Diferentes tipos de lâmpadas e o impacto da cobrança de excesso de reativos em clientes residenciais

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    UNIVERSIDADE DE SO PAULO - USP

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENERGIA - PPGE

    Diferentes tipos de lmpadas e o impacto da cobrana de excesso de

    reativos em clientes residenciais

    Mario Luiz Ferrari Pin

    Trabalho final para a disciplina

    PEN5003: Usos finais de energia

    09/2015

    RESUMO

    Desde a crise no setor eltrico em 2001, quando uma poltica de racionamento

    de energia eltrica foi imposto pelo governo federal aos consumidores, uma

    das sadas mais utilizadas pelos consumidores residenciais para reduzir o

    consumo foi a substituio de lmpadas incandescentes por lmpadas

    fluorescentes compactas, que apresentam uma eficincia luminosa maior.

    Essas lmpadas, apesar da maior eficincia luminosa, apresentam um fator de

    potncia em geral muito baixo, o que aumenta a circulao de energia reativa

    pela rede eltrica estressando o sistema como um todo.

    Pela legislao atual consumidores residenciais, do grupo B, ainda no podem

    ser cobrados por esse baixo fator de potncia.

    Esse trabalho traz um estudo de caso de uma residncia de dois dormitrios

    com trs moradores onde duas simulaes so feitas, uma com as lmpadas

    incandescentes e outra com lmpadas fluorescente compactas. Os resultadosmostram que apesar da diminuio da demanda de potncia ativa e

    consequentemente reduo no valor da conta de energia eltrica, existe um

    grande aumento no consumo de energia reativa com a utilizao de lmpadas

    fluorescentes compactas, o que indesejvel para o sistema eltrico nacinoal.

    Palavras chave: lmpadas, energia eltrica, fator de potncia, residencial

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    SUMRIO

    INTRODUO ................................................................................................... 3

    1 - ENERGIA REATIVA ...................................................................................... 4

    2 - O FATOR DE POTNCIA ............................................................................. 6

    2.1 - Limites para fator de potncia no Brasil .................................................. 6

    2.2 - Cobrana por baixo fator de potncia ..................................................... 7

    3 - EQUIPAMENTOS ......................................................................................... 8

    3.1 - Refrigeradores ........................................................................................ 9

    3.2 - Iluminao ............................................................................................ 10

    3.2.1 - Lmpadas incandescentes convencionais ..................................... 10

    3.2.2 - Lmpadas fluorescentes compactas .............................................. 11

    3.2.1 - Lmpadas LED ............................................................................... 12

    3.3 - Chuveiro ............................................................................................... 13

    4 - ESTUDO DE CASO .................................................................................... 13

    4.1 - Objetivos ............................................................................................... 13

    4.2 - Metodologia .......................................................................................... 14

    5 - RESULTADOS ............................................................................................ 15

    5.1 - Simulao com lmpadas incandescentes ........................................... 15

    5.2 - Simulao com lmpadas fluorescentes compactas ............................ 16

    6 - CONCLUSES ........................................................................................... 18

    7 - REFERNCIAS ........................................................................................... 19

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    INTRODUO

    Segundo o Balano Energtico Nacional (EPE, 2015), o setor residencial

    responsvel por 21,2% do consumo de energia eltrica no Brasil e como

    podemos ver na figura 1, apresenta uma grande tendncia de crescimento

    apesar dos esforos do governo federal, organizaes no governamentais e

    concessionrias em propagar uma cultura de eficincia energtica nos setores

    responsveis pelos usos finais no pas. (SALUM, 2003).

    Figura 1: Consumo final no setor residencial.

    Fonte: Balano Energtico Nacional 2015

    As medidas mais relevantes que podemos citar para aumentar a eficincia

    energtica nos usos finais de energia eltrica segundo Firmo et al(2005) so:

    Elaborao de leis que obriguem empresas a fabricar equipamentosmais eficientes;

    Campanhas de educao da populao quanto ao uso de energia;

    Controle do fator de potncia das instalaes mantendo os limites que

    so estabelecidos por lei;

    Substituio de equipamentos antigos por mais modernos e portanto

    mais eficientes.

