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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO DIMENSIONAMENTO GEOTÉCNICO DA FUNDAÇÃO DE UMA TURBINA EÓLICA VICTOR HENRIQUE PEREIRA DE OLIVEIRA 2020

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

DIMENSIONAMENTO GEOTÉCNICO DA FUNDAÇÃO DE UMA TURBINA

EÓLICA

VICTOR HENRIQUE PEREIRA DE OLIVEIRA

2020

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I

DIMENSIONAMENTO GEOTÉCNICO DA FUNDAÇÃO DE UMA TURBINA

EÓLICA

VICTOR HENRIQUE PEREIRA DE OLIVEIRA

Projeto de Graduação apresentado ao curso

de Engenharia Civil da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro,

como parte dos requisitos necessários à

obtenção do título de Engenheiro.

Orientadora: Profa. Alessandra Conde de

Freitas

RIO DE JANEIRO

Março de 2020

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II

DIMENSIONAMENTO GEOTÉCNICO DA FUNDAÇÃO DE UMA TURBINA

EÓLICA

Victor Henrique Pereira de Oliveira

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO

RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A

OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinado por:

________________________________________________

Profa. Alessandra Conde de Freitas, D Sc.

________________________________________________

Prof. Marcos Barreto de Mendonça, D Sc.

________________________________________________

Prof. Maria do Carmo Reis Cavalcanti, D Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

MARÇO DE 2020

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III

Oliveira, Victor Henrique Pereira

Dimensionamento geotécnico da fundação de uma turbina

eólica / Victor Henrique Pereira de Oliveira – Rio de Janeiro:

UFRJ/Escola Politécnica, 2020.

xii, 116 p.:il.; 29,7 cm.

Orientadora: Alessandra Conde de Freitas

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de

Engenharia Civil, 2020.

Referências Bibliográficas: p. 94

1. Fundação de Torre 2. Turbina Eólica 3. Fundação

Superficial 4. Aerogerador

Freitas, Alessandra Conde de; II. Universidade Federal do

Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil.

III. Dimensionamento geotécnico da fundação de uma turbina

eólica

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IV

DEDICATÓRIA

Aos meus amados pais, Cássia e Carlos Henrique, e aos meus amados irmãos, Nayane e

Carlos Eduardo.

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V

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer primeiramente a Deus, por, através de sua sabedoria

suprema, ter me guiado e sustentado ao longo de todos esses anos dessa trajetória.

Agradeço imensamente a toda minha família por todo amor, carinho, respeito,

suporte emocional, financeiro, educacional que tiveram comigo durante toda minha vida.

Agradeço especialmente aos meus irmãos por serem a fundação da minha estrutura, por

sempre me levantarem em todas as dificuldades e comemorarem comigo todas as minhas

vitórias, por incentivarem no meu suor e secarem minhas lágrimas. Amo todos vocês.

Agradeço a todos os meus amigos que me acompanharam ao longo desse

caminho, sempre com boas conversas, risadas, conselhos e suporte. Quando o assunto é

amizade e faculdade, não poderia deixar de citar meus amores, Ana Clara e Camilla, e

agradecer por tudo que fizeram por mim, pelas intermináveis horas de estudo, conversas

e distrações.

Um agradecimento especial, também, a todos que dividi muitos bons momentos

das famílias Monteiro de Barros e Cruz Machado, que foram uma segunda família pra

mim, um abrigo e me trouxeram muito crescimento intelectual e maturidade durante os

anos de convivência.

Por fim, agradeço a todos os membros dessa instituição que possibilitaram que

um dos meus sonhos se tornasse realidade. Nesse contexto, agradeço, especialmente, a

professora Alessandra por todo carinho, compreensão, ensinamentos, transmitidos por

meio desse trabalho.

Obrigado a todos!

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VI

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos

requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.

DIMENSIONAMENTO GEOTÉCNICO DA FUNDAÇÃO DE UMA TURBINA

EÓLICA

Victor Henrique Pereira de Oliveira

Março de 2020

Orientadora: Alessandra Conde de Freitas

Um dos objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS 7) é assegurar o acesso

confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todos. Uma das metas

é, até 2030, reforçar a cooperação internacional para facilitar o acesso à pesquisa e

tecnologias de energia limpa (EL), bem como estimular o investimento em infraestrutura

neste segmento (EL). Em alinhamento ao preconizado pelo ODS 7, nos últimos anos, o

Brasil obteve significativo crescimento na produção de energia eólica, tendo ampliado

seu potencial energético instalado em mais de 15 vezes no período de 2010 a abril de

2019, e apresenta, atualmente, mais de 600 parques eólicos instalados com capacidade

total de 15GW. Os aerogeradores são as unidades fundamentais desse processo de geração

de energia. O correto dimensionamento de suas fundações, elementos que transmitem as

cargas da estrutura para o solo, apresentam uma série de especificidades, oriundas da

magnitude e complexidade das solicitações, como, por exemplo, o elevado carregamento

horizontal quando comparado ao peso próprio, ação do vento, e esforços dinâmicos,

oriundos da rotação das pás, típicos desse tipo de estrutura. No presente trabalho, é

apresentada a análise geotécnica de uma fundação de turbina eólica de 2,1 MW e 80

metros de altura, instalada no norte da Bahia. São apresentadas as verificações relativas

aos seguintes critérios: capacidade de carga, tombamento, deslizamento, recalque e

comportamento dinâmico necessárias ao bom desempenho da estrutura. Estas são

realizadas conforme práticas de dimensionamento disponíveis na literatura, e respeitando-

se as considerações presentes na norma brasileira de fundações, NBR-6122/2019.

Palavras-chave: Fundações; Energia Eólica; Aerogerador;

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VII

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment

of the requirements for the degree of Engineer.

GEOTECHNICAL DIMENSIONING OF A WIND’S TOWER FOUNDATION

Victor Henrique Pereira de Oliveira

March of 2020

Adviser: Alessandra Conde de Freitas

One of the objectives of sustainable development (SDG 7) is to guarantee reliable,

sustainable, modern and affordable access to energy for all. One of the goals is, by 2030,

to strengthen international cooperation to facilitate access to clean energy (EL) research

and technologies, as well as to increase investment in infrastructure in this segment (EL).

In line with the recommendations of SDG 7, in recent years, Brazil has achieved

significant growth in the production of wind energy, having expanded its installed energy

potential more than 15 times in the period from 2010 to April 2019, and currently presents

more 600 installed wind farms with a total capacity of 15GW. The wind turbines are the

fundamental units of this energy generation process. The correct design of its foundations,

elements that transmit as loads of the structure to the ground, exhibit a series of

specificities, arising from the magnitude and complexity of the loads, such as, for

example, the maximum horizontal load when compared to the proper weight, action of

the wind, and dynamic, arising from blade rotation, typical of this type of structure. In the

present work, a geotechnical analysis of a 2.1 MW, 80 meter high wind turbine

foundation, installed in northern Bahia. In order to evaluate the security, the foundation

is checked for the following requirements: load capacity, overturning, sliding, settlement

and dynamic behavior allowed for the good performance of the structure. These are

carried out according to the design practices available in the literature, and respecting the

considerations present in the Brazilian foundation standard, NBR-6122/2019.

Keywords: Foundations; Wind Energy; Wind turbine;

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VIII

Sumário

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1

1.1 CONTEXTO ............................................................................................................. 1

1.2 MOTIVAÇÃO .......................................................................................................... 4

1.3 OBJETIVOS ............................................................................................................. 4

1.4 METODOLOGIA ...................................................................................................... 5

1.5 APRESENTAÇÃO DOS CAPÍTULOS ........................................................................... 6

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 7

2.1 TURBINAS EÓLICAS ............................................................................................... 7

2.1.1 Tipos de Turbinas Eólicas ............................................................................. 8

2.1.2 Tipos de Fundações Utilizadas em Torres Eólicas ...................................... 10

2.2 VERIFICAÇÃO DA SEGURANÇA DA FUNDAÇÃO .................................................... 15

2.2.1 Capacidade de Carga ................................................................................... 16

2.2.2 Estimativa dos Recalques ............................................................................ 30

2.2.3 Verificação do Deslizamento da Base da Fundação .................................... 35

2.2.4 Verificação do Tombamento e da Excentricidade de Carga ....................... 37

2.2.5 Verificação do Comportamento Dinâmico .................................................. 39

2.3 ENSAIOS DE CAMPO ............................................................................................. 40

2.3.1 Sondagem de Simples Reconhecimento Associada ao Ensaio SPT ............ 40

2.3.2 Sondagens Rotativas e Mistas ..................................................................... 47

2.3.3 Ensaios Sísmicos ......................................................................................... 50

3 ESTUDO DE CASO – DESCRIÇÃO DOS CONDICIONANTES .................. 56

3.1 LOCALIZAÇÃO ..................................................................................................... 56

3.2 CARACTERÍSTICAS GEOLÓGICAS DA REGIÃO ........................................................ 57

3.3 PERFIS E ENSAIOS GEOTÉCNICOS ......................................................................... 57

3.4 PERFIL TÍPICO ...................................................................................................... 60

3.5 CARREGAMENTO ATUANTES NA FUNDAÇÃO ....................................................... 63

4 ESTUDO DE CASO - DIMENSIONAMENTO GEOTÉCNICO DA

FUNDAÇÃO ................................................................................................................. 65

4.1 GEOMETRIA E CARREGAMENTOS RESULTANTES .................................................. 65

4.2 PARAMETRIZAÇÃO .............................................................................................. 67

4.2.1 Ângulo de Atrito .......................................................................................... 68

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IX

4.2.2 Coesão Efetiva ............................................................................................. 69

4.2.3 Módulo de Elasticidade ............................................................................... 69

4.2.4 Coeficiente de Poisson ................................................................................ 71

4.2.5 Módulo de Cisalhamento ............................................................................. 72

4.3 VERIFICAÇÕES DA SEGURANÇA ........................................................................... 73

4.3.1 Rigidez Translacional e Rotacional ............................................................. 73

4.3.2 Capacidade de Carga ................................................................................... 74

4.3.3 Deslizamento ............................................................................................... 81

4.3.4 Tombamento ................................................................................................ 83

4.3.5 Excentricidade de Carga .............................................................................. 86

4.3.6 Recalques ..................................................................................................... 87

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 89

5.1 SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS ............................................................... 92

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 94

ANEXO: ENSAIOS DE CAMPO ............................................................................... 98

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X

LISTA DE SÍMBOLOS

A = área da fundação.

𝐴𝑒𝑓 = área efetiva da fundação.

B = largura ou diâmetro da base da fundação.

B’ = menor lado do retângulo da área efetiva.

bc, bq, bγ = fatores de inclinação da base da fundação.

be = eixo menor da elipse.

c = coesão do solo.

c’ = coesão efetiva do solo.

cc, cq, cγ = fatores de compressibilidade.

cd = coesão na interface solo-estrutura.

𝑑𝑧 = diferencial de profundidade.

𝐷ℎ = distância horizontal entre o ponto de aplicação da força vertical o bordo da fundação.

𝐷𝑣 = distância vertical entre o ponto de aplicação da força horizontal e a base da fundação.

e = excentricade.

E = módulo de elasticidade.

E0 = módulo de elasticidade para baixos níveis de deformações.

𝐹ℎ= força resultante horizontal.

𝐹ℎ′ = força resultando horizontal corrigida.

FS = fator de segurança.

𝐹𝑣= força vertical resultante.

𝐹𝑥𝑦= força horizontal de projeto.

Fz = força vertical, dado fornecido pela fabricante.

g = gravidade.

gc, gq, gγ = fatores de inclinação do terreno adjacente a fundação.

G = módulo de cisalhamento.

𝐺0 = módulo de cisalhamento para baixos níveis de deformação.

ic, iq, iγ = fatores de inclinação de carga.

𝐼𝑑 = fator de embutimento da fundação para análise de recalques.

𝐼ℎ= fator de espessura da camada compressível para análise de recalques.

𝐼𝑚= fator de forma da fundação de Bowles (1988), obtido a partir da Tabela 2.6.

𝐼𝑟 = índice de rigidez.

𝐼𝑠 = fator de forma e rigidez da sapata para análise de recalques.

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XI

𝐼𝑥𝑦 = momento de inércia do elemento de fundação.

𝐾𝑥,𝑟= rigidez translacional do conjunto solo-fundação.

𝐾𝜃,𝑟= rigidez rotacional do conjunto solo-fundação.

le = eixo maior da elipse.

L = maior lado da fundação.

L’ = maior lado do retângulo da área efetiva.

Mest = momento estabilizante.

Minst = momento instabilizante.

𝑀𝑥𝑦 = momento atuante na base da fundação.

𝑀𝑥𝑦𝑟 = momento resultante atuante na base da fundação.

𝑀𝑧= momento em torno do eixo vertical.

n = comprimento do avanço da perfuração

N60 = número de golpes padronizado para o padrão estadunidense.

Nc, Nq e Nγ = fatores adimensionais de capacidade de carga de fundação

Nspt = número de golpes apresentado no boletim de sondagem.

p = comprimento das peças maiores que 10 cm.

Pate = peso do reaterro.

Pfun = peso da fundação.

Ptor = peso da torre eólica.

q = tensão vertical efetiva no nível da base da fundação.

qmax = a tensão máxima atuante no bordo mais carregado da fundação.

qrup = tensão de ruptura.

Qrup = carga de ruptura.

R = raio da fundação.

Rd = resistência ao deslizamento.

sc, sq, sγ = fatores de forma.

tz = espaço de tempo entre a emissão e captação da onda na profundidade z.

𝑡𝑧+𝛿𝑧 = espaço de tempo entre a emissão e captação da onda na profundidade z + 𝛿𝑧.

tan 𝜃 = tangente do ângulo de rotação do centro da sapata.

𝑉𝑓𝑢𝑛 = volume da fundação.

Vp = velocidade da onda de compressão.

𝑉𝑟𝑒𝑎 = volume do reaterro.

Vs = velocidade da onda cisalhante.

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XII

x = distância horizontal da origem das ondas até o centro do furo.

z = profundidade.

α = ângulo de inclinação da base da fundação.

γ = peso específico do solo.

𝛾𝑐𝑜𝑛 = peso específico do concreto.

𝛾𝑟𝑒𝑎 = peso específico do reaterro.

𝛿𝑧 = acréscimo de profundidade em relação à profundidade z.

𝛥𝜎 = acréscimo de tensão.

휀𝑧 = deformação na direção z.

𝜂 = coeficiente empírico relacionado ao tipo de solo da análise de Leão (2015)

μ,K = coeficientes que correlacionam os resultados dos SPT e CPT.

ν = coeficiente de Poisson.

ρ = recalque.

σ = tensão aplicada pela fundação.

𝜎 = tensão vertical efetiva atuante na profundidade de B/2 abaixo da base da fundação.

Ф = ângulo de atrito na interface solo estrutura.

Φ’ = ângulo de atrito efetivo do solo.

Ф𝑑 = ângulo de atrito na interface solo estrutura.

ω = ângulo de inclinação do terreno.

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1

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTO

O mundo iniciou o século XXI com grandes preocupações em relação ao

desenvolvimento sustentável que, segundo estabelecido na Organização das Nações Unidas

(ONU), através Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, é definido

como: “desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer

a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações”.

Em setembro de 2015, foi estabelecido, na assembleia geral da ONU, um conjunto de

17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que possui 169 metas específicas, que

visam desenvolvimento social amplo e universal, com intuitos principais de erradicação da

pobreza; proteção ao meio ambiente; e combate às intensas mudanças climáticas

potencializadas pela ação antrópica.

O objeto de estudo do presente trabalho, as torres eólicas, refere-se especificamente ao

assunto tratado no ODS 7, que versa sobre energia limpa e acessível à todos. Para tanto, foram

estabelecidas as seguintes metas a serem cumpridas até 2030:

7.1.Assegurar o acesso universal, confiável, moderno e a preços acessíveis a

serviços de energia;

7.2.Aumentar substancialmente a participação de energias renováveis na matriz

energética global;

7.3.Dobrar a taxa global de melhoria da eficiência energética;

7.a. Reforçar a cooperação internacional para facilitar o acesso à pesquisa e

tecnologias de energia limpa, incluindo energias renováveis, eficiência energética

e tecnologias de combustíveis fósseis avançadas e mais limpas, e promover o

investimento em infraestrutura de energia e em tecnologias de energia limpa

7.b. Expandir a infraestrutura e modernizar a tecnologia para o fornecimento de

serviços de energia modernos e sustentáveis para todos os países em

desenvolvimento, particularmente nos países menos desenvolvidos, nos pequenos

Estados insulares em desenvolvimento e nos países em desenvolvimento sem

litoral, de acordo com seus respectivos programas de apoio.

Em alinhamento ao preconizado no ODS 7, o Brasil realizou, nos últimos anos,

significativos investimentos no setor de energia eólica, como pode ser verificado na Figura

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2

1.1. Desse modo, o país ampliou seu potencial energético em mais 15 vezes num período de

9 anos – 0,93 GW em 2010 para 15 GW abril de 2019 –, tornando-se a segunda maior fonte

de energia que compõe a matriz brasileira, Figura 1.2, distribuídos em mais de 600 parques

eólicos instalados.

Apesar do desenvolvimento gerado no setor, a energia eólica apresentou, mais

recentemente, um declínio em sua taxa de crescimento, entretanto com expectativas de

retomada de desenvolvimento para os anos que sucedem. A partir da análise da Figura 1.1 é

possível perceber que o cenário de crescimento da energia eólica nacional é baseado em quatro

fases distintas:

Fase 1: pequena taxa de crescimento do setor;

Fase 2: período transitório, com taxa de crescimento intermediária em relação as Fases

1 e 3, apontando para aumento dos investimentos no setor;

Fase 3: período de maior desenvolvimento, com taxas de crescimento elevadas, que

impulsionou o setor a ascender ao patamar de segunda maior fonte energética nacional;

Fase 4: período de declínio da taxa de crescimento, que alcançou patamar similar ao

verificado na fase 1;

Figura 1.1: Evolução da capacidade instalada

Fonte: Modificado da ABEEólica (2019)

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3

Figura 1.2: Matriz energética brasileira em abril de 2019.

Fonte: ABEEólica (2019)

No Brasil, o investimento no uso de energia eólica apresenta-se como uma excelente

opção para o desenvolvimento do setor, devido ao fato da mesma ser uma fonte de energia

limpa, renovável e com reduzido impacto ambiental.

Complementarmente, a mesma não requer o uso de água (recurso essencial para a

vida), com consequente formação de grandes lagos artificiais. O uso da energia eólica

possibilita, também, a complementaridade energética em relação à matriz hidrelétrica, visto

que os períodos de menores vazões dos rios brasileiros ocorrem simultaneamente à incidência

dos melhores ventos para produção eólica, conforme pode se observar na Figura 1.3, que

apresenta a vazão do rio São Francisco e a velocidade dos ventos no litoral da Região

Nordeste.

Adicionalmente, a energia eólica mostra-se como uma excelente opção de

investimento relacionado ao mercado de geração e distribuição de energia pelo fato do país

possuir grande potencial de aproveitamento da energia eólica – estimado em 143,5 GW),

correspondente a 87% de todo potencial energético instalado em 2019 (CRESEB, 2011) –

principalmente nos estados da região Nordeste, que apresentam, atualmente, cerca de 86% do

potencial energético instalado (ABEEólica, 2019).

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4

Figura 1.3: Complementaridade entre as fontes eólica e hidrelétrica

Fonte: CBEE/UFPE (2000)

1.2 MOTIVAÇÃO

As unidades fundamentais para o sistema de produção de energia eólica são as torres

eólicas, também chamadas de turbinas eólicas ou aerogeradores, que possuem como uma das

etapas primordiais do seu projeto o dimensionamento dos elementos de transmissão das cargas

da estrutura para o solo, ou seja, as suas fundações.

As fundações das torres eólicas apresentam uma série de especificidades provenientes

da complexidade e magnitude das solicitações, como, por exemplo, o elevado carregamento

horizontal em comparação com o peso próprio da estrutura, originados da ação do vento, e

esforços dinâmicos oriundos da rotação das pás para geração de energia elétrica.

Com isso, torna-se necessária a realização de uma série de verificações adicionais, isto

é, que não fazem parte do escopo das verificações usuais das fundações de edificações mais

frequentes, como as de edificações comerciais e/ou residenciais, presentes na indústria da

construção civil.

1.3 OBJETIVOS

O presente trabalho tem como objetivo a avaliação geotécnica de uma fundação de um

aerogerador de 2,1 MW e 80 metros de altura, executada em terreno constituído

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5

predominantemente por solos arenosos e rochas brandas do tipo arenito, localizado no

nordeste do estado da Bahia, onde foi executado o Parque Eólico Esperança.

As características do perfil geotécnico foram observadas através de 14 ensaios de

sondagem de simples reconhecimento associados à realização do Standart Penetration Test

(SPT). Adicionalmente, devido à relevância do projeto, foram realizados: um ensaio

Downhole e um ensaio de Análise Multicanal de Ondas de Superfície (MASW), os quais

foram executados nas proximidades do ensaio (sondagem associada ao SPT) que forneceu

perfil SPT menos competente, ou seja, aquele que apresentou menor resistência à penetração.

Mais especificamente, os perfis serão avaliados de acordo com sua localização

geográfica, sendo realizado um dimensionamento geotécnico da solução de fundação para o

perfil crítico de análise.

1.4 METODOLOGIA

No presente trabalho foi feita, inicialmente, uma revisão bibliográfica acerca dos

principais tipos de turbinas eólicas existentes e dos tipos de fundações mais aplicadas nas

diversas condições. Na sequência foi selecionado um estudo de caso de um aerogerador de

2,1 MW e 80 metros de altura, instalado no nordeste do estado da Bahia, cuja fundação é do

tipo superficial ou direta.

