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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETO ESPECIAL INSTITUTO A VEZ DO MESTRE DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM Causas e conseqüências dos distúrbios ISABEL ALIPIA DE JESUS Orientador: Prof. Antonio Fernando Vieira Nery SÃO LUÍS-MA DEZEMBRO/2008

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM Causas e conseqüências … · Análise sobre as principais causas e conseqüências dos distúrbios que se ... Evidentemente, após a caracterização

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UNIVERSIDADE CNDIDO MENDES PR-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETO ESPECIAL INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM Causas e conseqncias dos distrbios

ISABEL ALIPIA DE JESUS

Orientador: Prof. Antonio Fernando Vieira Nery

SO LUS-MA DEZEMBRO/2008

UNIVERSIDADE CNDIDO MENDES PR-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETO ESPECIAL INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM Causas e conseqncias dos distrbios

ISABEL ALIPIA DE JESUS

Trabalho monogrfico apresentado como requisito para obteno do grau de Especialista em Superviso Escolar

SO LUS-MA DEZEMBRO/2008

minha famlia e especialmente minha me, pelo apoio e incentivo que sempre me deu e a todos os professores que preocuparam-se com as dificuldades de aprendizagem que causam os distrbios.

AGRADECIMENTOS

A Deus por proteger e iluminar sempre os meus caminhos.

Especialmente a meus pais, que sempre me ensinaram o valor da busca

do conhecimento.

Ao professor Antonio Fernando Vieira Ney pela orientao segura.

s professoras Itelma Caldas Jammel e Ivone das Dores de Jesus, pela

contribuio com as fontes de pesquisa e co-orientao.

A todos aqueles que, direta ou indiretamente, contriburam para a

realizao deste trabalho.

Conhecer no contemplar passivamente, mas agir sobre coisas e acontecimentos, construindo-os e reconstituindo-se em pensamento.

Jean Piaget

INTRODUO

Este trabalho tem por objetivo analisar as principais causas e conseqncias

dos distrbios que se constituem em problemas de aprendizagem e de ajustamento

escolar. Alm disso, procurar identificar os vrios tipos de distrbios de

aprendizagem.

uma anlise cientfica e, portanto, sem nenhuma conotao ideolgica. O

tema Dificuldades de Aprendizagem: causas conseqncias dos distrbios

abordada numa viso histrica, sociolgica e didtica.

A inteno principal alertar professores para os mltiplos fatores que

interferem no processo de ensino aprendizagem, para que conheam esses

distrbios tanto em seus alunos, como em si mesmo, no ambiente educacional e

social, ou ainda no meio social mais amplo.

Desta maneira, a importncia est no professor saber observar de maneira

sucinta e criteriosa as condies que influem na aprendizagem: biolgicas, a

motivao, psicossociais, pedaggicas ou os mtodos de aprendizagem em seus

alunos, fazendo suas anotaes sem constrangimentos, solucionando dificuldades

encontradas na vida escolar e familiar da criana.

Ao descrever os captulos, abordamos:

Captulo 1 - Psicologia: Cincia do Comportamento Humano. Interao entre a

hereditariedade e o ambiente que determinam limites para o desenvolvimento de

capacidades humanas.

Psicologia da Educao: Contribuies ao Processo de Aprendizagem.

Aprendizagem um processo contnuo, gradativo, e para que se efetue

necessrio a prontido, que um conjunto de habilidades.

Captulo 2 - Problemas de Aprendizagem - As dificuldades de aprendizagem que as

crianas encontram, refletem na sala de aula, devido a situao econmica, emotiva,

orgnica, neurolgica, mental, psicolgica em que ela vive.

Distrbios de Aprendizagem - Perturbaes orgnicas ou social, que tem

incio na infncia. E as vezes no percebido pela famlia, s na escola observa-se

a dificuldade em aprender.

Captulo 3 - Causas das Dificuldades de Aprendizagem - As causas contribuem e

esto presentes em todo meio, dificultando para um baixo rendimento na

aprendizagem.

Captulo 4 - Fatores Fundamentais no Diagnstico de um Problema de

Aprendizagem - Os fatores ambientais, psicolgicos, neurolgicos, especficos,

orgnicos, falta de concentrao e sonolncia, contribuem para o diagnstico de um

problema de aprendizagem.

Causas e Conseqncias dos Distrbios - Os distrbios tem suas causas e

conseqncias que interferem na vida da criana, causando dificuldade no processo

de aprendizagem.

O termo problemas de aprendizagem bastante amplo e engloba diferentes

fatores de natureza social, econmica, psicolgica, lingstica, dentre outros.

Crianas com estes transtornos freqentemente apresentam dificuldades na

aquisio de habilidades escolares (escrita, leitura, matemtica, coordenao

motora e psicomotora) ou comportamentos inadequados para idade e pouco

interesse. Estas crianas no conseguem acompanhar o ritmo de aprendizagem dos

colegas e se no atendidas adequadamente tornar-se-o repetentes e

progressivamente iro apresentar maiores dificuldades.

O aprendizado um processo bastante complexo e exige um conjunto de pr-

requisitos para que o indivduo esteja preparado para assimilar e usar o que est

sendo ensinado. Ter prontido para o aprendizado escolar significa estar apto e

possuir habilidades para executar determinadas tarefas. Em termos funcionais

significa ter maturao das funes necessrias para a adequada execuo das

tarefas.

Muitas crianas apresentam um rendimento na escola abaixo do esperado,

porque so expostas a exigncias para as quais ainda no esto preparadas ou a

currculos que no respeitam diferenas ou ritmo prprio de aprendizagem. Em

funo disto, a criana pode tornar-se desinteressada, desatenta e inquieta. Uma

vez trabalhada a parte pedaggica, modifica-se o desempenho escolar. Nestes

casos no h problemas com a criana, mas sim a necessidade de uma adaptao

a suas caractersticas individuais.

