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tratamento de coleções fotográficas, FUNARTE
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CADERNO TCNICO NO6
DIAGNSTICODECONSERVAOEMCOLEESFOTOGRFICAS
CLARA MOSCIARO
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PRESIDENTE DA REPBLICALuiz Incio Lula da Silva
MINISTRO DA CULTURAJuca Ferreira
FUNDAO NACIONAL DE ARTES FUNARTESrgio MambertiPresidente
DIRETORIA EXECUTIVAMyriam LewinDiretora
CENTRO DE PROGRAMAS INTEGRADOSTadeu Di PietroDiretor
GERNCIA DE EDIESMaristela RangelGerente
CENTRO DE CONSERVAO EPRESERVAO FOTOGRFICASandra BarukiCoordenadora
COORDENAO GERAL DEPLANEJAMENTO E ADMINISTRAOAnagilsa NbregaCoordenadora Geral
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DIAGNSTICODECONSERVAOEMCOLEESFOTOGRFICASCADERNO TCNICO NO6
CLARA MOSCIARO
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Diagnstico de Conservao em Colees FotogrficasCaderno Tcnico n. 6 2009 Clara Mosciaro
TODOS OS DIREITOS RESERVADOSFundao Nacional de Artes FunarteRua da Imprensa, 16 Centro 20030-120 Rio de Janeiro RJTel. (21) 2279-8053 / (21) [email protected] www.funarte.gov.br
Design GrficoFernanda LemosGuilherme Sarmento
Produo GrficaJoo Carlos Guimares
Produo EditorialJos Carlos Martins
Assistentes EditoriaisSimone Vaisman MunizSuelen Barboza Teixeira
Produo ExecutivaIzabel Costa
FotosSlides originais e objetos da coleo de Clara Mosciaro
Reproduo e Digitalizao de imagensRicham SamirClber Sardinha
Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)FUNARTE / Coordenao de Documentao e Informao
Diagnstico de conservao fotogrfica no Brasil / Organizao
de Clara Mosciaro. Rio de Janeiro, Funarte, 2009.
56 p. ; 28 cm
ISBN 978-85-7507-127-4
1. Conservao e preservao fotogrfica. 2. Colees
fotogrficas. I. Mosciaro, Clara.
CDD 771.46
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Sumrio
Introduo 9
A importncia de um bom ambiente de guarda 11
O diagnstico de colees fotogrficas 12
Condies para a realizao do diagnstico 15
O que observar?
1 Material constituinte do objeto 17
2 Formatos 34
3 Deteriorao 35
Anexo I
Exemplos de fichas de diagnstico utilizadas pelo CCPF 37
Anexo II
Caderno de imagens 45
Referncias bibliogrficas 56
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6 I CLARA MOSCIARO
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DIAGNSTICO DE CONSERVAO EM COLEES FOTOGRFICAS I 7
A todos os colegas conservadores de fotografias que tiveram a
disponibilidade de partilhar comigo seu conhecimento. Nessa carreira
cuja formao um caminho tortuoso, nossa educao depende do
conhecimento e generosidade daqueles com quem trabalhamos.
equipe tcnica do CCPF, pelo apoio dado a este e aos outros
empreendimentos profissionais realizados no mbito das atividades
do Centro.
A Maria Julia Faissal pelas revises sempre cheias de sugestes teis.
A Isabel Mendes pelo apoio durante todo o processo de realizao
deste texto.
A Paulo e Mayra pelo auxlio na produo das imagens.
A Luis Pavo pela gentil cesso de sua tabela de identificao.
A Sandra Baruki pela sabedoria em todos os momentos, pelo
aconselhamento editorial para este texto e pelo estmulo profissional
constante ao longo da ltima dcada e meia.
Agradecimentos
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8 I CLARA MOSCIARO
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DIAGNSTICO DE CONSERVAO EM COLEES FOTOGRFICAS I 9
Introduo
Atualmente, com o advento da imagem digital passamos por um momento de especial
encantamento com nossas fotografias de verdade, aquelas produzidas pela ao da luz
sobre a superfcie sensvel. O temor de que essa tecnologia desaparea cria uma ainda maior
expectativa de que as fotografias tenham uma vida ilimitada.
O apelo visual imediato causado pela fotografia aliado inerente e visvel fragilidade
dela provocam um certo senso de que algo especial deve ser feito para preserv-las ain-
da que, em muitos casos, no se saiba exatamente o que fazer. So muito frequentes os
casos em que os objetos fotogrficos recebem tratamento mais cuidadoso em termos
de guarda do que aquele oferecido ao restante do acervo, seja em colees particulares,
seja em colees institucionais. A percepo instintiva de que os componentes das foto-
grafias correm risco permanente se encarrega de garantir proteo a esses objetos. LA-
CERDA (2008) aponta que questes de conservao teriam sido talvez uma das causas
da formao dos acervos especiais nos arquivos. Essa separao motivada por ra-
zes ligadas preservao fsica do material teria se refletido, com o passar do tempo
na organizao mesma do material.
Ao conjunto do acervo aplicado um quadro de arranjo que se pretende o
mais prximo do contexto de produo dos documentos, enquanto o material
iconogrfico e as fotografias, sobretudo recebe um tratamento individuali-
zado, quase sempre como peas de uma coleo(...) (LACERDA, 2008, p.16)
Mesmo estando as fotografias segregadas em benefcio de sua integridade material, obser-
va-se que o entendimento do contedo das imagens e de sua importncia histrica, documen-
tal e esttica , em geral, muito maior que a compreenso do objeto fsico em si. Essa lacuna
em termos de conhecimento tem reflexos diretos sobre a coleo. Pode levar m gesto seja
por inrcia e abandono ou pela adoo de aes custosas e incuas ou prejudiciais aos objetos
fotogrficos. Perdem-se tambm oportunidades para a incluso das colees fotogrficas em
projetos de captao de verbas externas ou aproveitamento dos recursos da prpria institui-
o. No so aceitveis atualmente propostas de tratamento fundamentadas em observaes
vagas que indicam boa inteno, mas domnio limitado do objeto a ser tratado.
Colees de fotografia1 se formaram pelas mais diferentes razes e com as mais variadas
composies de processos, formatos e contedo. Colees familiares, cientficas, institucio-
1 Ao longo do texto os termos coleo e acervo sero utilizados indistintamente como forma ampla de caracterizarqualquer conjunto de objetos fotogrficos, pessoais ou institucionais.
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10 I CLARA MOSCIARO
nais, artsticas, comerciais, didticas formadas no passado continuam a ser incrementadas,
incorporando as mais recentes tecnologias de produo de imagens. As colees podem conter
desde uma frgil e esmaecida albumina ao ltimo tipo de impresso a partir de arquivos
digitais. Sero as necessidades desses materiais as mesmas em termos de conservao?
O diagnstico de conservao de uma coleo ou acervo fotogrfico tem papel fun-
damental no planejamento de qualquer ao de preservao que envolva este acervo em
particular ou todo o conjunto. Informar tambm um eventual programa de avaliao e
gerenciamento de risco que porventura a instituio pretenda desenvolver, expondo a na-
tureza dos matrias fotogrficos, a quantidade e os formatos existentes, sua atual forma
de acondicionamento, bem como os danos presentes e sua provvel causa.
O objetivo de um diagnstico do estado de conservao das colees de-
terminar a natureza, as caractersticas fsicas das imagens que a compem,
seu nvel de deteriorao e as possveis causas deste. O diagnstico tambm
apontar informao quantitativa a respeito do nmero e volume que ocu-
pam as peas elaboradas em processos fotogrficos instveis por sua prpria
natureza e que, por isso mesmo, devem ser separadas e manter-se em condi-
es ambientais especiais (VALVERDE, 2000, p. 13).
Ao longo dos ltimos 15 anos de trabalho na rea de conservao fotogrfica muitas fo-
ram as oportunidades de observar o permanente interesse em adquirir conhecimentos por parte
de profissionais com as mais diversas formaes que dedicam suas carreiras proteo de
colees de fotografias. No apenas conservadores, mas arquivistas, historiadores, jornalistas,
muselogos, arquitetos, artistas plsticos e tantos outros que, mesmo sem formao especializa-
da, frequentam as oficinas promovidas pelo Centro de Conservao e Preservao Fotogr-
fica (CCPF) da Funarte em busca de informaes que lhes permita avanar na soluo dos
problemas associados preservao dos acervos fotogrficos sob sua responsabilidade. Ape-
sar do manuseio cotidiano e da soluo de problemas imediatos com itens isolados, falta a mui-
tos desses profissionais ferramentas apropriadas para descrever o acervo, seu estado de conser-
vao e para propor estratgias mais amplas de preservao baseadas nesse conhecimento.
Grande parte da observao aqui contida vem da experincia como colaboradora eventual
do CCPF da Funarte desde 1994. Todas as aes do Centro tm incio com um diagnstico.
Seja no caso de uma assessoria especfica, de uma proposta de tratamento ou na proposio
de um projeto de financiamento externo, sempre o primeiro passo a ser dado o conhecimen-
to do que ser tratado. Ao longo de suas duas dcadas de existncia o CCPF tem tido a opor-
tunidade de trabalhar com centenas de instituies pblicas e privadas, o que permitiu acumu-
lar enorme experincia na realizao de diagnsticos. Este texto uma oportunidade para tra-
tar o assunto de forma introdutria, tentando sistematizar o que tem sido apresentado nas oficinas
ministradas pelos tcnicos do CCPF em relao ao entendimento dos objetos fotogrficos em
sua estrutura fsico-qumica.
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DIAGNSTICO DE CONSERVAO EM COLEES FOTOGRFICAS I 11
A importncia de um bom ambiente de guarda
A qualidade do ambiente de guarda fator determinante para a permanncia de uma co-
leo de fotografias. Embora este no seja o tema deste trabalho, que pretende focalizar
no objeto fotogrfico em si, necessrio enfatizar a importncia do monitoramento am-
biental como passo inicial para a obteno da melhor condio de guarda possvel. Esse
monitoramento pode ser considerado um diagnstico parte, que combinado com os
dados obtidos pelo exame da coleo levar obteno de um ambiente mais favorvel
para o acervo.
Diversos elementos presentes em acervos fotogrficos tendem a se degradar de forma
relativamente rpida e inexorvel, rumo perda total. o caso das fotos cor ou das bases
plsticas utilizadas em negativos. Altas temperaturas, umidade alta ou oscilante e presena
de poluentes so as maiores fontes de deteriorao para os diversos componentes dos
objetos fotogrficos. A nica forma de deter ou desacelerar este processo por meio da
utilizao de ambientes de guardar frios ou mesmo congelados. Nem sempre, no entanto,
vivel atingir e manter em nveis constantes os baixos ndices de temperatura e umidade
requeridos por estes materiais.
