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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL Martin Eduardo von Fruhauf Diagnóstico da Operacionalização da Logística Reversa no Município de Não-Me-Toque/RS Passo Fundo, 2013

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  • UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO

    FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA

    CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

    Martin Eduardo von Fruhauf

    Diagnóstico da Operacionalização da Logística Reversa no

    Município de Não-Me-Toque/RS

    Passo Fundo, 2013

  • 1

    Martin Eduardo von Fruhauf

    Diagnóstico da Operacionalização da Logística Reversa no

    Município de Não-Me-Toque/RS

    Trabalho de conclusão de curso apresentado ao

    curso de Engenharia Ambiental, como parte

    dos requisitos exigidos para obtenção do título

    de Engenheiro Ambiental.

    Orientador: Prof. Cleomar Reginatto, Mestre.

    Passo Fundo, 2013

  • 2

  • 3

  • 4

    Dedicatória

    Dedico este trabalho primeiramente a Deus que sempre

    me iluminou em todas as escolhas e decisões, às pessoas

    mais importantes da minha vida, meus pais, Vilson Von

    Fruhauf e Rosane Von Fruhauf, as minhas irmãs Daniela

    e Juleane e a minha namorada Priscila que sempre me

    apoiaram e estiveram ao meu lado. Muito obrigado por

    vocês estarem sempre presente em todos os momentos da

    minha vida, me oferecendo apoio, incentivo, amor e

    educação, amo vocês.

  • 5

    Agradecimentos

    Agradeço primeiramente a Deus por esse momento único e maravilhoso, o qual estou

    podendo vivenciar;

    Aos meus pais, Vilson e Rosane, minhas irmãs, Daniela e Juleane, pela confiança

    depositada em mim, pelo apoio e incentivo ao estudo mesmo em tempos de dificuldade;

    Aos meus familiares em especial aos meus avós, pelo apoio prestado;

    Aos amigos e colegas, fica o agradecimento por todos os momentos vividos junto a

    Universidade e fora dela também pelo companheirismo e amizade que não deixarão de existir;

    A minha namorada Priscila pelo carinho, companheirismo e compreensão que dedicou

    durante esse tempo de estudo;

    Ao meu orientador Professor Cleomar pelo empenho e dedicação na melhoria do

    trabalho;

    Aos meus professores da Universidade de Passo Fundo do curso de Engenharia

    Ambiental ao longo dos anos pelos ensinamentos transmitidos;

    Aos meus colegas do Departamento de Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de

    Não-Me-Toque pelos ensinamentos transmitidos para a vida profissional;

    A todos que de alguma forma me ajudaram e me apoiaram durante essa caminhada,

    meu MUITO OBRIGADO!

  • 6

    O êxito da vida não se mede pelo caminho que você

    conquistou, mas sim pelas dificuldades que superou no

    caminho.

    (Abraham Lincoln)

  • 7

    RESUMO

    Com a geração de resíduos cada vez maior, por todos os setores da sociedade, a adoção de

    técnicas que propiciem um melhor gerenciamento desses materiais são necessárias. Nesse

    contexto, visando melhorar o gerenciamento e disposição final dos resíduos sólidos, foi criada

    a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), através da Lei Federal 12.305/2010, que traz

    como um dos principais instrumentos a aplicação da logística reversa. Através deste

    instrumento, geradores de vários resíduos, passam a ter a responsabilidade pelo seu correto

    tratamento e destinação final, dentro de seu ciclo de vida permitindo sua reutilização,

    remanufatura ou reciclagem. A partir da ideia da Política Nacional de Resíduos, a cidade de

    Não-Me-Toque, criou uma legislação própria, para auxiliar na implantação da logística

    reversa. Assim este trabalho tem por objetivo diagnosticar os resíduos passiveis de serem

    enquadrados na Legislação tanto federal quanto municipal de logística reversa, como é o

    funcionamento desse processo e quais são as dificuldades da implantação, descrevendo a

    importância da sua aplicação, e expor resultados já efetivos de sua aplicação no município de

    Não-Me-Toque, RS. A metodologia utilizada foi a de aplicação de questionários bem como

    visitas as empresas para a quantificação dos resíduos, forma de acondicionamento e

    armazenamento, forma de destinação, as principais dificuldades para a implantação do

    sistema e sugestões das próprias empresas para o seu funcionamento. Os resultados obtidos

    demonstraram que ocorre no município uma grande geração de resíduos de óleo lubrificante

    usado e embalagens de agrotóxicos em comparação aos outros resíduos levantados. Alguns

    setores estão conseguindo a implementação da logística reversa no município, e assim, após a

    criação da PNRS e da Lei Municipal 3.974/2011 está crescendo no município tornando uma

    oportunidade de negócio pelas vantagens ambientais, econômicas pela redução de custos e

    melhoria da imagem das empresas.

    Palavras-chaves: Logística reversa, gerenciamento de resíduos, resíduos perigosos.

  • 8

    ABSTRACT

    The increased of the waste generation by all sectors of society, the adoption of techniques that

    provide better management of these materials are required. In this context, to improve the

    management and disposal of solid waste, was created the National Solid Waste Politic

    (PNRS), proposed by the Federal Law 12.305/2010, which brings as a major instrument the

    application of reverse logistics. Through this instrument, various waste generators, now have

    the responsibility for their proper treatment and disposal within its lifecycle allowing its reuse,

    remanufacturing or recycling. From the idea of the National Waste Political, the city of Não-

    Me-Toque, created its own law, to assist in the implementation of reverse logistics. So this

    paper aims to diagnose the waste liable to be covered by the legislation both federal and

    municipal reverse logistics, as is the operation of this process and what are the difficulties of

    implementation , describing the importance of its application , and expose results already

    effective its application in the municipality of Não-Me-Toque , RS. The methodology used

    was questionnaires and visits companies to quantify residues, form of packaging and storage

    form of allocation, the main difficulties to implement the system and suggestions of the

    companies themselves for their operation. The results showed that occurs in the city a great

    generation of waste lubricant oil and pesticide containers compared to other waste collected.

    Some sectors are managing the implementation of reverse logistics in the city, and so, after

    the creation of PNRS and Municipal Law 3.974/2011 is growing municipality in becoming a

    business opportunity by environmental, economic by reducing costs and improving the image

    of companies.

    Key-word: Reverse logistics, waste management, hazardous waste.

  • 9

    LISTA DE ILUSTRAÇÕES

    Figura 1: Geração de Resíduos Sólidos Industriais por região. ................................................ 20 Figura 2: Locais de disposição de resíduos industriais. ........................................................... 22 Figura 3: Logística Reversa - Área de Atuação. ....................................................................... 24 Figura 4: Posto de Recebimento em São Gabriel/RS. .............................................................. 34

    Figura 5: Central de Recebimento de Embalagens no Município de Giruá/RS. ...................... 35 Figura 6: Responsabilidade Compartilhada Lei 9974/00. ........................................................ 36 Figura 7: Volume de embalagens vazias de defensivos destinadas em toneladas.................... 37 Figura 8: Principais produtos gerados com a reciclagem de embalagens. ............................... 37 Figura 9: Localização das recicladoras do sistema impEV. ..................................................... 38

    Figura 10: Programa Jogue Limpo para a Destinação de OLUC. ............................................ 40

    Figura 11: Coleta de OLUC no Brasil. ..................................................................................... 41 Figura 12: Localização de Refinadores e Coletores Autorizados Pela ANP. ........................... 42

    Figura 13: Programa Papa-Pilhas Santander. ........................................................................... 44 Figura 14: Localização dos Pontos de Coleta do Programa Papa-pilhas. ................................ 44 Figura 15: Evolução do Programa Papa-pilhas. ....................................................................... 45 Figura 16: Ciclo de vida do pneu.............................................................................................. 46

    Figura 17: Pontos de coleta da Reciclanip no Brasil. ............................................................... 47 Figura 18: Embalagens de Óleo Lubrificantes. ........................................................................ 49

    Figura 19: Programa de Reciclagem de Embalagens de Lubrificantes. ................................... 50 Figura 20: Evolução do Programa Jogue Limpo. ..................................................................... 50 Figura 21: Tratamento de lâmpadas com mercúrio utilizado na Apliquim Brasil Recicle. ..... 52

    Figura 22: Estimativa da Geração de Resíduos eletroeletrônicos. ........................................... 56 Figura 23: Audiência Publica sobre a destinação de resíduos da logística reversa. ................. 59

    Figura 24: Representantes da administração Municipal e Ministério Público. ........................ 60 Figura 25: I Fórum Regional de Logística Reversa. ................................................................. 61

    Figura 26: Localização do município de Não-Me-Toque/RS. ................................................. 64

    IFigura 27: Comparativo PIB municipal, estadual e federal. ................................................... 66 Figura 28: Geração anual de resíduos da logística reversa. ...................................................... 70 Figura 29: Forma de acondicionamento dos resíduos. ............................................................. 71

    Figura 30: Forma de destinação dos resíduos. .......................................................................... 72 Figura 31: Periodicidade de coleta dos resíduos. ..................................................................... 72 Figura 32: Principais dificuldades encontradas na implantação da logística reversa. .............. 73

    Figura 33: Locais de disposição inadequada de resíduos eletroeletrônicos. ............................ 74 Figura 34: Campanha de recolhimento de resíduos eletroeletrônicos. ..................................... 75 Figura 35: Comparação das quantidades de resíduos recolhidos nas campanhas. ................... 76 Figura 36: Apoiadores da campanha de recolhimento de resíduos eletroeletrônicos............... 76

