43
DIAGNÓSTICO SETORIAL DESIGN BRASIL Setembo 2014

DIAGNÓSTICO SETORIAL DESIGN BRASIL - Cultura Digitalculturadigital.br/design/files/2014/09/diagonostico_rev_setembro1.pdf · as políticas públicas para o Design no Ministério

  • Upload
    vubao

  • View
    213

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: DIAGNÓSTICO SETORIAL DESIGN BRASIL - Cultura Digitalculturadigital.br/design/files/2014/09/diagonostico_rev_setembro1.pdf · as políticas públicas para o Design no Ministério

1

DIAGNÓSTICO SETORIAL DESIGN BRASIL

Setembo 2014

Page 2: DIAGNÓSTICO SETORIAL DESIGN BRASIL - Cultura Digitalculturadigital.br/design/files/2014/09/diagonostico_rev_setembro1.pdf · as políticas públicas para o Design no Ministério

A

SUMÁRIO

Apresentação

Resumo

Nomenclatura do design

Breve relato sobre o design

Profissionais de design e seus mercados de atuação

Tipos de profissionais do design no Brasil

Atores do setor do design no Brasil

O impacto do design na sociedade

Arranjo criativo do design no Brasil

Programas de incentivo ao design

Marco legal: design e econômia criativa

Formação

Conclusão

Bibliografia

01

02

05

09

12

18

19

20

24

25

29

32

36

37

Page 3: DIAGNÓSTICO SETORIAL DESIGN BRASIL - Cultura Digitalculturadigital.br/design/files/2014/09/diagonostico_rev_setembro1.pdf · as políticas públicas para o Design no Ministério

1

APRESENTAÇÃO

O presente documento é o relatório de diagnóstico para desenvolvimento do Pla-no Setorial de Design no marco das políticas públicas de cultura no Brasil desenvolvido junto à Secretaria da Economia Criativa, do Ministério da Cultura junto, e ao Colegiado de Design. As páginas seguintes contemplam a parte referente ao Diagnóstico Setori-al do Design Brasileiro, cujo objetivo é conhecer o arranjo setorial atual para servir de base para o futuro Plano Setorial. Este relatório utilizou como fonte inicial o diagnóstico do Colegiado de Design realizado durante o ano de 2013 com o enfoque nas áreas de Produção Simbólica e Cultural; Cultura, Cidade e Cidadania; Cultura e Desenvolvimento Sustentável; Cultura e Economia Criativa e Gestão e Institucionalidade da Cultura, soma-do às pesquisas de fontes secundárias e conversas realizadas com especialistas na área durante o período de 02 de Abril a 15 de Abril de 2014.

Este relatório tem como base diversos textos do Colegiado de Design que bus-cavam analisar o cenário atual do design durante o ano 2013. Com base nesses textos, a pesquisa ampliou o seu escopo, trazendo uma visão socioeconômica do Brasil e do setor de Design. Esse levantamento ocorreu através de conversas com especialistas da área e levantamento de dados secundários. O objetivo foi, não apenas analisa o design, mas, suas fronteiras mais extensas e os impactos que tecnologia, economia, sociedade e mercado trazem para o setor, para assim, projetar possíveis implicações futuras.

Page 4: DIAGNÓSTICO SETORIAL DESIGN BRASIL - Cultura Digitalculturadigital.br/design/files/2014/09/diagonostico_rev_setembro1.pdf · as políticas públicas para o Design no Ministério

2

RESUMO

Emoutubrode2009foiaprovadaacriaçãodeumassentoespecíficoparaoDe-sign no Conselho Nacional de Políticas Culturais (CNPC) após gestão decisiva de João Roberto Peixe, designer que à época pertencia ao quadros do Ministério. O órgão tem comofinalidadeproporaformulaçãodepolíticaspúblicasparaodesenvolvimentoeofomento das atividades culturais no território nacional através da articulação e o debate dos diferentes níveis de governo e a sociedade civil organizada. Uma vez criado o assento para o Design o próximo passo era a eleição de repre-sentante e a criação de um colegiado setorial para a formulação do Plano Setorial de De-sign. A eleição dos representantes se deu em uma das etapas da II Conferência Nacional de Cultura, a Pré-Conferência Setorial, ocorrida em fevereiro de 2010. As Pré-Conferên-cias foram instâncias de articulação local e regional, organizadas pelo Ministério da Cul-tura, de agentes culturais de cada uma das áreas artísticas e de patrimônio com assento no Conselho Nacional de Políticas Culturais.

Esta reunião contou com a presença de delegados e convidados do Poder pú-blico e da sociedade civil. Para participar como delegado nesta reunião os designers interessados se cadastraram em uma ferramenta virtual oferecida pelo Ministério.Nove dos dez nomes escolhidos para serem delegados setoriais do design na II Con-ferência Nacional de Cultura foram indicados por aclamação. As delegações de cada uma das cinco regiões, exceto o Sul, indicaram dois representantes da sociedade civil. Com apenas uma delegada, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina teve represen-tação menor. A plenária decidiu que a décima vaga deveria ser disputada por votação entre os profissionaisdetodososestados.Foramquatrocandidaturase,aofinaldaescolha,oDesignficouassimrepresentado:Centro-Oeste-JoséMerege,doDistritoFederaleRe-jane Luiza Koppenhagen Wamzer, do Mato Grosso; Nordeste - Manuel Teles de Oliveira Filho,doCearáeWagnerBragaBatista,daParaíba;Norte-FernandaMartinseSâmiaBatista, do Pará; Sudeste - Enil Almeida Brescia, de Minas Gerais e Patrícia Penna, de

Page 5: DIAGNÓSTICO SETORIAL DESIGN BRASIL - Cultura Digitalculturadigital.br/design/files/2014/09/diagonostico_rev_setembro1.pdf · as políticas públicas para o Design no Ministério

3

SãoPaulo;Sul-AnaBrun,doParaná;a10ªvagaficoucomBrunoLemgruber,doRiode Janeiro.

Os delegados da pré-conferência elegeram então uma lista tríplice com nomes para ocupar a cadeira no Conselho Nacional de Políticas Culturais (CNPC). Os escolhi-dosforam:AnaBrun(Paraná),FreddyVanCamp(RiodeJaneiro)eJoséMerege(DistritoFederal).OministrodaCulturaJucaFerreiraentãoescolheuFreddyVanCampcomoRepresentante Setorial e José Merege, suplente.

Uma vez que neste processo não foram eleitos delegados setoriais para o CNPC, o Plano Setorial não pode ser elaborado.

Omandatode2anosfinalizouemjunhode2011,quandofoiiniciadoprocessode eleição de novos representantes junto ao CNPC e dos Colegiados Setoriais (ou ren-ovaçãonocasodeáreasquejápossuíam)queassumiramodesafiodediscutireapro-var o Plano Setorial de Design, diretrizes que orientarão o Ministério da Cultura em suas ações relativas ao Design.

O processo eleitoral contou com duas etapas, virtual e presencial. O Ministério abriu ferramenta virtual para cadastro de eleitores e delegados estaduais. Os interessa-dos, ao se cadastrar como eleitores, podiam manifestar seu interesse em ser delegados setoriais publicando plataforma temática para a área. Após processo de votação os eleitosseguiramaoFórumNacionalSetorialparaaescolhadosdelegadosdoColegiadoSetorialdeDesignedosrepresentantesnoCNPC.FernandaMartins,titular,eDanielaGarrossini, suplente, foram eleitas para um mandato de 2 anos. Para o colegiado setorial forameleitosdaregiãonordeste,BiaSimon,CarloFreitas,DenisedeCastro,AgostinhoLira,WagnerBatista,RenataGameloeTicianoArraes;daregiãonorte,FernandaMartinse Sâmia Batista; da região centro-oeste, Daniela Garrossini e Cleomar Rocha; da região sudeste,MauroPinheiro,AdalbertoBogsanNeto,BernadeteTeixeira,ZoyAnastassakis,CeciliaConsolo,RuthKlotzel;daregiãosul,MiriamZanini,TulioFilho,CarolFujita,ÉricoFileno,RoselieLemos,JoãoEduardoSobralePauloCardoso.Apesardeconseguirmosrepresentantes de todas as regiões, designers do estados do Acre, Alagoas, Amapá, Amazona, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, Sergipe, Tocantins, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Maranhão não se inscreveram para o processo. O Colegiado Setorial reuniu-se em Brasília em março, ago e out no ano de 2013 e em duas ocasiões em 2014, 18 e 19 março e 12 e 13 de agosto 2014. Nestas oca-siões, além de assuntos relativos ao Ministério foram debatidos e construídos os temas

Page 6: DIAGNÓSTICO SETORIAL DESIGN BRASIL - Cultura Digitalculturadigital.br/design/files/2014/09/diagonostico_rev_setembro1.pdf · as políticas públicas para o Design no Ministério

4

quecomporiamoPlanoSetorial.É importanteressaltarque foinecessárioquegrupodedicasse a esta tarefa um tempo muito maior, à parte das reuniões do Colegiado, o que nosfazrefletirsobreanecessidadedeumaoutraformaparaaconstruçãodePlanosSetoriais. O Plano ora apresentado segue para consulta pública, consolidação das co-laborações e posteriormente para a aprovação do CNPC. Uma vez aprovado orientará as políticas públicas para o Design no Ministério da Cultura. Espera-se que seja ferra-menta de articulação com outras esferas do Governo de forma fortalecer a presença do Design no país e colaborar a sociedade brasileira como um todo.

Page 7: DIAGNÓSTICO SETORIAL DESIGN BRASIL - Cultura Digitalculturadigital.br/design/files/2014/09/diagonostico_rev_setembro1.pdf · as políticas públicas para o Design no Ministério

5

NOMECLATURA DO DESIGN

Palavra Design no Mundo

SegundoLuizGeraldoFerrariMartins,“apalavradesenhoderivadaitalianadiseg-no, vocábulo surgido em meados dos anos mil e quatrocentos, e que deu origem aos provincianismos usados em outras línguas tais como dessein, em francês, diseño, em espanhol, design, em inglês e desenho, no Brasil”.

“Diferentedasoutraslínguas,aspalavrasemitalianoeportuguêsconservaram, basicamente, um sentido mais amplo ligado ao conceito originário, aquele que se referia não só a um procedi-mento, um ato de produção de um signo (de-signo), como tam-bém, e principalmente, ao pensamento, ao desígnio do mesmo ato. Como, por exemplo, no inglês, a existência de outras ex-pressõescomodrawing, comoutra raiz, trouxeumsignificadopara cada um dos dois (designar\ projetar e desenhar) termos.”

“Mas,essadistinção,eminglês,entredrawingedesign,acentua,ainda outra vez, o sentido original de disegno, no que se refere ao ato conceitual, estruturador do pensamento visual e de sua comunicação projetiva, que a língua inglesa soube, pode ou teve que destilar.”(Martins, 2007)

“Tudoissonosinduziriaapensarcomoquepraticamenteestabelecidaessadis-tinção entre o ato físico de desenhar ligado a to draw e o pensamento de produzir um plano, ligado ao termo design” (idem, 2007), mas acontece que o design utiliza ferra-mentas de desenho e visuais para o exercício do seu fazer e também como forma de expressão do seu pensamento, criando, assim, uma relação quase indivisível do fazer e pensar através do desenho, visual e concreto.

