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DINÂMICA DO TRABALHO NO ESPAÇO RURAL: A PRECARIZAÇÃO DO
TRABALHADOR DA PRODUÇÃO DO SISAL NO MUNICÍPIO DE CONCEIÇÃO
DO COITÉ-BA
Eliel Oliveira Soares1
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano (IF BAIANO)
Bismarque Lopes Pinto2
Universidade Federal de Sergipe (UFS)
GT7: TRABALHO, FLEXIBILIZAÇÃO E PRECARIZAÇÃO.
RESUMO
Neste sistema hegemônico impresso pela sociedade capitalista, o trabalho ganha uma
semântica ideológica que opera sobre os homens pertencentes à classe trabalhadora. O
trabalho além de mediar à relação homem natureza, também funciona como mecanismo de
dominação. Tendo em vista a atual produção do Agave Sisalana no âmbito do Território do
sisal, percebe-se uma realidade inconveniente dos trabalhadores que dependem da produção.
Ela resulta não só do modelo de sociedade vigente, mas também de uma série de fatores que
vão desde a uma possível desvalorização do sisal no mercado mundial até a ineficiência dos
órgãos públicos que deveriam zelar pela harmonia entre trabalho, dignidade e direito. O artigo
foi produzido a partir de entrevistas realizadas com trabalhadores rurais e donos de “motores”
do Município de Conceição do coité/BA. Partindo dos depoimentos feitos, foi produzido um
breve diagnóstico das reais condições de vida em que se encontram os trabalhadores da
produção do sisal, dialogando com as ideias expostas por alguns teóricos que subsidiam a
análise do tema. Falar da vida dos trabalhadores do sisal é mais do que relatar fatos, mas sim
refletir sobre as vivências e apontar uma possível sujeição da terra ao capital nas relações
sociais do núcleo sisaleiro da Bahia.
PALAVRAS-CHAVE: Trabalho, Espaço sisaleiro, dominação.
1 Licenciado em Geografia – UNEB/Campus XI; Pós-graduando lato sensu em Desenvolvimento Sustentável no
Semiárido Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano (IF BAIANO).
2 Mestrando em Geografia pela Universidade Federal de Sergipe (UFS).
INTRODUÇÃO
Na ótica da discussão sobre relação de produção na sociedade capitalista, a compra e a
venda da força de trabalho torna-se a expressão magna da luta de classes na sociedade
globalizada. A conexão capital e trabalho, dentro dos moldes pós-modernos, ganha
morfologias diferenciadas. Na qual, as formas de exploração e extração do excedente de
capital varia nas diferentes atividades. Deste modo, a atual produção do Agave Sisalana se
destaca no município de Conceição do Coité, que em consonância com COELHO NETO
(2013), está localizado no núcleo sisaleiro da Bahia, juntamente com também Retirolândia,
Valente, São Domingos e Santa Luz.
Nesta fração do espaço geográfico a literatura historicamente revelou uma realidade
fatigante dos sertanejos, que atribui ao fenômeno da seca às mazelas vividas pela população
nos longos períodos de estiagem. Usando o discurso da seca, diversas atividades foram
introduzidas nestes municípios. Dentre as atividades, a cultura do sisal foi a que mais se
destacou ao longo dos anos. Porém, essa atividade foi introduzida carregada de facetas, que
permitiram a dominação e subordinação extrema dos trabalhadores neste setor de produção.
As complexidades nas relações sisaleiras ocorrem desde a forma de preparo do campo, até os
seus produtos finais.
A cadeia produtiva do sisal é dividida em duas fases distintas, sendo elas a fase rural e
a fase urbana. Este trabalho tratou de investigar os trabalhadores envolvidos na primeira fase
(fase rural) da cadeia produtiva do município de Conceição do Coité/BA. A realidade dos
trabalhadores da primeira fase da cadeia produtiva do sisal, tratada aqui neste trabalho, partiu
do principio de investigação empírica a partir da necessidade de investigação e espacialização
das contrdições existente nas relações de trabalho da cadeia produtiva do sisal.
Inicialmente, o trabalho no sisal começa pelo preparo do campo e no plantio da agave
sisalana. Nesta primeira etapa, geralmente o trabalho é desenvolvido pela família e
trabalhadores autônomos, vulgo diaristas. Na segunda etapa, que corresponde à colheita e
extração da fibra, sendo nesta etapa onde os arranjos se modificam. Para essa etapa, aparece o
motor de sisal, com seus trabalhadores e suas relações.
Nesta etapa de extração da fibra, aparece à figura impar dessa atividade, o dono do
motor de sisal, que dentro dos moldes tradicionais do modelo capitalista de produção, é um
dos donos do principal meio de produção. Este, por sua vez, tem a função de negociador da
colheita com o dono do campo e intermediar a matéria-prima para a indústria e fazer a
distribuição do trabalho no motor.
