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´ Diplomatica BUSINESS & DIPLOMACY With English & French Texts Festa Nacionais: Alemanha, Brasil, Espanha, China, Ucrânia, Áustria e Coreia Dossier Nº12 Dezembro/Fevereiro 2012 4 (Cont.) Diplomática 12 • Dezembro 2011 / fevereiro 2012 9 771647 006007 2 1 0 0 0 Mohammed VI O Rei de Marrocos Mais um passo na democracia Portugal: dos E.U.A. ao Magreb Especial Passos Coelho em Angola Pres. Moçambique em Lisboa Entrevistas: Pres. Cabo Verde Jorge Carlos Fonseca Pres. Caixa Crédito Agrícola João Costa Pinto Embaixadora Karima Benyaich ´ + Africa

Diplomática n.º 12

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Revista Diplomática n.º 12

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Page 1: Diplomática n.º 12

1 • Diplomática - Junho/Julho 2008

´Diplomaticabusiness & Diplomacy

With English & French TextsFesta Nacionais: Alemanha, Brasil, Espanha, China, Ucrânia, Áustria e Coreia

Dossier

Nº12Dezembro/Fevereiro 20124 (Cont.)

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9 771647 006007 21000

Mohammed VI O Rei de Marrocos Mais um passo na democracia

Portugal: dos E.U.A. ao Magreb

Especial

Passos Coelho

em AngolaPres. Moçambique em Lisboa

Entrevistas:Pres. Cabo Verde

Jorge Carlos Fonseca Pres. Caixa Crédito Agrícola

João Costa Pinto Embaixadora

Karima Benyaich

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Page 3: Diplomática n.º 12

3fevereiro 2012 - Diplomática •

Da alma de portugal, feita de música e requebros mouros que

fizeram encher as tascas dos antigos bairros de alfama e da

mouraria em lisboa, nasceu a canção.

o fado ou destino das nossas mulheres que iam ficando sós,

sujeitas a tentações e sem protecção, vendo os seus homens

partirem pelos mares na procura de outros mundos, pertence

agora não só a nós, portugueses como também aos mundos

que eles foram encontrando.

E o Fado agora considerado Património Imaterial da Huma-

nidade foi cantado por Carlos do Carmo na Assembleia da

República Portuguesa. ■

Nota do Editor

editor's note

[email protected]

From the soul of portugal , made of music and the wooings mours that fill the taverns of the old quarters of alfa-

ma anda mouraria, in lisbon, the song was born.

the fate or destiny of our women, who were staying alone, subject to temptations and unprotected, seeing their

men leave to the seas, in search of others worlds, now belongs not only to us, portuguese, but the also to the

worlds they have encountering.

and fado has just now been considered intangible Heritage of Humanity, was sang by carlos do carmo at the

portuguese parlement!

De l’âme du portugal, construit sur la musique et chants maures, qui ont fait remplir les tavernes des vieux quar-

tiers d’alfama e mouraria à lisbonne, la chanson este née.

le fado ou le destin de notre femmes, que restaient seules, soumis à des tentations et sans protection, en voyant

ses hommes quitter vers les mers à la recherche d’autres mondes, appartient, maintenaint, non seulement à nous,

portugais, mais aussi aux mondes qu’ils rencontraient.

et le fado vient d’être consideré comme patrimoine immatériel de l’Humanité, a ète chanté por carlos do cramo

au parlement portugais!

Destino

Page 4: Diplomática n.º 12

4 • Diplomática - fevereiro 2012

DIRECTOR: maria da luz de bragança PRODUÇÃO: césar Soares PROPRIEDADE: maria da luz de bragança EDIÇÃO: Gabinete 1 editor nº 211 326. av. engº Duarte pacheco, nº1 - 4º esq. – 1070-100 lisboa.

MARkETINg & PUblICIDADE: Gabinete 1 - e-mail:[email protected] tel.: 21 322 46 60 a 76 fax: 21 322 46 79IMPRESSÃO: madeira & madeira, S.a. DISTRIbUIÇÃO: logista - alcochete - telefone: 21 926 78 00 fax: 21 926 78 45

iSSN 1647-0060 – Depósito legal nº 276750/08 – publicação registada na Direcção Geral da comunicação Social com o nº 125395

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AssuntosSummary

carta ao leitor.letter to the reader.

Dossier. marrocos. King mohammed vii, um sinal de esperança.Dossier. maroc.mohammed vii, a sign of hope.

recepção na embaixada de marrocos.reception in the embassy of maroc.

embaixadora de marrocos em entrevista.ambassador of maroc in interview – the strenght and competence.

presidente da república na oNU defende a língua portuguesa e os direitos humanos.portuguese president in oNU in defense of portuguese language and Human rights.

cimeira ibero americana no paraguai.ibero-american Summit in paraguay.

pedro passos coelho nos eUa. portuguese prime-minister in onu Security council.

paulo portas diplomacia em alta nos eUa e no magreb.paulo portas diplomacy in the eUa and magreb.

Jean-claude Juncker convidado das Grandes conferências 2011 na Gulbenkian.Jean-claude Juncker invited for the cicle of Great conferences 2011 in Gulbenkian foundation.

entrevista a Jorge costa pinto, presidente da caixa central de crédito agrícola mútuo.interview to Jorge costa pinto, chairman of the central mutual agricultural credit.

patrick ziegler, um olhar sobre a europa.patrick ziegler: europe – where do we go from here?

Suécia, pátria de marcas de excelência.Sweden, land of marks of excelence.

embaixador da coreia fala da Nova era para a União europeia e coreia.Korea ambassador speaks of a New era for eU and Korea.

embaixador da federação da rússia, embaixador da alemanha, embaixador do luxemburgo, embaixador da república da moldávia, embaixador da república da albânia e embaixador da república Dominicana.ambassador of russian federation, German embassador, luxembourg ambassador, ambassador of the moldova republic,ambassador of the republic of albania and ambassador of the Dominican republic.

polónia em exposição.poland in exhibition.

apresentação dos novos embaixadores em belém.New ambassadors deliver new credentials in belém.

áfrica +.africa +.

entrevista a Jorge carlos fonseca, novo presidente da república de cabo verde.interview to the new elected president of republic of cape verde.

primeiro-ministro passos coelho visita oficialmente angola.prime-minister passos coelho visits officialy angola.

palmira tjipilica. cultura e históriapalmira tjipilica. culture and history

cavaco Silva e armando Guebuza. Dois estadistas em belém preparam cimeira bilateral de dois dias.cavaco Silva e armando Guebuza. two statesmen in belém prepare a two-day bilateral summit.

cplp tem nova sede no palácio do conde de penafiel.cplp has ist new headquarters in the palace of the count of penafiel.

Xanana em lisboa – emoções como pano de fundo.Xanana Gusmão in lisboa – emotions as a backdrop.

vista do primeiro-ministro da Sérvia a portugal.prime-minister of Serbia visits portugal.

Dia da unidade alemã 2011.Day of de German uni 2011.

festa do 189º aniversário da independência do brasil.reception of the 189º anniversary of the brazilian independence.

festa na embaixada de espanha.reception on the Spanish embassy.

recepção do Dia Nacional da china.reception of the National Day of china.

Dia nacional da áustria.reception of the National Day of austria.

Dia nacional da coreia.reception of the National Day of Korea.

iX mostra portuguesa em espanha.iX portuguese exhibition in Spain.

11 de Setembro – 10 anos depois. September 11th – tem years after.

traduções.translations.

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6 • Diplomática - fevereiro 2012

No trono desde 1999, ano em que seu

pai, Hassan ii, faleceu, mohammed vi

distanciou-se de algum modo das polí-

ticas que vinham sendo seguidas pelo

antecessor, mostrando maior abertura e

jogo de cintura, dando um novo alento à

esperança de um povo que ansiava por

mudanças.

Nasceu em 21 de agosto de 1963, em

rabat, a capital do país, e é o segundo

dos cinco filhos de hassan, primogénito

dos varões. a mãe, latifa hammou, foi

a segunda das esposas do rei, descen-

dente de uma importante família. porém,

a mãe de mohammed nunca teve direito

à dignidade do título de rainha, reser-

vado por tradição à primeira mulher de

hassan ii.

o jovem mohammed, como também

é de tradição, aprendeu as primeiras

letras no palácio e, em 1969, frequentou

estudos secundários no colégio real de

rabat. em Junho de 1985 licenciou-se

em Direito pela faculdade de ciências

Jurídicas, económicas e Sociais de sua

cidade natal, tendo, dois anos depois,

obtido uma pós-graduação em ciências

políticas.

corria o ano de 1984 quando Hassan

ii nomeia o primeiro filho varão como

herdeiro do trono, embora nunca tenha

emitido decreto real firmando a nomea-

ção. prevaleceu a sua vontade, mesmo

assim, sem que tal tenha gerado qual-

quer oposição.

apesar do curso de Direito, é nas for-

ças armadas que mohammed empre-

ende a sua vida profissional. em abril

de 1985, o ano em que se licenciou, foi

nomeado coordenador de serviços do

estado-maior General das forças ar-

madas reais, tendo nove anos depois

(1994) ascendido à patente de General

de Divisão.

em 1988, com o fim de completar a ins-

trução académica e adquirir experiência,

passa alguns meses na comissão eu-

ropeia, em bruxelas, trabalhando direc-

tamente com Jacques Delors, o então

presidente da comissão.

São conhecidos poucos detalhes de sua

vida privada, mas sabe-se que, aos pou-

cos, o pai o teria encarregado de dis-

cretas missões diplomáticas, tendo sido

seu emissário por várias vezes. aliás,

a sua habilidade para a diplomacia não

teria passado despercebida a hassan ii,

que viu nele as condições necessárias

para as reformas que o velho rei não

tinha condições para empreender…

enquanto príncipe, procurou conhecer

o seu país, manifestando então alguma

sensibilidade pelas questões sociais

e a problemática religiosa. mas a sua

atenção virou-se, também, desde muito

cedo, para as novas tecnologias, ferra-

mentas que considera decisivas para

o desenvolvimento de marrocos e as

necessidades da modernidade.

com a morte do pai, em 1999, o jovem

mohammed, passa a ser o chefe de

estado, tornando-se no 18º monarca da

Dinastia alauí (fundada em 1664), sob o

nome de mohammed vi.

o entusiasmo popular rodeou a sua

chegada ao trono, abrindo espaço à

esperança de profundas transformações

políticas e sociais. e, nos seus primeiros

discursos, o novo rei garantiu o interes-

se em consolidar a monarquia constitu-

cional, libertar a economia e aprofundar

o estado de Direito, dando sinais claros

da seriedade de suas intenções ao de-

terminar a indemnização das vítimas da

repressão, incentivando o regresso de

refugiados e exilados, bem como per-

correndo as zonas mais pobres do país,

visitando hospitais, orfanatos e centros ➤

Mohammed VIUm sinal de esperança

O Rei conseguiu alinhar o País pelo trilho das reformas democráticas, rompendo

com o passado da monarquia autocrática, colocando Marrocos na senda

de um Estado de Direito moderno e de uma monarquia constitucional.

Capa

Page 7: Diplomática n.º 12

7fevereiro 2012 - Diplomática •

Page 8: Diplomática n.º 12

8 • Diplomática - fevereiro 2012

➤ de internamento de pessoas com defici-

ência.

mais recentemente, confrontado com

os protestos populares que abalaram o

norte de áfrica e alguns países árabes,

mohammed vi promoveu um projecto

de revisão constitucional, sufragado por

voto popular, transferindo competências

para o primeiro-ministro, que passou a

chamar-se presidente do Governo.

“É conveniente, de acordo com a filo-

sofia constitucional, que o primeiro-mi-

nistro se torne chefe do governo e que

o poder executivo proceda do partido

político que ganhar maioritariamente as

eleições legislativas, na sequência do

voto directo”, afirmou o rei em declara-

ção televisiva proferida meses atrás. ■

Enquanto príncipe, procurou conhecer o seu país, manifestando então alguma sensibilidade pelas

questões sociais e a problemática religiosa. Mas a sua atenção virou-se, também, desde muito cedo, para

as novas tecnologias, ferramentas que considera decisivas para o desenvolvimento de Marrocos e as

necessidades da modernidade

Mohammed VI

Page 9: Diplomática n.º 12

9fevereiro 2012 - Diplomática •

Para comemorar o 12º aniversário da

subida ao trono de Sua alteza real,

o rei de marrocos, realizou-se, na

residência oficial dos embaixadores

representantes daquele país em lis-

boa, uma requintada recepção, que

contou com mais de 300 convidados.

entre os presentes, contavam-se

representantes do corpo diplomá-

tico acreditado em portugal, altas

patentes militares e políticas (caso

do secretário de estado da Justiça,

dr. fernando Santos), e múltiplas

personalidades, entre elas Sar o

Duque de bragança, a duquesa de

cadaval, maria barroso Soares, o

presidente do círculo de amizade

portugal-marrocos, manuel pechir-

ra, e o presidente da fundação

luso-americana, charles bucha-

nan. estiveram também presentes

figuras destacadas, ligadas às áreas

da economia e finanças, cultura e

media.

naturalmente, estiveram, entre os

convidados nesta recepção, os mem-

bros da comunidade marroquina,

radicados no nosso país, que assim

prestaram homenagem e compro-

misso ao Glorioso trono alawite.

Durante toda a recepção, a músi-

ca da orquestra el Hilal tetouan

animou a festa, enquanto eram

servidas as mais diversas e delicio-

sas especialidades gastronómicas

marroquinas. ■

Recepção na residência da Embaixadora de Marrocos

Dossier MarroCos

Page 10: Diplomática n.º 12

10 • Diplomática - fevereiro 2012

Karima BenyaichA força e a competência de uma Mulher na embaixada do Reino de Marrocos em Portugal

“Portugal e Marrocos têm uma história comum, de vários séculos, extraordinária, com

influências excepcionais”

Karima Benyaich está pela primeira vez a desempenhar as funções de Embaixadora, apesar de ter já um

extenso curriculum na área das relações externas do seu país. A Embaixadora do Reino de Marrocos em

Portugal não poderia ser a pessoa mais indicada para desempenhar tal desafio, visto que tem um conhe-

cimento bastante profundo do país – realizou a tese sobre “O Impacto da Integração da Espanha e de

Portugal na Comunidade Europeia – em 1986 – na Economia Marroquina”.

A Alta Representante do Reino de Marrocos está em Lisboa desde Dezembro de 2008, com as suas duas

filhas de 15 e 17 anos, e recomenda que os marroquinos visitem o nosso país, assim como os portugue-

ses visitem Marrocos, “duas sociedades com uma longa história em comum”. ➤

Dossier MarroCos

Page 11: Diplomática n.º 12

11fevereiro 2012 - Diplomática •

➤ Vamos começar por falar no

seu percurso. Como chegou

até Portugal, o que se passou?

nasci na vila de tétouan (tân-

ger), no Norte de marrocos, onde

passei alguns anos com os meus

pais. Depois acompanhei-os para

rabat, passei aí grande parte da

minha infância e fiz os meus es-

tudos superiores: o “bacalaureat”

em letras modernas. posterior-

mente fui para paris.

estudei um ano na Universidade

americana de paris, antes de

partir para o canadá para fazer

os meus estudos em economia,

na universidade de montréal, e

um master em finanças e co-

mércio internacional, defendendo

a tese: “o impacto da integra-

ção da espanha e de portugal

na comunidade europeia – em

1986 – na economia marroqui-

na”. Quando terminei os estudos

no canadá voltei a marrocos

para, em 1989, começar a traba-

lhar no ministério dos negócios

estrangeiros, no departamento

de relações com a cee, hoje

União europeia. fui também

chefe de Divisão das relações

de marrocos com a américa la-

tina. trabalhei ainda no Quadro

do comité averróis, um grande

filósofo andaluz que se debruçou

sobre os valores de promoção do

diálogo e do entendimento entre

os povos. averróis nasceu na an-

daluzia (córdova ) na época de

influência árabe/marroquina na

ibéria e morreu em marraquexe.

este comité promovia as rela-

ções entre marrocos e espanha

a nível da aproximação das duas

sociedades civis, para melhorar e

fomentar as boas relações. tam-

bém fui nomeada Directora

de cooperação cultural e cien-

tífica no ministério dos Negócios

estrangeiros e representante do

meu país para a “francofonia”.

É curioso, Marrocos antes da

integração de Espanha e Por-

tugal na CEE tinha vantagens

muito mais importantes na Eu-

ropa do que do que Espanha e

Portugal, e teve que se adaptar

a todas essas mudanças.

tínhamos um protocolo de acor-

do com a frança, por termos sido

um país sub-protectorado francês

até 1955, quando marrocos con-

seguiu a sua independência.

O que pensa da União dos paí-

ses mediterrânicos? Portugal,

Marrocos, Espanha, França,

Itália, entre outros. Trabalhou

sobre isso?

Na cooperação cultural e científi-

ca alguma coisa passou por mim.

De resto, Sarkozy anunciou em

marrocos esta união para o me-

diterrâneo quando visitou tânger.

marrocos está de acordo, gosta

de contribuir para a aproximação

dos povos de modo a conseguir

soluções económicas, sociais e

artísticas no espaço mediterrâ-

nico. Sabemos que este espaço

é muito, muito importante a nível

geoestratégico, histórico, econó-

mico e ao nível dos seus diferen-

tes povos que têm uma história

comum pelos muitos encontros

ao longo dos tempos. portanto,

sempre que existe uma iniciativa

em que marrocos possa contri-

buir eficazmente, fazemo-lo. Sim,

somos pela união.

Tem-se falado pouco sobre

isso. Estará a ideia estagnada?

não me parece. ultimamente

têm havido alguns encontros.

o Secretário-Geral foi recente-

mente nomeado e é marroquino,

senhor Youssef amrani, grande

diplomata marroquino e homem

de visão. todas as novas ideias

têm que ter o seu tempo para se

concretizarem.

É dito que a Senhora Embai-

xadora é uma defensora dos

direitos humanos e da mulher

árabe e muçulmana.

eu posso ser muito sincera con-

vosco. trabalhei sempre num

mundo onde havia homens e mu-

lheres e sinto-me à vontade tanto

com os homens como com as

mulheres. Sobretudo lutei pelos

direitos da criança porque acre-

dito muito na cultura e, eviden-

temente, como mulher que sou,

defendo os direitos da mulher.

pertenço, entre outras, à asso-

ciação “voz de mulheres” que

organiza um festival na minha

cidade natal – tétouan. criado

há três anos tem como temáti-

ca o lado artístico da mulher de

tétouan e marroquina em geral.

É o canto, é a música, é a arte

a valorizar o património e toda a

dimensão feminina ao longo dos

tempos.

Como se encontra o papel da

mulher marroquina na socieda-

de?

posso dizer-vos que marrocos é

um país moderno, aberto, demo-

crático, mas encontra-se enraiza-

do nas suas tradições e valores

defensores da sua identidade na-

cional. o lugar que hoje a mulher

marroquina ocupa é graças a um

combate de numerosas mulheres

que ao longo dos tempos têm de-

fendido os direitos e a consagra-

ção destes direitos da mulher. a

nível de direitos devemos render

homenagem ao rei mohammed

vi, que é graças a ele, à sua von-

tade e às directrizes que criou,

que hoje temos todos os direitos.

em 2004, Sua majestade instituiu

o código da família, aprovado

no parlamento, feito no quadro

de conselho de Juristas e de

homens e mulheres da sociedade

civil, para encontrar uma solução

que não fosse em contradição

com o islão. antes de 2004, a

mulher era menor em ➤

Page 12: Diplomática n.º 12

12 • Diplomática - fevereiro 2012

➤ relação a alguns direitos.

estava sob tutela do pai, do filho

ou do marido. agora, depois de

2004, há uma coresponsabilida-

de, entre homem e mulher, no

quadro da família. onde os direi-

tos da mulher são respeitados,

os do homem também, e depois

os direitos da criança.

Estará mais feliz com os novos

direitos, que implicam também

mais obrigações?

não sei se será mais feliz, mas

está certamente confortada com

os seus direitos. tem exacta-

mente os mesmos direitos que

o homem. até 2004, uma mu-

lher marroquina casada com um

estrangeiro não podia transmitir

a sua nacionalidade aos filhos.

hoje, ela já pode dar a sua na-

cionalidade aos filhos.

Aqui em Portugal, até há rela-

tivamente pouco tempo, uma

mulher também não podia

viajar para o estrangeiro sem

autorização do marido…

É isso, marrocos e portugal ti-

nham e têm muito em comum.

A Senhora Embaixadora é cer-

tamente uma mais-valia para o

seu país em estar aqui.

não terá sido ao acaso a Sua es-

colha. os seus estudos e espe-

cializações traduzem isso.

Qual a importância da Embai-

xada de Marrocos em Portugal.

o meu primeiro posto como

embaixadora é em portugal, aqui

em lisboa. para nós portugal

é um país muito importante. É

um país estratégico de gran-

de importância. Somos países

vizinhos. estou muito honrada

com a minha missão aqui, de ser

embaixadora e ter o privilégio

de representar Sua majestade, o

rei. felicitamo-nos com a quali-

dade das relações com portugal.

primeiro, não esqueçamos que

somos países vizinhos. portugal

não tem outros vizinhos para

além de marrocos e espanha. a

capital mais próxima de rabat

é lisboa e de lisboa é rabat.

a nível geográfico, nós estamos

muito próximos de portugal e,

apenas, 14 quilómetros separam

marrocos de espanha e da euro-

pa. Segundo, temos uma história

comum, de vários séculos,

extraordinária, com influências

excepcionais: a inf luência ➤

Karima Benyaich

Page 13: Diplomática n.º 12

13fevereiro 2012 - Diplomática •

➤ portuguesa sobre a costa atlân-

tica e a influência árabe/marro-

quina em portugal. uma história

comum que não gerou conflitos.

os portugueses são muito bem-

vindos em marrocos.

Gostamos muito de portugal e

dos portugueses. os marroquinos

são muito, muito bem acolhidos

em portugal, não existem este-

reótipos nem imagens negativas

sobre marrocos, isso resulta num

potencial extraordinário. estamos

próximos e isso traduz-se em

tudo: no modo de vida, ou mesmo

através da língua. Há em portugal

mais de mil palavras de origem

árabe, também em marrocos ➤

Page 14: Diplomática n.º 12

14 • Diplomática - fevereiro 2012

➤ há muita influência do modo de

vida português e muitos vestígios

de origem portuguesa. no ano

passado, em Jadid, um dos vestí-

gios portugueses foi premiado.

Vê Portugal como uma porta

de entrada para o comércio e

melhores relações económicas

com a Europa?

marrocos sempre teve uma re-

lação estreita e importante com

a europa e depois da criação da

cee fizemos, em 1969, acordos

e parcerias particulares, tendo

hoje um status avançado com a

europa, que foi reforçado duran-

te a presidência de portugal na

União europeia. É o único país

do Sul que obteve um estado tão

avançado com União europeia.

Então as relações políticas,

económicas e comerciais entre

os dois países são boas!?

as relações entre portugal e

marrocos são excelentes tanto ao

nível institucional como a nível

económico, social e cultural.

Devido à sua aproximação geo-

gráfica e às relações históricas

comuns, os nossos governantes,

seja Sua majestade, seja o presi-

dente ou o governo de portugal,

estão ambiciosos com as nossas

relações. tanto portugal é uma

plataforma para marrocos como

marrocos é uma plataforma para

portugal, tendo em vista áfrica,

o mundo árabe e muçulmano.

estamos na porta de áfrica e so-

mos um país que conhece refor-

mas em todos os níveis: ao nível

dos direitos do homem, ao nível

económico, cultural ou social. Se

se debruçarem sobre marrocos

verão, que sobre a condução de

Sua majestade o rei mohammed

vi, marrocos teve, nestes últimos

anos, um avanço incrível a nível

de democratização. fomos dos

primeiros países a criar a instân-

cia da reconciliação (2004) para

reconciliar os marroquinos com

a sua história, fazendo o balanço

de todas as violações dos direitos

do homem desde a independên-

cia (1955 – 1999). todos os iden-

tificados que sofreram a violação

dos direitos foram recompensa-

dos a nível financeiro e moral.

fomos pioneiros a tomar esta

atitude, mesmo alguns países eu-

ropeus ainda não o fizeram. nós

queremos ficar reconciliados com

o nosso passado. há reformas

a nível do campo religioso, no

universo da justiça, ou da demo-

cratização. marrocos conheceu

avanços muito importantes.

Que tipo de acordos e parce-

rias tem o Reino de Marrocos?

temos acordos com muitos paí-

ses: acordo de livre intercâmbio

com a Ue, com os eUa, com a

turquia, com países árabes e da

américa latina, entre outros. te-

mos mais de 55 acordos de inter-

câmbio, daí sermos também uma

plataforma para portugal por-

que marrocos tem também uma

política muito solidária em áfrica

e partilhamos avanços importan-

tes nos domínios da agricultura

e electrificação. por exemplo,

em 1993 tínhamos 19 por cento

de electrificação e agora temos

93 por cento em todo o território

marroquino. repartimos todos

estes avanços com os nossos

irmãos países africanos. a nível

da formação e educação, mar-

rocos é uma autêntica estância

aberta a todos os níveis. Quanto

às infra-estruturas, em 1910, tí-

nhamos 40 quilómetros de cons-

trução de auto-estradas por ano,

actualmente estamos a fazer 160

quilómetros por ano. a nível por-

tuário, em tânger, dispomos dos

maiores portos do mediterrâneo.

está ligado a mais de 71 portos

internacionais e nele trabalham

mais de 25 companhias. toda

esta obra de desenvolvimento

económico, de reformas aos

níveis da fronteira, da bolsa, da

banca e da legislação são para

favorecer a promoção da nossa

indústria e da nossa economia,

não só para encorajar as empre-

sas a investir como também para

facilitar o investimento estrangei-

ro.

No que diz respeito às impor-

tações e exportações entre os

dois países, como se encontra

a situação?

É mais ou menos deficitária para

marrocos. importamos mais de

portugal. o que é interessante

para marrocos é que mesmo sem

petróleo e sem gás (todos os

países vizinhos o têm) consegui-

mos manter um desenvolvimento

sustentável. apesar da crise,

marrocos foi preservado. no ano

passado tivemos cinco por cento

de crescimento com todas essas

obras.

Sua majestade o rei não es-

quece o Ser humano: em 2008,

lançou a iniciativa nacional para

o Desenvolvimento humano

que foi lançada justamente para

combater a pobreza e diminuir

as disparidades entre as regiões

mais pobres de marrocos e os

bairros mais pobres das grandes

cidades. Desde 2005 até hoje,

mais de 19 mil projectos foram

lançados, onde o Ser humano

está no centro de decisão.