    Figura 37: Armazenamento de resíduo eletroeletrônico........................................................... 77 Figura 38: Disposição inadequada de lâmpadas fluorescentes. ................................................ 78 Figura 39: Campanha de recolhimento de lâmpadas fluorescentes. ......................................... 79 Figura 40: Locais de armazenamento de lâmpadas fluorescentes. ........................................... 80 Figura 41: Comparação da quantidade de lâmpadas fluorescente estimadas em questionário e

    recolhidas na campanha. .................................................................................................... 80 Figura 42: Comparação da geração de lâmpadas no setor industrial e comercial. ................... 82 Figura 43: Coletores de pilhas instalados em estabelecimentos comerciais. ........................... 83 Figura 44: Coleto de OLUC no município de Não-Me-Toque. ............................................... 84 Figura 45: Comparação da geração mensal de OLUC.entre os setores estudados. .................. 84 Figura 46: Disposição inadequada de embalagens de óleo lubrificantes. ................................ 85 Figura 47: Disposição inadequada de embalagens de agrotóxicos........................................... 86

  • 10

    Figura 48: Disposição inadequada de pneumáticos. ................................................................. 87 Figura 49: Coleta de pneumáticos no município. ..................................................................... 88

    Figura 50: Destinação dos pneumáticos ao Ecoponto credenciado pela Reciclanip. ............... 88 Figura 51: Comparação da quantidade de pneumáticos estimados em questionário e recolhidos

    na campanha. ..................................................................................................................... 89 Figura 52: Locais de armazenamento de pneumáticos. ............................................................ 90 Figura 53: Disposição inadequada de pneumáticos. ................................................................. 91

    Figura 54: Disposição inadequada de latas de tinta e solvente................................................. 92

  • 11

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1: Municípios que realizam o controle dos serviços de terceiros sobre o manejo de

    resíduos especiais em %. ................................................................................................... 19 Tabela 2: Quantidade de resíduos sólidos industriais gerados. ................................................ 19 Tabela 3: Geração de Resíduos Industriais por região e tipologia. .......................................... 20

    Tabela 4: Percentual Mínimo de Coleta de óleo Lubrificante Usado. ..................................... 41 Tabela 5: Metas para implantação progressiva do sistema de logística reversa de embalagens

    em geral. ............................................................................................................................. 53 Tabela 6: Metais Tóxicos presentes nos REEE ........................................................................ 55 Tabela 7: Dados populacionais do município de Não-Me-Toque/RS. ..................................... 65

    Tabela 8: Principais informações do município de Não-Me-Toque/RS................................... 66

    Tabela 9: Questionário sobre geração de resíduos da logística reversa. .................................. 68 Tabela 10: Quantificação da geração de resíduos da logística reversa..................................... 70

  • 12

    SUMÁRIO

    1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 14 1.1 Justificativa ................................................................................................................ 15 1.2 OBJETIVO GERAL .................................................................................................. 16 1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................... 16

    2 DESENVOLVIMENTO .................................................................................................... 17 2.1 Revisão Bibliográfica ................................................................................................ 17

    2.1.1 Resíduos sólidos no Brasil .................................................................................. 17 2.2 Logística Reversa ....................................................................................................... 22 2.3 Política Nacional de Resíduos sólidos ....................................................................... 25

    2.3.1 Legislações correlatas ......................................................................................... 28

    2.3.2 Nível Estadual .................................................................................................... 30 2.3.3 Nível Municipal .................................................................................................. 31

    2.4 Sistemas Implantados de Logística Reversa .............................................................. 32 2.4.1 Embalagens de Agrotóxicos ............................................................................... 32 2.4.2 Óleo Lubrificante Usado ou Contaminado (Oluc) ............................................. 39 2.4.3 Pilhas e Baterias ................................................................................................. 42

    2.4.4 Pneus ................................................................................................................... 45 2.5 Sistemas em implantação da logística reversa ........................................................... 48

    2.5.1 Embalagens plásticas de óleos lubrificantes ....................................................... 48 2.5.2 Lâmpadas Fluorescentes de Vapor de Sódio e Mercúrio e de Luz Mista .......... 51 2.5.3 Embalagens em Geral ......................................................................................... 53

    2.5.4 Eletroeletrônicos ................................................................................................. 54 2.5.5 Medicamentos ..................................................................................................... 57

    2.6 Atividades Desenvolvidas no Município Buscando Melhorar a Logística Reversa e Gerenciamento de Resíduos .................................................................................................. 58

    2.6.1 Criação da Lei Municipal sobre resíduos da logística reversa ........................... 58 2.6.2 I Fórum Regional de Logística Reversa ............................................................. 61

    2.7 Estudos de caso .......................................................................................................... 62 2.7.1 Logística Reversa: práticas e desafios aplicados ao Município de Frederico

    Westphalen, RS .................................................................................................................. 62 2.7.2 Logística Reversa para Lâmpadas Fluorescentes no Município de Franca, SP . 63

    2.8 Métodos e materiais ................................................................................................... 64

    2.8.1 Local de estudo ................................................................................................... 64 2.8.2 Levantamento de dados ...................................................................................... 67

    2.9 Resultados e discussões ............................................................................................. 68 2.9.1 Diagnóstico da Gestão dos Resíduos da Logística Reversa ............................... 68

    2.10 Visitas, campanhas de recolhimento e questionários. ................................................ 73 2.10.1 Resíduos eletroeletrônicos .................................................................................. 73 2.10.2 Lampadas Fluorescentes ..................................................................................... 78 2.10.3 Pilhas e Bateriais ................................................................................................ 82 2.10.4 Oléo Lubrificantes usado e suas embalagens ..................................................... 83

    2.10.5 Embalagens de Agrotóxicos ............................................................................... 86 2.10.6 Pneumáticos ........................................................................................................ 87 2.10.7 Embalagens de Tinta e Solventes ....................................................................... 91

    2.11 Educação ambiental ................................................................................................... 93 2.12 Propostas de Melhoria ............................................................................................... 93

    3 CONCLUSÕES ................................................................................................................. 95 3.1 Recomendações para trabalhos futuros ...................................................................... 96

  • 13

    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 97 ANEXO A .............................................................................................................................. 102

  • 14

    1 INTRODUÇÃO

    A crescente preocupação com a preservação dos recursos naturais e a pressão exercida

    com o desenvolvimento do país pelas indústrias, cada vez com uma maior produção,

    necessitam a adoção de técnicas que propiciem um melhor gerenciamento dos resíduos

    gerados. Nesse contexto a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) foi instituída pela

    Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010 regulamentada pelo Decreto Nº 7.404 de 23 de

    dezembro de 2010. Como idéias fundamentais dessa política estão inseridas a

    responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, a logística reversa e o acordo

    setorial.

    A logística reversa ainda é pouco difundida, mas é muito importante na realidade das

    empresas no que diz respeito ao descarte de materiais e retorno de embalagens reutilizáveis

    para o fornecedor gerando economia na disposição final dos resíduos. A logística reversa tem

    o objetivo de recapturar o valor do produto na suas disposição final de diversas maneiras

    como econômico, ecológico, legal, logístico, de imagem corporativa, e por isso, pode trazer

    contribuições para o desenvolvimento sustentável. (NOVAES 2007)

    Conforme demonstrado por César e Neto (2007), atualmente a logística está saindo da

    condição de centro de custo para uma área de agregação de valor, pois com os conceitos

    modernos de manufatura e distribuição a logística está modificando a área do conhecimento a

    qual irá trazer grande competitividade às empresas.

    No município de Não-Me-Toque/RS ainda vem ocorrendo descartes desse tipo de resíduo

    em locais inapropriados, onde compromete o equilíbrio do meio ambiente por esse resíduo ser

    na sua maioria perigoso e tóxico. São exemplos as lâmpadas fluorescentes que contem

    mercúrio na suas composição, embalagens de agrotóxicos que mesmo depois de lavadas ainda

    podem conter algum traço de produto, pilhas e baterias que podem conter metais pesados,

    óleos lubrificantes usados que causam um grande problemas de contaminação quando entram

    em contato com recursos hídricos e em solos e no caso de depósitos irregulares de pneus o

    problema de criação do mosquito da dengue pelo acumulo de água parada e em alguns casos

    onde ocorre a queima desses pneus causando uma grave contaminação do ar pelos gases

    provenientes da queima.

    A Legislação sobre o tema já existe e está em vigor, mas as empresas por um

    desconhecimento do tema, faltam de fiscalização mais especifica ou até pelas dificuldades

    com a operacionalização da logística reversa, não estão implantando nas suas empresas.

  • 15

    Assim não se tem muitos dados sobre o cumprimento da legislação tanto municipal como

    federal relacionada ao gerenciamento e responsabilidade compartilhada dos resíduos

    perigosos que obrigatoriamente devem implementar o sistema de logística reversa.

    1.1 Justificativa

    Este trabalho se justifica para compreender melhor como os setores comerciais e

    industriais do município de Não-Me-Toque estão implementando a legislação nacional e a

    municipal sobre a logística reversa e compreender as suas principais dificuldades, dos

    fabricantes em receber os seus resíduos novamente, completando o ciclo da logística reversa.

    Na cidade de Não-Me-Toque/RS foi aprovada a Lei Municipal nº 3.974 de 29 de

    novembro de 2011, que regulamenta as responsabilidades e procedimentos relacionados à

    logística reversa de resíduos especiais no município. A lei segue os moldes da Lei Federal nº

    12.305 e obriga o comércio e a indústria a receberem determinados produtos pós-consumo

    para destinar ao fabricante ou dar um destino ambientalmente correto aos mesmos.