A distribuição do trabalho no motor de sisal está organizada seguindo a ordem e
função, sendo estes: I - O Sevador que tem a função de operar a máquina desfibradora com a
ajuda do Resideiro, que por sua vez, retira os resíduos da máquina e pesa a fibra; II - O
Cortador que tem como função retirar a palha da planta usando faca ou facão; III - O
Carregador que coloca as folhas, também chamada de palha, em lombos de muares de animais
e desloca-se até o local do motor para ser desfibrada; IV - A estendeira de fibra que transporta
as fibras para secagem em varais de arames.
Nesta etapa ainda prevalece às relações familiares e as formas de remuneração dos
trabalhadores são as mais sui generis. Geralmente os trabalhadores do motor são da mesma
família e não tem distinção de gênero e idade, pois geralmente trabalham crianças e idosos em
todas as etapas.
A negociação e as formas de contrato são informais. Não existe nenhum tipo de
proteção jurídica ou seguro para esses trabalhadores. Esses trabalham sem equipamentos de
segurança e estão vulneráveis a diversas intempéries, seja do sol do semiárido, picadas insetos
e animais peçonhentos, acidentes com instrumentos de trabalho ou as furadas dos espinhos
que ficam na ponta da folha do sisal.
A remuneração dos trabalhadores está sujeito ao valor da matéria-prima no mercado.
Normalmente o dono do Motor compra a fibra do dono do campo em porcentagem,
geralmente 60% para o dono do motor e 40% para o dono do campo. Já os trabalhadores
recebem por produção, cada função tem uma remuneração diferenciada, na etapa de campo
deste trabalho. Para Coelho Neto (2013):
A aludida organização socioeconômica erigida pela cadeia produtiva do sisal
tem reproduzido sua feição tecnológica arcaica e socialmente injusta e
desigual, manifestando-se na concentração de renda engendrada pela
superexploração do trabalho e pela sujeição da renda da terra ao capital, e na
submissão dos trabalhadores às precárias condições de trabalho e de vida
(COELHO NETO, 2013, p. 166).
Assim, podemos compreender que a dinâmica do trabalho na produção do sisal
como estratégica e articulada que apropria-se de ideologias apara alimentar a estrutura
desigual, injusta, mas, lucrativa. Outro agente que legitima a precariedade do trabalho
sisaleiro é o estado que por sua vez, não fornece subsídio a esses trabalhadores que
diariamente arriscam suas vidas na extração da fibra do agave sisalana (sisal).
Falar da cadeia produtiva do Agave, e desprezar o trabalho enquanto algo significativo
no âmbito do espaço rural da produção do sisal no município de Conceição do Coité é não
condizer com uma realidade de precarização existente. Desse modo, esta pesquisa objetivou
em analisar a cadeia produtiva do sisal e a precarização do trabalho na primeira fase da cadeia
produtiva do sisal no espaço rural do município de Conceição do Coité, no semiárido baiano.
1. REFERENCIAL TEÓRICO
Ao nos remeter ao processo de produção do espaço é inegável que o processo de
acumulação, característica singular dos seres humanos, ao longo de seu processo histórico de
aperfeiçoamento técnico, molda o planeta desde o momento em os grupos humanos começam
a modificar seu modo de vida. Santos (2008) introduz que:
Quando tudo era meio natural, o homem escolhia da natureza aquelas suas
partes ou aspectos considerados fundamentais ao exercício da vida,
valorizando, diferentemente, segundo os lugares e as culturas, essas
condições naturais que constituíam a base material da existência do grupo.
Esse meio natural generalizado era utilizado pelo homem sem grandes
transformações. As técnicas e o trabalho se casavam com as dádivas da
natureza, com a qual se relacionavam sem outra mediação [...] (SANTOS,
2008, p. 157).
Assim, o aperfeiçoamento das técnicas para supressão de suas necessidades teve como
forca motriz o dispêndio da força de trabalho. Podemos, então, concluir que o trabalho é
basilar na produção do espaço geográfico e o espaço será o reflexo da sociedade, mas,
também, meio e condição de reprodução social. E, nesse sentido, o espaço, enquanto cenário
onde as diversas relações são estabelecidas (SOUZA, 2013). Sobre esta concepção, pode ser
elucidado que no processo de produção do espaço o trabalho alicerça e molda a superfície da
terra, onde Santos (2008) argumenta que:
O espaço geográfico é a natureza modificada pelo homem através de seu
trabalho. A concepção de uma natureza natural, onde o homem não existisse
ou não fora o seu centro, cede lugar a ideia de uma construção permanente
da natureza artificial ou social, sinônimo de espaço do humano (SANTOS,
2008, p. 119).