Deve-se sempre ter em mente que o problema as vezes no est na criana e

sim em seu ambiente, como na famlia ou na escola. Muitas vezes a queixa de mau

rendimento escolar no expressa uma deficincia da criana e sim uma

inadequao das propostas educacionais. preciso que se mude o enfoque quando

uma criana no vai bem na escola, pois a justificativa de que se trata de um

fracasso pessoal no corresponde realidade. H muitos outros culpados por esse

fracasso.

Assim, afirma Humphey (apud CAMPOS, 1998, p.30):

Quando progride a evoluo biolgica, os complexos orgnicos se tornam capazes de responder, de um modo cada vez mais timo, s transformaes do meio-ambiente, ate que surge o poder de realizar uma adaptao dinmica e uma complexa variedade multidimensional. Este poder o da aprendizagem.

Existem muitos elementos causadores de problemas de aprendizagem no

meio escolar como: o ambiente fsico, a famlia que no participa, o ambiente social,

o professor, seus programas e mtodos, falta de interesse dos alunos.

Queremos ressaltar que mesmo as crianas que vm de lares muitos pobres

tem direito a um ambiente escolar agradvel.

preciso que os responsveis pela educao tenham em mente que tudo

nesse campo importante, e que a educao acha-se includa entre os fatores

culturais de um povo e direito de todos os cidados brasileiros.

Collares e Moyss (1992) analisaram o conceito de distrbios de

aprendizagem do ponto de vista etimolgico e a partir do conceito proposto pelo

National Joint Comitee for Learning Disabilities - Comit Nacional de Dificuldades de

Aprendizagem / Estados Unidos da Amrica (disponvel em:

http//:www.anatessari.hpg.ig.com.br/linguagem/disturb.htm).

Etimologicamente a palavra distrbio compem-se do radical turbare e do

prefixo dis. o radical turbare significa alterao violenta na ordem natural e pode

ser identificado tambm nas palavras turvo, turbilho, perturbar e conturbar. O

prefixo dis tem como significado "alterao do sentido anormal patolgico".

evidente que causa e conseqncia dos distrbios foi escolhido com o

intuito de alertar professores para os mltiplos fatores que interferem no processo de

ensino aprendizagem.

muito importante que os professores conheam e saibam identificar esses

distrbios tanto em seus alunos, como em si mesmos, no ambiente educacional e

social, ou ainda no meio social mais amplo.

Existem problemas familiares no relacionamento de certas crianas que

afetam sua aprendizagem, nem todas pertencem a famlias com pai e me com

recursos suficientes para vida digna.

Normalmente, verifica-se situaes diversas: os pais esto separados e a

criana vive com um deles; ela rfo; vive num lar desunido ou vive com algum

parente.

RESUMO

Anlise sobre as principais causas e conseqncias dos distrbios que se

constituem em problema de aprendizagem e de ajustamento escolar. Aborda-se

consideraes, estabelecendo a diferena entre dificuldades e distrbios de

aprendizagem. Comenta-se as causas das dificuldades de aprendizagem. Ressalta-

se a importncia da aprendizagem na vida humana, os fatores fundamentais nos

diagnsticos de um problema de aprendizagem. Trata-se de estudo de reviso

terica que visa analisar os fatores psicolgicos, orgnicos, ambientais, especficos,

sociais que interferem neste processo e melhorar o papel do educador em relao

s crianas que apresentam distrbios de aprendizagem.

METODOLOGIA

Para execuo deste trabalho, inicialmente foi realizada pesquisa

bibliogrfica, fazendo levantamento do material sobre o respectivo tema, tendo como

objetivo buscar mais conhecimento, tentando solucionar os problemas das

dificuldades de aprendizagem atravs de estudos e pesquisas cientficas

empreendidas pelos psiclogos, conforme as diversas teorias de aprendizagem que

se foram organizando, na base dos fatos investigados.

Atravs da observao, avaliao diagnstica o professor poder detectar

diferenas ou dficits nos desempenhos de seus alunos, se eles tem dificuldade de

movimento ao executar tarefas, se tem problemas de fala, se no consegue ler de

uma certa distncia as palavras escritas no quadro de giz, se no entende bem o

ditado, se hiperativo ou ento muito quieto, desanimado, distrado, se no

consegue aprender a ler nem a escrever.

Caso seja constatado alguma dessas dificuldades ou ainda outras que no

tenham sido mencionadas, dever registr-las na ficha individual do aluno.

Persistindo o problema, o professor dever pedir assistncia de um

especialista adequado para o caso.

O estudo bibliogrfico nos proporcionar as fontes de informaes

necessrias para aprofundamento nas variveis a serem dissecadas ao longo de

toda pesquisa.

Funcionar como base de toda monografia, com buscas em sites da internet

que retratem o assunto e livros que mostrem o caminho para o excelente tratamento

com conseqente satisfao ao aluno.

Considera-se fundamental a aprendizagem como uma modificao

sistemtica do comportamento, por efeito da prtica ou experincia, com um sentido

de progressiva adaptao ou ajustamento.

Evidentemente, aps a caracterizao dos fenmenos da aprendizagem, j se

pode concluir que a mesma se acha na dependncia de inmeras condies, que,

freqentemente, atuam inter-relacionadas.

Assim, o interesse de um educando por esta ou aquela atividade est na

dependncia de sua idade, do ambiente scio-cultural de onde provm, das

necessidades imediatas, das experincias anteriores, enfim da motivao que

orienta seus comportamentos.

Desta maneira sero estudadas, particularmente, as seguintes condies que

influem na aprendizagem: as condies biolgicas, a motivao, as condies

psicossociais, e as condies pedaggicas ou os mtodos de aprendizagem.

importante ressaltar os sintomas mais caractersticos dos distrbios, os

tipos de distrbios com suas causas e conseqncias, os problemas de

aprendizagem que causam os distrbios, os fatores ambientais, orgnicos,

especficos e psicgenos.

Quando um educador respeita a dignidade do aluno e trata-o com

compreenso e ajuda construtiva, ele desenvolve na criana a capacidade de

procurar dentro de si mesma as respostas para os seus problemas, tornando-a

responsvel e, conseqentemente, agente do seu prprio processo de

aprendizagem.