    Os materiais relacionados na lei são: pneumáticos; pilhas e baterias; lâmpadas;

    embalagens de tintas, solventes e óleos lubrificantes; equipamentos e componentes

    eletrônicos; resíduos de agrotóxicos e suas embalagens, assim como outros produtos cuja

    embalagem contenha resíduo perigoso. (LEI MUNICIPAL 3.974/11)

    A criação desta lei foi proposta em audiência pública, realizada em junho de 2011,

    durante a semana do meio-ambiente. Na ocasião, o Ministério Público deu prazo para que o

    município implantasse o sistema de logística reversa, além de ter convocado todos os

    representantes dos setores comercial, empresarial, industrial e de serviços, explicando a todos

    como seria o funcionamento da lei e da própria logística reversa.

    Vale salientar que a cidade de Não-Me-Toque é pioneira, sendo um dos primeiros

    municípios do Estado a regulamentar a destinação correta de resíduos especiais com potencial

    poluidor e que não podem ser descartados junto ao lixo doméstico.

    Com o intuito de fomentar a destinação correta dos resíduos da logística reversa,

    foram realizadas no ano de 2011 e 2012 as campanhas denominadas “Mutirão do Lixo

    Eletrônico”, que objetivou o recolhimento de 3.563 itens (informática, telefonia, eletrônicos e

    linha branca).

    Em 2012 foi realizada campanha de recolhimento das lâmpadas fluorescentes em

    parceria com o setor privado e a população. A empresa contratada para receber 7.000

    lâmpadas fluorescentes inteiras foi a Apliquim Brasil Recicle, sob o valor unitário de R$ 1,06,

  • 16

    totalizando R$7.420,00. Além disso, foram cobradas 05 taxas de descarte no valor de

    R$350,00 cada uma, totalizando R$ 1.750,00. Essa taxa de descarte é referente aos custos

    variáveis específicos de cada descarte, tais como: logísticos, de repasse, de faturamento,

    emissão de certificados, etc. A prefeitura fez o pagamento das lâmpadas recolhidas da

    população e as empresas pagaram sua parte. (DMMA, 2012)

    Com a lei aprovada e em vigor, pretende-se verificar a atual situação e orientar os

    representantes de todos os setores em relação à forma de proceder frente à lei municipal de

    logística reversa, atendendo também aos instrumentos da Política nacional de resíduos

    sólidos.

    Com a implementação da Lei as empresas do município terão os benefícios de

    economia com a destinação final dos seus resíduos, diminuindo assim o passivo ambiental

    decorrente.

    1.2 OBJETIVO GERAL

    O objetivo geral do trabalho será verificar e auxiliar na implantação da legislação

    nacional e Municipal, referente à logística reversa no Município de Não Me Toque-RS.

    1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

    Verificar a atual situação de disposição dos resíduos perigosos, passíveis de serem

    inseridos na logística reversa no município.

    Verificar o cumprimento da lei municipal de Logística reversa dos resíduos perigosos.

    Propor ações para implementação da logística reversa no município, para os resíduos

    relacionados na lei, que ainda não estão sendo efetivados.

    Propor ações para melhorar a logística reversa dos resíduos perigosos no município.

  • 17

    2 DESENVOLVIMENTO

    2.1 Revisão Bibliográfica

    2.1.1 Resíduos sólidos no Brasil

    Os últimos cinquenta anos o Brasil se transformou de um país agrário em um país

    urbano, concentrando. Em 2010, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

    (IBGE), cerca de 85% de sua população vive em áreas urbanas e o crescimento das cidades

    brasileiras não foi acompanhado pela provisão de infraestrutura e de serviços urbanos, entre

    eles os serviços públicos de saneamento básico, que incluem o abastecimento de água potável;

    a coleta e tratamento de esgoto sanitário; a estrutura para a drenagem urbana e o sistema de

    gestão e manejo dos resíduos sólidos (LEI FEDERAL 11.445/2007).

    A geração crescente de resíduos sólidos nos aglomerados urbanos constitui um grave

    problema socioambiental, que resulta dos padrões atuais insustentáveis de produção e

    consumo, e que provoca impactos ambientais e de saúde pública que precisam ser enfrentados

    (BESEN, 2006).

    Segundo Bringhenti, 2004, a gestão e a disposição inadequada dos resíduos sólidos

    ocasionam impactos socioambientais como à degradação do solo, o comprometimento dos

    corpos d’água e mananciais, a contribuição para a poluição do ar e proliferação de vetores de

    importância sanitária nos centros urbanos, a catação de lixo em condições insalubres nos

    logradouros públicos e nas áreas de disposição final. Portanto, a produção excessiva de

    resíduos sólidos e o uso insustentável dos recursos naturais configuram-se numa lógica

    destrutiva e num risco para a sustentabilidade do planeta, cuja reversão depende da

    modificação das atitudes e práticas individuais e coletivas (FERREIRA, 2006).

    O crescente desenvolvimento industrial, a urbanização e intensificação das grandes

    obras de engenharia, resultaram no aumento significativo na geração de resíduos, em suas

    mais diferenciadas formas, apresentando uma ameaça ao meio ambiente. Os recursos naturais,

    que em tempos passados eram vistos como inesgotáveis, apresentaram vulnerabilidade devido

    ao desenvolvimento descontrolado da revolução industrial (WIEMES, 1999).

    Um dos maiores problemas enfrentados pela sociedade atual é devido aos resíduos

    sólidos gerados nas diversas atividades humanas. A geração anual de resíduos Brasil é de

    aproximadamente 230 milhões de toneladas, sendo que desse total, apenas 13% é reciclado

    (SCANAVACA JUNIOR, 2012).

  • 18

    Os resíduos sólidos são classificados a partir da Norma da ABNT, NBR Nº 10.004 de

    2004 como: Resíduo perigoso (Classe I); Não Perigoso (Classe II); Não inertes (Classe II A) e

    Inertes (Classe II B). Os resíduos perigosos são classificados por suas propriedades físicas,

    químicas ou infecto-contagiosas, podem apresentar risco a saúde pública, provocando

    mortalidade, incidência de doenças ou acentuando seus índices ou riscos ao meio ambiente,

    quando o resíduo for gerenciado de forma inadequada.

    Os resíduos não perigosos são os que não apresentam risco, onde são divididos em

    não inertes que podem ter propriedades de biodegradabilidade, combustibilidade ou

    solubilidade em água e os inertes que em contato com a água a temperatura ambiente, não

    apresentam nenhum constituinte solubilizado aos padrões de potabilidade de água,

    excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor

    A Política Nacional de Resíduos Sólidos instituída pela Lei 12.305/10 e pelo Decreto

    7.404, após duas décadas de um amplo debate entre governo, setor acadêmico, setor produtivo

    e entidades civis, a lei que estabeleceu um marco para a sociedade brasileira no que toca à

    questão ambiental, com destaque para uma visão avançada na forma de tratar a gestão dos

    resíduos sólidos no país. Traz uma concepção de vanguarda, ao priorizar e compartilhar, com

    todas as partes relacionadas ao ciclo de vida de um produto, a responsabilidade pela gestão

    integrada e pelo gerenciamento ambientalmente adequados dos resíduos sólidos. Dessa forma,

    o setor público, iniciativa privada e população ficam sujeitos à promoção do retorno dos

    produtos às indústrias após o consumo e obriga o poder público a realizar planos para o

    gerenciamento de resíduos.

    A lei preconiza as determinações de que até 2014 não devem mais existir lixões a céu

    aberto no Brasil onde devem ser criados aterros sanitários onde só poderão ser encaminhados

    o material restante após esgotadas todas as possibilidades de reuso e reciclagem. Apenas 10%

    dos resíduos sólidos são rejeitos. A maior parte do restante é de matéria orgânica, que pode

    ser reaproveitada em compostagem e transformada em adubo; ou materiais recicláveis, que

    devem ser devidamente separados através da coleta seletiva. (ABDI, 2012)

    A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico – PNSB (IBGE, 2010) revelou que dos

    5.564 municípios brasileiros, apenas 2.937 (52,79%) exercem controle sobre o manejo de

    resíduos especiais os quais seriam resíduos de serviços de saúde, industriais, construção civil,

    pilhas e baterias, lâmpadas fluorescentes, pneumáticos e embalagens de agrotóxicos.

    Na pesquisa, foram disponibilizadas as informações sobre os pneumáticos, pilhas,

    baterias e lâmpadas fluorescentes. Assim, foi destacada a porcentagem de municípios que

    exercem controle sobre estes resíduos, como apresentado na tabela 01.

  • 19

    Tabela 1: Municípios que realizam o controle dos serviços de terceiros sobre o manejo de

    resíduos especiais em %.

    Tipos de resíduos Municípios que exercem o controle sobre resíduos especiais

    Pneumáticos 25,81

    Pilhas e baterias 10,99

    Lâmpadas fluorescentes 9,46

    Fonte: PNSB (IBGE, 2010).

    No estado do Rio Grande do Sul a licitação para a contratação da consultoria que irá

    elaborar o Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) está em fase final. O PERS vai apontar

    sugestões para melhores práticas e métodos de gestão dos resíduos sólidos, esperando ter um

    diagnóstico da gestão dos resíduos gerados em todas as regiões do Estado em suas diversas

    tipologias, onde serão viabilizadas propostas de novos modelos de gerenciamento dos

    materiais, que priorizem os programas de geração de postos de trabalho a partir da

    reciclagem. Além disso, facilitará a implantação de projetos compartilhados entre municípios

    por meio de consórcios públicos de saneamento. (ABES-RS, 2013)

    Para o diagnóstico da geração de resíduos industriais foi realizado pela Fundação

    Estadual de Proteção Ambiental – FEPAM, um inventário onde são apresentados dados sobre

    a geração e a destinação de resíduos perigosos ( Classe I ) e resíduos não inertes ou não

    perigosos ( Classe II ), das indústrias localizadas no estado do Rio Grande do Sul, obtidos

    através das Planilhas Trimestrais de Resíduos Sólidos Industriais Gerados, obtidas nos

    processos de licenciamento ambiental. Na tabela 2 são apresentados os dados resíduos

    perigosos e não perigosos no Rio Grande do Sul.

