Diarios do Facebook

7/23/2019 Diarios do Facebook

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Salomo Rovedo

Dirios do Facebook

Publicao autorizada pelo autor.

Salomo Rovedo(1942)

Projeto Livro Livre

Livro 654

Poeteiro Editor Digital

So Paulo - 2015www.poeteiro.com


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PROJETO LIVRO LIVREPROJETO LIVRO LIVREPROJETO LIVRO LIVREPROJETO LIVRO LIVRE

Oh! Bendito o que semeiaLivros... livros mo cheia...

E manda o povo pensar!O livro caindo n'alma

germe que fa a palma chuva que fa o mar.

Castro Alves

O Projeto Livro Livre uma iniciativa que prope o compartilhamento, deforma livre e gratuita, de oras liter!rias j! em dom"nio p#lico ou que tenhama sua divulga$%o devidamente autori&ada, especialmente o livro em seu formato

'igital(

)o *rasil, segundo a Lei n+ (-./, no seu artigo 0., os direitos patrimoniais doautor perduram por setenta anos contados de .1 de janeiro do ano susequenteao de seu falecimento( O mesmo se oserva em Portugal( 2egundo o C3digo dos'ireitos de Autor e dos 'ireitos Cone4os, em seu cap"tulo 56 e artigo 7.+, odireito de autor caduca, na falta de disposi$%o especial, 8/ anos ap3s a mortedo criador intelectual, mesmo que a ora s3 tenha sido pulicada ou divulgadapostumamente(

O nosso Projeto, que tem por #nico e e4clusivo ojetivo colaorar em prol dadivulga$%o do om conhecimento na 5nternet, usca assim n%o violar nenhumdireito autoral( 9odavia, caso seja encontrado algum livro que, por algumara&%o, esteja ferindo os direitos do autor, pedimos a gentile&a que nos informe,a fim de que seja devidamente suprimido de nosso acervo(

:speramos um dia, quem sae, que as leis que regem os direitos do autor sejamrepensadas e reformuladas, tornando a prote$%o da propriedade intelectualuma ferramenta para promover o conhecimento, em ve& de um tem"vel iniidor

ao livre acesso aos ens culturais( Assim esperamos;

At l!, daremos nossa pequena contriui$%o para o desenvolvimento daeduca$%o e da cultura, mediante o compartilhamento livre e gratuito de orasem dom"nio p#lico, como esta, do escritor rasileiro 2alom%o


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Conversa vai, conversa vem

Quando entrei no Facebook logo vi que ali no era meu quintal, estava mais

perdido do que um paraibano no Himalaia, no era em definitivo a minha praia!

Me vi diante de uma exploso de coisas e com o espao diminuto para

atendendo pedido do editor dier o que eu estava pensando naquele

momento" #ou de vastas palavras quando escrevo e quando converso" $o me

basta uma ave%maria, seno um tero inteiro ou at& mesmo uma novena"

Mas para no ficar em sil'ncio, nem para entrar na moda que varre o Facebook,

que & de repetir frases de gente importante, resolvi libertar o verbo, mesmo

naquele curralinho" (ssim foi, inclusive tentando estimular a todos que

fiessem o mesmo, em ve de copiar o dicion)rio de frases feitas" * foi +usto o

Quincas liveira que participa desta colet-nea numa segunda etapa .a que dei

o nome /0onversas com Quincas liveira12 quem me estimulou a +untar tudo

num volume s3"

4ois aqui est)"

Rio de Janeiro, Cachambi, 6 de fevereiro de 2014.


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Dirios do Facebook

( minha vida est) negra" Meu dia est) nublado" 4or qu'5 ras, oras, so asnuvens cor de chumbo, que v'm descendo sobre o morro como lagartixas,

escorregadias, soturnas igual 6queles filmes ingleses, de terror, sabe5 7d'ntico6s cenas de p-nico do Hitchcock" *nfim, nuvens quase negras, vento frio, garoa,uivos que as frestas das +anelas emitem, arre! 8embra o meu av9 que em diasassim sentava%se ao bancorete na varanda, prostrado de tanta desolao,acendia um cigarro atr)s do outro, +ogando a fumaa para o alto, a bagana paraoutro, at& virar nuvem tamb&m" :em diferente do tempo ensolarado, c&u aul,nuvens brancas que governavam o dia do velho" $essa hora, para evitar que afumaa do cigarro su+asse o c&u, ele trocava o fumo por um copo de cachaa"0omo sabia viver o meu av9! .06/09/20132

