55
Centro Universitário Hermínio Ometto UNIARARAS ALINE OLIVEIRA PEIXOTO XAVIER DIFERENTES TÉCNICAS EMPREGADAS PARA VERTICALIZAÇÃO DE MOLARES INFERIORES ARARAS/SP OUTUBRO/2006

DIFERENTES TÉCNICAS EMPREGADAS PARA ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034565.pdfFigura 16B - Dente sendo verticalizado com mini implante.....38 8 LISTA DE ABREVIATURAS TMA..... titânio-molibdênio

Embed Size (px)

Citation preview

Centro Universitário Hermínio Ometto

UNIARARAS

ALINE OLIVEIRA PEIXOTO XAVIER

DIFERENTES TÉCNICAS EMPREGADAS

PARA VERTICALIZAÇÃO DE MOLARES

INFERIORES

ARARAS/SP

OUTUBRO/2006

Livros Grátis

http://www.livrosgratis.com.br

Milhares de livros grátis para download.

1

Centro Universitário Hermínio Ometto

UNIARARAS

ALINE OLIVEIRA PEIXOTO XAVIER CIRURGIÃ DENTISTA

[email protected]

DIFERENTES TÉCNICAS EMPREGADAS PARA

VERTICALIZAÇÃO DE MOLARES INFERIORES

DIFFERENT TECHNIQUES USED FOR THE

UPRIGHTING OF INFERIOR MOLARS

Dissertação apresentado ao Centro

Universitário Hermínio Ometto –

UNIARARAS, para obtenção do Título

de Mestre em Odontologia, Área de

Concentração em Ortodontia.

Orientador: Prof. Dr. Paulo César

Raveli Chiavini

e-mail: [email protected]

Co-orientador: Dra. Eloísa Marcantonio

Boeck

e-mail: [email protected]

ARARAS/SP

OUTUBRO/2006

2

Campus Universitário “Duse Rüegger Ometo”

UNIARARAS

CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO OMETTO

FOLHA DE APROVAÇÃO A Dissertação intitulada: “Diferentes técnicas empregadas para

verticalização de molares inferiores” , apresentada a UNIARARAS – Centro

Universitário Hermínio Ometto, para obtenção do grau de Mestre em

Odontologia área de concentração em Ortodontia em 20 de novembro de 2006,

à Comissão Examinadora abaixo nominada, foi aprovada após liberação pelo

orientador.

Prof. Dr. Paulo César Raveli Chiavini – Presidente (Orientador) Prof. Dr. Manoel Gomes Tróia Júnior – 1º Membro Prof. Dr. João Sarmento Pereira Neto – 2º Membro

3

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus avós

Antônio, Guilhermina, Antenor e Virgínia, que

mesmo sem muito estudo, souberam me

ensinar os maiores valores do mundo.

Ao meu esposo Célio e à minha irmã

Renata, por serem os bens mais preciosos

que Deus pôde me trazer.

Dedico, entretanto, especialmente aos

meus pais Wander e Eliane, que são meu

alicerce, minha fortaleza, meu estímulo para

continuar crescendo e meu maior exemplo de

vida.

4

AGRADECIMENTOS

À Deus, por ter me iluminado sempre no decorrer deste caminho.

Ao Centro Universitário Hermínio Ometto; à Magnífica Reitora Prof. Dra. Miriam

de Magalhães Oliveira Levada; e ao Magnífico Pró-Reitor de Pós-Graduação e

Pesquisa Prof. Dr. Marcelo Augusto Marretto Esquisatto, pela oportunidade de

nos aperfeiçoarmos nos estudos.

Ao Prof. Dr. Mário Vedovello Filho, Coordenador do Programa de Mestrado da

Uniararas, pela oportunidade da realização desse trabalho.

Ao Prof. Dr. Ricardo de Oliveira Bozzo coordenador do curso de odontologia,

pelo ótimo trabalho realizado.

Aos professores, que me permitiram realizar meus ideais de profissão e de

vida, em especial ao meu orientador Prof. Dr. Paulo César Raveli Chiavini.

Aos funcionários da Biblioteca da UNIARARAS, pelo auxílio dispensado nas

tarefas de levantamento bibliográfico.

Aos funcionários do Centro de Pós-Graduação e Pesquisa do Centro

Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, pelo carinho nos dedicado.

À minha família, pelo apoio constante e incondicional.

Aos meus colegas de curso, pelo companheirismo e amizade eterna.

5

RESUMO

A inclinação mesial dos molares inferiores é comum na ortodontia. Essa

inclinação pode ser por perda de dentes adjacentes ou por impacção dos

molares devido às suas características de formação e à não auto-correção

destes para irromperem. A proposta desse trabalho consistiu numa revisão da

literatura ortodôntica, com intuito de diagnosticar esse problema, bem como

tratá-lo, descrevendo os métodos e dispositivos de tratamento, tomando ciência

de suas indicações, vantagens e desvantagens. Existem vários procedimentos

para correção de segundos e terceiros molares inferiores impactados, como:

reposicionamento cirúrgico; extração dos segundos molares com transposição

dos terceiros; simplesmente deixar os terceiros molares irromperem na posição

dos segundos; por meio de molas verticalizadoras associadas aos aparelhos

ortodônticos e utilizando mini implantes como ancoragem. Conclui-se que as

conseqüências da inclinação são: acúmulo de placa bacteriana e formação de

bolsas periodontais na região mesial do molar inclinado, trauma oclusal e

impossibilidade de restauração protética do dente, se necessário; que as

vantagens do tratamento são: maior facilidade de higiene na região mesial do

dente, eliminação do ambiente periodontal patológico, correção do defeito

ósseo proximal, melhor relação coroa/raiz e prevenção do trauma oclusal,

sendo que as desvantagens só ocorrem quando o caso não for corretamente

diagnosticado e tratado.

Palavras-chaves: verticalização dentária / molar

6

ABSTRACT

The mesially tipped lower molars are common in orthodontics. This cases

are due to the early loss of deciduous end permanent adjacent molars or for

impaction of seconds and thirds molars, resulted from their characteristics of

these formation and the not self-correction. The proposal of this work was a

literary revision, with intention to diagnosis this problem, as well as treating it,

describing the methods and devices of treatment, taking science of its

indications, advantages and disadvantages. Some procedures for correcting

lower seconds and third molar impactions are: surgical repositioning, extraction

of the second molar with transposition of third or simply leaving the third molar

ones to burst in the position of the seconds, by means uprighting springs

associates to the orthodontic devices and using mini implantations as

anchorage. The conclusion are that the consequences of the inclination are:

accumulation of bacterial plate and formation of periodontais defects in their

mesial region, oclusal trauma and impossibility of prosthetic restoration the

tooth; the advantages of the treatment are: bigger easiness of hygiene in the

mesial region of the tooth, elimination of the pathological periodontal

environment, correction of infrabony defects, better relation crown/root and

prevention of the oclusal trauma, and the disadvantages alone occur when the

case will be correctly diagnosised and treated.

Key words: uprighting tooth / molar

7

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figuras 1A e 1B - Molas em aparelhos removíveis .......................................... 13

Figura 2 - Mola com helicóide e braço de apoio............................................... 14

Figura 3 - Mola em forma de caixa................................................................... 14

Figura 4 - Mola com mecanismo “tip back”....................................................... 19

Figura 5 - Alça em “T” dupla............................................................................. 20

Figura 6 - Mola de verticalização...................................................................... 21

Figura 7 - Mola de verticalização...................................................................... 22

Figura 8 - Alça de verticalização tipo “piggyback” ............................................ 26

Figura 9A e 9B - Mola em forma de dedo: Primeira fase do tratamento e

Mola em TMA: Segunda fase do tratamento.................................................... 28

Figura 10 - Mola em espiral comprimida .......................................................... 29

Figura 11 - Cantilever curto de TMA ................................................................ 30

Figura 12 - Cantilever longo de TMA................................................................ 30

Figura 13 - Verticalização de molar com TSVM 1 ............................................ 32

Figuras 14A e 14B - Molas ou cantilevers para verticalização de molares ...... 35

Figura 15 - Mola soldada à banda, atuando sobre o segundo molar inferior ... 37

Figura 16A - Dente a ser verticalizado com mini implante ............................... 38

Figura 16B - Dente sendo verticalizado com mini implante...............................38

8

LISTA DE ABREVIATURAS

TMA.......................................................................................... titânio-molibdênio

mm .......................................................................................................milímetros

Niti .................................................................................................... níquel-titânio

PLA .............................................................................................placa lábio ativa

AEB ............................................................................................. arco extra bucal

TSVM .................................................técnica simples de verticalização de molar

9

SUMÁRIO

Resumo............................................................................................................ 05

Abstract ............................................................................................................ 06

Lista de ilustrações........................................................................................... 07

Lista de abreviaturas ........................................................................................ 08

Introdução ........................................................................................................ 10

Objetivo ............................................................................................................ 12

Revisão da Literatura ....................................................................................... 13

Discussão......................................................................................................... 41

Conclusão ........................................................................................................ 47

Referências Bibliográficas................................................................................ 48

10

INTRODUÇÃO

A inclinação mesial dos molares inferiores, tanto isolados como em

conjunto, é um quadro clínico muito comum dentro da ortodontia,

principalmente em adultos.

De acordo com MAJOURAU; NORTON (1995), durante o crescimento e

desenvolvimento normal da mandíbula, os segundos e terceiros molares têm

sua formação distalmente ao primeiro molar, mas possuem uma inclinação

mesial. Essa inclinação é usualmente auto-corrigida com a reabsorção da

borda inferior do ramo ascendente da mandíbula. Infelizmente, não é sempre

que essa correção acontece, tornando, muitas vezes, os segundos e terceiros

molares inferiores impactados e mésio-angulados.

Os terceiros molares inferiores impactados têm sido encontrados com

maior freqüência que os segundos molares, sendo que, os tratamentos de

verticalização desses dentes, tem sido um desafio atual na ortodontia (GAZIT;

LIEBERMAN, 1993).

De acordo com a pesquisa de McABOY et al. (2003), a prevalência de

impacção de segundos molares foi de aproximadamente três em 1000

indivíduos, sendo que ocorreram mais na mandíbula do que na maxila, com

maior freqüência unilateral. Houve uma predileção para o gênero feminino e a

ocorrência mais comum foi a inclinação mesial.

Em alguns casos, os segundos molares inferiores impactados irrompem

parcialmente, ficando a parte mesial da coroa abaixo da gengiva. Porém,

existem ocorrências mais severas, nas quais a coroa do dente fica totalmente

coberta pela mucosa, tornando o tratamento um pouco mais difícil (SINHA et al.

1995).

A impacção dos segundos molares permanentes inferiores pode ser

resultado de procedimentos ortodônticos na fase da dentadura mista, que

poderiam ocasionar a perda de espaço na região dos molares ou a

insuficiência da reabsorção óssea na borda inferior do ramo ascendente da

mandíbula durante o período de crescimento, associado à tendência de direção

distal que caracteriza a irrupção dos dentes inferiores. A impacção, ainda, pode

11

estar associada à formação de cisto folicular ou a anquilose dentária

(QUEIROZ, 1997).