    Tabela 2: Quantidade de resíduos sólidos industriais gerados.

    Fonte: Fepam, 2003.

    No inventário de geração de resíduos industriais elaborado pela FEPAM no ano de

    2002 a região do Alto Jacuí contribuía com cerca de 3.199 toneladas/ano de resíduos Classe I

    e 18.040 toneladas/ano de resíduos Classe II, conforme ilustra a Tabela 03. Já na figura 01 são

  • 20

    apresentados os dados de geração de resíduos por regiões, enfatizando a região Alto Jacuí em

    que se encontra a cidade de Não-Me-Toque.

    Tabela 3: Geração de Resíduos Industriais por região e tipologia.

    Fonte: Fepam, 2002.

    Figura 1: Geração de Resíduos Sólidos Industriais por região.

    Fonte: Fepam, 2002.

    As atividades industriais do município de Não-Me-Toque realizam sua própria gestão

    dos resíduos como condicionante de suas licenças ambientais, e tem o controle de

    procedimentos de geração, armazenamento interno, transporte interno e externo e destino

    final, gerando volumes expressivos de resíduos industrias, tanto Classe I quanto Classe II

    (NBR 10.004:04). Não há, contudo números atuais mais precisos quanto às quantidades. A

  • 21

    livre iniciativa faz com que as empresas estabeleçam relacionamento com diversas empresas

    prestadoras de serviços e centrais de disposição final licenciadas.

    No município de Não-Me-Toque/RS conforme dados apresentados pelo Plano

    Municipal de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos, a gestão dos resíduos é realizada

    tanto pelo município como por empresas terceirizadas, conforme demandas associadas aos

    diferentes tipos de resíduos gerados. (PGIRSU, 2013)

    As maiores dificuldades encontram-se associadas ao modelo de gestão, composto de

    pequena estrutura operacional que recebe o apoio logístico de empresas terceirizadas. A

    Secretaria de Obras e Saneamento realiza os cuidados de parcela dos resíduos de limpeza

    púbica, como varrição, roçada, entulhos até 1m3, recolhimento de galhos e poda; a Secretaria

    da Saúde coordena os procedimentos associados aos resíduos dos serviços de saúde (RSS); o

    Departamento de Meio Ambiente vinculado a Secretaria da Agricultura realiza diversas ações

    e programas associados aos resíduos da logística reversa, óleos usados, entre outras ações.

    Quanto aos resíduos domésticos não há uma unidade receptora para tratamento dos

    materiais recolhidos, remetendo-se após a coleta para a unidade de reciclagem e aterro da

    Empresa SIMPEX situada no município de Palmeira das Missões. A unidade possui

    licenciamento da FEPAM. Essa situação evidencia as maiores dificuldades da gestão do

    sistema, uma vez que os resíduos recicláveis, orgânicos e rejeitos são transportados a mais de

    120 Km de distância da sede, repercutindo num custo médio anual próximo a um milhão de

    reais. Na área do aterro opera unidade de separação e triagem composta por 45 trabalhadores

    que realizam as atividades junto as esteiras rotativas. O trabalho possibilita a recuperação dos

    triáveis como papel, papelão, plásticos, vidros, sucatas ferrosas e não ferrosas, entre outras. O

    aterro sanitário em questão possui estação de tratamento para seus efluentes e queima dos

    gases gerados pela decomposição da fração orgânica contida através de queimadores de gás

    (flares).

    No município de Não-Me-Toque os resíduos são divididos entre Recicláveis e

    Orgânicos, Entulhos e Rejeitos. Em média são gerados mensalmente 460 ton de resíduos

    recicláveis e 115 ton de orgânicos, entulhos e rejeitos, ou seja, 575 toneladas/mês de resíduos.

    Desse total 80% caracterizam-se como recicláveis, portanto passíveis de devolução ao ciclo

    produtivo. (PGIRSU, 2013)

    As atividades industriais de Não-Me-Toque realizam o controle próprio dos

    procedimentos de geração, armazenamento interno, transporte interno e externo e destino final

    dos resíduos gerados no processo produtivo. Não há, contudo números atuais mais precisos

    quanto às quantidades. A livre iniciativa faz com que as empresas estabeleçam

  • 22

    relacionamento com diversas empresas prestadoras de serviços e centrais de disposição final

    licenciadas. As atividades de grande porte possuem sistemas de separação mais qualificados,

    utilizando empresas terceirizadas e possuindo assessoria técnica especializada. Empresas de

    pequeno porte apresentam diversos problemas associados aos procedimentos de separação e

    armazenamento internos. Constataram-se irregularidades na forma de acondicionamento dos

    resíduos perigosos e com possibilidade de aproveitamento, sendo mantidos em áreas

    descobertas e sem piso. Há importantes iniciativas para segregação interna, necessitando de

    adequada orientação e ajustes técnicos, com o correto armazenamento e locais protegidos. Os

    resíduos industriais são transportados por empresas prestadoras de serviços para unidades

    receptoras licenciadas situadas em Estância Velha (UTRESA), Chapecó (CETRIC) e Bento

    Gonçalves (PROAMB). Não há atividades de disposição final de resíduos industriais no

    município de Não-Me-Toque. (PGIRSU, 2013). A figura 02 demonstra os locais onde ocorre

    a disposição dos resíduos nas indústrias do município.

    Figura 2: Locais de disposição de resíduos industriais.

    Fonte: Prefeitura Municipal de Não-Me-Toque/RS, 2013.

    No município há grande concentração de oficinas e mecânicas associadas às atividades

    agrícolas e de implementos, portanto com elevada geração de resíduos, e assim, verifica-se a

    necessidade de qualificação dos procedimentos de separação, acondicionamento em área

    coberta e destinação adequada dos resíduos, principalmente dos empreendimentos de pequeno

    e médio porte associados ao setor de prestação de serviços, como oficinas e mecânicas.

    2.2 Logística Reversa

    O ciclo de vida de um produto inicia-se com a extração da matéria prima passando

    pela indústria, onde ocorre sua produção, pela rede de distribuição, pelo consumidor e por fim

    para sua destinação final como resíduo. Como organizador desse ciclo surge a Logística, que

    pode ser definida como o planejamento, controle do fluxo e armazenagem dos produtos, assim

  • 23

    como a implementação dos processos, informações e serviços associados a esse caminho e

    por ser um ciclo aberto todo material dito como resíduo é descartado e em muitos casos de

    forma incorreta em depósitos irregulares sem o mínimo controle ambiental. Diante disso se

    viu a necessidade da elaboração de políticas e programas para descartes adequado desses

    resíduos, e um dos meios para isso é através da logística reversa.

    A logística reversa vem ganhando cada vez mais importância na área empresarial, mas

    ainda é relativamente nova principalmente para as empresas e até a sociedade em geral.

    Segundo Leite (2003), o aumento do interesse nesse ramo se deu pela crescente preocupação

    com o cumprimento de requisitos ambientais na destinação correta dos resíduos e acima disso,

    com a preocupação de atender aos desejos dos clientes ganhando mais credibilidade, podendo

    ter um retorno com o aumento das vendas dos produtos e também ganhar destaque no

    mercado. Com relação ao meio ambiente, através das legislações ambientais, as empresas têm

    obrigação de dar o destino correto dos resíduos provenientes da sua produção, e ainda pela

    possibilidade de geração de novos centros de lucratividade.

    Conforme Mourão e Seo (2012), a LR deve ser bem estruturada e no Brasil ainda

    encontra-se nas etapas burocráticas de aprovação do Acordo Setorial nessa estruturação da LR

    de lâmpadas fluorescentes, entre outros desafios a serem enfrentados, associados à falta de

    informações que caracterize este setor, à pequena quantidade de estudos sobre lâmpadas

    fluorescentes e ainda, poucos os exemplos de logística reversa já praticada no Brasil. Outro

    desafio se refere às distâncias a serem enfrentadas entre as distribuidoras de lâmpadas,

    recicladoras e consumidores ressaltando que muitas das licenças, normativas de segurança e

    controles ambientais, necessárias para o transporte de resíduos perigosos, variam entre os

    estados brasileiros, dificultando ainda mais a padronização da logística. A legislação ainda

    prevê que os pontos de venda deverão armazenar as lâmpadas, antes de enviá-las às

    distribuidoras ou diretamente para as recicladoras o que se torna um grande desafio, pois os

    pontos de venda atuais, não possuem espaço físico disponível e apropriado para o

    armazenamento desses resíduos perigosos.

    Aplicando a LR, as empresas criam uma imagem diferenciada, com novas

    oportunidades de lucros através da introdução das preocupações ambientais em sua estratégia

    corporativa, e buscam constantemente por produtos e processos mais eficientes visando o

    desenvolvimento sustentável (LEITE, 2000). Na figura 03 é representada a área de atuação da

    logística reversa.

  • 24

    Figura 3: Logística Reversa - Área de Atuação.

    Fonte: Leite, 2003.

    Segundo Andrade, Ferreira e Santos (2009), os principais fatores que motivam as

    empresas a implementar a logística reversa são: legislação, razões competitivas, melhoria da

    imagem coorporativa, revalorização econômica, renovação de estoques, ganhos econômicos,

    responsabilidade sócio-ambiental, recuperação de ativos e/ou de valor, e prestação de serviços

    diferenciados. A logística reversa alem de gerar ganhos econômicos leva muitas empresas a

    buscarem oportunidades inovadoras e competitivas, que as tornam um diferencial no mercado

    pela sua estratégia de gestão ambiental planejando e controlando todo o ciclo de vida de seu

    produto objetivando relacionar tópicos como: redução; conservação da fonte; reciclagem;

    substituição; e descarte às atividades logísticas tradicionais de compras, como suprimentos,

    tráfego, transporte, armazenagem, estocagem e embalagem.

