dicas de portugues

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1) Vai a ou Braslia? Vai a ou Bahia? Quando vamos sempre vamos a algum lugar. O verbo IR pede a preposio a. O problema que o nome do lugar (= topnimo) aonde vamos s vezes vem antecedido de artigo definido a, s vezes no. Enquanto Braslia no apresenta artigo definido, a Bahia antecedida do artigo definido a. Isso significa que voc VAI BAHIA (=proposio a do verbo IR + artigo definido a que antecede a Bahia) e que voc VAI A BRASLIA (=sem crase, porque s h a preposio a do verbo IR). Se voc quer saber com mais rapidez se deve IR ou A algum lugar (com ou sem o acento da crase), use o seguinte macete : Antes de IR, VOLTE. Se voc volta DA, significa que h artigo: voc vai ; Se voc volta DE, significa que no h artigo: voc vai A. Exemplo: Voc volta DA Bahia > Voc vai Bahia Voc volta DE Braslia > Voc vai A Braslia Vamos testar o macete em outros exemplos: Vou Inglaterra (= Volto DA Inglaterra ) Vou a Israel (= Volto DE Israel ) Vou Paraba (= Volto DA Paraba ) importante lembrar que esse macete no se aplica a todos os casos de crase. Na verdade, a dica de hoje s resolve o problema das viagens : IR ou a, DIRIGIR-SE ou a, VIAJAR ou a, CHEGAR ou a 2) Ele um dos que VIAJOU ou VIAJARAM? Embora alguns gramticos considerem esse caso facultativo, a nossa preferncia o PLURAL: Ele um dos que VIAJARAM. O raciocnio o seguinte: dentre aqueles que VIAJARAM, ele um . Outro motivo que nos leva a preferir o verbo no plural a concordncia nominal. Todos diriam que ele um dos artistas mais BRILHANTES (=que mais BRILHAM). Ningum usaria o adjetivo BRILHANTE no singular. Portanto, depois de UM DOS QUE, faa a concordncia com o verbo no PLURAL: Dona Zica foi uma das moradoras que SOCORRERAM as vtimas da enchente. Rio de Janeiro uma das cidades que SERO VISITADAS pela comisso julgadora. Chiquinho um dos jogadores que se DESTACARAM no ltimo campeonato. interessante lembrar que, caso haja ideia de exclusividade , o verbo ficar no SINGULAR: Senhora um dos romances de Jos de Alencar que CAIU no ltimo vestibular. Nesse caso, devemos entender que Senhora o nico romance de Jos de Alencar que CAIU na prova do vestibular. 3) Espero que no haja obstculos realizao das provas, daqui H ou A uma semana? O correto : Espero que no haja obstculos realizao das provas, daqui A uma semana. H (=do verbo HAVER) s poderia ser usado caso se referisse a um tempo j transcorrido: No nos vemos h uma semana. Quando a ideia de tempo futuro , devemos usar a preposio a: S nos veremos daqui a

uma semana. Espero que no haja obstculos realizao das provas, daqui a uma semana. Resumindo: Tempo passado: Aconteceu agora h pouco = H (=FAZ); Tempo futuro: Veja daqui a pouco = A. 4) A concordncia em Na regio V-SE cadeias de montanhas de todas as formas est correta? A partcula SE apassivadora. Cadeias de montanhas de todas as formas o sujeito passivo e est no plural. O verbo deve concordar no plural: Na regio VEEM-SE cadeias de montanhas de todas as formas. Corresponde a Cadeias de montanhas de todas as formas SO VISTAS na regio . 5) A frase: Vossa Excelncia deve comparecer com vossos convidados reunio do dia 20. Estamos a vosso dispor para mais esclarecimentos est correta? VOSSA EXCELNCIA um pronome de tratamento. Os pronomes de tratamento (=Vossa Santidade, Vossa Majestade, Vossa Senhoria, voc ) fazem concordncia de 3 pessoa. A concordncia verbal e pronominal deve ser feita em 3 pessoa: Vossa Excelncia (=voc) DEVE comparecer com SEUS convidados reunio do dia 20. Estamos a SEU dispor para mais esclarecimentos. PREPOSIO Coitada da preposio! Como maltratada! Quando no mal usada, esquecida. Em nossas rdios, frequente ouvirmos: Esta a msica que o povo gosta. Quem no gosta sou eu. Ora, se quem gosta gosta de alguma coisa, o certo : Esta a msica de que o povo gosta. Se voc achou estranho ou feio, h outra opo: Esta msica da qual o povo gosta. Voc decide qual pronome relativo vai usar, mas no esquea a preposio. Erro semelhante ocorre num anncio de uma famosa marca mundial: Esta a marca que o mundo confia. Eu perdi a confiana! A regncia do verbo CONFIAR exige a preposio em. O certo : Esta marca em que o mundo confia. Outro exemplo errado ocorre em cartas comerciais: Segue anexo o documento que voc se refere em sua ltima carta. O verbo REFERIR-SE pede a preposio a. O certo : Segue anexo o documento a que voc se refere em sua ltima carta. Mais um: E o Flamengo acabou perdendo o gol que tanto precisava. Pelo visto, no precisava tanto. Ou o gol seria ilegal. Se quem precisa precisa de alguma coisa, o certo : E o Flamengo acabou perdendo o gol de que tanto precisava. DICA

Se voc quer saber se deve usar preposio antes dos pronomes relativos, aplique o seguinte macete : Esta a quantia ___ que dispomos para o investimento. Todo pronome relativo (=que) tem um antecedente (=quantia). Ponha o antecedente no fim da orao seguinte (=que dispomos para o investimento) > que dispomos DA QUANTIA para o investimento (=voc descobriu a preposio DE ) Ponha a preposio (=DE) antes do pronome relativo: Esta a quantia de que dispomos para o investimento. Vamos testar o macete em outros exemplos: Isto s ocorre nesta sociedade ___ que vivemos. Pronome relativo = QUE; antecedente = sociedade; vivemos NA SOCIEDADE. (preposio = EM); Isto s ocorre nesta sociedade EM QUE vivemos. O fato ___ que fizemos aluso no recente. Pronome relativo = QUE; antecedente = o fato; fizemos aluso AO FATO. (preposio = A ) O fato A QUE fizemos aluso recente. Os dados ___ contamos so insuficientes. Pronome relativo = QUE; antecedente = os dados; contamos COM OS DADOS. (preposio = COM); Os dados COM QUE contamos so insuficientes. Aqui est o livro ___ que compramos ontem. Pronome relativo = QUE; antecedente = o livro; compramos ontem O LIVRO. (sem preposio); Aqui est o livro QUE compramos ontem. Dvidas dos leitores: 1) ONDE ou AONDE? ONDE indica em algum lugar e AONDE, a algum lugar : Esta a rua ONDE mora a famlia Costa. (=a famlia Costa mora NA rua); Este o cinema AONDE fomos ontem noite. (=fomos AO cinema); ONDE estou? (= quem est est EM algum lugar); AONDE voc vai? (=quem vai vai A algum lugar). 2) VER ou VIR? Leitor quer saber se a frase a seguir est certa ou errada: Onde voc ver uma parede torta ou um carro com lataria ondulada O certo : Onde voc VIR uma parede Nessa frase, devemos usar o verbo VER no futuro do subjuntivo: quando eu VIR tu VIRES ele VIR ns VIRMOS vs VIRDES

eles VIREM. A frase Quando a gente se ver de novo tpica da linguagem popular-coloquial. Segundo a lngua padro, devemos usar: Quando ns nos VIRMOS de novo. 3) Vossa Excelncia DEVE ou DEVEIS viajar? VOSSA EXCELNCIA, como qualquer pronome de tratamento (=VOSSA SENHORIA, VOSSA ALTEZA, VOSSA MAJESTADE, VOSSA SANTIDADE ), faz a concordncia na 3 pessoa. igual a VOC. Portanto, o certo : Vossa Excelncia DEVE viajar. Em Vossa Excelncia deve comparecer com vossos convidados reunio do dia 20. Estamos a vosso dispor para mais esclarecimentos , ocorre outro desvio de concordncia. Se o verbo concorda com Vossa Excelncia na terceira pessoa, os pronomes tambm devem ficar na terceira pessoa. Assim sendo, o correto : Vossa Excelncia deve comparecer com seus convidados reunio do dia 20. Estamos a seu dispor para mais esclarecimentos . 1) Qual o plural de BARZINHO? Barezinhos ou barzinhos? Se voc desejar o plural de uma palavra no diminutivo (=com sufixo ZINHO ou ZITO), dever seguir a seguinte regra: 1) Ponha a palavra primitiva no plural: PAPEL > PAPIS BALO > BALES FLOR > FLORES 2) Acrescente o sufixo do diminutivo (=zinho, zinha, zito), passando a desinncia do plural (= S ) para depois do sufixo: PAPI (S) + ZINHO + S = PAPEIZINHOS BALE (S) + ZINHO + S = BALEZINHOS FLORE (S) + ZINHA + S = FLOREZINHAS Observe que os acentos grficos (=agudo e circunflexo) no so necessrios no diminutivo porque a slaba tnica a antepenltima (=ZI): papeiZInhos. Observe tambm que o til permanece pois no acento (= sinal de nasalizao): baleZInhos. Vejamos mais alguns exemplos: ANIMALZINHO > ANIMAIZINHOS CORAOZINHO > CORAEZINHOS ALEMOZINHO > ALEMEZINHOS ALEMZINHA > ALEMZINHAS Assim sendo o plural de BARZINHO seria BAREZINHOS. Atualmente, devido ao uso consagrado, j perfeitamente aceitvel a forma BARZINHOS. Isso vale para as palavras terminadas em R : florezinhas ou florzinhas, mulherezinhas ou mulherzinhas, melhorezinhos ou melhorzinhos

2) CHAPUS ou CHAPIS? O certo CHAPUS. a) As palavras terminadas em U fazem plural em US (=com a desinncia S ): TROFU = TROFUS; FOGARU = FOGARUS; RU = RUS. b) As palavras terminadas em EL fazem plural em IS: PAPEL = PAPIS; PASTEL = PASTIS; ANEL = ANIS. Essa diferena deve ser observada no plural do diminutivo: CHAPU > CHAPU (S) = CHAPEUZINHOS; PASTEL > PASTI (S) = PASTEIZINHOS. Regra semelhante se aplica s palavras terminadas em AU e AL: DEGRAU = DEGRAUS (AU > AUS); ANIMAL = ANIMAIS (AL > AIS). 3) ONDE ou EM QUE? Leitor quer saber se a frase a seguir est correta: Ela foi eleita por seu discurso indignado onde sade, educao, trabalho e combate impunidade e corrupo foram os principais temas. O pronome ONDE s deve ser usado para substituir termo que expresse ideia de lugar : Esta a casa onde ela mora ; Esta a cidade onde eles nasceram . Nesse caso, devemos usar: Ela foi eleita por seu discurso indignado em que (ou no qual) sade, educao, trabalho e combate impunidade e corrupo foram os principais temas. 4) S VEZES ou AS VEZES? Ocorrer a crase somente quando S VEZES for uma locuo adverbial de tempo (= de vez em quando, em algumas vezes): s vezes os alunos acertam esta questo. O Flamengo, s vezes, ganha do Fluminense. Quando a ideia no for de de vez em quando , no h crase: Foram raras as vezes em que ele veio at aqui. (=as vezes o sujeito) Em todas as vezes, ele criou problemas. (=no h a preposio a, por isso no ocorre a crase; temos somente o artigo definido as). 5) LUZEZINHAS ou LUZINHAS? No caso do plural de PAISINHO e LUZINHA, so corretas as formas PAISINHOS e LUZINHAS. Quando o plural feito com o sufixo INHO, correto que o plural seja feito apenas com a desinncia S: PAISINHOS (em vez de PAISEZINHOS) e LUZINHAS (em vez de LUZEZINHAS). Esclarecendo melhor a diferena: pastel pastel + zinho = pasti(s) + zinho = pasteizinhos; po po + zinho = pe(s) + zinho = pezinhos; MAS pas pas + inho = paisinhos;