Publicaes especializadas,2 e ferramentas disponveis na internet, como a calculadora
de preservao,3 por exemplo, permitem uma visualizao da expectativa de vida da co-
leo em face de um dado ambiente real ou ideal. Esses dados podem servir de parme-
tro para avaliao das condies atuais e para a formatao de uma situao de guarda
futura, mais favorvel ao acervo.
O monitoramento de uma rea de guarda deve ser realizado por perodos longos: um
ano, pelo menos, sem interrupes (VALVERDE, 2000 p.31). Instrumentos mecnicos,
como os termo-higrgrafos, ou eletrnicos, como os data loggers, devem ser utilizados de
forma a se obter dados precisos das condies de temperatura e umidade de um dado
depsito. Os dados obtidos devem ser analisados por um profissional especializado na
adequao de ambientes para guarda de acervos. Esse profissional pode, inclusive, estar
envolvido desde a etapa do monitoramento, sugerindo equipamentos e rotinas para uma
melhor observao do ambiente.
Solues alternativas ou mudanas radicais nessa rea no devem ser implementados
sem assessoria especializada, sob risco de causar danos irreparveis ao acervo.
2 REILLY, 1998 e IMAGE PERMANENCE INSTITUTE, 1997.3 A calculadora de preservao um aplicativo disponibilizado pelo Image Permanence Institute (IPI) em suapgina, que permite avaliar, comparar e planejar ambientes de guarda. Ver http:/www.imagepermanenceinsti-tute.org/shtml_sub/dl_prescalc.asp.
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12 I CLARA MOSCIARO
O diagnstico de colees fotogrficas
Um diagnstico de conservao no pode ser confundido com descrio do contedo,
inventrio ou organizao arquivstica do material. A apreciao intelectual e esttica da
imagem fotografica uma atividade diversa daquela realizada por quem ir planejar as es-
tratgias para permanncia da imagem.
Um conservador, ou algum treinado por ele, focalizar sua observao de forma
mais precisa sobre os aspectos fsicos da fotografia e no seu registro de forma produtiva
e objetiva.
O domnio do vocabulrio especfico e a prtica na identificao dos processos, for-
matos e danos so requisitos fundamentais para que se evite o desperdcio de tempo e
recursos em um diagnstico cujas informaes apresentadas so vagas, incompletas ou
ento excessivamente detalhadas. O diagnstico de conservao deve ser realizado de forma
contnua, rpida e objetiva. uma ferramenta e no um fim em si mesmo e como qual-
quer atividade em que se pretende alcanar um determinado objetivo, preciso planejar.
Para comear, perguntas teis podem ser feitas:
Qual o objetivo do diagnstico que ser realizado?
Alm desse objetivo imediato, algum outro objetivo de mdio ou longo prazo pode ser
alcanado?
Quantas pessoas e qual o tempo disponvel para a tarefa?
possvel realiz-lo em toda a coleo? Ou apenas em parte dela?
Que instrumento ser utilizado para a coleta dos dados?
O primeiro passo sempre determinar que dados devem ser observados. Infor-
maes prvias, ainda que superficiais, podem ser de grande utilidade para esclarecer
que tipo de material ser encontrado: somente cpias em papel? Negativos? De vi-
dro? S negativos em base plstica? So de pequeno formato? Qual o perodo apro-
ximado de abrangncia do acervo? A partir dessas informaes gerais, um plano de
observao pode ser traado de maneira a permitir a elaborao de um instrumento
de coleta de dados.
No recomendvel utilizar integralmente uma ficha-diagnstico padro, adotada por
uma outra instituio, se o acervo a ser examinado difere, por exemplo, em perodo e con-
tedo. Se a coleo em questo foi produzida exclusivamente na segunda metade do scu-
lo XX no prtico ter uma ficha repleta de campos com processos fotogrficos do s-
culo XIX. O campo outros se encarregar das excees. Um instrumento prprio deve
ser criado, ainda que em formato bem simples. Alguns exemplos de fichas desenvolvidas
pelo CCPF podem ser encontradas no Anexo I, na pgina 37. Essas fichas foram elabo-
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DIAGNSTICO DE CONSERVAO EM COLEES FOTOGRFICAS I 13
radas para atender a acervos com caractersticas especficas e podem servir como um guia,
mas precisam ser adaptadas para utilizao em contextos diferentes. Entre as fichas apre-
sentadas est uma ficha para diagnstico de colees que j havia sido includa no primei-
ro volume dos Cadernos Tcnicos de Conservao Fotogrfica (BARUKI; COURY, 2004
p.5) . Est aqui reproduzida porque seu carter abrangente permite que seja utilizada como
ferramenta para uma primeira observao de acervos. Instrumentos mais especficos po-
dem e devem ser criados, buscando adequ-los melhor ao perfil da coleo se e quando
isso for possvel.
Observaes do tipo bom, regular ou pssimo estado de conservao so bastante insa-
tisfatrias e devem ser evitadas, a no ser para um uso muito geral. Talvez possam ser-
vir para informar ao usurio, de forma genrica, qual o estado do objeto. Para efeitos
de planejamento de conservao so muito vagos. Se j existem, podem ser teis para
traar uma estratgia para a realizao do diagnstico em si, isto , pode-se trabalhar a
partir daquelas consideradas pssimas, que iro exigir um manuseio mais cuidadoso.
Ou pode-se, ao contrrio, iniciar o trabalho pelas fotografias boas cuja observao
ser mais rpida.
Provavelmente, ao final ou mesmo durante o diagnstico ficar claro que o que foi
considerado pssimo h algum tempo atrs espelhamento de prata em imagens gelatina-
prata, por exemplo no visto dessa forma atualmente no que concerne a conservao.
Ao mesmo tempo, o negativo que estava bom h dez anos pode ter sofrido deteriora-
o prpria da sua natureza e estar em estado que permitiria sua incluso na categoria dos
pssimos.
Fichas de diagnstico nas quais os campos so predeterminados, somente para serem
preenchidos ou marcados, so mais eficazes tanto para coleta quanto para tabulao e in-
terpretao dos dados. Instrumentos com muitos campos em aberto podem causar de-
mora na realizao e levar falta de objetividade ou incorreo nas entradas de dados,
especialmente se o pessoal envolvido no for bem treinado ou experiente.
De qualquer forma os dados abaixo no podem deixar de ser includos:
identificao do objeto nmero de identificao, localizador, nmero da base de dados.
material constituinte processo fotogrfico ou suporte do negativo
dimenses
danos observados
acondicionamento atual
Fichas de diagnstico podem incluir indicaes de tratamento a ser realizado. preci-
so, no entanto, que a equipe envolvida tenha treinamento compatvel com essa atividade.
Em determinados casos, o momento do diagnstico pode ser a oportunidade para
um primeiro acondicionamento, um reacondicionamento, ou mesmo uma higienizao su-
mria. Deve-se incluir, neste caso, campos para registrar esses procedimentos que sero
realizados.
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14 I CLARA MOSCIARO
Para equipes no familiarizadas com computadores ou em instituies onde eles no
esto disponveis para esta atividade, a soluo sempre a utilizao de fichas de diagns-
tico impressas em papel. Esse pode ser tambm um primeiro passo para a utilizao de
planilhas eletrnicas e bancos de dados que podem ser alimentados posteriormente. Para
muitos profissionais o bom e velho papel considerado o nico mtodo seguro ao
qual se pode voltar no futuro, sem risco de perda de dados ou necessidade de utilizao
de programas e mquinas. Uma desvantagem que a interpretao do diagnstico tra-
balhosa e, em muitos casos, nunca ser realizada, pois depende do manuseio de pilhas e
pilhas de papel com informaes detalhadas.
A coleta automatizada de dados tem como vantagem a facilidade e rapidez na visuali-
zao e interpretao dos dados. Pode ser acoplada rapidamente a outros instrumentos
eletrnicos j existentes ou que venham a ser criados pela instituio. Demanda a existncia
de equipe com acesso a computadores, de preferncia portteis. As fichas elaboradas aqui
podem ser as mesmas daquelas elaboradas para o registro em papel, com a vantagem de
que podem ser analisadas nos seus diversos campos com resultados imediatos.
Uma outra abordagem a utilizao de aparelhos portteis pda ou palm tops para a
realizao de diagnsticos rpidos, com observao de dados limitados, realizados no local
de armazenagem, por exemplo. Experincias com esta metodologia foram relatadas por
Haspo,4 na Biblioteca do Congresso norte americano e pelo Arquivo Nacional brasileiro
(PERALTA, PEREIRA) onde foi utilizada para o diagnstico da coleo de filmes. Nos
dois casos o exame foi realizado por amostragem, o que demanda um acervo j bastante
organizado para que as amostras reflitam com veracidade a populao estudada.
4 Trabalho disponvel no stio da Biblioteca do congresso norte-americano, sob o ttulo Modern tools to evaluate ancientworks The Lessing J. Rosenwald collection, disponvel em http://www.loc.gov/loc/lcib/0310/catalog.html. Acessoem 25 set. 2009.
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DIAGNSTICO DE CONSERVAO EM COLEES FOTOGRFICAS I 15
Condies para a realizao do diagnstico
Em condies ideais o diagnstico deve ser realizado em ambiente limpo e arejado,
em rea reservada especialmente para esse fim. Esse espao deve ser condizente com
o formato, a quantidade de material a ser avaliado e com o nmero de pessoas envol-
vidas na tarefa.
Realizao de diagnstico na rea de guarda no uma prtica recomendvel, mas pode
ser a nica opo possvel em determinadas situaes. Neste caso, todas as medidas de
segurana tanto para os profissionais quanto para o acervo devem ser tomadas: entrada e
sada de pessoal devem ser controladas, o tempo de permanncia e o nmero de pessoas
limitado, mobilirio de apoio deve ser providenciado.
Caso os formatos ou montagens excedam o tamanho regular de fotografias que pos-
sam ser manuseadas por uma s pessoa ou pousadas sobre as mesas e bancadas, ser preci-
so providenciar suportes verticais ou aumentar o nmero de pessoas envolvidas no trabalho.
As mesas ou suporte de trabalho devem ser limpos e estar recobertos por papel macio
que ser trocado sempre que necessrio. Unhas pintadas, anis, relgios, pulseiras e culos
pouco ajustados ao rosto no devem ser usados durante o processo, sob risco de danifi-
car o material que est sendo examinado.
