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Legislação e Tributos QUARTA-FEIRA, 18 DE OUTUBRO DE 2017 DIÁRIO COMÉRCIO INDÚSTRIA & SERVIÇOS 12 Investidora foi à Justiça para ter o direito a proventos distribuídos depois de vender as ações de uma empresa sob a justificativa de que teve esses papéis em carteira durante a apuração do lucro STJ afasta possibilidade de acionista ganhar dividendos fora do prazo legal EMPRESARIAL Ricardo Bomfim São Paulo [email protected] O Superior Tribunal de Justi- ça (STJ) derrubou a possibili- dade de acionistas receberem dividendos mesmo sem deter a posse de uma ação na data “com”, estipulada pela empre- sa como base para a distribui- ção desses proventos. A decisão reverteu o juízo proferido pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS), que havia condenado uma empresa ao pagamento de dividendos para uma ex-acionista que vendeu suas ações antes da Assembleia Geral que decidiu pela distri- buição dos resultados. A in- vestidora argumentou que te- ve aquelas ações em carteira durante todo o ano de 2001, quando a companhia auferiu o lucro utilizado para a distri- buição de proventos, e só as vendeu no contexto de uma aquisição por outra empresa, ocorrida antes da assembleia para definição dos dividen- dos, conforme os autos. Segundo a decisão, ao ad- quirir daquele acionista os papéis naquele momento es- pecífico, a empresa estava cometendo o crime de enri- quecimento ilícito, ao fugir da obrigação de pagar divi- dendos àquela acionista. A sócia do L.O. Baptista Advogados, Esther Jerussal- my Cunha, entretanto, lem- bra que se esse entendimen- to fosse tornado regra, qualquer investidor poderia pedir na Justiça para receber dividendos embora não deti- vesse as ações. “Essa foi uma sentença com caráter didáti- co. O mercado de capitais es- tá voltando a atrair os peque- nos investidores, mas alguns deles possuem expectativas DREAMSTIME Lei das S.As prevê que investidor só pode receber proventos se tiver as ações em uma data determinada TRF4 mantém execução de empresa em terreno irregular JUSTIÇA Uma metalúrgica de Joinvil- le (SC) terá que pagar taxas de ocupação de imóvel conside- rado terreno de Marinha. O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) negou, em outubro, o pedido da empresa de embargar a dívida porque o imóvel não seria da União. A autora alegava na ação que as terras que deram ori- gem à dívida foram cedidas pelo Império Brasileiro em 1840 para compor o patrimô- nio particular da Família Im- perial e que, ao longo dos anos, foram adquiridas por outros proprietários, o que as caracterizou, de forma adver- sa, como propriedade privada. Conforme a 3ª Turma, o pro- cesso que demarcou o imóvel ocupado pela autora como bem da União é de 1990, es- tando prescrito o direito de in- surgência em relação à área. O apelo foi negado por una- nimidade. O relator do caso, desembargador federal Roge- rio Favreto, explicou que qual- quer direito ou ação contra a Fazenda Federal prescreve em cinco anos após o ato originá- rio. “Tenho que merece ser mantida a decisão, por estar definitivamente encerrada a questão da cobrança de taxa de ocupação do imóvel de pro- priedade da autora, reconheci- da a prescrição do direito de insurgência”, disse. /Agências Cade aprova compra de setor da Maersk em petróleo e gás CONCORRENCIAL Da Redação e Agências São Paulo [email protected] A aquisição pela petroleira francesa Total dos ativos de pe- tróleo e gás da dinamarquesa Maersk foi aprovada sem res- trições pelo Conselho Admi- nistrativo de Defesa Econômi- ca (Cade), segundo publicação do órgão antitruste brasileiro no Diário Oficial da União. As empresas anunciaram um acordo no final de agosto, pelo qual a Total pagará US$ 4,95 bilhões em ações pela Maersk Olie e ainda assumirá US$ 2,5 bilhões em dívida da companhia dinamarquesa. No Brasil, a Maersk Olie não possui ativos em produção, mas detém participações não operacionais de 20% no campo de Wahoo e de 27 % no campo de Itaipu. O Cade considerou que o negócio não apresenta poten- cial lesivo à concorrência, por se tratar de ativos pré-opera- cionais e pela baixa participa- ção de mercado apresentada pelas requerentes. Segundo o órgão, as empre- sas disseram que a aquisição faz parte de uma estratégia da Total de comprar ativos que combinem com seus negócios de exploração e produção e com seu