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Jornal Comunitário Ano XIV nº 113 Abril 2013 www.folhadolitoralcostaverde.com Tel. 24 3371 9082 COOPBRILHO DISQUE ÓLEO VEGETAL USADO Objetivando a construção de um novo modelo de vida, calcado no conceito da felicidade - o "ócio criativo", proposto pelo sociólogo italiano Domenico De Masi, o evento Refletir Brasil – Diálogos sobre a Brasilidade, Paraty 2013 reuniu nos dias 20 a 22 de março, na Casa da Cultura, cerca de 150 livre-pensadores, entre os quais, intelectuais, sociólogos, jornalistas, antropólogos, artistas, educadores, educomunicadores, grafiteiros, economistas, executivos, empreendedores sociais, consultores, futuristas, neurocientistas e filósofos, estudantes e representantes da comunidade de Paraty, que desconstruíram a "geleia geral brasileira" dos nossos pontos positivos e negativos, da nossa estereotipia, visando ao encontro de caminhos para construir o "modelo brasileiro" sugerido por De Masi. O evento, realizado pelo Grupo Oca e S3 Studium, foi dividido em mesas e painéis de debates, nos quais discutiu-se a brasilidade, passando pelo nosso jeitinho, pela sustentabilidade e desigualdade, pela diversidade cultural, pela cultura que fazemos e a que nos acultura, pela educação formal e a não formal, pela economia com seus dados concretos, pelo mundo dos negócios brasileiros e a internacionalização, em que "Faltou luz mas era dia, o sol invadiu a sala / Fez da TV um espelho refletindo o que a gente esquecia": nossos escândalos, falta de infraestrutura, corrupção, mas também alegria, descontração, sensualidade, cordialidade, criatividade, pacifismo, culminando com o workshop "Construindo um modelo brasileiro» E para se construir um modelo brasileiro, de acordo com os mesários, é preciso saber quem somos, olhar para nossa mãe brasileira que é uma índia, sair do recalque e filosofar com o jeito do corpo, usar a ética do "bater santo", ter cabeça vazia para o santo baixar e resplandecer, sair da ambiguidade, buscar o imaginário e voltar a ser criança, fazer autocrítica, quebrar os estereótipos da publicidade, ser múltiplo, trazer experiências, educar para a vida sem estandardizar, valorizar diferenças, reconhecer os intangíveis, aprender a descongelar-se com imaginação precisa; ao discutir saúde, precisa também discutir cultura, redemocratizar a democracia numa desadaptação criativa, buscar consenso, reescrever os mandamentos, firmar a cidadania empresarial, proporcionar infraestrutura no campo como na cidade, tornar a felicidade obrigação, olhar os desafios sob várias óticas, se jogar na vida para aprender, agir e não só pensar, política pública para as iniciativas dos pequenos, sorrir ao produzir. A Educomunicadora Isis de Palma teceu considerações sobre os desafios para se construir algo que interesse ao mundo, convidou o prefeito Casé que reafirmou seu orgulho em receber um evento desse porte, com possibilidades de apontar caminhos significativos para o mundo ocidental. A Psicóloga Social, mestre em Marketing e doutora em Comunicação pela USP, Oriana White, relatou sua emoção em ver um sonho, que nasceu em sua visita a Ravello, tornar-se realidade e comentou a diferente dinâmica do evento, sem debate no final, mas com troca de reflexões nos momentos de "ócio criativo". Em seguida, Domenico De Masi expôs a sua proposta. Para ele, "A plenitude de nossa existência só é atingida nos momentos em que o trabalho, o estudo e o lazer acabam por coincidir, acumular-se, exaltar-se, reciprocamente, combinar-se. Isto é, quando ao mesmo tempo trabalhamos produzindo riqueza, estudamos produzindo saber, "jogamos produzindo prazer de viver, satisfação e alegria". De Masi afirma que hoje todos têm obrigação de criar um novo modelo para enfrentar a situação em que nos encontramos, restando saber quem o fará, já que o Ocidente, que espera ventos favoráveis, não sabe para onde ir. Observou que, com a falência dos modelos europeu e americano (clássico, cristão, renascentista, iluminista, industrial e pós-industrial) que tornaram-se inadequados para o momento atual, em que se dispõe de quase todos os meios, riquezas, tecnologias, etc, o Ocidente permanece infeliz, acorrentado ao calcanhar do desnorteamento ou do medo que os distanciam a cada dia dos ideais revolucionários burgueses ou proletários. Nesse mar revolto de incertezas, desponta o Brasil como o único que, embora também tenha seus pontos negativos (desigualdades socioeconômicas, falta grave de infraestrutura, criminalidade, corrupção), reúne as condições favoráveis (social democracia, intercultura, alegria, sensualidade, acolhimento, pacifismo) para desenvolver um novo modelo, que sirva para si e para os outros Domenico De Masi Para construir novo modelo Certificação GS Campinho Orquestra Mundana Luís Perequê Os Caiçaras Por que um modelo brasileiro? DIÁLOGO SOBRE A BRASILIDADE Paraty 2013

DIÁLOGO SOBRE A BRASILIDADE - folhadolitoralcostaverde.com do litoral pdf/fl 113.pdf · agir e não só pensar, política pública para as iniciativas dos pequenos, sorrir ... White,

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Jornal Comunitário Ano XIV nº 113 Abril 2013 www.folhadolitoralcostaverde.com Tel. 24 3371 9082

