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DEZASETE

TOURO BENGALA LIVROS FICTÍCIA

GUILHERME COUBE DE CARVALHO

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dez.a.sete

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dezasete

GUILHERME COUBE DE CARVALHO

To u r o B e n g a l a L i v r o s F i c t í c i a

São Paulo • 2013

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No começo de tudo, tinha um erro –

Miguilim conhecia, pouco entendendo.

J. G. Rosa

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Ávida, inauguraladentrada ao campo bom.Campo de cerrado e chuva.Sem querer nasço com terra,nasço com pais que me instalamdez anos no country side.

I

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No campo sem noia nem noite nem dia tem manga jaboticaba lichia jaca e amora no pé; aquele céu sem gramática, as tardes sem terapia.

II

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Fora que o leite vem quente direto das nobres tetas das vacas que adoramos. A praxe é beber lá mesmo, no curral da madrugada. Copo à mão, botas ao chão.

III

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Lá no interior minha escola Recanto do Pica-Pauresguardava centenária árvore brutal, titânica (acho que era seringueira)onde em volta me acostumo

IV

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a responder quando errassem meu nome: “Guilérmi”; por-que antes de consertar,o som chegava, eu ia.Bola de gude futebasiga o mestre nó caipira.

V

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Mas é noutra brincadeiraque a dor maior, cru malgradoirrompe tecido e membroarreda no luxo, estala!– tchau, braço direito, oi –bloqueio no vôlei n’água.

VI

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Dolores foi professora;quem vestiu-me a boina Bonaquem vestiu-me a farda Bach.Carlito foi mestre ancho,facho que à luz trouxe Villas(polidactia das graves).

VII

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Fora dos muros da escola,magnas aulas de química:o beijo de língua e o lança.Ambos te sugam... Irados.Um no acampar dos tecidos,outro no sumiço mágico.

VIII

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Toda festa no interiorlarga em resíduo saudade.Alma ferrada querendover valer a volta ardeu.Viajar no tempo cão.Carcada na fu. No nada.

IX

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Filho do meio em famíliacruzeiro, cerro qual livroSelf Langsdorff Teena expedição de mim mesmo.Páginas de Miguiliminauguradas num erro.

X

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Goles de velhiceduas leituras da novela Campo Geral

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Na última das minhas quatro casas nos dez anos que vivi entre a zona rural e um bairro nobre de Bauru, centroeste do estado, tive que ler, para uma prova de Língua Poruguesa na escola, a novela Campo Geral. Foi meu primeiro contato com J. G. Rosa e minha experiência de leitura mais marcante até ali. Eu que sempre gostara do recolhimento da leitura mas que até então frequentara, além de Drummonds e Bandei-ras amigáveis e ainda altos demais, infantis, aventu-ras infanto-juvenis excitantes e medíocres e um que outro clássico chato. Em Campo Geral, no entanto, gargalhei alto e chorei de soluçar. Eu nunca imagi-nara, até fechá-lo, que um texto pudesse proporcio-nar tamanho impacto afetivo e intelectual. Mais que o cinema. Mais que a vida real. Graças a ele e dele em diante passei a esperar muitíssimo da leitura, e pude sentir nascer a dita vontade incontrolável de escrever, aquela que cresce orgânica e monstruosa com cada livro inesquecível de bom que topamos. Publicada originalmente como novela de abri-mento do grosso bem grosso volume ‘Corpo de Baile’, Campo Geral foi anos depois desmembrada a pedido do próprio Rosa, e posta em separado ao lado de Uma Estória de Amor. Esta edição que li, lá atrás, a das duas novelas em capa verde e branca e os nomes Manuel-zão e Miguilim estampados em corpo enorme. Para

