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Didáticas epráticas 15

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A prática educativa que objetiva a transformação do leitor e da sociedade. Uma prática que ensine e desvende a função exercida pelo texto, em um sistema comunicacional, social e político, comprometido em questionar a realidade do leitor e assim levá-lo à transformação social.

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DiDáticae práticaseDucativas

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São Paulo – 2015

DiDáticae práticaseDucativasJociene carla Bianchini Ferreira

Leila Maria Franco

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Copyright © 2015 by Editora Baraúna SE Ltda.

Capa Jacilene Moraes

Diagramação Camila C. Morais

Revisão Alexandra Resende

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

________________________________________________________________F44d

Ferreira, Jociene Carla Bianchini Didática e práticas educativas/Jociene Carla Bianchini Ferreira, Leila Maria Franco. - 1. ed. - São Paulo: Baraúna, 2015. il.

ISBN 978-85-437-0412-8

1. Professores - Formação. 2. Prática de ensino. 3. Planejamento educacional. 4. Didática. I. Franco, Leila Maria. II. Título.

15-24899 CDD: 370.71 CDU: 37.02________________________________________________________________22/07/2015 22/07/2015

Impresso no BrasilPrinted in Brazil

DIREITOS CEDIDOS PARA ESTAEDIÇÃO À EDITORA BARAÚNA www.EditoraBarauna.com.br

Rua da Quitanda, 139 – 3º andarCEP 01012-010 – Centro – São Paulo – SPTel.: 11 3167.4261www.EditoraBarauna.com.br

Todos os direitos reservados.Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio, sem a expressa autorização da Editora e do autor. Caso deseje utilizar esta obra para outros fins, entre em contato com a Editora.

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Sumário

Prefácio ....................................................................7

1. Práticas Educativas na Literatura .......................11Texto 1: As fadas revisitadas ..............................11Texto 2 – Letramento na contemporaneidade: o le-tramento literário como prática educativa ..........28Texto 3 – Lições do amigo: a pedagogia estética de Mário de Andrade em crônicas de táxi no diário na-cional .................................................................46

2. Práticas educativas e novas tecnologias ..............65Texto 1 – Alunos ouvintes ou participantes ativos: a celeuma das TICS na usabilidade de recursos didáti-cos digitais .........................................................65Texto 2: Tecnologia na educação: a lousa eletrônica no ensino superior .............................................83Texto 3: Novas tecnologias e ensino de língua por-tuguesa: as redes sociais como ferramentas pedagó-gicas ..................................................................99

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3. Práticas educativas no Ensino Superior ............119Texto 1: A inserção da educação financeira como disciplina no Ensino Superior ..........................119Texto 2: Discussões sobre a formação profissional dos professores universitários no curso de Jornalis-mo ...................................................................141Texto 3: Aprendizagem baseada em problemas: ex-periências e perspectivas no Ensino Superior ....161Texto 4: Os desafios da prática docente no Ensino Superior ..........................................................181

4. Cultura escolar e processos de ensino-aprendiza-gem ......................................................................193

Texto 1: Corporeidade, escola, currículo e aprendi-zagem .............................................................193Texto 2: Didática – instrumento de reprodução no processo de escolarização? ................................212Texto 3: As aporias no conceito de pós-humano e seus desafios na educação .................................227Texto 4: Linguagem e cultura na perspectiva históri-co-cultural: reflexões e proposições ...................240

Referências .................................................... 267

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Prefácio

Profa. Dra. Silvana Malusá (Ph.D)Universidade Federal de Uberlândia (UFU)

O livro Didática e Práticas Educativas, o qual tenho o enorme prazer em comentar, reúne textos escritos por professores-pesquisadores preocupados com a formação e a prática docente, com a intenção de refletir a cerca de questões que dão título à obra.

O convite à leitura, que entrelaça questões da Didá-tica – enquanto compreensão fundamental para repensar a prática docente e Práticas Educativas – enquanto um trabalho conjunto e integrado, pensando em caminhos possíveis a serem trilhados na busca de uma coerência en-tre a teoria e a prática, é, pois, uma contribuição a forma-ção e prática de profissionais que, por opção, escolherem a Profissão Professor!

As organizadoras pensaram a obra em quatro partes fundamentais. Mas... por que fundamentais?

Na primeira parte, Práticas Educativas na Literatura – é uma das marcas da contemporaneidade, pois trata-se na necessária construção de práticas que busquem a for-

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malização da linguagem sobre as várias possibilidades de se interpretar o real. Buscar o sentido das coisas e da própria vida, bem como parte da busca da interpretação de co-nhecimento chamado científico, através da Literatura, são pontos importantíssimos para a formação de um ser au-tônomo. No exercício desta atividade, a relação do sujeito (consciência) e do objeto conhecido (realidade) é perma-nente e se torna mais complexa na reiteração dos contatos: estabelece relações, cria elos temporais e espaciais entre objetos, elabora suas percepções e cria representação das coisas, possibilitando o desenvolvimento da linguagem.