As reuniãos de alto nível entre

Portugal e Marrocos traduzem

a intensidade e a qualidade das

relações bilaterais. Fale-nos

dessa intensidade de relações

diplomáticas.

voltando à última reunião de alto-

nível luso-marroquina realizada

em Junho de 2010 em marraque-

xe, o ex-primeiro ministro José

Sócrates qualificou a visita como

muito positiva e importante. veio ➤

Karima Benyaich

Page 15: Diplomática n.º 12

15fevereiro 2012 - Diplomática •

embaixadora de marrocos Karima benyaich

Page 16: Diplomática n.º 12

16 • Diplomática - fevereiro 2012

➤ reconfirmar a importância das

nossas relações. a visita foi à re-

gião do magreb, prioritária para a

política externa portuguesa, mas

marrocos tem com portugal rela-

ções ancestrais. temos um trata-

do de amizade e cooperação de

boa vizinhança desde 1994, que

instituiu reuniões ao mais alto

nível alternadamente nos dois

países. Nós desejamos partilhar

conhecimento e experiências por-

tuguesas em diferentes domínios.

entre os domínios que nos inte-

ressam particularmente estão as

energias renováveis. marrocos

lançou um plano solar de ener-

gias renováveis, em que portu-

gal tem uma grande experiência,

e desejamos trabalhar juntos.

há inúmeras oportunidades para

trabalharmos juntos, seja nesse

domínio seja noutros, como por

exemplo: na construção. Grandes

empresas portuguesas trabalham

hoje em marrocos. construímos

100 mil habitações por ano. uma

política de Sua majestade para

que cada cidadão marroquino

possa ter a sua dignidade, conse-

guindo uma habitação própria em

condições. a nível do turismo,

portugal é prioritário. há um ano

e meio tínhamos dois a três voos

por semana, hoje temos três voos

por dia casablanca - lisboa.

vamos dar mais visibilidade às

nossas relações pelo turismo e

cultura. a nossa sociedade civil

deve conhecerse melhor não só

através da cultura como também

da economia. Hoje, mais de 150

empresas portuguesas trabalham

em marrocos.

E empresas marroquinas em

Portugal?

os empresários marroquinos

estão a começar. há vários en-

contros de empresários e cimei-

ras tanto em portugal como em

marrocos.

Como funcionam as relações

entre Marrocos e a união Euro-

peia? Fale-me da Cimeira União

Europeia – Marrocos (Março em

granada).

foi a primeira com um país do

Sul. isso demonstra a importân-

cia de marrocos como plataforma

para a europa. Se conseguimos

este avanço foi porque o mere-

cíamos. Haverá razões para a

cimeira União europeia – marro-

cos.

O secretário-geral do ministé-

rio dos Negócios Estrangeiros

e Cooperação do Reino de Mar-

rocos classificou que a Cimeira

teve uma “dinâmica ascenden-

te”.

isso quer dizer que as empresas

europeias (portuguesas, espa-

nholas, ou dinamarquesas, ou

seja, as empresas da Ue) po-

derão vir a marrocos onde irão

encontrar praticamente o mesmo

sistema, as mesmas normas que

têm na europa. Não estarão em

perigo. há um potencial muito

grande e muitas oportunidades

para as empresas europeias.

E o relacionamento de Marro-

cos com o continente America-

no?

estamos muito bem. Somos uma

zona de livre intercâmbio com os

estados Unidos da américa que

demonstra a abertura da econo-

mia marroquina com o resto do

mundo.

Marrocos é o único país do

continente africano que não faz

parte da União Africana. Por-

quê? Pelo conflito com o Saha-

ra Ocidental (dura há 35 anos)?

fala-me do Sahara marroquino.

temos excelentes relações com

a maioria dos países africanos.

a royal air maroc tem a partir de

casablanca 20 voos para áfrica.

retirámo-nos porque foi reco-

nhecida na U.a. a república de

Saraui que deveria fazer parte

do reino de marrocos. vou dar-

vos um apontamento do que se

passou: marrocos esteve sobre

protectorado em três fases da

colonização. em 1944, espanha

ocupou a região Sul de marrocos,

a região do Sahara. em 1912,

o centro tornou-se protectora-

do dos franceses e a espanha

tomou o norte, tânger, a cidade

internacional. a nossa indepen-

dência fez-se progressivamente.

em 1955 declarou-se a inde-

pendência do centro. em 1958

recuperámos a região do norte e,

mais tarde, quando recuperamos

a região Sul, foi criado um mo-

vimento de separatistas que foi

para tinduf.

actualmente, este problema está

ao nível das Nações Unidas.

Gostaríamos de uma solução jus-

ta e durável nesta região. pensa-

mos que no quadro da soberania

europeia, a melhor solução seria

oferecer a autonomia às regiões

do Sul. em Janeiro deste ano,

Sua majestade

insistiu na regionalização.

Senhora Embaixadora, da nos-

sa parte é tudo. Quer acrescen-

tar mais alguma coisa?

marrocos é um país tolerante e

aberto ao diálogo. entre o nosso

país e portugal existem muitas

sinergias e podemos desenvolver

ainda mais as nossas relações

ao nível do mediterrâneo e do

atlântico. há imensos desafios

que nos esperam e devemos

trabalhar neles conjuntamente.

o reino de marrocos tem uma

grande diversidade cultural. um

país muito bonito, convidamos

os portugueses a visitar-nos. e,

claro, os marroquinos devem

também visitar este belo país que

é portugal, com pessoas fantás-

ticas. pelo que temos em comum

devemos conhecer-nos melhor. ■

Karima Benyaich

Page 17: Diplomática n.º 12

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MARROCOSO Pais que viaja em si

Page 18: Diplomática n.º 12

18 • Diplomática - fevereiro 2012

No início de Novembro (9), o presidente cavaco Silva teve ocasião de presidir ao debate con-

selho de Segurança das nações unidas, em nova iorque, intervindo sob o pano de fundo de

veemente defesa da língua portuguesa.

o debate aberto que ali ocorreu durante o mês de Novembro – o primeiro da presidência por-

tuguesa naquele órgão da onu -, revestiu-se de particular importância, dando um sinal claro

nesse sentido da diplomacia nacional pela presença do chefe de estado.

enfatizando que o conselho de Segurança tem, actualmente, a presença de dois países de

língua portuguesa (brasil e portugal), cavaco considerou ser esse um “sinal expressivo do seu

compromisso inequívoco com a promoção dos valores da paz, da segurança e do respeito pe-

los direitos inalienáveis de todos os seres humanos”, porquanto a língua portuguesa é “um dos

idiomas em maior expansão no mundo, sendo a terceira língua europeia, em número global de

falantes, e a sexta a nível mundial”. aliás, o presidente vem, desde há anos, defendendo que o

português deveria ser acolhido nas Nações Unidas como língua oficial.

Intervenções sob critérios “humanitários”em matéria de intervenções nos conflitos bélicos que assolam várias regiões do globo, cavaco ➤

Cavaco em defesa da língua portuguesa

O português e os direitos humanos foram o pano de fundo da intervenção do Presidente no

Conselho de Segurança das Nações Unidas. Na deslocação aos EUA, Aníbal Cavaco Silva

foi, ainda, recebido por Obama

Viagens De estaDo

Page 19: Diplomática n.º 12

19fevereiro 2012 - Diplomática •

➤ Silva defendeu que estas devem estar condicionadas ao primado dos critérios humanitários,

deixando claro que “portugal condena da forma mais veemente possível todos os ataques que

tiveram e têm os civis como alvo”, numa referência às situações vivenciadas na líbia, afeganis-

tão, iraque e Síria, entre outras, porque segundo ele “vítimas não são somente aqueles que são

parte no conflito, que são mortos, mutilados ou feridos por integrarem um exército regular ou um

grupo de combatentes, são de facto os civis que continuam a sofrer, em larga escala, os efeitos

directos das guerras”, rematando ser necessário aprofundar a responsabilidade por violações

dos Direitos humanos”, prevenindo situações futuras e agilizando os procedimentos do tribunal

penal internacional (tpi).

o debate organizado pela presidência portuguesa teve ainda a presença – e contou com inter-

venções – de ban Ki-moon, o secretário-geral da oNU; de Navanethen pillay, alta comissária

das Nações Unidas para os Direitos Humanos; bem como de philip Spoerri, do comité interna-

cional da cruz vermelha.

Na sua deslocação aos estados Unidos da américa (eUa), cavaco Silva teve ainda ocasião

de se encontrar com o presidente barak obama, a quem garantiu que portugal irá cumprir as

orientações da troika e saldar os seus compromissos financeiros. ■

Page 20: Diplomática n.º 12

20 • Diplomática - fevereiro 2012

Foi na cidade de assunção, no paraguai, que se realizou

a XXi cimeira anual ibero-americana. portugal esteve

representado pelo presidente cavaco Silva, pelo primeiro-

ministro passos coelho e ainda pelo ministro dos negó-

cios estrangeiros paulo portas.

embora a ausência do brasil, da venezuela e da argen-

tina tenha sido notada, esta cimeira manteve-se como

um evento de grande importância para os países latino-

americanos.

constituindo-se como a maior economia da américa la-

tina representada na cimeira, com taxas de crescimento

bastante elevadas, o presidente português destacou o mé-

xico como o quarto país economicamente mais significati-

vo para portugal fora da União europeia, logo precedido ➤

XXI Cimeira Iberoamericana

Viagens De estaDo

Page 21: Diplomática n.º 12

21fevereiro 2012 - Diplomática •

➤ pelo brasil, pelos estados Unidos da américa e angola.

embora o tema central da reunião fosse a “transformação

social e desenvolvimento”, a crise global tornou-se a pro-

tagonista fulcral da cimeira.

numa altura em que a maioria dos presidentes necessita

repensar estratégias e salvaguardar o património nacio-

nal, a cimeira foi dominada pelo actual panorama econó-

mico global, ao qual todos os países necessitam de se

adaptar.

a cimeira ibero-americana manteve assim a ligação

visível que tem vindo a construir ao longo dos anos, desig-

nando a espanha como o país organizador da próxima

cimeira que se realizará, no próximo ano, na cidade de

cádiz. ■

Page 22: Diplomática n.º 12

22 • Diplomática - fevereiro 2012

Foi francamente importante a intervenção

proferida por passos coelho antes de por-

tugal ter a presidencia do conselho de Se-

guraça da onu, até por ter sido a primeira,

que reuniu recentemente em nova iorque.

o primeiro-ministro português aproveitou,

nomeadamente, parfa anunciar a iniciati-

va da presidência portuguesa do cS, de

promover, ainda em novembro, uma “visão

integrada” das ameaças à paz, que asso-

lam o nosso mundo, integrando factores

como o clima, a energia e a água.

usando sempre a lingua portuguesa,

passos coelho interveio, activamente, no

debate aberto do conselho de Segurança,

cujo tema versou, desta vez, a “manuten-

ção da paz e segurança – prevenção de

conflitos”. tema, de resto, escolhido, pela

presidência do líbano e que contou com

a presença de ban Ki-moon, o secretário-

geral da onu.

na sua intervenção, centrada nas novas

ameaças que se põe à paz internacional,

o primeiro-ministro português defendeu

que “também hoje, a segurança tem a

ver com o desenvolvimento sustentável,

o clima, a energia, as epidemias, o aces-

so a alimentos, água e matérias primas”,

sendo por isso intenção do nosso governo

a implementação de uma visão integrada

que cubra todos os desafios que o século

XXi enfrenta.

nesta primeira intervenção de passos

coelho na onu, de que portugal faz parte

até finais de 2012, o primeiro-ministro

esteve acompanhado pelo mNe, paulo

portas,e pelo embaixador de portugal na

onu, moraes cabral. aproveitou tam-

bém a ocasião para levar até este palco

da diplomacia internacional o relato dos

esforços levados a cabo pela comunidade

dos países de língua portuguesa (cplp)

no apoio aos seus membros “que estão em

situação mais fragilizada”, tudo isto no âm-

bito de uma lógica preventiva e consistente

de evitar conflitos. ■ ➤

Viagens De estaDo

Passos Coelho No Conselho de Segurança da ONU

Nesta sua intervenção neste importante fórum da diplomacia e política internacional, o primei-

ro-ministro português afirmou a intenção de Portugal “promover” uma visão

integrada que espelhe os vários desafios que enfrentamos no século XXI”.

Page 23: Diplomática n.º 12

23fevereiro 2012 - Diplomática •

Encontro com William Hague e palestra na London School of Economics

Paulo portas, ministro dos Negócios estrangeiros,

não tem perdido tempo para conseguir o seu objec-

tivo principal, que é o de promover os traços de uma

diplomacia de influência. Neste contexto inseriu-se o

encontro que manteve com o seu homólogo britâni-

co William hague, com quem passou em revista os

principais temas da agenda internacional e a quem

teve a oportunidade de explicar a determinação do

Governo de lisboa em cumprir com os acompromis-

sos assumidos com a troika, sobretudo no que diz

respeito às condicionantes para a ajuda financeira,

tendo dando destaque aos elogios que, a esse pro-

pósito, o nosso país tem vindo a receber da comuni-

dade internacional.

o ministro paulo portas aproveitou o facto de estar

em londres para proferir uma palestra na prestigia-

da london School of economics, onde sublinhou as

“razões pelas quais o caso português não pode se

confundido com outros estados”, numa óbvia alusão

ao caso da Grécia. nesse mesmo dia, paulo portu-

gues reuniu-se, ao jantar, com mais de uma centena

de empresários portugueses e britânicos.

De londres para Washington foi um passo que

paulo portas tinha marcado em agenda e onde teve

oportunidade de se encontrar com a secretária de

estado norte-americana Hillary clinton, cujas decla-

rações em relação a portugal foram extremamente

simpáticas, ao realçar que “portugal está no bom

caminho para resolver a crise da dívida”, aludindo

assim à medidas já tomadas pelo Governo presidido

por passos coelho. o encontro entre os responsá-

veis pelas diplomacias americana e portuguesa tive-

rem lugar no Departamento de estado, onde aborda-

ram também diversos temas, como por exemplo, o

processo de transição na líbia e a situação (sempre)

conturbado no médio oriente.

mas paulo portas não se limitou a este importante

encontro, pois ainda arranjou tempo para se avistar

com outros membros da administração americana,

congressistas e senadores, com quem quem fez

questão de partilhar o esforço que portugal está a

levar a cabo para ultrapassar os efeitos saldados

pela crise internacional, ao mesmo tempo que reali-

za um esforço tremendo para honrar os compromis-

sos assumidos com a troika. ■ ➤

Viagens De estaDo

Diplomacia portuguesa em alta

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, tem vindo a promover os traços de uma

diplomacia de influência, procurando intervir em vários cenários e desdobrando-se em via-

gens de Estado, para importantes encontros com os seus homólogos dos vários continentes.

Page 24: Diplomática n.º 12

24 • Diplomática - fevereiro 2012

Em meados do passado mês de

novembro, antecedendo a queda

definitiva de muammar Khadafi – e a

sua morte trágica – na líbia, paulo

portas efectuou um périplo por três

países do magreb, nomeadamente,

argélia, marrocos e tunísia.

rabat foi a primeira capital visitada,

num país em que a contestação po-

pular tem contornos completamente

diferentes daquela que apressou a

queda dos regimes de tunis e de

tripoli. o rei, mohammed vi, desde

que assumiu o trono, tem empreen-

dido um conjunto de reformas demo-

cráticas que reduziram a oposição

ao regime e têm vindo, cada vez

mais, a colocar o país na senda dos

estados de Direito democrático.

os encontros de portas com o

primeiro-ministro abbas el fassi, o

presidente da câmara de represen-

tantes, abdelwahed radi, o presi-

dente da câmara de conselheiros,

mohamed cheikh biadillah, e o seu

homólogo taieb fassi fihri, serviu

para consolidar velhas relações de

amizade entre os dois países e de-

bater a complicada situação política

no magreb.

Na tunísia, o ministro dos Negócios

estrangeiros teve ocasião de “tomar

o pulso” aos novos rumos seguidos

desde a abertura democrática e

constatar que, apesar de algum des-

contentamento popular pela timidez

de algumas reformas, o novo regime

consolida o seu prestígio junto da

população, fazendo antever-se a

consolidação dos fundamentos de ➤

Viagens De estaDo

Paulo Portas visitou Magreb com a Líbia como pano de fundo

A viagem do MNE português, que antecedeu a queda de Khadafi na Líbia,

centrou-se na diplomacia de negócios e na consolidação da influência

geoestratégica de Portugal na região

"mudam-se oa

tempos, mudam-se

as vontades..."

Page 25: Diplomática n.º 12

25fevereiro 2012 - Diplomática •

➤ uma sociedade democrática.

na argélia, onde o crescendo de opo-

sição ao regime assume sinais preocu-

pantes para a estabilidade da região,

portas cumpriu a agenda não se reten-

do em grandes declarações públicas,

parecendo antever os ventos de mu-

dança que, como um vulcão, parecem

incendiar a antiga colónia francesa.

Nos três destinos, naturalmente, por-

tas não deixou de ter em cima da mesa

a diplomacia económica que elegeu

como uma das componente essenciais

da sua acção enquanto responsável da

pasta dos Negócios estrangeiros, abrin-

do espaço às empresas portuguesas,

perscrutando oportunidades de negócio

e afirmando a influência geoestratégica

de portugal na região.

A queda de um mitoDurante anos símbolo dos movimentos

de libertação do continente africano

e dirigente de um país com níveis de

desenvolvimento notáveis, Khadafi

parece não ter entendido que os ventos

da História já não são compatíveis com

regimes paternalistas e autocráticos,

e essa foi a sua sentença de morte.

Soubesse o coronel ter empreendido as

reformas exigidas na rua e retirar-se a

tempo, seria talvez hoje uma referên-

cia da unidade líbia e uma reserva do

orgulho nacional.

a sua queda e a afirmação do novo

poder de tripoli levanta, no entanto,

algumas preocupações. À liberdade

conquistada, o novo regime terá de

juntar os elevados padrões de vida a

que Khadafi habituou os líbios durante

décadas. por exemplo, um relatório das

Nações Unidas, datado de 2007, cons-

tatava que o país registava o maior

Índice de Desenvolvimento humano

de áfrica; o ensino era gratuito até à

universidade; 10 por cento da popu-

lação universitária estudantil cursava

na europa e nos eUa, com tudo pago

pelo estado; aos casais, logo no início

do matrimónio, eram entregues a fun-

do perdido 50 mil dólares para adquirir

bens; o sistema de saúde era gratuito e

beneficiando de equipamentos da mais

avançada tecnologia; e os empréstimos

concedidos pela banca estatal eram a

juro zero, entre outras regalias à dispo-

sição da população.

a liberdade, naturalmente, não tem pre-

ço, mas o novo regime, para se conso-

lidar, terá de manter a fasquia alta que

Khadafi colocava ao serviço dos líbios

para calar vozes mais críticas e ousa-

dias comprometedoras… ■

Nos três destinos, naturalmente,

Portas não deixou de ter em cima

da mesa a diplomacia económica

que elegeu como uma das com-

ponente essenciais da sua acção

enquanto responsável da pasta dos

Negócios Estrangeiros, abrindo

espaço às empresas portuguesas,

perscrutando oportunidades de ne-

gócio e afirmando a influência geo-

estratégica de Portugal na região

Page 26: Diplomática n.º 12

26 • Diplomática - fevereiro 2012

Jean-Claude JunckerPrimeiro-Ministro do Luxemburgo e Presidente do Eurogrupo

Como convidado do ciclo Grandes conferências 2011, Jean-claude

Juncker esteve em portugal. no âmbito da visita oficial, o primeiro-

ministro do luxemburgo encontrou-se com o seu homólogo português,

pedro passos coelho, e ainda com o ministro das finanças, vítor Gas-

par. em debate, para além das relações bilaterais, esteve a actualidade

política europeia, com destaque para a questão da liderança económica

da zona euro. com vítor Gaspar, o encontro esteve especialmente

focado na crise da dívida pública na zona euro e a situação financeira e

do budget de portugal.

Jean-claude Juncker encontrou-se também com os ex-presidentes da

república, mário Soares e Jorge Sampaio, a ainda com a presidente da

assembleia da república, assunção esteves. ➤

eConoMia & Finanças

Page 27: Diplomática n.º 12

27fevereiro 2012 - Diplomática •

➤ Na conferência, Juncker enfatizou a sua convicção no futuro risonho

do euro, contrariando o cepticismo geral sobre o destino da moeda úni-

ca. para os cépticos e os arrependidos das virtualidades da moeda da

união, o primeiro-ministro luxemburguês foi muito claro: “É verdade que,

ao contrário de uma concepção ecuménica, que atravessa o continente

europeu, é verdade que o euro não está em crise. coro de raiva todas

as vezes que ouço que o euro está em crise”, para logo a seguir con-

cluir que “enfrentamos uma crise de dívida pública em alguns estados-

membros da zona euro, um em particular que todos vós conheceis

bem… mas o euro, a moeda única não está em crise. o valor externo

do euro não está ameaçado, apesar do facto de estar, neste momento,

a ser corrigido em baixa, a um nível de 1,36 relativamente ao dólar”. ■

Page 28: Diplomática n.º 12

28 • Diplomática - fevereiro 2012

Prof. Costa Pinto, presidente da caixa central de crédito agrícola mútuo:

“Proximidade com as comunidades locais é uma das razões de sucesso da instituição”

O Crédito Agrícola (CA), a instituição que o Prof. Costa Pinto lidera, comemora os

cem anos de existência, motivos que justificam esta entrevista sobre a vida de uma

instituição que assume particular relevância nas comunidades locais do interior do

país e que se assume como um dos mais pujantes grupos financeiros nacionais. ➤

gestores internaCionais

Page 29: Diplomática n.º 12

29fevereiro 2012 - Diplomática •

➤ Há quem diga que o Crédito

Agrícola é um banco regional.

Qual o segredo da sua longevi-

dade, numa altura em que co-

memora este ano cem anos de

existência?

São 85 bancos regionais organi-

zados num único grupo financeiro

nacional. É a única instituição

financeira, em linha com outros

bancos que surgiram na europa

na mesma altura, que, em vez de

ter saído de uma decisão central,

foi criada mercê das decisões de

comunidades locais. estas orga-

nizaram-se em pequenos bancos

locais, denominados cooperativas

de crédito, criando uma realidade

nacional. tem uma origem mui-

to particular que faz com que o

crédito agrícola assuma as carac-

terísticas de ser uma organização

cooperativa - das poucas com su-

cesso em portugal… – de carácter

privado.

Quem são os titulares do capi-

tal?

São meio milhão de associados

que têm participações no capital

das várias caixas, as quais, por

sua vez, controlam esta organiza-

ção central em termos de capital.

praticam aquilo que é conhecido

em toda a europa como banca de

proximidade. portanto, vivem mui-

to do relacionamento com os seus

clientes, os seus associados, têm

conhecimento das suas necessi-

dades, do tipo de apoio e serviços

que necessitam. portanto, essa

proximidade com os seus poten-

ciais clientes é uma das razões de

sucesso do ca.

Até se diz que tem tido um papel

fulcral para impedir a desertifi-

cação do país, principalmente

dos meios rurais do interior?

É verdade. um dos contributos do

ca que eu considero mais assina-

láveis é esse combate à desertifi-

cação de várias zonas do país que

estão longe dos grandes centros

urbanos.

A construção de novas vias

rápidas alterou um pouco esse

panorama…

alterou-se um pouco a facilidade

de acessibilidade a zonas impor-

tantes. mas o ca, não só tem uma

representação muito grande ao

longo da faixa costeira (o que é

normal face à importância dessa

zona no contexto da actividade

económica geral), mas também

tem uma representação bastante

densa no resto do país, mesmo

nas zonas menos urbanas e mais

rurais. Se analisarmos o que as

restantes instituições financeiras e

grupos financeiros fazem, ou seja,

normalmente captam as poupan-

ças geradas no interior canalizan-

do-as para as faixas costeiras ou

os grandes centros urbanos, as

caixas, como têm a sua área de

acção nas comunidades onde ope-

ram, é para elas que destinam as

poupanças que lá são geradas. ou

seja, o ca dá um contributo ímpar

ao desenvolvimento económico e

social do país.

Neste contexto de crise, qual

será o papel do CA?

É um papel muito importante. por

um lado, o ca não se debate com

muitos dos problemas que afectam

a restante banca. tem liquidez,

apresenta uma situação de grande

equilíbrio – posso dizer-lhe que no

primeiro semestre deste ano os

resultados atingiram os 30 milhões

de euros de lucros, o que corres-

pondem a uma subida de mais de

50 por cento dos números alcan-

çados no período homólogo do

ano passado. portanto, é a única

instituição bancária cujos resul-

tados estão a crescer, reflectindo

essa realidade muito especial de

que há pouco falei. ao contrário

dos outros bancos, estes lucros

ficam nas próprias instituições

locais, vão fortalecer a sua situa-

ção patrimonial e vão dar margem

acrescida para continuar a apoiar

o desenvolvimento económico e

social nas diversas localidades.

Sendo organizações cooperati-

vas, o lucro não é o seu objectivo

primordial. o ca integra-se na

chamada economia social dada a

sua base de cooperativas.

Um pouco à imagem do que

aconteceu na Europa nos anos

noventa…

exactamente. Surgiram inicial-

mente para apoiar as zonas mais

rurais. por uma razão histórica: a

banca tradicional aparece funda-

mentalmente nos centros urbanos

para apoiar as classes médias

ligadas às actividades comerciais

e industriais, em particular, o de-

senvolvimento industrial nascente

e menos para apoiar as zonas

rurais e as actividades agrícolas.

por isso, nos diferentes países a

resposta destes últimos sectores

foi fazer surgir estes movimentos

cooperativos, destinados ao apoio

ao desenvolvimento económico e

social, das zonas rurais.

Uma situação que se alterou na

actualidade?

Hoje o crédito agrícola desen-

volve a sua actividade em todos

os sectores de actividade, não se

confina ao sector primário: abran-

ge pequenos e médios comercian-

tes e actividades industriais, em

particular os pequenos e mé-

dios negócios. mas hoje em dia,

através da caixa central, opera

também com os grandes grupos

económicos. ou seja, tem uma

actividade transversal ao próprio

tecido económico e social sem no

entanto perder a sua génese.

O logótipo do CA é uma árvore

estilizada cujas raízes apontam

para o céu. Qual poderá ser o

futuro da instituição? Há novas

áreas de intervenção? ➤

Page 30: Diplomática n.º 12

30 • Diplomática - fevereiro 2012

Perfil

O prof. João costa pinto, 65 anos de idade, é licenciado em economia pela

faculdade de economia do porto, professor convidado do iSeG, iScte e

Universidade católica. foi vice-governador do banco de portugal e consultor

da administração, presidente do ca do banco Nacional Ultramarino, do bci e é

actualmente membro do ca da associação empresarial de portugal e membro

da Direcção da cip (confederação empresarial de portugal). foi membro do

comité monetário da comunidade europeia em bruxelas e integrou o comité de

alternates do comité de Governadores dos bancos centrais europeus.

condecorado pelo presidente da república com a medalha de Grande oficial da

ordem do infante, na sequência das funções que exerceu como Secretário de

estado adjunto para a economia e finanças do Governo de macau. ■

“O CA integra-se na chamada economia social dada a

sua base de cooperativas”

Costa Pinto

Page 31: Diplomática n.º 12

31fevereiro 2012 - Diplomática •

➤ Essa questão do logótipo é inte-

ressante. Se formos ver a sua evo-

lução desde as origens do ca, vai

reflectindo a imagem das novas

etapas e desafios com que a ins-

tituição se tem confrontado, sem

perder a sua ligação às origens.

essa árvore estilizada aponta para

a modernização, para a respos-

ta às necessidades das novas

gerações. Se não fosse assim, o

crédito agrícola arriscava-se a

perder o seu nicho de mercado, a

sua ligação à sociedade. o grande

desafio da instituição nos dias de

hoje é o mesmo de há trinta anos

atrás: modernizar-se, reorganizar-

se, adaptar-se às novas gerações

e aos seus anseios, sem perder

essa ligação às comunidades onde

teve a sua origem. Dou-lhe um

exemplo: o ca está agora a apos-

tar nas novas tecnologias. como

é que podemos implementar essa

estratégia sem pôr em causa a tal

banca de proximidade que é uma

das suas marcas de origem? Não

é fácil e essa questão tem motiva-

do várias discussões internas, pois

o que deve prevalecer deve ser

essa característica ímpar que nos

deve diferenciar dos outros bancos

– banca de proximidade.

