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Diác. Fernando José Bondan

Diác. Fernando José Bondan - Editora Ave-Maria · Madre Teresa de Calcutá: uma santa para o século XXI A busca de conciliação entre a vida contemplativa e a vida ativa assume,

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Diác. Fernando José Bondan

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Dedicatória

A todos aqueles que acreditam que a santidade não consiste em realizar coisas extraordinárias, mas sim, em viver, no cotidiano, a vontade de Deus com simplicidade, fidelidade e amor.

Dedicatória

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Prefácio

A mensagem de amor universal de Jesus é muito clara, porém muitas vezes nos faltam referências de como vivenciar a totalidade dos ideais evangélicos.

Para alguns o cristianismo é utópico, para outros é uma forma concreta de viver com sentido. O cristianismo somente será utópico se faltarem sentinelas que, vivendo plenamente o amor universal, sinalizam aos outros que sim, é possível cons-truir aqui e agora, no nosso tempo, a civilização do amor.

Talvez não faltem ideais, faltem referências...O título deste livro: “Madre Teresa de Calcutá – uma

santa para o século XXI”, é um luzeiro, a vida e obra de Madre Teresa atende aos requisitos de santidade na com-plexidade do nosso tempo. Ela é prova concreta de que quando nos desapegamos de nós, podemos ser a presença vivificante de Cristo nos lugares que frequentamos. É pos-sível que Cristo viva e atue em nós e por meio de nós.

O autor do livro, o diácono permanente Fernando José Bondan, por meio de um trabalho minucioso, com-pilou algumas das principais ideias de Madre Teresa sobre diversos temas.

A leitura desse livro despertará a consciência do nos-so dever cristão. Uma simples leitura não será o suficiente, será necessário sentir-se motivado a vivenciar toda essa riqueza espiritual, para que o mundo seja casa de todos.

Pe. Luís Erlin, CMF Diretor Editorial

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Introdução

Quem nunca ouviu falar em Madre Teresa de Calcutá, esta serva do Senhor? Descendente de pais católicos orien-tais, na Albânia, promoveu uma espiritualidade dos pobres que se espalhou pelo mundo. Tendo o apoio dos Papas desde Pio XII a João Paulo II – com o qual gozou de parti-cular amizade –, ela antecedeu e, de certa forma, preparou o anúncio pastoral do Papa Francisco.

Pode parecer ingenuidade minha, mas quem leu a Evangelium Gaudium do Papa Francisco e as cartas priva-das de Madre Teresa perceberá uma fonte comum. Sem dúvida, vemos ali o mesmo Espírito dos Anawin de IHWH 1, narrado nos profetas; daqueles que possuem um coração de pobre, das bem-aventuranças evangélicas; daqueles pe-queninos aos quais o Pai revela os seus segredos contradi-zendo toda soberba humana, ou dos irmãos menores no Grande Juízo, nos quais Jesus está “escondido”, como Ele dizia: “A mim o fizestes”.

Sem dúvida, para a grande maioria dos autores espirituais modernos, a “espiritualidade dos pobres” é uma clara tendência. Verificamos isso nos documentos do Magistério sobre o assunto. Apesar de em alguns lugares tentarem instrumentalizar ou ideologizar essa espiritualida-de, esse não é o caso de Madre Teresa. E para aqueles que viam oposição entre contemplação e obras, ela gostava de frisar: “Somos contemplativas no mundo!”.

1 Pobres de Iahweh

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Madre Teresa de Calcutá: uma santa para o século XXI

A busca de conciliação entre a vida contemplativa e a vida ativa assume, na atualidade, a sua mais elaborada sínte-se. Não existe verdadeira vida contemplativa sem vida ativa, e não existe verdadeira vida ativa sem vida contemplativa. Elas não se excluem, mas se compenetram mutuamente. São dois pulmões de uma única vida no Espírito.

Naturalmente, dependendo da vocação ou carisma ao qual somos chamados, se destacará uma dimensão ou outra; mas as duas são necessárias para que a vida no Espírito não entre em estagnação infecunda, mas perma-neça uma verdadeira dynamis no Espírito, geradora de vida nova. Assim temos uma missionária no Carmelo – Santa Teresinha do Menino Jesus, padroeira das missões – e uma contemplativa no mundo – Madre Teresa de Calcutá. Não podemos dar o que não temos. Todo rio tem a sua fonte!

