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ISSN 1679-818X

REVISTA CIENTÍFICA DO DEPARTAMENTO DE POLÍCIA TÉCNICADA SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA DO ESTADO DA BAHIA

SALVADOR - BAHIA

PROVA MATERIAL – Revista Científica do Departamento de Polícia Técnica vinculada à Secretaria da SegurançaPública do Estado da Bahia. Av. Centenário, s/nº, Vale do Barris, Salvador – Bahia, CEP.: 40.100-180. Telefone:(71) 3116-8792 / Fax: (71)3116-8787.

Esta revista é um periódico quadrimestral com distribuição gratuita. Os artigos assinados são de inteiraresponsabilidade dos autores. Tiragem desta edição de 1000 exemplares, 32p.

Jaques Wagner

Governador do Estado da Bahia

Antônio César Fernandes Nunes

Secretário da Segurança Pública

Raul Coelho Barreto Filho

Diretor Geral do Departamento de Polícia Técnica

Mª de Lourdes Sacramento Andrade

Chefe de Gabinete

Jorge Braga Barretto

Corregedor do Departamento de Polícia Técnica

Aroldo Ribeiro SchindlerDiretor do Instituto Médico Legal Nina Rodrigues

Iracilda Mª de O. Santos Conceição

Diretora do Instituto de Identificação Pedro Mello

Evandina Cândida LagoDiretora do Instituto de Criminalística Afrânio Peixoto

Eliana Araújo Azevedo

Diretora do Laboratório Central de Polícia Técnica

Claudemiro Pires Soares Filho

Diretor do Interior do Departamento de Polícia Técnica

EditoraTalita Souza Brito

Jornalista – DRT-BA nº 2734

EditoraçãoLiceu Gráfica

Conselho Editorial

Paulo Araújo Moreira de Souza (IMLNR)Valdomir Celestino de Oliveira Filho (IMLNR)

Socorro de Mª de Araújo Alves Ferreira (IIPM)Josemi Carvalho da Ressurreição (IIPM)

Cláudio Fernando Silva Macêdo (ICAP)Antonio César Morant Braid (ICAP)

Jorge Borges dos Santos (LCPT)Josenira Matos Andrade (LCPT)

Eunice Moura Vitória (DI)

Lídia Ramos de Araújo – Coordenação de Ensino ePesquisa

Colaboradores

Jorge Carvalho da RessurreiçãoJorge Braga Barretto

EXPEDIENTE

Prova Material – v. 1 – nº 11 – Dezembro de 2008 – Salvador – Departamentode Polícia Técnica, 2008. Quadrimestral

ISSN 1679-818X1.

1. Criminalística – Bahia – Periódico

CDU 343.9 (813.8) (05)

EDITORIAL .......................................................................................................................................

QUALIDADE DA ÁGUA EM RIBEIRÓPOLIS – SE: O AÇUDE DO CAJUEIROArtigo OriginalWesley Santos Lima, Luciano Cruz Almeida e Carlos Alexandre Borges Garcia..........................

SISTEMA INTEGRADO DE IDENTIFICAÇÃO BALÍSTICA (IBIS) BAHIA 2007 A 2008Artigo de RevisãoSueli Selma de Santana Lima.............................................................................................................

APLICAÇÃO DO MEV NA PERÍCIA DO ESTADO DA BAHIAArtigo de RevisãoJorge Borges dos Santos e Cristóvão Macedo Dantas....................................................................

PARÂMETROS DE VERIFICAÇÃO DE AUTENTICIDADE EM REGISTROS DEIMAGENS ARMAZENADOS EM MÍDIA ÓTICA – Relato de Caso.Fernando Luiz Pinheiro Amorim.........................................................................................................

IDENTIFICAÇÃO ODONTOLEGAL EM CORPOS ESQUELETIZADOSRelato de CasoGustavo Faria Argollo, Mariana Paixão Ribeiro e Selma da Paixão Argollo..................................

NORMAS PARA PUBLICAÇÃO......................................................................................................

SUMÁRIO

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4 Prova Material

EDITORIAL

DNA FORENSE: Uma realidade na Bahia

Inaugurado em junho de 2005, o Laboratório

Regional de DNA Forense do Laboratório Central de

Polícia Técnica representa um marco para a Segurança

Pública no Estado.

Nestes quase três anos de existência foram

solicitadas 1481 perícias oriundas da Bahia, e mais 90

de outros estados, a exemplo de Alagoas, Amazonas,

Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Sergipe, Pará,

Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Santa

Catarina.

A aquisição de moderno aparato tecnológico

somada à qualidade técnica dos Peritos baianos têm

apresentado importantes resultados na identificação

humana, que representa 19% das solicitações, na

elucidação de crimes sexuais, responsável por 71% das

perícias requisitadas e na análise de materiais biológicos

encontrados em locais de crime (9%). Existem, ainda,

outros casos (1%) que não se enquadram nessas

características, portanto, definidos como sem

classificação.

Ao todo, já foram emitidos cerca de trezentos

laudos abrangendo resoluções de crimes sexuais,

confronto de vestígios, identificação humana e outros.

Diante de seus resultados, o Laboratório Regional

de DNA Forense se consolidou não apenas como um

importante apoio às investigações criminais, mas também

como um pólo de ensino que recebe peritos de todo o

Nordeste, com a responsabilidade de treiná-los, por

meio da supervisão na realização de suas perícias, além

de oferecer cursos e capacitação continuada.

Como integrante da Rede Nacional de Genética

Forense do Ministério da Justiça, o Laboratório Regional

de DNA Forense tem discutido, no âmbito nacional,

questões de padronização de técnicas, legislação e

criação de banco de dados populacionais, numa política

de ajuda mútua entre os laboratórios da Rede.

A literatura criminalística é pacífica no

entendimento de que local de crime é a porção do espaço

compreendida num raio que, tendo por origem o ponto

no qual é constatado o fato, se estenda de modo a

abranger todos os lugares em que tenham sido

praticados, pelo criminoso, ou criminosos, os atos

materiais à consumação do delito.

Nessa perspectiva, local de crime não

se constitui apenas na região onde o fato foi constatado,

mas todo e qualquer local onde existam vestígios

relacionados com o evento, que sejam capazes de indicar

a premeditação e a execução do fato, bem como ações

posteriores, inclusive aquelas voltadas à ocultação de

provas.

A preservação dos vestígios deixados

no local do fato, em tese delituoso, exige a

conscientização dos profissionais da segurança pública

e de toda a sociedade de que a alteração do estado das

coisas, sem a devida aquiescência e gestão do

responsável pela coordenação dos trabalhos no local,

pode prejudicar a investigação policial e,

conseqüentemente, a realização da justiça, visto que os

peritos criminais analisam e interpretam os indícios

materiais na forma como são encontrados no local da

ocorrência. Preservar o local do crime é condição

inexorável para se garantir a idoneidade e integridade

da prova material, que após coletada ficará sob a

custódia dos órgãos oficiais. Entretanto, na rotina pericial,

observa-se uma sucessão de condutas equivocadas, que,

em maior ou menor proporção, podem comprometer

os resultados dos trabalhos periciais.

A preservação do local de crime é uma

resultante de atitudes tomadas desde a constatação do

fato até a chegada da equipe pericial, passando por

decisões a serem adotadas nas esferas militar e civil, que

devem estar afinadas em seus conceitos e atribuições,

visando não descaracterizar a situação como foi

encontrada.

Desta forma, dada a importância da

persecução penal para a sociedade, urge a necessidade

de implementação de um programa de treinamento

(educação continuada) voltado à capacitação de todos

os profissionais de segurança pública, bem como a

padronização de procedimentos em local de crime, por

meio de edição de normas que, necessariamente, devem

ser fruto de exaustivo estudo e discussão por parte desses

agentes, notadamente do nível operacional.

Por: Nilcéa Santiago dos Santos

Catiléa França Pimentel

Pompeu Costa Lima Agra

Preservação de Local de Crime

QUALIDADE DA ÁGUA EM RIBEIRÓPOLIS-SE: O AÇUDE DO CAJUEIRO

Artigo Original

* Wesley Santos Lima - DPT *Luciano Cruz Almeida – DPT

Carlos Alexandre Borges Garcia - UFS

*CRPT Euclides da Cunha – DI/DPT

RESUMOO presente trabalho tem como objetivo avaliar a qualidadeda água do açude do Cajueiro, localizado em zonasperiféricas do município de Ribeirópolis – Sergipe,importante área de cultivo de legumes e pesca. Projetadopelo DNOCS, para fornecer água para a região sertaneja,reduzindo os impactos da seca na região, encontra-seatualmente em avançado estado de antropismo, pelo mauuso de suas águas e desordenada ocupação do solo. Aproblemática local deve-se principalmente ao aporte deesgotos domésticos.Os resultados dos parâmetros físico-químicos ebacteriológicos revelam que a água do açude é imprópriapara a balneabilidade e consumo humano, sendocaracterizada de classe 2, de acordo com a ResoluçãoCONAMA nº 357/05. Além disso, é imprópria para airrigação, devido a alta carga de coliformes e salinidade.