A internacionalização, ou seja, a

procura de mercados externos,

não se enquadra nos futuros

objectivos da instituição?

o ca tem sido até aqui uma

organização doméstica. É um

dos principais grupos financeiros

portugueses e, de facto, começa

a olhar para o exterior. Desenvol-

vemos alguns contactos nesse

sentido, privilegiando os países

de expressão portuguesa. temos

uma representação em cabo ver-

de, uma participação no capital de

um grupo espanhol, e começamos

a olhar para o brasil. olhamos

para outros mercados do exte-

rior, tendo sempre presente que a

actual crise financeira aconselha

prudência.

E no que respeita à presença

do banco junto das comunida-

des portuguesas espalhadas

pelo Mundo, particularmente na

Europa?

o crédito agrícola está presen-

te junto das mesmas. tem uma

equipa de representantes a traba-

lhar permanentemente junto das

comunidades portuguesas com

presença forte em países euro-

peus, como acontece na frança e

no luxemburgo. exactamente por-

que lhes atribuímos grande impor-

tância. os emigrantes sabem que

existem dependências da institui-

ção nas suas terras de origem em

portugal e o ca surge assim como

um veículo natural que utilizam

com regularidade para os seus

contactos.e se formos a olhar

para a evolução das remessas dos

emigrantes nos últimos anos, que

decresceram substancialmente na

última década, no ca elas mantêm

uma grande regularidade.

Precisamente, há que saber

aproveitar esse grande potencial

das comunidades portuguesas

espalhadas pelo Mundo…

concordo. essa Diáspora portu-

guesa nunca foi suficientemente

aproveitada. houve algumas tenta-

tivas ténues…

A diplomacia económica deve

ser intensificada?

É crucial. Num país como portu-

gal, que não tem veleidades em

ser uma potencia político – militar,

a diplomacia pode dar um contri-

buto inigualável no contacto entre

os empresários portugueses e os

interesses económicos dos países

onde prestam serviço. há nações

que têm tirado muito mais partido

dessa diplomacia económica do

que nós. cada vez mais, a procura

de oportunidades para um país

com a dimensão portuguesa é de

uma extraordinária importância.

Como vê a actual situação eco-

nómica do país? A crise vai pas-

sar daqui a poucos anos, como

prevê o actual primeiro ministro

Passos Coelho?

eu sou um optimista por natureza.

portugal já enfrentou outro tipo de

dificuldades muito grandes, que

sempre soube ultrapassar. a gran-

de questão deste momento é que

a resolução de uma parte substan-

cial das dificuldades que enfrenta-

mos não depende só de nós. há

muito tempo que o país vivia na

grande ilusão de que era possível

atingir níveis de bem estar pró-

ximos da média europeia. não

somos nós os únicos culpados,

induziram-nos a isso pelas pró-

prias condições em que a europa

e a zona euro foram criadas. va-

mos ter de corrigir hábitos, haverá

sacrifícios a fazer. por outro lado,

uma parte das dificuldades que

enfrentamos decorre de problemas

enfrentados pela europa como um

todo. Só podemos desejar que os

líderes dos principais países euro-

peus tenham a visão e a capacida-

de de encontrar saídas de forma a

preservar este grande projecto da

integração europeia.

Há quem defenda que devemos

sair do Euro…

a saída de portugal do euro teria

consequências tão graves que

nem se deve de facto colocar.

Devemos tentar resolver os nos-

sos problemas integrados neste

grande clube que é a união mone-

tária europeia. a europa tem de

encontrar soluções para a crise,

criando novas formas de organi-

zação institucional e até políticas,

agindo como um todo, em áreas

que têm de ser coordenadas,

como é o caso da área fiscal. Se

não o fizer, esse grande projecto

europeu pode correr o risco de se

desagregar. ■

Page 32: Diplomática n.º 12

32 • Diplomática - fevereiro 2012

EuropeWhere do we go from here?

Europe appears today as a wounded continent,

reeling under excessive debt, burdened by

stagnant economies on the brink of recession,

suffering from high unemployment expected to

go only higher, risking a possible break-up of the

eurozone, becoming increasingly trivial in the

world, its leaders seemingly unable to put forth a

credible plan to get us out of this mess.

is europe going to be able to survive? Do we

have any grounds for optimism?

let us briefly review recent history: to end

forever the possibility of another devastating

european war, the remarkable generation of

founding leaders: monnet, Schuman, de Gasperi,

Spaak, adenauer, put forward the concept of a

european Union. but of course it was impossible

to expect french, Germans, italians, and others,

to suddenly accept a shift of allegiance from their

individual nations States to that of a politically

unified europe.

So while planting the ideal of political union,

they moved forward with smaller - although

still very bold - concrete steps, first with the

integration of the coal and steel industries, both

critical to any war effort, evolving to a common

market of goods and people, and then to the

creation of a common currency. in parallel,

an institutional and bureaucratic framework

was created: the european commission, the

european parliament, the court of Justice and

the european central bank.

i have always suspected that the original

founders knew very well that they had created

a contradiction, that it was impossible to arrive

at industrial, economic, financial and monetary

union without a large degree of political union,

and that they understood that such a truth

could not be openly admitted. they expected

and hoped that the process they had put into

play, and the idealistic underpinnings they had

given it, would bring about a gradual shift in

sovereignty from each independent nation to the

federation, the logical outcome of which would

one day be true political union.

to a large degree, their gamble worked. over

the past 60 years, europe has become more

integrated, with occasional, idealistically-driven

large leaps forward, but more typically, smaller

steps contributing to a growing integration and a

gradual shift in certain powers from each national

capital to the central bureaucracy. meantime, the

idealistic beacon of a United europe attracted ➤

patrick Siegler-lathrop is a french-american consultant living in

portugal, with a more than 30-year career as a Wall Street investment

banker, entrepreneur, industrialist and professor, having taught at

iNSeaD and paris University, Dauphine. He is a founding member of

the international NGo action contre la faim.

eConoMia & Finanças

(* the opinions expressed herein are those of the author, and do

not necessarily represent those of Diplomatica)

(* as opiniões expressas aqui são de responsabilidade do autor

e não representam necessariamente as da Diplomática.)

Page 33: Diplomática n.º 12

33fevereiro 2012 - Diplomática •

➤ more and more countries, which if they met

certain criteria were not refused entry, to bring the

current membership to an unwieldy 27 countries.

but the process itself contained the seeds of

its own weakness - the unresolved conflict

between national interest and the interests of the

community. Such tension is natural in federal

structures, but in the case of europe, the official

message was that power remained totally with

independent national governments, while the

reality of building a union required transferring

power to the center.

in addition, the indirect approach to european

integration generated a bureaucratic, bottom-up

system, with the central bureaucracy, defenders

of a common objective, proposing new steps

forward, often entering into conflict with individual

governments, each seeking to defend its own

interests.

Such a process led to repeated crises, the

more so when additional countries joined, but

the idealistic drive was strong enough for the

politicians to overcome most crises, so europe

advanced when major political steps forward

were taken, while in parallel it moved gradually

towards integration through the bureaucracy.

but the people of europe were left out of the

process. i believe european leaders made a

huge marketing mistake, not to have much more

actively “sold” the benefits of the union to their

electorate, not to have sufficiently invested

in the political idea of europe. one need only

attend soccer matches between national teams

to note that decades of european Union have

done nothing to lessen fierce nationalism. most

europeans do not understand the contribution

european integration has made to their

wellbeing, they feel estranged from the european

bureaucracy, uninterested in the process,

attached to their national identity and less and

less willing to sacrifice national interests for the

common good.

the ideal of european Union appears to have

lost much of its luster, and as always in times of

hardship, such as we are currently experiencing,

ideals become even less relevant.

So where does this leave us with the euro? its

creation was one of the boldest political steps

in recent history, much more than a monetary

project, a huge step forward in the integration of

the economies of 16 eurozone countries, a clear

precursor to political integration. but at the time

of its creation, and we return to the fundamental

contradiction, certain basic elements of

economics were ignored.

as now appears clear with 20-20 hindsight, for a

monetary union to work, you must have a central

bank with the power to monitor the banking

system and to provide liquidity when required, and

- in a region with such disparate economies as

the eurozone - internal adjustment mechanisms

to compensate for radically different economic

performance from one region to the other.

putting into place such mechanisms at the

creation of the euro in 1999 would have

represented an unacceptable transfer of

sovereignty to a central authority, and it was

inconsistent with the grand bargain entered into

with Germany. to overcome German reluctance

to abandoning the rock-solid Deutschemark,

Germany insisted that the european central

bank (“ecb”) be exactly mirrored after the

bundesbank, operating independently of any

political influence, with an overriding objective to

control inflation - reflecting Germany’s excessive

fear of inflation borne of its experience between

the two World Wars - without providing for

unifying mechanisms to provide liquidity and

adjustment procedures.

Up until recently, the euro has been a

resounding success, perceived by markets as

virtually as solid as the Deutschemark, with all

eurozone countries able to borrow in euros at

attractive, low interest rates, and the currency

has grown in value relative to the dollar since

early 2002. Germany benefitted from the strong

euro, but many other countries of europe saw

their international competiveness decline.

the subprime crisis in 2008, bringing increased

vulnerability and volatility in financial markets,

revealed the weakness of certain european

countries, leading to the Greek crisis, a maelstrom

of market turbulence and contagious spreading

initially to portugal and ireland, and more recently ➤

Page 34: Diplomática n.º 12

34 • Diplomática - fevereiro 2012

➤ to italy, Spain and france, jeopardizing the very

existence of the euro and threatening the whole

extraordinary european experiment.

because of the German-inspired constraints

imposed since the creation of the euro and an

unwillingness to recognize the extent of the

problems, europe, and particularly the ecb,

has not had the tools - or has not been willing to

utilized them - to deal adequately with the crisis.

is the euro really worth saving? Some argue that

Greece and portugal would be better off with

their own currencies, they could then devalue,

providing a difficult but not impossible path to

regaining international competitiveness. others

defend the idea that Germany would also be

better off outside the euro, no longer having to

support the burden of weaker euro countries.

the situation, in early november, 2011, appears

dire: there is no mechanism for a country to leave

the euro, yet markets may make it impossible

for countries to finance themselves, leading

to the fear that the eurozone will break up in

chaos, with negative repercussions on the entire

international banking and financing system,

possibly triggering a worldwide depression.

What is clear is that markets will not accept

that the eurozone remain where it is: either it

must create a mechanism to permit countries to

leave the euro, at considerable risk of chaos,

or provide the support to allow all eurozone

members to go forward together, requiring huge

sacrifices by all parties. the choice is between

two unattractive alternatives.

i am convinced that in the current mess, we

should go forward, to save the euro. Why? to

stave off likely chaotic consequences to the

world economy would be reason enough, but an

even more important reasons is to avoid, with the

break-up of the eurozone, a huge step backward

in the process of european integration, which

could lead to unwinding much of what has been

accomplished to date. this could jeopardize

europe’s prosperity, and possibly encourage

even more dangerous political consequences,

such as the rise in europe of nationalistic,

populist regimes, echoing the history of europe

between the two World Wars.

the decisions we face today clearly go beyond

the survival of the euro. at issue is the future

course of europe.

the tools are there to save the euro, and there

is general consensus among commentators that

what is needed is a combination of:

Debt relief for the small number of countries

which are not solvent, including Greece,

financing for countries which are clearly solvent

but temporarily unable to obtain market funding

at acceptable rates (italy, Spain, perhaps

france) or alternatively a funding mechanism

to purchase country debt to insure that interest

rates remain reasonable,

a common banking supervisory system, support

for, and higher capital levels, for banks, especially

those fragilized by sovereign debt holdings,

a credible path to adjust long-term imbalances,

meaning concrete steps to:

reduce or eliminate Government deficits,

improve international competitiveness for so-

called weaker economies, including reducing unit

labor costs,

provide a system, by the creation of a regulatory

authority, to impose fiscal solidarity and

discipline.

this will require sacrifices from everyone, not just

the so-called weaker countries, as adjustment is

not a one-way street: if portugal is to sell more

outside its borders, someone, no doubt including,

Germany has to buy more portuguese exports.

Governments have to spend less, providing lower

levels of social benefits. banks, which have

taken on too much risk, must share the pain.

the ecb must have a less tight monetary policy.

new investments must be made where they are

most needed. and everyone must accept deeper

financial integration, and a larger transfer of

sovereignty to europe, than originally envisioned.

recent success has made Germany more

confident, at the risk of feeling superior and

condemning higher deficit countries of europe.

exactly the opposite is required. the euro, and

the european experience, needs strong and wise

leadership at this time, particularly from Germany.

once the immediate crisis is passed, europe

needs leaders willing to embrace again the ideal

of a european community, to revitalize their

electorate away from narrow nationalism to the

larger europe, regaining its vigor and influence.

Do eurozone leaders and their Governments have

the ability and political will to make the sacrifices

necessary to save the euro, and to revitalize

europe?

i certainly hope so. ■

EuropeWhere do we go from here?

Page 35: Diplomática n.º 12
Page 36: Diplomática n.º 12

36 • Diplomática - fevereiro 2012

O Hotel altis belém & Spa de lisboa

foi o local escolhido pelo embaixador

da Suécia bengt lundborg para dar

a conhecer melhor a todos os seus

convidados algumas marcas que

tanto na Suécia quanto a nível inter-

nacional são líderes nas respectivas

áreas.

com a beleza do tejo como cenário,

e numa altura em que a Suécia volta

a estar sob as luzes da ribalta devido

à entrega dos prémios nobel, o

embaixador dirigiu-se aos presentes

anunciando que em maio do próximo

ano as equipas da volvo race team

cruzarão nos seus veleiros as águas

que banham a capital lisboeta. em

seguida falou um pouco das princi-

pais marcas suecas com implantação

e sucesso em portugal, a saber, a

volvo e o Grupo auto Sueco, a Sony

ericsson e a oriflame.

a auto Sueco, instalada há 70 anos

no nosso país é o maior cliente da ➤

Suéciapátria de marcas de excelência

1 2 3

4 5 6

7

1. embaixador da Suecia, bengt lundborg 2. embaixatriz de lituania, Janina rimkunniené e embaixador da estonia 3. lénia Godinho

lopes e hans Jurgen nissen 4. Sophia reutenberg, christina Gillies and maria da luz de bragança 5. Ulla elfenkaemper e Nadine Sch-

mit-Konsbruck 6. embaixadores do iraque e dos emiratos arabes Unidos 7. embaixadores dos paises baixos Hendrik e da Dinamarca

traDes

Page 37: Diplomática n.º 12

37fevereiro 2012 - Diplomática •

8. maria luz de bragança, Hans Jurgen Nissen, christina Gillies e benn lehse 9. embaixador da alemanha

com o embaixador bernhard Wrabetz 10. embaixador da moldávia com seu filho 11. embaixador da argen-

tina, Jorge farie com maria luz de bragança 12. ilona Stael thykier, christina Gillies e a embaixatriz Jane

lundborg

➤ marca volvo, sendo que é a partir de

portugal que muitos outros mercados

recepcionam os seus veículos volvo.

Já no âmbito das telecomunicações a

Sony ericcson, com uma história de

mais de 100 anos é incontornável, tal

como os cosméticos oriflame que são

distribuídos apenas no nosso país por

mais de 35 000 vendedoras.

por último, o realce recaiu sobre

um importante número: os 55 000

funcionários a que as companhias

suecas dão trabalho em portugal. Já

no tocante à gastronomia, o sucesso

de chefs e restaurantes nórdicos não

deixou também de ser mencionado

em particular face à referência das

medalhas no certame bocuse d’or

arrebatados, respectivamente, pela

Dinamarca, ouro, Suécia, prata e

noruega, bronze. o evento terminou

com os acepipes preparados pelo

chef magnus viksten e ao som da

jovem estrela sueca anna ihlis. ■

8 9

10 11 12

fotos: roman buzutt

Page 38: Diplomática n.º 12

38 • Diplomática - fevereiro 2012

New Era for EU and KoreaThe EU-Korea FTA in force as of 1 July 2011by Kang Dae-hyun, ambassador of the republic of Korea

In 1487, a portuguese expedition, led by bartolomeu Dias,

had sailed far south when a violent storm drove it well away

from the coast. When he sighted land again, he found it ran

east, not south - at last, a portuguese navigator had circled

the southern cape of the vast african continent. this way lay

the long-sought sea route to the indies (in Portugal - a Companion History

written by José Hermano Saraiva).

it has been 5 months since the eU’s free trade agreement (fta) with

the republic of Korea took effect on 1 July this year. this agreement is

the most comprehensive and ambitious trade deal the eU and Korea have

ever made, and it is praised as an agreement that will generate mutual

economic benefits and offer enormous business opportunities to both the

eU and Korea.

New Opportunities for growth and Development

the benefits of the eU-Korea fta come first from the elimination of tariffs, as

nearly all tariffs will be eliminated on both sides in 7 years and already more

than 90% of tariffs were immediately removed when the fta came into force

on July 1st this year.

above all, the eU-Korea fta is unique because it removes not only tariffs

but also non-tariff trade barriers such as standards or rules that have created

obstacles for companies on both sides to fully develop their business

opportunities in each others’ markets. according to a press release by the

Swedish trade council in april, a study indicated that Swedish exports

to Korea have the potential to increase by 60-80%. of course, european

consumers can have access to a bigger choice of cheaper goods and

services through this fta.

the european commission also released the 10 benefits for the eU through

this fta such as protection of intellectual property rights, strong competition

rules and so on. Now, it is indisputable that with this fta, the distance

between the two markets - eU and Korea - will be drastically shortened, and

thus contribute greatly to common prosperity.

It is time to see korea as an attractive and critical market in Asia

anyone in the eU might raise the question - can we get real results from a

fta with Korea, such a small country in the far east?

it is true that Korea is a small country in terms of territory. however, when it

comes to its status in the world economy, it is a different story. Korea is the

11th largest economy in the world, with an annual GDp of about uSD 1 trillion

in 2010. Korea’s dynamic economy recorded an average annual growth rate

of 3.5% between 2007 and 2010. in the whirl of the global recession, Korea

was one of the three members of the oecD that marked a positive growth in

2009. moreover, Korea’s GDp expanded to 0.2% in 2009 and 6.1% in 2010,

proving its resilient economy. ➤

traDes

Page 39: Diplomática n.º 12

39fevereiro 2012 - Diplomática •

➤ Korea’s strategic location can be used as a springboard to larger markets in its

neighbourhood; there are 43 cities with a population of over 1 million people in

North-east asia, within a flying distance of 3 hours or less from Seoul. in addition,

Korea has its own market of 50 million consumers, acknowledged as one of the

best test markets in the world.

regarding trade volume, Korea is the eU’s 4th largest trading partner, and the eU is

Korea’s 2nd largest trading partner only after china, with a two-way trade volume that

reached almost USD 100 billion in 2008. but also, the eU is the number one foreign

investor in Korea with an accumulative stock valued at USD 59.7 billion in 2010. this

is why the eU invited Korea to be the first-ever asian country to conclude a fta. ➤

Page 40: Diplomática n.º 12

40 • Diplomática - fevereiro 2012

the eU-Korea fta is a new beginning for the future. Well begun is only half

done, and the first half was shaping, embodying and putting in place this

agreement. now, the remaining half to lead us to a new future should be

completed not only by the governments but also by the business circles of the

eU and Korea. in order to utilise this fta to its fullest extent, all of us should

carry out a continuous quest in search of ways to benefit even more from this

agreement.

almost 500 years ago, as a great portuguese navigator found the way to the

east in a violent storm, it is sincerely hoped that portugal and the other eU

member countries will make a breakthrough and emerge from recession by

taking advantage of the eU-Korea fta. and last but not least, the Korean

embassy in lisbon will always remain a true friend to the people who wish

to have a business opportunity with Korea and make the best use of the

embassy as a gateway to Korea. ■

➤ EU-korea FTA - a milestone on the way towards a better future

by lowering tariffs, harmonizing regulatory rules, and enhancing ipr

protection, the eU-Korea fta will create substantial export opportunities for

the manufacturers, service providers, investors and farmers of the eU.

considering that Korea’s average tariff level reached 12.2% in 2008, this

fta will relieve eU exporters of a substantial portion of the customs duties

paid annually, thereby strengthening their competitive positions in the Korean

market.

the eU-Korea fta also establishes firm principles on non-tariff measures in

sectors of eU’s interest, where international and european standards will be

recognized as equivalent to Korean domestic standards. as non-tariff measures

are not fully covered by the multilateral trade regime, having addressed them

in the eU-Korea fta is expected to bring significant value to eU business,

especially to eU’s Smes doing business with Korea.

New Era for EU and Korea

Page 41: Diplomática n.º 12

41fevereiro 2012 - Diplomática •

Pavel Petrovskiy - Embaixador da Federação da Rússia

Durante últimos anos na comunidade mundial de

especialistas prediziam um “desgelo árabe” como

“transformações democráticas doseadas” que se

impuseram nos países da áfrica do Norte com os

regimes autoritários. porém, ninguém podia predizer

uma “primavera árabe” tão tempestuosa no início

de 2011. a “primavera” chegou impetuosamente,

lembrando em algo cheias primaveris dos rios nos

países do norte quando, por causa de neve se der-

reter depressa, as correntes fortes de água saem do

leito do rio, varrendo tudo a caminho. como resulta-

do, tanto no oriente árabe, como no norte da áfrica

criou-se uma situação geopolítica absolutamente

nova. a olhos vistos começou a ser destruída a tese

antiga segundo a qual os árabes são politicamente

passivos e não têm capacidade para a democracia.

poucos especialistas podiam prever uma “cheia”

de grandes proporções que afectou toda a região e

antes de mais os estados com os regimes autoritá-

rios “de cimento armado” – tunísia, egipto e líbia.

os seus líderes, não tendo conseguido opor nada

às manifestações de rua, viram-se um após outro

levados pela onda da ira do povo. vou sublinhar um

facto paradoxal: menos sensíveis ao efeito de domi-

O que segue a “Primavera Árabe”?

nó nos países árabes foram os regimes monárqui-

cos (Jordânia, marrocos, arábia Saudita), embora o

“despertar primaveril” também se note lá.

a juventude árabe desempenha um papel activo nas

grandes manifestações de rua. isto não acontece

por acaso, pois durante muitos anos ela estava de

facto privada da expressão livre de vontade e do

acesso aos meios de comunicação social dissiden-

tes, afastada de processos políticos, em particular

não tinha uma possibilidade real de eleger os seus

dirigentes. a geração inteira de jovens em líbia,

egipto, iémen, tunísia não conheciam outro líder

além de muammar Kadhafi, hosni mubarak, ali

abdullah Saleh, zine el abidine ben ali. É mesmo

a este material humano “explosivo” que na altura

apontaram os especialistas, profetizando as mudan-

ças. nisto a análise da situação deles viu-se certa.

assim, a “primavera árabe” não é o resultado duma

“conspiração externa” ou de “intrigas de forças

clandestinas”, mas sim um despertar espontâneo da

sociedade que ficou cansada da estagnação política

e das ideias do carácter arcaico.

ultimamente a atenção principal da comunidade interna-

cional tem sido focada em dois países – líbia e Síria. ➤

espaço DiploMátiCo

Page 42: Diplomática n.º 12

42 • Diplomática - fevereiro 2012

➤ em relação à líbia a posição da rússia foi e per-

manece praticamente inalterada. apoiamos o princí-

pio de inadmissibilidade da violência e a necessida-

de de garantir a segurança da população civil neste

país e respeitar os direitos humanos. infelizmente,

como foi repetidamente salientado pelo ministro dos

Negócios estrangeiros da rússia Sergey lavrov,

o que está a acontecer neste país, não nos pode

satisfazer. a tarefa principal proclamada pelo con-

selho da Segurança da onu reside na protecção

da população civil, porem as pessoas continuam a

morrer, e os combates também continuam.

o conselho nacional de transição deve aprender

as lições positivas da história. Se desejarem, os

seus líderes poderiam seguir o exemplo da revo-

lução dos cravos de 1974 em portugal quando o

regime autoritário foi substituído e chegaram as

pessoas que tinham por objectivo a tarefa de recon-

ciliar e unir a sociedade portuguesa, e não dividi-la

em “democratas” e “retrógrados”, em “vencedores”

e “perdedores”. É importante os novos líderes da

líbia, que chegaram ao poder na crista da onda

democrática, não cederem à tentação de atribuir

à vingança pelas ofensas do passado a categoria

da política nacional a longo prazo. Neste contexto

acredito que as forças políticas e étnicas, as tribos

que representaram o ex-líderes da líbia não devem

ser submetidas ao ostracismo total. eles fazem par-

te do povo líbio e podem pretender ao direito de ser

uma parte do processo da reconciliação nacional.

nós colaboramos cada vez mais activamente com

as novas autoridades líbias. o nosso país estabele-

ceu e mantém as relações diplomáticas com a líbia

desde 4 de Setembro de 1955 e nunca as interrom-

peu independentemente daquilo que governo estava

no poder em trípoli. a federação da rússia reco-

nheceu o conselho nacional de transição como

o poder actual e deu o devido valor ao programa

anunciado de reformas. há pouco os representan-

tes do conselho nacional de transição visitaram

moscovo. no decorrer das conversações mantidas

com a parte líbia foi revelado o interesse em esta-

belecer a colaboração comercial mutuamente van-

tajosa, inclusive na área energética. e nós partimos

do princípio que os acordos assinados antes entre

a rússia e a líbia e outras obrigações recíprocas

das partes continuam a estar em vigor nas relações

entre os dois estados e serão cumpridos conscien-

ciosamente.