A partir daí, foram realizadas uma série de atividades, as quais foram subdividas em:

análise das características locais, avaliação dos ensaios de campo realizados no local,

utilização das correlações disponíveis na literatura técnica para estimativa dos parâmetros de

resistência e de deformabilidade e realização das verificações de segurança geotécnica da

fundação.

Desse modo, foram analisados os perfis de sondagem de simples reconhecimento

associados ao SPT, e, a partir desses, foram selecionadas as correlações consideradas mais

convenientes, com a finalidade de estimar os parâmetros geotécnicos necessários. Dois

critérios foram utilizados nessa escolha: adequação da correlação ao tipo de material que

compõe o subsolo da região e correlações consideradas consagradas no meio técnico.

Foram analisados, também, os ensaios sísmicos do tipo Downhole e Multicanal de

ondas de Superfície (MASW), tendo sido esses utilizados para a determinação dos seguintes

parâmetros: coeficiente de Poisson, módulo de elasticidade e módulo de cisalhamento.

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6

Posteriormente, os parâmetros, e demais informações requeridas, foram utilizados nas

verificações de segurança usuais para esse tipo de estrutura (capacidade de carga, recalques,

deslizamento, tombamento, rigidezes rotacional e translacional), que devem ainda respeitar

os demais critérios estabelecidos na norma brasileira de fundações, ABNT NBR 6122 (2019),

e as exigências das empresas fabricantes dos aerogeradores.

Avaliadas e verificadas todas as condições pertinentes à estrutura de fundação, para

uma dada característica geométrica, está estabelecido o dimensionamento geotécnico da

fundação, que deve garantir a segurança da estrutura como um todo.

1.5 APRESENTAÇÃO DOS CAPÍTULOS

A introdução do presente trabalho foi iniciada com uma breve contextualização do

cenário ambiental mundial e assinalando a importância que a energia eólica assume nesse

cenário. Posteriormente foi realizada, mais especificamente, a contextualização dessa energia

no cenário nacional.

Em seguida, ainda na introdução, foram apresentadas as questões mais específicas do

trabalho, com objetivo e a metodologia utilizada para alcançar esse fim.

No segundo capítulo apresentou-se uma revisão dos tipos de turbinas eólicas existentes

no mercado, assim como as tipologias de estruturas de fundações existentes, tanto no meio

onshore, quanto no meio offshore.

Ainda no segundo capítulo exibiu-se os aspectos pertinentes ao dimensionamento

geotécnico da fundação, assim como a revisão dos ensaios utilizados em campo para balizar

dimensionamento das fundações de torres eólicas.

No terceiro capítulo foi realizada a descrição da região de estudo, com a apresentação

dos aspectos regionais, localização e características dos carregamentos, ou seja, os dados

utilizados no estudo.

No quarto e penúltimo capitulo são apresentadas as informações baseadas nas tomadas

de decisões para estabelecimento de parâmetros, escolha das dimensões e realizações das

verificações, que seguem, além dos preceitos técnicos utilizados na bibliografia técnica,

aqueles presentes na ABNT NBR 6122 (2019).

No quinto e último capítulo são realizadas as conclusões do estudo de caso, e são

apresentadas sugestões de novas pesquisas e abordagens para o tema.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 TURBINAS EÓLICAS

As turbinas eólicas são as unidades fundamentais do processo de geração de energia

elétrica a partir do aproveitamento do vento. Essas são formadas, de forma geral, a partir dos

seguintes elementos, conforme mostra a Figura 2.1.

Figura 2.1: Componentes de uma Turbina Eólica

Fonte: https://ru.freepik.com/premium-photo/wind-turbine-in-the-

field_6154579.htm#page=2&query=wind+energy+sustainable++windmill+renewable+energ

y+electric+generator&position=10

Fundação: elemento estrutural responsável por transmitir, de modo seguro, os

carregamentos atuantes na estrutura para o solo;

Torre ou Fuste: elemento de grande porte responsável por suportar o peso do rotor e

da Nacelle, e por permitir que o elemento alcance maiores alturas para obtenção de melhores

ventos;

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Pás do Rotor: elemento de captação do vento, sendo esse responsável por transferir a

energia cinética para o rotor através da rotação;

Cubo ou Rotor: elemento responsável pela conversão da energia mecânica em energia

cinética, no qual são fixadas as pás da turbina;

Nacelle: elemento que é responsável por abrigar todo conjunto que compõe o gerador.

2.1.1 Tipos de Turbinas Eólicas

O aerogerador conta com um rotor com rolamentos que, em funcionamento com todo

o sistema de medição (anemômetro) e pás giratórias, gera uma força mecânica. Com isso, a

energia eólica é transmitida das pás ao rolamento que, por sua vez, é ligado diretamente a um

multiplicador que aumenta imediatamente a velocidade do eixo do aerogerador.

A movimentação do eixo gera energia mecânica, que é retransmitida até um gerador

elétrico já conectado. A energia sai do aerogerador já em formato de eletricidade, indo direto

para a rede elétrica.

Hoje, o Brasil possui dois modelos de aerogeradores: de eixo vertical e eixo horizontal.

O modelo horizontal é mais difundido e apresenta um padrão técnico mais desenvolvido, o

que facilita sua instalação. Também é um tipo aerogerador mais indicado para produção em

grande escala de energia eólica.

Por fim, as torres eólicas podem ser segmentadas em diferentes grupos de acordo com

algumas características de sua estrutura, como apresentado a seguir:

a) Tipos de torres eólicas de acordo com o eixo de Rotação

A partir da forma de captação do ventos, as turbinas eólicas são divididas em dois

grandes grupos: eixo vertical e eixo horizontal.

i. Torres eólicas de Eixo Vertical

As turbinas eólicas de eixo vertical, apresentadas na Figura 2.2, são estruturas de

menor porte em relação às de eixo horizontal, e apresentam as vantagens de serem menos

onerosas financeiramente, tanto para aquisição, quanto para a manutenção e instalação.

Além disso, devido às suas características geométricas, estão sempre alinhadas com o

vento, não necessitando de nenhum elemento para a reorientação da turbina.

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Figura 2.2: Tipos de turbina eólica de eixo vertical

Fonte:https://app.eventize.com.br/upload/000388/files/3_%20TURBINAS%20EOLICAS%2

0DE%20EIXO%20VERTICAL.pdf

ii. Torres eólicas de eixo Horizontal

As turbinas eólicas de eixo horizontal, apresentadas na Figura 2.3, apesar de mais

onerosas financeiramente, são as mais utilizadas. Essas apresentam a vantagem de ser de

maior porte, fato que permite o acesso ventos menos turbulentos e mais velozes, que ocorrem

em elevadas altitudes, ampliando o rendimento e eficiência na geração de energia.

Figura 2.3: Tipos de turbina eólica de eixo horizontal

Fonte: Marques (2004)

Adicionalmente, ocupam menor espaço próximo nível do terreno, possibilitando o

desenvolvimento de outras atividades. Como desvantagem, esse tipo de estrutura necessita de

um elemento que possibilite a reorientação das pás em direção ao vento.

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b) Tipos de torres eólicas de acordo com a localização

Outro modo de agrupamento das torres eólicas é a partir da sua localização, sendo

classificadas em: onshore, quando dentro dos limites da costa, ou offshore, quando em alto

mar.

Segundo Oliveira (2016), as fundações são os elementos que melhor distinguem as

torres eólicas on e offshore. As primeiras incorporam as soluções mais frequentes da indústria

de engenharia civil, enquanto que as segundas adotam, cada vez mais, as soluções oriundas

da indústria de petróleo e gás.

Apesar das grandes diferenças verificadas entre essas fundações, é importante salientar

que ambas possuem a mesma função de transmitir adequadamente as solicitações para o solo.

Dessa forma, a escolha do tipo de fundação a ser utilizada dependerá dos seguintes critérios

listados em ordem de significância: condições do local, fabricação, instalação, operação e

manutenção, desativação e, por fim, economia. (Oliveira, 2016).

2.1.2 Tipos de Fundações Utilizadas em Torres Eólicas

A fundação da turbina eólica é o elemento que realiza a conexão entre o aerogerador

e o solo (Silva, 2014), sendo um dos exemplos que constitui o grupo das chamadas fundações

especiais. Esse conjunto é assim nomeado por possuir características gerais, principalmente

de carregamento, que o distingue das condições mais frequentes presentes na construção civil,

impondo a necessidade de maior número de verificações geotécnicas para garantia da

segurança.

As fundações mais frequentes na indústria da construção civil, isto é, edificações

residenciais e/ou comerciais, caracterizam-se por transferir esforços majoritariamente

verticais, estáticos e de compressão, mais comumente, e de tração, em condições especificas,

oriundos, principalmente, de peso próprio da estrutura e cargas de uso, que, em grande maioria

dos casos, encontram-se, ainda, centrados.

As torres eólicas, por outro lado, apresentam outros importantes tipos de solicitação,

tais como: ações dinâmicas provenientes da própria característica vibracional da estrutura e

carregamento horizontal, conforme pode ser visto na Figura 2.4, que ocorre devido à atuação

do vento, que assume grande relevânci, quando comparado com outros carregamentos,

pequeno peso próprio da estrutura e ao elevado comprimento vertical, inerentes ao tipo de

construção, resultando em momentos de elevada magnitude.

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Figura 2.4: Carga de vento atuante na torre eólica

Fonte: Modificado de Bhattacharya (2017)

Esses três tipos de solicitações – dinâmica, horizontal e de momento – são de suma

importância para análise dessas estruturas, gerando a necessidade de verificação de outros

quatro mecanismos de falha, que fogem do escopo das fundações usuais, são estas:

Verificação de deslizamento ou de capacidade de suporte horizontal de estacas,

que visa verificar a estabilidade da fundação em relação aos esforços

horizontais introduzidos;

Verificação de tombamento, garantindo a estabilidade contra os elevados

momentos atuantes na base;

Verificação das rigidezes rotacional e translacional do conjunto solo-fundação,

analisando-se o comportamento dinâmico do mesmo.

Verificação de fadiga, que visa analisar a possibilidade de ruptura causada por

esforços repetidos e de menor magnitude que a carga última do solo;

a) Fundações tipicamente utilizadas no meio onshore

As fundações de turbinas eólicas localizadas em terra, como já visto anteriormente,

baseiam-se nas soluções mais frequentemente aplicadas na indústria da engenharia civil, em

geral, sapatas ou bloco sobre estacas.

As primeiras, de um modo geral, são utilizadas quando o solo superficial apresenta

bom comportamento mecânico, e consistem em uma laje de concreto armado. Cabe salientar

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que, devido as grandes dimensões necessárias às fundações das torres eólicas, a profundidade

caracterizada como superficial atinge, também, grande espessura, da ordem de dezenas de

metros. Nessas fundações, os carregamentos verticais e horizontais são recebidos de modo

concentrado, e são distribuídos ao longo de toda ampla superfície da estrutura. Já os momentos

são resistidos através da geração de uma carga excêntrica, que introduzirá regiões de

concentração e de alívio de cargas.

A fundação do tipo bloco sobre estacas é utilizada quando o solo superficial não

apresenta comportamento mecânico e reológico suficientemente bom para adoção de

fundação superficial, sendo necessário buscar regiões de melhor competência em

profundidade.

Nesse tipo de solução, os carregamentos verticais são transferidos por atrito lateral e

resistência de ponta, e os horizontais, pelo contato lateral entre estaca e o solo. Já os momentos

são resistidos pela introdução de binários de forças no grupo de estacas.

b) Fundações tipicamente utilizadas no meio offshore

As fundações de torres eólicas no meio offshore podem ser divididas em três

subgrupos de acordo com a profundidade de instalação (Oliveira, 2016):

Águas rasas, quando em profundidades de até 25 a 30 metros;

Águas intermediárias, quando em profundidades entre 30 e 60 metros;

Águas profundas, quando em profundidades superiores a 60 metros.

Esse tipo de classificação a partir da profundidade da lâmina d’água assume grande

valor, visto que existem soluções tipicamente mais vantajosas, ou seja, mais indicadas e

utilizadas, a depender da profundidade de instalação, vide Tabela 2.1.

Cumpre destacar que a classificação de Oliveira (2016), apresentada anteriormente,

para caracterização de águas rasas, intermediárias e profundas em projetos de torres eólicas é

diferente da utilizada em projetos de estruturas de explotação (navios FSO e FPSO,

plataformas semissubmersíveis, dentre outros), para os quais 60 metros corresponde, ainda, a

águas rasas.

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Tabela 2.1: Relação entre profundidade de lamina d’água e tipo de solução mais indicada

(Oliveira, 2016)

Águas rasas

Para as profundidades tipicamente denominadas como águas rasas (para as torres

eólicas), os tipos de soluções mais indicadas são: fundação por gravidade e monoestaca.

A fundação por gravidade, apresentada na Figura 2.5a, consiste em pilar de elevadas

dimensões apoiado sobre uma grande laje, assim como uma sapata. Não é uma solução

indicada para profundidades típicas de águas intermediárias e profundas, visto que necessita

de dimensões cada vez maiores para absorver os momentos, e de tratamento prévio da

superfície de assentamento, fato que torna muito complexa a instalação.

A fundação do tipo monoestaca é o tipo mais comum de fundação adotada no para

torres eólicas no meio offshore (Oliveira, 2016), pelo fato de possuir simples metodologia de

produção e instalação, e a maior parte das torres eólicas instaladas no meio offshore encontra-

se em águas rasas. Essa consiste em uma única estaca de elevadas dimensões, como mostra a

Figura 2.5b, responsável por transmitir as cargas para o terreno.

(a) (b)

Figura 2.5: Soluções comumente utilizadas em águas rasas

Fonte: Modificado de Oliveira (2016)

Fundação por Gravidade

Monoestaca

Tripé

Jaqueta

Três Estacas

Flutuante

Solução Águas Rasas Águas Intermediárias Águas Profundas

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Águas intermediárias

Para as profundidades tipicamente denominadas como águas intermediárias, as

soluções mais indicadas são as conhecidas como jaqueta, três estacas e fundação em tripé.

A primeira, representada na Figura 2.6a, consiste em uma torre de aço treliçada, que

apresenta pequeno peso quando comparado com as demais soluções, e uma geometria que

confere maior rigidez ao elemento, fato que permite que a estrutura seja utilizada, inclusive,

em maiores profundidades, suportando elevados momentos e tempestades, típicas dessas

regiões.

As soluções do tipo três estacas e tripé, Figuras 2.6b e 2.6c, consistem em conjunto de

três estacas que são cravadas no subleito marinho. Essas fundações divergem entre si, dentre

outras características, na profundidade de colocação do nó de encontro entre os três apoios.

Na primeira, o nó de ligação encontra-se fora d’água, fato que facilita a manutenção

da ligação. Já na segunda, esse encontra-se dentro d’água, fato que dificulta sua visualização

e realização de intervenções. Todavia, como vantagem, os tripés apresentam maior rigidez.

(a) (b) (c)

Figura 2.6: Soluções comumente utilizadas em águas intermediárias

Fonte: Modificado de Oliveira (2016)

Águas profundas

Para as profundidades tipicamente denominadas como águas profundas (para torres

eólicas, acima de 60 metros), as soluções mais indicadas são as conhecidas como sistemas

flutuantes (Figura 2.7), isto é, unidades que se apoiam no nível do mar, entretanto, para manter

sua posição, devem estar presas no leito do oceano mediante conjunto formado pelas linhas

de amarração e fundação. Essas apresentam a vantagem de possuírem menor volume de

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material instalado, menor peso, e metodologia de instalação que permite vencer elevadas

profundidades.

Figura 2.7: Soluções comumente utilizadas em águas profundas

Fonte: Modificado de Oliveira (2016)

2.2 VERIFICAÇÃO DA SEGURANÇA DA FUNDAÇÃO

As fundações, de um modo geral, são divididas em dois grandes grupos, que

distinguem-se, do ponto de vista teórico, segundo os critérios de profundidade de

assentamento e forma de transferência de carga da estrutura para o solo, podendo ser

classificadas como fundações superficiais ou profundas.

Desse modo, as fundações superficiais são aquelas que apresentam profundidade de

assentamento que, segundo a norma ABNT NBR 6122 (2019), deve ser inferior a duas vezes

a sua menor dimensão em planta, e, de acordo com Terzaghi (1943), inferior a sua menor

dimensão em planta. Quanto à transferência de carga, ocorre, por hipótese, única e

exclusivamente pela base da estrutura de fundação.

A hipótese de Terzaghi (1943) para a profundidade de assentamento foi realizada com

intuito de garantir que a resistência ao cisalhamento do solo acima da base assuma valores

desprezíveis perante as demais parcelas de resistência, possibilitando a análise dessa região

como uma sobrecarga efetiva atuando no nível da base da fundação superficial.

A escolha da metodologia de fundação a ser implementada é condicionada,

principalmente, pelo tipo de estrutura – magnitude, tipos de solicitações e pelo terreno que

será solicitado – impactando na resistência e nos recalques ocorridos. Segundo Danziger

(2017), a priori, existe viabilidade técnica para realização dos tipos de fundação, tornando

fundamental uma análise financeira para determinação da melhor opção.

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Já as fundações profundas são consideradas como aquelas em que as profundidades de

assentamento da base da fundação são muito superiores a sua menor dimensão, e acima dos

limites assinalados anteriormente. Quanto à transferência de carga, pode ocorrer através da

superfície lateral (fuste) e/ou da base do elemento de fundação.

Nos subitens a seguir serão apresentados os critérios a serem adotados nas verificações

da segurança da fundação, conforme listado abaixo:

2.2.1 Capacidade de Carga

2.2.2 Estimativa dos recalques

2.2.3 Verificação do Deslizamento da base da fundação

2.2.4 Verificação do Tombamento e da excentricidade de carga

2.2.5 Verificação do Comportamento Dinâmico

2.2.1 Capacidade de Carga

Capacidade de carga consiste no carregamento que corresponde à ruptura do terreno

de fundação (ABNT NBR 6122, 2019), ou ainda à carga para a qual cessa-se a capacidade

resistente do solo, e os deslocamentos crescem indefinidamente. Essa característica pode ser

verificada através das curvas carga versus recalque, vide exemplo da Figura 2.8.

Figura 2.8 Curva carga versus recalque

Fonte: Velloso e Lopes (2004)

A partir dos diferentes tipos de comportamentos apresentados na curva carga versus

recalque, Vesic (1975) definiu três diferentes tipos de rupturas geotécnicas possíveis para o

caso de fundações superficiais, são essas: ruptura generalizada, ruptura por puncionamento e

ruptura localizada, as quais são descritas a seguir.

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a) Ruptura Generalizada

A Ruptura generalizada foi caracterizada como aquela que possui um mecanismo de

ruptura bem definido, como pode ser visto na Figura 2.9a, iniciando na base da fundação (em

um dos cantos), e se estendendo até a superfície do terreno, com consequente soerguimento

do terreno ao redor da fundação.

Além disso, verifica-se através da Figura 2.9b, que o solo apresenta pequenos

deslocamentos até o momento em que há a ruptura, que ocorre de modo brusco e, geralmente,

catastrófico. Vesic (1975) acrescentou, ainda, que esse tipo de ruptura é característico de solos

de bom comportamento mecânico e em caso de pequena profundidade de assentamento, como

pode ser verificado na Figura 2.10.

Cabe salientar, que, de acordo com Vesic (1975), o modo de falha não é função apenas

das características do solo, sendo dependente, dentre outros fatores, das condições de

carregamento, da geometria da fundação e da rigidez relativa.

(a) (b)

Figura 2.9: Ruptura Generalizada

Fonte: Velloso e Lopes (2004)

Figura 2.10: Relação entre profundidade normalizada e compacidade relativa de solos

arenosos com o mecanismo de ruptura verificado (Vesic, 1963)

Fonte: Velloso e Lopes (2004)

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b) Ruptura por Puncionamento

A ruptura por puncionamento representa a condição oposta à visualizada na ruptura

generalizada, pois apresenta padrão de ruptura difícil de ser visualizado, sem intumescimento

no nível do terreno, com pequenas alterações no solo em torno da fundação, e sem ocorrência

de rotação da estrutura de fundação, como pode ser verificado na Figura 2.11a.

Esse mecanismo ocorre mediante cisalhamento do solo imediatamente abaixo do

terreno de fundação, caracterizado pelo afundamento da estrutura no solo. Esse afundamento

permite que o acréscimo de tensões seja levado às profundidades cada vez mais elevadas,

possibilitando o acréscimo de carga mesmo em condição de grandes deslocamentos (Vesic,

1975), vide a Figura 2.11b.

A partir do gráfico de Vesic (1975), Figura 2.10, é possível verificar que esse tipo de

ruptura é aquele que contempla distintas condições de transmissão de carga para o solo:

Em solos com bom comportamento mecânico, ou seja, compacidade relativa próximo

da unidade, a ruptura por puncionamento, de modo geral, ocorre em profundidades mais

elevadas, visto que o grande caminho de cisalhamento até a superfície do terreno mobiliza

grande parcela resistência, dificultando a ocorrência de outros mecanismos que não por

penetração da fundação.

Em solos com pior comportamento mecânico, ou seja, compacidade relativa próxima

de zero, a ruptura por puncionamento, em geral, ocorre desde as pequenas profundidades,

visto que o solo apresenta baixa resistência ao cisalhamento, tornando esse mecanismo crítico.

Como já mencionado anteriormente, cabe frisar mais uma vez, que, de acordo com

Vesic (1975), o modo de falha não é função apenas das características do solo, sendo

dependente, dentre outros fatores, das condições de carregamento e da geometria da fundação.

(a) (b)

Figura 2.11: Ruptura por puncionamento

Fonte: Velloso e Lopes (2004)

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c) Ruptura Localizada

A ruptura localizada caracteriza-se por ser uma condição intermediária aos

mecanismos apresentados anteriormente, ocorrendo, consequentemente, em condições

intermediárias.