Page 8: DIAGNÓSTICO SETORIAL DESIGN BRASIL - Cultura Digitalculturadigital.br/design/files/2014/09/diagonostico_rev_setembro1.pdf · as políticas públicas para o Design no Ministério

6

Nomenclatura no Brasil

Aprofissãodedesign,quandovemparaoBrasilnasdécadasde50e60,chegacom a tradução para Desenho Industrial. A maior razão para esta tradução se dá ao fato dovínculodamesmacomoobjetivoinicialdaprofissão,queestavaligadaaodesenho(em um sentido formal, projetual e de concepção) de objetos (escalonáveis) para a in-dústria (pesada, de bens duráveis e de consumo, principalmente).

Desta forma, a tradução exerceria, em um primeiro momento, quase que um pa-pelautoexplicativodoqueviriaseraessanovaprofissãoqueaportavanoBrasil.Acon-tecequenemsóobjetosera(oué)oresultadofinaldoDesenhoIndustriale,porisso,nem sempre a indústria (esse ponto será melhor explorado nos próximos capítulos) seria (eserá)oclientefinaldoprocessodeDesenhoIndustrial(design)e,porisso,rapidamente esta expressão se demonstrou, e demonstra-se, limitadora.

Design e inovação

Nestatentativadedefiniçãodenomee,porconsequência,conceitual,valeressaltar o caráter inovador do Design, que hoje vemos ganhando força como represen-tado pelo texto a seguir.

“Odesignthinkingéumaferramentaqueajudaaempresaapen-sar com a cabeça do consumidor. As aspirações do cliente são, então,decifradasetraduzidasemumobjetoinovador,único.Écomo um design sob medida, não apenas pelo compromisso com a estética, mas, principalmente, pela funcionalidade. A es-sência desse processo de criação está em formular as perguntas certas. Para quem é esse produto? Quais são os concorrentes? Que hábitos e necessidades podemos identificar nas pessoaspara diferenciar o portfólio? Todas essas questões podem ser resumidasemumasósentença:dequeprodutoaspessoaspre-cisam? As respostas ajudarão os fabricantes a elaborarem uma estratégiaeficazdeprodução,distribuiçãoevenda.Oresultadodeve seguir três requisitos. Precisa ser desejável, tecnicamente possível e mercadologicamente viável.” (PADILHA, 2009)

Aqui podemos perceber a ideia da abrangência de aplicação e também a valori-zaçãodo“pensar”(thinking)designecomoessamaneirade“pensar”eagirfrenteaumproblema pode ser aplicada para diversos meios. Porém, o mais importante é capaci-

Page 9: DIAGNÓSTICO SETORIAL DESIGN BRASIL - Cultura Digitalculturadigital.br/design/files/2014/09/diagonostico_rev_setembro1.pdf · as políticas públicas para o Design no Ministério

7

dadedecriareentenderonovo,característicaqueestánocernedaprofissãoatualdodesign (Desenho Industrial).

Design: Estética e lógica

“Desenho Industrial é uma atividade no extenso campo da in-ovação tecnológica, uma disciplina envolvida nos processos de desenvolvimento de produtos, ligada a questões de uso, pro-dução, mercado, utilidade e qualidade formal ou estética dos produtos”. (ICSDI apud CUNHA, 2000)

Ao pensarmos em inovação e design, a qualidade formal estética, citada anterior-mente em outros textos, tem peso igualitário às questões mais racionais, como uso e utilidade - que podem traçar aqui uma distinção ao exercício do artista que, conceitual-mente, não vê a necessidade de colocar o caráter funcional em suas obras. Ou seja, para odesignerobelo,apenas,nãoéoresultadofinaldeseutrabalho,assimcomo,afunção,não bela, também não o será.

Outropontoquevaleumareflexãoestárelacionadoaousodoconceitode in-ovaçãoque,nestadefinição,focamaisnocarátertecnológicodomesmo,deixandodelado o fator humano para qual todo o desenvolvimento foi focado e, como pudemos ver, superficialmente,emoutrosexemplos.

Conclusões preliminares

Analisandoasdefiniçõesanteriores,podemosperceberinterseçõesqueajudamadefinirocampocentraldaprofissãodedesignesalientarsuaabrangência.Tais informaçõesresultamnadificuldadededefiniçãodeatuaçãodaárea.

1) Apalavradesignéaque,hoje,melhorrepresentaoexercíciodaprofissão,assimcomo seus objetivos projetuais, neste relatório esta será a nomenclatura utilizada para todososcamposdeatuaçãoprofissional,salvoquandohouveranecessidadederessal-taralgumapráticaespecificaparaauxiliarnodiagnósticosetorial.

2) 2) Este diagnóstico também não tem como objetivo eleger nem formatar uma novadefiniçãoparaotermoDESIGN,devidoàamplitudequeaprofissãoassumehojeno Brasil. Podemos considerar os vários aspectos, que ora são usados isolados, ora em conjunto, sob o conceito do DESIGN que permeia este documento. Os termos abaixo,

Page 10: DIAGNÓSTICO SETORIAL DESIGN BRASIL - Cultura Digitalculturadigital.br/design/files/2014/09/diagonostico_rev_setembro1.pdf · as políticas públicas para o Design no Ministério

8

usadosatualmente,nocontextodosnegóciosemeioacadêmicorefletemaparticipaçãodo Design no cenário econômico e cultural.

Conceitos-chave:

Design - área de conhecimento, produção e ação;Design para inovação - design thinking - o design inserido nos processos para melhoria e desenvolvimento de ações, processos, produtos e serviços. Impacto econômi-co, social, cultural, simbólico, tecnológico, de uso.Gestão de Design - gestão de processos, sistemas, pessoas, produtos, serviços e ou marcas.Design centrado no ser humano (User Experience Design) (UxD ou UED) - processos, aplicações, métodos, técnicas e pesquisa para prever as experiências e torná-las sistematicamente satisfatórias para os usuários.Design de interação (Interation Design) (IxD) - processos, aplicações, métodos e pro-jetos voltados para as diferentes plataformas tecnológicas de comunicação.Design de Produto - conceituação, concepção, formatação dos objeto, do uso, pro-cesso produtivo de fabricação.Design de Comunicação - códigos, símbolos, processos, aplicações, métodos e pro-jetos voltados para as diferentes plataformas e sistemas de comunicação. Desde apli-cações físicas em produtos à mídias impressas, digitais e audiovisuais.Design de Superfícies - pesquisa, desenvolvimento, processo, produção de materiais para superfícies táteis, simbólicas, culturais - econômico, social, cultural, estético, tec-nológico,deuso,significadoehumano.Design como criatividade - pesquisa, planejamento, produção e ação. Processo de conversão do aspecto econômico, social, cultural, estético, tecnológico, de uso, do manuseio,quegerasignificadosparaoserhumano.

Page 11: DIAGNÓSTICO SETORIAL DESIGN BRASIL - Cultura Digitalculturadigital.br/design/files/2014/09/diagonostico_rev_setembro1.pdf · as políticas públicas para o Design no Ministério

9

BREVE RELATO SOBRE O DESIGN

A história do Design se confunde com a própria história da humanidade, desde que o homem de forma consciente se apropriou de materiais disponíveis na natureza paraconformarumprodutocomuma funçãoespecífica.Da linguagemdos registrosgráficosdosmodosde viver e fazer, dosprimeiros vasos elaboradospara “embalar”água, vinho, ou azeite, até as sofisticadasplataformas tecnológicasde comunicaçãoatuais, o Design tem estimulado a criatividade, a pesquisa de materiais, as técnicas e os processos produtivos. Ao longo de sua evolução assume diferentes conceitos, tomando feições diversas para se adaptar ao desenvolvimento do processo produtivo e às mu-danças e exigências da sociedade. Como área, nasce quando as produções artesanais começaramaseorganizarcomoindústriaporvoltadoséculoXVIII,quandoasfronteirasentremanufaturaearteaindaerampoucodefinidas.Comoprofissão,propriamentedita,começa a ser disseminado na segunda metade do século XIX com a força do movimento Arts and Crafts na Inglaterra vitoriana. Historicamente implicado na Revolução Industrial e associado ao século XX, o Design desenvolveu-se como protagonista da sociedade industrial para atender primei-ramente às necessidades relacionadas aos aspectos formais e materiais dos objetos. Com as mudanças nas relações do homem com o seu meio e seus objetos, outros aspectos foram incorporados para assumir diferentes representações do contexto so-cial. Se nos primeiros anos da Revolução Industrial os requerimentos do produto eram a produção em quantidade, à medida que a indústria entrou em plena operação, o De-sign integrou-se aos diferentes estágios do desenvolvimento do produto, introduzindo inovações, envolvendo questões relacionadas ao ambiente social, econômico e cultural, desde a concepção, passando por novas soluções no processo produtivo até a aparên-ciafinaldoproduto.

Decorrente do processo iniciado na Inglaterra, as experimentações pioneiras da Bauhaus na Alemanha, de 1920 a 1933, contribuíram para disseminação do Design, alinhando-oàarte,àtécnica,aomarketingeàstecnologias,conformeascontingênciaseconômicas ou quando a atividade se deslocava de um a outro contexto social, como

Page 12: DIAGNÓSTICO SETORIAL DESIGN BRASIL - Cultura Digitalculturadigital.br/design/files/2014/09/diagonostico_rev_setembro1.pdf · as políticas públicas para o Design no Ministério

10

mediadoradasoutrasáreasenvolvidasnaprodução,concentrandotodasasespecifici-dades sob um mesmo eixo simbólico.

Conduzido por diferentes correntes e direções, a inovação torna-se uma das principais razões para que o Design se integre à estrutura produtiva como vantagem estratégica e competitiva. Junto ao planejamento e à produção, a atividade passou a integrar as medidas e planos econômicos das grandes nações, desde os anos 1940, tornando-seoeixodecompetitividadedoséculoXXI.Éparte integrantedosplanoseconômicos e considerado o fator responsável pelo sucesso da indústria de países como Japão, Inglaterra, Alemanha e Itália.

Apartirdosanos1960,ficaevidentequeadinamizaçãoedesenvolvimentodasforças produtivas buscam a inovação, nos artefatos industriais aos sistemas complexos de comunicação. O Design se torna uma preocupação de todos que almejam o aumento da competitividade de seus produtos no cenário globalizado.

No Brasil, apesar de contar com iniciativas desde os anos 1950, quando Pietro Maria Bardi, abriu as portas da indústria paulista para os designers, os anos 1990 é que marcamainserçãododesignnotecidoeconômicobrasileiro,sendooficialmenterecon-hecido“comoumdosmaisimportantesinstrumentosparaoaprimoramentodosbensaqui produzidos”, através do Programa Brasileiro de Design do Ministério da Indústria do Comércio e do Turismo (1995).