No que respeita a Síria, a situação em redor deste

país-chave da região está a aquecer e torna-se peri-

gosa. ainda em 22-23 de agosto do ano em curso

no decorrer da sessão especial do conselho da

onu para os direitos humanos a delegação russa

manifestou a sua preocupação séria em relação

a violação dos direitos humanos neste país – a

morte dos civis, militares e funcionários dos ór-

gãos policiais - apelando acelerar a implementação

das transformações politicas e económico-sociais

amadurecidas. ao mesmo tempo representantes

da rússia pronunciaram-se firmemente a favor da

solução da situação na Síria pelo próprios sírios na

base do dialogo nacional sem qualquer ingerência

externa. a delegação da rússia reafirmou a sua po-

sição principal - contra a utilização dos mecanismos

da defesa dos direitos humanos a fim de intervir nos

assuntos internos do país e alcançar os objectivos

políticos o que é incompatível com as normas do

direito internacional.

ao falar da Síria, todos, antes de mais, devem par-

tir dos interesses do povo sírio. É exatamente este

princípio que o presidente da rússia Dmitriy med-

vedev tem destacado nas entrevistas aos meios de

comunicação social russos e estrangeiros. os civis

não se devem tornar vítimas inocentes. a comuni-

dade internacional deve exigir de todas as partes do

conflito respeitar os direitos humanos e o direito ➤

O Conselho Nacional de Transição deve

aprender as lições positivas da história. Se

desejarem, os seus líderes poderiam se-

guir o exemplo da Revolução dos Cravos de

1974 em Portugal

Pavel Petrovskiy

Page 43: Diplomática n.º 12

43fevereiro 2012 - Diplomática •

➤ humanitário internacional. a maior exigência a

todas as partes envolvidas é começar imediata-

mente o diálogo. induzimos activamente o pre-

sidente assad que seja mais atento e sensível

às expectativas da população. e apesar de não

ser tão célere como desejaríamos, assad está

a propor passos concretos virados à solução de

antigos problemas do país: introdução de multi-

partidarismo, liberdade de imprensa, preparação

de nova constituição e nova lei eleitoral. Se as

forças de oposição na Síria não concordarem com

o conteúdo de algumas reformas sugeridas pelo

presidente assad, devem discutir isto à mesa de

negociações em vez de rejeitar infundadamente

o teor e a agenda das transformações traçadas.

É pouco provável que a substituição do regime à

força possa levar aos avanços significativos na

área humanitária, económica ou social naquele

país. Não se deve excluir neste caso o aumento

de desilusão e insatisfação da população, o que

pode ser bem aproveitado por forças extremistas.

nas condições de desintegração das estruturas

tradicionais do poder, a chegada ao poder de fun-

damentalistas religiosos não é uma ameaça fútil,

sendo as suas consequências negativas óbvias a

todos.

De facto hoje a questão principal que preocupa a

todos, inclusive à rússia, é o que se seguirá a “pri-

mavera árabe”. infelizmente, não há uma resposta

simples. È possível prever apenas uma coisa – os

fundamentos democráticos do mundo árabe não

serão criados de noite para o dia. a democracia

deve amadurecer. como diz a sabedoria oriental:

mesmo juntando nove mulheres grávidas, a criança

não nascerá em um mês. obviamente o período de

transição do regime autoritário à democracia será

bastante longo e talvez complicado.

para garantir o sucesso no egipto, na líbia e nou-

tros países é preciso criar, além de mais, as leis

que funcionam, as instituições democráticas, os

partidos, a imprensa livre, bem como as eleições

livres de quaisquer constrangimentos. mas estes

são apenas os instrumentos de transformação e não

o objectivo final. a minha experiencia de trabalho

na áfrica sugere que há mais uma coisa importan-

te - mudar gradualmente a mentalidade do povo de

acordo com as imposições do tempo. pois, as boas

tradições e experiencias seculares acumuladas, as

particularidades do modo económico, crenças reli-

giosas e a identidade étnica e muitas outras coisas

começam a agir de modo frutífero só quando as

pessoas livremente das pressões externas pude-

rem fazer a sua opção – confiar ou não no sistema

politico, participar ou não nele, consentir nos seus

slogans ou rejeita-los.

podemos também prever que a vida de jovens

democracias árabes seria saturada de rivalidades

entre tribos, clãs e agrupamentos envolvidos na

luta pelo poder e pela influência sobre a sociedade.

Se não regular tais rivalidades, seriam inevitáveis

os conflitos agudos e confrontos internos. É neces-

sário acalmar agitação de paixões e interesses e

para este fim servem as eleições, o poder da lei e

também a sociedade civil com uma forte e efectiva

ligação recíproca entre o povo e os novos dirigen-

tes. Durante muito tempo tal ligação em egipto,

iémen, líbia e nos outros países estava obstruída

ou mesmo ausente.

resumindo acima referido quero sublinhar que

hoje em dia o mundo árabe encontra-se nas águas

turbulentas engendradas pela “primavera árabe”.

agora como disse duma maneira metafórica há

pouco tempo atras presidente Dmitriy medvedev,

apelando aos participantes das transformações

democráticas na áfrica de Norte: “vocês acabaram

de entrar no rio encapelado. não percam de vista a

costa oposta”. ■

Para garantir o sucesso no Egipto, na Líbia

e noutros países é preciso criar, além de

mais, as leis que funcionam, as instituições

democráticas, os partidos, a imprensa livre,

bem como as eleições livres de quaisquer

constrangimentos

Page 44: Diplomática n.º 12

44 • Diplomática - fevereiro 2012

Os actuais desenvolvimentos no norte de áfrica,

a crise financeira na europa e o crescente peso

económico e político da américa latina demons-

tram, acima de tudo, que o mundo de hoje se

apresenta em mudança permanente. estas mu-

danças exigem, por um lado, esforços laboriosos,

mas, por outro, oferecem grandes oportunidades.

isto também vale para as relações da alemanha

com os países de áfrica e da américa latina. a

alemanha pretende tirar partido destas oportuni-

dades e enfrentar estes desafios, através de uma

política de parceria, que também se insere sem-

pre nas relações da europa com os respectivos

países.

a nossa política, tanto em relação a áfrica como

à américa latina, assenta sobre novas bases

conceptuais, apresentadas pelo nosso ministro

dos Negócios estrangeiros ao público alemão

nos dois últimos anos. o ponto de partida foi, em

ambos os casos, a ideia de valores comuns. os

acontecimentos da mais recente história africa-

na provaram, de forma imponente, que o desejo

de democracia, da existência de um estado de

Direito e do respeito pelos direitos humanos não

Europa, África, América Latina: parceiros de confiança, novas condições, valores e interesses comuns

Helmut Elfenkämper - Embaixador da Alemanhã

são apenas características próprias dos estados

„ocidentais“. Um número crescente de estados

africanos é conduzido por governos conscien-

tes das suas responsabilidades, após eleições

democráticas e uma mudança de governo pacífi-

ca, e controlado por uma sociedade civil activa.

também na américa latina, o compromisso com

os valores referidos e a aspiração a uma ordem

mundial segura, orientada de forma multilateral,

é um pilar fundamental da política largamente

reconhecido.

a alemanha vê a áfrica como um continente

repleto de oportunidades. no entanto, a taxa de

crescimento da economia africana - cerca de 6% ➤

espaço DiploMátiCo

Page 45: Diplomática n.º 12

45fevereiro 2012 - Diplomática •

➤ ao ano desde a viragem do milénio - não deve

dar origem a equívocos, dado que nenhum ou-

tro continente se encontra perante desafios tão

grandes como a áfrica. a alemanha aspira a uma

pareceria em pé de igualdade, através da qual

também possa cumprir com a sua responsabili-

dade em relação ao continente. no seu conceito

para áfrica, o governo federal aponta os valores

e interesses da sua política africana em áreas-

chave como a paz e segurança, boa governação,

estado de Direito, democracia e direitos humanos,

economia, clima e ambiente, energia e matérias

primas, assim como desenvolvimento, educação

e investigação. em todas estas áreas deverão

ser fortalecidas a responsabilidade e competên-

cia própria para a resolução de problemas dos

estados e das organizações regionais africanas.

o potencial do desenvolvimento africano deverá

tornar-se visível e tangível, nomeadamente atra-

vés do aprofundamento do trabalho de formação,

com o objectivo de tornar desnecessária a actual

cooperação para o desenvolvimento e converte-la

numa cooperação económica.

a alemanha prossegue o seu conceito para a

américa latina, de forma não menos empenha-

da e igualmente com uma abordagem de forte

incidência na parceria, através do qual pretende

reagir à crescente importância económica e políti-

ca dos estados do subcontinente, dando forma às

relações para o futuro.

um dos pontos principais é o alargamento das

relações económicas. a economia alemã está pre-

sente na região há mais de um século e goza de

uma excelente reputação. a alemanha é, a seguir

à espanha e aos eUa, o terceiro maior investi-

dor na américa latina. É importante continuar a

desenvolver esta história de sucesso.

a alemanha conta igualmente com os parceiros

latino-americanos para a resolução dos proble-

mas globais. Do seu novo peso económico e

político resulta a responsabilidade de enfrentar

em conjunto as dificuldades que a globalização

nos apresenta. a alemanha pretende, assim,

coordenar-se estreitamente com os parceiros

latino-americanos e desenvolver iniciativas co-

muns relativamente aos desafios globais como a

protecção do ambiente e do clima, a luta contra

a criminalidade organizada e as drogas ou as

necessárias reformas da arquitectura financeira

global. o desenvolvimento das nossas relações

com a américa latina insere-se nas relações

europeias com o subcontinente. Um símbolo da

nossa vontade de aprofundar estas relações é a

nova fundação União europeia-américa latina e

caraíbas, com sede em Hamburgo, cuja criação

foi decidida pelo conselho de altos funcionários

da Ue e dos estados da américa latina em Janei-

ro de 2011. a fundação deverá conferir uma nova

dinâmica à cooperação entre a Ue e os estados

latino-americanos e intensificar a parceria entre

a europa e a américa latina a todos os níveis.

Deverá, nomeadamente promover processos de

investigação e apoiar as redes entre as socieda-

des civis dos dois continentes.

É assim enviado de Hamburgo – historicamente

uma porta importante para este subcontinente –

um novo e importante sinal para a cooperação

europa-américa latina. ■

Os acontecimentos da mais recente

história africana provaram, de forma

imponente, que o desejo de democracia,

da existência de um Estado de Direito e

do respeito pelos direitos humanos não

são apenas características próprias dos

Estados „ocidentais“

Page 46: Diplomática n.º 12

46 • Diplomática - fevereiro 2012

Le premier ministre luxembourgeois, Jean-claude

Juncker, devant le parlement européen, a un jour

posé la question: « au fait, quel est le prix d�une

heure de paix ? » il est difficile d’y répondre.

la diplomatie étant l’art d’éviter les conflits armés

voire d’y mettre fin, les grands projets diplomatiques

du XX siècle auxquels le luxembourg a participé,

que ce soit l’oNU, l’otaN ou la communauté eco-

nomique européenne (ci-devant ceca) devenue

plus tard l’Union européenne, ont tous pour objectif

de voir les etats se rapprocher afin d’éviter la guer-

re. Si, d’après le théoricien prussien carl von clau-

sewitz (1780-1831) : « la guerre est le prolongement

de la politique par d’autres moyens », la diplomatie

est un vecteur de paix pour le développement à la

fois économique et social.

c’est dans cet esprit que le luxembourg s’est en-

gagé en tant que membre fondateur dans la cons-

truction européenne, qui représente le plus grand

projet de paix dans l’histoire de l’europe. cet effort

a mené à la fois en direction de son élargissement

qui, finalement, est aussi une garantie de paix, mais

O papel da diplomacia - vector para a paz e desenvolvimento económico e social

aussi son de approfondissement notamment par

la mise en place du marché intérieur et de la mon-

naie unique ou l’euro. Depuis l’entrée en vigueur

du traité de lisbonne, dont l’une des innovations

les plus tangibles a été la mise en place du Service

européen pour l’action extérieure et l’extension des

prérogatives du Haut représentant, les procédures

améliorées permettent aux etats membres de l’Ue

d’agréer leurs positions nationales, renforçant ainsi

leur impact et leur portée. même si l’europe traver-

se des crises, il y a toujours lieu de garder à l’esprit

quelles seraient, dans un monde globalisé et soumis

à l’instantanéité des informations, les marges de

manœuvre et les moyens d’action des uns et des au-

tres. malgré certaines adaptations des dispositions

et des mécanismes, un retour en arrière ne peut être

envisagé.

après la Seconde Guerre mondiale, les etats, qui

ont créé l’onu, dont le Grand-Duché de luxem-

bourg, ont souhaité développer par la coopération

et la diplomatie des stratégies de préparation et de

maintien de la paix. c’est aussi afin de renforcer ➤

Paul Schmit - Embaixador do Luxemburgo

espaço DiploMátiCo

Page 47: Diplomática n.º 12

47fevereiro 2012 - Diplomática •

➤ cette approche que le luxembourg a présenté sa

candidature pour un siège de membre non-perma-

nent du conseil de Sécurité en 2012 -2013.

c’est aussi cette intention qui motive la coopération

luxembourgeoise au développement qui se place

résolument au service de l’éradication de la pauvre-

té, notamment dans les pays les moins avancés.

Ses actions se conçoivent dans l’esprit du dévelo-

ppement durable compris dans ses aspects sociaux,

économiques et environnementaux - avec l’homme,

la femme et l’enfant en son centre.

D’un point de vue géographique, la coopération

luxembourgeoise poursuit, par souci d’efficacité et

d’impact, une politique d’intervention ciblée dans un

nombre restreint de pays partenaires. Six des dix

pays partenaires de la coopération luxembourgeoise

dont le choix est primordialement orienté par l’indice

composite sur le développement humain du pnuD,

se situent en afrique subsaharienne. la coopéra-

tion avec ces pays se distingue par un sens aigu

du partenariat avec les autorités et les collectivités.

cet esprit de partenariat, complété par le souci de

l’appropriation des programmes et projets par les

bénéficiaires, préside à la mise au point de program-

mes pluriannuels de coopération, les pic (program-

mes indicatifs de coopération). la concentration

géographique de la coopération luxembourgeoise

prend en compte l’indice du développement humain

du pnuD ainsi que des considérations relatives à

l’approche régionale et aux situations de fragilité.

en termes d’aide publique au développement (apD),

la coopération luxembourgeoise se place depuis l’an

2000 dans le groupe des cinq pays industrialisés qui

consacrent plus de 0,7 % de leur revenu national

brut à la coopération au développement.

en 2010, l’aide publique au développement (apD)

luxembourgeoise a pour la première fois dépassé

le seuil des 300 millions d’euros, pour s’établir à

304.031.901 euros.

exprimée en pourcentage du revenu national brut

(rNb), l’apD s’est élevée à 1,046% en 2010, alors

qu’en 2009 elle était de 1,11%.

l’apD est mise en œuvre par les instruments de la

coopération bilatérale, de la coopération multilatéra-

le, de l’appui aux programmes et de la coopération

avec les onG de développement.

l’aide publique au développement du luxembourg

comprend par ailleurs un important volet d’action

humanitaire qui permet de répondre primordialement

sous forme d’aide d’urgence en cas de catastrophes

humanitaires, catastrophes naturelles ou conflits vio-

lents. l’action humanitaire comprend également un

volet « prévention » des catastrophes humanitaires

ainsi qu’un volet « transition », entre une catastrophe

humanitaire, la reconstruction et la reprise des activi-

tés de développement.

la politique du luxembourg en matière de coopéra-

tion au développement ou d’action humanitaire se

caractérise par un effort constant et progressif, tant

en quantité qu’en qualité, au bénéfice des popula-

tions les plus démunies. elle est l’expression d’une

solidarité internationale affirmée et confirmée et

constitue en tant que telle un important vecteur de

l’action extérieure du gouvernement du Grand-Duché

de luxembourg.

le développement, qu’il soit économique ou so-

cial, permet de contribuer à davantage de paix et

d’harmonie à travers le monde. la diplomatie luxem-

bourgeoise est consciente qu’elle est appelée à y

contribuer à hauteur des moyens et des réalisations

du pays. ■

Depuis l’entrée en vigueur du Traité de

Lisbonne... les procédures améliorées per-

mettent aux Etats membres de l’UE d’agréer

leurs positions nationales, renforçant ainsi

leur impact et leur portée.

Page 48: Diplomática n.º 12

48 • Diplomática - fevereiro 2012

Valeriu Turea - Embaixador da República da Moldávia

Para cada embaixador, a apresentação das car-

tas credenciais é um acontecimento especial. para

mim, não obstante, a alegria foi dupla, já que o ano

passado, no marco da cerimónia no palácio presi-

dencial, o Sr. presidente aníbal cavaco Silva achou

apropriado falar elogiosamente sobre os moldavos

estabelecidos em portugal…

foi, indiscutivelmente, um momento agradável e um

bom-tom para o inicio da actividade. ulteriormente,

convenci-me de que os mais de 20 mil compatriotas

que se encontram em portugal representam um po-

tencial humano muito importante, que não pode ser

negligenciado na consolidação das relações entre a

moldova e portugal. ao contrário, constitui um factor

que, utilizado com inteligência, tem a capacidade de

pôr em valor alguns elementos essenciais.

mas a pergunta hamletiana, no que respeita aos

imigrantes moldavos, fica categórica na mesma: Ser

ou não ser? em outras palavras, é o fenómeno da

migração, um fenómeno positivo ou, ao contrário,

tem conotações negativas – imediatas e duradou-

ras? tenho que reconhecer que não posso dar uma

resposta unívoca a essa pergunta. em moldova, em

tais situações diz-se: “cada nuvem tem um forro de

prata”. Desde a perspectiva, concretamente huma-

na, a parte má do fenómeno da imigração é que

não com pouca frequência, a saída de um membro

da família para o estrangeiro levou ao desmorona-

mento da mesma. Qual triste não seria a realidade,

a verdade é que na moldova existem dezenas de

famílias, nas quais as crianças ficaram sob o cuida-

do dos avós, sobrecarregados pelos anos e pelas

preocupações diárias, e ainda não se sabe se existe

perspectiva de reintegração…

por outro lado, as remessas que os moldavos que

se encontram no exterior enviam para casa ajudam

o país a suportar com mais facilidade as conse-

quências da crise económica global, sem falar do

apoio concreto que se oferece aos pais, crianças,

irmãos e irmãs. as autoridades do nosso país

desenvolveram um amplo programa em apoio ao

regresso dos moldavos a casa, o qual já dá resulta-

dos positivos.

visto, no entanto, por uma óptica mais global, o ➤

A diáspora moldava: ponte entre as duas extremidades latinas da Europa

espaço DiploMátiCo

Page 49: Diplomática n.º 12

49fevereiro 2012 - Diplomática •

➤ problema tem que ver, e não no último lugar, tam-

bém com um dos direitos fundamentais do homem

– à livre circulação, com todas as complicações que

devem superar os cidadãos de um país ou outro.

cada país com o seu específico – na moldova, por

exemplo, a ligação com a terra, a casa e a família,

leva um carácter mais emocional, mais patriarcal,

daí que também a separação é mais sensível, mais

dolorosa. mas esta é a realidade! partimos de uma

situação que temos que tomar em conta e, neste

caso, é mais saudável ver a metade cheia do copo

do que lamentar-nos do destino.

a vantagem dos estrangeiros estabelecidos em por-

tugal é a atitude atenta, compreensível e cuidadosa

para com eles por parte das autoridades. portugal

não é agressivo com outras etnias e não tem a

ambição de assumi-las. ao contrário, sabe apreciar

o valor específico de cada uma delas, tentando

destacar o irrepetível. por sua vez, “os moldavos

portugueses” (por pouco não escrevi estrangeiros,

mas que tipo de estrangeiros são os que falam o

português tão bem como a sua língua materna,

enquanto nas instituições de ensino já não é pos-

sível distinguir um português nativo e um moldavo

“de adopção” afectiva) sabem apreciar o país que

os compreendeu e apoiou nos momentos difíceis.

poucos dias atrás, assistia a um maravilhoso serão

organizado pelas nossas associações culturais e

fiquei muito surpreendido ao ouvir uma das canções

moldavas mais belas interpretada… em português!

aprendi que os rapazes têm um repertório completo

de canções traduzidas por eles mesmos, que fazem

uma raiva real entre o português. importante é que

os nossos compatriotas “exportam” também para a

moldova este amor para com a cultura, a língua e a

espiritualidade portuguesas. 10-15 anos atrás, por

exemplo, era uma raridade encontrar um livro de au-

tores portugueses em chisinau, inclusive traduzido.

hoje em dia, em todas as nossas grandes livrarias,

o compartimento do livro português é cada vez mais

imponente, enquanto na Universidade de estado da

moldova os cursos facultativos do português têm

todas as chances de adquirir o mesmo estatuto que

outras línguas estrangeiras com o estudo em pro-

fundidade. tenho a certeza de que tais perspectivas

não levam um futuro muito distante e isso é devido,

não no último lugar, a um cavaleiro distinguido das

letras portuguesas como é a Dra. ana paula labou-

rinho, presidente do instituto camões de lisboa.

também, junto com o Sr. José manuel mendes,

presidente da associação portuguesa dos escri-

tores, concordamos em identificar possibilidades

para editar uma antologia bilingue das páginas mais

belas da literatura para crianças de portugal e da

república da moldova e, mais tarde, de uma anto-

logia de poesia moderna pertencente aos poetas da

vanguarda de ambos os países.

mais moldova em portugal e mais portugal na mol-

dova – este seria, creio, o lema do dia para as duas

extremidades latinas da europa, para o qual subs-

crevem como mensageiros convencidos também “os

moldavos portugueses”. ■

Mais Moldova em Portugal e Mais

Portugal na Moldova – este seria,

creio, o lema do dia para as duas

extremidades latinas da Europa,

Page 50: Diplomática n.º 12

50 • Diplomática - fevereiro 2012

A noção de soberanía engloba a ideia de igualdade

entre os estados, da sua liberdade e a ideia da sua

independência. o actual processo de globalização, ou

integração económica de mercados, desloca frontei-

ras, despedaça a força política dos estados europeus

e põe em causa o tradicional princípio da soberania

nacional. a europa não pode concentrarse apenas no

seu próprio desenvolvimento, tem também de partici-

par activamente na globalização.

a europa, essencialmente, é representada pela União

europeia, que por si só, é um pacto entre nações

soberanas, decididas a partilhar um destino comum

e a exercer em conjunto uma parte crescente da sua

soberania, que incide sobre os 6 valores europeus

primordiais, mais profundamente enraizados nos

povos da europa: a paz, o bemestar físico e económi-

co, a segurança, a democracia participativa, a justiça

e a solidariedade. a soberania para a europa pode

ser concebida mediante diferentes critérios: políticos,

económicos, diplomáticos, segurança, (defesa), etc.

terminou mais de meio século de Guerra fria - a

rússia tem uma nova orientação e os antigos países

comunistas juntaram se à Nato e à Ue quase em

simultâneo. croacia e albania eram os últimos países

“Que é soberania para a Europa no contexto económico, político, diplomático e segurança (defesa)”?

que se juntaram à nato. Deste modo, o continente

europeu está a reunir-se pacificamente e os seus

países estão a trabalhar em conjunto na luta contra a

criminalidade internacional, o tráfico de seres huma-

nos, a imigração clandestina e o branqueamento de

capitais.

a política económica e comercial da europa está

estreitamente ligada à política de desenvolvimento,

e é uma política económica e comercial aberta ao

mundo. mediante a Ue, europa exerce maior influên-

cia na cena mundial, quando fala a uma só voz em

questões internacionais. a integração económica é o

princípio da soberania nacional dos países membros.

este acesso preferencial ao mercado da Ue pretende

dinamizar o crescimento económico dos países me-

nos desenvolvidos e, ao mesmo tempo, garantir, de

uma determinada maneira, a sua soberania nacional.

mas a crise financeira, que se iniciou no verão de

2007, provocou a redução da liquidez no mercado

financeiro, tornando o acesso ao crédito mais caro.

a confrontar com sucesso esta situação, europa,

através das suas instituições financeiras, protegeu-se

indirectamente, e não se pôs em risco a soberania

dos estados membros. por isso, não se disse em vão,

em termos económicos, comerciais e monetários,

que a União europeia já atingiu o estatuto de grande

potência mundial.

acerca da soberania da europa no contexto diplomá-

tico, vale a pena recordar o facto que um dos objec-

tivos fundamentais do tratado de lisboa é reforçar a

diplomacia europeia no mundo e, entre as medidas

para a sua concretização, destacam-se:

- atribuição de personalidade jurídica à União euro-

peia - passa a poder celebrar contratos, ser parte em

convenções internacionais ou membro de organiza-

ções internacionais;

- criação da figura do alto representante da União

para os Negócios estrangeiros e a política de Segu-

rança passa a ser este a conduzi-la no que toca à

política externa e de defesa comum.

- relativamente à política europeia de Segurança e

Defesa, o tratado prevê disposições especiais para

a tomada de decisão e prepara o caminho para uma

cooperação reforçada. o tratado permitirá à Ue falar

a uma só voz sobre assuntos internacionais.

Na área da defesa, cada país europeu, ➤

Edmond Trako – Embaxaidor de República da Albania

espaço DiploMátiCo

Page 51: Diplomática n.º 12

51fevereiro 2012 - Diplomática •

➤ independentemente de ser membro da nato ou

de ter um estatuto de neutralidade, mantém plena

soberania. No entanto, os estados-membros estão a

desenvolver uma cooperação militar em missões de

manutenção de paz. as últimas cinco décadas de in-

tegração comunitária reforçaram a asserção de que a

segurança permaneceu como um dos últimos redutos

executivos da soberania nacional, ao se observar que,

enquanto a segurança “ideológica” e estratégica da

europa foi assegurada por Washington e pela Nato,

já a segurança física e rotineira dos cidadãos euro-

peus permaneceu entre os escopos de responsabili-

dade do estado individual. Hoje em dia, as principais

ameaças à Segurança europea são: o terrorismo, os

extremismos políticos e a criminalidade organizada.

-entre os actuais players na lista dos factores de risco

à segurança comum, a proeminência deverá ser con-

cedida indubitavelmente ao terrorismo de inspiração

islamista. o islamismo e os seus agentes ideológicos,

financiadores, facilitadores de logística, ou perpetra-

dores de atentados, actuam de forma determinada

para a destruição de toda a ordem política, moral,

económica, religiosa e social que não se enquadre na

sua percepção distorcida da fé islâmica. hoje, o ter-

rorismo islamista é um elemento da rotina europeia.

muito da original celeridade na integração e coorde-

nação europeia em matéria de segurança deveu-se à

imperiosidade de uma resposta comum ao terrorismo

islamista. a sucessão de ataques, desde o 11 de

Setembro, até aos atentados de madrid e de londres,

imprimiram um cunho de urgência à construção de

uma arquitectura técnica e política de coordenação e

execução do esforço contraterrorista europeu.

a sucessão de operações contra-terroristas europeias

para a supressão de canais de radicalização, recru-

tamento, financiamento e apoio logístico, permitem

concluir que a recente actividade comunitária em

face do terrorismo islamista tem sido marcada pelo

sucesso. este sucesso da Ue e dos seus estados-

membros retém também uma assinalável carga

moral, pois comprova que é possível empreender

uma intensa resposta táctica e política ao terrorismo

islamista, sem se questionar ou sonegar os princípios

morais que fundamentam a democracia liberal, como

o respeito pelos Direitos humanos, ou o primado do

Direito, ou a soberania em si mesma.

