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Dilma Sugere Prisão de Sérgio Moro, o Juiz Que Aprendeu Na Escola Mãos Limpas - PÚBLICO

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Dilma sugere prisão de Sérgio Moro,

o juiz que aprendeu na escola Mãos Limpas ALEXANDRE MARTINS 18/03/2016 - 18:45

Herói ou justiceiro com uma agenda política, o juiz da Operação Lava

Jato defende há muito que "a opinião pública, como ilustra o exemplo

italiano, é também essencial para o êxito da acção judicial".

O Brasil e os Estados Unidos estão separados pela língua, mas a

dimensão e a proximidade geográfica fazem com que a grave crise

política no país sul-americano seja cada vez mais um tema de conversa a

Norte.

Sérgio Moro é um discípulo da mítica Operação Mãos Limpas PAULO WHITAKER/REUTERS

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"Em nome de todos os americanos, gostaria de agradecer ao Brasil por

fazer com que a política dos EUA pareça ser civilizada", escreveu no

Twitter um dos gurus da análise de riscos internacionais, Ian Bremmer,

num momento em que a campanha para as eleições presidenciais norte-

americanas desce a toda a velocidade (/1725931) até aos patamares mais

baixos da dignidade.

On behalf of all Americans, I'd like to thank Brazil for making US

politics look civilized.

— ian bremmer (@ianbremmer) March 18, 2016

(https://twitter.com/ianbremmer/status/710621344317227008)

Um dos nomes que se destaca sempre que alguém escreve ou fala sobre o

período que o Brasil atravessa neste momento é o de Sérgio Moro

(/1712309), o juiz que lidera a investigação ao maior escândalo de

corrupção política e empresarial no país, que nasceu na empresa

Petrobras e é conhecido como Operação Lava Jato.

Para quem está convencido de que o ex-Presidente Lula da Silva é

corrupto – e que a Presidente Dilma Rousseff deveria ser destituída,

embora no âmbito de um caso diferente (/1726441), relacionado com as

contas do seu primeiro governo –, o juiz Sérgio Moro é um herói, uma

espécie de Batman de Maringá que chegou para combater as trevas da

corrupção no Brasil; para quem acredita na inocência de ambos, Moro é

um juiz guiado por uma clara agenda política: a destruição dos maiores

símbolos vivos do Partido dos Trabalhadores e da sua luta pelo fim das

desigualdades no país.

Com um Brasil dividido entre as duas imagens, o jornal Folha de S. Paulo

veio dar esta sexta-feira um puxão de orelhas ao juiz, acusando-o de ter

despido a toga e de ter feito uma "temerária incursão pelo cálculo

político" quando decidiu divulgar conversas telefónicas entre Lula da

Silva e Dilma Rousseff.

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Áudio grampo da PF a Dilma para Lula

"Não se trata de relativizar o peso das notícias acerca da Operação Lava

Jato, ou de minimizar o efeito político e jurídico das gravações

telefónicas divulgadas nesta semana. O imperioso combate à corrupção,

entretanto, não pode avançar à revelia das garantias individuais e das leis

em vigor no país. Tal lembrança deveria ser desnecessária num Estado

democrático de Direito, mas ela se torna relevante diante de recentes

atitudes do juiz federal Sérgio Moro, em geral cioso de seus deveres e

limites", lê-se no editorial do jornal brasileiro

(http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2016/03/1751311-

protagonismo-perigoso.shtml), intitulado "Protagonismo perigoso".

Numa reacção esta sexta-feira, a própria Presidente lançou um duro

ataque contra Sérgio Moro, sem nunca referir o nome do juiz, dizendo

que "em muitos lugares do mundo, quem grampear [fez escutas] um

Presidente vai preso se não tiver autorização judicial da Suprema Corte".

Dilma Rousseff fala sobre grampos telefon...