Integrado por instituições públicas e privadas, o programa se orientou com foco nas exportações e na promoção da Marca Brasil. No programa, a atividade convencio-nadacomoDesign“éaatividadeespecializadadecarátertécnico–científico,criativoe artístico, com vistas à concepção e desenvolvimento de projetos de objetos e men-sagens visuais, que equacionem sistematicamente dados ergonômicos, econômicos, sociais, culturais e estéticos, que atendam de fato às necessidades humanas”. Nessa perspectiva, desenha-se um conceito da atividade, que emerge do deslocamento da percepção dos valores tradicionais para outros que se relacionam ao bem-estar e qual-idadedevidadoindivíduo.Éuminstrumentodefacilitaçãodainteraçãohumanacomseu meio, seja transformando informações em códigos visuais, ou desenvolvendo ferra-mentaseequipamentosqueampliamanossacapacidadefísica.Éodesenvolvimentoconsciente do Design em toda sua complexidade, cuja premissa é a sustentabilidade social, cultural, econômica e ambiental, em todos os níveis das cadeias de valor. Desde o uso inteligente dos recursos materiais renováveis, até a gestão de resíduos e reuso dos objetos.

Page 13: DIAGNÓSTICO SETORIAL DESIGN BRASIL - Cultura Digitalculturadigital.br/design/files/2014/09/diagonostico_rev_setembro1.pdf · as políticas públicas para o Design no Ministério

11

Uma das grandes mudanças historicamente observadas em relação ao processo do Design, refere-se a interrelação que deve existir entre os aspectos da concepção, pro-dução e comercialização. Nesse processo abrange as vertentes articuladas do design -gráfico,produto,ambientes,web,dentreoutras-paraestabelecerascaracterísticasexternas e estruturais dos produtos e as suas propriedades comunicacionais e simbóli-cas. Nos objetos e equipamentos, na interface visual de uma máquina de lavar roupas, na orientação de pessoas dentro das cidades ou no painel do interior de um automóvel, o Design busca atender as expectativas do universo produtivo a partir dos anseios e ne-cessidades da sociedade. Torna- se fator central para a humanização das tecnologias e para a troca econômica e cultural. Design é tanto um processo como um resultado, que traduz a cultura material e imaterial dos diferentes grupos e seus estilos de vida no contexto de um território. Designéculturaeidentidade.Éestratégiafundamentalparaagregarvalorecon-ferir identidade a produtos, serviços e empresas. O Design brasileiro que ganha prêmios e tem visibilidade externa é, particular-mente, portador de uma essência genuína que o torna distinto no ambiente da mundial-ização. Grandes empresas investem em Design. As pequenas unidades e comunidades produtivastambémpodemsebeneficiardoDesign,seaçõesforemimplementadasparasua inserção. Distribuídas por todo o território brasileiro elas apresentam grande poten-cial de expansão. Com diferentes demandas, carregam implícitos valores produtivos lo-cais, que podem ser ativados pela ação do Design, melhorando processos e destacando aspectossignificativosdassuascadeiasdevaloredesuasidentidades.

Page 14: DIAGNÓSTICO SETORIAL DESIGN BRASIL - Cultura Digitalculturadigital.br/design/files/2014/09/diagonostico_rev_setembro1.pdf · as políticas públicas para o Design no Ministério

12

OS PROFISSIONAIS DE DESIGN E SEUS MERCADOS DE ATUAÇÃO

O Brasil passa por um momento único em sua história, especialmente no que diz respeito a termos econômicos e sociais. De acordo com pesquisa PNAD/IBGE de 2012, o rendimento médio familiar aumentou em 23% nos últimos quatro anos, diminu-indoopercentualdasclassesDeE,criandoo“losangosocial”nolugarda“pirâmidesocial” que tínhamos até então.

O crescimento na renda familiar é responsável por impulsionar o consumo e trazer novas relações comportamentais com objetos e posses. Apesar do maior poder de compra, as camadas em ascensão social precisam fazer investimentos certeiros, suas compras devem trazer a melhor relação custo x benefício, ponderando questões como status de produto/marca e funcionalidade diante das necessidades cotidianas. Por sua vez, a população com alto poder aquisitivo busca se destacar da massa, então, preza por exclusividade, tanto em materiais quanto em processos produtivos e aspectos estéticos.

Design em contexto

Neste cenário, o design ganha papel fundamental no desenvolvimento de produ-tos e serviços que atendam a estes anseios populares, pois seu cerne está na obser-vação e entendimento das capacidades humanas e na forma de interagir com o meio. Opapeldodesigneréidentificar,propor,eleger,projetar,soluçõesqueampliamnossascapacidades físicas (sensoriais e motoras) para promover uma melhor qualidade de vida.

Para acompanhar esta oportunidade, vimos um crescimento no investimento dodesign,umaevoluçãodosseussignificadose,porconsequência,suaformadeatuação. Diversas empresa nacionais e multinacionais, dos mais variados portes, se prepararam para este cenário através do aumento dos times internos, da criação de

Page 15: DIAGNÓSTICO SETORIAL DESIGN BRASIL - Cultura Digitalculturadigital.br/design/files/2014/09/diagonostico_rev_setembro1.pdf · as políticas públicas para o Design no Ministério

13

áreasousetoresespecíficosparaatenderademandainternadedesigneouatuarcomo gestores na contratação de consultorias externas, no aumento do escopo das equipes,ousimplesmente,iniciandonacontrataçãodestetiposerviçoouprofissional.

Alémdisto,diferentesfatoresvêmcontribuindoparaaevoluçãodoperfilprofis-sionaldodesigner.Acarreiraapresentadiversificaçãoeespecializaçãoemrazãodeconstantes transformações socioculturais e econômicas, e ainda há o impacto da aceleraçãocientífico-tecnológica.Nessaconjunturadinâmica,ocontextodeatuaçãodo designer está progredindo em direção a uma perspectiva sistêmica.

Destaforma,aliandoavariedadedeatuaçãodoprofissionalànecessidadecrescente de contratação e aos custos empregatícios, houve uma aceleração na con-solidaçãodomercadodeprofissionaisfreelancers.Estesdesignerscostumamtrabalhardeformainformal,ouseja,semqualquerregistrooucontratooficialcomseuempre-gador. Assim, eles acabam por atuar em diversos campos, como consultores - para setor privado e ou público, como apoio a escritório e estúdios de design ou, como em muitos casos, de forma coletiva, junto com outros freelancers que tenham habilidades complementares, ou não, objetivando ter maior relevância frente ao mercado.

Coletivos de design

Como uma forma de resposta à necessidade da industrialização aliada à nova realidade brasileira, ocorre a evolução do designer como construtor do sua própria ideia,odesignerautônomoouempreendedor.Estesprofissionaiscostumaminiciarmicroempresas com seus pares e formar os chamados Coletivos de Design.

Agênesedestesocorrepordiversosfatores,taiscomo:crescimentoprofissionale pessoal, aprimoramento de ideias, aprendizado, experiência de trabalho em equipe ou, até mesmo, o reconhecimento diferenciado de seu trabalho. Normalmente pos-suemcaracterísticaseatividadesmaisrelacionadascomasáreasdedesigngráfico,ilustração, desenvolvimento de trabalhos multimídia e o webdesign. Costumam reunir profissionaisdeáreasafins,comofotógrafos,redatoreseprogramadores.

A sua constituição acontece, geralmente, de maneira informal. E, na prática, por seu caráter informal enquanto empresa, não são encontrados dados consolidados sobre coletivos em levantamentos sobre o mercado atual de design no Brasil. Portanto, não temos medidas da grandeza destes em comparação a outras formas organizacio-nais.

Page 16: DIAGNÓSTICO SETORIAL DESIGN BRASIL - Cultura Digitalculturadigital.br/design/files/2014/09/diagonostico_rev_setembro1.pdf · as políticas públicas para o Design no Ministério

14

Números do Design Nacional

Vimostambémnosúltimosanosadinâmicadeaquisições,fusõeseacriaçãode startups internas em empresas da indústria criativa já constituída. Toda esta nova dinâmicademercadotrouxemudançassignificativasnocenáriododesignatual,oquedificulta,aindamaisolevantamentodedadosdosetor,quejásãoescassosoupoucoaprofundados.

AsinformaçõesrelativasaoambienteprofissionaldodesignnoBrasilencon-tram-se esparsas e parecem não revelar o real potencial panorama atual. Segundo dadosdefinidospormeiodepesquisanoRelatórioDesigndoBrasil,realizadopeloSEBRAE em 2011, e dados do site designbrasil.org.br, o Brasil contaria com aproxima-damente 900 escritórios de design. Por este estudo, a Região Sudeste se apresenta como a que dispõe do maior número de empresas, contando com cerca 520 escritóri-os. Na sequência aparece o Sul com aproximadamente 200 empresas. O Nordeste possuicercade110escritórios,oCentro-Oestecercade60empresaseoNortecontacom aproximadamente 20 escritórios.

À princípio, estes números poderiam ser validados através do cadastro na Re-ceitaFederal,pormeiodosCódigosNacionaisdeAtividadesEconômicas(CNAE)oupela Relação Anual de Informações Sociais (RAIS). Porém a informalidade, a busca pela redução da carga tributária, ou mesmo a proximidade com outras categorias como a Publicidade e o Desenvolvimento de Sistemas, por exemplo, acaba tornando inviável avalidação.Asestatísticasoficiaisapontamque,quandoanalisadaaCNAE7410-2referenteaoDesignedecoraçãodeinteriores,verifica-seem2012:3.101empregosde design em todo o território nacional. Quando avaliados os registros de empregos relacionados ao design, efetivados na CBO, no ano de 2012, visualiza-se somente ummontantede296trabalhadoresformais.Outroaspectoquecontribuiparaqueavalidação não seja possível, é o fato dos escritórios possuírem muitas vezes, mais de um cadastro no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica, pratica também atribuída, em muitos casos, com o objetivo de redução de carga tributária.

Associações e demais instituições

O design nasce multifacetado e caminhará cada vez mais para uma entrega total sob um mesmo guarda-chuva, mais amplo, do design. Há indícios de um futuro promissor e mais abrangente para o design. Onde este será cada vez mais utilizado por empresas como ferramenta de inovação, pesquisa, estratégia e forma de pensar.

Page 17: DIAGNÓSTICO SETORIAL DESIGN BRASIL - Cultura Digitalculturadigital.br/design/files/2014/09/diagonostico_rev_setembro1.pdf · as políticas públicas para o Design no Ministério

15

Asespecialidadesdemoda,produto,gráficoeinteraçãovêmconvergindoemsoluções únicas de produtos e serviços voltados para indústria ou para a sociedade, através de dinâmicas participativas ou pelo simples processo criativo construtivo do design.Destaforma,asfronteirasquelimitameclassificamodesigntendemadesapa-recer, aumentando sua capilaridade e, consequentemente, a complexidade de mapea-mento do setor no Brasil.

Este levantamento buscou as unidades de design dentro de empresas e insti-tuições. Mas há poucas informações disponíveis, tampouco indicadores sobre este assunto, até o momento. Não há um banco ou qualquer ferramenta que congregue in-formaçõessobreosprofissionais.Nemmesmoasassociaçõesprofissionaisexistentestambémsãocapazesdefornecercomexatidãoonúmerodeprofissionaisassociados.

Existeumadificuldadenaturalnoentendimentoedelimitaçãodocampododesign por parte de grande parcela da população e das outras linguagens da cultu-ra, justamente pelo design se encontrar na interseção entre a cultura e as expressões da vida cotidiana, com a participação na indústria e impacto na economia. A própria natureza da área é a transversalidade, ou seja, o campo do design permeia as outras linguagens, estabelece relações e, muitas vezes, materializa a própria cultura.