Nesse caso, a ruptura ocorre imediatamente abaixo da base da fundação, estendendo-

se lateralmente, entretanto sem alcançar a superfície do terreno, como pode ser visto na Figura

2.12a. Pode haver, ainda, um leve soerguimento na superfície do terreno, afundamento da

estrutura, e, assim como na ruptura por puncionamento, esse mecanismo propicia o acréscimo

de carga na fundação, vide Figura 2.12b.

(a) (b)

Figura 2.12: Ruptura localizada

Fonte: Velloso e Lopes (2004)

2.2.1.1 Metodologia de cálculo da capacidade de carga

A expressão utilizada para cálculo da carga de ruptura, uma das mais difundidas no

meio da mecânica do solos, foi desenvolvida por Terzaghi (1943). Essa baseia-se na teoria da

plasticidade, e, para sua determinação, foram utilizadas as seguintes simplificações:

Solo como material rígido-plástico, fato que não permite avaliação de deslocamentos

ocorridos mediante essa análise;

Critério de ruptura de Mohr-Coulomb;

Meio semi-infinito, comprimento da fundação significativamente maior que sua

largura (estado plano de deformações (L>>B);

Desprezadas as resistências do terreno acima da cota de assentamento;

Desprezados o atrito e adesão que ocorre no contato solo-fundação;

Carga de compressão e ausência de excentricidade.

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Dessa forma, de acordo com as observações realizadas em modelos reduzidos de

estudo, foram determinadas três zonas de equilíbrio plástico, como mostra a Figura 2.13.

Figura 2.13: Modelo teórico de ruptura da fundação

Fonte: Velloso e Lopes (2004)

A cunha I, que, na ruptura, desce solidária com a sapata e se encontra no estado-limite

ativo de Rankine, obriga a cunha II, em cisalhamento radial, a deslocar-se lateralmente, a qual,

por sua vez, conduz um deslocamento lateral e ascendente da cunha III, em estado passivo de

Rankine (Fernandes, 2014).

É importante salientar que, a equação é oriunda das soluções parciais mais

superposição de efeitos, que, apesar de grosseira, não conduzem a grandes erros, justificando

o uso da solução (Fernandes, 2014), mediante Equação 2.1.

𝑞𝑢𝑙𝑡 = 𝑐.𝑁𝑐 + 𝑞.𝑁𝑞 +1

2. 𝛾. 𝐵. 𝑁𝛾 Eq. 2.1

Sendo,

c = coesão do solo;

q = tensão vertical efetiva no nível da base da fundação;

B = largura ou diâmetro da base da fundação;

γ = peso específico do solo;

Nc, Nq e Nγ = fatores adimensionais de capacidade de carga de fundação que são determinados

a partir das Equações 2.2 a 2.4, e com valores dispostos na Tabela 2.2:

𝑁𝑐 = (𝑁𝑞 − 1). 𝑐𝑜𝑡𝑔𝛷 Eq. 2.2

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𝑁𝑞 = 𝑒𝜋×𝑡𝑔𝛷 . 𝑡𝑔2 (𝜋

4+𝛷

2) Eq. 2.3

𝑁𝛾 = 2 × (𝑁𝑞 − 1). 𝑡𝑔𝛷 Eq 2.4

Sendo,

Φ = ângulo de atrito do solo.

Hjiaj, Lyamin e Sloan (2005) estabeleceram uma nova proposição para Nγ a partir de

aproximações de métodos numéricos computacionais, que conduzem a melhores resultados,

e são descritos pela Equação 2.5.

𝑁𝛾 = 𝑒1

6×(𝜋+3×𝜋×𝑡𝑔𝛷). (𝑡𝑔𝛷)

2𝜋

5 Eq 2.5

De acordo com Fernandes (2014), a primeira parcela da Equação 2.1 corresponde a

um material com resistência atrítica e coesão, porém sem peso e sobrecarga lateral; a segunda

parcela corresponde um material com resistência atrítica e sobrecarga lateral, porém sem

coesão e peso; e a terceira corresponde a um material com resistência atrítica e peso, porém

sem coesão e sobrecarga lateral.

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Tabela 2.2: Fatores de capacidade de carga

2.2.1.2 Fatores de Influência e área efetiva

A formulação de capacidade de carga de Terzaghi (1943) foi gerada com uma série de

especificidades, tais como carregamento infinito e base da fundação horizontal, por exemplo.

Com isso, fez-se necessário criar uma série de fatores de influência, que objetivam corrigir os

valores de carga de ruptura para as demais condições de carregamento e/ou de contorno,

gerando solução mais próxima da realidade.

Dessa forma Hansen (1970) e Vesic (1975), através de suas análises, ajustaram os

fatores de forma; de inclinação e excentricidade das cargas; profundidade de assentamento;

20 14,83 6,40 3,93 2,86

21 15,81 7,07 4,66 3,37

22 16,88 7,82 5,51 3,97

23 18,05 8,66 6,50 4,67

24 19,32 9,60 7,66 5,50

25 20,72 10,66 9,01 6,46

26 22,25 11,85 10,59 7,60

27 23,94 13,20 12,43 8,94

28 25,80 14,72 14,59 10,52

29 27,86 16,44 17,12 12,40

30 30,14 18,40 20,09 14,62

31 32,67 20,63 23,59 17,26

32 35,49 23,18 27,72 20,42

33 38,64 26,09 32,59 24,19

34 42,16 29,44 38,37 28,71

35 46,12 33,30 45,23 34,16

36 50,59 37,75 53,40 40,75

37 55,63 42,92 63,18 48,75

38 61,35 48,93 74,90 58,49

39 67,87 55,96 89,01 70,43

40 75,31 64,20 106,05 85,11

41 83,86 73,90 126,74 103,27

42 93,71 85,37 151,94 125,85

43 105,11 99,01 182,80 154,10

44 118,37 115,31 220,77 189,66

45 133,87 134,87 267,75 234,72

46 152,10 158,50 326,20 292,25

47 173,64 187,21 399,36 366,25

48 199,26 222,30 491,56 462,24

49 229,92 265,50 608,54 587,85

50 266,88 319,06 758,09 753,79

Nγ (2005)Φ' (°) Nc Nq Nγ

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inclinação do terreno; e compressibilidade do solo, resultando na Equação 2.6, que é utilizada

no cálculo da tensão de ruptura do solo. Outro importante conceito para avaliação da

capacidade de carga, o de área efetiva, foi introduzido por Hansen (1961), e será, também,

apresentado na sequência.

𝑞𝑟𝑢𝑝 = 𝑐.𝑁𝑐 . 𝑠𝑐 . 𝑖𝑐 . 𝑏𝑐 . 𝑔𝑐 . 𝑐𝑐 + 𝑞.𝑁𝑞 . 𝑠𝑞 . 𝑖𝑞 . 𝑏𝑞 . 𝑔𝑞 . 𝑐𝑞 +𝐵′

2. 𝛾. 𝑁𝛾 . 𝑠𝛾 . 𝑖𝛾 . 𝑏𝛾. 𝑔𝛾 . 𝑐𝛾

Eq 2.6

Sendo,

sc, sq, sγ = fatores de forma;

ic, iq, iγ = fatores de inclinação de carga;

bc, bq, bγ = fatores de inclinação da base da fundação;

gc, gq, gγ = fatores de inclinação do terreno adjacente a fundação;

cc, cq, cγ = fatores de compressibilidade.

B’ = menor lado do retângulo da área efetiva;

Essa tensão será multiplicada pela área efetiva, resultando na Equação 2.7, que

apresenta a carga de ruptura geotécnica.

𝑄𝑟𝑢𝑝 = 𝑞𝑟𝑢𝑝. 𝐴𝑒𝑓 Eq. 2.7

Sendo,

𝐴𝑒𝑓 = área efetiva da fundação.

A seguir serão descritos os seguintes aspectos: (a) área efetiva; (b) fator de forma; (c)

fatores de inclinação das cargas; (d) fator de inclinação do terreno (e) fator de inclinação da

base da fundação e (f) fator de compressibilidade relativa solo-fundação.

a) Área efetiva

Um dos conhecidos resultados do surgimento de um carregamento excêntrico é a

limitação da área de compressão na base da fundação. Com isso, Hansen (1961) desenvolveu

o conceito de área efetiva, que corresponde a uma determinada área, menor (no caso de

carregamento excêntrico) ou igual (no caso de carregamento centrado), em que as tensões

atuantes de compressão podem ser consideradas uniformes.

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Nas fundações retangulares, determina-se, inicialmente, o ponto de atuação das cargas,

que localiza-se na metade dos lados efetivos. Nos demais formatos de fundação, a partir do

ponto de atuação das cargas ficam definidos dois eixos de simetria, que, quando rebatidos,

permitem determinar a área efetiva.

Para as fundações de formato circular, a metodologia anteriormente apresentada

permite obter o valor da área efetiva a ser utilizada nos cálculos de capacidade de carga, vide

Figura 2.14. Entretanto, essa deverá, ainda, ser reduzida a um retângulo efetivo de mesmo

valor de área, fato que resulta em um conjunto “infinito” de possibilidades.

Figura 2.14: Área efetiva

Fonte: Velloso e Lopes (2004)

Desse modo, para o presente trabalho, serão utilizadas as Equações 2.8 a 2.12

(Milititsky, 2019), que permitem a determinação de modo único da área efetiva (Aef), do eixo

menor da elipse (be), do eixo maior da elipse (le), do maior lado do retângulo equivalente (L’)

e do menor lado do retângulo equivalente (B’). Essas relações geométricas podem ser

verificadas através da Figura 2.15.

𝐴𝑒𝑓 = 2(𝑅2. cos−1𝑒

𝑅− 𝑒.√𝑅2 − 𝑒2)

Eq. 2.8

𝑏𝑒 = 2. (𝑅 − 𝑒) Eq. 2.9

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𝑙𝑒 = 2. 𝑅√1 − (1 − 𝑏𝑒2. 𝑅

)2

Eq. 2.10

𝐿′ = √𝐴𝑒𝑓 . 𝑙𝑒

𝑏𝑒

Eq. 2.11

𝐵′ =𝐿′

𝑙𝑒. 𝑏𝑒

Eq. 2.12

Sendo,

e = excentricade;

be = eixo menor da elipse;

le = eixo maior da elipse;

L’ = maior lado do retângulo da área efetiva;

Figura 2.15: Área efetiva de fundação circular

Fonte: Modificado de Milititsky (2019)

b) Fator de forma da capacidade de carga

O fator de forma da capacidade de carga visa retificar a análise da fundação em meio

semi-infinito, em que o comprimento é muito maior que a largura da fundação (L>>B),

adaptando para outras condições de fundações, cujos L encontram-se na mesma ordem de

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grandeza de B. Desse modo, esses fatores são determinados a partir das expressões presentes

na Tabela 2.3.

Tabela 2.3: Fatores de forma da fundação

c) Fator de inclinação de carga

O fator de inclinação de carga, Equações 2.13 a 2.15, visa contemplar os casos em que

os carregamentos transmitidos pela fundação não são integralmente verticais, isto é, casos em

que as cargas horizontais assumem importantes parcelas.

𝑖𝑐 = 1 −𝑚. 𝐹ℎ

𝐵′. 𝐿′. 𝑐. 𝑁𝑐 Eq. 2.13

𝑖𝑞 = [1 −𝐹ℎ′

𝐹𝑣 + 𝐵′. 𝐿′. 𝑐. 𝑐𝑜𝑡 𝛷]

𝑚

Eq. 2.14

𝑖𝛾 = [1 −𝐹ℎ

𝐹𝑣 + 𝐵′. 𝐿′. 𝑐. 𝑐𝑜𝑡 𝛷]𝑚+1

Eq. 2.15

Sendo,

𝐹ℎ= força resultante horizontal;

𝐹𝑣= força vertical resultante

Em que m é igual a:

Retangular

Circular e Quadrada

1,0 1,0 1,0

0,6

Corrida

Forma da Base Sc Sq Sγ

1+𝐵′

𝐿′.𝑁𝑞𝑁

1 +𝐵′

𝐿′. tan ′ 1 + ,4.

𝐵′

𝐿′

1 +𝑁𝑞𝑁

1 + tan ′

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𝑚 = 𝑚𝐵 =2 + 𝐵

𝐿⁄

1 + 𝐵𝐿⁄

Eq. 2.16

𝑚 = 𝑚𝐿 =2 + 𝐿

𝐵⁄

1 + 𝐿𝐵⁄

Eq. 2.17

Sendo,

L = maior lado da fundação;

O valor do parâmetro m a ser empregado varia de acordo com a direção de inclinação

da força. Quando a inclinação ocorrer no sentido da menor dimensão da fundação utiliza-se o

mB, caso contrário, o mL. Se a inclinação verificada ocorrer em relação as duas dimensão

utiliza-se o parâmetro m expresso pela Equação 2.18.

𝑚 = 𝑚𝑛 = 𝑚𝐿 . 𝑐𝑜𝑠2𝜃 +𝑚𝐵. 𝑠𝑒𝑛

2𝜃 Eq. 2.18

Cabe salientar que para os casos em que a força horizontal assume magnitude

significativa, torna-se necessária, também, a verificação relativa a possibilidade de

deslizamento da base da fundação.

d) Fator de inclinação do terreno

O fator de inclinação do terreno é utilizado para contemplar os casos em que a

fundação da estrutura encontra-se assente em um terreno inclinado. Essa característica é muito

verificada em fundações de estruturas de contenção, por exemplo, e, de modo geral, contribui

para a redução da capacidade de carga quando comparada com a condição horizontal. Essa

pode ser determinada pelas Equações 2.19 e 2.20:

𝑔𝑐 = 1 − [2.𝜔

𝜋 + 2]

Eq. 2.19

𝑔𝑞 = 𝑔𝛾 = 2. (1 − tan𝜔) Eq. 2.20

Sendo,

ω = ângulo de inclinação do terreno;

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Cabe ressaltar que o ângulo ω deve ser utilizado em radianos, e pode ser verificado

através da Figura 2.16.

e) Fator de inclinação da base da fundação

Fator utilizado para abranger os casos em que a fundação da estrutura não é disposta

horizontalmente. Para sua determinação utilizam-se as Equações 2.21 e 2.22.

𝑏𝑐 = 1 − [2. 𝛼

(𝜋 + 2)] Eq 2.21

𝑏𝑞 = 𝑏𝛾 = (1 − 𝛼

tan𝛷)2

Eq 2.22

Sendo,

α = ângulo de inclinação da base da fundação;

Cabe ressaltar que o ângulo α deve ser utilizado em radianos, e, também, pode ser

verificado através da Figura 2.16.

Figura 2.16: Inclinação da base da fundação e do terreno adjacente

Fonte: Velloso e Lopes (2004)

f) Fator de compressibilidade relativa solo-fundação

O fator de compressibilidade relativa solo-fundação possui grande valor dentro da

análise, pois o mesmo permite verificar, mediante análise da compressibilidade do conjunto

solo-fundação, se o tipo de mecanismo de ruptura a ocorrer será o generalizado. Vesic (1975)

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estabeleceu, ainda, um mecanismo de redução da capacidade de carga a depender dos valores

obtidos, através das Equações 2.25 e 2.26.

O método consiste na comparação entre a rigidez do solo, expresso pelo índice de

rigidez (Ir), com um valor de referência, índice de rigidez crítico (Ir,crit), Equações 2.23 e 2.24,

respectivamente.

Dessa forma, se o valor de índice de rigidez obtido para o conjunto solo-fundação for

superior ao crítico, o mecanismo de ruptura adotado será o generalizado, não sendo necessário

o emprego de nenhum coeficiente de minoração. Entretanto, quando essa é inferior ao valor

crítico, torna-se necessário estudar os coeficientes de compressibilidade, devendo ser

utilizados somente quando os mesmos forem inferiores a unidade.

𝐼𝑟=𝐺

𝑐 + 𝜎. tanФ=

𝐸

2. (1 + 𝜈). (𝑐 + 𝜎 . tanФ) Eq 2.23

𝐼𝑟,𝑐𝑟𝑖𝑡 =1

2. 𝑒[(3,30−0,45.

𝐵

𝐿).(cot(45−

𝛷′

2))]

Eq 2.24

𝑐𝑐 = ,32 + ,12.𝐵

𝐿+ ,6 . log 𝐼𝑟 Eq 2.25

𝑐𝑞 = 𝑐𝛾 = 𝑒[(−4,4+0,6.𝐵

𝐿) tanФ+(

(3,07 .sinФ)(log2.𝐼𝑟)

1+sinФ)]

Eq 2.26

Sendo,

G = módulo de cisalhamento;

E = módulo de elasticidade;

𝜎 = tensão vertical efetiva atuante na profundidade de B/2 abaixo da base da fundação;

𝐼𝑟 = índice de rigidez.

2.2.1.3 Fatores de segurança preconizados para verificação da Capacidade de Carga

O fator de segurança mínimo para fundações superficiais deve seguir o indicado na

Tabela 2.4 presente na ABNT NBR 6122 (2019).

Tabela 2.4: Fator de segurança para fundações superficiais (ABNT NBR 6122, 2019).

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Para o presente trabalho, foram utilizadas metodologias semi-empíricas sem provas de

carga executadas. Com isso, utilizou-se um fator de segurança mínimo de três, como

apresentado na Equação 2.27.

𝑞𝑟𝑢𝑝

𝑞𝑚𝑎𝑥≥ 3 ∴ 𝑞𝑚𝑎𝑥 =

𝐹𝑣𝐴+𝑀𝑥𝑦. 𝑅

𝐼𝑥𝑦 Eq 2.27

Sendo,

qmax = a tensão máxima atuante no bordo mais carregado da fundação.

𝑀𝑥𝑦 = momento atuante na base da fundação;

𝐼𝑥𝑦 = momento de inércia do elemento de fundação;

Fv = força resultante vertical.

A = área da fundação;

R = raio da fundação circular.

2.2.2 Estimativa dos Recalques

O termo recalque está definido na norma de fundações, ABNT NBR 6122 (2019),

como “movimento vertical descendente de um elemento estrutural”. Esses podem ser

definidos, matematicamente, em termo de deformações, mediante a Equação 2.28, que deve

ser aplicada ao longo de toda vertical abaixo do ponto de aplicação do carregamento (Velloso

e Lopes, 2004):

Semi-empíricos Valores propostos no próprio

processo e no mínimo 2,15

Valores propostos no próprio

processo e no mínimo 3,00

Analíticos 2,15 3,00

Semi-empíricos ou analíticos

acrescidos de duas ou mais provas de

carga, necessariamente executadas na

fase de projeto

1,40 2,00

Métodos para determinação da

resistência última

Coeficiente de minoração da

resistência últimaFator de segurança global

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𝜌 = ∫휀𝑧 . 𝑑𝑧 ≅∑𝛥𝜎 . 𝐸. 𝑧

Eq 2.28

Sendo,

휀𝑧 = deformação na direção z;

𝑑𝑧 = diferencial de profundidade;

𝛥𝜎 = acréscimo de tensão;

z = profundidade.

Os recalques ocorridos em uma estrutura podem ser classificados, em termo de

deslocamento, como: absoluto – deslocamento da fundação (quando rígida), ou de um ponto

de uma fundação –, diferencial – diferença entre dois recalques absolutos – e distorcional –

relação entre o recalque diferencial e a distância entre os pontos analisados. É importante frisar

que os danos, em geral, ocorridos nas estruturas estão associados ao último tipo de recalque,

com alguns limites verificados na Figura 2.17.

Os recalques podem, ainda, ser agrupados de acordo com a velocidade de ocorrência

dos mesmos, em rápidos – quando os mesmos ocorrem durante o período de vigência ou

poucos meses após conclusão da obra – ou lentos – quando os deslocamentos ocorrem por

longos períodos após finalização do empreendimento.

No presente trabalho serão verificados os recalques absolutos e distorcionais ocorridos

no elemento de fundação, avaliados como rápidos, devido ao fato do perfil estratigráfico da

região em estudo ser tipicamente arenoso e com ausência de nível d’água.

Segundo Velloso e Lopes (2004), a previsão de recalques é uma das atividades mais

complexas da ciência geotécnica, devendo ser avaliada como uma estimativa. Essa dificuldade

pode ser justificada pela complexidade do material (solo ou rocha) em questão, pela

dificuldade de avaliação da interação solo-estrutura, entre outras questões.

Desta forma, é amplamente recomendável que os deslocamentos das estruturas sejam

mensurados em campo, a partir de instrumentação adequada, visando ampliação do

conhecimento, do banco de dados e da acurácia dos métodos.

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(*) Limite de recalque distorcional recomendado pela empresa fabricante da torre.

Figura 2.17: Distorções angulares (β) e danos associados

Fonte: Velloso e Lopes (2004)

Bulbo de Tensões:

Para estudar a região de influência na análise de recalques faz-se necessário lançar

mão do conceito de Bulbo de Tensões. Ao introduzir um carregamento não infinito em algum

ponto do terreno, representado por σo na Figura 2.18, o mesmo irá se propagar ao longo da

profundidade do terreno, entretanto com valores de tensão progressivamente menores, devido

ao espraiamento das cargas.

As regiões do subsolo são conectadas por curvas de mesmo acréscimo de tensão,

denominadas isóbaras, que representam, cada qual, os lugares geométricos dos pontos de

mesmo acréscimo de tensão devido ao carregamento. A partir dessas, o bulbo de tensões –

Figura 2.18 – é então definido como a região limitada entre o ponto de aplicação de carga e a

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isóbara que representa 10% da tensão aplicada (0,1σo), que será tão mais profunda quanto

maior a área de aplicação da carga.

Dessa forma, a metodologia assume que, em condições de não haver brusca variação

de compressibilidade das camadas do solo, os recalques consideráveis ocorrerão na região do

Bulbo. Entretanto, é necessário, ainda, avaliar a existência de camadas de solos de elevada

compressibilidade em profundidades superiores a verificada no bulbo, podendo, com

pequenos acréscimos de tensões, apresentar elevados recalques, que, se não levados em

consideração, comprometerão a estimativa realizada.