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mim, era aquele, e não outro, o nome da história responsável por mudar para sempre o que quer que eu pudesse esperar de livros e leituras, Manuelzão e Miguilim. Antes de começar a compor os sextetos deste Dezasete, rememorando e vendo os principais even-tos do período em que troco São Paulo pelo interior, anotei: “Falar do conforto morno das frutas banha-das de sol colhidas no pé e do leite da vaca; da gi-gantesca árvore do Pica-Pau; do susto e da dor ab-surda das luxações sucessivas nos jogos de biribol; da disciplina matemática e sentimental das aulas de piano com Dolores e Tio Carlos (ela, uma professo-ra; ele, concertista e marido de uma irmã de minha avó, homem místico e severo cuja casa frequentei por alguns anos, para estudar, antes de ganhar meu próprio piano); dos primeiros beijos e da experiên-cia solvente de me apaixonar e cheirar lança-perfume; da leitura abissal de Miguilim.” Para recontar tantos sucessos, não pude ter em mãos arquivos que não os da minha própria memória reconstruída, imagéticos, obscuros, fragmentados. No caso da leitura, porém, me era possível revivê-la. Ou, refazê-la. Quem sabe se relendo a novela, pensei, todo o resto não volta mais fresco e mais forte, mais real e mais sensível. No entanto, reler Campo Geral depois de quase

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20 anos não só não fortaleceu outras memórias como também não reproduziu a dita recepção afetiva e in-telecutal da experiência da leitura original, além de deslocá-la brutalmente do interior para fora. Se na primeira leitura eu acabei atraído e arrasado pela sur-presa e pelo choro de Miguilim, na segunda foi a téc-nica de Rosa que me cativou. Se na sétima série eu tremi com Miguilim “receando os desatinos das pes-soas grandes” e achando que “tudo, que todo o mundo fazia, era errado”, hoje eu vibro com os artifícios do autor em passagens de prosa poética como a do gato:

ou a da esperança, em buquê surrealista:

De uma leitura dolorosa e centrípeta pondo-me como que

em primeira pessoa dentro do medo e da miopia do per-

sonagem e impelindo-me a na passagem da morte do

gato não tinha nome, gato era o que quase ninguém preza-

va. Mas ele mesmo se dava respeito, com os olhos em

cima do duro bigode, dono-senhor de si. Dormia o oco

do tempo. Achava que o que vale vida é dormir adiante.

Ele tinha fé. Ele mesmo sabia? Só que o movido do

mais-e-mais desce tudo, e desluz e desdenha, nas

memórias; é feito lá em fundo de água dum pôço de cis-

terna. Uma vez ele tinha puxado o paletó de Deus.

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Dito buscar guarida no banheiro com receio de que minha mãe ou irmãos mo testemunhassem cho-rando, passei a uma leitura confortável e distan-ciada, não menos aderente mas com diversos pon-tos de fuga, chegando a ler algumas boas passagens do livro em público, e outras mesmo em voz alta. Campo Geral se impõe, assim, como um tex-to clássico (perene) e popular (próximo), difícil de ser esquecido. O que Rosa faz com a língua, em que pesem as leituras friamente tendenciosas, psicologi-zantes ou estetizantes, a tentar explicá-lo, está bem perto de um milagre. Não me lembro de ter encon-trado, em toda prosa romanesca e crítica literária com que tive contato, voz de criança portando doses mastodôndicas e sem descanso de inventividade e verossimilhança, de um mundo infantil formalmente recriado e a um só tempo de extremo colorido e chegado, familiar, e que abarcasse ainda o humor mais espontâneo, a melancolia mais profunda e universal. A façanha de Rosa não é acidental e a permanência de Campo Geral não será tributária de esforços ex-tra-livro. Narrando alguns dias de uma criança ser-taneja com a vista curta que vai ser crismada e volta para testemunhar pequenas tragédias e glórias em uma novelinha com pouco mais de 150 páginas, Rosa atinge o tema da iniciação, da morte e da ressurreição;