Palavras-chave: qualidade de água, açude do cajueiro,parâmetros físico-químicos e bacteriológicos.

ABSTRACTThe current work has as purpose to evaluate the qualityof Cajueiro’s dam water, situated in peripheral zones ofRibeirópolis – Sergipe, important area of growing ofvegetables and fishing. Projected by DNOCS, to providewater for the country region, decreasing the drought’simpacts there, it is at present in advanced condition ofatropism, due to bad use of its waters and disorderedoccupation of the soil. The local problematic is causedmainly by the fusion of household sewage.The results of the physical and chemical and bacteriologicparameters reveal that the water of the dam is unfit forhuman consumption and seaside resort, being featuredas class 2, according to CONAMA’s resolution n° 357/05. Besides, it’s unfit for irrigation, due to the high chargeof bacteria and saltness.Key-words:Water’s quality, Cajueiro’s dam, Physical and chemicaland bacteria’s parameters.

1 – INTRODUÇÃOO açude do Cajueiro está localizado no município deRibeirópolis-SE, com capacidade para 920.000,00 m³, foiconstruído em 1956 com o propósito de reduzir a carênciade água na região, possibilitando a convivência dosertanejo com a seca, sendo usado para o abastecimentohumano e animal, irrigação e criação de peixes. Apesarde seus vários usos atualmente recebe os dejetosproduzidos pela maioria da população da cidade, clínicasmédicas, postos de combustíveis e indústrias, tornandosuas águas inadequadas para atender a população quenecessita usá-las.Por sua proximidade com a área urbana de Ribeirópolis -SE, esses mananciais vêm sendo amplamente exploradospara fins hidro-agrícolas, ocorrendo escoamento daprodução para as feiras livres das cidades vizinhas,inclusive para a capital do Estado, Aracaju.A falta de condições de saneamento básico emRibeirópolis, aliado a fatores agravantes como a escasseze o abastecimento de água, muitas vezes inadequados, afalta de conhecimentos básicos de higiene e dosmecanismos das doenças, são responsáveis pelatransmissão de enfermidades, principalmente de veiculaçãohídrica de algumas das mais importantes doençasinfecciosas na região, como hepatite, esquistossomose,dengue, infecções cutâneas, entre outras, demonstrandoa importância de serem desenvolvidos os estudos que sepreocupem com esta questão.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 ÁREA DE ESTUDO2.1.1 Localização do municípioO município de Ribeirópolis, integra a microrregião deCarira, situada na zona oeste, transição de Agreste com oSertão, do estado de Sergipe. Apresenta uma área de 263,0km2, situado no paralelo 10°32’26’’ de latitude sul e37°26’05’’ longitude oeste.

Prova Material 5

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2.2 AMOSTRAGEM E ANÁLISESA amostragem foi realizada no dia 24 de abril de2007. No total, foram coletadas 12 amostras,garantido dessa forma verificar o efeito em toda aextensão do açude.Em cada estação foram coletadas amostras de água,utilizando-se a garrafa de Van Dorn. Em seguida,as amostras foram acondicionadas em frascos depolietileno de um litro e mantidas em caixa de isoporcom gelo, para conservação em baixa temperaturae proteção contra a luz até chegarem ao laboratório.No momento da coleta, foram determinadas asprofundidades, a transparência da água e atemperatura do ar e da água.A preservação das amostras e as análises dosparâmetros estudados foram efetuadas utilizando ametodologia analítica descrita no APHA, 1998,como descrito na Tabela 1. As análises foramrealizadas no Laboratório de Química AnalíticaAmbiental do Departamento de Química daUniversidade Federal de Sergipe, nos meses de abrile maio de 2007.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 CONDUTIVIDADE ELÉTRICAA determinação da condutividade é um dos meiosmais utilizados para quantificação de salinidade. Estaé a concentração total de íons dissolvidos e, assimsendo, pode-se dizer que a salinidade e os sólidostotais dissolvidos apresentam a mesma magnitude namaioria das águas.A condutividade obtida nas águas do açude variouentre 1,37 a 1,42 mS/cm, mostrando que a água doaçude possui um elevado teor de salinidade, sendoinadequada para solos com deficiência de drenagem,tendo seu emprego restrito à irrigação de plantas comboa tolerância a sais.

3.2 OXIGÊNIO DISSOLVIDO (OD)O oxigênio na água é oriundo de duas fontes principais:da atmosfera e da assimilação fotossintética dasplantas submersas. É um elemento essencial amanutenção dos processos metabólicos de produção,energia e reprodução dos seres vivos. A solubilidadedo OD em águas varia com a altitude, temperatura esalinidade.As concentrações de oxigênio dissolvido variaramentre 0,89 mg/L a 10,22 mg/L. Os resultadosdemonstram que para este parâmetro a água doaçude é classificada como água doce Classe 4 naépoca chuvosa, sendo encontrados valores pequenosnos pontos do fundo. Nota-se que praticamente existeuma homogeneidade nos valores de oxigêniodissolvido para os pontos da superfície e meio doaçude.

3.3 NUTRIENTES: NITRATO, NITRITO EAMÔNIAO nitrogênio é um dos nutrientes essenciais aocrescimento dos microorganismos que degradam amatéria orgânica. Sabe-se que em algumas águasrepresadas esses elementos são altamente presentesem casos de poluição por esgotos.Nos valores de nitrato e nitrito encontrados, verifica-se que seus valores são bem superiores ao da amônia,desse modo deduz-se que a poluição não seja tãorecente, isto é, ocorreu o aporte e o ambiente nãoconsegue autodepurar. Para esses parâmetros aságuas foram classificadas como Águas Doces deClasse 1.

3.4 ÍONS MAIORES: SÓDIO E POTÁSSIOO sódio é um dos elementos mais abundantes na terrae seus sais são muito solúveis, por isso toda águanatural contém sódio. Em águas superficiais asconcentrações de sódio estão bem abaixo de 50 mg/L. Nas amostras os valores variaram de 20 mg/L a21 mg/L nas águas do açude.As concentrações de potássio ficaram abaixo de 8,0mg/L em todas as estações. As concentrações depotássio em águas naturais são baixas, pois as rochasque contém potássio são relativamente resistentesao intemperismo (GARCIA e ALVES, 2006).

3.5 POTENCIAL HIDROGENIÔNICO (pH)O pH é uma função da proporção entre os íons H+ eOH-, em solução. É um parâmetro que deve sersempre avaliado, pois pode interferir no processo decoagulação-precipitação química durante otratamento da água, na corrosão de tubulações eequipamentos, no crescimento microbiano dossistemas biológicos de tratamento, na toxidez de certos

Tabela 1 – Resumo dos requisitos necessários à amostragem (Standard Methods 20th ed.,1998).

Determinação Recipiente Conservação Tempo máximo de estocagem

Cloretos P,V Nenhuma 28 dias Cor P,V Refrigerar 48 horas

Condutividade P,V Refrigerar 28 dias Dureza P,V Adicionar HNO3, pH<2 6 meses

N-amonical P,V Analisar logo que possível ou adicionar H2SO4, pH<2, refrigerar

7 dias

N-nitrato P,V Analisar logo que possível ou refrigerar

48 horas

N-nitrito P,V Analisar logo que possível ou refrigerar

48 horas

Oxigênio Dissolvido

V Imediatamente. Pode-se esperar depois da acidificação

8 horas

pH P,V Imediatamente Sólidos P,V Refrigerar 7 dias Análise

microbiológica P,V Imediatamente

Turbidez P,V Analisar no mesmo dia, guardar no escuro até 24 h, refrigerar

24 horas

Metais em geral P Para metais dissolvidos, filtrar imediatamente e adicionar HNO3 para

pH<2

6 meses

Fonte: Adaptado de GARCIA e ALVES , 2006.

Prova Material 7

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compostos e nos constituintes da alcalinidade e acidezda água.Os valores do pH encontrados apresentam-sealcalinos, estando dentro dos limites estabelecidospara Águas Doces Classe 1 (entre 6,0 e 9,0).

3.6 TURBIDEZA turbidez representa o grau de interferência apassagem da luz através da água, conferindo umaaparência turva à mesma. A alta turbidez reduz afotossíntese de vegetação enraizada submersa ealgas.Considerando os valores da turbidez encontradospara as águas do açude, descritos na Tabela 2,variaram entre 17,8 a 26,8 NTU, estandoclassificadas, para esse parâmetro, como Água DoceClasse 1.

3.7 CORA cor é originada de forma natural da decomposiçãoda matéria orgânica, principalmente dos vegetais –ácidos húmicos e fúlvicos, além de ferro e manganês.No caso de águas represadas a coloração tambémpode ser proveniente de despejos industriais, comocurtumes, tecelagens, tinturarias e esgotosdomésticos.Os valores referentes ao parâmetro “cor”, na águado açude, que variaram entre 14,4 a 28,3 mg/L Pt-Co, estão classificadas como Águas Doces Classe2.

