DIÁLOGO ENTRE UMA ALMA ILUMINADA

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  • 8/14/2019 DILOGO ENTRE UMA ALMA ILUMINADA

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    DILOGO ENTRE UMA ALMA ILUMINADAE OUTRA EM BUSCA DA ILUMINAO

    Jacob Boheme

    COMO UMA ILUMINADA DEVE BUSCAR OUTRA E CONSOL-LA, LEVANDO-A, POR SECONHECIMENTO, S SENDAS DA PEREGRINAO DE CRISTO, ADVERTINDO-A LEALMENT

    DO ESPINHOSO CAMINHO DO MUNDO, NO QUAL CAMINHA A ALMA CADA, QUE CONDUZ ABISMO OU FOSSA DO INFERNO.

    Era uma pobre alma que viajou para fora do Paraso, ao reino deste mundo, onde o diabo a encontrou e lhe perguntou: Aonde vais, alma meio cega? A alma respondeu: Quero ver as criaturas do mundo, feitas pelo Criador e conhec-las. O diabo disse: Como desejas v-las e conhec-las se no podes compreender sua essncia e peculiarid(propriedade)?. Contemplars apenas seu exterior, como a uma pintura, no podendo conhec-las inteiramente A ALMA: Como posso conhecer sua essncia e peculiaridade ? O DIABO: Se comeres do fruto pelo qual as prprias criaturas vieram a ser boas e ms, teus olhos se abrir para v-las plenamente. Ento sers como o prprio Deus e sabers o que a criatura. A ALMA: Sou uma criatura nobre e santa, mas o Criador advertiu-me que se fizer o que me sugemorrerei. O DIABO: No, absolutamente! Mas teus olhos se abriro, e sers, como Deus, conhecedora do bem e do Sers tambm poderosa e grandiosa como eu, e todas as sutilezas das criaturas te sero conhecidas. A ALMA: Se eu tivesse o conhecimento da natureza e das criaturas, poderia governar o mundo.

    O DIABO: Todo o fundamento desse conhecimento reside em ti mesma. Simplesmente faz com que tua voe teu desejo desviem-se de Deus e da bondade, e voltarem-se para a natureza e as criaturas; ento, surgir emdesejo de provar tais coisas. Assim, poders comer da rvore da Cincia do bem e do mal, e com isso chegaconhecer todas as coisas. A ALMA: Bem, ento comerei da rvore da cincia do bem e do mal, para poder governar todas as coi por meu prprio poder, sendo meu prprio senhor na Terra e, como Deus, fazer o que quiser.

    O DIABO: Sou o prncipe deste mundo. Se desejas governar a Terra, deves dirigir teus desejos miimagem, desejar ser como eu, para que possas obter a astcia, a engenhosidade, a razo e a sutileza de mimagem. O diabo, ento, apresentou alma o Vulcano (Vulcanus)do Mercrio: o poder que se encontra na raiz gnea dacriatura, a roda gnea da essncia, ou substncia, na forma de uma serpente.

    Ante essa viso, disse: Este o poder de todas as coisas. O que devo fazer para obt-lo?O DIABO: Tu mesma s esse Mercrio (Mercurius) gneo. Se separas tua vontade de Deus e a introduz n

    poder, teu prprio fundamento oculto se manifestar em ti, e poders obter o que desejas. Porm, deves cdesse fruto, no qual cada um dos quatro elementos governa sobre o outro estando em contnua luta, como ocontra o calor e o calor contra o frio. Ento, instantaneamente, sers como a roda gnea, conduzindo todacoisas sob teu prprio poder e possuindo-as como prprias.

    Assim fez a alma, e eis o que sucedeu:Quando a alma separou sua vontade de Deus e a introduziu no Vulcano do Mercrio - a vontade gnea, a raiz da

    vida e do poder -, surgiu nela um desejo de comer frutos da rvore da cincia do bem e do mal. Ela tomou o fruto eo comeu.

    Assim que o fez, Vulcano (O artificie do Fogo) acendeu a roda gnea de sua essncia, e ento as propriedades da Natureza despertaram na alma, e cada uma exerceu sua prpria concupiscncia e desejo.Primeiro surgiu a cobia do orgulho: um desejo de ser grande e poderoso, de ter todas as submetidas a si, de ser senhor absoluto, desprezando toda humildade e igualdade, estimando-se o nico prudente, astuto e engenhoso, etomando por estpido todos que no estivessem de acordo com seu prprio humor e predisposio.

    Em segundo lugar, surgiu a cobia da avareza: um desejo de obter todas as coisas, de atrai-las para si, para sua posse. Pois, quando a cobia do orgulho separou de Deus a vontade da alma, a vida desta no mais confiou em

    Deus e quis cuidar de si mesma, e, portanto, dirigiu seu desejo para as criaturas, para a Terra, os metais, as rvore eoutras criaturas.