    Aps a crise do setor energtico em 2001, uma das medidas mais utilizadaspelos consumidores residenciais para reduzir o consumo de energia eltrica foi

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    a substituio das lmpadas incandescentes por lmpadas fluorescentes

    compactas, que apresentam uma eficincia luminosa muito superior, o que

    permite o uso de lmpadas de menos potncia no mesmo ambiente mantendo

    a mesma luminosidade, porm, devido a falta de informao, muitos

    consumidores utilizam lmpadas de baixo custo e que consequentemente

    apresentam baixo fator de potncia, dessa forma, a disseminao desse tipo

    de lmpada tem contribudo para uma reduo do fator de potncia das

    residncias como um todo (POMLIO, 2001).

    Com a evoluo da eletrnica digital, medidores capazes de aferir o fator de

    potncia em consumidores residenciais so hoje economicamente viveis,

    porm a legislao ainda no permite que as concessionrias cobrem por

    baixos fatores de potncia esses consumidores (FIRMO et al 2004)

    Nos prximos captulos, os aspectos tcnicos e legais sero abordados e ao

    final proposto um estudo de caso para verificar qual seria o impacto na conta

    de energia eltrica de um consumidor residencial, caso as concessionrias

    sejam autorizadas a cobrar o excesso de energia reativa desses consumidores.

    1 - ENERGIA REATIVA

    Para o funcionamento de equipamentos como motores, transformadores e

    fornos eltricos so necessrias duas componentes da energia eltrica: a

    componente ativa (energia ativa) e componente reativa (energia reativa). A

    energia ativa, que medida em quilowatt-hora (kWh), a componente da

    energia eltrica que realmente executa trabalho, ou seja, no caso dos motores

    por exemplo a energia responsvel pelo movimento de rotao. A energiareativa, medida em quilovolt-ampere-reativo-hora (kVArh), a componente da

    energia eltrica que consumida pelos equipamentos com a finalidade de

    formar os campos eletromagnticos necessrios para o funcionamento e no

    executa trabalho (CANESIN, 2001).

    Apesar de necessria, a utilizao de energia reativa indutiva que circula no

    sistema eltrico deve ser limitada ao mnimo possvel, por no realizar trabalho

    efetivo, servindo apenas para magnetizar as bobinas dos equipamentos. Oexcesso de energia reativa exige condutores de maior seco, transformadores

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    e geradores de maior capacidade. A esse excesso esto associadas ainda

    perdas por aquecimento e quedas de tenso (FAZIO Jr., 2011).

    Para entender melhor a implicao da circulao de energia reativa no sistema

    eltrico, vamos recorrer ao tringulo das potncias na figura 2.

    Figura 2: Tringulo de potncias

    Fonte: (FAZIO Jr., 2011)

    Onde P1 a componente ativa da potncia eltrica (kW), Q1 a componente

    reativa da potncia eltrica (kVAr) e S1 a energia aparente, medida em

    quilovolt-ampere (kVA).

    o valor da potncia aparente que utilizado para o dimensionamento do

    sistema eltrico e observando a figura e resolvendo a equao 1.1 podemos

    perceber que quanto menor o valor de potncia reativa no sistema, P 1, mais

    prximo o valor da potncia aparente fica da potncia ativa.

    (1.1)

    Outra relao que pode ser estabelecida entre os valores de potncia aparente

    e potncia ativa atravs de da relao trigonomtrica utilizando-se o ngulo

    1 na equao 1.2.

    (1.2)

    Para essa relao cos dado o nome de fator de potncia (EDP, 2004).

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    2 - O FATOR DE POTNCIA

    2.1 - Limites para fator de potncia no Brasil

    Ao longo das ltimas dcadas os limites para fator de potncia foram ficando

    cada vez mais rgidos. Foi estabelecido pelo Decreto n 62.724 de 17 de maio

    de 1968 e com a nova redao dada pelo Decreto n 75.887 de 20 de junho de

    1975, que as concessionrias de energia eltrica deveriam adotar, desde

    ento, o fator de potncia de 0,85 como referncia para limitar o fornecimento

    de energia reativa. O Decreto n 479, de 20 de maro de 1992, reiterou a

    obrigatoriedade de se manter o fator de potncia o mais prximo possvel da

    unidade (1,00), tanto pelas concessionrias quanto pelos consumidores,

    recomendando, ainda, ao Departamento Nacional de guas e Energia Eltrica -

    DNAEE - o estabelecimento de um novo limite de referncia para o fator de

    potncia indutivo e capacitivo, bem como a forma de avaliao e de critrio de

    faturamento da energia reativa excedente a esse novo limite. A nova legislao

    pertinente, estabelecida pelo DNAEE, introduziu uma nova forma de

    abordagem do ajuste pelo baixo fator de potncia, com os seguintes aspectos

    relevantes :