O seguinte material acessrio deve estar disponvel:
Luvas de helanca ou de algodo fino impedem o contato direto das mos sobre a super-
fcie da fotografia, evitando marcas de digitais e outras provenientes da manipulao.
Luvas plsticas protegem o profissional em caso de material muito sujo ou
contaminado.
Mscaras, aventais de tecido ou descartveis e toucas podem ser utilizados para proteo
da equipe.
Esptulas metlicas com pouca espessura e pinas auxiliam no manuseio das fotografias,
levantando-as sem danificar as bordas ou cantos.
Rguas e trenas para a medio das fotografias, suportes secundrios e molduras.
Bases de carto rgido ou mesmo papel para apoiar os objetos, facilitando o manuseio.
Bandejas plsticas rgidas para o transporte e manuseio de peas de vidro. O fundo deve
estar forrado com material macio papel, plstico-bolha para evitar quebra durante o
trabalho.
Carrinhos com rodzios devem ser utilizados, evitando o transporte manual de grandes
quantidades de material.
Lupa ou microscpio. Para a identificao de processos a lupa com magnificao de
30X ideal. Para observao de deterioraes e superfcies em geral, magnificao menor
pode ser utilizada.
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16 I CLARA MOSCIARO
Iluminao suficiente no ambiente e na bancada de trabalho. Se o acervo for composto
por transparncias negativos e diapositivos deve ser providenciada uma mesa de luz,
mesmo que pequena e porttil, que permita a observao da imagem. Caso se use um mi-
croscpio, iluminao direcionada, como as fibras ticas, por exemplo, deve ser utilizada.
Instrumento de observao ficha ou aparelho - para registro dos dados obtidos com
o exame.
Lpis ou lapiseiras devem ser utilizados para as anotaes. Canetas de qualquer tipo ja-
mais podem ser utilizadas junto ao material original.
fundamental respeitar a organizao do acervo e manter todos os dados constantes
do acondicionamento original. Pode ocorrer que durante o manuseio de vrios itens, por
muitas pessoas ao mesmo tempo, acontea a troca de embalagens com inscries ou que
seja modificado o posicionamento dos objetos em relao ao restante da coleo. Esse
erro deve ser evitado trabalhando-se, sempre que possvel, um item por vez e retornando-o
embalagem e localizao originais.
Se o objetivo do diagnstico for a remoo imediata de um acervo de seu acondicio-
namento atual ou do ambiente de guarda por qualquer motivo situao de risco, por
exemplo deve-se tomar medidas para que os dados no se percam. Pode-se, por exem-
plo, fotografar meticulosamente cada etapa do processo, de forma a poder recuperar a
identificao posteriormente. Pode-se tambm estabelecer um sistema em que o novo
acondicionamento e armazenagem reflitam de alguma forma a organizao anterior, tal-
vez criando uma numerao provisria que ser adicionada ao acondicionamento novo e
tambm ao antigo, que no ser descartado nesse momento.
preciso considerar tambm o diagnstico como uma atividade que pode ser realiza-
da em condies adversas, que fogem ao ambiente controlado das instituies. O profis-
sional pode ser solicitado a realiz-lo em situaes inusitadas. Colees que esto sendo
avaliadas para salvamento, recolhimento, compra ou doao, por exemplo, podem ofere-
cer limites de execuo em termos de tempo, salubridade, acessibilidade etc. Acervos lo-
calizados em locais distantes, em casas de famlias, sob disputa judicial ou armazenados
em local de risco exigem uma atitude e pragmtica, que envolve conhecimento e planeja-
mento. Nesse caso, uma observao bastante precisa e rpida pode ser necessria,de for-
ma a se observar o mximo no mnimo de tempo.
To importante quanto o ambiente ou o equipamento utilizado a presena de profis-
sional com treinamento para esta atividade. Um conservador de fotografias, ou mesmo
um conservador de outra rea, com treinamento especfico, deve planejar o trabalho, trei-
nar e supervisionar a equipe que ser designada para esta tarefa.
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DIAGNSTICO DE CONSERVAO EM COLEES FOTOGRFICAS I 17
O que observar?
1. Material constituinte do objeto impossvel tratar o que no se conhece. A palavra fotografia tem um sentido muito am-
plo, que no permite definir com exatido o objeto sobre o qual se est tratando. Para a
realizao de um diagnstico fundamental estabelecer o tipo de objeto fotogrfico que
est sendo observado. preciso reconhecer, ainda que com alguma margem de dvida,
que materiais compem esse objeto.
O reconhecimento dos processos fotogrficos existentes em uma coleo permite que
decises futuras quanto a acondicionamento, condies de exibio, tratamento de con-
servao e criao de uma rea de guarda sejam bem fundamentadas e eficazes.
A tcnica para identificao desses processos descrita em diversos textos da literatura
de conservao fotogrfica, mas infelizmente poucos textos esto em portugus.5 Publi-
caes sobre histria da fotografia, disponveis no Brasil, podem ser um bom incio, mas
no tm como objetivo principal levar ao reconhecimento fsico dos processos fotogrfi-
cos e da sua forma de produo.
A maior parte da identificao de processos feita por meio do exame visual direto e da
utilizao de magnificao para observao da superfcie da fotografia em busca das carac-
tersticas correspondentes a cada processo. Embora esse nvel de observao permita a vi-
sualizao tanto da estrutura em camadas das fotografias quanto de muitas de suas peculia-
ridades, somente a utilizao de mtodos analticos permitiro conhecer com certeza a com-
posio das fotografias estudadas. Mtodos no destrutivos tm sido utilizados na identifi-
cao precisa de processos fotogrficos. 6 Os principais so a espectrometria de fluorescn-
cia de raios X (XRF) e a espectrometria no infravermelho com transformada de Fourier
(FTIR). O primeiro tem sido utilizado com uma ferramenta importante, pois sem necessida-
de de contato fsico com o objeto fornece dados tanto qualitativos quanto quantitativos sobre
as substncias a presentes. O FTIR , utilizando-se de radiao infravermelha, produz um
espectro que permite que se obtenha detalhes sobre a estrutura molecular da amostra.
(CARTIER- BRESSON, 2008; LAVDRINE, 2003; MAINES; McGLICHEY, 2005)
Outra tcnica no destrutiva que auxilia na identificao e caracterizao de exemplares
fotogrficos e seus componentes o exame de fluorescncia com radiao ultravioleta. Tem
sido empregada na conservao de papel h muitos anos com o objetivo de evidenciar
5 O livro de Luis Pavo uma das poucas excees. Encontra-se esgotado, mas o contedo do Captulo 1 estdisponvel em http://www.lupa.com.pt/site/ficheiros/09051504258.pdf.6 O estudo desenvolvido pelo Getty Conservation Institute , Pesquisa em Conservao de Fotografias , tem utilizadodiversas tcnicas de anlise de forma a precisar os componentes das fotos. Disponvel em http://www.getty.edu/conservation/science/photocon/index.html
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18 I CLARA MOSCIARO
a presena de fungos, adesivos ou resduos de adesivos, inscries j removidas e marcas
resultantes de umidade. Na conservao de fotografias pode ser uma tcnica importante
determinando a presena de elementos como os branqueadores ticos ou garantindo a
eficincia de tratamentos de remoo de adesivos, ou ainda revelando a presena de ma-
teriais no previsveis, tais como os diversos recobrimentos aplicados s imagens fotogr-
ficas (TRAGNI, 2005).
Para a identificao de fotografias (positivos) do sculo XIX e incio do sculo XX, o
CCPF tem se utilizado, em suas oficinas de Introduo Conservao Fotogrfica, da me-
todologia apresentada por Reilly em seu clssico livro Care and identification of 19th century
photographic prints de 1986. Este autor apresenta uma metodologia que distingue as foto-
grafias, inicialmente, pelo nmero de camadas que apresentam. Em seguida, por meio da
observao de caractersticas especficas de cada processo e dos danos correspondentes a
cada um deles, estabelecida uma possvel identificao que pode ser comparada com
uma tabela onde esto representados os principais processos fotogrficos do perodo e
uma ampliao de um detalhe da imagem (a regio do olho) em 30 vezes.
Nas oficinas ministradas pelo Centro, aps uma aula terica sobre a estrutura dos
materiais fotogrficos, so apresentados aos alunos diversos processos que devem ser re-
conhecidos por suas caractersitcas fsicas, bem como pelos danos apresentados. Como
ltima etapa sugerido que sejam examinados atravs de uma lupa com magnificao de
30X de forma a se identificar precisamente o processo fotogrfico ou, pelo menos, indi-
car o nmero de camadas que o compe. Metodologia semelhante ser apresentada aqui.
A identificao de processos fotogrficos requer prtica e conhecimento mnimo dos
elementos componentes da estrutura de cada um dos tipos de fotografia. O ideal prati-
car observando os exemplares j corretamente identificados e ir se familiarizando com
aqueles mais incomuns ou com as excees. Ferramentas da web, como o Graphics Atlas
disponibilizado pelo Image Permanence Institute (IPI) na sua pgina na internet,7 tm sido
criadas recentemente e so de extrema utilidade para aqueles que no tm desenvoltura na
identificao.
Atualmente presenciamos uma enorme mudana com o rpido avano da captura e
produo digital das imagens. Embora seja ainda cedo para que possamos estabelecer uma
metodologia, a identificao dos processos de impresso digital ser tambm aqui consi-
derada. Sero referidas como cpias digitais para que no se confundam com a fotografia
tradicional.
Elementos componentes da fotografia
Os elementos essenciais componentes dos objetos fotogrficos so suporte e substncia
formadora da imagem. Alm destes dois outros elementos como os ligantes e substncias de re-
cobrimento podem estar presentes.
7 http://www.graphicsatlas.org
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DIAGNSTICO DE CONSERVAO EM COLEES FOTOGRFICAS I 19
Suporte
Um suporte fotogrfico pode ser qualquer superfcie capaz de receber uma substncia
sensvel luz. Os artistas contemporneos tm se esmerado em ampliar o leque de mate-
riais utilizadas como suporte fotogrfico, obtendo imagens sobre objetos inusitados tais
como casca de ovo, lixas, marmitas e etc., mas os suportes predominantemente utilizados
na historia da fotografia tm sido o papel, o metal, o vidro e o plstico.