luz luz + inha = luzinhas; cruz cruz + inha = cruzinhas. 1) Em locues verbais, devemos usar o infinitivo impessoal (=no se flexiona): Os deputados DEVEM ANALISAR o caso na prxima semana. Os contribuintes PODERO, a partir da prxima semana, PAGAR antecipadamente o IPTU. Observe que, nas locues verbais, temos uma orao. O verbo auxiliar o que concorda com o sujeito. 2) Em oraes reduzidas, usamos o infinitivo pessoal (=concorda com o sujeito): O professor trouxe o livro PARA EU LER (=para que eu lesse) PARA TU LERES PARA ELE LER PARA NS LERMOS PARA VS LERDES PARA ELES LEREM Nesse caso so duas oraes. O professor trouxe o livro a orao principal. A segunda orao reduzida de infinitivo. Observe o exemplo a seguir: Houve uma ordem / PARA OS PRPRIOS FUNCIONRIOS CADASTRAREM OS CONTRIBUINTES. Esquema de fixao: Locuo verbal = verbo auxiliar + infinitivo impessoal (=no se flexiona); Orao principal + orao reduzida de infinitivo (pessoal = concorda com o sujeito) Dvida do leitor: Os tcnicos esto aqui PARA RESOLVER ou RESOLVEREM o problema? So duas oraes. Os tcnicos esto aqui a orao principal e para resolver(em) o problema reduzida de infinitivo. Aqui so duas oraes, mas o sujeito o mesmo (eles = os tcnicos). Como o sujeito do infinitivo est oculto (eles), alguns autores consideram um caso facultativo, outros afirmam que um caso de infinitivo no flexionado. Em geral, a preferncia pelo SINGULAR: Os tcnicos esto aqui PARA RESOLVER o problema. Observe mais exemplos: Duas novas ruas foram abertas / para FALITAR o acesso. Usineiros e representantes estaro em Braslia / para PRESSIONAR o governo federal. interessante observar que, na 1 pessoa do plural, todos preferem o infinitivo no flexionado: Ns samos / para ALMOAR . Ningum diria: Ns samos para almoarmos.

Observe, agora, os casos abaixo: 1) Se o sujeito estiver claramente expresso, a concordncia obrigatria: Trouxeram os sanduches / para NS ALMOARMOS no escritrio. 2) Quando o infinitivo desempenha a funo de complemento, usamos a forma no flexionada (=singular): Os paulistanos foram obrigados A PASSAR quatro horas no saguo do aeroporto. A falta de informao leva outros meninos A FAZER a mesma coisa todos os dias. A lei probe os brasileiros DE FUMAR na ponte area. Os msicos foram impedidos DE PARTICIPAR de qualquer tipo de trabalho em discos. 3) Quando o verbo for de ligao (=SER, ESTAR, FICAR, TORNAR-SE ) ou estiver na voz passiva, a concordncia facultativa, mas a preferncia o PLURAL: Elas tiveram que suar muito PARA SE TORNAREM as campes. Elas tm que malhar muito PARA FICAREM magrinhas. O TSE liberou duas das quatro parcelas PARA SEREM DIVIDIDAS por 26 partidos. O porta-voz francs informou que as medidas A SEREM TOMADAS contra o terror so iguais s da Inglaterra. 4) O verbo no plural enfatiza o agente em vez do fato. Em caso de ambiguidade, preferimos o plural para evitar a dvida: Presidente liberou seus ministros PARA SUBIREM em palanque. (=quem vai subir em palanque so os ministros, e no o presidente). 1) TEM ou TM ou TEEM? VEM ou VM ou VEEM ou VEM? Se voc costuma ter esse tipo de dvida ou j perdeu seu tempo com esse problema, observe o esquema abaixo: 1) Grupo do CR-D-L-V: Os verbos CRER, DAR, LER e VER so os nicos que na 3 pessoa do plural terminam em EEM. No esquea que perderam o acento circunflexo, segundo o novo acordo ortogrfico: Ele cr eles creem; Ele d eles deem (=presente do subjuntivo); Ele l eles leem; Ele v eles veem. Essa regra tambm vale para os verbos derivados: Ele rel eles releem; Ele prev eles preveem. 2) Dupla TER e VIR: Na 3 pessoa do singular, no h acento grfico; na 3 pessoa do plural, terminam em M. Esse acento circunflexo para distinguir o plural do singular foi mantido, segundo o novo acordo ortogrfico:

Ele tem eles tm; Ele vem eles vm. 3) Verbos derivados de TER e VIR: DETER, RETER, MANTER, CONVIR, PROVIR, INTERVIR Na 3 pessoa do singular, tem acento agudo; na 3 pessoa do plural, tem acento circunflexo. Isso j era assim antes do acordo ortogrfico (os acentos foram mantidos): Ele detm eles detm; Ele intervm eles intervm. Cuidado! preciso que vocs contem tudo. (=verbo CONTAR); A garrafa contm gasolina. (=verbo CONTER 3 pessoa do singular); As garrafas contm gasolina. (=verbo CONTER 3 pessoa do plural); Outro perigo: que eles provem (=verbo PROVAR, no presente do subjuntivo); ele provm (=verbo PROVIR, na 3 pessoa do singular); eles provm (=verbo PROVIR, na 3 pessoa do plural); eles proveem (=verbo PROVER, na 3 pessoa do plural); Para no esquecer: Eles vm (=verbo VIR); Eles veem (=verbo VER). 2) HINDU ou INDIANO? Quem nasce na ndia indiano. Hindu o seguidor do Hindusmo. No devemos confundir nacionalidade com religio. Confuso semelhante ocorre com JUDEU e ISRAELENSE. Quem nasce em Israel israelense. Judeu relativo ao povo, raa, e no nacionalidade. 3) GUARDA-CHUVAS ou GUARDAS-CHUVAS? Quando o primeiro elemento da palavra composta for verbo, somente o substantivo vai para o plural: guarda-chuvas, salva-vidas, porta-bandeiras, arranha-cus, quebra-molas, tira-gostos, beija-flores, bate-bocas importante no confundir guarda-chuva com guarda-civil. Em guarda-civil, guarda substantivo. Temos um substantivo e um adjetivo (=civil). Nesse caso, os dois vo para o plural: guardas-civis, guardas-noturnos, guardas-florestais Quando guarda for verbo (de guardar = proteger), somente o segundo elemento (= substantivo) vai para o plural: guarda-chuvas, guarda-roupas, guarda-louas, guarda-sis No caso de guarda-costas, o problema que a palavra costas (dorso, parte posterior) s apresenta a forma plural: Estou com dor nas costas . Costa, no singular, a zona litornea: linda a costa brasileira . Assim sendo, voc pode ter um guarda-costas ou vrios guardacostas. Outra observao importante lembrar que a forma para, do verbo parar, segundo o novo acordo ortogrfico, perdeu o acento agudo: ele para. Como perdeu o acento, mas no deixou de ser verbo, a regra do plural continua valendo: para-raios, para-lamas, para-brisas, parachoques, para-sis

Cuidados! a) Segundo o novo acordo ortogrfico, h excees quanto ao uso do hfen. Devemos escrever sem hfen: mandachuva, passatempo, girassol, paraquedas, paraquedismo, paraquedista b) No podemos confundir a forma para (do verbo parar), que perdeu o acento agudo mas no o hfen (fora as excees): para-lama, para-brisa, para-raios (mas paraquedas, paraquedismo, paraquedista) com o prefixo para (= prximo, semelhante), que nunca teve acento grfico nem hfen: paranormal, paramdicos, paramilitares, parapsicologia, paraolimpadas 1. O alcolatra e o alcolico A palavra lcool de origem rabe e latra vem do grego. A raiz grega latria significa adorao (idolatria = adorao de dolos; egolatria = adorao de si mesmo, do prprio eu ). Assim sendo, alcolatra quem adora lcool , o viciado em bebidas alcolicas . A Associao dos Alcolicos Annimos (AAA) deveria ser chamada de Associao dos Alcolatras Annimos . A troca de alcolatra por alcolico se deve, provavelmente, carga negativa que a palavra alcolatra apresenta: como se fosse sinnimo de doente irrecupervel, viciado sem salvao . O uso de alcolico por alcolatra praticamente um eufemismo, ou seja, uma forma mais suave de dizer a mesma coisa. De eufemismos a nossa linguagem est cheia: faltar com a verdade ou dizer inverdades por mentir; enriquecer por meios ilcitos por roubar; descansar, entregar a alma ao Criador e bater as botas por morrer; tumor maligno por cncer; portador do vrus da Aids por aidtico interessante observar que o uso de eufemismos se d por vrios motivos: ironia, medo de ser grosseiro, atenuar o fato, ridicularizar o caso O aspecto psicolgico est sempre presente. Alcolico, na sua origem, um adjetivo e significa relativo ao lcool ou o que contm lcool . Da as bebidas alcolicas, ou seja, bebidas que contm lcool. Entretanto importante observar que os dicionrios Aurlio e Houaiss consideram alcolico como sinnimo de alcolatra tambm. Portanto, no caso dos Alcolicos Annimos , a opo por alcolico no est errada. uma questo eufmica, ou seja, a preferncia por uma palavra de carga mais leve, mais suave. Outra curiosidade a palavra alcoolista, tambm registrada em nossos dicionrios como uma forma menos usada. Seria uma alternativa para alcolico, pois me parece que alcoolista no tem a carga negativa de alcolatra. Por fim, a ortografia. Em lcool, o acento agudo se deve ao fato de a palavra ser proparoxtona. Alcolico e alcolatra tambm so palavras proparoxtonas. O detalhe o acento agudo no segundo . Certa vez, ao entrar numa pequena cidade do interior de So Paulo, encontrei uma placa: Aqui tem Alcolicos Annimos . O acento agudo no primeiro indica a possibilidade de que o autor da placa estivesse de porre. 2. Elipse ou eclipse O eclipse aquele fenmeno em que h o ocultamento do Sol ou da Lua. Ns sabemos que eles esto l, mas no os vemos.

A elipse uma figura de estilo semelhante. Ocorre quando um termo fica oculto, mas ns sabemos qual . A elipse mais conhecida a do sujeito. o famoso sujeito oculto. No necessrio dizermos que ns solicitamos aos senhores que Basta solicitamos . Pela desinncia do verbo (-mos), j sabemos que o sujeito da orao s pode ser ns . Outra elipse interessante aquela em que usamos uma pausa (=vrgula) para marcar a supresso do verbo, para evitar a repetio: Ele no nos entende nem ns, a ele . Nesse caso, tambm chamada de zeugma, a vrgula substitui a forma verbal: nem ns entendemos a ele . A elipse tambm ocorre em vrias expresses do dia a dia, como: querem cassar o senador ; ele s nadou a prova dos 100 metros livre . No primeiro caso, subentende-se cassar o mandato do senador ; e no ltimo, 100 metros nado (ou estilo) livre . importante observar que a boa elipse aquela que no prejudica a clareza da frase. Leitor reclama e quer saber a minha opinio a respeito do que ele julga ser um pssimo hbito: o de agradecer dizendo obrigado eu . como eu costumo afirmar: no devemos reduzir tudo simplista discusso de certo ou errado. Num agradecimento, o uso da palavra obrigado j caracteriza uma abreviao, pois se origina da frase estou obrigado a retribuir-lhe o favor . Em razo disso, a mulher deve dizer obrigada . Assim sendo, a expresso obrigado eu no est errada. apenas uma forma popular, abreviada e at certo ponto carinhosa, de dizer que quem est obrigado a agradecer sou eu . 3. Ele corre risco de vida ou de morte? Temos agora uma seleo de casos incoerentes ou absurdos. So situaes semelhantes ao do famoso correr atrs do prejuzo . S louco corre atrs do prejuzo. Do prejuzo eu fujo. Eu corro atrs do lucro . Outro caso curioso o correr risco de vida . Rigorosamente, ns corremos risco de morte . Ns no corremos o risco de viver , e sim o risco de morrer . Ns sempre corremos o risco de alguma coisa ruim. Ningum corre o risco de ser promovido , mas corre o risco de ser demitido. Ningum corre o risco de ganhar na loteria , mas corre o risco de perder todo o dinheiro no jogo, de ser roubado, de ir falncia No uma questo de certo ou errado. apenas curioso. Trata-se de mais uma elipse. Eu sei que est subentendido: correr o risco de perder a vida . Portanto, as duas formas so corretas. Parecidssimo com o caso anterior a tal da crise do desemprego . Ora, na verdade, quem est em crise o EMPREGO. Infelizmente, o desemprego vai bem. Creio que hoje ns vivemos uma crise de emprego . Tambm merece destaque a tal mania de tirar a presso . Se eu tirar a presso , morro. melhor medir ou verificar a presso. O assunto muito interessante e ainda haveria muitos outros casos para analisar. Vou deixar mais alguns para voc quebrar sua cabea : Dividiu o bolo em trs metades ; O anexo segue em separado ; Eram dois homossexuais e uma lsbica ;