Como já foi discutido, produzir espaço é algo inerente aos seres humanos, estabelecido
pelas diversas relações existentes que permitiu a humanidade organizar e estabelecer-se no
planeta. Ao longo dos milhares de anos, essa mesma humanidade se organizou em diferentes
formas, organizou-se para produzir seus alimentos, suas crenças, seus saberes e suas culturas
e, assim, forjando o espaço social e erguendo-se como espécie dominante. No entanto, como
cerne do processo da organização espacial, podemos colocar o trabalho como o real afirmador
da espécie humana na produção de espaço, além de garantir capacidade conceitual para
consolidação e afirmação da espécie (ANTUNES, 2004).
Assim, os seres humanos se organizaram de diferentes formas, mas talvez nenhum
modelo de sociedade expresse-se tão sublime no processo de acumulação e produção do
espaço quanto à sociedade pautada na propriedade privada e segregação das classes sociais,
como Harvey (2005) ao analisar a teoria marxista destaca que:
A teoria de Marx do crescimento sob o capitalismo situa acumulação de
capital no centro das coisas. A acumulação é o motor, cuja a potência
aumenta no modo de produção capitalista. O sistema capitalista é, portanto,
muito dinâmico e inevitavelmente expansível; esse sistema cria uma força
permanentemente revolucionária, que, incessante e constante, reforma o
modo em que vivemos (HARVEY, 2005, p. 41).
Então, o fenômeno capitalista talvez esteja entre um dos principais transformadores de
espaço natural em espaço produzido pelo homem. Assim, podemos dizer que a sociedade
capitalista, ao se consolidar enquanto sociedade hegemônica tratou de chegar aos diversos
setores da sociedade, como introduz Martins (1995, p. 152) que “a tendência do capital é a de
tomar conta progressivamente de todos os ramos e setores da produção, no campo e na cidade,
na agricultura e na indústria”. É, nesse sentido, esse modelo de sociedade se expande tanto na
cidade quanto no campo.
Desta forma, a produção concebe característica aos seres humanos, independente das
formas as quais estes estejam organizados. Marx, ao se referir aos estágios de
desenvolvimento social da humanidade, associa a produção ao nível de desenvolvimento
individual dos sujeitos, assim a produção conduz as sociedades ao logo do processo histórico.
“Quando se fala de produção, sempre está falando de produção em um determinado estágio de
desenvolvimento social [...]” (MARX, 2011, p. 41).
Assim, a produção do espaço torna-se o meio no qual os indivíduos modificam a
natureza externa, no entanto, acaba alterando também sua própria natureza humana, pois a
produção do espaço vai além da produção material da sociedade, assim, o espaço torna-se
resultado da produção social dos sujeitos, como Carlos (2011) discute que o:
Espaço é a condição da realização do processo produtivo, unindo os atos de
distribuição, troca e consumo de mercadorias, ele se produz como
materialidade [...] o espaço guarda o sentido do dinamismo das necessidades
dos desejos que marcam a reprodução da sociedade em um sentido mais
amplo, a realização da vida para além da sobrevivência (CARLOS, 2011, p.
56).
Nesse sentido, a sociedade capitalista se origina na acumulação primitiva3, origem
histórica do modo de produção capitalista, que não está ligada a uma pura e simples
racionalização da divisão do trabalho social, mas, sim, a um processo violento de
expropriação da produção familiar, artesanal, camponesa, corporativa, dentre outras, onde
esse processo de expropriação está no centro da produção material do espaço. Assim, a
produção se realiza no espaço concreto, não se podendo falar em sociedade capitalista sem
pensar na expropriação da força de trabalho dos meios de produção. Assim Lefebvre (2002)
introduz que:
[...] o modo de produção organiza, produz, ao mesmo tempo em que certas
relações sociais, seu espaço (e seu tempo). É assim que ele se realiza, posto
que o modo de produção projeta sobre o terreno estas relações, sem, todavia
deixar de considerar o que reage sobre ele. Certamente, não existiria uma
correspondência exata, assinalada antes entre relações sociais, e as relações
espaciais (espaços temporais). A sociedade nova se apropria do espaço
preexistente, modelado anteriormente; a organização anterior se desintegra e
o modo de produção integra os resultados (LEFEBVRE, 2002, p. VII, apud
CARLOS, 2011, p. 57).
É possível denotar que a acumulação e a exploração é a força motriz do sistema
capitalista, chamado por Marx como “acumulação primitiva” e por Adam Smith de fenômeno
“previus Accumulation”. Assim, o debate em torno da produção do espaço pode ser
apreendido a partir de Lefebvre (2002) e através de Carlos (2011) que afirma que
o debate em torno da noção de produção, é possível apreender o momento a
partir do qual o espaço passa a ser fundamental para a produção de
determinado modo de produção. [...] o processo de reprodução da sociedade,
sob o comando do capital, realiza-se na produção do espaço (CARLOS,
2011, p. 57).
