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Dialogo Urbano nº01

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A revista que que vai apresentar as comunidades, as pessoas e as idéias que podem transformar o futuro da cidade.

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Page 1: Dialogo Urbano nº01
Page 2: Dialogo Urbano nº01

Jornalista responsável e editor Chico Junior

Produção Daniel Reznik Thaisa Araújo

Projeto gráfico e diagramação Agência21

Equipe de Arte Chris Saraiva Diana Acselrad Leo CalvãoRoberto Tostes

Colaboradores Beatriz Coelho SilvaCamila EliasEduardo PachecoLanda AraújoPaulo Magalhães

Diálogo Urbano é uma produção realizada em parceria pela CJD Edições, Agência21 e Dialog.

Redação e endereço para correspondênciaAv. Ataulfo de Paiva 1175/603 – Leblon 22440-034 – Rio de Janeiro – RJTel: (21) 2512-2826 | 3904-1386

E-mail: [email protected]

EDITORIAL

sumário

As fotos e o futuro“Parabéns pelas matérias, lay-out, material e diagrama-

ção da revista. Estava mesmo faltando este canal de comuni-

cação nas e para as comunidades. Gostei muito também da

coluna das fotos.

Como estamos em tempos de mídias, colocar as “caras”

das comunidades, em um veículo de comunicação como

este, principalmente para os mais jovens, que estão acostu-

mados a ver as personalidades conhecidas deles em páginas

inadequadas para formar a sua estima, esse veículo provoca

um efeito contrário a este, ou seja, mostrar momentos e fatos

instrutivos, produtivos, divertidos ou até de “mico” das pesso-

as, que fortalecem o indivíduo como cidadão.

Todos gostam de ter seu momento de fama e, por esta

coluna, poderão ter, sem precisar realizar grandes feitos. Bas-

ta enviar a foto e pronto tá lá a sua “cara”! Em tempos de

recebimento e disseminação rápida da informação, a simples

imagem publicada também é um dado que, distribuído, pode

ser assimilado de forma positiva, ajudando na formação dos

mais jovens e na autoestima dos adultos, fazendo-os senti-

rem-se como parte do mundo. Não seriam apenas 15 minu-

tos de fama no futuro, como disse Andy Warhol, mas pode

ser a mudança de um futuro.”

Nádia Maria de Jesus, Morro do Timbau, Complexo da Maré.

Bons negóciosNa edição passada publicamos um artigo

com o título “A favela como ator econômico”,

assinado pelo sociólogo Paulo Magalhães.

Ali, ele dizia que “a favela está articulada eco-

nomicamente à vida da cidade, através de

múltiplas dinâmicas econômicas...”

Bem, voltamos ao tema (e voltaremos

sempre), só que, dessa vez, em forma de repor-

tagem, assinada por Landa Araújo, que mostra

como o lugar em que mora, a Rocinha, é um

bom negócio, quando se fala de comércio.

Ter um negócio lucrativo, com preocupa-

ções sociais, também é o que pretende Rob-

son Ramos Teixeira, o Robinho, e seu irmão

Paulo Sérgio, o Dudu, que lançaram em 2006

a grife de camisetas D’Negro. Hoje, têm um

box na Saara, Centro do Rio, e vendem até

300 peças por mês. Mas querem ter uma

loja: “um dia eu chego lá”, diz Robinho.

Vocês sabem o que Gabriel o Pensador,

o judoca Flávio Canto, a coreógrafa Deborah

Colker, o cenógrafo Gringo Cardia, o surfista

Rico de Souza e os ex-jogadores de futebol

Raí, Leonardo, Jorginho e Bebeto têm em co-

mum? Além de famosos, eles estão à frente

de projetos sociais com o objetivo de inte-

grar lugares geograficamente tão perto e, ao

mesmo tempo, tão longe socialmente. Você

vai conhecer os projetos na reportagem de

Camila Elias.

E veja também como o Protejo, projeto

que integra o Rio Cultura de Paz / Pronasci

está mudando a vida de muitos jovens das

favelas do Rio de Janeiro.

E vai conhecer também um pouco da

vida do artista plástico Geléia da Rocinha,

que não mora mais na favela carioca, mas

foi nascido e criado ali. “A borboleta que que-

brou as algemas”, é como ele se autodefine.

Boa leitura.

Chico Junior

Inclusão produtiva

Muito bacana a linha edito-

rial e a proposta de comuni-

car coisas sobre o estrato da

cidade que, a despeito da ex-

clusão e das desigualdades,

insiste em (re)inventar um

modelo de desenvolvimen-

to e inclusão produtiva pela

arte. Sucesso no projeto!

Junior Perim, Coordenador Executivo do

projeto Crescer e Viver

CARTAS

AconteceDança afro no Vidigal, livro de

fotos e filme 5 vezes favela

ProtejoJovens de Manguinhos têm

nova perspectiva de vida

Geléia, da Rocinha

Artista plástico define

seu estilo: naif pop

D’NegroGrife nascida em Madureira

faz sucesso na periferia

Rocinha, bom negócio

A favela carioca tem um

comércio de fazer inveja

PACPesquisa social vai apontar

caminhos para sustentabilidade

Famosos no social

Eles são famosos e dirigem

projetos sociais importantes

Foto FavelaCidade de Deus, Cantagalo

e Via Sacra da Rocinha

Ponto Final O fotógrafo Francisco Valden

pergunta: o que é favela?

Quadrinhos

sumário04 061012141819242627

Page 3: Dialogo Urbano nº01

AconteceDança afro no Vidigal, livro de

fotos e filme 5 vezes favela

ProtejoJovens de Manguinhos têm

nova perspectiva de vida

Geléia, da Rocinha

Artista plástico define

seu estilo: naif pop

D’NegroGrife nascida em Madureira

faz sucesso na periferia

Rocinha, bom negócio

A favela carioca tem um

comércio de fazer inveja

PACPesquisa social vai apontar

caminhos para sustentabilidade

Famosos no social

Eles são famosos e dirigem

projetos sociais importantes

Foto FavelaCidade de Deus, Cantagalo

e Via Sacra da Rocinha

Ponto Final O fotógrafo Francisco Valden

pergunta: o que é favela?

Quadrinhos

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Diferentes ângulos de favelas cariocas estão revelados em novo livro que chegou às prateleiras das livrarias do Rio em abril. Viva Favela, editado pelo Viva Rio em par-ceria com a Editora Olhares, traz 50 das 50 mil fotografias, produzidas desde 2001, por sete correspondentes comunitários do portal Viva Favela.

As imagens de Tony Barros, Rodrigues Moura, Deise Lane, Nando Dias, Sandra Delgado, Kita Pedroza e Walter Mesquita apresentam as mais diversas formas de enxergar os locais onde moram, a beleza e o cotidiano de comunidades como Ci-dade de Deus, Rocinha, Complexo do Ale-mão e da Maré.

“Para quem não frequenta favela, é uma oportunidade de conhecê-la sob a ótica do morador e de observar os aspectos que des-cobrimos ao longo da prática fotográfica”, diz Walter Mesquita, editor de fotografia do Viva Favela e ex-correspondente da Baixada.

O FILME CINCO VEZES FAVELA, de Cacá Die-

gues, um dos marcos do Cinema Novo,

na década de 60, ganha nova versão. A

novidade é que, desta vez, ele está sendo

escrito, dirigido e realizado por cineastas

moradores de favelas cariocas. Para ca-

pacitá-los, o projeto ”Cinco Vezes Favela”.

Agora por Nós mesmos”, idealizado pelo

próprio Cacá Diegues, realiza, até o final de

maio, oficinas com consagrados cineastas

e profissionais técnicos de cinema.

“Escolhemos cinco roteiros escritos por mo-

radores de favelas, após um trabalho de

três meses, com mais de cem jovens. Du-

rante as oficinas técnicas e de elenco que

estamos iniciando agora, vamos profissio-

nalizar mais de 200 jovens no cinema”,

conta Cacá.

“Esse projeto é maravilhoso porque não se

trata de um gênero mostrado por terceiros.

É a própria comunidade que vai contar e

produzir suas histórias. O roteiro é fantás-

tico, sem uma visão paranóica de uma

condição de vida”, disse Nelson Pereira dos

Santos durante a aula inaugural.

Os participantes das oficinas, que começa-

ram no último dia 13, vão poder desfrutar

ainda dos conhecimentos de Ruy Guerra,

Walter Lima Jr., Fernando Meirelles, Walter

Salles, Daniel Filho, João Moreira Salles, Ce-

sar Charlone, Camila Amado, entre outros.

Os alunos que se destacarem nessa etapa

vão participar do filme, que deve começar

a ser gravado em julho.

O projeto conta com o apoio de cinco or-

ganizações – Cufa (Cidade de Deus), Nós

do Morro (Vidigal), Observatório de Favelas

(Complexo da Maré), AfroReggae (Parada

de Lucas) e Cinemaneiro (com sede na

Lapa) – para a produção dos cinco curtas

que formarão o longa-metragem proposto.

Ao todo, foram recebidas 568 inscrições,

das quais 230 foram selecionadas para

participar das oficinas.

OLHARES DA FAVELA OLHARES DA FAVELA EM LIVROOLHARES DA FAVELA

“Morro e asfalto se estranham em nossos dias, mas os fotógrafos rompem o medo e nos oferecem uma intimidade que faz bem ao olhar. Transformam as circunstân-cias pobres e violentas da favela num ambiente que dá gosto de frequentar. Mostram que, para além dos nobres princípios que embalam o bom trabalho, exis-te o sentimento indispensável de amor e prazer pela vida que vibra lá fora, do outro lado da cerca que nos protege”, diz Rubem César Fernandes, diretor-executivo do Viva Rio.

Além das fotos, o livro conta com artigos do professor da New York University Peter Lucas; de Ru-bem César, que narra a história do Viva Rio; e prefácio de Zuenir Ven-tura. Está previsto, em maio, o lan-çamento do livro em Nova York.

Agora por Nós mesmos

Foto: Rodrigues Moura

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AFRO brasileira

Oficina de dançavaloriza cultura

O GRUPO NÓS DO MORRO, já conhecido pela produção teatral, audiovisual e, mais recentemente, musical, agora dispõe de mais uma atividade artístico-cultural: danças folclóricas brasileiras. A iniciativa partiu de dois alunos e pro-fessores de capoeira do Nós do Morro, Messias Freitas e Sérgio Henrique (Gargamel), que criaram o workshop de dança Afro em Nós. Após apresen-tações no Vidigal, parte da turma formada vai integrar um novo grupo de danças e outra remontar a peça Capoeiragem.

Quem assistiu às apresentações pôde se aproximar um pouco mais de algumas manifestações culturais que existem Brasil a fora e que não são conhecidas por muitos. Dança afro, coco, jongo, cacuriá, maculelê, ca-poeira e samba estiveram em cena, com a participação de 40 pessoas, moradoras de diversas localidades do Rio, que se reuniram durante dois meses para montar as coreografias, sob direção de Messias, Gargamel e da professora convidada Eliete Miranda.

Cinco Vezes FavelaAgora por Nós mesmos

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2009

Ir além“Com o grupo de dança, que-

remos ir além. Não pretendemos apenas dançar bem. Vamos viajar, ‘beber a água da fonte’, pesquisar, resgatar outras manifestações, como a ciranda de Tarituba, carim-bó, batuque de umbigada, tambor de crioula, entre outras, para que mais pessoas tenham acesso à nossa cultura e que ela se mante-nha viva”, diz Messias.