( ditadura est) de volta! ( atitude do *stado ante as manifesta;es .que vierampara mudar2 indica< a ditadura est) de volta" ( nossa pseudo%democracia apoiaa reao violenta das pol=cias" (s medidas do >overno, deputados e vereadoresindicam a ditadura est) de volta! ?udo tem o am&m das institui;es, da(utoridade Federal, *stadual e Municipal" ( imagem da viol'ncia de ho+e derepente se mistura com document)rios em preto e branco dos anos @ABC!De+am! #o perfeitamente iguais, so exatamente as mesmas, so

impecavelmente ditatoriais" ( ditadura est) de volta! (ntes era >)s8acrimog'neo, porrada de cassetete de madeira, bordoada de espadasenferru+adas" Ho+e & #praE de 4imenta, :ala de :orracha, 4istola de 0hoque*l&trico" s dias de ditadura esto voltando com novos sabores" 4reciso mepreparar, atualiar o card)pio" Dou +)%+) ao camel3dromo comprar a minham)scara" .07/07/20132

(narquista no & baderneiro" anarquismo & uma forma de direito pol=tico,desconhece a direita e a esquerda, opta pela rebelio para expressar sua metalobo v'mrepetindo todos os dias, todas as horas, aquele mesm=ssimo *ditorial, quepermeia a diretri empresarial do grupo, se+a com outras formas, outras a;es,outras palavras" e outro modo, ter) que pedir perdo aos +ornais, r)dios etev's aos quais sabotou, dumpeou, imitou, perseguiu, praticando preos baixos,supertiragens, etc" etc" at& que os sabotados fechassem na tentativa de ter >lobo como Gnico +ornal do io" ( tarde, ( $ot=cia, ]ltima Hora, ?ribuna da7mprensa, ia, 0orreio da Manh, Iornal do :rasil, ?D io, ?D e )dio ?upi, ?De )dio 0ontinental, )dio $acional, )dio I: para citar apenas alguns direta

ou indiretamente, sofreram com a forma desleal, de terra arrasada, com que asorgania;es >lobo atuaram" (', vai pedir desculpas5 .10/10/20132


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esconfio das frases feitas""" evora%me ou te decifro" Oma andorinha s3 nofa vero" *ssas frases sempre nos deixam intrigados" ra, tudo no passa de

clich', pseudofilosofia" ( *sfinge nada mais & que um templo de pedra que, seno fosse conservado, teria virado p3 fa tempo" 4or causa de #3focles, a*sfinge se transformou no misterioso labirinto que enlouquece a mentehumana" ?udo bobagem esqueam as frases feitas, no deixe que umpensamento alheio venha inferniar a sua vida" (gora mesmo daqui da +anelave+o o sol nascer, ap3s dias com c&u enfarruscado, de noites frias, vento polar"Dolteando bem na minha frente vai e vem uma andorinha solit)ria, singela, asast=picas, as penas da cauda em forma de tesoura" $o fosse minha presena,seria sim uma andorinha s3 faendo vero" (s frases feitas, mesmo de apar'nciapositiva, so um estorvo" Diver & bom, & bonito, no & um enigma, no temmist&rio" .12/10/20132

?enho o volume /8eitura de escritor1, antologia organiada pela acad'mica (naMaria Machado, com belas ilustra;es de ?hais :eltrame .pintora, ilustradora,artista pl)stica2, editado pela 0omboio de 0orda .JCCA2" (s ilustra;es so empreto e branco, exceto por um detalhe espec=fico em vermelho rubro .se assimposso dier2, escolhido pela artista para dar vida ao tema" utro um dia meu

neto 0alian, de ^ anos, pegou o livro e se amarrou nas ilustra;es" Mas logo veioa pergunta< % Dov9, por que os desenhos s3 t'm uma parte vermelha5 ?enteiexplicar que foi escolha da [desenhistaX faer assim""" epois percebi que eleassimilou a explicao de maneira peculiar" :om, s3 quero avisar 6 ?ha=s que0alian pegou todos os l)pis de cores que tem e est) [corrigindoX todas as partesque ela deixou \em branco\! Quem sabe no est) 0alian se iniciando em sua belacarreira de ilustrador5 .1D/10/20132