O papel foi um dos primeiros materiais a serem utilizados como suporte fotogrfico,
tanto para a produo de negativos quanto de positivos. Os primeiros papis eram prepa-
rados artesanalmente pelo prprio fotgrafo, mas a indstria rapidamente assumiu essa
funo, vida por incorporar tanto os avanos tcnicos disponveis na poca quanto o gosto
dos fotgrafos profissionais e amadores. A qualidade do papel fotogrfico sempre foi
questo de grande importncia. A utilizao de papis contendo alto teor de alfacelulose,
recobertos com uma ou mais camadas foi dominante como forma de impresso fotogr-
fica durante o sculo XIX e parte do sculo XX.
As chapas de metal serviram de suporte para dois dos processos mais antigos da his-
tria da fotografia: o daguerretipo e o ferrtipo. O primeiro utilizava-se de uma chapa
de cobre recoberta com prata e o segundo de uma fina chapa de ferro recoberta com
coldio.
O vidro foi amplamente utilizado tanto na produo de negativos quanto de
diapositivos(transparncias positivas) e de imagens positivas diretas (ambrtipo). Foram
substitudos, no caso dos negativos e diapositivos, pelas bases plsticas que passaram a
dominar a indstria fotogrfica j nas primeiras dcadas do sculo XX. Os vidros do s-
culo XIX eram muito instveis porque continham alta proporo de xido de sdio e
potassio (VALVERDE, 2004, p. 12). O excesso de alcalinidade associado poluio am-
biental e umidade flutuante leva perda de transparncia do vidro e formao de de-
psitos alcalinos que tm a aparncia de gotculas .
Os plsticos aparecem na fotografia como substitutos do vidro na funo de suporte
para os negativos que se tornaram mais leves, flexveis e menores. O grande desenvolvi-
mento obtido com essa modificao, aliado a outros avanos, permitiu o surgimento da
fotografia amadora. A instabilidade dos suportes plsticos tem sido um grande desafio-
para a conservao.
Substncia formadora da imagem
Substncia responsvel pela imagem exibida na fotografia. Pode ser composta por
metais, pigmentos ou corantes aplicados diretamente sobre o suporte ou dispersas em subs-
tncias transparentes, os ligantes.
A prata tem sido, sem dvida, a substncia formadora da imagem mais utilizada na
indstria fotogrfica. Presente desde os primrdios da fotografia, quando foi utilizada para
recobrir a placa de cobre que servia de suporte para o daguerretipo, utilizada at os
dias de hoje.
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20 I CLARA MOSCIARO
Sua aparncia final, bem como sua estabilidade, dependem da forma e do tamanho dos
gro de prata utilizados. A maioria dos processos do sculo XIX utilizava-se da prata fotoltica,
de gros bastante pequenos e de formato esfrico. A simples ao da luz sobre essas partculas
permitia a obteno da imagem que exibia uma colorao quente, prxima do marrom.
A prata filamentar, ao contrrio, exigia a utilizao de um revelador que amplifica os
efeitos da luz sobre os sais de prata. Este processo se utiliza de gros muito maiores, aglo-
merados em filamentos. O tom dessa imagem, mais densa, ser neutro.
A platina e o paldio tambm foram bastante utilizados na realizao de imagens, pro-
duzindo imagens consideradas permanentes.
Os sais de ferro esto presentes em alguns processos, como a cianotipia de cor azul.
Pigmentos foram a base de processos como a goma bicromatada e a cpia em carvo.
De composio muito estvel, foram largamente empregados na fotografia artstica devi-
do possibilidade de interveno do fotgrafo durante o processamento
Desde a dcada de 1930 os corantes passaram a ser empregados na fotografia cor e atu-
almente so largamente utilizados nas cpias digitais.
Ligante
o material transparente onde est dispersa a substncia formadora da imagem. Sua
funo aglutinar e manter a substncia formadora da imagem aderida ao suporte. As
caractersticas bsicas dos ligantes so a viscosidade e a transparncia. Tm importncia na
aparncia final da fotografia, determinando caractersticas de superfcie tais como brilho,
densidade e cor (REILLY, 1986, p.27). Os ligantes mais encontrados so:
Albumina
Protena existente na clara de ovo, inicialmente foi utilizada como ligante em negativos de vi-
dro, mas foi introduzida em 1850 como ligante para papel fotogrfico. O papel albuminado
foi o mais utilizado meio de se produzir imagens positivas da segunda metade do sculo XIX.
Coldio
Resultado da dissoluo de nitrato de celulose em lcool e ter uma substncia transpa-
rente, viscosa e muito voltil. Foi utilizado como ligante nos seguintes processos: negativos
em coldio mido, ambrtipos, ferrtipos, coldio por impresso direta e no processo
mate coldio. Tem como caracterstica a impermeabilidade aps curto tempo de utiliza-
o, exigindo sempre que seja utilizado enquanto mido.
Gelatina
Protena animal tem sido utilizada at o presente como ligante em fotografias e negativos.
Altamente higroscpica bastante sensvel s variaes de umidade relativa.
Camada de Barita
A barita sulfato de brio um pigmento branco utilizado na indstria fotogrfica
desde a dcada de 1880 quando foram introduzidos os papis por impresso direta. Des-
de ento passou a integrar a estrutura das cpias em gelatina-prata. Aplicada juntamente
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DIAGNSTICO DE CONSERVAO EM COLEES FOTOGRFICAS I 21
com gelatina tem o objetivo de uniformizar a superfcie do papel de impresso. A existn-
cia dessa camada impede que as fibras do papel sejam vistas atravs de magnificao. Co-
rantes foram utilizados junto barita at a dcada de 1960 (LAVDRINE, 2003, p.24) e
branqueadores ticos podem estar presentes nessa camada.
Pavo (1997, p.71) inclui a barita entre a categoria das camadas acessrias e protetoras, que
comporta qualquer substncia utilizada para (...)tornar o suporte mais branco, isol-lo da
imagem e moldar a superfcie da prova.8 Como materiais so usados a barita(...), o dixi-
do de titnio, a gelatina e o polietileno.
Os esquemas abaixo ajudam a visualizar o posicionamento das camadas nas fotografi-
as. De uma forma geral, as fotografias apresentam a seguinte estrutura:
8 Prova termo para cpia em papel ou fotografia em papel (N.A).
As fotografias com uma camada apresentam ape-
nas a substncia formadora da imagem aplicada di-
retamente sobre o suporte (nessa metodologia o su-
porte no considerado como camada).
As fotografias com duas camadas apresentam a subs-
tncia formadora da imagem dispersa no ligante.
Aquelas com trs camadas vo exibir a substncia
formadora da imagem dispersa no ligante e a cama-
da de barita entre o ligante e o suporte.
Composio das colees fotogrficas
A maioria das colees so compostas de trs tipos de material: fotografias ou cpias
sobre papel, objetos em estojo e negativos .Um panorama sucinto ser apresentado a se-
guir, com o objetivo de guiar os primeiros passos na tarefa da identificao dos exempla-
res mais comumente encontrados.
Cpias fotogrficas
A fotografia impressa sobre papel (ampliao fotogrfica, fotografia em papel ou, sim-
plesmente, fotografia) pode se ter sido produzida de diferentes maneiras ao longo da his-
tria. So muitos os processos fotogrficos conhecidos e inmeras as suas variaes.
Cientistas, inventores e fotgrafos buscaram aprimorar e diversificar a forma de imprimir
as imagens captadas pela cmera, seja introduzindo pequenas variaes em processos j
conhecidos, seja criando sistemas inteiramente novos.
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22 I CLARA MOSCIARO
De uma forma bem simplificada, apenas como um guia auxiliar para a identificao, fo-
ram agrupados na ilustrao abaixo alguns dos processos positivos mais encontrados em
colees, de acordo com o nmero de camadas que o compe ou com a famlia a que per-
tencem . No esto aqui includas as cpias digitais, que sero discutidas posteriormente.
Albuminas
Originalmente, a imagem produzida por meio deste processo tinha o tom marrom-
prpura. Essa tonalidade se deve tanto utilizao da prata fotoltica, muito delicada, quanto
viragem a ouro que finalizava o processo. Geralmente, temos acesso a cpias albumina-
das j muito deterioradas, cujo tom da imagem difere em muito da colorao original.
Produzidas em papel de baixa gramatura eram sempre montadas sobre um suporte de
papel rgido ou carto para evitar que enrolassem. Esses cartes e os adesivos utilizados
na montagem reagindo com a umidade relativa alta so uma das causas de deteriorao
dos papeis albuminados.
Como a camada de albumina era aplicada diretamente sobre o suporte (papel), as fibras
podem ser observadas mesmo nas reas mais escuras da imagem, sob magnificao de 30X.
Condies inadequadas de guarda, como acondicionamento imprprio, alta tempera-
tura e umidade so os principais fatores de deteriorao deste e de todos os outros
processos fotogrficos. As albuminas so tambm muito sensveis exposio luz.
Os danos mais comumente verificados nas albuminas so:
Esmaecimentos, que a perda de densidade na imagem que se torna menos visvel. Pode
ocorrer localizadamente (nas reas claras ou altas luzes) ou sobre toda a superfcie da
fotografia.
A imagem deteriorada torna-se marrom avermelhada e perde o tom original marrom-
prpura da poca de sua criao.
Amarelecimento de toda a fotografia, especialmente nas reas onde no h imagem e
nas altas luzes. Essa colorao, to tpica dos exemplares que chegaram at ns, deve-se
deteriorao da prpria albumina, que tende a amarelar e tambm da interao entre
a prata e a albumina albuminato de prata no removido durante o processamento.
(PAVO, 1997, p.134)
Os processos
mais comuns
nas colees
brasileiras so:
Ligante+ Substncia
formadorada imagem
2 CAMADA
gomabicromatada
cpia emcarvo
albumina
Substnciaformadorada imagem
1 CAMADA
cianotipia
papelsalgado
planotipia
Ligante+ Barita
+ Substnciaformadora da
imagem
3 CAMADA
gelatina porrevelao
gelatina-prata
coldio porimpresso
direta
gelatina porimpresso
direta
Processosfotomecnicos
Meio tom
fotogravura
coltipo
Objetoem estojo
ambrtipo
ferrtipo
daguerretipo
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DIAGNSTICO DE CONSERVAO EM COLEES FOTOGRFICAS I 23
Craquelamento da superfcie do ligante. Aparncia de escamas por toda a superfcie do
objeto, causada pela diferente tenso entre a albumina e o suporte.
Caso no tenha sido montada, estar enrolada, com a imagem voltada para o lado inte-
rior do tubo.
Pequenas manchas claras perceptveis, em especial, nas reas escuras decorrentes do des-
locamento de partculas de cobre e zinco proveniente da tinta utilizada para a decorao
das bordas dos cartes de suporte.