Estou preso do lado de fora ; Por favor, me inclua fora disso 1. Existe Lngua Brasileira? Aqui no Brasil ns ainda falamos a lngua portuguesa. Temos, na minha opinio, um falar brasileiro, que seria um modo brasileiro de usar a lngua portuguesa. O portugus culto do Brasil bem semelhante ao portugus culto de Portugal. Isso significa, portanto, que as diferenas maiores esto na linguagem do dia a dia. O que existe so variantes lingusticas: a) variantes geogrficas: nacionais (Brasil, Portugal, Angola ) e regionais (falar gacho, mineiro, baiano, pernambucano ); b) variantes socioeconmicas (vulgar, popular, coloquial, culto ); c) variantes expressivas (linguagem da prosa, linguagem potica). O importante mesmo respeitar as diferenas, sejam fonticas, semnticas ou sintticas. Vejamos rapidamente algumas diferenas entre o portugus do Brasil e o de Portugal. Uma diferena fontica bem visvel a pronncia das vogais. Aqui no Brasil, ns pronunciamos bem todas as vogais, sejam tnicas ou tonas. Em Portugal, a tendncia s pronunciar bem as vogais tnicas. As vogais tonas so verdadeiramente tonas (=fraca s). Uma consequncia disso a colocao dos pronomes tonos (me, te, se, o, lhe, nos ). Em Portugal, por ter a pronncia fraca, no se pe o pronome tono no incio da frase: D-me um cigarro ; no Brasil, como as vogais tonas so pronunciadas como se fossem tnicas, no temos nenhuma dificuldade em pr os pronomes tonos no incio da frase: Me d um cigarro . assim que o brasileiro fala. E quando me refiro ao brasileiro, estou falando do brasileiro em geral, de todos os nveis sociais e culturais. No estou fazendo referncia ao povo com aquela conotao pejorativa e discriminatria que alguns ainda atribuem palavra. Diferenas semnticas existem muitas. Algumas famosas j viraram at piada. Em Portugal, uma bicha enorme no nada mais do que uma fila imensa , sem nenhuma outra conotao que algum brasileiro queira dar. E diferenas sintticas tambm existem. No Brasil, ns preferimos o gerndio ( Estamos trabalhando ); em Portugal, preferem o infinitivo ( Estamos a trabalhar ). No Brasil, gostamos da forma voc ; em Portugal, usam mais o pronome vos : Se eu lesse para vocs e Se eu vos lesse . Aqui falar consigo falar com si mesmo ; em Portugal falar consigo falar com voc . Em Portugal, frequente o uso de mais pequeno ; no Brasil, aprendemos que o certo falar menor , que mais pequeno errado . E assim voltamos ao ponto de partida: a eterna briga do certo e do errado. Espero que me perdoem pela repetio, mas no uma questo simplista de certo ou errado. uma questo de adequao. Usar mais pequeno no Brasil to inadequado quanto iniciar uma frase com um pronome tono em Portugal. Por que eu teria de afirmar que algum est falando errado quando o carioca fala sinal , o paulista prefere farol e o gacho usa sinaleira ? Afinal das contas, tudo semforo. 2. Velharias ou antiguidades?

Assunto sempre interessante e polmico a histria das cargas que algumas palavras apresentam. Voc se lembra da histria da moratria? moratria ou calote? Dizem que no so sinnimos. Agora, independentemente de serem sinnimos ou no, uma certeza ns temos: quem chama moratria de calote est contra, ou seja, a palavra calote tem carga negativa. Outro bom exemplo ocorreu na entrevista de um eminente poltico americano. Em ingls, o verbo to support (=dar suporte, apoiar) foi traduzido por suportar , o que causou certos constrangimentos no Brasil. A reclamao no se deve s m traduo, mas sim a carga que o verbo suportar tem aqui no Brasil. J que falamos no assunto, bom observarmos algumas diferenas existentes entre o portugus do Brasil e o de Portugal. Um caso curioso o uso da palavra VELHARIA, que no Brasil tem carga pejorativa, negativa. Em Portugal, comum encontrarmos lojas de antiguidades a vender velharias , como eles falam. Curiosamente, certa vez encontrei um cartaz: COMPRO VELHARIAS VENDO ANTIGUIDADES. Ser que por l eles tambm j esto fazendo a mesma diferena que ns fazemos por aqui? Por fim, um episdio que me deixou intrigado. Falando com um motorista nascido na cidade do Porto, comentei sobre a venda de um jogador brasileiro para um clube italiano. Resposta do motorista portugus: O Porto est aqui a despachar jogadores brasileiros para o resto da Europa. O uso do verbo DESPACHAR me causou certa estranheza. Pensei que eles no estavam satisfeitos com o futebol do nosso craque. Eu estava enganado, j que o motorista, torcedor do Porto (adepto, como eles dizem), lamentava a venda do jogador brasileiro para a Itlia. Percebi, ento, que no havia em DESPACHAR a carga negativa que eu estava atribuindo ao verbo. Significava apenas passar adiante , sem a carga negativa de livrar-se com a qual ns aqui no Brasil muitas vezes usamos o verbo DESPACHAR. Portanto, se voc no suporta o caloteiro que vende velharias , melhor despach-lo para bem longe.

1. Salada de Estrangeirismos Salada tem sua origem na palavra sal . Em razo disso, alguns crticos querem rejeitar a expresso salada de frutas , pois no haveria sal. A realidade, porm, que a palavra salada , hoje em dia, significa mistura . Assim sendo, nada contra uma gostosa salada de frutas, ou at de vegetais mesmo sem sal. A salada que incomoda no a de frutas. Outro dia, num fino restaurante, estava l no cardpio ou menu , como preferem os mais sofisticados espaguete la bolognese . muita frescura. Sempre condenei o uso desnecessrio de estrangeirismos. Se o objetivo sofisticar o menu , pelo menos que se escreva numa lngua s: tudo em francs ou em ingls ou em italiano, como queiram. O que me incomoda a mistureba . Se o espaguete j est devidamente aportuguesado, devemos fazer o servio completo: espaguete bolonhesa . importante lembrar que vrias palavras estrangeiras j foram aportuguesadas e so be m aceitas: lasanha, nhoque, espaguete (do italiano); abajur, detalhe, chofer (do francs); futebol, blecaute, estressado (do ingls) ; chope, chucrute (do alemo) Isso no significa que temos de aportuguesar todos os estrangeirismos. Existem aqueles que j esto consagrados e permanecem entre ns na sua forma original: show, marketing, dumping,

software, rveillon, pizza O que no d para entender a salada. o caso da ene-bi-ei . Ao se referir liga americana de basquete (=NBA), alguns jornalistas querem sofisticar a fala e acabam misturando as bolas: ene portugus e bi-ei ingls. Ou pronuncia tudo em ingls, se souber, ou por que no simplificar: ene-be-a , assim como de-ene-a (DNA), efe-be-i (FBI), eme-be-a (MBA) Pior ainda o disk-pizza . A a salada completa: nada contra o italiano. No me oponho italianssima pizza, mas tudo contra o suspeitssimo disk . Deve ser uma tentativa de escrever em ingls o nosso disque , do verbo discar. Para quem no sabe, em ingls no existe o verbo to disk . Discar em ingls to dial . muita salada na pizza de muarela. 2. O check list est atachado no e-mail. A luta contra os estrangeirismos no de hoje. Houve poca em que a invaso dos galicismos (=palavras de origem francesa) nos deixava com os cabelos em p. Hoje convivemos pacificamente com abajur, chofer, buqu, buf, fil, bal, chique, maquiagem, toalete e tantas outras. Quanto s palavras de origem inglesa, temos um problema muito srio. De um lado os puristas que rejeitam tudo. No vejo como evitar palavras como software, marketing, dumping e outras cuja traduo no precisa. No lado oposto, encontramos aqueles que topam tudo . Bobeou, l vem o ingls. A um festival: shopping center, play off, outdoor, happy end, happy hour, approach, braimtorming, paper, release, hot dog Difcil ser moderado. Todo brasileiro deve, antes de mais nada, defender a lngua portuguesa. Precisamos preserv la. Isso no significa ser purista, mas a traduo do estrangeirismo deve ser a primeira opo. Vejamos alguns exemplos: 1) Para que startar ou estartar, se podemos simplesmente iniciar, principiar ou comear? 2) Por que linkar ou lincar? No mais fcil conectar, unir ou ligar? 3) Embora e-mail esteja consagrado, poderamos insistir no correio eletrnico. 4) Check list mania de usar termos ingleses desnecessrios. Lista de verificao perfeita. 5) Beach soccer macaquice. Futebol de areia (=5 contra 5) timo. Alm do mais, no confunde com futebol de praia (=tradicional 11 contra 11). No havendo traduo eficaz, devemos preferir a forma aportuguesada: blecaute forma j consagrada; por que stress, se todos dizem estressado (servio completo: estresse estressado); continer outra forma consagrada. Podemos incluir mais alguns exemplos: flder, pster, hambrguer, blizer Resta uma pergunta: e se a traduo no for eficaz e se o aportuguesamento no estiver consagrado? Bem, isso significa que a polmica no acaba aqui. 3. PGO ou PGO? Ele foi pgo em flagrante ou foi pgo em flagrante? a dvida de muita gente boa. Antes de tudo, importante lembrar que no so todos os estudiosos da nossa lngua que aceitam a forma pego para particpio do verbo PEGAR. Segundo a tradio, o verdadeiro

particpio de PEGAR PEGADO. Eu at aceito que se diga que ele tinha pegado os documentos que estavam sobre a mesa , mas dizer que ele foi pegado em flagrante ignorar a realidade lingustica do portugus falado no Brasil. Assim sendo, o particpio pego uma variante (pego/pegado) to aceitvel quanto aceito (aceitado), salvo (salvado), entregue (entregado), pago (pagado), ganho (ganhado), gasto (gastado) Quanto pronncia ( pgo ou pgo ), uma questo regional. No Rio de Janeiro, h uma visvel (ou seria audvel?) preferncia pelo timbre aberto: Ele foi pego (//) em flagrante . Em So Paulo e em quase todo o sul do pas, prefere-se o timbre fechado: Ele foi pego (//) em flagrante . No , portanto, uma questo de certo ou errado. So variaes de pronncia totalmente vlidas. No h por que impor uma pronncia como certa e outra como errada. Regionalismo riqueza. 1. Cuidado com os modismos! Volta e meia surgem termos e expresses que caem no gosto popular, e o brasileiro sai usando como se fosse alguma coisa superior , como se estivesse falando melhor e mais bonito. O mais incrvel que muitos desses modismos nascem entre pessoas consideradas intelectualmente cultas. Fora o famoso A NVEL DE, que julgo estar morto mas ainda no devidamente enterrado, h outros que sobrevivem garbosamente. Entre executivos, empresrios, consultores e outras categorias profissionais, frequente ouvirmos coisas do tipo: nicho de mercado , agregar valor , alavancar negcios , problemas pontuais e assim por diante. Nada errado, o que incomoda a repetio, o uso excessivo. Isso pobreza de estilo. interessante observarmos o mau uso do adjetivo PONTUAL, que vem do ingls e significa especfico, restrito . Em portugus, bom lembrar, PONTUAL quem chega na hora marcada, quem cumpre o horrio estabelecido . Portanto, essa histria de problemas pontuais pode causar confuso. bobagem. a mania de achar que falar bem falar difcil. Outro modismo que merece destaque o verbo SINALIZAR. Esse invadiu gloriosamente a linguagem jornalstica: A deciso do governo sinaliza manuteno da poltica cambial ; A alta do dlar sinaliza uma elevao dos preos em geral ; Opo por Jorginho sinaliza que o Flamengo jogar defensivamente muita gente fazendo sinal por a. Parece at guarda de trnsito desesperado. Por que no INDICAR ou APONTAR? bom trocar de vez em quando. 2. Complicado difcil Hoje em dia, tudo que est difcil complicado. Se a soluo difcil, a soluo est complicada. Se a situao no est nada boa, ela est complicada. Se o jogo contra qualquer time argentino, ser um jogo complicado. Se a polcia no consegue resolver o caso, porque o caso complicado. Complicado virou moda. Tudo complicado. complicado at explicar por que o brasilei o r

