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Coisas de J. NASCIMENTO RODRIGUES (*) A Palavra de... A FRASE João Palma, candidato à presidência do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público Ponto de situação do projecto de transladação do Movimento Cívico de Antigos Combatentes «A lei é manual de defesa de delinquentes» 24 de Março de 2009 24 n PORQUÊ, O ESPANTO? Não se percebe muito bem a enormíssima celeuma levantada a propósito de uma pergunta avulsa feita por um jornalista a Bento XVI, a bordo do avião papal, sobre o uso do preservativo. Mas alguém esperava que o Papa, um qualquer Papa, poderia dar res- posta diferente, sem trair a posição oficial da Igreja nessa matéria? Uma posição, aliás, semelhante à de muitos outros líderes religiosos. Pergun- tem ao Dalai Lama, por exemplo. n AUTISTAS E ANALFABETOS Um trabalho realizado pelo «Pú- blico» sobre a «fúria legislativa», espécie de «doença de S. Vito», que atacou o Parlamento (e o governo) conclui que os nossos «pais da pátria» produzem, não só «leis distantes da realidade, mas também diplomas com gralhas, erros gramaticais e remissões para normas que não existem». Resumindo, os nossos legislocra- tas, além de autistas são analfabetos contumazes. Nada que já não se soubesse e que, tanto o Presidente da Repú- blica como o Procurador Geral da República, por outras palavras, ainda recentemente denunciaram. n E QUEM OS APANHA? Não resistimos a transcrever, pela sua contundente ironia, mais um magnífico «post» de João Mi- randa, há poucos dias colocado no seu blogue «Blasfémias»: «Está mais uma vez de parabéns Maria José Morgado pela, certa- mente, excelente entrevista (eu não li, mas tenho a certeza que foi exce- lente) dada ao Sol onde disse que “Há políticos pobres que ao fim de uns anos estão milionários”. Consta que a frase completa terá sido: “Há políticos pobres que ao fim de uns anos estão milionários, mas eu ainda não apanhei nenhum”». Ah! Grande João Miranda! n SILÊNCIOS E COINCIDÊNCIAS O líder dos «skinheads» portu- gueses, Mário Machado, continua preso, acusado de crimes vários, que deram gordas manchetes aos jornais da Situação. Entretanto, os investigadores continuam a assobiar para o lado face às graves denúncias que Machado fez (curiosamente, pouco antes da sua detenção) ao divulgar dezenas de do- cumentos que mostram a existência de transacções em «off-shores», superiores a cem milhões de euros, em nome dos tios de Sócrates, Celestino e Júlio. Um silêncio tão curioso quanto curiosa é a coincidência de tais tran- sacções milionárias terem ocorrido no seguimento da aprovação da licença para o «Freeport». n ALEGREMO-NOS! A abracadabrante notícia de que a Universidade de Pádua e o Instituto Camões acordaram na criação da cátedra Manuel Alegre (dedicada à investigação nas áreas da língua, literatura e cultura portuguesas...), deixa-nos a todos igualmente muito alegres, diríamos mesmo com imensa vontade de rir. Valha-nos Santo António de Pádua, quer dizer, de Lisboa. Quanto ao Instituto Camões, não se estranha que, à míngua de obra, ao contrário do seu homólogo castelha- no Instituto Cervantes, se dedique a este folclore politiqueiro. n À VARA LARGA Ao contrário das acções do BCP, que continuam a despenhar- se, os réditos, naquele banco, do camarada Vara sobem como um foguete. Até quando é que os vencimentos dos administradores deste e de outros bancos continuam a ser aumentados na razão inversa da sua eficácia e dos seus méritos? n FALTA DE FÓSFORO Corre que, dadas as circunstân- cias e os frequentes lapsos de me- mória exibidos por ex-responsáveis do BPN perante a comissão de inquérito parlamentar que ali está a funcionar, o atento e prevenido «regulador» que é o Banco de Portugal está a estudar a possibi- lidade de tornar obrigatória uma toma diária e reforçada de Fósforo Ferrero (ou equivalente) a todos os administradores da banca nacional. Bem visto. n PAÍS AZARADO No passado domingo, um texto do «Correio da Manhã» começava assim: «Ontem, na zona do Grande Porto, quatro crianças caíram de varandas e deram entrada na Ur- gência de Pediatria do Hospital de S. João». Atendendo a que se trata de casos