Figura 2.18: Bulbo de tensões

Fonte: Pinto (2006)

2.2.2.1 Estimativa do recalque com base na Teoria da Elasticidade

A solução da teoria da elasticidade pode ser utilizada como uma forma direta para o

cálculo dos recalques ocorridos devido a alteração do estado de tensões no maciço, a partir da

Equação 2.29 (Velloso e Lopes, 2004).

𝜌 = 𝜎. 𝐵1 − 𝜈²

𝐸. 𝐼𝑠. 𝐼𝑑 . 𝐼ℎ Eq 2.29

Sendo,

σ = tensão aplicada pela fundação;

ν = coeficiente de Poisson;

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𝐼𝑠 = fator de forma e rigidez da sapata para análise de recalques;

𝐼𝑑 = fator de embutimento da fundação para análise de recalques;

𝐼ℎ= fator de espessura da camada compressível para análise de recalques.

Segundo Pinto (2006), existem duas grandes dificuldades em relação à aplicação da

Teoria da Elasticidade para estimativa de recalques: o fato do módulo de elasticidade do solo

ser amplamente variável de acordo com nível de tensões e estado confinamento ao qual o solo

está sujeito; e devido ao fato do perfil, de modo geral, ser composto por camadas de solos de

diferentes compressibilidades, dificultando a utilização dessa análise pela simples formulação.

Segundo Fernandes (2014), a primeira dificuldade é um problema corrente na ciência

dos solos, e pode ser contornada com o estudo do perfil estratigráfico. Já a segunda pode ser

vencida, através da adoção o Artifício de Steinbrenner, em que o recalque total no meio é

obtido através da soma dos recalques de cada camada, e o recalque em cada camada pode ser

obtido pela diferença entre o recalque ocorrido na profundidade final e inicial da camada.

A Tabela 2.5 apresenta os valores de referência para o produto entre o fator de forma

e rigidez da análise de recalques (Is) e o fator de espessura da camada compressível (Ih). Já

segundo Lopes (1979), é recomendável desprezar o fator de embutimento (Id).

Tabela 2.5: Produto entre fatores de forma e de espessura da camada compressível (Perloff,

1975 apud Velloso e Lopes, 2004)

Complementar à análise dos recalques, devido aos elevados valores de momento ao

qual a estrutura (torre eólica) está sujeita, faz-se necessário verificar o comportamento de

rotação de corpo rígido da sapata. Essa é uma consideração que intensifica os valores dos

recalques distorcionais, e será calculada a partir Equação 2.30 de Bowles (1988).

Centro Borda Média

Círcular 1,00 0,64 0,85 0,79

Quadrada 1,12 0,56 0,95 0,99

Retangular

L/B = 1,5 1,36 0,67 1,15

L/B = 2 1,52 0,76 1,30

L/B = 3 1,78 0,88 1,52

L/B = 5 2,10 1,05 1,83

L/B = 10 2,53 1,26 2,25

L/B = 100 4,00 2,00 3,70

L/B = 1000 5,47 2,75 5,15

L/B = 10000 6,90 3,50 6,60

RígidoForma da BaseFlexível

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tan 𝜃 =𝑀𝑥𝑦

𝐿. 𝐵².1 − 𝜈²

𝐸. 𝐼𝑚 Eq 2.30

Sendo,

tan 𝜃 = tangente do ângulo de rotação do centro da sapata;

𝐼𝑚= fator de forma da fundação de Bowles (1988), obtido a partir da Tabela 2.6.

Tabela 2.6: Valor do fator de forma (Modificado de Bowles, 1988)

2.2.3 Verificação do Deslizamento da Base da Fundação

Quando a estrutura avaliada está sujeita a carregamentos horizontais de elevada

magnitude, como é o caso das turbinas eólicas, faz-se necessário verificar se a interação solo-

estrutura oferece segurança mínima em relação ao deslizamento da base da fundação.

Essa é realizada a partir do equilíbrio das forças, solicitante e resistente, na direção

horizontal. O primeiro grupo de forças é obtido mediante informações transmitidas pela

fabricante da torre. Já a segunda, através da aderência resultante do contato entre o solo e a

estrutura, que são estimadas por meio da Equação 2.31, para condições de carregamentos

drenados, sendo essas forças apresentadas na Figura 2.19.

𝑅𝑑 = 𝐴𝑒𝑓 . 𝑐𝑑 + (𝑃𝑡𝑜𝑟 + 𝑃𝑓𝑢𝑛 + 𝑃𝑎𝑡𝑒). tanФ𝑑 = 𝐴𝑒𝑓 . 𝑐𝑑 + 𝐹𝑣. tanФ𝑑 Eq 2.31

Sendo,

Ptor = peso da torre eólica;

0,1 1,05 1,59

0,2 1,60 2,42

0,5 2,51 3,54

0,75 2,91 3,94

1,00 (Circular) 3,15 (3,00) 4,17 (5,53)

1,5 3,43 4,44

2 3,57 4,59

3 3,70 4,74

5 3,77 4,87

10 3,81 4,98

100 3,82 5,06

L/B RígidoFlexível

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Pfun = peso da fundação;

Pate = peso do reaterro;

cd = coesão na interface solo-estrutura;

Ф𝑑 = ângulo de atrito na interface solo estrutura, geralmente admitido igual a 2/3 de Ф′;

Figura 2.19: Componentes de forças para análise do deslizamento da base da fundação

Fonte: Elaboração própria

Segundo Milititsky (2019), essa verificação deve apresentar um fator de segurança

mínimo de 1,5, resultando na Equação 2.32:

𝐹𝑆𝑑𝑒𝑠𝑙𝑖𝑧𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 =𝐴𝑒𝑓 . 𝑐𝑑 + 𝐹𝑣. tanФ𝑑

𝐹ℎ≥ 1,5

Eq. 2.32

a) Correção para torção

Nesse contexto, se a estrutura estiver sujeita a solicitações do tipo de momento torsor

(Mz), faz-se necessário realizar a consideração do mesmo, através da majoração dos valores

de carga horizontal atuante (Fh’), que, no presente trabalho, será realizado através da Equação

2.33, conforme Milititsky (2019).

Cabe salientar que essa é uma correção que deve ser utilizada nas verificações da

segurança em relação ao deslizamento e ao tombamento.

𝐹ℎ′ =

2.𝑀𝑧

𝐿′+ √𝐹𝑥𝑦² + (

2.𝑀𝑧

𝐿′)2

Eq 2.33

Sendo,

𝐹ℎ′ = força resultando horizontal corrigida;

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𝑀𝑧= momento em torno do eixo vertical;

𝐹𝑥𝑦= força horizontal de projeto;

2.2.4 Verificação do Tombamento e da Excentricidade de Carga

As torres eólicas, devido a sua própria natureza, estão sujeitas a carregamentos

horizontais de grande magnitude, oriundos da atuação do vento, que associados às suas

dimensões verticais, geram elevadas cargas de momento atuantes na base da fundação.

Desse modo, faz-se necessário verificar duas condições mínimas para garantir a

estabilidade da estrutura: segurança em relação à rotação ou tombamento da estrutura, e

limitação dos valores de excentricidade induzidos por esse tipo de solicitação.

A primeira verificação é realizada pelo equilíbrio de momentos em relação a um ponto

da base da fundação. Assim sendo, para todo e qualquer carregamento que atuará na estrutura,

o somatório de momentos instabilizantes deve ser inferior ao somatório de momentos

estabilizantes considerando-se um fator de segurança mínimo de 1,5.

A partir da análise da Figura 2.20, são obtidas as relações apresentadas nas Equações

2.34 e 2.35 para os momentos em torno da extremidade esquerda da fundação:

Figura 2.20: Forças e momento utilizados na análise do tombamento

Fonte: Elaboração própria

𝑀𝐷𝑒𝑠 = 𝑀𝑥𝑦 + 𝐹ℎ′ . 𝐷𝑣 Eq. 2.34

Sendo,

𝐷𝑣 = distância vertical entre o ponto de aplicação da força horizontal e a base da fundação.

𝑀𝐸𝑠𝑡 = 𝐹𝑣 . 𝐷ℎ Eq. 2.35

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Sendo,

𝐷ℎ = distância horizontal entre o ponto de aplicação da força vertical o bordo da fundação.

Dessa forma, visando a garantia da segurança, essa verificação deve apresentar um

fator de segurança mínimo de 1,5, resultando na Equação 2.36:

𝐹𝑆𝑡𝑜𝑚𝑏 =𝑀𝐸𝑠𝑡

𝑀𝐷𝑒𝑠=

𝐹𝑣. 𝐷ℎ𝑀𝑥𝑦 + 𝐹ℎ′. 𝐷𝑣

≥ 1,5 Eq. 2.36

Outro efeito oriundo do surgimento de cargas de momentos é a excentricidade de

carregamento. Quando a fundação recebe um carregamento centrado, sem presença de cargas

de momento, a distribuição de tensões na base ocorre em formato retangular, isto é, uniforme.

Ao aplicar a carga momento, surgem excentricidades no carregamento, e a distribuição

de tensões na base da fundação deixa de ser uniforme, surgindo uma região de acréscimo e

outra de alívio. Inicialmente, para pequenos valores de excentricidade, o carregamento passa

a ser trapezoidal. Com a ampliação dos momentos, a distribuição de tensões torna-se

triangular, e, posteriormente, parte da área da fundação deixa de estar comprimida.

Segundo a ABNT NBR 6122 (2019), a máxima excentricidade considerada deve ser

avaliada de forma que no mínimo dois terços da fundação encontre-se comprimida, se

consideradas as solicitações características, ou 50% da área total se consideradas as

solicitações de cálculo.

Segundo Milititsky (2019), as fabricantes de torres eólicas utilizam um critério mais

restritivo para o caso de verificação do ELS, ou seja, combinação normal de esforço, em que

toda fundação deve encontrar-se comprimida.

Desse modo, para o caso de fundações circulares, como a verificada no presente

trabalho, tem-se uma limitação de excentricidade de carga a um valor de um quarto do raio,

conforme demonstrado na Equação 2.37.

𝑞𝑚í𝑛 =𝐹𝑣𝐴−𝑀𝑥𝑦. 𝑅

𝐼𝑥𝑦= ∴

𝐹𝑣𝜋. 𝑅2

−4. 𝐹𝑣 . 𝑒. 𝑅

𝜋. 𝑅4= ∴ 𝑒 = 𝑅

4⁄ Eq. 2.37

Como o valor da excentricidade é calculado como a relação entre o momento e o

somatório de forças verticais atuantes na base, é possível perceber que a fundação da torre

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39

eólica deve possuir peso próprio suficientemente elevado para gerar a estabilidade do

elemento sobre ela apoiada.

2.2.5 Verificação do Comportamento Dinâmico

Segundo Maranhão (2016), uma importante verificação no desenvolvimento de um

projeto de torre eólica diz respeito às suas características dinâmicas, de forma que é necessário

conhecer as frequências naturais dos conjuntos estruturais (aerogerador, torre e fundação) e

manter-se devidamente afastado das frequências de excitação observadas no aerogerador,

evitando a ocorrência do fenômeno de ressonância dinâmica.

Para realização dessas verificações é necessária à utilização do módulo de

cisalhamento do solo (G), sendo recomendável, devido à relevância atribuída à análise, a

utilização de ensaios sísmicos, por exemplo, permitindo obter parâmetros de maior

confiabilidade.

As fabricantes, por não conhecerem previamente os solos onde serão implementadas

as torres eólicas, e as soluções estruturais aplicadas às fundações, estabelecem parâmetros

mínimos de rigidez do conjunto, de modo a garantir que a frequência de vibração natural das

cargas permaneça suficientemente afastada da frequência de vibração da estrutura, evitando a

ocorrência do fenômeno de ressonância.

Por fim, faz-se necessário realizar dois tipos de verificações relativas às rigidezes

translacional e rotacional (Milititsky, 2019), Equações 2.38 e 2.39 respectivamente.

𝐾𝑥,𝑟 =32. 𝐺. 𝑅. (1 − 𝜈)

7 − 8. 𝜈≥ 𝐾𝑥,𝑟 𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑎 Eq. 2.38

Sendo,

𝐾𝑥,𝑟= rigidez translacional do conjunto solo-fundação;

𝐾𝜃,𝑟 =8. 𝐺. 𝑅3

3. (1 − 𝜈)≥ 𝐾𝜃,𝑟 𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑎 Eq. 2.39

Sendo,

𝐾𝜃,𝑟= rigidez rotacional do conjunto solo-fundação;

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40

2.3 ENSAIOS DE CAMPO

2.3.1 Sondagem de Simples Reconhecimento Associada ao Ensaio SPT

O procedimento mais utilizado no Brasil para a prospecção dos solos é a Sondagem de

Simples Reconhecimento associada ao ensaio nomeado “Standart Penetration Test” (SPT),

que consiste na “perfuração e cravação dinâmica de amostrador-padrão, a cada metro,

resultando na determinação do tipo de solo e de um índice de resistência, bem como da

observação do nível do lençol freático” (ABNT NBR 6484, 2001). Essa metodologia é

normatizada através da ABNT NBR 6484 (2001), e apresenta os seguintes objetivos,

conforme o texto da norma:

1. Determinação dos tipos de solo ou rocha em suas respectivas profundidades de

ocorrência;

2. Definição da posição do nível d’água; e

3. Determinação dos índices de resistência à penetração (Nspt) a cada metro.

O ensaio possui uma série de vantagens, como, por exemplo, sua relativa simplicidade

quando comparado com outros ensaios e necessidade de equipamentos relativamente triviais,

conforme indicado na Figura 2.21. Outras vantagens podem ser citadas: possibilidade de

adaptação às diversas condições de campo, possuir vasta gama de pesquisas e metodologias

de cálculo muito experimentadas, possibilitar a extração de amostras representativas do solo

e baixo custo associado à sua execução.

A sondagem de simples reconhecimento associada ao SPT é, usualmente, iniciada com

utilização do trado concha ou cavadeira manual, até o primeiro metro de profundidade, por

meio de repetidas operações de perfuração (Fernandes, 2016). Posteriormente, prossegue-se

a perfuração com o uso do trado helicoidal, que é utilizado até o nível d’água ser atingido,

momento em que o avanço pode ser realizado com uso do trépano de lavagem.

A perfuração é interrompida a cada metro para realização do ensaio SPT. Segundo

Fernandes (2016), esse é um processo de coletar amostras amolgadas, que devem ser

analisadas para criação do perfil estratigráfico, podendo, também, ser encaminhadas para

realização de outros ensaios.

O ensaio SPT consiste na cravação de um tubo aberto com extremidade cortante

biselada, denominado amostrador Raymond-Terzaghi, através de repetidos impactos

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provocados pela queda livre de uma massa de ferro fundido de 65 kg, de uma altura de queda

de 75 centímetros, até que o amostrador penetre 45 cm no solo.

Figura 2.21: Equipamentos utilizados na sondagem a percussão com ensaio SPT

Fonte: Higashi (2016)

2.3.1.1 Índice de resistência à penetração (Nspt)

O Nspt, índice de resistência à penetração, corresponde ao resultado obtido do ensaio

SPT. Esse é definido como o número de golpes necessários para o amostrador padrão penetrar

os últimos 30 centímetros, dos 45 cravados, a partir da queda livre de uma massa de ferro

fundido de 65 kg, de uma altura de 75 centímetros (ABNT NBR 6484, 2001).

Esse valor é de grande utilidade dentro da engenharia geotécnica, sendo, não

raramente, o único ensaio de campo realizado para balizar todo processo de dimensionamento

das fundações. Seu valor pode ser utilizado para estimar, através de correlações, os parâmetros

do solo necessários à análise geotécnica.

Apesar de sua relevância, é importante ressaltar que existem muitos outros métodos

de ensaios que propiciam resultados mais adequados e que devem ser incentivados, visando

realização de projetos mais confiáveis e econômicos.

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42

2.3.1.2 Correção do Nspt de acordo com o nível de energia transmitido pelo golpe

O SPT, Standart Penetration Test, a despeito do nome, é um ensaio que possui uma

enorme gama de variações de equipamentos utilizados no ensaio, de acordo com país, região

e, até mesmo, empresa executora do ensaio. Essas variações advêm, principalmente, segundo

Fernandes (2016), de aspectos como modo de operação e de queda do martelo, o peso do

batente, o tipo de hastes e suas ligações, o diâmetro do furo, entre outras.

Ainda segundo Fernandes (2016), estudos experimentais levaram à conclusão de que

para comparar os Nspt é necessário estabelecer considerações em relação ao nível de energia

que é transmitida por cada golpe do martelo.

Com isso, verificou-se a necessidade de padronizar os resultados obtidos no ensaio,

evitando a utilização de valores inapropriados. Atualmente, a comunidade técnica

internacional propõe a normalização do número de golpes de acordo com o padrão

estadunidense, através da adoção do N60, que recebe essa nomenclatura devido ao fato da

energia de cravação transferida pelo impacto do martelo ser de 60% do valor teórico (Schnaid

e Odebrecht, 2012).

Dessa forma, a padronização é realizada através de uma simples relação linear, como

mostra a Equação 2.40:

𝑁60 =𝐸𝑓𝑖𝑐𝑖ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔é𝑡𝑖𝑐𝑎 𝑑𝑎 𝑐𝑟𝑎𝑣𝑎çã𝑜. 𝑁𝑠𝑝𝑡

6 % (𝑝𝑎𝑑𝑟ã𝑜 𝑎𝑚𝑒𝑟𝑖𝑐𝑎𝑛𝑜) Eq. 2.40

Sendo:

Nspt = número de golpes apresentado no boletim de sondagem;

N60 = número de golpes padronizado para o padrão estadunidense.

De acordo com Décourt et. al (1986), a eficiência média em relação ao tipo e à forma

de liberação do martelo utilizado no ensaio SPT no Brasil é de 72% do valor teórico, gerando

um fator de correção de 1,20, conforme apresenta a Equação 2.41.

𝑁60 = ,72. 𝑁𝑠𝑝𝑡

,6 = 1,2 . 𝑁𝑠𝑝𝑡 Eq. 2.41

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Esse resultado encontra-se dentro dos valores de majoração verificados por Schnaid e

Odebrecht (2012), que estipularam aumento médio de 15 a 30% no valor obtido na sondagem

brasileira para realização da normalização do número de golpes.

2.3.1.3 Correlações dos parâmetros do solo com o Nspt

O valor do Nspt é utilizado para estimar uma série de parâmetros geotécnicos dos solos,

como, por exemplo, peso específico e ângulo de atrito, que serão utilizados durante o processo

de dimensionamento da estrutura de fundação.

Segundo Schnaid e Odebrecht (2012), “Em geral, as correlações de origem empírica

são obtidas em condições particulares e específicas, com a expressa limitação por parte dos

autores, mas acabam sendo extrapoladas na prática”, ou seja, é necessário avaliar previamente

em quais condições as equações foram ajustadas, evitando ocorrência de grandes

discrepâncias entre os valores reais e os correlacionados.

A seguir serão apresentadas algumas correlações que serão utilizadas no presente

trabalho para embasar o processo de dimensionamento.

a) Peso Específico (γ)

O peso específico, dentre uma série de outros fatores, é função direta da compacidade,

para solos granulares, e da consistência, para solos coesivos. Esses estados do solo podem ser

avaliados através do uso Nspt. Com isso, a partir do conhecimento do tipo do solo e de seu

estado, é possível estimar o valor do seu peso específico, como mostram as Tabelas 2.7 e 2.8,

Godoy (1972).

Tabela 2.7: Peso específico de solos coesivos (Godoy, 1972)

≤ 2 Muito Mole 13

3 a 5 Mole 15

6 a 10 Média 17

11 a 19 Rija 19

≥ 20 Dura 21

Nspt ConsistênciaPeso Específico

(kN/m³)

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Tabela 2.8: Peso específico de solos granulares (Godoy, 1972)

b) Ângulo de Atrito (ϕ)

O ângulo de atrito é um importante parâmetro de resistência do solo, muito utilizado

na geotecnia das fundações, e pode ser estimado através das correlações a seguir:

1. Godoy (1983)

O ângulo de atrito pode ser estimado através da Equação 2.42 estabelecida por Godoy

(1983), especificamente para solo granulares:

Ф′ = 28° + ,4. 𝑁𝑠𝑝𝑡 Eq. 2.42

2. Hatanaka e Uchida (1996)

Outra forma de análise do ângulo de atrito, específica para solos granulares, foi

estabelecida por Hatanaka e Uchida (1996), através da Equação 2.43.

Ф′ = 2 ° + √15,4. 𝑁60 Eq. 2.43

3. Teixeira (1996)

Por fim, a Equação 2.44 foi ajustada por Teixeira (1996) para avaliar o ângulo de atrito

interno dos solos granulares.

Ф′ = 15° + √24.𝑁𝑠𝑝𝑡 Eq. 2.44

c) Módulo de Young (E)

Neste item serão apresentadas as correlações propostas por diferentes autores para

estimativa do módulo de elasticidade.

Seco Úmido Saturado

< 5 Fofa 16 18 19

5 a 8 Pouco Compacta 16 18 19

9 a 18 Medianamente Compacta 17 19 20

19 a 40 Compacta 18 20 21

> 40 Muito Compacta 18 20 21

NsptPeso Específico (kN/m³)

Consistência

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1. Teixeira & Godoy (1996)

A proposta sugerida por Teixeira e Godoy (1996), que possibilita a obtenção do

módulo de Young do solo através de correlações com o ensaio Cone Penetration Test (CPT)

ou dados do SPT, é apresentada na Equação 2.6. Esses ensaios (CPT e SPT) são

correlacionados através do uso de coeficiente empíricos, μ e K, variáveis de acordo com o tipo

de solo.

Esses parâmetros permitem correlacionar a resistência de ponta do cone com a

resistência à penetração do ensaio SPT e, deste modo, a estimativa do módulo de elasticidade

(E).

A seguir são apresentadas a Equação 2.45 e Tabelas 2.9 e 2.10 utilizadas no modelo.