Já a Capoeiragem, que há qua-tro anos é encenada no Vidigal, revela a capoeira associada à sua história e suas aplicações além do esporte: “A capoeira é muito cêni-

ca. Ela trabalha o corpo, a expres-são, o olhar, o coletivo, o respeito aos fundamentos, a hierarquia, a musicalidade e o canto”, conta Gargamel.

“A Capoeiragem pode ser con-siderada uma aula porque traz a história do nosso país. Muitas mães me disseram que a peça des-pertou o interesse de seus filhos por assuntos como a abolição dos escravos”, complementa Messias.

A previsão é que, a partir de ju-lho, todos possam conferir a Capoei-ragem e inusitadas danças nacionais. “Estamos mostrando que a gente sai aqui da favela com uma cultura mui-to rica”, finaliza Gargamel.

Fotos: Joanna Alimonda

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AFRO brasileira

Oficina de dançavaloriza cultura

O GRUPO NÓS DO MORRO, já conhecido pela produção teatral, audiovisual e, mais recentemente, musical, agora dispõe de mais uma atividade artístico-cultural: danças folclóricas brasileiras. A iniciativa partiu de dois alunos e pro-fessores de capoeira do Nós do Morro, Messias Freitas e Sérgio Henrique (Gargamel), que criaram o workshop de dança Afro em Nós. Após apresen-tações no Vidigal, parte da turma formada vai integrar um novo grupo de danças e outra remontar a peça Capoeiragem.

Quem assistiu às apresentações pôde se aproximar um pouco mais de algumas manifestações culturais que existem Brasil a fora e que não são conhecidas por muitos. Dança afro, coco, jongo, cacuriá, maculelê, ca-poeira e samba estiveram em cena, com a participação de 40 pessoas, moradoras de diversas localidades do Rio, que se reuniram durante dois meses para montar as coreografias, sob direção de Messias, Gargamel e da professora convidada Eliete Miranda.

Cinco Vezes FavelaAgora por Nós mesmos

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Ir além“Com o grupo de dança, que-

remos ir além. Não pretendemos apenas dançar bem. Vamos viajar, ‘beber a água da fonte’, pesquisar, resgatar outras manifestações, como a ciranda de Tarituba, carim-bó, batuque de umbigada, tambor de crioula, entre outras, para que mais pessoas tenham acesso à nossa cultura e que ela se mante-nha viva”, diz Messias.

Já a Capoeiragem, que há qua-tro anos é encenada no Vidigal, revela a capoeira associada à sua história e suas aplicações além do esporte: “A capoeira é muito cêni-

ca. Ela trabalha o corpo, a expres-são, o olhar, o coletivo, o respeito aos fundamentos, a hierarquia, a musicalidade e o canto”, conta Gargamel.

“A Capoeiragem pode ser con-siderada uma aula porque traz a história do nosso país. Muitas mães me disseram que a peça des-pertou o interesse de seus filhos por assuntos como a abolição dos escravos”, complementa Messias.

A previsão é que, a partir de ju-lho, todos possam conferir a Capoei-ragem e inusitadas danças nacionais. “Estamos mostrando que a gente sai aqui da favela com uma cultura mui-to rica”, finaliza Gargamel.

Fotos: Joanna Alimonda

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Por Eduardo Pacheco

Jovens em formaçãoProtejoEstimulados pela aplicação de cursos profissionalizantes,eles passam a sonhar com novas possibilidades

Joel Pires tem 16 anos e sonha em ser enge-nheiro. Daniel Ferreira de Moura, de 18, quer um diploma para disputar uma vaga no mer-cado de trabalho. Marcelo*, por sua vez, vis-lumbra novos caminhos para mudar de vida.

Em comum, além do fato de serem vizinhos no Complexo de Manguinhos,

no Rio de Janeiro, os três dividem a mesma sala de aula que irá capacitá-los, dentro de seis meses, para o mercado de trabalho. Em uma iniciativa do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania no Estado do Rio (Pronasci-Rio), jovens de 18 comunidades estão sendo iniciados em profissões como administração e turismo, através de cursos profissionalizantes ofereci-dos pelo Senac-Rio. Eles foram selecionados pelas Mulheres da Paz e integram o Protejo, projeto que tem como objetivo identificar e capacitar jovens de 15 a 29 anos, moradores em comunidades populares, capacitá-los para o mercado de trabalho, afastá-los das drogas e inseri-los nas políticas públicas.

Após passarem por um ciclo básico de aulas sobre cidadania, meio-am-biente e prevenção de doenças, os três alunos, a exemplo de outros quase dois mil e quinhentos jovens, estão iniciando a fase de capacitação nas profissões que pretendem seguir. Uma chance única, que Daniel pretende transformar em trabalho. “Estou em busca de um estágio com carteira assinada. Completar esse curso me dá chances reais de alcançar meu objetivo”, comemora.

Manguinhos é um retrato fiel da realidade das favelas do Rio de Janeiro. Suas ruas seguem padrões precários de urbanização e saneamento. De suas esquinas, brotam diversas comunidades compostas por moradias improvisa-das. Salvo o trabalho assistencialista que recebe vez ou outra, Manguinhos carece de oportunidade.

Daniel tem 18 anos e está em busca de um estágio

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Do ostracismo resultante da falta de alternativas, os jovens são as maiores vítimas. Largados à própria sorte, passam a pro-curar nas ruas de suas comunidades a motivação para preen-cher o tempo ocioso. E, nelas, acabam se deparando com as atividades ilícitas, que lhes garantem salário, prestígio, sensação de poder e ligação com um grupo.

Rotas de fugaEsta foi uma das conclusões de uma ampla pesquisa deno-

minada “Rotas de Fuga”, elaborada pelo Observatório de Favelas em conjunto com a Organização Internacional do Trabalho, que durante três anos acompanhou a rotina de jovens envolvidos com o tráfico de drogas. “Os jovens envolvidos no crime perten-cem a uma rede de relações. Além da remuneração, a sensação de prestígio e de poder os fazem sentir pertencentes a esta rede. Fazer parte de um grupo é muito importante para o jovem nesse momento de transição para a vida adulta”, explica Mário Simão, geógrafo envolvido com o Observatório de Favelas.

“Os jovens devem ser compreendidos pela sua totalidade, ou seja, temos que levar em consideração as redes sociais em

que estão inseridos e todas as dimensões de sua vida – afetiva, familiar e social. Muitas vezes, os programas sociais se preocu-pam apenas com uma área e não conseguem perceber o jovem em sua totalidade. Para sustentar a saída desses jovens do trá-fico tem que haver um plano de ações variadas de acordo com cada situação. Não tem receita de bolo. Embora um programa social tenha linha de assistência aos jovens e sua família, a lógi-ca de ação deve seguir o caráter não-assistencial. Ou seja, parte do compromisso do jovem e de suas ações dentro do programa para que o sucesso seja alcançado. São responsabilidades com-partilhadas. É, na verdade, um pacto entre as partes”, enfatiza Mário.

O objetivo central do “Rotas de Fuga” era trabalhar formas de prevenção e criação de alternativas. Dos 230 jovens analisa-dos, 40 morreram nos cinco primeiros meses.

Fora das estatísticasPor sorte, o nome de Marcelo não entrou para as estatís-

ticas. Seu envolvimento com o tráfico de drogas, no entanto, não foi um empecilho quando a oportunidade de se inscrever no curso profissionalizante de administração de empresas sur-

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Jovens do Protejo no 1º Encontro Rio Cultura de Paz, no Circo Voador

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Do ostracismo resultante da falta de alternativas, os jovens são as maiores vítimas. Largados à própria sorte, passam a pro-curar nas ruas de suas comunidades a motivação para preen-cher o tempo ocioso. E, nelas, acabam se deparando com as atividades ilícitas, que lhes garantem salário, prestígio, sensação de poder e ligação com um grupo.

Rotas de fugaEsta foi uma das conclusões de uma ampla pesquisa deno-

minada “Rotas de Fuga”, elaborada pelo Observatório de Favelas em conjunto com a Organização Internacional do Trabalho, que durante três anos acompanhou a rotina de jovens envolvidos com o tráfico de drogas. “Os jovens envolvidos no crime perten-cem a uma rede de relações. Além da remuneração, a sensação de prestígio e de poder os fazem sentir pertencentes a esta rede. Fazer parte de um grupo é muito importante para o jovem nesse momento de transição para a vida adulta”, explica Mário Simão, geógrafo envolvido com o Observatório de Favelas.

“Os jovens devem ser compreendidos pela sua totalidade, ou seja, temos que levar em consideração as redes sociais em

que estão inseridos e todas as dimensões de sua vida – afetiva, familiar e social. Muitas vezes, os programas sociais se preocu-pam apenas com uma área e não conseguem perceber o jovem em sua totalidade. Para sustentar a saída desses jovens do trá-fico tem que haver um plano de ações variadas de acordo com cada situação. Não tem receita de bolo. Embora um programa social tenha linha de assistência aos jovens e sua família, a lógi-ca de ação deve seguir o caráter não-assistencial. Ou seja, parte do compromisso do jovem e de suas ações dentro do programa para que o sucesso seja alcançado. São responsabilidades com-partilhadas. É, na verdade, um pacto entre as partes”, enfatiza Mário.

O objetivo central do “Rotas de Fuga” era trabalhar formas de prevenção e criação de alternativas. Dos 230 jovens analisa-dos, 40 morreram nos cinco primeiros meses.

Fora das estatísticasPor sorte, o nome de Marcelo não entrou para as estatís-

ticas. Seu envolvimento com o tráfico de drogas, no entanto, não foi um empecilho quando a oportunidade de se inscrever no curso profissionalizante de administração de empresas sur-

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Jovens do Protejo no 1º Encontro Rio Cultura de Paz, no Circo Voador

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Joel, 16 anos: “Queremos caminhar com nossas próprias pernas”

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Sala de aula do Protejo em Manguinhos

giu em Manguinhos. Após a dura fase de adaptação à nova realidade – ele chegava a dormir às 5h30 da manhã e não tinha disposição para as aulas no dia seguinte – o Marcelo de hoje se mostra participativo nas dinâmicas, integrado aos colegas de turma e comprometido com os trabalhos. Além disso, ele se permite sonhar com um futuro diferen-te. “estou tomando gosto pela sala de aula. Achei que não seria capaz de aprender, mas vejo que estou evoluindo. Quero pegar o meu diploma e correr atrás de um trabalho”, diz.

As aulas em Manguinhos acontecem de

manhã e à tarde. Em cada turno, cerca de 60 alunos se dividem em duas salas e aguardam a chegada da professora. Experiente em tra-balhos comunitários, Katiuscia Ribeiro sabe como conduzir a sua turma. Ela faz mestra-do em filosofia do poder na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e agradece pela oportunidade em estar trabalhando na re-socialização de jovens. A professora de-fendeu a necessidade de uma qualificação profissional para esses jovens que, segundo ela, são formados como cidadãos.

“Percebi que eles são completamente politizados sem saber disso. Em cidadania, os garotos dão um banho. São jovens que já possuem uma experiência ampla por-que vivem em uma realidade dura. Quan-do comecei a falar sobre racismo, por exemplo, eles emitiram opiniões firmes e coerentes. Eles sabem que não estão aqui por acaso. Querem fazer a diferença em suas vidas e, para isso, só precisam do es-tímulo” argumenta Katiuscia.

Às 5 da tarde, o barulho do alarme avisa

que a aula terminou. Joel guarda seus livros e cadernos e atravessa a mochila nas costas. Enquanto desce as escadas para apanhar a sua bicicleta, o futuro engenheiro conta que um novo sentimento tem tomado con-ta dos seus colegas de turma. “Estamos nos permitindo sonhar. Eu gostaria que todos nós saíssemos daqui com os objetivos tra-çados e aptos a realizá-los. Queremos cami-nhar com nossas próprias pernas”, diz.