    Aumento do limite mnimo do fator de potncia de 0,85 para 0,92;

    Faturamento de energia reativa excedente;

    Reduo do perodo de avaliao do fator de potncia de mensal para

    horrio, a partir de 1996 para consumidores com medio horosazonal.

    Com isso muda-se o objetivo do faturamento: em vez de ser cobrado

    um ajuste por baixo fator de potncia, como faziam at ento, as

    concessionrias passam a faturar a quantidade de energia ativa que

    poderia ser transportada no espao ocupado por esse consumo de

    reativo (WEG, 2009).

    Em 2008, os Procedimentos de Distribuio PRODIST complementaram os

    limites e definies constantes na Resoluo n. 456/2000 sem, contudo,

    abordar os aspectos relacionados tarifao e em 2010 foi aprovada a

    Resoluo n. 414, que estabelece as condies gerais de fornecimento de

    energia eltrica, incorporando a previso de pagamento de excedentes reativos

    previsto na Resoluo n. 456/2000.

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    2.2 - Cobrana por baixo fator de potncia

    Pela legislao atual, o Procedimento de Distribuio de Energia Eltrica no

    Sistema Eltrico Nacional - PRODIST, documento lanado em 2008 pela

    ANEEL com ltima atualizao em 2015, em seu Mdulo 8, estabelece as

    condies mnimas de qualidade de energia e em seu captulo 3 trata

    especificamente de fator de potncia e estabelece as formas de medio e

    limites mnimos para cada classe de consumidor.

    No item 3.1.3 explicitado quais consumidores devem ter o fator de potncia

    aferido e como:

    "O controle do fator de potncia dever ser efetuado por medio permanente e

    obrigatria no caso de unidades consumidoras atendidas pelo SDMT e SDAT enas conexes entre distribuidoras, ou por medio individual permanente efacultativa nos casos de unidades consumidoras do Grupo B com instalaesconectadas pelo SDBT, observando do disposto em regulamentao"(ANEEL, 2015)

    possvel perceber que a cobrana de consumidores do grupo B, o que

    engloba os consumidores residenciais, colocada como facultativa.

    A resoluo n.414 ao ser editada em 2010, que estabelece as condies

    gerais de fornecimento de energia eltrica de forma atualizada e consolidada

    apresentava o seguinte texto sobre a cobrana de reativos em seu artigo 76:

    "O fator de potncia da unidade consumidora, para efeito de faturamento,deve serverificado pela distribuidora por meio de medio permanente, de formaobrigatria para o grupo A e facultativa para o grupo B." (ANEEL, 2010)

    O que mais uma vez corroborava o fato de que era facultativo s

    concessionrias cobrarem de seus clientes residenciais o excesso de energia

    reativa.Foi somente em 2013, com a resoluo n.569 que altera a resoluo n.414

    em seu artigo 76, proibindo as concessionrias de cobrarem o excesso de

    reativos de seus clientes do grupo B, com o texto que segue:

    "O fator de potncia da unidade consumidora, para fins de cobrana, deve serverificado pela distribuidora por meio de medio permanente, de formaobrigatria para o grupo A.Pargrafo nico. As unidades consumidoras do grupo B no podem ser cobradas

    pelo excedente de reativos devido ao baixo fator de potncia." (ANEEL, 2013)

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    Conforme estabelecido no artigo 96 da resoluo n.414/2010 a cobrana pela

    energia reativa excedente segue a frmula 2.2.1:

    (2.2.1)

    Onde:

    ERE= valor correspondente energia eltrica reativa excedente quantidade

    permitida pelo fator de potncia de referncia fr, no perodo de faturamento,

    em Reais (R$);EEAMT= montante de energia eltrica ativa medida em cada intervalo T de 1

    (uma) hora, durante o perodo de faturamento, em megawatt-hora (MWh);

    fr= fator de potncia de referncia igual a 0,92;

    fT= fator de potncia da unidade consumidora, calculado em cada intervalo T

    de 1 (uma) hora, durante o perodo de faturamento, observadas as definies

    dispostas nos incisos I e II do 1 deste artigo;

    VRERE

    = valor de referncia equivalente tarifa de energia "TE" da bandeira

    verde aplicvel ao subgrupo B1, em Reais por megawatt-hora (R$/MWh).

    3 - EQUIPAMENTOS

    Nesse captulo os equipamentos mais utilizados por consumidores residenciais

    sero abordados. Podemos observar pela figura 3 que 82% do consumo

    residencial para refrigerao, iluminao e aquecimento, que corresponde

    basicamente aos chuveiros eltricos (FIRMO et al, 2005).

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    Figura 3: Principais usos finais de energia no setor residencial

    Fonte: (FIRMO et al, 2005)

    3.1 - Refrigeradores

    Como observado na figura 3, os refrigeradores apresentam a maior fatia de

    consumo de energia eltrica no setor residencial. Apesar do fato de eles no

    apresentarem um consumo instantneo elevado como os chuveiros eltricos

    por exemplo, um refrigerador pode apresentar um consumo significativo ao final

    do ms, uma vez que fica ligado ininterruptamente como podemos observar em

    uma pesquisa de posse e hbitos de uso na figura 4, 96,2% dos refrigeradores

    no Brasil apresentam uso permanente. (PROCEL, 2005).

    Figura 4: Intensidade de uso de refrigeradores no Brasil

    Fonte: (PROCEL, 2005)

    Refrigerao

    31%

    Iluminao

    26%

    Aquecimento

    25%

    Outros

    18%

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    Outro dado do mesmo estudo mostra que os refrigeradores esto presentes em

    96% dos domiclios brasileiros e portanto destacando a importncia de inclu-lo

    nesse estudo.

    Segundo Firmo et al (2005) o fator de potncia tpico de um refrigerador

    vendido no Brasil de 0,75, o que esperado uma vez que o compressor

    movimentado por um motor eltrico.

    3.2 - Iluminao

    Nesta seo so apresentados os tipos de lmpadas mais utilizados no setor

    residencial brasileiro.

    3.2.1 - Lmpadas incandescentes convencionais

    As lmpadas incandescentes convencionais so constitudas de um filamento

    de tungstnio, mantido no interior de um bulbo sob vcuo ou com uma

    atmosfera gasosa no halgena e possuem diversas aplicaes (SILVA, 2008):

    Lmpadas de mdio e grande porte para orientao e iluminao geral

    de interiores e exteriores;

    Lmpadas em miniatura para utilizao em aplicaes automotivas,

    sinalizao, luminrias portteis ou de uso especial;

    Lmpadas fotogrficas para aplicao em projetores, estdio e cmaras

    escuras;

    Lmpadas infravermelhas para aquecimento e aplicaes medicinais.

    A portaria interministerial n.1007 de 2010 estabelece nveis mnimos de

    eficincia luminosa (lm/W) para lmpadas incandescentes vendidas no Brasil,

    esses limites e datas de vigncia podem ser vistos nas tabelas 1 e 2.

    Tabela 1: Nveis mnimos de eficincia luminosa para lmpadas de 127 V

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    Tabela 2: Nveis mnimos de eficincia energtica para lmpadas de 220V

    Fonte: (MME, 2010)

    Apesar da portaria estabelecer nveis mnimos de eficincia energtica para as

    lmpadas incandescentes, na prtica esses nveis no so atingidos, o que

    far com que esse tipo de lmpada desaparea do mercado.

    3.2.2 - Lmpadas fluorescentes compactas

    As lmpadas fluorescentes so lmpadas de descarga a baixa presso,

    utilizam vapores de mercrio a presses da ordem de 10-3 atm. A radiao

    emitida pela descarga eltrica dentro do tubo apresenta uma distribuioespectral onde se destacam as raias predominantes da excitao do tomo de

    mercrio, com grande parte na faixa de ultra violeta.