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Dolto ao passado" Om amigo me telefona" 4recisa falar comigo urgente, semfalta" $unca falto aos amigos e 6s mulheres" 4ede pra encontr)%lo no :ar

*strela" Dou l), procuro, me informam que est) na )rea, por ali, nalgum lugar" 8)est) ele, sentado na calada, no meio%fio" 0hego e ve+o que tem uma arma namo entre as pernas, cabea arriada, ombros curvados, um retratonelsonrodriguiano""" Oso a terapia do esporro< % Que foi5 Que no foi5 % Dou mematar, di ele" % * por qu'5 % escobri que sou corno! % ra, merda, & isso5 *leme olha espantado com o desd&m que dou ao tema" % *u +) sou corno fa muitotempo e nunca me matei! $o sei por que disse essa merda, mas funcionou"4eguei a arma, tirei as balas .precauo nunca & pouco2 e decretei< % Damos ao*strela beber uma gelada, brindar 6 vida! .29/10/20132

Quem avisa amigo &" r&veillon JC@ZPJC@L no io de Ianeiro est) prometendoser o mais ca3tico poss=vel" bras, obras, obras" (talhos, vias expressas, novaslinhas de metr9, melhoramento em aeroportos e rodovi)rias, prometidos para a0opa do Mundo e Iogos l=mpicos, esto longe da realidade" #e o turistaconseguir superar o estresse causado pelas obras no realiadas no (eroporto?om Iobim .>aleo2 e quiser ir, por exemplo, para a :arra da ?i+uca, ter) deenfrentar engarrafamentos nas 8inhas Dermelha e (marela" 4ara ir para a Vona

#ul .0opacabana, 7panema, 8eblon, >)vea e #o 0onrado2, ter) que comer muitapoeira e tr-nsito ca3tico" 0ausa5 (s obras do 4orto Maravilha, desmonte do*levado da 4erimetral, construo do tGnel da Dia :in)ria" 7sto & apenas umtrailer, que promete virar um thriller de horror" Quer saber5 Melhor no vir"8embre%se< Quem avisa amigo &! .01/11/20132

?enho pavor de frio" Meu pior pesadelo & aquele em que estou em terrasnevadas geralmente morro antes de acordar" ?alve se+a por isso que oesperma que fe este bonito que aqui escreve deixou para se materialiar nostr3picos de io ?into, beira rio, beira mar" #eno, hav&ra de nascer parnanguaraou coritibano, donde tenho lindos parentes que, ao contr)rio dXeu, cagam eandam pro frio" Quando fui a 0uritiba na primeira ve s3 consegui andar na uaD de $ovembro pulando de lo+a em lo+a, de bar em bar, me aquecendo a custade caf& preto, acrescido do bom conhaque >eorge (ubert" (li tem umacorrente de vento que parece vir por uma :? que liga a (nt)rtida a 0uritiba!*ssa naturea crespa, por&m, cria suas pr3prias compensa;es< por causa dessefrio congelador as mulheres curitibanas apresentam tal volume cal3rico, que

no fica nada a dever 6 mais leg=tima caribenha! .02/11/20132


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(gora nesta primavera carioca de JC@Z, algu&m, alhures, do mar, da serra,assopra um ventinho lascado, impertinente, frio" (h, quer saber, dane%se! Fin+o

que & primavera em pa=s onde tem primavera" De+o flores de +asmim, caf&,maracu+), macieira, cere+eira, lil)s qu' mais5 Mas nem tudo & frio no 4aran)epe ?are#a


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4r'mio de eduo de *stoque de u=sque, vinho e cerve+a"