* O nome foi trocado para preservar a identidade do jovem

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O 1º Encontro Rio Cultura de Paz reuniu, no Circo Voador, Lapa, no dia 16 de abril, o ministro da Justiça Tarso Genro, o governador do Rio Sérgio Cabral, a secretária de Assistência Social e Direitos Humanos Be-nedita da Silva e mais de 3.500 representantes de 18 comunidades do Rio beneficiadas pelo Programa Nacional de Segurança Pública com Ci-dadania (Pronasci).

Em clima de festa, o encontro possibilitou a integração e a troca de experiências entre as comunidades participantes dos projetos Mulheres da Paz, Protejo (Projeto de Proteção de Jovens em Território Vulnerável) e PEU (Projeto Espaços Urbanos), que integram o Pronasci. A ação das Mulheres da Paz é afastar os jovens da marginalidade e direcioná-los ao Protejo, que oferece atividades profissionalizantes e de cidadania.

A solenidade teve início com depoimentos de jovens e mulheres que desta-caram a importância destes projetos e a preocupação com a sua continuidade.

“Pedimos aos governantes que esses projetos não parem, porque através deles o nosso quadro social vai mudar. Somos capazes, vamos fazer diferença na sociedade. Assim, vamos poder olhar de uma forma mais carinhosa para os nossos governantes”, disse Vera Rocha, Mulher da Paz de Belford Roxo.

“Quando a sociedade não abraça, o tráfico se torna fácil de abraçar. As Mulheres da Paz estão no coração de cada jovem. Graças a elas, saí da morte e voltei a viver. Não deixem essa luz se apagar. Segurança pública não se faz só com policia, se faz com ação social”, falou André Lopes, jovem do Protejo de São Gonçalo

Sérgio Cabral, entretanto, assegurou a continuidade: “O Pronasci é um projeto majoritariamente federal, criado pelo ministro Tarso Genro e sua equipe. O Estado entra com apenas 2%, ao contrário do PAC, por exemplo, em que o Estado participa com cerca de 25%. Mas estamos vendo aqui que o Pronasci está dando certo. E, independente da crise, o ministro falou com o presidente Lula e o dinheiro está garantido. Temos muito mais problemas do que solução, mas esse encontro é para celebrar uma solução”, afirmou.

O ministro mostrou-se satisfeito com as ações do programa: “Esse é o momento mais importante da minha vida política. Quando começamos a trabalhar esse programa, muitos olhavam com indiferença. E bons resulta-dos estão aparecendo. O coração não é para receber bala é para produzir amor e fraternidade. Uma segurança verdadeira tem que ser uma seguran-ça pública que respeite todos os cidadãos”, disse.

Benedita da Silva aproveitou a oportunidade para trazer uma novi-dade “o ministro acaba de aprovar a colocação de Mulheres da Paz em projetos da construção civil. Isso significa mais empregos”, revelou sob aplausos dos presentes.

1º Encontro Rio Cultura de Paz

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O governador Sérgio Cabral, o ministro da Justiça Tarso Genro e a secretária Benedita da Silva

Apresentação de jovens no Circo Voador

Por Camila Elias

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GELÉIADA ROCINHAA borboleta que quebrou as algemas

Por Landa AraújoFotos: Ricardo Sousa

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Ele é conhecido como Geléia da Rocinha, refe-rência ao lugar onde nasceu e foi criado. Mas hoje mora em São Gonçalo, onde vive com a família (mulher e filhos). Da Rocinha, ganhou o mundo, com suas obras mostradas na Europa e nos Estados Unidos. Aos 51 anos, José Gomes da Costa define o seu estilo: naif pop. Versátil, já teve obras retratadas em telas, painéis, cartazes, biquínis, revistas.

“Gosto de brincar com as formas humanas, espo-radicamente faço composições usando seres humanos com animais, numa alusão explícita sobre as mutações que sofremos ao longo de nossas vidas”, explica.

Geléia diz que o marco inicial da sua carreira foi uma oficina de pintura em tecido dada por Gal-vão Preto na Escola Municipal Paula Brito, que fica na Rocinha. “Eu ainda era bem jovem, o professor disse que a oficina era só pra crianças, mas como não tinha ninguém eu era bem-vindo. Comecei a frequentar as aulas e daí por diante não parei mais de pintar”, relembra.

A paixão pela pintura já existia desde muito novo, o primeiro pincel foi reaproveitado do lixo: “Vi o pincel na lixeira e percebi que ainda me ser-via; quem pinta sabe que quando o pincel está mais gasto fica melhor. Hoje tenho em torno de 2 mil pincéis”, comemora o pintor.

De pintor a artista plasticoGeléia começou pintando faixas e letreiros. E foi

fazendo esse serviço que surgiu a oportunidade que mudaria sua vida. Em 1998, o cenógrafo e designer Gringo Cardia perguntou à sua empregada, mora-dora da Rocinha, se ela conhecia um pintor. Geléia foi indicado. A encomenda era desenhar Carlinhos Brown. Mesmo com um “frio na barriga” ele aceitou o desafio. “Eu imaginava que estava sendo chama-do para pintar letras”. O trabalho deu tão certo que ele acabou fazendo a capa e contracapa do CD de Brown “Omelete Man”, no ano seguinte.

“Eu já pintava, mas só mostrava para os ami-gos que frequentavam minha oficina na Rocinha. Depois desse convite vieram as entrevistas em pro-gramas de televisão, revistas e jornais. E aí surgiram outras oportunidades que tornaram meu trabalho visível ao mundo”, orgulha-se Geléia.

Dada a largada, suas pinturas atravessaram di-versas esferas artísticas e ele deixou de ter apenas a Rocinha como referência de trabalho. Em 1999, sua primeira exposição individual aconteceu na Livraria Dante, no Leblon. No mesmo ano, com Gringo Car-

dia e Lilian Pacce, ilustrou cinco obras para a revista espanhola Big Magazine – em edição especial so-bre o Brasil. Logo depois ingressou no projeto “Ce-nas Imaginárias”, criando o cartaz da peça teatral “Vestido de Noiva” - de autoria daquele que o ape-lidou, Nelson Rodrigues -, no Centro Cultural Banco do Brasil. Em 2007, participou da exposição coleti-va “Manifesto Porco com Arte”, onde o convite de abertura foi confeccionado com o trabalho dele.

Ilustrações do artista podem ser encontradas na Cervejaria Devassa, no Leblon, em um painel de azulejos, e na fachada da Sala Baden Powel, em Copacabana.

Reciclagem contemplativaDe todos os segmentos nos quais trabalha, o

artista prefere produzir o que chama de “recicla-gem contemplativa” com “chassis alternativos”. Tais obras consistem em reaproveitar objetos como tampos de mesa, esqueletos de móveis, discos de vinil, tampas de galão, monitores de vídeo, caixotes etc para expressar suas pinturas.

O artista se identifica como “a borboleta que quebrou as algemas”. A figura do inseto representa a Rocinha e a liberdade quer dizer que conseguiu mostrar seu trabalho fora da favela. “Não vivo pre-so à favela; a favela vive em mim como a melhor coisa que me aconteceu. Aprendi meus limites, meus valores morais”.

A versatilidade de Geléia é encontrada no coti-diano. Ele diz que se alimenta de todos os segmentos artísticos e que tira lições de tudo que observa. Sua renda mensal vem de faixas, letreiros, restaurações de pinturas e imagens para locais religiosos e particu-lares. As dificuldades enfrentadas por ele ainda são a comercialização das obras e os espaços destinados à exposição de trabalhos.

Outras informações sobre o artista: geleiadarocinha.blogspot.com

O apelidoSeu apelido foi dado pelo escritor, jornalista e teatrólo-

go Nelson Rodrigues. Um dia, ao sair da TV Globo, Nelson ouvira uma conversa entre funcionários na portaria. José Jaime, que na época era porteiro, dizia que tinha medo de armas, mesmo morando na favela. Então, Nelson tratou de lhe dar um apelido, homônimo a um personagem de Jô Soares na época. “Ele (Nelson Rodrigues) comentou que eu parecia o Guarda Geléia, daí o apelido pegou.”, relembra.

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Ele é conhecido como Geléia da Rocinha, refe-rência ao lugar onde nasceu e foi criado. Mas hoje mora em São Gonçalo, onde vive com a família (mulher e filhos). Da Rocinha, ganhou o mundo, com suas obras mostradas na Europa e nos Estados Unidos. Aos 51 anos, José Gomes da Costa define o seu estilo: naif pop. Versátil, já teve obras retratadas em telas, painéis, cartazes, biquínis, revistas.

“Gosto de brincar com as formas humanas, espo-radicamente faço composições usando seres humanos com animais, numa alusão explícita sobre as mutações que sofremos ao longo de nossas vidas”, explica.

Geléia diz que o marco inicial da sua carreira foi uma oficina de pintura em tecido dada por Gal-vão Preto na Escola Municipal Paula Brito, que fica na Rocinha. “Eu ainda era bem jovem, o professor disse que a oficina era só pra crianças, mas como não tinha ninguém eu era bem-vindo. Comecei a frequentar as aulas e daí por diante não parei mais de pintar”, relembra.

A paixão pela pintura já existia desde muito novo, o primeiro pincel foi reaproveitado do lixo: “Vi o pincel na lixeira e percebi que ainda me ser-via; quem pinta sabe que quando o pincel está mais gasto fica melhor. Hoje tenho em torno de 2 mil pincéis”, comemora o pintor.

De pintor a artista plasticoGeléia começou pintando faixas e letreiros. E foi

fazendo esse serviço que surgiu a oportunidade que mudaria sua vida. Em 1998, o cenógrafo e designer Gringo Cardia perguntou à sua empregada, mora-dora da Rocinha, se ela conhecia um pintor. Geléia foi indicado. A encomenda era desenhar Carlinhos Brown. Mesmo com um “frio na barriga” ele aceitou o desafio. “Eu imaginava que estava sendo chama-do para pintar letras”. O trabalho deu tão certo que ele acabou fazendo a capa e contracapa do CD de Brown “Omelete Man”, no ano seguinte.

“Eu já pintava, mas só mostrava para os ami-gos que frequentavam minha oficina na Rocinha. Depois desse convite vieram as entrevistas em pro-gramas de televisão, revistas e jornais. E aí surgiram outras oportunidades que tornaram meu trabalho visível ao mundo”, orgulha-se Geléia.

Dada a largada, suas pinturas atravessaram di-versas esferas artísticas e ele deixou de ter apenas a Rocinha como referência de trabalho. Em 1999, sua primeira exposição individual aconteceu na Livraria Dante, no Leblon. No mesmo ano, com Gringo Car-

dia e Lilian Pacce, ilustrou cinco obras para a revista espanhola Big Magazine – em edição especial so-bre o Brasil. Logo depois ingressou no projeto “Ce-nas Imaginárias”, criando o cartaz da peça teatral “Vestido de Noiva” - de autoria daquele que o ape-lidou, Nelson Rodrigues -, no Centro Cultural Banco do Brasil. Em 2007, participou da exposição coleti-va “Manifesto Porco com Arte”, onde o convite de abertura foi confeccionado com o trabalho dele.

Ilustrações do artista podem ser encontradas na Cervejaria Devassa, no Leblon, em um painel de azulejos, e na fachada da Sala Baden Powel, em Copacabana.

Reciclagem contemplativaDe todos os segmentos nos quais trabalha, o

artista prefere produzir o que chama de “recicla-gem contemplativa” com “chassis alternativos”. Tais obras consistem em reaproveitar objetos como tampos de mesa, esqueletos de móveis, discos de vinil, tampas de galão, monitores de vídeo, caixotes etc para expressar suas pinturas.

