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A UTILIZAÇÃO DO DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO NA AVALIAÇÃO DE UM PROJETO DE GOVERNO: UMA ANÁLISE CRÍTICA Ednilson Pereira Gomes 1 Francisco Paulo Chaimsohn 2 Gil Maria Miranda 3 Márcio Miranda 4 Maria de Fátima dos Santos Ribeiro 5 RESUMO Com base na experiência de avaliação do Programa Vilas Rurais do Governo do Estado do Paraná, este trabalho apresenta uma análise da utilização do Diagnóstico Rural Participativo como instrumento de avaliação. A metodologia mostrou-se bastante eficiente e prática para que se apreendesse a percepção dos diagnosticados. Com relação à organização do trabalho, ficou evidente a importância do nivelamento da equipe quanto aos procedimentos de análise dos resultados durante as reuniões e quanto à troca de diária de impressões entre seus componentes. Entretanto, mais do que a habilidade no uso das técnicas, é a postura adequada dos aplicadores, que não podem descuidar-se de seu papel de facilitadores da expressão de opiniões daqueles de quem se busca a participação; caso contrário corre-se o risco de ter impressões contaminadas pelas idéias dos próprios aplicadores, comprometendo todo o trabalho. Nesse sentido, a condução da avaliação por uma equipe externa possibilitou a livre expressão de opiniões por parte dos vileiros. Palavras-chave: participação, metodologias participativas, avaliação participativa, desenvolvimento rural, vilas rurais. 1 Técnico Agrícola, IAPAR-Ponta Grossa, e-mail: [email protected] 2 Eng o . Agr o ., MSc., pesquisador do IAPAR-Ponta Grossa, [email protected] 3 Eng o . Agr o ., MSc., pesquisador do IAPAR-Curitiba, [email protected] 4 Eng o . Agr o ., MSc., pesquisador do IAPAR-Curitiba, [email protected] 5 Eng a . Agr a ., MSc., pesquisadora do IAPAR-Pato Branco, [email protected] INTRODUÇÃO O Programa Vilas Rurais, implantado pelo Governo do Estado do Paraná em 1995, foi concebido inicialmente com o objetivo de melhorar as condições de vida dos trabalhadores rurais volantes, concentrados principalmente na região Norte. Posteriormente o Programa foi estendido a todo o Estado. Até meados de 1997, quando o presente trabalho de avaliação foi executado, aproximadamente 130 vilas estavam instaladas ou em fase de implantação. Com a aprovação do Programa Paraná 12 Meses, o Governo pretende alcançar a meta de 400 vilas rurais, correspondendo ao assentamento de 60.000 famílias.

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Palavras-chave: participação, metodologias participativas, avaliação participativa, desenvolvimento rural, vilas rurais. RESUMO O USO DO DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO Entrevistas com informantes-chave Técnicas utilizadas Croquis da vila Diagrama de “Venn”

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A UTILIZAÇÃO DO DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO NA AVALIAÇÃO DE UM PROJETO DE GOVERNO: UMA ANÁLISE CRÍTICA

Ednilson Pereira Gomes1

Francisco Paulo Chaimsohn2

Gil Maria Miranda3

Márcio Miranda4

Maria de Fátima dos Santos Ribeiro5

RESUMO

Com base na experiência de avaliação do Programa Vilas Rurais do Governo do Estado doParaná, este trabalho apresenta uma análise da utilização do Diagnóstico Rural Participativo comoinstrumento de avaliação. A metodologia mostrou-se bastante eficiente e prática para que seapreendesse a percepção dos diagnosticados. Com relação à organização do trabalho, ficouevidente a importância do nivelamento da equipe quanto aos procedimentos de análise dosresultados durante as reuniões e quanto à troca de diária de impressões entre seus componentes.Entretanto, mais do que a habilidade no uso das técnicas, é a postura adequada dos aplicadores,que não podem descuidar-se de seu papel de facilitadores da expressão de opiniões daqueles dequem se busca a participação; caso contrário corre-se o risco de ter impressões contaminadas pelasidéias dos próprios aplicadores, comprometendo todo o trabalho. Nesse sentido, a condução daavaliação por uma equipe externa possibilitou a livre expressão de opiniões por parte dos vileiros.