    Foi assim que, depois de separar-se da unidade, do amor e da doura divinas, a vida gnea da alma tornou-sefaminta e avarenta, e atraiu para si os quatro elementos e sua essncia, chegando condio das bestas. Foi assimque a vida tornou-se escura, vazia e colrica, e as virtudes e cores celestes desapareceram, como uma vela que seextinguiu.

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    Em terceiro lugar, na vida gnea da alma, surgiu a espinhosa e hostil cobiada inveja: um veneno infernal. Uma propriedade que todos os diabos tm, e um tormento que faz da vida uma mera inimizade para com Deus e paracom todas as criaturas. Esta inveja manifestou-se furiosamente na concupiscncia da avareza, como uma picadavenenosa, pois a inveja no pode suportar que a avareza no atraia o que deseja para si, e possa a odi-lo e buscadestru-lo. E por causa dessa paixo infernal o nobre amor da alma se asfixia.

    Em quatro lugar, na vida gnea da alma, surgiu um tormento semelhante ao fogo: a ira, o desejo de matar eafastar do caminho todos os que no se submetem a seu orgulho.

    Deste modo, nessa alma, manifestou-se plenamente o inferno e seu fundamento, a Clera de Deus. Assim a alma perdeu o belo Paraso de Deus e o reino dos Cus, e converteu-se num verme, semelhante serpente gnea que o

    diabo lhe havia apresentado, tornando-se sua imagem e semelhana.Com isso, a alma comeou a governar o mundo de um modo bestial, fazendo todas as coisas conforme a vontade

    do diabo, vivendo meramente no orgulho, na avareza, na inveja e na ira. J no h nenhum amor verdadeiro por Deus tendo surgido em seu lugar um amor bestial, malvado e sujo pela libertinagem, pela lascvia e pela vaidade,no restando pureza alguma em seu corao, pois a alma abandona o Paraso e tomara a Terra em sua posse. Suamente estava inclinada apenas s aparncias, astcia, sutileza, e a uma multido de coisas mundanas. Nela jno restava retido ou virtude alguma. Qualquer mal ou erro cometido, era encoberto com muita astcia e sutilezasob o manto de seu poder e de sua autoridade, por meio da lei, em nome do direito e da justia, sendo tomados por

    bons.

    O DIABO APROXIMA-SE DA ALMA Depois disso, o diabo aproximou-se da alma e conduziu a de um vcio a outro, pois ele aprisionara em sua

    essncia. Colocando-o ante ela gozo e prazer, disse-lhe: V, agora s poderosa e nobre. Trata de ser maior, maisrica e mais poderosa ainda. Emprega teu conhecimento, astcia e sutileza para que todos te temam e respei possa adquirir um grande nome neste mundo.

    A alma fez o que o diabo lhe havia aconselhado, mas sem saber que seu conselheiro era O DIABO: acreditouque era guiada por seu prprio conhecimento, astcia e compreenso, e que fazia tudo bem e corretamente.

    JESUS CRISTO ENCONTRA-SE COM A ALMA

    Seguia a alma por tal curso de vida, quando nosso querido e amado Jesus Cristo a encontrou. Ele, que veio aeste mundo com o Amor e a Clera de Deus para destruir as obras do diabo e executar o julgamento de todos osatos perversos, falou dentro dela por meio de um forte poder e sua paixo e morte e destruiu as obras do diabo,desvelando-lhe o caminho de sua graa, brilhando sobre ela com sua misericrdia. Chamou-a ao arrependimento eao retorno, e prometeu libert-la da imagem monstruosa e disforme na qual tinha se convertido e reconduzi-la aoParaso.

    COMO CRISTO AGIU NA ALMA

    Quando a centelha do amor de Deus, luz divina, manifestou-se na alma, ela viu num instante que, por suavontade e sua obras, estava no inferno e que, por sua vontade e suas obras, estava no inferno e que se haviaconvertido num monstro feio e disforme ante a presena divina e o reino dos cus. Ficou to aterrorizada quesofreu a maior das angstias, pois o juzo de Deus manifestava-se nela.

    O Senhor Jesus Cristo falou alma com luz de sua graa: Arrepende-te e abandona a vaidade!, e alcanarsminha graa.

    Ento em sua disforme e feia imagem e sob o sujo manto da vaidade, a alma aproximou-se de Deus e pediu agraa e o perdo de seus pecados. Acreditou que a satisfao em nosso perdo de seus pecados. Acreditou que asatisfao em nosso Senhor Jesus Cristo e sua redeno atravs dele lhe correspondiam.

    Contudo, as ms propriedades da serpente, o orgulho, a avareza, a inveja e a ira, formadas no esprito astral arazo do homem exterior no se aproximasse de Deus, e inclinaes. Pois essas ms propriedades no queriammorrer para seus prprios desejos, nem abandonar o mundo, pois eram provenientes do mundo e,consequentemente, temiam sua reprovao caso abandonassem a honra e a glria mundanas. Contudo, a pobrealma voltou sua face para Deus e desejou sua graa e seu amor.

