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DIN 2014 Aula 1 4 de agosto

DIN$2014$Aula$1 · • O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, não usou palavras doces em suas críticas ao ataque contra uma escola da agência da ONU para os refugiados palestinos

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DIN  2014  Aula  1                                                                                                                                                                4  de  agosto                                        

Planche  n°  231  de  la  série  Actualités.    1866.  Lithographie,  3e  état  sur  3,  avec  la  le=re.  Épreuve  sur  blanc  provenant  du  dépôt  légal.  24,4  x  20,8  cm.  Delteil  3540.    Publiée  dans  Le  Charivari,  le  1er  décembre  1866.  BnF,  Estampes  et  Photographie,  Rés.  Dc-­‐180b  (74)-­‐Fol.  

Daumier  a  dénoncé  très  tôt  l'instabilité  poliQque  et  diplomaQque  en  Europe.  Ce=e  planche  à  l'impact  visuel  très  fort  a  été  réalisée  dans  le  climat  de  menace  de  l'équilibre  européen  consécuQf  à  la  guerre  austro-­‐prussienne  de  1866.  

Planche  n°  25  de  la  série  Actualités.    1867.  Lithographie,  2e  état  sur  2,  avec  la  le=re.  Épreuve  sur  blanc  provenant  du  dépôt  légal.  24,3  x  21,2  cm.  Delteil  3556.    Publiée  dans  Le  Charivari,  le  21  février  1867.  BnF,  Estampes  et  Photographie,  Rés.  Dc-­‐180b  (75)-­‐Fol.  

Delmas-­‐Marty  

•  O  direito  não  pode  desarmar  a  força  •  Mas  a  força  não  pôde  impedir  o  extraordinário  desenvolvimento  do  direito,  uma  evolução  sem  precedentes  

Mutações  do  Direito  

•  Superposição  de  normas:  nacionais,  regionais,  mundiais  

•  Inflação  de  juízes  e  insQtuições:  locais,  nacionais  e  internacionais  

“Lugares  de  internacionalização  do  direito  dispersos”  

Metáforas  

•  Timsit:  arquipélago  de  normas  •  Teubner:  hidra  com  diversas  cabeças  

•  Boaventura:  direito  camaleão  

•  Zagrebelsky:  direito  doce  (mite,  dúcQl  –  doce,  leve,  suave?)  

•  Belley:  direito  solúvel  (reações  químicas  entre  direito  e  sociedade)  

Direito  

"  VerQgens  semânQcas  (Goyard-­‐Fabre)  Nebulosa  polissêmica  Inflação  polimorfa  

"  Da  pirâmide  à  rede  (Ost  e  Kerchove)  Pirâmide  monista:  ontologia  substancial  e  mecanicista  

Rede:  ontologia  relacional  e  cibernéQca  (interaQvidade  generalizada)  

Conceito de Hildebrando Accioly (1888-1962), curso, ed. 2008"

"  Conjunto de normas jurídicas que!"   rege a comunidade internacional!"   determina direitos e obrigações dos sujeitos!"   especialmente nas relações mútuas entre os

Estados e !"   subsidiariamente das demais pessoas

internacionais, como organizações e indivíduos!

Direito  internacional  público  

Conceito de Jacob Dolinger (Rio de Janeiro: Renovar, 9ª ed., 2008)"

"   Normas que têm por objeto a resolução de conflitos!

"   resultantes de leis promulgadas por Estados diferentes!

"   concernentes à aplicação dessas leis a uma relação jurídica de direito privado!

- Para Henri Bonfils, os interesses em jogo e os princípios aplicáveis são iguais aos do direito privado interno"

Direito  internacional  privado  

Direito  do  comércio  internacional  

David LUFF (Le droit de l’OMC – analyse critique. Bruxelas: Bruylant/LGDJ, 2004):"

"   O sistema comercial internacional tem por objetivo permitir aos operadores eficazes comercializar sua produção de bens e serviços com o mínimo possível de entraves"

"   Suas regras visam essencialmente a velar para que as políticas comerciais nacionais sejam o menos protecionistas possível e perturbem minimamente as condições de concorrência no comércio internacional  

"  O objetivo do sistema comercial internacional não é criar um mercado único, como a CE - não se trata de harmonizar as condições de concorrência no seio dos Estados: cada país estabelece soberanamente os fatores concorrenciais, respeitando o seu desenvolvimento, o equilíbrio social e o ecológico"

"  Logo, o objetivo do direito comercial internacional é modesto: reduzir os direitos aduaneiros e outras barreiras não-tarifárias ao comércio entre Estados, e assegurar condições equitativas e transparentes de acesso aos mercados, que não sejam discriminatórias para os produtos ou serviços em função de sua origem"

Direito  internacional    Nguyen  Quoc  Dinh  

•  É o direito aplicável à sociedade internacional!

•  Tautologia? ! Fórmula que implica o

reconhecimento de uma diferença entre a sociedade interna, nacional ou estatal, e a internacional"

•  Vínculo sociológico, e necessário, entre direito e sociedade (toda a sociedade necessita do direito, todo direito é um produto social)"

•  Ubi societas, ibi jus!

•  Tradução da expressão International Law, utilizada pela primeira vez por Bentham (1748-1832) em 1780, no livro An introduction to the Principles of Moral and Legislation) em oposição à National Law ou Municipal Law!

Direito  internacional  

•  Bentham ressuscita a fórmula jus inter gentes (Vitoria, XVI), normalmente traduzida como direito entre as nações!