Apesar de um distrbio de aprendizagem poder ocorrer concomitantemente

com outras condies desfavorveis (por exemplo, alterao sensorial, retardo

mental, distrbio social ou emocional) ou influncias ambientais (por exemplo,

diferenas culturais, instruo insuficiente / inadequada, fatores psicognicos), no

resultado direto dessas condies ou influncias.

Segundo Collares e Moyss (apud TESSARI, 1992, p.32):

O National Joint Comittee for Learning Disabilities considerado, nos Estados Unidos da Amrica, como rgo competente para normatizar os assuntos referentes aos distrbios da aprendizagem.

A fim de prevenir a ocorrncia de erros de interpretao o Comit publicou a

definio acima apresentada com explicaes especficas ao longo de cada frase. A

frase "estas alteraes so intrnsecas ao indivduo e presumivelmente devidas

disfuno do sistema nervoso central", por exemplo, vem acompanhada da

explicao de que a fonte do distrbio deve ser encontrada internamente pessoa

que afetada e que a causa do distrbio de aprendizagem uma disfuno

conhecida ou presumida no sistema nervoso central.

Acerca da evidncia concreta de organicidade relacionada ao distrbio de

aprendizagem, o Comit afirma que, apesar de no ser necessrio que tal evidncia

esteja presente, necessrio que, pelo menos, uma disfuno do sistema nervoso

central seja a causa suspeita para que o distrbio possa ser diagnosticado.

No entanto, segundo Ross (apud MIRANDA, 2000, p. 25) a utilizao do

termo distrbio de aprendizagem, chama a ateno para existncia de crianas que

freqentam escolas e apresentam dificuldades de aprendizagem embora

aparentemente no possuam defeitos fsicos, sensoriais, intelectuais ou emocionais.

Esse rtulo, segundo o autor, ocasionou durante anos que tais crianas

fossem ignoradas, mal diagnosticadas ou maltratadas e as dificuldades que

demonstravam serem designadas de vrias maneiras como: hiperatividade,

sndrome hipercintica, sndrome da criana hiperativa, leso cerebral mnima,

disfuno cerebral mnima, dificuldade de aprendizagem ou disfuno na

aprendizagem.

Para Collares e Moyss, os distrbios de aprendizagem seriam frutos de

pensamento mdicos, surgindo como entidades nosolgicas e com o carter de

doenas neurolgicas.

SUMRIO

INTRODUO........................................................................................................................... 06

METODOLOGIA........................................................................................................................ 11

CAPTULO 1 PSICOLOGIA: CINCIA DO COMPORTAMENTO HUMANO................................ 15

1.1 PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM................................................................... 16

CAPTULO 2 PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM..................................................................... 20

2.1 DISTRBIOS DE APRENDIZAGEM.................................................................. 23

CAPTULO 3 CAUSAS DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM............................................ 25

CAPTULO 4 FATORES FUNDAMENTAIS NO DIAGNSTICO DE UM PROBLEMA DE

APRENDIZAGEM...............................................................................................................

27

4.1 CAUSAS E CONSEQNCIAS DOS DISTRBIOS.......................................... 29

CONSIDERAES FINAIS.................................................................................................. 37

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS........................................................................................ 39

CAPTULO 1 - PSICOLOGIA: CINCIA DO COMPORTAMENTO HUMANO

A psicologia a cincia do comportamento humano e animal, um conjunto de

conhecimento sistematizado, atravs de observao cuidadosa e mensurao de

acontecimentos, muitas vezes com auxlio de experimentos planejados

especificamente para isso.

A palavra comportamento citada porque aprendemos, na pesquisa

psicolgica, que mesmo a (nica coisa que podemos estudar e que geralmente o

comportamento so as respostas de uma pessoa ou de um animal diante de uma

situao.

A interpretao correta, como verificaram os psiclogos, atravs de muitas

pesquisas, que tanto a hereditariedade quanta o ambiente modelam um indivduo,

tanto fsico quanto psicologicamente.

Uma maneira mais exata de compreender a interao entre hereditariedade e

ambiente pensar em cada um deles como o estabelecimento do limite do que um

indivduo pode tornar-se.

Sem uma boa hereditariedade, nenhum ambiente, por melhor que seja, pode

desenvolver um indivduo medocre, alem de um determinado ponto.

Este fato exemplificado pelo retardamento mental familiar que ocorre em

famlias e tem uma base hereditria. Os indivduos mentalmente retardados nunca

podem atingir uma capacidade mental normal, e muito menos superior.

De outro lado, os mesmos indivduos tambm exemplificam o papel do

ambiente. Quando internados e recebem pouca ateno, aprendem poucas

habilidades. No entanto, quando recebem instruo especfica, planejada para

desenvolv-los at seu limite hereditrio, so educveis e podem realizar tarefas

teis na sociedade (TELFORD e SAWREY apud DROUET, 1990, p. 42).

Portanto, tanto a hereditariedade quanto o ambiente estabelecem limites para

o desenvolvimento de capacidades humanas. E esses limites so estabelecidos

atravs de dois tipos de ambientes, o fisiolgico e o sensorial.

O ambiente fisiolgico, o efeito do ambiente no comea exatamente no

momento do nascimento; comea a influir numa pessoa no momento em que

concebida.

A partir desse ponto e durante todo o perodo da gravidez, est num ambiente

sensorial relativamente uniforme. Por outro lado, seu ambiente fisiolgico pode ser,

ou no, uniforme. E mesmo que sejam, pode no ser normal. O sangue do novo

indivduo, embora no diretamente ligado ao sangue de sua me, recebe todos os

seus nutrientes, bem como remdios e hormnio do sangue de sua me. Se estes

materiais que so recebidos no so normais, logo ser normal.

O ambiente sensorial, ao nascer, o beb deixa um ambiente relativamente

constante e emerge num ambiente em constante mutao.

Para o beb, esse ambiente deve parecer uma confuso florescente cheia de

zumbidos. Mas a quantidade e o tipo de estimulao sensorial que recebe variam de

um ambiente para outro. Estes tipos de ambientes so importantes no incio de vida,

e interagem com a hereditariedade.