    Leite (2003) amplia o conceito de logística reversa e a define como Área da logística

    empresarial que planeja, opera e controla o fluxo e as informações logísticas correspondentes,

    do retorno dos bens de pós-venda e de pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo

    produtivo, por meio dos canais de distribuição reversos, agregando-lhes valor de diversas

    naturezas: econômico, ecológico, legal, logístico, de imagem corporativa, entre outras.

    Adlmaier e Sellitto (2007) complementam a definição de Leite (2003), conceituando LR

    como:

    Entendemos a Logística Reversa como a área da logística empresarial

    que planeja, opera e controla o fluxo e as informações logísticas

    correspondentes, do retorno dos bens de pós-venda e de pós-consumo

    ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo, por meio de canais de

    distribuição reversos, agregando-lhes valor de diversas naturezas:

  • 25

    econômico, ecológico, legal, logístico, de imagem coorporativa, entre

    outros (LEITE, 2003, P.16-17).

    Stock (1998), com relação à LR, engloba também aspectos ligados à redução e ao

    reaproveitamento de materiais, alegando que é o termo comumente utilizado para se referir ao

    papel da logística no retorno de produtos, redução na fonte, reciclagem, substituição de

    materiais, reuso de matérias, disposição de resíduos, reforma, reparo e remanufatura.

    Para Lacerda (2009), os materiais onde se é possível a aplicação da logística reversa

    são divididos entre as embalagens e os produtos e alguns fatores, considerados críticos, devem

    ser analisados e estudados com cuidado para que a logística reversa tenha sucesso, como:

    bons controles de entrada, para que não haja confusão com os tipos de materiais que seguirão

    cada fluxo (revenda, reciclagem, recondicionamento); padronização e mapeamento de

    processos, para manter a qualidade nos serviços; redução do tempo de ciclos, tempo da

    identificação da necessidade até seu efetivo processamento, evitando os aumentos de custos;

    sistema de informação onde ocorra o controle todos esses fatores, deixando o processo mais

    eficiente; e rede logística planejada, já que com a falta de planejamento, a qualidade do

    serviço é afetada.

    Tratada como obrigação ou como forma de redução de custos, a logística reversa,

    quando regulamentada através da legislação torna o fabricante gerador do passivo e assim

    obrigado a dar a destinação correta através do recolhimento do seu resíduo. Porém cabe a

    todos os agentes envolvidos, a educação ambiental para atingir os usuários finais dos produto,

    tornado o processo eficiente.

    Conforme Arend e Oliveira (2011), não existe uma metodologia genérica para a

    implantação da logística reversa, sendo complexo por levar em conta diversas características

    do setor produtivo e na empresa onde se quer implementar. Devem se levar em conta os

    fatores como o escopo da implantação, canais logísticos já existentes, mercados atendidos,

    distância de transporte, existência de recicladores na região, entre outras informações

    relevantes.

    2.3 Política Nacional de Resíduos sólidos

    A Política Nacional de Resíduos Sólidos lei 12.305/10 apresenta suas próprias

    definições para a Logística Reversa de pós- consumo e de responsabilidade compartilhada

    conforme Art. 30, como instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado

  • 26

    por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a

    restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou

    em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada e a

    responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos que deve ser implementada de

    forma individualizada e encadeada, abrangendo os fabricantes, importadores, distribuidores e

    comerciantes, os consumidores e os titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de

    manejo de resíduos sólidos, consoante as atribuições e procedimentos previstos nesta.

    O Artigo 33 define a obrigação de estruturar e implementar sistemas de logística

    reversa, mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de forma independente

    do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, os fabricantes,

    importadores, distribuidores e comerciantes de agrotóxicos, seus resíduos e embalagens,

    assim como outros produtos cuja embalagem, após o uso, constitua resíduo perigoso, pilhas e

    baterias, pneus, óleos lubrificantes e seus resíduos e embalagens, lâmpadas fluorescentes que

    contenham vapor de sódio e mercúrio e de luz mista, produtos eletroeletrônicos e seus

    componentes.

    Pelas normas estabelecidas, acordos setoriais e termos de compromisso firmados entre

    o poder público e o setor empresarial, cabe aos fabricantes, importadores, distribuidores e

    comerciantes dos produtos tomar todas as medidas necessárias para assegurar a

    implementação e operacionalização do sistema de logística reversa implantar procedimentos

    de compra de produtos ou embalagens usados, postos de entrega de resíduos reutilizáveis e

    recicláveis e atuar em parceria com cooperativas ou outras formas de associação de catadores

    de materiais reutilizáveis e recicláveis.

    A lei também estabelece que os consumidores deverão efetuar a devolução após o uso,

    aos comerciantes ou distribuidores, dos produtos e das embalagens, os comerciantes e

    distribuidores deverão efetuar a devolução aos fabricantes ou aos importadores dos produtos e

    embalagens reunidos ou devolvidos e os fabricantes e os importadores deverão dar a

    destinação ambientalmente adequada aos produtos e às embalagens reunidos ou devolvidos,

    sendo o rejeito encaminhado para a disposição final ambientalmente adequada, na forma

    estabelecida pelo órgão competente do Sisnama e, se houver, pelo plano municipal de gestão

    integrada de resíduos sólidos.

    A PNRS coloca o sistema de logística reversa como um instrumento dependente da

    responsabilidade compartilhada dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes

    pelo ciclo de vida dos produtos, sendo esses responsáveis pelo retorno dos produtos após o

  • 27

    uso pelo consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana e pelo

    manejo dos resíduos sólidos.

    O Decreto No

    7.404 surgiu em 2010 para regulamentar a PNRS definindo que a LR

    será implementada e operacionalizada por meio de acordos setoriais, regulamentos expedidos

    pelo Poder Público ou por meio de termos de compromisso.

    Os acordos setoriais devem ser firmados entre o Poder Público e os fabricantes,

    importadores, distribuidores ou comerciantes para a implantação da responsabilidade

    compartilhada pelo ciclo de vida do produto, dando a liberdade de inicio a qualquer um dos

    agentes por meio de abertura de editais de chamamento ou apresentação de proposta formal.

    Os regulamentos são formulados por decreto editado pelo Poder Executivo, precedidos de

    consulta pública e implantam diretamente a LR. Os termos de compromisso são celebrados

    pelo Poder Público com os fabricantes, importadores, distribuidores ou comerciantes, devem

    ser homologados pelo órgão ambiental competente e visam o estabelecimento da LR quando

    não houver um acordo setorial ou regulamento específico ou para a fixação de compromissos

    e metas mais exigentes que o previsto em acordo setorial ou regulamento (SPERANZA,

    2013).

    O decreto ainda prevê a criação do Comitê Interministerial da Política Nacional de

    Resíduos Sólidos e do Comitê Orientador para a Implantação dos Sistemas de Logística

    Reversa, devendo ser composto por: Ministro de Estado do Meio Ambiente; Ministro de

    Estado da Saúde; Ministro de Estado do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior;

    Ministro de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; e Ministro de Estado da

    Fazenda.

    Segundo o Ministério do Meio Ambiente, o comitê foi instalado em 17 de fevereiro de

    2011 pelo Governo Federal, com a finalidade de definir as regras para devolução dos resíduos

    à indústria (limitando-se aquilo que tem valor econômico e pode ser reciclado ou reutilizado),

    para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, sendo destes, quatro

    grupos que já estão implantados e outros cinco em faze de implantação (MMA, 2013).

  • 28

    2.3.1 Legislações correlatas

    2.3.1.1 Nível Federal

    Lei Federal nº 12.305, DE 2 DE AGOSTO DE 2010: Institui a Política Nacional de

    Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras

    providências;

    DECRETO FEDERAL 7.404/10, DE 23 DE DEZEMBRO DE 2010: Regulamenta a

    Lei no 12.305, de 2 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos

    Sólidos, cria o Comitê Interministerial da Política Nacional de Resíduos Sólidos e o

    Comitê Orientador para a Implantação dos Sistemas de Logística Reversa, e dá outras

    providências;

    Lei Federal 6938, de 31 de agosto de 1981: Dispõe sobre a Política Nacional do Meio

    Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras

    providencias;

    Lei Federal 7802, de 11 de julho de 1989: Dispõe sobre a pesquisa, a experimentação,

    a produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a

    comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a exportação, o

    destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a

    inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras

    providências.

    Lei Federal 9974 de 06 de junho de 2000: Altera a Lei 7.802, de 11 de julho de 1989,

    que dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem,

    o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a

    utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o

    registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus

    componentes e afins, e dá outras providências.