COOPBRILHO

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Objetivando a construção de um novo modelo de vida, calcado no conceito da felicidade - o "ócio criativo", proposto pelo sociólogo italiano Domenico De Masi, o evento Refletir Brasil – Diálogos sobre a Brasilidade, Paraty 2013 reuniu nos dias 20 a 22 de março, na Casa da Cultura, cerca de 150 livre-pensadores, entre os quais , in te lec tuais , soc ió logos , jornalistas, antropólogos, artistas, educadores , educomunicadores , grafiteiros, economistas, executivos, empreendedores sociais, consultores, futuristas, neurocientistas e filósofos, e s tudan tes e represen tan tes da c o m u n i d a d e d e P a r a t y , q u e descons t ru í ram a "ge le ia gera l brasileira" dos nossos pontos positivos e negativos, da nossa estereotipia, visando ao encontro de caminhos para construir o "modelo brasileiro" sugerido por De Masi. O evento, realizado pelo Grupo Oca e S3 Studium, foi dividido em mesas e painéis de debates, nos quais discutiu-se a brasilidade, passando pelo nosso jeitinho, pela sustentabilidade e desigualdade, pela diversidade cultural, pela cultura que fazemos e a que nos acultura, pela educação formal e a não formal, pela economia com seus dados concretos, pelo mundo dos negócios brasileiros e a internacionalização, em que "Faltou luz mas era dia, o sol invadiu a sala / Fez da TV um espelho refletindo o que a gente esquecia": nossos escândalos, falta de infraestrutura, corrupção, mas também alegria, d e s c o n t r a ç ã o , s e n s u a l i d a d e , cordialidade, criatividade, pacifismo, c u l m i n a n d o c o m o w o r k s h o p "Construindo um modelo brasileiro»

E para se construir um modelo brasileiro, de acordo com os mesários, é preciso saber quem somos, olhar para nossa mãe brasileira que é uma índia, sair do recalque e filosofar com o jeito do corpo, usar a ética do "bater santo", ter cabeça vazia para o santo baixar e resplandecer, sair da ambiguidade, buscar o imaginário e voltar a ser criança, fazer autocrítica, quebrar os estereótipos da publicidade, ser múltiplo, trazer experiências, educar para a vida sem estandardizar, valorizar diferenças, reconhecer os intangíveis, aprender a descongelar-se com imaginação precisa; ao discutir saúde,

precisa também discutir cultura, redemocratizar a democracia numa desadap tação c r i a t iva , buscar consenso, reescrever os mandamentos, firmar a cidadania empresarial, proporcionar infraestrutura no campo como na cidade, tornar a felicidade obrigação, olhar os desafios sob várias óticas, se jogar na vida para aprender, agir e não só pensar, política pública para as iniciativas dos pequenos, sorrir ao produzir. A Educomunicadora Isis de Palma teceu considerações sobre os desafios para se construir algo que interesse ao mundo, convidou o prefeito Casé que reafirmou seu orgulho em receber um evento desse porte, com possibilidades de apontar caminhos significativos para o mundo ocidental. A Psicóloga Social, mestre em Marketing e doutora em Comunicação pela USP, Oriana White, relatou sua emoção em ver um sonho, que nasceu em sua visita a Ravel lo , tornar-se real idade e comentou a diferente dinâmica do evento, sem debate no final, mas com troca de reflexões nos momentos de "ócio criativo".

Em seguida, Domenico De Masi expôs a sua proposta. Para ele, "A plenitude de nossa existência só é atingida nos momentos em que o trabalho, o estudo e o lazer acabam por coincidir, acumular-se, exaltar-se, reciprocamente, combinar-se. Isto é, quando ao mesmo tempo trabalhamos produzindo riqueza, estudamos p r o d u z i n d o s a b e r , " j o g a m o s produzindo prazer de viver, satisfação e alegria". De Masi afirma que hoje todos têm obrigação de criar um novo modelo para enfrentar a situação em que nos encontramos, restando saber quem o fará, já que o Ocidente, que espera ventos favoráveis, não sabe para onde ir. Observou que, com a falência dos modelos europeu e amer icano (clássico, cristão, renascentista, iluminista, industrial e pós-industrial) que tornaram-se inadequados para o momento atual, em que se dispõe de quase todos os meios, riquezas, t e c n o l o g i a s , e t c , o O c i d e n t e permanece infeliz, acorrentado ao calcanhar do desnorteamento ou do medo que os distanciam a cada dia dos ideais revolucionários burgueses ou proletários.

Nesse mar revolto de incertezas, desponta o Brasil como o único que, embora também tenha seus pontos negativos

(desigualdades socioeconômicas, falta grave de infraestrutura, criminalidade, corrupção), reúne as condições favoráveis (social democracia, intercultura, alegria, sensualidade,

acolhimento, pacifismo) para desenvolver um novo modelo, que sirva para si e para os outros

Domenico De Masi

Para construir novo modelo

Certificação GS Campinho Orquestra Mundana Luís Perequê Os CaiçarasOs Caiçaras

Por que um modelo brasileiro?

DIÁLOGO SOBRE A BRASILIDADE Paraty 2013

Abril /20132

Publicação Editoração e Comunicação

CNPJ 13701141/0001-83INSC. MUNIC. 43168Jornalista responsável

Carlos Dei - Reg. MTb RJ 15.173Dir. Domingos M. Oliveira

Transcrições - Edmar R. de MouraAda Maria R. de Moura

Tiragem: 3.000 exemplares.Tel 24 33719082 / 99721228

[email protected]

O que é brasilidade? Apresentação da pesquisa "O significado da BrasilidadeOriana White mostrou parcialmente o

resultado da pesquisa sobre brasilidade, na qual, inicialmente, 44 personalidades foram entrevistadas, junto às quais se revelou: um Bras i l desconexo,

flexível ou que se adapta, achando um jeitinho de fazer as coisas; as pequenas corrupções diárias, o lado nefasto; Também foram entrevistados 1300 populares, na qual mostrou-se que "os problemas não são meus", momento em que dissocia-se o "nós" com o que é o nosso país, ou seja, ainda não conseguimos trabalhar o país que somos, comentou. Mostrou-se ainda que a população pesquisada acredita que 90% do DNA brasileiro tem a corrupção. Segundo White, na base de reflexo da pesquisa apareceu uma imagem linda, bucólica, mas que, quando se puxa o fio da meada, aparece tudo de ruim, da incerteza do "desculpe qualquer coisa". Oriana White questionou: se temos elementos positivos, por que não assumimos isso? Concluindo que já não temos o grande pai e está na hora de crescer.