Logo, o espaço ganha uma conotação diferente e aparece como condição ampliada
para reprodução de capital, como afirma Carlos (2011) que:
No capitalismo, a produção expande-se espacial e socialmente (no sentido
que penetra toda a sociedade), incorporando todas as atividades do homem e
redefinindo-se sob a lógica do processo de valorização do capital – o espaço
3 Acumulação primitiva: etapa histórica do início do capitalismo marcada pelo incremento de capitais
individuais, e/ou processo através do qual os meios sociais de produção e de subsistência transformam-se em propriedade privada dos capitalistas.
tornando mercadoria sob a lógica do capital fez com que o uso (acesso
necessário a realização da vida) fosse redefinido pelo valor da troca. A
produção do espaço se insere na lógica da produção capitalista que
transforma toda a produção em mercadoria (CARLOS, 2011, p. 60).
Então, a noção de produção está diretamente ligada ao longo processo de organização
e desenvolvimento da história da humanidade, que nos proporciona a enxergar os vários
níveis de realidade com os momentos de reprodução geral da sociedade, tendo que por
obrigação citar os sujeitos de ação presentes na complexidade da sociedade.
2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Metodologicamente, o artigo segue uma abordagem qualitativa, sem rejeitar dados
quantitativos. Quanto aos procedimentos metodológicos, foram divididos nas seguintes
etapas:
I - A primeira etapa consistiu na revisão de literatura acerca da temática abordada;
II - Trabalho de campo 01 onde foram feito as entrevistas semi-estruturadas a 16
(dezesseis) trabalhadores da primeira fase do processo produtivo do Sisal na área rural do
município de Conceição do Coite/BA. Foi feito registro fotográfico das etapas de produção do
sisal em Lócus.
III – Trabalho de campo 02 onde foram feitas as entrevistas semi-estruturadas aos
donos dos motores que lidam diretamente com os proprietários de terra e com a venda do sisal
no município de Conceição do Coité/BA.
IV – Nesta etapa foram feitas as análises e sistematizações dos discursos, dos dados
quantitativos e das contradições e realidades da cadeia produtiva do sisal.
3. RELAÇÕES SISALEIRAS: DINÂMICA NA PRODUÇÃO E DO TRABALHO
Antes de expor a realidade dos trabalhadores da produção do sisal, se faz necessário
descrever como se dá o processo de produção e comercialização do mesmo. A produção
começa a priori com a plantação do agave sisalana que possui certa facilidade de germinação,
porém, não é uma espécie muito fácil de lidar, devido a suas características fisiológica e
espinhosa.
Assim, toda a cadeia produtiva se estrutura a partir da preparação, plantio e maturação
do campo de sisal. Posterior à preparação e maturação do campo (figura 01), começa a etapa
dos motores (máquinas desfibriladoras também conhecidas como paraibanas). São máquinas
que são deslocadas até as propriedades onde começa o processo de extração das fibras (figura
02).
1 2 Figura 01 – Campo de sisal e a retirada de suas palhas para a extração da fibra pelo trabalhador rural
denominado de “cortador de palha” Figura 02 – Máquina desfibriladora desponsável em extrair a fibra da palha do sisal. Conhecida como
“Paraibana”. Fonte: Eliel Oliveira Soares e Bismarque Lopes Pinto, 2015.
As relações de produção na cadeia produtiva do sisal estão longe de ter passado por
um processo, nem mesmo embrionário de modernização. As relações econômicas ainda
pautadas na superexploração de mão-de-obra, incluindo a mão-de-obra infantil e a sub-
valorização da mão-de-obra feminina.
Durante a pesquisa de campo, entrevistamos 20 trabalhadores da etapa do plantio e
extração da fibra do motor, que na maioria das vezes confunde-se entre si, pois geralmente
quem trabalha no motor também trabalha fazendo o plantio e dando manutenção no campo.
Dos dez entrevistados da etapa do motor, sendo 02 de cada função: cortadores, botadores,
resideiros e sevadores. Na função de cortadores e botadores de palha, a cada 10 entrevistados
06 estavam na faixa etária entre 12 a 16 anos de idade. A narrativa introdutória apontava o
seguinte fato:
Comecei faz dois anos, hoje tenho 14 anos. Comecei aqui para ajudar em
casa. Eu sou botador de batalha para o motor. Comecei este ano, tenho 17
anos, a falta de trabalho aqui fez como que eu vir trabalhar no motor. Eu sou
botador de batalha4.
4 Entrevista concedida ao autor, por botadores de palha sisal, realizada em 16/10/2014. Distrito de Salgadalia,
conceição do Coité.
Outra situação presenciada em campo foi o caso de algumas mulheres que cumprem
jornada de trabalho igual a dos homens, porém, a remuneração é inferior, ou no caso das
campeiras, que têm jornada de trabalho desordenada, trabalhando de domingo a domingo, sem
folga e trabalham das 04 até às 08 horas, recomeçando novamente às 16 horas e encerrado às
19 horas como evidenciada no trecho da entrevista abaixo:
Eu sou campeira, meu trabalho é buscar a fibra do motor para estender.