𝐸 = 𝜇. 𝑞𝑐 = 𝜇.𝐾.𝑁𝑠𝑝𝑡 Eq. 2.45

Sendo,

μ e K = coeficientes que correlacionam os resultados dos SPT e CPT.

Tabela 2.9: Valores de K correlacionado com tipo de solo (Teixeira e Godoy, 1996)

Tabela 2.10: Valores de α correlacionado com tipo de solo (Teixeira e Godoy, 1996)

2. Freitas et al (2012)

Areia com Pedregulhos 1,1

Areia 0,9

Areia Siltosa 0,7

Areia Argilosa 0,55

Silte Arenoso 0,45

Silte 0,35

Silte Argiloso 0,25

Argila Arenosa 0,3

Argila Siltosa 0,2

Tipo de Solo K (MPa)

Areia 3

Silte 5

Argila 7

Tipo de Solo μ

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Freitas et al (2012), através de uma extensa análise de banco de dados internacional,

estabeleceram, estatisticamente, a Equação 2.46 para estimativa do módulo de elasticidade

estático de solos arenosos sedimentares.

𝐸 = 8 .𝑁600,8 (𝑘𝑃𝑎) Eq. 2.46

3. Leão (2015)

Leão (2015), baseado em Freitas et al (2012), desenvolveu uma relação única para

estimar os módulos de Young dos diferentes tipos de solo, a partir da Equação 2.47. Para tanto

é necessário utilizar o coeficiente empírico η, que varia em um intervalo de 3000 a 8000 kPa.

O limite inferior é utilizado para solos majoritariamente argiloso e o limite superior

para solos arenosos. Para solos com granulometrias distintas dos limites devem ser aplicados,

de acordo com a análise do projetista, valores intermediários.

𝐸 = 𝜂.𝑁600,8 (𝑘𝑃𝑎) Eq. 2.47

4. Schnaid e Odebrecht (2012)

Schnaid e Odebrecht (2012) propuseram, para solos residuais de basalto, gnaisse,

arenito e granito, as Equações 2.48 a 2.50, que correspondem, respectivamente, ao valor mais

provável, limite superior e limite inferior, estabelecendo um intervalo no qual existe

probabilidade de 99% do valor do módulo de Young estar compreendido.

𝐸𝑚𝑒𝑑 = 2, 1. 𝑁60(𝑀𝑃𝑎) Eq. 2.48

𝐸𝑠𝑢𝑝 = 2, 1. 𝑁60 + ,611√𝑁602 − 19,79. 𝑁60 + 184,63 (𝑀𝑃𝑎) Eq. 2.49

𝐸𝑖𝑛𝑓 = 2, 1. 𝑁60 − ,611√𝑁602 − 19,79. 𝑁60 + 184,63 (𝑀𝑃𝑎) Eq. 2.50

Esses valores são apresentados na Figura 2.22:

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Figura 2.22: Representação gráfica das equações de Schnaid e Odebrecht (2012)

Fonte: Amêndola (2018)

d) Módulo de cisalhamento (G)

Para a estimativa do módulo de cisalhamento será utilizada a correlação entre o

módulo de cisalhamento e o Nspt mediante uso da Equação 2.51, presente na N-1848 da

Petrobrás, que versa sobre fundações de máquinas.

𝐺0 = 12 . 𝑁600,8 Eq. 2.51

Sendo,

𝐺0 = módulo de cisalhamento para baixos níveis de deformação.

Cabe salientar que a própria norma apenas recomenda essa estimativa na ausência de

outros ensaios melhores aplicados ao estudo desse tipo de parâmetro do solo.

2.3.2 Sondagens Rotativas e Mistas

Quando durante a sondagem de simples reconhecimento associada ao SPT são

encontrados elementos de rocha, ou com resistência tal que o procedimento de perfuração

anteriormente apresentado não permita ultrapassar, utilizam-se as sondagens rotativas. Já as

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sondagens mistas são uma simples combinação entre o processo de perfuração à percussão e

o processo de perfuração rotativo.

De acordo com Velloso e Lopes (2004), o processo de perfuração mediante sonda

rotativa, cujos equipamentos básicos são apresentados na Figura 2.23, “consiste em fazer girar

hastes (pelo cabeçote de perfuração) e em força-los para baixo (em geral, por um sistema

hidráulico).

Figura 2.23: Esquema de sondagem rotativa

Fonte: Velloso e Lopes (2004)

Durante o processo de perfuração mediante sonda rotativa, utiliza-se um equipamento

tubular chamado barrilete, que permite cortar e extrair amostras dos materiais perfurados,

chamados testemunhos (Velloso e Lopes, 2004). Esses, por sua vez, são encaminhados a um

geólogo ou engenheiro geotécnico para caracterização do material segundo características do

testemunho descritas a seguir.

a) Grau de fraturamento

O grau de fraturamento expressa a quantidade de fraturas que é verificada por metro

linear do testemunho, e reflete a quantidade de pedaços em que o maciço ficou fragmentado

(Guidicini et al, 1972). Essa característica é classificada segundo Tabela 2.11.

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Tabela 2.11: Grau de faturamento (Guidicini et al, 1972)

b) Coerência

Essa característica baseia-se nas propriedades de tenacidade, dureza e friabilidade das

rochas, e pode ser determinada através da resistência que o testemunho apresenta ao impacto

do martelo ou risco com lamina de aço (Guidicini et al, 1972). A coerência é classificada

segundo a Tabela 2.12.

Tabela 2.12: Graus de coerência (Guidicini et al, 1972)

No ensaio utilizado no presente trabalho, a empresa executora apresentou uma forma

de avaliação mais pormenorizada que a Tabela 2.12, entretanto usando a mesma base de

caracterização.

c) Alteração

Representa o conjunto de alterações físico-químicas que o testemunho apresenta, fato

que conduz a degradação de características mecânicas (Serra Junior e Ojima, 1998). Essa

características é classificada segundo a Tabela 2.13.

Tabela 2.13: Graus de alteração de rocha (IPT, 1984, apud Serra Junior e Ojima, 1998)

F1 <1 Ocasionalmente fraturado

F2 1-5 Pouco fraturado

F3 6-10 Medianamente fraturado

F4 11-20 Muito fraturado

F5 >20 Extremamente fraturado

Sigla DenominaçãoNúmero de fraturas por metro

C1 Coerente

Quebra com dificuldade ao golpe do martelo, produzindo

fragmentos de borda cortantes. Superfície dificilmente riscável

por lâmina de aço. Somente escavável a fogo.

C2 Moderadamente coerenteQuebra com dificuldade ao golpe do martelo. Superfície riscável

com lâmina de aço. Escavável a fogo.

C3 Pouco coerente

Quebra com facilidade ao golpe do martelo, produzindo

fragmentos que podem ser partidos manualmente. Superfície

facilmente riscável por lâmina de aço. Escarificável

C4 IncoerenteQuebra com a pressão dos dedos, desagregando-se. Pode ser

cortada com lâmina de aço. Friável e escavável com lâmina.

Sigla Denominação Característica da rocha

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Assim como para a coerência, no ensaio utilizado no presente trabalho, a empresa

executora apresentou um forma de avaliação mais pormenorizada que a Tabela 2.13,

entretanto usando a mesma base de caracterização.

d) Rock Quality Designation (RQD)

O RQD é definido como a porcentagem de pedaços de testemunho de rocha intactos,

maiores ou iguais a 10 centímetros, pelo comprimento do avanço da perfuração (Deere et al,

1967), e é, matematicamente definido através da Equação 2.52.

𝑅𝑄𝐷 =∑𝑝

𝑛. 1

Eq. 2.52

Sendo,

p = comprimento das peças maiores que 10 cm;

n = comprimento do avanço da perfuração

2.3.3 Ensaios Sísmicos

Os ensaios sísmicos são um tipo de ensaio geofísico, isto é, ensaios que se utilizam de

métodos indiretos de investigação do solo, não invasivos e, portanto, não destrutivos

(Gandolfo, 2012).

Esses baseiam-se na velocidade de propagação das ondas de compressão, VP, e de

cisalhamento, VS, para determinação dos parâmetros elásticos dos maciços: módulo de

Young, coeficiente de Poisson e módulo de cisalhamento.

A1 Sã ou praticamente sã

Apresenta minerais primários sem vestígio de alterações ou

alterações físicas e químicas insipientes. Neste caso a rocha é

ligeiramente descolorida

A2 Moderadamente alteradaApresenta mineirais moderadamente alterados e a rocha bastante

descolorida

A3 Muito alteradaApresenta minerais muito alterados, por vezes, pulverulentos e

friáveis

A4 Extremamente alteradaApresenta minerais totalmente alterados e a rocha é intensamente

descolorida, gradando para cores de solo

Sigla Denominação Característica da rocha

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No presente trabalho serão apresentados os ensaio Crosshole, Downhole e MASW,

tendo os dois últimos sido utilizados para a estimativa do módulo de elasticidade e de

cisalhamento.

2.3.3.1 Ensaio sísmico entre furos de sondagem - Crosshole

O ensaio Crosshole consiste na geração de ondas de compressão e cisalhamento,

mediante impacto do martelo sísmico (fonte) localizado no interior do furo de sondagem.

Essas propagar-se-ão horizontalmente até o geofone (receptor), ambos instalados à mesma

profundidade, e em perfurações próximas (Ferreira, 2003). Um esquema do ensaio pode ser

visto na Figura 2.24.

Figura 2.24: Esquema do ensaio Crosshole

Fonte: Ferreira (2003)

Com isso, a velocidade das ondas no ensaio é determinada através da simples relação

entre espaço, conhecido através das distâncias entre os furos, que é da ordem de 5 metros, e

do tempo, que é determinado através da defasagem de tempo entre a emissão e captação da

onda.

Segundo Fernandes (2016), em sondagens mais profundas, para a realização do ensaio

Crosshole, é conveniente fazer o uso de levantamentos inclinométricos, obtendo-se dados

mais acurados de distância e velocidade, garantindo, consequentemente, melhor estimativa

dos parâmetros geotécnicos do subsolo.

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Dessa forma, o Crosshole apresenta vantagem de emissão de ondas cujas trajetórias

são horizontais, fato que possibilita a sua realização em qualquer profundidade, e permite,

também, no caso de um perfil estratigráfico composto por camadas horizontais, que as ondas

percorram no interior de uma única camada.

2.3.3.2 Ensaio sísmico entre a superfície e pontos em profundidade - Downhole

O ensaio Downhole surge como uma alternativa mais econômica em relação ao

Crosshole, consistindo, também, na produção de ondas de compressão e cisalhamento

mediante impacto do martelo sísmico (fonte), que encontra-se, entretanto, localizado na

superfície do terreno (Ferreira, 2003).

Essas ondas propagar-se-ão verticalmente até o geofone (receptor), que encontra-se

localizado no interior do furo de sondagem. Assim, como fonte e receptor apresentam-se em

cotas distintas, o ensaio procede com a execução de um único furo de sondagem. Um esquema

do ensaio pode ser visto na Figura 2.25.

Os ensaios do tipo Downhole apresentam as seguintes vantagens: necessitam de

apenas um furo de sondagem para sua realização; as inclinações ocorridas no furo de

sondagem não alteram significativamente os resultados, dispensando a necessidade da

utilização de inclinômetros, e podem ser utilizados em conjunto com ensaios CPTU e

dilatométricos, permitindo melhor avaliação do terreno.

Entretanto, apresentam a desvantagem de, em perfis compostos por camadas

horizontais, em que as ondas necessariamente percorrerão diferentes camadas de solo, gerar a

necessidade de realização de correções das velocidades de propagação das ondas, mediante

uso da Equação 2.53.

𝑉𝑠 =[(𝑧 + 𝛿𝑧)

2 + 𝑥2]0,5 − (𝑧2 + 𝑥2)

(𝑡𝑧+𝛿𝑧 − 𝑡𝑧) Eq. 2.53

Sendo,

x = distância horizontal da origem das ondas até o centro do furo;

tz = espaço de tempo entre a emissão e captação da onda na profundidade z;

𝛿𝑧 = acréscimo de profundidade em relação à profundidade z;

𝑡𝑧+𝛿𝑧 = espaço de tempo entre a emissão e captação da onda na profundidade z + 𝛿𝑧.

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53

Figura 2.25: Esquema do ensaio Downhole

Fonte: Modificado de Ferreira (2003)

2.3.3.3 Multichannel Analysis of Surface Waves (MASW)

Segundo Rocha (2013), “as ondas Rayleigh são caracterizadas por vibrar as partículas

num plano que aponta na direção da propagação da onda, em movimento elíptico horizontal

e vertical simultaneamente, sendo seu movimento semelhante às ondas na superfície da água”.

O método MASW consiste na análise do comportamento dispersivo dessas ondas, que

ao serem emitidas em diferentes frequências, percorrem diferentes profundidades do subsolo.

Assim, segundo Eikmeier (2018), “Cada comprimento de onda estará submetido às diferentes

propriedades elásticas do material que definem a sua velocidade de propagação”.

Como pode ser visto na Figura 2.26, o MASW é dividido em três etapas: aquisição,

processamento e inversão, para obtenção da espessura e Vs de cada subcamada. A etapa de

aquisição consiste, basicamente, nas etapas de emissão de ondas, através da fonte sísmica, e

captação de sinais, mediante uso de geofones.

A etapa de processamento consiste no tratamento matemático dos dados obtidos para

criação das curvas de dispersão, cuja velocidade é apresentada em função da frequência da

onda de superfície. Por último ocorre a etapa de inversão que utiliza os dados da curvas de

dispersão para obter o perfil de velocidade das ondas de cisalhamento em função da

profundidade do subsolo analisado.

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Figura 2.26: Etapas do ensaio MASW

Fonte: (Lopes, 2005)

Embora os métodos que utilizam ondas superficiais sejam de simples execução e

possuam grande potencial de emprego na engenharia geotécnica, ainda demandam estudos

mais aprofundados devido à dificuldade presente na interpretação dos dados.

Produtos mais confiáveis de um levantamento de MASW podem ser obtidos quando

seus resultados são calibrados com ensaios sísmicos em furo(s) de sondagem (Crosshole ou

Downhole) que fornecem as informações mais acuradas do perfil de velocidade, Vs, com a

profundidade.

2.3.3.4 Interpretação dos resultados obtidos em ensaios sísmicos

Os resultados dos ensaios sísmicos podem ser utilizados para obtenção indireta de

outros parâmetros necessários nas análises das torres eólicas. Esses, por sua vez, são aplicados

nas formulações da teoria da elasticidade, Equação 2.54, que tem uso justificado, pois, para o

nível de deformações geradas pelo ensaio, da ordem de 10-6, os solos encontram-se dentro do

limite elástico-linear. Desse modo são utilizadas as Equações 2.55 e 2.56 para estimativa do

módulo de cisalhamento (G) e coeficiente de Poisson do solo.

𝐸0 = 2. (1 + 𝜈). 𝐺0 Eq. 2.54

Sendo,

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55

E0 = módulo de elasticidade para baixos níveis de deformações;

𝐺0 =𝛾

𝑔. 𝑉𝑠

2 Eq. 2.55

Sendo,

Vs = velocidade da onda cisalhante;

g = gravidade.

𝜈 =(𝑉𝑝

𝑉𝑠)2

− 2

2. (𝑉𝑝

𝑉𝑠)2

− 1

Eq. 2.56

Sendo,

Vp = velocidade da onda de compressão.

Os valores dos módulos elásticos obtidos por meio destes ensaios são apresentados

como máximo, pois há um fenômeno de degradação dos mesmos com a ampliação do nível

das deformações, como mostra a Figura 2.27, fato que torna necessário o ajuste para o nível

de deformações aos qual o solo estará sujeito.

Figura 2.27: Degradação do Módulo de cisalhamento com o aumento das deformações

Fonte: Modificado de Milititsky (2019)

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56

3 ESTUDO DE CASO – DESCRIÇÃO DOS CONDICIONANTES

Neste capítulo serão apresentadas as análises preliminares realizadas, visando definir

os parâmetros básicos necessários à execução do dimensionamento da fundação da turbina

eólica, assim como a apresentação das premissas e simplificações utilizadas no estudo.

Deste modo, o trabalho partirá de uma metodologia muito comumente realizada nos

grandes escritórios de projeto, passando de uma de macro análise, a partir da verificação da

região de estudo, até a verificação do mais pormenorizado e localizado ensaio de campo.

Sendo assim, no estudo sucederão as seguintes etapas: apresentação e análise da

localização do parque eólico, análise dos resultados de ensaio realizados com adoção de um

perfil estratigráfico típico de estudo, e definição dos parâmetros do solo a serem utilizados no

dimensionamento da fundação.

3.1 LOCALIZAÇÃO

O presente trabalho versa sobre os estudos geotécnicos necessários para

dimensionamento da fundação, do, já implementado, Parque Eólico Esperança, localizado na

divisa entre os municípios de Carfanaum e Bonito, destacados na Figura 3.1, situados no

nordeste do estado da Bahia.

Figura 3.1: Municípios de Carfanaum, Bonito e Mulungu do Morro, Bahia.

Fonte: Modificado de Abreu (2006)

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57

O município de Carfanaum foi instituído em 1963, e conta hoje com área de 643,660

km² e, segundo o último censo realizado em 2010, população de 17209 habitantes. Já o

município de Bonito foi instituído em 1989, e apresentou no último censo, população de 14851

habitantes, distribuídos em seus 641,229 km². Ambos ficam localizados no interior do estado

da Bahia, a cerca de 450 km da capital Salvador, e apresentam características socioeconômicas

predominantemente rurais.

3.2 CARACTERÍSTICAS GEOLÓGICAS DA REGIÃO

A região avaliada no estudo encontra-se inserida em área de clima semiárido, e em

província biogeográfica conhecida como caatinga. O clima semi-árido é caracterizado por

apresentar precipitações pluviométricas muito irregulares, da ordem de 400 a 800 mm de

média anual (JACOMINE, 1996), e evaporação média anual da ordem de 2000 mm (SÁ E

SILVA, 2010).

No bioma da Caatinga prevalecem os solos com pouco quantidade de matéria orgânica,

ricos em minerais, rasos, que, não raramente, apresentam afloramentos rochosos no nível do

terreno (EMBRAPA, 2006). Desse modo, nas áreas de planície da região, predomina um perfil

estratigráfico formado por uma espessa camada de solo argiloso, seguido de material rochoso.

Já a região planáltica apresenta um perfil estratigráfico tipicamente composto por rochas

sedimentares, principalmente os arenitos.

A associação das características climáticas da região com os materiais que compõem

o perfil estratigráfico confere baixa capacidade de armazenagem de água para o ambiente, fato

que pode ser verificado através do tipo de vegetação existente no ambiente, e foi melhor

confirmado por meio dos ensaios de campo realizados no local.

A partir das características do perfil estratigráfico que serão apresentados a seguir, é

possível perceber que o parque eólico instaurado encontra-se inserido na região de planalto,

ou seja, com ausência de nível d’água, camadas rasas de solo superficial, seguido de longo

perfil de rocha sedimentar do tipo arenito.

3.3 PERFIS E ENSAIOS GEOTÉCNICOS

Para a execução de parte do parque eólico foram realizados 15 furos de sondagem (SP-

ES-01 a SP-ES-14), sendo um destes utilizados para melhor conhecimento do furo SP-ES-07,

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58

que apresentou menor resistência à penetração ao longo da profundidade, indicando pior

comportamento resistente. Estas sondagens foram executadas nas regiões apresentadas na

Figura 3.2.

As sondagens executadas, devido à elevada resistência característica do subsolo da

região, foram do tipo mista, com realização de ensaio do tipo SPT. Com isso, nas regiões de

avanço com a sonda rotativa foram classificados os níveis de alteração, de coerência, de

fraturamento, e valor do parâmetro Rock Quality Designation (RQD). É importante ressaltar

que em nenhuma das investigações executadas, até a profundidade de 25 metros, verificou-se

a presença de nível d’água.

Figura 3.2: Localização dos pontos de sondagem mista

Fonte: Elaboração própria

O estudo conta, ainda, com dois ensaios sísmicos complementares, do tipo Downhole

e MASW, utilizados para propiciar maior confiabilidade em relação aos parâmetros elásticos

do solo.

Todas as sondagens apresentaram estratigrafias similares, apresentando uma camada

de areia fina superficial, que possui espessura predominante da ordem de poucas dezenas de

centímetros (SM-ES-04, por exemplo), mas podendo se estender até cerca de 7 metros (SM-

ES-10), como pode ser visto nas Figuras 3.3 e 3.4.

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No que concerne aos valores de resistência à penetração, as sondagens apresentam

índices de resistência a penetração muito variáveis, sendo esses não inferiores a 7 golpes e

podendo alcançar elevados valores, da ordem de 30 golpes para poucos centímetros,

predominando o segundo tipo. Desse modo constata-se, para a região, um perfil de solo

competente desde a superfície do terreno até profundidade típica de 25 metros.

Figura 3.3: Trecho inicial da Sondagem SM-ES-04

Fonte: Arquivo da empresa

Figura 3.4: Trecho inicial da Sondagem SM-ES-10

Fonte: Arquivo da empresa

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Logo abaixo da camada superficial de areia, encontra-se uma espessa camada de

arenito de granulação fina, na maior parte dos casos, de matriz siltosa, com origem sedimentar,

que se estende até os limites de 25 metros executados na sondagem.

Como exposto anteriormente, esse material foi classificado de acordo com seu grau de

alteração (podendo variar de A1 até A5, ou seja, rocha sã a totalmente alterada), grau de

faturamento (podendo variar de F1 até F5, ou seja, rocha pouco fraturada até fragmentada),

grau de coerência (podendo varia de C1 até C5, ou seja, muito coerente até friável) e segundo

seu percentual apresentado no índice RQD.

Desse modo, os perfis de sondagem realizados apresentaram, majoritariamente,

arenitos classificados com grau de faturamento F5, isto é, fragmentado; grau de coerência C5,

isto é, friável; e grau de alteração A3, isto é, medianamente alterados.