Palavras-chave: participação, metodologias participativas, avaliação participativa, desenvolvimentorural, vilas rurais.

1Técnico Agrícola, IAPAR-Ponta Grossa, e-mail: [email protected]. Agro., MSc., pesquisador do IAPAR-Ponta Grossa, [email protected]. Agro., MSc., pesquisador do IAPAR-Curitiba, [email protected]. Agro., MSc., pesquisador do IAPAR-Curitiba, [email protected]. Agra., MSc., pesquisadora do IAPAR-Pato Branco, [email protected]

INTRODUÇÃO

O Programa Vilas Rurais, implantado pelo Governo do Estado do Paraná em 1995, foiconcebido inicialmente com o objetivo de melhorar as condições de vida dos trabalhadores ruraisvolantes, concentrados principalmente na região Norte. Posteriormente o Programa foi estendido atodo o Estado. Até meados de 1997, quando o presente trabalho de avaliação foi executado,aproximadamente 130 vilas estavam instaladas ou em fase de implantação. Com a aprovação doPrograma Paraná 12 Meses, o Governo pretende alcançar a meta de 400 vilas rurais,correspondendo ao assentamento de 60.000 famílias.

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Com o intuito de subsidiar a ampliação do programa, foi efetuada uma avaliação do impactosócioeconômico atingido na primeira fase, da qual o diagnóstico participativo, que é objeto deanálise deste trabalho, fez parte.

A aplicação de princípios e técnicas preconizados pelo Diagnóstico Rural Participativo,junto aos beneficiários do projeto Vilas Rurais, na apreciação de seus efeitos, possibilitouconstatações interessantes, que motivaram a elaboração do presente trabalho.

Este trabalho objetiva discutir alguns aspectos do uso do Diagnóstico Rural Participativo,contemplando a aplicabilidade de algumas técnicas, a organização das equipes e do trabalho comoum todo.

O USO DO DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO

Chambers (1982) define o Diagnóstico Rural Participativo (DRP) como um termoempregado para designar "um conjunto de métodos e abordagens que possibilitam às comunidadescompartilhar e analisar sua percepção acerca de suas condições de vida, planejar e agir". Temorigem no movimento de pesquisa-ação, inspirado por Paulo Freire, e incorporou a filosofia etécnicas da Análise de Agroecosistemas, da Antropologia Aplicada, da Pesquisa em Sistemas deProdução e do Diagnóstico Rural Rápido (Pretty et alii, 1995), tendo com os mesmos as seguintescaracterísticas em comum:

• o reconhecimento de que as populações carentes são criativas e capazes, devendo os técnicosagir como facilitadores;

• uso de técnicas que permitem maior visualização e um maior compartilhamento das informações,citando-se como exemplo a confecção de mapas, diagramas e "ranking";

• a importância do comportamento dos técnicos;• participação dos agricultores na pesquisa agropecuária;• obtenção de informações sobre o meio rural a partir do conhecimento das comunidades, de uma

maneira rápida e efetiva.

Tem sido cada vez mais reconhecido, inclusive por parte dos agentes financiadores, anecessidade de conhecer a perspectiva das comunidades locais quanto aos seus principaisproblemas bem como sua avaliação quanto ao impacto de programas e projetos dedesenvolvimento. Assim o DRP tem sido utilizado em várias áreas, dentre as quais Mikkelsen(1995) cita: projetos de preservação ambiental, pesquisa em sistemas de produção, manejo derecursos naturais, água e saneamento, destinação de lixo, saúde, educação, habitação urbana eatividades de geração de renda.

O Diagnóstico Rural Participativo tem muito em comum com o Diagnóstico Rural Rápido(DRR). Dentre os princípios compartilhados por ambos, Chambers (1995) destaca: oaprendizado rápido e progressivo, a eliminação de viéses, a triangulação (em que umainformação é levantada utilizando-se diferentes grupos de informantes e diferentes técnicas) e aprocura pela diversidade (exploração da variabilidade, ao invés das médias). Como principaldiferença, o mesmo autor considera o DRR mais extrativo, isto é, o objetivo central é aobtenção de informações, ao passo que no DRP há maior preocupação em dar poder àpopulação local para analisar, planejar e agir. Isso implica em uma mudança de atitude dostécnicos em relação ao seu papel.