Hor)rio de vero< antes das seis horas o sol se salienta por tr)s do morro daMangueira e desaba direto na cama" Hora de levantar, todo cuidado pra nodespertar (nelka" ( claridade ataca o corpo dela em cheio, destacando as partes=ntimas" #e algu&m duvida que eus exista & ver cena igual" clit um poucoproeminente, que ressalta o seu lado andr3gino .parece o pinto de rec&m%nascido2 brilha sob a lu" s p'los ralos, fios de ouro adolescentes, as penasesguias, os braos soltos, o corpo todo relaxa em sono" (nelka se mexe com orumor enquanto me arrumo" (o calor do sol abrem%se as pernas, expondo maisainda ao olhar a belea das partes =ntimas .estranho modo de chamar a vagina2"?irei uma foto com o celular, mas no vou postar< como as biografias, tais fotos

precisam de ok pr&vio! Facebook censurou um poema de Hilda Hilst! imagina as partes outrora intimas de (nelka no obstante ambos serem belos!*nquanto me arrumo, a belea de (nelka levita, se move no ar, p'nsil" s l)biostriscam vagina sorri5 acho que sim, tanto que me aproximo e en+aulo o risobre+eiro com um roo apenas" sa=da, na porta, dou a Gltima olhada precisomesmo ir trabalhar! .28/11/20132

ecebi o folheto na rua, o anGncio< *sp=rita%vidente ona 0ilda, rec&m%chegadado Maranho, aos sete anos de idade desvendou o passado, presente e futurode toda a sua fam=lia, agora & minha viinha, mudou%se pro 0achambi" (indano fui consult)%la porque a essa altura no quero ser orientado sobreproblemas comerciais, particulares ou amorososY no quero ningu&m queridode voltaY no quero recuperar um grande amorY no quero ganhar fortuna"$unca fi mal a uma mosca! vou l) querer destruir malef=cios, ciGmes, inve+asque algu&m cometeu5 * setento na idade terei teso para alcanar 'xitos, terbom emprego, curar meus v=cios que custei a adquirir e tanto preo5 $o mecabe recuperar com&rcios falidos ou coisas tais" #e minha conterr-nea, ona0ilda, chegasse aqui h) tempos, estaria na fila de consulentes" Mas agora ficacomo eus quis & bem melhor, n&5 (mores que no tive, livros que no li,mulheres que no amei pra que mudar5 4oderia ser um viver mais melhor5$ada! *ste que carrego +enipapo com aGcar rGim mesmo no &, nem +amaisfoi nem +amais ser)" .29/11/20132

$o metr9 sentei perto de um rapa cu+a opo sexual est) protegida por lei" 7sso

mesmo, um viado" :onito, educado, vo delicada, do mesmo timbre da viinhade assento< eram duas moas conversando" *is um tema para o qual me


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preparei" #exualidade5 $unca vou discutir, tomar partido, criticar< mist&rio davida, do tempo do tatarav9 de (do! *nto pra que gastar tempo e neur9nios5Homens que so mulheres, mulheres que imitam homens, com (enigmas"?amb&m no sou /politicamente correto1 no vou desmontar a fama de

rebelde que a custo constru=" Mas enquanto durou a viagem me coloquei numaposio de cobia, sem humilhar as mulheres com a tese freudiana da /inve+ado p'nis1" Fico no popular< teria eu dese+o de ser uma mulher bonita5 ona depeitos enormes e sensuais5 * que tal eu ficaria com uma bunda igual 6 queornamenta com louvor o corpo das negras e mulatas5 * a bocona da (ngelinaIolie, no & de dar teso em qualquer um5 *ssas ambi;es at& que do certacompreenso ao dese+o de ser outro.a2" Mas, chegando em casa, o espelhomostra a realidade< que teso dar) uns pobres mamilos cercados de p'losgrisalhos, ou uma bunda murcha que +) perdeu a elasticidade e nem pra assentoserve mais5 .02/12/20132

Oma amiga, que s3 leu meus text=culos depois que implorei genuflexo a seusp&s .ela nua, claro2, concluiu que escrevo /s3 coisa rGim1 porque tive umainf-ncia dif=cil, infeli" Minha inf-ncia foi normal, at& onde me lembra" Fui 6escola pGblica, mergulhei nos rios, +oguei bola na rua, namorei, tomei banho dechuva, fui demais 6 praia, espiei meninas nuas, caminhei horas pra encontrar opara=so, debaixo dos +uarais, me masturbei, afundei de olhos abertos em

