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 COISA JULGADA: Conceito: a Coisa Julgada é a indiscutibilidade da decisão (dispositivo), que não recai sobre a fundamentação, e sim dentro do processo onde ela foi proferida ou em qualquer outro lugar.  A decisão torna-se definitiva, indiscutível, dentro e fora do processo.  Alguns chamam isso de coisa julgada material. Mas, a CF/88 só fala na coisa julgada. Chamam de material para distinguir da coisa julgada formal. Que é uma classificação que não está na lei. A CJ Formal é a preclusão da decisão. É a impossibilidade de discutir a decisão no processo. A material é a indiscutibilidade no processo em que a decisão foi proferida. Portanto, bem diferente. Perceba que qualquer decisão se torna indiscutível pela coisa julgada formal. Agora, a coisa  julgada material, só algumas decisões ficam indiscutíveis pela coisa julgada material. Porque a coisa julgada formal é a  preclusão.  Assim, vamos estudar então a coisa julgada material. Quais são os pressupostos para que uma decisão se torne indiscutível pela coisa julgada (material)? Respostas: 1. Só faz coisa julgada material a DECISÃO JURISDICIONAL. Só ela tem essa aptidão. 2. Só há coisa julgada material se antes ela fez COISA JULGADA FORMAL, porque este é o seu  pressuposto. 3. É preciso que seja uma DECISÃO DE MÉRITO. 4. É preciso que seja uma decisão fundada em COGNIÇÃO EXAURIENTE, ou melhor, EXAUSTIVA. # Tutela antecipada faz coisa julgada? Segundo Fredie, não, porque não tem cognição exauriente, e sim, sumária. # Despacho faz coisa julgada? Não, porque é não é de mérito.  A coisa julgada parcial faz coisa julgada material, na parte que já fez coisa julgada formal.  Assim, um acórdão, uma sentença, uma decisão interlocutória...ainda não se pode afirmar que só sentença faz coisa julgada, a não ser que se diga que é em sentido amplo. É melhor então dizer que a DECISÃO FAZ COISA JULGADA. EFEITOS DA COISA JULGADA: São 3: 1. Efeito Negativo ou Impeditivo da Coisa Julgada: é o efeito que a CJ tem de impedir que se decida de novo aquilo que já foi decidido. Assim, nenhum juiz vai poder decidir de novo. 2. Efeito Positivo da Coisa Julgada: muitas vezes a coisa julgada é utilizada com um fundamento de outra demanda. Ex.: entra-se com uma ação de investigação de paternidade e o autor ganha. E depois, ele entra com uma ação de alimentos com base nessa condenação sobre o seu pai assim reconhecido. E junta ao processo a decisão que fez a coisa  julgada. Quando isso acontece, o juiz deste 2º  processo tem que levar em consideração essa decisão que foi juntada. Ele pode até negar os alimentos, mas não vai mais poder discutir ou negar a paternidade do réu ao autor. Por isso que tem efeito positivo, essa CJ, porque impõe ao processo o dever de observação do juiz sobre esta decisão. 3. Efeito Preclusivo da CJ ou Eficácia Preclusiva da CJ: a coisa julgada torna a preclusa a  possibilidade de se alegar questões que pudessem interferir para o acolhimento ou a rejeição do pedido. Com a coisa  julgada, a decisão se torna inexpugnável. Com 97 a coisa julgada, tudo aquilo que poderia ter sido deduzido, mas não foi, considera-se deduzido e repelido. Coma coisa julgada, é como se tivesse sido deduzido, e ainda, repelido. Ou seja: o que é a regra do deduzível e do deduzido? R: Com a CJ tem esse efeito. Art. 474 do CPC. A CJ pode atingir aquilo que foi deduzido. Fatos supervenientes a CJ, que sobrevenham à CJ estão fora da eficácia preclusiva,  porque são posteriores. Isso ajuda a compreender o seguinte: toda Coisa Julgada é “Rebus Sic Stantibus.”. Ou seja, a CJ vai se manter  permanecidas as mesmas circunstância de fato. Problema: a CJ envolvendo situação jurídica continuativa ou permanente: Esta relação é aquela que se prolonga no tempo, que se projeta no tempo, como é no caso da relação jurídica de família, tributária, locatícia,  previdenciária, de família,...o juiz condena em

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COISA JULGADA:Conceito: a Coisa Julgada é a indiscutibilidade da decisão (dispositivo), que não recai sobre afundamentação, e sim dentro do processo onde ela foi proferida ou em qualquer outro lugar.

 A decisão torna-se definitiva, indiscutível, dentro e fora do processo. Alguns chamam isso de coisa julgada material. Mas, a CF/88 só fala na coisa julgada.Chamam de material para distinguir da coisa julgada formal. Que é uma classificação quenão está na lei. A CJ Formal é a preclusão da decisão. É a impossibilidade de discutir a

decisão no processo. A material é a indiscutibilidade no processo em que a decisãofoi proferida. Portanto, bem diferente.Perceba que qualquer decisão se torna indiscutível pela coisa julgada formal. Agora, a coisa

 julgada material, só algumasdecisões ficam indiscutíveis pela coisa julgada material. Porque a coisa julgada formal é a

 preclusão. Assim, vamos estudar então a coisa julgada material.Quais são os pressupostos para que uma decisão se torne indiscutível pela coisa julgada(material)?Respostas:1. Só faz coisa julgada material a DECISÃO JURISDICIONAL. Só ela tem essa aptidão.2. Só há coisa julgada material se antes ela fez COISA JULGADA FORMAL, porque este é o seu

 pressuposto.3. É preciso que seja uma DECISÃO DE MÉRITO.

4. É preciso que seja uma decisão fundada em COGNIÇÃO EXAURIENTE, ou melhor,EXAUSTIVA.# Tutela antecipada faz coisa julgada? Segundo Fredie, não, porque não tem cogniçãoexauriente, e sim, sumária.# Despacho faz coisa julgada? Não, porque é não é de mérito.

 A coisa julgada parcial faz coisa julgada material, na parte que já fez coisa julgada formal. Assim, um acórdão, uma sentença,uma decisão interlocutória...ainda não se pode afirmar que só sentença faz coisa julgada, anão ser que se diga que é em sentido amplo. Émelhor então dizer que a DECISÃO FAZ COISA JULGADA.EFEITOS DA COISA JULGADA:São 3:1. Efeito Negativo ou Impeditivo da Coisa Julgada: é o efeito que a CJ tem de impedir que sedecida de novo aquilo que já

foi decidido. Assim, nenhum juiz vai poder decidir de novo.2. Efeito Positivo da Coisa Julgada: muitas vezes a coisa julgada é utilizada com umfundamento de outra demanda. Ex.:entra-se com uma ação de investigação de paternidade e o autor ganha. E depois, ele entracom uma ação de alimentos com base nessacondenação sobre o seu pai assim reconhecido. E junta ao processo a decisão que fez a coisa

 julgada. Quando isso acontece, o juiz deste 2º processo tem que levar em consideração essa decisão que foi juntada. Ele pode até negar osalimentos, mas não vai mais poder discutir ounegar a paternidade do réu ao autor. Por isso que tem efeito positivo, essa CJ, porque impõeao processo o dever de observação do juiz sobre esta decisão.3. Efeito Preclusivo da CJ ou Eficácia Preclusiva da CJ: a coisa julgada torna a preclusa a

 possibilidade de se alegar 

questões que pudessem interferir para o acolhimento ou a rejeição do pedido. Com a coisa julgada, a decisão se torna inexpugnável. Com97

a coisa julgada, tudo aquilo que poderia ter sido deduzido, mas não foi, considera-sededuzido e repelido. Coma coisa julgada, é como setivesse sido deduzido, e ainda, repelido. Ou seja: o que é a regra do deduzível e dodeduzido? R: Com a CJ tem esse efeito. Art. 474 doCPC. A CJ pode atingir aquilo que foi deduzido. Fatos supervenientes a CJ, que sobrevenhamà CJ estão fora da eficácia preclusiva,

 porque são posteriores. Isso ajuda a compreender o seguinte: toda Coisa Julgada é “RebusSic Stantibus.”. Ou seja, a CJ vai se manter 

 permanecidas as mesmas circunstância de fato.Problema: a CJ envolvendo situação jurídica continuativa ou permanente: Esta relação éaquela que se prolonga no tempo, que

se projeta no tempo, como é no caso da relação jurídica de família, tributária, locatícia, previdenciária, de família,...o juiz condena em

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alimentos, por exemplo. As pessoas dizem que essa sentença não faz coisa julgada porquese trata de assunto de família. No entanto, eu

 posso rever essa sentença tendo em vista fatos novos. Assim, com relação aqueles fatosvelhos, fez coisa julgada. Assim, quem colocar em

 prova de concurso que sentença de alimentos não faz coisa julgada não passa no concurso.Ela faz coisa julgada sim, desde que diante deuma nova situação. Não vai se re-decidir uma situação passada. Isso ocorre em qualquer 

decisão que envolva relação continuativa.Ex.: Súmula 239 do STF – quer dizer que a decisão dada hoje não alcança as posteriores, sehouver mudança na relação fática.Se nada mudar, se tudo continuar como da épica da sentença, a coisa julgada pode valer deum ano para outro, desde que ascircunstâncias se mantenham as mesmas. Essa súmula comete o mesmo erro daqueles quedizer que a sentença de alimentos não faz coisa julgada, porque faz sim, bastando que uma nova posição se imponha.REGIME JURÍDICO DA COISA JULGADA:1ª parte do regime: Limites Objetivos da CJ:É saber aquilo da decisão que fica indiscutível com a coisa julgada, ou seja, qual é a parte dadecisão que se torna indiscutível,que é o dispositivo da decisão.Pegar a tabela que está no site do Professor (331)

 Já vimos que a sentença tem a fundamentação e o dispositivo. Sobre a fundamentaçãorecaem a eficácia da intervenção e aeficácia como precedente. E recai sobre o dispositivo a coisa julgada. O que cai sobre afundamentação não faz CJ, porque o limiteobjetivo da CJ é o dispositivo.Quando estudarmos a Ação Declaratória Incidental, que é a 1ª aula do curso avançado, nósiremos estudar a CJ e questões

 prejudiciais.2ª parte do regime: Limites Subjetivos da CJ:Quer-se saber aqui quem se submete à coisa julgada. E pode ser qualquer dessas 3variações abaixo:a) Inter partesb) Ultra partesc) Erga Omnes

Existem 3 modelos de limites subjetivos da CJ.a) Ou a CJ é inter partes, ou seja, a CJ que vincula apenas que participou do processo,quem foi parte do processo. Esta éa regra: art. 472 do CPC.b) Ou a CJ pode ser ultra partes, que é a CJ que além de vincular as partes do processoextrapola e atinge outros sujeitosdistintos (terceiros) de quem está litigando. São excepcionais, mas existem. São aquelas quegeram substituição processual, vão atingir outra parte.Ex.: A coisa julgada coletiva, envolvendo direitos coletivos, também é CJ envolvendo outras(ultra) partes (art. 103, IIdo CDC).Ex.: A coisa julgada proveniente de um processo conduzido por um substituto processual.Porque quando um processo

é conduzido por um substituto, produz CJ ultra partes.c) E a Coisa julgada ainda pode ser erga omnes. Ou seja, é aquela que vincula a todos. Nemapenas que está no processonem apenas se limita a atingir alguns que estão fora do processo, porque na verdade, eleatinge a todos.Ex.: ADI, ADC, ADPF.Ex.: Coisa Julgada Coletiva que envolva direitos difusos (art. 103, I do CDC) ou individuaishomogêneos (art. 103, III do CDC).Obs.: na prática, há pouca diferença entre ultra partes ou erga omnes, porque neste adecisão envolve todos e na ultra, envolvealgumas pessoas.MODO DE PRODUÇÃO DE COISA JULGADA:É a última parte do estudo da coisa julgada, que nos mostra como a coisa julgada seapresenta.