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o romance de formação e o romance da dissolução do sujeito; o tom épico, o lírico e o íntimo mais banal e prosaico num só tiro, curto, original e bem acabado. Interessa, por exemplo, contar quantas vezes surge o termo “saudade” em Campo Geral, saudade palavra tão nossa e tão difícil de usar, interditada que é pela censura dos não praticantes. Mas são apenas quatro. Na primeira, Miguilim está com tosse e assim com medo de morrer. Mais, está certo da morte e faz um acorto com Deus para durar mais três dias. Logo em seguida refaz o acordo, achando por bem viver mais 10 dias. Feito, sai andando e vê um dos cachor-ros a brincar. E porque vai morrer, já consegue ter saudade do bicho. Na segunda vez, estamos em ple-no diálogo de Miguilim e Dito, trechos sempre entre os mais doces do livro. Miguilim diz do nada: “Dito, eu às vezes tenho uma saudade de uma coisa que eu não sei o que é, nem de donde, me afrontando…”, a que Dito, ligeiro e sereno, responde: “Deve de não, Miguilim, descarece. Fica de todo olhando para a tristeza não, você parece Mãe.” Mas é Dito, note-se, quem chama a saudade de Miguilim de tristeza, não o contrário. Na terceira aparição, a saudade é do mar, mesmo que nem Muiguilim nem ninguém em sua família o tenham “avistado”. Ou, quem sabe, por isso mesmo. “Pois, Mãe, então mar é o que a gente tem

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saudade?” Afinal, na quarta vez que o termo aparece, ele vem só, sem nada, já no finalzinho da história. Miguilim padecia da morte do irmão e do Pai e chorava devagar, “com cautela para a cabecinha não doer (…) Depois ficava num arretriste, aquela saudade sozinha.” Se acordei junto de Miguilim para o horror da morte e para o pavor de incomodar quem estivesse em volta na primeira leitura (“A coisa mais difícil que tinha era a gente poder saber fazer tudo certo, para os outros não ralharem, não quererm castigar”), na se-gunda peguei-me tentando decifrar uma possível ope-ração filosófica velada e nutrida pela narrativa de Rosa. Obviamente tal exercício de diletantismo não me levou muito longe e levantou mais perguntas do que ofereceu respostas. Divido-as com o leitor deste livrinho, para encerrar mais que uma expedição autobiográfica, esta pequena homenagem às duas leituras de Campo Geral. Cedo Miguilim nota que o mundo é cheio de regras, a maioria criada por nós mesmos. “Tudo que se fazia”, diz o narrador, “transtornava preceito.” E que errar ou desrespeitar, querendo ou não, tais regras é o mesmo que pedir por um castigo. Mas Miguilim sofre porque não consegue, a exemplo de Dito, ter um juízo definitivo das coisas. Às vezes apanhava do pai porque não conseguia, por exemplo, identificar com precisão um objeto à distância. O “trom do desconsolo” de

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Miguilim parece nascer de uma incerteza fundamen-tal frente ao julgamento de tudo o que é feito sem crueldade. Como pode Miguilim merecer castigo por simplesmente ter miopia, sendo que sua miopia não faz mal a ninguém? Crescer, então, é o quê? Uma série de atos de resignação e aceite frente à falível e nem sempre justa justiça dos homens? Ou justamente o contrário disso? Crescer é não deixar de lutar nunca por uma definição sempre melhor de justiça? Como será possível, cientes de um conhecimento limitado e incompleto, escrever tantas e tantas leis e ainda fazer valer uma porção de outras, arcaicas e não escritas? Chegamos algum momento, mesmo na solidão mais cabal, silenciosa e escura, a abandonar o sentimen-talismo assombrado da infância? Ou, se tanto, enri-jecemo-nos para fingir que ele se foi? Tornamo-nos adultos de fato ou vamos apenas, com o acúmulo de experiências e práticas de auto-exame, fazendo igual Miguilim, “tomando golinhos de velhice”? Será ser grande uma tremenda, vendida e desavergonhada ficção? E se for uma ficção, quem a teria criado, e por que haveríamos de comprá-la como fato da vida?

São Paulo, fevereiro de 2013