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1- Em situação de Insuficiência Renal (aguda e crônica) é necessário fazer modificações na alimentação? 2- Na Insuficiência Renal Crônica (IRC), há diferença entre o tratamento dietético quando o rim ainda funciona (mesmo que pouco) e quando ele perde totalmente a capacidade de filtração (fase de diálise)? 3- Quais são as modificações na alimentação que devem ser realizadas no tratamento dietético da Insuficiência Renal Crônica (IRC) em relação aos macronutrientes (carboidratos, proteínas e gorduras) e micronutrientes (vitaminas e sais minerais)? DIETOTERAPIA NA INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA - IRC https://www.youtube.com/watch?v=fv53QZRk4hs https://www.youtube.com/watch?v=Rq1Zk-Z36WU&feature=emb_logo

DIETOTERAPIA NA INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA - IRC

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Page 1: DIETOTERAPIA NA INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA - IRC

1- Em situação de Insuficiência Renal (aguda e crônica) énecessário fazer modificações na alimentação?

2- Na Insuficiência Renal Crônica (IRC), há diferença entre o tratamento dietético quando o rim ainda funciona (mesmo que pouco) e quando ele perde totalmente a capacidade de filtração (fase de diálise)?

3- Quais são as modificações na alimentação que devem ser realizadas no tratamento dietético da Insuficiência Renal Crônica (IRC) em relação aos macronutrientes (carboidratos, proteínas e gorduras) e micronutrientes (vitaminas e sais minerais)?

DIETOTERAPIA NA INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA - IRC

https://www.youtube.com/watch?v=fv53QZRk4hs

https://www.youtube.com/watch?v=Rq1Zk-Z36WU&feature=emb_logo

Page 2: DIETOTERAPIA NA INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA - IRC

OBJETIVOS DA TERAPIA NUTRICIONAL

1-Controlar os sintomas da uremia (acúmulo de ureia no sg): anorexia, náuseas, vômitos, diarreia; e dos distúrbios hidroeletrolíticos (K, P, Ca);

2- Atuar nas doenças correlatas: • Hiperparatireoidismo secundário:alteração do metabolismo de cálcio (↓) e fósforo (↑), déficit de vitamina D ativa (produzida no rim normal), aumento na secreção do paratormônio (hormônio da tireoide, responsável pela reabsorção de sais ósseos → ↑ os níveis de Ca+ → fraturas patológicas e deformidades ósseas• Desnutrição: baixa ingestão alimentar

3- Na diálise (hemodiálise, CAPD-Diálise Peritoneal Ambulatorial Contínua): manter ou melhorar o estado nutricional dos pacientes

Page 3: DIETOTERAPIA NA INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA - IRC

Recomendações nutricionais na fase não-dialítica (tratamento conservador)

Energia (Kcal/Kg/dia)

Manutenção de peso:

< 60 anos 35

> 60 anos 30

Redução de peso 30

Recuperação de peso > 35

Carboidrato (% do VCT) 55 a 65%

Lipídios (% do VCT) 30 a 35%

Saturados < 10%

Monoinsaturados 10 a 15%

Poliinsaturados 10%

Page 4: DIETOTERAPIA NA INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA - IRC

Recomendação de proteína Fase não-dialítica (tratamento conservador)

Taxa de filtração glomerular (mL/min)

Proteína (g/Kg/dia)

> 60 Sem restrição: dieta normoprotéica (0,8 a 1,0)

25 – 60 Com restrição: dieta hipoprotéica (0,6, sendo 50-60% de prot. de alto valor biológico)

<25 Com restrição: dieta hipoprotéica (0,6 + 1 g de prot. para cada g de proteínúria)

< 60 + síndrome nefrótica 0,8 + 1 g de prot. para cada g de proteinúria

Diabéticos com controle glicêmico inadequado

0,8 (50-60% de prot. de alto valor biológico)

Page 5: DIETOTERAPIA NA INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA - IRC

Teor de proteína de acordo com o valor biológicoAlimento Quantidade (g) Medida caseira Proteína (g)

Alto Valor Biológico

Leite de vaca 200 1 copo médio 7,0

Queijo 30 1 fatia média 7,0

Ovo de galinha 50 1 unidade 6,4

Carne bovina 100 1 bife médio 23,0

Frango 100 1 peito pequeno 22,0

Peixe 100 1 filé médio 19,0

Baixo Valor Biológico

Feijão 120 8 col. sopa 9,4

Ervilha 100 5 col. sopa 6,7

Lentilha 120 8 col. sopa 6,0

Pão 50 col. sopa 5,0

Macarrão 125 1 prato raso 4,0

Arroz 100 5 col. sopa 2,0

Batata 110 1 unidade média 2,0

Page 6: DIETOTERAPIA NA INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA - IRC

Alimentos hipercalóricos e hipoprotéicos

Alimento Quantidade (g) Medida caseira Energia (Kcal) Proteína (g)