    O tubo de descarga fabricado de vidro transparente, revestido por uma

    camada de fsforo, que absorve a radiao emitida pelo tomo de mercrio

    reemite no espectro visvel em um fenmeno chamado de fluorescncia.

    As lmpadas fluorescente compactas foram introduzidas no mercado nos anos

    1980. Elas apresentam detalhes construtivos que as diferenciam dasfluorescentes convencionais, mas o princpio de funcionamento idntico. A

    grande diferena entre elas o fato da lmpada fluorescente compacta j vir

    acompanhada de um reator em seu invlucro, o que faz com que ela possa ser

    utilizada no mesmo bocal de uma lmpada incandescente sem que sejam

    necessrias adaptaes (SILVA, 2008).

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    3.2.1 - Lmpadas LED

    Atualmente, as lmpadas e luminrias LED apresentam ndices de eficincia

    luminosa comparveis aos das fluorescentes compactas. Alm disso, os seus

    indicadores de qualidade de iluminao, medidos pela temperatura de cor e

    ndice de reproduo de cores, tambm so elevados. O Programa Ambiental

    das Naes Unidas (2011) aponta a tecnologia LED como a alternativa que

    ser mais eficiente energeticamente para iluminao no curto e mdio prazo. O

    Departamento de Energia dos Estados Unidos (2012) tambm considera a

    tecnologia LED como a alternativa mais vivel para a substituio das

    fluorescentes compactas e investe em desenvolvimento e insero do produto

    no mercado.

    J possvel encontrar no mercado brasileiro, uma variedade de produtos LED

    que podem substituir lmpadas incandescentes e fluorescentes. A pesquisa em

    catlogos dos principais fabricantes de LED no mercado brasileiro demonstra

    eficincias luminosas, em sua grande maioria, na faixa de 50 a 110 lm/W.

    O desenvolvimento da tecnologia LED rpido, e as eficincias aumentam a

    cada ano. Na Figura 5 possvel observar o aumento das eficincias

    luminosas dos produtos LED mais eficientes nos ltimos anos, observa-se

    como a obteno da luz branca atravs da combinao de cores (CC) ou

    converso com fsforo (F), e a temperatura de cor diferenciam os produtos em

    relao s suas eficincias. So ditas temperaturas quentes aquelas abaixo de

    3000K, e temperaturas frias, acima de 5000K (DOE, 2013).

    Figura 5: Eficincias projetadas para lmpadas LED

    Fonte: (DOE, 2013)

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    3.3 - Chuveiro

    O chuveiro eltrico um aparelho composto por uma resistncia eltrica imersa

    em um recipiente no qual circula gua. Por efeito joule, a resistncia aquece

    transmitindo calor para a gua elevando a sua temperatura. Este processo

    apresenta um rendimento da ordem de 93%. A maior parte dos modelos de

    chuveiros eltricos disponveis possuem uma chave seletora de temperatura, o

    objetivo dessas chaves compensar a variao de temperatura ambiente ao

    longo do ano. Existem modelos no mercado na faixa de 2,5 kW a 8,8 kW de

    potncia, sendo que em So Paulo, o mais comum consome 4,5 kW (MATAJS,

    1997).

    Como o chuveiro eltrico composto por uma resistncia eltrica e no possui

    qualquer elemento reativo, seu fator de potncia unitrio, ou seja, no

    consome energia reativa.

    Apesar disso, sua elevada potncia e utilizao concentrada entre as 18h e

    21h no setor residencial, apontado como um dos grandes contribuintes de

    carga no horrio de ponta do setor eltrico (MATAJS, 1997).

    4 - ESTUDO DE CASO

    4.1 - Objetivos

    Esse trabalho tem como objetivo determinar a diferena da cobrana pelo

    consumo de energia eltrica no setor residencial com a substituio de

    lmpadas incandescentes por lmpadas fluorescentes compactas se a

    cobrana por excesso de energia reativa, baixo fator de potncia, pudesse ser

    cobrado de consumidores residenciais (grupo B), como por vezes j foi deixadocomo facultativo na legislao brasileira.

