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DIEGO OMAR DA SILVEIRA
SACERDOS MAGNUS
Dom Oscar de Oliveira, O Arquidiocesano e a recepção fragmentada do Concílio Vaticano II
na Arquidiocese de Mariana (1959-1988)
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA
MARIANA, SETEMBRO DE 2009
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Universidade Federal de Ouro Preto
Instituto de Ciências Humanas e Sociais Programa de Pós-Graduação em História
SACERDOS MAGNUS
Dom Oscar de Oliveira, O Arquidiocesano e a recepção fragmentada do Concílio Vaticano II
na Arquidiocese de Mariana (1959-1988) Diego Omar da Silveira [email protected] Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em História da Universidade Fe- deral de Ouro Preto como parte dos requisi- tos para a obtenção do grau de Mestre em História. Orientador: Prof. Dr. Ivan Anto- nio de Almeida. Área de concentração: Estado, Região e So- ciedade. Linha de pesquisa: Estado, Identi- dade e Região.
Mariana, Minas Gerais
Setembro de 2009
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Catalogação: SISBIN/UFOP: [email protected]
S587s Silveira, Diego Omar da. Sacerdos Magnus [manuscrito]: Dom Oscar de Oliveira,
O Arquidiocesano e a recepção fragmentada do Concílio Vaticano II na Arqui- diocese de Mariana (1959-1988) / Diego Omar da Silveira – 2009.
207f. : il., grafs.; tabs.; mapas. Orientador: Prof. Dr. Ivan Antonio de Almeida. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Ouro Preto. Instituto
de Ciências Humanas e Sociais. Departamento de História. Programa de Pós- Graduação em História.
Área de concentração: Estado, Região e Sociedade.
1. Igreja católica - Brasil - Teses. 2. Igreja Católica - Arquidiocese de Ma- riana (MG) - História - Teses. 3. Concílio Vaticano (2.: 1962-1965) - Teses. 4. Oliveira, Oscar de, Arcebispo de Mariana - Teses. I. Universidade Federal de Ouro Preto. II. Título.
CDU: 272(815.1)(091)
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A meu pai, José Omar, cuja vida foi para mim uma lição constante de
alegria e de dedicação, e ao meu filho, Emílio, com quem busco alimen-
tar a esperança de que um outro mundo é possível.
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AGRADECIMENTOS
A par dos momentos de solidão que toda pesquisa científica sempre comporta, muitas
pessoas estiveram presentes ao meu lado durante os dois anos nos quais desenvolvi esta
pesquisa, e várias dessas pessoas ocuparam, por isso, um papel fundamental na elaboração
de algumas questões que, tanto no campo científico como no âmbito pessoal, aparecem
com certa centralidade neste trabalho.
Agradeço, de forma especial, ao meu caro orientador, Prof. Ivan Antonio de Al-
meida, que, desde a graduação, esteve ao meu lado, estimulando uma percepção crítica da
realidade e me ajudando a escapar de algumas simplificações, na maioria das vezes sedu-
toras, do universo religioso e dos estudos da religião. Nesse sentido, foram também fun-
damentais para mim o apoio e a leitura sempre atenta da Profa. Virgínia Albuquerque de
Castro Buarque, a quem agradeço a possibilidade dos interessantes debates sobre historio-
grafia religiosa e história da Igreja Católica.
Devo muito aos companheiros de pesquisa e professores que, ao longo dos últi-
mos anos, trabalharam ou colaboraram de alguma forma no Núcleo de Estudos da Religi-
ão (NER) da Universidade Federal de Ouro Preto. Estou certo de que esse espaço de cons-
trução do conhecimento foi muito importante em minha formação, possibilitando o con-
tato com diversos outros grupos de pesquisa, bem como com outras perspectivas de análi-
se da religião. Igualmente enriquecedora foi minha participação no grupo de pesquisa
sobre História da Igreja no Brasil da Associação Brasileira de História das Religiões (ABHR)
e no Centro de Estudos de História da Igreja na América Latina (CEHILA-Brasil), ambos
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coordenados pela Profa. Mabel Salgado, a quem manifesto minha gratidão por sempre ter
acolhido e comentado meus trabalhos.