3.8 SÓLIDOS TOTAIS DISSOLVIDOS(STD)

Todas as impurezas da água, com exceção dos gasesdissolvidos, contribuem para a carga de sólidospresentes nos corpos d‘água e os sólidos serão nofuturo uma importante variável a ser utilizada paracaracterizar, qualificar e quantificar a qualidade daságuas.Os valores dos STD possuem limites elevados. Talfato pode ser justificado pelo visível aporte de materialproveniente dos esgotos domésticos, bem pelo fatode que na época da coleta, já se iniciaram as chuvasocasionando o turbilhonamento do açude, existindouma tendência de homogeneização dos teores de STDao longo do corpo d‘água.

3.9 DUREZAA classificação quanto ao nível de dureza total naágua, de acordo com MACÊDO (2002), é a seguinte:“águas moles” com dureza até 50 mg CaCO

3/L;

“águas de dureza moderada”, entre 50 e 150 mg deCaCO

3/L; “águas duras”, entre 150 e 300 mg CaCO

3/

L e “águas muito duras”, com valores maiores que300 mg CaCO

3/L.

As águas do açude, de acordo com os resultadosobtidos, caracterizam-se como sendopredominantemente “muito duras”, tendendo aocasionar transtornos na irrigação, tendo comoconseqüências o aumento dos custos de produçãodo sistema, como por exemplo, a incrustação decarbonato nos canos e bombas.

3.4.1 COLIFORMES FECAL E TOTALOs patógenos humanos presentes em fezes deindivíduos infectados, podem atingir o meio ambienteaquático através do esgotamento sanitário. Adeterminação dos coliformes assume importânciacomo um parâmetro indicador da possibilidade deexistência de microorganismos patogênicos,responsáveis pela transmissão de doenças deveiculação hídrica (GARCIA e ALVES, 2006).Os resultados expostos na Tabela 3, correspondentesao período chuvoso, demonstram que para oscoliformes termotolerante e total, os valoresestiveram elevados nos pontos 3 e 4 do açude, fatoeste previsível pois esses pontos se localizam próximoda região que recebe o esgotamento sanitário dacidade de Ribeirópolis.

Tabela 2 – Valores dos parâmetros para a água do açude do Cajueiro – Ribeirópolis – SE.

CONDUTIVIDADE sódio Dureza

(ms.cm-1) mg/L mg/L mg/L mg/L

CaCo3 NTU 1s 1,39 5,19 3,00 21,00 316,0 23,2 2s 1,38 4,82 3,00 22,00 321,7 21,7 3s 1,41 4,74 2,00 22,00 313,9 20,5 4s 1,41 4,30 3,00 22,00 311,9 19,1 1M 1,39 5,78 3,00 20,00 298,0 21,3 2M 1,38 3,26 3,00 21,00 308,3 18,2 3M 1,37 6,37 3,00 20,00 310,3 21,3 4M 1,40 4,74 3,00 22,00 318,6 17,8 1F 1,42 4,89 3,00 21,00 314,5 26,8 2F 1,39 1,04 2,00 20,00 298,5 22,7 3F 1,40 0,89 2,00 22,00 309,3 21,5 4F 1,41 0,96 3,00 21,00 307,2 19,2

COR pH N-Nitrato

Sólidos Totais

dissolvidos

mg/L Pt-Co mg/L mg/L mg/L

mg/L 1s 17,4 8,2 0,073 0,288 0,086 690,0 2s 16,1 8,1 nd 0,220 0,059 693,0 3s 15,9 8,1 0,168 0,159 0,069 698,0 4s 15,4 8,1 0,094 0,160 0,020 692,0 1M 15,7 8,3 0,026 0,281 0,036 706,0 2M 14,8 8,1 0,340 0,236 0,086 711,0 3M 16,1 8,1 nd 0,168 0,095 692,0 4M 14,4 8,0 0,244 0,183 0,110 762,0 1F 18,3 8,2 0,457 0,315 0,012 702,0 2F 18,3 7,8 0,393 0,180 0,108 685,0 3F 17,2 7,6 0,302 0,058 0,255 683,0 4F 15,7 7,7 0,155 0,259 0,048 683,0

Oxigênio dissolvido potássio TURBIDEZAMOSTRA

AMOSTRA N-nitritoN-

amônio

TABELA 3: EXAME MICROBIOLÓGICO DA ÁGUA – COLIMETRIA

AMOSTRA NMP* coli total / 100 ml NMP* coli termotolerante /

100 ml

Chuvosa Chuvosa

P-01 - Açude Cajueiro

17

17

P-02 - Açude Cajueiro

32

26

P-03- Açude Cajueiro

920

350

P-04- Açude Cajueiro

> 2400

> 2400

*NMP: número mais provável

8 Prova Material

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4 – CONCLUSÕESO açude do Cajueiro vem sendo impactado porconstantes aportes de esgoto bruto proveniente dacidade de Ribeirópolis e por efluentes originadosdo Matadouro Municipal. Alterações da cor, docheiro e da quantidade de sólidos na água são logoperceptíveis, mesmo sem nenhuma análisequantitativa do caso, sinalizando a existência deimpacto ambiental.Em relação a qualidade hídrica do açude doCajueiro, de acordo com os resultados dosparâmetros físicos, químicos e biológicos obtidosno presente estudo, verifica-se que sua água éimprópria para balneabilidade e consumo humano,sendo considerada de classe 2, de acordo com aresolução nº 317/05 do CONAMA,principalmente no que diz respeito aos valores decoliformes fecais e totais, sódio, potássio, sólidostotais dissolvidos, condutividade elétrica e dureza.Além disso, como uma das finalidades de uso é apiscicultura, a água pode comprometer a qualidadesanitária dos alimentos e peixes, pois a carga decoliformes é alta.

1. APHA, 1998. Standard Methods for theExamination of water and Wastewater. 20ªed. United States of América. American PublicHealth Association, 1998.

2. FREITAS, S. S. de. Eutrofização noreservatório Marcela em Itabaiana-SE e suaImplicações Ambientais. Monografia deEspecialização em Gestão de RecursosHídricos. UFS. São Cristóvão, 2001.

3. GARCIA, C. A. B.; ALVES, J. P. H.Qualidade da água. Relatório de Pesquisa –LQA/UFS. São Cristóvão, 2006. In:Diagnóstico e avaliação da sub-baciahidrográfica do rio Poxim. Relatório dePesquisa. UFS/FAPESE. São Cristóvão,2006.

4. MACÊDO, J. A. B. Introdução à químicaAmbiental. CRQ-MG. 1ª edição. Juiz de Fora,2002.

5. SILVA, M. G. Caracterização da qualidadeda água no semi-árido sergipano –Barragem do Perímetro Irrigado de

Jacarecica I, Itabaiana – SE. Dissertação deMestrado. NEREN/UFS. São Cristóvão,2006.

6. PRADO, R. B. Geotecnologias aplicadasà análise espaço temporal do uso ecobertura da terra e qualidade da água doreservatório de Barra Bonita, SP, comosuporte à gestão de recursos hídricos. SãoCarlos, São Paulo: Centro de RecursosHídricos e Ecologia Aplicada, Escola deEngenharia de São Carlos , Universidade deSão Paulo, 2004. Tese de Doutorado.

Contatos:Perito Criminal Msc. Wesley Santos LimaCRPT Euclides da Cunha BA Fone: (075)3271 3698 E-mail: [email protected]

SISTEMA INTEGRADO DE IDENTIFICAÇÃO BALÍSTICA (IBIS)BAHIA 2007 A 2008.

Artigo de Revisão

Sueli Selma de Santana LimaPerita Criminalística

Instituto de Criminalística Afrânio Peixoto

RESUMOO Sistema Integrado de Identificação Balística (IBIS),adquirido pelo Departamento de Polícia Técnica doEstado da Bahia, vem sendo utilizado desde 1º de junhode 2007. Esse equipamento propicia a realizaçãoautomática do exame de microcomparação balística,contudo a intervenção humana ao longo de todas asetapas de trabalho é indispensável, pois a aquisição eanálise de imagens, bem como as confirmações decorrelações positivas (HITS) ocorrem através da açãodo homem. Este artigo descreve a utilização desta novaferramenta de trabalho e os resultados técnicos obtidos.

Palavras - Chave: imagens, análise, equipamentos,projeteis, estojos, HITS, operadores do sistema.

ABSTRACTThe Integrated Ballistics Identification System (IBIS)acquired by the Department of Technical Police of theState of Bahia has been used since June 1st, 2007. Thisequipment provides the automatic examination of ballisticmicrocomparison. However, the human interventionthroughout the work steps is indispensable, because theacquisition and analysis of images, as well as confirmationof positive correlations (HITS) occur through the actionof man. This article describes the usage of this new tooland the technical results achieved.

Keywords: images, analysis, equipment, bullets, cartridgecases, HITS, system operators.

INTRODUÇÃOO Sistema Integrado de Identificação Balística (IBIS) vemsendo utilizado por peritos da Coordenação de BalísticaForense do Instituto de Criminalística Afrânio Peixoto(ICAP), desde 1º de junho de 2007. A aquisição destaferramenta de trabalho proporcionou a criação de umbanco de dados com o arquivamento, a análise de imagens

de projéteis e estojos provenientes de arma de fogo quesão encaminhados à Coordenação de Balística Forense(CBF) e a realização da microcomparação balísticaautomática.