É sabido que a inclinação mesial dos molares ocorre devido à perda

precoce de molares decíduos ou permanentes, anadontia de segundos pré-

molares, irrupção ectópica ou ainda a utilização prolongada de PLA ou AEB,

resultando em impacção de segundos e terceiros molares. Associado à

inclinação mesial, pode ser encontrado, frequentemente, defeitos infra ósseos

verticais e bolsas infra ósseas na região mesial dos molares, bem como a

migração distal dos pré-molares, extrusão do molar antagonista, contatos

prematuros em relação cêntrica, interferências oclusais nos movimentos de

látero-protrusão, além de dificultar a confecção de prótese quando a inclinação

é excessiva (SAKIMA et al. 1999).

Segundo DAIANESI et al. (2000) existem vários procedimentos para

correção de segundos molares inferiores impactados, como o

reposicionamento cirúrgico dos segundos molares, extração destes dentes com

transposição do terceiro molar inferior ou simplesmente deixando o terceiro

molar irromper na posição do segundo.

Porém, foi sugerido que a conduta mais segura e que causa menor dano

ao indivíduo seria a verticalização dos molares inferiores por meio de molas

verticalizadoras associadas aos aparelhos ortodônticos e por meio de

dispositivos associados aos mini implantes de ancoragem. Sendo assim,

procuramos revisar a literatura com o objetivo de descrever esses dispositivos,

bem como tomar ciência de suas indicações, vantagens e desvantagens.

12

OBJETIVO

Este trabalho teve como proposta estudar por meio de uma revisão da

literatura ortodôntica, a verticalização de molares inferiores, abordando:

• causas;

• conseqüências;

• tipos de tratamento;

• vantagens;

• desvantagens.

13

REVISÃO DA LITERATURA

CHIPMAN (1961) discutiu os papéis dos segundos e terceiros molares na

terapia ortodôntica. O autor relatou as vantagens e desvantagens da extração

dos primeiros molares para posterior ocupação dos segundos molares por meio

de tratamento ortodôntico e também da extração dos segundos molares para

posterior ocupação dos terceiros molares, demonstrando alguns casos.

Concluiu, então, que o mais importante, antes da extração de qualquer dente,

seja ele primeiro ou segundo molar, ou até de pré-molar, deveria ser o

minucioso e correto diagnóstico.

NORTON; PROFFIT (1968) citaram os problemas de verticalização de

molares antes da fabricação de próteses fixas, pois esses dentes deveriam ter

uma inclinação axial própria para funcionar como retentores das próteses. Os

autores sugeriram três tipos de molas usadas em aparelhos removíveis: mola

com dois helicóides curvados em forma de dedo, com retenção no acrílico da

região oclusal até o molar a ser verticalizado (figura 1B); mola contendo dois

arcos em forma de “loop”, os quais conectam pela vestibular e pela lingual o

molar a ser verticalizado; e mola com gancho lançador, em forma de sela,

coberta por acrílico por mesial e por distal, exceto no meio da mola (figura 1A).

A B

Figuras 1A e 1B: Molas em aparelhos removíveis

Fonte: NORTON; PROFFIT 1968. p. 312 e 313.

Os autores também sugeriram alguns dispositivos fixos, como a mola em

espiral aberta, mola contendo um helicóide e um braço de apoio (Figura 2) e

mola em forma de caixa (Figura 3), e ainda demonstraram como fabricar e

como ativar cada uma dessas molas.

14

Figura 2 - Mola com helicóide e braço de apoio

Fonte: SAKIMA et al. 1999. p. 82.

Figura 3 - Mola em forma de caixa

Fonte: SAKIMA et al. 1999. p. 89.

PESKIN; GRABER (1970) defenderam o tratamento de verticalização de

molares inferiores por meio de reposicionamento cirúrgico. De acordo com os

autores, os casos deveriam ser muito bem diagnosticados pelo ortodontista e

pelo cirurgião, assim como o plano de tratamento deveria ser monitorado pelos

mesmos. Se a avaliação e o procedimento fossem realizados corretamente,

poderia ser observado um pequeno distúrbio sensorial de resposta inflamatória,

mas, o dente reposicionado, permaneceria vital, e, provavelmente, não

ocorreria anquilose dentária.

GOTTLIEB (1971) indicou uma mola para verticalização de segundos pré-

molares e de segundos molares inferiores. A mola verticalizadora era composta

por um apoio no dente contíguo, sendo que no caso do segundo molar era

apoiada em um arco lingual soldado na banda do primeiro molar, por um

helicóide no meio e por um braço para inserir no dente o qual deveria ser

ativado. O autor demonstrou um caso de verticalização de segundo pré-molar

15

inferior e um de segundo molar inferior, sendo que ambos tiveram sucesso, em

curto período de tempo, confirmando a efetividade dessa mola.

JOHNSON; TAYLOR (1972) deram algumas opções de tratamento para

os molares inferiores impactados que estavam intra-ósseos. Selecionaram

vinte segundos molares inferiores impactados, com inclinação mesial variando

entre 30 e 50 graus. Todos os dentes tiveram exposição cirúrgica para a

colagem dos dispositivos ortodônticos, sendo que foram utilizados três tipos de

dispositivos: tipo A: arco ideal com molas auxiliares soldadas a ele, uma em

cada ponta para adaptar nos segundos molares inclinados, orientando-os

distalmente; tipo B: mola semelhante à do tipo A, com a mesma orientação

distal, porém usada apenas quando os molares eram bandados, não possuindo

o arco ideal (nesse caso, utilizou-se um arco lingual para ancoragem); e mola

tipo C: semelhante aos tipos A e B, porém com um “loop” na vertical para

levantar o molar no momento que isso fosse necessário. Os autores concluíram

que a mola tipo C provou ser a melhor e que as vantagens dessa técnica foram

as facilidades de aplicação e a capacidade de não produzir trauma no dente

impactado.

De acordo com BUCHNER (1973), um método simples e familiar de

desempacção de segundos molares inferiores era usar um fio de separação no

ponto de contato do molar do lado da inclinação. Porém, se a impacção for

severa, são necessários outros métodos, como em alguns casos, os quais é

necessária a remoção cirúrgica de osso, para colagem de algum acessório. O

autor usava o método o qual era feito um “loop” parcial no final de um arco,

inserindo-o na convexidade do segundo molar impactado, aplicando uma força

distal e vertical quando o arco era inserido na vestibular do primeiro molar.

Contudo, apesar de efetivo, era um método muito dificultoso, não sendo mais o

tratamento de escolha do autor. Assim sendo, sugeriu-nos o uso de pinos

inseridos nos segundos molares e apoiando molas, que poderiam ser em forma

de hélice e em forma espiral. Segundo ele, ambas eram eficientes, sendo que,

a em forma de hélice fazia o movimento necessário mais rápido, porém, eram

usadas em casos menos severos e que precisavam de menos ancoragem. A

mola em espiral, requeria um espaço na distal do segundo molar, e a em forma

de hélice não requeria este espaço, mas, poderia irritar os tecidos, os quais

16

estavam perto dela. No final do tratamento os pinos deveriam ser removidos e

ser providenciadas restaurações, para os espaços deixados por eles.

Segundo SAFIRSTEIN (1974), as técnicas para desimpacção de molares

inferiores incluíam o uso de fios separadores, arcos linguais com molas

acessórias, dispositivos removíveis e a colocação de pinos nos dentes

impactados. O método de escolha do autor, no entanto, foi a colagem direta.

Para realização dessa técnica, o operador deveria colar o acessório na base da

superfície disponível do dente, podendo ser um tubo ou um braquete,

dependendo do espaço disponível. Existiam duas maneiras para a preparação

do acessório: na primeira, o suporte do tubo ou do braquete eram unidos à uma

base perfurada de aço inoxidável (GAC), e, na outra, requeria soldar o

acessório à uma tira de 0,02”, o qual, por sua vez estaria soldado ao aço

inoxidável. O autor explicou detalhadamente o procedimento de colagem do

acessório no dente impactado e depois fixou algumas maneiras de

verticalização do dente, podendo ser apenas com fios , quando o dente

estivesse pouco inclinado, ou com algum tipo de mola, quando a posição do

dente fosse mais horizontal. Com esse trabalho, foi concluído que embora a

impacção de terceiros molares fosse comum, os segundos molares

impactados, também estavam sendo relatados com bastante freqüência, sendo

que, sua etiologia poderia ser por iatrogenia do profissional através de

finalidades ortodônticas. Concluiu-se, ainda, que o tratamento dos molares

impactados mais baixos foi simplificado extremamente pela utilização dos

novos materiais de colagem.

HENNS (1975) indicou uma mola removível de verticalização de segundos

molares inferiores, que deveria ser ativada uma vez a cada dois meses. A mola

foi apoiada na região oclusal do dente inclinado, já que, geralmente, a

inclinação seria para mesial e a cúspide distal não ficaria coberta pela gengiva,

sendo aproveitada para apoio da mola. A duração do tratamento seria em torno

de oito meses, sendo que também, poderia ter aplicação em terceiros molares

inferiores impactados, mas não cobertos totalmente pela gengiva. A

desvantagem dessa mola seria que, por ser removível, necessitaria da

colaboração do indivíduo em tratamento.

RUBENSTEIN (1975) fez a exposição de um caso de verticalização de

segundos molares com colagem direta, no qual um fio 0,022” foi ligado à

17

superfície vestibular do segundo molar impactado. Um arco de fio 0,014”

redondo foi fabricado passando pelo tubo vestibular do primeiro molar,

estendendo-se até o fio do segundo molar a ser verticalizado. Foi introduzida

no arco, entre o primeiro e o segundo molar, uma mola aberta e dentro de

quatro meses os segundos molares já estavam verticalizados.

CANUT (1975) propôs descrever o tratamento de certos casos clínicos, os

quais a correção própria dos molares inferiores, determinaria o sucesso ou o

fracasso da mecânica ortodôntica. O autor conceituou a normalidade de

posições dos primeiros e segundos molares inferiores e demonstrou algumas

técnicas e procedimentos para o tratamento de certos tipos de maloclusões.

Solucionando várias terapias, fixou que para toda variedade de problemas

clínicos com os molares inferiores, sejam eles simples ou complexos, o

importante seria termos o máximo de cuidado no diagnóstico e no plano de

tratamento, para que pudéssemos alcançar o êxito de cada caso.

DAVIS et al. (1976) sugeriram a técnica de verticalização cirúrgica com

posterior enxerto ósseo como tratamento de segundos molares impactados e

mésio-angulados. Segundo os autores, o tratamento com a exodontia do

segundo molar não era viável, pois a posterior irrupção do terceiro molar na

posição correta do segundo seria imprevisível e o tratamento ortodôntico seria

dificultoso, por necessitar de um tempo prolongado e, por nem sempre possuir

um prognóstico positivo. Estudaram por dois anos 21 casos de molares

inferiores mésio-angulados, parcialmente impactados, tratados pela

verticalização cirúrgica com enxerto ósseo e concluíram que esse era um bom

método, por ser um tratamento de resultado rápido, que não necessita da

colaboração do indivíduo a ser tratado e por ter uma alta prevalência de

sucesso.

RUBIN (1977) demonstrou uma técnica de colagem direta para

verticalização de segundos molares inferiores impactados; porém, nesse artigo,

ele sugeriu um material novo, que facilitou extremamente a técnica de colagem,

pois, os materiais citados anteriormente pelo autor, requeriam isolamento até

que a polimerização inicial ocorresse, o que seria muito difícil de conseguir,

devido à localização do segundo molar na boca. Esse material que foi sugerido

pelo autor, teria polimerização rápida e juntamente com ele, seriam coladas

alavancas de verticalização, fabricadas com fio 0,020” na superfície exposta

18

dos molares parcialmente impactados. A técnica foi usada em 50 casos e o

tempo médio requerido para verticalização foi de três meses.