Panóptico de Bentham"

Francisco  de  Vitoria  (1486-­‐1546)  

•  Considerado  um  dos  fundadores  do  direito  internacional  

•  Defensor  dos  índios  sem  ser  contrário  à  colonização  

•  Direito  das  gentes:  “conjunto  de  regras  que  a  razão  natural  estabeleceu  entre  as  nações  (ra1o  inter  omnes  gentes).  Em  todos  os  povos,  é  desumano  acolher  mal  os  estrangeiros,  a  menos  que  eles  ajam  mal  quando  se  encontram  em  outras  nações”  

•  Até a publicação do livro de Bentham, a denominação direito das gentes era preferida pela doutrina, como tradução literal do jus gentium dos romanos (direito aplicado aos estrangeiros, em oposição ao jus civile, aplicado aos romanos)"

Direito  internacional  

•  O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, não usou palavras doces em suas críticas ao ataque contra uma escola da agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA) em Rafah, no sul de Gaza, que causou a morte de pelo menos dez civis palestinos."

•  Este “ato criminoso e ultraje moral” constituem “outra brutal violação da lei humanitária internacional”, disse Ban por meio de um porta-voz das Nações Unidas. "

•  A ONU pede uma “investigação rápida” do ataque e que os responsáveis “respondam” perante a Justiça. Os abrigos das Nações Unidas devem ser “áreas seguras, não zonas de combate”, insistiu o organismo internacional, segundo o qual as Forças Armadas de Israel foram informadas “repetidamente” sobre a localização desses tipos de refúgios."

•  ... “Esta loucura tem que acabar”, destacou. "

http://brasil.elpais.com/brasil/2014/08/03/internacional/1407081000_007068.html �

Declaração  de  Eviatar  Manor,  embaixador  israelense,  em  23/07/2014:    

"Israel   está   totalmente   comprome1do   com   o   direito  internacional.   Hamas   comete   crimes   de   guerra   quando  dispara   foguetes   e   mísseis   contra   as   cidades   e   aldeias  israelenses  (...).  Em  sintonia  com  as  exigências  do  direito  internacional,  as  ações  militares  israelenses  em  Gaza  são  direcionadas   apenas   contra   alvos  militares.   Hamas   deve  assumir   a   responsabilidade   pelos   ferimentos   sofridos  pelos  moradores  de  Gaza."    

http://www.bdreportage.com/bd-dans-lenclos-de-gaza/ �

(John   AusQn   “The   Province   of   Jurisprudence  Determined”,  1832)    

Direito   compreende   uma   série   de   comandos  (ordens)  ditados  por  um  soberano  e  seguidos  de  sanção  em  caso  de  não  cumprimento.    

John  AusQn  sobre  o  direito  internacional  

“O  direito  existente  entre  as  nações  não  é  direito  posi1vo,  pois  o  direito  posi1vo  é  ditado  por  um  soberano   para   uma   pessoa   ou   várias   pessoas  que   estejam   em   situação   de   sujeição   a   esse  soberano.  O  direito  existente  entre  as  nações  só  é   (impropriamente   denominado)   direito   porque  assim   determinou   a   opinião   geral.   Os   deveres  impostos   pelo   direito   internacional   são  implementados  por  meio  de  sanções  morais".  

•  As regras aplicáveis aos Estados se assemelham àquela forma simples de estrutura social, composta apenas de regras primárias de obrigação, a qual, quando a descobrimos nas sociedades de indivíduos, nos acostumamos a contrastar com um sistema jurídico desenvolvido"

•  O direito internacional não só não dispõe de regras secundárias de alteração e de julgamento que criem um poder legislativo e tribunais, como ainda lhe falta uma regra de reconhecimento unificadora que especifique as fontes do direito e que estabeleça critérios gerais de identificação de suas regras"

Funções descentralizadas (legislativa, executiva e judicial) !

Poder fragmentado e disperso. Poder nem sempre exercido em nome da comunidade internacional !

Estados soberanos e autônomos!

Horizontalidade, anarquia!

Funções centralizadas (legislativa, executiva e judicial) !

Poder exercido em nome de uma comunidade!

Existência de uma constituição, que delimita o exercício do poder!

Verticalidade das normas!

Hart  (The  Concept  of  Law,  1961,  p.  220)    

“No   entanto,   as   regras   (internacionais)   ....   (são)  pensadas   e   faladas   como   sendo   obrigatórias;   há  uma  pressão  geral  para  que  haja  conformidade  com  tais   regras.   Quando   as   regras   (internacionais)   são  desrespeitadas,  não  é  sob  a  jus1fica1va  de  que  elas  não  são  obrigatórias;  pelo  contrário,  há  um  esforço  para  mascarar  os  fatos."  

Emmanuelle Tourme-Jouannet "(Le droit international, 2013)"

•  é um instrumento da política internacional, é um conjunto de regras, discursos e técnicas que os sujeitos e os atores internacionais utilizam para reger suas relações e alcançar certas finalidades sociais"•  é também um produto cultural e histórico "

•  Processo fundamental de regulação e de canalização das violências internacionais"

•  Técnica instrumental a serviço dos Estados e de todos os atores da sociedade internacional"

•  Uma promessa de pacificação, porém inscrita numa sociedade profundamente desigual onde ele alimenta tantas violências quanto ele apazigua"

•  Intrinsecamente ambivalente: dominação e emancipação"

•  Projeção no campo internacional dos valores e interesses dos atores dominantes, "

•  mas também base de movimentos de resistência à ordem dominante"

•  Arma das potências, proteção dos mais fracos"