Sou grato também aos funcionários do Instituto de Ciências Humanas e Sociais e
aos professores do Programa de Pós-Graduação em História da UFOP, em especial àque-
les com quem cursei as disciplinas do mestrado e ao Prof. Mauro Passos, da Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais, pelos comentários e sugestões apresentados du-
rante o exame de qualificação. Ao professor Bernardo Guadalupe, agradeço pela tradução
(do texto originalmente em latim) dos vota e das intervenções de Dom Oscar de Oliveira
na aula Conciliar. Foram importantes também a dedicação e a atenção dos funcionários
das duas bibliotecas nas quais pesquisei, mas gostaria de destacar o apoio que me foi dado
por Ângela Vieira de Freitas na Biblioteca do Seminário São José, em Mariana.
Agradeço à grande amiga, Isabel Leite, pelas preciosas indicações de leitura sobre a
cultura política tradicionalista e conservadora e pelos instigantes debates sobre a direita e a
esquerda no Brasil. À Juliana Ventura e ao Álvaro Antunes, pela paciência e pelas pro-
fundas reflexões historiográficas, mesmo quando falávamos de coisas aparentemente ba-
nais. Ao Pablo Bráulio e à Márcia Arévalo pela amizade constante e à Gilcéia Freitas, Va-
nessa Nicoletti e aos companheiros de república pelos bons momentos de descontração.
Aos amigos de minha terra natal, meus mais sinceros agradecimentos pelo apoio
que me deram nos projetos que prolongam para outros campos um pouco do que pude
aprender com a academia. De modo especial agradeço às amigas Ana Cristina Capozzoli,
Zélia Finamor e Suzelei Rosa, as duas últimas também responsáveis pela revisão do texto
desta dissertação.
A toda minha família, em especial à minha mãe, Maria José, e à minha tia, Maria
Antonia, meu muito obrigado pelo apoio. Aos meus tios, Cida e Maurílio, por terem me
acolhido na paz de sua casa. À Carla pela paciência e compreensão e ao meu filho, Emí-
lio, pelo carinho incondicional.
Agradeço, por fim, à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais
(FAPEMIG), que me concedeu, ao longo destes dois anos, uma bolsa de estudos sem a
qual tudo teria sido mais difícil.
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RESUMO
Compreender os variados aspectos da recepção do Concílio Vaticano II parece continuar
sendo para a Igreja do Brasil, bem como para toda a catolicidade, uma tarefa de grande
relevância. Isso porque, a medida que vamos ganhando distanciamento do Concílio como
evento, começam a aparecer no horizonte dos estudiosos do catolicismo a riqueza e a plu-
ralidade dos processos desencadeados pelos padres conciliares nas mais diversas Igrejas
locais e nacionais. Em geral, tanto as Ciências Sociais – história e sociologia sobretudo –
quanto a Teologia construíram, ao longo desses mais de quarenta anos, modelos que pau-
taram os estudos sobre o Vaticano II e que começam agora a parecer limitados, cedendo
lugar a novos modelos de análise, mais focados na riqueza dos processos de recepção que
marcaram os anos pós-conciliares e no caráter eclético e plural de muitos de seus atores,
tendo como exemplo os bispos que, por serem moderados ou conservadores, permanece-
ram invisíveis para os historiadores da Igreja na sua tentativa de implementar em suas
(arqui)dioceses os documentos e orientações emanados do Concílio Vaticano II. Formados
por uma mentalidade tridentina e profundamente antimoderna, tornou-se difícil para diver-
sos desses prelados encontrar adequações possíveis nos imaginários sociais católicos, que
permitissem uma nova concepção de Igreja acompanhada de formas novas de vivenciar essa
fé. A presente dissertação busca, nesse sentido, acompanhar esse processo na Arquidiocese de
Mariana, sobretudo através da atuação do Arcebispo, Dom Oscar de Oliveira (1959-1988),
que através de uma intensa atividade editorial, buscou elaborar modelos próprios – e frag-
mentados – que possibilitaram enquadrar as diretrizes conciliares dentro de uma compreen-
são conservantista (Mannheim) de Igreja e do social, sem aparente ruptura com o tradicional
legado dos bispos marianenses e com a cultura política local.
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ABSTRACT
Understanding the various aspects of the reception of Vatican II seems to remain for the
Church in Brazil as well as catholicity, a task of great importance. This is because the
measure that we again distance from the conference as event, begin to appear