O IBIS-TRAX-3D, nome comercial do sistema, écomposto por duas estações de aquisição de imagensde projétil (BulletTRAX-3D), uma de estojo(BrassTRAX-3D), uma estação de análise(MatchPoint+) e o servidor.

Foi essencial a criação de uma infra-estrutura apropriadapara instalação desses equipamentos, pois sãonecessárias: iluminação, rede elétrica, piso, temperaturae umidade adequada ao bom funcionamento do sistema.

Prova Material 9

Figura 01 - Estações de aquisições de imagem de projétil BulletTRAX-3D.

Figura 02 - Estação de aquisição de imagem de estojo BrassTRAX-3D e MatchPoint+

10 Prova Material

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008.

Exemplos de imagens de correlações positivasconfirmadas em projeteis (figuras 4,5 e 6).

Observando imagens de microestrias presentes emprojéteis de arma de fogo adquiridas pelo IBIS-TRAX-3D é possível afirmar que um dos principaisrecursos utilizados por examinadores do sistema éa imagem tridimensional, porque apresenta maiornitidez quanto às convergências ou não das peçasanalisadas.

Com a última atualização do sistema, ocorrida emmarço de 2008, foi possível a aquisição de imagensde projéteis com raiamento tipo poligonal (Figuras

Figura 05 - Imagem com tratamento 3D, microestrias presentes em projeteisquestionados de calibre nominal .40S&W, que percorreram o interior do mesmocano de uma arma de fogo. Fonte: IBIS / ICAP/CBF 2008.

Figura 06 - Imagem com tratamento 3D, microestrias presentes em projeteisquestionados de calibre nominal .45AUTO, que percorreram o interior do mesmocano de uma arma de fogo. Fonte: IBIS / ICAP/CBF 2008.

DesenvolvimentoInstalados os equipamentos, um instrutor da

Forensic Technology foi encaminhado a Salvador-

Bahia com objetivo de formar os operadores. Ele

ministrou um curso composto de três módulos:

BrassTRAX, BulletTRAX e MatchPoint+ a uma

equipe previamente selecionada constituída por

peritos técnicos e peritos criminais. Foram assim

formados os usuários do sistema, que são os

seguintes: técnicos especializados em aquisição de

imagem, examinadores e administrador local.

Os técnicos especializados em aquisição são

responsáveis por cadastrar e adquirir imagens de

projéteis e estojos questionados ou padrões. Os

examinadores analisam os resultados

correlacionados no MatchPoint+, confirmando ou

não a relação existente entre as ocorrências

cadastradas. O administrador local revisa, submete

os casos ao concentrador de dados, acompanha as

correlações e está em contato constante com o

suporte.

Até 28/10/2008 foram cadastrados 3.062 casos,

sendo que 1,5% desses correspondem a peças

padrão. Inseridos nestes casos temos 4.064 peças

85,3% projéteis e 14,7% estojos. Dos 180 HITS

(correlações positivas confirmadas no IBIS) 88,8%

estão relacionadas a projéteis e 11,2% a estojos.

O primeiro caso confirmado de correlação positiva

(HIT) foi com estojos questionados pertencentes

ao calibre nominal .45 AUTO (Figura 03).

Figura 03 - Imagem presente em espoletas percutidas e detonadas por umamesma arma de fogo. Fonte: IBIS / ICAP/CBF 2007.

Figura 04 - Imagem com tratamento 3D, microestrias presentes em projeteisquestionados de calibre nominal .40S&W, que percorreram o interior do mesmocano de uma arma de fogo. Fonte: IBIS / ICAP/CBF 2008.

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07) e um melhor desempenho do equipamento comas peças deformadas.

Considerações finaisO Departamento de Polícia Técnica adquiriu umrecurso tecnológico capaz de correlacionar casosarquivados em seu banco de dados, sendo possíveldeterminar a relação existente entre crimespraticados com a utilização de uma mesma arma defogo.

Para otimizar os resultados fornecidos por esta novaferramenta é essencial um trabalho integrado entreos técnicos de aquisição, examinadores eadministrador local, bem como entre as autoridadesresponsáveis por investigar os crimes cometidoscom a utilização de armas de fogo e o Departamentode Polícia Técnica/ICAP.

A aquisição deste sistema requer:

• política de segurança pública estruturada,para trabalhar com o mesmo, considerandoque o IBIS exige dedicação exclusiva dosperitos.

• planejamento orçamentário adequado paramanutenção do suporte técnico.

ReferênciasFORENSIC TECHNOLOGY INC. Solutions fora safer society: IBIS/Ballistic identification. Canadá.2004. Disponível em: http://www.forensictechnologyinc.com Acesso em:09.10.2008.

NATIONAL INTEGRATED BALLISTICINFORMATION NETWORK (NIBIN). Themissing Link: Ballistic Technology That Helps SolveCrimes. EUA. 2004. Disponível em:http://www.nibin.gov Acesso em: 08.10.2008

MatchPoint+ a nova era – MatchPoint+ guia dousuário, versão 2.1. Forensic technology WAY Inc,2006.

Endereço para Correspondência:Sueli Selma de Santana Lima:[email protected]

Figura 07 - Imagem com tratamento 3D, microestrias presentes em projeteisquestionados de calibre nominal 9mmLuger, que percorreram o interior do mesmocano de uma arma de fogo com raiamento poligonal. Fonte: IBIS / ICAP/CBF2008.

APLICAÇÃO DO MEV NA PERÍCIA DO ESTADO DA BAHIA

Artigo de Revisão

Jorge Borges dos Santos*Cristóvão Macedo Dantas**

*Perito Criminalístico**Perito Técnico de Polícia

Laboratório Central de Polícia Técnica

RESUMOEm julho de 2008, o DPT-BA concluiu a aquisição deum Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV). Na áreaforense, somente o Estado de São Paulo e o InstitutoNacional de Criminalística – INC, órgão do Departamentode Polícia Federal sediado em Brasília, possuemequipamentos similares. A chegada do MEV coloca aperícia da Bahia em situação de igualdade com algunsdos mais desenvolvidos centros forenses do mundo. Oaparelho, um dos modelos mais modernos, compossibilidades de análise tanto em alto e baixo vácuoquanto no modo ambiental, vem com um softwareespecífico para análise de resíduos de disparos de armasde fogo – Gun Shot Residue (GSR), porém, suapotencialidade de aplicações é ampla, podendo serutilizado nas mais diversas áreas forenses como aEngenharia, Balística, Física, Química e Biologia.

PALAVRAS CHAVES:Microscopia, microscópios, Microscópio eletrônico devarredura, MEV, resíduos de disparo de armas de fogo..

ABSTRACTIn July/2008, the DPT-BA concluded the acquisition ofone SEM (Scanning Electronic Microscope). In theforensic field in Brazil, only São Paulo State and InstitutoNacional de Criminalística – INC of Departamento dePolícia Federal, situated in Brasília, have a similarequipment. This SEM put Bahia State in situation ofequality with the other more developed forensic centersaround the world. The model of SEM is up-to-date andwas acquired with specific software for GSR (Gun ShotResidue), but its use is expansive in several forensic areas:Engineering, Ballistics, Physics, Chemistry and Biology.

KEY WORDS:Microscopy, microscopes, scanning electronicmicroscope, SEM, Gun Shot Residue, (GSR).

INTRODUÇÃOA Microscopia é entendida como um processo devisualização de pequenas estruturas impossíveis deserem vistas a olho nu, mas que se tornam visíveis quandoutilizamos uma série de lentes amplificadoras.Osmicroscópios pertencem basicamente a duas categorias:Luminosos (ML) e Eletrônicos (ME). As diferençasfuncionais estão na radiação utilizada e na maneira comoela é refratada.Um objeto se torna visível ao microscópio comoresultado de sua interação com as ondas de luz usadaspara iluminá-lo. Esta interação ocasiona um desvio dasondas quando estas atravessam o objeto. Então, objetosmuito pequenos não causam quaisquer desviosdetectáveis nas ondas luminosas e portanto, permaneceminvisíveis (ou não resolvidos). Quanto menor ocomprimento de onda (ë) da luz utilizada, menor será oobjeto que poderá causar desvios nas ondas econsequentemente menor será o objeto visualizado. Istosignifica que a natureza da luz limita o tamanho doobjeto detectado pelo microscópio.A Microscopia de Luz (também denominada ótica)utiliza-se da radiação de ondas luminosas (luz visível,ë entre 400 e 700nm) refratadas por lentes de vidro. Ocampo microscópico aparece brilhante e iluminado e osobjetos estudados se apresentam mais escuros.Geralmente produzem um aumento de aproximadamenteaté 1000 vezes. Já na Microscopia Eletrônica a radiaçãoempregada é de feixe de elétrons (ë = 6,06 x 10-3nm)sendo ele refratado por meio de lentes eletrônicas. O

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microscópio eletrônico produz aumentos úteis de200.000 a 400.000 vezes, sendo seu poder deresolução cerca de 100 vezes maior que omicroscópio de luz. Esse maior poder de resoluçãodo microscópio eletrônico está relacionado com ocurto comprimento de onda (ë) dos raios eletrônicosutilizados para ampliar os espécimes em questão.Osmicroscópios eletrônicos estão classificados em doistipos: de transmissão (MET) e de varredura (MEV).