know-how em diver- sas regiões. A Total disse que terá sinergias comerciais, fi- nanceiras e operacionais com os negócios da Maersk Olie. Conselheiros Ainda nesta terça-feira (17), a Comissão de Assuntos Econô- micos (CAE) do Senado apro- vou as indicações de Alexandre Cordeiro Macedo para Supe- rintendente-geral da autarquia e de Polyanna Vilanova para conselheira do Tribunal Admi- nistrativo do Cade. A sabatina durou cerca de uma hora e poucos senadores fizeram perguntas, com temas como a elevada participação da JBS no mercado de frigorífi- cos, a fusão da Bayer e da Monsanto, a discussão sobre a competência do Cade e do Banco Central para análises na área de instituições financeiras e a metodologia de cálculo das multas aplicadas pelo conse- lho em processos administrati- vos contra empresas. irreais, que poderiam ter sido alimentadas por aquela sen- tença do TJRS”, avalia. No STJ, a Quarta Turma jul- gou o recurso da empresa, sob a relatoria do ministro Luís Fe- lipe Salomão. O magistrado ci- tou o artigo 205 da Lei 6. 404/1976, conhecida como Lei das Sociedades Anônimas, pa- ra derrubar a pretensão da acionista a receber dividendos somente por ter tido os papéis da empresa em carteira duran- te o exercício social de 2001. Segundo essa legislação, “a companhia pagará o dividen- do de ações nominativas à pessoa que, na data do ato de declaração do dividendo, esti- ver inscrita como proprietária ou usufrutuária da ação.” Destacou o relator no acór- dão que o entendimento dou- trinário é pacífico no sentido de que tem direito a proventos apenas aquele que, na data do ato de declaração do dividen- do, for proprietário ou usufru- tuário da ação. “Nesse passo, é incontroverso que o ato de de- claração de dividendo de todo o exercício social de 2001 ocor- reu apenas em abril de 2002, e que as ações foram alienadas - inclusive, a preço de mercado - em janeiro do mesmo ano”, acrescentou o ministro. Para o sócio da área societá- ria do Siqueira Castro Advoga- dos, Sérgio Fogolin, se o STJ não tivesse revertido o juízo do TJRS, haveria a instalação de um “caos jurídico” no País. “Seria um caos jurídico e um caos financeiro para as empre- sas. Além do custo de discutir algo que já está na lei, poderia trazer um prejuízo para os de- mais acionistas se as empresas fossem obrigadas a pagar divi- dendos para todo mundo que vendeu as ações antes de ser fixada a data limite para o re- cebimento de proventos”, ob- serva o especialista. Fogolin lembra que se a acionista vendeu seus papéis a preço de mercado, ela pode até ter recebido com lucro por causa da valorização das ações durante o período em que a companhia auferiu lucro. “Ela pode ter multiplicado seu ca- pital e está reclamando por conta dos dividendos. Seria um caos se uma decisão dessas tivesse guarida no STJ ou no STF [Supremo Tribunal Fede- ral]”, afirma o advogado. Caso atípico Na opinião de Esther, esse pro- cesso foi atípico porque não houve uma troca de ações en- tre investidores no mercado fi- nanceiro, e sim uma venda por uma acionista de volta para a empresa que emitiu aqueles papéis, mas sob outro nome por causa da aquisição por ou- tra companhia. “A decisão do STJ parece óbvia, mas discu- te-se o direito do acionista diante dessas especificidades”, explica a especialista. O problema maior, na visão dela, é que esse juízo poderia ser extrapolado para outros ti- pos de acionistas, trazendo o risco de judicialização de um tema que já está pacificado tanto na jurisprudência quan- to na legislação. “Poderia ir contra o disposto no artigo 205 se fosse levada para todo mun- do essa sentença.” Para Esther, esse caso tam- bém mostra a importância de deixar bem claro na declaração de distribuição de dividendos quem pode e quem não pode receber. “Muitas empresas fa- zem distribuição antecipada de dividendos e, lá na frente, esses dividendos são ratifica- dos. A questão é: o que aconte- ceria se o investidor recebendo o direito aos dividendos ante- cipadamente, ficasse sem os proventos em caso de prejuízo da empresa?”, questiona. Esther entende que qual- quer distribuição antecipada tem que ser feita com essa res- salva de que só será possível distribuir lucro se o resultado for positivo. “O pedido era contra a Lei das S.As” “Seria um caos jurídico e financeiro para as empresas” SÉRGIO FOGOLIN, SÓCIO DO SIQUEIRA CASTRO ADVOGADOS FOTO: DIVULGAÇÃO