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    O DIABO APROXIMA-SE NOVAMENTE DA ALMA

    Porm, quando o diabo viu que a alma orava a Deus e queria entregar-se ao arrependimento, aproximou-se ereacendeu as ms inclinaes e propriedades terrenas dentro de suas oraes, perturbando seus bons pensamentose os bons desejos dirigidos a Deus, desviando-os novamente para as coisas terrenas, de modo que no puderamchegar a Deus.

    A ALMA ANSIAVA POR DEUS A vontade central certamente ansiava por Deus, mas os bons pensamentos que haviam surgido em sua mente

    foram desviados, dispersados e destrudos, de modo que no puderam alcanar o poder de Deus. Diante disso, a pobre alma aterrorizou-se ainda mais e comeou a orar com mais veemncia ainda. Porm, o diabo apossou- se daalma - a roda gnea da vida, a roda mercurial, incandescida pelo desejo - e nela despertou as propriedades do mal,de modo que as falsas e ms inclinaes ressurgiram na alma e dirigiam-se s coisas nas quais ela tivera mais

    prazer e deleite.A pobre alma queria sinceramente dirigir-se a Deus com sua vontade e, para isso, empregou todos os meios; mas

    seus pensamentos desviavam-se continuamente de Deus em direo s coisas terrenas e no conseguiam voltar-se para Ele. A alma suspirou e se lamentou perante Deus; mas era como se ele a houvesse abandonado complemente,

    expulsando-a de sua presena. Ela no podia obter sequer um vislumbre de sua graa. Em contrapartida,encontrava-se em angstia, medo e terror angstia, medo, medo e terror ante a possibilidade da clera e do severo juzo de Deus, e temia que o diabo viesse a apoderar-se dela. Caiu, assim, em tal abatimento e misria, que sefartou de toda as coisas temporais que antes haviam sido seu principal gozo e felicidade.

    A vontade terrena e natural certamente ainda desejava essas coisas, mas a alma alegremente abandonaria a todaselas, desejando morrer para todo desejo e gozo temporais, ansiando apenas pelo lugar do qual provieraoriginalmente. Viu que estava longe de sua terra natal; sentiu-se transtornada e necessitada, e no soube o quefazer; contudo, decidiu entrar em si prpria e orar mais diligentemente ainda.

    A OPOSIO DO DIABO Porm, o diabo ops-se a isso e a impediu, de modo que ela no pde alcanar maior fervor de arrependimento.As concupiscncias terrenas, com sua natureza maligna e falsa retido, despertaram e permaneceram em seucorao, resistindo vontade e ao desejo recm-nascidos da alma, pois no queriam morrer para sua prpriavontade e luz, queriam conservar seus prazeres temporais, e para isso mantinham a alma imvel e presa a seusdesejos malignos, embora ela suspirasse e ansiasse mais que nunca pela Graa de Deus.

    Sempre que a alma orava e se dirigia a Deus, as concupiscncias da carne tragavam os raios que nela surgiram,afastando-os de Deus e dirigindo-os aos pensamentos terrenos, de modo que ela no pde participar da fortalezadivina. A alma considerou-se abandonada por Deus, sem saber que, no obstante, Ele estava muito perto eatraindo-a para Si.

    Ento o diabo aproximou-se, penetrou o mercrio gneo da alma - a roda gnea de sua vida - e, mesclando seusdesejos s concupiscncia terrenas da carne, tentou a pobre alma, sussurrando-lhe em seus pensamentos terrenos:Por que oras? Porventura acreditas que Deus te conhece ou te considera? Observa teus pensamentos quaests diante dEle. Acaso no so totalmente perversos? No tens f em Deus, nem crs nEle! Por que havescutar-te? Ele no te escuta, desengana-te! Por que atormentas e maltratas a ti mesma, sem necessidade? Ttempo de sobra para arrepender-te quando quiseres.

    Ests louca? Olha um pouco para o mundo, v como vive em jbilo e regozijo. E no obstante ser salvoCristo pagou o resgate e redimiu a todos os homens. S precisas crer que o fez tambm para ti. Consola-te eestars salva. O mais provvel que neste mundo no chegues a sentir e conhecer a Deus. Por isso desengancuida de teu corpo e da glria temporal.

    "O que pensas que ocorrer contigo se te tornas to estpida e melanclica? Sers motivo de escrnio e t se riro de tua loucura. Passars teus dias apenas em lamentaes e abatimento, o que no agrada a Deus nenatureza. Olha a beleza do mundo, pois Deus te criou e te colocou nele para que sejas como todas as criatuas governe. Aceita e apanha agora as coisas do mundo, para que, no futuro, no precises mais dele, e para seres motivo de escndalo. Tens tempo. Espera a velhice e a aproximao do fim, e ento prepara-te paarrependimento. Deus te salvar nas manses celestiais. No h necessidade alguma de tais tormenaborrecimentos e desgosto, como te impes.