A sabedoria teresiana, portanto, conciliou e harmo-nizou de tal forma as duas dimensões da vida espiritual que se tornou uma referência permanente. Para todos os agen-tes de pastoral, de evangelização, de caridade e ação social, Teresa de Calcutá tem algo para lhes ensinar. Necessitamos da sua sabedoria prática na nova evangelização.

Da mesma forma, podemos destacar sua grande contribuição no ecumenismo e no diálogo inter-religioso. Madre Teresa revelou-nos como conciliar a evangelização no mundo contemporâneo com os esforços oriundos de outras correntes como as ecumênicas ou do diálogo res-peitoso com as outras religiões. Atuou principalmente na Índia, um país cuja religião predominante é o Hinduísmo, com mais de 80% da população seguindo esse credo. Ela citou muitas vezes Mahatma Gandhi em seus discursos e conversas, e adquiriu respeito das autoridades e dos líderes religiosos do país.

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Introdução

O irmão Roger de Taizé é outro expoente que parti-cipou da vida de Madre Teresa, visitando-a e percorrendo regiões da Índia com ela.

No título deste livro, nomeamos Madre Teresa como “santa”, não para se anteceder ao Magistério da Igreja, mas porque para o povo simples é o que ela é. Não ocorreu o mesmo com São João Paulo II? A multidão gritava e erguia cartazes clamando “santo já” durante o seu velório?

Vemos aqui o tremendo sensus fidei do povo fiel. De certa forma, não deixa de ser um resgate da canonização popular dos primeiros séculos da Igreja, quando os leigos peregrinavam em veneração e, visitando os túmulos dos mártires, declarava-os santos, pedindo a sua intercessão. Assim foi até o século X com o primeiro santo oficialmente canonizado pela Igreja: Santo Ulrico de Augsburgo.

Com o aumento do número dos cristãos pelo mundo, para evitar certos abusos, fez-se mister um maior controle e análise da vida e dos escritos do candidato aos altares, mas tal análise da Igreja sempre procede de um primeiro movimento do povo de Deus. Justamente, um dos grandes pilares do Concílio Vaticano II é saber ler os “sinais dos tempos”, isto é, perceber a ação e a vontade de Deus na história e nos acontecimentos presentes.

Esta seleção de cartas e discursos de Madre Teresa pode ser isto: uma tentativa de leitura da vontade divina ma-nifestada nela e que nos indique o caminho a se percorrer.

Talvez alguém perceba que nem todos os textos es-colhidos possuam a citação da fonte. Acredito que isso se deva ao fato de que os colaboradores de Madre Teresa foram tomando notas de suas frases em várias ocasiões – conver-sas informais, discursos etc., apenas com a preocupação de registrar o que ela disse, para não cair no esquecimento.

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Madre Teresa de Calcutá: uma santa para o século XXI

De fato, Madre Teresa não foi propriamente uma escritora, mas uma contemplativa prática. Os registros que possuímos ou são de suas cartas privadas a amigos ou diretores espirituais, de seu diário ou de seus discur-sos públicos. Possuímos também alguns testemunhos das pessoas que conviveram com ela, mas que, por vezes, não recordam mais data ou circunstâncias exatas. Isso explica porque, às vezes, autores citam seus ensinamentos com variações na forma.

Com esta pequena antologia, espero contribuir para o enriquecimento da espiritualidade cristã no Brasil.

Boa leitura!

Diác. Fernando José Bondan24 de novembro de 2014, dia do grande missioná-

rio e mártir Santo André Dung-Lang, presbítero, e seus 116 companheiros mártires2.

2 Entre seus companheiros de evangelização e martírio, constavam 59 lei-gos, muitos pais e mães de famílias.

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Breve biografia

Teresa nasceu no seio de uma família católica na distante Albânia, na cidade de Skopje (Escópia), atual Macedônia. Era o dia 26 de agosto de 1910. Ela era a caçu-la entre três irmãos (Aga e Lazar). Seus pais se chamavam Nikola e Drana Bojaxhiu.

No dia seguinte ao seu nascimento, ela foi batizada sob o nome de Agnes Gonxha Bojaxhiu na igreja paro-quial do Sagrado Coração de Jesus. Isso explica porque a devoção ao Sagrado Coração de Jesus seria tão forte em sua vida. Recebeu sua primeira comunhão com a idade de 5 anos e meio, sendo confirmada no mês de novembro de 1916. Desde a sua primeira comunhão, Agnes nutriu um profundo amor pelas almas.

Com cerca de 8 anos, Agnes perdeu seu pai, o que coloca sua mãe e sua família em escassa situação financeira. Com isso, sua mãe passou a ter um papel ainda mais impor-tante na formação do caráter e na vocação de sua filha.