DIÁRIO COMÉRCIO INDÚSTRIA & SERVIÇOS Legislação … - STJ afasta... · Legislação e Tributos 12 QUARTA-FEIRA, 18 DE OUTUBRO DE 2017 DIÁRIO COMÉRCIO INDÚSTRIA & SERVIÇOS

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Legislação e TributosQUARTA-FEIRA, 18 DE OUTUBRO DE 2017 � DIÁRIO COMÉRCIO INDÚSTRIA & SERVIÇOS12

Investidora foi à Justiça para ter o direito a proventos distribuídos depois de vender as ações deuma empresa sob a justificativa de que teve esses papéis em carteira durante a apuração do lucro

STJ afasta possibilidade de acionistaganhar dividendos fora do prazo legalEMPRE SARIAL

Ricardo BomfimSão [email protected]

�O Superior Tribunal de Justi-ça (STJ) derrubou a possibili-dade de acionistas receberemdividendos mesmo sem detera posse de uma ação na data“c o m”, estipulada pela empre-sa como base para a distribui-ção desses proventos.

A decisão reverteu o juízoproferido pelo Tribunal deJustiça do Rio Grande do Sul(TJRS), que havia condenadouma empresa ao pagamentode dividendos para umaex-acionista que vendeu suasações antes da AssembleiaGeral que decidiu pela distri-buição dos resultados. A in-vestidora argumentou que te-ve aquelas ações em carteiradurante todo o ano de 2001,quando a companhia auferiuo lucro utilizado para a distri-buição de proventos, e só asvendeu no contexto de umaaquisição por outra empresa,ocorrida antes da assembleiapara definição dos dividen-dos, conforme os autos.

Segundo a decisão, ao ad-quirir daquele acionista ospapéis naquele momento es-pecífico, a empresa estavacometendo o crime de enri-quecimento ilícito, ao fugirda obrigação de pagar divi-dendos àquela acionista.

A sócia do L.O. BaptistaAd vo g a d o s, Esther Jerussal-my Cunha, entretanto, lem-bra que se esse entendimen-to fosse tornado regra,qualquer investidor poderiapedir na Justiça para receberdividendos embora não deti-vesse as ações. “Essa foi umasentença com caráter didáti-co. O mercado de capitais es-tá voltando a atrair os peque-nos investidores, mas algunsdeles possuem expectativas

D R E A M ST I M E

Lei das S.As prevê que investidor só pode receber proventos se tiver as ações em uma data determinada

TRF4 mantém execução deempresa em terreno irregular

J U ST I Ç A

� Uma metalúrgica de Joinvil-le (SC) terá que pagar taxas deocupação de imóvel conside-rado terreno de Marinha. OTribunal Regional Federal da4ª Região (TRF-4) negou, emoutubro, o pedido da empresade embargar a dívida porque oimóvel não seria da União.

A autora alegava na açãoque as terras que deram ori-gem à dívida foram cedidaspelo Império Brasileiro em1840 para compor o patrimô-nio particular da Família Im-perial e que, ao longo dosanos, foram adquiridas poroutros proprietários, o que ascaracterizou, de forma adver-

sa, como propriedade privada.Conforme a 3ª Turma, o pro-

cesso que demarcou o imóvelocupado pela autora comobem da União é de 1990, es-tando prescrito o direito de in-surgência em relação à área.

O apelo foi negado por una-nimidade. O relator do caso,desembargador federal Roge-rio Favreto, explicou que qual-quer direito ou ação contra aFazenda Federal prescreve emcinco anos após o ato originá-rio. “Tenho que merece sermantida a decisão, por estardefinitivamente encerrada aquestão da cobrança de taxade ocupação do imóvel de pro-priedade da autora, reconheci-da a prescrição do direito dei n s u rg ê n c i a”, disse. /Agências

Cade aprova compra de setorda Maersk em petróleo e gás

CONCORRENCIAL

Da Redação e AgênciasSão Paulor e d ac a o @ d c i . c o m . b r

� A aquisição pela petroleirafrancesa Total dos ativos de pe-tróleo e gás da dinamarquesaMaersk foi aprovada sem res-trições pelo Conselho Admi-nistrativo de Defesa Econômi-ca (Cade), segundo publicaçãodo órgão antitruste brasileirono Diário Oficial da União.

As empresas anunciaramum acordo no final de agosto,pelo qual a To t a l pagará US$4,95 bilhões em ações pelaMaersk Olie e ainda assumiráUS$ 2,5 bilhões em dívida da

companhia dinamarquesa.No Brasil, a Maersk Olie não

possui ativos em produção,mas detém participações nãooperacionais de 20% no campode Wahoo e de 27 % no campode Itaipu.

O Cade considerou que onegócio não apresenta poten-cial lesivo à concorrência, porse tratar de ativos pré-opera-cionais e pela baixa participa-ção de mercado apresentadapelas requerentes.

Segundo o órgão, as empre-sas disseram que a aquisiçãofaz parte de uma estratégia daTotal de comprar ativos quecombinem com seus negóciosde exploração e produção ecom seu k n ow - h ow em diver-sas regiões. A Total disse que

terá sinergias comerciais, fi-nanceiras e operacionais comos negócios da Maersk Olie.