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    4.2 - Metodologia

    Como referncia de lmpadas foram utilizados os dados colhidos no

    Laboratrio de Fotometria do IEE-USP durante aula da disciplina de Usos

    Finais de energia. Na ocasio foram feitos ensaios com lmpadas

    incandescentes, fluorescente compactas e LEDs, os dados obtidos foram de

    potncia consumida, fator de potncia, distoro harmnica e eficincia

    luminosa. Os dados obtidos em laboratrio so apresentados na tabela 3.

    Lmpadas

    Incandescente FLC LED

    Potncia (W) 61,3 15,3 10,3

    Fator de potncia 0,998 0,578 0,906

    Iluminncia (lm) 715,8 845,4 793,4

    Eficincia luminosa (lm/W) 11,6 55,3 77,1

    Tabela 3: Dados de lmpadas colhidos em laboratrio.

    Foi simulado o consumo em uma residncia de 55m2 com dois dormitrios, um

    banheiro, e trs moradores. Duas simulaes foram feitas, uma com todas as

    lmpadas incandescentes e outra com todas as lmpadas fluorescentes

    compactas.

    Na tabela 4 so apresentados os equipamentos considerados na simulao. O

    chuveiro eltrico considerado por apresentar uma potncia elevada, e

    portanto um grande impacto no consumo total. O refrigerador considerado

    pois apesar de no apresentar uma potncia elevada, como j visto, fica ligadopermanentemente e o maior contribuinte no consumo residencial. Alm disso,

    foram considerados um televisor e um computador, j que so equipamentos

    extremamente presentes nos lares brasileiros e seu uso dirio.

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    Lmpadas P (W) FP Lmpadas P (W) FP

    Entrada 15 0,578 Entrada 60 0,998Cozinha 30 0,578 Cozinha 100 0,998rea de servio 15 0,578 rea de servio 60 0,998Sala1 30 0,578 Sala1 100 0,998Sala2 30 0,578 Sala2 100 0,998Dormitrio 1 30 0,578 Dormitrio 1 100 0,998Dormitrio 2 30 0,578 Dormitrio 2 100 0,998Banheiro 30 0,578 Banheiro 100 0,998

    Outrosequipamentos P (W) FP

    Outrosequipamentos P (W) FP

    TV 100 0,50 TV 100 0,50Computador 50 0,50 Computador 50 0,50

    Geladeira 190 0,75 Geladeira 190 0,75Chuveiro 4500 1,00 Chuveiro 4500 1,00

    Tabela 4: esquerda a tabela de simulao com lmpadas fluorescentes

    compactas. direita a tabela de simulao com lmpadas incandescentes.

    5 - RESULTADOS

    5.1 - Simulao com lmpadas incandescentesPara a simulao com lmpadas incandescentes podemos observar a figura 6

    que mostra a variao do fator de potncia ao longo do dia.

    Figura 6: Fator de potncia horrio para simulao com lmpadas

    incandescentes.

    0,60

    0,65

    0,70

    0,75

    0,80

    0,85

    0,90

    0,95

    1,00

    1,05

    1,10

    1 4 7 10 13 16 19 22

    Fatordepo

    tncia

    Horrio

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    Podemos observar que o fator de potncia se mantm abaixo do limite

    estabelecido por lei, 0,92, por grande parte do dia, isso de seve ao baixo fator

    de potncia do refrigerador, que durante o perodo da tarde o nico

    eletrodomstico ligado na residncia. Os picos que mostram um fator de

    potncia prximo de 1 so os momentos em que o chuveiro eltrico utilizado.

    A curva de demanda apresentada na figura 7.

    Figura 7: Demanda de potncia ativa ao longo do dia para a simulao comlmpadas incandescentes.

    A partir dos dados obtidos temos um consumo mensal de 318 kWh, sem a

    cobrana de reativos excedentes o valor da conta de energia eltrica seria de

    R$ 190,83, porm se houvesse a cobrana de reativos excedentes, teramos

    um acrscimo de R$ 8,47 totalizando R$ 199,30, um aumento de 4,5%.

