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Diálogo do texto com outros textos Prof.ª Juracy Assmann Saraiva

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Diálogo do texto com outros textos

Prof.ª Juracy Assmann Saraiva

Jornal NH – 23/03/2015

Jornal NH – 25/03/2015

“ Na tragédia grega, o herói que viola as regras da

ordem estabelecida – levado pela hybris – cedo ou

tarde será punido pelos deuses. [...].

O certo é que Zeus, o Oráculo de Delfos e toda

bancada olímpica são bolinho perto de uma rede

social”.

Cláudia Laitano – Zero Hora 21/03/15

A moça com brinco de pérola - Jan Vermeer

Gentileza

Marisa Monte

Apagaram tudo

Pintaram tudo de cinza

A palavra no muro

Ficou coberta de tinta

Apagaram tudo

Pintaram tudo de cinza

Só ficou no muro

Tristeza e tinta fresca

Nós que passamos

apressados

Pelas ruas da cidade

Merecemos ler as letras

E as palavras de gentileza

Por isso eu pergunto

A você no mundo

Se é mais inteligente

O livro ou a sabedoria

O mundo é uma escola

A vida é o circo

"Amor: palavra que liberta"

Já dizia o profeta

Unidade semântica:

- Orientada para uma intencionalidade pragmática;

- Regulada por normas e convenções de um

sistema semiótico;

- Atualizada por um sujeito comunicador e

decodificada por um sujeito receptor.

“Texto-escritura na qual a significância se

deposita”

Conceito de texto

Roland Barthes

Textualidade: é garantida pelo ato de ler que dá lugar

à irrupção de intertextos no próprio texto, cujo

movimento constitutivo é a travessia, a passagem, a

transferência.

Texto

Rede

preenchimento dos vazios

permitem nova urdidura

Leitura

Preenchimento dos nós e espaços da rede

Leitor: significações Compreensão de mundo

Processo de descoberta de sentido

Texto literário: personagens, coisas, espaços: inacabados

Preenche lacunas, torna-se coautor, pelo poder

da imaginação.

Leitura do texto: comportamentos antagônicos do leitor

Fidelidade à

intenção do texto X

Liberdade de

interpretação

“A obra, por definição aberta, é a ponte que liga

temporalidades diferentes e permite diálogos

entre elas”. (PINTO, 2004, p. 57).

1. Intertextualidade

Genette a existência de cinco tipos de relações

transtextuais:

Presença de um texto em outro com ou sem referência

(citação, plágio, alusão, etc.).

Diálogos entre textos

“Valsamos uma vez, e mais outra vez. Um livro

perdeu Francesca; cá foi a valsa que nos perdeu.

Creio que essa noite apertei-lhe a mão com muita

força, e ela deixou-a ficar, como esquecida, e eu a

abraçá-la, e todos com os olhos em nós, e nos

outros que também se abraçavam e giravam... Um

delírio.” (M. A. - p. 566)

Relação menos explícita e mais distante – títulos,

subtítulos, advertências, prólogos etc.;

- Texto com seu próprio paratexto, funções

pragmáticas, transtextuais;

2. Paratextualidade

Memórias Póstumas de Brás Cubas: Advertência

Relação ou comentário que une um texto a outro

(crítica).

3. Metatextualidade

“Trata-se, na verdade, de uma obra difusa na qual eu,

Brás Cubas, se adotei a forma livre de um Sterne, ou

de um Xavier de Maistre, não sei se lhe menti

algumas rabugens de pessimismo” (M. A. - p. 513)

Toda relação que une um texto B (que chama

hipertexto e um texto anterior A (hipotexto)) sobre o

qual o primeiro B se enxerta de uma forma que não é

a do comentário.

4. Hipertextualidade

Leite derramado – Chico Buarque - 2009

1900 1603

“O último ato mostrou-me que não eu, mas Capitu

devia morrer. Ouvi as súplicas de Desdêmona, as

suas palavras amorosas e puras, e a fúria do mouro,

e a morte que este lhe deu entre aplausos frenéticos

do público.

[...]

Um travesseiro não bastaria; era preciso sangue e

fogo, um fogo intenso e vasto,que a consumisse de

todo, e a reduzisse a pó, e o pó seria lançado ao

vento, como eterna extinção”. (M. A. - p. 934-935).

Relação muda que só articula uma menção

paratextual. Conjunto de características gerais ou

transcendentes ao texto (gênero, tipos de discurso).

4. Arquetextualidade

A Gata Borralheira - Perrault

Chapeuzinho Vermelho – Irmãos Grimm

A moça tecelã – Marina Colasanti

Gota d’água – Chico Buarque

Auto da Compadecida – Ariano Suassuna

Bailei na curva – Júlio Conte

Canção do exílio

Gonçalves Dias

Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá;

As aves, que aqui gorjeiam,

Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,

Nossas várzeas têm mais flores,

Nossos bosques têm mais vida,

Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,

Mais prazer encontro eu lá;

Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,

Que tais não encontro eu cá;

Em cismar - sozinho, à noite -

Mais prazer encontro eu lá;

Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,

Sem que eu volte para lá;

Sem que desfrute os primores

Que não encontro por cá;

Sem qu'inda aviste as palmeiras,

Onde canta o Sabiá.

Canto de Regresso à Pátria

Oswald de Andrade

Minha terra tem palmares

Onde gorjeia o mar

Os passarinhos daqui

Não cantam como os de lá

Minha terra tem mais rosas

E quase que mais amores

Minha terra tem mais ouro

Minha terra tem mais terra

Ouro terra amor e rosas

Eu quero tudo de lá

Não permita Deus que eu morra

Sem que volte para lá

Não permita Deus que eu morra

Sem que volte pra São Paulo

Sem que veja a Rua 15

E o progresso de São Paulo

Uma canção

Mario Quintana

Minha terra não tem palmeiras...

E em vez de um mero sabiá,

Cantam aves invisíveis

Nas palmeiras que não há.

Minha terra tem relógios,

Cada qual com sua hora

Nos mais diversos instantes...

Mas onde o instante de agora?

Mas onde a palavra "onde"?

Terra ingrata, ingrato filho,

Sob os céus da minha terra

Eu canto a Canção do Exílio!

Sabiá

Chico Buarque e Tom Jobim

Vou voltar

Sei que ainda vou voltar

Para o meu lugar

Foi lá e é ainda lá

Que eu hei de ouvir cantar

Uma sabiá

Cantar uma sabiá

Vou voltar

Sei que ainda vou voltar

Vou deitar à sombra

De uma palmeira

Que já não há

Colher a flor

Que já não dá

E algum amor

Talvez possa espantar

As noites que eu não queria

E anunciar o dia

Vou voltar

Sei que ainda vou voltar

Não vai ser em vão

Que fiz tantos planos

De me enganar

Como fiz enganos

De me encontrar

Como fiz estradas

De me perder

Fiz de tudo e nada

De te esquecer

Vou voltar

Sei que ainda vou voltar

Para o meu lugar

Foi lá e é ainda lá

Que eu hei de ouvir cantar

Uma sabiá

Cantar uma sabiá

Canção do exílio facilitada

José Paulo Paes

lá?

ah!

sabiá...

papá...

maná...

sofá...

sinhá...

cá?

bah!