O artista se identifica como “a borboleta que quebrou as algemas”. A figura do inseto representa a Rocinha e a liberdade quer dizer que conseguiu mostrar seu trabalho fora da favela. “Não vivo pre-so à favela; a favela vive em mim como a melhor coisa que me aconteceu. Aprendi meus limites, meus valores morais”.

A versatilidade de Geléia é encontrada no coti-diano. Ele diz que se alimenta de todos os segmentos artísticos e que tira lições de tudo que observa. Sua renda mensal vem de faixas, letreiros, restaurações de pinturas e imagens para locais religiosos e particu-lares. As dificuldades enfrentadas por ele ainda são a comercialização das obras e os espaços destinados à exposição de trabalhos.

Outras informações sobre o artista: geleiadarocinha.blogspot.com

O apelidoSeu apelido foi dado pelo escritor, jornalista e teatrólo-

go Nelson Rodrigues. Um dia, ao sair da TV Globo, Nelson ouvira uma conversa entre funcionários na portaria. José Jaime, que na época era porteiro, dizia que tinha medo de armas, mesmo morando na favela. Então, Nelson tratou de lhe dar um apelido, homônimo a um personagem de Jô Soares na época. “Ele (Nelson Rodrigues) comentou que eu parecia o Guarda Geléia, daí o apelido pegou.”, relembra.

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Page 12: Dialogo Urbano nº01

Quando era músico do grupo Pétalas Rios, o percussionista Robson Ramos Teixeira, o Robinho, não gostava do que vestiam os frequentadores de rodas de samba, bailes funk, hip hop ou charme. Achava que essa multidão que circula pelos salões e quadras da zona norte, subúrbio e zona oeste do Rio de Janeiro não tinha uma moda que os representasse. “Havia roupa de surfista, com desenho do calçadão de Copacabana e o Cristo Redentor. Nada contra porque são paisagens do Rio, mas era preciso usar a roupa para mandar também a mensagem dos afrodescendentes do subúrbio”, conta ele. Por isso, lançou a gri-fe D’Negro, que começou com 100 camisetas doadas a amigos e hoje vende entre 200 e 300 peças por mês.

“A primeira coleção ficou pronta em junho de 2006 e nela investi tudo que tinha, as economias que tinha guardado como músico e como estoquista de um supermercado. Mas valeu a pena porque aquelas pessoas começaram a circular nas festas com minhas camisetas e logo chegaram as encomendas”, lem-bra. Para realizar o sonho, ele só contou com a ajuda dos ami-gos e a orientação do irmão, Paulo Sérgio Ramos, Dudu, que, na época, deixou o emprego na administração de uma rede de fast food para apostar na grife.

Deu certo

O esforço é grande. Ao todo, dez pessoas trabalham para produzir e distribuir as peças, que chegam ao consumidor a preços entre R$ 25 e R$ 35 dependendo do tamanho e da estampa. A cada coleção são lançados quatro desenhos que se combinam com cinco cores diferentes. O negócio deu certo e hoje a D’Negro ocupa um stand duplo na Saara (367 e 368, próximo à Avenida Presidente Vargas, quase junto ao Detran) e é vendida em lojas de Madureira, Irajá, Marechal Hermes e adjacências, onde Dudu e Robinho vivem desde criança. “Ven-demos pela Internet e por telefone e quem cuida disso é a mulher do Dudu, a Fernanda. Ou seja, fica tudo em família e entre amigos”, informa ele.

Embora não entendesse nada de moda, de produção e venda de roupas, Robinho não se intimidou. Em primeiro lu-gar, pediu orientação à estilista Kelly Melchiades, formada pela Universidade Cândido Mendes, que lhe deu toques sobre mo-delagem, como fazer e expor sua moda. Mas a idéia de doar as primeiras 100 camisetas para que elas circulassem junto a

Moda para unir pessoasD’Negro

Por Beatriz Coelho SilvaFotos: Thaisa Araújo

12Linho: “Quando chego com a camiseta todo mundo pergunta de onde é.”

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Quando era músico do grupo Pétalas Rios, o percussionista Robson Ramos Teixeira, o Robinho, não gostava do que vestiam os frequentadores de rodas de samba, bailes funk, hip hop ou charme. Achava que essa multidão que circula pelos salões e quadras da zona norte, subúrbio e zona oeste do Rio de Janeiro não tinha uma moda que os representasse. “Havia roupa de surfista, com desenho do calçadão de Copacabana e o Cristo Redentor. Nada contra porque são paisagens do Rio, mas era preciso usar a roupa para mandar também a mensagem dos afrodescendentes do subúrbio”, conta ele. Por isso, lançou a gri-fe D’Negro, que começou com 100 camisetas doadas a amigos e hoje vende entre 200 e 300 peças por mês.

“A primeira coleção ficou pronta em junho de 2006 e nela investi tudo que tinha, as economias que tinha guardado como músico e como estoquista de um supermercado. Mas valeu a pena porque aquelas pessoas começaram a circular nas festas com minhas camisetas e logo chegaram as encomendas”, lem-bra. Para realizar o sonho, ele só contou com a ajuda dos ami-gos e a orientação do irmão, Paulo Sérgio Ramos, Dudu, que, na época, deixou o emprego na administração de uma rede de fast food para apostar na grife.

Deu certo

O esforço é grande. Ao todo, dez pessoas trabalham para produzir e distribuir as peças, que chegam ao consumidor a preços entre R$ 25 e R$ 35 dependendo do tamanho e da estampa. A cada coleção são lançados quatro desenhos que se combinam com cinco cores diferentes. O negócio deu certo e hoje a D’Negro ocupa um stand duplo na Saara (367 e 368, próximo à Avenida Presidente Vargas, quase junto ao Detran) e é vendida em lojas de Madureira, Irajá, Marechal Hermes e adjacências, onde Dudu e Robinho vivem desde criança. “Ven-demos pela Internet e por telefone e quem cuida disso é a mulher do Dudu, a Fernanda. Ou seja, fica tudo em família e entre amigos”, informa ele.

Embora não entendesse nada de moda, de produção e venda de roupas, Robinho não se intimidou. Em primeiro lu-gar, pediu orientação à estilista Kelly Melchiades, formada pela Universidade Cândido Mendes, que lhe deu toques sobre mo-delagem, como fazer e expor sua moda. Mas a idéia de doar as primeiras 100 camisetas para que elas circulassem junto a

Moda para unir pessoasD’Negro

Por Beatriz Coelho SilvaFotos: Thaisa Araújo

12Linho: “Quando chego com a camiseta todo mundo pergunta de onde é.”

Moda para unir pessoasseu público alvo foi mesmo de Robinho, marqueteiro de primeira – no bom senti-do. “Até hoje eu faço isso, vou aos bailes para conhecer e cumprimentar quem usa minhas criações. Sempre dá certo e eles compram mais.”

Um de seus primeiros e mais constan-tes clientes é o professor de educação físi-ca e personal trainer, Uelinton dos Santos Cruz, o Linho, que tem todas as camisetas desde a primeira coleção. Para posar para as fotos que ilustram esta reportagem, ele trouxe as que mais gosta e caprichou no visual, com calças maneiras combinadas com chapéus irados. “Minha preferida é a que tem a logomarca da D’Negro pre-ta sobre a camiseta branca. Mas eu me identifico com todas elas porque têm um desenho bonito e mensagens interessan-tes gravadas nas costas”, explica. “Quan-do chego com a camiseta, todo mundo pergunta de onde é, onde comprar. E as garotas também olham mais, mas acho que é para a estampa e não para mim.”

Unir pessoas

A idéia de escrever seus pensamentos nas camisetas é também uma forma de passar sua mensagem de paz e harmo-nia. Robinho se preocupa não só em pro-duzir as camisetas, mas também em unir pessoas “de todas as idades e etnias” em torno de suas ideias, materializadas na grife. Para isso, além de percorrer o circui-to de bailes nos fins de semana, ele tam-bém promove eventos e tem conseguido apoios importantes, como do compositor e sambista Leandro Sapucahy e o MC Ma-rechal, além do grupo Quilombo, do qual Robinho é percussionista.

“Estou voltando à música que é ou-tra coisa que adoro fazer. Gosto também de produção visual e apreciar como as

pessoas usam as peças da D’Negro. Por enquanto só temos moda masculina, mas as mulheres compram e customizam nossas camisetas”, informa ele. “Logo que começamos, como houve boa procura, tentamos fazer também bermudas e cal-ças, mas não deu muito certo. Então pa-ramos e ficamos só nas camisetas para caprichar. Mas pretendo, daqui a uns dois anos, criar a D’Negro esporte fino.”

Enquanto essa moda não chega, Ro-binho busca também ampliar o alcance social de seu trabalho. Esse compromisso está não só nas frases das camisetas, mas na própria explicação da grife na página da internet: “A D’Negro carrega consigo um compromisso de ser a voz dos exclu-ídos, da favela para a favela, da favela para o asfalto, do asfalto para o mundo.” Por isso, os clientes são de todas as ida-des, faixas sociais, bairros e etnias.

“Um dia eu chego lá”

Ele pretende realizar, ainda em 2009, o Fórum D’Negro, um dia inteiro dedicado a atividades culturais, com apresentação de artistas, desfile da grife e outras mani-festações. “Já temos aprovação do evento

na Lei Rouanet e agora só falta conseguir a verba”, lembra ele, que conta com o apoio da socióloga Gianne Neves na produção deste e outros eventos. “Somos amigos há muitos anos e eu adoro a atitude deles. Como já trabalho com comunidades ne-gras há muito tempo, trouxe um pouco da minha experiência”, diz Gianne.

O sonho de Robinho e Dudu é ter uma loja da D’Negro, ter as camisetas expostas nas lojas de departamentos e multimarcas e ver gente do morro e do asfalto ostentando suas criações, inde-pendente da idade, do bairro onde mora ou da cor da pele. “Tenho que ir aos pou-cos para não dar um passo maior do que as pernas. Por enquanto ficamos nas ca-misetas e a coleção de inverno 2009 já está na rua”, diz Robinho. Ele conta que se sente plenamente realizado com o que faz, mas só não deu ainda para ga-nhar dinheiro. “Dá para pagar as contas, os colaboradores e reinvestir na grife. Um dia eu chego lá!”

Os irmãos Robinho (à esquerda) e Dudu tocam a D’Negro.

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A Rocinha é um BOM NEGÓCIO

Transporte fácil e a toda hora, comércio que não

acaba mais e um caminho de possibilidades. Há

quem compare, exageros à parte, a Rocinha com

Nova York, a cidade que não pára. Com tanta agi-

tação, a comunidade, que tem seu número de ha-

bitantes em grande controvérsia - as estimativas

variam de 56 mil (IBGE/2000) a 90 mil (informa-

ção divulgada pelo Governo do Estado) - fica en-

tre Gávea e São Conrado, já ganhou as páginas de

TV, jornais e revistas internacionais e é uma gera-

dora de empregos para os que vivem, ou não, na

comunidade. Por receber todos de braços abertos,

ela atrai comerciantes e trabalhadores de fora e

mostra que a palavra violência não é a primeira a

ser lembrada quando se trata dela. Segundo cen-

so divulgado recentemente pelo Governo do Es-

tado, a Rocinha tem 6.317 pontos de comércio. E

tem, de acordo com pesquisa feita pelo arquiteto

Jorge Jauregui, mais de seis mil pessoas que não

moram na comunidade trabalhando ali.

