: espiritual, psicoló-gico, formativo, familiar e vocacional.

3. Conversão: seja de tipo religioso, sis-têmico, ecológico e cultural.

4. Discernimento: uma das palavras mais usadas no Documento, seja no sentido de uma “Igreja em saída” para responder às exigências dos jo-vens, seja como dinâmica espiritual.

5. Desafios: discriminações religiosas, racismo, precariedade no trabalho, pobreza, dependência de drogas e álcool, bullying, exploração sexual, corrupção, tráfico de pessoas, edu-cação e solidão.

6. Vocação: repensar a pastoral juvenil.7. Santidade: o Documento sinodal se

concluiu com uma reflexão sobre a santidade, “porque a juventude é um tempo para a santidade”. Que a vida dos santos inspire os jovens de hoje a “cultivar a esperança” para que – como escreve o Papa Francisco na oração final do Documento – os jovens, “com coragem, tomem as ré-deas de sua vida, almejem as coisas mais belas e mais profundas e man-tenham sempre um coração livre”.

12 | JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