Quinta-feira, numa discussão na Faculdade de Direito da Universidade

de São Paulo, o professor de Direito Penal Sérgio Salomão Schecaira

defendeu essencialmente o mesmo destino que Dilma Rousseff aponta a

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Sérgio Moro: o juiz devia "ser preso" por ter revelado as escutas, sendo

uma prova de que faz "uso selectivo" das informações no âmbito de "um

golpe que está em curso".

Outro juiz, Marcelo Semer, da Associação Juízes para a Democracia,

disse que "há um estado policial que está desalojando o Estado

democrático de Direito no país". Na sua conta no Twitter, Semer

escreveu que "a chicana de juiz [é] mais grave do que a de réu. Juiz é

garantidor de direitos. Não xerife, acusador, salvador da pátria..."

Honestamente acho a chicana de juiz mais grave do que a de réu. Juiz

é garantidor de direitos. Não xerife, acusador, salvador da pátria...

— Marcelo Semer (@marcelo_semer) March 17, 2016

(https://twitter.com/marcelo_semer/status/710327376727642113)

Mais do que uma questão de esquerda ou direita – contra a defesa dos

desfavorecidos e em nome de uma "pequena burguesia que chega ao

poder, com forte sentimento moralizante e conservador", como disse no

ano passado (/1712309) o advogado Lenio Streck à edição brasileira do El

País –, vale a pena perceber que o juiz Sérgio Moro é um discípulo dos

métodos da mítica Operação Mãos Limpas, que provocou um gigantesco

rombo na política italiana na década de 1990.

Um dos principais indicadores públicos da forma como Moro entende o

trabalho de um juiz que tenta combater a grande corrupção é um texto

que o próprio escreveu em 2004 na Revista Jurídica do Centro de

Estudos Judiciários, recuperado esta sexta-feira pela BBC Brasil.

Numa das passagens, o juiz defende que o envolvimento da opinião

pública é essencial para que a Justiça tenha sucesso – um argumento que

é facilmente usado contra si pelos que o acusam de ter uma agenda

política quando decidiu divulgar as escutas entre Lula da Silva e Dilma

Rousseff: "Na verdade, é ingenuidade pensar que processos criminais

eficazes contra figuras poderosas, como autoridades governamentais ou

empresários, possam ser conduzidos normalmente, sem reacções. Um

Judiciário independente, tanto de pressões externas como internas, é

condição necessária para suportar acções judiciais da espécie.

Entretanto, a opinião pública, como ilustra o exemplo italiano, é também

essencial para o êxito da acção judicial."

No mesmo texto

(http://jornalggn.com.br/sites/default/files/documentos/art20150102-

03.pdf), Moro defende o recurso a negociações de penas com

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arrependidos – algo que tem sido uma marca da Operação Lava Jato, e

que contribuiu para que mais nomes de envolvidos tenham caído com a

rapidez de uma fila de dominós. "Sobre a delação premiada, não se está

traindo a pátria ou alguma espécie de 'resistência francesa'. Um

criminoso que confessa um crime e revela a participação de outros,

embora movido por interesses próprios, colabora com a Justiça e com a

aplicação das leis de um país. Se as leis forem justas e democráticas, não

há como condenar moralmente a delação; é condenável nesse caso o

silêncio", escreveu o juiz em 2004.

Mas há quem tente olhar para além da polémica sobre o juiz herói, o juiz

comprado ou o juiz justiceiro – no site norte-americano Vox, o

académico Matthew Taylor, que se dedica a estudar os casos de

corrupção no Brasil, diz que, no final, quem sairá a ganhar é esse mesmo

Brasil que agora parece ter mergulhado nas trevas.

"Antes do caso Petrobras, quem tinha de decidir se os custos da

corrupção ultrapassavam os seus benefícios, decidiria sem qualquer

dificuldade tornar-se corrupto", disse Taylor

(http://www.vox.com/2016/3/18/11260924/petrobras-brazil). Numa

visão optimista, o especialista conclui que a Operação Lava Jato é tão

importante que "mudou essa avaliação".

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