O MICROSCÓPIO ELETRÔNICO DEVARREDURA:O princípio de funcionamento do MEV consiste naemissão de feixes de elétrons por um filamentocapilar de tungstênio (eletrodo negativo), mediantea aplicação de uma diferença de potencial que podevariar de 0,5 a 30 KV. Essa voltagem provoca oaquecimento do filamento e emissão dos elétrons(efeito termo-iônico). A parte positiva em relaçãoao filamento do microscópio (eletrodo positivo)atrai fortemente os elétrons gerados, resultandonuma aceleração em direção a este eletrodo positivo.O alinhamento do percurso do feixe é realizado pelaslentes condensadoras em direção à objetiva, queajusta o foco do feixe de elétrons antes deste atingira amostra que terá sua imagem ampliada. Todo essesistema encontra-se em alto vácuo (na ordem de10-7 mBar):

Ao incidir na superfície da amostra (“varrendo” parafrente e para trás enquanto atravessa a amostra) ofeixe de elétrons produz interações que resultamem três fontes básicas de emissão: os elétronssecundários, os elétrons retroespalhados e os raios–X característicos (Fig. 2), o que acaba resultandoem tipos também diferentes de imagens produzidas.As imagens de elétrons secundários provêm deinterações inelásticas entre os elétrons e a amostra(perda de energia com uma pequena mudança de

Fig. 1 Fig. 2Esquema básico de funcionamento do MEV (Fig.1); Fontes de origem das imagensformadas após interação do feixe de elétrons com a amostra (Fig. 2). (Referência:Universidade de São Paulo-USP; Laboratório de Filmes Finos-LFF; Institutode Física – IF).

Fig. 3 – Espectro de EDS

direção), já as imagens de elétrons retroespalhadosse originam de interações elásticas entre elétronse amostra (mudança de direção sem perdaconsiderável de energia)Para cada tipo de imagem formada existe um tipode detector:1) Os detectores de elétrons secundários (ES)fornecem imagem de topografia da superfície daspartículas e são os responsáveis pela obtenção dasimagens de alta resolução;2) Os detectores de elétrons retroespalhados (BSE)permitem a análise de variação de composição oucontraste.3) Os detectores EDS ou EDX – energia dispersivade Raios X: quando elétrons provenientes do canhãodo microscópio incidem sobre o átomo da amostra,podem arrancar elétrons de camadas mais internasda eletrosfera. Os elétrons mais afastados do núcleopassam então a ocupar a lacuna deixada, a fim derecuperar a estabilidade atômica. Esta transição emiteradiação com comprimento de onda (ë) na faixa dosraios-X característico de cada elemento químico.Desta forma os espectros de emissão de raios-Xsão como uma impressão digital de um elementoquímico. Um espectro de EDS pode determinar acomposição dos elementos químicos de umaamostra.

ANÁLISE DE RESÍDUOS DE TIRO (GSR)USANDO MEV/EDS:Os chamados resíduos de tiro (Gun Shot Residue -GSR) que se depositam em mãos, outras partescorpóreas e vestes de supostos atiradores entende-se atualmente que sejam constituídos basicamentepor:

• Grãos de pólvora não queimados• Partículas de aço do cano• Latão (cobre-zinco) do estojo• Resíduos da mistura iniciadora - estifnato

de chumbo, nitrato de bário e sulfeto deantimônio.

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A análise de GSR é de suma importância na definiçãoda autoria e na distinção entre homicídio e suicídionos eventos envolvendo disparos de armas de fogo.Na maioria dos centros forenses brasileiros se usaa metodologia do Teste Químico com Rodizonatode Sódio, que tem como principais limitações: abaixa sensibilidade do método, possibilidade deinterferências sempre presentes nas análises químicaspor via úmida, podendo causar resultados falsospositivos ou falsos negativos, além da limitação desomente analisar chumbo e ou bário.

Usando a técnica da microscopia eletrônica devarredura/ detector de energia dispersiva (MEV/EDS) os resultados positivos são consideradosquando se detecta partículas de característicasespecíficas (morfologia esférica, brilhantes, diâmetrode 1 a 10nm) nas quais estejam presentessimultaneamente os elementos químicos Chumbo(Pb), Bário (Ba) e Antimônio (Sb).

Visando igualar o Brasil ao estado da arte nessetipo de exame, o Governo Federal através daSecretaria Nacional de Segurança Pública, CNPqe outros órgãos de pesquisa científica criou achamada “Rede Pólvora”, em 2003 - 2004, queintroduziu e estimulou o uso da microscopiaeletrônica na área forense por meio da interaçãocom os centros acadêmicos possuidores dosequipamentos. Da mesma forma, os Estadosbrasileiros foram incentivados a investir na aquisiçãode microscópios eletrônicos de varredura ou aformar parcerias entre os centros forenses estaduaise as universidades visando criar uma norma técnicanacional para análise de GSR igual à utilizada nospaíses de maior desenvolvimento tecnológico.

Fig. 4. - Análise de GSR com solução de Rodizonato de Sódio (manchas detonalidade rósea indicam a positividade do exame).

Fig. 5 – partícula de GSR com o espectro de EDS ao lado (ver os elementosquímicos Pb, Ba e Sb).

O Estado da Bahia, através do Projeto Expansión(hoje denominado Projeto Bahia Segura), umconvênio firmado com uma empresa estatalespanhola, incluiu o MEV entre suas aquisições, aqual se efetivou em julho de 2008 com a chegada ea montagem nas dependências do LaboratórioCentral de Polícia Técnica - LCPT. O equipamento,oriundo da República Theca, de marca defabricação FEI, modelo Quanta 400, é um dos maismodernos existentes atualmente, possuindo osmodos de análise em Alto Vácuo, Baixo Vácuo eAmbiental, sendo que esta última modalidadepermite a análise de amostras sem a necessidadede elas serem condutoras de eletricidade, requisitoindispensável para qualquer análise nos aparelhostradicionais.

REFERÊNCIAS:-SANTOS, F. H. - Colheita de Resíduos deDisparo de Armas de Fogo e Análise PorMicroscopia Electrónica de Varrimento. OPERITO, Tecnologias e Polícia , Ano I; Nº 1,1995,pp. 3 - 4.-WALLACE, J. S. e outros - Discharge Residuesfrom Cartridge - Operated Industrial Tools. J.For,. Sci Soc. 1984; 24: 495 - 508.-OWENS, A. D. - A Reevaluation of theAerospace Corporation Final Report on ParticleAnalysis - When to Stop Searching for GunshotResidue (GSR)? J. For Sci. Vol.35, Nº 3, 1990,pp. 698 - 705.-ANÓNIMO - Standard Guide for GunshotResidue Analysis by Scanning ElectronMicroscopy / Energy - Dispersive Spectroscopy.ASTM E 1588 - 95.-HALBERSTAM, R. C. - A SimplifiedProbability Equation for Gunshot Primer Residue(GSR) Detection. J. For. Sci. Vol. 36, Nº3, 1991,pp. 894 - 897.- KLAUSS, P. – [ Estudo das imagens de MEV-EDS – UFSC – Profa Priscila Klauss.pdf];-GALLETI. S.R. – [Galleti – Introdução àMicroscopia Eletrônica.pdf]

Fig. 6. MEV marca FEI, modelo Quanta 400 instalado no LCPT-BA.

14 Prova Material

PARÂMETROS DE VERIFICAÇÃO DE AUTENTICIDADE EM REGISTROSDE IMAGENS ARMAZENADOS EM MÍDIA ÓTICA

Relato de Caso

Fernando Luiz Pinheiro de AmorimPerito Criminalístico

Instituto de Criminalística Afrânio Peixoto - ICAP

RESUMOEste relato de estudo de caso tem como objetivoapresentar os parâmetros utilizados para verificação deautenticidade dos registros de imagens armazenados emmídia ótica, os quais integravam uma parte dos elementospertencentes ao conjunto de materiais, enviados pelo Juizde Direito da Vara Crime de Lauro de Freitas, submetidopara a realização dos exames periciais na referidamodalidade.

1.0 - IntroduçãoNo início de janeiro de 2008, a Coordenação de Períciasem Audiovisuais do Instituto de Criminalística AfrânioPeixoto – ICAP recebeu solicitação para realização deexames periciais com propósito de verificar a autenticidadedos seguintes materiais: a) registros de imagens digitaisarmazenadas em 10 (dez) mídias óticas, sendo nove dotipo CD-R (Compact Discs Recordable) e uma do tipoDVD-R (Digital Versatile Disc Recordable); b) 05(cinco) álbuns de fotografias analógicas com tamanhosvariados; c) 21 fragmentos de filmes negativos defotografias analógicas.