Podem apresentar espelhamento de prata. Esse fenmeno pode ser observado nas albumi-
nas, mas observado ainda com mais intensidade nas fotografias em gelatina-prata por reve-
lao. Pequenas partculas de prata migram para camadas superiores e voltam ao estado met-
lico modificando a aparncia da fotografia que passa a apresentar uma superfcie brilhante.
Sulfurao, que caracteriza-se pela mudana de cor da imagem que adquirir um tom
marrom-esverdeado ou verde-amarelado, resultante da reao da prata com o enxofre.
Esse dano pode ter origem tanto na exposio do objeto poluio ambiental quanto pelo
processamento incorreto lavagem ou fixao inadequados. A sulfurao pode ser ob-
servada nas cpias em coldio por impresso direta, gelatina por impresso direta e gelati-
na por revelao.
Gelatina/prata ou gelatina por revelao
Presente no mercado desde a dcada de 1880, este processo se tornou popular somen-
te a partir do incio do sculo XX. o que se conhece genericamente como fotografia
preto e branco. O tom frio deve-se ao fato de que a prata utilizada para este processo no
mais a delicada prata fotoltica que produzia tons de marrom intenso, mas uma partcula
mais robusta, denominada prata filamentar. Nesse processo, o papel fotogrfico expos-
to a uma pequena quantidade de luz, formando uma imagem latente,9 que necessita de um
revelador para se tornar visvel.
Nem todas as fotografias no processo gelatina-prata apresentam as cores preto e bran-
co. As viragens que modificam a tonalidade das imagens, bem como a deteriorao pro-
vocada por processamento indevido e exposio a poluentes, outro fator que pode di-
ficultar o reconhecimento das fotos em gelatina-prata, pois podem alterar os tons origi-
nais da imagem. A textura caracterstica de alguns papis tambm tem influncia no pro-
cesso de identificao, levando a concluses erradas.
O papel de impresso por revelao exigia pouca luz (podia ser impresso com luz artifi-
cial) e tambm permitia a ampliao das imagens produzidas em negativos de pequeno for-
mato. Embora atualmente esses fatos sejam vistos como grande avano, o processo no se
tornou imediatamente popular porque os fotgrafos profissionais estavam acostumados
exposio mais lenta caracterstica dos papis por impresso direta. Foi o mercado amador
quem primeiro absorveu a novidade, que somente se tornou padro na dcada de 1920.
9 Imagem latente imagem no imediatamente visvel aps a exposio.
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24 I CLARA MOSCIARO
10 O primeiro processo fotogrifico comercialmente utilizado foi o Autocromo, criado pelos irmos Lumire em1907. Consistia em uma imagem positiva sobre placa de vidro.11 No dia 22 de junho de 2009, aps 74 anos do seu lanamento, a Kodak informou o fim da produo doKodachrome. Ver http://www.kodak.com/global/en/professional/products/films/catalog/kodachrome64ProfessionalFilmPKR.jhtml.12 Dark fading esmaecimento no escuro; Light fading esmaecimento no claro (REILLY, 1998, p 10).
A camada de barita utilizada neste processo. A partir da dcada de 1950 o papel passou
a incorporar tambm branqueadores ticos adicionados s fibras ou camada de barita.
Alm dos papis fotogrficos tradicionais, de fibra, esse processo tem utilizado os
papis resinados recobertos com resina, resined coated ou simplesmente RC que tm
caractersticas diferentes daquelas do papel de fibra. Alm do suporte em papel e da
emulso, recebem duas camadas de polietileno: uma sobre a emulso e outra no verso.
Introduzido na dcada de 1970 permitiu que as fotografias fossem processadas mais
rapidamente em comparao com o papel de fibra. Alm dessa vantagem, a maior re-
sistncia mecnica, mesmo quando molhado, permitiu que o processamento se tornasse
totalmente automatizado. Sua identificao imediata. Enquanto os papis de fibra apre-
sentam no verso uma superfcie spera, tpica das fibras de papel, o papel RC ter um
aspecto plastificado. So utilizados tanto nos processos gelatina-prata quanto no cro-
mognico e em algumas cpias digitais.
As formas de deteriorao so as mesmas apresentadas pela albumina: sulfurao, es-
maecimento da imagem e espelhamento de prata.
Processo cromognico
Processo que tem sido utilizado pela indstria fotogrfica para a produo da maioria
das fotografias coloridas. No foi primeiro processo fotogrfico cor a ser inventado ou
mesmo comercializado,10 mas tornou-se, com pequenas variaes, o processo predomi-
nante. Lanado em 1935 pela Kodak, o Kodachrome, transparncia positiva, foi o pri-
meiro exemplar de fotografia em processo cromognico a ser oferecido comercialmen-
te.11 Alm das cpias fotogrficas, negativos, diapositivos e filmes cinematogrficos fo-
ram produzidos por meio desse processo.
As fotografias em processo cromognico caracterizam-se pela presena de corantes
orgnicos nas cores ciano, magenta e amarelo formados durante o processamento. Esses
corantes so muito instveis, sendo afetados em graus diferentes pela ao do calor, umi-
dade e luz. O corante ciano aquele que mais rapidamente se deteriora no escuro geran-
do imagens avermelhadas. O corante magenta, ao contrrio, o que mais esmaece se
exposto luz,12 gerando imagens com tom azulado. Outro problema que pode ser per-
cebido a formao de manchas amarelas por toda a imagem, especialmente visvel nas
reas mais claras. Essa deteriorao, presente nos primeiros exemplares de processos
cromognicos at o incio da dcada de 1950 , resultado da presena de resduos
de qumicos.
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DIAGNSTICO DE CONSERVAO EM COLEES FOTOGRFICAS I 25
A partir da dcada de 1980 os fabricantes buscaram aumentar a permanncia e quali-
dade do processo, utilizando corantes mais estveis e aumentando o nmero de camadas
presentes na estrutura das fotografias cromognicas. Ainda hoje largamente utilizado para
a impresso de arquivos digitais pelo mercado amador, com a nica diferena de que a
imagem no foi originada atravs de um negativo, mas de um arquivo digital.
Processos fotomecnicos
Quando observamos um desses processos sob magnificao percebemos que, ao con-
trrio da fotografia onde a imagem apresenta tom contnuo, surgiro padres, retculas.
Alm disso, a imagem ser formada pela aplicao de tinta sobre papel. Por que ento
recebem a denominao de fotomecnicos? Sua nomenclatura vem do momento da cria-
o da imagem que foi transferida fotograficamente para uma chapa de metal ou vidro
que ser a matriz da impresso. Quando vista sob magnificao no apresentar tom con-
tnuo como a fotografia tradicional, mas uma imagem formada pela aplicao de tinta
sobre o suporte em um padro de linhas ou retculas. So encontrados em cartes postais
(antigos e atuais), ilustraes de livros ou nos formatos tradicionais de fotografia impres-
sa. O meio-tom, a fotogravura e o coltipo so exemplos de processos fotomecnicos
muito encontrados em acervos fotogrficos, especialmente no formato carto-postal.
Outros processos que tambm podem ser encontrados:
Coldio ou gelatina por impresso direta
Esses dois processos so, por vezes, indistinguveis um do outro. Substituram a albu-
mina como processo dominante, a partir de 1880. Ambos partilham a estrutura de trs
camadas, isto , apresentam a camada de barita. A substncia formadora da imagem nos
dois casos a mesma, a prata fotoltica, conferindo imagem tom quente. A imagem era
obtida imediatamente aps a exposio do papel sensibilizado ao sol, sem necessidade de
reveladores. Por esse motivo so conhecidos como papis de impresso direta.
Utilizados entre as dcadas de 1880 e 1920, em relao apresentao ambos eram
frequentemente montados em cartes decorados de diversos formatos.
Cpias em carvo
Nesse processo, criado em 1855, a imagem formada por pigmentos (carvo foi o pri-
meiro utilizado) dissolvidos em gelatina. Essa substncia era aplicada sobre um suporte em
papel que era seco e depois sensibilizado por submerso em uma soluo de dicromato de
potssio.13 A partir da , esse papel estava sensvel ao da luz. Sobre ele era colocado um
negativo e a exposio era feita sob luz do sol. As reas mais expostas luz reas claras do
negativo endureciam, tornando-se insolveis. Aquelas que no haviam sido expostas
13 Em 1864 um papel j recoberto por gelatina pigmentada carbon tissue ou pigment tissue foi patenteado porSwann, o que permitiu a utilizao comercial do processo.
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26 I CLARA MOSCIARO
reas mais densas do negativo no endureciam, sendo dissolvidas quando colocadas em
gua morna.
O que restava aps esse processo era uma imagem positiva de gelatina pigmentada.
Essa imagem era transferida para um novo suporte de papel por presso. O conjunto
era novamente colocado em gua morna para que se separasse, dando origem ima-
gem final. O processo poderia ser repetido ainda uma vez, de forma a corrigir a latera-
lidade da imagem.
Esse processo foi criado com o intuito de vencer as limitaes da albumina: amarele-
cimento do ligante e esmaecimento da imagem. Sendo produzido com a utilizao de pig-
mentos e no de sais prata, um processo muito mais estvel. Embora obtendo resulta-
dos muito satisfatrios em termos estticos e de permanncia, esse processo no chegou
a fazer frente, comercialmente falando, s impresses baseadas em sais de prata. Sua exe-
cuo era complexa e demandava muito tempo.
Sob magnificao duas caractersticas podem ser observadas: pontos de pigmento na
emulso e o relevo nas fronteiras entre as reas clara/escura. Apresentam superfcie bri-
lhosa, especialmente nas reas mais escuras.
Podem apresentar as inscries cpia permanente, cpia inaltervel ou apresentar um nome
comercial como Autotype ou Chromotipia.
Como foram produzidas a partir de pigmentos, podem ser encontradas em qualquer
cor, mas, em geral, buscavam imitar as tonalidades quentes dos processos do sculo XIX,
principalmente a albumina.
Platinotipia
Processo em que a imagem final formada por platina ou pela mistura de platina e
paldio. Foi introduzido por volta de 1880 e utilizado at as primeiras dcadas do sculo
XX. Produz uma rica imagem em tons de preto, marrom e cinza esverdeado, considerada
permanente. A substncia formadora da imagem envolve as fibras que so bem visveis
quando observadas sob magnificao. Muitas vezes esto montadas sobre cartes em tom
cinza ou cinza esverdeado. Eram oferecidas pelo fotgrafo como cpias permanentes e
de excelente qualidade, por esse motivo comum encontrar a palavra platinotipia impressa
abaixo da imagem ou no verso do carto de suporte.