Os mesmo exibem, para as pequenas profundidades, valores muito variáveis de

recuperação, desde de 10% até mais de 80% de recuperação, que, de modo geral, ampliam

com incremento de profundidade, onde predominam os elevados valores, denotando a

melhora da qualidade do maciço; com baixos ou até nenhum valor de RQD ao longo de todo

material rochoso, vide boletins de sondagem apresentados no Anexo do texto.

O ensaio sísmico Downhole, executado nas proximidades do ensaio SM-ES-07, como

exposto anteriormente, apresentou valores de módulo de elasticidade máximo para pequenas

deformações (E0) variando cerca de quase três vezes para os primeiros 10 metros, de 281 até

819 MPa. Tal característica confirma a natureza de melhoria do perfil com o incremento de

profundidade, a partir da ampliação dos módulos elásticos do solo, conforme pode ser visto

na Tabela X, que apresenta parte da interpretação do resultado do ensaio Downhole executado.

3.4 PERFIL TÍPICO

A partir das informações expostas nas seções anteriores, no presente trabalho, foram

utilizadas como base as informações apresentadas para os furos número 07 – SM-ES-07, SM-

ES-07B e Downhole ES-07 -, visto que, esse é o perfil que apresenta as piores condições

geotécnicas dentre os demais que foram executados, maior número de informações, e não

muito distinto dos demais perfis, fato que poderia representar uma generalização equivocada.

Dessa forma, para a realização do dimensionamento do conjunto de fundações

executadas no Parque eólico, utilizou-se como base um perfil tipicamente arenoso, sem nível

d’água, com valores de resistência à penetração variando de acordo com os valores expostos

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na sondagem número 07, Figura 3.6, e adotando-se a avaliação do maciço de arenito como

uma região de solo arenoso, visto que o mesmo apresentou elevado grau de alteração, sendo,

ainda, extremamente friável e muito fraturado, com características similares a de um solo.

A partir da análise da SM-ES-07, é possível perceber a existência, na profundidade de

7 metros, de uma camada de arenito com baixo valor de resistência à penetração, em que não

foi obtida nenhuma recuperação pela sondagem mista, fato que poderia configurar uma região

extremamente problemática. Entretanto, ao comparar com o perfil obtido no Downhole-ES-

07, Figura 3.5, não fica clara a existência de nenhuma descontinuidade no material, sendo

descontruída a hipótese de material problemático.

Figura 3.5: Ensaio Downhole-ES-07

Fonte: Modificado de arquivo de empresa

-1 987 409 258 107 126 0.17 249 296

-2 986 585 258 106 126 0.38 293 348

-3 985 791 302 146 173 0.41 412 489

-4 984 797 327 171 203 0.40 478 568

-5 983 762 329 173 206 0.39 481 571

-6 982 749 353 199 237 0.36 541 642

-7 981 765 406 264 314 0.30 689 818

-8 980 860 435 303 360 0.33 805 956

-9 979 1012 421 284 337 0.40 793 941

-10 978 981 431 297 352 0.38 819 972

-11 977 952 394 248 294 0.40 693 823

-12 976 1030 397 253 300 0.41 713 847

-13 975 1012 436 305 362 0.39 845 1003

-14 974 967 404 261 310 0.39 728 865

-15 973 946 494 390 463 0.31 1024 1216

-16 972 906 458 335 398 0.33 890 1057

-17 971 913 469 352 417 0.32 929 1103

-18 970 896 470 354 420 0.31 927 1101

-19 969 941 526 443 526 0.27 1128 1339

-20 968 914 496 394 467 0.29 1017 1207

-21 967 944 559 499 593 0.23 1229 1459

-22 966 940 499 398 473 0.30 1039 1234

-23 965 962 478 365 434 0.34 977 1160

-24 964 947 542 471 559 0.26 1182 1404

-25 963 1011 557 497 590 0.28 1273 1512

Emín (MPa) Emáx (MPa)

Donwhole - ES 07

Prof. (m) Elevação

(m)Vp (m/s) Vs (m/s) Gmín (MPa) Gmáx (MPa) Poisson

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Figura 3.6: Sondagem mista SM-ES-07

Fonte: Modificado de arquivo de empresa

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Cabe salientar que a Figuras 3.5 e 3.6 foram modificadas de modificadas de modo a

realçar a região de maior interesse, entre 3 e 11 metros, como será visto mais adiante.

3.5 CARREGAMENTO ATUANTES NA FUNDAÇÃO

Como já mencionado anteriormente, a infraestrutura das torres eólicas compõe o

conjunto denominado fundações especiais, devido à presença de carregamentos distintos em

relação aos usuais presentes na indústria da construção civil, que serão apresentados a seguir.

Com exceção dos carregamentos oriundos do dimensionamento, como os pesos de

reaterro – realizado posteriormente às etapas de escavação e execução da estrutura de

fundação – e da própria estrutura da fundação, os demais conjuntos de solicitações e suas

respectivas magnitudes, apresentadas na Tabela 3.2, são fornecidos pelo fabricante da Torre

Eólica. São informadas, também, as restrições necessárias ao bom funcionamento da estrutura,

tais como, limitações de recalques e de valores das rigidezes, por exemplo.

Tabela 3.2: Carregamentos solicitantes na fundação da turbina estudada

Sendo:

Fx, y, z = Forças atuantes segundo a direção dos eixos x, y (horizontais) e z (vertical);

Fxy = Força resultante do somatório das componentes horizontais x e y;

Mx, y, z = Momentos atuantes segundo a direção dos eixos x, y (horizontais) e z

(vertical). Sendo os dois primeiros responsáveis pela flexão do elemento de fundação, e o Mz

pela torção do elemento;

Mxy = Momento resultante do somatório das componentes horizontais x e y.

Fx (kN) - Fx (kN) 877,9

Fy (kN) - Fy (kN) 19,8

Fxy (kN) 410,3 Fxy (kN) 878,2

Fz (kN) 3021,84 Fz (kN) 3015,5

Mx (kN) - Mx (kN) 1930,4

My (kN) - My (kN) 66591,1

Mxy (kN) 36661,0 Mxy (kN) 66619,1

Mz (kN) 0 Mz (kN) 905,5

Fh' (kN) 410,3 Fh' (kN) 1029,0

Normal Extremo

Carregamentos

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No que concerne ao peso próprio da fundação da torre eólica e do reaterro, os mesmos

foram determinados durante o dimensionamento da estrutura de fundação. No presente

trabalho, foram utilizados os valores de 25 e 18 kN/m³ para os pesos específicos do concreto

armado e reaterro, respectivamente.

Além da magnitude das forças solicitantes, faz-se necessário, também, determinar os

seus pontos de aplicação. O carregamento vertical fornecido pelo fabricante é considerado

centrado pela decomposição de efeitos de carga excêntrica em força vertical, acrescido de uma

carga de momento. As forças gravitacionais do reaterro e fundação são consideradas centradas

devido à simetria da geometria e homogeneidade dos materiais.

Todavia o conjunto de forças horizontais atuantes na estrutura, segundo informações

contidas no manual fornecido pelo fabricante, encontra-se aplicado a 20 cm acima do topo da

fundação do tipo sapata, sendo necessário, no dimensionamento, considerar seu efeito de

excentricidade a partir de um momento atuante equivalente.

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4 ESTUDO DE CASO - DIMENSIONAMENTO GEOTÉCNICO DA

FUNDAÇÃO

4.1 GEOMETRIA E CARREGAMENTOS RESULTANTES

O dimensionamento geotécnico da fundação é o objeto principal do presente estudo, e

visa estabelecer as relações geométricas de todos os componentes da estrutura, assim como

seus materiais, de modo a assegurar a estabilidade da estrutura durante a vida útil do projeto.

Desse modo, para garantia da segurança, faz-se necessário, então, conhecer os

carregamentos que irão atuar em toda estrutura, assim como os possíveis mecanismos de falha,

realizando as verificações de segurança pertinentes.

Para tanto será estudada a estabilidade da Torre Eólica Gamesa de 2,1 MW e 80 metros

de altura, a partir da adoção de uma fundação circular de 17 metros de diâmetro, 3,0 metros

de altura, divididas em 1,8 metro de base e 1,1 metro de comprimento inclinado, verificados

durante o processo de dimensionamento, vide Figura 4.1.

Essa geometria foi realizada mediante um pré-dimensionamento da estrutura de

fundação, que, no presente trabalho, foi realizada através da seguinte sequência de passos:

1. Verificação das rigidezes rotacional e translacional – utilizada por ser uma

formulação função, além dos parâmetros do solo já estabelecidos, do raio da

fundação, possibilitando uma primeira análise;

2. Verificação da capacidade de carga – obtenção da área e dimensões efetivas;

3. Análise do tombamento – nessa foi, inicialmente, constatada a não segurança da

estrutura, sendo necessário ampliar o valor da cota de assentamento da fundação,

obtendo maior peso da estrutura;

4. Análise da Excentricidade a partir do critério das empresas fabricantes de Turbinas

eólicas – realizando o ajuste final da geometria da fundação.

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Figura 4.1: Geometria adotada no dimensionamento da fundação circular da torre eólica

Fonte: Elaboração própria

A partir do dimensionamento da estrutura foi possível determinar todas as forças

necessárias para análise da fundação. Com isso, através de simples relações geométricas,

determinaram-se os volumes da fundação e do reaterro, 531,5 e 149,4 m³, respectivamente.

Esses foram associados aos pesos específicos aos respectivos pesos específicos, obtendo-se

os valores apresentados nas Equações 4.1 e 4.2.

𝑃𝑓𝑢𝑛 = 𝛾𝑐𝑜𝑛. 𝑉𝑓𝑢𝑛 = 25 . 531,5 = 13288 𝑘𝑁 Eq. 4.1

𝑃𝑟𝑒𝑎 = 𝛾𝑟𝑒𝑎. 𝑉𝑟𝑒𝑎 = 18 . 149,4 = 2689 𝑘𝑁 Eq. 4.2

Sendo,

𝛾𝑐𝑜𝑛 = peso específico do concreto;

𝑉𝑓𝑢𝑛 = volume da fundação;

𝛾𝑟𝑒𝑎 = peso específico do reaterro;

𝑉𝑟𝑒𝑎 = volume do reaterro.

Desse modo, para a as verificações serão utilizados os seguintes valores de carga

resumidos na Tabela 4.1, obtidos mediante simples somatório dos valores característicos dos

carregamentos atuantes.

Tabela 4.1: Resumo dos carregamentos atuantes

Fh' (kN) 410,3 Fh' (kN) 1029,8

Fv (kN) 18999 Fv (kN) 18993

Mxyr (kN.m) 37974 Mxyr (kN.m) 69966

Aef (m²) 159,6 Aef (m²) 105,8

Carregamentos

Normal Extremo

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Sendo,

Mxyr = momento total resultante da soma do Mxy com o momento gerado pela força

horizontal.

4.2 PARAMETRIZAÇÃO

Para determinação dos valores adotados de parâmetros de resistência e

deformabilidade do solo, foram utilizados o conjunto de equações apresentados na seção 2.3,

associados a sondagem mista SM-ES-07 e aos ensaios sísmicos executados nas proximidades.

Para tanto foram realizadas as seguintes considerações na análise:

1 Limite superior de índice Nspt igual a 30 golpes, objetivando minorar os valores

dos parâmetros encontrados;

2 Escavação prévia da região até cota de 3 metros de profundidade, visando

retirada do material superficial de resistência inferior apresentado no furo

número 07 (Nspt = 7 golpes no segundo metro de escavação);

3 Região de influência compreendida entre as profundidades de 3 e 11 metros,

ou seja, 8 metros, aplicando a relação de metade da menor dimensão, conforme

Vesic (1975).

Dessa forma serão utilizados os parâmetros segundo a Tabela 4.2 que apresenta os

índices de resistência nas profundidades de 3 a 11 metros, além de seus valores corrigidos. A

parametrização do problema será realizada mediante adoção da média aritmética dos valores

obtidos nos ensaios, na região delimitada de influência.

Tabela 4.2: Índices de penetração

1 7 8,4

2 30 36

3 30 36

4 30 36

5 20 24

6 29 34,8

7 7 8,4

8 30 36

9 30 36

10 30 36

11 30 36

Profundidade

(m)Nspt N60

SM-ES-07

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4.2.1 Ângulo de Atrito

Para a estimativa do ângulo de atrito serão utilizadas as correlações apresentadas

anteriormente.

a) Godoy (1983)

De acordo com a Equações 4.3 apresentada por Godoy (1983), tem-se a seguinte

parametrização:

Ф′ = 28° + ,4. 𝑁𝑠𝑝𝑡 Eq. 4.3

Ф′ = 28 + ,4. (3 + 3 + 2 + 29 + 7 + 3 + 3 + 3 + 3

9) = 38,5° Eq. 4.4

b) Hatanaka e Uchida (1996)

Segundo as Equação 4.5 estabelecida por Hatanaka e Uchida (1996), tem-se:

Ф′ = 2 ° + √15,4. 𝑁60 Eq. 4.5

Ф′ = 2 + √15,4 . 1,2 . 26,2 = 42, °

Eq. 4.6

c) Teixeira (1996)

Por fim, para a proposição de Teixeira (1996), Equações 4.7 e 4.8, tem-se a relação

apresentada a seguir:

𝜙′ = 15° + √24.𝑁𝑠𝑝𝑡 Eq. 4.7

Ф′ = 15 + √24 . 26,2 = 4 ,1° Eq. 4.8

Desse modo, através da verificação das três correlações apresentadas, é possível

perceber que as mesmas retornam valores similares para o parâmetro em questão. Dessa

forma, será adotado o valor de ângulo de atrito de 40 graus, aproximadamente igual à média

obtida entre os três valores anteriormente avaliados, Equação 4.9.

Ф′𝑎𝑑𝑜𝑡𝑎𝑑𝑜 =38,5 + 42, + 4 ,1

3= 4 ,2 ≅ 4 ° Eq. 4.9

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Cabe ressaltar, que o valor de ângulo de atrito adotado foi obtido entre as

profundidades de 3 a 11 metros, ou seja, B/2 (Vesic, 1975) abaixo da cota de assentamento.

Desse modo, o valor do ângulo de atrito encontra-se muito aquém do valor que seria obtido

caso não fosse imposta uma limitação superior para o índice de penetração do ensaio SPT,

resultando em maior segurança nas análises que sucederão.

4.2.2 Coesão Efetiva

No presente trabalho, como o perfil estratigráfico é formado por uma camada

superficial de solo arenoso, seguido de um arenito que, de modo geral, apresenta-se

fragmentado e friável, e, além disso, respeitando o perfil típico composto apenas por um solo

arenoso de elevado grau de compacidade, optou-se por desprezar a coesão efetiva.

4.2.3 Módulo de Elasticidade

Com o objetivo de adotar um parâmetro confiável para o módulo de elasticidade do

subsolo da região, serão avaliados os resultados dos dois tipos de ensaios: ensaios de

sondagem com SPT e ensaios sísmicos.

Os primeiros serão avaliados mediante uso das correlações apresentadas. Já os ensaios

sísmicos serão analisados a partir das relações presentes na teoria da elasticidade, fato que

permite obtenção de parâmetros de deformabilidade com maior confiabilidade.

a) Teixeira e Godoy (1996)

Segundo a Equação 4.10 formalizada por Teixeira e Godoy (1996), e utilizando μ igual

a 5,0 para solo constituído por matriz siltosa, e k igual a 0,45 para um silte arenoso, tem-se:

𝐸 = 𝜇. 𝑞𝑐 = 𝜇.𝐾.𝑁𝑠𝑝𝑡 Eq. 4.10

𝐸 = 5 . ,45 . 26,2 = 59, 𝑀𝑃𝑎 Eq. 4.11

b) Freitas et al (2012)

De acordo com a Equação 4.12, ajustada por Freitas et al (2012), tem-se a seguinte

parametrização:

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𝐸 = 8 .𝑁600,8 (𝑘𝑃𝑎) Eq. 4.12

𝐸 = 8 . (26,2 . 1,2)0,8 = 126,3 𝑀𝑃𝑎 Eq. 4.13

c) Schnaid e Odebrecht (2012)

Conforme as Equações 4.14, 4.16 e 4.19 estabelecidas por Schnaid e Odebrecht

(2012), temos os seguintes valores para a média e limites superior e inferior do módulo de

elasticidade do solo adotado:

𝐸𝑚𝑒𝑑 = 2, 1. 𝑁60(𝑀𝑃𝑎) Eq. 4.14

𝐸𝑚é𝑑 = 2, 1 . 1,2 . 26,2 = 63,2 𝑀𝑃𝑎 Eq. 4.15

𝐸𝑠𝑢𝑝 = 2, 1. 𝑁60 + ,611√𝑁602 − 19,79. 𝑁60 + 184,63 (𝑀𝑃𝑎) Eq. 4.16

𝐸𝑠𝑢𝑝 = 2, 1 . 1,2 . 26,2 + √1,2 . 26,2² − 19,79 . 1,2 . 26,2 + 184,63

𝐸𝑠𝑢𝑝 = 82,9 𝑀𝑃𝑎

Eq. 4.17

Eq. 4.18

𝐸𝑖𝑛𝑓 = 2, 1. 𝑁60 − ,611√𝑁602 − 19,79. 𝑁60 + 184,63 (𝑀𝑃𝑎) Eq. 4.19

𝐸𝑖𝑛𝑓 = 2, 1 . 1,2 . 26,2 − √1,2 . 26,2² − 19,79 . 1,2 . 26,2 + 184,63

𝐸𝑖𝑛𝑓 = 43,6 𝑀𝑃𝑎

Eq. 4.20

Eq. 4.21

d) Ensaio Downhole

Para a estimativa do valor de módulo de elasticidade a partir do ensaio Downhole

utilizou-se a média dos valores obtidos entre as profundidades de 3 a 11 metros, utilizando o

mesmo critério, conservador para essa análise, de metade do diâmetro.

𝐸0 =412 + 478 + 481 + 541 + 689 + 8 5 + 793 + 819 + 693

9

Eq. 4.22

𝐸0 = 634,5 𝑀𝑃𝑎 Eq. 4.23

Esse valor deve ainda ser ajustado para o nível de deformação compatível com a gerada

pela instalação de uma fundação, considerando a degradação do módulo com o incremento

das deformações.

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Desse modo será adotado, conforme Figura 2.27 e recomendação da norma N-1848 da

Petrobrás, um fator multiplicativo de 0,35. Esse valor encontra-se, ainda, próximo ao valor

adotado por Freitas et al (2012), que atribuíram redução de um terço para solos arenosos. Com

isso temos:

𝐸 = 634,5 . ,35 = 222 𝑀𝑃𝑎 Eq. 4.24

Cabe ressaltar que, para limitações menos restritivas do valor de Nspt e mais plausíveis

pelos resultados apresentados, tal como limite de 50 golpes, seria possível obter valor mais

equiparado, a partir da proposta de Freitas et al (2012), ao utilizado na análise, como pode ser

visto nas Equações 4.25 a 4.27.

𝐸 = 5 . ,45 . 37,3 = 83,9 𝑀𝑃𝑎 Eq. 4.25

𝐸 = 8 . (1,2 . 37,3)0,8 = 167,4 𝑀𝑃𝑎 Eq. 4.26

𝐸𝑚é𝑑 = 2, 1 . 1,2 . 37,3 = 9 , 𝑀𝑃𝑎 Eq. 4.27

Como os valores baseados no Nspt encontram-se muito conservadores devido à

limitação de 30 golpes imposta ao índice do ensaio; e devido a maior confiabilidade

apresentado pelo ensaio sísmico, optou-se, para o presente trabalho, pela adoção de um

parâmetro mais próximo dos do ensaio Downhole e ajustando a abordagem de Freitas el al

(2012) com limitação superior de 50 golpes. Dessa forma adotou-se como módulo de

elasticidade o valor de 175 MPa.

4.2.4 Coeficiente de Poisson

O coeficiente de Poisson é um parâmetro de deformabilidade que apresenta pequena

faixa de variação. Para os solos arenosos, segundo a N-1848 da Petrobras, ν encontra-se

compreendido entre os valores de 0,3 a 0,4. Desse modo, a partir da média do ensaio

Downhole, Equação 4.28, tem-se:

𝜈 = ,41 + ,4 + ,39 + ,36 + ,3 + ,33 + ,4 + ,38 + ,4

9= ,37

Eq. 4.28

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4.2.5 Módulo de Cisalhamento

Assim como o módulo de Young, o módulo de cisalhamento ser obtido mediante uso

de correlações com o índice de penetração obtido no ensaio SPT, e através dos ensaios

sísmicos a partir do uso das relações da Teoria da Elasticidade, e foram utilizadas as mesmas

considerações aplicadas ao módulo E.

Além disso, esses valores também devem ser compatibilizados para o nível de

deformação atribuído a uma fundação. Tal consideração também será feita mediante adoção

de um fator multiplicativo de 0,35.

a) Petrobras N-1848

Para a análise do módulo de cisalhamento, utilizou-se o valor imediatamente abaixo

da cota de assentamento, ou seja, profundidade de três metros. De acordo com a Equação 4.29

apresentada na norma N-1848 da Petrobrás, tem-se a seguinte correlação:

𝐺0 = 12 . 𝑁600,8 Eq. 4.29

𝐺0 = 12 . 3 0,8 = 182,3 𝑀𝑃𝑎 Eq. 4.30

𝐺 = 182,3 . ,35 = 63,8 𝑀𝑃𝑎 Eq. 4.31

b) Downhole

O módulo G foi obtido através da adoção dos valores do módulo de elasticidade e

coeficiente de Poisson, anteriormente estabelecidos, mediante Equação 2.54, advinda da

Teoria da Elasticidade. Com isso, tem-se:

𝐺0 =𝐸0

2 . (1 + 𝜈)=

175

2 . (1 + ,37)= 63,9𝑀𝑃𝑎 Eq. 4.32

Dessa forma adotou-se para o módulo de cisalhamento o valor de 63,9 Mpa.