2.0 - Material e MétodosPara a realização dos exames periciais em mídias óticasforam adotados os seguintes procedimentos: 1. Oconteúdo armazenado nas mídias foi copiado para o discorígido do computador com a finalidade de preservar osarquivos originais. 2. Os arquivos de imagem foramclassificados por tipo de formato de gravação. 3.Realizou-se análise do conteúdo das imagens. 4.Finalmente foram realizadas as análises decompatibilidade, com propósito de verificar aautenticidade das imagens, em relação aos seguintesparâmetros: a) Compatibilidade entre a fonte de luz e os

tipos de sombra gerados no ambiente b) Enquadramentodos personagens e objetos nas cenas c) Continuidade euniformidade das texturas que formam os objetos,personagens e ambientes; d) Relação deproporcionalidade entre os objetos e personagensintegrantes das imagens.

Também, em relação ao álbum de fotografia analógica,foram desenvolvidas análises de compatibilidade,utilizando os mesmos critérios descritos nos itens 3 e 4do parágrafo anterior. Por sua vez, no que se referemaos negativos das fotografias analógicas, os mesmosforam enviados para a Coordenação de Fotografia doLaboratório Central de Polícia Técnica do Departamentode Polícia Técnica para serem revelados, para em seguidaserem procedidas as mesmas análises relacionadas aosálbuns de fotografia.

O instrumental utilizado nos exames consistiu de: a)Microcomputador com processador Pentium D, 3.3Ghz, clock de 300 MHz; b) Software AdobePhotoshop CS3 Extended, versão trial; c) MediaCoder,versão feeeware; d) CD/DVD Data Recovery, versãofreeware.

3.0 - Resultado das análises perceptuais emmídias óticas

3.1 Análise de conteúdo: o total de arquivosarmazenados através das mídias óticas e analisados deforma individual totalizou 6001. Estes arquivosrepresentavam registros de imagens e de vídeo gravadosou exibidos através de vários formatos tais como: BMP(Bit Map Pictures), JPG (Joint Photographic ExpertsGroup), TIF (Tag Image File Format ), GIF (Graphical

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AInterchange Format), TGA (Truevision Targa), MPG(Moving Picture Experts Group), PPT (PowerPoint), PICK7.Em relação ao conteúdo mostrado através dasimagens, percebeu-se que a maioria delasapresentava pessoas do sexo masculino e do sexofeminino, de aspectos físicos e fisionômicosdiversificados, representadas por adulto,adolescente e criança, as quais apareciam nasimagens de forma individual ou em grupo, em estadode nudez parcial ou total, em pose para fotografiaou na prática de ato sexual. Observou-se tambémque parte destas imagens apresentavamidentificações relativas a endereços de siteseletrônicos, dados cronológicos e impressos denatureza diversificada.

3.2 Análise de compatibilidade: através da análisede compatibilidade, observou-se haver semelhançasentre as imagens representadas através de doisarquivos denominados “o1tt.bmp” eRDARN17.JPG, em relação aos seguintesaspectos: a) As características e expressõesfisionômicas, posicionamento das mãos e tipo deóculos utilizados pelo personagem masculino; b) ascaracterísticas da forma, cor e luminosidade doambiente de fundo; c) as características anatômicasda genitália, das pernas, da região inferior do braçoesquerdo, a partir da dobra anterior do cotovelodo personagem feminino; d) os objetos da cena edemais características do ambiente de fundo, emrelação aos personagens supracitados e) a fonte deluz que apresentava características duras,produzindo sombras densas, com bordas bemdefinidas sobre o corpo do personagem masculino.Por outro lado, perceberam-se as seguintesdivergências: a) inversão nos planos de tomadas dasimagens; b) direcionamentos distintos das luzes dosambientes considerados; c) As imagens provenientesdos arquivos, apresentavam ângulos de tomadasinvertidos com características de espelhamento.Com a finalidade de proceder à comparação entreas imagens, sob a mesma perspectiva de ângulo devisão, foi realizada uma operação de transformação,conhecida como flip horizontal, que imprimiu umarotação de 180° no sentido anti-horário, seguidada inversão dos valores das ordenadas dos pontosda imagem representada pelo arquivo “o1tt.bmp”,conforme pode se observar através das imagens 01

a 04. A partir do posicionamento das imagens, sobum mesmo ângulo de perspectiva, confirmaram-seas semelhanças existentes entre as imagenscomparadas, tais como, os objetos das cenas eambiente de fundo, personagens por inteiro e partede personagens. Tais semelhanças estão mostradasatravés da imagem 05, cujas identificações estãoabaixo descritas:

A partir do posicionamento das imagens, sob ummesmo ângulo de perspectiva, confirmaram-se assemelhanças existentes entre as imagenscomparadas, tais como, os objetos das cenas eambiente de fundo, personagens por inteiro e partede personagens. Tais semelhanças foramrepresentadas através de 06 áreas, mostradasatravés da imagem 05, descritas da seguinte forma:a) Área 01: As características e expressõesfisionômicas e tipo de óculos utilizados pelopersonagem masculino; b) Área 02: região inferiordo braço direito do personagem feminino, a partirda dobra anterior do cotovelo do personagemfeminino; c)Área 03: tipo de projeção da sombra,densas e com bordas bem definidas; d)Área 04:

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características anatômicas das pernas e órgãosgenitais dos personagens masculino e feminino;e)Área 05: Posicionamento das mãos dopersonagem masculino; f)Área 06: parte de uma mãoapoiada sobre um suporte;

Análise de compatibilidade: após análise individualda imagem, representada através do arquivo“o1tt.bmp”, observaram-se os seguintes aspectosdiscrepantes.

3.2.1 Relação entre tipos de sombras e aspectosrelacionados à fonte de luz geradoraa) Relação entre sombras projetadas e fontes deiluminação relacionadas ao personagem masculino:em relação às sombras projetadas sobre os suportesde apoio à cabeça, regiões torácica e pubiana,geradas pela incidência da fonte de luz sobre o ladodireito da face do personagem masculino, face lateraldo braço e perna direita da personagem feminina,identificadas na imagem 06 pelos itens 1,2,3 e 4,observaram-se os seguintes aspectos concernentesà fonte de luz, geradora das referidas sombras: i)Qualidade: dura e concentrada com contorno desombras visíveis por contraste; ii) Direção: frontallateral com sentido da esquerda para a direita daimagem;b) Relação entre sombras e fonte de luz relacionadaao personagem feminino: em relação à sombraprópria, incidente sobre a face lateral esquerda, e ásombra projetada, estendendo-se do ombro parao braço esquerdo, observaram-se os seguintesaspectos correspondentes à fonte de luz: i)Qualidade: difusa, apresentando uma suave transição

Imagem 05: Imagem do arquivo RDARN17.JPG

entre a parte iluminada da face (face lateral direita)e as partes em sombra (face lateral esquerdaestendendo-se até os ombros da personagemfeminina);ii) Direção: superior, com sentido da esquerda para

direita da imagem.

3.2.2 Relação de enquadramentoa) Enquadramento da mão esquerda da personagemfeminina: observando-se a inclinação do ombro eposicionamento do braço esquerdo, estendido eprojetado para trás, a mão esquerda da personagemteria que estar posicionada em um plano de apoioinferior ao plano sobre a qual a mão que aparecena imagem encontra-se apoiada.b) Posicionamento da mão esquerda dopersonagem masculino: a forma com que o dedoindicador encontra-se sobreposto ao dedo médio,sinaliza que a face lateral direita da terça parte inicialdo dedo indicador (próxima à base do referidodedo), encontra-se apoiada sobre uma superfíciede contato. Esta superfície, por sua vez, exerce umapressão sobre a região mencionada do dedoindicador no sentido da direita para a esquerda. Pelaimagem 07, observa-se, no entanto, que o mesmoencontra-se suspenso e sem qualquer ponto ousuperfície de apoio, antes mostrando uma área vaziaentre este o corpo da personagem.c) Descontinuidade e ausência de contornosdefinidos da linha lateral interna da região entre oterço inferior do braço e do terço superior doantebraço direito da personagem feminina.

Imagem 06: Imagem do arquivo RDARN17.JPG

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e) Superposição de área da imagem, situada emsegundo plano, sobre parte de imagem localizadaem primeiro plano, próxima ao braço esquerdo dapersonagem.

Imagem 07: Imagem do arquivo RDARN17.JPG

4.0 CONCLUSÃO

a) Em relação à utilização de vários formatos decompressão aplicados às imagens, em geral, sãoutilizado para facilitar a troca através das redesde computadores e permitir armazenar umamaior quantidade de arquivos nos dispositivose meios de armazenamento, a exemplo dasmídias óticas, pen drives, etc.;

b) Em relação à autenticidade dos registros deimagens armazenados nas mídias óticas,verificou-se, através das análises dos parâmetrosde autenticidade que o arquivo denominado de“o1tt.bmp” foi criado através do processo deedição da imagem do arquivo“RDARN17.JPG”. Neste processo forammantidos o personagem masculino, ambiente defundo e demais objetos integrantes da cena, osmembros inferiores, parte dos membrossuperiores e genitália do personagem feminino,do arquivo de imagem ‘RDARN17.JPG’, oqual apresentava características de uma mulheradulta. No processo de edição do arquivo“o1tt.bmp”, parte do personagem feminino,mencionado anteriormente, foi substituída pelotronco, cabeça e parte dos membros superioresde um corpo de uma criança.