Na segunda, Práticas Educativas e Novas Tecnologias - vivemos um momento onde se destaca a necessidade de se aprender a pensar. O que não se pode ignorar é que pensar associa-se a compreender e este a interpretar. Compreender é vida. Quando se compreende o mundo se compreende a existência. As Novas Tecnologias intro-duzem nova linguagem no mundo. Surgem e são apreen-didas pelo processo educativo como uma possibilidade de formar o ser humano. São os meios de comunicação com sua linguagem particular que têm estabelecido as inter-mediações entre o ser humano e a cultura. Dessa forma, não há como negar que eles possuem um forte poder pe-dagógico, especializando-se em formar opinião e modifi-car atitudes. Isto se dá não apenas nos campos político e econômico, mas particularmente, no campo moral.

Na terceira, Práticas Educativas no Ensino Superior - refletir sobre como o professor estrutura o seu saber e a maneira como realiza suas intervenções, oportuniza uma forma de investigação que permite conhecer a didática e

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o ensino do ponto de vista do trabalho docente no am-biente escolar. Por tal razão, esse conhecimento deve ser de domínio daqueles que necessitam conhecer o campo de trabalho docente. É certo que, o exercício da docência consiste no domínio específico da área do conhecimento que se ensina, associado ao conhecimento educacional e pedagógico, que possibilita ao professor planejar, desen-volver e avaliar a ação educativa, visando o ensino, a pes-quisa e a extensão, com critérios científicos e de acordo com o projeto educacional pretendido.

E, na quarta parte, Cultura Escolar e Processos de Ensino-Aprendizagem - ensinar exige conhecimento de mundo. Não podemos formar nossos alunos dentro de lindos castelos e, em um futuro próximo, abandoná-los em uma realidade cruel. É importante que a universida-de/curso adapte-se às perspectivas atuais, percebendo que tão importante quanto formar profissionais com conhe-cimentos específicos, é necessário sensibilizá-los a cons-truírem sua autonomia pautada em sua atuação prática, apoiada em preceitos éticos, na reflexão crítica e criativa do mundo em que vai se inserir.

É preciso mudar. Conteúdos que hoje dominam o comportamento do homem dizem pouco ou quase nada frente à complexidade do real. É preciso algo mais que isso. Refletir sobre a Didática e Práticas Pedagógicas é im-portante e necessário, como uma das formas para a re-cuperação do ser humano frente a uma cultura, muitas vezes, quase esquecida.

Mudanças profundas só acontecerão quando a for-mação e práticas docentes deixarem de existirem de forma

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superficial e se converterem em verdadeiros processos de aprendizagens como um ganho coletivo. É necessário tor-narmos as práticas e as experiências como objeto de estudo, compreendendo os sentidos e significados nelas existentes.

Necessitamos, portanto, de professores e alunos, aprendendo, ensinando, pesquisando e produzindo co-nhecimento (interação sujeito/objeto). Dessa forma, co-meçarão por romper com antigos paradigmas, inovando suas práticas e chegando, por fim, à realização de rup-turas ainda maiores, consideradas verdadeiras transfor-mações no ensino. Daí, a relevância da obra Didática e Práticas Educativas.

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1. PráticaS educativaSna Literatura

Texto 1: As fadas revisitadas Ana Maria Zanoni da Silva

O tema abordado neste estudo está direcionado às atividades de leitura para as quais a literatura, principal-mente o conto maravilhoso, constitui um material favo-rável não somente para despertar o gosto e promover a habilidade de leitura, mas, também, um dos caminhos propícios ao autoconhecimento. Nosso interesse pelo as-sunto está amalgamado às questões vinculadas ao traba-lho pedagógico com contos maravilhosos, uma vez que, a observação empírica das atividades realizadas com essas narrativas mostra a importância do conhecimento teóri-co para compreensão do papel que esse gênero desempe-nha na formação do indivíduo.

Desconsiderado o aspecto de contributo para for-mação, essas narrativas sofreram um processo de mi-nimização de suas tramas, de inclusão de imagens que demonstram, por si só, a fábula, bem como receberam

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uma profusão de cores que podem desviar a atenção do leitor das questões existências, nelas reapresentadas. Es-sas narrativas, mais especificamente, os contos de fadas, de certa forma, foram convertidos em expoentes de uma visão estereotipada do que seria um texto adequado para crianças. Os PCNs de Língua Portuguesa para o Ensi-no Fundamental (1997, p. 29) chamam a atenção para o aspecto comercial que envolveu a literatura, mostrando que a adaptação e a simplificação de textos com fins estri-tamente didáticos atingiram o mercado editorial que, por sua vez, passou a publicar “livros com uma ou duas frases por página e a preocupação de evitar as chamadas ‘sílabas complexas.” (BRASIL, 1997, p. 29).

Ainda segundo os PCNs há uma confusão entre o que seria a capacidade de interpretar e produzir discursos e a capacidade de ler sozinho, sendo assim o ato de ler converte-se em uma atividade vazia cujos reflexos podem ser sentidos, por exemplo, através das dificuldades apresen-tadas pelos alunos universitários, de compreender e orga-nizar ideias ao se deparem com textos cuja trama exija um pouco mais de reflexão e de correlações extratextuais, para que seja efetuada a devida compreensão da fábula1.