Segundo LANG (1977), a inserção periodontal poderia ser mantida ou até

ampliada com a verticalização de molares, sendo esta a conclusão de um

trabalho realizado com a investigação clínica de 18 indivíduos. Para o

tratamento de verticalização dos segundos molares, foram usados arcos

ortodônticos segmentados, ancorados nos pré-molares do lado a ser tratado,

que receberam braquetes soldados em bandas. Para evitar a interferência do

molar em processo de verticalização foi indicada uma placa para levantamento

de mordida. Esse tratamento teve duas fases, sendo que na primeira, a

duração foi de quatro a seis semanas e os braquetes receberam um fio 0,014”,

com uma alça em caixa entre o pré- molar e o molar, capaz de permitir o início

da verticalização do segundo molar. Na segunda fase, que durou de seis a oito

semanas, uma mola de verticalização foi fixada no encaixe do braquete do

segundo molar ativado, a qual foi ativada e finalizou o trabalho.

ROMEO; BURSTONE (1977) indicaram uma mecânica de inclinação de

molares a qual denominaram “tip-back”. Essa mecânica seria realizada através

de uma mola fabricada com um fio 0,018” X 0,025” que possuiria uma hélice, a

qual seria encaixada no dente a sofrer a movimentação e seria anexada ao

aparelho fixo na região anterior da arcada dentária (Figura 4), e possuía a

vantagem de não depender da colaboração do indivíduo a ser tratado, de ter

duração rápida no tratamento e de não produzir efeitos indesejáveis nos dentes

anteriores. Segundo os autores, esse sistema de força tanto poderia ser

utilizado individualmente como num grupo de dentes, observando

essencialmente o centro de resistência, pois dependendo da necessidade de

cada caso, também, poderiam ser inseridos movimentos de intrusão e de

extrusão.

19

Figura 4 - Mola com mecanismo “tip back”.

TUNCAY et al. (1980) propuseram para a verticalização de um único

molar a mola segmentada com alça simples em “T”, tendo como ancoragem o

canino e os pré-molares do lado do molar inclinado. Existia, ainda, um arco

lingual unindo os dois caninos para aumentar a ancoragem, e, os dentes

deveriam estar conjugados para que não ocorresse espaçamento entre eles. O

molar a ser verticalizado, receberia uma banda com um tubo soldado, sendo

que, a mola deveria ser ativada formando um ângulo de 30 graus da sua ponta

distal com a direção do tubo do molar inclinado. Para verticalização de dois

molares adjacentes os autores indicaram um arco segmentado com alças

duplas em “T” (Figura 5). Os procedimentos de bandagem e ancoragem citados

anteriormente deveriam ser seguidos, sendo que, o primeiro molar do arco,

teria na banda um tubo conversível para inserção da mola por vestibular. A

ativação da mola na mesial do molar formaria um ângulo de 60 graus entre a

parte do fio a ser encaixado com a direção da luz do tubo, sendo que, na distal

do molar, a ativação deveria ser de 30 graus. Os autores concluíram que as

molas com alça em T seriam fáceis de fabricar e usar, além do que,

ofereceriam movimentos controlados nos três planos do espaço, boa aceitação

do paciente e pouco tempo de tratamento, em torno de oito a dezesseis

semanas, dependendo da quantidade de movimento necessário para deslocar

o dente.

20

Figura 5 – Alça em “T” dupla

Fonte: SAKIMA et al. 1999. p.90.

Segundo ROBERTS; CHACKER; BURSTONE (1982) a posição ideal para

um molar verticalizado deveria coincidir com uma ótima condição periodontal

do meio. Nesse caso, o tratamento protegeria contra a doença periodontal e

contra o trauma oclusal. Os autores selecionaram a aplicação de uma mola

segmentada para correção radicular, a qual seria modificada por Burstone, pois

era indicada quando se desejava um movimento mesial da raiz e/ou a irrupção

forçada, pois esta permitia flexibilidade na promoção das combinações

desejadas de momento e força (Figura 6). Deveriam ser usados como

ancoragem, o canino, os pré-molares e o canino do lado oposto, sendo que, o

canino deveria conter um braquete com duas ranhuras horizontais e o molar

deveria receber uma banda com um tubo soldado. O fio estabilizador

retangular, com a maior espessura possível, passaria pelo canino e pré-

molares, conjugando-os para evitar espaçamento. Assim, a mola já seria

inserida, mas, de forma passiva inicialmente. Os autores concluíram que, seria

necessário comprovar a natureza biológica do molar a ser verticalizado, antes

de decidir o procedimento a ser tomado. Os tratamentos variaram muito de

caso para caso, e, os casos individuais devem ser considerados nas bases

individuais. De acordo com eles, os movimentos ortodônticos servem para

estabilizar o meio, o qual providencia a função fisiológica, bem como, re-

estabiliza o que é considerada a posição própria do dente.

21

Figura 6 – Mola de verticalização

Fonte: SAKIMA et al. 1999. p.93.

LANG (1985) relatou algumas maneiras para verticalização de molares

parcialmente impactados, sendo que a considerada mais eficiente foi a de

Halterman”s por possuir as seguintes vantagens: simples de construir; não

requerer cooperação do indivíduo a ser tratado; fácil ativação; não requerer

nenhuma dobra das molas; o tratamento ser rápido e não ocorrer rotação nos

molares.

HAAS (1986) defendeu a não extração dos segundos molares

permanentes. De acordo com o autor, a errônea suposição de que o terceiro

molar assumiria uma posição aceitável no arco dentário equivalente ao

segundo molar, faz com que vários profissionais prefiram a extração dos

segundos molares a algum tipo de mecânica mais complicada, como por

exemplo, a verticalização de molar impactado. No entanto, o autor nos mostrou

várias razões para não nos precipitarmos e não cometermos erros no

diagnóstico, prezando mais os segundos molares.

JOHNSON; QUIRK (1987) relataram a filosofia da reposição cirúrgica dos

segundos molares impactados e a experiência dos outros autores nos últimos

13 anos. As alternativas que os autores deram para o tratamento do segundo

molar impactado foram: a reposição cirúrgica com ou sem remoção do terceiro

molar adjacente; a remoção do segundo molar, esperando a irrupção do

terceiro e, o transplante do terceiro molar no alvéolo do segundo. Segundo

eles, a reposição cirúrgica apenas deveria ser realizada se o ortodontista não

conseguisse outra alternativa para o tratamento.

Segundo ORTON; JONES (1987), na maioria dos casos de molares

inferiores impactados, o tratamento de escolha seria a desempacção,

22

dependendo da severidade do caso. Para impacções muito leves, os autores

indicaram módulos separadores, molas em espiral ou fio de metal leves ou

moderados; para as impacções moderadas indicaram os sistemas de

aparelhos ativos como molas helicoidais ou molas com alças em T; para os

dentes na posição horizontal, sugeriram o reposicionamento cirúrgico ou a

exodontia dos mesmos. Os autores desenvolveram uma mola helicoidal

simples, discreta e com uma ação razoavelmente rápida, cujo tempo de

tratamento variou de quatro a doze meses (Figura 7). A mola, que recebeu o

nome de LTM, tinha um gancho para ativação apoiado sobre o molar adjacente

anterior e possuía a função de desimpacções suaves e severas, mas não

associadas à lingualizações ou má posições buco-linguais. Recomendam,

também, a sobrecorreção dos casos.

Figura 7 – Mola de verticalização

Fonte: SAKIMA et al. 1999. p.90.

VARPIO; WELLFELT (1988) pesquisaram uma população composta por

88 indivíduos, nascidos entre 1960 a 1974, desde a idade dos seis aos

dezesseis anos, analisada por ortodontistas e clínicos gerais sobre os

distúrbios da irrupção dos segundos molares inferiores, assim como sua

aparência clínica, prevalência e etiologia. Como resultados, obtiveram que a

aparência clínica desses dentes foram: segundos molares impactados em

posição mesio-angular; segundos molares impactados em posição disto-

angular e segundos molares impactados em posição vertical. Obtiveram,

também, que a prevalência foi que 75 indivíduos que tinham um ou os dois

dentes impactados, sendo que 35 desses dentes estavam totalmente

impactados. Ainda concluíram que a falta de espaço para o dente foi a causa

mais freqüente de sua impacção.

23

FREEMAN (1988) demonstrou alguns problemas que poderiam ocorrer

nos segundos molares inferiores, como a inclinação e a rotação. Em um caso

demonstrado pelo autor, o indivíduo tinha um segundo molar inferior

impactado, que estava inclinado 70 graus mesialmente. O caso foi tratado

colando um braquete na superfície disto-vestibular do dente, que foi

cirurgicamente exposto, e logo após, foi inserida uma mola em espiral fechada,

apoiada no primeiro molar, a qual empurrava o segundo molar distalmente,

desinclinando-o. Em outro caso, o indivíduo tinha um segundo molar inferior

com rotação de 90 graus para distal, sem possuir um dente adjacente para ser

usado de apoio. Para a correção desse caso, o dente foi bandado e foi

realizado o alinhamento e nivelamento do arco dentário, começando pelo fio

0,015” até o 0,020”, reposicionando os tubos na medida do necessário,sendo

que, os tubos foram reposicionados quatro vezes.

FREEMAN (1988) descreveu sobre o quanto é imprevisível a irrupção dos

terceiros molares. Além disso, disse o quanto esse dente é variável em sua

forma, tamanho, posição, tempo de desenvolvimento e tempo de irrupção. O

autor demonstrou alguns casos de evolução de posicionamento de terceiros

molares, os quais foram acompanhados radiograficamente. Em um caso, os

terceiros molares estavam em posição favorável de irrupção e acabaram

inclinando-se, e no outro caso, os dentes estavam em posição desfavorável,

angulados horizontalmente e acabaram irrompendo em boa posição no arco

dentário. O autor concluiu, portanto, que é impossível prever a posição final dos

terceiros molares.

FERRAZZINI (1989) quis demonstrar um caso de verticalização de

segundo molar inferior devido à falta de casos assim na literatura. Segundo ele,

geralmente eram recomendadas verticalizações cirúrgicas porque na

ortodontia, esse tratamento é dificultoso e imprevisível. O caso demonstrado

pelo autor foi do seu próprio filho, que teve a arcada inferior alinhada e nivelada

e depois o segundo molar foi exposto cirurgicamente para colagem de um

braquete na sua superfície distal. Foi então, fabricada uma mola com um fio

0,032” e fixada em posição vertical e vestibular, começando a ativação do

molar impactado. Para evitar movimento no primeiro molar contíguo, foi

instalada uma barra palatina entre os primeiros molares superiores e um

elástico entre o primeiro molar superior e o inferior do lado do dente a ser

24

verticalizado. Esse elástico era utilizado cruzado ou vertical, conforme a

necessidade. No final do tratamento, foi colado um tubo na vestibular do

segundo molar, no qual a extremidade do arco foi diretamente inserida. Foi

instalada uma mola em espiral para distalizar e terminar a verticalização do

dente. O autor achou importante lembrar, também, que o osso na região entre

o primeiro e o segundo molar que foi verticalizado, manteve-se em perfeita

integridade.