MO moderador, o Psicanalista João Augusto

Figueiró abriu a mesa observando que pela p r i m e i r a v e z n a história o Brasil não tem mais modelos a seguir e está como o cachorro que caiu do

caminhão de mudança e não sabe para que lado ir, podendo seguir para qualquer direção, observando que (citando Sêneca) nenhum vento é favorável para o marinheiro que não sabe para onde ir.

Fernanda Carlos Borges (Filósofa, escritora do livro "A filosofia do jeito") - Disse que é necessário c o r t a r o c o r d ã o u m b i l i c a l d a n e c e s s i d a d e d e legitimação do pai

europeu ou americano, sair do recalque, mergulhar no modo brasileiro de filosofar com o corpo, aprender a lidar com a mestiçagem, com a essência brasileira, mas que é melhor pensar não na essência, mas no posicionamento; que o "jeitinho" dentro das instituições abre precedente, exceção em relação às regras; e que melhor é aceitar a diferença do outro, ou seja, com a ética do "bater santo", pensando na democracia ou cordialidade brasileira da boa convivência.

Ricardo Carvalho (Sociólogo, Fundação Dom Cabral) – Afirmou q u e n ã o h á m a i s i d e n t i d a d e n a contemporaneidade, mas sim multipli -cidade, pois o brasileiro

não é mais índio, branco ou negro; que é preciso sair da ambiguidade e pensar no paradoxo, o brasileiro não consegue resposta no espelho e que a cabeça dividida está na raiz da construção da identidade, pois não tem mais a quem recorrer. Disse que o Brasil é um mistério, onde se transforma gambiarra em recurso técnico e não se pode ter a cabeça fechada em paradigmas, é preciso que ela tenha espaço para o santo baixar e resplandecer, para dar um "jeitinho" na crise mundial. Resumo completo:

A moderadora : Rosa Alegr ia – ( J o r n a l i s t a , t e n d ê n c i a s d e futuro e projeto Millenium ONU) – A b r i u a m e s a , observando que vamos para a escola

decorar datas e que o diferencial desse encontro é a concepção da interatividade, proporcionando a possibilidade de sonhar junto com pessoas inteligentes. Conclamou a todos para deixar a "intelectualidade" de lado e mergulhar na busca do imaginário, voltando a ser criança. Disse ser o título do tema incongruente, excludente, pois o que é sustentável não pode ser desigual, sugerindo então "Sustentável, mas menos desigual"

Ricardo Zagallo Camargo – (Diretor do Centro de Altos Estudos da ESPM) – I n i c i o u s u a conversa, falando dos excedentes, d e s p e r d í c i o s e es tereót ipos do

brasileiro que, a seu ver, talvez nem seja uma questão de conscientização, que já se tem a questão ambiental, por exemplo, como uma causa ganha, mas não temos meios para exercer essa consciência. Falou que a publicidade pode olhar de outra forma, promover e provocar coisas interessantes, como a conscientização no modo de consumo, sem a perpetuação de estereótipos e desigualdades, quando utiliza estes para vender determinado produto ou serviço. Por fim defendeu que é produtivo assumir os conflitos, sem jogar fora a cordialidade, usando a multiplicidade para fazer a diferença. Nelton Miguel Friedrich (Diretor de

C o o r d e n a ç ã o e Meio Ambiente da Itaipu Binacional) t r a d u z i u s u a s exper iências de vida, especialmente na implementação

de um programa socioambiental que atacasse nas raízes dos problemas, O "Cultivando Água Boa" implantado nos 29 municípios da região de influência da hidrelétrica (Bacia do Rio Paraná – parte 3 ou BP3) com mais de 1 milhão de habitantes, com a recuperação de micro-bacias e melhoria da qualidade de vida dos moradores do entorno, através de ações participativas. "É preciso usar o coração e não só a razão","educar para a vida, não só estandardizar", (metodologia de Paulo Freire usada no projeto Oficinas do Futuro). Disse que se deu o diálogo dos saberes e que o programa não seria p o s s í v e l s e m o e n v o l v i m e n t o

comunitário; que o problema não é o dinheiro e que um novo modelo de vida passa também pelos indicadores subjetivos, amar, cuidar, aprender a amar. Resumo completo:

O moderador João Luiz de Figueiredo (Coordenador do Núcleo de Economia Criativa da ESPM-Rio) em seu breve comentário disse que para a construção de um novo modelo, é

fundamental a valorização das diferenças.