No ano de 1922 se sentiu chamada pela primeira vez à vocação religiosa, passando a participar ativamente, em sua paróquia, do grupo Filhas de Maria.

Com 18 anos, motivada pelo desejo de ser missio-nária, ingressou no Instituto da Bem-Aventurada Virgem Maria, na Irlanda, mais conhecido como as Irmãs de Loreto. Recebeu o nome religioso de Irmã Maria Teresa em honra de Santa Teresa de Lisieux. Apenas três meses depois, no

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mês de dezembro, foi enviada à Índia, chegando a Calcutá pela primeira vez a 6 de janeiro de 1929. Após uma sema-na foi enviada a Darjeeling nas encostas do Himalaia para começar seu noviciado.

No mês de maio de 1931, realizou seus primeiros votos, sendo destinada à comunidade de Loreto na loca-lidade de Entally em Calcutá, onde lecionou Geografia e História na Escola para Moças Santa Maria (St. Mary). Sua profissão perpétua foi em 24 de maio de 1937. Desde então passou a ser chamada de Madre Teresa. Em 1944 tornou-se diretora da Escola.

Madre Teresa revelou traços fortes no seu convívio durante os anos que passou no Instituto: profunda alegria e amor às Irmãs e aos seus alunos, mas que em nada dimi-nuíram seu altruísmo e sua capacidade para a organização e o trabalho duro.

O dia 10 de setembro de 1946 marcará profun-da transformação de sua vida: Viajando de Calcutá a Darjeeling para seu retiro anual, recebe de Jesus o que chamou de “o chamado dentro do chamado”, sendo pe-netrada por uma inexplicável sede de amor e de almas, acompanhada do desejo profundo de saciar a sede de Jesus. Durante os meses seguintes, recebendo diversas graças místicas, Jesus lhe suplicou: “Vem e sê minha luz”. Ele lhe revela sua dor pelo esquecimento em que se en-contram seus pobres, seu desgosto por não o conhecerem e seu desejo de que O amem.

Durante suas locuções, Jesus lhe pede a fundação de uma Congregação religiosa – Missionárias da Caridade – que se dedique aos mais pobres dentre os pobres. Foram quase dois anos de provas e discernimento até que recebes-se autorização para começar.

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Breve biografia

Era 17 de agosto de 1948 quando, pela primeira vez, vestiu seu sári branco orlado de azul e saiu do conven-to rumo ao mundo dos pobres. Certamente se preparando para exercer bem o seu chamado, faz um breve curso com as Irmãs Médicas Missionárias em Patna. Retornou, então, a Calcutá, onde residiu provisoriamente com as Irmãzinhas dos Pobres.

Quatro dias antes do Natal daquele ano, dirigiu-se aos bairros pobres visitando as famílias, lavando feridas de algumas crianças, cuidando de um idoso estendido na rua e de uma mulher que estava morrendo de fome e tuberculose. Começava cada dia buscando na Eucaristia a força para a sua missão, saindo com o terço na mão e procurando servir a Jesus nos mais miseráveis e abandonados. Não tardou muito para que algumas de suas antigas alunas se juntassem a ela.

Finalmente, a 7 de outubro de 1950, Roma reco-nheceu a Congregação das Missionárias da Caridade, sen-do estabelecida oficialmente na Arquidiocese de Calcutá; e em 1953 foi fundada a Casa Matriz da Congregação. Mas antes mesmo da Casa Matriz, já em 1952, foi aberta a Casa para indigentes moribundos. Madre Teresa, sensível às tradições e religiões locais, procurou um nome que fosse aceitável aos indianos. Escolheu Nirmal Hriday, que signifi-ca “Casa do coração puro”.

De forma singular, Madre Teresa fundou ramos fora da vida religiosa, e que incluem pessoas de variadas crenças e países: os Colaboradores de Madre Teresa e os Colaboradores enfermos e sofredores. Esses grupos buscam partilhar do seu espírito de oração, sacrifício e apostolado baseado em humildes obras de amor: “Sorriam para Jesus quando estiverem sofrendo, pois, para ser verdadeiros Missionários da Caridade, devem ser vítimas

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Madre Teresa de Calcutá: uma santa para o século XXI

alegres. Como sou feliz de ter a todos vocês”3. Este mesmo espírito de sacrifício será posteriormente partilhado pelos Missionários da Caridade Leigos.