SLODOV; BEHRENTS; DOBROWSKI (1989) descreveram sobre a

experiência clínica dos terceiros molares na ortodontia. Segundo os autores,

pouca literatura foi encontrada em se tratando de verticalização de terceiros

molares, pois a maioria possuía a tradicional atitude negativa de se livrar

desses dentes. Sugeriram para verticalização dos terceiros molares a seguinte

técnica: exposição cirúrgica do dente, se necessário; colagem de um botão na

mesial do terceiro molar; bandagem do segundo molar com uma alça soldada

na banda abraçando o terceiro molar até a distal desse dente, e, com um

gancho na ponta; e uso de elástico que vai do botão do terceiro molar até o

gancho da alça soldada na banda do segundo molar. Os autores deixaram

claro que, o mais importante, em cada caso, seria o diagnóstico correto, pois

existem casos, que a melhor alternativa, seria a exodontia dos terceiros

molares, no entanto, se o melhor for conservar o terceiro molar, essa técnica

provavelmente poderia ser usada tendo um bom resultado.

MOYERS (1991) sugeriu dois registros de tratamento para verticalização

de molares inferiores. No primeiro caso, a verticalização era apenas nos

segundos molares, sendo necessária uma aparelhagem seccional envolvendo

tubos molares duplos nos segundos molares e braquetes nos pré-molares e

caninos. Além disso, como o arco mandibular não estava perfeitamente

alinhado, foi colocado um arco lingual de canino a canino. Nos casos mais

complicados, todos os dentes receberam aparelhagem fixa. Foi feito o

alinhamento com fio twist flex (0,015” ou 0,025”) e colocado um arco redondo

0,018” passando pelos braquetes e pelo tubo principal do segundo molar.

Nessa fase, já poderia ser acrescentada uma mola verticalizadora no tubo

inferior do segundo molar. Após a verticalização, foi necessária a colocação de

um fio de 0,018” x 0,025” para assegurar a posição final das coroas e o

alinhamento das raízes. Um retentor Hawley foi usado enquanto os dentes

25

estavam sendo preparados para a prótese. No segundo caso, a verticalização

foi para segundos e terceiros molares, sendo necessários tubos duplos nos

segundos molares e simples os terceiros, além de braquetes em todos os

outros dentes do arco inferior. Foi realizado, então, o nivelamento da arcada

até o fio 0,018”, e colocado molas verticalizadoras simultâneas tanto para os

segundos como para os terceiros molares ( em helicóide nos segundos e em L

nos terceiros molares). Após a verticalização, colocou-se um fio 0,018” para

assegurar todos os braquetes e tubos. Caso houvesse espaço entre os dentes

de ancoragem, usaria uma mola comprimida ou elásticos em cadeia para sua

correção. Por fim, colocou-se um fio 0,018” x 0,025” e, posteriormente, as

próteses. Uma complicação que poderia ocorrer com o uso dessas técnicas

seria a abertura indesejada de mordida, particularmente, se só um lado dos

arcos fosse utilizado, e seria um sinal evidente da impropriedade do

mecanismo ou falha no ajuste de aparelhagem.

KOGOD; KOGOD (1991) sugeriram para verticalização de segundos

molares inferiores as alças “piggyback”, que produzem forças verticalizadoras e

distalizadoras. Essas molas foram confeccionadas com o fio 0,018” redondo e

apresentaram quatro alças: loop de acabamento; loop para ativação; alça em

“U” vertical; extremidade final, que deveria ser inserida na mesial do molar

impactado (Figura 8). A ativação da mola se realizaria ao amarrar firmemente o

segmento de estabilização (do primeiro molar até a região de pré-molares),

inserindo a extremidade final da alça na ameia entre o primeiro molar e o

segundo molar inclinado. Essa ativação foi feita uma vez por semana e o

resultado começou a aparecer entre duas e quatro semanas. Os autores

demonstraram também que, na presença do terceiro molar, essa mola também

foi efetiva, verticalizando e distalizando tanto o segundo quanto o terceiro

molar.

26

Figura 8 – Alça de verticalização tipo “piggyback”

Fonte: SAKIMA et al. 1999. p. 97.

Segundo GAZIT; LIEBERMAN (1993), a impacção dos segundos molares

inferiores teriam nos procedimentos de tratamento, um grande desafio. O

reposicionamento cirúrgico seria um procedimento comum, mas, com as

desvantagens de alguns riscos, como a perda da vitalidade, ou a anquilose ou

até de reabsorção do dente. O tratamento ortodôntico de escolha seria um guia

mecânico de erupção, sendo que, se o dente estiver na posição horizontal, este

se tornaria muito difícil. O autor demonstrou um caso de um segundo molar

inferior impactado, o qual foi necessária exposição cirúrgica para colagem do

acessório na superfície do dente. Foi utilizado elástico vertical e depois uma

mecânica com mola construída com fio 0,016” x 0,022” Elgiloy azul, que

continuou a verticalização. Porém, houve um contato oclusal aumentado entre

o segundo molar inferior e o superior, tendo que realizar a exodontia do

segundo molar superior e esperar que o terceiro molar ocupasse seu espaço.

MARCOTTE (1993) simulou uma situação de arcada dentária, na qual o

primeiro e o segundo molares inferiores do lado direito inclinaram mesialmente

devido à perda prematura do segundo pré-molar inferior. Para verticalização

desses molares inclinados, indicou uma mola radicular com dois binários

opostos (um maior que o outro) resultando em duas forças verticais iguais e

opostas (uma extrusiva e outra intrusiva). A mola radicular deveria ser

construída passiva, com fio de aço inoxidável 0,018” x 0,025” e posteriormente

pré-ativada de modo que o momento alfa da dobra de pré-ativação (45 graus)

seja maior que o momento beta (dez graus). Esta configuração pode estar em

equilíbrio, produzindo um sistema de forças desejado. A mola deve ser

instalada com os segmentos posteriores e anteriores interligados, para que o

espaço da extração não aumente de tamanho. O segmento anterior, do

27

primeiro pré-molar inferior dando a volta até o segundo molar esquerdo, apesar

de ser um segmento de ancoragem grande, ainda assim irão sofrer o momento

positivo alfa, porém teremos os dois molares direitos corrigidos, antes que as

raízes do segmento anterior mais largo se movam significantemente. Se

amarrado com tie-back, pode-se esperar ver um leve movimento do segmento

anterior inferior para o lado e distalmente. Se o movimento for significante,

pode-se esperar ver a linha média caminhar na direção da força distal e

esforços para contra-atacar movimentos indesejáveis podem ser necessários.

POGREL (1995) tratou a verticalização de molares inferiores através de

cirurgia. Sua pesquisa incluiu 16 indivíduos que tinham um total de 22

segundos molares inclinados que foram submetidos à cirurgia. Foi conseguido

sucesso em 21 dos casos, com resposta positiva ao pulp-teste em seis destes.

O dente de insucesso sofreu infecção e perda óssea. Todos os casos foram

acompanhados durante 18 meses. De acordo com o autor, essa verticalização

cirúrgica é um procedimento rápido, fácil, com morbidade mínima e possui um

bom prognóstico.

MAJOURAU; NORTON (1995) demonstraram um caso de verticalização

de segundos molares inferiores, o qual iniciou-se pelo nivelamento do arco

inferior até o fio de aço 0,019” x 0,025”, colou-se um botão na oclusal do

segundo molar e confeccionou-se uma mola em forma de “dedo” com um fio

TMA 0,017” x 0,025” (Figura 9). Logo após, foi inserida uma outra mola em

espiral entre o segundo tubo do primeiro molar e a alça da mola em forma de

dedo, que foi ativada em cinco milímetros. Essa foi a primeira fase do

tratamento, seu tempo estimado foi de nove semanas. Na segunda fase da

verticalização removeu-se o botão oclusal do segundo molar e colou-se um

tubo na vestibular do dente. Mais uma mola foi feita com fio TMA 0,017” x

0,025”, cujo braço se apoiou na distal do canino (Figura 9B). O segundo molar

foi conjugado com os demais dentes para evitar a extrusão e a abertura de

espaço. O tempo estimado para essa segunda fase foi de oito semanas. Com

esse trabalho, concluíram que esse tipo de mola tem provado efetividade,

simplicidade e ação rápida, além de poder ser usada com o aparelho fixo,

inserida nos tubos auxiliares dos molares, quando estes estão disponíveis. No

entanto, cada caso pode ser diferente e é muito importante reconhecer os

problemas individualmente para garantirmos nossos objetivos.

28

Figura 9A - Mola em forma de dedo: Primeira fase do tratamento

Fonte: MAJOURAU; NORTON,1995. p.236

Figura 9B - Mola em TMA: Segunda fase do tratamento

SINHÁ et al. (1995) sugeriram um arco reto com uma mola aberta de

níquel titânio comprimida entre o primeiro molar até um braquete colado na

superfície oclusal ou vestibular do segundo molar impactado (Figura 10). Em

casos mais severos, seria necessária exposição cirúrgica para colagem do

acessório no dente impactado. O comprimento da mola é a distância ente o

primeiro e o segundo molar mais o tamanho do braquete colado no segundo

molar. O caso tratado pelos autores foi a verticalização de um segundo molar

impactado oito meses após a exposição cirúrgica do dente. Os autores

concluíram que essa é uma técnica simples por prevenir irritação dos tecidos,

que a colagem de um braquete é muito mais fácil que a bandagem do dente

impactado e que a força contínua da mola de níquel titânio é muito eficiente

para desimpacção do molar inclinado.

29

Figura 10 – Mola em espiral comprimida

Fonte: SINHÁ et al. 1995. p.316.

CURETON (1995) fez um estudo projetado para determinar a incidência

das más posições dos segundos molares. Um total de 1224 indivíduos com

idades entre 18 e 46 anos foram examinados, exceto aqueles que tinham ou já

haviam passado por tratamento ortodôntico e aqueles que perderam os

primeiros molares. Para os segundos molares inclinados mesialmente e em

infra oclusão, o autor sugeriu uma mola em forma de bota, demonstrando a

ativação dessa mola para cada caso em especial. Sendo assim, o autor

concluiu que apesar de ser difícil o cálculo exato da ativação das molas apenas

pelas referências do autor, essas servirão como um bom guia.

LANG (1995) sugeriu uma mola para verticalização de segundos pré-

molares inferiores impactados, denominando-a “De- Impactor”. Essa mola pode

ser encontrada pré-fabricada ou ser confeccionada pelo próprio profissional

com um fio 0,018” de aço inoxidável. O autor conclui que essa é uma mola fácil

de ativar, requer pouco tempo de cadeira , não requer cooperação do indivíduo

e tem efeito rápido.

SHELLHART; MOAWAD; LAKE (1996) demonstraram um caso de

verticalização e intrusão de segundos molares inferiores com ancoragem em

implantes. Os terceiros molares inferiores foram extraídos, foram instalados

implantes nos primeiros molares e para abrir espaço e verticalizar os segundos

molares foram utilizadas algumas molas. O tratamento durou 32 meses, e os

autores acharam a mola de deflexão e intrusão muito difícil de ser instalada,

aumentando assim o tempo de tratamento.