- a última década permitiu observar a emergência de

novos fenómenos de violência ideológica, caracteri-

zados pela sua informalidade, desagregação hierár-

quica ou natureza transnacional. hoje, em ambos os

extremos do espectro ideológico, nascem e crescem

ímpetos de violência extremista política, desprovidos

da fidelidade ideológica e organizacional percep-

cionada no passado. este é um desafio imediato,

ao qual a Ue e os seus estados-membros terão de

responder de forma afirmativa, porque indirectamente

estes acontecimentos punham em risco a soberania

do país.

- a criminalidade organizada, nos formatos de crimi-

nalidade económica e tráficos ilegais de substâncias,

ou de seres humanos, são constantes vectores de

risco para a europa que, embora não colhendo a

atenção mediática do terrorismo ou da violência urba-

na, têm vindo a crescer em número de vítimas e em

progressão territorial.

Seja como for, a verdade é que, a europa têm ainda

um longo caminho a percorrer, em termos diplomáti-

cos, políticos, económicos e da segurança, antes de

poderem falar a uma só voz em questões importan-

tes, tal como é a soberania do país. a preservação da

soberania nacional deve ser vista como um eficiente

mecanismo capaz de assegurar vantagens competiti-

vas no âmbito internacional, pois garante a diferença

entre os povos e entre os mercados. assim, a sobera-

nia deve orientar a busca pela realização dos fins do

estado (desenvolvimento nacional) e dos fins de toda

e qualquer actividade económica (existência digna

do ser humano). mais do que isso, a pedra angular

da soberania nacional, designadamente os sistemas

de defesa militar, mantém se nas mãos dos governos

nacionais, associados entre si apenas no quadro de

alianças, como a nato.

«virá um dia em que todas as nações do continen-

te, sem perderem a sua qualidade distintiva e a sua

gloriosa individualidade, se fundirão estreitamente

numa unidade superior e constituirão a fraternidade

europeia. virá um dia em que não haverá outros cam-

pos de batalha, para além dos mercados abrindose

às ideias. virá um dia em que as balas e as bombas

serão substituídas pelos votos». victor Hugo proferiu

estas proféticas palavras em 1849, mas foi preciso

mais de um século para que as suas premonições

utópicas começassem a tornarse realidade. ■

A soberania para a Europa pode ser

concebida mediante diferentes critérios:

políticos, económicos, diplomáticos,

segurança, (defesa), etc.

Page 52: Diplomática n.º 12

52 • Diplomática - fevereiro 2012

É com grande honra que recebo o seu convite

para escrever um artigo na prestigiada revista

Diplomática sobre a relação entre europa, áfrica

e américa.

Juntamente com a ásia, a oceânia e a antártida,

estes continentes cobrem mais de 30% da super-

fície do planeta, sendo o restante 70% coberto de

água, de cujo volume apenas 3% é de água doce,

constituído por rios, lagos e outras formações

hídricas.

os três continentes abrangidos pela análise pro-

posta cobrem 62% da superfície terrestre total e

32% da população mundial.

o desenvolvimento humano foi muito desigual na

europa, áfrica e américa. em áfrica terão apare-

cido os primeiros seres humanos – o homo erec-

tus – há cerca de dois milhões de anos. a europa

terá sido povoada milhares de anos mais tarde, e

a américa ainda muito mais tarde. o homo sa-

piens terá aparecido há apenas uns 50 mil anos,

também em áfrica.

a primeira civilização histórica que utilizou a es-

crita para o registo dos acontecimentos surgiu na

parte oriental do norte de áfrica, nomeadamente

no egito, concentrada ao largo do curso inferior

do rio nilo.

a pré-história do egito – no paleolítico ou idade

da pedra – cobre o longo período que vai desde

há 2,5 milhões de anos até ao ano 1000 a.c.

Nesta época foram construídos os primeiros ins-

trumentos de caça feitos de madeira, osso e pe-

dra lascada. Dominaram o uso do fogo, do vento

e da vela, domesticaram animais que liberaram o

músculo do homem e plantas que estimularam a

vida sedentária e a produção de mais e melhores

alimentos. inventaram a roda, que levaria à cons-

trução de carroças, e estradas que permitiriam

aldeamentos cada vez mais distantes e que pos-

teriormente dariam origem aos centros urbanos. ➤

Jaime Duran Hernando – Embaxaidor da República Dominicana

espaço DiploMátiCo

Page 53: Diplomática n.º 12

53fevereiro 2012 - Diplomática •

➤ a astronomia, e com ela a medição do tempo

e das terras, recebeu o seu primeiro e grande

impulso histórico.

a segunda civilização a alcançar feitos similares

desenvolveu-se pouco mais tarde na ásia, no-

meadamente na Suméria, acádia e babilónia, no

território que é hoje o iraque.

a cultura, a ciência, a tecnologia, a arte e a filo-

sofia experimentaram na Grécia antiga - de 1000

a 146 a.c. - a alta expressão que nos permite

considerá-la o berço da civilização ocidental.

Durante os últimos anos da sua existência, e

república romana retomou e difundiu os aspe-

tos principais da cultura grega. no entanto, foi o

império romano do ocidente que realizou essa

tarefa, até à sua queda no ano 475 D.c., desde a

península itálica até quase toda a europa, norte

de áfrica e boa parte da ásia.

em meados do século Xvi, portugal, que se tinha

declarado o primeiro estado monárquico da euro-

pa no ano de 1139, reconhecida em 1143, iniciou

o período dos Descobrimentos portugueses em

1415 com a conquista de ceuta, e pouco depois

o da colonização, começando pela costa ociden-

tal africana chegando até à Índia em 1498, com

a chegada de vasco da Gama a calcutá, preci-

samente no ano em que cristóvão colombo, no

processo de colonização e conquista da américa,

fundando a cidade de Santo Domingo, chamava

por desconhecimento e confusão índios aos au-

tóctones.

espanha foi o segundo grande descobridor e

colonizador da época, sendo o continente ameri-

cano, como se viria a chamar mais tarde, o objeto

principal desses eventos. Segundo o tratado de

tordesilhas de 1494, portugal adquiria na amé-

rica a sua mais extensa e importante colónia de

todos os tempos: o brasil.

a espanha manteve-se como o principal império

colonial e quase o único no continente, desde fins

de 1492 até 1910 quando começou o seu declínio.

as independências dos estados Unidos (1776) e a

do Haiti (1804) não foram feitas à custa da espa-

nha, mas sim da inglaterra e da frança, respeti-

vamente.

o terceiro grande império colonial, mas o primeiro

em extensão e importância, foi o império britâni-

co, que começou em 1607 com uma das 13 coló-

nias que se viriam a transformar mais tarde nos

estados Unidos da américa. este império chegou

a deter 25% de toda a superfície terrestre e 25%

da população mundial, incluindo a Índia.

o império francês estabeleceu-se em áfrica

(1624) no Senegal, argélia e tunísia. No conti-

nente americano, também no canadá e nas ca-

raíbas (por exemplo no Haiti), e estendeu as suas

colónias até a ásia e oceânia.

a europa foi o grande continente colonizador,

áfrica e américa os colonizados. uma diferença

fundamental entre colonizadores e colonizados foi

o aspeto cultural e o tecnológico, o conhecimento

e o uso da pólvora e dos metais, principalmente

o ferro, que permitiu aos colonizadores empregar

canhões para fazer face às flechas de madeira e

osso.

todas as colónias alcançaram algum grau de

independência, liberdade e soberania, mas o peso

dos colonizadores não desapareceu por completo.

mais ainda, há indícios que nos levam a crer na

existência de um interesse e desejo renovados

em impor um neocolonialismo, que é reforçado

com métodos e atores novos e originais, para

além dos de sempre. ■

A Europa foi o grande continente coloniza-

dor, África e América os colonizados. Uma

diferença fundamental entre colonizadores e

colonizados foi o aspeto cultural e o tecno-

lógico, o conhecimento e o uso da pólvora e

dos metais, principalmente o ferro, que per-

mitiu aos colonizadores empregar canhões

para fazer face às flechas de madeira e osso.

Page 54: Diplomática n.º 12

54 • Diplomática - fevereiro 2012

Numa parceria entre a embaixada da repúbli-

ca da polónia e a câmara municipal de cas-

cais, o espaço memória dos exílios inaugurou

no dia 29 de Setembro a exposição Exilados,

Políticos e Diplomatas em Tempos Difíceis,

que retrata a passagem de várias personalida-

des estrangeiras pelo estoril durante a Segun-

da Guerra mundial. preparada pelo Gabinete

dos assuntos dos combatentes e vítimas da

repressão da polónia, e com a colaboração

das embaixadas da república francesa e do

Grão-Ducado do luxemburgo, a exposição dá

especial atenção aos cidadãos polacos, que

passaram por portugal durante esse período.

a inauguração contou com as presenças da

embaixadora da polónia em portugal, Katarzyna

Skórzyska, do presidente da câmara muni-

cipal de cascais, carlos carreiras, chefe do

Gabinete dos assuntos dos combatentes e ví-

timas da repressão da polónia, ministro Jan

Stanisław ciechanowski, do representante do

ministério da cultura e do partimónio nacional

polaco, Director do Departamento do patri-

mónio cultural Jacek miler, do embaixador do

Grão-Ducado do luxemburgo, paul Schmit, do

primeiro conselheiro da embaixada de fran-

ça, Didier Gonzalez e do neto do irmão gémeo

de aristides de Sousa mendes, antónio de

moncada Sousa mendes, que interveio ex-

plicando não apenas o papel desempenhado

pelo tio-avô, mas também o do seu avô césar

de Sousa mendes, que durante a guerra exer-

ceu funções de embaixador de portugal em

varsóvia, manifestando-se, tal como o irmão,

contrário às orientações do regime.

«vale a pena mencionar» – ressalvou na

inauguração a embaixadora da polónia,

Katarzyna Skórzyska – «que, nesse período,

a neutralidade colocou portugal numa extraor-

dinária posição geoestratégica. num cenário

de guerra europeia, o país assumiu um papel

de acolhimento para milhares de deslocados,

na maioria cidadãos polacos, belgas, france-

ses e holandeses. Sabemos que nos anos de

1940-1945, portugal recebeu cerca de sete

mil refugiados civis de nacionalidade polaca.

Desde 1940, portugal esteve também na rota

de evacuação de oficiais e soldados, princi-

palmente polacos, que não conseguiam sair

directamente da frança derrotada para conti-

nuar a lutar na Grã-bretanha».

o ministro Jan Stanisław ciechanowski refe-

riu no seu discurso que: «após a inesperada

capitulação da frança, no verão de 1940,

portugal, um país neutro, tornou-se um dos

pontos importantes no cruzamento das linhas

de comunicação e dos interesses das partes

em luta, assim como uma porta aberta para

a europa e américa para os cidadãos dos

países da aliança anti-nazi. assim, lisboa,

cascais, estoril e outras localidades portu-

guesas tornaram-se lugares importantíssimos

na procura do abrigo seguro. em portugal,

um país hospitaleiro, encontraram refúgio os

polacos que fugiam dos nazis, cujo propósito

era exterminarem a elite da nação polaca.

maior perigo espreitava os cidadãos polacos,

de nacionalidade judaica ou ainda os polacos

de origem judaica. muitos posteriormente,

após imensas dificuldades na obtenção de

vistos, seguiram viagem para ficar mais longe

do perigo na europa».

Na exposição fez-se também referência às

relações históricas entre os dois países,

pois, ao longo dos séculos, as relações entre

a polónia e portugal não foram frequentes,

sobretudo devido à distância que os separa.

contudo, sempre se caracterizaram por uma

cordialidade recíproca. Depois da guerra sur-

giram vários relatos por parte dos refugiados

polacos, que passaram por portugal. muitos

dos polacos que partiram daqui para prosse-

guir viagem, já não regressaram à pátria.

entre todos os países neutros, durante a Se-

gunda Guerra mundial, precisamente aqui, em

portugal, os polacos depararam-se, no dia-a-

dia, com provas de amizade e compreensão

nos contactos com os portugueses.

o ministro ciechanowski acrescentou que

«ainda não sabemos tudo sobre a matéria dos

refugiados em portugal durante a Segunda

Guerra mundial. tal como o trabalho para esta ➤

Polónia em Exposição Exilados, Políticos e Diplomatas em Tempos Difíceis

MeMória

Page 55: Diplomática n.º 12

55fevereiro 2012 - Diplomática •

Page 56: Diplomática n.º 12

56 • Diplomática - fevereiro 2012

➤ exposição o demonstrou, existe ainda muita

matéria que fica para os historiadores inves-

tigarem. todavia, já hoje podemos afirmar

que a recepção afável dos representantes

das nações dos países ocupados por parte

dos portugueses durante a Segunda Guerra

mundial foi um importante acto humanitário.

Numa situação trágica para muitas nações

europeias, portugal prestou auxílio sem olhar

à raça, à nacionalidade e à confissão religiosa

dos refugiados».

De facto, durante a Guerra, foram muitas as

personalidades polacas que estiveram em

portugal. figuras como o estadista e compo-

sitor ignacy Jan paderewski, que permane-

ceu no Hotel palácio do estoril entre 8 e 27

de outubro de 1940, a caminho do exílio nos

estados Unidos da américa, dois membros do

Governo da república da polónia no exílio:

ministro marian Seyda que residiu na figueira

da foz e em lisboa, e o general Józef Haller,

herói das lutas pela restauração da indepen-

dência da polónia, ministro sem pasta, que

viveu na ericeira. Na sua viagem de frança

para o Brasil, passou por portugal a actriz po-

laca, irena eichlerówna. em Janeiro de 1942,

chegou a lisboa edward raczyski, na altura

chefe do ministério dos Negócios estrangeiros

polaco. No mesmo ano estiveram em lisboa o

membro do conselho Nacional da república

da polónia, Szmul Zygelbojm, assim como o

bispo da diocese chełmno, Stanisław Wojciech

okoniewski.

a exposição destaca também a passagem de

outras personalidades como S. a. r. a Grã-

Duquesa do luxemburgo charlotte e o escritor

francês antoine de Saint-exupéry. em 1940,

estas duas importantes figuras residiram em

cascais e no estoril respectivamente.

entre o diversificado conjunto documental ➤

Polónia em Exposição

Page 57: Diplomática n.º 12

57fevereiro 2012 - Diplomática •

➤ proveniente de arquivos internacionais:

polacos, portugueses, franceses e luxembur-

gueses, bem como de colecções fotográficas

privadas, que faz parte da exposição, são de

realçar os boletins de alojamento de estran-

geiros registados em hotéis, pensões e casas

particulares do estoril, monte estoril, cascais,

carcavelos e parede, entre 1930 e 1952, que

hoje se encontram depositados no arquivo

Histórico municipal de cascais (aHmc), e cujo

preenchimento era obrigatório na época, por

imposição da pvDe (polícia de vigilância e

Defesa do estado), como forma de controlar

as deslocações dos estrangeiros em portugal.

Sobretudo no estoril, observou-se a presença

de um núcleo significativo de estrangeiros que

se registaram como funcionários diplomáticos

e consulares – profissões que frequentemen-

te funcionavam como cobertura de outras

funções: políticos, militares, aviadores, in-

dustriais, banqueiros, comerciantes, actores,

escritores, músicos, etc., alguns em escala

para diferentes destinos, outros desenvolven-

do as suas actividades especificamente em

portugal.

a figura de ignacy Jan paderewski, compo-

sitor e estadista polaco, cujos 150 anos de

nascimento foram comemorados em 2010,

foi homenageado no mesmo dia da inaugura-

ção da exposição através do descerramento

de uma placa no Hotel palácio: «estadista,

chefe do primeiro governo da polónia sobe-

rana, grande pianista e compositor, residiu

neste hotel, em outubro de 1940». Na altura

foi também lançado, por iniciativa da câmara

de cascais e da embaixada da polónia, um

postal comemorativo, dedicado a este “feiticei-

ro do teclado”, dando conta do seu percurso

de vida e dos acontecimentos que o trouxeram

a portugal. ■

1. carlos carreiras, presidente da cm de cascais; Katarzyna Skórzyska, embaixadora da polónia; francisco corrêa de barros, Director

do Hotel palácio estoril e Jacek miler, Director do Departamento do património cultural do ministério da cultura e do património polaco

2. embaixadora Katarzyna Skórzyska com embaixador do luxemburgo paul Schmit e sua mulher 3. embaixadora Katarzyna Skórzyska

com o ministro Jan Stanisław ciechanowski, chefe do Gabinete dos assuntos dos combatentes e vítimas da repressão da polónia

1 2

3

Page 58: Diplomática n.º 12

58 • Diplomática - fevereiro 2012

O presidente da república, cavaco Silva, recebeu, no palácio de

belém, com a tradicional solenidade, os novos embaixadores em

portugal

entregaram as suas cartas credenciais os embaixadores do cana-

dá, Hedi Kutz, da tunísia, Youssef louzir, do paquistão, Humaira

Hasan, da roménia, vasile Gheorghe popovici, da Noruega, obe

thorsheim e da itália, renato varriale.

os novos diplomatas, agora acreditados, irão cumprir a sua missão

diplomática de representação dos seus respectivos países em por-

tugal, nas suas múltiplas áreas. ■

Apresentação dos novos EmbaixadoresEntrega das credenciais

1. Heidi Kutz, embaixadora do canadá 2. Humaira Hasan, embaixadora do paquistão 3. ove thorsheim,

embaixador da Noruega 4. renato varriale, embaixador de itália 5. vasile Gheorghe popovic,i embaixador da

roménia 6. Youssef louzir, embaixado da tunísia

1 2

3 4

5 6

DiploMaCia

Page 59: Diplomática n.º 12

59fevereiro 2012 - Diplomática •

´ +africaComo bem afirmou a ministra da economia francesa e recente

presidente do fmi, christine lagarde, «áfrica é a nova economia

emergente». No novo panorama político, económico e diplomático

áfrica pode – e deve – tornar-se numa nova força no xadrez inter-

nacional.

a revista Diplomática, sempre atenta às mudanças, vectores

e conjunturas mundiais – decidiu apoiar esta investida criando um

novo dossier: áfrica+. o mundo precisa de mais áfrica e áfrica está

pronta a dar mais ao mundo.

No presente número, concentramo-nos em três países: cabo

verde, moçambique e angola. a escolha, se bem que pautada

pelos acontecimentos políticos dos últimos meses, não foi de todo

inocente. Quisémos dar destaque aos países desse continente

mágico que estão ainda ligados ao nosso país: pela língua, pelas

tradições, pela memória. ➤

Page 60: Diplomática n.º 12

´ +Africa60 • Diplomática - fevereiro 2012

O discreto prédio de classe média,

na achada de Santo antónio (cida-

de da praia), não denuncia que ali

reside o presidente da república.

apenas o mercedes, de modelo já

antigo e com matrícula do estado,

poderá dar luz sobre a existência de

ilustre locatário.

poucos dias depois da tomada de

posse, que ocorreu a 9 de Setem-

bro, é ele que nos abre a porta de

casa, com um sorriso rasgado e

trajando informalmente. na sala

familiar onde impera o bom gosto

e o conforto, não há, porém, nada

de ostensivo, nenhum sinal de luxo

dispensável. a informalidade é

circunstância natural deste homem

de 60 anos, que revela uma surpre-

endente juventude. na intimidade de

sua casa, Jorge carlos fonseca não

destoa da imagem de simpatia e

simplicidade que passou na cam-

panha. É um produto genuíno, não

é nenhuma invenção do marketing

político. e encara este desafio com

a mesma determinação e voluntaris-

mo com que se envolveu noutros: a

luta contra o colonialismo, o com-

bate pela liberdade e democracia, a

sua vida académica e o seu percur-

so de intelectual, poeta e passageiro

de utopias…

O seu slogan eleitoral, “Um Presi-

dente junto das pessoas, de que

forma é que o pensa materializar?

a minha ideia é, para que valha a

pena ser presidente da república

– mesmo no nosso sistema -, que o

pr seja uma pessoa que ouça os ci-

dadãos, que conheça os problemas,

ausculte as iniciativas da sociedade

civil, de forma que, conhecendo

os problemas – e no âmbito dos

poderes que tem -, possa ajudar

a resolvê-los. Se não conhecer os

problemas dos jovens, como eles

vêem o país, se não conhecer as

preocupações dos empresários, os

problemas do ensino, as dificulda-

des dos trabalhadores, se não ouvir

os sindicatos, se não auscultar os

empresários, não pode ter a base e

o fundamento para que, em diálogo

com o Governo e os poderes pú-

blicos, possa dar uma contribuição

para resolver os problemas. Sejam

eles da economia, dos impostos, da

juventude, do ensino, da segurança,

da Justiça… o presidente da repú-

blica, tem de estar ao pé dos inte-

ressados, conhecer os problemas,

os anseios, fazer o diagnóstico e

ter opinião que seja uma mais-valia

para a governação.

O senhor Presidente tem o raro

privilégio de ter estado ligado aos

dois grandes desígnios da nação

cabo-verdiana, nomeadamente,

a luta contra o colonialismo e

pela independência, e a luta pela

liberdade e a democracia. Tomou

posse numa altura em que o gran-

de debate se coloca em torno das

questões do desenvolvimento e

do progresso social. E isso é mui-

to relevante, na medida em que

pode, também, fazer a ponte entre

estes três momentos históricos.

creio que é uma oportunidade boa.

estive ligado à luta pela indepen-

dência, que terá sido muito modesta

– era um jovem de 17 anos -, mas

de qualquer modo uma contribui-

ção que passou pela militância no

paiGc até 1979, e que se mate-

rializou, após a independência em

1975, numa pequena contribuição

como director-geral da emigração

e Serviços consulares e, posterior-

mente, secretário-geral do ministério

dos Negócios estrangeiros. e, de-

pois de 79, foi, em rigor, um trabalho

subversivo. trabalhei com vários

grupos contra o regime de partido

único, estive ligado a uma coisa

chamada GriS – que teve existên-

cia efémera -, integrei os círculos

pela Democracia e, quando era

assistente da faculdade de Direito

de lisboa, trabalhei com jovens es-

tudantes cabo-verdianos que tinham

estado, também, neste processo de

contestação ao partido único: o eu-

rico monteiro, o José manuel pinto

monteiro, o mário Silva, o arnaldo

Silva – que é hoje o bastonário dos

advogados -, o ex procurador-Geral,

henrique monteiro, o Gustavo araú-

jo – que está em portugal. e, portan-

to, era um grupo que eu dirigia mas

que tinha ligação com cabo verde,

sobretudo na praia e no mindelo. tí-

nhamos algumas pontes com figuras

como manuel faustino.

e, na altura, criamos também a

liga cabo-verdiana dos Direitos

do homem, que era uma estrutura

composta por personalidades, como

o advogado caldeira marques, que

hoje também está em portugal, mas

esteve aqui como juiz do Supremo;

o José tomás veiga; o eugénio

inocêncio; o Daniel lobo; o Gustavo

araújo… entretanto, fui para macau,

como professor universitário e ➤

Jorge Carlos Fonseca por antónio alte pinho*, fotos inês ramos

O recém-eleito Presidente da República de Cabo Verde

«CPLP deve caminhar para uma comunidade de povos»

Em entrevista exclusiva à Diplomática, o Presidente da República de Cabo Verde aborda as grandes

questões nacionais e fala-nos do seu percurso de vida enquanto cidadão e militante de causas

entreVista

Page 61: Diplomática n.º 12

´ +Africa 61fevereiro 2012 - Diplomática •

“A União Europeia é um espaço chave da nossa política externa.

O impacto da crise financeira internacional complica um pouco a cooperação e

os investimentos, e daí nós devermos diversificar as nossas relações

com países emergentes como a Índia, o Brasil, Angola, China”

A luta pela libertação e independência, a batalha pelo Estado de Direito democrático - JCF

foi sempre protagonista activo dos grandes desígnios cabo-verdianos

Page 62: Diplomática n.º 12

´ +Africa62 • Diplomática - fevereiro 2012

➤ director da faculdade de Direito e,

pouco depois, dá-se aqui a abertura

política. vim para cá, estive na ori-

gem do mpD, pertenci à sua primei-

ra comissão política, que na altura

se chamava comissão executiva

nacional, ganhamos as eleições, es-

tive no Governo como ministro dos

Negócios estrangeiros. aconteceu

tudo muito rápido, essa ligação à

independência e à democracia.

Mas, voltando à sua pergunta,

no que respeita às questões

do desenvolvimento, eu venho

trabalhando nesse sentido desde

a independência. Mas percebo

a sua ideia quanto ao desígnio

do país arrancar definitivamente

nesse sentido. Deixar de fazer só

coisas bonitas e fazer com que o

País dê o salto qualitativo…

Às vezes, “saltar de pára-quedas”

num país tem as suas vantagens,

porque se fica com uma ideia mais

objectiva. e a ideia que tenho, em

termos de desenvolvimento, é que

há uma espécie de cortina de fumo

que não corresponde a uma situa-

ção real.

nós, de facto, aparecemos muito

bem posicionados em listas, rankin-

gs, mesmo em termos de liberdade

de imprensa, taxas de crescimen-

to, taxas de mortalidade infantil,

de equidade do género…mas não

devemos ficar muito satisfeitos por

sermos os primeiros confrontados

com países que estão mal, quan-

do comparados com outros países

africanos. isso é pouco, acho que

cabo verde deve ter condições

para ser mais ambicioso. e, em

vez de nos compararmos a países

africanos que têm muitos proble-

mas, devemos comparar-nos com

países desenvolvidos. creio que o

grande desígnio é este. e, para isso,

gostaria de, quando terminar o meu

mandato como presidente – seja um

ou dois -, ter a consciência de haver

contribuído para que o país desse

um salto. cabo verde fez coisas

no período pós-independência,

promoveu também muitas coisas

bonitas no período pós-democracia,

mas o país tem de ter um clique.

naturalmente que isso passa pelos

Governos, mas também passa pela

sociedade, pelos cabo-verdianos

em geral, e também cabe um pouco

ao presidente da república. e, por

exemplo, se nos compararmos com

as maurícias ou com as Seychelles,

mesmo depois da democracia, nós

temos crescido muito menos. e, em

vez de nos aproximarmos, estamos

a afastar-nos, mesmo se compara-

dos com outros países emergentes.

portanto, os dois grandes desafios

neste momento, em cabo verde,

são consolidar a democracia, afir-

má-la, alargá-la, ser uma democra-

cia mais moderna e mais avançada,

que comporta mais desenvolvimen-

to, mais bem-estar para a maioria

dos cabo-verdianos.

E o Presidente da República pode

ser o catalisador?

pode ser referência, pode ser cata-

lisador, pode ser potenciador. Sem

sair da esfera das suas funções,

sem querer ser Governo, sem pre-

tender ser oposição. mas o presi-

dente tem de dialogar com o Gover-

no, mas também com a oposição,

porque está em condições de lidar

com uns e com outros, mas sobre-

tudo dialogar com a sociedade, com

o território que não está nos parti-

dos e que não está no estado. e

sempre que for necessário fazer as

pontes, como vai ser preciso no que

respeita ao tribunal constitucional

e ao provedor de Justiça, à comis-

são Nacional de eleições… pugnar

por eleições justas e transparentes.

para isso tudo o presidente tem que

fazer um esforço de aproximação da

oposição e do Governo.