Lala Deheinzelin (Especialista em Economia Criativa e Desenvolvimento Sustentável) - Para Lala Deheinzelin a d i s c u s s ã o d e modelos é como se achava que o mundo

era plano cercado de monstros; hoje são os tangíveis, ou seja, uma economia de competição com os recursos finitos, ao contrário do que pode se chamar de mundo redondo, ou intangível e invisível, pois trabalha com recursos infinitos, como a cultura, o conhecimento e a criatividade como matéria prima, que se multiplica, em cooperação, numa atuação sistêmica, não linear, exponencial e não setorial. . Sendo assim, essa que ela chama de Economia Criativa acontece em todo tipo de negócio ou serviço, da gastronomia à indústria visual, do micro ao macro, não sendo mais um tripé, porém um quadripé – soc i a l , e conômico , amb ien t a l cu l tura l / s imból ico , que t raba lha simultaneamente nas 4 dimensões da sustentabilidade e tem impacto social positivo. É preciso gerar fluxo que ativa valores, antever, criar futuros desejáveis, ver o que existe no território, o santo de casa faz milagre, defendeu.

João Figueiredo – A essência do homem é ter cuidado, é ser criativo, inventar nova forma de viver, "virar a laje».

Massimo Canevacci (Antropólogo) – Canevacci criou o c o n c e i t o d e E r ó p t i c a , n u m " n e o l o g i s m o e mistura 'híbrida-sincrética' da erótica com a ótica". Nesse

seu olhar a cidade vive um processo de po l i c en t r i smo , com um púb l i co p l u r a l i z a d o , o u p ú b l i c o s n ã o homogeneizados, que 'performam' o lado de um consumo com base em shopping-centers, parques temáticos, com o qual a importância da comunicação digital e da cultura sobrepõem-se à da produção. Para ele, a questão industrial tem ainda um fo r t e s ign ificado , mas pe rdeu a central idade na cidade moderna, transitiva, diaspórica, polifônica, onde a interpenetração da comunicação com a t e c n o l o g i a d i g i t a l t r a n s f o r m a profundamente a metrópole, unindo filosoficamente o homem aos objetos e, nestes, revelando-se o humano, numa m i s c e l â n e a f u t u r i s t a u r b a n a antropológica, tupi-futurista, simultânea, virtual, oposta ao tradicional. Resumo completo:

Comentários de Domenico de Masi Domenico observou que seu comentário não era uma avaliação e que, em que seu ponto de vista, não devemos confundir a situação atual com situação excepcional e que a pergunta "Quem somos?" é a pergunta perene dos seres humanos se colocaram, os filósofos gregos, latinos, ocidentais e também os orientais Buda, Confúcio, este é um enigma eterno; a outra questão é não transformar o desejo de inovação em neurose de inovação (a exemplo das empresas, especialmente automobilísticas), pois a inovação pela inovação não serve para nada. Em relação à publicidade, De Masi disse que seu ponto de vista não pretende ser a verdade absoluta, mas não existe publicidade boa nem ruim, todas são ruins, pois independente do seu objetivo toda p u b l i c i d a d e é u m a t e n t a t i v a d e manipulação que é o contrário da educação, esta significa enriquecer as coisas de significado, depois que se educa. Acentuou que, como disse Massimo, temos que nos confortar com os inimigos, mas quem são estes? Os inimigos de um futuro melhor são os que desejam um futuro pior ou um futuro melhor só para eles. Em 2020 o PIB per capta no mundo será de US$ 15 mil contra os atuais US$ 8 mil, mas o Ocidente irá dispor de 15% a menos do poder de compra; o problema não é tornar os pobres mais ricos, mas tornar um pouco mais pobres os ricos, pois quando os ricos empobrecem, eles tornam-se mais agressivos, violentíssimos e, para termos um mundo mais justo, temos que reduzir de 15% a riqueza dos ricos. Esse é um problema de extrema importância. Resumo completo:

O moderador Ricardo Viveiros (Jornalista e Poeta) comentou que a cu l tu ra vem do surgimento do próprio homem e não só do teatro, cinema, tv, shows. Disse que a tese de que somos

iguais é religiosa, porque todos somos diferentes e privilegiados em estar nesse encontro, sem aquela preocupação com o nosso país como os estrangeiros o fazem, nos olham e vêem a possibilidade de consertarmos o que nos aflige desde o início.

Isabel Costa Cermelli (Flip) – Esclareceu que o que mostraria na sua apresentação é que a F l i p n a s c e u , sobrevive e cresce a partir do momento em que consegue fazer u m a l e i t u r a d o

contexto em que se encontra Paraty, contexto geográfico, ambiental, cultural, de onde nascem e crescem as histórias, de onde conseguem pinçar os sonhos, os futuros, a Flip e ir além. Fez um apanhado histórico de Paraty que prosperou durante os ciclos econômicos do ouro, do café (Século XIX) e caiu no isolamento e no ostracismo com a construção da estrada de ferro direto para o Rio de Janeiro a cidade, retomando o crescimento e o progresso, vindo junto as mazelas do caos urbano, tornando-a uma cidade partida, pelo aeroporto, estilo "muro de Berlim", fazendo com que exista uma cidade visível, o Centro Histórico e uma invisível, o lado da Mangueira e Ilha das Cobras.

www.folhadolitoralcostaverde.com/index5.html

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Mesa 4 – A Cultura que nos faz e desfaz

Mesa 2: Sustentável mas desigual

Mesa 3: Diversidade criativa

esa 1 – O nosso jeito de ser

Abril /2013

Ronaldo dos Santos (Músico e atual Secretário de Cultura de Paraty) falou que o

tema da mesa remete à s u b j e t i v i d a d e , q u e aumenta desafios. Disse e s t a r S e c r e t á r i o Municipal de Cultura de Paraty, comemorando os 14 anos de titulação da

terra do Quilombo de Campinho da Independência que coincide com o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da discriminação Racial (22). Disse que a cultura nos traz o sentido de ser, do pertencimento, o sentido para continuarmos a construção de projetos de vida e que é impossível discutir saúde e educação sem discutir cultura na comunidade e que não consegue Refletir o Brasil, sem refletir Paraty, com os quilombolas, indígenas, caiçaras, para os quais pertencimento é território. Resumo completo:

A m o d e r a d o r a I s i s d e P a l m a (Educomunicadora , F ó r u m É t i c a e Responsabi l idades) disse que todas as mesas s a í r a m d o e i x o d a pesquisa Delphi sobre brasilidade e a educação foi um dos temas mais

vibrantes, que mais apareceu como resultado da pesquisa, da nossa deficiência, da nossa fragilidade em todos os setores depois da pesquisa qualitativa que mostrou o quanto ainda precisamos avançar na educação, em todos os sentidos, por isso o tema da mesa, educação na escola e fora dela.