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O simples uso de técnicas desenvolvidas a partir do enfoque participativo, não garante por sisó a efetiva participação dos agricultores no processo de diagnóstico e proposição de medidaspara relaxamento das restrições. É necessária uma mudança de postura do pesquisador naforma de encarar o agricultor. Este comportamento exige do técnico um preparo especial, umavez que normalmente ele não está acostumado a ver no agricultor um parceiro capaz decontribuir na análise da realidade. Como alertam Guijt & Cornwall (1995), "aprender o uso detécnicas é a parte mais fácil. Adquirir a habilidade de comunicação e facilitação para aplicarjunto aos agricultores é o mais difícil". A ênfase exagerada na aplicação de técnicas, pura esimplesmente, tem acarretado que muitas vezes o diagnóstico participativo tenha sido utilizadopara buscar fatos antes de explorar perspectivas.

METODOLOGIA

A avaliação participativa foi realizada em vilas localizadas nos municípios de Manoel Ribas,Bituruna, Toledo, Itaipulândia, Califórnia, Apucarana, Pitanga e Peabirú. A escolha foi feita pelaequipe encarregada pela avaliação geral do Programa, de forma a contemplar a diversidade desituações, considerando-se o tempo de existência, o tamanho e a localização, além de outros fatoresrelacionados às vilas.

Para possibilitar maior chance de manifestação a todos, trabalhou-se separadamente commulheres e homens (em todas as vilas) e jovens (em algumas vilas). Em função do número elevadode famílias em Apucarana, cada grupo foi subdividido.

Técnicas utilizadas

Entrevistas com informantes-chave

Com o intuito de levantar informações prévias, efetuaram-se entrevistas semi-estruturadascom extensionistas da EMATER-PR, pessoas ligadas às prefeituras e outras pessoas quepossuíssem bom conhecimento das vilas.

Tais entrevistas eram efetuadas considerando-se um roteiro previamente elaborado, no qualconstavam os seguintes aspectos: processo de seleção; diferenciação sócioeconômica entre osvileiros; número de homens, mulheres e crianças; conflitos existentes; origem dos vileiros; presençade organizações e lideranças; vivência comunitária; uso agrícola das terras (lotes individuais ecomuns, quando houvesse); geração de renda; empreendimentos comunitários; infra-estrutura;principais problemas; outros informantes-chave.

Croquis da vila

Como estratégia de “quebra-gelo” e para início de discussão sobre a vida na vila por partede seus moradores, a primeira atividade nos trabalhos de grupo foi o desenho do croquis da vila.Durante sua execução, buscava-se identificar os elementos relevantes e estimular a discussão sobreos mesmos.

Diagrama de “Venn”

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Para identificação das instituições atuantes nas áreas de estudo e verificação de suaimportância e efetiva participação junto à comunidade, utilizou-se a técnica de elaboração dodiagrama de “Venn”, seguindo-se as seguintes etapas: a) “tempestade de idéias”, por meio da qualos vileiros relacionavam todas as instituições (órgãos públicos de caráter técnico e social, empresasprivadas, organizações de agricultores, etc.) que lhes vinham à mente; b) atribuição do grau deimportância dos mesmos e inscrição dos nomes das instituições em círculos de cartão com trêstamanhos diferentes (pequeno, médio e grande), de acordo com a relevância definida pelos vileiros;c) checagem e discussão da importância das instituições; d) disposição dos círculos ao redor de umcartão com a inscrição “Vila”, de acordo com o julgamento dos vileiros quanto à efetivaparticipação das instituições junto à comunidade (quanto mais próximo da vila, mais atuante); e)checagem e discussão sobre a percepção dos vileiros com relação à atuação das instituições.