Podem apresentar grande deteriorao do papel de suporte, que estar amarelado e
fragilizado em funo do processamento da imagem que envolve o uso de substncias
cidas. Muitas dessas imagens com suporte deteriorado podem ser confundidas com im-
presses antigas.
Cpias digitais
Estamos no momento incorporando as cpias digitais s nossas colees. Segundo
Jrgens (2004), diante desta tecnologia que se desenvolve de forma incrivelmente rpi-
da, o melhor separar os processos e os materiais de impresso em grupos genricos.
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DIAGNSTICO DE CONSERVAO EM COLEES FOTOGRFICAS I 27
Essa tipificao pode ser consultada, com as caractersticas correspondentes a cada pro-
cesso, em seu texto Preservao de cpias digitais em arquivos e colees de imagens,
publicado em Cadernos tcnicos de conservao fotogrfica vol. 5.14 Est disponvel na internet
uma pgina produzida por este mesmo pesquisador com exemplos visuais correspon-
dentes a cada processo que pode auxiliar no reconhecimento das diferentes formas de
impresso.15
As principais categorias de cpias digitais apontadas e suas datas de produo so as
seguintes:
Exposio luz em papel de haletos de prata,16 utilizada a partir de 1990;
Processo Fuji Pictrography, utilizada a partir de 1993;
Transferncia de Corantes por Difuso Trmica ou D2T2, utilizada a partir de 1986;
Jato de tinta lquida contnuo, utilizada a partir de 1987;
jato de tinta lquida sob demanda, utilizada a partir de 1984;
Jato de tinta slida, utilizada a partir de 1990;
Processos eletrostticos, utilizada a partir de 1960;17
Processo trmico direto, utilizada a partir de 1950;
Transferncia trmica direta, utilizada a partir de 1983;
Matricial, utilizada a partir de 1957;
A identificao deve ser feita a olho nu e com auxlio de magnificao, observando-se
caractersticas de textura, relevo e tambm possveis inscries que possam elucidar dvi-
das quanto ao processo ou suporte em que est impressa a cpia. Embora alguns proces-
sos tendam a se tornar indistinguveis da fotografia tradicional, na maioria dos casos, o
que se observar ser uma estrutura linear ou reticulada e no um tom contnuo.
Os danos observados nestes processos ainda so muito recentes, mas amarelecimento,
esmaecimento, dissoluo e migrao dos corantes j podem ser observados.
Objetos em estojo
Essa uma denominao genrica, que compreende processos bastante distintos. So
imagens sobre suportes de metal ou vidro que recebiam como acondicionamento estojos
de couro ou material termoplstico. So eles: o daguerretipo primeiro processo foto-
grfico anunciado ao pblico (1839), o ambrtipo e o ferrtipo.
14 Ao mesmo tempo da publicao deste texto, Jrgens est lanando o livro The digital print identification andpreservation editado pelo The Getty Museum, em que parte dos conceitos e informaes desenvolvidos no CadernoTcnico n5 so desenvolvidos e atualizados.15 http://cool.conservation-us.org/coolaic/sg/emg/juergens16 Tambm referida pelo mesmo autor como Digital Exposure to Photographic Paper, ou Exposio Digital emPapel fotogrfico. Fonte: Apostila da oficina Contemporary photography: digital prints promovido pelo TheAndrew Mello Foundation, Nova York, 2007.17 Atualizada pelo autor para Dry Toner Electrophotographic Processes, ou Processos eletrofotogrficos em tonerseco. Fonte: Idem.
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28 I CLARA MOSCIARO
Daguerretipo
Consiste em uma placa de cobre revestida de prata. Essa placa sensibilizada com iodo era ex-
posta na cmera, obtendo-se uma imagem positiva, latente, que somente surgiria aps a revelao
com vapor de mercrio. A imagem final composta por um amlgama de mercrio e prata.
Muitos daguerretipos eram retocados com aplicao de pigmentos que buscavam re-
presentar o colorido da cena ou realar detalhes, tais como joias, roupas e objetos . Rece-
biam tambm recobrimentos base de resinas ou mesmo albumina, cujo objetivo era
facilitar o retoque, modificar a reflectividade ou, apenas, preservar sua frgil imagem
(LUNDGREN, 2005).
As placas eram recobertas com vidro para proteo. Alguns elementos decorativos em
metal eram adicionados, formando o conjunto que seria inserido no estojo.
Podem ser encontrados montados em estojos de revestidos em couro e tecidos, em
estojos de material plstico (conhecidas como union cases), em molduras, em joias (bro-
ches, pulseiras, pingentes) ou mesmo sem nenhum acondicionamento de poca, o que o
torna ainda mais frgil. Os formatos do daguerretipo tinham como parmetro a placa
inteira que media 16,5 x 21,5cm. Os demais formatos eram fraes dessa placa inteira,
sendo os mais comuns:
Meia Placa 11 x 16,5cm
Um quarto de placa 8 x 11cm
Um sexto de placa 7 x 8cm
Um nono de placa 5 x 6cm
Sua identificao muito simples, pois se assemelha a um espelho. Para que a imagem seja vista
preciso observ-la em determinado ngulo que minimize o reflexo da chapa de prata polida.
As deterioraes mais caractersticas do daguerretipo so a oxidao e abraso da placa.
Outro problema que pode ser observado com alguma frequncia a degradao do vi-
dro, mencionada anteriormente.
Ambrtipo
Imagem positiva direta sobre placa de vidro, emulsionada com coldio (iodizado) e
sensibilizada com nitrato de prata. A placa j revelada era revestida pelo fundo com algum
tipo de material (laca, tecido, carto) preto. A adio desse revestimento negro faz com
que a imagem, que na realidade um negativo, seja vista como uma imagem positiva. Uma
segunda placa de vidro era colocada sobre a imagem para proteg-la e, em muitos casos,
aderida com aplicao de resinas ou vernizes. Este recobrimento tende a amarelecer, sen-
do uma das causas de deteriorao dos ambrtipos. Outros problemas relacionados aos
ambrtipos so a abraso da camada de coldio, o craquelamento da camada de verniz
aplicada ao fundo da placa ou da camada protetora aplicada sobre a imagem.
Sua identificao pode ser feita tanto atravs da observao de sua superfcie de vidro
no reflexiva como a do daguerretipo , quanto pela percepo de que as reas es-
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DIAGNSTICO DE CONSERVAO EM COLEES FOTOGRFICAS I 29
curas se encontram-se no na superfcie, mas sob a placa de vidro, dando uma sensao de
profundidade. Podiam tambm ser retocados com pigmentos. Podem se apresentar mon-
tados em estojos e molduras semelhantes aos dos daguerretipos.
Ferrtipo
Imagem positiva direta sobre placa de ferro de baixa espessura, recoberta com verniz
dos dois lados. O lado da imagem recebia um recobrimento preto ou marrom-escuro.
Apesar dos suportes diferentes, ambrtipo e ferrtipo so semelhantes em muitos aspec-
tos: apresentam a mesma tonalidade bege leitosa da superfcie, o mesmo ligante (coldio)
e a prata como substncia formadora da imagem.
Foi um processo muito popular nos Estados Unidos. Seu baixo custo e relativa fa-
cilidade de manipulao permitiu que fosse acessvel s camadas mais populares. So
comuns cenas de ferrtipos em situaes bastante informais ou em cenrios de rua
improvisados. A montagem pode refletir esse despojamento, sendo comuns os ferr-
tipos sobre molduras simples, de papel fino. Podem, no entanto, ser encontrados em
formatos grandes placa inteira montados em estojos semelhantes aos dos daguer-
retipos e ambrtipos, e ainda, em joias.
Os tipos de deteriorao mais comuns so: dobra e toro das placas, pontos de oxi-
dao da placa e carquelamento ou descolamento da camada de coldio.
Negativos
Os negativos so os portadores da imagem captada pela cmera. Apresentam tonali-
dade invertida, isto , um objeto escuro se apresentar claro no negativo, acontecendo o
oposto com um objeto claro, que aparecer escuro. Sua funo servir de matriz para a
produo das cpias fotogrficas.
Assim como as fotografias em papel foram produzidas por meio de diferentes pro-
cessos, a forma de produo dos negativos tambm variou ao longo da histria.
Inicialmente produzidos em papel, passaram a ser confeccionados em base de vidro e,
finalmente, em base plstica. A correta identificao das bases plsticas de suma impor-
tncia para o diagnstico com vistas s aes futuras relacionadas ao seu tratamento, ar-
mazenamento e duplicao.
O esquema abaixo apresenta os principais tipo de base utilizadas para a produo de
negativos encontrados atualmente e suas variaes:
vidrocoldio
gelatina
nitrato
acetato
polister
negativos
plstico
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30 I CLARA MOSCIARO
Negativos em vidro
Os negativos em vidro podem ser divididos em duas categorias, de acordo com o li-
gante que apresentam: coldio ou gelatina.
Os negativos de vidro-coldio (1851) so relativamente raros nas colees brasilei-
ras. So tambm conhecidos pela denominao negativos de coldio mido porque, para
que pudessem ser processados, o fotgrafo era obrigado a realizar todas as etapas da
preparao do negativo at a revelao, enquanto o ligante coldio estava mido.
Aps completa secagem, o coldio se torna impermevel, impedindo a penetrao dos
qumicos de revelao.
Como eram preparados pelo prprio fotgrafo, podem ser identificados pelo seu as-
pecto artesanal, que difere em muito do acabamento industrializado dos negativos em vidro-
gelatina. Podem apresentar pequenas irregularidades no corte do vidro e na superfcie
emulsionada. A ausncia do ligante em um dos cantos da chapa de vidro tambm um
indicador dos negativos em coldio, pois este espao no recoberto indica que o fotgra-
fo segurou a placa durante o processo de preparao do negativo.
Negativos de gelatina
Os negativos de vidro mais comumente encontrados so aqueles de gelatina-prata. In-
dustrializados e vendidos j prontos para utilizao a partir de 1878 na Inglaterra e 1879
nos Estados Unidos, tinham ainda a vantagem de no necessitar de processamento imedi-
ato, como os de coldio mido. So tambm conhecidos, em oposio queles, como
negativos de placa seca. Corte do vidro sem defeitos e emulso com superfcie uniforme
so caracatersticas deste tipo de negativo. Foram utilizados at o princpio do sculo XX,
tem-se conhecimento de imagens produzidas no Brasil na dcada de 1950.