São 3:1. CJ “Pro Et Contra” – Esta é a regra. A CJ acontecerá, neste caso, qualquer que seja oresultado do processo ou da

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causa, seja esta favorável ou não ao autor ou ao réu, haverá coisa julgada. Isto é a regra. Éaquela que vincula as partes,independentemente do seu resultado.98

2. CJ “Secundum Eventum Litis” – é o contrário da primeira acima. É a CJ julgada que sóocorre a depender do quetiver acontecido no processo. Vai depender do que aconteceu. Ela não surge em qualquer resultado, ela só surge em determinadosresultados. É o que acontece no âmbito penal. A condenatória não faz CJ, mas a absolutóriafaz. O legislador opta por este resultado.Ex.: a coisa julgada relativa a direitos individuais homogêneos. Art. 103, III do CDC.Ex.: a coisa julgada penal. A sentença de absolvição faz esse efeito, mas a condenatória,não, porque pode ser revista a qualquer tempo.3. CJ “Secundum Eventum Probationis” – é a CJ da moda. Só haverá CJ quando houver esgotamento da prova. Ouseja, se o juiz concluir pela improcedência pela falta de prova, porque não há provas paraisso, a improcedência por falta de provas nãose torna indiscutível, não faz coisa julgada. Essa CJ é a CJ das ações coletivas, para direitosdifusos e coletivos (art. 103, I e II do CDC),da ação popular, do mandado de segurança (individual ou coletivo). Só fazem CJ se houver esgotamento da prova.O nosso modo adotado é o 1º, mas o professor entende que é o 3º.INSTRUMENTOS DE REVISÃO DA COISA JULGADA:

 A coisa julgada entre nós não é uma coisa julgada absoluta. Ela não é indestrutível. Hámecanismos de revisão da coisa julgada

 previstos e regulados em lei. Que torna a coisa julgada relativizada.São 4 os instrumentos;1. A Ação Rescisória – ela pode rever a coisa julgada em 2 anos, por critério de justiça oude validade. Ora por questões formais, ora por questões materiais (ou substanciais). Nósestudaremos a Ação Rescisória no avançado. Art. 485 do CPC (2 anos – justiça/ formais).

2. A Querela Nullitatis – ela não tem prazo e discute a CJ por questão formal (falta decitação ). Art. 475 – L, I do CPC e art. 741, I do CPC. (sem prazo/ formal = citação)

3. A Revisão de Sentenças Inconstitucionais – não tem prazo. Mas, discute a CJ por questão material. Está regulado no art. 475 – L, § 1º e art. 741, § único do CPC. (Estudaremosisso na execução)

4. A Correção de Erros Materiais – erros materiais podem ser corrigidos a qualquer tempo. Ex.: O autor pediu 1000, e o

 juiz concedeu 1000, mas no dispositivo, ele colocou, por engano, 10000. Isso pode ser revisto a qualquer tempo, inclusive de ofício. Ouuma letra...

09/01/07 – 17ª AULACONTINUAÇÃO:Há uns anos, surgiu um movimento de relativização da coisa julgada. Este MOVIMENTO DEREVISÃO DA COISA JULGADA

é para relativizar ainda mais a coisa julgada, ou seja, permitindo que ela seja revista de maismaneiras, além das 4 estudadas acima.Este movimento defende uma relativização atípica (a utilização de critérios não previstos emlei) da coisa julgada. Este movimento deve ter uns 10 anos.

 Assim, se ela é injusta, pouco importa os instrumentos que já existem. O que essemovimento quer é mais meios de se rever a coisa julgada, por meio da revisão atípica.

 Argumento: a injustiça é um mal que deve ser combatido. Defensores: Dinamarco, HumbertoTheodoro Jr e o Min. José Delgado (STJ). Já há decisões do STJ aplicando este ideal.Há, porém, a equipe adversária, que é um contra movimento, ou movimento contrário, que

 possui: Barbosa Moreira, Marinoni,Ovídio Batista, Nelson Nery Jr., Leonardo Greco e o próprio professor. Estes defendem quenão se deve criar meios atípicos de revisão da coisa julgada, não se pode relativizá-la deforma atípica, e sim, respeitar tão somente os meios já oferecidos pela lei.Obs.: Terminamos aqui a aula de coisa julgada. Terminamos também o 2º livro.

RECURSOS

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Primeiramente, é preciso saber quais são os meios de impugnar as decisões judiciais. E estesmeios se dividem em 3 partes:a) Recurso;b) Ação Autônoma de Impugnação;99

c) Sucedâneos Recursais. (que é todo que sirva para impugnar uma decisão que não sejaenquadrado nem na hipótese A e nem na B. Ou seja, é o “sucedâneo”, aquilo que faz “àsvezes de recursos”, é a substituição). Em suma, é o resto, é o que ficou excluído.Estes meios de impugnação dão origem a um novo processo. Instaura-se um processo novo,com o objetivo de impugnar aquela decisão.Ex. de ação autônoma de impugnação: ação rescisória, a querela nullitatis, o mandado desegurança contra ato judicial, os embargos de terceiro.Por que a rescisória é um sucedâneo recursal? (isso foi perguntado erroneamente na provado TJMG)R: Porque serve para impugnar uma decisão.Exemplos de Sucedâneos Recursais: a correição parcial, o reexame necessário, o pedido desuspensão de segurança.Estudaremos agora só os recursos:RECURSO / CONCEITO: é um meio de impugnação previsto em lei 1 , bem como é um meiode impugnação voluntário2, para, no mesmo processo3, obter a reforma4 , ainvalidação, a integração ou o esclarecimento de uma decisão judicial.

 Análise:1 – “é um meio de impugnação previsto em lei:Ou seja, o recuso tem de estar previsto em lei.2 - “é um meio de impugnação voluntário”:Porque para o nosso sistema, só há recuso se alguém recorre, é preciso que o interessadorecorra, pois o recurso é um meio de imposição que depende da vontade, porque não existerecurso “ex officio”. Tanto é assim que o REEXAME NECESSÁRIO não é considerado recuso,ele é um sucedâneo recursal.3 – “no mesmo processo”:Porque o recuso não gera um recuso novo, ele prolonga um processo que já existe, mesmoganhando nova capa, ele restabelece o curso do processo, agora em outra instância. Naverdade, “o recuso prolonga a litispendência”. Porque prolonga a vida do processo. Se cair esta frase, marque como certa. Pois é isso que distingue os recursos das ações autônomasde impugnação.

4 – “para obter a reforma, a invalidação, a integração ou o esclarecimento de umadecisão judicial”: Porque o recurso é uma demanda, pois, pelo recurso, se pede algumacoisa, pede-se uma providência. O pedido de um recurso, ou é um pedido para reformar umadecisão, ou é um pedido para invalidar a decisão, ou é para integrar ou é para esclarecer. Orecuso tem uma pretensão, ele tem um pedido. E o pedido do recurso NÃO é igual ao pedidofeito na petição inicial (que é outro, que é para condenar o réu, por exemplo), entendendoisso, já é um grande avanço. Identificando essa diferença de pedidos, entende-se que umacoisa é o mérito da causa e outra coisa é o mérito do recuso. O 1º é o pedido da causa e o 2ºé o pedido do recurso. Porque, às vezes existem causas em que se discutem o mérito dorecurso e não mérito da causa. Assim, se no recuso eu discuto a competência ou não do juiz,o mérito do meu recuso será este. E isso não é o mérito da causa, pois o mérito da causa nãoé saber se o juiz é competente ou não. Sabendo disso, que não é fácil para a maioria, evita-se erros crassos. assim, quando se faz um recuso, onde se quer alegar a incompetência do

 juiz, isto não deve vir nas “Preliminares”, porque isso não é preliminar da causa, isso é o

mérito do recurso. Ora, se estamos no recuso, a 1ª instância já acabou. Além disso, toda demanda tem uma causa de pedir, e como o recurso é uma demanda, eletambém tem causa de pedir. Assim, cada um desses pedidos recursais correspondem a umacausa de pedir recursal. O pedido de reforma corresponde aquilo que se chama de “error iniudicando” (que não se deve traduzir!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!)a 2ª causa de pedir, que é emrelação ao pedido de invalidar, é o “error in

 procedendo” . Quanto ao pedido de integrar, a causa de pedir é a OMISSÃO. E sendo adecisão obscura ou contraditória, onde se pede para esclarecer, a causa de pedir é aobscuridade e a contradição. Tanto as causas de pedir de omissão, obscuridade econtradição ensejam o recurso de Embargos de Declaração.ERROR IN IUDICANDO:É o erro de análise, é o erro de julgamento. Quer dizer que o juiz decidiu mal, ele solucionouequivocadamente, de maneira injusta aquela decisão. O “error in iudicando” quer dizer que o

 juiz deu uma decisão injusta, errada. Sempre que se alegar o “error in iudicando”, está se

optando em discutir o conteúdo da decisão, o que foi decidido.

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Ex.: Tribunal, quando juiz decidiu isso, ele errou. Deve-se reformar a decisão. E pedir parareformar é pedir para julgar de novo, desta vez, pelo Tribunal. Reformar é aprimorar, écorrigir a injustiça, é re-decidir.ERROR IN PROCEDENDO:(não é erro no processo!!! É um defeito na decisão!))É um defeito da decisão. Aqui, não se está discutindo o conteúdo da decisão e sim a suaforma, pouco importa o que foi decidido.

 Ao alegar erro in procedendo, discute-se validade ou invalidade. Diz-se ao tribunal que eladeve ser nula, porque há um “error in procedendo”.Para saber quando é “error in procedendo” ou “error in iudicando”, pergunte-se,humildemente:“RECORRENDO, ALEGANDO ISSO, EU ESTOU DIZENDO QUE A DECISÃO É INJUSTA OU ELA ÉNULA?” Se eu responder que ela é nula, é “error in procedendo”. Se eu responder que é injusta, ela é“error in iudicando”.Ex.: Dizer que faltou a fundamentação da decisão causa a sua invalidade ou a sua nulidade?R: Causa a sua nulidade, pois é causa de “error in procedendo”.Ex.: o juiz indeferiu a petição inicial por inépcia. O autor recorre e diz ao tribunal que a

 petição é apta. Este recurso é para reformar ou invalidar. A decisão é nula ou é injusta? Ela énula ou ela é errada? Está se discutindo a decisão que o juiz deu? Sim, entãoestá se discutindo o conteúdo da decisão, logo, este recurso é para reformar. Para anular 

seria se eu recorresse para dizer ao Tribunal que o juiz julgou a minha petição inepta e nãofundamentou.É possível pedir ao Tribunal que se reforme e que se anule? Cumulando pedidos?R: Sim! Um mesmo recurso, um agravo, por exemplo, pode impugnar as duas decisões, sem

 problemas. Eu posso fazer cumulação própria nos recursos. Quase ninguém se lembra dela. A cumulação imprópria também é possível, e quase todos se lembrar dela. Ex.: quero anulidade, e se não for possível, quero a reforma da decisão.