O mercado também é formado por entidades representativas atuantes no setor através de diversas iniciativas. Essas instituições correspondem, também, a essa visão do design como linguagem transversal entre a cultura e economia. Possuem corpo di-retivo, conselhos, e associados formais - todas com o intuito de difusão e melhoria das práticasprofissionaisedaculturadaprofissão.

Asassociaçõesabremaparticipaçãoparaprofissionaisdosetorespecíficoeamaioria busca criar um corpo crítico na região ou cidade onde estão instaladas. Algu-mas abrem a participação para estudantes em fase de conclusão de curso, profes-soresdaárea,eoutrasfiliamempresasfornecedorasdosetor,masamaioriabusca,geralmente,apoiofinanceirojuntoaessasempresas.Oprincipalobjetivoéconseguirrepresentatividade para obter voz junto aos órgãos governamentais, não governamen-tais e a setores industriais.

De forma geral, as associações trabalham para demonstrar a capacidade de contribuição do design para a inovação, o crescimento sustentado e o incremento na qualidade de vida, sendo através de metodologia e ferramenta de diferenciação de produtos, serviços e políticas públicas. Algumas concentram sua ação na promoção

Page 18: DIAGNÓSTICO SETORIAL DESIGN BRASIL - Cultura Digitalculturadigital.br/design/files/2014/09/diagonostico_rev_setembro1.pdf · as políticas públicas para o Design no Ministério

16

e divulgação da cultura e qualidade do Design Brasileiro, tanto nacionalmente quanto internacionalmente.

As ações propostas, conforme quadro abaixo, são mantidas com certa regular-idade e as associações são consideradas importantes, seus feitos são vistos como de vitalimportânciaparaaprofissão,mesmoporquemnãoparticipaenãoéfiliado.

Tendoemvistaonúmerodeprofissionaisatuantes,asentidadesformais,taiscomoescolasdenívelsuperiorecursosdeespecialização,existentesnopaísrefletemuma baixa representatividade por seu número de associados registrado.

De forma geral as associações estabelecem as mesmas frentes e efetivam as seguintesrelações:

Relações com os designers Esta é a grande área de atuação, normalmente os designers buscam benefícios coletivoseaassociaçãoéocentrodeconvívioediscussãodepráticasprofissionais.Buscam na grande maioria a formatação de uma base de preços de honorários e uma plataforma para divulgar os trabalhos dos associados.

Relações com a academia As instituições de ensino geralmente participam como apoiadoras dos eventos propostosnasinstituições.Abrigamexposições,palestras,workshop.Équasenuloointercâmbio com a pesquisa. Relações com a Imprensa Somente com as revistas especializadas e muitas vezes importantes ações como Bienais não são noticiadas nesses mesmos veículos. São as associações que estabelecemumfluxoregulardeinformaçãocomagrandeimprensa. Relações internacionais Estabelecemrelaçõesdeintercâmbiocomprofissionaisparacursos,palestraseworkshops,itinerânciadeexposições. Relações institucionais De forma precária ainda. Os vínculos com as associações internacionais oscilam consideravelmente,principalmentedevidoaescassezderecursosfinanceiros.

Page 19: DIAGNÓSTICO SETORIAL DESIGN BRASIL - Cultura Digitalculturadigital.br/design/files/2014/09/diagonostico_rev_setembro1.pdf · as políticas públicas para o Design no Ministério

17

Relações com o comércio Geralmentebuscamapoiofinanceiroepromocionalparaoseventosrealizadosepara viabilizar publicações. O comércio encontra a oportunidade de comunicação com um público altamente dirigido. Relações com a indústria Setor pouco explorado, limitado a capacitação e divulgação de novos processos produtivos.Nãoforamidentificadosprocessosdedesenvolvimentodetecnologiasenovos produtos em conjunto com as associações.

Relações com o governo Nainexistênciadeumórgãoreguladordaprofissão,asassociaçõestentamsuprireoferecer“serviços”quecaberiamaumsindicatoouaoprópriogoverno.Amaioriaprocuraatuaremdefesadacategoriaprofissionalqueaindanãocontacomoreconhecimentoeregularizaçãodaprofissão.Adivulgaçãodoqueéodesigneumde-signer faz se tornou vital para as associações, tendo isto como um dos seus principais propósitos.

As associações têm criado ações de mobilização para o reconhecimento da profissãododesigner,evemocupandoumespaçoimportantenaformaçãodaima-gemdacategoriaprofissionaldodesignnopaís.Háaindaoportunidadedeaumen-tar a representação nacional, ampliando a voz de regiões menos desenvolvidas ou à sombra do que acontece nos grandes centros do design brasileiro. A necessidade de um desenvolvimento maior de associações regionais que expressem, com clareza, as necessidades locais também se faz necessária, mas muitas vezes estas perdem força exatamente pela falta de representatividade da referida região o cenário nacional do Design.

Aprópriadescentralizaçãodaprofissãodificultaaformaçãodeassociações,com sobreposição de agendas e pulverização de demandas e objetivos. Ter uma uni-ficaçãoquepreserveosdiversospontosdevista,daprofissãoedarealidadedecadaregião é vital para o desenvolvimento, estruturado e sustentável, do design no Brasil.

Page 20: DIAGNÓSTICO SETORIAL DESIGN BRASIL - Cultura Digitalculturadigital.br/design/files/2014/09/diagonostico_rev_setembro1.pdf · as políticas públicas para o Design no Ministério

18

Tipo de profissionais do design no Brasil

Profissionais autonômosDesigner, geralmente, não regularizado que pode ou não prestar serviços de consultoria ou trabalhar como freelancer e, em alguns casos, possui um trabalho autoral de própria confecção e distribuição.

ColaboradorDesigner regime CLT inserido em empresas, ou setores, especializados ou não.

Gestor/ executivoDesigner regime CLT inserido em empresas, ou setores, especializados ou não, com papel de liderança ou interface corporativa.

ConsultorDesigner autônomo que trabalha diretamente com o cliente final prestando serviços de projetos ou gestão.

Empreendedor/ empresárioDesigner empresário responsável pela gestão time e negócio.

FreelancerDesigner autônomo que trabalha diretamente com o cliente ou através de escritórios e estúdios prestando serviços de projetos.

ProfessorDesigner atuante no campo acadêmico.

PesquisadorDesigner especializado em um campo de estudo desenvolvendo um trabalho teórico pratico.

Escritó

rios/

Estúdio

s/

Agênc

ias de

criaç

ão

Startup

sIns

tituiçõ

es de

ensin

o

e pesq

uisa

Coletivo

s

de de

sign

Depart

amen

to/set

ores

de de

sign e

m empre

sas

Page 21: DIAGNÓSTICO SETORIAL DESIGN BRASIL - Cultura Digitalculturadigital.br/design/files/2014/09/diagonostico_rev_setembro1.pdf · as políticas públicas para o Design no Ministério

19

Orgãos Reguladores

Centros de Design

AssociaçõesNacionais

MDIC

ABDI

BNDES

APEX

SEBRAE

CNI

PBD

FINEP

CNPQ

MCTI

AssociaçõesRegionais

ABDCentro DesignBrasil

Centro Cariocade Design

Centro de DesignRecife

Centro InovaçãoDesign

Centro MinasDesign

Centro Pernambucano

de Design

Objeto Brasil

ABRADI (DF)

ABEDESIGN ACDesign (CE)

ABEPEM ADEGRAF (DF)

ABRAWEB APDesign (RS)

ADG PRO-DESIGN (PR)

ANPEDesign

IxDA

SBDI

AEND

SCDesign (SC)

SEC

MINC

Fomento

Politicas de Design

Promoçao do Design Associações

Atores do setor de Desgin no Brasil

Fonte:autor,combaseDiagnoósticoSobreoDesignnoBrasil,APEX2014

Page 22: DIAGNÓSTICO SETORIAL DESIGN BRASIL - Cultura Digitalculturadigital.br/design/files/2014/09/diagonostico_rev_setembro1.pdf · as políticas públicas para o Design no Ministério

20

O IMPACTO DO DESIGN NA SOCIEDADE

O começo do século XXI, marcado no Brasil como o início da era Lula, trouxe for-talecimento da economia, inclusão social e as demais transformações na ordem mundial, com fortalecimento e alianças econômico-culturais entre as nações que eram consid-eradas periféricas, surgem os BRICS - grupo de países emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, e o MERCOSUL aprofunda seus laços. ¹

Aculturaocidental,pautadapelaGuerraFriaduranteasegundametadedosécu-lo XX, é redesenhada, a ascensão social da periferia Global/Local leva as camadas mais pobres a demandarem seu acesso à cultura².

“Nãosetrataapenasdeummaioracessoaoconsumo,masdeum maior acesso às formas de expressão, às estruturas de pro-dução e aos meios de circulação social” (GIL, 2007)

Agora, cabe ao Design ler este cenário de modo a ser parte desta mudança com-portamental,pensarformasdeprojetarsoluçõesqueamplifiquemnãoapenasoacessoàcultura,mas tambémamplifiquemoalcancedaculturaantesperiférica,de formaafacilitar a interação entre cidadãos, que agora não são mais pertencentes a uma nação, são cidadãos de uma força emergente que nunca havia se visto representada global- mente.·.

Economia Criativa

Com o desenvolvimento econômico do Brasil, passamos de uma economia ba-seada no setor industrial - focado especialmente na produção em grande volume, para termosumabase firmeno setor terciário - ondehámaior participação e valorizaçãodosserviços,nadifusãodeinformaçõesenaconstruçãodesignificados.Ouseja,at-ualmente, a aquisição de um bem não se dá somente por aspectos relativos à função e à qualidade do objeto, mas está fortemente condicionada à construção de conteúdos subjetivos, muitas vezes ligados ao contexto em que este se insere. E quando se fala

Page 23: DIAGNÓSTICO SETORIAL DESIGN BRASIL - Cultura Digitalculturadigital.br/design/files/2014/09/diagonostico_rev_setembro1.pdf · as políticas públicas para o Design no Ministério

21

em contexto, a Cultura emerge como ator principal, isto é o que constitui a Economia Criativa.³

SegundodadosdaFederaçãodasIndústriasdoEstadodoRiodeJaneiro(Firjan)ref-erentes ao ano de 2011, são cerca 243 mil empresas, que, se somados números de atividades relacionadas direta ou indiretamente à sua prática, movimentam mais de 2 milhões de empresas. Este núcleo gera um Produto Interno Bruto (PIB) de, aproximada- mente, R$ 110 bilhões, 2,7% PIB nacional. Se considerarmos toda a cadeia da Indústria CriativaNacionalacifraequivalea18%doPIBbrasileiro.⁴Entreasatividadescommaiornúmero de estabelecimentos, o comércio varejista de móveis se destaca e a atividade de Decoração de Interiores lidera entre as atividades do núcleo..