nascentes l=mpidas e aos doe anos aprendi com a empregada de deoito comose fa nen&m" 7sso & inf-ncia dif=cil, infeli5 #e existe algo pra reclamar & que ovelho Ioo ovedo educava 6 moda antiga na chibata! Mas tive uma mecapa de botar o indicador no nari dele e desafiar< :ate! velho recuava"ona Miika sabia a hora de abrir as pernas" Mais tarde, sendo pai, me vi nopapel do vilo, a tempo de refletir< 4&ra=, estou usando em meu filho o quemeu pai faia comigo5 4referi ganhar as causas pela ameaa, mais tarde naconversa e, por fim, com o sil'ncio, o abrao, o sorriso, a cumplicidade" (indabem, seno em ve de filhos teria inimigos" .03/12/20132

Quero ser enia (ntunes, que largou 0opacabana no auge do vero, as )guasmais verdes da face da terra, largou o hotel 0opacabana 4alace recebendo osmais famosos astros internacionais, sem se despedir das ondas queencaixotavam na areia, nem da arrebentao, nem dos pegadores de +acar& queficavam encarcerados na mar& at& que o salva%vidas fosse dar uma moinha"*u quero ser enia (ntunes, que trocou o barinho dos becos, o (lcaar, o4&rgula, trocou os assovios dos garot;es pelo pipilar dos sanhaos, can)rios e

pardais, que perdeu o praer de descascar a pele queimada no Gltimo vero, decobrir as sardas e o nari com hipogl3s pra se proteger do calor de LC_0" *u


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quero ser a enia (ntunes que trocou as ondas turbulentas do oceano pelamarola mansa do 8ago $iemeEer, eu quero ser enia (ntunes que ao pisar osolo de :ras=lia declarou< % HaE gobierno5 #oE contra! *u quero ser a enia(ntunes que plantou um mamoeiro, escreveu um livro de poesia, pariu uma

banda de rock, desconstruiu um mito chamado 8ula e ainda encontra tempopara pintar, fotografar, desentranhar um estranho fruto chamado blues e amar:illie HolidaE" *tc" .04/12/20132

?omo 6s manhs o cafeinho di)rio no bar e restaurante (veiro, dos irmoslusos Manoel e 4ereira" 4ereira h) tempos no trabalha contou%me oManoel recolheu as pernas destroadas pelas varies ocasionadas pelotrabalho duro dos emigrantes patr=cios" (nos e anos gastando energia e saGde

em p&, pra l) e pra c) a atender fregueses, minam a resist'ncia das pernas,corroem as articula;es, dinamitam os +oelhos" ?udo isso com a obrigao deatender sorrindo e com amabilidade" (o passar pelo bar aceno 6 dist-ncia,/bom dia1, a mo espalmadaY ele responde com o polegar e o indicadorpr3ximos< /um cafeinho1Y aponto o polegar para baixouardei dele um fatosimples< Mandela foi convidado a gravar o na ?D o clipe%convite para a 0opa doMundo de 0r=quete de JC@@, a ser realiada na frica do #ul" $o estGdio,recebido com mesuras, deram%lhe um chap&u aleg3rico, de palha, abasestreitas, fita preta, desses que caracteriam o t=pico malandro" /4or favor,ponha este chap&u na cabea1" Mandela, com rapide e puro instinto, botou ochap&u da maneira mais carioca poss=vel< de vi&s, caindo sobre os olhos, o nari,tapando todo o rosto" Foi uma gargalhada geral! 0om o gesto Mandela quebrouo protocolo" #e a gravao sa=sse assim, ningu&m veria ali o $elson Mandela,patrono do evento" e repente os t&cnicos, diretores, o estGdio todo inclusiveeu, anos depois, vendo o document)rio , tivemos que render a ele l)grimas deemoo" $elson Mandela assumiu uma misso e depois de cumpri%la recolheu%

se, no quis ser pol=tico, no quis apodrecer seno como a )rvore que o tempoencarquilha e derriba" *is um homem que eu gostaria de abraar" .07/12/20132


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Ho+e & anivers)rio de asmina, minha neta< oito anos! utro dia, em +ulho, datanacional da Frana .tomada da :astilha2, 0alian, o outro neto, fe sete anos"