 ATOS SUJEITOS A RECURSO: JUIZ: POR DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS OU SENTENÇAEM TRIBUNAL: POR DECISÕES MONOCRÁTICAS - seja do Relator ou- seja do Presidente ou Vice-Presidente*OU POR ACÓRDÃOS• (depende da organização do Tribunal)

Obs.: Delosmar Mendonça, que é um advogado que atua na banca examinadora do MPF, nasua tese de Doutorado, defende que as decisões do juiz se dividem em 3 e não em 2. É aDECISÃO QUE NÃO ADMITE A APELAÇÃO, pois ela não consegue ser nem interlocutória e nemé sentença (porque a sentença já ocorreu).IMPUGNAÇÃO DAS DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS:Contra essas decisões, cabe AGRAVO RETIDO (art. 522 do CPC) ou AGRAVO DEINSTRUMENTO (art. 524 e art. 529 do CPC)IMPUGNAÇÃO DA SENTENÇA: Cabe APELAÇÃO.Obs.: das decisões que não admitem apelação, cabem agravo de instrumento.QUEBRAS DE PARADIGMAS:1.Obs.: existe um artigo, esquisitíssimo, que é o art. 17 da Lei de Assistência Judiciária, que éa Lei 1.060/50. Este artigo diz que caberá apelação das decisões proferidas em conseqüênciadesta lei. Ora, se o juiz nega o benefício, cabe apelação disso? Na prática existe isso? Equando o juiz revoga o benefício? Alguém apela? Ora, claro que não, porque as decisões de

concessão, revogação ou negação destebenefício são de natureza interlocutória. Ora, que lei estranha! Para o professor, este artigo éesdrúxulo. Na prática, o advogado de boa-fé agrava, e o juiz, pelo princípio da fungibilidade,recebe. Há uma interpretação, porém, que infelizmente é a que prevalece, segundo o qual sócabe apelação se a decisão proferida com base da LAJ tiver sido tomada em autos apartados.Este argumento doutrinário é muitocriativo! Até existem algumas decisões previstas na LAJ que são tomadas em autosapartados, que são: 1. Decisão sobre pedido superveniente de Justiça Gratuita (que éautuado em separado) e 2. A Decisão sobre o pedido de revogação da Justiça Gratuita.Nestes casos, como essas decisões são dadas em autos apartados, a impugnação dasmesmas se faz por APELAÇÃO, apesar da bizarrice.2.Obs.: Nos JECs não cabe agravo de decisão interlocutória. Quebra o nosso paradigmanovamente. E nos JEFs só cabe agravo de decisão interlocutória sobre tutela de urgência. Enos JECs, contra a sentença não cabe apelação, e cabe um recurso que nem tem nome, que

alguns chamam de RECURSO INOMINADO. O professor chama apenas de recurso.Ex.: “Simplesmente...Maria” = Simplesmente Recurso.

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3.Obs.: Nas execuções fiscais cujo valor não exceda mais que 50 OTN (+ ou – R$ 500,00) –Obrigação do Tesouro Nacional, que não existe mais. Quando o juiz profere uma sentença deexecução fiscal de até 50 OTN, contra esta sentença não cabe apelação. Cabem EmbargosInfringentes. Mas, não são os EI que estão no CPC. Estes EI é um outro recurso, com omesmo nome. Cuidado! Chame-o de EMBARGOS INFRINGENTES EM EXECUÇÃO FISCAL OUEMBARGOS INFRINGENTES DE ALÇADA (para não se confundir). E nem vai para o tribunal,

 pois quem julga estes EI é o próprio juiz de 1º grau. E da decisão desses EI cabe Recurso

Extraordinário para o STF! Pasmem! Tem súmula: 640 do STF. É a única hipótese, no processo civil, onde uma impugnação da decisão do juiz de 1º grau vai parar diretamente noSTF (art. 34 da Lei 6830/80 ou LEF).4.Obs.: Existem situações no ordenamento processual brasileiro de SENTENÇAS

 AGRAVÁVEIS.Ex.: A sentença que julga a liquidação da sentença. Ela é agravável (art. 475 – H do CPC)Ex.: A sentença que decreta a falência é agravável. E a que não decreta é apelável.5.Obs.: Pessoa residente no Brasil ou município, que ajuíza uma causa contra um EstadoEstrangeiro ou Organismo Internacional, são causas de competência da Justiça Federal.Contra as decisões proferidas nestas causas, caberá RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL.(ROC) Ele faz às vezes de agravo (quando for contra decisão interlocutória) ou de apelação(quando for contra a sentença), destinado ao STJ.RECURSOS NO TRIBUNAL:Quando o recurso destina-se a impugnar as decisões do Relator, cabe AGRAVO INTERNO ou

 AGRAVO REGIMENTAL, para o órgão competente. Isto está no art. 39, da Lei 8038/90.Há uns 20 anos, o CPC foi bastante alterado, dando ao Relator, nos Tribunais, mais poder 

 para inclusive, decidir sozinho, em várias hipóteses. Ora, isso quebra a idéias que asdecisões dos Tribunais devam ser COLEGIADAS. Mas, este fenômeno é inevitável, e os

 poderes do Relator só agigantam.Mas, esta lei veio tanto para os processos do STJ e do STF. Não cuida dos processos dosoutros Tribunais.Para facilitar a nossa vida, porém, veio o STJ dizendo que este artigo tem aplicação GERAL

 para todos os casos de impugnação genérica contra as decisões do Relator, para todos os processos.Ora, mas foi dito agora há pouco que recurso só deve ser considerado recurso se ele for 

 proveniente de lei? Como se pode admitir um recurso proveniente de estatuto, deregimento?R: o professor explica que ele é proveniente da lei, embora tenha ele ganho o nome de

“regimental”.•  Atenção: Têm surgido algumas situações na jurisprudência onde a decisão de Relator éimpugnável.Ex.: Súmula 622 do STF.Mas, o STF está revendo esta súmula, para que ela não exista mais. O STJ não aplica estasúmula.• E quanto à decisão do Relator que converte o Agravo de Instrumento em Agravo Retido,esta decisão é, pela lei, “inagravável” (“baianês” do Professor Didier). Ou melhor,impugnável. Ver art. 527, § único do CPC.• Natureza Jurídica da decisão que julga o Agravo Interno:Ex.: o Relator , monocraticamente julga uma apelação. Contra esta decisão cabe agravointerno. A Turma vai julgar este agravo interno. Ao julgar o agravo interno, a Turma tem 2opções: ou mantém o que o relator disse, ou reforma o que o relator disse. Ou seja, ou elamantém o que o Relator disse ou ela dá uma nova decisão, julgando a apelação de maneira

diversa. Ao julgar o Agravo Interno, perceba que a Turma estará julgando a apelação. Ou para manter o que o Relator já julgou ou para julgar de nova maneira. Por isso que, anatureza jurídica do acórdão que julga o agravo interno É A NATUREZA JURÍDICA DAQUILOQUE FOI JULGADO MONOCRATICAMENTE.Ex.: poderia ter sido uma apelação, ou um recurso especial... assim, o acórdão do agravo

interno absorve a natureza do que foi julgado internamente. Assim, o agravo interno seráchamado: Agravo Interno de Recurso Especial, ou Agravo Internode Apelação...• Há um artigo (530 do CPC) que afirma que cabe Embargos Infringentes contra acórdão que

 julga a Apelação. E cabe contra decisão que julga Agravo Interno? Caiu na prova do PFN: R:Sim, desde que o Agravo Interno seja da natureza de Apelação, como explicado acima.• É certo que cabem Embargos de Divergência de acórdão que julga Recurso Especial ouExtraordinário.E cabem Embargo de Divergência contra acórdão que julga Agravo Interno que julga Recurso

Especial?R: Sim! Desde que o Agravo Interno tenha a mesma natureza de Recurso Especial.Veja a súmula 316 do STJ.

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Onde se lê recurso especial, também se aplica ao recurso extraordinário.•  A Súmula 599 do STF está certa? Ela está em contradição com a súmula 316 do STJ?R: Sim!!!!!!!!!!!!!! Ela foi até cancelada! Cuidado com o seu código!O que vale é a súmula316 do STJ.CONTRA AS DECISÕES DO PRESIDENTE DO TRIBUNAL OU DO VICE-PRESIDENTE,GERALMENTE CABE ALGUM TIPO DE AGRAVO.Ex.: Contra um HSE (HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA) – cabe agravo!

Ex.: Contra Suspensão de Segurança – cabe agravo!O mais famoso deles é o agravo do art. 544 do CPC. Ele tem um nome muito grande: É O

 AGRAVO DE INSTRUMENTO CONTRA DECISÃO QUE NÃO ADMITE RECURSO ESPECIAL OUEXTRAORDINÁRIO NA ORIGEM.Perceba que agravo é um nome muito comum em tema de recuso. Há agravo dos maisvariados tipos. Mas, veja que todos os agravos são cabíveis ou interpostos contra umadecisão de UMA PESSOA SÓ. Assim, JAMAIS e em HIPÓTESE ALGUMA coloque emuma prova um agravo contra acórdão. Ou colocar apelação de acórdão, porque é um erroescandaloso.Os recursos cabíveis contra os acórdãos são 5:1. Embargos Infringentes (os legítimos do CPC)2. Embargos de Divergência3. Recurso Especial4. Recurso Extraordinário

5. Recurso Ordinário ConstitucionalObs.: Embargos de Declaração cabem contra QUALQUER DECISÃO.CLASSIFICAÇÃO DOS RECURSOS;1ª Classificação: Recurso Total ou Recurso Parcial.O professor acha isso uma bobeira, porque causa confusão.Segundo Barbosa Moreira, o Recurso é Total quando impugna tudo quanto pode ser impugnado. Assim, se eu impugnei tudo oque eu poderia impugnar, meu recurso é total. Se eu deixo uma parte sem recorrer, o meurecurso é parcial. Isso é importante porque, a parte não recorrida transita em julgado.Segundo Cândido Dinamarco, o sentido é outro: o Recurso é total quando impugna todadecisão. Se o recurso não impugnar toda a decisão ele é parcial.Ora, qual a diferença entre ele e o BM?R: Imagine uma sentença com 2 capítulos, A e B. Eu perdi o capítulo B. Mas, ganhei o A. Euvou recorrer sobre o B, que foi o que eu perdi. Assim, para BM, o meu recurso é total ou

 parcial? R: É total, porque eu impugnei tudo que eu poderia impugnar. Já para CD, éum recurso parcial, porque eu só recorri um capítulo da decisão.2ª Classificação: Recurso de Fundamentação Livre e Recurso de FundamentaçãoVinculada.O RFL é aquele onde eu posso alegar qualquer causa de pedir, qualquer problema contra adecisão.Ex.: a apelação, o agravo, ... todos são de fundamentação livre.O RFV é aquele que tem causa de pedir típica. Eu só posso me valer daquele recursoalegando determinada causa de pedir que a lei prevê. Por isso que a fundamentação évinculada.Ex.: Embargos de Declaração.Ex.: Recurso Especial e Recurso Extraordinário.

PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO:

É aquele que garante às partes a submeterem uma decisão a um novo exame. Este princípionão está previsto na CF/88, mas eleé considerado um corolário do Devido Processo Legal. Por isso, ele pode ser mitigado,fazendo assim, que determinadas decisões sejam irrecorríveis (Ex.: decisões do STF) Isso

 porque o DPL é um Gremlin, ele é uma usina de vários outros princípios.Ex.: Decisão de homologa acórdão é irrecorrível no JEC.

11/01/08 – 18ª AULA JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE DOS RECURSOS:103

Toda demanda, toda postulação se submete a um duplo juízo. Quem examina a postulação1º faz o exame sobre a possibilidade de se examinar o que foi possível (fazer um controlesobre a possibilidade de se examinar aquilo que foi pedido). Se porventura se concluir que é

 possível examinar o que foi pedido, ela formula um 2º juízo que é o Juízo de Admissibilidade

de um Pedido ser Acolhido.O 1º juízo é o Juízo de Admissibilidade. (que é a possibilidade de se examinar determinadademanda)

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O 2º juízo é o Juízo de Mérito. (que é a possibilidade de se acolher o que foi demandado)Por isso que toda demanda passa por um juízo de admissibilidade e depois, de mérito.E o recurso também tem isso.No âmbito do juízo de admissibilidade, fala-se sobre em CONHECER (ADMITIR O RECURSO)ou NÃO CONHECER O RECURSO (NÃO ADMITIR O RECURSO).Quando se conhece do recurso, fala-se que o Juízo foi positivo de admissibilidade.Quando não se conhece o recurso, fala-se que o juízo foi negativo de admissibilidade.