No início da década de 1960, Madre Teresa co-meçou a enviar suas Irmãs para outros lugares da Índia e, em 1965, fundou sua primeira casa fora da Índia, na Venezuela. Seguiram-se, posteriormente, fundações em Roma, na Tanzânia e em muitos outros lugares. Até o início da década de 1980, Madre Teresa fundou casas em quase todos os países socialistas.

Também começaram a se desenvolver ramos in-ternos da congregação: Irmãos Missionários da Caridade (1963), o ramo contemplativo das Irmãs (1976), o dos Irmãos contemplativos (1979) e os Padres Missionários da Caridade (1984).

Em 1981, atendendo ao pedido de vários sacerdotes, Madre Teresa fundou o Movimento Sacerdotal Corpus Christi, pequeno caminho de santidade destinado àqueles sacerdotes que querem viver o seu espírito e o seu carisma, assim como o profeta Eliseu recebeu parte do espírito de Elias.

Os prêmios que Madre Teresa recebeu durante sua vida são numerosos, sendo o maior de todos o Prêmio Nobel da Paz em 1979.

Outro aspecto importante foi revelado somente após a sua morte: sua vida interior foi marcada por um profundo, doloroso e constante sentimento de separação de Deus, de abandono, ao qual ela chamava de “escuridão”. Ele se manifestou logo no início de seu trabalho com os pobres e a acompanhou por toda a sua existência.

Sua meditação transforma-se em gemidos: “Não pense que minha vida espiritual está semeada de rosas.

3 Madre Teresa aos Colaboradores enfermos e sofredores, 9 de maio de 1955.

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Breve biografia

Essa é a flor que quase nunca encontro em meu caminho; pelo contrário, tenho com mais frequência a ‘escuridão’ por companheira. E quando a noite se torna mais densa e penso que acabarei no inferno, então simplesmente me abandono em Jesus” 4.

Ela mesma explica o significado misterioso e santo dessa vivência: “Pela primeira vez nestes onze anos, tenho chegado a amar a escuridão; mas agora entendo que é uma parte, uma muito, muito pequena parte da escuridão e da dor de Jesus na terra. O senhor me ensinou a aceitá-la como um ‘lado espiritual de sua Obra’” 5.

Para Madre Teresa, sua vivência da “escuridão” era parte do seu chamado, o chamado de Jesus que tem sede das almas, que nela ecoava brotando do Seu suspiro na Cruz: “Tenho sede”. Madre Teresa soube na carne e no espírito como esse suspiro de Jesus está ligado a sua Cruz, e como é inseparável dela. Sua vida é o testemunho!

Sendo a Madre Geral (superiora) de toda a Congregação desde a sua fundação, empossa sua primeira sucessora a 13 de março de 1997. Na sua agonia final e antes de sua morte, faltou luz em toda a cidade de Calcutá, e nem mesmo dois geradores independentes foram capa-zes de acender as luzes da casa. Faleceu santamente em Calcutá a 5 de setembro de 1997, na “escuridão”.

4 Carta ao Padre Franjo Jambrekovic, 8 de fevereiro de 1937.5 Carta ao Padre Joseph Neuner, data provável: 11 de abril de 1961.

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Resumo cronológico de Madre Teresa de Calcutá

26/8/1910 – Descendente de católicos albaneses, nasce na cidade de Skopje (Escópia), atual Macedônia. Seus pais chamavam-se Nikola e Drana Bojaxhiu, estavam casa-dos havia dez anos e ela era a caçula entre três irmãos (Aga e Lazar).

27/8/1910 – É batizada sob o nome de Agnes Gonxha Bojaxhiu na igreja paroquial do Sagrado Coração de Jesus.

1915/16 – Recebe sua primeira comunhão.11/1916 – Recebe sua Confirmação.1918/19 – Falece seu pai.1922 – Recebe seu primeiro chamado à vida reli-

giosa e participa ativamente das Filhas de Maria.

28/9/1928 – Ingressa no Instituto da Bem-Aventurada Virgem Maria, também conhecido como Irmãs de Loreto, na Irlanda.

6/1/1929 – Chega a Calcutá, na Índia. Após uma semana, é enviada a Darjeeling nas en-costas do Himalaia para começar o seu noviciado.

Resumo cronológico de Madre Teresa de Calcutá

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Resumo cronológico de Madre Teresa de Calcutá

24/05/1931 – Professa seus primeiros votos e adota o nome religioso de Irmã Maria Teresa, em honra de Santa Teresinha; em seguida é destinada à comunidade de Loreto em Entally, Calcutá, lecionando geografia e história na Escola de Moças St. Mary.