gosta tanto da palavra. Complicado, verdadeiramente, o que no simples. E difcil o que no fcil. Difcil e complicado no so necessariamente sinnimos. O brasileiro em geral, pouco orgulhoso do seu idioma, costuma afirmar que a lngua portuguesa a mais difcil do mundo. a nossa mania de grandeza: queremos ter o maior rio do mundo, o maior estdio de futebol do mundo, o rei do futebol. Ento, por que no a lngua mais difcil do mundo? to difcil que qualquer criancinha brasileira, mesmo de classes sociais menos favorecidas, consegue falar, comunicar-se em lngua portuguesa. Linguisticamente no h lnguas difceis ou fceis. Em geral, confundimos lngua com gramtica, falar com falar corretamente . A lngua portuguesa atende s nossas necessidades de comunicao como qualquer outra lngua. Complicado comparar a dificuldade da nossa gramtica com a simplicidade da lngua inglesa. O ingls no mais fcil. Se voc acha que a gramtica da lngua inglesa mais simples, no significa que a lngua portuguesa seja a mais difcil do mundo . Se isso fosse verdade, seria interessante comparar com o alemo, o russo, o chins, o rabe, o hebraico Complicado, como dizem hoje, ensinar o brasileiro a usar a chamada lngua padro. O primeiro problema definir qual a lngua portuguesa padro, o que ou no aceitvel. E o problema maior est no sistema de ensino brasileiro, mais especificamente no ensino da prpria lngua portuguesa. aqui que entra a figura do professor. Alm de educar e motivar, sua funo a de descomplicar, facilitar o aprendizado. Complicado mesmo exigir tudo isso de um profissional em geral malformado, certamente mal pago, sem maiores estmulos, sem condies de trabalho. O Portugus no difcil. Complicada est a educao no nosso pas. 3. Tem advrbio sobrando por a A linguagem esportiva sempre muito rica em invencionices lingusticas. Com certa frequncia, ouvimos prolas como o atacante estava LITERALMENTE impedido . Ora, o advrbio LITERALMENTE, alm de mal usado, desnecessrio. LITERALMENTE significa de modo literal , vem do latim e quer dizer com todas as letras . Uma traduo literal aquela que feita com todas as letras, fiel ao texto original, sem fazer nenhuma alterao. Assim sendo, usarmos LITERALMENTE com o sentido de completamente, inteiramente bobagem. importante observarmos tambm que, se substitussemos literalmente impedido por completamente impedido , seria outra besteira. Se ningum pode ficar parcialmente impedido , dizer que o atacante ficou COMPLETAMENTE impedido redundante, desnecessrio. Outra expresso adverbial que vem sendo mal usada o famoso COM CERTEZA. comum ouvirmos jogador de futebol responder pergunta do reprter: Com certeza, se Deus ajudar e eu me recuperar, e se o tcnico me der uma chance, no prximo domingo estarei em campo . Ora, o nosso craque s tem dvidas. De onde saiu o COM CERTEZA? COM CERTEZA virou bengala, ou seja, aquela expresso que virou moda e muita gente usa antes de dizer qualquer coisa, mesmo quando no tem certeza. bom lembrar que COM CERTEZA e o advrbio CERTAMENTE existem e podem ser usados,

desde que haja uma ideia afirmativa: O diretor comparecer reunio COM CERTEZA e eu CERTAMENTE estarei de volta no prximo domingo . 1. A riqueza dos neologismos O uso de neologismos (=palavras novas, sem registro em nossos dicionrios) sempre um assunto polmico. H aqueles que rejeitam qualquer novidade e aqueles que topam tudo . A criao de novas palavras comum em qualquer lngua. bastante saudvel. H um enriquecimento vocabular e comprova o carter evolutivo das lnguas vivas. O problema o modismo, o exagero, o termo desnecessrio. E aqui est, novamente, a dificuldade de ser moderado. O que aceitar ou no? uma questo muito subjetiva. Mais uma vez estamos diante de um assunto que no pode ser tratado na base do certo ou do errado. Na minha opinio, uma questo de adequao. Voltemos ao famoso caso do IMEXVEL. Teoricamente o processo de formao da pa lavra aceitvel: raiz do verbo MEXER + prefixo i (=negao) + sufixo vel (=possibilidade). Imexvel = o que no se pode mexer. Seria o mesmo caso de insubstituvel, invisvel, invencvel, indestrutvel Na prtica, entretanto, temos um problema: devido fonte criadora , a palavra imexvel carrega consigo uma carga pejorativa, o que torna o seu uso inadequado em determinadas situaes. No acredito que eu venha a encontr-la em algum texto srio cuja linguagem seja mais formal. Curiosamente, muitos neologismos so verbos, como ELENCAR, ALAVANCAR, IMPACTAR e outros. No vejo necessidade de elencar , se podemos LISTAR, ENUMERAR, REUNIR, SELECIONAR Para que alavancar , se podemos IMPULSIONAR, ELEVAR ou LEVANTAR? importante lembrar que o verbo ALAVANCAR est devidamente registrado em vrios dicionrios. Quanto ao IMPACTAR, o problema outro. No dicionrio Michaelis, IMPACTAR significa tornar impacto, introduzir em outra coisa de modo que seja impossvel retirar, penetrar de modo irreversvel . Entretanto, no meio empresarial, encontramos um uso no mnimo duvidoso: Esta medida est impactando a nossa empresa . Isso pode ser bom ou ruim. Eu no sei se a carga do verbo impactar positiva ou negativa. Para mim, mais importante que a palavra existir ou no em nossos dicionrios a clareza da frase. Se a palavra selecionada deixa a frase com duplo sentido, devemos evit-la, a menos que a ambiguidade seja a nossa real inteno. No sou contra os neologismos, e sim contra os modismos. importante lembrar que muitos neologismos j foram incorporados nossa linguagem do dia a dia e hoje esto devidamente registrados em nossos dicionrios: agilizar, minimizar, posicionar, sediar Devemos, portanto, ter cautela tanto no uso quanto na crtica a quem usa. 2. Neologismos e hibridismos No se assuste. Eu explico: j vimos que neologismos so palavras novas , que em geral no aparecem em nossos dicionrios. Da a tendncia de muita gente afirmar que a palavra no existe. Muita gente reclama quanto ao uso de palavras como PROPINODUTO, BIOTERRORISMO e SEQUESTRO-RELMPAGO, que, segundo nossos leitores, no existem porque no foram encontratadas em dicionrio algum.

importante que se explique que a existncia de uma palavra no depende do registro de um dicionrio. A palavra existe a partir do momento em que se faz necessria e os falantes passam a utiliz-la normalmente. Cabe, no caso, aos nossos dicionrios fazer o devido registro em suas futuras edies. A palavra nasce de acordo com a necessidade. Assim como toda criana ao nascer recebe um nome, os fatos novos tambm merecem um nome novo . A palavra BIOTERRORISMO s no aparecia em nossos dicionrios porque no havia terrorismo biolgico . fato novo, em razo disso: tudo contra o bioterrorismo, mas nada contra a palavra BIOTERRORISMO. Se inventaram um novo tipo de sequestro, por que no cham-lo de sequestro-relmpago? H muito tempo que, no futebol, se usa gol-relmpago e ningum reclamou at hoje. S quem toma o gol, claro. Quanto ao PROPINODUTO, achei muito criativo. Juntamos a propina com o DUTO, que vem do latim e significa que conduz . Da o oleoduto, que conduz leo , o gasoduto, que conduz gs e o viaduto, que conduz a via , e no o que algumas mentes maldosas poderiam imaginar. Quanto ao fato de misturar elementos de lnguas diferentes (propina = portugus + duto = latim; bio = grego + terrorismo = portugus), nada contra. Isso se chama hibridismo (= mistura de elementos de diferentes origens) e a nossa lngua est cheia de exemplos consagrad os: televiso (grego+portugus), sambdromo (portugus+grego), cameldromo (portugus+ grego), automvel (grego+portugus), decmetro (latim+grego), burocracia (francs+grego), alcolatra (rabe+grego) . Cad a vrgula? Volta e meia, acontecem campanhas ou manifestaes para as quais a vrgula nunca convidada: Reage Rio , Vota Brasil , Acorda Lula , Cala boca Galvo Deveria ser: Reage, Rio ; Vota, Brasil ; Acorda, Lula , Cala boca, Galvo . Quer saber por qu. No difcil entender. Voc j deve ter ouvido falar da famosa regrinha que diz ser proibido separar por vrgula o sujeito do predicado. A explicao simples: se pusermos vrgula entre o sujeito e o verbo, o sujeito vira vocativo. Em Dr. Carlos Pimenta vem reunio , temos uma afirmativa. O Dr. Carlos Pimenta o sujeito da forma verbal vem (=presente do indicativo). Em Dr. Carlos Pimenta, vem reunio , temos agora um chamamento, um convite ou uma ordem. O Dr. Carlos Pimenta um vocativo e a forma verbal vem est no modo imperativo. Quando dizemos O leitor de O Globo sabe mais , no h vrgula porque o leitor de O Globo o sujeito do verbo saber . Em razo disso, na propaganda Quem l sabe , no deveramos usar vrgula, pois quem l sujeito. Nesse caso especfico, quando os verbos ficam lado a lado, h autores que aceitam a vrgula entre o sujeito e o predicado. Eu prefiro no criar excees. Assim como em Quem avisa amigo e Quem bebe Grapete repete no h vrgula, em Quem l sabe , Quem estuda passa e Quem se desloca recebe tambm devemos evitar a vrgula. Se o problema anterior polmico, no caso das campanhas e das manifestaes no h perdo. Ningum est afirmando que o Rio reage, que o Brasil vota, que o Lula acorda ou que o Galvo cala a boca. O verbo est na forma imperativa e a seguir est o vocativo. A vrgula

obrigatria: Reage, Rio ; Vota, Brasil ; Acorda, Lula ; Cala boca, Galvo . Ser que as campanhas e manifestaes fracassaram porque esqueceram a vrgula? 2. Se beber, no use o ponto e vrgula Em frente ao Hospital Pinel, no Rio de Janeiro, h um painel luminoso da CET-Rio. Com certa frequncia, l encontrvamos a seguinte mensagem: Se dirigir; no beba se beber; no dirija Certamente o hospital no tem culpa alguma. Louco ou bbado estava quem escreveu a tal frase. No pela mensagem em si, mas pela pontuao da frase. Provavelmente algum disse para o autor: Olha, tem um ponto e vrgula a. E o letrado , por garantia, tascou logo dois. Ora, onde encontramos o ponto e vrgula bastaria a vrgula, pois se trata de uma orao subordinada adverbial condicional deslocada: Se dirigir, no beba . O uso do ponto e vrgula seria perfeito entre as duas ideias, apontando, assim, uma pausa maior que a vrgula: Se dirigir, no beba; se beber, no dirija. para isso que serve o ponto e vrgula: para indicar uma pausa maior que a vrgula e no to forte quanto o ponto-final. Portanto, o autor da frase acaba de perder 3 pontos na sua carteira de habilitao, por uma infrao mdia contra a gramtica. Para que serve o ponto e vrgula? Fundamentalmente, o ponto e vrgula indica uma pausa maior que a vrgula. Vejamos as situaes em que o seu emprego mais frequente: 1a) para separar os membros de um perodo longo, especialmente se um deles j estiver subdividido por vrgula: Na linguagem escrita o leitor; na fala, o ouvinte. Nas sociedades annimas ou limitadas existem problemas: nestas, porque a incidncia de impostos maior; naquelas, porque as responsabilidades so gerais. 2a) para separar oraes coordenadas adversativas (=porm, contudo, entretanto) e conclusivas (=portanto, logo, por conseguinte): Ele trabalha muito; no foi, porm, promovido. (indica que a primeira pausa maior, pois separa duas oraes) Os empregados iriam todos; no havia necessidade, por conseguinte, de ficar algum no ptio. 3a) para separar os itens de uma explicao: A introduo dos computadores pode acarretar duas consequncias: uma, de natureza econmica, a reduo de custos; a outra, de implicaes sociais, a demisso de funcionrios. 4a) para separar os itens de uma enumerao: Deveremos tratar, nesta reunio, dos seguintes assuntos: a) cursos a serem oferecidos, no prximo ano, a nossos empregados; b) objetivos a serem atingidos; c) metodologia de ensino e recursos audiovisuais; d) verba necessria. 1. Comida a quilo e entregas em domiclio