Design e Transformação Social

Não se pode mais pensar em produtos ou serviços sem pensar de forma global e local quaissão/serãoosimpactosdestesnanaturezaenacomunidade.Énecessáriopensarno sistema produção de forma holística e como este se relaciona com o meio. Este novo contexto histórico traz pequenas iniciativas aleatórias que vêm transformando o mundo, cada uma com um propósito como base. Neste contexto, o design entra com um papel fundamental no desenvolvimento das novas soluções para problemas sociais, auxiliando na análise sistemática de questões, além de participar no desenvolvimento e aplicação de ferramentas e métodos para solucionar tais problemas. A aplicação destas soluções gera a Inovação de impacto social, traz um aumento das capacidades e potencialidades do indivíduo e do coletivo, capacitando comunidades e aumentando o capital social, gerandoresultadosfocadosnoserhumano.⁵

A seguir uma lista com exemplos de iniciativas que aplicam este modelo de trans-formação social tendo o design como ator principal ou secundário

Design e política Plataforma com propostas retiradas diretamente dos planos de governos apre-sentadosaoTSEepossibilitaqueosusuárioscriemseurankingcomoscandidatosquemaisseaproximamdoperfilquedesejaemumpresidentedaRepública.Oaplicativotambém foi pensado para candidatos, já que ajuda a tornar as campanhas mais baratas e com condições mais iguais.

Design e diálogos sociais Eventos para aprofundar a discussão em torno do design e trata de assuntos como regulamentação, sustentabilidade e economia criativa. Conta com parceiros em

Page 24: DIAGNÓSTICO SETORIAL DESIGN BRASIL - Cultura Digitalculturadigital.br/design/files/2014/09/diagonostico_rev_setembro1.pdf · as políticas públicas para o Design no Ministério

22

esferas diferentes da sociedade,ONGs, profissionais sustentáveis ligados ao design,pequenos artesãos, estudantes, comunidades, instituições de ensino, catedráticos e es-tudiosos, representantes do poder público, associações, indústrias e empresas.

Design e valorização da cultura regional Mapeamentoeanálisedaproduçãodeletreiramentospopularesedaprofissãodo pintor letrista em Pernambuco, por meio do estudo comparativo entre as paisagens urbanas das cidades do Recife, de Gravatá, Caruaru, Arcoverde, Salgueiro e Petrolina. Dessa forma, foi possível constituir um acervo com mais de 1.000 imagens de letreira-mentos populares coletadas nessas regiões, que poderão ser utilizadas também para outras pesquisas.

Design e produção cultural independente ProjetodeGráfica/Galeriamóveldexilogravuraquetemcomoprincipal intuitodemonstrar para o público como funciona a técnica de elaboração de uma xilogravura emtodasassuasetapas.Ensinaaaplicaçãodexilogravuraedisseminaodesigngráficoe as artes em várias cidades do Brasil.

Design e valorização da periferia urbana Espaço para criar, trabalhar, compartilhar, realizar , trocar e inspirar as melhores ideias. Localizado em polos de resistência com o objetivo de oferecer um espaço de trabalhocolaborativoreunindoprofissionaisdasáreasdiversas,correlatasaodesign.

Design e participação popular Uma rede social para a cidadania que, através do debate entre usuários, visa fazeraponteentreocidadãoeopoderpúblico.Éumconviteparaqueoscidadãospresteatençãoaosproblemascotidianoseusemoaplicativocomoferramentaparafis-calização de problemas, proposta de soluções e avaliação das entidades públicas.

Design e sustentabilidade Parceria entre ONGs, instituições e o coletivos de design que trazem tecnologias deplanejamentoeintervençãourbanacolaborativaafimdetransformarespaçospúbli-cosafimdemelhorarqualidadedevidanacidadeatravésdeinstalaçõesdeplantasemlocaisespecíficos.

Design e Cultura Dentro do panorama atual da Economia Criativa, a valorização do imaterial só é possível em uma perspectiva construída dentro de um contexto. Para criação de bens comaltovaloragregadoénecessáriotrabalhodeprofissionaiscomformaçãocomplexa,

Page 25: DIAGNÓSTICO SETORIAL DESIGN BRASIL - Cultura Digitalculturadigital.br/design/files/2014/09/diagonostico_rev_setembro1.pdf · as políticas públicas para o Design no Ministério

23

que juntem profundos conhecimentos de áreas distintas, especialmente um entendi-mento da diversidade cultural local e global. Para tanto, é necessário promover a cultura comoelementocentraldedesenvolvimentoestratégicoparafinsdeprodutoseserviçosinovadores nas esferas pública e privada²

Design aplicado às Artes ODesignéonde interagemdinamicamentearte–quantoexpressãocriativa;eciência–emtermosdetecnologiaetécnicasformais.Portanto,podeserusadotantocomo base para a criação artística quanto como um elemento dentro do contexto de umaobra⁷,passandodeformatransversalpordiversasartesepodendoauxiliar,espe-cialmente, em plataformas para arte e hierarquização de informações, através dos ofícios como Light Design, Stage Design, Sound Design, Design de Indumentária, Design de Exposições,DesigndeProdução,DesignGráficodeCartazeMotionDesign.Alémdisto,o design, como fruto e insumo do meio, pode se integrar à arte popular mais orgânica, como artesanato, música de expressão local e arte urbana, se relacionando diretamente comosentidodaartepráticapresentenocotidiano.⁶

“Sabemosqueodesignestárelacionadoàculturaeàproduçãode linguagem, fato que aproxima este campo do universo de criação colocando-o muitas vezes como um universo implícito e outras vezes como universo paralelo à arte. O design atua a partir da relação com a arte enquanto processo de criação, de referênciae tambémapartirde interferências, influênciase in-ter-relações entre estes dois campos.”(MOURA, Mônica)

Referências¹Política,SociedadeECultura–WagnerBragaBatista² Cultura, Diversidade e Acesso - Gilberto GILIn Diplomacia Estratégia Política N.8, 01.10.2007³ Diagnóstico Do Design Brasileiro - Apexbrasil, 2014⁴IndústriaCriativa:MapeamentoDaIndústriaCriativaNoBrasil–FIRJAN,2012⁵InovaçãoDeImpactoSocial:GerandoLucroComPropósito!-DesignEchos⁶Design,ArteETecnologia,MônicaMoura⁷Design,CenaELuz:Anotações-EduardoTudella⁴IndústriaCriativa:MapeamentoDaIndústriaCriativaNoBrasil–FIRJAN,2012⁵InovaçãoDeImpactoSocial:GerandoLucroComPropósito!-DesignEchos⁶Design,ArteETecnologia,MônicaMoura⁷Design,CenaELuz:Anotações-EduardoTudella

Page 26: DIAGNÓSTICO SETORIAL DESIGN BRASIL - Cultura Digitalculturadigital.br/design/files/2014/09/diagonostico_rev_setembro1.pdf · as políticas públicas para o Design no Ministério

24

Arranjo criativo do Design no Brasil

Micro e pequenasempresas de

todos setores

Núcleo Criativo

EscritóriosEmpresáriosFreelancers

EstúdiosAteliês

Consultores Equipes internas

Empresas com DNA de designColetivos

Fomento e PolíticasPúblicas de Design

Leis de direito autoralProrpiedade intelectualFomenta à inovaçãoFomento tecnologico

Fomento ao desenvovlimentode projetos

Indústria

Indústria gráficaIndústria de bens de consumo

Indústria de bens duráveisIndústria de embalagens

Indústria de softwareIndústria da moda

Indústria de serviçosIndústrica de transpotes

GovernosSociedade

Centros de designFundaçõesAgencias de apoio

Instituições

Educação formalEnsino não formal

Educação

ExposiçõesPremiaçõesEventosCongressosPublicaçõesEditoras

Difusão

Associações privadasAssociações públicas

Associações governamentais

Associações

Indústria gráficaIndústria de bens de consumo

Indústria de bens duráveisIndústria de embalagens

Indústria de softwareIndústria da moda

Institutos de pesquisaProdução digital

Produção artesanal

Tecnologiae Produção

UniversidadesInsitutitudos de pesquisa

FreelancersContadoresConsultores

Serviços de transporteTelecomunicação

ProcessamentoMontadores/produtores

Mão de Obra e Serviços

Page 27: DIAGNÓSTICO SETORIAL DESIGN BRASIL - Cultura Digitalculturadigital.br/design/files/2014/09/diagonostico_rev_setembro1.pdf · as políticas públicas para o Design no Ministério

25

Atualmente,hápoucoincentivoefomentogovernamentaisespecíficosaoDesign.A maioria dos programas existentes trata de investimento em inovação ou desenvolvi-mento de produtos de uma maneira geral. E, por isso, grande parte a produção do de-signficaforadeincentivos,principalmenteaosebuscaralgumarelaçãocomacultura.A seguir os programas e leis que conseguem atender ao design, mesmo que de forma indireta.

a) Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES)

a.1) Prodesign Incentiva os investimentos em design, moda, desenvolvimento de produtos, dif-erenciação e fortalecimento de marcas nas cadeias produtivas têxtil e de confecções, calçadista, moveleira, de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, de utilidades domésticas, de brinquedos, de metais sanitários, de joias, relojoeira, de embalagens, de eletrodomésticos, de revestimentos cerâmicos, inclusive os respectivos segmentos especializados de serviços e do comércio associados aos setores industriais elencados. Limitedefinanciamento:R$3milhõesPrazo:até5anos,incluídosde1a18mesesdecarência.

a.2) Procult Financiaprojetosdeinvestimentoeplanosdenegóciosdeempresasdetodasascadeiasprodutivasdaeconomiadacultura.Entreosrecursosquefinancia,destacam-seos gastos com pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, processos e serviços, inclusive design e registro de propriedade intelectual.Limitedefinanciamento:40%dovalordositensfinanciadoseaparticipaçãomáximadoBNDES poderá ser ampliada para até 90% Prazo:Cincoadezanos,incluídooperíododecarência.

a.3) Produtos para Apoio à Inovação Os produtos são os mecanismos mais básicos de crédito a longo prazo do BNDES.Elesdefinemasregrasgeraisdecondiçõesfinanceiraseprocedimentosopera-cionaisdofinanciamento.

PROGAMAS DE INCENTIVO AO DESIGN

Page 28: DIAGNÓSTICO SETORIAL DESIGN BRASIL - Cultura Digitalculturadigital.br/design/files/2014/09/diagonostico_rev_setembro1.pdf · as políticas públicas para o Design no Ministério

26

a.4) Automático Criado para dar suporte a projetos de implantação, ampliação, recuperação e modernização de ativos fixos, incluindo projetos dePesquisa,Desenvolvimento e In-ovação (PD&I).

a.5) Cartão Produto baseado no conceito de cartão de crédito que proporciona às micro, pequenas e médias empresas contratação de serviços de pesquisa aplicada, desenvolvi-mento e inovação (PD&I) para o desenvolvimento de produtos e processos.

a.6) Finem Financiamento a projetos de implantação, expansão e modernização de em-preendimentos.OvalormínimodeapoiopeloBNDESFinem–normalmentedeR$20milhões–podeserreduzidoaatéR$1milhãonalinhadefinanciamentovoltadaparainvestimentos em inovação.

a.7) Renda Variável O BNDES pode participar, como subscritor de valores mobiliários, em empresas de capital aberto, em emissão pública ou privada, ou em empresas que, no curto ou médio prazo, possam ingressar no mercado de capitais, em emissão privada. Dentre os produtosdeRendaVariáveldestaca-seaLinhaBNDESInovação,quetemcomofocoapoiar o aumento da competitividade por meio de investimentos em inovação com-preendidos na estratégia de negócios da empresa, contemplando ações contínuas ou estruturadasparainovaçõesemprodutos,processose/oumarketing,alémdoaprimo-ramento das competências e do conhecimento técnico no país. O valor mínimo para ofinanciamentoédeR$1milhãoeobancofinanciaaté90%dovalortotaldositensfinanciáveis.

b) Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP)

b.1) Modalidades de Financiamento às Empresas (Financiamento Reem-bolsável) Trata-se de crédito concedido a instituições que demonstrem capacidade de pagamento e condições para desenvolver projetos de PD&I. Os prazos de carência e amortização são calculados em função da combinação entre os prazos de execução dos projetos, sua geração de caixa e a capacidade de pagamento da empresa.