A rotina de Fernando da Silva, de 32 anos, não o desanima. Todos os dias – menos aos sábados, diz ele - acorda bem cedinho e às 7h da manhã já está em seu mercado, na Estrada da Gávea (via que atravessa toda a Rocinha, da Gávea até São Conrado). Morador de Ja-carepaguá, diz que nunca teve problemas nestes mais de três anos em que se instalou na comunidade.

Seu primeiro negócio foi um depósito de bebidas, mas há oito meses resolveu se arriscar em um novo empreendimento e abriu o mercado. “Com certeza, aqui na comunidade é bem melhor para se trabalhar, eu me sinto mais seguro aqui do que em outros luga-res. Entro e saio sem nenhum problema”, afirma o co-merciante que diz faturar mensalmente de 70 a 100 mil reais e com uma frequência de aproximadamente quatro mil clientes por mês. “Tá dando certo, graças a Deus; consegui pagar os funcionários do antigo negó-cio e mudei minha rotina de vida; chego em casa cedo e ainda consigo ver tevê e relaxar”, comemora.

Há 12 anos, o morador e comerciante Antônio Ro-drigues Ramos, de 32 anos, inaugurava sua loja de tor-tas. Ele lembra que não foi fácil convencer os morado-res a comprar o seu produto: “No começo, quando se falava em doce, as pessoas pensavam logo em pudim ou brigadeiro”.

Para conseguir que suas tortas fossem consu-midas e caíssem no gosto das pessoas, passou a oferecer gratuitamente algumas para degustação. Agora, não tem do que reclamar. “Considero a Ro-cinha bom negocio sim. Aqui tem muita gente, con-centração de muitas pessoas. Hoje meu negócio é estável, recebo cerca de trezentas encomendas por mês”, relembra ele, que já conseguiu comprar sua casa e investe na educação das filhas, uma de oito e outra de três anos.

Por Landa AraújoFotos: Ricardo Sousa

Mesmo nas pequenas vielas o comércio prolifera na Rocinha

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A Rocinha é um BOM NEGÓCIO

Transporte fácil e a toda hora, comércio que não

acaba mais e um caminho de possibilidades. Há

quem compare, exageros à parte, a Rocinha com

Nova York, a cidade que não pára. Com tanta agi-

tação, a comunidade, que tem seu número de ha-

bitantes em grande controvérsia - as estimativas

variam de 56 mil (IBGE/2000) a 90 mil (informa-

ção divulgada pelo Governo do Estado) - fica en-

tre Gávea e São Conrado, já ganhou as páginas de

TV, jornais e revistas internacionais e é uma gera-

dora de empregos para os que vivem, ou não, na

comunidade. Por receber todos de braços abertos,

ela atrai comerciantes e trabalhadores de fora e

mostra que a palavra violência não é a primeira a

ser lembrada quando se trata dela. Segundo cen-

so divulgado recentemente pelo Governo do Es-

tado, a Rocinha tem 6.317 pontos de comércio. E

tem, de acordo com pesquisa feita pelo arquiteto

Jorge Jauregui, mais de seis mil pessoas que não

moram na comunidade trabalhando ali.

A rotina de Fernando da Silva, de 32 anos, não o desanima. Todos os dias – menos aos sábados, diz ele - acorda bem cedinho e às 7h da manhã já está em seu mercado, na Estrada da Gávea (via que atravessa toda a Rocinha, da Gávea até São Conrado). Morador de Ja-carepaguá, diz que nunca teve problemas nestes mais de três anos em que se instalou na comunidade.

Seu primeiro negócio foi um depósito de bebidas, mas há oito meses resolveu se arriscar em um novo empreendimento e abriu o mercado. “Com certeza, aqui na comunidade é bem melhor para se trabalhar, eu me sinto mais seguro aqui do que em outros luga-res. Entro e saio sem nenhum problema”, afirma o co-merciante que diz faturar mensalmente de 70 a 100 mil reais e com uma frequência de aproximadamente quatro mil clientes por mês. “Tá dando certo, graças a Deus; consegui pagar os funcionários do antigo negó-cio e mudei minha rotina de vida; chego em casa cedo e ainda consigo ver tevê e relaxar”, comemora.

Há 12 anos, o morador e comerciante Antônio Ro-drigues Ramos, de 32 anos, inaugurava sua loja de tor-tas. Ele lembra que não foi fácil convencer os morado-res a comprar o seu produto: “No começo, quando se falava em doce, as pessoas pensavam logo em pudim ou brigadeiro”.

Para conseguir que suas tortas fossem consu-midas e caíssem no gosto das pessoas, passou a oferecer gratuitamente algumas para degustação. Agora, não tem do que reclamar. “Considero a Ro-cinha bom negocio sim. Aqui tem muita gente, con-centração de muitas pessoas. Hoje meu negócio é estável, recebo cerca de trezentas encomendas por mês”, relembra ele, que já conseguiu comprar sua casa e investe na educação das filhas, uma de oito e outra de três anos.

Por Landa AraújoFotos: Ricardo Sousa

Mesmo nas pequenas vielas o comércio prolifera na Rocinha

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O comércio local, que não é pouco, tem

um grande número de investidores de fora. Os

serviços variam da área da saúde até o entre-

tenimento, passando pelos setores de trans-

portes, educação, turismo, beleza, imobiliário,

confecções, academias de ginástica e gastro-

nomia (há até um restaurante japonês). “Tem

muita gente de fora que vem montar um negó-

cio aqui, porque tem um potencial de compra

muito bom”, explica Jorge Collaro, presidente

da Associação Comercial e Industrial do Bairro

Rocinha (Acibro).Mas a informalidade da maioria dos comér-

cios locais ainda é um ponto a ser questiona-

do. Jorge Collaro é um incentivador da forma-

lidade. “As novas leis que virão do governo do

Estado e o MEI (micro empresário individual),

por exemplo, vão contribuir para muita gente

aqui da Rocinha ser legalizada. A tendência do

comércio é regularizar uma grande parte da in-

formalidade”, diz.

Empresas conhecidas no Rio de Janeiro, si-

tuadas da Zona Sul à Zona Norte, completam o

quadro comercial da favela. Entre elas, a rede

de fast food Bob´s, a empresa de formação

profissional Microlins e a Drogarias Pacheco. Esta última está há mais de seis anos na comunidade e já recebeu o prêmio de loja com o maior número de público. “Nós sempre somos com-parados à Taquara, que é um centro comercial”, diz a gerente geral da filial Rocinha, Lene Nunes. Ela é uma das mais de 6 mil pessoas que não moram mas tra-balham na comunidade. Ao ser perguntada se a Rocinha é um bom negócio, responde sem pestanejar: “Se é..., eu mesma queria abrir um comércio aqui, de preferência na Via Ápia”.

A loja, que fica bem no começo da Via Ápia (primeira entrada após o túnel Zuzú Angel), re-cebe diariamente cerca de 1.500 pessoas. Lene diz que o público é diversificado e, muitas ve-zes, composto de pessoas que não moram na comunidade: “A gente recebe muito cliente de São Conrado e do Leblon”.

A Rocinha tem até uma emissora de tevê, a TV ROC, que funciona em São Conrado e viabi-liza o sinal para a comunidade. Ela cobra R$ 30 por assinatura. Além dela, há mais três emisso-ras, digamos assim, informais.

Comércio de fora para dentro

A agência do Bradesco e a loja da Pacheco, ambas na Via Ápia, porta de entrada da Rocinha

“Tem muita gente de fora que vem montar um negócio aqui, por-que tem um potencial de compra muito bom”

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Moto-táxi

Bancos

Não há como passar desapercebido o serviço de moto-táxi. Hoje são cerca de 500 motos transitando pela Estrada da Gávea, o que demonstra que a mão-de-obra dos pilotos é bastante requisi-tada. O transporte alternativo de motos atrai pessoas de toda a parte. É o caso de João Batista Rodrigues, 21 anos. Há cerca de um mês, convidado pelo primo morador da Rocinha, chegou da cidade de Guaraciba, no Ceará, para trabalhar no ramo. Morando sozinho, paga R$ 200 em uma quitinete e diz que seu objetivo não é ficar muito tempo no Rio. Se a pessoa tiver disposição, vale à pena trabalhar aqui, mas eu sinto mui-ta falta da minha família; quero juntar dinheiro, comprar uma moto e voltar para minha cidade”.

José Santana, 30 anos, mora em Ita-boraí, do outro lado da Baía de Guana-bara, acorda às 4h da manhã para traba-lhar de moto-taxista na Rocinha até as 19h. “Lá (em Itaboraí) tem muito ladrão que rouba moto; aqui, apesar de a gente ficar perto da violência, nada acontece”, explica José, que não fica satisfeito se não atingir a meta diária de R$ 80.

Na Rocinha funcionam três agên-cias bancárias: Bradesco, Itaú e Caixa Econômica Federal. A mais antiga é a do Itaú, que está na comunidade há 15 anos, desde quando ainda era Banerj. O gerente da agência, Carlos Trindade, informa que o movimento da agência é compatível com o mercado. “Temos 390 clientes ativos e a aceitação pelos mora-dores é muito boa”.

José atravessa a baía todo dia para faturar R$ 80 por dia com a moto

Antonio Rodrigues vende 300 tor-tas por mês e já comprou uma casa com o lucro do seu negócio

João Batista: de Guaraciba, no Ceará, para o serviço de moto-táxi da Rocinha

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O comércio local, que não é pouco, tem

um grande número de investidores de fora. Os

serviços variam da área da saúde até o entre-

tenimento, passando pelos setores de trans-

portes, educação, turismo, beleza, imobiliário,

confecções, academias de ginástica e gastro-

nomia (há até um restaurante japonês). “Tem

muita gente de fora que vem montar um negó-

cio aqui, porque tem um potencial de compra

muito bom”, explica Jorge Collaro, presidente

da Associação Comercial e Industrial do Bairro

Rocinha (Acibro).Mas a informalidade da maioria dos comér-

cios locais ainda é um ponto a ser questiona-

do. Jorge Collaro é um incentivador da forma-

lidade. “As novas leis que virão do governo do

Estado e o MEI (micro empresário individual),

por exemplo, vão contribuir para muita gente

aqui da Rocinha ser legalizada. A tendência do

comércio é regularizar uma grande parte da in-

formalidade”, diz.

Empresas conhecidas no Rio de Janeiro, si-

tuadas da Zona Sul à Zona Norte, completam o

quadro comercial da favela. Entre elas, a rede

de fast food Bob´s, a empresa de formação

profissional Microlins e a Drogarias Pacheco. Esta última está há mais de seis anos na comunidade e já recebeu o prêmio de loja com o maior número de público. “Nós sempre somos com-parados à Taquara, que é um centro comercial”, diz a gerente geral da filial Rocinha, Lene Nunes. Ela é uma das mais de 6 mil pessoas que não moram mas tra-balham na comunidade. Ao ser perguntada se a Rocinha é um bom negócio, responde sem pestanejar: “Se é..., eu mesma queria abrir um comércio aqui, de preferência na Via Ápia”.

A loja, que fica bem no começo da Via Ápia (primeira entrada após o túnel Zuzú Angel), re-cebe diariamente cerca de 1.500 pessoas. Lene diz que o público é diversificado e, muitas ve-zes, composto de pessoas que não moram na comunidade: “A gente recebe muito cliente de São Conrado e do Leblon”.

A Rocinha tem até uma emissora de tevê, a TV ROC, que funciona em São Conrado e viabi-liza o sinal para a comunidade. Ela cobra R$ 30 por assinatura. Além dela, há mais três emisso-ras, digamos assim, informais.