 Já no âmbito do Juízo de Mérito, fala-se em DAR ou NEGAR PROVIMENTO. Se ele deu provimento, é porque o Tribunal examinou o mérito. Assim, se o Tribunal não conhece doRecurso, ele nem examina o mérito. Então, jamais escreva na prova “não conheceu e negou

 provimento”, porque se não conheceu, ele nem viu o mérito. Agora, se o Tribunal conheceudo recurso (admitiu o recurso), aí sim se pode falar em “Conheceu para dar provimento” ou“Conheceu para negar provimento”, porque desta forma está correta.COMPETÊNCIA PARA FAZER O JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE:Para que se compreenda como se estrutura o juízo de admissibilidade, é preciso entender que quando se fala em “ Juízo A quo” é o juízo que proferiu a decisão recorrida, é o juízo deorigem. Já o “Juízo Ad quem” é o Juízo de destino, aquele que vai receber o recurso, oumelhor, para onde o recurso deve ir . A partir desta distinção, pode-se estabelecer algumasregras:No direito brasileiro, prevalece a regra de que o recurso tem que ser interposto perante o

órgão “A quo”, ou seja, perante o órgão que proferiu a decisão recorrida.Isso é a regra.

 Assim, cabe ao Juízo A Quo fazer o 1º juízo de admissibilidade, porque ele é o órgãocompetente para recebê-lo. E aqui, ou ele conhece ou não conhece o recurso. Se o juízo aquo conhecer o recurso, o recurso será encaminhado ao ad quem. Uma vez encaminhado aeste, o juízo ad quem poderá REVER o juízo feito pelo juízo a quo. Ele pode REFAZER o juízo.POR ISSO QUE SE DIZ QUE O JUÍZODE ADMISSIBILIDADE É DUPLO.O ad quem não fica vinculado ao que o a quo disse.Mas, se o a quo não conhece do recurso, então, ele não vai nem remeter o recurso para oórgão ad quem. Assim, neste caso, sempre caberá um recurso para esta decisão (que nãorecebeu o recurso ).Ex.: Se o juiz não receber a apelação – cabe agravo de instrumento. (se não agravar, já era,houve preclusão)

 A idéia é a de que o ad quem tem que controlar o que o juízo a quo faz.Por isso é que se diz que o juízo de admissibilidade é duplo, porque é feito pelo a quo e peload quem.O Juízo de Mérito, porém, é do ad quem. Cabe ao ad quem julgar o mérito do recurso.

1º) No Agravo de Instrumento, a situação é diferente:Porque aqui, este é o único recurso que é interposto diretamente perante o Juízo Ad Quem.

 Assim, o A quo não faz juízo de admissibilidade. É uma peculiaridade do agravo deinstrumento.

2º) Os Embargos de Declaração também fogem a essa regra geral.Porque os Embargos de Declaração são julgados pelo mesmo Juízo que proferiu a decisãoatacada. Aqui, o juízo que vai julgar é o mesmo que foi recorrido. Ele próprio é o Juízo adquem e o a quo.

3º)  Alguns recursos têm aquilo que se chama de EFEITO REGRESSIVO.O efeito regressivo é o efeito de permitir o juízo de retratação. E se o a quo se retratar, elemesmo estará fazer o juízo de admissibilidade, ou melhor, o juízo a quo vai fazer o reexamedo mérito da sua própria decisão.

 Alguns exemplos de recurso que permitem juízo de retratação:a) Os agravos;b) A apelação contra sentença que indefere a petição inicial;c) A apelação do ECA;

NATUREZA JURÍDICA DO JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE:Convém separarmos aqui que o juízo pode ser positivo ou negativo.O positivo é indiscutível na doutrina, que a decisão que conhece do recurso é uma decisão

declaratória com eficácia retroativa.O problema está na caracterização do juízo de admissibilidade negativa, ou o juízo deinadmissibilidade, que tem qual natureza?

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 Aqui está o problema.R: Há várias correntes:1ª corrente (Barbosa Moreira) – Para ele, o juízo de admissibilidade negativo éDECLARATÓRIO, COM EFICÁCIA RETROATIVA, OU SEJA, o Tribunal não vai conhecer dorecurso. É como se o recurso, desde lá de trás, não fosse conhecido, desde a data em que secausou a inadmissibilidade.Ex.: imagine que houve uma sentença e após ela, uma apelação que não foi conhecida,

depois de 3 anos da sua interposição.Durante este lapso de tempo, para Barbosa, esta decisão de não conhecimento retroage àdata da interposição da apelação. É como se o Tribunal estivesse dizendo que desde aqueladata ele não conhece o recurso.Na prática, isso importa para saber em que momento se faz a coisa julgada.Porque para BM, quando Tribunal diz que não conhece o recurso, a causa já havia transitadoem julgado lá atrás no tempo, desde quando ele foi interposto. Assim, o trânsito em julgado

 já teria ocorrido. É como se o recurso nem tivesse existido.E se o Tribunal tiver levado 3 anos para julgar esta apelação que não foi conhecida?Quer dizer que a parte perde até mesmo o direito de propor Ação Rescisória?R: Para Barbosa Moreira sim, porque já houve coisa julgada, e a Ação rescisória tem o prazode 2 anos.Este pensamento de BM é um entendimento isolado que não dá para sustentar, porque issogeraria uma insegurança muito grande. Por isso, não é o entendimento que prevalece.

Para BM, recurso inadmissível não produz nenhum efeito. Nem o efeito suspensivo. É comose não tivesse havido recurso.2ª corrente – Diz que o juízo de admissibilidade negativo é declaratório mas, que não temeficácia retroativa (como forma de proteger a boa-fé). Só há um julgado de 2005 com esse

 posicionamento.3ª corrente – MAJORITÁRIA: é a corrente temperada. Ela defende que o Juízo de

 Admissibilidade Negativo é Declaratório, não tem eficácia retroativa, ressalvadas 2situações. Ou seja, em duas situações, para esta corrente, o juízo de admissibilidadenegativo pode ter eficácia retroativa. Ocorre quando: se o juízo de inadmissibilidade tiver sido pela intempestividade do recurso, ou pelo manifestodescabimento do recurso, nestes 2 casos, tem eficácia retroativa.Ela é temperada porque ela é mista. E seus critérios são objetivos.Esse é o pensamento adotado pelo TST na súmula 100 do TST.Perceba que as súmulas do TST são tão grandes que possuem incisos. E para este tema,

bastam os 3 primeiros incisos. Esta súmula é a positivização mais clara do que existe sobreeste tema.4ª corrente – para o Professor, esta 4ª corrente é isolada, por isso, ele chama de uma tese,ou concepção. Para o professor, o juízo de admissibilidade negativo é caso dedesconstitutivo. Não tem eficácia retroativa. Porque se ele diz que o juízo é invalidante, elasó pode ser desconstitutiva. Esta posição é isolada do Fredie Didier. Isso será visto por nósquando estudarmos a Ação Rescisória.

OS REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE DOS RECURSOS:Ou seja, tudo aquilo que deve ser observado para que o recurso seja admissível.

 A tradicional classificação de requisitos é a seguinte:Requisitos de Admissibilidade:Requisitos Intrínsecos (relacionadas ao direito de recorrer): CABIMENTO, LEGITIMIDADE,INTERESSE e INEXISTÊNCIA DE FATO IMPEDITIVO/EXTINTIVO.*

Requisitos Extrínsecos (relacionados ao exercício do recurso): TEMPESTIVIDADE, PREPAROE REGULARIDADE FORMAL.

• CUIDADO: alguns autores colocam este requisito como extrínseco, por isso que o professor colocou este na zona de fronteira entre os requisitos intrínsecos e os extrínsecos.

CABIMENTO:Para se saber se o recurso é cabível, é preciso saber 2 perguntas:1. Se a decisão é recorrível?2. Se o recurso que se quer interpor contra aquela decisão é o adequado?Se a decisão é recorrível e o recurso é o adequado, então, o recurso é cabível. (basta ver aquela “tabuada” dada na aula passada)

Há 3 princípios sobre a teoria dos recursos que giram sobre o cabimento dos recursos:1. PRINCÍPIO DA TAXATIVIDADE DO RECURSO: os recursos cabíveis são aquelestaxativamente previstos em lei.

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2. PRINCÍPIO DA SINGULARIDADE OU UNIRRECORRIBILIDADE: de acordo com este princípio, só se pode utilizar UM RECURSO POR VEZ . Não se pode impugnar a mesma decisãocom 2 recursos simultaneamente. Não pode. Este princípio é mitigado com relação aosacórdãos. Por quê? R: Porque eu posso impugnar um acórdão ao mesmo tempo que euinterponho um RecursoEspecial ou Extraordinário. Mas, cada um desses recursos deve ter um objetivo distinto.3. PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE DOS RECURSOS: é possível aceitar um recurso

indevido como se fosse devido.É possível interpor um recurso indevido e o juiz o converter em outro.Ex.: Conversão do Negócio Nulo (Civil – Aula do Pablo) – ele pode ser entendido como sefosse outro.Este princípio está intimamente relacionado com o PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADEDAS FORMAS, ou seja, salvar erros processuais que poder ser corrigidos.No CPC de 39, o próprio código previa, expressamente, este princípio da fungibilidade,

 porque era um sistema que gerava muitas dúvidas nos processualistas, assim comoacontecia no CPP. Hoje, quase 60 anos depois, a coisa está relativamente tranqüila. Mas,naquela época, admitia-se a fungibilidade se não houvesse erro grosseiro ou má-fé de quemintentou a peça processual equivocadamente.Veio o CPC de 73 e não repetiu a regra que permitia a fungibilidade. Porque o CPC de 73tentou acertar o CPC de 39, e ao fazer isso, entendeu que não havia mais dúvidas, porqueele havia reestruturado tudo.

Então, é possível ainda, hoje, a fungibilidade?R: Segundo o professor, se aceitarmos que a fungibilidade decorre da instrumentalidade dasformas, é possível a fungibilidade hoje ainda.Mas, se não há regra expressa, quais são os requisitos da fungibilidade hoje?R: A doutrina responde dizendo que continua sendo a inexistência de erro grosseiro para seter o pressuposto da fungibilidade.O que seria erro grosseiro?R: É aquele erro que não tem respaldo na doutrina e na jurisprudência.Por isso que se diz: para que não haja erro grosseiro é preciso que exista uma dúvidaobjetiva quanto ao cabimento do recurso.Esta dúvida que se constata na jurisprudência ou na doutrina.Mas, a jurisprudência atual, além de exigir a constatação de erro grosseiro, ela exigetambém o respeito ao prazo do recurso correto. Assim, é preciso que a parte tenha entradocom o recurso errado, mas no prazo certo. A doutrina não gosta disso. Ela entende que se

entrou com recurso errado, de boa-fé, ele não pode ser prejudicado porque não respeitou o prazo correto. Senão, não há sentido em seadmitir a fungibilidade (pois se estaria dando com uma mão e tirando com a outra).Ex.: apelação – 15 dias e o agravo – 10 dias. Aquela discussão sobre se cabe apelação ouagravo de uma sentença, em determinadas situações, daria problema quanto aos prazosdesconexos destes 2 recursos.LEGITIMIDADE:O CPC afirma que pode recorrer: a parte vencida, o MP (Custos Legis) – e o MP

 pode recorrer, mesmo que as partes não recorram (Súmula 99 do STJ).Súmula: 99O MINISTERIO PUBLICO TEM LEGITIMIDADE PARA RECORRER NO PROCESSO EMQUE OFICIOU COMO FISCAL DA LEI, AINDA QUE NÃO HAJA RECURSO DA PARTE.