Page 29: DIAGNÓSTICO SETORIAL DESIGN BRASIL - Cultura Digitalculturadigital.br/design/files/2014/09/diagonostico_rev_setembro1.pdf · as políticas públicas para o Design no Ministério

27

b.2) Finep Inova Brasil Dirigidoaempresasdetodososportes,oprogramaFinepInovaBrasil(ProgramadeIncentivoàInovaçãonasEmpresasBrasileiras)proporcionafinanciamentoparareal-ização de projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação nas empresas nacionais. Oapoioocorrenaslinhasdeação:InovaçãoPioneira,InovaçãoContínuaeInovaçãoeCompetitividade.

b.3) Tecnova Apoia a inovação para o crescimento rápido de um conjunto de empresas demicro e pequeno porte. O programa prevê o repasse aos parceiros de um montante de R$190milhõesemsubvençãoeconômica,parafinanciamentodasdespesasdecusteiodas empresas, visando apoio aos projetos de desenvolvimento de produtos e processos inovadores.

b.4) Inovacred Financiaa inovação,desenvolvimentoouaprimoramentodeprodutos,proces-soseserviços,ainovaçãoemmarketingeainovaçãoorganizacional,visandoampliara competitividade das empresas regional ou nacionalmente. Não há prazo limite para credenciamentodosagentesfinanceirosinteressadosemoperaroProgramaInovacred.OsvaloresdosprojetosfinanciadosvariamentreR$150mileR$10milhões,conformeporte das empresas.

b.5) Projeto INOVAR Lançado em 2001, o programa de venture capital destina-se a promover a consol-idação da indústria de capital empreendedor e o desenvolvimento das empresas inova-dorasnacionais.ParceriadaFinepcomoFundoMultilateraldeInvestimentosdoBancoInteramericanodeDesenvolvimento–Fumin/BIDvolta-seaoinvestimentodecapitalse-mente, à formação de redes de investidores-anjos, ao aconselhamento estratégico e à apresentação de empreendimentos inovadores a investidores potenciais.

c) Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI)

c.1) Edital Inovação As indústrias do país podem se inscrever no Edital Senai Sesi de Inovação, que prevê o fomento de projetos de inovação tecnológica e social. Em 2013, foram destina-dos R$ 30,5 milhões. Para projetos desenvolvidos em parceria com o Senai, o valor foi de R$ 20 milhões; para parcerias com o Sesi, o valor foi de R$ 7,5 milhões e outros R$ 3milhõesembolsasdoConselhoNacionaldeDesenvolvimentoCientíficoeTecnológico(CNPq).

Page 30: DIAGNÓSTICO SETORIAL DESIGN BRASIL - Cultura Digitalculturadigital.br/design/files/2014/09/diagonostico_rev_setembro1.pdf · as políticas públicas para o Design no Ministério

28

d) Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) Criado para dar suporte aos pequenos negócios do país, o Serviço Brasileiro deApoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) é um agente de capacitação e de pro-moçãododesenvolvimento,umaentidadeprivadasemfinslucrativos.

e) Incentivos Fiscais

OsincentivosfiscaisparaP&DemqualquersetorindustrialforamestabelecidospelaLei11.196/2005, tambémconhecidacomoLeidoBem,queautorizaogovernofederal a conceder incentivos fiscais às empresasque realizempesquisa tecnológicae desenvolvimento de inovação tecnológica. As atividades podem ser direcionadas à concepção de novos produtos ou processos de fabricação, ou agregação de novas funcionalidades ou características ao produto ou processo já existentes, que impliquem melhorias incrementais e efetivos ganhos de qualidade e/ou de produtividade, resultando em maior competitividade no mercado.

AlémdosincentivosfiscaisparaP&D,existemalgunsdirecionadosàáreadacul-turaquecontemplamdesign,comoéocasodaLeiFederaldeIncentivoàCultura(Leinº 8.313 de 23 de dezembro de 1991), mais conhecida como Lei Rouanet, que instituiu oProgramaNacionaldeApoioàCultura(Pronac).Oobjetivoé“estimularaprodução,adistribuição e o acesso aos produtos culturais; proteger e conservar o patrimônio históri-co e artístico; estimular a difusão da cultura brasileira e a diversidade regional e étni-co-cultural,entreoutros.ExistemduasformasdeapoiopeloPronac:oFundoNacionaldeCultura(FNC),cujosrecursossãoutilizadosemaçõeseiniciativasdirecionadaspeloMinistériodaCultura(MinC),ouIncentivosFiscaispormeiodosquaisépossívelbuscarrecurso incentivadocompessoas físicasou jurídicasqueterãobenefíciosfiscaiscomdedução do Imposto de Renda.

Page 31: DIAGNÓSTICO SETORIAL DESIGN BRASIL - Cultura Digitalculturadigital.br/design/files/2014/09/diagonostico_rev_setembro1.pdf · as políticas públicas para o Design no Ministério

29

OexercícioprofissionaldodesignnoBrasilacontecehámais40anose,aindaas-sim, há um grande espaço para o desenvolvimento no que tange a sua regulamentação e ao desenvolvimento de políticas tributárias, previdenciárias e propriedade intelectual especificas.

Desde 2009, o design é considerado pela UNESCO como um setores criativos nucleares dentro da cadeia criativa e o MinC, em 2011, contemplou o design, junto com moda e arquitetura, dentro do seu escopo de políticas públicas, no campo das Criações CulturaiseFuncionais.Desta forma, traçarumparaleloentreaEconomiaCriativaeodesignsetornaestratégicoporsuainterligaçãoconceituale,também,pelofrutofinaldeseuexercícioprofissional.

A economia criativa, assim como o design, trata dos bens e serviços baseados em símbolos, objetos e imagens e refere-se ao conjunto distinto de atividades assenta-das na criatividade, no talento ou na habilidade individual, cujos produtos incorporam propriedade intelectual de um indivíduo ou grupo.

Devidoàausênciademarcos legaisqueatendamàsespecificidadesdosem-preendimentoseprofissionaiscriativosbrasileiroseonãoreconhecimentodedetermi-nadasatividadescomoprofissões,hojeotrabalhadorcriativosevêimpedidoaoacessoabenefíciosedireitos trabalhistaseprevidenciáriose,aquestõesdeflexibilizaçãodapropriedade intelectual e de regulação do direito de uso de bens e serviços criativos que, também, causam polêmica em função da complexidade do tema.

Histórico legal do design nacional

Fazendoumaretrospectiva,em1965,foifundada(emSãoPaulo)aagremiaçãoprofissionalABDI–AssociaçãoBrasileiradeDesenhistasIndustriaise,em1978,naci-dadedoRiodeJaneiro,foicriadaaAPDINS-RJ-AssociaçãoProfissionaldosDesenhis-tasIndustriaisdeNívelSuperiordoRiodeJaneiro,porprofissionaisegressosprincipal-mente da ESDI.

MARCO LEGAL: DESIGN E ECONOMIA CRIATIVA

Page 32: DIAGNÓSTICO SETORIAL DESIGN BRASIL - Cultura Digitalculturadigital.br/design/files/2014/09/diagonostico_rev_setembro1.pdf · as políticas públicas para o Design no Ministério

30

A APDINS-RJ já objetivava, desde o seu inicio, encaminhar o processo de regu-lamentaçãoprofissional.Em8emmaiode1980,foiapresentadooprimeiroprojetoderegulamentaçãodaprofissãoaoPoderLegislativopelodeputadofederalAthiêCoury.Jafaz 34 anos que se busca aprovação do tal projeto, apesar dos designers trabalharem no Brasilhámaisde40anos,asuaatuaçãoprofissionalaindanãofoiformalizada.

Oprocessode regulamentaçãodaprofissão temcomomarco inicialoProjetodeLeinº2.946,de1980,earquivadopelamesadiretoradaCâmaradosDeputadosem 1983. Nos anos seguintes, duas novas propostas foram apresentadas pelos depu-tadosMurílioFerreiraLima(1989)eChicoAmaral(1993),ambasarquivadasem1995.Em1996,odeputadoHugoLagranhasubmeteuseuprojetodelei,masnãotevemuitosucesso:odocumentofoiarquivadoem1998.OsdeputadosJoséCarlosCoutinhoeEduardo Paes também apresentaram propostas, em 2002 e 2003 respectivamente, es-tas também foram arquivadas pela Câmara dos Deputados.

O grande avanço foi o Projeto de Lei nº 1.391, de maio de 2011, de autoria do deputado José Luiz Penna. Aprovado pela Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público (CTASP) em 2012, o Projeto de Lei nº 1.391 seguiu para a Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados, que o aprovou em 20 de março de 2013, mediante substitutivo do relator deputado Alessandro Molon. Por ter caráter conclusivo, a proposta de José Luiz Penna aguarda agora o parecer do SenadoFederal.

Design e leis de propriedade intelectual

Em 2012, houve na Câmara dos Deputados do Congresso Nacional o primeiro seminário que trata dos marcos legais da economia criativa brasileira. Dentro do GT5 - o GrupodeTrabalhodasCriaçõesFuncionais,ondeodesignestáinserido,foramdiscuti-das questões sobre a complexidade atual no campo do registro da Propriedade Intelec-tual junto a instituições como o INPI assim como, a necessidade de atualização da Lei de Direitos Autorais, conforme ocorreu com a Lei dos Softwares em 1998, pra trazer maior dinamismo e diminuir a burocracia do processo atual de registro.

A modernização da Lei de Direitos Autorais se faz necessária, também, por conta daprópriadinâmicadoexercícioprofissionaldodesign.Umexemplodissoétodaapar-te de propriedade intelectual que vem sofrendo mudanças, devido a novas tecnologias de produção e distribuição, criando o conceito de “open design”(design aberto) quepermite através de uma licença CC (Creative Comomns) de se liberar o uso e alteração, emalgunscasos,doprojeto inicial.Desta formaosdessa formaosdesafios jáexis-

Page 33: DIAGNÓSTICO SETORIAL DESIGN BRASIL - Cultura Digitalculturadigital.br/design/files/2014/09/diagonostico_rev_setembro1.pdf · as políticas públicas para o Design no Ministério

31

tentes tendem a aumentar nos próximos anos. Ou, também, través de plataformas de “crowd-funding”(financiamentopúblico)quepermitem,atravésdeaportefinanceiroporcotas, ter diversos detentores do direito comercial de uma obra criativa. Discussão essa que vem mexendo também nas legislações das Sociedades Anônimas e Limitadas.