O presidente Jorge Carlos Fon-

seca está numa situação particu-

larmente favorável, porque pela

primeira vez em 10 anos não há

casos à volta… há uma vitória

clara.

É muito bom para mim o facto de

ter tido uma vitória clara. o facto de,

também, em relação à minha can-

didatura não haver nenhuma sus-

peição de favorecimento do estado.

e o facto de ter sido uma vitória de

âmbito nacional. porque, à excep-

ção do fogo, ganhei nas outras oito

ilhas, ganhei na europa e resto

do mundo… e, mesmo no fogo, o

resultado satisfez-me muito. mas te-

nho, se me permite, outra vantagem:

o facto de ser independente dá-me

mais à-vontade para pôr as pessoas

a dialogar, e também por ser uma

pessoa amiga da constituição, não

me coloca problemas em trabalhar

para que se avance com o tribunal

constitucional e o provedor de Justi-

ça, que acho serem fundamentais

para a qualidade da democracia.

A música cabo-verdiana é um

dos maiores patrimónios do país,

bem como a cultura de uma forma

geral. Vê-se como uma espécie de

seu embaixador?

Sim. e tentarei ser uma espécie de

agente dos agentes culturais. antes

tinha as minhas dúvidas em relação

a essa ideia da cultura enquanto in-

dústria. e, enquanto poeta, não me

estava a ver a exportar poesia, mas

cheguei à conclusão que realmente

– e concretamente com a música –

a economia do país pode ganhar,

pode desenvolver-se, pode expan-

dir-se tendo como objecto o produto

musical. Nós somos um país de mú-

sica… o meu irmão, mário fonseca,

disse num livro que “o meu país é

uma música”. e o presidente, em

sintonia com os objectivos da eco-

nomia, pode envolver-se nisso, não

sendo um agente directo mas sendo

um agente dos agentes culturais.

promover o mérito, sempre que sair

levar uma embaixada com gente da

cultura, tentar abrir portas, ➤

Jorge Carlos Fonseca

Page 63: Diplomática n.º 12

´ +Africa 63fevereiro 2012 - Diplomática •

➤ acarinhar internamente, tentar

junto do Governo facilitar a promo-

ção da cultura através de produção

legislativa. tentar usar aquilo que

parece ser um grande trunfo do

país.

mas creio que não é só a música,

embora esta seja mais visível. lem-

bro-me de há uns anos ir à turquia,

a uma conferência de Direito penal,

em que estava gente académica de

vários países, e haver lá um pro-

fessor turco que não conhecia bem

cabo verde, mas tinha ouvido falar

em cesária Évora. e perguntava-me

o que era cabo verde. e eu: olhe, é

um país pequeno, com umas ilhas,

tem uma grande música, tem praias

bonitas e tem uma literatura razoável

[risos]. creio que de uma maneira

talvez redutora, o país vendável é

este.

Como vê o papel dos intelectuais

na sociedade?

até este momento, os intelectuais

cabo-verdianos têm tido um pa-

pel muito menos relevante do que

poderiam ter. Às vezes, enquanto

cronista, dizia que parece terem os

cabo-verdianos vergonha de serem

intelectuais, porque pouco intervêm

do ponto de vista cívico, do ponto

de vista cultural e, até, do ponto de

vista político. Há uma espécie de

vergonha em ser intelectual. porque

em cabo verde entende-se que ser

intelectual é uma espécie de defeito.

e tenho sido um pouco vítima disso,

porquanto muitas vezes… e recordo

que quando concorri em 2001, havia

pessoas que diziam “você é muito

intelectual”, como se isso fosse um

defeito, uma falha. mas percebe-se

que isso ocorra em cabo verde, e

tem a ver um pouco com o período

pós-independência. Na altura havia

uma série de preconceitos, nome-

adamente em relação aos intelec-

tuais, às pessoas que pensam.

havia todo um discurso populista

exaltando que o importante era estar

com as massas. isso pegou e ficou,

mesmo com a mudança nos anos

90. o que leva a que os intelectuais

sejam quase clandestinos. os que

são escritores escrevem, os que não

são acho que têm medo ou receio

de se afirmar como tal e assumirem

a condição de intelectuais.

O presidente Jorge Carlos Fonse-

ca, quando se levanta de manhã e

olha para o espelho, o que sente

ao ver reproduzido o poeta Jorge

Carlos Fonseca?

não tenho esse problema, porque

ainda não interiorizei que sou presi-

dente [risos]. não tive tempo ainda.

a minha envolvência na política foi

sempre por causas, por impulsos.

Sempre fui uma pessoa libertária, a

liberdade teve sempre um grande

valor, desde miúdo, desde os 17

anos. e isso explica, por exemplo,

o meu traço de independência, mas

também estive ligado a grupos mais

radicais de esquerda e, também, do

ponto de vista estético, estive ligado

ao surrealismo, ao cinema da nou-

velle vague, sempre estive nesses

grupos. fui expulso da Universidade

de coimbra por razões políticas,

com 22 anos, e também a crítica

ao partido único, foi sempre em

nome da liberdade. o meu percurso

político, que é sinuoso, tem sem-

pre presente a ideia da liberdade

e da justiça social – foram sempre

valores que atravessaram a minha

vida da adolescência até hoje. e

tenho ido atrás disso, não tenho ido

atrás de projectos, de ser primeiro-

ministro… ou de ter sido ministro, ou

agora de ser presidente da repúbli-

ca. nunca nada esteve programado,

apesar de ter concorrido em 2001.

O seu percurso académico dá-lhe

outra sensibilidade e abertura

para perceber as novas gerações,

como pensam…

Sim, sim, e acho que felizmente.

mas ainda não na medida do dese-

jável. mas a actividade universitária

permite-me ter um contacto muito

grande com jovens. e acho que me

sinto jovem, porque também ando

sempre com gente muito jovem e

isso dá-me a facilidade de dialogar

e compreender. Dialogar não em

termos partidários - paicv e mpD -,

mas de discutir a política, a cultura,

a literatura, a ciência, a universi-

dade. isso dá-me, também, uma

abertura à sociedade que ultrapassa

um pouco os partidos políticos.

Ainda bem que se referiu aos

partidos, porque era para aí que

eu ia, para os “anos de fogo”.

Refiro-me aos tempos do partido

único e aos traumas daí decorren-

tes. Em função do seu percurso,

pensa que pode funcionar como

o grande agregador da unidade

nacional, da reconciliação?

creio que sim, para já do ponto de

vista pragmático. Há coisas que têm

de ser resolvidas e rapidamente,

importa que haja consenso entre os

partidos. É um péssimo sinal para

cabo verde termos, desde 99, con-

templado um tribunal constitucional

e não o termos, ou mesmo o prove-

dor de Justiça. e não existem porque

não há consenso entre os partidos.

e o presidente tem obrigação de

fazer a ponte. mas, também, o facto

de ser um presidente que tem expe-

riência de partidos políticos, e uma

experiência fora deles com uma mi-

litância cívica e cultural, pode ajudar

a temperar as paixões partidárias.

porque a visão do mundo cabo-ver-

diano é uma coisa dividida a meio,

o paicv ou o mpD. mas tem a ver

com a identificação colectiva, creio

que o país quase todo ou vai para o

paicv, que é o país da independên-

cia, de cabral, da mãe áfrica… ou

vai para o país do mpD, que significa

a libertação do partido único, a de-

mocracia. e estes partidos dividem o

país quase a meio. isso quase que

não é ideológico, aparece quase

como um hábito cultural. ➤

Page 64: Diplomática n.º 12

´ +Africa64 • Diplomática - fevereiro 2012

➤ estou convencido que a arruma-

ção dos partidos em cabo verde

não é – em todo o rigor – ideológica,

nem é saudável. o paicv diz que

é do socialismo democrático, mas

conheço gente do partido que não

tem nada a ver com essa ideia do

socialismo, mas está lá porque o

paicv representa uma construção

simbólica que os leva ali por razões

familiares, por tradição… e há gente

que está no mpD que pode não ter

a ver nada com a iDc (internacional

dos Democratas do centro), que

pode até ser mais de esquerda do

que alguma gente que está no pai-

cv. a arrumação não é ideológica,

apanha de tudo.

O período de partido único acar-

retou as suas dificuldades para o

povo de Cabo Verde, mas também

parece ser hiper dramatizado. E,

se calhar, teria de haver alguém

que ajudasse a esclarecer este

período, que sentasse as pessoas

à mesa. Até para as jovens gera-

ções perceberem porque é que

aquilo aconteceu…

É preciso conhecer a história de

uma forma desapaixonada, de forma

objectiva. isto é, que as pessoas

percebam o que foi aquilo a que se

chamou o fraccionismo e o trotskis-

mo, em 79… Houve repressões,

houve torturas, houve processos

esquisitíssimos. eu próprio estive

21 dias detido na brava e, até hoje,

não sei porque o estive. mas creio

que a minha eleição e, de certo

modo, o fenómeno aristides lima no

paicv, representam talvez alguns

sinais encorajadores de que as

coisas estão a mudar um pouco. o

que se passou no paicv, até aqui

era impensável acontecer: o partido

indicar um candidato e aparecer

outro. É um factor político novo que

demonstra algum avanço, creio eu.

mas também os apoios eleitorais, a

votação que tive, provam que as coi-

sas podem estar a mudar um pouco.

Uma coisa é clara, o presidente

Jorge Carlos Fonseca foi eleito

“indo beber a todas as fontes”…

tive o apoio do mpD, que foi muito

importante, e os apoios que tive

deram muito trabalho para os conse-

guir, não foi de bandeja. eu candida-

tei-me, de forma clara, ainda antes

de ter o apoio institucional do mpD,

e anunciei a candidatura antes das

legislativas. mas creio que, também

tive apoios muito diversos: de gente

da uciD, de pessoas ligadas ao

paicv – não digo dirigentes, mas

militantes e simpatizantes deste ➤

“Os dois grandes desafios neste momento, em Cabo Verde, são consolidar a democracia, afirmá-la,

alargá-la, ser uma democracia mais moderna e mais avançada, que comporta mais

desenvolvimento, mais bem-estar para a maioria dos cabo-verdianos”

Jorge Carlos Fonseca

Page 65: Diplomática n.º 12

´ +Africa 65fevereiro 2012 - Diplomática •

➤ partido –, de muita gente sem par-

tido, de quadros, de jovens. creio

que os meus votos foram buscados

um pouco para além do mpD.

Do seu ponto de vista, qual deve

ser a atitude de Cabo Verde nas

suas relações com África, com a

Europa e, de igual modo, com a

CPlP?

claro que o Governo decide e exe-

cuta a política externa do país, como

também decide a política interna,

mas, em matéria de política externa,

enquanto mais alto representante

do estado, o presidente tem que ter

alguns poderes que traduzam essa

referência constitucional. portanto,

tem que ter uma intervenção no

plano das comunidades emigradas,

deve representar a unidade nacional

das ilhas com a diáspora, mas tam-

bém tem competências concretas

na nomeação de embaixadores e,

do ponto de vista da política exter-

na, deve ter um papel relevante.

Desse ponto de vista – e nesse âm-

bito -, sempre defendi – aliás, desde

o tempo em que fui ministro dos

Negócios estrangeiros - que cabo

verde deve ter uma política externa

que traduza, de algum modo, a sua

forma de estar no mundo, que tem

a ver com o processo histórico e

cultural da sua formação.

Nós somos um país moldado por per-

muta de valores, por uma miscige-

nação cultural, e isso talvez se deva

traduzir até nas nossas relações com

os outros estados. isto é, devemos

ter relações externas abertas, plurais

com todos os mundos. com a áfrica,

com a europa e com a américa.

porque, no fundo, somos um pouco

da áfrica, da europa e da américa. É

claro que o pragmatismo ter que ser

fundamental na política externa, que

tem de ser mais ousada e mais atre-

vida. Quando fomos por aí, sempre

tivemos ganhos. por exemplo, quan-

do em 92 estivemos no conselho

de Segurança das nações unidas,

tivemos ganhos. e só não tivemos

mais porque não houve prossecução

da política externa por aquela via, por

razões que tiveram a ver com a crise

no seio do mpD. agora, devemos ter

uma política africana aberta, frontal,

e devemos estar numa relação com

os países africanos, com os valores

históricos, políticos e culturais que

nós temos. os valores da democra-

cia, do estado de Direito, do esta-

do constitucional e, portanto, nas

relações com áfrica, não devemos

ter preconceitos. Somos africanos,

mas com as nossas características

e os nossos valores. ou seja, não

devemos esquecer que somos um

país que defende a democracia, os

direitos humanos e o estado de Di-

reito – e devemos trabalhar para que

os países africanos sejam democra-

cias, respeitem os direitos humanos,

respeitem os seus cidadãos e levem

a eles o desenvolvimento. não pode

haver preconceitos… “que temos de

respeitar as suas opções, que não se

pode falar dos golpes de estado, dos

massacres e dos regimes militares”.

Devemos defender uma áfrica de

futuro, moderna, avançada, com a

marca da democracia e que respeite

os direitos humanos. não podemos

estar ali com um pé dentro e outro

fora.

mas a União europeia também é um

espaço chave da nossa política ex-

terna. os principais parceiros, neste

momento, da nossa economia, são

as economias europeias. neste mo-

mento elas estão sob o impacto da

crise financeira internacional, o que

complica um pouco a cooperação e

os investimentos, e daí nós dever-

mos diversificar as nossas relações

com países emergentes como a

Índia, o brasil, angola, china… mas

também países como as Seicheles,

maurícias. temos que ousar diver-

sificar as relações. bom, e temos as

relações com os estados Unidos.

Quanto à cplp, creio que é uma

ideia fantástica, uma ideia bonita, já

se fez alguma coisa mas creio que

tem de se fazer muito mais. Às ve-

zes dá a impressão que mesmo os

estados que estão na cplp, estão

lá mas não representa para esses

estados algo de muito relevante na

constelação das suas relações ex-

ternas. há ali uma ideia meio difusa,

não se sabe se é uma comunidade

da língua, se é cultura, se é História

ou se são outras coisas. e, portanto,

é preciso clarificar. e há países que

lá estão, que não se sabe se estão

ou não estão. e, sobretudo, se per-

guntar aos cidadãos portugueses,

aos brasileiros, aos angolanos, aos

cabo-verdianos… se eles conhecem

a cplp, se sabem o que é e se

sentem membros daquilo a que se

chama uma comunidade, creio que

a maioria não se sente.

E não se sente porquê? Porque

nós só nos sentimos membros de

qualquer coisa com que temos al-

guma afinidade, quando estamos

com à-vontade, e isso tem a ver

com a circulação das pessoas. Eu

não vejo uma comunidade supra-

nacional sem a livre circulação.

Agora, entendo que seja compli-

cado. Era eu ainda ministro dos

Negócios Estrangeiros, criamos o

estatuto de cidadão lusófono, po-

liticamente foi um sinal, mas foi

um sinal político ingénuo porque

ninguém pegou nisso.

os países como portugal, o brasil e

angola têm de se empenhar mais,

e entendo devermos caminhar para

uma comunidade de povos. porque

há coisas um pouco ridículas, por

exemplo, quando vamos a portugal

temos um balcão de entrada de cida-

dãos da cplp, mas tenho visto pes-

soas a sair daquela fila e vão para a

geral porque é mais fácil entrar. até

dá ideia que, ser da cplp, ao con-

trário de facilitar, só complica. ■ *com José leite (lisboa)

exclusivo liberal | Diplomática

Page 66: Diplomática n.º 12

´ +Africa66 • Diplomática - fevereiro 2012

Respondendo a um desafio e no seguimento da

criação de um grupo que hoje grassa nas nos-

sas redes sociais com este mesmo titulo, resolvi

na forma escrita e editada dar um contributo

para este objectivo e ganhar coragem e começar

a escrever umas linhas sobre a minha experiên-

cia muito recente e intensa em angola

ao contrário da muita desinformação ou da

informação corrente nos diários e semanários

daquele país , que se pensa que é controlada ou

subvertida , situação que ainda hoje se conti-

nua a passar na nossa tão avançada democra-

cia, angola é hoje em dia uma das economias

mais pujantes do mundo, enquanto país emer-

gente e enquanto potência económica, política e

diplomática no continente africano e no mundo.

Quando falamos de angola , falamos de um país

cuja história permite chamar-lhe país irmão e é

assim que a maioria dos angolanos nos sentem

a nós, “portugueses”. claro que há excepções

em ambos os lados, mas é mais o que nos apro-

xima do que aquilo que nos faz divergir.

olhar para uma luanda de há 4 anos e olhar

para a mesma cidade agora é um grande ➤

Angola e Portugal, por José Damásio dos Santos

Por um futuro em comum

1. e 2. Kilamba Kiaxi 3. reconstrução do Huambo

Page 67: Diplomática n.º 12

´ +Africa 67fevereiro 2012 - Diplomática •

➤ exercício de memória que eu faço. encontrei

uma cidade menos confusa, mas ainda assim

confusa. não serão assim todas as capitais do

mundo?! com a divergência e o tamanho dos

seus problemas, com a sua altura, tamanho e

dimensão.

encontrei uma luanda, num país que, depois de

sensivelmente uma década, sai da instabilidade

de uma guerra, de um sofrimento entre irmãos

e famílias. “Uma criança”. a olhos vistos, esta

luanda e este país querem crescer, querem

aprender , querem fazer melhor.

Desde as cidades satélites , Kilamba Kiaxi , zango

, camama , Sambizanga , reconstrução do huam-

bo, aeroportos a serem revitalizados e postos em

funcionamento, milhares de quilómetros de estra-

das executadas e em execução em todo o país,

milhares de quilómetros de rede de caminhos de

ferro em restabelecimento e já a funcionar.

Desde o recente lançamento da empreitada do

mega porto no Dande, que se ambiciona venha

a ser um dos maiores de áfrica, aos constantes

esforços de formação, apoio às camadas mais

desprotegidas, passando pelo investimento nes-

te país das maiores corporações do mundo das

grandes potências mundiais, tudo se vê crescer,

tudo são oportunidades (não para “oportunis-

tas”, que também os há) de poder singrar como

país e para nós portugueses, na nossa relação

de centenas de anos com este povo, podermos

encontrar mais um motivo , um local , um povo

que nos quer ajudar e quer nos deixar crescer ,

trabalhar, viver, casar e ter filhos nesse país, a

nossa aproximação nunca fez tanto sentido...

São já muitos os casos de sucesso neste país,

desde algumas das nossas maiores empresas,

ao objectivo , que já foi um dia constante do

nosso país dos “self-made man”, dos nossos pe-

quenos e médios empresários que conseguem

construir riqueza em angola, fazendo-o com o

seu esforço e de muitos outros portugueses,

contribuindo diariamente para a construção des-

ta nova angola que quer aprender com o que de

bom e melhor foi feito noutros países e evoluir

e melhorar nos erros que foram cometidos por

esses outros , pois este país é dos angolanos e

são eles que devem fazer sempre a escolha do

seu caminho.

aqui tudo está recessivo, estamos reféns de

erros de muitas decádas, de maus e bons polí-

ticos, de maus e bons empresários, da alta e da

baixa produtividade dos empregados e principal-

mente da passividade e da pouca pro-actividade

de nós, portugueses, pelo interesse na política,

nos temas da governação, o que deixou, durante

muitos anos e por culpa de todos , chegar ao

estado em que estamos .

Já é suficiente mau dedicar um parágrafo a isto.

e o futuro?!

os nossos governantes, os nossos empresários,

os nossos trabalhadores (aqueles que neste

momento estão a passar por dificuldades e nem

emprego têm), têm que olhar para esta angola

, numa perspectiva de um novo começo para o

nosso país em colaboração e sinergia com os

angolanos.

não há espaço nesta angola para “os novos

colonos”. os que pensarem assim, nem tentem

entrar neste mercado. estarão condenados ao

insucesso.

temos que falar de igual para igual, com al-

guma humildade que nós portugueses temos

bastante, mas que até agora pouco aplicámos

nas relações politicas com este país; temos que

negociar e “angolanizar” as nossas empresas,

procurar parcerias estáveis e consequentes de

construção de uma empresa e de um país e não

o negócio do “golpe de sorte”.

a educação e crescimento desta “criança” faz-

se acompanhando a sua “infância”, investindo

de raiz e colocando sementes, acompanhando a

sua “juventude”, fazendo crescer esses mesmos

investimento e assim também o país. e che-

gando à sua idade “adulta” com esses mesmos

investimentos transformados em grupos empre-

sariais de sucesso, sólidos , sustentáveis , que

cresceram e ajudaram a crescer esse país, que

tanto nos quer, nos mantém as portas abertas

como povo irmão que somos.

Deixemo-nos do fútil e passemos ao útil, do

abstracto ao concreto, do irrealizável ao práctico,

para todos nós portugueses e angolanos, pois

só assim poderemos construir Um futuro em

comum. ■

Page 68: Diplomática n.º 12

´ +Africa68 • Diplomática - fevereiro 2012

O primeiro-ministro português es-

teve em angola, numa breve visita

oficial de 48 horas. visita a que

atribuiu uma grande importância,

“por ser uma oportunidade única

para prepara as bases de uma re-

lação de excelência e mais proxi-

midade entre os cidadãos dos dois

países, as empresas e também os

estados”.

para além do encontro com o pre-

sidente José eduardo dos Santos,

que não conhecia (ainda que o pre-

sidente angolano já o tivesse convi-

dado a visitar angola) e com quem

teve uma audiência de 40 minutos,

seguida de almoço, passos coe-

lho, que foi recebido, à chegada ao

aeroporto de luanda, pelo ministro

das relações exteriores, Georges

chikoti, visitou também a assem-

bleia nacional, onde foi recebido

por paulo Kassoma. o último ponto

da agenda do primeiro-ministro por-

tuguês foi um encontro com o líder

da UNita, isaías Samakuva.

passos coelho fez questão de

frisar que portugal tem uma rela-

ção muito próxima com o estado

angolano, que tem permanecido

como prioridade da política externa

portuguesa. no âmbito da visita, o

primeiro-ministro português par-

ticipou num encontro empresarial

portugal-angola, no centro cultural

português. No final, passos coelho

assinalou que, neste momento, em

que portugal vive esta grave crise

económica, angola não só exerce

um poder de atracção à continuação ➤

Pedro Passos Coelho em Angola

Viagens De estaDo

Page 69: Diplomática n.º 12

´ +Africa 69fevereiro 2012 - Diplomática •

➤ dos investimentos portugueses,

mas transformou-se, muito recente-

mente, numa oportunidade para a

diversificação da aplicação de ca-

pitais angolanos e, sobretudo, uma

porta de saída para a realização

profissional e pessoal de um cada

vez maior número de portugueses.

Daí que o primeiro-ministro tenha

tentado, nesta viagem, sensibili-

zar as autoridades angolanas para

reforçar a capitalização de empre-

sas públicas portuguesas. passos

coelho, numa entrevista que deu à

rádio Nacional de angola, admitiu

que angola pode ser “uma alavanca

para a retoma económica em por-

tugal”. mas, em declarações poste-

riores, o primeiro-ministro admitiu

que, nesta fase de privatizações

em portugal, “não há ainda empre-

sas angolanas a participar”.

portugal e angola têm relações

muito próximas, até porque a comu-

nidade angolana é muito relevante

em portugal, disse passos coelho,

realçando que angola tem vindo a

crescer, nos últimos anos, a um rit-

mo elevado. “portugal aposta cada

vez mais na internacionalização da

sua economia e na captação de in-

vestimento externo. estes factores

fazem dos nossos dois países alia-

dos estratégicos muito relevantes”,

indicou ainda o primeiro-ministro

português.

Sabe-se entretanto que ficou mar-

cada, nesta visita, uma cimeira

bilateral, já em 2012, com agenda

já acordada. ■

Page 70: Diplomática n.º 12

´ +Africa70 • Diplomática - fevereiro 2012

A cultura em novembro excedeu as expectativas de

uma repetição subjectiva e anacrónica em angola. o

“atllantico” traçado pelo sociólogo paul Gilroy, na sua

perspectiva antiessencialista e afirmativa, sente-se em

nós e leva-nos ainda mais longe. Diria mesmo até à

“casa Grande e Senzala” de Gilberto freire do séc. 20,

tendo-se catapultado para o que é hoje uma cultura glo-

bal e globalizante que, deste lado do atltântico, se eleva

do exótico e expressivo batuque aos instrumentos musi-

cais mais sofisticados, no âmbito da filosofia e dimensão

africana. Da literatura, à dança e à música, as fronteiras

esbatem-se, a partir do momento em que, as orquestras

de música sinfónica entram em cena e, neste caso par-

ticular, em angola, num diálogo ainda em embrião com

o semba, o kuduro e outras formas de expressão corpo-

ral, outrora reconhecidas como sinais do subjectivismo

inconsciente e repetido do gesto e da palavra.

contudo, das pinturas murais ou rupestres das cavernas

à expressão escrita, os povos distanciaram-se de acordo

com a força da diáspora dos primeiros habitantes deste

planeta. tal como o egipto se sagrou como uma socie-

dade da primeira civilização e cultura brilhante avançada

em milénios antes de cristo, também houve distancia-

mentos entre o atlântico norte e o atlântico sul, em ter-

mos do domínio técnico e científico, provavelmente para

os do norte, encorajados pelo clima frio e durezas inver-

nais. No entanto, as vivências do tropicalismo africano

da diáspora da idade moderna e da herança racializada

espalhada pelo “atlântico negro”, apresentam-se como

conquista, a partir das experiências de diferentes cultu-

ras e saberes. Dir-se-ia que, de uma ou de outra manei-

ra, a doutrina das idéias platónicas, onde o objecto do

conhecimento se distingue das coisas naturais, colocam

o humano de hoje no patamar da sabedoria, que se

traduz na filosofia das belíssimas obras de arte, quer na

arquitectura, quer noutras manifestações da vida social,

cultural e política, em que as boas obras inacabadas são

eternizadas pela memória daqueles que as completam,

quer em termos materiais e imateriais, em que o domínio

da escrita, é uma opção obrigatória. Quanto a africa, o

canto e a dança fizeram as delicias dos primeiros admi-

radores e apaixonados pelo “exotismo”, que continua na

tradição africana como marca cultural.

chegados ao séc. 21, a globalização geográfica e as

práticas migratórias, a ser bem geridas e controladas,

não só enriquecem as nações, como também colocam

os humanos num constante diálogo técnico e científico.

e porque assim é, em angola desenha-se um luso-tropi-

calismo, que invoca o passado numa outra perspectiva:

a do equilíbrio das forças, através da expressão cultural

renovada e aprimorada, fortemente mesclada pelo ribom-

bar do batuque e pelos instrumentos da música sinfónica,

na tentativa de transfronteiricidade, contra o eurocentris-

mo da modernidadade europeia. nada mais permanece

igual, numa corrida em que a componente a não perder

é o constante resgaste das identidades entre africanos

e europeus, para atingir os equilíbrios desejados. para

que isso seja factível ao longo das próximas gerações,

precisamos de “utopias”, isto é: não parar de sonhar,

contra os arrastamentos da estagnação.

a globalização geográfica existe desde que grupos hu-

manos se superaram a si próprios e descobriram outros

mundos, vencendo os medos dos distanciamentos. Só

os grupos humanos organizados têm como saber dar e

apropriar-se do melhor dos outros, sem o esvasiamento

e a anulação de si mesmos. É assim que eu vejo o luso-

tropicalismo deste século. isso exige o que os sociólogos

chamam de “coesão social”, através da educação, instru-

ção e do apropriamento da história particular e geral. É

aqui que a comunicação social exerce um papel pre-

ponderante e inexcedível.

a cultura africana, na perspectiva activa essêncialista e

afirmativa das geografias contemporâneas, apresenta-se

com nova roupagem no ser, agir e olhar, resultado das

diversas experiências em viagens e buscas, entre áfri-

ca, américa e a europa, em que o “essencial” de hoje

é transpôr as barreiras do conhecimento e do saber,

como processo de constante movimento e mediação,

imbricada e distinta, na abordagem do atlântico quatro-

centista e quinhentista, como unidade de valores históri-

cos de múltiplas interconexões, na construção da aldeia

comum”, para este milénio, que se pretende civilizada,

igualitária e mais humana. ■

Cultura e HistóriaUm resgate afirmativo da mundialização das identidades

palmira tjipilicaprofessora universitária

CróniCa

Page 71: Diplomática n.º 12

Afinal, o melhorBanco Comercialé daqui.No passado dia 27 de Junho, a prestigiada revista internacional ‘World Finance’ distinguiu o BCI com o Prémio “O melhor Banco Comercial em Moçambique”.