24/05/1937 – Professa seus votos perpétuos tornando--se, em suas palavras: “esposa de Jesus por toda a eternidade”. Passa a se chamar “Madre Teresa”.

1944 – Torna-se diretora da Escola St. Mary.10/09/1946 – Recebe a inspiração divina para fun-

dar a Congregação das Missionárias da Caridade, que se dedicaria ao serviço dos mais pobres dentre os pobres, procuran-do saciar a “sede de Jesus pelas almas”. Durante graças místicas, Jesus lhe diz: “Vem, sê minha luz”.

17/8/1948 – Veste pela primeira vez o sári branco orlado de azul e sai do convento ao qual pertencia.

21/12/1948 – Após breve curso com irmãs médicas, dirige-se pela primeira vez aos bairros po-bres, engajando paulatinamente em sua missão suas antigas alunas.

07/10/1950 – Roma reconhece a Congregação das Missionárias da Caridade.

22/8/1952 – Abre a casa para indigentes moribundos com o nome Nirmal Hriday, que significa “Casa do Coração Puro”.

1953 – É fundada a Casa Matriz das Missionárias da Caridade em Calcutá. Os primeiros membros fazem seus votos iniciais.

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Madre Teresa de Calcutá: uma santa para o século XXI

1962 – Recebe o prêmio indiano Padma6, dedi-cado a cidadãos indianos por seus des-tacados serviços nos mais variados cam-pos sociais. No mesmo ano, também se destaca pelo Prêmio Ramon Magsaysay (Manila, Filipinas), um tipo de Prêmio Nobel asiático, que concede a Madre Teresa o título de “a mulher mais bene-mérita do mundo”.

25/3/1963 – É fundado o ramo masculino dos Irmãos Missionários da Caridade.

1º/2/1965 – A congregação recebe aprovação ponti-fícia de Paulo VI. É aberta sua primeira casa fora da Índia, na Venezuela.

Final da década de 1960 em diante – São criados os Colaboradores de Madre Teresa e os Colaboradores enfermos e sofredo-res. Segue-se a criação dos Missionários Leigos da Caridade.

12/7/1972 – Falece a mãe de Madre Teresa, na Albânia. 1974 – Falece a irmã de Madre Teresa, Aga, na

Albânia.13/06/1976 – É fundado o ramo contemplativo das

Irmãs.17/08/1976 – Encontra-se com 15 mil jovens em Taizé

na França, juntamente com o Irmão Roger.

17/10/1979 – Recebe o Prêmio Nobel da Paz e funda o ramo contemplativo dos Irmãos.

27/16/1980 – Abre um Centro em sua terra natal, Skopje (antiga Iugoslávia).

6 Destacamos neste resumo apenas três dos numerosos prêmios que ela recebeu ao longo da vida.

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Resumo cronológico de Madre Teresa de Calcutá

1981 – Inicia o Movimento Sacerdotal Corpus Christi.

1984 – É fundado o ramo sacerdotal dos Padres Missionários da Caridade.

1987 – Os Missionários da Caridade estabelecem hospitais para pessoas com Aids.

1988 e 1989 – Interna-se duas vezes por problemas cardíacos.

13/3/1997 – Abençoa sua primeira sucessora como Superiora Geral dos Missionários da Caridade.

5/9/1997 – Falece Madre Teresa. É transportada na mesma carruagem em que foram trans-portados os restos de Mahatma Gandhi, recebendo honra de Estado.

19/10/2003 – É beatificada Madre Teresa de Calcutá pelo Papa João Paulo II.

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Canção à vida

A vida é uma oportunidade: aproveite-aA vida é beleza: admire-aA vida é felicidade: sinta-aA vida é um sonho: torne-o realidadeA vida é um desafio: aceite-oA vida é um compromisso: cumpra-oA vida é uma diversão: participe delaA vida é abundância: saboreie-aA vida é riqueza: preserve-aA vida é amor: desfrute-oA vida é um mistério: desvende-oA vida é promessa: realize-aA vida é tristeza: supere-aA vida é uma canção: cante-aA vida é luta: aceite-aA vida é drama: enfrente-oA vida é aventura: aventure-seA vida é vida: preserve-aA vida é sorte: busque-aA vida é muito preciosa: não a destrua

(Esta canção se encontra na placa de uma instituição para enfermos de Aids, que Madre Teresa e suas Irmãs inauguraram em Nova York no ano de 1985).