“Ranking” de priorização dos problemas e identificação dos benefícios

Para levantamento dos principais problemas vividos na vila e os benefícios mais importantesque ela proporcionou, os moradores praticaram as técnicas de “tempestade de idéias” e “ranking”.O desenvolvimento metodológico foi o seguinte: a) “tempestade de idéias” para apresentação deproblemas; b) anotação dos temas levantados em cartelas (quando as pessoas tinham dificuldade deleitura, desenhavam-se símbolos que representavam os problemas); c) formação de gruposespontâneos para discussão e indicação (com grãos de milho) da importância relativa de cadaproblema (“ranking”). Os participantes colocavam mais ou menos grãos de milho de acordo com aimportância de cada problema; d) checagem e discussão.

Visitas a lotes e entrevistas individuais com vileiros

As visitas e entrevistas semi-estruturadas eram realizadas com o objetivo de conhecer autilização dos lotes, checar eventuais questões que não ficaram bem esclarecidas durante asdiscussões em grupo, bem como aprofundar temas considerados relevantes para os vileiros.

As técnicas utilizadas são descritas por Pretty et alii (1995) e Ribeiro et alii (1998).

Alguns pontos sobre a metodologia de trabalho

Antes de iniciar as atividades de campo, a equipe de técnicos esteve reunida durante um dia,aprofundando e detalhando questões metodológicas, definindo um “contrato de trabalho” (conjuntode procedimentos para diversas situações que podem ser criadas na execução deste tipo deoperação, tanto no relacionamento com os vileiros, quanto entre técnicos da equipe) e umaestratégia de trabalho com a definição de roteiro e cronograma.

A condução dos trabalhos de grupo foi feita sempre em dupla. Enquanto um doscomponentes cumpria a função de facilitador, motivando a participação de todos e coordenando asatividades, o outro ficava com a incumbência principal de relator, procurando observar com atençãoas manifestações dos participantes e alertando o companheiro sobre possíveis desacertos naorientação dos trabalhos.

Foi dada ênfase no acompanhamento do processo de construção dos produtos finais dosexercícios (croquis, diagrama de “Venn”, “ranking”). Os debates e o comportamento dosparticipantes, especialmente em situações de conflito de opiniões, muitas vezes mostraram mais doque o resultado do exercício em si.

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Informações que evidenciaram contradições em diferentes fontes, foram checadas com maisde uma das técnicas descritas, para confirmação de sua consistência.

DISCUSSÃO E ANÁLISE CRÍTICA

O emprego do diagnóstico participativo para a avaliação do Programa das Vilas Ruraispelos seus beneficiários, propiciou-nos constatar a importância de se ter alguns cuidadosimportantes na aplicação das técnicas, bem como evidenciou-nos certas vantagens deste instrumentosobre outras formas mais convencionais de diagnósticos.

As regras das práticas de diagnóstico participativo não são rígidas possibilitando asubjetividade na aplicação da metodologia, quando diferentes equipes de aplicadores estiveremtrabalhando com diferentes subgrupos de uma população diagnosticada. Poderão, exemplificando,duas equipes utilizarem diferentes unidades de medida (percentagens e números absolutos, porexemplo) na prática do “ranking”, dificultando ou até inviabilizando futuras comparações entresubgrupos. Isto enfatiza a necessidade de cuidado na organização das equipes para que haja umnivelamento quanto não emprego das técnicas, mormente quando os aplicadores não têm prática emseu uso.

Deve-se estar sempre atento com o risco da subjetividade pois muito facilmente o aplicadorda metodologia poderá estar descuidando-se de seu papel de facilitador e influenciando a respostado diagnosticado. Inconscientemente, poderá o aplicador, por iniciante no uso do método ou pordescuido, estar buscando a legitimação de suas próprias idéias, opiniões ou avaliações. Nessesentido, quando a equipe de facilitadores é composta por pessoas envolvidas no objeto que se estáavaliando, há o risco de indução de respostas “desejáveis” e o constrangimento do grupo objeto daavaliação.