Este Prémio destaca as empresas líderes, com as melhores práticas no mundo financeiro e é atribuído anualmente pela inovação, flexibilidade, soluções e apoio ao Cliente, variedadede produtos e serviços, estratégia e resultados obtidos.

Ganhar esta distinção só foi possível porque cada vez mais moçambicanos depositam a sua confiança no BCI e dizemcom orgulho: “Eu sou daqui. E o meu Banco também”.

Page 72: Diplomática n.º 12

´ +Africa72 • Diplomática - fevereiro 2012

Num momento em que portugal, entre

muitos outros países europeus, atra-

vessa uma gravíssima crise financeira,

os nossos estadistas, a começar pelo

presidente da república, têm vindo a

dedicar uma particular atenção com os

países de expressão oficial portugue-

sa, nomeadamente, moçambique.

foi neste âmbito que se inseriu a

visita ao nosso país do presidente

moçambicano armando Guebuza,

com quem cavaco Silva manteve uma

longo encontro a sós, seguido do ha-

bitual jantar oficial, já com a presença

das delegações oficiais de ambos os

países. foi assim dado o início oficial

da cimeira bilateral entre portugal e

moçambique, durante a qual foi feito

o balanço do intercâmbio económico,

relativo aos últimos 12 meses e se

programou as acções para os próxi-

mos 12 meses.

ficou patente, face aos discursos de

cavaco Silva e armando Guebuza,

ser este momento entendido como um

desafio para para ambos os países

tirarem vantagens mútuas a favor da

cooperação. nas suas intervenções, ➤

Cavaco Silva e Armando GuebuzaDois estadistas em Belém preparam cimeira bilateral de dois dias

Visitas De estaDo

Page 73: Diplomática n.º 12

´ +Africa 73fevereiro 2012 - Diplomática •

➤ ambos fizeram questão de reafirmar

a determinação de ambos os países

em dar continuidade aos projectos já

encetados e em programar novos pro-

jectos cuja viabilização financeira seja

considerada verdadeiramente realista.

ambos os presidentes defenderam a

manutenção da cooperação, porque

“entendem que portugal e moçambi-

que são como as duas mãos que, para

que cada uma delas esteja limpa, têm

de se lavar mutuamente”.

Durante a sua visita oficial a portugal,

armando Guebuza ainda teve tempo

para dar uma entrevista a um ocS

português, em que declarou que terá

ficado assegurado, quando se avistou

em nova iorque com pedro passos

coelho, que se chegaria a um des-

fecho final sobre com quem deverão

ficar os restantes 15% de cahora

bassa, de momento ainda na posse do

estado português, depois de ter cedi-

do os 85% a moçambique. ainda que

não tenha sido confirmado, esses 15%

restantes poderão vir a ser repartidos

por duas empresas – uma portuguesa

(a rede eléctrica de energia de ➤

Guebuza na cimeira luso-moçambicana

Page 74: Diplomática n.º 12

´ +Africa74 • Diplomática - fevereiro 2012

➤ portugal), outra moçambicana (a

ceza). a concretizar-se este projecto,

a reN poderia ser uma das parceiras,

com o estado moçambicano, na cons-

trução da linha de condução de ener-

gia eléctrica que irá ligar tete a mapu-

to (construção, de resto, já anunciada

há semanas na capital moçambicana).

não é de esquecer que, apesar da cri-

se, há já uma longa lista de empresas

portuguesas que continuam a asse-

gurar o seu empenho em investir em

moçambique, entre elas, a portucel,

a visabeira, o Grupo pestana, sem

esquecer a tap.

o certo é que o presidente Guebuza já

havia dito que estava optimista quanto

ao sucesso da cooperação bilateral

com lisboa, porque via “na crise que

abala portugal apenas um obstácu-

lo para se transpor, tal como muitos

outros que foram já ultrapassados no

passado”. aqui em portugal, Guebuza

fez questão de afirmar aos jornalistas

que “esta cimeira bilateral é a prova

de que estamos mais que determina-

dos a continuar com a nossa coopera-

ção”. ■

Guebuza na Cimeira Luso-Moçambicana

Page 75: Diplomática n.º 12

´ +Africa 75fevereiro 2012 - Diplomática •

A importância do mundo da lusofonia como um

espaço privilegiado de negócios, criando grupos lu-

sófonos muito fortes, foi um dos aspectos destaca-

dos pelo ministro da economia e emprego, álvaro

Santos pereira, num almoço-debate promovido

pela associação comercial de lisboa.

o governante sublinhou que este tempo de crise

é uma oportunidade única para o país mudar de

estilo de vida, de se tornar um país mais exigente,

produtivo, empreendedor, eficaz e, por isso, credí-

vel. em suma, para o titular da pasta da economia

trata-se de um novo modelo de desenvolvimen-

to económico, que “tornará portugal um país de

sucesso”. Qual o caminho então a seguir? perante

uma plateia constituída na sua maioria por empre-

sários, álvaro Santos pereira apontou a urgência

de aumentar a liquidez com enfoque nas ajudas

à recapitalização das empresas, quer ao nível de

capital de risco, da reestruturação empresarial e

novos instrumento financeiros relacionados com

as exportações. tudo acompanhado por uma nova

politica de transportes, obras públicas, ou seja a

adopção de políticas que tornem o “estado menos

consumidor”, levando a cabo um “ambicioso pro-

grama de privatizações”, gerando recursos para as

actividades económicas, tornando-as mais concor-

renciais.

o ministro enfatizou ainda o papel das exportações

como um “desígnio nacional” num mundo cada vez

mais global, sublinhando que as mesmas têm cres-

cido à média dos 7 ou 8 por cento ao ano, em con-

tra - ciclo com um consumo em grande retracção.”a

internacionalização deve ser vista como etapa de

vida no ciclo de desenvolvimento das empresas”,

disse, acrescentando que o estado deve criar os in-

centivos necessários para alcançar esse objectivo.

o lançamento de uma via rápida para o investi-

mento, que desburocratize os projectos que estão

estagnados nos vários organismos públicos, a

revisão da lei da concorrência, a aposta estratégica

no projecto alqueva potenciando novas vias para o

turismo e a canalização de verbas para a reabilita-

ção urbana foram outras medidas apontadas pelo

ministro da economia que deixou uma ,mensagem

de esperança aos empresários de que o governo

está firme nos seus propósitos de dar uma nova

visão à economia portuguesa, tornando-a mais

produtiva. e no final fez um apelo aos empresá-

rios para “considerarem sempre aberta a porta do

ministério da economia, pois temos todo o interes-

se em os ouvir”.um novo estilo certamente, faltam

ainda os resultados palpáveis. ■

Tornar a Lusofonia um espaço de negóciosMinistro da Economia aponta linhas mestras em encontro com empresários

o governante apontou a

necessidade de desburocra-

tizar o aparelho de estado

e dar melhores condições à

iniciativa empresarial

traDes

Page 76: Diplomática n.º 12

´ +Africa76 • Diplomática - fevereiro 2012

No dia 16 de Setembro de 2011 foi assinado publica-

mente o protocolo de cedência e aceitação do palá-

cio do conde de penafiel para a instalação perma-

nente da sede da comunidade dos países de língua

portuguesa – cplp.

o palácio do conde de penafiel faz parte da histó-

ria de portugal e a sua construção data do primeiro

quartel do século Xviii. Durante muito tempo o seu

núcleo primitivo serviu como instalação do “correio-

mor” – posteriormente chamado correio Geral do

reino – e durante quase uma década foi o centro da

vida faustosa e aristocrática de lisboa. hoje, em ple-

no século XXi, o edifício está à disposição da cplp

para a instalação da sua Sede, cuja mudança definiti-

va está marcada para novembro deste ano.

na cerimónia da assinatura deste protocolo esti-

veram presentes o Director-Geral do Secretariado

executivo da cplp, Dr. Hélder vaz lopes; o ministro

de estado e dos Negócios estrangeiros de portugal,

Dr. paulo portas e o ministro das relações exterio-

res de angola e presidente do conselho de ministros

da cplp, Dr. Georges chicoti, entre outras persona-

lidades.

o acto da cedência do espaço, propriamente dito, foi

celebrado entre o ministério dos Negócios estran-

geiros de portugal, representado por paulo portas,

e cplp. Segundo o directior-geral da cplp, hélder

vaz lopes, no âmbito da reestruturação do secreta-

riado executivo, o tema da nova sede na agenda do

ccp e do conselho de ministros tem vindo a ser ➤

Palácio do Conde de Penafiel A nova Sede da CPLP

ministro das relações exteriores de angola, presidente do conselho de ministros da

cplp, Georges chicoti; ministro de estado e dos Negócios estrangeiros de portugal,

paulo portas e Diretor Geral, Secretariado executivo Da cplp, Hélder vaz lopes

globalização

Page 77: Diplomática n.º 12

´ +Africa 77fevereiro 2012 - Diplomática •

➤ analisado desde 2007. também para o ministro

dos Negócios estrangeiros, paulo portas, a nova

sede da cplp é um assunto que já está a ser deba-

tido há alguns anos. perante esta situação o ministro

paulo portas fez questão de acentuar que “quer do

ponto de vista internacional, portugal cumpriu a sua

palavra;, quer do ponto de vista da operacionalidade

da cplp, portugal contribuiu para o crescimento da

organização, sendo que,do ponto de vista financeiro,

apesar de estarmos em austeridade, a solução foi

rápida”.

“Se hoje a língua portuguesa representa 250 milhões

de pessoas em quatro continentes, onde se fala o

português, é uma comunidade prioritária quer para

o interesse nacional, quer do ponto de vista econó-

mico, quer do ponto de vista cultural e também do

ponto de vista diplomático, estimando-se que, dentro

de poucas décadas, cerca de 350 milhões de pesso-

as falem português. Desta forma, e juntamente com a

cplp, portugal tem todas as condições para vencer

na globalização”,concluiu paulo portas.

ainda de acordo com o Director Geral da cplp, pre-

tende-se que a nova Sede vá dar um novo impulso à

vida daquela organização. para” Hélder vaz lopes,

o “palácio penafiel permitirá não apenas o reforço

das capacidades técnicas do Secretariado executivo,

mas também a abertura da cplp à sociedade civil

dos estados membros, parte do que alguém baptizou

como a passagem duma “comunidade de governos a

uma comunidade de povos”. ■texto e fotos: roman buzutt

Page 78: Diplomática n.º 12

78 • Diplomática - fevereiro 2012

A visita efectuada por Xanana Gusmão, primeiro-

ministro de timor-leste a portugal, no passado mês

de Setembro, para além da sua componente política,

destapou e fez reaparecer a velhas cumplicidades que

remontam a um período negro da vida desse país. por-

tugal e timor-leste, por razão da sua história comum

e dos tempos de fogo da invasão indonésia, estarão

sempre ligados por laços para além dos arranjos e das

conveniências políticas.

Já assim havia sido em novembro de 2010 quando,

inesperadamente, o presidente timorense, ramos

horta, também de visita a portugal, havia colocado o

seu pequeno estado – e uma das nações mais pobres

do mundo – à disposição da ex-potência colonial para a

ajudar a sair da crise económica em que se encontra.

«eu não vejo dificuldades em timor-leste comprar tam-

bém notas promissoras portuguesas. o próprio governo

timorense já fez a decisão de diversificar a aplicação do

fundo do petróleo, comprando outras notas promisso-

ras», disse então o presidente maubere em entrevista

a um canal de televisão. e, embora não se sabendo o

pé em que ficou a promessa e o tipo de recepção que

terá tido pelas autoridades portuguesas, pena foi que se

tivesse descartado a possibilidade, na medida em que,

na altura, timor-leste tinha quatro mil milhões de euros

para investir do seu fundo de petróleo.

É que, independentemente da natureza solidária da

promessa, o negócio teria sido bom para timor-leste,

pois, como referiu ainda ramos Horta na mesma

entrevista, o investimento «em empresas públicas ou

semi-públicas portuguesas com grande sucesso porque

a diversificação do nosso fundo do petróleo deve ser

feita com inteligência, em investimentos seguros e que

dão proveitos razoáveis» …

Resultados da vista pouco conhecidos

mas, no que respeita à recente visita de Xanana Gus-

mão a portugal, os seus resultados são pouco conheci-

dos, na medida em que só passou para a comunicação

social informação sobre os actos mais públicos, não

havendo nenhuma alusão à natureza das conversas

que terá tido com as autoridades portuguesas. ➤

Xanana em LisboaEmoções e cumplicidade

Cada regresso à pátria que já foi sua é um ritual fantástico de

emoções e cumplicidades. O guerrilheiro é sempre recebido em

Portugal como amigo íntimo, como irmão…

Visitas De estaDo

Page 79: Diplomática n.º 12

79fevereiro 2012 - Diplomática •

➤ De qualquer modo, a deslocação ao nosso país de

José alexandre (Kay rala Xanana) Gusmão, veio,

como já se disse, destapar a afectividade que para

sempre estreitará as relações entre os dois povos, de

que Xanana é, sem dúvida, a personagem mais rele-

vante.

efectivamente, Gusmão, nascido em manatuto – na

então “província ultramarina de timor” – em 1946, e

que durante anos foi o rosto mais conhecido da re-

sistência armada ao ocupante indonésio, apesar de

rumores sobre o seu alegado autoritarismo – a que não

será alheio o processo pouco explicado do afastamen-

to do então primeiro ministro mari alkatiri, por muitos

entendido como um “golpe de estado” –, continua a ser

a grande referência da resistência e do novo país que,

aos poucos, vai construindo os alicerces de um estado

de Direito democrático.

São reconhecidas por todos – apoiantes e opositores

– as suas extraordinárias capacidades de organiza-

ção e o quanto foi essencial o seu empenhamento na

reorganização da guerrilha timorense na década de 80,

como também elogiadas as suas inatas capacidades

de diplomata com que, na década seguinte, sabiamen-

te soube utilizar a comunicação social de todo o mundo

para alertar a humanidade do massacre que as forças

indonésias de ocupação estavam perpetrar contra o

seu povo, tendo corrido mundo as imagens dos assas-

sinatos de indefesos no cemitério de Santa cruz (Díli),

a 12 de Novembro de 1991.

a sua prisão, em Novembro de 1992, que parecia ser

um duro golpe na resistência timorense, transformou-

se num crescendo de solidariedade internacional e de

isolamento da indonésia no quadro das nações.

com a liberdade da pátria, Xanana assume a presidên-

cia da república, cargo que ocupa por dois mandatos

e, posteriormente, com a eleição de ramos Horta como

presidente, assume as funções de primeiro-ministro

depois de sufragado pelo voto popular.

como todos os nomes grandes da caminhada dos po-

vos, “Kay rala Xanana” Gusmão gera amores e ódios

próprios de uma figura apaixonante e apaixonada. a

história o julgará! ■

São reconhecidas por todos –

apoiantes e opositores – as suas

extraordinárias capacidades

de organização e o quanto foi

essencial o seu empenhamento

na reorganização da guerrilha

timorense na década de 80,

como também elogiadas as suas

inatas capacidades de diplomata

Page 80: Diplomática n.º 12

80 • Diplomática - fevereiro 2012

Foi no palácio de belém que o presidente cavaco Silva recebeu o primeiro-ministro da

Sérvia, mirko cvetkovic, que esteve em visita oficial ao nosso país. Dadas as boas re-

lações políticas e económicas entre os dois países, o político sérvio aproveitou, durante

o encontro, para reforçar a abertura que o seu país continua a apresentar, em termos

de investimento, a portugal.

recorde-se que a entrada de mirko cvetkovic na política se deu em Janeiro de 2001,

ao tomar posse do cargo de ministro da economia. cargo que, sete anos depois, viria a

acumular com o lugar de primeiro-ministro da Sérvia, até aos dias de hoje.

a Sérvia é um dos países culturalmente mais diversificados da europa, registando já,

em termos económicos, um mercado emergente e bastante diferenciado. o acordo de

protecção recíproca, no âmbito dos investimentos, assinado entre portugal e a Sérvia

em 2009, visou, objectivamente, intensificar e criar as condições mais favoráveis à

cooperação económica entre os dois países, no que toca à concretização dos investi-

mentos.

o encontro entre cavaco Silva e mirko cvetkovic serviu, não só para reforçar e enri-

quecer as relações bilaterais, mas também para delinear novos métodos e formas de

combater a crise económica vigente.

No final da audiência, ficou, no entanto, claro que, no meio da insegurança económica

mundial e do rumo mais eficaz a tomar para combater a crise, portugal e Sérvia vão

continuar a apoiar-se mutuamente, tanto no que se refere aos seus interesses como às

suas necessidades mais prementes. ■

Visitas De estaDo

Mirko CvetkovicPrimeiro-ministro da Sérvia

Page 81: Diplomática n.º 12

81fevereiro 2012 - Diplomática •

Na noite de 29 de Setembro, teve

lugar na residência doembaixador

alemão, Helmut elfenkämper, a

recepção por ocasião do Dia da

unidade alemã. com um excelente

tempo e temperaturas de verão,

a embaixada congratulou-se por

tantos convidados terem aceite o

convite que lhes foi endereçado.

na sua mensagem de boas-vin-

das, o embaixador elfenkämper

sublinhou o significado do Dia

da unidade alemã, momento em

que os alemães são recordados

de que a divisão do seu país e do

continente europeu foi ultrapassa-

da em conjunto com os parceiros

europeus; que hoje é importante ➤

Dia da Unidade Alemã 2011

1. embaixador Helmut elfenkämper transmite a mensagem de boas-vindas, acompanhado pela orchestra Juvenil da renânia

do Norte vestefália 2. ministro conselheiro da embaixada da alemanha, robert Weber e antje Weber 3. embaixador de fran-

ça, franz Schöps, embaixador da Suíça e o embaixador Helmut elfenkämper

1

2 3

Mala DiploMátiCa

Page 82: Diplomática n.º 12

82 • Diplomática - fevereiro 2012

➤ garantir, defender e continuar

a desenvolver o que construímos

a partir desta situação histórica

única. Segundo o embaixador, a

União europeia continua a ser a

nossa resposta comum aos desa-

fios da globalização.

o embaixador elfenkämper sau-

dou em particular o „embaixador

extraordinário de bona“, franz

Schöps, que fez um percurso em

bicicleta de mais de 2800 km, de

bona até lisboa, para participar

nas comemorações. a cidade de

bona, anterior sede do governo

federal, foi este ano responsável

pelos festejos do Dia da unidade

alemã na alemanha. ■

4. embaixador Helmut elfenkämper e sua mulher com ministro conselheiro robert Weber e sua mulher recebem os convida-

dos 5. embaixador da alemanha a discursar 6. embaixador da república da áustria com luís miguel ehlert e sua mulher

7. embaixador da confederação Suíça, bruno W. lehmann com Sérgio magnani e sua mulher 8. edith förster

4 5

6 7 8

Dia da Unidade Alemã 2011

Page 83: Diplomática n.º 12

83fevereiro 2012 - Diplomática •

Para assinalar os 189 anos da in-

dependência do brasil, o embaixa-

dor mário vilalva deu uma recep-

ção na sua residência no restelo

em Setembro passado. convida-

dos de honra foram o ex-presiden-

te lula da Silva, o primeiro ministro

passos coelho, o ministro dos

assuntos parlamentares, miguel

relvas, maria barroso entre as

centenas de pessoas presentes

ligadas às mais diversas áreas da

sociedade portuguesa, desde a

diplomacia, politica à economia,

além de representantes de empre-

sas portuguesas e brasileiras.

no discurso alusivo à efeméride,

o embaixador do brasil, mário

vilalva, considerou uma honra a

presença de lula da Silva, agora

investido numa nova função de ser

embaixador itinerante do brasil no

que concerne à diplomacia eco-

nómica, estabelecendo contactos

empresariais e comerciais com os

várias países.mário vilalva reafir-

mou a disposição de incentivar as

relações comerciais entre os dois

países irmãos, sublinhando que

o brasil «está agora a descobrir

portugal através dos investimen-

tos feitos por grandes empresas».

Segundo o diplomata, o grande

passo será dado no dia em que

forem definitivamente eliminadas

as barreiras que ainda limitam o

comércio entre o mercosul e a

União europeia, através do «esta-

belecimento daquele que será um

dos maiores acordos comerciais

do planeta».

«Quando chegar esse dia, estare-

mos a criar riqueza e mais empre-

go, tornando o atlântico como a

grande via do comércio no mun-

do», acrescentou mário vilalva,

acentuando, logo em seguida, o

papel determinante que portugal ➤

Festa do 189º aniversário da independência do Brasil

Lula da Silva foi convidado de honra e recebeu medalha do I.S. Técnico

1 2 3

4

5

1. Discurso do embaixador acompanhado por lula da Silva 2. embaixadores do brasil e pedro passos coelho 3. lula da Silva e

antónio José Seguro 4. embaixador da russia e embaixador da bulgária 5. embaixador da Ucrania e Salvador correia de Sá

Mala DiploMátiCa

Page 84: Diplomática n.º 12

84 • Diplomática - fevereiro 2012

➤ pode vir a ter na defesa e expan-

são da lusofonia, «pois aprendeu

a ver o mundo a partir da china,

da áfrica, do brasil, da ásia, da

europa, enquanto muitos países

da europa só vêem o mundo atra-

vés do seu umbigo».

Durante a recepção, lula da Silva

recebeu das mãos de manuela

vieira, vice-presidente do institu-

to Superior técnico, a medalha

“leonardo da vinci” como forma

de agradecimento pelo trabalho a

nível mundial que o ex-presidente

brasileiro tem desenvolvido em

prol da engenharia.

a banda da armada portuguesa

executou os hinos dos dois países,

tendo também animado a recepção

que se prolongou durante a noite

a banda do navio-escola de guerra

do brasil executando algumas das

mais conhecidas canções brasilei-

ras.isto enquanto mulheres trajando

os típicos trajes brancos de baianas

iam servindo um acarajé que fazia

as delícias dos convidados.

“viva a independência e a separa-

ção do brasil. pelo meu sangue,

pela minha honra, pelo meu Deus,

juro promover a liberdade do bra-

sil. independência ou morte!”.esta

foi a frase proferida por D. pedro

a 7 de Setembro de 1822, procla-

mando a independência do bra-

sil. exteriorizava o sentir de uma

revolta, em parte resultante de um

crescente mal-estar na antiga co-

lónia face ao monopólio comercial

português e o excesso de impostos

numa época de livre no mercado e

circulação de mercadorias. curio-

samente, dois séculos depois, os

dois países querem unir-se, apos-

tando numa forte união económica,

com o atlântico a servir de espaço

privilegiado nesse nova estratégia

de relacionamento. ■

6. José pestana e ana palmeira 7. embaixadores e.U.a e antónio pinto ribeiro 8. paula bobone e Jorge braga de macedo 9. antó-

nio burtorff acompanhado da mulher e manual ferreia enes 10. embaixadores de frança e antónio pinto ribeiro

11. embaixadores da coreia

6 7

9 10

8

11

Festa do 189º aniversário

da independência do Brasil

Page 85: Diplomática n.º 12

85fevereiro 2012 - Diplomática •

Por ocasião do dia nacional do

seu país, os embaixadores de

espanha, francisco villar e a

sua mulher isabel villar, convi-

daram para a sua recepção, que

teve lugar no palácio da palavã,

personalidades dos mais diver-

sos meios sociais, diplomáticos,

económicos e políticos.

portugal e espanha são duas

velhas nações europeias, com

uma notável projecção histórica

e cultural no mundo e possui-

doras de uma singular perso-

nalidade e uma forte identidade

própria.

este ano a comemoração é es-

pecial, pois é o vigésimo quinto

aniversário da adesão simultâ-

nea de portugal e espanha às

comunidades europeias. Hoje a ➤

Festa na Embaixada de Espanha

1. embaixador de espanha, francisco zillar com maria da luz de bragança 2. embaixadores do luxemburgo com embaixatriz da

roménia, Nicolata popovici e embaixadora de marrocos 3. Javier Gallego com marta Gallego e o presidente da camara de espanã,

Guillermo de llera. 4. pedro lourtie com o embaixador do brasil, mario vilalva e o embaixador da Ucrânia, oleksandr m. Nyko-

nenko 5. anne-marie mathias com marcelo mathias 6. anna luisa pignatelli e os embaixadores da Suécia bengt lundborg e Jane

lundborg 7. milton moniz com os embaixadores da correia

1 2 3

4

5

6

7

Mala DiploMátiCa

Page 86: Diplomática n.º 12

86 • Diplomática - fevereiro 2012

➤ União europeia, facto de

grande relevância, porque con-

tribuiu de maneira importante

para a consolidação dos nossos

processos democráticos e para

a modernização das nossas

economias, e também para o

impressionante incremento e

reforço que experimentaram as

relações bilaterais entre os nos-

sos dois países ao longo deste

último quarto de século.