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Seleção de textosSeleção de textos

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Alegria cristã

• Antes de proferir seus votos, vocês devem ser exa-minadas com diligência, a fim de compreenderem bem o que é uma vida de total esquecimento de si e de abnegação pelas almas, e se estão dispostas a levar esta vida com alegria. (Regras Manuscritas 16, Dia de Corpus Christi, 1947)

• As Irmãs continuam animadas. Há grande estí-mulo na virtude. Seu único objetivo parece ser encontrar as formas e os meios para saciar a ar-dente sede de Jesus (pelas almas). Quando olho para elas, percebo que o plano de nosso Senhor está se realizando, mas existe um elemento que ainda falta: eu teria que sofrer muito. Apesar de tudo o que ocorreu nestes últimos anos, sempre houve uma perfeita paz e alegria em meu cora-ção. Nosso Senhor sabe que estou a seu serviço. Ele pode fazer comigo o que desejar. (Carta ao Arcebispo Périer, 30 de julho de 1951)

• Meus filhos muito amados, amemos a Jesus com todo o nosso coração e toda a nossa alma. Levemos muitas almas a Ele. Continuem sor-rindo. Sorriam para Jesus quando estiverem sofrendo, pois para ser verdadeiros Missionários da Caridade, devem ser vítimas alegres. Como

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Madre Teresa de Calcutá: uma santa para o século XXI

sou feliz de ter a todos vocês. (Madre Teresa aos Colaboradores Enfermos e Sofredores, 9 de mar-ço de 1955)

• Quando ajudo minhas Irmãs a estarem bem perto de Jesus, quando as ensino a amá-lo com amor profundo, devoto, pessoal, desejo poder fazer o mesmo. Vejo diante de meus próprios olhos as Irmãs amarem a Deus; elas chegam pertinho dele, cada dia se assemelham mais a Ele; e eu, Padre, estou só, vazia, excluída, absolutamente desprezada. E, no entanto, com toda a sinceri-dade do meu coração, sou feliz vendo-o amado, vendo as Irmãs assemelharem-se mais a Ele. Sou feliz de amá-lo por meio delas. Quanto maior for a dor e mais escura a escuridão, mais doce será meu sorriso para Deus. (Carta ao Padre Joseph Neuner, 16 de outubro de 1961)

• Nossa Senhora é a causa de nossa alegria, por-que ela nos deu Jesus. Poderemos ser a causa de sua alegria, porque levamos Jesus aos outros. Mantenham-se perto de Jesus com um rosto sorri-dente. (Carta a Eileen Egan, 20 de março de 1962)

• Que a alegria de Jesus seja sua única força. Esteja feliz e em paz. Aceite tudo o que Ele lhe dá, e entregue-lhe com um grande sorriso tudo o que retira de você. Você lhe pertence. Diga-lhe: “Eu sou seu e, se me corta em pedaços, cada peda-cinho será unicamente seu”. Permita a Jesus ser a vítima e o sacerdote em você. (Carta ao Padre Don Kribs, 7 de fevereiro de 1974)

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Alegria cristã

• O que seria de nossa vida se as Irmãs não fossem alegres? Seria uma escravidão pura e simples. Nosso trabalho não atrairia ninguém. A tristeza, a depressão, a frouxidão abrem as portas para a preguiça, mãe de todos os males. Se vocês forem alegres, não se preocupem com a tibieza. A ale-gria reluz nos olhos e no olhar, nos colóquios e no semblante. Não conseguiram ocultá-la, porque a alegria sobeja. Quando as pessoas virem a felici-dade em nossos olhos, se conscientizarão de sua natureza de filhos de Deus.

• A alegria deve ser um dos eixos dominantes de nossa vida. Uma religiosa é como o sol em uma comunidade. A alegria é o sinal de uma persona-lidade generosa. Por vezes também é um manto que vela uma vida de sacrifício e de liberalidade. Alguém que possui esse dom muitas vezes alcança altos cumes. Façamos que aqueles que sofrem en-contrem em nós anjos de consolação.

• A alegria é sinal de uma pessoa generosa e mor-tificada que, esquecendo todas as coisas, inclusive de si mesma, busca agradar a seu Deus em tudo o que realiza pelas almas. Com frequência, a alegria é um manto que vela uma vida de sacrifício, de contínua união com Deus, de fervor e liberalidade. Quem possui esse dom da alegria, frequentemente alcança um alto grau de perfeição, porque Deus ama ao que dá com alegria (2Cor 9,7), e traz para junto de seu Coração a religiosa que Ele ama. (Explicação das Constituições Originais, s.d.)