1.1 - PSICOLOGIA DA EDUCAO: CONTRIBUIES AO PROCESSO DE

APRENDIZAGEM

Na vida humana a aprendizagem se inicia com o, ou at antes, do nascimento

e se prolonga at a morte. Experincias vrias tem demonstrado que possvel

obter reaes condicionadas em fetos.

Logo que a criana nasce, comea a aprender e continua a faz-lo durante

toda sua vida. Com poucos dias, aprende a chamar sua me com seu choro. No fim

do primeiro ano, familiarizou-se com muitos dos objetos que formam seu novo

mundo, adquiriu certo controle sobre suas mos e ps e, ainda, tornou-se

perfeitamente iniciada no processo de aquisio da linguagem falada.

Aos cinco ou seis anos, vai para a escola, onde, por meio de aprendizagem

dirigida, adquire os hbitos, as habilidades, as informaes, os conhecimentos e as

atitudes que a sociedade considera essenciais ao bom cidado.

Quando se consideram todas as habilidades, os interesses, as atitudes, os

conhecimentos e as informaes adquiridas, dentro e fora da escola e suas relaes

com conduta, a personalidade e maneira de viver, pode-se concluir que a

aprendizagem acompanha toda a vida de cada um.

Aprendizagem pode ser definida como uma modificao sistemtica do

comportamento, por efeito da prtica ou experincia, com um sentido de progressiva

adaptao ou ajustamento.

Por outro lado, o termo "prtica" no significa a exata repetio de uma ao

qualquer, mesmo porque repeties dessa espcie jamais ocorrem no transcurso da

aprendizagem: prtica significa reiterao dos esforos de quem aprende, no sentido

de progressiva adaptao ou ajustamento a uma nova situao que se oferea.

importante enfatizar que definir a aprendizagem como uma mudana de

comportamento no se pretende significar qualquer tipo de mudana, porque, neste

caso, poder-se-ia confundi-Ia com outras mudanas resultantes de crescimento,

maturao, fadiga, etc, que podem dar com a repetio e o progresso, ou no.

Segundo Hilgard apud PAIN (1992, p. 34):

A aprendizagem o processo pelo qual uma atividade tem origem ou modificada pela reao a uma situao encontrada, desde que as caractersticas da mudana de atividade no possam ser explicadas por tendncias inatas de respostas, maturao ou estados temporrios do organismo.

Dizemos que ela gradual, isto , vamos aprendendo pouco a pouco, durante

toda a nossa vida. Portanto, ela um processo constante, contnuo. Cada indivduo

tem seu ritmo prprio de aprendizagem (ritmo biolgico) que, aliado ao seu esquema

prprio de ao, ir constituir sua individualidade.

Para que a aprendizagem se efetue necessrio alguns fatores como: sade

fsica e mental, motivao, prvio domnio, maturao, inteligncia, concentrao ou

ateno, memria. A todos esses elementos, Bruner chamou de prontido para

aprendizagem.

Dizemos que a criana est pronta para aprender quando ela apresenta um

conjunto de condies, capacidades, habilidades e aptides consideradas como pr-

requisitos para o incio de qualquer aprendizagem.

Quando falamos em prontido, portanto, no nos referimos apenas a uma

habilidade, mas a um conjunto de habilidades que a criana dever desenvolver de

modo a se tornar capaz de executar determinadas atividades.

Segundo Garcia apud CAMPOS, (1990, p. 52):

Desde o momento em que o crescimento comea no vulo fecundado at a senectude ou a morte, o desenvolvimento consiste na variao das estruturas ou funes existentes num organismo vivo, situado num meio em transformao contnua. Isto quer dizer que no possvel afirmar em determinado momento, que o desenvolvimento tenha terminado e que a aprendizagem tenha comeado. Antes devemos dizer que o meio ambiente participa em todo processo de maturao e por sua vez, a maturao participa em toda a aprendizagem.

Portanto, a maturao pode ser definida como as diferenciaes estruturais e

funcionais do organismo que permitem, na srie gradativa dos comportamentos da

espcie, execuo plena e eficiente, sem treino anterior de seus erros, aprende a

conhecer a natureza e compreender seus companheiros. Ela capacita-o a ajustar-se

adequadamente a seu ambiente fsico e social. Enfim, a aprendizagem leva o

indivduo a viver melhor ou pior, mas, indubitavelmente a viver de acordo com o que

aprende.

Portanto, quando o equipamento de resposta inata no satisfatrio, o

homem s consegue o ajustamento adequado atravs da aprendizagem.

A aprendizagem , afinal, um processo fundamental da vida. Todo indivduo

aprende e, atravs da aprendizagem, desenvolve os comportamentos que

possibilitam viver. Todas as atividades e realizaes humanas exibem os resultados

da aprendizagem.

A aprendizagem um processo to importante para o sucesso da

sobrevivncia do homem que foram organizados meios educacionais e escolas para

tornarem a aprendizagem mais eficiente. As tarefas que os seres humanos so

solicitados a aprender, como, por exemplo, somar, multiplicar, ler usar uma escova

de dente, datilografar, demonstrar atitudes sociais, no podem ser aprendidas

naturalmente, essencial compreender o processo de aprendizagem, por ele e a

maturao constituem as duas maiores influncias que afetam o comportamento

humano.

CAPTULO 2 - PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM

Os problemas de aprendizagem referem-se s situaes difceis enfrentadas

pela criana normal e pela criana com desvio do quadro normal, mas com

expectativa de aprendizagem a longo prazo que so os alunos multirepetentes.

Podendo ocorrer tanto no incio, como durante o perodo escolar em situaes

diferentes para cada aluno, a que requer uma investigao no campo em que eles

se manifestam.

Qualquer problema de aprendizagem implica amplo trabalho do professor

junto a famlia da criana, para analisar situaes e levantar caractersticas, visando

descobrir a que est representando dificuldade ou empecilho para que a aluno

aprenda.

importante ressaltar que o professor no conhece as manifestaes

prprias do pensamento infantil para as vrias faixas etrias, ter dificuldade em

identificar o estgio em que a aluno se encontra, podendo incorrer em erros de, por

exemplo, considerar o animismo e o egocentrismo de um pr-escolar como

problemas.