4arab&ns, bei+os e cheirinhos aos dois deste av9 relapso" Mas, o fato misteriosodessa conviv'ncia com eles, confesso em segredo, t) surtindo efeito" s netos,os netos faem av9s agirem como gostariam ter feito com os filhos, mas avertigem do tempo no deixou" (o mesmo tempo, av9 no deve tomar o espaodos pais que, por dever e amor, t'm de ficar grudados aos filhos quen&mcarrapatos" Quanto caro levei por no ir 6 festa deles" ra, a festa & deles, dosamigos deles, dos primos deles, a festa & das crianas, nada mais +usto deix)%loslivres para desfrutar o momento e consolidar a amiade com amigos e parentes"#abemos, por conta pr3pria, que no tempo certo a vida exigir) que este+am+untos e amigos" #abemos tamb&m que a adversidade at& mesmo a felicidade cuidar) de contaminar amiades no solidificadas na inf-ncia, na +uventude"4apai, mame, titio, titia, primos, parentes e aderentes< com seu pr3prioexemplo prove a meus netos que a amiade, a fam=lia, a tribo, tem import-nciae valor" (manh poder) ser tarde demais" :ei+os" .08/12/20132

Martinho nunca mais ir) a 0ururupu" Martinho vai morrer na 4raa Mau)"epois que o conheci, ele soube que estive em 0ururupu, ficamos amigos"

Martinho me contou que tem um irmo branco< /*u sou preto, mas meu irmo& branco1 diia" Martinho no & preto, & cab9co ri+o, forte, que rilha os dentespra provar< /T tudo natural, meu ainda!1 $o sei como Martinho veio dar comos costados no io, mas est) aqui desde rapa" ?rabalhou anos a fio numaf)brica de roupas, homem de confiana do patro" ( f)brica fechou, Martinhotinha tempo pra aposentar, mas o patro no depositou 7$## e F>?#" Martinhosofreu cinco anos at& receber< /(gora vou rever meu irmo branco, volto pra0ururupu1" tempo passou e Martinho toda ve que me v' repete que est)arrumando a mala" Mas o cab9co ri+o e forte foi derribado pelo )lcool, travestis,

prostitutas e amiades afins" Morou num sobrado da 4rainha, ho+e no sei ondedorme, diem que & chegado a cheirinho da lol3 e chupa carreira, mas noacredito< Martinho no tem grana pra comprar papelote ele sabe se nopagar, morre" Martinho no vai nunca mais a 0ururupu" Martinho vai morrer na4raa Mau), no :eco do *scorrega, na 4edra do #al, na ua Iogo da :ola adeus 0ururupu! Martinho vai cair na 4raa Mau)" Dai pra vala com a boca cheiade formiga" Uh, Martinho, meu amigo, nunca mais 0ururupu! Uh, Martinho, meuchapa, nunca mais carangue+ada vais morrer na 4raa Mau)" Martinho no vaiver nunca mais 0ururupu" .09/12/20132


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0rianas, outro dia eu comprei uma +uara pensando que iria matar as saudadesde minha terra, mas a disgrama veio +unto" 4rimeiro no reparei que a dita eramisturada com""" tcham""" tcham""" tcham""" morango! Quando provei o desastreconfirmou%se< 9 diacho danado de rGim! 0ombinao errada""" (=, s3 ento,

como bom brasileiro, fui ler a f3rmula, ou se+a, os famosos /ingredientes1,sempre detalhados com aquelas letras miudinhas pra cacete" *nto, vamos l)al=cia .a terra mais brasileira de *spanha2, 4epesempre visita a fam=lia, depois presta conta dos pecados em F)tima e tra algo

pra eu beber" (guardiente de hierbas, brandE de Iere, 8acrima 0hristi deM)laga e u=sque hecho en el 4araguaE do freeshop do >aleo, pecado que $" #"de F)tima perdoa" 4arab&ns :arela, +) +) vou a= te dar um abrao! .18/12/20132