30

De acordo com MELSEN; FIORELLI; BERGAMINI (1996), para um

movimento particular de cada dente existe um sistema correto de força com

respeito ao centro de resistência. Assim sendo, trataram quatro casos de

verticalização de molares de acordo com suas necessidades. Todos os casos

se tratavam de indivíduos com impacção e inclinação de segundos e terceiros

molares inferiores, alguns necessitando de intrusão e outros de extrusão. Os

casos foram tratados utilizando cantilevers (Figuras 11 e 12), dando atenção ao

centro de resistência do dente e aos momentos criados por cada sistema de

força.

Figura 11 – Cantilever Curto de TMA

Figura 12 – Cantilever Longo de TMA

31

QUEIROZ (1997) apresentou uma proposta para verticalizar segundos

molares permanentes impactados, utilizando um modelo de arco total

estabilizador, arco parcial ativo, arco parcial guia de erupção, alças horizontais

e braquete colado na face oclusal do dente impactado. O arco total

estabilizador deve possuir alças em “L” e ser construído com um fio de aço

0,016”. O arco parcial ativo deve ser construído com fio de aço 0,014” Esse

arco possui uma mola denominada mola horizontal distalizadora. As vantagens

do uso de arco parcial foram: possibilitar o uso de fio com menor secção

transversal para desinclinação do dente impactado; permitir manter um fio de

maior secção transversal para estabilizar o arco dentário e o primeiro molar e

facilitar a troca de arcos e a ativação fora da boca durante a mecânica. As

vantagens do uso do arco total passivo foram de: manter as características

originais do arco dentário quando a desinclinação do segundo molar for

necessária antes do nivelamento; preservar o nivelamento conseguido com o

tratamento ortodôntico precoce e permitir maior controle da ancoragem do

primeiro molar, otimizando o sentido da força aplicada no segundo molar

impactado. As vantagens do uso das alças horizontais foram: diminuir o risco

de injúrias nos tecidos moles adjacentes; de o dente se movimentar junto com

a mola, não havendo deslizamento do braquete no fio e portanto, não haver

necessidade de uma extremidade que exceda a distal do braquete do dente

impactado; e favorecer o controle axial do dente. As vantagens da colagem de

braquete na face oclusal do segundo molar impactado foram: facilitar o uso das

alças horizontais; evitar a extrusão do dente que será desinclinado e favorecer

o controle axial do dente.

CAPELLUTO; LAUWERYNS (1997) descreveram uma técnica simples de

verticalização de molar, sem que ocorra extrusão, a qual denominaram

“TSVM”. Foram desenvolvidos dois modelos: “TSVM 1” que possui um tubo

0,018” X 0,025” soldado cervicalmente ao tubo do molar, paralelo ao plano

oclusal e, também, outro tubo mais curto 0,018” X 0,025” soldado

horizontalmente à aleta distocervical do pré-molar, não possuindo torque para

evitar interferência gengival (Figura 13). O componente ativo dessa primeira

técnica é um fio super elástico 0,016” X 0,022” NiTi que produz força leve e

contínua, inserido na mesial do tubo do pré-molar até a distal do tubo do molar.

No modelo “TSVM 2” o tubo do pré-molar é soldado verticalmente às aletas

32

cervicais do braquete. Essa ativação do NiTi produz uma força de distalização

contra o tubo do molar e uma reação à tração mesial do fio. Os autores

declararam que esses aparelhos são fáceis de utilizar e, por causa das

propriedades mecânicas do fio superelástico NiTi, aplicam forças leves e

constantes. A deformação do fio aplica um momento de verticalização e uma

força intrusiva ao molar inclinado. A ativação do fio de níquel titânio produz

uma força de distalização contra o tubo do molar e uma força oposta através do

centro de resistência. O TSVM também verticaliza o molar nos planos

horizontal e frontal para corrigir a rotação mesiovestibular e a linguoversão,

respectivamente. Os autores, também, concluíram algumas vantagens desse

sistema: conforto para o indivíduo, pois não houve interferências oclusais e

consequentemente não deformou o fio de mastigação; a ativação intrabucal foi

rápida e o tempo de tratamento foi relativamente curto e a integridade do molar

foi preservada para que nenhum ajuste oclusal fosse necessário durante ou

após a verticalização

Figura 13 – Verticalização de molar com TSVM 1

Fonte: SAKIMA et al. 1999. p. 39.

CARANO; TESTA; SICILIANE (1997) desenvolveram um aparelho Jet

Distal para distalização de molares superiores, sendo que o mesmo

mecanismo pode ser utilizado para verticalização de molares inferiores. O

aparelho consiste de um tubo 036” soldado à banda do pré-molar paralelo ao

plano oclusal, abaixo do nível do rebordo alveolar para não interferir na

oclusão. Um fio com uma dobra em baioneta deve ser inserido no tubo pela

distal e deve ser dobrado um circulo na terminação distal deste fio e fixado à

banda do molar com um parafuso. Deve ser colocado um parafuso com gancho

ajustável e uma mola aberta de níquel titânio de 150 gramas sobre o tubo. Os

dois pré-molares devem ser conectados por um arco lingual para manter a

33

ancoragem. A força de inclinação distal é aplicada à coroa pela compressão da

mola de níquel titânio aberta com parafuso e gancho no tubo. Segundo os

autores, o Jet Distal inferior oferece controle absoluto no movimento do molar

com um componente extrusivo desprezível. Suas vantagens são o modelo

relativamente discreto e o conforto.

OWEN (1998) sugeriu a gerência precoce dos segundos molares

inferiores impactados, podendo desse modo simplificar e encurtar o tratamento,

minimizando os problemas potenciais. As opções propostas para o tratamento

de segundos molares inferiores impactados incluem: molas de separação; mola

de desimpacção; extração do segundo molar e colocação do terceiro molar em

seu lugar; transplante do terceiro molar no alvéolo do segundo; mola em espiral

aberta do primeiro ao segundo molar; mola em espiral aberta com pinos na

superfície oclusal do segundo molar; arco com “loop” em forma de bota; braço

de alavanca do segundo molar ao pré-molar; acessório ligado ao segundo

molar; mola aberta de níquel titânio entre os pré-molares; arco de níquel titânio

0,016” X 0,022” inserido na distal e ancorado na região dos pré-molares; mola

em forma de dedo para retenção mandibular; verticalização cirúrgica, com

enxerto ósseo na região das cúspides mesiais, para melhor suporte;

verticalização cirúrgica, sem exodontia do terceiro molar; verticalização

cirúrgica com exodontia do terceiro molar, mas sem enxerto ósseo. De acordo

com o autor qualquer uma dessas técnicas podem ser usadas dependendo de

cada caso, concluindo que a última técnica é a mais eficiente tanto para o

indivíduo a ser tratado quanto para o clínico.

AKSOY; ARAS (1998) relatou um caso clínico com segundo molar inferior

esquerdo em posição oblíqua e os quatro terceiros molares parcialmente

impactados. O caso foi tratado utilizando um arco lingual modificado e uma

mola fechada de níquel titânio para verticalizar o segundo molar impactado.

Após três meses de tratamento, o dente já estava verticalizado, demonstrando

a eficiência da mola.

WARREN (1998) sugeriu a seguinte técnica para correção de segundos

molares inferiores impactados: bandar os molares inferiores com tubos duplos;

moldar com alginato as arcadas superior e inferior; fabricar um arco lingual com

extensão distal até o segundo molar impactado; fabricar uma placa lábio ativa;

expor cirurgicamente, se necessário, o molar impactado; cimentar o arco

34

lingual; colar um botão em alguma área exposta no segundo molar; usar

elástico que vai do botão colado no segundo molar até a ponta de extensão do

arco lingual; (usar a placa lábio ativa 12 horas por dia como terapia de

ancoragem); e quando o segundo molar irromper suficientemente, colar nele

um tubo e alinha-lo,usando a canaleta do tubo do primeiro molar.

De acordo com SAKIMA et al. (1999), a verticalização de molares com

abertura, fechamento do espaço ou ainda a extração são soluções

recomendadas, dependendo da gravidade do problema. Os molares inclinados

mesialmente devem ser diferenciados não apenas pelo grau de severidade da

impacção, mas também pelos tipos de movimentos necessários para correção

nos três planos espaciais, pois para qualquer movimento dentário individual há

apenas um único sistema de força correto em relação ao seu centro de

resistência. Os autores categorizaram as inclinações da seguinte forma:

inclinação suave: que pode-se usar molas separadoras ou fio de latão;

inclinação moderada: quando deve-se aplicar um sistema de força ativa; e

posição totalmente horizontal: quando deve-se realizar a exodontia do dente.

Os autores fizeram uma revisão literária, na qual as molas de verticalização

foram classificadas de acordo com os efeitos resultantes produzidos por elas:

(1) molas de verticalização com extrusão: molas de verticalização e

recuperação de espaço associadas aos aparelhos removíveis; molas com

mecanismo tip back; cantilever curto; cantilever longo; mola de verticalização

confeccinada com o fio TMA 0,017” x 0,025” + dobra em “V”, com ligadura

amarrada; alça tip back com helicóide; arco de intrusão; alça em caixa; alça em

“T” simples ou dupla; mola de verticalização no tubo colado. (2) molas de

verticalização com intrusão: sistema utilizando duas molas “cantilever” ou duas

molas “tip back cruzada”. (3) molas de verticalização e intrusão com correção

radicular: mola de verticalização sugerida por BURSTONE, CKACKER e

ROBERTS; ativação da mola sugerida por MARCOTTE. (4) molas para

verticalização com componente mesio-distal: dispositivo por desimpacção dos

segundos molares sugerido por LANG; alças de verticalização “piggyback”. Os

autores seguiram os modelos utilizados por cada autor e confeccionaram as

molas de verticalização em modelos de acrílico adaptados no laboratório e

concluíram que as molas de verticalização com componente extrusivo, do tipo

“cantilever” levam certa vantagem sobre os arcos contínuos com alças, pois as

35

forças de reação ficam distribuídas no segmento anterior (mais dentes) e não

somente nos dentes vizinhos ao molar a ser verticalizado. Porém, quando

nenhum movimento extrusivo no molar é permitido, o melhor sistema é o

composto por dois “cantilevers” e libera forças e momentos constantes, sem

alteração do sistema de forças sob a desativação (Figuras 14A e 14B). A mola

para correção radicular e o dispositivo de SANDER, também, liberam sistemas

de forças satisfatórios para aplicação clínica na verticalização de molares com

intrusão. Quanto às molas “MUST”, por utilizarem fios de NITI super-elástico, a

força liberada é leve e contínua e apesar de apresentar tendência extrusiva os

movimentos resultantes nos dentes são suaves, sendo assim, quando a

comparamos ao cantilever curto ou à uma mola tip back de aço, ela apresente

componentes extrusivos de menor magnitude.

A

B

Figuras 14 A e 14 B – Molas ou cantilevers para verticalização de molares

CASTELLÓN; DE-LA-ROSA-GAY; GAY-ESCODA (1999) estudaram o

distúrbio de irrupção dos primeiros e segundos molares permanentes,

36

demonstrando o resultado do tratamento em 43 casos. Concluíram que os

indivíduos possuem maior prevalência de segundos molares inferiores não

irrompidos e que as maiorias daqueles que apresentam distúrbios de irrupção,

não apresentam apenas um caso isolado, sendo que 44 % que apresentaram

distúrbios em um molar, também apresentaram no seu molar oposto,

suspeitando-se de algum fator predisponente, sendo que a taxa se sucesso

dos tratamentos conservativos foi de aproximadamente 50%, o que

demonstrou que esse gerenciamento é dificultoso e imprevisível.