Comércio de fora para dentro

A agência do Bradesco e a loja da Pacheco, ambas na Via Ápia, porta de entrada da Rocinha

“Tem muita gente de fora que vem montar um negócio aqui, por-que tem um potencial de compra muito bom”

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Moto-táxi

Bancos

Não há como passar desapercebido o serviço de moto-táxi. Hoje são cerca de 500 motos transitando pela Estrada da Gávea, o que demonstra que a mão-de-obra dos pilotos é bastante requisi-tada. O transporte alternativo de motos atrai pessoas de toda a parte. É o caso de João Batista Rodrigues, 21 anos. Há cerca de um mês, convidado pelo primo morador da Rocinha, chegou da cidade de Guaraciba, no Ceará, para trabalhar no ramo. Morando sozinho, paga R$ 200 em uma quitinete e diz que seu objetivo não é ficar muito tempo no Rio. Se a pessoa tiver disposição, vale à pena trabalhar aqui, mas eu sinto mui-ta falta da minha família; quero juntar dinheiro, comprar uma moto e voltar para minha cidade”.

José Santana, 30 anos, mora em Ita-boraí, do outro lado da Baía de Guana-bara, acorda às 4h da manhã para traba-lhar de moto-taxista na Rocinha até as 19h. “Lá (em Itaboraí) tem muito ladrão que rouba moto; aqui, apesar de a gente ficar perto da violência, nada acontece”, explica José, que não fica satisfeito se não atingir a meta diária de R$ 80.

Na Rocinha funcionam três agên-cias bancárias: Bradesco, Itaú e Caixa Econômica Federal. A mais antiga é a do Itaú, que está na comunidade há 15 anos, desde quando ainda era Banerj. O gerente da agência, Carlos Trindade, informa que o movimento da agência é compatível com o mercado. “Temos 390 clientes ativos e a aceitação pelos mora-dores é muito boa”.

José atravessa a baía todo dia para faturar R$ 80 por dia com a moto

Antonio Rodrigues vende 300 tor-tas por mês e já comprou uma casa com o lucro do seu negócio

João Batista: de Guaraciba, no Ceará, para o serviço de moto-táxi da Rocinha

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FAMOSOS no social

Raí, Leonardo, Jorginho, Bebeto, Gabriel O Pensador, Flavio Canto, Grin-go Cardia, Rico de Souza e Deborah Colker. Além de famosos, eles têm o interesse em integrar lugares geograficamente tão perto e, ao mesmo tempo, tão longe socialmente.

Para isso, cada uma dessas personalidades estruturou projetos sociais que oferecem as mais variadas atividades gratuitas que buscam a forma-ção e a valorização dos jovens de comunidades populares, minimizando preconceitos, favorecendo a troca, a integração e o diálogo entre a “fave-la” e o “asfalto” no Rio de Janeiro.

Eles são pessoas famosas, conhecidas em todo o Brasil e no exterior.Em comum, o desejo de contribuir para construir uma sociedade melhor

Por Camila Elias

Deborah Colker: projeto social de danca

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Este ano, a coreógrafa Deborah Colker, responsável pela direção do novo espetáculo do Cirque de Soleil, inicia um novo projeto social: o Centro de Movi-mento Deborah Colker (CMDC). Os objeti-vos são a criação de um corpo de dança, a produção de um espetáculo e realiza-ção de apresentações do grupo em locais alternativos, a partir de outubro.

“Com esta iniciativa, queremos que os jovens se profissionalizem. Há muitos projetos sociais de dança em que surgem talentos, mas eles ficam estacionados, no limbo entre o céu e a terra. Nossa intenção aqui é que eles construam uma carreira”, diz João Elias, diretor executivo da Cia. Debo-rah Colker.

As comunidades que quiserem re-ceber o espetáculo podem se inscrever através do email: [email protected].

Quem pode participar Jovens já iniciados na dança, matri-culados na rede pública de ensino.

Com o objetivo de identificar entidades do terceiro setor atuan-tes em comunidades que estão recebendo obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e verificar possíveis parcerias para a implementação do Plano de Desenvolvimento Sustentável (PDS), jovens pesquisadores do Trabalho Social do PAC realizam, até o final de maio, pesquisa com organizações da sociedade civil em Mangui-nhos, Complexo do Alemão e Rocinha.

“Essa pesquisa vai revelar quais os entraves e as potencialida-des de cada organização e quais podem ser parceiras na execução do PDS. Não adianta a elaboração de um plano sem participação ativa dos moradores. As organizações vão atuar em conjunto com a comunidade, fortalecendo a união dos setores privado, público e sociedade civil. Quando a comunidade se organiza e se torna partici-pativa, ela ganha mais autonomia e mais força política para também exigir do poder publico mais investimento”, esclarece Raphaella Fa-gundes, coordenadora de Pesquisa do Trabalho Social.

Pesquisadores moram nas comunidadesNa primeira etapa da pesquisa, os jovens pesquisadores checam

que entidades são realmente do terceiro setor. Na segunda, eles re-alizam entrevistas detalhadas com cada organização. Os jovens pes-quisadores são moradores das próprias comunidades, selecionados, capacitados e remunerados pela equipe técnica do Trabalho Social. O resultado da pesquisa ganhará uma publicação que trará mais co-nhecimento sobre Manguinhos, Complexo do Alemão e Rocinha.

“Algumas organizações não têm dimensão da importância des-se trabalho. Sei que as comunidades estão saturadas de pesquisas porque já tiveram muitas e que não trouxeram retorno. O resultado desta será publicado em livro que vai ajudar a divulgar os projetos, não só para o poder público, mas também para a própria comunida-de”, informa Raphaella.

PACRaphaella (à direita, de crachá) com jovens que fazem a pesquisa no Complexo do Alemão

Equipe de jovens pesquisadores de Manguinhos

Equipe de jovens pesquisadores da Rocinha

O Desenvolvimento Sustentável busca a melhoria da qualidade de

vida, com crescimento econômico, geração de riquezas, empregos e

preservação do meio ambiente e cultura. O Plano de Desenvolvimento

Sustentável é a primeira e mais importante etapa deste processo.

O Trabalho Social do PAC irá elaborar os planos para Manguinhos,

Rocinha e Complexo do Alemão, com a participação dos moradores,

elucidando questões como “onde queremos chegar” e “qual o caminho

para a transformação”. O Plano irá indicar os passos desta caminhada,

como aproveitar as potencialidades, superar os desafios e transformar

e as dificuldades.

“Na prática, o que se busca é a construção de um modelo de de-

senvolvimento com maior participação, protagonismo das comunida-

des locais, equidade social e sustentabilidade ambiental a partir das

vocações produtivas locais. Com os investimentos em infraestrutura e

equipamentos públicos do PAC, esse modelo é fundamental para que

as comunidades possam aproveitar as oportunidades geradas pelo

PAC, gerando benefícios para os moradores e empresas locais, criando

diferentes espaços de inserção ao trabalho, geração de renda e em-

preendedorismo”, explica Paulo Romai, gerente de Desenvolvimento

Sustentável do Trabalho Social.

O que é o Plano de Desenvolvimento Sustentável

Por: Camila Elias

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pesquisa vai mostrar caminhos para plano de desenvolvimento

Page 19: Dialogo Urbano nº01

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FAMOSOS no social

Raí, Leonardo, Jorginho, Bebeto, Gabriel O Pensador, Flavio Canto, Grin-go Cardia, Rico de Souza e Deborah Colker. Além de famosos, eles têm o interesse em integrar lugares geograficamente tão perto e, ao mesmo tempo, tão longe socialmente.

Para isso, cada uma dessas personalidades estruturou projetos sociais que oferecem as mais variadas atividades gratuitas que buscam a forma-ção e a valorização dos jovens de comunidades populares, minimizando preconceitos, favorecendo a troca, a integração e o diálogo entre a “fave-la” e o “asfalto” no Rio de Janeiro.

Eles são pessoas famosas, conhecidas em todo o Brasil e no exterior.Em comum, o desejo de contribuir para construir uma sociedade melhor

Por Camila Elias

Deborah Colker: projeto social de danca

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Este ano, a coreógrafa Deborah Colker, responsável pela direção do novo espetáculo do Cirque de Soleil, inicia um novo projeto social: o Centro de Movi-mento Deborah Colker (CMDC). Os objeti-vos são a criação de um corpo de dança, a produção de um espetáculo e realiza-ção de apresentações do grupo em locais alternativos, a partir de outubro.

“Com esta iniciativa, queremos que os jovens se profissionalizem. Há muitos projetos sociais de dança em que surgem talentos, mas eles ficam estacionados, no limbo entre o céu e a terra. Nossa intenção aqui é que eles construam uma carreira”, diz João Elias, diretor executivo da Cia. Debo-rah Colker.

As comunidades que quiserem re-ceber o espetáculo podem se inscrever através do email: [email protected].

Quem pode participar Jovens já iniciados na dança, matri-culados na rede pública de ensino.

Com o objetivo de identificar entidades do terceiro setor atuan-tes em comunidades que estão recebendo obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e verificar possíveis parcerias para a implementação do Plano de Desenvolvimento Sustentável (PDS), jovens pesquisadores do Trabalho Social do PAC realizam, até o final de maio, pesquisa com organizações da sociedade civil em Mangui-nhos, Complexo do Alemão e Rocinha.

“Essa pesquisa vai revelar quais os entraves e as potencialida-des de cada organização e quais podem ser parceiras na execução do PDS. Não adianta a elaboração de um plano sem participação ativa dos moradores. As organizações vão atuar em conjunto com a comunidade, fortalecendo a união dos setores privado, público e sociedade civil. Quando a comunidade se organiza e se torna partici-pativa, ela ganha mais autonomia e mais força política para também exigir do poder publico mais investimento”, esclarece Raphaella Fa-gundes, coordenadora de Pesquisa do Trabalho Social.

Pesquisadores moram nas comunidadesNa primeira etapa da pesquisa, os jovens pesquisadores checam

que entidades são realmente do terceiro setor. Na segunda, eles re-alizam entrevistas detalhadas com cada organização. Os jovens pes-quisadores são moradores das próprias comunidades, selecionados, capacitados e remunerados pela equipe técnica do Trabalho Social. O resultado da pesquisa ganhará uma publicação que trará mais co-nhecimento sobre Manguinhos, Complexo do Alemão e Rocinha.

“Algumas organizações não têm dimensão da importância des-se trabalho. Sei que as comunidades estão saturadas de pesquisas porque já tiveram muitas e que não trouxeram retorno. O resultado desta será publicado em livro que vai ajudar a divulgar os projetos, não só para o poder público, mas também para a própria comunida-de”, informa Raphaella.

PACRaphaella (à direita, de crachá) com jovens que fazem a pesquisa no Complexo do Alemão

Equipe de jovens pesquisadores de Manguinhos

Equipe de jovens pesquisadores da Rocinha

O Desenvolvimento Sustentável busca a melhoria da qualidade de

vida, com crescimento econômico, geração de riquezas, empregos e

preservação do meio ambiente e cultura. O Plano de Desenvolvimento

Sustentável é a primeira e mais importante etapa deste processo.

O Trabalho Social do PAC irá elaborar os planos para Manguinhos,

Rocinha e Complexo do Alemão, com a participação dos moradores,

elucidando questões como “onde queremos chegar” e “qual o caminho

para a transformação”. O Plano irá indicar os passos desta caminhada,

como aproveitar as potencialidades, superar os desafios e transformar

e as dificuldades.