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    A CONDIO DA ALMA

    A alma foi enlaada pelo diabo com pensamentos como este e similares, como que atada com fortes cadeias, ecomo mais uma vez foi levada aos caprichos da carne e aos desejos terrenos, e j no sabia o que fazer, tornou aolhar um pouco para o mundo e seus prazeres, mas ainda sentia fome da graa divina e desejava entrar noarrependimento e chegar ao favor de Deus. Havia sido tocada e acariciada pela mo de Deus e portanto, no podiaencontrar repouso em parte alguma seno nEle. No cessava de suspirar, lamentando os pecados que havia

    cometido e, se pudesse, de bom grado se desfaria deles. No podia, contudo, alcanar um verdadeiroarrependimento, menos ainda o conhecimento do pecado, embora tivesse uma fome poderosa e um ardente desejode tal penitncia.

    Estando abatida e triste e no encontrando remdio ou repouso, a alma comeou a buscar um lugar adequado para empreender um verdadeiro arrependimento, um lugar em que pudesse estar livre dos assuntos, preocupaes etormentos do mundo. Por isso, buscou um lugar ermo e solitrio e abandonou todos os assuntos mundanos e todasas coisas temporais. Procurando tambm um modo de obter o favor de Deus, acreditando que, sendo bondosa ecompassiva para com os pobres, obteria a misericrdia de Deus. Concebeu, assim, todo tipo de maneiras paraalcanar o repouso e o amor, o favor e a graa de Deus.

    Porm, nada do que fazia surtia efeito, pois seus assuntos mundanos ainda a acompanhavam na concupiscnciada carne; estava agora, tanto quanto antes, aprisionada na rede do diabo, e no podia alcanar o repouso. Ainda que

    por um momento seguinte estava novamente triste e abatida, pois sentia a clera de Deus despertar dentro de si,mas no sabia por qu. Muitas vezes, uma grande angstia e tentao caram sobre ela, tornando-a desassossegada,doente e desfalecida de terror.

    Tudo isso devido grande intensidade com que a alma foi tocada pelo raio da primeira influncia da graa. Elano sabia que Cristo estava na clera e na severa justia de Deus, lutando em seu corpo e sua alma contra Satans,o esprito do erro, que se incorporara a eles. No compreendia que a fome e o desejo de arrependimento provinhamdo prprio Cristo, por quem era atrada. Tampouco sabia o que a impedia de alcanar e sentir a presena de Deus.

    No entendia que ela mesma era um monstro que carregava a imagem da serpente, a quem o diabo tinha acesso esobre a qual tinha poder, a quem tinha confundido e minado em todos seus bons desejos, pensamentos emovimentos, afastando-os de Deus e da bondade. Sobre isto, Cristo disse: O diabo arrebata a palavra de seuscoraes, para que no creiam e no sejam salvos (Luc. 8:12).

    UMA ALMA ILUMINADA E REGENERADA ENCONTRA-SE COM A ALMA ATORMENTADA

    Pela providncia divina, uma alma iluminada e regenerada encontrou-se com essa pobre alma aflita eatormentada, e disse-lhe: O que te aflige? Por que ests to intranqila e preocupada?

    A alma atormentada respondeu: O Criador oculto de mim a Sua Face, e no repouso. Por isso estou aflita no sei o que fazer para interpem-se entre mim e sua graa, de modo que no posso alcan-lo. Por mais qu suspire por Ele e por mais que O deseje, no posso participar de seu poder, virtude e fortaleza.

    A alma iluminada disse: Sabe que carregas a monstruosa imagem do diabo e ests dela revestida. Uma vque essa imagem participa da mesma propriedade ou princpio que o diabo, ele tem acesso a ti e impede quvontade se volte para Deus. Pois, se tua vontade estivesse em Deus, seria ungida com seu mais alto pod fortaleza, na ressurreio de nosso Senhor Jesus Cristo. Essa uno despedaaria o monstro que levas contitua primeira imagem paradisaca reviveria em ti. Serias de novo um anjo. O diabo no deseja que chegues ae mantm-te presa em tuas prprias concupiscncias carnais. Se no te libertares, estars separada de Deununca poders entrar em nossa sociedade.

    Ante essas revelaes, a pobre alma aterrorizou-se e no pde dizer nem mais uma palavra. Soube que adquira aforma da serpente, que a separava de Deus, e que nessa condio o diabo estava muito perto e tinha grande poder sobre ela, e que confundia sua vontade com pensamentos falsos. Entendeu que estava perto da condenao efortemente presa ao abismo sem fundo do inferno, aprisionada na clera de Deus, e teria desesperado damisericrdia divina.

    Porm, o poder, a virtude e a fortaleza do primeiro movimento da graa de Deus que a acariciara, sustentaram-na e impediram-na de cair no desespero total. Todavia, lutava dentro de si mesma entre a esperana e a dvida.Qualquer esperana que se erguia, a dvida tornava a derrubar. A alma cara numa intranqilidade to contnuaque, por fim, o mundo e toda sua glria tornaram-se repulsivos para ela. No mais desejava gozar os prazeresmundanos. No entanto, apesar de tudo, no conseguia chegar ao repouso.