Mandioca cozida 130 3 ped. médios 154 1,2

Farinha de mandioca

40 2 col. sopa 142 0,7

Mandioquinha cozida

114 1 unidade med. 92 1,5

Óleos vegetais 8 1 col. sopa 71 0

Margarina 5 1 col. chá 36 0

Creme de leite 20 1 col. sopa 50 0,5

Maionese 15 1 col. sopa 58 0,1

Açúcar 10 1 col. sobrem. 39 0

Mel 14 1 col. sobrem. 43 0

Goiabada 30 1 fatia média 82 0

Page 7: DIETOTERAPIA NA INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA - IRC

Recomendações nutricionais na fase de diálise

Energia (Kcal/Kg/dia)

Hemodiálise CAPD

Manutenção do peso 30 - 35 25 - 35

Recuperação de peso 35 - 50 35 - 50

Redução de peso 20 - 30 20 - 25

Carboidrato (% VCT) 50 - 60 35 (oral)

Lipídios (% VCT) 30 - 35 30 - 35

Proteína (g/Kg/dia)> 50% de AVB

Manutenção de peso Dieta hiperprotéica1,2

Dieta hiperprotéica1,3

Recuperação de peso Dieta hiperprotéica1,2- 1,4

Dieta hiperprotéica1,3 – 1,5

Page 8: DIETOTERAPIA NA INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA - IRC

Recomendações de minerais

Potássio (K):

• Fase não-dialítica: depende do K sérico ou da taxa de filtração glomerular (< 15 mL/min);

• Hemodiálise: restrição maior (pacientes não urinam);

• CAPD: sem restrição

Em geral: ingestão < 70 mEq/dia (3g/dia)

Fontes: hortaliças, frutas, leguminosas, oleaginosas

Processo de cozimento: ↓ 60% o conteúdo dos alimentos

Page 9: DIETOTERAPIA NA INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA - IRC

Conteúdo de Potássio (K) nos alimentos

Alta quantidade ( >5,0mEq (195mg)/porção)

• Frutas: banana-nanica ou prata,melão, laranja, kiwi, abacate, mexerica, mamão, água de côco, frutas secas, carambola (toxicidade)

http://g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/noticia/2013/12/substancia-toxica-da-carambola-pode-causar-insuficiencia-renal-diz-usp.html

• Hortaliças: acelga, couve, beterraba, batata frita, massa de tomate, feijão, lentilha

• Oleaginosas (amendoim, nozes, castanhas), chocolate

Pequena/média quantidade (<5,0mEq/porção)

• Frutas: laranja-lima, banana maçã, maça, caqui, jabuticaba, abacaxi, morango, melancia, manga, pera, pêssego, ameixa, suco de limão e de uva

• Hortaliças: alface, agrião, pepino, repolho, rabanete, pimentão, tomate, cenoura, escarola crua

Page 10: DIETOTERAPIA NA INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA - IRC

Recomendações de minerais

• Sódio: ↓ sal de adição, embutidos, enlatados, alimentos ultraprocessados; não usar sal dietético (contém K)

• Líquidos:

• hemodiálise: depende do ganho de peso intradialítico (até 3-5% do peso seco); volume urinário residual de 24h + 500 mL para perdas insensíveis

• CAPD: maior liberdade

Page 11: DIETOTERAPIA NA INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA - IRC

Alimentos com alto teor de Fósforo (P)

Alimento Quantidade (g) Medida caseira Fósforo (mg)

Leite 200 1 copo médio 186

Queijo 30 1 fatia média 154

Iogurte 250 1 pote 237

Carne bovina/frango 85 1 bife médio 150

Fígado de boi 85 1 bife médio 404

Peixe 85 1 filé médio 244

Sardinha 68 2 unidades 340

Ovo 50 1 unidade 90

Feijão 60 1 concha pequena 89

Soja 60 1 concha pequena 130

Amendoim 100 2 pacotes pequenos 506

Castanha de caju 100 2 pacotes pequenos 490

Pão francês 50 1unidade 43

Bolacha água e sal 42 6 unidades 38

Refrigerante com cola 200 1 copo 34

Cerveja 200 1 copo 60

Page 12: DIETOTERAPIA NA INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA - IRC

Recomendações de minerais e líquidos

Nutriente Fase não-dialítica HD CAPD

K (mEq) 40 - 70 40 - 70 40 - 70

Na (g) 1 - 3 1 - 1,5 2 - 3

Líquidos (mL) Sem restrição 500 + volume urinário residual

Frequentementesem restrição

Ca (g) 1 - 2,0 1 – 1,4 0,8 – 1,0

P (mg/Kg) 5 - 10 8 - 17 8 - 17

Fe (mg) > 10 - 18 > 10 - 18 10 – 18

Zn (mg) 15 15 15

Page 13: DIETOTERAPIA NA INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA - IRC

Recomendações diárias de suplementação de vitaminas

Vitamina Fase não-dialítica HD CAPD

Tiamina (mg) 1,5 1,5 – 2,0 1,5 – 2,0

Riboflavina (mg) 1,8 1,8 1,8

Ac. Pantotênico (mg) 5 5 5

B6 (mg) 5 10 10

B12 (mg) 3 3 3

Ac. Fólico (mg) 1 1 1

C (mg) 60 60 - 100 60 - 100

A, E, K não suplementar não suplementar Não suplementar

D individualizado individualizado Individualizado

Orientações nutricionais na Doença Renal Crônica, segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia

(SBN), material complementar