 Além da parte e do MP, podem recorrer também o 3º prejudicado, apto a recorrer, que éaquele sujeito que poderia ter intervindo no processo, mas não interveio. Se ele tivesse

intervindo, ele teria virado parte. Como ele não interveio, ele se torna 3º. É o que poderia ter sido assistente, ou denunciado, ou chamado, ... e não veio antes, veio agora. Por isso que orecurso de 3º é um exemplo de Intervenção de Terceiro.106

Tem um sujeito que poderia ter intervindo e não interveio e que não pode mais recorrer como 3º. É aquele que poderia ter sido OPOENTE e não foi. Porque aquele que já é opoente,

 já é parte. E ele não pode mais ser aceito neste momento porque ele estaria levando umademanda nova ao tribunal, inovando em tribunal.Obs.: Alexandre Câmara defende que aquele que poderia ter sido opoente pode recorrer como terceiro, se for para pedir a anulação da decisão.O prazo para o recurso de 3º é o prazo de que dispõe a parte para recorrer. É o mesmo

 prazo. A sutileza é apenas o fato de que o 3º não é intimado, exatamente porque ele é o 3º(não está no processo). E o prazo para ele, então, conta a partir da intimação da parte.

INTERESSE:O recurso precisa ser útil e necessário. Ou seja, o recorrente tem que demonstrar que orecurso pode lhe propiciar algum proveito.

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Ex.: Se o juiz recebe uma ação monitória, o juiz já manda o réu pagar. Contra esta decisão, édesnecessário que o réu recorra.Porque tudo o que o réu precisa fazer para se defender é com a sua DEFESA. Por isso, nestecaso, o proveito que se quer ter é desnecessário se feito por recurso.É inútil o recurso em que se pede apenas a mudança no que está na fundamentação dadecisão, sem questionar o que foi decidido (a parte dispositiva), porque para o recorrente, adecisão está certa. Um recurso sobre a fundamentação é algo inútil, pois qual a diferença

que isso faz na vida prática? Ora, a fundamentação nem faz coisa julgada!Veja que não é apenas quem sucumbiu que tem interesse recursal. Porque é possível quehaja recurso de quem não sucumbiu.Ex.: O MP (Custos Legis) não sucumbiu e pode recorrer.Ex.: O 3º não sucumbiu e pode recorrer.É claro que quem sucumbiu pode recorrer, mas também pode recorrer quem não sucumbiu,se demonstrar o proveito, a utilidade, a necessidade disso.Há 2 questões problemáticas aqui:1. Vimos na aula passada que se o juiz conclui pela improcedência do pedido, por falta de

 prova, a coisa julgada é aquela “Secundum Eventum Probationis”. Mas, para o réu, queganhou, neste caso, é possível, a ele recorrer: ele vai dizer que é improcedente mesmo. Masnão por falta de prova e sim por falta de direito. É interessante para ele mudar isso, porqueassim, ele terá coisa julgada.

 Aqui, veja que cabe recurso para discutir só o fundamento, pedindo ao tribunal que se

mantenha a improcedência para que se mude o fundamento (de falta de provas para falta dedireito).Isso pode vir na prova envolvendo direito coletivo, porque aqui a coisa julgada é secundumeventum probationis.2. Imagine um acórdão com 2 fundamentos: um legal e outro constitucional. Qualquer umdeles está apto a sustentar a decisão. Porque eles são os 2 pilares da decisão. Neste caso,

 para se derrubar este acórdão, eu tenho que derrubar os dois fundamentos. E se um temfundamento legal e outro constitucional, eu tenho que interpor tanto o Recurso Especialcomo o Recurso Extraordinário. Se euentrar com um recurso só, ele será inútil, porque o máximo que eu vou destruir é um dos

 pilares desse acórdão. Isso é um exemplo clássico de recurso inútil, que tem até súmula (126do STJ), porque se eu recorrer apenas de um fundamento, eu não ganho nada com isso. Estasúmula tem tudo a ver com o interesse recursal.Súmula: 126

É INADMISSIVEL RECURSO ESPECIAL, QUANDO O ACORDÃO RECORRIDO ASSENTAEM FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAL E INFRACONSTITUCIONAL, QUALQUER DELESSUFICIENTE, POR SI SÓ, PARA MANTE-LO, E A PARTE VENCIDA NÃO MANIFESTARECURSO EXTRAORDINARIO.INEXISTÊNCIA DE FATO IMPEDITIVO OU EXTINTIVO DO DIREITO DE RECORRER:Este é um dos primeiros requisitos de natureza negativa. Porque alguns fatos não podemexistir para que o recurso seja, então,admissível.Os Exemplos de fatos (que não podem existir para que o recurso exista) são dados peladoutrina:a) A Renúncia ao Recurso – a renúncia da parte extingue o direito de recorrer. A renúnciase dá antes de recorrer , que é o momento que a parte pode renunciar. A renúncia nãodepende da aceitação da outra parte, porque é um direito potestativo do possível recorrente.b) Um segundo ato que não pode ocorrer para que o recurso seja admissível é A Aceitação

da Decisão. Ex.: o cumprimento espontâneo da decisão.Obs.: Proibir o recurso para quem já aceitou a condenação tem a ver com a Proibição do“Venire Contra Factum Próprium”, que se aplica aos recursos desta maneira. Quem aceita adecisão não pode recorrer depois, porque é o mesmo que se comportar contraditoriamente,o que não se admite.c) Se eu já recorri e desisto do meu recurso, eu não poderei recorrer de novo, porque estemeu recurso será inadmissível. Esta desistência me impede de recorrer . A desistência

 pressupõe que o recurso já tenha sido interposto. A desistência do recurso não precisa ser homologada pelo juiz. E não precisa do consentimento da outra parte. A desistência dorecurso pode ser oferecida até o início da votação no Tribunal. Começou a votar, não podemais desistir.TEMPESTIVIDADE:O recurso tem que ser interposto dentro do prazo.

 Apelação: 15 dias.

Embargos de Declaração: 5 dias Agravos em 1ª Instância: 10 dias. Agravo Interno: 5 dias.

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 A Fazenda Pública e o Ministério Público têm prazo em dobro para recorrer. Aqueles que estão acompanhados de Defensor Público também têm prazo em dobro pararecorrer.Litisconsortes com advogados diferentes também têm prazo em dobro para recorrer. Mas,vale uma ponderação: Súmula 641 do STF. Se só um dos litisconsortes pode recorrer, o prazoserá simples.SÚMULA Nº 641

NÃO SE CONTA EM DOBRO O PRAZO PARA RECORRER, QUANDO SÓ UM DOSLITISCONSORTES HAJA SUCUMBIDO.

O art. 507 do CPC – quer dizer que durante a fluência do prazo recursal acontece uma dessastragédias, o prazo será devolvido integralmente. O prazo não é devolvido pelo que sobra, eleserá devolvido integralmente, depois da intimação.

 Art. 507. Se, durante o prazo para a interposição do recurso, sobrevier o falecimento da parte ou de seu advogado, ou ocorrer motivo de força maior, que suspenda o curso do processo, será tal prazo restituído em proveito da parte, do herdeiro ou do sucessor, contraquem começará a correr novamente depois da intimação.Outro problema aqui é o Recurso Prematuro ou Recurso Precoce – que é o recursointerposto antes do início do prazo, antes de ser intimado. O STF tem mais de uma decisão

 julgando que nestes casos o recurso é intempestivo. Ou seja, o STF considerou que o prazo éuma questão de matemática. O professor disse que tem vergonha de dizer isso. Porque se

você recorre precocemente, você se dá por intimado. O STJ já acompanhou o STF, mas hoje ele acompanha a doutrina, que malha a

 posição do STF.Outro problema dentro do tema da tempestividade está relacionado à Súmula 256 do STJ –

 para que seja possível protocolar as petições e facilitar o acesso à Justiça, criaram os protocolos integrados. Mas esse sistema de protocolo descentralizado não poderia ser aplicado ao STJ porque o argumento deles é que não havia lei prevendo esta possibilidade,nesta época (AGO/2001). No entanto, meses depois, em Dezembro de 2001, o § único do art.547 do CPC surgiu prevendo expressamente que é possível este protocolo integrado,inclusive para o STJ. No entanto, esta súmula ainda não foi cancelada! Muito pelo contrário, oSTJ vem reafirmando esta negativa de protocolo integrado. No entanto, o STF tem admitidoeste protocolo para si, sem problemas, com unanimidade. (E o STJ dificulta, com isso, aaplicação do princípio do livre acesso à justiça, ainda mais sendo um tribunal que se diz ser da Cidadania).

Súmula: 256O sistema de "protocolo integrado" não se aplica aos recursos dirigidos aoSuperior Tribunal de Justiça.

 Art. 547. Os autos remetidos ao tribunal serão registrados no protocolo no dia de suaentrada, cabendo à secretaria verificar-lhes a numeração das folhas e ordená-los paradistribuição.Parágrafo único. Os serviços de protocolo poderão, a critério do tribunal, ser descentralizados, mediante delegação a ofícios de justiça de primeiro grau.O STJ traz mais um problema para a tempestividade, na súmula 216. Este Tribunal daCidadania considera que a tempestividade é contada quando da chegada do recurso àsecretaria do Tribunal e não do seu despacho pelo correio.Súmula: 216

 A tempestividade de recurso interposto no Superior Tribunal de Justiça é aferida pelo registro no protocolo da secretaria e não pela data da entrega na agência do

correio.108

Obs.: Quer dizer que se os Correios estiverem em greve, o sujeito deve se deslocar de avião para protocolar o seu recurso, isto se o avião chegar.

PREPARO:É o pagamento das despesas relacionadas ao processamento do recurso, para que nomomento da interposição do recurso se possa comprovar que já pagou. Então, o preparo sefaz antes e depois se interpõe o recurso. Porque recurso interposto sem preparo é chamadode recurso DESERTO.O valor do preparo corresponde à soma das taxas + as despesas de remessa + as despesasde retorno dos autos.E se o seu recurso não foi admitido?R: Não tem devolução de dinheiro.

No entanto, dia 31/12/07 surgiu uma lei que alterou a legislação processual civil (11.636/07).Ela regulamenta as custas no STJ. É a lei de custas do STJ. Ela passou a exigir taxa noRecurso Especial, o que antes, não existia. E esta lei diz claramente que as custas devem ser 

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 pagas antes e se o recurso não for conhecido, não há devolução de dinheiro. (Ver o site doProfessor, Editorial nº 32) - acrescente isso no livro do professor.Editorial 32Lei de custas no Superior Tribunal de Justiça. Lei n. 11.636/2007.Seguindo a tradição, o final do ano nos traz sempre uma lei que altera a legislaçãoprocessual.A Lei Federal n. 11.636/2007 passou a prever custas nos processos que tramitem no STJ,

incluindo, aí, o recurso especial, que antes apenas exigia o pagamento das despesas postais(art. 112 do RISTJ, que agora está revogado).