Hoje viraram moda os tais restaurantes self service, ou serve-serve como preferem alguns. H tambm os restaurantes que fazem entregas domiclio . A crase seria um absurdo, j que domiclio palavra masculina. Na verdade, nem a preposio a se justifica. Se o restaurante faz entregas em casa, no escritrio, no quarto do hotel, por que fazer entregas a domiclio ? O mais adequado, portanto, fazer entregas em domiclio . Quanto desgraa da comida kilo , bom que voc saiba que oficialmente a letra k , na lngua portuguesa, s deve ser usada em palavras derivadas de nomes estrangeiros: darwinismo (de Darwin); em smbolos (K = potssio, Kr = criptnio); em abreviaturas: kg, km, kw (= minsculas e sem plural). Ao escrevermos por extenso, devemos substituir a letra k por qu : quilograma, quilmetro, quilowatt. importante lembrar tambm que grama (= unidade de massa) substantivo masculino: um grama, duzentos gramas, trezentos gramas. Isso significa que impossvel haver crase. A comida deve, portanto, ser vendida a quilo (=com qu e sem o acento da crase). lgico que os restaurantes correro um risco: o brasileiro gosta tanto de comida kilo que poder desconfiar da qualidade da verdadeira comida a quilo. E outra dvida : DUZENTOS ou DUZENTAS gramas? O certo duzentos gramas . Duzentas gramas s se fossem duzentos ps de grama , aquele vegetal que encontramos em muitos jardins. A tal histria de pedir duzentas gramas de presunto est errada. Pior ainda duzentas gramas de mortandela . Sugiro at que voc d para algum mendingo !!! A palavra GRAMA, para peso (=unidade de massa), um substantivo masculino, por isso o correto pedir duzentos gramas de mortadela para o mendigo . 2. Comprou o apartamento e a vista. Tudo vista. O uso do acento da crase na locuo vista sempre gerou muita polmica. Alguns autores, entre eles o mestre Napoleo Mendes de Almeida, afirmam no haver crase em a vista , pois seu correspondente masculino a prazo . Isso comprovaria a ausncia de artigo definido. A crase aa se comprova quando o correspondente masculino fica ao: Referiu-se carta (=Referiu-se ao documento). O a de a vista seria apenas a preposio que introduz as locues adverbiais. Outros estudiosos, porm, como o mestre Adriano da Gama Kury, defendem o uso do acento grave indicativo da crase para todas as locues (adverbiais, prepositivas e conjuncionais) de base feminina: bea, deriva, direita, distncia, francesa, mo, noite, revelia, toa, vista, vontade, s cegas, s claras, s vezes, beira de, base de, custa de, medida que, proporo que O argumento usado pelo professor Adriano da Gama Kury o uso tradicional do acento pelos melhores escritores da nossa lngua e a pronncia aberta do a, em Portugal, nessas locues, tal como qualquer a resultante de crase diferente do timbre fechado do a pronome, artigo ou preposio . Eu tambm sou a favor do uso do acento grave em todas as locues de base feminina. Alm da simplificao, h o problema da clareza. Comprar a vista bem diferente de comprar vista . Sem o acento da crase, a vista poderia ser o objeto direto, ou seja, aquilo que se est comprando. A vista seria o panorama, ou pior, o olho. Mas a j seria demais. Para evitar confuses, quando quisermos indicar o modo como compramos ou vendemos

alguma coisa, o melhor mesmo escrevermos vista , com acento grave. Afinal, servir francesa bem diferente de servir a francesa . Ou no? 3. Vamos acabar com os excessos Ultimamente tenho observado um vcio de linguagem muito curioso. So frases do tipo: Aqui est o documento que ontem eu falei dele ; So projetos que a direo acredita neles ; So bons argumentos que concordamos com eles . Como se pode verificar, so exemplos extrados do meio empresarial. um vcio tpico da linguagem oral que tambm aparece na linguagem de profissionais de quem a sociedade espera a chamada lngua padro. Para quem no entendeu a que vcio estou me referindo, eu explico. H pronomes sobrando. Em Aqui est o documento que ontem eu falei dele , o pronome relativo que e o pronome pessoal (d)ele substituem o mesmo substantivo (=documento). Bastaria usar o pronome relativo. O dele est sobrando. A causa fcil de explicar: o brasileiro, em geral, tem muita dificuldade em respeitar a regncia quando usa os pronomes relativos. Temos o hbito de usar simplesmente que , mesmo quando a regncia do verbo ou do nome exija uma preposio. O uso de falei dele comprova que sabemos que a regncia do verbo FALAR pede a preposio de . Segundo a lngua padro, em vez de Aqui est o documento que ontem eu falei , deveramos dizer o documento de que (ou do qual) eu falei . No segundo caso, o pronome (n)eles est sobrando. Se a direo acredita em projetos, So projetos em que (ou nos quais) a direo acredita . E no terceiro exemplo, em vez de So bons argumentos que concordamos com eles , bastaria dizer argumentos com que (ou com os quais) concordamos . A PRESIDENTE ou PRESIDENTA Tanto faz. As duas formas, linguisticamente, so corretas e plenamente aceitveis. A forma PRESIDENTA segue a tendncia natural de criarmos a forma feminina com o uso da desinncia a : menino e menina, rbitro e rbitra, brasileiro e brasileira, elefante e elefanta, pintor e pintora, espanhol e espanhola, portugus e portuguesa. Na lngua portuguesa, temos tambm a opo da forma comum aos dois gneros: o artista e a artista, o jornalista e a jornalista, o atleta e a atleta, o jovem e a jovem, o estudante e a estudante, o gerente e a gerente, o tenente e a tenente. H palavras que aceitam as duas possibilidades: o chefe e A CHEFE ou o chefe e A CHEFA; o parente e A PARENTE ou o parente e A PARENTA; o presidente e A PRESIDENTE ou o presidente e A PRESIDENTA O problema deixa, portanto, de ser uma dvida simplista de certo ou errado, e passa a ser uma questo de preferncia ou de padronizao. No Brasil, fcil constatar a preferncia pela forma comum aos dois gneros: a parente, a chefe e a presidente. bom lembrar que a acadmica Nlida Pion, quando eleita, sempre se apresentou como a primeira PRESIDENTE da Academia Brasileira de Letras. Patrcia Amorim, desde sua eleio, sempre foi tratada como a presidente do Flamengo.

interessante observar tambm que formas como CHEFA e PARENTA ganharam no portugus do Brasil uma carga pejorativa. possvel, porm, que a nossa Dilma prefira ser chamada de PRESIDENTA seguindo nossa vizinha Cristina, que gosta de chamada na Argentina de LA PRESIDENTA. Hoje ou amanh teremos uma resposta definitiva. Espero. 1. Serrar ou cerrar? Se voc se refere ao ato de cortar com serra ou serrote, o verbo serrar com s . Por outro lado, se o objetivo fechar alguma coisa, devemos cerrar com c . Veja que perigo! Comerciante deu ordem por escrito a seus empregados: Hoje quero todas as portas desta loja serradas exatamente s 20h . (serradas com s ). Foi atendido. No dia seguinte, ao voltar loja, encontrou todas as portas serradas com s , ou seja, cortadas Se ele queria as portas fechadas, deveria ser cerradas com c . Outro perigo a falta de visibilidade quando a neblina est muito forte. Quero saber se a cerrao que ocorre com freqncia na serra com s ou com c ? Se a neblina ou nevoeiro est muito forte, sem visibilidade, porque h muita cerrao com c . No h relao alguma entre o fato de serra se escrever com s e a cerrao, que vem de cerrar, no sentido de fechar, que se escreve com c . Serrao com s haveria, se muitas rvores estivessem sendo serradas, ou seja, serrao com s o ato de serrar, cortar. Certa vez, li num bom jornal: Atleta serrou (com s ) os punhos e vibrou intensamente . S se foi de dor! melhor, antes de vibrar, cerrar (com c , ou seja, fechou) os punhos. E melhor mesmo encerrar esse assunto. Ento no esquea: Serrar com s cortar; cerrar com c fechar. Serrao com s o ato de serrar com s , cortar . E a neblina, o nevoeiro forte cerrao com c . 2. Palavra de rei se discute Rex, regis, do latim, deu origem em portugus ao nosso REI. Da palavras derivadas como regente (prncipe regente), regncia (trplice regncia), Regina (rainha, em latim) Em gramtica, regncia a parte que estuda o uso das preposies. ela que nos diz qual preposio o nome exige e, no caso dos verbos, se h preposio ou no. a regncia que nos diz se o verbo transitivo direto ou indireto. Como coisa de rei , ningum pergunta por que devemos fazer referncia a , ter necessidade de , ser vido por , ser semelhante a Ningum quer saber por que verbos como VER, COMPRAR e ENCONTRAR so transitivos diretos, e GOSTAR DE, ACREDITAR EM, ANSIAR POR e CONCORDAR COM so transitivos indiretos. Ningum discute a regncia de verbos e de nomes em que o uso da preposio na linguagem

cotidiana est de acordo com o que ensinam as gramticas normativas. A regncia merece discusso quando h divergncia entre o quediz a tradio gramatical e o uso do nosso dia a dia. Existem vrios verbos nesse caso. Vejamos dois exemplos: 1) IMPLICAR, no sentido de resultar, acarretar, ter como consequncia , segundo a gramtica tradicional (Evanildo Bechara, Antnio Houaiss ) verbo transitivo direto: Isto implica erros grosseiros ; Esta deciso implicar pagamento antecipado . A realidade, porm, tem-nos mostrado a presena constante da preposio em : implica em erros grosseiros ; implicar em pagamento antecipado . Este o nosso problema: de acordo a regncia clssica, IMPLICAR transitivo direto; segundo os linguistas modernos, tambm podemos usar o verbo IMPLICAR como transitivo indireto. Voc decide. importante lembrar que, em nossos concursos oficiais, devemos considerar IMPLICAR um verbo transitivo direto. 2) VISAR outro verbo que merece ateno. Com o sentido de dar visto, rubricar ou de mirar, apontar , todos concordam que VISAR verbo transitivo direto: visar o cheque ; visar todas as pginas da escritura ; visar o alvo ; visar o gol . A polmica ocorre quando usamos o verbo VISAR com o sentido de ter por fim ou objetivo . Nesse caso, segundo a tradio (Evanildo Bechara, dicionrio Aurlio ), VISAR transitivo indireto: visar ao bem-estar de todos ; entretanto, hoje em dia, muitos estudiosos, inclusive o dicionrio Houaiss, j aceitam o verbo VISAR como transitivo direto ou indireto: visar ao bemestar ou visar o bem-estar de todos . Os verbos IMPLICAR e VISAR so apenas dois exemplos de que podemos questionar a regncia clssica, de como se discute a palavra de rei . No vejo nada errado nesta discusso. Crime, no meu modo de ver, cobrar assuntos polmicos em concursos pblicos. 1. Sito ou NA Avenida Paulista O uso das preposies sempre d muita dor de cabea. J sabemos que se entrega alguma coisa (=objeto direto) a algum (=objeto indireto): O rapaz entregou os documentos ao diretor . Quando nos referimos ao lugar da entrega, devemos entregar em algum lugar . Assim sendo, as entregas devem ser feitas em domiclio , da mesma forma que faramos as entregas em casa, no lar, no escritrio, no quarto do hotel, no apartamento 209 . Com os verbos morar, residir, situar e com os adjetivos residente e domiciliado, tambm devemos usar a preposio em . Quem mora sempre mora em algum lugar ; quem residente e domiciliado residente e domiciliado em algum lugar. Em linguagem cartorial , frequente lermos coisas do tipo: Fulano de Tal, residente e domiciliado Rua das Palmeiras ; Dr.Beltrano de Tal, com escritrio sito Avenida Paulista Se, em vez de rua ou avenida, tivssemos um substantivo masculino, ningum diria: Fulano de Tal, residente e domiciliado ao Beco das Garrafas ; Dr. Beltrano de Tal, com escritrio sito ao Largo do Machado Se o Fulano de Tal residente e domiciliado no Beco das Garrafas e se o Dr. Beltrano de Tal tem escritrio sito no Largo do Machado, por uma questo mnima de coerncia, o primeiro