Desta maneira nos encontramos em um cenário antagônico de discussão de Mar-coLegais.Porumlado,somosaindaprincipiantesnaregulamentaçãobasedaprofissãododesignerquedaráferramentasprimáriasenecessáriasparaexecuçãodaprofissãoe,poroutrolado,vemosodesenvolvimentotecnológicoedaprópriaprofissãoextrap-olar os limites já regulamentados em outras esferas. Por isso, a criação de uma política especificaàindústriacriativaeseusatoressemostratãonecessáriaeurgente.

Page 34: DIAGNÓSTICO SETORIAL DESIGN BRASIL - Cultura Digitalculturadigital.br/design/files/2014/09/diagonostico_rev_setembro1.pdf · as políticas públicas para o Design no Ministério

32

FORMAÇÃO

“OcursodegraduaçãoemDesign, responsávelpela formaçãododesigner,temcomoperfiloprofissionalqueseocupadoproje-to de sistemas de informações visuais, objetos e os sistemas de objetos de uso através do enfoque interdisciplinar considerado as características dos usuários e de seu sistema sócio-econômi-co-cultural, bem como potencialidades e limitações econômicas e tecnológicas das unidades produtivas onde os sistemas de in-formação e os objetos de uso serão produzidos.” (Parecer CES/CNE0146/2002).

Somando à descrição supracitada os fatores diversos que vêm contribuindo para evolução do perfil do profissional de design, como desenvolvimentos tecnológicos, oadventodocomputadorouaampliaçãodaatuaçãodoprofissionaldedesignexigindonovos conhecimentos, é possível ter um panorama das atuais necessidades do mercado edeformaçãoprofissionais.

Neste contexto, diversos modelos educacionais vêm sendo implementados e é possível organizar as iniciativas de formação e capacitação em grupos de educação for-mal e informal, além das ações não formais de ensino.

Grupo 1: Educação formal

Cursos sistematizados pelo sistema formal de ensino, hierarquizado, e que con-duzemacertificadosediplomas.

Em design, a educação tem início no ensino médio, em cursos técnicos, seguindo nagraduaçãoenoscursosdepós-graduação,comosegue:

• Ensino Médio• Cursos técnicos• Graduação tecnológica

Page 35: DIAGNÓSTICO SETORIAL DESIGN BRASIL - Cultura Digitalculturadigital.br/design/files/2014/09/diagonostico_rev_setembro1.pdf · as políticas públicas para o Design no Ministério

33

• Graduação plena• Pós-graduação• Ensino Médio Ensino Médio e Cursos técnicos - 800hAbrangência:TécnicoemComunicaçãoVisual,TécnicoemDesigndeCalçados,Técni-co em Design de Embalagens, Técnico em Design de Interiores, Técnico em Design de Joias,TécnicoemDesigndeMóveiseTécnicoemModelagemdoVestuário.

Graduação (No Brasil os cursos de graduação possuem duascategorias)

Graduaçãotecnológica:2a3anos(dadosdaoferta)Graduaçãoplena:3a5anos(dadosdaoferta)

Os cursos mencionados acima contam com currículos regidos pelas Diretrizes Curriculares Nacionais, que preconizam o ensino de design alinhado ao contexto em que o curso é oferecido. Contudo, na prática, este alinhamento não ocorre.

Em avaliação realizada pelo MEC/INEP (ENADE/SINAES), nota-se o desalinha-mento entre as Diretrizes Curriculares Nacionais, que preconizam o ensino de design alinhado ao contexto em que o curso é oferecido, e o distanciamento atual entre aca-demiaeossetoresprodutivosregionais.Dificultando,assim,apossibilidadedegerarumprocessopermanentederetroalimentaçãoentreestes–formaçãoeatuaçãoprofissional.

Pós-graduação em Design (supervisionado pela CAPES)

LatoSensu:Especialização(360h)–dadosdaofertaMBA:EspecializaçãoemAdministração(420h)–dadosdaoferta

Contata-se que o Brasil possui 110 instituições de ensino com oferta de pro-gramas de Pós-graduação Latu Sensu na área de Design, bem como 274 cursos de especialização em atividade no ano de 2013.

StrictoSensu:Doutorado,MestradoeMestradoProfissional–48meses

No ano de 2013, o Brasil contava com 17 instituições de ensino ofertantesde pós-graduação stricto sensu na área de design. com 27 cursos stricto sensu em atividade.

Page 36: DIAGNÓSTICO SETORIAL DESIGN BRASIL - Cultura Digitalculturadigital.br/design/files/2014/09/diagonostico_rev_setembro1.pdf · as políticas públicas para o Design no Ministério

34

Problemas gerais dos cursos de Pós Graduação:

Verifica-seumatrasoemrelaçãoàimplementaçãodeumprogramadepós-grad-uação em design no Brasil, que só ocorreu 32 anos depois da criação do primeiro curso degraduaçãoemdesign.Nesseintervalodetempo,osprofissionaisrecorreramaoutroscursosdepós-graduação–emáreasdoconhecimentoafins–quepudessematenderaessa demanda.

Com a entrada dos programas de pós-graduação em design no cenário nacional, observa-sequeelesvêmseconfigurandocomoespaçointerdisciplinardediscussõesereflexõesnaárea.

Outroproblemaidentificadodizrespeitoaoscursosstrictosensu,quesevincu-lam a áreas distintas nas diferentes agências de supervisão e fomento, fragilizando a organização da área de design. Grupo 2: Ensino informal

Ações organizadas e sistematizadas, mas fora do sistema formal de ensino, como cursos técnicos e de extensão. O aprendizado ocorre de modo não sistematiza-do, como visitas a exposições e museus, eventos e mesmo consumo de produtos de design. Neste ponto ressente-se pela não visibilidade de ações e produtos de design, excetonousodotermopelomarketing,emprodutosdiversos:

• Escolas de orientação técnica• Grupos de pesquisa /Projetos de pesquisa• Incubadoras de design• Eventos Nestegrupo,comoumtodo,adificuldadedediagnoseéainexistênciadedadoscentralizados e confiáveis. A dispersão das ofertas, inclusive em contextos pontuais,como os ofertados por associações, prefeituras e demais órgãos públicos e privados, corroboram para o cenário de difícil diagnose.

Escolas de orientação técnica

Cursosdeextensão:Cursosdeextensãonãosão,necessariamente,depós-graduaçãojá que são oferecidos tanto para alunos formados, como os que estão formação ou que ainda não tenham entrado para universidade. Assim como a pós-graduação lato sensu

Page 37: DIAGNÓSTICO SETORIAL DESIGN BRASIL - Cultura Digitalculturadigital.br/design/files/2014/09/diagonostico_rev_setembro1.pdf · as políticas públicas para o Design no Ministério

35

(especialização), as IES (Instituições de Ensino Superior) podem oferecer os cursos de extensão sem a autorização do Ministério da Educação (MEC) por serem cursos livres. Mas a modalidade não possui validade acadêmica.

Cursos isolados(CursosnãofiliadosàsinstituiçõesdeensinoreconhecidaspeloMEC)

Grupos de pesquisa /projetos de pesquisaDesign é representado nos Diretórios de Grupos de Pesquisa do CNPq pela área de conhecimento Desenho Industrial, trazendo uma formação com forte caráter científi-co-tecnológico.

Grupo 3: Ensino não formal Sem estrutura rígida, têm o propósito de espalhar conhecimento e informação; sendo assim, também ensinam, porém, não são cursos. Seu aprendizado se faz no cotidiano.Contudo,nãoconfiguraumcursocomcertificado,carga-horáriaeconteúdoprogramático.

Considerações finais

De fato há um crescimento da produção de conhecimento local, mas há ainda um es-paçoparasecriarumadiversificaçãotemáticae,também,umabuscadetemasespe-cíficosaocontextobrasileirodeagoraefuturo.Outropontodeoportunidadesedánofluxodaconstriçãodesteconhecimentoquepodeserincrementadocomaparticipaçãomais ativa e dinâmica de todos os atores envolvidos.

Page 38: DIAGNÓSTICO SETORIAL DESIGN BRASIL - Cultura Digitalculturadigital.br/design/files/2014/09/diagonostico_rev_setembro1.pdf · as políticas públicas para o Design no Ministério

36

1) Oentendimentododesigne,porconsequência,seucampodeatuação:AfaltadeumlimiteclarodesdeseusurgimentonoBrasilnasdécadasde50e60trouxeramalgumasdificuldadesdeatuaçãoquecomplicaramotraçadodeumnorteclaroparaoexercíciodaprofissão.

2) RegulamentaçãododesignnoBrasil:A indefiniçãode fronteirasdámargensadiversas interpretações, possibilitando que a prática da profissão possa ser exercidapordiversosoutrosprofissionais.Aregulamentaçãopoderia,pelomenosnocampodadelimitação,trazerumaluzaoescopooficialdaprofissão.Aurgênciadessepontosedátambém,comofoidemonstrado,pelaprópriadinâmicaeamadurecimentodaprofissão

3) AgendaInterministerial:Pleitearummaiorapoiopelasintuiçõesgovernamentaise não governamentais poderão surtir maior efeito, assim como, possíveis alianças es-tratégica da agenda do design junto com outras agendas de outros Ministérios, criando uma coesão maior para o crescimento nacional.

4) Maior dinâmica e delimitação da formação profissional: Para se integrar commaior robustez a necessidade atual do design brasileiro, a é necessária uma formação quereflitamarealidadedaprofissão

5) Aaproximaçãododesigncomasociedade:Édeimportânciaestratégicaampliara discussão sobre design para fora dos escritórios e academia para dar maior relevância ao design. A sociedade necessita do design e já o tem utilizado de maneira inconsciente.

EstedocumentobuscoutrazerumaanáliseampladosfatoresqueinfluenciameinfluenciaramodesignnoBrasilatéhoje.Comestabaseanalítica,criarprojeçõestornauma tarefa mais simples. O próximo passo deste trabalho é exatamente criar estratégias da construção do Plano Setorial de Design. Sendo assim, os problemas serão mais es-miuçados e detalhados e possíveis repostas cridas para a resolução do mesmo.

CONCLUSÃO

Page 39: DIAGNÓSTICO SETORIAL DESIGN BRASIL - Cultura Digitalculturadigital.br/design/files/2014/09/diagonostico_rev_setembro1.pdf · as políticas públicas para o Design no Ministério

37

BIBLIOGRAFIA

ABEDESIGN - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE DESIGN (São Paulo). Abedesign - Associação Brasileira de Empresas de Design. Assuntos Regulatóri-os. Disponível em: <http://www.abedesign.org.br/Pt/o-que-estamos-fazendo/regula-mento>.Acessoem:12abr.2014.

ANASTASSAKIS,Zoy.Triunfos e Impasses: Lina Bo Bardi, Aloisio Magalhães e a institucionalização do design no Brasil. 2011. 420 f. Tese (Doutorado) - Curso de AntropologiaSocialdoMuseuNacional,UniversidadeFederaldoRiodeJaneiro,RiodeJaneiro, 2011.