Começo a trabalhar às 04 horas da madrugada e paro às 08 horas da manhã,
recomeço os quatros (16 horas) da tarde e encerram às 07 da noite (19 horas)
eu ganho 40 reais a cada 1.000 kg produzidos5.
Porém existem casos de mulheres que trabalham colhendo palha (cortando as folhas) e
ainda desenvolve atividade de campeira, além de ser dona de casa. Essa forma de produção é
expressa na seguinte narrativa:
Eu faço tudo aqui no motor, meu esposo é o dono, pela manhã ás 04:00
horas vou estender fibra, quando acaba a fibra vou corta palha, perto de meio
dia volto para casa para fazer o almoço e arrumar os meninos para irem para
escola, depois volto a corta palha para o motor, às 16:00 horas pego a fibra e
levo para estender, os meninos quando chaga da escola me ajuda, então, lá
para 18h30min vou fazer janta e dormir6.
No entanto essa não é uma realidade exclusiva dos motores de sisal, pois as batedeiras,
no caso das clandestinas e em algumas regulamentadas, as de menor porte e que estão
localizadas em povoados e distritos onde não há fiscalização do ministério do trabalho,
também mantém a remuneração abaixo do salário mínimo, principalmente das mulheres e em
alguns casos crianças. Inicialmente foi questionado a média salarial de uma trabalhadora em
uma batedeira onde tem sua documentação organizada e legal perante a FIEB (Federação das
Indústrias do Estado da Bahia):
Eu comecei há alguns dias, porem eu ganho em tono de 40 a 50 reais por
semana, como a maioria das mulheres aqui. (corta-nós nas batedeiras7).
As relações sociais e econômicas do Núcleo Sisaleiro da Bahia mantêm uma estrutura
injusta por parte dos detentores dos meios de produção, que neste caso é representado pelo
proprietário das batedeiras e quem também exporta a fibra do sisal para o comércio exterior.
Para ilustrar o grau de complexidade das relações de produção, a tabela 01, fará a
5 Entrevista concedida ao autor, Campeira, realizada 17/10/2014. Povoado de Amorosa Conceição do Coité/BA
6 Entrevista concedida ao autor, Campeira e Cortadora de palha, realizada em 20/10/2014. Faz. Morro,
Conceição do Coité/BA. 7 Entrevista concedida ao autor pela trabalhadora que exerce a função de Corta-nós na batedeira, 25/10/2014.
Povoado de Santa Rosa, Conceição do Coite/BA.
demonstração da divisão de ganhos na primeira fase da cadeia produtiva do sisal onde o preço
do sisal para os trabalhadores está “bom” é uma mera forma de efetivação da relação de
sujeição da renda da terra ao capital.
Tabela 01 - Divisão de ganhos na primeira fase da cadeia produtiva do sisal.
Elaboração: Eliel Oliveira Soares e Bismarque Lopes Pinto. Outubro, 2014.
No quadro acima, o sisal está sendo negociado a 220,00 R$ a tonelada, preço fixado
pelos donos de batedeira para estabelecer a compra da matéria-prima para suas empresas.
Enquanto os trabalhadores recebem remuneração rasa pelo quilograma de fibra, ao entrevistar
um dono de batedeira que exporta sisal, foi perguntado qual o preço de compra e de venda do
sisal, e o mesmo declara:
Bom, ai depende do câmbio, mas em geral compramos num valor de 220,00
até 225,00 reais e vendemos a 280,00 dólares a tonelada. No momento, o
dólar está fixado em 2,50 (dois reais e cinquenta centavos)8.
Enquanto os agentes da fase rural recebem modestos valores pela tonelada de fibra que
são fatiados entre dono de motor, trabalhadores e dono do campo, os proprietários de
batedeira chegam a vender por mais do dobro, exprimindo a relação de exploração do
excedente de capital. Baseando-se nos dados coletados nas entrevistas feitas em campo, não é
possível definir qual a produção média semanal ou mensal em toneladas de um motor de sisal
(Paraibana), pois, os trabalhadores dessa etapa costumam fazer seus cálculos a partir da
8 Entrevista concedida ao autor, dono de Batedeira que exporta sisal, Conceição do coité, 19/10/2014.
AGENTE FORMA DE
REMUNERAÇÃO
PREÇO DA
FIBRA POR
TONELADA.
GANHOS POR TONELADA
DE FIBRA.
Dono do
Campo
Quilograma 220,00 a 235,00 25 a 40%
Dono do
Motor
Quilograma 220,00 a 235,00 60 a 75%
Cortador Quilograma 100,00 a 130,00
Botador Quilograma 100,00 a 130,00
Sevador Quilograma 120,00 a 160,00
Resideiro Quilograma 120 a 150,00
Campeira Quilograma 40, 00 a 50,00
“bistunta9”, então não podemos relatar com precisão qual a média mensal da produção de uma
paraibana, ou em quantos hectares se colhe 01t (uma Tonelada) de fibra.