FRANK (2000) indicou algumas opções de tratamento para dentes

impactados. Segundo o autor, este tratamento deve ser separado em quatro

categorias: (1) Observação: que define-se no cuidado que o profissional deve

ter com a evolução da dentição, começando quando a dentadura decídua é

completada e terminando com a remoção ou impacção de algum dente. (2)

Intervenção: quando a decisão de tratamento é tomada. O tratamento deve ser

o mínimo possível para facilitar a irrupção natural do dente. (3)

Reposicionamento: quando o tratamento é interceptivo, providenciando a

correta posição e inclinação do dente, podendo ser um reposicionamento

cirúrgico (transplantando o dente de um lugar para o outro) e um

reposicionamento ortodôntico (faz-se exposição cirúrgica e o dente irrompe

através de força ortodôntica). (4) Extração: quando não há possibilidade de

reposicionamento do dente, este precisa ser removido.

DAINESI et al. (2000) fizeram uma revisão da literatura sobre

verticalização de segundos molares inferiores impactados e apresentaram um

caso clínico de um indivíduo que apresentava impacção dos segundos molares

inferiores permanentes, com excessiva inclinação para mesial. Optaram pela

correção com o auxílio de uma terapia ortodôntica corretiva, associada à molas

soldadas nas bandas dos primeiros molares inferiores (Figura 15). Foi

necessário também utilizar um arco lingual de Nance para aumentar a

ancoragem. A exposição cirúrgica dos molares impactados foi feita e ganchos

foram colados em suas faces oclusais, o mais distal possível. As molas de

verticalização foram soldadas no arco lingual. As molas foram ativadas com

forças de 150 a 200 gramas. Os autores concluíram que essa é uma mecânica

segura e eficaz, sem causar anquilose ou reabsorções radiculares e ósseas,

com um mínimo de desconforto ao indivíduo a ser tratado, com a preservação

37

da vitalidade pulpar e também sem ocasionar uma extrusão dentária excessiva

desses dentes. A presença dos terceiros molares inferiores não interferiu com a

mecânica de verticalização, podendo-se mantê-los, com uma conduta

cautelosa, até que o procedimento de verticalização tenha ocorrido com

sucesso.

Figura 15 – Mola soldada à banda, atuando sobre o segundo molar inferior

Fonte: DAINESI et al. 2000. p.55.

FREITAS et al. (2001) fizeram uma revisão literária, apresentando várias

técnicas de verticalização de segundos molares inferiores, dentre elas: alça em

caixa e mola em helicóide; alça simples em T para verticalizar um molar e arco

segmentado com alças duplas em T, para verticalizar dois molares; mola

segmentada para correção radicular de Burstone; mola helicoidal com gancho

para o apoio no molar adjacente anterior; mola helicoidal para verticalização de

molares com extrusão; mola em espiral comprimida para verticalizar segundos

molares retidos; mola em forma de dedo ativada por mola em espiral,

completando a verticalização com uma mola de braço longo, conjugando o

molar com os dentes do setor de ancoragem; e mola helicoidal. Concluíram

que a inclinação dos segundos molares inferiores pode ocorrer isoladamente

ou em conjunto, sendo que as conseqüências dessa inclinação podem ser:

acúmulo do biofilme dentário e formação de pseudobolsa ou bolsa periodontal

verdadeira na região mesial do molar inclinado; trauma oclusal e dificuldade na

restauração protética do dente. Afirmaram, também, que as vantagens da

verticalização dos segundos molares inferiores são: maior facilidade de higiene

na região mesial do dente; eliminação do ambiente periodontal patológico;

correção do defeito ósseo proximal; melhor relação coroa/raiz e prevenção do

trauma oclusal.

38

PARK; KYUNG; SUNG (2002) sugeriram um método de verticalização de

molares com ancoragem em mini implantes. Os mini implantes devem ser

instalados na região vestibular e distal do segundo molar inferior. Com esse

trabalho, os autores concluíram que pode ser fácil verticalizar tanto segundos

molares superiores quanto inferiores utilizando mini implantes de ancoragem,

com as vantagens de não necessitar o uso de braquetes ortodônticos e de não

provocar efeitos nos dentes vizinhos.

A

B

Figura 16A: Dente a ser verticalizado com mini implante

Figura 16B: Dente sendo verticalizado com mini implante

Fonte: PARK; KYUNG; SUNG 2002. p.594.

Segundo McABOY et al. (2003) as opções de tratamento dos molares

impactados incluem a extração do dente, o descobrimento cirúrgico do dente

com posterior verticalização e irrupção assistida ortodonticamente e a

verticalização cirúrgica. Os autores fizeram uma revisão da literatura sobre a

verticalização cirúrgica de segundos molares impactados severamente e

apresentaram um caso no qual um segundo molar estava parcialmente

impactado em posição horizontal, reposicionando-o corretamente na base

39

óssea, não encontrando complicações no caso. Concluíram então que este é

um procedimento previsível e confiável, sendo uma opção de tratamento viável

quando outro procedimento for considerado contraditório.

PARK; KWON; SUNG (2004) utilizaram mini implantes de ancoragem para

verticalizar segundos molares. Os autores defendem o uso do mini implante ao

invés do elástico cruzado, uma vez que este último faz força para lingualizar e

extruir o molar superior e vestibularizar e extruir o molar inferior, criando assim

um trauma oclusal. O mini implante, no entanto, faz força de intrusão nos

molares, evitando esse trauma e dispensando também outros dispositivos de

ancoragem.

RAIMONDO et al. (2004) fizeram um trabalho demonstrando a irrupção e

a verticalização espontânea dos terceiros molares inferiores retidos durante o

tratamento ortodôntico com perda de ancoragem inferior, concluindo que é

preciso ter em vista os objetivos completos do tratamento, com suas

conseqüências sobre os movimentos dos incisivos e molares, para construir a

posição final dos terceiros molares.

JAIN; RAKA; SANDEY (2005) demonstraram um caso, no qual o segundo

molar inferior esquerdo estava totalmente intra-ósseo, em uma posição de 90

graus na direção distal, sendo que o terceiro molar contíguo estava trancando

esse dente, pois também estava totalmente incluso, em posição de 90 graus,

porém em direção mesial. Uma das opções de tratamento foi a extração do

segundo molar e com posterior irrupção do terceiro molar, transplantar o

terceiro molar no alvéolo do segundo molar. Porém, essa não foi uma opção

viável devido a impacção ser totalmente no sentido horizontal. O tratamento foi

realizado então com a exposição cirúrgica do segundo molar e a colagem de

um tubo vestibular na superfície mesial e na direção bucolingual. Foi construído

então um arco com “loop” em forma de gota e fixado nos dentes , ficando o

“loop” no espaço entre o segundo pré-molar e o segundo molar, já que o

individuo não possuía o primeiro molar. O “loop” foi reativado por volta de 1 mm

depois que o dente começou irromper. O tubo foi posteriormente recolado na

superfície vestibular do molar e um novo arco foi construído com o “loop” na

distal do segundo pré-molar. Desse modo o dente foi totalmente verticalizado.

De acordo com DI MATTEO; VILLA; SENDYK (2005), a movimentação

ortodôntica, frequentemente, exige recursos adicionais de ancoragem. Assim

40

sendo, realizaram uma pesquisa com três indivíduos que tinham molares com

inclinação mesial maior que 20 graus. Os indivíduos foram tratados

ortodonticamente com aparelho fixo, utilizando a técnica MD3, e foram

implantados mini parafusos nas faces distais dos molares a serem

verticalizados. Uma semana após a remoção das suturas, além da mecânica

ortodôntica já em andamento, iniciou-se a verticalização dos molares, unindo

estes elementos dentários aos mini parafusos, através de ligaduras elásticas,

com forças médias variando de 150 a 200 gramas/força, levando-se em

consideração os princípios biomecânicos de direção e quantidade de forças. A

cada consulta foram checadas as forças dos elásticos, mantendo-as sempre

constantes e após a verticalização dos molares, um mês antes da construção

do aparelho de contenção, foram removidos os mini parafusos. Concluíram que

os mini parafusos representam uma alternativa efetiva de ancoragem

ortodôntica na verticalização de molares inferiores.

41

DISCUSSÃO

A inclinação mesial e impacção dos molares inferiores são resultados de

um desenvolvimento esquelético insuficiente para permitir uma irrupção normal

(McABOY et al. 2003) ou do crescimento inadequado da mandíbula (DIANESE

et al. 2000), ou ainda devido à falha na auto-correção mesial do germe

dentário, que durante a irrupção deveria adquirir uma direção disto-oclusal

(MAJOURAU; NORTON 1995). Várias outras causas são dadas, como: perda

precoce de molares decíduos ou permanentes por cárie ou doença periodontal

(MOYERS 1992; SAKIMA et al. 1999), anadontia de segundos pré-molares,

irrupção ectópica (SAKIMA et al. 1999), espaço insuficiente no arco ou

excessivo tamanho dos dentes, ou seja, discrepância no comprimento do arco

(LANG 1985; DIANESE et al. 2000), inclinação de irrupção (KOGOD; KOGOD

1991; GAZIT; LIEBRMAN 1993; SINHA et al. 1995), procedimentos durante a

dentadura mista, como o uso de PLA ou AEB (GAZIT; LIEBERMAN 1993;

MELSEN; FIORELLI; BERGAMINI 1996; QUEIROZ 1997; SAKIMA et al. 1999;

DIANESE et al. 2000), insuficiente reabsorção óssea na borda anterior do ramo

ascendente da mandíbula durante o período de crescimento, associado à

tendência de direção distal que caracteriza a erupção dos dentes inferiores

(MAJORAU; NORTON 1995; QUEIROZ 1997), inclinação axial indesejável,

podendo ainda estar associados à formação de cisto folicular e à anquilose

dentária. A causa mais freqüente da impacção de segundos molares inferiores

é definitivamente a falta de espaço (VARPIO; WELLFELT 1988). Os fatores

que predispõem a impacção dos terceiros molares em especial são, além da

ausência de espaço, está incluído o crescimento condilar direcionado

verticalmente, o crescimento mandibular deficiente, a irrupção da dentição

direcionada para distal e a maturação tardia do terceiro molar (RAIMONDO et

al. 2004).

A estimativa de incidência de segundos molares inferiores impactados é

aproximadamente de três em 1000 e a idade em que ocorre a maioria dos

casos é entre 11 e 13 anos, podendo ou não ocorrer auto-correção (POGREL

1995). Segundo QUEIROZ (1997), a época normal para irrupção dos segundos

molares seria até os 13 anos. Os segundos molares impactados acontecem

42

mais na mandíbula que a maxila, com maior freqüência unilateral, tendo uma

ligeira predileção para o gênero feminino e sendo a inclinação mesial a

ocorrência mais comum (McABOY et al. 2003). De acordo com CASTELLÓN;

DE-LA-ROSA-GAY; GAY-ESCODA (1999), os indivíduos com distúrbios de

irrupção de primeiros e segundos molares permanentes, possuem maior

prevalência de segundos molares inferiores não irrompidos e, a maioria

daqueles que apresentaram distúrbios de irrupção, não apresentaram apenas

um caso isolado, sendo que 44% dos indivíduos pesquisados apresentaram

distúrbios também no seu molar oposto, suspeitando-se de algum fator

predisponente.