 Tal diploma legal regulamentou o regime de custas no STJ, esclarecendo que há preparo norecurso especial, pois somente o dispensou em certos processos de competência origináriaou recursal (art. 7º). Note que o legislador estabeleceu que quando se tratar derecurso, o recolhimento do preparo, composto de custas e porte de remessa e retorno, seráfeito no tribunal de origem, perante as suas secretarias e no prazo da sua interposição (art.10). Deixou claro, também, que a comprovação do preparo deve ser feitacontemporaneamente à interposição do recurso (par. ún. do art. 10), ratificando a exigênciado art. 511 do CPC e o enunciado n. 187 dasúmula do STJ: “É deserto o recurso interposto para o Superior Tribunal de Justiça, quando orecorrente não recolhe, na origem, a importância das despesas de remessa e retorno dosautos”.Determina a mencionada lei que o “o pagamento das custas deverá ser feito em bancos

oficiais, mediante preenchimento de guia de recolhimento de receita da União, deconformidade com as normas estabelecidas pela Secretaria da Receita Federal do Ministérioda Fazenda e por resolução do presidente do Superior Tribunal de Justiça” (art. 4º).Convém transcrever, ainda, a íntegra do art. 6º dessa lei, que estabelece o pagamento dopreparo nos casos em que há litisconsórcio, assistência e recurso de terceiro: “Art. 6oQuando autor e réu recorrerem, cada recurso estará sujeito a preparo integral e distinto,composto de custas e porte de remessa e retorno. § 1o Se houver litisconsortes necessários,bastará que um dos recursos seja preparado para que todos sejam julgados, ainda que nãocoincidam suas pretensões. § 2o Para efeito do disposto no § 1o deste artigo, o assistente éequiparado ao litisconsorte. § 3o O terceiro prejudicado que recorrer fará o preparo do seurecurso, independentemente do preparo dos recursos que, porventura, tenham sidointerpostos pelo autor ou pelo réu”.Note, ainda, que a exigência de preparo, nestes casos, somente pode ser feita após noventadias da vigência da lei (art. 15 da Lei n. 11.636/2007: “Esta Lei entra em vigor na data de sua

publicação, produzindo efeitos respeitando-se o disposto nas alíneas b e c do inciso III docaput do art. 150 da Constituição Federal”.“O valor do preparo não será devolvido, mesmo se o recurso não for conhecido. Nem mesmoo valor dos portes de remessa e de retorno dos autos (note que, embora se pagueantecipadamente pelas despesas com a remessa dos autos, não será devolvido esse valor sea remessa não realizar-se). A propósito do assunto, seguindo essa regra geral, convémtranscrever o art. 8º da Lei Federal n. 11.636/2007: “Não haverá restituição das custasquando se declinar da competência do Superior Tribunal de Justiça para outros órgãos

 jurisdicionais. Em sentido semelhante, o art. 11 da mesma lei: “O abandono ou desistênciado feito, ou a existência de transação que lhe ponha termo, em qualquer fase do processo,não dispensa a parte do pagamento das custas nem lhe dá o direito à restituição”.Fredie Didier Jr.Em 07.01.2008Existem 2 situações em que se pode fazer o preparo depois de recorrer:

1º) No JEC – é possível fazer o preparo até 48 h depois da interposição do recurso.2º) Na Justiça Federal – é possível fazer o preparo do recurso contra sentença até 5 dias apósa interposição.

 Art. 14, II da Lei 9289/96.Art. 14. O pagamento das custas e contribuições devidas nos feitos e nos recursos que seprocessam nos próprios autos efetua-se da forma seguinte:II - aquele que recorrer da sentença pagará a outra metade das custas, dentro do prazo decinco dias, sob pena de deserção;Existe a figura do Preparo Insuficiente. Isso é o preparo feito com o valor menor. Quandoisso ocorre, ele não pode levar à deserção imediatamente. O juiz tem que mandar a partecompletar o preparo e só se a parte não complementar é que o recurso não será admitido.Existe também a figura da Relevação da Deserção. O juiz pode relevar a falta de preparose o recorrente demonstrar que houve justo motivo para não fazê-lo.Ex.: Greve do Banco. O juiz vai dar novo prazo para se fazer o preparo.

Essa possibilidade de relevar-se a falta de preparo está prevista no art. 519 do CPC. Esteartigo está na parte de apelação. Mas, não se aplica só a ela. É um artigo de aplicação geral.

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 Art. 519. Provando o apelante justo impedimento, o juiz relevará a pena de deserção,fixando-lhe prazo para efetuar o preparo.Existem sujeitos que estão dispensados de fazer o preparo. É o caso da Fazenda Pública, oMP e o beneficiário da Justiça Gratuita.Então, pergunta-se: o benefício da JG pode ser pedido no próprio recurso, porque até então,o possível beneficiário não tinha este benefício, e o quer a partir de agora. Ora, se ele pedeagora no momento em que recorre, e o Tribunal concede o benefício, não há problema. Mas,

se o Tribunal vier a negar esse pedido, ele terá que dar um prazo para fazer o preparo quenão foi feito.Veja a súmula 178 do STJ – na Justiça Estadual, o INSS é um ente federal, por isso, ele temque pagar o preparo.Súmula: 178O INSS NÃO GOZA DE ISENÇÃO DO PAGAMENTO DE CUSTAS E EMOLUMENTOS, NAS

 AÇÕES ACIDENTARIAS E DE BENEFICIOS, PROPOSTAS NA JUSTIÇA ESTADUAL. Alguns recursos não têm preparo: Embargos de Declaração, Agravo Retido, os Recursos noECA, o Agravo no art. 544 do CPC não tem preparo. É uma isenção objetiva.

 Art. 544. Não admitido o recurso extraordinário ou o recurso especial, caberá agravo deinstrumento, no prazo de 10 (dez) dias, para o Supremo Tribunal Federal ou para o Superior Tribunal de Justiça, conforme o caso.

REGULARIDADE FORMAL:Os recursos têm que preencher algumas formalidades. O recurso tem que ter pedido, por exemplo, se não ele é inepto. Ele tem que ter fundamentação, senão ele não será conhecido.Vale aquilo que se chama de Princípio da Dialeticidade dos Recursos. Porque o recursotem que ter fundamentação para permitir a dialética.

 Assim, como os documentos que compõem o Agravo de Instrumento são requisitos impostos pela regularidade formal.Outro requisito é que os recursos devem ser escritos, isso é mais uma regularidade formal.Embora nos JEC o agravo retido e os embargos de declaração possam ser orais.Obs.: A Justiça Gratuita deve ser pedida mesmo na Defensoria, porque às vezes a parte nãotem dinheiro para a perícia, mas tem para o preparo, por exemplo, então, tem que requerer 

 para determinados atos do processo.EFEITOS DOS RECURSOS:1. O RECURSO IMPEDE QUE A DECISÃO TRANSITE EM JULGADO:

Este é o efeito mais simples do recurso.Mas, para Barbosa Moreira, recurso inadmissível é aquele que não produz efeito algum, nemo de impedir o trânsito em julgado.2. O RECURSO GERA O EFEITO REGRESSIVO: que é a possibilidade que o recurso traz dehaver Juízo de Retratação.3. O RECURSO GERA EFEITO EXPANSIVO SUBJETIVO: a regra é a de que o recurso só produzaefeitos para o recorrente. Mas há situações em que há uma expansão dos efeitos do recursoque atingem outros sujeitos que não os recorrentes que se beneficiam com o recurso. Daí que se fala em efeito expansivo do recurso.Ex.: Os Embargos de Declaração impostos por uma parte interrompem o prazo para todas as

 pessoas.Ex.: O Recurso de um Litisconsorte Unitário beneficia o outro. É uma expansão subjetivatambém.Ex.: O Recurso de um Devedor Solidário beneficia os outros se for alegado questão comum a

todos eles.Os exemplos 2 e 3 estão no art. 509 do CPC. Art. 509. O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se distintosou opostos os seus interesses.Parágrafo único. Havendo solidariedade passiva, o recurso interposto por um devedor aproveitará aos outros, quando as defesas opostas ao credor Ihes forem comuns.4. O RECURSO GERA O EFEITO DEVOLUTIVO:

 Aqui, o recurso tem o poder de devolver aquilo que foi impugnado para que seja examinadonovamente. Todo mundo que recorre quer a devolução de alguma questão. Este efeito estáintimamente relacionado à vontade do recorrente. É o recorrente que delimita o que ele quer que seja devolvido (a matéria impugnada). Por isso, como é a vontade do recorrente quedelimita o que o Tribunal terá que redecidir,que se diz que o efeito devolutivo está relacionado ao dispositivo da nova decisão que serádada (acórdão). Assim, se a decisão tem 2 capítulos e a parte só devolve o capítulo A, o

dispositivo do acórdão se ajustará ao limite dado pelo recorrente.Toda decisão tem fundamentação e dispositivo. Na fundamentação o juiz examina asquestões incidentes. E no dispositivo, o juiz examina a questão principal (que é o pedido, se

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ele deve acolher ou não). O efeito devolutivo é aquele que determina qual é a questão principal do recurso. E quem determina isso é o recorrente.Ex.: Pablo ficou um ano analisando se casava ou não, se tinha5. O RECURSO GERA O EFEITO TRANSLATIVO:É o que determina quais as questões subirão com o recurso para ser examinadas comoquestões incidentes deste recurso. Quais são as questões que o Tribunal terá que examinar 

 para decidir aquilo que foi devolvido. Quais serão as questões incidentes que deverão subir 

ao Tribunal para que ele decida a questão principal. Essas questões sobem pelo efeitotranslativo. O devolutivo delimita O QUÊ otribunal terá que decidir. E o translativo delimita COM O QUÊ o tribunal terá que decidir. Asquestões que sobem pelo translativo sobem independentemente da vontade do recorrente.Este só delimita a questão principal do recurso. Mas ele não delimita o que o tribunal vai ter que examinar o que ele precisa para julgar o pedido do recorrente.Ex.: É inadmissível no Tribunal que o recorrente escolha os argumentos que

 justifiquem o seu pedido, porque ele só escolheria os seus e nunca as doadversário.Essas questões são todas aquelas suscitadas no processo, e ainda, as questões deordem pública (que podem até nem ter sido suscitadas ainda, mas, não há

 problema, porque, por serem de ordem pública, elas podem ser suscitadas aqualquer tempo), desde que RELACIONADAS AO CAPÍTULO IMPUGNADO!!! Porquesobe ao tribunal tudo daquilo que foi impugnado. Se eu só recorro de metade, toda esta

metade subirá. A outra metade transita em julgado (preclui). O Tribunal só poderá afetar aquilo que foi decidido.Ex.: Danos morais e danos materiais.Se eu só recorro do capítulo preto, tudo que estiver de preto no processo será examinado

 pelo Tribunal, pelo efeito translativo, mesmo aquilo que o recorrente não queria que fosseexaminado pelo Tribunal.O EFEITO DEVOLUTIVO BITOLA O TRANSLATIVO. (Fredie Didier)Barbosa Moreira não reconhece o Efeito Translativo dos Recursos, que ele chama dePROFUNDIDADE DO EFEITO DEVOLUTIVO. E aquilo que foi chamado de efeito devolutivonesta aula, para Barbosa Moreira, é apenas a extensão do efeito devolutivo. Leia o art. 515do CPC para entender bem isso. E leia o livro do professor também. O §1º do art. 515 é oefeito translativo – com questões relacionadas ao que foi impugnado.O §2º do art. 515 é o efeito translativo também – tudo isso relacionado ao que foiimpugnado.

 Assim, o que não foi impugnado, precluiu. Art. 515. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.§ 1o Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questõessuscitadas e discutidas no processo, ainda que a sentença não as tenha julgado por inteiro.§ 2o Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas umdeles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais.§ 3o Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito (art. 267), o tribunal pode

 julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver emcondições de imediato julgamento. (Incluído pela Lei nº 10.352, de 2001)§ 4o Constatando a ocorrência de nulidade sanável, o tribunal poderá determinar a realizaçãoou renovação do ato processual, intimadas as partes; cumprida a diligência, sempre que

 possível prosseguirá o julgamento da apelação. (Incluído pela Lei nº 11.276, de 2006)14/01/08 – 19ª AULAContinuação dos Efeitos dos Recursos:

EFEITO SUSPENSIVO:É o efeito que os recursos têm de impedir que a decisão recorrida produza efeitos.Não é o recurso que suspende o efeito da decisão e sim o fato desta decisão ser recorrível, asua RECORRIBILIDADE. Quando o recurso tem efeito suspensivo, ele apenas prolonga aineficácia da decisão. Mas, não é ele que impede a eficácia, ele prolonga a ineficácia de umadecisão.Este efeito pode ser atribuído diretamente pela lei, quando ela própria afirma que “esterecurso tem efeito suspensivo”, que é o efeito “OPE LEGIS”, e quando a lei não atribuir (sempre) automaticamente, é possível pedir o efeito suspensivo ao Órgão Judicial. E nestecaso, o efeito suspensivo será o efeito “OPE IUDICIS”. (“ópe iúdicis”)EFEITO SUBSTITUTIVO:Este efeito quer dizer que o julgamento do recurso substitui a decisão recorrida. O

 julgamento toma o lugar da decisão recorrida, que por sua vez, deixa de existir. Uma decisãosucede a outra. E por conta deste efeito, a decisão que passa a ser a resposta do judiciário é

a decisão que julga o recurso (se esta decisão transitar em julgado, ela passa a ser definitiva). Ela passa a ser a decisão que conta, é a queserá impugnada por rescisória, ou formará título executivo. É aquela que vem por último.