No entanto, ao se analisar as respostas, a partir do quadro 01, sobre o ganho mensal, a
maioria dos trabalhadores fazem cálculos baseados na média de 01t (uma tonelada) por
semana, porém, segundo os donos de motores e de campo isso depende de muitos fatores
como o espaçamento entre uma planta a outra, ou se houve morte por motivos diversos, como
a seca prolongada ou a presença de algum tipo de praga10
.
Na etapa da colheita na fase Rural, foram entrevistados donos de motores e donos de
campo com o objetivo de esclarecer com maior precisão a quantidade de sisal produzido
semanalmente ou mensalmente por um motor de sisal, além de conhecer como funciona a
negociação com o dono campo e dono do motor. Em todos os motores visitados em pontos
diferenciados do município na atividade de campo, somaram-se 05 (cinco) motores, onde
obtivemos respostas diferentes para as primeiras indagações, pois os donos de motores e os
donos campo acharam melhor responder qual a média de ganhos mensais, pois para eles a
irregularidade das lavouras não permite que afirmem a quantidade por conta das condições
das lavouras. Sobre a negociação do dono de campo com os donos de motores as respostas
foram sincrônicas e concomitantes, como podemos verificar no gráfico 01 abaixo.
Gráfico 01 - Distribuição dos ganhos mensais pelos donos de motores.
Fonte: Dados recolhidos em campo. Outubro de 2014.
Elaboração: Eliel Oliveira Soares e Bismarque Lopes Pinto, 2014.
Os dados apresentados no gráfico 01 se refletem também no trecho da entrevista
abaixo:
9 No núcleo sisaleiro significa: Avaliação, Estimativa ou Cálculo.
10 Vale salientar que pragas são muito raras no sisal.
40%
40%
20%
Distribuição dos ganhos mensais pelos donos
de motores
De 01 Salário a 1,5.
De 02 a 03
Não Opinou
Só chega a 01 salário mínimo11
.
É complicado de dizer, mas fica em torno de 01 a 03 salários mínimos12
.
Chega a mais de um salário. Acho que pega um e meio13
.
Rapaz, assim é difícil de dizer, mas acho que chega a 02 salários14
.
É pouquinho, meu motor só vive quebrando, mas dá para tirar a feira15
.
No processo de negociação como o dono do campo, nas quais, as respostas foram bem
semelhantes, observamos que o que prevalece na maioria das vezes é a “bistunta”, porém os
donos de campo estão satisfeitos com a produção de suas lavouras ao afimarem que
“geralmente varia de 25 a 40% do sisal seco para o dono do campo, mas esse eu comprei na
bistunta16”.
Outra característica típica do sisal está na relação de posse da terra. Na maioria das
lavouras onde fizemos nossas entrevistas, seguindo mesmo critério, isto é, visitando lugares
diferentes do município, fizemos a análise de como foi adquirida em propriedades onde há
produção de sisal. Na maioria das respostas os donos dizem terem herdado o campo de sisal,
fato que explica o esfacelamento das propriedades.
Além das propriedades que foram adquiridas por herança e ampliadas posteriormente,
atualmente há um certo estímulo para a compra de campos de sisal além de implantação de
novas lavouras. Este fato decorre do aumento do preço do sisal que vem experimentando nos
últimos anos, pois houve um aumento da procura e uma diminuição da oferta, o que
inflacionou o mercado de sisal. Os entrevistados abaixo justificam nossa colocação quando
interrogados sobre como adquiriu o campo de sisal:
Esse meu campo de sisal foi adquirida através de herança, meu pai deixou
uma parte para mim, e depois eu fui comprando mais terra das pessoas que
iam se mudando para a Cidade17
.
Através de herança e trabalhando comprando um bichinho e vendendo e lá
vai até comprar o que tenho hoje18
.
Herdei um pedaço de terra com sisal e depois fui comprando19
.
11
Entrevista concedida ao autor, dono de motor, Fazenda Balagão, Distrito de Bandiaçu, Conceição do Coité /Ba
14/10/2014. 12
Entrevista concedida ao autor, dono de motor, Pov .de Amorosa, Conceição do Coité /Ba 14/10/2014. 13
Entrevista concedida ao autor, dono de motor, Fazenda Balagão, Distrito de Bandiaçu, Conceição do Coité /Ba
14/10/2014.
Entrevista concedida ao autor, dono de motor, Distrito de Salgadalia, Conceição do Coité /Ba 18/10/2014. 14
Entrevista concedida ao autor, dono de motor, Juazeirinho, Conceição do Coité /Ba 14/10/2014. 15
Entrevista concedida ao autor, dono de motor, Pov. De Santa Rosa, Conceição do Coité /Ba 17/10/2014. 16
Entrevista concedida ao autor, dono de campo, Salgadalia, Conceição do Coité /Ba 18/10/2014. 17
Entrevista concedida ao autor, dono de campo, Pov. De Demanda, Conceição do Coité/BA 18/10/2014. 18
Entrevista concedida ao autor, dono de campo, Pov. De Jacuricí, Conceição do Coité/BA, 20/10/2014. 19
Entrevista concedida ao autor, Pov. De Balagão, Conceição do coité/BA, 20/10/2014.