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Madre Teresa de Calcutá: uma santa para o século XXI

• A alegria de amar a Jesus brota da alegria de par-tilhar os seus sofrimentos. Por isso, não se permita estar preocupado nem aflito; creia na alegria da Ressurreição. Em nossas vidas, assim como na de Jesus, a Ressurreição tem de chegar; a alegria da Páscoa deve amanhecer.

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Anúncio do Evangelho

• O Reino deve ser pregado a todos. Se os hindus e muçulmanos ricos podem ter total dedicação e serviço de tantas religiosas e sacerdotes, com certeza os mais pobres dentre os pobres e os que se encontram na camada mais baixa podem ter o amor e a dedicação de nosso pequeno grupo. Chamam-me “a Irmã dos bairros miseráveis”, e estou satisfeita de ser precisa-mente isso por seu amor e por sua glória. (Diário de Madre Teresa, 24 de janeiro de 1949)

• Quando lhe chegar esta carta, talvez o senhor se en-contre a sós com Jesus [em retiro]. É muito próprio do senhor ter pedido para passar três meses sozinho com Jesus. Mas se, durante este período, a fome de Jesus no coração de sua gente for maior que a sua por Jesus, não deveria permanecer a sós com Jesus durante todo o período. Deve permitir que Jesus o faça “pão” para que comam aqueles que entrarão em contato com o senhor. Deixe que as pessoas o co-mam. Pela palavra e pela presença, o senhor anuncia a Jesus. (Carta ao Padre Van der Peet, 20 de junho de 1977)

• Queridos presidentes George Bush e Saddam Hussein, a vós recorro com lágrimas nos olhos e com o amor de Deus no coração, para pedir-lhes pelos pobres e pelos que se tornarão pobres se a guerra

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Madre Teresa de Calcutá: uma santa para o século XXI

que todos tememos eclodir. Imploro-lhes com todo o meu coração que trabalhem, que trabalhem duro pela paz de Deus e pela reconciliação. Ambos têm argumentos para apresentar e um povo para cuidar, mas primeiro, por favor, escutem a aquele que veio ao mundo para nos ensinar a paz. Os senhores têm o poder e a força para destruir a presença e a imagem de Deus, a seus homens, a suas mulheres e a suas crianças. Por favor, escutem a vontade de Deus. Deus nos criou para que sejamos amados pelo seu amor e não para destruir-nos pelo nosso ódio. Em curto prazo pode haver vencedores e perdedores nessa guerra que todos tememos; porém, isso nunca pode nem jamais poderá justificar o sofrimento, a dor e a perda de vidas que suas armas provocarão. A vós recorro em nome de Deus, daquele Deus que todos amamos e partilhamos, para suplicar pelos inocentes, nossos pobres do mundo e àqueles que se tornarão pobres devido à guerra. São eles os que mais sofre-rão, porque não há como escapar. Imploro de joelhos por eles. Eles sofrerão e nós seremos os culpáveis por não ter feito tudo o que estava ao nosso alcance para protegê-los e amá-los. Suplico-lhes pelos que ficarão órfãos, pelas [mulheres] que ficarão viúvas e aqueles que ficarão sós, porque seus pais, maridos, irmãos e filhos foram assassinados. Imploro-lhes, por favor, salvem-nos. Suplico-lhes pelos que ficarão deficientes e desfigurados. São filhos de Deus. Suplico-lhes pelos que ficarão sem casa, sem comida e sem amor. Por favor, pensem neles como se fossem seus filhos. Por fim, suplico-lhes pelos que perderão o que de mais valioso Deus pode nos dar: a vida que lhes será tirada. Suplico-lhes que salvem aos nossos irmãos e irmãs, seus e nossos, porque nos foram dados por Deus para

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que os amemos e queiramos. Não nos compete des-truir o que recebemos de Deus. Por favor, permitam que suas mentes e sua vontade sejam a mente e a vontade de Deus. Os senhores têm o poder de trazer a guerra ao mundo ou de construir a paz. POR FAVOR, ESCOLHAM O CAMINHO DA PAZ. Minhas Irmãs, nossos pobres e eu estamos rezando muito por vocês. O mundo inteiro reza para que abram seus corações para Deus com amor. Talvez ganhem a guerra, mas, qual será o preço para as pessoas arrasadas, mutila-das e desaparecidas? Apelo a vocês: a seu amor, a seu amor por Deus e por seus semelhantes. Em nome de Deus e em nome daqueles aos quais tornarão pobres, não destruam a vida e a paz. Permitam que o amor e a paz triunfem e que seus nomes sejam lembrados pelo bem que fizeram, a alegria que repartiram e o amor que partilharam. Por favor, rezem por mim e por minhas Irmãs, já que tentamos amar e servir aos pobres porque pertencem a Deus e são amados a Seus olhos, assim como nós e nossos pobres estamos rezando por vocês. Rezamos para que amem e ali-mentem o que Deus tão amorosamente tem confiado aos seus cuidados. Que Deus lhes abençoe, agora e sempre. Deus lhes abençoe. Madre Teresa M.C. (Carta ao presidente George Bush e ao presidente Saddam Hussein, 2 de janeiro de 1991)