Geralmente, a inclinação dos molares, desenvolve defeitos infra-ósseos

verticais e bolsas infra-ósseas na região mesial do molar inclinado, redução do

espaço inter radicular na distal do molar, migração distal dos pré-molares,

extrusão do molar antagonista, contatos prematuros em relação cêntrica, além

de dificultar a confecção de próteses (SAKIMA et al. 1999), pois com a

inclinação ocorre uma dificuldade de higiene na face mesial desses dentes,

complicando o tratamento (FREITAS et al. 2001). Outras complicações

resultantes incluem as interferências oclusais e uma esperada disfunção da

articulação temporomandibular, perda da dimensão vertical e extrusão de

dentes antagônicos (MOYERS, 1992).

Como vantagens da verticalização dos segundos molares inferiores

foram observados: maior facilidade de higiene na região mesial do dente;

eliminação do ambiente periodontal patológico; correção do defeito ósseo

proximal; melhor relação coroa/raiz e prevenção do trauma oclusal (FREITAS,

et al. 2001).

A verticalização de molares inferiores estaria contra-indicada quando o

dente apresentasse reabsorções radiculares ou quando este procedimento

provocasse o agravamento de doenças periodontais pré-existentes

(ROBERTS; CHACKER; BURSTONE 1982).

Uma vez diagnosticado o problema, deve-se o mais cedo possível,

colocar esse dente em correta posição (FREITAS et al. 2001). A verticalização

do molar leva à normalização da situação oclusal funcional e periodontal,

possibilitando o alinhamento das raízes perpendicular ao plano oclusal de

forma que resista melhor às forças oclusais e facilite o plano de inserção da

43

prótese paralela ao longo eixo do dente (TUNCAY et al. 1980; SAKIMA et al.

1999).

Segundo CASTELLÓN; DE-LA-ROSA-GAY; GAY-ESCODA (1999), a taxa

de sucesso dos tratamentos conservativos, ou seja, verticalização por si só, é

de aproximadamente 50%, demonstrando-nos que esse gerenciamento é

dificultoso e imprevisível.

Os molares inclinados mesialmente devem ser diferenciados não apenas

pelo grau de severidade da impacção, mas também pelos tipos de movimentos

necessários para correção nos três planos espaciais, pois para qualquer

movimento dentário individual, há apenas um único sistema de força correto

em relação ao seu centro de resistência. A técnica de escolha pode ser

determinada pela severidade da impacção, pela facilidade de acesso à

superfície coronária, pela decisão de abertura ou fechamento do espaço

protético, pela necessidade de intrusão, assim como da simplicidade e da

efetividade da mecânica de verticalização, evitando efeitos colaterais

indesejáveis (SAKIMA et al. 1999).

As técnicas de verticalização, também, dependem muito do tipo de

retenção do dente: no caso de retenções leves, sugere-se o uso de fios de

latão e/ou molas em espiral; nas retenções moderadas, um sistema de força

ativo bem planejado, como molas com alça em T e molas helicoidais; e nas

retenções horizontais, indica-se a remoção cirúrgica (ORTON; JONES 1987;

SAKIMA et al. 1999; FREITAS et al. 2001).

Alguns autores sugerem como proposta terapêutica para a correção de

molares inclinados ou inclusos, a verticalização cirúrgica, ou seja, a

modificação da posição do dente, que passa de horizontal para vertical através

de procedimentos cirúrgicos. É o caso de PESKIN; GRABER (1970), que

demonstraram como preferência a verticalização cirúrgica dos segundos e

terceiros molares, em indivíduos que apresentassem problemas depois de

completado o tratamento ortodôntico e já realizadas as extrações de pré-

molares, porém evidenciaram os riscos de provocar anquilose, reabsorção

radicular e perder a vitalidade dentária. DAVIS et al. (1976) preferiu a correção

cirúrgica com posterior enxerto ósseo, considerando a correção ortodôntica

difícil e o prognóstico muitas vezes negativo; de JOHNSON; QUIRK (1987),

que deram como propostas terapêuticas três alternativas para verticalização de

44

segundos molares inferiores impactados: reposicionamento cirúrgico com ou

sem remoção do terceiro molar adjacente, remoção dos segundos molares

impactados para que os terceiros molares ocupem seus espaços e transplante

do germe do terceiro molar para o alvéolo do segundo molar; de POGREL

(1995), que comentou que a verticalização cirúrgica dos segundos molares

inferiores é um procedimento fácil, com risco mínimo de perda de vitalidade do

dente e um ótimo prognóstico, principalmente quando não é necessário

remover o dente do alvéolo, permanecendo intactos os ápices das raízes; de

OWEN (1998), que considera a verticalização cirúrgica um procedimento rápido

e eficiente, por não depender da colaboração do indivíduo tratado, com riscos

mínimos de perda de vitalidade ou de problemas periodontais; e de McABOY et

al. (2003), que indica a verticalização cirúrgica quando as outras técnicas

menos invasivas são consideradas não efetivas ou são contra-indicadas.

Apesar da proposta de alguns autores terem citado a extração dos

segundos molares para posterior ocupação do espaço pelos terceiros molares

ou de transplante do germe do terceiro molar para o alvéolo do segundo, HAAS

(1986) descreveu sobre os cuidados que devemos tomar antes de decidir esse

tipo de tratamento, comentando não apenas as diferenças anatômicas entre os

dois molares, mas também as diferenças que podem trazer à oclusão do

paciente.

Com relação ao aspecto ortodôntico, foram indicados muitos

procedimentos para desempactar os molares inferiores, sendo eles: (1) molas

de verticalização com extrusão: molas de verticalização e recuperação de

espaço associadas aos aparelhos removíveis, mola tipo “tip back” e alça em

caixa, associadas aos aparelhos fixos, preconizadas por NORTON; PROFFIT

(1968); molas com fios segmentados instalados nas extremidades posteriores

“cantilever”, que pode ser longo ou curto, de acordo com SAKIMA et al. (1999);

molas do sistema “tip back” com fio retangular 0,018” X 0,025” + helicóides,

propostas por ROMEO; BURSTONE (1977) e MARCOTTE (1993); mola

helicoidal com gancho sugeridas por ORTON; JONES (1987); tratamento com

molas proposto por LANG (1977); aparelho com mola helicoidal de acordo com

MOYERS (1992). (2) Molas de verticalização para manutenção do dente em

sua posição ou para intruí-lo: TUNCAY et al. (1980), propuseram molas de

verticalização em “T” simples ou dupla, inserindo nelas 30 graus para obtenção

45

do efeito “Gable”, minimizando a extrusão e favorecendo a correção radicular

mesial, porém SAKIMA et al. (1999) considera esse tipo de verticalização com

um pouco de extrusão; MELSEN; FIORELLI; BERGAMINI (1996), que

indicaram um sistema utilizando duas molas “cantilever” ou as duas molas “tip

back cruzada”, que conseguem produzir tanto o momento de verticalização

como a força de intrusão dos molares; mola de verticalização sugerida por

ROBERTS; CHACKER; BURSTONE (1982), sendo sua ativação de alfa maior

que beta sugerida por MARCOTTE (1993); técnica simples para verticalização

de molar (MUST) utilizando fios de NiTi super elástico 0,016” X 0,022”, indicada

por CAPELLUTO; LAUWERYNS (1997).

SINHÁ et al. (1995) recomendaram para verticalizar os segundos molares

retidos, uma mola em espiral comprimida, assim como AKSOY; ARAS (1998),

enquanto MAJORAU; NORTON (1995) demonstraram uma mola em forma de

dedo ativada por uma mola em espiral, completando a verticalização com uma

mola de braço longo, conjugando o molar com os dentes do setor de

ancoragem. Já CARANO; TESTA; SICILIANE (1997) indicou o Jet Distal

inferior, o qual oferece controle absoluto do movimento do molar, com um

componente extrusivo desprezível, e CURETON (1995), um arco com uma alça

em forma de bota.

LANG (1985) e WARREN (1998) propuseram verticalizar segundos

molares inclusos através de elásticos inseridos num botão colado na oclusal do

segundo molar até um gancho feito por um segmento de fio que era soldado na

banda do primeiro molar e estendia-se até a distal do segundo molar, assim

como RUBIN (1977), que indicou uma técnica de colagem direta com um

material que possui polimerização rápida, já que é muito difícil conseguir

isolamento na região de segundos molares, desse modo, foram sugeridas

alavancas de verticalização coladas diretamente na superfície exposta dos

molares parcialmente impactados.

GOTTLIEB (1971) indicou uma mola com helicóide que verticalizava

segundos pré-molares e segundos molares, assim como SAFIRSTEIN (1974),

sugeriu uma mola com helicóide, a qual uma extremidade é colada diretamente

no molar incluso e a outra extremidade é encaixada no arco, sendo que

HENNS (1975), também demonstrou uma mola com helicóide, mas dessa vez

removível, transmitindo como desvantagem a necessidade da colaboração do

46

indivíduo tratado, já KOGOD; KOGOD (1991) utilizaram a técnica “piggyback”,

utilizando uma mola com dois helicóides e duas alças verticais. SAKIMA et al.

(1999) desenvolveram molas helicoidais para verticalizar os segundos molares,

principalmente quando os outros dentes da arcada estão alinhados. Uma

técnica semelhante foi criada por DIANESE et al. (2000), no qual o apoio do

aparelho era colocado na oclusal do molar impactado.

QUEIROZ (1997) citou um método de verticalização e orientação de

erupção de segundos molares inferiores impactados, empregando o arco total

estabilizador, o arco parcial ativo, o arco parcial guia de erupção, as alças

horizontais e o braquete colado na face oclusal do dente impactado.

Alguns autores utilizam mini implantes como ancoragem para

verticalização de molares inferiores, entre eles estão: SHELLHART; MOAWAD;

LAKE (1996); PARK; KYUNG; SUNG (2002); PARK; KNOW; SUNG (2004); e

DI MATTEO; VILLA; SENDYK (2005).

O tempo de tratamento para verticalização de molares varia de acordo

com as técnicas oferecidas pelos autores. Segundo TUNCAY et al. (1980), o

tratamento dura entre oito e dezesseis semanas; oito semanas de acordo com

SINHÁ et al. (1995); dez a quatorze semanas em estudos de LANG (1977),

quatro a doze meses conforme relatos de ORTON; JONES (1987).

Portanto, o que podemos observar é que existe uma grande variedade de

técnicas para verticalizar molares inferiores, sendo todas efetivas desde que

bem indicadas para cada tipo de caso. Todavia, algumas técnicas ortodônticas

podem causar efeitos colaterais, como extrusão dentária. Esse efeito pode ser

minimizado e até totalmente extinto quando utilizados mini implantes para

ancoragem. Contudo, infelizmente, na atualidade a grande maioria dos

profissionais não tem acesso à essa técnica, pela sua modernidade ou pelo

custo mais elevado dos mini implantes, tendo que lançar mão, utilizando outras

técnicas.

47

CONCLUSÃO

Conclui-se que:

• A inclinação dos molares inferiores pode ocorrer isoladamente ou em

conjunto, quando há perda de dentes anteriores adjacentes ou por

retenção, mesmo sem haver perda dentária.