    DECRETO FEDERAL Nº 5.940, DE 25 DE OUTUBRO DE 2006: Institui a

    separação dos resíduos recicláveis descartados pelos órgãos e entidades da

    administração pública federal direta e indireta, na fonte geradora, e a sua destinação às

    associações e cooperativas dos catadores de materiais recicláveis, e dá outras

    providências;

    http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7802.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9974.htm#art1

  • 29

    RESOLUÇÃO CONAMA Nº 416, DE 30 DE SETEMBRO DE 2009: Dispõe sobre a

    prevenção à degradação ambiental causada por pneus inservíveis e sua destinação

    ambientalmente adequada, e dá outras providências;

    RESOLUÇÃO CONAMA Nº 401, DE 4 DE NOVEMBRO DE 2008: Estabelece os

    limites máximos de chumbo, cádmio e mercúrio para pilhas e baterias comercializadas

    no território nacional e os critérios e padrões para o seu gerenciamento

    ambientalmente adequado, e dá outras providências;

    RESOLUÇÃO CONAMA Nº 373, DE 9 DE MAIO DE 2006: Define critérios de

    seleção de áreas para recebimento do Óleo Diesel com o Menor Teor de Enxofre-

    DMTE, e dá outras providências;

    RESOLUÇÃO CONAMA Nº 362, DE 23 DE JUNHO DE 200: Dispõe sobre o

    recolhimento, coleta e destinação final de óleo lubrificante usado ou contaminado;

    RESOLUÇÃO CONAMA N.º 307, DE 05 DE OUTUBRO DE 2002: Estabelece

    diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil;

    RESOLUÇÃO CONAMA N.º 313, DE 29 DE OUTUBRO DE 2002: Dispõe sobre o

    Inventário Nacional de Resíduos Sólidos Industriais;

    RESOLUÇÃO CONAMA N.º 316, DE 29 DE OUTUBRO DE 2002: Dispõe sobre

    procedimentos e critérios para o funcionamento de sistemas de tratamento térmico de

    resíduos;

    RESOLUÇÃO CONAMA N.º 308, DE 21 DE MARÇO DE 2002: Licenciamento

    Ambiental de sistemas de disposição final dos resíduos sólidos urbanos gerados em

    municípios de pequeno porte;

    RESOLUÇÃO CONAMA 275 de 25 de abril de 2001: Estabelece o código de cores

    para diferentes tipos de resíduos;

    RESOLUÇÃO CONAMA N.º 23, DE 12 DE DEZEMBRO DE 1996: Regulamenta a

    importação e uso de resíduos perigosos;

    RESOLUÇÃO CONAMA Nº 05, DE 05 DE AGOSTO DE 1993: Dispõe sobre o

    gerenciamento de resíduos sólidos oriundos de serviços de saúde, portos e aeroportos,

    terminais ferroviários e rodoviários;

    PORTARIA MMA Nº 31, DE 23 DE FEVEREIRO DE 2007: Instituir Grupo de

    Monitoramento Permanente para o acompanhamento da Resolução CONAMA n.º

    362, de 23 de junho de 2005, que dispõe sobre o recolhimento, a coleta e a destinação

    final de óleo lubrificante usado ou contaminado.

  • 30

    Norma da ABNT – NBR 1.183 – Armazenamento de Resíduos Sólidos Perigosos;

    Norma da ABNT – NBR 7.500 – Símbolos e risco e manuseio para o transporte e

    armazenamento de materiais;

    Norma da ABNT – NBR 10.004 – Resíduos Sólidos – Classificação;

    Norma da ABNT – NBR 10.005 – Lixiviação de Resíduos – Procedimento;

    Norma da ABNT – NBR 10.006 – Solubilização de Resíduos – Procedimento;

    Norma da ABNT – NBR 10.007 – Amostragem de Resíduos – Procedimento;

    Norma da ABNT – NBR 11.174 – Armazenamento de resíduos classe II – não inertes

    e III - inertes;

    Norma da ABNT – NBR 12.235 – Procedimentos para o Armazenamento de Resíduos

    Sólidos Perigosos;

    Norma da ABNT – NBR 12.980 – Coleta, varrição e acondicionamento de resíduos

    sólidos urbanos;

    Norma da ABNT – NBR 13.221 – Transporte de resíduos;

    Norma da ABNT – NBR 13.463 – Coleta de resíduos sólidos – classificação.

    2.3.2 Nível Estadual

    LEI ESTADUAL Nº 13.306, DE 02 DE DEZEMBRO DE 2009: Introduz modificação

    na Lei nº 11.019, de 23 de setembro de 1997, que dispõe sobre o descarte e destinação

    final de pilhas que contenham mercúrio metálico, lâmpadas fluorescentes, baterias de

    telefone celular e demais artefatos que contenham metais pesados no Estado do Rio

    Grande do Sul;

    LEI ESTADUAL Nº 12.381, DE 28 DE NOVEMBRO DE 2005: Altera o art. 1º da

    LEI Nº 12.114, de 5 de julho de 2004, que proíbe a comercialização de pneus usados

    importados no Estado e dá outras providências;

    LEI ESTADUAL Nº 12.114, DE 5 DE JULHO DE 2004: Proíbe a comercialização de

    pneus usados importados no Estado e dá outras providências;

    LEI ESTADUAL N.º 11.019, DE 23 DE SETEMBRO DE 1997: Dispõe sobre o

    descarte e destinação final de pilhas que contenham mercúrio metálico, lâmpadas

    fluorescentes, baterias de telefone celular e demais artefatos que contenham metais

    pesados no Estado do Rio Grande do Sul (Alterada pela Lei 11.187, de 7 de julho de

    1998);

  • 31

    LEI ESTADUAL N.º 9.921, DE 27 DE JULHO DE 1993: Dispõe sobre a gestão dos

    resíduos sólidos, nos termos do artigo 247, parágrafo 3º da Constituição do Estado e

    dá outras providências;

    LEI ESTADUAL N.º 9.493, DE 07 DE JANEIRO DE 1992: Considera, no Estado do

    Rio Grande do Sul, a coleta seletiva e a reciclagem do lixo como atividades

    ecológicas, de relevância social e de interesse público.

    DECRETO ESTADUAL N.º 45.554, DE 19 DE MARÇO DE 2008: Regulamenta a

    Lei n° 11.019/97, de 23 de setembro de 1997, e alterações, que dispõe sobre o descarte

    e destinação final de pilhas que contenham mercúrio metálico, lâmpadas fluorescentes,

    baterias de telefone celular e demais artefatos que contenham metais pesados no

    Estado do Rio Grande do Sul;

    DECRETO ESTADUAL N° 38.356, DE 01 DE ABRIL DE 1998: Aprova o

    Regulamento da Lei n° 9.921, de 27 de julho de 1993, que dispõe sobre a gestão dos

    resíduos sólidos no Estado do Rio Grande do Sul.

    RESOLUÇÃO CONSEMA Nº 09, DE 25 DE OUTUBRO DE 2000: Dispõe sobre a

    norma para o licenciamento ambiental de sistemas de incineração de resíduos

    provenientes de serviços de saúde, classificados como infectantes (GRUPO A) e dá

    outras providências;

    RESOLUÇÃO CONSEMA N° 109, DE 22 DE SETEMBRO DE 2005: Estabelece

    diretrizes para elaboração do Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da

    Construção Civil, a ser elaborado pelos Municípios.

    2.3.3 Nível Municipal

    LEI N.º 2.393 DE 09 DE ABRIL DE 2002: Cria o Conselho Municipal de Meio

    Ambiente e dá outras providencias;

    LEI N.º 3.974 DE 29 DE NOVEMBRO DE 2011: Dispõe sobre as responsabilidades e

    procedimentos relacionados à implementação da logística reversa de resíduos

    especiais no município de Não-Me-Toque e dá outras providências;

  • 32

    2.4 Sistemas Implantados de Logística Reversa

    2.4.1 Embalagens de Agrotóxicos

    As embalagens de agrotóxicos são consideras resíduos classe 1, portanto quando

    destinadas de forma inadequadas, prejudicam o meio ambiente e a população. A legislação

    referente a estes resíduos são a Lei 7802/89 e Lei 9974/00 que dispõe sobre a pesquisa, a

    experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a

    comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino

    final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a

    fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras providências.

    Em 04 de Janeiro de 2002, a legislação citada é regulamentada pelo Decreto Nº 4.074,

    onde é afirmado: “Deverá ser dada destinação e tratamento adequado às embalagens, aos

    restos de produtos técnicos, pré-misturas, agrotóxicos e afins, aos produtos agrícolas e aos

    restos de culturas, de forma a garantir menor emissão de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos

    no meio ambiente.” (Decreto Nº 4.074, 2002) e define a organização do processo de logística

    reversa do setor, com o papel de cada participante do fluxo, os consumidores (agricultores),

    comércios (canais de distribuição), produtores (indústria) e poder público.

    Com o objetivo do gerenciamento sobre as embalagens vazias de agrotóxicos, em 14

    de dezembro de 2001, foi fundado o Instituto Nacional de Processamento de Embalagens

    Vazias (inpEV), sua operação iniciou-se em março de 2002, com o apoio de 22 empresas,

    obtendo naquele ano uma devolução de 3.700 toneladas de embalagens vazias, e atualmente

    conta com o apoio de 10 entidades e 97 empresas fabricantes associadas onde até o ano de

    2013 contabiliza a destinação de 253.665 toneladas de embalagens de agrotóxicos.

    2.4.1.1 Manejo de Embalagens vazias

    Conforme dados obtidos pelo inpEV (2013), as embalagens de defensivos agrícolas

    são classificadas em dois grandes grupos: laváveis e não laváveis. As embalagens laváveis são

    rígidas (plásticas, metálicas ou de vidro) e servem para acondicionar formulações líquidas

    para serem diluídas em água. Entre as embalagens rígidas, as plásticas predominam. As

    metálicas, geralmente representadas pelos baldes de folha de aço, representam apenas 10% de

    todo o volume de embalagens de defensivos agrícolas no Brasil.

  • 33

    As embalagens não laváveis são aquelas que não utilizam água como veículo de

    pulverização, além de todas as embalagens flexíveis e as embalagens secundárias. Estão nesse

    grupo sacos de plástico, de papel, metalizados, mistos ou feitos com outro material flexível;

    embalagens de produtos para tratamento de sementes; caixas de papelão, cartuchos de

    cartolina, fibrolatas e, ainda, embalagens termo moldáveis que acondicionam embalagens

    primárias e não entram em contato direto com as formulações de defensivos agrícolas.