ConselheirosAinda nesta terça-feira (17), aComissão de Assuntos Econô-micos (CAE) do Senado apro-vou as indicações de AlexandreCordeiro Macedo para Supe-rintendente-geral da autarquiae de Polyanna Vilanova paraconselheira do Tribunal Admi-nistrativo do Cade.

A sabatina durou cerca deuma hora e poucos senadoresfizeram perguntas, com temascomo a elevada participaçãoda JBS no mercado de frigorífi-cos, a fusão da Ba ye r e daMo n s a n t o, a discussão sobre acompetência do Cade e doBanco Central para análises naárea de instituições financeirase a metodologia de cálculo dasmultas aplicadas pelo conse-lho em processos administrati-vos contra empresas.

irreais, que poderiam ter sidoalimentadas por aquela sen-tença do TJRS”, avalia.

No STJ, a Quarta Turma jul-gou o recurso da empresa, soba relatoria do ministro Luís Fe-lipe Salomão. O magistrado ci-tou o artigo 205 da Lei 6.404/1976, conhecida como Leidas Sociedades Anônimas, pa-ra derrubar a pretensão daacionista a receber dividendossomente por ter tido os papéisda empresa em carteira duran-te o exercício social de 2001.Segundo essa legislação, “acompanhia pagará o dividen-do de ações nominativas àpessoa que, na data do ato dedeclaração do dividendo, esti-ver inscrita como proprietáriaou usufrutuária da ação.”

Destacou o relator no acór-dão que o entendimento dou-trinário é pacífico no sentidode que tem direito a proventosapenas aquele que, na data doato de declaração do dividen-do, for proprietário ou usufru-tuário da ação. “Nesse passo, é

incontroverso que o ato de de-claração de dividendo de todoo exercício social de 2001 ocor-reu apenas em abril de 2002, eque as ações foram alienadas -inclusive, a preço de mercado -em janeiro do mesmo ano”,acrescentou o ministro.

Para o sócio da área societá-ria do Siqueira Castro Advoga-dos, Sérgio Fogolin, se o STJnão tivesse revertido o juízo doTJRS, haveria a instalação deum “caos jurídico” no País.“Seria um caos jurídico e umcaos financeiro para as empre-sas. Além do custo de discutiralgo que já está na lei, poderiatrazer um prejuízo para os de-mais acionistas se as empresasfossem obrigadas a pagar divi-dendos para todo mundo quevendeu as ações antes de serfixada a data limite para o re-cebimento de proventos”, ob-serva o especialista.

Fogolin lembra que se aacionista vendeu seus papéis apreço de mercado, ela pode atéter recebido com lucro por

causa da valorização das açõesdurante o período em que acompanhia auferiu lucro. “E lapode ter multiplicado seu ca-pital e está reclamando porconta dos dividendos. Seriaum caos se uma decisão dessastivesse guarida no STJ ou noSTF [Supremo Tribunal Fede-ra l ] ”, afirma o advogado.

Caso atípicoNa opinião de Esther, esse pro-cesso foi atípico porque nãohouve uma troca de ações en-tre investidores no mercado fi-nanceiro, e sim uma venda poruma acionista de volta para aempresa que emitiu aquelespapéis, mas sob outro nomepor causa da aquisição por ou-tra companhia. “A decisão doSTJ parece óbvia, mas discu-te-se o direito do acionistadiante dessas especificidades”,explica a especialista.

O problema maior, na visãodela, é que esse juízo poderiaser extrapolado para outros ti-pos de acionistas, trazendo orisco de judicialização de umtema que já está pacificadotanto na jurisprudência quan-to na legislação. “Poderia ircontra o disposto no artigo 205se fosse levada para todo mun-do essa sentença.”

Para Esther, esse caso tam-bém mostra a importância dedeixar bem claro na declaraçãode distribuição de dividendosquem pode e quem não podereceber. “Muitas empresas fa-zem distribuição antecipadade dividendos e, lá na frente,esses dividendos são ratifica-dos. A questão é: o que aconte-ceria se o investidor recebendoo direito aos dividendos ante-cipadamente, ficasse sem osproventos em caso de prejuízoda empresa?”, questiona.

Esther entende que qual-quer distribuição antecipadatem que ser feita com essa res-salva de que só será possíveldistribuir lucro se o resultadofor positivo.

“O pedido eracontra a Lei

das S.As”

“Seria um caosjurídico e

financeiro paraas empresas”

SÉRGIO FOGOLIN, SÓCIO DOSIQUEIRA CASTRO ADVOGADOS

FOT O : D I V U L G AÇ ÃO

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