• Não temos direito de julgar os ricos. De nossa parte, o que desejamos não é um choque de classes, mas um encontro, para que os ricos salvem os pobres e os pobres salvem os ricos.

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Amor a Deus e ao próximo

• Neste ano, com frequência fui impaciente e às vezes severa em minhas repreensões, e notei que cada vez ajudei menos as Irmãs; sempre obtive mais de-las quando fui amável... Como deveria proceder? Entendo que esse comportamento não é caritativo e ainda devo encontrar respostas para as dificuldades que por vezes procedem das diferentes personali-dades das Irmãs etc. E mesmo assim, Excelência, como devemos agradecer a Deus por nossas Irmãs. Apesar de todos os seus defeitos, são muito fervoro-sas e generosas. Deus deve estar bem satisfeito com a enorme quantidade de sacrifícios que essas jovens Irmãs fazem, cada dia. Que Deus as conserve assim. (Carta a Jesus anexa a sua carta ao Padre Picachy, 3 de setembro de 1959)

• Todas as superioras estiveram comigo em Calcutá para o retiro. Foi maravilhoso ter a todas juntas. Eu não sei o que os outros sentem, mas amo as minhas Irmãs como amo a Jesus: com a totalidade do meu coração, da minha alma, da minha mente e da minha força. (Carta a Eileen Egan, 4 de outu-bro de 1964)

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• Sei que Ele nunca vai romper a sua promessa se me mantiver fiel à palavra que lhe dei. Desejo amá--lo como jamais foi amado: com um amor terno, pessoal, íntimo. Reze por mim. (Carta ao Padre Neuner, 28 de janeiro de 1968)

• Meu amor por Jesus é cada vez mais simples e creio que mais pessoal. Assim como nossos po-bres, procuro aceitar a minha pobreza: o fato de ser pequena, fraca, incapaz de grande amor. Entretanto, desejo amar a Jesus com o amor de Maria, e a Seu Pai, com o amor de Jesus. Sei que está rezando por mim. Desejo que Ele se sinta sa-tisfeito comigo, que não se preocupe com meus sentimentos, que se sinta bem, que não fique preo-cupado sequer com a escuridão que envolve-o em mim, pois, apesar de tudo, Jesus é tudo para mim, e eu não amo ninguém senão a Jesus7. (Carta ao Padre Van der Peet, 19 de junho de 1976)

• Como se não bastasse fazer-se homem, Ele mor-reu na cruz para mostrar um amor maior, e mor-reu por você e por mim, e por esse leproso e por aquele homem morrendo de fome e aquela outra nua jazendo na rua, não só em Calcutá, mas na África, Nova York, Londres e Oslo; e insistiu que nos amássemos uns aos outros como Ele ama a cada um de nós. Nós lemos tudo isso com clareza no Evangelho: “ama como eu o amei; como eu o amo; como o Pai me amou, assim eu o amo”. E quanto mais o Pai o amou, mais no-lo entregou, e quanto mais nos amemos mutuamente, mais

7 Ou seja: ama a todos em Cristo. Comparar com a última citação logo abaixo.

Amor a Deus e ao próximo

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devemos entregar-nos uns aos outros até que nos doa. Não basta dizer: “Amo a Deus, mas não amo o meu próximo”. São João diz que somos menti-rosos se dizemos que amamos a Deus, mas não amamos o próximo: “Como pode amar a Deus a quem não vê, se não ama ao próximo ao qual vê, ao qual toca e convive?” Por isso é tão pre-mente dar-nos conta que o amor, para que seja verdadeiro, deve doer. (Discurso de Madre Teresa ao receber o Prêmio Nobel da Paz, Oslo, Noruega, 11 de dezembro de 1979)

• Esta [carta] leva a vocês o amor e a bênção da Madre, mas especialmente a alegria da certeza de que Jesus as ama; e tudo o que lhes peço é que se amem reciprocamente como Jesus ama a cada uma de vocês, pois, amando-se umas às outras, amam simplesmente a Jesus. (1980)