Sempre que possível, deve-se deixar por conta do público o local e o período do dia emque se aplicará a metodologia. Quando isto não for exeqüível, há que se ter cuidado especial naescolha do local, período do dia em que se realizará o trabalho e no tempo gasto no uso de cadatécnica. O facilitador deverá ter sensibilidade para perceber quando seu público está cansado ouentediado abreviando o uso de determinada técnica sob risco de obter resultados mascarados poraqueles inconvenientes. Ainda sob o ponto de vista da infra-estrutura, é fundamental, principalmentequando se trabalha a campo, ter à mão todo o material necessário para o uso das técnicas.

Com relação ao uso das diferentes técnicas da metodologia, há que se conhecer a que sedestinam para que não sejam empregadas com falsas expectativas; a partir daí, ter claros osobjetivos almejados para a correta escolha das técnicas e a forma acertada de utilizá-las. Éprimordial certificar-se se os participantes realmente compreenderam a metodologia de trabalho.Isso evita que algum membro do grupo "auxilie" seu vizinho, influenciando-o nas opiniões.

Ainda com relação aos aplicadores, atenção deve ser dada à importância das anotaçõesbem feitas, objetivas e isentas de julgamento de valor. É importante que o relator anote tudo queestá sendo discutido.

Deve-se, acima de tudo, privilegiar e motivar o surgimento de idéias e sua discussão franca elivre, cuidando para que as lideranças naturais não dominem os grupos, buscando a participação detodos. Daí decorre o cuidado na formação dos subgrupos que devem ser os mais homogêneospossível.

De igual ou maior valor que o resultado final de uma técnica, são as discussões einformações que dela decorrem. A pressa em se obter o resultado final de um "ranking" ou de um

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croquis pode prejudicar a discussão. A técnica não deve ser encarada como um fim, mas como ummeio de conhecer a realidade.

Em muito contribui para o sucesso na aplicação da metodologia, a constante avaliação, trocade informações e interação entre facilitador e anotador no decorrer do processo, para a correção deeventuais falhas. Finalmente, constatou-se a importância de checar-se as impressões colhidas nostrabalhos em grupo em entrevistas com informantes-chave que também prestam preciosasinformações complementares. Com relação à organização da equipe, é importante que asimpressões entre os grupos de aplicadores sejam trocadas imediatamente após a coleta dos dados,e que o relatório seja elaborado ainda durante a fase de campo. Este procedimento irá facilitar aredação final do relatório.

Se há estes aspectos que exigem a atenção dos aplicadores, a metodologia apresentacaracterísticas que tornam muito atrativo seu emprego. Seu aspecto lúdico facilita a expressão deopiniões, abrevia e facilita o processo de empatia entre os aplicadores e o público diagnosticado. Oclima proporcionado pelas técnicas possibilita a redução de viéses mascaradores da expressão deopiniões. Os diagnosticados sentem-se mais “à vontade”; obtêm-se impressões de um grandenúmero de pessoas (não somente de um ou dois “bons” informantes") o que resulta em grandenúmero de informações de boa qualidade em tempo relativamente curto.

CONCLUSÕES

Do exposto acima ficam óbvias as principais conclusões do grupo com relação à utilização dodiagnóstico participativo na avaliação do Programa de Vilas Rurais por seus beneficiários:

i) a metodologia mostrou-se bastante eficiente e prática para que se apreendesse apercepção dos diagnosticados;

ii) ficou evidente a importância do nivelamento da equipe quanto aos procedimentos deanálise dos resultados durante as reuniões bem como à troca diária de impressões; e,

iii) mais difícil que aplicar as técnicas da metodologia é a postura adequada dosaplicadores que não podem descuidar-se de seu papel de facilitadores da expressãode opiniões daqueles de quem se busca a participação; caso contrário corre-se orisco de ter impressões contaminadas pelas idéias dos próprios aplicadores,comprometendo todo o trabalho, muitas vezes sem que se tenha consciência disto.Se isto ocorrer os aplicadores da metodologia estarão sendo manipuladores e nãofacilitadores. Nesse sentido, a condução da avaliação por uma equipe externapossibilitou a livre expressão de opiniões pelos vileiros.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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