diferentes, em varandas diferentes, convenhamos que é sinal de azar pouco comum. n SEM EMENDA Vários locutores tanto de rádios como das televisões (que, aliás, se pretendem jornalistas) continuam a pronunciar, sem que ninguém os corrija, «ilcópteros» em vez de helicópteros. Coisas. C RIADO em Outubro de 2006, o Movimento Cívico de Antigos Combatentes, lançou em 10 de Junho de 2008 uma gigantes- ca campanha de recolha de assinaturas para uma Petição a entregar à Assembleia da República. Programas da RTP, visitas de antigos combatentes aos cemitérios do ex-Ultramar, missões particulares de resgate de restos mortais de militares, feitas em nome das famílias, na Guiné-Bissau, Angola e Moçambique, relatos de violação e destruição dos túmulos, notícias e testemunhos de viajantes que denunciam o uso dos ossos dos soldados em tráficos indignos, despertaram a consciência dos anti- gos combatentes para o estado de deplorável abandono, destruição e falta de dignidade em que se encontram as campas dos militares portugueses que morreram em combate naqueles territórios e ali ficaram sepultados. No sentido de acudir e dar dignidade, enquanto é tempo, enquanto há alguma coisa para salvar daqueles que foram seus irmãos de armas durante o conflito colonial, os antigos combatentes organizaram-se num movimento cívico com a finalidade de alertar as autoridades portuguesas para este problema e, ao mesmo tempo, colaborarem com a Liga dos Combatentes no sentido de a ajudarem a encontrar soluções rápidas antes da destruição definitiva dos túmulos. O modo encontrado para mobilizar os cidadãos e sensibilizar o Go- verno, tornando visível o problema do abandono, bem como as soluções a encontrar que viabilizem esta nobre causa, foi a recolha de cerca de 12.000 assinaturas que deram corpo à Petição entregue em 22 de Janeiro de 2009 ao Dr. Jaime Gama, Presidente Assembleia da República. A partir da recepção da Petição, houve lugar à nomeação de um deputado relator para analisar a documentação entregue, e a mar- cação de uma reunião na próxima quarta-feira dia 25 de Março para esclarecimento de dúvidas. Posteriormente, no prazo de 60 dias, o deputado relator proporá à AR o agendamento da Petição para discussão e votação em plenário de uma Proposta de Resolução a ser enviada ao Governo, a fim de dar execução à proposta votada, visando transladar para junto das famílias, os filhos de Portugal que a guerra e as omissões dos responsáveis não permitiu que tivessem regressado. À semelhança do que fizeram outras nações civilizadas, como a Itália, a França, os EUA, a Austrália, o Canadá, a Espanha, a Zâmbia e a Tanzânia, os seus Governos, com a colaboração e o envolvimento directo dos responsáveis militares e das suas organizações de ve- teranos, foram aos campos de batalha recuperar os restos mortais de muitos dos seus soldados, trazendo-os de volta para os seus países, mesmo que essa busca e recolha se tivessem prolongado por dezenas de anos. Na recomendação que faz na Petição, o Movimento Cívico de Antigos Combatentes pretende que sejam criadas equipas técnicas para exumação e transladação dos restos mortais dos militares. Essas equipas, formadas por especialistas, devem permanecer no terreno, a tempo inteiro, até à total resolução do problema. Temos a certeza que o sentido da honra e do dever das autoridades portuguesas, não deixará ficar ao abandono e no esquecimento esses portugueses que já não têm voz, que apenas falam e exigem que os honrem e respeitam pela voz e pela vontade daqueles que foram seus irmãos de armas, que combateram ao seu lado, que viveram e sofreram junto de si, e os viram morrer. No dia do debate na AR, os antigos combatentes estarão presentes nas galerias para, com a sua presença, manifestar às autoridades portuguesas a sua exigência de concentrar em cemitérios dignos, os restos mortais dos militares do recrutamento local, e transladar para Portugal os restos mortais dos militares do recrutamento metropolitano. Uns e outros, nossos irmãos de armas que caíram em combate sob a bandeira de Portugal, e ficaram abandonados em locais indignos, até hoje. Líder do Movimento Cívico de Antigos Combatentes