Segundo Paz apud JOS e COELHO (2001, p. 36):

Podemos considerar o problema de aprendizagem como um sintoma, no sentido de que o no aprender no configura um quadro permanente, mas ingressa numa constelao peculiar de comportamentos, nos quais se destaca como sinal de descompensao.

Pela intensidade com que se apresentam os sintomas e comportamentos

infantis, pela durao que eles tm na vida escolar e pela participao do lar e da

escola nos processos problemticos, fica difcil para o professor diferenciar um

distrbio de um problema de aprendizagem.

Ao educador cabe apenas detectar as dificuldades de aprendizagem que

aparecem em sua sala de aula, principalmente nas escolas mais carentes, e

investigar as causas de forma ampla, que abranja os aspectos orgnicos,

neurolgicos, mentais, psicolgicos adicionados problemtica ambiental em que a

criana vive.

Esta postura facilita o encaminhamento da criana a um especialista que, ao

tratar da deficincia, tem condies de orientar o professor a lidar com aluno em

salas normais ou, se considerar necessrio, de indicar sua transferncia para salas

especiais.

Muitas crianas so identificadas como portadoras de problemas de

aprendizagem quando no realizam o que se espera de uma programao de

ensino.

Na verdade, quando o at de aprender se apresenta como problemtico,

preciso uma avaliao muito mais abrangente e minuciosa. O professor no pode se

esquecer de que o aluno um ser social com cultura, linguagem e valores

especficos aos quais ele deve estar sempre atento, inclusive para evitar que seus

prprios valores no impeam de auxiliar a criana em seu processo de aprender. A

criana um todo e, quando apresenta dificuldades de aprendizagem, precisam ser

avaliados seus vrios aspectos.

Pode ocorrer no processo de aprendizagem varias formas de distrbios, como

afirma Jos e Coelho (2001, p. 54- 56), saber:

a) Distrbios de aprendizagem condicionados pela escola: os condicionados

pelo professor; pela relao professor-aluno; pela relao entre aluno; pelos

mtodos didticos.

b) Distrbios de aprendizagem condicionados pela situao familiar.

c) Distrbios de aprendizagem condicionados por caractersticas da

personalidade da criana.

d) Distrbios de aprendizagem condicionados por dificuldade de educao.

A proposta do sistema educacional brasileiro dar, para cada criana, a

oportunidade de aprender tanto quanto sua capacidade permitir.

No entanto, os alunos que apresentam distrbios ou problemas de

aprendizagem, no tem essa oportunidade.

Eles no conseguem acompanhar o currculo estabelecido pelas escolas e,

porque fracassam, so classificados como retardados mentais, emocionalmente

perturbados ou simplesmente rotulados como alunos fracos e multirepetentes. So

crianas que precisam de atendimentos especializados e o sistema educacional

brasileiro no tem lugar para elas.

Muitas dessas crianas poderiam ser educadas prximas a sua residncia,

atravs de um atendimento gratuito, se fossem instalados escolas regionais, com

pessoal especializado e um currculo coerente com esse sistema especial.

Quanto aos distrbios provocados pela prpria escola e pelo professores,

instalar um setor de orientao educacional, psicolgica e pedaggica nas escolas

ou para um grupo de escolas seria de grande ajuda.

Os professores seriam orientados na adequao do programa, na elaborao

de mtodos a serem aplicados e na forma ideal de atender as crianas que

apresentam problemas de aprendizagem.

A educao especial, porm, ainda uma utopia na realidade brasileira.

Somente as classes sociais mais abastadas conseguem educar

adequadamente uma criana com dificuldade de aprendizagem.

Na escola pblica, o professor deve contar com seus prprios conhecimentos

e, ao detectar qualquer distrbio, solicitar ajuda da famlia do aluno para que, juntos,

possam ajudar a criana a superar suas dificuldades.

2.1 - DISTRBIOS DE APRENDIZAGEM

O termo distrbio, que significa perturbao ou alterao no comportamento

habitual de uma pessoa, vem sendo usado na literatura especialidade em varias

acepes.

Para alguns mdicos, psiclogos, psicopedagogos ou educadores, distrbios

so problemas ou dificuldades no processo de ensino - aprendizagem. Isso porque,

para esse grupo, distrbios so perturbaes de origem biolgica, neurolgica,

intelectual, psicolgica, scio-econmica ou educacional, encontradas em escolares,

que podem tornar-se problemas para a aprendizagem dessas crianas.

Segundo Kirk e Beteman apud MORGAN (1977, p. 57):

Prefere reservar a expresso distrbio de aprendizagem apenas para aqueles casos de crianas com dificuldade de aprendizagem de causas desconhecidas, uma vez que essas crianas no apresentam defeitos fsicos, sensoriais, emocionais ou intelectuais de espcie alguma.

A psicolgica clinica escolar Sara Pain, em seu livro Diagnstico e tratamento

dos problemas de aprendizagem, chama de problemas de aprendizagem, a todos os

distrbios psicopedaggicos que interferem diretamente na aprendizagem.

Ela faz um estudo da patologia da aprendizagem como se apresenta na escola e

no consultrio, levando em conta os seguintes fatores:

fatores orgnicos e constitucionais;

fatores especficos, localizados principalmente na rea perceptivomotora;

fatores psicgenos, que compreendem os fatores emocionais e intelectuais;

fatores ambientais, representados pelo lar, pela escola e pela comunidade

onde vivem.

Segundo Jos e Coelho (2001, p. 64):

Muitos distrbios no so percebidos pela famlia durante o desenvolvimento da criana. Quando ela entra na escola, o que se nota sua dificuldade em aprender e, dessa forma, o problema de aprendizagem torna-se o primeiro sintoma conhecido da deficincia fsica que a criana apresenta.

So problemas que tm incio na infncia, geralmente na fase de

alfabetizao, entre os 5 e 6 anos de idade e se agravam progressivamente na 3 e

4 sries do ensino fundamental, quando o grau de dificuldade dos contedos e

avaliaes escolares aumenta.