    Algum tempo depois, a alma iluminada aproximou-se novamente desta alma e, encontrado-a to angustiada e preocupada como antes, disse-lhe: O que fazes? Porventura desejas destruir-te com tua angstia e tulamentao? Por que te atormentas com o teu prprio poder e vontade? No s seno um verme, e com o

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    ests fazendo s podes aumentar teu tormento. Ainda que submergisses at o fundo do mar, ou pudesses voadistantes fulgores da aurora, ou elevar-te acima das estrelas, no poderias libertar-te. Quando mais afligiatormentares e preocupares, mais dolorosa ser a tua natureza, e no sers capaz de chegar ao repouso. Perdeteu poder! Como um pau seco que ardeu at converter-se em carvo no pode, por seu prprio poder, tomaverde, nem ter seiva para florescer como as outras rvores e as outras plantas, assim tambm no podes, po prprio poder e fortaleza, alcanar a morada de Deus, nem converter-te na forma na forma anglica que tivno incio. Ests murcha e seca para Deus, como uma planta morta que perdeu sua seiva e sua vitalidade. T propriedades so como o calor e o frio, que lutam continuamente sem jamais poderem unir-se.

    A alma angustiada disse: O que, ento, deverei fazer para tomar a brotar e receber minha vida primordial, nqual estava em repouso antes de converter-me nessa imagem nefasta?A alma iluminada disse: Nada tens de fazer salvo abandonar tua vontade prpria, isto , aquilo que chameu. Desse modo, todas as tuas propriedades malignas se enfraquecero e comearo a morrer; entmergulhars tua vontade prpria na Unidade da qual provieste. Ests cativa das criaturas (propriedadmalignas) que habitam a ti e ao mundo, mas se tua vontade as abandona, as criaturas que com suas minclinaes te impedem de chegar a Deus morrero em ti.

    Se seguires o caminho que te indico, teu Deus te enviar seu infinito amor, por Ele revelado parhumanidade em Jesus Cristo. Ele te dar seiva, vida e vigor, de modo que poders brotar e florescer novamenregozijar-te no Deus vivente como um ramo que cresce em sua verdadeira. Assim recobrars a imagem de Dte libertars da imagem e condio da serpente. Ento sers meu irmo e companheiro dos anjos.

    A pobre alma disse: Como poderia abandonar minha vontade, para que as criaturas que nela habitam venha

    a morrer, considerando que tenho de estar no mundo e dele necessito enquanto viver?A alma iluminada disse: Agora tens poderes e riquezas mundanas, que possuas como prprias, fazendoisso o que bem queiras, no levando em conta o modo pelo qual as obtiveste, nem como as utiliza, empreganapenas para a satisfao de teus desejos vos e carnais. Embora vejas a misria dos pobres e desgraados, requerem tua ajuda e so teus irmos, no apenas lhe nega ajuda, mas impe-lhes pesadas cargas, exigindo dmais do que suas capacidades, fazendo que despendam seu labor e seu suor para ti e para a gratificao devontade voluptuosa. Alm disso, s orgulhoso e os insultas, e te comportas rude e insolentemente para comexaltando-te acima deles e considerando-os insignificantes diante de ti.

    Ento, esses teus irmos pobres e oprimidos lamentam-se a Deus, pois no podem colher o benefcio d prprio labor e fadigas, sendo forados por ti a viver na misria. E, com tais suspiros e lamentos atiam emclera de Deus, aumentando as chamas de teu tormento e de tua intranqilidade.

    Estas so as criaturas (propriedades) de que ests enamorado, tendo-te separado de Deus por elasdirigindo teu amor apenas a elas. Assim essas criaturas vivem no teu amor; tu as alimenta com teu desejoacolhe em tua mente, pela concupiscncia de tua vida. Elas so uma prognie suja, asquerosa e malvada, nasda natureza bestial, que ao serem recebidas em tua mente e teu desejo, ganham forma em imagem em ti.

    Essa imagem uma besta de quatro cabeas: a primeira o orgulho; a segunda, a avareza; a terceirainveja; a quarta, a ira. Estas quatro propriedades constituem os pilares do inferno. Carrega-as contigo, esimpressas e gravadas em ti e a teu redor, ests totalmente cativa delas. Essas propriedades vivem em tua natural e, por isso, separada de Deus; no poders aproximar-te dEle enquanto no abandonares estas criatu(propriedades) ms, para que morram em ti.

    Desejas que eu te diga como abandonar a vontade prxima e perversa, de modo que tais criaturas venhamorrer, ainda que sigas vivendo no mundo. Posso assegurar-te que s h um caminho para isso, um camestreito e reto. No incio, te sers muito difcil e irritante trilh-lo; porm, mais tarde, caminhars por jubilosamente.