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Coisas de

J. NascimeNto RodRigues (*)

A Palavra de...

A FRASE João Palma, candidato à presidência do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público

Ponto de situação do projecto de transladação do Movimento Cívico de Antigos Combatentes

«A lei é manual de defesa de delinquentes»

24 de Março de 200924

n PoRquê, o ESPAnto?

Não se percebe muito bem a enormíssima celeuma levantada a propósito de uma pergunta avulsa feita por um jornalista a Bento XVI, a bordo do avião papal, sobre o uso do preservativo.

Mas alguém esperava que o Papa, um qualquer Papa, poderia dar res-posta diferente, sem trair a posição oficial da Igreja nessa matéria?

Uma posição, aliás, semelhante à de muitos outros líderes religiosos. Pergun-tem ao Dalai Lama, por exemplo.

n AutiStAS E AnAlFAbEtoS

Um trabalho realizado pelo «Pú-blico» sobre a «fúria legislativa», espécie de «doença de S. Vito», que atacou o Parlamento (e o governo) conclui que os nossos «pais da pátria» produzem, não só «leis distantes da realidade, mas também diplomas com

gralhas, erros gramaticais e remissões para normas que não existem».

Resumindo, os nossos legislocra-tas, além de autistas são analfabetos contumazes.

Nada que já não se soubesse e que, tanto o Presidente da Repú-blica como o Procurador Geral da República, por outras palavras, ainda recentemente denunciaram.

n E quEm oS APAnhA?

Não resistimos a transcrever, pela sua contundente ironia, mais um magnífico «post» de João Mi-

randa, há poucos dias colocado no seu blogue «Blasfémias»:

«Está mais uma vez de parabéns Maria José Morgado pela, certa-mente, excelente entrevista (eu não li, mas tenho a certeza que foi exce-lente) dada ao Sol onde disse que “Há políticos pobres que ao fim de uns anos estão milionários”. Consta que a frase completa terá sido: “Há políticos pobres que ao fim de uns anos estão milionários, mas eu ainda não apanhei nenhum”».

Ah! Grande João Miranda!

n SilêncioS E coincidênciAS

O líder dos «skinheads» portu-gueses, Mário Machado, continua preso, acusado de crimes vários, que deram gordas manchetes aos jornais da Situação.

Entretanto, os investigadores continuam a assobiar para o lado face às graves denúncias que Machado fez (curiosamente, pouco antes da sua detenção) ao divulgar dezenas de do-cumentos que mostram a existência de transacções em «off-shores», superiores a cem milhões de euros, em nome dos tios de Sócrates, Celestino e Júlio.

Um silêncio tão curioso quanto curiosa é a coincidência de tais tran-sacções milionárias terem ocorrido no seguimento da aprovação da licença para o «Freeport».

n AlEgREmo-noS!

A abracadabrante notícia de que a Universidade de Pádua e o Instituto Camões acordaram na criação da cátedra Manuel Alegre (dedicada à investigação nas áreas da língua, literatura e cultura portuguesas...), deixa-nos a todos igualmente muito alegres, diríamos mesmo com imensa vontade de rir. Valha-nos Santo António de Pádua, quer dizer, de Lisboa.

Quanto ao Instituto Camões, não se estranha que, à míngua de obra, ao contrário do seu homólogo castelha-no Instituto Cervantes, se dedique a este folclore politiqueiro.

n À vARA lARgA

Ao contrário das acções do BCP, que continuam a despenhar-se, os réditos, naquele banco, do camarada Vara sobem como um foguete.

Até quando é que os vencimentos dos administradores deste e de outros bancos continuam a ser aumentados na razão inversa da sua eficácia e dos seus méritos?

n FAltA dE FóSFoRo

Corre que, dadas as circunstân-cias e os frequentes lapsos de me-mória exibidos por ex-responsáveis do BPN perante a comissão de inquérito parlamentar que ali está a funcionar, o atento e prevenido «regulador» que é o Banco de Portugal está a estudar a possibi-lidade de tornar obrigatória uma toma diária e reforçada de Fósforo Ferrero (ou equivalente) a todos os administradores da banca nacional. Bem visto.

n PAíS AzARAdo

No passado domingo, um texto do «Correio da Manhã» começava assim:

«Ontem, na zona do Grande Porto, quatro crianças caíram de varandas e deram entrada na Ur-gência de Pediatria do Hospital de S. João».