Os danos mais comuns a emulso descolada da base de vidro, sendo mesmo pos-
svel que todo o ligante se solte, especialmente se forem mantidos em ambientes muito
secos. Podem apresentar espelhamento de prata. E, obviamente, podem estar quebra-
dos ou trincados.
Negativos em base plstica
A identificao fica mais complexa quando necessrio distinguir os negativos em base
plstica. Estes, se no estiverem deteriorados, podem apresentar aspecto muito semelhan-
te uns dos outros, tornando a separao um desafio.
Negativos em nitrato de celulose
Os negativos em nitrato de celulose foram os primeiros negativos em base plstica a serem
lanados no mercado (1889) e rapidamente substituram os negativos em vidro. Foram produ-
zidos em rolos e em chapas. Filmes cinematogrficos e negativos areos em rolo (estes bastante
encontrados nas colees brasileiras) tambm foram produzidos em nitrato . A partir de 1928
filmes no formato 35mm foram introduzidos sob o nome de filmes miniatura
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DIAGNSTICO DE CONSERVAO EM COLEES FOTOGRFICAS I 31
(VALVERDE, 2004, p.20). O surgimento de filmes flexveis de pequeno formato pro-
piciou a criao de cmeras portteis que se tornaram muito populares. o surgimento
do mercado fotogfico amador.
Decompe-se liberando acido ntrico. De acordo com Lavdrine (2003, p.17), so cin-
co os estgios de deteriorao desse material:
1 A imagem se torna amarelada, marrom. Espelhamento de prata pode aparecer;
2 Podem se tornar grudentos (em ambientes muito midos) ou quebradios
(ambientes muito secos). Ocorre o cheiro de cido ntrico.
3 O forte odor de cido ntrico potencializa a deteriorao das bases
armazenadas. Risco de deteriorao e incndio.
4 Negativos grudentos comeam a aderir aos envelopes. O risco de destruio
do restante da coleo aumenta significativamente.
5 Somente um p marrom, resultado da total destruio do negativo, existe.
Embora, se preservados, apresentem excelente definio, representam um alto risco se
armazenados em condies inadequadas, pois tm a tendncia a queimar espontaneamen-
te. Sua fabricao foi proibida em 1950. A extino de um incndio provocado por este
material praticamente impossvel, pois mantm a combusto inclusive na ausncia de
oxignio ou sob gua. A correta identificao desse tipo de base de grande importncia,
pois estes negativos precisam ser duplicados e segregados do restante do acervo por con-
ta do risco que representam.
Negativos em acetato de celulose
Os negativos em acetato de celulose foram introduzidos na dcada de 1920, mas pas-
saram a ser largamente utilizados aps a retirada do mercado dos negativos em nitrato.
Mais seguros que os seus antecessores, traziam na borda a inscrio safety. Sua instabili-
dade qumica pode ser observada nos dias de hoje. Liberam cido actico, exalando forte
cheiro de vinagre, que um indicador de que o material comeou a se decompor. A
concentrao do cido actico no ambiente de guarda ir potencializar a deteriorao
de todo o acervo que passar a exibir veias, bolhas e depsitos de cristais (plastificantes)
em sua superfcie.
Identificao de bases plsticas
As seguintes tcnicas bsicas de identificao devem ser adotadas de forma a diferen-
ciar as bases plsticas.
Em primeiro lugar, deve-se procurar por inscries.
Safety indica que o negativo em questo no um nitrato, mas pode se tratar de um ace-
tato ou polister. A palavra nitrato ,ou nitrate, pode estar presente na borda, eliminando
a dvida.
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32 I CLARA MOSCIARO
Como frequentemente no so encontradas inscries, podem ser utilizados os seguintes
recursos:
Observar a data de produo dos negativos filmes fotogrficos em nitrato foram pro-
duzidos at 1949 nos Estados Unidos e depois desta data substitudos por acetatos de
celulose. Se a coleo de negativos a ser examinada contm material anterior a 1950, gran-
des so as possibilidades de que contenha nitratos. Colees que tenham material produ-
zido em perodo um pouco posterior a esta data devem ser olhadas com ateno, pois
podem tambm conter nitratos em seu conjunto. As datas de produo do negativo po-
dem ser informativas, mas sempre bom ter em mente que esses filmes podem ter sido
estocados e utilizados em perodo muito posterior a 1950. Mas, ateno: acetatos tambm
eram comercializados desde 1920.
Observar os cortes da borda nos negativos em chapa. Se for um negativo em chapa (e
no em rolo), provavelmente apresentar pequenos cortes nas bordas (notch marks) feitas
pelo fabricante no canto superior do filme. Estas marcas seguem um padro que permite
uma identificao bastante precisa. Uma tabela criada pelo conservador Luis Pavo, e re-
produzida abaixo,18 pode ser uma excelente ferramenta de identificao, especialmente
quando a coleo a ser estudada numerosa ou quando o pessoal envolvido tem pouca
prtica no reconhecimento das bases.
18 Ilustrao cedida gentilmente por Luis pavo, disponvel originalmente em seu livro Conservao de Colees deFotografia, pgina 97.
Esse mesmo procedimento de identificao citado de forma simplificada em Fischer
e ROBB (1997); e em VALVERDE, (2004). Ambos informam que a presena de um pri-
meiro corte em formato V em um filme Kodak anterior a 1949 indica ser este negativo
em base de nitrato de celulose.
As caractersticas de deteriorao das bases plsticas pode tambm ser um bom indicador.
Cdigos depelcula rgida parapelculas emnitrato de celulose
Cdigos depelcula rgida parapelculas safety
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DIAGNSTICO DE CONSERVAO EM COLEES FOTOGRFICAS I 33
Odor o cheiro caracterstico de vinagre indica a presena de acetatos de celulose j
deteriorados. Esse fenmeno conhecido como a Sndrome do Vinagre. Esse um tipo
de dano impossvel de ignorar, mesmo quando a coleo no inspecionada regularmen-
te, pois o forte odor emitido se impe no ambiente. Esse cido liberado pelos negativos
em acetato contamina o ambiente e acelera a deteriorao do material acumulado.
O Image Permanece Institute desenvolveu na dcada de 1980 uma ferramenta de fcil
uso que permite quantificar o nvel de deteriorao dos acervos em acetato de celulose.
So as A-D Strips, tiras detectoras que alteram sua colorao em funo do grau de acidez
da amostra observada. Sua utilizao recomendada tanto para uma primeira aproxima-
o com os negativos quanto para inspees de rotina.
Negativos em nitrato, deteriorados, apresentam tambm um cheiro especfico, de ci-
do ntrico, mais difcil, no entanto, de identificar que o cheiro do vinagre.
Alteraes de cor negativos em nitrato deteriorado tendem a apresentar colorao
amarelada, marrom.
Negativos em acetato podem apresentar colorao rosa ou azul decorrentes da dete-
riorao de um componente utilizado na sua produo, a camada anti-halo.
Alteraes de superfcie os negativos em acetato deterioram-se formando cristais, veias
e bolhas. Tornam-se frgeis e quebradios.
Os negativos em nitratos de celulose tendem a se tornar pegajosos se estiverem arma-
zenados em local mido e a aderir uns aos outros ou s embalagens primrias.
A combinao dos dados apurados aps a observao devem ser suficientes para a
correta identificao das bases plsticas, mas pode ocorrer que a informao obtida no
seja conclusiva. Nesse caso alguns testes podem ser realizados.
Teste de difenilamina
Descrito em diversos textos da literatura de conservao,19 este teste destrutivo consis-
te em aplicar uma pequena quantidade de soluo de 0,5% de difenilamina em cido sul-
frico sobre um fragmento do negativo. Caso essa gota se torne azul profundo aps um
minuto, est indicada a presena de um negativo em nitrato de celulose.20
Teste de polarizao
Permite identificar se o negativo observado ou no em base de polister. Esse teste
no destrutivo consiste em colocar o negativo entre dois filtros polarizadores que estaro
em sentidos opostos um horizontal, outro vertical. Se, ao olhar atravs dos filtros con-
tendo a amostra, a imagem for visvel trata-se de polister.21 Se o conjunto estiver total-
mente opaco, o polister pode ser descartado como base.
19 PAVO, 1997; LAVEDRINE, 2003; VALVERDE; 2004 e MAINES; MCGLICHEY, 2005.20 Este teste, embora de fcil realizao, deve ser realizado por um profissional treinado, pois apresenta risco nomanuseio do cido sulfrico.21 PAVO, 1997, p.22
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34 I CLARA MOSCIARO
Teste de flutuao
O teste de flutuao consiste em colocar um fragmento do negativo a ser identificado
em um tubo de ensaio contendo duas substncias: tricloroetano e tricloroetileno. O deslo-
camento do fragmento para o fundo do tubo de ensaio indica a presena de um negativo
de nitrato. Se o fragmento, ao contrrio, flutuar sobre a soluo significa que se trata de
acetato de celulose. (PAVO, 1997, p.99; VALVERDE, 2004, p.22)
Alm de destrutivo, este teste utiliza produtos qumicos altamente txicos que no de-
vem ser inalados ou manuseados sem proteo. A utilizao de luvas e capela de exausto
so fundamentais durante o processo. Os resultados nem sempre so conclusivos.
Teste de ignio
Consiste na ignio de um fragmento do negativo de forma a observ-lo durante a
queima.22 Se uma chama amarela e incessante for produzida, o negativo em base de ni-
trato de celulose. Se a chama se apagar antes de atingir todo o fragmento ou se o negativo
se enrolar em vez de queimar at virar cinza, tem- se um acetato de celulose.
Este teste, alm de destrutivo, envolve riscos. O nitrato de celulose altamente inflam-
vel. No se recomenda a realizao desse teste pelo risco que representa e pelos resultados
inconclusivos que produz.
Muitas vezes a combinao de vrias dessas tcnicas de observao pode ser ne-
cessria para se determinar que tipo de base plstica est sendo observada. Os tes-
tes so utilizados apenas em casos excepcionais em que a identificao no foi obti-
da por qualquer outro meio. No recomendvel, por exemplo, realizar teste de
difenilamina em todos os negativos de uma coleo durante o diagnstico. Esse pro-
cedimento, alm de destrutivo, muito demorado e deve ser realizado de acordo
com procedimentos de segurana.
2 - FormatosFormatos so as dimenses padronizadas caractersticas dos objetos fotograficos. Essa
padronizao, que vem dos primeiros tempos da fotografia, resultado de sua rpida trans-
formao em atividade comercial e industrial.
A previso de armazenagem e acondicionamento do acervo depende inteiramente desta
informao. No possvel planejar o tipo e a quantidade de acondicionamento a serem
adquiridos sem o conhecimento e quantificao dos formatos.