ANDRADE, Enid Rocha. Participação Social e as Conferências Nacionais de Políti-cas Públicas Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada- IPEA. Rio de Janeiro, 2009

AVRITZER, Leonardo.Sociedade civil e participação no Brasil democrático, in AVRITZER,Leonardo. Experiências Nacionais de Participação Social, Rio de Ja-neiro, Editora Cortês, 2010

AVRITZER,LeonardoetSOUZA,ClóvisH.L (org)Conferencias Nacionais: atores, dinâmicas participativas e efetividade, Brasilia, IPEA, 2013

BATISTA, Wagner B A I Preconferência e a formação do colegiado setorial de de-sign. Anais do X Congresso de Pesquisa e Desenvolvimento em Design,São Luiz, 2012

____________ . O papel do design na II Conferencia Nacional de Cultura IX Con-gresso de Pesquisa e Desenvolvimento em Design, 2010,

______________ Design de luxo?. In: VI Congresso de Pesquisa e Desenvolvimen-to em Design, 2004, São Paulo. Anais do VI Congresso de Pesquisa e Desen-volvimento em Design, 2004.

Page 40: DIAGNÓSTICO SETORIAL DESIGN BRASIL - Cultura Digitalculturadigital.br/design/files/2014/09/diagonostico_rev_setembro1.pdf · as políticas públicas para o Design no Ministério

38

BERWANGER, Ana Claudia. As ambiguidades da doutrina: Conflitos e tensões es-truturais no Campo do design. 2013. 178 f. Tese (Doutorado) - Curso de Ciências Sociais, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2013.

BONSIEPE, Gui. A tecnologia da tecnologia.SãoPaulo:Blucher,1983.

BONSIEPE, Gui. “A crise, a partir da periferia e do projeto”. In: Agitprop (Revista Brasileira de Design), ano IV, numero 41. www.agitprop.com.br, outubro 2011.

BRASILMINISTÉRIODACULTURAPORTARIANº19,DE22DEFEVEREIRODE2013Dá Colegiado Setorial de Design, DOU, Nº 37, segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013, p4

BRAGA,IsisFernandes.Aloisio Magalhães: as faces culturais do design no Brasil. TesedeDoutorado.ProgramadePós-GraduaçãoemArtesVisuais.UniversidadeFeder-al do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2004a.

BRAGA, Marcos da Costa. “Construção e trajetórias na constituição do campo profissional do design moderno no Brasil”. In: Estudos em Design, v. IV, n. 1. Rio deJaneiro:AenD-BR,agosto1996,pg.45-66.

BRAGA,MarcosdaCosta.“Aloisio Magalhães: heranças do pensar de um pionei-ro do campo do desenho industrial brasileiro”. In: Caderno de Resumos do XI Encontro Regional da ANPUH RJ.RiodeJaneiro:ANPUHRJ,2004b.

BRAGA, Marcos da Costa. Organização profissional dos designers no Brasil: AP-DINSRJ, a luta pela hegemonia no campo profissional. Tese de Doutorado em História. InstitutodeCiênciasHumanas e Filosofia.Universidade Federal Fluminense.Niterói, 2005.

BRAGA, Marcos da Costa. ABDI e APDINS – RJ: História das associações pionei-ras de design do Brasil.SãoPaulo:Blucher,2011a.

BRAGA, Marcos da Costa (org.). O papel social do design gráfico.SãoPaulo:Ed.SENAC, 2011b.

BRANZI, Andrea. “O Brasil como modelo do mundo”. In: MORAES, Dijon de. Análise do design brasileiro: entre mimese e mestiçagem. São Paulo: EdgardBlucher,2006,p.03-17.

Page 41: DIAGNÓSTICO SETORIAL DESIGN BRASIL - Cultura Digitalculturadigital.br/design/files/2014/09/diagonostico_rev_setembro1.pdf · as políticas públicas para o Design no Ministério

39

BRASIL-PRESIDENCIADAREPUBLICA.DECRETONº6.973,DE7DEOUTUBRODE2009.DF.Brasília“Altera o Decreto no 5.520, de 24 de agosto de 2005, que institui o Sistema Federal de Cultura-SFC e dispõe sobre a composição e o funciona-mento do Conselho Nacional de Política Cultural- CNPC do Ministério da Cul-tura, “Art.12.§ 1º O Plenário será integrado pelo Ministro de Estado da Cultura e por (...)i) arte digital; j) arquitetura e urbanismo; k) design;”URL:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Decreto/D6973.htm#art1acessadoem16demarçode2006

BRASÍLIA.MINISTÉRIODACULTURA.(Ed.).Plano da Secretaria da Economia Cri-ativa: políticas, diretrizes e ações, 2011 – 2014.2.ed.Brasília:MinistériodaCultu-ra,2011.156p.(978-85-60618-03-3).Disponívelem:<http://www2.cultura.gov.br/site/wp-content/uploads/2012/08/livro_web2edicao.pdf>.Acessoem:11abr.2014.

BOMFIM,G.A.Formas do design.RiodeJaneiro:2AB,1999.

BORGES, Julio. Digestivo Cultural 86 • VOL.4 • Nº3 • AGO./OUT.PontodeVista,2005disponívelem<http://rae.fgv.br/sites/rae.fgv.br/files/artigos/3927.pdf>Acesso01de Maio 2014

CALDERAZZO, Guilherme. Máquinas e equipamentos perdem com importações. Valor Econômico disponível em <http://www.cimm.com.br/portal/noticia/exibir_no-ticia/10450-maquinas-e-equipamentos-perdem-com-importacoes> Acesso 02 Maio 2014

CARA, Milene Soares. Do desenho industrial ao design no Brasil – uma bibliografia crítica para a disciplina.SãoPaulo:Blucher,2010.

CARDOSO,Rafael. “Tudo é moderno; nada é Brasil: design e a busca de uma identidade nacional”. In: CAVALCANTI, Lauro (org.). Tudo é Brasil.SãoPaulo:ItaúCultural;RiodeJaneiro:PaçoImperial,2004,p.81-91.

CARDOSO, Rafael (org.). O design brasileiro antes do design. SãoPaulo:CosacNaify,2005.

CARDOSO, Rafael. Uma introdução à história do design.SãoPaulo:Blucher,2008.

(COOMBS, P. et al (1973). News paths to learning for rural children and youth.NewYouth:ICED.

Page 42: DIAGNÓSTICO SETORIAL DESIGN BRASIL - Cultura Digitalculturadigital.br/design/files/2014/09/diagonostico_rev_setembro1.pdf · as políticas públicas para o Design no Ministério

40

Deloitte Brasil competitivo - Desafios e estratégias para a indústria da transfor-mação . Disponível em <https://www.deloitte.com/assets/Dcom-Brazil/Local%20As-sets/Documents/Ind%C3%BAstrias/Manufatura/livro_final.pdf>Acesso30Abril2014

FRASCARA, Jorge.Diseño Gráfico para la Gente, comunicaciones de masa y cambio social.Caraca:EdicionesInfinito,2000.

LEITÃO, Cláudia Leitão. Secretaria da Economia Criativa – SEC, do Ministério da Cultura–MinCdisponivelem:<http://www.blogacesso.com.br/?p=4736>.Acesso01de Maio 2014

MACEDO, Edison Flavio.Marco Legal: competência profissional para o desen-volvimento nacional, O tema central do 8ºCNP e seus desdobramentos (da série Textos Referenciais do 8ºCNP).Disponívelem:<http://www.confea.org.br/me-dia/8CNP_TEXTO_MARCO_LEGAL.pdf>.Acessoem:18mar.2014.

MARTINS,LuizGeraldoFerrari.A Etimologia da Palavra Desenho (e Design) na Sua Língua de Origem e em Quatro de Seus Provincianismos: Desenho Como Forma de Pensamento e de Conhecimento.SãoPaulo,ForumdePesquisaMackenzieFAU,2007

MISUKO, Maristela. Design, Cultura e Identidade, no contexto da globalização. Revista Design em Foco, vol. I, núm. 1, julho-dezembro, 2004,pp.53-66,Universi-dade do Estado da Bahia.

MARTINS, Bianca. Uma discussão sobre o papel social do designer gráfico bra-sileiro: trajetória, formação acadêmica e pratica profissional. Disponível em <http://www.pedagogiadodesign.com/lpdesign/images/publicacoes/2006martins_pa-peldesigngrafico.pdf>Acesso05Maio2014

______________O Método PES – Planejamento Estratégico e Planejamento Gov-ernamentalColeçãoCiênciaseTécnicasdeGoverno,RiodeJaneiro,EdiçõesFundap,1995;

_____________Estratégias Políticas – Chipanzé, Machiavel e Ghandi – Estratégias Políticas–ColeçãoCiênciaseTécnicasdeGovernoEdiçõesFundap,1996;

_____________O Líder sem Estado Maior – Estrutura e Modernização do Gabinete

Page 43: DIAGNÓSTICO SETORIAL DESIGN BRASIL - Cultura Digitalculturadigital.br/design/files/2014/09/diagonostico_rev_setembro1.pdf · as políticas públicas para o Design no Ministério

41

do Dirigente Público Coleção Ciências e Técnicas de Governo, Rio de Janeiro, EdiçõesFundap,1996;Política,PlanejamentoeGoverno,RiodeJaneiro, IPEA-CEN-DEC, 1995.

MELO, Paulo. Fórum Promove Debate Sobre Papel Do Legislativo Na Economia Criativa. ALERJ, 2010.Disponível em: http://www.alerj.rj.gov.br/common/noticia_cor-po.asp?num=43158#sthash.GH0pnIbI.qo1qYguA.dpuf.Acesso18/03/2014.

NEVES,Heloisa. “Um Lugar para Fabricar Ideias” In: Época Negócios 828, São Paulo, Editora Globo, 2014

NORMAN, Donald A.; DRAPER, Stephen W. User centered SystemDesign: new per-spectives on human-computer interaction.Londres:LawrenceErlbaumAssociates,1986.

PADILHA, Ivan. “Design Sob Medida” In: Época Negócios, São Paulo, Editora Globo, Dezembro 2009.

SEBRAE. Design no Brasil, relatório 2011 do setor de design. Brasilia, 2011SOUZA, Pedro Luiz Pereira de. “Polêmica / design brasileiro”. In: ARTE VOGUE, n. 1.SãoPaulo:CartaEditorialLtda,maio1977,p.142.

SOUZA, Pedro Luiz Pereira de. ESDI: biografia de uma idéia.RiodeJaneiro:EdUERJ,1996.

SOUZA, Pedro Luiz Pereira de. “O design à margem da razão”. In: Desígnio (n. 7/8). SãoPaulo:Annablume,2007.

SOUZA, Pedro Luiz Pereira de. “Design moderno: forma, razão e política”. Texto inédito disponibilizado para os alunos do curso “Design moderno: a Natureza”, realizado no Centro de Design de Recife, 2008.

SOUZA, Pedro Luiz Pereira de. Notas para uma história do design.RiodeJaneiro:2AB, 2008.

YEE,JoyceetJEFFERIES,Emma,TAN,Lauren.Design Transsitons: Inpiring Stories. Global Viewpoints. How Design is Chanching, Amsterdan, BIS Publishers, 2013