    É importante lembrar que 95% das embalagens vazias de defensivos agrícolas

    colocadas no mercado são as do tipo lavável e podem ser recicladas, desde que corretamente

    limpas no momento de uso do produto no campo. Os 5% restantes são representados pelas

    embalagens não laváveis. As embalagens contaminadas por não terem sido lavadas

    adequadamente também são incineradas.

    2.4.1.2 Lavagem e Destinação dos Resíduos

    A legislação brasileira determina que todas as embalagens rígidas de defensivos

    agrícolas devem ser submetidas a um processo de lavagem conforme a NBR 13.968/97 que

    estabelece os procedimentos adequados para sua lavagem: a chamada tríplice lavagem e a

    lavagem sob pressão. Essa prática reduz os resquícios do produto contaminando a própria

    embalagem. Além disso, os procedimentos de lavagem, quando realizadas durante a

    preparação da calda, garantem a utilização de todo o produto, evitando tanto o desperdício

    como a contaminação do meio ambiente.

    Portanto, a lavagem é indispensável para a segurança do processo de destinação final

    das embalagens de defensivos agrícolas, sobretudo quando seguem para reciclagem.

    Esse sistema de recebimento conhecido como “Sistema Campo Limpo” reúne mais de

    400 unidades de recebimento, entre centrais e postos, distribuídas em 25 estados e no Distrito

    Federal, e no Rio Grande do Sul conta com 36 postos de recolhimento credenciados ao

    inpEV. Essas unidades são geridas por associações e cooperativas e devem ser licenciadas

    para o recebimento das embalagens de agrotóxicos pelo alto risco ambiental.

    2.4.1.3 Postos de Recebimento

    De acordo com a Resolução 334 do CONAMA, os postos de recebimento (Figura 04)

    de embalagens vazias de defensivos agrícolas devem ser licenciados ambientalmente e ter, no

    mínimo, 80m² de área construída. São geridos por uma Associação de Distribuidores ou

  • 34

    Cooperativa e realizam os serviços de recebimento e inspeção das embalagens lavadas e não

    lavadas, emissão de recibo confirmando a entrega das embalagens pelos agricultores para

    posteriores fins de fiscalização e o encaminhamento das embalagens às centrais de

    recebimento.

    Figura 4: Posto de Recebimento em São Gabriel/RS.

    Fonte: impEV, 2013.

    2.4.1.4 Centrais de Recebimento

    Da mesma forma como acontecem com os postos, as centrais de recebimento (Figura

    05) também atende às determinações de legislação especifica quanto ao licenciamento

    ambiental, porém devem ter uma área maior de no mínimo 160 m² de área construída. Essas

    centrais são geridas por associações e cooperativas de distribuidores e sempre com a

    supervisão e gerenciamento do impEV. As centrais realizam os serviços de recebimento,

    inspeção e classificação das embalagens, tanto dos agricultores, quanto dos postos e

    estabelecimentos comerciais licenciados, emitem recibos de confirmação da entrega das

    embalagens, faz a triagem das embalagens por tipo (COEX, PEAD MONO, metálica,

    papelão), faz a compactação das embalagens pelo tipo de material, e por fim comunica o

    inpEV para a coleta dos materiais para o destino final, que seria a reciclagem ou incineração.

  • 35

    Figura 5: Central de Recebimento de Embalagens no Município de Giruá/RS.

    Fonte: impEV, 2013.

    2.4.1.5 Agentes envolvidos e suas responsabilidades

    O Agricultor, consumidor final do produto, tem a responsabilidade de realizar a

    tríplice lavagem ou a lavagem sob pressão para descontaminação da embalagem para poder

    ser feita a sua reciclagem, e posteriormente inutilizá-las para evitar o reaproveitamento onde

    geralmente são feitos furos nas embalagens, faz o armazenamento adequado temporário na

    propriedade até a data da entrega na unidade de recebimento indicada na nota fiscal até um

    ano após a compra e sempre manter os comprovantes de entrega das embalagens por um ano

    para a possível comprovação, como previsto no Decreto 4.074/2002 e sob penalidade de

    fiscalização. A figura 06 ilustra o principio da responsabilidade compartilhada, um

    importantes instrumento na implementação da logística reversa.

  • 36

    Figura 6: Responsabilidade Compartilhada Lei 9974/00.

    Fonte: inpEV, 2013.

    Quando ocorre a venda dos produtos ao agricultor ou qualquer outro usuário de

    agrotóxicos as revendas ou canais de distribuição devem indicar o local e a data de entrega

    das embalagens vazias na nota fiscal, devem disponibilizar e gerenciar os locais de

    recebimento, o qual divide os custos da construção e administração com a indústria fabricante.

    Por fim, são de sua responsabilidade a emissão do comprovante de entrega do produto, e as

    atividades de orientação e conscientização dos agricultores sobre a importância da devolução

    das embalagens onde podem colocar como requisito para a compra de novos produtos estarem

    em dia com a devolução das embalagens vazias. A devolução de 100% das embalagens é

    dificultada pela venda para compradores pequenos e/ou não freqüentes, que não possuem

    volume suficiente que justifique o transporte e o grande problema dos produtos que entram de

    forma ilegal no país, que não possuem instruções de como realizar a lavagem dos produtos e

    que não são controlados e/ou rastreáveis gerando um grande passivo ambiental. A figura 07

    mostra a evolução no recolhimento de embalagens vazias de agrotóxicos desde o ano de 2002

    até a previsão para o ano de 2013 de 40 mil toneladas.

  • 37

    Figura 7: Volume de embalagens vazias de defensivos destinadas em toneladas.

    Fonte: inpEV, 2013.

    A indústria é responsável pelo custo dividido com os canais de distribuição pelas

    unidades de recebimento, além dos custos de logística e destinação final, devendo recolher as

    embalagens vazias devolvidas às unidades, dar a destinação final correta (Reciclagem e

    Incineração) e organizar as informações para os programas de orientação e conscientização do

    agricultor, arcando com cerca de 80% dos custos do processo. A figura 08 demonstra quais

    são os principais produtos gerados com a reciclagem das embalagens.

    Figura 8: Principais produtos gerados com a reciclagem de embalagens.

    Fonte: inpEV, 2013.

  • 38

    A Indústria também é responsável pela contratação do transporte dessas embalagens

    que deve ser responsável não só pela logística de transporte, mas também pelo rastreamento e

    disponibilidade de informações da carga, como os riscos ambientais. Por fim, as indústrias

    encaminham esses resíduos as recicladoras e incineradoras fechamento do ciclo de vida e

    destinação final das embalagens, as empresas recicladoras e incineradoras são contratadas

    pelo inpEV, para finalizar a cadeia da logística reversa. As recicladoras recebem o material já

    separado e classificado e produzem novos artefatos para a venda e recuperação de

    investimento que é o grande diferencial dos outros sistemas implantados e em implantação de

    logística reversa. Quando os resíduos não podem ser reciclados, seja por contaminação da

    embalagem ou pelo tipo de material não ser passível de reciclagem as incineradoras são

    contratadas para receberem os materiais e dar a destinação correta. Vale saliental o papel da

    indústria no investimento em novas técnicas de fabricação para tentar eliminar as embalagens

    não laváveis e não recicláveis. A figura 09 mostra a distribuição das empresas recicladoras de

    embalagens de agrotóxicos no Brasil.

    Figura 9: Localização das recicladoras do sistema impEV.

    Fonte: impEV, 2013.

    Ao governo cabe fiscalizar o funcionamento do sistema de destinação final, licenciar o

    funcionamento das Unidades de Recebimento de acordo com os órgãos competentes de cada

    Estado e Resolução CONAMA 334/2003, apoiar os esforços de educação e conscientização

    do agricultor quanto às suas responsabilidades dentro do processo em conjunto com

    fabricantes e comerciantes que não é efetiva apenas com os esforços das indústrias

  • 39

    fomentando sempre o favorecido do processo de reciclagem, diminuindo cada vez mais a

    incineração, que é um processo caro e centralizado em três estados.

    2.4.2 Óleo Lubrificante Usado ou Contaminado (Oluc)

    A Associação Brasileira de Normas Técnicas classifica o óleo lubrificante usado com

    o código de identificação como Resíduo Perigoso Classe I onde tem a característica de

    periculosidade como tóxico. (ABNT, 2004)

    O óleo lubrificante quando descartado indevidamente, causa grandes prejuízos,

    principalmente contaminação hídrica geralmente superficial e ao lençol freático e aqüíferos, e

    também causa a inutilização de solos para fins de agricultura quando este é contaminado por

    ser pouco biodegradável levando muito tempo para ser absorvido pela natureza.

    Por conter diversos elementos tóxicos em sua composição também acaba causando

    riscos a saúde das pessoas que são submetidas a essa contaminação seja pelo ar, água, solo e

    alimentação, trata-se de um resíduo tóxico persistente, perigoso para o meio ambiente e para a

    saúde humana se não gerenciado de forma adequada.

    A Resolução Conama 362/2005 define os critérios sobre a reciclagem de óleo

    lubrificante usado e/ou contaminado (Oluc) classificado como resíduo perigoso e que provém,

    em sua quase totalidade, dos setores de transportes e industrial e estabelece uma excelente

    prática de gestão de recursos não-renováveis.

    A prática tecnicamente recomendada pela Resolução no seu Art. 3º para evitar a

    contaminação química é o envio do resíduo para regeneração e recuperação de componentes

    úteis por meio de qualquer um dos processos industriais conhecidos como rerrefino, que é

    definido como o processo industrial a que são submetidos os óleos lubrificantes usados ou

    contaminados, com vistas à remoção de contaminantes, de produtos de degradação e de

    aditivos, conferindo ao produto obtido nesse processo as mesmas características do óleo

    lubrificante básico, sendo o produto final destinado à comercialização e proibida a queima de

    óleo lubrificante usado. Esse programa de recolhimento e destinação dos lubrificantes usados

    e suas embalagens é conhecido como Programa Jogue Limpo. (Figura 10)

  • 40

    Figura 10: Programa Jogue Limpo para a Destinação de OLUC.