Ferreira >ullar & um chato< tudo que ele di tem estrume, polpa e sabor agente gosta" $o programa 7mpress;es do :rasil, >ullar conta algumas f)bulas,entre elas porque foi comunista e como a poesia & necess)ria" ( primeira foidevido 6 leitura do livro de um padre sobre Marx, dividido em duas partes, querevelava, com aptido, o que & o marxismo e provava porque padres nopodem ser comunistas" >ullar leu a @ parte e absteu%se da J porque no ia serpadre logo virou comunista de carteirinha e retrato ZxL" ( segunda f)bulaversa sobre viinho de mesa chato um economista portejo casado com umabonita brasileira, em :uenos (ires dividia a mesa com o poeta" >ullar s3 ouviaum tema< economia, economia, economia, coisa chat=ssima para poetas" 0ertodia a morena largou o portejo e quando >ullar o viu ap3s o fim do namoroimaginou o quo tr)gica seria a conversa< economia, dor%de%cotovelo, paixo"Mas no foi o que ocorreu< o economista mostrou seu profundo conhecimento

de poesia e eis a rao da f)bula< a poesia & necess)ria porque a morenabonita existe" Faamos um esforo de imaginao< o que teria ocorrido se >ullar


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lesse apenas a J parte do livro do padre e a morena bonita vivesse com oportejo, felies e apaixonados para sempre5 .19/12/20132

sou porque tu &sY tu &s a criatura mais lindaY tu &s eu sou e somosY tu &s umapequena folhaY tu faes tremer meu peitoY te amoY tu &s a alegriaY te procurotodo tempoY te olho no infinitoY tu no te mostrasY ser) que tu existes5 no teencontro no >oogleY no te encontro nas religi;esY tu estavas bem te viY tebusquei no encontreiY te descri na crenaY tu tens todas as facesY tu &s anacionalidadeY te ofendi e ca=Y quem tu &s5 te encontrei nos amigosY te vi faernascer o amorY tu &s velho no mundoY nunca te vi com farturaY dentro de tudoest)sY tu &s livreY tu &s o problemaY tu &s a dificuldadeY tu &s a soluoY tu &s oamadoY tu &s o furto da terraY tu &s a resili'nciaY tu &s o obst)culoY tu &s a sa=daY

tu &s a cor da peleY tu ofuscas at& o solY tu &s a lei do ouroY tu &s o primeiropassoY tu &s a vidaY tu &s diamante e pedraY tu &s a decepoY tu &s a felicidadeYtu vales mesmo soinhoY tu &s irrespons)velY tu mudas as pessoasY tu &s osil'ncioY tu &s cegoY tu &s a mentira e a verdadeY tu silencias mas o mundo novive sem ti""" teu nome & dinheiro" .21/12/20132

(ntes de eu morrer ter)s raiva de mim, odiar)s trocar fraldas, temer)s as

caminhadas noturnas, no suportar)s o peso morto deste corpo cansado" (ntesde eu morrer o ru=do de copos e pratos quebrados ferir) teus ouvidos,abominar)s os farelos de po, o arro no sof)" (ntes de eu morrer teenvergonhar)s dos olhos remelentos, das ere;es involunt)rias, da salivafluindo dos l)bios, criticar)s o leite derramado, a panela com )gua esquecida nofogo" (ntes de eu morrer me detestar)s, porque levanto cedo e esfolo o arcom o som de :eethoven, levantaro tua ira o mau h)lito e o mi+o fora dosanit)rio, te angar)s porque no fao a barba, uso roupas amarrotadas e su+as,no corto as unhas" (ntes de eu morrer te ofender) a minha apar'ncia, oscabelos desgrenhados, os 3culos remendados com fita durex, ter)s ataque defGria se eu ficar olhando a bunda, os peitos das visitas, te irritar)s com a piadade mau gosto" (ntes de eu morrer tua c3lera se acentuar) se no banho molho ocho todo e com furor me odiar)s quando, antes de eu morrer, eu ficar b'bado"epois que eu morrer estar)s aliviada, mas ainda assim te queixar)s do peso docaixo, porque morrerei velho, gordo e caduco" .22/12/20132

Facebook adeus! Foi bom participar da rede mina de ouro e lixo mas o

bicho cresceu e quer tomar conta de mim, quer me dominar, coisa que meuan+o rebelde no permite" 0resceu tanto que no d) pra tomar conta sem ter