    Deves considerar seriamente que, no curso desta vida mundana, caminhas na clera de Deus e fundamentos do inferno, e que este no tua verdadeira terra natal. Um cristo deve viver em Cristo, seguinem seu caminhar, e no pode ser um cristo a no ser que o esprito de Cristo viva nele e que esteja plenam submetido a ele.

    Uma vez que o reino de Cristo no deste mundo, mas do Cu, se embora teu corpo necessite viver e hentre as criaturas.

    O caminho estreito da perptua ascenso aos cus e da imitao de Cristo este: deves desesperar de tteu prprio poder e fortaleza, pois atravs dele no podes alcanar os portais de Deus. Deves decid firmemente a entregar-te por completo misericrdia de Deus. Deves submergir-te com toda tua mente e raz paixo e morte de nosso Senhor Jesus Cristo, desejando sempre preservar nele e morrer para todas as criatur

    Deves tambm vigiar tua mente, teus pensamentos e inclinaes, para que no deves permitir que a hono proveito temporal te seduzam. Deves ter a inteno de afastar de ti toda falta de retido e tudo o que pobstruir a liberdade de teu movimento e progresso. Tua vontade deve ser inteiramente pura e fixar-se na resoluo de nunca retornar aos velhos dolos, mas abandon-los e separar tua mente deles e da justia, segua doutrina de Cristo.

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    Assim como te propes a abandonar os inimigos em tua prpria natureza interior, deves tambm perdotodos os teus inimigos exteriores, dispondo-te a encontr-los com o teu amor, para que assim no possa recriatura, pessoa ou coisa capaz de capturar tua vontade, e ela seja purificada de todas as criaturas. Digo mais, se preciso for, deverias estar satisfeita e pronta a abandonar, por Cristo, todas as honras e bemateriais. No ds importncia a nada que seja terreno, para que teu corao e teus afetos no se estabeleali. Qualquer que seja teu estado, grau ou condio quanto a classe mundana das riquezas, considera-te como servo de Deus e teus companheiros, os cristos, ou como um servial de Deus no ofcio em que Ele te estabToda arrogncia e auto-exaltao deve ser humilhada, diminuda e aniquilada, de tal modo que nada de teude qualquer outra criatura, possa estabelecer-se em tua vontade, para que teus pensamentos e tua imaginano se estabeleam ali.Alm disso, deves gravar em tua mente que, pelo mrito de Jesus Cristo, alcanars a graa prometi participars de seu transbordante amor. Em verdade, Cristo j vive em ti, iluminando tua vontade e inflamancom a chama de seu amor. Ele te libertar de tuas criaturas e te dar a vitria sobre o diabo.

    Nada podes fazer por teu prprio poder. Podes apenas entrar no sofrimento e na ressurreio de CrisTomando-os para ti. Com isso, o reino do diabo, estabelecido em ti, sofrer violentos ataques e ser feit pedaos, e tuas criaturas (propriedades) morrero. Deves decidir-te entrar neste caminho, neste mesmo inste nunca mais afastar-te dele, submetendo-te de bondade a Deus em todos os teus projetos e atos, para qu possa fazer contigo o que quiser.

    Quando esta for tua vontade e tiveres tomando tais resolues, ters atravessado a barreira de tuas prprcriaturas e estars apenas na presena de Deus, revestida dos mritos de Jesus Cristo. Poders, ento, com

    filho prdigo, ir livremente ao Pai e prosternar-te ante Sua face em arrependimento. Emprega toda tua fnesta obra, confessando teus pecados e tua desobedincia, e no com palavras vazias, mas arrependendo-tetodo teu ser. Entretanto, tudo isto no ser mais que um propsito e a uma resoluo firmes pois a alma nocomo fazer nenhuma boa obra por si mesma.

    Quando estiveres nessa disposio, teu Pai celeste, vendo-te retornar com arrependimento e humild falar contigo internamente, dizendo: Este meu filho que Eu havia perdido. Estava morto e reviveu (15:24). E ir encontrar-te em tua mente e, por meio da graa e do amor de Jesus Cristo, te abraar com os rade seu de seu amor e te beijars com Seu Esprito e poder. Ento recebers a graa de verter tua confisso didEle e de orar poderosamente.

    Esse , em verdade, o momento e o lugar corretos do combate, isto , diante da Luz de Sua Face. mantns firme, se no te desvias, vers e sentirs grandes maravilhas. Descobrirs Cristo combatendo o in

    dentro de ti, fazendo em pedaos as tuas bestas, e fazendo surgir em ti um grande tumulto e uma grande miTeus pecados secretos sero os primeiros a despertar, e tentaro separar-te de Deus. Vers e sentirs, ento, coa morte e a vida lutam uma com a outra, e pelo que se passa em ti, entenders o que so o cu e o inferno.