Aparentemente a distino feita entre os termos dificuldades e distrbios de

aprendizagem esteja baseada na concepo de que o termo dificuldade est mais

relacionado problemas de ordem psicopedaggico ou scio culturais, ou seja, o

problema no est concentrado apenas no aluno, sendo que essa viso mais

freqente utilizado em uma perspectiva preventiva; por outro lado, o termo distrbio

est mais vinculado ao aluno, na medida em que sugere a existncia de

comprometimentos neurolgicos em funo corticais especficas, sendo mais

utilizado pela clnica ou remediativa.

CAPTULO 3 - CAUSAS DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

Com base em Jose e Coelho (2001, p. 65-76), as causas das dificuldades de

aprendizagem esto presentes em todo nosso meio.

As causas fsicas so aquelas representadas pelas perturbaes somtica,

transitrias ou permanentes. So provenientes de qualquer perturbao do

estado fsico geral da criana, como por exemplo: febre, dor de cabea; dor

de ouvido, clicas intestinais, anemia, asma, verminose e todos os males que

atinjam o fsico de uma pessoa, levando-a a um estado anormal de sade.

Causas sensoriais so todos os distrbios que atingem os rgos dos

sentidos, que so os responsveis pela percepo que o indivduo tem do

meio exterior, e os respectivos sistemas de conduo entre esses rgos e o

sistema nervoso.

Causas emocionais so distrbios psicolgicos, ligados s emoes e aos

sentimentos dos indivduos e personalidade. Esses problemas geralmente

no aparecem sozinhos, eles esto associados a problemas de outras reas,

como da rea motora, sensorial e outros.

Causas intelectuais ou cognitivas so aquelas que dizem respeito

inteligncia do indivduo, isto , a sua capacidade de conhecer e

compreender o mundo em que vive, de relacionar sobre os seres animados

ou inanimados que o cercam e de estabelecer relao entre elas.

Causas educacionais depende do tipo de educao que a pessoa recebe na

infncia e ir prejudicar na adolescncia e na idade adulta, tanto no estudo

quanta no trabalho.

Causas scia econmica no so distrbios que se revela no aluno. So

problemas que se originam no meio social e econmico do indivduo.

A desnutrio causa de srios distrbios de aprendizagem, chamada de

fome de protenas, um problema muito comum dos pases

subdesenvolvidos e dos grupos sociais de renda muito baixa.

Geralmente, esses transtornos no estado fsico geral da criana, sejam eles

transitrios ou permanentes, envolvem sempre um componente emocional, mais ou

menos pronunciado, pois na realidade quase todas as doenas so

psicossomticas.

CAPTULO 4 - FATORES FUNDAMENTAIS NO DIAGNSTICO DE UM

PROBLEMA DE APRENDIZAGEM

Os fatores orgnicos, onde interessante atender a sade dos analisadores,

pois a hipoacsia e a miopia costumam encontrar-se s vezes, com o no querer

ouvir ou ver.

Isto pode dar lugar a uma revelao muito tardia do defeito, quando este j

est muito estruturado na situao de evaso ou dependncia.

De fato a criana com perda sensorial opta por isolar-se ou por solicitar

auxiliares que lhe repitam o que se fala ou lhe deixem copiar.

A investigao neurolgica necessria para conhecer a adequao do

instrumento as demandas da aprendizagem.

Outro aspecto que interessa especialmente para aprendizagem o

funcionamento glandular, no apenas pela sua relao com o desenvolvimento geral

da criana, o adolescente, mas tambm porque muitos estados de hipomnsia, falta

de concentrao e sonolncia.

necessrio estabelecer se o sujeito se alimenta corretamente, em

quantidades e qualidades, pois o dficit alimentar crnico produz uma distrofia

generalizada que abrange sensivelmente a capacidade de aprender.

Tambm so fatores importantes as condies de abrigo e conforto para o

sono, para o aproveitamento maior da experincia.

Os fatores especficos so as desordens na aprendizagem que encontram-se

ligadas freqentemente a uma determinao na lateralidade do sujeito.

Seja ela natural, hereditria ou culturalmente pautada, o fato que o sujeito

destro quanta s extremidades e os olhos, apresenta uma grafia mais adequada e

harmnica que o canhoto, especialmente naqueles casos em que h predominncia

cruzada; isto quer dizer que os olhos e as mos no apresentam lateralidade

idntica.

A reeducao em tais casos muito penosa, e deve desenvolver-se por vias

de compensaes, atravs dos canais que permanecem sadios.

Em outros casos, a dislexia pode ser diagnosticada multifatorialmente, e sua

especificidade reside na dificuldade, na acomodao, que determina uma

insuficincia para a construo de imagens.

Nestes casos o tratamento psicopedaggico alcana um rpido xito quando

o diagnstico correto e a estimulao apropriada.

Assim, afirma GeSell apud PAIN (1992, p. 48):

A aprendizagem, psicologicamente falando, pode ser considerada como aquele aspecto do desenvolvimento que produz um aperfeioamento funcional da adaptao da conduta s situaes especficas, presentes ou passadas.

Portanto, qualquer distrbio em um desses centros nervosos ou nos prprios

rgos dos sentidos, ou ainda na ligao nervosa existente entre esses rgos e o

crebro, resultaro em uma deficincia sensorial, que ir se constituir em um

problema de aprendizagem.

Os fatores psicgenos dos problemas de aprendizagem se confunde ento

com sua significao, entretanto importante destacar que no possvel assumi-lo

sem levar em considerao as disposies orgnicas e ambientais do sujeito.

Os fatores ambientais so especificamente determinantes no diagnstico do

problema de aprendizagem, na medida em que nos permite compreender sua

coincidncia com a ideologia e os valores vigentes no grupo.

Interessam neste aspecto as caractersticas de moradia, bairro, escola, a

disponibilidade de ter acesso aos lugares de lazer e esportes, bem como os diversos

canais de cultura, isto , os jornais, rdio, televiso, e finalmente a abertura

profissional ou vocacional que o meio oferece a cada sujeito.