    Fonte: Programa Jogue Limpo, 2013.

    A resolução também define que Os produtores e importadores de óleo lubrificante

    acabado deverão coletar ou garantir a coleta e dar a destinação final ao OLUC, de forma

    proporcional em relação ao volume total de óleo lubrificante acabado que tenham

    comercializado. Fica definido Aos revendedores as obrigações de: informar seus consumidos

    sobre a destinação final do Oluc; recolher ou receber o Oluc dos seus consumidores e

    armazenado corretamente, e entregar o Oluc somente aos coletores autorizados pela ANP.

    Os Ministérios de Meio Ambiente e de Minas e Energia, por sua vez, tem a atribuição

    de acompanhar, de acordo com as suas competências legais, o cumprimento das metas

    mínimas de coleta de óleos lubrificantes usados. Nesse sentido, a Portaria MMA/MME N0

    464/2007 definiu o percentual mínimo nacional de coleta de óleos lubrificantes usados ou

    contaminados.Para o ano de 2011, o percentual geral do pais foi de 35,9% do volume de óleo

    lubrificante acabado comercializado no pais. (Tabela 04)

  • 41

    Tabela 4: Percentual Mínimo de Coleta de óleo Lubrificante Usado.

    Fonte: MMA, 2012

    Destaca-se ainda que, nos últimos quatro anos, o avanço na coleta de óleo lubrificante

    usado ou contaminado e notório. Entre 2007 e 2011, período de vigência da Portaria

    MMA/MME N0 464/2007, enquanto o volume comercializado de óleo lubrificante acabado

    cresceu 26%, o volume coletado de óleo lubrificante usado ou contaminado passou de 272

    milhões de litros para 405 milhões de litros, o que corresponde a um crescimento de 49%

    conforme mostra a figura 11.

    Figura 11: Coleta de OLUC no Brasil.

    Fonte: MMA, 2012.

    O OLUC apesar de ser tratado como resíduo possui uma grande característica positiva

    que é o diferencial para o interesse para o seu rerrefino, sendo ele uma fonte importante de

    óleo lubrificante básico em percentual de 80% a 85% muito mais expressivo que o petróleo

    brasileiro (2% a 3%) e o petróleo árabe (7% a 8%).

  • 42

    De acordo com a Resolução ANP Nº 20, de 18.6.2009 – D.O.U 19.6.2009, “art.3º A

    atividade de óleo lubrificante usado ou contaminado somente poderá ser exercida por pessoa

    jurídica, constituída sob as leis brasileira, que possuir autorização da ANP.”

    No Brasil atualmente conforme dados da ANP existem 41 empresas autorizadas para

    coletarem óleo lubrificante usado ou contaminado em todo o país, e 19 Rerrefinadoras

    autorizadas, sendo dessas três na região sul e 12 na Região Sudeste. Para cumprir a legislação

    ambiental é necessário que a atividade de coleta atinja todos os municípios do Brasil. (Figura

    12)

    Figura 12: Localização de Refinadores e Coletores Autorizados Pela ANP.

    Fonte: NIQUEL, 2013.

    2.4.3 Pilhas e Baterias

    Para o gerenciamento ambientalmente adequado, a Resolução do CONAMA 401 foi

    criada em 2008 e define que os fabricantes e importadores de pilhas e baterias devem

    implementar sistemas de coleta, transporte, armazenamento, reutilização, reciclagem e

    disposição final de seus produtos. As pilhas e baterias que atendem aos padrões mínimos de

    substâncias tóxicas como o chumbo, cádmio e mercúrio estabelecidos pela legislação podem

    ser dispostas em aterros sanitários juntamente com os resíduos domiciliares, enquanto aquelas

    que não atendem a esses padrões devem ser devolvidas pelos usuários aos estabelecimentos

    que as comercializam ou a rede de assistência técnica autorizada pelas respectivas indústrias.

    Para que os consumidores consigam distinguir o tipo de descarte que devem adotar, é

    obrigatória a identificação na embalagem do produto com o respectivo logo dos fabricantes.

  • 43

    Em geral, os materiais produzidos na reciclagem de baterias são cádmio com pureza superior

    à 99,95%, que é vendido para as empresas que produzem baterias, e níquel e ferro, utilizados

    na fabricação de aço inoxidável. (ABDI 2012)

    Mas foi só com a implantação da PNRS, que realmente houve uma mobilização dos

    fabricantes. O programa de recolhimento da ABINEE (Associação Brasileira da Indústria

    Elétrica e Eletrônica) começou em 2010, visando o recolhimento de resíduos de pilhas,

    baterias e equipamentos eletroeletrônicos. A reciclagem desses materiais inclui dois estágios

    importantes: o recebimento das pilhas usadas e devolvidas pelo consumidor ao comércio e seu

    encaminhamento, por meio de uma transportadora certificada, especializada em transporte de

    pilhas e baterias de uso doméstico, a uma empresa devidamente licenciada, que faz a

    reciclagem desses resíduos. O custo para o transporte e destinação de todas as pilhas recebidas

    nos pontos de recebimento é rateado entre as empresas fabricantes e importadoras das pilhas.

    O sucesso da operação é diretamente proporcional à adesão e conscientização do consumidor,

    sendo que todos os distribuidores e assistências técnicas servem como pontos de coleta,

    conforme exigência da Resolução. (ABDI, 2012)

    A abertura para campanhas de iniciativas privadas e também algumas vezes vistos de

    órgãos públicos como prefeituras auxilia no cumprimento das obrigações dos fabricantes.

    Com a redução de substâncias tóxicas no produto permite seu descarte como resíduo

    doméstico comum, não sendo necessária a ação dos fabricantes para a destinação final

    adequada, feita por coleta municipal e para que ocorra sucesso com o programa deve haver

    ação e orientação para os consumidores através de programas de educação ambiental.

    Em 2006 o Banco Santander iniciou o programa Papa-Pilhas, que recolhe e recicla

    pilhas, baterias portáteis, celulares, laptops, câmeras digitais e outros aparelhos eletrônicos

    portáteis instalando postos de coleta nas agências e prédios administrativos do Banco e ficam

    à disposição de toda a sociedade. (Figura 13)

  • 44

    Figura 13: Programa Papa-Pilhas Santander.

    Fonte: Santander, 2013.

    A reciclagem é realizada pela empresa devidamente especializada e licenciada

    Suzaquim, enquanto o Banco Santander é responsável por todos os custos de coleta,

    transporte e reciclagem. Atualmente, o programa soma mais de 2,8 mil postos de coleta

    instalados em todo o território nacional. Na figura 14 é possível identificar a distribuição dos

    pontos de coleta pelo país.

    Figura 14: Localização dos Pontos de Coleta do Programa Papa-pilhas.

    Fonte: Santander, 2013.

    Com a implantação do programa Papa-pilas se tem visto uma evolução gradual com o

    passar dos anos conforme mostra a figura 15.

  • 45

    Figura 15: Evolução do Programa Papa-pilhas.

    Fonte: Santander, 2013.

    O principal ponto que precisa ser aprimorado na cadeia da logística reversa das pilhas

    e baterias clandestinas é a educação ambiental e a conscientização dos usuários, geralmente

    fabricadas em países asiáticos, ocupam cerca de 40% do mercado, conforme dados da

    ABINEE. O consumidor final se mostra um elo fundamental, devendo ser estímulado para

    retornar o produto, focando na conscientização dos consumidores na importância desse

    resíduo ser reciclado e distribuição dos pontos de coleta sendo que a maioria ainda se

    restringe as capitais e grandes cidades. (SPERANZA, 2013)

    2.4.4 Pneus

    A Resolução No. 416/2009 dispõe sobre a prevenção à degradação ambiental causada

    por pneus inservíveis e sua destinação ambientalmente adequada, e define que os

    distribuidores, os revendedores, os destinadores, os consumidores e o Poder Público, em

    articulação com os fabricantes e importadores, devem garantir os procedimentos para a coleta

    de pneus inservíveis existentes no país os quais não tem capacidade de reutilização.

    Quando os pneus são descartados de forma inadequada podem ocorrer diversos

    problemas como na queima sem o controle devido ocorre à liberação de substâncias tóxicas

    devido a composição do por metais pesados, e o grande problema de proliferação de

  • 46

    epidemias com se tem visto da dengue onde ficam a céu aberto, tornando-se reservatório de

    água.

    No ano de 2007 a ANIP (Associação Nacional das Indústrias de Pneumáticos) criou a

    Reciclanip, uma entidade sem fins lucrativos voltada para a coleta e destinação de pneus

    inservíveis. Para realizar a logística reversa, a Reciclanip pode estabelecer convênios com

    prefeituras, para a inserção e gestão de pontos de coleta na forma de Estações de Entrega

    Voluntária , os Ecopontos, que é o que geralmente acontece. Para gerir o excedente da coleta,

    pode haver terceirização do serviço para empresas associadas à Associação Nacional das

    Empresas de Reciclagem de Pneus e Artefatos de Borrachas (AREBOP), que fazem à coleta

    dos pneus, trituram o material em suas unidades produtivas e fazem o transporte do pneu

    triturado até a empresa produtora de cimento que realiza sua queima, esse processo é

    mostrado na figura 16. A terceirização do serviço não exime a responsabilidade do fabricante

    e ainda ocorre o problema dos importadores de pneus, que até o momento não possuem uma

    organização em comum para o ger