IDENTIFICAÇÃO ODONTO-LEGAL EM CORPOS ESQUELETIZADOS

Relato de Caso

Selma da Paixão Argollo *Gustavo Faria Argollo**

Mariana Paixão Ribeiro****Perito Odonto-legal do Instituto Médico Legal Nina Rodrigues**Perito Médico-legal do Instituto Médico Legal Nina Rodrigues***Graduanda da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública

ResumoOs autores relatam um caso de exame de uma ossadaencaminhada ao setor de Antropologia do InstitutoMédico Legal Nina Rodrigues, sendo solicitada pelaautoridade requisitante identificação através do exameantropológico. Foi encaminhada a ficha odontológica deum suposto que permitiu a identificação do indivíduoatravés do exame odonto-legal.

Palavras chaveAntropologia. Identificação Odonto-legal.

AbstractThe authors relate the case of bones sent to theDepartment of Forensic Anthropology of InstitutoMédico-Legal Nina Rodrigues. The authors came to apositive odontological identification by means ofcomparation between the teeth and the dental record ofa missing person.

IntroduçãoO marco da utilização da Odontologia Legal nosprocessos de identificação ocorreu no ano de 1897,quando um incêndio de grandes proporções em um localdenominado Bazar da Caridade, freqüentado pela altasociedade parisiense, resultou na morte de mais de 100pessoas, todas carbonizadas. Os registros dasinvestigações feitas pelos cirurgiões-dentistas envolvidosnesta tragédia - que permitiram a identificação de cercade 90% das vítimas através da comparação dos dadosodontológicos anti-mortem e post mortem - formarama maior parte da tese de doutorado do Dr. Oscar Amoedoem 1898(2), considerada como a primeira publicaçãooficial da Odontologia Legal, sendo reconhecida como

ciência que auxilia a Medicina Legal, e o seu autorcondecorado como o fundador deste ramo da CiênciaForense (8).No Brasil, muito antes da criação da disciplinaOdontologia Legal, Tanner de Abreu, em 3 de setembrode 1920, inaugurou o curso de “Medicina Legal aplicadaà Arte Dentária”, para os estudantes de Odontologia daFaculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Em 1922publicou a primeira edição do seu compêndio; nele oautor chamava a atenção para o importante papel docirurgião dentista no que respeita à inestimávelcolaboração que pode prestar à Medicina Legal,principalmente no que concerne ao problema daidentificação (1).No nosso País, o caso mais comentado sobre acontribuição da Odontologia Legal nos processos deidentificação foi o de Josef Mengele (1985), realizadopelo departamento de Polícia Científica de São Paulo eque teve como odontolegista o Dr. Moacyr Silva (9).

Relato do caso:Trata-se da identificação de uma ossada através doexame odonto-legal encaminhada ao Setor deAntropologia Forense do Instituto Médico Legal NinaRodrigues, havendo como suposto um cidadãoestrangeiro, 35 anos de idade, leucoderma. A ossadaencontrava-se em avançado estado de desmineralizaçãopelo tempo em que esteve enterrada (aproximadamente4 anos), apresentando mandíbula e maxilar com unidadesdentárias, com exceção do incisivo central superiordireito, ausente por provável desgarramento post-mortem. Foi encaminhada uma ficha odontológica para

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subsidiar a identificação do indivíduo, confeccionadaum ano antes do seu desaparecimento.Inicialmente, foi realizado o exame direto dos arcosdentários, buscando obter o maior número deinformações odontológicas possíveis,particularidades tais como: unidades cariadas,ausentes, presentes e abrasionadas, tipo de materialutilizado nas restaurações e próteses, dentre outras.(Fotografias 01 e 02)

Como segunda etapa, foi realizado o exame indiretoatravés das radiografias periapicais, em que osperitos confirmaram as análises feitas através doexame direto e, ainda acresceram alguns achados,tais como: a existência de tratamentos endodônticos,núcleos intra-radiculares, unidades ausentes, etc.(Fotografias 03 a 06).

Mediante a análise da ficha odontológicaencaminhada pelo cirurgião dentista da supostavítima foram extraídas os dados anti mortem.(Fotografia 07)

Como última etapa, foi efetuado o examecomparativo entre os dados anti-mortem e post-mortem, cujos resultados demonstramos nosquadros a seguir:

Concluiu-se o laudo nos seguintes termos: O examecomparativo realizado entre a ficha odontológica dosuposto e os achados decorrentes dos examesdiretos e indiretos feitos pelos peritos, permitemconcluir que existe total compatibilidade entre eles,não havendo elementos odontológicos divergentesque permitam excluir a possibilidade de ser dosuposto a ossada.DiscussãoO papel da Odontologia Legal nos processos deidentificação de corpos esqueletizados ecarbonizados, nos últimos anos, possui fundamentalimportância, principalmente nos acidentes de massaem que demandam a identificação de um númeroexpressivo de pessoas, alcançando-se índices depositividade expressivos com o auxílio da períciaodonto-legal.

20 Prova Material

Foto 1 – Mandíbula Foto 2 – Maxilares

Ante-mortem Post-mortem

11 – Abrasão 11 – Abrasão

16 – Coroa metálica 16 – Coroa metálica, tratamento endodôntico

17 – Tratamento endodôntico, amálgama e resina

17 – Tratamento endodôntico, amálgama e resina

18 – Extraído 18 – Ausente

Quadro 1 – Exame comparativo ante-mortem e post-mortem da arcada superior direita

Ante-mortem Post-mortem

21 – Abrasão 21 – Abrasão

24 – Tratamento endodôntico e resina 24 – Tratamento endodôntico e resina

25 – Coroa em cerâmica 25 – Tratamento endodôntico, núcleo e coroa em cerâmica

26 – Coroa em cerâmica 26 – Tratamento endodôntico, núcleo e coroa em cerâmica

28 – Extraído 28 – Ausente

Quadro 2 – Exame comparativo ante-mortem e post-mortem da arcada superior esquerda

Ante-mortem Post-mortem

35 – Cárie distal 35 – Restauração em resina distal e cárie mesial

36 – Tratamento endodôntico e resina 36 – Tratamento endodôntico e resina

38 – Extraído 38 – Ausente

Quadro 3 – Exame comparativo ante-mortem e post-mortem da arcada inferior esquerda

Ante-mortem Post-mortem

45 - Cárie mesial 45 – Cárie na mesial e distal

46 – Coroa 46 – Tratamento endodôntico, núcleo e coroa

48 – Extraído 48 – Ausente

Quadro 4 – Exame comparativo ante-mortem e post-mortem da arcada inferior direita

Prova Material 15

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Prova Material 21

Arbenz (1988) afirma que os dentes e arcosdentários podem fornecer, em certas circunstâncias,subsídios de real valor para a solução de problemasmédico-legais e criminológicos, de sorte a constituirmesmo, às vezes, os únicos elementos com os quaispode contar o perito (1).Delattre & Stimson (1999) afirmaram que apercepção da população de que a OdontologiaLegal é surpreendente e eficaz em sua atuaçãocientífica nos casos de identificação humana atravésdo exame dos dentes, pois atualmente é comum nosjornais e noticiários a divulgação de que emacidentes graves quando a identificação das vítimascom a utilização de métodos tradicionais como adactiloscopia ou o reconhecimento visual estãoprejudicados, a utilização dos registros dentais é ummétodo vastamente conhecido para identificação decarbonizados (5).Sabe-se, contudo, que a identificação odonto-legaltem a natureza de um exame comparativo, atravésde um sistema trifásico, inicialmente realizamos oexame minucioso da arcada dentária, depois oexame do prontuário odontológico (fichasodontológicas, modelos de gesso, radiografias, etc.)e, por fim, o exame comparativo anti-mortem epost-mortem. Torna-se indispensável, portanto, aexistência de um prontuário odontológico préviopara que se possa realizar o estudo comparativo.França (1995) reconhece a identificação pela arcadadentária como algo relevante, principalmente em setratando de carbonizados ou esqueletizados. Paratanto, é preciso dispor de uma ficha dentária anteriorfornecida pelo dentista da vítima. Essa ficha é a peçamais importante para a identificação dedesconhecidos ou vítimas de catástrofes de qualquerespécie. Seria muito interessante que ela fosseadotada em caráter obrigatório (6).Vanrell (2002) afirma, contudo que, mesmo quandoa vítima nunca realizou tratamentos dentários, asinformações que se podem obter do exame dentalpodem fornecer informações a respeito da vítimaque possibilitem a individualização, orientando sobredados úteis na investigação policial (10).O grande entrave encontrado pelos profissionais daOdontologia Legal é a dificuldade em se obter umprontuário odontológico, eis que a grande massada população brasileira não tem acesso aos serviçosodontológicos, além do que inexiste uma