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 Atente para este efeito substitutivo: ele só ocorre se o recurso for conhecido (= julgado). Seo recurso não for conhecido, não há essa substituição. Ele precisa ser examinado (admitido)

 para adquirir este efeito. Se ele não é conhecido, ele não opera efeito substitutivo.E ainda, é preciso saber que o recurso pode ser interposto seja para reformar ou parainvalidar uma decisão. E o recurso pode ser provido ou improvido. Assim, se o efeitosubstitutivo só ocorre quando o recurso é conhecido, seja para reformar ou para invalidar adecisão atacada, é possível 4 decisões diferentes:

Reformar ProvidoInvalidar ImprovidoÉ possível reformar para dar provimento.É possível reformar para não dar provimento.É possível invalidar para dar provimento.É possível invalidar para não dar provimento.

 A decisão de mérito que “dá provimento para o recurso para invalidar a decisão atacada” é aúnica decisão em que não se opera efeito substitutivo. Porque neste caso não há comosubstituir uma decisão que não existe mais.Saiba que este efeito substitutivo não tem sempre o poder se alterar a decisão anterior.

 Assim, se o Tribunal negar o recurso, quer dizer que ele mantém a decisão anterior quetambém negou o direito, e a substitui.

RECURSOS EM ESPÉCIE: APELAÇÃO: A apelação já foi estudada por nós, em parte: quando falamos do recurso no JEC, ou quandofalamos no art. 515 do CPC. E ainda quando falamos no preparo. Faz parte da nossa tradiçãono Direito Processual, estabelecer regras gerais no capítulo da apelação.

 Assim, as regras servem para a apelação e para outros recursos também.• Efeito Suspensivo da Apelação:Este efeito existe na apelação por força de lei, como regra. Há casos, porém, que a lei tiraesse efeito suspensivo automático. E são esses os casos que nós vamos estudar a partir deagora.

 Art. 520. A apelação será recebida em seu efeito devolutivo e suspensivo. Será, no entanto,recebida só no efeito devolutivo, quando interposta de sentença que: (Redação dada pela Leinº 5.925, de 1973)I - homologar a divisão ou a demarcação; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

II - condenar à prestação de alimentos; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)III - (Revogado pela Lei nº 11.232, de 2005)IV - decidir o processo cautelar; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)V - rejeitar liminarmente embargos à execução ou julgá-los improcedentes; (Redação dada

 pela Lei nº 8.950, de 1994)VI - julgar procedente o pedido de instituição de arbitragem. (Incluído pela Lei nº 9.307, de1996)VII – confirmar a antecipação dos efeitos da tutela;Ver o art. 520, I do CPC. – Não tem efeito suspensivo automático sobre a apelação que atacar a decisão de demarcação de terra.Mas, pode acontecer da apelação ter mais de um capítulo, onde um deles terá efeitosuspensivo e em relação ao outro capítulo, não haja. Para isso, basta que se use a Teoria daCapitulação das Sentenças. (que é básico, tem que saber. Ex.: inciso IV)

 Art. 520, II – a sentença que condena à prestação de alimentos não tem efeito suspensivo – o

motivo é permitir que os alimentos possam ser executados provisoriamente. Porque esta queé a grande razão de se tirar o efeito suspensivo da apelação: é permitir a execução provisória da sentença.III – revogado.IV – a apelação contra a sentença que decidiu processo cautelar não tem efeito suspensivo.V – a apelação contra sentença que rejeitar liminarmente os embargos à execução ou julgá-los improcedentes não tem efeito suspensivo.Este inciso o professor fica incomodado. Quer dizer que a apelação contra estas sentençasnão impede que os efeitos desta sentença, em execução, possam se produzir de imediato.

 Assim, a apelação contra essas sentenças, que são negativas (que não dão, que nãoconcedem), não geram efeito porque ela, muito antes, já não concedia um direito.

 A reforma do CPC tem grande influência sobre este artigo. A utilidade deste art. 520, IV doCPC permite que o texto legal possa ser admissível. Nesta época (1994), se dizia que toda aexecução de título extrajudicial era definitiva. Mesmo pendente a apelação contra a sentença

dos embargos à execução (que acabou deixando-a congelada), ao ser descongelada, correrácomo se fosse definitiva. Assim, veja

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a Súmula 317 do STJ – onde se confirma que é definitiva a execução de título extrajudicial,mesmo que tenha sido interposta uma apelação:Súmula: 317É definitiva a execução de título extrajudicial, ainda que pendente apelação contrasentença que julgue improcedentes os embargos.Pós-Reforma – com a reforma do CPC, o art. 587 do CPC foi reescrito – ele afirma, agora, queé definitiva a execução fundada em título extrajudicial. No entanto, o CPC continua

afirmando que ela (a execução) é provisória. A sentença dos embargos confirma a execução. A execução ao invés de se transformar em definitiva ao quadrado, ela na verdade setransforma em provisória. Isso contraria a lógica! Para o professor, a súmula 317 deveriaestar revogada, porque ela diz o contrário do que afirma o art. 587. Portanto, cuidado!Hoje se pode falar em execução provisória de título extrajudicial. Antes, só se falava emexecução provisória de título judicial.

 Art. 520, VI do CPC – é tranqüilo. Julgar procedente o pedido de instituição de arbitragem éuma sentença que não confere à apelação o efeito suspensivo.

 Art. 520, VII do CPC – é problemático. Ele não é errado, mas é complexo. Assim, afirma esteinciso que o juiz que deu a TA na sentença, confirmando a TA já concedida antes, estasentença não confere efeito suspensivo à apelação. Assim, neste ponto, o inciso VII nos ajuda

 porque resolve a questão do recurso que se deve utilizar quando a sentença não concede aTA. Hoje, é claro que o recurso é aapelação, porque esta decisão é uma sentença.

O inciso VII se aplica tanto nas situações em que o juiz confirma a TA dada anteriormentequanto nas situações em que o juiz antecipa a TA na sentença.E a situação contrária? E se o juiz revoga uma tutela antecipada na sentença?R: Neste caso, se a apelação tiver efeito suspensivo, a revogação fica suspensa.

 A doutrina diz que também nos casos em que o juiz revoga a TA na sentença, a apelação nãotem efeito suspensivo. Porque permite que a TA que acabou de ser revogada possa cair automaticamente.Há outros casos fora do art. 520 em que a apelação foge à regra e só tem efeito devolutivo(ou, não tem efeito suspensivo):1º. Na Sentença de Interdição;2º. Na Sentença em Ação Civil Pública;3º. Na Sentença em Ação de Despejo;4º. Na Sentença que concede o Mandado de Segurança.113

• A Apelação contra a Sentença Terminativa:É aquela sentença onde o mérito não foi examinado. Este tipo de sentença sempre foitratado da seguinte maneira: se o juiz não examinou a causa, não adianta passar para otribunal. Tem que devolver ao juiz de 1ª instância para que ele, então, possa fazer este

 julgamento de mérito.No entanto, este posicionamento, hoje, está superado. Há 1 hipótese em que o CPC permiteque o tribunal julgue adiante e está no art. 515 , §3º do CPC. Para que isso aconteça(ou seja, julgar o mérito em 2ª instância), é preciso que se cumpram alguns

 pressupostos:1. A decisão deve ser recorrível – repare que o julgamento do mérito será posterior ao

 julgamento da apelação.2. A apelação deve ser aquela para reformar a sentença (error in iudicando). Ouseja, não pode ser para invalidar. Porque se for para invalidar e ela for provida, não serve.3. A causa tem de estar madura. TEORIA DA CAUSA MADURA - A causa está pronta

 para ser julgada. Se o juiz não julgou, errou. E se a causa já está pronta para ser julgada,errou duas vezes.4. Este é polêmico. Este pressuposto é adotado pelo Didier, mas ele disse que muita genteainda não adota. Estamos aguardando a jurisprudência. Este pressuposto é a necessidadeque o apelante peça o julgamento do mérito.

 Art. 515. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.§ 3o Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito (art. 267), o tribunal pode

 julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver emcondições de imediato julgamento.Obs.: Saiu um livro sobre este §3º do art. 515 do CPC – de Gervásio Lopes (ex- aluno doProfessor) – que justifica o seu posicionamento contra esta posição do professor. Ele é contraesta estória do apelante pedir para que o mérito seja julgado em fase de recurso. Ele criouuma expressão que está circulando nos meios de concurso: que este §3º criou o EFEITODESOBSTRUTIVO DA APELAÇÃO. Ou seja, que a apelação desobstrua o exame do mérito. É

um “laxante do exame de mérito”.Quando uma sentença penal é recorrida, a nova sentença não pode vir pior que a anterior –efeito prodrômico da sentença (em penal).

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• Novas Questões de Fato na Apelação. É possível alegar novas questões de fatona apelação?R: Sim, é possível. Tanto as questões de fato efetivamente novas (fatos que acabaram deacontecer e que são relevantes para a causa, que podem ser citadas na apelação) bem comoos fatos antigos que só se tomou conhecimento agora. Fundamento: art. 517 do CPC.Então, é possível inovar na apelação.• Procedimento da Apelação na 1ª Instância:

 A parte apela, e ela vai para o juiz. Ele pode, de pranto, negar a apelação (não admiti-la) ou pode intimar a outra parte para apresentar as contra-razões. Apresentadas as contra-razões,o juiz pode fazer um novo juízo de admissibilidade. Ele pode agora não receber a apelação.São 2 momentos para o juiz fazer o juízo de admissibilidade. (ver o art. 518, caput e §2odo CPC).

 Art. 518. Interposta a apelação, o juiz, declarando os efeitos em que a recebe, mandará dar vista ao apelado para responder.(Redação dada pela Lei nº 8.950, de 1994)§ 1o O juiz não receberá o recurso de apelação quando a sentença estiver em conformidadecom súmula do Superior Tribunal de Justiça ou do Supremo Tribunal Federal. (Renumerado

 pela Lei nº 11.276, de 2006)§ 2o Apresentada a resposta, é facultado ao juiz, em cinco dias, o reexame dos pressupostosde admissibilidade do recurso. (Incluído pela Lei nº 11.276, de 2006)• O art. 518, §1º do CPC – diz que o juiz não recebe o recurso de apelação quando a sentençaestiver em conformidade com alguma súmula do STJ ou do STF. Assim, se a sentença sebaseia em súmula, e o apelante quer discutir a súmula, esta apelação nem subirá. É o que sechama de SÚMULA IMPEDITIVA DO RECURSO. Porque, se o juiz se baseia nela, a partenão pode recorrer para discuti-la. Repare que ela não é obrigatória, o juiz não é obrigado aseguir. Mas, se o juiz adotar a súmula, a parte não poderá recorrer.Não confunda isso com a súmula vinculante, porque neste caso, o juiz tem que adotar asúmula. Em suma: todas as súmulas são impeditivas, porque todas elas impedem o recurso.Mas, algumas são vinculantes, que são aquelas do STF, em matéria constitucional, queexistem só 3 até o momento.