“Na prática, o que se busca é a construção de um modelo de de-

senvolvimento com maior participação, protagonismo das comunida-

des locais, equidade social e sustentabilidade ambiental a partir das

vocações produtivas locais. Com os investimentos em infraestrutura e

equipamentos públicos do PAC, esse modelo é fundamental para que

as comunidades possam aproveitar as oportunidades geradas pelo

PAC, gerando benefícios para os moradores e empresas locais, criando

diferentes espaços de inserção ao trabalho, geração de renda e em-

preendedorismo”, explica Paulo Romai, gerente de Desenvolvimento

Sustentável do Trabalho Social.

O que é o Plano de Desenvolvimento Sustentável

Por: Camila Elias

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pesquisa vai mostrar caminhos para plano de desenvolvimento

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Quem pode participar

Flávio Canto, medalhista olímpico no judô, criou, em 2003, o Instituto Reação. Através do esporte e atividades complementares, como passeios culturais, atendimento fisioterapêutico, aulas de inglês e reforço escolar, ele procura transformar a vida de quase mil jovens das comunidades da Rocinha, Tubiacanga (Ilha do Governador), Cidade de Deus e Pequena Cruzada.

Durante as aulas, Flávio Canto ensina a filosofia do judô que, segundo ele, é refletida em diversos aspec-tos da vida. “Minha orientação é o bushido, o código de ética do samurai, baseado na disciplina, respeito ao próximo e não-violência. Percebo que os atletas, ao in-teriorizarem esses princípios, desenvolveram respeito, humildade, determinação, autoestima, melhoraram na escola e no relacionamento interpessoal”, diz.

“Desde que entrei no judô, eu, que era rebelde, mudei a educação em casa. Comecei a participar de campeonatos e a fazer novas amizades. E se eu fosse mal na escola, não podia competir nem participar dos passeios”, conta Felipe Souza, aluno faixa marrom.

,de Flavio Canto

A Escola Fabrica de Espetaculos de Gringo Cardia

Num galpão industrial, na zona portu-ária, a Spectaculu, de Gringo Cardia, cenó-grafo e artista visual que atualmente está no Canadá criando a cenografia do novo espetáculo do Cirque du Soleil, insere jo-vens de mais de 50 comunidades popu-lares na produção de sonhos através das artes cênicas, visuais e tecnologia.

Ao final de um ano, são capacitados cerca de 40 jovens em iluminação, contrar-regragem, adereços, carpintaria, cenário, edição de vídeo, computação gráfica, design gráfico e fotografia. “A escola tem uma rede de parcerias com teatros, emissoras de tevê, produtoras e vários profissionais indepen-dentes que aproveitam os jovens formados para estágios profissionais”, revela Gringo.

Que o diga Tiago Ortega, aderecista do Núcleo de Produções: “desde que me formei na Spectaculu, nunca mais fiquei sem trabalho”.

“Quem não é contratado efetivamente por uma empresa, pode integrar o Núcleo de Produções que funciona como uma incubadora e presta serviços para outros projetos”, complementa Kátia Oliveira, co-ordenadora pedagógica.

Além das aulas e atividades culturais, a es-cola convida artistas e profissionais para con-tarem suas experiências aos alunos. “Esta inte-gração é muito saudável para quem fala e para quem ouve. Os profissionais ficam tocados pela curiosidade e pela fome de cultura que estes jovens têm. Isto promove uma sensibilização e uma certeza de que estas pessoas têm que fazer mais parte desta integração social que vários projetos promovem.”, diz Gringo.

Quem pode participarJovens de 16 a 21 anos, estudantes ou que tenham concluído o ensino médio.

20Estudantes, de 4 a 15 anos e que mo-rem nas comunidades do projeto.Flávio Canto observa o treino de dois alunos.

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“Muda – que quando a gente muda o mundo muda com a gen-te; A gente muda o mundo na mudança da mente”.

O trecho de uma música de Gabriel O Pensador funciona como en-redo do seu projeto social Pensando Junto. Desde 2005, atende crianças e jovens na Rocinha, proporcionando o acesso à cultura, educação, la-zer, alimentação, acompanhamento médico, odontológico e psicológico. Além de oficinas de dança, música, maquete, leitura, reforço de português e matemática, os jovens também participam de atividades culturais.

“Os participantes fazem visitas a museus, teatros ou mesmo pas-seios mais lúdicos fora da comunidade, o que não é muito comum, por incrível que pareça, na rotina de um adolescente da Rocinha. Isso ajuda a abrir os horizontes da garotada, eles enxergam que o mundo tem muito mais para oferecer do que aquilo que eles estão acostumados a ver na vizinhança, na praia, no bairro”, conta Gabriel.

O programa tem foco na inserção social dos jovens e crianças em situação de risco, promovendo a orientação, a informação, repensando valores e desenvolvendo a autoestima, criando acessibilidade no cami-nho para a conscientização de cada potencial.

“A cultura e o espírito de grupo ajudam a renovar a esperança pesso-al de cada um, e também, de certa maneira, a nossa esperança coletiva, quando pensamos no que vem por aí. Trabalhos bem feitos com crian-ças das favelas ajudam a cidade a quebrar as barreiras do preconceito e também a diminuir a violência. Mas precisamos de muito mais gente fazendo coisas parecidas, e do esforço do poder público”, avalia ele.

Gabriel O Pensador,

Pensando Junto

Quem pode participarEstudantes da rede pública, de 8 a 17 anos

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Gringo Cardia dá uma aula no projeto Spetaculu

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“Muda – que quando a gente muda o mundo muda com a gen-te; A gente muda o mundo na mudança da mente”.

O trecho de uma música de Gabriel O Pensador funciona como en-redo do seu projeto social Pensando Junto. Desde 2005, atende crianças e jovens na Rocinha, proporcionando o acesso à cultura, educação, la-zer, alimentação, acompanhamento médico, odontológico e psicológico. Além de oficinas de dança, música, maquete, leitura, reforço de português e matemática, os jovens também participam de atividades culturais.

“Os participantes fazem visitas a museus, teatros ou mesmo pas-seios mais lúdicos fora da comunidade, o que não é muito comum, por incrível que pareça, na rotina de um adolescente da Rocinha. Isso ajuda a abrir os horizontes da garotada, eles enxergam que o mundo tem muito mais para oferecer do que aquilo que eles estão acostumados a ver na vizinhança, na praia, no bairro”, conta Gabriel.

O programa tem foco na inserção social dos jovens e crianças em situação de risco, promovendo a orientação, a informação, repensando valores e desenvolvendo a autoestima, criando acessibilidade no cami-nho para a conscientização de cada potencial.

“A cultura e o espírito de grupo ajudam a renovar a esperança pesso-al de cada um, e também, de certa maneira, a nossa esperança coletiva, quando pensamos no que vem por aí. Trabalhos bem feitos com crian-ças das favelas ajudam a cidade a quebrar as barreiras do preconceito e também a diminuir a violência. Mas precisamos de muito mais gente fazendo coisas parecidas, e do esforço do poder público”, avalia ele.

Gabriel O Pensador,

Pensando Junto

Quem pode participarEstudantes da rede pública, de 8 a 17 anos

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Gringo Cardia dá uma aula no projeto Spetaculu

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Jorginho e Bebeto,

Quem pode participar

O Gol de Letra,

Os tetracampeões da seleção brasileira de futebol, Raí e Leonardo, com a Fundação Gol de Letra, e Jorginho e Bebeto, com o Instituto Bola pra Frente, levam para as comunidades do Caju e de Guadalupe, respectivamente, o

futebol como uma ferramenta para a educação. O objetivo não é formar craques do futebol, mas utilizar a força atrativa deste esporte e oferecer múltiplas atividades para que os jovens descu-bram e desenvolvam suas potencialidades.

Foi a partir de um desejo de infância que Jorginho criou o Instituto Bola Frente, que beneficia quase 900 jovens do Complexo do Muquiço, Guadalupe. Ele queria ser jogador de futebol e construir uma Disneylândia. Após um contrato com a Nike, investiu um 1 milhão de dólares na transforma-ção do sonho de criança. Ao invés da Disney, um projeto social no mesmo lugar onde começou a jogar bola.

A instituição, que conta com a vice-presidência de Bebeto e hoje tem o apoio de empresas como Nike, Nestlé, Nextel e HSBC, entre outras, oferece aulas de informática, esportes, meio ambiente, saúde, nutrição,

artes plásticas, dança, artesanato, música, teatro e em-preendedorismo.

“Queremos que os jovens aprendam a buscar o seu caminho, que dêem importância aos estudos, que aprendam a ver arte na comunidade e que, com noções de empreendedorismo, possam contribuir também para o desenvolvimento socioeconômico local”, diz Susana Moreira, diretora-executiva do Bola pra Frente.

Quando o educando completa 17 anos, são for-mados aprendizes e encaminhados para estágio so-cial em empresas conveniadas.

Futebolpara

educarA Fundação Gol de Letra atende a cerca de 160 crianças e adoles-

centes, do Complexo do Caju, desde 2003. Eles têm aulas de esporte, lazer, leitura, escrita, informática, literatura e educação ambiental. E os familiares frequentam reuniões e sessões de cinema.

“A diversidade de aulas proporciona a descoberta de outras habi-lidades. Quando a criança se envolve com a própria educação, estu-dar deixa de ser uma obrigação”, explica Felipe Pítaro, coordenador de projetos. Segundo Leonardo, “nossa contribuição é gerar direitos básicos e discussões que provoquem novas atitudes sociais nos jo-vens e seus familiares”.

Maria Alice, mãe de três filhas, notou algumas mudanças desde que elas foram para o Gol de Letra: “A mais velha pensava muita besteira e hoje ela pensa mais na escola, até à igreja ela voltou a ir. E dentro de casa, elas ficaram melosas demais”, avalia.

Para os que completam 15 anos, até os 21, são oferecidas dez vagas para monitoria. No último ano, jovens de 16 a 24 anos foram capacitados em telemarketing e alguns deram continuidade aos es-tudos. Para Raí, o impacto social “só é percebido e consolidado com um trabalho contínuo. A cidade é o ambiente ao qual estes jovens devem pertencer sem distinção ou limitação de acesso”, diz.

Bola pra Frente

de Rai e Leonardo

Estudantes da rede pública, que morem no Caju e com idade entre 7 e 15 .Leonardo e Raí: gol de letra no Caju

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Quem pode participarAlunos convidados da rede pública de ensino, de 6 a 17 anos de idade

Há mais de 15 anos, o surfista e empresá-rio Rico de Souza desenvolve um trabalho so-cial com crianças da comunidade do Terreirão, Recreio dos Bandeirantes, oferecendo aulas de surfe, conserto de pranchas e noções básicas de cidadania e preservação do meio ambiente.

O principal objetivo é levar a estes jovens a oportunidade de se socializar através do surfe e das várias profissões que fazem parte do uni-verso deste esporte. “O surfe integra atletas e surfistas de diferentes áreas da cidade quando surfam e se encontram na mesma praia. Inde-pendente do poder aquisitivo, religião ou sexo. Todos se comunicam quando surfam”, diz Rico, que inaugurou a primeira escola de surfe do Brasil, em 1982, e ganhou o título de Embaixa-dor do Surfe Brasileiro.

Quem pode participarEstudantes da rede pública, com idade entre 7 e 18 anos, que morem no Terreirão

O surfe social de Rico de Souza

Jorginho, Bebeto e crianças do Bola pra Frente

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Rico (ao centro) com a garotada do Terreirão

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Quem pode participarAlunos convidados da rede pública de ensino, de 6 a 17 anos de idade

Há mais de 15 anos, o surfista e empresá-rio Rico de Souza desenvolve um trabalho so-cial com crianças da comunidade do Terreirão, Recreio dos Bandeirantes, oferecendo aulas de surfe, conserto de pranchas e noções básicas de cidadania e preservação do meio ambiente.