4.1 - CAUSAS E CONSEQNCIAS DOS DISTRBIOS

Com base nos estudo de Jos e Coelho (2001, p. 112-134), podemos elencar

vrios tipos de distrbios que interferem no processo de aprendizagem entre

educandos.

a) Distrbios psicomotores - como o comportamento fsico da criana

expressa, uma a uma, suas dificuldades intelectuais e emocionais, pode-se

dizer que a psicomotricidade a cincia do corpo e da mente.

a educao do movimento com atuao sobre o intelecto, numa relao

entre pensamento e ao, englobando funes neurofisiolgicas e psquicas.

Instabilidade psicomotora

Causa: transtornos pelas reaes que o portador apresenta, predominando uma

atividade muscular contnua e incessante.

Conseqncia: instabilidade emocional e intelectual; falta de ateno e

concentrao; equilbrio prejudicado, hiperatividade; falta de coordenao geral e

coordenao motora fina.

Debilidade psicomotora

Causa: presena de paratonia e da sincinesia.

Conseqncia: distrbio de linguagem (articulao, ritmo e simbolizao); hbitos

manipuladores (enrolar o cabelo, chupar os dedos); disciplina difcil.

Inibio psicomotora

Causa: presena constante da ansiedade.

Conseqncia: problemas de coordenao motora; distrbios de conduta;

distrbios glandulares, de pele, circulatrios e tiques.

Lateralidade cruzada

Causa: falta de dominncia das mos, ps, olhos e ouvido no se apresentarem do

mesmo lado.

Conseqncia: alto ndice de fadiga; freqentes quedas ( desajeitada e

desastrada); ateno instvel.

Impercia

Causa: frustrao pelo de no conseguir realizar certas tarefas que requerem uma

apurada habilidade manual.

Conseqncia: dificuldade na coordenao motora fina; quebra constantemente

objetos, letra irregular.

b) Distrbios na sade fsica so apresentadas por crianas que tem

limitaes do tipo: deficincia visual ou auditiva, defeito ou disfuno de

qualquer parte do corpo, anemias crnicas, epilepsia e ate mesmo verminose.

c) Se ela se percebe diferente, pode ter sentimentos de frustrao e muitas

dificuldades de relacionamento na classe. Alis, problemas emocionais srios

iro interferir em todas as reaes dessa criana, notadamente na

aprendizagem.

Viso

Causa: inflamao na retina; queda; contato com produtos qumicos.

Conseqncia: preconceito; revolta; falta de interao, falta de interesse;

desateno; timidez; inibio; vergonha.

Audio

Causa: funo auditiva danificada; uma doena ou acidente; hereditariedade;

inflamaes, tumores; traumas.

Conseqncia: preconceito; revolta; falta de interao, falta de comunicao verbal;

desateno; timidez; inibio; vergonha.

Disritmia cerebral

Causa: alteraes do crebro reveladas pelas perturbaes de ritmo das ondas

eltricas; traumas no parto; queda; infeco no sistema nervoso; meningites;

encefalites; neuroviroses; calcificaes.

Conseqncia: preconceito; revolta; falta de interao, falta de interesse;

desateno; timidez; inibio; vergonha.

Epilepsia

Causa: descarga eltrica das clulas cerebrais

Conseqncia: preconceito; revolta; falta de interao, distrado; falta de interesse;

timidez; inibio; vergonha.

d) Distrbios de comportamento - os distrbios de comportamentos

constituem um assunto de grande preocupao para os professores porque,

embora muitos caso exijam assistncia especializada, a "criana-problema"

geralmente permanece em sala de aula, mesmo enquanto o tratamento est

se realizando.

Autismo infantil

Causa: problemas genticos

Conseqncia: solido em grau extremo; ausncia de sorriso social; revolta; falta

de interao, demonstra ansiedade freqente, aguda, excessiva e aparentemente

ilgica; retrada; aptica e desinteressada, numa total indiferena ao ambiente que

a rodeia.

Agressividade

Causa: prtica sociais e familiares que o reforam.

Conseqncia: violncia; revolta; preconceito, falta de solidariedade; amizade;

brigas, at a morte.

Medo

Causa: estado emocional de alerta, que se caracteriza por sensao de desconforto

e ansiedade, nervoso ante um perigo iminente.

Conseqncia: assustar com facilidade; teme situaes novas e reage por meio de

sobressaltos, prantos, gritos e descargas motoras; ver coisas que no existem

(alucinaes).

Fobia escolar

Causa: ansiedade, pnico, nuseas, vmitos, diarrias, dores de cabea e barriga,

falta de apetite, palidez, febre.

Conseqncia: temor acentuado, dependncias, insegurana falta de

determinao, falta de interao, vive sempre sobressaltado.

Cime

Causa: emoo que traz em si um potencial imprevisvel de reaes.

Conseqncia: inveja, seguida de raiva, dio, pena, autocomiserao, vingana,

tristeza, mortificao, culpa, vaidade, inferioridade, orgulho, medo e ansiedade.

Timidez

Causa: problemas genticos, a superproteo ou a vida restrita por parte dos pais.

Conseqncia: complexo de inferioridade, deixa de adquirir a autoconfiana, falta

de interao, preconceito.

Fantasia

Causa: problemas psicolgicos, fuga da realidade.

Conseqncia: atravs da imaginao encontra-se um refgio onde se sente

vontade.

Negativismo

Causa: apresenta em forma de resistncia fsica e posteriormente em forma de

resistncia verbal.

Conseqncia: teimosia, contrariedade, obstinao, nada d certo, insatisfao,

preconceito.

e) Distrbios da fala - todos os problemas que ocorrem na rea da linguagem e

da fala apresentam dois aspectos importantes, que se relacionam, tornando-

se ora causa, ora conseqncia: o psicolgico (ou emocional) e o orgnico.

Mudez

Causa: transtornos do sistema nervoso central, problemas de audio.

Conseqncia: preconceito, falta de interao, falta de interesse, timidez,

desateno, vergonha.

Dislalia

Causa: orgnica (defeito na arcada dentria, lbia leporino, freio da lngua curta,

lngua do tamanho acima do normal) ou funcional (a criana no sabe mudar a

posio da lngua e dos lbios.