Em O direito à literatura (1995) Antonio Candi-do afirma ser a literatura um dos direitos humanos e a enquadra na categoria de bens incompressíveis, por ser ela um dos contributos ao processo de formação da in-tegridade espiritual. Sob a luz dos estudos de Candido (1995), a literatura constitui um fator de humanização,

1 Os termos fábula e trama serão empregados em con-sonância com os postulados de Tomachevski (1976).

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ou seja, corrobora com a aquisição de hábitos essenciais, como “O exercício da reflexão, a aquisição do saber, a boa disposição para com o próximo, o afinamento das emo-ções, a capacidade de penetrar nos problemas da vida, o senso da beleza, a percepção da complexidade do mundo e dos seres, o cultivo do humor”. O processo de huma-nização promovido pela fruição literária, ocorre porque a literatura atua no subconsciente e no inconsciente e, portanto, não se trata de “uma experiência inofensiva, mas uma aventura que pode causar problemas psíquicos e morais, como acontece com a própria vida, da qual é imagem e transfiguração”. (CANDIDO, 1995, p. 175).

A afirmação de Candido mostra a importância do conhecimento tanto da teoria quanto da crítica literária, para o desenvolvimento do trabalho pedagógico com o texto literário, porque se a literatura pode promover a formação do leitor, por outro lado, dependendo do con-teúdo e da forma como ela é abordada no cotidiano esco-lar, poderá gerar desinteresse ou ser relegada a condição de um simples “conto de fadas”.

O significado pejorativo implícito na expressão “contos de fadas” mostra o desconhecimento sobre o gênero e evidencia a necessidade de se postular algumas considerações a respeito do conto maravilhoso. Mediante esse contexto, partimos da premissa de que a carência de conhecimentos mais aprofundados a respeito do gênero textual e também de aspectos teóricos e críticos constitui um fator de desmotivação tanto do docente quanto do discente e pode transformar-se em obstáculo ao processo de humanização, para o qual o conto de fadas, tal como

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mostram Bettelheim (2002) e Cashdan (2000), constitui um terreno propício.

Contribuições teóricas ao trabalho pedagógico com contos de fadas.

O ato de narrar histórias acompanha a humanidade desde os tempos imemoriais. Contava-se feitos e proezas realizados nas caçadas, assim como ao jovem, que pas-sava pelos ritos de iniciação, narrava-se o que aconteceu ao fundador da tribo e dos costumes, quando este, após um nascimento miraculoso, trouxe, do reino dos ursos ou dos lobos, as danças, o fogo etc., tal como elucidou o folclorista russo V. I. Propp em As raízes históricas do conto maravilhoso.

Analisada sob esse viés observa-se que a narrativa desempenhava um papel fundamental na vida, “Um tipo de amuleto verbal, um recurso mágico sobre o mundo ao redor”. (PROPP, 1997, p. 442). Essa forma de amuleto verbal, vinculada diretamente ao rito e ao intercâmbio de experiências, foi perdendo forças e, com o passar dos anos, o assunto e o ato de narrar desvincularam-se do ri-tual e a cisão propiciou um espaço também para a criação artística com diferentes fins. Entre essas finalidades desta-camos a utilização da narrativa literária como ferramenta pedagógica para o ensino de língua portuguesa e leitura.

Não se trata de criticar o trabalho pedagógico, mas refletir a respeito de aspectos da configuração desse gêne-ro narrativo, objetivando uma formação mais integral do educando. Um dos estudos basilares para a compreensão

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da organização interna da narrativa é Morfologia do conto maravilhoso (1994), no qual Propp retrata a gênese e as leis gerais do conto maravilhoso a partir da análise de contos de fadas russo, efetuada sob um enfoque morfológico, isto é, de suas partes constitutivas e as relações destas entre si e com o conjunto. O folclorista russo constata que persona-gens diferentes realizam a mesma ação ou função, mudan-do apenas os nomes e os atributos. Neste sentido, propõe o estudo das narrativas populares a partir das funções das personagens, porque “saber o que fazem as personagens é a única coisa que importa; quem faz qualquer coisa e como o faz são questões acessórias” (PROPP, 1984, p. 27).

O estudo interno dos elementos constitutivos da trama das fábulas (diversos personagens, enredos e ele-mentos constantes) conduziu o folclorista às partes co-muns na constituição de todos os contos, as quais o le-varam a afirmar que a uniformidade específica do conto não se dá por meio de temas, mas por unidades estrutu-rais em torno das quais os elementos se agrupam. Propp, portanto, obteve “uma morfologia do conto, isto é, uma descrição do conto maravilhoso segundo as partes que o constituem e as relações destas partes entre si e com o conjunto”. (1984, p. 25). Por meio de comparações entre os contos, Propp constata a existência de elementos vari-áveis como, por exemplo, nomes das personagens e seus atributos, bem como de elementos constantes, isto é, as ações das personagens, denominadas de função, ou seja, “o procedimento de um personagem, definido do ponto de vista de sua importância para o desenrolar da ação” (PRO-PP, 1984, p. 26). As funções são em número limitado e