    5.2 - Simulao com lmpadas fluorescentes compactas

    Para a simulao com lmpadas fluorescentes compactas podemos observar a

    figura 8 que mostra a variao do fator de potncia ao longo do dia.

    0,0

    500,0

    1000,0

    1500,0

    2000,0

    2500,0

    1 4 7 10 13 16 19 22

    Potnciaativa(W)

    Horrio

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    Figura 8: Fator de potncia horrio para simulao com lmpadas

    fluorescentes compactas.

    Podemos notar que mais uma vez o fator de potncia se mantm abaixo do

    valor estabelecido por lei ao longo da tarde, porm, nesta simulao com a

    residncia utilizando lmpadas fluorescentes compactas que apresentam um

    baixo fator de potncia (0,578), no perodo noturno, quando a iluminao

    corresponde a uma grande parcela da carga, podemos observar uma grande

    diferena do grfico da figura 6, onde o fator de potncia se mantm elevadono perodo noturno devido ao uso de lmpadas incandescentes.

    A curva de demanda diria para essa situao apresentada na figura 9.

    Figura 9: Demanda de potncia ativa ao longo do dia para a simulao comlmpadas fluorescentes compactas.

    0,50

    0,55

    0,60

    0,65

    0,70

    0,75

    0,800,85

    0,90

    0,95

    1,00

    1,05

    1,10

    1 4 7 10 13 16 19 22

    Fatordepot

    ncia

    Horrio

    0,0

    500,0

    1000,0

    1500,0

    2000,0

    1 4 7 10 13 16 19 22

    Potnciaativa(W)

    Horrio

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    A partir dos dados obtidos um consumo mensal de 248 kWh, sem a cobrana

    de reativos excedentes o valor da conta de energia eltrica seria de R$ 148,84,

    porm se houvesse a cobrana de reativos excedentes, teramos um

    acrscimo de R$ 20,99 totalizando R$ 169,83, um aumento de 14,1%.

    6 - CONCLUSES

    A partir dos dados obtidos com as lmpadas no Laboratrio de Fotometria do

    IEE e da simulao realizada para esse trabalho, podemos concluir que as

    lmpadas fluorescente compactas apresentam uma eficincia luminosa

    superior s lmpadas incandescentes, 55,25 lm/W contra 11,60 lm/W

    respectivamente. Isso faz com que lmpadas de menor potncia possam ser

    usadas garantindo a mesma qualidade de iluminao e demandando portanto,

    uma menor quantidade de energia ativa.

    Do ponto de vista de fator de potncia, podemos perceber que as lmpadas

    fluorescente compactas apresentam uma grande desvantagem em relao s

    lmpadas incandescentes, 0,578 contra 0,998 respectivamente, e muito abaixo

    do valor estabelecido por lei no Brasil de 0,92.

    Ainda assim, do ponto de vista do consumidor, mesmo que o excedente de

    reativos pudesse ser cobrado pela concessionria, a substituio de lmpadas

    incandescentes por lmpadas fluorescentes compactas resultariam em uma

    conta de energia eltrica de menor valor, R$ 199,30 contra 169,83

    respectivamente.

    Apesar de hoje ainda no ser permitida a cobrana sobre energia reativa

    excedente no setor residencial uma correo no fator de potncia de lmpadasfluorescente compactas traria um grande benefcio para o sistema eltrico

    como um todo.

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    7 - REFERNCIAS

    ANEEL. (2010). Resoluo normativa n.414. Estabelece as Condies Geraisde Fornecimento de Energia Eltrica de forma atualizada e consolidada

    http://www.aneel.gov.br/cedoc/ren2010414.pdf. Acessada em17/09/2015

    ANEEL. (2013). Resoluo normativa n.569. Modifica a abrangncia naaplicao do fator de potncia para faturamento do excedente dereativos de unidades consumidoras e altera a Resoluo Normativa n.414, de 9 de setembro de 2010.http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/audiencia/arquivo/2012/065/resultado/ren2013569.pdf. Acessada em 17/09/2015

    ANEEL. (2015). Procedimentos de distribuio de energia eltrica no sistema

    eltrico nacional - PRODIST - Mdulo 8.www.aneel.gov.br/arquivos/PDF/Modulo8_Revisao_5.pdf. Acessado em17/09/2015

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