Suzan Andrews (Educadora - Felicidade I n t e r n a B r u t a ) explicou, através de uma apresentação, que nas últimas três ou quatro décadas, países e u r o p e u s , C h i n a , Brasi l , Inglaterra,

EUA, entre outros tiveram acentuado crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), contudo vêm registrando uma estagnação nos níveis de felicidade e bem-estar de suas populações, aumentando os índices de depressão, suicídio, divórcio, crimes violentos, aumento da população carcerária, especialmente nos EUA que triplicou o seu PIB desde os anos 50. Em razão disso, tanto estes países, quanto a Organização das Nações Unidas colocaram essa questão em pauta permanente e passaram a medir o índice de Felicidade Interna Bruta - FIB, a exemplo do Butão, país dos Himalaias, que há mais de quatro décadas utiliza esse conceito para mensuração do progresso em dimensões econômicas, ecológicas, culturais e psicossociais.

Rachel Trajber (Educadora Ambiental, A n t r o p ó l o g a e Linguista – MEC) disse que analisando frases da juventude (espanhola) do tipo "nossos sonhos não cabem na suas u r n a s " e " q u a n d o

saímos às ruas, todos os partidos parecem velhos", questionou se a educação, nos moldes em que a fazemos, realmente pode reencantar a juventude e dar uma resposta ao futuro roubado desses jovens, que estão sentindo-se órfãos(?); que é preciso redemocratizar a democracia, encontrando

novos caminhos, e que uma destas maneiras, uma maneira de ser e não de fazer, controverso, é a sustentabilidade, tentando ressignificar a experiência civilizatória, que é uma construção histórica, com suas diversas facetas, referências, como disse De Masi, que é a experiência humana mudando o mundo mudado, como a desadaptação criativa numa descontinuidade produtiva, não como produção, mas, que produz novos significados e transvalorizada.

Moema Viezzer (Socióloga e Educadora) - Para ela quando uma pessoa se

transforma, transforma o mundo ao seu redor, neste sentido tudo é uma escola, estamos na escola da vida e, nesta, ou se aprende ou fica

fora do futuro que se está imaginando acontecer, pois é impossível pensar na escola sem pensar em quem está no seu en torno , quando a educação não transforma a vida, transforma as pessoas; que queremos a sustentabilidade e esta é que vai trazer a felicidade. Relembrando os novos 7 bilhões de estômagos, com seus cérebros, estimados pela pesquisa de De Masi, disse que dá para ter um novo modo de vida, sustentável nos grandes centros urbanos, pois o todo está em tudo. Disse que o "centro do mundo é onde moro, é aqui" e que é uma alegria poder contribuir para uma sociedade aprendente nesta discussão de um novo modelo brasileiro, não tendo vergonha de ser feliz, cantando a beleza de ser um eterno aprendiz, parodiando Gonzaguinha. Resumo completo:

O moderador: Luis Nassif (Jornalista) abriu a mesa, dizendo que o Brasil está no

mais radical processo de inclusão da sua história, no sentido mais amplo, com as redes sociais, implosão d o m o d e l o convencional de mídia

que sempre fez a mediação entre os agentes econômicos e as políticas públicas ditando o que era prioritário e que, hoje há uma situação curiosa, quando se tenta trazer à t o n a o n o v o s e e s b a r r a n u m envelhecimento genera l izado das instituições brasileiras. Então, o objetivo da mesa é encontrar trilhas de como juntar a questão de desenvolvimento com a sustentabilidade.

L a d i s l a u D o w b o r ( E c o n o m i s t a , acadêmico, escritor) – Aproveitando a fala

de Nassif de que problemas exigem n o v a s s o l u ç õ e s , Dowbor sugeriu a renovação das regras do jogo, para o qual e l e e m a i s d o i s

parceiros, fizeram uma releitura bem humorada, uma versão atualizada dos Dez Mandamentos, na qual assinalou os resultado mínimos a serem alcançados com os processos de decisão para mudanças radicais na estrutura do país, em busca de não só da sobrevivência, mas de melhor qualidade de vida e da felicidade: I – Não comprarás o Estado; II – Não Farás Contas erradas; III – Não Reduzirás o Próximo à Miséria; IV – Não Privarás Ninguém do Direito de Ganhar o seu; V – Não Trabalharás Mais de Quarenta Horas;

VI – Não organizarás atua vida em função do Dinheiro; VII – Não Ganharás Dinheiro com o Dinheiro dos Outros; VIII – Não Tributarás as ações positivas da sociedade; IX – Não Privarás o Próximo do Direito ao Conhecimento; X – Não Controlarás a Palavra do Próximo. Precisamos esquecer esta fórmula de governança planetária, temos que ir para um plano B.Ao comentar as provocações de Dowbor, Luis Nassif falou dos ciclos econômicos e das crises que geram espaços para as utopias, que são fundamentais para definirem formas de pressão sobre o modelo e para humanizá-lo... Se difunde o conhecimento, mas a capacidade de absorção é limitada, se expande onde tem mais recurso, logo há necessidade de crescimento do PIB para melhor distribuição de renda, mas isso só é possível, tirando dos ricos. Como fazer esta redistribuição?