    Mas no te movas por isso; mantm-te firme e no te desvies. Por fim, todas as criaturas (ms inclinatornaro fracas e comearo a morrer, e tua vontade se tornar cada vez mais forte e capaz de sobmet- Ento, gradualmente, tua vontade e tua mente nova ascendero ao cu, e tuas criaturas perecero. Obters umente nova e, despojando-te da deformidade bestial e recobrando a imagem divina, comears a ser uma criatura. Assim te liberars de tua presente angstia e chegars novamente ao repouso.

    A PRATICA DA POBRE ALMA

    Ento, tendo a pobre alma comeado a participar este caminho com diligncia, acreditou que obteria a vitriarapidamente. Mas encontrou as portas do cu fechadas para sua habilidade e poder. Foi como se tivesse sidorechaada e abandonada por Deus, sem nenhum vislumbre da Graa. Ento, a alma disse a si mesma: De certono te entregaste por completo a Deus. Nada deves desejar dEle, apenas submeter-te a seu juzo, para que Ele

    possa matar tuas ms inclinaes. Lana-te nEle para alm dos limites da natureza e da criatura, e submete-te aele de tal modo que Ele possa fazer contigo o que bem quiser, pois no s digna de falar com Ele. Assim, a almatomou a resoluo de lanar-se nEle e abandonar por completo sua vontade prpria.

    Tendo feito isso, caiu sobre ela o maior arrependimento possvel pelos pecados que cometera, e deplorouamargamente a fealdade de sua forma. Lamentou-se verdadeira e profundamente que as ms criaturas ahabitassem. Em seu pesar, no pde falar uma s palavra na presena de Deus; em seu arrependimento, recordouapenas a amarga paixo e morte de Jesus Cristo: quo grande angstia e tormento havia sofrido por sua causa, paralivr-la de sua angstia e convert-la novamente na imagem de Deus. Lanou-se inteiramente nessa recordao,no fazendo outra coisa seno lastimar sua ignorncia e negligncia, por ter sido ingrata para com seu Redentor,

    jamais tendo considerado o grande amor que ele mostrou por ela, tendo passado o tempo ociosamente, sem jamais pensar como poderia participar de sua Graa. Com as vs concupiscncias e prazeres do mundo, havia formado emsi imagens e figuras das coisas terrenas; havia obtido inclinaes to bestiais que agora deveria viver presa numa

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    grande misria, sem atrever-se, por vergonha, a erguer os olhos a Deus, enquanto Ele ocultava-lhe a luz de SuaFace, no querendo olh-la.

    Encontrando-se imersa em tais gemidos e lgrimas, foi atrada para o abismo do horror, como se estivesse perante as portas do inferno para perecer. A pobre alma, extenuada e completamente desorientada, esqueceu-se detodos seus atos e queria entregar-se morte e deixar de ser uma criatura. Com isso, entregou-se morte, desejandoapenas morrer na morte do seu Redentor, Jesus Cristo, que sofrera to grandes tormentos por ela. Contudo, nessaagonia, comeou a suspirar interiormente e a clamar pela bondade divina e a lanar-se na mais pura misericrdiade Deus.

    Quando isso ocorreu, amvel face do amor de Deus subitamente apareceu e penetrou-a com uma grande luz,

    lanou ento a orar de maneira correta e a agradecer pela graa do altssimo, regozijando-se imensamente por ter sido libertada da morte e da angstia do inferno.

    Provou a doura de Deus e a Sua Verdade prometida; com isso, todos os espritos maus que antes a haviamfustigado, apartando-a da graa do amor e da Presena Inferior de Deus, foram obrigados a dela separar-se. Ento,solenemente, o matrimnio do Cordeiro teve lugar: a nobre SOPHIA desposou a alma e o selo do anel da vitriade Cristo imprimiu-se em sua essncia, e ela foi recebida novamente como filho e herdeiro de Deus.

    Quando isto ocorreu, a alma tornou-se muito feliz e comeou a operar nesse novo poder, celebrando comlouvores as maravilhas de Deus, pensando que, dali em diante, caminharia continuamente sob a mesma Luz, poder e gozo. Porm, foi logo assaltada - exteriormente, pelo escrnio e reprovao do mundo e, interiormente, por umagrande tentao -, de modo que comeou ter a dvidas quanto ao fato de seu fundamento estar realmente em Deuse se havia participado de Sua Graa.

    Assim, Satans, o Acusador, aproximou-se e quis desviar a alma de seu caminho, levando-a a duvidar docaminho verdadeiro, sussurrando-lhe interiormente: Essa feliz mudana em teu esprito no provm de Deus, masapenas de tua prpria imaginao.

    Alm disso, a Luz divina retirou-se, brilhando apenas no plano interior da alma - como numa fogueira, quando alenha em chamas retirada, restando apenas o fogo interior das brasas -, de modo que razo sentia-se perplexa eabandonada. A alma no sabia porque isso estava ocorrendo, nem se de fato havia experimentado a divina luz daGraa. Contudo, no podia deixar de lutar.