deve ser residente e domiciliado na Rua das Palmeiras e o outro deve ter escritrio sito na Avenida Paulista. E, para ficar melhor ainda, em vez do burocrtico sito, use situado na Avenida Paulista . correto e muito mais simples e claro. Outro exemplo de burocrats o tal de folhas 23 e 24 . Primeiro, o uso do acento indicativo da crase no se justifica, pois certamente no h artigo definido. No mnimo, deveria ser s folhas 23 e 24 . Melhor seria nas folhas 23 e 24 . E, pior ainda, folhas 23 . Nesse caso, no h defesa. No seria mais simples dizer na folha 23 ? 2. A preposio esquecida Todos vocs, provavelmente, foram obrigados a decorar uma famosa lista: a, ante, aps, at, com, contra, de, desde, em, entre Se isso j faz muito tempo, eu refresco a sua memria: so as preposies. bom recordar, porque muita gente boa deve ter esquecido as coitadinhas. Alguns confundem com e contra . Voc sabe quando que o Flamengo vai jogar com o Vasco? Nunca! Eternamente um jogar contra o outro. Num jogo de tnis, se o Gustavo Kuerten jogar com o Fernando Melligeni, jogo de duplas; se o Guga jogar contra o Melligeni, jogo de simples. Eles sero adversrios. H quem confunda sob (embaixo) e sobre (por cima). Uma lgrima s correr sob a face se for um choro interno . Certamente a lgrima correr sobre a face. H, ainda, aqueles que simplesmente ignoram a preposio a . Temos uma propaganda em que a loja oferece para seus fregueses cheques s para daqui 45 dias . Frase sem preposio merece cheque sem fundos. Devemos dizer daqui a 45 dias . o mesmo caso de de hoje a uma semana , de janeiro a dezembro . Portanto, o cheque deve ser para daqui a 45 dias . Outro caso em que a preposio a est definitivamente esquecida o famoso lava jato . Nesse caso, de duas, uma: ou lava a jato ou criamos um novo substantivo composto lavajato (necessariamente com hfen). E por fim o caso do vivo , que podemos observar no canto da telinha quando temos uma transmisso ao vivo . Ora, se a transmisso sempre ao vivo (nenhum canal de televiso transmite vivo ), de onde saiu a mania de usar somente vivo ? Alguns alegam problema de espao na telinha. No acredito. Para mim, deve ter sido mais uma macaquice nossa, mais uma imitao dos modelos americanos. Se eles usam simplesmente live , que fizemos ns? Trocamos o correto ao vivo pelo questionvel vivo . Pelo menos a Rede Globo, devidamente alertada, e depois de muito sofrimento, timidamente comea a mudar. J tivemos a oportunidade de ver o ao vivo em algumas transmisses recentes. Temendo pela extino, bom lanarmos uma nova campanha: Salvem as preposies . 3. DELE ou DE ELE? No h dvida alguma: eu cheguei antes dele, eu gosto dele e o livro dele. A polmica surge quando eu chego antes DELE ou DE ELE sair . De acordo com a gramtica normativa, a forma dele no pode ser sujeito da orao, porque no h sujeito preposicionado . Assim sendo, se houver aps o dele um verbo no infinitivo, devemos separar a preposio do pronome na funo do sujeito: Eu cheguei antes DE E sair . LE Essa regra, entretanto, no rgida. No Brasil, no h dvida de que a forma mais usada cheguei antes dele sair . assim que a maioria dos brasileiros fala. O mestre Adriano da

Gama Kury, entre outros estudiosos ilustres do nosso idioma, considera a forma preposicionada (=cheguei antes dele sair) uma variante lingustica vlida. o mesmo caso de est na hora da ona beber gua . Diz o mestre Evanildo Bechara: A lio dos bons autores nos manda aceitar ambas as construes, de a ona bebergua e da ona beber gua . Por outro lado, importante observar que, em geral, os concursos pblicos exigem a forma tradicional: Cheguei antes de ele sair ; Est na hora de a ona beber gua . O mesmo se aplica contrao da preposio com o artigo: O bando invadiu o Banco do Brasil antes de a agncia abrir ; O diretor viajou para Braslia apesar de a reunio ter sido transferida ; A possibilidade de os polticos no aceitarem o projeto muito grande Resumindo: o segredo para a separao da preposio do artigo ou do pronome a presena do verbo, sempre no infinitivo. 1. O verbo ADEQUAR defectivo ou no? Todos ns aprendemos que o verbo ADEQUAR defectivo, ou seja, defeituoso, no tem conjugao completa. A dvida se deve ao fato de o dicionrio Houaiss considerar completa a conjugao do verbo ADEQUAR. polmica na certa. A realidade que, para a maioria dos nossos gramticos, o verbo ADEQUAR defectivo: no presente do indicativo, s tem a primeira pessoa do plural (=ns adequamos) e a segunda pessoa do plural (=vs adequais); no presente do subjuntivo, no h pessoa alguma. essa a viso dos professores que organizam a maioria dos nossos concursos. H, entretanto, um bom nmero de estudiosos, entre eles a equipe que organizou o dicion rio Houaiss, que j aceita a conjugao completa do verbo ADEQUAR: PRESENTE DO INDICATIVO / PRESENTE DO SUBJUNTIVO Eu adquo que eu adque Tu adquas que tu adques Ele adqua que ele adque Ns adequamos que ns adequemos Vs adequais que vs adequeis Eles adquam que eles adquem Segundo a tradio gramatical, entretanto, o verbo ADEQUAR defectivo. Verbo defectivo aquele que tem defeco (=falta de algumas formas). O verbo ADEQUAR, por exemplo, s apresenta as formas arrizotnicas (=slaba tnica fora da raiz). Em termos prticos, significa que no tem as trs pessoas do singular e a 3a do plural (=eu, tu, ele e eles) do presente do indicativo e, consequentemente, nada no presente do subjuntivo. Para ficar bem claro: PRESENTE DO INDICATIVO / PRESENTE DO SUBJUNTIVO Eu Tu Ele Ns adequamos Vs adequais Eles -

Nos tempos do pretrito e do futuro, tudo normal: ele adequou, adequava, adequara, adequar, adequaria, adequando, adequado Numa frase do tipo preciso que a nossa empresa SE ADQUE ou SE ADEQE realidade do mercado , a soluo : que a nossa empresa FIQUE ADEQUADA realidade do mercado . 2. Verbos, verbos, verbos Outro verbinho problemtico o EXTORQUIR. Alm de defectivo (=eu extorco no existe), temos um problema semntico. O verbo EXTORQUIR vem do latim extorquere (=arrancar alguma coisa de algum sob tortura). O prefixo ex significa movimento para fora (=arrancar) e torquere torcer (=implcita aqui a ideia de tortura). Isso significa que o verbo EXTORQUIR, desde a sua origem, usado como arrancar . correto, portanto, quando ouvimos que o policial extorquiu a confisso do criminoso ou o sequestrador est extorquindo dinheiro da famlia do empresrio . Inadequado algum extorquir algum . Na frase bandido est extorquindo comerciante , temos o mau usodo verbo extorquir. Para voc no errar, use o seguinte macete : s use o verbo EXTORQUIR se ele for substituvel por arrancar . Observe a diferena: extorquir a confisso do criminoso = arrancar a confisso ; extorquir dinheiro da famlia = arrancar dinheiro ; extorquir o comerciante = inadequado, porque no possvel arrancar o comerciante; extorquir a famlia do sequestrado = inadequado tambm, porque no possvel arrancar a famlia do sequestrado. Outros verbos que merecem ateno so EXPLODIR, ABOLIR e DEMOLIR. So todos defectivos: s existem nas formas verbais em que aps a raiz aparecem as vogais e ou i : explode, explodem, explodindo, abolimos, abolido, demolimos, demoliu, demolindo Assim sendo, rigorosamente no existem formas como expludo ou explodo, abulo ou abolo, demula ou demola . 3. Ele foi PEGO ou PEGADO em flagrante? Existem alguns verbos que nos deixam de cabelo em p: GANHO ou GANHADO, GASTO ou GASTADO, PAGO ou PAGADO, PEGO ou PEGADO? Alguns gramticos defendem o uso exclusivo das formas clssicas: GANHADO, GASTADO, PAGADO e PEGADO. Outros preferem o uso exclusivo daquelas formas que o brasileiro consagrou: GANHO, GASTO, PAGO e PEGO. H ainda os moderados. So aqueles que aceitam as duas formas de acordo com aregra dos particpios abundantes: Aps os verbos TER ou HAVER, devemos usar a forma clssica: tinha aceitado, havia suspendido, tinha ganhado, havia gastado, tinha pagado; Aps os verbos SER ou ESTAR, usamos a forma irregular: foi aceito, estava suspenso, fora ganho, era gasto, ser pago. O mestre Celso Cunha defende o uso de ganho, gasto e pago aps qualquer verbo auxiliar: ser ou ter ganho, ser ou ter gasto. Assim sendo, a conta foi paga , mas ele tinha pago ou pagado

a conta . Concordo com o professor Celso Cunha. No podemos jogar no lixo as formas clssicas nem ignorar as novidades lingusticas. Incluo ainda o verbo PEGAR. A forma PEGADO estar sempre correta, mas a forma PEGO est consagradssima: Ele tinha PEGADO os documentos e Ele foi PEGO em flagrante . Inaceitveis ainda so as tais histrias de ele tinha chego e ele tinha trago . Nesse caso, no padro culto da lngua portuguesa, as formas clssicas esto preservadas: ele tinha chegado e ele tinha trazido . 1. Os infinitivos devem flexionarem ou no flexionar??? Nas locues verbais, usamos o infinitivo impessoal, ou seja, aquele que no se flexiona nunca: Os infinitivos no DEVEM FLEXIONAR-SE ; Os alunos VO SAIR mais cedo ; Os dois zagueiros PODEM SER expulsos . Devemos tomar um cuidado especial quando as palavras esto fora de lugar ou quando a locuo verbal fica separada por uma intercalao qualquer: As crianas FORAM todas TOMAR banho ; Os polticos DEVERIAM, devido urgncia, ANALISAR melhor este caso . De qualquer modo, o infinitivo, em locues verbais, no se flexiona. Fora das locues verbais que o infinitivo provoca problemas: Os tcnicos esto aqui para RESOLVER ou RESOLVEREM o problema ??? Embora alguns autores aceitem a concordncia no plural, eu sou a favor do uso do infinitivo no flexionado, ou seja, no singular. Existe uma antiga regrinha que defende o uso do infinitivo no singular sempre que o seu sujeito for o mesmo da orao anterior: 1 orao: Os tcnicos esto aqui (sujeito = os tcnicos); 2 orao: para resolver o problema (sujeito oculto = eles, os tcnicos). O infinitivo s obrigado a se flexionar (=ir para o plural) se o seu sujeito for diferente do sujeito da orao anterior: O diretor deu uma ordem expressa para os tcnicos RESOLVEREM o problema ainda hoje . Quem deu a ordem foi o diretor (= sujeito da primeira orao), mas quem vai resolver o problema so os tcnicos (= sujeito da segunda orao).