Cezar Kirszenblatt (Gerente de Conhecimento e Competitividade do

SEBRAE-RJ) Falou do início do Sebrae nos anos 90, que se d e u c o m g r a n d e d e s a fi o , d u p l a missão: fomentar o empreendedorismo no Bras i l , to rnar

competitivos os pequenos negócios já existentes. Disse que a cultura do empreendedorismo já é feita hoje em todo o Brasil, não só pelo SEBRAE, mas também através de uma rede de parceiros, todos preocupados em disseminar essa cultura por todo o país, incluindo as diferentes regiões. Aproveitou o painel para chamar à atenção para a força dos pequenos negócios, que englobam a nano, a micro, a empresa de pequeno porte, onda a entidade tem o espectro de atuação, são 27 milhões de empreendedores, isto é, 27% da população adulta, ressaltando que em termos de movimento empreendedor o Brasil é o terceiro no mundo, à frente do Japão, Alemanha, França e da América Latina (Argentina e Uruguai), e um em cada quatro brasileiros possui negócio próprio ou estão envolvidos na criação de sua empresa...

Ivan Wedekin (Diretor de Commodities da BM&FBovespa – Bolsa de Valores

M e r c a d o r i a s e Futuros) - "Sou agrônomo, vim da r o ç a , d o R a n c h o Fundo, subi o morro, cantei pro mundo" com isso, disse que o agronegócio hoje está

num esplendor positivo, ressaltando que nunca se falou tanto do agronegócio e toda a sua contribuição, mas que no número errado do PIB representa só 5%, mas do ponto de vista da soma das cadeias produtivas relacionadas à agricultura, vai a quase 30% do PIB e 40% das exportações, gerando um saldo na balança comercial de 80 bilhões, enquanto os setores não agro geram prejuízos de 100 bi. Para ele os sons, os tons, os cheiros, as imagens do agricultor brasileiro é a natureza, é o silencio do tempo, a natureza onde ele vive. "Sou feito de carne e osso / Farinha do mesmo saco / Do pó das ruas sou povo/ De costas para o desgosto ... Resumo completo:

O moderador: Florestan Fernandes Jr. (Jornalista – TV Brasil) Falou que o Brasil

n ã o e s t á c o m o deveria, mas está melhor que durante a ditadura militar e ele l u t a m u i t o p e l a p r e s e r v a ç ã o d a democracia apesar d e t o d o s o s

problemas que o país enfrenta. Disse que a corrupção é uma questão séria, que sempre existiu no país, e um grande problema que todos teremos que enfrentar, até por conta da própria estrutura que herdamos do regime militar. Se entusiasma ao ver alguns produtos brasileiros conquistando o mercado internacional, citando o case das Sandálias Havaianas, em Barcelona, indústria alimentícia, a música e o cinema brasileiros, comentando que alguns pequenos empresários não sabem como colocar os seus produtos nesse mercado por falta da experiência, da falta de atuação do Brasil durante muitos anos nesta área.

Stephen Kanitz – (Consultor de E m p r e s a s c o n f e r e n c i s t a e blogueiro, mestre em Administração de E m p r e s a p e l a Harvard University) comentou que os

seres humanos são divididos em quatro grupos, dependendo de duas variáveis: uma das in ic ia t ivas e ou t ra das "acabativas", ou seja, existem intelectuais com muita iniciativa, muitas ideias, mas não conseguem implantá-las, daí a importância do administrador social para concretizar as boas ideias, pois o sonho do administrador é realizar o sonho dos outros, e que é fundamental que os chame antes da formatação dos projetos, nunca depois. Então, para ele, o prazer da vida é individual e felicidade são pequenos momentos, que a gente até esquece. Sugeriu que se pensasse seriamente em mudar a nomenclatura de "brasileiro" para "brasiliano". Kanitz disse ainda que para se ter um novo Brasil é preciso mudar a nossa marca, pois usamos a marca errada, de "brasileiro", quando o correto é ser "brasiliano".

Paulo Foganholo (Vice-presidente de Market ing para a América Latina da F i r m e n i c h ) r e c o n h e c e u a importância de fazer parte desse processo d e p e n s a m e n t o

conjunto para a construção de um modelo Brasil, falou do case da empresa em que trabalha, a Firmenich, que vende emoções através do sensorial perceptivo, de perfumes e sabores, fazendo um paralelo "muito importante", que tem a ver com esse momento, o 'brigadeiro', que reflete um pouco de Brasil, uma sobremesa genuinamente brasileira. Dessa forma deve-se olhar o nosso desafio sob várias óticas ou caminhos a seguir. Para ele desenvolvemos o "se vira" (Servirologia) porque fomos obrigados, fruto das incongruências do país, as mesmas que obrigam o investidor estrangeiro a nos olhar quase que com um dicionário na mão para decifrar códigos muito próprios. Que precisamos trabalhar com um

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Mesa 5: Educando pela escola e fora dela

Mesa 6: A Economia em dados reais

Painel: Negócios brasileiros e Internacionalização

Abril /20134

processo de desconstrução de paradigmas, porém sem tirar algumas questões do radar. Como é ser BRICS, estando no Brasil? Nesse universo desconhecido é preciso juntar mais as pessoas, buscar a verdade, as soluções que ainda não conhecemos, definindo a percepção do brasileiro em relação ao caminho para o mercado internacional... "