Os formatos padronizados so de grande ajuda durante o diagnstico, pois minimi-
zam a necessidade de medio dos itens. Uma vez estabelecido que o acervo conta, por
exemplo, somente com dois formatos de fotografias 18 x 24 e 24 x 30 essa etapa do
diagnstico est vencida, sendo observadas apenas as excees.
22 O CCPF somente realiza este teste para fins educativos, como demonstrao.
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DIAGNSTICO DE CONSERVAO EM COLEES FOTOGRFICAS I 35
Os fornecedores de material para acondicionamento fotogrfico trabalham com essas
medidas padronizadas o que tambm facilita o planejamento do acondicionamento.
Alm dos formatos dos objetos em estojo, mencionados anteriormente, podemos
citar os muito populares formatos de fotografias montadas sobre carto do sculo
XIX. So eles: carte de visite (10,5 x 6,5cm), carte cabinet (16 x 10,5cm) e carto boudoir
(13,5 x 21,5 cm).
Os negativos em vidro apresentam os seguintes formatos mais comuns : 9 x 12cm, 10
x 15cm, 13 x 18cm, 18 x 24cm. Os negativos em rolo podem ser de 35mm (pequeno
formato) e de 120mm (mdio formato). Esse ltimo pode produzir fotogramas nos for-
matos 4,5 x 6,0cm , 6 x 6cm, 6 x 7cm e 6x9cm, dependendo da cmera utilizada. Os de
grande formato, em chapa, so aqueles maiores que 4 x 5 polegadas.
Os formatos mais comuns das fotografias sobre papel so: 3 x 4, 4 x 5cm, 6 x 6cm,
6 x 7cm, 9 x 12cm, 10 x 15cm, 13 x 18cm, 18 x 24cm, 24 x 30cm, 30 x 40cm. Formatos
menores, maiores e mesmo papeis em rolo esto disponveis no mercado.
Se o diagnstico em questo ainda uma primeira aproximao com o acervo, estes
formatos-padro devero ser utilizados como referncia . No til neste caso saber que
entre as trs mil fotografias 13 x 18, existem 20 que tm o formato 11,5 x 17, por exem-
plo. A previso de acondicionamento e armazenagem ser feita baseando-se no formato-
padro e no em situaes de exceo.
Se a equipe no est familiarizada com os formatos de forma a reconhec-los imediata-
mente, gabaritos reproduzindo aqueles mais presentes na coleo podem ser colocados
junto bancada de trabalho, evitando que se desperdice tempo medindo cada item.
Diagnsticos detalhados, item a item, realizados em pequenas colees devem conter
as medidas exatas. Muitas vezes, no entanto, esse nvel de apreciao somente ser alcana-
do durante o tratamento ou acondicionamento definitivo das fotografias.
3 - DeterioraoAs colees que j sentiram o passar do tempo apresentam sempre marcas associadas
ao tratamento que receberam ao longo de sua vida: condio de guarda inadequada, ma-
nuseio descuidado ou apenas a deteriorao caracterstica dos objetos esquecidos. Mesmo
aquelas que receberam um tratamento especial dificilmente estaro acondicionadas e ar-
mazenadas de acordo com os parmetros exigidos para permanncia. As causas de dete-
riorao podem ser divididas em duas categorias: intrnsecas, causadas pela prpria cons-
tituio dos materiais componentes da fotografia e as extrnsecas, decorrentes do manu-
seio e guarda indevidos.
Um exemplo clssico de deteriorao intrnseca a degradao das bases plsticas dos
negativos e o esmaecimento dos corantes do processo cromognico. Os rasgos, alguns
tipos de manchas, riscos, perdas de suporte podem ser listados como danos provocados
por causas extrnsecas.
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36 I CLARA MOSCIARO
O conhecimento da deteriorao dos objetos fotogrficos importante por trs aspectos:
auxilia no reconhecimento dos materiais que esto sendo observados, sendo em muitos
casos a chave para a correta identificao dos processos.
fornece dados que permitem levantar hipteses sobre as condies anteriores de guarda
e acondicionamento e seus reflexos no atual estado de conservao.
indica que procedimentos sero adotados aps a concluso do diagnstico.
Alm dos exemplos de deteriorao, caractersticos de cada processo apresentados ao
longo do texto, cabe mencionar aqui alguns tipos de dano encontrados em colees foto-
grficas:
sujidades termo que inclui poeira, resduos slidos e qualquer outra substncia estranha
fotografia. Pode-se considerar que a maioria das colees no tratadas apresenta algum
tipo de sujidade.
acrscimos ou depsito de material sobre a superfcie da fotografia excrementos de
insetos, partculas diversas podem ser observados com freqncia.
fungos presentes com frequncia em colees expostas a ambientes inadequados cos-
tumam deixar manchas facilmente perceptveis e nem sempre removveis.
manchas manchas de todo tipo podem ser observadas em colees de fotografias.
Algumas so bastante comuns como as manchas de gua ou umidade, aquelas provocadas
pela contaminao por fungos, etc. Outras esto presentes sem que, no entanto, possa ser
esclarecida sua origem. Vale a pena registr-las para futuros estudos ou comparao.
inscries e carimbos sobre a imagem e verso das fotografias inscries e carimbos
fazem parte de muitos objetos fotogrficos. Observar e registrar essas ocorrncias pode
fazer parte do diagnstico, mas nem sempre devem ser encaradas como danos.
delaminao especialmente os suportes secundrios mais espessos tendem a ter as ca-
madas separadas nos cantos e bordas.
perda de suporte perda de um pedao da fotografia.
perda de emulso perda apenas da camada onde est a imagem fotogrfica. Em mui-
tos casos a emulso se perde expondo a camada de barita ou o papel de suporte
fraturas dobras profundas que causam vincos no suporte que se torna frgil.
ondulao modificao na estrutura do suporte em formato de ondas. Pode ocorrer
em todo o objeto, ou apenas localizadamente.
amassamento pontos de presso que ocorrem sobre o objeto fotogrfico, deformando-o.
adesivo ou resduo de adesivos adesivos de todo tipo podem ser observados em co-
lees fotogrficas. Fitas adesivas e etiquetas so utilizadas em muitas situaes para rever-
ter danos (rasgos ou fraturas) ou identificar o material. Em casos em que o adesivo foi re-
movido, pode ter restado uma camada de resduo, ainda com poder de adeso ou apenas
como uma mancha amarelada.
abraso arranho na emulso fotogrfica.
craquelamento alterao na estrutura dos ligantes formando um padro de escamas.
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DIAGNSTICO DE CONSERVAO EM COLEES FOTOGRFICAS I 37
Anexo IExemplos de fichas de diagnstico
utilizadas pelo CCPF
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38 I CLARA MOSCIARO
Ficha para diagnstico de acervo fotogrfico
Instituio: .....................................................................................................................................................................
Coleo: ......................................................................................... N de peas do acervo: ...............
Quantidades / Formatos
FOTOS AVULSAS FOTOS EM LBUM DIAPOSITIVOS
............ com suporte ............ carte cabinet ............ 35mm
............ sem suporte ............ carte de visite ............ 6 x 6
............ carte cabinet ............ outros ............ 6 x 7
............ outros ............ 4 x 5polegadas
............ outros
NEGATIVOS DE VIDRO NEGATIVOS FLEXVEIS (P/B) NEGATIVOS COLORIDOS
............ 9 x 13 ............ 35 mm ............ 35 mm
............ 13 x 18 ............ 6 x 6 ............ 6 x 6
............ 18 x 24 ............ 6 x 7 ............ 6 x 7
............ 20 x 25 ............ 4 x 5polegadas ............ 4 x 5polegadas
............ outros ............ outros ............ outros
NEGATIVOS DE NITRATO NEGATIVOS DE DIACETATO OUTROS NEGATIVOS
PANORMICAS: ............ maior tamanho ............ menor tamanho
OBJETOS EM ESTOJOS ESTEREOSCOPIAS
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DIAGNSTICO DE CONSERVAO EM COLEES FOTOGRFICAS I 39
Processos fotogrficos
Daguerretipo Cianotipia Gelatina ou coldio (POP)
............ ambrtipo ............ platinotipia ............ fotomecnico
............ ferrtipo ............ albumina ............ outros
............ papel salgado ............ Gelatina-prata (DOP)
Dimenses predominantes
1) ..................................... 2) ..................................... 3) ..................................... 4) .....................................
Caractersticas de deteriorao
sujidades abrases ataque de excrementos rasgos fungos de insetos
perfuraes manchas suporte emulso esmaecimento quebradio deteriorada
ondulaes fraturas perdas de espelhamento perdas de emulso da prata suporte
Forma de acondicionamento existentes
caixas individuais protetores e/ou envelopes agrupadas em um mesmo envelope
pastas suspensas jaquetas de polister outros ..........................................
Mobilirio
armrio fichrio arquivo
mapoteca estante outros ..........................................
Ficha para diagnstico de acervo fotogrfico (continuao)
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40 I CLARA MOSCIARO
Localizao do acervo
edifcio prximo a grandes avenidas prximo a estacionamentos
prximo s fbricas prximo ao mar
a sala possui muitas janelas prximo a paredes que recebem calor
prximo a paredes com tubulaes outros ..........................................
Outras questes relevantes Existe algum trabalho de conservao em andamento? Se existe, qual a proposta?
Existe alguma poltica de reproduo e duplicao fotogrficas?
Com que frequncia o acervo consultado?
Qual o perfil dos pesquisadores?
Quais so os cuidados tomados no manuseio dos documentos fotogrficos?
Quantas pessoas cuidam do acervo?
Existe alguma poltica de controle de acesso aos originais?
A umidade relativa e a temperatura so controladas?
As condies ambientais so monitoradas e registradas?
Existe alguma rotina de limpeza e controle do ambiente?
Como realizada a limpeza do ambiente?
Quais so os tipos de materiais de revestimento empregados (teto, paredes, janelas, piso)?
Qual o tipo de iluminao existente?
Existe alguma poltica para enfrentar desastres (incndios, inundaes, vandalismo, etc.)?
O quadro de pessoal est preparado? Como?
So realizadas revises eltricas peridicas?
Existem sistemas de alarme e de combate a incndios?
Existem sinais de infestao de insetos?
Existem problemas de goteiras?
Outras observaes: ....................................................................................................................................................
Identificao da equipe de trabalho
Nome do tcnico: .........................................................................................................................................................
Grupo de trabalho: ..................................................................................... Data: ............. /............. /................
Ficha para diagnstico de acervo fotogrfico (continuao)
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