Os proprietários dos campos de sisal afirmam ter comprado suas respectivas
propriedades porque tinham o objetivo principal da criação de gado, sendo assim, o cultivo do
sisal está associado em primeira instância como ração (retirada do resíduo) para alimentar os
animais nos períodos de estiagem. Por conta do alto preço do sisal, a produção da fibra
acabou sendo mais vantajoso financeiramente do que apenas usar o resíduo para o alimento
animal. Sendo assim, o proprietário afirma que:
Meu campo eu adquirir através de compra, eu nunca quis plantar sisal por
que criava um gadinho, porem com essa seca que vem nos castigando,
comprei dez tarefas para fazer ração. Ai o pessoal do motor me procurou
para tirar a palha, então fiz os cálculos, e resolvi não matar o sisal para fazer
ração, pois hoje é uma atividade bem lucrativa20
.
Como pode ser percebida no decorrer da passagem acima, a relação entre os donos das
lavouras e donos de motores de sisal está acentuada numa relação de compra e venda de
matéria prima, porém, percebe-se que há certa cumplicidade entre eles, pois não existe
nenhum contrato formal que assegure a porcentagem do dono do motor ou mesmo do dono do
campo.
Esse fenômeno do “contrato de boca” é a cumplicidade do dono de campo como os
donos de motores, evidenciado nas falas que se confundem nas entrevistas no que diz
desrespeito à produção de fibra semanal. Contudo, ao se comparar com as entrevistas dos
trabalhadores do motor na colheita, observamos grandes discrepâncias. Pois no caso do dono
de lavoura com os donos de motores afirmam que a média da produção semanal da fibra do
sisal está acima do ao valor de 01t (uma tonelada).
Ao se analisar as respostas dos donos de motores e donos de lavouras de sisal, chegou-
se a conclusão que a média de produção de uma paraibana é de 01t (uma tonelada) por
semana. No entanto há certa obscuridade na relação da questão da remuneração entre o dono
do motor com seus trabalhadores, pois à medida que analisamos os discursos nas entrevistas,
foi diagnósticado que os trabalhadores em grande maioria também são remunerados pela
produção, porém, alegam que não conseguem produzir 01t por semana. Quanto a sua
remuneração, as narrativas demonstraram que:
A cada 1000 quilos de fibra ganho 120 reais. Mas por mês, geralmente eu
ganho em torno de 400 reais. Pois nem sempre conseguimos atingir os mil
quilos necessários21
.
20
Entrevista concedida ao autor Dist. De Bandiaçu, Conceição do Coité/BA, 20/10/2015. 21
Entrevista ao autor, botado de palha, Pov. De Canta Galo, Conceição do coité/BA, 20/10/2014.
Esse não foi um caso unânime. Seguiu-se mesmo critério nas 16 entrevistas aos
trabalhadores em funções diferenciadas e em motores diferentes, e ficou percebido a
ocorrência de trabalhadoras do sexo feminino e infantil. Em consonância com Alves et. al.
(2005) que elaboram uma simulação da distribuição da receita bruta anual obtida com o sisal
ao longo de sua cadeia produtiva, fizemos uma simulação da distribuição da receita atual do
sisal na primeira fase da produção, baseado nos valores da tabela 02. Dono do Campo de Sisal
- 25 a 40% da renda gerada, dono do Motor – 60 a 75% da renda gerada, valor da tonelada de
fibra – R$ 2.200, produção semanal – 01 tonelada.
Assim, a cada tonelada de fibra, o dono do motor, na hipótese de ele ficar com a renda
de 60%, obterá 1.320,00 reais. No entanto, ele fará o pagamento dos trabalhadores
distribuídos nas funções que são atribuídas. O Sevador obterá R$160,00 por semana,
Resideiro R$ 150,00 Por semana, 02 cortadores obterão R$ 240.00 por semana, Botador R$
130,00 por semana, Campeira R$ 40,00 por semana. Somando um total de R$ 720,00 reais
por semana, sobram 600,00 reais para o dono do motor pagar as despesas com o combustível
e manutenção da máquina, que consome uma média de 50 Litros de Diesel a cada 01t,
gerando a despesa de R$ 133,00 reais. Neste período o diesel estava no valor de R$ 2,66,00,
então obterá uma renda de R$ 467,00 por semana, totalizando R$ 1.868.00, por mês.
Tabela 02 - remuneração dos trabalhadores na fase rural, da colheita e extração da fibra do sisal.
2.20,00 X 1000 =2.200, 00R$ preço da tonelada.