uniformização na forma de preenchimento dosformulários odontológicos pelos cirurgiões dentistas,de forma que, em sendo necessária uma futuraidentificação odontolegal, eles possam contribuirfavoravelmente no processo.Podemos verificar, no entanto, que este problemanão é uma exclusividade dos profissionais deodontologia brasileiros, haja vista que a ficha quese prestou ao processo comparativo neste examepericial é proveniente de um cirurgião dentistaestrangeiro e, no entanto, foram observadasinúmeras deficiências no seu preenchimento, taiscomo: ausência do registro da situação bucal inicial,deficiência no preenchimento do odontograma,ausência das faces restauradas em algumas unidades,falta da identificação e assinaturas do paciente e doprofissional.Calvielli; Silva (1988), tendo em vista as implicaçõescivis e criminais da ficha odontológica, recomendamque ela deve conter o estado bucal do paciente antesdo início do tratamento e as anotações completasdos trabalhos realizados. Acrescentam que mesmopara os especialistas as anotações devem serrealizadas para resguardá-los de eventuaisproblemas, e ensinam que as mesmas devem contera assinatura do paciente concordando com o planode tratamento proposto e as condições para suarealização (4).Harris (1981) expressou os sentimentos deodontolegistas de todo o mundo sobre anecessidade de um sistema unificado internacionalde notação dentária sobre as condições bucais apóso término do tratamento odontológico (7).Acrescenta Buchner (1985), que a desvantagem dosistema dentário é que não existe um centro oficialque catalogue as fichas odontológicas para suautilização quando necessário (3).De acordo com Vanrell (2002), um prontuário bemmontado e adequadamente conservado por anospode assumir, não raro, valor decisivo emcircunstâncias especiais. Até não há muito tempo,era uma raridade o encontro de cadáveres ou deossadas que exigissem o seu reconhecimento ouidentificação. Todavia, essa situação tem se alterado(10).A Literatura não costuma determinar um númeromínimo de coincidência entre os dentes no materialquestionado e os das fichas odontológicas, contudo,

16 Prova Material

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22 Prova Material

Vanrell (2002) entende que nas comparações éexigido um número suficiente de coincidências parase fazer um diagnóstico identificatório de certeza.Contrariamente, a ocorrência de um ou mais pontosdiscordantes, realmente incompatíveis entre si,podem permitir a exclusão durante o procedimentode identificação por confronto. Todavia, énecessário enfatizar que os pontos que não sejamincompatíveis não permitirão citadas afirmações decerteza (10).No presente caso, houve coincidência e totalcompatibilidade entre o descrito na fichaodontológica e o obtido através do exame odonto-legal, permitindo a confirmação com margem decerteza da identidade do indivíduo e ratificando aimportância da Odontologia Legal nos processosde identificação.

Referências Bibliográficas

1.ARBENZ GO. Medicina legal e antropologiaforense. São Paulo: Atheneu;1988.

2.BOTHA CT. The dental identification of firevictims. J Forensic Odontostomatol, 1986;4(2): 67-75.

3.BUCHNER A. The identification of humanremains. International Dental Journal, 1985;35(4): 307-11.

4.CALVIELLI I.; SILVA, M da. AspectosÉticos e Legais do Exercício daOdontologia. In: PAIVA, J.G.de;ANTONIAZZI, J.H. Endodontia: Basespara a prática Clínica. 2ª ed. São Paulo:Artes Médicas, 1988.

5.DELATTRE VF, Stimson PG. Self-assessment of the forensic value of dentalrecords. J Forensic Sci 1999.

6.FRANÇA GV. Medicina legal. 4ª ed. Rio deJaneiro: Guanabara Koogan;1995.

7.HARRIS, R. When disaster strikes. Aust DentJ 1981; 26(1): 51-2.

8.PEREIRA, Rodrigo Miranda. A contribuiçãoda Odontologia Legal na identificaçãohumana em acidentes aeronáuticos. 2003.Dissertação (Mestrado) Faculdade deOdontologia da Universidade de SãoPaulo. São Paulo.

9.SILVA M. Compêndio de odontologia legal.Rio de Janeiro: Médica e científica; 1997.

10. VANRELL, J.P. Odontologia Legal eAntropologia Forense. Rio de Janeiro:Editora Guanabara Koogan S.A; 2002.

NORMAS PARA PUBLICAÇÃO

Destinada a divulgar trabalhos científicos e pesquisasproduzidas pelos profissionais que atuam noDepartamento de Polícia Técnica do Estado da Bahia(IMLNR, ICAP, IIPM, LCPT, DI), nas mais diversasáreas de conhecimento, conforme resolução do DiretorGeral, Raul Coelho Barreto Filho. Os trabalhos devemseguir as normas abaixo relacionadas:

1º - A Revista Prova Material será aberta,preferencialmente, a profissionais da Policia Científica,e, destinada à publicação de matérias, que, pelo seuconteúdo, possam contribuir para a formação e odesenvolvimento científico, além da atualização doconhecimento nas diferentes áreas do saber.

2º - A revista científica do DPT terá periodicidadequadrimestral com tiragem inicial de mil exemplares edistribuição interna, em congressos, simpósios e eventosonde o Departamento de Polícia Técnica da Bahiaestiver representado.

3º - A responsabilidade de recebimento, seleção eedição do material será do Editor (a) e do Secretário.O Conselho Editorial, formado por profissionais lotadosno DPT, ICAP, IML, IIPM, Diretoria do Interior eLCPT, analisará o material recebido e emitirá pareceres.O calendário de publicação da revista Científica bemcomo as datas de fechamento de cada edição serãodefinidas pelo editor (a) da revista em consonância como conselho editorial e as disponibilidades orçamentárias.

4º - O Departamento de Polícia Técnica publicará emsua revista científica os seguintes trabalhos:

I – Artigos originais, que envolvam abordagens teóricasou práticas referentes à pesquisa e trabalhos, que atinjamresultados conclusivos e significativos, não devendoultrapassar 200 linhas;

II – Comunicações, envolvendo textos mais curtos, nosquais são apresentados resultados preliminares depesquisa em curso, ou recém concluídas, devendo terno máximo 40 linhas;

III – Notas, entendidas como complementos detrabalho já publicados, dissertações ou comentários deautoria própria ou de outro, devendo ter no máximo 40linhas;

IV – Artigos de revisão ou atualização, quecorrespondem a textos preparados por especialistas, apartir de uma análise crítica da literatura sobredeterminado assunto de interesse da comunidade deperitos, não devendo ultrapassar 100 linhas;

V – Relatos de Casos, que correspondem à descriçãode casos verídicos e de relevância técnico-científica queforam trabalhados pelo(s) autor (es), não devendoultrapassar 100 linhas.

5º - A entrega dos originais para a revista obedeceráaos seguintes requisitos:

I – O artigo original e o de revisão ou atualizaçãodeverão ser acompanhados, obrigatoriamente, deresumo em português, que não exceda 70 linhas, resumoem inglês fiel ao resumo em português. O autor devefornecer o(s) nome(s) do(s) autor(s) e da instituição emque o elaborou. Serão mencionados auxílios ou dadosrelativos à produção do artigo e seus autores.

II – Os trabalhos relativos à pesquisa experimentaldevem ter todas as informações necessárias quepermitam ao leitor avaliar conclusões do autor.

III - Os artigos originais deverão conter,obrigatoriamente, título, nomes(s) autor (es), introdução,material e métodos, resultado, discussão e conclusão(os três últimos itens podem ser agrupados em um só) ebibliografia citada.

IV – Todos os trabalhos devem ser elaborados,preferencialmente, em português e encaminhados emduas vias, com texto corrigido e revisado, além degravado em disquete ou CD. Uma das vias deve estaridentificada e a outra não.

Prova Material 23

V – As ilustrações e tabelas com respectivas legendasdevem ser confeccionadas eletronicamente, indicandoo programa utilizado para sua produção.

VI – A bibliografia e as citações bibliográficas, quandoexigidas, deverão ser elaboradas de acordo com asnormas de documentação da ABNT – 6023.

VII – O papel utilizado é o A4 (210x297), impresso deum só lado, espaço 1,5 cm de entrelinhas, margem 2cm de cada um dos lados. O corpo do texto deveráestar em caixa alta e baixa, tamanho/fonte 12. O título esubtítulo deverão estar em caixa alta tamanho/fonte 14,tipo Times New Roman.

VIII – As ilustrações e tabelas devem estar em preto ebranco.

6º - O Conselho Editorial poderá propor ao editor (a)adequação dos procedimentos de apresentação dostrabalhos às especificidades da área.

7º- Serão permitidos, somente, trabalhos com nomáximo 3 (três) autores.

8º - Ao autor serão oferecidos dois exemplares daedição em que o seu trabalho forpublicado

9º - O original será entregue mediante comprovante derecebimento aosrepresentantes do Conselho Editorial.

10º - Casos não previstos neste documento serãoanalisados pelo Conselho Editorial

11º - Os originais devem ser encaminhados ao ConselhoEditorial, na Coordenadoria de Comunicação eCerimonial, 2º andar do DPT, e contatos mantidostambém pelo telefone 0 71 3116 8792, Fax símile 0713116 8787. E-mail: [email protected].

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da Segurança Pública