Hoje, espanha, portugal e mui-

tos países europeus e de outras

latitudes atravessam uma gravís-

sima crise financeira, económica

e social. esta crise, no entanto,

ainda que tenha travado algum

projecto concreto, não desatou

os laços cada vez mais fortes

entre os dois países ibéricos. ■

8 9 10

11 12 13

14

15 16 17

8. maria da luz de bragança com margarida ruas 9. maria luísa pacheco com antónio e antónia de almeida e luís mira amaral

10. embaixatriz da polónia Katarzyna Skórzynskza e maria da luz de bragança 11. embaixadores da Noruega 12. embaixatriz da

Suiça, almy Schaller e o embaixador de frança, pascal teixeira da Silva 13. o embaixador da Ucrânia e o embaixador da rússia

14. embaixatriz de Senegal e o embaixador dos emirados 15. Nuno lima de carvalho, maria da luz de bragança e ramon font

16. ana vidal e bernardino Gomes 17. embaixadores da turquia

Festa na Embaixada de Espanha

fotos: roman buzutt

Page 87: Diplomática n.º 12

87fevereiro 2012 - Diplomática •

No dia em que a república popu-

lar da china celebrou o seu Dia

Nacional, o embaixador chinês

acreditado no nosso país, ofere-

ceu uma recepção, em que fez

questão de felicitar, de forma es-

pecial, todos os residentes e em-

presas chinesas sediadas em por-

tugal e agradecer a todos os que

têm vindo a acompanhar o desen-

volvimento da china e fomentar a

amizade sino-portuguesa.

ao longo dos 62 anos desde a sua

fundação, frisou o embaixador,

que a república popular da chi-

na, passou por reformas amplas e

profundas e obteve notáveis êxi-

tos em desenvolvimento, trazendo

novas mudanças à vida do seu

povo.

o diplomata chinês realçou ainda

que a república popular da china

está comprometida o seu cami-

nho de desenvolvimento pacífico,

garantindo a manutenção e con-

tribuindo para a paz mundial e,

dedicando-se em conjunto com

a comunidade internacional na

construção de um mundo harmo-

nioso de paz duradoura e prospe-

ridade comum.

a china e portugal, assim como

os seus povos, têm uma longa

história de intercâmbio e amiza-

de, aprofundando os laços de

cooperacção nas áreas política,

económico-comercial, cultural,

cientifico-tecnológica, militar, en-

tre outras.

o embaixador chinês fez ques-

tão de relembrar a resolução da

questão de macau através de

negociações amigáveis e o esta-

belecimento de uma parceiria es-

tratégica Global. lembrou também

o êxito da visita presidente chinês,

hu Jintao, que veio dar um grande

impulso às relações bilterais.a re-

cepão terminou com um brinde à

china e a portugal e ao bem-estar

dos dois povos. ■

Recepção do Dia Nacional da China

o embaixador zhang beisan, proferindo o seu discurso

Mala DiploMátiCa

Page 88: Diplomática n.º 12

88 • Diplomática - fevereiro 2012

Por ocasião do Dia nacional da

Ucrânia, o embaixador oleksander

nykonenko, ofereceu uma recepção

no mosteiro dos Jerónimos. Quem

esteve presente pode apreciar um

belo espectáculo com músicos

clássicos ucranianos, que inter-

pretaram obras de compositores

ucranianos e estrangeiros, inclusive

portugueses, interpretados tanto

com instrumentos musicais tradi-

cionais, como antigos instrumentos

ucranianos. a interpretação musical

esteve a cargo do trio de banduras

“Kupava”, o Quarteto de cordas

“amabile” e igor Snedkov. com uma

selecção de melodias magníficas,

entre as quais: “valsa de Kharkiv”

de azat chilutian; “ave maria” de

Giullio caccini e “traz outro amigo

também” de José afonso. Seguin-

do-se de um cocktail com sabores

ucranianos e portugueses que muito

agradaram os convidados. ➤

Dia Nacional da Ucrânia

1. Quarteto de cordas “amabile” 2. igor Snedkov, acordeonista ucraniano 3. trio de banduras “Kupava” 4. convidados a assistir ao

concerto

1 2 3

4

Mala DiploMátiCa

Page 89: Diplomática n.º 12

89fevereiro 2012 - Diplomática •

➤ este ano, a Ucrânia, marca o 20º

aniversário da sua independência.

Durante este período o país, sem

dúvida, conseguiu provar que é um

membro importante da comunidade

internacional,

a ucrânia é potencialmente um

parceiro importante para a europa,

ocupando um dos primeiros lugares

entre os países do continente pelo

tamanho do seu território e o quinto

lugar pela população.

em 2011, a estabilidade políti-

ca, os valores democráticos e a

disposição pragmática dos dirigen-

tes ucranianos assegurarão uma

realização prática do curso estra-

tégico de integração europeia, que

facilitará a introdução pelo governo

ucraniano das reformas políticas,

económicas e de segurança, a me-

lhoria dos climas de investimento,

de cooperação empresarial e muito

mais. ■

5. miguel Horta e costa, embaixador oleksander Nikonenko e embaixador da rússia 6. aline Gallasch hall, primeiro Secretário Yuri

Demidenko, vice-cônsul inna pylypchuk, ludmilla Gallasch Hall e maria da luz bragança 7. isabel Duarte e fernando catarino Narciso

8. embaixadores da moldávia 9. embaixadora do canadá e o embaixador da Hungria 10. presidente da câmara de faro e lília bispo

martins 11. ivan Hudz , coordenador da capelania da igreja greco-católica em portugal com maria da luz bragança 12. embaixador dos

emiratos árabes Unidos com o trio de banduras “Kupava” 13. ludmilla Gallasch Hall, maria da luz bragança, ivan onyschchuk

5 6

7 8 9 10

11 12 13

Page 90: Diplomática n.º 12

90 • Diplomática - fevereiro 2012

Por ocasião do Dia nacional do seu

país, os embaixadores da áustria em

portugal, bernhard Wrabetz e Joana

Daniel Wrabetz, foram os anfitriões

de uma recepção na sua residência

oficial. na recepção estiveram pre-

sentes varias personalidades portu-

guesas e estrangeiras.

É uma data marcante e relaciona-

da com a assinatura do tratado de

independência da áustria no 15 de

maio de 1955 em viena. o tratado

foi assinado entre as quatro forças

aliadas que dominavam o território

austríaco: o reino Unido, os estados

Unidos da américa, frança e a União

Soviética.

após a assinatura do tratado os

quatro países aliados retiraram as

suas tropas e no dia 26 de outubro

de 1955 o parlamento proclamou a lei

da neutralidade perpétua da áustria.

áustria tornou-se num estado sobe-

rano, livre e democrático que segue

uma posição política neutra perante

o mundo. a partir deste momento

histórico, a celebração do dia nacio-

nal da áustria decorre todos os anos

no 26 de outubro. Neste dia faz parte

da tradição os austríacos passarem

muito tempo ao ar livre, conviverem

e visitarem os museus e o edifício

parlamentar abertos ao público. ■

Dia Nacional da Áustria

1 2 3

4 5

6 7 8 9

1. maria da luz de bragança e o embaixador da áustria, bernhard Wrabetz 2. ediz e Gassan el aquar 3. embaixatriz

da áustria e maria da luz de bragança 4. embaixador da Suécia, embaixatriz do luxemburgo, embaixatriz da frança

e fabrizio pignatelli 5. miguel polignac de barros, francisco de calheiros, Dzigger Gottlieb, maria do céu Neves car-

doso 6. embaixador de luxemburgo e o embaixador da Suécia 7. fabrizio pignatelli e José de bouza Serrano

8. barão de beck e maria da luz de bragança 9. marlies fenke freifrau von Dornberg e o embaixador da áustria

Mala DiploMátiCa

texto e fotos: roman buzutt

Page 91: Diplomática n.º 12

91fevereiro 2012 - Diplomática •

Por ocasião do Dia nacional da coreia,

os embaixadores da coreia oferece-

ram uma magnífica recepção, com a

presença das mais representativas

individualidades do mundo político, em-

presarial, diplomático e do desporto.

a celebração teve lugar na residência

oficial dos embaixadores da coreia,

onde os presentes tiveram a oportu-

nidade de fazer uma viagem gastro-

nómica pelos sabores coreanos ao

som de música tradicional coreana e

portuguesa.

o dia 3 de outubro é o Dia da fun-

dação do povo coreano. um dia que

simboliza a venerável história de cinco

mil anos, desde a sua criação em 2333

antes de cristo.

as relações de amizade e cooperação

entre a coreia e portugal estão cada

vez mais fortes. neste ano de 2011

celebrar-se os 50 anos de relações

diplomáticas entre os dois países.

“através desta ocasião muito espe-

cial, acredito que as relações entre a

coreia e portugal vão prosperar ainda

mais no futuro. vamos todos desejar

o progresso das relações entre os

dois países”. Discursou o embaixador

Kang Dae-hyun. ■

Dia Nacional da Coreia

1. embaixadores da coreia 2. embaixador da Hungria com a embaixadora do canadá 3. embaixador Kang Dae-hyun a discursar

4. embaixadores da moldávia 5. carlos bonjardino e José ribeiro e castro 6. embaixadora da Índia 7. embaixador do luxemburgo

1 2 3

4 5

6 7

Mala DiploMátiCa

Page 92: Diplomática n.º 12

92 • Diplomática - fevereiro 2012

A mostra portuguesa em espanha, que já vai na

sua iX edição, continua a decorrer, com espetácu-

los, exposições e cinema, que tiveram o seu auge

em novembro, quando rodrigo leão e a sua banda

tocaram em madrid e em Sevilha, mafalda arnauth

cantou em oviedo, no âmbito do ii ciclo noites de

fado – Divas, luísa Sobral, a muito jovem dona

de uma voz que tem popularizado um pop/jazz de

produção própria, apresentou-se em barcelona

e madrid, pedro moutinho mostrou o seu fado no

círculo de bellas artes e lula pena cantou na Sala

clamores, em ambos os casos em madrid.

enquanto isso, até 8 de janeiro, o público espanhol

pode continuar a apreciar a exposição Mudança de

Paradigma, que exibe 89 obras de 62 artistas plás-

ticos, portugueses e de muitas outras nacionalida-

des, revisitando no museo de arte contemporáneo

de castilla y león (mUSac), na cidade de léon,

as artes plásticas dos anos 60 e 70 do século XX a

partir da coleção de Serralves, a «principal coleção

portuguesa de arte contemporânea».

na sua edição de 2011, a mostra portuguesa em

espanha teve como palcos as cidades de madrid,

barcelona (em coordenação com o consulado-Geral

de portugal), Sevilha, Saragoça, oviedo, león e

badajoz, nesta última cidade por via de uma original

exposição de grafittis no âmbito da fehispor (feira

multissetorial Hispano-portuguesa), tendo como ➤

IX Mostra Portuguesa em Espanha

Cultura

Page 93: Diplomática n.º 12

93fevereiro 2012 - Diplomática •

➤ ponto de partida os símbolos do galo de barcelos

e o touro dos montados da extremadura espanhola.

as propostas culturais portuguesas oferecidas ao

público espanhol «são sempre diferentes de um ano

para o outro», mas o evento de 2011 manteve «as

mesmas características, as mesmas linhas de pro-

gramação, a mesma identidade gráfica e a mesma

equipa», garantiu luís chaby vaz, conselheiro cultu-

ral da embaixada de portugal em madrid e respon-

sável principal da organização da mostra, que tem

ainda como diretores, desde há anos, os espanhóis

concha Hernández e luis martín.

além da música e das exposições, o cinema, o

teatro, os acontecimentos literários e a gastrono-

mia – num total de uma vintena de eventos, que se

têm vindo a suceder desde setembro – constituíram,

como em edições anteriores, o cerne da programa-

ção da mostra, que visa dar a conhecer e difundir

«o pulsar artístico e humano de portugal e o seu

enriquecedor encontro com a cultura espanhola».

Vanguardismo

Para o embaixador de portugal em madrid, álvaro

mendonça e moura, «a mostra portuguesa é um

evento único, com um prestígio evidente e um dos

maiores sucessos na promoção da imagem de por-

tugal como país único, diversificado e culturalmente

vanguardista».

entre os protagonistas de 2011, estiveram, para

além dos cantores e instituições já referidos, os

artistas plásticos João onofre e vasco araújo, que

apresentaram separadamente em barcelona as

suas obras a públicos interessados.

a banda acerte, criada há 35 anos em olivença,

trouxe a madrid a música folclórica espanhola e

portuguesa raiana, com os seus fados, corridinhos e

verde-gaios, ou seja, espelhando o espírito da mos-

tra portuguesa em espanha – o cruzamento cultural

entre os dois países.

a companhia de teatro corcada, de barcelona,

levou à cena a peça O que o turista deve ver, uma

dramatização do livro de fernando pessoa Lisboa:

o que o turista deve ver, um guia em inglês, inédito,

completo, datilografado e pronto para ser publicado,

provavelmente de 1925.

o cinema manifestou-se na mostra por dois tipos

de realizações: o i Seminário de cinema português

contemporâneo, que decorreu no pavilhão de por-

tugal em Sevilha e em que a questão inicial - «exis-

te o cinema português?» - deu o mote à série de

conferências e projeções, e o habitual ciclo promo-

vido pelas filmotecas de espanha, em madrid, e de

Saragoça, que exibiram seis longas-metragens da

mais recente produção de autores portugueses – 48

(2009), de Susana de Sousa Dias, Cisne (2011), de

teresa villaverde, Filme do Desassossego (2010),

de João botelho, Linha Vermelha (2011), de José fi-

lipe costa, Sangue do Meu Sangue (2011), de João

canijo, e Mistérios de Lisboa (2010), do chileno raúl

ruiz.

a gastronomia esteve na mostra a cargo do cozi-

nheiro luís baena, enquanto a literatura foi repre-

sentada pelo escritor mário de carvalho, que fez o

lançamento da edição espanhola do seu romance

Fantasia para dois coronéis e uma piscina (prémio

pen club de portugal de 2003 para a melhor obra

de ficção) e, «de novo e sempre, [por] José Sarama-

go, nesta ocasião graças ao retrato íntimo do Nobel

que realizou o também escritor armando baptista-

bastos», lançado em livro em espanha em novem-

bro.

tal como em anos anteriores, a mostra, que em

financiamento direto custa 100 mil euros, contou

com os apoios do instituto camões, do ministério da

cultura de espanha, do Ayuntamento (município) de

madrid e de outras entidades, com destaque, segun-

do os seus organizadores, para a tap.

Às instituições espanholas que habitualmente co-

laboram com a mostra – como o círculo de bellas

artes, o instituto cervantes, a filmoteca de espa-

nha e de Saragoça, o festival de fado de oviedo,

juntaram-se o festival da revista literária eñe, o

festival de Jazz de barcelona, o mUSac (museu de

arte contemporânea de león), o festival de cinema

europeu de Sevilha e a Universidade de Sevilha.

Segundo o embaixador mendonça e moura, a manu-

tenção da mostra portuguesa em espanha no «atual

contexto político e económico», «é um sinal de que

o país continua desperto, brilhante e capaz de apre-

sentar projetos, obras e criadores capazes de fazer

a diferença». ■i.c. i.p.

Page 94: Diplomática n.º 12

94 • Diplomática - fevereiro 2012

Apesar de terem já passados 10

anos, a memória não apagou a

terrível catástrofe do 11 de Setem-

bro nos estados Unidos. e foi assim

que, por todo o mundo, as pessoas

se juntaram para prestar homena-

gem às vítimas dos ataques terroris-

tas, a 11 de Setembro de 2001.

portugal não foi excepção e o local

escolhido para a cerimónia foi a

fundação arpad Szenes - vieira

da Silva, em lisboa. aí se juntaram

os membros do corpo diplomático

creditado no nosso país, personali-

dades nacionais das mais diversas

áreas, desde a politica à empresa-

rial, entre muitos outros convidados.

em destaque estiveram os discursos

proferidos pelo ministro de estado

e dos Negócios estrangeiros, paulo

portas, e de maria de lurdes rodri-

gues, presidente da flaD (funda-

ção luso-americana).

a homenagem do 10º aniversário

do 11 de Setembro foi também

marcada pela exposição “transi-

ções - honrar o passado, Seguir

em frente”, patente no museu da

fundação arpad zenes -vieira

da Silva. o objectivo desta mostra

foi o de propôr uma reflexão sobre

o “modus vivendi” , que assenta nas

mudanças da sociedade pós-11 de

Setembro.

Segundo as palavras do embaixador

allan J. Katz, “ enquanto nunca es-

quecermos aqueles que perdemos,

devemos fazer mais do que simples-

mente lembrarmo-nos deles. É ➤

11 de Setembro10 Anos depois

Jo

el S

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Jo

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MeMória

Page 95: Diplomática n.º 12

95fevereiro 2012 - Diplomática •

➤ em honra deles, tal como o título da

exposição indica, que vamos Honrar

o Passado e Seguir em Frente”.

o embaixador dos estados Unidos

em portugal relembrou também

que, “no dia 11 de Seembro de

2001, cada pessoa, no mundo, se

sentiu um norte-americano”, porque

independentemente do locais onde

os ataques terroristas acontecem

- Washington, nova iorque, lon-

dres, madrid, mumbai ou bali – “há

um lamento colectivo por parte

da pessoas que amam a paz”. e

acrescentou ainda que “hoje, mais

do que nunca, os países de todo

o mundo, que consagram a liber-

dade, tornam-se mais fortes ao

agirem em conjunto”.

no dia 11 de Setembro de 2001

perderam a vida, de uma forma

aterradora, cerca de 3 mil pessoas.

Dez anos passados, a data conti-

nua a ser um dia marcante e emo-

cionante para o povo americano.

mas os norte-americanos, tal como

o resto do mundo, devem continuar

a fortalecer-se para combater o

terrível pesadelo em que se tornou

o terrorismo. Seguir em frente e

lutar pela segurança dos estados é

o objectivo principal e vital. um ob-

jectivo que foi realçado nas obras

expostas nesta exposição, na fun-

dação, em que participaram quatro

autores portugueses – Joaquim

bravo, fernando calhau, José

pedro croft, álvaro lapa e ainda o

norte-americano Joel Shapiro. ■

1. embaixadores dos e.U.a., allan Katz 2. maria de belém roseira, maria de Jesus barroso Soares e maria

de lourdes rodrigues 3. antónio pinto ribeiro e maria de belém roseira 4. maria de lourdes rodrigues,

presidente da flaD, embaixador dos e.U.a. e o ministro dos Negócios estrangeiros de portugal, paulo

portas

1 2

3

4

texto e fotos: roman buzutt

Page 96: Diplomática n.º 12

96 • Diplomática - fevereiro 2012

English & French texts

6 - Dossier Morocco - King Mohammed VIthe new king of morocco has lined up the country by rail democratic reforms, breaking with the past of

the autocratic monarchy, so putting morocco on the road to a modern rule of law and a traditional monarchy.

6. Dossier Maroc - SM le Roi Mohammed VI le nouveau roi du maroc a reussi aligner son pays dans la ligne des réformes démocratiques,en rupture avec le

passé de la monarchie autocratique, plaçant le maroc sur la route d’un État de Droit moderne et une monarchie

traditionnelle.

10. Ambassador of MoroccoKarima benyaich is the example of female strength and power ahead of a diplomatic representation, in

this case, morocco. in his first experience in diplomatic functions, the ambassador has a deep understanding of our

country and affirms that “portugal and morocco have a common history of many centuries, an extraordinary one,

with exceptional influences.”

10. Ambassador de MarocKarima benyaich c’est l’exemple de la puissance et compétence femenine d’avance de une representation

diplomatique, dans ce cas, maroc. Dans sa première experience dans les functions diplomatiques, l’ambassadeur,

qui a une profonde connaisance sur notre pays, nous a dit que “portugal et maroc ont une histoire commune, de

plusiers siècles, extraordinaire, avec des influences exceptionnelles”.

20. Ibero-american Summit in Paraguay With the presence of anibal cavaco Silva, the portuguese president, passos coelho and paulo portas. a major

event to all latin-american countries.

20. Sommet ibéro-américaine in Paraguay avec la presence de cavaco Silva, passos coelho et paulo portas. Un evenement très important pour tous les

pays de l’amérique latine.

18. President of the Republic at the UNthe portuguese language and Human rights were the background for the intervention of president cavaco Silva in

the Security council of the United Nations. His visit to eUa included, of course, a meeting with president barack

obama. the debate – the first of the portuguese presidency of this organization – gave a clear signal that

the course of national diplomacy continues the same, with the portuguese president emphasizing that the presence

of portugal, and also brazil, is a "sign of its expressive unequivocal commitment to promoting the values of peace,

security and respect for the inalienable rights of all human beings".

18. Président de la République à l’ONUle portugais et les Droits de l’homme ont été la toile de fond l’intervention du président cavaco Silva au conseil

de Sécurité des nations unies.Dans sa visite aux États unis a consisté, bien sûr, une rencontre avec le président

barack obama. le débat – le premier de la présidence portugaise de cet organisme de l’oNU – a donné un

signal clair du sens que la diplomatie nationale pursuive, avec le chef de l’etat soulignant comme la présence

du portugal, et aussi du brézil, est un signe "de son expressive engagement à la promotion des valeurs de paix,

de sécurité et le respect des droits inaliénables de tous les êtres humains".

22. Portuguese Prime-Minister in ONU Security council assures that portugal is going to assume the challenge to win the crises.

22. Le Premier Ministre du Portugal dans l’ONU a dit que portugal est prêt pour le defi de surmonter la crisis dans l’europe.

23. Minister Paulo PortasDiplomacy in the eUa and magreb.

23. Ministre Paulo Portasla diplomacie se developpe entre les etáts Unies e le magreb.

26. Jean-Claude Juncker in Portugalit was at the calouste Gulbenkian foundation that the prime minister of luxembourg and president of

the eurogroup gave a lecture under the theme "What should be the model for economic government to

adopt a monetary union? lessons of a crisis."

Page 97: Diplomática n.º 12

97fevereiro 2012 - Diplomática •

26. Jean-Claude Juncker au Portugalc’était à la fondation calouste Gulbenkian que le premier ministre luxembourgeois et président de l’eurogroupe a

donné une conférence sous le thème « Quel devrait être le modèle de gouvernement économique à adopter pour

une union monétaire? leçons d’une crise. «

28. Professor João Costa Pintoin an interview for Diplomática magazine, professor.costa pinto, who heads the agricultural credit,

now celebrating 100 years of existence, says that the ca is part of the so-called social economy, given its base

of cooperatives. in another context, states that the output of portugal from the euro would have such serious

consequences, that can not ever be considered.

28. Professeur João Costa PintoDans une interview accordée à la revue Diplomática, le professeur João costa pinto, qui dirige le crédit agricole,

qui célèbre 100 ans d’existence, affirme que le ca fait partie de l’économie dite sociale, étant donné sa base de

coopératives. Dans un autre contexte, costa pinto déclare que la sortie de portugal de l’euro aurait telles graves

conséquences, que, en fait, cette hyphotèse ne se devrait jamais poser.

32. Patrick Zieglerles mots justes pour une europe en crise et la révolution.

32. Patrick Ziegler the right words for a europe in crisis and revolution.

36. Sweden – land of brands of excelence. presented by the ambassedor bengt lundborg.

36. Suéde – pays des marques d’excellence. presenté por lámbassador bengt lundborg.

38. Ambassador of Korealearn about the discovery of the new age for the united States and Korea.

38. Ambassadeur de Coréerenseignez-vous sur la découverte du New age pour les etats-Unis et la corée.

54. Exhibition in Polandin a partnership between the embassy of the republic of poland and the city Hall of cascais,

the memory Space of the exiles opened the temporary exhibition “exiles, politcs and Diplomats in tough times”,

depicting the passage of numerous foreign dignitaries at estoril ,during the Second World War.

54. Exposition en Pologne Dans un partenariat entre l’ambassade de la république de pologne et de la municipalité de cascais, l’espace

mémoire des exilés a ouvert l’exposition temporaire «exilés, politiques et Diplomates en temps

Difficiles», illustrant le passage de nombreux dignitaires étrangers à estoril, pendant la Seconde Guerre

mondiale.

58. President receives credentials in the Palaceit was at belém palace that president cavacoSilva received the credentials of the new ambassadors accredited in

our country, among them, tunisia, pakistan, romania, Norway and italy.

58. Le président Cavaco Silva reçoit des diplomates au Palais le président de la république cavaco Silva a reçu les lettres de créance de nouveaux

ambassadeurs accrédités dans notre pays, parmi eux, la tunisie, le pakistan, la roumanie, la Norvège et l’italie.

60. Jorge Carlos Fonseca, President of the Republic of Cape Verde Newly elected, the new president of the republic of cape verde, told to det Diplomática magazine, that the cplp

“must go towards a community.

60. Jorge Carlos Fonseca, Président de La République du Cap VertNouvellement élu, le nouveau président de la république du cap-vert, a déclaré à la revue Diplomática que la

cplp “doit suivre vers une communauté de peuples ». Jorge carlos fonseca aborde également les grandes

questions nationales et nous parle de son cours de vie, en tant que citoyen et militant des causes.

Page 98: Diplomática n.º 12

98 • Diplomática - fevereiro 2012

English & French texts

68. Pedro Passos Coelho Was in angola for a short visit to assure the bilateral ties.

68. Pedro Passos Coelho a visité officiellemente angola pour rassurer les relations bilatérales.

70. Palmira Tjipilica culture and history, so a rescue of the globalization of identities.

70. Palmira Tjipilica culture et histoire, donc une opération de secours de la mondialisation des identités.

72. President of Mozambique in portugal believes that portugal is going to win the crisis.

72. Le Président du Mozamiquearmando Gebuza, est sûr que le portugal va vaincre la crise dans l’europe.

75. Jose Damasio Holy Conceptionangola and portugal for a common future - an experience written in the first person.

75. Jose Antonio Damasio Saint Conception l’angola et le portugal pour un avenir commun- une expérience écrite à la première personne.

76. CPLP has new headquartersthe palace of the count of penafiel was the place choosen for the signing of the protocol of transfer

and acceptance of the palace of the conde depenafiel to install permanent headquarters of the

community of portuguese Speaking countries. paulo portas, minister of foreign affairs, represented portugal at

the ceremony.

76. CPLP a un nouveau siège le palais du comte de penafiel a été le lieu de la signature du protocole de transfert et d’acceptation du

palais de le comte de penafiel pour installer le siège permanent de la communauté des pays de langue

portugaise. paulo portas, ministre des affaires étrangères, a représenté le portugal dans la cérémonie.

78. Xanana Gusmão reassures that east timor will always be linked to portugal.

78. Xanana Gusmão a lisbonne reçu par le président cavaco Silva comme un frère.

80. Prime-Minister of Serbia in Lisbon reinforces the opening of his country to help portugal.

80. Premier Ministre de la Serbie au Portugal renforce l'ouverture de san pays à aider le portugal.

92. IX Portuguese Exhibition in Spainhavinh the cities of madrid, Sevilhe and leon as stages of shows and arts.

92. IX Exibition portugaise en Espagneavoir comme scène des spectades et des arts des villes de madrid, Séville et leon.

94. Memoryten years have passed, but the memory did not erase the terrible catastrophe that was the 11 September in

new York. throughout the world, people gathered to pay tribute to victims of the terrorist attacks

of 2001. portugal was no exception and it was in the foundation arpad Szenes-vieira da Silva that the most

diverse personalities from all areas of national life and diplomats paid their homage.

94. MémoireDix ans ont passé, mais la mémoire n’a pas effacé la terrible catastrophe qui a fait l’Septembre 11 à new

York. partout dans le monde, les gens se sont rassemblés pour rendre hommage aux victimes des attentats

terroristes de 2001. le portugal n’était pas exception et a fait son hommage dans la fondation arpad Szenes-vieira

da Silva, où personnalités des plus diverses domaines de la vie nationale et de la diplomacie ont eté presentes.

Page 99: Diplomática n.º 12
Page 100: Diplomática n.º 12

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