Agente/função Remuneração semanal (R$) Remuneração Mensal (R$)
Dono de Campo 880.00 3.520.00
Dono de Motor 600-133.00 do Diesel=467.00 1.868.00
Sevador 160.00 640.00
Resideiro 150.00 600.00
Botador 130.00 520.00
Cortador 120.00 480.00
Cortador 120.00 480.00
Campeira 40.00 160.00
Fonte: Pesquisa de campo, 2014.
Elaboração: Eliel Oliveira Saores e Bismarque Lopes Pinto, 2014.
Assim a primeira fase da cadeia produtiva do sisal, fase rural, vai se conformando,
dentro dos moldes da liberdade capitalista, onde o trabalhador está livre para vender sua mão
obra, que neste caso não está combinada especificamente ao exército de reserva, segundo Karl
Marx, pois no sisal não houve busca de inovações tecnológicas que lhes propiciem uma
vantagem temporária sobre seus concorrentes, onde os capitalistas tendem a elevar
a composição orgânica do capital, substituindo gradativamente a força de trabalho (que é
parte do capital variável ) por máquinas (que são parte do capital constante ), o que
resultaria em aumento do desemprego e do exército de reserva. Porém, no sisal está
combinado com a desinformação dos trabalhadores, analfabetismo, desigualdade de gênero,
trabalho infantil e sujeição da renda da terra ao capital.
Esses sujeitos em período de safra, chegam a trabalhar 6 (seis) dias por semana,
ultrapassando as 10 (dez) horas diárias de trabalho, já que muitos relatam que para ter um
maior rendimento semanal “já houve dias que comecei a trabalhar ainda de madrugada, por
volta das 4 (quatro) da manhã e terminar o dia de trabalho as 5 (cinco) da tarde” (Entrevistado
02).
As condições de trabalho desses sujeitos são extremamente precárias, uma vez que,
eles não possuem nenhuma proteção contra ameaças e condições ambientais existentes
(exposição excessiva há radiação solar, insetos peçonhentos e chuvas), e até mesmo proteção
contra a máquina de trabalho, a desfibriladora (motor), que pode gerar amputamento de mãos
e braços devido a grande força das laminas que desfibram a palha que eles manuseiam no
processo de desfibramento.
CONCLUSÕES
Assim, a sujeição do trabalhador ao capital está ligada a forma como os meios de
produção criam condições para controlar a renda da terra, sem necessariamente tomar posse
da mesma. No campo esse processo está diretamente ligado à rentabilidade que a terra oferece
para a produção de mercadoria, pois, muito se fala em produção de alimentos, porém, quando
a terra está sujeita ao capital tudo que é produzido torna-se mercadoria.
Para manter uma estrutura social miserável, baseada no assistencialismo coronealista,
os donos do poder político se confundem com empresários do ramo sisaleiro, sendo um sinal
de lucratividade no espaço sisaleiro da Bahia. O fenômeno da super-exploração do
trabalhador do sisal, não está apenas na primeira fase da cadeia produtiva, mas sim, na
segunda fase (fase urbana) que é possível encontrar disparidades, seja ela de cunho
remunerativo ou nas condições de trabalho.
A estrutura sistêmica e exploratória da produção do sisal revela uma cadeia de
desigualdades capaz de explorar ainda mais a mão-de-obra trabalhadora visto que, os donos
dos meios de produção e das propriedades de terra desvalorizam economicamente a principal
força do processo produtivo, para que assim, o lucro seja alcançado sem nenhuma
interferência da classe trabalhadora.
REFERÊNCIAS
ALVES, M. O.; SANTIAGO, E. G.; LIMA, A. R. M. Diagnóstico socioeconômico no setor
sisaleiro do nordeste brasileiro. Banco do Nordeste do Brasil: Fortaleza, 2005.
ANTUNES, Ricardo (org.). A dialética do Trabalho. São Paulo: Expressão Popular, 2004.
CARLOS, A. F. Alesandri. SOUZA, Marcelo Lopes. SPOSITO, M. E. Beltrão. A produção
do espaço urbano. São Paulo: Contexto, 2011.
COELHO NETO, A. S. A trama das redes socioterritoriais no espaço sisaleiro da Bahia.
Niterói, 2013. Tese (Doutorado em Geografia) – Universidade Federal Fluminense.
HARVEY, David. A produção capitalista do Espaço. São Paulo: Annablume, 2005.
LEFEBVRE, Henri. A produção do Espaço. Belo Horizonte: UFMG, 2002.
MARTINS, J. Souza. Os camponeses e a política no Brasil. Petrópolis: Vozes, 1995.
MARX, Karl. Grundrisse: Manuscritos econômicos de 1857-1858, esboços da crítica da
economia política. São Paulo, SP: Boitempo, 2011.
SANTOS, Milton. Metamorfoses do espaço habitado. 6 ed. São Paulo: Edusp, 2008.
SOUZA, Marcelo Lopes. Os conceitos fundamentais da Pesquisa Sócio-espacial. Bertrand
Brasil, 2013.