Atendendo a que se trata de casos diferentes, em varandas diferentes, convenhamos que é sinal de azar pouco comum.

n SEm EmEndAVários locutores tanto de rádios

como das televisões (que, aliás, se pretendem jornalistas) continuam a pronunciar, sem que ninguém os corrija, «ilcópteros» em vez de helicópteros. Coisas.

Criado em Outubro de 2006, o Movimento Cívico de Antigos Combatentes, lançou em 10 de Junho de 2008 uma gigantes-ca campanha de recolha de assinaturas para uma Petição a entregar à Assembleia da República.

Programas da RTP, visitas de antigos combatentes aos cemitérios do ex-Ultramar, missões particulares de resgate de restos mortais de militares, feitas em nome das famílias, na Guiné-Bissau, Angola e Moçambique, relatos de violação e destruição dos túmulos, notícias e testemunhos de viajantes que denunciam o uso dos ossos dos soldados em tráficos indignos, despertaram a consciência dos anti-gos combatentes para o estado de deplorável abandono, destruição e falta de dignidade em que se encontram as campas dos militares portugueses que morreram em combate naqueles territórios e ali ficaram sepultados.

No sentido de acudir e dar dignidade, enquanto é tempo, enquanto há alguma coisa para salvar daqueles que foram seus irmãos de armas durante o conflito colonial, os antigos combatentes organizaram-se num movimento cívico com a finalidade de alertar as autoridades portuguesas para este problema e, ao mesmo tempo, colaborarem com a Liga dos Combatentes no sentido de a ajudarem a encontrar soluções rápidas antes da destruição definitiva dos túmulos.

O modo encontrado para mobilizar os cidadãos e sensibilizar o Go-verno, tornando visível o problema do abandono, bem como as soluções a encontrar que viabilizem esta nobre causa, foi a recolha de cerca de 12.000 assinaturas que deram corpo à Petição entregue em 22 de Janeiro de 2009 ao dr. Jaime Gama, Presidente Assembleia da República.

A partir da recepção da Petição, houve lugar à nomeação de um deputado relator para analisar a documentação entregue, e a mar-cação de uma reunião na próxima quarta-feira dia 25 de Março para esclarecimento de dúvidas. Posteriormente, no prazo de 60 dias, o deputado relator proporá à AR o agendamento da Petição para discussão e votação em plenário de uma Proposta de Resolução a ser enviada ao Governo, a fim de dar execução à proposta votada, visando transladar para junto das famílias, os filhos de Portugal que a guerra e as omissões dos responsáveis não permitiu que tivessem regressado.

À semelhança do que fizeram outras nações civilizadas, como a Itália, a França, os EUA, a Austrália, o Canadá, a Espanha, a Zâmbia e a Tanzânia, os seus Governos, com a colaboração e o envolvimento directo dos responsáveis militares e das suas organizações de ve-teranos, foram aos campos de batalha recuperar os restos mortais de muitos dos seus soldados, trazendo-os de volta para os seus países, mesmo que essa busca e recolha se tivessem prolongado por dezenas de anos.

Na recomendação que faz na Petição, o Movimento Cívico de Antigos Combatentes pretende que sejam criadas equipas técnicas para exumação e transladação dos restos mortais dos militares. Essas equipas, formadas por especialistas, devem permanecer no terreno, a tempo inteiro, até à total resolução do problema.

Temos a certeza que o sentido da honra e do dever das autoridades portuguesas, não deixará ficar ao abandono e no esquecimento esses portugueses que já não têm voz, que apenas falam e exigem que os honrem e respeitam pela voz e pela vontade daqueles que foram seus irmãos de armas, que combateram ao seu lado, que viveram e sofreram junto de si, e os viram morrer.

No dia do debate na AR, os antigos combatentes estarão presentes nas galerias para, com a sua presença, manifestar às autoridades portuguesas a sua exigência de concentrar em cemitérios dignos, os restos mortais dos militares do recrutamento local, e transladar para Portugal os restos mortais dos militares do recrutamento metropolitano. Uns e outros, nossos irmãos de armas que caíram em combate sob a bandeira de Portugal, e ficaram abandonados em locais indignos, até hoje.

Líder do Movimento Cívico de Antigos Combatentes