2. Ele mandou as pessoas SAIR ou SAREM? Eis um belo caso polmico. 1) H quem afirme que a flexo do infinitivo obrigatria: Mandou as pessoas sarem . O argumento simples: quem mandou foi ele (sujeito), mas quem vai sair so as pessoas (sujeito plural da segunda orao). Seria o mesmo caso de Ns (sujeito) deixamos as secretrias (sujeito) resolverem o caso . 2) H quem defenda a tradio gramatical: aps verbos causativos e sensitivos (=mandar, deixar, fazer, ver, ouvir), o infinitivo no se flexiona: Ele mandou as pessoas sair e Ns deixamos as secretrias resolver o caso . 3) A tendncia da maioria dos estudiosos aceitar as duas formas. Seria, portanto, um caso de concordncia facultativa. Esta dvida bem marcante quando o sujeito do infinitivo aparece anteposto (antes do infinitivo): mandou as pessoas sair ou sarem ; deixamos as secretrias resolver ou resolverem o caso .

Quando o sujeito do infinitivo aparece posposto (depois do infinitivo) ou expresso por um pronome pessoal oblquo, flagrante a preferncia pelo uso do infinitivo no flexionado: Deixai VIR a mim as criancinhas ; Ele mandou-as SAIR . Para facilitar nosso dia a dia, minha sugesto a seguinte: Se o sujeito vier claramente expresso antes do infinitivo, a concordncia deve ser feita: O diretor mandou seus funcionrios SAREM. O plano fez preos DESPENCAREM. Se o sujeito no vier claramente expresso antes do infinitivo, a concordncia facultativa. A preferncia deixar o infinitivo no SINGULAR: Deixai VIR a mim as criancinhas. Mandei ENTRAR todos os convidados. Se o sujeito do infinitivo for expresso por um pronome oblquo (=os, as, nos ), devemos usar o verbo no SINGULAR: Mandei-os ENTRAR. Ele no as deixou FALAR. 3. A persistirem ou AO persistirem os sintomas Na televiso, aps a propaganda de qualquer medicamento, aparece a seguinte mensagem: A persistirem os sintomas, o mdico dever ser consultado . A dvida surge porque, s vezes, a mensagem : Ao persistirem os sintomas, o mdico dever ser consultado . Leitores querem saber qual a forma correta: A persistirem os sintomas ou AO persistirem os sintomas ? A minha preferncia a persistirem os sintomas , pois temos aqui uma ideia condicional: se persistirem os sintomas , caso persistam os sintomas . No que a forma ao persistirem os sintomas esteja errada. Quando usamos a forma ao antes de verbo no infinitivo, temos uma ideia temporal, e no condicional. como se dissssemos quando os sintomas persistirem . Seria semelhante ao caso de ao sair, apague a luz , ou seja quando sair, apague a luz . O pecado maior, portanto, no o fato de a frase estar certa ou errada, a falta de clareza. Afinal, para consultar o mdico se os sintomas persistirem ou quando os sintomas persistirem? a mania de falar difcil. o ultrapassado conceito de que falar bem falar difcil. Seria muito mais simples e claro se a mensagem fosse: se os sintomas continuarem, consulte um mdico . Uma certeza, porm, todos ns devemos ter: consultar um mdico. Melhor mesmo toda a populao brasileira ter acesso a um mdico e abandonar o perigoso hbito da automedicao. Sob orientao mdica, os sintomas provavelmente no persistiro. 1. As luzinhas ou as luzezinhas de Natal? Os sufixos diminutivos -inho e -zinho devem ser usados conforme o final da palavra bsica: usamos indiferentemente os sufixos -inho ou -zinho se a palavra bsica termina por vogal tona ou consoante (exceto s e z ): corpinho ou corpozinho, florinha ou florzinha. Embora a palavra DEVAGAR seja advrbio, no portugus falado no Brasil consagrou-se o seu uso no diminutivo em lugar do superlativo. Em vez de muito devagar , temos o devagarinho

e o devagarzinho . flagrante a preferncia pelo uso do sufixo -inho para as palavras terminadas por vogal tona (sapato-sapatinho, casa-casinha, dente-dentinho) e do sufixo -zinho para as terminadas por consoante (mar-marzinho, papel-papelzinho).O sufixo -inho deve ser usado para as palavras terminadas por s ou z (lpis-lapisinho, cruz-cruzinha, rapaz-rapazinho). Devemos usar o sufixo -zinho para as palavras terminadas por vogal tnica, nasal ou ditongo (caf-cafezinho, siri-sirizinho, irm-irmzinha, bem-benzinho, lbum-albunzinho, mo-mozinha, pnei-poneizinho, chapu- chapeuzinho). Quanto ao plural dos diminutivos, h duas regras bsicas: 1a) Se usamos o sufixo -inho , basta a desinncia s no final: livro livr + inho = livrinhos; casa cas + inha = casinhas; rapaz rapaz + inho = rapazinhos; 2a) Se usamos o sufixo -zinho , devemos pr os dois elementos no plural sem o s do substantivo: animal = animal + zinho animai(s) + zinhos = animaizinhos; pastel = pastel + zinho pastei(s) + zinhos = pasteizinhos; po = po + zinho pe(s) + zinhos = pezinhos. Assim sendo, de acordo com as regras, teramos: luz luz + inha = luzinhas e flor flor + zinha flore(s) + zinhas = florezinhas. Para terminar duas observaes: 1a) Para o acadmico Evanildo Bechara, pazinhas o plural do diminutivo de p (pazinha = p + zinha pazinhas). E pazezinhas seria o plural do diminutivo de paz (pazinha = paz + inha paze(s) + inhas = pazezinhas). Em razo disso, tambm deveramos aceitar as luzezinhas (luz + inha luze(s) + inhas = luzezinhas). 2a) Para o mestre Jos Oiticica, o normal seria florinhas ou florzinhas , que a lngua padro evita. Por isso tudo, no vejo por que impor uma forma como correta e outra como errada. Em razo disso, podemos aceitar os dois plurais: florezinhas e florzinhas, barezinhos e barzinhos, luzinhas e luzezinhas. 2. Um milho de dvidas ou mil dvidas? Num anncio comercial, foi possvel ouvir claramente: Isto para atender as minhas milhares de fs , dizia o primeiro. E o outro retrucava: E isto para as minhas milhes de fs . Sinto muito desapontar os nossos artistas, mas o correto os meus milhares de fs e os meus milhes de fs , mesmo se os fs forem apenas mulheres. O problema que MILHAR, MILHO, BILHO, TRILHO so substantivos masculinos. Os artigos, pronomes ou numerais que antecedem a MILHAR e MILHO devem, portanto, ficar no masculino: OS MILHARES de crianas fugiam com muito medo ; Mais de DOIS MILHES de pessoas assistiram ao espetculo , Seria capaz de fazer UM MILHO e MEIO de embaixadinhas . Assim sendo, as frases Tenho uma milho de dvidas e Umas trs milhes de mulheres esto erradas. O certo : Tenho UM MILHO de dvidas e UNS trs MILHES de mulheres . Quanto ao numeral MIL, o problema outro: no se usa UM ou UMA antes de MIL. No h necessidade de se escrever Recebeu um mil reais , Uma mil pessoas compareceram feira ou Tenho uma mil dvidas . Basta: Recebeu mil reais , Mil pessoas compareceram feira e Tenho mil dvidas . importante lembrar que o numeral que antecede a MIL deve

concordar em gnero com o substantivo a que se refere: DUAS mil pessoas receberam DOIS mil dlares ; Tenho DUAS mil dvidas e O garoto fez quarenta e UMA mil, SETECENTAS e oitenta e DUAS embaixadinhas . Um milho de pessoas j CHEGOU ou CHEGARAM? Tanto faz. O verbo pode ficar no singular para concordar com MILHO, que um substantivo masculino no singular, ou no plural para concordar atrativamente com o especificador pessoas . Quando o verbo de ligao (ser, estar, andar, ficar, continuar ), visvel a preferncia pela concordncia com o especificador: Um milho de reais FORAM GASTOS na obra ; Meio milho de crianas j FORAM VACINADAS ; Um milho de mulheres ESTO GRVIDAS . Algum diria que Um milho de mulheres EST GRVIDO ??? 1. A dona-de-casa ou a dona de casa? Dona de casa sofre at na hora de ser escrita. com hfen ou no? Segundo o dicionrio Aurlio, devamos usar hifens (ou hfenes, como preferem alguns): donade-casa. O dicionrio Houaiss nos ensinava que devamos escrever sem hfen: dona de casa. E agora, que fazer? De acordo com as regras ortogrficas anteriores ao novo acordo, devamos ligar por hfen os elementos das palavras compostas em que se mantm a noo da composio, isto , os elementos das palavras compostas mantm a sua independncia fontica, conservando cada um a sua prpria acentuao, porm formando o conjunto perfeita unidade de sentido . Dentro desse princpio, devamos usar o hfen nas palavras compostas em que os elementos, com a sua acentuao prpria, no conservam, considerados isoladamente, a sua significao, mas o conjunto constitui uma unidade semntica. Para ficar mais claro, interessante observarmos um exemplo inquestionvel: copo-de-leite e copo de leite. Em copo de leite, sem hfen, cada elemento mantm a sua significao: copo copo e leite leite; em copo-de-leite, com hifens, temos um conjunto com uma nova unidade de sentido: copo-de-leite uma planta. A dvida quanto dona de casa era se o conjunto forma uma unidade de sentido ou se cada elemento conserva isoladamente sua significao. Esse tipo de dvida acabou com o novo acordo ortogrfico. A partir de agora, os compostos com elemento de conexo s recebero hifens se for palavra ligada botnica ou zoologia: copo-de-leite, banana-da-terra, joo-de-barro, galinha-d Angola Isso significa que os compostos com elementos de conexo que no so nomes de animais ou plantas devem ser grafados sem hfen: p de moleque, p de cabra, general de diviso, po de l, fim de semana, disse me disse, dia a dia, passo a passo Assim sendo, agora no h mais dvida: DONA DE CASA deve ser escrita sem hifens. 2. No confunda gnero com sexo Cadeira um substantivo feminino e banco masculino. Por mais que voc examine uma cadeira e um banco, no encontrar nenhum sinal do sexo feminino na cadeira nem do sexo masculino no banco. Bancos e cadeiras no mantm relaes sexuais para fazer banquinhos !!!

Cadeira no um substantivo feminino porque termina em a . Existem vrias palavras terminadas em a que so masculinas: o problema, receber um tapa, dar dois telefonemas, duzentos gramas de presunto A distino do gnero nos substantivos no tem fundamentos racionais. Quem determina o gnero a tradio fixada pelo uso. A comparao com outras lnguas, mesmo de origem latina, comprova a inconsistncia do gnero gramatical: a viagem / el viaje (espanhol); o sangue / la sangre (espanhol), la sang (francs) Nossos leitores tm algumas dvidas: 1a) Personagem masculino ou feminino? 2a) Qual o feminino de poeta: a poetisa ou a poeta? Chamamos de SOBRECOMUNS os nomes de um s gnero gramatical que se aplicam, indistintamente, a homens e a mulheres: o cnjuge, o indivduo, o ssia, a criana, a pessoa, a vtima So chamados de COMUNS DE DOIS os substantivos que tm uma s forma para os dois sexos. A distino feita pela anteposio de o , para o masculino, e a , para o feminino: o/a artista, o/a doente, o/a mrtir, o/a jovem Na sua origem, PERSONAGEM era um substantivo sobrecomum do gnero feminino, ou seja, a personagem poderia ser usada tanto para a mulher quanto para o homem. Hoje em dia, porm, PERSONAGEM tornou-se um substantivo comum de dois: a personagem, para mulheres, e o personagem, para homens. O dicionrio Houaiss e o Vocabulrio Ortogrfico da Academia Brasileira de Letras consideram PERSONAGEM substantivo de dois gneros, ou seja, o/a personagem. Quanto ao feminino de POETA, temos uma bela polmica. Segundo a tradio e os nossos principais dicionrios, o feminino de poeta POETISA. Recentemente, no meio artstico, tornou-se moda distinguir A POETISA (=pessoa do sexo feminino que faz poesia) de A POETA (=mulher que faz poesia de reconhecida qualidade literria). Trata-se de um juzo de valor que ainda no tem o respaldo da maioria dos estudiosos e de nossos principais dicionrios. Se essa moda vai pegar , s o tempo dir. Segundo o mestre e acadmico Evanildo Bechara: a) so masculinos: o cl, champanha, d, formicida, grama (unidade de massa/peso), milhar, pijama, ssia, telefonema b) so femininos: a aguardente, alface, anlise, bacanal, cal, clera, dinamite, libido, sndrome, faringe c) so indiferentemente masculinos ou femininos: o ou a avestruz, crisma, diabete, gamb, hlice, ordenana, personagem, sabi, sentinela, soprano, suter, tapa, trama A dvida : Queremos agradecer-lhes pela ou a audincia? A resposta : Queremos agradecer-lhes a audincia. O verbo agradecer transitivo direto e indireto: agradecer alguma coisa (=objeto direto) a algum (objeto indireto). No agradecemos a algum (objeto indireto) por alguma coisa (outro objeto indireto). Em agradecer-lhes a audincia , o pronome lhes exerce a funo do objeto indireto e a audincia o objeto direto. Usar a expresso com a gente num texto formal to inadequado quanto usar conosco no chopinho da sexta-feira. Se algum disser no barzinho que ontem ela esteve aqui conosco , vo pensar que ele est de porre. Se falar conosco na beira da praia, vo pensar que biscoito:

d um conosquinho a . Ento, que fique bem claro: em textos formais, Ele est aqui conosco ; na linguagem coloquial, Ele est aqui com a gente . A dvida : Vamos analisar os casos que esto por ora ou por hora pendentes? A resposta : Vamos analisar os casos que esto por ora pendentes. No sentido de por enquanto, no momento , devemos usar a forma por ora , sem h . Ora um advrbio de tempo que significa agora, no presente momento . Hora com h a unidade de medida de tempo que equivale a 60 minutos: Nesta avenida, a velocidade mxima permitida 80 quilmetros por hora . Tambm devemos usar ora sem h se for interjeio que exprime impacincia, surpresa, dvida ou ironia. o famoso ora bolas! . Tambm usamos ora sem h quando se trata de conjuno alternativa: Ora trabalha ora estuda . Isso no significa que se trabalha durante uma hora e em outra hora se estuda. Ora ora significa que se trabalha e se estuda em momentos alternados. A dvida : bom voc se previnir ou prevenir? A resposta : bom voc se prevenir. Mesmo os mais prevenidos correm o risco de escrever previnir. Com muita frequncia confundimos a vogais e e i . Em algumas regies, comum pronunciarmos a vogal e como se fosse i : denti por dente, quasi por quase, venho di So Paulo por venho de So Paulo Quando so palavras conhecidas, dificilmente h dvidas na hora de escrever. O problema so aquelas palavras que so menos usadas, que so pouco vistas, que quase no escrevemos. Ortografia uma questo de memria visual , por isso a leitura fundamental. Observe alguns exemplos perigosos: areo, anteontem, cadeado, campeo, carestia, desenfreado, despender, empecilho, enteado, irrequieto, palet, penico, periquito, quepe Anote a algumas palavras que se escrevem com i : artifcio, crnio, dentifrcio, digladiar, dilapidar, dispndio, intitular, meritssimo, privilgio Na frase, por causa da pista molhada, os pneus deslisaram , quem deslizou foi o autor da frase. Se voc escrever o verbo deslizar com z , nunca mais cometer deslizes. O verbo deslisar com s existe, mas significa tornar liso . o mesmo que alisar. Os verbos deslisar e alisar se escrevem com s porque so derivados de liso , que se escreve com s . A frase Vivia em condies subumanas est correta. Com o prefixo sub- , s usamos o hfen se a palavra seguinte comear por b ou r : sub-base, sub-bibliotecria, sub-raa, sub-reino, sub-reitor. Assim sendo, quando a palavra seguinte comear por qualquer letra diferente de b ou r , devemos escrever tudo junto , como se diz popularmente: subchefe, submarino, subterrneo, subsecretrio, subsolo, suburbano, subemprego, subitem Segundo o novo acordo ortogrfico, porm, com o prefixo sub- , se a palavra seguinte comear por h , podemos usar hfen ou no. Assim sendo, h duas grafias corretas: sub humano e subumano. Quando a palavra seguinte comea por h , se no houver hfen, a letra h some, pois s usamos a letra h isolada no incio de palavra. Assim sendo, sub+humano fica subumano. O mesmo ocorre em desumano (des+humano), desarmonia (des+harmonia), reaver (re+haver) A dvida : Precisamos chamar um eletricista ou eletrecista? A resposta : Precisamos chamar um eletricista.

Eletricista derivado de eltrico, por isso devemos escrever com i , assim como: eletricidade, eletrificar, eletrificao, eletricismo Com muita frequncia confundimos as vogais e e i . Um caso que merece muita ateno cardeal e cardial. Cardeal pode ser o religioso ou o pssaro. Tambm escrevemos com e o termo que designa as direes da rosa dos ventos que apontam para o Norte, o Sul, o Leste e o Oeste: so os pontos cardeais. S escrevemos cardial, com i , quando nos referimos ao crdio (corao em grego). Da a cardiologia, que o estudo do corao. A vlvula cardial a vlvula do corao. A dvida : No foi possvel ver a calda ou cauda do cometa? A resposta : No foi possvel ver a cauda do cometa. Cometa s teria calda se tivesse rabinho doce . Calda uma soluo aucarada: calda de caramelo, pssegos em calda Cauda rabo, apndice: cauda do macaco, piano de cauda, cauda do cometa Voc sabe qual a diferena entre animais capturados e animais apreendidos? Se o leo fugir do circo, os bombeiros sero chamados para captur-lo; se algum estiver vendendo micoslees ali na esquina (o que ilegal), o Ibama deve apreender os animais e a polcia prender os traficantes. A dvida : proibida, qualquer que seja ou quaisquer que sejam os motivos, a entrada de estranhos? A resposta : proibida, quaisquer que sejam os motivos, a entrada de estranhos. Qualquer um pronome que deve concordar com o substantivo a que se refere quaisquer : motivos , quaisquer problemas , quaisquer pessoas Em geral, o singular j suficiente: qualquer motivo , qualquer problema , qualquer pessoa . Isso significa que tambm estaria correto: proibida, qualquer que seja o motivo, a entrada de estranhos . Na frase Estou aqui para resolver todo e qualquer problema , a expresso todo e qualquer redundante. Todo problema significa qualquer problema . Bastaria dizer: Estou aqui para resolver todo problema ou Estou aqui para resolver qualquer problema . Como toda redundncia, somente a nfase justifica o seu uso. 9 comentrios Dvidas dos leitores qua, 01/09/10 por snogueira.sn | categoria Dicas A dvida : O jantar ser na antivspera ou antevspera do Natal? A resposta : O jantar ser na antevspera do Natal. No devemos confundir os prefixos anti e ante . O prefixo anti tem o sentido de oposio, contra : antivrus, antiareo, antitico, anti-heri, antirrepublicano, antdoto, anttese O prefixo ante significa anterioridade : anteontem, antepenltimo, antevspera, antediluviano No h antivspera , porque o jantar no tem nada contra a vspera do Natal. O jantar ser no dia que antecede a vspera do Natal, portanto na antevspera.

Uma empresa carioca comunicou aos seus empregados: A nossa ceia de Natal ser na prxima quinta-feira, s 13h. Acho muito bonito o fato de empresas oferecerem ceias de Natal aos seus empregados. S fiquei preocupado com o horrio. Se no me falha a memria, ceias sempre foram noturnas. s 13h, melhor fazer um almoo. A dvida : Recebeu 1,2 bilhes ou bilho de reais? A resposta : Recebeu 1,2 bilho de reais. Com muita frequncia observamos, em nossos jornais e revistas, o uso dessas formas abreviadas para altos valores. No h espao para escrever por extenso e a quantdade de i zeros poderia dificultar o entendimento do leitor. A abreviao vlida, mas merece cuidados, pois o milho, bilho, trilho, etc. referem-se ao algarismo que antecede a vrgula. Assim sendo, o correto 1,2 bilho porque significa um bilho e duzentos milhes; 1,3 milho significa um milho e trezentos mil ; 1,7 trilho significa um trilho e setecentos bilhes . A dvida : Aqui esto as clusulas que faltavam ou faltava incluir no contrato? A resposta : Aqui esto as clusulas que faltava incluir no contrato. O verbo (= faltava) deve ficar no singular para concordar com o seu sujeito (= incluir no contrato). O que faltava era incluir as clusulas no contrato , e no as clusulas . Qual a sua opinio: Falta ou Faltam cinco minutos para acabar o jogo ? Embora muitos digam que falta cinco , o certo faltam cinco minutos . O verbo (= faltam) deve ir para o plural para concordar com o seu sujeito plural (= cinco minutos). No podemos, entretanto, confundir os casos. Em Falta resolver cinco questes , o verbo (= falta) deve ficar no singular porque o seu sujeito resolver cinco questes . No so as cinco questes que faltam. O que falta resolver as cinco questes. Para ficar mais claro: Faltam cinco questes e Falta resolver cinco questes . A dvida : A vitria significa ou significam trs pontos decisivos para escapar do rebaixamento? A resposta : A vitria significa trs pontos decisivos para escapar do rebaixamento. Segundo a regra bsica de concordncia, o verbo deve concordar com o sujeito. No caso acima, o sujeito est no singular (=a vitria). Por causa disso, o verbo deve concordar no singular: A vitria significa Com o verbo ser, a histria seria outra. O verbo ser especial. Se o sujeito estiver no singular e predicativo do sujeito no plural, o verbo ser concordar no plural: A vitria so as ltimas esperanas do Botafogo ; A maior revolta dos motoristas so as multas ; A nossa maior alegria so as crianas . A dvida : A famlia s foi comunicada ou informada do sequestro uma semana depois? A resposta : A famlia s foi informada do sequestro uma semana depois. O verbo comunicar transitivo direto e indireto. Se algum comunica, comunica alguma coisa a algum. A coisa que se comunica o objeto direto, e a pessoa a quem se comunica alguma coisa o objeto indireto. importante lembrar que, de acordo com a gramtica tradicional, s o objeto direto pode transformar-se em sujeito de voz passiva. Isso significa que somente a coisa (=objeto direto) pode ser comunicada, isto , exercer a funo do sujeito passivo. Assim sendo, recomendvel evitar o uso do verbo comunicar na voz passiva com sujeito pessoa . Estaria correto,

portanto, dizer: O sequestro s foi comunicado famlia uma semana depois. Vamos observar outro exemplo: O empregado (pessoa) j foi comunicado (voz passiva) da sua demisso. Melhor: A demisso (coisa) j foi comunicada ao empregado. No devemos confundir o verbo comunicar com o verbo informar. Embora sejam palavras sinnimas, o verbo informar apresenta duas regncias possveis: se algum informa, informa alguma coisa a algum ou informa algum de alguma coisa. Quando informamos algum de alguma coisa, a pessoa o objeto direto. Pode, por isso, tornar-se sujeito passivo. Assim sendo, temos duas possibilidades: A famlia (pessoa) s foi informada (voz passiva) do sequestro uma semana depois e O sequestro (coisa) s foi informado famlia uma semana depois. A dvida : Ele teve participao sobre o ou no valor da venda do jogador? A resposta : Ele teve participao no valor da venda do jogador. Ele no teve participao sobre , ou seja, em cima do valor da venda . Quem tem participao tem participao em alguma coisa, por isso que ele teve participao no valor da venda . Na frase Entrou com um pedido junto Vara de Execuo Criminal , encontramos o uso polmico da locuo junto a . Rigorosamente, junto a significa ao lado de . Assim sendo, o pedido teria entrado na Vara vizinha, e no na Vara de Execuo Criminal. Para evitar confuses, mais simples e claro dizer que entrou com um pedido na Vara de Execuo Criminal . Devemos evitar construes pedantes do tipo: O problema s ser resolvido junto direo da empresa e Contraiu um emprstimo junto ao Bando Mundial . Muito melhor O problema s ser resolvido com a direo da empresa e Contraiu um emprstimo no Banco Mundial . 8 comentrios Dvidas dos leitores qua, 25/08/10 por snogu