 Apesar da regra do art. 518, §3º, no entanto, há situações (exceções) em que o §1º do art.518 não se aplica:a) Não se aplica o §1º do art. 518 se o apelante discutir a aplicação da súmula. Ou seja, oapelante diz: Tribunal, eu não estou discutindo a súmula, eu estou apenas dizendo que estasúmula não é para o meu caso. O juiz aplicou a súmula no caso errado.

Neste caso, a apelação sobe. Isso é a “DISTINGUISHING”. É O DIFERENCIAMENTO, que émostrar que esse caso é distinto, que o seu caso não corresponde ao precedente da súmula,e por isso, ela não pode ser aplicada. Por isso, a apelação será recebida.b) Não se aplica também o §1º do art. 518 quando a apelante quer invalidar a decisão. Nestecaso, não se está discutindo o conteúdo da apelação. Por isso, a apelação será recebida.c) É possível admitir a apelação nestes casos se ela vier com um novo argumento parasuperar a súmula, argumento ainda não examinado pelo Tribunal. Um argumento queninguém jamais suscitou. É o caso do “Overruling”, que é a superação, ou o atropelamentodo precedente, desde de que se traga um argumento novo. E a apelação também serárecebida.• Correção dos Defeitos Processuais na Apelação:Se o tribunal contata que o processo tem um defeito que pode ser sanado, ele deve

 providenciar a sua correção lá mesmo. Não precisa mandar baixar o processo para isso.Ex.: O MP não foi intimado para este fato. Ora, intima lá em 2ª instância mesmo, ao invés do

Tribunal anular e mandar baixar o processo para se corrigir o erro. Ver o art. 515, §4º doCPC. A idéia aqui é não anular, e sim, salvar o processo.

 Art. 515. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.§ 4o Constatando a ocorrência de nulidade sanável, o tribunal poderá determinar a realizaçãoou renovação do ato processual, intimadas as partes; cumprida a diligência, sempre que

 possível prosseguirá o julgamento da apelação. (Incluído pela Lei nº 11.276, de 2006) AGRAVO:Estudaremos agora os agravos que atacam as decisões interlocutórias dos juízes de 1ªinstância.São 2: O Agravo Retido e o Agravo de Instrumento.1. Quando cabe um e quando cabe o outro?R: Não há nenhuma situação em que possa caber um e outro. Ou cabe um OU cabe outro.NÃO HÁ MAIS OPÇÃO. Para saber isso, é preciso seguir as 3 regras de cabimento do Agravo de Instrumento. Se encaixar, é AI,

e se não encaixar, é AR.1ª regra básica: SITUAÇÃO DE URGÊNCIA = se o caso envolve urgência, é AI.

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Ex.: a decisão interlocutória que causa um dano irreparável ou de difícil reparação pode ser atacada por AI.Ex.: Todo agravo em TA é AI. (porque a TA sempre envolve causas urgentes)Tanto é assim que, se o relator do AI percebe que não há urgência, ele converte o AI em AR.Ele manda devolver os autos para ficar retido lá em baixo (1ª instância ). Art. 527, II do CPC.Contra esta decisão de conversão do AI em AR não cabe agravo interno, e sim, mandado desegurança contra esta decisão (art. 527, § único)

2ª regra: A Lei às vezes impõe o AI, pouco se importando se há ou não a urgência. A urgência aquié irrelevante. Assim, não se aplica aqui a conversão do AI em AR. Aqui, cabe AIsimplesmente porque a lei impõe que assim seja.Ex.: Decisão que não recebe a apelação.Ex.: Decisão que recebe a apelação em efeitos diversos.3ª regra:Esta regra é implícita, e é retirada do sistema. Neste caso, cabe o AI quando o regime do ARfor incompatível com a situação. O Recurso Retido é aquele que é interposto, mas não é

 processado. Porque o seu processamento fica na dependência de uma confirmação posterior.Ele fica preso nos autos, a espera de uma confirmação posterior. No caso do AR, estaconfirmação posterior, que destrava orecurso, se dá com a apelação ou com as contra-razões de apelação. Na prática, o advogado,ao apelar, inclui um capítulo só para confirmar o AR já interposto, pedindo que ele seja

ratificado e julgado antes da apelação. Se não ratificar, configura o abandono do recurso (do AR). Às vezes, a parte percebe que não interessa mais agravar, então, basta ficar em silêncioque o recurso nem será apreciado.Há decisões em que o AR é incompatível com esta situação. Como no caso da impugnaçãoda decisão interlocutória em execução. Neste caso, a impugnação tem que ser por AI (que émais ligeiro que o AR). Porque, se não for “agora” a sua impugnação (e conseqüente

 provimento do Judiciário), quando é que se vai confirmar esta interposição do recurso (sefosse AR)?

 Assim, o AR é incompatível nos casos em que a decisão exclui um terceiro do processo. Ora,se o juiz o manda embora, só cabe o AI, porque se for interposto AR, vai demorar muito ser 

 julgado. O 3º vai ficar de fora de vários atos do processo até que o AR fosse julgado. Assim, écompatível para esses casos o AI.E ainda, o agravo de instrumento em execução. É tese doutrinária do Professor de que aquicabe MS e não o AR, porque, quando

é que a parte vai poder reiterar o seu pedido??? AGRAVO RETIDO: A Reforma de 2005 fez com que existisse em nosso sistema 2 espécies de Agravo Retido. Umé o escrito, cujo prazo é de 10 dias, que deve ser interposto contra as decisõesinterlocutórias proferidas por escrito. E quais são elas? R: Aquelas que não se encaixem nas3 regras do AI, ou seja, sendo impugnadas por AR Escrito, no prazo de 10 dias.E há também o Agravo Retido Oral, que não tem prazo, porque o juiz fala e o advogadoagrava em seguida. O agravo é feito de imediato. Ele é contra decisões orais, como aquelas

 proferidas em audiência, sob pena de preclusão. A lei fala, no art. 523, §4º, que esta audiência é a AIJ, mas o Professor excede a interpretaçãodeste artigo para qualquer audiência. Porque o objetivo é dinamizar o processo, aperfeiçoar a audiência. Quer dizer que a lei disse menos do que quis dizer.

 Art. 523. Na modalidade de agravo retido o agravante requererá que o tribunal dele conheça, preliminarmente, por ocasião do julgamento da apelação. (Redação dada pela Lei nº 9.139,

de 1995)§ 1o Não se conhecerá do agravo se a parte não requerer expressamente, nas razões ou naresposta da apelação, sua apreciação pelo Tribunal. (Incluído pela Lei nº 9.139, de 1995)§ 2o Interposto o agravo, e ouvido o agravado no prazo de 10 (dez) dias, o juiz poderáreformar sua decisão.(Redação dada pela Lei nº 10.352, de 2001)§ 3o Das decisões interlocutórias proferidas na audiência de instrução e julgamento caberáagravo na forma retida, devendo ser interposto oral e imediatamente, bem como constar dorespectivo termo (art. 457), nele expostas sucintamente as razões do agravante.Imagine que em uma audiência, o juiz, oralmente, conceda TA. Contra esta decisão, cabe ARou AI?R: 1º, veja se é caso de AR, e a decisão for oral, o agravo é oral. E o prazo é de imediato.Só se pode converter o AI em AR se ele for escrito. E no caso do agravo oral...(não peguei)O AR não tem preparo e é interposto diretamente no juízo “a quo”.O AR é só de decisão de juiz, nunca de um tribunal.

 AGRAVO DE INSTRUMENTO:É o recurso do dia a dia. O AI é interposto diretamente ao Órgão Ad Quem. O agravante vaidiretamente ao Ad Quem interpor o seu recurso. Por conta disso, acontece o seguinte:

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5/11/2018 Didier - Coisa Julgada e Recursos - slidepdf.com

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O AI se processa imediatamente. Ele não fica retido.Como é que o 2º grau pode saber o que está acontecendo no 1º grau?É preciso que o agravante leve ao tribunal as principais peças processuais, ou melhor, oconjunto de documentos que tem o objetivo de acompanhar o agravo (instrumento) para queo Tribunal possa controlar a decisão. E quais são as peças que devem ser juntadas (peloagravante) para instruir o seu AI? Se não juntá-los, o recurso nem será conhecido.- Peças exigidas por lei:

1. Cópia da decisão agravada.2. Cópia da procuração do agravante e do agravado.3. Certidão de intimação da decisão agravada.Obs.: Às vezes, não há procuração do agravado ainda nos autos, porque ele nem foi intimadono processo ainda. Assim, o advogado deve tirar uma certidão de que não existe nos autos a

 procuração do agravado.Obs.: Há decisões que consideram desnecessárias a certidão de intimação quando atempestividade do recurso for manifesta.Ex.: a decisão é do dia 20 e o recurso é do dia 25. A tempestividade é manifesta (pois oagravo é de 10 dias).- Peças que o agravante entender necessárias ou importantes para convencer oTribunal.- Peça criada pela jurisprudência: é a peça necessária de acordo com a exigência doRelator. E aquela indispensável para a compreensão da controvérsia. Se esta não for 

 juntada, o agravo não será conhecido. E que peça é essa? R: É aquela que você não juntou, eque era essencial à compreensão da causa.No concurso, escreva que o seu AI está composto de cópia integral dos autos + a certidão deintimação.Essas cópias podem ser reputadas autênticas pelo próprio advogado.• A comprovação da interposição do agravo em 1ª instância.O agravante tem o prazo de 3 dias para juntar no juízo “a quo” a prova da interposição doagravo. Ele prova isso em 3 dias com a cópia do agravo, a cópia do protocolo de interposiçãoe a relação de documentos. Se ele não fizer isso, seu agravo pode não ser conhecido. Mas,

 para isso, é preciso que o agravado alegue este descumprimento do prazo. Ou seja, oTribunal não pode de ofício. E se oagravado não fizer isso no 1º momento, ocorre preclusão. Ver o art. 526 do CPC.

 Art. 526. O agravante, no prazo de 3 (três) dias, requererá juntada, aos autos do processo decópia da petição do agravo de instrumento e do comprovante de sua interposição, assim

como a relação dos documentos que instruíram o recurso. (Redação dada pela Lei nº 9.139,de 1995)Parágrafo único. O não cumprimento do disposto neste artigo, desde que argüido e provado

 pelo agravado, importa inadmissibilidade do agravo.• Efeito Suspensivo do Agravo.O AI não tem efeito suspensivo automático. Pode o agravante pedir (constatado o perigo, arelevância do fundamento) ou pode o relator conceder este efeito suspensivo.

 Às vezes a decisão interlocutória é uma decisão negativa, ou seja, que não concede o que se pediu.Ex.: Se pede uma TA e o juiz nega.Neste caso, se a parte interpor um AI contra uma decisão que nega, pode o agravante pedir efeito suspensivo? Pedir efeito de uma decisão que não lhe concedeu nada? O que ésuspender a negação?Ex.: TA negada para o Emiliano ver a filha.

Suspender a negação é conceder o que foi negado. É dar o que foi negado. Por isso algumas pessoas passaram a chamar isso deEFEITO SUSPENSIVO ATIVO. Ou seja, está se ativando o efeito suspensivo. Assim, chama-se isso hoje de ANTECIPAÇÃO DATUTELA RECURSAL (“Relator, me dê o que me negaram lá embaixo!” – art. 527, III do CPC ).

 Art. 527. Recebido o agravo de instrumento no tribunal, e distribuído incontinenti, o relator:III – poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ( art. 55 ), ou deferir, em antecipação detutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão;• Cabe AI em MS?R: Hoje, é indiscutível que cabe AI em MS, mesmo que a sua lei não preveja.• É possível que no julgamento do AI, o Tribunal extinga o processo.Basta imaginar que o Tribunal percebeu que a parte era ilegítima, por exemplo, e o Tribunal

 poderá extinguir o processo.