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73

4.3 VERIFICAÇÕES DA SEGURANÇA

No presente trabalho, as verificações da estabilidade da torre foram iniciadas a partir

da Rigidez Rotacional e Translacional mínimas necessárias para o conjunto solo-estrutura,

visto que essas apresentam formulações mais simples, que dependem dos parâmetros do solo,

e, unicamente, do raio da estrutura de fundação, permitindo uma primeira avaliação da

geometria.

Posteriormente foram avaliadas a segurança em relação ao deslizamento, ao

tombamento, à capacidade de carga e à excentricidade dos carregamentos. Também foram

verificados os recalques absolutos, diferenciais e distorcionais. Essas análises serão

apresentadas a seguir, utilizando da sequência mencionada anteriormente, ou seja, na

sequência do dimensionamento.

4.3.1 Rigidez Translacional e Rotacional

Conforme já mencionadas anteriormente, essas foram as análises iniciais devido a

maior simplicidade vista na formulação teórica.

O limite mínimo de rigidez rotacional apresentado pela interação solo estrutura no

processo de dimensionamento foi estabelecido pela empresa fabricante, através dos

documentos de referência. Segundo estes, para garantir a segurança da estrutura, o conjunto

deve apresentar rigidez rotacional mínima superior a 79,28 GN.m/rad.

Já a rigidez translacional mínima necessária pode ser obtida pela Tabela 4.3, também

fornecida pela fabricante, que correlaciona o valor mínimo de Rigidez Translacional ao valor

mínimo de Rigidez Rotacional.

Tabela 4.3: Correlação entre os valores mínimos de Rigidez Rotacional e Translacional

25,0 49,0

30,0 17,5

48,0 8,2

77,0 6,1

122,0 6,0

196,0 6,0

313,0 6,0

441,0 6,0

500,0 6,0

Rigidez Translacional

(MN/m)

Rigidez Rotacional

(GN.m/rad)

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Sendo assim, para verificação das rigidezes, foram aplicados valores de 8,5 metros de

raio para a fundação e 3,0 metros de embutimento em solo, verificado no dimensionamento;

0,37 para o coeficiente de Poisson e 63,9 MPa para módulo cisalhante na profundidade de três

metros, obtidos na parametrização do solo. Dessa forma foram obtidos os resultados

apresentados nas Equações 4.33 a 4.38.

𝐾𝜃,𝑟 =8. 𝐺. 𝑅3

3. (1 − 𝜈)≥ 𝐾𝜃,𝑟 𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑜 Eq. 4.33

𝐾𝜃,𝑟 =8 . 63,9 . 8,53

3 . (1 − ,37)= 166,1 𝐺𝑁.

𝑚

𝑟𝑎𝑑> 79,28 𝐺𝑁.

𝑚

𝑟𝑎𝑑 Eq. 4.34

𝐹𝑆𝑘𝜃 =166,1

79,28≅ 2,1 Eq. 4.35

𝐾𝑥,𝑟 =32. 𝐺. 𝑅. (1 − 𝜈)

7 − 8. 𝜈≥ 𝐾𝑥,𝑟 𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑜 Eq. 4.36

𝐾𝑥,𝑟 =32 . 63,9 . 8,5 . (1 − ,37)

7 − 8 . ,37= 271

𝑀𝑁

𝑚≫ 6,1

𝑀𝑁

𝑚 Eq. 4.37

𝐹𝑆𝑘𝑥 =271

6,1≅ 444 Eq. 4.38

Através das verificações realizadas o conjunto solo-fundação garantiu os requisitos de

segurança mínimo para a geometria da solução adotada, apresentando um fator de segurança

de 2,1 em relação à rigidez rotacional e mais de 440 para a rigidez translacional.

Cabe salientar que para a segunda análise, o valor mínimo necessário decai com o

aumento do valor da rigidez rotacional, conforme pode ser visto na Tabela 4.2, contribuindo

para a justificativa do elevado valor de segurança obtido.

4.3.2 Capacidade de Carga

A verificação da capacidade de carga geotécnica é um tipo de análise necessária a

qualquer projeto de fundação, e tem como objetivo atestar que o solo de fundação possua

resistência suficiente para suportar as tensões que nele serão induzidas, garantindo a

segurança.

Cabe ressaltar que essa também é uma verificação de estado limite último de

resistência, em que serão analisados os dois tipos de carregamento, normal e extremo. Essa

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75

será avaliada mediante aplicação do método analítico de cálculo de capacidade de carga de

fundações superficiais ou rasas, com aplicação de fatores de segurança globais.

a) Carregamento Normal

Para verificação da capacidade de carga, no caso de carregamento normal, foram

utilizadas as solicitações fornecidas pela fabricante, e os pesos da fundação e aterro obtidos

no dimensionamento, resumidas na Tabela 4.1, resultando na análise apresentada a seguir.

Primeiramente foi realizado o cálculo da área efetiva, conceito estabelecido por

Hansen (1961), tendo sido utilizadas as formulações presentes em Milititsky (2019), aplicadas

a seguir. O valor da excentricidade no carregamento normal foi determinado na Equação 4.33

e é igual a 2,0 metros.

A partir dos valores da excentricidade e do raio são determinados os valores da área

efetiva, 𝑏𝑒 e 𝑙𝑒, como apresentado nas Equações 4.39 a 4.42.

𝐴𝑒𝑓 = 2(𝑅2. cos−1𝑒

𝑅− 𝑒.√𝑅2 − 𝑒2)

Eq. 4.39

𝐴𝑒𝑓 = 2 . [8,52 . cos−1 (2

8,5) − 2.√8,52 − 2²] = 159,6 𝑚² Eq 4.40

𝑏𝑒 = 2. (𝑅 − 𝑒) = 2 . (8,5 − 2, ) = 13, 𝑚

Eq. 4.41

𝑙𝑒 = 2. 𝑅√1 − (1 − 𝑏𝑒2. 𝑅

)2

= 2 . 8,5 . √1 − (1 −13,

2 . 8,5)2

= 16,5 𝑚

Eq. 4.42

Posteriormente foram determinados os valores de largura e comprimento efetivos, a

partir das Equações 4.43 e 4.44. Essas podem ser verificadas na Figura 4.2.

𝐿′ = √𝐴𝑒𝑓 . 𝑙𝑒

𝑏𝑒= √

159,6 . 16,5

13, = 14,2 𝑚

Eq. 4.43

𝐵′ =𝐿′

𝑙𝑒. 𝑏𝑒 =

14,2

16,5 . 13, = 11,2 𝑚

Eq. 4.44

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76

Figura 4.2: Área efetiva para o carregamento normal

Fonte: Elaboração própria

Para determinação dos parâmetros de capacidade da equação da capacidade de carga

utilizou-se o valor do ângulo de atrito do solo de fundação, igual a 40°. Desse modo, os

parâmetros foram obtidos com uso da Tabela 2.2 e tem-se Nc igual a 75,31; Nq igual a 64,20

e Nγ, segundo Hjiaj, Lyamin e Sloan (2005), igual a 85,11.

Como já mencionado anteriormente, a coesão do solo de fundação foi desprezada, ou

seja, c igual a zero. Já a tensão vertical efetiva no nível da base da fundação (q) é obtida pelo

produto entre o peso específico do solo natural e a profundidade de assentamento, ou seja, q

igual 54,0 kN/m².

Completando a análise da capacidade de carga foram determinados os fatores de

influência. Os fatores de inclinação do terreno e da profundidade de assentamento foram

desprezados na análise, visto que a região de assentamento da base da fundação é horizontal,

e a segunda foi desprezada por se tratar de conduta a favor da segurança (Vesic, 1975). Os

demais fatores foram obtidos através das análises a seguir:

Para o cálculo do fator de forma da fundação, sq e sγ, foram utilizadas as Equações 4.45

e 4.46, obtendo-se os seguintes resultados:

𝑠𝑞 = 1 + tan𝛷′ = 1 + tan 4 ° = 1,84 Eq. 4.45

𝑠𝛾 = ,6 Eq. 4.46

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Já para os fatores de inclinação de carga, iq e iγ, serão aplicadas as equações 4.48 a

4.51, além da 4.47 correlata, obtendo-se os seguintes resultados:

𝑚 =2 + 𝑅

𝑅⁄

1 + 𝑅𝑅⁄=2 +

1

1

1 +1

1

= 1,5 Eq. 4.47

𝑖𝑞 = [1 −𝐹ℎ′

𝐹𝑣 + 𝐵′. 𝐿′. 𝑐. 𝑐𝑜𝑡 𝛷]

𝑚

Eq. 4.48

𝑖𝑞 = [1 −41 ,31

3 21,8 + 13288 + 2689 + ]1,5

= ,968 Eq. 4.49

𝑖𝛾 = [1 −𝐹ℎ′

𝐹𝑣 + 𝐵′. 𝐿′. 𝑐. 𝑐𝑜𝑡 𝛷]

𝑚+1

Eq. 4.50

𝑖𝛾 = [1 −41 ,31

3 21,8 + 13288 + 2689 + ]2,5

= ,947 Eq 4.51

Por fim será realizada a verificação do fator de compressibilidade do solo. Esse será

feito mediante comparação entre o índice de rigidez, Ir, do solo, Equação 4.52, e o índice de

rigidez crítico, Ir,crit, Equação 4.53, ressaltando-se que os fatores de redução de capacidade de

carga só serão aplicados nos casos em que Ir for inferior ao Ir,crit. Desse modo tem-se:

𝐼𝑟 =𝐺

𝑐 + 𝜎 tanФ=

639

+ 18 . (8,5 + 3). tan 4 °= 368,9 Eq. 4.52

𝐼𝑟,𝑐𝑟𝑖𝑡 =1

2. 𝑒[(3,30−0,45.

𝐵

𝐿)cot(45−

Ф

2)] =

1

2 . 𝑒[

(3,30−0,45.1) cot(45−40

2)] = 225,6 Eq 4.53

O valor de σ é referente à tensão atuante em B/2 abaixo da cota de assentamento

(Vesic, 1975), que para a fundação circular assume o valor do seu raio. Utilizou-se, ainda, um

peso específico de referência de 18 kN/m³.

A partir da comparação entre os valores de rigidez do solo e sua rigidez crítica, não

haverá necessidade de uso do fator de redução da capacidade de carga por influência da

compressibilidade, portanto cq e cγ assumem valor unitário. Cabe salientar, que o valor de Ir,crit

obtido foi compatível com o verificado em Velloso e Lopes (2004).

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A partir da obtenção de todos os parâmetros necessários, a capacidade de carga foi

determinada a partir das Equações 4.54 a 4.56.

𝑞𝑟𝑢𝑝 = 𝑐.𝑁𝑐 . 𝑠𝑐 . 𝑖𝑐 . 𝑏𝑐 . 𝑔𝑐 . 𝑐𝑐 + 𝑞.𝑁𝑞 . 𝑠𝑞 . 𝑖𝑞 . 𝑏𝑞 . 𝑔𝑞 . 𝑐𝑞 +𝐵′

2. 𝛾. 𝑁𝛾 . 𝑠𝛾 . 𝑖𝛾 . 𝑏𝛾. 𝑔𝛾 . 𝑐𝛾

Eq 4.54

𝑞𝑟𝑢𝑝 = 54, .64,2 .1,84. ,968 +11,2

2. 18. 85,11 . ,6. ,947 = 11 𝑀𝑃𝑎 Eq 4.55

𝑄𝑟𝑢𝑝 = 𝑞𝑟𝑢𝑝. 𝐴𝑒𝑓 = 11 49 . 159,6 = 176342 𝑘𝑁 Eq. 4.56

Sabe-se que a tensão máxima atuante no solo ocorre em um dos bordos da estrutura de

fundação. Portanto, a partir da equação 4.57, tem-se:

𝑞𝑚á𝑥 =𝐹𝑣𝐴+𝑀𝑥𝑦. 𝑅

𝐼𝑥𝑦=18999,5

𝜋 . 8,5²+37974,5 . 8,5

𝜋 .8,54

4

= 162,4 𝑘𝑃𝑎 Eq. 4.57

Desse modo, os fatores de segurança tanto para carga quanto para tensão foram obtidos

através das relações entre os valores de resistência e os valores atuantes, obtendo os seguintes

resultados.

𝐹𝑆𝑞 =11 49

162,4= 68, Eq 4.58

𝐹𝑆𝑄 =176342

18999,5= 92,8 Eq 4.59

b) Carregamento Extremo

Assim como para o carregamento normal, no carregamento extremo foram utilizadas

as solicitações fornecidas pela fabricante, e os pesos da fundação e aterro obtidos no

dimensionamento, resumidas na Tabela 4.1.

Por conta da aplicação de maiores valores de momento, será gerada uma maior

excentricidade no carregamento, que, para o caso de carregamento extremo, é igual a 3,68 m

como visto na Equação 4.36, resultando na redução da área efetiva da fundação.

Como já foi visto anteriormente, a partir dos valores da excentricidade e do raio são

determinados os valores da área efetiva, 𝑏𝑒 e 𝑙𝑒, como apresentado a seguir:

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𝐴𝑒𝑓 = 2(𝑅2. cos−1𝑒

𝑅− 𝑒.√𝑅2 − 𝑒2)

Eq. 4.60

𝐴𝑒𝑓 = 2 . [8,52 . cos−1 (3,68

8,5) − 3,68√8,52 − 3,68²] = 1 5,9 𝑚² Eq. 4.61

𝑏𝑒 = 2. (𝑅 − 𝑒) = 2 . (8,5 − 3,68) = 9,64 𝑚 Eq. 4.62

𝑙𝑒 = 2. 𝑅√1 − (1 − 𝑏𝑒2. 𝑅

)2

2 . 8,5 . √1 − (1 −9,64

2 . 8,5)2

= 15,3 𝑚

Eq. 4.63

Posteriormente foram determinados os valores de largura e comprimento efetivos, a

partir das Equações 4.64 e 4.65 a seguir, e que podem ser verificadas na Figura 4.3.

𝐿′ = √𝐴𝑒𝑓 . 𝑙𝑒

𝑏𝑒= √

1 5,9 . 15,3

9,64= 13, 𝑚 Eq. 4.64

𝐵′ =𝑙𝑒𝑓

𝑙𝑒. 𝑏𝑒 =

13,

15,3 . 9,64 = 8,2 𝑚 Eq. 4.65

Figura 4.3: Área efetiva para o carregamento extremo

Fonte: Elaboração própria

Nessa segunda análise de capacidade de carga, foram utilizados os mesmos parâmetro

Nc, Nq e Nγ, visto que esses são função apenas do ângulo de atrito do solo. Foram utilizados,

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também, os mesmo valores de fator de forma, fator de compressibilidade relativa, inclinação

do terreno e inclinação da base, visto que essas características não foram modificadas de uma

análise para a outra

Entretanto, fez-se necessário calcular novos valores de inclinação de carga, visto que

esses são função da magnitude do carregamento. Desse modo, assim como na análise para o

carregamento normal, para obtenção dos fatores iq e iγ, a partir das Equações 4.68 a 4.71.

No caso do carregamento extremo, uma das solicitações existente é a de Momento

Torsor. Portanto, como já mencionado anteriormente, faz-se necessário corrigir o valor de

esforço horizontal aplicado na torre, que será feito a por meio das Equações 4.66 e 4.67.

𝐹ℎ′ =

2.𝑀𝑧

𝐿′+ √𝐹𝑥𝑦² + (

2.𝑀𝑧

𝐿′)2

Eq 4.66

𝐹ℎ′ =

2 . 9 5,5

12,97+ √878,15² +

2 . 9 5,5

12,97= 1 29 𝑘𝑁 Eq 4.67

𝑖𝑞 = [1 −𝐹ℎ′

𝐹𝑣 + 𝐵′. 𝐿′. 𝑐. 𝑐𝑜𝑡 𝛷]

𝑚

Eq. 4.68

𝑖𝑞 = [1 −1 29

3 15,5 + 13288 + 2689 + ]1,5

= ,92 Eq. 4.69

𝑖𝛾 = [1 −𝐹ℎ′

𝐹𝑣 + 𝐵′. 𝐿′. 𝑐. 𝑐𝑜𝑡 𝛷]

𝑚+1

Eq. 4.70

𝑖𝛾 = [1 −1 29

3 15,5 + 13288 + 2689 + ]2,5

= ,87 Eq. 4.71

A partir da obtenção de todos os parâmetros necessários, a capacidade de carga será

avaliada mediante teoria analítica, conforme apresentado nas Equações 4.72 a 4.75.

𝑞𝑟𝑢𝑝 = 𝑐.𝑁𝑐 . 𝑠𝑐 . 𝑖𝑐 . 𝑏𝑐 . 𝑔𝑐 . 𝑐𝑐 + 𝑞.𝑁𝑞 . 𝑠𝑞 . 𝑖𝑞 . 𝑏𝑞 . 𝑔𝑞 . 𝑐𝑞 +𝐵′

2. 𝛾. 𝑁𝛾 . 𝑠𝛾 . 𝑖𝛾 . 𝑏𝛾. 𝑔𝛾 . 𝑐𝛾

Eq 4.72

𝑞𝑟𝑢𝑝 = 54, . 64,2.1,84. ,92 +8,2

2. 18. 85,11. ,6 . ,87 = 9147 𝑘𝑃𝑎 Eq. 4.73

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𝑄𝑟𝑢𝑝 = 𝑞𝑟𝑢𝑝. 𝐴𝑒𝑓 Eq. 4.74

𝑄𝑟𝑢𝑝 = 9147. 1 5,9 = 968667 𝑘𝑁 Eq. 4.75

Sabe-se que a tensão máxima atuante no solo ocorre em um dos bordos da estrutura de

fundação. Portanto, a partir da Equação 4.76, tem-se:

𝑞𝑚á𝑥 =𝐹𝑣𝐴+𝑀𝑥𝑦. 𝑅

𝐼𝑥𝑦=18993

𝜋 . 8,5²+69966 . 8,5

𝜋 .8,54

4

= 228,7 𝑘𝑃𝑎 Eq 4.76

Desse modo, os fatores de segurança tanto para carga quanto para tensão foram obtidos

através das relações entre os valores de resistência e os valores atuantes, tendo sido obtidos os

seguintes resultados.

𝐹𝑆𝑞 =9147

228,7= 4 , Eq 4.77

𝐹𝑆𝑄 =968667

18993= 51, Eq 4.78

Assim como avaliado na verificação do deslizamento, esse é um mecanismo que

encontra-se com elevada folga com relação ao fator de segurança, em relação ao valor de três

indicado na norma, mostrando que o mesmo não é um condicionante para o dimensionamento

realizado. Cabe frisar que tal fato não torna dispensável a sua verificação, visto que esse é um

possível mecanismo de falha que deve ser assegurado.

4.3.3 Deslizamento

Devido à elevada solicitação horizontal gerada pelas cargas de vento, faz-se necessário

analisar se a interação solo-estrutura existente é capaz de garantir a estabilidade da torre em

relação à movimentação horizontal. Como já foi visto anteriormente, essa análise é realizada

a partir do equilíbrio das forças horizontais, a partir da Equação 2.27.

Cabe ressaltar que essa é uma verificação de estado limite último de resistência, sendo

avaliada para os casos de carregamento normal e extremo.

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a) Carregamento Normal

Para verificação do deslizamento, no caso de carregamento normal, foram utilizadas

as solicitações fornecidas pela fabricante, e os pesos da fundação e aterro obtidos no

dimensionamento, essas são apresentadas resumidamente na Tabela 4.1 e Figura 4.4, e

resultam na análise apresentada pelas Equações 4.79 e 4.80.

𝐹𝑆𝑑𝑒𝑠𝑙𝑖𝑧𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 =𝐴𝑒𝑓 . 𝑐𝑑 + 𝐹𝑣. tanФ𝑑

𝐹ℎ′≥ 1,5

Eq. 4.79

𝐹𝑆𝑑𝑒𝑠𝑙𝑖𝑧𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 = + 18999. tan(

2

3. 4 )

41 = 23,3 ≫ 1,5 Eq 4.80

Figura 4.4: Componentes de forças da análise de deslizamento para o carregamento normal

Fonte: Elaboração própria

Cabe ressaltar que, como a combinação normal de esforços fornecidos pelo fabricante

não apresenta Momento Torsor, não foi aplicada a correção do valor das forças horizontais.

b) Carregamento Extremo

Para verificação do deslizamento, no caso de carregamento extremo, foram, também,

utilizadas as solicitações apresentadas na Tabela 4.1, resumindo as solicitações fornecidas

pela fabricante e além dos pesos da fundação e aterro obtidos no dimensionamento, Figura

4.5.

𝐹𝑆𝑑𝑒𝑠𝑙𝑖𝑧𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 =𝐴𝑒𝑓 . 𝑐𝑑 + 𝐹𝑣. tanФ𝑑

𝐹ℎ′≥ 1,5 Eq. 4.81

𝐹𝑆𝑑𝑒𝑠𝑙𝑖𝑧𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 = + 18993. tan(

2

3. 4 )

1 29= 9,27 ≫ 1,5 Eq. 4.82

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83

Figura 4.5: Componentes de forças da análise de deslizamento para o carregamento extremo

Fonte: Elaboração própria

Com a realização das duas análises, tanto para o caso normal de carregamento, quanto

para o caso o extremo, foi possível atestar a segurança da estrutura segundo o mecanismo de

falha de deslizamento, para as dimensões avaliadas.

Foi possível perceber, também, que esse é um mecanismo que encontra-se com elevada

folga com relação ao fator de segurança, mostrando que o mesmo não é um condicionante

para o dimensionamento realizado. Cabe frisar que tal fato não torna dispensável a sua

verificação, visto que esse é um possível mecanismo de falha que deve ser evitado.

4.3.4 Tombamento

Outra verificação a ser realizada para garantir a estabilidade da estrutura é a segurança

em relação ao tombamento. Para a torre eólica essa é uma importantíssima análise, devido ao

elevado valor de momento fletor, oriundo, tanto da geometria assimétrica da turbina, que gera

um carregamento excêntrico na fundação, quanto do carregamento de vento atuante ao longo

de toda extensão da torre.