Caio Tendolini Silva (Estufa) disse que formou-se em Economia, mas abandonou o tradicional, pois sempre foi levado a entender que a base da teoria econômica traz o pressuposto de que todo economista é racional, o

que não condizia com sua "irracionalidade" permanente para se pensar esse profissional dentro do modelo tradicional da fórmula x erro. No último ano da faculdadefoi estagiar na controladoria de uma indústria química francesa, onde percebeu que realmente não se enquadraria na tal racionalidade e acabou na variável do "erro". Para ele esse foi um momento mais interessante, um dos mais esclarecedores da sua v i d a , fi l o s o f a l , d e i x a n d o - l h e s b e l a s interrogações: "e agora, o que fazer"? Disse que sabia o que não queria, mas, não tinha a menor ideia do que queria, então jogou-se na vida para ver o que saía, concluindo que "esse mundo de merda está grávido de um mundo novo de um mundo maravilhoso", que a gente é mãe e filho simultaneamente, que precisam se respeitar e respeitar o tempo de cada um e para avançar, para mudar, a sociedade civil precisa se empoderar e encurtar estas relações.

Thiago Mundano (Estufa/Parede Viva) disse que refletiu e ficou se perguntando o que é que um grafiteiro estaria fazendo ali n o m e i o d e t a n t o s intelectuais, acrescentando que talvez tenha sido pelos crimes ambientais que já

cometeu, pois grafitar é um crime previsto na lei ambiental, pelo qual já foi preso, mas, o que seriam esses crimes que o fizeram estar ali n a q u e l e m o m e n t o , e n t r e p e s s o a s t ã o interessantes? Indagou, afirmando "ou criei a minha própria mídia, para a qual o melhor lugar é na rua, onde estão todos e, o que é mais bacana, nas suas palavras, a pauta não cai, em que ele escreve o que pensa, sem autorização, o que chama "grafite papo reto", no qual ele se inspira em contextos do dia-a-dia, do trânsito, por exemplo, estimulando as pessoas, no momento em que es tão fechadas nas bolhas do individualismo, a pensarem sobre questões do cotidiano. Um dia, em vez de pintar o viaduto, pintou a carroça de um moradores de rua, provocando com isso o resgate da auto-estima desse, que passou a trabalhar mais feliz. A partir daí, Mundano passou a escrever frases nas carroças, saindo de uma mídia estática, o muro, para uma mídia móvel, com o projeto Pimp my carroça.

Ana Bueno – (Jornalista,foi diretora de Cultura e Secretaria de Turismo e Cultura de Paraty, Chefe de Cozinha do Restaurante Banana da Terra) Fez um paralelo entre o tempo em que abriu o Restaurante Banana da Terra, há 19 anos, e como a cidade de

Paraty se encontra hoje. Depois a vida mudou. Foi para a cidade uma Televisão, repetidora, geradora da TV Educativa, na qual faziam um telejornal diário com o qual foi conhecendo melhor Paraty e se apaixonando pela cidade, quando, numa entrevista com um plantador de maracujá se apaixonou e casaram-se. Os pais do recém marido estavam montando um restaurante

(o Banana da Terra) e a mãe dele a chamou para cozinhar. Disse que a relação inicial era amadorística, fazia tudo na hora e não tinha direção de como conduzir o negócio, mas sabiam o que queriam fazer, uma casa que refletisse o espírito de Paraty, pois era o que sabiam fazer e conheciam os ingredientes locais. Além do mais, sabiam que queriam construir no futuro algo que fosse referência dessa culinária, da gastronomia local.Florestan Fernandes encerrou a mesa citando a proposta de Kanitz, sobre ser brasiliano disse que, apesar da violência, do custo de vida, do trânsito, da Veja, ser "brasiliano" é bom demais. Resumo completo:

Disse que na Itália se fala que as conclusões devem ser como mini saia, curta, breve, apertada na cintura e aberta ao mistério. Então iniciou sua conclusão com a lembrança de Oscar Niemeyer e

sua obra. Disse que até Niemeyer toda arquitetura do mundo inteiro era do p r i m e i r o m u n d o , p r e d o m i n a n t e m e n t e b a r r o c a , q u e O s c a r Niemeyer foi o primeiro

arquiteto do terceiro mundo que criou um estilo, obrigando o primeiro mundo a apreciar este estilo, admirar este estilo e, posteriormente, comprá-lo, e até tomar este estilo. As arquiteturas de Niemeyer, em Paris, Milão e em Ravello são arquiteturas que vêm do espírito brasileiro e conquistaram o mundo. Para De Masi, o que Niemeyer fez com a arquitetura, o Brasil precisa fazer com a cultura na sua globalidade. Ele destacou que estava convencido, mas, depois de três dias em Paraty, escutando coisas interessantíssimas, mesmo sendo a primeira edição, ficou mais convencido ainda de que é possível, e este encontro pode se tornar fixo, através do qual poderemos elaborar um modelo de vida brasileiro. Disse, por fim, que um novo modelo começa a nascer numa comunidade bela, como nesses três dias em Paraty, sem dor, sem guerra, operando possibilidades de experimentações que sejam úteis para o outro, oferecendo gratuitamente, de modo que todos possam ser mais felizes... E mais uma vez lembrou a frase que Oscar Niemeyer escreveu em seu escritório: "O que vale a pena não é a arquitetura, mas a vida, os amigos e este mundo injusto que temos que modificar". "Este, eu acho que poderia ser um ponto sintético do que nós fizemos durante esses dias. Eu acredito que todos temos o dever de agradecer aos organizadores... sinto muito por Oriana que, depois de ter trabalhado por um ano inteiro (...) está com a mãe no hospital... e não pode apreciar a alegria desses três dias tão carinhosos... Também agradecer aos técnicos, que foram excelentes, à intérprete. A todos os presentes, que foram deliciosos, sorridentes, todos pessoas que tinham a oferecer aos outros algo de alegria e de beleza (...) que é um joia uma alegria criada para sempre. Obrigado!", concluiu. Resumo completo:

1. Somos um país continental, com 200 milhões de pessoas e uma natureza pródiga: Precisamos pensar como continente, importante, imponente, líder. Necessitamos elaborar um projeto de País consistente e onde todos se sintam responsáveis em seguir o planejado. O Brasil deve se tornar um exemplo de país sustentável nos vários eixos: econômico, social, cultural, ambiental. 2. Somos criativos, flexíveis, adaptáveis, empáticos, pacíficos: Precisamos elaborar um modelo não engessado na forma, mas firme nos valores e propósitos; que não permita brechas para desvios de conduta, corrupção, violência. Tolerância Zero para estes aspectos. A ética deve ser um objetivo a ser afirmado. 3. Somos alegres, afetivos, amigos, sonhadores, sensuais: Nosso modelo precisa contemplar a beleza, a leveza, o amor. Precisamos ser uma sociedade feliz. Não podemos perder o foco na realização, na concretude dos sonhos, nas metas estabelecidas do projeto de País. Temos que ser consistentes e comprometidos, profundos. No nosso modelo a mobilização social é fundamental. 4. Somos diversos, com multiplicidade de olhares e saberes; apreciamos as diferenças e promovemos a convergência, a harmonização: Nosso modelo deve enaltecer e fortalecer a diversidade, torná-la um potencial da sociedade brasileira. Defendemos a liberdade religiosa sem discriminação. Nosso modelo celebra a inclusão e a diversidade características da brasilidade. Seu reconhecimento permite criar um modelo inclusivo, sem preconceitos, empático, solidário, justo. 5. Somos coletivos, sociais, comunicativos, conectados, gostamos de gente: Convidamos para a criação de um modelo elaborado coletivamente, que permita a troca de ideias presenciais e em redes colaborativas e cooperativas entre si. Nossa sociedade deve ser “redonda” e não plana, linear. A responsabilidade é de todos. Necessitamos aprender a exercer nossa responsabilidade cidadã, compartilhada em seus diferentes níveis. 6. Temos uma cultura diversa, singular, sincrética e criativa em diferentes áreas: Nosso modelo deve enaltecer nossa cultura; divulgar, premiar e reconhecer nossos personagens, autores. Valorizar as culturas locais de forma persistente e buscar a internacionalização. Num mundo cada vez mais interdependente devemos avançar muito além dos nacionalismos, tendo sempre o planeta em mente e a responsabilidade sobre ele compartilhada. Temos que afirmar nosso sincretismo cultural, que mistura códigos e estilos de forma avançada e sofisticada, a ser oferecido ao mundo como referência ou inspiração. 7. Somos empreendedores, batalhadores, esforçados, resilientes, “tiramos leite de pedra”, “nos viramos”: Precisamos de educação formal que nos capacite para o empreendedorismo e o cooperativismo em diálogo. Deve ser um modelo que fortaleça uma economia que aponte para a inclusão e a diminuição das desigualdades. É preciso formação para aumentar nossa exigência na qualidade de produtos e serviços. Precisamos mais qualidade na formação para sermos mais produtivos. 8. Somos acomodados, não nos posicionamos, não reclamamos por nossos direitos: Precisa ser fortalecida a autoestima do brasileiro. Nosso modelo deve estabelecer com clareza deveres, direitos e responsabilidades. Criar canais e mecanismos para a participação popular direta e coletiva; compartilhar a informação e democratizar a comunicação no país. Nosso conceito de democracia precisa ser aprofundado e as práticas transformadas. 9. Não somos eficientes, eficazes e efetivos nos negócios; perdemos com facilidade o foco e os prazos; nos falta capacitação e comprometimento; não sabemos nos internacionalizar, divulgar nossa marca Brasil. Nosso modelo precisa levar em conta esta carência brasileira e dar espaço para mais capacitação nas relações internacionais, conhecimento das diferentes culturas e linguagens específicas que gerem resultados efetivos para os trabalhadores. As micros e pequenas empresas devem ter prioridade; as empresas nacionais precisam ser valorizadas, protegidas. A carga tributária precisa ser reduzida e melhor distribuída, diminuir a burocracia e desenvolver a infraestrutura. A prioridade para as empresas micros, pequenas e médias vai gerar ganhos para todos e, portanto, para o País. 10. Não sabemos exigir do Estado os serviços básicos de qualidade, apesar dos altos impostos: Nosso modelo de Estado hoje é caro e ineficiente. Sistemas de educação e saúde sem qualidade, segurança comprometida, infraestruturas arcaicas, transporte público insuficiente, política partidária corrompida, falta de transparência... Precisamos repensar o papel dos cidadãos e cidadãs diante do Estado, criar um novo modelo de educação cidadã. Democratizar a democracia. Assim, temos muitas das características de um país “pós moderno”, de vanguarda, inovador, contudo... precisamos fortalecer nossa autoestima e a participação política para acreditar que somos capazes. Precisamos ser protagonistas do presente e do futuro que bate à nossa porta e assumir a corresponsabilidade pelo Brasil, o país que vivemos e amamos.

10 pontos de partida para um modelo em construção

MANIFESTO REFETIR BRASIL

Refletir Brasil abraça Movimento Gastronomia Sustentável de Paraty

A alimentação dos participantes e coquetel de encerramento foram feitas em restaurantes certificados pela GS de Paraty:Restaurante do Campinho; São Francisco; Casa do Fogo;

Thai Paraty; Gongorê e Banana da Terra

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Comentários finais e Domenico de Masi

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