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uma secret)ria" (= entra a questo da bufunfa< sempre fui durango, sempre vivicomo as cigarras, sempre sambei a vida na flauta" $o podendo ser formiga.v9te Wafka!2, deixo o Face, mas no fecho a p)gina" * mais< autorio o uso, ac3pia, escrevam o que quiserem" ( gente se v' por a=< o mundo tem ruas,

caladas, becos e praas pra encontrosY tem bares, restaurantes, caf&s esorveterias pro papoY tem bairros, igre+as, clubes, associa;es pra ver genteYtudo serve pra aconchegos, bate%papos, bei+inhos, convescotes e outras uni;esmais safadas" *squeci os mot&is5 ?amb&m serve" *nfim, quem quer acha, comodi o ditado" *u acharei, tu achar)s, eles acharo e todos ficaro felies" * aindatem a passeata, o protesto, o chute na lixeira, o grafite, as exposi;es, osmuseus, alguns poetas poetando aos berros! 0oisas que reGnem gente, +) queas revolu;es armadas esto em desuso" Facebook adeus! .2D/12/20132

Doltei a este espao s3 pra falar do roleim e do roleo, t) na moda, n&5 (rapaiada quer se ver, quer se tocar, mostrar o corte de cabelo, conhecer aovivo e a cores a garota que ama na internet, trocar figurinhas, enfim, como sediia" Doc' no marcava encontro5 $o ia ao cinema5 $o namorava no 4ostoL5 $o ia ao barinho5 $o dava uma fugidinha5 $o faia pit stop no motel5?udo numa boa, sem pol=cia, sem bomba de efeito moral a Gnica vigil-ncia erada meona ou da sogra" * os conceitos &ticos da &poca, suas pr3prias regras"Fora essas restri;es a mo boba tinha livre acesso a todas as reentr-ncias" 4ois

ho+e tem o roleim ou o roleam" ?amb&m regras que ainda vigem, advindas devinte anos de ditadura" 4or isso< aumenta a segurana, fecha a lo+a, chama apol=cia, entra com liminar idiotices que ditaduras e leis de exceo deixaramde herana" ?enho esperana que algum diretor de shopping mais inteligente evision)rio aparea pra anunciar< D*$H( ( $## #H447$>! (QO7 8*V7M T 87D*! .16/01/20142

"peteiro"com


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DADOS BIOGRFICOS

Nascido no ano de 1942, o escritor e poeta

Salomo Rovedo tem sua formao cultural em

So Luis (MA! Reside atualmente no Rio de

"aneiro!

#articipou de movimentos po$ticos e pol%ticos

nas d$cadas &' a ', tempos do mime)*rafo, das

+ancas na inel-ndia, das manifesta.es em

teatros, +ares, praias e espaos p/+licos!

Textos publicados0 Abertura Potica (Antolo*ia,almir Aala3$sar de Ara/o (19567 Tributo(#oesia, edio do Autor (19'712 Poetas Alternativos(Antolo*ia, Leila M%ccolis38anussi ardoso (1917 ChuvaFina (Antolo*ia, Leila M%ccolis38anussi ardoso8rotte (1927 Folguedos, com:ilo*ravuras de Marcelo Soares (19;7 Ertica, com :ilo*ravuras de MarceloSoares (1947 7 Canes(195!

E-books do escritor0 A Ilha Chiara !ard"nia (Novelas7 A a#ai$onada de%eethoven A estrela a&bulante Arte de criar #eri'uitos ( breve reinado dasdon)elas ( sonhador *on+a *onrisal (ontos7 , $ !ullar -eituras . escrituras

( co&eta e os cantadores / (r0genes -essa #ersonage& de cordel Poesia decordel o #oeta sua ess"ncia uilo&bo u& auto de sangue 3iage& e& tornode Cervantes (nimo0Antologia de Cordel 1 Antologiade Cordel 2 Antologia de Cordel , Antologia de Cordel 5


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(MA,Gornal do >ia(MA,Gornal do Povo(MA,Gornal Pe'ueno(MA,A Toca doHebates (R", (#ini6o (R", ( !alo (RN Gornal doPa0s(R", -eitura(S#, >i?rio de Coru&b?(MS C e outras ovel@as des*arradas!

E-books dispon()eis e*0 DDD!dominiopu+lico!*ov!+r DDD!proetolivrolivre!comEndere'o0 Rua Bas%lio de Brito, 23&'6 ac@am+i

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