O principal objetivo é levar a estes jovens a oportunidade de se socializar através do surfe e das várias profissões que fazem parte do uni-verso deste esporte. “O surfe integra atletas e surfistas de diferentes áreas da cidade quando surfam e se encontram na mesma praia. Inde-pendente do poder aquisitivo, religião ou sexo. Todos se comunicam quando surfam”, diz Rico, que inaugurou a primeira escola de surfe do Brasil, em 1982, e ganhou o título de Embaixa-dor do Surfe Brasileiro.

Quem pode participarEstudantes da rede pública, com idade entre 7 e 18 anos, que morem no Terreirão

O surfe social de Rico de Souza

Jorginho, Bebeto e crianças do Bola pra Frente

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Rico (ao centro) com a garotada do Terreirão

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Rocinha

24Cantagalo (do livro Viva Favela)

Foto: Nando Dias

Foto: Ricardo Sousa

Cidade de Deus (do livro Viva Favela)

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Rocinha: Cachopa e o Morro dos Dois Irmãos

Foto: Ricardo Jesus

Rocinha | Via Sacra

Foto: Ricardo Sousa

Foto: Tony Barros

ParticipeMande sua foto para [email protected] Resolução: 300 DPI

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Rocinha: Cachopa e o Morro dos Dois Irmãos

Foto: Ricardo Jesus

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O que é favela?

As favelas são heterogêneas e complexas. As definições e respostas para o significado de favela são diversas. Comece-mos pelo princípio, pela palavra. Favela: planta rasteira, carac-terística da região Nordeste. Segundo historiadores, após vol-tarem das batalhas de Canudos, soldados se instalaram nas proximidades da Providência. A partir de então, passaram a chamá-la de favela carioca, numa alusão a Canudos.

Com característica desajeitada, a planta faz lembrar becos e ruelas sem planejamento. Essa é a imagem que o senso co-mum tem dos espaços favelados. A favela é local que concen-tra pobreza e pessoas à margem, privadas de bens e acesso à cidade. Ou ainda, a favela é lugar de bandidos (traficantes). Dependendo do ponto de referência do observador, todos são potenciais criminosos.

Por outro lado, moradores de favelas afirmam que menos de 1% dos habitantes dos espaços favelados está envolvido com o tráfico. A afirmação funciona como escudo contra pre-conceitos, porém a quantidade em nada muda o senso comum sobre esses espaços.

A favelização é um exemplo notório da falta de solidarieda-de humana. Atrelada à falta de solidariedade, está a inexistência de políticas de distribuição de renda e terras. O trabalhador no campo, vivendo uma situação sufocante e agonizante, vê na ci-dade uma saída. Mas acaba por se deparar com uma situação igual ou pior da que vivia, é pouco provável que terá acesso na cidade às políticas que não teve quando estava no campo.

Um dos graves problemas dos centros urbanos é a falta de políticas habitacionais, mas não é o único. Vindo de uma situ-ação miserável, sem base educacional, o trabalhador se torna mão-de-obra barata e morador de favela, único lugar que o acolhe. A cidade o aceita na condição primária de que é impor-tante para manter a máquina funcionando e nada mais.

Os espaços favelados são riquíssimos em diversidade, nes-te campo não existem definições ou explicações fáceis. A única generalização possível é em termos de estética e origem.

A atividade dos espaços favelados é intensa, obedece a uma lógica interna, com variações entre si. Assim como são as atividades humanas em qualquer lugar do planeta.

A desigualdade social brasileira é gritante e histórica. Não há como negar a ligação com o surgimento e a proliferação das favelas. A favela é, na verdade, parte de um vasto proces-so de exclusão que começa no campo e culmina nas cidades. Uma sociedade que conserva e mantém uma estrutura onde uma pequena elite detém considerável parcela das riquezas e condiciona uma imensa maioria da população a sobreviver com o resto não poderia ser diferente.

Francisco Valdean

PontoFinal

Foto: Francisco Valdean

Francisco Valdean é fotógrafo, estudante de Ciências Sociais e morador do Complexo da Maré(http://valldean.blogspot.com)

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O que é favela?

As favelas são heterogêneas e complexas. As definições e respostas para o significado de favela são diversas. Comece-mos pelo princípio, pela palavra. Favela: planta rasteira, carac-terística da região Nordeste. Segundo historiadores, após vol-tarem das batalhas de Canudos, soldados se instalaram nas proximidades da Providência. A partir de então, passaram a chamá-la de favela carioca, numa alusão a Canudos.

Com característica desajeitada, a planta faz lembrar becos e ruelas sem planejamento. Essa é a imagem que o senso co-mum tem dos espaços favelados. A favela é local que concen-tra pobreza e pessoas à margem, privadas de bens e acesso à cidade. Ou ainda, a favela é lugar de bandidos (traficantes). Dependendo do ponto de referência do observador, todos são potenciais criminosos.

Por outro lado, moradores de favelas afirmam que menos de 1% dos habitantes dos espaços favelados está envolvido com o tráfico. A afirmação funciona como escudo contra pre-conceitos, porém a quantidade em nada muda o senso comum sobre esses espaços.

A favelização é um exemplo notório da falta de solidarieda-de humana. Atrelada à falta de solidariedade, está a inexistência de políticas de distribuição de renda e terras. O trabalhador no campo, vivendo uma situação sufocante e agonizante, vê na ci-dade uma saída. Mas acaba por se deparar com uma situação igual ou pior da que vivia, é pouco provável que terá acesso na cidade às políticas que não teve quando estava no campo.

Um dos graves problemas dos centros urbanos é a falta de políticas habitacionais, mas não é o único. Vindo de uma situ-ação miserável, sem base educacional, o trabalhador se torna mão-de-obra barata e morador de favela, único lugar que o acolhe. A cidade o aceita na condição primária de que é impor-tante para manter a máquina funcionando e nada mais.

Os espaços favelados são riquíssimos em diversidade, nes-te campo não existem definições ou explicações fáceis. A única generalização possível é em termos de estética e origem.

A atividade dos espaços favelados é intensa, obedece a uma lógica interna, com variações entre si. Assim como são as atividades humanas em qualquer lugar do planeta.

A desigualdade social brasileira é gritante e histórica. Não há como negar a ligação com o surgimento e a proliferação das favelas. A favela é, na verdade, parte de um vasto proces-so de exclusão que começa no campo e culmina nas cidades. Uma sociedade que conserva e mantém uma estrutura onde uma pequena elite detém considerável parcela das riquezas e condiciona uma imensa maioria da população a sobreviver com o resto não poderia ser diferente.

Francisco Valdean

PontoFinal

Foto: Francisco Valdean

Francisco Valdean é fotógrafo, estudante de Ciências Sociais e morador do Complexo da Maré(http://valldean.blogspot.com)

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REAFIRMANDO SEU COMPROMISSO COM A TRANSPARÊNCIA NA GESTÃO PÚBLICA, O GOVERNO DO RIO DE JANEIRO OFERECE AOS CIDADÃOS SUA PRESTAÇÃO DE CONTAS.

SOMANDO FORÇAS, ESTAMOSRECUPERANDO O NOSSO ESTADO.

VEJA ALGUNS RESULTADOS.NOS ÚLTIMOS 2 ANOS, O RIO DE JANEIRO COMEÇOU A MUDAR.

JÁ NÃO EXISTEM DESAFIOS IMPOSSÍVEIS. JUNTOS, PODEMOS FAZER MAIS.

PRESTAÇÃO DE CONTAS AO CIDADÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – 2007/2009

SAÚDE SAÚDE MODERNIZADA E QUATRO VEZES MAIS PESSOAS ATENDIDAS

Emergências UPA 24 Horas: 20 unidades construídas em 17 meses.

2.019.533 pacientes atendidos. 1.197.046 exames realizados. 12.665.814 remédios distribuídos.

Cartão Saúde com cadastro informatizado e personalizado.

Ampliação do SAMU: 50 novas ambulâncias. Aumento de 167% nos atendimentos diários.

Modernização da rede de saúde: R$ 108 milhões para a compra de equipamentos (tomógrafos, aparelhos de ultrassonogra�as, leitos etc.) em pregões internacionais no �m de 2007.

O maior investimento em equipamentos hospitalares na história do Rio.

Salto de produtividade com maior economia do dinheiro público: Em 2008, foram quase 6,3 milhões de exames contra 2,5 milhões no ano anterior.

A terceirização dos exames de laboratório possibilitou uma redução de gasto anual de 135 para 28 milhões de reais.

No total, foram investidos na saúde 400 milhões de reais acima do piso estabelecido pela lei.

Em 2 anos, os atendimentos realizados pela rede pública estadual foram multiplicados por 4.

SEGURANÇAREINTEGRAÇÃO DE COMUNIDADES DOMINADAS POR CRIMINOSOS E POLÍCIA REEQUIPADA

Comunidades Dona Marta, Cidade de Deus e Batam reintegradas: Adoção da �loso�a de policiamento comunitário. Mais de 700 policiais especialmente treinados.

Parcerias com Governo Federal, prefeituras e sociedade.

Renovação da frota: 1.300 veículos comprados. Manutenção garantida e terceirizada para 730 novos carros da PM.

Construção do Centro de Inteligência Policial mais moderno do país.

Estado líder no Brasil na implementação do Pronasci: Mais de 20.000 agentes de segurança realizando cursos de capacitação e 700 recebendo Bolsa-Auxílio no valor de R$ 400,00.

EDUCAÇÃOO SÉCULO XXI CHEGA ÀS ESCOLAS PÚBLICAS ESTADUAIS

Cada professor em sala de aula recebeu um laptop com conexão

para internet em banda larga, totalizando 50 mil computadores.

Todas as 1.600 escolas estaduais foram dotadas de laboratórios de informática conectados à internet.

Todas as 19 mil salas de aula também receberam um computador com banda larga.

No total, a rede estadual possui hoje 10 vezes mais computadores do que tinha 2 anos antes, em 2006.

Modernização da gestão das escolas: Acompanhamento das atividades de 1 milhão e 500 mil alunos através de cartões digitais.

Criação de portais de internet com conteúdos especí�cos para alunos e professores.

Desenvolvimento de escolas-piloto focadas nos novos mercados de trabalho, como a Nave, na Tijuca, no Rio de Janeiro.

OBRASGOVERNO REALIZA OBRAS QUE O ESTADO ESPERAVA HÁ DÉCADAS

Urbanização e habitação bene�ciando 200 mil famílias.

Melhorias no saneamento e água de qualidade, para 3,4 milhões de pessoas, com a Nova Cedae.

A maior retirada de esgoto da Baía de Guanabara, com a ampliação da Estação Alegria.

Entrega de 4 pontes importantes para o interior do estado: Resende, Cabo Frio, Campos e São Fidélis. Pavimentação e restauração de 553 quilômetros de vias públicas em todo o Rio de Janeiro.

Início do Arco Rodoviário, que irá desafogar o tráfego para capital e Baixada Fluminense, projeto estratégico para o desenvolvimento do estado.

GESTÃO PÚBLICAGASTOS DESNECESSÁRIOS TRANSFORMADOS EM INVESTIMENTOS PRIORITÁRIOS

Economia de 1,3 bilhão de reais em gastos públicos até 2009. Meta até 2010: 3,5 bilhões de reais.

Recursos economizados permitem aumento dos investimentos em saúde, segurança e educação.

Novo modelo de controle dos projetos do governo e de seus objetivos, garantindo melhores resultados para a população.

De�nição de um plano estratégico, com 47 projetos prioritários para o futuro do Rio.