Como já foi mencionado anteriormente, essa análise é realizada a partir do equilíbrio

dos momentos em relação a um ponto da fundação. Todavia, como foi apresentada também,

a verificação do fator de segurança torna-se dispensável quando o carregamento encontra-se

aplicado no núcleo central da fundação da torre, que para o caso de fundação circular, ocorre

quando o valor de excentricidade das cargas é inferior a um quarto do raio.

Do mesmo modo que a análise do deslizamento, essa também é uma verificação de

estado limite último, sendo avaliada para os casos de carregamento normal e extremo.

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a) Carregamento Normal

Assim como na análise do deslizamento, para a verificação do tombamento, no caso

de carregamento normal, também foram aplicadas as solicitações fornecidas pela fabricante,

e os pesos da fundação e aterro, resumidos na Tabela 4.1.

Todavia, para a análise de tombamento, o esforço relevante a ser avaliado é o de

momento fletor, que é função tanto das magnitudes dos momentos e das forças, quanto dos

braços de alavanca. Com isso, foi avaliado o momento em relação ao ponto A, como pode ser

verificado na Figura 4.6.

Figura 4.6: Componentes de forças e momentos da análise de deslizamento para o

carregamento normal

Fonte: Elaboração própria

Avaliando inicialmente a excentricidade, tem-se:

𝑒 =𝑀𝑥𝑦𝑟

𝐹𝑣=

36661,5 + 41 ,3 . 3,2

3 21,8 + 13288 + 2689= 2 𝑚 < 2,15 𝑚 Eq 4.83

Como o valor de excentricidade obtido é igual a um quarto do raio, não faz-se

necessário verificar a segurança. Entretanto, para avaliação do fator de segurança, optou-se

por prosseguir com a análise, conforme apresentado nas Equações 4.34 e 4.35:

𝐹𝑆𝑡𝑜𝑚𝑏 =𝑀𝐸𝑠𝑡

𝑀𝐷𝑒𝑠=

𝐹𝑣. 𝐷ℎ𝑀𝑥𝑦 + 𝐹ℎ′. 𝐷𝑣

≥ 1,5 Eq. 4.84

𝐹𝑆𝑡𝑜𝑚𝑏 =18999 . 8,5

36661,5 + 41 ,3 . 3,2= 4,25 > 1,5 Eq 4.85

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85

b) Carregamento Extremo

Assim como para o carregamento normal, para o carregamento extremo foram

utilizados, para avaliação de momentos, os valores presentes na Tabela 4.1, como pode ser

melhor verificado na Figura 4.7.

Figura 4.7: Componentes de forças e momentos da análise de deslizamento para o

carregamento extremo

Fonte: Elaboração própria

Avaliando inicialmente a excentricidade, tem-se:

𝑒 = 𝑀𝑥𝑦𝑟

𝐹𝑣=

66619,1 + 1 29 . 3,2

3 21,8 + 13288 + 2689= 3,68 𝑚 >

8

4= 2,15 𝑚 Eq 4.86

Como o valor de excentricidade obtido é superior a um quarto do raio, faz-se

necessário verificar a segurança através do cálculo do fator de segurança em relação ao

tombamento, conforme apresentado a seguir:

𝐹𝑆𝑡𝑜𝑚𝑏 =𝑀𝐸𝑠𝑡

𝑀𝐷𝑒𝑠=

𝐹𝑣. 𝐷ℎ𝑀𝑥𝑦 + 𝐹ℎ′. 𝐷𝑣

≥ 1,5 Eq. 4.87

𝐹𝑆𝑡𝑜𝑚𝑏 =18993 . 8,5

66619,1 + 1 29 . 3,2= 2,31 > 1,5 Eq 4.88

Com a realização das duas análises, tanto para o caso normal de carregamento, quanto

para o caso o extremo, foi possível atestar a segurança da estrutura segundo o mecanismo de

falha de tombamento, segundo as dimensões avaliadas.

Diferentemente do que foi verificado na análise do deslizamento, esse é um

mecanismo que praticamente não apresenta folga no momento da verificação, fato que torna

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86

essa uma das mais importantes análises a ser realizada para esse tipo de estrutura, sendo um

dos condicionantes do dimensionamento.

4.3.5 Excentricidade de Carga

A verificação da excentricidade de carga, a princípio, não representa uma análise de

segurança do projeto. Entretanto, consoante ao critério presente na norma brasileira de

fundações, ABNT NBR 6122 (2019), que estabelece que, para o carregamento normal, toda

fundação deve permanecer comprimida, e, para o carregamento excêntrico, estabelece um

mínimo de 2/3.

a) Carregamento Normal

Para verificação do critério de excentricidade mais rígido, fixado pelas fabricantes de

torre, para os carregamentos normais, será utilizada a expressão de momento mínimo atuante

na fundação, e sabe-se que se o mesmo atingir valores negativos, parte da fundação não está

comprimida. Desse modo, tem-se:

𝑞𝑚í𝑛 =𝐹𝑣𝐴−𝑀𝑥𝑦. 𝑅

𝐼𝑥𝑦=18999

𝜋 . 8,52−37974 . 8,5

𝜋 .8,54

4

= 5, 𝑘𝑃𝑎 Eq. 4.89

Com isso, verifica-se que a fundação encontra-se com sua base totalmente

comprimida, atendendo os critérios estabelecidos pelas fabricantes das torres eólicas.

b) Carregamento Extremo

Já para verificação do critério de excentricidade para os carregamentos extremos, será

utilizada a expressão de momentos máximo e mínimo atuante na fundação, e a partir da

linearidade de tensões na base, será verificada a região de compressão da fundação. Com isso,

tem-se:

𝑞𝑚á𝑥 =𝐹𝑣𝐴+𝑀𝑥𝑦. 𝑅

𝐼𝑥𝑦=18993,1

𝜋 . 8,5²+69966, . 8,5

𝜋 .8,54

4

= 228,7 𝑘𝑃𝑎 Eq. 4.90

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𝑞𝑚í𝑛 =𝐹𝑣𝐴−𝑀𝑥𝑦. 𝑅

𝐼𝑥𝑦=18993,1

𝜋 . 8,52−69966, . 8,5

𝜋 .8,54

4

= −61,4 𝑘𝑃𝑎 Eq. 4.91

A partir dos valores de tensões máxima e mínima, tem-se a seguinte região de área

comprimida.

228,7

17 − 𝑥=61,4

𝑥∴ 𝑥 = 3,6 𝑚 <

17

3𝑚 = 5,67 𝑚 Eq. 4.92

Sendo,

x = comprimento da base, a partir da borda esquerda, que apresenta tensão nula.

Com isso é possível verificar que foram cumpridos os critérios de excentricidade

estabelecidos pela norma e pelo fabricante, tanto para o carregamento normal, que exige que

toda região abaixo da sapata seja comprimida, quanto para o carregamento extremo que

permite que 1/3 da área da sapata encontre-se fora da região de compressão,

4.3.6 Recalques

A verificação dos recalques é um tipo de análise necessária a qualquer projeto de

fundação, e tem como objetivo atestar se o nível de deformações induzidas no solo é

compatível com o aquele suportado pela estrutura.

O tipo de recalque mais importante para a verificação de danos estruturais é o recalque

distorcional, isto é, a relação entre o recalque diferencial e a distância entre os pontos

analisados, que, conforme estabelecido pelo documento da Fabricante, deve ser inferior a 3

mm/m.

Essa é uma verificação de estado limite de serviço, sendo avaliada apenas para o

carregamento normal. Para tanto serão utilizadas as relações estabelecidas pela teoria da

Elasticidade.

A equação 4.64 presente na ABNT NBR 6122 (2019) estabelece que para a fundação

ser considerada rígida, a altura da fundação deve ser superior à relação aplicada. Apesar desse

critério não ser confirmado na fundação estudada, essa foi, conservativamente, avaliada como

um corpo rígida, visto que, nesse caso, tal consideração retorna maiores valores de recalques

diferenciais e, consequentemente distorcionais.

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88

𝐻𝑓 ≥𝐿 − 𝑙𝑡𝑜𝑟

3=17 − 6

3= 5,5 > 3,2 Eq. 4.93

Sendo,

𝐻𝑓: altura da estrutura da fundação

𝑙𝑡𝑜𝑟: largura da base da torre eólica.

L= Diâmetros da fundação

a) Estimativa de recalque baseada na Teoria da Elasticidade

Na análise que se segue, será utilizado o somatório dos efeitos de rotação de corpo

rígido com os recalques induzidos na borda de maior carregamento, sendo assim, verificado

o recalque distorcional ocorrido na estrutura, que será efetuada a comparação com o valor

máximo estabelecido pela fabricante

Para obtenção dos fatores de forma, Is e Im, fez-se uso das Tabelas 2.5 e 2.6. Os fatores

de espessura da camada compressível e de profundidade de embutimento foram,

conservativamente, desprezados na análise. Para o valor de σ utilizou-se a tensão máxima

atuante na borda da fundação (qmax), que foi obtido através da equação 4.57. Desse modo tem-

se:

𝜌 = 𝜎. 𝐵1 − 𝜈²

𝐸. 𝐼𝑠. 𝐼𝑑 . 𝐼ℎ Eq 4.94

𝜌 = 162,4 . 17 .1 − ,37²

175 . ,79 = , 11 𝑚 = 11 𝑚𝑚 Eq. 4.95

tan 𝜃 =𝑀𝑥𝑦

𝐿. 𝐵².1 − 𝜈²

𝐸. 𝐼𝑚 Eq 4.96

tan 𝜃 =37974,5

17³ .1 − ,372

175 . 5,53 = , 21 Eq. 4.97

A partir da combinação dos valores obtidos nas análises anteriores, tem-se o seguinte

valor de recalque distorcional, conforme apresentado na Figura 4.8.

𝜌𝑚í𝑛 = − tan𝜃 . 𝑅 = − , 21 . 8,5 = −1,79 𝑚𝑚 Eq. 4.98

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89

𝜌𝑚á𝑥 = 𝜌 + tan𝜃 . 𝑅 = 11 + 1,79 = 12,79 𝑚𝑚 Eq. 4.99

𝜌𝑑𝑖𝑠𝑡 =𝜌𝑚á𝑥 − 𝜌𝑚í𝑛

2. 𝑅=12,79 + 1,9

17= ,86

𝑚𝑚

𝑚< 3,

𝑚𝑚

𝑚 Eq. 4.100

Figura 4.8: Combinações de efeitos de recalque diferencial e rotação

Fonte: Elaboração própria

Dessa forma, mesmo com a adoção de uma série de medidas conservadoras para a

análise, tal como meio semi infinito, somatório de efeitos de rotação de corpo rígidos, e não

utilização de fatores da análise da estabilidade, é possível perceber que foi garantida a

segurança para tal análise, visto que a distorção obtida de 0,86 mm/m foi inferior ao limite de

3,0 mm/m.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tendo em vista todas as verificações de segurança que foram executadas ao longo do

capítulo 4 do presente trabalho, fica atestada a segurança geotécnica da Turbina Eólica

Gamesa G114 de 2,1 MW e 80 metros de altura, para as condições geotécnicas supracitadas.

Para tanto, fez-se necessário o dimensionamento de uma estrutura de fundação em concreto

armado de base circular, com 3,0 metros de altura e 17 metros de diâmetro, com resultado do

dimensionamento resumido na Tabela 5.1.

Pode-se constatar, que o condicionante no dimensionamento foi a verificação da

excentricidade a partir do critério recomendado pela fabricante, em que para o carregamento

normal, toda base da fundação deve encontrar-se comprimida. Tal fato decorre dos elevados

valores de momento que geram grandes excentricidades de carregamento.

Outras duas importantes análises que apresentaram-se próximas ao limite da segurança

estabelecidos são: as verificações do tombamento e da rigidez rotacional.

A importância da verificação do tombamento advém, assim como a excentricidade,

dos elevados valores de momento que atuam na base da fundação, que para serem anulados,

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90

geram a necessidade de elevadas dimensões de fundação, de modo a garantir, peso próprio e

braço de alavanca suficientes para garantir a segurança do elemento.

Já a relevância da rigidez rotacional reside no fato dessa verificação apresentar um

resultado com baixa folga na segurança do dimensionamento, e, por ser afetada pela interação

solo-estrutura, depende tanto de parâmetro geométricos, do raio da fundação, e de parâmetros

elásticos do solo, principalmente o módulo de cisalhamento do solo.

Com isso, cabe ressaltar a necessidade de execução ensaios de campo mais

sofisticados, principalmente para a obtenção dos parâmetros elásticos do subsolo de estudo,

visto que a não utilização dos resultados dos ensaios sísmicos pode levar a aplicação de

módulo de cisalhamento muito conservativo, ocasionando aumento significativo das

dimensões, que em um projeto real, resultaria no aumento dos custos do empreendimento,

podendo, em algumas situações tornar o projeto menos atraente.

Tabela 5.1: Resumo dos resultados do dimensionamento geotécnico

Análise Dados do solo Dados das cargas Resultado Critério FS obtido

Capacidade de

Carga (Normal)

Φ' = 40° c' = 0 kPa

γ = 18 kN/m³ G = 63,9 MPa

Fxy = 410 kN

Fz = 3022 kN

Mxy = 36661 kN.m

Mz = 0 kN.m

qrup = 11,0

MPa FS ≥ 3,0 FS = 68,0

Capacidade de

Carga

(Extremo)

Φ' = 40° c' = 0 kPa

γ = 18 kN/m³ G = 63,9 MPa

Fxy = 878 kN

Fz = 3016 kN

Mxy = 66619 kN.m

Mz = 906 kN.m

qrup = 9,1

MPa FS ≥ 3,0 FS = 40,0

Deslizamento

(Normal)

Φ' = 40° c' = 0 kPa

γ = 18 kN/m³

Fxy = 410 kN

Fz = 3022 kN

Mz = 0 kN.m

Rd = 9500

kN FS ≥ 1,5 FS = 23,2

Deslizamento

(Extremo)

Φ' = 40° c' = 0 kPa

γ = 18 kN/m³

Fxy = 878 kN

Fz = 3016 kN

Mz = 906 kN.m

Rd = 9500

kN FS ≥ 1,5 FS = 9,3

Tombamento

(Normal) γ = 18 kN/m³

Fxy = 410 kN

Fz = 3022 kN

Mxy = 36661 kN.m

Mz = 0 kN.m

Mest = 161,5

MN.m FS ≥ 1,5 FS = 4,2

Tombamento

(Extremo) γ = 18 kN/m³

Fxy = 878 kN

Fz = 3016 kN

Mxy = 66619 kN.m

Mz = 906 kN.m

Mest = 161,5

MN.m FS ≥ 1,5 FS = 2,3

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91

Recalque

(Normal)

E = 175 MPa

ν = 0,37 γ = 18 kN/m³

Fxy = 410 kN

Fz = 3022 kN

Mxy = 36661 kN.m

Mz = 0 kN.m

tan θ = 0,86

mm/m

tan θ ≤ 3

mm/m Não se Aplica

Rigidez

Rotacional

G = 63,9 MPa

ν = 0,37 Não se Aplica

kθ = 166,1

GN.m/rad

kθ min =

79,28

GN.m/rad

FS = 2,1

Rigidez

Translacional

G = 63,9 MPa

ν = 0,37 Não se Aplica

kx = 2710

MN/m

kx min = 6,1

MN/m FS = 444

Excentricidade

(Normal) γ = 18 kN/m³

Fxy = 410 kN

Fz = 3022 kN

Mxy = 36661 kN.m

Mz = 0 kN.m

e = 2,0 m e ≤ 2,15 m Não se Aplica

Excentricidade

(Extremo) γ = 18 kN/m³

Fxy = 878 kN

Fz = 3016 kN

Mxy = 66619 kN.m

Mz = 906 kN.m

e = 3,6 m e ≤ 5,67 m Não se Aplica

Sendo,

Φ’ = ângulo de atrito efetivo do solo;

c’ = coesão efetiva do solo;

γ = peso específico do solo;

ν = coeficiente de Poisson;

G = módulo de cisalhamento;

E = módulo de elasticidade;

Fxy = força horizontal, dado fornecido pela fabricante;

Fz = força vertical, dado fornecido pela fabricante;

Mxy = momento fletor atuante na base, dado fornecido pela fabricante;

Mz = momento torsor atuante na base, dado fornecido pela fabricante;

qrup = tensão de ruptura do solo;

Rd = resistência ao deslizamento;

Mest = momento estabilizante;

e = excentricidade do carregamento;

tan θ = tangente do ângulo de rotação da base;

kθ = rigidez rotacional do conjunto solo-fundação;

kx = rigidez translacional do conjunto solo-fundação

kθ min = rigidez rotacional mínima recomendada pela fabricante;

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kx min = rigidez translacional mínima recomendada pela fabricante;

FS = fator de segurança.

Para as verificações de deslizamento, rigidez translacional da fundação, e capacidade

de carga e, foram obtidos fatores de segurança muito superiores aos limites mínimos

estabelecidos, não estando, esses, no caminho crítico do dimensionamento.

A elevada segurança em relação à primeira verificação (deslizamento) deriva do fato

dos carregamentos horizontais, apesar de apresentarem elevadas magnitudes, serem mais

relevantes pelos elevados momentos que geram. A segunda (rigidez translacional) provém do

fato de que quanto maior a rigidez rotacional necessária, menor a rigidez translacional limite,

conforme apresentado na Tabela 4.1.

Já o elevado fator de segurança obtido na verificação da capacidade de carga é oriundo

da presença de um subsolo de elevada competência, podendo ser, por outro lado, importante

verificação em outros sítios que não apresentem subsolo com bom desempenho em termo de

resistência

5.1 SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS

Em termos das informações e dados apresentados nesse trabalho, sugere-se a

realização de uma análise de sensibilidade, tanto em relação à adoção de novos parâmetros de

resistência e de deformabilidade otimizados, quanto em relação à adoção de novas dimensões

da estrutura de fundação, aferindo a influência dessas no fator de segurança da análise.

Embora as dimensões adotadas sejam tipicamente sugeridas para serem adotadas inicialmente

para fins de verificações para a torre em questão.

Adicionalmente, sugere-se a realização de uma análise de custo, de materiais e

logística, bem como sua otimização, tanto em relação à solução de fundação superficial

utilizada no presente trabalho, quanto a partir de novas dimensões estudadas. Avaliando-se,

deste modo, a possibilidade de redução no consumo dos insumos requeridos e na mão-de-obra

utilizada. Verificar, também, a possibilidade de adoção de soluções profundas e os respectivos

custos desta solução, visando a comparação entre os tipos de soluções.

Outra sugestão refere-se a realização de análise estrutural da fundação, visando o

dimensionamento completo, contemplando todas as verificações necessárias ao

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93

estabelecimento das armaduras, incluindo a realização de uma análise dinâmica para

verificação de fadiga da torre e da fundação.

Por fim, recomenda-se a utilização de outras metodologias de análise da fundação

superficial a partir da adoção de fatores de segurança parciais, além de análises probabilísticas,

com uso da grande quantidade de dados disponibilizados para o trabalho. E, ainda, utilização

de softwares que permitam melhor avaliação geotécnica da estrutura, para comparação com

os valores aqui obtidos.

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ANEXO: ENSAIOS DE CAMPO

Figura A.1: Boletim SM-ES-01

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Figura A.2: Boletim SM-ES-02

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100

Figura A.3: Boletim SM-ES-03

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101

Figura A.4: Boletim SM-ES-04

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102

Figura A.5: Boletim SM-ES-05

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103

Figura A.6: Boletim SM-ES-06

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104

Figura A.7: Boletim SM-ES-07

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105

Figura A.8: Boletim SM-ES-07 (continuação)

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106

Figura A.9: Boletim SM-ES-07B

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107

Figura A.10: Boletim SM-ES-07B (continuação)

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108

Figura A.11: Boletim SM-ES-08

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109

Figura A.12: Boletim SM-ES-09

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110

Figura A.13: Boletim SM-ES-10

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111

Figura A.14: Boletim SM-ES-11

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112

Figura A.15: Boletim SM-ES-12

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Figura A.16: Boletim SM-ES-13

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Figura A.17: Boletim SM-ES-14

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Tabela A.1: Resultado do ensaio Downhole – ES 07

-1 987 409 258 107 126 0.17 249 296

-2 986 585 258 106 126 0.38 293 348

-3 985 791 302 146 173 0.41 412 489

-4 984 797 327 171 203 0.40 478 568

-5 983 762 329 173 206 0.39 481 571

-6 982 749 353 199 237 0.36 541 642

-7 981 765 406 264 314 0.30 689 818

-8 980 860 435 303 360 0.33 805 956

-9 979 1012 421 284 337 0.40 793 941

-10 978 981 431 297 352 0.38 819 972

-11 977 952 394 248 294 0.40 693 823

-12 976 1030 397 253 300 0.41 713 847

-13 975 1012 436 305 362 0.39 845 1003

-14 974 967 404 261 310 0.39 728 865

-15 973 946 494 390 463 0.31 1024 1216

-16 972 906 458 335 398 0.33 890 1057

-17 971 913 469 352 417 0.32 929 1103

-18 970 896 470 354 420 0.31 927 1101

-19 969 941 526 443 526 0.27 1128 1339

-20 968 914 496 394 467 0.29 1017 1207

-21 967 944 559 499 593 0.23 1229 1459

-22 966 940 499 398 473 0.30 1039 1234

-23 965 962 478 365 434 0.34 977 1160

-24 964 947 542 471 559 0.26 1182 1404

-25 963 1011 557 497 590 0.28 1273 1512

Emín (MPa) Emáx (MPa)

Donwhole - ES 07

Prof. (m) Elevação

(m)Vp (m/s) Vs (m/s) Gmín (MPa) Gmáx (MPa) Poisson

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116

Figura A.18: Comparação entre MASW e Downhole para o furo 07