    Pois o ardente Fogo do Amor fora semeado nela, gerando uma fome veemente e contnua da doura divina. Por fim, comeou a orar de maneira correta, humilhando-se perante Deus, examinando e testando suas ms inclinaese pensamentos, e lanando-os fora de si.

    Desse modo, a vontade da razo foi quebrada e as ms inclinaes inerentes a elas foram gradativamente

    aniquiladas e extirpadas. Esse processo foi muito severo e doloroso para a natureza do corpo, tornando-o dbil eenfermo. Contudo, no era uma enfermidade natural, mas a melancolia de sua natureza terrena sentindo elamentando a destruio de suas concupiscncias.

    Pois bem, quando a razo terrena encontrou-se em tal abandono e a pobre alma viu que, exteriormente, eradesprezada e ridicularizada pelo mundo, pois j no podia trilhar o caminho da perverso e da vaidade, e tambmque, interiormente, era assaltada pelo Acusador, Satans, que a escarnecia, oferecendo-lhe a todo momento as

    belezas, as riquezas e a glria do mundo, e chamando-a de estpida por no correr para abraa-las, a almacomeou a pensar e dizer: Deus eterno! O que farei agora para chegar ao repouso?"

    A ALMA ILUMINADA ENCONTRA-SE NOVAMENTE COM A ALMA ATORMENTADA

    Em meio a tais pensamentos, a alma iluminada encontrou-se mais uma vez com a alma atormentada, e disse-lhe:O que te afliges, meu irmo, e te pe em tal abatimento e tristeza?

    A pobre alma respondeu: Segui teu conselho e obtive um raio da doura divina; mas novamente, ela afasto se de mim e agora encontro-me abandonada e sob grandes provaes e aflies no mundo, pois todos meusamigos abandonaram-me e escarnecem de mim. Interiormente, sou acometida pela angstia e pela dvida, sei o que fazer.

    A alma iluminada disse: O que dizes traz-me muita alegria, pois nosso amado Senhor Jesus Cristo es percorrendo contigo e em ti o caminho que mesmo trilhou neste mundo. Tambm ele foi desprezado e amaledicncias, e nada possui que lhe fosse prprio. Agora carregas sua marca. No te assombres com isso, nestranhes, pois assim deve ser para que possas ser provada, refinada e purificada.

    Em tal angstia e inquietude, ters muitas vezes motivo para ter fome da redeno e para clamar por ela;meio de tal fome e tal clamor, atrairs a graa para ti, inferior e exteriormente.

    Pois, para recuperar a imagem de Deus, deves crescer tanto a partir de baixo como a partir do alto, couma jovem planta que, agitada pelo vento, suportando o frio e o calor, deve manter-se atraindo fora e virtanto do alto como de baixo, e resistir a mais de uma tempestade, antes, antes de converter-se numa rvore frutos. Pois, atravs de tal agitao, a virtude do Sol move-se na planta, as suas propriedades selvagens penetradas e tingidas pela virtude solar, e com isso, a rvore cresce.

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    Neste momento, deves agir como um valente soldado do Esprito de Cristo e cooperar com ele. Pois eterno, por Seu poder gneo, engendra em ti o Seu Filho, e este Filho transmuta o Fogo do Pai (o Prim Princpio, a propriedade colrica da alma) em Chama de Amor (o Segundo Princpio, a doce Luz divinamodo que do fogo e da Luz (da Ira e do Amor) advm uma substncia una, que o verdadeiro templo de De

    Agora, tu brotars nas vinhas de Cristo, na videira de Cristo, e dars frutos em tua vida, ajudandinstruindo os outros e, como uma boa rvore, mostrando teu amor em abundncia. Pois o Paraso deve, atrda clera de Deus, brotar novamente em ti e converter o inferno em cu.

    Portanto, no acovardes antes as tentaes do diabo, pois ele luta pelo reino que um dia teve em ti; mtendo-o perdido, foi humilhado e est obrigado a afastar-se de ti. E se ele te cobre exteriormente cohumilhao e a reprovao do mundo, para encobrir a prpria vergonha e para que tu permaneas oculto po mundo.

    Pois, com teu novo nascimento ou natureza regenerada, ests no cu e na harmonia divina. Por isso paciente e espera no senhor. O que quer que te ocorra, recebe-o como proveniente de Suas mos para o teu alto bem.Dizendo isto, a alma iluminada se afastou.

    O CAMINHO DA ALMA

    Agora, essa alma comeou a caminhar sob o paciente sofrimento de Cristo e, dependendo apenas do poder de

    Deus, entrou na esperana. Desde ento, tornou-se mais forte a cada dia, e suas ms inclinaes pereceramgradualmente; por fim, chegou a um elevado grau da Graa, as portas da revelao divina foram-lhe abertas e oreino dos cus manifestou-se nela.

    Assim, atravs do arrependimento, da f e da orao, a alma retornou a seu verdadeiro repouso original econverteu-se num reto e amado filho de Deus. Que Sua infinita misericrdia nos ajude a todos a conseguir omesmo. Amm.