Conseqncia: no pronncia alguns sons, troca alguns sons por outros, omite ou

substitui os fonemas.

Disartria

Causa: leses no sistema nervoso ou em perturbaes nos msculos que intervm

na produo de sons lingsticos.

Conseqncia: provoca a m articulao; esta, quando severa, pode dificultar o

reconhecimento da palavra.

Linguagem tatibitate

Causa: emocional e pode resultar em problemas psicolgicos para a criana.

Conseqncia: defeito na fala ao pronunciar certas palavras erradas.

Rinolalia

Causa: problemas nas vias nasais, vegetao adenide, lbio leporino ou fissura

palatina.

Conseqncia: preconceito gerando um problema de relacionamento e adaptao,

fala incompreensvel.

Gagueira

Causa: anomalia de causas mltiplas, que predispem, determinam, desencadeiam

ou agravam o quadro clnico; quedas; distrbios do fluxo e do ritmo normal da fala

que envolve bloqueios e hesitaes.

Conseqncia: preconceito, falta de interao, dificuldades de comunicao verbal,

vergonha.

Afasia

Causa: decorrente de distrbios no funcionamento cerebral, distrbios congnitos.

Conseqncia: falhas na compreenso e na expresso verbal, relacionadas

insuficincia de vocabulrio, m reteno verbal, gramtica deficiente e anormal,

escolha equivocada de palavras.

f) Distrbios da leitura, escrita e aritmtica atravs da leitura que se

adquire embasamento para se manter e se desenvolver, tendo como objetivo

a escrita. "A leitura do mundo precede a leitura da palavra, da que a posterior

leitura desta no possa prescindir da continuidade da leitura daquela".

Refora Freire (1995, p. 11).

Baseado em experincias cientficas constatou-se que o sucesso da criana

na aprendizagem da leitura e da escrita depende do seu amadurecimento fisiolgico,

emocional, neurolgico, intelectual e social.

Dislexia

Causa: dificuldade com a identificao dos smbolos grficos no incio da sua

alfabetizao.

Conseqncia: relapsa, desatenta, preguiosa, sem vontade de aprender,

frustrao, abandono escolar, depresso.

Disgrafia

Causa: dificuldade em passar para a escrita o estmulo visual da palavra impressa:

Conseqncia: no consegue idealizar no plano motor que o captou no plano

visual, incapacidade de segurar um lpis ou traar uma linha, desatenta, com

depresso.

Disortografia

Causa: incapacidade de transcrever corretamente a linguagem oral, havendo trocas

ortogrficas e confuso de letras.

Conseqncia: desestimulada, desatenta, sem vontade de aprender.

Discalculia

Causa: pedaggicas, capacidade intelectual limitada e disfuno do sistema nervoso

central.

Conseqncia: deficincias de identificao dos smbolos visuais, de clculo, de

concepes de idias e de aspectos verbais e no verbais; pouco desempenho

aritmtico, desinteresse, desatenta, sem vontade de aprender.

CONSIDERAES FINAIS

Com base no estudo efetivado, acredita-se que esta monografia vir contribuir

na docncia e boa vontade dos professores preocupados em detectar as causas e

conseqncias dos distrbios e tentar encontrar solues para estes problemas do

fracasso escolar, pela melhoria do ensino que fruto para o progresso e uma boa

educao.

Cabe ao professor adequar as atividades da sala de aula a essas

caractersticas individuais. errado supor que todos os alunos de uma turma

tenham igual nvel de maturidade, igual ritmo de aprendizagem e iguais interesses e

aptides.

um processo de muita luta, esforo, mas no impossvel descobrir o que se

considera como distrbio, transtorno, dificuldade ou problema de aprendizagem,

uma das mais inquietantes problemticas para aqueles que atuam no diagnstico,

preveno e reabilitao do processo de aprendizagem, pois envolve uma vasta

literatura fundamentada em concepes nem sempre coincidentes ou convergentes.

O grande nmero de obras relacionadas temtica impede que se

completem todas as definies e abordagens sobre os conceitos mencionados.

Pretende-se no presente estudo, a partir de uma reviso bibliogrfica empreender

uma descrio dos conceitos recorrentes na literatura especializada e discutir-se

algumas perspectivas de anlises sobre o que se vem denominando como

dificuldade de aprendizagem.

Como sntese apresenta-se a anlise de Romero (1995), que situa as

diversas teorias ou modelos de concepo sobre as dificuldades de aprendizagem

em um contnuo pessoa ambiente, defendendo uma posio intermediaria,

integradora e interacionista, baseada em uma concepo dialtica das dificuldades

de aprendizagem, na qual posies aparentemente opostas podem dialogar e serem

complementares entre si.

Toda esta abordagem no tem pretenso de remediar as deficincias dos

distrbios, e nem sequer apresentar formulas definitivas, mas ver quem o

responsvel e alertar o professor a respeito da problemtica, porque o trabalho s se

tornara eficaz medida que o professor questionar, constantemente, sua prtica

pedaggica.

Assim, este tema fundamenta-se em algumas cincias, abordando os

distrbios que causam as dificuldades de aprendizagem e esto relacionados com a

prtica educativa.

No que diz respeito a atitude do professor ao perceber que seu aluno est

passando por situaes difceis no meio familiar, social ou at mesmo de sade, que

estejam afetando a sua capacidade de raciocinar, construir, criar, compreender e se

desenvolver educacionalmente.

Cabe ao professor, dialogar com a criana tentando ajudar, confort-lo e

procurar saber o que est ocorrendo para que no prejudique no seu desempenho

escolar.

Esta conversa com o aluno deve ser de maneira descontrada, mostrando que

ele competente, capaz, sujeito a mudanas, tentando incluir junto a todos da sala

de aula, procurando fazer com que haja uma interao entre todos, sem

preconceitos, desigualdades, discriminaes e humilhaes.

Depende do comprometimento dos profissionais da educao e de uma

escola que possibilite uma vivncia de solidariedade, amizade, carinho, afeto,

felicidade, dedicao no seu trabalho e uma melhor aprendizagem, solucionando

dificuldades encontradas na vida escolar e familiar da criana.

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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