• As conseqüências da inclinação podem ser: acúmulo de placa

bacteriana na região mesial do molar inclinado, formação de

pseudobolsa ou bolsa periodontal verdadeira na região mesial deste

dente pela dificuldade de higienização no local, trauma oclusal e

impossibilidade de restauração protética do dente se necessário.

• As técnicas para verticalização dos molares variam conforme a

gravidade da inclinação e o tipo de retenção do dente, tendo o

profissional que priorizar um correto diagnóstico para que possa ser

realizado um tratamento de acordo com a necessidade de cada caso,

sendo que essas técnicas, quando mal indicadas, podem causar efeitos

colaterais indesejáveis.

• As vantagens da verticalização dos molares inferiores são: maior

facilidade de higiene na região mesial do dente, eliminação do ambiente

periodontal patológico, correção do defeito ósseo proximal, melhor

relação coroa/raiz e prevenção do trauma oclusal.

• As desvantagens da verticalização dos molares podem acontecer

apenas se o caso não for bem planejado e tratado, podendo haver

reabsorções radiculares ou necrose do dente implantado, no caso de

verticalizações cirúrgicas, e, extrusão dentária, contato prematuro e

abertura de mordida, no caso de verticalizações por meio de dispositivos

verticalizadores.

48

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1

AKSOY, A. U.; ARAS, S. Use of Nickel Titanium Coil Springs for Partially Impacted Second Molars. J Clin Orthod, Boulder, v.32, n.8, 479-482, aug. 1998. BUCHNER, H. J. Correction of Impacted Mandibular Second Molars. Angle Orthod, Appleton, v.43, n.1, 30-33, jan. 1973. CANUT, J. A. Clinical management of the mandibular molars. Am J Orthod Dentofacial Orthop, Saint Louis, v.68, n.3, 277-289, sep. 1975. CAPELLUTO, E.; LAUWERYNS, I. A Simple Technique for Molar Uprighting. J Clin Orthod, Boulder, v.31, n.2, 119-125, feb. 1997. CARANO, A.; TESTA, M.; SICILIANE, G. O Jet Distal para Verticalização de Molares Inferiores. Rev Dental Press Ortodon Ortop Facial , Maringá, v.2, n.3, 62-63, maio./jun. 1997. CASTELLÓN, E. V.; DE-LA-ROSA-GAY, C.; GAY-ESCODA, C. Eruption disturbances of the first and second permanent molars: Results of treatment in 43 cases. Am J Orthod Dentofacial Orthop, Saint Louis, v.116 n.6, 651-658, dec. 1999. CHIPMAN, M. R. Second and third molars: Their role in orthodontic therapy. Am J Orthod Dentofacial Orthop, Saint Louis, v.47, n.7, 498-520, jul. 1961. CURETON, S. L. Second Molar Biomechanics. J Clin Orthod, Boulder, v.29, n.8, 500-508, aug. 1995. DAINESI, E. A. et al. Verticalização de Segundos Molares Inferiores Impactados. Apresentação de um Caso Clínico. Rev Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v.5, n.3, 52-57, maio./jun. 2000. DAVIS, W. H. et al. Surgically uprighting and grafting mandibular second molars. Am J Orthod Dentofacial Orthop, Saint Louis, v.69, n.5, 555-561, may 1976. DI MATTEO, R. C.; VILLA, N.; SENDYK, W. R. Movimentação de molares inferiores ancorados em mini-parafusos. Rev Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v.10, n.4, 124-133, jul./ago. 2005. FERRAZZINI, G. Uprighting of a deeply impacted mandibular second molar. Am J Orthod Dentofacial Orthop, Saint Louis, v.96, n.2, 168-171, aug. 1989. 1 De acordo com a quinta edição das normas do Grupo de Vancouver, de 1997, e abreviatura dos títulos de periódicos em conformidade com o Index Medicus.

49

FRANK, C. A. Treatment options for impacted teeth. J Am Dent Assoc, Chicago, v.131, 623-632, may 2000. FREEMAN, R. S. Mandibular second molar problems. Am J Orthod Dentofacial Orthop, Saint Louis, v.94, n.1, 19-21, jul. 1988. FREEMAN, R. S. Unpredictability of third molar eruption. Am J Orthod Dentofacial Orthop, Saint Louis, v.94, n.1, 24-25, jul. 1988. FREITAS, J. R. et al Verticalização dos Segundos Molares Inferiores. J Bras Ortodon Ortop Facial, Curitiba, v.6, n.36, 449-456, nov./dez. 2001. GAZIT, E.; LIEBERMAN, M. A mesially impacted mandibular second molar. Treatment considerations and outcome: A case report. Am J Orthod Dentofacial Orthop, Saint Louis, v.103, n.4, 375-376, apr. 1993. GOTTLIEB, E. L. Uprighting Lower 5s and 7s. J Clin Orthod, Boulder, v.5, n.1, 12-19. jan. 1971. HAAS, A. J. Let’s take a rational look at permanent second molar extraction. Am J Orthod Dentofacial Orthop, Saint Louis, v.90, n.5, 361-363, nov. 1986. HENNS, R. J. Uprighting Impacted Mandibular Second Molars. Angle Orthod, Appleton, v.45, n.4, 314-315, 1975. JAIN, S.; RAKA, M.; SANDEY, A. Uprighting a Horizontally Impacted Mandibular Second Molar. J Clin Orthod, Boulder, v.39, n.3, 143-144, mar. 2005. JOHNSON, E.; TAYLOR, R. C. A surgical-orthodontic approach in uprighting impacted mandibular second molars. Am J Orthod Dentofacial Orthop, Saint Louis, v.61, n.5, 508-514, may 1972. JOHNSON, J. V.; QUIRK, G. P. Surgical repositioning of impacted mandibular second molar teeth. Am J Orthod Dentofacial Orthop, Saint Louis, v.91, n.3, 242-251, mar, 1987. KOGOD, M.; KOGOD, H. S. Molar uprighting with the piggyback buccal sectional arch wire technique. Am J Orthod Dentofacial Orthop, Saint Louis, v.99, n.3, 276-280, mar. 1991. LANG, N. P. Das Praprothetische Aufrichten von Gekippten Unteren Molaren in Hinblick auf den Parodontalen Zustand. Schweiz Monatsschr Zahnheilkd. v.87, n.7, p.560-569,1977. LANG, R. A Spring for Erupting Impacted Mandibular Second Bicuspids. J Clin Orthod, Boulder, v.29, n.10, 658-659, oct. 1995. LANG, R. Uprighting Partially Impacted Molars. J Clin Orthod, Boulder, v.19, n.9, 646-650, sep. 1985.

50

MAJOURAU, A.; NORTON, L. A. Uprighting impacted second molars with segmented springs. Am J Orthod Dentofacial Orthop, Saint Louis, v.107, n.3, 235-238, mar. 1995. MARCOTTE, M. R. Biomecânica em Ortodontia. 1.ed. São Paulo: Santos, 1993. p.147-152. McABOY, C. P. et al. Surgical uprighting and repositioning of severely impacted mandibular second molars. J Am Dent Assoc, Chicago, v.134, 1459-1462, nov. 2003 MELSEN, B.; FIORELLI, G.; BERGAMINI, A. Uprighting of Lower Molars. J Clin Orthod, Boulder, v.30, n.11, 640-645, nov.1996. MOYERS, R. E. Ortodontia, 4.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991, p.411-417. NORTON, L. A.; PROFFIT, W. R. Molar uprighting as an adjunct to fixed prostheses. J Am Dent Assoc, Chicago, v.76, 312-315, feb. 1968. ORTON, H. S.; JONES, S. P. Correction of Mesially Impacted Lower Second and Third Molars. J Clin Orthod, Boulder, v.21, n.3, 176-181, mar. 1987. OWEN, A. H. Early Surgical Management of Impacted Mandibular Second Molars. J Clin Orthod, Boulder, v.32, n.7, 446-450, jul. 1998. PARK, H. S.; KYUNG, H. M.; SUNG, J. H. A Simple Method of Molar Uprighting with Micro-Implant Anchorage. J Clin Orthod, Boulder, v.36, n.10, 592-596, oct. 2002. PARK, H.S.; KWON, O. W.; SUNG, J. H. Uprighting Second Molars with Micro-Implant Anchorage. J Clin Orthod, Boulder, v. 38, n.2, 100-103, feb. 2004. PESKIN, S.; GRABER, T. M. Surgical repositioning of teeth. J Am Dent Assoc, Chicago, v.80, 1320-1326, jun. 1970. POGREL, M. A. The surgical uprighting of mandibular second molars. Am J Orthod Dentofacial Orthop, Saint Louis, v.108, n.2, 180-183, aug. 1995. QUEIROZ, R. R. Verticalização de segundos molares permanentes inferiores impactados. Rev Paul Odontol, São Paulo, ano 19, n.5, 33-38, set./out. 1997. RAIMONDO, M. D. S. et al A Irrupção e Verticalização Espontânea dos Terceiros Molares Inferiores Durante o Tratamento Ortodôntico com perda de Ancoragem Inferior. Rev Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v.9, n.2, 37-44, mar./abr. 2004. ROBERTS, W. W.; CHACKER, F. M.; BURSTONE, C. J. A segmental approach to mandibular molar uprighting. Am J Orthod Dentofacial Orthop, Saint Louis, v.81, n.3, 177-184, mar. 1982.

51

ROMEO, D. A.; BURSTONE, C.J. Tip-back mechanics. Am J Orthod Dentofacial Orthop, Saint Louis, v.72, n.4, 414-421, oct. 1977. RUBIN, R. M. Uprighting Impacted Molars. J Clin Orthod, Boulder, v.11, n.1, 44-46, jan. 1977. RUBENSTEIN B. M. Uprighting Second Molars With Direct Bonding. J Clin Orthod, Boulder, v.9, n.6, 377-378, jun. 1975. SAFIRSTEIN, G. R. Unlocking Impacted Lower Molars With Direct Bonding. J Clin Orthod, Boulder, v.8, n.4, 205-212. apr.1974. SAKIMA, T. et al. Alternativas Mecânicas na Verticalização de Molares. Sistemas de Força Liberados pelos Aparelhos. Rev Dental Press Ortodon Ortop Facial , Maringá, v.4, n.1, 79-100, jan./fev. 1999. SHELLHART, W. C.; MOAWAD, M.; LAKE, P. Case Report: Implants as anchorage for molar uprighting and intrusion. Angle Orthod, Appleton, v.66, n.3, 169-172, 1996. SINHA, P. K. et al. Uprighting Fully Impacted Mandibular Second Molars. J Clin Orthod, Boulder, v.29, n.5, 316-318, may 1995. SLODOV, I.; BEHRENTS, R. G.; DOBROWSKI, D. P. Clinical experience with third molar orthodontics. Am J Orthod Dentofacial Orthop, Saint Louis, v.96, n.6, 453-461, dec. 1989. TUNCAY, O. C. et al. Molar uprighting with T-loop springs. J Am Dent Assoc, Chicago, v.100, 863-866, jun.1980. VARPIO, M.; WELLFELT, B. Disturbed eruption of the lower second molar: clinical appearance, prevalence, and etiology. ASDC J Dent Child, Chicago, 55: 114-118, march-april,1988. WARREN, D. W. Correction of Impacted Mandibular Second Molars. J Clin Orthod, Boulder, v.32, n.2, 89-90, feb. 1998.

Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )

Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemáticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterináriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MúsicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuímicaBaixar livros de Saúde ColetivaBaixar livros de Serviço SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo