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Ministério da Saúde Direcção-Geral da Saúde Circular Normativa Assunto: PROGRAMA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA SAÚDE ORAL Nº: 01/DSE DATA: 18/01/05 Para: Administrações Regionais de Saúde e todos os Serviços Prestadores de Cuidados de Saúde Contacto na DGS: Divisão de Saúde Escolar – Dr.ª Gregória Paixão von Amann Por Despacho de Sua Excelência o Senhor Ministro da Saúde, publicado no Diário da República n.º 3, de 5 de Janeiro de 2005, foi aprovado o Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral destinado aos profissionais e estruturas do Serviço Nacional de Saúde e seus utilizadores, o qual se transcreve: Despacho n.º 153/2005 – 2.ª série As doenças orais constituem, pela sua elevada prevalência, um dos principais problemas de saúde da população infantil e juvenil. No entanto, se adequadamente prevenidas e precocemente tratadas, a cárie e as doenças periodontais são de uma elevada vulnerabilidade, com custos económicos reduzidos e ganhos em saúde relevantes. A Organização Mundial da Saúde aponta para 2020, metas para a saúde oral que exigem um reforço das acções de promoção da saúde e prevenção das doenças orais, e um maior envolvimento dos profissionais de saúde e de educação, dos serviços públicos e privados. O Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral desenha uma estratégia global de intervenção assente na promoção da saúde, prevenção e tratamento das doenças orais, desenvolve-se ao longo do ciclo de vida e nos ambientes onde as crianças e jovens vivem e estudam. Assim, a intervenção de promoção da saúde oral, que se inicia durante a gravidez e se desenvolve ao longo da infância, em Saúde Infantil e Juvenil, consolida-se no Jardim-de- infância e na Escola, através da Saúde Escolar. Os cuidados dentários, não satisfeitos no Serviço Nacional de Saúde, às crianças e jovens em programa, serão prestados através de contratualização.

Direcção-Geral da SaúdePrograma será complementado, sempre que oportuno, por orientações técnicas a emitir por esta Direcção-Geral. O Director-Geral e Alto Comissário da

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Page 1: Direcção-Geral da SaúdePrograma será complementado, sempre que oportuno, por orientações técnicas a emitir por esta Direcção-Geral. O Director-Geral e Alto Comissário da

Ministeacuterio da Sauacutede Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Circular Normativa

Assunto PROGRAMA NACIONAL DE PROMOCcedilAtildeO DA SAUacuteDE ORAL

Nordm 01DSE DATA 180105

Para Administraccedilotildees Regionais de Sauacutede e todos os Serviccedilos Prestadores de Cuidados de

Sauacutede Contacto na DGS Divisatildeo de Sauacutede Escolar ndash Drordf Gregoacuteria Paixatildeo von Amann

Por Despacho de Sua Excelecircncia o Senhor Ministro da Sauacutede publicado no Diaacuterio da

Repuacuteblica nordm 3 de 5 de Janeiro de 2005 foi aprovado o Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral destinado aos profissionais e estruturas do Serviccedilo

Nacional de Sauacutede e seus utilizadores o qual se transcreve

Despacho nordm 1532005 ndash 2ordf seacuterie

As doenccedilas orais constituem pela sua elevada prevalecircncia um dos principais problemas

de sauacutede da populaccedilatildeo infantil e juvenil No entanto se adequadamente prevenidas e

precocemente tratadas a caacuterie e as doenccedilas periodontais satildeo de uma elevada

vulnerabilidade com custos econoacutemicos reduzidos e ganhos em sauacutede relevantes

A Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede aponta para 2020 metas para a sauacutede oral que

exigem um reforccedilo das acccedilotildees de promoccedilatildeo da sauacutede e prevenccedilatildeo das doenccedilas orais e

um maior envolvimento dos profissionais de sauacutede e de educaccedilatildeo dos serviccedilos puacuteblicos e

privados

O Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral desenha uma estrateacutegia global de

intervenccedilatildeo assente na promoccedilatildeo da sauacutede prevenccedilatildeo e tratamento das doenccedilas orais

desenvolve-se ao longo do ciclo de vida e nos ambientes onde as crianccedilas e jovens vivem

e estudam

Assim a intervenccedilatildeo de promoccedilatildeo da sauacutede oral que se inicia durante a gravidez e se

desenvolve ao longo da infacircncia em Sauacutede Infantil e Juvenil consolida-se no Jardim-de-

infacircncia e na Escola atraveacutes da Sauacutede Escolar Os cuidados dentaacuterios natildeo satisfeitos no

Serviccedilo Nacional de Sauacutede agraves crianccedilas e jovens em programa seratildeo prestados atraveacutes

de contratualizaccedilatildeo

O Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral estaacute incluiacutedo no Plano Nacional de

Sauacutede 2004-2010 e tem como objectivos

Reduzir a incidecircncia e a prevalecircncia das doenccedilas orais nas crianccedilas e adolescentes

Melhorar conhecimentos e comportamentos sobre sauacutede oral

Promover a equidade na prestaccedilatildeo de cuidados de sauacutede oral agraves crianccedilas e jovens

com Necessidades de Sauacutede Especiais

A niacutevel nacional o Programa eacute coordenado e avaliado pelo Director-Geral e Alto

Comissaacuterio da Sauacutede e acompanhado por uma Comissatildeo Teacutecnico-Cientifica por si

designada constituiacuteda pelo responsaacutevel do Programa na DGS representantes das

Administraccedilotildees Regionais de Sauacutede Ordem dos Meacutedicos - coleacutegio de estomatologia

Ordem dos Meacutedicos Dentistas Chief Dental Officer e trecircs peritos das Faculdades eou

Institutos de Medicina Dentaacuteria

O Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral seraacute divulgado pela Direcccedilatildeo-Geral

da Sauacutede atraveacutes de Circular Normativa

Em cumprimento do Despacho acima transcrito a presente Circular Normativa divulga

o Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral aprovado dela fazendo parte

integrante para constituir Norma no acircmbito do Serviccedilo Nacional de Sauacutede O

Programa seraacute complementado sempre que oportuno por orientaccedilotildees teacutecnicas a

emitir por esta Direcccedilatildeo-Geral

O Director-Geral e Alto Comissaacuterio da Sauacutede

Prof Doutor Joseacute Pereira Miguel Anexo Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral Revogada a Circular Normativa nordm 6DSE de 200599 da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

PROGRAMA NACIONAL DE PROMOCcedilAtildeO DA SAUacuteDE ORAL

Despacho Ministerial nordm 1532005 (2ordf seacuterie) Publicado no Diaacuterio da Repuacuteblica nordm 3 de 5 de Janeiro de 2005

M I N I S T Eacute R I O D A S A Uacute D E D i r e c ccedil atilde o - G e r a l d a S a uacute d e

Lisboa 2005

1 Enquadramento

O Programa de Sauacutede Oral em Sauacutede Escolar que se desenvolve em Portugal desde

1986 foi revisto em 1999 e divulgado atraveacutes da Circular Normativa nordm 6DSE de

200599 da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede tendo passado a designar-se Programa de

Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral em Crianccedilas e Adolescentes

O quadro conceptual do programa corresponde a uma estrateacutegia global de

intervenccedilatildeo assente na promoccedilatildeo da sauacutede e na prevenccedilatildeo primaacuteria e secundaacuteria da

caacuterie dentaacuteria A promoccedilatildeo da sauacutede e a prevenccedilatildeo da doenccedila asseguradas pelas

equipas de sauacutede escolar satildeo o suporte indispensaacutevel da intervenccedilatildeo curativa

operacionalizada maioritariamente atraveacutes de contratualizaccedilatildeo Este processo tem

permitido prestar cuidados meacutedico-dentaacuterios a grupos de crianccedilas escolarizadas

integradas em programa de sauacutede oral e que desenvolveram caacuterie dentaacuteria

O Programa de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral em Crianccedilas e Adolescentes previa a

administraccedilatildeo de suplementos sisteacutemicos de fluoretos a todas as crianccedilas e jovens

No entanto face agrave publicaccedilatildeo da Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento

Europeu e do Conselho de 106 transposta para a legislaccedilatildeo nacional pelo Decreto-

lei nordm 1362003 de 28 de Junho relativa agrave aproximaccedilatildeo das legislaccedilotildees dos

Estados-Membros sobre suplementos alimentares e agrave desadequaccedilatildeo da

suplementaccedilatildeo de fluoretos procedeu-se agrave revisatildeo do Programa consubstanciada

neste documento

A redefiniccedilatildeo da estrateacutegia de intervenccedilatildeo do actual programa contou com o

empenho cientiacutefico dos peritos de uma Task Force constituiacuteda para rever a

administraccedilatildeo dos fluoretos teve em conta a prevalecircncia das doenccedilas orais na

populaccedilatildeo infantil e juvenil e as metas europeias para a aacuterea da sauacutede oral

2 Or ientaccedilotildees gera is do programa

Em Portugal a caacuterie dentaacuteria apresenta na populaccedilatildeo infantil e juvenil um iacutendice de

gravidade moderada isto eacute o nuacutemero de dentes cariados perdidos e obturados por

crianccedila (CPOD) aos 12 anos de idade eacute de 2951 e a percentagem de crianccedilas livres

de caacuterie dentaacuteria aos 6 anos eacute de 33 Outro estudo utilizando o meacutetodo pathfinder

da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) apresenta valores meacutedios de CPOD de

152 com desvios acentuados entre grupos de diferentes niacuteveis socioeconoacutemicos

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 2

Tudo isto reforccedila a necessidade de manter o investimento nesta aacuterea se queremos

contribuir para a reduccedilatildeo das desigualdades em sauacutede

A estrateacutegia europeia e as metas definidas para a sauacutede oral pela OMS apontam

para que no ano 2020 pelo menos 80 das crianccedilas com 6 anos estejam livres de

caacuterie e aos 12 anos o CPOD natildeo ultrapasse o valor de 153

O actual Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral alia a promoccedilatildeo da sauacutede agrave

prestaccedilatildeo de cuidados numa parceria puacuteblico-privado com competecircncias

claramente definidas tendo por base a intervenccedilatildeo comunitaacuteria

Ao sector puacuteblico compete assegurar a promoccedilatildeo da sauacutede a prevenccedilatildeo das doenccedilas

orais e a prestaccedilatildeo de cuidados de sauacutede dentaacuterios passiacuteveis de serem realizados no

Serviccedilo Nacional de Sauacutede (SNS) Esta intervenccedilatildeo eacute assegurada pelos profissionais

dos Centros de Sauacutede atraveacutes de acccedilotildees dirigidas ao indiviacuteduo agrave famiacutelia e agrave

comunidade escolar e pelos profissionais dos serviccedilos de estomatologia da rede

hospitalar sempre que possiacutevel

Ao sector privado atraveacutes dos profissionais e agrupamentos de profissionais de

estomatologia e medicina dentaacuteria compete prestar atraveacutes de contratualizaccedilatildeo os

cuidados meacutedico-dentaacuterios natildeo satisfeitos pelo SNS

O Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral integrado no Plano Nacional de

Sauacutede 2004-2010 deveraacute ser desenvolvido por todos os serviccedilos de sauacutede e

enquadrado em todas as suas actividades

Nos planos curriculares das escolas e jardins-de-infacircncia deve ser promovida e

apoiada a integraccedilatildeo das actividades do Programa Nacional de Sauacutede Oral numa

abordagem holiacutestica da sauacutede em que os princiacutepios de uma escola promotora da

sauacutede satildeo o referencial da intervenccedilatildeo e a Rede de Escolas Promotoras da Sauacutede eacute o

seu paradigma4

3 Estrutura de implementaccedilatildeo do programa

A niacutevel nacional e no que se refere agrave orientaccedilatildeo implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo o

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral seraacute coordenado pelo Director-

Geral e Alto Comissaacuterio da Sauacutede e executado pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar O seu

acompanhamento seraacute realizado por uma Comissatildeo Teacutecnico ndash Cientifica

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 3

A niacutevel regional deveraacute ser designado pela Administraccedilatildeo Regional de Sauacutede um

Coordenador Regional do Programa da sua estrutura ou do Centro Regional de

Sauacutede Puacuteblica com perfil e competecircncia para dinamizar e avaliar o programa

coordenar a Comissatildeo Paritaacuteria Regional e integrar a Comissatildeo TeacutecnicondashCientifica

A niacutevel local o Director do Centro de Sauacutede ou o responsaacutevel pelo Serviccedilo de

Sauacutede Puacuteblica avalia a capacidade instalada coordena a implementaccedilatildeo do

programa e gere a contratualizaccedilatildeo Por delegaccedilatildeo o responsaacutevel pela sauacutede escolar

ou pela sauacutede oral poderaacute assumir a sua operacionalizaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo local

4 Estrateacutegias de intervenccedilatildeo do programa

As orientaccedilotildees do actual Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral assentam

nas seguintes estrateacutegias

Promoccedilatildeo da sauacutede oral no contexto familiar e escolar

Prevenccedilatildeo das doenccedilas orais

Diagnoacutestico precoce e tratamento dentaacuterio

5 Populaccedilatildeo - alvo

Com este programa pretende-se abranger as graacutevidas e as crianccedilas desde o

nascimento ateacute aos 16 anos de idade

6 Finalidades do Programa

O Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral tem as seguintes finalidades

Melhorar conhecimentos e comportamentos sobre alimentaccedilatildeo e higiene oral

Diminuir a incidecircncia de caacuterie dentaacuteria

Reduzir a prevalecircncia da caacuterie dentaacuteria

Aumentar a percentagem de crianccedilas livres de caacuterie

Criar uma base de dados nacional sobre sauacutede oral

Prestar especial atenccedilatildeo numa perspectiva de promoccedilatildeo da equidade agrave sauacutede

oral das crianccedilas e dos jovens com Necessidades de Sauacutede Especiais assim

como dos grupos economicamente deacutebeis e socialmente excluiacutedos que

frequentam a escola do ensino regular ou instituiccedilotildees

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 4

7 Actividades do programa

As actividades do programa devem ser incluiacutedas nos programas de sauacutede materna

sauacutede infantil e juvenil e sauacutede escolar ser desenvolvidas no Centro de Sauacutede e em

todos os estabelecimentos de educaccedilatildeo preacute-escolar e do ensino baacutesico puacuteblico

privado ou dependentes de estruturas oficiais da seguranccedila social

Para o desenvolvimento das actividades do programa eacute indispensaacutevel o

envolvimento dos profissionais de sauacutede de educaccedilatildeo pais ou encarregados de

educaccedilatildeo bem como das autarquias

71 Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral

711 Na gravidez

Orientaccedilatildeo A graacutevida ao cuidar da sua sauacutede oral estaacute a promover a sauacutede do seu filho

Na consulta de sauacutede materna ou de vigilacircncia da gravidez a boca da matildee deve

merecer particular atenccedilatildeo Em caso de gravidez programada a futura matildee deveraacute

fazer todos os tratamentos dentaacuterios necessaacuterios a uma boa sauacutede oral Se jaacute estiver

graacutevida e tiver dentes cariados ou doenccedila periodontal natildeo deve deixar de proceder

ao necessaacuterio tratamento

Uma boa sauacutede oral da matildee favorece a boa sauacutede oral do filho

Ainda antes de o bebeacute nascer as consultas de vigilacircncia da gravidez satildeo uma boa

oportunidade para sensibilizar os pais para a importacircncia da sauacutede oral no contexto

de uma sauacutede global Por isso as mensagens devem dar destaque aos cuidados a ter

com a alimentaccedilatildeo e a higienizaccedilatildeo da boca da crianccedila especialmente apoacutes a

erupccedilatildeo do primeiro dente

712 Do nascimento aos 3 anos de idade

Orientaccedilatildeo A higiene oral deve iniciar-se logo apoacutes a erupccedilatildeo do primeiro dente utilizando uma pequena quantidade de

dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Na consulta de sauacutede infantil ou de vigilacircncia da crianccedila efectuada pelo meacutedico

assistente eou pelo enfermeiro pretendemos sensibilizar os pais para que

incorporem na rotina de higiene diaacuteria do bebeacute tambeacutem a higiene da sua boca

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 5

Apoacutes a erupccedilatildeo do primeiro dente a higienizaccedilatildeo deve comeccedilar a ser feita pelos

pais duas vezes por dia utilizando uma gaze uma dedeira ou uma escova macia

com um dentiacutefrico fluoretado com 1000-1500 ppm (mgl) de fluoreto sendo uma

das vezes obrigatoriamente apoacutes a uacuteltima refeiccedilatildeo

A quantidade de dentiacutefrico a utilizar deve ser idecircntica ao tamanho da unha do 5ordm

dedo da matildeo da proacutepria crianccedila (dedo mindinho) Nesta fase pode permitir-se que

progressivamente e sob vigilacircncia a crianccedila comece a iniciar-se na escovagem dos

dentes

Natildeo se recomenda qualquer tipo de suplemento sisteacutemico com fluoretos

Aos pais das crianccedilas com menos de 3 anos deveraacute tambeacutem ser fornecida

informaccedilatildeo sobre alimentaccedilatildeo factores de cariogenicidade e a importacircncia de

prevenir as caacuteries precoces da infacircncia chamando a atenccedilatildeo em especial para o

facto de o bebeacute a partir do 1ordm ano de idade natildeo dever usar prolongadamente o

biberatildeo nem adormecer com ele na boca quer tenha leite farinhas ou sumos Eacute

tambeacutem particularmente importante reforccedilar a absoluta contra-indicaccedilatildeo da

utilizaccedilatildeo de chupetas com accediluacutecar ou mel

713 Dos 3 aos 6 anos de idade

Orientaccedilatildeo A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm deve ser efectuada duas vezes por dia

sendo uma delas obrigatoriamente antes de deitar

Neste periacuteodo de progressiva autonomia da crianccedila o exemplo dos pais eacute da maior

relevacircncia Na sua tentativa de imitaccedilatildeo a crianccedila vai adquirindo o haacutebito da

higiene oral Por isso nesta fase deve-se fomentar o iniacutecio da escovagem dos dentes

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico fluoretado com 1000-1500 ppm (mgl)

deve continuar a ser realizada ou supervisionada pelos pais dependendo da destreza

manual da crianccedila pelo menos duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente antes de deitar A quantidade de dentiacutefrico a utilizar deve ser

miacutenima isto eacute idecircntica ao tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

tal como se disse relativamente ao grupo etaacuterio anterior

Natildeo se recomenda qualquer tipo de suplemento sisteacutemico com fluoretos agrave excepccedilatildeo

das crianccedilas de alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 6

A qualidade da alimentaccedilatildeo eacute determinante para a maturaccedilatildeo orgacircnica e a sauacutede

fiacutesica e psicossocial Nesta fase a crianccedila adquire muitos dos comportamentos

alimentares e muitos dos erros nutricionais do adulto A diversidade na alimentaccedilatildeo

eacute a principal forma de garantir a satisfaccedilatildeo das necessidades do organismo em

nutrientes e evitar o excesso de ingestatildeo de substacircncias com riscos para a sauacutede5

Desaconselha-se o consumo de guloseimas e refrigerantes sobretudo fora das

refeiccedilotildees

Se a crianccedila fizer medicaccedilatildeo croacutenica deve dar-se preferecircncia agrave prescriccedilatildeo de

medicamentos sem accediluacutecar

7131 Dos 3 aos 6 anos no Jardim-de-infacircncia

Orientaccedilatildeo Integrar a educaccedilatildeo para sauacutede e a higiene no Projecto Educativo e efectuar uma escovagem dos dentes no

Jardim-de-infacircncia

As Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar preconizam uma

intervenccedilatildeo educativa em que a educaccedilatildeo para a sauacutede e a higiene fazem parte do

dia-a-dia do Jardim-de-infacircncia A crianccedila teraacute oportunidade de cuidar da sua

higiene e sauacutede de compreender as razotildees por que natildeo deve abusar de determinados

alimentos e ter conhecimento do funcionamento dos diferentes oacutergatildeos6

Desaconselha-se o consumo de guloseimas no Jardim-de-infacircncia

Todas as crianccedilas que frequentam os Jardins-de-infacircncia devem fazer uma das

escovagens dos dentes no estabelecimento de educaccedilatildeo sendo esta actividade

particularmente importante para as que vivem em zonas mais desfavorecidas e

apresentam caacuterie dentaacuteria

A escovagem dos dentes no Jardim-de-infacircncia tem por objectivo a

responsabilizaccedilatildeo progressiva da crianccedila pelo auto-cuidado de higiene oral Esta

actividade deveraacute estar integrada no projecto educativo do Jardim-de-infacircncia e ser

pedagogicamente dinamizada pelos educadores de infacircncia

As equipas de sauacutede escolar deveratildeo apoiar a elaboraccedilatildeo do projecto melhorar as

competecircncias dos educadores professores e pais sobre sauacutede oral bem como

orientar o desenvolvimento desta actividade

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 7

Por volta dos 6 anos comeccedilam a erupcionar os primeiros molares permanentes Pela

sua proacutepria morfologia imaturidade e dificuldade na remoccedilatildeo da placa bacteriana

das suas fissuras e fossetas estes dentes satildeo mais vulneraacuteveis agrave caacuterie Por isso

exigem uma atenccedilatildeo particular durante a erupccedilatildeo e uma teacutecnica especiacutefica de

escovagem

714 Mais de 6 anos de idade

Orientaccedilatildeo Escovar os dentes com um dentiacutefrico fluoretado com 1000 e 1500 ppm duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente antes de deitar

A partir dos 6 anos de idade a escovagem dos dentes jaacute deveraacute ser efectuada pela

crianccedila utilizando um dentiacutefrico fluoretado idecircntico ao usado pelos adultos

portanto com um teor de fluoreto entre 1000 e 1500 ppm (mgl) numa quantidade

aproximada de um (1) centiacutemetro

A escovagem dentaacuteria deveraacute ser efectuada duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente antes de deitar Se a crianccedila ainda natildeo tiver destreza manual

recomendamos que esta actividade seja apoiada ou mesmo executada pelos pais7

7141 Mais de 6 anos na escola

Orientaccedilatildeo As mensagens de promoccedilatildeo da sauacutede devem ser coincidentes com as praacuteticas da escola

Durante a escolaridade obrigatoacuteria as referecircncias agrave descoberta do corpo agrave sauacutede agrave

educaccedilatildeo alimentar agrave higiene em geral e agrave higiene oral estatildeo integradas no curriacuteculo

e nos programas escolares do 1ordm ao 9ordm ano do ensino baacutesico8

Educaccedilatildeo Alimentar

A escola tem um papel fundamental na formaccedilatildeo dos haacutebitos alimentares das

crianccedilas e dos jovens pelo que eacute transmitido dentro da sala de aula atraveacutes dos

conteuacutedos curriculares mas tambeacutem atraveacutes da influecircncia dos pares e professores e

pela forma como satildeo expostos os produtos no bufete e na cantina9

As crianccedilas e os jovens que consomem mais alimentos ricos em accediluacutecar e gorduras

e nos intervalos optam predominantemente por doces e bebidas accedilucaradas tecircm

susceptibilidade aumentada agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 8

Assim nos intervalos das aulas a oferta deveraacute possibilitar escolhas saudaacuteveis e

econoacutemicas como leite patildeo e fruta em detrimento de refrigerantes e bolos

Os princiacutepios da promoccedilatildeo da sauacutede devem constituir uma referecircncia para os

projectos de educaccedilatildeo alimentar As Escolas devem assegurar uma poliacutetica

nutricional que promova uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel com coordenaccedilatildeo entre os

serviccedilos que fornecem produtos alimentares na cantina e no bufete natildeo sendo

admissiacuteveis contradiccedilotildees entre as mensagens de educaccedilatildeo alimentar a oferta de

alimentos e a forma como satildeo confeccionados

Os projectos de educaccedilatildeo alimentar soacute ficaratildeo completos se envolverem os alunos

Eles satildeo os actores activos da pesquisa pois soacute compreendendo o que eacute uma

alimentaccedilatildeo equilibrada poderatildeo adoptar uma atitude criacutetica e selectiva na compra e

no consumo dos produtos alimentares Soacute conhecendo os direitos e deveres dos

consumidores se podem alicerccedilar praacuteticas saudaacuteveis

No 1ordm Ciclo

Os ingredientes essenciais da educaccedilatildeo alimentar na escola vatildeo desde a abordagem

dos haacutebitos alimentares agraves questotildees da alimentaccedilatildeo e sauacutede e agrave cadeia alimentar

produccedilatildeo fabrico transformaccedilatildeo distribuiccedilatildeo de alimentos conservaccedilatildeo e higiene

Todos estes aspectos podem ser desenvolvidos no estudo do meio na liacutengua

portuguesa na matemaacutetica e nas aacutereas da expressatildeo musical dramaacutetica e plaacutestica

No 2ordm e 3ordm Ciclos

A implementaccedilatildeo de um Projecto de Educaccedilatildeo Alimentar implica a mobilizaccedilatildeo dos

curriacuteculos disciplinares do maior nuacutemero possiacutevel de disciplinas

Nas Ciecircncias Naturais pode ser realccedilada a importacircncia da alimentaccedilatildeo e a sua

relaccedilatildeo com o funcionamento do corpo e a sauacutede na Histoacuteria pode ser abordada a

evoluccedilatildeo das sociedades e dos seus haacutebitos alimentares nas Ciecircncias Fiacutesico-

Quiacutemicas pode ser estimulado o interesse pelo meio fiacutesico onde os alimentos se

produzem e se transformam com possiacutevel envolvimento da Liacutengua Portuguesa da

Matemaacutetica da Geografia da Educaccedilatildeo Visual Fiacutesica e Tecnoloacutegica eou das aacutereas

curriculares natildeo disciplinares

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 9

Higiene Oral

A higiene oral deve ser abordada no contexto da aquisiccedilatildeo de comportamentos de

higiene pessoal As aprendizagens deveratildeo relacionar os saberes com as vivecircncias

dentro e fora da escola A estrutura dos programas do ensino baacutesico eacute

suficientemente aberta e flexiacutevel para atender os diversos pontos de partida os

interesses e as necessidades dos alunos assim como as caracteriacutesticas do meio

Deste modo os conteuacutedos da sauacutede oral e da higiene oral podem ser associados ao

desenvolvimento de haacutebitos de higiene pessoal e de vida saudaacutevel

No 1ordm Ciclo recomendamos que as crianccedilas faccedilam uma das escovagens dos dentes

no proacuteprio estabelecimento de ensino Esta escovagem deve ser orientada pelos

professores a quem deveraacute ser dada formaccedilatildeo para esta actividade e regularmente

pelo menos uma vez em cada trimestre supervisionada pela equipa de sauacutede escolar

Seraacute de estimular a auto-responsabilizaccedilatildeo da crianccedila pela sua higiene oral de

manhatilde e agrave noite

Escovagem dos dentes

Na escola deve ser monitorizada a execuccedilatildeo e a efectividade desta actividade A

execuccedilatildeo da escovagem pode ser monitorizada atraveacutes de um registo diaacuterio num

mapa de turma e a efectividade pode ser avaliada atraveacutes da utilizaccedilatildeo do revelador

de placa bacteriana e do caacutelculo do Iacutendice de lsquoPlaca Simplificadorsquo realizado pelos

profissionais de sauacutede10

Fio dentaacuterio

A higienizaccedilatildeo dos espaccedilos interdentaacuterios deve comeccedilar a ser feita por volta dos 9-

10 anos quando a crianccedila comeccedila a ter destreza manual para utilizar o fio dentaacuterio

A teacutecnica deve ser claramente explicada e treinada11

Bochecho fluoretado

Todas as crianccedilas e jovens que frequentam as escolas do 1ordm Ciclo do Ensino Baacutesico

devem fazer o bochecho quinzenal com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a 0212

As estrateacutegias e teacutecnicas de realizaccedilatildeo e implementaccedilatildeo na escola das medidas de

promoccedilatildeo da sauacutede oral preconizadas encontram-se descritas no Texto de Apoio

anexo a esta Circular Normativa da qual faz parte integrante

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 10

Sauacutede Oral na Adolescecircncia

No decurso da adolescecircncia em que se reorganiza a forma de estar no mundo se

reformula o autoconceito atraveacutes nomeadamente dos reforccedilos positivos da auto-

imagem a higiene oral pode desempenhar um contributo importante para esse

processo Neste periacuteodo a adesatildeo a praacuteticas adequadas em termos de sauacutede oral natildeo

passa estritamente por motivaccedilotildees de caraacutecter sanitaacuterio

Tendo isso em conta os profissionais de sauacutede ligados agraves acccedilotildees educativas e

preventivas neste domiacutenio natildeo podem deixar de valorizar as expectativas dos jovens

acerca dos laacutebios da boca e dos dentes nos planos esteacutetico e relacional

Sauacutede Oral em crianccedilas e de jovens com Necessidades de Sauacutede Especiais

A promoccedilatildeo da sauacutede oral de crianccedilas e jovens com Necessidades de Sauacutede

Especiais estaacute descrita no laquoManual de Boas Praacuteticas em Sauacutede Oralraquo editado pela

DGS13

A administraccedilatildeo de suplemento sisteacutemico de fluoretos recomendada deve ser

corrigida de acordo com as orientaccedilotildees introduzidas pelo presente documento

72 Prevenccedilatildeo das doenccedilas orais

Em sauacutede infantil e juvenil a observaccedilatildeo da boca e dos dentes feita pela equipa de

sauacutede pelo meacutedico de famiacutelia ou pelo pediatra comeccedila aos 6 meses e prolonga-se

ateacute aos 18 anos14

A estes profissionais compete reforccedilar as medidas de promoccedilatildeo da sauacutede oral

descritas anteriormente e fazer o diagnoacutestico precoce de caacuterie dentaacuteria registando

os dados na Ficha Individual de Sauacutede Oral e no Boletim de Sauacutede Infantil

Em Sauacutede Escolar tambeacutem poderaacute ser feita essa observaccedilatildeo

Face a um diagnoacutestico ou a uma suspeita de doenccedila oral a crianccedila deve ser

encaminhada para o gestor do programa no Centro de Sauacutede

Se o Centro de Sauacutede tiver higienista oral estomatologista ou meacutedico dentista eacute

feita a avaliaccedilatildeo do risco individual de caacuterie e a protecccedilatildeo dos dentes agraves crianccedilas e

jovens de alto risco

Se o Centro de Sauacutede natildeo dispuser de profissionais de sauacutede oral o gestor do

programa encaminharaacute as crianccedilas para os serviccedilos de estomatologia dos hospitais

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 11

distritais ou centrais caso tenham resposta ou para um meacutedico estomatologista

meacutedico dentista contratualizado

A partir do momento em que a crianccedila apresenta um dente com uma lesatildeo de caacuterie

dentaacuteria passa a exigir medidas preventivas e terapecircuticas especiacuteficas Apoacutes o

tratamento da lesatildeo de caacuterie essa crianccedila eacute incluiacuteda num grupo que do ponto de

vista preventivo exigiraacute maior atenccedilatildeo e acompanhamento

A protecccedilatildeo dos dentes em crianccedilas com alto risco agrave caacuterie dentaacuteria consiste na

execuccedilatildeo de uma ou mais medidas

Aplicaccedilatildeo de selantes de fissura

Suplemento de fluoretos um (1) comprimido diaacuterio de 025 mg que deve ser

dissolvido lentamente na boca agrave noite antes de deitar

Verniz de fluacuteor ou de clorohexidina

A estrateacutegia preventiva e terapecircutica do programa complementam-se com a

avaliaccedilatildeo do risco individual de caacuterie dentaacuteria

A avaliaccedilatildeo eacute feita a partir da conjugaccedilatildeo dos seguintes factores de risco evidecircncia

cliacutenica de doenccedila anaacutelise dos haacutebitos alimentares controlo da placa bacteriana

niacutevel socioeconoacutemico da famiacutelia e histoacuteria cliacutenica da crianccedila15

Factores de Risco Baixo Risco Alto Risco

Evidecircncia cliacutenica de doenccedila

Sem lesotildees de caacuterie Nenhum dente perdido devido a caacuterie Poucas ou nenhumas obturaccedilotildees

Lesotildees activas de caacuterie Extracccedilotildees devido a caacuterie Duas ou mais obturaccedilotildees Aparelho fixo de ortodontia

Anaacutelise dos haacutebitos alimentares

Ingestatildeo pouco frequente de alimentos accedilucarados

Ingestatildeo frequente de alimentos accedilucarados em particular entre as refeiccedilotildees

Utilizaccedilatildeo de fluoretos

Uso regular de dentiacutefrico fluoretado

Natildeo utilizaccedilatildeo regular de qualquer dentiacutefrico fluoretado

Controlo da placa bacteriana

Escovagem dos dentes duas ou mais vezes por dia

Natildeo escova os dentes ou faz uma escovagem pouco eficaz

Niacutevel socioeconoacutemico da famiacutelia

Meacutedio ou alto Baixo

Histoacuteria cliacutenica da crianccedila

Sem problemas de sauacutede Ausecircncia de medicaccedilatildeo croacutenica

Portador de deficiecircncia fiacutesica ou mental Ingestatildeo prolongada de medicamentos cariogeacutenicos Doenccedilas Croacutenicas Xerostomia

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 12

As crianccedilas e os jovens que natildeo se inscrevem em nenhuma das categorias anteriores

satildeo considerados de risco moderado

Os criteacuterios de avaliaccedilatildeo do risco individual de caacuterie dentaacuteria seratildeo

complementados com orientaccedilotildees teacutecnicas a emitir pela Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

73 Diagnoacutestico precoce e tratamento dentaacuterio

O diagnoacutestico precoce e os tratamentos dentaacuterios podem ser feitos no Centro de

Sauacutede nos serviccedilos de estomatologia do Hospital ou pelos meacutedicos estomatologistas

ou meacutedicos dentistas contratualizados da sua aacuterea de atracccedilatildeo

Nos Centros de Sauacutede onde existe Higienista Oral este gere os encaminhamentos

quando haacute necessidade de tratamentos e a frequecircncia da vigilacircncia da sauacutede oral das

crianccedilas e dos jovens do seu ficheiro

A contratualizaccedilatildeo com profissionais de sauacutede oral permite-nos garantir cuidados de

sauacutede oral a todas as crianccedilas em Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral

que desenvolvam caacuterie dentaacuteria

O processo seraacute implementado progressivamente O meacutedico estomatologistameacutedico

dentista responsabiliza-se pelo acompanhamento individual das crianccedilas que lhe satildeo

remetidas pelo SNS

O encaminhamento deve respeitar a liberdade de escolha do utente e a capacidade

de resposta do profissional contratualizado

8 Avaliaccedilatildeo do Programa

A avaliaccedilatildeo do programa tem periodicidade anual pelo que os indicadores a utilizar

teratildeo necessariamente que ser faacuteceis de obter e fiaacuteveis Satildeo eles que iratildeo permitir a

monitorizaccedilatildeo do programa e os avanccedilos alcanccedilados em cada regiatildeo de sauacutede e nos

diversos grupos etaacuterios

As fontes de dados satildeo nos serviccedilos puacuteblicos os registos habituais de actividades e

os mapas de sauacutede oral e sauacutede escolar nos serviccedilos privados a informaccedilatildeo

produzida pelos profissionais de sauacutede oral contratualizados registada na Ficha

Individual de Sauacutede Oral transcrita para o Mapa Anual da intervenccedilatildeo meacutedico-

dentaacuteria e enviada para o serviccedilo com quem contratualizou

A qualidade das prestaccedilotildees contratualizadas seraacute feita por avaliaccedilatildeo externa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 13

Os indicadores de avaliaccedilatildeo do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral satildeo

Percentagem de crianccedilas em programa aos 3 6 12 e 15 anos

Percentagem de crianccedilas em programa no Jardim-de-infacircncia e na Escola no 1ordm

ciclo 2ordm ciclo e 3ordm ciclo

Percentagem de crianccedilas com necessidades de tratamentos dentaacuterios

encaminhadas e tratadas

Percentagem de crianccedilas de alto risco agrave caacuterie

Percentagem de crianccedilas livres de caacuterie aos 6 anos

Iacutendice cpod e CPOD aos 6 anos

Iacutendice CPOD aos 12 anos

Esta avaliaccedilatildeo anual natildeo substitui as avaliaccedilotildees quinquenais de acircmbito nacional que a

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede com as Administraccedilotildees Regionais de Sauacutede e as Secretarias

Regionais continuaratildeo a realizar

9 Disposiccedilotildees finais e transitoacuterias

Para efeito de avaliaccedilatildeo do estado dentaacuterio e de avaliaccedilatildeo do risco seratildeo elaborados

suportes de informaccedilatildeo para serem utilizados por todos os sectores intervenientes

no programa e em todos os niacuteveis de produccedilatildeo de informaccedilatildeo

Do niacutevel local ao niacutevel central a informaccedilatildeo iraacute sendo agrupada em mapas de modo

a podermos construir indicadores de niacuteveis de resultados

Os dois Textos de Apoio anexos a este programa ldquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de

Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutederdquo e ldquoFluoretos Fundamentaccedilatildeo e

recomendaccedilatildeordquo suportam as alteraccedilotildees introduzidas e apontam formas de

implementar a estrateacutegia definida no Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede

Oral

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 14

Consenso sobre a utilizaccedilatildeo de fluoretoslowast no acircmbito do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral

Generalidades

O fluacuteor tem comprovada importacircncia na reduccedilatildeo da prevalecircncia e gravidade da caacuterie A

estrateacutegia da sua utilizaccedilatildeo em sauacutede oral foi redefinida com base em novas evidecircncias

cientiacuteficas Actualmente considera-se que a sua acccedilatildeo preventiva e terapecircutica eacute toacutepica

e poacutes-eruptiva e que para se obter este efeito toacutepico o dentiacutefrico fluoretado constitui a

opccedilatildeo consensual

Os fluoretos quando administrados por via sisteacutemica podem ter efeitos toacutexicos em

particular antes dos 6 anos Embora as consequecircncias sejam essencialmente de ordem

esteacutetica eacute revista a sua administraccedilatildeo

Nas crianccedilas com idades iguais ou inferiores a 6 anos que cumprem as exigecircncias

habituais da higiene oral isto eacute escovam os dentes usando dentiacutefrico fluoretado a

concomitante administraccedilatildeo de comprimidos ou gotas aumenta o risco de fluorose

dentaacuteria

As recomendaccedilotildees da Task Force sobre a utilizaccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da

caacuterie integradas no Programa Nacional de Sauacutede Oral satildeo as seguintes

a) Eacute dada prioridade agraves aplicaccedilotildees toacutepicas sob a forma de dentiacutefricos administrados na

escovagem dos dentes Estas aplicaccedilotildees devem ser efectuadas desde a erupccedilatildeo dos

dentes e de acordo com as regras expostas na tabela anexa

b) Os comprimidos anteriormente recomendados no acircmbito do Programa de Promoccedilatildeo

da Sauacutede Oral nas Crianccedilas e nos Adolescentes (CN nordm 6DSE de 200599) soacute

seratildeo administrados apoacutes os 3 anos a crianccedilas de alto risco agrave caacuterie dentaacuteria Nesta

situaccedilatildeo os comprimidos devem ser dissolvidos na boca lentamente

preferencialmente antes de deitar As acccedilotildees de educaccedilatildeo para a sauacutede devem

prioritariamente promover a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado

lowast Das Faculdades de Medicina Dentaacuteria de Lisboa Porto e Coimbra Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Coleacutegio de Estomatologia da Ordem dos Meacutedicos Ordem dos Meacutedicos Dentistas e Sociedade Portuguesa de Pediatria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 15

c) Em nenhum dos casos estaacute recomendada a administraccedilatildeo de fluoretos sisteacutemicos agraves

graacutevidas agraves crianccedilas antes dos 3 anos e agraves que em qualquer idade consumam aacutegua

com teor de fluoreto superior a 03 ppm

Recomendaccedilotildees sobre a utilizaccedilatildeo de fluoretos no acircmbito do PNPSO

RECOMEN-

DACcedilOtildeES

Frequecircncia da

escovagem dos dentes

Material utilizado na escovagem dos dentes

Execuccedilatildeo da escovagem dos dentes

Dentiacutefrico fluoretado

Suplemento sisteacutemico de

fluoretos

0-3 Anos 2 x dia

a partir da erupccedilatildeo do 1ordm dente

uma obrigatoria-mente antes

de deitar

Gaze Dedeira

Escova macia

de tamanho pequeno

Pais

1000-1500 ppm

quantidade idecircntica ao tamanho da

unha do 5ordm dedo da crianccedila

Natildeo recomendado

3-6 Anos 2 x dia

uma

obrigatoria-mente antes

de deitar

Escova macia

de tamanho adequado agrave

boca da crianccedila

Pais eou Crianccedila

a partir do

momento em que a crianccedila

adquire destreza

manual faz a escovagem sob

supervisatildeo

1000-1500 ppm

quantidade idecircntica ao tamanho da

unha do 5ordm dedo da crianccedila

Natildeo recomendado

Excepcionalmente as crianccedilas de alto

risco agrave caacuterie dentaacuteria podem fazer

1 (um) comprimido diaacuterio de fluoreto de soacutedio a 025 mg

Mais de 6 Anos

2 x dia

uma

obrigatoria-mente antes

de deitar

Escova macia

ou em alternativa

meacutedia

de tamanho adequado agrave

boca da crianccedila ou do

jovem

Crianccedila eou Pais

se a crianccedila

natildeo tiver adquirido destreza

manual a escovagem

tem que ter a intervenccedilatildeo

activa dos pais

1000-1500 ppm

quantidade aproximada de 1 centiacutemetro

Natildeo recomendado

Excepcionalmente as crianccedilas de alto

risco agrave caacuterie dentaacuteria podem fazer

1 (um) comprimido diaacuterio de fluoreto de soacutedio a 025 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 16

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 17

Referecircncias

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11 Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede O uso do fio dentaacuterio previne algumas doenccedilas orais Lisboa DGS 1993

12 Direcccedilatildeo-Geral dos Cuidados de Sauacutede Primaacuterios Bochecho fluoretado ndash Guia Praacutetico do Professor Lisboa DGS 1992

13 Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Divisatildeo de Sauacutede Escolar Manual de Boas Praacuteticas em Sauacutede Oral para quem trabalha com Crianccedilas e Jovens com Necessidades de Sauacutede Especiais Lisboa DGS 2002 httpwwwdgsaudept

14 Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Sauacutede Infantil e Juvenil Programa-Tipo de Actuaccedilatildeo Lisboa DGS2002 (Orientaccedilotildees Teacutecnicas 12) httpwwwdgsaudept

15 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in children at High Caries Risk A National Clinical Guideline SIGN 2000 httpwwwsignacuk

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Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 20

Agradecimentos

A Task Force que colaborou na revisatildeo do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral coordenada pela Drordf Gregoacuteria Paixatildeo von Amann e pela Higienista Oral Cristina Ferreira Caacutedima da Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede contou com a prestimosa colaboraccedilatildeo teacutecnica e cientiacutefica de

Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge representado pela Drordf Dirce Silveira

Direcccedilatildeo-Geral da Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura representada pela Engordf Maria de Lourdes Camilo

Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa representada pelo Prof Doutor Paulo Melo

Faculdade de Medicina de Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria representada pelo Dr Francisco Delille

Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade de Lisboa representada pelo Prof Doutor Ceacutesar Mexia de Almeida

Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto representada pelo Prof Doutor Fernando M Peres

Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento representado pela Drordf Ana Arauacutejo

Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede - Norte representado pelo Prof Doutor Paulo Rompante

Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede - Sul representado pela Profordf Doutora Fernanda Mesquita

Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia representada pelo Dr Alexandre Loff Seacutergio

Ordem dos Meacutedicos Dentistas representada pelo Prof Doutor Paulo Melo

Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria representada pelo Prof Doutor Ceacutesar Mexia de Almeida

Sociedade Portuguesa de Pediatria representada pelo Dr Manuel Salgado

Serviccedilos da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede representada pela Drordf Anabela Lopes Divisatildeo de Sauacutede Ambiental representada pelo Engordm Paulo Diegues e a Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede representada pelo Dr Pedro Ribeiro da Silva

Pelas sugestotildees e correcccedilotildees introduzidas o nosso agradecimento agrave Profordf Doutora Isabel Loureiro ao Dr Vasco Prazeres Drordf Leonor Sassetti Drordf Ana Paula Ramalho Correia Dr Rui Calado Drordf Maria Otiacutelia Riscado Duarte Dr Joatildeo Breda e ao Sr Viacutetor Alves que concebeu o logoacutetipo do programa

A todos a Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede e a Divisatildeo de Sauacutede Escolar agradecem

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

E s t r a t eacute g i a s e T eacute c n i c a s d e E d u c a ccedil atilde o e P r o m o ccedil atilde o

d a S a uacute d e

Documento produzido no acircmbito dos trabalhos da Task Force pela Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede Dr

Pedro Ribeiro da Silva e Dr Joatildeo Breda e pela Higienista Oral Cristina Ferreira Caacutedima e Drordf Gregoacuteria Paixatildeo von Amann da

Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede que coordenou os trabalhos

1 Preacircmbulo

Os Programas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede tecircm por objectivo capacitar as pessoas a tomarem decisotildees no

seu quotidiano que se revelem as mais adequadas para manter ou alargar o seu potencial de sauacutede

Para se atingir este objectivo fornece-se informaccedilatildeo e utilizam-se metodologias que facilitem e decircem

suporte agraves mudanccedilas comportamentais e agrave manutenccedilatildeo das praacuteticas consideradas saudaacuteveis

Mas a mudanccedila de comportamentos natildeo eacute faacutecil depende de factores sociais culturais familiares

entre muitos outros e natildeo apenas do conhecimento cientiacutefico que as pessoas possuam sobre

determinada mateacuteria

Esta dificuldade eacute bem patente quando como no presente caso se pretende intervir sobre

comportamentos relacionados com a alimentaccedilatildeo e a escovagem dos dentes

Quando os pais datildeo aos filhos patildeo achocolatado ou outros alimentos accedilucarados para levarem para a

escola estatildeo com frequecircncia a dar natildeo apenas um alimento mas tambeacutem e ateacute talvez

principalmente afecto tentando colmatar lacunas que possam ter na relaccedilatildeo com os seus filhos

mesmo que natildeo tenham consciecircncia desse facto

Podem tambeacutem dar este tipo de alimento por terem dificuldade de encontrar tempo para confeccionar

uma sandes ou outro alimento e os anteriormente referidos estatildeo sempre prontos a serem colocados na

mochila da crianccedila

Eacute importante desenvolvermos estrateacutegias de Educaccedilatildeo para a Sauacutede que natildeo culpabilizem os pais

porque estes intrinsecamente desejam sempre o melhor para os seus filhos embora natildeo consigam por

vezes colocaacute-lo em praacutetica

Devido agrave complexidade que eacute actuar sobre comportamentos individuais para se aumentar a eficiecircncia

das nossas praacuteticas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede torna-se fulcral utilizar metodologias alargadas a vaacuterios

parceiros e sectores da comunidade de forma articulada e continuada para que progressivamente

possamos ir obtendo resultados

Como propotildee Nancy Russel no seu Manual de Educaccedilatildeo para a Sauacutede ldquoPara desenhar um

programa de Educaccedilatildeo para a Sauacutede eacute necessaacuterio ter conhecimentos sobre comportamentos e sobre

os factores que produzem a mudanccedilardquo E continua explicitando ldquoAs teorias da mudanccedila de

comportamento que podem ser aplicadas em Educaccedilatildeo para a Sauacutede foram elaboradas a partir de

uma variedade de aacutereas incluindo a psicologia a sociologia a antropologia a comunicaccedilatildeo e o

marketing Nenhuma teoria ou rede de conceitos domina por si soacute a investigaccedilatildeo ou a praacutetica da

Educaccedilatildeo para a Sauacutede Provavelmente porque os comportamentos de sauacutede satildeo demasiado

complexos para serem explicados por uma uacutenica teoriardquo (19968)

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 2

2 Metodologias para Desenvolvimento da Acccedilatildeo

21 Primeira vertente ndash O diagnoacutestico de situaccedilatildeo

A primeira etapa de actuaccedilatildeo eacute de grande importacircncia para a continuidade das outras actividades e

podemos resumi-la a um bom diagnoacutestico de situaccedilatildeo que permita conhecer em pormenor a realidade

sobre a qual se pretende actuar

I - Eacute importante estabelecer como uma das primeiras actividades a anaacutelise de duas vertentes com

grande influecircncia na sauacutede oral os haacutebitos culturais das famiacutelias relativamente agrave alimentaccedilatildeo e as

praacuteticas de higiene oral dos adultos e das crianccedilas

II - Um segundo aspecto relaciona-se com os tipos de interacccedilatildeo entre professores ou

educadores de infacircncia e pais No caso de essa interacccedilatildeo ser regular e organizada importa saber como

reagem os pais agraves indicaccedilotildees dos professores sobre os aspectos comportamentais das crianccedilas e que

efeito e eficaacutecia tecircm essas acccedilotildees na capacitaccedilatildeo de pais e filhos relativamente aos comportamentos

relacionados com a sauacutede oral

Actividades a desenvolverem

a) estudar as formas de melhorar a relaccedilatildeo entre pais e professores procurando resolver as

dificuldades que com frequecircncia os pais apresentam como obstaacuteculos ao contacto mais regular

com os professores

b) analisar a eficaacutecia das recomendaccedilotildees dadas procurando as razotildees que possam estar na origem

de situaccedilotildees de menor eficaacutecia como o desfasamento entre as recomendaccedilotildees e o contexto

familiar e cultural das crianccedilas ou recomendaccedilotildees muito teacutecnicas ou paternalistas Todas estas

situaccedilotildees podem provocar resistecircncias nas famiacutelias agrave adesatildeo agraves praacuteticas desejaacuteveis relativamente

ao programa de sauacutede oral Esta temaacutetica da Educaccedilatildeo para a Sauacutede e as praacuteticas

comportamentais eacute muito complexa mas fundamental para se conseguirem resultados ao niacutevel

dos comportamentos

III - Outra componente a analisar satildeo os aspectos sociais dos consumos alimentares que possam

estar relacionados com situaccedilotildees locais como campanhas publicitaacuterias ou de promoccedilatildeo de

determinados alimentos potencialmente cariogeacutenicos nos estabelecimentos da zona Oferta pouco

adequada de alimentos na cantina da escola com existecircncia preponderante de alimentos e bebidas

accedilucaradas A confecccedilatildeo das refeiccedilotildees no refeitoacuterio com pouca oferta de fruta legumes e vegetais e

preponderacircncia de sobremesas doces

Segundo o Modelo Precede de Green existem 3 etapas a contemplar num diagnoacutestico de situaccedilatildeo

middot diagnoacutestico epidemioloacutegico necessaacuterio para a identificaccedilatildeo dos problemas de sauacutede sobre os

quais se vai actuar como sejam os iacutendices de caacuterie fluorose dentaacuteria e outros

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middot diagnoacutestico social que corresponde agrave identificaccedilatildeo das situaccedilotildees sociais existentes na comunidade

onde se desenvolve a actividade que podem contribuir para os problemas de sauacutede oral detectados

ou que se pretende prevenir

middot diagnoacutestico comportamental para identificaccedilatildeo dos vaacuterios padrotildees comportamentais que possam

estar relacionados com os problemas de sauacutede oral inventariados

A este diagnoacutestico de problemas eacute importante associar-se a identificaccedilatildeo de necessidades da

populaccedilatildeo-alvo da acccedilatildeo

Apesar da prevalecircncia das doenccedilas orais e da necessidade deste Programa Nacional em algumas

comunidades poderatildeo existir vaacuterios outros problemas de sauacutede mais graves ou mais prevalentes e

neste caso importa fazer uma avaliaccedilatildeo dos recursos e das possibilidades de eficaacutecia dando prioridade

aos grupos e agraves situaccedilotildees mais graves e de maior amplitude Outro factor a ter em conta na decisatildeo

relaciona-se com a capacidade de alterar as causas comportamentais ou factores de risco pelo

programa educacional

Apoacutes a avaliaccedilatildeo das necessidades deveratildeo ser estabelecidas as prioridades tendo em conta os

problemas de sauacutede identificados a capacidade de alteraccedilatildeo dos factores de risco comportamentais e

outros Eacute muito importante associar-se agrave definiccedilatildeo de prioridades de actuaccedilatildeo a caracterizaccedilatildeo dos sub-

grupos existentes e as diferentes estrateacutegias apropriadas a cada uma dessas populaccedilotildees alvo

22 Segunda vertente ndash os teacutecnicos de educaccedilatildeo

Todos os parceiros satildeo importantes para o desenvolvimento dos programas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede

mas no caso especiacutefico da sauacutede oral os teacutecnicos de Educaccedilatildeo satildeo fundamentais Eacute por esta razatildeo

tarefa prioritaacuteria sensibilizaacute-los e englobaacute-los no desenho dos programas desde o iniacutecio

Sabemos atraveacutes das nossas praacuteticas anteriores que nem sempre os teacutecnicos de educaccedilatildeo aderem a

algumas das actividades dos programas de sauacutede oral propostas pelos teacutecnicos de sauacutede utilizando

para isso os mais diversos argumentos A explicitaccedilatildeo dos uacuteltimos consensos cientiacuteficos nesta aacuterea

com disponibilizaccedilatildeo de bibliografia pode ser facilitador da adesatildeo ao programa

Uma das actividades centrais deste programa seraacute trabalhar em conjunto com os teacutecnicos de educaccedilatildeo

nomeadamente docentes das escolas baacutesicas e secundaacuterias e educadores de infacircncia sobre as

potencialidades do programa e os ganhos em sauacutede que a meacutedio e longo prazo este pode provocar na

populaccedilatildeo portuguesa

Outra tarefa importante eacute a reflexatildeo em conjunto sobre as dificuldades diagnosticadas em cada escola

para concretizar as actividades do programa na tentativa de encontrar soluccedilotildees seja atraveacutes da

resoluccedilatildeo dos obstaacuteculos seja encontrando alternativas Poderaacute acontecer natildeo ser possiacutevel executar

todas as tarefas incluiacutedas no programa Nesses casos importa decidir quais as actividades que poderatildeo

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ser levadas agrave praacutetica com ecircxito Seraacute preferiacutevel concretizar algumas tarefas que nenhumas assim

como seraacute melhor realizar bem poucas tarefas do que muitas ou todas de forma deficiente

Frequentemente existe um diferencial de conhecimentos sobre estas aacutereas entre os teacutecnicos de

educaccedilatildeo e os de sauacutede Para evitar problemas eacute imperioso que os teacutecnicos de educaccedilatildeo sejam

parceiros em igualdade de circunstacircncia e natildeo sintam que tecircm um papel secundaacuterio no projecto ou

meros executores de tarefas

A eventual deacutecalage de conhecimentos sobre sauacutede oral pode ser compensado utilizando estrateacutegias de

trabalho em equipa natildeo assumindo os teacutecnicos de sauacutede papel de liacutederes do processo nem de

detentores da informaccedilatildeo cientiacutefica As teacutecnicas de trabalho em equipa devem implicam a partilha de

tarefas e lideranccedila natildeo assumindo o programa uma dimensatildeo vertical e impositiva por parte da sauacutede

As mensagens chave do programa seratildeo discutidas por todos os intervenientes Eacute muito importante que

sejam claras nos conteuacutedos e assumidas por toda a equipa em todas as situaccedilotildees de modo a tornar as

intervenccedilotildees coerentes com os objectivos do programa

Como cada comunidade e cada escola tecircm caracteriacutesticas proacuteprias o programa as actividades e o

trabalho interdisciplinar em equipa seratildeo adequados agraves condiccedilotildees objectivas e subjectivas de todos os

intervenientes o que pode tornar necessaacuterio fazer adaptaccedilotildees agrave aplicaccedilatildeo do mesmo O mesmo se

passa em relaccedilatildeo agraves mensagens que necessitam ser adaptadas a cada situaccedilatildeo e a cada contexto

Em relaccedilatildeo agrave Educaccedilatildeo para a Sauacutede a procura de soluccedilotildees para as situaccedilotildees decorrentes da

implementaccedilatildeo do programa como a sensibilizaccedilatildeo dos parceiros e a eliminaccedilatildeo de obstaacuteculos satildeo

uma das tarefas centrais dos programas e natildeo devem ser subestimadas pelos teacutecnicos de sauacutede pois

delas depende muita da eficaacutecia do projecto

A educaccedilatildeo alimentar eacute uma das vertentes centrais do programa pelo que eacute necessaacuterio sensibilizar os

professores para aspectos da vida escolar que podem afectar a sauacutede oral dos alunos como as ementas

escolares existentes no refeitoacuterio e o tipo de alimentos disponibilizado no bar

221 Componente praacutetica

Uma primeira tarefa do programa na escola seraacute a sensibilizaccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo para a

importacircncia do mesmo A explicitaccedilatildeo teoacuterica resumida dos pressupostos cientiacuteficos que legitimam a

alteraccedilatildeo do programa eacute um instrumento facilitador

Fundamental explicar as razotildees que tornam a escovagem como um actividade central do programa e

os inconvenientes de se darem suplementos de fluacuteor de forma generalizada Seremos especialmente

eficazes se nos disponibilizarmos para responder agraves questotildees e duacutevidas que os professores possam ter

Esta eacute com certeza tambeacutem uma maneira de aprofundarmos o diagnoacutestico da situaccedilatildeo e de podermos

contribuir para remover os obstaacuteculos detectados

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 5

Uma segunda tarefa consistiraacute em operacionalizar o programa com os professores de modo a construi-

lo conjuntamente As diversas tarefas devem ser planeadas e avaliadas continuamente para se fazerem

as alteraccedilotildees consideradas necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar do programa

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo e a escovagem

O Programa Nacional de Sauacutede Oral propotildee algumas alteraccedilotildees que podemos considerar profundas e

de ruptura em relaccedilatildeo ao programa anterior como sejam a aplicaccedilatildeo restrita dos suplementos

sisteacutemicos de fluoretos e a escovagem duas vezes ao dia com um dentiacutefrico fluoretado como principal

medida para uma boa sauacutede oral Estas directrizes derivam do consenso dos peritos de Sauacutede Oral

reunidos na task force coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

Eacute faacutecil de compreender que organizar a escovagem dos dentes dos alunos eacute mais trabalhoso que dar-

lhes um comprimido de fluacuteor ou ateacute do que fazer o bochecho com uma soluccedilatildeo fluoretada Para sermos

bem sucedidos seraacute fundamental actuar de forma cautelosa respeitando as caracteriacutesticas das pessoas e

os contextos em presenccedila

Como sabemos eacute difiacutecil quebrar rotinas e o programa vai implicar mais trabalho para os professores e

disponibilizaccedilatildeo de tempo para os pais e professores A adopccedilatildeo pelos Jardins de infacircncia e Escolas da

escovagem dos dentes dos alunos pelo menos uma vez dia como factor central do programa vai

possivelmente encontrar algumas resistecircncias por parte dos educadores de infacircncia e professores que

importa ir resolvendo de forma progressiva e de acordo com as dificuldades reais encontradas Estas

dificuldades podem estar relacionadas com a deficiecircncia de instalaccedilotildees ou outras mas estaraacute com

frequecircncia tambeacutem muito relacionada com aspectos psicossociais de resistecircncia agrave mudanccedila de rotinas

instaladas e com vaacuterios anos

Uma das estrateacutegias primordiais para este programa ser bem sucedido passa pela resoluccedilatildeo dos

obstaacuteculos referidos pelos teacutecnicos de educaccedilatildeo relativamente agrave escovagem nomeadamente

a possibilidade de as crianccedilas usarem as escovas de colegas podendo haver transmissatildeo de doenccedilas

como a hepatite ou outras

a ausecircncia de um local apropriado para a escovagem

a confusatildeo que a escovagem iraacute causar com eventuais situaccedilotildees de indisciplina

a dificuldade de vigiar todos os alunos durante a escovagem com a consequente possibilidade de

alguns especialmente se mais novos poderem engolir dentiacutefrico

existirem alguns alunos que devido a carecircncias econoacutemicas ou desconhecimento dos pais tecircm

escovas jaacute muito deterioradas podendo ser alvo de troccedila e humilhaccedilatildeo por parte dos colegas ou

sentindo-se os professores na necessidade de fazerem algo mas natildeo terem possibilidade de

substituiacuterem as escovas

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Estes e outros argumentos poderatildeo ser reais ou apenas formas de encontrar justificaccedilotildees para natildeo

alterar rotinas no entanto eacute fundamental analisar cada situaccedilatildeo e encontrar a forma adequada de actuar

o que implica procurar em conjunto a resoluccedilatildeo do problema natildeo desvalorizando a perspectiva do

teacutecnico de educaccedilatildeo mesmo que do ponto de vista da sauacutede nos pareccedila oacutebvia a resistecircncia agrave mudanccedila e

a sua soluccedilatildeo

Se natildeo conseguirmos sensibilizar os profissionais de educaccedilatildeo para a importacircncia da escovagem e nos

limitarmos a contra-argumentar com os nossos dados e a nossa cientificidade facilmente iratildeo

encontrar outros argumentos Eacute preciso compreender que o que estaacute em causa natildeo satildeo as dificuldades

objectivas mas outro tipo de razotildees mais ou menos subjectivas relacionadas com as condiccedilotildees locais

e de contexto como por exemplo o facto de alguns professores considerarem que natildeo eacute da sua

competecircncia promover a escovagem dos dentes dos seus alunos A interacccedilatildeo pais-professores eacute

constante e pode potenciar grandemente o programa

23 Terceira vertente ndash os pais

Os pais satildeo tambeacutem intervenientes fundamentais nos programas de sauacutede oral e eacute fundamental que

sejam englobados na equipa de projecto enquanto parceiros activos na programaccedilatildeo de actividades de

modo a poder resolver-se eventuais resistecircncias que inclusive podem ser desconhecidas dos teacutecnicos e

serem devidas a idiossincracias micro-culturais Todas as estrateacutegias que sensibilizem os pais para as

medidas que se preconizam satildeo importantes Eacute fundamental que o programa seja ldquocontinuadordquo e

reforccedilado em casa e natildeo pelo contraacuterio descredibilizado pelas praacuteticas domeacutesticas

Em relaccedilatildeo aos pais os factores emocionais satildeo centrais na sua relaccedilatildeo com os filhos e com as escolhas

comportamentais quotidianas Transmitir informaccedilatildeo de forma essencialmente cognitiva por exemplo

laquonatildeo decirc lsquoBolosrsquo aos seus filhos porque satildeo alimentos que podem contribuir para o aparecimento de

caacuterie nos dentes e provocar obesidaderaquo tem muitas possibilidades de provocar efeitos perversos

negativos como seja a culpabilizaccedilatildeo dos pais e a resistecircncia agrave mudanccedila de comportamentos

Com frequecircncia os doces satildeo uma forma de dar afecto ou premiar os filhos ou ateacute servir como

substituto da impossibilidade dos pais estarem mais tempo com os filhos situaccedilatildeo que natildeo eacute com

frequecircncia consciente para os pais Os padrotildees comportamentais dos pais obedecem a inuacutemeras

componentes e soacute actuando sobre cada uma delas se conseguem resultados nas mudanccedilas de

comportamentos

Fornecer apenas informaccedilatildeo pode natildeo soacute natildeo provocar alteraccedilotildees comportamentais como criar ou

aumentar as resistecircncias agrave mudanccedila Eacute preciso adequar a informaccedilatildeo agraves diversas situaccedilotildees

caracterizando-as primeiro valorizando as componentes emocionais relacionais e contextuais dos

comportamentos natildeo culpabilizando os pais (porque isso provoca resistecircncias agrave mudanccedila natildeo soacute em

relaccedilatildeo a este programa mas a futuras intervenccedilotildees) e encontrando formas alternativas de resolver estas

situaccedilotildees utilizando soluccedilotildees que provoquem emoccedilotildees positivas em todos os intervenientes E dessa

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forma eacute possiacutevel ser-se eficaz respeitando os universos relacionais das famiacutelias e evitando efeitos

comportamentais paradoxais ou seja por reacccedilatildeo agrave informaccedilatildeo que os culpabiliza os pais

dessensibilizam das nossas indicaccedilotildees agravando e aumentando as praacuteticas que se desaconselham

Eacute esta uma das razotildees porque eacute tatildeo difiacutecil atingir os grupos populacionais que exactamente mais

precisavam de ser abrangido pelos programas de prevenccedilatildeo da doenccedila e promoccedilatildeo da sauacutede

Para aleacutem de se conhecerem as praacuteticas alimentares e de higiene oral que as crianccedilas e adolescentes

tecircm em casa eacute importante caracterizar as razotildees desses procedimentos Referimo-nos aos aspectos

individuais familiares culturais e contextuais Se queremos actuar sobre comportamentos eacute

fundamental conhecer as atitudes crenccedilas preconceitos estereoacutetipos e representaccedilotildees sociais que se

relacionam com as praacuteticas das famiacutelias as quais variam de famiacutelia para famiacutelia

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo podem ser colaboradores preciosos para esta caracterizaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo aos pais podemos resumir os aspectos a valorizar

Inclui-los nos diversos passos do programa

sensibiliza-los para a importacircncia da sauacutede oral respeitando os seus universos familiares e

culturais

dar suporte continuado agrave mudanccedila de comportamentos e de todos os factores que lhe estatildeo

associados

24 Quarta vertente ndash as crianccedilas

As crianccedilas e os adolescentes satildeo o principal puacuteblico-alvo do programa de sauacutede oral Sensibilizaacute-los

para as praacuteticas alimentares e de higiene oral que os peritos consideram actualmente adequadas eacute o

nosso objectivo

Como jaacute foi referido anteriormente eacute necessaacuterio ser cuidadoso na forma de comunicar com as crianccedilas

e adolescentes natildeo criticando directa ou indirectamente os conhecimentos e as praacuteticas aconselhadas

ou consentidas por pais e professores com quem eles convivem directamente e que satildeo dos principais

influenciadores dos seus comportamentos satildeo os seus modelos e constituem o seu universo de afectos

Criar clivagem na relaccedilatildeo cognitiva afectiva e emocional entre pais ou professores e crianccedilas e

adolescentes eacute algo que devemos ter sempre presente e evitar

As estrateacutegias de trabalho com as crianccedilas deveratildeo ser adaptadas agrave sua maturidade psico-cognitiva e

contexto socio-cultural Para que as actividades sejam luacutedicas e criativas adequadas agraves idades e outras

caracteriacutesticas das crianccedilas e adolescentes a contribuiccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo eacute com certeza

fundamental

Eacute muito importante ter em conta alguns aspectos educativos relativamente agrave mudanccedila de

comportamentos A participaccedilatildeo activa das crianccedilas na formulaccedilatildeo dessas actividades torna mais

eficazes os efeitos pretendidos

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Pela dificuldade em mudar comportamentos principalmente de forma estaacutevel eacute aconselhaacutevel adequar

os objectivos agraves realidades Seraacute preferiacutevel actuar sobre um ou dois comportamentos sobre os quais a

caracterizaccedilatildeo inicial nos permitiu depreender que seraacute possiacutevel obtermos resultados positivos em vez

de tentar actuar sobre todos os comportamentos que desejariacuteamos alterar natildeo conseguindo alterar

nenhum deles Naturalmente estas escolhas seratildeo feitas cientificamente segundo o que a Educaccedilatildeo para

a Sauacutede preconiza nas vertentes relacionadas com as ciecircncias comportamentais (sociais e humanas)

Outro aspecto fundamental eacute a continuidade na acccedilatildeo A eficaacutecia seraacute tanto maior quanto mais

continuadas forem as actividades dando suporte agrave mudanccedila comportamental e reforccedilo agrave sua

manutenccedilatildeo A continuidade da acccedilatildeo permite conhecer melhor as situaccedilotildees os obstaacuteculos e as formas

de os remover pois cada caso eacute um caso e generalizar diminui grandemente a eficaacutecia

Deve ser dada uma atenccedilatildeo especial agraves crianccedilas com Necessidades de Sauacutede Especiais desfavorecidas

socialmente (porque vivem em bairros degradados com poucos recursos econoacutemicos pertencem a

minorias eacutetnicas ou satildeo emigrantes) ou que natildeo frequentam a escola utilizando estrateacutegias especificas

adequadas agraves suas dificuldades

25 Quinta vertente ndash a comunidade

Para os programas de Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutede a componente comunitaacuteria eacute fundamental A

participaccedilatildeo e contribuiccedilatildeo dos vaacuterios sectores da comunidade podem ser potenciadores do trabalho a

desenvolver

Dependendo das situaccedilotildees locais a Autarquia as IPSS e as ONGrsquos entre outras podem ser parceiros

de enorme valia para o desenvolvimento do programa Para isso temos que sensibilizar os liacutederes

locais para a importacircncia da sauacutede oral e do programa que se pretende incrementar explicitando como

com pequenos custos podemos obter ganhos em sauacutede a meacutedio e longo prazo

As instituiccedilotildees que organizam actividades para crianccedilas e adolescentes como os ATLrsquos associaccedilotildees

culturais desportivas e religiosas podem ser excelentes parceiros para o desenvolvimento das

actividades dependendo das caracteriacutesticas da comunidade onde se aplica o programa Os grupos de

teatro satildeo tambeacutem um excelente recurso para integrarem as actividades com as crianccedilas e os

adolescentes

26 Sexta vertente ndash os meios de comunicaccedilatildeo social

Os meios de comunicaccedilatildeo social locais e regionais se forem utilizados apropriadamente podem ser

parceiros potenciadores das actividades que se pretendem desenvolver

Mas com frequecircncia os teacutecnicos de sauacutede encontram dificuldades na relaccedilatildeo com os profissionais da

comunicaccedilatildeo social considerando que estes natildeo satildeo sensiacuteveis agraves nossas preocupaccedilotildees com a prevenccedilatildeo

da doenccedila e da promoccedilatildeo da sauacutede

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Os media tecircm uma linguagem e podemos dizer uma filosofia proacuteprias que com frequecircncia natildeo satildeo

coincidentes com as nossas eacute por essa razatildeo necessaacuterio que os teacutecnicos de sauacutede se adaptem e se

possiacutevel se aperfeiccediloem na linguagem dos meacutedia Se natildeo utilizarmos adequadamente os meios de

comunicaccedilatildeo social estes podem ter um efeito contraproducente diminuindo a eficaacutecia do programa de

sauacutede oral

Algumas das dificuldades encontradas quando trabalhamos com os media especialmente as raacutedios e as

televisotildees satildeo as seguintes

na maior parte dos casos natildeo se pode transmitir muita informaccedilatildeo mesmo que seja um programa

de raacutedio de 1 ou 2 horas iria ficar muito monoacutetono e pouco atraente assim como se tornaria

confuso para os ouvintes e pouco eficaz porque com frequecircncia as pessoas desenvolvem outras

actividades enquanto ouvem raacutedio

eacute aconselhaacutevel transmitir apenas o que eacute realmente importante e faze-lo de forma muito clara

mantendo a consistecircncia sobre a hierarquia das informaccedilotildees nas diversas intervenccedilotildees ou seja que

todas os intervenientes no programa e em todas as situaccedilotildees em que intervecircm tenham um discurso

coerente e natildeo contraditoacuterio

evitar informaccedilotildees riacutegidas que culpabilizem as pessoas e natildeo respeitem os seus contextos micro-

culturais Eacute preferiacutevel suscitar alguma mudanccedila comportamental de forma progressiva que

nenhuma

com frequecircncia utilizamos o leacutexico meacutedico sem nos apercebermos que muitos cidadatildeos natildeo

conhecem termos que nos parecem simples como obesidade ou colesterol atribuindo-lhes outros

significados (portanto desconhecem que natildeo conhecem o verdadeiro significado)

se possiacutevel testar com pessoas de diversas idades e estratos socio-culturais que sejam leigas em

relaccedilatildeo a estas temaacuteticas aquilo que se preparou para a intervenccedilatildeo nos meios de comunicaccedilatildeo

social e alterar se necessaacuterio de acordo com as indicaccedilotildees que essas pessoas nos fornecerem

27 Seacutetima vertente ndash a avaliaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo deve ter iniacutecio na fase de planeamento e acompanhar todo o projecto de modo a introduzir

as alteraccedilotildees necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar das actividades

Devem fazer parte da equipa de avaliaccedilatildeo os diversos parceiros do projecto assim como pessoas

externas ao projecto e estas quando possiacutevel com formaccedilatildeo em educaccedilatildeo para a sauacutede nas aacutereas

teacutecnicas comportamentais de planeamento e avaliaccedilatildeo qualitativa e quantitativa

Satildeo fundamentais avaliaccedilotildees qualitativas e quantitativas das actividades a desenvolver e se possiacutevel

com anaacutelises comparativas ao desenrolar do projecto noutras zonas do paiacutes

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3 T eacute c n i c a s d e H i g i e n e O r a l

3 1 Escovagem dos den tes ndash A escova A escovagem dos dentes deve ser efectuada com uma escova de tamanho adequado agrave boca de quem a

utiliza Habitualmente as embalagens referem as idades a que se destinam Os filamentos devem ser

de nylon com extremidades arredondadas e textura macia que quando comeccedilam a ficar deformados

obrigam agrave substituiccedilatildeo da escova Normalmente a escova quando utilizada 2 vezes por dia dura cerca

de 3-4 meses

Existem escovas manuais e eleacutectricas as quais requerem os mesmos cuidados As escovas eleacutectricas

facilitam a higiene oral das pessoas que tenham pouca destreza manual

3 2 Escovagem dos den tes ndash O den t iacute f r i co O dentiacutefrico a utilizar deve conter fluoreto numa dosagem de cerca de 1000-1500 ppm A quantidade a

utilizar em cada uma das escovagens deve ser semelhante (ou inferior) ao tamanho da unha do 5ordm dedo

(dedo mindinho) da matildeo da crianccedila

Os dentiacutefricos com sabores muito atractivos natildeo se recomendam porque podem levar as crianccedilas a

engoli-lo deliberadamente Ateacute aos 6 anos aproximadamente o dentiacutefrico deve ser colocado na escova

por um adulto Apoacutes a escovagem dos dentes eacute apenas necessaacuterio cuspir o excesso de dentiacutefrico

podendo no entanto bochechar-se com um pouco de aacutegua

33 Escovagem dos dentes no Jardim-de-infacircncia e na Escola identificaccedilatildeo e arrumaccedilatildeo das escovas e copos

Hoje em dia haacute escovas de dentes que tecircm uma tampa ou estojo com orifiacutecios que a protege Caso se

opte pela utilizaccedilatildeo destas escovas natildeo eacute necessaacuterio que fiquem na escola Os alunos poderatildeo colocaacute-

la dentro da mochila juntamente com o tubo do dentiacutefrico e transportaacute-los diariamente para a escola

O conceito de intransmissibilidade da escova de dentes deve ser reforccedilado junto das crianccedilas Se as

escovas ficarem na escola eacute essencial que estejam identificadas bastando para tal escrever no cabo da

escova o nome da crianccedila com uma caneta de tinta resistente agrave aacutegua Tambeacutem se devem identificar os

dentiacutefricos Cada aluno deveraacute ter o seu proacuteprio dentiacutefrico e os copos caso natildeo sejam descartaacuteveis

As escovas guardam-se num local seco e arejado de modo a que os pelos fiquem virados para cima e

natildeo contactem umas com as outras Cada escova pode ser colocada dentro do copo num suporte

acriacutelico ou outro material resistente agrave aacutegua em local seco e arejado

Dentiacutefricos e escovas devem estar fora do alcance das crianccedilas para evitar a troca ou ingestatildeo

acidental de dentiacutefrico Caso haja a possibilidade de utilizar copos descartaacuteveis (de cafeacute) o processo eacute

bastante simplificado (os copos de cafeacute podem ser substituiacutedos por copos de iogurte) Os produtos de

higiene oral podem ser adquiridos com a colaboraccedilatildeo da Autarquia do Centro de Sauacutede dos pais ou

ateacute de alguma empresa Se a escola tiver refeitoacuterio pode tambeacutem ser viaacutevel utilizar os copos do

refeitoacuterio

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34 Escovagem dos den tes ndash Organ izaccedilatildeo da ac t i v idade

A escovagem dos dentes deve ser feita diariamente no jardim-de-infacircncia e na escola apoacutes o almoccedilo agrave

entrada na sala de aula ou apoacutes o intervalo As crianccedilas poderatildeo escovar os dentes na casa de banho no

refeitoacuterio ou na proacutepria sala de aula O processo eacute simples natildeo exigindo muitas condiccedilotildees fiacutesicas das

escolas que satildeo frequentemente utilizadas para justificar a recusa desta actividade

Caso a escola tenha lavatoacuterios suficientes esta actividade pode ser feita na casa de banho Eacute necessaacuterio

definir a hora em que cada uma das salas vai utilizar esse espaccedilo Na casa de banho deveratildeo estar

apenas as crianccedilas que estatildeo a escovar os dentes Os outros esperam a sua vez em fila agrave porta Eacute

essencial que esteja algueacutem (auxiliar professoreducador ou voluntaacuterio) a vigiar para manter a ordem

organizar o processo e corrigir a teacutecnica da escovagem No final da escovagem cada crianccedila lava a

escova e o copo (se natildeo for descartaacutevel) e arruma no local destinado a esse efeito

Quando o espaccedilo fiacutesico natildeo permite que a escovagem seja feita na casa de banho esta actividade pode

ser feita na proacutepria sala de aula Nesta situaccedilatildeo se for possiacutevel utilizar copos descartaacuteveis ou copos de

iogurte facilita o processo e torna-o menos moroso Os alunos mantecircm-se sentados nas suas cadeiras

Retiram da sua mochila o estojo com a escova e o dentiacutefrico Um dos alunos distribui os copos e os

guardanapos (ou toalhetes de papel ou papel higieacutenico) Os alunos escovam os dentes todos ao mesmo

tempo podendo ateacute fazecirc-lo com muacutesica O professor deve ir corrigindo a teacutecnica de escovagem Apoacutes

a escovagem as crianccedilas cospem o excesso de dentiacutefrico para o copo limpam a boca tiram o excesso

de dentiacutefrico e saliva da escova com o papel ou o guardanapo e por fim colocam-no dentro do copo

Tapam a escova e arrumam-na em estojo proacuteprio ou na mochila juntamente com o dentiacutefrico No final

um dos alunos vai buscar um saco de lixo passa por todas as carteiras para que cada uma coloque o

seu copo no lixo Caso alguma das crianccedilas natildeo tolere o restos de dentiacutefrico na cavidade oral pode

colocar-se uma pequena porccedilatildeo de aacutegua no copo e no fim da escovagem bochecha e cospe para o

copo Os pais dos alunos devem ser instruiacutedos para se certificarem que em casa a crianccedila lava a sua

escova com aacutegua corrente e volta a colocaacute-la na mochila No sentido de facilitar o procedimento

recomenda-se que os copos sejam descartaacuteveis e as escovas tenham tampa

35 Escovagem dos den tes - A teacutecn ica A escovagem dos dentes para ser eficaz ou seja para remover a placa bacteriana necessita ser feita

com rigor e demora 2 a 3 minutos Quando se utiliza uma escova manual a escovagem faz-se da

seguinte forma

inclinar a escova em direcccedilatildeo agrave gengiva (cerca de 45ordm) e fazer pequenos movimentos vibratoacuterios

horizontais ou circulares de modo a que os pelos da escova limpem o sulco gengival (espaccedilo que

fica entre o dente e a gengiva)

se for difiacutecil manter esta posiccedilatildeo colocar os pecirclos da escova perpendicularmente agrave gengiva e agrave

superfiacutecie do dente

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escovar 2 dentes de cada vez (os correspondentes ao tamanho da cabeccedila da escova) fazendo

aproximadamente 10 movimentos (ou 5 caso sejam crianccedilas ateacute aos 6 anos) nas superfiacutecies

dentaacuterias abarcadas pela escova

comeccedilar a escovagem pela superfiacutecie externa (do lado da bochecha) do dente mais posterior de um

dos maxilares e continuar a escovar ateacute atingir o uacuteltimo dente da extremidade oposta desse

maxilar

com a mesma sequecircncia escovar as superfiacutecies dentaacuterias do lado da liacutengua

proceder do mesmo modo para fazer a escovagem dos dentes do outro maxilar

escovar as superfiacutecies mastigatoacuterias dos dentes com movimentos de vaiveacutem

por fim pode escovar-se a liacutengua

Quando se utiliza uma escova de dentes eleacutectrica segue-se a mesma sequecircncia de escovagem O

movimento da escova eacute feito automaticamente natildeo deve ser feita pressatildeo ou movimentos adicionais

sobre os dentes A escova desloca-se ao longo da arcada escovando um soacute dente de cada vez A

escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluacuteor deve ser feita duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente agrave noite antes de deitar

3 6 Uso do f io den taacute r io A partir do momento em que haacute destreza manual (a partir dos 8 anos) eacute indispensaacutevel o uso do fio ou

fita dentaacuteria que se utiliza da seguinte forma

retirar cerca de 40 cm de fio (ou fita) do porta fio

enrolar a quase totalidade do fio no dedo meacutedio de uma matildeo e uma pequena porccedilatildeo no dedo meacutedio

da outra matildeo deixando entre os dois dedos uma porccedilatildeo de fio com aproximadamente 25 cm

Quando as crianccedilas satildeo mais pequenas pode retirar-se uma porccedilatildeo mais pequena de fio cerca de

30 cm dar um noacute juntando as 2 pontas formando um ciacuterculo com o fio natildeo havendo necessidade

de o enrolar nos dedos Eacute importante utilizar sempre fio limpo em cada espaccedilo interdentaacuterio Os

polegares eou os indicadores ajudam a manuseaacute-lo

introduzir o fio cuidadosamente entre dois dentes e curva-lo agrave volta do dente que se quer limpar

fazendo com que tome a forma de um ldquoCrdquo

executar movimentos curtos horizontais desde o ponto de contacto entre os dentes ateacute ao sulco

gengival em cada uma das faces que delimitam o espaccedilo interdentaacuterio

repetir este procedimento ateacute que todos os espaccedilos interdentaacuterios de todos os dentes estejam

devidamente limpos

O fio dentaacuterio deve ser utilizado uma vez por dia de preferecircncia agrave noite antes de deitar Na escola os

alunos poderatildeo a aprender a utilizar este meio de remoccedilatildeo de placa bacteriana interdentaacuterio sendo

importante envolver os pais no sentido de lhes pedir colaboraccedilatildeo e permitir que as crianccedilas o utilizem

em casa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 13

3 7 Reve lador de p laca bac te r i ana O uso de reveladores de placa bacteriana (em soluto ou em comprimidos mastigaacuteveis) permitem

avaliar a higiene oral e consequentemente melhorar as teacutecnicas de escovagem e de utilizaccedilatildeo do fio

dentaacuterio

A partir dos 6 anos de idade estes produtos podem ser usados para que as crianccedilas visualizem a placa

e mais facilmente compreendam que os seus dentes necessitam de ser cuidadosamente limpos

A eritrosina que tem a propriedade de corar de vermelho a placa bacteriana eacute um dos exemplos de

corantes que se podem utilizar Utiliza-se da seguinte forma

colocar 1 a 2 gotas por baixo da liacutengua ou mastigar um comprimido sem engolir

passar a liacutengua por todas as superfiacutecies dentaacuterias

bochechar com aacutegua

A placa bacteriana corada eacute facilmente removida atraveacutes da escovagem dos dentes e do fio dentaacuterio

Nota Para evitar que os laacutebios fiquem corados de vermelho antes de colocar o corante pode passar

batom creme gordo ou vaselina nos laacutebios

3 8 Bochecho f luore tado A partir dos 6 anos pode ser feito o bochecho quinzenal com fluoreto de soacutedio a 02 na escola da

seguinte forma

agitar a soluccedilatildeo e deitar 10 ml em cada copo e distribui-los

indicar a cada crianccedila para colocar o antebraccedilo no rebordo da mesa

introduzir a soluccedilatildeo na boca sem engolir

repousar a testa no antebraccedilo colocando o copo debaixo da boca

bochechar vigorosamente durante 1 minuto

apoacutes este periacuteodo deve ser cuspida tendo o cuidado de natildeo a engolir

Apoacutes o bochecho a crianccedila deve permanecer 30 minutos sem comer nem beber

39 Iacutendice de placa O Iacutendice de Placa (IP) eacute utilizado para quantificar a placa bacteriana em todas as superfiacutecies dentaacuterias e

reflecte os haacutebitos de higiene oral dos indiviacuteduos avaliados

Assim enquanto que um baixo Iacutendice de Placa poderaacute significar um bom impacto das acccedilotildees de

educaccedilatildeo para a sauacutede em sauacutede oral nomeadamente das relacionadas com a higiene um iacutendice

elevado sugere o contraacuterio

Em programas comunitaacuterios geralmente eacute utilizado o Iacutendice de Placa Simplificado que eacute mais raacutepido

de determinar sendo o resultado final igualmente fiaacutevel

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 14

Para se calcular o Iacutendice de Placa Simplificado eacute necessaacuterio atribuir um valor ao tamanho da placa

bacteriana existente nos seguintes 6 dentes e superfiacutecies predeterminados Maxilar superior

1 Primeiro molar superior direito - Superfiacutecie vestibular

2 Incisivo central superior direito - Superfiacutecie vestibular

3 Primeiro molar superior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

4 Primeiro molar inferior esquerdo - Superfiacutecie lingual

5 Incisivo central inferior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

6 Primeiro molar inferior direito - Superfiacutecie lingual

Para atribuir um valor ao tamanho da placa bacteriana existente em cada uma das su

acima referidas eacute necessaacuterio utilizar o revelador de placa bacteriana para a co

facilitar a sua observaccedilatildeo e respectiva classificaccedilatildeo e registo

A cada uma das superfiacutecies dentaacuterias soacute pode ser atribuiacutedo um dos seguintes valore

Valor 0

Valor 1

Valor 2

Valor 3

rarr Se a superfiacutecie do dente natildeo estaacute corada

rarr Se 13 da superfiacutecie estaacute corado

rarr Se 23 da superfiacutecie estatildeo corados

rarr Se estaacute corada toda a superfiacutecie

Feito o registo da observaccedilatildeo individual verifica-se que o somatoacuterio do conjunto de

poderaacute variar entre 0 (zero) e 18 (dezoito)

Dividindo por 6 (seis) este somatoacuterio obteacutem-se o Iacutendice de Placa Individual

Para determinar o Iacutendice de Placa de um grupo de indiviacuteduos divide-se o som

individuais pelo nuacutemero de indiviacuteduos observados multiplicado por seis (o nuacutemer

nuacutemero de dentes seleccionados por indiviacuteduo)

Assim o Iacutendice de Placa poderaacute variar entre 0 (zero) e 3 (trecircs)

Iacutendice de Placa (IP) = Somatoacuterio da classificaccedilatildeo dada a cada dente

Nordm de indiviacuteduos observados x 6

A sauacutede oral das crianccedilas e adolescentes eacute um grave problema de sauacutede puacuteblica ma

simples como as descritas neste documento executadas pelos proacuteprios eou com

encorajadas pela escola e pelos serviccedilos de sauacutede contribuem decididamente para

oral importantes e implementaccedilatildeo efectiva do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas d

Maxilar inferior

perfiacutecies dentaacuterias

rar e dessa forma

s

valores atribuiacutedos

atoacuterio dos valores

o seis representa o

s que com medidas

ajuda da famiacutelia

ganhos em sauacutede

Sauacutede Oral

e EPSrsquorsquo 15

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

F l u o r e t o s

F u n d a m e n t a ccedil atilde o e R e c o m e n d a ccedil otilde e s d a T a s k F o r c e

Documento produzido pela Task Force constituiacuteda pelo Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr

Ricardo Jorge Direcccedilatildeo-Geral de Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura Faculdade de

Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Medicina Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria

Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa e Porto Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento Instituto Superior de

Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia

Ordem dos Meacutedicos Dentistas Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria Sociedade Portuguesa de

Pediatria e os serviccedilos da DGS Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede Divisatildeo de Sauacutede Ambiental

Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

1 F l u o r e t o s

A evidecircncia cientiacutefica tem demonstrado que as mudanccedilas observadas no padratildeo da doenccedila caacuterie

dentaacuteria ocorrem pela implementaccedilatildeo de programas preventivos e terapecircuticos de acircmbito comunitaacuterio

e por estrateacutegias de acccedilatildeo especiacuteficas dirigidas a grupos de risco com criteriosa utilizaccedilatildeo dos

fluoretos

O fluacuteor eacute o elemento mais electronegativo da tabela perioacutedica e raramente existe isolado sendo por

isso habitualmente referido como fluoreto Na natureza encontra-se sob a forma de um iatildeo (F-) em

associaccedilatildeo com o caacutelcio foacutesforo alumiacutenio e tambeacutem como parte de certos silicatos como o topaacutezio

Normalmente presente nas rochas plantas ar aacuteguas e solos este elemento faz parte da constituiccedilatildeo de

alguns materiais plaacutesticos e pode tambeacutem estar presente na constituiccedilatildeo de alguns fertilizantes

contribuindo desta forma para a sua presenccedila no solo aacutegua e alimentos No solo o conteuacutedo de

fluoretos varia entre 20 e 500 ppm contudo nas camadas mais profundas o seu niacutevel aumenta No ar a

concentraccedilatildeo normal de fluoretos oscila entre 005 e 190microgm3 1

Do fluacuteor que eacute ingerido entre 75 e 90 eacute absorvido por via digestiva sendo a mucosa bucal

responsaacutevel pela absorccedilatildeo de menos de 1 Depois de absorvido passa para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea

sob a forma ioacutenica ou de compostos orgacircnicos lipossoluacuteveis A forma ioacutenica que circula livremente e

natildeo se liga agraves proteiacutenas nem aos componentes plasmaacuteticos nem aos tecidos moles eacute a que vai estar

disponiacutevel para ser absorvida pelos tecidos duros Da quantidade total de fluacuteor presente no organismo

99 encontra-se nos tecidos calcificados Entre 10 e 25 do aporte diaacuterio de fluacuteor natildeo chega a ser

absorvido vindo a ser excretado pelas fezes O fluacuteor absorvido natildeo utilizado (cerca de 50) eacute

eliminado por via renal2

O fluacuteor tem uma grande afinidade com a apatite presente no organismo com a qual cria ligaccedilotildees

fortes que natildeo satildeo irreversiacuteveis Este facto deve-se agrave facilidade com que os radicais hidroxilos da

hidroxiapatite satildeo substituiacutedos pelos iotildees fluacuteor formando fluorapatite No entanto a apatite normal do

ser humano presente no osso e dente mesmo em condiccedilotildees ideais de presenccedila de fluacuteor nunca se

aproxima da composiccedilatildeo da fluorapatite pura

Quando o fluacuteor eacute ingerido passa pela cavidade oral daiacute resultando a deposiccedilatildeo de uma determinada

quantidade nos tecidos e liacutequidos aiacute existentes A mucosa jugal as gengivas a placa bacteriana os

dentes e a saliva vatildeo beneficiar imediatamente de um aporte directo de fluacuteor que pode permitir que a

sua disponibilidade na cavidade oral se prolongue por periacuteodos mais longos Eacute um facto que a presenccedila

de fluacuteor no meio oral independentemente da sua fonte resulta numa acccedilatildeo preventiva e terapecircutica

extremamente importante

Nota 22 mg de fluoreto de soacutedio correspondem a 1 mg de fluacuteor Quando se dilui 1 mg de fluacuteor em um litro de aacutegua pura

considera-se que essa aacutegua passou a ter 1 ppm de fluacuteor

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 2

Considera-se actualmente que os benefiacutecios dos fluoretos resultam basicamente da sua acccedilatildeo toacutepica

sobre a superfiacutecie do dente enquanto a sua acccedilatildeo sisteacutemica (preacute-eruptiva) eacute muito menos importante

A acccedilatildeo preventiva e terapecircutica dos fluoretos eacute conseguida predominantemente pela sua acccedilatildeo toacutepica

quer nas crianccedilas quer nos adultos atraveacutes de trecircs mecanismos diferentes responsaacuteveis pela

bull inibiccedilatildeo do processo de desmineralizaccedilatildeo

bull potenciaccedilatildeo do processo de remineralizaccedilatildeo

bull inibiccedilatildeo da acccedilatildeo da placa bacteriana

O uso racional dos fluoretos na profilaxia da caacuterie dentaacuteria com eficaacutecia e seguranccedila baseia-se no

conhecimento actualizado dos seus mecanismos de acccedilatildeo e da sua toxicologia

Com base na evidecircncia cientiacutefica a estrateacutegia de utilizaccedilatildeo dos fluoretos em sauacutede oral foi redefinida

tendo em conta que a sua acccedilatildeo preventiva eacute predominantemente poacutes-eruptiva e toacutepica e a sua acccedilatildeo

toacutexica com repercussotildees a niacutevel dentaacuterio eacute preacute-eruptiva e sisteacutemica

Estudos epidemioloacutegicos efectuados pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) sobre os efeitos do

fluacuteor na sauacutede humana referem que valores compreendidos entre 1 e 15 ppm natildeo representam risco

acrescido Contudo valores entre 15 e 2 ppm em climas quentes poderatildeo contribuir para a ocorrecircncia

de casos de fluorose dentaacuteria e valores entre 3 a 6 ppm para o aparecimento de fluorose oacutessea

Para a OMS a concentraccedilatildeo oacuteptima de fluoretos na aacutegua quando esta eacute sujeita a fluoretaccedilatildeo deve

estar compreendida entre 05 e 15 ppm de F dependendo este valor da temperatura meacutedia do local

que condiciona a quantidade de aacutegua ingerida nas zonas mais frias o valor maacuteximo pode estar perto

do limite superior nas zonas mais quentes o valor deve estar perto do limite inferior para uma

prevenccedilatildeo eficaz da caacuterie dentaacuteria Para que os riscos de fluorose estejam diminuiacutedos os programas de

fluoretaccedilatildeo das aacuteguas devem obedecer a criteacuterios claramente definidos

Nas regiotildees onde a aacutegua da rede puacuteblica conteacutem menos de 03 ppm (mgl) de fluoretos (situaccedilatildeo mais

frequente em Portugal Continental) a dose profilaacutectica oacuteptima considerando a soma de todas as fontes

de fluoretos eacute de 005mgkgdia3

11 Toxicidade Aguda

Uma intoxicaccedilatildeo aguda pelo fluacuteor eacute uma possibilidade extremamente rara Alguns casos tecircm sido

descritos na literatura Estudos efectuados em roedores e extrapolados para o homem adulto permitem

pensar que a dose letal miacutenima de fluacuteor seja de aproximadamente 2 gramas ou 32 a 64 mgkg de peso

corporal mas para uma crianccedila bastam 15 mgkg de peso corporal 2

A partir da ingestatildeo de doses superiores a 5mgkg de peso corporal considera-se a hipoacutetese de vir a ter

efeitos toacutexicos

As crianccedilas pequenas tecircm um risco acrescido de ingerir doses de fluoretos atraveacutes do consumo de

produtos de higiene oral A ingestatildeo acidental de um quarto de um tubo com dentiacutefrico de 125 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 3

(1500 ppm de Fluacuteor) potildee em risco a vida de uma crianccedila de um ano de idade O risco de ingestatildeo

acidental por crianccedilas eacute real e eacute adjuvado pelo tipo de embalagens destes produtos que natildeo tecircm

dispositivos de seguranccedila para a sua abertura

A toxicidade aguda pelos fluoretos poderaacute manifestar-se por queixas digestivas (dor abdominal

voacutemitos hematemeses e melenas) neuroloacutegicas (tremores convulsotildees tetania deliacuterio lentificaccedilatildeo da

voz) renais (urina turva hematuacuteria) metaboacutelicas (hipocalceacutemia hipomagnesieacutemia hipercalieacutemia)

cardiovasculares (arritmias hipotensatildeo) e respiratoacuterias (depressatildeo respiratoacuteria apneias) 4

12 Toxicidade Croacutenica

A dose total diaacuteria de fluoretos administrados por via sisteacutemica isenta de risco de toxicidade croacutenica

situa-se abaixo de 005 mgkgdia de peso A partir desses valores aumentam as manifestaccedilotildees atraveacutes

do aparecimento de hipomineralizaccedilatildeo do esmalte que se revela por fluorose dentaacuteria Com

concentraccedilotildees acima de 25 ppm na aacutegua esta manifestaccedilatildeo eacute mais evidente sendo tanto mais grave

quanto a concentraccedilatildeo de fluoretos vai aumentando O periacuteodo criacutetico para o efeito toacutexico do fluacuteor se

manifestar sobre a denticcedilatildeo permanente eacute entre o nascimento e os 7 anos de idade (ateacute aos 3 anos eacute o

periacuteodo mais criacutetico) Quando existem fluoretos ateacute 3 ppm na aacutegua aleacutem da fluorose natildeo parece

existir qualquer outro efeito toacutexico na sauacutede A partir deste valor aumenta o risco de nefrotoxicidade

Como qualquer outro medicamento os fluoretos em dose excessiva tecircm efeitos toacutexicos que

normalmente se manifestam atraveacutes de uma interferecircncia na esteacutetica dentaacuteria Essa manifestaccedilatildeo eacute a

fluorose dentaacuteria

Estudos recentes sobre suplementos de fluoretos e fluorose 5 confirmam que as comunidades sem aacutegua

fluoretada e que utilizam suplementos de fluoretos durante os primeiros 6 anos de vida apresentam

um aumento do risco de desenvolver fluorose

O principal factor de risco para o aparecimento de fluorose dentaacuteria eacute o aporte total de fluoretos

provenientes de diferentes fontes nomeadamente da alimentaccedilatildeo incluindo a aacutegua e os suplementos

alimentares dentiacutefricos e soluccedilotildees para bochechos comprimidos e gotas e ingestatildeo acidental que natildeo

satildeo faacuteceis de quantificar

A fluorose dentaacuteria aumentou nos uacuteltimos anos em comunidades com e sem aacutegua fluoretada 6

2 F l u o r e t o s n a aacute g u a

2 1 Aacute g u a d e a b a s t e c i m e n t o p uacute b l i c o

A fluoretaccedilatildeo das aacuteguas para consumo humano como meio de suprir o deacutefice de fluoretos na aacutegua eacute

uma praacutetica comum em alguns paiacuteses como o Brasil Austraacutelia Canadaacute EUA e Nova Zelacircndia

Apesar de serem tatildeo diferentes quer do ponto de vista soacutecioeconoacutemico quer geograacutefico eles detecircm

uma experiecircncia superior a 25 anos neste domiacutenio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 4

Na Europa a maior parte dos paiacuteses natildeo faz fluoretaccedilatildeo das suas aacuteguas para consumo humano agrave

excepccedilatildeo da Irlanda da Suiacuteccedila (Basileia) e de 10 da populaccedilatildeo do Reino Unido Na Alemanha eacute

proibido e nos restantes paiacuteses eacute desaconselhado

Nos paiacuteses em que se faz fluoretaccedilatildeo da aacutegua alguns estudos demonstraram natildeo ter existido um ganho

efectivo na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria No entanto outros como a Austraacutelia no Estado de Victoacuteria

onde a fluoretaccedilatildeo da aacutegua se faz regularmente observaram-se ganhos efectivos na sauacutede oral da

populaccedilatildeo com consequentes ganhos econoacutemicos

Recomendaccedilatildeo Eacute indispensaacutevel avaliar a qualidade das aacuteguas de abastecimento puacuteblico periodicamente e corrigir os

paracircmetros alterados

Na aacutegua os valores das concentraccedilotildees de fluoretos estatildeo compreendidas entre 01 a 07 ppm Contudo

em alguns casos podem apresentar valores muito mais elevados

Quando a aacutegua apresenta valores de ph superiores a 8 e o iatildeo soacutedio e os carbonatos satildeo dominantes os

valores de fluoretos normalmente presentes excedem 1 ppm

Nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica os fluoretos podem existir naturalmente ou resultar de um

programa de fluoretaccedilatildeo Em Portugal Continental os valores satildeo normalmente baixos e as aacuteguas natildeo

estatildeo sujeitas a fluoretaccedilatildeo artificial O teor de fluoretos deveraacute ser controlado regularmente de modo

a preservar os interesses da sauacutede puacuteblica 7

Na definiccedilatildeo de um valor guia para a aacutegua de consumo humano a OMS propotildee o valor limite de 15

ppm de Fluacuteor referindo que valores superiores podem contribuir para o aumento do risco de fluorose

A Agecircncia Americana para o Ambiente (USEPA) refere um valor maacuteximo admissiacutevel de fluoretos na

aacutegua de consumo humano de 15 ppm e recomenda que nunca se ultrapasse os 4 ppm

Em Portugal a legislaccedilatildeo actualmente em vigor sobre a qualidade da aacutegua para consumo humano

decreto-lei nordm 23698 de 1 de Agosto define dois Valores Maacuteximos Admissiacuteveis (VMA) para os

fluoretos 15 ppm (8 a 12 ordmC) e 07 ppm (25 a 30 ordmC) O decreto-lei nordm 2432001 de 5 de Setembro

que transpotildee a Directiva Comunitaacuteria nordm 9883CE de 3 de Novembro que entrou em vigor em 25 de

Dezembro de 2003 define para os fluoretos um Valor Parameacutetrico (VP) de 15 ppm

O decreto-lei nordm 24301 remete para a Entidade Gestora a verificaccedilatildeo da conformidade dos valores

parameacutetricos obrigatoacuterios aplicaacuteveis agrave aacutegua para consumo humano Sempre que um valor parameacutetrico

eacute excedido isso corresponde a uma situaccedilatildeo de incumprimento e perante esta situaccedilatildeo a entidade

gestora deve de imediato informar a autoridade de sauacutede e a entidade competente dando conta das

medidas correctoras adoptadas ou em curso para restabelecer a qualidade da aacutegua destinada a consumo

humano

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 5

Deve ter-se em atenccedilatildeo o desvio em relaccedilatildeo ao valor parameacutetrico fixado e o perigo potencial para a

sauacutede humana

Segundo o decreto-lei supra mencionado artigo 9ordm compete agraves autoridades de sauacutede a vigilacircncia

sanitaacuteria e a avaliaccedilatildeo do risco para a sauacutede puacuteblica da qualidade da aacutegua destinada ao consumo

humano Sempre que o risco exista e o incumprimento persistir a autoridade de sauacutede deve informar e

aconselhar os consumidores afectados e determinar a proibiccedilatildeo de abastecimento restringir a

utilizaccedilatildeo da aacutegua que constitua um perigo potencial para a sauacutede humana e adoptar todas as medidas

necessaacuterias para proteger a sauacutede humana

Nos Accedilores e na Madeira ou em zonas onde o teor de fluoretos na aacutegua eacute muito elevado deveraacute ser

feita uma verificaccedilatildeo da constante e a correcccedilatildeo adequada

Os principais tratamentos de desfluoretaccedilatildeo envolvem a floculaccedilatildeo da aacutegua usando sais hidratados de

alumiacutenio principalmente em condiccedilotildees alcalinas No caso de aacuteguas aacutecidas pode-se adicionar cal e

alternativamente pode-se recorrer agrave adsorccedilatildeo com carvatildeo activado ou alumina activada ( Al2O3 ) ou

por permuta ioacutenica usando resinas especiacuteficas

Recomendaccedilatildeo Ateacute aos 6-7 anos as crianccedilas natildeo devem ingerir regularmente aacutegua com teor de fluoretos superior a 07 ppm

Recomendaccedilatildeo Sempre que o valor parameacutetrico dos fluoretos na aacutegua para consumo humano exceder 15 ppm deveratildeo ser aplicadas

medidas correctoras para restabelecer a qualidade da aacutegua

2 2 Aacute g u a s m i n e r a i s n a t u r a i s e n g a r r a f a d a s

As aacuteguas minerais naturais engarrafadas deveratildeo no futuro ter rotulagem de acordo com a Directiva

Comunitaacuteria 200340CE da Comissatildeo Europeia de 16 de Maio publicada no Jornal Oficial da Uniatildeo

Europeia em 2252003 artigo 4ordm laquo1 As aacuteguas minerais naturais cuja concentraccedilatildeo em fluacuteor for

superior a 15 mgl (ppm) devem ostentar no roacutetulo a menccedilatildeo lsquoconteacutem mais de 15 mgl (ppm) de

fluacuteor natildeo eacute adequado o seu consumo regular por lactentes nem por crianccedilas com menos de 7 anosrsquo

2 No roacutetulo a menccedilatildeo prevista no nordm 1 deve figurar na proximidade imediata da denominaccedilatildeo de

venda e em caracteres claramente visiacuteveis 3

As aacuteguas minerais naturais que em aplicaccedilatildeo do nordm 1 tiverem de ostentar uma menccedilatildeo no roacutetulo

devem incluir a indicaccedilatildeo do teor real em fluacuteor a niacutevel da composiccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica em constituintes

caracteriacutesticos tal como previsto no nordm 2 aliacutenea a) do artigo 7ordm da Directiva 80777CEEraquo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 6

Para as aacuteguas de nascente cujas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas satildeo definidas pelo Decreto-lei

2432001 de 5 de Setembro em vigor desde Dezembro de 2003 os limites para o teor de fluoretos satildeo

de 15 mgl (ppm)

De acordo com o parecer do Scientific Committee on Food - Comiteacute Cientiacutefico de Alimentaccedilatildeo

Humana (expresso em Dezembro de 1996) a Comissatildeo natildeo vecirc razotildees para nos climas da Uniatildeo

Europeia (climas temperados) limitar os fluoretos nas aacuteguas de consumo humano e nas aacuteguas minerais

naturais para valores inferiores a 15mgl (ppm)

3 F l u o r e t o s n o s g eacute n e r o s a l i m e n t iacute c i o s

Entende-se por lsquogeacutenero alimentiacuteciorsquo qualquer substacircncia ou produto transformado parcialmente

transformado ou natildeo transformado destinado a ser ingerido pelo ser humano ou com razoaacuteveis

probabilidades de o ser Este termo abrange bebidas pastilhas elaacutesticas e todas as substacircncias

incluindo a aacutegua intencionalmente incorporadas nos geacuteneros alimentiacutecios durante o seu fabrico

preparaccedilatildeo ou tratamento8 9

Na alimentaccedilatildeo as estimativas de ingestatildeo de fluacuteor atraveacutes da dieta variam entre 02 e 34 mgdia

sendo estes uacuteltimos valores atingidos quando se inclui o chaacute na alimentaccedilatildeo A ingestatildeo de fluoretos

provenientes dos alimentos comuns eacute pouco significativa Apenas 13 se apresentam na forma

ionizaacutevel e portanto biodisponiacutevel

Recomendaccedilatildeo Independentemente da origem ao utilizar aacutegua informe-se sobre o seu teor em fluoretos As que tecircm um elevado teor

deste elemento natildeo satildeo adequadas para lactentes e crianccedilas com menos de 7 anos

Recomendaccedilatildeo Dar prioridade a uma dieta equilibrada e saudaacutevel com diversidade alimentar Utilizar a aacutegua da cozedura dos

alimentos para confeccionar outros alimentos (ex sopas arroz)

No iniacutecio do ano de 2003 a Comissatildeo Europeia apresentou uma nova proposta de Directiva

Comunitaacuteria relativa agrave ldquoAdiccedilatildeo aos geacuteneros alimentiacutecios de vitaminas minerais e outras substacircnciasrdquo

onde os fluoretos satildeo referidos como podendo ser adicionados a geacuteneros alimentiacutecios comuns Nesta

proposta de Directiva Comunitaacuteria eacute sugerida a inclusatildeo de determinados nutrimentos (entre eles o

fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de geacuteneros alimentiacutecios comuns Esta proposta

prevista no Livro Branco da Comissatildeo ainda estaacute numa fase inicial de discussatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 7

4 F l u o r e t o s e m s u p l e m e n t o a l i m e n t a r

Entende-se por lsquosuplementos alimentaresrsquo geacuteneros alimentiacutecios que se destinam a complementar e ou

suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas

substacircncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisioloacutegico estremes ou combinados

comercializados em forma doseada tais como caacutepsulas pastilhas comprimidos piacutelulas e outras

formas semelhantes saquetas de poacute ampola de liacutequido frascos com conta gotas e outras formas

similares de liacutequido ou poacute que se destinam a ser tomados em unidades medidas de quantidade

reduzida10

A Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002

transposta para o direito nacional pelo Decreto-lei nordm 1362003 de 28 de Junho relativa agrave aproximaccedilatildeo

das legislaccedilotildees dos Estados-Membros respeitantes aos suplementos alimentares vai permitir a inclusatildeo

de determinados nutrimentos (entre eles o fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de

suplementos alimentares11

A partir de 28 de Agosto de 2003 os fluoretos poderatildeo ser comercializados como suplemento

alimentar passando a estar disponiacutevel em farmaacutecias e superfiacutecies comerciais

As quantidades maacuteximas de vitaminas e minerais presentes nos suplementos alimentares satildeo fixadas

em funccedilatildeo da toma diaacuteria recomendada pelo fabricante tendo em conta os seguintes elementos

a) limites superiores de seguranccedila estabelecidos para as vitaminas e os minerais apoacutes uma

avaliaccedilatildeo dos riscos efectuada com base em dados cientiacuteficos geralmente aceites tendo em

conta quando for caso disso os diversos graus de sensibilidade dos diferentes grupos de

consumidores

b) quantidade de vitaminas e minerais ingerida atraveacutes de outras fontes alimentares

c) doses de referecircncia de vitaminas e minerais para a populaccedilatildeo

Recomendaccedilatildeo Nunca ultrapassar a toma indicada no roacutetulo do produto e natildeo utilizar um suplemento alimentar como substituto de um

regime alimentar variado

As quantidades maacuteximas e miacutenimas de vitaminas e minerais referidas seratildeo adoptadas pela Comissatildeo

Europeia assistida pelo Comiteacute de Regulamentaccedilatildeo

Em Portugal a Agecircncia para a Qualidade e Seguranccedila Alimentar viraacute a ter informaccedilatildeo sobre todos os

suplementos alimentares comercializados como geacuteneros alimentiacutecios e introduzidos no mercado de

acordo com o Decreto-lei nordm 1362003

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 8

A rotulagem dos suplementos alimentares natildeo poderaacute mencionar nem fazer qualquer referecircncia a

prevenccedilatildeo tratamento ou cura de doenccedilas humanas e deveraacute indicar uma advertecircncia de que os

produtos devem ser guardados fora do alcance das crianccedilas

5 F luore tos em med icamentos e p rodutos cosmeacutet icos de h ig iene corpora l

A distinccedilatildeo entre Medicamento e Produto Cosmeacutetico de Higiene Corporal contendo fluoretos depende

do seu teor no produto Os cosmeacuteticos contecircm obrigatoriamente uma concentraccedilatildeo de fluoretos inferior

a 015 (1500 ppm) (Decreto-lei 1002001 de 28 de Marccedilo I Seacuterie A) sendo que todos os dentiacutefricos

com concentraccedilotildees de fluoretos superior a 015 satildeo obrigatoriamente classificados como

medicamentos

Os medicamentos contendo fluoretos e utilizados para a profilaxia da caacuterie dentaacuteria existentes no

mercado portuguecircs satildeo de venda livre em farmaacutecia Encontram-se disponiacuteveis nas formas

farmacecircuticas de soluccedilatildeo oral (gotas orais) comprimidos dentiacutefricos gel dentaacuterio e soluccedilatildeo de

bochecho

5 1 F l u o r e t o s e m c o m p r i m i d o s e g o t a s o r a i s

A utilizaccedilatildeo de medicamentos contendo fluoretos na forma de gotas orais e comprimidos foi ateacute haacute

pouco recomendada pelos profissionais de sauacutede (pediatras meacutedicos de famiacutelia cliacutenicos gerais

meacutedicos estomatologistas meacutedicos dentistas) dos 6 meses ateacute aos 16 anos

A clarificaccedilatildeo do mecanismo de acccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria e o aumento de

aporte dos mesmos com consequentes riscos de manifestaccedilatildeo toacutexica obrigaram agrave revisatildeo da sua

administraccedilatildeo em comprimidos eou gotas A gravidade da fluorose dentaacuteria estaacute relacionada com a

dose a duraccedilatildeo e com a idade em que ocorre a exposiccedilatildeo ao fluacuteor 12 13

A ldquoCanadian Consensus Conference on the Appropriate Use of Fluoride Supplements for the

Prevention of Dental Caries in Childrenrdquo 14definiu um protocolo cuja utilizaccedilatildeo eacute recomendada a

profissionais de sauacutede em que se fundamenta a tomada de decisatildeo sobre a necessidade ou natildeo da

suplementaccedilatildeo de fluacuteor A administraccedilatildeo de comprimidos soacute eacute recomendada quando o teor de fluoretos

na aacutegua de abastecimento puacuteblico for inferior a 03 ppm e

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) natildeo escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas

vezes por dia

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas vezes

por dia mas apresenta um alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 9

Por sua vez a conclusatildeo do laquoForum on Fluoridation 2002raquo15 relativamente agrave administraccedilatildeo de

suplementos de fluoretos foi a seguinte limitar a utilizaccedilatildeo de comprimidos de fluoretos a aacutereas onde

natildeo existe aacutegua fluoretada e iniciar essa suplementaccedilatildeo apenas a crianccedilas com alto risco agrave caacuterie e a

partir dos 3 anos

Os comprimidos de fluoretos caso sejam indicados devem ser usados pelo interesse da sua acccedilatildeo

toacutepica Devem ser dissolvidos na boca em vez de imediatamente ingeridos16

A administraccedilatildeo de fluoretos sob a forma de comprimidos chupados soacute deveraacute ser efectuada em

situaccedilotildees excepcionais isto eacute em populaccedilotildees de baixos recursos econoacutemicos nas quais a escovagem

natildeo possa ser promovida e os iacutendices de caacuterie sejam elevados

Para evitar a potencial toxicidade dos fluoretos antes de qualquer prescriccedilatildeo todos os profissionais de

sauacutede devem efectuar uma avaliaccedilatildeo personalizada dos aportes diaacuterios de cada crianccedila tendo em conta

todas as fontes possiacuteveis desse elemento alimentos comuns suplementos alimentares consumo de

aacutegua da rede puacuteblica eou aacutegua engarrafada e respectivo teor de fluoretos e utilizaccedilatildeo de medicamentos

e produtos cosmeacuteticos contendo fluacuteor

Recomendaccedilatildeo A partir dos 3 anos os suplementos sisteacutemicos de fluoretos poderatildeo ser prescritos pelo meacutedico assistente ou meacutedico dentista em crianccedilas que apresentem um alto risco

agrave caacuterie dentaacuteria

5 2 F l u o r e t o s e m d e n t iacute f r i c o s

Hoje em dia a maior parte dos dentiacutefricos agrave venda no mercado contecircm fluoretos sob diferentes formas

fluoreto de soacutedio monofluorfosfato de soacutedio fluoreto de amina e outros Os mais utilizados satildeo o

fluoreto de soacutedio e o monofluorfosfato de soacutedio

Normalmente o conteuacutedo de fluoreto dos dentiacutefricos eacute de 1000 a 1100 ppm (ou 010 a 011)

podendo variar entre 500 e 1500 ppm

Durante a escovagem cerca de 34 da pasta eacute ingerida por crianccedilas de 3 anos 28 pelas de 4-5 anos

e 20 pelas de 5-7 anos

Devem ser evitados dentiacutefricos com sabor a fruta para impedir o seu consumo em excesso uma vez

que estatildeo jaacute descritos na literatura casos de fluorose resultantes do abuso de dentiacutefricos2

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluoretos duas vezes por dia tem-se revelado um

meio colectivo de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria com grande efectividade e baixo custo pelo que deve

ser considerado o meio de eleiccedilatildeo em estrateacutegias comunitaacuterias

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 10

Do ponto de vista da prevenccedilatildeo da caacuterie a aplicaccedilatildeo toacutepica de dentiacutefrico fluoretado com a escova dos

dentes deve ser executada duas vezes por dia e deve iniciar-se quando se daacute a erupccedilatildeo dos dentes Esta

rotina diaacuteria de higiene executada naturalmente com muito cuidado pelos pais deve

progressivamente ser assumida pela crianccedila ateacute aos 6-8 anos de idade Durante este periacuteodo a

escovagem deve ser sempre vigiada pelos pais ou educadores consoante as circunstacircncias para evitar

a utilizaccedilatildeo de quantidades excessivas de dentiacutefrico o qual pode da mesma forma que os

comprimidos conduzir antes dos 6 anos agrave ocorrecircncia de fluorose

As crianccedilas devem usar dentiacutefrico com teor de fluoretos entre 1000-1500 ppm de fluoreto (dentiacutefrico

de adulto) sendo a quantidade a utilizar do tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

Apoacutes a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado pode-se natildeo bochechar com aacutegua Deveraacute

apenas cuspir-se o excesso de pasta Deste modo consegue-se uma mais alta concentraccedilatildeo de fluoreto

na cavidade oral que vai actuar topicamente durante mais tempo

Os pais das crianccedilas devem receber informaccedilatildeo sobre a escovagem dentaacuteria e o uso de dentiacutefricos

fluoretados A escovagem com dentiacutefrico fluoretado deve iniciar-se imediatamente apoacutes a erupccedilatildeo dos

primeiros dentes Os dentiacutefricos fluoretados devem ser guardados em locais inacessiacuteveis agraves crianccedilas

pequenas17

5 3 F l u o r e t o s e m s o l u ccedil otilde e s d e b o c h e c h o

As soluccedilotildees para bochechos recomendadas a partir dos 6 anos de idade tecircm sido utilizadas em

programas escolares de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria em inuacutemeros paiacuteses incluindo Portugal Satildeo

recomendadas a indiviacuteduos de maior risco agrave caacuterie dentaacuteria mas a sua utilizaccedilatildeo tem vido a ser

restringida a crianccedilas que escovam eficazmente os dentes

Recomendaccedilatildeo Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Recomendaccedilatildeo A partir dos 6 anos de idade deve ser feito o bochecho quinzenalmente com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

02

As soluccedilotildees fluoretadas de uso diaacuterio habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

005 e as de uso semanal ou quinzenal habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de 02

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 11

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 12

Referecircncias

1 Diegues P Linhas de Orientaccedilatildeo associadas agrave presenccedila de fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento 2003 Documento produzido no acircmbito da task force Sauacutede Oral e Fluacuteor Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar e na Divisatildeo de Sauacutede Ambiental da DGS 2 Melo PRGR Influecircncia de diferentes meacutetodos de administraccedilatildeo de fluoretos nas variaccedilotildees de incidecircncia de caacuterie Porto Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto 2001 Tese de doutoramento 3 Agence Francaise de Seacutecuriteacute des Produits de Santeacute Mise au point sur le fluacuteor et la prevention de la carie dentaire AFSPS 31 Juillet 2002 4 Leikin JB Paloucek FP Poisoning amp Toxicology Handbook 3th edition Hudson Lexi- Comp 2002 586-7 5 Ismail AI Bandekar RR Fluoride suplements and fluorosis a meta-analysis Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 48-56 6 Steven ML An update on Fluorides and Fluorosis J Can Dent Assoc 200369(5)268-91 7 Pinto R Cristovatildeo E Vinhais T Castro MF Teor de fluoretos nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica nas sedes de concelho de Portugal Continental Revista Portuguesa de Estomatologia Medicina Dentaacuteria e Cirurgia Maxilofacial 1999 40(3)125-42 8 Regulamento 1782002 do Parlamento Europeu e do Conselho de 28 de Janeiro Jornal Oficial das Comunidades Europeias (2002021) 9 Decreto ndash lei nordm 5601999 DR I Seacuterie A 147 (991218) 10 Decreto ndash lei nordm 1362003 DR I Seacuterie A 293 (20030628) 11 Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002 Jornal Oficial das Comunidades Europeias (20020712) 12 Aoba T Fejerskov O Dental fluorosis Chemistry and Biology Crit Rev Oral Biol Med 2002 13(2) 155-70 13 DenBesten PK Biological mechanisms of dental fluorosis relevant to the use of fluoride supplements Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 41-7 14 Limeback H Introduction to the conference Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 27-30 15 Report of the Forum of fluoridation 2002Governement of Ireland 2002 wwwfluoridationforumie 16 Featherstone JDB Prevention and reversal of dental caries role of low level fluoride Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 31-40 17 Pereira A Amorim A Peres F Peres FR Caldas IM Pereira JA Pereira ML Silva MJ Caacuteries Precoces da InfacircnciaLisboa Medisa Ediccedilotildees e Divulgaccedilotildees Cientiacuteficas Lda 2001 Bibliografia

1 Almeida CM Sugestotildees para a Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2002 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e na Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa

2 Rompante P Fundamentos para a alteraccedilatildeo do Programa de Sauacutede Oral da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Documento realizado no acircmbito da Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2003 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e no Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede ndash Norte

3 Rompante P Determinaccedilatildeo da quantidade do elemento fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento puacuteblico na totalidade das sedes de concelho de Portugal Continental Porto Faculdade de Odontologia da Universidade de Barcelona 2002 Tese de Doutoramento

4 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in Children at High Caries Risk SIGN Publication 2000 47

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Page 2: Direcção-Geral da SaúdePrograma será complementado, sempre que oportuno, por orientações técnicas a emitir por esta Direcção-Geral. O Director-Geral e Alto Comissário da

O Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral estaacute incluiacutedo no Plano Nacional de

Sauacutede 2004-2010 e tem como objectivos

Reduzir a incidecircncia e a prevalecircncia das doenccedilas orais nas crianccedilas e adolescentes

Melhorar conhecimentos e comportamentos sobre sauacutede oral

Promover a equidade na prestaccedilatildeo de cuidados de sauacutede oral agraves crianccedilas e jovens

com Necessidades de Sauacutede Especiais

A niacutevel nacional o Programa eacute coordenado e avaliado pelo Director-Geral e Alto

Comissaacuterio da Sauacutede e acompanhado por uma Comissatildeo Teacutecnico-Cientifica por si

designada constituiacuteda pelo responsaacutevel do Programa na DGS representantes das

Administraccedilotildees Regionais de Sauacutede Ordem dos Meacutedicos - coleacutegio de estomatologia

Ordem dos Meacutedicos Dentistas Chief Dental Officer e trecircs peritos das Faculdades eou

Institutos de Medicina Dentaacuteria

O Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral seraacute divulgado pela Direcccedilatildeo-Geral

da Sauacutede atraveacutes de Circular Normativa

Em cumprimento do Despacho acima transcrito a presente Circular Normativa divulga

o Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral aprovado dela fazendo parte

integrante para constituir Norma no acircmbito do Serviccedilo Nacional de Sauacutede O

Programa seraacute complementado sempre que oportuno por orientaccedilotildees teacutecnicas a

emitir por esta Direcccedilatildeo-Geral

O Director-Geral e Alto Comissaacuterio da Sauacutede

Prof Doutor Joseacute Pereira Miguel Anexo Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral Revogada a Circular Normativa nordm 6DSE de 200599 da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

PROGRAMA NACIONAL DE PROMOCcedilAtildeO DA SAUacuteDE ORAL

Despacho Ministerial nordm 1532005 (2ordf seacuterie) Publicado no Diaacuterio da Repuacuteblica nordm 3 de 5 de Janeiro de 2005

M I N I S T Eacute R I O D A S A Uacute D E D i r e c ccedil atilde o - G e r a l d a S a uacute d e

Lisboa 2005

1 Enquadramento

O Programa de Sauacutede Oral em Sauacutede Escolar que se desenvolve em Portugal desde

1986 foi revisto em 1999 e divulgado atraveacutes da Circular Normativa nordm 6DSE de

200599 da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede tendo passado a designar-se Programa de

Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral em Crianccedilas e Adolescentes

O quadro conceptual do programa corresponde a uma estrateacutegia global de

intervenccedilatildeo assente na promoccedilatildeo da sauacutede e na prevenccedilatildeo primaacuteria e secundaacuteria da

caacuterie dentaacuteria A promoccedilatildeo da sauacutede e a prevenccedilatildeo da doenccedila asseguradas pelas

equipas de sauacutede escolar satildeo o suporte indispensaacutevel da intervenccedilatildeo curativa

operacionalizada maioritariamente atraveacutes de contratualizaccedilatildeo Este processo tem

permitido prestar cuidados meacutedico-dentaacuterios a grupos de crianccedilas escolarizadas

integradas em programa de sauacutede oral e que desenvolveram caacuterie dentaacuteria

O Programa de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral em Crianccedilas e Adolescentes previa a

administraccedilatildeo de suplementos sisteacutemicos de fluoretos a todas as crianccedilas e jovens

No entanto face agrave publicaccedilatildeo da Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento

Europeu e do Conselho de 106 transposta para a legislaccedilatildeo nacional pelo Decreto-

lei nordm 1362003 de 28 de Junho relativa agrave aproximaccedilatildeo das legislaccedilotildees dos

Estados-Membros sobre suplementos alimentares e agrave desadequaccedilatildeo da

suplementaccedilatildeo de fluoretos procedeu-se agrave revisatildeo do Programa consubstanciada

neste documento

A redefiniccedilatildeo da estrateacutegia de intervenccedilatildeo do actual programa contou com o

empenho cientiacutefico dos peritos de uma Task Force constituiacuteda para rever a

administraccedilatildeo dos fluoretos teve em conta a prevalecircncia das doenccedilas orais na

populaccedilatildeo infantil e juvenil e as metas europeias para a aacuterea da sauacutede oral

2 Or ientaccedilotildees gera is do programa

Em Portugal a caacuterie dentaacuteria apresenta na populaccedilatildeo infantil e juvenil um iacutendice de

gravidade moderada isto eacute o nuacutemero de dentes cariados perdidos e obturados por

crianccedila (CPOD) aos 12 anos de idade eacute de 2951 e a percentagem de crianccedilas livres

de caacuterie dentaacuteria aos 6 anos eacute de 33 Outro estudo utilizando o meacutetodo pathfinder

da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) apresenta valores meacutedios de CPOD de

152 com desvios acentuados entre grupos de diferentes niacuteveis socioeconoacutemicos

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 2

Tudo isto reforccedila a necessidade de manter o investimento nesta aacuterea se queremos

contribuir para a reduccedilatildeo das desigualdades em sauacutede

A estrateacutegia europeia e as metas definidas para a sauacutede oral pela OMS apontam

para que no ano 2020 pelo menos 80 das crianccedilas com 6 anos estejam livres de

caacuterie e aos 12 anos o CPOD natildeo ultrapasse o valor de 153

O actual Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral alia a promoccedilatildeo da sauacutede agrave

prestaccedilatildeo de cuidados numa parceria puacuteblico-privado com competecircncias

claramente definidas tendo por base a intervenccedilatildeo comunitaacuteria

Ao sector puacuteblico compete assegurar a promoccedilatildeo da sauacutede a prevenccedilatildeo das doenccedilas

orais e a prestaccedilatildeo de cuidados de sauacutede dentaacuterios passiacuteveis de serem realizados no

Serviccedilo Nacional de Sauacutede (SNS) Esta intervenccedilatildeo eacute assegurada pelos profissionais

dos Centros de Sauacutede atraveacutes de acccedilotildees dirigidas ao indiviacuteduo agrave famiacutelia e agrave

comunidade escolar e pelos profissionais dos serviccedilos de estomatologia da rede

hospitalar sempre que possiacutevel

Ao sector privado atraveacutes dos profissionais e agrupamentos de profissionais de

estomatologia e medicina dentaacuteria compete prestar atraveacutes de contratualizaccedilatildeo os

cuidados meacutedico-dentaacuterios natildeo satisfeitos pelo SNS

O Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral integrado no Plano Nacional de

Sauacutede 2004-2010 deveraacute ser desenvolvido por todos os serviccedilos de sauacutede e

enquadrado em todas as suas actividades

Nos planos curriculares das escolas e jardins-de-infacircncia deve ser promovida e

apoiada a integraccedilatildeo das actividades do Programa Nacional de Sauacutede Oral numa

abordagem holiacutestica da sauacutede em que os princiacutepios de uma escola promotora da

sauacutede satildeo o referencial da intervenccedilatildeo e a Rede de Escolas Promotoras da Sauacutede eacute o

seu paradigma4

3 Estrutura de implementaccedilatildeo do programa

A niacutevel nacional e no que se refere agrave orientaccedilatildeo implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo o

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral seraacute coordenado pelo Director-

Geral e Alto Comissaacuterio da Sauacutede e executado pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar O seu

acompanhamento seraacute realizado por uma Comissatildeo Teacutecnico ndash Cientifica

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 3

A niacutevel regional deveraacute ser designado pela Administraccedilatildeo Regional de Sauacutede um

Coordenador Regional do Programa da sua estrutura ou do Centro Regional de

Sauacutede Puacuteblica com perfil e competecircncia para dinamizar e avaliar o programa

coordenar a Comissatildeo Paritaacuteria Regional e integrar a Comissatildeo TeacutecnicondashCientifica

A niacutevel local o Director do Centro de Sauacutede ou o responsaacutevel pelo Serviccedilo de

Sauacutede Puacuteblica avalia a capacidade instalada coordena a implementaccedilatildeo do

programa e gere a contratualizaccedilatildeo Por delegaccedilatildeo o responsaacutevel pela sauacutede escolar

ou pela sauacutede oral poderaacute assumir a sua operacionalizaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo local

4 Estrateacutegias de intervenccedilatildeo do programa

As orientaccedilotildees do actual Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral assentam

nas seguintes estrateacutegias

Promoccedilatildeo da sauacutede oral no contexto familiar e escolar

Prevenccedilatildeo das doenccedilas orais

Diagnoacutestico precoce e tratamento dentaacuterio

5 Populaccedilatildeo - alvo

Com este programa pretende-se abranger as graacutevidas e as crianccedilas desde o

nascimento ateacute aos 16 anos de idade

6 Finalidades do Programa

O Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral tem as seguintes finalidades

Melhorar conhecimentos e comportamentos sobre alimentaccedilatildeo e higiene oral

Diminuir a incidecircncia de caacuterie dentaacuteria

Reduzir a prevalecircncia da caacuterie dentaacuteria

Aumentar a percentagem de crianccedilas livres de caacuterie

Criar uma base de dados nacional sobre sauacutede oral

Prestar especial atenccedilatildeo numa perspectiva de promoccedilatildeo da equidade agrave sauacutede

oral das crianccedilas e dos jovens com Necessidades de Sauacutede Especiais assim

como dos grupos economicamente deacutebeis e socialmente excluiacutedos que

frequentam a escola do ensino regular ou instituiccedilotildees

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 4

7 Actividades do programa

As actividades do programa devem ser incluiacutedas nos programas de sauacutede materna

sauacutede infantil e juvenil e sauacutede escolar ser desenvolvidas no Centro de Sauacutede e em

todos os estabelecimentos de educaccedilatildeo preacute-escolar e do ensino baacutesico puacuteblico

privado ou dependentes de estruturas oficiais da seguranccedila social

Para o desenvolvimento das actividades do programa eacute indispensaacutevel o

envolvimento dos profissionais de sauacutede de educaccedilatildeo pais ou encarregados de

educaccedilatildeo bem como das autarquias

71 Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral

711 Na gravidez

Orientaccedilatildeo A graacutevida ao cuidar da sua sauacutede oral estaacute a promover a sauacutede do seu filho

Na consulta de sauacutede materna ou de vigilacircncia da gravidez a boca da matildee deve

merecer particular atenccedilatildeo Em caso de gravidez programada a futura matildee deveraacute

fazer todos os tratamentos dentaacuterios necessaacuterios a uma boa sauacutede oral Se jaacute estiver

graacutevida e tiver dentes cariados ou doenccedila periodontal natildeo deve deixar de proceder

ao necessaacuterio tratamento

Uma boa sauacutede oral da matildee favorece a boa sauacutede oral do filho

Ainda antes de o bebeacute nascer as consultas de vigilacircncia da gravidez satildeo uma boa

oportunidade para sensibilizar os pais para a importacircncia da sauacutede oral no contexto

de uma sauacutede global Por isso as mensagens devem dar destaque aos cuidados a ter

com a alimentaccedilatildeo e a higienizaccedilatildeo da boca da crianccedila especialmente apoacutes a

erupccedilatildeo do primeiro dente

712 Do nascimento aos 3 anos de idade

Orientaccedilatildeo A higiene oral deve iniciar-se logo apoacutes a erupccedilatildeo do primeiro dente utilizando uma pequena quantidade de

dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Na consulta de sauacutede infantil ou de vigilacircncia da crianccedila efectuada pelo meacutedico

assistente eou pelo enfermeiro pretendemos sensibilizar os pais para que

incorporem na rotina de higiene diaacuteria do bebeacute tambeacutem a higiene da sua boca

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 5

Apoacutes a erupccedilatildeo do primeiro dente a higienizaccedilatildeo deve comeccedilar a ser feita pelos

pais duas vezes por dia utilizando uma gaze uma dedeira ou uma escova macia

com um dentiacutefrico fluoretado com 1000-1500 ppm (mgl) de fluoreto sendo uma

das vezes obrigatoriamente apoacutes a uacuteltima refeiccedilatildeo

A quantidade de dentiacutefrico a utilizar deve ser idecircntica ao tamanho da unha do 5ordm

dedo da matildeo da proacutepria crianccedila (dedo mindinho) Nesta fase pode permitir-se que

progressivamente e sob vigilacircncia a crianccedila comece a iniciar-se na escovagem dos

dentes

Natildeo se recomenda qualquer tipo de suplemento sisteacutemico com fluoretos

Aos pais das crianccedilas com menos de 3 anos deveraacute tambeacutem ser fornecida

informaccedilatildeo sobre alimentaccedilatildeo factores de cariogenicidade e a importacircncia de

prevenir as caacuteries precoces da infacircncia chamando a atenccedilatildeo em especial para o

facto de o bebeacute a partir do 1ordm ano de idade natildeo dever usar prolongadamente o

biberatildeo nem adormecer com ele na boca quer tenha leite farinhas ou sumos Eacute

tambeacutem particularmente importante reforccedilar a absoluta contra-indicaccedilatildeo da

utilizaccedilatildeo de chupetas com accediluacutecar ou mel

713 Dos 3 aos 6 anos de idade

Orientaccedilatildeo A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm deve ser efectuada duas vezes por dia

sendo uma delas obrigatoriamente antes de deitar

Neste periacuteodo de progressiva autonomia da crianccedila o exemplo dos pais eacute da maior

relevacircncia Na sua tentativa de imitaccedilatildeo a crianccedila vai adquirindo o haacutebito da

higiene oral Por isso nesta fase deve-se fomentar o iniacutecio da escovagem dos dentes

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico fluoretado com 1000-1500 ppm (mgl)

deve continuar a ser realizada ou supervisionada pelos pais dependendo da destreza

manual da crianccedila pelo menos duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente antes de deitar A quantidade de dentiacutefrico a utilizar deve ser

miacutenima isto eacute idecircntica ao tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

tal como se disse relativamente ao grupo etaacuterio anterior

Natildeo se recomenda qualquer tipo de suplemento sisteacutemico com fluoretos agrave excepccedilatildeo

das crianccedilas de alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 6

A qualidade da alimentaccedilatildeo eacute determinante para a maturaccedilatildeo orgacircnica e a sauacutede

fiacutesica e psicossocial Nesta fase a crianccedila adquire muitos dos comportamentos

alimentares e muitos dos erros nutricionais do adulto A diversidade na alimentaccedilatildeo

eacute a principal forma de garantir a satisfaccedilatildeo das necessidades do organismo em

nutrientes e evitar o excesso de ingestatildeo de substacircncias com riscos para a sauacutede5

Desaconselha-se o consumo de guloseimas e refrigerantes sobretudo fora das

refeiccedilotildees

Se a crianccedila fizer medicaccedilatildeo croacutenica deve dar-se preferecircncia agrave prescriccedilatildeo de

medicamentos sem accediluacutecar

7131 Dos 3 aos 6 anos no Jardim-de-infacircncia

Orientaccedilatildeo Integrar a educaccedilatildeo para sauacutede e a higiene no Projecto Educativo e efectuar uma escovagem dos dentes no

Jardim-de-infacircncia

As Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar preconizam uma

intervenccedilatildeo educativa em que a educaccedilatildeo para a sauacutede e a higiene fazem parte do

dia-a-dia do Jardim-de-infacircncia A crianccedila teraacute oportunidade de cuidar da sua

higiene e sauacutede de compreender as razotildees por que natildeo deve abusar de determinados

alimentos e ter conhecimento do funcionamento dos diferentes oacutergatildeos6

Desaconselha-se o consumo de guloseimas no Jardim-de-infacircncia

Todas as crianccedilas que frequentam os Jardins-de-infacircncia devem fazer uma das

escovagens dos dentes no estabelecimento de educaccedilatildeo sendo esta actividade

particularmente importante para as que vivem em zonas mais desfavorecidas e

apresentam caacuterie dentaacuteria

A escovagem dos dentes no Jardim-de-infacircncia tem por objectivo a

responsabilizaccedilatildeo progressiva da crianccedila pelo auto-cuidado de higiene oral Esta

actividade deveraacute estar integrada no projecto educativo do Jardim-de-infacircncia e ser

pedagogicamente dinamizada pelos educadores de infacircncia

As equipas de sauacutede escolar deveratildeo apoiar a elaboraccedilatildeo do projecto melhorar as

competecircncias dos educadores professores e pais sobre sauacutede oral bem como

orientar o desenvolvimento desta actividade

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 7

Por volta dos 6 anos comeccedilam a erupcionar os primeiros molares permanentes Pela

sua proacutepria morfologia imaturidade e dificuldade na remoccedilatildeo da placa bacteriana

das suas fissuras e fossetas estes dentes satildeo mais vulneraacuteveis agrave caacuterie Por isso

exigem uma atenccedilatildeo particular durante a erupccedilatildeo e uma teacutecnica especiacutefica de

escovagem

714 Mais de 6 anos de idade

Orientaccedilatildeo Escovar os dentes com um dentiacutefrico fluoretado com 1000 e 1500 ppm duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente antes de deitar

A partir dos 6 anos de idade a escovagem dos dentes jaacute deveraacute ser efectuada pela

crianccedila utilizando um dentiacutefrico fluoretado idecircntico ao usado pelos adultos

portanto com um teor de fluoreto entre 1000 e 1500 ppm (mgl) numa quantidade

aproximada de um (1) centiacutemetro

A escovagem dentaacuteria deveraacute ser efectuada duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente antes de deitar Se a crianccedila ainda natildeo tiver destreza manual

recomendamos que esta actividade seja apoiada ou mesmo executada pelos pais7

7141 Mais de 6 anos na escola

Orientaccedilatildeo As mensagens de promoccedilatildeo da sauacutede devem ser coincidentes com as praacuteticas da escola

Durante a escolaridade obrigatoacuteria as referecircncias agrave descoberta do corpo agrave sauacutede agrave

educaccedilatildeo alimentar agrave higiene em geral e agrave higiene oral estatildeo integradas no curriacuteculo

e nos programas escolares do 1ordm ao 9ordm ano do ensino baacutesico8

Educaccedilatildeo Alimentar

A escola tem um papel fundamental na formaccedilatildeo dos haacutebitos alimentares das

crianccedilas e dos jovens pelo que eacute transmitido dentro da sala de aula atraveacutes dos

conteuacutedos curriculares mas tambeacutem atraveacutes da influecircncia dos pares e professores e

pela forma como satildeo expostos os produtos no bufete e na cantina9

As crianccedilas e os jovens que consomem mais alimentos ricos em accediluacutecar e gorduras

e nos intervalos optam predominantemente por doces e bebidas accedilucaradas tecircm

susceptibilidade aumentada agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 8

Assim nos intervalos das aulas a oferta deveraacute possibilitar escolhas saudaacuteveis e

econoacutemicas como leite patildeo e fruta em detrimento de refrigerantes e bolos

Os princiacutepios da promoccedilatildeo da sauacutede devem constituir uma referecircncia para os

projectos de educaccedilatildeo alimentar As Escolas devem assegurar uma poliacutetica

nutricional que promova uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel com coordenaccedilatildeo entre os

serviccedilos que fornecem produtos alimentares na cantina e no bufete natildeo sendo

admissiacuteveis contradiccedilotildees entre as mensagens de educaccedilatildeo alimentar a oferta de

alimentos e a forma como satildeo confeccionados

Os projectos de educaccedilatildeo alimentar soacute ficaratildeo completos se envolverem os alunos

Eles satildeo os actores activos da pesquisa pois soacute compreendendo o que eacute uma

alimentaccedilatildeo equilibrada poderatildeo adoptar uma atitude criacutetica e selectiva na compra e

no consumo dos produtos alimentares Soacute conhecendo os direitos e deveres dos

consumidores se podem alicerccedilar praacuteticas saudaacuteveis

No 1ordm Ciclo

Os ingredientes essenciais da educaccedilatildeo alimentar na escola vatildeo desde a abordagem

dos haacutebitos alimentares agraves questotildees da alimentaccedilatildeo e sauacutede e agrave cadeia alimentar

produccedilatildeo fabrico transformaccedilatildeo distribuiccedilatildeo de alimentos conservaccedilatildeo e higiene

Todos estes aspectos podem ser desenvolvidos no estudo do meio na liacutengua

portuguesa na matemaacutetica e nas aacutereas da expressatildeo musical dramaacutetica e plaacutestica

No 2ordm e 3ordm Ciclos

A implementaccedilatildeo de um Projecto de Educaccedilatildeo Alimentar implica a mobilizaccedilatildeo dos

curriacuteculos disciplinares do maior nuacutemero possiacutevel de disciplinas

Nas Ciecircncias Naturais pode ser realccedilada a importacircncia da alimentaccedilatildeo e a sua

relaccedilatildeo com o funcionamento do corpo e a sauacutede na Histoacuteria pode ser abordada a

evoluccedilatildeo das sociedades e dos seus haacutebitos alimentares nas Ciecircncias Fiacutesico-

Quiacutemicas pode ser estimulado o interesse pelo meio fiacutesico onde os alimentos se

produzem e se transformam com possiacutevel envolvimento da Liacutengua Portuguesa da

Matemaacutetica da Geografia da Educaccedilatildeo Visual Fiacutesica e Tecnoloacutegica eou das aacutereas

curriculares natildeo disciplinares

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 9

Higiene Oral

A higiene oral deve ser abordada no contexto da aquisiccedilatildeo de comportamentos de

higiene pessoal As aprendizagens deveratildeo relacionar os saberes com as vivecircncias

dentro e fora da escola A estrutura dos programas do ensino baacutesico eacute

suficientemente aberta e flexiacutevel para atender os diversos pontos de partida os

interesses e as necessidades dos alunos assim como as caracteriacutesticas do meio

Deste modo os conteuacutedos da sauacutede oral e da higiene oral podem ser associados ao

desenvolvimento de haacutebitos de higiene pessoal e de vida saudaacutevel

No 1ordm Ciclo recomendamos que as crianccedilas faccedilam uma das escovagens dos dentes

no proacuteprio estabelecimento de ensino Esta escovagem deve ser orientada pelos

professores a quem deveraacute ser dada formaccedilatildeo para esta actividade e regularmente

pelo menos uma vez em cada trimestre supervisionada pela equipa de sauacutede escolar

Seraacute de estimular a auto-responsabilizaccedilatildeo da crianccedila pela sua higiene oral de

manhatilde e agrave noite

Escovagem dos dentes

Na escola deve ser monitorizada a execuccedilatildeo e a efectividade desta actividade A

execuccedilatildeo da escovagem pode ser monitorizada atraveacutes de um registo diaacuterio num

mapa de turma e a efectividade pode ser avaliada atraveacutes da utilizaccedilatildeo do revelador

de placa bacteriana e do caacutelculo do Iacutendice de lsquoPlaca Simplificadorsquo realizado pelos

profissionais de sauacutede10

Fio dentaacuterio

A higienizaccedilatildeo dos espaccedilos interdentaacuterios deve comeccedilar a ser feita por volta dos 9-

10 anos quando a crianccedila comeccedila a ter destreza manual para utilizar o fio dentaacuterio

A teacutecnica deve ser claramente explicada e treinada11

Bochecho fluoretado

Todas as crianccedilas e jovens que frequentam as escolas do 1ordm Ciclo do Ensino Baacutesico

devem fazer o bochecho quinzenal com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a 0212

As estrateacutegias e teacutecnicas de realizaccedilatildeo e implementaccedilatildeo na escola das medidas de

promoccedilatildeo da sauacutede oral preconizadas encontram-se descritas no Texto de Apoio

anexo a esta Circular Normativa da qual faz parte integrante

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 10

Sauacutede Oral na Adolescecircncia

No decurso da adolescecircncia em que se reorganiza a forma de estar no mundo se

reformula o autoconceito atraveacutes nomeadamente dos reforccedilos positivos da auto-

imagem a higiene oral pode desempenhar um contributo importante para esse

processo Neste periacuteodo a adesatildeo a praacuteticas adequadas em termos de sauacutede oral natildeo

passa estritamente por motivaccedilotildees de caraacutecter sanitaacuterio

Tendo isso em conta os profissionais de sauacutede ligados agraves acccedilotildees educativas e

preventivas neste domiacutenio natildeo podem deixar de valorizar as expectativas dos jovens

acerca dos laacutebios da boca e dos dentes nos planos esteacutetico e relacional

Sauacutede Oral em crianccedilas e de jovens com Necessidades de Sauacutede Especiais

A promoccedilatildeo da sauacutede oral de crianccedilas e jovens com Necessidades de Sauacutede

Especiais estaacute descrita no laquoManual de Boas Praacuteticas em Sauacutede Oralraquo editado pela

DGS13

A administraccedilatildeo de suplemento sisteacutemico de fluoretos recomendada deve ser

corrigida de acordo com as orientaccedilotildees introduzidas pelo presente documento

72 Prevenccedilatildeo das doenccedilas orais

Em sauacutede infantil e juvenil a observaccedilatildeo da boca e dos dentes feita pela equipa de

sauacutede pelo meacutedico de famiacutelia ou pelo pediatra comeccedila aos 6 meses e prolonga-se

ateacute aos 18 anos14

A estes profissionais compete reforccedilar as medidas de promoccedilatildeo da sauacutede oral

descritas anteriormente e fazer o diagnoacutestico precoce de caacuterie dentaacuteria registando

os dados na Ficha Individual de Sauacutede Oral e no Boletim de Sauacutede Infantil

Em Sauacutede Escolar tambeacutem poderaacute ser feita essa observaccedilatildeo

Face a um diagnoacutestico ou a uma suspeita de doenccedila oral a crianccedila deve ser

encaminhada para o gestor do programa no Centro de Sauacutede

Se o Centro de Sauacutede tiver higienista oral estomatologista ou meacutedico dentista eacute

feita a avaliaccedilatildeo do risco individual de caacuterie e a protecccedilatildeo dos dentes agraves crianccedilas e

jovens de alto risco

Se o Centro de Sauacutede natildeo dispuser de profissionais de sauacutede oral o gestor do

programa encaminharaacute as crianccedilas para os serviccedilos de estomatologia dos hospitais

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 11

distritais ou centrais caso tenham resposta ou para um meacutedico estomatologista

meacutedico dentista contratualizado

A partir do momento em que a crianccedila apresenta um dente com uma lesatildeo de caacuterie

dentaacuteria passa a exigir medidas preventivas e terapecircuticas especiacuteficas Apoacutes o

tratamento da lesatildeo de caacuterie essa crianccedila eacute incluiacuteda num grupo que do ponto de

vista preventivo exigiraacute maior atenccedilatildeo e acompanhamento

A protecccedilatildeo dos dentes em crianccedilas com alto risco agrave caacuterie dentaacuteria consiste na

execuccedilatildeo de uma ou mais medidas

Aplicaccedilatildeo de selantes de fissura

Suplemento de fluoretos um (1) comprimido diaacuterio de 025 mg que deve ser

dissolvido lentamente na boca agrave noite antes de deitar

Verniz de fluacuteor ou de clorohexidina

A estrateacutegia preventiva e terapecircutica do programa complementam-se com a

avaliaccedilatildeo do risco individual de caacuterie dentaacuteria

A avaliaccedilatildeo eacute feita a partir da conjugaccedilatildeo dos seguintes factores de risco evidecircncia

cliacutenica de doenccedila anaacutelise dos haacutebitos alimentares controlo da placa bacteriana

niacutevel socioeconoacutemico da famiacutelia e histoacuteria cliacutenica da crianccedila15

Factores de Risco Baixo Risco Alto Risco

Evidecircncia cliacutenica de doenccedila

Sem lesotildees de caacuterie Nenhum dente perdido devido a caacuterie Poucas ou nenhumas obturaccedilotildees

Lesotildees activas de caacuterie Extracccedilotildees devido a caacuterie Duas ou mais obturaccedilotildees Aparelho fixo de ortodontia

Anaacutelise dos haacutebitos alimentares

Ingestatildeo pouco frequente de alimentos accedilucarados

Ingestatildeo frequente de alimentos accedilucarados em particular entre as refeiccedilotildees

Utilizaccedilatildeo de fluoretos

Uso regular de dentiacutefrico fluoretado

Natildeo utilizaccedilatildeo regular de qualquer dentiacutefrico fluoretado

Controlo da placa bacteriana

Escovagem dos dentes duas ou mais vezes por dia

Natildeo escova os dentes ou faz uma escovagem pouco eficaz

Niacutevel socioeconoacutemico da famiacutelia

Meacutedio ou alto Baixo

Histoacuteria cliacutenica da crianccedila

Sem problemas de sauacutede Ausecircncia de medicaccedilatildeo croacutenica

Portador de deficiecircncia fiacutesica ou mental Ingestatildeo prolongada de medicamentos cariogeacutenicos Doenccedilas Croacutenicas Xerostomia

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 12

As crianccedilas e os jovens que natildeo se inscrevem em nenhuma das categorias anteriores

satildeo considerados de risco moderado

Os criteacuterios de avaliaccedilatildeo do risco individual de caacuterie dentaacuteria seratildeo

complementados com orientaccedilotildees teacutecnicas a emitir pela Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

73 Diagnoacutestico precoce e tratamento dentaacuterio

O diagnoacutestico precoce e os tratamentos dentaacuterios podem ser feitos no Centro de

Sauacutede nos serviccedilos de estomatologia do Hospital ou pelos meacutedicos estomatologistas

ou meacutedicos dentistas contratualizados da sua aacuterea de atracccedilatildeo

Nos Centros de Sauacutede onde existe Higienista Oral este gere os encaminhamentos

quando haacute necessidade de tratamentos e a frequecircncia da vigilacircncia da sauacutede oral das

crianccedilas e dos jovens do seu ficheiro

A contratualizaccedilatildeo com profissionais de sauacutede oral permite-nos garantir cuidados de

sauacutede oral a todas as crianccedilas em Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral

que desenvolvam caacuterie dentaacuteria

O processo seraacute implementado progressivamente O meacutedico estomatologistameacutedico

dentista responsabiliza-se pelo acompanhamento individual das crianccedilas que lhe satildeo

remetidas pelo SNS

O encaminhamento deve respeitar a liberdade de escolha do utente e a capacidade

de resposta do profissional contratualizado

8 Avaliaccedilatildeo do Programa

A avaliaccedilatildeo do programa tem periodicidade anual pelo que os indicadores a utilizar

teratildeo necessariamente que ser faacuteceis de obter e fiaacuteveis Satildeo eles que iratildeo permitir a

monitorizaccedilatildeo do programa e os avanccedilos alcanccedilados em cada regiatildeo de sauacutede e nos

diversos grupos etaacuterios

As fontes de dados satildeo nos serviccedilos puacuteblicos os registos habituais de actividades e

os mapas de sauacutede oral e sauacutede escolar nos serviccedilos privados a informaccedilatildeo

produzida pelos profissionais de sauacutede oral contratualizados registada na Ficha

Individual de Sauacutede Oral transcrita para o Mapa Anual da intervenccedilatildeo meacutedico-

dentaacuteria e enviada para o serviccedilo com quem contratualizou

A qualidade das prestaccedilotildees contratualizadas seraacute feita por avaliaccedilatildeo externa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 13

Os indicadores de avaliaccedilatildeo do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral satildeo

Percentagem de crianccedilas em programa aos 3 6 12 e 15 anos

Percentagem de crianccedilas em programa no Jardim-de-infacircncia e na Escola no 1ordm

ciclo 2ordm ciclo e 3ordm ciclo

Percentagem de crianccedilas com necessidades de tratamentos dentaacuterios

encaminhadas e tratadas

Percentagem de crianccedilas de alto risco agrave caacuterie

Percentagem de crianccedilas livres de caacuterie aos 6 anos

Iacutendice cpod e CPOD aos 6 anos

Iacutendice CPOD aos 12 anos

Esta avaliaccedilatildeo anual natildeo substitui as avaliaccedilotildees quinquenais de acircmbito nacional que a

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede com as Administraccedilotildees Regionais de Sauacutede e as Secretarias

Regionais continuaratildeo a realizar

9 Disposiccedilotildees finais e transitoacuterias

Para efeito de avaliaccedilatildeo do estado dentaacuterio e de avaliaccedilatildeo do risco seratildeo elaborados

suportes de informaccedilatildeo para serem utilizados por todos os sectores intervenientes

no programa e em todos os niacuteveis de produccedilatildeo de informaccedilatildeo

Do niacutevel local ao niacutevel central a informaccedilatildeo iraacute sendo agrupada em mapas de modo

a podermos construir indicadores de niacuteveis de resultados

Os dois Textos de Apoio anexos a este programa ldquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de

Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutederdquo e ldquoFluoretos Fundamentaccedilatildeo e

recomendaccedilatildeordquo suportam as alteraccedilotildees introduzidas e apontam formas de

implementar a estrateacutegia definida no Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede

Oral

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 14

Consenso sobre a utilizaccedilatildeo de fluoretoslowast no acircmbito do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral

Generalidades

O fluacuteor tem comprovada importacircncia na reduccedilatildeo da prevalecircncia e gravidade da caacuterie A

estrateacutegia da sua utilizaccedilatildeo em sauacutede oral foi redefinida com base em novas evidecircncias

cientiacuteficas Actualmente considera-se que a sua acccedilatildeo preventiva e terapecircutica eacute toacutepica

e poacutes-eruptiva e que para se obter este efeito toacutepico o dentiacutefrico fluoretado constitui a

opccedilatildeo consensual

Os fluoretos quando administrados por via sisteacutemica podem ter efeitos toacutexicos em

particular antes dos 6 anos Embora as consequecircncias sejam essencialmente de ordem

esteacutetica eacute revista a sua administraccedilatildeo

Nas crianccedilas com idades iguais ou inferiores a 6 anos que cumprem as exigecircncias

habituais da higiene oral isto eacute escovam os dentes usando dentiacutefrico fluoretado a

concomitante administraccedilatildeo de comprimidos ou gotas aumenta o risco de fluorose

dentaacuteria

As recomendaccedilotildees da Task Force sobre a utilizaccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da

caacuterie integradas no Programa Nacional de Sauacutede Oral satildeo as seguintes

a) Eacute dada prioridade agraves aplicaccedilotildees toacutepicas sob a forma de dentiacutefricos administrados na

escovagem dos dentes Estas aplicaccedilotildees devem ser efectuadas desde a erupccedilatildeo dos

dentes e de acordo com as regras expostas na tabela anexa

b) Os comprimidos anteriormente recomendados no acircmbito do Programa de Promoccedilatildeo

da Sauacutede Oral nas Crianccedilas e nos Adolescentes (CN nordm 6DSE de 200599) soacute

seratildeo administrados apoacutes os 3 anos a crianccedilas de alto risco agrave caacuterie dentaacuteria Nesta

situaccedilatildeo os comprimidos devem ser dissolvidos na boca lentamente

preferencialmente antes de deitar As acccedilotildees de educaccedilatildeo para a sauacutede devem

prioritariamente promover a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado

lowast Das Faculdades de Medicina Dentaacuteria de Lisboa Porto e Coimbra Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Coleacutegio de Estomatologia da Ordem dos Meacutedicos Ordem dos Meacutedicos Dentistas e Sociedade Portuguesa de Pediatria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 15

c) Em nenhum dos casos estaacute recomendada a administraccedilatildeo de fluoretos sisteacutemicos agraves

graacutevidas agraves crianccedilas antes dos 3 anos e agraves que em qualquer idade consumam aacutegua

com teor de fluoreto superior a 03 ppm

Recomendaccedilotildees sobre a utilizaccedilatildeo de fluoretos no acircmbito do PNPSO

RECOMEN-

DACcedilOtildeES

Frequecircncia da

escovagem dos dentes

Material utilizado na escovagem dos dentes

Execuccedilatildeo da escovagem dos dentes

Dentiacutefrico fluoretado

Suplemento sisteacutemico de

fluoretos

0-3 Anos 2 x dia

a partir da erupccedilatildeo do 1ordm dente

uma obrigatoria-mente antes

de deitar

Gaze Dedeira

Escova macia

de tamanho pequeno

Pais

1000-1500 ppm

quantidade idecircntica ao tamanho da

unha do 5ordm dedo da crianccedila

Natildeo recomendado

3-6 Anos 2 x dia

uma

obrigatoria-mente antes

de deitar

Escova macia

de tamanho adequado agrave

boca da crianccedila

Pais eou Crianccedila

a partir do

momento em que a crianccedila

adquire destreza

manual faz a escovagem sob

supervisatildeo

1000-1500 ppm

quantidade idecircntica ao tamanho da

unha do 5ordm dedo da crianccedila

Natildeo recomendado

Excepcionalmente as crianccedilas de alto

risco agrave caacuterie dentaacuteria podem fazer

1 (um) comprimido diaacuterio de fluoreto de soacutedio a 025 mg

Mais de 6 Anos

2 x dia

uma

obrigatoria-mente antes

de deitar

Escova macia

ou em alternativa

meacutedia

de tamanho adequado agrave

boca da crianccedila ou do

jovem

Crianccedila eou Pais

se a crianccedila

natildeo tiver adquirido destreza

manual a escovagem

tem que ter a intervenccedilatildeo

activa dos pais

1000-1500 ppm

quantidade aproximada de 1 centiacutemetro

Natildeo recomendado

Excepcionalmente as crianccedilas de alto

risco agrave caacuterie dentaacuteria podem fazer

1 (um) comprimido diaacuterio de fluoreto de soacutedio a 025 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 16

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 17

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Pediatric Dentistry 2000 22 269-77 25 Pinto R Cristovatildeo E Vinhais T Castro MF Teor de fluoretos nas aacuteguas de

abastecimento da rede puacuteblica nas sedes de concelho de Portugal Continental Revista Portuguesa de Estomatologia Medicina Dentaacuteria e Cirurgia Maxilofacial 1999 40 (3) 125-42

26 Rajab LD Hamdan MAM Early childhood caries and risk factors in Jordan Community Dental Health 2002 19 224-9

27 Riordan PJ Fluoride supplements for young children an analysis of the literature focusinh on benefits and risks Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 72-83

28 Roberts MW Keels MA Sharp MC Lewis JL Fluoride Supplement Prescribing and Dental Referral Pattern Among Academic Pediatricians Pediatrics 1998 101 (1)

29 Sanchez O Childers NK Anticipatory Guidance in Infant Oral Health Rationale and Recommendations Am Fam Physician 2000 61115-20 123-4

30 Schafer TE Adair SM Prevention of dental disease ndash the role of the pediatrician Pediatric Oral Health 2000 47 (5) 1021-42

31 Scientific Committee on Cosmetic Products and non-food products intended for consumers The safety of fluorine compounds in oral hygiene products for children under the age of 6 years Adopted by the SCCNFP during the 24 th plenary meeting of 24-24 June 2003

32 Trumbo P Schlicker S Yates AA Poos M Dietary Reference Intakes for energy carbohydrate fiber fat fatty acids cholesterol protein and amino acids J Am Diet Assoc 2002 102 (11) 1621-30

33 Wang NJ Gropen AM Ogaard B Risk factors associated with fluorosis in a non-fluoridated population in Norway Community Dentistry and Oral Epidemiology 1997 25 396-401

34 Wang NJ Riordan PJ Fluorides and supplements and caries in a non-fluoridated child population Community Dentistry and Oral Epidemiology 1999 27 117-23

35 Warren JJ Kanellis MJ Levy SM Fluorosis of the primary dentition what does it mean for permanent teeth JADA 1999 130 347-56

36 Wendt LK Koch G Birkhed D On the retention and effectiveness of fissure sealants in permanent molars after 15-20 years a cohort study Community Dentistry and Oral Epidemiology 2001 29 302-7

37 WHO Fluorides and Oral Health WHO Geneva 1994 (Technical Report Series 846)

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 20

Agradecimentos

A Task Force que colaborou na revisatildeo do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral coordenada pela Drordf Gregoacuteria Paixatildeo von Amann e pela Higienista Oral Cristina Ferreira Caacutedima da Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede contou com a prestimosa colaboraccedilatildeo teacutecnica e cientiacutefica de

Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge representado pela Drordf Dirce Silveira

Direcccedilatildeo-Geral da Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura representada pela Engordf Maria de Lourdes Camilo

Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa representada pelo Prof Doutor Paulo Melo

Faculdade de Medicina de Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria representada pelo Dr Francisco Delille

Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade de Lisboa representada pelo Prof Doutor Ceacutesar Mexia de Almeida

Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto representada pelo Prof Doutor Fernando M Peres

Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento representado pela Drordf Ana Arauacutejo

Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede - Norte representado pelo Prof Doutor Paulo Rompante

Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede - Sul representado pela Profordf Doutora Fernanda Mesquita

Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia representada pelo Dr Alexandre Loff Seacutergio

Ordem dos Meacutedicos Dentistas representada pelo Prof Doutor Paulo Melo

Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria representada pelo Prof Doutor Ceacutesar Mexia de Almeida

Sociedade Portuguesa de Pediatria representada pelo Dr Manuel Salgado

Serviccedilos da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede representada pela Drordf Anabela Lopes Divisatildeo de Sauacutede Ambiental representada pelo Engordm Paulo Diegues e a Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede representada pelo Dr Pedro Ribeiro da Silva

Pelas sugestotildees e correcccedilotildees introduzidas o nosso agradecimento agrave Profordf Doutora Isabel Loureiro ao Dr Vasco Prazeres Drordf Leonor Sassetti Drordf Ana Paula Ramalho Correia Dr Rui Calado Drordf Maria Otiacutelia Riscado Duarte Dr Joatildeo Breda e ao Sr Viacutetor Alves que concebeu o logoacutetipo do programa

A todos a Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede e a Divisatildeo de Sauacutede Escolar agradecem

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

E s t r a t eacute g i a s e T eacute c n i c a s d e E d u c a ccedil atilde o e P r o m o ccedil atilde o

d a S a uacute d e

Documento produzido no acircmbito dos trabalhos da Task Force pela Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede Dr

Pedro Ribeiro da Silva e Dr Joatildeo Breda e pela Higienista Oral Cristina Ferreira Caacutedima e Drordf Gregoacuteria Paixatildeo von Amann da

Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede que coordenou os trabalhos

1 Preacircmbulo

Os Programas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede tecircm por objectivo capacitar as pessoas a tomarem decisotildees no

seu quotidiano que se revelem as mais adequadas para manter ou alargar o seu potencial de sauacutede

Para se atingir este objectivo fornece-se informaccedilatildeo e utilizam-se metodologias que facilitem e decircem

suporte agraves mudanccedilas comportamentais e agrave manutenccedilatildeo das praacuteticas consideradas saudaacuteveis

Mas a mudanccedila de comportamentos natildeo eacute faacutecil depende de factores sociais culturais familiares

entre muitos outros e natildeo apenas do conhecimento cientiacutefico que as pessoas possuam sobre

determinada mateacuteria

Esta dificuldade eacute bem patente quando como no presente caso se pretende intervir sobre

comportamentos relacionados com a alimentaccedilatildeo e a escovagem dos dentes

Quando os pais datildeo aos filhos patildeo achocolatado ou outros alimentos accedilucarados para levarem para a

escola estatildeo com frequecircncia a dar natildeo apenas um alimento mas tambeacutem e ateacute talvez

principalmente afecto tentando colmatar lacunas que possam ter na relaccedilatildeo com os seus filhos

mesmo que natildeo tenham consciecircncia desse facto

Podem tambeacutem dar este tipo de alimento por terem dificuldade de encontrar tempo para confeccionar

uma sandes ou outro alimento e os anteriormente referidos estatildeo sempre prontos a serem colocados na

mochila da crianccedila

Eacute importante desenvolvermos estrateacutegias de Educaccedilatildeo para a Sauacutede que natildeo culpabilizem os pais

porque estes intrinsecamente desejam sempre o melhor para os seus filhos embora natildeo consigam por

vezes colocaacute-lo em praacutetica

Devido agrave complexidade que eacute actuar sobre comportamentos individuais para se aumentar a eficiecircncia

das nossas praacuteticas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede torna-se fulcral utilizar metodologias alargadas a vaacuterios

parceiros e sectores da comunidade de forma articulada e continuada para que progressivamente

possamos ir obtendo resultados

Como propotildee Nancy Russel no seu Manual de Educaccedilatildeo para a Sauacutede ldquoPara desenhar um

programa de Educaccedilatildeo para a Sauacutede eacute necessaacuterio ter conhecimentos sobre comportamentos e sobre

os factores que produzem a mudanccedilardquo E continua explicitando ldquoAs teorias da mudanccedila de

comportamento que podem ser aplicadas em Educaccedilatildeo para a Sauacutede foram elaboradas a partir de

uma variedade de aacutereas incluindo a psicologia a sociologia a antropologia a comunicaccedilatildeo e o

marketing Nenhuma teoria ou rede de conceitos domina por si soacute a investigaccedilatildeo ou a praacutetica da

Educaccedilatildeo para a Sauacutede Provavelmente porque os comportamentos de sauacutede satildeo demasiado

complexos para serem explicados por uma uacutenica teoriardquo (19968)

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 2

2 Metodologias para Desenvolvimento da Acccedilatildeo

21 Primeira vertente ndash O diagnoacutestico de situaccedilatildeo

A primeira etapa de actuaccedilatildeo eacute de grande importacircncia para a continuidade das outras actividades e

podemos resumi-la a um bom diagnoacutestico de situaccedilatildeo que permita conhecer em pormenor a realidade

sobre a qual se pretende actuar

I - Eacute importante estabelecer como uma das primeiras actividades a anaacutelise de duas vertentes com

grande influecircncia na sauacutede oral os haacutebitos culturais das famiacutelias relativamente agrave alimentaccedilatildeo e as

praacuteticas de higiene oral dos adultos e das crianccedilas

II - Um segundo aspecto relaciona-se com os tipos de interacccedilatildeo entre professores ou

educadores de infacircncia e pais No caso de essa interacccedilatildeo ser regular e organizada importa saber como

reagem os pais agraves indicaccedilotildees dos professores sobre os aspectos comportamentais das crianccedilas e que

efeito e eficaacutecia tecircm essas acccedilotildees na capacitaccedilatildeo de pais e filhos relativamente aos comportamentos

relacionados com a sauacutede oral

Actividades a desenvolverem

a) estudar as formas de melhorar a relaccedilatildeo entre pais e professores procurando resolver as

dificuldades que com frequecircncia os pais apresentam como obstaacuteculos ao contacto mais regular

com os professores

b) analisar a eficaacutecia das recomendaccedilotildees dadas procurando as razotildees que possam estar na origem

de situaccedilotildees de menor eficaacutecia como o desfasamento entre as recomendaccedilotildees e o contexto

familiar e cultural das crianccedilas ou recomendaccedilotildees muito teacutecnicas ou paternalistas Todas estas

situaccedilotildees podem provocar resistecircncias nas famiacutelias agrave adesatildeo agraves praacuteticas desejaacuteveis relativamente

ao programa de sauacutede oral Esta temaacutetica da Educaccedilatildeo para a Sauacutede e as praacuteticas

comportamentais eacute muito complexa mas fundamental para se conseguirem resultados ao niacutevel

dos comportamentos

III - Outra componente a analisar satildeo os aspectos sociais dos consumos alimentares que possam

estar relacionados com situaccedilotildees locais como campanhas publicitaacuterias ou de promoccedilatildeo de

determinados alimentos potencialmente cariogeacutenicos nos estabelecimentos da zona Oferta pouco

adequada de alimentos na cantina da escola com existecircncia preponderante de alimentos e bebidas

accedilucaradas A confecccedilatildeo das refeiccedilotildees no refeitoacuterio com pouca oferta de fruta legumes e vegetais e

preponderacircncia de sobremesas doces

Segundo o Modelo Precede de Green existem 3 etapas a contemplar num diagnoacutestico de situaccedilatildeo

middot diagnoacutestico epidemioloacutegico necessaacuterio para a identificaccedilatildeo dos problemas de sauacutede sobre os

quais se vai actuar como sejam os iacutendices de caacuterie fluorose dentaacuteria e outros

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 3

middot diagnoacutestico social que corresponde agrave identificaccedilatildeo das situaccedilotildees sociais existentes na comunidade

onde se desenvolve a actividade que podem contribuir para os problemas de sauacutede oral detectados

ou que se pretende prevenir

middot diagnoacutestico comportamental para identificaccedilatildeo dos vaacuterios padrotildees comportamentais que possam

estar relacionados com os problemas de sauacutede oral inventariados

A este diagnoacutestico de problemas eacute importante associar-se a identificaccedilatildeo de necessidades da

populaccedilatildeo-alvo da acccedilatildeo

Apesar da prevalecircncia das doenccedilas orais e da necessidade deste Programa Nacional em algumas

comunidades poderatildeo existir vaacuterios outros problemas de sauacutede mais graves ou mais prevalentes e

neste caso importa fazer uma avaliaccedilatildeo dos recursos e das possibilidades de eficaacutecia dando prioridade

aos grupos e agraves situaccedilotildees mais graves e de maior amplitude Outro factor a ter em conta na decisatildeo

relaciona-se com a capacidade de alterar as causas comportamentais ou factores de risco pelo

programa educacional

Apoacutes a avaliaccedilatildeo das necessidades deveratildeo ser estabelecidas as prioridades tendo em conta os

problemas de sauacutede identificados a capacidade de alteraccedilatildeo dos factores de risco comportamentais e

outros Eacute muito importante associar-se agrave definiccedilatildeo de prioridades de actuaccedilatildeo a caracterizaccedilatildeo dos sub-

grupos existentes e as diferentes estrateacutegias apropriadas a cada uma dessas populaccedilotildees alvo

22 Segunda vertente ndash os teacutecnicos de educaccedilatildeo

Todos os parceiros satildeo importantes para o desenvolvimento dos programas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede

mas no caso especiacutefico da sauacutede oral os teacutecnicos de Educaccedilatildeo satildeo fundamentais Eacute por esta razatildeo

tarefa prioritaacuteria sensibilizaacute-los e englobaacute-los no desenho dos programas desde o iniacutecio

Sabemos atraveacutes das nossas praacuteticas anteriores que nem sempre os teacutecnicos de educaccedilatildeo aderem a

algumas das actividades dos programas de sauacutede oral propostas pelos teacutecnicos de sauacutede utilizando

para isso os mais diversos argumentos A explicitaccedilatildeo dos uacuteltimos consensos cientiacuteficos nesta aacuterea

com disponibilizaccedilatildeo de bibliografia pode ser facilitador da adesatildeo ao programa

Uma das actividades centrais deste programa seraacute trabalhar em conjunto com os teacutecnicos de educaccedilatildeo

nomeadamente docentes das escolas baacutesicas e secundaacuterias e educadores de infacircncia sobre as

potencialidades do programa e os ganhos em sauacutede que a meacutedio e longo prazo este pode provocar na

populaccedilatildeo portuguesa

Outra tarefa importante eacute a reflexatildeo em conjunto sobre as dificuldades diagnosticadas em cada escola

para concretizar as actividades do programa na tentativa de encontrar soluccedilotildees seja atraveacutes da

resoluccedilatildeo dos obstaacuteculos seja encontrando alternativas Poderaacute acontecer natildeo ser possiacutevel executar

todas as tarefas incluiacutedas no programa Nesses casos importa decidir quais as actividades que poderatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 4

ser levadas agrave praacutetica com ecircxito Seraacute preferiacutevel concretizar algumas tarefas que nenhumas assim

como seraacute melhor realizar bem poucas tarefas do que muitas ou todas de forma deficiente

Frequentemente existe um diferencial de conhecimentos sobre estas aacutereas entre os teacutecnicos de

educaccedilatildeo e os de sauacutede Para evitar problemas eacute imperioso que os teacutecnicos de educaccedilatildeo sejam

parceiros em igualdade de circunstacircncia e natildeo sintam que tecircm um papel secundaacuterio no projecto ou

meros executores de tarefas

A eventual deacutecalage de conhecimentos sobre sauacutede oral pode ser compensado utilizando estrateacutegias de

trabalho em equipa natildeo assumindo os teacutecnicos de sauacutede papel de liacutederes do processo nem de

detentores da informaccedilatildeo cientiacutefica As teacutecnicas de trabalho em equipa devem implicam a partilha de

tarefas e lideranccedila natildeo assumindo o programa uma dimensatildeo vertical e impositiva por parte da sauacutede

As mensagens chave do programa seratildeo discutidas por todos os intervenientes Eacute muito importante que

sejam claras nos conteuacutedos e assumidas por toda a equipa em todas as situaccedilotildees de modo a tornar as

intervenccedilotildees coerentes com os objectivos do programa

Como cada comunidade e cada escola tecircm caracteriacutesticas proacuteprias o programa as actividades e o

trabalho interdisciplinar em equipa seratildeo adequados agraves condiccedilotildees objectivas e subjectivas de todos os

intervenientes o que pode tornar necessaacuterio fazer adaptaccedilotildees agrave aplicaccedilatildeo do mesmo O mesmo se

passa em relaccedilatildeo agraves mensagens que necessitam ser adaptadas a cada situaccedilatildeo e a cada contexto

Em relaccedilatildeo agrave Educaccedilatildeo para a Sauacutede a procura de soluccedilotildees para as situaccedilotildees decorrentes da

implementaccedilatildeo do programa como a sensibilizaccedilatildeo dos parceiros e a eliminaccedilatildeo de obstaacuteculos satildeo

uma das tarefas centrais dos programas e natildeo devem ser subestimadas pelos teacutecnicos de sauacutede pois

delas depende muita da eficaacutecia do projecto

A educaccedilatildeo alimentar eacute uma das vertentes centrais do programa pelo que eacute necessaacuterio sensibilizar os

professores para aspectos da vida escolar que podem afectar a sauacutede oral dos alunos como as ementas

escolares existentes no refeitoacuterio e o tipo de alimentos disponibilizado no bar

221 Componente praacutetica

Uma primeira tarefa do programa na escola seraacute a sensibilizaccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo para a

importacircncia do mesmo A explicitaccedilatildeo teoacuterica resumida dos pressupostos cientiacuteficos que legitimam a

alteraccedilatildeo do programa eacute um instrumento facilitador

Fundamental explicar as razotildees que tornam a escovagem como um actividade central do programa e

os inconvenientes de se darem suplementos de fluacuteor de forma generalizada Seremos especialmente

eficazes se nos disponibilizarmos para responder agraves questotildees e duacutevidas que os professores possam ter

Esta eacute com certeza tambeacutem uma maneira de aprofundarmos o diagnoacutestico da situaccedilatildeo e de podermos

contribuir para remover os obstaacuteculos detectados

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 5

Uma segunda tarefa consistiraacute em operacionalizar o programa com os professores de modo a construi-

lo conjuntamente As diversas tarefas devem ser planeadas e avaliadas continuamente para se fazerem

as alteraccedilotildees consideradas necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar do programa

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo e a escovagem

O Programa Nacional de Sauacutede Oral propotildee algumas alteraccedilotildees que podemos considerar profundas e

de ruptura em relaccedilatildeo ao programa anterior como sejam a aplicaccedilatildeo restrita dos suplementos

sisteacutemicos de fluoretos e a escovagem duas vezes ao dia com um dentiacutefrico fluoretado como principal

medida para uma boa sauacutede oral Estas directrizes derivam do consenso dos peritos de Sauacutede Oral

reunidos na task force coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

Eacute faacutecil de compreender que organizar a escovagem dos dentes dos alunos eacute mais trabalhoso que dar-

lhes um comprimido de fluacuteor ou ateacute do que fazer o bochecho com uma soluccedilatildeo fluoretada Para sermos

bem sucedidos seraacute fundamental actuar de forma cautelosa respeitando as caracteriacutesticas das pessoas e

os contextos em presenccedila

Como sabemos eacute difiacutecil quebrar rotinas e o programa vai implicar mais trabalho para os professores e

disponibilizaccedilatildeo de tempo para os pais e professores A adopccedilatildeo pelos Jardins de infacircncia e Escolas da

escovagem dos dentes dos alunos pelo menos uma vez dia como factor central do programa vai

possivelmente encontrar algumas resistecircncias por parte dos educadores de infacircncia e professores que

importa ir resolvendo de forma progressiva e de acordo com as dificuldades reais encontradas Estas

dificuldades podem estar relacionadas com a deficiecircncia de instalaccedilotildees ou outras mas estaraacute com

frequecircncia tambeacutem muito relacionada com aspectos psicossociais de resistecircncia agrave mudanccedila de rotinas

instaladas e com vaacuterios anos

Uma das estrateacutegias primordiais para este programa ser bem sucedido passa pela resoluccedilatildeo dos

obstaacuteculos referidos pelos teacutecnicos de educaccedilatildeo relativamente agrave escovagem nomeadamente

a possibilidade de as crianccedilas usarem as escovas de colegas podendo haver transmissatildeo de doenccedilas

como a hepatite ou outras

a ausecircncia de um local apropriado para a escovagem

a confusatildeo que a escovagem iraacute causar com eventuais situaccedilotildees de indisciplina

a dificuldade de vigiar todos os alunos durante a escovagem com a consequente possibilidade de

alguns especialmente se mais novos poderem engolir dentiacutefrico

existirem alguns alunos que devido a carecircncias econoacutemicas ou desconhecimento dos pais tecircm

escovas jaacute muito deterioradas podendo ser alvo de troccedila e humilhaccedilatildeo por parte dos colegas ou

sentindo-se os professores na necessidade de fazerem algo mas natildeo terem possibilidade de

substituiacuterem as escovas

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 6

Estes e outros argumentos poderatildeo ser reais ou apenas formas de encontrar justificaccedilotildees para natildeo

alterar rotinas no entanto eacute fundamental analisar cada situaccedilatildeo e encontrar a forma adequada de actuar

o que implica procurar em conjunto a resoluccedilatildeo do problema natildeo desvalorizando a perspectiva do

teacutecnico de educaccedilatildeo mesmo que do ponto de vista da sauacutede nos pareccedila oacutebvia a resistecircncia agrave mudanccedila e

a sua soluccedilatildeo

Se natildeo conseguirmos sensibilizar os profissionais de educaccedilatildeo para a importacircncia da escovagem e nos

limitarmos a contra-argumentar com os nossos dados e a nossa cientificidade facilmente iratildeo

encontrar outros argumentos Eacute preciso compreender que o que estaacute em causa natildeo satildeo as dificuldades

objectivas mas outro tipo de razotildees mais ou menos subjectivas relacionadas com as condiccedilotildees locais

e de contexto como por exemplo o facto de alguns professores considerarem que natildeo eacute da sua

competecircncia promover a escovagem dos dentes dos seus alunos A interacccedilatildeo pais-professores eacute

constante e pode potenciar grandemente o programa

23 Terceira vertente ndash os pais

Os pais satildeo tambeacutem intervenientes fundamentais nos programas de sauacutede oral e eacute fundamental que

sejam englobados na equipa de projecto enquanto parceiros activos na programaccedilatildeo de actividades de

modo a poder resolver-se eventuais resistecircncias que inclusive podem ser desconhecidas dos teacutecnicos e

serem devidas a idiossincracias micro-culturais Todas as estrateacutegias que sensibilizem os pais para as

medidas que se preconizam satildeo importantes Eacute fundamental que o programa seja ldquocontinuadordquo e

reforccedilado em casa e natildeo pelo contraacuterio descredibilizado pelas praacuteticas domeacutesticas

Em relaccedilatildeo aos pais os factores emocionais satildeo centrais na sua relaccedilatildeo com os filhos e com as escolhas

comportamentais quotidianas Transmitir informaccedilatildeo de forma essencialmente cognitiva por exemplo

laquonatildeo decirc lsquoBolosrsquo aos seus filhos porque satildeo alimentos que podem contribuir para o aparecimento de

caacuterie nos dentes e provocar obesidaderaquo tem muitas possibilidades de provocar efeitos perversos

negativos como seja a culpabilizaccedilatildeo dos pais e a resistecircncia agrave mudanccedila de comportamentos

Com frequecircncia os doces satildeo uma forma de dar afecto ou premiar os filhos ou ateacute servir como

substituto da impossibilidade dos pais estarem mais tempo com os filhos situaccedilatildeo que natildeo eacute com

frequecircncia consciente para os pais Os padrotildees comportamentais dos pais obedecem a inuacutemeras

componentes e soacute actuando sobre cada uma delas se conseguem resultados nas mudanccedilas de

comportamentos

Fornecer apenas informaccedilatildeo pode natildeo soacute natildeo provocar alteraccedilotildees comportamentais como criar ou

aumentar as resistecircncias agrave mudanccedila Eacute preciso adequar a informaccedilatildeo agraves diversas situaccedilotildees

caracterizando-as primeiro valorizando as componentes emocionais relacionais e contextuais dos

comportamentos natildeo culpabilizando os pais (porque isso provoca resistecircncias agrave mudanccedila natildeo soacute em

relaccedilatildeo a este programa mas a futuras intervenccedilotildees) e encontrando formas alternativas de resolver estas

situaccedilotildees utilizando soluccedilotildees que provoquem emoccedilotildees positivas em todos os intervenientes E dessa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 7

forma eacute possiacutevel ser-se eficaz respeitando os universos relacionais das famiacutelias e evitando efeitos

comportamentais paradoxais ou seja por reacccedilatildeo agrave informaccedilatildeo que os culpabiliza os pais

dessensibilizam das nossas indicaccedilotildees agravando e aumentando as praacuteticas que se desaconselham

Eacute esta uma das razotildees porque eacute tatildeo difiacutecil atingir os grupos populacionais que exactamente mais

precisavam de ser abrangido pelos programas de prevenccedilatildeo da doenccedila e promoccedilatildeo da sauacutede

Para aleacutem de se conhecerem as praacuteticas alimentares e de higiene oral que as crianccedilas e adolescentes

tecircm em casa eacute importante caracterizar as razotildees desses procedimentos Referimo-nos aos aspectos

individuais familiares culturais e contextuais Se queremos actuar sobre comportamentos eacute

fundamental conhecer as atitudes crenccedilas preconceitos estereoacutetipos e representaccedilotildees sociais que se

relacionam com as praacuteticas das famiacutelias as quais variam de famiacutelia para famiacutelia

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo podem ser colaboradores preciosos para esta caracterizaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo aos pais podemos resumir os aspectos a valorizar

Inclui-los nos diversos passos do programa

sensibiliza-los para a importacircncia da sauacutede oral respeitando os seus universos familiares e

culturais

dar suporte continuado agrave mudanccedila de comportamentos e de todos os factores que lhe estatildeo

associados

24 Quarta vertente ndash as crianccedilas

As crianccedilas e os adolescentes satildeo o principal puacuteblico-alvo do programa de sauacutede oral Sensibilizaacute-los

para as praacuteticas alimentares e de higiene oral que os peritos consideram actualmente adequadas eacute o

nosso objectivo

Como jaacute foi referido anteriormente eacute necessaacuterio ser cuidadoso na forma de comunicar com as crianccedilas

e adolescentes natildeo criticando directa ou indirectamente os conhecimentos e as praacuteticas aconselhadas

ou consentidas por pais e professores com quem eles convivem directamente e que satildeo dos principais

influenciadores dos seus comportamentos satildeo os seus modelos e constituem o seu universo de afectos

Criar clivagem na relaccedilatildeo cognitiva afectiva e emocional entre pais ou professores e crianccedilas e

adolescentes eacute algo que devemos ter sempre presente e evitar

As estrateacutegias de trabalho com as crianccedilas deveratildeo ser adaptadas agrave sua maturidade psico-cognitiva e

contexto socio-cultural Para que as actividades sejam luacutedicas e criativas adequadas agraves idades e outras

caracteriacutesticas das crianccedilas e adolescentes a contribuiccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo eacute com certeza

fundamental

Eacute muito importante ter em conta alguns aspectos educativos relativamente agrave mudanccedila de

comportamentos A participaccedilatildeo activa das crianccedilas na formulaccedilatildeo dessas actividades torna mais

eficazes os efeitos pretendidos

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 8

Pela dificuldade em mudar comportamentos principalmente de forma estaacutevel eacute aconselhaacutevel adequar

os objectivos agraves realidades Seraacute preferiacutevel actuar sobre um ou dois comportamentos sobre os quais a

caracterizaccedilatildeo inicial nos permitiu depreender que seraacute possiacutevel obtermos resultados positivos em vez

de tentar actuar sobre todos os comportamentos que desejariacuteamos alterar natildeo conseguindo alterar

nenhum deles Naturalmente estas escolhas seratildeo feitas cientificamente segundo o que a Educaccedilatildeo para

a Sauacutede preconiza nas vertentes relacionadas com as ciecircncias comportamentais (sociais e humanas)

Outro aspecto fundamental eacute a continuidade na acccedilatildeo A eficaacutecia seraacute tanto maior quanto mais

continuadas forem as actividades dando suporte agrave mudanccedila comportamental e reforccedilo agrave sua

manutenccedilatildeo A continuidade da acccedilatildeo permite conhecer melhor as situaccedilotildees os obstaacuteculos e as formas

de os remover pois cada caso eacute um caso e generalizar diminui grandemente a eficaacutecia

Deve ser dada uma atenccedilatildeo especial agraves crianccedilas com Necessidades de Sauacutede Especiais desfavorecidas

socialmente (porque vivem em bairros degradados com poucos recursos econoacutemicos pertencem a

minorias eacutetnicas ou satildeo emigrantes) ou que natildeo frequentam a escola utilizando estrateacutegias especificas

adequadas agraves suas dificuldades

25 Quinta vertente ndash a comunidade

Para os programas de Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutede a componente comunitaacuteria eacute fundamental A

participaccedilatildeo e contribuiccedilatildeo dos vaacuterios sectores da comunidade podem ser potenciadores do trabalho a

desenvolver

Dependendo das situaccedilotildees locais a Autarquia as IPSS e as ONGrsquos entre outras podem ser parceiros

de enorme valia para o desenvolvimento do programa Para isso temos que sensibilizar os liacutederes

locais para a importacircncia da sauacutede oral e do programa que se pretende incrementar explicitando como

com pequenos custos podemos obter ganhos em sauacutede a meacutedio e longo prazo

As instituiccedilotildees que organizam actividades para crianccedilas e adolescentes como os ATLrsquos associaccedilotildees

culturais desportivas e religiosas podem ser excelentes parceiros para o desenvolvimento das

actividades dependendo das caracteriacutesticas da comunidade onde se aplica o programa Os grupos de

teatro satildeo tambeacutem um excelente recurso para integrarem as actividades com as crianccedilas e os

adolescentes

26 Sexta vertente ndash os meios de comunicaccedilatildeo social

Os meios de comunicaccedilatildeo social locais e regionais se forem utilizados apropriadamente podem ser

parceiros potenciadores das actividades que se pretendem desenvolver

Mas com frequecircncia os teacutecnicos de sauacutede encontram dificuldades na relaccedilatildeo com os profissionais da

comunicaccedilatildeo social considerando que estes natildeo satildeo sensiacuteveis agraves nossas preocupaccedilotildees com a prevenccedilatildeo

da doenccedila e da promoccedilatildeo da sauacutede

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 9

Os media tecircm uma linguagem e podemos dizer uma filosofia proacuteprias que com frequecircncia natildeo satildeo

coincidentes com as nossas eacute por essa razatildeo necessaacuterio que os teacutecnicos de sauacutede se adaptem e se

possiacutevel se aperfeiccediloem na linguagem dos meacutedia Se natildeo utilizarmos adequadamente os meios de

comunicaccedilatildeo social estes podem ter um efeito contraproducente diminuindo a eficaacutecia do programa de

sauacutede oral

Algumas das dificuldades encontradas quando trabalhamos com os media especialmente as raacutedios e as

televisotildees satildeo as seguintes

na maior parte dos casos natildeo se pode transmitir muita informaccedilatildeo mesmo que seja um programa

de raacutedio de 1 ou 2 horas iria ficar muito monoacutetono e pouco atraente assim como se tornaria

confuso para os ouvintes e pouco eficaz porque com frequecircncia as pessoas desenvolvem outras

actividades enquanto ouvem raacutedio

eacute aconselhaacutevel transmitir apenas o que eacute realmente importante e faze-lo de forma muito clara

mantendo a consistecircncia sobre a hierarquia das informaccedilotildees nas diversas intervenccedilotildees ou seja que

todas os intervenientes no programa e em todas as situaccedilotildees em que intervecircm tenham um discurso

coerente e natildeo contraditoacuterio

evitar informaccedilotildees riacutegidas que culpabilizem as pessoas e natildeo respeitem os seus contextos micro-

culturais Eacute preferiacutevel suscitar alguma mudanccedila comportamental de forma progressiva que

nenhuma

com frequecircncia utilizamos o leacutexico meacutedico sem nos apercebermos que muitos cidadatildeos natildeo

conhecem termos que nos parecem simples como obesidade ou colesterol atribuindo-lhes outros

significados (portanto desconhecem que natildeo conhecem o verdadeiro significado)

se possiacutevel testar com pessoas de diversas idades e estratos socio-culturais que sejam leigas em

relaccedilatildeo a estas temaacuteticas aquilo que se preparou para a intervenccedilatildeo nos meios de comunicaccedilatildeo

social e alterar se necessaacuterio de acordo com as indicaccedilotildees que essas pessoas nos fornecerem

27 Seacutetima vertente ndash a avaliaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo deve ter iniacutecio na fase de planeamento e acompanhar todo o projecto de modo a introduzir

as alteraccedilotildees necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar das actividades

Devem fazer parte da equipa de avaliaccedilatildeo os diversos parceiros do projecto assim como pessoas

externas ao projecto e estas quando possiacutevel com formaccedilatildeo em educaccedilatildeo para a sauacutede nas aacutereas

teacutecnicas comportamentais de planeamento e avaliaccedilatildeo qualitativa e quantitativa

Satildeo fundamentais avaliaccedilotildees qualitativas e quantitativas das actividades a desenvolver e se possiacutevel

com anaacutelises comparativas ao desenrolar do projecto noutras zonas do paiacutes

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 10

3 T eacute c n i c a s d e H i g i e n e O r a l

3 1 Escovagem dos den tes ndash A escova A escovagem dos dentes deve ser efectuada com uma escova de tamanho adequado agrave boca de quem a

utiliza Habitualmente as embalagens referem as idades a que se destinam Os filamentos devem ser

de nylon com extremidades arredondadas e textura macia que quando comeccedilam a ficar deformados

obrigam agrave substituiccedilatildeo da escova Normalmente a escova quando utilizada 2 vezes por dia dura cerca

de 3-4 meses

Existem escovas manuais e eleacutectricas as quais requerem os mesmos cuidados As escovas eleacutectricas

facilitam a higiene oral das pessoas que tenham pouca destreza manual

3 2 Escovagem dos den tes ndash O den t iacute f r i co O dentiacutefrico a utilizar deve conter fluoreto numa dosagem de cerca de 1000-1500 ppm A quantidade a

utilizar em cada uma das escovagens deve ser semelhante (ou inferior) ao tamanho da unha do 5ordm dedo

(dedo mindinho) da matildeo da crianccedila

Os dentiacutefricos com sabores muito atractivos natildeo se recomendam porque podem levar as crianccedilas a

engoli-lo deliberadamente Ateacute aos 6 anos aproximadamente o dentiacutefrico deve ser colocado na escova

por um adulto Apoacutes a escovagem dos dentes eacute apenas necessaacuterio cuspir o excesso de dentiacutefrico

podendo no entanto bochechar-se com um pouco de aacutegua

33 Escovagem dos dentes no Jardim-de-infacircncia e na Escola identificaccedilatildeo e arrumaccedilatildeo das escovas e copos

Hoje em dia haacute escovas de dentes que tecircm uma tampa ou estojo com orifiacutecios que a protege Caso se

opte pela utilizaccedilatildeo destas escovas natildeo eacute necessaacuterio que fiquem na escola Os alunos poderatildeo colocaacute-

la dentro da mochila juntamente com o tubo do dentiacutefrico e transportaacute-los diariamente para a escola

O conceito de intransmissibilidade da escova de dentes deve ser reforccedilado junto das crianccedilas Se as

escovas ficarem na escola eacute essencial que estejam identificadas bastando para tal escrever no cabo da

escova o nome da crianccedila com uma caneta de tinta resistente agrave aacutegua Tambeacutem se devem identificar os

dentiacutefricos Cada aluno deveraacute ter o seu proacuteprio dentiacutefrico e os copos caso natildeo sejam descartaacuteveis

As escovas guardam-se num local seco e arejado de modo a que os pelos fiquem virados para cima e

natildeo contactem umas com as outras Cada escova pode ser colocada dentro do copo num suporte

acriacutelico ou outro material resistente agrave aacutegua em local seco e arejado

Dentiacutefricos e escovas devem estar fora do alcance das crianccedilas para evitar a troca ou ingestatildeo

acidental de dentiacutefrico Caso haja a possibilidade de utilizar copos descartaacuteveis (de cafeacute) o processo eacute

bastante simplificado (os copos de cafeacute podem ser substituiacutedos por copos de iogurte) Os produtos de

higiene oral podem ser adquiridos com a colaboraccedilatildeo da Autarquia do Centro de Sauacutede dos pais ou

ateacute de alguma empresa Se a escola tiver refeitoacuterio pode tambeacutem ser viaacutevel utilizar os copos do

refeitoacuterio

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34 Escovagem dos den tes ndash Organ izaccedilatildeo da ac t i v idade

A escovagem dos dentes deve ser feita diariamente no jardim-de-infacircncia e na escola apoacutes o almoccedilo agrave

entrada na sala de aula ou apoacutes o intervalo As crianccedilas poderatildeo escovar os dentes na casa de banho no

refeitoacuterio ou na proacutepria sala de aula O processo eacute simples natildeo exigindo muitas condiccedilotildees fiacutesicas das

escolas que satildeo frequentemente utilizadas para justificar a recusa desta actividade

Caso a escola tenha lavatoacuterios suficientes esta actividade pode ser feita na casa de banho Eacute necessaacuterio

definir a hora em que cada uma das salas vai utilizar esse espaccedilo Na casa de banho deveratildeo estar

apenas as crianccedilas que estatildeo a escovar os dentes Os outros esperam a sua vez em fila agrave porta Eacute

essencial que esteja algueacutem (auxiliar professoreducador ou voluntaacuterio) a vigiar para manter a ordem

organizar o processo e corrigir a teacutecnica da escovagem No final da escovagem cada crianccedila lava a

escova e o copo (se natildeo for descartaacutevel) e arruma no local destinado a esse efeito

Quando o espaccedilo fiacutesico natildeo permite que a escovagem seja feita na casa de banho esta actividade pode

ser feita na proacutepria sala de aula Nesta situaccedilatildeo se for possiacutevel utilizar copos descartaacuteveis ou copos de

iogurte facilita o processo e torna-o menos moroso Os alunos mantecircm-se sentados nas suas cadeiras

Retiram da sua mochila o estojo com a escova e o dentiacutefrico Um dos alunos distribui os copos e os

guardanapos (ou toalhetes de papel ou papel higieacutenico) Os alunos escovam os dentes todos ao mesmo

tempo podendo ateacute fazecirc-lo com muacutesica O professor deve ir corrigindo a teacutecnica de escovagem Apoacutes

a escovagem as crianccedilas cospem o excesso de dentiacutefrico para o copo limpam a boca tiram o excesso

de dentiacutefrico e saliva da escova com o papel ou o guardanapo e por fim colocam-no dentro do copo

Tapam a escova e arrumam-na em estojo proacuteprio ou na mochila juntamente com o dentiacutefrico No final

um dos alunos vai buscar um saco de lixo passa por todas as carteiras para que cada uma coloque o

seu copo no lixo Caso alguma das crianccedilas natildeo tolere o restos de dentiacutefrico na cavidade oral pode

colocar-se uma pequena porccedilatildeo de aacutegua no copo e no fim da escovagem bochecha e cospe para o

copo Os pais dos alunos devem ser instruiacutedos para se certificarem que em casa a crianccedila lava a sua

escova com aacutegua corrente e volta a colocaacute-la na mochila No sentido de facilitar o procedimento

recomenda-se que os copos sejam descartaacuteveis e as escovas tenham tampa

35 Escovagem dos den tes - A teacutecn ica A escovagem dos dentes para ser eficaz ou seja para remover a placa bacteriana necessita ser feita

com rigor e demora 2 a 3 minutos Quando se utiliza uma escova manual a escovagem faz-se da

seguinte forma

inclinar a escova em direcccedilatildeo agrave gengiva (cerca de 45ordm) e fazer pequenos movimentos vibratoacuterios

horizontais ou circulares de modo a que os pelos da escova limpem o sulco gengival (espaccedilo que

fica entre o dente e a gengiva)

se for difiacutecil manter esta posiccedilatildeo colocar os pecirclos da escova perpendicularmente agrave gengiva e agrave

superfiacutecie do dente

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escovar 2 dentes de cada vez (os correspondentes ao tamanho da cabeccedila da escova) fazendo

aproximadamente 10 movimentos (ou 5 caso sejam crianccedilas ateacute aos 6 anos) nas superfiacutecies

dentaacuterias abarcadas pela escova

comeccedilar a escovagem pela superfiacutecie externa (do lado da bochecha) do dente mais posterior de um

dos maxilares e continuar a escovar ateacute atingir o uacuteltimo dente da extremidade oposta desse

maxilar

com a mesma sequecircncia escovar as superfiacutecies dentaacuterias do lado da liacutengua

proceder do mesmo modo para fazer a escovagem dos dentes do outro maxilar

escovar as superfiacutecies mastigatoacuterias dos dentes com movimentos de vaiveacutem

por fim pode escovar-se a liacutengua

Quando se utiliza uma escova de dentes eleacutectrica segue-se a mesma sequecircncia de escovagem O

movimento da escova eacute feito automaticamente natildeo deve ser feita pressatildeo ou movimentos adicionais

sobre os dentes A escova desloca-se ao longo da arcada escovando um soacute dente de cada vez A

escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluacuteor deve ser feita duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente agrave noite antes de deitar

3 6 Uso do f io den taacute r io A partir do momento em que haacute destreza manual (a partir dos 8 anos) eacute indispensaacutevel o uso do fio ou

fita dentaacuteria que se utiliza da seguinte forma

retirar cerca de 40 cm de fio (ou fita) do porta fio

enrolar a quase totalidade do fio no dedo meacutedio de uma matildeo e uma pequena porccedilatildeo no dedo meacutedio

da outra matildeo deixando entre os dois dedos uma porccedilatildeo de fio com aproximadamente 25 cm

Quando as crianccedilas satildeo mais pequenas pode retirar-se uma porccedilatildeo mais pequena de fio cerca de

30 cm dar um noacute juntando as 2 pontas formando um ciacuterculo com o fio natildeo havendo necessidade

de o enrolar nos dedos Eacute importante utilizar sempre fio limpo em cada espaccedilo interdentaacuterio Os

polegares eou os indicadores ajudam a manuseaacute-lo

introduzir o fio cuidadosamente entre dois dentes e curva-lo agrave volta do dente que se quer limpar

fazendo com que tome a forma de um ldquoCrdquo

executar movimentos curtos horizontais desde o ponto de contacto entre os dentes ateacute ao sulco

gengival em cada uma das faces que delimitam o espaccedilo interdentaacuterio

repetir este procedimento ateacute que todos os espaccedilos interdentaacuterios de todos os dentes estejam

devidamente limpos

O fio dentaacuterio deve ser utilizado uma vez por dia de preferecircncia agrave noite antes de deitar Na escola os

alunos poderatildeo a aprender a utilizar este meio de remoccedilatildeo de placa bacteriana interdentaacuterio sendo

importante envolver os pais no sentido de lhes pedir colaboraccedilatildeo e permitir que as crianccedilas o utilizem

em casa

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3 7 Reve lador de p laca bac te r i ana O uso de reveladores de placa bacteriana (em soluto ou em comprimidos mastigaacuteveis) permitem

avaliar a higiene oral e consequentemente melhorar as teacutecnicas de escovagem e de utilizaccedilatildeo do fio

dentaacuterio

A partir dos 6 anos de idade estes produtos podem ser usados para que as crianccedilas visualizem a placa

e mais facilmente compreendam que os seus dentes necessitam de ser cuidadosamente limpos

A eritrosina que tem a propriedade de corar de vermelho a placa bacteriana eacute um dos exemplos de

corantes que se podem utilizar Utiliza-se da seguinte forma

colocar 1 a 2 gotas por baixo da liacutengua ou mastigar um comprimido sem engolir

passar a liacutengua por todas as superfiacutecies dentaacuterias

bochechar com aacutegua

A placa bacteriana corada eacute facilmente removida atraveacutes da escovagem dos dentes e do fio dentaacuterio

Nota Para evitar que os laacutebios fiquem corados de vermelho antes de colocar o corante pode passar

batom creme gordo ou vaselina nos laacutebios

3 8 Bochecho f luore tado A partir dos 6 anos pode ser feito o bochecho quinzenal com fluoreto de soacutedio a 02 na escola da

seguinte forma

agitar a soluccedilatildeo e deitar 10 ml em cada copo e distribui-los

indicar a cada crianccedila para colocar o antebraccedilo no rebordo da mesa

introduzir a soluccedilatildeo na boca sem engolir

repousar a testa no antebraccedilo colocando o copo debaixo da boca

bochechar vigorosamente durante 1 minuto

apoacutes este periacuteodo deve ser cuspida tendo o cuidado de natildeo a engolir

Apoacutes o bochecho a crianccedila deve permanecer 30 minutos sem comer nem beber

39 Iacutendice de placa O Iacutendice de Placa (IP) eacute utilizado para quantificar a placa bacteriana em todas as superfiacutecies dentaacuterias e

reflecte os haacutebitos de higiene oral dos indiviacuteduos avaliados

Assim enquanto que um baixo Iacutendice de Placa poderaacute significar um bom impacto das acccedilotildees de

educaccedilatildeo para a sauacutede em sauacutede oral nomeadamente das relacionadas com a higiene um iacutendice

elevado sugere o contraacuterio

Em programas comunitaacuterios geralmente eacute utilizado o Iacutendice de Placa Simplificado que eacute mais raacutepido

de determinar sendo o resultado final igualmente fiaacutevel

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 14

Para se calcular o Iacutendice de Placa Simplificado eacute necessaacuterio atribuir um valor ao tamanho da placa

bacteriana existente nos seguintes 6 dentes e superfiacutecies predeterminados Maxilar superior

1 Primeiro molar superior direito - Superfiacutecie vestibular

2 Incisivo central superior direito - Superfiacutecie vestibular

3 Primeiro molar superior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

4 Primeiro molar inferior esquerdo - Superfiacutecie lingual

5 Incisivo central inferior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

6 Primeiro molar inferior direito - Superfiacutecie lingual

Para atribuir um valor ao tamanho da placa bacteriana existente em cada uma das su

acima referidas eacute necessaacuterio utilizar o revelador de placa bacteriana para a co

facilitar a sua observaccedilatildeo e respectiva classificaccedilatildeo e registo

A cada uma das superfiacutecies dentaacuterias soacute pode ser atribuiacutedo um dos seguintes valore

Valor 0

Valor 1

Valor 2

Valor 3

rarr Se a superfiacutecie do dente natildeo estaacute corada

rarr Se 13 da superfiacutecie estaacute corado

rarr Se 23 da superfiacutecie estatildeo corados

rarr Se estaacute corada toda a superfiacutecie

Feito o registo da observaccedilatildeo individual verifica-se que o somatoacuterio do conjunto de

poderaacute variar entre 0 (zero) e 18 (dezoito)

Dividindo por 6 (seis) este somatoacuterio obteacutem-se o Iacutendice de Placa Individual

Para determinar o Iacutendice de Placa de um grupo de indiviacuteduos divide-se o som

individuais pelo nuacutemero de indiviacuteduos observados multiplicado por seis (o nuacutemer

nuacutemero de dentes seleccionados por indiviacuteduo)

Assim o Iacutendice de Placa poderaacute variar entre 0 (zero) e 3 (trecircs)

Iacutendice de Placa (IP) = Somatoacuterio da classificaccedilatildeo dada a cada dente

Nordm de indiviacuteduos observados x 6

A sauacutede oral das crianccedilas e adolescentes eacute um grave problema de sauacutede puacuteblica ma

simples como as descritas neste documento executadas pelos proacuteprios eou com

encorajadas pela escola e pelos serviccedilos de sauacutede contribuem decididamente para

oral importantes e implementaccedilatildeo efectiva do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas d

Maxilar inferior

perfiacutecies dentaacuterias

rar e dessa forma

s

valores atribuiacutedos

atoacuterio dos valores

o seis representa o

s que com medidas

ajuda da famiacutelia

ganhos em sauacutede

Sauacutede Oral

e EPSrsquorsquo 15

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

F l u o r e t o s

F u n d a m e n t a ccedil atilde o e R e c o m e n d a ccedil otilde e s d a T a s k F o r c e

Documento produzido pela Task Force constituiacuteda pelo Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr

Ricardo Jorge Direcccedilatildeo-Geral de Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura Faculdade de

Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Medicina Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria

Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa e Porto Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento Instituto Superior de

Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia

Ordem dos Meacutedicos Dentistas Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria Sociedade Portuguesa de

Pediatria e os serviccedilos da DGS Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede Divisatildeo de Sauacutede Ambiental

Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

1 F l u o r e t o s

A evidecircncia cientiacutefica tem demonstrado que as mudanccedilas observadas no padratildeo da doenccedila caacuterie

dentaacuteria ocorrem pela implementaccedilatildeo de programas preventivos e terapecircuticos de acircmbito comunitaacuterio

e por estrateacutegias de acccedilatildeo especiacuteficas dirigidas a grupos de risco com criteriosa utilizaccedilatildeo dos

fluoretos

O fluacuteor eacute o elemento mais electronegativo da tabela perioacutedica e raramente existe isolado sendo por

isso habitualmente referido como fluoreto Na natureza encontra-se sob a forma de um iatildeo (F-) em

associaccedilatildeo com o caacutelcio foacutesforo alumiacutenio e tambeacutem como parte de certos silicatos como o topaacutezio

Normalmente presente nas rochas plantas ar aacuteguas e solos este elemento faz parte da constituiccedilatildeo de

alguns materiais plaacutesticos e pode tambeacutem estar presente na constituiccedilatildeo de alguns fertilizantes

contribuindo desta forma para a sua presenccedila no solo aacutegua e alimentos No solo o conteuacutedo de

fluoretos varia entre 20 e 500 ppm contudo nas camadas mais profundas o seu niacutevel aumenta No ar a

concentraccedilatildeo normal de fluoretos oscila entre 005 e 190microgm3 1

Do fluacuteor que eacute ingerido entre 75 e 90 eacute absorvido por via digestiva sendo a mucosa bucal

responsaacutevel pela absorccedilatildeo de menos de 1 Depois de absorvido passa para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea

sob a forma ioacutenica ou de compostos orgacircnicos lipossoluacuteveis A forma ioacutenica que circula livremente e

natildeo se liga agraves proteiacutenas nem aos componentes plasmaacuteticos nem aos tecidos moles eacute a que vai estar

disponiacutevel para ser absorvida pelos tecidos duros Da quantidade total de fluacuteor presente no organismo

99 encontra-se nos tecidos calcificados Entre 10 e 25 do aporte diaacuterio de fluacuteor natildeo chega a ser

absorvido vindo a ser excretado pelas fezes O fluacuteor absorvido natildeo utilizado (cerca de 50) eacute

eliminado por via renal2

O fluacuteor tem uma grande afinidade com a apatite presente no organismo com a qual cria ligaccedilotildees

fortes que natildeo satildeo irreversiacuteveis Este facto deve-se agrave facilidade com que os radicais hidroxilos da

hidroxiapatite satildeo substituiacutedos pelos iotildees fluacuteor formando fluorapatite No entanto a apatite normal do

ser humano presente no osso e dente mesmo em condiccedilotildees ideais de presenccedila de fluacuteor nunca se

aproxima da composiccedilatildeo da fluorapatite pura

Quando o fluacuteor eacute ingerido passa pela cavidade oral daiacute resultando a deposiccedilatildeo de uma determinada

quantidade nos tecidos e liacutequidos aiacute existentes A mucosa jugal as gengivas a placa bacteriana os

dentes e a saliva vatildeo beneficiar imediatamente de um aporte directo de fluacuteor que pode permitir que a

sua disponibilidade na cavidade oral se prolongue por periacuteodos mais longos Eacute um facto que a presenccedila

de fluacuteor no meio oral independentemente da sua fonte resulta numa acccedilatildeo preventiva e terapecircutica

extremamente importante

Nota 22 mg de fluoreto de soacutedio correspondem a 1 mg de fluacuteor Quando se dilui 1 mg de fluacuteor em um litro de aacutegua pura

considera-se que essa aacutegua passou a ter 1 ppm de fluacuteor

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 2

Considera-se actualmente que os benefiacutecios dos fluoretos resultam basicamente da sua acccedilatildeo toacutepica

sobre a superfiacutecie do dente enquanto a sua acccedilatildeo sisteacutemica (preacute-eruptiva) eacute muito menos importante

A acccedilatildeo preventiva e terapecircutica dos fluoretos eacute conseguida predominantemente pela sua acccedilatildeo toacutepica

quer nas crianccedilas quer nos adultos atraveacutes de trecircs mecanismos diferentes responsaacuteveis pela

bull inibiccedilatildeo do processo de desmineralizaccedilatildeo

bull potenciaccedilatildeo do processo de remineralizaccedilatildeo

bull inibiccedilatildeo da acccedilatildeo da placa bacteriana

O uso racional dos fluoretos na profilaxia da caacuterie dentaacuteria com eficaacutecia e seguranccedila baseia-se no

conhecimento actualizado dos seus mecanismos de acccedilatildeo e da sua toxicologia

Com base na evidecircncia cientiacutefica a estrateacutegia de utilizaccedilatildeo dos fluoretos em sauacutede oral foi redefinida

tendo em conta que a sua acccedilatildeo preventiva eacute predominantemente poacutes-eruptiva e toacutepica e a sua acccedilatildeo

toacutexica com repercussotildees a niacutevel dentaacuterio eacute preacute-eruptiva e sisteacutemica

Estudos epidemioloacutegicos efectuados pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) sobre os efeitos do

fluacuteor na sauacutede humana referem que valores compreendidos entre 1 e 15 ppm natildeo representam risco

acrescido Contudo valores entre 15 e 2 ppm em climas quentes poderatildeo contribuir para a ocorrecircncia

de casos de fluorose dentaacuteria e valores entre 3 a 6 ppm para o aparecimento de fluorose oacutessea

Para a OMS a concentraccedilatildeo oacuteptima de fluoretos na aacutegua quando esta eacute sujeita a fluoretaccedilatildeo deve

estar compreendida entre 05 e 15 ppm de F dependendo este valor da temperatura meacutedia do local

que condiciona a quantidade de aacutegua ingerida nas zonas mais frias o valor maacuteximo pode estar perto

do limite superior nas zonas mais quentes o valor deve estar perto do limite inferior para uma

prevenccedilatildeo eficaz da caacuterie dentaacuteria Para que os riscos de fluorose estejam diminuiacutedos os programas de

fluoretaccedilatildeo das aacuteguas devem obedecer a criteacuterios claramente definidos

Nas regiotildees onde a aacutegua da rede puacuteblica conteacutem menos de 03 ppm (mgl) de fluoretos (situaccedilatildeo mais

frequente em Portugal Continental) a dose profilaacutectica oacuteptima considerando a soma de todas as fontes

de fluoretos eacute de 005mgkgdia3

11 Toxicidade Aguda

Uma intoxicaccedilatildeo aguda pelo fluacuteor eacute uma possibilidade extremamente rara Alguns casos tecircm sido

descritos na literatura Estudos efectuados em roedores e extrapolados para o homem adulto permitem

pensar que a dose letal miacutenima de fluacuteor seja de aproximadamente 2 gramas ou 32 a 64 mgkg de peso

corporal mas para uma crianccedila bastam 15 mgkg de peso corporal 2

A partir da ingestatildeo de doses superiores a 5mgkg de peso corporal considera-se a hipoacutetese de vir a ter

efeitos toacutexicos

As crianccedilas pequenas tecircm um risco acrescido de ingerir doses de fluoretos atraveacutes do consumo de

produtos de higiene oral A ingestatildeo acidental de um quarto de um tubo com dentiacutefrico de 125 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 3

(1500 ppm de Fluacuteor) potildee em risco a vida de uma crianccedila de um ano de idade O risco de ingestatildeo

acidental por crianccedilas eacute real e eacute adjuvado pelo tipo de embalagens destes produtos que natildeo tecircm

dispositivos de seguranccedila para a sua abertura

A toxicidade aguda pelos fluoretos poderaacute manifestar-se por queixas digestivas (dor abdominal

voacutemitos hematemeses e melenas) neuroloacutegicas (tremores convulsotildees tetania deliacuterio lentificaccedilatildeo da

voz) renais (urina turva hematuacuteria) metaboacutelicas (hipocalceacutemia hipomagnesieacutemia hipercalieacutemia)

cardiovasculares (arritmias hipotensatildeo) e respiratoacuterias (depressatildeo respiratoacuteria apneias) 4

12 Toxicidade Croacutenica

A dose total diaacuteria de fluoretos administrados por via sisteacutemica isenta de risco de toxicidade croacutenica

situa-se abaixo de 005 mgkgdia de peso A partir desses valores aumentam as manifestaccedilotildees atraveacutes

do aparecimento de hipomineralizaccedilatildeo do esmalte que se revela por fluorose dentaacuteria Com

concentraccedilotildees acima de 25 ppm na aacutegua esta manifestaccedilatildeo eacute mais evidente sendo tanto mais grave

quanto a concentraccedilatildeo de fluoretos vai aumentando O periacuteodo criacutetico para o efeito toacutexico do fluacuteor se

manifestar sobre a denticcedilatildeo permanente eacute entre o nascimento e os 7 anos de idade (ateacute aos 3 anos eacute o

periacuteodo mais criacutetico) Quando existem fluoretos ateacute 3 ppm na aacutegua aleacutem da fluorose natildeo parece

existir qualquer outro efeito toacutexico na sauacutede A partir deste valor aumenta o risco de nefrotoxicidade

Como qualquer outro medicamento os fluoretos em dose excessiva tecircm efeitos toacutexicos que

normalmente se manifestam atraveacutes de uma interferecircncia na esteacutetica dentaacuteria Essa manifestaccedilatildeo eacute a

fluorose dentaacuteria

Estudos recentes sobre suplementos de fluoretos e fluorose 5 confirmam que as comunidades sem aacutegua

fluoretada e que utilizam suplementos de fluoretos durante os primeiros 6 anos de vida apresentam

um aumento do risco de desenvolver fluorose

O principal factor de risco para o aparecimento de fluorose dentaacuteria eacute o aporte total de fluoretos

provenientes de diferentes fontes nomeadamente da alimentaccedilatildeo incluindo a aacutegua e os suplementos

alimentares dentiacutefricos e soluccedilotildees para bochechos comprimidos e gotas e ingestatildeo acidental que natildeo

satildeo faacuteceis de quantificar

A fluorose dentaacuteria aumentou nos uacuteltimos anos em comunidades com e sem aacutegua fluoretada 6

2 F l u o r e t o s n a aacute g u a

2 1 Aacute g u a d e a b a s t e c i m e n t o p uacute b l i c o

A fluoretaccedilatildeo das aacuteguas para consumo humano como meio de suprir o deacutefice de fluoretos na aacutegua eacute

uma praacutetica comum em alguns paiacuteses como o Brasil Austraacutelia Canadaacute EUA e Nova Zelacircndia

Apesar de serem tatildeo diferentes quer do ponto de vista soacutecioeconoacutemico quer geograacutefico eles detecircm

uma experiecircncia superior a 25 anos neste domiacutenio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 4

Na Europa a maior parte dos paiacuteses natildeo faz fluoretaccedilatildeo das suas aacuteguas para consumo humano agrave

excepccedilatildeo da Irlanda da Suiacuteccedila (Basileia) e de 10 da populaccedilatildeo do Reino Unido Na Alemanha eacute

proibido e nos restantes paiacuteses eacute desaconselhado

Nos paiacuteses em que se faz fluoretaccedilatildeo da aacutegua alguns estudos demonstraram natildeo ter existido um ganho

efectivo na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria No entanto outros como a Austraacutelia no Estado de Victoacuteria

onde a fluoretaccedilatildeo da aacutegua se faz regularmente observaram-se ganhos efectivos na sauacutede oral da

populaccedilatildeo com consequentes ganhos econoacutemicos

Recomendaccedilatildeo Eacute indispensaacutevel avaliar a qualidade das aacuteguas de abastecimento puacuteblico periodicamente e corrigir os

paracircmetros alterados

Na aacutegua os valores das concentraccedilotildees de fluoretos estatildeo compreendidas entre 01 a 07 ppm Contudo

em alguns casos podem apresentar valores muito mais elevados

Quando a aacutegua apresenta valores de ph superiores a 8 e o iatildeo soacutedio e os carbonatos satildeo dominantes os

valores de fluoretos normalmente presentes excedem 1 ppm

Nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica os fluoretos podem existir naturalmente ou resultar de um

programa de fluoretaccedilatildeo Em Portugal Continental os valores satildeo normalmente baixos e as aacuteguas natildeo

estatildeo sujeitas a fluoretaccedilatildeo artificial O teor de fluoretos deveraacute ser controlado regularmente de modo

a preservar os interesses da sauacutede puacuteblica 7

Na definiccedilatildeo de um valor guia para a aacutegua de consumo humano a OMS propotildee o valor limite de 15

ppm de Fluacuteor referindo que valores superiores podem contribuir para o aumento do risco de fluorose

A Agecircncia Americana para o Ambiente (USEPA) refere um valor maacuteximo admissiacutevel de fluoretos na

aacutegua de consumo humano de 15 ppm e recomenda que nunca se ultrapasse os 4 ppm

Em Portugal a legislaccedilatildeo actualmente em vigor sobre a qualidade da aacutegua para consumo humano

decreto-lei nordm 23698 de 1 de Agosto define dois Valores Maacuteximos Admissiacuteveis (VMA) para os

fluoretos 15 ppm (8 a 12 ordmC) e 07 ppm (25 a 30 ordmC) O decreto-lei nordm 2432001 de 5 de Setembro

que transpotildee a Directiva Comunitaacuteria nordm 9883CE de 3 de Novembro que entrou em vigor em 25 de

Dezembro de 2003 define para os fluoretos um Valor Parameacutetrico (VP) de 15 ppm

O decreto-lei nordm 24301 remete para a Entidade Gestora a verificaccedilatildeo da conformidade dos valores

parameacutetricos obrigatoacuterios aplicaacuteveis agrave aacutegua para consumo humano Sempre que um valor parameacutetrico

eacute excedido isso corresponde a uma situaccedilatildeo de incumprimento e perante esta situaccedilatildeo a entidade

gestora deve de imediato informar a autoridade de sauacutede e a entidade competente dando conta das

medidas correctoras adoptadas ou em curso para restabelecer a qualidade da aacutegua destinada a consumo

humano

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 5

Deve ter-se em atenccedilatildeo o desvio em relaccedilatildeo ao valor parameacutetrico fixado e o perigo potencial para a

sauacutede humana

Segundo o decreto-lei supra mencionado artigo 9ordm compete agraves autoridades de sauacutede a vigilacircncia

sanitaacuteria e a avaliaccedilatildeo do risco para a sauacutede puacuteblica da qualidade da aacutegua destinada ao consumo

humano Sempre que o risco exista e o incumprimento persistir a autoridade de sauacutede deve informar e

aconselhar os consumidores afectados e determinar a proibiccedilatildeo de abastecimento restringir a

utilizaccedilatildeo da aacutegua que constitua um perigo potencial para a sauacutede humana e adoptar todas as medidas

necessaacuterias para proteger a sauacutede humana

Nos Accedilores e na Madeira ou em zonas onde o teor de fluoretos na aacutegua eacute muito elevado deveraacute ser

feita uma verificaccedilatildeo da constante e a correcccedilatildeo adequada

Os principais tratamentos de desfluoretaccedilatildeo envolvem a floculaccedilatildeo da aacutegua usando sais hidratados de

alumiacutenio principalmente em condiccedilotildees alcalinas No caso de aacuteguas aacutecidas pode-se adicionar cal e

alternativamente pode-se recorrer agrave adsorccedilatildeo com carvatildeo activado ou alumina activada ( Al2O3 ) ou

por permuta ioacutenica usando resinas especiacuteficas

Recomendaccedilatildeo Ateacute aos 6-7 anos as crianccedilas natildeo devem ingerir regularmente aacutegua com teor de fluoretos superior a 07 ppm

Recomendaccedilatildeo Sempre que o valor parameacutetrico dos fluoretos na aacutegua para consumo humano exceder 15 ppm deveratildeo ser aplicadas

medidas correctoras para restabelecer a qualidade da aacutegua

2 2 Aacute g u a s m i n e r a i s n a t u r a i s e n g a r r a f a d a s

As aacuteguas minerais naturais engarrafadas deveratildeo no futuro ter rotulagem de acordo com a Directiva

Comunitaacuteria 200340CE da Comissatildeo Europeia de 16 de Maio publicada no Jornal Oficial da Uniatildeo

Europeia em 2252003 artigo 4ordm laquo1 As aacuteguas minerais naturais cuja concentraccedilatildeo em fluacuteor for

superior a 15 mgl (ppm) devem ostentar no roacutetulo a menccedilatildeo lsquoconteacutem mais de 15 mgl (ppm) de

fluacuteor natildeo eacute adequado o seu consumo regular por lactentes nem por crianccedilas com menos de 7 anosrsquo

2 No roacutetulo a menccedilatildeo prevista no nordm 1 deve figurar na proximidade imediata da denominaccedilatildeo de

venda e em caracteres claramente visiacuteveis 3

As aacuteguas minerais naturais que em aplicaccedilatildeo do nordm 1 tiverem de ostentar uma menccedilatildeo no roacutetulo

devem incluir a indicaccedilatildeo do teor real em fluacuteor a niacutevel da composiccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica em constituintes

caracteriacutesticos tal como previsto no nordm 2 aliacutenea a) do artigo 7ordm da Directiva 80777CEEraquo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 6

Para as aacuteguas de nascente cujas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas satildeo definidas pelo Decreto-lei

2432001 de 5 de Setembro em vigor desde Dezembro de 2003 os limites para o teor de fluoretos satildeo

de 15 mgl (ppm)

De acordo com o parecer do Scientific Committee on Food - Comiteacute Cientiacutefico de Alimentaccedilatildeo

Humana (expresso em Dezembro de 1996) a Comissatildeo natildeo vecirc razotildees para nos climas da Uniatildeo

Europeia (climas temperados) limitar os fluoretos nas aacuteguas de consumo humano e nas aacuteguas minerais

naturais para valores inferiores a 15mgl (ppm)

3 F l u o r e t o s n o s g eacute n e r o s a l i m e n t iacute c i o s

Entende-se por lsquogeacutenero alimentiacuteciorsquo qualquer substacircncia ou produto transformado parcialmente

transformado ou natildeo transformado destinado a ser ingerido pelo ser humano ou com razoaacuteveis

probabilidades de o ser Este termo abrange bebidas pastilhas elaacutesticas e todas as substacircncias

incluindo a aacutegua intencionalmente incorporadas nos geacuteneros alimentiacutecios durante o seu fabrico

preparaccedilatildeo ou tratamento8 9

Na alimentaccedilatildeo as estimativas de ingestatildeo de fluacuteor atraveacutes da dieta variam entre 02 e 34 mgdia

sendo estes uacuteltimos valores atingidos quando se inclui o chaacute na alimentaccedilatildeo A ingestatildeo de fluoretos

provenientes dos alimentos comuns eacute pouco significativa Apenas 13 se apresentam na forma

ionizaacutevel e portanto biodisponiacutevel

Recomendaccedilatildeo Independentemente da origem ao utilizar aacutegua informe-se sobre o seu teor em fluoretos As que tecircm um elevado teor

deste elemento natildeo satildeo adequadas para lactentes e crianccedilas com menos de 7 anos

Recomendaccedilatildeo Dar prioridade a uma dieta equilibrada e saudaacutevel com diversidade alimentar Utilizar a aacutegua da cozedura dos

alimentos para confeccionar outros alimentos (ex sopas arroz)

No iniacutecio do ano de 2003 a Comissatildeo Europeia apresentou uma nova proposta de Directiva

Comunitaacuteria relativa agrave ldquoAdiccedilatildeo aos geacuteneros alimentiacutecios de vitaminas minerais e outras substacircnciasrdquo

onde os fluoretos satildeo referidos como podendo ser adicionados a geacuteneros alimentiacutecios comuns Nesta

proposta de Directiva Comunitaacuteria eacute sugerida a inclusatildeo de determinados nutrimentos (entre eles o

fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de geacuteneros alimentiacutecios comuns Esta proposta

prevista no Livro Branco da Comissatildeo ainda estaacute numa fase inicial de discussatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 7

4 F l u o r e t o s e m s u p l e m e n t o a l i m e n t a r

Entende-se por lsquosuplementos alimentaresrsquo geacuteneros alimentiacutecios que se destinam a complementar e ou

suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas

substacircncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisioloacutegico estremes ou combinados

comercializados em forma doseada tais como caacutepsulas pastilhas comprimidos piacutelulas e outras

formas semelhantes saquetas de poacute ampola de liacutequido frascos com conta gotas e outras formas

similares de liacutequido ou poacute que se destinam a ser tomados em unidades medidas de quantidade

reduzida10

A Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002

transposta para o direito nacional pelo Decreto-lei nordm 1362003 de 28 de Junho relativa agrave aproximaccedilatildeo

das legislaccedilotildees dos Estados-Membros respeitantes aos suplementos alimentares vai permitir a inclusatildeo

de determinados nutrimentos (entre eles o fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de

suplementos alimentares11

A partir de 28 de Agosto de 2003 os fluoretos poderatildeo ser comercializados como suplemento

alimentar passando a estar disponiacutevel em farmaacutecias e superfiacutecies comerciais

As quantidades maacuteximas de vitaminas e minerais presentes nos suplementos alimentares satildeo fixadas

em funccedilatildeo da toma diaacuteria recomendada pelo fabricante tendo em conta os seguintes elementos

a) limites superiores de seguranccedila estabelecidos para as vitaminas e os minerais apoacutes uma

avaliaccedilatildeo dos riscos efectuada com base em dados cientiacuteficos geralmente aceites tendo em

conta quando for caso disso os diversos graus de sensibilidade dos diferentes grupos de

consumidores

b) quantidade de vitaminas e minerais ingerida atraveacutes de outras fontes alimentares

c) doses de referecircncia de vitaminas e minerais para a populaccedilatildeo

Recomendaccedilatildeo Nunca ultrapassar a toma indicada no roacutetulo do produto e natildeo utilizar um suplemento alimentar como substituto de um

regime alimentar variado

As quantidades maacuteximas e miacutenimas de vitaminas e minerais referidas seratildeo adoptadas pela Comissatildeo

Europeia assistida pelo Comiteacute de Regulamentaccedilatildeo

Em Portugal a Agecircncia para a Qualidade e Seguranccedila Alimentar viraacute a ter informaccedilatildeo sobre todos os

suplementos alimentares comercializados como geacuteneros alimentiacutecios e introduzidos no mercado de

acordo com o Decreto-lei nordm 1362003

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 8

A rotulagem dos suplementos alimentares natildeo poderaacute mencionar nem fazer qualquer referecircncia a

prevenccedilatildeo tratamento ou cura de doenccedilas humanas e deveraacute indicar uma advertecircncia de que os

produtos devem ser guardados fora do alcance das crianccedilas

5 F luore tos em med icamentos e p rodutos cosmeacutet icos de h ig iene corpora l

A distinccedilatildeo entre Medicamento e Produto Cosmeacutetico de Higiene Corporal contendo fluoretos depende

do seu teor no produto Os cosmeacuteticos contecircm obrigatoriamente uma concentraccedilatildeo de fluoretos inferior

a 015 (1500 ppm) (Decreto-lei 1002001 de 28 de Marccedilo I Seacuterie A) sendo que todos os dentiacutefricos

com concentraccedilotildees de fluoretos superior a 015 satildeo obrigatoriamente classificados como

medicamentos

Os medicamentos contendo fluoretos e utilizados para a profilaxia da caacuterie dentaacuteria existentes no

mercado portuguecircs satildeo de venda livre em farmaacutecia Encontram-se disponiacuteveis nas formas

farmacecircuticas de soluccedilatildeo oral (gotas orais) comprimidos dentiacutefricos gel dentaacuterio e soluccedilatildeo de

bochecho

5 1 F l u o r e t o s e m c o m p r i m i d o s e g o t a s o r a i s

A utilizaccedilatildeo de medicamentos contendo fluoretos na forma de gotas orais e comprimidos foi ateacute haacute

pouco recomendada pelos profissionais de sauacutede (pediatras meacutedicos de famiacutelia cliacutenicos gerais

meacutedicos estomatologistas meacutedicos dentistas) dos 6 meses ateacute aos 16 anos

A clarificaccedilatildeo do mecanismo de acccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria e o aumento de

aporte dos mesmos com consequentes riscos de manifestaccedilatildeo toacutexica obrigaram agrave revisatildeo da sua

administraccedilatildeo em comprimidos eou gotas A gravidade da fluorose dentaacuteria estaacute relacionada com a

dose a duraccedilatildeo e com a idade em que ocorre a exposiccedilatildeo ao fluacuteor 12 13

A ldquoCanadian Consensus Conference on the Appropriate Use of Fluoride Supplements for the

Prevention of Dental Caries in Childrenrdquo 14definiu um protocolo cuja utilizaccedilatildeo eacute recomendada a

profissionais de sauacutede em que se fundamenta a tomada de decisatildeo sobre a necessidade ou natildeo da

suplementaccedilatildeo de fluacuteor A administraccedilatildeo de comprimidos soacute eacute recomendada quando o teor de fluoretos

na aacutegua de abastecimento puacuteblico for inferior a 03 ppm e

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) natildeo escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas

vezes por dia

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas vezes

por dia mas apresenta um alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 9

Por sua vez a conclusatildeo do laquoForum on Fluoridation 2002raquo15 relativamente agrave administraccedilatildeo de

suplementos de fluoretos foi a seguinte limitar a utilizaccedilatildeo de comprimidos de fluoretos a aacutereas onde

natildeo existe aacutegua fluoretada e iniciar essa suplementaccedilatildeo apenas a crianccedilas com alto risco agrave caacuterie e a

partir dos 3 anos

Os comprimidos de fluoretos caso sejam indicados devem ser usados pelo interesse da sua acccedilatildeo

toacutepica Devem ser dissolvidos na boca em vez de imediatamente ingeridos16

A administraccedilatildeo de fluoretos sob a forma de comprimidos chupados soacute deveraacute ser efectuada em

situaccedilotildees excepcionais isto eacute em populaccedilotildees de baixos recursos econoacutemicos nas quais a escovagem

natildeo possa ser promovida e os iacutendices de caacuterie sejam elevados

Para evitar a potencial toxicidade dos fluoretos antes de qualquer prescriccedilatildeo todos os profissionais de

sauacutede devem efectuar uma avaliaccedilatildeo personalizada dos aportes diaacuterios de cada crianccedila tendo em conta

todas as fontes possiacuteveis desse elemento alimentos comuns suplementos alimentares consumo de

aacutegua da rede puacuteblica eou aacutegua engarrafada e respectivo teor de fluoretos e utilizaccedilatildeo de medicamentos

e produtos cosmeacuteticos contendo fluacuteor

Recomendaccedilatildeo A partir dos 3 anos os suplementos sisteacutemicos de fluoretos poderatildeo ser prescritos pelo meacutedico assistente ou meacutedico dentista em crianccedilas que apresentem um alto risco

agrave caacuterie dentaacuteria

5 2 F l u o r e t o s e m d e n t iacute f r i c o s

Hoje em dia a maior parte dos dentiacutefricos agrave venda no mercado contecircm fluoretos sob diferentes formas

fluoreto de soacutedio monofluorfosfato de soacutedio fluoreto de amina e outros Os mais utilizados satildeo o

fluoreto de soacutedio e o monofluorfosfato de soacutedio

Normalmente o conteuacutedo de fluoreto dos dentiacutefricos eacute de 1000 a 1100 ppm (ou 010 a 011)

podendo variar entre 500 e 1500 ppm

Durante a escovagem cerca de 34 da pasta eacute ingerida por crianccedilas de 3 anos 28 pelas de 4-5 anos

e 20 pelas de 5-7 anos

Devem ser evitados dentiacutefricos com sabor a fruta para impedir o seu consumo em excesso uma vez

que estatildeo jaacute descritos na literatura casos de fluorose resultantes do abuso de dentiacutefricos2

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluoretos duas vezes por dia tem-se revelado um

meio colectivo de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria com grande efectividade e baixo custo pelo que deve

ser considerado o meio de eleiccedilatildeo em estrateacutegias comunitaacuterias

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 10

Do ponto de vista da prevenccedilatildeo da caacuterie a aplicaccedilatildeo toacutepica de dentiacutefrico fluoretado com a escova dos

dentes deve ser executada duas vezes por dia e deve iniciar-se quando se daacute a erupccedilatildeo dos dentes Esta

rotina diaacuteria de higiene executada naturalmente com muito cuidado pelos pais deve

progressivamente ser assumida pela crianccedila ateacute aos 6-8 anos de idade Durante este periacuteodo a

escovagem deve ser sempre vigiada pelos pais ou educadores consoante as circunstacircncias para evitar

a utilizaccedilatildeo de quantidades excessivas de dentiacutefrico o qual pode da mesma forma que os

comprimidos conduzir antes dos 6 anos agrave ocorrecircncia de fluorose

As crianccedilas devem usar dentiacutefrico com teor de fluoretos entre 1000-1500 ppm de fluoreto (dentiacutefrico

de adulto) sendo a quantidade a utilizar do tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

Apoacutes a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado pode-se natildeo bochechar com aacutegua Deveraacute

apenas cuspir-se o excesso de pasta Deste modo consegue-se uma mais alta concentraccedilatildeo de fluoreto

na cavidade oral que vai actuar topicamente durante mais tempo

Os pais das crianccedilas devem receber informaccedilatildeo sobre a escovagem dentaacuteria e o uso de dentiacutefricos

fluoretados A escovagem com dentiacutefrico fluoretado deve iniciar-se imediatamente apoacutes a erupccedilatildeo dos

primeiros dentes Os dentiacutefricos fluoretados devem ser guardados em locais inacessiacuteveis agraves crianccedilas

pequenas17

5 3 F l u o r e t o s e m s o l u ccedil otilde e s d e b o c h e c h o

As soluccedilotildees para bochechos recomendadas a partir dos 6 anos de idade tecircm sido utilizadas em

programas escolares de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria em inuacutemeros paiacuteses incluindo Portugal Satildeo

recomendadas a indiviacuteduos de maior risco agrave caacuterie dentaacuteria mas a sua utilizaccedilatildeo tem vido a ser

restringida a crianccedilas que escovam eficazmente os dentes

Recomendaccedilatildeo Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Recomendaccedilatildeo A partir dos 6 anos de idade deve ser feito o bochecho quinzenalmente com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

02

As soluccedilotildees fluoretadas de uso diaacuterio habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

005 e as de uso semanal ou quinzenal habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de 02

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 11

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 12

Referecircncias

1 Diegues P Linhas de Orientaccedilatildeo associadas agrave presenccedila de fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento 2003 Documento produzido no acircmbito da task force Sauacutede Oral e Fluacuteor Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar e na Divisatildeo de Sauacutede Ambiental da DGS 2 Melo PRGR Influecircncia de diferentes meacutetodos de administraccedilatildeo de fluoretos nas variaccedilotildees de incidecircncia de caacuterie Porto Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto 2001 Tese de doutoramento 3 Agence Francaise de Seacutecuriteacute des Produits de Santeacute Mise au point sur le fluacuteor et la prevention de la carie dentaire AFSPS 31 Juillet 2002 4 Leikin JB Paloucek FP Poisoning amp Toxicology Handbook 3th edition Hudson Lexi- Comp 2002 586-7 5 Ismail AI Bandekar RR Fluoride suplements and fluorosis a meta-analysis Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 48-56 6 Steven ML An update on Fluorides and Fluorosis J Can Dent Assoc 200369(5)268-91 7 Pinto R Cristovatildeo E Vinhais T Castro MF Teor de fluoretos nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica nas sedes de concelho de Portugal Continental Revista Portuguesa de Estomatologia Medicina Dentaacuteria e Cirurgia Maxilofacial 1999 40(3)125-42 8 Regulamento 1782002 do Parlamento Europeu e do Conselho de 28 de Janeiro Jornal Oficial das Comunidades Europeias (2002021) 9 Decreto ndash lei nordm 5601999 DR I Seacuterie A 147 (991218) 10 Decreto ndash lei nordm 1362003 DR I Seacuterie A 293 (20030628) 11 Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002 Jornal Oficial das Comunidades Europeias (20020712) 12 Aoba T Fejerskov O Dental fluorosis Chemistry and Biology Crit Rev Oral Biol Med 2002 13(2) 155-70 13 DenBesten PK Biological mechanisms of dental fluorosis relevant to the use of fluoride supplements Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 41-7 14 Limeback H Introduction to the conference Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 27-30 15 Report of the Forum of fluoridation 2002Governement of Ireland 2002 wwwfluoridationforumie 16 Featherstone JDB Prevention and reversal of dental caries role of low level fluoride Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 31-40 17 Pereira A Amorim A Peres F Peres FR Caldas IM Pereira JA Pereira ML Silva MJ Caacuteries Precoces da InfacircnciaLisboa Medisa Ediccedilotildees e Divulgaccedilotildees Cientiacuteficas Lda 2001 Bibliografia

1 Almeida CM Sugestotildees para a Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2002 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e na Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa

2 Rompante P Fundamentos para a alteraccedilatildeo do Programa de Sauacutede Oral da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Documento realizado no acircmbito da Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2003 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e no Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede ndash Norte

3 Rompante P Determinaccedilatildeo da quantidade do elemento fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento puacuteblico na totalidade das sedes de concelho de Portugal Continental Porto Faculdade de Odontologia da Universidade de Barcelona 2002 Tese de Doutoramento

4 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in Children at High Caries Risk SIGN Publication 2000 47

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Page 3: Direcção-Geral da SaúdePrograma será complementado, sempre que oportuno, por orientações técnicas a emitir por esta Direcção-Geral. O Director-Geral e Alto Comissário da

PROGRAMA NACIONAL DE PROMOCcedilAtildeO DA SAUacuteDE ORAL

Despacho Ministerial nordm 1532005 (2ordf seacuterie) Publicado no Diaacuterio da Repuacuteblica nordm 3 de 5 de Janeiro de 2005

M I N I S T Eacute R I O D A S A Uacute D E D i r e c ccedil atilde o - G e r a l d a S a uacute d e

Lisboa 2005

1 Enquadramento

O Programa de Sauacutede Oral em Sauacutede Escolar que se desenvolve em Portugal desde

1986 foi revisto em 1999 e divulgado atraveacutes da Circular Normativa nordm 6DSE de

200599 da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede tendo passado a designar-se Programa de

Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral em Crianccedilas e Adolescentes

O quadro conceptual do programa corresponde a uma estrateacutegia global de

intervenccedilatildeo assente na promoccedilatildeo da sauacutede e na prevenccedilatildeo primaacuteria e secundaacuteria da

caacuterie dentaacuteria A promoccedilatildeo da sauacutede e a prevenccedilatildeo da doenccedila asseguradas pelas

equipas de sauacutede escolar satildeo o suporte indispensaacutevel da intervenccedilatildeo curativa

operacionalizada maioritariamente atraveacutes de contratualizaccedilatildeo Este processo tem

permitido prestar cuidados meacutedico-dentaacuterios a grupos de crianccedilas escolarizadas

integradas em programa de sauacutede oral e que desenvolveram caacuterie dentaacuteria

O Programa de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral em Crianccedilas e Adolescentes previa a

administraccedilatildeo de suplementos sisteacutemicos de fluoretos a todas as crianccedilas e jovens

No entanto face agrave publicaccedilatildeo da Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento

Europeu e do Conselho de 106 transposta para a legislaccedilatildeo nacional pelo Decreto-

lei nordm 1362003 de 28 de Junho relativa agrave aproximaccedilatildeo das legislaccedilotildees dos

Estados-Membros sobre suplementos alimentares e agrave desadequaccedilatildeo da

suplementaccedilatildeo de fluoretos procedeu-se agrave revisatildeo do Programa consubstanciada

neste documento

A redefiniccedilatildeo da estrateacutegia de intervenccedilatildeo do actual programa contou com o

empenho cientiacutefico dos peritos de uma Task Force constituiacuteda para rever a

administraccedilatildeo dos fluoretos teve em conta a prevalecircncia das doenccedilas orais na

populaccedilatildeo infantil e juvenil e as metas europeias para a aacuterea da sauacutede oral

2 Or ientaccedilotildees gera is do programa

Em Portugal a caacuterie dentaacuteria apresenta na populaccedilatildeo infantil e juvenil um iacutendice de

gravidade moderada isto eacute o nuacutemero de dentes cariados perdidos e obturados por

crianccedila (CPOD) aos 12 anos de idade eacute de 2951 e a percentagem de crianccedilas livres

de caacuterie dentaacuteria aos 6 anos eacute de 33 Outro estudo utilizando o meacutetodo pathfinder

da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) apresenta valores meacutedios de CPOD de

152 com desvios acentuados entre grupos de diferentes niacuteveis socioeconoacutemicos

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 2

Tudo isto reforccedila a necessidade de manter o investimento nesta aacuterea se queremos

contribuir para a reduccedilatildeo das desigualdades em sauacutede

A estrateacutegia europeia e as metas definidas para a sauacutede oral pela OMS apontam

para que no ano 2020 pelo menos 80 das crianccedilas com 6 anos estejam livres de

caacuterie e aos 12 anos o CPOD natildeo ultrapasse o valor de 153

O actual Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral alia a promoccedilatildeo da sauacutede agrave

prestaccedilatildeo de cuidados numa parceria puacuteblico-privado com competecircncias

claramente definidas tendo por base a intervenccedilatildeo comunitaacuteria

Ao sector puacuteblico compete assegurar a promoccedilatildeo da sauacutede a prevenccedilatildeo das doenccedilas

orais e a prestaccedilatildeo de cuidados de sauacutede dentaacuterios passiacuteveis de serem realizados no

Serviccedilo Nacional de Sauacutede (SNS) Esta intervenccedilatildeo eacute assegurada pelos profissionais

dos Centros de Sauacutede atraveacutes de acccedilotildees dirigidas ao indiviacuteduo agrave famiacutelia e agrave

comunidade escolar e pelos profissionais dos serviccedilos de estomatologia da rede

hospitalar sempre que possiacutevel

Ao sector privado atraveacutes dos profissionais e agrupamentos de profissionais de

estomatologia e medicina dentaacuteria compete prestar atraveacutes de contratualizaccedilatildeo os

cuidados meacutedico-dentaacuterios natildeo satisfeitos pelo SNS

O Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral integrado no Plano Nacional de

Sauacutede 2004-2010 deveraacute ser desenvolvido por todos os serviccedilos de sauacutede e

enquadrado em todas as suas actividades

Nos planos curriculares das escolas e jardins-de-infacircncia deve ser promovida e

apoiada a integraccedilatildeo das actividades do Programa Nacional de Sauacutede Oral numa

abordagem holiacutestica da sauacutede em que os princiacutepios de uma escola promotora da

sauacutede satildeo o referencial da intervenccedilatildeo e a Rede de Escolas Promotoras da Sauacutede eacute o

seu paradigma4

3 Estrutura de implementaccedilatildeo do programa

A niacutevel nacional e no que se refere agrave orientaccedilatildeo implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo o

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral seraacute coordenado pelo Director-

Geral e Alto Comissaacuterio da Sauacutede e executado pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar O seu

acompanhamento seraacute realizado por uma Comissatildeo Teacutecnico ndash Cientifica

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 3

A niacutevel regional deveraacute ser designado pela Administraccedilatildeo Regional de Sauacutede um

Coordenador Regional do Programa da sua estrutura ou do Centro Regional de

Sauacutede Puacuteblica com perfil e competecircncia para dinamizar e avaliar o programa

coordenar a Comissatildeo Paritaacuteria Regional e integrar a Comissatildeo TeacutecnicondashCientifica

A niacutevel local o Director do Centro de Sauacutede ou o responsaacutevel pelo Serviccedilo de

Sauacutede Puacuteblica avalia a capacidade instalada coordena a implementaccedilatildeo do

programa e gere a contratualizaccedilatildeo Por delegaccedilatildeo o responsaacutevel pela sauacutede escolar

ou pela sauacutede oral poderaacute assumir a sua operacionalizaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo local

4 Estrateacutegias de intervenccedilatildeo do programa

As orientaccedilotildees do actual Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral assentam

nas seguintes estrateacutegias

Promoccedilatildeo da sauacutede oral no contexto familiar e escolar

Prevenccedilatildeo das doenccedilas orais

Diagnoacutestico precoce e tratamento dentaacuterio

5 Populaccedilatildeo - alvo

Com este programa pretende-se abranger as graacutevidas e as crianccedilas desde o

nascimento ateacute aos 16 anos de idade

6 Finalidades do Programa

O Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral tem as seguintes finalidades

Melhorar conhecimentos e comportamentos sobre alimentaccedilatildeo e higiene oral

Diminuir a incidecircncia de caacuterie dentaacuteria

Reduzir a prevalecircncia da caacuterie dentaacuteria

Aumentar a percentagem de crianccedilas livres de caacuterie

Criar uma base de dados nacional sobre sauacutede oral

Prestar especial atenccedilatildeo numa perspectiva de promoccedilatildeo da equidade agrave sauacutede

oral das crianccedilas e dos jovens com Necessidades de Sauacutede Especiais assim

como dos grupos economicamente deacutebeis e socialmente excluiacutedos que

frequentam a escola do ensino regular ou instituiccedilotildees

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 4

7 Actividades do programa

As actividades do programa devem ser incluiacutedas nos programas de sauacutede materna

sauacutede infantil e juvenil e sauacutede escolar ser desenvolvidas no Centro de Sauacutede e em

todos os estabelecimentos de educaccedilatildeo preacute-escolar e do ensino baacutesico puacuteblico

privado ou dependentes de estruturas oficiais da seguranccedila social

Para o desenvolvimento das actividades do programa eacute indispensaacutevel o

envolvimento dos profissionais de sauacutede de educaccedilatildeo pais ou encarregados de

educaccedilatildeo bem como das autarquias

71 Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral

711 Na gravidez

Orientaccedilatildeo A graacutevida ao cuidar da sua sauacutede oral estaacute a promover a sauacutede do seu filho

Na consulta de sauacutede materna ou de vigilacircncia da gravidez a boca da matildee deve

merecer particular atenccedilatildeo Em caso de gravidez programada a futura matildee deveraacute

fazer todos os tratamentos dentaacuterios necessaacuterios a uma boa sauacutede oral Se jaacute estiver

graacutevida e tiver dentes cariados ou doenccedila periodontal natildeo deve deixar de proceder

ao necessaacuterio tratamento

Uma boa sauacutede oral da matildee favorece a boa sauacutede oral do filho

Ainda antes de o bebeacute nascer as consultas de vigilacircncia da gravidez satildeo uma boa

oportunidade para sensibilizar os pais para a importacircncia da sauacutede oral no contexto

de uma sauacutede global Por isso as mensagens devem dar destaque aos cuidados a ter

com a alimentaccedilatildeo e a higienizaccedilatildeo da boca da crianccedila especialmente apoacutes a

erupccedilatildeo do primeiro dente

712 Do nascimento aos 3 anos de idade

Orientaccedilatildeo A higiene oral deve iniciar-se logo apoacutes a erupccedilatildeo do primeiro dente utilizando uma pequena quantidade de

dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Na consulta de sauacutede infantil ou de vigilacircncia da crianccedila efectuada pelo meacutedico

assistente eou pelo enfermeiro pretendemos sensibilizar os pais para que

incorporem na rotina de higiene diaacuteria do bebeacute tambeacutem a higiene da sua boca

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 5

Apoacutes a erupccedilatildeo do primeiro dente a higienizaccedilatildeo deve comeccedilar a ser feita pelos

pais duas vezes por dia utilizando uma gaze uma dedeira ou uma escova macia

com um dentiacutefrico fluoretado com 1000-1500 ppm (mgl) de fluoreto sendo uma

das vezes obrigatoriamente apoacutes a uacuteltima refeiccedilatildeo

A quantidade de dentiacutefrico a utilizar deve ser idecircntica ao tamanho da unha do 5ordm

dedo da matildeo da proacutepria crianccedila (dedo mindinho) Nesta fase pode permitir-se que

progressivamente e sob vigilacircncia a crianccedila comece a iniciar-se na escovagem dos

dentes

Natildeo se recomenda qualquer tipo de suplemento sisteacutemico com fluoretos

Aos pais das crianccedilas com menos de 3 anos deveraacute tambeacutem ser fornecida

informaccedilatildeo sobre alimentaccedilatildeo factores de cariogenicidade e a importacircncia de

prevenir as caacuteries precoces da infacircncia chamando a atenccedilatildeo em especial para o

facto de o bebeacute a partir do 1ordm ano de idade natildeo dever usar prolongadamente o

biberatildeo nem adormecer com ele na boca quer tenha leite farinhas ou sumos Eacute

tambeacutem particularmente importante reforccedilar a absoluta contra-indicaccedilatildeo da

utilizaccedilatildeo de chupetas com accediluacutecar ou mel

713 Dos 3 aos 6 anos de idade

Orientaccedilatildeo A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm deve ser efectuada duas vezes por dia

sendo uma delas obrigatoriamente antes de deitar

Neste periacuteodo de progressiva autonomia da crianccedila o exemplo dos pais eacute da maior

relevacircncia Na sua tentativa de imitaccedilatildeo a crianccedila vai adquirindo o haacutebito da

higiene oral Por isso nesta fase deve-se fomentar o iniacutecio da escovagem dos dentes

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico fluoretado com 1000-1500 ppm (mgl)

deve continuar a ser realizada ou supervisionada pelos pais dependendo da destreza

manual da crianccedila pelo menos duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente antes de deitar A quantidade de dentiacutefrico a utilizar deve ser

miacutenima isto eacute idecircntica ao tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

tal como se disse relativamente ao grupo etaacuterio anterior

Natildeo se recomenda qualquer tipo de suplemento sisteacutemico com fluoretos agrave excepccedilatildeo

das crianccedilas de alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 6

A qualidade da alimentaccedilatildeo eacute determinante para a maturaccedilatildeo orgacircnica e a sauacutede

fiacutesica e psicossocial Nesta fase a crianccedila adquire muitos dos comportamentos

alimentares e muitos dos erros nutricionais do adulto A diversidade na alimentaccedilatildeo

eacute a principal forma de garantir a satisfaccedilatildeo das necessidades do organismo em

nutrientes e evitar o excesso de ingestatildeo de substacircncias com riscos para a sauacutede5

Desaconselha-se o consumo de guloseimas e refrigerantes sobretudo fora das

refeiccedilotildees

Se a crianccedila fizer medicaccedilatildeo croacutenica deve dar-se preferecircncia agrave prescriccedilatildeo de

medicamentos sem accediluacutecar

7131 Dos 3 aos 6 anos no Jardim-de-infacircncia

Orientaccedilatildeo Integrar a educaccedilatildeo para sauacutede e a higiene no Projecto Educativo e efectuar uma escovagem dos dentes no

Jardim-de-infacircncia

As Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar preconizam uma

intervenccedilatildeo educativa em que a educaccedilatildeo para a sauacutede e a higiene fazem parte do

dia-a-dia do Jardim-de-infacircncia A crianccedila teraacute oportunidade de cuidar da sua

higiene e sauacutede de compreender as razotildees por que natildeo deve abusar de determinados

alimentos e ter conhecimento do funcionamento dos diferentes oacutergatildeos6

Desaconselha-se o consumo de guloseimas no Jardim-de-infacircncia

Todas as crianccedilas que frequentam os Jardins-de-infacircncia devem fazer uma das

escovagens dos dentes no estabelecimento de educaccedilatildeo sendo esta actividade

particularmente importante para as que vivem em zonas mais desfavorecidas e

apresentam caacuterie dentaacuteria

A escovagem dos dentes no Jardim-de-infacircncia tem por objectivo a

responsabilizaccedilatildeo progressiva da crianccedila pelo auto-cuidado de higiene oral Esta

actividade deveraacute estar integrada no projecto educativo do Jardim-de-infacircncia e ser

pedagogicamente dinamizada pelos educadores de infacircncia

As equipas de sauacutede escolar deveratildeo apoiar a elaboraccedilatildeo do projecto melhorar as

competecircncias dos educadores professores e pais sobre sauacutede oral bem como

orientar o desenvolvimento desta actividade

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 7

Por volta dos 6 anos comeccedilam a erupcionar os primeiros molares permanentes Pela

sua proacutepria morfologia imaturidade e dificuldade na remoccedilatildeo da placa bacteriana

das suas fissuras e fossetas estes dentes satildeo mais vulneraacuteveis agrave caacuterie Por isso

exigem uma atenccedilatildeo particular durante a erupccedilatildeo e uma teacutecnica especiacutefica de

escovagem

714 Mais de 6 anos de idade

Orientaccedilatildeo Escovar os dentes com um dentiacutefrico fluoretado com 1000 e 1500 ppm duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente antes de deitar

A partir dos 6 anos de idade a escovagem dos dentes jaacute deveraacute ser efectuada pela

crianccedila utilizando um dentiacutefrico fluoretado idecircntico ao usado pelos adultos

portanto com um teor de fluoreto entre 1000 e 1500 ppm (mgl) numa quantidade

aproximada de um (1) centiacutemetro

A escovagem dentaacuteria deveraacute ser efectuada duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente antes de deitar Se a crianccedila ainda natildeo tiver destreza manual

recomendamos que esta actividade seja apoiada ou mesmo executada pelos pais7

7141 Mais de 6 anos na escola

Orientaccedilatildeo As mensagens de promoccedilatildeo da sauacutede devem ser coincidentes com as praacuteticas da escola

Durante a escolaridade obrigatoacuteria as referecircncias agrave descoberta do corpo agrave sauacutede agrave

educaccedilatildeo alimentar agrave higiene em geral e agrave higiene oral estatildeo integradas no curriacuteculo

e nos programas escolares do 1ordm ao 9ordm ano do ensino baacutesico8

Educaccedilatildeo Alimentar

A escola tem um papel fundamental na formaccedilatildeo dos haacutebitos alimentares das

crianccedilas e dos jovens pelo que eacute transmitido dentro da sala de aula atraveacutes dos

conteuacutedos curriculares mas tambeacutem atraveacutes da influecircncia dos pares e professores e

pela forma como satildeo expostos os produtos no bufete e na cantina9

As crianccedilas e os jovens que consomem mais alimentos ricos em accediluacutecar e gorduras

e nos intervalos optam predominantemente por doces e bebidas accedilucaradas tecircm

susceptibilidade aumentada agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 8

Assim nos intervalos das aulas a oferta deveraacute possibilitar escolhas saudaacuteveis e

econoacutemicas como leite patildeo e fruta em detrimento de refrigerantes e bolos

Os princiacutepios da promoccedilatildeo da sauacutede devem constituir uma referecircncia para os

projectos de educaccedilatildeo alimentar As Escolas devem assegurar uma poliacutetica

nutricional que promova uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel com coordenaccedilatildeo entre os

serviccedilos que fornecem produtos alimentares na cantina e no bufete natildeo sendo

admissiacuteveis contradiccedilotildees entre as mensagens de educaccedilatildeo alimentar a oferta de

alimentos e a forma como satildeo confeccionados

Os projectos de educaccedilatildeo alimentar soacute ficaratildeo completos se envolverem os alunos

Eles satildeo os actores activos da pesquisa pois soacute compreendendo o que eacute uma

alimentaccedilatildeo equilibrada poderatildeo adoptar uma atitude criacutetica e selectiva na compra e

no consumo dos produtos alimentares Soacute conhecendo os direitos e deveres dos

consumidores se podem alicerccedilar praacuteticas saudaacuteveis

No 1ordm Ciclo

Os ingredientes essenciais da educaccedilatildeo alimentar na escola vatildeo desde a abordagem

dos haacutebitos alimentares agraves questotildees da alimentaccedilatildeo e sauacutede e agrave cadeia alimentar

produccedilatildeo fabrico transformaccedilatildeo distribuiccedilatildeo de alimentos conservaccedilatildeo e higiene

Todos estes aspectos podem ser desenvolvidos no estudo do meio na liacutengua

portuguesa na matemaacutetica e nas aacutereas da expressatildeo musical dramaacutetica e plaacutestica

No 2ordm e 3ordm Ciclos

A implementaccedilatildeo de um Projecto de Educaccedilatildeo Alimentar implica a mobilizaccedilatildeo dos

curriacuteculos disciplinares do maior nuacutemero possiacutevel de disciplinas

Nas Ciecircncias Naturais pode ser realccedilada a importacircncia da alimentaccedilatildeo e a sua

relaccedilatildeo com o funcionamento do corpo e a sauacutede na Histoacuteria pode ser abordada a

evoluccedilatildeo das sociedades e dos seus haacutebitos alimentares nas Ciecircncias Fiacutesico-

Quiacutemicas pode ser estimulado o interesse pelo meio fiacutesico onde os alimentos se

produzem e se transformam com possiacutevel envolvimento da Liacutengua Portuguesa da

Matemaacutetica da Geografia da Educaccedilatildeo Visual Fiacutesica e Tecnoloacutegica eou das aacutereas

curriculares natildeo disciplinares

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 9

Higiene Oral

A higiene oral deve ser abordada no contexto da aquisiccedilatildeo de comportamentos de

higiene pessoal As aprendizagens deveratildeo relacionar os saberes com as vivecircncias

dentro e fora da escola A estrutura dos programas do ensino baacutesico eacute

suficientemente aberta e flexiacutevel para atender os diversos pontos de partida os

interesses e as necessidades dos alunos assim como as caracteriacutesticas do meio

Deste modo os conteuacutedos da sauacutede oral e da higiene oral podem ser associados ao

desenvolvimento de haacutebitos de higiene pessoal e de vida saudaacutevel

No 1ordm Ciclo recomendamos que as crianccedilas faccedilam uma das escovagens dos dentes

no proacuteprio estabelecimento de ensino Esta escovagem deve ser orientada pelos

professores a quem deveraacute ser dada formaccedilatildeo para esta actividade e regularmente

pelo menos uma vez em cada trimestre supervisionada pela equipa de sauacutede escolar

Seraacute de estimular a auto-responsabilizaccedilatildeo da crianccedila pela sua higiene oral de

manhatilde e agrave noite

Escovagem dos dentes

Na escola deve ser monitorizada a execuccedilatildeo e a efectividade desta actividade A

execuccedilatildeo da escovagem pode ser monitorizada atraveacutes de um registo diaacuterio num

mapa de turma e a efectividade pode ser avaliada atraveacutes da utilizaccedilatildeo do revelador

de placa bacteriana e do caacutelculo do Iacutendice de lsquoPlaca Simplificadorsquo realizado pelos

profissionais de sauacutede10

Fio dentaacuterio

A higienizaccedilatildeo dos espaccedilos interdentaacuterios deve comeccedilar a ser feita por volta dos 9-

10 anos quando a crianccedila comeccedila a ter destreza manual para utilizar o fio dentaacuterio

A teacutecnica deve ser claramente explicada e treinada11

Bochecho fluoretado

Todas as crianccedilas e jovens que frequentam as escolas do 1ordm Ciclo do Ensino Baacutesico

devem fazer o bochecho quinzenal com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a 0212

As estrateacutegias e teacutecnicas de realizaccedilatildeo e implementaccedilatildeo na escola das medidas de

promoccedilatildeo da sauacutede oral preconizadas encontram-se descritas no Texto de Apoio

anexo a esta Circular Normativa da qual faz parte integrante

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 10

Sauacutede Oral na Adolescecircncia

No decurso da adolescecircncia em que se reorganiza a forma de estar no mundo se

reformula o autoconceito atraveacutes nomeadamente dos reforccedilos positivos da auto-

imagem a higiene oral pode desempenhar um contributo importante para esse

processo Neste periacuteodo a adesatildeo a praacuteticas adequadas em termos de sauacutede oral natildeo

passa estritamente por motivaccedilotildees de caraacutecter sanitaacuterio

Tendo isso em conta os profissionais de sauacutede ligados agraves acccedilotildees educativas e

preventivas neste domiacutenio natildeo podem deixar de valorizar as expectativas dos jovens

acerca dos laacutebios da boca e dos dentes nos planos esteacutetico e relacional

Sauacutede Oral em crianccedilas e de jovens com Necessidades de Sauacutede Especiais

A promoccedilatildeo da sauacutede oral de crianccedilas e jovens com Necessidades de Sauacutede

Especiais estaacute descrita no laquoManual de Boas Praacuteticas em Sauacutede Oralraquo editado pela

DGS13

A administraccedilatildeo de suplemento sisteacutemico de fluoretos recomendada deve ser

corrigida de acordo com as orientaccedilotildees introduzidas pelo presente documento

72 Prevenccedilatildeo das doenccedilas orais

Em sauacutede infantil e juvenil a observaccedilatildeo da boca e dos dentes feita pela equipa de

sauacutede pelo meacutedico de famiacutelia ou pelo pediatra comeccedila aos 6 meses e prolonga-se

ateacute aos 18 anos14

A estes profissionais compete reforccedilar as medidas de promoccedilatildeo da sauacutede oral

descritas anteriormente e fazer o diagnoacutestico precoce de caacuterie dentaacuteria registando

os dados na Ficha Individual de Sauacutede Oral e no Boletim de Sauacutede Infantil

Em Sauacutede Escolar tambeacutem poderaacute ser feita essa observaccedilatildeo

Face a um diagnoacutestico ou a uma suspeita de doenccedila oral a crianccedila deve ser

encaminhada para o gestor do programa no Centro de Sauacutede

Se o Centro de Sauacutede tiver higienista oral estomatologista ou meacutedico dentista eacute

feita a avaliaccedilatildeo do risco individual de caacuterie e a protecccedilatildeo dos dentes agraves crianccedilas e

jovens de alto risco

Se o Centro de Sauacutede natildeo dispuser de profissionais de sauacutede oral o gestor do

programa encaminharaacute as crianccedilas para os serviccedilos de estomatologia dos hospitais

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 11

distritais ou centrais caso tenham resposta ou para um meacutedico estomatologista

meacutedico dentista contratualizado

A partir do momento em que a crianccedila apresenta um dente com uma lesatildeo de caacuterie

dentaacuteria passa a exigir medidas preventivas e terapecircuticas especiacuteficas Apoacutes o

tratamento da lesatildeo de caacuterie essa crianccedila eacute incluiacuteda num grupo que do ponto de

vista preventivo exigiraacute maior atenccedilatildeo e acompanhamento

A protecccedilatildeo dos dentes em crianccedilas com alto risco agrave caacuterie dentaacuteria consiste na

execuccedilatildeo de uma ou mais medidas

Aplicaccedilatildeo de selantes de fissura

Suplemento de fluoretos um (1) comprimido diaacuterio de 025 mg que deve ser

dissolvido lentamente na boca agrave noite antes de deitar

Verniz de fluacuteor ou de clorohexidina

A estrateacutegia preventiva e terapecircutica do programa complementam-se com a

avaliaccedilatildeo do risco individual de caacuterie dentaacuteria

A avaliaccedilatildeo eacute feita a partir da conjugaccedilatildeo dos seguintes factores de risco evidecircncia

cliacutenica de doenccedila anaacutelise dos haacutebitos alimentares controlo da placa bacteriana

niacutevel socioeconoacutemico da famiacutelia e histoacuteria cliacutenica da crianccedila15

Factores de Risco Baixo Risco Alto Risco

Evidecircncia cliacutenica de doenccedila

Sem lesotildees de caacuterie Nenhum dente perdido devido a caacuterie Poucas ou nenhumas obturaccedilotildees

Lesotildees activas de caacuterie Extracccedilotildees devido a caacuterie Duas ou mais obturaccedilotildees Aparelho fixo de ortodontia

Anaacutelise dos haacutebitos alimentares

Ingestatildeo pouco frequente de alimentos accedilucarados

Ingestatildeo frequente de alimentos accedilucarados em particular entre as refeiccedilotildees

Utilizaccedilatildeo de fluoretos

Uso regular de dentiacutefrico fluoretado

Natildeo utilizaccedilatildeo regular de qualquer dentiacutefrico fluoretado

Controlo da placa bacteriana

Escovagem dos dentes duas ou mais vezes por dia

Natildeo escova os dentes ou faz uma escovagem pouco eficaz

Niacutevel socioeconoacutemico da famiacutelia

Meacutedio ou alto Baixo

Histoacuteria cliacutenica da crianccedila

Sem problemas de sauacutede Ausecircncia de medicaccedilatildeo croacutenica

Portador de deficiecircncia fiacutesica ou mental Ingestatildeo prolongada de medicamentos cariogeacutenicos Doenccedilas Croacutenicas Xerostomia

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 12

As crianccedilas e os jovens que natildeo se inscrevem em nenhuma das categorias anteriores

satildeo considerados de risco moderado

Os criteacuterios de avaliaccedilatildeo do risco individual de caacuterie dentaacuteria seratildeo

complementados com orientaccedilotildees teacutecnicas a emitir pela Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

73 Diagnoacutestico precoce e tratamento dentaacuterio

O diagnoacutestico precoce e os tratamentos dentaacuterios podem ser feitos no Centro de

Sauacutede nos serviccedilos de estomatologia do Hospital ou pelos meacutedicos estomatologistas

ou meacutedicos dentistas contratualizados da sua aacuterea de atracccedilatildeo

Nos Centros de Sauacutede onde existe Higienista Oral este gere os encaminhamentos

quando haacute necessidade de tratamentos e a frequecircncia da vigilacircncia da sauacutede oral das

crianccedilas e dos jovens do seu ficheiro

A contratualizaccedilatildeo com profissionais de sauacutede oral permite-nos garantir cuidados de

sauacutede oral a todas as crianccedilas em Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral

que desenvolvam caacuterie dentaacuteria

O processo seraacute implementado progressivamente O meacutedico estomatologistameacutedico

dentista responsabiliza-se pelo acompanhamento individual das crianccedilas que lhe satildeo

remetidas pelo SNS

O encaminhamento deve respeitar a liberdade de escolha do utente e a capacidade

de resposta do profissional contratualizado

8 Avaliaccedilatildeo do Programa

A avaliaccedilatildeo do programa tem periodicidade anual pelo que os indicadores a utilizar

teratildeo necessariamente que ser faacuteceis de obter e fiaacuteveis Satildeo eles que iratildeo permitir a

monitorizaccedilatildeo do programa e os avanccedilos alcanccedilados em cada regiatildeo de sauacutede e nos

diversos grupos etaacuterios

As fontes de dados satildeo nos serviccedilos puacuteblicos os registos habituais de actividades e

os mapas de sauacutede oral e sauacutede escolar nos serviccedilos privados a informaccedilatildeo

produzida pelos profissionais de sauacutede oral contratualizados registada na Ficha

Individual de Sauacutede Oral transcrita para o Mapa Anual da intervenccedilatildeo meacutedico-

dentaacuteria e enviada para o serviccedilo com quem contratualizou

A qualidade das prestaccedilotildees contratualizadas seraacute feita por avaliaccedilatildeo externa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 13

Os indicadores de avaliaccedilatildeo do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral satildeo

Percentagem de crianccedilas em programa aos 3 6 12 e 15 anos

Percentagem de crianccedilas em programa no Jardim-de-infacircncia e na Escola no 1ordm

ciclo 2ordm ciclo e 3ordm ciclo

Percentagem de crianccedilas com necessidades de tratamentos dentaacuterios

encaminhadas e tratadas

Percentagem de crianccedilas de alto risco agrave caacuterie

Percentagem de crianccedilas livres de caacuterie aos 6 anos

Iacutendice cpod e CPOD aos 6 anos

Iacutendice CPOD aos 12 anos

Esta avaliaccedilatildeo anual natildeo substitui as avaliaccedilotildees quinquenais de acircmbito nacional que a

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede com as Administraccedilotildees Regionais de Sauacutede e as Secretarias

Regionais continuaratildeo a realizar

9 Disposiccedilotildees finais e transitoacuterias

Para efeito de avaliaccedilatildeo do estado dentaacuterio e de avaliaccedilatildeo do risco seratildeo elaborados

suportes de informaccedilatildeo para serem utilizados por todos os sectores intervenientes

no programa e em todos os niacuteveis de produccedilatildeo de informaccedilatildeo

Do niacutevel local ao niacutevel central a informaccedilatildeo iraacute sendo agrupada em mapas de modo

a podermos construir indicadores de niacuteveis de resultados

Os dois Textos de Apoio anexos a este programa ldquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de

Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutederdquo e ldquoFluoretos Fundamentaccedilatildeo e

recomendaccedilatildeordquo suportam as alteraccedilotildees introduzidas e apontam formas de

implementar a estrateacutegia definida no Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede

Oral

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 14

Consenso sobre a utilizaccedilatildeo de fluoretoslowast no acircmbito do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral

Generalidades

O fluacuteor tem comprovada importacircncia na reduccedilatildeo da prevalecircncia e gravidade da caacuterie A

estrateacutegia da sua utilizaccedilatildeo em sauacutede oral foi redefinida com base em novas evidecircncias

cientiacuteficas Actualmente considera-se que a sua acccedilatildeo preventiva e terapecircutica eacute toacutepica

e poacutes-eruptiva e que para se obter este efeito toacutepico o dentiacutefrico fluoretado constitui a

opccedilatildeo consensual

Os fluoretos quando administrados por via sisteacutemica podem ter efeitos toacutexicos em

particular antes dos 6 anos Embora as consequecircncias sejam essencialmente de ordem

esteacutetica eacute revista a sua administraccedilatildeo

Nas crianccedilas com idades iguais ou inferiores a 6 anos que cumprem as exigecircncias

habituais da higiene oral isto eacute escovam os dentes usando dentiacutefrico fluoretado a

concomitante administraccedilatildeo de comprimidos ou gotas aumenta o risco de fluorose

dentaacuteria

As recomendaccedilotildees da Task Force sobre a utilizaccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da

caacuterie integradas no Programa Nacional de Sauacutede Oral satildeo as seguintes

a) Eacute dada prioridade agraves aplicaccedilotildees toacutepicas sob a forma de dentiacutefricos administrados na

escovagem dos dentes Estas aplicaccedilotildees devem ser efectuadas desde a erupccedilatildeo dos

dentes e de acordo com as regras expostas na tabela anexa

b) Os comprimidos anteriormente recomendados no acircmbito do Programa de Promoccedilatildeo

da Sauacutede Oral nas Crianccedilas e nos Adolescentes (CN nordm 6DSE de 200599) soacute

seratildeo administrados apoacutes os 3 anos a crianccedilas de alto risco agrave caacuterie dentaacuteria Nesta

situaccedilatildeo os comprimidos devem ser dissolvidos na boca lentamente

preferencialmente antes de deitar As acccedilotildees de educaccedilatildeo para a sauacutede devem

prioritariamente promover a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado

lowast Das Faculdades de Medicina Dentaacuteria de Lisboa Porto e Coimbra Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Coleacutegio de Estomatologia da Ordem dos Meacutedicos Ordem dos Meacutedicos Dentistas e Sociedade Portuguesa de Pediatria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 15

c) Em nenhum dos casos estaacute recomendada a administraccedilatildeo de fluoretos sisteacutemicos agraves

graacutevidas agraves crianccedilas antes dos 3 anos e agraves que em qualquer idade consumam aacutegua

com teor de fluoreto superior a 03 ppm

Recomendaccedilotildees sobre a utilizaccedilatildeo de fluoretos no acircmbito do PNPSO

RECOMEN-

DACcedilOtildeES

Frequecircncia da

escovagem dos dentes

Material utilizado na escovagem dos dentes

Execuccedilatildeo da escovagem dos dentes

Dentiacutefrico fluoretado

Suplemento sisteacutemico de

fluoretos

0-3 Anos 2 x dia

a partir da erupccedilatildeo do 1ordm dente

uma obrigatoria-mente antes

de deitar

Gaze Dedeira

Escova macia

de tamanho pequeno

Pais

1000-1500 ppm

quantidade idecircntica ao tamanho da

unha do 5ordm dedo da crianccedila

Natildeo recomendado

3-6 Anos 2 x dia

uma

obrigatoria-mente antes

de deitar

Escova macia

de tamanho adequado agrave

boca da crianccedila

Pais eou Crianccedila

a partir do

momento em que a crianccedila

adquire destreza

manual faz a escovagem sob

supervisatildeo

1000-1500 ppm

quantidade idecircntica ao tamanho da

unha do 5ordm dedo da crianccedila

Natildeo recomendado

Excepcionalmente as crianccedilas de alto

risco agrave caacuterie dentaacuteria podem fazer

1 (um) comprimido diaacuterio de fluoreto de soacutedio a 025 mg

Mais de 6 Anos

2 x dia

uma

obrigatoria-mente antes

de deitar

Escova macia

ou em alternativa

meacutedia

de tamanho adequado agrave

boca da crianccedila ou do

jovem

Crianccedila eou Pais

se a crianccedila

natildeo tiver adquirido destreza

manual a escovagem

tem que ter a intervenccedilatildeo

activa dos pais

1000-1500 ppm

quantidade aproximada de 1 centiacutemetro

Natildeo recomendado

Excepcionalmente as crianccedilas de alto

risco agrave caacuterie dentaacuteria podem fazer

1 (um) comprimido diaacuterio de fluoreto de soacutedio a 025 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 16

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 17

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Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 20

Agradecimentos

A Task Force que colaborou na revisatildeo do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral coordenada pela Drordf Gregoacuteria Paixatildeo von Amann e pela Higienista Oral Cristina Ferreira Caacutedima da Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede contou com a prestimosa colaboraccedilatildeo teacutecnica e cientiacutefica de

Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge representado pela Drordf Dirce Silveira

Direcccedilatildeo-Geral da Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura representada pela Engordf Maria de Lourdes Camilo

Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa representada pelo Prof Doutor Paulo Melo

Faculdade de Medicina de Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria representada pelo Dr Francisco Delille

Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade de Lisboa representada pelo Prof Doutor Ceacutesar Mexia de Almeida

Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto representada pelo Prof Doutor Fernando M Peres

Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento representado pela Drordf Ana Arauacutejo

Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede - Norte representado pelo Prof Doutor Paulo Rompante

Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede - Sul representado pela Profordf Doutora Fernanda Mesquita

Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia representada pelo Dr Alexandre Loff Seacutergio

Ordem dos Meacutedicos Dentistas representada pelo Prof Doutor Paulo Melo

Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria representada pelo Prof Doutor Ceacutesar Mexia de Almeida

Sociedade Portuguesa de Pediatria representada pelo Dr Manuel Salgado

Serviccedilos da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede representada pela Drordf Anabela Lopes Divisatildeo de Sauacutede Ambiental representada pelo Engordm Paulo Diegues e a Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede representada pelo Dr Pedro Ribeiro da Silva

Pelas sugestotildees e correcccedilotildees introduzidas o nosso agradecimento agrave Profordf Doutora Isabel Loureiro ao Dr Vasco Prazeres Drordf Leonor Sassetti Drordf Ana Paula Ramalho Correia Dr Rui Calado Drordf Maria Otiacutelia Riscado Duarte Dr Joatildeo Breda e ao Sr Viacutetor Alves que concebeu o logoacutetipo do programa

A todos a Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede e a Divisatildeo de Sauacutede Escolar agradecem

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

E s t r a t eacute g i a s e T eacute c n i c a s d e E d u c a ccedil atilde o e P r o m o ccedil atilde o

d a S a uacute d e

Documento produzido no acircmbito dos trabalhos da Task Force pela Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede Dr

Pedro Ribeiro da Silva e Dr Joatildeo Breda e pela Higienista Oral Cristina Ferreira Caacutedima e Drordf Gregoacuteria Paixatildeo von Amann da

Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede que coordenou os trabalhos

1 Preacircmbulo

Os Programas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede tecircm por objectivo capacitar as pessoas a tomarem decisotildees no

seu quotidiano que se revelem as mais adequadas para manter ou alargar o seu potencial de sauacutede

Para se atingir este objectivo fornece-se informaccedilatildeo e utilizam-se metodologias que facilitem e decircem

suporte agraves mudanccedilas comportamentais e agrave manutenccedilatildeo das praacuteticas consideradas saudaacuteveis

Mas a mudanccedila de comportamentos natildeo eacute faacutecil depende de factores sociais culturais familiares

entre muitos outros e natildeo apenas do conhecimento cientiacutefico que as pessoas possuam sobre

determinada mateacuteria

Esta dificuldade eacute bem patente quando como no presente caso se pretende intervir sobre

comportamentos relacionados com a alimentaccedilatildeo e a escovagem dos dentes

Quando os pais datildeo aos filhos patildeo achocolatado ou outros alimentos accedilucarados para levarem para a

escola estatildeo com frequecircncia a dar natildeo apenas um alimento mas tambeacutem e ateacute talvez

principalmente afecto tentando colmatar lacunas que possam ter na relaccedilatildeo com os seus filhos

mesmo que natildeo tenham consciecircncia desse facto

Podem tambeacutem dar este tipo de alimento por terem dificuldade de encontrar tempo para confeccionar

uma sandes ou outro alimento e os anteriormente referidos estatildeo sempre prontos a serem colocados na

mochila da crianccedila

Eacute importante desenvolvermos estrateacutegias de Educaccedilatildeo para a Sauacutede que natildeo culpabilizem os pais

porque estes intrinsecamente desejam sempre o melhor para os seus filhos embora natildeo consigam por

vezes colocaacute-lo em praacutetica

Devido agrave complexidade que eacute actuar sobre comportamentos individuais para se aumentar a eficiecircncia

das nossas praacuteticas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede torna-se fulcral utilizar metodologias alargadas a vaacuterios

parceiros e sectores da comunidade de forma articulada e continuada para que progressivamente

possamos ir obtendo resultados

Como propotildee Nancy Russel no seu Manual de Educaccedilatildeo para a Sauacutede ldquoPara desenhar um

programa de Educaccedilatildeo para a Sauacutede eacute necessaacuterio ter conhecimentos sobre comportamentos e sobre

os factores que produzem a mudanccedilardquo E continua explicitando ldquoAs teorias da mudanccedila de

comportamento que podem ser aplicadas em Educaccedilatildeo para a Sauacutede foram elaboradas a partir de

uma variedade de aacutereas incluindo a psicologia a sociologia a antropologia a comunicaccedilatildeo e o

marketing Nenhuma teoria ou rede de conceitos domina por si soacute a investigaccedilatildeo ou a praacutetica da

Educaccedilatildeo para a Sauacutede Provavelmente porque os comportamentos de sauacutede satildeo demasiado

complexos para serem explicados por uma uacutenica teoriardquo (19968)

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 2

2 Metodologias para Desenvolvimento da Acccedilatildeo

21 Primeira vertente ndash O diagnoacutestico de situaccedilatildeo

A primeira etapa de actuaccedilatildeo eacute de grande importacircncia para a continuidade das outras actividades e

podemos resumi-la a um bom diagnoacutestico de situaccedilatildeo que permita conhecer em pormenor a realidade

sobre a qual se pretende actuar

I - Eacute importante estabelecer como uma das primeiras actividades a anaacutelise de duas vertentes com

grande influecircncia na sauacutede oral os haacutebitos culturais das famiacutelias relativamente agrave alimentaccedilatildeo e as

praacuteticas de higiene oral dos adultos e das crianccedilas

II - Um segundo aspecto relaciona-se com os tipos de interacccedilatildeo entre professores ou

educadores de infacircncia e pais No caso de essa interacccedilatildeo ser regular e organizada importa saber como

reagem os pais agraves indicaccedilotildees dos professores sobre os aspectos comportamentais das crianccedilas e que

efeito e eficaacutecia tecircm essas acccedilotildees na capacitaccedilatildeo de pais e filhos relativamente aos comportamentos

relacionados com a sauacutede oral

Actividades a desenvolverem

a) estudar as formas de melhorar a relaccedilatildeo entre pais e professores procurando resolver as

dificuldades que com frequecircncia os pais apresentam como obstaacuteculos ao contacto mais regular

com os professores

b) analisar a eficaacutecia das recomendaccedilotildees dadas procurando as razotildees que possam estar na origem

de situaccedilotildees de menor eficaacutecia como o desfasamento entre as recomendaccedilotildees e o contexto

familiar e cultural das crianccedilas ou recomendaccedilotildees muito teacutecnicas ou paternalistas Todas estas

situaccedilotildees podem provocar resistecircncias nas famiacutelias agrave adesatildeo agraves praacuteticas desejaacuteveis relativamente

ao programa de sauacutede oral Esta temaacutetica da Educaccedilatildeo para a Sauacutede e as praacuteticas

comportamentais eacute muito complexa mas fundamental para se conseguirem resultados ao niacutevel

dos comportamentos

III - Outra componente a analisar satildeo os aspectos sociais dos consumos alimentares que possam

estar relacionados com situaccedilotildees locais como campanhas publicitaacuterias ou de promoccedilatildeo de

determinados alimentos potencialmente cariogeacutenicos nos estabelecimentos da zona Oferta pouco

adequada de alimentos na cantina da escola com existecircncia preponderante de alimentos e bebidas

accedilucaradas A confecccedilatildeo das refeiccedilotildees no refeitoacuterio com pouca oferta de fruta legumes e vegetais e

preponderacircncia de sobremesas doces

Segundo o Modelo Precede de Green existem 3 etapas a contemplar num diagnoacutestico de situaccedilatildeo

middot diagnoacutestico epidemioloacutegico necessaacuterio para a identificaccedilatildeo dos problemas de sauacutede sobre os

quais se vai actuar como sejam os iacutendices de caacuterie fluorose dentaacuteria e outros

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 3

middot diagnoacutestico social que corresponde agrave identificaccedilatildeo das situaccedilotildees sociais existentes na comunidade

onde se desenvolve a actividade que podem contribuir para os problemas de sauacutede oral detectados

ou que se pretende prevenir

middot diagnoacutestico comportamental para identificaccedilatildeo dos vaacuterios padrotildees comportamentais que possam

estar relacionados com os problemas de sauacutede oral inventariados

A este diagnoacutestico de problemas eacute importante associar-se a identificaccedilatildeo de necessidades da

populaccedilatildeo-alvo da acccedilatildeo

Apesar da prevalecircncia das doenccedilas orais e da necessidade deste Programa Nacional em algumas

comunidades poderatildeo existir vaacuterios outros problemas de sauacutede mais graves ou mais prevalentes e

neste caso importa fazer uma avaliaccedilatildeo dos recursos e das possibilidades de eficaacutecia dando prioridade

aos grupos e agraves situaccedilotildees mais graves e de maior amplitude Outro factor a ter em conta na decisatildeo

relaciona-se com a capacidade de alterar as causas comportamentais ou factores de risco pelo

programa educacional

Apoacutes a avaliaccedilatildeo das necessidades deveratildeo ser estabelecidas as prioridades tendo em conta os

problemas de sauacutede identificados a capacidade de alteraccedilatildeo dos factores de risco comportamentais e

outros Eacute muito importante associar-se agrave definiccedilatildeo de prioridades de actuaccedilatildeo a caracterizaccedilatildeo dos sub-

grupos existentes e as diferentes estrateacutegias apropriadas a cada uma dessas populaccedilotildees alvo

22 Segunda vertente ndash os teacutecnicos de educaccedilatildeo

Todos os parceiros satildeo importantes para o desenvolvimento dos programas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede

mas no caso especiacutefico da sauacutede oral os teacutecnicos de Educaccedilatildeo satildeo fundamentais Eacute por esta razatildeo

tarefa prioritaacuteria sensibilizaacute-los e englobaacute-los no desenho dos programas desde o iniacutecio

Sabemos atraveacutes das nossas praacuteticas anteriores que nem sempre os teacutecnicos de educaccedilatildeo aderem a

algumas das actividades dos programas de sauacutede oral propostas pelos teacutecnicos de sauacutede utilizando

para isso os mais diversos argumentos A explicitaccedilatildeo dos uacuteltimos consensos cientiacuteficos nesta aacuterea

com disponibilizaccedilatildeo de bibliografia pode ser facilitador da adesatildeo ao programa

Uma das actividades centrais deste programa seraacute trabalhar em conjunto com os teacutecnicos de educaccedilatildeo

nomeadamente docentes das escolas baacutesicas e secundaacuterias e educadores de infacircncia sobre as

potencialidades do programa e os ganhos em sauacutede que a meacutedio e longo prazo este pode provocar na

populaccedilatildeo portuguesa

Outra tarefa importante eacute a reflexatildeo em conjunto sobre as dificuldades diagnosticadas em cada escola

para concretizar as actividades do programa na tentativa de encontrar soluccedilotildees seja atraveacutes da

resoluccedilatildeo dos obstaacuteculos seja encontrando alternativas Poderaacute acontecer natildeo ser possiacutevel executar

todas as tarefas incluiacutedas no programa Nesses casos importa decidir quais as actividades que poderatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 4

ser levadas agrave praacutetica com ecircxito Seraacute preferiacutevel concretizar algumas tarefas que nenhumas assim

como seraacute melhor realizar bem poucas tarefas do que muitas ou todas de forma deficiente

Frequentemente existe um diferencial de conhecimentos sobre estas aacutereas entre os teacutecnicos de

educaccedilatildeo e os de sauacutede Para evitar problemas eacute imperioso que os teacutecnicos de educaccedilatildeo sejam

parceiros em igualdade de circunstacircncia e natildeo sintam que tecircm um papel secundaacuterio no projecto ou

meros executores de tarefas

A eventual deacutecalage de conhecimentos sobre sauacutede oral pode ser compensado utilizando estrateacutegias de

trabalho em equipa natildeo assumindo os teacutecnicos de sauacutede papel de liacutederes do processo nem de

detentores da informaccedilatildeo cientiacutefica As teacutecnicas de trabalho em equipa devem implicam a partilha de

tarefas e lideranccedila natildeo assumindo o programa uma dimensatildeo vertical e impositiva por parte da sauacutede

As mensagens chave do programa seratildeo discutidas por todos os intervenientes Eacute muito importante que

sejam claras nos conteuacutedos e assumidas por toda a equipa em todas as situaccedilotildees de modo a tornar as

intervenccedilotildees coerentes com os objectivos do programa

Como cada comunidade e cada escola tecircm caracteriacutesticas proacuteprias o programa as actividades e o

trabalho interdisciplinar em equipa seratildeo adequados agraves condiccedilotildees objectivas e subjectivas de todos os

intervenientes o que pode tornar necessaacuterio fazer adaptaccedilotildees agrave aplicaccedilatildeo do mesmo O mesmo se

passa em relaccedilatildeo agraves mensagens que necessitam ser adaptadas a cada situaccedilatildeo e a cada contexto

Em relaccedilatildeo agrave Educaccedilatildeo para a Sauacutede a procura de soluccedilotildees para as situaccedilotildees decorrentes da

implementaccedilatildeo do programa como a sensibilizaccedilatildeo dos parceiros e a eliminaccedilatildeo de obstaacuteculos satildeo

uma das tarefas centrais dos programas e natildeo devem ser subestimadas pelos teacutecnicos de sauacutede pois

delas depende muita da eficaacutecia do projecto

A educaccedilatildeo alimentar eacute uma das vertentes centrais do programa pelo que eacute necessaacuterio sensibilizar os

professores para aspectos da vida escolar que podem afectar a sauacutede oral dos alunos como as ementas

escolares existentes no refeitoacuterio e o tipo de alimentos disponibilizado no bar

221 Componente praacutetica

Uma primeira tarefa do programa na escola seraacute a sensibilizaccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo para a

importacircncia do mesmo A explicitaccedilatildeo teoacuterica resumida dos pressupostos cientiacuteficos que legitimam a

alteraccedilatildeo do programa eacute um instrumento facilitador

Fundamental explicar as razotildees que tornam a escovagem como um actividade central do programa e

os inconvenientes de se darem suplementos de fluacuteor de forma generalizada Seremos especialmente

eficazes se nos disponibilizarmos para responder agraves questotildees e duacutevidas que os professores possam ter

Esta eacute com certeza tambeacutem uma maneira de aprofundarmos o diagnoacutestico da situaccedilatildeo e de podermos

contribuir para remover os obstaacuteculos detectados

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 5

Uma segunda tarefa consistiraacute em operacionalizar o programa com os professores de modo a construi-

lo conjuntamente As diversas tarefas devem ser planeadas e avaliadas continuamente para se fazerem

as alteraccedilotildees consideradas necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar do programa

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo e a escovagem

O Programa Nacional de Sauacutede Oral propotildee algumas alteraccedilotildees que podemos considerar profundas e

de ruptura em relaccedilatildeo ao programa anterior como sejam a aplicaccedilatildeo restrita dos suplementos

sisteacutemicos de fluoretos e a escovagem duas vezes ao dia com um dentiacutefrico fluoretado como principal

medida para uma boa sauacutede oral Estas directrizes derivam do consenso dos peritos de Sauacutede Oral

reunidos na task force coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

Eacute faacutecil de compreender que organizar a escovagem dos dentes dos alunos eacute mais trabalhoso que dar-

lhes um comprimido de fluacuteor ou ateacute do que fazer o bochecho com uma soluccedilatildeo fluoretada Para sermos

bem sucedidos seraacute fundamental actuar de forma cautelosa respeitando as caracteriacutesticas das pessoas e

os contextos em presenccedila

Como sabemos eacute difiacutecil quebrar rotinas e o programa vai implicar mais trabalho para os professores e

disponibilizaccedilatildeo de tempo para os pais e professores A adopccedilatildeo pelos Jardins de infacircncia e Escolas da

escovagem dos dentes dos alunos pelo menos uma vez dia como factor central do programa vai

possivelmente encontrar algumas resistecircncias por parte dos educadores de infacircncia e professores que

importa ir resolvendo de forma progressiva e de acordo com as dificuldades reais encontradas Estas

dificuldades podem estar relacionadas com a deficiecircncia de instalaccedilotildees ou outras mas estaraacute com

frequecircncia tambeacutem muito relacionada com aspectos psicossociais de resistecircncia agrave mudanccedila de rotinas

instaladas e com vaacuterios anos

Uma das estrateacutegias primordiais para este programa ser bem sucedido passa pela resoluccedilatildeo dos

obstaacuteculos referidos pelos teacutecnicos de educaccedilatildeo relativamente agrave escovagem nomeadamente

a possibilidade de as crianccedilas usarem as escovas de colegas podendo haver transmissatildeo de doenccedilas

como a hepatite ou outras

a ausecircncia de um local apropriado para a escovagem

a confusatildeo que a escovagem iraacute causar com eventuais situaccedilotildees de indisciplina

a dificuldade de vigiar todos os alunos durante a escovagem com a consequente possibilidade de

alguns especialmente se mais novos poderem engolir dentiacutefrico

existirem alguns alunos que devido a carecircncias econoacutemicas ou desconhecimento dos pais tecircm

escovas jaacute muito deterioradas podendo ser alvo de troccedila e humilhaccedilatildeo por parte dos colegas ou

sentindo-se os professores na necessidade de fazerem algo mas natildeo terem possibilidade de

substituiacuterem as escovas

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 6

Estes e outros argumentos poderatildeo ser reais ou apenas formas de encontrar justificaccedilotildees para natildeo

alterar rotinas no entanto eacute fundamental analisar cada situaccedilatildeo e encontrar a forma adequada de actuar

o que implica procurar em conjunto a resoluccedilatildeo do problema natildeo desvalorizando a perspectiva do

teacutecnico de educaccedilatildeo mesmo que do ponto de vista da sauacutede nos pareccedila oacutebvia a resistecircncia agrave mudanccedila e

a sua soluccedilatildeo

Se natildeo conseguirmos sensibilizar os profissionais de educaccedilatildeo para a importacircncia da escovagem e nos

limitarmos a contra-argumentar com os nossos dados e a nossa cientificidade facilmente iratildeo

encontrar outros argumentos Eacute preciso compreender que o que estaacute em causa natildeo satildeo as dificuldades

objectivas mas outro tipo de razotildees mais ou menos subjectivas relacionadas com as condiccedilotildees locais

e de contexto como por exemplo o facto de alguns professores considerarem que natildeo eacute da sua

competecircncia promover a escovagem dos dentes dos seus alunos A interacccedilatildeo pais-professores eacute

constante e pode potenciar grandemente o programa

23 Terceira vertente ndash os pais

Os pais satildeo tambeacutem intervenientes fundamentais nos programas de sauacutede oral e eacute fundamental que

sejam englobados na equipa de projecto enquanto parceiros activos na programaccedilatildeo de actividades de

modo a poder resolver-se eventuais resistecircncias que inclusive podem ser desconhecidas dos teacutecnicos e

serem devidas a idiossincracias micro-culturais Todas as estrateacutegias que sensibilizem os pais para as

medidas que se preconizam satildeo importantes Eacute fundamental que o programa seja ldquocontinuadordquo e

reforccedilado em casa e natildeo pelo contraacuterio descredibilizado pelas praacuteticas domeacutesticas

Em relaccedilatildeo aos pais os factores emocionais satildeo centrais na sua relaccedilatildeo com os filhos e com as escolhas

comportamentais quotidianas Transmitir informaccedilatildeo de forma essencialmente cognitiva por exemplo

laquonatildeo decirc lsquoBolosrsquo aos seus filhos porque satildeo alimentos que podem contribuir para o aparecimento de

caacuterie nos dentes e provocar obesidaderaquo tem muitas possibilidades de provocar efeitos perversos

negativos como seja a culpabilizaccedilatildeo dos pais e a resistecircncia agrave mudanccedila de comportamentos

Com frequecircncia os doces satildeo uma forma de dar afecto ou premiar os filhos ou ateacute servir como

substituto da impossibilidade dos pais estarem mais tempo com os filhos situaccedilatildeo que natildeo eacute com

frequecircncia consciente para os pais Os padrotildees comportamentais dos pais obedecem a inuacutemeras

componentes e soacute actuando sobre cada uma delas se conseguem resultados nas mudanccedilas de

comportamentos

Fornecer apenas informaccedilatildeo pode natildeo soacute natildeo provocar alteraccedilotildees comportamentais como criar ou

aumentar as resistecircncias agrave mudanccedila Eacute preciso adequar a informaccedilatildeo agraves diversas situaccedilotildees

caracterizando-as primeiro valorizando as componentes emocionais relacionais e contextuais dos

comportamentos natildeo culpabilizando os pais (porque isso provoca resistecircncias agrave mudanccedila natildeo soacute em

relaccedilatildeo a este programa mas a futuras intervenccedilotildees) e encontrando formas alternativas de resolver estas

situaccedilotildees utilizando soluccedilotildees que provoquem emoccedilotildees positivas em todos os intervenientes E dessa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 7

forma eacute possiacutevel ser-se eficaz respeitando os universos relacionais das famiacutelias e evitando efeitos

comportamentais paradoxais ou seja por reacccedilatildeo agrave informaccedilatildeo que os culpabiliza os pais

dessensibilizam das nossas indicaccedilotildees agravando e aumentando as praacuteticas que se desaconselham

Eacute esta uma das razotildees porque eacute tatildeo difiacutecil atingir os grupos populacionais que exactamente mais

precisavam de ser abrangido pelos programas de prevenccedilatildeo da doenccedila e promoccedilatildeo da sauacutede

Para aleacutem de se conhecerem as praacuteticas alimentares e de higiene oral que as crianccedilas e adolescentes

tecircm em casa eacute importante caracterizar as razotildees desses procedimentos Referimo-nos aos aspectos

individuais familiares culturais e contextuais Se queremos actuar sobre comportamentos eacute

fundamental conhecer as atitudes crenccedilas preconceitos estereoacutetipos e representaccedilotildees sociais que se

relacionam com as praacuteticas das famiacutelias as quais variam de famiacutelia para famiacutelia

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo podem ser colaboradores preciosos para esta caracterizaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo aos pais podemos resumir os aspectos a valorizar

Inclui-los nos diversos passos do programa

sensibiliza-los para a importacircncia da sauacutede oral respeitando os seus universos familiares e

culturais

dar suporte continuado agrave mudanccedila de comportamentos e de todos os factores que lhe estatildeo

associados

24 Quarta vertente ndash as crianccedilas

As crianccedilas e os adolescentes satildeo o principal puacuteblico-alvo do programa de sauacutede oral Sensibilizaacute-los

para as praacuteticas alimentares e de higiene oral que os peritos consideram actualmente adequadas eacute o

nosso objectivo

Como jaacute foi referido anteriormente eacute necessaacuterio ser cuidadoso na forma de comunicar com as crianccedilas

e adolescentes natildeo criticando directa ou indirectamente os conhecimentos e as praacuteticas aconselhadas

ou consentidas por pais e professores com quem eles convivem directamente e que satildeo dos principais

influenciadores dos seus comportamentos satildeo os seus modelos e constituem o seu universo de afectos

Criar clivagem na relaccedilatildeo cognitiva afectiva e emocional entre pais ou professores e crianccedilas e

adolescentes eacute algo que devemos ter sempre presente e evitar

As estrateacutegias de trabalho com as crianccedilas deveratildeo ser adaptadas agrave sua maturidade psico-cognitiva e

contexto socio-cultural Para que as actividades sejam luacutedicas e criativas adequadas agraves idades e outras

caracteriacutesticas das crianccedilas e adolescentes a contribuiccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo eacute com certeza

fundamental

Eacute muito importante ter em conta alguns aspectos educativos relativamente agrave mudanccedila de

comportamentos A participaccedilatildeo activa das crianccedilas na formulaccedilatildeo dessas actividades torna mais

eficazes os efeitos pretendidos

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 8

Pela dificuldade em mudar comportamentos principalmente de forma estaacutevel eacute aconselhaacutevel adequar

os objectivos agraves realidades Seraacute preferiacutevel actuar sobre um ou dois comportamentos sobre os quais a

caracterizaccedilatildeo inicial nos permitiu depreender que seraacute possiacutevel obtermos resultados positivos em vez

de tentar actuar sobre todos os comportamentos que desejariacuteamos alterar natildeo conseguindo alterar

nenhum deles Naturalmente estas escolhas seratildeo feitas cientificamente segundo o que a Educaccedilatildeo para

a Sauacutede preconiza nas vertentes relacionadas com as ciecircncias comportamentais (sociais e humanas)

Outro aspecto fundamental eacute a continuidade na acccedilatildeo A eficaacutecia seraacute tanto maior quanto mais

continuadas forem as actividades dando suporte agrave mudanccedila comportamental e reforccedilo agrave sua

manutenccedilatildeo A continuidade da acccedilatildeo permite conhecer melhor as situaccedilotildees os obstaacuteculos e as formas

de os remover pois cada caso eacute um caso e generalizar diminui grandemente a eficaacutecia

Deve ser dada uma atenccedilatildeo especial agraves crianccedilas com Necessidades de Sauacutede Especiais desfavorecidas

socialmente (porque vivem em bairros degradados com poucos recursos econoacutemicos pertencem a

minorias eacutetnicas ou satildeo emigrantes) ou que natildeo frequentam a escola utilizando estrateacutegias especificas

adequadas agraves suas dificuldades

25 Quinta vertente ndash a comunidade

Para os programas de Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutede a componente comunitaacuteria eacute fundamental A

participaccedilatildeo e contribuiccedilatildeo dos vaacuterios sectores da comunidade podem ser potenciadores do trabalho a

desenvolver

Dependendo das situaccedilotildees locais a Autarquia as IPSS e as ONGrsquos entre outras podem ser parceiros

de enorme valia para o desenvolvimento do programa Para isso temos que sensibilizar os liacutederes

locais para a importacircncia da sauacutede oral e do programa que se pretende incrementar explicitando como

com pequenos custos podemos obter ganhos em sauacutede a meacutedio e longo prazo

As instituiccedilotildees que organizam actividades para crianccedilas e adolescentes como os ATLrsquos associaccedilotildees

culturais desportivas e religiosas podem ser excelentes parceiros para o desenvolvimento das

actividades dependendo das caracteriacutesticas da comunidade onde se aplica o programa Os grupos de

teatro satildeo tambeacutem um excelente recurso para integrarem as actividades com as crianccedilas e os

adolescentes

26 Sexta vertente ndash os meios de comunicaccedilatildeo social

Os meios de comunicaccedilatildeo social locais e regionais se forem utilizados apropriadamente podem ser

parceiros potenciadores das actividades que se pretendem desenvolver

Mas com frequecircncia os teacutecnicos de sauacutede encontram dificuldades na relaccedilatildeo com os profissionais da

comunicaccedilatildeo social considerando que estes natildeo satildeo sensiacuteveis agraves nossas preocupaccedilotildees com a prevenccedilatildeo

da doenccedila e da promoccedilatildeo da sauacutede

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 9

Os media tecircm uma linguagem e podemos dizer uma filosofia proacuteprias que com frequecircncia natildeo satildeo

coincidentes com as nossas eacute por essa razatildeo necessaacuterio que os teacutecnicos de sauacutede se adaptem e se

possiacutevel se aperfeiccediloem na linguagem dos meacutedia Se natildeo utilizarmos adequadamente os meios de

comunicaccedilatildeo social estes podem ter um efeito contraproducente diminuindo a eficaacutecia do programa de

sauacutede oral

Algumas das dificuldades encontradas quando trabalhamos com os media especialmente as raacutedios e as

televisotildees satildeo as seguintes

na maior parte dos casos natildeo se pode transmitir muita informaccedilatildeo mesmo que seja um programa

de raacutedio de 1 ou 2 horas iria ficar muito monoacutetono e pouco atraente assim como se tornaria

confuso para os ouvintes e pouco eficaz porque com frequecircncia as pessoas desenvolvem outras

actividades enquanto ouvem raacutedio

eacute aconselhaacutevel transmitir apenas o que eacute realmente importante e faze-lo de forma muito clara

mantendo a consistecircncia sobre a hierarquia das informaccedilotildees nas diversas intervenccedilotildees ou seja que

todas os intervenientes no programa e em todas as situaccedilotildees em que intervecircm tenham um discurso

coerente e natildeo contraditoacuterio

evitar informaccedilotildees riacutegidas que culpabilizem as pessoas e natildeo respeitem os seus contextos micro-

culturais Eacute preferiacutevel suscitar alguma mudanccedila comportamental de forma progressiva que

nenhuma

com frequecircncia utilizamos o leacutexico meacutedico sem nos apercebermos que muitos cidadatildeos natildeo

conhecem termos que nos parecem simples como obesidade ou colesterol atribuindo-lhes outros

significados (portanto desconhecem que natildeo conhecem o verdadeiro significado)

se possiacutevel testar com pessoas de diversas idades e estratos socio-culturais que sejam leigas em

relaccedilatildeo a estas temaacuteticas aquilo que se preparou para a intervenccedilatildeo nos meios de comunicaccedilatildeo

social e alterar se necessaacuterio de acordo com as indicaccedilotildees que essas pessoas nos fornecerem

27 Seacutetima vertente ndash a avaliaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo deve ter iniacutecio na fase de planeamento e acompanhar todo o projecto de modo a introduzir

as alteraccedilotildees necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar das actividades

Devem fazer parte da equipa de avaliaccedilatildeo os diversos parceiros do projecto assim como pessoas

externas ao projecto e estas quando possiacutevel com formaccedilatildeo em educaccedilatildeo para a sauacutede nas aacutereas

teacutecnicas comportamentais de planeamento e avaliaccedilatildeo qualitativa e quantitativa

Satildeo fundamentais avaliaccedilotildees qualitativas e quantitativas das actividades a desenvolver e se possiacutevel

com anaacutelises comparativas ao desenrolar do projecto noutras zonas do paiacutes

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 10

3 T eacute c n i c a s d e H i g i e n e O r a l

3 1 Escovagem dos den tes ndash A escova A escovagem dos dentes deve ser efectuada com uma escova de tamanho adequado agrave boca de quem a

utiliza Habitualmente as embalagens referem as idades a que se destinam Os filamentos devem ser

de nylon com extremidades arredondadas e textura macia que quando comeccedilam a ficar deformados

obrigam agrave substituiccedilatildeo da escova Normalmente a escova quando utilizada 2 vezes por dia dura cerca

de 3-4 meses

Existem escovas manuais e eleacutectricas as quais requerem os mesmos cuidados As escovas eleacutectricas

facilitam a higiene oral das pessoas que tenham pouca destreza manual

3 2 Escovagem dos den tes ndash O den t iacute f r i co O dentiacutefrico a utilizar deve conter fluoreto numa dosagem de cerca de 1000-1500 ppm A quantidade a

utilizar em cada uma das escovagens deve ser semelhante (ou inferior) ao tamanho da unha do 5ordm dedo

(dedo mindinho) da matildeo da crianccedila

Os dentiacutefricos com sabores muito atractivos natildeo se recomendam porque podem levar as crianccedilas a

engoli-lo deliberadamente Ateacute aos 6 anos aproximadamente o dentiacutefrico deve ser colocado na escova

por um adulto Apoacutes a escovagem dos dentes eacute apenas necessaacuterio cuspir o excesso de dentiacutefrico

podendo no entanto bochechar-se com um pouco de aacutegua

33 Escovagem dos dentes no Jardim-de-infacircncia e na Escola identificaccedilatildeo e arrumaccedilatildeo das escovas e copos

Hoje em dia haacute escovas de dentes que tecircm uma tampa ou estojo com orifiacutecios que a protege Caso se

opte pela utilizaccedilatildeo destas escovas natildeo eacute necessaacuterio que fiquem na escola Os alunos poderatildeo colocaacute-

la dentro da mochila juntamente com o tubo do dentiacutefrico e transportaacute-los diariamente para a escola

O conceito de intransmissibilidade da escova de dentes deve ser reforccedilado junto das crianccedilas Se as

escovas ficarem na escola eacute essencial que estejam identificadas bastando para tal escrever no cabo da

escova o nome da crianccedila com uma caneta de tinta resistente agrave aacutegua Tambeacutem se devem identificar os

dentiacutefricos Cada aluno deveraacute ter o seu proacuteprio dentiacutefrico e os copos caso natildeo sejam descartaacuteveis

As escovas guardam-se num local seco e arejado de modo a que os pelos fiquem virados para cima e

natildeo contactem umas com as outras Cada escova pode ser colocada dentro do copo num suporte

acriacutelico ou outro material resistente agrave aacutegua em local seco e arejado

Dentiacutefricos e escovas devem estar fora do alcance das crianccedilas para evitar a troca ou ingestatildeo

acidental de dentiacutefrico Caso haja a possibilidade de utilizar copos descartaacuteveis (de cafeacute) o processo eacute

bastante simplificado (os copos de cafeacute podem ser substituiacutedos por copos de iogurte) Os produtos de

higiene oral podem ser adquiridos com a colaboraccedilatildeo da Autarquia do Centro de Sauacutede dos pais ou

ateacute de alguma empresa Se a escola tiver refeitoacuterio pode tambeacutem ser viaacutevel utilizar os copos do

refeitoacuterio

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34 Escovagem dos den tes ndash Organ izaccedilatildeo da ac t i v idade

A escovagem dos dentes deve ser feita diariamente no jardim-de-infacircncia e na escola apoacutes o almoccedilo agrave

entrada na sala de aula ou apoacutes o intervalo As crianccedilas poderatildeo escovar os dentes na casa de banho no

refeitoacuterio ou na proacutepria sala de aula O processo eacute simples natildeo exigindo muitas condiccedilotildees fiacutesicas das

escolas que satildeo frequentemente utilizadas para justificar a recusa desta actividade

Caso a escola tenha lavatoacuterios suficientes esta actividade pode ser feita na casa de banho Eacute necessaacuterio

definir a hora em que cada uma das salas vai utilizar esse espaccedilo Na casa de banho deveratildeo estar

apenas as crianccedilas que estatildeo a escovar os dentes Os outros esperam a sua vez em fila agrave porta Eacute

essencial que esteja algueacutem (auxiliar professoreducador ou voluntaacuterio) a vigiar para manter a ordem

organizar o processo e corrigir a teacutecnica da escovagem No final da escovagem cada crianccedila lava a

escova e o copo (se natildeo for descartaacutevel) e arruma no local destinado a esse efeito

Quando o espaccedilo fiacutesico natildeo permite que a escovagem seja feita na casa de banho esta actividade pode

ser feita na proacutepria sala de aula Nesta situaccedilatildeo se for possiacutevel utilizar copos descartaacuteveis ou copos de

iogurte facilita o processo e torna-o menos moroso Os alunos mantecircm-se sentados nas suas cadeiras

Retiram da sua mochila o estojo com a escova e o dentiacutefrico Um dos alunos distribui os copos e os

guardanapos (ou toalhetes de papel ou papel higieacutenico) Os alunos escovam os dentes todos ao mesmo

tempo podendo ateacute fazecirc-lo com muacutesica O professor deve ir corrigindo a teacutecnica de escovagem Apoacutes

a escovagem as crianccedilas cospem o excesso de dentiacutefrico para o copo limpam a boca tiram o excesso

de dentiacutefrico e saliva da escova com o papel ou o guardanapo e por fim colocam-no dentro do copo

Tapam a escova e arrumam-na em estojo proacuteprio ou na mochila juntamente com o dentiacutefrico No final

um dos alunos vai buscar um saco de lixo passa por todas as carteiras para que cada uma coloque o

seu copo no lixo Caso alguma das crianccedilas natildeo tolere o restos de dentiacutefrico na cavidade oral pode

colocar-se uma pequena porccedilatildeo de aacutegua no copo e no fim da escovagem bochecha e cospe para o

copo Os pais dos alunos devem ser instruiacutedos para se certificarem que em casa a crianccedila lava a sua

escova com aacutegua corrente e volta a colocaacute-la na mochila No sentido de facilitar o procedimento

recomenda-se que os copos sejam descartaacuteveis e as escovas tenham tampa

35 Escovagem dos den tes - A teacutecn ica A escovagem dos dentes para ser eficaz ou seja para remover a placa bacteriana necessita ser feita

com rigor e demora 2 a 3 minutos Quando se utiliza uma escova manual a escovagem faz-se da

seguinte forma

inclinar a escova em direcccedilatildeo agrave gengiva (cerca de 45ordm) e fazer pequenos movimentos vibratoacuterios

horizontais ou circulares de modo a que os pelos da escova limpem o sulco gengival (espaccedilo que

fica entre o dente e a gengiva)

se for difiacutecil manter esta posiccedilatildeo colocar os pecirclos da escova perpendicularmente agrave gengiva e agrave

superfiacutecie do dente

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 12

escovar 2 dentes de cada vez (os correspondentes ao tamanho da cabeccedila da escova) fazendo

aproximadamente 10 movimentos (ou 5 caso sejam crianccedilas ateacute aos 6 anos) nas superfiacutecies

dentaacuterias abarcadas pela escova

comeccedilar a escovagem pela superfiacutecie externa (do lado da bochecha) do dente mais posterior de um

dos maxilares e continuar a escovar ateacute atingir o uacuteltimo dente da extremidade oposta desse

maxilar

com a mesma sequecircncia escovar as superfiacutecies dentaacuterias do lado da liacutengua

proceder do mesmo modo para fazer a escovagem dos dentes do outro maxilar

escovar as superfiacutecies mastigatoacuterias dos dentes com movimentos de vaiveacutem

por fim pode escovar-se a liacutengua

Quando se utiliza uma escova de dentes eleacutectrica segue-se a mesma sequecircncia de escovagem O

movimento da escova eacute feito automaticamente natildeo deve ser feita pressatildeo ou movimentos adicionais

sobre os dentes A escova desloca-se ao longo da arcada escovando um soacute dente de cada vez A

escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluacuteor deve ser feita duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente agrave noite antes de deitar

3 6 Uso do f io den taacute r io A partir do momento em que haacute destreza manual (a partir dos 8 anos) eacute indispensaacutevel o uso do fio ou

fita dentaacuteria que se utiliza da seguinte forma

retirar cerca de 40 cm de fio (ou fita) do porta fio

enrolar a quase totalidade do fio no dedo meacutedio de uma matildeo e uma pequena porccedilatildeo no dedo meacutedio

da outra matildeo deixando entre os dois dedos uma porccedilatildeo de fio com aproximadamente 25 cm

Quando as crianccedilas satildeo mais pequenas pode retirar-se uma porccedilatildeo mais pequena de fio cerca de

30 cm dar um noacute juntando as 2 pontas formando um ciacuterculo com o fio natildeo havendo necessidade

de o enrolar nos dedos Eacute importante utilizar sempre fio limpo em cada espaccedilo interdentaacuterio Os

polegares eou os indicadores ajudam a manuseaacute-lo

introduzir o fio cuidadosamente entre dois dentes e curva-lo agrave volta do dente que se quer limpar

fazendo com que tome a forma de um ldquoCrdquo

executar movimentos curtos horizontais desde o ponto de contacto entre os dentes ateacute ao sulco

gengival em cada uma das faces que delimitam o espaccedilo interdentaacuterio

repetir este procedimento ateacute que todos os espaccedilos interdentaacuterios de todos os dentes estejam

devidamente limpos

O fio dentaacuterio deve ser utilizado uma vez por dia de preferecircncia agrave noite antes de deitar Na escola os

alunos poderatildeo a aprender a utilizar este meio de remoccedilatildeo de placa bacteriana interdentaacuterio sendo

importante envolver os pais no sentido de lhes pedir colaboraccedilatildeo e permitir que as crianccedilas o utilizem

em casa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 13

3 7 Reve lador de p laca bac te r i ana O uso de reveladores de placa bacteriana (em soluto ou em comprimidos mastigaacuteveis) permitem

avaliar a higiene oral e consequentemente melhorar as teacutecnicas de escovagem e de utilizaccedilatildeo do fio

dentaacuterio

A partir dos 6 anos de idade estes produtos podem ser usados para que as crianccedilas visualizem a placa

e mais facilmente compreendam que os seus dentes necessitam de ser cuidadosamente limpos

A eritrosina que tem a propriedade de corar de vermelho a placa bacteriana eacute um dos exemplos de

corantes que se podem utilizar Utiliza-se da seguinte forma

colocar 1 a 2 gotas por baixo da liacutengua ou mastigar um comprimido sem engolir

passar a liacutengua por todas as superfiacutecies dentaacuterias

bochechar com aacutegua

A placa bacteriana corada eacute facilmente removida atraveacutes da escovagem dos dentes e do fio dentaacuterio

Nota Para evitar que os laacutebios fiquem corados de vermelho antes de colocar o corante pode passar

batom creme gordo ou vaselina nos laacutebios

3 8 Bochecho f luore tado A partir dos 6 anos pode ser feito o bochecho quinzenal com fluoreto de soacutedio a 02 na escola da

seguinte forma

agitar a soluccedilatildeo e deitar 10 ml em cada copo e distribui-los

indicar a cada crianccedila para colocar o antebraccedilo no rebordo da mesa

introduzir a soluccedilatildeo na boca sem engolir

repousar a testa no antebraccedilo colocando o copo debaixo da boca

bochechar vigorosamente durante 1 minuto

apoacutes este periacuteodo deve ser cuspida tendo o cuidado de natildeo a engolir

Apoacutes o bochecho a crianccedila deve permanecer 30 minutos sem comer nem beber

39 Iacutendice de placa O Iacutendice de Placa (IP) eacute utilizado para quantificar a placa bacteriana em todas as superfiacutecies dentaacuterias e

reflecte os haacutebitos de higiene oral dos indiviacuteduos avaliados

Assim enquanto que um baixo Iacutendice de Placa poderaacute significar um bom impacto das acccedilotildees de

educaccedilatildeo para a sauacutede em sauacutede oral nomeadamente das relacionadas com a higiene um iacutendice

elevado sugere o contraacuterio

Em programas comunitaacuterios geralmente eacute utilizado o Iacutendice de Placa Simplificado que eacute mais raacutepido

de determinar sendo o resultado final igualmente fiaacutevel

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 14

Para se calcular o Iacutendice de Placa Simplificado eacute necessaacuterio atribuir um valor ao tamanho da placa

bacteriana existente nos seguintes 6 dentes e superfiacutecies predeterminados Maxilar superior

1 Primeiro molar superior direito - Superfiacutecie vestibular

2 Incisivo central superior direito - Superfiacutecie vestibular

3 Primeiro molar superior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

4 Primeiro molar inferior esquerdo - Superfiacutecie lingual

5 Incisivo central inferior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

6 Primeiro molar inferior direito - Superfiacutecie lingual

Para atribuir um valor ao tamanho da placa bacteriana existente em cada uma das su

acima referidas eacute necessaacuterio utilizar o revelador de placa bacteriana para a co

facilitar a sua observaccedilatildeo e respectiva classificaccedilatildeo e registo

A cada uma das superfiacutecies dentaacuterias soacute pode ser atribuiacutedo um dos seguintes valore

Valor 0

Valor 1

Valor 2

Valor 3

rarr Se a superfiacutecie do dente natildeo estaacute corada

rarr Se 13 da superfiacutecie estaacute corado

rarr Se 23 da superfiacutecie estatildeo corados

rarr Se estaacute corada toda a superfiacutecie

Feito o registo da observaccedilatildeo individual verifica-se que o somatoacuterio do conjunto de

poderaacute variar entre 0 (zero) e 18 (dezoito)

Dividindo por 6 (seis) este somatoacuterio obteacutem-se o Iacutendice de Placa Individual

Para determinar o Iacutendice de Placa de um grupo de indiviacuteduos divide-se o som

individuais pelo nuacutemero de indiviacuteduos observados multiplicado por seis (o nuacutemer

nuacutemero de dentes seleccionados por indiviacuteduo)

Assim o Iacutendice de Placa poderaacute variar entre 0 (zero) e 3 (trecircs)

Iacutendice de Placa (IP) = Somatoacuterio da classificaccedilatildeo dada a cada dente

Nordm de indiviacuteduos observados x 6

A sauacutede oral das crianccedilas e adolescentes eacute um grave problema de sauacutede puacuteblica ma

simples como as descritas neste documento executadas pelos proacuteprios eou com

encorajadas pela escola e pelos serviccedilos de sauacutede contribuem decididamente para

oral importantes e implementaccedilatildeo efectiva do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas d

Maxilar inferior

perfiacutecies dentaacuterias

rar e dessa forma

s

valores atribuiacutedos

atoacuterio dos valores

o seis representa o

s que com medidas

ajuda da famiacutelia

ganhos em sauacutede

Sauacutede Oral

e EPSrsquorsquo 15

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

F l u o r e t o s

F u n d a m e n t a ccedil atilde o e R e c o m e n d a ccedil otilde e s d a T a s k F o r c e

Documento produzido pela Task Force constituiacuteda pelo Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr

Ricardo Jorge Direcccedilatildeo-Geral de Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura Faculdade de

Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Medicina Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria

Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa e Porto Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento Instituto Superior de

Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia

Ordem dos Meacutedicos Dentistas Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria Sociedade Portuguesa de

Pediatria e os serviccedilos da DGS Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede Divisatildeo de Sauacutede Ambiental

Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

1 F l u o r e t o s

A evidecircncia cientiacutefica tem demonstrado que as mudanccedilas observadas no padratildeo da doenccedila caacuterie

dentaacuteria ocorrem pela implementaccedilatildeo de programas preventivos e terapecircuticos de acircmbito comunitaacuterio

e por estrateacutegias de acccedilatildeo especiacuteficas dirigidas a grupos de risco com criteriosa utilizaccedilatildeo dos

fluoretos

O fluacuteor eacute o elemento mais electronegativo da tabela perioacutedica e raramente existe isolado sendo por

isso habitualmente referido como fluoreto Na natureza encontra-se sob a forma de um iatildeo (F-) em

associaccedilatildeo com o caacutelcio foacutesforo alumiacutenio e tambeacutem como parte de certos silicatos como o topaacutezio

Normalmente presente nas rochas plantas ar aacuteguas e solos este elemento faz parte da constituiccedilatildeo de

alguns materiais plaacutesticos e pode tambeacutem estar presente na constituiccedilatildeo de alguns fertilizantes

contribuindo desta forma para a sua presenccedila no solo aacutegua e alimentos No solo o conteuacutedo de

fluoretos varia entre 20 e 500 ppm contudo nas camadas mais profundas o seu niacutevel aumenta No ar a

concentraccedilatildeo normal de fluoretos oscila entre 005 e 190microgm3 1

Do fluacuteor que eacute ingerido entre 75 e 90 eacute absorvido por via digestiva sendo a mucosa bucal

responsaacutevel pela absorccedilatildeo de menos de 1 Depois de absorvido passa para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea

sob a forma ioacutenica ou de compostos orgacircnicos lipossoluacuteveis A forma ioacutenica que circula livremente e

natildeo se liga agraves proteiacutenas nem aos componentes plasmaacuteticos nem aos tecidos moles eacute a que vai estar

disponiacutevel para ser absorvida pelos tecidos duros Da quantidade total de fluacuteor presente no organismo

99 encontra-se nos tecidos calcificados Entre 10 e 25 do aporte diaacuterio de fluacuteor natildeo chega a ser

absorvido vindo a ser excretado pelas fezes O fluacuteor absorvido natildeo utilizado (cerca de 50) eacute

eliminado por via renal2

O fluacuteor tem uma grande afinidade com a apatite presente no organismo com a qual cria ligaccedilotildees

fortes que natildeo satildeo irreversiacuteveis Este facto deve-se agrave facilidade com que os radicais hidroxilos da

hidroxiapatite satildeo substituiacutedos pelos iotildees fluacuteor formando fluorapatite No entanto a apatite normal do

ser humano presente no osso e dente mesmo em condiccedilotildees ideais de presenccedila de fluacuteor nunca se

aproxima da composiccedilatildeo da fluorapatite pura

Quando o fluacuteor eacute ingerido passa pela cavidade oral daiacute resultando a deposiccedilatildeo de uma determinada

quantidade nos tecidos e liacutequidos aiacute existentes A mucosa jugal as gengivas a placa bacteriana os

dentes e a saliva vatildeo beneficiar imediatamente de um aporte directo de fluacuteor que pode permitir que a

sua disponibilidade na cavidade oral se prolongue por periacuteodos mais longos Eacute um facto que a presenccedila

de fluacuteor no meio oral independentemente da sua fonte resulta numa acccedilatildeo preventiva e terapecircutica

extremamente importante

Nota 22 mg de fluoreto de soacutedio correspondem a 1 mg de fluacuteor Quando se dilui 1 mg de fluacuteor em um litro de aacutegua pura

considera-se que essa aacutegua passou a ter 1 ppm de fluacuteor

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 2

Considera-se actualmente que os benefiacutecios dos fluoretos resultam basicamente da sua acccedilatildeo toacutepica

sobre a superfiacutecie do dente enquanto a sua acccedilatildeo sisteacutemica (preacute-eruptiva) eacute muito menos importante

A acccedilatildeo preventiva e terapecircutica dos fluoretos eacute conseguida predominantemente pela sua acccedilatildeo toacutepica

quer nas crianccedilas quer nos adultos atraveacutes de trecircs mecanismos diferentes responsaacuteveis pela

bull inibiccedilatildeo do processo de desmineralizaccedilatildeo

bull potenciaccedilatildeo do processo de remineralizaccedilatildeo

bull inibiccedilatildeo da acccedilatildeo da placa bacteriana

O uso racional dos fluoretos na profilaxia da caacuterie dentaacuteria com eficaacutecia e seguranccedila baseia-se no

conhecimento actualizado dos seus mecanismos de acccedilatildeo e da sua toxicologia

Com base na evidecircncia cientiacutefica a estrateacutegia de utilizaccedilatildeo dos fluoretos em sauacutede oral foi redefinida

tendo em conta que a sua acccedilatildeo preventiva eacute predominantemente poacutes-eruptiva e toacutepica e a sua acccedilatildeo

toacutexica com repercussotildees a niacutevel dentaacuterio eacute preacute-eruptiva e sisteacutemica

Estudos epidemioloacutegicos efectuados pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) sobre os efeitos do

fluacuteor na sauacutede humana referem que valores compreendidos entre 1 e 15 ppm natildeo representam risco

acrescido Contudo valores entre 15 e 2 ppm em climas quentes poderatildeo contribuir para a ocorrecircncia

de casos de fluorose dentaacuteria e valores entre 3 a 6 ppm para o aparecimento de fluorose oacutessea

Para a OMS a concentraccedilatildeo oacuteptima de fluoretos na aacutegua quando esta eacute sujeita a fluoretaccedilatildeo deve

estar compreendida entre 05 e 15 ppm de F dependendo este valor da temperatura meacutedia do local

que condiciona a quantidade de aacutegua ingerida nas zonas mais frias o valor maacuteximo pode estar perto

do limite superior nas zonas mais quentes o valor deve estar perto do limite inferior para uma

prevenccedilatildeo eficaz da caacuterie dentaacuteria Para que os riscos de fluorose estejam diminuiacutedos os programas de

fluoretaccedilatildeo das aacuteguas devem obedecer a criteacuterios claramente definidos

Nas regiotildees onde a aacutegua da rede puacuteblica conteacutem menos de 03 ppm (mgl) de fluoretos (situaccedilatildeo mais

frequente em Portugal Continental) a dose profilaacutectica oacuteptima considerando a soma de todas as fontes

de fluoretos eacute de 005mgkgdia3

11 Toxicidade Aguda

Uma intoxicaccedilatildeo aguda pelo fluacuteor eacute uma possibilidade extremamente rara Alguns casos tecircm sido

descritos na literatura Estudos efectuados em roedores e extrapolados para o homem adulto permitem

pensar que a dose letal miacutenima de fluacuteor seja de aproximadamente 2 gramas ou 32 a 64 mgkg de peso

corporal mas para uma crianccedila bastam 15 mgkg de peso corporal 2

A partir da ingestatildeo de doses superiores a 5mgkg de peso corporal considera-se a hipoacutetese de vir a ter

efeitos toacutexicos

As crianccedilas pequenas tecircm um risco acrescido de ingerir doses de fluoretos atraveacutes do consumo de

produtos de higiene oral A ingestatildeo acidental de um quarto de um tubo com dentiacutefrico de 125 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 3

(1500 ppm de Fluacuteor) potildee em risco a vida de uma crianccedila de um ano de idade O risco de ingestatildeo

acidental por crianccedilas eacute real e eacute adjuvado pelo tipo de embalagens destes produtos que natildeo tecircm

dispositivos de seguranccedila para a sua abertura

A toxicidade aguda pelos fluoretos poderaacute manifestar-se por queixas digestivas (dor abdominal

voacutemitos hematemeses e melenas) neuroloacutegicas (tremores convulsotildees tetania deliacuterio lentificaccedilatildeo da

voz) renais (urina turva hematuacuteria) metaboacutelicas (hipocalceacutemia hipomagnesieacutemia hipercalieacutemia)

cardiovasculares (arritmias hipotensatildeo) e respiratoacuterias (depressatildeo respiratoacuteria apneias) 4

12 Toxicidade Croacutenica

A dose total diaacuteria de fluoretos administrados por via sisteacutemica isenta de risco de toxicidade croacutenica

situa-se abaixo de 005 mgkgdia de peso A partir desses valores aumentam as manifestaccedilotildees atraveacutes

do aparecimento de hipomineralizaccedilatildeo do esmalte que se revela por fluorose dentaacuteria Com

concentraccedilotildees acima de 25 ppm na aacutegua esta manifestaccedilatildeo eacute mais evidente sendo tanto mais grave

quanto a concentraccedilatildeo de fluoretos vai aumentando O periacuteodo criacutetico para o efeito toacutexico do fluacuteor se

manifestar sobre a denticcedilatildeo permanente eacute entre o nascimento e os 7 anos de idade (ateacute aos 3 anos eacute o

periacuteodo mais criacutetico) Quando existem fluoretos ateacute 3 ppm na aacutegua aleacutem da fluorose natildeo parece

existir qualquer outro efeito toacutexico na sauacutede A partir deste valor aumenta o risco de nefrotoxicidade

Como qualquer outro medicamento os fluoretos em dose excessiva tecircm efeitos toacutexicos que

normalmente se manifestam atraveacutes de uma interferecircncia na esteacutetica dentaacuteria Essa manifestaccedilatildeo eacute a

fluorose dentaacuteria

Estudos recentes sobre suplementos de fluoretos e fluorose 5 confirmam que as comunidades sem aacutegua

fluoretada e que utilizam suplementos de fluoretos durante os primeiros 6 anos de vida apresentam

um aumento do risco de desenvolver fluorose

O principal factor de risco para o aparecimento de fluorose dentaacuteria eacute o aporte total de fluoretos

provenientes de diferentes fontes nomeadamente da alimentaccedilatildeo incluindo a aacutegua e os suplementos

alimentares dentiacutefricos e soluccedilotildees para bochechos comprimidos e gotas e ingestatildeo acidental que natildeo

satildeo faacuteceis de quantificar

A fluorose dentaacuteria aumentou nos uacuteltimos anos em comunidades com e sem aacutegua fluoretada 6

2 F l u o r e t o s n a aacute g u a

2 1 Aacute g u a d e a b a s t e c i m e n t o p uacute b l i c o

A fluoretaccedilatildeo das aacuteguas para consumo humano como meio de suprir o deacutefice de fluoretos na aacutegua eacute

uma praacutetica comum em alguns paiacuteses como o Brasil Austraacutelia Canadaacute EUA e Nova Zelacircndia

Apesar de serem tatildeo diferentes quer do ponto de vista soacutecioeconoacutemico quer geograacutefico eles detecircm

uma experiecircncia superior a 25 anos neste domiacutenio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 4

Na Europa a maior parte dos paiacuteses natildeo faz fluoretaccedilatildeo das suas aacuteguas para consumo humano agrave

excepccedilatildeo da Irlanda da Suiacuteccedila (Basileia) e de 10 da populaccedilatildeo do Reino Unido Na Alemanha eacute

proibido e nos restantes paiacuteses eacute desaconselhado

Nos paiacuteses em que se faz fluoretaccedilatildeo da aacutegua alguns estudos demonstraram natildeo ter existido um ganho

efectivo na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria No entanto outros como a Austraacutelia no Estado de Victoacuteria

onde a fluoretaccedilatildeo da aacutegua se faz regularmente observaram-se ganhos efectivos na sauacutede oral da

populaccedilatildeo com consequentes ganhos econoacutemicos

Recomendaccedilatildeo Eacute indispensaacutevel avaliar a qualidade das aacuteguas de abastecimento puacuteblico periodicamente e corrigir os

paracircmetros alterados

Na aacutegua os valores das concentraccedilotildees de fluoretos estatildeo compreendidas entre 01 a 07 ppm Contudo

em alguns casos podem apresentar valores muito mais elevados

Quando a aacutegua apresenta valores de ph superiores a 8 e o iatildeo soacutedio e os carbonatos satildeo dominantes os

valores de fluoretos normalmente presentes excedem 1 ppm

Nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica os fluoretos podem existir naturalmente ou resultar de um

programa de fluoretaccedilatildeo Em Portugal Continental os valores satildeo normalmente baixos e as aacuteguas natildeo

estatildeo sujeitas a fluoretaccedilatildeo artificial O teor de fluoretos deveraacute ser controlado regularmente de modo

a preservar os interesses da sauacutede puacuteblica 7

Na definiccedilatildeo de um valor guia para a aacutegua de consumo humano a OMS propotildee o valor limite de 15

ppm de Fluacuteor referindo que valores superiores podem contribuir para o aumento do risco de fluorose

A Agecircncia Americana para o Ambiente (USEPA) refere um valor maacuteximo admissiacutevel de fluoretos na

aacutegua de consumo humano de 15 ppm e recomenda que nunca se ultrapasse os 4 ppm

Em Portugal a legislaccedilatildeo actualmente em vigor sobre a qualidade da aacutegua para consumo humano

decreto-lei nordm 23698 de 1 de Agosto define dois Valores Maacuteximos Admissiacuteveis (VMA) para os

fluoretos 15 ppm (8 a 12 ordmC) e 07 ppm (25 a 30 ordmC) O decreto-lei nordm 2432001 de 5 de Setembro

que transpotildee a Directiva Comunitaacuteria nordm 9883CE de 3 de Novembro que entrou em vigor em 25 de

Dezembro de 2003 define para os fluoretos um Valor Parameacutetrico (VP) de 15 ppm

O decreto-lei nordm 24301 remete para a Entidade Gestora a verificaccedilatildeo da conformidade dos valores

parameacutetricos obrigatoacuterios aplicaacuteveis agrave aacutegua para consumo humano Sempre que um valor parameacutetrico

eacute excedido isso corresponde a uma situaccedilatildeo de incumprimento e perante esta situaccedilatildeo a entidade

gestora deve de imediato informar a autoridade de sauacutede e a entidade competente dando conta das

medidas correctoras adoptadas ou em curso para restabelecer a qualidade da aacutegua destinada a consumo

humano

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 5

Deve ter-se em atenccedilatildeo o desvio em relaccedilatildeo ao valor parameacutetrico fixado e o perigo potencial para a

sauacutede humana

Segundo o decreto-lei supra mencionado artigo 9ordm compete agraves autoridades de sauacutede a vigilacircncia

sanitaacuteria e a avaliaccedilatildeo do risco para a sauacutede puacuteblica da qualidade da aacutegua destinada ao consumo

humano Sempre que o risco exista e o incumprimento persistir a autoridade de sauacutede deve informar e

aconselhar os consumidores afectados e determinar a proibiccedilatildeo de abastecimento restringir a

utilizaccedilatildeo da aacutegua que constitua um perigo potencial para a sauacutede humana e adoptar todas as medidas

necessaacuterias para proteger a sauacutede humana

Nos Accedilores e na Madeira ou em zonas onde o teor de fluoretos na aacutegua eacute muito elevado deveraacute ser

feita uma verificaccedilatildeo da constante e a correcccedilatildeo adequada

Os principais tratamentos de desfluoretaccedilatildeo envolvem a floculaccedilatildeo da aacutegua usando sais hidratados de

alumiacutenio principalmente em condiccedilotildees alcalinas No caso de aacuteguas aacutecidas pode-se adicionar cal e

alternativamente pode-se recorrer agrave adsorccedilatildeo com carvatildeo activado ou alumina activada ( Al2O3 ) ou

por permuta ioacutenica usando resinas especiacuteficas

Recomendaccedilatildeo Ateacute aos 6-7 anos as crianccedilas natildeo devem ingerir regularmente aacutegua com teor de fluoretos superior a 07 ppm

Recomendaccedilatildeo Sempre que o valor parameacutetrico dos fluoretos na aacutegua para consumo humano exceder 15 ppm deveratildeo ser aplicadas

medidas correctoras para restabelecer a qualidade da aacutegua

2 2 Aacute g u a s m i n e r a i s n a t u r a i s e n g a r r a f a d a s

As aacuteguas minerais naturais engarrafadas deveratildeo no futuro ter rotulagem de acordo com a Directiva

Comunitaacuteria 200340CE da Comissatildeo Europeia de 16 de Maio publicada no Jornal Oficial da Uniatildeo

Europeia em 2252003 artigo 4ordm laquo1 As aacuteguas minerais naturais cuja concentraccedilatildeo em fluacuteor for

superior a 15 mgl (ppm) devem ostentar no roacutetulo a menccedilatildeo lsquoconteacutem mais de 15 mgl (ppm) de

fluacuteor natildeo eacute adequado o seu consumo regular por lactentes nem por crianccedilas com menos de 7 anosrsquo

2 No roacutetulo a menccedilatildeo prevista no nordm 1 deve figurar na proximidade imediata da denominaccedilatildeo de

venda e em caracteres claramente visiacuteveis 3

As aacuteguas minerais naturais que em aplicaccedilatildeo do nordm 1 tiverem de ostentar uma menccedilatildeo no roacutetulo

devem incluir a indicaccedilatildeo do teor real em fluacuteor a niacutevel da composiccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica em constituintes

caracteriacutesticos tal como previsto no nordm 2 aliacutenea a) do artigo 7ordm da Directiva 80777CEEraquo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 6

Para as aacuteguas de nascente cujas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas satildeo definidas pelo Decreto-lei

2432001 de 5 de Setembro em vigor desde Dezembro de 2003 os limites para o teor de fluoretos satildeo

de 15 mgl (ppm)

De acordo com o parecer do Scientific Committee on Food - Comiteacute Cientiacutefico de Alimentaccedilatildeo

Humana (expresso em Dezembro de 1996) a Comissatildeo natildeo vecirc razotildees para nos climas da Uniatildeo

Europeia (climas temperados) limitar os fluoretos nas aacuteguas de consumo humano e nas aacuteguas minerais

naturais para valores inferiores a 15mgl (ppm)

3 F l u o r e t o s n o s g eacute n e r o s a l i m e n t iacute c i o s

Entende-se por lsquogeacutenero alimentiacuteciorsquo qualquer substacircncia ou produto transformado parcialmente

transformado ou natildeo transformado destinado a ser ingerido pelo ser humano ou com razoaacuteveis

probabilidades de o ser Este termo abrange bebidas pastilhas elaacutesticas e todas as substacircncias

incluindo a aacutegua intencionalmente incorporadas nos geacuteneros alimentiacutecios durante o seu fabrico

preparaccedilatildeo ou tratamento8 9

Na alimentaccedilatildeo as estimativas de ingestatildeo de fluacuteor atraveacutes da dieta variam entre 02 e 34 mgdia

sendo estes uacuteltimos valores atingidos quando se inclui o chaacute na alimentaccedilatildeo A ingestatildeo de fluoretos

provenientes dos alimentos comuns eacute pouco significativa Apenas 13 se apresentam na forma

ionizaacutevel e portanto biodisponiacutevel

Recomendaccedilatildeo Independentemente da origem ao utilizar aacutegua informe-se sobre o seu teor em fluoretos As que tecircm um elevado teor

deste elemento natildeo satildeo adequadas para lactentes e crianccedilas com menos de 7 anos

Recomendaccedilatildeo Dar prioridade a uma dieta equilibrada e saudaacutevel com diversidade alimentar Utilizar a aacutegua da cozedura dos

alimentos para confeccionar outros alimentos (ex sopas arroz)

No iniacutecio do ano de 2003 a Comissatildeo Europeia apresentou uma nova proposta de Directiva

Comunitaacuteria relativa agrave ldquoAdiccedilatildeo aos geacuteneros alimentiacutecios de vitaminas minerais e outras substacircnciasrdquo

onde os fluoretos satildeo referidos como podendo ser adicionados a geacuteneros alimentiacutecios comuns Nesta

proposta de Directiva Comunitaacuteria eacute sugerida a inclusatildeo de determinados nutrimentos (entre eles o

fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de geacuteneros alimentiacutecios comuns Esta proposta

prevista no Livro Branco da Comissatildeo ainda estaacute numa fase inicial de discussatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 7

4 F l u o r e t o s e m s u p l e m e n t o a l i m e n t a r

Entende-se por lsquosuplementos alimentaresrsquo geacuteneros alimentiacutecios que se destinam a complementar e ou

suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas

substacircncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisioloacutegico estremes ou combinados

comercializados em forma doseada tais como caacutepsulas pastilhas comprimidos piacutelulas e outras

formas semelhantes saquetas de poacute ampola de liacutequido frascos com conta gotas e outras formas

similares de liacutequido ou poacute que se destinam a ser tomados em unidades medidas de quantidade

reduzida10

A Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002

transposta para o direito nacional pelo Decreto-lei nordm 1362003 de 28 de Junho relativa agrave aproximaccedilatildeo

das legislaccedilotildees dos Estados-Membros respeitantes aos suplementos alimentares vai permitir a inclusatildeo

de determinados nutrimentos (entre eles o fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de

suplementos alimentares11

A partir de 28 de Agosto de 2003 os fluoretos poderatildeo ser comercializados como suplemento

alimentar passando a estar disponiacutevel em farmaacutecias e superfiacutecies comerciais

As quantidades maacuteximas de vitaminas e minerais presentes nos suplementos alimentares satildeo fixadas

em funccedilatildeo da toma diaacuteria recomendada pelo fabricante tendo em conta os seguintes elementos

a) limites superiores de seguranccedila estabelecidos para as vitaminas e os minerais apoacutes uma

avaliaccedilatildeo dos riscos efectuada com base em dados cientiacuteficos geralmente aceites tendo em

conta quando for caso disso os diversos graus de sensibilidade dos diferentes grupos de

consumidores

b) quantidade de vitaminas e minerais ingerida atraveacutes de outras fontes alimentares

c) doses de referecircncia de vitaminas e minerais para a populaccedilatildeo

Recomendaccedilatildeo Nunca ultrapassar a toma indicada no roacutetulo do produto e natildeo utilizar um suplemento alimentar como substituto de um

regime alimentar variado

As quantidades maacuteximas e miacutenimas de vitaminas e minerais referidas seratildeo adoptadas pela Comissatildeo

Europeia assistida pelo Comiteacute de Regulamentaccedilatildeo

Em Portugal a Agecircncia para a Qualidade e Seguranccedila Alimentar viraacute a ter informaccedilatildeo sobre todos os

suplementos alimentares comercializados como geacuteneros alimentiacutecios e introduzidos no mercado de

acordo com o Decreto-lei nordm 1362003

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 8

A rotulagem dos suplementos alimentares natildeo poderaacute mencionar nem fazer qualquer referecircncia a

prevenccedilatildeo tratamento ou cura de doenccedilas humanas e deveraacute indicar uma advertecircncia de que os

produtos devem ser guardados fora do alcance das crianccedilas

5 F luore tos em med icamentos e p rodutos cosmeacutet icos de h ig iene corpora l

A distinccedilatildeo entre Medicamento e Produto Cosmeacutetico de Higiene Corporal contendo fluoretos depende

do seu teor no produto Os cosmeacuteticos contecircm obrigatoriamente uma concentraccedilatildeo de fluoretos inferior

a 015 (1500 ppm) (Decreto-lei 1002001 de 28 de Marccedilo I Seacuterie A) sendo que todos os dentiacutefricos

com concentraccedilotildees de fluoretos superior a 015 satildeo obrigatoriamente classificados como

medicamentos

Os medicamentos contendo fluoretos e utilizados para a profilaxia da caacuterie dentaacuteria existentes no

mercado portuguecircs satildeo de venda livre em farmaacutecia Encontram-se disponiacuteveis nas formas

farmacecircuticas de soluccedilatildeo oral (gotas orais) comprimidos dentiacutefricos gel dentaacuterio e soluccedilatildeo de

bochecho

5 1 F l u o r e t o s e m c o m p r i m i d o s e g o t a s o r a i s

A utilizaccedilatildeo de medicamentos contendo fluoretos na forma de gotas orais e comprimidos foi ateacute haacute

pouco recomendada pelos profissionais de sauacutede (pediatras meacutedicos de famiacutelia cliacutenicos gerais

meacutedicos estomatologistas meacutedicos dentistas) dos 6 meses ateacute aos 16 anos

A clarificaccedilatildeo do mecanismo de acccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria e o aumento de

aporte dos mesmos com consequentes riscos de manifestaccedilatildeo toacutexica obrigaram agrave revisatildeo da sua

administraccedilatildeo em comprimidos eou gotas A gravidade da fluorose dentaacuteria estaacute relacionada com a

dose a duraccedilatildeo e com a idade em que ocorre a exposiccedilatildeo ao fluacuteor 12 13

A ldquoCanadian Consensus Conference on the Appropriate Use of Fluoride Supplements for the

Prevention of Dental Caries in Childrenrdquo 14definiu um protocolo cuja utilizaccedilatildeo eacute recomendada a

profissionais de sauacutede em que se fundamenta a tomada de decisatildeo sobre a necessidade ou natildeo da

suplementaccedilatildeo de fluacuteor A administraccedilatildeo de comprimidos soacute eacute recomendada quando o teor de fluoretos

na aacutegua de abastecimento puacuteblico for inferior a 03 ppm e

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) natildeo escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas

vezes por dia

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas vezes

por dia mas apresenta um alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 9

Por sua vez a conclusatildeo do laquoForum on Fluoridation 2002raquo15 relativamente agrave administraccedilatildeo de

suplementos de fluoretos foi a seguinte limitar a utilizaccedilatildeo de comprimidos de fluoretos a aacutereas onde

natildeo existe aacutegua fluoretada e iniciar essa suplementaccedilatildeo apenas a crianccedilas com alto risco agrave caacuterie e a

partir dos 3 anos

Os comprimidos de fluoretos caso sejam indicados devem ser usados pelo interesse da sua acccedilatildeo

toacutepica Devem ser dissolvidos na boca em vez de imediatamente ingeridos16

A administraccedilatildeo de fluoretos sob a forma de comprimidos chupados soacute deveraacute ser efectuada em

situaccedilotildees excepcionais isto eacute em populaccedilotildees de baixos recursos econoacutemicos nas quais a escovagem

natildeo possa ser promovida e os iacutendices de caacuterie sejam elevados

Para evitar a potencial toxicidade dos fluoretos antes de qualquer prescriccedilatildeo todos os profissionais de

sauacutede devem efectuar uma avaliaccedilatildeo personalizada dos aportes diaacuterios de cada crianccedila tendo em conta

todas as fontes possiacuteveis desse elemento alimentos comuns suplementos alimentares consumo de

aacutegua da rede puacuteblica eou aacutegua engarrafada e respectivo teor de fluoretos e utilizaccedilatildeo de medicamentos

e produtos cosmeacuteticos contendo fluacuteor

Recomendaccedilatildeo A partir dos 3 anos os suplementos sisteacutemicos de fluoretos poderatildeo ser prescritos pelo meacutedico assistente ou meacutedico dentista em crianccedilas que apresentem um alto risco

agrave caacuterie dentaacuteria

5 2 F l u o r e t o s e m d e n t iacute f r i c o s

Hoje em dia a maior parte dos dentiacutefricos agrave venda no mercado contecircm fluoretos sob diferentes formas

fluoreto de soacutedio monofluorfosfato de soacutedio fluoreto de amina e outros Os mais utilizados satildeo o

fluoreto de soacutedio e o monofluorfosfato de soacutedio

Normalmente o conteuacutedo de fluoreto dos dentiacutefricos eacute de 1000 a 1100 ppm (ou 010 a 011)

podendo variar entre 500 e 1500 ppm

Durante a escovagem cerca de 34 da pasta eacute ingerida por crianccedilas de 3 anos 28 pelas de 4-5 anos

e 20 pelas de 5-7 anos

Devem ser evitados dentiacutefricos com sabor a fruta para impedir o seu consumo em excesso uma vez

que estatildeo jaacute descritos na literatura casos de fluorose resultantes do abuso de dentiacutefricos2

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluoretos duas vezes por dia tem-se revelado um

meio colectivo de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria com grande efectividade e baixo custo pelo que deve

ser considerado o meio de eleiccedilatildeo em estrateacutegias comunitaacuterias

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 10

Do ponto de vista da prevenccedilatildeo da caacuterie a aplicaccedilatildeo toacutepica de dentiacutefrico fluoretado com a escova dos

dentes deve ser executada duas vezes por dia e deve iniciar-se quando se daacute a erupccedilatildeo dos dentes Esta

rotina diaacuteria de higiene executada naturalmente com muito cuidado pelos pais deve

progressivamente ser assumida pela crianccedila ateacute aos 6-8 anos de idade Durante este periacuteodo a

escovagem deve ser sempre vigiada pelos pais ou educadores consoante as circunstacircncias para evitar

a utilizaccedilatildeo de quantidades excessivas de dentiacutefrico o qual pode da mesma forma que os

comprimidos conduzir antes dos 6 anos agrave ocorrecircncia de fluorose

As crianccedilas devem usar dentiacutefrico com teor de fluoretos entre 1000-1500 ppm de fluoreto (dentiacutefrico

de adulto) sendo a quantidade a utilizar do tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

Apoacutes a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado pode-se natildeo bochechar com aacutegua Deveraacute

apenas cuspir-se o excesso de pasta Deste modo consegue-se uma mais alta concentraccedilatildeo de fluoreto

na cavidade oral que vai actuar topicamente durante mais tempo

Os pais das crianccedilas devem receber informaccedilatildeo sobre a escovagem dentaacuteria e o uso de dentiacutefricos

fluoretados A escovagem com dentiacutefrico fluoretado deve iniciar-se imediatamente apoacutes a erupccedilatildeo dos

primeiros dentes Os dentiacutefricos fluoretados devem ser guardados em locais inacessiacuteveis agraves crianccedilas

pequenas17

5 3 F l u o r e t o s e m s o l u ccedil otilde e s d e b o c h e c h o

As soluccedilotildees para bochechos recomendadas a partir dos 6 anos de idade tecircm sido utilizadas em

programas escolares de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria em inuacutemeros paiacuteses incluindo Portugal Satildeo

recomendadas a indiviacuteduos de maior risco agrave caacuterie dentaacuteria mas a sua utilizaccedilatildeo tem vido a ser

restringida a crianccedilas que escovam eficazmente os dentes

Recomendaccedilatildeo Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Recomendaccedilatildeo A partir dos 6 anos de idade deve ser feito o bochecho quinzenalmente com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

02

As soluccedilotildees fluoretadas de uso diaacuterio habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

005 e as de uso semanal ou quinzenal habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de 02

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 11

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 12

Referecircncias

1 Diegues P Linhas de Orientaccedilatildeo associadas agrave presenccedila de fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento 2003 Documento produzido no acircmbito da task force Sauacutede Oral e Fluacuteor Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar e na Divisatildeo de Sauacutede Ambiental da DGS 2 Melo PRGR Influecircncia de diferentes meacutetodos de administraccedilatildeo de fluoretos nas variaccedilotildees de incidecircncia de caacuterie Porto Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto 2001 Tese de doutoramento 3 Agence Francaise de Seacutecuriteacute des Produits de Santeacute Mise au point sur le fluacuteor et la prevention de la carie dentaire AFSPS 31 Juillet 2002 4 Leikin JB Paloucek FP Poisoning amp Toxicology Handbook 3th edition Hudson Lexi- Comp 2002 586-7 5 Ismail AI Bandekar RR Fluoride suplements and fluorosis a meta-analysis Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 48-56 6 Steven ML An update on Fluorides and Fluorosis J Can Dent Assoc 200369(5)268-91 7 Pinto R Cristovatildeo E Vinhais T Castro MF Teor de fluoretos nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica nas sedes de concelho de Portugal Continental Revista Portuguesa de Estomatologia Medicina Dentaacuteria e Cirurgia Maxilofacial 1999 40(3)125-42 8 Regulamento 1782002 do Parlamento Europeu e do Conselho de 28 de Janeiro Jornal Oficial das Comunidades Europeias (2002021) 9 Decreto ndash lei nordm 5601999 DR I Seacuterie A 147 (991218) 10 Decreto ndash lei nordm 1362003 DR I Seacuterie A 293 (20030628) 11 Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002 Jornal Oficial das Comunidades Europeias (20020712) 12 Aoba T Fejerskov O Dental fluorosis Chemistry and Biology Crit Rev Oral Biol Med 2002 13(2) 155-70 13 DenBesten PK Biological mechanisms of dental fluorosis relevant to the use of fluoride supplements Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 41-7 14 Limeback H Introduction to the conference Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 27-30 15 Report of the Forum of fluoridation 2002Governement of Ireland 2002 wwwfluoridationforumie 16 Featherstone JDB Prevention and reversal of dental caries role of low level fluoride Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 31-40 17 Pereira A Amorim A Peres F Peres FR Caldas IM Pereira JA Pereira ML Silva MJ Caacuteries Precoces da InfacircnciaLisboa Medisa Ediccedilotildees e Divulgaccedilotildees Cientiacuteficas Lda 2001 Bibliografia

1 Almeida CM Sugestotildees para a Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2002 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e na Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa

2 Rompante P Fundamentos para a alteraccedilatildeo do Programa de Sauacutede Oral da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Documento realizado no acircmbito da Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2003 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e no Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede ndash Norte

3 Rompante P Determinaccedilatildeo da quantidade do elemento fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento puacuteblico na totalidade das sedes de concelho de Portugal Continental Porto Faculdade de Odontologia da Universidade de Barcelona 2002 Tese de Doutoramento

4 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in Children at High Caries Risk SIGN Publication 2000 47

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Page 4: Direcção-Geral da SaúdePrograma será complementado, sempre que oportuno, por orientações técnicas a emitir por esta Direcção-Geral. O Director-Geral e Alto Comissário da

1 Enquadramento

O Programa de Sauacutede Oral em Sauacutede Escolar que se desenvolve em Portugal desde

1986 foi revisto em 1999 e divulgado atraveacutes da Circular Normativa nordm 6DSE de

200599 da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede tendo passado a designar-se Programa de

Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral em Crianccedilas e Adolescentes

O quadro conceptual do programa corresponde a uma estrateacutegia global de

intervenccedilatildeo assente na promoccedilatildeo da sauacutede e na prevenccedilatildeo primaacuteria e secundaacuteria da

caacuterie dentaacuteria A promoccedilatildeo da sauacutede e a prevenccedilatildeo da doenccedila asseguradas pelas

equipas de sauacutede escolar satildeo o suporte indispensaacutevel da intervenccedilatildeo curativa

operacionalizada maioritariamente atraveacutes de contratualizaccedilatildeo Este processo tem

permitido prestar cuidados meacutedico-dentaacuterios a grupos de crianccedilas escolarizadas

integradas em programa de sauacutede oral e que desenvolveram caacuterie dentaacuteria

O Programa de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral em Crianccedilas e Adolescentes previa a

administraccedilatildeo de suplementos sisteacutemicos de fluoretos a todas as crianccedilas e jovens

No entanto face agrave publicaccedilatildeo da Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento

Europeu e do Conselho de 106 transposta para a legislaccedilatildeo nacional pelo Decreto-

lei nordm 1362003 de 28 de Junho relativa agrave aproximaccedilatildeo das legislaccedilotildees dos

Estados-Membros sobre suplementos alimentares e agrave desadequaccedilatildeo da

suplementaccedilatildeo de fluoretos procedeu-se agrave revisatildeo do Programa consubstanciada

neste documento

A redefiniccedilatildeo da estrateacutegia de intervenccedilatildeo do actual programa contou com o

empenho cientiacutefico dos peritos de uma Task Force constituiacuteda para rever a

administraccedilatildeo dos fluoretos teve em conta a prevalecircncia das doenccedilas orais na

populaccedilatildeo infantil e juvenil e as metas europeias para a aacuterea da sauacutede oral

2 Or ientaccedilotildees gera is do programa

Em Portugal a caacuterie dentaacuteria apresenta na populaccedilatildeo infantil e juvenil um iacutendice de

gravidade moderada isto eacute o nuacutemero de dentes cariados perdidos e obturados por

crianccedila (CPOD) aos 12 anos de idade eacute de 2951 e a percentagem de crianccedilas livres

de caacuterie dentaacuteria aos 6 anos eacute de 33 Outro estudo utilizando o meacutetodo pathfinder

da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) apresenta valores meacutedios de CPOD de

152 com desvios acentuados entre grupos de diferentes niacuteveis socioeconoacutemicos

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 2

Tudo isto reforccedila a necessidade de manter o investimento nesta aacuterea se queremos

contribuir para a reduccedilatildeo das desigualdades em sauacutede

A estrateacutegia europeia e as metas definidas para a sauacutede oral pela OMS apontam

para que no ano 2020 pelo menos 80 das crianccedilas com 6 anos estejam livres de

caacuterie e aos 12 anos o CPOD natildeo ultrapasse o valor de 153

O actual Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral alia a promoccedilatildeo da sauacutede agrave

prestaccedilatildeo de cuidados numa parceria puacuteblico-privado com competecircncias

claramente definidas tendo por base a intervenccedilatildeo comunitaacuteria

Ao sector puacuteblico compete assegurar a promoccedilatildeo da sauacutede a prevenccedilatildeo das doenccedilas

orais e a prestaccedilatildeo de cuidados de sauacutede dentaacuterios passiacuteveis de serem realizados no

Serviccedilo Nacional de Sauacutede (SNS) Esta intervenccedilatildeo eacute assegurada pelos profissionais

dos Centros de Sauacutede atraveacutes de acccedilotildees dirigidas ao indiviacuteduo agrave famiacutelia e agrave

comunidade escolar e pelos profissionais dos serviccedilos de estomatologia da rede

hospitalar sempre que possiacutevel

Ao sector privado atraveacutes dos profissionais e agrupamentos de profissionais de

estomatologia e medicina dentaacuteria compete prestar atraveacutes de contratualizaccedilatildeo os

cuidados meacutedico-dentaacuterios natildeo satisfeitos pelo SNS

O Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral integrado no Plano Nacional de

Sauacutede 2004-2010 deveraacute ser desenvolvido por todos os serviccedilos de sauacutede e

enquadrado em todas as suas actividades

Nos planos curriculares das escolas e jardins-de-infacircncia deve ser promovida e

apoiada a integraccedilatildeo das actividades do Programa Nacional de Sauacutede Oral numa

abordagem holiacutestica da sauacutede em que os princiacutepios de uma escola promotora da

sauacutede satildeo o referencial da intervenccedilatildeo e a Rede de Escolas Promotoras da Sauacutede eacute o

seu paradigma4

3 Estrutura de implementaccedilatildeo do programa

A niacutevel nacional e no que se refere agrave orientaccedilatildeo implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo o

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral seraacute coordenado pelo Director-

Geral e Alto Comissaacuterio da Sauacutede e executado pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar O seu

acompanhamento seraacute realizado por uma Comissatildeo Teacutecnico ndash Cientifica

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 3

A niacutevel regional deveraacute ser designado pela Administraccedilatildeo Regional de Sauacutede um

Coordenador Regional do Programa da sua estrutura ou do Centro Regional de

Sauacutede Puacuteblica com perfil e competecircncia para dinamizar e avaliar o programa

coordenar a Comissatildeo Paritaacuteria Regional e integrar a Comissatildeo TeacutecnicondashCientifica

A niacutevel local o Director do Centro de Sauacutede ou o responsaacutevel pelo Serviccedilo de

Sauacutede Puacuteblica avalia a capacidade instalada coordena a implementaccedilatildeo do

programa e gere a contratualizaccedilatildeo Por delegaccedilatildeo o responsaacutevel pela sauacutede escolar

ou pela sauacutede oral poderaacute assumir a sua operacionalizaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo local

4 Estrateacutegias de intervenccedilatildeo do programa

As orientaccedilotildees do actual Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral assentam

nas seguintes estrateacutegias

Promoccedilatildeo da sauacutede oral no contexto familiar e escolar

Prevenccedilatildeo das doenccedilas orais

Diagnoacutestico precoce e tratamento dentaacuterio

5 Populaccedilatildeo - alvo

Com este programa pretende-se abranger as graacutevidas e as crianccedilas desde o

nascimento ateacute aos 16 anos de idade

6 Finalidades do Programa

O Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral tem as seguintes finalidades

Melhorar conhecimentos e comportamentos sobre alimentaccedilatildeo e higiene oral

Diminuir a incidecircncia de caacuterie dentaacuteria

Reduzir a prevalecircncia da caacuterie dentaacuteria

Aumentar a percentagem de crianccedilas livres de caacuterie

Criar uma base de dados nacional sobre sauacutede oral

Prestar especial atenccedilatildeo numa perspectiva de promoccedilatildeo da equidade agrave sauacutede

oral das crianccedilas e dos jovens com Necessidades de Sauacutede Especiais assim

como dos grupos economicamente deacutebeis e socialmente excluiacutedos que

frequentam a escola do ensino regular ou instituiccedilotildees

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 4

7 Actividades do programa

As actividades do programa devem ser incluiacutedas nos programas de sauacutede materna

sauacutede infantil e juvenil e sauacutede escolar ser desenvolvidas no Centro de Sauacutede e em

todos os estabelecimentos de educaccedilatildeo preacute-escolar e do ensino baacutesico puacuteblico

privado ou dependentes de estruturas oficiais da seguranccedila social

Para o desenvolvimento das actividades do programa eacute indispensaacutevel o

envolvimento dos profissionais de sauacutede de educaccedilatildeo pais ou encarregados de

educaccedilatildeo bem como das autarquias

71 Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral

711 Na gravidez

Orientaccedilatildeo A graacutevida ao cuidar da sua sauacutede oral estaacute a promover a sauacutede do seu filho

Na consulta de sauacutede materna ou de vigilacircncia da gravidez a boca da matildee deve

merecer particular atenccedilatildeo Em caso de gravidez programada a futura matildee deveraacute

fazer todos os tratamentos dentaacuterios necessaacuterios a uma boa sauacutede oral Se jaacute estiver

graacutevida e tiver dentes cariados ou doenccedila periodontal natildeo deve deixar de proceder

ao necessaacuterio tratamento

Uma boa sauacutede oral da matildee favorece a boa sauacutede oral do filho

Ainda antes de o bebeacute nascer as consultas de vigilacircncia da gravidez satildeo uma boa

oportunidade para sensibilizar os pais para a importacircncia da sauacutede oral no contexto

de uma sauacutede global Por isso as mensagens devem dar destaque aos cuidados a ter

com a alimentaccedilatildeo e a higienizaccedilatildeo da boca da crianccedila especialmente apoacutes a

erupccedilatildeo do primeiro dente

712 Do nascimento aos 3 anos de idade

Orientaccedilatildeo A higiene oral deve iniciar-se logo apoacutes a erupccedilatildeo do primeiro dente utilizando uma pequena quantidade de

dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Na consulta de sauacutede infantil ou de vigilacircncia da crianccedila efectuada pelo meacutedico

assistente eou pelo enfermeiro pretendemos sensibilizar os pais para que

incorporem na rotina de higiene diaacuteria do bebeacute tambeacutem a higiene da sua boca

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 5

Apoacutes a erupccedilatildeo do primeiro dente a higienizaccedilatildeo deve comeccedilar a ser feita pelos

pais duas vezes por dia utilizando uma gaze uma dedeira ou uma escova macia

com um dentiacutefrico fluoretado com 1000-1500 ppm (mgl) de fluoreto sendo uma

das vezes obrigatoriamente apoacutes a uacuteltima refeiccedilatildeo

A quantidade de dentiacutefrico a utilizar deve ser idecircntica ao tamanho da unha do 5ordm

dedo da matildeo da proacutepria crianccedila (dedo mindinho) Nesta fase pode permitir-se que

progressivamente e sob vigilacircncia a crianccedila comece a iniciar-se na escovagem dos

dentes

Natildeo se recomenda qualquer tipo de suplemento sisteacutemico com fluoretos

Aos pais das crianccedilas com menos de 3 anos deveraacute tambeacutem ser fornecida

informaccedilatildeo sobre alimentaccedilatildeo factores de cariogenicidade e a importacircncia de

prevenir as caacuteries precoces da infacircncia chamando a atenccedilatildeo em especial para o

facto de o bebeacute a partir do 1ordm ano de idade natildeo dever usar prolongadamente o

biberatildeo nem adormecer com ele na boca quer tenha leite farinhas ou sumos Eacute

tambeacutem particularmente importante reforccedilar a absoluta contra-indicaccedilatildeo da

utilizaccedilatildeo de chupetas com accediluacutecar ou mel

713 Dos 3 aos 6 anos de idade

Orientaccedilatildeo A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm deve ser efectuada duas vezes por dia

sendo uma delas obrigatoriamente antes de deitar

Neste periacuteodo de progressiva autonomia da crianccedila o exemplo dos pais eacute da maior

relevacircncia Na sua tentativa de imitaccedilatildeo a crianccedila vai adquirindo o haacutebito da

higiene oral Por isso nesta fase deve-se fomentar o iniacutecio da escovagem dos dentes

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico fluoretado com 1000-1500 ppm (mgl)

deve continuar a ser realizada ou supervisionada pelos pais dependendo da destreza

manual da crianccedila pelo menos duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente antes de deitar A quantidade de dentiacutefrico a utilizar deve ser

miacutenima isto eacute idecircntica ao tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

tal como se disse relativamente ao grupo etaacuterio anterior

Natildeo se recomenda qualquer tipo de suplemento sisteacutemico com fluoretos agrave excepccedilatildeo

das crianccedilas de alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 6

A qualidade da alimentaccedilatildeo eacute determinante para a maturaccedilatildeo orgacircnica e a sauacutede

fiacutesica e psicossocial Nesta fase a crianccedila adquire muitos dos comportamentos

alimentares e muitos dos erros nutricionais do adulto A diversidade na alimentaccedilatildeo

eacute a principal forma de garantir a satisfaccedilatildeo das necessidades do organismo em

nutrientes e evitar o excesso de ingestatildeo de substacircncias com riscos para a sauacutede5

Desaconselha-se o consumo de guloseimas e refrigerantes sobretudo fora das

refeiccedilotildees

Se a crianccedila fizer medicaccedilatildeo croacutenica deve dar-se preferecircncia agrave prescriccedilatildeo de

medicamentos sem accediluacutecar

7131 Dos 3 aos 6 anos no Jardim-de-infacircncia

Orientaccedilatildeo Integrar a educaccedilatildeo para sauacutede e a higiene no Projecto Educativo e efectuar uma escovagem dos dentes no

Jardim-de-infacircncia

As Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar preconizam uma

intervenccedilatildeo educativa em que a educaccedilatildeo para a sauacutede e a higiene fazem parte do

dia-a-dia do Jardim-de-infacircncia A crianccedila teraacute oportunidade de cuidar da sua

higiene e sauacutede de compreender as razotildees por que natildeo deve abusar de determinados

alimentos e ter conhecimento do funcionamento dos diferentes oacutergatildeos6

Desaconselha-se o consumo de guloseimas no Jardim-de-infacircncia

Todas as crianccedilas que frequentam os Jardins-de-infacircncia devem fazer uma das

escovagens dos dentes no estabelecimento de educaccedilatildeo sendo esta actividade

particularmente importante para as que vivem em zonas mais desfavorecidas e

apresentam caacuterie dentaacuteria

A escovagem dos dentes no Jardim-de-infacircncia tem por objectivo a

responsabilizaccedilatildeo progressiva da crianccedila pelo auto-cuidado de higiene oral Esta

actividade deveraacute estar integrada no projecto educativo do Jardim-de-infacircncia e ser

pedagogicamente dinamizada pelos educadores de infacircncia

As equipas de sauacutede escolar deveratildeo apoiar a elaboraccedilatildeo do projecto melhorar as

competecircncias dos educadores professores e pais sobre sauacutede oral bem como

orientar o desenvolvimento desta actividade

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 7

Por volta dos 6 anos comeccedilam a erupcionar os primeiros molares permanentes Pela

sua proacutepria morfologia imaturidade e dificuldade na remoccedilatildeo da placa bacteriana

das suas fissuras e fossetas estes dentes satildeo mais vulneraacuteveis agrave caacuterie Por isso

exigem uma atenccedilatildeo particular durante a erupccedilatildeo e uma teacutecnica especiacutefica de

escovagem

714 Mais de 6 anos de idade

Orientaccedilatildeo Escovar os dentes com um dentiacutefrico fluoretado com 1000 e 1500 ppm duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente antes de deitar

A partir dos 6 anos de idade a escovagem dos dentes jaacute deveraacute ser efectuada pela

crianccedila utilizando um dentiacutefrico fluoretado idecircntico ao usado pelos adultos

portanto com um teor de fluoreto entre 1000 e 1500 ppm (mgl) numa quantidade

aproximada de um (1) centiacutemetro

A escovagem dentaacuteria deveraacute ser efectuada duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente antes de deitar Se a crianccedila ainda natildeo tiver destreza manual

recomendamos que esta actividade seja apoiada ou mesmo executada pelos pais7

7141 Mais de 6 anos na escola

Orientaccedilatildeo As mensagens de promoccedilatildeo da sauacutede devem ser coincidentes com as praacuteticas da escola

Durante a escolaridade obrigatoacuteria as referecircncias agrave descoberta do corpo agrave sauacutede agrave

educaccedilatildeo alimentar agrave higiene em geral e agrave higiene oral estatildeo integradas no curriacuteculo

e nos programas escolares do 1ordm ao 9ordm ano do ensino baacutesico8

Educaccedilatildeo Alimentar

A escola tem um papel fundamental na formaccedilatildeo dos haacutebitos alimentares das

crianccedilas e dos jovens pelo que eacute transmitido dentro da sala de aula atraveacutes dos

conteuacutedos curriculares mas tambeacutem atraveacutes da influecircncia dos pares e professores e

pela forma como satildeo expostos os produtos no bufete e na cantina9

As crianccedilas e os jovens que consomem mais alimentos ricos em accediluacutecar e gorduras

e nos intervalos optam predominantemente por doces e bebidas accedilucaradas tecircm

susceptibilidade aumentada agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 8

Assim nos intervalos das aulas a oferta deveraacute possibilitar escolhas saudaacuteveis e

econoacutemicas como leite patildeo e fruta em detrimento de refrigerantes e bolos

Os princiacutepios da promoccedilatildeo da sauacutede devem constituir uma referecircncia para os

projectos de educaccedilatildeo alimentar As Escolas devem assegurar uma poliacutetica

nutricional que promova uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel com coordenaccedilatildeo entre os

serviccedilos que fornecem produtos alimentares na cantina e no bufete natildeo sendo

admissiacuteveis contradiccedilotildees entre as mensagens de educaccedilatildeo alimentar a oferta de

alimentos e a forma como satildeo confeccionados

Os projectos de educaccedilatildeo alimentar soacute ficaratildeo completos se envolverem os alunos

Eles satildeo os actores activos da pesquisa pois soacute compreendendo o que eacute uma

alimentaccedilatildeo equilibrada poderatildeo adoptar uma atitude criacutetica e selectiva na compra e

no consumo dos produtos alimentares Soacute conhecendo os direitos e deveres dos

consumidores se podem alicerccedilar praacuteticas saudaacuteveis

No 1ordm Ciclo

Os ingredientes essenciais da educaccedilatildeo alimentar na escola vatildeo desde a abordagem

dos haacutebitos alimentares agraves questotildees da alimentaccedilatildeo e sauacutede e agrave cadeia alimentar

produccedilatildeo fabrico transformaccedilatildeo distribuiccedilatildeo de alimentos conservaccedilatildeo e higiene

Todos estes aspectos podem ser desenvolvidos no estudo do meio na liacutengua

portuguesa na matemaacutetica e nas aacutereas da expressatildeo musical dramaacutetica e plaacutestica

No 2ordm e 3ordm Ciclos

A implementaccedilatildeo de um Projecto de Educaccedilatildeo Alimentar implica a mobilizaccedilatildeo dos

curriacuteculos disciplinares do maior nuacutemero possiacutevel de disciplinas

Nas Ciecircncias Naturais pode ser realccedilada a importacircncia da alimentaccedilatildeo e a sua

relaccedilatildeo com o funcionamento do corpo e a sauacutede na Histoacuteria pode ser abordada a

evoluccedilatildeo das sociedades e dos seus haacutebitos alimentares nas Ciecircncias Fiacutesico-

Quiacutemicas pode ser estimulado o interesse pelo meio fiacutesico onde os alimentos se

produzem e se transformam com possiacutevel envolvimento da Liacutengua Portuguesa da

Matemaacutetica da Geografia da Educaccedilatildeo Visual Fiacutesica e Tecnoloacutegica eou das aacutereas

curriculares natildeo disciplinares

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 9

Higiene Oral

A higiene oral deve ser abordada no contexto da aquisiccedilatildeo de comportamentos de

higiene pessoal As aprendizagens deveratildeo relacionar os saberes com as vivecircncias

dentro e fora da escola A estrutura dos programas do ensino baacutesico eacute

suficientemente aberta e flexiacutevel para atender os diversos pontos de partida os

interesses e as necessidades dos alunos assim como as caracteriacutesticas do meio

Deste modo os conteuacutedos da sauacutede oral e da higiene oral podem ser associados ao

desenvolvimento de haacutebitos de higiene pessoal e de vida saudaacutevel

No 1ordm Ciclo recomendamos que as crianccedilas faccedilam uma das escovagens dos dentes

no proacuteprio estabelecimento de ensino Esta escovagem deve ser orientada pelos

professores a quem deveraacute ser dada formaccedilatildeo para esta actividade e regularmente

pelo menos uma vez em cada trimestre supervisionada pela equipa de sauacutede escolar

Seraacute de estimular a auto-responsabilizaccedilatildeo da crianccedila pela sua higiene oral de

manhatilde e agrave noite

Escovagem dos dentes

Na escola deve ser monitorizada a execuccedilatildeo e a efectividade desta actividade A

execuccedilatildeo da escovagem pode ser monitorizada atraveacutes de um registo diaacuterio num

mapa de turma e a efectividade pode ser avaliada atraveacutes da utilizaccedilatildeo do revelador

de placa bacteriana e do caacutelculo do Iacutendice de lsquoPlaca Simplificadorsquo realizado pelos

profissionais de sauacutede10

Fio dentaacuterio

A higienizaccedilatildeo dos espaccedilos interdentaacuterios deve comeccedilar a ser feita por volta dos 9-

10 anos quando a crianccedila comeccedila a ter destreza manual para utilizar o fio dentaacuterio

A teacutecnica deve ser claramente explicada e treinada11

Bochecho fluoretado

Todas as crianccedilas e jovens que frequentam as escolas do 1ordm Ciclo do Ensino Baacutesico

devem fazer o bochecho quinzenal com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a 0212

As estrateacutegias e teacutecnicas de realizaccedilatildeo e implementaccedilatildeo na escola das medidas de

promoccedilatildeo da sauacutede oral preconizadas encontram-se descritas no Texto de Apoio

anexo a esta Circular Normativa da qual faz parte integrante

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 10

Sauacutede Oral na Adolescecircncia

No decurso da adolescecircncia em que se reorganiza a forma de estar no mundo se

reformula o autoconceito atraveacutes nomeadamente dos reforccedilos positivos da auto-

imagem a higiene oral pode desempenhar um contributo importante para esse

processo Neste periacuteodo a adesatildeo a praacuteticas adequadas em termos de sauacutede oral natildeo

passa estritamente por motivaccedilotildees de caraacutecter sanitaacuterio

Tendo isso em conta os profissionais de sauacutede ligados agraves acccedilotildees educativas e

preventivas neste domiacutenio natildeo podem deixar de valorizar as expectativas dos jovens

acerca dos laacutebios da boca e dos dentes nos planos esteacutetico e relacional

Sauacutede Oral em crianccedilas e de jovens com Necessidades de Sauacutede Especiais

A promoccedilatildeo da sauacutede oral de crianccedilas e jovens com Necessidades de Sauacutede

Especiais estaacute descrita no laquoManual de Boas Praacuteticas em Sauacutede Oralraquo editado pela

DGS13

A administraccedilatildeo de suplemento sisteacutemico de fluoretos recomendada deve ser

corrigida de acordo com as orientaccedilotildees introduzidas pelo presente documento

72 Prevenccedilatildeo das doenccedilas orais

Em sauacutede infantil e juvenil a observaccedilatildeo da boca e dos dentes feita pela equipa de

sauacutede pelo meacutedico de famiacutelia ou pelo pediatra comeccedila aos 6 meses e prolonga-se

ateacute aos 18 anos14

A estes profissionais compete reforccedilar as medidas de promoccedilatildeo da sauacutede oral

descritas anteriormente e fazer o diagnoacutestico precoce de caacuterie dentaacuteria registando

os dados na Ficha Individual de Sauacutede Oral e no Boletim de Sauacutede Infantil

Em Sauacutede Escolar tambeacutem poderaacute ser feita essa observaccedilatildeo

Face a um diagnoacutestico ou a uma suspeita de doenccedila oral a crianccedila deve ser

encaminhada para o gestor do programa no Centro de Sauacutede

Se o Centro de Sauacutede tiver higienista oral estomatologista ou meacutedico dentista eacute

feita a avaliaccedilatildeo do risco individual de caacuterie e a protecccedilatildeo dos dentes agraves crianccedilas e

jovens de alto risco

Se o Centro de Sauacutede natildeo dispuser de profissionais de sauacutede oral o gestor do

programa encaminharaacute as crianccedilas para os serviccedilos de estomatologia dos hospitais

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 11

distritais ou centrais caso tenham resposta ou para um meacutedico estomatologista

meacutedico dentista contratualizado

A partir do momento em que a crianccedila apresenta um dente com uma lesatildeo de caacuterie

dentaacuteria passa a exigir medidas preventivas e terapecircuticas especiacuteficas Apoacutes o

tratamento da lesatildeo de caacuterie essa crianccedila eacute incluiacuteda num grupo que do ponto de

vista preventivo exigiraacute maior atenccedilatildeo e acompanhamento

A protecccedilatildeo dos dentes em crianccedilas com alto risco agrave caacuterie dentaacuteria consiste na

execuccedilatildeo de uma ou mais medidas

Aplicaccedilatildeo de selantes de fissura

Suplemento de fluoretos um (1) comprimido diaacuterio de 025 mg que deve ser

dissolvido lentamente na boca agrave noite antes de deitar

Verniz de fluacuteor ou de clorohexidina

A estrateacutegia preventiva e terapecircutica do programa complementam-se com a

avaliaccedilatildeo do risco individual de caacuterie dentaacuteria

A avaliaccedilatildeo eacute feita a partir da conjugaccedilatildeo dos seguintes factores de risco evidecircncia

cliacutenica de doenccedila anaacutelise dos haacutebitos alimentares controlo da placa bacteriana

niacutevel socioeconoacutemico da famiacutelia e histoacuteria cliacutenica da crianccedila15

Factores de Risco Baixo Risco Alto Risco

Evidecircncia cliacutenica de doenccedila

Sem lesotildees de caacuterie Nenhum dente perdido devido a caacuterie Poucas ou nenhumas obturaccedilotildees

Lesotildees activas de caacuterie Extracccedilotildees devido a caacuterie Duas ou mais obturaccedilotildees Aparelho fixo de ortodontia

Anaacutelise dos haacutebitos alimentares

Ingestatildeo pouco frequente de alimentos accedilucarados

Ingestatildeo frequente de alimentos accedilucarados em particular entre as refeiccedilotildees

Utilizaccedilatildeo de fluoretos

Uso regular de dentiacutefrico fluoretado

Natildeo utilizaccedilatildeo regular de qualquer dentiacutefrico fluoretado

Controlo da placa bacteriana

Escovagem dos dentes duas ou mais vezes por dia

Natildeo escova os dentes ou faz uma escovagem pouco eficaz

Niacutevel socioeconoacutemico da famiacutelia

Meacutedio ou alto Baixo

Histoacuteria cliacutenica da crianccedila

Sem problemas de sauacutede Ausecircncia de medicaccedilatildeo croacutenica

Portador de deficiecircncia fiacutesica ou mental Ingestatildeo prolongada de medicamentos cariogeacutenicos Doenccedilas Croacutenicas Xerostomia

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 12

As crianccedilas e os jovens que natildeo se inscrevem em nenhuma das categorias anteriores

satildeo considerados de risco moderado

Os criteacuterios de avaliaccedilatildeo do risco individual de caacuterie dentaacuteria seratildeo

complementados com orientaccedilotildees teacutecnicas a emitir pela Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

73 Diagnoacutestico precoce e tratamento dentaacuterio

O diagnoacutestico precoce e os tratamentos dentaacuterios podem ser feitos no Centro de

Sauacutede nos serviccedilos de estomatologia do Hospital ou pelos meacutedicos estomatologistas

ou meacutedicos dentistas contratualizados da sua aacuterea de atracccedilatildeo

Nos Centros de Sauacutede onde existe Higienista Oral este gere os encaminhamentos

quando haacute necessidade de tratamentos e a frequecircncia da vigilacircncia da sauacutede oral das

crianccedilas e dos jovens do seu ficheiro

A contratualizaccedilatildeo com profissionais de sauacutede oral permite-nos garantir cuidados de

sauacutede oral a todas as crianccedilas em Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral

que desenvolvam caacuterie dentaacuteria

O processo seraacute implementado progressivamente O meacutedico estomatologistameacutedico

dentista responsabiliza-se pelo acompanhamento individual das crianccedilas que lhe satildeo

remetidas pelo SNS

O encaminhamento deve respeitar a liberdade de escolha do utente e a capacidade

de resposta do profissional contratualizado

8 Avaliaccedilatildeo do Programa

A avaliaccedilatildeo do programa tem periodicidade anual pelo que os indicadores a utilizar

teratildeo necessariamente que ser faacuteceis de obter e fiaacuteveis Satildeo eles que iratildeo permitir a

monitorizaccedilatildeo do programa e os avanccedilos alcanccedilados em cada regiatildeo de sauacutede e nos

diversos grupos etaacuterios

As fontes de dados satildeo nos serviccedilos puacuteblicos os registos habituais de actividades e

os mapas de sauacutede oral e sauacutede escolar nos serviccedilos privados a informaccedilatildeo

produzida pelos profissionais de sauacutede oral contratualizados registada na Ficha

Individual de Sauacutede Oral transcrita para o Mapa Anual da intervenccedilatildeo meacutedico-

dentaacuteria e enviada para o serviccedilo com quem contratualizou

A qualidade das prestaccedilotildees contratualizadas seraacute feita por avaliaccedilatildeo externa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 13

Os indicadores de avaliaccedilatildeo do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral satildeo

Percentagem de crianccedilas em programa aos 3 6 12 e 15 anos

Percentagem de crianccedilas em programa no Jardim-de-infacircncia e na Escola no 1ordm

ciclo 2ordm ciclo e 3ordm ciclo

Percentagem de crianccedilas com necessidades de tratamentos dentaacuterios

encaminhadas e tratadas

Percentagem de crianccedilas de alto risco agrave caacuterie

Percentagem de crianccedilas livres de caacuterie aos 6 anos

Iacutendice cpod e CPOD aos 6 anos

Iacutendice CPOD aos 12 anos

Esta avaliaccedilatildeo anual natildeo substitui as avaliaccedilotildees quinquenais de acircmbito nacional que a

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede com as Administraccedilotildees Regionais de Sauacutede e as Secretarias

Regionais continuaratildeo a realizar

9 Disposiccedilotildees finais e transitoacuterias

Para efeito de avaliaccedilatildeo do estado dentaacuterio e de avaliaccedilatildeo do risco seratildeo elaborados

suportes de informaccedilatildeo para serem utilizados por todos os sectores intervenientes

no programa e em todos os niacuteveis de produccedilatildeo de informaccedilatildeo

Do niacutevel local ao niacutevel central a informaccedilatildeo iraacute sendo agrupada em mapas de modo

a podermos construir indicadores de niacuteveis de resultados

Os dois Textos de Apoio anexos a este programa ldquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de

Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutederdquo e ldquoFluoretos Fundamentaccedilatildeo e

recomendaccedilatildeordquo suportam as alteraccedilotildees introduzidas e apontam formas de

implementar a estrateacutegia definida no Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede

Oral

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 14

Consenso sobre a utilizaccedilatildeo de fluoretoslowast no acircmbito do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral

Generalidades

O fluacuteor tem comprovada importacircncia na reduccedilatildeo da prevalecircncia e gravidade da caacuterie A

estrateacutegia da sua utilizaccedilatildeo em sauacutede oral foi redefinida com base em novas evidecircncias

cientiacuteficas Actualmente considera-se que a sua acccedilatildeo preventiva e terapecircutica eacute toacutepica

e poacutes-eruptiva e que para se obter este efeito toacutepico o dentiacutefrico fluoretado constitui a

opccedilatildeo consensual

Os fluoretos quando administrados por via sisteacutemica podem ter efeitos toacutexicos em

particular antes dos 6 anos Embora as consequecircncias sejam essencialmente de ordem

esteacutetica eacute revista a sua administraccedilatildeo

Nas crianccedilas com idades iguais ou inferiores a 6 anos que cumprem as exigecircncias

habituais da higiene oral isto eacute escovam os dentes usando dentiacutefrico fluoretado a

concomitante administraccedilatildeo de comprimidos ou gotas aumenta o risco de fluorose

dentaacuteria

As recomendaccedilotildees da Task Force sobre a utilizaccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da

caacuterie integradas no Programa Nacional de Sauacutede Oral satildeo as seguintes

a) Eacute dada prioridade agraves aplicaccedilotildees toacutepicas sob a forma de dentiacutefricos administrados na

escovagem dos dentes Estas aplicaccedilotildees devem ser efectuadas desde a erupccedilatildeo dos

dentes e de acordo com as regras expostas na tabela anexa

b) Os comprimidos anteriormente recomendados no acircmbito do Programa de Promoccedilatildeo

da Sauacutede Oral nas Crianccedilas e nos Adolescentes (CN nordm 6DSE de 200599) soacute

seratildeo administrados apoacutes os 3 anos a crianccedilas de alto risco agrave caacuterie dentaacuteria Nesta

situaccedilatildeo os comprimidos devem ser dissolvidos na boca lentamente

preferencialmente antes de deitar As acccedilotildees de educaccedilatildeo para a sauacutede devem

prioritariamente promover a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado

lowast Das Faculdades de Medicina Dentaacuteria de Lisboa Porto e Coimbra Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Coleacutegio de Estomatologia da Ordem dos Meacutedicos Ordem dos Meacutedicos Dentistas e Sociedade Portuguesa de Pediatria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 15

c) Em nenhum dos casos estaacute recomendada a administraccedilatildeo de fluoretos sisteacutemicos agraves

graacutevidas agraves crianccedilas antes dos 3 anos e agraves que em qualquer idade consumam aacutegua

com teor de fluoreto superior a 03 ppm

Recomendaccedilotildees sobre a utilizaccedilatildeo de fluoretos no acircmbito do PNPSO

RECOMEN-

DACcedilOtildeES

Frequecircncia da

escovagem dos dentes

Material utilizado na escovagem dos dentes

Execuccedilatildeo da escovagem dos dentes

Dentiacutefrico fluoretado

Suplemento sisteacutemico de

fluoretos

0-3 Anos 2 x dia

a partir da erupccedilatildeo do 1ordm dente

uma obrigatoria-mente antes

de deitar

Gaze Dedeira

Escova macia

de tamanho pequeno

Pais

1000-1500 ppm

quantidade idecircntica ao tamanho da

unha do 5ordm dedo da crianccedila

Natildeo recomendado

3-6 Anos 2 x dia

uma

obrigatoria-mente antes

de deitar

Escova macia

de tamanho adequado agrave

boca da crianccedila

Pais eou Crianccedila

a partir do

momento em que a crianccedila

adquire destreza

manual faz a escovagem sob

supervisatildeo

1000-1500 ppm

quantidade idecircntica ao tamanho da

unha do 5ordm dedo da crianccedila

Natildeo recomendado

Excepcionalmente as crianccedilas de alto

risco agrave caacuterie dentaacuteria podem fazer

1 (um) comprimido diaacuterio de fluoreto de soacutedio a 025 mg

Mais de 6 Anos

2 x dia

uma

obrigatoria-mente antes

de deitar

Escova macia

ou em alternativa

meacutedia

de tamanho adequado agrave

boca da crianccedila ou do

jovem

Crianccedila eou Pais

se a crianccedila

natildeo tiver adquirido destreza

manual a escovagem

tem que ter a intervenccedilatildeo

activa dos pais

1000-1500 ppm

quantidade aproximada de 1 centiacutemetro

Natildeo recomendado

Excepcionalmente as crianccedilas de alto

risco agrave caacuterie dentaacuteria podem fazer

1 (um) comprimido diaacuterio de fluoreto de soacutedio a 025 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 16

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 17

Referecircncias

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12 Direcccedilatildeo-Geral dos Cuidados de Sauacutede Primaacuterios Bochecho fluoretado ndash Guia Praacutetico do Professor Lisboa DGS 1992

13 Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Divisatildeo de Sauacutede Escolar Manual de Boas Praacuteticas em Sauacutede Oral para quem trabalha com Crianccedilas e Jovens com Necessidades de Sauacutede Especiais Lisboa DGS 2002 httpwwwdgsaudept

14 Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Sauacutede Infantil e Juvenil Programa-Tipo de Actuaccedilatildeo Lisboa DGS2002 (Orientaccedilotildees Teacutecnicas 12) httpwwwdgsaudept

15 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in children at High Caries Risk A National Clinical Guideline SIGN 2000 httpwwwsignacuk

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Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 20

Agradecimentos

A Task Force que colaborou na revisatildeo do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral coordenada pela Drordf Gregoacuteria Paixatildeo von Amann e pela Higienista Oral Cristina Ferreira Caacutedima da Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede contou com a prestimosa colaboraccedilatildeo teacutecnica e cientiacutefica de

Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge representado pela Drordf Dirce Silveira

Direcccedilatildeo-Geral da Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura representada pela Engordf Maria de Lourdes Camilo

Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa representada pelo Prof Doutor Paulo Melo

Faculdade de Medicina de Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria representada pelo Dr Francisco Delille

Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade de Lisboa representada pelo Prof Doutor Ceacutesar Mexia de Almeida

Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto representada pelo Prof Doutor Fernando M Peres

Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento representado pela Drordf Ana Arauacutejo

Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede - Norte representado pelo Prof Doutor Paulo Rompante

Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede - Sul representado pela Profordf Doutora Fernanda Mesquita

Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia representada pelo Dr Alexandre Loff Seacutergio

Ordem dos Meacutedicos Dentistas representada pelo Prof Doutor Paulo Melo

Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria representada pelo Prof Doutor Ceacutesar Mexia de Almeida

Sociedade Portuguesa de Pediatria representada pelo Dr Manuel Salgado

Serviccedilos da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede representada pela Drordf Anabela Lopes Divisatildeo de Sauacutede Ambiental representada pelo Engordm Paulo Diegues e a Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede representada pelo Dr Pedro Ribeiro da Silva

Pelas sugestotildees e correcccedilotildees introduzidas o nosso agradecimento agrave Profordf Doutora Isabel Loureiro ao Dr Vasco Prazeres Drordf Leonor Sassetti Drordf Ana Paula Ramalho Correia Dr Rui Calado Drordf Maria Otiacutelia Riscado Duarte Dr Joatildeo Breda e ao Sr Viacutetor Alves que concebeu o logoacutetipo do programa

A todos a Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede e a Divisatildeo de Sauacutede Escolar agradecem

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

E s t r a t eacute g i a s e T eacute c n i c a s d e E d u c a ccedil atilde o e P r o m o ccedil atilde o

d a S a uacute d e

Documento produzido no acircmbito dos trabalhos da Task Force pela Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede Dr

Pedro Ribeiro da Silva e Dr Joatildeo Breda e pela Higienista Oral Cristina Ferreira Caacutedima e Drordf Gregoacuteria Paixatildeo von Amann da

Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede que coordenou os trabalhos

1 Preacircmbulo

Os Programas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede tecircm por objectivo capacitar as pessoas a tomarem decisotildees no

seu quotidiano que se revelem as mais adequadas para manter ou alargar o seu potencial de sauacutede

Para se atingir este objectivo fornece-se informaccedilatildeo e utilizam-se metodologias que facilitem e decircem

suporte agraves mudanccedilas comportamentais e agrave manutenccedilatildeo das praacuteticas consideradas saudaacuteveis

Mas a mudanccedila de comportamentos natildeo eacute faacutecil depende de factores sociais culturais familiares

entre muitos outros e natildeo apenas do conhecimento cientiacutefico que as pessoas possuam sobre

determinada mateacuteria

Esta dificuldade eacute bem patente quando como no presente caso se pretende intervir sobre

comportamentos relacionados com a alimentaccedilatildeo e a escovagem dos dentes

Quando os pais datildeo aos filhos patildeo achocolatado ou outros alimentos accedilucarados para levarem para a

escola estatildeo com frequecircncia a dar natildeo apenas um alimento mas tambeacutem e ateacute talvez

principalmente afecto tentando colmatar lacunas que possam ter na relaccedilatildeo com os seus filhos

mesmo que natildeo tenham consciecircncia desse facto

Podem tambeacutem dar este tipo de alimento por terem dificuldade de encontrar tempo para confeccionar

uma sandes ou outro alimento e os anteriormente referidos estatildeo sempre prontos a serem colocados na

mochila da crianccedila

Eacute importante desenvolvermos estrateacutegias de Educaccedilatildeo para a Sauacutede que natildeo culpabilizem os pais

porque estes intrinsecamente desejam sempre o melhor para os seus filhos embora natildeo consigam por

vezes colocaacute-lo em praacutetica

Devido agrave complexidade que eacute actuar sobre comportamentos individuais para se aumentar a eficiecircncia

das nossas praacuteticas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede torna-se fulcral utilizar metodologias alargadas a vaacuterios

parceiros e sectores da comunidade de forma articulada e continuada para que progressivamente

possamos ir obtendo resultados

Como propotildee Nancy Russel no seu Manual de Educaccedilatildeo para a Sauacutede ldquoPara desenhar um

programa de Educaccedilatildeo para a Sauacutede eacute necessaacuterio ter conhecimentos sobre comportamentos e sobre

os factores que produzem a mudanccedilardquo E continua explicitando ldquoAs teorias da mudanccedila de

comportamento que podem ser aplicadas em Educaccedilatildeo para a Sauacutede foram elaboradas a partir de

uma variedade de aacutereas incluindo a psicologia a sociologia a antropologia a comunicaccedilatildeo e o

marketing Nenhuma teoria ou rede de conceitos domina por si soacute a investigaccedilatildeo ou a praacutetica da

Educaccedilatildeo para a Sauacutede Provavelmente porque os comportamentos de sauacutede satildeo demasiado

complexos para serem explicados por uma uacutenica teoriardquo (19968)

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 2

2 Metodologias para Desenvolvimento da Acccedilatildeo

21 Primeira vertente ndash O diagnoacutestico de situaccedilatildeo

A primeira etapa de actuaccedilatildeo eacute de grande importacircncia para a continuidade das outras actividades e

podemos resumi-la a um bom diagnoacutestico de situaccedilatildeo que permita conhecer em pormenor a realidade

sobre a qual se pretende actuar

I - Eacute importante estabelecer como uma das primeiras actividades a anaacutelise de duas vertentes com

grande influecircncia na sauacutede oral os haacutebitos culturais das famiacutelias relativamente agrave alimentaccedilatildeo e as

praacuteticas de higiene oral dos adultos e das crianccedilas

II - Um segundo aspecto relaciona-se com os tipos de interacccedilatildeo entre professores ou

educadores de infacircncia e pais No caso de essa interacccedilatildeo ser regular e organizada importa saber como

reagem os pais agraves indicaccedilotildees dos professores sobre os aspectos comportamentais das crianccedilas e que

efeito e eficaacutecia tecircm essas acccedilotildees na capacitaccedilatildeo de pais e filhos relativamente aos comportamentos

relacionados com a sauacutede oral

Actividades a desenvolverem

a) estudar as formas de melhorar a relaccedilatildeo entre pais e professores procurando resolver as

dificuldades que com frequecircncia os pais apresentam como obstaacuteculos ao contacto mais regular

com os professores

b) analisar a eficaacutecia das recomendaccedilotildees dadas procurando as razotildees que possam estar na origem

de situaccedilotildees de menor eficaacutecia como o desfasamento entre as recomendaccedilotildees e o contexto

familiar e cultural das crianccedilas ou recomendaccedilotildees muito teacutecnicas ou paternalistas Todas estas

situaccedilotildees podem provocar resistecircncias nas famiacutelias agrave adesatildeo agraves praacuteticas desejaacuteveis relativamente

ao programa de sauacutede oral Esta temaacutetica da Educaccedilatildeo para a Sauacutede e as praacuteticas

comportamentais eacute muito complexa mas fundamental para se conseguirem resultados ao niacutevel

dos comportamentos

III - Outra componente a analisar satildeo os aspectos sociais dos consumos alimentares que possam

estar relacionados com situaccedilotildees locais como campanhas publicitaacuterias ou de promoccedilatildeo de

determinados alimentos potencialmente cariogeacutenicos nos estabelecimentos da zona Oferta pouco

adequada de alimentos na cantina da escola com existecircncia preponderante de alimentos e bebidas

accedilucaradas A confecccedilatildeo das refeiccedilotildees no refeitoacuterio com pouca oferta de fruta legumes e vegetais e

preponderacircncia de sobremesas doces

Segundo o Modelo Precede de Green existem 3 etapas a contemplar num diagnoacutestico de situaccedilatildeo

middot diagnoacutestico epidemioloacutegico necessaacuterio para a identificaccedilatildeo dos problemas de sauacutede sobre os

quais se vai actuar como sejam os iacutendices de caacuterie fluorose dentaacuteria e outros

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 3

middot diagnoacutestico social que corresponde agrave identificaccedilatildeo das situaccedilotildees sociais existentes na comunidade

onde se desenvolve a actividade que podem contribuir para os problemas de sauacutede oral detectados

ou que se pretende prevenir

middot diagnoacutestico comportamental para identificaccedilatildeo dos vaacuterios padrotildees comportamentais que possam

estar relacionados com os problemas de sauacutede oral inventariados

A este diagnoacutestico de problemas eacute importante associar-se a identificaccedilatildeo de necessidades da

populaccedilatildeo-alvo da acccedilatildeo

Apesar da prevalecircncia das doenccedilas orais e da necessidade deste Programa Nacional em algumas

comunidades poderatildeo existir vaacuterios outros problemas de sauacutede mais graves ou mais prevalentes e

neste caso importa fazer uma avaliaccedilatildeo dos recursos e das possibilidades de eficaacutecia dando prioridade

aos grupos e agraves situaccedilotildees mais graves e de maior amplitude Outro factor a ter em conta na decisatildeo

relaciona-se com a capacidade de alterar as causas comportamentais ou factores de risco pelo

programa educacional

Apoacutes a avaliaccedilatildeo das necessidades deveratildeo ser estabelecidas as prioridades tendo em conta os

problemas de sauacutede identificados a capacidade de alteraccedilatildeo dos factores de risco comportamentais e

outros Eacute muito importante associar-se agrave definiccedilatildeo de prioridades de actuaccedilatildeo a caracterizaccedilatildeo dos sub-

grupos existentes e as diferentes estrateacutegias apropriadas a cada uma dessas populaccedilotildees alvo

22 Segunda vertente ndash os teacutecnicos de educaccedilatildeo

Todos os parceiros satildeo importantes para o desenvolvimento dos programas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede

mas no caso especiacutefico da sauacutede oral os teacutecnicos de Educaccedilatildeo satildeo fundamentais Eacute por esta razatildeo

tarefa prioritaacuteria sensibilizaacute-los e englobaacute-los no desenho dos programas desde o iniacutecio

Sabemos atraveacutes das nossas praacuteticas anteriores que nem sempre os teacutecnicos de educaccedilatildeo aderem a

algumas das actividades dos programas de sauacutede oral propostas pelos teacutecnicos de sauacutede utilizando

para isso os mais diversos argumentos A explicitaccedilatildeo dos uacuteltimos consensos cientiacuteficos nesta aacuterea

com disponibilizaccedilatildeo de bibliografia pode ser facilitador da adesatildeo ao programa

Uma das actividades centrais deste programa seraacute trabalhar em conjunto com os teacutecnicos de educaccedilatildeo

nomeadamente docentes das escolas baacutesicas e secundaacuterias e educadores de infacircncia sobre as

potencialidades do programa e os ganhos em sauacutede que a meacutedio e longo prazo este pode provocar na

populaccedilatildeo portuguesa

Outra tarefa importante eacute a reflexatildeo em conjunto sobre as dificuldades diagnosticadas em cada escola

para concretizar as actividades do programa na tentativa de encontrar soluccedilotildees seja atraveacutes da

resoluccedilatildeo dos obstaacuteculos seja encontrando alternativas Poderaacute acontecer natildeo ser possiacutevel executar

todas as tarefas incluiacutedas no programa Nesses casos importa decidir quais as actividades que poderatildeo

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ser levadas agrave praacutetica com ecircxito Seraacute preferiacutevel concretizar algumas tarefas que nenhumas assim

como seraacute melhor realizar bem poucas tarefas do que muitas ou todas de forma deficiente

Frequentemente existe um diferencial de conhecimentos sobre estas aacutereas entre os teacutecnicos de

educaccedilatildeo e os de sauacutede Para evitar problemas eacute imperioso que os teacutecnicos de educaccedilatildeo sejam

parceiros em igualdade de circunstacircncia e natildeo sintam que tecircm um papel secundaacuterio no projecto ou

meros executores de tarefas

A eventual deacutecalage de conhecimentos sobre sauacutede oral pode ser compensado utilizando estrateacutegias de

trabalho em equipa natildeo assumindo os teacutecnicos de sauacutede papel de liacutederes do processo nem de

detentores da informaccedilatildeo cientiacutefica As teacutecnicas de trabalho em equipa devem implicam a partilha de

tarefas e lideranccedila natildeo assumindo o programa uma dimensatildeo vertical e impositiva por parte da sauacutede

As mensagens chave do programa seratildeo discutidas por todos os intervenientes Eacute muito importante que

sejam claras nos conteuacutedos e assumidas por toda a equipa em todas as situaccedilotildees de modo a tornar as

intervenccedilotildees coerentes com os objectivos do programa

Como cada comunidade e cada escola tecircm caracteriacutesticas proacuteprias o programa as actividades e o

trabalho interdisciplinar em equipa seratildeo adequados agraves condiccedilotildees objectivas e subjectivas de todos os

intervenientes o que pode tornar necessaacuterio fazer adaptaccedilotildees agrave aplicaccedilatildeo do mesmo O mesmo se

passa em relaccedilatildeo agraves mensagens que necessitam ser adaptadas a cada situaccedilatildeo e a cada contexto

Em relaccedilatildeo agrave Educaccedilatildeo para a Sauacutede a procura de soluccedilotildees para as situaccedilotildees decorrentes da

implementaccedilatildeo do programa como a sensibilizaccedilatildeo dos parceiros e a eliminaccedilatildeo de obstaacuteculos satildeo

uma das tarefas centrais dos programas e natildeo devem ser subestimadas pelos teacutecnicos de sauacutede pois

delas depende muita da eficaacutecia do projecto

A educaccedilatildeo alimentar eacute uma das vertentes centrais do programa pelo que eacute necessaacuterio sensibilizar os

professores para aspectos da vida escolar que podem afectar a sauacutede oral dos alunos como as ementas

escolares existentes no refeitoacuterio e o tipo de alimentos disponibilizado no bar

221 Componente praacutetica

Uma primeira tarefa do programa na escola seraacute a sensibilizaccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo para a

importacircncia do mesmo A explicitaccedilatildeo teoacuterica resumida dos pressupostos cientiacuteficos que legitimam a

alteraccedilatildeo do programa eacute um instrumento facilitador

Fundamental explicar as razotildees que tornam a escovagem como um actividade central do programa e

os inconvenientes de se darem suplementos de fluacuteor de forma generalizada Seremos especialmente

eficazes se nos disponibilizarmos para responder agraves questotildees e duacutevidas que os professores possam ter

Esta eacute com certeza tambeacutem uma maneira de aprofundarmos o diagnoacutestico da situaccedilatildeo e de podermos

contribuir para remover os obstaacuteculos detectados

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Uma segunda tarefa consistiraacute em operacionalizar o programa com os professores de modo a construi-

lo conjuntamente As diversas tarefas devem ser planeadas e avaliadas continuamente para se fazerem

as alteraccedilotildees consideradas necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar do programa

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo e a escovagem

O Programa Nacional de Sauacutede Oral propotildee algumas alteraccedilotildees que podemos considerar profundas e

de ruptura em relaccedilatildeo ao programa anterior como sejam a aplicaccedilatildeo restrita dos suplementos

sisteacutemicos de fluoretos e a escovagem duas vezes ao dia com um dentiacutefrico fluoretado como principal

medida para uma boa sauacutede oral Estas directrizes derivam do consenso dos peritos de Sauacutede Oral

reunidos na task force coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

Eacute faacutecil de compreender que organizar a escovagem dos dentes dos alunos eacute mais trabalhoso que dar-

lhes um comprimido de fluacuteor ou ateacute do que fazer o bochecho com uma soluccedilatildeo fluoretada Para sermos

bem sucedidos seraacute fundamental actuar de forma cautelosa respeitando as caracteriacutesticas das pessoas e

os contextos em presenccedila

Como sabemos eacute difiacutecil quebrar rotinas e o programa vai implicar mais trabalho para os professores e

disponibilizaccedilatildeo de tempo para os pais e professores A adopccedilatildeo pelos Jardins de infacircncia e Escolas da

escovagem dos dentes dos alunos pelo menos uma vez dia como factor central do programa vai

possivelmente encontrar algumas resistecircncias por parte dos educadores de infacircncia e professores que

importa ir resolvendo de forma progressiva e de acordo com as dificuldades reais encontradas Estas

dificuldades podem estar relacionadas com a deficiecircncia de instalaccedilotildees ou outras mas estaraacute com

frequecircncia tambeacutem muito relacionada com aspectos psicossociais de resistecircncia agrave mudanccedila de rotinas

instaladas e com vaacuterios anos

Uma das estrateacutegias primordiais para este programa ser bem sucedido passa pela resoluccedilatildeo dos

obstaacuteculos referidos pelos teacutecnicos de educaccedilatildeo relativamente agrave escovagem nomeadamente

a possibilidade de as crianccedilas usarem as escovas de colegas podendo haver transmissatildeo de doenccedilas

como a hepatite ou outras

a ausecircncia de um local apropriado para a escovagem

a confusatildeo que a escovagem iraacute causar com eventuais situaccedilotildees de indisciplina

a dificuldade de vigiar todos os alunos durante a escovagem com a consequente possibilidade de

alguns especialmente se mais novos poderem engolir dentiacutefrico

existirem alguns alunos que devido a carecircncias econoacutemicas ou desconhecimento dos pais tecircm

escovas jaacute muito deterioradas podendo ser alvo de troccedila e humilhaccedilatildeo por parte dos colegas ou

sentindo-se os professores na necessidade de fazerem algo mas natildeo terem possibilidade de

substituiacuterem as escovas

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Estes e outros argumentos poderatildeo ser reais ou apenas formas de encontrar justificaccedilotildees para natildeo

alterar rotinas no entanto eacute fundamental analisar cada situaccedilatildeo e encontrar a forma adequada de actuar

o que implica procurar em conjunto a resoluccedilatildeo do problema natildeo desvalorizando a perspectiva do

teacutecnico de educaccedilatildeo mesmo que do ponto de vista da sauacutede nos pareccedila oacutebvia a resistecircncia agrave mudanccedila e

a sua soluccedilatildeo

Se natildeo conseguirmos sensibilizar os profissionais de educaccedilatildeo para a importacircncia da escovagem e nos

limitarmos a contra-argumentar com os nossos dados e a nossa cientificidade facilmente iratildeo

encontrar outros argumentos Eacute preciso compreender que o que estaacute em causa natildeo satildeo as dificuldades

objectivas mas outro tipo de razotildees mais ou menos subjectivas relacionadas com as condiccedilotildees locais

e de contexto como por exemplo o facto de alguns professores considerarem que natildeo eacute da sua

competecircncia promover a escovagem dos dentes dos seus alunos A interacccedilatildeo pais-professores eacute

constante e pode potenciar grandemente o programa

23 Terceira vertente ndash os pais

Os pais satildeo tambeacutem intervenientes fundamentais nos programas de sauacutede oral e eacute fundamental que

sejam englobados na equipa de projecto enquanto parceiros activos na programaccedilatildeo de actividades de

modo a poder resolver-se eventuais resistecircncias que inclusive podem ser desconhecidas dos teacutecnicos e

serem devidas a idiossincracias micro-culturais Todas as estrateacutegias que sensibilizem os pais para as

medidas que se preconizam satildeo importantes Eacute fundamental que o programa seja ldquocontinuadordquo e

reforccedilado em casa e natildeo pelo contraacuterio descredibilizado pelas praacuteticas domeacutesticas

Em relaccedilatildeo aos pais os factores emocionais satildeo centrais na sua relaccedilatildeo com os filhos e com as escolhas

comportamentais quotidianas Transmitir informaccedilatildeo de forma essencialmente cognitiva por exemplo

laquonatildeo decirc lsquoBolosrsquo aos seus filhos porque satildeo alimentos que podem contribuir para o aparecimento de

caacuterie nos dentes e provocar obesidaderaquo tem muitas possibilidades de provocar efeitos perversos

negativos como seja a culpabilizaccedilatildeo dos pais e a resistecircncia agrave mudanccedila de comportamentos

Com frequecircncia os doces satildeo uma forma de dar afecto ou premiar os filhos ou ateacute servir como

substituto da impossibilidade dos pais estarem mais tempo com os filhos situaccedilatildeo que natildeo eacute com

frequecircncia consciente para os pais Os padrotildees comportamentais dos pais obedecem a inuacutemeras

componentes e soacute actuando sobre cada uma delas se conseguem resultados nas mudanccedilas de

comportamentos

Fornecer apenas informaccedilatildeo pode natildeo soacute natildeo provocar alteraccedilotildees comportamentais como criar ou

aumentar as resistecircncias agrave mudanccedila Eacute preciso adequar a informaccedilatildeo agraves diversas situaccedilotildees

caracterizando-as primeiro valorizando as componentes emocionais relacionais e contextuais dos

comportamentos natildeo culpabilizando os pais (porque isso provoca resistecircncias agrave mudanccedila natildeo soacute em

relaccedilatildeo a este programa mas a futuras intervenccedilotildees) e encontrando formas alternativas de resolver estas

situaccedilotildees utilizando soluccedilotildees que provoquem emoccedilotildees positivas em todos os intervenientes E dessa

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forma eacute possiacutevel ser-se eficaz respeitando os universos relacionais das famiacutelias e evitando efeitos

comportamentais paradoxais ou seja por reacccedilatildeo agrave informaccedilatildeo que os culpabiliza os pais

dessensibilizam das nossas indicaccedilotildees agravando e aumentando as praacuteticas que se desaconselham

Eacute esta uma das razotildees porque eacute tatildeo difiacutecil atingir os grupos populacionais que exactamente mais

precisavam de ser abrangido pelos programas de prevenccedilatildeo da doenccedila e promoccedilatildeo da sauacutede

Para aleacutem de se conhecerem as praacuteticas alimentares e de higiene oral que as crianccedilas e adolescentes

tecircm em casa eacute importante caracterizar as razotildees desses procedimentos Referimo-nos aos aspectos

individuais familiares culturais e contextuais Se queremos actuar sobre comportamentos eacute

fundamental conhecer as atitudes crenccedilas preconceitos estereoacutetipos e representaccedilotildees sociais que se

relacionam com as praacuteticas das famiacutelias as quais variam de famiacutelia para famiacutelia

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo podem ser colaboradores preciosos para esta caracterizaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo aos pais podemos resumir os aspectos a valorizar

Inclui-los nos diversos passos do programa

sensibiliza-los para a importacircncia da sauacutede oral respeitando os seus universos familiares e

culturais

dar suporte continuado agrave mudanccedila de comportamentos e de todos os factores que lhe estatildeo

associados

24 Quarta vertente ndash as crianccedilas

As crianccedilas e os adolescentes satildeo o principal puacuteblico-alvo do programa de sauacutede oral Sensibilizaacute-los

para as praacuteticas alimentares e de higiene oral que os peritos consideram actualmente adequadas eacute o

nosso objectivo

Como jaacute foi referido anteriormente eacute necessaacuterio ser cuidadoso na forma de comunicar com as crianccedilas

e adolescentes natildeo criticando directa ou indirectamente os conhecimentos e as praacuteticas aconselhadas

ou consentidas por pais e professores com quem eles convivem directamente e que satildeo dos principais

influenciadores dos seus comportamentos satildeo os seus modelos e constituem o seu universo de afectos

Criar clivagem na relaccedilatildeo cognitiva afectiva e emocional entre pais ou professores e crianccedilas e

adolescentes eacute algo que devemos ter sempre presente e evitar

As estrateacutegias de trabalho com as crianccedilas deveratildeo ser adaptadas agrave sua maturidade psico-cognitiva e

contexto socio-cultural Para que as actividades sejam luacutedicas e criativas adequadas agraves idades e outras

caracteriacutesticas das crianccedilas e adolescentes a contribuiccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo eacute com certeza

fundamental

Eacute muito importante ter em conta alguns aspectos educativos relativamente agrave mudanccedila de

comportamentos A participaccedilatildeo activa das crianccedilas na formulaccedilatildeo dessas actividades torna mais

eficazes os efeitos pretendidos

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Pela dificuldade em mudar comportamentos principalmente de forma estaacutevel eacute aconselhaacutevel adequar

os objectivos agraves realidades Seraacute preferiacutevel actuar sobre um ou dois comportamentos sobre os quais a

caracterizaccedilatildeo inicial nos permitiu depreender que seraacute possiacutevel obtermos resultados positivos em vez

de tentar actuar sobre todos os comportamentos que desejariacuteamos alterar natildeo conseguindo alterar

nenhum deles Naturalmente estas escolhas seratildeo feitas cientificamente segundo o que a Educaccedilatildeo para

a Sauacutede preconiza nas vertentes relacionadas com as ciecircncias comportamentais (sociais e humanas)

Outro aspecto fundamental eacute a continuidade na acccedilatildeo A eficaacutecia seraacute tanto maior quanto mais

continuadas forem as actividades dando suporte agrave mudanccedila comportamental e reforccedilo agrave sua

manutenccedilatildeo A continuidade da acccedilatildeo permite conhecer melhor as situaccedilotildees os obstaacuteculos e as formas

de os remover pois cada caso eacute um caso e generalizar diminui grandemente a eficaacutecia

Deve ser dada uma atenccedilatildeo especial agraves crianccedilas com Necessidades de Sauacutede Especiais desfavorecidas

socialmente (porque vivem em bairros degradados com poucos recursos econoacutemicos pertencem a

minorias eacutetnicas ou satildeo emigrantes) ou que natildeo frequentam a escola utilizando estrateacutegias especificas

adequadas agraves suas dificuldades

25 Quinta vertente ndash a comunidade

Para os programas de Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutede a componente comunitaacuteria eacute fundamental A

participaccedilatildeo e contribuiccedilatildeo dos vaacuterios sectores da comunidade podem ser potenciadores do trabalho a

desenvolver

Dependendo das situaccedilotildees locais a Autarquia as IPSS e as ONGrsquos entre outras podem ser parceiros

de enorme valia para o desenvolvimento do programa Para isso temos que sensibilizar os liacutederes

locais para a importacircncia da sauacutede oral e do programa que se pretende incrementar explicitando como

com pequenos custos podemos obter ganhos em sauacutede a meacutedio e longo prazo

As instituiccedilotildees que organizam actividades para crianccedilas e adolescentes como os ATLrsquos associaccedilotildees

culturais desportivas e religiosas podem ser excelentes parceiros para o desenvolvimento das

actividades dependendo das caracteriacutesticas da comunidade onde se aplica o programa Os grupos de

teatro satildeo tambeacutem um excelente recurso para integrarem as actividades com as crianccedilas e os

adolescentes

26 Sexta vertente ndash os meios de comunicaccedilatildeo social

Os meios de comunicaccedilatildeo social locais e regionais se forem utilizados apropriadamente podem ser

parceiros potenciadores das actividades que se pretendem desenvolver

Mas com frequecircncia os teacutecnicos de sauacutede encontram dificuldades na relaccedilatildeo com os profissionais da

comunicaccedilatildeo social considerando que estes natildeo satildeo sensiacuteveis agraves nossas preocupaccedilotildees com a prevenccedilatildeo

da doenccedila e da promoccedilatildeo da sauacutede

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Os media tecircm uma linguagem e podemos dizer uma filosofia proacuteprias que com frequecircncia natildeo satildeo

coincidentes com as nossas eacute por essa razatildeo necessaacuterio que os teacutecnicos de sauacutede se adaptem e se

possiacutevel se aperfeiccediloem na linguagem dos meacutedia Se natildeo utilizarmos adequadamente os meios de

comunicaccedilatildeo social estes podem ter um efeito contraproducente diminuindo a eficaacutecia do programa de

sauacutede oral

Algumas das dificuldades encontradas quando trabalhamos com os media especialmente as raacutedios e as

televisotildees satildeo as seguintes

na maior parte dos casos natildeo se pode transmitir muita informaccedilatildeo mesmo que seja um programa

de raacutedio de 1 ou 2 horas iria ficar muito monoacutetono e pouco atraente assim como se tornaria

confuso para os ouvintes e pouco eficaz porque com frequecircncia as pessoas desenvolvem outras

actividades enquanto ouvem raacutedio

eacute aconselhaacutevel transmitir apenas o que eacute realmente importante e faze-lo de forma muito clara

mantendo a consistecircncia sobre a hierarquia das informaccedilotildees nas diversas intervenccedilotildees ou seja que

todas os intervenientes no programa e em todas as situaccedilotildees em que intervecircm tenham um discurso

coerente e natildeo contraditoacuterio

evitar informaccedilotildees riacutegidas que culpabilizem as pessoas e natildeo respeitem os seus contextos micro-

culturais Eacute preferiacutevel suscitar alguma mudanccedila comportamental de forma progressiva que

nenhuma

com frequecircncia utilizamos o leacutexico meacutedico sem nos apercebermos que muitos cidadatildeos natildeo

conhecem termos que nos parecem simples como obesidade ou colesterol atribuindo-lhes outros

significados (portanto desconhecem que natildeo conhecem o verdadeiro significado)

se possiacutevel testar com pessoas de diversas idades e estratos socio-culturais que sejam leigas em

relaccedilatildeo a estas temaacuteticas aquilo que se preparou para a intervenccedilatildeo nos meios de comunicaccedilatildeo

social e alterar se necessaacuterio de acordo com as indicaccedilotildees que essas pessoas nos fornecerem

27 Seacutetima vertente ndash a avaliaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo deve ter iniacutecio na fase de planeamento e acompanhar todo o projecto de modo a introduzir

as alteraccedilotildees necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar das actividades

Devem fazer parte da equipa de avaliaccedilatildeo os diversos parceiros do projecto assim como pessoas

externas ao projecto e estas quando possiacutevel com formaccedilatildeo em educaccedilatildeo para a sauacutede nas aacutereas

teacutecnicas comportamentais de planeamento e avaliaccedilatildeo qualitativa e quantitativa

Satildeo fundamentais avaliaccedilotildees qualitativas e quantitativas das actividades a desenvolver e se possiacutevel

com anaacutelises comparativas ao desenrolar do projecto noutras zonas do paiacutes

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3 T eacute c n i c a s d e H i g i e n e O r a l

3 1 Escovagem dos den tes ndash A escova A escovagem dos dentes deve ser efectuada com uma escova de tamanho adequado agrave boca de quem a

utiliza Habitualmente as embalagens referem as idades a que se destinam Os filamentos devem ser

de nylon com extremidades arredondadas e textura macia que quando comeccedilam a ficar deformados

obrigam agrave substituiccedilatildeo da escova Normalmente a escova quando utilizada 2 vezes por dia dura cerca

de 3-4 meses

Existem escovas manuais e eleacutectricas as quais requerem os mesmos cuidados As escovas eleacutectricas

facilitam a higiene oral das pessoas que tenham pouca destreza manual

3 2 Escovagem dos den tes ndash O den t iacute f r i co O dentiacutefrico a utilizar deve conter fluoreto numa dosagem de cerca de 1000-1500 ppm A quantidade a

utilizar em cada uma das escovagens deve ser semelhante (ou inferior) ao tamanho da unha do 5ordm dedo

(dedo mindinho) da matildeo da crianccedila

Os dentiacutefricos com sabores muito atractivos natildeo se recomendam porque podem levar as crianccedilas a

engoli-lo deliberadamente Ateacute aos 6 anos aproximadamente o dentiacutefrico deve ser colocado na escova

por um adulto Apoacutes a escovagem dos dentes eacute apenas necessaacuterio cuspir o excesso de dentiacutefrico

podendo no entanto bochechar-se com um pouco de aacutegua

33 Escovagem dos dentes no Jardim-de-infacircncia e na Escola identificaccedilatildeo e arrumaccedilatildeo das escovas e copos

Hoje em dia haacute escovas de dentes que tecircm uma tampa ou estojo com orifiacutecios que a protege Caso se

opte pela utilizaccedilatildeo destas escovas natildeo eacute necessaacuterio que fiquem na escola Os alunos poderatildeo colocaacute-

la dentro da mochila juntamente com o tubo do dentiacutefrico e transportaacute-los diariamente para a escola

O conceito de intransmissibilidade da escova de dentes deve ser reforccedilado junto das crianccedilas Se as

escovas ficarem na escola eacute essencial que estejam identificadas bastando para tal escrever no cabo da

escova o nome da crianccedila com uma caneta de tinta resistente agrave aacutegua Tambeacutem se devem identificar os

dentiacutefricos Cada aluno deveraacute ter o seu proacuteprio dentiacutefrico e os copos caso natildeo sejam descartaacuteveis

As escovas guardam-se num local seco e arejado de modo a que os pelos fiquem virados para cima e

natildeo contactem umas com as outras Cada escova pode ser colocada dentro do copo num suporte

acriacutelico ou outro material resistente agrave aacutegua em local seco e arejado

Dentiacutefricos e escovas devem estar fora do alcance das crianccedilas para evitar a troca ou ingestatildeo

acidental de dentiacutefrico Caso haja a possibilidade de utilizar copos descartaacuteveis (de cafeacute) o processo eacute

bastante simplificado (os copos de cafeacute podem ser substituiacutedos por copos de iogurte) Os produtos de

higiene oral podem ser adquiridos com a colaboraccedilatildeo da Autarquia do Centro de Sauacutede dos pais ou

ateacute de alguma empresa Se a escola tiver refeitoacuterio pode tambeacutem ser viaacutevel utilizar os copos do

refeitoacuterio

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34 Escovagem dos den tes ndash Organ izaccedilatildeo da ac t i v idade

A escovagem dos dentes deve ser feita diariamente no jardim-de-infacircncia e na escola apoacutes o almoccedilo agrave

entrada na sala de aula ou apoacutes o intervalo As crianccedilas poderatildeo escovar os dentes na casa de banho no

refeitoacuterio ou na proacutepria sala de aula O processo eacute simples natildeo exigindo muitas condiccedilotildees fiacutesicas das

escolas que satildeo frequentemente utilizadas para justificar a recusa desta actividade

Caso a escola tenha lavatoacuterios suficientes esta actividade pode ser feita na casa de banho Eacute necessaacuterio

definir a hora em que cada uma das salas vai utilizar esse espaccedilo Na casa de banho deveratildeo estar

apenas as crianccedilas que estatildeo a escovar os dentes Os outros esperam a sua vez em fila agrave porta Eacute

essencial que esteja algueacutem (auxiliar professoreducador ou voluntaacuterio) a vigiar para manter a ordem

organizar o processo e corrigir a teacutecnica da escovagem No final da escovagem cada crianccedila lava a

escova e o copo (se natildeo for descartaacutevel) e arruma no local destinado a esse efeito

Quando o espaccedilo fiacutesico natildeo permite que a escovagem seja feita na casa de banho esta actividade pode

ser feita na proacutepria sala de aula Nesta situaccedilatildeo se for possiacutevel utilizar copos descartaacuteveis ou copos de

iogurte facilita o processo e torna-o menos moroso Os alunos mantecircm-se sentados nas suas cadeiras

Retiram da sua mochila o estojo com a escova e o dentiacutefrico Um dos alunos distribui os copos e os

guardanapos (ou toalhetes de papel ou papel higieacutenico) Os alunos escovam os dentes todos ao mesmo

tempo podendo ateacute fazecirc-lo com muacutesica O professor deve ir corrigindo a teacutecnica de escovagem Apoacutes

a escovagem as crianccedilas cospem o excesso de dentiacutefrico para o copo limpam a boca tiram o excesso

de dentiacutefrico e saliva da escova com o papel ou o guardanapo e por fim colocam-no dentro do copo

Tapam a escova e arrumam-na em estojo proacuteprio ou na mochila juntamente com o dentiacutefrico No final

um dos alunos vai buscar um saco de lixo passa por todas as carteiras para que cada uma coloque o

seu copo no lixo Caso alguma das crianccedilas natildeo tolere o restos de dentiacutefrico na cavidade oral pode

colocar-se uma pequena porccedilatildeo de aacutegua no copo e no fim da escovagem bochecha e cospe para o

copo Os pais dos alunos devem ser instruiacutedos para se certificarem que em casa a crianccedila lava a sua

escova com aacutegua corrente e volta a colocaacute-la na mochila No sentido de facilitar o procedimento

recomenda-se que os copos sejam descartaacuteveis e as escovas tenham tampa

35 Escovagem dos den tes - A teacutecn ica A escovagem dos dentes para ser eficaz ou seja para remover a placa bacteriana necessita ser feita

com rigor e demora 2 a 3 minutos Quando se utiliza uma escova manual a escovagem faz-se da

seguinte forma

inclinar a escova em direcccedilatildeo agrave gengiva (cerca de 45ordm) e fazer pequenos movimentos vibratoacuterios

horizontais ou circulares de modo a que os pelos da escova limpem o sulco gengival (espaccedilo que

fica entre o dente e a gengiva)

se for difiacutecil manter esta posiccedilatildeo colocar os pecirclos da escova perpendicularmente agrave gengiva e agrave

superfiacutecie do dente

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escovar 2 dentes de cada vez (os correspondentes ao tamanho da cabeccedila da escova) fazendo

aproximadamente 10 movimentos (ou 5 caso sejam crianccedilas ateacute aos 6 anos) nas superfiacutecies

dentaacuterias abarcadas pela escova

comeccedilar a escovagem pela superfiacutecie externa (do lado da bochecha) do dente mais posterior de um

dos maxilares e continuar a escovar ateacute atingir o uacuteltimo dente da extremidade oposta desse

maxilar

com a mesma sequecircncia escovar as superfiacutecies dentaacuterias do lado da liacutengua

proceder do mesmo modo para fazer a escovagem dos dentes do outro maxilar

escovar as superfiacutecies mastigatoacuterias dos dentes com movimentos de vaiveacutem

por fim pode escovar-se a liacutengua

Quando se utiliza uma escova de dentes eleacutectrica segue-se a mesma sequecircncia de escovagem O

movimento da escova eacute feito automaticamente natildeo deve ser feita pressatildeo ou movimentos adicionais

sobre os dentes A escova desloca-se ao longo da arcada escovando um soacute dente de cada vez A

escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluacuteor deve ser feita duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente agrave noite antes de deitar

3 6 Uso do f io den taacute r io A partir do momento em que haacute destreza manual (a partir dos 8 anos) eacute indispensaacutevel o uso do fio ou

fita dentaacuteria que se utiliza da seguinte forma

retirar cerca de 40 cm de fio (ou fita) do porta fio

enrolar a quase totalidade do fio no dedo meacutedio de uma matildeo e uma pequena porccedilatildeo no dedo meacutedio

da outra matildeo deixando entre os dois dedos uma porccedilatildeo de fio com aproximadamente 25 cm

Quando as crianccedilas satildeo mais pequenas pode retirar-se uma porccedilatildeo mais pequena de fio cerca de

30 cm dar um noacute juntando as 2 pontas formando um ciacuterculo com o fio natildeo havendo necessidade

de o enrolar nos dedos Eacute importante utilizar sempre fio limpo em cada espaccedilo interdentaacuterio Os

polegares eou os indicadores ajudam a manuseaacute-lo

introduzir o fio cuidadosamente entre dois dentes e curva-lo agrave volta do dente que se quer limpar

fazendo com que tome a forma de um ldquoCrdquo

executar movimentos curtos horizontais desde o ponto de contacto entre os dentes ateacute ao sulco

gengival em cada uma das faces que delimitam o espaccedilo interdentaacuterio

repetir este procedimento ateacute que todos os espaccedilos interdentaacuterios de todos os dentes estejam

devidamente limpos

O fio dentaacuterio deve ser utilizado uma vez por dia de preferecircncia agrave noite antes de deitar Na escola os

alunos poderatildeo a aprender a utilizar este meio de remoccedilatildeo de placa bacteriana interdentaacuterio sendo

importante envolver os pais no sentido de lhes pedir colaboraccedilatildeo e permitir que as crianccedilas o utilizem

em casa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 13

3 7 Reve lador de p laca bac te r i ana O uso de reveladores de placa bacteriana (em soluto ou em comprimidos mastigaacuteveis) permitem

avaliar a higiene oral e consequentemente melhorar as teacutecnicas de escovagem e de utilizaccedilatildeo do fio

dentaacuterio

A partir dos 6 anos de idade estes produtos podem ser usados para que as crianccedilas visualizem a placa

e mais facilmente compreendam que os seus dentes necessitam de ser cuidadosamente limpos

A eritrosina que tem a propriedade de corar de vermelho a placa bacteriana eacute um dos exemplos de

corantes que se podem utilizar Utiliza-se da seguinte forma

colocar 1 a 2 gotas por baixo da liacutengua ou mastigar um comprimido sem engolir

passar a liacutengua por todas as superfiacutecies dentaacuterias

bochechar com aacutegua

A placa bacteriana corada eacute facilmente removida atraveacutes da escovagem dos dentes e do fio dentaacuterio

Nota Para evitar que os laacutebios fiquem corados de vermelho antes de colocar o corante pode passar

batom creme gordo ou vaselina nos laacutebios

3 8 Bochecho f luore tado A partir dos 6 anos pode ser feito o bochecho quinzenal com fluoreto de soacutedio a 02 na escola da

seguinte forma

agitar a soluccedilatildeo e deitar 10 ml em cada copo e distribui-los

indicar a cada crianccedila para colocar o antebraccedilo no rebordo da mesa

introduzir a soluccedilatildeo na boca sem engolir

repousar a testa no antebraccedilo colocando o copo debaixo da boca

bochechar vigorosamente durante 1 minuto

apoacutes este periacuteodo deve ser cuspida tendo o cuidado de natildeo a engolir

Apoacutes o bochecho a crianccedila deve permanecer 30 minutos sem comer nem beber

39 Iacutendice de placa O Iacutendice de Placa (IP) eacute utilizado para quantificar a placa bacteriana em todas as superfiacutecies dentaacuterias e

reflecte os haacutebitos de higiene oral dos indiviacuteduos avaliados

Assim enquanto que um baixo Iacutendice de Placa poderaacute significar um bom impacto das acccedilotildees de

educaccedilatildeo para a sauacutede em sauacutede oral nomeadamente das relacionadas com a higiene um iacutendice

elevado sugere o contraacuterio

Em programas comunitaacuterios geralmente eacute utilizado o Iacutendice de Placa Simplificado que eacute mais raacutepido

de determinar sendo o resultado final igualmente fiaacutevel

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 14

Para se calcular o Iacutendice de Placa Simplificado eacute necessaacuterio atribuir um valor ao tamanho da placa

bacteriana existente nos seguintes 6 dentes e superfiacutecies predeterminados Maxilar superior

1 Primeiro molar superior direito - Superfiacutecie vestibular

2 Incisivo central superior direito - Superfiacutecie vestibular

3 Primeiro molar superior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

4 Primeiro molar inferior esquerdo - Superfiacutecie lingual

5 Incisivo central inferior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

6 Primeiro molar inferior direito - Superfiacutecie lingual

Para atribuir um valor ao tamanho da placa bacteriana existente em cada uma das su

acima referidas eacute necessaacuterio utilizar o revelador de placa bacteriana para a co

facilitar a sua observaccedilatildeo e respectiva classificaccedilatildeo e registo

A cada uma das superfiacutecies dentaacuterias soacute pode ser atribuiacutedo um dos seguintes valore

Valor 0

Valor 1

Valor 2

Valor 3

rarr Se a superfiacutecie do dente natildeo estaacute corada

rarr Se 13 da superfiacutecie estaacute corado

rarr Se 23 da superfiacutecie estatildeo corados

rarr Se estaacute corada toda a superfiacutecie

Feito o registo da observaccedilatildeo individual verifica-se que o somatoacuterio do conjunto de

poderaacute variar entre 0 (zero) e 18 (dezoito)

Dividindo por 6 (seis) este somatoacuterio obteacutem-se o Iacutendice de Placa Individual

Para determinar o Iacutendice de Placa de um grupo de indiviacuteduos divide-se o som

individuais pelo nuacutemero de indiviacuteduos observados multiplicado por seis (o nuacutemer

nuacutemero de dentes seleccionados por indiviacuteduo)

Assim o Iacutendice de Placa poderaacute variar entre 0 (zero) e 3 (trecircs)

Iacutendice de Placa (IP) = Somatoacuterio da classificaccedilatildeo dada a cada dente

Nordm de indiviacuteduos observados x 6

A sauacutede oral das crianccedilas e adolescentes eacute um grave problema de sauacutede puacuteblica ma

simples como as descritas neste documento executadas pelos proacuteprios eou com

encorajadas pela escola e pelos serviccedilos de sauacutede contribuem decididamente para

oral importantes e implementaccedilatildeo efectiva do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas d

Maxilar inferior

perfiacutecies dentaacuterias

rar e dessa forma

s

valores atribuiacutedos

atoacuterio dos valores

o seis representa o

s que com medidas

ajuda da famiacutelia

ganhos em sauacutede

Sauacutede Oral

e EPSrsquorsquo 15

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

F l u o r e t o s

F u n d a m e n t a ccedil atilde o e R e c o m e n d a ccedil otilde e s d a T a s k F o r c e

Documento produzido pela Task Force constituiacuteda pelo Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr

Ricardo Jorge Direcccedilatildeo-Geral de Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura Faculdade de

Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Medicina Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria

Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa e Porto Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento Instituto Superior de

Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia

Ordem dos Meacutedicos Dentistas Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria Sociedade Portuguesa de

Pediatria e os serviccedilos da DGS Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede Divisatildeo de Sauacutede Ambiental

Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

1 F l u o r e t o s

A evidecircncia cientiacutefica tem demonstrado que as mudanccedilas observadas no padratildeo da doenccedila caacuterie

dentaacuteria ocorrem pela implementaccedilatildeo de programas preventivos e terapecircuticos de acircmbito comunitaacuterio

e por estrateacutegias de acccedilatildeo especiacuteficas dirigidas a grupos de risco com criteriosa utilizaccedilatildeo dos

fluoretos

O fluacuteor eacute o elemento mais electronegativo da tabela perioacutedica e raramente existe isolado sendo por

isso habitualmente referido como fluoreto Na natureza encontra-se sob a forma de um iatildeo (F-) em

associaccedilatildeo com o caacutelcio foacutesforo alumiacutenio e tambeacutem como parte de certos silicatos como o topaacutezio

Normalmente presente nas rochas plantas ar aacuteguas e solos este elemento faz parte da constituiccedilatildeo de

alguns materiais plaacutesticos e pode tambeacutem estar presente na constituiccedilatildeo de alguns fertilizantes

contribuindo desta forma para a sua presenccedila no solo aacutegua e alimentos No solo o conteuacutedo de

fluoretos varia entre 20 e 500 ppm contudo nas camadas mais profundas o seu niacutevel aumenta No ar a

concentraccedilatildeo normal de fluoretos oscila entre 005 e 190microgm3 1

Do fluacuteor que eacute ingerido entre 75 e 90 eacute absorvido por via digestiva sendo a mucosa bucal

responsaacutevel pela absorccedilatildeo de menos de 1 Depois de absorvido passa para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea

sob a forma ioacutenica ou de compostos orgacircnicos lipossoluacuteveis A forma ioacutenica que circula livremente e

natildeo se liga agraves proteiacutenas nem aos componentes plasmaacuteticos nem aos tecidos moles eacute a que vai estar

disponiacutevel para ser absorvida pelos tecidos duros Da quantidade total de fluacuteor presente no organismo

99 encontra-se nos tecidos calcificados Entre 10 e 25 do aporte diaacuterio de fluacuteor natildeo chega a ser

absorvido vindo a ser excretado pelas fezes O fluacuteor absorvido natildeo utilizado (cerca de 50) eacute

eliminado por via renal2

O fluacuteor tem uma grande afinidade com a apatite presente no organismo com a qual cria ligaccedilotildees

fortes que natildeo satildeo irreversiacuteveis Este facto deve-se agrave facilidade com que os radicais hidroxilos da

hidroxiapatite satildeo substituiacutedos pelos iotildees fluacuteor formando fluorapatite No entanto a apatite normal do

ser humano presente no osso e dente mesmo em condiccedilotildees ideais de presenccedila de fluacuteor nunca se

aproxima da composiccedilatildeo da fluorapatite pura

Quando o fluacuteor eacute ingerido passa pela cavidade oral daiacute resultando a deposiccedilatildeo de uma determinada

quantidade nos tecidos e liacutequidos aiacute existentes A mucosa jugal as gengivas a placa bacteriana os

dentes e a saliva vatildeo beneficiar imediatamente de um aporte directo de fluacuteor que pode permitir que a

sua disponibilidade na cavidade oral se prolongue por periacuteodos mais longos Eacute um facto que a presenccedila

de fluacuteor no meio oral independentemente da sua fonte resulta numa acccedilatildeo preventiva e terapecircutica

extremamente importante

Nota 22 mg de fluoreto de soacutedio correspondem a 1 mg de fluacuteor Quando se dilui 1 mg de fluacuteor em um litro de aacutegua pura

considera-se que essa aacutegua passou a ter 1 ppm de fluacuteor

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 2

Considera-se actualmente que os benefiacutecios dos fluoretos resultam basicamente da sua acccedilatildeo toacutepica

sobre a superfiacutecie do dente enquanto a sua acccedilatildeo sisteacutemica (preacute-eruptiva) eacute muito menos importante

A acccedilatildeo preventiva e terapecircutica dos fluoretos eacute conseguida predominantemente pela sua acccedilatildeo toacutepica

quer nas crianccedilas quer nos adultos atraveacutes de trecircs mecanismos diferentes responsaacuteveis pela

bull inibiccedilatildeo do processo de desmineralizaccedilatildeo

bull potenciaccedilatildeo do processo de remineralizaccedilatildeo

bull inibiccedilatildeo da acccedilatildeo da placa bacteriana

O uso racional dos fluoretos na profilaxia da caacuterie dentaacuteria com eficaacutecia e seguranccedila baseia-se no

conhecimento actualizado dos seus mecanismos de acccedilatildeo e da sua toxicologia

Com base na evidecircncia cientiacutefica a estrateacutegia de utilizaccedilatildeo dos fluoretos em sauacutede oral foi redefinida

tendo em conta que a sua acccedilatildeo preventiva eacute predominantemente poacutes-eruptiva e toacutepica e a sua acccedilatildeo

toacutexica com repercussotildees a niacutevel dentaacuterio eacute preacute-eruptiva e sisteacutemica

Estudos epidemioloacutegicos efectuados pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) sobre os efeitos do

fluacuteor na sauacutede humana referem que valores compreendidos entre 1 e 15 ppm natildeo representam risco

acrescido Contudo valores entre 15 e 2 ppm em climas quentes poderatildeo contribuir para a ocorrecircncia

de casos de fluorose dentaacuteria e valores entre 3 a 6 ppm para o aparecimento de fluorose oacutessea

Para a OMS a concentraccedilatildeo oacuteptima de fluoretos na aacutegua quando esta eacute sujeita a fluoretaccedilatildeo deve

estar compreendida entre 05 e 15 ppm de F dependendo este valor da temperatura meacutedia do local

que condiciona a quantidade de aacutegua ingerida nas zonas mais frias o valor maacuteximo pode estar perto

do limite superior nas zonas mais quentes o valor deve estar perto do limite inferior para uma

prevenccedilatildeo eficaz da caacuterie dentaacuteria Para que os riscos de fluorose estejam diminuiacutedos os programas de

fluoretaccedilatildeo das aacuteguas devem obedecer a criteacuterios claramente definidos

Nas regiotildees onde a aacutegua da rede puacuteblica conteacutem menos de 03 ppm (mgl) de fluoretos (situaccedilatildeo mais

frequente em Portugal Continental) a dose profilaacutectica oacuteptima considerando a soma de todas as fontes

de fluoretos eacute de 005mgkgdia3

11 Toxicidade Aguda

Uma intoxicaccedilatildeo aguda pelo fluacuteor eacute uma possibilidade extremamente rara Alguns casos tecircm sido

descritos na literatura Estudos efectuados em roedores e extrapolados para o homem adulto permitem

pensar que a dose letal miacutenima de fluacuteor seja de aproximadamente 2 gramas ou 32 a 64 mgkg de peso

corporal mas para uma crianccedila bastam 15 mgkg de peso corporal 2

A partir da ingestatildeo de doses superiores a 5mgkg de peso corporal considera-se a hipoacutetese de vir a ter

efeitos toacutexicos

As crianccedilas pequenas tecircm um risco acrescido de ingerir doses de fluoretos atraveacutes do consumo de

produtos de higiene oral A ingestatildeo acidental de um quarto de um tubo com dentiacutefrico de 125 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 3

(1500 ppm de Fluacuteor) potildee em risco a vida de uma crianccedila de um ano de idade O risco de ingestatildeo

acidental por crianccedilas eacute real e eacute adjuvado pelo tipo de embalagens destes produtos que natildeo tecircm

dispositivos de seguranccedila para a sua abertura

A toxicidade aguda pelos fluoretos poderaacute manifestar-se por queixas digestivas (dor abdominal

voacutemitos hematemeses e melenas) neuroloacutegicas (tremores convulsotildees tetania deliacuterio lentificaccedilatildeo da

voz) renais (urina turva hematuacuteria) metaboacutelicas (hipocalceacutemia hipomagnesieacutemia hipercalieacutemia)

cardiovasculares (arritmias hipotensatildeo) e respiratoacuterias (depressatildeo respiratoacuteria apneias) 4

12 Toxicidade Croacutenica

A dose total diaacuteria de fluoretos administrados por via sisteacutemica isenta de risco de toxicidade croacutenica

situa-se abaixo de 005 mgkgdia de peso A partir desses valores aumentam as manifestaccedilotildees atraveacutes

do aparecimento de hipomineralizaccedilatildeo do esmalte que se revela por fluorose dentaacuteria Com

concentraccedilotildees acima de 25 ppm na aacutegua esta manifestaccedilatildeo eacute mais evidente sendo tanto mais grave

quanto a concentraccedilatildeo de fluoretos vai aumentando O periacuteodo criacutetico para o efeito toacutexico do fluacuteor se

manifestar sobre a denticcedilatildeo permanente eacute entre o nascimento e os 7 anos de idade (ateacute aos 3 anos eacute o

periacuteodo mais criacutetico) Quando existem fluoretos ateacute 3 ppm na aacutegua aleacutem da fluorose natildeo parece

existir qualquer outro efeito toacutexico na sauacutede A partir deste valor aumenta o risco de nefrotoxicidade

Como qualquer outro medicamento os fluoretos em dose excessiva tecircm efeitos toacutexicos que

normalmente se manifestam atraveacutes de uma interferecircncia na esteacutetica dentaacuteria Essa manifestaccedilatildeo eacute a

fluorose dentaacuteria

Estudos recentes sobre suplementos de fluoretos e fluorose 5 confirmam que as comunidades sem aacutegua

fluoretada e que utilizam suplementos de fluoretos durante os primeiros 6 anos de vida apresentam

um aumento do risco de desenvolver fluorose

O principal factor de risco para o aparecimento de fluorose dentaacuteria eacute o aporte total de fluoretos

provenientes de diferentes fontes nomeadamente da alimentaccedilatildeo incluindo a aacutegua e os suplementos

alimentares dentiacutefricos e soluccedilotildees para bochechos comprimidos e gotas e ingestatildeo acidental que natildeo

satildeo faacuteceis de quantificar

A fluorose dentaacuteria aumentou nos uacuteltimos anos em comunidades com e sem aacutegua fluoretada 6

2 F l u o r e t o s n a aacute g u a

2 1 Aacute g u a d e a b a s t e c i m e n t o p uacute b l i c o

A fluoretaccedilatildeo das aacuteguas para consumo humano como meio de suprir o deacutefice de fluoretos na aacutegua eacute

uma praacutetica comum em alguns paiacuteses como o Brasil Austraacutelia Canadaacute EUA e Nova Zelacircndia

Apesar de serem tatildeo diferentes quer do ponto de vista soacutecioeconoacutemico quer geograacutefico eles detecircm

uma experiecircncia superior a 25 anos neste domiacutenio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 4

Na Europa a maior parte dos paiacuteses natildeo faz fluoretaccedilatildeo das suas aacuteguas para consumo humano agrave

excepccedilatildeo da Irlanda da Suiacuteccedila (Basileia) e de 10 da populaccedilatildeo do Reino Unido Na Alemanha eacute

proibido e nos restantes paiacuteses eacute desaconselhado

Nos paiacuteses em que se faz fluoretaccedilatildeo da aacutegua alguns estudos demonstraram natildeo ter existido um ganho

efectivo na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria No entanto outros como a Austraacutelia no Estado de Victoacuteria

onde a fluoretaccedilatildeo da aacutegua se faz regularmente observaram-se ganhos efectivos na sauacutede oral da

populaccedilatildeo com consequentes ganhos econoacutemicos

Recomendaccedilatildeo Eacute indispensaacutevel avaliar a qualidade das aacuteguas de abastecimento puacuteblico periodicamente e corrigir os

paracircmetros alterados

Na aacutegua os valores das concentraccedilotildees de fluoretos estatildeo compreendidas entre 01 a 07 ppm Contudo

em alguns casos podem apresentar valores muito mais elevados

Quando a aacutegua apresenta valores de ph superiores a 8 e o iatildeo soacutedio e os carbonatos satildeo dominantes os

valores de fluoretos normalmente presentes excedem 1 ppm

Nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica os fluoretos podem existir naturalmente ou resultar de um

programa de fluoretaccedilatildeo Em Portugal Continental os valores satildeo normalmente baixos e as aacuteguas natildeo

estatildeo sujeitas a fluoretaccedilatildeo artificial O teor de fluoretos deveraacute ser controlado regularmente de modo

a preservar os interesses da sauacutede puacuteblica 7

Na definiccedilatildeo de um valor guia para a aacutegua de consumo humano a OMS propotildee o valor limite de 15

ppm de Fluacuteor referindo que valores superiores podem contribuir para o aumento do risco de fluorose

A Agecircncia Americana para o Ambiente (USEPA) refere um valor maacuteximo admissiacutevel de fluoretos na

aacutegua de consumo humano de 15 ppm e recomenda que nunca se ultrapasse os 4 ppm

Em Portugal a legislaccedilatildeo actualmente em vigor sobre a qualidade da aacutegua para consumo humano

decreto-lei nordm 23698 de 1 de Agosto define dois Valores Maacuteximos Admissiacuteveis (VMA) para os

fluoretos 15 ppm (8 a 12 ordmC) e 07 ppm (25 a 30 ordmC) O decreto-lei nordm 2432001 de 5 de Setembro

que transpotildee a Directiva Comunitaacuteria nordm 9883CE de 3 de Novembro que entrou em vigor em 25 de

Dezembro de 2003 define para os fluoretos um Valor Parameacutetrico (VP) de 15 ppm

O decreto-lei nordm 24301 remete para a Entidade Gestora a verificaccedilatildeo da conformidade dos valores

parameacutetricos obrigatoacuterios aplicaacuteveis agrave aacutegua para consumo humano Sempre que um valor parameacutetrico

eacute excedido isso corresponde a uma situaccedilatildeo de incumprimento e perante esta situaccedilatildeo a entidade

gestora deve de imediato informar a autoridade de sauacutede e a entidade competente dando conta das

medidas correctoras adoptadas ou em curso para restabelecer a qualidade da aacutegua destinada a consumo

humano

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 5

Deve ter-se em atenccedilatildeo o desvio em relaccedilatildeo ao valor parameacutetrico fixado e o perigo potencial para a

sauacutede humana

Segundo o decreto-lei supra mencionado artigo 9ordm compete agraves autoridades de sauacutede a vigilacircncia

sanitaacuteria e a avaliaccedilatildeo do risco para a sauacutede puacuteblica da qualidade da aacutegua destinada ao consumo

humano Sempre que o risco exista e o incumprimento persistir a autoridade de sauacutede deve informar e

aconselhar os consumidores afectados e determinar a proibiccedilatildeo de abastecimento restringir a

utilizaccedilatildeo da aacutegua que constitua um perigo potencial para a sauacutede humana e adoptar todas as medidas

necessaacuterias para proteger a sauacutede humana

Nos Accedilores e na Madeira ou em zonas onde o teor de fluoretos na aacutegua eacute muito elevado deveraacute ser

feita uma verificaccedilatildeo da constante e a correcccedilatildeo adequada

Os principais tratamentos de desfluoretaccedilatildeo envolvem a floculaccedilatildeo da aacutegua usando sais hidratados de

alumiacutenio principalmente em condiccedilotildees alcalinas No caso de aacuteguas aacutecidas pode-se adicionar cal e

alternativamente pode-se recorrer agrave adsorccedilatildeo com carvatildeo activado ou alumina activada ( Al2O3 ) ou

por permuta ioacutenica usando resinas especiacuteficas

Recomendaccedilatildeo Ateacute aos 6-7 anos as crianccedilas natildeo devem ingerir regularmente aacutegua com teor de fluoretos superior a 07 ppm

Recomendaccedilatildeo Sempre que o valor parameacutetrico dos fluoretos na aacutegua para consumo humano exceder 15 ppm deveratildeo ser aplicadas

medidas correctoras para restabelecer a qualidade da aacutegua

2 2 Aacute g u a s m i n e r a i s n a t u r a i s e n g a r r a f a d a s

As aacuteguas minerais naturais engarrafadas deveratildeo no futuro ter rotulagem de acordo com a Directiva

Comunitaacuteria 200340CE da Comissatildeo Europeia de 16 de Maio publicada no Jornal Oficial da Uniatildeo

Europeia em 2252003 artigo 4ordm laquo1 As aacuteguas minerais naturais cuja concentraccedilatildeo em fluacuteor for

superior a 15 mgl (ppm) devem ostentar no roacutetulo a menccedilatildeo lsquoconteacutem mais de 15 mgl (ppm) de

fluacuteor natildeo eacute adequado o seu consumo regular por lactentes nem por crianccedilas com menos de 7 anosrsquo

2 No roacutetulo a menccedilatildeo prevista no nordm 1 deve figurar na proximidade imediata da denominaccedilatildeo de

venda e em caracteres claramente visiacuteveis 3

As aacuteguas minerais naturais que em aplicaccedilatildeo do nordm 1 tiverem de ostentar uma menccedilatildeo no roacutetulo

devem incluir a indicaccedilatildeo do teor real em fluacuteor a niacutevel da composiccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica em constituintes

caracteriacutesticos tal como previsto no nordm 2 aliacutenea a) do artigo 7ordm da Directiva 80777CEEraquo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 6

Para as aacuteguas de nascente cujas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas satildeo definidas pelo Decreto-lei

2432001 de 5 de Setembro em vigor desde Dezembro de 2003 os limites para o teor de fluoretos satildeo

de 15 mgl (ppm)

De acordo com o parecer do Scientific Committee on Food - Comiteacute Cientiacutefico de Alimentaccedilatildeo

Humana (expresso em Dezembro de 1996) a Comissatildeo natildeo vecirc razotildees para nos climas da Uniatildeo

Europeia (climas temperados) limitar os fluoretos nas aacuteguas de consumo humano e nas aacuteguas minerais

naturais para valores inferiores a 15mgl (ppm)

3 F l u o r e t o s n o s g eacute n e r o s a l i m e n t iacute c i o s

Entende-se por lsquogeacutenero alimentiacuteciorsquo qualquer substacircncia ou produto transformado parcialmente

transformado ou natildeo transformado destinado a ser ingerido pelo ser humano ou com razoaacuteveis

probabilidades de o ser Este termo abrange bebidas pastilhas elaacutesticas e todas as substacircncias

incluindo a aacutegua intencionalmente incorporadas nos geacuteneros alimentiacutecios durante o seu fabrico

preparaccedilatildeo ou tratamento8 9

Na alimentaccedilatildeo as estimativas de ingestatildeo de fluacuteor atraveacutes da dieta variam entre 02 e 34 mgdia

sendo estes uacuteltimos valores atingidos quando se inclui o chaacute na alimentaccedilatildeo A ingestatildeo de fluoretos

provenientes dos alimentos comuns eacute pouco significativa Apenas 13 se apresentam na forma

ionizaacutevel e portanto biodisponiacutevel

Recomendaccedilatildeo Independentemente da origem ao utilizar aacutegua informe-se sobre o seu teor em fluoretos As que tecircm um elevado teor

deste elemento natildeo satildeo adequadas para lactentes e crianccedilas com menos de 7 anos

Recomendaccedilatildeo Dar prioridade a uma dieta equilibrada e saudaacutevel com diversidade alimentar Utilizar a aacutegua da cozedura dos

alimentos para confeccionar outros alimentos (ex sopas arroz)

No iniacutecio do ano de 2003 a Comissatildeo Europeia apresentou uma nova proposta de Directiva

Comunitaacuteria relativa agrave ldquoAdiccedilatildeo aos geacuteneros alimentiacutecios de vitaminas minerais e outras substacircnciasrdquo

onde os fluoretos satildeo referidos como podendo ser adicionados a geacuteneros alimentiacutecios comuns Nesta

proposta de Directiva Comunitaacuteria eacute sugerida a inclusatildeo de determinados nutrimentos (entre eles o

fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de geacuteneros alimentiacutecios comuns Esta proposta

prevista no Livro Branco da Comissatildeo ainda estaacute numa fase inicial de discussatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 7

4 F l u o r e t o s e m s u p l e m e n t o a l i m e n t a r

Entende-se por lsquosuplementos alimentaresrsquo geacuteneros alimentiacutecios que se destinam a complementar e ou

suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas

substacircncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisioloacutegico estremes ou combinados

comercializados em forma doseada tais como caacutepsulas pastilhas comprimidos piacutelulas e outras

formas semelhantes saquetas de poacute ampola de liacutequido frascos com conta gotas e outras formas

similares de liacutequido ou poacute que se destinam a ser tomados em unidades medidas de quantidade

reduzida10

A Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002

transposta para o direito nacional pelo Decreto-lei nordm 1362003 de 28 de Junho relativa agrave aproximaccedilatildeo

das legislaccedilotildees dos Estados-Membros respeitantes aos suplementos alimentares vai permitir a inclusatildeo

de determinados nutrimentos (entre eles o fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de

suplementos alimentares11

A partir de 28 de Agosto de 2003 os fluoretos poderatildeo ser comercializados como suplemento

alimentar passando a estar disponiacutevel em farmaacutecias e superfiacutecies comerciais

As quantidades maacuteximas de vitaminas e minerais presentes nos suplementos alimentares satildeo fixadas

em funccedilatildeo da toma diaacuteria recomendada pelo fabricante tendo em conta os seguintes elementos

a) limites superiores de seguranccedila estabelecidos para as vitaminas e os minerais apoacutes uma

avaliaccedilatildeo dos riscos efectuada com base em dados cientiacuteficos geralmente aceites tendo em

conta quando for caso disso os diversos graus de sensibilidade dos diferentes grupos de

consumidores

b) quantidade de vitaminas e minerais ingerida atraveacutes de outras fontes alimentares

c) doses de referecircncia de vitaminas e minerais para a populaccedilatildeo

Recomendaccedilatildeo Nunca ultrapassar a toma indicada no roacutetulo do produto e natildeo utilizar um suplemento alimentar como substituto de um

regime alimentar variado

As quantidades maacuteximas e miacutenimas de vitaminas e minerais referidas seratildeo adoptadas pela Comissatildeo

Europeia assistida pelo Comiteacute de Regulamentaccedilatildeo

Em Portugal a Agecircncia para a Qualidade e Seguranccedila Alimentar viraacute a ter informaccedilatildeo sobre todos os

suplementos alimentares comercializados como geacuteneros alimentiacutecios e introduzidos no mercado de

acordo com o Decreto-lei nordm 1362003

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 8

A rotulagem dos suplementos alimentares natildeo poderaacute mencionar nem fazer qualquer referecircncia a

prevenccedilatildeo tratamento ou cura de doenccedilas humanas e deveraacute indicar uma advertecircncia de que os

produtos devem ser guardados fora do alcance das crianccedilas

5 F luore tos em med icamentos e p rodutos cosmeacutet icos de h ig iene corpora l

A distinccedilatildeo entre Medicamento e Produto Cosmeacutetico de Higiene Corporal contendo fluoretos depende

do seu teor no produto Os cosmeacuteticos contecircm obrigatoriamente uma concentraccedilatildeo de fluoretos inferior

a 015 (1500 ppm) (Decreto-lei 1002001 de 28 de Marccedilo I Seacuterie A) sendo que todos os dentiacutefricos

com concentraccedilotildees de fluoretos superior a 015 satildeo obrigatoriamente classificados como

medicamentos

Os medicamentos contendo fluoretos e utilizados para a profilaxia da caacuterie dentaacuteria existentes no

mercado portuguecircs satildeo de venda livre em farmaacutecia Encontram-se disponiacuteveis nas formas

farmacecircuticas de soluccedilatildeo oral (gotas orais) comprimidos dentiacutefricos gel dentaacuterio e soluccedilatildeo de

bochecho

5 1 F l u o r e t o s e m c o m p r i m i d o s e g o t a s o r a i s

A utilizaccedilatildeo de medicamentos contendo fluoretos na forma de gotas orais e comprimidos foi ateacute haacute

pouco recomendada pelos profissionais de sauacutede (pediatras meacutedicos de famiacutelia cliacutenicos gerais

meacutedicos estomatologistas meacutedicos dentistas) dos 6 meses ateacute aos 16 anos

A clarificaccedilatildeo do mecanismo de acccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria e o aumento de

aporte dos mesmos com consequentes riscos de manifestaccedilatildeo toacutexica obrigaram agrave revisatildeo da sua

administraccedilatildeo em comprimidos eou gotas A gravidade da fluorose dentaacuteria estaacute relacionada com a

dose a duraccedilatildeo e com a idade em que ocorre a exposiccedilatildeo ao fluacuteor 12 13

A ldquoCanadian Consensus Conference on the Appropriate Use of Fluoride Supplements for the

Prevention of Dental Caries in Childrenrdquo 14definiu um protocolo cuja utilizaccedilatildeo eacute recomendada a

profissionais de sauacutede em que se fundamenta a tomada de decisatildeo sobre a necessidade ou natildeo da

suplementaccedilatildeo de fluacuteor A administraccedilatildeo de comprimidos soacute eacute recomendada quando o teor de fluoretos

na aacutegua de abastecimento puacuteblico for inferior a 03 ppm e

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) natildeo escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas

vezes por dia

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas vezes

por dia mas apresenta um alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 9

Por sua vez a conclusatildeo do laquoForum on Fluoridation 2002raquo15 relativamente agrave administraccedilatildeo de

suplementos de fluoretos foi a seguinte limitar a utilizaccedilatildeo de comprimidos de fluoretos a aacutereas onde

natildeo existe aacutegua fluoretada e iniciar essa suplementaccedilatildeo apenas a crianccedilas com alto risco agrave caacuterie e a

partir dos 3 anos

Os comprimidos de fluoretos caso sejam indicados devem ser usados pelo interesse da sua acccedilatildeo

toacutepica Devem ser dissolvidos na boca em vez de imediatamente ingeridos16

A administraccedilatildeo de fluoretos sob a forma de comprimidos chupados soacute deveraacute ser efectuada em

situaccedilotildees excepcionais isto eacute em populaccedilotildees de baixos recursos econoacutemicos nas quais a escovagem

natildeo possa ser promovida e os iacutendices de caacuterie sejam elevados

Para evitar a potencial toxicidade dos fluoretos antes de qualquer prescriccedilatildeo todos os profissionais de

sauacutede devem efectuar uma avaliaccedilatildeo personalizada dos aportes diaacuterios de cada crianccedila tendo em conta

todas as fontes possiacuteveis desse elemento alimentos comuns suplementos alimentares consumo de

aacutegua da rede puacuteblica eou aacutegua engarrafada e respectivo teor de fluoretos e utilizaccedilatildeo de medicamentos

e produtos cosmeacuteticos contendo fluacuteor

Recomendaccedilatildeo A partir dos 3 anos os suplementos sisteacutemicos de fluoretos poderatildeo ser prescritos pelo meacutedico assistente ou meacutedico dentista em crianccedilas que apresentem um alto risco

agrave caacuterie dentaacuteria

5 2 F l u o r e t o s e m d e n t iacute f r i c o s

Hoje em dia a maior parte dos dentiacutefricos agrave venda no mercado contecircm fluoretos sob diferentes formas

fluoreto de soacutedio monofluorfosfato de soacutedio fluoreto de amina e outros Os mais utilizados satildeo o

fluoreto de soacutedio e o monofluorfosfato de soacutedio

Normalmente o conteuacutedo de fluoreto dos dentiacutefricos eacute de 1000 a 1100 ppm (ou 010 a 011)

podendo variar entre 500 e 1500 ppm

Durante a escovagem cerca de 34 da pasta eacute ingerida por crianccedilas de 3 anos 28 pelas de 4-5 anos

e 20 pelas de 5-7 anos

Devem ser evitados dentiacutefricos com sabor a fruta para impedir o seu consumo em excesso uma vez

que estatildeo jaacute descritos na literatura casos de fluorose resultantes do abuso de dentiacutefricos2

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluoretos duas vezes por dia tem-se revelado um

meio colectivo de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria com grande efectividade e baixo custo pelo que deve

ser considerado o meio de eleiccedilatildeo em estrateacutegias comunitaacuterias

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 10

Do ponto de vista da prevenccedilatildeo da caacuterie a aplicaccedilatildeo toacutepica de dentiacutefrico fluoretado com a escova dos

dentes deve ser executada duas vezes por dia e deve iniciar-se quando se daacute a erupccedilatildeo dos dentes Esta

rotina diaacuteria de higiene executada naturalmente com muito cuidado pelos pais deve

progressivamente ser assumida pela crianccedila ateacute aos 6-8 anos de idade Durante este periacuteodo a

escovagem deve ser sempre vigiada pelos pais ou educadores consoante as circunstacircncias para evitar

a utilizaccedilatildeo de quantidades excessivas de dentiacutefrico o qual pode da mesma forma que os

comprimidos conduzir antes dos 6 anos agrave ocorrecircncia de fluorose

As crianccedilas devem usar dentiacutefrico com teor de fluoretos entre 1000-1500 ppm de fluoreto (dentiacutefrico

de adulto) sendo a quantidade a utilizar do tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

Apoacutes a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado pode-se natildeo bochechar com aacutegua Deveraacute

apenas cuspir-se o excesso de pasta Deste modo consegue-se uma mais alta concentraccedilatildeo de fluoreto

na cavidade oral que vai actuar topicamente durante mais tempo

Os pais das crianccedilas devem receber informaccedilatildeo sobre a escovagem dentaacuteria e o uso de dentiacutefricos

fluoretados A escovagem com dentiacutefrico fluoretado deve iniciar-se imediatamente apoacutes a erupccedilatildeo dos

primeiros dentes Os dentiacutefricos fluoretados devem ser guardados em locais inacessiacuteveis agraves crianccedilas

pequenas17

5 3 F l u o r e t o s e m s o l u ccedil otilde e s d e b o c h e c h o

As soluccedilotildees para bochechos recomendadas a partir dos 6 anos de idade tecircm sido utilizadas em

programas escolares de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria em inuacutemeros paiacuteses incluindo Portugal Satildeo

recomendadas a indiviacuteduos de maior risco agrave caacuterie dentaacuteria mas a sua utilizaccedilatildeo tem vido a ser

restringida a crianccedilas que escovam eficazmente os dentes

Recomendaccedilatildeo Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Recomendaccedilatildeo A partir dos 6 anos de idade deve ser feito o bochecho quinzenalmente com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

02

As soluccedilotildees fluoretadas de uso diaacuterio habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

005 e as de uso semanal ou quinzenal habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de 02

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 11

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 12

Referecircncias

1 Diegues P Linhas de Orientaccedilatildeo associadas agrave presenccedila de fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento 2003 Documento produzido no acircmbito da task force Sauacutede Oral e Fluacuteor Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar e na Divisatildeo de Sauacutede Ambiental da DGS 2 Melo PRGR Influecircncia de diferentes meacutetodos de administraccedilatildeo de fluoretos nas variaccedilotildees de incidecircncia de caacuterie Porto Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto 2001 Tese de doutoramento 3 Agence Francaise de Seacutecuriteacute des Produits de Santeacute Mise au point sur le fluacuteor et la prevention de la carie dentaire AFSPS 31 Juillet 2002 4 Leikin JB Paloucek FP Poisoning amp Toxicology Handbook 3th edition Hudson Lexi- Comp 2002 586-7 5 Ismail AI Bandekar RR Fluoride suplements and fluorosis a meta-analysis Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 48-56 6 Steven ML An update on Fluorides and Fluorosis J Can Dent Assoc 200369(5)268-91 7 Pinto R Cristovatildeo E Vinhais T Castro MF Teor de fluoretos nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica nas sedes de concelho de Portugal Continental Revista Portuguesa de Estomatologia Medicina Dentaacuteria e Cirurgia Maxilofacial 1999 40(3)125-42 8 Regulamento 1782002 do Parlamento Europeu e do Conselho de 28 de Janeiro Jornal Oficial das Comunidades Europeias (2002021) 9 Decreto ndash lei nordm 5601999 DR I Seacuterie A 147 (991218) 10 Decreto ndash lei nordm 1362003 DR I Seacuterie A 293 (20030628) 11 Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002 Jornal Oficial das Comunidades Europeias (20020712) 12 Aoba T Fejerskov O Dental fluorosis Chemistry and Biology Crit Rev Oral Biol Med 2002 13(2) 155-70 13 DenBesten PK Biological mechanisms of dental fluorosis relevant to the use of fluoride supplements Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 41-7 14 Limeback H Introduction to the conference Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 27-30 15 Report of the Forum of fluoridation 2002Governement of Ireland 2002 wwwfluoridationforumie 16 Featherstone JDB Prevention and reversal of dental caries role of low level fluoride Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 31-40 17 Pereira A Amorim A Peres F Peres FR Caldas IM Pereira JA Pereira ML Silva MJ Caacuteries Precoces da InfacircnciaLisboa Medisa Ediccedilotildees e Divulgaccedilotildees Cientiacuteficas Lda 2001 Bibliografia

1 Almeida CM Sugestotildees para a Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2002 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e na Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa

2 Rompante P Fundamentos para a alteraccedilatildeo do Programa de Sauacutede Oral da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Documento realizado no acircmbito da Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2003 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e no Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede ndash Norte

3 Rompante P Determinaccedilatildeo da quantidade do elemento fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento puacuteblico na totalidade das sedes de concelho de Portugal Continental Porto Faculdade de Odontologia da Universidade de Barcelona 2002 Tese de Doutoramento

4 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in Children at High Caries Risk SIGN Publication 2000 47

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Page 5: Direcção-Geral da SaúdePrograma será complementado, sempre que oportuno, por orientações técnicas a emitir por esta Direcção-Geral. O Director-Geral e Alto Comissário da

Tudo isto reforccedila a necessidade de manter o investimento nesta aacuterea se queremos

contribuir para a reduccedilatildeo das desigualdades em sauacutede

A estrateacutegia europeia e as metas definidas para a sauacutede oral pela OMS apontam

para que no ano 2020 pelo menos 80 das crianccedilas com 6 anos estejam livres de

caacuterie e aos 12 anos o CPOD natildeo ultrapasse o valor de 153

O actual Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral alia a promoccedilatildeo da sauacutede agrave

prestaccedilatildeo de cuidados numa parceria puacuteblico-privado com competecircncias

claramente definidas tendo por base a intervenccedilatildeo comunitaacuteria

Ao sector puacuteblico compete assegurar a promoccedilatildeo da sauacutede a prevenccedilatildeo das doenccedilas

orais e a prestaccedilatildeo de cuidados de sauacutede dentaacuterios passiacuteveis de serem realizados no

Serviccedilo Nacional de Sauacutede (SNS) Esta intervenccedilatildeo eacute assegurada pelos profissionais

dos Centros de Sauacutede atraveacutes de acccedilotildees dirigidas ao indiviacuteduo agrave famiacutelia e agrave

comunidade escolar e pelos profissionais dos serviccedilos de estomatologia da rede

hospitalar sempre que possiacutevel

Ao sector privado atraveacutes dos profissionais e agrupamentos de profissionais de

estomatologia e medicina dentaacuteria compete prestar atraveacutes de contratualizaccedilatildeo os

cuidados meacutedico-dentaacuterios natildeo satisfeitos pelo SNS

O Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral integrado no Plano Nacional de

Sauacutede 2004-2010 deveraacute ser desenvolvido por todos os serviccedilos de sauacutede e

enquadrado em todas as suas actividades

Nos planos curriculares das escolas e jardins-de-infacircncia deve ser promovida e

apoiada a integraccedilatildeo das actividades do Programa Nacional de Sauacutede Oral numa

abordagem holiacutestica da sauacutede em que os princiacutepios de uma escola promotora da

sauacutede satildeo o referencial da intervenccedilatildeo e a Rede de Escolas Promotoras da Sauacutede eacute o

seu paradigma4

3 Estrutura de implementaccedilatildeo do programa

A niacutevel nacional e no que se refere agrave orientaccedilatildeo implementaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo o

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral seraacute coordenado pelo Director-

Geral e Alto Comissaacuterio da Sauacutede e executado pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar O seu

acompanhamento seraacute realizado por uma Comissatildeo Teacutecnico ndash Cientifica

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 3

A niacutevel regional deveraacute ser designado pela Administraccedilatildeo Regional de Sauacutede um

Coordenador Regional do Programa da sua estrutura ou do Centro Regional de

Sauacutede Puacuteblica com perfil e competecircncia para dinamizar e avaliar o programa

coordenar a Comissatildeo Paritaacuteria Regional e integrar a Comissatildeo TeacutecnicondashCientifica

A niacutevel local o Director do Centro de Sauacutede ou o responsaacutevel pelo Serviccedilo de

Sauacutede Puacuteblica avalia a capacidade instalada coordena a implementaccedilatildeo do

programa e gere a contratualizaccedilatildeo Por delegaccedilatildeo o responsaacutevel pela sauacutede escolar

ou pela sauacutede oral poderaacute assumir a sua operacionalizaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo local

4 Estrateacutegias de intervenccedilatildeo do programa

As orientaccedilotildees do actual Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral assentam

nas seguintes estrateacutegias

Promoccedilatildeo da sauacutede oral no contexto familiar e escolar

Prevenccedilatildeo das doenccedilas orais

Diagnoacutestico precoce e tratamento dentaacuterio

5 Populaccedilatildeo - alvo

Com este programa pretende-se abranger as graacutevidas e as crianccedilas desde o

nascimento ateacute aos 16 anos de idade

6 Finalidades do Programa

O Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral tem as seguintes finalidades

Melhorar conhecimentos e comportamentos sobre alimentaccedilatildeo e higiene oral

Diminuir a incidecircncia de caacuterie dentaacuteria

Reduzir a prevalecircncia da caacuterie dentaacuteria

Aumentar a percentagem de crianccedilas livres de caacuterie

Criar uma base de dados nacional sobre sauacutede oral

Prestar especial atenccedilatildeo numa perspectiva de promoccedilatildeo da equidade agrave sauacutede

oral das crianccedilas e dos jovens com Necessidades de Sauacutede Especiais assim

como dos grupos economicamente deacutebeis e socialmente excluiacutedos que

frequentam a escola do ensino regular ou instituiccedilotildees

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 4

7 Actividades do programa

As actividades do programa devem ser incluiacutedas nos programas de sauacutede materna

sauacutede infantil e juvenil e sauacutede escolar ser desenvolvidas no Centro de Sauacutede e em

todos os estabelecimentos de educaccedilatildeo preacute-escolar e do ensino baacutesico puacuteblico

privado ou dependentes de estruturas oficiais da seguranccedila social

Para o desenvolvimento das actividades do programa eacute indispensaacutevel o

envolvimento dos profissionais de sauacutede de educaccedilatildeo pais ou encarregados de

educaccedilatildeo bem como das autarquias

71 Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral

711 Na gravidez

Orientaccedilatildeo A graacutevida ao cuidar da sua sauacutede oral estaacute a promover a sauacutede do seu filho

Na consulta de sauacutede materna ou de vigilacircncia da gravidez a boca da matildee deve

merecer particular atenccedilatildeo Em caso de gravidez programada a futura matildee deveraacute

fazer todos os tratamentos dentaacuterios necessaacuterios a uma boa sauacutede oral Se jaacute estiver

graacutevida e tiver dentes cariados ou doenccedila periodontal natildeo deve deixar de proceder

ao necessaacuterio tratamento

Uma boa sauacutede oral da matildee favorece a boa sauacutede oral do filho

Ainda antes de o bebeacute nascer as consultas de vigilacircncia da gravidez satildeo uma boa

oportunidade para sensibilizar os pais para a importacircncia da sauacutede oral no contexto

de uma sauacutede global Por isso as mensagens devem dar destaque aos cuidados a ter

com a alimentaccedilatildeo e a higienizaccedilatildeo da boca da crianccedila especialmente apoacutes a

erupccedilatildeo do primeiro dente

712 Do nascimento aos 3 anos de idade

Orientaccedilatildeo A higiene oral deve iniciar-se logo apoacutes a erupccedilatildeo do primeiro dente utilizando uma pequena quantidade de

dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Na consulta de sauacutede infantil ou de vigilacircncia da crianccedila efectuada pelo meacutedico

assistente eou pelo enfermeiro pretendemos sensibilizar os pais para que

incorporem na rotina de higiene diaacuteria do bebeacute tambeacutem a higiene da sua boca

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 5

Apoacutes a erupccedilatildeo do primeiro dente a higienizaccedilatildeo deve comeccedilar a ser feita pelos

pais duas vezes por dia utilizando uma gaze uma dedeira ou uma escova macia

com um dentiacutefrico fluoretado com 1000-1500 ppm (mgl) de fluoreto sendo uma

das vezes obrigatoriamente apoacutes a uacuteltima refeiccedilatildeo

A quantidade de dentiacutefrico a utilizar deve ser idecircntica ao tamanho da unha do 5ordm

dedo da matildeo da proacutepria crianccedila (dedo mindinho) Nesta fase pode permitir-se que

progressivamente e sob vigilacircncia a crianccedila comece a iniciar-se na escovagem dos

dentes

Natildeo se recomenda qualquer tipo de suplemento sisteacutemico com fluoretos

Aos pais das crianccedilas com menos de 3 anos deveraacute tambeacutem ser fornecida

informaccedilatildeo sobre alimentaccedilatildeo factores de cariogenicidade e a importacircncia de

prevenir as caacuteries precoces da infacircncia chamando a atenccedilatildeo em especial para o

facto de o bebeacute a partir do 1ordm ano de idade natildeo dever usar prolongadamente o

biberatildeo nem adormecer com ele na boca quer tenha leite farinhas ou sumos Eacute

tambeacutem particularmente importante reforccedilar a absoluta contra-indicaccedilatildeo da

utilizaccedilatildeo de chupetas com accediluacutecar ou mel

713 Dos 3 aos 6 anos de idade

Orientaccedilatildeo A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm deve ser efectuada duas vezes por dia

sendo uma delas obrigatoriamente antes de deitar

Neste periacuteodo de progressiva autonomia da crianccedila o exemplo dos pais eacute da maior

relevacircncia Na sua tentativa de imitaccedilatildeo a crianccedila vai adquirindo o haacutebito da

higiene oral Por isso nesta fase deve-se fomentar o iniacutecio da escovagem dos dentes

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico fluoretado com 1000-1500 ppm (mgl)

deve continuar a ser realizada ou supervisionada pelos pais dependendo da destreza

manual da crianccedila pelo menos duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente antes de deitar A quantidade de dentiacutefrico a utilizar deve ser

miacutenima isto eacute idecircntica ao tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

tal como se disse relativamente ao grupo etaacuterio anterior

Natildeo se recomenda qualquer tipo de suplemento sisteacutemico com fluoretos agrave excepccedilatildeo

das crianccedilas de alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 6

A qualidade da alimentaccedilatildeo eacute determinante para a maturaccedilatildeo orgacircnica e a sauacutede

fiacutesica e psicossocial Nesta fase a crianccedila adquire muitos dos comportamentos

alimentares e muitos dos erros nutricionais do adulto A diversidade na alimentaccedilatildeo

eacute a principal forma de garantir a satisfaccedilatildeo das necessidades do organismo em

nutrientes e evitar o excesso de ingestatildeo de substacircncias com riscos para a sauacutede5

Desaconselha-se o consumo de guloseimas e refrigerantes sobretudo fora das

refeiccedilotildees

Se a crianccedila fizer medicaccedilatildeo croacutenica deve dar-se preferecircncia agrave prescriccedilatildeo de

medicamentos sem accediluacutecar

7131 Dos 3 aos 6 anos no Jardim-de-infacircncia

Orientaccedilatildeo Integrar a educaccedilatildeo para sauacutede e a higiene no Projecto Educativo e efectuar uma escovagem dos dentes no

Jardim-de-infacircncia

As Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar preconizam uma

intervenccedilatildeo educativa em que a educaccedilatildeo para a sauacutede e a higiene fazem parte do

dia-a-dia do Jardim-de-infacircncia A crianccedila teraacute oportunidade de cuidar da sua

higiene e sauacutede de compreender as razotildees por que natildeo deve abusar de determinados

alimentos e ter conhecimento do funcionamento dos diferentes oacutergatildeos6

Desaconselha-se o consumo de guloseimas no Jardim-de-infacircncia

Todas as crianccedilas que frequentam os Jardins-de-infacircncia devem fazer uma das

escovagens dos dentes no estabelecimento de educaccedilatildeo sendo esta actividade

particularmente importante para as que vivem em zonas mais desfavorecidas e

apresentam caacuterie dentaacuteria

A escovagem dos dentes no Jardim-de-infacircncia tem por objectivo a

responsabilizaccedilatildeo progressiva da crianccedila pelo auto-cuidado de higiene oral Esta

actividade deveraacute estar integrada no projecto educativo do Jardim-de-infacircncia e ser

pedagogicamente dinamizada pelos educadores de infacircncia

As equipas de sauacutede escolar deveratildeo apoiar a elaboraccedilatildeo do projecto melhorar as

competecircncias dos educadores professores e pais sobre sauacutede oral bem como

orientar o desenvolvimento desta actividade

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 7

Por volta dos 6 anos comeccedilam a erupcionar os primeiros molares permanentes Pela

sua proacutepria morfologia imaturidade e dificuldade na remoccedilatildeo da placa bacteriana

das suas fissuras e fossetas estes dentes satildeo mais vulneraacuteveis agrave caacuterie Por isso

exigem uma atenccedilatildeo particular durante a erupccedilatildeo e uma teacutecnica especiacutefica de

escovagem

714 Mais de 6 anos de idade

Orientaccedilatildeo Escovar os dentes com um dentiacutefrico fluoretado com 1000 e 1500 ppm duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente antes de deitar

A partir dos 6 anos de idade a escovagem dos dentes jaacute deveraacute ser efectuada pela

crianccedila utilizando um dentiacutefrico fluoretado idecircntico ao usado pelos adultos

portanto com um teor de fluoreto entre 1000 e 1500 ppm (mgl) numa quantidade

aproximada de um (1) centiacutemetro

A escovagem dentaacuteria deveraacute ser efectuada duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente antes de deitar Se a crianccedila ainda natildeo tiver destreza manual

recomendamos que esta actividade seja apoiada ou mesmo executada pelos pais7

7141 Mais de 6 anos na escola

Orientaccedilatildeo As mensagens de promoccedilatildeo da sauacutede devem ser coincidentes com as praacuteticas da escola

Durante a escolaridade obrigatoacuteria as referecircncias agrave descoberta do corpo agrave sauacutede agrave

educaccedilatildeo alimentar agrave higiene em geral e agrave higiene oral estatildeo integradas no curriacuteculo

e nos programas escolares do 1ordm ao 9ordm ano do ensino baacutesico8

Educaccedilatildeo Alimentar

A escola tem um papel fundamental na formaccedilatildeo dos haacutebitos alimentares das

crianccedilas e dos jovens pelo que eacute transmitido dentro da sala de aula atraveacutes dos

conteuacutedos curriculares mas tambeacutem atraveacutes da influecircncia dos pares e professores e

pela forma como satildeo expostos os produtos no bufete e na cantina9

As crianccedilas e os jovens que consomem mais alimentos ricos em accediluacutecar e gorduras

e nos intervalos optam predominantemente por doces e bebidas accedilucaradas tecircm

susceptibilidade aumentada agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 8

Assim nos intervalos das aulas a oferta deveraacute possibilitar escolhas saudaacuteveis e

econoacutemicas como leite patildeo e fruta em detrimento de refrigerantes e bolos

Os princiacutepios da promoccedilatildeo da sauacutede devem constituir uma referecircncia para os

projectos de educaccedilatildeo alimentar As Escolas devem assegurar uma poliacutetica

nutricional que promova uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel com coordenaccedilatildeo entre os

serviccedilos que fornecem produtos alimentares na cantina e no bufete natildeo sendo

admissiacuteveis contradiccedilotildees entre as mensagens de educaccedilatildeo alimentar a oferta de

alimentos e a forma como satildeo confeccionados

Os projectos de educaccedilatildeo alimentar soacute ficaratildeo completos se envolverem os alunos

Eles satildeo os actores activos da pesquisa pois soacute compreendendo o que eacute uma

alimentaccedilatildeo equilibrada poderatildeo adoptar uma atitude criacutetica e selectiva na compra e

no consumo dos produtos alimentares Soacute conhecendo os direitos e deveres dos

consumidores se podem alicerccedilar praacuteticas saudaacuteveis

No 1ordm Ciclo

Os ingredientes essenciais da educaccedilatildeo alimentar na escola vatildeo desde a abordagem

dos haacutebitos alimentares agraves questotildees da alimentaccedilatildeo e sauacutede e agrave cadeia alimentar

produccedilatildeo fabrico transformaccedilatildeo distribuiccedilatildeo de alimentos conservaccedilatildeo e higiene

Todos estes aspectos podem ser desenvolvidos no estudo do meio na liacutengua

portuguesa na matemaacutetica e nas aacutereas da expressatildeo musical dramaacutetica e plaacutestica

No 2ordm e 3ordm Ciclos

A implementaccedilatildeo de um Projecto de Educaccedilatildeo Alimentar implica a mobilizaccedilatildeo dos

curriacuteculos disciplinares do maior nuacutemero possiacutevel de disciplinas

Nas Ciecircncias Naturais pode ser realccedilada a importacircncia da alimentaccedilatildeo e a sua

relaccedilatildeo com o funcionamento do corpo e a sauacutede na Histoacuteria pode ser abordada a

evoluccedilatildeo das sociedades e dos seus haacutebitos alimentares nas Ciecircncias Fiacutesico-

Quiacutemicas pode ser estimulado o interesse pelo meio fiacutesico onde os alimentos se

produzem e se transformam com possiacutevel envolvimento da Liacutengua Portuguesa da

Matemaacutetica da Geografia da Educaccedilatildeo Visual Fiacutesica e Tecnoloacutegica eou das aacutereas

curriculares natildeo disciplinares

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 9

Higiene Oral

A higiene oral deve ser abordada no contexto da aquisiccedilatildeo de comportamentos de

higiene pessoal As aprendizagens deveratildeo relacionar os saberes com as vivecircncias

dentro e fora da escola A estrutura dos programas do ensino baacutesico eacute

suficientemente aberta e flexiacutevel para atender os diversos pontos de partida os

interesses e as necessidades dos alunos assim como as caracteriacutesticas do meio

Deste modo os conteuacutedos da sauacutede oral e da higiene oral podem ser associados ao

desenvolvimento de haacutebitos de higiene pessoal e de vida saudaacutevel

No 1ordm Ciclo recomendamos que as crianccedilas faccedilam uma das escovagens dos dentes

no proacuteprio estabelecimento de ensino Esta escovagem deve ser orientada pelos

professores a quem deveraacute ser dada formaccedilatildeo para esta actividade e regularmente

pelo menos uma vez em cada trimestre supervisionada pela equipa de sauacutede escolar

Seraacute de estimular a auto-responsabilizaccedilatildeo da crianccedila pela sua higiene oral de

manhatilde e agrave noite

Escovagem dos dentes

Na escola deve ser monitorizada a execuccedilatildeo e a efectividade desta actividade A

execuccedilatildeo da escovagem pode ser monitorizada atraveacutes de um registo diaacuterio num

mapa de turma e a efectividade pode ser avaliada atraveacutes da utilizaccedilatildeo do revelador

de placa bacteriana e do caacutelculo do Iacutendice de lsquoPlaca Simplificadorsquo realizado pelos

profissionais de sauacutede10

Fio dentaacuterio

A higienizaccedilatildeo dos espaccedilos interdentaacuterios deve comeccedilar a ser feita por volta dos 9-

10 anos quando a crianccedila comeccedila a ter destreza manual para utilizar o fio dentaacuterio

A teacutecnica deve ser claramente explicada e treinada11

Bochecho fluoretado

Todas as crianccedilas e jovens que frequentam as escolas do 1ordm Ciclo do Ensino Baacutesico

devem fazer o bochecho quinzenal com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a 0212

As estrateacutegias e teacutecnicas de realizaccedilatildeo e implementaccedilatildeo na escola das medidas de

promoccedilatildeo da sauacutede oral preconizadas encontram-se descritas no Texto de Apoio

anexo a esta Circular Normativa da qual faz parte integrante

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 10

Sauacutede Oral na Adolescecircncia

No decurso da adolescecircncia em que se reorganiza a forma de estar no mundo se

reformula o autoconceito atraveacutes nomeadamente dos reforccedilos positivos da auto-

imagem a higiene oral pode desempenhar um contributo importante para esse

processo Neste periacuteodo a adesatildeo a praacuteticas adequadas em termos de sauacutede oral natildeo

passa estritamente por motivaccedilotildees de caraacutecter sanitaacuterio

Tendo isso em conta os profissionais de sauacutede ligados agraves acccedilotildees educativas e

preventivas neste domiacutenio natildeo podem deixar de valorizar as expectativas dos jovens

acerca dos laacutebios da boca e dos dentes nos planos esteacutetico e relacional

Sauacutede Oral em crianccedilas e de jovens com Necessidades de Sauacutede Especiais

A promoccedilatildeo da sauacutede oral de crianccedilas e jovens com Necessidades de Sauacutede

Especiais estaacute descrita no laquoManual de Boas Praacuteticas em Sauacutede Oralraquo editado pela

DGS13

A administraccedilatildeo de suplemento sisteacutemico de fluoretos recomendada deve ser

corrigida de acordo com as orientaccedilotildees introduzidas pelo presente documento

72 Prevenccedilatildeo das doenccedilas orais

Em sauacutede infantil e juvenil a observaccedilatildeo da boca e dos dentes feita pela equipa de

sauacutede pelo meacutedico de famiacutelia ou pelo pediatra comeccedila aos 6 meses e prolonga-se

ateacute aos 18 anos14

A estes profissionais compete reforccedilar as medidas de promoccedilatildeo da sauacutede oral

descritas anteriormente e fazer o diagnoacutestico precoce de caacuterie dentaacuteria registando

os dados na Ficha Individual de Sauacutede Oral e no Boletim de Sauacutede Infantil

Em Sauacutede Escolar tambeacutem poderaacute ser feita essa observaccedilatildeo

Face a um diagnoacutestico ou a uma suspeita de doenccedila oral a crianccedila deve ser

encaminhada para o gestor do programa no Centro de Sauacutede

Se o Centro de Sauacutede tiver higienista oral estomatologista ou meacutedico dentista eacute

feita a avaliaccedilatildeo do risco individual de caacuterie e a protecccedilatildeo dos dentes agraves crianccedilas e

jovens de alto risco

Se o Centro de Sauacutede natildeo dispuser de profissionais de sauacutede oral o gestor do

programa encaminharaacute as crianccedilas para os serviccedilos de estomatologia dos hospitais

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 11

distritais ou centrais caso tenham resposta ou para um meacutedico estomatologista

meacutedico dentista contratualizado

A partir do momento em que a crianccedila apresenta um dente com uma lesatildeo de caacuterie

dentaacuteria passa a exigir medidas preventivas e terapecircuticas especiacuteficas Apoacutes o

tratamento da lesatildeo de caacuterie essa crianccedila eacute incluiacuteda num grupo que do ponto de

vista preventivo exigiraacute maior atenccedilatildeo e acompanhamento

A protecccedilatildeo dos dentes em crianccedilas com alto risco agrave caacuterie dentaacuteria consiste na

execuccedilatildeo de uma ou mais medidas

Aplicaccedilatildeo de selantes de fissura

Suplemento de fluoretos um (1) comprimido diaacuterio de 025 mg que deve ser

dissolvido lentamente na boca agrave noite antes de deitar

Verniz de fluacuteor ou de clorohexidina

A estrateacutegia preventiva e terapecircutica do programa complementam-se com a

avaliaccedilatildeo do risco individual de caacuterie dentaacuteria

A avaliaccedilatildeo eacute feita a partir da conjugaccedilatildeo dos seguintes factores de risco evidecircncia

cliacutenica de doenccedila anaacutelise dos haacutebitos alimentares controlo da placa bacteriana

niacutevel socioeconoacutemico da famiacutelia e histoacuteria cliacutenica da crianccedila15

Factores de Risco Baixo Risco Alto Risco

Evidecircncia cliacutenica de doenccedila

Sem lesotildees de caacuterie Nenhum dente perdido devido a caacuterie Poucas ou nenhumas obturaccedilotildees

Lesotildees activas de caacuterie Extracccedilotildees devido a caacuterie Duas ou mais obturaccedilotildees Aparelho fixo de ortodontia

Anaacutelise dos haacutebitos alimentares

Ingestatildeo pouco frequente de alimentos accedilucarados

Ingestatildeo frequente de alimentos accedilucarados em particular entre as refeiccedilotildees

Utilizaccedilatildeo de fluoretos

Uso regular de dentiacutefrico fluoretado

Natildeo utilizaccedilatildeo regular de qualquer dentiacutefrico fluoretado

Controlo da placa bacteriana

Escovagem dos dentes duas ou mais vezes por dia

Natildeo escova os dentes ou faz uma escovagem pouco eficaz

Niacutevel socioeconoacutemico da famiacutelia

Meacutedio ou alto Baixo

Histoacuteria cliacutenica da crianccedila

Sem problemas de sauacutede Ausecircncia de medicaccedilatildeo croacutenica

Portador de deficiecircncia fiacutesica ou mental Ingestatildeo prolongada de medicamentos cariogeacutenicos Doenccedilas Croacutenicas Xerostomia

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 12

As crianccedilas e os jovens que natildeo se inscrevem em nenhuma das categorias anteriores

satildeo considerados de risco moderado

Os criteacuterios de avaliaccedilatildeo do risco individual de caacuterie dentaacuteria seratildeo

complementados com orientaccedilotildees teacutecnicas a emitir pela Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

73 Diagnoacutestico precoce e tratamento dentaacuterio

O diagnoacutestico precoce e os tratamentos dentaacuterios podem ser feitos no Centro de

Sauacutede nos serviccedilos de estomatologia do Hospital ou pelos meacutedicos estomatologistas

ou meacutedicos dentistas contratualizados da sua aacuterea de atracccedilatildeo

Nos Centros de Sauacutede onde existe Higienista Oral este gere os encaminhamentos

quando haacute necessidade de tratamentos e a frequecircncia da vigilacircncia da sauacutede oral das

crianccedilas e dos jovens do seu ficheiro

A contratualizaccedilatildeo com profissionais de sauacutede oral permite-nos garantir cuidados de

sauacutede oral a todas as crianccedilas em Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral

que desenvolvam caacuterie dentaacuteria

O processo seraacute implementado progressivamente O meacutedico estomatologistameacutedico

dentista responsabiliza-se pelo acompanhamento individual das crianccedilas que lhe satildeo

remetidas pelo SNS

O encaminhamento deve respeitar a liberdade de escolha do utente e a capacidade

de resposta do profissional contratualizado

8 Avaliaccedilatildeo do Programa

A avaliaccedilatildeo do programa tem periodicidade anual pelo que os indicadores a utilizar

teratildeo necessariamente que ser faacuteceis de obter e fiaacuteveis Satildeo eles que iratildeo permitir a

monitorizaccedilatildeo do programa e os avanccedilos alcanccedilados em cada regiatildeo de sauacutede e nos

diversos grupos etaacuterios

As fontes de dados satildeo nos serviccedilos puacuteblicos os registos habituais de actividades e

os mapas de sauacutede oral e sauacutede escolar nos serviccedilos privados a informaccedilatildeo

produzida pelos profissionais de sauacutede oral contratualizados registada na Ficha

Individual de Sauacutede Oral transcrita para o Mapa Anual da intervenccedilatildeo meacutedico-

dentaacuteria e enviada para o serviccedilo com quem contratualizou

A qualidade das prestaccedilotildees contratualizadas seraacute feita por avaliaccedilatildeo externa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 13

Os indicadores de avaliaccedilatildeo do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral satildeo

Percentagem de crianccedilas em programa aos 3 6 12 e 15 anos

Percentagem de crianccedilas em programa no Jardim-de-infacircncia e na Escola no 1ordm

ciclo 2ordm ciclo e 3ordm ciclo

Percentagem de crianccedilas com necessidades de tratamentos dentaacuterios

encaminhadas e tratadas

Percentagem de crianccedilas de alto risco agrave caacuterie

Percentagem de crianccedilas livres de caacuterie aos 6 anos

Iacutendice cpod e CPOD aos 6 anos

Iacutendice CPOD aos 12 anos

Esta avaliaccedilatildeo anual natildeo substitui as avaliaccedilotildees quinquenais de acircmbito nacional que a

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede com as Administraccedilotildees Regionais de Sauacutede e as Secretarias

Regionais continuaratildeo a realizar

9 Disposiccedilotildees finais e transitoacuterias

Para efeito de avaliaccedilatildeo do estado dentaacuterio e de avaliaccedilatildeo do risco seratildeo elaborados

suportes de informaccedilatildeo para serem utilizados por todos os sectores intervenientes

no programa e em todos os niacuteveis de produccedilatildeo de informaccedilatildeo

Do niacutevel local ao niacutevel central a informaccedilatildeo iraacute sendo agrupada em mapas de modo

a podermos construir indicadores de niacuteveis de resultados

Os dois Textos de Apoio anexos a este programa ldquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de

Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutederdquo e ldquoFluoretos Fundamentaccedilatildeo e

recomendaccedilatildeordquo suportam as alteraccedilotildees introduzidas e apontam formas de

implementar a estrateacutegia definida no Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede

Oral

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 14

Consenso sobre a utilizaccedilatildeo de fluoretoslowast no acircmbito do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral

Generalidades

O fluacuteor tem comprovada importacircncia na reduccedilatildeo da prevalecircncia e gravidade da caacuterie A

estrateacutegia da sua utilizaccedilatildeo em sauacutede oral foi redefinida com base em novas evidecircncias

cientiacuteficas Actualmente considera-se que a sua acccedilatildeo preventiva e terapecircutica eacute toacutepica

e poacutes-eruptiva e que para se obter este efeito toacutepico o dentiacutefrico fluoretado constitui a

opccedilatildeo consensual

Os fluoretos quando administrados por via sisteacutemica podem ter efeitos toacutexicos em

particular antes dos 6 anos Embora as consequecircncias sejam essencialmente de ordem

esteacutetica eacute revista a sua administraccedilatildeo

Nas crianccedilas com idades iguais ou inferiores a 6 anos que cumprem as exigecircncias

habituais da higiene oral isto eacute escovam os dentes usando dentiacutefrico fluoretado a

concomitante administraccedilatildeo de comprimidos ou gotas aumenta o risco de fluorose

dentaacuteria

As recomendaccedilotildees da Task Force sobre a utilizaccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da

caacuterie integradas no Programa Nacional de Sauacutede Oral satildeo as seguintes

a) Eacute dada prioridade agraves aplicaccedilotildees toacutepicas sob a forma de dentiacutefricos administrados na

escovagem dos dentes Estas aplicaccedilotildees devem ser efectuadas desde a erupccedilatildeo dos

dentes e de acordo com as regras expostas na tabela anexa

b) Os comprimidos anteriormente recomendados no acircmbito do Programa de Promoccedilatildeo

da Sauacutede Oral nas Crianccedilas e nos Adolescentes (CN nordm 6DSE de 200599) soacute

seratildeo administrados apoacutes os 3 anos a crianccedilas de alto risco agrave caacuterie dentaacuteria Nesta

situaccedilatildeo os comprimidos devem ser dissolvidos na boca lentamente

preferencialmente antes de deitar As acccedilotildees de educaccedilatildeo para a sauacutede devem

prioritariamente promover a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado

lowast Das Faculdades de Medicina Dentaacuteria de Lisboa Porto e Coimbra Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Coleacutegio de Estomatologia da Ordem dos Meacutedicos Ordem dos Meacutedicos Dentistas e Sociedade Portuguesa de Pediatria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 15

c) Em nenhum dos casos estaacute recomendada a administraccedilatildeo de fluoretos sisteacutemicos agraves

graacutevidas agraves crianccedilas antes dos 3 anos e agraves que em qualquer idade consumam aacutegua

com teor de fluoreto superior a 03 ppm

Recomendaccedilotildees sobre a utilizaccedilatildeo de fluoretos no acircmbito do PNPSO

RECOMEN-

DACcedilOtildeES

Frequecircncia da

escovagem dos dentes

Material utilizado na escovagem dos dentes

Execuccedilatildeo da escovagem dos dentes

Dentiacutefrico fluoretado

Suplemento sisteacutemico de

fluoretos

0-3 Anos 2 x dia

a partir da erupccedilatildeo do 1ordm dente

uma obrigatoria-mente antes

de deitar

Gaze Dedeira

Escova macia

de tamanho pequeno

Pais

1000-1500 ppm

quantidade idecircntica ao tamanho da

unha do 5ordm dedo da crianccedila

Natildeo recomendado

3-6 Anos 2 x dia

uma

obrigatoria-mente antes

de deitar

Escova macia

de tamanho adequado agrave

boca da crianccedila

Pais eou Crianccedila

a partir do

momento em que a crianccedila

adquire destreza

manual faz a escovagem sob

supervisatildeo

1000-1500 ppm

quantidade idecircntica ao tamanho da

unha do 5ordm dedo da crianccedila

Natildeo recomendado

Excepcionalmente as crianccedilas de alto

risco agrave caacuterie dentaacuteria podem fazer

1 (um) comprimido diaacuterio de fluoreto de soacutedio a 025 mg

Mais de 6 Anos

2 x dia

uma

obrigatoria-mente antes

de deitar

Escova macia

ou em alternativa

meacutedia

de tamanho adequado agrave

boca da crianccedila ou do

jovem

Crianccedila eou Pais

se a crianccedila

natildeo tiver adquirido destreza

manual a escovagem

tem que ter a intervenccedilatildeo

activa dos pais

1000-1500 ppm

quantidade aproximada de 1 centiacutemetro

Natildeo recomendado

Excepcionalmente as crianccedilas de alto

risco agrave caacuterie dentaacuteria podem fazer

1 (um) comprimido diaacuterio de fluoreto de soacutedio a 025 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 16

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 17

Referecircncias

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10 Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Sauacutede Oral nas Crianccedilas em Idade Escolar 1996 Acessiacutevel na DGS

11 Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede O uso do fio dentaacuterio previne algumas doenccedilas orais Lisboa DGS 1993

12 Direcccedilatildeo-Geral dos Cuidados de Sauacutede Primaacuterios Bochecho fluoretado ndash Guia Praacutetico do Professor Lisboa DGS 1992

13 Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Divisatildeo de Sauacutede Escolar Manual de Boas Praacuteticas em Sauacutede Oral para quem trabalha com Crianccedilas e Jovens com Necessidades de Sauacutede Especiais Lisboa DGS 2002 httpwwwdgsaudept

14 Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Sauacutede Infantil e Juvenil Programa-Tipo de Actuaccedilatildeo Lisboa DGS2002 (Orientaccedilotildees Teacutecnicas 12) httpwwwdgsaudept

15 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in children at High Caries Risk A National Clinical Guideline SIGN 2000 httpwwwsignacuk

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Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 20

Agradecimentos

A Task Force que colaborou na revisatildeo do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral coordenada pela Drordf Gregoacuteria Paixatildeo von Amann e pela Higienista Oral Cristina Ferreira Caacutedima da Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede contou com a prestimosa colaboraccedilatildeo teacutecnica e cientiacutefica de

Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge representado pela Drordf Dirce Silveira

Direcccedilatildeo-Geral da Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura representada pela Engordf Maria de Lourdes Camilo

Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa representada pelo Prof Doutor Paulo Melo

Faculdade de Medicina de Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria representada pelo Dr Francisco Delille

Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade de Lisboa representada pelo Prof Doutor Ceacutesar Mexia de Almeida

Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto representada pelo Prof Doutor Fernando M Peres

Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento representado pela Drordf Ana Arauacutejo

Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede - Norte representado pelo Prof Doutor Paulo Rompante

Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede - Sul representado pela Profordf Doutora Fernanda Mesquita

Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia representada pelo Dr Alexandre Loff Seacutergio

Ordem dos Meacutedicos Dentistas representada pelo Prof Doutor Paulo Melo

Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria representada pelo Prof Doutor Ceacutesar Mexia de Almeida

Sociedade Portuguesa de Pediatria representada pelo Dr Manuel Salgado

Serviccedilos da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede representada pela Drordf Anabela Lopes Divisatildeo de Sauacutede Ambiental representada pelo Engordm Paulo Diegues e a Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede representada pelo Dr Pedro Ribeiro da Silva

Pelas sugestotildees e correcccedilotildees introduzidas o nosso agradecimento agrave Profordf Doutora Isabel Loureiro ao Dr Vasco Prazeres Drordf Leonor Sassetti Drordf Ana Paula Ramalho Correia Dr Rui Calado Drordf Maria Otiacutelia Riscado Duarte Dr Joatildeo Breda e ao Sr Viacutetor Alves que concebeu o logoacutetipo do programa

A todos a Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede e a Divisatildeo de Sauacutede Escolar agradecem

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

E s t r a t eacute g i a s e T eacute c n i c a s d e E d u c a ccedil atilde o e P r o m o ccedil atilde o

d a S a uacute d e

Documento produzido no acircmbito dos trabalhos da Task Force pela Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede Dr

Pedro Ribeiro da Silva e Dr Joatildeo Breda e pela Higienista Oral Cristina Ferreira Caacutedima e Drordf Gregoacuteria Paixatildeo von Amann da

Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede que coordenou os trabalhos

1 Preacircmbulo

Os Programas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede tecircm por objectivo capacitar as pessoas a tomarem decisotildees no

seu quotidiano que se revelem as mais adequadas para manter ou alargar o seu potencial de sauacutede

Para se atingir este objectivo fornece-se informaccedilatildeo e utilizam-se metodologias que facilitem e decircem

suporte agraves mudanccedilas comportamentais e agrave manutenccedilatildeo das praacuteticas consideradas saudaacuteveis

Mas a mudanccedila de comportamentos natildeo eacute faacutecil depende de factores sociais culturais familiares

entre muitos outros e natildeo apenas do conhecimento cientiacutefico que as pessoas possuam sobre

determinada mateacuteria

Esta dificuldade eacute bem patente quando como no presente caso se pretende intervir sobre

comportamentos relacionados com a alimentaccedilatildeo e a escovagem dos dentes

Quando os pais datildeo aos filhos patildeo achocolatado ou outros alimentos accedilucarados para levarem para a

escola estatildeo com frequecircncia a dar natildeo apenas um alimento mas tambeacutem e ateacute talvez

principalmente afecto tentando colmatar lacunas que possam ter na relaccedilatildeo com os seus filhos

mesmo que natildeo tenham consciecircncia desse facto

Podem tambeacutem dar este tipo de alimento por terem dificuldade de encontrar tempo para confeccionar

uma sandes ou outro alimento e os anteriormente referidos estatildeo sempre prontos a serem colocados na

mochila da crianccedila

Eacute importante desenvolvermos estrateacutegias de Educaccedilatildeo para a Sauacutede que natildeo culpabilizem os pais

porque estes intrinsecamente desejam sempre o melhor para os seus filhos embora natildeo consigam por

vezes colocaacute-lo em praacutetica

Devido agrave complexidade que eacute actuar sobre comportamentos individuais para se aumentar a eficiecircncia

das nossas praacuteticas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede torna-se fulcral utilizar metodologias alargadas a vaacuterios

parceiros e sectores da comunidade de forma articulada e continuada para que progressivamente

possamos ir obtendo resultados

Como propotildee Nancy Russel no seu Manual de Educaccedilatildeo para a Sauacutede ldquoPara desenhar um

programa de Educaccedilatildeo para a Sauacutede eacute necessaacuterio ter conhecimentos sobre comportamentos e sobre

os factores que produzem a mudanccedilardquo E continua explicitando ldquoAs teorias da mudanccedila de

comportamento que podem ser aplicadas em Educaccedilatildeo para a Sauacutede foram elaboradas a partir de

uma variedade de aacutereas incluindo a psicologia a sociologia a antropologia a comunicaccedilatildeo e o

marketing Nenhuma teoria ou rede de conceitos domina por si soacute a investigaccedilatildeo ou a praacutetica da

Educaccedilatildeo para a Sauacutede Provavelmente porque os comportamentos de sauacutede satildeo demasiado

complexos para serem explicados por uma uacutenica teoriardquo (19968)

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 2

2 Metodologias para Desenvolvimento da Acccedilatildeo

21 Primeira vertente ndash O diagnoacutestico de situaccedilatildeo

A primeira etapa de actuaccedilatildeo eacute de grande importacircncia para a continuidade das outras actividades e

podemos resumi-la a um bom diagnoacutestico de situaccedilatildeo que permita conhecer em pormenor a realidade

sobre a qual se pretende actuar

I - Eacute importante estabelecer como uma das primeiras actividades a anaacutelise de duas vertentes com

grande influecircncia na sauacutede oral os haacutebitos culturais das famiacutelias relativamente agrave alimentaccedilatildeo e as

praacuteticas de higiene oral dos adultos e das crianccedilas

II - Um segundo aspecto relaciona-se com os tipos de interacccedilatildeo entre professores ou

educadores de infacircncia e pais No caso de essa interacccedilatildeo ser regular e organizada importa saber como

reagem os pais agraves indicaccedilotildees dos professores sobre os aspectos comportamentais das crianccedilas e que

efeito e eficaacutecia tecircm essas acccedilotildees na capacitaccedilatildeo de pais e filhos relativamente aos comportamentos

relacionados com a sauacutede oral

Actividades a desenvolverem

a) estudar as formas de melhorar a relaccedilatildeo entre pais e professores procurando resolver as

dificuldades que com frequecircncia os pais apresentam como obstaacuteculos ao contacto mais regular

com os professores

b) analisar a eficaacutecia das recomendaccedilotildees dadas procurando as razotildees que possam estar na origem

de situaccedilotildees de menor eficaacutecia como o desfasamento entre as recomendaccedilotildees e o contexto

familiar e cultural das crianccedilas ou recomendaccedilotildees muito teacutecnicas ou paternalistas Todas estas

situaccedilotildees podem provocar resistecircncias nas famiacutelias agrave adesatildeo agraves praacuteticas desejaacuteveis relativamente

ao programa de sauacutede oral Esta temaacutetica da Educaccedilatildeo para a Sauacutede e as praacuteticas

comportamentais eacute muito complexa mas fundamental para se conseguirem resultados ao niacutevel

dos comportamentos

III - Outra componente a analisar satildeo os aspectos sociais dos consumos alimentares que possam

estar relacionados com situaccedilotildees locais como campanhas publicitaacuterias ou de promoccedilatildeo de

determinados alimentos potencialmente cariogeacutenicos nos estabelecimentos da zona Oferta pouco

adequada de alimentos na cantina da escola com existecircncia preponderante de alimentos e bebidas

accedilucaradas A confecccedilatildeo das refeiccedilotildees no refeitoacuterio com pouca oferta de fruta legumes e vegetais e

preponderacircncia de sobremesas doces

Segundo o Modelo Precede de Green existem 3 etapas a contemplar num diagnoacutestico de situaccedilatildeo

middot diagnoacutestico epidemioloacutegico necessaacuterio para a identificaccedilatildeo dos problemas de sauacutede sobre os

quais se vai actuar como sejam os iacutendices de caacuterie fluorose dentaacuteria e outros

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 3

middot diagnoacutestico social que corresponde agrave identificaccedilatildeo das situaccedilotildees sociais existentes na comunidade

onde se desenvolve a actividade que podem contribuir para os problemas de sauacutede oral detectados

ou que se pretende prevenir

middot diagnoacutestico comportamental para identificaccedilatildeo dos vaacuterios padrotildees comportamentais que possam

estar relacionados com os problemas de sauacutede oral inventariados

A este diagnoacutestico de problemas eacute importante associar-se a identificaccedilatildeo de necessidades da

populaccedilatildeo-alvo da acccedilatildeo

Apesar da prevalecircncia das doenccedilas orais e da necessidade deste Programa Nacional em algumas

comunidades poderatildeo existir vaacuterios outros problemas de sauacutede mais graves ou mais prevalentes e

neste caso importa fazer uma avaliaccedilatildeo dos recursos e das possibilidades de eficaacutecia dando prioridade

aos grupos e agraves situaccedilotildees mais graves e de maior amplitude Outro factor a ter em conta na decisatildeo

relaciona-se com a capacidade de alterar as causas comportamentais ou factores de risco pelo

programa educacional

Apoacutes a avaliaccedilatildeo das necessidades deveratildeo ser estabelecidas as prioridades tendo em conta os

problemas de sauacutede identificados a capacidade de alteraccedilatildeo dos factores de risco comportamentais e

outros Eacute muito importante associar-se agrave definiccedilatildeo de prioridades de actuaccedilatildeo a caracterizaccedilatildeo dos sub-

grupos existentes e as diferentes estrateacutegias apropriadas a cada uma dessas populaccedilotildees alvo

22 Segunda vertente ndash os teacutecnicos de educaccedilatildeo

Todos os parceiros satildeo importantes para o desenvolvimento dos programas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede

mas no caso especiacutefico da sauacutede oral os teacutecnicos de Educaccedilatildeo satildeo fundamentais Eacute por esta razatildeo

tarefa prioritaacuteria sensibilizaacute-los e englobaacute-los no desenho dos programas desde o iniacutecio

Sabemos atraveacutes das nossas praacuteticas anteriores que nem sempre os teacutecnicos de educaccedilatildeo aderem a

algumas das actividades dos programas de sauacutede oral propostas pelos teacutecnicos de sauacutede utilizando

para isso os mais diversos argumentos A explicitaccedilatildeo dos uacuteltimos consensos cientiacuteficos nesta aacuterea

com disponibilizaccedilatildeo de bibliografia pode ser facilitador da adesatildeo ao programa

Uma das actividades centrais deste programa seraacute trabalhar em conjunto com os teacutecnicos de educaccedilatildeo

nomeadamente docentes das escolas baacutesicas e secundaacuterias e educadores de infacircncia sobre as

potencialidades do programa e os ganhos em sauacutede que a meacutedio e longo prazo este pode provocar na

populaccedilatildeo portuguesa

Outra tarefa importante eacute a reflexatildeo em conjunto sobre as dificuldades diagnosticadas em cada escola

para concretizar as actividades do programa na tentativa de encontrar soluccedilotildees seja atraveacutes da

resoluccedilatildeo dos obstaacuteculos seja encontrando alternativas Poderaacute acontecer natildeo ser possiacutevel executar

todas as tarefas incluiacutedas no programa Nesses casos importa decidir quais as actividades que poderatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 4

ser levadas agrave praacutetica com ecircxito Seraacute preferiacutevel concretizar algumas tarefas que nenhumas assim

como seraacute melhor realizar bem poucas tarefas do que muitas ou todas de forma deficiente

Frequentemente existe um diferencial de conhecimentos sobre estas aacutereas entre os teacutecnicos de

educaccedilatildeo e os de sauacutede Para evitar problemas eacute imperioso que os teacutecnicos de educaccedilatildeo sejam

parceiros em igualdade de circunstacircncia e natildeo sintam que tecircm um papel secundaacuterio no projecto ou

meros executores de tarefas

A eventual deacutecalage de conhecimentos sobre sauacutede oral pode ser compensado utilizando estrateacutegias de

trabalho em equipa natildeo assumindo os teacutecnicos de sauacutede papel de liacutederes do processo nem de

detentores da informaccedilatildeo cientiacutefica As teacutecnicas de trabalho em equipa devem implicam a partilha de

tarefas e lideranccedila natildeo assumindo o programa uma dimensatildeo vertical e impositiva por parte da sauacutede

As mensagens chave do programa seratildeo discutidas por todos os intervenientes Eacute muito importante que

sejam claras nos conteuacutedos e assumidas por toda a equipa em todas as situaccedilotildees de modo a tornar as

intervenccedilotildees coerentes com os objectivos do programa

Como cada comunidade e cada escola tecircm caracteriacutesticas proacuteprias o programa as actividades e o

trabalho interdisciplinar em equipa seratildeo adequados agraves condiccedilotildees objectivas e subjectivas de todos os

intervenientes o que pode tornar necessaacuterio fazer adaptaccedilotildees agrave aplicaccedilatildeo do mesmo O mesmo se

passa em relaccedilatildeo agraves mensagens que necessitam ser adaptadas a cada situaccedilatildeo e a cada contexto

Em relaccedilatildeo agrave Educaccedilatildeo para a Sauacutede a procura de soluccedilotildees para as situaccedilotildees decorrentes da

implementaccedilatildeo do programa como a sensibilizaccedilatildeo dos parceiros e a eliminaccedilatildeo de obstaacuteculos satildeo

uma das tarefas centrais dos programas e natildeo devem ser subestimadas pelos teacutecnicos de sauacutede pois

delas depende muita da eficaacutecia do projecto

A educaccedilatildeo alimentar eacute uma das vertentes centrais do programa pelo que eacute necessaacuterio sensibilizar os

professores para aspectos da vida escolar que podem afectar a sauacutede oral dos alunos como as ementas

escolares existentes no refeitoacuterio e o tipo de alimentos disponibilizado no bar

221 Componente praacutetica

Uma primeira tarefa do programa na escola seraacute a sensibilizaccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo para a

importacircncia do mesmo A explicitaccedilatildeo teoacuterica resumida dos pressupostos cientiacuteficos que legitimam a

alteraccedilatildeo do programa eacute um instrumento facilitador

Fundamental explicar as razotildees que tornam a escovagem como um actividade central do programa e

os inconvenientes de se darem suplementos de fluacuteor de forma generalizada Seremos especialmente

eficazes se nos disponibilizarmos para responder agraves questotildees e duacutevidas que os professores possam ter

Esta eacute com certeza tambeacutem uma maneira de aprofundarmos o diagnoacutestico da situaccedilatildeo e de podermos

contribuir para remover os obstaacuteculos detectados

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 5

Uma segunda tarefa consistiraacute em operacionalizar o programa com os professores de modo a construi-

lo conjuntamente As diversas tarefas devem ser planeadas e avaliadas continuamente para se fazerem

as alteraccedilotildees consideradas necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar do programa

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo e a escovagem

O Programa Nacional de Sauacutede Oral propotildee algumas alteraccedilotildees que podemos considerar profundas e

de ruptura em relaccedilatildeo ao programa anterior como sejam a aplicaccedilatildeo restrita dos suplementos

sisteacutemicos de fluoretos e a escovagem duas vezes ao dia com um dentiacutefrico fluoretado como principal

medida para uma boa sauacutede oral Estas directrizes derivam do consenso dos peritos de Sauacutede Oral

reunidos na task force coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

Eacute faacutecil de compreender que organizar a escovagem dos dentes dos alunos eacute mais trabalhoso que dar-

lhes um comprimido de fluacuteor ou ateacute do que fazer o bochecho com uma soluccedilatildeo fluoretada Para sermos

bem sucedidos seraacute fundamental actuar de forma cautelosa respeitando as caracteriacutesticas das pessoas e

os contextos em presenccedila

Como sabemos eacute difiacutecil quebrar rotinas e o programa vai implicar mais trabalho para os professores e

disponibilizaccedilatildeo de tempo para os pais e professores A adopccedilatildeo pelos Jardins de infacircncia e Escolas da

escovagem dos dentes dos alunos pelo menos uma vez dia como factor central do programa vai

possivelmente encontrar algumas resistecircncias por parte dos educadores de infacircncia e professores que

importa ir resolvendo de forma progressiva e de acordo com as dificuldades reais encontradas Estas

dificuldades podem estar relacionadas com a deficiecircncia de instalaccedilotildees ou outras mas estaraacute com

frequecircncia tambeacutem muito relacionada com aspectos psicossociais de resistecircncia agrave mudanccedila de rotinas

instaladas e com vaacuterios anos

Uma das estrateacutegias primordiais para este programa ser bem sucedido passa pela resoluccedilatildeo dos

obstaacuteculos referidos pelos teacutecnicos de educaccedilatildeo relativamente agrave escovagem nomeadamente

a possibilidade de as crianccedilas usarem as escovas de colegas podendo haver transmissatildeo de doenccedilas

como a hepatite ou outras

a ausecircncia de um local apropriado para a escovagem

a confusatildeo que a escovagem iraacute causar com eventuais situaccedilotildees de indisciplina

a dificuldade de vigiar todos os alunos durante a escovagem com a consequente possibilidade de

alguns especialmente se mais novos poderem engolir dentiacutefrico

existirem alguns alunos que devido a carecircncias econoacutemicas ou desconhecimento dos pais tecircm

escovas jaacute muito deterioradas podendo ser alvo de troccedila e humilhaccedilatildeo por parte dos colegas ou

sentindo-se os professores na necessidade de fazerem algo mas natildeo terem possibilidade de

substituiacuterem as escovas

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 6

Estes e outros argumentos poderatildeo ser reais ou apenas formas de encontrar justificaccedilotildees para natildeo

alterar rotinas no entanto eacute fundamental analisar cada situaccedilatildeo e encontrar a forma adequada de actuar

o que implica procurar em conjunto a resoluccedilatildeo do problema natildeo desvalorizando a perspectiva do

teacutecnico de educaccedilatildeo mesmo que do ponto de vista da sauacutede nos pareccedila oacutebvia a resistecircncia agrave mudanccedila e

a sua soluccedilatildeo

Se natildeo conseguirmos sensibilizar os profissionais de educaccedilatildeo para a importacircncia da escovagem e nos

limitarmos a contra-argumentar com os nossos dados e a nossa cientificidade facilmente iratildeo

encontrar outros argumentos Eacute preciso compreender que o que estaacute em causa natildeo satildeo as dificuldades

objectivas mas outro tipo de razotildees mais ou menos subjectivas relacionadas com as condiccedilotildees locais

e de contexto como por exemplo o facto de alguns professores considerarem que natildeo eacute da sua

competecircncia promover a escovagem dos dentes dos seus alunos A interacccedilatildeo pais-professores eacute

constante e pode potenciar grandemente o programa

23 Terceira vertente ndash os pais

Os pais satildeo tambeacutem intervenientes fundamentais nos programas de sauacutede oral e eacute fundamental que

sejam englobados na equipa de projecto enquanto parceiros activos na programaccedilatildeo de actividades de

modo a poder resolver-se eventuais resistecircncias que inclusive podem ser desconhecidas dos teacutecnicos e

serem devidas a idiossincracias micro-culturais Todas as estrateacutegias que sensibilizem os pais para as

medidas que se preconizam satildeo importantes Eacute fundamental que o programa seja ldquocontinuadordquo e

reforccedilado em casa e natildeo pelo contraacuterio descredibilizado pelas praacuteticas domeacutesticas

Em relaccedilatildeo aos pais os factores emocionais satildeo centrais na sua relaccedilatildeo com os filhos e com as escolhas

comportamentais quotidianas Transmitir informaccedilatildeo de forma essencialmente cognitiva por exemplo

laquonatildeo decirc lsquoBolosrsquo aos seus filhos porque satildeo alimentos que podem contribuir para o aparecimento de

caacuterie nos dentes e provocar obesidaderaquo tem muitas possibilidades de provocar efeitos perversos

negativos como seja a culpabilizaccedilatildeo dos pais e a resistecircncia agrave mudanccedila de comportamentos

Com frequecircncia os doces satildeo uma forma de dar afecto ou premiar os filhos ou ateacute servir como

substituto da impossibilidade dos pais estarem mais tempo com os filhos situaccedilatildeo que natildeo eacute com

frequecircncia consciente para os pais Os padrotildees comportamentais dos pais obedecem a inuacutemeras

componentes e soacute actuando sobre cada uma delas se conseguem resultados nas mudanccedilas de

comportamentos

Fornecer apenas informaccedilatildeo pode natildeo soacute natildeo provocar alteraccedilotildees comportamentais como criar ou

aumentar as resistecircncias agrave mudanccedila Eacute preciso adequar a informaccedilatildeo agraves diversas situaccedilotildees

caracterizando-as primeiro valorizando as componentes emocionais relacionais e contextuais dos

comportamentos natildeo culpabilizando os pais (porque isso provoca resistecircncias agrave mudanccedila natildeo soacute em

relaccedilatildeo a este programa mas a futuras intervenccedilotildees) e encontrando formas alternativas de resolver estas

situaccedilotildees utilizando soluccedilotildees que provoquem emoccedilotildees positivas em todos os intervenientes E dessa

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forma eacute possiacutevel ser-se eficaz respeitando os universos relacionais das famiacutelias e evitando efeitos

comportamentais paradoxais ou seja por reacccedilatildeo agrave informaccedilatildeo que os culpabiliza os pais

dessensibilizam das nossas indicaccedilotildees agravando e aumentando as praacuteticas que se desaconselham

Eacute esta uma das razotildees porque eacute tatildeo difiacutecil atingir os grupos populacionais que exactamente mais

precisavam de ser abrangido pelos programas de prevenccedilatildeo da doenccedila e promoccedilatildeo da sauacutede

Para aleacutem de se conhecerem as praacuteticas alimentares e de higiene oral que as crianccedilas e adolescentes

tecircm em casa eacute importante caracterizar as razotildees desses procedimentos Referimo-nos aos aspectos

individuais familiares culturais e contextuais Se queremos actuar sobre comportamentos eacute

fundamental conhecer as atitudes crenccedilas preconceitos estereoacutetipos e representaccedilotildees sociais que se

relacionam com as praacuteticas das famiacutelias as quais variam de famiacutelia para famiacutelia

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo podem ser colaboradores preciosos para esta caracterizaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo aos pais podemos resumir os aspectos a valorizar

Inclui-los nos diversos passos do programa

sensibiliza-los para a importacircncia da sauacutede oral respeitando os seus universos familiares e

culturais

dar suporte continuado agrave mudanccedila de comportamentos e de todos os factores que lhe estatildeo

associados

24 Quarta vertente ndash as crianccedilas

As crianccedilas e os adolescentes satildeo o principal puacuteblico-alvo do programa de sauacutede oral Sensibilizaacute-los

para as praacuteticas alimentares e de higiene oral que os peritos consideram actualmente adequadas eacute o

nosso objectivo

Como jaacute foi referido anteriormente eacute necessaacuterio ser cuidadoso na forma de comunicar com as crianccedilas

e adolescentes natildeo criticando directa ou indirectamente os conhecimentos e as praacuteticas aconselhadas

ou consentidas por pais e professores com quem eles convivem directamente e que satildeo dos principais

influenciadores dos seus comportamentos satildeo os seus modelos e constituem o seu universo de afectos

Criar clivagem na relaccedilatildeo cognitiva afectiva e emocional entre pais ou professores e crianccedilas e

adolescentes eacute algo que devemos ter sempre presente e evitar

As estrateacutegias de trabalho com as crianccedilas deveratildeo ser adaptadas agrave sua maturidade psico-cognitiva e

contexto socio-cultural Para que as actividades sejam luacutedicas e criativas adequadas agraves idades e outras

caracteriacutesticas das crianccedilas e adolescentes a contribuiccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo eacute com certeza

fundamental

Eacute muito importante ter em conta alguns aspectos educativos relativamente agrave mudanccedila de

comportamentos A participaccedilatildeo activa das crianccedilas na formulaccedilatildeo dessas actividades torna mais

eficazes os efeitos pretendidos

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Pela dificuldade em mudar comportamentos principalmente de forma estaacutevel eacute aconselhaacutevel adequar

os objectivos agraves realidades Seraacute preferiacutevel actuar sobre um ou dois comportamentos sobre os quais a

caracterizaccedilatildeo inicial nos permitiu depreender que seraacute possiacutevel obtermos resultados positivos em vez

de tentar actuar sobre todos os comportamentos que desejariacuteamos alterar natildeo conseguindo alterar

nenhum deles Naturalmente estas escolhas seratildeo feitas cientificamente segundo o que a Educaccedilatildeo para

a Sauacutede preconiza nas vertentes relacionadas com as ciecircncias comportamentais (sociais e humanas)

Outro aspecto fundamental eacute a continuidade na acccedilatildeo A eficaacutecia seraacute tanto maior quanto mais

continuadas forem as actividades dando suporte agrave mudanccedila comportamental e reforccedilo agrave sua

manutenccedilatildeo A continuidade da acccedilatildeo permite conhecer melhor as situaccedilotildees os obstaacuteculos e as formas

de os remover pois cada caso eacute um caso e generalizar diminui grandemente a eficaacutecia

Deve ser dada uma atenccedilatildeo especial agraves crianccedilas com Necessidades de Sauacutede Especiais desfavorecidas

socialmente (porque vivem em bairros degradados com poucos recursos econoacutemicos pertencem a

minorias eacutetnicas ou satildeo emigrantes) ou que natildeo frequentam a escola utilizando estrateacutegias especificas

adequadas agraves suas dificuldades

25 Quinta vertente ndash a comunidade

Para os programas de Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutede a componente comunitaacuteria eacute fundamental A

participaccedilatildeo e contribuiccedilatildeo dos vaacuterios sectores da comunidade podem ser potenciadores do trabalho a

desenvolver

Dependendo das situaccedilotildees locais a Autarquia as IPSS e as ONGrsquos entre outras podem ser parceiros

de enorme valia para o desenvolvimento do programa Para isso temos que sensibilizar os liacutederes

locais para a importacircncia da sauacutede oral e do programa que se pretende incrementar explicitando como

com pequenos custos podemos obter ganhos em sauacutede a meacutedio e longo prazo

As instituiccedilotildees que organizam actividades para crianccedilas e adolescentes como os ATLrsquos associaccedilotildees

culturais desportivas e religiosas podem ser excelentes parceiros para o desenvolvimento das

actividades dependendo das caracteriacutesticas da comunidade onde se aplica o programa Os grupos de

teatro satildeo tambeacutem um excelente recurso para integrarem as actividades com as crianccedilas e os

adolescentes

26 Sexta vertente ndash os meios de comunicaccedilatildeo social

Os meios de comunicaccedilatildeo social locais e regionais se forem utilizados apropriadamente podem ser

parceiros potenciadores das actividades que se pretendem desenvolver

Mas com frequecircncia os teacutecnicos de sauacutede encontram dificuldades na relaccedilatildeo com os profissionais da

comunicaccedilatildeo social considerando que estes natildeo satildeo sensiacuteveis agraves nossas preocupaccedilotildees com a prevenccedilatildeo

da doenccedila e da promoccedilatildeo da sauacutede

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Os media tecircm uma linguagem e podemos dizer uma filosofia proacuteprias que com frequecircncia natildeo satildeo

coincidentes com as nossas eacute por essa razatildeo necessaacuterio que os teacutecnicos de sauacutede se adaptem e se

possiacutevel se aperfeiccediloem na linguagem dos meacutedia Se natildeo utilizarmos adequadamente os meios de

comunicaccedilatildeo social estes podem ter um efeito contraproducente diminuindo a eficaacutecia do programa de

sauacutede oral

Algumas das dificuldades encontradas quando trabalhamos com os media especialmente as raacutedios e as

televisotildees satildeo as seguintes

na maior parte dos casos natildeo se pode transmitir muita informaccedilatildeo mesmo que seja um programa

de raacutedio de 1 ou 2 horas iria ficar muito monoacutetono e pouco atraente assim como se tornaria

confuso para os ouvintes e pouco eficaz porque com frequecircncia as pessoas desenvolvem outras

actividades enquanto ouvem raacutedio

eacute aconselhaacutevel transmitir apenas o que eacute realmente importante e faze-lo de forma muito clara

mantendo a consistecircncia sobre a hierarquia das informaccedilotildees nas diversas intervenccedilotildees ou seja que

todas os intervenientes no programa e em todas as situaccedilotildees em que intervecircm tenham um discurso

coerente e natildeo contraditoacuterio

evitar informaccedilotildees riacutegidas que culpabilizem as pessoas e natildeo respeitem os seus contextos micro-

culturais Eacute preferiacutevel suscitar alguma mudanccedila comportamental de forma progressiva que

nenhuma

com frequecircncia utilizamos o leacutexico meacutedico sem nos apercebermos que muitos cidadatildeos natildeo

conhecem termos que nos parecem simples como obesidade ou colesterol atribuindo-lhes outros

significados (portanto desconhecem que natildeo conhecem o verdadeiro significado)

se possiacutevel testar com pessoas de diversas idades e estratos socio-culturais que sejam leigas em

relaccedilatildeo a estas temaacuteticas aquilo que se preparou para a intervenccedilatildeo nos meios de comunicaccedilatildeo

social e alterar se necessaacuterio de acordo com as indicaccedilotildees que essas pessoas nos fornecerem

27 Seacutetima vertente ndash a avaliaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo deve ter iniacutecio na fase de planeamento e acompanhar todo o projecto de modo a introduzir

as alteraccedilotildees necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar das actividades

Devem fazer parte da equipa de avaliaccedilatildeo os diversos parceiros do projecto assim como pessoas

externas ao projecto e estas quando possiacutevel com formaccedilatildeo em educaccedilatildeo para a sauacutede nas aacutereas

teacutecnicas comportamentais de planeamento e avaliaccedilatildeo qualitativa e quantitativa

Satildeo fundamentais avaliaccedilotildees qualitativas e quantitativas das actividades a desenvolver e se possiacutevel

com anaacutelises comparativas ao desenrolar do projecto noutras zonas do paiacutes

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3 T eacute c n i c a s d e H i g i e n e O r a l

3 1 Escovagem dos den tes ndash A escova A escovagem dos dentes deve ser efectuada com uma escova de tamanho adequado agrave boca de quem a

utiliza Habitualmente as embalagens referem as idades a que se destinam Os filamentos devem ser

de nylon com extremidades arredondadas e textura macia que quando comeccedilam a ficar deformados

obrigam agrave substituiccedilatildeo da escova Normalmente a escova quando utilizada 2 vezes por dia dura cerca

de 3-4 meses

Existem escovas manuais e eleacutectricas as quais requerem os mesmos cuidados As escovas eleacutectricas

facilitam a higiene oral das pessoas que tenham pouca destreza manual

3 2 Escovagem dos den tes ndash O den t iacute f r i co O dentiacutefrico a utilizar deve conter fluoreto numa dosagem de cerca de 1000-1500 ppm A quantidade a

utilizar em cada uma das escovagens deve ser semelhante (ou inferior) ao tamanho da unha do 5ordm dedo

(dedo mindinho) da matildeo da crianccedila

Os dentiacutefricos com sabores muito atractivos natildeo se recomendam porque podem levar as crianccedilas a

engoli-lo deliberadamente Ateacute aos 6 anos aproximadamente o dentiacutefrico deve ser colocado na escova

por um adulto Apoacutes a escovagem dos dentes eacute apenas necessaacuterio cuspir o excesso de dentiacutefrico

podendo no entanto bochechar-se com um pouco de aacutegua

33 Escovagem dos dentes no Jardim-de-infacircncia e na Escola identificaccedilatildeo e arrumaccedilatildeo das escovas e copos

Hoje em dia haacute escovas de dentes que tecircm uma tampa ou estojo com orifiacutecios que a protege Caso se

opte pela utilizaccedilatildeo destas escovas natildeo eacute necessaacuterio que fiquem na escola Os alunos poderatildeo colocaacute-

la dentro da mochila juntamente com o tubo do dentiacutefrico e transportaacute-los diariamente para a escola

O conceito de intransmissibilidade da escova de dentes deve ser reforccedilado junto das crianccedilas Se as

escovas ficarem na escola eacute essencial que estejam identificadas bastando para tal escrever no cabo da

escova o nome da crianccedila com uma caneta de tinta resistente agrave aacutegua Tambeacutem se devem identificar os

dentiacutefricos Cada aluno deveraacute ter o seu proacuteprio dentiacutefrico e os copos caso natildeo sejam descartaacuteveis

As escovas guardam-se num local seco e arejado de modo a que os pelos fiquem virados para cima e

natildeo contactem umas com as outras Cada escova pode ser colocada dentro do copo num suporte

acriacutelico ou outro material resistente agrave aacutegua em local seco e arejado

Dentiacutefricos e escovas devem estar fora do alcance das crianccedilas para evitar a troca ou ingestatildeo

acidental de dentiacutefrico Caso haja a possibilidade de utilizar copos descartaacuteveis (de cafeacute) o processo eacute

bastante simplificado (os copos de cafeacute podem ser substituiacutedos por copos de iogurte) Os produtos de

higiene oral podem ser adquiridos com a colaboraccedilatildeo da Autarquia do Centro de Sauacutede dos pais ou

ateacute de alguma empresa Se a escola tiver refeitoacuterio pode tambeacutem ser viaacutevel utilizar os copos do

refeitoacuterio

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34 Escovagem dos den tes ndash Organ izaccedilatildeo da ac t i v idade

A escovagem dos dentes deve ser feita diariamente no jardim-de-infacircncia e na escola apoacutes o almoccedilo agrave

entrada na sala de aula ou apoacutes o intervalo As crianccedilas poderatildeo escovar os dentes na casa de banho no

refeitoacuterio ou na proacutepria sala de aula O processo eacute simples natildeo exigindo muitas condiccedilotildees fiacutesicas das

escolas que satildeo frequentemente utilizadas para justificar a recusa desta actividade

Caso a escola tenha lavatoacuterios suficientes esta actividade pode ser feita na casa de banho Eacute necessaacuterio

definir a hora em que cada uma das salas vai utilizar esse espaccedilo Na casa de banho deveratildeo estar

apenas as crianccedilas que estatildeo a escovar os dentes Os outros esperam a sua vez em fila agrave porta Eacute

essencial que esteja algueacutem (auxiliar professoreducador ou voluntaacuterio) a vigiar para manter a ordem

organizar o processo e corrigir a teacutecnica da escovagem No final da escovagem cada crianccedila lava a

escova e o copo (se natildeo for descartaacutevel) e arruma no local destinado a esse efeito

Quando o espaccedilo fiacutesico natildeo permite que a escovagem seja feita na casa de banho esta actividade pode

ser feita na proacutepria sala de aula Nesta situaccedilatildeo se for possiacutevel utilizar copos descartaacuteveis ou copos de

iogurte facilita o processo e torna-o menos moroso Os alunos mantecircm-se sentados nas suas cadeiras

Retiram da sua mochila o estojo com a escova e o dentiacutefrico Um dos alunos distribui os copos e os

guardanapos (ou toalhetes de papel ou papel higieacutenico) Os alunos escovam os dentes todos ao mesmo

tempo podendo ateacute fazecirc-lo com muacutesica O professor deve ir corrigindo a teacutecnica de escovagem Apoacutes

a escovagem as crianccedilas cospem o excesso de dentiacutefrico para o copo limpam a boca tiram o excesso

de dentiacutefrico e saliva da escova com o papel ou o guardanapo e por fim colocam-no dentro do copo

Tapam a escova e arrumam-na em estojo proacuteprio ou na mochila juntamente com o dentiacutefrico No final

um dos alunos vai buscar um saco de lixo passa por todas as carteiras para que cada uma coloque o

seu copo no lixo Caso alguma das crianccedilas natildeo tolere o restos de dentiacutefrico na cavidade oral pode

colocar-se uma pequena porccedilatildeo de aacutegua no copo e no fim da escovagem bochecha e cospe para o

copo Os pais dos alunos devem ser instruiacutedos para se certificarem que em casa a crianccedila lava a sua

escova com aacutegua corrente e volta a colocaacute-la na mochila No sentido de facilitar o procedimento

recomenda-se que os copos sejam descartaacuteveis e as escovas tenham tampa

35 Escovagem dos den tes - A teacutecn ica A escovagem dos dentes para ser eficaz ou seja para remover a placa bacteriana necessita ser feita

com rigor e demora 2 a 3 minutos Quando se utiliza uma escova manual a escovagem faz-se da

seguinte forma

inclinar a escova em direcccedilatildeo agrave gengiva (cerca de 45ordm) e fazer pequenos movimentos vibratoacuterios

horizontais ou circulares de modo a que os pelos da escova limpem o sulco gengival (espaccedilo que

fica entre o dente e a gengiva)

se for difiacutecil manter esta posiccedilatildeo colocar os pecirclos da escova perpendicularmente agrave gengiva e agrave

superfiacutecie do dente

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 12

escovar 2 dentes de cada vez (os correspondentes ao tamanho da cabeccedila da escova) fazendo

aproximadamente 10 movimentos (ou 5 caso sejam crianccedilas ateacute aos 6 anos) nas superfiacutecies

dentaacuterias abarcadas pela escova

comeccedilar a escovagem pela superfiacutecie externa (do lado da bochecha) do dente mais posterior de um

dos maxilares e continuar a escovar ateacute atingir o uacuteltimo dente da extremidade oposta desse

maxilar

com a mesma sequecircncia escovar as superfiacutecies dentaacuterias do lado da liacutengua

proceder do mesmo modo para fazer a escovagem dos dentes do outro maxilar

escovar as superfiacutecies mastigatoacuterias dos dentes com movimentos de vaiveacutem

por fim pode escovar-se a liacutengua

Quando se utiliza uma escova de dentes eleacutectrica segue-se a mesma sequecircncia de escovagem O

movimento da escova eacute feito automaticamente natildeo deve ser feita pressatildeo ou movimentos adicionais

sobre os dentes A escova desloca-se ao longo da arcada escovando um soacute dente de cada vez A

escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluacuteor deve ser feita duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente agrave noite antes de deitar

3 6 Uso do f io den taacute r io A partir do momento em que haacute destreza manual (a partir dos 8 anos) eacute indispensaacutevel o uso do fio ou

fita dentaacuteria que se utiliza da seguinte forma

retirar cerca de 40 cm de fio (ou fita) do porta fio

enrolar a quase totalidade do fio no dedo meacutedio de uma matildeo e uma pequena porccedilatildeo no dedo meacutedio

da outra matildeo deixando entre os dois dedos uma porccedilatildeo de fio com aproximadamente 25 cm

Quando as crianccedilas satildeo mais pequenas pode retirar-se uma porccedilatildeo mais pequena de fio cerca de

30 cm dar um noacute juntando as 2 pontas formando um ciacuterculo com o fio natildeo havendo necessidade

de o enrolar nos dedos Eacute importante utilizar sempre fio limpo em cada espaccedilo interdentaacuterio Os

polegares eou os indicadores ajudam a manuseaacute-lo

introduzir o fio cuidadosamente entre dois dentes e curva-lo agrave volta do dente que se quer limpar

fazendo com que tome a forma de um ldquoCrdquo

executar movimentos curtos horizontais desde o ponto de contacto entre os dentes ateacute ao sulco

gengival em cada uma das faces que delimitam o espaccedilo interdentaacuterio

repetir este procedimento ateacute que todos os espaccedilos interdentaacuterios de todos os dentes estejam

devidamente limpos

O fio dentaacuterio deve ser utilizado uma vez por dia de preferecircncia agrave noite antes de deitar Na escola os

alunos poderatildeo a aprender a utilizar este meio de remoccedilatildeo de placa bacteriana interdentaacuterio sendo

importante envolver os pais no sentido de lhes pedir colaboraccedilatildeo e permitir que as crianccedilas o utilizem

em casa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 13

3 7 Reve lador de p laca bac te r i ana O uso de reveladores de placa bacteriana (em soluto ou em comprimidos mastigaacuteveis) permitem

avaliar a higiene oral e consequentemente melhorar as teacutecnicas de escovagem e de utilizaccedilatildeo do fio

dentaacuterio

A partir dos 6 anos de idade estes produtos podem ser usados para que as crianccedilas visualizem a placa

e mais facilmente compreendam que os seus dentes necessitam de ser cuidadosamente limpos

A eritrosina que tem a propriedade de corar de vermelho a placa bacteriana eacute um dos exemplos de

corantes que se podem utilizar Utiliza-se da seguinte forma

colocar 1 a 2 gotas por baixo da liacutengua ou mastigar um comprimido sem engolir

passar a liacutengua por todas as superfiacutecies dentaacuterias

bochechar com aacutegua

A placa bacteriana corada eacute facilmente removida atraveacutes da escovagem dos dentes e do fio dentaacuterio

Nota Para evitar que os laacutebios fiquem corados de vermelho antes de colocar o corante pode passar

batom creme gordo ou vaselina nos laacutebios

3 8 Bochecho f luore tado A partir dos 6 anos pode ser feito o bochecho quinzenal com fluoreto de soacutedio a 02 na escola da

seguinte forma

agitar a soluccedilatildeo e deitar 10 ml em cada copo e distribui-los

indicar a cada crianccedila para colocar o antebraccedilo no rebordo da mesa

introduzir a soluccedilatildeo na boca sem engolir

repousar a testa no antebraccedilo colocando o copo debaixo da boca

bochechar vigorosamente durante 1 minuto

apoacutes este periacuteodo deve ser cuspida tendo o cuidado de natildeo a engolir

Apoacutes o bochecho a crianccedila deve permanecer 30 minutos sem comer nem beber

39 Iacutendice de placa O Iacutendice de Placa (IP) eacute utilizado para quantificar a placa bacteriana em todas as superfiacutecies dentaacuterias e

reflecte os haacutebitos de higiene oral dos indiviacuteduos avaliados

Assim enquanto que um baixo Iacutendice de Placa poderaacute significar um bom impacto das acccedilotildees de

educaccedilatildeo para a sauacutede em sauacutede oral nomeadamente das relacionadas com a higiene um iacutendice

elevado sugere o contraacuterio

Em programas comunitaacuterios geralmente eacute utilizado o Iacutendice de Placa Simplificado que eacute mais raacutepido

de determinar sendo o resultado final igualmente fiaacutevel

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 14

Para se calcular o Iacutendice de Placa Simplificado eacute necessaacuterio atribuir um valor ao tamanho da placa

bacteriana existente nos seguintes 6 dentes e superfiacutecies predeterminados Maxilar superior

1 Primeiro molar superior direito - Superfiacutecie vestibular

2 Incisivo central superior direito - Superfiacutecie vestibular

3 Primeiro molar superior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

4 Primeiro molar inferior esquerdo - Superfiacutecie lingual

5 Incisivo central inferior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

6 Primeiro molar inferior direito - Superfiacutecie lingual

Para atribuir um valor ao tamanho da placa bacteriana existente em cada uma das su

acima referidas eacute necessaacuterio utilizar o revelador de placa bacteriana para a co

facilitar a sua observaccedilatildeo e respectiva classificaccedilatildeo e registo

A cada uma das superfiacutecies dentaacuterias soacute pode ser atribuiacutedo um dos seguintes valore

Valor 0

Valor 1

Valor 2

Valor 3

rarr Se a superfiacutecie do dente natildeo estaacute corada

rarr Se 13 da superfiacutecie estaacute corado

rarr Se 23 da superfiacutecie estatildeo corados

rarr Se estaacute corada toda a superfiacutecie

Feito o registo da observaccedilatildeo individual verifica-se que o somatoacuterio do conjunto de

poderaacute variar entre 0 (zero) e 18 (dezoito)

Dividindo por 6 (seis) este somatoacuterio obteacutem-se o Iacutendice de Placa Individual

Para determinar o Iacutendice de Placa de um grupo de indiviacuteduos divide-se o som

individuais pelo nuacutemero de indiviacuteduos observados multiplicado por seis (o nuacutemer

nuacutemero de dentes seleccionados por indiviacuteduo)

Assim o Iacutendice de Placa poderaacute variar entre 0 (zero) e 3 (trecircs)

Iacutendice de Placa (IP) = Somatoacuterio da classificaccedilatildeo dada a cada dente

Nordm de indiviacuteduos observados x 6

A sauacutede oral das crianccedilas e adolescentes eacute um grave problema de sauacutede puacuteblica ma

simples como as descritas neste documento executadas pelos proacuteprios eou com

encorajadas pela escola e pelos serviccedilos de sauacutede contribuem decididamente para

oral importantes e implementaccedilatildeo efectiva do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas d

Maxilar inferior

perfiacutecies dentaacuterias

rar e dessa forma

s

valores atribuiacutedos

atoacuterio dos valores

o seis representa o

s que com medidas

ajuda da famiacutelia

ganhos em sauacutede

Sauacutede Oral

e EPSrsquorsquo 15

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

F l u o r e t o s

F u n d a m e n t a ccedil atilde o e R e c o m e n d a ccedil otilde e s d a T a s k F o r c e

Documento produzido pela Task Force constituiacuteda pelo Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr

Ricardo Jorge Direcccedilatildeo-Geral de Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura Faculdade de

Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Medicina Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria

Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa e Porto Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento Instituto Superior de

Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia

Ordem dos Meacutedicos Dentistas Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria Sociedade Portuguesa de

Pediatria e os serviccedilos da DGS Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede Divisatildeo de Sauacutede Ambiental

Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

1 F l u o r e t o s

A evidecircncia cientiacutefica tem demonstrado que as mudanccedilas observadas no padratildeo da doenccedila caacuterie

dentaacuteria ocorrem pela implementaccedilatildeo de programas preventivos e terapecircuticos de acircmbito comunitaacuterio

e por estrateacutegias de acccedilatildeo especiacuteficas dirigidas a grupos de risco com criteriosa utilizaccedilatildeo dos

fluoretos

O fluacuteor eacute o elemento mais electronegativo da tabela perioacutedica e raramente existe isolado sendo por

isso habitualmente referido como fluoreto Na natureza encontra-se sob a forma de um iatildeo (F-) em

associaccedilatildeo com o caacutelcio foacutesforo alumiacutenio e tambeacutem como parte de certos silicatos como o topaacutezio

Normalmente presente nas rochas plantas ar aacuteguas e solos este elemento faz parte da constituiccedilatildeo de

alguns materiais plaacutesticos e pode tambeacutem estar presente na constituiccedilatildeo de alguns fertilizantes

contribuindo desta forma para a sua presenccedila no solo aacutegua e alimentos No solo o conteuacutedo de

fluoretos varia entre 20 e 500 ppm contudo nas camadas mais profundas o seu niacutevel aumenta No ar a

concentraccedilatildeo normal de fluoretos oscila entre 005 e 190microgm3 1

Do fluacuteor que eacute ingerido entre 75 e 90 eacute absorvido por via digestiva sendo a mucosa bucal

responsaacutevel pela absorccedilatildeo de menos de 1 Depois de absorvido passa para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea

sob a forma ioacutenica ou de compostos orgacircnicos lipossoluacuteveis A forma ioacutenica que circula livremente e

natildeo se liga agraves proteiacutenas nem aos componentes plasmaacuteticos nem aos tecidos moles eacute a que vai estar

disponiacutevel para ser absorvida pelos tecidos duros Da quantidade total de fluacuteor presente no organismo

99 encontra-se nos tecidos calcificados Entre 10 e 25 do aporte diaacuterio de fluacuteor natildeo chega a ser

absorvido vindo a ser excretado pelas fezes O fluacuteor absorvido natildeo utilizado (cerca de 50) eacute

eliminado por via renal2

O fluacuteor tem uma grande afinidade com a apatite presente no organismo com a qual cria ligaccedilotildees

fortes que natildeo satildeo irreversiacuteveis Este facto deve-se agrave facilidade com que os radicais hidroxilos da

hidroxiapatite satildeo substituiacutedos pelos iotildees fluacuteor formando fluorapatite No entanto a apatite normal do

ser humano presente no osso e dente mesmo em condiccedilotildees ideais de presenccedila de fluacuteor nunca se

aproxima da composiccedilatildeo da fluorapatite pura

Quando o fluacuteor eacute ingerido passa pela cavidade oral daiacute resultando a deposiccedilatildeo de uma determinada

quantidade nos tecidos e liacutequidos aiacute existentes A mucosa jugal as gengivas a placa bacteriana os

dentes e a saliva vatildeo beneficiar imediatamente de um aporte directo de fluacuteor que pode permitir que a

sua disponibilidade na cavidade oral se prolongue por periacuteodos mais longos Eacute um facto que a presenccedila

de fluacuteor no meio oral independentemente da sua fonte resulta numa acccedilatildeo preventiva e terapecircutica

extremamente importante

Nota 22 mg de fluoreto de soacutedio correspondem a 1 mg de fluacuteor Quando se dilui 1 mg de fluacuteor em um litro de aacutegua pura

considera-se que essa aacutegua passou a ter 1 ppm de fluacuteor

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 2

Considera-se actualmente que os benefiacutecios dos fluoretos resultam basicamente da sua acccedilatildeo toacutepica

sobre a superfiacutecie do dente enquanto a sua acccedilatildeo sisteacutemica (preacute-eruptiva) eacute muito menos importante

A acccedilatildeo preventiva e terapecircutica dos fluoretos eacute conseguida predominantemente pela sua acccedilatildeo toacutepica

quer nas crianccedilas quer nos adultos atraveacutes de trecircs mecanismos diferentes responsaacuteveis pela

bull inibiccedilatildeo do processo de desmineralizaccedilatildeo

bull potenciaccedilatildeo do processo de remineralizaccedilatildeo

bull inibiccedilatildeo da acccedilatildeo da placa bacteriana

O uso racional dos fluoretos na profilaxia da caacuterie dentaacuteria com eficaacutecia e seguranccedila baseia-se no

conhecimento actualizado dos seus mecanismos de acccedilatildeo e da sua toxicologia

Com base na evidecircncia cientiacutefica a estrateacutegia de utilizaccedilatildeo dos fluoretos em sauacutede oral foi redefinida

tendo em conta que a sua acccedilatildeo preventiva eacute predominantemente poacutes-eruptiva e toacutepica e a sua acccedilatildeo

toacutexica com repercussotildees a niacutevel dentaacuterio eacute preacute-eruptiva e sisteacutemica

Estudos epidemioloacutegicos efectuados pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) sobre os efeitos do

fluacuteor na sauacutede humana referem que valores compreendidos entre 1 e 15 ppm natildeo representam risco

acrescido Contudo valores entre 15 e 2 ppm em climas quentes poderatildeo contribuir para a ocorrecircncia

de casos de fluorose dentaacuteria e valores entre 3 a 6 ppm para o aparecimento de fluorose oacutessea

Para a OMS a concentraccedilatildeo oacuteptima de fluoretos na aacutegua quando esta eacute sujeita a fluoretaccedilatildeo deve

estar compreendida entre 05 e 15 ppm de F dependendo este valor da temperatura meacutedia do local

que condiciona a quantidade de aacutegua ingerida nas zonas mais frias o valor maacuteximo pode estar perto

do limite superior nas zonas mais quentes o valor deve estar perto do limite inferior para uma

prevenccedilatildeo eficaz da caacuterie dentaacuteria Para que os riscos de fluorose estejam diminuiacutedos os programas de

fluoretaccedilatildeo das aacuteguas devem obedecer a criteacuterios claramente definidos

Nas regiotildees onde a aacutegua da rede puacuteblica conteacutem menos de 03 ppm (mgl) de fluoretos (situaccedilatildeo mais

frequente em Portugal Continental) a dose profilaacutectica oacuteptima considerando a soma de todas as fontes

de fluoretos eacute de 005mgkgdia3

11 Toxicidade Aguda

Uma intoxicaccedilatildeo aguda pelo fluacuteor eacute uma possibilidade extremamente rara Alguns casos tecircm sido

descritos na literatura Estudos efectuados em roedores e extrapolados para o homem adulto permitem

pensar que a dose letal miacutenima de fluacuteor seja de aproximadamente 2 gramas ou 32 a 64 mgkg de peso

corporal mas para uma crianccedila bastam 15 mgkg de peso corporal 2

A partir da ingestatildeo de doses superiores a 5mgkg de peso corporal considera-se a hipoacutetese de vir a ter

efeitos toacutexicos

As crianccedilas pequenas tecircm um risco acrescido de ingerir doses de fluoretos atraveacutes do consumo de

produtos de higiene oral A ingestatildeo acidental de um quarto de um tubo com dentiacutefrico de 125 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 3

(1500 ppm de Fluacuteor) potildee em risco a vida de uma crianccedila de um ano de idade O risco de ingestatildeo

acidental por crianccedilas eacute real e eacute adjuvado pelo tipo de embalagens destes produtos que natildeo tecircm

dispositivos de seguranccedila para a sua abertura

A toxicidade aguda pelos fluoretos poderaacute manifestar-se por queixas digestivas (dor abdominal

voacutemitos hematemeses e melenas) neuroloacutegicas (tremores convulsotildees tetania deliacuterio lentificaccedilatildeo da

voz) renais (urina turva hematuacuteria) metaboacutelicas (hipocalceacutemia hipomagnesieacutemia hipercalieacutemia)

cardiovasculares (arritmias hipotensatildeo) e respiratoacuterias (depressatildeo respiratoacuteria apneias) 4

12 Toxicidade Croacutenica

A dose total diaacuteria de fluoretos administrados por via sisteacutemica isenta de risco de toxicidade croacutenica

situa-se abaixo de 005 mgkgdia de peso A partir desses valores aumentam as manifestaccedilotildees atraveacutes

do aparecimento de hipomineralizaccedilatildeo do esmalte que se revela por fluorose dentaacuteria Com

concentraccedilotildees acima de 25 ppm na aacutegua esta manifestaccedilatildeo eacute mais evidente sendo tanto mais grave

quanto a concentraccedilatildeo de fluoretos vai aumentando O periacuteodo criacutetico para o efeito toacutexico do fluacuteor se

manifestar sobre a denticcedilatildeo permanente eacute entre o nascimento e os 7 anos de idade (ateacute aos 3 anos eacute o

periacuteodo mais criacutetico) Quando existem fluoretos ateacute 3 ppm na aacutegua aleacutem da fluorose natildeo parece

existir qualquer outro efeito toacutexico na sauacutede A partir deste valor aumenta o risco de nefrotoxicidade

Como qualquer outro medicamento os fluoretos em dose excessiva tecircm efeitos toacutexicos que

normalmente se manifestam atraveacutes de uma interferecircncia na esteacutetica dentaacuteria Essa manifestaccedilatildeo eacute a

fluorose dentaacuteria

Estudos recentes sobre suplementos de fluoretos e fluorose 5 confirmam que as comunidades sem aacutegua

fluoretada e que utilizam suplementos de fluoretos durante os primeiros 6 anos de vida apresentam

um aumento do risco de desenvolver fluorose

O principal factor de risco para o aparecimento de fluorose dentaacuteria eacute o aporte total de fluoretos

provenientes de diferentes fontes nomeadamente da alimentaccedilatildeo incluindo a aacutegua e os suplementos

alimentares dentiacutefricos e soluccedilotildees para bochechos comprimidos e gotas e ingestatildeo acidental que natildeo

satildeo faacuteceis de quantificar

A fluorose dentaacuteria aumentou nos uacuteltimos anos em comunidades com e sem aacutegua fluoretada 6

2 F l u o r e t o s n a aacute g u a

2 1 Aacute g u a d e a b a s t e c i m e n t o p uacute b l i c o

A fluoretaccedilatildeo das aacuteguas para consumo humano como meio de suprir o deacutefice de fluoretos na aacutegua eacute

uma praacutetica comum em alguns paiacuteses como o Brasil Austraacutelia Canadaacute EUA e Nova Zelacircndia

Apesar de serem tatildeo diferentes quer do ponto de vista soacutecioeconoacutemico quer geograacutefico eles detecircm

uma experiecircncia superior a 25 anos neste domiacutenio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 4

Na Europa a maior parte dos paiacuteses natildeo faz fluoretaccedilatildeo das suas aacuteguas para consumo humano agrave

excepccedilatildeo da Irlanda da Suiacuteccedila (Basileia) e de 10 da populaccedilatildeo do Reino Unido Na Alemanha eacute

proibido e nos restantes paiacuteses eacute desaconselhado

Nos paiacuteses em que se faz fluoretaccedilatildeo da aacutegua alguns estudos demonstraram natildeo ter existido um ganho

efectivo na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria No entanto outros como a Austraacutelia no Estado de Victoacuteria

onde a fluoretaccedilatildeo da aacutegua se faz regularmente observaram-se ganhos efectivos na sauacutede oral da

populaccedilatildeo com consequentes ganhos econoacutemicos

Recomendaccedilatildeo Eacute indispensaacutevel avaliar a qualidade das aacuteguas de abastecimento puacuteblico periodicamente e corrigir os

paracircmetros alterados

Na aacutegua os valores das concentraccedilotildees de fluoretos estatildeo compreendidas entre 01 a 07 ppm Contudo

em alguns casos podem apresentar valores muito mais elevados

Quando a aacutegua apresenta valores de ph superiores a 8 e o iatildeo soacutedio e os carbonatos satildeo dominantes os

valores de fluoretos normalmente presentes excedem 1 ppm

Nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica os fluoretos podem existir naturalmente ou resultar de um

programa de fluoretaccedilatildeo Em Portugal Continental os valores satildeo normalmente baixos e as aacuteguas natildeo

estatildeo sujeitas a fluoretaccedilatildeo artificial O teor de fluoretos deveraacute ser controlado regularmente de modo

a preservar os interesses da sauacutede puacuteblica 7

Na definiccedilatildeo de um valor guia para a aacutegua de consumo humano a OMS propotildee o valor limite de 15

ppm de Fluacuteor referindo que valores superiores podem contribuir para o aumento do risco de fluorose

A Agecircncia Americana para o Ambiente (USEPA) refere um valor maacuteximo admissiacutevel de fluoretos na

aacutegua de consumo humano de 15 ppm e recomenda que nunca se ultrapasse os 4 ppm

Em Portugal a legislaccedilatildeo actualmente em vigor sobre a qualidade da aacutegua para consumo humano

decreto-lei nordm 23698 de 1 de Agosto define dois Valores Maacuteximos Admissiacuteveis (VMA) para os

fluoretos 15 ppm (8 a 12 ordmC) e 07 ppm (25 a 30 ordmC) O decreto-lei nordm 2432001 de 5 de Setembro

que transpotildee a Directiva Comunitaacuteria nordm 9883CE de 3 de Novembro que entrou em vigor em 25 de

Dezembro de 2003 define para os fluoretos um Valor Parameacutetrico (VP) de 15 ppm

O decreto-lei nordm 24301 remete para a Entidade Gestora a verificaccedilatildeo da conformidade dos valores

parameacutetricos obrigatoacuterios aplicaacuteveis agrave aacutegua para consumo humano Sempre que um valor parameacutetrico

eacute excedido isso corresponde a uma situaccedilatildeo de incumprimento e perante esta situaccedilatildeo a entidade

gestora deve de imediato informar a autoridade de sauacutede e a entidade competente dando conta das

medidas correctoras adoptadas ou em curso para restabelecer a qualidade da aacutegua destinada a consumo

humano

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 5

Deve ter-se em atenccedilatildeo o desvio em relaccedilatildeo ao valor parameacutetrico fixado e o perigo potencial para a

sauacutede humana

Segundo o decreto-lei supra mencionado artigo 9ordm compete agraves autoridades de sauacutede a vigilacircncia

sanitaacuteria e a avaliaccedilatildeo do risco para a sauacutede puacuteblica da qualidade da aacutegua destinada ao consumo

humano Sempre que o risco exista e o incumprimento persistir a autoridade de sauacutede deve informar e

aconselhar os consumidores afectados e determinar a proibiccedilatildeo de abastecimento restringir a

utilizaccedilatildeo da aacutegua que constitua um perigo potencial para a sauacutede humana e adoptar todas as medidas

necessaacuterias para proteger a sauacutede humana

Nos Accedilores e na Madeira ou em zonas onde o teor de fluoretos na aacutegua eacute muito elevado deveraacute ser

feita uma verificaccedilatildeo da constante e a correcccedilatildeo adequada

Os principais tratamentos de desfluoretaccedilatildeo envolvem a floculaccedilatildeo da aacutegua usando sais hidratados de

alumiacutenio principalmente em condiccedilotildees alcalinas No caso de aacuteguas aacutecidas pode-se adicionar cal e

alternativamente pode-se recorrer agrave adsorccedilatildeo com carvatildeo activado ou alumina activada ( Al2O3 ) ou

por permuta ioacutenica usando resinas especiacuteficas

Recomendaccedilatildeo Ateacute aos 6-7 anos as crianccedilas natildeo devem ingerir regularmente aacutegua com teor de fluoretos superior a 07 ppm

Recomendaccedilatildeo Sempre que o valor parameacutetrico dos fluoretos na aacutegua para consumo humano exceder 15 ppm deveratildeo ser aplicadas

medidas correctoras para restabelecer a qualidade da aacutegua

2 2 Aacute g u a s m i n e r a i s n a t u r a i s e n g a r r a f a d a s

As aacuteguas minerais naturais engarrafadas deveratildeo no futuro ter rotulagem de acordo com a Directiva

Comunitaacuteria 200340CE da Comissatildeo Europeia de 16 de Maio publicada no Jornal Oficial da Uniatildeo

Europeia em 2252003 artigo 4ordm laquo1 As aacuteguas minerais naturais cuja concentraccedilatildeo em fluacuteor for

superior a 15 mgl (ppm) devem ostentar no roacutetulo a menccedilatildeo lsquoconteacutem mais de 15 mgl (ppm) de

fluacuteor natildeo eacute adequado o seu consumo regular por lactentes nem por crianccedilas com menos de 7 anosrsquo

2 No roacutetulo a menccedilatildeo prevista no nordm 1 deve figurar na proximidade imediata da denominaccedilatildeo de

venda e em caracteres claramente visiacuteveis 3

As aacuteguas minerais naturais que em aplicaccedilatildeo do nordm 1 tiverem de ostentar uma menccedilatildeo no roacutetulo

devem incluir a indicaccedilatildeo do teor real em fluacuteor a niacutevel da composiccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica em constituintes

caracteriacutesticos tal como previsto no nordm 2 aliacutenea a) do artigo 7ordm da Directiva 80777CEEraquo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 6

Para as aacuteguas de nascente cujas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas satildeo definidas pelo Decreto-lei

2432001 de 5 de Setembro em vigor desde Dezembro de 2003 os limites para o teor de fluoretos satildeo

de 15 mgl (ppm)

De acordo com o parecer do Scientific Committee on Food - Comiteacute Cientiacutefico de Alimentaccedilatildeo

Humana (expresso em Dezembro de 1996) a Comissatildeo natildeo vecirc razotildees para nos climas da Uniatildeo

Europeia (climas temperados) limitar os fluoretos nas aacuteguas de consumo humano e nas aacuteguas minerais

naturais para valores inferiores a 15mgl (ppm)

3 F l u o r e t o s n o s g eacute n e r o s a l i m e n t iacute c i o s

Entende-se por lsquogeacutenero alimentiacuteciorsquo qualquer substacircncia ou produto transformado parcialmente

transformado ou natildeo transformado destinado a ser ingerido pelo ser humano ou com razoaacuteveis

probabilidades de o ser Este termo abrange bebidas pastilhas elaacutesticas e todas as substacircncias

incluindo a aacutegua intencionalmente incorporadas nos geacuteneros alimentiacutecios durante o seu fabrico

preparaccedilatildeo ou tratamento8 9

Na alimentaccedilatildeo as estimativas de ingestatildeo de fluacuteor atraveacutes da dieta variam entre 02 e 34 mgdia

sendo estes uacuteltimos valores atingidos quando se inclui o chaacute na alimentaccedilatildeo A ingestatildeo de fluoretos

provenientes dos alimentos comuns eacute pouco significativa Apenas 13 se apresentam na forma

ionizaacutevel e portanto biodisponiacutevel

Recomendaccedilatildeo Independentemente da origem ao utilizar aacutegua informe-se sobre o seu teor em fluoretos As que tecircm um elevado teor

deste elemento natildeo satildeo adequadas para lactentes e crianccedilas com menos de 7 anos

Recomendaccedilatildeo Dar prioridade a uma dieta equilibrada e saudaacutevel com diversidade alimentar Utilizar a aacutegua da cozedura dos

alimentos para confeccionar outros alimentos (ex sopas arroz)

No iniacutecio do ano de 2003 a Comissatildeo Europeia apresentou uma nova proposta de Directiva

Comunitaacuteria relativa agrave ldquoAdiccedilatildeo aos geacuteneros alimentiacutecios de vitaminas minerais e outras substacircnciasrdquo

onde os fluoretos satildeo referidos como podendo ser adicionados a geacuteneros alimentiacutecios comuns Nesta

proposta de Directiva Comunitaacuteria eacute sugerida a inclusatildeo de determinados nutrimentos (entre eles o

fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de geacuteneros alimentiacutecios comuns Esta proposta

prevista no Livro Branco da Comissatildeo ainda estaacute numa fase inicial de discussatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 7

4 F l u o r e t o s e m s u p l e m e n t o a l i m e n t a r

Entende-se por lsquosuplementos alimentaresrsquo geacuteneros alimentiacutecios que se destinam a complementar e ou

suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas

substacircncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisioloacutegico estremes ou combinados

comercializados em forma doseada tais como caacutepsulas pastilhas comprimidos piacutelulas e outras

formas semelhantes saquetas de poacute ampola de liacutequido frascos com conta gotas e outras formas

similares de liacutequido ou poacute que se destinam a ser tomados em unidades medidas de quantidade

reduzida10

A Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002

transposta para o direito nacional pelo Decreto-lei nordm 1362003 de 28 de Junho relativa agrave aproximaccedilatildeo

das legislaccedilotildees dos Estados-Membros respeitantes aos suplementos alimentares vai permitir a inclusatildeo

de determinados nutrimentos (entre eles o fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de

suplementos alimentares11

A partir de 28 de Agosto de 2003 os fluoretos poderatildeo ser comercializados como suplemento

alimentar passando a estar disponiacutevel em farmaacutecias e superfiacutecies comerciais

As quantidades maacuteximas de vitaminas e minerais presentes nos suplementos alimentares satildeo fixadas

em funccedilatildeo da toma diaacuteria recomendada pelo fabricante tendo em conta os seguintes elementos

a) limites superiores de seguranccedila estabelecidos para as vitaminas e os minerais apoacutes uma

avaliaccedilatildeo dos riscos efectuada com base em dados cientiacuteficos geralmente aceites tendo em

conta quando for caso disso os diversos graus de sensibilidade dos diferentes grupos de

consumidores

b) quantidade de vitaminas e minerais ingerida atraveacutes de outras fontes alimentares

c) doses de referecircncia de vitaminas e minerais para a populaccedilatildeo

Recomendaccedilatildeo Nunca ultrapassar a toma indicada no roacutetulo do produto e natildeo utilizar um suplemento alimentar como substituto de um

regime alimentar variado

As quantidades maacuteximas e miacutenimas de vitaminas e minerais referidas seratildeo adoptadas pela Comissatildeo

Europeia assistida pelo Comiteacute de Regulamentaccedilatildeo

Em Portugal a Agecircncia para a Qualidade e Seguranccedila Alimentar viraacute a ter informaccedilatildeo sobre todos os

suplementos alimentares comercializados como geacuteneros alimentiacutecios e introduzidos no mercado de

acordo com o Decreto-lei nordm 1362003

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 8

A rotulagem dos suplementos alimentares natildeo poderaacute mencionar nem fazer qualquer referecircncia a

prevenccedilatildeo tratamento ou cura de doenccedilas humanas e deveraacute indicar uma advertecircncia de que os

produtos devem ser guardados fora do alcance das crianccedilas

5 F luore tos em med icamentos e p rodutos cosmeacutet icos de h ig iene corpora l

A distinccedilatildeo entre Medicamento e Produto Cosmeacutetico de Higiene Corporal contendo fluoretos depende

do seu teor no produto Os cosmeacuteticos contecircm obrigatoriamente uma concentraccedilatildeo de fluoretos inferior

a 015 (1500 ppm) (Decreto-lei 1002001 de 28 de Marccedilo I Seacuterie A) sendo que todos os dentiacutefricos

com concentraccedilotildees de fluoretos superior a 015 satildeo obrigatoriamente classificados como

medicamentos

Os medicamentos contendo fluoretos e utilizados para a profilaxia da caacuterie dentaacuteria existentes no

mercado portuguecircs satildeo de venda livre em farmaacutecia Encontram-se disponiacuteveis nas formas

farmacecircuticas de soluccedilatildeo oral (gotas orais) comprimidos dentiacutefricos gel dentaacuterio e soluccedilatildeo de

bochecho

5 1 F l u o r e t o s e m c o m p r i m i d o s e g o t a s o r a i s

A utilizaccedilatildeo de medicamentos contendo fluoretos na forma de gotas orais e comprimidos foi ateacute haacute

pouco recomendada pelos profissionais de sauacutede (pediatras meacutedicos de famiacutelia cliacutenicos gerais

meacutedicos estomatologistas meacutedicos dentistas) dos 6 meses ateacute aos 16 anos

A clarificaccedilatildeo do mecanismo de acccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria e o aumento de

aporte dos mesmos com consequentes riscos de manifestaccedilatildeo toacutexica obrigaram agrave revisatildeo da sua

administraccedilatildeo em comprimidos eou gotas A gravidade da fluorose dentaacuteria estaacute relacionada com a

dose a duraccedilatildeo e com a idade em que ocorre a exposiccedilatildeo ao fluacuteor 12 13

A ldquoCanadian Consensus Conference on the Appropriate Use of Fluoride Supplements for the

Prevention of Dental Caries in Childrenrdquo 14definiu um protocolo cuja utilizaccedilatildeo eacute recomendada a

profissionais de sauacutede em que se fundamenta a tomada de decisatildeo sobre a necessidade ou natildeo da

suplementaccedilatildeo de fluacuteor A administraccedilatildeo de comprimidos soacute eacute recomendada quando o teor de fluoretos

na aacutegua de abastecimento puacuteblico for inferior a 03 ppm e

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) natildeo escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas

vezes por dia

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas vezes

por dia mas apresenta um alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 9

Por sua vez a conclusatildeo do laquoForum on Fluoridation 2002raquo15 relativamente agrave administraccedilatildeo de

suplementos de fluoretos foi a seguinte limitar a utilizaccedilatildeo de comprimidos de fluoretos a aacutereas onde

natildeo existe aacutegua fluoretada e iniciar essa suplementaccedilatildeo apenas a crianccedilas com alto risco agrave caacuterie e a

partir dos 3 anos

Os comprimidos de fluoretos caso sejam indicados devem ser usados pelo interesse da sua acccedilatildeo

toacutepica Devem ser dissolvidos na boca em vez de imediatamente ingeridos16

A administraccedilatildeo de fluoretos sob a forma de comprimidos chupados soacute deveraacute ser efectuada em

situaccedilotildees excepcionais isto eacute em populaccedilotildees de baixos recursos econoacutemicos nas quais a escovagem

natildeo possa ser promovida e os iacutendices de caacuterie sejam elevados

Para evitar a potencial toxicidade dos fluoretos antes de qualquer prescriccedilatildeo todos os profissionais de

sauacutede devem efectuar uma avaliaccedilatildeo personalizada dos aportes diaacuterios de cada crianccedila tendo em conta

todas as fontes possiacuteveis desse elemento alimentos comuns suplementos alimentares consumo de

aacutegua da rede puacuteblica eou aacutegua engarrafada e respectivo teor de fluoretos e utilizaccedilatildeo de medicamentos

e produtos cosmeacuteticos contendo fluacuteor

Recomendaccedilatildeo A partir dos 3 anos os suplementos sisteacutemicos de fluoretos poderatildeo ser prescritos pelo meacutedico assistente ou meacutedico dentista em crianccedilas que apresentem um alto risco

agrave caacuterie dentaacuteria

5 2 F l u o r e t o s e m d e n t iacute f r i c o s

Hoje em dia a maior parte dos dentiacutefricos agrave venda no mercado contecircm fluoretos sob diferentes formas

fluoreto de soacutedio monofluorfosfato de soacutedio fluoreto de amina e outros Os mais utilizados satildeo o

fluoreto de soacutedio e o monofluorfosfato de soacutedio

Normalmente o conteuacutedo de fluoreto dos dentiacutefricos eacute de 1000 a 1100 ppm (ou 010 a 011)

podendo variar entre 500 e 1500 ppm

Durante a escovagem cerca de 34 da pasta eacute ingerida por crianccedilas de 3 anos 28 pelas de 4-5 anos

e 20 pelas de 5-7 anos

Devem ser evitados dentiacutefricos com sabor a fruta para impedir o seu consumo em excesso uma vez

que estatildeo jaacute descritos na literatura casos de fluorose resultantes do abuso de dentiacutefricos2

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluoretos duas vezes por dia tem-se revelado um

meio colectivo de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria com grande efectividade e baixo custo pelo que deve

ser considerado o meio de eleiccedilatildeo em estrateacutegias comunitaacuterias

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 10

Do ponto de vista da prevenccedilatildeo da caacuterie a aplicaccedilatildeo toacutepica de dentiacutefrico fluoretado com a escova dos

dentes deve ser executada duas vezes por dia e deve iniciar-se quando se daacute a erupccedilatildeo dos dentes Esta

rotina diaacuteria de higiene executada naturalmente com muito cuidado pelos pais deve

progressivamente ser assumida pela crianccedila ateacute aos 6-8 anos de idade Durante este periacuteodo a

escovagem deve ser sempre vigiada pelos pais ou educadores consoante as circunstacircncias para evitar

a utilizaccedilatildeo de quantidades excessivas de dentiacutefrico o qual pode da mesma forma que os

comprimidos conduzir antes dos 6 anos agrave ocorrecircncia de fluorose

As crianccedilas devem usar dentiacutefrico com teor de fluoretos entre 1000-1500 ppm de fluoreto (dentiacutefrico

de adulto) sendo a quantidade a utilizar do tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

Apoacutes a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado pode-se natildeo bochechar com aacutegua Deveraacute

apenas cuspir-se o excesso de pasta Deste modo consegue-se uma mais alta concentraccedilatildeo de fluoreto

na cavidade oral que vai actuar topicamente durante mais tempo

Os pais das crianccedilas devem receber informaccedilatildeo sobre a escovagem dentaacuteria e o uso de dentiacutefricos

fluoretados A escovagem com dentiacutefrico fluoretado deve iniciar-se imediatamente apoacutes a erupccedilatildeo dos

primeiros dentes Os dentiacutefricos fluoretados devem ser guardados em locais inacessiacuteveis agraves crianccedilas

pequenas17

5 3 F l u o r e t o s e m s o l u ccedil otilde e s d e b o c h e c h o

As soluccedilotildees para bochechos recomendadas a partir dos 6 anos de idade tecircm sido utilizadas em

programas escolares de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria em inuacutemeros paiacuteses incluindo Portugal Satildeo

recomendadas a indiviacuteduos de maior risco agrave caacuterie dentaacuteria mas a sua utilizaccedilatildeo tem vido a ser

restringida a crianccedilas que escovam eficazmente os dentes

Recomendaccedilatildeo Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Recomendaccedilatildeo A partir dos 6 anos de idade deve ser feito o bochecho quinzenalmente com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

02

As soluccedilotildees fluoretadas de uso diaacuterio habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

005 e as de uso semanal ou quinzenal habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de 02

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 11

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 12

Referecircncias

1 Diegues P Linhas de Orientaccedilatildeo associadas agrave presenccedila de fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento 2003 Documento produzido no acircmbito da task force Sauacutede Oral e Fluacuteor Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar e na Divisatildeo de Sauacutede Ambiental da DGS 2 Melo PRGR Influecircncia de diferentes meacutetodos de administraccedilatildeo de fluoretos nas variaccedilotildees de incidecircncia de caacuterie Porto Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto 2001 Tese de doutoramento 3 Agence Francaise de Seacutecuriteacute des Produits de Santeacute Mise au point sur le fluacuteor et la prevention de la carie dentaire AFSPS 31 Juillet 2002 4 Leikin JB Paloucek FP Poisoning amp Toxicology Handbook 3th edition Hudson Lexi- Comp 2002 586-7 5 Ismail AI Bandekar RR Fluoride suplements and fluorosis a meta-analysis Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 48-56 6 Steven ML An update on Fluorides and Fluorosis J Can Dent Assoc 200369(5)268-91 7 Pinto R Cristovatildeo E Vinhais T Castro MF Teor de fluoretos nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica nas sedes de concelho de Portugal Continental Revista Portuguesa de Estomatologia Medicina Dentaacuteria e Cirurgia Maxilofacial 1999 40(3)125-42 8 Regulamento 1782002 do Parlamento Europeu e do Conselho de 28 de Janeiro Jornal Oficial das Comunidades Europeias (2002021) 9 Decreto ndash lei nordm 5601999 DR I Seacuterie A 147 (991218) 10 Decreto ndash lei nordm 1362003 DR I Seacuterie A 293 (20030628) 11 Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002 Jornal Oficial das Comunidades Europeias (20020712) 12 Aoba T Fejerskov O Dental fluorosis Chemistry and Biology Crit Rev Oral Biol Med 2002 13(2) 155-70 13 DenBesten PK Biological mechanisms of dental fluorosis relevant to the use of fluoride supplements Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 41-7 14 Limeback H Introduction to the conference Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 27-30 15 Report of the Forum of fluoridation 2002Governement of Ireland 2002 wwwfluoridationforumie 16 Featherstone JDB Prevention and reversal of dental caries role of low level fluoride Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 31-40 17 Pereira A Amorim A Peres F Peres FR Caldas IM Pereira JA Pereira ML Silva MJ Caacuteries Precoces da InfacircnciaLisboa Medisa Ediccedilotildees e Divulgaccedilotildees Cientiacuteficas Lda 2001 Bibliografia

1 Almeida CM Sugestotildees para a Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2002 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e na Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa

2 Rompante P Fundamentos para a alteraccedilatildeo do Programa de Sauacutede Oral da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Documento realizado no acircmbito da Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2003 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e no Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede ndash Norte

3 Rompante P Determinaccedilatildeo da quantidade do elemento fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento puacuteblico na totalidade das sedes de concelho de Portugal Continental Porto Faculdade de Odontologia da Universidade de Barcelona 2002 Tese de Doutoramento

4 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in Children at High Caries Risk SIGN Publication 2000 47

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Page 6: Direcção-Geral da SaúdePrograma será complementado, sempre que oportuno, por orientações técnicas a emitir por esta Direcção-Geral. O Director-Geral e Alto Comissário da

A niacutevel regional deveraacute ser designado pela Administraccedilatildeo Regional de Sauacutede um

Coordenador Regional do Programa da sua estrutura ou do Centro Regional de

Sauacutede Puacuteblica com perfil e competecircncia para dinamizar e avaliar o programa

coordenar a Comissatildeo Paritaacuteria Regional e integrar a Comissatildeo TeacutecnicondashCientifica

A niacutevel local o Director do Centro de Sauacutede ou o responsaacutevel pelo Serviccedilo de

Sauacutede Puacuteblica avalia a capacidade instalada coordena a implementaccedilatildeo do

programa e gere a contratualizaccedilatildeo Por delegaccedilatildeo o responsaacutevel pela sauacutede escolar

ou pela sauacutede oral poderaacute assumir a sua operacionalizaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo local

4 Estrateacutegias de intervenccedilatildeo do programa

As orientaccedilotildees do actual Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral assentam

nas seguintes estrateacutegias

Promoccedilatildeo da sauacutede oral no contexto familiar e escolar

Prevenccedilatildeo das doenccedilas orais

Diagnoacutestico precoce e tratamento dentaacuterio

5 Populaccedilatildeo - alvo

Com este programa pretende-se abranger as graacutevidas e as crianccedilas desde o

nascimento ateacute aos 16 anos de idade

6 Finalidades do Programa

O Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral tem as seguintes finalidades

Melhorar conhecimentos e comportamentos sobre alimentaccedilatildeo e higiene oral

Diminuir a incidecircncia de caacuterie dentaacuteria

Reduzir a prevalecircncia da caacuterie dentaacuteria

Aumentar a percentagem de crianccedilas livres de caacuterie

Criar uma base de dados nacional sobre sauacutede oral

Prestar especial atenccedilatildeo numa perspectiva de promoccedilatildeo da equidade agrave sauacutede

oral das crianccedilas e dos jovens com Necessidades de Sauacutede Especiais assim

como dos grupos economicamente deacutebeis e socialmente excluiacutedos que

frequentam a escola do ensino regular ou instituiccedilotildees

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 4

7 Actividades do programa

As actividades do programa devem ser incluiacutedas nos programas de sauacutede materna

sauacutede infantil e juvenil e sauacutede escolar ser desenvolvidas no Centro de Sauacutede e em

todos os estabelecimentos de educaccedilatildeo preacute-escolar e do ensino baacutesico puacuteblico

privado ou dependentes de estruturas oficiais da seguranccedila social

Para o desenvolvimento das actividades do programa eacute indispensaacutevel o

envolvimento dos profissionais de sauacutede de educaccedilatildeo pais ou encarregados de

educaccedilatildeo bem como das autarquias

71 Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral

711 Na gravidez

Orientaccedilatildeo A graacutevida ao cuidar da sua sauacutede oral estaacute a promover a sauacutede do seu filho

Na consulta de sauacutede materna ou de vigilacircncia da gravidez a boca da matildee deve

merecer particular atenccedilatildeo Em caso de gravidez programada a futura matildee deveraacute

fazer todos os tratamentos dentaacuterios necessaacuterios a uma boa sauacutede oral Se jaacute estiver

graacutevida e tiver dentes cariados ou doenccedila periodontal natildeo deve deixar de proceder

ao necessaacuterio tratamento

Uma boa sauacutede oral da matildee favorece a boa sauacutede oral do filho

Ainda antes de o bebeacute nascer as consultas de vigilacircncia da gravidez satildeo uma boa

oportunidade para sensibilizar os pais para a importacircncia da sauacutede oral no contexto

de uma sauacutede global Por isso as mensagens devem dar destaque aos cuidados a ter

com a alimentaccedilatildeo e a higienizaccedilatildeo da boca da crianccedila especialmente apoacutes a

erupccedilatildeo do primeiro dente

712 Do nascimento aos 3 anos de idade

Orientaccedilatildeo A higiene oral deve iniciar-se logo apoacutes a erupccedilatildeo do primeiro dente utilizando uma pequena quantidade de

dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Na consulta de sauacutede infantil ou de vigilacircncia da crianccedila efectuada pelo meacutedico

assistente eou pelo enfermeiro pretendemos sensibilizar os pais para que

incorporem na rotina de higiene diaacuteria do bebeacute tambeacutem a higiene da sua boca

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 5

Apoacutes a erupccedilatildeo do primeiro dente a higienizaccedilatildeo deve comeccedilar a ser feita pelos

pais duas vezes por dia utilizando uma gaze uma dedeira ou uma escova macia

com um dentiacutefrico fluoretado com 1000-1500 ppm (mgl) de fluoreto sendo uma

das vezes obrigatoriamente apoacutes a uacuteltima refeiccedilatildeo

A quantidade de dentiacutefrico a utilizar deve ser idecircntica ao tamanho da unha do 5ordm

dedo da matildeo da proacutepria crianccedila (dedo mindinho) Nesta fase pode permitir-se que

progressivamente e sob vigilacircncia a crianccedila comece a iniciar-se na escovagem dos

dentes

Natildeo se recomenda qualquer tipo de suplemento sisteacutemico com fluoretos

Aos pais das crianccedilas com menos de 3 anos deveraacute tambeacutem ser fornecida

informaccedilatildeo sobre alimentaccedilatildeo factores de cariogenicidade e a importacircncia de

prevenir as caacuteries precoces da infacircncia chamando a atenccedilatildeo em especial para o

facto de o bebeacute a partir do 1ordm ano de idade natildeo dever usar prolongadamente o

biberatildeo nem adormecer com ele na boca quer tenha leite farinhas ou sumos Eacute

tambeacutem particularmente importante reforccedilar a absoluta contra-indicaccedilatildeo da

utilizaccedilatildeo de chupetas com accediluacutecar ou mel

713 Dos 3 aos 6 anos de idade

Orientaccedilatildeo A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm deve ser efectuada duas vezes por dia

sendo uma delas obrigatoriamente antes de deitar

Neste periacuteodo de progressiva autonomia da crianccedila o exemplo dos pais eacute da maior

relevacircncia Na sua tentativa de imitaccedilatildeo a crianccedila vai adquirindo o haacutebito da

higiene oral Por isso nesta fase deve-se fomentar o iniacutecio da escovagem dos dentes

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico fluoretado com 1000-1500 ppm (mgl)

deve continuar a ser realizada ou supervisionada pelos pais dependendo da destreza

manual da crianccedila pelo menos duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente antes de deitar A quantidade de dentiacutefrico a utilizar deve ser

miacutenima isto eacute idecircntica ao tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

tal como se disse relativamente ao grupo etaacuterio anterior

Natildeo se recomenda qualquer tipo de suplemento sisteacutemico com fluoretos agrave excepccedilatildeo

das crianccedilas de alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 6

A qualidade da alimentaccedilatildeo eacute determinante para a maturaccedilatildeo orgacircnica e a sauacutede

fiacutesica e psicossocial Nesta fase a crianccedila adquire muitos dos comportamentos

alimentares e muitos dos erros nutricionais do adulto A diversidade na alimentaccedilatildeo

eacute a principal forma de garantir a satisfaccedilatildeo das necessidades do organismo em

nutrientes e evitar o excesso de ingestatildeo de substacircncias com riscos para a sauacutede5

Desaconselha-se o consumo de guloseimas e refrigerantes sobretudo fora das

refeiccedilotildees

Se a crianccedila fizer medicaccedilatildeo croacutenica deve dar-se preferecircncia agrave prescriccedilatildeo de

medicamentos sem accediluacutecar

7131 Dos 3 aos 6 anos no Jardim-de-infacircncia

Orientaccedilatildeo Integrar a educaccedilatildeo para sauacutede e a higiene no Projecto Educativo e efectuar uma escovagem dos dentes no

Jardim-de-infacircncia

As Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar preconizam uma

intervenccedilatildeo educativa em que a educaccedilatildeo para a sauacutede e a higiene fazem parte do

dia-a-dia do Jardim-de-infacircncia A crianccedila teraacute oportunidade de cuidar da sua

higiene e sauacutede de compreender as razotildees por que natildeo deve abusar de determinados

alimentos e ter conhecimento do funcionamento dos diferentes oacutergatildeos6

Desaconselha-se o consumo de guloseimas no Jardim-de-infacircncia

Todas as crianccedilas que frequentam os Jardins-de-infacircncia devem fazer uma das

escovagens dos dentes no estabelecimento de educaccedilatildeo sendo esta actividade

particularmente importante para as que vivem em zonas mais desfavorecidas e

apresentam caacuterie dentaacuteria

A escovagem dos dentes no Jardim-de-infacircncia tem por objectivo a

responsabilizaccedilatildeo progressiva da crianccedila pelo auto-cuidado de higiene oral Esta

actividade deveraacute estar integrada no projecto educativo do Jardim-de-infacircncia e ser

pedagogicamente dinamizada pelos educadores de infacircncia

As equipas de sauacutede escolar deveratildeo apoiar a elaboraccedilatildeo do projecto melhorar as

competecircncias dos educadores professores e pais sobre sauacutede oral bem como

orientar o desenvolvimento desta actividade

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 7

Por volta dos 6 anos comeccedilam a erupcionar os primeiros molares permanentes Pela

sua proacutepria morfologia imaturidade e dificuldade na remoccedilatildeo da placa bacteriana

das suas fissuras e fossetas estes dentes satildeo mais vulneraacuteveis agrave caacuterie Por isso

exigem uma atenccedilatildeo particular durante a erupccedilatildeo e uma teacutecnica especiacutefica de

escovagem

714 Mais de 6 anos de idade

Orientaccedilatildeo Escovar os dentes com um dentiacutefrico fluoretado com 1000 e 1500 ppm duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente antes de deitar

A partir dos 6 anos de idade a escovagem dos dentes jaacute deveraacute ser efectuada pela

crianccedila utilizando um dentiacutefrico fluoretado idecircntico ao usado pelos adultos

portanto com um teor de fluoreto entre 1000 e 1500 ppm (mgl) numa quantidade

aproximada de um (1) centiacutemetro

A escovagem dentaacuteria deveraacute ser efectuada duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente antes de deitar Se a crianccedila ainda natildeo tiver destreza manual

recomendamos que esta actividade seja apoiada ou mesmo executada pelos pais7

7141 Mais de 6 anos na escola

Orientaccedilatildeo As mensagens de promoccedilatildeo da sauacutede devem ser coincidentes com as praacuteticas da escola

Durante a escolaridade obrigatoacuteria as referecircncias agrave descoberta do corpo agrave sauacutede agrave

educaccedilatildeo alimentar agrave higiene em geral e agrave higiene oral estatildeo integradas no curriacuteculo

e nos programas escolares do 1ordm ao 9ordm ano do ensino baacutesico8

Educaccedilatildeo Alimentar

A escola tem um papel fundamental na formaccedilatildeo dos haacutebitos alimentares das

crianccedilas e dos jovens pelo que eacute transmitido dentro da sala de aula atraveacutes dos

conteuacutedos curriculares mas tambeacutem atraveacutes da influecircncia dos pares e professores e

pela forma como satildeo expostos os produtos no bufete e na cantina9

As crianccedilas e os jovens que consomem mais alimentos ricos em accediluacutecar e gorduras

e nos intervalos optam predominantemente por doces e bebidas accedilucaradas tecircm

susceptibilidade aumentada agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 8

Assim nos intervalos das aulas a oferta deveraacute possibilitar escolhas saudaacuteveis e

econoacutemicas como leite patildeo e fruta em detrimento de refrigerantes e bolos

Os princiacutepios da promoccedilatildeo da sauacutede devem constituir uma referecircncia para os

projectos de educaccedilatildeo alimentar As Escolas devem assegurar uma poliacutetica

nutricional que promova uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel com coordenaccedilatildeo entre os

serviccedilos que fornecem produtos alimentares na cantina e no bufete natildeo sendo

admissiacuteveis contradiccedilotildees entre as mensagens de educaccedilatildeo alimentar a oferta de

alimentos e a forma como satildeo confeccionados

Os projectos de educaccedilatildeo alimentar soacute ficaratildeo completos se envolverem os alunos

Eles satildeo os actores activos da pesquisa pois soacute compreendendo o que eacute uma

alimentaccedilatildeo equilibrada poderatildeo adoptar uma atitude criacutetica e selectiva na compra e

no consumo dos produtos alimentares Soacute conhecendo os direitos e deveres dos

consumidores se podem alicerccedilar praacuteticas saudaacuteveis

No 1ordm Ciclo

Os ingredientes essenciais da educaccedilatildeo alimentar na escola vatildeo desde a abordagem

dos haacutebitos alimentares agraves questotildees da alimentaccedilatildeo e sauacutede e agrave cadeia alimentar

produccedilatildeo fabrico transformaccedilatildeo distribuiccedilatildeo de alimentos conservaccedilatildeo e higiene

Todos estes aspectos podem ser desenvolvidos no estudo do meio na liacutengua

portuguesa na matemaacutetica e nas aacutereas da expressatildeo musical dramaacutetica e plaacutestica

No 2ordm e 3ordm Ciclos

A implementaccedilatildeo de um Projecto de Educaccedilatildeo Alimentar implica a mobilizaccedilatildeo dos

curriacuteculos disciplinares do maior nuacutemero possiacutevel de disciplinas

Nas Ciecircncias Naturais pode ser realccedilada a importacircncia da alimentaccedilatildeo e a sua

relaccedilatildeo com o funcionamento do corpo e a sauacutede na Histoacuteria pode ser abordada a

evoluccedilatildeo das sociedades e dos seus haacutebitos alimentares nas Ciecircncias Fiacutesico-

Quiacutemicas pode ser estimulado o interesse pelo meio fiacutesico onde os alimentos se

produzem e se transformam com possiacutevel envolvimento da Liacutengua Portuguesa da

Matemaacutetica da Geografia da Educaccedilatildeo Visual Fiacutesica e Tecnoloacutegica eou das aacutereas

curriculares natildeo disciplinares

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 9

Higiene Oral

A higiene oral deve ser abordada no contexto da aquisiccedilatildeo de comportamentos de

higiene pessoal As aprendizagens deveratildeo relacionar os saberes com as vivecircncias

dentro e fora da escola A estrutura dos programas do ensino baacutesico eacute

suficientemente aberta e flexiacutevel para atender os diversos pontos de partida os

interesses e as necessidades dos alunos assim como as caracteriacutesticas do meio

Deste modo os conteuacutedos da sauacutede oral e da higiene oral podem ser associados ao

desenvolvimento de haacutebitos de higiene pessoal e de vida saudaacutevel

No 1ordm Ciclo recomendamos que as crianccedilas faccedilam uma das escovagens dos dentes

no proacuteprio estabelecimento de ensino Esta escovagem deve ser orientada pelos

professores a quem deveraacute ser dada formaccedilatildeo para esta actividade e regularmente

pelo menos uma vez em cada trimestre supervisionada pela equipa de sauacutede escolar

Seraacute de estimular a auto-responsabilizaccedilatildeo da crianccedila pela sua higiene oral de

manhatilde e agrave noite

Escovagem dos dentes

Na escola deve ser monitorizada a execuccedilatildeo e a efectividade desta actividade A

execuccedilatildeo da escovagem pode ser monitorizada atraveacutes de um registo diaacuterio num

mapa de turma e a efectividade pode ser avaliada atraveacutes da utilizaccedilatildeo do revelador

de placa bacteriana e do caacutelculo do Iacutendice de lsquoPlaca Simplificadorsquo realizado pelos

profissionais de sauacutede10

Fio dentaacuterio

A higienizaccedilatildeo dos espaccedilos interdentaacuterios deve comeccedilar a ser feita por volta dos 9-

10 anos quando a crianccedila comeccedila a ter destreza manual para utilizar o fio dentaacuterio

A teacutecnica deve ser claramente explicada e treinada11

Bochecho fluoretado

Todas as crianccedilas e jovens que frequentam as escolas do 1ordm Ciclo do Ensino Baacutesico

devem fazer o bochecho quinzenal com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a 0212

As estrateacutegias e teacutecnicas de realizaccedilatildeo e implementaccedilatildeo na escola das medidas de

promoccedilatildeo da sauacutede oral preconizadas encontram-se descritas no Texto de Apoio

anexo a esta Circular Normativa da qual faz parte integrante

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 10

Sauacutede Oral na Adolescecircncia

No decurso da adolescecircncia em que se reorganiza a forma de estar no mundo se

reformula o autoconceito atraveacutes nomeadamente dos reforccedilos positivos da auto-

imagem a higiene oral pode desempenhar um contributo importante para esse

processo Neste periacuteodo a adesatildeo a praacuteticas adequadas em termos de sauacutede oral natildeo

passa estritamente por motivaccedilotildees de caraacutecter sanitaacuterio

Tendo isso em conta os profissionais de sauacutede ligados agraves acccedilotildees educativas e

preventivas neste domiacutenio natildeo podem deixar de valorizar as expectativas dos jovens

acerca dos laacutebios da boca e dos dentes nos planos esteacutetico e relacional

Sauacutede Oral em crianccedilas e de jovens com Necessidades de Sauacutede Especiais

A promoccedilatildeo da sauacutede oral de crianccedilas e jovens com Necessidades de Sauacutede

Especiais estaacute descrita no laquoManual de Boas Praacuteticas em Sauacutede Oralraquo editado pela

DGS13

A administraccedilatildeo de suplemento sisteacutemico de fluoretos recomendada deve ser

corrigida de acordo com as orientaccedilotildees introduzidas pelo presente documento

72 Prevenccedilatildeo das doenccedilas orais

Em sauacutede infantil e juvenil a observaccedilatildeo da boca e dos dentes feita pela equipa de

sauacutede pelo meacutedico de famiacutelia ou pelo pediatra comeccedila aos 6 meses e prolonga-se

ateacute aos 18 anos14

A estes profissionais compete reforccedilar as medidas de promoccedilatildeo da sauacutede oral

descritas anteriormente e fazer o diagnoacutestico precoce de caacuterie dentaacuteria registando

os dados na Ficha Individual de Sauacutede Oral e no Boletim de Sauacutede Infantil

Em Sauacutede Escolar tambeacutem poderaacute ser feita essa observaccedilatildeo

Face a um diagnoacutestico ou a uma suspeita de doenccedila oral a crianccedila deve ser

encaminhada para o gestor do programa no Centro de Sauacutede

Se o Centro de Sauacutede tiver higienista oral estomatologista ou meacutedico dentista eacute

feita a avaliaccedilatildeo do risco individual de caacuterie e a protecccedilatildeo dos dentes agraves crianccedilas e

jovens de alto risco

Se o Centro de Sauacutede natildeo dispuser de profissionais de sauacutede oral o gestor do

programa encaminharaacute as crianccedilas para os serviccedilos de estomatologia dos hospitais

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 11

distritais ou centrais caso tenham resposta ou para um meacutedico estomatologista

meacutedico dentista contratualizado

A partir do momento em que a crianccedila apresenta um dente com uma lesatildeo de caacuterie

dentaacuteria passa a exigir medidas preventivas e terapecircuticas especiacuteficas Apoacutes o

tratamento da lesatildeo de caacuterie essa crianccedila eacute incluiacuteda num grupo que do ponto de

vista preventivo exigiraacute maior atenccedilatildeo e acompanhamento

A protecccedilatildeo dos dentes em crianccedilas com alto risco agrave caacuterie dentaacuteria consiste na

execuccedilatildeo de uma ou mais medidas

Aplicaccedilatildeo de selantes de fissura

Suplemento de fluoretos um (1) comprimido diaacuterio de 025 mg que deve ser

dissolvido lentamente na boca agrave noite antes de deitar

Verniz de fluacuteor ou de clorohexidina

A estrateacutegia preventiva e terapecircutica do programa complementam-se com a

avaliaccedilatildeo do risco individual de caacuterie dentaacuteria

A avaliaccedilatildeo eacute feita a partir da conjugaccedilatildeo dos seguintes factores de risco evidecircncia

cliacutenica de doenccedila anaacutelise dos haacutebitos alimentares controlo da placa bacteriana

niacutevel socioeconoacutemico da famiacutelia e histoacuteria cliacutenica da crianccedila15

Factores de Risco Baixo Risco Alto Risco

Evidecircncia cliacutenica de doenccedila

Sem lesotildees de caacuterie Nenhum dente perdido devido a caacuterie Poucas ou nenhumas obturaccedilotildees

Lesotildees activas de caacuterie Extracccedilotildees devido a caacuterie Duas ou mais obturaccedilotildees Aparelho fixo de ortodontia

Anaacutelise dos haacutebitos alimentares

Ingestatildeo pouco frequente de alimentos accedilucarados

Ingestatildeo frequente de alimentos accedilucarados em particular entre as refeiccedilotildees

Utilizaccedilatildeo de fluoretos

Uso regular de dentiacutefrico fluoretado

Natildeo utilizaccedilatildeo regular de qualquer dentiacutefrico fluoretado

Controlo da placa bacteriana

Escovagem dos dentes duas ou mais vezes por dia

Natildeo escova os dentes ou faz uma escovagem pouco eficaz

Niacutevel socioeconoacutemico da famiacutelia

Meacutedio ou alto Baixo

Histoacuteria cliacutenica da crianccedila

Sem problemas de sauacutede Ausecircncia de medicaccedilatildeo croacutenica

Portador de deficiecircncia fiacutesica ou mental Ingestatildeo prolongada de medicamentos cariogeacutenicos Doenccedilas Croacutenicas Xerostomia

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 12

As crianccedilas e os jovens que natildeo se inscrevem em nenhuma das categorias anteriores

satildeo considerados de risco moderado

Os criteacuterios de avaliaccedilatildeo do risco individual de caacuterie dentaacuteria seratildeo

complementados com orientaccedilotildees teacutecnicas a emitir pela Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

73 Diagnoacutestico precoce e tratamento dentaacuterio

O diagnoacutestico precoce e os tratamentos dentaacuterios podem ser feitos no Centro de

Sauacutede nos serviccedilos de estomatologia do Hospital ou pelos meacutedicos estomatologistas

ou meacutedicos dentistas contratualizados da sua aacuterea de atracccedilatildeo

Nos Centros de Sauacutede onde existe Higienista Oral este gere os encaminhamentos

quando haacute necessidade de tratamentos e a frequecircncia da vigilacircncia da sauacutede oral das

crianccedilas e dos jovens do seu ficheiro

A contratualizaccedilatildeo com profissionais de sauacutede oral permite-nos garantir cuidados de

sauacutede oral a todas as crianccedilas em Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral

que desenvolvam caacuterie dentaacuteria

O processo seraacute implementado progressivamente O meacutedico estomatologistameacutedico

dentista responsabiliza-se pelo acompanhamento individual das crianccedilas que lhe satildeo

remetidas pelo SNS

O encaminhamento deve respeitar a liberdade de escolha do utente e a capacidade

de resposta do profissional contratualizado

8 Avaliaccedilatildeo do Programa

A avaliaccedilatildeo do programa tem periodicidade anual pelo que os indicadores a utilizar

teratildeo necessariamente que ser faacuteceis de obter e fiaacuteveis Satildeo eles que iratildeo permitir a

monitorizaccedilatildeo do programa e os avanccedilos alcanccedilados em cada regiatildeo de sauacutede e nos

diversos grupos etaacuterios

As fontes de dados satildeo nos serviccedilos puacuteblicos os registos habituais de actividades e

os mapas de sauacutede oral e sauacutede escolar nos serviccedilos privados a informaccedilatildeo

produzida pelos profissionais de sauacutede oral contratualizados registada na Ficha

Individual de Sauacutede Oral transcrita para o Mapa Anual da intervenccedilatildeo meacutedico-

dentaacuteria e enviada para o serviccedilo com quem contratualizou

A qualidade das prestaccedilotildees contratualizadas seraacute feita por avaliaccedilatildeo externa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 13

Os indicadores de avaliaccedilatildeo do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral satildeo

Percentagem de crianccedilas em programa aos 3 6 12 e 15 anos

Percentagem de crianccedilas em programa no Jardim-de-infacircncia e na Escola no 1ordm

ciclo 2ordm ciclo e 3ordm ciclo

Percentagem de crianccedilas com necessidades de tratamentos dentaacuterios

encaminhadas e tratadas

Percentagem de crianccedilas de alto risco agrave caacuterie

Percentagem de crianccedilas livres de caacuterie aos 6 anos

Iacutendice cpod e CPOD aos 6 anos

Iacutendice CPOD aos 12 anos

Esta avaliaccedilatildeo anual natildeo substitui as avaliaccedilotildees quinquenais de acircmbito nacional que a

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede com as Administraccedilotildees Regionais de Sauacutede e as Secretarias

Regionais continuaratildeo a realizar

9 Disposiccedilotildees finais e transitoacuterias

Para efeito de avaliaccedilatildeo do estado dentaacuterio e de avaliaccedilatildeo do risco seratildeo elaborados

suportes de informaccedilatildeo para serem utilizados por todos os sectores intervenientes

no programa e em todos os niacuteveis de produccedilatildeo de informaccedilatildeo

Do niacutevel local ao niacutevel central a informaccedilatildeo iraacute sendo agrupada em mapas de modo

a podermos construir indicadores de niacuteveis de resultados

Os dois Textos de Apoio anexos a este programa ldquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de

Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutederdquo e ldquoFluoretos Fundamentaccedilatildeo e

recomendaccedilatildeordquo suportam as alteraccedilotildees introduzidas e apontam formas de

implementar a estrateacutegia definida no Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede

Oral

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 14

Consenso sobre a utilizaccedilatildeo de fluoretoslowast no acircmbito do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral

Generalidades

O fluacuteor tem comprovada importacircncia na reduccedilatildeo da prevalecircncia e gravidade da caacuterie A

estrateacutegia da sua utilizaccedilatildeo em sauacutede oral foi redefinida com base em novas evidecircncias

cientiacuteficas Actualmente considera-se que a sua acccedilatildeo preventiva e terapecircutica eacute toacutepica

e poacutes-eruptiva e que para se obter este efeito toacutepico o dentiacutefrico fluoretado constitui a

opccedilatildeo consensual

Os fluoretos quando administrados por via sisteacutemica podem ter efeitos toacutexicos em

particular antes dos 6 anos Embora as consequecircncias sejam essencialmente de ordem

esteacutetica eacute revista a sua administraccedilatildeo

Nas crianccedilas com idades iguais ou inferiores a 6 anos que cumprem as exigecircncias

habituais da higiene oral isto eacute escovam os dentes usando dentiacutefrico fluoretado a

concomitante administraccedilatildeo de comprimidos ou gotas aumenta o risco de fluorose

dentaacuteria

As recomendaccedilotildees da Task Force sobre a utilizaccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da

caacuterie integradas no Programa Nacional de Sauacutede Oral satildeo as seguintes

a) Eacute dada prioridade agraves aplicaccedilotildees toacutepicas sob a forma de dentiacutefricos administrados na

escovagem dos dentes Estas aplicaccedilotildees devem ser efectuadas desde a erupccedilatildeo dos

dentes e de acordo com as regras expostas na tabela anexa

b) Os comprimidos anteriormente recomendados no acircmbito do Programa de Promoccedilatildeo

da Sauacutede Oral nas Crianccedilas e nos Adolescentes (CN nordm 6DSE de 200599) soacute

seratildeo administrados apoacutes os 3 anos a crianccedilas de alto risco agrave caacuterie dentaacuteria Nesta

situaccedilatildeo os comprimidos devem ser dissolvidos na boca lentamente

preferencialmente antes de deitar As acccedilotildees de educaccedilatildeo para a sauacutede devem

prioritariamente promover a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado

lowast Das Faculdades de Medicina Dentaacuteria de Lisboa Porto e Coimbra Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Coleacutegio de Estomatologia da Ordem dos Meacutedicos Ordem dos Meacutedicos Dentistas e Sociedade Portuguesa de Pediatria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 15

c) Em nenhum dos casos estaacute recomendada a administraccedilatildeo de fluoretos sisteacutemicos agraves

graacutevidas agraves crianccedilas antes dos 3 anos e agraves que em qualquer idade consumam aacutegua

com teor de fluoreto superior a 03 ppm

Recomendaccedilotildees sobre a utilizaccedilatildeo de fluoretos no acircmbito do PNPSO

RECOMEN-

DACcedilOtildeES

Frequecircncia da

escovagem dos dentes

Material utilizado na escovagem dos dentes

Execuccedilatildeo da escovagem dos dentes

Dentiacutefrico fluoretado

Suplemento sisteacutemico de

fluoretos

0-3 Anos 2 x dia

a partir da erupccedilatildeo do 1ordm dente

uma obrigatoria-mente antes

de deitar

Gaze Dedeira

Escova macia

de tamanho pequeno

Pais

1000-1500 ppm

quantidade idecircntica ao tamanho da

unha do 5ordm dedo da crianccedila

Natildeo recomendado

3-6 Anos 2 x dia

uma

obrigatoria-mente antes

de deitar

Escova macia

de tamanho adequado agrave

boca da crianccedila

Pais eou Crianccedila

a partir do

momento em que a crianccedila

adquire destreza

manual faz a escovagem sob

supervisatildeo

1000-1500 ppm

quantidade idecircntica ao tamanho da

unha do 5ordm dedo da crianccedila

Natildeo recomendado

Excepcionalmente as crianccedilas de alto

risco agrave caacuterie dentaacuteria podem fazer

1 (um) comprimido diaacuterio de fluoreto de soacutedio a 025 mg

Mais de 6 Anos

2 x dia

uma

obrigatoria-mente antes

de deitar

Escova macia

ou em alternativa

meacutedia

de tamanho adequado agrave

boca da crianccedila ou do

jovem

Crianccedila eou Pais

se a crianccedila

natildeo tiver adquirido destreza

manual a escovagem

tem que ter a intervenccedilatildeo

activa dos pais

1000-1500 ppm

quantidade aproximada de 1 centiacutemetro

Natildeo recomendado

Excepcionalmente as crianccedilas de alto

risco agrave caacuterie dentaacuteria podem fazer

1 (um) comprimido diaacuterio de fluoreto de soacutedio a 025 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 16

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 17

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11 Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede O uso do fio dentaacuterio previne algumas doenccedilas orais Lisboa DGS 1993

12 Direcccedilatildeo-Geral dos Cuidados de Sauacutede Primaacuterios Bochecho fluoretado ndash Guia Praacutetico do Professor Lisboa DGS 1992

13 Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Divisatildeo de Sauacutede Escolar Manual de Boas Praacuteticas em Sauacutede Oral para quem trabalha com Crianccedilas e Jovens com Necessidades de Sauacutede Especiais Lisboa DGS 2002 httpwwwdgsaudept

14 Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Sauacutede Infantil e Juvenil Programa-Tipo de Actuaccedilatildeo Lisboa DGS2002 (Orientaccedilotildees Teacutecnicas 12) httpwwwdgsaudept

15 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in children at High Caries Risk A National Clinical Guideline SIGN 2000 httpwwwsignacuk

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Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 20

Agradecimentos

A Task Force que colaborou na revisatildeo do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral coordenada pela Drordf Gregoacuteria Paixatildeo von Amann e pela Higienista Oral Cristina Ferreira Caacutedima da Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede contou com a prestimosa colaboraccedilatildeo teacutecnica e cientiacutefica de

Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge representado pela Drordf Dirce Silveira

Direcccedilatildeo-Geral da Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura representada pela Engordf Maria de Lourdes Camilo

Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa representada pelo Prof Doutor Paulo Melo

Faculdade de Medicina de Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria representada pelo Dr Francisco Delille

Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade de Lisboa representada pelo Prof Doutor Ceacutesar Mexia de Almeida

Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto representada pelo Prof Doutor Fernando M Peres

Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento representado pela Drordf Ana Arauacutejo

Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede - Norte representado pelo Prof Doutor Paulo Rompante

Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede - Sul representado pela Profordf Doutora Fernanda Mesquita

Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia representada pelo Dr Alexandre Loff Seacutergio

Ordem dos Meacutedicos Dentistas representada pelo Prof Doutor Paulo Melo

Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria representada pelo Prof Doutor Ceacutesar Mexia de Almeida

Sociedade Portuguesa de Pediatria representada pelo Dr Manuel Salgado

Serviccedilos da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede representada pela Drordf Anabela Lopes Divisatildeo de Sauacutede Ambiental representada pelo Engordm Paulo Diegues e a Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede representada pelo Dr Pedro Ribeiro da Silva

Pelas sugestotildees e correcccedilotildees introduzidas o nosso agradecimento agrave Profordf Doutora Isabel Loureiro ao Dr Vasco Prazeres Drordf Leonor Sassetti Drordf Ana Paula Ramalho Correia Dr Rui Calado Drordf Maria Otiacutelia Riscado Duarte Dr Joatildeo Breda e ao Sr Viacutetor Alves que concebeu o logoacutetipo do programa

A todos a Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede e a Divisatildeo de Sauacutede Escolar agradecem

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

E s t r a t eacute g i a s e T eacute c n i c a s d e E d u c a ccedil atilde o e P r o m o ccedil atilde o

d a S a uacute d e

Documento produzido no acircmbito dos trabalhos da Task Force pela Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede Dr

Pedro Ribeiro da Silva e Dr Joatildeo Breda e pela Higienista Oral Cristina Ferreira Caacutedima e Drordf Gregoacuteria Paixatildeo von Amann da

Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede que coordenou os trabalhos

1 Preacircmbulo

Os Programas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede tecircm por objectivo capacitar as pessoas a tomarem decisotildees no

seu quotidiano que se revelem as mais adequadas para manter ou alargar o seu potencial de sauacutede

Para se atingir este objectivo fornece-se informaccedilatildeo e utilizam-se metodologias que facilitem e decircem

suporte agraves mudanccedilas comportamentais e agrave manutenccedilatildeo das praacuteticas consideradas saudaacuteveis

Mas a mudanccedila de comportamentos natildeo eacute faacutecil depende de factores sociais culturais familiares

entre muitos outros e natildeo apenas do conhecimento cientiacutefico que as pessoas possuam sobre

determinada mateacuteria

Esta dificuldade eacute bem patente quando como no presente caso se pretende intervir sobre

comportamentos relacionados com a alimentaccedilatildeo e a escovagem dos dentes

Quando os pais datildeo aos filhos patildeo achocolatado ou outros alimentos accedilucarados para levarem para a

escola estatildeo com frequecircncia a dar natildeo apenas um alimento mas tambeacutem e ateacute talvez

principalmente afecto tentando colmatar lacunas que possam ter na relaccedilatildeo com os seus filhos

mesmo que natildeo tenham consciecircncia desse facto

Podem tambeacutem dar este tipo de alimento por terem dificuldade de encontrar tempo para confeccionar

uma sandes ou outro alimento e os anteriormente referidos estatildeo sempre prontos a serem colocados na

mochila da crianccedila

Eacute importante desenvolvermos estrateacutegias de Educaccedilatildeo para a Sauacutede que natildeo culpabilizem os pais

porque estes intrinsecamente desejam sempre o melhor para os seus filhos embora natildeo consigam por

vezes colocaacute-lo em praacutetica

Devido agrave complexidade que eacute actuar sobre comportamentos individuais para se aumentar a eficiecircncia

das nossas praacuteticas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede torna-se fulcral utilizar metodologias alargadas a vaacuterios

parceiros e sectores da comunidade de forma articulada e continuada para que progressivamente

possamos ir obtendo resultados

Como propotildee Nancy Russel no seu Manual de Educaccedilatildeo para a Sauacutede ldquoPara desenhar um

programa de Educaccedilatildeo para a Sauacutede eacute necessaacuterio ter conhecimentos sobre comportamentos e sobre

os factores que produzem a mudanccedilardquo E continua explicitando ldquoAs teorias da mudanccedila de

comportamento que podem ser aplicadas em Educaccedilatildeo para a Sauacutede foram elaboradas a partir de

uma variedade de aacutereas incluindo a psicologia a sociologia a antropologia a comunicaccedilatildeo e o

marketing Nenhuma teoria ou rede de conceitos domina por si soacute a investigaccedilatildeo ou a praacutetica da

Educaccedilatildeo para a Sauacutede Provavelmente porque os comportamentos de sauacutede satildeo demasiado

complexos para serem explicados por uma uacutenica teoriardquo (19968)

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 2

2 Metodologias para Desenvolvimento da Acccedilatildeo

21 Primeira vertente ndash O diagnoacutestico de situaccedilatildeo

A primeira etapa de actuaccedilatildeo eacute de grande importacircncia para a continuidade das outras actividades e

podemos resumi-la a um bom diagnoacutestico de situaccedilatildeo que permita conhecer em pormenor a realidade

sobre a qual se pretende actuar

I - Eacute importante estabelecer como uma das primeiras actividades a anaacutelise de duas vertentes com

grande influecircncia na sauacutede oral os haacutebitos culturais das famiacutelias relativamente agrave alimentaccedilatildeo e as

praacuteticas de higiene oral dos adultos e das crianccedilas

II - Um segundo aspecto relaciona-se com os tipos de interacccedilatildeo entre professores ou

educadores de infacircncia e pais No caso de essa interacccedilatildeo ser regular e organizada importa saber como

reagem os pais agraves indicaccedilotildees dos professores sobre os aspectos comportamentais das crianccedilas e que

efeito e eficaacutecia tecircm essas acccedilotildees na capacitaccedilatildeo de pais e filhos relativamente aos comportamentos

relacionados com a sauacutede oral

Actividades a desenvolverem

a) estudar as formas de melhorar a relaccedilatildeo entre pais e professores procurando resolver as

dificuldades que com frequecircncia os pais apresentam como obstaacuteculos ao contacto mais regular

com os professores

b) analisar a eficaacutecia das recomendaccedilotildees dadas procurando as razotildees que possam estar na origem

de situaccedilotildees de menor eficaacutecia como o desfasamento entre as recomendaccedilotildees e o contexto

familiar e cultural das crianccedilas ou recomendaccedilotildees muito teacutecnicas ou paternalistas Todas estas

situaccedilotildees podem provocar resistecircncias nas famiacutelias agrave adesatildeo agraves praacuteticas desejaacuteveis relativamente

ao programa de sauacutede oral Esta temaacutetica da Educaccedilatildeo para a Sauacutede e as praacuteticas

comportamentais eacute muito complexa mas fundamental para se conseguirem resultados ao niacutevel

dos comportamentos

III - Outra componente a analisar satildeo os aspectos sociais dos consumos alimentares que possam

estar relacionados com situaccedilotildees locais como campanhas publicitaacuterias ou de promoccedilatildeo de

determinados alimentos potencialmente cariogeacutenicos nos estabelecimentos da zona Oferta pouco

adequada de alimentos na cantina da escola com existecircncia preponderante de alimentos e bebidas

accedilucaradas A confecccedilatildeo das refeiccedilotildees no refeitoacuterio com pouca oferta de fruta legumes e vegetais e

preponderacircncia de sobremesas doces

Segundo o Modelo Precede de Green existem 3 etapas a contemplar num diagnoacutestico de situaccedilatildeo

middot diagnoacutestico epidemioloacutegico necessaacuterio para a identificaccedilatildeo dos problemas de sauacutede sobre os

quais se vai actuar como sejam os iacutendices de caacuterie fluorose dentaacuteria e outros

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 3

middot diagnoacutestico social que corresponde agrave identificaccedilatildeo das situaccedilotildees sociais existentes na comunidade

onde se desenvolve a actividade que podem contribuir para os problemas de sauacutede oral detectados

ou que se pretende prevenir

middot diagnoacutestico comportamental para identificaccedilatildeo dos vaacuterios padrotildees comportamentais que possam

estar relacionados com os problemas de sauacutede oral inventariados

A este diagnoacutestico de problemas eacute importante associar-se a identificaccedilatildeo de necessidades da

populaccedilatildeo-alvo da acccedilatildeo

Apesar da prevalecircncia das doenccedilas orais e da necessidade deste Programa Nacional em algumas

comunidades poderatildeo existir vaacuterios outros problemas de sauacutede mais graves ou mais prevalentes e

neste caso importa fazer uma avaliaccedilatildeo dos recursos e das possibilidades de eficaacutecia dando prioridade

aos grupos e agraves situaccedilotildees mais graves e de maior amplitude Outro factor a ter em conta na decisatildeo

relaciona-se com a capacidade de alterar as causas comportamentais ou factores de risco pelo

programa educacional

Apoacutes a avaliaccedilatildeo das necessidades deveratildeo ser estabelecidas as prioridades tendo em conta os

problemas de sauacutede identificados a capacidade de alteraccedilatildeo dos factores de risco comportamentais e

outros Eacute muito importante associar-se agrave definiccedilatildeo de prioridades de actuaccedilatildeo a caracterizaccedilatildeo dos sub-

grupos existentes e as diferentes estrateacutegias apropriadas a cada uma dessas populaccedilotildees alvo

22 Segunda vertente ndash os teacutecnicos de educaccedilatildeo

Todos os parceiros satildeo importantes para o desenvolvimento dos programas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede

mas no caso especiacutefico da sauacutede oral os teacutecnicos de Educaccedilatildeo satildeo fundamentais Eacute por esta razatildeo

tarefa prioritaacuteria sensibilizaacute-los e englobaacute-los no desenho dos programas desde o iniacutecio

Sabemos atraveacutes das nossas praacuteticas anteriores que nem sempre os teacutecnicos de educaccedilatildeo aderem a

algumas das actividades dos programas de sauacutede oral propostas pelos teacutecnicos de sauacutede utilizando

para isso os mais diversos argumentos A explicitaccedilatildeo dos uacuteltimos consensos cientiacuteficos nesta aacuterea

com disponibilizaccedilatildeo de bibliografia pode ser facilitador da adesatildeo ao programa

Uma das actividades centrais deste programa seraacute trabalhar em conjunto com os teacutecnicos de educaccedilatildeo

nomeadamente docentes das escolas baacutesicas e secundaacuterias e educadores de infacircncia sobre as

potencialidades do programa e os ganhos em sauacutede que a meacutedio e longo prazo este pode provocar na

populaccedilatildeo portuguesa

Outra tarefa importante eacute a reflexatildeo em conjunto sobre as dificuldades diagnosticadas em cada escola

para concretizar as actividades do programa na tentativa de encontrar soluccedilotildees seja atraveacutes da

resoluccedilatildeo dos obstaacuteculos seja encontrando alternativas Poderaacute acontecer natildeo ser possiacutevel executar

todas as tarefas incluiacutedas no programa Nesses casos importa decidir quais as actividades que poderatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 4

ser levadas agrave praacutetica com ecircxito Seraacute preferiacutevel concretizar algumas tarefas que nenhumas assim

como seraacute melhor realizar bem poucas tarefas do que muitas ou todas de forma deficiente

Frequentemente existe um diferencial de conhecimentos sobre estas aacutereas entre os teacutecnicos de

educaccedilatildeo e os de sauacutede Para evitar problemas eacute imperioso que os teacutecnicos de educaccedilatildeo sejam

parceiros em igualdade de circunstacircncia e natildeo sintam que tecircm um papel secundaacuterio no projecto ou

meros executores de tarefas

A eventual deacutecalage de conhecimentos sobre sauacutede oral pode ser compensado utilizando estrateacutegias de

trabalho em equipa natildeo assumindo os teacutecnicos de sauacutede papel de liacutederes do processo nem de

detentores da informaccedilatildeo cientiacutefica As teacutecnicas de trabalho em equipa devem implicam a partilha de

tarefas e lideranccedila natildeo assumindo o programa uma dimensatildeo vertical e impositiva por parte da sauacutede

As mensagens chave do programa seratildeo discutidas por todos os intervenientes Eacute muito importante que

sejam claras nos conteuacutedos e assumidas por toda a equipa em todas as situaccedilotildees de modo a tornar as

intervenccedilotildees coerentes com os objectivos do programa

Como cada comunidade e cada escola tecircm caracteriacutesticas proacuteprias o programa as actividades e o

trabalho interdisciplinar em equipa seratildeo adequados agraves condiccedilotildees objectivas e subjectivas de todos os

intervenientes o que pode tornar necessaacuterio fazer adaptaccedilotildees agrave aplicaccedilatildeo do mesmo O mesmo se

passa em relaccedilatildeo agraves mensagens que necessitam ser adaptadas a cada situaccedilatildeo e a cada contexto

Em relaccedilatildeo agrave Educaccedilatildeo para a Sauacutede a procura de soluccedilotildees para as situaccedilotildees decorrentes da

implementaccedilatildeo do programa como a sensibilizaccedilatildeo dos parceiros e a eliminaccedilatildeo de obstaacuteculos satildeo

uma das tarefas centrais dos programas e natildeo devem ser subestimadas pelos teacutecnicos de sauacutede pois

delas depende muita da eficaacutecia do projecto

A educaccedilatildeo alimentar eacute uma das vertentes centrais do programa pelo que eacute necessaacuterio sensibilizar os

professores para aspectos da vida escolar que podem afectar a sauacutede oral dos alunos como as ementas

escolares existentes no refeitoacuterio e o tipo de alimentos disponibilizado no bar

221 Componente praacutetica

Uma primeira tarefa do programa na escola seraacute a sensibilizaccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo para a

importacircncia do mesmo A explicitaccedilatildeo teoacuterica resumida dos pressupostos cientiacuteficos que legitimam a

alteraccedilatildeo do programa eacute um instrumento facilitador

Fundamental explicar as razotildees que tornam a escovagem como um actividade central do programa e

os inconvenientes de se darem suplementos de fluacuteor de forma generalizada Seremos especialmente

eficazes se nos disponibilizarmos para responder agraves questotildees e duacutevidas que os professores possam ter

Esta eacute com certeza tambeacutem uma maneira de aprofundarmos o diagnoacutestico da situaccedilatildeo e de podermos

contribuir para remover os obstaacuteculos detectados

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 5

Uma segunda tarefa consistiraacute em operacionalizar o programa com os professores de modo a construi-

lo conjuntamente As diversas tarefas devem ser planeadas e avaliadas continuamente para se fazerem

as alteraccedilotildees consideradas necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar do programa

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo e a escovagem

O Programa Nacional de Sauacutede Oral propotildee algumas alteraccedilotildees que podemos considerar profundas e

de ruptura em relaccedilatildeo ao programa anterior como sejam a aplicaccedilatildeo restrita dos suplementos

sisteacutemicos de fluoretos e a escovagem duas vezes ao dia com um dentiacutefrico fluoretado como principal

medida para uma boa sauacutede oral Estas directrizes derivam do consenso dos peritos de Sauacutede Oral

reunidos na task force coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

Eacute faacutecil de compreender que organizar a escovagem dos dentes dos alunos eacute mais trabalhoso que dar-

lhes um comprimido de fluacuteor ou ateacute do que fazer o bochecho com uma soluccedilatildeo fluoretada Para sermos

bem sucedidos seraacute fundamental actuar de forma cautelosa respeitando as caracteriacutesticas das pessoas e

os contextos em presenccedila

Como sabemos eacute difiacutecil quebrar rotinas e o programa vai implicar mais trabalho para os professores e

disponibilizaccedilatildeo de tempo para os pais e professores A adopccedilatildeo pelos Jardins de infacircncia e Escolas da

escovagem dos dentes dos alunos pelo menos uma vez dia como factor central do programa vai

possivelmente encontrar algumas resistecircncias por parte dos educadores de infacircncia e professores que

importa ir resolvendo de forma progressiva e de acordo com as dificuldades reais encontradas Estas

dificuldades podem estar relacionadas com a deficiecircncia de instalaccedilotildees ou outras mas estaraacute com

frequecircncia tambeacutem muito relacionada com aspectos psicossociais de resistecircncia agrave mudanccedila de rotinas

instaladas e com vaacuterios anos

Uma das estrateacutegias primordiais para este programa ser bem sucedido passa pela resoluccedilatildeo dos

obstaacuteculos referidos pelos teacutecnicos de educaccedilatildeo relativamente agrave escovagem nomeadamente

a possibilidade de as crianccedilas usarem as escovas de colegas podendo haver transmissatildeo de doenccedilas

como a hepatite ou outras

a ausecircncia de um local apropriado para a escovagem

a confusatildeo que a escovagem iraacute causar com eventuais situaccedilotildees de indisciplina

a dificuldade de vigiar todos os alunos durante a escovagem com a consequente possibilidade de

alguns especialmente se mais novos poderem engolir dentiacutefrico

existirem alguns alunos que devido a carecircncias econoacutemicas ou desconhecimento dos pais tecircm

escovas jaacute muito deterioradas podendo ser alvo de troccedila e humilhaccedilatildeo por parte dos colegas ou

sentindo-se os professores na necessidade de fazerem algo mas natildeo terem possibilidade de

substituiacuterem as escovas

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 6

Estes e outros argumentos poderatildeo ser reais ou apenas formas de encontrar justificaccedilotildees para natildeo

alterar rotinas no entanto eacute fundamental analisar cada situaccedilatildeo e encontrar a forma adequada de actuar

o que implica procurar em conjunto a resoluccedilatildeo do problema natildeo desvalorizando a perspectiva do

teacutecnico de educaccedilatildeo mesmo que do ponto de vista da sauacutede nos pareccedila oacutebvia a resistecircncia agrave mudanccedila e

a sua soluccedilatildeo

Se natildeo conseguirmos sensibilizar os profissionais de educaccedilatildeo para a importacircncia da escovagem e nos

limitarmos a contra-argumentar com os nossos dados e a nossa cientificidade facilmente iratildeo

encontrar outros argumentos Eacute preciso compreender que o que estaacute em causa natildeo satildeo as dificuldades

objectivas mas outro tipo de razotildees mais ou menos subjectivas relacionadas com as condiccedilotildees locais

e de contexto como por exemplo o facto de alguns professores considerarem que natildeo eacute da sua

competecircncia promover a escovagem dos dentes dos seus alunos A interacccedilatildeo pais-professores eacute

constante e pode potenciar grandemente o programa

23 Terceira vertente ndash os pais

Os pais satildeo tambeacutem intervenientes fundamentais nos programas de sauacutede oral e eacute fundamental que

sejam englobados na equipa de projecto enquanto parceiros activos na programaccedilatildeo de actividades de

modo a poder resolver-se eventuais resistecircncias que inclusive podem ser desconhecidas dos teacutecnicos e

serem devidas a idiossincracias micro-culturais Todas as estrateacutegias que sensibilizem os pais para as

medidas que se preconizam satildeo importantes Eacute fundamental que o programa seja ldquocontinuadordquo e

reforccedilado em casa e natildeo pelo contraacuterio descredibilizado pelas praacuteticas domeacutesticas

Em relaccedilatildeo aos pais os factores emocionais satildeo centrais na sua relaccedilatildeo com os filhos e com as escolhas

comportamentais quotidianas Transmitir informaccedilatildeo de forma essencialmente cognitiva por exemplo

laquonatildeo decirc lsquoBolosrsquo aos seus filhos porque satildeo alimentos que podem contribuir para o aparecimento de

caacuterie nos dentes e provocar obesidaderaquo tem muitas possibilidades de provocar efeitos perversos

negativos como seja a culpabilizaccedilatildeo dos pais e a resistecircncia agrave mudanccedila de comportamentos

Com frequecircncia os doces satildeo uma forma de dar afecto ou premiar os filhos ou ateacute servir como

substituto da impossibilidade dos pais estarem mais tempo com os filhos situaccedilatildeo que natildeo eacute com

frequecircncia consciente para os pais Os padrotildees comportamentais dos pais obedecem a inuacutemeras

componentes e soacute actuando sobre cada uma delas se conseguem resultados nas mudanccedilas de

comportamentos

Fornecer apenas informaccedilatildeo pode natildeo soacute natildeo provocar alteraccedilotildees comportamentais como criar ou

aumentar as resistecircncias agrave mudanccedila Eacute preciso adequar a informaccedilatildeo agraves diversas situaccedilotildees

caracterizando-as primeiro valorizando as componentes emocionais relacionais e contextuais dos

comportamentos natildeo culpabilizando os pais (porque isso provoca resistecircncias agrave mudanccedila natildeo soacute em

relaccedilatildeo a este programa mas a futuras intervenccedilotildees) e encontrando formas alternativas de resolver estas

situaccedilotildees utilizando soluccedilotildees que provoquem emoccedilotildees positivas em todos os intervenientes E dessa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 7

forma eacute possiacutevel ser-se eficaz respeitando os universos relacionais das famiacutelias e evitando efeitos

comportamentais paradoxais ou seja por reacccedilatildeo agrave informaccedilatildeo que os culpabiliza os pais

dessensibilizam das nossas indicaccedilotildees agravando e aumentando as praacuteticas que se desaconselham

Eacute esta uma das razotildees porque eacute tatildeo difiacutecil atingir os grupos populacionais que exactamente mais

precisavam de ser abrangido pelos programas de prevenccedilatildeo da doenccedila e promoccedilatildeo da sauacutede

Para aleacutem de se conhecerem as praacuteticas alimentares e de higiene oral que as crianccedilas e adolescentes

tecircm em casa eacute importante caracterizar as razotildees desses procedimentos Referimo-nos aos aspectos

individuais familiares culturais e contextuais Se queremos actuar sobre comportamentos eacute

fundamental conhecer as atitudes crenccedilas preconceitos estereoacutetipos e representaccedilotildees sociais que se

relacionam com as praacuteticas das famiacutelias as quais variam de famiacutelia para famiacutelia

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo podem ser colaboradores preciosos para esta caracterizaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo aos pais podemos resumir os aspectos a valorizar

Inclui-los nos diversos passos do programa

sensibiliza-los para a importacircncia da sauacutede oral respeitando os seus universos familiares e

culturais

dar suporte continuado agrave mudanccedila de comportamentos e de todos os factores que lhe estatildeo

associados

24 Quarta vertente ndash as crianccedilas

As crianccedilas e os adolescentes satildeo o principal puacuteblico-alvo do programa de sauacutede oral Sensibilizaacute-los

para as praacuteticas alimentares e de higiene oral que os peritos consideram actualmente adequadas eacute o

nosso objectivo

Como jaacute foi referido anteriormente eacute necessaacuterio ser cuidadoso na forma de comunicar com as crianccedilas

e adolescentes natildeo criticando directa ou indirectamente os conhecimentos e as praacuteticas aconselhadas

ou consentidas por pais e professores com quem eles convivem directamente e que satildeo dos principais

influenciadores dos seus comportamentos satildeo os seus modelos e constituem o seu universo de afectos

Criar clivagem na relaccedilatildeo cognitiva afectiva e emocional entre pais ou professores e crianccedilas e

adolescentes eacute algo que devemos ter sempre presente e evitar

As estrateacutegias de trabalho com as crianccedilas deveratildeo ser adaptadas agrave sua maturidade psico-cognitiva e

contexto socio-cultural Para que as actividades sejam luacutedicas e criativas adequadas agraves idades e outras

caracteriacutesticas das crianccedilas e adolescentes a contribuiccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo eacute com certeza

fundamental

Eacute muito importante ter em conta alguns aspectos educativos relativamente agrave mudanccedila de

comportamentos A participaccedilatildeo activa das crianccedilas na formulaccedilatildeo dessas actividades torna mais

eficazes os efeitos pretendidos

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 8

Pela dificuldade em mudar comportamentos principalmente de forma estaacutevel eacute aconselhaacutevel adequar

os objectivos agraves realidades Seraacute preferiacutevel actuar sobre um ou dois comportamentos sobre os quais a

caracterizaccedilatildeo inicial nos permitiu depreender que seraacute possiacutevel obtermos resultados positivos em vez

de tentar actuar sobre todos os comportamentos que desejariacuteamos alterar natildeo conseguindo alterar

nenhum deles Naturalmente estas escolhas seratildeo feitas cientificamente segundo o que a Educaccedilatildeo para

a Sauacutede preconiza nas vertentes relacionadas com as ciecircncias comportamentais (sociais e humanas)

Outro aspecto fundamental eacute a continuidade na acccedilatildeo A eficaacutecia seraacute tanto maior quanto mais

continuadas forem as actividades dando suporte agrave mudanccedila comportamental e reforccedilo agrave sua

manutenccedilatildeo A continuidade da acccedilatildeo permite conhecer melhor as situaccedilotildees os obstaacuteculos e as formas

de os remover pois cada caso eacute um caso e generalizar diminui grandemente a eficaacutecia

Deve ser dada uma atenccedilatildeo especial agraves crianccedilas com Necessidades de Sauacutede Especiais desfavorecidas

socialmente (porque vivem em bairros degradados com poucos recursos econoacutemicos pertencem a

minorias eacutetnicas ou satildeo emigrantes) ou que natildeo frequentam a escola utilizando estrateacutegias especificas

adequadas agraves suas dificuldades

25 Quinta vertente ndash a comunidade

Para os programas de Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutede a componente comunitaacuteria eacute fundamental A

participaccedilatildeo e contribuiccedilatildeo dos vaacuterios sectores da comunidade podem ser potenciadores do trabalho a

desenvolver

Dependendo das situaccedilotildees locais a Autarquia as IPSS e as ONGrsquos entre outras podem ser parceiros

de enorme valia para o desenvolvimento do programa Para isso temos que sensibilizar os liacutederes

locais para a importacircncia da sauacutede oral e do programa que se pretende incrementar explicitando como

com pequenos custos podemos obter ganhos em sauacutede a meacutedio e longo prazo

As instituiccedilotildees que organizam actividades para crianccedilas e adolescentes como os ATLrsquos associaccedilotildees

culturais desportivas e religiosas podem ser excelentes parceiros para o desenvolvimento das

actividades dependendo das caracteriacutesticas da comunidade onde se aplica o programa Os grupos de

teatro satildeo tambeacutem um excelente recurso para integrarem as actividades com as crianccedilas e os

adolescentes

26 Sexta vertente ndash os meios de comunicaccedilatildeo social

Os meios de comunicaccedilatildeo social locais e regionais se forem utilizados apropriadamente podem ser

parceiros potenciadores das actividades que se pretendem desenvolver

Mas com frequecircncia os teacutecnicos de sauacutede encontram dificuldades na relaccedilatildeo com os profissionais da

comunicaccedilatildeo social considerando que estes natildeo satildeo sensiacuteveis agraves nossas preocupaccedilotildees com a prevenccedilatildeo

da doenccedila e da promoccedilatildeo da sauacutede

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 9

Os media tecircm uma linguagem e podemos dizer uma filosofia proacuteprias que com frequecircncia natildeo satildeo

coincidentes com as nossas eacute por essa razatildeo necessaacuterio que os teacutecnicos de sauacutede se adaptem e se

possiacutevel se aperfeiccediloem na linguagem dos meacutedia Se natildeo utilizarmos adequadamente os meios de

comunicaccedilatildeo social estes podem ter um efeito contraproducente diminuindo a eficaacutecia do programa de

sauacutede oral

Algumas das dificuldades encontradas quando trabalhamos com os media especialmente as raacutedios e as

televisotildees satildeo as seguintes

na maior parte dos casos natildeo se pode transmitir muita informaccedilatildeo mesmo que seja um programa

de raacutedio de 1 ou 2 horas iria ficar muito monoacutetono e pouco atraente assim como se tornaria

confuso para os ouvintes e pouco eficaz porque com frequecircncia as pessoas desenvolvem outras

actividades enquanto ouvem raacutedio

eacute aconselhaacutevel transmitir apenas o que eacute realmente importante e faze-lo de forma muito clara

mantendo a consistecircncia sobre a hierarquia das informaccedilotildees nas diversas intervenccedilotildees ou seja que

todas os intervenientes no programa e em todas as situaccedilotildees em que intervecircm tenham um discurso

coerente e natildeo contraditoacuterio

evitar informaccedilotildees riacutegidas que culpabilizem as pessoas e natildeo respeitem os seus contextos micro-

culturais Eacute preferiacutevel suscitar alguma mudanccedila comportamental de forma progressiva que

nenhuma

com frequecircncia utilizamos o leacutexico meacutedico sem nos apercebermos que muitos cidadatildeos natildeo

conhecem termos que nos parecem simples como obesidade ou colesterol atribuindo-lhes outros

significados (portanto desconhecem que natildeo conhecem o verdadeiro significado)

se possiacutevel testar com pessoas de diversas idades e estratos socio-culturais que sejam leigas em

relaccedilatildeo a estas temaacuteticas aquilo que se preparou para a intervenccedilatildeo nos meios de comunicaccedilatildeo

social e alterar se necessaacuterio de acordo com as indicaccedilotildees que essas pessoas nos fornecerem

27 Seacutetima vertente ndash a avaliaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo deve ter iniacutecio na fase de planeamento e acompanhar todo o projecto de modo a introduzir

as alteraccedilotildees necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar das actividades

Devem fazer parte da equipa de avaliaccedilatildeo os diversos parceiros do projecto assim como pessoas

externas ao projecto e estas quando possiacutevel com formaccedilatildeo em educaccedilatildeo para a sauacutede nas aacutereas

teacutecnicas comportamentais de planeamento e avaliaccedilatildeo qualitativa e quantitativa

Satildeo fundamentais avaliaccedilotildees qualitativas e quantitativas das actividades a desenvolver e se possiacutevel

com anaacutelises comparativas ao desenrolar do projecto noutras zonas do paiacutes

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 10

3 T eacute c n i c a s d e H i g i e n e O r a l

3 1 Escovagem dos den tes ndash A escova A escovagem dos dentes deve ser efectuada com uma escova de tamanho adequado agrave boca de quem a

utiliza Habitualmente as embalagens referem as idades a que se destinam Os filamentos devem ser

de nylon com extremidades arredondadas e textura macia que quando comeccedilam a ficar deformados

obrigam agrave substituiccedilatildeo da escova Normalmente a escova quando utilizada 2 vezes por dia dura cerca

de 3-4 meses

Existem escovas manuais e eleacutectricas as quais requerem os mesmos cuidados As escovas eleacutectricas

facilitam a higiene oral das pessoas que tenham pouca destreza manual

3 2 Escovagem dos den tes ndash O den t iacute f r i co O dentiacutefrico a utilizar deve conter fluoreto numa dosagem de cerca de 1000-1500 ppm A quantidade a

utilizar em cada uma das escovagens deve ser semelhante (ou inferior) ao tamanho da unha do 5ordm dedo

(dedo mindinho) da matildeo da crianccedila

Os dentiacutefricos com sabores muito atractivos natildeo se recomendam porque podem levar as crianccedilas a

engoli-lo deliberadamente Ateacute aos 6 anos aproximadamente o dentiacutefrico deve ser colocado na escova

por um adulto Apoacutes a escovagem dos dentes eacute apenas necessaacuterio cuspir o excesso de dentiacutefrico

podendo no entanto bochechar-se com um pouco de aacutegua

33 Escovagem dos dentes no Jardim-de-infacircncia e na Escola identificaccedilatildeo e arrumaccedilatildeo das escovas e copos

Hoje em dia haacute escovas de dentes que tecircm uma tampa ou estojo com orifiacutecios que a protege Caso se

opte pela utilizaccedilatildeo destas escovas natildeo eacute necessaacuterio que fiquem na escola Os alunos poderatildeo colocaacute-

la dentro da mochila juntamente com o tubo do dentiacutefrico e transportaacute-los diariamente para a escola

O conceito de intransmissibilidade da escova de dentes deve ser reforccedilado junto das crianccedilas Se as

escovas ficarem na escola eacute essencial que estejam identificadas bastando para tal escrever no cabo da

escova o nome da crianccedila com uma caneta de tinta resistente agrave aacutegua Tambeacutem se devem identificar os

dentiacutefricos Cada aluno deveraacute ter o seu proacuteprio dentiacutefrico e os copos caso natildeo sejam descartaacuteveis

As escovas guardam-se num local seco e arejado de modo a que os pelos fiquem virados para cima e

natildeo contactem umas com as outras Cada escova pode ser colocada dentro do copo num suporte

acriacutelico ou outro material resistente agrave aacutegua em local seco e arejado

Dentiacutefricos e escovas devem estar fora do alcance das crianccedilas para evitar a troca ou ingestatildeo

acidental de dentiacutefrico Caso haja a possibilidade de utilizar copos descartaacuteveis (de cafeacute) o processo eacute

bastante simplificado (os copos de cafeacute podem ser substituiacutedos por copos de iogurte) Os produtos de

higiene oral podem ser adquiridos com a colaboraccedilatildeo da Autarquia do Centro de Sauacutede dos pais ou

ateacute de alguma empresa Se a escola tiver refeitoacuterio pode tambeacutem ser viaacutevel utilizar os copos do

refeitoacuterio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 11

34 Escovagem dos den tes ndash Organ izaccedilatildeo da ac t i v idade

A escovagem dos dentes deve ser feita diariamente no jardim-de-infacircncia e na escola apoacutes o almoccedilo agrave

entrada na sala de aula ou apoacutes o intervalo As crianccedilas poderatildeo escovar os dentes na casa de banho no

refeitoacuterio ou na proacutepria sala de aula O processo eacute simples natildeo exigindo muitas condiccedilotildees fiacutesicas das

escolas que satildeo frequentemente utilizadas para justificar a recusa desta actividade

Caso a escola tenha lavatoacuterios suficientes esta actividade pode ser feita na casa de banho Eacute necessaacuterio

definir a hora em que cada uma das salas vai utilizar esse espaccedilo Na casa de banho deveratildeo estar

apenas as crianccedilas que estatildeo a escovar os dentes Os outros esperam a sua vez em fila agrave porta Eacute

essencial que esteja algueacutem (auxiliar professoreducador ou voluntaacuterio) a vigiar para manter a ordem

organizar o processo e corrigir a teacutecnica da escovagem No final da escovagem cada crianccedila lava a

escova e o copo (se natildeo for descartaacutevel) e arruma no local destinado a esse efeito

Quando o espaccedilo fiacutesico natildeo permite que a escovagem seja feita na casa de banho esta actividade pode

ser feita na proacutepria sala de aula Nesta situaccedilatildeo se for possiacutevel utilizar copos descartaacuteveis ou copos de

iogurte facilita o processo e torna-o menos moroso Os alunos mantecircm-se sentados nas suas cadeiras

Retiram da sua mochila o estojo com a escova e o dentiacutefrico Um dos alunos distribui os copos e os

guardanapos (ou toalhetes de papel ou papel higieacutenico) Os alunos escovam os dentes todos ao mesmo

tempo podendo ateacute fazecirc-lo com muacutesica O professor deve ir corrigindo a teacutecnica de escovagem Apoacutes

a escovagem as crianccedilas cospem o excesso de dentiacutefrico para o copo limpam a boca tiram o excesso

de dentiacutefrico e saliva da escova com o papel ou o guardanapo e por fim colocam-no dentro do copo

Tapam a escova e arrumam-na em estojo proacuteprio ou na mochila juntamente com o dentiacutefrico No final

um dos alunos vai buscar um saco de lixo passa por todas as carteiras para que cada uma coloque o

seu copo no lixo Caso alguma das crianccedilas natildeo tolere o restos de dentiacutefrico na cavidade oral pode

colocar-se uma pequena porccedilatildeo de aacutegua no copo e no fim da escovagem bochecha e cospe para o

copo Os pais dos alunos devem ser instruiacutedos para se certificarem que em casa a crianccedila lava a sua

escova com aacutegua corrente e volta a colocaacute-la na mochila No sentido de facilitar o procedimento

recomenda-se que os copos sejam descartaacuteveis e as escovas tenham tampa

35 Escovagem dos den tes - A teacutecn ica A escovagem dos dentes para ser eficaz ou seja para remover a placa bacteriana necessita ser feita

com rigor e demora 2 a 3 minutos Quando se utiliza uma escova manual a escovagem faz-se da

seguinte forma

inclinar a escova em direcccedilatildeo agrave gengiva (cerca de 45ordm) e fazer pequenos movimentos vibratoacuterios

horizontais ou circulares de modo a que os pelos da escova limpem o sulco gengival (espaccedilo que

fica entre o dente e a gengiva)

se for difiacutecil manter esta posiccedilatildeo colocar os pecirclos da escova perpendicularmente agrave gengiva e agrave

superfiacutecie do dente

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 12

escovar 2 dentes de cada vez (os correspondentes ao tamanho da cabeccedila da escova) fazendo

aproximadamente 10 movimentos (ou 5 caso sejam crianccedilas ateacute aos 6 anos) nas superfiacutecies

dentaacuterias abarcadas pela escova

comeccedilar a escovagem pela superfiacutecie externa (do lado da bochecha) do dente mais posterior de um

dos maxilares e continuar a escovar ateacute atingir o uacuteltimo dente da extremidade oposta desse

maxilar

com a mesma sequecircncia escovar as superfiacutecies dentaacuterias do lado da liacutengua

proceder do mesmo modo para fazer a escovagem dos dentes do outro maxilar

escovar as superfiacutecies mastigatoacuterias dos dentes com movimentos de vaiveacutem

por fim pode escovar-se a liacutengua

Quando se utiliza uma escova de dentes eleacutectrica segue-se a mesma sequecircncia de escovagem O

movimento da escova eacute feito automaticamente natildeo deve ser feita pressatildeo ou movimentos adicionais

sobre os dentes A escova desloca-se ao longo da arcada escovando um soacute dente de cada vez A

escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluacuteor deve ser feita duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente agrave noite antes de deitar

3 6 Uso do f io den taacute r io A partir do momento em que haacute destreza manual (a partir dos 8 anos) eacute indispensaacutevel o uso do fio ou

fita dentaacuteria que se utiliza da seguinte forma

retirar cerca de 40 cm de fio (ou fita) do porta fio

enrolar a quase totalidade do fio no dedo meacutedio de uma matildeo e uma pequena porccedilatildeo no dedo meacutedio

da outra matildeo deixando entre os dois dedos uma porccedilatildeo de fio com aproximadamente 25 cm

Quando as crianccedilas satildeo mais pequenas pode retirar-se uma porccedilatildeo mais pequena de fio cerca de

30 cm dar um noacute juntando as 2 pontas formando um ciacuterculo com o fio natildeo havendo necessidade

de o enrolar nos dedos Eacute importante utilizar sempre fio limpo em cada espaccedilo interdentaacuterio Os

polegares eou os indicadores ajudam a manuseaacute-lo

introduzir o fio cuidadosamente entre dois dentes e curva-lo agrave volta do dente que se quer limpar

fazendo com que tome a forma de um ldquoCrdquo

executar movimentos curtos horizontais desde o ponto de contacto entre os dentes ateacute ao sulco

gengival em cada uma das faces que delimitam o espaccedilo interdentaacuterio

repetir este procedimento ateacute que todos os espaccedilos interdentaacuterios de todos os dentes estejam

devidamente limpos

O fio dentaacuterio deve ser utilizado uma vez por dia de preferecircncia agrave noite antes de deitar Na escola os

alunos poderatildeo a aprender a utilizar este meio de remoccedilatildeo de placa bacteriana interdentaacuterio sendo

importante envolver os pais no sentido de lhes pedir colaboraccedilatildeo e permitir que as crianccedilas o utilizem

em casa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 13

3 7 Reve lador de p laca bac te r i ana O uso de reveladores de placa bacteriana (em soluto ou em comprimidos mastigaacuteveis) permitem

avaliar a higiene oral e consequentemente melhorar as teacutecnicas de escovagem e de utilizaccedilatildeo do fio

dentaacuterio

A partir dos 6 anos de idade estes produtos podem ser usados para que as crianccedilas visualizem a placa

e mais facilmente compreendam que os seus dentes necessitam de ser cuidadosamente limpos

A eritrosina que tem a propriedade de corar de vermelho a placa bacteriana eacute um dos exemplos de

corantes que se podem utilizar Utiliza-se da seguinte forma

colocar 1 a 2 gotas por baixo da liacutengua ou mastigar um comprimido sem engolir

passar a liacutengua por todas as superfiacutecies dentaacuterias

bochechar com aacutegua

A placa bacteriana corada eacute facilmente removida atraveacutes da escovagem dos dentes e do fio dentaacuterio

Nota Para evitar que os laacutebios fiquem corados de vermelho antes de colocar o corante pode passar

batom creme gordo ou vaselina nos laacutebios

3 8 Bochecho f luore tado A partir dos 6 anos pode ser feito o bochecho quinzenal com fluoreto de soacutedio a 02 na escola da

seguinte forma

agitar a soluccedilatildeo e deitar 10 ml em cada copo e distribui-los

indicar a cada crianccedila para colocar o antebraccedilo no rebordo da mesa

introduzir a soluccedilatildeo na boca sem engolir

repousar a testa no antebraccedilo colocando o copo debaixo da boca

bochechar vigorosamente durante 1 minuto

apoacutes este periacuteodo deve ser cuspida tendo o cuidado de natildeo a engolir

Apoacutes o bochecho a crianccedila deve permanecer 30 minutos sem comer nem beber

39 Iacutendice de placa O Iacutendice de Placa (IP) eacute utilizado para quantificar a placa bacteriana em todas as superfiacutecies dentaacuterias e

reflecte os haacutebitos de higiene oral dos indiviacuteduos avaliados

Assim enquanto que um baixo Iacutendice de Placa poderaacute significar um bom impacto das acccedilotildees de

educaccedilatildeo para a sauacutede em sauacutede oral nomeadamente das relacionadas com a higiene um iacutendice

elevado sugere o contraacuterio

Em programas comunitaacuterios geralmente eacute utilizado o Iacutendice de Placa Simplificado que eacute mais raacutepido

de determinar sendo o resultado final igualmente fiaacutevel

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 14

Para se calcular o Iacutendice de Placa Simplificado eacute necessaacuterio atribuir um valor ao tamanho da placa

bacteriana existente nos seguintes 6 dentes e superfiacutecies predeterminados Maxilar superior

1 Primeiro molar superior direito - Superfiacutecie vestibular

2 Incisivo central superior direito - Superfiacutecie vestibular

3 Primeiro molar superior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

4 Primeiro molar inferior esquerdo - Superfiacutecie lingual

5 Incisivo central inferior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

6 Primeiro molar inferior direito - Superfiacutecie lingual

Para atribuir um valor ao tamanho da placa bacteriana existente em cada uma das su

acima referidas eacute necessaacuterio utilizar o revelador de placa bacteriana para a co

facilitar a sua observaccedilatildeo e respectiva classificaccedilatildeo e registo

A cada uma das superfiacutecies dentaacuterias soacute pode ser atribuiacutedo um dos seguintes valore

Valor 0

Valor 1

Valor 2

Valor 3

rarr Se a superfiacutecie do dente natildeo estaacute corada

rarr Se 13 da superfiacutecie estaacute corado

rarr Se 23 da superfiacutecie estatildeo corados

rarr Se estaacute corada toda a superfiacutecie

Feito o registo da observaccedilatildeo individual verifica-se que o somatoacuterio do conjunto de

poderaacute variar entre 0 (zero) e 18 (dezoito)

Dividindo por 6 (seis) este somatoacuterio obteacutem-se o Iacutendice de Placa Individual

Para determinar o Iacutendice de Placa de um grupo de indiviacuteduos divide-se o som

individuais pelo nuacutemero de indiviacuteduos observados multiplicado por seis (o nuacutemer

nuacutemero de dentes seleccionados por indiviacuteduo)

Assim o Iacutendice de Placa poderaacute variar entre 0 (zero) e 3 (trecircs)

Iacutendice de Placa (IP) = Somatoacuterio da classificaccedilatildeo dada a cada dente

Nordm de indiviacuteduos observados x 6

A sauacutede oral das crianccedilas e adolescentes eacute um grave problema de sauacutede puacuteblica ma

simples como as descritas neste documento executadas pelos proacuteprios eou com

encorajadas pela escola e pelos serviccedilos de sauacutede contribuem decididamente para

oral importantes e implementaccedilatildeo efectiva do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas d

Maxilar inferior

perfiacutecies dentaacuterias

rar e dessa forma

s

valores atribuiacutedos

atoacuterio dos valores

o seis representa o

s que com medidas

ajuda da famiacutelia

ganhos em sauacutede

Sauacutede Oral

e EPSrsquorsquo 15

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

F l u o r e t o s

F u n d a m e n t a ccedil atilde o e R e c o m e n d a ccedil otilde e s d a T a s k F o r c e

Documento produzido pela Task Force constituiacuteda pelo Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr

Ricardo Jorge Direcccedilatildeo-Geral de Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura Faculdade de

Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Medicina Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria

Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa e Porto Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento Instituto Superior de

Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia

Ordem dos Meacutedicos Dentistas Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria Sociedade Portuguesa de

Pediatria e os serviccedilos da DGS Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede Divisatildeo de Sauacutede Ambiental

Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

1 F l u o r e t o s

A evidecircncia cientiacutefica tem demonstrado que as mudanccedilas observadas no padratildeo da doenccedila caacuterie

dentaacuteria ocorrem pela implementaccedilatildeo de programas preventivos e terapecircuticos de acircmbito comunitaacuterio

e por estrateacutegias de acccedilatildeo especiacuteficas dirigidas a grupos de risco com criteriosa utilizaccedilatildeo dos

fluoretos

O fluacuteor eacute o elemento mais electronegativo da tabela perioacutedica e raramente existe isolado sendo por

isso habitualmente referido como fluoreto Na natureza encontra-se sob a forma de um iatildeo (F-) em

associaccedilatildeo com o caacutelcio foacutesforo alumiacutenio e tambeacutem como parte de certos silicatos como o topaacutezio

Normalmente presente nas rochas plantas ar aacuteguas e solos este elemento faz parte da constituiccedilatildeo de

alguns materiais plaacutesticos e pode tambeacutem estar presente na constituiccedilatildeo de alguns fertilizantes

contribuindo desta forma para a sua presenccedila no solo aacutegua e alimentos No solo o conteuacutedo de

fluoretos varia entre 20 e 500 ppm contudo nas camadas mais profundas o seu niacutevel aumenta No ar a

concentraccedilatildeo normal de fluoretos oscila entre 005 e 190microgm3 1

Do fluacuteor que eacute ingerido entre 75 e 90 eacute absorvido por via digestiva sendo a mucosa bucal

responsaacutevel pela absorccedilatildeo de menos de 1 Depois de absorvido passa para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea

sob a forma ioacutenica ou de compostos orgacircnicos lipossoluacuteveis A forma ioacutenica que circula livremente e

natildeo se liga agraves proteiacutenas nem aos componentes plasmaacuteticos nem aos tecidos moles eacute a que vai estar

disponiacutevel para ser absorvida pelos tecidos duros Da quantidade total de fluacuteor presente no organismo

99 encontra-se nos tecidos calcificados Entre 10 e 25 do aporte diaacuterio de fluacuteor natildeo chega a ser

absorvido vindo a ser excretado pelas fezes O fluacuteor absorvido natildeo utilizado (cerca de 50) eacute

eliminado por via renal2

O fluacuteor tem uma grande afinidade com a apatite presente no organismo com a qual cria ligaccedilotildees

fortes que natildeo satildeo irreversiacuteveis Este facto deve-se agrave facilidade com que os radicais hidroxilos da

hidroxiapatite satildeo substituiacutedos pelos iotildees fluacuteor formando fluorapatite No entanto a apatite normal do

ser humano presente no osso e dente mesmo em condiccedilotildees ideais de presenccedila de fluacuteor nunca se

aproxima da composiccedilatildeo da fluorapatite pura

Quando o fluacuteor eacute ingerido passa pela cavidade oral daiacute resultando a deposiccedilatildeo de uma determinada

quantidade nos tecidos e liacutequidos aiacute existentes A mucosa jugal as gengivas a placa bacteriana os

dentes e a saliva vatildeo beneficiar imediatamente de um aporte directo de fluacuteor que pode permitir que a

sua disponibilidade na cavidade oral se prolongue por periacuteodos mais longos Eacute um facto que a presenccedila

de fluacuteor no meio oral independentemente da sua fonte resulta numa acccedilatildeo preventiva e terapecircutica

extremamente importante

Nota 22 mg de fluoreto de soacutedio correspondem a 1 mg de fluacuteor Quando se dilui 1 mg de fluacuteor em um litro de aacutegua pura

considera-se que essa aacutegua passou a ter 1 ppm de fluacuteor

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 2

Considera-se actualmente que os benefiacutecios dos fluoretos resultam basicamente da sua acccedilatildeo toacutepica

sobre a superfiacutecie do dente enquanto a sua acccedilatildeo sisteacutemica (preacute-eruptiva) eacute muito menos importante

A acccedilatildeo preventiva e terapecircutica dos fluoretos eacute conseguida predominantemente pela sua acccedilatildeo toacutepica

quer nas crianccedilas quer nos adultos atraveacutes de trecircs mecanismos diferentes responsaacuteveis pela

bull inibiccedilatildeo do processo de desmineralizaccedilatildeo

bull potenciaccedilatildeo do processo de remineralizaccedilatildeo

bull inibiccedilatildeo da acccedilatildeo da placa bacteriana

O uso racional dos fluoretos na profilaxia da caacuterie dentaacuteria com eficaacutecia e seguranccedila baseia-se no

conhecimento actualizado dos seus mecanismos de acccedilatildeo e da sua toxicologia

Com base na evidecircncia cientiacutefica a estrateacutegia de utilizaccedilatildeo dos fluoretos em sauacutede oral foi redefinida

tendo em conta que a sua acccedilatildeo preventiva eacute predominantemente poacutes-eruptiva e toacutepica e a sua acccedilatildeo

toacutexica com repercussotildees a niacutevel dentaacuterio eacute preacute-eruptiva e sisteacutemica

Estudos epidemioloacutegicos efectuados pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) sobre os efeitos do

fluacuteor na sauacutede humana referem que valores compreendidos entre 1 e 15 ppm natildeo representam risco

acrescido Contudo valores entre 15 e 2 ppm em climas quentes poderatildeo contribuir para a ocorrecircncia

de casos de fluorose dentaacuteria e valores entre 3 a 6 ppm para o aparecimento de fluorose oacutessea

Para a OMS a concentraccedilatildeo oacuteptima de fluoretos na aacutegua quando esta eacute sujeita a fluoretaccedilatildeo deve

estar compreendida entre 05 e 15 ppm de F dependendo este valor da temperatura meacutedia do local

que condiciona a quantidade de aacutegua ingerida nas zonas mais frias o valor maacuteximo pode estar perto

do limite superior nas zonas mais quentes o valor deve estar perto do limite inferior para uma

prevenccedilatildeo eficaz da caacuterie dentaacuteria Para que os riscos de fluorose estejam diminuiacutedos os programas de

fluoretaccedilatildeo das aacuteguas devem obedecer a criteacuterios claramente definidos

Nas regiotildees onde a aacutegua da rede puacuteblica conteacutem menos de 03 ppm (mgl) de fluoretos (situaccedilatildeo mais

frequente em Portugal Continental) a dose profilaacutectica oacuteptima considerando a soma de todas as fontes

de fluoretos eacute de 005mgkgdia3

11 Toxicidade Aguda

Uma intoxicaccedilatildeo aguda pelo fluacuteor eacute uma possibilidade extremamente rara Alguns casos tecircm sido

descritos na literatura Estudos efectuados em roedores e extrapolados para o homem adulto permitem

pensar que a dose letal miacutenima de fluacuteor seja de aproximadamente 2 gramas ou 32 a 64 mgkg de peso

corporal mas para uma crianccedila bastam 15 mgkg de peso corporal 2

A partir da ingestatildeo de doses superiores a 5mgkg de peso corporal considera-se a hipoacutetese de vir a ter

efeitos toacutexicos

As crianccedilas pequenas tecircm um risco acrescido de ingerir doses de fluoretos atraveacutes do consumo de

produtos de higiene oral A ingestatildeo acidental de um quarto de um tubo com dentiacutefrico de 125 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 3

(1500 ppm de Fluacuteor) potildee em risco a vida de uma crianccedila de um ano de idade O risco de ingestatildeo

acidental por crianccedilas eacute real e eacute adjuvado pelo tipo de embalagens destes produtos que natildeo tecircm

dispositivos de seguranccedila para a sua abertura

A toxicidade aguda pelos fluoretos poderaacute manifestar-se por queixas digestivas (dor abdominal

voacutemitos hematemeses e melenas) neuroloacutegicas (tremores convulsotildees tetania deliacuterio lentificaccedilatildeo da

voz) renais (urina turva hematuacuteria) metaboacutelicas (hipocalceacutemia hipomagnesieacutemia hipercalieacutemia)

cardiovasculares (arritmias hipotensatildeo) e respiratoacuterias (depressatildeo respiratoacuteria apneias) 4

12 Toxicidade Croacutenica

A dose total diaacuteria de fluoretos administrados por via sisteacutemica isenta de risco de toxicidade croacutenica

situa-se abaixo de 005 mgkgdia de peso A partir desses valores aumentam as manifestaccedilotildees atraveacutes

do aparecimento de hipomineralizaccedilatildeo do esmalte que se revela por fluorose dentaacuteria Com

concentraccedilotildees acima de 25 ppm na aacutegua esta manifestaccedilatildeo eacute mais evidente sendo tanto mais grave

quanto a concentraccedilatildeo de fluoretos vai aumentando O periacuteodo criacutetico para o efeito toacutexico do fluacuteor se

manifestar sobre a denticcedilatildeo permanente eacute entre o nascimento e os 7 anos de idade (ateacute aos 3 anos eacute o

periacuteodo mais criacutetico) Quando existem fluoretos ateacute 3 ppm na aacutegua aleacutem da fluorose natildeo parece

existir qualquer outro efeito toacutexico na sauacutede A partir deste valor aumenta o risco de nefrotoxicidade

Como qualquer outro medicamento os fluoretos em dose excessiva tecircm efeitos toacutexicos que

normalmente se manifestam atraveacutes de uma interferecircncia na esteacutetica dentaacuteria Essa manifestaccedilatildeo eacute a

fluorose dentaacuteria

Estudos recentes sobre suplementos de fluoretos e fluorose 5 confirmam que as comunidades sem aacutegua

fluoretada e que utilizam suplementos de fluoretos durante os primeiros 6 anos de vida apresentam

um aumento do risco de desenvolver fluorose

O principal factor de risco para o aparecimento de fluorose dentaacuteria eacute o aporte total de fluoretos

provenientes de diferentes fontes nomeadamente da alimentaccedilatildeo incluindo a aacutegua e os suplementos

alimentares dentiacutefricos e soluccedilotildees para bochechos comprimidos e gotas e ingestatildeo acidental que natildeo

satildeo faacuteceis de quantificar

A fluorose dentaacuteria aumentou nos uacuteltimos anos em comunidades com e sem aacutegua fluoretada 6

2 F l u o r e t o s n a aacute g u a

2 1 Aacute g u a d e a b a s t e c i m e n t o p uacute b l i c o

A fluoretaccedilatildeo das aacuteguas para consumo humano como meio de suprir o deacutefice de fluoretos na aacutegua eacute

uma praacutetica comum em alguns paiacuteses como o Brasil Austraacutelia Canadaacute EUA e Nova Zelacircndia

Apesar de serem tatildeo diferentes quer do ponto de vista soacutecioeconoacutemico quer geograacutefico eles detecircm

uma experiecircncia superior a 25 anos neste domiacutenio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 4

Na Europa a maior parte dos paiacuteses natildeo faz fluoretaccedilatildeo das suas aacuteguas para consumo humano agrave

excepccedilatildeo da Irlanda da Suiacuteccedila (Basileia) e de 10 da populaccedilatildeo do Reino Unido Na Alemanha eacute

proibido e nos restantes paiacuteses eacute desaconselhado

Nos paiacuteses em que se faz fluoretaccedilatildeo da aacutegua alguns estudos demonstraram natildeo ter existido um ganho

efectivo na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria No entanto outros como a Austraacutelia no Estado de Victoacuteria

onde a fluoretaccedilatildeo da aacutegua se faz regularmente observaram-se ganhos efectivos na sauacutede oral da

populaccedilatildeo com consequentes ganhos econoacutemicos

Recomendaccedilatildeo Eacute indispensaacutevel avaliar a qualidade das aacuteguas de abastecimento puacuteblico periodicamente e corrigir os

paracircmetros alterados

Na aacutegua os valores das concentraccedilotildees de fluoretos estatildeo compreendidas entre 01 a 07 ppm Contudo

em alguns casos podem apresentar valores muito mais elevados

Quando a aacutegua apresenta valores de ph superiores a 8 e o iatildeo soacutedio e os carbonatos satildeo dominantes os

valores de fluoretos normalmente presentes excedem 1 ppm

Nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica os fluoretos podem existir naturalmente ou resultar de um

programa de fluoretaccedilatildeo Em Portugal Continental os valores satildeo normalmente baixos e as aacuteguas natildeo

estatildeo sujeitas a fluoretaccedilatildeo artificial O teor de fluoretos deveraacute ser controlado regularmente de modo

a preservar os interesses da sauacutede puacuteblica 7

Na definiccedilatildeo de um valor guia para a aacutegua de consumo humano a OMS propotildee o valor limite de 15

ppm de Fluacuteor referindo que valores superiores podem contribuir para o aumento do risco de fluorose

A Agecircncia Americana para o Ambiente (USEPA) refere um valor maacuteximo admissiacutevel de fluoretos na

aacutegua de consumo humano de 15 ppm e recomenda que nunca se ultrapasse os 4 ppm

Em Portugal a legislaccedilatildeo actualmente em vigor sobre a qualidade da aacutegua para consumo humano

decreto-lei nordm 23698 de 1 de Agosto define dois Valores Maacuteximos Admissiacuteveis (VMA) para os

fluoretos 15 ppm (8 a 12 ordmC) e 07 ppm (25 a 30 ordmC) O decreto-lei nordm 2432001 de 5 de Setembro

que transpotildee a Directiva Comunitaacuteria nordm 9883CE de 3 de Novembro que entrou em vigor em 25 de

Dezembro de 2003 define para os fluoretos um Valor Parameacutetrico (VP) de 15 ppm

O decreto-lei nordm 24301 remete para a Entidade Gestora a verificaccedilatildeo da conformidade dos valores

parameacutetricos obrigatoacuterios aplicaacuteveis agrave aacutegua para consumo humano Sempre que um valor parameacutetrico

eacute excedido isso corresponde a uma situaccedilatildeo de incumprimento e perante esta situaccedilatildeo a entidade

gestora deve de imediato informar a autoridade de sauacutede e a entidade competente dando conta das

medidas correctoras adoptadas ou em curso para restabelecer a qualidade da aacutegua destinada a consumo

humano

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 5

Deve ter-se em atenccedilatildeo o desvio em relaccedilatildeo ao valor parameacutetrico fixado e o perigo potencial para a

sauacutede humana

Segundo o decreto-lei supra mencionado artigo 9ordm compete agraves autoridades de sauacutede a vigilacircncia

sanitaacuteria e a avaliaccedilatildeo do risco para a sauacutede puacuteblica da qualidade da aacutegua destinada ao consumo

humano Sempre que o risco exista e o incumprimento persistir a autoridade de sauacutede deve informar e

aconselhar os consumidores afectados e determinar a proibiccedilatildeo de abastecimento restringir a

utilizaccedilatildeo da aacutegua que constitua um perigo potencial para a sauacutede humana e adoptar todas as medidas

necessaacuterias para proteger a sauacutede humana

Nos Accedilores e na Madeira ou em zonas onde o teor de fluoretos na aacutegua eacute muito elevado deveraacute ser

feita uma verificaccedilatildeo da constante e a correcccedilatildeo adequada

Os principais tratamentos de desfluoretaccedilatildeo envolvem a floculaccedilatildeo da aacutegua usando sais hidratados de

alumiacutenio principalmente em condiccedilotildees alcalinas No caso de aacuteguas aacutecidas pode-se adicionar cal e

alternativamente pode-se recorrer agrave adsorccedilatildeo com carvatildeo activado ou alumina activada ( Al2O3 ) ou

por permuta ioacutenica usando resinas especiacuteficas

Recomendaccedilatildeo Ateacute aos 6-7 anos as crianccedilas natildeo devem ingerir regularmente aacutegua com teor de fluoretos superior a 07 ppm

Recomendaccedilatildeo Sempre que o valor parameacutetrico dos fluoretos na aacutegua para consumo humano exceder 15 ppm deveratildeo ser aplicadas

medidas correctoras para restabelecer a qualidade da aacutegua

2 2 Aacute g u a s m i n e r a i s n a t u r a i s e n g a r r a f a d a s

As aacuteguas minerais naturais engarrafadas deveratildeo no futuro ter rotulagem de acordo com a Directiva

Comunitaacuteria 200340CE da Comissatildeo Europeia de 16 de Maio publicada no Jornal Oficial da Uniatildeo

Europeia em 2252003 artigo 4ordm laquo1 As aacuteguas minerais naturais cuja concentraccedilatildeo em fluacuteor for

superior a 15 mgl (ppm) devem ostentar no roacutetulo a menccedilatildeo lsquoconteacutem mais de 15 mgl (ppm) de

fluacuteor natildeo eacute adequado o seu consumo regular por lactentes nem por crianccedilas com menos de 7 anosrsquo

2 No roacutetulo a menccedilatildeo prevista no nordm 1 deve figurar na proximidade imediata da denominaccedilatildeo de

venda e em caracteres claramente visiacuteveis 3

As aacuteguas minerais naturais que em aplicaccedilatildeo do nordm 1 tiverem de ostentar uma menccedilatildeo no roacutetulo

devem incluir a indicaccedilatildeo do teor real em fluacuteor a niacutevel da composiccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica em constituintes

caracteriacutesticos tal como previsto no nordm 2 aliacutenea a) do artigo 7ordm da Directiva 80777CEEraquo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 6

Para as aacuteguas de nascente cujas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas satildeo definidas pelo Decreto-lei

2432001 de 5 de Setembro em vigor desde Dezembro de 2003 os limites para o teor de fluoretos satildeo

de 15 mgl (ppm)

De acordo com o parecer do Scientific Committee on Food - Comiteacute Cientiacutefico de Alimentaccedilatildeo

Humana (expresso em Dezembro de 1996) a Comissatildeo natildeo vecirc razotildees para nos climas da Uniatildeo

Europeia (climas temperados) limitar os fluoretos nas aacuteguas de consumo humano e nas aacuteguas minerais

naturais para valores inferiores a 15mgl (ppm)

3 F l u o r e t o s n o s g eacute n e r o s a l i m e n t iacute c i o s

Entende-se por lsquogeacutenero alimentiacuteciorsquo qualquer substacircncia ou produto transformado parcialmente

transformado ou natildeo transformado destinado a ser ingerido pelo ser humano ou com razoaacuteveis

probabilidades de o ser Este termo abrange bebidas pastilhas elaacutesticas e todas as substacircncias

incluindo a aacutegua intencionalmente incorporadas nos geacuteneros alimentiacutecios durante o seu fabrico

preparaccedilatildeo ou tratamento8 9

Na alimentaccedilatildeo as estimativas de ingestatildeo de fluacuteor atraveacutes da dieta variam entre 02 e 34 mgdia

sendo estes uacuteltimos valores atingidos quando se inclui o chaacute na alimentaccedilatildeo A ingestatildeo de fluoretos

provenientes dos alimentos comuns eacute pouco significativa Apenas 13 se apresentam na forma

ionizaacutevel e portanto biodisponiacutevel

Recomendaccedilatildeo Independentemente da origem ao utilizar aacutegua informe-se sobre o seu teor em fluoretos As que tecircm um elevado teor

deste elemento natildeo satildeo adequadas para lactentes e crianccedilas com menos de 7 anos

Recomendaccedilatildeo Dar prioridade a uma dieta equilibrada e saudaacutevel com diversidade alimentar Utilizar a aacutegua da cozedura dos

alimentos para confeccionar outros alimentos (ex sopas arroz)

No iniacutecio do ano de 2003 a Comissatildeo Europeia apresentou uma nova proposta de Directiva

Comunitaacuteria relativa agrave ldquoAdiccedilatildeo aos geacuteneros alimentiacutecios de vitaminas minerais e outras substacircnciasrdquo

onde os fluoretos satildeo referidos como podendo ser adicionados a geacuteneros alimentiacutecios comuns Nesta

proposta de Directiva Comunitaacuteria eacute sugerida a inclusatildeo de determinados nutrimentos (entre eles o

fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de geacuteneros alimentiacutecios comuns Esta proposta

prevista no Livro Branco da Comissatildeo ainda estaacute numa fase inicial de discussatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 7

4 F l u o r e t o s e m s u p l e m e n t o a l i m e n t a r

Entende-se por lsquosuplementos alimentaresrsquo geacuteneros alimentiacutecios que se destinam a complementar e ou

suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas

substacircncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisioloacutegico estremes ou combinados

comercializados em forma doseada tais como caacutepsulas pastilhas comprimidos piacutelulas e outras

formas semelhantes saquetas de poacute ampola de liacutequido frascos com conta gotas e outras formas

similares de liacutequido ou poacute que se destinam a ser tomados em unidades medidas de quantidade

reduzida10

A Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002

transposta para o direito nacional pelo Decreto-lei nordm 1362003 de 28 de Junho relativa agrave aproximaccedilatildeo

das legislaccedilotildees dos Estados-Membros respeitantes aos suplementos alimentares vai permitir a inclusatildeo

de determinados nutrimentos (entre eles o fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de

suplementos alimentares11

A partir de 28 de Agosto de 2003 os fluoretos poderatildeo ser comercializados como suplemento

alimentar passando a estar disponiacutevel em farmaacutecias e superfiacutecies comerciais

As quantidades maacuteximas de vitaminas e minerais presentes nos suplementos alimentares satildeo fixadas

em funccedilatildeo da toma diaacuteria recomendada pelo fabricante tendo em conta os seguintes elementos

a) limites superiores de seguranccedila estabelecidos para as vitaminas e os minerais apoacutes uma

avaliaccedilatildeo dos riscos efectuada com base em dados cientiacuteficos geralmente aceites tendo em

conta quando for caso disso os diversos graus de sensibilidade dos diferentes grupos de

consumidores

b) quantidade de vitaminas e minerais ingerida atraveacutes de outras fontes alimentares

c) doses de referecircncia de vitaminas e minerais para a populaccedilatildeo

Recomendaccedilatildeo Nunca ultrapassar a toma indicada no roacutetulo do produto e natildeo utilizar um suplemento alimentar como substituto de um

regime alimentar variado

As quantidades maacuteximas e miacutenimas de vitaminas e minerais referidas seratildeo adoptadas pela Comissatildeo

Europeia assistida pelo Comiteacute de Regulamentaccedilatildeo

Em Portugal a Agecircncia para a Qualidade e Seguranccedila Alimentar viraacute a ter informaccedilatildeo sobre todos os

suplementos alimentares comercializados como geacuteneros alimentiacutecios e introduzidos no mercado de

acordo com o Decreto-lei nordm 1362003

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 8

A rotulagem dos suplementos alimentares natildeo poderaacute mencionar nem fazer qualquer referecircncia a

prevenccedilatildeo tratamento ou cura de doenccedilas humanas e deveraacute indicar uma advertecircncia de que os

produtos devem ser guardados fora do alcance das crianccedilas

5 F luore tos em med icamentos e p rodutos cosmeacutet icos de h ig iene corpora l

A distinccedilatildeo entre Medicamento e Produto Cosmeacutetico de Higiene Corporal contendo fluoretos depende

do seu teor no produto Os cosmeacuteticos contecircm obrigatoriamente uma concentraccedilatildeo de fluoretos inferior

a 015 (1500 ppm) (Decreto-lei 1002001 de 28 de Marccedilo I Seacuterie A) sendo que todos os dentiacutefricos

com concentraccedilotildees de fluoretos superior a 015 satildeo obrigatoriamente classificados como

medicamentos

Os medicamentos contendo fluoretos e utilizados para a profilaxia da caacuterie dentaacuteria existentes no

mercado portuguecircs satildeo de venda livre em farmaacutecia Encontram-se disponiacuteveis nas formas

farmacecircuticas de soluccedilatildeo oral (gotas orais) comprimidos dentiacutefricos gel dentaacuterio e soluccedilatildeo de

bochecho

5 1 F l u o r e t o s e m c o m p r i m i d o s e g o t a s o r a i s

A utilizaccedilatildeo de medicamentos contendo fluoretos na forma de gotas orais e comprimidos foi ateacute haacute

pouco recomendada pelos profissionais de sauacutede (pediatras meacutedicos de famiacutelia cliacutenicos gerais

meacutedicos estomatologistas meacutedicos dentistas) dos 6 meses ateacute aos 16 anos

A clarificaccedilatildeo do mecanismo de acccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria e o aumento de

aporte dos mesmos com consequentes riscos de manifestaccedilatildeo toacutexica obrigaram agrave revisatildeo da sua

administraccedilatildeo em comprimidos eou gotas A gravidade da fluorose dentaacuteria estaacute relacionada com a

dose a duraccedilatildeo e com a idade em que ocorre a exposiccedilatildeo ao fluacuteor 12 13

A ldquoCanadian Consensus Conference on the Appropriate Use of Fluoride Supplements for the

Prevention of Dental Caries in Childrenrdquo 14definiu um protocolo cuja utilizaccedilatildeo eacute recomendada a

profissionais de sauacutede em que se fundamenta a tomada de decisatildeo sobre a necessidade ou natildeo da

suplementaccedilatildeo de fluacuteor A administraccedilatildeo de comprimidos soacute eacute recomendada quando o teor de fluoretos

na aacutegua de abastecimento puacuteblico for inferior a 03 ppm e

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) natildeo escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas

vezes por dia

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas vezes

por dia mas apresenta um alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 9

Por sua vez a conclusatildeo do laquoForum on Fluoridation 2002raquo15 relativamente agrave administraccedilatildeo de

suplementos de fluoretos foi a seguinte limitar a utilizaccedilatildeo de comprimidos de fluoretos a aacutereas onde

natildeo existe aacutegua fluoretada e iniciar essa suplementaccedilatildeo apenas a crianccedilas com alto risco agrave caacuterie e a

partir dos 3 anos

Os comprimidos de fluoretos caso sejam indicados devem ser usados pelo interesse da sua acccedilatildeo

toacutepica Devem ser dissolvidos na boca em vez de imediatamente ingeridos16

A administraccedilatildeo de fluoretos sob a forma de comprimidos chupados soacute deveraacute ser efectuada em

situaccedilotildees excepcionais isto eacute em populaccedilotildees de baixos recursos econoacutemicos nas quais a escovagem

natildeo possa ser promovida e os iacutendices de caacuterie sejam elevados

Para evitar a potencial toxicidade dos fluoretos antes de qualquer prescriccedilatildeo todos os profissionais de

sauacutede devem efectuar uma avaliaccedilatildeo personalizada dos aportes diaacuterios de cada crianccedila tendo em conta

todas as fontes possiacuteveis desse elemento alimentos comuns suplementos alimentares consumo de

aacutegua da rede puacuteblica eou aacutegua engarrafada e respectivo teor de fluoretos e utilizaccedilatildeo de medicamentos

e produtos cosmeacuteticos contendo fluacuteor

Recomendaccedilatildeo A partir dos 3 anos os suplementos sisteacutemicos de fluoretos poderatildeo ser prescritos pelo meacutedico assistente ou meacutedico dentista em crianccedilas que apresentem um alto risco

agrave caacuterie dentaacuteria

5 2 F l u o r e t o s e m d e n t iacute f r i c o s

Hoje em dia a maior parte dos dentiacutefricos agrave venda no mercado contecircm fluoretos sob diferentes formas

fluoreto de soacutedio monofluorfosfato de soacutedio fluoreto de amina e outros Os mais utilizados satildeo o

fluoreto de soacutedio e o monofluorfosfato de soacutedio

Normalmente o conteuacutedo de fluoreto dos dentiacutefricos eacute de 1000 a 1100 ppm (ou 010 a 011)

podendo variar entre 500 e 1500 ppm

Durante a escovagem cerca de 34 da pasta eacute ingerida por crianccedilas de 3 anos 28 pelas de 4-5 anos

e 20 pelas de 5-7 anos

Devem ser evitados dentiacutefricos com sabor a fruta para impedir o seu consumo em excesso uma vez

que estatildeo jaacute descritos na literatura casos de fluorose resultantes do abuso de dentiacutefricos2

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluoretos duas vezes por dia tem-se revelado um

meio colectivo de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria com grande efectividade e baixo custo pelo que deve

ser considerado o meio de eleiccedilatildeo em estrateacutegias comunitaacuterias

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 10

Do ponto de vista da prevenccedilatildeo da caacuterie a aplicaccedilatildeo toacutepica de dentiacutefrico fluoretado com a escova dos

dentes deve ser executada duas vezes por dia e deve iniciar-se quando se daacute a erupccedilatildeo dos dentes Esta

rotina diaacuteria de higiene executada naturalmente com muito cuidado pelos pais deve

progressivamente ser assumida pela crianccedila ateacute aos 6-8 anos de idade Durante este periacuteodo a

escovagem deve ser sempre vigiada pelos pais ou educadores consoante as circunstacircncias para evitar

a utilizaccedilatildeo de quantidades excessivas de dentiacutefrico o qual pode da mesma forma que os

comprimidos conduzir antes dos 6 anos agrave ocorrecircncia de fluorose

As crianccedilas devem usar dentiacutefrico com teor de fluoretos entre 1000-1500 ppm de fluoreto (dentiacutefrico

de adulto) sendo a quantidade a utilizar do tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

Apoacutes a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado pode-se natildeo bochechar com aacutegua Deveraacute

apenas cuspir-se o excesso de pasta Deste modo consegue-se uma mais alta concentraccedilatildeo de fluoreto

na cavidade oral que vai actuar topicamente durante mais tempo

Os pais das crianccedilas devem receber informaccedilatildeo sobre a escovagem dentaacuteria e o uso de dentiacutefricos

fluoretados A escovagem com dentiacutefrico fluoretado deve iniciar-se imediatamente apoacutes a erupccedilatildeo dos

primeiros dentes Os dentiacutefricos fluoretados devem ser guardados em locais inacessiacuteveis agraves crianccedilas

pequenas17

5 3 F l u o r e t o s e m s o l u ccedil otilde e s d e b o c h e c h o

As soluccedilotildees para bochechos recomendadas a partir dos 6 anos de idade tecircm sido utilizadas em

programas escolares de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria em inuacutemeros paiacuteses incluindo Portugal Satildeo

recomendadas a indiviacuteduos de maior risco agrave caacuterie dentaacuteria mas a sua utilizaccedilatildeo tem vido a ser

restringida a crianccedilas que escovam eficazmente os dentes

Recomendaccedilatildeo Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Recomendaccedilatildeo A partir dos 6 anos de idade deve ser feito o bochecho quinzenalmente com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

02

As soluccedilotildees fluoretadas de uso diaacuterio habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

005 e as de uso semanal ou quinzenal habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de 02

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 11

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 12

Referecircncias

1 Diegues P Linhas de Orientaccedilatildeo associadas agrave presenccedila de fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento 2003 Documento produzido no acircmbito da task force Sauacutede Oral e Fluacuteor Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar e na Divisatildeo de Sauacutede Ambiental da DGS 2 Melo PRGR Influecircncia de diferentes meacutetodos de administraccedilatildeo de fluoretos nas variaccedilotildees de incidecircncia de caacuterie Porto Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto 2001 Tese de doutoramento 3 Agence Francaise de Seacutecuriteacute des Produits de Santeacute Mise au point sur le fluacuteor et la prevention de la carie dentaire AFSPS 31 Juillet 2002 4 Leikin JB Paloucek FP Poisoning amp Toxicology Handbook 3th edition Hudson Lexi- Comp 2002 586-7 5 Ismail AI Bandekar RR Fluoride suplements and fluorosis a meta-analysis Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 48-56 6 Steven ML An update on Fluorides and Fluorosis J Can Dent Assoc 200369(5)268-91 7 Pinto R Cristovatildeo E Vinhais T Castro MF Teor de fluoretos nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica nas sedes de concelho de Portugal Continental Revista Portuguesa de Estomatologia Medicina Dentaacuteria e Cirurgia Maxilofacial 1999 40(3)125-42 8 Regulamento 1782002 do Parlamento Europeu e do Conselho de 28 de Janeiro Jornal Oficial das Comunidades Europeias (2002021) 9 Decreto ndash lei nordm 5601999 DR I Seacuterie A 147 (991218) 10 Decreto ndash lei nordm 1362003 DR I Seacuterie A 293 (20030628) 11 Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002 Jornal Oficial das Comunidades Europeias (20020712) 12 Aoba T Fejerskov O Dental fluorosis Chemistry and Biology Crit Rev Oral Biol Med 2002 13(2) 155-70 13 DenBesten PK Biological mechanisms of dental fluorosis relevant to the use of fluoride supplements Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 41-7 14 Limeback H Introduction to the conference Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 27-30 15 Report of the Forum of fluoridation 2002Governement of Ireland 2002 wwwfluoridationforumie 16 Featherstone JDB Prevention and reversal of dental caries role of low level fluoride Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 31-40 17 Pereira A Amorim A Peres F Peres FR Caldas IM Pereira JA Pereira ML Silva MJ Caacuteries Precoces da InfacircnciaLisboa Medisa Ediccedilotildees e Divulgaccedilotildees Cientiacuteficas Lda 2001 Bibliografia

1 Almeida CM Sugestotildees para a Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2002 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e na Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa

2 Rompante P Fundamentos para a alteraccedilatildeo do Programa de Sauacutede Oral da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Documento realizado no acircmbito da Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2003 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e no Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede ndash Norte

3 Rompante P Determinaccedilatildeo da quantidade do elemento fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento puacuteblico na totalidade das sedes de concelho de Portugal Continental Porto Faculdade de Odontologia da Universidade de Barcelona 2002 Tese de Doutoramento

4 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in Children at High Caries Risk SIGN Publication 2000 47

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Page 7: Direcção-Geral da SaúdePrograma será complementado, sempre que oportuno, por orientações técnicas a emitir por esta Direcção-Geral. O Director-Geral e Alto Comissário da

7 Actividades do programa

As actividades do programa devem ser incluiacutedas nos programas de sauacutede materna

sauacutede infantil e juvenil e sauacutede escolar ser desenvolvidas no Centro de Sauacutede e em

todos os estabelecimentos de educaccedilatildeo preacute-escolar e do ensino baacutesico puacuteblico

privado ou dependentes de estruturas oficiais da seguranccedila social

Para o desenvolvimento das actividades do programa eacute indispensaacutevel o

envolvimento dos profissionais de sauacutede de educaccedilatildeo pais ou encarregados de

educaccedilatildeo bem como das autarquias

71 Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral

711 Na gravidez

Orientaccedilatildeo A graacutevida ao cuidar da sua sauacutede oral estaacute a promover a sauacutede do seu filho

Na consulta de sauacutede materna ou de vigilacircncia da gravidez a boca da matildee deve

merecer particular atenccedilatildeo Em caso de gravidez programada a futura matildee deveraacute

fazer todos os tratamentos dentaacuterios necessaacuterios a uma boa sauacutede oral Se jaacute estiver

graacutevida e tiver dentes cariados ou doenccedila periodontal natildeo deve deixar de proceder

ao necessaacuterio tratamento

Uma boa sauacutede oral da matildee favorece a boa sauacutede oral do filho

Ainda antes de o bebeacute nascer as consultas de vigilacircncia da gravidez satildeo uma boa

oportunidade para sensibilizar os pais para a importacircncia da sauacutede oral no contexto

de uma sauacutede global Por isso as mensagens devem dar destaque aos cuidados a ter

com a alimentaccedilatildeo e a higienizaccedilatildeo da boca da crianccedila especialmente apoacutes a

erupccedilatildeo do primeiro dente

712 Do nascimento aos 3 anos de idade

Orientaccedilatildeo A higiene oral deve iniciar-se logo apoacutes a erupccedilatildeo do primeiro dente utilizando uma pequena quantidade de

dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Na consulta de sauacutede infantil ou de vigilacircncia da crianccedila efectuada pelo meacutedico

assistente eou pelo enfermeiro pretendemos sensibilizar os pais para que

incorporem na rotina de higiene diaacuteria do bebeacute tambeacutem a higiene da sua boca

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 5

Apoacutes a erupccedilatildeo do primeiro dente a higienizaccedilatildeo deve comeccedilar a ser feita pelos

pais duas vezes por dia utilizando uma gaze uma dedeira ou uma escova macia

com um dentiacutefrico fluoretado com 1000-1500 ppm (mgl) de fluoreto sendo uma

das vezes obrigatoriamente apoacutes a uacuteltima refeiccedilatildeo

A quantidade de dentiacutefrico a utilizar deve ser idecircntica ao tamanho da unha do 5ordm

dedo da matildeo da proacutepria crianccedila (dedo mindinho) Nesta fase pode permitir-se que

progressivamente e sob vigilacircncia a crianccedila comece a iniciar-se na escovagem dos

dentes

Natildeo se recomenda qualquer tipo de suplemento sisteacutemico com fluoretos

Aos pais das crianccedilas com menos de 3 anos deveraacute tambeacutem ser fornecida

informaccedilatildeo sobre alimentaccedilatildeo factores de cariogenicidade e a importacircncia de

prevenir as caacuteries precoces da infacircncia chamando a atenccedilatildeo em especial para o

facto de o bebeacute a partir do 1ordm ano de idade natildeo dever usar prolongadamente o

biberatildeo nem adormecer com ele na boca quer tenha leite farinhas ou sumos Eacute

tambeacutem particularmente importante reforccedilar a absoluta contra-indicaccedilatildeo da

utilizaccedilatildeo de chupetas com accediluacutecar ou mel

713 Dos 3 aos 6 anos de idade

Orientaccedilatildeo A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm deve ser efectuada duas vezes por dia

sendo uma delas obrigatoriamente antes de deitar

Neste periacuteodo de progressiva autonomia da crianccedila o exemplo dos pais eacute da maior

relevacircncia Na sua tentativa de imitaccedilatildeo a crianccedila vai adquirindo o haacutebito da

higiene oral Por isso nesta fase deve-se fomentar o iniacutecio da escovagem dos dentes

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico fluoretado com 1000-1500 ppm (mgl)

deve continuar a ser realizada ou supervisionada pelos pais dependendo da destreza

manual da crianccedila pelo menos duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente antes de deitar A quantidade de dentiacutefrico a utilizar deve ser

miacutenima isto eacute idecircntica ao tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

tal como se disse relativamente ao grupo etaacuterio anterior

Natildeo se recomenda qualquer tipo de suplemento sisteacutemico com fluoretos agrave excepccedilatildeo

das crianccedilas de alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 6

A qualidade da alimentaccedilatildeo eacute determinante para a maturaccedilatildeo orgacircnica e a sauacutede

fiacutesica e psicossocial Nesta fase a crianccedila adquire muitos dos comportamentos

alimentares e muitos dos erros nutricionais do adulto A diversidade na alimentaccedilatildeo

eacute a principal forma de garantir a satisfaccedilatildeo das necessidades do organismo em

nutrientes e evitar o excesso de ingestatildeo de substacircncias com riscos para a sauacutede5

Desaconselha-se o consumo de guloseimas e refrigerantes sobretudo fora das

refeiccedilotildees

Se a crianccedila fizer medicaccedilatildeo croacutenica deve dar-se preferecircncia agrave prescriccedilatildeo de

medicamentos sem accediluacutecar

7131 Dos 3 aos 6 anos no Jardim-de-infacircncia

Orientaccedilatildeo Integrar a educaccedilatildeo para sauacutede e a higiene no Projecto Educativo e efectuar uma escovagem dos dentes no

Jardim-de-infacircncia

As Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar preconizam uma

intervenccedilatildeo educativa em que a educaccedilatildeo para a sauacutede e a higiene fazem parte do

dia-a-dia do Jardim-de-infacircncia A crianccedila teraacute oportunidade de cuidar da sua

higiene e sauacutede de compreender as razotildees por que natildeo deve abusar de determinados

alimentos e ter conhecimento do funcionamento dos diferentes oacutergatildeos6

Desaconselha-se o consumo de guloseimas no Jardim-de-infacircncia

Todas as crianccedilas que frequentam os Jardins-de-infacircncia devem fazer uma das

escovagens dos dentes no estabelecimento de educaccedilatildeo sendo esta actividade

particularmente importante para as que vivem em zonas mais desfavorecidas e

apresentam caacuterie dentaacuteria

A escovagem dos dentes no Jardim-de-infacircncia tem por objectivo a

responsabilizaccedilatildeo progressiva da crianccedila pelo auto-cuidado de higiene oral Esta

actividade deveraacute estar integrada no projecto educativo do Jardim-de-infacircncia e ser

pedagogicamente dinamizada pelos educadores de infacircncia

As equipas de sauacutede escolar deveratildeo apoiar a elaboraccedilatildeo do projecto melhorar as

competecircncias dos educadores professores e pais sobre sauacutede oral bem como

orientar o desenvolvimento desta actividade

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 7

Por volta dos 6 anos comeccedilam a erupcionar os primeiros molares permanentes Pela

sua proacutepria morfologia imaturidade e dificuldade na remoccedilatildeo da placa bacteriana

das suas fissuras e fossetas estes dentes satildeo mais vulneraacuteveis agrave caacuterie Por isso

exigem uma atenccedilatildeo particular durante a erupccedilatildeo e uma teacutecnica especiacutefica de

escovagem

714 Mais de 6 anos de idade

Orientaccedilatildeo Escovar os dentes com um dentiacutefrico fluoretado com 1000 e 1500 ppm duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente antes de deitar

A partir dos 6 anos de idade a escovagem dos dentes jaacute deveraacute ser efectuada pela

crianccedila utilizando um dentiacutefrico fluoretado idecircntico ao usado pelos adultos

portanto com um teor de fluoreto entre 1000 e 1500 ppm (mgl) numa quantidade

aproximada de um (1) centiacutemetro

A escovagem dentaacuteria deveraacute ser efectuada duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente antes de deitar Se a crianccedila ainda natildeo tiver destreza manual

recomendamos que esta actividade seja apoiada ou mesmo executada pelos pais7

7141 Mais de 6 anos na escola

Orientaccedilatildeo As mensagens de promoccedilatildeo da sauacutede devem ser coincidentes com as praacuteticas da escola

Durante a escolaridade obrigatoacuteria as referecircncias agrave descoberta do corpo agrave sauacutede agrave

educaccedilatildeo alimentar agrave higiene em geral e agrave higiene oral estatildeo integradas no curriacuteculo

e nos programas escolares do 1ordm ao 9ordm ano do ensino baacutesico8

Educaccedilatildeo Alimentar

A escola tem um papel fundamental na formaccedilatildeo dos haacutebitos alimentares das

crianccedilas e dos jovens pelo que eacute transmitido dentro da sala de aula atraveacutes dos

conteuacutedos curriculares mas tambeacutem atraveacutes da influecircncia dos pares e professores e

pela forma como satildeo expostos os produtos no bufete e na cantina9

As crianccedilas e os jovens que consomem mais alimentos ricos em accediluacutecar e gorduras

e nos intervalos optam predominantemente por doces e bebidas accedilucaradas tecircm

susceptibilidade aumentada agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 8

Assim nos intervalos das aulas a oferta deveraacute possibilitar escolhas saudaacuteveis e

econoacutemicas como leite patildeo e fruta em detrimento de refrigerantes e bolos

Os princiacutepios da promoccedilatildeo da sauacutede devem constituir uma referecircncia para os

projectos de educaccedilatildeo alimentar As Escolas devem assegurar uma poliacutetica

nutricional que promova uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel com coordenaccedilatildeo entre os

serviccedilos que fornecem produtos alimentares na cantina e no bufete natildeo sendo

admissiacuteveis contradiccedilotildees entre as mensagens de educaccedilatildeo alimentar a oferta de

alimentos e a forma como satildeo confeccionados

Os projectos de educaccedilatildeo alimentar soacute ficaratildeo completos se envolverem os alunos

Eles satildeo os actores activos da pesquisa pois soacute compreendendo o que eacute uma

alimentaccedilatildeo equilibrada poderatildeo adoptar uma atitude criacutetica e selectiva na compra e

no consumo dos produtos alimentares Soacute conhecendo os direitos e deveres dos

consumidores se podem alicerccedilar praacuteticas saudaacuteveis

No 1ordm Ciclo

Os ingredientes essenciais da educaccedilatildeo alimentar na escola vatildeo desde a abordagem

dos haacutebitos alimentares agraves questotildees da alimentaccedilatildeo e sauacutede e agrave cadeia alimentar

produccedilatildeo fabrico transformaccedilatildeo distribuiccedilatildeo de alimentos conservaccedilatildeo e higiene

Todos estes aspectos podem ser desenvolvidos no estudo do meio na liacutengua

portuguesa na matemaacutetica e nas aacutereas da expressatildeo musical dramaacutetica e plaacutestica

No 2ordm e 3ordm Ciclos

A implementaccedilatildeo de um Projecto de Educaccedilatildeo Alimentar implica a mobilizaccedilatildeo dos

curriacuteculos disciplinares do maior nuacutemero possiacutevel de disciplinas

Nas Ciecircncias Naturais pode ser realccedilada a importacircncia da alimentaccedilatildeo e a sua

relaccedilatildeo com o funcionamento do corpo e a sauacutede na Histoacuteria pode ser abordada a

evoluccedilatildeo das sociedades e dos seus haacutebitos alimentares nas Ciecircncias Fiacutesico-

Quiacutemicas pode ser estimulado o interesse pelo meio fiacutesico onde os alimentos se

produzem e se transformam com possiacutevel envolvimento da Liacutengua Portuguesa da

Matemaacutetica da Geografia da Educaccedilatildeo Visual Fiacutesica e Tecnoloacutegica eou das aacutereas

curriculares natildeo disciplinares

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 9

Higiene Oral

A higiene oral deve ser abordada no contexto da aquisiccedilatildeo de comportamentos de

higiene pessoal As aprendizagens deveratildeo relacionar os saberes com as vivecircncias

dentro e fora da escola A estrutura dos programas do ensino baacutesico eacute

suficientemente aberta e flexiacutevel para atender os diversos pontos de partida os

interesses e as necessidades dos alunos assim como as caracteriacutesticas do meio

Deste modo os conteuacutedos da sauacutede oral e da higiene oral podem ser associados ao

desenvolvimento de haacutebitos de higiene pessoal e de vida saudaacutevel

No 1ordm Ciclo recomendamos que as crianccedilas faccedilam uma das escovagens dos dentes

no proacuteprio estabelecimento de ensino Esta escovagem deve ser orientada pelos

professores a quem deveraacute ser dada formaccedilatildeo para esta actividade e regularmente

pelo menos uma vez em cada trimestre supervisionada pela equipa de sauacutede escolar

Seraacute de estimular a auto-responsabilizaccedilatildeo da crianccedila pela sua higiene oral de

manhatilde e agrave noite

Escovagem dos dentes

Na escola deve ser monitorizada a execuccedilatildeo e a efectividade desta actividade A

execuccedilatildeo da escovagem pode ser monitorizada atraveacutes de um registo diaacuterio num

mapa de turma e a efectividade pode ser avaliada atraveacutes da utilizaccedilatildeo do revelador

de placa bacteriana e do caacutelculo do Iacutendice de lsquoPlaca Simplificadorsquo realizado pelos

profissionais de sauacutede10

Fio dentaacuterio

A higienizaccedilatildeo dos espaccedilos interdentaacuterios deve comeccedilar a ser feita por volta dos 9-

10 anos quando a crianccedila comeccedila a ter destreza manual para utilizar o fio dentaacuterio

A teacutecnica deve ser claramente explicada e treinada11

Bochecho fluoretado

Todas as crianccedilas e jovens que frequentam as escolas do 1ordm Ciclo do Ensino Baacutesico

devem fazer o bochecho quinzenal com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a 0212

As estrateacutegias e teacutecnicas de realizaccedilatildeo e implementaccedilatildeo na escola das medidas de

promoccedilatildeo da sauacutede oral preconizadas encontram-se descritas no Texto de Apoio

anexo a esta Circular Normativa da qual faz parte integrante

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 10

Sauacutede Oral na Adolescecircncia

No decurso da adolescecircncia em que se reorganiza a forma de estar no mundo se

reformula o autoconceito atraveacutes nomeadamente dos reforccedilos positivos da auto-

imagem a higiene oral pode desempenhar um contributo importante para esse

processo Neste periacuteodo a adesatildeo a praacuteticas adequadas em termos de sauacutede oral natildeo

passa estritamente por motivaccedilotildees de caraacutecter sanitaacuterio

Tendo isso em conta os profissionais de sauacutede ligados agraves acccedilotildees educativas e

preventivas neste domiacutenio natildeo podem deixar de valorizar as expectativas dos jovens

acerca dos laacutebios da boca e dos dentes nos planos esteacutetico e relacional

Sauacutede Oral em crianccedilas e de jovens com Necessidades de Sauacutede Especiais

A promoccedilatildeo da sauacutede oral de crianccedilas e jovens com Necessidades de Sauacutede

Especiais estaacute descrita no laquoManual de Boas Praacuteticas em Sauacutede Oralraquo editado pela

DGS13

A administraccedilatildeo de suplemento sisteacutemico de fluoretos recomendada deve ser

corrigida de acordo com as orientaccedilotildees introduzidas pelo presente documento

72 Prevenccedilatildeo das doenccedilas orais

Em sauacutede infantil e juvenil a observaccedilatildeo da boca e dos dentes feita pela equipa de

sauacutede pelo meacutedico de famiacutelia ou pelo pediatra comeccedila aos 6 meses e prolonga-se

ateacute aos 18 anos14

A estes profissionais compete reforccedilar as medidas de promoccedilatildeo da sauacutede oral

descritas anteriormente e fazer o diagnoacutestico precoce de caacuterie dentaacuteria registando

os dados na Ficha Individual de Sauacutede Oral e no Boletim de Sauacutede Infantil

Em Sauacutede Escolar tambeacutem poderaacute ser feita essa observaccedilatildeo

Face a um diagnoacutestico ou a uma suspeita de doenccedila oral a crianccedila deve ser

encaminhada para o gestor do programa no Centro de Sauacutede

Se o Centro de Sauacutede tiver higienista oral estomatologista ou meacutedico dentista eacute

feita a avaliaccedilatildeo do risco individual de caacuterie e a protecccedilatildeo dos dentes agraves crianccedilas e

jovens de alto risco

Se o Centro de Sauacutede natildeo dispuser de profissionais de sauacutede oral o gestor do

programa encaminharaacute as crianccedilas para os serviccedilos de estomatologia dos hospitais

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 11

distritais ou centrais caso tenham resposta ou para um meacutedico estomatologista

meacutedico dentista contratualizado

A partir do momento em que a crianccedila apresenta um dente com uma lesatildeo de caacuterie

dentaacuteria passa a exigir medidas preventivas e terapecircuticas especiacuteficas Apoacutes o

tratamento da lesatildeo de caacuterie essa crianccedila eacute incluiacuteda num grupo que do ponto de

vista preventivo exigiraacute maior atenccedilatildeo e acompanhamento

A protecccedilatildeo dos dentes em crianccedilas com alto risco agrave caacuterie dentaacuteria consiste na

execuccedilatildeo de uma ou mais medidas

Aplicaccedilatildeo de selantes de fissura

Suplemento de fluoretos um (1) comprimido diaacuterio de 025 mg que deve ser

dissolvido lentamente na boca agrave noite antes de deitar

Verniz de fluacuteor ou de clorohexidina

A estrateacutegia preventiva e terapecircutica do programa complementam-se com a

avaliaccedilatildeo do risco individual de caacuterie dentaacuteria

A avaliaccedilatildeo eacute feita a partir da conjugaccedilatildeo dos seguintes factores de risco evidecircncia

cliacutenica de doenccedila anaacutelise dos haacutebitos alimentares controlo da placa bacteriana

niacutevel socioeconoacutemico da famiacutelia e histoacuteria cliacutenica da crianccedila15

Factores de Risco Baixo Risco Alto Risco

Evidecircncia cliacutenica de doenccedila

Sem lesotildees de caacuterie Nenhum dente perdido devido a caacuterie Poucas ou nenhumas obturaccedilotildees

Lesotildees activas de caacuterie Extracccedilotildees devido a caacuterie Duas ou mais obturaccedilotildees Aparelho fixo de ortodontia

Anaacutelise dos haacutebitos alimentares

Ingestatildeo pouco frequente de alimentos accedilucarados

Ingestatildeo frequente de alimentos accedilucarados em particular entre as refeiccedilotildees

Utilizaccedilatildeo de fluoretos

Uso regular de dentiacutefrico fluoretado

Natildeo utilizaccedilatildeo regular de qualquer dentiacutefrico fluoretado

Controlo da placa bacteriana

Escovagem dos dentes duas ou mais vezes por dia

Natildeo escova os dentes ou faz uma escovagem pouco eficaz

Niacutevel socioeconoacutemico da famiacutelia

Meacutedio ou alto Baixo

Histoacuteria cliacutenica da crianccedila

Sem problemas de sauacutede Ausecircncia de medicaccedilatildeo croacutenica

Portador de deficiecircncia fiacutesica ou mental Ingestatildeo prolongada de medicamentos cariogeacutenicos Doenccedilas Croacutenicas Xerostomia

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 12

As crianccedilas e os jovens que natildeo se inscrevem em nenhuma das categorias anteriores

satildeo considerados de risco moderado

Os criteacuterios de avaliaccedilatildeo do risco individual de caacuterie dentaacuteria seratildeo

complementados com orientaccedilotildees teacutecnicas a emitir pela Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

73 Diagnoacutestico precoce e tratamento dentaacuterio

O diagnoacutestico precoce e os tratamentos dentaacuterios podem ser feitos no Centro de

Sauacutede nos serviccedilos de estomatologia do Hospital ou pelos meacutedicos estomatologistas

ou meacutedicos dentistas contratualizados da sua aacuterea de atracccedilatildeo

Nos Centros de Sauacutede onde existe Higienista Oral este gere os encaminhamentos

quando haacute necessidade de tratamentos e a frequecircncia da vigilacircncia da sauacutede oral das

crianccedilas e dos jovens do seu ficheiro

A contratualizaccedilatildeo com profissionais de sauacutede oral permite-nos garantir cuidados de

sauacutede oral a todas as crianccedilas em Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral

que desenvolvam caacuterie dentaacuteria

O processo seraacute implementado progressivamente O meacutedico estomatologistameacutedico

dentista responsabiliza-se pelo acompanhamento individual das crianccedilas que lhe satildeo

remetidas pelo SNS

O encaminhamento deve respeitar a liberdade de escolha do utente e a capacidade

de resposta do profissional contratualizado

8 Avaliaccedilatildeo do Programa

A avaliaccedilatildeo do programa tem periodicidade anual pelo que os indicadores a utilizar

teratildeo necessariamente que ser faacuteceis de obter e fiaacuteveis Satildeo eles que iratildeo permitir a

monitorizaccedilatildeo do programa e os avanccedilos alcanccedilados em cada regiatildeo de sauacutede e nos

diversos grupos etaacuterios

As fontes de dados satildeo nos serviccedilos puacuteblicos os registos habituais de actividades e

os mapas de sauacutede oral e sauacutede escolar nos serviccedilos privados a informaccedilatildeo

produzida pelos profissionais de sauacutede oral contratualizados registada na Ficha

Individual de Sauacutede Oral transcrita para o Mapa Anual da intervenccedilatildeo meacutedico-

dentaacuteria e enviada para o serviccedilo com quem contratualizou

A qualidade das prestaccedilotildees contratualizadas seraacute feita por avaliaccedilatildeo externa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 13

Os indicadores de avaliaccedilatildeo do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral satildeo

Percentagem de crianccedilas em programa aos 3 6 12 e 15 anos

Percentagem de crianccedilas em programa no Jardim-de-infacircncia e na Escola no 1ordm

ciclo 2ordm ciclo e 3ordm ciclo

Percentagem de crianccedilas com necessidades de tratamentos dentaacuterios

encaminhadas e tratadas

Percentagem de crianccedilas de alto risco agrave caacuterie

Percentagem de crianccedilas livres de caacuterie aos 6 anos

Iacutendice cpod e CPOD aos 6 anos

Iacutendice CPOD aos 12 anos

Esta avaliaccedilatildeo anual natildeo substitui as avaliaccedilotildees quinquenais de acircmbito nacional que a

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede com as Administraccedilotildees Regionais de Sauacutede e as Secretarias

Regionais continuaratildeo a realizar

9 Disposiccedilotildees finais e transitoacuterias

Para efeito de avaliaccedilatildeo do estado dentaacuterio e de avaliaccedilatildeo do risco seratildeo elaborados

suportes de informaccedilatildeo para serem utilizados por todos os sectores intervenientes

no programa e em todos os niacuteveis de produccedilatildeo de informaccedilatildeo

Do niacutevel local ao niacutevel central a informaccedilatildeo iraacute sendo agrupada em mapas de modo

a podermos construir indicadores de niacuteveis de resultados

Os dois Textos de Apoio anexos a este programa ldquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de

Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutederdquo e ldquoFluoretos Fundamentaccedilatildeo e

recomendaccedilatildeordquo suportam as alteraccedilotildees introduzidas e apontam formas de

implementar a estrateacutegia definida no Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede

Oral

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 14

Consenso sobre a utilizaccedilatildeo de fluoretoslowast no acircmbito do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral

Generalidades

O fluacuteor tem comprovada importacircncia na reduccedilatildeo da prevalecircncia e gravidade da caacuterie A

estrateacutegia da sua utilizaccedilatildeo em sauacutede oral foi redefinida com base em novas evidecircncias

cientiacuteficas Actualmente considera-se que a sua acccedilatildeo preventiva e terapecircutica eacute toacutepica

e poacutes-eruptiva e que para se obter este efeito toacutepico o dentiacutefrico fluoretado constitui a

opccedilatildeo consensual

Os fluoretos quando administrados por via sisteacutemica podem ter efeitos toacutexicos em

particular antes dos 6 anos Embora as consequecircncias sejam essencialmente de ordem

esteacutetica eacute revista a sua administraccedilatildeo

Nas crianccedilas com idades iguais ou inferiores a 6 anos que cumprem as exigecircncias

habituais da higiene oral isto eacute escovam os dentes usando dentiacutefrico fluoretado a

concomitante administraccedilatildeo de comprimidos ou gotas aumenta o risco de fluorose

dentaacuteria

As recomendaccedilotildees da Task Force sobre a utilizaccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da

caacuterie integradas no Programa Nacional de Sauacutede Oral satildeo as seguintes

a) Eacute dada prioridade agraves aplicaccedilotildees toacutepicas sob a forma de dentiacutefricos administrados na

escovagem dos dentes Estas aplicaccedilotildees devem ser efectuadas desde a erupccedilatildeo dos

dentes e de acordo com as regras expostas na tabela anexa

b) Os comprimidos anteriormente recomendados no acircmbito do Programa de Promoccedilatildeo

da Sauacutede Oral nas Crianccedilas e nos Adolescentes (CN nordm 6DSE de 200599) soacute

seratildeo administrados apoacutes os 3 anos a crianccedilas de alto risco agrave caacuterie dentaacuteria Nesta

situaccedilatildeo os comprimidos devem ser dissolvidos na boca lentamente

preferencialmente antes de deitar As acccedilotildees de educaccedilatildeo para a sauacutede devem

prioritariamente promover a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado

lowast Das Faculdades de Medicina Dentaacuteria de Lisboa Porto e Coimbra Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Coleacutegio de Estomatologia da Ordem dos Meacutedicos Ordem dos Meacutedicos Dentistas e Sociedade Portuguesa de Pediatria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 15

c) Em nenhum dos casos estaacute recomendada a administraccedilatildeo de fluoretos sisteacutemicos agraves

graacutevidas agraves crianccedilas antes dos 3 anos e agraves que em qualquer idade consumam aacutegua

com teor de fluoreto superior a 03 ppm

Recomendaccedilotildees sobre a utilizaccedilatildeo de fluoretos no acircmbito do PNPSO

RECOMEN-

DACcedilOtildeES

Frequecircncia da

escovagem dos dentes

Material utilizado na escovagem dos dentes

Execuccedilatildeo da escovagem dos dentes

Dentiacutefrico fluoretado

Suplemento sisteacutemico de

fluoretos

0-3 Anos 2 x dia

a partir da erupccedilatildeo do 1ordm dente

uma obrigatoria-mente antes

de deitar

Gaze Dedeira

Escova macia

de tamanho pequeno

Pais

1000-1500 ppm

quantidade idecircntica ao tamanho da

unha do 5ordm dedo da crianccedila

Natildeo recomendado

3-6 Anos 2 x dia

uma

obrigatoria-mente antes

de deitar

Escova macia

de tamanho adequado agrave

boca da crianccedila

Pais eou Crianccedila

a partir do

momento em que a crianccedila

adquire destreza

manual faz a escovagem sob

supervisatildeo

1000-1500 ppm

quantidade idecircntica ao tamanho da

unha do 5ordm dedo da crianccedila

Natildeo recomendado

Excepcionalmente as crianccedilas de alto

risco agrave caacuterie dentaacuteria podem fazer

1 (um) comprimido diaacuterio de fluoreto de soacutedio a 025 mg

Mais de 6 Anos

2 x dia

uma

obrigatoria-mente antes

de deitar

Escova macia

ou em alternativa

meacutedia

de tamanho adequado agrave

boca da crianccedila ou do

jovem

Crianccedila eou Pais

se a crianccedila

natildeo tiver adquirido destreza

manual a escovagem

tem que ter a intervenccedilatildeo

activa dos pais

1000-1500 ppm

quantidade aproximada de 1 centiacutemetro

Natildeo recomendado

Excepcionalmente as crianccedilas de alto

risco agrave caacuterie dentaacuteria podem fazer

1 (um) comprimido diaacuterio de fluoreto de soacutedio a 025 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 16

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 17

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11 Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede O uso do fio dentaacuterio previne algumas doenccedilas orais Lisboa DGS 1993

12 Direcccedilatildeo-Geral dos Cuidados de Sauacutede Primaacuterios Bochecho fluoretado ndash Guia Praacutetico do Professor Lisboa DGS 1992

13 Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Divisatildeo de Sauacutede Escolar Manual de Boas Praacuteticas em Sauacutede Oral para quem trabalha com Crianccedilas e Jovens com Necessidades de Sauacutede Especiais Lisboa DGS 2002 httpwwwdgsaudept

14 Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Sauacutede Infantil e Juvenil Programa-Tipo de Actuaccedilatildeo Lisboa DGS2002 (Orientaccedilotildees Teacutecnicas 12) httpwwwdgsaudept

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Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 20

Agradecimentos

A Task Force que colaborou na revisatildeo do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral coordenada pela Drordf Gregoacuteria Paixatildeo von Amann e pela Higienista Oral Cristina Ferreira Caacutedima da Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede contou com a prestimosa colaboraccedilatildeo teacutecnica e cientiacutefica de

Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge representado pela Drordf Dirce Silveira

Direcccedilatildeo-Geral da Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura representada pela Engordf Maria de Lourdes Camilo

Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa representada pelo Prof Doutor Paulo Melo

Faculdade de Medicina de Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria representada pelo Dr Francisco Delille

Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade de Lisboa representada pelo Prof Doutor Ceacutesar Mexia de Almeida

Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto representada pelo Prof Doutor Fernando M Peres

Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento representado pela Drordf Ana Arauacutejo

Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede - Norte representado pelo Prof Doutor Paulo Rompante

Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede - Sul representado pela Profordf Doutora Fernanda Mesquita

Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia representada pelo Dr Alexandre Loff Seacutergio

Ordem dos Meacutedicos Dentistas representada pelo Prof Doutor Paulo Melo

Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria representada pelo Prof Doutor Ceacutesar Mexia de Almeida

Sociedade Portuguesa de Pediatria representada pelo Dr Manuel Salgado

Serviccedilos da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede representada pela Drordf Anabela Lopes Divisatildeo de Sauacutede Ambiental representada pelo Engordm Paulo Diegues e a Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede representada pelo Dr Pedro Ribeiro da Silva

Pelas sugestotildees e correcccedilotildees introduzidas o nosso agradecimento agrave Profordf Doutora Isabel Loureiro ao Dr Vasco Prazeres Drordf Leonor Sassetti Drordf Ana Paula Ramalho Correia Dr Rui Calado Drordf Maria Otiacutelia Riscado Duarte Dr Joatildeo Breda e ao Sr Viacutetor Alves que concebeu o logoacutetipo do programa

A todos a Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede e a Divisatildeo de Sauacutede Escolar agradecem

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

E s t r a t eacute g i a s e T eacute c n i c a s d e E d u c a ccedil atilde o e P r o m o ccedil atilde o

d a S a uacute d e

Documento produzido no acircmbito dos trabalhos da Task Force pela Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede Dr

Pedro Ribeiro da Silva e Dr Joatildeo Breda e pela Higienista Oral Cristina Ferreira Caacutedima e Drordf Gregoacuteria Paixatildeo von Amann da

Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede que coordenou os trabalhos

1 Preacircmbulo

Os Programas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede tecircm por objectivo capacitar as pessoas a tomarem decisotildees no

seu quotidiano que se revelem as mais adequadas para manter ou alargar o seu potencial de sauacutede

Para se atingir este objectivo fornece-se informaccedilatildeo e utilizam-se metodologias que facilitem e decircem

suporte agraves mudanccedilas comportamentais e agrave manutenccedilatildeo das praacuteticas consideradas saudaacuteveis

Mas a mudanccedila de comportamentos natildeo eacute faacutecil depende de factores sociais culturais familiares

entre muitos outros e natildeo apenas do conhecimento cientiacutefico que as pessoas possuam sobre

determinada mateacuteria

Esta dificuldade eacute bem patente quando como no presente caso se pretende intervir sobre

comportamentos relacionados com a alimentaccedilatildeo e a escovagem dos dentes

Quando os pais datildeo aos filhos patildeo achocolatado ou outros alimentos accedilucarados para levarem para a

escola estatildeo com frequecircncia a dar natildeo apenas um alimento mas tambeacutem e ateacute talvez

principalmente afecto tentando colmatar lacunas que possam ter na relaccedilatildeo com os seus filhos

mesmo que natildeo tenham consciecircncia desse facto

Podem tambeacutem dar este tipo de alimento por terem dificuldade de encontrar tempo para confeccionar

uma sandes ou outro alimento e os anteriormente referidos estatildeo sempre prontos a serem colocados na

mochila da crianccedila

Eacute importante desenvolvermos estrateacutegias de Educaccedilatildeo para a Sauacutede que natildeo culpabilizem os pais

porque estes intrinsecamente desejam sempre o melhor para os seus filhos embora natildeo consigam por

vezes colocaacute-lo em praacutetica

Devido agrave complexidade que eacute actuar sobre comportamentos individuais para se aumentar a eficiecircncia

das nossas praacuteticas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede torna-se fulcral utilizar metodologias alargadas a vaacuterios

parceiros e sectores da comunidade de forma articulada e continuada para que progressivamente

possamos ir obtendo resultados

Como propotildee Nancy Russel no seu Manual de Educaccedilatildeo para a Sauacutede ldquoPara desenhar um

programa de Educaccedilatildeo para a Sauacutede eacute necessaacuterio ter conhecimentos sobre comportamentos e sobre

os factores que produzem a mudanccedilardquo E continua explicitando ldquoAs teorias da mudanccedila de

comportamento que podem ser aplicadas em Educaccedilatildeo para a Sauacutede foram elaboradas a partir de

uma variedade de aacutereas incluindo a psicologia a sociologia a antropologia a comunicaccedilatildeo e o

marketing Nenhuma teoria ou rede de conceitos domina por si soacute a investigaccedilatildeo ou a praacutetica da

Educaccedilatildeo para a Sauacutede Provavelmente porque os comportamentos de sauacutede satildeo demasiado

complexos para serem explicados por uma uacutenica teoriardquo (19968)

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 2

2 Metodologias para Desenvolvimento da Acccedilatildeo

21 Primeira vertente ndash O diagnoacutestico de situaccedilatildeo

A primeira etapa de actuaccedilatildeo eacute de grande importacircncia para a continuidade das outras actividades e

podemos resumi-la a um bom diagnoacutestico de situaccedilatildeo que permita conhecer em pormenor a realidade

sobre a qual se pretende actuar

I - Eacute importante estabelecer como uma das primeiras actividades a anaacutelise de duas vertentes com

grande influecircncia na sauacutede oral os haacutebitos culturais das famiacutelias relativamente agrave alimentaccedilatildeo e as

praacuteticas de higiene oral dos adultos e das crianccedilas

II - Um segundo aspecto relaciona-se com os tipos de interacccedilatildeo entre professores ou

educadores de infacircncia e pais No caso de essa interacccedilatildeo ser regular e organizada importa saber como

reagem os pais agraves indicaccedilotildees dos professores sobre os aspectos comportamentais das crianccedilas e que

efeito e eficaacutecia tecircm essas acccedilotildees na capacitaccedilatildeo de pais e filhos relativamente aos comportamentos

relacionados com a sauacutede oral

Actividades a desenvolverem

a) estudar as formas de melhorar a relaccedilatildeo entre pais e professores procurando resolver as

dificuldades que com frequecircncia os pais apresentam como obstaacuteculos ao contacto mais regular

com os professores

b) analisar a eficaacutecia das recomendaccedilotildees dadas procurando as razotildees que possam estar na origem

de situaccedilotildees de menor eficaacutecia como o desfasamento entre as recomendaccedilotildees e o contexto

familiar e cultural das crianccedilas ou recomendaccedilotildees muito teacutecnicas ou paternalistas Todas estas

situaccedilotildees podem provocar resistecircncias nas famiacutelias agrave adesatildeo agraves praacuteticas desejaacuteveis relativamente

ao programa de sauacutede oral Esta temaacutetica da Educaccedilatildeo para a Sauacutede e as praacuteticas

comportamentais eacute muito complexa mas fundamental para se conseguirem resultados ao niacutevel

dos comportamentos

III - Outra componente a analisar satildeo os aspectos sociais dos consumos alimentares que possam

estar relacionados com situaccedilotildees locais como campanhas publicitaacuterias ou de promoccedilatildeo de

determinados alimentos potencialmente cariogeacutenicos nos estabelecimentos da zona Oferta pouco

adequada de alimentos na cantina da escola com existecircncia preponderante de alimentos e bebidas

accedilucaradas A confecccedilatildeo das refeiccedilotildees no refeitoacuterio com pouca oferta de fruta legumes e vegetais e

preponderacircncia de sobremesas doces

Segundo o Modelo Precede de Green existem 3 etapas a contemplar num diagnoacutestico de situaccedilatildeo

middot diagnoacutestico epidemioloacutegico necessaacuterio para a identificaccedilatildeo dos problemas de sauacutede sobre os

quais se vai actuar como sejam os iacutendices de caacuterie fluorose dentaacuteria e outros

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 3

middot diagnoacutestico social que corresponde agrave identificaccedilatildeo das situaccedilotildees sociais existentes na comunidade

onde se desenvolve a actividade que podem contribuir para os problemas de sauacutede oral detectados

ou que se pretende prevenir

middot diagnoacutestico comportamental para identificaccedilatildeo dos vaacuterios padrotildees comportamentais que possam

estar relacionados com os problemas de sauacutede oral inventariados

A este diagnoacutestico de problemas eacute importante associar-se a identificaccedilatildeo de necessidades da

populaccedilatildeo-alvo da acccedilatildeo

Apesar da prevalecircncia das doenccedilas orais e da necessidade deste Programa Nacional em algumas

comunidades poderatildeo existir vaacuterios outros problemas de sauacutede mais graves ou mais prevalentes e

neste caso importa fazer uma avaliaccedilatildeo dos recursos e das possibilidades de eficaacutecia dando prioridade

aos grupos e agraves situaccedilotildees mais graves e de maior amplitude Outro factor a ter em conta na decisatildeo

relaciona-se com a capacidade de alterar as causas comportamentais ou factores de risco pelo

programa educacional

Apoacutes a avaliaccedilatildeo das necessidades deveratildeo ser estabelecidas as prioridades tendo em conta os

problemas de sauacutede identificados a capacidade de alteraccedilatildeo dos factores de risco comportamentais e

outros Eacute muito importante associar-se agrave definiccedilatildeo de prioridades de actuaccedilatildeo a caracterizaccedilatildeo dos sub-

grupos existentes e as diferentes estrateacutegias apropriadas a cada uma dessas populaccedilotildees alvo

22 Segunda vertente ndash os teacutecnicos de educaccedilatildeo

Todos os parceiros satildeo importantes para o desenvolvimento dos programas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede

mas no caso especiacutefico da sauacutede oral os teacutecnicos de Educaccedilatildeo satildeo fundamentais Eacute por esta razatildeo

tarefa prioritaacuteria sensibilizaacute-los e englobaacute-los no desenho dos programas desde o iniacutecio

Sabemos atraveacutes das nossas praacuteticas anteriores que nem sempre os teacutecnicos de educaccedilatildeo aderem a

algumas das actividades dos programas de sauacutede oral propostas pelos teacutecnicos de sauacutede utilizando

para isso os mais diversos argumentos A explicitaccedilatildeo dos uacuteltimos consensos cientiacuteficos nesta aacuterea

com disponibilizaccedilatildeo de bibliografia pode ser facilitador da adesatildeo ao programa

Uma das actividades centrais deste programa seraacute trabalhar em conjunto com os teacutecnicos de educaccedilatildeo

nomeadamente docentes das escolas baacutesicas e secundaacuterias e educadores de infacircncia sobre as

potencialidades do programa e os ganhos em sauacutede que a meacutedio e longo prazo este pode provocar na

populaccedilatildeo portuguesa

Outra tarefa importante eacute a reflexatildeo em conjunto sobre as dificuldades diagnosticadas em cada escola

para concretizar as actividades do programa na tentativa de encontrar soluccedilotildees seja atraveacutes da

resoluccedilatildeo dos obstaacuteculos seja encontrando alternativas Poderaacute acontecer natildeo ser possiacutevel executar

todas as tarefas incluiacutedas no programa Nesses casos importa decidir quais as actividades que poderatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 4

ser levadas agrave praacutetica com ecircxito Seraacute preferiacutevel concretizar algumas tarefas que nenhumas assim

como seraacute melhor realizar bem poucas tarefas do que muitas ou todas de forma deficiente

Frequentemente existe um diferencial de conhecimentos sobre estas aacutereas entre os teacutecnicos de

educaccedilatildeo e os de sauacutede Para evitar problemas eacute imperioso que os teacutecnicos de educaccedilatildeo sejam

parceiros em igualdade de circunstacircncia e natildeo sintam que tecircm um papel secundaacuterio no projecto ou

meros executores de tarefas

A eventual deacutecalage de conhecimentos sobre sauacutede oral pode ser compensado utilizando estrateacutegias de

trabalho em equipa natildeo assumindo os teacutecnicos de sauacutede papel de liacutederes do processo nem de

detentores da informaccedilatildeo cientiacutefica As teacutecnicas de trabalho em equipa devem implicam a partilha de

tarefas e lideranccedila natildeo assumindo o programa uma dimensatildeo vertical e impositiva por parte da sauacutede

As mensagens chave do programa seratildeo discutidas por todos os intervenientes Eacute muito importante que

sejam claras nos conteuacutedos e assumidas por toda a equipa em todas as situaccedilotildees de modo a tornar as

intervenccedilotildees coerentes com os objectivos do programa

Como cada comunidade e cada escola tecircm caracteriacutesticas proacuteprias o programa as actividades e o

trabalho interdisciplinar em equipa seratildeo adequados agraves condiccedilotildees objectivas e subjectivas de todos os

intervenientes o que pode tornar necessaacuterio fazer adaptaccedilotildees agrave aplicaccedilatildeo do mesmo O mesmo se

passa em relaccedilatildeo agraves mensagens que necessitam ser adaptadas a cada situaccedilatildeo e a cada contexto

Em relaccedilatildeo agrave Educaccedilatildeo para a Sauacutede a procura de soluccedilotildees para as situaccedilotildees decorrentes da

implementaccedilatildeo do programa como a sensibilizaccedilatildeo dos parceiros e a eliminaccedilatildeo de obstaacuteculos satildeo

uma das tarefas centrais dos programas e natildeo devem ser subestimadas pelos teacutecnicos de sauacutede pois

delas depende muita da eficaacutecia do projecto

A educaccedilatildeo alimentar eacute uma das vertentes centrais do programa pelo que eacute necessaacuterio sensibilizar os

professores para aspectos da vida escolar que podem afectar a sauacutede oral dos alunos como as ementas

escolares existentes no refeitoacuterio e o tipo de alimentos disponibilizado no bar

221 Componente praacutetica

Uma primeira tarefa do programa na escola seraacute a sensibilizaccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo para a

importacircncia do mesmo A explicitaccedilatildeo teoacuterica resumida dos pressupostos cientiacuteficos que legitimam a

alteraccedilatildeo do programa eacute um instrumento facilitador

Fundamental explicar as razotildees que tornam a escovagem como um actividade central do programa e

os inconvenientes de se darem suplementos de fluacuteor de forma generalizada Seremos especialmente

eficazes se nos disponibilizarmos para responder agraves questotildees e duacutevidas que os professores possam ter

Esta eacute com certeza tambeacutem uma maneira de aprofundarmos o diagnoacutestico da situaccedilatildeo e de podermos

contribuir para remover os obstaacuteculos detectados

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 5

Uma segunda tarefa consistiraacute em operacionalizar o programa com os professores de modo a construi-

lo conjuntamente As diversas tarefas devem ser planeadas e avaliadas continuamente para se fazerem

as alteraccedilotildees consideradas necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar do programa

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo e a escovagem

O Programa Nacional de Sauacutede Oral propotildee algumas alteraccedilotildees que podemos considerar profundas e

de ruptura em relaccedilatildeo ao programa anterior como sejam a aplicaccedilatildeo restrita dos suplementos

sisteacutemicos de fluoretos e a escovagem duas vezes ao dia com um dentiacutefrico fluoretado como principal

medida para uma boa sauacutede oral Estas directrizes derivam do consenso dos peritos de Sauacutede Oral

reunidos na task force coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

Eacute faacutecil de compreender que organizar a escovagem dos dentes dos alunos eacute mais trabalhoso que dar-

lhes um comprimido de fluacuteor ou ateacute do que fazer o bochecho com uma soluccedilatildeo fluoretada Para sermos

bem sucedidos seraacute fundamental actuar de forma cautelosa respeitando as caracteriacutesticas das pessoas e

os contextos em presenccedila

Como sabemos eacute difiacutecil quebrar rotinas e o programa vai implicar mais trabalho para os professores e

disponibilizaccedilatildeo de tempo para os pais e professores A adopccedilatildeo pelos Jardins de infacircncia e Escolas da

escovagem dos dentes dos alunos pelo menos uma vez dia como factor central do programa vai

possivelmente encontrar algumas resistecircncias por parte dos educadores de infacircncia e professores que

importa ir resolvendo de forma progressiva e de acordo com as dificuldades reais encontradas Estas

dificuldades podem estar relacionadas com a deficiecircncia de instalaccedilotildees ou outras mas estaraacute com

frequecircncia tambeacutem muito relacionada com aspectos psicossociais de resistecircncia agrave mudanccedila de rotinas

instaladas e com vaacuterios anos

Uma das estrateacutegias primordiais para este programa ser bem sucedido passa pela resoluccedilatildeo dos

obstaacuteculos referidos pelos teacutecnicos de educaccedilatildeo relativamente agrave escovagem nomeadamente

a possibilidade de as crianccedilas usarem as escovas de colegas podendo haver transmissatildeo de doenccedilas

como a hepatite ou outras

a ausecircncia de um local apropriado para a escovagem

a confusatildeo que a escovagem iraacute causar com eventuais situaccedilotildees de indisciplina

a dificuldade de vigiar todos os alunos durante a escovagem com a consequente possibilidade de

alguns especialmente se mais novos poderem engolir dentiacutefrico

existirem alguns alunos que devido a carecircncias econoacutemicas ou desconhecimento dos pais tecircm

escovas jaacute muito deterioradas podendo ser alvo de troccedila e humilhaccedilatildeo por parte dos colegas ou

sentindo-se os professores na necessidade de fazerem algo mas natildeo terem possibilidade de

substituiacuterem as escovas

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 6

Estes e outros argumentos poderatildeo ser reais ou apenas formas de encontrar justificaccedilotildees para natildeo

alterar rotinas no entanto eacute fundamental analisar cada situaccedilatildeo e encontrar a forma adequada de actuar

o que implica procurar em conjunto a resoluccedilatildeo do problema natildeo desvalorizando a perspectiva do

teacutecnico de educaccedilatildeo mesmo que do ponto de vista da sauacutede nos pareccedila oacutebvia a resistecircncia agrave mudanccedila e

a sua soluccedilatildeo

Se natildeo conseguirmos sensibilizar os profissionais de educaccedilatildeo para a importacircncia da escovagem e nos

limitarmos a contra-argumentar com os nossos dados e a nossa cientificidade facilmente iratildeo

encontrar outros argumentos Eacute preciso compreender que o que estaacute em causa natildeo satildeo as dificuldades

objectivas mas outro tipo de razotildees mais ou menos subjectivas relacionadas com as condiccedilotildees locais

e de contexto como por exemplo o facto de alguns professores considerarem que natildeo eacute da sua

competecircncia promover a escovagem dos dentes dos seus alunos A interacccedilatildeo pais-professores eacute

constante e pode potenciar grandemente o programa

23 Terceira vertente ndash os pais

Os pais satildeo tambeacutem intervenientes fundamentais nos programas de sauacutede oral e eacute fundamental que

sejam englobados na equipa de projecto enquanto parceiros activos na programaccedilatildeo de actividades de

modo a poder resolver-se eventuais resistecircncias que inclusive podem ser desconhecidas dos teacutecnicos e

serem devidas a idiossincracias micro-culturais Todas as estrateacutegias que sensibilizem os pais para as

medidas que se preconizam satildeo importantes Eacute fundamental que o programa seja ldquocontinuadordquo e

reforccedilado em casa e natildeo pelo contraacuterio descredibilizado pelas praacuteticas domeacutesticas

Em relaccedilatildeo aos pais os factores emocionais satildeo centrais na sua relaccedilatildeo com os filhos e com as escolhas

comportamentais quotidianas Transmitir informaccedilatildeo de forma essencialmente cognitiva por exemplo

laquonatildeo decirc lsquoBolosrsquo aos seus filhos porque satildeo alimentos que podem contribuir para o aparecimento de

caacuterie nos dentes e provocar obesidaderaquo tem muitas possibilidades de provocar efeitos perversos

negativos como seja a culpabilizaccedilatildeo dos pais e a resistecircncia agrave mudanccedila de comportamentos

Com frequecircncia os doces satildeo uma forma de dar afecto ou premiar os filhos ou ateacute servir como

substituto da impossibilidade dos pais estarem mais tempo com os filhos situaccedilatildeo que natildeo eacute com

frequecircncia consciente para os pais Os padrotildees comportamentais dos pais obedecem a inuacutemeras

componentes e soacute actuando sobre cada uma delas se conseguem resultados nas mudanccedilas de

comportamentos

Fornecer apenas informaccedilatildeo pode natildeo soacute natildeo provocar alteraccedilotildees comportamentais como criar ou

aumentar as resistecircncias agrave mudanccedila Eacute preciso adequar a informaccedilatildeo agraves diversas situaccedilotildees

caracterizando-as primeiro valorizando as componentes emocionais relacionais e contextuais dos

comportamentos natildeo culpabilizando os pais (porque isso provoca resistecircncias agrave mudanccedila natildeo soacute em

relaccedilatildeo a este programa mas a futuras intervenccedilotildees) e encontrando formas alternativas de resolver estas

situaccedilotildees utilizando soluccedilotildees que provoquem emoccedilotildees positivas em todos os intervenientes E dessa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 7

forma eacute possiacutevel ser-se eficaz respeitando os universos relacionais das famiacutelias e evitando efeitos

comportamentais paradoxais ou seja por reacccedilatildeo agrave informaccedilatildeo que os culpabiliza os pais

dessensibilizam das nossas indicaccedilotildees agravando e aumentando as praacuteticas que se desaconselham

Eacute esta uma das razotildees porque eacute tatildeo difiacutecil atingir os grupos populacionais que exactamente mais

precisavam de ser abrangido pelos programas de prevenccedilatildeo da doenccedila e promoccedilatildeo da sauacutede

Para aleacutem de se conhecerem as praacuteticas alimentares e de higiene oral que as crianccedilas e adolescentes

tecircm em casa eacute importante caracterizar as razotildees desses procedimentos Referimo-nos aos aspectos

individuais familiares culturais e contextuais Se queremos actuar sobre comportamentos eacute

fundamental conhecer as atitudes crenccedilas preconceitos estereoacutetipos e representaccedilotildees sociais que se

relacionam com as praacuteticas das famiacutelias as quais variam de famiacutelia para famiacutelia

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo podem ser colaboradores preciosos para esta caracterizaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo aos pais podemos resumir os aspectos a valorizar

Inclui-los nos diversos passos do programa

sensibiliza-los para a importacircncia da sauacutede oral respeitando os seus universos familiares e

culturais

dar suporte continuado agrave mudanccedila de comportamentos e de todos os factores que lhe estatildeo

associados

24 Quarta vertente ndash as crianccedilas

As crianccedilas e os adolescentes satildeo o principal puacuteblico-alvo do programa de sauacutede oral Sensibilizaacute-los

para as praacuteticas alimentares e de higiene oral que os peritos consideram actualmente adequadas eacute o

nosso objectivo

Como jaacute foi referido anteriormente eacute necessaacuterio ser cuidadoso na forma de comunicar com as crianccedilas

e adolescentes natildeo criticando directa ou indirectamente os conhecimentos e as praacuteticas aconselhadas

ou consentidas por pais e professores com quem eles convivem directamente e que satildeo dos principais

influenciadores dos seus comportamentos satildeo os seus modelos e constituem o seu universo de afectos

Criar clivagem na relaccedilatildeo cognitiva afectiva e emocional entre pais ou professores e crianccedilas e

adolescentes eacute algo que devemos ter sempre presente e evitar

As estrateacutegias de trabalho com as crianccedilas deveratildeo ser adaptadas agrave sua maturidade psico-cognitiva e

contexto socio-cultural Para que as actividades sejam luacutedicas e criativas adequadas agraves idades e outras

caracteriacutesticas das crianccedilas e adolescentes a contribuiccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo eacute com certeza

fundamental

Eacute muito importante ter em conta alguns aspectos educativos relativamente agrave mudanccedila de

comportamentos A participaccedilatildeo activa das crianccedilas na formulaccedilatildeo dessas actividades torna mais

eficazes os efeitos pretendidos

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 8

Pela dificuldade em mudar comportamentos principalmente de forma estaacutevel eacute aconselhaacutevel adequar

os objectivos agraves realidades Seraacute preferiacutevel actuar sobre um ou dois comportamentos sobre os quais a

caracterizaccedilatildeo inicial nos permitiu depreender que seraacute possiacutevel obtermos resultados positivos em vez

de tentar actuar sobre todos os comportamentos que desejariacuteamos alterar natildeo conseguindo alterar

nenhum deles Naturalmente estas escolhas seratildeo feitas cientificamente segundo o que a Educaccedilatildeo para

a Sauacutede preconiza nas vertentes relacionadas com as ciecircncias comportamentais (sociais e humanas)

Outro aspecto fundamental eacute a continuidade na acccedilatildeo A eficaacutecia seraacute tanto maior quanto mais

continuadas forem as actividades dando suporte agrave mudanccedila comportamental e reforccedilo agrave sua

manutenccedilatildeo A continuidade da acccedilatildeo permite conhecer melhor as situaccedilotildees os obstaacuteculos e as formas

de os remover pois cada caso eacute um caso e generalizar diminui grandemente a eficaacutecia

Deve ser dada uma atenccedilatildeo especial agraves crianccedilas com Necessidades de Sauacutede Especiais desfavorecidas

socialmente (porque vivem em bairros degradados com poucos recursos econoacutemicos pertencem a

minorias eacutetnicas ou satildeo emigrantes) ou que natildeo frequentam a escola utilizando estrateacutegias especificas

adequadas agraves suas dificuldades

25 Quinta vertente ndash a comunidade

Para os programas de Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutede a componente comunitaacuteria eacute fundamental A

participaccedilatildeo e contribuiccedilatildeo dos vaacuterios sectores da comunidade podem ser potenciadores do trabalho a

desenvolver

Dependendo das situaccedilotildees locais a Autarquia as IPSS e as ONGrsquos entre outras podem ser parceiros

de enorme valia para o desenvolvimento do programa Para isso temos que sensibilizar os liacutederes

locais para a importacircncia da sauacutede oral e do programa que se pretende incrementar explicitando como

com pequenos custos podemos obter ganhos em sauacutede a meacutedio e longo prazo

As instituiccedilotildees que organizam actividades para crianccedilas e adolescentes como os ATLrsquos associaccedilotildees

culturais desportivas e religiosas podem ser excelentes parceiros para o desenvolvimento das

actividades dependendo das caracteriacutesticas da comunidade onde se aplica o programa Os grupos de

teatro satildeo tambeacutem um excelente recurso para integrarem as actividades com as crianccedilas e os

adolescentes

26 Sexta vertente ndash os meios de comunicaccedilatildeo social

Os meios de comunicaccedilatildeo social locais e regionais se forem utilizados apropriadamente podem ser

parceiros potenciadores das actividades que se pretendem desenvolver

Mas com frequecircncia os teacutecnicos de sauacutede encontram dificuldades na relaccedilatildeo com os profissionais da

comunicaccedilatildeo social considerando que estes natildeo satildeo sensiacuteveis agraves nossas preocupaccedilotildees com a prevenccedilatildeo

da doenccedila e da promoccedilatildeo da sauacutede

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 9

Os media tecircm uma linguagem e podemos dizer uma filosofia proacuteprias que com frequecircncia natildeo satildeo

coincidentes com as nossas eacute por essa razatildeo necessaacuterio que os teacutecnicos de sauacutede se adaptem e se

possiacutevel se aperfeiccediloem na linguagem dos meacutedia Se natildeo utilizarmos adequadamente os meios de

comunicaccedilatildeo social estes podem ter um efeito contraproducente diminuindo a eficaacutecia do programa de

sauacutede oral

Algumas das dificuldades encontradas quando trabalhamos com os media especialmente as raacutedios e as

televisotildees satildeo as seguintes

na maior parte dos casos natildeo se pode transmitir muita informaccedilatildeo mesmo que seja um programa

de raacutedio de 1 ou 2 horas iria ficar muito monoacutetono e pouco atraente assim como se tornaria

confuso para os ouvintes e pouco eficaz porque com frequecircncia as pessoas desenvolvem outras

actividades enquanto ouvem raacutedio

eacute aconselhaacutevel transmitir apenas o que eacute realmente importante e faze-lo de forma muito clara

mantendo a consistecircncia sobre a hierarquia das informaccedilotildees nas diversas intervenccedilotildees ou seja que

todas os intervenientes no programa e em todas as situaccedilotildees em que intervecircm tenham um discurso

coerente e natildeo contraditoacuterio

evitar informaccedilotildees riacutegidas que culpabilizem as pessoas e natildeo respeitem os seus contextos micro-

culturais Eacute preferiacutevel suscitar alguma mudanccedila comportamental de forma progressiva que

nenhuma

com frequecircncia utilizamos o leacutexico meacutedico sem nos apercebermos que muitos cidadatildeos natildeo

conhecem termos que nos parecem simples como obesidade ou colesterol atribuindo-lhes outros

significados (portanto desconhecem que natildeo conhecem o verdadeiro significado)

se possiacutevel testar com pessoas de diversas idades e estratos socio-culturais que sejam leigas em

relaccedilatildeo a estas temaacuteticas aquilo que se preparou para a intervenccedilatildeo nos meios de comunicaccedilatildeo

social e alterar se necessaacuterio de acordo com as indicaccedilotildees que essas pessoas nos fornecerem

27 Seacutetima vertente ndash a avaliaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo deve ter iniacutecio na fase de planeamento e acompanhar todo o projecto de modo a introduzir

as alteraccedilotildees necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar das actividades

Devem fazer parte da equipa de avaliaccedilatildeo os diversos parceiros do projecto assim como pessoas

externas ao projecto e estas quando possiacutevel com formaccedilatildeo em educaccedilatildeo para a sauacutede nas aacutereas

teacutecnicas comportamentais de planeamento e avaliaccedilatildeo qualitativa e quantitativa

Satildeo fundamentais avaliaccedilotildees qualitativas e quantitativas das actividades a desenvolver e se possiacutevel

com anaacutelises comparativas ao desenrolar do projecto noutras zonas do paiacutes

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 10

3 T eacute c n i c a s d e H i g i e n e O r a l

3 1 Escovagem dos den tes ndash A escova A escovagem dos dentes deve ser efectuada com uma escova de tamanho adequado agrave boca de quem a

utiliza Habitualmente as embalagens referem as idades a que se destinam Os filamentos devem ser

de nylon com extremidades arredondadas e textura macia que quando comeccedilam a ficar deformados

obrigam agrave substituiccedilatildeo da escova Normalmente a escova quando utilizada 2 vezes por dia dura cerca

de 3-4 meses

Existem escovas manuais e eleacutectricas as quais requerem os mesmos cuidados As escovas eleacutectricas

facilitam a higiene oral das pessoas que tenham pouca destreza manual

3 2 Escovagem dos den tes ndash O den t iacute f r i co O dentiacutefrico a utilizar deve conter fluoreto numa dosagem de cerca de 1000-1500 ppm A quantidade a

utilizar em cada uma das escovagens deve ser semelhante (ou inferior) ao tamanho da unha do 5ordm dedo

(dedo mindinho) da matildeo da crianccedila

Os dentiacutefricos com sabores muito atractivos natildeo se recomendam porque podem levar as crianccedilas a

engoli-lo deliberadamente Ateacute aos 6 anos aproximadamente o dentiacutefrico deve ser colocado na escova

por um adulto Apoacutes a escovagem dos dentes eacute apenas necessaacuterio cuspir o excesso de dentiacutefrico

podendo no entanto bochechar-se com um pouco de aacutegua

33 Escovagem dos dentes no Jardim-de-infacircncia e na Escola identificaccedilatildeo e arrumaccedilatildeo das escovas e copos

Hoje em dia haacute escovas de dentes que tecircm uma tampa ou estojo com orifiacutecios que a protege Caso se

opte pela utilizaccedilatildeo destas escovas natildeo eacute necessaacuterio que fiquem na escola Os alunos poderatildeo colocaacute-

la dentro da mochila juntamente com o tubo do dentiacutefrico e transportaacute-los diariamente para a escola

O conceito de intransmissibilidade da escova de dentes deve ser reforccedilado junto das crianccedilas Se as

escovas ficarem na escola eacute essencial que estejam identificadas bastando para tal escrever no cabo da

escova o nome da crianccedila com uma caneta de tinta resistente agrave aacutegua Tambeacutem se devem identificar os

dentiacutefricos Cada aluno deveraacute ter o seu proacuteprio dentiacutefrico e os copos caso natildeo sejam descartaacuteveis

As escovas guardam-se num local seco e arejado de modo a que os pelos fiquem virados para cima e

natildeo contactem umas com as outras Cada escova pode ser colocada dentro do copo num suporte

acriacutelico ou outro material resistente agrave aacutegua em local seco e arejado

Dentiacutefricos e escovas devem estar fora do alcance das crianccedilas para evitar a troca ou ingestatildeo

acidental de dentiacutefrico Caso haja a possibilidade de utilizar copos descartaacuteveis (de cafeacute) o processo eacute

bastante simplificado (os copos de cafeacute podem ser substituiacutedos por copos de iogurte) Os produtos de

higiene oral podem ser adquiridos com a colaboraccedilatildeo da Autarquia do Centro de Sauacutede dos pais ou

ateacute de alguma empresa Se a escola tiver refeitoacuterio pode tambeacutem ser viaacutevel utilizar os copos do

refeitoacuterio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 11

34 Escovagem dos den tes ndash Organ izaccedilatildeo da ac t i v idade

A escovagem dos dentes deve ser feita diariamente no jardim-de-infacircncia e na escola apoacutes o almoccedilo agrave

entrada na sala de aula ou apoacutes o intervalo As crianccedilas poderatildeo escovar os dentes na casa de banho no

refeitoacuterio ou na proacutepria sala de aula O processo eacute simples natildeo exigindo muitas condiccedilotildees fiacutesicas das

escolas que satildeo frequentemente utilizadas para justificar a recusa desta actividade

Caso a escola tenha lavatoacuterios suficientes esta actividade pode ser feita na casa de banho Eacute necessaacuterio

definir a hora em que cada uma das salas vai utilizar esse espaccedilo Na casa de banho deveratildeo estar

apenas as crianccedilas que estatildeo a escovar os dentes Os outros esperam a sua vez em fila agrave porta Eacute

essencial que esteja algueacutem (auxiliar professoreducador ou voluntaacuterio) a vigiar para manter a ordem

organizar o processo e corrigir a teacutecnica da escovagem No final da escovagem cada crianccedila lava a

escova e o copo (se natildeo for descartaacutevel) e arruma no local destinado a esse efeito

Quando o espaccedilo fiacutesico natildeo permite que a escovagem seja feita na casa de banho esta actividade pode

ser feita na proacutepria sala de aula Nesta situaccedilatildeo se for possiacutevel utilizar copos descartaacuteveis ou copos de

iogurte facilita o processo e torna-o menos moroso Os alunos mantecircm-se sentados nas suas cadeiras

Retiram da sua mochila o estojo com a escova e o dentiacutefrico Um dos alunos distribui os copos e os

guardanapos (ou toalhetes de papel ou papel higieacutenico) Os alunos escovam os dentes todos ao mesmo

tempo podendo ateacute fazecirc-lo com muacutesica O professor deve ir corrigindo a teacutecnica de escovagem Apoacutes

a escovagem as crianccedilas cospem o excesso de dentiacutefrico para o copo limpam a boca tiram o excesso

de dentiacutefrico e saliva da escova com o papel ou o guardanapo e por fim colocam-no dentro do copo

Tapam a escova e arrumam-na em estojo proacuteprio ou na mochila juntamente com o dentiacutefrico No final

um dos alunos vai buscar um saco de lixo passa por todas as carteiras para que cada uma coloque o

seu copo no lixo Caso alguma das crianccedilas natildeo tolere o restos de dentiacutefrico na cavidade oral pode

colocar-se uma pequena porccedilatildeo de aacutegua no copo e no fim da escovagem bochecha e cospe para o

copo Os pais dos alunos devem ser instruiacutedos para se certificarem que em casa a crianccedila lava a sua

escova com aacutegua corrente e volta a colocaacute-la na mochila No sentido de facilitar o procedimento

recomenda-se que os copos sejam descartaacuteveis e as escovas tenham tampa

35 Escovagem dos den tes - A teacutecn ica A escovagem dos dentes para ser eficaz ou seja para remover a placa bacteriana necessita ser feita

com rigor e demora 2 a 3 minutos Quando se utiliza uma escova manual a escovagem faz-se da

seguinte forma

inclinar a escova em direcccedilatildeo agrave gengiva (cerca de 45ordm) e fazer pequenos movimentos vibratoacuterios

horizontais ou circulares de modo a que os pelos da escova limpem o sulco gengival (espaccedilo que

fica entre o dente e a gengiva)

se for difiacutecil manter esta posiccedilatildeo colocar os pecirclos da escova perpendicularmente agrave gengiva e agrave

superfiacutecie do dente

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 12

escovar 2 dentes de cada vez (os correspondentes ao tamanho da cabeccedila da escova) fazendo

aproximadamente 10 movimentos (ou 5 caso sejam crianccedilas ateacute aos 6 anos) nas superfiacutecies

dentaacuterias abarcadas pela escova

comeccedilar a escovagem pela superfiacutecie externa (do lado da bochecha) do dente mais posterior de um

dos maxilares e continuar a escovar ateacute atingir o uacuteltimo dente da extremidade oposta desse

maxilar

com a mesma sequecircncia escovar as superfiacutecies dentaacuterias do lado da liacutengua

proceder do mesmo modo para fazer a escovagem dos dentes do outro maxilar

escovar as superfiacutecies mastigatoacuterias dos dentes com movimentos de vaiveacutem

por fim pode escovar-se a liacutengua

Quando se utiliza uma escova de dentes eleacutectrica segue-se a mesma sequecircncia de escovagem O

movimento da escova eacute feito automaticamente natildeo deve ser feita pressatildeo ou movimentos adicionais

sobre os dentes A escova desloca-se ao longo da arcada escovando um soacute dente de cada vez A

escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluacuteor deve ser feita duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente agrave noite antes de deitar

3 6 Uso do f io den taacute r io A partir do momento em que haacute destreza manual (a partir dos 8 anos) eacute indispensaacutevel o uso do fio ou

fita dentaacuteria que se utiliza da seguinte forma

retirar cerca de 40 cm de fio (ou fita) do porta fio

enrolar a quase totalidade do fio no dedo meacutedio de uma matildeo e uma pequena porccedilatildeo no dedo meacutedio

da outra matildeo deixando entre os dois dedos uma porccedilatildeo de fio com aproximadamente 25 cm

Quando as crianccedilas satildeo mais pequenas pode retirar-se uma porccedilatildeo mais pequena de fio cerca de

30 cm dar um noacute juntando as 2 pontas formando um ciacuterculo com o fio natildeo havendo necessidade

de o enrolar nos dedos Eacute importante utilizar sempre fio limpo em cada espaccedilo interdentaacuterio Os

polegares eou os indicadores ajudam a manuseaacute-lo

introduzir o fio cuidadosamente entre dois dentes e curva-lo agrave volta do dente que se quer limpar

fazendo com que tome a forma de um ldquoCrdquo

executar movimentos curtos horizontais desde o ponto de contacto entre os dentes ateacute ao sulco

gengival em cada uma das faces que delimitam o espaccedilo interdentaacuterio

repetir este procedimento ateacute que todos os espaccedilos interdentaacuterios de todos os dentes estejam

devidamente limpos

O fio dentaacuterio deve ser utilizado uma vez por dia de preferecircncia agrave noite antes de deitar Na escola os

alunos poderatildeo a aprender a utilizar este meio de remoccedilatildeo de placa bacteriana interdentaacuterio sendo

importante envolver os pais no sentido de lhes pedir colaboraccedilatildeo e permitir que as crianccedilas o utilizem

em casa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 13

3 7 Reve lador de p laca bac te r i ana O uso de reveladores de placa bacteriana (em soluto ou em comprimidos mastigaacuteveis) permitem

avaliar a higiene oral e consequentemente melhorar as teacutecnicas de escovagem e de utilizaccedilatildeo do fio

dentaacuterio

A partir dos 6 anos de idade estes produtos podem ser usados para que as crianccedilas visualizem a placa

e mais facilmente compreendam que os seus dentes necessitam de ser cuidadosamente limpos

A eritrosina que tem a propriedade de corar de vermelho a placa bacteriana eacute um dos exemplos de

corantes que se podem utilizar Utiliza-se da seguinte forma

colocar 1 a 2 gotas por baixo da liacutengua ou mastigar um comprimido sem engolir

passar a liacutengua por todas as superfiacutecies dentaacuterias

bochechar com aacutegua

A placa bacteriana corada eacute facilmente removida atraveacutes da escovagem dos dentes e do fio dentaacuterio

Nota Para evitar que os laacutebios fiquem corados de vermelho antes de colocar o corante pode passar

batom creme gordo ou vaselina nos laacutebios

3 8 Bochecho f luore tado A partir dos 6 anos pode ser feito o bochecho quinzenal com fluoreto de soacutedio a 02 na escola da

seguinte forma

agitar a soluccedilatildeo e deitar 10 ml em cada copo e distribui-los

indicar a cada crianccedila para colocar o antebraccedilo no rebordo da mesa

introduzir a soluccedilatildeo na boca sem engolir

repousar a testa no antebraccedilo colocando o copo debaixo da boca

bochechar vigorosamente durante 1 minuto

apoacutes este periacuteodo deve ser cuspida tendo o cuidado de natildeo a engolir

Apoacutes o bochecho a crianccedila deve permanecer 30 minutos sem comer nem beber

39 Iacutendice de placa O Iacutendice de Placa (IP) eacute utilizado para quantificar a placa bacteriana em todas as superfiacutecies dentaacuterias e

reflecte os haacutebitos de higiene oral dos indiviacuteduos avaliados

Assim enquanto que um baixo Iacutendice de Placa poderaacute significar um bom impacto das acccedilotildees de

educaccedilatildeo para a sauacutede em sauacutede oral nomeadamente das relacionadas com a higiene um iacutendice

elevado sugere o contraacuterio

Em programas comunitaacuterios geralmente eacute utilizado o Iacutendice de Placa Simplificado que eacute mais raacutepido

de determinar sendo o resultado final igualmente fiaacutevel

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 14

Para se calcular o Iacutendice de Placa Simplificado eacute necessaacuterio atribuir um valor ao tamanho da placa

bacteriana existente nos seguintes 6 dentes e superfiacutecies predeterminados Maxilar superior

1 Primeiro molar superior direito - Superfiacutecie vestibular

2 Incisivo central superior direito - Superfiacutecie vestibular

3 Primeiro molar superior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

4 Primeiro molar inferior esquerdo - Superfiacutecie lingual

5 Incisivo central inferior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

6 Primeiro molar inferior direito - Superfiacutecie lingual

Para atribuir um valor ao tamanho da placa bacteriana existente em cada uma das su

acima referidas eacute necessaacuterio utilizar o revelador de placa bacteriana para a co

facilitar a sua observaccedilatildeo e respectiva classificaccedilatildeo e registo

A cada uma das superfiacutecies dentaacuterias soacute pode ser atribuiacutedo um dos seguintes valore

Valor 0

Valor 1

Valor 2

Valor 3

rarr Se a superfiacutecie do dente natildeo estaacute corada

rarr Se 13 da superfiacutecie estaacute corado

rarr Se 23 da superfiacutecie estatildeo corados

rarr Se estaacute corada toda a superfiacutecie

Feito o registo da observaccedilatildeo individual verifica-se que o somatoacuterio do conjunto de

poderaacute variar entre 0 (zero) e 18 (dezoito)

Dividindo por 6 (seis) este somatoacuterio obteacutem-se o Iacutendice de Placa Individual

Para determinar o Iacutendice de Placa de um grupo de indiviacuteduos divide-se o som

individuais pelo nuacutemero de indiviacuteduos observados multiplicado por seis (o nuacutemer

nuacutemero de dentes seleccionados por indiviacuteduo)

Assim o Iacutendice de Placa poderaacute variar entre 0 (zero) e 3 (trecircs)

Iacutendice de Placa (IP) = Somatoacuterio da classificaccedilatildeo dada a cada dente

Nordm de indiviacuteduos observados x 6

A sauacutede oral das crianccedilas e adolescentes eacute um grave problema de sauacutede puacuteblica ma

simples como as descritas neste documento executadas pelos proacuteprios eou com

encorajadas pela escola e pelos serviccedilos de sauacutede contribuem decididamente para

oral importantes e implementaccedilatildeo efectiva do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas d

Maxilar inferior

perfiacutecies dentaacuterias

rar e dessa forma

s

valores atribuiacutedos

atoacuterio dos valores

o seis representa o

s que com medidas

ajuda da famiacutelia

ganhos em sauacutede

Sauacutede Oral

e EPSrsquorsquo 15

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

F l u o r e t o s

F u n d a m e n t a ccedil atilde o e R e c o m e n d a ccedil otilde e s d a T a s k F o r c e

Documento produzido pela Task Force constituiacuteda pelo Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr

Ricardo Jorge Direcccedilatildeo-Geral de Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura Faculdade de

Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Medicina Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria

Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa e Porto Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento Instituto Superior de

Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia

Ordem dos Meacutedicos Dentistas Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria Sociedade Portuguesa de

Pediatria e os serviccedilos da DGS Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede Divisatildeo de Sauacutede Ambiental

Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

1 F l u o r e t o s

A evidecircncia cientiacutefica tem demonstrado que as mudanccedilas observadas no padratildeo da doenccedila caacuterie

dentaacuteria ocorrem pela implementaccedilatildeo de programas preventivos e terapecircuticos de acircmbito comunitaacuterio

e por estrateacutegias de acccedilatildeo especiacuteficas dirigidas a grupos de risco com criteriosa utilizaccedilatildeo dos

fluoretos

O fluacuteor eacute o elemento mais electronegativo da tabela perioacutedica e raramente existe isolado sendo por

isso habitualmente referido como fluoreto Na natureza encontra-se sob a forma de um iatildeo (F-) em

associaccedilatildeo com o caacutelcio foacutesforo alumiacutenio e tambeacutem como parte de certos silicatos como o topaacutezio

Normalmente presente nas rochas plantas ar aacuteguas e solos este elemento faz parte da constituiccedilatildeo de

alguns materiais plaacutesticos e pode tambeacutem estar presente na constituiccedilatildeo de alguns fertilizantes

contribuindo desta forma para a sua presenccedila no solo aacutegua e alimentos No solo o conteuacutedo de

fluoretos varia entre 20 e 500 ppm contudo nas camadas mais profundas o seu niacutevel aumenta No ar a

concentraccedilatildeo normal de fluoretos oscila entre 005 e 190microgm3 1

Do fluacuteor que eacute ingerido entre 75 e 90 eacute absorvido por via digestiva sendo a mucosa bucal

responsaacutevel pela absorccedilatildeo de menos de 1 Depois de absorvido passa para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea

sob a forma ioacutenica ou de compostos orgacircnicos lipossoluacuteveis A forma ioacutenica que circula livremente e

natildeo se liga agraves proteiacutenas nem aos componentes plasmaacuteticos nem aos tecidos moles eacute a que vai estar

disponiacutevel para ser absorvida pelos tecidos duros Da quantidade total de fluacuteor presente no organismo

99 encontra-se nos tecidos calcificados Entre 10 e 25 do aporte diaacuterio de fluacuteor natildeo chega a ser

absorvido vindo a ser excretado pelas fezes O fluacuteor absorvido natildeo utilizado (cerca de 50) eacute

eliminado por via renal2

O fluacuteor tem uma grande afinidade com a apatite presente no organismo com a qual cria ligaccedilotildees

fortes que natildeo satildeo irreversiacuteveis Este facto deve-se agrave facilidade com que os radicais hidroxilos da

hidroxiapatite satildeo substituiacutedos pelos iotildees fluacuteor formando fluorapatite No entanto a apatite normal do

ser humano presente no osso e dente mesmo em condiccedilotildees ideais de presenccedila de fluacuteor nunca se

aproxima da composiccedilatildeo da fluorapatite pura

Quando o fluacuteor eacute ingerido passa pela cavidade oral daiacute resultando a deposiccedilatildeo de uma determinada

quantidade nos tecidos e liacutequidos aiacute existentes A mucosa jugal as gengivas a placa bacteriana os

dentes e a saliva vatildeo beneficiar imediatamente de um aporte directo de fluacuteor que pode permitir que a

sua disponibilidade na cavidade oral se prolongue por periacuteodos mais longos Eacute um facto que a presenccedila

de fluacuteor no meio oral independentemente da sua fonte resulta numa acccedilatildeo preventiva e terapecircutica

extremamente importante

Nota 22 mg de fluoreto de soacutedio correspondem a 1 mg de fluacuteor Quando se dilui 1 mg de fluacuteor em um litro de aacutegua pura

considera-se que essa aacutegua passou a ter 1 ppm de fluacuteor

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 2

Considera-se actualmente que os benefiacutecios dos fluoretos resultam basicamente da sua acccedilatildeo toacutepica

sobre a superfiacutecie do dente enquanto a sua acccedilatildeo sisteacutemica (preacute-eruptiva) eacute muito menos importante

A acccedilatildeo preventiva e terapecircutica dos fluoretos eacute conseguida predominantemente pela sua acccedilatildeo toacutepica

quer nas crianccedilas quer nos adultos atraveacutes de trecircs mecanismos diferentes responsaacuteveis pela

bull inibiccedilatildeo do processo de desmineralizaccedilatildeo

bull potenciaccedilatildeo do processo de remineralizaccedilatildeo

bull inibiccedilatildeo da acccedilatildeo da placa bacteriana

O uso racional dos fluoretos na profilaxia da caacuterie dentaacuteria com eficaacutecia e seguranccedila baseia-se no

conhecimento actualizado dos seus mecanismos de acccedilatildeo e da sua toxicologia

Com base na evidecircncia cientiacutefica a estrateacutegia de utilizaccedilatildeo dos fluoretos em sauacutede oral foi redefinida

tendo em conta que a sua acccedilatildeo preventiva eacute predominantemente poacutes-eruptiva e toacutepica e a sua acccedilatildeo

toacutexica com repercussotildees a niacutevel dentaacuterio eacute preacute-eruptiva e sisteacutemica

Estudos epidemioloacutegicos efectuados pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) sobre os efeitos do

fluacuteor na sauacutede humana referem que valores compreendidos entre 1 e 15 ppm natildeo representam risco

acrescido Contudo valores entre 15 e 2 ppm em climas quentes poderatildeo contribuir para a ocorrecircncia

de casos de fluorose dentaacuteria e valores entre 3 a 6 ppm para o aparecimento de fluorose oacutessea

Para a OMS a concentraccedilatildeo oacuteptima de fluoretos na aacutegua quando esta eacute sujeita a fluoretaccedilatildeo deve

estar compreendida entre 05 e 15 ppm de F dependendo este valor da temperatura meacutedia do local

que condiciona a quantidade de aacutegua ingerida nas zonas mais frias o valor maacuteximo pode estar perto

do limite superior nas zonas mais quentes o valor deve estar perto do limite inferior para uma

prevenccedilatildeo eficaz da caacuterie dentaacuteria Para que os riscos de fluorose estejam diminuiacutedos os programas de

fluoretaccedilatildeo das aacuteguas devem obedecer a criteacuterios claramente definidos

Nas regiotildees onde a aacutegua da rede puacuteblica conteacutem menos de 03 ppm (mgl) de fluoretos (situaccedilatildeo mais

frequente em Portugal Continental) a dose profilaacutectica oacuteptima considerando a soma de todas as fontes

de fluoretos eacute de 005mgkgdia3

11 Toxicidade Aguda

Uma intoxicaccedilatildeo aguda pelo fluacuteor eacute uma possibilidade extremamente rara Alguns casos tecircm sido

descritos na literatura Estudos efectuados em roedores e extrapolados para o homem adulto permitem

pensar que a dose letal miacutenima de fluacuteor seja de aproximadamente 2 gramas ou 32 a 64 mgkg de peso

corporal mas para uma crianccedila bastam 15 mgkg de peso corporal 2

A partir da ingestatildeo de doses superiores a 5mgkg de peso corporal considera-se a hipoacutetese de vir a ter

efeitos toacutexicos

As crianccedilas pequenas tecircm um risco acrescido de ingerir doses de fluoretos atraveacutes do consumo de

produtos de higiene oral A ingestatildeo acidental de um quarto de um tubo com dentiacutefrico de 125 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 3

(1500 ppm de Fluacuteor) potildee em risco a vida de uma crianccedila de um ano de idade O risco de ingestatildeo

acidental por crianccedilas eacute real e eacute adjuvado pelo tipo de embalagens destes produtos que natildeo tecircm

dispositivos de seguranccedila para a sua abertura

A toxicidade aguda pelos fluoretos poderaacute manifestar-se por queixas digestivas (dor abdominal

voacutemitos hematemeses e melenas) neuroloacutegicas (tremores convulsotildees tetania deliacuterio lentificaccedilatildeo da

voz) renais (urina turva hematuacuteria) metaboacutelicas (hipocalceacutemia hipomagnesieacutemia hipercalieacutemia)

cardiovasculares (arritmias hipotensatildeo) e respiratoacuterias (depressatildeo respiratoacuteria apneias) 4

12 Toxicidade Croacutenica

A dose total diaacuteria de fluoretos administrados por via sisteacutemica isenta de risco de toxicidade croacutenica

situa-se abaixo de 005 mgkgdia de peso A partir desses valores aumentam as manifestaccedilotildees atraveacutes

do aparecimento de hipomineralizaccedilatildeo do esmalte que se revela por fluorose dentaacuteria Com

concentraccedilotildees acima de 25 ppm na aacutegua esta manifestaccedilatildeo eacute mais evidente sendo tanto mais grave

quanto a concentraccedilatildeo de fluoretos vai aumentando O periacuteodo criacutetico para o efeito toacutexico do fluacuteor se

manifestar sobre a denticcedilatildeo permanente eacute entre o nascimento e os 7 anos de idade (ateacute aos 3 anos eacute o

periacuteodo mais criacutetico) Quando existem fluoretos ateacute 3 ppm na aacutegua aleacutem da fluorose natildeo parece

existir qualquer outro efeito toacutexico na sauacutede A partir deste valor aumenta o risco de nefrotoxicidade

Como qualquer outro medicamento os fluoretos em dose excessiva tecircm efeitos toacutexicos que

normalmente se manifestam atraveacutes de uma interferecircncia na esteacutetica dentaacuteria Essa manifestaccedilatildeo eacute a

fluorose dentaacuteria

Estudos recentes sobre suplementos de fluoretos e fluorose 5 confirmam que as comunidades sem aacutegua

fluoretada e que utilizam suplementos de fluoretos durante os primeiros 6 anos de vida apresentam

um aumento do risco de desenvolver fluorose

O principal factor de risco para o aparecimento de fluorose dentaacuteria eacute o aporte total de fluoretos

provenientes de diferentes fontes nomeadamente da alimentaccedilatildeo incluindo a aacutegua e os suplementos

alimentares dentiacutefricos e soluccedilotildees para bochechos comprimidos e gotas e ingestatildeo acidental que natildeo

satildeo faacuteceis de quantificar

A fluorose dentaacuteria aumentou nos uacuteltimos anos em comunidades com e sem aacutegua fluoretada 6

2 F l u o r e t o s n a aacute g u a

2 1 Aacute g u a d e a b a s t e c i m e n t o p uacute b l i c o

A fluoretaccedilatildeo das aacuteguas para consumo humano como meio de suprir o deacutefice de fluoretos na aacutegua eacute

uma praacutetica comum em alguns paiacuteses como o Brasil Austraacutelia Canadaacute EUA e Nova Zelacircndia

Apesar de serem tatildeo diferentes quer do ponto de vista soacutecioeconoacutemico quer geograacutefico eles detecircm

uma experiecircncia superior a 25 anos neste domiacutenio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 4

Na Europa a maior parte dos paiacuteses natildeo faz fluoretaccedilatildeo das suas aacuteguas para consumo humano agrave

excepccedilatildeo da Irlanda da Suiacuteccedila (Basileia) e de 10 da populaccedilatildeo do Reino Unido Na Alemanha eacute

proibido e nos restantes paiacuteses eacute desaconselhado

Nos paiacuteses em que se faz fluoretaccedilatildeo da aacutegua alguns estudos demonstraram natildeo ter existido um ganho

efectivo na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria No entanto outros como a Austraacutelia no Estado de Victoacuteria

onde a fluoretaccedilatildeo da aacutegua se faz regularmente observaram-se ganhos efectivos na sauacutede oral da

populaccedilatildeo com consequentes ganhos econoacutemicos

Recomendaccedilatildeo Eacute indispensaacutevel avaliar a qualidade das aacuteguas de abastecimento puacuteblico periodicamente e corrigir os

paracircmetros alterados

Na aacutegua os valores das concentraccedilotildees de fluoretos estatildeo compreendidas entre 01 a 07 ppm Contudo

em alguns casos podem apresentar valores muito mais elevados

Quando a aacutegua apresenta valores de ph superiores a 8 e o iatildeo soacutedio e os carbonatos satildeo dominantes os

valores de fluoretos normalmente presentes excedem 1 ppm

Nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica os fluoretos podem existir naturalmente ou resultar de um

programa de fluoretaccedilatildeo Em Portugal Continental os valores satildeo normalmente baixos e as aacuteguas natildeo

estatildeo sujeitas a fluoretaccedilatildeo artificial O teor de fluoretos deveraacute ser controlado regularmente de modo

a preservar os interesses da sauacutede puacuteblica 7

Na definiccedilatildeo de um valor guia para a aacutegua de consumo humano a OMS propotildee o valor limite de 15

ppm de Fluacuteor referindo que valores superiores podem contribuir para o aumento do risco de fluorose

A Agecircncia Americana para o Ambiente (USEPA) refere um valor maacuteximo admissiacutevel de fluoretos na

aacutegua de consumo humano de 15 ppm e recomenda que nunca se ultrapasse os 4 ppm

Em Portugal a legislaccedilatildeo actualmente em vigor sobre a qualidade da aacutegua para consumo humano

decreto-lei nordm 23698 de 1 de Agosto define dois Valores Maacuteximos Admissiacuteveis (VMA) para os

fluoretos 15 ppm (8 a 12 ordmC) e 07 ppm (25 a 30 ordmC) O decreto-lei nordm 2432001 de 5 de Setembro

que transpotildee a Directiva Comunitaacuteria nordm 9883CE de 3 de Novembro que entrou em vigor em 25 de

Dezembro de 2003 define para os fluoretos um Valor Parameacutetrico (VP) de 15 ppm

O decreto-lei nordm 24301 remete para a Entidade Gestora a verificaccedilatildeo da conformidade dos valores

parameacutetricos obrigatoacuterios aplicaacuteveis agrave aacutegua para consumo humano Sempre que um valor parameacutetrico

eacute excedido isso corresponde a uma situaccedilatildeo de incumprimento e perante esta situaccedilatildeo a entidade

gestora deve de imediato informar a autoridade de sauacutede e a entidade competente dando conta das

medidas correctoras adoptadas ou em curso para restabelecer a qualidade da aacutegua destinada a consumo

humano

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 5

Deve ter-se em atenccedilatildeo o desvio em relaccedilatildeo ao valor parameacutetrico fixado e o perigo potencial para a

sauacutede humana

Segundo o decreto-lei supra mencionado artigo 9ordm compete agraves autoridades de sauacutede a vigilacircncia

sanitaacuteria e a avaliaccedilatildeo do risco para a sauacutede puacuteblica da qualidade da aacutegua destinada ao consumo

humano Sempre que o risco exista e o incumprimento persistir a autoridade de sauacutede deve informar e

aconselhar os consumidores afectados e determinar a proibiccedilatildeo de abastecimento restringir a

utilizaccedilatildeo da aacutegua que constitua um perigo potencial para a sauacutede humana e adoptar todas as medidas

necessaacuterias para proteger a sauacutede humana

Nos Accedilores e na Madeira ou em zonas onde o teor de fluoretos na aacutegua eacute muito elevado deveraacute ser

feita uma verificaccedilatildeo da constante e a correcccedilatildeo adequada

Os principais tratamentos de desfluoretaccedilatildeo envolvem a floculaccedilatildeo da aacutegua usando sais hidratados de

alumiacutenio principalmente em condiccedilotildees alcalinas No caso de aacuteguas aacutecidas pode-se adicionar cal e

alternativamente pode-se recorrer agrave adsorccedilatildeo com carvatildeo activado ou alumina activada ( Al2O3 ) ou

por permuta ioacutenica usando resinas especiacuteficas

Recomendaccedilatildeo Ateacute aos 6-7 anos as crianccedilas natildeo devem ingerir regularmente aacutegua com teor de fluoretos superior a 07 ppm

Recomendaccedilatildeo Sempre que o valor parameacutetrico dos fluoretos na aacutegua para consumo humano exceder 15 ppm deveratildeo ser aplicadas

medidas correctoras para restabelecer a qualidade da aacutegua

2 2 Aacute g u a s m i n e r a i s n a t u r a i s e n g a r r a f a d a s

As aacuteguas minerais naturais engarrafadas deveratildeo no futuro ter rotulagem de acordo com a Directiva

Comunitaacuteria 200340CE da Comissatildeo Europeia de 16 de Maio publicada no Jornal Oficial da Uniatildeo

Europeia em 2252003 artigo 4ordm laquo1 As aacuteguas minerais naturais cuja concentraccedilatildeo em fluacuteor for

superior a 15 mgl (ppm) devem ostentar no roacutetulo a menccedilatildeo lsquoconteacutem mais de 15 mgl (ppm) de

fluacuteor natildeo eacute adequado o seu consumo regular por lactentes nem por crianccedilas com menos de 7 anosrsquo

2 No roacutetulo a menccedilatildeo prevista no nordm 1 deve figurar na proximidade imediata da denominaccedilatildeo de

venda e em caracteres claramente visiacuteveis 3

As aacuteguas minerais naturais que em aplicaccedilatildeo do nordm 1 tiverem de ostentar uma menccedilatildeo no roacutetulo

devem incluir a indicaccedilatildeo do teor real em fluacuteor a niacutevel da composiccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica em constituintes

caracteriacutesticos tal como previsto no nordm 2 aliacutenea a) do artigo 7ordm da Directiva 80777CEEraquo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 6

Para as aacuteguas de nascente cujas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas satildeo definidas pelo Decreto-lei

2432001 de 5 de Setembro em vigor desde Dezembro de 2003 os limites para o teor de fluoretos satildeo

de 15 mgl (ppm)

De acordo com o parecer do Scientific Committee on Food - Comiteacute Cientiacutefico de Alimentaccedilatildeo

Humana (expresso em Dezembro de 1996) a Comissatildeo natildeo vecirc razotildees para nos climas da Uniatildeo

Europeia (climas temperados) limitar os fluoretos nas aacuteguas de consumo humano e nas aacuteguas minerais

naturais para valores inferiores a 15mgl (ppm)

3 F l u o r e t o s n o s g eacute n e r o s a l i m e n t iacute c i o s

Entende-se por lsquogeacutenero alimentiacuteciorsquo qualquer substacircncia ou produto transformado parcialmente

transformado ou natildeo transformado destinado a ser ingerido pelo ser humano ou com razoaacuteveis

probabilidades de o ser Este termo abrange bebidas pastilhas elaacutesticas e todas as substacircncias

incluindo a aacutegua intencionalmente incorporadas nos geacuteneros alimentiacutecios durante o seu fabrico

preparaccedilatildeo ou tratamento8 9

Na alimentaccedilatildeo as estimativas de ingestatildeo de fluacuteor atraveacutes da dieta variam entre 02 e 34 mgdia

sendo estes uacuteltimos valores atingidos quando se inclui o chaacute na alimentaccedilatildeo A ingestatildeo de fluoretos

provenientes dos alimentos comuns eacute pouco significativa Apenas 13 se apresentam na forma

ionizaacutevel e portanto biodisponiacutevel

Recomendaccedilatildeo Independentemente da origem ao utilizar aacutegua informe-se sobre o seu teor em fluoretos As que tecircm um elevado teor

deste elemento natildeo satildeo adequadas para lactentes e crianccedilas com menos de 7 anos

Recomendaccedilatildeo Dar prioridade a uma dieta equilibrada e saudaacutevel com diversidade alimentar Utilizar a aacutegua da cozedura dos

alimentos para confeccionar outros alimentos (ex sopas arroz)

No iniacutecio do ano de 2003 a Comissatildeo Europeia apresentou uma nova proposta de Directiva

Comunitaacuteria relativa agrave ldquoAdiccedilatildeo aos geacuteneros alimentiacutecios de vitaminas minerais e outras substacircnciasrdquo

onde os fluoretos satildeo referidos como podendo ser adicionados a geacuteneros alimentiacutecios comuns Nesta

proposta de Directiva Comunitaacuteria eacute sugerida a inclusatildeo de determinados nutrimentos (entre eles o

fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de geacuteneros alimentiacutecios comuns Esta proposta

prevista no Livro Branco da Comissatildeo ainda estaacute numa fase inicial de discussatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 7

4 F l u o r e t o s e m s u p l e m e n t o a l i m e n t a r

Entende-se por lsquosuplementos alimentaresrsquo geacuteneros alimentiacutecios que se destinam a complementar e ou

suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas

substacircncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisioloacutegico estremes ou combinados

comercializados em forma doseada tais como caacutepsulas pastilhas comprimidos piacutelulas e outras

formas semelhantes saquetas de poacute ampola de liacutequido frascos com conta gotas e outras formas

similares de liacutequido ou poacute que se destinam a ser tomados em unidades medidas de quantidade

reduzida10

A Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002

transposta para o direito nacional pelo Decreto-lei nordm 1362003 de 28 de Junho relativa agrave aproximaccedilatildeo

das legislaccedilotildees dos Estados-Membros respeitantes aos suplementos alimentares vai permitir a inclusatildeo

de determinados nutrimentos (entre eles o fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de

suplementos alimentares11

A partir de 28 de Agosto de 2003 os fluoretos poderatildeo ser comercializados como suplemento

alimentar passando a estar disponiacutevel em farmaacutecias e superfiacutecies comerciais

As quantidades maacuteximas de vitaminas e minerais presentes nos suplementos alimentares satildeo fixadas

em funccedilatildeo da toma diaacuteria recomendada pelo fabricante tendo em conta os seguintes elementos

a) limites superiores de seguranccedila estabelecidos para as vitaminas e os minerais apoacutes uma

avaliaccedilatildeo dos riscos efectuada com base em dados cientiacuteficos geralmente aceites tendo em

conta quando for caso disso os diversos graus de sensibilidade dos diferentes grupos de

consumidores

b) quantidade de vitaminas e minerais ingerida atraveacutes de outras fontes alimentares

c) doses de referecircncia de vitaminas e minerais para a populaccedilatildeo

Recomendaccedilatildeo Nunca ultrapassar a toma indicada no roacutetulo do produto e natildeo utilizar um suplemento alimentar como substituto de um

regime alimentar variado

As quantidades maacuteximas e miacutenimas de vitaminas e minerais referidas seratildeo adoptadas pela Comissatildeo

Europeia assistida pelo Comiteacute de Regulamentaccedilatildeo

Em Portugal a Agecircncia para a Qualidade e Seguranccedila Alimentar viraacute a ter informaccedilatildeo sobre todos os

suplementos alimentares comercializados como geacuteneros alimentiacutecios e introduzidos no mercado de

acordo com o Decreto-lei nordm 1362003

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 8

A rotulagem dos suplementos alimentares natildeo poderaacute mencionar nem fazer qualquer referecircncia a

prevenccedilatildeo tratamento ou cura de doenccedilas humanas e deveraacute indicar uma advertecircncia de que os

produtos devem ser guardados fora do alcance das crianccedilas

5 F luore tos em med icamentos e p rodutos cosmeacutet icos de h ig iene corpora l

A distinccedilatildeo entre Medicamento e Produto Cosmeacutetico de Higiene Corporal contendo fluoretos depende

do seu teor no produto Os cosmeacuteticos contecircm obrigatoriamente uma concentraccedilatildeo de fluoretos inferior

a 015 (1500 ppm) (Decreto-lei 1002001 de 28 de Marccedilo I Seacuterie A) sendo que todos os dentiacutefricos

com concentraccedilotildees de fluoretos superior a 015 satildeo obrigatoriamente classificados como

medicamentos

Os medicamentos contendo fluoretos e utilizados para a profilaxia da caacuterie dentaacuteria existentes no

mercado portuguecircs satildeo de venda livre em farmaacutecia Encontram-se disponiacuteveis nas formas

farmacecircuticas de soluccedilatildeo oral (gotas orais) comprimidos dentiacutefricos gel dentaacuterio e soluccedilatildeo de

bochecho

5 1 F l u o r e t o s e m c o m p r i m i d o s e g o t a s o r a i s

A utilizaccedilatildeo de medicamentos contendo fluoretos na forma de gotas orais e comprimidos foi ateacute haacute

pouco recomendada pelos profissionais de sauacutede (pediatras meacutedicos de famiacutelia cliacutenicos gerais

meacutedicos estomatologistas meacutedicos dentistas) dos 6 meses ateacute aos 16 anos

A clarificaccedilatildeo do mecanismo de acccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria e o aumento de

aporte dos mesmos com consequentes riscos de manifestaccedilatildeo toacutexica obrigaram agrave revisatildeo da sua

administraccedilatildeo em comprimidos eou gotas A gravidade da fluorose dentaacuteria estaacute relacionada com a

dose a duraccedilatildeo e com a idade em que ocorre a exposiccedilatildeo ao fluacuteor 12 13

A ldquoCanadian Consensus Conference on the Appropriate Use of Fluoride Supplements for the

Prevention of Dental Caries in Childrenrdquo 14definiu um protocolo cuja utilizaccedilatildeo eacute recomendada a

profissionais de sauacutede em que se fundamenta a tomada de decisatildeo sobre a necessidade ou natildeo da

suplementaccedilatildeo de fluacuteor A administraccedilatildeo de comprimidos soacute eacute recomendada quando o teor de fluoretos

na aacutegua de abastecimento puacuteblico for inferior a 03 ppm e

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) natildeo escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas

vezes por dia

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas vezes

por dia mas apresenta um alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 9

Por sua vez a conclusatildeo do laquoForum on Fluoridation 2002raquo15 relativamente agrave administraccedilatildeo de

suplementos de fluoretos foi a seguinte limitar a utilizaccedilatildeo de comprimidos de fluoretos a aacutereas onde

natildeo existe aacutegua fluoretada e iniciar essa suplementaccedilatildeo apenas a crianccedilas com alto risco agrave caacuterie e a

partir dos 3 anos

Os comprimidos de fluoretos caso sejam indicados devem ser usados pelo interesse da sua acccedilatildeo

toacutepica Devem ser dissolvidos na boca em vez de imediatamente ingeridos16

A administraccedilatildeo de fluoretos sob a forma de comprimidos chupados soacute deveraacute ser efectuada em

situaccedilotildees excepcionais isto eacute em populaccedilotildees de baixos recursos econoacutemicos nas quais a escovagem

natildeo possa ser promovida e os iacutendices de caacuterie sejam elevados

Para evitar a potencial toxicidade dos fluoretos antes de qualquer prescriccedilatildeo todos os profissionais de

sauacutede devem efectuar uma avaliaccedilatildeo personalizada dos aportes diaacuterios de cada crianccedila tendo em conta

todas as fontes possiacuteveis desse elemento alimentos comuns suplementos alimentares consumo de

aacutegua da rede puacuteblica eou aacutegua engarrafada e respectivo teor de fluoretos e utilizaccedilatildeo de medicamentos

e produtos cosmeacuteticos contendo fluacuteor

Recomendaccedilatildeo A partir dos 3 anos os suplementos sisteacutemicos de fluoretos poderatildeo ser prescritos pelo meacutedico assistente ou meacutedico dentista em crianccedilas que apresentem um alto risco

agrave caacuterie dentaacuteria

5 2 F l u o r e t o s e m d e n t iacute f r i c o s

Hoje em dia a maior parte dos dentiacutefricos agrave venda no mercado contecircm fluoretos sob diferentes formas

fluoreto de soacutedio monofluorfosfato de soacutedio fluoreto de amina e outros Os mais utilizados satildeo o

fluoreto de soacutedio e o monofluorfosfato de soacutedio

Normalmente o conteuacutedo de fluoreto dos dentiacutefricos eacute de 1000 a 1100 ppm (ou 010 a 011)

podendo variar entre 500 e 1500 ppm

Durante a escovagem cerca de 34 da pasta eacute ingerida por crianccedilas de 3 anos 28 pelas de 4-5 anos

e 20 pelas de 5-7 anos

Devem ser evitados dentiacutefricos com sabor a fruta para impedir o seu consumo em excesso uma vez

que estatildeo jaacute descritos na literatura casos de fluorose resultantes do abuso de dentiacutefricos2

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluoretos duas vezes por dia tem-se revelado um

meio colectivo de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria com grande efectividade e baixo custo pelo que deve

ser considerado o meio de eleiccedilatildeo em estrateacutegias comunitaacuterias

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 10

Do ponto de vista da prevenccedilatildeo da caacuterie a aplicaccedilatildeo toacutepica de dentiacutefrico fluoretado com a escova dos

dentes deve ser executada duas vezes por dia e deve iniciar-se quando se daacute a erupccedilatildeo dos dentes Esta

rotina diaacuteria de higiene executada naturalmente com muito cuidado pelos pais deve

progressivamente ser assumida pela crianccedila ateacute aos 6-8 anos de idade Durante este periacuteodo a

escovagem deve ser sempre vigiada pelos pais ou educadores consoante as circunstacircncias para evitar

a utilizaccedilatildeo de quantidades excessivas de dentiacutefrico o qual pode da mesma forma que os

comprimidos conduzir antes dos 6 anos agrave ocorrecircncia de fluorose

As crianccedilas devem usar dentiacutefrico com teor de fluoretos entre 1000-1500 ppm de fluoreto (dentiacutefrico

de adulto) sendo a quantidade a utilizar do tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

Apoacutes a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado pode-se natildeo bochechar com aacutegua Deveraacute

apenas cuspir-se o excesso de pasta Deste modo consegue-se uma mais alta concentraccedilatildeo de fluoreto

na cavidade oral que vai actuar topicamente durante mais tempo

Os pais das crianccedilas devem receber informaccedilatildeo sobre a escovagem dentaacuteria e o uso de dentiacutefricos

fluoretados A escovagem com dentiacutefrico fluoretado deve iniciar-se imediatamente apoacutes a erupccedilatildeo dos

primeiros dentes Os dentiacutefricos fluoretados devem ser guardados em locais inacessiacuteveis agraves crianccedilas

pequenas17

5 3 F l u o r e t o s e m s o l u ccedil otilde e s d e b o c h e c h o

As soluccedilotildees para bochechos recomendadas a partir dos 6 anos de idade tecircm sido utilizadas em

programas escolares de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria em inuacutemeros paiacuteses incluindo Portugal Satildeo

recomendadas a indiviacuteduos de maior risco agrave caacuterie dentaacuteria mas a sua utilizaccedilatildeo tem vido a ser

restringida a crianccedilas que escovam eficazmente os dentes

Recomendaccedilatildeo Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Recomendaccedilatildeo A partir dos 6 anos de idade deve ser feito o bochecho quinzenalmente com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

02

As soluccedilotildees fluoretadas de uso diaacuterio habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

005 e as de uso semanal ou quinzenal habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de 02

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 11

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 12

Referecircncias

1 Diegues P Linhas de Orientaccedilatildeo associadas agrave presenccedila de fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento 2003 Documento produzido no acircmbito da task force Sauacutede Oral e Fluacuteor Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar e na Divisatildeo de Sauacutede Ambiental da DGS 2 Melo PRGR Influecircncia de diferentes meacutetodos de administraccedilatildeo de fluoretos nas variaccedilotildees de incidecircncia de caacuterie Porto Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto 2001 Tese de doutoramento 3 Agence Francaise de Seacutecuriteacute des Produits de Santeacute Mise au point sur le fluacuteor et la prevention de la carie dentaire AFSPS 31 Juillet 2002 4 Leikin JB Paloucek FP Poisoning amp Toxicology Handbook 3th edition Hudson Lexi- Comp 2002 586-7 5 Ismail AI Bandekar RR Fluoride suplements and fluorosis a meta-analysis Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 48-56 6 Steven ML An update on Fluorides and Fluorosis J Can Dent Assoc 200369(5)268-91 7 Pinto R Cristovatildeo E Vinhais T Castro MF Teor de fluoretos nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica nas sedes de concelho de Portugal Continental Revista Portuguesa de Estomatologia Medicina Dentaacuteria e Cirurgia Maxilofacial 1999 40(3)125-42 8 Regulamento 1782002 do Parlamento Europeu e do Conselho de 28 de Janeiro Jornal Oficial das Comunidades Europeias (2002021) 9 Decreto ndash lei nordm 5601999 DR I Seacuterie A 147 (991218) 10 Decreto ndash lei nordm 1362003 DR I Seacuterie A 293 (20030628) 11 Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002 Jornal Oficial das Comunidades Europeias (20020712) 12 Aoba T Fejerskov O Dental fluorosis Chemistry and Biology Crit Rev Oral Biol Med 2002 13(2) 155-70 13 DenBesten PK Biological mechanisms of dental fluorosis relevant to the use of fluoride supplements Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 41-7 14 Limeback H Introduction to the conference Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 27-30 15 Report of the Forum of fluoridation 2002Governement of Ireland 2002 wwwfluoridationforumie 16 Featherstone JDB Prevention and reversal of dental caries role of low level fluoride Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 31-40 17 Pereira A Amorim A Peres F Peres FR Caldas IM Pereira JA Pereira ML Silva MJ Caacuteries Precoces da InfacircnciaLisboa Medisa Ediccedilotildees e Divulgaccedilotildees Cientiacuteficas Lda 2001 Bibliografia

1 Almeida CM Sugestotildees para a Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2002 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e na Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa

2 Rompante P Fundamentos para a alteraccedilatildeo do Programa de Sauacutede Oral da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Documento realizado no acircmbito da Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2003 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e no Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede ndash Norte

3 Rompante P Determinaccedilatildeo da quantidade do elemento fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento puacuteblico na totalidade das sedes de concelho de Portugal Continental Porto Faculdade de Odontologia da Universidade de Barcelona 2002 Tese de Doutoramento

4 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in Children at High Caries Risk SIGN Publication 2000 47

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Page 8: Direcção-Geral da SaúdePrograma será complementado, sempre que oportuno, por orientações técnicas a emitir por esta Direcção-Geral. O Director-Geral e Alto Comissário da

Apoacutes a erupccedilatildeo do primeiro dente a higienizaccedilatildeo deve comeccedilar a ser feita pelos

pais duas vezes por dia utilizando uma gaze uma dedeira ou uma escova macia

com um dentiacutefrico fluoretado com 1000-1500 ppm (mgl) de fluoreto sendo uma

das vezes obrigatoriamente apoacutes a uacuteltima refeiccedilatildeo

A quantidade de dentiacutefrico a utilizar deve ser idecircntica ao tamanho da unha do 5ordm

dedo da matildeo da proacutepria crianccedila (dedo mindinho) Nesta fase pode permitir-se que

progressivamente e sob vigilacircncia a crianccedila comece a iniciar-se na escovagem dos

dentes

Natildeo se recomenda qualquer tipo de suplemento sisteacutemico com fluoretos

Aos pais das crianccedilas com menos de 3 anos deveraacute tambeacutem ser fornecida

informaccedilatildeo sobre alimentaccedilatildeo factores de cariogenicidade e a importacircncia de

prevenir as caacuteries precoces da infacircncia chamando a atenccedilatildeo em especial para o

facto de o bebeacute a partir do 1ordm ano de idade natildeo dever usar prolongadamente o

biberatildeo nem adormecer com ele na boca quer tenha leite farinhas ou sumos Eacute

tambeacutem particularmente importante reforccedilar a absoluta contra-indicaccedilatildeo da

utilizaccedilatildeo de chupetas com accediluacutecar ou mel

713 Dos 3 aos 6 anos de idade

Orientaccedilatildeo A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm deve ser efectuada duas vezes por dia

sendo uma delas obrigatoriamente antes de deitar

Neste periacuteodo de progressiva autonomia da crianccedila o exemplo dos pais eacute da maior

relevacircncia Na sua tentativa de imitaccedilatildeo a crianccedila vai adquirindo o haacutebito da

higiene oral Por isso nesta fase deve-se fomentar o iniacutecio da escovagem dos dentes

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico fluoretado com 1000-1500 ppm (mgl)

deve continuar a ser realizada ou supervisionada pelos pais dependendo da destreza

manual da crianccedila pelo menos duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente antes de deitar A quantidade de dentiacutefrico a utilizar deve ser

miacutenima isto eacute idecircntica ao tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

tal como se disse relativamente ao grupo etaacuterio anterior

Natildeo se recomenda qualquer tipo de suplemento sisteacutemico com fluoretos agrave excepccedilatildeo

das crianccedilas de alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 6

A qualidade da alimentaccedilatildeo eacute determinante para a maturaccedilatildeo orgacircnica e a sauacutede

fiacutesica e psicossocial Nesta fase a crianccedila adquire muitos dos comportamentos

alimentares e muitos dos erros nutricionais do adulto A diversidade na alimentaccedilatildeo

eacute a principal forma de garantir a satisfaccedilatildeo das necessidades do organismo em

nutrientes e evitar o excesso de ingestatildeo de substacircncias com riscos para a sauacutede5

Desaconselha-se o consumo de guloseimas e refrigerantes sobretudo fora das

refeiccedilotildees

Se a crianccedila fizer medicaccedilatildeo croacutenica deve dar-se preferecircncia agrave prescriccedilatildeo de

medicamentos sem accediluacutecar

7131 Dos 3 aos 6 anos no Jardim-de-infacircncia

Orientaccedilatildeo Integrar a educaccedilatildeo para sauacutede e a higiene no Projecto Educativo e efectuar uma escovagem dos dentes no

Jardim-de-infacircncia

As Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar preconizam uma

intervenccedilatildeo educativa em que a educaccedilatildeo para a sauacutede e a higiene fazem parte do

dia-a-dia do Jardim-de-infacircncia A crianccedila teraacute oportunidade de cuidar da sua

higiene e sauacutede de compreender as razotildees por que natildeo deve abusar de determinados

alimentos e ter conhecimento do funcionamento dos diferentes oacutergatildeos6

Desaconselha-se o consumo de guloseimas no Jardim-de-infacircncia

Todas as crianccedilas que frequentam os Jardins-de-infacircncia devem fazer uma das

escovagens dos dentes no estabelecimento de educaccedilatildeo sendo esta actividade

particularmente importante para as que vivem em zonas mais desfavorecidas e

apresentam caacuterie dentaacuteria

A escovagem dos dentes no Jardim-de-infacircncia tem por objectivo a

responsabilizaccedilatildeo progressiva da crianccedila pelo auto-cuidado de higiene oral Esta

actividade deveraacute estar integrada no projecto educativo do Jardim-de-infacircncia e ser

pedagogicamente dinamizada pelos educadores de infacircncia

As equipas de sauacutede escolar deveratildeo apoiar a elaboraccedilatildeo do projecto melhorar as

competecircncias dos educadores professores e pais sobre sauacutede oral bem como

orientar o desenvolvimento desta actividade

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 7

Por volta dos 6 anos comeccedilam a erupcionar os primeiros molares permanentes Pela

sua proacutepria morfologia imaturidade e dificuldade na remoccedilatildeo da placa bacteriana

das suas fissuras e fossetas estes dentes satildeo mais vulneraacuteveis agrave caacuterie Por isso

exigem uma atenccedilatildeo particular durante a erupccedilatildeo e uma teacutecnica especiacutefica de

escovagem

714 Mais de 6 anos de idade

Orientaccedilatildeo Escovar os dentes com um dentiacutefrico fluoretado com 1000 e 1500 ppm duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente antes de deitar

A partir dos 6 anos de idade a escovagem dos dentes jaacute deveraacute ser efectuada pela

crianccedila utilizando um dentiacutefrico fluoretado idecircntico ao usado pelos adultos

portanto com um teor de fluoreto entre 1000 e 1500 ppm (mgl) numa quantidade

aproximada de um (1) centiacutemetro

A escovagem dentaacuteria deveraacute ser efectuada duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente antes de deitar Se a crianccedila ainda natildeo tiver destreza manual

recomendamos que esta actividade seja apoiada ou mesmo executada pelos pais7

7141 Mais de 6 anos na escola

Orientaccedilatildeo As mensagens de promoccedilatildeo da sauacutede devem ser coincidentes com as praacuteticas da escola

Durante a escolaridade obrigatoacuteria as referecircncias agrave descoberta do corpo agrave sauacutede agrave

educaccedilatildeo alimentar agrave higiene em geral e agrave higiene oral estatildeo integradas no curriacuteculo

e nos programas escolares do 1ordm ao 9ordm ano do ensino baacutesico8

Educaccedilatildeo Alimentar

A escola tem um papel fundamental na formaccedilatildeo dos haacutebitos alimentares das

crianccedilas e dos jovens pelo que eacute transmitido dentro da sala de aula atraveacutes dos

conteuacutedos curriculares mas tambeacutem atraveacutes da influecircncia dos pares e professores e

pela forma como satildeo expostos os produtos no bufete e na cantina9

As crianccedilas e os jovens que consomem mais alimentos ricos em accediluacutecar e gorduras

e nos intervalos optam predominantemente por doces e bebidas accedilucaradas tecircm

susceptibilidade aumentada agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 8

Assim nos intervalos das aulas a oferta deveraacute possibilitar escolhas saudaacuteveis e

econoacutemicas como leite patildeo e fruta em detrimento de refrigerantes e bolos

Os princiacutepios da promoccedilatildeo da sauacutede devem constituir uma referecircncia para os

projectos de educaccedilatildeo alimentar As Escolas devem assegurar uma poliacutetica

nutricional que promova uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel com coordenaccedilatildeo entre os

serviccedilos que fornecem produtos alimentares na cantina e no bufete natildeo sendo

admissiacuteveis contradiccedilotildees entre as mensagens de educaccedilatildeo alimentar a oferta de

alimentos e a forma como satildeo confeccionados

Os projectos de educaccedilatildeo alimentar soacute ficaratildeo completos se envolverem os alunos

Eles satildeo os actores activos da pesquisa pois soacute compreendendo o que eacute uma

alimentaccedilatildeo equilibrada poderatildeo adoptar uma atitude criacutetica e selectiva na compra e

no consumo dos produtos alimentares Soacute conhecendo os direitos e deveres dos

consumidores se podem alicerccedilar praacuteticas saudaacuteveis

No 1ordm Ciclo

Os ingredientes essenciais da educaccedilatildeo alimentar na escola vatildeo desde a abordagem

dos haacutebitos alimentares agraves questotildees da alimentaccedilatildeo e sauacutede e agrave cadeia alimentar

produccedilatildeo fabrico transformaccedilatildeo distribuiccedilatildeo de alimentos conservaccedilatildeo e higiene

Todos estes aspectos podem ser desenvolvidos no estudo do meio na liacutengua

portuguesa na matemaacutetica e nas aacutereas da expressatildeo musical dramaacutetica e plaacutestica

No 2ordm e 3ordm Ciclos

A implementaccedilatildeo de um Projecto de Educaccedilatildeo Alimentar implica a mobilizaccedilatildeo dos

curriacuteculos disciplinares do maior nuacutemero possiacutevel de disciplinas

Nas Ciecircncias Naturais pode ser realccedilada a importacircncia da alimentaccedilatildeo e a sua

relaccedilatildeo com o funcionamento do corpo e a sauacutede na Histoacuteria pode ser abordada a

evoluccedilatildeo das sociedades e dos seus haacutebitos alimentares nas Ciecircncias Fiacutesico-

Quiacutemicas pode ser estimulado o interesse pelo meio fiacutesico onde os alimentos se

produzem e se transformam com possiacutevel envolvimento da Liacutengua Portuguesa da

Matemaacutetica da Geografia da Educaccedilatildeo Visual Fiacutesica e Tecnoloacutegica eou das aacutereas

curriculares natildeo disciplinares

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 9

Higiene Oral

A higiene oral deve ser abordada no contexto da aquisiccedilatildeo de comportamentos de

higiene pessoal As aprendizagens deveratildeo relacionar os saberes com as vivecircncias

dentro e fora da escola A estrutura dos programas do ensino baacutesico eacute

suficientemente aberta e flexiacutevel para atender os diversos pontos de partida os

interesses e as necessidades dos alunos assim como as caracteriacutesticas do meio

Deste modo os conteuacutedos da sauacutede oral e da higiene oral podem ser associados ao

desenvolvimento de haacutebitos de higiene pessoal e de vida saudaacutevel

No 1ordm Ciclo recomendamos que as crianccedilas faccedilam uma das escovagens dos dentes

no proacuteprio estabelecimento de ensino Esta escovagem deve ser orientada pelos

professores a quem deveraacute ser dada formaccedilatildeo para esta actividade e regularmente

pelo menos uma vez em cada trimestre supervisionada pela equipa de sauacutede escolar

Seraacute de estimular a auto-responsabilizaccedilatildeo da crianccedila pela sua higiene oral de

manhatilde e agrave noite

Escovagem dos dentes

Na escola deve ser monitorizada a execuccedilatildeo e a efectividade desta actividade A

execuccedilatildeo da escovagem pode ser monitorizada atraveacutes de um registo diaacuterio num

mapa de turma e a efectividade pode ser avaliada atraveacutes da utilizaccedilatildeo do revelador

de placa bacteriana e do caacutelculo do Iacutendice de lsquoPlaca Simplificadorsquo realizado pelos

profissionais de sauacutede10

Fio dentaacuterio

A higienizaccedilatildeo dos espaccedilos interdentaacuterios deve comeccedilar a ser feita por volta dos 9-

10 anos quando a crianccedila comeccedila a ter destreza manual para utilizar o fio dentaacuterio

A teacutecnica deve ser claramente explicada e treinada11

Bochecho fluoretado

Todas as crianccedilas e jovens que frequentam as escolas do 1ordm Ciclo do Ensino Baacutesico

devem fazer o bochecho quinzenal com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a 0212

As estrateacutegias e teacutecnicas de realizaccedilatildeo e implementaccedilatildeo na escola das medidas de

promoccedilatildeo da sauacutede oral preconizadas encontram-se descritas no Texto de Apoio

anexo a esta Circular Normativa da qual faz parte integrante

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 10

Sauacutede Oral na Adolescecircncia

No decurso da adolescecircncia em que se reorganiza a forma de estar no mundo se

reformula o autoconceito atraveacutes nomeadamente dos reforccedilos positivos da auto-

imagem a higiene oral pode desempenhar um contributo importante para esse

processo Neste periacuteodo a adesatildeo a praacuteticas adequadas em termos de sauacutede oral natildeo

passa estritamente por motivaccedilotildees de caraacutecter sanitaacuterio

Tendo isso em conta os profissionais de sauacutede ligados agraves acccedilotildees educativas e

preventivas neste domiacutenio natildeo podem deixar de valorizar as expectativas dos jovens

acerca dos laacutebios da boca e dos dentes nos planos esteacutetico e relacional

Sauacutede Oral em crianccedilas e de jovens com Necessidades de Sauacutede Especiais

A promoccedilatildeo da sauacutede oral de crianccedilas e jovens com Necessidades de Sauacutede

Especiais estaacute descrita no laquoManual de Boas Praacuteticas em Sauacutede Oralraquo editado pela

DGS13

A administraccedilatildeo de suplemento sisteacutemico de fluoretos recomendada deve ser

corrigida de acordo com as orientaccedilotildees introduzidas pelo presente documento

72 Prevenccedilatildeo das doenccedilas orais

Em sauacutede infantil e juvenil a observaccedilatildeo da boca e dos dentes feita pela equipa de

sauacutede pelo meacutedico de famiacutelia ou pelo pediatra comeccedila aos 6 meses e prolonga-se

ateacute aos 18 anos14

A estes profissionais compete reforccedilar as medidas de promoccedilatildeo da sauacutede oral

descritas anteriormente e fazer o diagnoacutestico precoce de caacuterie dentaacuteria registando

os dados na Ficha Individual de Sauacutede Oral e no Boletim de Sauacutede Infantil

Em Sauacutede Escolar tambeacutem poderaacute ser feita essa observaccedilatildeo

Face a um diagnoacutestico ou a uma suspeita de doenccedila oral a crianccedila deve ser

encaminhada para o gestor do programa no Centro de Sauacutede

Se o Centro de Sauacutede tiver higienista oral estomatologista ou meacutedico dentista eacute

feita a avaliaccedilatildeo do risco individual de caacuterie e a protecccedilatildeo dos dentes agraves crianccedilas e

jovens de alto risco

Se o Centro de Sauacutede natildeo dispuser de profissionais de sauacutede oral o gestor do

programa encaminharaacute as crianccedilas para os serviccedilos de estomatologia dos hospitais

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 11

distritais ou centrais caso tenham resposta ou para um meacutedico estomatologista

meacutedico dentista contratualizado

A partir do momento em que a crianccedila apresenta um dente com uma lesatildeo de caacuterie

dentaacuteria passa a exigir medidas preventivas e terapecircuticas especiacuteficas Apoacutes o

tratamento da lesatildeo de caacuterie essa crianccedila eacute incluiacuteda num grupo que do ponto de

vista preventivo exigiraacute maior atenccedilatildeo e acompanhamento

A protecccedilatildeo dos dentes em crianccedilas com alto risco agrave caacuterie dentaacuteria consiste na

execuccedilatildeo de uma ou mais medidas

Aplicaccedilatildeo de selantes de fissura

Suplemento de fluoretos um (1) comprimido diaacuterio de 025 mg que deve ser

dissolvido lentamente na boca agrave noite antes de deitar

Verniz de fluacuteor ou de clorohexidina

A estrateacutegia preventiva e terapecircutica do programa complementam-se com a

avaliaccedilatildeo do risco individual de caacuterie dentaacuteria

A avaliaccedilatildeo eacute feita a partir da conjugaccedilatildeo dos seguintes factores de risco evidecircncia

cliacutenica de doenccedila anaacutelise dos haacutebitos alimentares controlo da placa bacteriana

niacutevel socioeconoacutemico da famiacutelia e histoacuteria cliacutenica da crianccedila15

Factores de Risco Baixo Risco Alto Risco

Evidecircncia cliacutenica de doenccedila

Sem lesotildees de caacuterie Nenhum dente perdido devido a caacuterie Poucas ou nenhumas obturaccedilotildees

Lesotildees activas de caacuterie Extracccedilotildees devido a caacuterie Duas ou mais obturaccedilotildees Aparelho fixo de ortodontia

Anaacutelise dos haacutebitos alimentares

Ingestatildeo pouco frequente de alimentos accedilucarados

Ingestatildeo frequente de alimentos accedilucarados em particular entre as refeiccedilotildees

Utilizaccedilatildeo de fluoretos

Uso regular de dentiacutefrico fluoretado

Natildeo utilizaccedilatildeo regular de qualquer dentiacutefrico fluoretado

Controlo da placa bacteriana

Escovagem dos dentes duas ou mais vezes por dia

Natildeo escova os dentes ou faz uma escovagem pouco eficaz

Niacutevel socioeconoacutemico da famiacutelia

Meacutedio ou alto Baixo

Histoacuteria cliacutenica da crianccedila

Sem problemas de sauacutede Ausecircncia de medicaccedilatildeo croacutenica

Portador de deficiecircncia fiacutesica ou mental Ingestatildeo prolongada de medicamentos cariogeacutenicos Doenccedilas Croacutenicas Xerostomia

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 12

As crianccedilas e os jovens que natildeo se inscrevem em nenhuma das categorias anteriores

satildeo considerados de risco moderado

Os criteacuterios de avaliaccedilatildeo do risco individual de caacuterie dentaacuteria seratildeo

complementados com orientaccedilotildees teacutecnicas a emitir pela Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

73 Diagnoacutestico precoce e tratamento dentaacuterio

O diagnoacutestico precoce e os tratamentos dentaacuterios podem ser feitos no Centro de

Sauacutede nos serviccedilos de estomatologia do Hospital ou pelos meacutedicos estomatologistas

ou meacutedicos dentistas contratualizados da sua aacuterea de atracccedilatildeo

Nos Centros de Sauacutede onde existe Higienista Oral este gere os encaminhamentos

quando haacute necessidade de tratamentos e a frequecircncia da vigilacircncia da sauacutede oral das

crianccedilas e dos jovens do seu ficheiro

A contratualizaccedilatildeo com profissionais de sauacutede oral permite-nos garantir cuidados de

sauacutede oral a todas as crianccedilas em Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral

que desenvolvam caacuterie dentaacuteria

O processo seraacute implementado progressivamente O meacutedico estomatologistameacutedico

dentista responsabiliza-se pelo acompanhamento individual das crianccedilas que lhe satildeo

remetidas pelo SNS

O encaminhamento deve respeitar a liberdade de escolha do utente e a capacidade

de resposta do profissional contratualizado

8 Avaliaccedilatildeo do Programa

A avaliaccedilatildeo do programa tem periodicidade anual pelo que os indicadores a utilizar

teratildeo necessariamente que ser faacuteceis de obter e fiaacuteveis Satildeo eles que iratildeo permitir a

monitorizaccedilatildeo do programa e os avanccedilos alcanccedilados em cada regiatildeo de sauacutede e nos

diversos grupos etaacuterios

As fontes de dados satildeo nos serviccedilos puacuteblicos os registos habituais de actividades e

os mapas de sauacutede oral e sauacutede escolar nos serviccedilos privados a informaccedilatildeo

produzida pelos profissionais de sauacutede oral contratualizados registada na Ficha

Individual de Sauacutede Oral transcrita para o Mapa Anual da intervenccedilatildeo meacutedico-

dentaacuteria e enviada para o serviccedilo com quem contratualizou

A qualidade das prestaccedilotildees contratualizadas seraacute feita por avaliaccedilatildeo externa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 13

Os indicadores de avaliaccedilatildeo do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral satildeo

Percentagem de crianccedilas em programa aos 3 6 12 e 15 anos

Percentagem de crianccedilas em programa no Jardim-de-infacircncia e na Escola no 1ordm

ciclo 2ordm ciclo e 3ordm ciclo

Percentagem de crianccedilas com necessidades de tratamentos dentaacuterios

encaminhadas e tratadas

Percentagem de crianccedilas de alto risco agrave caacuterie

Percentagem de crianccedilas livres de caacuterie aos 6 anos

Iacutendice cpod e CPOD aos 6 anos

Iacutendice CPOD aos 12 anos

Esta avaliaccedilatildeo anual natildeo substitui as avaliaccedilotildees quinquenais de acircmbito nacional que a

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede com as Administraccedilotildees Regionais de Sauacutede e as Secretarias

Regionais continuaratildeo a realizar

9 Disposiccedilotildees finais e transitoacuterias

Para efeito de avaliaccedilatildeo do estado dentaacuterio e de avaliaccedilatildeo do risco seratildeo elaborados

suportes de informaccedilatildeo para serem utilizados por todos os sectores intervenientes

no programa e em todos os niacuteveis de produccedilatildeo de informaccedilatildeo

Do niacutevel local ao niacutevel central a informaccedilatildeo iraacute sendo agrupada em mapas de modo

a podermos construir indicadores de niacuteveis de resultados

Os dois Textos de Apoio anexos a este programa ldquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de

Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutederdquo e ldquoFluoretos Fundamentaccedilatildeo e

recomendaccedilatildeordquo suportam as alteraccedilotildees introduzidas e apontam formas de

implementar a estrateacutegia definida no Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede

Oral

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 14

Consenso sobre a utilizaccedilatildeo de fluoretoslowast no acircmbito do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral

Generalidades

O fluacuteor tem comprovada importacircncia na reduccedilatildeo da prevalecircncia e gravidade da caacuterie A

estrateacutegia da sua utilizaccedilatildeo em sauacutede oral foi redefinida com base em novas evidecircncias

cientiacuteficas Actualmente considera-se que a sua acccedilatildeo preventiva e terapecircutica eacute toacutepica

e poacutes-eruptiva e que para se obter este efeito toacutepico o dentiacutefrico fluoretado constitui a

opccedilatildeo consensual

Os fluoretos quando administrados por via sisteacutemica podem ter efeitos toacutexicos em

particular antes dos 6 anos Embora as consequecircncias sejam essencialmente de ordem

esteacutetica eacute revista a sua administraccedilatildeo

Nas crianccedilas com idades iguais ou inferiores a 6 anos que cumprem as exigecircncias

habituais da higiene oral isto eacute escovam os dentes usando dentiacutefrico fluoretado a

concomitante administraccedilatildeo de comprimidos ou gotas aumenta o risco de fluorose

dentaacuteria

As recomendaccedilotildees da Task Force sobre a utilizaccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da

caacuterie integradas no Programa Nacional de Sauacutede Oral satildeo as seguintes

a) Eacute dada prioridade agraves aplicaccedilotildees toacutepicas sob a forma de dentiacutefricos administrados na

escovagem dos dentes Estas aplicaccedilotildees devem ser efectuadas desde a erupccedilatildeo dos

dentes e de acordo com as regras expostas na tabela anexa

b) Os comprimidos anteriormente recomendados no acircmbito do Programa de Promoccedilatildeo

da Sauacutede Oral nas Crianccedilas e nos Adolescentes (CN nordm 6DSE de 200599) soacute

seratildeo administrados apoacutes os 3 anos a crianccedilas de alto risco agrave caacuterie dentaacuteria Nesta

situaccedilatildeo os comprimidos devem ser dissolvidos na boca lentamente

preferencialmente antes de deitar As acccedilotildees de educaccedilatildeo para a sauacutede devem

prioritariamente promover a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado

lowast Das Faculdades de Medicina Dentaacuteria de Lisboa Porto e Coimbra Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Coleacutegio de Estomatologia da Ordem dos Meacutedicos Ordem dos Meacutedicos Dentistas e Sociedade Portuguesa de Pediatria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 15

c) Em nenhum dos casos estaacute recomendada a administraccedilatildeo de fluoretos sisteacutemicos agraves

graacutevidas agraves crianccedilas antes dos 3 anos e agraves que em qualquer idade consumam aacutegua

com teor de fluoreto superior a 03 ppm

Recomendaccedilotildees sobre a utilizaccedilatildeo de fluoretos no acircmbito do PNPSO

RECOMEN-

DACcedilOtildeES

Frequecircncia da

escovagem dos dentes

Material utilizado na escovagem dos dentes

Execuccedilatildeo da escovagem dos dentes

Dentiacutefrico fluoretado

Suplemento sisteacutemico de

fluoretos

0-3 Anos 2 x dia

a partir da erupccedilatildeo do 1ordm dente

uma obrigatoria-mente antes

de deitar

Gaze Dedeira

Escova macia

de tamanho pequeno

Pais

1000-1500 ppm

quantidade idecircntica ao tamanho da

unha do 5ordm dedo da crianccedila

Natildeo recomendado

3-6 Anos 2 x dia

uma

obrigatoria-mente antes

de deitar

Escova macia

de tamanho adequado agrave

boca da crianccedila

Pais eou Crianccedila

a partir do

momento em que a crianccedila

adquire destreza

manual faz a escovagem sob

supervisatildeo

1000-1500 ppm

quantidade idecircntica ao tamanho da

unha do 5ordm dedo da crianccedila

Natildeo recomendado

Excepcionalmente as crianccedilas de alto

risco agrave caacuterie dentaacuteria podem fazer

1 (um) comprimido diaacuterio de fluoreto de soacutedio a 025 mg

Mais de 6 Anos

2 x dia

uma

obrigatoria-mente antes

de deitar

Escova macia

ou em alternativa

meacutedia

de tamanho adequado agrave

boca da crianccedila ou do

jovem

Crianccedila eou Pais

se a crianccedila

natildeo tiver adquirido destreza

manual a escovagem

tem que ter a intervenccedilatildeo

activa dos pais

1000-1500 ppm

quantidade aproximada de 1 centiacutemetro

Natildeo recomendado

Excepcionalmente as crianccedilas de alto

risco agrave caacuterie dentaacuteria podem fazer

1 (um) comprimido diaacuterio de fluoreto de soacutedio a 025 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 16

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 17

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11 Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede O uso do fio dentaacuterio previne algumas doenccedilas orais Lisboa DGS 1993

12 Direcccedilatildeo-Geral dos Cuidados de Sauacutede Primaacuterios Bochecho fluoretado ndash Guia Praacutetico do Professor Lisboa DGS 1992

13 Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Divisatildeo de Sauacutede Escolar Manual de Boas Praacuteticas em Sauacutede Oral para quem trabalha com Crianccedilas e Jovens com Necessidades de Sauacutede Especiais Lisboa DGS 2002 httpwwwdgsaudept

14 Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Sauacutede Infantil e Juvenil Programa-Tipo de Actuaccedilatildeo Lisboa DGS2002 (Orientaccedilotildees Teacutecnicas 12) httpwwwdgsaudept

15 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in children at High Caries Risk A National Clinical Guideline SIGN 2000 httpwwwsignacuk

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Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 20

Agradecimentos

A Task Force que colaborou na revisatildeo do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral coordenada pela Drordf Gregoacuteria Paixatildeo von Amann e pela Higienista Oral Cristina Ferreira Caacutedima da Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede contou com a prestimosa colaboraccedilatildeo teacutecnica e cientiacutefica de

Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge representado pela Drordf Dirce Silveira

Direcccedilatildeo-Geral da Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura representada pela Engordf Maria de Lourdes Camilo

Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa representada pelo Prof Doutor Paulo Melo

Faculdade de Medicina de Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria representada pelo Dr Francisco Delille

Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade de Lisboa representada pelo Prof Doutor Ceacutesar Mexia de Almeida

Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto representada pelo Prof Doutor Fernando M Peres

Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento representado pela Drordf Ana Arauacutejo

Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede - Norte representado pelo Prof Doutor Paulo Rompante

Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede - Sul representado pela Profordf Doutora Fernanda Mesquita

Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia representada pelo Dr Alexandre Loff Seacutergio

Ordem dos Meacutedicos Dentistas representada pelo Prof Doutor Paulo Melo

Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria representada pelo Prof Doutor Ceacutesar Mexia de Almeida

Sociedade Portuguesa de Pediatria representada pelo Dr Manuel Salgado

Serviccedilos da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede representada pela Drordf Anabela Lopes Divisatildeo de Sauacutede Ambiental representada pelo Engordm Paulo Diegues e a Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede representada pelo Dr Pedro Ribeiro da Silva

Pelas sugestotildees e correcccedilotildees introduzidas o nosso agradecimento agrave Profordf Doutora Isabel Loureiro ao Dr Vasco Prazeres Drordf Leonor Sassetti Drordf Ana Paula Ramalho Correia Dr Rui Calado Drordf Maria Otiacutelia Riscado Duarte Dr Joatildeo Breda e ao Sr Viacutetor Alves que concebeu o logoacutetipo do programa

A todos a Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede e a Divisatildeo de Sauacutede Escolar agradecem

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

E s t r a t eacute g i a s e T eacute c n i c a s d e E d u c a ccedil atilde o e P r o m o ccedil atilde o

d a S a uacute d e

Documento produzido no acircmbito dos trabalhos da Task Force pela Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede Dr

Pedro Ribeiro da Silva e Dr Joatildeo Breda e pela Higienista Oral Cristina Ferreira Caacutedima e Drordf Gregoacuteria Paixatildeo von Amann da

Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede que coordenou os trabalhos

1 Preacircmbulo

Os Programas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede tecircm por objectivo capacitar as pessoas a tomarem decisotildees no

seu quotidiano que se revelem as mais adequadas para manter ou alargar o seu potencial de sauacutede

Para se atingir este objectivo fornece-se informaccedilatildeo e utilizam-se metodologias que facilitem e decircem

suporte agraves mudanccedilas comportamentais e agrave manutenccedilatildeo das praacuteticas consideradas saudaacuteveis

Mas a mudanccedila de comportamentos natildeo eacute faacutecil depende de factores sociais culturais familiares

entre muitos outros e natildeo apenas do conhecimento cientiacutefico que as pessoas possuam sobre

determinada mateacuteria

Esta dificuldade eacute bem patente quando como no presente caso se pretende intervir sobre

comportamentos relacionados com a alimentaccedilatildeo e a escovagem dos dentes

Quando os pais datildeo aos filhos patildeo achocolatado ou outros alimentos accedilucarados para levarem para a

escola estatildeo com frequecircncia a dar natildeo apenas um alimento mas tambeacutem e ateacute talvez

principalmente afecto tentando colmatar lacunas que possam ter na relaccedilatildeo com os seus filhos

mesmo que natildeo tenham consciecircncia desse facto

Podem tambeacutem dar este tipo de alimento por terem dificuldade de encontrar tempo para confeccionar

uma sandes ou outro alimento e os anteriormente referidos estatildeo sempre prontos a serem colocados na

mochila da crianccedila

Eacute importante desenvolvermos estrateacutegias de Educaccedilatildeo para a Sauacutede que natildeo culpabilizem os pais

porque estes intrinsecamente desejam sempre o melhor para os seus filhos embora natildeo consigam por

vezes colocaacute-lo em praacutetica

Devido agrave complexidade que eacute actuar sobre comportamentos individuais para se aumentar a eficiecircncia

das nossas praacuteticas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede torna-se fulcral utilizar metodologias alargadas a vaacuterios

parceiros e sectores da comunidade de forma articulada e continuada para que progressivamente

possamos ir obtendo resultados

Como propotildee Nancy Russel no seu Manual de Educaccedilatildeo para a Sauacutede ldquoPara desenhar um

programa de Educaccedilatildeo para a Sauacutede eacute necessaacuterio ter conhecimentos sobre comportamentos e sobre

os factores que produzem a mudanccedilardquo E continua explicitando ldquoAs teorias da mudanccedila de

comportamento que podem ser aplicadas em Educaccedilatildeo para a Sauacutede foram elaboradas a partir de

uma variedade de aacutereas incluindo a psicologia a sociologia a antropologia a comunicaccedilatildeo e o

marketing Nenhuma teoria ou rede de conceitos domina por si soacute a investigaccedilatildeo ou a praacutetica da

Educaccedilatildeo para a Sauacutede Provavelmente porque os comportamentos de sauacutede satildeo demasiado

complexos para serem explicados por uma uacutenica teoriardquo (19968)

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 2

2 Metodologias para Desenvolvimento da Acccedilatildeo

21 Primeira vertente ndash O diagnoacutestico de situaccedilatildeo

A primeira etapa de actuaccedilatildeo eacute de grande importacircncia para a continuidade das outras actividades e

podemos resumi-la a um bom diagnoacutestico de situaccedilatildeo que permita conhecer em pormenor a realidade

sobre a qual se pretende actuar

I - Eacute importante estabelecer como uma das primeiras actividades a anaacutelise de duas vertentes com

grande influecircncia na sauacutede oral os haacutebitos culturais das famiacutelias relativamente agrave alimentaccedilatildeo e as

praacuteticas de higiene oral dos adultos e das crianccedilas

II - Um segundo aspecto relaciona-se com os tipos de interacccedilatildeo entre professores ou

educadores de infacircncia e pais No caso de essa interacccedilatildeo ser regular e organizada importa saber como

reagem os pais agraves indicaccedilotildees dos professores sobre os aspectos comportamentais das crianccedilas e que

efeito e eficaacutecia tecircm essas acccedilotildees na capacitaccedilatildeo de pais e filhos relativamente aos comportamentos

relacionados com a sauacutede oral

Actividades a desenvolverem

a) estudar as formas de melhorar a relaccedilatildeo entre pais e professores procurando resolver as

dificuldades que com frequecircncia os pais apresentam como obstaacuteculos ao contacto mais regular

com os professores

b) analisar a eficaacutecia das recomendaccedilotildees dadas procurando as razotildees que possam estar na origem

de situaccedilotildees de menor eficaacutecia como o desfasamento entre as recomendaccedilotildees e o contexto

familiar e cultural das crianccedilas ou recomendaccedilotildees muito teacutecnicas ou paternalistas Todas estas

situaccedilotildees podem provocar resistecircncias nas famiacutelias agrave adesatildeo agraves praacuteticas desejaacuteveis relativamente

ao programa de sauacutede oral Esta temaacutetica da Educaccedilatildeo para a Sauacutede e as praacuteticas

comportamentais eacute muito complexa mas fundamental para se conseguirem resultados ao niacutevel

dos comportamentos

III - Outra componente a analisar satildeo os aspectos sociais dos consumos alimentares que possam

estar relacionados com situaccedilotildees locais como campanhas publicitaacuterias ou de promoccedilatildeo de

determinados alimentos potencialmente cariogeacutenicos nos estabelecimentos da zona Oferta pouco

adequada de alimentos na cantina da escola com existecircncia preponderante de alimentos e bebidas

accedilucaradas A confecccedilatildeo das refeiccedilotildees no refeitoacuterio com pouca oferta de fruta legumes e vegetais e

preponderacircncia de sobremesas doces

Segundo o Modelo Precede de Green existem 3 etapas a contemplar num diagnoacutestico de situaccedilatildeo

middot diagnoacutestico epidemioloacutegico necessaacuterio para a identificaccedilatildeo dos problemas de sauacutede sobre os

quais se vai actuar como sejam os iacutendices de caacuterie fluorose dentaacuteria e outros

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 3

middot diagnoacutestico social que corresponde agrave identificaccedilatildeo das situaccedilotildees sociais existentes na comunidade

onde se desenvolve a actividade que podem contribuir para os problemas de sauacutede oral detectados

ou que se pretende prevenir

middot diagnoacutestico comportamental para identificaccedilatildeo dos vaacuterios padrotildees comportamentais que possam

estar relacionados com os problemas de sauacutede oral inventariados

A este diagnoacutestico de problemas eacute importante associar-se a identificaccedilatildeo de necessidades da

populaccedilatildeo-alvo da acccedilatildeo

Apesar da prevalecircncia das doenccedilas orais e da necessidade deste Programa Nacional em algumas

comunidades poderatildeo existir vaacuterios outros problemas de sauacutede mais graves ou mais prevalentes e

neste caso importa fazer uma avaliaccedilatildeo dos recursos e das possibilidades de eficaacutecia dando prioridade

aos grupos e agraves situaccedilotildees mais graves e de maior amplitude Outro factor a ter em conta na decisatildeo

relaciona-se com a capacidade de alterar as causas comportamentais ou factores de risco pelo

programa educacional

Apoacutes a avaliaccedilatildeo das necessidades deveratildeo ser estabelecidas as prioridades tendo em conta os

problemas de sauacutede identificados a capacidade de alteraccedilatildeo dos factores de risco comportamentais e

outros Eacute muito importante associar-se agrave definiccedilatildeo de prioridades de actuaccedilatildeo a caracterizaccedilatildeo dos sub-

grupos existentes e as diferentes estrateacutegias apropriadas a cada uma dessas populaccedilotildees alvo

22 Segunda vertente ndash os teacutecnicos de educaccedilatildeo

Todos os parceiros satildeo importantes para o desenvolvimento dos programas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede

mas no caso especiacutefico da sauacutede oral os teacutecnicos de Educaccedilatildeo satildeo fundamentais Eacute por esta razatildeo

tarefa prioritaacuteria sensibilizaacute-los e englobaacute-los no desenho dos programas desde o iniacutecio

Sabemos atraveacutes das nossas praacuteticas anteriores que nem sempre os teacutecnicos de educaccedilatildeo aderem a

algumas das actividades dos programas de sauacutede oral propostas pelos teacutecnicos de sauacutede utilizando

para isso os mais diversos argumentos A explicitaccedilatildeo dos uacuteltimos consensos cientiacuteficos nesta aacuterea

com disponibilizaccedilatildeo de bibliografia pode ser facilitador da adesatildeo ao programa

Uma das actividades centrais deste programa seraacute trabalhar em conjunto com os teacutecnicos de educaccedilatildeo

nomeadamente docentes das escolas baacutesicas e secundaacuterias e educadores de infacircncia sobre as

potencialidades do programa e os ganhos em sauacutede que a meacutedio e longo prazo este pode provocar na

populaccedilatildeo portuguesa

Outra tarefa importante eacute a reflexatildeo em conjunto sobre as dificuldades diagnosticadas em cada escola

para concretizar as actividades do programa na tentativa de encontrar soluccedilotildees seja atraveacutes da

resoluccedilatildeo dos obstaacuteculos seja encontrando alternativas Poderaacute acontecer natildeo ser possiacutevel executar

todas as tarefas incluiacutedas no programa Nesses casos importa decidir quais as actividades que poderatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 4

ser levadas agrave praacutetica com ecircxito Seraacute preferiacutevel concretizar algumas tarefas que nenhumas assim

como seraacute melhor realizar bem poucas tarefas do que muitas ou todas de forma deficiente

Frequentemente existe um diferencial de conhecimentos sobre estas aacutereas entre os teacutecnicos de

educaccedilatildeo e os de sauacutede Para evitar problemas eacute imperioso que os teacutecnicos de educaccedilatildeo sejam

parceiros em igualdade de circunstacircncia e natildeo sintam que tecircm um papel secundaacuterio no projecto ou

meros executores de tarefas

A eventual deacutecalage de conhecimentos sobre sauacutede oral pode ser compensado utilizando estrateacutegias de

trabalho em equipa natildeo assumindo os teacutecnicos de sauacutede papel de liacutederes do processo nem de

detentores da informaccedilatildeo cientiacutefica As teacutecnicas de trabalho em equipa devem implicam a partilha de

tarefas e lideranccedila natildeo assumindo o programa uma dimensatildeo vertical e impositiva por parte da sauacutede

As mensagens chave do programa seratildeo discutidas por todos os intervenientes Eacute muito importante que

sejam claras nos conteuacutedos e assumidas por toda a equipa em todas as situaccedilotildees de modo a tornar as

intervenccedilotildees coerentes com os objectivos do programa

Como cada comunidade e cada escola tecircm caracteriacutesticas proacuteprias o programa as actividades e o

trabalho interdisciplinar em equipa seratildeo adequados agraves condiccedilotildees objectivas e subjectivas de todos os

intervenientes o que pode tornar necessaacuterio fazer adaptaccedilotildees agrave aplicaccedilatildeo do mesmo O mesmo se

passa em relaccedilatildeo agraves mensagens que necessitam ser adaptadas a cada situaccedilatildeo e a cada contexto

Em relaccedilatildeo agrave Educaccedilatildeo para a Sauacutede a procura de soluccedilotildees para as situaccedilotildees decorrentes da

implementaccedilatildeo do programa como a sensibilizaccedilatildeo dos parceiros e a eliminaccedilatildeo de obstaacuteculos satildeo

uma das tarefas centrais dos programas e natildeo devem ser subestimadas pelos teacutecnicos de sauacutede pois

delas depende muita da eficaacutecia do projecto

A educaccedilatildeo alimentar eacute uma das vertentes centrais do programa pelo que eacute necessaacuterio sensibilizar os

professores para aspectos da vida escolar que podem afectar a sauacutede oral dos alunos como as ementas

escolares existentes no refeitoacuterio e o tipo de alimentos disponibilizado no bar

221 Componente praacutetica

Uma primeira tarefa do programa na escola seraacute a sensibilizaccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo para a

importacircncia do mesmo A explicitaccedilatildeo teoacuterica resumida dos pressupostos cientiacuteficos que legitimam a

alteraccedilatildeo do programa eacute um instrumento facilitador

Fundamental explicar as razotildees que tornam a escovagem como um actividade central do programa e

os inconvenientes de se darem suplementos de fluacuteor de forma generalizada Seremos especialmente

eficazes se nos disponibilizarmos para responder agraves questotildees e duacutevidas que os professores possam ter

Esta eacute com certeza tambeacutem uma maneira de aprofundarmos o diagnoacutestico da situaccedilatildeo e de podermos

contribuir para remover os obstaacuteculos detectados

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 5

Uma segunda tarefa consistiraacute em operacionalizar o programa com os professores de modo a construi-

lo conjuntamente As diversas tarefas devem ser planeadas e avaliadas continuamente para se fazerem

as alteraccedilotildees consideradas necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar do programa

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo e a escovagem

O Programa Nacional de Sauacutede Oral propotildee algumas alteraccedilotildees que podemos considerar profundas e

de ruptura em relaccedilatildeo ao programa anterior como sejam a aplicaccedilatildeo restrita dos suplementos

sisteacutemicos de fluoretos e a escovagem duas vezes ao dia com um dentiacutefrico fluoretado como principal

medida para uma boa sauacutede oral Estas directrizes derivam do consenso dos peritos de Sauacutede Oral

reunidos na task force coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

Eacute faacutecil de compreender que organizar a escovagem dos dentes dos alunos eacute mais trabalhoso que dar-

lhes um comprimido de fluacuteor ou ateacute do que fazer o bochecho com uma soluccedilatildeo fluoretada Para sermos

bem sucedidos seraacute fundamental actuar de forma cautelosa respeitando as caracteriacutesticas das pessoas e

os contextos em presenccedila

Como sabemos eacute difiacutecil quebrar rotinas e o programa vai implicar mais trabalho para os professores e

disponibilizaccedilatildeo de tempo para os pais e professores A adopccedilatildeo pelos Jardins de infacircncia e Escolas da

escovagem dos dentes dos alunos pelo menos uma vez dia como factor central do programa vai

possivelmente encontrar algumas resistecircncias por parte dos educadores de infacircncia e professores que

importa ir resolvendo de forma progressiva e de acordo com as dificuldades reais encontradas Estas

dificuldades podem estar relacionadas com a deficiecircncia de instalaccedilotildees ou outras mas estaraacute com

frequecircncia tambeacutem muito relacionada com aspectos psicossociais de resistecircncia agrave mudanccedila de rotinas

instaladas e com vaacuterios anos

Uma das estrateacutegias primordiais para este programa ser bem sucedido passa pela resoluccedilatildeo dos

obstaacuteculos referidos pelos teacutecnicos de educaccedilatildeo relativamente agrave escovagem nomeadamente

a possibilidade de as crianccedilas usarem as escovas de colegas podendo haver transmissatildeo de doenccedilas

como a hepatite ou outras

a ausecircncia de um local apropriado para a escovagem

a confusatildeo que a escovagem iraacute causar com eventuais situaccedilotildees de indisciplina

a dificuldade de vigiar todos os alunos durante a escovagem com a consequente possibilidade de

alguns especialmente se mais novos poderem engolir dentiacutefrico

existirem alguns alunos que devido a carecircncias econoacutemicas ou desconhecimento dos pais tecircm

escovas jaacute muito deterioradas podendo ser alvo de troccedila e humilhaccedilatildeo por parte dos colegas ou

sentindo-se os professores na necessidade de fazerem algo mas natildeo terem possibilidade de

substituiacuterem as escovas

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 6

Estes e outros argumentos poderatildeo ser reais ou apenas formas de encontrar justificaccedilotildees para natildeo

alterar rotinas no entanto eacute fundamental analisar cada situaccedilatildeo e encontrar a forma adequada de actuar

o que implica procurar em conjunto a resoluccedilatildeo do problema natildeo desvalorizando a perspectiva do

teacutecnico de educaccedilatildeo mesmo que do ponto de vista da sauacutede nos pareccedila oacutebvia a resistecircncia agrave mudanccedila e

a sua soluccedilatildeo

Se natildeo conseguirmos sensibilizar os profissionais de educaccedilatildeo para a importacircncia da escovagem e nos

limitarmos a contra-argumentar com os nossos dados e a nossa cientificidade facilmente iratildeo

encontrar outros argumentos Eacute preciso compreender que o que estaacute em causa natildeo satildeo as dificuldades

objectivas mas outro tipo de razotildees mais ou menos subjectivas relacionadas com as condiccedilotildees locais

e de contexto como por exemplo o facto de alguns professores considerarem que natildeo eacute da sua

competecircncia promover a escovagem dos dentes dos seus alunos A interacccedilatildeo pais-professores eacute

constante e pode potenciar grandemente o programa

23 Terceira vertente ndash os pais

Os pais satildeo tambeacutem intervenientes fundamentais nos programas de sauacutede oral e eacute fundamental que

sejam englobados na equipa de projecto enquanto parceiros activos na programaccedilatildeo de actividades de

modo a poder resolver-se eventuais resistecircncias que inclusive podem ser desconhecidas dos teacutecnicos e

serem devidas a idiossincracias micro-culturais Todas as estrateacutegias que sensibilizem os pais para as

medidas que se preconizam satildeo importantes Eacute fundamental que o programa seja ldquocontinuadordquo e

reforccedilado em casa e natildeo pelo contraacuterio descredibilizado pelas praacuteticas domeacutesticas

Em relaccedilatildeo aos pais os factores emocionais satildeo centrais na sua relaccedilatildeo com os filhos e com as escolhas

comportamentais quotidianas Transmitir informaccedilatildeo de forma essencialmente cognitiva por exemplo

laquonatildeo decirc lsquoBolosrsquo aos seus filhos porque satildeo alimentos que podem contribuir para o aparecimento de

caacuterie nos dentes e provocar obesidaderaquo tem muitas possibilidades de provocar efeitos perversos

negativos como seja a culpabilizaccedilatildeo dos pais e a resistecircncia agrave mudanccedila de comportamentos

Com frequecircncia os doces satildeo uma forma de dar afecto ou premiar os filhos ou ateacute servir como

substituto da impossibilidade dos pais estarem mais tempo com os filhos situaccedilatildeo que natildeo eacute com

frequecircncia consciente para os pais Os padrotildees comportamentais dos pais obedecem a inuacutemeras

componentes e soacute actuando sobre cada uma delas se conseguem resultados nas mudanccedilas de

comportamentos

Fornecer apenas informaccedilatildeo pode natildeo soacute natildeo provocar alteraccedilotildees comportamentais como criar ou

aumentar as resistecircncias agrave mudanccedila Eacute preciso adequar a informaccedilatildeo agraves diversas situaccedilotildees

caracterizando-as primeiro valorizando as componentes emocionais relacionais e contextuais dos

comportamentos natildeo culpabilizando os pais (porque isso provoca resistecircncias agrave mudanccedila natildeo soacute em

relaccedilatildeo a este programa mas a futuras intervenccedilotildees) e encontrando formas alternativas de resolver estas

situaccedilotildees utilizando soluccedilotildees que provoquem emoccedilotildees positivas em todos os intervenientes E dessa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 7

forma eacute possiacutevel ser-se eficaz respeitando os universos relacionais das famiacutelias e evitando efeitos

comportamentais paradoxais ou seja por reacccedilatildeo agrave informaccedilatildeo que os culpabiliza os pais

dessensibilizam das nossas indicaccedilotildees agravando e aumentando as praacuteticas que se desaconselham

Eacute esta uma das razotildees porque eacute tatildeo difiacutecil atingir os grupos populacionais que exactamente mais

precisavam de ser abrangido pelos programas de prevenccedilatildeo da doenccedila e promoccedilatildeo da sauacutede

Para aleacutem de se conhecerem as praacuteticas alimentares e de higiene oral que as crianccedilas e adolescentes

tecircm em casa eacute importante caracterizar as razotildees desses procedimentos Referimo-nos aos aspectos

individuais familiares culturais e contextuais Se queremos actuar sobre comportamentos eacute

fundamental conhecer as atitudes crenccedilas preconceitos estereoacutetipos e representaccedilotildees sociais que se

relacionam com as praacuteticas das famiacutelias as quais variam de famiacutelia para famiacutelia

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo podem ser colaboradores preciosos para esta caracterizaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo aos pais podemos resumir os aspectos a valorizar

Inclui-los nos diversos passos do programa

sensibiliza-los para a importacircncia da sauacutede oral respeitando os seus universos familiares e

culturais

dar suporte continuado agrave mudanccedila de comportamentos e de todos os factores que lhe estatildeo

associados

24 Quarta vertente ndash as crianccedilas

As crianccedilas e os adolescentes satildeo o principal puacuteblico-alvo do programa de sauacutede oral Sensibilizaacute-los

para as praacuteticas alimentares e de higiene oral que os peritos consideram actualmente adequadas eacute o

nosso objectivo

Como jaacute foi referido anteriormente eacute necessaacuterio ser cuidadoso na forma de comunicar com as crianccedilas

e adolescentes natildeo criticando directa ou indirectamente os conhecimentos e as praacuteticas aconselhadas

ou consentidas por pais e professores com quem eles convivem directamente e que satildeo dos principais

influenciadores dos seus comportamentos satildeo os seus modelos e constituem o seu universo de afectos

Criar clivagem na relaccedilatildeo cognitiva afectiva e emocional entre pais ou professores e crianccedilas e

adolescentes eacute algo que devemos ter sempre presente e evitar

As estrateacutegias de trabalho com as crianccedilas deveratildeo ser adaptadas agrave sua maturidade psico-cognitiva e

contexto socio-cultural Para que as actividades sejam luacutedicas e criativas adequadas agraves idades e outras

caracteriacutesticas das crianccedilas e adolescentes a contribuiccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo eacute com certeza

fundamental

Eacute muito importante ter em conta alguns aspectos educativos relativamente agrave mudanccedila de

comportamentos A participaccedilatildeo activa das crianccedilas na formulaccedilatildeo dessas actividades torna mais

eficazes os efeitos pretendidos

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 8

Pela dificuldade em mudar comportamentos principalmente de forma estaacutevel eacute aconselhaacutevel adequar

os objectivos agraves realidades Seraacute preferiacutevel actuar sobre um ou dois comportamentos sobre os quais a

caracterizaccedilatildeo inicial nos permitiu depreender que seraacute possiacutevel obtermos resultados positivos em vez

de tentar actuar sobre todos os comportamentos que desejariacuteamos alterar natildeo conseguindo alterar

nenhum deles Naturalmente estas escolhas seratildeo feitas cientificamente segundo o que a Educaccedilatildeo para

a Sauacutede preconiza nas vertentes relacionadas com as ciecircncias comportamentais (sociais e humanas)

Outro aspecto fundamental eacute a continuidade na acccedilatildeo A eficaacutecia seraacute tanto maior quanto mais

continuadas forem as actividades dando suporte agrave mudanccedila comportamental e reforccedilo agrave sua

manutenccedilatildeo A continuidade da acccedilatildeo permite conhecer melhor as situaccedilotildees os obstaacuteculos e as formas

de os remover pois cada caso eacute um caso e generalizar diminui grandemente a eficaacutecia

Deve ser dada uma atenccedilatildeo especial agraves crianccedilas com Necessidades de Sauacutede Especiais desfavorecidas

socialmente (porque vivem em bairros degradados com poucos recursos econoacutemicos pertencem a

minorias eacutetnicas ou satildeo emigrantes) ou que natildeo frequentam a escola utilizando estrateacutegias especificas

adequadas agraves suas dificuldades

25 Quinta vertente ndash a comunidade

Para os programas de Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutede a componente comunitaacuteria eacute fundamental A

participaccedilatildeo e contribuiccedilatildeo dos vaacuterios sectores da comunidade podem ser potenciadores do trabalho a

desenvolver

Dependendo das situaccedilotildees locais a Autarquia as IPSS e as ONGrsquos entre outras podem ser parceiros

de enorme valia para o desenvolvimento do programa Para isso temos que sensibilizar os liacutederes

locais para a importacircncia da sauacutede oral e do programa que se pretende incrementar explicitando como

com pequenos custos podemos obter ganhos em sauacutede a meacutedio e longo prazo

As instituiccedilotildees que organizam actividades para crianccedilas e adolescentes como os ATLrsquos associaccedilotildees

culturais desportivas e religiosas podem ser excelentes parceiros para o desenvolvimento das

actividades dependendo das caracteriacutesticas da comunidade onde se aplica o programa Os grupos de

teatro satildeo tambeacutem um excelente recurso para integrarem as actividades com as crianccedilas e os

adolescentes

26 Sexta vertente ndash os meios de comunicaccedilatildeo social

Os meios de comunicaccedilatildeo social locais e regionais se forem utilizados apropriadamente podem ser

parceiros potenciadores das actividades que se pretendem desenvolver

Mas com frequecircncia os teacutecnicos de sauacutede encontram dificuldades na relaccedilatildeo com os profissionais da

comunicaccedilatildeo social considerando que estes natildeo satildeo sensiacuteveis agraves nossas preocupaccedilotildees com a prevenccedilatildeo

da doenccedila e da promoccedilatildeo da sauacutede

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 9

Os media tecircm uma linguagem e podemos dizer uma filosofia proacuteprias que com frequecircncia natildeo satildeo

coincidentes com as nossas eacute por essa razatildeo necessaacuterio que os teacutecnicos de sauacutede se adaptem e se

possiacutevel se aperfeiccediloem na linguagem dos meacutedia Se natildeo utilizarmos adequadamente os meios de

comunicaccedilatildeo social estes podem ter um efeito contraproducente diminuindo a eficaacutecia do programa de

sauacutede oral

Algumas das dificuldades encontradas quando trabalhamos com os media especialmente as raacutedios e as

televisotildees satildeo as seguintes

na maior parte dos casos natildeo se pode transmitir muita informaccedilatildeo mesmo que seja um programa

de raacutedio de 1 ou 2 horas iria ficar muito monoacutetono e pouco atraente assim como se tornaria

confuso para os ouvintes e pouco eficaz porque com frequecircncia as pessoas desenvolvem outras

actividades enquanto ouvem raacutedio

eacute aconselhaacutevel transmitir apenas o que eacute realmente importante e faze-lo de forma muito clara

mantendo a consistecircncia sobre a hierarquia das informaccedilotildees nas diversas intervenccedilotildees ou seja que

todas os intervenientes no programa e em todas as situaccedilotildees em que intervecircm tenham um discurso

coerente e natildeo contraditoacuterio

evitar informaccedilotildees riacutegidas que culpabilizem as pessoas e natildeo respeitem os seus contextos micro-

culturais Eacute preferiacutevel suscitar alguma mudanccedila comportamental de forma progressiva que

nenhuma

com frequecircncia utilizamos o leacutexico meacutedico sem nos apercebermos que muitos cidadatildeos natildeo

conhecem termos que nos parecem simples como obesidade ou colesterol atribuindo-lhes outros

significados (portanto desconhecem que natildeo conhecem o verdadeiro significado)

se possiacutevel testar com pessoas de diversas idades e estratos socio-culturais que sejam leigas em

relaccedilatildeo a estas temaacuteticas aquilo que se preparou para a intervenccedilatildeo nos meios de comunicaccedilatildeo

social e alterar se necessaacuterio de acordo com as indicaccedilotildees que essas pessoas nos fornecerem

27 Seacutetima vertente ndash a avaliaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo deve ter iniacutecio na fase de planeamento e acompanhar todo o projecto de modo a introduzir

as alteraccedilotildees necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar das actividades

Devem fazer parte da equipa de avaliaccedilatildeo os diversos parceiros do projecto assim como pessoas

externas ao projecto e estas quando possiacutevel com formaccedilatildeo em educaccedilatildeo para a sauacutede nas aacutereas

teacutecnicas comportamentais de planeamento e avaliaccedilatildeo qualitativa e quantitativa

Satildeo fundamentais avaliaccedilotildees qualitativas e quantitativas das actividades a desenvolver e se possiacutevel

com anaacutelises comparativas ao desenrolar do projecto noutras zonas do paiacutes

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 10

3 T eacute c n i c a s d e H i g i e n e O r a l

3 1 Escovagem dos den tes ndash A escova A escovagem dos dentes deve ser efectuada com uma escova de tamanho adequado agrave boca de quem a

utiliza Habitualmente as embalagens referem as idades a que se destinam Os filamentos devem ser

de nylon com extremidades arredondadas e textura macia que quando comeccedilam a ficar deformados

obrigam agrave substituiccedilatildeo da escova Normalmente a escova quando utilizada 2 vezes por dia dura cerca

de 3-4 meses

Existem escovas manuais e eleacutectricas as quais requerem os mesmos cuidados As escovas eleacutectricas

facilitam a higiene oral das pessoas que tenham pouca destreza manual

3 2 Escovagem dos den tes ndash O den t iacute f r i co O dentiacutefrico a utilizar deve conter fluoreto numa dosagem de cerca de 1000-1500 ppm A quantidade a

utilizar em cada uma das escovagens deve ser semelhante (ou inferior) ao tamanho da unha do 5ordm dedo

(dedo mindinho) da matildeo da crianccedila

Os dentiacutefricos com sabores muito atractivos natildeo se recomendam porque podem levar as crianccedilas a

engoli-lo deliberadamente Ateacute aos 6 anos aproximadamente o dentiacutefrico deve ser colocado na escova

por um adulto Apoacutes a escovagem dos dentes eacute apenas necessaacuterio cuspir o excesso de dentiacutefrico

podendo no entanto bochechar-se com um pouco de aacutegua

33 Escovagem dos dentes no Jardim-de-infacircncia e na Escola identificaccedilatildeo e arrumaccedilatildeo das escovas e copos

Hoje em dia haacute escovas de dentes que tecircm uma tampa ou estojo com orifiacutecios que a protege Caso se

opte pela utilizaccedilatildeo destas escovas natildeo eacute necessaacuterio que fiquem na escola Os alunos poderatildeo colocaacute-

la dentro da mochila juntamente com o tubo do dentiacutefrico e transportaacute-los diariamente para a escola

O conceito de intransmissibilidade da escova de dentes deve ser reforccedilado junto das crianccedilas Se as

escovas ficarem na escola eacute essencial que estejam identificadas bastando para tal escrever no cabo da

escova o nome da crianccedila com uma caneta de tinta resistente agrave aacutegua Tambeacutem se devem identificar os

dentiacutefricos Cada aluno deveraacute ter o seu proacuteprio dentiacutefrico e os copos caso natildeo sejam descartaacuteveis

As escovas guardam-se num local seco e arejado de modo a que os pelos fiquem virados para cima e

natildeo contactem umas com as outras Cada escova pode ser colocada dentro do copo num suporte

acriacutelico ou outro material resistente agrave aacutegua em local seco e arejado

Dentiacutefricos e escovas devem estar fora do alcance das crianccedilas para evitar a troca ou ingestatildeo

acidental de dentiacutefrico Caso haja a possibilidade de utilizar copos descartaacuteveis (de cafeacute) o processo eacute

bastante simplificado (os copos de cafeacute podem ser substituiacutedos por copos de iogurte) Os produtos de

higiene oral podem ser adquiridos com a colaboraccedilatildeo da Autarquia do Centro de Sauacutede dos pais ou

ateacute de alguma empresa Se a escola tiver refeitoacuterio pode tambeacutem ser viaacutevel utilizar os copos do

refeitoacuterio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 11

34 Escovagem dos den tes ndash Organ izaccedilatildeo da ac t i v idade

A escovagem dos dentes deve ser feita diariamente no jardim-de-infacircncia e na escola apoacutes o almoccedilo agrave

entrada na sala de aula ou apoacutes o intervalo As crianccedilas poderatildeo escovar os dentes na casa de banho no

refeitoacuterio ou na proacutepria sala de aula O processo eacute simples natildeo exigindo muitas condiccedilotildees fiacutesicas das

escolas que satildeo frequentemente utilizadas para justificar a recusa desta actividade

Caso a escola tenha lavatoacuterios suficientes esta actividade pode ser feita na casa de banho Eacute necessaacuterio

definir a hora em que cada uma das salas vai utilizar esse espaccedilo Na casa de banho deveratildeo estar

apenas as crianccedilas que estatildeo a escovar os dentes Os outros esperam a sua vez em fila agrave porta Eacute

essencial que esteja algueacutem (auxiliar professoreducador ou voluntaacuterio) a vigiar para manter a ordem

organizar o processo e corrigir a teacutecnica da escovagem No final da escovagem cada crianccedila lava a

escova e o copo (se natildeo for descartaacutevel) e arruma no local destinado a esse efeito

Quando o espaccedilo fiacutesico natildeo permite que a escovagem seja feita na casa de banho esta actividade pode

ser feita na proacutepria sala de aula Nesta situaccedilatildeo se for possiacutevel utilizar copos descartaacuteveis ou copos de

iogurte facilita o processo e torna-o menos moroso Os alunos mantecircm-se sentados nas suas cadeiras

Retiram da sua mochila o estojo com a escova e o dentiacutefrico Um dos alunos distribui os copos e os

guardanapos (ou toalhetes de papel ou papel higieacutenico) Os alunos escovam os dentes todos ao mesmo

tempo podendo ateacute fazecirc-lo com muacutesica O professor deve ir corrigindo a teacutecnica de escovagem Apoacutes

a escovagem as crianccedilas cospem o excesso de dentiacutefrico para o copo limpam a boca tiram o excesso

de dentiacutefrico e saliva da escova com o papel ou o guardanapo e por fim colocam-no dentro do copo

Tapam a escova e arrumam-na em estojo proacuteprio ou na mochila juntamente com o dentiacutefrico No final

um dos alunos vai buscar um saco de lixo passa por todas as carteiras para que cada uma coloque o

seu copo no lixo Caso alguma das crianccedilas natildeo tolere o restos de dentiacutefrico na cavidade oral pode

colocar-se uma pequena porccedilatildeo de aacutegua no copo e no fim da escovagem bochecha e cospe para o

copo Os pais dos alunos devem ser instruiacutedos para se certificarem que em casa a crianccedila lava a sua

escova com aacutegua corrente e volta a colocaacute-la na mochila No sentido de facilitar o procedimento

recomenda-se que os copos sejam descartaacuteveis e as escovas tenham tampa

35 Escovagem dos den tes - A teacutecn ica A escovagem dos dentes para ser eficaz ou seja para remover a placa bacteriana necessita ser feita

com rigor e demora 2 a 3 minutos Quando se utiliza uma escova manual a escovagem faz-se da

seguinte forma

inclinar a escova em direcccedilatildeo agrave gengiva (cerca de 45ordm) e fazer pequenos movimentos vibratoacuterios

horizontais ou circulares de modo a que os pelos da escova limpem o sulco gengival (espaccedilo que

fica entre o dente e a gengiva)

se for difiacutecil manter esta posiccedilatildeo colocar os pecirclos da escova perpendicularmente agrave gengiva e agrave

superfiacutecie do dente

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 12

escovar 2 dentes de cada vez (os correspondentes ao tamanho da cabeccedila da escova) fazendo

aproximadamente 10 movimentos (ou 5 caso sejam crianccedilas ateacute aos 6 anos) nas superfiacutecies

dentaacuterias abarcadas pela escova

comeccedilar a escovagem pela superfiacutecie externa (do lado da bochecha) do dente mais posterior de um

dos maxilares e continuar a escovar ateacute atingir o uacuteltimo dente da extremidade oposta desse

maxilar

com a mesma sequecircncia escovar as superfiacutecies dentaacuterias do lado da liacutengua

proceder do mesmo modo para fazer a escovagem dos dentes do outro maxilar

escovar as superfiacutecies mastigatoacuterias dos dentes com movimentos de vaiveacutem

por fim pode escovar-se a liacutengua

Quando se utiliza uma escova de dentes eleacutectrica segue-se a mesma sequecircncia de escovagem O

movimento da escova eacute feito automaticamente natildeo deve ser feita pressatildeo ou movimentos adicionais

sobre os dentes A escova desloca-se ao longo da arcada escovando um soacute dente de cada vez A

escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluacuteor deve ser feita duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente agrave noite antes de deitar

3 6 Uso do f io den taacute r io A partir do momento em que haacute destreza manual (a partir dos 8 anos) eacute indispensaacutevel o uso do fio ou

fita dentaacuteria que se utiliza da seguinte forma

retirar cerca de 40 cm de fio (ou fita) do porta fio

enrolar a quase totalidade do fio no dedo meacutedio de uma matildeo e uma pequena porccedilatildeo no dedo meacutedio

da outra matildeo deixando entre os dois dedos uma porccedilatildeo de fio com aproximadamente 25 cm

Quando as crianccedilas satildeo mais pequenas pode retirar-se uma porccedilatildeo mais pequena de fio cerca de

30 cm dar um noacute juntando as 2 pontas formando um ciacuterculo com o fio natildeo havendo necessidade

de o enrolar nos dedos Eacute importante utilizar sempre fio limpo em cada espaccedilo interdentaacuterio Os

polegares eou os indicadores ajudam a manuseaacute-lo

introduzir o fio cuidadosamente entre dois dentes e curva-lo agrave volta do dente que se quer limpar

fazendo com que tome a forma de um ldquoCrdquo

executar movimentos curtos horizontais desde o ponto de contacto entre os dentes ateacute ao sulco

gengival em cada uma das faces que delimitam o espaccedilo interdentaacuterio

repetir este procedimento ateacute que todos os espaccedilos interdentaacuterios de todos os dentes estejam

devidamente limpos

O fio dentaacuterio deve ser utilizado uma vez por dia de preferecircncia agrave noite antes de deitar Na escola os

alunos poderatildeo a aprender a utilizar este meio de remoccedilatildeo de placa bacteriana interdentaacuterio sendo

importante envolver os pais no sentido de lhes pedir colaboraccedilatildeo e permitir que as crianccedilas o utilizem

em casa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 13

3 7 Reve lador de p laca bac te r i ana O uso de reveladores de placa bacteriana (em soluto ou em comprimidos mastigaacuteveis) permitem

avaliar a higiene oral e consequentemente melhorar as teacutecnicas de escovagem e de utilizaccedilatildeo do fio

dentaacuterio

A partir dos 6 anos de idade estes produtos podem ser usados para que as crianccedilas visualizem a placa

e mais facilmente compreendam que os seus dentes necessitam de ser cuidadosamente limpos

A eritrosina que tem a propriedade de corar de vermelho a placa bacteriana eacute um dos exemplos de

corantes que se podem utilizar Utiliza-se da seguinte forma

colocar 1 a 2 gotas por baixo da liacutengua ou mastigar um comprimido sem engolir

passar a liacutengua por todas as superfiacutecies dentaacuterias

bochechar com aacutegua

A placa bacteriana corada eacute facilmente removida atraveacutes da escovagem dos dentes e do fio dentaacuterio

Nota Para evitar que os laacutebios fiquem corados de vermelho antes de colocar o corante pode passar

batom creme gordo ou vaselina nos laacutebios

3 8 Bochecho f luore tado A partir dos 6 anos pode ser feito o bochecho quinzenal com fluoreto de soacutedio a 02 na escola da

seguinte forma

agitar a soluccedilatildeo e deitar 10 ml em cada copo e distribui-los

indicar a cada crianccedila para colocar o antebraccedilo no rebordo da mesa

introduzir a soluccedilatildeo na boca sem engolir

repousar a testa no antebraccedilo colocando o copo debaixo da boca

bochechar vigorosamente durante 1 minuto

apoacutes este periacuteodo deve ser cuspida tendo o cuidado de natildeo a engolir

Apoacutes o bochecho a crianccedila deve permanecer 30 minutos sem comer nem beber

39 Iacutendice de placa O Iacutendice de Placa (IP) eacute utilizado para quantificar a placa bacteriana em todas as superfiacutecies dentaacuterias e

reflecte os haacutebitos de higiene oral dos indiviacuteduos avaliados

Assim enquanto que um baixo Iacutendice de Placa poderaacute significar um bom impacto das acccedilotildees de

educaccedilatildeo para a sauacutede em sauacutede oral nomeadamente das relacionadas com a higiene um iacutendice

elevado sugere o contraacuterio

Em programas comunitaacuterios geralmente eacute utilizado o Iacutendice de Placa Simplificado que eacute mais raacutepido

de determinar sendo o resultado final igualmente fiaacutevel

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 14

Para se calcular o Iacutendice de Placa Simplificado eacute necessaacuterio atribuir um valor ao tamanho da placa

bacteriana existente nos seguintes 6 dentes e superfiacutecies predeterminados Maxilar superior

1 Primeiro molar superior direito - Superfiacutecie vestibular

2 Incisivo central superior direito - Superfiacutecie vestibular

3 Primeiro molar superior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

4 Primeiro molar inferior esquerdo - Superfiacutecie lingual

5 Incisivo central inferior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

6 Primeiro molar inferior direito - Superfiacutecie lingual

Para atribuir um valor ao tamanho da placa bacteriana existente em cada uma das su

acima referidas eacute necessaacuterio utilizar o revelador de placa bacteriana para a co

facilitar a sua observaccedilatildeo e respectiva classificaccedilatildeo e registo

A cada uma das superfiacutecies dentaacuterias soacute pode ser atribuiacutedo um dos seguintes valore

Valor 0

Valor 1

Valor 2

Valor 3

rarr Se a superfiacutecie do dente natildeo estaacute corada

rarr Se 13 da superfiacutecie estaacute corado

rarr Se 23 da superfiacutecie estatildeo corados

rarr Se estaacute corada toda a superfiacutecie

Feito o registo da observaccedilatildeo individual verifica-se que o somatoacuterio do conjunto de

poderaacute variar entre 0 (zero) e 18 (dezoito)

Dividindo por 6 (seis) este somatoacuterio obteacutem-se o Iacutendice de Placa Individual

Para determinar o Iacutendice de Placa de um grupo de indiviacuteduos divide-se o som

individuais pelo nuacutemero de indiviacuteduos observados multiplicado por seis (o nuacutemer

nuacutemero de dentes seleccionados por indiviacuteduo)

Assim o Iacutendice de Placa poderaacute variar entre 0 (zero) e 3 (trecircs)

Iacutendice de Placa (IP) = Somatoacuterio da classificaccedilatildeo dada a cada dente

Nordm de indiviacuteduos observados x 6

A sauacutede oral das crianccedilas e adolescentes eacute um grave problema de sauacutede puacuteblica ma

simples como as descritas neste documento executadas pelos proacuteprios eou com

encorajadas pela escola e pelos serviccedilos de sauacutede contribuem decididamente para

oral importantes e implementaccedilatildeo efectiva do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas d

Maxilar inferior

perfiacutecies dentaacuterias

rar e dessa forma

s

valores atribuiacutedos

atoacuterio dos valores

o seis representa o

s que com medidas

ajuda da famiacutelia

ganhos em sauacutede

Sauacutede Oral

e EPSrsquorsquo 15

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

F l u o r e t o s

F u n d a m e n t a ccedil atilde o e R e c o m e n d a ccedil otilde e s d a T a s k F o r c e

Documento produzido pela Task Force constituiacuteda pelo Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr

Ricardo Jorge Direcccedilatildeo-Geral de Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura Faculdade de

Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Medicina Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria

Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa e Porto Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento Instituto Superior de

Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia

Ordem dos Meacutedicos Dentistas Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria Sociedade Portuguesa de

Pediatria e os serviccedilos da DGS Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede Divisatildeo de Sauacutede Ambiental

Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

1 F l u o r e t o s

A evidecircncia cientiacutefica tem demonstrado que as mudanccedilas observadas no padratildeo da doenccedila caacuterie

dentaacuteria ocorrem pela implementaccedilatildeo de programas preventivos e terapecircuticos de acircmbito comunitaacuterio

e por estrateacutegias de acccedilatildeo especiacuteficas dirigidas a grupos de risco com criteriosa utilizaccedilatildeo dos

fluoretos

O fluacuteor eacute o elemento mais electronegativo da tabela perioacutedica e raramente existe isolado sendo por

isso habitualmente referido como fluoreto Na natureza encontra-se sob a forma de um iatildeo (F-) em

associaccedilatildeo com o caacutelcio foacutesforo alumiacutenio e tambeacutem como parte de certos silicatos como o topaacutezio

Normalmente presente nas rochas plantas ar aacuteguas e solos este elemento faz parte da constituiccedilatildeo de

alguns materiais plaacutesticos e pode tambeacutem estar presente na constituiccedilatildeo de alguns fertilizantes

contribuindo desta forma para a sua presenccedila no solo aacutegua e alimentos No solo o conteuacutedo de

fluoretos varia entre 20 e 500 ppm contudo nas camadas mais profundas o seu niacutevel aumenta No ar a

concentraccedilatildeo normal de fluoretos oscila entre 005 e 190microgm3 1

Do fluacuteor que eacute ingerido entre 75 e 90 eacute absorvido por via digestiva sendo a mucosa bucal

responsaacutevel pela absorccedilatildeo de menos de 1 Depois de absorvido passa para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea

sob a forma ioacutenica ou de compostos orgacircnicos lipossoluacuteveis A forma ioacutenica que circula livremente e

natildeo se liga agraves proteiacutenas nem aos componentes plasmaacuteticos nem aos tecidos moles eacute a que vai estar

disponiacutevel para ser absorvida pelos tecidos duros Da quantidade total de fluacuteor presente no organismo

99 encontra-se nos tecidos calcificados Entre 10 e 25 do aporte diaacuterio de fluacuteor natildeo chega a ser

absorvido vindo a ser excretado pelas fezes O fluacuteor absorvido natildeo utilizado (cerca de 50) eacute

eliminado por via renal2

O fluacuteor tem uma grande afinidade com a apatite presente no organismo com a qual cria ligaccedilotildees

fortes que natildeo satildeo irreversiacuteveis Este facto deve-se agrave facilidade com que os radicais hidroxilos da

hidroxiapatite satildeo substituiacutedos pelos iotildees fluacuteor formando fluorapatite No entanto a apatite normal do

ser humano presente no osso e dente mesmo em condiccedilotildees ideais de presenccedila de fluacuteor nunca se

aproxima da composiccedilatildeo da fluorapatite pura

Quando o fluacuteor eacute ingerido passa pela cavidade oral daiacute resultando a deposiccedilatildeo de uma determinada

quantidade nos tecidos e liacutequidos aiacute existentes A mucosa jugal as gengivas a placa bacteriana os

dentes e a saliva vatildeo beneficiar imediatamente de um aporte directo de fluacuteor que pode permitir que a

sua disponibilidade na cavidade oral se prolongue por periacuteodos mais longos Eacute um facto que a presenccedila

de fluacuteor no meio oral independentemente da sua fonte resulta numa acccedilatildeo preventiva e terapecircutica

extremamente importante

Nota 22 mg de fluoreto de soacutedio correspondem a 1 mg de fluacuteor Quando se dilui 1 mg de fluacuteor em um litro de aacutegua pura

considera-se que essa aacutegua passou a ter 1 ppm de fluacuteor

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 2

Considera-se actualmente que os benefiacutecios dos fluoretos resultam basicamente da sua acccedilatildeo toacutepica

sobre a superfiacutecie do dente enquanto a sua acccedilatildeo sisteacutemica (preacute-eruptiva) eacute muito menos importante

A acccedilatildeo preventiva e terapecircutica dos fluoretos eacute conseguida predominantemente pela sua acccedilatildeo toacutepica

quer nas crianccedilas quer nos adultos atraveacutes de trecircs mecanismos diferentes responsaacuteveis pela

bull inibiccedilatildeo do processo de desmineralizaccedilatildeo

bull potenciaccedilatildeo do processo de remineralizaccedilatildeo

bull inibiccedilatildeo da acccedilatildeo da placa bacteriana

O uso racional dos fluoretos na profilaxia da caacuterie dentaacuteria com eficaacutecia e seguranccedila baseia-se no

conhecimento actualizado dos seus mecanismos de acccedilatildeo e da sua toxicologia

Com base na evidecircncia cientiacutefica a estrateacutegia de utilizaccedilatildeo dos fluoretos em sauacutede oral foi redefinida

tendo em conta que a sua acccedilatildeo preventiva eacute predominantemente poacutes-eruptiva e toacutepica e a sua acccedilatildeo

toacutexica com repercussotildees a niacutevel dentaacuterio eacute preacute-eruptiva e sisteacutemica

Estudos epidemioloacutegicos efectuados pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) sobre os efeitos do

fluacuteor na sauacutede humana referem que valores compreendidos entre 1 e 15 ppm natildeo representam risco

acrescido Contudo valores entre 15 e 2 ppm em climas quentes poderatildeo contribuir para a ocorrecircncia

de casos de fluorose dentaacuteria e valores entre 3 a 6 ppm para o aparecimento de fluorose oacutessea

Para a OMS a concentraccedilatildeo oacuteptima de fluoretos na aacutegua quando esta eacute sujeita a fluoretaccedilatildeo deve

estar compreendida entre 05 e 15 ppm de F dependendo este valor da temperatura meacutedia do local

que condiciona a quantidade de aacutegua ingerida nas zonas mais frias o valor maacuteximo pode estar perto

do limite superior nas zonas mais quentes o valor deve estar perto do limite inferior para uma

prevenccedilatildeo eficaz da caacuterie dentaacuteria Para que os riscos de fluorose estejam diminuiacutedos os programas de

fluoretaccedilatildeo das aacuteguas devem obedecer a criteacuterios claramente definidos

Nas regiotildees onde a aacutegua da rede puacuteblica conteacutem menos de 03 ppm (mgl) de fluoretos (situaccedilatildeo mais

frequente em Portugal Continental) a dose profilaacutectica oacuteptima considerando a soma de todas as fontes

de fluoretos eacute de 005mgkgdia3

11 Toxicidade Aguda

Uma intoxicaccedilatildeo aguda pelo fluacuteor eacute uma possibilidade extremamente rara Alguns casos tecircm sido

descritos na literatura Estudos efectuados em roedores e extrapolados para o homem adulto permitem

pensar que a dose letal miacutenima de fluacuteor seja de aproximadamente 2 gramas ou 32 a 64 mgkg de peso

corporal mas para uma crianccedila bastam 15 mgkg de peso corporal 2

A partir da ingestatildeo de doses superiores a 5mgkg de peso corporal considera-se a hipoacutetese de vir a ter

efeitos toacutexicos

As crianccedilas pequenas tecircm um risco acrescido de ingerir doses de fluoretos atraveacutes do consumo de

produtos de higiene oral A ingestatildeo acidental de um quarto de um tubo com dentiacutefrico de 125 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 3

(1500 ppm de Fluacuteor) potildee em risco a vida de uma crianccedila de um ano de idade O risco de ingestatildeo

acidental por crianccedilas eacute real e eacute adjuvado pelo tipo de embalagens destes produtos que natildeo tecircm

dispositivos de seguranccedila para a sua abertura

A toxicidade aguda pelos fluoretos poderaacute manifestar-se por queixas digestivas (dor abdominal

voacutemitos hematemeses e melenas) neuroloacutegicas (tremores convulsotildees tetania deliacuterio lentificaccedilatildeo da

voz) renais (urina turva hematuacuteria) metaboacutelicas (hipocalceacutemia hipomagnesieacutemia hipercalieacutemia)

cardiovasculares (arritmias hipotensatildeo) e respiratoacuterias (depressatildeo respiratoacuteria apneias) 4

12 Toxicidade Croacutenica

A dose total diaacuteria de fluoretos administrados por via sisteacutemica isenta de risco de toxicidade croacutenica

situa-se abaixo de 005 mgkgdia de peso A partir desses valores aumentam as manifestaccedilotildees atraveacutes

do aparecimento de hipomineralizaccedilatildeo do esmalte que se revela por fluorose dentaacuteria Com

concentraccedilotildees acima de 25 ppm na aacutegua esta manifestaccedilatildeo eacute mais evidente sendo tanto mais grave

quanto a concentraccedilatildeo de fluoretos vai aumentando O periacuteodo criacutetico para o efeito toacutexico do fluacuteor se

manifestar sobre a denticcedilatildeo permanente eacute entre o nascimento e os 7 anos de idade (ateacute aos 3 anos eacute o

periacuteodo mais criacutetico) Quando existem fluoretos ateacute 3 ppm na aacutegua aleacutem da fluorose natildeo parece

existir qualquer outro efeito toacutexico na sauacutede A partir deste valor aumenta o risco de nefrotoxicidade

Como qualquer outro medicamento os fluoretos em dose excessiva tecircm efeitos toacutexicos que

normalmente se manifestam atraveacutes de uma interferecircncia na esteacutetica dentaacuteria Essa manifestaccedilatildeo eacute a

fluorose dentaacuteria

Estudos recentes sobre suplementos de fluoretos e fluorose 5 confirmam que as comunidades sem aacutegua

fluoretada e que utilizam suplementos de fluoretos durante os primeiros 6 anos de vida apresentam

um aumento do risco de desenvolver fluorose

O principal factor de risco para o aparecimento de fluorose dentaacuteria eacute o aporte total de fluoretos

provenientes de diferentes fontes nomeadamente da alimentaccedilatildeo incluindo a aacutegua e os suplementos

alimentares dentiacutefricos e soluccedilotildees para bochechos comprimidos e gotas e ingestatildeo acidental que natildeo

satildeo faacuteceis de quantificar

A fluorose dentaacuteria aumentou nos uacuteltimos anos em comunidades com e sem aacutegua fluoretada 6

2 F l u o r e t o s n a aacute g u a

2 1 Aacute g u a d e a b a s t e c i m e n t o p uacute b l i c o

A fluoretaccedilatildeo das aacuteguas para consumo humano como meio de suprir o deacutefice de fluoretos na aacutegua eacute

uma praacutetica comum em alguns paiacuteses como o Brasil Austraacutelia Canadaacute EUA e Nova Zelacircndia

Apesar de serem tatildeo diferentes quer do ponto de vista soacutecioeconoacutemico quer geograacutefico eles detecircm

uma experiecircncia superior a 25 anos neste domiacutenio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 4

Na Europa a maior parte dos paiacuteses natildeo faz fluoretaccedilatildeo das suas aacuteguas para consumo humano agrave

excepccedilatildeo da Irlanda da Suiacuteccedila (Basileia) e de 10 da populaccedilatildeo do Reino Unido Na Alemanha eacute

proibido e nos restantes paiacuteses eacute desaconselhado

Nos paiacuteses em que se faz fluoretaccedilatildeo da aacutegua alguns estudos demonstraram natildeo ter existido um ganho

efectivo na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria No entanto outros como a Austraacutelia no Estado de Victoacuteria

onde a fluoretaccedilatildeo da aacutegua se faz regularmente observaram-se ganhos efectivos na sauacutede oral da

populaccedilatildeo com consequentes ganhos econoacutemicos

Recomendaccedilatildeo Eacute indispensaacutevel avaliar a qualidade das aacuteguas de abastecimento puacuteblico periodicamente e corrigir os

paracircmetros alterados

Na aacutegua os valores das concentraccedilotildees de fluoretos estatildeo compreendidas entre 01 a 07 ppm Contudo

em alguns casos podem apresentar valores muito mais elevados

Quando a aacutegua apresenta valores de ph superiores a 8 e o iatildeo soacutedio e os carbonatos satildeo dominantes os

valores de fluoretos normalmente presentes excedem 1 ppm

Nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica os fluoretos podem existir naturalmente ou resultar de um

programa de fluoretaccedilatildeo Em Portugal Continental os valores satildeo normalmente baixos e as aacuteguas natildeo

estatildeo sujeitas a fluoretaccedilatildeo artificial O teor de fluoretos deveraacute ser controlado regularmente de modo

a preservar os interesses da sauacutede puacuteblica 7

Na definiccedilatildeo de um valor guia para a aacutegua de consumo humano a OMS propotildee o valor limite de 15

ppm de Fluacuteor referindo que valores superiores podem contribuir para o aumento do risco de fluorose

A Agecircncia Americana para o Ambiente (USEPA) refere um valor maacuteximo admissiacutevel de fluoretos na

aacutegua de consumo humano de 15 ppm e recomenda que nunca se ultrapasse os 4 ppm

Em Portugal a legislaccedilatildeo actualmente em vigor sobre a qualidade da aacutegua para consumo humano

decreto-lei nordm 23698 de 1 de Agosto define dois Valores Maacuteximos Admissiacuteveis (VMA) para os

fluoretos 15 ppm (8 a 12 ordmC) e 07 ppm (25 a 30 ordmC) O decreto-lei nordm 2432001 de 5 de Setembro

que transpotildee a Directiva Comunitaacuteria nordm 9883CE de 3 de Novembro que entrou em vigor em 25 de

Dezembro de 2003 define para os fluoretos um Valor Parameacutetrico (VP) de 15 ppm

O decreto-lei nordm 24301 remete para a Entidade Gestora a verificaccedilatildeo da conformidade dos valores

parameacutetricos obrigatoacuterios aplicaacuteveis agrave aacutegua para consumo humano Sempre que um valor parameacutetrico

eacute excedido isso corresponde a uma situaccedilatildeo de incumprimento e perante esta situaccedilatildeo a entidade

gestora deve de imediato informar a autoridade de sauacutede e a entidade competente dando conta das

medidas correctoras adoptadas ou em curso para restabelecer a qualidade da aacutegua destinada a consumo

humano

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 5

Deve ter-se em atenccedilatildeo o desvio em relaccedilatildeo ao valor parameacutetrico fixado e o perigo potencial para a

sauacutede humana

Segundo o decreto-lei supra mencionado artigo 9ordm compete agraves autoridades de sauacutede a vigilacircncia

sanitaacuteria e a avaliaccedilatildeo do risco para a sauacutede puacuteblica da qualidade da aacutegua destinada ao consumo

humano Sempre que o risco exista e o incumprimento persistir a autoridade de sauacutede deve informar e

aconselhar os consumidores afectados e determinar a proibiccedilatildeo de abastecimento restringir a

utilizaccedilatildeo da aacutegua que constitua um perigo potencial para a sauacutede humana e adoptar todas as medidas

necessaacuterias para proteger a sauacutede humana

Nos Accedilores e na Madeira ou em zonas onde o teor de fluoretos na aacutegua eacute muito elevado deveraacute ser

feita uma verificaccedilatildeo da constante e a correcccedilatildeo adequada

Os principais tratamentos de desfluoretaccedilatildeo envolvem a floculaccedilatildeo da aacutegua usando sais hidratados de

alumiacutenio principalmente em condiccedilotildees alcalinas No caso de aacuteguas aacutecidas pode-se adicionar cal e

alternativamente pode-se recorrer agrave adsorccedilatildeo com carvatildeo activado ou alumina activada ( Al2O3 ) ou

por permuta ioacutenica usando resinas especiacuteficas

Recomendaccedilatildeo Ateacute aos 6-7 anos as crianccedilas natildeo devem ingerir regularmente aacutegua com teor de fluoretos superior a 07 ppm

Recomendaccedilatildeo Sempre que o valor parameacutetrico dos fluoretos na aacutegua para consumo humano exceder 15 ppm deveratildeo ser aplicadas

medidas correctoras para restabelecer a qualidade da aacutegua

2 2 Aacute g u a s m i n e r a i s n a t u r a i s e n g a r r a f a d a s

As aacuteguas minerais naturais engarrafadas deveratildeo no futuro ter rotulagem de acordo com a Directiva

Comunitaacuteria 200340CE da Comissatildeo Europeia de 16 de Maio publicada no Jornal Oficial da Uniatildeo

Europeia em 2252003 artigo 4ordm laquo1 As aacuteguas minerais naturais cuja concentraccedilatildeo em fluacuteor for

superior a 15 mgl (ppm) devem ostentar no roacutetulo a menccedilatildeo lsquoconteacutem mais de 15 mgl (ppm) de

fluacuteor natildeo eacute adequado o seu consumo regular por lactentes nem por crianccedilas com menos de 7 anosrsquo

2 No roacutetulo a menccedilatildeo prevista no nordm 1 deve figurar na proximidade imediata da denominaccedilatildeo de

venda e em caracteres claramente visiacuteveis 3

As aacuteguas minerais naturais que em aplicaccedilatildeo do nordm 1 tiverem de ostentar uma menccedilatildeo no roacutetulo

devem incluir a indicaccedilatildeo do teor real em fluacuteor a niacutevel da composiccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica em constituintes

caracteriacutesticos tal como previsto no nordm 2 aliacutenea a) do artigo 7ordm da Directiva 80777CEEraquo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 6

Para as aacuteguas de nascente cujas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas satildeo definidas pelo Decreto-lei

2432001 de 5 de Setembro em vigor desde Dezembro de 2003 os limites para o teor de fluoretos satildeo

de 15 mgl (ppm)

De acordo com o parecer do Scientific Committee on Food - Comiteacute Cientiacutefico de Alimentaccedilatildeo

Humana (expresso em Dezembro de 1996) a Comissatildeo natildeo vecirc razotildees para nos climas da Uniatildeo

Europeia (climas temperados) limitar os fluoretos nas aacuteguas de consumo humano e nas aacuteguas minerais

naturais para valores inferiores a 15mgl (ppm)

3 F l u o r e t o s n o s g eacute n e r o s a l i m e n t iacute c i o s

Entende-se por lsquogeacutenero alimentiacuteciorsquo qualquer substacircncia ou produto transformado parcialmente

transformado ou natildeo transformado destinado a ser ingerido pelo ser humano ou com razoaacuteveis

probabilidades de o ser Este termo abrange bebidas pastilhas elaacutesticas e todas as substacircncias

incluindo a aacutegua intencionalmente incorporadas nos geacuteneros alimentiacutecios durante o seu fabrico

preparaccedilatildeo ou tratamento8 9

Na alimentaccedilatildeo as estimativas de ingestatildeo de fluacuteor atraveacutes da dieta variam entre 02 e 34 mgdia

sendo estes uacuteltimos valores atingidos quando se inclui o chaacute na alimentaccedilatildeo A ingestatildeo de fluoretos

provenientes dos alimentos comuns eacute pouco significativa Apenas 13 se apresentam na forma

ionizaacutevel e portanto biodisponiacutevel

Recomendaccedilatildeo Independentemente da origem ao utilizar aacutegua informe-se sobre o seu teor em fluoretos As que tecircm um elevado teor

deste elemento natildeo satildeo adequadas para lactentes e crianccedilas com menos de 7 anos

Recomendaccedilatildeo Dar prioridade a uma dieta equilibrada e saudaacutevel com diversidade alimentar Utilizar a aacutegua da cozedura dos

alimentos para confeccionar outros alimentos (ex sopas arroz)

No iniacutecio do ano de 2003 a Comissatildeo Europeia apresentou uma nova proposta de Directiva

Comunitaacuteria relativa agrave ldquoAdiccedilatildeo aos geacuteneros alimentiacutecios de vitaminas minerais e outras substacircnciasrdquo

onde os fluoretos satildeo referidos como podendo ser adicionados a geacuteneros alimentiacutecios comuns Nesta

proposta de Directiva Comunitaacuteria eacute sugerida a inclusatildeo de determinados nutrimentos (entre eles o

fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de geacuteneros alimentiacutecios comuns Esta proposta

prevista no Livro Branco da Comissatildeo ainda estaacute numa fase inicial de discussatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 7

4 F l u o r e t o s e m s u p l e m e n t o a l i m e n t a r

Entende-se por lsquosuplementos alimentaresrsquo geacuteneros alimentiacutecios que se destinam a complementar e ou

suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas

substacircncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisioloacutegico estremes ou combinados

comercializados em forma doseada tais como caacutepsulas pastilhas comprimidos piacutelulas e outras

formas semelhantes saquetas de poacute ampola de liacutequido frascos com conta gotas e outras formas

similares de liacutequido ou poacute que se destinam a ser tomados em unidades medidas de quantidade

reduzida10

A Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002

transposta para o direito nacional pelo Decreto-lei nordm 1362003 de 28 de Junho relativa agrave aproximaccedilatildeo

das legislaccedilotildees dos Estados-Membros respeitantes aos suplementos alimentares vai permitir a inclusatildeo

de determinados nutrimentos (entre eles o fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de

suplementos alimentares11

A partir de 28 de Agosto de 2003 os fluoretos poderatildeo ser comercializados como suplemento

alimentar passando a estar disponiacutevel em farmaacutecias e superfiacutecies comerciais

As quantidades maacuteximas de vitaminas e minerais presentes nos suplementos alimentares satildeo fixadas

em funccedilatildeo da toma diaacuteria recomendada pelo fabricante tendo em conta os seguintes elementos

a) limites superiores de seguranccedila estabelecidos para as vitaminas e os minerais apoacutes uma

avaliaccedilatildeo dos riscos efectuada com base em dados cientiacuteficos geralmente aceites tendo em

conta quando for caso disso os diversos graus de sensibilidade dos diferentes grupos de

consumidores

b) quantidade de vitaminas e minerais ingerida atraveacutes de outras fontes alimentares

c) doses de referecircncia de vitaminas e minerais para a populaccedilatildeo

Recomendaccedilatildeo Nunca ultrapassar a toma indicada no roacutetulo do produto e natildeo utilizar um suplemento alimentar como substituto de um

regime alimentar variado

As quantidades maacuteximas e miacutenimas de vitaminas e minerais referidas seratildeo adoptadas pela Comissatildeo

Europeia assistida pelo Comiteacute de Regulamentaccedilatildeo

Em Portugal a Agecircncia para a Qualidade e Seguranccedila Alimentar viraacute a ter informaccedilatildeo sobre todos os

suplementos alimentares comercializados como geacuteneros alimentiacutecios e introduzidos no mercado de

acordo com o Decreto-lei nordm 1362003

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 8

A rotulagem dos suplementos alimentares natildeo poderaacute mencionar nem fazer qualquer referecircncia a

prevenccedilatildeo tratamento ou cura de doenccedilas humanas e deveraacute indicar uma advertecircncia de que os

produtos devem ser guardados fora do alcance das crianccedilas

5 F luore tos em med icamentos e p rodutos cosmeacutet icos de h ig iene corpora l

A distinccedilatildeo entre Medicamento e Produto Cosmeacutetico de Higiene Corporal contendo fluoretos depende

do seu teor no produto Os cosmeacuteticos contecircm obrigatoriamente uma concentraccedilatildeo de fluoretos inferior

a 015 (1500 ppm) (Decreto-lei 1002001 de 28 de Marccedilo I Seacuterie A) sendo que todos os dentiacutefricos

com concentraccedilotildees de fluoretos superior a 015 satildeo obrigatoriamente classificados como

medicamentos

Os medicamentos contendo fluoretos e utilizados para a profilaxia da caacuterie dentaacuteria existentes no

mercado portuguecircs satildeo de venda livre em farmaacutecia Encontram-se disponiacuteveis nas formas

farmacecircuticas de soluccedilatildeo oral (gotas orais) comprimidos dentiacutefricos gel dentaacuterio e soluccedilatildeo de

bochecho

5 1 F l u o r e t o s e m c o m p r i m i d o s e g o t a s o r a i s

A utilizaccedilatildeo de medicamentos contendo fluoretos na forma de gotas orais e comprimidos foi ateacute haacute

pouco recomendada pelos profissionais de sauacutede (pediatras meacutedicos de famiacutelia cliacutenicos gerais

meacutedicos estomatologistas meacutedicos dentistas) dos 6 meses ateacute aos 16 anos

A clarificaccedilatildeo do mecanismo de acccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria e o aumento de

aporte dos mesmos com consequentes riscos de manifestaccedilatildeo toacutexica obrigaram agrave revisatildeo da sua

administraccedilatildeo em comprimidos eou gotas A gravidade da fluorose dentaacuteria estaacute relacionada com a

dose a duraccedilatildeo e com a idade em que ocorre a exposiccedilatildeo ao fluacuteor 12 13

A ldquoCanadian Consensus Conference on the Appropriate Use of Fluoride Supplements for the

Prevention of Dental Caries in Childrenrdquo 14definiu um protocolo cuja utilizaccedilatildeo eacute recomendada a

profissionais de sauacutede em que se fundamenta a tomada de decisatildeo sobre a necessidade ou natildeo da

suplementaccedilatildeo de fluacuteor A administraccedilatildeo de comprimidos soacute eacute recomendada quando o teor de fluoretos

na aacutegua de abastecimento puacuteblico for inferior a 03 ppm e

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) natildeo escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas

vezes por dia

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas vezes

por dia mas apresenta um alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 9

Por sua vez a conclusatildeo do laquoForum on Fluoridation 2002raquo15 relativamente agrave administraccedilatildeo de

suplementos de fluoretos foi a seguinte limitar a utilizaccedilatildeo de comprimidos de fluoretos a aacutereas onde

natildeo existe aacutegua fluoretada e iniciar essa suplementaccedilatildeo apenas a crianccedilas com alto risco agrave caacuterie e a

partir dos 3 anos

Os comprimidos de fluoretos caso sejam indicados devem ser usados pelo interesse da sua acccedilatildeo

toacutepica Devem ser dissolvidos na boca em vez de imediatamente ingeridos16

A administraccedilatildeo de fluoretos sob a forma de comprimidos chupados soacute deveraacute ser efectuada em

situaccedilotildees excepcionais isto eacute em populaccedilotildees de baixos recursos econoacutemicos nas quais a escovagem

natildeo possa ser promovida e os iacutendices de caacuterie sejam elevados

Para evitar a potencial toxicidade dos fluoretos antes de qualquer prescriccedilatildeo todos os profissionais de

sauacutede devem efectuar uma avaliaccedilatildeo personalizada dos aportes diaacuterios de cada crianccedila tendo em conta

todas as fontes possiacuteveis desse elemento alimentos comuns suplementos alimentares consumo de

aacutegua da rede puacuteblica eou aacutegua engarrafada e respectivo teor de fluoretos e utilizaccedilatildeo de medicamentos

e produtos cosmeacuteticos contendo fluacuteor

Recomendaccedilatildeo A partir dos 3 anos os suplementos sisteacutemicos de fluoretos poderatildeo ser prescritos pelo meacutedico assistente ou meacutedico dentista em crianccedilas que apresentem um alto risco

agrave caacuterie dentaacuteria

5 2 F l u o r e t o s e m d e n t iacute f r i c o s

Hoje em dia a maior parte dos dentiacutefricos agrave venda no mercado contecircm fluoretos sob diferentes formas

fluoreto de soacutedio monofluorfosfato de soacutedio fluoreto de amina e outros Os mais utilizados satildeo o

fluoreto de soacutedio e o monofluorfosfato de soacutedio

Normalmente o conteuacutedo de fluoreto dos dentiacutefricos eacute de 1000 a 1100 ppm (ou 010 a 011)

podendo variar entre 500 e 1500 ppm

Durante a escovagem cerca de 34 da pasta eacute ingerida por crianccedilas de 3 anos 28 pelas de 4-5 anos

e 20 pelas de 5-7 anos

Devem ser evitados dentiacutefricos com sabor a fruta para impedir o seu consumo em excesso uma vez

que estatildeo jaacute descritos na literatura casos de fluorose resultantes do abuso de dentiacutefricos2

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluoretos duas vezes por dia tem-se revelado um

meio colectivo de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria com grande efectividade e baixo custo pelo que deve

ser considerado o meio de eleiccedilatildeo em estrateacutegias comunitaacuterias

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 10

Do ponto de vista da prevenccedilatildeo da caacuterie a aplicaccedilatildeo toacutepica de dentiacutefrico fluoretado com a escova dos

dentes deve ser executada duas vezes por dia e deve iniciar-se quando se daacute a erupccedilatildeo dos dentes Esta

rotina diaacuteria de higiene executada naturalmente com muito cuidado pelos pais deve

progressivamente ser assumida pela crianccedila ateacute aos 6-8 anos de idade Durante este periacuteodo a

escovagem deve ser sempre vigiada pelos pais ou educadores consoante as circunstacircncias para evitar

a utilizaccedilatildeo de quantidades excessivas de dentiacutefrico o qual pode da mesma forma que os

comprimidos conduzir antes dos 6 anos agrave ocorrecircncia de fluorose

As crianccedilas devem usar dentiacutefrico com teor de fluoretos entre 1000-1500 ppm de fluoreto (dentiacutefrico

de adulto) sendo a quantidade a utilizar do tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

Apoacutes a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado pode-se natildeo bochechar com aacutegua Deveraacute

apenas cuspir-se o excesso de pasta Deste modo consegue-se uma mais alta concentraccedilatildeo de fluoreto

na cavidade oral que vai actuar topicamente durante mais tempo

Os pais das crianccedilas devem receber informaccedilatildeo sobre a escovagem dentaacuteria e o uso de dentiacutefricos

fluoretados A escovagem com dentiacutefrico fluoretado deve iniciar-se imediatamente apoacutes a erupccedilatildeo dos

primeiros dentes Os dentiacutefricos fluoretados devem ser guardados em locais inacessiacuteveis agraves crianccedilas

pequenas17

5 3 F l u o r e t o s e m s o l u ccedil otilde e s d e b o c h e c h o

As soluccedilotildees para bochechos recomendadas a partir dos 6 anos de idade tecircm sido utilizadas em

programas escolares de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria em inuacutemeros paiacuteses incluindo Portugal Satildeo

recomendadas a indiviacuteduos de maior risco agrave caacuterie dentaacuteria mas a sua utilizaccedilatildeo tem vido a ser

restringida a crianccedilas que escovam eficazmente os dentes

Recomendaccedilatildeo Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Recomendaccedilatildeo A partir dos 6 anos de idade deve ser feito o bochecho quinzenalmente com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

02

As soluccedilotildees fluoretadas de uso diaacuterio habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

005 e as de uso semanal ou quinzenal habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de 02

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 11

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 12

Referecircncias

1 Diegues P Linhas de Orientaccedilatildeo associadas agrave presenccedila de fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento 2003 Documento produzido no acircmbito da task force Sauacutede Oral e Fluacuteor Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar e na Divisatildeo de Sauacutede Ambiental da DGS 2 Melo PRGR Influecircncia de diferentes meacutetodos de administraccedilatildeo de fluoretos nas variaccedilotildees de incidecircncia de caacuterie Porto Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto 2001 Tese de doutoramento 3 Agence Francaise de Seacutecuriteacute des Produits de Santeacute Mise au point sur le fluacuteor et la prevention de la carie dentaire AFSPS 31 Juillet 2002 4 Leikin JB Paloucek FP Poisoning amp Toxicology Handbook 3th edition Hudson Lexi- Comp 2002 586-7 5 Ismail AI Bandekar RR Fluoride suplements and fluorosis a meta-analysis Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 48-56 6 Steven ML An update on Fluorides and Fluorosis J Can Dent Assoc 200369(5)268-91 7 Pinto R Cristovatildeo E Vinhais T Castro MF Teor de fluoretos nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica nas sedes de concelho de Portugal Continental Revista Portuguesa de Estomatologia Medicina Dentaacuteria e Cirurgia Maxilofacial 1999 40(3)125-42 8 Regulamento 1782002 do Parlamento Europeu e do Conselho de 28 de Janeiro Jornal Oficial das Comunidades Europeias (2002021) 9 Decreto ndash lei nordm 5601999 DR I Seacuterie A 147 (991218) 10 Decreto ndash lei nordm 1362003 DR I Seacuterie A 293 (20030628) 11 Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002 Jornal Oficial das Comunidades Europeias (20020712) 12 Aoba T Fejerskov O Dental fluorosis Chemistry and Biology Crit Rev Oral Biol Med 2002 13(2) 155-70 13 DenBesten PK Biological mechanisms of dental fluorosis relevant to the use of fluoride supplements Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 41-7 14 Limeback H Introduction to the conference Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 27-30 15 Report of the Forum of fluoridation 2002Governement of Ireland 2002 wwwfluoridationforumie 16 Featherstone JDB Prevention and reversal of dental caries role of low level fluoride Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 31-40 17 Pereira A Amorim A Peres F Peres FR Caldas IM Pereira JA Pereira ML Silva MJ Caacuteries Precoces da InfacircnciaLisboa Medisa Ediccedilotildees e Divulgaccedilotildees Cientiacuteficas Lda 2001 Bibliografia

1 Almeida CM Sugestotildees para a Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2002 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e na Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa

2 Rompante P Fundamentos para a alteraccedilatildeo do Programa de Sauacutede Oral da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Documento realizado no acircmbito da Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2003 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e no Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede ndash Norte

3 Rompante P Determinaccedilatildeo da quantidade do elemento fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento puacuteblico na totalidade das sedes de concelho de Portugal Continental Porto Faculdade de Odontologia da Universidade de Barcelona 2002 Tese de Doutoramento

4 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in Children at High Caries Risk SIGN Publication 2000 47

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Page 9: Direcção-Geral da SaúdePrograma será complementado, sempre que oportuno, por orientações técnicas a emitir por esta Direcção-Geral. O Director-Geral e Alto Comissário da

A qualidade da alimentaccedilatildeo eacute determinante para a maturaccedilatildeo orgacircnica e a sauacutede

fiacutesica e psicossocial Nesta fase a crianccedila adquire muitos dos comportamentos

alimentares e muitos dos erros nutricionais do adulto A diversidade na alimentaccedilatildeo

eacute a principal forma de garantir a satisfaccedilatildeo das necessidades do organismo em

nutrientes e evitar o excesso de ingestatildeo de substacircncias com riscos para a sauacutede5

Desaconselha-se o consumo de guloseimas e refrigerantes sobretudo fora das

refeiccedilotildees

Se a crianccedila fizer medicaccedilatildeo croacutenica deve dar-se preferecircncia agrave prescriccedilatildeo de

medicamentos sem accediluacutecar

7131 Dos 3 aos 6 anos no Jardim-de-infacircncia

Orientaccedilatildeo Integrar a educaccedilatildeo para sauacutede e a higiene no Projecto Educativo e efectuar uma escovagem dos dentes no

Jardim-de-infacircncia

As Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar preconizam uma

intervenccedilatildeo educativa em que a educaccedilatildeo para a sauacutede e a higiene fazem parte do

dia-a-dia do Jardim-de-infacircncia A crianccedila teraacute oportunidade de cuidar da sua

higiene e sauacutede de compreender as razotildees por que natildeo deve abusar de determinados

alimentos e ter conhecimento do funcionamento dos diferentes oacutergatildeos6

Desaconselha-se o consumo de guloseimas no Jardim-de-infacircncia

Todas as crianccedilas que frequentam os Jardins-de-infacircncia devem fazer uma das

escovagens dos dentes no estabelecimento de educaccedilatildeo sendo esta actividade

particularmente importante para as que vivem em zonas mais desfavorecidas e

apresentam caacuterie dentaacuteria

A escovagem dos dentes no Jardim-de-infacircncia tem por objectivo a

responsabilizaccedilatildeo progressiva da crianccedila pelo auto-cuidado de higiene oral Esta

actividade deveraacute estar integrada no projecto educativo do Jardim-de-infacircncia e ser

pedagogicamente dinamizada pelos educadores de infacircncia

As equipas de sauacutede escolar deveratildeo apoiar a elaboraccedilatildeo do projecto melhorar as

competecircncias dos educadores professores e pais sobre sauacutede oral bem como

orientar o desenvolvimento desta actividade

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 7

Por volta dos 6 anos comeccedilam a erupcionar os primeiros molares permanentes Pela

sua proacutepria morfologia imaturidade e dificuldade na remoccedilatildeo da placa bacteriana

das suas fissuras e fossetas estes dentes satildeo mais vulneraacuteveis agrave caacuterie Por isso

exigem uma atenccedilatildeo particular durante a erupccedilatildeo e uma teacutecnica especiacutefica de

escovagem

714 Mais de 6 anos de idade

Orientaccedilatildeo Escovar os dentes com um dentiacutefrico fluoretado com 1000 e 1500 ppm duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente antes de deitar

A partir dos 6 anos de idade a escovagem dos dentes jaacute deveraacute ser efectuada pela

crianccedila utilizando um dentiacutefrico fluoretado idecircntico ao usado pelos adultos

portanto com um teor de fluoreto entre 1000 e 1500 ppm (mgl) numa quantidade

aproximada de um (1) centiacutemetro

A escovagem dentaacuteria deveraacute ser efectuada duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente antes de deitar Se a crianccedila ainda natildeo tiver destreza manual

recomendamos que esta actividade seja apoiada ou mesmo executada pelos pais7

7141 Mais de 6 anos na escola

Orientaccedilatildeo As mensagens de promoccedilatildeo da sauacutede devem ser coincidentes com as praacuteticas da escola

Durante a escolaridade obrigatoacuteria as referecircncias agrave descoberta do corpo agrave sauacutede agrave

educaccedilatildeo alimentar agrave higiene em geral e agrave higiene oral estatildeo integradas no curriacuteculo

e nos programas escolares do 1ordm ao 9ordm ano do ensino baacutesico8

Educaccedilatildeo Alimentar

A escola tem um papel fundamental na formaccedilatildeo dos haacutebitos alimentares das

crianccedilas e dos jovens pelo que eacute transmitido dentro da sala de aula atraveacutes dos

conteuacutedos curriculares mas tambeacutem atraveacutes da influecircncia dos pares e professores e

pela forma como satildeo expostos os produtos no bufete e na cantina9

As crianccedilas e os jovens que consomem mais alimentos ricos em accediluacutecar e gorduras

e nos intervalos optam predominantemente por doces e bebidas accedilucaradas tecircm

susceptibilidade aumentada agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 8

Assim nos intervalos das aulas a oferta deveraacute possibilitar escolhas saudaacuteveis e

econoacutemicas como leite patildeo e fruta em detrimento de refrigerantes e bolos

Os princiacutepios da promoccedilatildeo da sauacutede devem constituir uma referecircncia para os

projectos de educaccedilatildeo alimentar As Escolas devem assegurar uma poliacutetica

nutricional que promova uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel com coordenaccedilatildeo entre os

serviccedilos que fornecem produtos alimentares na cantina e no bufete natildeo sendo

admissiacuteveis contradiccedilotildees entre as mensagens de educaccedilatildeo alimentar a oferta de

alimentos e a forma como satildeo confeccionados

Os projectos de educaccedilatildeo alimentar soacute ficaratildeo completos se envolverem os alunos

Eles satildeo os actores activos da pesquisa pois soacute compreendendo o que eacute uma

alimentaccedilatildeo equilibrada poderatildeo adoptar uma atitude criacutetica e selectiva na compra e

no consumo dos produtos alimentares Soacute conhecendo os direitos e deveres dos

consumidores se podem alicerccedilar praacuteticas saudaacuteveis

No 1ordm Ciclo

Os ingredientes essenciais da educaccedilatildeo alimentar na escola vatildeo desde a abordagem

dos haacutebitos alimentares agraves questotildees da alimentaccedilatildeo e sauacutede e agrave cadeia alimentar

produccedilatildeo fabrico transformaccedilatildeo distribuiccedilatildeo de alimentos conservaccedilatildeo e higiene

Todos estes aspectos podem ser desenvolvidos no estudo do meio na liacutengua

portuguesa na matemaacutetica e nas aacutereas da expressatildeo musical dramaacutetica e plaacutestica

No 2ordm e 3ordm Ciclos

A implementaccedilatildeo de um Projecto de Educaccedilatildeo Alimentar implica a mobilizaccedilatildeo dos

curriacuteculos disciplinares do maior nuacutemero possiacutevel de disciplinas

Nas Ciecircncias Naturais pode ser realccedilada a importacircncia da alimentaccedilatildeo e a sua

relaccedilatildeo com o funcionamento do corpo e a sauacutede na Histoacuteria pode ser abordada a

evoluccedilatildeo das sociedades e dos seus haacutebitos alimentares nas Ciecircncias Fiacutesico-

Quiacutemicas pode ser estimulado o interesse pelo meio fiacutesico onde os alimentos se

produzem e se transformam com possiacutevel envolvimento da Liacutengua Portuguesa da

Matemaacutetica da Geografia da Educaccedilatildeo Visual Fiacutesica e Tecnoloacutegica eou das aacutereas

curriculares natildeo disciplinares

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 9

Higiene Oral

A higiene oral deve ser abordada no contexto da aquisiccedilatildeo de comportamentos de

higiene pessoal As aprendizagens deveratildeo relacionar os saberes com as vivecircncias

dentro e fora da escola A estrutura dos programas do ensino baacutesico eacute

suficientemente aberta e flexiacutevel para atender os diversos pontos de partida os

interesses e as necessidades dos alunos assim como as caracteriacutesticas do meio

Deste modo os conteuacutedos da sauacutede oral e da higiene oral podem ser associados ao

desenvolvimento de haacutebitos de higiene pessoal e de vida saudaacutevel

No 1ordm Ciclo recomendamos que as crianccedilas faccedilam uma das escovagens dos dentes

no proacuteprio estabelecimento de ensino Esta escovagem deve ser orientada pelos

professores a quem deveraacute ser dada formaccedilatildeo para esta actividade e regularmente

pelo menos uma vez em cada trimestre supervisionada pela equipa de sauacutede escolar

Seraacute de estimular a auto-responsabilizaccedilatildeo da crianccedila pela sua higiene oral de

manhatilde e agrave noite

Escovagem dos dentes

Na escola deve ser monitorizada a execuccedilatildeo e a efectividade desta actividade A

execuccedilatildeo da escovagem pode ser monitorizada atraveacutes de um registo diaacuterio num

mapa de turma e a efectividade pode ser avaliada atraveacutes da utilizaccedilatildeo do revelador

de placa bacteriana e do caacutelculo do Iacutendice de lsquoPlaca Simplificadorsquo realizado pelos

profissionais de sauacutede10

Fio dentaacuterio

A higienizaccedilatildeo dos espaccedilos interdentaacuterios deve comeccedilar a ser feita por volta dos 9-

10 anos quando a crianccedila comeccedila a ter destreza manual para utilizar o fio dentaacuterio

A teacutecnica deve ser claramente explicada e treinada11

Bochecho fluoretado

Todas as crianccedilas e jovens que frequentam as escolas do 1ordm Ciclo do Ensino Baacutesico

devem fazer o bochecho quinzenal com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a 0212

As estrateacutegias e teacutecnicas de realizaccedilatildeo e implementaccedilatildeo na escola das medidas de

promoccedilatildeo da sauacutede oral preconizadas encontram-se descritas no Texto de Apoio

anexo a esta Circular Normativa da qual faz parte integrante

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 10

Sauacutede Oral na Adolescecircncia

No decurso da adolescecircncia em que se reorganiza a forma de estar no mundo se

reformula o autoconceito atraveacutes nomeadamente dos reforccedilos positivos da auto-

imagem a higiene oral pode desempenhar um contributo importante para esse

processo Neste periacuteodo a adesatildeo a praacuteticas adequadas em termos de sauacutede oral natildeo

passa estritamente por motivaccedilotildees de caraacutecter sanitaacuterio

Tendo isso em conta os profissionais de sauacutede ligados agraves acccedilotildees educativas e

preventivas neste domiacutenio natildeo podem deixar de valorizar as expectativas dos jovens

acerca dos laacutebios da boca e dos dentes nos planos esteacutetico e relacional

Sauacutede Oral em crianccedilas e de jovens com Necessidades de Sauacutede Especiais

A promoccedilatildeo da sauacutede oral de crianccedilas e jovens com Necessidades de Sauacutede

Especiais estaacute descrita no laquoManual de Boas Praacuteticas em Sauacutede Oralraquo editado pela

DGS13

A administraccedilatildeo de suplemento sisteacutemico de fluoretos recomendada deve ser

corrigida de acordo com as orientaccedilotildees introduzidas pelo presente documento

72 Prevenccedilatildeo das doenccedilas orais

Em sauacutede infantil e juvenil a observaccedilatildeo da boca e dos dentes feita pela equipa de

sauacutede pelo meacutedico de famiacutelia ou pelo pediatra comeccedila aos 6 meses e prolonga-se

ateacute aos 18 anos14

A estes profissionais compete reforccedilar as medidas de promoccedilatildeo da sauacutede oral

descritas anteriormente e fazer o diagnoacutestico precoce de caacuterie dentaacuteria registando

os dados na Ficha Individual de Sauacutede Oral e no Boletim de Sauacutede Infantil

Em Sauacutede Escolar tambeacutem poderaacute ser feita essa observaccedilatildeo

Face a um diagnoacutestico ou a uma suspeita de doenccedila oral a crianccedila deve ser

encaminhada para o gestor do programa no Centro de Sauacutede

Se o Centro de Sauacutede tiver higienista oral estomatologista ou meacutedico dentista eacute

feita a avaliaccedilatildeo do risco individual de caacuterie e a protecccedilatildeo dos dentes agraves crianccedilas e

jovens de alto risco

Se o Centro de Sauacutede natildeo dispuser de profissionais de sauacutede oral o gestor do

programa encaminharaacute as crianccedilas para os serviccedilos de estomatologia dos hospitais

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 11

distritais ou centrais caso tenham resposta ou para um meacutedico estomatologista

meacutedico dentista contratualizado

A partir do momento em que a crianccedila apresenta um dente com uma lesatildeo de caacuterie

dentaacuteria passa a exigir medidas preventivas e terapecircuticas especiacuteficas Apoacutes o

tratamento da lesatildeo de caacuterie essa crianccedila eacute incluiacuteda num grupo que do ponto de

vista preventivo exigiraacute maior atenccedilatildeo e acompanhamento

A protecccedilatildeo dos dentes em crianccedilas com alto risco agrave caacuterie dentaacuteria consiste na

execuccedilatildeo de uma ou mais medidas

Aplicaccedilatildeo de selantes de fissura

Suplemento de fluoretos um (1) comprimido diaacuterio de 025 mg que deve ser

dissolvido lentamente na boca agrave noite antes de deitar

Verniz de fluacuteor ou de clorohexidina

A estrateacutegia preventiva e terapecircutica do programa complementam-se com a

avaliaccedilatildeo do risco individual de caacuterie dentaacuteria

A avaliaccedilatildeo eacute feita a partir da conjugaccedilatildeo dos seguintes factores de risco evidecircncia

cliacutenica de doenccedila anaacutelise dos haacutebitos alimentares controlo da placa bacteriana

niacutevel socioeconoacutemico da famiacutelia e histoacuteria cliacutenica da crianccedila15

Factores de Risco Baixo Risco Alto Risco

Evidecircncia cliacutenica de doenccedila

Sem lesotildees de caacuterie Nenhum dente perdido devido a caacuterie Poucas ou nenhumas obturaccedilotildees

Lesotildees activas de caacuterie Extracccedilotildees devido a caacuterie Duas ou mais obturaccedilotildees Aparelho fixo de ortodontia

Anaacutelise dos haacutebitos alimentares

Ingestatildeo pouco frequente de alimentos accedilucarados

Ingestatildeo frequente de alimentos accedilucarados em particular entre as refeiccedilotildees

Utilizaccedilatildeo de fluoretos

Uso regular de dentiacutefrico fluoretado

Natildeo utilizaccedilatildeo regular de qualquer dentiacutefrico fluoretado

Controlo da placa bacteriana

Escovagem dos dentes duas ou mais vezes por dia

Natildeo escova os dentes ou faz uma escovagem pouco eficaz

Niacutevel socioeconoacutemico da famiacutelia

Meacutedio ou alto Baixo

Histoacuteria cliacutenica da crianccedila

Sem problemas de sauacutede Ausecircncia de medicaccedilatildeo croacutenica

Portador de deficiecircncia fiacutesica ou mental Ingestatildeo prolongada de medicamentos cariogeacutenicos Doenccedilas Croacutenicas Xerostomia

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 12

As crianccedilas e os jovens que natildeo se inscrevem em nenhuma das categorias anteriores

satildeo considerados de risco moderado

Os criteacuterios de avaliaccedilatildeo do risco individual de caacuterie dentaacuteria seratildeo

complementados com orientaccedilotildees teacutecnicas a emitir pela Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

73 Diagnoacutestico precoce e tratamento dentaacuterio

O diagnoacutestico precoce e os tratamentos dentaacuterios podem ser feitos no Centro de

Sauacutede nos serviccedilos de estomatologia do Hospital ou pelos meacutedicos estomatologistas

ou meacutedicos dentistas contratualizados da sua aacuterea de atracccedilatildeo

Nos Centros de Sauacutede onde existe Higienista Oral este gere os encaminhamentos

quando haacute necessidade de tratamentos e a frequecircncia da vigilacircncia da sauacutede oral das

crianccedilas e dos jovens do seu ficheiro

A contratualizaccedilatildeo com profissionais de sauacutede oral permite-nos garantir cuidados de

sauacutede oral a todas as crianccedilas em Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral

que desenvolvam caacuterie dentaacuteria

O processo seraacute implementado progressivamente O meacutedico estomatologistameacutedico

dentista responsabiliza-se pelo acompanhamento individual das crianccedilas que lhe satildeo

remetidas pelo SNS

O encaminhamento deve respeitar a liberdade de escolha do utente e a capacidade

de resposta do profissional contratualizado

8 Avaliaccedilatildeo do Programa

A avaliaccedilatildeo do programa tem periodicidade anual pelo que os indicadores a utilizar

teratildeo necessariamente que ser faacuteceis de obter e fiaacuteveis Satildeo eles que iratildeo permitir a

monitorizaccedilatildeo do programa e os avanccedilos alcanccedilados em cada regiatildeo de sauacutede e nos

diversos grupos etaacuterios

As fontes de dados satildeo nos serviccedilos puacuteblicos os registos habituais de actividades e

os mapas de sauacutede oral e sauacutede escolar nos serviccedilos privados a informaccedilatildeo

produzida pelos profissionais de sauacutede oral contratualizados registada na Ficha

Individual de Sauacutede Oral transcrita para o Mapa Anual da intervenccedilatildeo meacutedico-

dentaacuteria e enviada para o serviccedilo com quem contratualizou

A qualidade das prestaccedilotildees contratualizadas seraacute feita por avaliaccedilatildeo externa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 13

Os indicadores de avaliaccedilatildeo do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral satildeo

Percentagem de crianccedilas em programa aos 3 6 12 e 15 anos

Percentagem de crianccedilas em programa no Jardim-de-infacircncia e na Escola no 1ordm

ciclo 2ordm ciclo e 3ordm ciclo

Percentagem de crianccedilas com necessidades de tratamentos dentaacuterios

encaminhadas e tratadas

Percentagem de crianccedilas de alto risco agrave caacuterie

Percentagem de crianccedilas livres de caacuterie aos 6 anos

Iacutendice cpod e CPOD aos 6 anos

Iacutendice CPOD aos 12 anos

Esta avaliaccedilatildeo anual natildeo substitui as avaliaccedilotildees quinquenais de acircmbito nacional que a

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede com as Administraccedilotildees Regionais de Sauacutede e as Secretarias

Regionais continuaratildeo a realizar

9 Disposiccedilotildees finais e transitoacuterias

Para efeito de avaliaccedilatildeo do estado dentaacuterio e de avaliaccedilatildeo do risco seratildeo elaborados

suportes de informaccedilatildeo para serem utilizados por todos os sectores intervenientes

no programa e em todos os niacuteveis de produccedilatildeo de informaccedilatildeo

Do niacutevel local ao niacutevel central a informaccedilatildeo iraacute sendo agrupada em mapas de modo

a podermos construir indicadores de niacuteveis de resultados

Os dois Textos de Apoio anexos a este programa ldquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de

Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutederdquo e ldquoFluoretos Fundamentaccedilatildeo e

recomendaccedilatildeordquo suportam as alteraccedilotildees introduzidas e apontam formas de

implementar a estrateacutegia definida no Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede

Oral

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 14

Consenso sobre a utilizaccedilatildeo de fluoretoslowast no acircmbito do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral

Generalidades

O fluacuteor tem comprovada importacircncia na reduccedilatildeo da prevalecircncia e gravidade da caacuterie A

estrateacutegia da sua utilizaccedilatildeo em sauacutede oral foi redefinida com base em novas evidecircncias

cientiacuteficas Actualmente considera-se que a sua acccedilatildeo preventiva e terapecircutica eacute toacutepica

e poacutes-eruptiva e que para se obter este efeito toacutepico o dentiacutefrico fluoretado constitui a

opccedilatildeo consensual

Os fluoretos quando administrados por via sisteacutemica podem ter efeitos toacutexicos em

particular antes dos 6 anos Embora as consequecircncias sejam essencialmente de ordem

esteacutetica eacute revista a sua administraccedilatildeo

Nas crianccedilas com idades iguais ou inferiores a 6 anos que cumprem as exigecircncias

habituais da higiene oral isto eacute escovam os dentes usando dentiacutefrico fluoretado a

concomitante administraccedilatildeo de comprimidos ou gotas aumenta o risco de fluorose

dentaacuteria

As recomendaccedilotildees da Task Force sobre a utilizaccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da

caacuterie integradas no Programa Nacional de Sauacutede Oral satildeo as seguintes

a) Eacute dada prioridade agraves aplicaccedilotildees toacutepicas sob a forma de dentiacutefricos administrados na

escovagem dos dentes Estas aplicaccedilotildees devem ser efectuadas desde a erupccedilatildeo dos

dentes e de acordo com as regras expostas na tabela anexa

b) Os comprimidos anteriormente recomendados no acircmbito do Programa de Promoccedilatildeo

da Sauacutede Oral nas Crianccedilas e nos Adolescentes (CN nordm 6DSE de 200599) soacute

seratildeo administrados apoacutes os 3 anos a crianccedilas de alto risco agrave caacuterie dentaacuteria Nesta

situaccedilatildeo os comprimidos devem ser dissolvidos na boca lentamente

preferencialmente antes de deitar As acccedilotildees de educaccedilatildeo para a sauacutede devem

prioritariamente promover a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado

lowast Das Faculdades de Medicina Dentaacuteria de Lisboa Porto e Coimbra Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Coleacutegio de Estomatologia da Ordem dos Meacutedicos Ordem dos Meacutedicos Dentistas e Sociedade Portuguesa de Pediatria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 15

c) Em nenhum dos casos estaacute recomendada a administraccedilatildeo de fluoretos sisteacutemicos agraves

graacutevidas agraves crianccedilas antes dos 3 anos e agraves que em qualquer idade consumam aacutegua

com teor de fluoreto superior a 03 ppm

Recomendaccedilotildees sobre a utilizaccedilatildeo de fluoretos no acircmbito do PNPSO

RECOMEN-

DACcedilOtildeES

Frequecircncia da

escovagem dos dentes

Material utilizado na escovagem dos dentes

Execuccedilatildeo da escovagem dos dentes

Dentiacutefrico fluoretado

Suplemento sisteacutemico de

fluoretos

0-3 Anos 2 x dia

a partir da erupccedilatildeo do 1ordm dente

uma obrigatoria-mente antes

de deitar

Gaze Dedeira

Escova macia

de tamanho pequeno

Pais

1000-1500 ppm

quantidade idecircntica ao tamanho da

unha do 5ordm dedo da crianccedila

Natildeo recomendado

3-6 Anos 2 x dia

uma

obrigatoria-mente antes

de deitar

Escova macia

de tamanho adequado agrave

boca da crianccedila

Pais eou Crianccedila

a partir do

momento em que a crianccedila

adquire destreza

manual faz a escovagem sob

supervisatildeo

1000-1500 ppm

quantidade idecircntica ao tamanho da

unha do 5ordm dedo da crianccedila

Natildeo recomendado

Excepcionalmente as crianccedilas de alto

risco agrave caacuterie dentaacuteria podem fazer

1 (um) comprimido diaacuterio de fluoreto de soacutedio a 025 mg

Mais de 6 Anos

2 x dia

uma

obrigatoria-mente antes

de deitar

Escova macia

ou em alternativa

meacutedia

de tamanho adequado agrave

boca da crianccedila ou do

jovem

Crianccedila eou Pais

se a crianccedila

natildeo tiver adquirido destreza

manual a escovagem

tem que ter a intervenccedilatildeo

activa dos pais

1000-1500 ppm

quantidade aproximada de 1 centiacutemetro

Natildeo recomendado

Excepcionalmente as crianccedilas de alto

risco agrave caacuterie dentaacuteria podem fazer

1 (um) comprimido diaacuterio de fluoreto de soacutedio a 025 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 16

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 17

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10 Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Sauacutede Oral nas Crianccedilas em Idade Escolar 1996 Acessiacutevel na DGS

11 Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede O uso do fio dentaacuterio previne algumas doenccedilas orais Lisboa DGS 1993

12 Direcccedilatildeo-Geral dos Cuidados de Sauacutede Primaacuterios Bochecho fluoretado ndash Guia Praacutetico do Professor Lisboa DGS 1992

13 Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Divisatildeo de Sauacutede Escolar Manual de Boas Praacuteticas em Sauacutede Oral para quem trabalha com Crianccedilas e Jovens com Necessidades de Sauacutede Especiais Lisboa DGS 2002 httpwwwdgsaudept

14 Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Sauacutede Infantil e Juvenil Programa-Tipo de Actuaccedilatildeo Lisboa DGS2002 (Orientaccedilotildees Teacutecnicas 12) httpwwwdgsaudept

15 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in children at High Caries Risk A National Clinical Guideline SIGN 2000 httpwwwsignacuk

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Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 20

Agradecimentos

A Task Force que colaborou na revisatildeo do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral coordenada pela Drordf Gregoacuteria Paixatildeo von Amann e pela Higienista Oral Cristina Ferreira Caacutedima da Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede contou com a prestimosa colaboraccedilatildeo teacutecnica e cientiacutefica de

Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge representado pela Drordf Dirce Silveira

Direcccedilatildeo-Geral da Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura representada pela Engordf Maria de Lourdes Camilo

Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa representada pelo Prof Doutor Paulo Melo

Faculdade de Medicina de Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria representada pelo Dr Francisco Delille

Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade de Lisboa representada pelo Prof Doutor Ceacutesar Mexia de Almeida

Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto representada pelo Prof Doutor Fernando M Peres

Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento representado pela Drordf Ana Arauacutejo

Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede - Norte representado pelo Prof Doutor Paulo Rompante

Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede - Sul representado pela Profordf Doutora Fernanda Mesquita

Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia representada pelo Dr Alexandre Loff Seacutergio

Ordem dos Meacutedicos Dentistas representada pelo Prof Doutor Paulo Melo

Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria representada pelo Prof Doutor Ceacutesar Mexia de Almeida

Sociedade Portuguesa de Pediatria representada pelo Dr Manuel Salgado

Serviccedilos da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede representada pela Drordf Anabela Lopes Divisatildeo de Sauacutede Ambiental representada pelo Engordm Paulo Diegues e a Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede representada pelo Dr Pedro Ribeiro da Silva

Pelas sugestotildees e correcccedilotildees introduzidas o nosso agradecimento agrave Profordf Doutora Isabel Loureiro ao Dr Vasco Prazeres Drordf Leonor Sassetti Drordf Ana Paula Ramalho Correia Dr Rui Calado Drordf Maria Otiacutelia Riscado Duarte Dr Joatildeo Breda e ao Sr Viacutetor Alves que concebeu o logoacutetipo do programa

A todos a Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede e a Divisatildeo de Sauacutede Escolar agradecem

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

E s t r a t eacute g i a s e T eacute c n i c a s d e E d u c a ccedil atilde o e P r o m o ccedil atilde o

d a S a uacute d e

Documento produzido no acircmbito dos trabalhos da Task Force pela Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede Dr

Pedro Ribeiro da Silva e Dr Joatildeo Breda e pela Higienista Oral Cristina Ferreira Caacutedima e Drordf Gregoacuteria Paixatildeo von Amann da

Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede que coordenou os trabalhos

1 Preacircmbulo

Os Programas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede tecircm por objectivo capacitar as pessoas a tomarem decisotildees no

seu quotidiano que se revelem as mais adequadas para manter ou alargar o seu potencial de sauacutede

Para se atingir este objectivo fornece-se informaccedilatildeo e utilizam-se metodologias que facilitem e decircem

suporte agraves mudanccedilas comportamentais e agrave manutenccedilatildeo das praacuteticas consideradas saudaacuteveis

Mas a mudanccedila de comportamentos natildeo eacute faacutecil depende de factores sociais culturais familiares

entre muitos outros e natildeo apenas do conhecimento cientiacutefico que as pessoas possuam sobre

determinada mateacuteria

Esta dificuldade eacute bem patente quando como no presente caso se pretende intervir sobre

comportamentos relacionados com a alimentaccedilatildeo e a escovagem dos dentes

Quando os pais datildeo aos filhos patildeo achocolatado ou outros alimentos accedilucarados para levarem para a

escola estatildeo com frequecircncia a dar natildeo apenas um alimento mas tambeacutem e ateacute talvez

principalmente afecto tentando colmatar lacunas que possam ter na relaccedilatildeo com os seus filhos

mesmo que natildeo tenham consciecircncia desse facto

Podem tambeacutem dar este tipo de alimento por terem dificuldade de encontrar tempo para confeccionar

uma sandes ou outro alimento e os anteriormente referidos estatildeo sempre prontos a serem colocados na

mochila da crianccedila

Eacute importante desenvolvermos estrateacutegias de Educaccedilatildeo para a Sauacutede que natildeo culpabilizem os pais

porque estes intrinsecamente desejam sempre o melhor para os seus filhos embora natildeo consigam por

vezes colocaacute-lo em praacutetica

Devido agrave complexidade que eacute actuar sobre comportamentos individuais para se aumentar a eficiecircncia

das nossas praacuteticas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede torna-se fulcral utilizar metodologias alargadas a vaacuterios

parceiros e sectores da comunidade de forma articulada e continuada para que progressivamente

possamos ir obtendo resultados

Como propotildee Nancy Russel no seu Manual de Educaccedilatildeo para a Sauacutede ldquoPara desenhar um

programa de Educaccedilatildeo para a Sauacutede eacute necessaacuterio ter conhecimentos sobre comportamentos e sobre

os factores que produzem a mudanccedilardquo E continua explicitando ldquoAs teorias da mudanccedila de

comportamento que podem ser aplicadas em Educaccedilatildeo para a Sauacutede foram elaboradas a partir de

uma variedade de aacutereas incluindo a psicologia a sociologia a antropologia a comunicaccedilatildeo e o

marketing Nenhuma teoria ou rede de conceitos domina por si soacute a investigaccedilatildeo ou a praacutetica da

Educaccedilatildeo para a Sauacutede Provavelmente porque os comportamentos de sauacutede satildeo demasiado

complexos para serem explicados por uma uacutenica teoriardquo (19968)

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 2

2 Metodologias para Desenvolvimento da Acccedilatildeo

21 Primeira vertente ndash O diagnoacutestico de situaccedilatildeo

A primeira etapa de actuaccedilatildeo eacute de grande importacircncia para a continuidade das outras actividades e

podemos resumi-la a um bom diagnoacutestico de situaccedilatildeo que permita conhecer em pormenor a realidade

sobre a qual se pretende actuar

I - Eacute importante estabelecer como uma das primeiras actividades a anaacutelise de duas vertentes com

grande influecircncia na sauacutede oral os haacutebitos culturais das famiacutelias relativamente agrave alimentaccedilatildeo e as

praacuteticas de higiene oral dos adultos e das crianccedilas

II - Um segundo aspecto relaciona-se com os tipos de interacccedilatildeo entre professores ou

educadores de infacircncia e pais No caso de essa interacccedilatildeo ser regular e organizada importa saber como

reagem os pais agraves indicaccedilotildees dos professores sobre os aspectos comportamentais das crianccedilas e que

efeito e eficaacutecia tecircm essas acccedilotildees na capacitaccedilatildeo de pais e filhos relativamente aos comportamentos

relacionados com a sauacutede oral

Actividades a desenvolverem

a) estudar as formas de melhorar a relaccedilatildeo entre pais e professores procurando resolver as

dificuldades que com frequecircncia os pais apresentam como obstaacuteculos ao contacto mais regular

com os professores

b) analisar a eficaacutecia das recomendaccedilotildees dadas procurando as razotildees que possam estar na origem

de situaccedilotildees de menor eficaacutecia como o desfasamento entre as recomendaccedilotildees e o contexto

familiar e cultural das crianccedilas ou recomendaccedilotildees muito teacutecnicas ou paternalistas Todas estas

situaccedilotildees podem provocar resistecircncias nas famiacutelias agrave adesatildeo agraves praacuteticas desejaacuteveis relativamente

ao programa de sauacutede oral Esta temaacutetica da Educaccedilatildeo para a Sauacutede e as praacuteticas

comportamentais eacute muito complexa mas fundamental para se conseguirem resultados ao niacutevel

dos comportamentos

III - Outra componente a analisar satildeo os aspectos sociais dos consumos alimentares que possam

estar relacionados com situaccedilotildees locais como campanhas publicitaacuterias ou de promoccedilatildeo de

determinados alimentos potencialmente cariogeacutenicos nos estabelecimentos da zona Oferta pouco

adequada de alimentos na cantina da escola com existecircncia preponderante de alimentos e bebidas

accedilucaradas A confecccedilatildeo das refeiccedilotildees no refeitoacuterio com pouca oferta de fruta legumes e vegetais e

preponderacircncia de sobremesas doces

Segundo o Modelo Precede de Green existem 3 etapas a contemplar num diagnoacutestico de situaccedilatildeo

middot diagnoacutestico epidemioloacutegico necessaacuterio para a identificaccedilatildeo dos problemas de sauacutede sobre os

quais se vai actuar como sejam os iacutendices de caacuterie fluorose dentaacuteria e outros

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middot diagnoacutestico social que corresponde agrave identificaccedilatildeo das situaccedilotildees sociais existentes na comunidade

onde se desenvolve a actividade que podem contribuir para os problemas de sauacutede oral detectados

ou que se pretende prevenir

middot diagnoacutestico comportamental para identificaccedilatildeo dos vaacuterios padrotildees comportamentais que possam

estar relacionados com os problemas de sauacutede oral inventariados

A este diagnoacutestico de problemas eacute importante associar-se a identificaccedilatildeo de necessidades da

populaccedilatildeo-alvo da acccedilatildeo

Apesar da prevalecircncia das doenccedilas orais e da necessidade deste Programa Nacional em algumas

comunidades poderatildeo existir vaacuterios outros problemas de sauacutede mais graves ou mais prevalentes e

neste caso importa fazer uma avaliaccedilatildeo dos recursos e das possibilidades de eficaacutecia dando prioridade

aos grupos e agraves situaccedilotildees mais graves e de maior amplitude Outro factor a ter em conta na decisatildeo

relaciona-se com a capacidade de alterar as causas comportamentais ou factores de risco pelo

programa educacional

Apoacutes a avaliaccedilatildeo das necessidades deveratildeo ser estabelecidas as prioridades tendo em conta os

problemas de sauacutede identificados a capacidade de alteraccedilatildeo dos factores de risco comportamentais e

outros Eacute muito importante associar-se agrave definiccedilatildeo de prioridades de actuaccedilatildeo a caracterizaccedilatildeo dos sub-

grupos existentes e as diferentes estrateacutegias apropriadas a cada uma dessas populaccedilotildees alvo

22 Segunda vertente ndash os teacutecnicos de educaccedilatildeo

Todos os parceiros satildeo importantes para o desenvolvimento dos programas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede

mas no caso especiacutefico da sauacutede oral os teacutecnicos de Educaccedilatildeo satildeo fundamentais Eacute por esta razatildeo

tarefa prioritaacuteria sensibilizaacute-los e englobaacute-los no desenho dos programas desde o iniacutecio

Sabemos atraveacutes das nossas praacuteticas anteriores que nem sempre os teacutecnicos de educaccedilatildeo aderem a

algumas das actividades dos programas de sauacutede oral propostas pelos teacutecnicos de sauacutede utilizando

para isso os mais diversos argumentos A explicitaccedilatildeo dos uacuteltimos consensos cientiacuteficos nesta aacuterea

com disponibilizaccedilatildeo de bibliografia pode ser facilitador da adesatildeo ao programa

Uma das actividades centrais deste programa seraacute trabalhar em conjunto com os teacutecnicos de educaccedilatildeo

nomeadamente docentes das escolas baacutesicas e secundaacuterias e educadores de infacircncia sobre as

potencialidades do programa e os ganhos em sauacutede que a meacutedio e longo prazo este pode provocar na

populaccedilatildeo portuguesa

Outra tarefa importante eacute a reflexatildeo em conjunto sobre as dificuldades diagnosticadas em cada escola

para concretizar as actividades do programa na tentativa de encontrar soluccedilotildees seja atraveacutes da

resoluccedilatildeo dos obstaacuteculos seja encontrando alternativas Poderaacute acontecer natildeo ser possiacutevel executar

todas as tarefas incluiacutedas no programa Nesses casos importa decidir quais as actividades que poderatildeo

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ser levadas agrave praacutetica com ecircxito Seraacute preferiacutevel concretizar algumas tarefas que nenhumas assim

como seraacute melhor realizar bem poucas tarefas do que muitas ou todas de forma deficiente

Frequentemente existe um diferencial de conhecimentos sobre estas aacutereas entre os teacutecnicos de

educaccedilatildeo e os de sauacutede Para evitar problemas eacute imperioso que os teacutecnicos de educaccedilatildeo sejam

parceiros em igualdade de circunstacircncia e natildeo sintam que tecircm um papel secundaacuterio no projecto ou

meros executores de tarefas

A eventual deacutecalage de conhecimentos sobre sauacutede oral pode ser compensado utilizando estrateacutegias de

trabalho em equipa natildeo assumindo os teacutecnicos de sauacutede papel de liacutederes do processo nem de

detentores da informaccedilatildeo cientiacutefica As teacutecnicas de trabalho em equipa devem implicam a partilha de

tarefas e lideranccedila natildeo assumindo o programa uma dimensatildeo vertical e impositiva por parte da sauacutede

As mensagens chave do programa seratildeo discutidas por todos os intervenientes Eacute muito importante que

sejam claras nos conteuacutedos e assumidas por toda a equipa em todas as situaccedilotildees de modo a tornar as

intervenccedilotildees coerentes com os objectivos do programa

Como cada comunidade e cada escola tecircm caracteriacutesticas proacuteprias o programa as actividades e o

trabalho interdisciplinar em equipa seratildeo adequados agraves condiccedilotildees objectivas e subjectivas de todos os

intervenientes o que pode tornar necessaacuterio fazer adaptaccedilotildees agrave aplicaccedilatildeo do mesmo O mesmo se

passa em relaccedilatildeo agraves mensagens que necessitam ser adaptadas a cada situaccedilatildeo e a cada contexto

Em relaccedilatildeo agrave Educaccedilatildeo para a Sauacutede a procura de soluccedilotildees para as situaccedilotildees decorrentes da

implementaccedilatildeo do programa como a sensibilizaccedilatildeo dos parceiros e a eliminaccedilatildeo de obstaacuteculos satildeo

uma das tarefas centrais dos programas e natildeo devem ser subestimadas pelos teacutecnicos de sauacutede pois

delas depende muita da eficaacutecia do projecto

A educaccedilatildeo alimentar eacute uma das vertentes centrais do programa pelo que eacute necessaacuterio sensibilizar os

professores para aspectos da vida escolar que podem afectar a sauacutede oral dos alunos como as ementas

escolares existentes no refeitoacuterio e o tipo de alimentos disponibilizado no bar

221 Componente praacutetica

Uma primeira tarefa do programa na escola seraacute a sensibilizaccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo para a

importacircncia do mesmo A explicitaccedilatildeo teoacuterica resumida dos pressupostos cientiacuteficos que legitimam a

alteraccedilatildeo do programa eacute um instrumento facilitador

Fundamental explicar as razotildees que tornam a escovagem como um actividade central do programa e

os inconvenientes de se darem suplementos de fluacuteor de forma generalizada Seremos especialmente

eficazes se nos disponibilizarmos para responder agraves questotildees e duacutevidas que os professores possam ter

Esta eacute com certeza tambeacutem uma maneira de aprofundarmos o diagnoacutestico da situaccedilatildeo e de podermos

contribuir para remover os obstaacuteculos detectados

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Uma segunda tarefa consistiraacute em operacionalizar o programa com os professores de modo a construi-

lo conjuntamente As diversas tarefas devem ser planeadas e avaliadas continuamente para se fazerem

as alteraccedilotildees consideradas necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar do programa

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo e a escovagem

O Programa Nacional de Sauacutede Oral propotildee algumas alteraccedilotildees que podemos considerar profundas e

de ruptura em relaccedilatildeo ao programa anterior como sejam a aplicaccedilatildeo restrita dos suplementos

sisteacutemicos de fluoretos e a escovagem duas vezes ao dia com um dentiacutefrico fluoretado como principal

medida para uma boa sauacutede oral Estas directrizes derivam do consenso dos peritos de Sauacutede Oral

reunidos na task force coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

Eacute faacutecil de compreender que organizar a escovagem dos dentes dos alunos eacute mais trabalhoso que dar-

lhes um comprimido de fluacuteor ou ateacute do que fazer o bochecho com uma soluccedilatildeo fluoretada Para sermos

bem sucedidos seraacute fundamental actuar de forma cautelosa respeitando as caracteriacutesticas das pessoas e

os contextos em presenccedila

Como sabemos eacute difiacutecil quebrar rotinas e o programa vai implicar mais trabalho para os professores e

disponibilizaccedilatildeo de tempo para os pais e professores A adopccedilatildeo pelos Jardins de infacircncia e Escolas da

escovagem dos dentes dos alunos pelo menos uma vez dia como factor central do programa vai

possivelmente encontrar algumas resistecircncias por parte dos educadores de infacircncia e professores que

importa ir resolvendo de forma progressiva e de acordo com as dificuldades reais encontradas Estas

dificuldades podem estar relacionadas com a deficiecircncia de instalaccedilotildees ou outras mas estaraacute com

frequecircncia tambeacutem muito relacionada com aspectos psicossociais de resistecircncia agrave mudanccedila de rotinas

instaladas e com vaacuterios anos

Uma das estrateacutegias primordiais para este programa ser bem sucedido passa pela resoluccedilatildeo dos

obstaacuteculos referidos pelos teacutecnicos de educaccedilatildeo relativamente agrave escovagem nomeadamente

a possibilidade de as crianccedilas usarem as escovas de colegas podendo haver transmissatildeo de doenccedilas

como a hepatite ou outras

a ausecircncia de um local apropriado para a escovagem

a confusatildeo que a escovagem iraacute causar com eventuais situaccedilotildees de indisciplina

a dificuldade de vigiar todos os alunos durante a escovagem com a consequente possibilidade de

alguns especialmente se mais novos poderem engolir dentiacutefrico

existirem alguns alunos que devido a carecircncias econoacutemicas ou desconhecimento dos pais tecircm

escovas jaacute muito deterioradas podendo ser alvo de troccedila e humilhaccedilatildeo por parte dos colegas ou

sentindo-se os professores na necessidade de fazerem algo mas natildeo terem possibilidade de

substituiacuterem as escovas

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Estes e outros argumentos poderatildeo ser reais ou apenas formas de encontrar justificaccedilotildees para natildeo

alterar rotinas no entanto eacute fundamental analisar cada situaccedilatildeo e encontrar a forma adequada de actuar

o que implica procurar em conjunto a resoluccedilatildeo do problema natildeo desvalorizando a perspectiva do

teacutecnico de educaccedilatildeo mesmo que do ponto de vista da sauacutede nos pareccedila oacutebvia a resistecircncia agrave mudanccedila e

a sua soluccedilatildeo

Se natildeo conseguirmos sensibilizar os profissionais de educaccedilatildeo para a importacircncia da escovagem e nos

limitarmos a contra-argumentar com os nossos dados e a nossa cientificidade facilmente iratildeo

encontrar outros argumentos Eacute preciso compreender que o que estaacute em causa natildeo satildeo as dificuldades

objectivas mas outro tipo de razotildees mais ou menos subjectivas relacionadas com as condiccedilotildees locais

e de contexto como por exemplo o facto de alguns professores considerarem que natildeo eacute da sua

competecircncia promover a escovagem dos dentes dos seus alunos A interacccedilatildeo pais-professores eacute

constante e pode potenciar grandemente o programa

23 Terceira vertente ndash os pais

Os pais satildeo tambeacutem intervenientes fundamentais nos programas de sauacutede oral e eacute fundamental que

sejam englobados na equipa de projecto enquanto parceiros activos na programaccedilatildeo de actividades de

modo a poder resolver-se eventuais resistecircncias que inclusive podem ser desconhecidas dos teacutecnicos e

serem devidas a idiossincracias micro-culturais Todas as estrateacutegias que sensibilizem os pais para as

medidas que se preconizam satildeo importantes Eacute fundamental que o programa seja ldquocontinuadordquo e

reforccedilado em casa e natildeo pelo contraacuterio descredibilizado pelas praacuteticas domeacutesticas

Em relaccedilatildeo aos pais os factores emocionais satildeo centrais na sua relaccedilatildeo com os filhos e com as escolhas

comportamentais quotidianas Transmitir informaccedilatildeo de forma essencialmente cognitiva por exemplo

laquonatildeo decirc lsquoBolosrsquo aos seus filhos porque satildeo alimentos que podem contribuir para o aparecimento de

caacuterie nos dentes e provocar obesidaderaquo tem muitas possibilidades de provocar efeitos perversos

negativos como seja a culpabilizaccedilatildeo dos pais e a resistecircncia agrave mudanccedila de comportamentos

Com frequecircncia os doces satildeo uma forma de dar afecto ou premiar os filhos ou ateacute servir como

substituto da impossibilidade dos pais estarem mais tempo com os filhos situaccedilatildeo que natildeo eacute com

frequecircncia consciente para os pais Os padrotildees comportamentais dos pais obedecem a inuacutemeras

componentes e soacute actuando sobre cada uma delas se conseguem resultados nas mudanccedilas de

comportamentos

Fornecer apenas informaccedilatildeo pode natildeo soacute natildeo provocar alteraccedilotildees comportamentais como criar ou

aumentar as resistecircncias agrave mudanccedila Eacute preciso adequar a informaccedilatildeo agraves diversas situaccedilotildees

caracterizando-as primeiro valorizando as componentes emocionais relacionais e contextuais dos

comportamentos natildeo culpabilizando os pais (porque isso provoca resistecircncias agrave mudanccedila natildeo soacute em

relaccedilatildeo a este programa mas a futuras intervenccedilotildees) e encontrando formas alternativas de resolver estas

situaccedilotildees utilizando soluccedilotildees que provoquem emoccedilotildees positivas em todos os intervenientes E dessa

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forma eacute possiacutevel ser-se eficaz respeitando os universos relacionais das famiacutelias e evitando efeitos

comportamentais paradoxais ou seja por reacccedilatildeo agrave informaccedilatildeo que os culpabiliza os pais

dessensibilizam das nossas indicaccedilotildees agravando e aumentando as praacuteticas que se desaconselham

Eacute esta uma das razotildees porque eacute tatildeo difiacutecil atingir os grupos populacionais que exactamente mais

precisavam de ser abrangido pelos programas de prevenccedilatildeo da doenccedila e promoccedilatildeo da sauacutede

Para aleacutem de se conhecerem as praacuteticas alimentares e de higiene oral que as crianccedilas e adolescentes

tecircm em casa eacute importante caracterizar as razotildees desses procedimentos Referimo-nos aos aspectos

individuais familiares culturais e contextuais Se queremos actuar sobre comportamentos eacute

fundamental conhecer as atitudes crenccedilas preconceitos estereoacutetipos e representaccedilotildees sociais que se

relacionam com as praacuteticas das famiacutelias as quais variam de famiacutelia para famiacutelia

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo podem ser colaboradores preciosos para esta caracterizaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo aos pais podemos resumir os aspectos a valorizar

Inclui-los nos diversos passos do programa

sensibiliza-los para a importacircncia da sauacutede oral respeitando os seus universos familiares e

culturais

dar suporte continuado agrave mudanccedila de comportamentos e de todos os factores que lhe estatildeo

associados

24 Quarta vertente ndash as crianccedilas

As crianccedilas e os adolescentes satildeo o principal puacuteblico-alvo do programa de sauacutede oral Sensibilizaacute-los

para as praacuteticas alimentares e de higiene oral que os peritos consideram actualmente adequadas eacute o

nosso objectivo

Como jaacute foi referido anteriormente eacute necessaacuterio ser cuidadoso na forma de comunicar com as crianccedilas

e adolescentes natildeo criticando directa ou indirectamente os conhecimentos e as praacuteticas aconselhadas

ou consentidas por pais e professores com quem eles convivem directamente e que satildeo dos principais

influenciadores dos seus comportamentos satildeo os seus modelos e constituem o seu universo de afectos

Criar clivagem na relaccedilatildeo cognitiva afectiva e emocional entre pais ou professores e crianccedilas e

adolescentes eacute algo que devemos ter sempre presente e evitar

As estrateacutegias de trabalho com as crianccedilas deveratildeo ser adaptadas agrave sua maturidade psico-cognitiva e

contexto socio-cultural Para que as actividades sejam luacutedicas e criativas adequadas agraves idades e outras

caracteriacutesticas das crianccedilas e adolescentes a contribuiccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo eacute com certeza

fundamental

Eacute muito importante ter em conta alguns aspectos educativos relativamente agrave mudanccedila de

comportamentos A participaccedilatildeo activa das crianccedilas na formulaccedilatildeo dessas actividades torna mais

eficazes os efeitos pretendidos

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Pela dificuldade em mudar comportamentos principalmente de forma estaacutevel eacute aconselhaacutevel adequar

os objectivos agraves realidades Seraacute preferiacutevel actuar sobre um ou dois comportamentos sobre os quais a

caracterizaccedilatildeo inicial nos permitiu depreender que seraacute possiacutevel obtermos resultados positivos em vez

de tentar actuar sobre todos os comportamentos que desejariacuteamos alterar natildeo conseguindo alterar

nenhum deles Naturalmente estas escolhas seratildeo feitas cientificamente segundo o que a Educaccedilatildeo para

a Sauacutede preconiza nas vertentes relacionadas com as ciecircncias comportamentais (sociais e humanas)

Outro aspecto fundamental eacute a continuidade na acccedilatildeo A eficaacutecia seraacute tanto maior quanto mais

continuadas forem as actividades dando suporte agrave mudanccedila comportamental e reforccedilo agrave sua

manutenccedilatildeo A continuidade da acccedilatildeo permite conhecer melhor as situaccedilotildees os obstaacuteculos e as formas

de os remover pois cada caso eacute um caso e generalizar diminui grandemente a eficaacutecia

Deve ser dada uma atenccedilatildeo especial agraves crianccedilas com Necessidades de Sauacutede Especiais desfavorecidas

socialmente (porque vivem em bairros degradados com poucos recursos econoacutemicos pertencem a

minorias eacutetnicas ou satildeo emigrantes) ou que natildeo frequentam a escola utilizando estrateacutegias especificas

adequadas agraves suas dificuldades

25 Quinta vertente ndash a comunidade

Para os programas de Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutede a componente comunitaacuteria eacute fundamental A

participaccedilatildeo e contribuiccedilatildeo dos vaacuterios sectores da comunidade podem ser potenciadores do trabalho a

desenvolver

Dependendo das situaccedilotildees locais a Autarquia as IPSS e as ONGrsquos entre outras podem ser parceiros

de enorme valia para o desenvolvimento do programa Para isso temos que sensibilizar os liacutederes

locais para a importacircncia da sauacutede oral e do programa que se pretende incrementar explicitando como

com pequenos custos podemos obter ganhos em sauacutede a meacutedio e longo prazo

As instituiccedilotildees que organizam actividades para crianccedilas e adolescentes como os ATLrsquos associaccedilotildees

culturais desportivas e religiosas podem ser excelentes parceiros para o desenvolvimento das

actividades dependendo das caracteriacutesticas da comunidade onde se aplica o programa Os grupos de

teatro satildeo tambeacutem um excelente recurso para integrarem as actividades com as crianccedilas e os

adolescentes

26 Sexta vertente ndash os meios de comunicaccedilatildeo social

Os meios de comunicaccedilatildeo social locais e regionais se forem utilizados apropriadamente podem ser

parceiros potenciadores das actividades que se pretendem desenvolver

Mas com frequecircncia os teacutecnicos de sauacutede encontram dificuldades na relaccedilatildeo com os profissionais da

comunicaccedilatildeo social considerando que estes natildeo satildeo sensiacuteveis agraves nossas preocupaccedilotildees com a prevenccedilatildeo

da doenccedila e da promoccedilatildeo da sauacutede

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Os media tecircm uma linguagem e podemos dizer uma filosofia proacuteprias que com frequecircncia natildeo satildeo

coincidentes com as nossas eacute por essa razatildeo necessaacuterio que os teacutecnicos de sauacutede se adaptem e se

possiacutevel se aperfeiccediloem na linguagem dos meacutedia Se natildeo utilizarmos adequadamente os meios de

comunicaccedilatildeo social estes podem ter um efeito contraproducente diminuindo a eficaacutecia do programa de

sauacutede oral

Algumas das dificuldades encontradas quando trabalhamos com os media especialmente as raacutedios e as

televisotildees satildeo as seguintes

na maior parte dos casos natildeo se pode transmitir muita informaccedilatildeo mesmo que seja um programa

de raacutedio de 1 ou 2 horas iria ficar muito monoacutetono e pouco atraente assim como se tornaria

confuso para os ouvintes e pouco eficaz porque com frequecircncia as pessoas desenvolvem outras

actividades enquanto ouvem raacutedio

eacute aconselhaacutevel transmitir apenas o que eacute realmente importante e faze-lo de forma muito clara

mantendo a consistecircncia sobre a hierarquia das informaccedilotildees nas diversas intervenccedilotildees ou seja que

todas os intervenientes no programa e em todas as situaccedilotildees em que intervecircm tenham um discurso

coerente e natildeo contraditoacuterio

evitar informaccedilotildees riacutegidas que culpabilizem as pessoas e natildeo respeitem os seus contextos micro-

culturais Eacute preferiacutevel suscitar alguma mudanccedila comportamental de forma progressiva que

nenhuma

com frequecircncia utilizamos o leacutexico meacutedico sem nos apercebermos que muitos cidadatildeos natildeo

conhecem termos que nos parecem simples como obesidade ou colesterol atribuindo-lhes outros

significados (portanto desconhecem que natildeo conhecem o verdadeiro significado)

se possiacutevel testar com pessoas de diversas idades e estratos socio-culturais que sejam leigas em

relaccedilatildeo a estas temaacuteticas aquilo que se preparou para a intervenccedilatildeo nos meios de comunicaccedilatildeo

social e alterar se necessaacuterio de acordo com as indicaccedilotildees que essas pessoas nos fornecerem

27 Seacutetima vertente ndash a avaliaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo deve ter iniacutecio na fase de planeamento e acompanhar todo o projecto de modo a introduzir

as alteraccedilotildees necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar das actividades

Devem fazer parte da equipa de avaliaccedilatildeo os diversos parceiros do projecto assim como pessoas

externas ao projecto e estas quando possiacutevel com formaccedilatildeo em educaccedilatildeo para a sauacutede nas aacutereas

teacutecnicas comportamentais de planeamento e avaliaccedilatildeo qualitativa e quantitativa

Satildeo fundamentais avaliaccedilotildees qualitativas e quantitativas das actividades a desenvolver e se possiacutevel

com anaacutelises comparativas ao desenrolar do projecto noutras zonas do paiacutes

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3 T eacute c n i c a s d e H i g i e n e O r a l

3 1 Escovagem dos den tes ndash A escova A escovagem dos dentes deve ser efectuada com uma escova de tamanho adequado agrave boca de quem a

utiliza Habitualmente as embalagens referem as idades a que se destinam Os filamentos devem ser

de nylon com extremidades arredondadas e textura macia que quando comeccedilam a ficar deformados

obrigam agrave substituiccedilatildeo da escova Normalmente a escova quando utilizada 2 vezes por dia dura cerca

de 3-4 meses

Existem escovas manuais e eleacutectricas as quais requerem os mesmos cuidados As escovas eleacutectricas

facilitam a higiene oral das pessoas que tenham pouca destreza manual

3 2 Escovagem dos den tes ndash O den t iacute f r i co O dentiacutefrico a utilizar deve conter fluoreto numa dosagem de cerca de 1000-1500 ppm A quantidade a

utilizar em cada uma das escovagens deve ser semelhante (ou inferior) ao tamanho da unha do 5ordm dedo

(dedo mindinho) da matildeo da crianccedila

Os dentiacutefricos com sabores muito atractivos natildeo se recomendam porque podem levar as crianccedilas a

engoli-lo deliberadamente Ateacute aos 6 anos aproximadamente o dentiacutefrico deve ser colocado na escova

por um adulto Apoacutes a escovagem dos dentes eacute apenas necessaacuterio cuspir o excesso de dentiacutefrico

podendo no entanto bochechar-se com um pouco de aacutegua

33 Escovagem dos dentes no Jardim-de-infacircncia e na Escola identificaccedilatildeo e arrumaccedilatildeo das escovas e copos

Hoje em dia haacute escovas de dentes que tecircm uma tampa ou estojo com orifiacutecios que a protege Caso se

opte pela utilizaccedilatildeo destas escovas natildeo eacute necessaacuterio que fiquem na escola Os alunos poderatildeo colocaacute-

la dentro da mochila juntamente com o tubo do dentiacutefrico e transportaacute-los diariamente para a escola

O conceito de intransmissibilidade da escova de dentes deve ser reforccedilado junto das crianccedilas Se as

escovas ficarem na escola eacute essencial que estejam identificadas bastando para tal escrever no cabo da

escova o nome da crianccedila com uma caneta de tinta resistente agrave aacutegua Tambeacutem se devem identificar os

dentiacutefricos Cada aluno deveraacute ter o seu proacuteprio dentiacutefrico e os copos caso natildeo sejam descartaacuteveis

As escovas guardam-se num local seco e arejado de modo a que os pelos fiquem virados para cima e

natildeo contactem umas com as outras Cada escova pode ser colocada dentro do copo num suporte

acriacutelico ou outro material resistente agrave aacutegua em local seco e arejado

Dentiacutefricos e escovas devem estar fora do alcance das crianccedilas para evitar a troca ou ingestatildeo

acidental de dentiacutefrico Caso haja a possibilidade de utilizar copos descartaacuteveis (de cafeacute) o processo eacute

bastante simplificado (os copos de cafeacute podem ser substituiacutedos por copos de iogurte) Os produtos de

higiene oral podem ser adquiridos com a colaboraccedilatildeo da Autarquia do Centro de Sauacutede dos pais ou

ateacute de alguma empresa Se a escola tiver refeitoacuterio pode tambeacutem ser viaacutevel utilizar os copos do

refeitoacuterio

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34 Escovagem dos den tes ndash Organ izaccedilatildeo da ac t i v idade

A escovagem dos dentes deve ser feita diariamente no jardim-de-infacircncia e na escola apoacutes o almoccedilo agrave

entrada na sala de aula ou apoacutes o intervalo As crianccedilas poderatildeo escovar os dentes na casa de banho no

refeitoacuterio ou na proacutepria sala de aula O processo eacute simples natildeo exigindo muitas condiccedilotildees fiacutesicas das

escolas que satildeo frequentemente utilizadas para justificar a recusa desta actividade

Caso a escola tenha lavatoacuterios suficientes esta actividade pode ser feita na casa de banho Eacute necessaacuterio

definir a hora em que cada uma das salas vai utilizar esse espaccedilo Na casa de banho deveratildeo estar

apenas as crianccedilas que estatildeo a escovar os dentes Os outros esperam a sua vez em fila agrave porta Eacute

essencial que esteja algueacutem (auxiliar professoreducador ou voluntaacuterio) a vigiar para manter a ordem

organizar o processo e corrigir a teacutecnica da escovagem No final da escovagem cada crianccedila lava a

escova e o copo (se natildeo for descartaacutevel) e arruma no local destinado a esse efeito

Quando o espaccedilo fiacutesico natildeo permite que a escovagem seja feita na casa de banho esta actividade pode

ser feita na proacutepria sala de aula Nesta situaccedilatildeo se for possiacutevel utilizar copos descartaacuteveis ou copos de

iogurte facilita o processo e torna-o menos moroso Os alunos mantecircm-se sentados nas suas cadeiras

Retiram da sua mochila o estojo com a escova e o dentiacutefrico Um dos alunos distribui os copos e os

guardanapos (ou toalhetes de papel ou papel higieacutenico) Os alunos escovam os dentes todos ao mesmo

tempo podendo ateacute fazecirc-lo com muacutesica O professor deve ir corrigindo a teacutecnica de escovagem Apoacutes

a escovagem as crianccedilas cospem o excesso de dentiacutefrico para o copo limpam a boca tiram o excesso

de dentiacutefrico e saliva da escova com o papel ou o guardanapo e por fim colocam-no dentro do copo

Tapam a escova e arrumam-na em estojo proacuteprio ou na mochila juntamente com o dentiacutefrico No final

um dos alunos vai buscar um saco de lixo passa por todas as carteiras para que cada uma coloque o

seu copo no lixo Caso alguma das crianccedilas natildeo tolere o restos de dentiacutefrico na cavidade oral pode

colocar-se uma pequena porccedilatildeo de aacutegua no copo e no fim da escovagem bochecha e cospe para o

copo Os pais dos alunos devem ser instruiacutedos para se certificarem que em casa a crianccedila lava a sua

escova com aacutegua corrente e volta a colocaacute-la na mochila No sentido de facilitar o procedimento

recomenda-se que os copos sejam descartaacuteveis e as escovas tenham tampa

35 Escovagem dos den tes - A teacutecn ica A escovagem dos dentes para ser eficaz ou seja para remover a placa bacteriana necessita ser feita

com rigor e demora 2 a 3 minutos Quando se utiliza uma escova manual a escovagem faz-se da

seguinte forma

inclinar a escova em direcccedilatildeo agrave gengiva (cerca de 45ordm) e fazer pequenos movimentos vibratoacuterios

horizontais ou circulares de modo a que os pelos da escova limpem o sulco gengival (espaccedilo que

fica entre o dente e a gengiva)

se for difiacutecil manter esta posiccedilatildeo colocar os pecirclos da escova perpendicularmente agrave gengiva e agrave

superfiacutecie do dente

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 12

escovar 2 dentes de cada vez (os correspondentes ao tamanho da cabeccedila da escova) fazendo

aproximadamente 10 movimentos (ou 5 caso sejam crianccedilas ateacute aos 6 anos) nas superfiacutecies

dentaacuterias abarcadas pela escova

comeccedilar a escovagem pela superfiacutecie externa (do lado da bochecha) do dente mais posterior de um

dos maxilares e continuar a escovar ateacute atingir o uacuteltimo dente da extremidade oposta desse

maxilar

com a mesma sequecircncia escovar as superfiacutecies dentaacuterias do lado da liacutengua

proceder do mesmo modo para fazer a escovagem dos dentes do outro maxilar

escovar as superfiacutecies mastigatoacuterias dos dentes com movimentos de vaiveacutem

por fim pode escovar-se a liacutengua

Quando se utiliza uma escova de dentes eleacutectrica segue-se a mesma sequecircncia de escovagem O

movimento da escova eacute feito automaticamente natildeo deve ser feita pressatildeo ou movimentos adicionais

sobre os dentes A escova desloca-se ao longo da arcada escovando um soacute dente de cada vez A

escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluacuteor deve ser feita duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente agrave noite antes de deitar

3 6 Uso do f io den taacute r io A partir do momento em que haacute destreza manual (a partir dos 8 anos) eacute indispensaacutevel o uso do fio ou

fita dentaacuteria que se utiliza da seguinte forma

retirar cerca de 40 cm de fio (ou fita) do porta fio

enrolar a quase totalidade do fio no dedo meacutedio de uma matildeo e uma pequena porccedilatildeo no dedo meacutedio

da outra matildeo deixando entre os dois dedos uma porccedilatildeo de fio com aproximadamente 25 cm

Quando as crianccedilas satildeo mais pequenas pode retirar-se uma porccedilatildeo mais pequena de fio cerca de

30 cm dar um noacute juntando as 2 pontas formando um ciacuterculo com o fio natildeo havendo necessidade

de o enrolar nos dedos Eacute importante utilizar sempre fio limpo em cada espaccedilo interdentaacuterio Os

polegares eou os indicadores ajudam a manuseaacute-lo

introduzir o fio cuidadosamente entre dois dentes e curva-lo agrave volta do dente que se quer limpar

fazendo com que tome a forma de um ldquoCrdquo

executar movimentos curtos horizontais desde o ponto de contacto entre os dentes ateacute ao sulco

gengival em cada uma das faces que delimitam o espaccedilo interdentaacuterio

repetir este procedimento ateacute que todos os espaccedilos interdentaacuterios de todos os dentes estejam

devidamente limpos

O fio dentaacuterio deve ser utilizado uma vez por dia de preferecircncia agrave noite antes de deitar Na escola os

alunos poderatildeo a aprender a utilizar este meio de remoccedilatildeo de placa bacteriana interdentaacuterio sendo

importante envolver os pais no sentido de lhes pedir colaboraccedilatildeo e permitir que as crianccedilas o utilizem

em casa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 13

3 7 Reve lador de p laca bac te r i ana O uso de reveladores de placa bacteriana (em soluto ou em comprimidos mastigaacuteveis) permitem

avaliar a higiene oral e consequentemente melhorar as teacutecnicas de escovagem e de utilizaccedilatildeo do fio

dentaacuterio

A partir dos 6 anos de idade estes produtos podem ser usados para que as crianccedilas visualizem a placa

e mais facilmente compreendam que os seus dentes necessitam de ser cuidadosamente limpos

A eritrosina que tem a propriedade de corar de vermelho a placa bacteriana eacute um dos exemplos de

corantes que se podem utilizar Utiliza-se da seguinte forma

colocar 1 a 2 gotas por baixo da liacutengua ou mastigar um comprimido sem engolir

passar a liacutengua por todas as superfiacutecies dentaacuterias

bochechar com aacutegua

A placa bacteriana corada eacute facilmente removida atraveacutes da escovagem dos dentes e do fio dentaacuterio

Nota Para evitar que os laacutebios fiquem corados de vermelho antes de colocar o corante pode passar

batom creme gordo ou vaselina nos laacutebios

3 8 Bochecho f luore tado A partir dos 6 anos pode ser feito o bochecho quinzenal com fluoreto de soacutedio a 02 na escola da

seguinte forma

agitar a soluccedilatildeo e deitar 10 ml em cada copo e distribui-los

indicar a cada crianccedila para colocar o antebraccedilo no rebordo da mesa

introduzir a soluccedilatildeo na boca sem engolir

repousar a testa no antebraccedilo colocando o copo debaixo da boca

bochechar vigorosamente durante 1 minuto

apoacutes este periacuteodo deve ser cuspida tendo o cuidado de natildeo a engolir

Apoacutes o bochecho a crianccedila deve permanecer 30 minutos sem comer nem beber

39 Iacutendice de placa O Iacutendice de Placa (IP) eacute utilizado para quantificar a placa bacteriana em todas as superfiacutecies dentaacuterias e

reflecte os haacutebitos de higiene oral dos indiviacuteduos avaliados

Assim enquanto que um baixo Iacutendice de Placa poderaacute significar um bom impacto das acccedilotildees de

educaccedilatildeo para a sauacutede em sauacutede oral nomeadamente das relacionadas com a higiene um iacutendice

elevado sugere o contraacuterio

Em programas comunitaacuterios geralmente eacute utilizado o Iacutendice de Placa Simplificado que eacute mais raacutepido

de determinar sendo o resultado final igualmente fiaacutevel

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 14

Para se calcular o Iacutendice de Placa Simplificado eacute necessaacuterio atribuir um valor ao tamanho da placa

bacteriana existente nos seguintes 6 dentes e superfiacutecies predeterminados Maxilar superior

1 Primeiro molar superior direito - Superfiacutecie vestibular

2 Incisivo central superior direito - Superfiacutecie vestibular

3 Primeiro molar superior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

4 Primeiro molar inferior esquerdo - Superfiacutecie lingual

5 Incisivo central inferior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

6 Primeiro molar inferior direito - Superfiacutecie lingual

Para atribuir um valor ao tamanho da placa bacteriana existente em cada uma das su

acima referidas eacute necessaacuterio utilizar o revelador de placa bacteriana para a co

facilitar a sua observaccedilatildeo e respectiva classificaccedilatildeo e registo

A cada uma das superfiacutecies dentaacuterias soacute pode ser atribuiacutedo um dos seguintes valore

Valor 0

Valor 1

Valor 2

Valor 3

rarr Se a superfiacutecie do dente natildeo estaacute corada

rarr Se 13 da superfiacutecie estaacute corado

rarr Se 23 da superfiacutecie estatildeo corados

rarr Se estaacute corada toda a superfiacutecie

Feito o registo da observaccedilatildeo individual verifica-se que o somatoacuterio do conjunto de

poderaacute variar entre 0 (zero) e 18 (dezoito)

Dividindo por 6 (seis) este somatoacuterio obteacutem-se o Iacutendice de Placa Individual

Para determinar o Iacutendice de Placa de um grupo de indiviacuteduos divide-se o som

individuais pelo nuacutemero de indiviacuteduos observados multiplicado por seis (o nuacutemer

nuacutemero de dentes seleccionados por indiviacuteduo)

Assim o Iacutendice de Placa poderaacute variar entre 0 (zero) e 3 (trecircs)

Iacutendice de Placa (IP) = Somatoacuterio da classificaccedilatildeo dada a cada dente

Nordm de indiviacuteduos observados x 6

A sauacutede oral das crianccedilas e adolescentes eacute um grave problema de sauacutede puacuteblica ma

simples como as descritas neste documento executadas pelos proacuteprios eou com

encorajadas pela escola e pelos serviccedilos de sauacutede contribuem decididamente para

oral importantes e implementaccedilatildeo efectiva do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas d

Maxilar inferior

perfiacutecies dentaacuterias

rar e dessa forma

s

valores atribuiacutedos

atoacuterio dos valores

o seis representa o

s que com medidas

ajuda da famiacutelia

ganhos em sauacutede

Sauacutede Oral

e EPSrsquorsquo 15

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

F l u o r e t o s

F u n d a m e n t a ccedil atilde o e R e c o m e n d a ccedil otilde e s d a T a s k F o r c e

Documento produzido pela Task Force constituiacuteda pelo Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr

Ricardo Jorge Direcccedilatildeo-Geral de Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura Faculdade de

Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Medicina Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria

Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa e Porto Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento Instituto Superior de

Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia

Ordem dos Meacutedicos Dentistas Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria Sociedade Portuguesa de

Pediatria e os serviccedilos da DGS Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede Divisatildeo de Sauacutede Ambiental

Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

1 F l u o r e t o s

A evidecircncia cientiacutefica tem demonstrado que as mudanccedilas observadas no padratildeo da doenccedila caacuterie

dentaacuteria ocorrem pela implementaccedilatildeo de programas preventivos e terapecircuticos de acircmbito comunitaacuterio

e por estrateacutegias de acccedilatildeo especiacuteficas dirigidas a grupos de risco com criteriosa utilizaccedilatildeo dos

fluoretos

O fluacuteor eacute o elemento mais electronegativo da tabela perioacutedica e raramente existe isolado sendo por

isso habitualmente referido como fluoreto Na natureza encontra-se sob a forma de um iatildeo (F-) em

associaccedilatildeo com o caacutelcio foacutesforo alumiacutenio e tambeacutem como parte de certos silicatos como o topaacutezio

Normalmente presente nas rochas plantas ar aacuteguas e solos este elemento faz parte da constituiccedilatildeo de

alguns materiais plaacutesticos e pode tambeacutem estar presente na constituiccedilatildeo de alguns fertilizantes

contribuindo desta forma para a sua presenccedila no solo aacutegua e alimentos No solo o conteuacutedo de

fluoretos varia entre 20 e 500 ppm contudo nas camadas mais profundas o seu niacutevel aumenta No ar a

concentraccedilatildeo normal de fluoretos oscila entre 005 e 190microgm3 1

Do fluacuteor que eacute ingerido entre 75 e 90 eacute absorvido por via digestiva sendo a mucosa bucal

responsaacutevel pela absorccedilatildeo de menos de 1 Depois de absorvido passa para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea

sob a forma ioacutenica ou de compostos orgacircnicos lipossoluacuteveis A forma ioacutenica que circula livremente e

natildeo se liga agraves proteiacutenas nem aos componentes plasmaacuteticos nem aos tecidos moles eacute a que vai estar

disponiacutevel para ser absorvida pelos tecidos duros Da quantidade total de fluacuteor presente no organismo

99 encontra-se nos tecidos calcificados Entre 10 e 25 do aporte diaacuterio de fluacuteor natildeo chega a ser

absorvido vindo a ser excretado pelas fezes O fluacuteor absorvido natildeo utilizado (cerca de 50) eacute

eliminado por via renal2

O fluacuteor tem uma grande afinidade com a apatite presente no organismo com a qual cria ligaccedilotildees

fortes que natildeo satildeo irreversiacuteveis Este facto deve-se agrave facilidade com que os radicais hidroxilos da

hidroxiapatite satildeo substituiacutedos pelos iotildees fluacuteor formando fluorapatite No entanto a apatite normal do

ser humano presente no osso e dente mesmo em condiccedilotildees ideais de presenccedila de fluacuteor nunca se

aproxima da composiccedilatildeo da fluorapatite pura

Quando o fluacuteor eacute ingerido passa pela cavidade oral daiacute resultando a deposiccedilatildeo de uma determinada

quantidade nos tecidos e liacutequidos aiacute existentes A mucosa jugal as gengivas a placa bacteriana os

dentes e a saliva vatildeo beneficiar imediatamente de um aporte directo de fluacuteor que pode permitir que a

sua disponibilidade na cavidade oral se prolongue por periacuteodos mais longos Eacute um facto que a presenccedila

de fluacuteor no meio oral independentemente da sua fonte resulta numa acccedilatildeo preventiva e terapecircutica

extremamente importante

Nota 22 mg de fluoreto de soacutedio correspondem a 1 mg de fluacuteor Quando se dilui 1 mg de fluacuteor em um litro de aacutegua pura

considera-se que essa aacutegua passou a ter 1 ppm de fluacuteor

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 2

Considera-se actualmente que os benefiacutecios dos fluoretos resultam basicamente da sua acccedilatildeo toacutepica

sobre a superfiacutecie do dente enquanto a sua acccedilatildeo sisteacutemica (preacute-eruptiva) eacute muito menos importante

A acccedilatildeo preventiva e terapecircutica dos fluoretos eacute conseguida predominantemente pela sua acccedilatildeo toacutepica

quer nas crianccedilas quer nos adultos atraveacutes de trecircs mecanismos diferentes responsaacuteveis pela

bull inibiccedilatildeo do processo de desmineralizaccedilatildeo

bull potenciaccedilatildeo do processo de remineralizaccedilatildeo

bull inibiccedilatildeo da acccedilatildeo da placa bacteriana

O uso racional dos fluoretos na profilaxia da caacuterie dentaacuteria com eficaacutecia e seguranccedila baseia-se no

conhecimento actualizado dos seus mecanismos de acccedilatildeo e da sua toxicologia

Com base na evidecircncia cientiacutefica a estrateacutegia de utilizaccedilatildeo dos fluoretos em sauacutede oral foi redefinida

tendo em conta que a sua acccedilatildeo preventiva eacute predominantemente poacutes-eruptiva e toacutepica e a sua acccedilatildeo

toacutexica com repercussotildees a niacutevel dentaacuterio eacute preacute-eruptiva e sisteacutemica

Estudos epidemioloacutegicos efectuados pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) sobre os efeitos do

fluacuteor na sauacutede humana referem que valores compreendidos entre 1 e 15 ppm natildeo representam risco

acrescido Contudo valores entre 15 e 2 ppm em climas quentes poderatildeo contribuir para a ocorrecircncia

de casos de fluorose dentaacuteria e valores entre 3 a 6 ppm para o aparecimento de fluorose oacutessea

Para a OMS a concentraccedilatildeo oacuteptima de fluoretos na aacutegua quando esta eacute sujeita a fluoretaccedilatildeo deve

estar compreendida entre 05 e 15 ppm de F dependendo este valor da temperatura meacutedia do local

que condiciona a quantidade de aacutegua ingerida nas zonas mais frias o valor maacuteximo pode estar perto

do limite superior nas zonas mais quentes o valor deve estar perto do limite inferior para uma

prevenccedilatildeo eficaz da caacuterie dentaacuteria Para que os riscos de fluorose estejam diminuiacutedos os programas de

fluoretaccedilatildeo das aacuteguas devem obedecer a criteacuterios claramente definidos

Nas regiotildees onde a aacutegua da rede puacuteblica conteacutem menos de 03 ppm (mgl) de fluoretos (situaccedilatildeo mais

frequente em Portugal Continental) a dose profilaacutectica oacuteptima considerando a soma de todas as fontes

de fluoretos eacute de 005mgkgdia3

11 Toxicidade Aguda

Uma intoxicaccedilatildeo aguda pelo fluacuteor eacute uma possibilidade extremamente rara Alguns casos tecircm sido

descritos na literatura Estudos efectuados em roedores e extrapolados para o homem adulto permitem

pensar que a dose letal miacutenima de fluacuteor seja de aproximadamente 2 gramas ou 32 a 64 mgkg de peso

corporal mas para uma crianccedila bastam 15 mgkg de peso corporal 2

A partir da ingestatildeo de doses superiores a 5mgkg de peso corporal considera-se a hipoacutetese de vir a ter

efeitos toacutexicos

As crianccedilas pequenas tecircm um risco acrescido de ingerir doses de fluoretos atraveacutes do consumo de

produtos de higiene oral A ingestatildeo acidental de um quarto de um tubo com dentiacutefrico de 125 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 3

(1500 ppm de Fluacuteor) potildee em risco a vida de uma crianccedila de um ano de idade O risco de ingestatildeo

acidental por crianccedilas eacute real e eacute adjuvado pelo tipo de embalagens destes produtos que natildeo tecircm

dispositivos de seguranccedila para a sua abertura

A toxicidade aguda pelos fluoretos poderaacute manifestar-se por queixas digestivas (dor abdominal

voacutemitos hematemeses e melenas) neuroloacutegicas (tremores convulsotildees tetania deliacuterio lentificaccedilatildeo da

voz) renais (urina turva hematuacuteria) metaboacutelicas (hipocalceacutemia hipomagnesieacutemia hipercalieacutemia)

cardiovasculares (arritmias hipotensatildeo) e respiratoacuterias (depressatildeo respiratoacuteria apneias) 4

12 Toxicidade Croacutenica

A dose total diaacuteria de fluoretos administrados por via sisteacutemica isenta de risco de toxicidade croacutenica

situa-se abaixo de 005 mgkgdia de peso A partir desses valores aumentam as manifestaccedilotildees atraveacutes

do aparecimento de hipomineralizaccedilatildeo do esmalte que se revela por fluorose dentaacuteria Com

concentraccedilotildees acima de 25 ppm na aacutegua esta manifestaccedilatildeo eacute mais evidente sendo tanto mais grave

quanto a concentraccedilatildeo de fluoretos vai aumentando O periacuteodo criacutetico para o efeito toacutexico do fluacuteor se

manifestar sobre a denticcedilatildeo permanente eacute entre o nascimento e os 7 anos de idade (ateacute aos 3 anos eacute o

periacuteodo mais criacutetico) Quando existem fluoretos ateacute 3 ppm na aacutegua aleacutem da fluorose natildeo parece

existir qualquer outro efeito toacutexico na sauacutede A partir deste valor aumenta o risco de nefrotoxicidade

Como qualquer outro medicamento os fluoretos em dose excessiva tecircm efeitos toacutexicos que

normalmente se manifestam atraveacutes de uma interferecircncia na esteacutetica dentaacuteria Essa manifestaccedilatildeo eacute a

fluorose dentaacuteria

Estudos recentes sobre suplementos de fluoretos e fluorose 5 confirmam que as comunidades sem aacutegua

fluoretada e que utilizam suplementos de fluoretos durante os primeiros 6 anos de vida apresentam

um aumento do risco de desenvolver fluorose

O principal factor de risco para o aparecimento de fluorose dentaacuteria eacute o aporte total de fluoretos

provenientes de diferentes fontes nomeadamente da alimentaccedilatildeo incluindo a aacutegua e os suplementos

alimentares dentiacutefricos e soluccedilotildees para bochechos comprimidos e gotas e ingestatildeo acidental que natildeo

satildeo faacuteceis de quantificar

A fluorose dentaacuteria aumentou nos uacuteltimos anos em comunidades com e sem aacutegua fluoretada 6

2 F l u o r e t o s n a aacute g u a

2 1 Aacute g u a d e a b a s t e c i m e n t o p uacute b l i c o

A fluoretaccedilatildeo das aacuteguas para consumo humano como meio de suprir o deacutefice de fluoretos na aacutegua eacute

uma praacutetica comum em alguns paiacuteses como o Brasil Austraacutelia Canadaacute EUA e Nova Zelacircndia

Apesar de serem tatildeo diferentes quer do ponto de vista soacutecioeconoacutemico quer geograacutefico eles detecircm

uma experiecircncia superior a 25 anos neste domiacutenio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 4

Na Europa a maior parte dos paiacuteses natildeo faz fluoretaccedilatildeo das suas aacuteguas para consumo humano agrave

excepccedilatildeo da Irlanda da Suiacuteccedila (Basileia) e de 10 da populaccedilatildeo do Reino Unido Na Alemanha eacute

proibido e nos restantes paiacuteses eacute desaconselhado

Nos paiacuteses em que se faz fluoretaccedilatildeo da aacutegua alguns estudos demonstraram natildeo ter existido um ganho

efectivo na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria No entanto outros como a Austraacutelia no Estado de Victoacuteria

onde a fluoretaccedilatildeo da aacutegua se faz regularmente observaram-se ganhos efectivos na sauacutede oral da

populaccedilatildeo com consequentes ganhos econoacutemicos

Recomendaccedilatildeo Eacute indispensaacutevel avaliar a qualidade das aacuteguas de abastecimento puacuteblico periodicamente e corrigir os

paracircmetros alterados

Na aacutegua os valores das concentraccedilotildees de fluoretos estatildeo compreendidas entre 01 a 07 ppm Contudo

em alguns casos podem apresentar valores muito mais elevados

Quando a aacutegua apresenta valores de ph superiores a 8 e o iatildeo soacutedio e os carbonatos satildeo dominantes os

valores de fluoretos normalmente presentes excedem 1 ppm

Nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica os fluoretos podem existir naturalmente ou resultar de um

programa de fluoretaccedilatildeo Em Portugal Continental os valores satildeo normalmente baixos e as aacuteguas natildeo

estatildeo sujeitas a fluoretaccedilatildeo artificial O teor de fluoretos deveraacute ser controlado regularmente de modo

a preservar os interesses da sauacutede puacuteblica 7

Na definiccedilatildeo de um valor guia para a aacutegua de consumo humano a OMS propotildee o valor limite de 15

ppm de Fluacuteor referindo que valores superiores podem contribuir para o aumento do risco de fluorose

A Agecircncia Americana para o Ambiente (USEPA) refere um valor maacuteximo admissiacutevel de fluoretos na

aacutegua de consumo humano de 15 ppm e recomenda que nunca se ultrapasse os 4 ppm

Em Portugal a legislaccedilatildeo actualmente em vigor sobre a qualidade da aacutegua para consumo humano

decreto-lei nordm 23698 de 1 de Agosto define dois Valores Maacuteximos Admissiacuteveis (VMA) para os

fluoretos 15 ppm (8 a 12 ordmC) e 07 ppm (25 a 30 ordmC) O decreto-lei nordm 2432001 de 5 de Setembro

que transpotildee a Directiva Comunitaacuteria nordm 9883CE de 3 de Novembro que entrou em vigor em 25 de

Dezembro de 2003 define para os fluoretos um Valor Parameacutetrico (VP) de 15 ppm

O decreto-lei nordm 24301 remete para a Entidade Gestora a verificaccedilatildeo da conformidade dos valores

parameacutetricos obrigatoacuterios aplicaacuteveis agrave aacutegua para consumo humano Sempre que um valor parameacutetrico

eacute excedido isso corresponde a uma situaccedilatildeo de incumprimento e perante esta situaccedilatildeo a entidade

gestora deve de imediato informar a autoridade de sauacutede e a entidade competente dando conta das

medidas correctoras adoptadas ou em curso para restabelecer a qualidade da aacutegua destinada a consumo

humano

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 5

Deve ter-se em atenccedilatildeo o desvio em relaccedilatildeo ao valor parameacutetrico fixado e o perigo potencial para a

sauacutede humana

Segundo o decreto-lei supra mencionado artigo 9ordm compete agraves autoridades de sauacutede a vigilacircncia

sanitaacuteria e a avaliaccedilatildeo do risco para a sauacutede puacuteblica da qualidade da aacutegua destinada ao consumo

humano Sempre que o risco exista e o incumprimento persistir a autoridade de sauacutede deve informar e

aconselhar os consumidores afectados e determinar a proibiccedilatildeo de abastecimento restringir a

utilizaccedilatildeo da aacutegua que constitua um perigo potencial para a sauacutede humana e adoptar todas as medidas

necessaacuterias para proteger a sauacutede humana

Nos Accedilores e na Madeira ou em zonas onde o teor de fluoretos na aacutegua eacute muito elevado deveraacute ser

feita uma verificaccedilatildeo da constante e a correcccedilatildeo adequada

Os principais tratamentos de desfluoretaccedilatildeo envolvem a floculaccedilatildeo da aacutegua usando sais hidratados de

alumiacutenio principalmente em condiccedilotildees alcalinas No caso de aacuteguas aacutecidas pode-se adicionar cal e

alternativamente pode-se recorrer agrave adsorccedilatildeo com carvatildeo activado ou alumina activada ( Al2O3 ) ou

por permuta ioacutenica usando resinas especiacuteficas

Recomendaccedilatildeo Ateacute aos 6-7 anos as crianccedilas natildeo devem ingerir regularmente aacutegua com teor de fluoretos superior a 07 ppm

Recomendaccedilatildeo Sempre que o valor parameacutetrico dos fluoretos na aacutegua para consumo humano exceder 15 ppm deveratildeo ser aplicadas

medidas correctoras para restabelecer a qualidade da aacutegua

2 2 Aacute g u a s m i n e r a i s n a t u r a i s e n g a r r a f a d a s

As aacuteguas minerais naturais engarrafadas deveratildeo no futuro ter rotulagem de acordo com a Directiva

Comunitaacuteria 200340CE da Comissatildeo Europeia de 16 de Maio publicada no Jornal Oficial da Uniatildeo

Europeia em 2252003 artigo 4ordm laquo1 As aacuteguas minerais naturais cuja concentraccedilatildeo em fluacuteor for

superior a 15 mgl (ppm) devem ostentar no roacutetulo a menccedilatildeo lsquoconteacutem mais de 15 mgl (ppm) de

fluacuteor natildeo eacute adequado o seu consumo regular por lactentes nem por crianccedilas com menos de 7 anosrsquo

2 No roacutetulo a menccedilatildeo prevista no nordm 1 deve figurar na proximidade imediata da denominaccedilatildeo de

venda e em caracteres claramente visiacuteveis 3

As aacuteguas minerais naturais que em aplicaccedilatildeo do nordm 1 tiverem de ostentar uma menccedilatildeo no roacutetulo

devem incluir a indicaccedilatildeo do teor real em fluacuteor a niacutevel da composiccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica em constituintes

caracteriacutesticos tal como previsto no nordm 2 aliacutenea a) do artigo 7ordm da Directiva 80777CEEraquo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 6

Para as aacuteguas de nascente cujas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas satildeo definidas pelo Decreto-lei

2432001 de 5 de Setembro em vigor desde Dezembro de 2003 os limites para o teor de fluoretos satildeo

de 15 mgl (ppm)

De acordo com o parecer do Scientific Committee on Food - Comiteacute Cientiacutefico de Alimentaccedilatildeo

Humana (expresso em Dezembro de 1996) a Comissatildeo natildeo vecirc razotildees para nos climas da Uniatildeo

Europeia (climas temperados) limitar os fluoretos nas aacuteguas de consumo humano e nas aacuteguas minerais

naturais para valores inferiores a 15mgl (ppm)

3 F l u o r e t o s n o s g eacute n e r o s a l i m e n t iacute c i o s

Entende-se por lsquogeacutenero alimentiacuteciorsquo qualquer substacircncia ou produto transformado parcialmente

transformado ou natildeo transformado destinado a ser ingerido pelo ser humano ou com razoaacuteveis

probabilidades de o ser Este termo abrange bebidas pastilhas elaacutesticas e todas as substacircncias

incluindo a aacutegua intencionalmente incorporadas nos geacuteneros alimentiacutecios durante o seu fabrico

preparaccedilatildeo ou tratamento8 9

Na alimentaccedilatildeo as estimativas de ingestatildeo de fluacuteor atraveacutes da dieta variam entre 02 e 34 mgdia

sendo estes uacuteltimos valores atingidos quando se inclui o chaacute na alimentaccedilatildeo A ingestatildeo de fluoretos

provenientes dos alimentos comuns eacute pouco significativa Apenas 13 se apresentam na forma

ionizaacutevel e portanto biodisponiacutevel

Recomendaccedilatildeo Independentemente da origem ao utilizar aacutegua informe-se sobre o seu teor em fluoretos As que tecircm um elevado teor

deste elemento natildeo satildeo adequadas para lactentes e crianccedilas com menos de 7 anos

Recomendaccedilatildeo Dar prioridade a uma dieta equilibrada e saudaacutevel com diversidade alimentar Utilizar a aacutegua da cozedura dos

alimentos para confeccionar outros alimentos (ex sopas arroz)

No iniacutecio do ano de 2003 a Comissatildeo Europeia apresentou uma nova proposta de Directiva

Comunitaacuteria relativa agrave ldquoAdiccedilatildeo aos geacuteneros alimentiacutecios de vitaminas minerais e outras substacircnciasrdquo

onde os fluoretos satildeo referidos como podendo ser adicionados a geacuteneros alimentiacutecios comuns Nesta

proposta de Directiva Comunitaacuteria eacute sugerida a inclusatildeo de determinados nutrimentos (entre eles o

fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de geacuteneros alimentiacutecios comuns Esta proposta

prevista no Livro Branco da Comissatildeo ainda estaacute numa fase inicial de discussatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 7

4 F l u o r e t o s e m s u p l e m e n t o a l i m e n t a r

Entende-se por lsquosuplementos alimentaresrsquo geacuteneros alimentiacutecios que se destinam a complementar e ou

suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas

substacircncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisioloacutegico estremes ou combinados

comercializados em forma doseada tais como caacutepsulas pastilhas comprimidos piacutelulas e outras

formas semelhantes saquetas de poacute ampola de liacutequido frascos com conta gotas e outras formas

similares de liacutequido ou poacute que se destinam a ser tomados em unidades medidas de quantidade

reduzida10

A Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002

transposta para o direito nacional pelo Decreto-lei nordm 1362003 de 28 de Junho relativa agrave aproximaccedilatildeo

das legislaccedilotildees dos Estados-Membros respeitantes aos suplementos alimentares vai permitir a inclusatildeo

de determinados nutrimentos (entre eles o fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de

suplementos alimentares11

A partir de 28 de Agosto de 2003 os fluoretos poderatildeo ser comercializados como suplemento

alimentar passando a estar disponiacutevel em farmaacutecias e superfiacutecies comerciais

As quantidades maacuteximas de vitaminas e minerais presentes nos suplementos alimentares satildeo fixadas

em funccedilatildeo da toma diaacuteria recomendada pelo fabricante tendo em conta os seguintes elementos

a) limites superiores de seguranccedila estabelecidos para as vitaminas e os minerais apoacutes uma

avaliaccedilatildeo dos riscos efectuada com base em dados cientiacuteficos geralmente aceites tendo em

conta quando for caso disso os diversos graus de sensibilidade dos diferentes grupos de

consumidores

b) quantidade de vitaminas e minerais ingerida atraveacutes de outras fontes alimentares

c) doses de referecircncia de vitaminas e minerais para a populaccedilatildeo

Recomendaccedilatildeo Nunca ultrapassar a toma indicada no roacutetulo do produto e natildeo utilizar um suplemento alimentar como substituto de um

regime alimentar variado

As quantidades maacuteximas e miacutenimas de vitaminas e minerais referidas seratildeo adoptadas pela Comissatildeo

Europeia assistida pelo Comiteacute de Regulamentaccedilatildeo

Em Portugal a Agecircncia para a Qualidade e Seguranccedila Alimentar viraacute a ter informaccedilatildeo sobre todos os

suplementos alimentares comercializados como geacuteneros alimentiacutecios e introduzidos no mercado de

acordo com o Decreto-lei nordm 1362003

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 8

A rotulagem dos suplementos alimentares natildeo poderaacute mencionar nem fazer qualquer referecircncia a

prevenccedilatildeo tratamento ou cura de doenccedilas humanas e deveraacute indicar uma advertecircncia de que os

produtos devem ser guardados fora do alcance das crianccedilas

5 F luore tos em med icamentos e p rodutos cosmeacutet icos de h ig iene corpora l

A distinccedilatildeo entre Medicamento e Produto Cosmeacutetico de Higiene Corporal contendo fluoretos depende

do seu teor no produto Os cosmeacuteticos contecircm obrigatoriamente uma concentraccedilatildeo de fluoretos inferior

a 015 (1500 ppm) (Decreto-lei 1002001 de 28 de Marccedilo I Seacuterie A) sendo que todos os dentiacutefricos

com concentraccedilotildees de fluoretos superior a 015 satildeo obrigatoriamente classificados como

medicamentos

Os medicamentos contendo fluoretos e utilizados para a profilaxia da caacuterie dentaacuteria existentes no

mercado portuguecircs satildeo de venda livre em farmaacutecia Encontram-se disponiacuteveis nas formas

farmacecircuticas de soluccedilatildeo oral (gotas orais) comprimidos dentiacutefricos gel dentaacuterio e soluccedilatildeo de

bochecho

5 1 F l u o r e t o s e m c o m p r i m i d o s e g o t a s o r a i s

A utilizaccedilatildeo de medicamentos contendo fluoretos na forma de gotas orais e comprimidos foi ateacute haacute

pouco recomendada pelos profissionais de sauacutede (pediatras meacutedicos de famiacutelia cliacutenicos gerais

meacutedicos estomatologistas meacutedicos dentistas) dos 6 meses ateacute aos 16 anos

A clarificaccedilatildeo do mecanismo de acccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria e o aumento de

aporte dos mesmos com consequentes riscos de manifestaccedilatildeo toacutexica obrigaram agrave revisatildeo da sua

administraccedilatildeo em comprimidos eou gotas A gravidade da fluorose dentaacuteria estaacute relacionada com a

dose a duraccedilatildeo e com a idade em que ocorre a exposiccedilatildeo ao fluacuteor 12 13

A ldquoCanadian Consensus Conference on the Appropriate Use of Fluoride Supplements for the

Prevention of Dental Caries in Childrenrdquo 14definiu um protocolo cuja utilizaccedilatildeo eacute recomendada a

profissionais de sauacutede em que se fundamenta a tomada de decisatildeo sobre a necessidade ou natildeo da

suplementaccedilatildeo de fluacuteor A administraccedilatildeo de comprimidos soacute eacute recomendada quando o teor de fluoretos

na aacutegua de abastecimento puacuteblico for inferior a 03 ppm e

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) natildeo escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas

vezes por dia

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas vezes

por dia mas apresenta um alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 9

Por sua vez a conclusatildeo do laquoForum on Fluoridation 2002raquo15 relativamente agrave administraccedilatildeo de

suplementos de fluoretos foi a seguinte limitar a utilizaccedilatildeo de comprimidos de fluoretos a aacutereas onde

natildeo existe aacutegua fluoretada e iniciar essa suplementaccedilatildeo apenas a crianccedilas com alto risco agrave caacuterie e a

partir dos 3 anos

Os comprimidos de fluoretos caso sejam indicados devem ser usados pelo interesse da sua acccedilatildeo

toacutepica Devem ser dissolvidos na boca em vez de imediatamente ingeridos16

A administraccedilatildeo de fluoretos sob a forma de comprimidos chupados soacute deveraacute ser efectuada em

situaccedilotildees excepcionais isto eacute em populaccedilotildees de baixos recursos econoacutemicos nas quais a escovagem

natildeo possa ser promovida e os iacutendices de caacuterie sejam elevados

Para evitar a potencial toxicidade dos fluoretos antes de qualquer prescriccedilatildeo todos os profissionais de

sauacutede devem efectuar uma avaliaccedilatildeo personalizada dos aportes diaacuterios de cada crianccedila tendo em conta

todas as fontes possiacuteveis desse elemento alimentos comuns suplementos alimentares consumo de

aacutegua da rede puacuteblica eou aacutegua engarrafada e respectivo teor de fluoretos e utilizaccedilatildeo de medicamentos

e produtos cosmeacuteticos contendo fluacuteor

Recomendaccedilatildeo A partir dos 3 anos os suplementos sisteacutemicos de fluoretos poderatildeo ser prescritos pelo meacutedico assistente ou meacutedico dentista em crianccedilas que apresentem um alto risco

agrave caacuterie dentaacuteria

5 2 F l u o r e t o s e m d e n t iacute f r i c o s

Hoje em dia a maior parte dos dentiacutefricos agrave venda no mercado contecircm fluoretos sob diferentes formas

fluoreto de soacutedio monofluorfosfato de soacutedio fluoreto de amina e outros Os mais utilizados satildeo o

fluoreto de soacutedio e o monofluorfosfato de soacutedio

Normalmente o conteuacutedo de fluoreto dos dentiacutefricos eacute de 1000 a 1100 ppm (ou 010 a 011)

podendo variar entre 500 e 1500 ppm

Durante a escovagem cerca de 34 da pasta eacute ingerida por crianccedilas de 3 anos 28 pelas de 4-5 anos

e 20 pelas de 5-7 anos

Devem ser evitados dentiacutefricos com sabor a fruta para impedir o seu consumo em excesso uma vez

que estatildeo jaacute descritos na literatura casos de fluorose resultantes do abuso de dentiacutefricos2

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluoretos duas vezes por dia tem-se revelado um

meio colectivo de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria com grande efectividade e baixo custo pelo que deve

ser considerado o meio de eleiccedilatildeo em estrateacutegias comunitaacuterias

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 10

Do ponto de vista da prevenccedilatildeo da caacuterie a aplicaccedilatildeo toacutepica de dentiacutefrico fluoretado com a escova dos

dentes deve ser executada duas vezes por dia e deve iniciar-se quando se daacute a erupccedilatildeo dos dentes Esta

rotina diaacuteria de higiene executada naturalmente com muito cuidado pelos pais deve

progressivamente ser assumida pela crianccedila ateacute aos 6-8 anos de idade Durante este periacuteodo a

escovagem deve ser sempre vigiada pelos pais ou educadores consoante as circunstacircncias para evitar

a utilizaccedilatildeo de quantidades excessivas de dentiacutefrico o qual pode da mesma forma que os

comprimidos conduzir antes dos 6 anos agrave ocorrecircncia de fluorose

As crianccedilas devem usar dentiacutefrico com teor de fluoretos entre 1000-1500 ppm de fluoreto (dentiacutefrico

de adulto) sendo a quantidade a utilizar do tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

Apoacutes a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado pode-se natildeo bochechar com aacutegua Deveraacute

apenas cuspir-se o excesso de pasta Deste modo consegue-se uma mais alta concentraccedilatildeo de fluoreto

na cavidade oral que vai actuar topicamente durante mais tempo

Os pais das crianccedilas devem receber informaccedilatildeo sobre a escovagem dentaacuteria e o uso de dentiacutefricos

fluoretados A escovagem com dentiacutefrico fluoretado deve iniciar-se imediatamente apoacutes a erupccedilatildeo dos

primeiros dentes Os dentiacutefricos fluoretados devem ser guardados em locais inacessiacuteveis agraves crianccedilas

pequenas17

5 3 F l u o r e t o s e m s o l u ccedil otilde e s d e b o c h e c h o

As soluccedilotildees para bochechos recomendadas a partir dos 6 anos de idade tecircm sido utilizadas em

programas escolares de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria em inuacutemeros paiacuteses incluindo Portugal Satildeo

recomendadas a indiviacuteduos de maior risco agrave caacuterie dentaacuteria mas a sua utilizaccedilatildeo tem vido a ser

restringida a crianccedilas que escovam eficazmente os dentes

Recomendaccedilatildeo Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Recomendaccedilatildeo A partir dos 6 anos de idade deve ser feito o bochecho quinzenalmente com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

02

As soluccedilotildees fluoretadas de uso diaacuterio habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

005 e as de uso semanal ou quinzenal habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de 02

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 11

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 12

Referecircncias

1 Diegues P Linhas de Orientaccedilatildeo associadas agrave presenccedila de fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento 2003 Documento produzido no acircmbito da task force Sauacutede Oral e Fluacuteor Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar e na Divisatildeo de Sauacutede Ambiental da DGS 2 Melo PRGR Influecircncia de diferentes meacutetodos de administraccedilatildeo de fluoretos nas variaccedilotildees de incidecircncia de caacuterie Porto Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto 2001 Tese de doutoramento 3 Agence Francaise de Seacutecuriteacute des Produits de Santeacute Mise au point sur le fluacuteor et la prevention de la carie dentaire AFSPS 31 Juillet 2002 4 Leikin JB Paloucek FP Poisoning amp Toxicology Handbook 3th edition Hudson Lexi- Comp 2002 586-7 5 Ismail AI Bandekar RR Fluoride suplements and fluorosis a meta-analysis Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 48-56 6 Steven ML An update on Fluorides and Fluorosis J Can Dent Assoc 200369(5)268-91 7 Pinto R Cristovatildeo E Vinhais T Castro MF Teor de fluoretos nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica nas sedes de concelho de Portugal Continental Revista Portuguesa de Estomatologia Medicina Dentaacuteria e Cirurgia Maxilofacial 1999 40(3)125-42 8 Regulamento 1782002 do Parlamento Europeu e do Conselho de 28 de Janeiro Jornal Oficial das Comunidades Europeias (2002021) 9 Decreto ndash lei nordm 5601999 DR I Seacuterie A 147 (991218) 10 Decreto ndash lei nordm 1362003 DR I Seacuterie A 293 (20030628) 11 Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002 Jornal Oficial das Comunidades Europeias (20020712) 12 Aoba T Fejerskov O Dental fluorosis Chemistry and Biology Crit Rev Oral Biol Med 2002 13(2) 155-70 13 DenBesten PK Biological mechanisms of dental fluorosis relevant to the use of fluoride supplements Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 41-7 14 Limeback H Introduction to the conference Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 27-30 15 Report of the Forum of fluoridation 2002Governement of Ireland 2002 wwwfluoridationforumie 16 Featherstone JDB Prevention and reversal of dental caries role of low level fluoride Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 31-40 17 Pereira A Amorim A Peres F Peres FR Caldas IM Pereira JA Pereira ML Silva MJ Caacuteries Precoces da InfacircnciaLisboa Medisa Ediccedilotildees e Divulgaccedilotildees Cientiacuteficas Lda 2001 Bibliografia

1 Almeida CM Sugestotildees para a Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2002 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e na Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa

2 Rompante P Fundamentos para a alteraccedilatildeo do Programa de Sauacutede Oral da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Documento realizado no acircmbito da Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2003 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e no Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede ndash Norte

3 Rompante P Determinaccedilatildeo da quantidade do elemento fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento puacuteblico na totalidade das sedes de concelho de Portugal Continental Porto Faculdade de Odontologia da Universidade de Barcelona 2002 Tese de Doutoramento

4 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in Children at High Caries Risk SIGN Publication 2000 47

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Page 10: Direcção-Geral da SaúdePrograma será complementado, sempre que oportuno, por orientações técnicas a emitir por esta Direcção-Geral. O Director-Geral e Alto Comissário da

Por volta dos 6 anos comeccedilam a erupcionar os primeiros molares permanentes Pela

sua proacutepria morfologia imaturidade e dificuldade na remoccedilatildeo da placa bacteriana

das suas fissuras e fossetas estes dentes satildeo mais vulneraacuteveis agrave caacuterie Por isso

exigem uma atenccedilatildeo particular durante a erupccedilatildeo e uma teacutecnica especiacutefica de

escovagem

714 Mais de 6 anos de idade

Orientaccedilatildeo Escovar os dentes com um dentiacutefrico fluoretado com 1000 e 1500 ppm duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente antes de deitar

A partir dos 6 anos de idade a escovagem dos dentes jaacute deveraacute ser efectuada pela

crianccedila utilizando um dentiacutefrico fluoretado idecircntico ao usado pelos adultos

portanto com um teor de fluoreto entre 1000 e 1500 ppm (mgl) numa quantidade

aproximada de um (1) centiacutemetro

A escovagem dentaacuteria deveraacute ser efectuada duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente antes de deitar Se a crianccedila ainda natildeo tiver destreza manual

recomendamos que esta actividade seja apoiada ou mesmo executada pelos pais7

7141 Mais de 6 anos na escola

Orientaccedilatildeo As mensagens de promoccedilatildeo da sauacutede devem ser coincidentes com as praacuteticas da escola

Durante a escolaridade obrigatoacuteria as referecircncias agrave descoberta do corpo agrave sauacutede agrave

educaccedilatildeo alimentar agrave higiene em geral e agrave higiene oral estatildeo integradas no curriacuteculo

e nos programas escolares do 1ordm ao 9ordm ano do ensino baacutesico8

Educaccedilatildeo Alimentar

A escola tem um papel fundamental na formaccedilatildeo dos haacutebitos alimentares das

crianccedilas e dos jovens pelo que eacute transmitido dentro da sala de aula atraveacutes dos

conteuacutedos curriculares mas tambeacutem atraveacutes da influecircncia dos pares e professores e

pela forma como satildeo expostos os produtos no bufete e na cantina9

As crianccedilas e os jovens que consomem mais alimentos ricos em accediluacutecar e gorduras

e nos intervalos optam predominantemente por doces e bebidas accedilucaradas tecircm

susceptibilidade aumentada agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 8

Assim nos intervalos das aulas a oferta deveraacute possibilitar escolhas saudaacuteveis e

econoacutemicas como leite patildeo e fruta em detrimento de refrigerantes e bolos

Os princiacutepios da promoccedilatildeo da sauacutede devem constituir uma referecircncia para os

projectos de educaccedilatildeo alimentar As Escolas devem assegurar uma poliacutetica

nutricional que promova uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel com coordenaccedilatildeo entre os

serviccedilos que fornecem produtos alimentares na cantina e no bufete natildeo sendo

admissiacuteveis contradiccedilotildees entre as mensagens de educaccedilatildeo alimentar a oferta de

alimentos e a forma como satildeo confeccionados

Os projectos de educaccedilatildeo alimentar soacute ficaratildeo completos se envolverem os alunos

Eles satildeo os actores activos da pesquisa pois soacute compreendendo o que eacute uma

alimentaccedilatildeo equilibrada poderatildeo adoptar uma atitude criacutetica e selectiva na compra e

no consumo dos produtos alimentares Soacute conhecendo os direitos e deveres dos

consumidores se podem alicerccedilar praacuteticas saudaacuteveis

No 1ordm Ciclo

Os ingredientes essenciais da educaccedilatildeo alimentar na escola vatildeo desde a abordagem

dos haacutebitos alimentares agraves questotildees da alimentaccedilatildeo e sauacutede e agrave cadeia alimentar

produccedilatildeo fabrico transformaccedilatildeo distribuiccedilatildeo de alimentos conservaccedilatildeo e higiene

Todos estes aspectos podem ser desenvolvidos no estudo do meio na liacutengua

portuguesa na matemaacutetica e nas aacutereas da expressatildeo musical dramaacutetica e plaacutestica

No 2ordm e 3ordm Ciclos

A implementaccedilatildeo de um Projecto de Educaccedilatildeo Alimentar implica a mobilizaccedilatildeo dos

curriacuteculos disciplinares do maior nuacutemero possiacutevel de disciplinas

Nas Ciecircncias Naturais pode ser realccedilada a importacircncia da alimentaccedilatildeo e a sua

relaccedilatildeo com o funcionamento do corpo e a sauacutede na Histoacuteria pode ser abordada a

evoluccedilatildeo das sociedades e dos seus haacutebitos alimentares nas Ciecircncias Fiacutesico-

Quiacutemicas pode ser estimulado o interesse pelo meio fiacutesico onde os alimentos se

produzem e se transformam com possiacutevel envolvimento da Liacutengua Portuguesa da

Matemaacutetica da Geografia da Educaccedilatildeo Visual Fiacutesica e Tecnoloacutegica eou das aacutereas

curriculares natildeo disciplinares

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 9

Higiene Oral

A higiene oral deve ser abordada no contexto da aquisiccedilatildeo de comportamentos de

higiene pessoal As aprendizagens deveratildeo relacionar os saberes com as vivecircncias

dentro e fora da escola A estrutura dos programas do ensino baacutesico eacute

suficientemente aberta e flexiacutevel para atender os diversos pontos de partida os

interesses e as necessidades dos alunos assim como as caracteriacutesticas do meio

Deste modo os conteuacutedos da sauacutede oral e da higiene oral podem ser associados ao

desenvolvimento de haacutebitos de higiene pessoal e de vida saudaacutevel

No 1ordm Ciclo recomendamos que as crianccedilas faccedilam uma das escovagens dos dentes

no proacuteprio estabelecimento de ensino Esta escovagem deve ser orientada pelos

professores a quem deveraacute ser dada formaccedilatildeo para esta actividade e regularmente

pelo menos uma vez em cada trimestre supervisionada pela equipa de sauacutede escolar

Seraacute de estimular a auto-responsabilizaccedilatildeo da crianccedila pela sua higiene oral de

manhatilde e agrave noite

Escovagem dos dentes

Na escola deve ser monitorizada a execuccedilatildeo e a efectividade desta actividade A

execuccedilatildeo da escovagem pode ser monitorizada atraveacutes de um registo diaacuterio num

mapa de turma e a efectividade pode ser avaliada atraveacutes da utilizaccedilatildeo do revelador

de placa bacteriana e do caacutelculo do Iacutendice de lsquoPlaca Simplificadorsquo realizado pelos

profissionais de sauacutede10

Fio dentaacuterio

A higienizaccedilatildeo dos espaccedilos interdentaacuterios deve comeccedilar a ser feita por volta dos 9-

10 anos quando a crianccedila comeccedila a ter destreza manual para utilizar o fio dentaacuterio

A teacutecnica deve ser claramente explicada e treinada11

Bochecho fluoretado

Todas as crianccedilas e jovens que frequentam as escolas do 1ordm Ciclo do Ensino Baacutesico

devem fazer o bochecho quinzenal com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a 0212

As estrateacutegias e teacutecnicas de realizaccedilatildeo e implementaccedilatildeo na escola das medidas de

promoccedilatildeo da sauacutede oral preconizadas encontram-se descritas no Texto de Apoio

anexo a esta Circular Normativa da qual faz parte integrante

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 10

Sauacutede Oral na Adolescecircncia

No decurso da adolescecircncia em que se reorganiza a forma de estar no mundo se

reformula o autoconceito atraveacutes nomeadamente dos reforccedilos positivos da auto-

imagem a higiene oral pode desempenhar um contributo importante para esse

processo Neste periacuteodo a adesatildeo a praacuteticas adequadas em termos de sauacutede oral natildeo

passa estritamente por motivaccedilotildees de caraacutecter sanitaacuterio

Tendo isso em conta os profissionais de sauacutede ligados agraves acccedilotildees educativas e

preventivas neste domiacutenio natildeo podem deixar de valorizar as expectativas dos jovens

acerca dos laacutebios da boca e dos dentes nos planos esteacutetico e relacional

Sauacutede Oral em crianccedilas e de jovens com Necessidades de Sauacutede Especiais

A promoccedilatildeo da sauacutede oral de crianccedilas e jovens com Necessidades de Sauacutede

Especiais estaacute descrita no laquoManual de Boas Praacuteticas em Sauacutede Oralraquo editado pela

DGS13

A administraccedilatildeo de suplemento sisteacutemico de fluoretos recomendada deve ser

corrigida de acordo com as orientaccedilotildees introduzidas pelo presente documento

72 Prevenccedilatildeo das doenccedilas orais

Em sauacutede infantil e juvenil a observaccedilatildeo da boca e dos dentes feita pela equipa de

sauacutede pelo meacutedico de famiacutelia ou pelo pediatra comeccedila aos 6 meses e prolonga-se

ateacute aos 18 anos14

A estes profissionais compete reforccedilar as medidas de promoccedilatildeo da sauacutede oral

descritas anteriormente e fazer o diagnoacutestico precoce de caacuterie dentaacuteria registando

os dados na Ficha Individual de Sauacutede Oral e no Boletim de Sauacutede Infantil

Em Sauacutede Escolar tambeacutem poderaacute ser feita essa observaccedilatildeo

Face a um diagnoacutestico ou a uma suspeita de doenccedila oral a crianccedila deve ser

encaminhada para o gestor do programa no Centro de Sauacutede

Se o Centro de Sauacutede tiver higienista oral estomatologista ou meacutedico dentista eacute

feita a avaliaccedilatildeo do risco individual de caacuterie e a protecccedilatildeo dos dentes agraves crianccedilas e

jovens de alto risco

Se o Centro de Sauacutede natildeo dispuser de profissionais de sauacutede oral o gestor do

programa encaminharaacute as crianccedilas para os serviccedilos de estomatologia dos hospitais

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 11

distritais ou centrais caso tenham resposta ou para um meacutedico estomatologista

meacutedico dentista contratualizado

A partir do momento em que a crianccedila apresenta um dente com uma lesatildeo de caacuterie

dentaacuteria passa a exigir medidas preventivas e terapecircuticas especiacuteficas Apoacutes o

tratamento da lesatildeo de caacuterie essa crianccedila eacute incluiacuteda num grupo que do ponto de

vista preventivo exigiraacute maior atenccedilatildeo e acompanhamento

A protecccedilatildeo dos dentes em crianccedilas com alto risco agrave caacuterie dentaacuteria consiste na

execuccedilatildeo de uma ou mais medidas

Aplicaccedilatildeo de selantes de fissura

Suplemento de fluoretos um (1) comprimido diaacuterio de 025 mg que deve ser

dissolvido lentamente na boca agrave noite antes de deitar

Verniz de fluacuteor ou de clorohexidina

A estrateacutegia preventiva e terapecircutica do programa complementam-se com a

avaliaccedilatildeo do risco individual de caacuterie dentaacuteria

A avaliaccedilatildeo eacute feita a partir da conjugaccedilatildeo dos seguintes factores de risco evidecircncia

cliacutenica de doenccedila anaacutelise dos haacutebitos alimentares controlo da placa bacteriana

niacutevel socioeconoacutemico da famiacutelia e histoacuteria cliacutenica da crianccedila15

Factores de Risco Baixo Risco Alto Risco

Evidecircncia cliacutenica de doenccedila

Sem lesotildees de caacuterie Nenhum dente perdido devido a caacuterie Poucas ou nenhumas obturaccedilotildees

Lesotildees activas de caacuterie Extracccedilotildees devido a caacuterie Duas ou mais obturaccedilotildees Aparelho fixo de ortodontia

Anaacutelise dos haacutebitos alimentares

Ingestatildeo pouco frequente de alimentos accedilucarados

Ingestatildeo frequente de alimentos accedilucarados em particular entre as refeiccedilotildees

Utilizaccedilatildeo de fluoretos

Uso regular de dentiacutefrico fluoretado

Natildeo utilizaccedilatildeo regular de qualquer dentiacutefrico fluoretado

Controlo da placa bacteriana

Escovagem dos dentes duas ou mais vezes por dia

Natildeo escova os dentes ou faz uma escovagem pouco eficaz

Niacutevel socioeconoacutemico da famiacutelia

Meacutedio ou alto Baixo

Histoacuteria cliacutenica da crianccedila

Sem problemas de sauacutede Ausecircncia de medicaccedilatildeo croacutenica

Portador de deficiecircncia fiacutesica ou mental Ingestatildeo prolongada de medicamentos cariogeacutenicos Doenccedilas Croacutenicas Xerostomia

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 12

As crianccedilas e os jovens que natildeo se inscrevem em nenhuma das categorias anteriores

satildeo considerados de risco moderado

Os criteacuterios de avaliaccedilatildeo do risco individual de caacuterie dentaacuteria seratildeo

complementados com orientaccedilotildees teacutecnicas a emitir pela Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

73 Diagnoacutestico precoce e tratamento dentaacuterio

O diagnoacutestico precoce e os tratamentos dentaacuterios podem ser feitos no Centro de

Sauacutede nos serviccedilos de estomatologia do Hospital ou pelos meacutedicos estomatologistas

ou meacutedicos dentistas contratualizados da sua aacuterea de atracccedilatildeo

Nos Centros de Sauacutede onde existe Higienista Oral este gere os encaminhamentos

quando haacute necessidade de tratamentos e a frequecircncia da vigilacircncia da sauacutede oral das

crianccedilas e dos jovens do seu ficheiro

A contratualizaccedilatildeo com profissionais de sauacutede oral permite-nos garantir cuidados de

sauacutede oral a todas as crianccedilas em Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral

que desenvolvam caacuterie dentaacuteria

O processo seraacute implementado progressivamente O meacutedico estomatologistameacutedico

dentista responsabiliza-se pelo acompanhamento individual das crianccedilas que lhe satildeo

remetidas pelo SNS

O encaminhamento deve respeitar a liberdade de escolha do utente e a capacidade

de resposta do profissional contratualizado

8 Avaliaccedilatildeo do Programa

A avaliaccedilatildeo do programa tem periodicidade anual pelo que os indicadores a utilizar

teratildeo necessariamente que ser faacuteceis de obter e fiaacuteveis Satildeo eles que iratildeo permitir a

monitorizaccedilatildeo do programa e os avanccedilos alcanccedilados em cada regiatildeo de sauacutede e nos

diversos grupos etaacuterios

As fontes de dados satildeo nos serviccedilos puacuteblicos os registos habituais de actividades e

os mapas de sauacutede oral e sauacutede escolar nos serviccedilos privados a informaccedilatildeo

produzida pelos profissionais de sauacutede oral contratualizados registada na Ficha

Individual de Sauacutede Oral transcrita para o Mapa Anual da intervenccedilatildeo meacutedico-

dentaacuteria e enviada para o serviccedilo com quem contratualizou

A qualidade das prestaccedilotildees contratualizadas seraacute feita por avaliaccedilatildeo externa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 13

Os indicadores de avaliaccedilatildeo do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral satildeo

Percentagem de crianccedilas em programa aos 3 6 12 e 15 anos

Percentagem de crianccedilas em programa no Jardim-de-infacircncia e na Escola no 1ordm

ciclo 2ordm ciclo e 3ordm ciclo

Percentagem de crianccedilas com necessidades de tratamentos dentaacuterios

encaminhadas e tratadas

Percentagem de crianccedilas de alto risco agrave caacuterie

Percentagem de crianccedilas livres de caacuterie aos 6 anos

Iacutendice cpod e CPOD aos 6 anos

Iacutendice CPOD aos 12 anos

Esta avaliaccedilatildeo anual natildeo substitui as avaliaccedilotildees quinquenais de acircmbito nacional que a

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede com as Administraccedilotildees Regionais de Sauacutede e as Secretarias

Regionais continuaratildeo a realizar

9 Disposiccedilotildees finais e transitoacuterias

Para efeito de avaliaccedilatildeo do estado dentaacuterio e de avaliaccedilatildeo do risco seratildeo elaborados

suportes de informaccedilatildeo para serem utilizados por todos os sectores intervenientes

no programa e em todos os niacuteveis de produccedilatildeo de informaccedilatildeo

Do niacutevel local ao niacutevel central a informaccedilatildeo iraacute sendo agrupada em mapas de modo

a podermos construir indicadores de niacuteveis de resultados

Os dois Textos de Apoio anexos a este programa ldquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de

Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutederdquo e ldquoFluoretos Fundamentaccedilatildeo e

recomendaccedilatildeordquo suportam as alteraccedilotildees introduzidas e apontam formas de

implementar a estrateacutegia definida no Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede

Oral

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 14

Consenso sobre a utilizaccedilatildeo de fluoretoslowast no acircmbito do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral

Generalidades

O fluacuteor tem comprovada importacircncia na reduccedilatildeo da prevalecircncia e gravidade da caacuterie A

estrateacutegia da sua utilizaccedilatildeo em sauacutede oral foi redefinida com base em novas evidecircncias

cientiacuteficas Actualmente considera-se que a sua acccedilatildeo preventiva e terapecircutica eacute toacutepica

e poacutes-eruptiva e que para se obter este efeito toacutepico o dentiacutefrico fluoretado constitui a

opccedilatildeo consensual

Os fluoretos quando administrados por via sisteacutemica podem ter efeitos toacutexicos em

particular antes dos 6 anos Embora as consequecircncias sejam essencialmente de ordem

esteacutetica eacute revista a sua administraccedilatildeo

Nas crianccedilas com idades iguais ou inferiores a 6 anos que cumprem as exigecircncias

habituais da higiene oral isto eacute escovam os dentes usando dentiacutefrico fluoretado a

concomitante administraccedilatildeo de comprimidos ou gotas aumenta o risco de fluorose

dentaacuteria

As recomendaccedilotildees da Task Force sobre a utilizaccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da

caacuterie integradas no Programa Nacional de Sauacutede Oral satildeo as seguintes

a) Eacute dada prioridade agraves aplicaccedilotildees toacutepicas sob a forma de dentiacutefricos administrados na

escovagem dos dentes Estas aplicaccedilotildees devem ser efectuadas desde a erupccedilatildeo dos

dentes e de acordo com as regras expostas na tabela anexa

b) Os comprimidos anteriormente recomendados no acircmbito do Programa de Promoccedilatildeo

da Sauacutede Oral nas Crianccedilas e nos Adolescentes (CN nordm 6DSE de 200599) soacute

seratildeo administrados apoacutes os 3 anos a crianccedilas de alto risco agrave caacuterie dentaacuteria Nesta

situaccedilatildeo os comprimidos devem ser dissolvidos na boca lentamente

preferencialmente antes de deitar As acccedilotildees de educaccedilatildeo para a sauacutede devem

prioritariamente promover a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado

lowast Das Faculdades de Medicina Dentaacuteria de Lisboa Porto e Coimbra Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Coleacutegio de Estomatologia da Ordem dos Meacutedicos Ordem dos Meacutedicos Dentistas e Sociedade Portuguesa de Pediatria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 15

c) Em nenhum dos casos estaacute recomendada a administraccedilatildeo de fluoretos sisteacutemicos agraves

graacutevidas agraves crianccedilas antes dos 3 anos e agraves que em qualquer idade consumam aacutegua

com teor de fluoreto superior a 03 ppm

Recomendaccedilotildees sobre a utilizaccedilatildeo de fluoretos no acircmbito do PNPSO

RECOMEN-

DACcedilOtildeES

Frequecircncia da

escovagem dos dentes

Material utilizado na escovagem dos dentes

Execuccedilatildeo da escovagem dos dentes

Dentiacutefrico fluoretado

Suplemento sisteacutemico de

fluoretos

0-3 Anos 2 x dia

a partir da erupccedilatildeo do 1ordm dente

uma obrigatoria-mente antes

de deitar

Gaze Dedeira

Escova macia

de tamanho pequeno

Pais

1000-1500 ppm

quantidade idecircntica ao tamanho da

unha do 5ordm dedo da crianccedila

Natildeo recomendado

3-6 Anos 2 x dia

uma

obrigatoria-mente antes

de deitar

Escova macia

de tamanho adequado agrave

boca da crianccedila

Pais eou Crianccedila

a partir do

momento em que a crianccedila

adquire destreza

manual faz a escovagem sob

supervisatildeo

1000-1500 ppm

quantidade idecircntica ao tamanho da

unha do 5ordm dedo da crianccedila

Natildeo recomendado

Excepcionalmente as crianccedilas de alto

risco agrave caacuterie dentaacuteria podem fazer

1 (um) comprimido diaacuterio de fluoreto de soacutedio a 025 mg

Mais de 6 Anos

2 x dia

uma

obrigatoria-mente antes

de deitar

Escova macia

ou em alternativa

meacutedia

de tamanho adequado agrave

boca da crianccedila ou do

jovem

Crianccedila eou Pais

se a crianccedila

natildeo tiver adquirido destreza

manual a escovagem

tem que ter a intervenccedilatildeo

activa dos pais

1000-1500 ppm

quantidade aproximada de 1 centiacutemetro

Natildeo recomendado

Excepcionalmente as crianccedilas de alto

risco agrave caacuterie dentaacuteria podem fazer

1 (um) comprimido diaacuterio de fluoreto de soacutedio a 025 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 16

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 17

Referecircncias

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9 Loureiro I Lima RM Construir um Projecto de Educaccedilatildeo Alimentar na Escola (documento siacutentese) Lisboa Ministeacuterio da Educaccedilatildeo CCPES 2000

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13 Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Divisatildeo de Sauacutede Escolar Manual de Boas Praacuteticas em Sauacutede Oral para quem trabalha com Crianccedilas e Jovens com Necessidades de Sauacutede Especiais Lisboa DGS 2002 httpwwwdgsaudept

14 Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Sauacutede Infantil e Juvenil Programa-Tipo de Actuaccedilatildeo Lisboa DGS2002 (Orientaccedilotildees Teacutecnicas 12) httpwwwdgsaudept

15 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in children at High Caries Risk A National Clinical Guideline SIGN 2000 httpwwwsignacuk

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15 Ismail AI Bandekar RR Fluoride supplements and fluorosis a meta-analysis Community Dent Oral Epodemiol 1999 27 48-56

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37 WHO Fluorides and Oral Health WHO Geneva 1994 (Technical Report Series 846)

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 20

Agradecimentos

A Task Force que colaborou na revisatildeo do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral coordenada pela Drordf Gregoacuteria Paixatildeo von Amann e pela Higienista Oral Cristina Ferreira Caacutedima da Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede contou com a prestimosa colaboraccedilatildeo teacutecnica e cientiacutefica de

Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge representado pela Drordf Dirce Silveira

Direcccedilatildeo-Geral da Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura representada pela Engordf Maria de Lourdes Camilo

Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa representada pelo Prof Doutor Paulo Melo

Faculdade de Medicina de Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria representada pelo Dr Francisco Delille

Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade de Lisboa representada pelo Prof Doutor Ceacutesar Mexia de Almeida

Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto representada pelo Prof Doutor Fernando M Peres

Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento representado pela Drordf Ana Arauacutejo

Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede - Norte representado pelo Prof Doutor Paulo Rompante

Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede - Sul representado pela Profordf Doutora Fernanda Mesquita

Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia representada pelo Dr Alexandre Loff Seacutergio

Ordem dos Meacutedicos Dentistas representada pelo Prof Doutor Paulo Melo

Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria representada pelo Prof Doutor Ceacutesar Mexia de Almeida

Sociedade Portuguesa de Pediatria representada pelo Dr Manuel Salgado

Serviccedilos da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede representada pela Drordf Anabela Lopes Divisatildeo de Sauacutede Ambiental representada pelo Engordm Paulo Diegues e a Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede representada pelo Dr Pedro Ribeiro da Silva

Pelas sugestotildees e correcccedilotildees introduzidas o nosso agradecimento agrave Profordf Doutora Isabel Loureiro ao Dr Vasco Prazeres Drordf Leonor Sassetti Drordf Ana Paula Ramalho Correia Dr Rui Calado Drordf Maria Otiacutelia Riscado Duarte Dr Joatildeo Breda e ao Sr Viacutetor Alves que concebeu o logoacutetipo do programa

A todos a Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede e a Divisatildeo de Sauacutede Escolar agradecem

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

E s t r a t eacute g i a s e T eacute c n i c a s d e E d u c a ccedil atilde o e P r o m o ccedil atilde o

d a S a uacute d e

Documento produzido no acircmbito dos trabalhos da Task Force pela Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede Dr

Pedro Ribeiro da Silva e Dr Joatildeo Breda e pela Higienista Oral Cristina Ferreira Caacutedima e Drordf Gregoacuteria Paixatildeo von Amann da

Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede que coordenou os trabalhos

1 Preacircmbulo

Os Programas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede tecircm por objectivo capacitar as pessoas a tomarem decisotildees no

seu quotidiano que se revelem as mais adequadas para manter ou alargar o seu potencial de sauacutede

Para se atingir este objectivo fornece-se informaccedilatildeo e utilizam-se metodologias que facilitem e decircem

suporte agraves mudanccedilas comportamentais e agrave manutenccedilatildeo das praacuteticas consideradas saudaacuteveis

Mas a mudanccedila de comportamentos natildeo eacute faacutecil depende de factores sociais culturais familiares

entre muitos outros e natildeo apenas do conhecimento cientiacutefico que as pessoas possuam sobre

determinada mateacuteria

Esta dificuldade eacute bem patente quando como no presente caso se pretende intervir sobre

comportamentos relacionados com a alimentaccedilatildeo e a escovagem dos dentes

Quando os pais datildeo aos filhos patildeo achocolatado ou outros alimentos accedilucarados para levarem para a

escola estatildeo com frequecircncia a dar natildeo apenas um alimento mas tambeacutem e ateacute talvez

principalmente afecto tentando colmatar lacunas que possam ter na relaccedilatildeo com os seus filhos

mesmo que natildeo tenham consciecircncia desse facto

Podem tambeacutem dar este tipo de alimento por terem dificuldade de encontrar tempo para confeccionar

uma sandes ou outro alimento e os anteriormente referidos estatildeo sempre prontos a serem colocados na

mochila da crianccedila

Eacute importante desenvolvermos estrateacutegias de Educaccedilatildeo para a Sauacutede que natildeo culpabilizem os pais

porque estes intrinsecamente desejam sempre o melhor para os seus filhos embora natildeo consigam por

vezes colocaacute-lo em praacutetica

Devido agrave complexidade que eacute actuar sobre comportamentos individuais para se aumentar a eficiecircncia

das nossas praacuteticas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede torna-se fulcral utilizar metodologias alargadas a vaacuterios

parceiros e sectores da comunidade de forma articulada e continuada para que progressivamente

possamos ir obtendo resultados

Como propotildee Nancy Russel no seu Manual de Educaccedilatildeo para a Sauacutede ldquoPara desenhar um

programa de Educaccedilatildeo para a Sauacutede eacute necessaacuterio ter conhecimentos sobre comportamentos e sobre

os factores que produzem a mudanccedilardquo E continua explicitando ldquoAs teorias da mudanccedila de

comportamento que podem ser aplicadas em Educaccedilatildeo para a Sauacutede foram elaboradas a partir de

uma variedade de aacutereas incluindo a psicologia a sociologia a antropologia a comunicaccedilatildeo e o

marketing Nenhuma teoria ou rede de conceitos domina por si soacute a investigaccedilatildeo ou a praacutetica da

Educaccedilatildeo para a Sauacutede Provavelmente porque os comportamentos de sauacutede satildeo demasiado

complexos para serem explicados por uma uacutenica teoriardquo (19968)

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 2

2 Metodologias para Desenvolvimento da Acccedilatildeo

21 Primeira vertente ndash O diagnoacutestico de situaccedilatildeo

A primeira etapa de actuaccedilatildeo eacute de grande importacircncia para a continuidade das outras actividades e

podemos resumi-la a um bom diagnoacutestico de situaccedilatildeo que permita conhecer em pormenor a realidade

sobre a qual se pretende actuar

I - Eacute importante estabelecer como uma das primeiras actividades a anaacutelise de duas vertentes com

grande influecircncia na sauacutede oral os haacutebitos culturais das famiacutelias relativamente agrave alimentaccedilatildeo e as

praacuteticas de higiene oral dos adultos e das crianccedilas

II - Um segundo aspecto relaciona-se com os tipos de interacccedilatildeo entre professores ou

educadores de infacircncia e pais No caso de essa interacccedilatildeo ser regular e organizada importa saber como

reagem os pais agraves indicaccedilotildees dos professores sobre os aspectos comportamentais das crianccedilas e que

efeito e eficaacutecia tecircm essas acccedilotildees na capacitaccedilatildeo de pais e filhos relativamente aos comportamentos

relacionados com a sauacutede oral

Actividades a desenvolverem

a) estudar as formas de melhorar a relaccedilatildeo entre pais e professores procurando resolver as

dificuldades que com frequecircncia os pais apresentam como obstaacuteculos ao contacto mais regular

com os professores

b) analisar a eficaacutecia das recomendaccedilotildees dadas procurando as razotildees que possam estar na origem

de situaccedilotildees de menor eficaacutecia como o desfasamento entre as recomendaccedilotildees e o contexto

familiar e cultural das crianccedilas ou recomendaccedilotildees muito teacutecnicas ou paternalistas Todas estas

situaccedilotildees podem provocar resistecircncias nas famiacutelias agrave adesatildeo agraves praacuteticas desejaacuteveis relativamente

ao programa de sauacutede oral Esta temaacutetica da Educaccedilatildeo para a Sauacutede e as praacuteticas

comportamentais eacute muito complexa mas fundamental para se conseguirem resultados ao niacutevel

dos comportamentos

III - Outra componente a analisar satildeo os aspectos sociais dos consumos alimentares que possam

estar relacionados com situaccedilotildees locais como campanhas publicitaacuterias ou de promoccedilatildeo de

determinados alimentos potencialmente cariogeacutenicos nos estabelecimentos da zona Oferta pouco

adequada de alimentos na cantina da escola com existecircncia preponderante de alimentos e bebidas

accedilucaradas A confecccedilatildeo das refeiccedilotildees no refeitoacuterio com pouca oferta de fruta legumes e vegetais e

preponderacircncia de sobremesas doces

Segundo o Modelo Precede de Green existem 3 etapas a contemplar num diagnoacutestico de situaccedilatildeo

middot diagnoacutestico epidemioloacutegico necessaacuterio para a identificaccedilatildeo dos problemas de sauacutede sobre os

quais se vai actuar como sejam os iacutendices de caacuterie fluorose dentaacuteria e outros

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 3

middot diagnoacutestico social que corresponde agrave identificaccedilatildeo das situaccedilotildees sociais existentes na comunidade

onde se desenvolve a actividade que podem contribuir para os problemas de sauacutede oral detectados

ou que se pretende prevenir

middot diagnoacutestico comportamental para identificaccedilatildeo dos vaacuterios padrotildees comportamentais que possam

estar relacionados com os problemas de sauacutede oral inventariados

A este diagnoacutestico de problemas eacute importante associar-se a identificaccedilatildeo de necessidades da

populaccedilatildeo-alvo da acccedilatildeo

Apesar da prevalecircncia das doenccedilas orais e da necessidade deste Programa Nacional em algumas

comunidades poderatildeo existir vaacuterios outros problemas de sauacutede mais graves ou mais prevalentes e

neste caso importa fazer uma avaliaccedilatildeo dos recursos e das possibilidades de eficaacutecia dando prioridade

aos grupos e agraves situaccedilotildees mais graves e de maior amplitude Outro factor a ter em conta na decisatildeo

relaciona-se com a capacidade de alterar as causas comportamentais ou factores de risco pelo

programa educacional

Apoacutes a avaliaccedilatildeo das necessidades deveratildeo ser estabelecidas as prioridades tendo em conta os

problemas de sauacutede identificados a capacidade de alteraccedilatildeo dos factores de risco comportamentais e

outros Eacute muito importante associar-se agrave definiccedilatildeo de prioridades de actuaccedilatildeo a caracterizaccedilatildeo dos sub-

grupos existentes e as diferentes estrateacutegias apropriadas a cada uma dessas populaccedilotildees alvo

22 Segunda vertente ndash os teacutecnicos de educaccedilatildeo

Todos os parceiros satildeo importantes para o desenvolvimento dos programas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede

mas no caso especiacutefico da sauacutede oral os teacutecnicos de Educaccedilatildeo satildeo fundamentais Eacute por esta razatildeo

tarefa prioritaacuteria sensibilizaacute-los e englobaacute-los no desenho dos programas desde o iniacutecio

Sabemos atraveacutes das nossas praacuteticas anteriores que nem sempre os teacutecnicos de educaccedilatildeo aderem a

algumas das actividades dos programas de sauacutede oral propostas pelos teacutecnicos de sauacutede utilizando

para isso os mais diversos argumentos A explicitaccedilatildeo dos uacuteltimos consensos cientiacuteficos nesta aacuterea

com disponibilizaccedilatildeo de bibliografia pode ser facilitador da adesatildeo ao programa

Uma das actividades centrais deste programa seraacute trabalhar em conjunto com os teacutecnicos de educaccedilatildeo

nomeadamente docentes das escolas baacutesicas e secundaacuterias e educadores de infacircncia sobre as

potencialidades do programa e os ganhos em sauacutede que a meacutedio e longo prazo este pode provocar na

populaccedilatildeo portuguesa

Outra tarefa importante eacute a reflexatildeo em conjunto sobre as dificuldades diagnosticadas em cada escola

para concretizar as actividades do programa na tentativa de encontrar soluccedilotildees seja atraveacutes da

resoluccedilatildeo dos obstaacuteculos seja encontrando alternativas Poderaacute acontecer natildeo ser possiacutevel executar

todas as tarefas incluiacutedas no programa Nesses casos importa decidir quais as actividades que poderatildeo

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ser levadas agrave praacutetica com ecircxito Seraacute preferiacutevel concretizar algumas tarefas que nenhumas assim

como seraacute melhor realizar bem poucas tarefas do que muitas ou todas de forma deficiente

Frequentemente existe um diferencial de conhecimentos sobre estas aacutereas entre os teacutecnicos de

educaccedilatildeo e os de sauacutede Para evitar problemas eacute imperioso que os teacutecnicos de educaccedilatildeo sejam

parceiros em igualdade de circunstacircncia e natildeo sintam que tecircm um papel secundaacuterio no projecto ou

meros executores de tarefas

A eventual deacutecalage de conhecimentos sobre sauacutede oral pode ser compensado utilizando estrateacutegias de

trabalho em equipa natildeo assumindo os teacutecnicos de sauacutede papel de liacutederes do processo nem de

detentores da informaccedilatildeo cientiacutefica As teacutecnicas de trabalho em equipa devem implicam a partilha de

tarefas e lideranccedila natildeo assumindo o programa uma dimensatildeo vertical e impositiva por parte da sauacutede

As mensagens chave do programa seratildeo discutidas por todos os intervenientes Eacute muito importante que

sejam claras nos conteuacutedos e assumidas por toda a equipa em todas as situaccedilotildees de modo a tornar as

intervenccedilotildees coerentes com os objectivos do programa

Como cada comunidade e cada escola tecircm caracteriacutesticas proacuteprias o programa as actividades e o

trabalho interdisciplinar em equipa seratildeo adequados agraves condiccedilotildees objectivas e subjectivas de todos os

intervenientes o que pode tornar necessaacuterio fazer adaptaccedilotildees agrave aplicaccedilatildeo do mesmo O mesmo se

passa em relaccedilatildeo agraves mensagens que necessitam ser adaptadas a cada situaccedilatildeo e a cada contexto

Em relaccedilatildeo agrave Educaccedilatildeo para a Sauacutede a procura de soluccedilotildees para as situaccedilotildees decorrentes da

implementaccedilatildeo do programa como a sensibilizaccedilatildeo dos parceiros e a eliminaccedilatildeo de obstaacuteculos satildeo

uma das tarefas centrais dos programas e natildeo devem ser subestimadas pelos teacutecnicos de sauacutede pois

delas depende muita da eficaacutecia do projecto

A educaccedilatildeo alimentar eacute uma das vertentes centrais do programa pelo que eacute necessaacuterio sensibilizar os

professores para aspectos da vida escolar que podem afectar a sauacutede oral dos alunos como as ementas

escolares existentes no refeitoacuterio e o tipo de alimentos disponibilizado no bar

221 Componente praacutetica

Uma primeira tarefa do programa na escola seraacute a sensibilizaccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo para a

importacircncia do mesmo A explicitaccedilatildeo teoacuterica resumida dos pressupostos cientiacuteficos que legitimam a

alteraccedilatildeo do programa eacute um instrumento facilitador

Fundamental explicar as razotildees que tornam a escovagem como um actividade central do programa e

os inconvenientes de se darem suplementos de fluacuteor de forma generalizada Seremos especialmente

eficazes se nos disponibilizarmos para responder agraves questotildees e duacutevidas que os professores possam ter

Esta eacute com certeza tambeacutem uma maneira de aprofundarmos o diagnoacutestico da situaccedilatildeo e de podermos

contribuir para remover os obstaacuteculos detectados

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Uma segunda tarefa consistiraacute em operacionalizar o programa com os professores de modo a construi-

lo conjuntamente As diversas tarefas devem ser planeadas e avaliadas continuamente para se fazerem

as alteraccedilotildees consideradas necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar do programa

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo e a escovagem

O Programa Nacional de Sauacutede Oral propotildee algumas alteraccedilotildees que podemos considerar profundas e

de ruptura em relaccedilatildeo ao programa anterior como sejam a aplicaccedilatildeo restrita dos suplementos

sisteacutemicos de fluoretos e a escovagem duas vezes ao dia com um dentiacutefrico fluoretado como principal

medida para uma boa sauacutede oral Estas directrizes derivam do consenso dos peritos de Sauacutede Oral

reunidos na task force coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

Eacute faacutecil de compreender que organizar a escovagem dos dentes dos alunos eacute mais trabalhoso que dar-

lhes um comprimido de fluacuteor ou ateacute do que fazer o bochecho com uma soluccedilatildeo fluoretada Para sermos

bem sucedidos seraacute fundamental actuar de forma cautelosa respeitando as caracteriacutesticas das pessoas e

os contextos em presenccedila

Como sabemos eacute difiacutecil quebrar rotinas e o programa vai implicar mais trabalho para os professores e

disponibilizaccedilatildeo de tempo para os pais e professores A adopccedilatildeo pelos Jardins de infacircncia e Escolas da

escovagem dos dentes dos alunos pelo menos uma vez dia como factor central do programa vai

possivelmente encontrar algumas resistecircncias por parte dos educadores de infacircncia e professores que

importa ir resolvendo de forma progressiva e de acordo com as dificuldades reais encontradas Estas

dificuldades podem estar relacionadas com a deficiecircncia de instalaccedilotildees ou outras mas estaraacute com

frequecircncia tambeacutem muito relacionada com aspectos psicossociais de resistecircncia agrave mudanccedila de rotinas

instaladas e com vaacuterios anos

Uma das estrateacutegias primordiais para este programa ser bem sucedido passa pela resoluccedilatildeo dos

obstaacuteculos referidos pelos teacutecnicos de educaccedilatildeo relativamente agrave escovagem nomeadamente

a possibilidade de as crianccedilas usarem as escovas de colegas podendo haver transmissatildeo de doenccedilas

como a hepatite ou outras

a ausecircncia de um local apropriado para a escovagem

a confusatildeo que a escovagem iraacute causar com eventuais situaccedilotildees de indisciplina

a dificuldade de vigiar todos os alunos durante a escovagem com a consequente possibilidade de

alguns especialmente se mais novos poderem engolir dentiacutefrico

existirem alguns alunos que devido a carecircncias econoacutemicas ou desconhecimento dos pais tecircm

escovas jaacute muito deterioradas podendo ser alvo de troccedila e humilhaccedilatildeo por parte dos colegas ou

sentindo-se os professores na necessidade de fazerem algo mas natildeo terem possibilidade de

substituiacuterem as escovas

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Estes e outros argumentos poderatildeo ser reais ou apenas formas de encontrar justificaccedilotildees para natildeo

alterar rotinas no entanto eacute fundamental analisar cada situaccedilatildeo e encontrar a forma adequada de actuar

o que implica procurar em conjunto a resoluccedilatildeo do problema natildeo desvalorizando a perspectiva do

teacutecnico de educaccedilatildeo mesmo que do ponto de vista da sauacutede nos pareccedila oacutebvia a resistecircncia agrave mudanccedila e

a sua soluccedilatildeo

Se natildeo conseguirmos sensibilizar os profissionais de educaccedilatildeo para a importacircncia da escovagem e nos

limitarmos a contra-argumentar com os nossos dados e a nossa cientificidade facilmente iratildeo

encontrar outros argumentos Eacute preciso compreender que o que estaacute em causa natildeo satildeo as dificuldades

objectivas mas outro tipo de razotildees mais ou menos subjectivas relacionadas com as condiccedilotildees locais

e de contexto como por exemplo o facto de alguns professores considerarem que natildeo eacute da sua

competecircncia promover a escovagem dos dentes dos seus alunos A interacccedilatildeo pais-professores eacute

constante e pode potenciar grandemente o programa

23 Terceira vertente ndash os pais

Os pais satildeo tambeacutem intervenientes fundamentais nos programas de sauacutede oral e eacute fundamental que

sejam englobados na equipa de projecto enquanto parceiros activos na programaccedilatildeo de actividades de

modo a poder resolver-se eventuais resistecircncias que inclusive podem ser desconhecidas dos teacutecnicos e

serem devidas a idiossincracias micro-culturais Todas as estrateacutegias que sensibilizem os pais para as

medidas que se preconizam satildeo importantes Eacute fundamental que o programa seja ldquocontinuadordquo e

reforccedilado em casa e natildeo pelo contraacuterio descredibilizado pelas praacuteticas domeacutesticas

Em relaccedilatildeo aos pais os factores emocionais satildeo centrais na sua relaccedilatildeo com os filhos e com as escolhas

comportamentais quotidianas Transmitir informaccedilatildeo de forma essencialmente cognitiva por exemplo

laquonatildeo decirc lsquoBolosrsquo aos seus filhos porque satildeo alimentos que podem contribuir para o aparecimento de

caacuterie nos dentes e provocar obesidaderaquo tem muitas possibilidades de provocar efeitos perversos

negativos como seja a culpabilizaccedilatildeo dos pais e a resistecircncia agrave mudanccedila de comportamentos

Com frequecircncia os doces satildeo uma forma de dar afecto ou premiar os filhos ou ateacute servir como

substituto da impossibilidade dos pais estarem mais tempo com os filhos situaccedilatildeo que natildeo eacute com

frequecircncia consciente para os pais Os padrotildees comportamentais dos pais obedecem a inuacutemeras

componentes e soacute actuando sobre cada uma delas se conseguem resultados nas mudanccedilas de

comportamentos

Fornecer apenas informaccedilatildeo pode natildeo soacute natildeo provocar alteraccedilotildees comportamentais como criar ou

aumentar as resistecircncias agrave mudanccedila Eacute preciso adequar a informaccedilatildeo agraves diversas situaccedilotildees

caracterizando-as primeiro valorizando as componentes emocionais relacionais e contextuais dos

comportamentos natildeo culpabilizando os pais (porque isso provoca resistecircncias agrave mudanccedila natildeo soacute em

relaccedilatildeo a este programa mas a futuras intervenccedilotildees) e encontrando formas alternativas de resolver estas

situaccedilotildees utilizando soluccedilotildees que provoquem emoccedilotildees positivas em todos os intervenientes E dessa

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forma eacute possiacutevel ser-se eficaz respeitando os universos relacionais das famiacutelias e evitando efeitos

comportamentais paradoxais ou seja por reacccedilatildeo agrave informaccedilatildeo que os culpabiliza os pais

dessensibilizam das nossas indicaccedilotildees agravando e aumentando as praacuteticas que se desaconselham

Eacute esta uma das razotildees porque eacute tatildeo difiacutecil atingir os grupos populacionais que exactamente mais

precisavam de ser abrangido pelos programas de prevenccedilatildeo da doenccedila e promoccedilatildeo da sauacutede

Para aleacutem de se conhecerem as praacuteticas alimentares e de higiene oral que as crianccedilas e adolescentes

tecircm em casa eacute importante caracterizar as razotildees desses procedimentos Referimo-nos aos aspectos

individuais familiares culturais e contextuais Se queremos actuar sobre comportamentos eacute

fundamental conhecer as atitudes crenccedilas preconceitos estereoacutetipos e representaccedilotildees sociais que se

relacionam com as praacuteticas das famiacutelias as quais variam de famiacutelia para famiacutelia

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo podem ser colaboradores preciosos para esta caracterizaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo aos pais podemos resumir os aspectos a valorizar

Inclui-los nos diversos passos do programa

sensibiliza-los para a importacircncia da sauacutede oral respeitando os seus universos familiares e

culturais

dar suporte continuado agrave mudanccedila de comportamentos e de todos os factores que lhe estatildeo

associados

24 Quarta vertente ndash as crianccedilas

As crianccedilas e os adolescentes satildeo o principal puacuteblico-alvo do programa de sauacutede oral Sensibilizaacute-los

para as praacuteticas alimentares e de higiene oral que os peritos consideram actualmente adequadas eacute o

nosso objectivo

Como jaacute foi referido anteriormente eacute necessaacuterio ser cuidadoso na forma de comunicar com as crianccedilas

e adolescentes natildeo criticando directa ou indirectamente os conhecimentos e as praacuteticas aconselhadas

ou consentidas por pais e professores com quem eles convivem directamente e que satildeo dos principais

influenciadores dos seus comportamentos satildeo os seus modelos e constituem o seu universo de afectos

Criar clivagem na relaccedilatildeo cognitiva afectiva e emocional entre pais ou professores e crianccedilas e

adolescentes eacute algo que devemos ter sempre presente e evitar

As estrateacutegias de trabalho com as crianccedilas deveratildeo ser adaptadas agrave sua maturidade psico-cognitiva e

contexto socio-cultural Para que as actividades sejam luacutedicas e criativas adequadas agraves idades e outras

caracteriacutesticas das crianccedilas e adolescentes a contribuiccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo eacute com certeza

fundamental

Eacute muito importante ter em conta alguns aspectos educativos relativamente agrave mudanccedila de

comportamentos A participaccedilatildeo activa das crianccedilas na formulaccedilatildeo dessas actividades torna mais

eficazes os efeitos pretendidos

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Pela dificuldade em mudar comportamentos principalmente de forma estaacutevel eacute aconselhaacutevel adequar

os objectivos agraves realidades Seraacute preferiacutevel actuar sobre um ou dois comportamentos sobre os quais a

caracterizaccedilatildeo inicial nos permitiu depreender que seraacute possiacutevel obtermos resultados positivos em vez

de tentar actuar sobre todos os comportamentos que desejariacuteamos alterar natildeo conseguindo alterar

nenhum deles Naturalmente estas escolhas seratildeo feitas cientificamente segundo o que a Educaccedilatildeo para

a Sauacutede preconiza nas vertentes relacionadas com as ciecircncias comportamentais (sociais e humanas)

Outro aspecto fundamental eacute a continuidade na acccedilatildeo A eficaacutecia seraacute tanto maior quanto mais

continuadas forem as actividades dando suporte agrave mudanccedila comportamental e reforccedilo agrave sua

manutenccedilatildeo A continuidade da acccedilatildeo permite conhecer melhor as situaccedilotildees os obstaacuteculos e as formas

de os remover pois cada caso eacute um caso e generalizar diminui grandemente a eficaacutecia

Deve ser dada uma atenccedilatildeo especial agraves crianccedilas com Necessidades de Sauacutede Especiais desfavorecidas

socialmente (porque vivem em bairros degradados com poucos recursos econoacutemicos pertencem a

minorias eacutetnicas ou satildeo emigrantes) ou que natildeo frequentam a escola utilizando estrateacutegias especificas

adequadas agraves suas dificuldades

25 Quinta vertente ndash a comunidade

Para os programas de Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutede a componente comunitaacuteria eacute fundamental A

participaccedilatildeo e contribuiccedilatildeo dos vaacuterios sectores da comunidade podem ser potenciadores do trabalho a

desenvolver

Dependendo das situaccedilotildees locais a Autarquia as IPSS e as ONGrsquos entre outras podem ser parceiros

de enorme valia para o desenvolvimento do programa Para isso temos que sensibilizar os liacutederes

locais para a importacircncia da sauacutede oral e do programa que se pretende incrementar explicitando como

com pequenos custos podemos obter ganhos em sauacutede a meacutedio e longo prazo

As instituiccedilotildees que organizam actividades para crianccedilas e adolescentes como os ATLrsquos associaccedilotildees

culturais desportivas e religiosas podem ser excelentes parceiros para o desenvolvimento das

actividades dependendo das caracteriacutesticas da comunidade onde se aplica o programa Os grupos de

teatro satildeo tambeacutem um excelente recurso para integrarem as actividades com as crianccedilas e os

adolescentes

26 Sexta vertente ndash os meios de comunicaccedilatildeo social

Os meios de comunicaccedilatildeo social locais e regionais se forem utilizados apropriadamente podem ser

parceiros potenciadores das actividades que se pretendem desenvolver

Mas com frequecircncia os teacutecnicos de sauacutede encontram dificuldades na relaccedilatildeo com os profissionais da

comunicaccedilatildeo social considerando que estes natildeo satildeo sensiacuteveis agraves nossas preocupaccedilotildees com a prevenccedilatildeo

da doenccedila e da promoccedilatildeo da sauacutede

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Os media tecircm uma linguagem e podemos dizer uma filosofia proacuteprias que com frequecircncia natildeo satildeo

coincidentes com as nossas eacute por essa razatildeo necessaacuterio que os teacutecnicos de sauacutede se adaptem e se

possiacutevel se aperfeiccediloem na linguagem dos meacutedia Se natildeo utilizarmos adequadamente os meios de

comunicaccedilatildeo social estes podem ter um efeito contraproducente diminuindo a eficaacutecia do programa de

sauacutede oral

Algumas das dificuldades encontradas quando trabalhamos com os media especialmente as raacutedios e as

televisotildees satildeo as seguintes

na maior parte dos casos natildeo se pode transmitir muita informaccedilatildeo mesmo que seja um programa

de raacutedio de 1 ou 2 horas iria ficar muito monoacutetono e pouco atraente assim como se tornaria

confuso para os ouvintes e pouco eficaz porque com frequecircncia as pessoas desenvolvem outras

actividades enquanto ouvem raacutedio

eacute aconselhaacutevel transmitir apenas o que eacute realmente importante e faze-lo de forma muito clara

mantendo a consistecircncia sobre a hierarquia das informaccedilotildees nas diversas intervenccedilotildees ou seja que

todas os intervenientes no programa e em todas as situaccedilotildees em que intervecircm tenham um discurso

coerente e natildeo contraditoacuterio

evitar informaccedilotildees riacutegidas que culpabilizem as pessoas e natildeo respeitem os seus contextos micro-

culturais Eacute preferiacutevel suscitar alguma mudanccedila comportamental de forma progressiva que

nenhuma

com frequecircncia utilizamos o leacutexico meacutedico sem nos apercebermos que muitos cidadatildeos natildeo

conhecem termos que nos parecem simples como obesidade ou colesterol atribuindo-lhes outros

significados (portanto desconhecem que natildeo conhecem o verdadeiro significado)

se possiacutevel testar com pessoas de diversas idades e estratos socio-culturais que sejam leigas em

relaccedilatildeo a estas temaacuteticas aquilo que se preparou para a intervenccedilatildeo nos meios de comunicaccedilatildeo

social e alterar se necessaacuterio de acordo com as indicaccedilotildees que essas pessoas nos fornecerem

27 Seacutetima vertente ndash a avaliaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo deve ter iniacutecio na fase de planeamento e acompanhar todo o projecto de modo a introduzir

as alteraccedilotildees necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar das actividades

Devem fazer parte da equipa de avaliaccedilatildeo os diversos parceiros do projecto assim como pessoas

externas ao projecto e estas quando possiacutevel com formaccedilatildeo em educaccedilatildeo para a sauacutede nas aacutereas

teacutecnicas comportamentais de planeamento e avaliaccedilatildeo qualitativa e quantitativa

Satildeo fundamentais avaliaccedilotildees qualitativas e quantitativas das actividades a desenvolver e se possiacutevel

com anaacutelises comparativas ao desenrolar do projecto noutras zonas do paiacutes

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3 T eacute c n i c a s d e H i g i e n e O r a l

3 1 Escovagem dos den tes ndash A escova A escovagem dos dentes deve ser efectuada com uma escova de tamanho adequado agrave boca de quem a

utiliza Habitualmente as embalagens referem as idades a que se destinam Os filamentos devem ser

de nylon com extremidades arredondadas e textura macia que quando comeccedilam a ficar deformados

obrigam agrave substituiccedilatildeo da escova Normalmente a escova quando utilizada 2 vezes por dia dura cerca

de 3-4 meses

Existem escovas manuais e eleacutectricas as quais requerem os mesmos cuidados As escovas eleacutectricas

facilitam a higiene oral das pessoas que tenham pouca destreza manual

3 2 Escovagem dos den tes ndash O den t iacute f r i co O dentiacutefrico a utilizar deve conter fluoreto numa dosagem de cerca de 1000-1500 ppm A quantidade a

utilizar em cada uma das escovagens deve ser semelhante (ou inferior) ao tamanho da unha do 5ordm dedo

(dedo mindinho) da matildeo da crianccedila

Os dentiacutefricos com sabores muito atractivos natildeo se recomendam porque podem levar as crianccedilas a

engoli-lo deliberadamente Ateacute aos 6 anos aproximadamente o dentiacutefrico deve ser colocado na escova

por um adulto Apoacutes a escovagem dos dentes eacute apenas necessaacuterio cuspir o excesso de dentiacutefrico

podendo no entanto bochechar-se com um pouco de aacutegua

33 Escovagem dos dentes no Jardim-de-infacircncia e na Escola identificaccedilatildeo e arrumaccedilatildeo das escovas e copos

Hoje em dia haacute escovas de dentes que tecircm uma tampa ou estojo com orifiacutecios que a protege Caso se

opte pela utilizaccedilatildeo destas escovas natildeo eacute necessaacuterio que fiquem na escola Os alunos poderatildeo colocaacute-

la dentro da mochila juntamente com o tubo do dentiacutefrico e transportaacute-los diariamente para a escola

O conceito de intransmissibilidade da escova de dentes deve ser reforccedilado junto das crianccedilas Se as

escovas ficarem na escola eacute essencial que estejam identificadas bastando para tal escrever no cabo da

escova o nome da crianccedila com uma caneta de tinta resistente agrave aacutegua Tambeacutem se devem identificar os

dentiacutefricos Cada aluno deveraacute ter o seu proacuteprio dentiacutefrico e os copos caso natildeo sejam descartaacuteveis

As escovas guardam-se num local seco e arejado de modo a que os pelos fiquem virados para cima e

natildeo contactem umas com as outras Cada escova pode ser colocada dentro do copo num suporte

acriacutelico ou outro material resistente agrave aacutegua em local seco e arejado

Dentiacutefricos e escovas devem estar fora do alcance das crianccedilas para evitar a troca ou ingestatildeo

acidental de dentiacutefrico Caso haja a possibilidade de utilizar copos descartaacuteveis (de cafeacute) o processo eacute

bastante simplificado (os copos de cafeacute podem ser substituiacutedos por copos de iogurte) Os produtos de

higiene oral podem ser adquiridos com a colaboraccedilatildeo da Autarquia do Centro de Sauacutede dos pais ou

ateacute de alguma empresa Se a escola tiver refeitoacuterio pode tambeacutem ser viaacutevel utilizar os copos do

refeitoacuterio

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34 Escovagem dos den tes ndash Organ izaccedilatildeo da ac t i v idade

A escovagem dos dentes deve ser feita diariamente no jardim-de-infacircncia e na escola apoacutes o almoccedilo agrave

entrada na sala de aula ou apoacutes o intervalo As crianccedilas poderatildeo escovar os dentes na casa de banho no

refeitoacuterio ou na proacutepria sala de aula O processo eacute simples natildeo exigindo muitas condiccedilotildees fiacutesicas das

escolas que satildeo frequentemente utilizadas para justificar a recusa desta actividade

Caso a escola tenha lavatoacuterios suficientes esta actividade pode ser feita na casa de banho Eacute necessaacuterio

definir a hora em que cada uma das salas vai utilizar esse espaccedilo Na casa de banho deveratildeo estar

apenas as crianccedilas que estatildeo a escovar os dentes Os outros esperam a sua vez em fila agrave porta Eacute

essencial que esteja algueacutem (auxiliar professoreducador ou voluntaacuterio) a vigiar para manter a ordem

organizar o processo e corrigir a teacutecnica da escovagem No final da escovagem cada crianccedila lava a

escova e o copo (se natildeo for descartaacutevel) e arruma no local destinado a esse efeito

Quando o espaccedilo fiacutesico natildeo permite que a escovagem seja feita na casa de banho esta actividade pode

ser feita na proacutepria sala de aula Nesta situaccedilatildeo se for possiacutevel utilizar copos descartaacuteveis ou copos de

iogurte facilita o processo e torna-o menos moroso Os alunos mantecircm-se sentados nas suas cadeiras

Retiram da sua mochila o estojo com a escova e o dentiacutefrico Um dos alunos distribui os copos e os

guardanapos (ou toalhetes de papel ou papel higieacutenico) Os alunos escovam os dentes todos ao mesmo

tempo podendo ateacute fazecirc-lo com muacutesica O professor deve ir corrigindo a teacutecnica de escovagem Apoacutes

a escovagem as crianccedilas cospem o excesso de dentiacutefrico para o copo limpam a boca tiram o excesso

de dentiacutefrico e saliva da escova com o papel ou o guardanapo e por fim colocam-no dentro do copo

Tapam a escova e arrumam-na em estojo proacuteprio ou na mochila juntamente com o dentiacutefrico No final

um dos alunos vai buscar um saco de lixo passa por todas as carteiras para que cada uma coloque o

seu copo no lixo Caso alguma das crianccedilas natildeo tolere o restos de dentiacutefrico na cavidade oral pode

colocar-se uma pequena porccedilatildeo de aacutegua no copo e no fim da escovagem bochecha e cospe para o

copo Os pais dos alunos devem ser instruiacutedos para se certificarem que em casa a crianccedila lava a sua

escova com aacutegua corrente e volta a colocaacute-la na mochila No sentido de facilitar o procedimento

recomenda-se que os copos sejam descartaacuteveis e as escovas tenham tampa

35 Escovagem dos den tes - A teacutecn ica A escovagem dos dentes para ser eficaz ou seja para remover a placa bacteriana necessita ser feita

com rigor e demora 2 a 3 minutos Quando se utiliza uma escova manual a escovagem faz-se da

seguinte forma

inclinar a escova em direcccedilatildeo agrave gengiva (cerca de 45ordm) e fazer pequenos movimentos vibratoacuterios

horizontais ou circulares de modo a que os pelos da escova limpem o sulco gengival (espaccedilo que

fica entre o dente e a gengiva)

se for difiacutecil manter esta posiccedilatildeo colocar os pecirclos da escova perpendicularmente agrave gengiva e agrave

superfiacutecie do dente

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escovar 2 dentes de cada vez (os correspondentes ao tamanho da cabeccedila da escova) fazendo

aproximadamente 10 movimentos (ou 5 caso sejam crianccedilas ateacute aos 6 anos) nas superfiacutecies

dentaacuterias abarcadas pela escova

comeccedilar a escovagem pela superfiacutecie externa (do lado da bochecha) do dente mais posterior de um

dos maxilares e continuar a escovar ateacute atingir o uacuteltimo dente da extremidade oposta desse

maxilar

com a mesma sequecircncia escovar as superfiacutecies dentaacuterias do lado da liacutengua

proceder do mesmo modo para fazer a escovagem dos dentes do outro maxilar

escovar as superfiacutecies mastigatoacuterias dos dentes com movimentos de vaiveacutem

por fim pode escovar-se a liacutengua

Quando se utiliza uma escova de dentes eleacutectrica segue-se a mesma sequecircncia de escovagem O

movimento da escova eacute feito automaticamente natildeo deve ser feita pressatildeo ou movimentos adicionais

sobre os dentes A escova desloca-se ao longo da arcada escovando um soacute dente de cada vez A

escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluacuteor deve ser feita duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente agrave noite antes de deitar

3 6 Uso do f io den taacute r io A partir do momento em que haacute destreza manual (a partir dos 8 anos) eacute indispensaacutevel o uso do fio ou

fita dentaacuteria que se utiliza da seguinte forma

retirar cerca de 40 cm de fio (ou fita) do porta fio

enrolar a quase totalidade do fio no dedo meacutedio de uma matildeo e uma pequena porccedilatildeo no dedo meacutedio

da outra matildeo deixando entre os dois dedos uma porccedilatildeo de fio com aproximadamente 25 cm

Quando as crianccedilas satildeo mais pequenas pode retirar-se uma porccedilatildeo mais pequena de fio cerca de

30 cm dar um noacute juntando as 2 pontas formando um ciacuterculo com o fio natildeo havendo necessidade

de o enrolar nos dedos Eacute importante utilizar sempre fio limpo em cada espaccedilo interdentaacuterio Os

polegares eou os indicadores ajudam a manuseaacute-lo

introduzir o fio cuidadosamente entre dois dentes e curva-lo agrave volta do dente que se quer limpar

fazendo com que tome a forma de um ldquoCrdquo

executar movimentos curtos horizontais desde o ponto de contacto entre os dentes ateacute ao sulco

gengival em cada uma das faces que delimitam o espaccedilo interdentaacuterio

repetir este procedimento ateacute que todos os espaccedilos interdentaacuterios de todos os dentes estejam

devidamente limpos

O fio dentaacuterio deve ser utilizado uma vez por dia de preferecircncia agrave noite antes de deitar Na escola os

alunos poderatildeo a aprender a utilizar este meio de remoccedilatildeo de placa bacteriana interdentaacuterio sendo

importante envolver os pais no sentido de lhes pedir colaboraccedilatildeo e permitir que as crianccedilas o utilizem

em casa

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3 7 Reve lador de p laca bac te r i ana O uso de reveladores de placa bacteriana (em soluto ou em comprimidos mastigaacuteveis) permitem

avaliar a higiene oral e consequentemente melhorar as teacutecnicas de escovagem e de utilizaccedilatildeo do fio

dentaacuterio

A partir dos 6 anos de idade estes produtos podem ser usados para que as crianccedilas visualizem a placa

e mais facilmente compreendam que os seus dentes necessitam de ser cuidadosamente limpos

A eritrosina que tem a propriedade de corar de vermelho a placa bacteriana eacute um dos exemplos de

corantes que se podem utilizar Utiliza-se da seguinte forma

colocar 1 a 2 gotas por baixo da liacutengua ou mastigar um comprimido sem engolir

passar a liacutengua por todas as superfiacutecies dentaacuterias

bochechar com aacutegua

A placa bacteriana corada eacute facilmente removida atraveacutes da escovagem dos dentes e do fio dentaacuterio

Nota Para evitar que os laacutebios fiquem corados de vermelho antes de colocar o corante pode passar

batom creme gordo ou vaselina nos laacutebios

3 8 Bochecho f luore tado A partir dos 6 anos pode ser feito o bochecho quinzenal com fluoreto de soacutedio a 02 na escola da

seguinte forma

agitar a soluccedilatildeo e deitar 10 ml em cada copo e distribui-los

indicar a cada crianccedila para colocar o antebraccedilo no rebordo da mesa

introduzir a soluccedilatildeo na boca sem engolir

repousar a testa no antebraccedilo colocando o copo debaixo da boca

bochechar vigorosamente durante 1 minuto

apoacutes este periacuteodo deve ser cuspida tendo o cuidado de natildeo a engolir

Apoacutes o bochecho a crianccedila deve permanecer 30 minutos sem comer nem beber

39 Iacutendice de placa O Iacutendice de Placa (IP) eacute utilizado para quantificar a placa bacteriana em todas as superfiacutecies dentaacuterias e

reflecte os haacutebitos de higiene oral dos indiviacuteduos avaliados

Assim enquanto que um baixo Iacutendice de Placa poderaacute significar um bom impacto das acccedilotildees de

educaccedilatildeo para a sauacutede em sauacutede oral nomeadamente das relacionadas com a higiene um iacutendice

elevado sugere o contraacuterio

Em programas comunitaacuterios geralmente eacute utilizado o Iacutendice de Placa Simplificado que eacute mais raacutepido

de determinar sendo o resultado final igualmente fiaacutevel

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 14

Para se calcular o Iacutendice de Placa Simplificado eacute necessaacuterio atribuir um valor ao tamanho da placa

bacteriana existente nos seguintes 6 dentes e superfiacutecies predeterminados Maxilar superior

1 Primeiro molar superior direito - Superfiacutecie vestibular

2 Incisivo central superior direito - Superfiacutecie vestibular

3 Primeiro molar superior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

4 Primeiro molar inferior esquerdo - Superfiacutecie lingual

5 Incisivo central inferior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

6 Primeiro molar inferior direito - Superfiacutecie lingual

Para atribuir um valor ao tamanho da placa bacteriana existente em cada uma das su

acima referidas eacute necessaacuterio utilizar o revelador de placa bacteriana para a co

facilitar a sua observaccedilatildeo e respectiva classificaccedilatildeo e registo

A cada uma das superfiacutecies dentaacuterias soacute pode ser atribuiacutedo um dos seguintes valore

Valor 0

Valor 1

Valor 2

Valor 3

rarr Se a superfiacutecie do dente natildeo estaacute corada

rarr Se 13 da superfiacutecie estaacute corado

rarr Se 23 da superfiacutecie estatildeo corados

rarr Se estaacute corada toda a superfiacutecie

Feito o registo da observaccedilatildeo individual verifica-se que o somatoacuterio do conjunto de

poderaacute variar entre 0 (zero) e 18 (dezoito)

Dividindo por 6 (seis) este somatoacuterio obteacutem-se o Iacutendice de Placa Individual

Para determinar o Iacutendice de Placa de um grupo de indiviacuteduos divide-se o som

individuais pelo nuacutemero de indiviacuteduos observados multiplicado por seis (o nuacutemer

nuacutemero de dentes seleccionados por indiviacuteduo)

Assim o Iacutendice de Placa poderaacute variar entre 0 (zero) e 3 (trecircs)

Iacutendice de Placa (IP) = Somatoacuterio da classificaccedilatildeo dada a cada dente

Nordm de indiviacuteduos observados x 6

A sauacutede oral das crianccedilas e adolescentes eacute um grave problema de sauacutede puacuteblica ma

simples como as descritas neste documento executadas pelos proacuteprios eou com

encorajadas pela escola e pelos serviccedilos de sauacutede contribuem decididamente para

oral importantes e implementaccedilatildeo efectiva do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas d

Maxilar inferior

perfiacutecies dentaacuterias

rar e dessa forma

s

valores atribuiacutedos

atoacuterio dos valores

o seis representa o

s que com medidas

ajuda da famiacutelia

ganhos em sauacutede

Sauacutede Oral

e EPSrsquorsquo 15

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

F l u o r e t o s

F u n d a m e n t a ccedil atilde o e R e c o m e n d a ccedil otilde e s d a T a s k F o r c e

Documento produzido pela Task Force constituiacuteda pelo Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr

Ricardo Jorge Direcccedilatildeo-Geral de Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura Faculdade de

Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Medicina Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria

Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa e Porto Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento Instituto Superior de

Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia

Ordem dos Meacutedicos Dentistas Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria Sociedade Portuguesa de

Pediatria e os serviccedilos da DGS Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede Divisatildeo de Sauacutede Ambiental

Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

1 F l u o r e t o s

A evidecircncia cientiacutefica tem demonstrado que as mudanccedilas observadas no padratildeo da doenccedila caacuterie

dentaacuteria ocorrem pela implementaccedilatildeo de programas preventivos e terapecircuticos de acircmbito comunitaacuterio

e por estrateacutegias de acccedilatildeo especiacuteficas dirigidas a grupos de risco com criteriosa utilizaccedilatildeo dos

fluoretos

O fluacuteor eacute o elemento mais electronegativo da tabela perioacutedica e raramente existe isolado sendo por

isso habitualmente referido como fluoreto Na natureza encontra-se sob a forma de um iatildeo (F-) em

associaccedilatildeo com o caacutelcio foacutesforo alumiacutenio e tambeacutem como parte de certos silicatos como o topaacutezio

Normalmente presente nas rochas plantas ar aacuteguas e solos este elemento faz parte da constituiccedilatildeo de

alguns materiais plaacutesticos e pode tambeacutem estar presente na constituiccedilatildeo de alguns fertilizantes

contribuindo desta forma para a sua presenccedila no solo aacutegua e alimentos No solo o conteuacutedo de

fluoretos varia entre 20 e 500 ppm contudo nas camadas mais profundas o seu niacutevel aumenta No ar a

concentraccedilatildeo normal de fluoretos oscila entre 005 e 190microgm3 1

Do fluacuteor que eacute ingerido entre 75 e 90 eacute absorvido por via digestiva sendo a mucosa bucal

responsaacutevel pela absorccedilatildeo de menos de 1 Depois de absorvido passa para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea

sob a forma ioacutenica ou de compostos orgacircnicos lipossoluacuteveis A forma ioacutenica que circula livremente e

natildeo se liga agraves proteiacutenas nem aos componentes plasmaacuteticos nem aos tecidos moles eacute a que vai estar

disponiacutevel para ser absorvida pelos tecidos duros Da quantidade total de fluacuteor presente no organismo

99 encontra-se nos tecidos calcificados Entre 10 e 25 do aporte diaacuterio de fluacuteor natildeo chega a ser

absorvido vindo a ser excretado pelas fezes O fluacuteor absorvido natildeo utilizado (cerca de 50) eacute

eliminado por via renal2

O fluacuteor tem uma grande afinidade com a apatite presente no organismo com a qual cria ligaccedilotildees

fortes que natildeo satildeo irreversiacuteveis Este facto deve-se agrave facilidade com que os radicais hidroxilos da

hidroxiapatite satildeo substituiacutedos pelos iotildees fluacuteor formando fluorapatite No entanto a apatite normal do

ser humano presente no osso e dente mesmo em condiccedilotildees ideais de presenccedila de fluacuteor nunca se

aproxima da composiccedilatildeo da fluorapatite pura

Quando o fluacuteor eacute ingerido passa pela cavidade oral daiacute resultando a deposiccedilatildeo de uma determinada

quantidade nos tecidos e liacutequidos aiacute existentes A mucosa jugal as gengivas a placa bacteriana os

dentes e a saliva vatildeo beneficiar imediatamente de um aporte directo de fluacuteor que pode permitir que a

sua disponibilidade na cavidade oral se prolongue por periacuteodos mais longos Eacute um facto que a presenccedila

de fluacuteor no meio oral independentemente da sua fonte resulta numa acccedilatildeo preventiva e terapecircutica

extremamente importante

Nota 22 mg de fluoreto de soacutedio correspondem a 1 mg de fluacuteor Quando se dilui 1 mg de fluacuteor em um litro de aacutegua pura

considera-se que essa aacutegua passou a ter 1 ppm de fluacuteor

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 2

Considera-se actualmente que os benefiacutecios dos fluoretos resultam basicamente da sua acccedilatildeo toacutepica

sobre a superfiacutecie do dente enquanto a sua acccedilatildeo sisteacutemica (preacute-eruptiva) eacute muito menos importante

A acccedilatildeo preventiva e terapecircutica dos fluoretos eacute conseguida predominantemente pela sua acccedilatildeo toacutepica

quer nas crianccedilas quer nos adultos atraveacutes de trecircs mecanismos diferentes responsaacuteveis pela

bull inibiccedilatildeo do processo de desmineralizaccedilatildeo

bull potenciaccedilatildeo do processo de remineralizaccedilatildeo

bull inibiccedilatildeo da acccedilatildeo da placa bacteriana

O uso racional dos fluoretos na profilaxia da caacuterie dentaacuteria com eficaacutecia e seguranccedila baseia-se no

conhecimento actualizado dos seus mecanismos de acccedilatildeo e da sua toxicologia

Com base na evidecircncia cientiacutefica a estrateacutegia de utilizaccedilatildeo dos fluoretos em sauacutede oral foi redefinida

tendo em conta que a sua acccedilatildeo preventiva eacute predominantemente poacutes-eruptiva e toacutepica e a sua acccedilatildeo

toacutexica com repercussotildees a niacutevel dentaacuterio eacute preacute-eruptiva e sisteacutemica

Estudos epidemioloacutegicos efectuados pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) sobre os efeitos do

fluacuteor na sauacutede humana referem que valores compreendidos entre 1 e 15 ppm natildeo representam risco

acrescido Contudo valores entre 15 e 2 ppm em climas quentes poderatildeo contribuir para a ocorrecircncia

de casos de fluorose dentaacuteria e valores entre 3 a 6 ppm para o aparecimento de fluorose oacutessea

Para a OMS a concentraccedilatildeo oacuteptima de fluoretos na aacutegua quando esta eacute sujeita a fluoretaccedilatildeo deve

estar compreendida entre 05 e 15 ppm de F dependendo este valor da temperatura meacutedia do local

que condiciona a quantidade de aacutegua ingerida nas zonas mais frias o valor maacuteximo pode estar perto

do limite superior nas zonas mais quentes o valor deve estar perto do limite inferior para uma

prevenccedilatildeo eficaz da caacuterie dentaacuteria Para que os riscos de fluorose estejam diminuiacutedos os programas de

fluoretaccedilatildeo das aacuteguas devem obedecer a criteacuterios claramente definidos

Nas regiotildees onde a aacutegua da rede puacuteblica conteacutem menos de 03 ppm (mgl) de fluoretos (situaccedilatildeo mais

frequente em Portugal Continental) a dose profilaacutectica oacuteptima considerando a soma de todas as fontes

de fluoretos eacute de 005mgkgdia3

11 Toxicidade Aguda

Uma intoxicaccedilatildeo aguda pelo fluacuteor eacute uma possibilidade extremamente rara Alguns casos tecircm sido

descritos na literatura Estudos efectuados em roedores e extrapolados para o homem adulto permitem

pensar que a dose letal miacutenima de fluacuteor seja de aproximadamente 2 gramas ou 32 a 64 mgkg de peso

corporal mas para uma crianccedila bastam 15 mgkg de peso corporal 2

A partir da ingestatildeo de doses superiores a 5mgkg de peso corporal considera-se a hipoacutetese de vir a ter

efeitos toacutexicos

As crianccedilas pequenas tecircm um risco acrescido de ingerir doses de fluoretos atraveacutes do consumo de

produtos de higiene oral A ingestatildeo acidental de um quarto de um tubo com dentiacutefrico de 125 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 3

(1500 ppm de Fluacuteor) potildee em risco a vida de uma crianccedila de um ano de idade O risco de ingestatildeo

acidental por crianccedilas eacute real e eacute adjuvado pelo tipo de embalagens destes produtos que natildeo tecircm

dispositivos de seguranccedila para a sua abertura

A toxicidade aguda pelos fluoretos poderaacute manifestar-se por queixas digestivas (dor abdominal

voacutemitos hematemeses e melenas) neuroloacutegicas (tremores convulsotildees tetania deliacuterio lentificaccedilatildeo da

voz) renais (urina turva hematuacuteria) metaboacutelicas (hipocalceacutemia hipomagnesieacutemia hipercalieacutemia)

cardiovasculares (arritmias hipotensatildeo) e respiratoacuterias (depressatildeo respiratoacuteria apneias) 4

12 Toxicidade Croacutenica

A dose total diaacuteria de fluoretos administrados por via sisteacutemica isenta de risco de toxicidade croacutenica

situa-se abaixo de 005 mgkgdia de peso A partir desses valores aumentam as manifestaccedilotildees atraveacutes

do aparecimento de hipomineralizaccedilatildeo do esmalte que se revela por fluorose dentaacuteria Com

concentraccedilotildees acima de 25 ppm na aacutegua esta manifestaccedilatildeo eacute mais evidente sendo tanto mais grave

quanto a concentraccedilatildeo de fluoretos vai aumentando O periacuteodo criacutetico para o efeito toacutexico do fluacuteor se

manifestar sobre a denticcedilatildeo permanente eacute entre o nascimento e os 7 anos de idade (ateacute aos 3 anos eacute o

periacuteodo mais criacutetico) Quando existem fluoretos ateacute 3 ppm na aacutegua aleacutem da fluorose natildeo parece

existir qualquer outro efeito toacutexico na sauacutede A partir deste valor aumenta o risco de nefrotoxicidade

Como qualquer outro medicamento os fluoretos em dose excessiva tecircm efeitos toacutexicos que

normalmente se manifestam atraveacutes de uma interferecircncia na esteacutetica dentaacuteria Essa manifestaccedilatildeo eacute a

fluorose dentaacuteria

Estudos recentes sobre suplementos de fluoretos e fluorose 5 confirmam que as comunidades sem aacutegua

fluoretada e que utilizam suplementos de fluoretos durante os primeiros 6 anos de vida apresentam

um aumento do risco de desenvolver fluorose

O principal factor de risco para o aparecimento de fluorose dentaacuteria eacute o aporte total de fluoretos

provenientes de diferentes fontes nomeadamente da alimentaccedilatildeo incluindo a aacutegua e os suplementos

alimentares dentiacutefricos e soluccedilotildees para bochechos comprimidos e gotas e ingestatildeo acidental que natildeo

satildeo faacuteceis de quantificar

A fluorose dentaacuteria aumentou nos uacuteltimos anos em comunidades com e sem aacutegua fluoretada 6

2 F l u o r e t o s n a aacute g u a

2 1 Aacute g u a d e a b a s t e c i m e n t o p uacute b l i c o

A fluoretaccedilatildeo das aacuteguas para consumo humano como meio de suprir o deacutefice de fluoretos na aacutegua eacute

uma praacutetica comum em alguns paiacuteses como o Brasil Austraacutelia Canadaacute EUA e Nova Zelacircndia

Apesar de serem tatildeo diferentes quer do ponto de vista soacutecioeconoacutemico quer geograacutefico eles detecircm

uma experiecircncia superior a 25 anos neste domiacutenio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 4

Na Europa a maior parte dos paiacuteses natildeo faz fluoretaccedilatildeo das suas aacuteguas para consumo humano agrave

excepccedilatildeo da Irlanda da Suiacuteccedila (Basileia) e de 10 da populaccedilatildeo do Reino Unido Na Alemanha eacute

proibido e nos restantes paiacuteses eacute desaconselhado

Nos paiacuteses em que se faz fluoretaccedilatildeo da aacutegua alguns estudos demonstraram natildeo ter existido um ganho

efectivo na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria No entanto outros como a Austraacutelia no Estado de Victoacuteria

onde a fluoretaccedilatildeo da aacutegua se faz regularmente observaram-se ganhos efectivos na sauacutede oral da

populaccedilatildeo com consequentes ganhos econoacutemicos

Recomendaccedilatildeo Eacute indispensaacutevel avaliar a qualidade das aacuteguas de abastecimento puacuteblico periodicamente e corrigir os

paracircmetros alterados

Na aacutegua os valores das concentraccedilotildees de fluoretos estatildeo compreendidas entre 01 a 07 ppm Contudo

em alguns casos podem apresentar valores muito mais elevados

Quando a aacutegua apresenta valores de ph superiores a 8 e o iatildeo soacutedio e os carbonatos satildeo dominantes os

valores de fluoretos normalmente presentes excedem 1 ppm

Nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica os fluoretos podem existir naturalmente ou resultar de um

programa de fluoretaccedilatildeo Em Portugal Continental os valores satildeo normalmente baixos e as aacuteguas natildeo

estatildeo sujeitas a fluoretaccedilatildeo artificial O teor de fluoretos deveraacute ser controlado regularmente de modo

a preservar os interesses da sauacutede puacuteblica 7

Na definiccedilatildeo de um valor guia para a aacutegua de consumo humano a OMS propotildee o valor limite de 15

ppm de Fluacuteor referindo que valores superiores podem contribuir para o aumento do risco de fluorose

A Agecircncia Americana para o Ambiente (USEPA) refere um valor maacuteximo admissiacutevel de fluoretos na

aacutegua de consumo humano de 15 ppm e recomenda que nunca se ultrapasse os 4 ppm

Em Portugal a legislaccedilatildeo actualmente em vigor sobre a qualidade da aacutegua para consumo humano

decreto-lei nordm 23698 de 1 de Agosto define dois Valores Maacuteximos Admissiacuteveis (VMA) para os

fluoretos 15 ppm (8 a 12 ordmC) e 07 ppm (25 a 30 ordmC) O decreto-lei nordm 2432001 de 5 de Setembro

que transpotildee a Directiva Comunitaacuteria nordm 9883CE de 3 de Novembro que entrou em vigor em 25 de

Dezembro de 2003 define para os fluoretos um Valor Parameacutetrico (VP) de 15 ppm

O decreto-lei nordm 24301 remete para a Entidade Gestora a verificaccedilatildeo da conformidade dos valores

parameacutetricos obrigatoacuterios aplicaacuteveis agrave aacutegua para consumo humano Sempre que um valor parameacutetrico

eacute excedido isso corresponde a uma situaccedilatildeo de incumprimento e perante esta situaccedilatildeo a entidade

gestora deve de imediato informar a autoridade de sauacutede e a entidade competente dando conta das

medidas correctoras adoptadas ou em curso para restabelecer a qualidade da aacutegua destinada a consumo

humano

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 5

Deve ter-se em atenccedilatildeo o desvio em relaccedilatildeo ao valor parameacutetrico fixado e o perigo potencial para a

sauacutede humana

Segundo o decreto-lei supra mencionado artigo 9ordm compete agraves autoridades de sauacutede a vigilacircncia

sanitaacuteria e a avaliaccedilatildeo do risco para a sauacutede puacuteblica da qualidade da aacutegua destinada ao consumo

humano Sempre que o risco exista e o incumprimento persistir a autoridade de sauacutede deve informar e

aconselhar os consumidores afectados e determinar a proibiccedilatildeo de abastecimento restringir a

utilizaccedilatildeo da aacutegua que constitua um perigo potencial para a sauacutede humana e adoptar todas as medidas

necessaacuterias para proteger a sauacutede humana

Nos Accedilores e na Madeira ou em zonas onde o teor de fluoretos na aacutegua eacute muito elevado deveraacute ser

feita uma verificaccedilatildeo da constante e a correcccedilatildeo adequada

Os principais tratamentos de desfluoretaccedilatildeo envolvem a floculaccedilatildeo da aacutegua usando sais hidratados de

alumiacutenio principalmente em condiccedilotildees alcalinas No caso de aacuteguas aacutecidas pode-se adicionar cal e

alternativamente pode-se recorrer agrave adsorccedilatildeo com carvatildeo activado ou alumina activada ( Al2O3 ) ou

por permuta ioacutenica usando resinas especiacuteficas

Recomendaccedilatildeo Ateacute aos 6-7 anos as crianccedilas natildeo devem ingerir regularmente aacutegua com teor de fluoretos superior a 07 ppm

Recomendaccedilatildeo Sempre que o valor parameacutetrico dos fluoretos na aacutegua para consumo humano exceder 15 ppm deveratildeo ser aplicadas

medidas correctoras para restabelecer a qualidade da aacutegua

2 2 Aacute g u a s m i n e r a i s n a t u r a i s e n g a r r a f a d a s

As aacuteguas minerais naturais engarrafadas deveratildeo no futuro ter rotulagem de acordo com a Directiva

Comunitaacuteria 200340CE da Comissatildeo Europeia de 16 de Maio publicada no Jornal Oficial da Uniatildeo

Europeia em 2252003 artigo 4ordm laquo1 As aacuteguas minerais naturais cuja concentraccedilatildeo em fluacuteor for

superior a 15 mgl (ppm) devem ostentar no roacutetulo a menccedilatildeo lsquoconteacutem mais de 15 mgl (ppm) de

fluacuteor natildeo eacute adequado o seu consumo regular por lactentes nem por crianccedilas com menos de 7 anosrsquo

2 No roacutetulo a menccedilatildeo prevista no nordm 1 deve figurar na proximidade imediata da denominaccedilatildeo de

venda e em caracteres claramente visiacuteveis 3

As aacuteguas minerais naturais que em aplicaccedilatildeo do nordm 1 tiverem de ostentar uma menccedilatildeo no roacutetulo

devem incluir a indicaccedilatildeo do teor real em fluacuteor a niacutevel da composiccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica em constituintes

caracteriacutesticos tal como previsto no nordm 2 aliacutenea a) do artigo 7ordm da Directiva 80777CEEraquo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 6

Para as aacuteguas de nascente cujas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas satildeo definidas pelo Decreto-lei

2432001 de 5 de Setembro em vigor desde Dezembro de 2003 os limites para o teor de fluoretos satildeo

de 15 mgl (ppm)

De acordo com o parecer do Scientific Committee on Food - Comiteacute Cientiacutefico de Alimentaccedilatildeo

Humana (expresso em Dezembro de 1996) a Comissatildeo natildeo vecirc razotildees para nos climas da Uniatildeo

Europeia (climas temperados) limitar os fluoretos nas aacuteguas de consumo humano e nas aacuteguas minerais

naturais para valores inferiores a 15mgl (ppm)

3 F l u o r e t o s n o s g eacute n e r o s a l i m e n t iacute c i o s

Entende-se por lsquogeacutenero alimentiacuteciorsquo qualquer substacircncia ou produto transformado parcialmente

transformado ou natildeo transformado destinado a ser ingerido pelo ser humano ou com razoaacuteveis

probabilidades de o ser Este termo abrange bebidas pastilhas elaacutesticas e todas as substacircncias

incluindo a aacutegua intencionalmente incorporadas nos geacuteneros alimentiacutecios durante o seu fabrico

preparaccedilatildeo ou tratamento8 9

Na alimentaccedilatildeo as estimativas de ingestatildeo de fluacuteor atraveacutes da dieta variam entre 02 e 34 mgdia

sendo estes uacuteltimos valores atingidos quando se inclui o chaacute na alimentaccedilatildeo A ingestatildeo de fluoretos

provenientes dos alimentos comuns eacute pouco significativa Apenas 13 se apresentam na forma

ionizaacutevel e portanto biodisponiacutevel

Recomendaccedilatildeo Independentemente da origem ao utilizar aacutegua informe-se sobre o seu teor em fluoretos As que tecircm um elevado teor

deste elemento natildeo satildeo adequadas para lactentes e crianccedilas com menos de 7 anos

Recomendaccedilatildeo Dar prioridade a uma dieta equilibrada e saudaacutevel com diversidade alimentar Utilizar a aacutegua da cozedura dos

alimentos para confeccionar outros alimentos (ex sopas arroz)

No iniacutecio do ano de 2003 a Comissatildeo Europeia apresentou uma nova proposta de Directiva

Comunitaacuteria relativa agrave ldquoAdiccedilatildeo aos geacuteneros alimentiacutecios de vitaminas minerais e outras substacircnciasrdquo

onde os fluoretos satildeo referidos como podendo ser adicionados a geacuteneros alimentiacutecios comuns Nesta

proposta de Directiva Comunitaacuteria eacute sugerida a inclusatildeo de determinados nutrimentos (entre eles o

fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de geacuteneros alimentiacutecios comuns Esta proposta

prevista no Livro Branco da Comissatildeo ainda estaacute numa fase inicial de discussatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 7

4 F l u o r e t o s e m s u p l e m e n t o a l i m e n t a r

Entende-se por lsquosuplementos alimentaresrsquo geacuteneros alimentiacutecios que se destinam a complementar e ou

suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas

substacircncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisioloacutegico estremes ou combinados

comercializados em forma doseada tais como caacutepsulas pastilhas comprimidos piacutelulas e outras

formas semelhantes saquetas de poacute ampola de liacutequido frascos com conta gotas e outras formas

similares de liacutequido ou poacute que se destinam a ser tomados em unidades medidas de quantidade

reduzida10

A Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002

transposta para o direito nacional pelo Decreto-lei nordm 1362003 de 28 de Junho relativa agrave aproximaccedilatildeo

das legislaccedilotildees dos Estados-Membros respeitantes aos suplementos alimentares vai permitir a inclusatildeo

de determinados nutrimentos (entre eles o fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de

suplementos alimentares11

A partir de 28 de Agosto de 2003 os fluoretos poderatildeo ser comercializados como suplemento

alimentar passando a estar disponiacutevel em farmaacutecias e superfiacutecies comerciais

As quantidades maacuteximas de vitaminas e minerais presentes nos suplementos alimentares satildeo fixadas

em funccedilatildeo da toma diaacuteria recomendada pelo fabricante tendo em conta os seguintes elementos

a) limites superiores de seguranccedila estabelecidos para as vitaminas e os minerais apoacutes uma

avaliaccedilatildeo dos riscos efectuada com base em dados cientiacuteficos geralmente aceites tendo em

conta quando for caso disso os diversos graus de sensibilidade dos diferentes grupos de

consumidores

b) quantidade de vitaminas e minerais ingerida atraveacutes de outras fontes alimentares

c) doses de referecircncia de vitaminas e minerais para a populaccedilatildeo

Recomendaccedilatildeo Nunca ultrapassar a toma indicada no roacutetulo do produto e natildeo utilizar um suplemento alimentar como substituto de um

regime alimentar variado

As quantidades maacuteximas e miacutenimas de vitaminas e minerais referidas seratildeo adoptadas pela Comissatildeo

Europeia assistida pelo Comiteacute de Regulamentaccedilatildeo

Em Portugal a Agecircncia para a Qualidade e Seguranccedila Alimentar viraacute a ter informaccedilatildeo sobre todos os

suplementos alimentares comercializados como geacuteneros alimentiacutecios e introduzidos no mercado de

acordo com o Decreto-lei nordm 1362003

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 8

A rotulagem dos suplementos alimentares natildeo poderaacute mencionar nem fazer qualquer referecircncia a

prevenccedilatildeo tratamento ou cura de doenccedilas humanas e deveraacute indicar uma advertecircncia de que os

produtos devem ser guardados fora do alcance das crianccedilas

5 F luore tos em med icamentos e p rodutos cosmeacutet icos de h ig iene corpora l

A distinccedilatildeo entre Medicamento e Produto Cosmeacutetico de Higiene Corporal contendo fluoretos depende

do seu teor no produto Os cosmeacuteticos contecircm obrigatoriamente uma concentraccedilatildeo de fluoretos inferior

a 015 (1500 ppm) (Decreto-lei 1002001 de 28 de Marccedilo I Seacuterie A) sendo que todos os dentiacutefricos

com concentraccedilotildees de fluoretos superior a 015 satildeo obrigatoriamente classificados como

medicamentos

Os medicamentos contendo fluoretos e utilizados para a profilaxia da caacuterie dentaacuteria existentes no

mercado portuguecircs satildeo de venda livre em farmaacutecia Encontram-se disponiacuteveis nas formas

farmacecircuticas de soluccedilatildeo oral (gotas orais) comprimidos dentiacutefricos gel dentaacuterio e soluccedilatildeo de

bochecho

5 1 F l u o r e t o s e m c o m p r i m i d o s e g o t a s o r a i s

A utilizaccedilatildeo de medicamentos contendo fluoretos na forma de gotas orais e comprimidos foi ateacute haacute

pouco recomendada pelos profissionais de sauacutede (pediatras meacutedicos de famiacutelia cliacutenicos gerais

meacutedicos estomatologistas meacutedicos dentistas) dos 6 meses ateacute aos 16 anos

A clarificaccedilatildeo do mecanismo de acccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria e o aumento de

aporte dos mesmos com consequentes riscos de manifestaccedilatildeo toacutexica obrigaram agrave revisatildeo da sua

administraccedilatildeo em comprimidos eou gotas A gravidade da fluorose dentaacuteria estaacute relacionada com a

dose a duraccedilatildeo e com a idade em que ocorre a exposiccedilatildeo ao fluacuteor 12 13

A ldquoCanadian Consensus Conference on the Appropriate Use of Fluoride Supplements for the

Prevention of Dental Caries in Childrenrdquo 14definiu um protocolo cuja utilizaccedilatildeo eacute recomendada a

profissionais de sauacutede em que se fundamenta a tomada de decisatildeo sobre a necessidade ou natildeo da

suplementaccedilatildeo de fluacuteor A administraccedilatildeo de comprimidos soacute eacute recomendada quando o teor de fluoretos

na aacutegua de abastecimento puacuteblico for inferior a 03 ppm e

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) natildeo escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas

vezes por dia

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas vezes

por dia mas apresenta um alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 9

Por sua vez a conclusatildeo do laquoForum on Fluoridation 2002raquo15 relativamente agrave administraccedilatildeo de

suplementos de fluoretos foi a seguinte limitar a utilizaccedilatildeo de comprimidos de fluoretos a aacutereas onde

natildeo existe aacutegua fluoretada e iniciar essa suplementaccedilatildeo apenas a crianccedilas com alto risco agrave caacuterie e a

partir dos 3 anos

Os comprimidos de fluoretos caso sejam indicados devem ser usados pelo interesse da sua acccedilatildeo

toacutepica Devem ser dissolvidos na boca em vez de imediatamente ingeridos16

A administraccedilatildeo de fluoretos sob a forma de comprimidos chupados soacute deveraacute ser efectuada em

situaccedilotildees excepcionais isto eacute em populaccedilotildees de baixos recursos econoacutemicos nas quais a escovagem

natildeo possa ser promovida e os iacutendices de caacuterie sejam elevados

Para evitar a potencial toxicidade dos fluoretos antes de qualquer prescriccedilatildeo todos os profissionais de

sauacutede devem efectuar uma avaliaccedilatildeo personalizada dos aportes diaacuterios de cada crianccedila tendo em conta

todas as fontes possiacuteveis desse elemento alimentos comuns suplementos alimentares consumo de

aacutegua da rede puacuteblica eou aacutegua engarrafada e respectivo teor de fluoretos e utilizaccedilatildeo de medicamentos

e produtos cosmeacuteticos contendo fluacuteor

Recomendaccedilatildeo A partir dos 3 anos os suplementos sisteacutemicos de fluoretos poderatildeo ser prescritos pelo meacutedico assistente ou meacutedico dentista em crianccedilas que apresentem um alto risco

agrave caacuterie dentaacuteria

5 2 F l u o r e t o s e m d e n t iacute f r i c o s

Hoje em dia a maior parte dos dentiacutefricos agrave venda no mercado contecircm fluoretos sob diferentes formas

fluoreto de soacutedio monofluorfosfato de soacutedio fluoreto de amina e outros Os mais utilizados satildeo o

fluoreto de soacutedio e o monofluorfosfato de soacutedio

Normalmente o conteuacutedo de fluoreto dos dentiacutefricos eacute de 1000 a 1100 ppm (ou 010 a 011)

podendo variar entre 500 e 1500 ppm

Durante a escovagem cerca de 34 da pasta eacute ingerida por crianccedilas de 3 anos 28 pelas de 4-5 anos

e 20 pelas de 5-7 anos

Devem ser evitados dentiacutefricos com sabor a fruta para impedir o seu consumo em excesso uma vez

que estatildeo jaacute descritos na literatura casos de fluorose resultantes do abuso de dentiacutefricos2

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluoretos duas vezes por dia tem-se revelado um

meio colectivo de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria com grande efectividade e baixo custo pelo que deve

ser considerado o meio de eleiccedilatildeo em estrateacutegias comunitaacuterias

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 10

Do ponto de vista da prevenccedilatildeo da caacuterie a aplicaccedilatildeo toacutepica de dentiacutefrico fluoretado com a escova dos

dentes deve ser executada duas vezes por dia e deve iniciar-se quando se daacute a erupccedilatildeo dos dentes Esta

rotina diaacuteria de higiene executada naturalmente com muito cuidado pelos pais deve

progressivamente ser assumida pela crianccedila ateacute aos 6-8 anos de idade Durante este periacuteodo a

escovagem deve ser sempre vigiada pelos pais ou educadores consoante as circunstacircncias para evitar

a utilizaccedilatildeo de quantidades excessivas de dentiacutefrico o qual pode da mesma forma que os

comprimidos conduzir antes dos 6 anos agrave ocorrecircncia de fluorose

As crianccedilas devem usar dentiacutefrico com teor de fluoretos entre 1000-1500 ppm de fluoreto (dentiacutefrico

de adulto) sendo a quantidade a utilizar do tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

Apoacutes a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado pode-se natildeo bochechar com aacutegua Deveraacute

apenas cuspir-se o excesso de pasta Deste modo consegue-se uma mais alta concentraccedilatildeo de fluoreto

na cavidade oral que vai actuar topicamente durante mais tempo

Os pais das crianccedilas devem receber informaccedilatildeo sobre a escovagem dentaacuteria e o uso de dentiacutefricos

fluoretados A escovagem com dentiacutefrico fluoretado deve iniciar-se imediatamente apoacutes a erupccedilatildeo dos

primeiros dentes Os dentiacutefricos fluoretados devem ser guardados em locais inacessiacuteveis agraves crianccedilas

pequenas17

5 3 F l u o r e t o s e m s o l u ccedil otilde e s d e b o c h e c h o

As soluccedilotildees para bochechos recomendadas a partir dos 6 anos de idade tecircm sido utilizadas em

programas escolares de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria em inuacutemeros paiacuteses incluindo Portugal Satildeo

recomendadas a indiviacuteduos de maior risco agrave caacuterie dentaacuteria mas a sua utilizaccedilatildeo tem vido a ser

restringida a crianccedilas que escovam eficazmente os dentes

Recomendaccedilatildeo Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Recomendaccedilatildeo A partir dos 6 anos de idade deve ser feito o bochecho quinzenalmente com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

02

As soluccedilotildees fluoretadas de uso diaacuterio habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

005 e as de uso semanal ou quinzenal habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de 02

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 11

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 12

Referecircncias

1 Diegues P Linhas de Orientaccedilatildeo associadas agrave presenccedila de fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento 2003 Documento produzido no acircmbito da task force Sauacutede Oral e Fluacuteor Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar e na Divisatildeo de Sauacutede Ambiental da DGS 2 Melo PRGR Influecircncia de diferentes meacutetodos de administraccedilatildeo de fluoretos nas variaccedilotildees de incidecircncia de caacuterie Porto Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto 2001 Tese de doutoramento 3 Agence Francaise de Seacutecuriteacute des Produits de Santeacute Mise au point sur le fluacuteor et la prevention de la carie dentaire AFSPS 31 Juillet 2002 4 Leikin JB Paloucek FP Poisoning amp Toxicology Handbook 3th edition Hudson Lexi- Comp 2002 586-7 5 Ismail AI Bandekar RR Fluoride suplements and fluorosis a meta-analysis Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 48-56 6 Steven ML An update on Fluorides and Fluorosis J Can Dent Assoc 200369(5)268-91 7 Pinto R Cristovatildeo E Vinhais T Castro MF Teor de fluoretos nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica nas sedes de concelho de Portugal Continental Revista Portuguesa de Estomatologia Medicina Dentaacuteria e Cirurgia Maxilofacial 1999 40(3)125-42 8 Regulamento 1782002 do Parlamento Europeu e do Conselho de 28 de Janeiro Jornal Oficial das Comunidades Europeias (2002021) 9 Decreto ndash lei nordm 5601999 DR I Seacuterie A 147 (991218) 10 Decreto ndash lei nordm 1362003 DR I Seacuterie A 293 (20030628) 11 Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002 Jornal Oficial das Comunidades Europeias (20020712) 12 Aoba T Fejerskov O Dental fluorosis Chemistry and Biology Crit Rev Oral Biol Med 2002 13(2) 155-70 13 DenBesten PK Biological mechanisms of dental fluorosis relevant to the use of fluoride supplements Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 41-7 14 Limeback H Introduction to the conference Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 27-30 15 Report of the Forum of fluoridation 2002Governement of Ireland 2002 wwwfluoridationforumie 16 Featherstone JDB Prevention and reversal of dental caries role of low level fluoride Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 31-40 17 Pereira A Amorim A Peres F Peres FR Caldas IM Pereira JA Pereira ML Silva MJ Caacuteries Precoces da InfacircnciaLisboa Medisa Ediccedilotildees e Divulgaccedilotildees Cientiacuteficas Lda 2001 Bibliografia

1 Almeida CM Sugestotildees para a Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2002 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e na Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa

2 Rompante P Fundamentos para a alteraccedilatildeo do Programa de Sauacutede Oral da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Documento realizado no acircmbito da Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2003 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e no Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede ndash Norte

3 Rompante P Determinaccedilatildeo da quantidade do elemento fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento puacuteblico na totalidade das sedes de concelho de Portugal Continental Porto Faculdade de Odontologia da Universidade de Barcelona 2002 Tese de Doutoramento

4 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in Children at High Caries Risk SIGN Publication 2000 47

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Page 11: Direcção-Geral da SaúdePrograma será complementado, sempre que oportuno, por orientações técnicas a emitir por esta Direcção-Geral. O Director-Geral e Alto Comissário da

Assim nos intervalos das aulas a oferta deveraacute possibilitar escolhas saudaacuteveis e

econoacutemicas como leite patildeo e fruta em detrimento de refrigerantes e bolos

Os princiacutepios da promoccedilatildeo da sauacutede devem constituir uma referecircncia para os

projectos de educaccedilatildeo alimentar As Escolas devem assegurar uma poliacutetica

nutricional que promova uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel com coordenaccedilatildeo entre os

serviccedilos que fornecem produtos alimentares na cantina e no bufete natildeo sendo

admissiacuteveis contradiccedilotildees entre as mensagens de educaccedilatildeo alimentar a oferta de

alimentos e a forma como satildeo confeccionados

Os projectos de educaccedilatildeo alimentar soacute ficaratildeo completos se envolverem os alunos

Eles satildeo os actores activos da pesquisa pois soacute compreendendo o que eacute uma

alimentaccedilatildeo equilibrada poderatildeo adoptar uma atitude criacutetica e selectiva na compra e

no consumo dos produtos alimentares Soacute conhecendo os direitos e deveres dos

consumidores se podem alicerccedilar praacuteticas saudaacuteveis

No 1ordm Ciclo

Os ingredientes essenciais da educaccedilatildeo alimentar na escola vatildeo desde a abordagem

dos haacutebitos alimentares agraves questotildees da alimentaccedilatildeo e sauacutede e agrave cadeia alimentar

produccedilatildeo fabrico transformaccedilatildeo distribuiccedilatildeo de alimentos conservaccedilatildeo e higiene

Todos estes aspectos podem ser desenvolvidos no estudo do meio na liacutengua

portuguesa na matemaacutetica e nas aacutereas da expressatildeo musical dramaacutetica e plaacutestica

No 2ordm e 3ordm Ciclos

A implementaccedilatildeo de um Projecto de Educaccedilatildeo Alimentar implica a mobilizaccedilatildeo dos

curriacuteculos disciplinares do maior nuacutemero possiacutevel de disciplinas

Nas Ciecircncias Naturais pode ser realccedilada a importacircncia da alimentaccedilatildeo e a sua

relaccedilatildeo com o funcionamento do corpo e a sauacutede na Histoacuteria pode ser abordada a

evoluccedilatildeo das sociedades e dos seus haacutebitos alimentares nas Ciecircncias Fiacutesico-

Quiacutemicas pode ser estimulado o interesse pelo meio fiacutesico onde os alimentos se

produzem e se transformam com possiacutevel envolvimento da Liacutengua Portuguesa da

Matemaacutetica da Geografia da Educaccedilatildeo Visual Fiacutesica e Tecnoloacutegica eou das aacutereas

curriculares natildeo disciplinares

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 9

Higiene Oral

A higiene oral deve ser abordada no contexto da aquisiccedilatildeo de comportamentos de

higiene pessoal As aprendizagens deveratildeo relacionar os saberes com as vivecircncias

dentro e fora da escola A estrutura dos programas do ensino baacutesico eacute

suficientemente aberta e flexiacutevel para atender os diversos pontos de partida os

interesses e as necessidades dos alunos assim como as caracteriacutesticas do meio

Deste modo os conteuacutedos da sauacutede oral e da higiene oral podem ser associados ao

desenvolvimento de haacutebitos de higiene pessoal e de vida saudaacutevel

No 1ordm Ciclo recomendamos que as crianccedilas faccedilam uma das escovagens dos dentes

no proacuteprio estabelecimento de ensino Esta escovagem deve ser orientada pelos

professores a quem deveraacute ser dada formaccedilatildeo para esta actividade e regularmente

pelo menos uma vez em cada trimestre supervisionada pela equipa de sauacutede escolar

Seraacute de estimular a auto-responsabilizaccedilatildeo da crianccedila pela sua higiene oral de

manhatilde e agrave noite

Escovagem dos dentes

Na escola deve ser monitorizada a execuccedilatildeo e a efectividade desta actividade A

execuccedilatildeo da escovagem pode ser monitorizada atraveacutes de um registo diaacuterio num

mapa de turma e a efectividade pode ser avaliada atraveacutes da utilizaccedilatildeo do revelador

de placa bacteriana e do caacutelculo do Iacutendice de lsquoPlaca Simplificadorsquo realizado pelos

profissionais de sauacutede10

Fio dentaacuterio

A higienizaccedilatildeo dos espaccedilos interdentaacuterios deve comeccedilar a ser feita por volta dos 9-

10 anos quando a crianccedila comeccedila a ter destreza manual para utilizar o fio dentaacuterio

A teacutecnica deve ser claramente explicada e treinada11

Bochecho fluoretado

Todas as crianccedilas e jovens que frequentam as escolas do 1ordm Ciclo do Ensino Baacutesico

devem fazer o bochecho quinzenal com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a 0212

As estrateacutegias e teacutecnicas de realizaccedilatildeo e implementaccedilatildeo na escola das medidas de

promoccedilatildeo da sauacutede oral preconizadas encontram-se descritas no Texto de Apoio

anexo a esta Circular Normativa da qual faz parte integrante

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 10

Sauacutede Oral na Adolescecircncia

No decurso da adolescecircncia em que se reorganiza a forma de estar no mundo se

reformula o autoconceito atraveacutes nomeadamente dos reforccedilos positivos da auto-

imagem a higiene oral pode desempenhar um contributo importante para esse

processo Neste periacuteodo a adesatildeo a praacuteticas adequadas em termos de sauacutede oral natildeo

passa estritamente por motivaccedilotildees de caraacutecter sanitaacuterio

Tendo isso em conta os profissionais de sauacutede ligados agraves acccedilotildees educativas e

preventivas neste domiacutenio natildeo podem deixar de valorizar as expectativas dos jovens

acerca dos laacutebios da boca e dos dentes nos planos esteacutetico e relacional

Sauacutede Oral em crianccedilas e de jovens com Necessidades de Sauacutede Especiais

A promoccedilatildeo da sauacutede oral de crianccedilas e jovens com Necessidades de Sauacutede

Especiais estaacute descrita no laquoManual de Boas Praacuteticas em Sauacutede Oralraquo editado pela

DGS13

A administraccedilatildeo de suplemento sisteacutemico de fluoretos recomendada deve ser

corrigida de acordo com as orientaccedilotildees introduzidas pelo presente documento

72 Prevenccedilatildeo das doenccedilas orais

Em sauacutede infantil e juvenil a observaccedilatildeo da boca e dos dentes feita pela equipa de

sauacutede pelo meacutedico de famiacutelia ou pelo pediatra comeccedila aos 6 meses e prolonga-se

ateacute aos 18 anos14

A estes profissionais compete reforccedilar as medidas de promoccedilatildeo da sauacutede oral

descritas anteriormente e fazer o diagnoacutestico precoce de caacuterie dentaacuteria registando

os dados na Ficha Individual de Sauacutede Oral e no Boletim de Sauacutede Infantil

Em Sauacutede Escolar tambeacutem poderaacute ser feita essa observaccedilatildeo

Face a um diagnoacutestico ou a uma suspeita de doenccedila oral a crianccedila deve ser

encaminhada para o gestor do programa no Centro de Sauacutede

Se o Centro de Sauacutede tiver higienista oral estomatologista ou meacutedico dentista eacute

feita a avaliaccedilatildeo do risco individual de caacuterie e a protecccedilatildeo dos dentes agraves crianccedilas e

jovens de alto risco

Se o Centro de Sauacutede natildeo dispuser de profissionais de sauacutede oral o gestor do

programa encaminharaacute as crianccedilas para os serviccedilos de estomatologia dos hospitais

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 11

distritais ou centrais caso tenham resposta ou para um meacutedico estomatologista

meacutedico dentista contratualizado

A partir do momento em que a crianccedila apresenta um dente com uma lesatildeo de caacuterie

dentaacuteria passa a exigir medidas preventivas e terapecircuticas especiacuteficas Apoacutes o

tratamento da lesatildeo de caacuterie essa crianccedila eacute incluiacuteda num grupo que do ponto de

vista preventivo exigiraacute maior atenccedilatildeo e acompanhamento

A protecccedilatildeo dos dentes em crianccedilas com alto risco agrave caacuterie dentaacuteria consiste na

execuccedilatildeo de uma ou mais medidas

Aplicaccedilatildeo de selantes de fissura

Suplemento de fluoretos um (1) comprimido diaacuterio de 025 mg que deve ser

dissolvido lentamente na boca agrave noite antes de deitar

Verniz de fluacuteor ou de clorohexidina

A estrateacutegia preventiva e terapecircutica do programa complementam-se com a

avaliaccedilatildeo do risco individual de caacuterie dentaacuteria

A avaliaccedilatildeo eacute feita a partir da conjugaccedilatildeo dos seguintes factores de risco evidecircncia

cliacutenica de doenccedila anaacutelise dos haacutebitos alimentares controlo da placa bacteriana

niacutevel socioeconoacutemico da famiacutelia e histoacuteria cliacutenica da crianccedila15

Factores de Risco Baixo Risco Alto Risco

Evidecircncia cliacutenica de doenccedila

Sem lesotildees de caacuterie Nenhum dente perdido devido a caacuterie Poucas ou nenhumas obturaccedilotildees

Lesotildees activas de caacuterie Extracccedilotildees devido a caacuterie Duas ou mais obturaccedilotildees Aparelho fixo de ortodontia

Anaacutelise dos haacutebitos alimentares

Ingestatildeo pouco frequente de alimentos accedilucarados

Ingestatildeo frequente de alimentos accedilucarados em particular entre as refeiccedilotildees

Utilizaccedilatildeo de fluoretos

Uso regular de dentiacutefrico fluoretado

Natildeo utilizaccedilatildeo regular de qualquer dentiacutefrico fluoretado

Controlo da placa bacteriana

Escovagem dos dentes duas ou mais vezes por dia

Natildeo escova os dentes ou faz uma escovagem pouco eficaz

Niacutevel socioeconoacutemico da famiacutelia

Meacutedio ou alto Baixo

Histoacuteria cliacutenica da crianccedila

Sem problemas de sauacutede Ausecircncia de medicaccedilatildeo croacutenica

Portador de deficiecircncia fiacutesica ou mental Ingestatildeo prolongada de medicamentos cariogeacutenicos Doenccedilas Croacutenicas Xerostomia

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 12

As crianccedilas e os jovens que natildeo se inscrevem em nenhuma das categorias anteriores

satildeo considerados de risco moderado

Os criteacuterios de avaliaccedilatildeo do risco individual de caacuterie dentaacuteria seratildeo

complementados com orientaccedilotildees teacutecnicas a emitir pela Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

73 Diagnoacutestico precoce e tratamento dentaacuterio

O diagnoacutestico precoce e os tratamentos dentaacuterios podem ser feitos no Centro de

Sauacutede nos serviccedilos de estomatologia do Hospital ou pelos meacutedicos estomatologistas

ou meacutedicos dentistas contratualizados da sua aacuterea de atracccedilatildeo

Nos Centros de Sauacutede onde existe Higienista Oral este gere os encaminhamentos

quando haacute necessidade de tratamentos e a frequecircncia da vigilacircncia da sauacutede oral das

crianccedilas e dos jovens do seu ficheiro

A contratualizaccedilatildeo com profissionais de sauacutede oral permite-nos garantir cuidados de

sauacutede oral a todas as crianccedilas em Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral

que desenvolvam caacuterie dentaacuteria

O processo seraacute implementado progressivamente O meacutedico estomatologistameacutedico

dentista responsabiliza-se pelo acompanhamento individual das crianccedilas que lhe satildeo

remetidas pelo SNS

O encaminhamento deve respeitar a liberdade de escolha do utente e a capacidade

de resposta do profissional contratualizado

8 Avaliaccedilatildeo do Programa

A avaliaccedilatildeo do programa tem periodicidade anual pelo que os indicadores a utilizar

teratildeo necessariamente que ser faacuteceis de obter e fiaacuteveis Satildeo eles que iratildeo permitir a

monitorizaccedilatildeo do programa e os avanccedilos alcanccedilados em cada regiatildeo de sauacutede e nos

diversos grupos etaacuterios

As fontes de dados satildeo nos serviccedilos puacuteblicos os registos habituais de actividades e

os mapas de sauacutede oral e sauacutede escolar nos serviccedilos privados a informaccedilatildeo

produzida pelos profissionais de sauacutede oral contratualizados registada na Ficha

Individual de Sauacutede Oral transcrita para o Mapa Anual da intervenccedilatildeo meacutedico-

dentaacuteria e enviada para o serviccedilo com quem contratualizou

A qualidade das prestaccedilotildees contratualizadas seraacute feita por avaliaccedilatildeo externa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 13

Os indicadores de avaliaccedilatildeo do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral satildeo

Percentagem de crianccedilas em programa aos 3 6 12 e 15 anos

Percentagem de crianccedilas em programa no Jardim-de-infacircncia e na Escola no 1ordm

ciclo 2ordm ciclo e 3ordm ciclo

Percentagem de crianccedilas com necessidades de tratamentos dentaacuterios

encaminhadas e tratadas

Percentagem de crianccedilas de alto risco agrave caacuterie

Percentagem de crianccedilas livres de caacuterie aos 6 anos

Iacutendice cpod e CPOD aos 6 anos

Iacutendice CPOD aos 12 anos

Esta avaliaccedilatildeo anual natildeo substitui as avaliaccedilotildees quinquenais de acircmbito nacional que a

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede com as Administraccedilotildees Regionais de Sauacutede e as Secretarias

Regionais continuaratildeo a realizar

9 Disposiccedilotildees finais e transitoacuterias

Para efeito de avaliaccedilatildeo do estado dentaacuterio e de avaliaccedilatildeo do risco seratildeo elaborados

suportes de informaccedilatildeo para serem utilizados por todos os sectores intervenientes

no programa e em todos os niacuteveis de produccedilatildeo de informaccedilatildeo

Do niacutevel local ao niacutevel central a informaccedilatildeo iraacute sendo agrupada em mapas de modo

a podermos construir indicadores de niacuteveis de resultados

Os dois Textos de Apoio anexos a este programa ldquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de

Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutederdquo e ldquoFluoretos Fundamentaccedilatildeo e

recomendaccedilatildeordquo suportam as alteraccedilotildees introduzidas e apontam formas de

implementar a estrateacutegia definida no Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede

Oral

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 14

Consenso sobre a utilizaccedilatildeo de fluoretoslowast no acircmbito do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral

Generalidades

O fluacuteor tem comprovada importacircncia na reduccedilatildeo da prevalecircncia e gravidade da caacuterie A

estrateacutegia da sua utilizaccedilatildeo em sauacutede oral foi redefinida com base em novas evidecircncias

cientiacuteficas Actualmente considera-se que a sua acccedilatildeo preventiva e terapecircutica eacute toacutepica

e poacutes-eruptiva e que para se obter este efeito toacutepico o dentiacutefrico fluoretado constitui a

opccedilatildeo consensual

Os fluoretos quando administrados por via sisteacutemica podem ter efeitos toacutexicos em

particular antes dos 6 anos Embora as consequecircncias sejam essencialmente de ordem

esteacutetica eacute revista a sua administraccedilatildeo

Nas crianccedilas com idades iguais ou inferiores a 6 anos que cumprem as exigecircncias

habituais da higiene oral isto eacute escovam os dentes usando dentiacutefrico fluoretado a

concomitante administraccedilatildeo de comprimidos ou gotas aumenta o risco de fluorose

dentaacuteria

As recomendaccedilotildees da Task Force sobre a utilizaccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da

caacuterie integradas no Programa Nacional de Sauacutede Oral satildeo as seguintes

a) Eacute dada prioridade agraves aplicaccedilotildees toacutepicas sob a forma de dentiacutefricos administrados na

escovagem dos dentes Estas aplicaccedilotildees devem ser efectuadas desde a erupccedilatildeo dos

dentes e de acordo com as regras expostas na tabela anexa

b) Os comprimidos anteriormente recomendados no acircmbito do Programa de Promoccedilatildeo

da Sauacutede Oral nas Crianccedilas e nos Adolescentes (CN nordm 6DSE de 200599) soacute

seratildeo administrados apoacutes os 3 anos a crianccedilas de alto risco agrave caacuterie dentaacuteria Nesta

situaccedilatildeo os comprimidos devem ser dissolvidos na boca lentamente

preferencialmente antes de deitar As acccedilotildees de educaccedilatildeo para a sauacutede devem

prioritariamente promover a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado

lowast Das Faculdades de Medicina Dentaacuteria de Lisboa Porto e Coimbra Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Coleacutegio de Estomatologia da Ordem dos Meacutedicos Ordem dos Meacutedicos Dentistas e Sociedade Portuguesa de Pediatria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 15

c) Em nenhum dos casos estaacute recomendada a administraccedilatildeo de fluoretos sisteacutemicos agraves

graacutevidas agraves crianccedilas antes dos 3 anos e agraves que em qualquer idade consumam aacutegua

com teor de fluoreto superior a 03 ppm

Recomendaccedilotildees sobre a utilizaccedilatildeo de fluoretos no acircmbito do PNPSO

RECOMEN-

DACcedilOtildeES

Frequecircncia da

escovagem dos dentes

Material utilizado na escovagem dos dentes

Execuccedilatildeo da escovagem dos dentes

Dentiacutefrico fluoretado

Suplemento sisteacutemico de

fluoretos

0-3 Anos 2 x dia

a partir da erupccedilatildeo do 1ordm dente

uma obrigatoria-mente antes

de deitar

Gaze Dedeira

Escova macia

de tamanho pequeno

Pais

1000-1500 ppm

quantidade idecircntica ao tamanho da

unha do 5ordm dedo da crianccedila

Natildeo recomendado

3-6 Anos 2 x dia

uma

obrigatoria-mente antes

de deitar

Escova macia

de tamanho adequado agrave

boca da crianccedila

Pais eou Crianccedila

a partir do

momento em que a crianccedila

adquire destreza

manual faz a escovagem sob

supervisatildeo

1000-1500 ppm

quantidade idecircntica ao tamanho da

unha do 5ordm dedo da crianccedila

Natildeo recomendado

Excepcionalmente as crianccedilas de alto

risco agrave caacuterie dentaacuteria podem fazer

1 (um) comprimido diaacuterio de fluoreto de soacutedio a 025 mg

Mais de 6 Anos

2 x dia

uma

obrigatoria-mente antes

de deitar

Escova macia

ou em alternativa

meacutedia

de tamanho adequado agrave

boca da crianccedila ou do

jovem

Crianccedila eou Pais

se a crianccedila

natildeo tiver adquirido destreza

manual a escovagem

tem que ter a intervenccedilatildeo

activa dos pais

1000-1500 ppm

quantidade aproximada de 1 centiacutemetro

Natildeo recomendado

Excepcionalmente as crianccedilas de alto

risco agrave caacuterie dentaacuteria podem fazer

1 (um) comprimido diaacuterio de fluoreto de soacutedio a 025 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 16

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 17

Referecircncias

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Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 18

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Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 19

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Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 20

Agradecimentos

A Task Force que colaborou na revisatildeo do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral coordenada pela Drordf Gregoacuteria Paixatildeo von Amann e pela Higienista Oral Cristina Ferreira Caacutedima da Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede contou com a prestimosa colaboraccedilatildeo teacutecnica e cientiacutefica de

Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge representado pela Drordf Dirce Silveira

Direcccedilatildeo-Geral da Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura representada pela Engordf Maria de Lourdes Camilo

Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa representada pelo Prof Doutor Paulo Melo

Faculdade de Medicina de Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria representada pelo Dr Francisco Delille

Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade de Lisboa representada pelo Prof Doutor Ceacutesar Mexia de Almeida

Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto representada pelo Prof Doutor Fernando M Peres

Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento representado pela Drordf Ana Arauacutejo

Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede - Norte representado pelo Prof Doutor Paulo Rompante

Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede - Sul representado pela Profordf Doutora Fernanda Mesquita

Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia representada pelo Dr Alexandre Loff Seacutergio

Ordem dos Meacutedicos Dentistas representada pelo Prof Doutor Paulo Melo

Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria representada pelo Prof Doutor Ceacutesar Mexia de Almeida

Sociedade Portuguesa de Pediatria representada pelo Dr Manuel Salgado

Serviccedilos da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede representada pela Drordf Anabela Lopes Divisatildeo de Sauacutede Ambiental representada pelo Engordm Paulo Diegues e a Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede representada pelo Dr Pedro Ribeiro da Silva

Pelas sugestotildees e correcccedilotildees introduzidas o nosso agradecimento agrave Profordf Doutora Isabel Loureiro ao Dr Vasco Prazeres Drordf Leonor Sassetti Drordf Ana Paula Ramalho Correia Dr Rui Calado Drordf Maria Otiacutelia Riscado Duarte Dr Joatildeo Breda e ao Sr Viacutetor Alves que concebeu o logoacutetipo do programa

A todos a Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede e a Divisatildeo de Sauacutede Escolar agradecem

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

E s t r a t eacute g i a s e T eacute c n i c a s d e E d u c a ccedil atilde o e P r o m o ccedil atilde o

d a S a uacute d e

Documento produzido no acircmbito dos trabalhos da Task Force pela Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede Dr

Pedro Ribeiro da Silva e Dr Joatildeo Breda e pela Higienista Oral Cristina Ferreira Caacutedima e Drordf Gregoacuteria Paixatildeo von Amann da

Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede que coordenou os trabalhos

1 Preacircmbulo

Os Programas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede tecircm por objectivo capacitar as pessoas a tomarem decisotildees no

seu quotidiano que se revelem as mais adequadas para manter ou alargar o seu potencial de sauacutede

Para se atingir este objectivo fornece-se informaccedilatildeo e utilizam-se metodologias que facilitem e decircem

suporte agraves mudanccedilas comportamentais e agrave manutenccedilatildeo das praacuteticas consideradas saudaacuteveis

Mas a mudanccedila de comportamentos natildeo eacute faacutecil depende de factores sociais culturais familiares

entre muitos outros e natildeo apenas do conhecimento cientiacutefico que as pessoas possuam sobre

determinada mateacuteria

Esta dificuldade eacute bem patente quando como no presente caso se pretende intervir sobre

comportamentos relacionados com a alimentaccedilatildeo e a escovagem dos dentes

Quando os pais datildeo aos filhos patildeo achocolatado ou outros alimentos accedilucarados para levarem para a

escola estatildeo com frequecircncia a dar natildeo apenas um alimento mas tambeacutem e ateacute talvez

principalmente afecto tentando colmatar lacunas que possam ter na relaccedilatildeo com os seus filhos

mesmo que natildeo tenham consciecircncia desse facto

Podem tambeacutem dar este tipo de alimento por terem dificuldade de encontrar tempo para confeccionar

uma sandes ou outro alimento e os anteriormente referidos estatildeo sempre prontos a serem colocados na

mochila da crianccedila

Eacute importante desenvolvermos estrateacutegias de Educaccedilatildeo para a Sauacutede que natildeo culpabilizem os pais

porque estes intrinsecamente desejam sempre o melhor para os seus filhos embora natildeo consigam por

vezes colocaacute-lo em praacutetica

Devido agrave complexidade que eacute actuar sobre comportamentos individuais para se aumentar a eficiecircncia

das nossas praacuteticas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede torna-se fulcral utilizar metodologias alargadas a vaacuterios

parceiros e sectores da comunidade de forma articulada e continuada para que progressivamente

possamos ir obtendo resultados

Como propotildee Nancy Russel no seu Manual de Educaccedilatildeo para a Sauacutede ldquoPara desenhar um

programa de Educaccedilatildeo para a Sauacutede eacute necessaacuterio ter conhecimentos sobre comportamentos e sobre

os factores que produzem a mudanccedilardquo E continua explicitando ldquoAs teorias da mudanccedila de

comportamento que podem ser aplicadas em Educaccedilatildeo para a Sauacutede foram elaboradas a partir de

uma variedade de aacutereas incluindo a psicologia a sociologia a antropologia a comunicaccedilatildeo e o

marketing Nenhuma teoria ou rede de conceitos domina por si soacute a investigaccedilatildeo ou a praacutetica da

Educaccedilatildeo para a Sauacutede Provavelmente porque os comportamentos de sauacutede satildeo demasiado

complexos para serem explicados por uma uacutenica teoriardquo (19968)

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 2

2 Metodologias para Desenvolvimento da Acccedilatildeo

21 Primeira vertente ndash O diagnoacutestico de situaccedilatildeo

A primeira etapa de actuaccedilatildeo eacute de grande importacircncia para a continuidade das outras actividades e

podemos resumi-la a um bom diagnoacutestico de situaccedilatildeo que permita conhecer em pormenor a realidade

sobre a qual se pretende actuar

I - Eacute importante estabelecer como uma das primeiras actividades a anaacutelise de duas vertentes com

grande influecircncia na sauacutede oral os haacutebitos culturais das famiacutelias relativamente agrave alimentaccedilatildeo e as

praacuteticas de higiene oral dos adultos e das crianccedilas

II - Um segundo aspecto relaciona-se com os tipos de interacccedilatildeo entre professores ou

educadores de infacircncia e pais No caso de essa interacccedilatildeo ser regular e organizada importa saber como

reagem os pais agraves indicaccedilotildees dos professores sobre os aspectos comportamentais das crianccedilas e que

efeito e eficaacutecia tecircm essas acccedilotildees na capacitaccedilatildeo de pais e filhos relativamente aos comportamentos

relacionados com a sauacutede oral

Actividades a desenvolverem

a) estudar as formas de melhorar a relaccedilatildeo entre pais e professores procurando resolver as

dificuldades que com frequecircncia os pais apresentam como obstaacuteculos ao contacto mais regular

com os professores

b) analisar a eficaacutecia das recomendaccedilotildees dadas procurando as razotildees que possam estar na origem

de situaccedilotildees de menor eficaacutecia como o desfasamento entre as recomendaccedilotildees e o contexto

familiar e cultural das crianccedilas ou recomendaccedilotildees muito teacutecnicas ou paternalistas Todas estas

situaccedilotildees podem provocar resistecircncias nas famiacutelias agrave adesatildeo agraves praacuteticas desejaacuteveis relativamente

ao programa de sauacutede oral Esta temaacutetica da Educaccedilatildeo para a Sauacutede e as praacuteticas

comportamentais eacute muito complexa mas fundamental para se conseguirem resultados ao niacutevel

dos comportamentos

III - Outra componente a analisar satildeo os aspectos sociais dos consumos alimentares que possam

estar relacionados com situaccedilotildees locais como campanhas publicitaacuterias ou de promoccedilatildeo de

determinados alimentos potencialmente cariogeacutenicos nos estabelecimentos da zona Oferta pouco

adequada de alimentos na cantina da escola com existecircncia preponderante de alimentos e bebidas

accedilucaradas A confecccedilatildeo das refeiccedilotildees no refeitoacuterio com pouca oferta de fruta legumes e vegetais e

preponderacircncia de sobremesas doces

Segundo o Modelo Precede de Green existem 3 etapas a contemplar num diagnoacutestico de situaccedilatildeo

middot diagnoacutestico epidemioloacutegico necessaacuterio para a identificaccedilatildeo dos problemas de sauacutede sobre os

quais se vai actuar como sejam os iacutendices de caacuterie fluorose dentaacuteria e outros

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 3

middot diagnoacutestico social que corresponde agrave identificaccedilatildeo das situaccedilotildees sociais existentes na comunidade

onde se desenvolve a actividade que podem contribuir para os problemas de sauacutede oral detectados

ou que se pretende prevenir

middot diagnoacutestico comportamental para identificaccedilatildeo dos vaacuterios padrotildees comportamentais que possam

estar relacionados com os problemas de sauacutede oral inventariados

A este diagnoacutestico de problemas eacute importante associar-se a identificaccedilatildeo de necessidades da

populaccedilatildeo-alvo da acccedilatildeo

Apesar da prevalecircncia das doenccedilas orais e da necessidade deste Programa Nacional em algumas

comunidades poderatildeo existir vaacuterios outros problemas de sauacutede mais graves ou mais prevalentes e

neste caso importa fazer uma avaliaccedilatildeo dos recursos e das possibilidades de eficaacutecia dando prioridade

aos grupos e agraves situaccedilotildees mais graves e de maior amplitude Outro factor a ter em conta na decisatildeo

relaciona-se com a capacidade de alterar as causas comportamentais ou factores de risco pelo

programa educacional

Apoacutes a avaliaccedilatildeo das necessidades deveratildeo ser estabelecidas as prioridades tendo em conta os

problemas de sauacutede identificados a capacidade de alteraccedilatildeo dos factores de risco comportamentais e

outros Eacute muito importante associar-se agrave definiccedilatildeo de prioridades de actuaccedilatildeo a caracterizaccedilatildeo dos sub-

grupos existentes e as diferentes estrateacutegias apropriadas a cada uma dessas populaccedilotildees alvo

22 Segunda vertente ndash os teacutecnicos de educaccedilatildeo

Todos os parceiros satildeo importantes para o desenvolvimento dos programas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede

mas no caso especiacutefico da sauacutede oral os teacutecnicos de Educaccedilatildeo satildeo fundamentais Eacute por esta razatildeo

tarefa prioritaacuteria sensibilizaacute-los e englobaacute-los no desenho dos programas desde o iniacutecio

Sabemos atraveacutes das nossas praacuteticas anteriores que nem sempre os teacutecnicos de educaccedilatildeo aderem a

algumas das actividades dos programas de sauacutede oral propostas pelos teacutecnicos de sauacutede utilizando

para isso os mais diversos argumentos A explicitaccedilatildeo dos uacuteltimos consensos cientiacuteficos nesta aacuterea

com disponibilizaccedilatildeo de bibliografia pode ser facilitador da adesatildeo ao programa

Uma das actividades centrais deste programa seraacute trabalhar em conjunto com os teacutecnicos de educaccedilatildeo

nomeadamente docentes das escolas baacutesicas e secundaacuterias e educadores de infacircncia sobre as

potencialidades do programa e os ganhos em sauacutede que a meacutedio e longo prazo este pode provocar na

populaccedilatildeo portuguesa

Outra tarefa importante eacute a reflexatildeo em conjunto sobre as dificuldades diagnosticadas em cada escola

para concretizar as actividades do programa na tentativa de encontrar soluccedilotildees seja atraveacutes da

resoluccedilatildeo dos obstaacuteculos seja encontrando alternativas Poderaacute acontecer natildeo ser possiacutevel executar

todas as tarefas incluiacutedas no programa Nesses casos importa decidir quais as actividades que poderatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 4

ser levadas agrave praacutetica com ecircxito Seraacute preferiacutevel concretizar algumas tarefas que nenhumas assim

como seraacute melhor realizar bem poucas tarefas do que muitas ou todas de forma deficiente

Frequentemente existe um diferencial de conhecimentos sobre estas aacutereas entre os teacutecnicos de

educaccedilatildeo e os de sauacutede Para evitar problemas eacute imperioso que os teacutecnicos de educaccedilatildeo sejam

parceiros em igualdade de circunstacircncia e natildeo sintam que tecircm um papel secundaacuterio no projecto ou

meros executores de tarefas

A eventual deacutecalage de conhecimentos sobre sauacutede oral pode ser compensado utilizando estrateacutegias de

trabalho em equipa natildeo assumindo os teacutecnicos de sauacutede papel de liacutederes do processo nem de

detentores da informaccedilatildeo cientiacutefica As teacutecnicas de trabalho em equipa devem implicam a partilha de

tarefas e lideranccedila natildeo assumindo o programa uma dimensatildeo vertical e impositiva por parte da sauacutede

As mensagens chave do programa seratildeo discutidas por todos os intervenientes Eacute muito importante que

sejam claras nos conteuacutedos e assumidas por toda a equipa em todas as situaccedilotildees de modo a tornar as

intervenccedilotildees coerentes com os objectivos do programa

Como cada comunidade e cada escola tecircm caracteriacutesticas proacuteprias o programa as actividades e o

trabalho interdisciplinar em equipa seratildeo adequados agraves condiccedilotildees objectivas e subjectivas de todos os

intervenientes o que pode tornar necessaacuterio fazer adaptaccedilotildees agrave aplicaccedilatildeo do mesmo O mesmo se

passa em relaccedilatildeo agraves mensagens que necessitam ser adaptadas a cada situaccedilatildeo e a cada contexto

Em relaccedilatildeo agrave Educaccedilatildeo para a Sauacutede a procura de soluccedilotildees para as situaccedilotildees decorrentes da

implementaccedilatildeo do programa como a sensibilizaccedilatildeo dos parceiros e a eliminaccedilatildeo de obstaacuteculos satildeo

uma das tarefas centrais dos programas e natildeo devem ser subestimadas pelos teacutecnicos de sauacutede pois

delas depende muita da eficaacutecia do projecto

A educaccedilatildeo alimentar eacute uma das vertentes centrais do programa pelo que eacute necessaacuterio sensibilizar os

professores para aspectos da vida escolar que podem afectar a sauacutede oral dos alunos como as ementas

escolares existentes no refeitoacuterio e o tipo de alimentos disponibilizado no bar

221 Componente praacutetica

Uma primeira tarefa do programa na escola seraacute a sensibilizaccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo para a

importacircncia do mesmo A explicitaccedilatildeo teoacuterica resumida dos pressupostos cientiacuteficos que legitimam a

alteraccedilatildeo do programa eacute um instrumento facilitador

Fundamental explicar as razotildees que tornam a escovagem como um actividade central do programa e

os inconvenientes de se darem suplementos de fluacuteor de forma generalizada Seremos especialmente

eficazes se nos disponibilizarmos para responder agraves questotildees e duacutevidas que os professores possam ter

Esta eacute com certeza tambeacutem uma maneira de aprofundarmos o diagnoacutestico da situaccedilatildeo e de podermos

contribuir para remover os obstaacuteculos detectados

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 5

Uma segunda tarefa consistiraacute em operacionalizar o programa com os professores de modo a construi-

lo conjuntamente As diversas tarefas devem ser planeadas e avaliadas continuamente para se fazerem

as alteraccedilotildees consideradas necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar do programa

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo e a escovagem

O Programa Nacional de Sauacutede Oral propotildee algumas alteraccedilotildees que podemos considerar profundas e

de ruptura em relaccedilatildeo ao programa anterior como sejam a aplicaccedilatildeo restrita dos suplementos

sisteacutemicos de fluoretos e a escovagem duas vezes ao dia com um dentiacutefrico fluoretado como principal

medida para uma boa sauacutede oral Estas directrizes derivam do consenso dos peritos de Sauacutede Oral

reunidos na task force coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

Eacute faacutecil de compreender que organizar a escovagem dos dentes dos alunos eacute mais trabalhoso que dar-

lhes um comprimido de fluacuteor ou ateacute do que fazer o bochecho com uma soluccedilatildeo fluoretada Para sermos

bem sucedidos seraacute fundamental actuar de forma cautelosa respeitando as caracteriacutesticas das pessoas e

os contextos em presenccedila

Como sabemos eacute difiacutecil quebrar rotinas e o programa vai implicar mais trabalho para os professores e

disponibilizaccedilatildeo de tempo para os pais e professores A adopccedilatildeo pelos Jardins de infacircncia e Escolas da

escovagem dos dentes dos alunos pelo menos uma vez dia como factor central do programa vai

possivelmente encontrar algumas resistecircncias por parte dos educadores de infacircncia e professores que

importa ir resolvendo de forma progressiva e de acordo com as dificuldades reais encontradas Estas

dificuldades podem estar relacionadas com a deficiecircncia de instalaccedilotildees ou outras mas estaraacute com

frequecircncia tambeacutem muito relacionada com aspectos psicossociais de resistecircncia agrave mudanccedila de rotinas

instaladas e com vaacuterios anos

Uma das estrateacutegias primordiais para este programa ser bem sucedido passa pela resoluccedilatildeo dos

obstaacuteculos referidos pelos teacutecnicos de educaccedilatildeo relativamente agrave escovagem nomeadamente

a possibilidade de as crianccedilas usarem as escovas de colegas podendo haver transmissatildeo de doenccedilas

como a hepatite ou outras

a ausecircncia de um local apropriado para a escovagem

a confusatildeo que a escovagem iraacute causar com eventuais situaccedilotildees de indisciplina

a dificuldade de vigiar todos os alunos durante a escovagem com a consequente possibilidade de

alguns especialmente se mais novos poderem engolir dentiacutefrico

existirem alguns alunos que devido a carecircncias econoacutemicas ou desconhecimento dos pais tecircm

escovas jaacute muito deterioradas podendo ser alvo de troccedila e humilhaccedilatildeo por parte dos colegas ou

sentindo-se os professores na necessidade de fazerem algo mas natildeo terem possibilidade de

substituiacuterem as escovas

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 6

Estes e outros argumentos poderatildeo ser reais ou apenas formas de encontrar justificaccedilotildees para natildeo

alterar rotinas no entanto eacute fundamental analisar cada situaccedilatildeo e encontrar a forma adequada de actuar

o que implica procurar em conjunto a resoluccedilatildeo do problema natildeo desvalorizando a perspectiva do

teacutecnico de educaccedilatildeo mesmo que do ponto de vista da sauacutede nos pareccedila oacutebvia a resistecircncia agrave mudanccedila e

a sua soluccedilatildeo

Se natildeo conseguirmos sensibilizar os profissionais de educaccedilatildeo para a importacircncia da escovagem e nos

limitarmos a contra-argumentar com os nossos dados e a nossa cientificidade facilmente iratildeo

encontrar outros argumentos Eacute preciso compreender que o que estaacute em causa natildeo satildeo as dificuldades

objectivas mas outro tipo de razotildees mais ou menos subjectivas relacionadas com as condiccedilotildees locais

e de contexto como por exemplo o facto de alguns professores considerarem que natildeo eacute da sua

competecircncia promover a escovagem dos dentes dos seus alunos A interacccedilatildeo pais-professores eacute

constante e pode potenciar grandemente o programa

23 Terceira vertente ndash os pais

Os pais satildeo tambeacutem intervenientes fundamentais nos programas de sauacutede oral e eacute fundamental que

sejam englobados na equipa de projecto enquanto parceiros activos na programaccedilatildeo de actividades de

modo a poder resolver-se eventuais resistecircncias que inclusive podem ser desconhecidas dos teacutecnicos e

serem devidas a idiossincracias micro-culturais Todas as estrateacutegias que sensibilizem os pais para as

medidas que se preconizam satildeo importantes Eacute fundamental que o programa seja ldquocontinuadordquo e

reforccedilado em casa e natildeo pelo contraacuterio descredibilizado pelas praacuteticas domeacutesticas

Em relaccedilatildeo aos pais os factores emocionais satildeo centrais na sua relaccedilatildeo com os filhos e com as escolhas

comportamentais quotidianas Transmitir informaccedilatildeo de forma essencialmente cognitiva por exemplo

laquonatildeo decirc lsquoBolosrsquo aos seus filhos porque satildeo alimentos que podem contribuir para o aparecimento de

caacuterie nos dentes e provocar obesidaderaquo tem muitas possibilidades de provocar efeitos perversos

negativos como seja a culpabilizaccedilatildeo dos pais e a resistecircncia agrave mudanccedila de comportamentos

Com frequecircncia os doces satildeo uma forma de dar afecto ou premiar os filhos ou ateacute servir como

substituto da impossibilidade dos pais estarem mais tempo com os filhos situaccedilatildeo que natildeo eacute com

frequecircncia consciente para os pais Os padrotildees comportamentais dos pais obedecem a inuacutemeras

componentes e soacute actuando sobre cada uma delas se conseguem resultados nas mudanccedilas de

comportamentos

Fornecer apenas informaccedilatildeo pode natildeo soacute natildeo provocar alteraccedilotildees comportamentais como criar ou

aumentar as resistecircncias agrave mudanccedila Eacute preciso adequar a informaccedilatildeo agraves diversas situaccedilotildees

caracterizando-as primeiro valorizando as componentes emocionais relacionais e contextuais dos

comportamentos natildeo culpabilizando os pais (porque isso provoca resistecircncias agrave mudanccedila natildeo soacute em

relaccedilatildeo a este programa mas a futuras intervenccedilotildees) e encontrando formas alternativas de resolver estas

situaccedilotildees utilizando soluccedilotildees que provoquem emoccedilotildees positivas em todos os intervenientes E dessa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 7

forma eacute possiacutevel ser-se eficaz respeitando os universos relacionais das famiacutelias e evitando efeitos

comportamentais paradoxais ou seja por reacccedilatildeo agrave informaccedilatildeo que os culpabiliza os pais

dessensibilizam das nossas indicaccedilotildees agravando e aumentando as praacuteticas que se desaconselham

Eacute esta uma das razotildees porque eacute tatildeo difiacutecil atingir os grupos populacionais que exactamente mais

precisavam de ser abrangido pelos programas de prevenccedilatildeo da doenccedila e promoccedilatildeo da sauacutede

Para aleacutem de se conhecerem as praacuteticas alimentares e de higiene oral que as crianccedilas e adolescentes

tecircm em casa eacute importante caracterizar as razotildees desses procedimentos Referimo-nos aos aspectos

individuais familiares culturais e contextuais Se queremos actuar sobre comportamentos eacute

fundamental conhecer as atitudes crenccedilas preconceitos estereoacutetipos e representaccedilotildees sociais que se

relacionam com as praacuteticas das famiacutelias as quais variam de famiacutelia para famiacutelia

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo podem ser colaboradores preciosos para esta caracterizaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo aos pais podemos resumir os aspectos a valorizar

Inclui-los nos diversos passos do programa

sensibiliza-los para a importacircncia da sauacutede oral respeitando os seus universos familiares e

culturais

dar suporte continuado agrave mudanccedila de comportamentos e de todos os factores que lhe estatildeo

associados

24 Quarta vertente ndash as crianccedilas

As crianccedilas e os adolescentes satildeo o principal puacuteblico-alvo do programa de sauacutede oral Sensibilizaacute-los

para as praacuteticas alimentares e de higiene oral que os peritos consideram actualmente adequadas eacute o

nosso objectivo

Como jaacute foi referido anteriormente eacute necessaacuterio ser cuidadoso na forma de comunicar com as crianccedilas

e adolescentes natildeo criticando directa ou indirectamente os conhecimentos e as praacuteticas aconselhadas

ou consentidas por pais e professores com quem eles convivem directamente e que satildeo dos principais

influenciadores dos seus comportamentos satildeo os seus modelos e constituem o seu universo de afectos

Criar clivagem na relaccedilatildeo cognitiva afectiva e emocional entre pais ou professores e crianccedilas e

adolescentes eacute algo que devemos ter sempre presente e evitar

As estrateacutegias de trabalho com as crianccedilas deveratildeo ser adaptadas agrave sua maturidade psico-cognitiva e

contexto socio-cultural Para que as actividades sejam luacutedicas e criativas adequadas agraves idades e outras

caracteriacutesticas das crianccedilas e adolescentes a contribuiccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo eacute com certeza

fundamental

Eacute muito importante ter em conta alguns aspectos educativos relativamente agrave mudanccedila de

comportamentos A participaccedilatildeo activa das crianccedilas na formulaccedilatildeo dessas actividades torna mais

eficazes os efeitos pretendidos

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 8

Pela dificuldade em mudar comportamentos principalmente de forma estaacutevel eacute aconselhaacutevel adequar

os objectivos agraves realidades Seraacute preferiacutevel actuar sobre um ou dois comportamentos sobre os quais a

caracterizaccedilatildeo inicial nos permitiu depreender que seraacute possiacutevel obtermos resultados positivos em vez

de tentar actuar sobre todos os comportamentos que desejariacuteamos alterar natildeo conseguindo alterar

nenhum deles Naturalmente estas escolhas seratildeo feitas cientificamente segundo o que a Educaccedilatildeo para

a Sauacutede preconiza nas vertentes relacionadas com as ciecircncias comportamentais (sociais e humanas)

Outro aspecto fundamental eacute a continuidade na acccedilatildeo A eficaacutecia seraacute tanto maior quanto mais

continuadas forem as actividades dando suporte agrave mudanccedila comportamental e reforccedilo agrave sua

manutenccedilatildeo A continuidade da acccedilatildeo permite conhecer melhor as situaccedilotildees os obstaacuteculos e as formas

de os remover pois cada caso eacute um caso e generalizar diminui grandemente a eficaacutecia

Deve ser dada uma atenccedilatildeo especial agraves crianccedilas com Necessidades de Sauacutede Especiais desfavorecidas

socialmente (porque vivem em bairros degradados com poucos recursos econoacutemicos pertencem a

minorias eacutetnicas ou satildeo emigrantes) ou que natildeo frequentam a escola utilizando estrateacutegias especificas

adequadas agraves suas dificuldades

25 Quinta vertente ndash a comunidade

Para os programas de Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutede a componente comunitaacuteria eacute fundamental A

participaccedilatildeo e contribuiccedilatildeo dos vaacuterios sectores da comunidade podem ser potenciadores do trabalho a

desenvolver

Dependendo das situaccedilotildees locais a Autarquia as IPSS e as ONGrsquos entre outras podem ser parceiros

de enorme valia para o desenvolvimento do programa Para isso temos que sensibilizar os liacutederes

locais para a importacircncia da sauacutede oral e do programa que se pretende incrementar explicitando como

com pequenos custos podemos obter ganhos em sauacutede a meacutedio e longo prazo

As instituiccedilotildees que organizam actividades para crianccedilas e adolescentes como os ATLrsquos associaccedilotildees

culturais desportivas e religiosas podem ser excelentes parceiros para o desenvolvimento das

actividades dependendo das caracteriacutesticas da comunidade onde se aplica o programa Os grupos de

teatro satildeo tambeacutem um excelente recurso para integrarem as actividades com as crianccedilas e os

adolescentes

26 Sexta vertente ndash os meios de comunicaccedilatildeo social

Os meios de comunicaccedilatildeo social locais e regionais se forem utilizados apropriadamente podem ser

parceiros potenciadores das actividades que se pretendem desenvolver

Mas com frequecircncia os teacutecnicos de sauacutede encontram dificuldades na relaccedilatildeo com os profissionais da

comunicaccedilatildeo social considerando que estes natildeo satildeo sensiacuteveis agraves nossas preocupaccedilotildees com a prevenccedilatildeo

da doenccedila e da promoccedilatildeo da sauacutede

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 9

Os media tecircm uma linguagem e podemos dizer uma filosofia proacuteprias que com frequecircncia natildeo satildeo

coincidentes com as nossas eacute por essa razatildeo necessaacuterio que os teacutecnicos de sauacutede se adaptem e se

possiacutevel se aperfeiccediloem na linguagem dos meacutedia Se natildeo utilizarmos adequadamente os meios de

comunicaccedilatildeo social estes podem ter um efeito contraproducente diminuindo a eficaacutecia do programa de

sauacutede oral

Algumas das dificuldades encontradas quando trabalhamos com os media especialmente as raacutedios e as

televisotildees satildeo as seguintes

na maior parte dos casos natildeo se pode transmitir muita informaccedilatildeo mesmo que seja um programa

de raacutedio de 1 ou 2 horas iria ficar muito monoacutetono e pouco atraente assim como se tornaria

confuso para os ouvintes e pouco eficaz porque com frequecircncia as pessoas desenvolvem outras

actividades enquanto ouvem raacutedio

eacute aconselhaacutevel transmitir apenas o que eacute realmente importante e faze-lo de forma muito clara

mantendo a consistecircncia sobre a hierarquia das informaccedilotildees nas diversas intervenccedilotildees ou seja que

todas os intervenientes no programa e em todas as situaccedilotildees em que intervecircm tenham um discurso

coerente e natildeo contraditoacuterio

evitar informaccedilotildees riacutegidas que culpabilizem as pessoas e natildeo respeitem os seus contextos micro-

culturais Eacute preferiacutevel suscitar alguma mudanccedila comportamental de forma progressiva que

nenhuma

com frequecircncia utilizamos o leacutexico meacutedico sem nos apercebermos que muitos cidadatildeos natildeo

conhecem termos que nos parecem simples como obesidade ou colesterol atribuindo-lhes outros

significados (portanto desconhecem que natildeo conhecem o verdadeiro significado)

se possiacutevel testar com pessoas de diversas idades e estratos socio-culturais que sejam leigas em

relaccedilatildeo a estas temaacuteticas aquilo que se preparou para a intervenccedilatildeo nos meios de comunicaccedilatildeo

social e alterar se necessaacuterio de acordo com as indicaccedilotildees que essas pessoas nos fornecerem

27 Seacutetima vertente ndash a avaliaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo deve ter iniacutecio na fase de planeamento e acompanhar todo o projecto de modo a introduzir

as alteraccedilotildees necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar das actividades

Devem fazer parte da equipa de avaliaccedilatildeo os diversos parceiros do projecto assim como pessoas

externas ao projecto e estas quando possiacutevel com formaccedilatildeo em educaccedilatildeo para a sauacutede nas aacutereas

teacutecnicas comportamentais de planeamento e avaliaccedilatildeo qualitativa e quantitativa

Satildeo fundamentais avaliaccedilotildees qualitativas e quantitativas das actividades a desenvolver e se possiacutevel

com anaacutelises comparativas ao desenrolar do projecto noutras zonas do paiacutes

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 10

3 T eacute c n i c a s d e H i g i e n e O r a l

3 1 Escovagem dos den tes ndash A escova A escovagem dos dentes deve ser efectuada com uma escova de tamanho adequado agrave boca de quem a

utiliza Habitualmente as embalagens referem as idades a que se destinam Os filamentos devem ser

de nylon com extremidades arredondadas e textura macia que quando comeccedilam a ficar deformados

obrigam agrave substituiccedilatildeo da escova Normalmente a escova quando utilizada 2 vezes por dia dura cerca

de 3-4 meses

Existem escovas manuais e eleacutectricas as quais requerem os mesmos cuidados As escovas eleacutectricas

facilitam a higiene oral das pessoas que tenham pouca destreza manual

3 2 Escovagem dos den tes ndash O den t iacute f r i co O dentiacutefrico a utilizar deve conter fluoreto numa dosagem de cerca de 1000-1500 ppm A quantidade a

utilizar em cada uma das escovagens deve ser semelhante (ou inferior) ao tamanho da unha do 5ordm dedo

(dedo mindinho) da matildeo da crianccedila

Os dentiacutefricos com sabores muito atractivos natildeo se recomendam porque podem levar as crianccedilas a

engoli-lo deliberadamente Ateacute aos 6 anos aproximadamente o dentiacutefrico deve ser colocado na escova

por um adulto Apoacutes a escovagem dos dentes eacute apenas necessaacuterio cuspir o excesso de dentiacutefrico

podendo no entanto bochechar-se com um pouco de aacutegua

33 Escovagem dos dentes no Jardim-de-infacircncia e na Escola identificaccedilatildeo e arrumaccedilatildeo das escovas e copos

Hoje em dia haacute escovas de dentes que tecircm uma tampa ou estojo com orifiacutecios que a protege Caso se

opte pela utilizaccedilatildeo destas escovas natildeo eacute necessaacuterio que fiquem na escola Os alunos poderatildeo colocaacute-

la dentro da mochila juntamente com o tubo do dentiacutefrico e transportaacute-los diariamente para a escola

O conceito de intransmissibilidade da escova de dentes deve ser reforccedilado junto das crianccedilas Se as

escovas ficarem na escola eacute essencial que estejam identificadas bastando para tal escrever no cabo da

escova o nome da crianccedila com uma caneta de tinta resistente agrave aacutegua Tambeacutem se devem identificar os

dentiacutefricos Cada aluno deveraacute ter o seu proacuteprio dentiacutefrico e os copos caso natildeo sejam descartaacuteveis

As escovas guardam-se num local seco e arejado de modo a que os pelos fiquem virados para cima e

natildeo contactem umas com as outras Cada escova pode ser colocada dentro do copo num suporte

acriacutelico ou outro material resistente agrave aacutegua em local seco e arejado

Dentiacutefricos e escovas devem estar fora do alcance das crianccedilas para evitar a troca ou ingestatildeo

acidental de dentiacutefrico Caso haja a possibilidade de utilizar copos descartaacuteveis (de cafeacute) o processo eacute

bastante simplificado (os copos de cafeacute podem ser substituiacutedos por copos de iogurte) Os produtos de

higiene oral podem ser adquiridos com a colaboraccedilatildeo da Autarquia do Centro de Sauacutede dos pais ou

ateacute de alguma empresa Se a escola tiver refeitoacuterio pode tambeacutem ser viaacutevel utilizar os copos do

refeitoacuterio

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34 Escovagem dos den tes ndash Organ izaccedilatildeo da ac t i v idade

A escovagem dos dentes deve ser feita diariamente no jardim-de-infacircncia e na escola apoacutes o almoccedilo agrave

entrada na sala de aula ou apoacutes o intervalo As crianccedilas poderatildeo escovar os dentes na casa de banho no

refeitoacuterio ou na proacutepria sala de aula O processo eacute simples natildeo exigindo muitas condiccedilotildees fiacutesicas das

escolas que satildeo frequentemente utilizadas para justificar a recusa desta actividade

Caso a escola tenha lavatoacuterios suficientes esta actividade pode ser feita na casa de banho Eacute necessaacuterio

definir a hora em que cada uma das salas vai utilizar esse espaccedilo Na casa de banho deveratildeo estar

apenas as crianccedilas que estatildeo a escovar os dentes Os outros esperam a sua vez em fila agrave porta Eacute

essencial que esteja algueacutem (auxiliar professoreducador ou voluntaacuterio) a vigiar para manter a ordem

organizar o processo e corrigir a teacutecnica da escovagem No final da escovagem cada crianccedila lava a

escova e o copo (se natildeo for descartaacutevel) e arruma no local destinado a esse efeito

Quando o espaccedilo fiacutesico natildeo permite que a escovagem seja feita na casa de banho esta actividade pode

ser feita na proacutepria sala de aula Nesta situaccedilatildeo se for possiacutevel utilizar copos descartaacuteveis ou copos de

iogurte facilita o processo e torna-o menos moroso Os alunos mantecircm-se sentados nas suas cadeiras

Retiram da sua mochila o estojo com a escova e o dentiacutefrico Um dos alunos distribui os copos e os

guardanapos (ou toalhetes de papel ou papel higieacutenico) Os alunos escovam os dentes todos ao mesmo

tempo podendo ateacute fazecirc-lo com muacutesica O professor deve ir corrigindo a teacutecnica de escovagem Apoacutes

a escovagem as crianccedilas cospem o excesso de dentiacutefrico para o copo limpam a boca tiram o excesso

de dentiacutefrico e saliva da escova com o papel ou o guardanapo e por fim colocam-no dentro do copo

Tapam a escova e arrumam-na em estojo proacuteprio ou na mochila juntamente com o dentiacutefrico No final

um dos alunos vai buscar um saco de lixo passa por todas as carteiras para que cada uma coloque o

seu copo no lixo Caso alguma das crianccedilas natildeo tolere o restos de dentiacutefrico na cavidade oral pode

colocar-se uma pequena porccedilatildeo de aacutegua no copo e no fim da escovagem bochecha e cospe para o

copo Os pais dos alunos devem ser instruiacutedos para se certificarem que em casa a crianccedila lava a sua

escova com aacutegua corrente e volta a colocaacute-la na mochila No sentido de facilitar o procedimento

recomenda-se que os copos sejam descartaacuteveis e as escovas tenham tampa

35 Escovagem dos den tes - A teacutecn ica A escovagem dos dentes para ser eficaz ou seja para remover a placa bacteriana necessita ser feita

com rigor e demora 2 a 3 minutos Quando se utiliza uma escova manual a escovagem faz-se da

seguinte forma

inclinar a escova em direcccedilatildeo agrave gengiva (cerca de 45ordm) e fazer pequenos movimentos vibratoacuterios

horizontais ou circulares de modo a que os pelos da escova limpem o sulco gengival (espaccedilo que

fica entre o dente e a gengiva)

se for difiacutecil manter esta posiccedilatildeo colocar os pecirclos da escova perpendicularmente agrave gengiva e agrave

superfiacutecie do dente

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escovar 2 dentes de cada vez (os correspondentes ao tamanho da cabeccedila da escova) fazendo

aproximadamente 10 movimentos (ou 5 caso sejam crianccedilas ateacute aos 6 anos) nas superfiacutecies

dentaacuterias abarcadas pela escova

comeccedilar a escovagem pela superfiacutecie externa (do lado da bochecha) do dente mais posterior de um

dos maxilares e continuar a escovar ateacute atingir o uacuteltimo dente da extremidade oposta desse

maxilar

com a mesma sequecircncia escovar as superfiacutecies dentaacuterias do lado da liacutengua

proceder do mesmo modo para fazer a escovagem dos dentes do outro maxilar

escovar as superfiacutecies mastigatoacuterias dos dentes com movimentos de vaiveacutem

por fim pode escovar-se a liacutengua

Quando se utiliza uma escova de dentes eleacutectrica segue-se a mesma sequecircncia de escovagem O

movimento da escova eacute feito automaticamente natildeo deve ser feita pressatildeo ou movimentos adicionais

sobre os dentes A escova desloca-se ao longo da arcada escovando um soacute dente de cada vez A

escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluacuteor deve ser feita duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente agrave noite antes de deitar

3 6 Uso do f io den taacute r io A partir do momento em que haacute destreza manual (a partir dos 8 anos) eacute indispensaacutevel o uso do fio ou

fita dentaacuteria que se utiliza da seguinte forma

retirar cerca de 40 cm de fio (ou fita) do porta fio

enrolar a quase totalidade do fio no dedo meacutedio de uma matildeo e uma pequena porccedilatildeo no dedo meacutedio

da outra matildeo deixando entre os dois dedos uma porccedilatildeo de fio com aproximadamente 25 cm

Quando as crianccedilas satildeo mais pequenas pode retirar-se uma porccedilatildeo mais pequena de fio cerca de

30 cm dar um noacute juntando as 2 pontas formando um ciacuterculo com o fio natildeo havendo necessidade

de o enrolar nos dedos Eacute importante utilizar sempre fio limpo em cada espaccedilo interdentaacuterio Os

polegares eou os indicadores ajudam a manuseaacute-lo

introduzir o fio cuidadosamente entre dois dentes e curva-lo agrave volta do dente que se quer limpar

fazendo com que tome a forma de um ldquoCrdquo

executar movimentos curtos horizontais desde o ponto de contacto entre os dentes ateacute ao sulco

gengival em cada uma das faces que delimitam o espaccedilo interdentaacuterio

repetir este procedimento ateacute que todos os espaccedilos interdentaacuterios de todos os dentes estejam

devidamente limpos

O fio dentaacuterio deve ser utilizado uma vez por dia de preferecircncia agrave noite antes de deitar Na escola os

alunos poderatildeo a aprender a utilizar este meio de remoccedilatildeo de placa bacteriana interdentaacuterio sendo

importante envolver os pais no sentido de lhes pedir colaboraccedilatildeo e permitir que as crianccedilas o utilizem

em casa

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3 7 Reve lador de p laca bac te r i ana O uso de reveladores de placa bacteriana (em soluto ou em comprimidos mastigaacuteveis) permitem

avaliar a higiene oral e consequentemente melhorar as teacutecnicas de escovagem e de utilizaccedilatildeo do fio

dentaacuterio

A partir dos 6 anos de idade estes produtos podem ser usados para que as crianccedilas visualizem a placa

e mais facilmente compreendam que os seus dentes necessitam de ser cuidadosamente limpos

A eritrosina que tem a propriedade de corar de vermelho a placa bacteriana eacute um dos exemplos de

corantes que se podem utilizar Utiliza-se da seguinte forma

colocar 1 a 2 gotas por baixo da liacutengua ou mastigar um comprimido sem engolir

passar a liacutengua por todas as superfiacutecies dentaacuterias

bochechar com aacutegua

A placa bacteriana corada eacute facilmente removida atraveacutes da escovagem dos dentes e do fio dentaacuterio

Nota Para evitar que os laacutebios fiquem corados de vermelho antes de colocar o corante pode passar

batom creme gordo ou vaselina nos laacutebios

3 8 Bochecho f luore tado A partir dos 6 anos pode ser feito o bochecho quinzenal com fluoreto de soacutedio a 02 na escola da

seguinte forma

agitar a soluccedilatildeo e deitar 10 ml em cada copo e distribui-los

indicar a cada crianccedila para colocar o antebraccedilo no rebordo da mesa

introduzir a soluccedilatildeo na boca sem engolir

repousar a testa no antebraccedilo colocando o copo debaixo da boca

bochechar vigorosamente durante 1 minuto

apoacutes este periacuteodo deve ser cuspida tendo o cuidado de natildeo a engolir

Apoacutes o bochecho a crianccedila deve permanecer 30 minutos sem comer nem beber

39 Iacutendice de placa O Iacutendice de Placa (IP) eacute utilizado para quantificar a placa bacteriana em todas as superfiacutecies dentaacuterias e

reflecte os haacutebitos de higiene oral dos indiviacuteduos avaliados

Assim enquanto que um baixo Iacutendice de Placa poderaacute significar um bom impacto das acccedilotildees de

educaccedilatildeo para a sauacutede em sauacutede oral nomeadamente das relacionadas com a higiene um iacutendice

elevado sugere o contraacuterio

Em programas comunitaacuterios geralmente eacute utilizado o Iacutendice de Placa Simplificado que eacute mais raacutepido

de determinar sendo o resultado final igualmente fiaacutevel

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 14

Para se calcular o Iacutendice de Placa Simplificado eacute necessaacuterio atribuir um valor ao tamanho da placa

bacteriana existente nos seguintes 6 dentes e superfiacutecies predeterminados Maxilar superior

1 Primeiro molar superior direito - Superfiacutecie vestibular

2 Incisivo central superior direito - Superfiacutecie vestibular

3 Primeiro molar superior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

4 Primeiro molar inferior esquerdo - Superfiacutecie lingual

5 Incisivo central inferior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

6 Primeiro molar inferior direito - Superfiacutecie lingual

Para atribuir um valor ao tamanho da placa bacteriana existente em cada uma das su

acima referidas eacute necessaacuterio utilizar o revelador de placa bacteriana para a co

facilitar a sua observaccedilatildeo e respectiva classificaccedilatildeo e registo

A cada uma das superfiacutecies dentaacuterias soacute pode ser atribuiacutedo um dos seguintes valore

Valor 0

Valor 1

Valor 2

Valor 3

rarr Se a superfiacutecie do dente natildeo estaacute corada

rarr Se 13 da superfiacutecie estaacute corado

rarr Se 23 da superfiacutecie estatildeo corados

rarr Se estaacute corada toda a superfiacutecie

Feito o registo da observaccedilatildeo individual verifica-se que o somatoacuterio do conjunto de

poderaacute variar entre 0 (zero) e 18 (dezoito)

Dividindo por 6 (seis) este somatoacuterio obteacutem-se o Iacutendice de Placa Individual

Para determinar o Iacutendice de Placa de um grupo de indiviacuteduos divide-se o som

individuais pelo nuacutemero de indiviacuteduos observados multiplicado por seis (o nuacutemer

nuacutemero de dentes seleccionados por indiviacuteduo)

Assim o Iacutendice de Placa poderaacute variar entre 0 (zero) e 3 (trecircs)

Iacutendice de Placa (IP) = Somatoacuterio da classificaccedilatildeo dada a cada dente

Nordm de indiviacuteduos observados x 6

A sauacutede oral das crianccedilas e adolescentes eacute um grave problema de sauacutede puacuteblica ma

simples como as descritas neste documento executadas pelos proacuteprios eou com

encorajadas pela escola e pelos serviccedilos de sauacutede contribuem decididamente para

oral importantes e implementaccedilatildeo efectiva do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas d

Maxilar inferior

perfiacutecies dentaacuterias

rar e dessa forma

s

valores atribuiacutedos

atoacuterio dos valores

o seis representa o

s que com medidas

ajuda da famiacutelia

ganhos em sauacutede

Sauacutede Oral

e EPSrsquorsquo 15

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

F l u o r e t o s

F u n d a m e n t a ccedil atilde o e R e c o m e n d a ccedil otilde e s d a T a s k F o r c e

Documento produzido pela Task Force constituiacuteda pelo Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr

Ricardo Jorge Direcccedilatildeo-Geral de Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura Faculdade de

Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Medicina Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria

Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa e Porto Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento Instituto Superior de

Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia

Ordem dos Meacutedicos Dentistas Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria Sociedade Portuguesa de

Pediatria e os serviccedilos da DGS Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede Divisatildeo de Sauacutede Ambiental

Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

1 F l u o r e t o s

A evidecircncia cientiacutefica tem demonstrado que as mudanccedilas observadas no padratildeo da doenccedila caacuterie

dentaacuteria ocorrem pela implementaccedilatildeo de programas preventivos e terapecircuticos de acircmbito comunitaacuterio

e por estrateacutegias de acccedilatildeo especiacuteficas dirigidas a grupos de risco com criteriosa utilizaccedilatildeo dos

fluoretos

O fluacuteor eacute o elemento mais electronegativo da tabela perioacutedica e raramente existe isolado sendo por

isso habitualmente referido como fluoreto Na natureza encontra-se sob a forma de um iatildeo (F-) em

associaccedilatildeo com o caacutelcio foacutesforo alumiacutenio e tambeacutem como parte de certos silicatos como o topaacutezio

Normalmente presente nas rochas plantas ar aacuteguas e solos este elemento faz parte da constituiccedilatildeo de

alguns materiais plaacutesticos e pode tambeacutem estar presente na constituiccedilatildeo de alguns fertilizantes

contribuindo desta forma para a sua presenccedila no solo aacutegua e alimentos No solo o conteuacutedo de

fluoretos varia entre 20 e 500 ppm contudo nas camadas mais profundas o seu niacutevel aumenta No ar a

concentraccedilatildeo normal de fluoretos oscila entre 005 e 190microgm3 1

Do fluacuteor que eacute ingerido entre 75 e 90 eacute absorvido por via digestiva sendo a mucosa bucal

responsaacutevel pela absorccedilatildeo de menos de 1 Depois de absorvido passa para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea

sob a forma ioacutenica ou de compostos orgacircnicos lipossoluacuteveis A forma ioacutenica que circula livremente e

natildeo se liga agraves proteiacutenas nem aos componentes plasmaacuteticos nem aos tecidos moles eacute a que vai estar

disponiacutevel para ser absorvida pelos tecidos duros Da quantidade total de fluacuteor presente no organismo

99 encontra-se nos tecidos calcificados Entre 10 e 25 do aporte diaacuterio de fluacuteor natildeo chega a ser

absorvido vindo a ser excretado pelas fezes O fluacuteor absorvido natildeo utilizado (cerca de 50) eacute

eliminado por via renal2

O fluacuteor tem uma grande afinidade com a apatite presente no organismo com a qual cria ligaccedilotildees

fortes que natildeo satildeo irreversiacuteveis Este facto deve-se agrave facilidade com que os radicais hidroxilos da

hidroxiapatite satildeo substituiacutedos pelos iotildees fluacuteor formando fluorapatite No entanto a apatite normal do

ser humano presente no osso e dente mesmo em condiccedilotildees ideais de presenccedila de fluacuteor nunca se

aproxima da composiccedilatildeo da fluorapatite pura

Quando o fluacuteor eacute ingerido passa pela cavidade oral daiacute resultando a deposiccedilatildeo de uma determinada

quantidade nos tecidos e liacutequidos aiacute existentes A mucosa jugal as gengivas a placa bacteriana os

dentes e a saliva vatildeo beneficiar imediatamente de um aporte directo de fluacuteor que pode permitir que a

sua disponibilidade na cavidade oral se prolongue por periacuteodos mais longos Eacute um facto que a presenccedila

de fluacuteor no meio oral independentemente da sua fonte resulta numa acccedilatildeo preventiva e terapecircutica

extremamente importante

Nota 22 mg de fluoreto de soacutedio correspondem a 1 mg de fluacuteor Quando se dilui 1 mg de fluacuteor em um litro de aacutegua pura

considera-se que essa aacutegua passou a ter 1 ppm de fluacuteor

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 2

Considera-se actualmente que os benefiacutecios dos fluoretos resultam basicamente da sua acccedilatildeo toacutepica

sobre a superfiacutecie do dente enquanto a sua acccedilatildeo sisteacutemica (preacute-eruptiva) eacute muito menos importante

A acccedilatildeo preventiva e terapecircutica dos fluoretos eacute conseguida predominantemente pela sua acccedilatildeo toacutepica

quer nas crianccedilas quer nos adultos atraveacutes de trecircs mecanismos diferentes responsaacuteveis pela

bull inibiccedilatildeo do processo de desmineralizaccedilatildeo

bull potenciaccedilatildeo do processo de remineralizaccedilatildeo

bull inibiccedilatildeo da acccedilatildeo da placa bacteriana

O uso racional dos fluoretos na profilaxia da caacuterie dentaacuteria com eficaacutecia e seguranccedila baseia-se no

conhecimento actualizado dos seus mecanismos de acccedilatildeo e da sua toxicologia

Com base na evidecircncia cientiacutefica a estrateacutegia de utilizaccedilatildeo dos fluoretos em sauacutede oral foi redefinida

tendo em conta que a sua acccedilatildeo preventiva eacute predominantemente poacutes-eruptiva e toacutepica e a sua acccedilatildeo

toacutexica com repercussotildees a niacutevel dentaacuterio eacute preacute-eruptiva e sisteacutemica

Estudos epidemioloacutegicos efectuados pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) sobre os efeitos do

fluacuteor na sauacutede humana referem que valores compreendidos entre 1 e 15 ppm natildeo representam risco

acrescido Contudo valores entre 15 e 2 ppm em climas quentes poderatildeo contribuir para a ocorrecircncia

de casos de fluorose dentaacuteria e valores entre 3 a 6 ppm para o aparecimento de fluorose oacutessea

Para a OMS a concentraccedilatildeo oacuteptima de fluoretos na aacutegua quando esta eacute sujeita a fluoretaccedilatildeo deve

estar compreendida entre 05 e 15 ppm de F dependendo este valor da temperatura meacutedia do local

que condiciona a quantidade de aacutegua ingerida nas zonas mais frias o valor maacuteximo pode estar perto

do limite superior nas zonas mais quentes o valor deve estar perto do limite inferior para uma

prevenccedilatildeo eficaz da caacuterie dentaacuteria Para que os riscos de fluorose estejam diminuiacutedos os programas de

fluoretaccedilatildeo das aacuteguas devem obedecer a criteacuterios claramente definidos

Nas regiotildees onde a aacutegua da rede puacuteblica conteacutem menos de 03 ppm (mgl) de fluoretos (situaccedilatildeo mais

frequente em Portugal Continental) a dose profilaacutectica oacuteptima considerando a soma de todas as fontes

de fluoretos eacute de 005mgkgdia3

11 Toxicidade Aguda

Uma intoxicaccedilatildeo aguda pelo fluacuteor eacute uma possibilidade extremamente rara Alguns casos tecircm sido

descritos na literatura Estudos efectuados em roedores e extrapolados para o homem adulto permitem

pensar que a dose letal miacutenima de fluacuteor seja de aproximadamente 2 gramas ou 32 a 64 mgkg de peso

corporal mas para uma crianccedila bastam 15 mgkg de peso corporal 2

A partir da ingestatildeo de doses superiores a 5mgkg de peso corporal considera-se a hipoacutetese de vir a ter

efeitos toacutexicos

As crianccedilas pequenas tecircm um risco acrescido de ingerir doses de fluoretos atraveacutes do consumo de

produtos de higiene oral A ingestatildeo acidental de um quarto de um tubo com dentiacutefrico de 125 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 3

(1500 ppm de Fluacuteor) potildee em risco a vida de uma crianccedila de um ano de idade O risco de ingestatildeo

acidental por crianccedilas eacute real e eacute adjuvado pelo tipo de embalagens destes produtos que natildeo tecircm

dispositivos de seguranccedila para a sua abertura

A toxicidade aguda pelos fluoretos poderaacute manifestar-se por queixas digestivas (dor abdominal

voacutemitos hematemeses e melenas) neuroloacutegicas (tremores convulsotildees tetania deliacuterio lentificaccedilatildeo da

voz) renais (urina turva hematuacuteria) metaboacutelicas (hipocalceacutemia hipomagnesieacutemia hipercalieacutemia)

cardiovasculares (arritmias hipotensatildeo) e respiratoacuterias (depressatildeo respiratoacuteria apneias) 4

12 Toxicidade Croacutenica

A dose total diaacuteria de fluoretos administrados por via sisteacutemica isenta de risco de toxicidade croacutenica

situa-se abaixo de 005 mgkgdia de peso A partir desses valores aumentam as manifestaccedilotildees atraveacutes

do aparecimento de hipomineralizaccedilatildeo do esmalte que se revela por fluorose dentaacuteria Com

concentraccedilotildees acima de 25 ppm na aacutegua esta manifestaccedilatildeo eacute mais evidente sendo tanto mais grave

quanto a concentraccedilatildeo de fluoretos vai aumentando O periacuteodo criacutetico para o efeito toacutexico do fluacuteor se

manifestar sobre a denticcedilatildeo permanente eacute entre o nascimento e os 7 anos de idade (ateacute aos 3 anos eacute o

periacuteodo mais criacutetico) Quando existem fluoretos ateacute 3 ppm na aacutegua aleacutem da fluorose natildeo parece

existir qualquer outro efeito toacutexico na sauacutede A partir deste valor aumenta o risco de nefrotoxicidade

Como qualquer outro medicamento os fluoretos em dose excessiva tecircm efeitos toacutexicos que

normalmente se manifestam atraveacutes de uma interferecircncia na esteacutetica dentaacuteria Essa manifestaccedilatildeo eacute a

fluorose dentaacuteria

Estudos recentes sobre suplementos de fluoretos e fluorose 5 confirmam que as comunidades sem aacutegua

fluoretada e que utilizam suplementos de fluoretos durante os primeiros 6 anos de vida apresentam

um aumento do risco de desenvolver fluorose

O principal factor de risco para o aparecimento de fluorose dentaacuteria eacute o aporte total de fluoretos

provenientes de diferentes fontes nomeadamente da alimentaccedilatildeo incluindo a aacutegua e os suplementos

alimentares dentiacutefricos e soluccedilotildees para bochechos comprimidos e gotas e ingestatildeo acidental que natildeo

satildeo faacuteceis de quantificar

A fluorose dentaacuteria aumentou nos uacuteltimos anos em comunidades com e sem aacutegua fluoretada 6

2 F l u o r e t o s n a aacute g u a

2 1 Aacute g u a d e a b a s t e c i m e n t o p uacute b l i c o

A fluoretaccedilatildeo das aacuteguas para consumo humano como meio de suprir o deacutefice de fluoretos na aacutegua eacute

uma praacutetica comum em alguns paiacuteses como o Brasil Austraacutelia Canadaacute EUA e Nova Zelacircndia

Apesar de serem tatildeo diferentes quer do ponto de vista soacutecioeconoacutemico quer geograacutefico eles detecircm

uma experiecircncia superior a 25 anos neste domiacutenio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 4

Na Europa a maior parte dos paiacuteses natildeo faz fluoretaccedilatildeo das suas aacuteguas para consumo humano agrave

excepccedilatildeo da Irlanda da Suiacuteccedila (Basileia) e de 10 da populaccedilatildeo do Reino Unido Na Alemanha eacute

proibido e nos restantes paiacuteses eacute desaconselhado

Nos paiacuteses em que se faz fluoretaccedilatildeo da aacutegua alguns estudos demonstraram natildeo ter existido um ganho

efectivo na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria No entanto outros como a Austraacutelia no Estado de Victoacuteria

onde a fluoretaccedilatildeo da aacutegua se faz regularmente observaram-se ganhos efectivos na sauacutede oral da

populaccedilatildeo com consequentes ganhos econoacutemicos

Recomendaccedilatildeo Eacute indispensaacutevel avaliar a qualidade das aacuteguas de abastecimento puacuteblico periodicamente e corrigir os

paracircmetros alterados

Na aacutegua os valores das concentraccedilotildees de fluoretos estatildeo compreendidas entre 01 a 07 ppm Contudo

em alguns casos podem apresentar valores muito mais elevados

Quando a aacutegua apresenta valores de ph superiores a 8 e o iatildeo soacutedio e os carbonatos satildeo dominantes os

valores de fluoretos normalmente presentes excedem 1 ppm

Nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica os fluoretos podem existir naturalmente ou resultar de um

programa de fluoretaccedilatildeo Em Portugal Continental os valores satildeo normalmente baixos e as aacuteguas natildeo

estatildeo sujeitas a fluoretaccedilatildeo artificial O teor de fluoretos deveraacute ser controlado regularmente de modo

a preservar os interesses da sauacutede puacuteblica 7

Na definiccedilatildeo de um valor guia para a aacutegua de consumo humano a OMS propotildee o valor limite de 15

ppm de Fluacuteor referindo que valores superiores podem contribuir para o aumento do risco de fluorose

A Agecircncia Americana para o Ambiente (USEPA) refere um valor maacuteximo admissiacutevel de fluoretos na

aacutegua de consumo humano de 15 ppm e recomenda que nunca se ultrapasse os 4 ppm

Em Portugal a legislaccedilatildeo actualmente em vigor sobre a qualidade da aacutegua para consumo humano

decreto-lei nordm 23698 de 1 de Agosto define dois Valores Maacuteximos Admissiacuteveis (VMA) para os

fluoretos 15 ppm (8 a 12 ordmC) e 07 ppm (25 a 30 ordmC) O decreto-lei nordm 2432001 de 5 de Setembro

que transpotildee a Directiva Comunitaacuteria nordm 9883CE de 3 de Novembro que entrou em vigor em 25 de

Dezembro de 2003 define para os fluoretos um Valor Parameacutetrico (VP) de 15 ppm

O decreto-lei nordm 24301 remete para a Entidade Gestora a verificaccedilatildeo da conformidade dos valores

parameacutetricos obrigatoacuterios aplicaacuteveis agrave aacutegua para consumo humano Sempre que um valor parameacutetrico

eacute excedido isso corresponde a uma situaccedilatildeo de incumprimento e perante esta situaccedilatildeo a entidade

gestora deve de imediato informar a autoridade de sauacutede e a entidade competente dando conta das

medidas correctoras adoptadas ou em curso para restabelecer a qualidade da aacutegua destinada a consumo

humano

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 5

Deve ter-se em atenccedilatildeo o desvio em relaccedilatildeo ao valor parameacutetrico fixado e o perigo potencial para a

sauacutede humana

Segundo o decreto-lei supra mencionado artigo 9ordm compete agraves autoridades de sauacutede a vigilacircncia

sanitaacuteria e a avaliaccedilatildeo do risco para a sauacutede puacuteblica da qualidade da aacutegua destinada ao consumo

humano Sempre que o risco exista e o incumprimento persistir a autoridade de sauacutede deve informar e

aconselhar os consumidores afectados e determinar a proibiccedilatildeo de abastecimento restringir a

utilizaccedilatildeo da aacutegua que constitua um perigo potencial para a sauacutede humana e adoptar todas as medidas

necessaacuterias para proteger a sauacutede humana

Nos Accedilores e na Madeira ou em zonas onde o teor de fluoretos na aacutegua eacute muito elevado deveraacute ser

feita uma verificaccedilatildeo da constante e a correcccedilatildeo adequada

Os principais tratamentos de desfluoretaccedilatildeo envolvem a floculaccedilatildeo da aacutegua usando sais hidratados de

alumiacutenio principalmente em condiccedilotildees alcalinas No caso de aacuteguas aacutecidas pode-se adicionar cal e

alternativamente pode-se recorrer agrave adsorccedilatildeo com carvatildeo activado ou alumina activada ( Al2O3 ) ou

por permuta ioacutenica usando resinas especiacuteficas

Recomendaccedilatildeo Ateacute aos 6-7 anos as crianccedilas natildeo devem ingerir regularmente aacutegua com teor de fluoretos superior a 07 ppm

Recomendaccedilatildeo Sempre que o valor parameacutetrico dos fluoretos na aacutegua para consumo humano exceder 15 ppm deveratildeo ser aplicadas

medidas correctoras para restabelecer a qualidade da aacutegua

2 2 Aacute g u a s m i n e r a i s n a t u r a i s e n g a r r a f a d a s

As aacuteguas minerais naturais engarrafadas deveratildeo no futuro ter rotulagem de acordo com a Directiva

Comunitaacuteria 200340CE da Comissatildeo Europeia de 16 de Maio publicada no Jornal Oficial da Uniatildeo

Europeia em 2252003 artigo 4ordm laquo1 As aacuteguas minerais naturais cuja concentraccedilatildeo em fluacuteor for

superior a 15 mgl (ppm) devem ostentar no roacutetulo a menccedilatildeo lsquoconteacutem mais de 15 mgl (ppm) de

fluacuteor natildeo eacute adequado o seu consumo regular por lactentes nem por crianccedilas com menos de 7 anosrsquo

2 No roacutetulo a menccedilatildeo prevista no nordm 1 deve figurar na proximidade imediata da denominaccedilatildeo de

venda e em caracteres claramente visiacuteveis 3

As aacuteguas minerais naturais que em aplicaccedilatildeo do nordm 1 tiverem de ostentar uma menccedilatildeo no roacutetulo

devem incluir a indicaccedilatildeo do teor real em fluacuteor a niacutevel da composiccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica em constituintes

caracteriacutesticos tal como previsto no nordm 2 aliacutenea a) do artigo 7ordm da Directiva 80777CEEraquo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 6

Para as aacuteguas de nascente cujas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas satildeo definidas pelo Decreto-lei

2432001 de 5 de Setembro em vigor desde Dezembro de 2003 os limites para o teor de fluoretos satildeo

de 15 mgl (ppm)

De acordo com o parecer do Scientific Committee on Food - Comiteacute Cientiacutefico de Alimentaccedilatildeo

Humana (expresso em Dezembro de 1996) a Comissatildeo natildeo vecirc razotildees para nos climas da Uniatildeo

Europeia (climas temperados) limitar os fluoretos nas aacuteguas de consumo humano e nas aacuteguas minerais

naturais para valores inferiores a 15mgl (ppm)

3 F l u o r e t o s n o s g eacute n e r o s a l i m e n t iacute c i o s

Entende-se por lsquogeacutenero alimentiacuteciorsquo qualquer substacircncia ou produto transformado parcialmente

transformado ou natildeo transformado destinado a ser ingerido pelo ser humano ou com razoaacuteveis

probabilidades de o ser Este termo abrange bebidas pastilhas elaacutesticas e todas as substacircncias

incluindo a aacutegua intencionalmente incorporadas nos geacuteneros alimentiacutecios durante o seu fabrico

preparaccedilatildeo ou tratamento8 9

Na alimentaccedilatildeo as estimativas de ingestatildeo de fluacuteor atraveacutes da dieta variam entre 02 e 34 mgdia

sendo estes uacuteltimos valores atingidos quando se inclui o chaacute na alimentaccedilatildeo A ingestatildeo de fluoretos

provenientes dos alimentos comuns eacute pouco significativa Apenas 13 se apresentam na forma

ionizaacutevel e portanto biodisponiacutevel

Recomendaccedilatildeo Independentemente da origem ao utilizar aacutegua informe-se sobre o seu teor em fluoretos As que tecircm um elevado teor

deste elemento natildeo satildeo adequadas para lactentes e crianccedilas com menos de 7 anos

Recomendaccedilatildeo Dar prioridade a uma dieta equilibrada e saudaacutevel com diversidade alimentar Utilizar a aacutegua da cozedura dos

alimentos para confeccionar outros alimentos (ex sopas arroz)

No iniacutecio do ano de 2003 a Comissatildeo Europeia apresentou uma nova proposta de Directiva

Comunitaacuteria relativa agrave ldquoAdiccedilatildeo aos geacuteneros alimentiacutecios de vitaminas minerais e outras substacircnciasrdquo

onde os fluoretos satildeo referidos como podendo ser adicionados a geacuteneros alimentiacutecios comuns Nesta

proposta de Directiva Comunitaacuteria eacute sugerida a inclusatildeo de determinados nutrimentos (entre eles o

fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de geacuteneros alimentiacutecios comuns Esta proposta

prevista no Livro Branco da Comissatildeo ainda estaacute numa fase inicial de discussatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 7

4 F l u o r e t o s e m s u p l e m e n t o a l i m e n t a r

Entende-se por lsquosuplementos alimentaresrsquo geacuteneros alimentiacutecios que se destinam a complementar e ou

suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas

substacircncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisioloacutegico estremes ou combinados

comercializados em forma doseada tais como caacutepsulas pastilhas comprimidos piacutelulas e outras

formas semelhantes saquetas de poacute ampola de liacutequido frascos com conta gotas e outras formas

similares de liacutequido ou poacute que se destinam a ser tomados em unidades medidas de quantidade

reduzida10

A Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002

transposta para o direito nacional pelo Decreto-lei nordm 1362003 de 28 de Junho relativa agrave aproximaccedilatildeo

das legislaccedilotildees dos Estados-Membros respeitantes aos suplementos alimentares vai permitir a inclusatildeo

de determinados nutrimentos (entre eles o fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de

suplementos alimentares11

A partir de 28 de Agosto de 2003 os fluoretos poderatildeo ser comercializados como suplemento

alimentar passando a estar disponiacutevel em farmaacutecias e superfiacutecies comerciais

As quantidades maacuteximas de vitaminas e minerais presentes nos suplementos alimentares satildeo fixadas

em funccedilatildeo da toma diaacuteria recomendada pelo fabricante tendo em conta os seguintes elementos

a) limites superiores de seguranccedila estabelecidos para as vitaminas e os minerais apoacutes uma

avaliaccedilatildeo dos riscos efectuada com base em dados cientiacuteficos geralmente aceites tendo em

conta quando for caso disso os diversos graus de sensibilidade dos diferentes grupos de

consumidores

b) quantidade de vitaminas e minerais ingerida atraveacutes de outras fontes alimentares

c) doses de referecircncia de vitaminas e minerais para a populaccedilatildeo

Recomendaccedilatildeo Nunca ultrapassar a toma indicada no roacutetulo do produto e natildeo utilizar um suplemento alimentar como substituto de um

regime alimentar variado

As quantidades maacuteximas e miacutenimas de vitaminas e minerais referidas seratildeo adoptadas pela Comissatildeo

Europeia assistida pelo Comiteacute de Regulamentaccedilatildeo

Em Portugal a Agecircncia para a Qualidade e Seguranccedila Alimentar viraacute a ter informaccedilatildeo sobre todos os

suplementos alimentares comercializados como geacuteneros alimentiacutecios e introduzidos no mercado de

acordo com o Decreto-lei nordm 1362003

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 8

A rotulagem dos suplementos alimentares natildeo poderaacute mencionar nem fazer qualquer referecircncia a

prevenccedilatildeo tratamento ou cura de doenccedilas humanas e deveraacute indicar uma advertecircncia de que os

produtos devem ser guardados fora do alcance das crianccedilas

5 F luore tos em med icamentos e p rodutos cosmeacutet icos de h ig iene corpora l

A distinccedilatildeo entre Medicamento e Produto Cosmeacutetico de Higiene Corporal contendo fluoretos depende

do seu teor no produto Os cosmeacuteticos contecircm obrigatoriamente uma concentraccedilatildeo de fluoretos inferior

a 015 (1500 ppm) (Decreto-lei 1002001 de 28 de Marccedilo I Seacuterie A) sendo que todos os dentiacutefricos

com concentraccedilotildees de fluoretos superior a 015 satildeo obrigatoriamente classificados como

medicamentos

Os medicamentos contendo fluoretos e utilizados para a profilaxia da caacuterie dentaacuteria existentes no

mercado portuguecircs satildeo de venda livre em farmaacutecia Encontram-se disponiacuteveis nas formas

farmacecircuticas de soluccedilatildeo oral (gotas orais) comprimidos dentiacutefricos gel dentaacuterio e soluccedilatildeo de

bochecho

5 1 F l u o r e t o s e m c o m p r i m i d o s e g o t a s o r a i s

A utilizaccedilatildeo de medicamentos contendo fluoretos na forma de gotas orais e comprimidos foi ateacute haacute

pouco recomendada pelos profissionais de sauacutede (pediatras meacutedicos de famiacutelia cliacutenicos gerais

meacutedicos estomatologistas meacutedicos dentistas) dos 6 meses ateacute aos 16 anos

A clarificaccedilatildeo do mecanismo de acccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria e o aumento de

aporte dos mesmos com consequentes riscos de manifestaccedilatildeo toacutexica obrigaram agrave revisatildeo da sua

administraccedilatildeo em comprimidos eou gotas A gravidade da fluorose dentaacuteria estaacute relacionada com a

dose a duraccedilatildeo e com a idade em que ocorre a exposiccedilatildeo ao fluacuteor 12 13

A ldquoCanadian Consensus Conference on the Appropriate Use of Fluoride Supplements for the

Prevention of Dental Caries in Childrenrdquo 14definiu um protocolo cuja utilizaccedilatildeo eacute recomendada a

profissionais de sauacutede em que se fundamenta a tomada de decisatildeo sobre a necessidade ou natildeo da

suplementaccedilatildeo de fluacuteor A administraccedilatildeo de comprimidos soacute eacute recomendada quando o teor de fluoretos

na aacutegua de abastecimento puacuteblico for inferior a 03 ppm e

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) natildeo escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas

vezes por dia

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas vezes

por dia mas apresenta um alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 9

Por sua vez a conclusatildeo do laquoForum on Fluoridation 2002raquo15 relativamente agrave administraccedilatildeo de

suplementos de fluoretos foi a seguinte limitar a utilizaccedilatildeo de comprimidos de fluoretos a aacutereas onde

natildeo existe aacutegua fluoretada e iniciar essa suplementaccedilatildeo apenas a crianccedilas com alto risco agrave caacuterie e a

partir dos 3 anos

Os comprimidos de fluoretos caso sejam indicados devem ser usados pelo interesse da sua acccedilatildeo

toacutepica Devem ser dissolvidos na boca em vez de imediatamente ingeridos16

A administraccedilatildeo de fluoretos sob a forma de comprimidos chupados soacute deveraacute ser efectuada em

situaccedilotildees excepcionais isto eacute em populaccedilotildees de baixos recursos econoacutemicos nas quais a escovagem

natildeo possa ser promovida e os iacutendices de caacuterie sejam elevados

Para evitar a potencial toxicidade dos fluoretos antes de qualquer prescriccedilatildeo todos os profissionais de

sauacutede devem efectuar uma avaliaccedilatildeo personalizada dos aportes diaacuterios de cada crianccedila tendo em conta

todas as fontes possiacuteveis desse elemento alimentos comuns suplementos alimentares consumo de

aacutegua da rede puacuteblica eou aacutegua engarrafada e respectivo teor de fluoretos e utilizaccedilatildeo de medicamentos

e produtos cosmeacuteticos contendo fluacuteor

Recomendaccedilatildeo A partir dos 3 anos os suplementos sisteacutemicos de fluoretos poderatildeo ser prescritos pelo meacutedico assistente ou meacutedico dentista em crianccedilas que apresentem um alto risco

agrave caacuterie dentaacuteria

5 2 F l u o r e t o s e m d e n t iacute f r i c o s

Hoje em dia a maior parte dos dentiacutefricos agrave venda no mercado contecircm fluoretos sob diferentes formas

fluoreto de soacutedio monofluorfosfato de soacutedio fluoreto de amina e outros Os mais utilizados satildeo o

fluoreto de soacutedio e o monofluorfosfato de soacutedio

Normalmente o conteuacutedo de fluoreto dos dentiacutefricos eacute de 1000 a 1100 ppm (ou 010 a 011)

podendo variar entre 500 e 1500 ppm

Durante a escovagem cerca de 34 da pasta eacute ingerida por crianccedilas de 3 anos 28 pelas de 4-5 anos

e 20 pelas de 5-7 anos

Devem ser evitados dentiacutefricos com sabor a fruta para impedir o seu consumo em excesso uma vez

que estatildeo jaacute descritos na literatura casos de fluorose resultantes do abuso de dentiacutefricos2

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluoretos duas vezes por dia tem-se revelado um

meio colectivo de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria com grande efectividade e baixo custo pelo que deve

ser considerado o meio de eleiccedilatildeo em estrateacutegias comunitaacuterias

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 10

Do ponto de vista da prevenccedilatildeo da caacuterie a aplicaccedilatildeo toacutepica de dentiacutefrico fluoretado com a escova dos

dentes deve ser executada duas vezes por dia e deve iniciar-se quando se daacute a erupccedilatildeo dos dentes Esta

rotina diaacuteria de higiene executada naturalmente com muito cuidado pelos pais deve

progressivamente ser assumida pela crianccedila ateacute aos 6-8 anos de idade Durante este periacuteodo a

escovagem deve ser sempre vigiada pelos pais ou educadores consoante as circunstacircncias para evitar

a utilizaccedilatildeo de quantidades excessivas de dentiacutefrico o qual pode da mesma forma que os

comprimidos conduzir antes dos 6 anos agrave ocorrecircncia de fluorose

As crianccedilas devem usar dentiacutefrico com teor de fluoretos entre 1000-1500 ppm de fluoreto (dentiacutefrico

de adulto) sendo a quantidade a utilizar do tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

Apoacutes a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado pode-se natildeo bochechar com aacutegua Deveraacute

apenas cuspir-se o excesso de pasta Deste modo consegue-se uma mais alta concentraccedilatildeo de fluoreto

na cavidade oral que vai actuar topicamente durante mais tempo

Os pais das crianccedilas devem receber informaccedilatildeo sobre a escovagem dentaacuteria e o uso de dentiacutefricos

fluoretados A escovagem com dentiacutefrico fluoretado deve iniciar-se imediatamente apoacutes a erupccedilatildeo dos

primeiros dentes Os dentiacutefricos fluoretados devem ser guardados em locais inacessiacuteveis agraves crianccedilas

pequenas17

5 3 F l u o r e t o s e m s o l u ccedil otilde e s d e b o c h e c h o

As soluccedilotildees para bochechos recomendadas a partir dos 6 anos de idade tecircm sido utilizadas em

programas escolares de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria em inuacutemeros paiacuteses incluindo Portugal Satildeo

recomendadas a indiviacuteduos de maior risco agrave caacuterie dentaacuteria mas a sua utilizaccedilatildeo tem vido a ser

restringida a crianccedilas que escovam eficazmente os dentes

Recomendaccedilatildeo Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Recomendaccedilatildeo A partir dos 6 anos de idade deve ser feito o bochecho quinzenalmente com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

02

As soluccedilotildees fluoretadas de uso diaacuterio habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

005 e as de uso semanal ou quinzenal habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de 02

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 11

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 12

Referecircncias

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2 Rompante P Fundamentos para a alteraccedilatildeo do Programa de Sauacutede Oral da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Documento realizado no acircmbito da Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2003 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e no Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede ndash Norte

3 Rompante P Determinaccedilatildeo da quantidade do elemento fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento puacuteblico na totalidade das sedes de concelho de Portugal Continental Porto Faculdade de Odontologia da Universidade de Barcelona 2002 Tese de Doutoramento

4 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in Children at High Caries Risk SIGN Publication 2000 47

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Page 12: Direcção-Geral da SaúdePrograma será complementado, sempre que oportuno, por orientações técnicas a emitir por esta Direcção-Geral. O Director-Geral e Alto Comissário da

Higiene Oral

A higiene oral deve ser abordada no contexto da aquisiccedilatildeo de comportamentos de

higiene pessoal As aprendizagens deveratildeo relacionar os saberes com as vivecircncias

dentro e fora da escola A estrutura dos programas do ensino baacutesico eacute

suficientemente aberta e flexiacutevel para atender os diversos pontos de partida os

interesses e as necessidades dos alunos assim como as caracteriacutesticas do meio

Deste modo os conteuacutedos da sauacutede oral e da higiene oral podem ser associados ao

desenvolvimento de haacutebitos de higiene pessoal e de vida saudaacutevel

No 1ordm Ciclo recomendamos que as crianccedilas faccedilam uma das escovagens dos dentes

no proacuteprio estabelecimento de ensino Esta escovagem deve ser orientada pelos

professores a quem deveraacute ser dada formaccedilatildeo para esta actividade e regularmente

pelo menos uma vez em cada trimestre supervisionada pela equipa de sauacutede escolar

Seraacute de estimular a auto-responsabilizaccedilatildeo da crianccedila pela sua higiene oral de

manhatilde e agrave noite

Escovagem dos dentes

Na escola deve ser monitorizada a execuccedilatildeo e a efectividade desta actividade A

execuccedilatildeo da escovagem pode ser monitorizada atraveacutes de um registo diaacuterio num

mapa de turma e a efectividade pode ser avaliada atraveacutes da utilizaccedilatildeo do revelador

de placa bacteriana e do caacutelculo do Iacutendice de lsquoPlaca Simplificadorsquo realizado pelos

profissionais de sauacutede10

Fio dentaacuterio

A higienizaccedilatildeo dos espaccedilos interdentaacuterios deve comeccedilar a ser feita por volta dos 9-

10 anos quando a crianccedila comeccedila a ter destreza manual para utilizar o fio dentaacuterio

A teacutecnica deve ser claramente explicada e treinada11

Bochecho fluoretado

Todas as crianccedilas e jovens que frequentam as escolas do 1ordm Ciclo do Ensino Baacutesico

devem fazer o bochecho quinzenal com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a 0212

As estrateacutegias e teacutecnicas de realizaccedilatildeo e implementaccedilatildeo na escola das medidas de

promoccedilatildeo da sauacutede oral preconizadas encontram-se descritas no Texto de Apoio

anexo a esta Circular Normativa da qual faz parte integrante

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 10

Sauacutede Oral na Adolescecircncia

No decurso da adolescecircncia em que se reorganiza a forma de estar no mundo se

reformula o autoconceito atraveacutes nomeadamente dos reforccedilos positivos da auto-

imagem a higiene oral pode desempenhar um contributo importante para esse

processo Neste periacuteodo a adesatildeo a praacuteticas adequadas em termos de sauacutede oral natildeo

passa estritamente por motivaccedilotildees de caraacutecter sanitaacuterio

Tendo isso em conta os profissionais de sauacutede ligados agraves acccedilotildees educativas e

preventivas neste domiacutenio natildeo podem deixar de valorizar as expectativas dos jovens

acerca dos laacutebios da boca e dos dentes nos planos esteacutetico e relacional

Sauacutede Oral em crianccedilas e de jovens com Necessidades de Sauacutede Especiais

A promoccedilatildeo da sauacutede oral de crianccedilas e jovens com Necessidades de Sauacutede

Especiais estaacute descrita no laquoManual de Boas Praacuteticas em Sauacutede Oralraquo editado pela

DGS13

A administraccedilatildeo de suplemento sisteacutemico de fluoretos recomendada deve ser

corrigida de acordo com as orientaccedilotildees introduzidas pelo presente documento

72 Prevenccedilatildeo das doenccedilas orais

Em sauacutede infantil e juvenil a observaccedilatildeo da boca e dos dentes feita pela equipa de

sauacutede pelo meacutedico de famiacutelia ou pelo pediatra comeccedila aos 6 meses e prolonga-se

ateacute aos 18 anos14

A estes profissionais compete reforccedilar as medidas de promoccedilatildeo da sauacutede oral

descritas anteriormente e fazer o diagnoacutestico precoce de caacuterie dentaacuteria registando

os dados na Ficha Individual de Sauacutede Oral e no Boletim de Sauacutede Infantil

Em Sauacutede Escolar tambeacutem poderaacute ser feita essa observaccedilatildeo

Face a um diagnoacutestico ou a uma suspeita de doenccedila oral a crianccedila deve ser

encaminhada para o gestor do programa no Centro de Sauacutede

Se o Centro de Sauacutede tiver higienista oral estomatologista ou meacutedico dentista eacute

feita a avaliaccedilatildeo do risco individual de caacuterie e a protecccedilatildeo dos dentes agraves crianccedilas e

jovens de alto risco

Se o Centro de Sauacutede natildeo dispuser de profissionais de sauacutede oral o gestor do

programa encaminharaacute as crianccedilas para os serviccedilos de estomatologia dos hospitais

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 11

distritais ou centrais caso tenham resposta ou para um meacutedico estomatologista

meacutedico dentista contratualizado

A partir do momento em que a crianccedila apresenta um dente com uma lesatildeo de caacuterie

dentaacuteria passa a exigir medidas preventivas e terapecircuticas especiacuteficas Apoacutes o

tratamento da lesatildeo de caacuterie essa crianccedila eacute incluiacuteda num grupo que do ponto de

vista preventivo exigiraacute maior atenccedilatildeo e acompanhamento

A protecccedilatildeo dos dentes em crianccedilas com alto risco agrave caacuterie dentaacuteria consiste na

execuccedilatildeo de uma ou mais medidas

Aplicaccedilatildeo de selantes de fissura

Suplemento de fluoretos um (1) comprimido diaacuterio de 025 mg que deve ser

dissolvido lentamente na boca agrave noite antes de deitar

Verniz de fluacuteor ou de clorohexidina

A estrateacutegia preventiva e terapecircutica do programa complementam-se com a

avaliaccedilatildeo do risco individual de caacuterie dentaacuteria

A avaliaccedilatildeo eacute feita a partir da conjugaccedilatildeo dos seguintes factores de risco evidecircncia

cliacutenica de doenccedila anaacutelise dos haacutebitos alimentares controlo da placa bacteriana

niacutevel socioeconoacutemico da famiacutelia e histoacuteria cliacutenica da crianccedila15

Factores de Risco Baixo Risco Alto Risco

Evidecircncia cliacutenica de doenccedila

Sem lesotildees de caacuterie Nenhum dente perdido devido a caacuterie Poucas ou nenhumas obturaccedilotildees

Lesotildees activas de caacuterie Extracccedilotildees devido a caacuterie Duas ou mais obturaccedilotildees Aparelho fixo de ortodontia

Anaacutelise dos haacutebitos alimentares

Ingestatildeo pouco frequente de alimentos accedilucarados

Ingestatildeo frequente de alimentos accedilucarados em particular entre as refeiccedilotildees

Utilizaccedilatildeo de fluoretos

Uso regular de dentiacutefrico fluoretado

Natildeo utilizaccedilatildeo regular de qualquer dentiacutefrico fluoretado

Controlo da placa bacteriana

Escovagem dos dentes duas ou mais vezes por dia

Natildeo escova os dentes ou faz uma escovagem pouco eficaz

Niacutevel socioeconoacutemico da famiacutelia

Meacutedio ou alto Baixo

Histoacuteria cliacutenica da crianccedila

Sem problemas de sauacutede Ausecircncia de medicaccedilatildeo croacutenica

Portador de deficiecircncia fiacutesica ou mental Ingestatildeo prolongada de medicamentos cariogeacutenicos Doenccedilas Croacutenicas Xerostomia

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 12

As crianccedilas e os jovens que natildeo se inscrevem em nenhuma das categorias anteriores

satildeo considerados de risco moderado

Os criteacuterios de avaliaccedilatildeo do risco individual de caacuterie dentaacuteria seratildeo

complementados com orientaccedilotildees teacutecnicas a emitir pela Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

73 Diagnoacutestico precoce e tratamento dentaacuterio

O diagnoacutestico precoce e os tratamentos dentaacuterios podem ser feitos no Centro de

Sauacutede nos serviccedilos de estomatologia do Hospital ou pelos meacutedicos estomatologistas

ou meacutedicos dentistas contratualizados da sua aacuterea de atracccedilatildeo

Nos Centros de Sauacutede onde existe Higienista Oral este gere os encaminhamentos

quando haacute necessidade de tratamentos e a frequecircncia da vigilacircncia da sauacutede oral das

crianccedilas e dos jovens do seu ficheiro

A contratualizaccedilatildeo com profissionais de sauacutede oral permite-nos garantir cuidados de

sauacutede oral a todas as crianccedilas em Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral

que desenvolvam caacuterie dentaacuteria

O processo seraacute implementado progressivamente O meacutedico estomatologistameacutedico

dentista responsabiliza-se pelo acompanhamento individual das crianccedilas que lhe satildeo

remetidas pelo SNS

O encaminhamento deve respeitar a liberdade de escolha do utente e a capacidade

de resposta do profissional contratualizado

8 Avaliaccedilatildeo do Programa

A avaliaccedilatildeo do programa tem periodicidade anual pelo que os indicadores a utilizar

teratildeo necessariamente que ser faacuteceis de obter e fiaacuteveis Satildeo eles que iratildeo permitir a

monitorizaccedilatildeo do programa e os avanccedilos alcanccedilados em cada regiatildeo de sauacutede e nos

diversos grupos etaacuterios

As fontes de dados satildeo nos serviccedilos puacuteblicos os registos habituais de actividades e

os mapas de sauacutede oral e sauacutede escolar nos serviccedilos privados a informaccedilatildeo

produzida pelos profissionais de sauacutede oral contratualizados registada na Ficha

Individual de Sauacutede Oral transcrita para o Mapa Anual da intervenccedilatildeo meacutedico-

dentaacuteria e enviada para o serviccedilo com quem contratualizou

A qualidade das prestaccedilotildees contratualizadas seraacute feita por avaliaccedilatildeo externa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 13

Os indicadores de avaliaccedilatildeo do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral satildeo

Percentagem de crianccedilas em programa aos 3 6 12 e 15 anos

Percentagem de crianccedilas em programa no Jardim-de-infacircncia e na Escola no 1ordm

ciclo 2ordm ciclo e 3ordm ciclo

Percentagem de crianccedilas com necessidades de tratamentos dentaacuterios

encaminhadas e tratadas

Percentagem de crianccedilas de alto risco agrave caacuterie

Percentagem de crianccedilas livres de caacuterie aos 6 anos

Iacutendice cpod e CPOD aos 6 anos

Iacutendice CPOD aos 12 anos

Esta avaliaccedilatildeo anual natildeo substitui as avaliaccedilotildees quinquenais de acircmbito nacional que a

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede com as Administraccedilotildees Regionais de Sauacutede e as Secretarias

Regionais continuaratildeo a realizar

9 Disposiccedilotildees finais e transitoacuterias

Para efeito de avaliaccedilatildeo do estado dentaacuterio e de avaliaccedilatildeo do risco seratildeo elaborados

suportes de informaccedilatildeo para serem utilizados por todos os sectores intervenientes

no programa e em todos os niacuteveis de produccedilatildeo de informaccedilatildeo

Do niacutevel local ao niacutevel central a informaccedilatildeo iraacute sendo agrupada em mapas de modo

a podermos construir indicadores de niacuteveis de resultados

Os dois Textos de Apoio anexos a este programa ldquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de

Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutederdquo e ldquoFluoretos Fundamentaccedilatildeo e

recomendaccedilatildeordquo suportam as alteraccedilotildees introduzidas e apontam formas de

implementar a estrateacutegia definida no Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede

Oral

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 14

Consenso sobre a utilizaccedilatildeo de fluoretoslowast no acircmbito do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral

Generalidades

O fluacuteor tem comprovada importacircncia na reduccedilatildeo da prevalecircncia e gravidade da caacuterie A

estrateacutegia da sua utilizaccedilatildeo em sauacutede oral foi redefinida com base em novas evidecircncias

cientiacuteficas Actualmente considera-se que a sua acccedilatildeo preventiva e terapecircutica eacute toacutepica

e poacutes-eruptiva e que para se obter este efeito toacutepico o dentiacutefrico fluoretado constitui a

opccedilatildeo consensual

Os fluoretos quando administrados por via sisteacutemica podem ter efeitos toacutexicos em

particular antes dos 6 anos Embora as consequecircncias sejam essencialmente de ordem

esteacutetica eacute revista a sua administraccedilatildeo

Nas crianccedilas com idades iguais ou inferiores a 6 anos que cumprem as exigecircncias

habituais da higiene oral isto eacute escovam os dentes usando dentiacutefrico fluoretado a

concomitante administraccedilatildeo de comprimidos ou gotas aumenta o risco de fluorose

dentaacuteria

As recomendaccedilotildees da Task Force sobre a utilizaccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da

caacuterie integradas no Programa Nacional de Sauacutede Oral satildeo as seguintes

a) Eacute dada prioridade agraves aplicaccedilotildees toacutepicas sob a forma de dentiacutefricos administrados na

escovagem dos dentes Estas aplicaccedilotildees devem ser efectuadas desde a erupccedilatildeo dos

dentes e de acordo com as regras expostas na tabela anexa

b) Os comprimidos anteriormente recomendados no acircmbito do Programa de Promoccedilatildeo

da Sauacutede Oral nas Crianccedilas e nos Adolescentes (CN nordm 6DSE de 200599) soacute

seratildeo administrados apoacutes os 3 anos a crianccedilas de alto risco agrave caacuterie dentaacuteria Nesta

situaccedilatildeo os comprimidos devem ser dissolvidos na boca lentamente

preferencialmente antes de deitar As acccedilotildees de educaccedilatildeo para a sauacutede devem

prioritariamente promover a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado

lowast Das Faculdades de Medicina Dentaacuteria de Lisboa Porto e Coimbra Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Coleacutegio de Estomatologia da Ordem dos Meacutedicos Ordem dos Meacutedicos Dentistas e Sociedade Portuguesa de Pediatria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 15

c) Em nenhum dos casos estaacute recomendada a administraccedilatildeo de fluoretos sisteacutemicos agraves

graacutevidas agraves crianccedilas antes dos 3 anos e agraves que em qualquer idade consumam aacutegua

com teor de fluoreto superior a 03 ppm

Recomendaccedilotildees sobre a utilizaccedilatildeo de fluoretos no acircmbito do PNPSO

RECOMEN-

DACcedilOtildeES

Frequecircncia da

escovagem dos dentes

Material utilizado na escovagem dos dentes

Execuccedilatildeo da escovagem dos dentes

Dentiacutefrico fluoretado

Suplemento sisteacutemico de

fluoretos

0-3 Anos 2 x dia

a partir da erupccedilatildeo do 1ordm dente

uma obrigatoria-mente antes

de deitar

Gaze Dedeira

Escova macia

de tamanho pequeno

Pais

1000-1500 ppm

quantidade idecircntica ao tamanho da

unha do 5ordm dedo da crianccedila

Natildeo recomendado

3-6 Anos 2 x dia

uma

obrigatoria-mente antes

de deitar

Escova macia

de tamanho adequado agrave

boca da crianccedila

Pais eou Crianccedila

a partir do

momento em que a crianccedila

adquire destreza

manual faz a escovagem sob

supervisatildeo

1000-1500 ppm

quantidade idecircntica ao tamanho da

unha do 5ordm dedo da crianccedila

Natildeo recomendado

Excepcionalmente as crianccedilas de alto

risco agrave caacuterie dentaacuteria podem fazer

1 (um) comprimido diaacuterio de fluoreto de soacutedio a 025 mg

Mais de 6 Anos

2 x dia

uma

obrigatoria-mente antes

de deitar

Escova macia

ou em alternativa

meacutedia

de tamanho adequado agrave

boca da crianccedila ou do

jovem

Crianccedila eou Pais

se a crianccedila

natildeo tiver adquirido destreza

manual a escovagem

tem que ter a intervenccedilatildeo

activa dos pais

1000-1500 ppm

quantidade aproximada de 1 centiacutemetro

Natildeo recomendado

Excepcionalmente as crianccedilas de alto

risco agrave caacuterie dentaacuteria podem fazer

1 (um) comprimido diaacuterio de fluoreto de soacutedio a 025 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 16

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 17

Referecircncias

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Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 20

Agradecimentos

A Task Force que colaborou na revisatildeo do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral coordenada pela Drordf Gregoacuteria Paixatildeo von Amann e pela Higienista Oral Cristina Ferreira Caacutedima da Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede contou com a prestimosa colaboraccedilatildeo teacutecnica e cientiacutefica de

Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge representado pela Drordf Dirce Silveira

Direcccedilatildeo-Geral da Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura representada pela Engordf Maria de Lourdes Camilo

Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa representada pelo Prof Doutor Paulo Melo

Faculdade de Medicina de Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria representada pelo Dr Francisco Delille

Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade de Lisboa representada pelo Prof Doutor Ceacutesar Mexia de Almeida

Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto representada pelo Prof Doutor Fernando M Peres

Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento representado pela Drordf Ana Arauacutejo

Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede - Norte representado pelo Prof Doutor Paulo Rompante

Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede - Sul representado pela Profordf Doutora Fernanda Mesquita

Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia representada pelo Dr Alexandre Loff Seacutergio

Ordem dos Meacutedicos Dentistas representada pelo Prof Doutor Paulo Melo

Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria representada pelo Prof Doutor Ceacutesar Mexia de Almeida

Sociedade Portuguesa de Pediatria representada pelo Dr Manuel Salgado

Serviccedilos da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede representada pela Drordf Anabela Lopes Divisatildeo de Sauacutede Ambiental representada pelo Engordm Paulo Diegues e a Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede representada pelo Dr Pedro Ribeiro da Silva

Pelas sugestotildees e correcccedilotildees introduzidas o nosso agradecimento agrave Profordf Doutora Isabel Loureiro ao Dr Vasco Prazeres Drordf Leonor Sassetti Drordf Ana Paula Ramalho Correia Dr Rui Calado Drordf Maria Otiacutelia Riscado Duarte Dr Joatildeo Breda e ao Sr Viacutetor Alves que concebeu o logoacutetipo do programa

A todos a Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede e a Divisatildeo de Sauacutede Escolar agradecem

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

E s t r a t eacute g i a s e T eacute c n i c a s d e E d u c a ccedil atilde o e P r o m o ccedil atilde o

d a S a uacute d e

Documento produzido no acircmbito dos trabalhos da Task Force pela Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede Dr

Pedro Ribeiro da Silva e Dr Joatildeo Breda e pela Higienista Oral Cristina Ferreira Caacutedima e Drordf Gregoacuteria Paixatildeo von Amann da

Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede que coordenou os trabalhos

1 Preacircmbulo

Os Programas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede tecircm por objectivo capacitar as pessoas a tomarem decisotildees no

seu quotidiano que se revelem as mais adequadas para manter ou alargar o seu potencial de sauacutede

Para se atingir este objectivo fornece-se informaccedilatildeo e utilizam-se metodologias que facilitem e decircem

suporte agraves mudanccedilas comportamentais e agrave manutenccedilatildeo das praacuteticas consideradas saudaacuteveis

Mas a mudanccedila de comportamentos natildeo eacute faacutecil depende de factores sociais culturais familiares

entre muitos outros e natildeo apenas do conhecimento cientiacutefico que as pessoas possuam sobre

determinada mateacuteria

Esta dificuldade eacute bem patente quando como no presente caso se pretende intervir sobre

comportamentos relacionados com a alimentaccedilatildeo e a escovagem dos dentes

Quando os pais datildeo aos filhos patildeo achocolatado ou outros alimentos accedilucarados para levarem para a

escola estatildeo com frequecircncia a dar natildeo apenas um alimento mas tambeacutem e ateacute talvez

principalmente afecto tentando colmatar lacunas que possam ter na relaccedilatildeo com os seus filhos

mesmo que natildeo tenham consciecircncia desse facto

Podem tambeacutem dar este tipo de alimento por terem dificuldade de encontrar tempo para confeccionar

uma sandes ou outro alimento e os anteriormente referidos estatildeo sempre prontos a serem colocados na

mochila da crianccedila

Eacute importante desenvolvermos estrateacutegias de Educaccedilatildeo para a Sauacutede que natildeo culpabilizem os pais

porque estes intrinsecamente desejam sempre o melhor para os seus filhos embora natildeo consigam por

vezes colocaacute-lo em praacutetica

Devido agrave complexidade que eacute actuar sobre comportamentos individuais para se aumentar a eficiecircncia

das nossas praacuteticas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede torna-se fulcral utilizar metodologias alargadas a vaacuterios

parceiros e sectores da comunidade de forma articulada e continuada para que progressivamente

possamos ir obtendo resultados

Como propotildee Nancy Russel no seu Manual de Educaccedilatildeo para a Sauacutede ldquoPara desenhar um

programa de Educaccedilatildeo para a Sauacutede eacute necessaacuterio ter conhecimentos sobre comportamentos e sobre

os factores que produzem a mudanccedilardquo E continua explicitando ldquoAs teorias da mudanccedila de

comportamento que podem ser aplicadas em Educaccedilatildeo para a Sauacutede foram elaboradas a partir de

uma variedade de aacutereas incluindo a psicologia a sociologia a antropologia a comunicaccedilatildeo e o

marketing Nenhuma teoria ou rede de conceitos domina por si soacute a investigaccedilatildeo ou a praacutetica da

Educaccedilatildeo para a Sauacutede Provavelmente porque os comportamentos de sauacutede satildeo demasiado

complexos para serem explicados por uma uacutenica teoriardquo (19968)

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 2

2 Metodologias para Desenvolvimento da Acccedilatildeo

21 Primeira vertente ndash O diagnoacutestico de situaccedilatildeo

A primeira etapa de actuaccedilatildeo eacute de grande importacircncia para a continuidade das outras actividades e

podemos resumi-la a um bom diagnoacutestico de situaccedilatildeo que permita conhecer em pormenor a realidade

sobre a qual se pretende actuar

I - Eacute importante estabelecer como uma das primeiras actividades a anaacutelise de duas vertentes com

grande influecircncia na sauacutede oral os haacutebitos culturais das famiacutelias relativamente agrave alimentaccedilatildeo e as

praacuteticas de higiene oral dos adultos e das crianccedilas

II - Um segundo aspecto relaciona-se com os tipos de interacccedilatildeo entre professores ou

educadores de infacircncia e pais No caso de essa interacccedilatildeo ser regular e organizada importa saber como

reagem os pais agraves indicaccedilotildees dos professores sobre os aspectos comportamentais das crianccedilas e que

efeito e eficaacutecia tecircm essas acccedilotildees na capacitaccedilatildeo de pais e filhos relativamente aos comportamentos

relacionados com a sauacutede oral

Actividades a desenvolverem

a) estudar as formas de melhorar a relaccedilatildeo entre pais e professores procurando resolver as

dificuldades que com frequecircncia os pais apresentam como obstaacuteculos ao contacto mais regular

com os professores

b) analisar a eficaacutecia das recomendaccedilotildees dadas procurando as razotildees que possam estar na origem

de situaccedilotildees de menor eficaacutecia como o desfasamento entre as recomendaccedilotildees e o contexto

familiar e cultural das crianccedilas ou recomendaccedilotildees muito teacutecnicas ou paternalistas Todas estas

situaccedilotildees podem provocar resistecircncias nas famiacutelias agrave adesatildeo agraves praacuteticas desejaacuteveis relativamente

ao programa de sauacutede oral Esta temaacutetica da Educaccedilatildeo para a Sauacutede e as praacuteticas

comportamentais eacute muito complexa mas fundamental para se conseguirem resultados ao niacutevel

dos comportamentos

III - Outra componente a analisar satildeo os aspectos sociais dos consumos alimentares que possam

estar relacionados com situaccedilotildees locais como campanhas publicitaacuterias ou de promoccedilatildeo de

determinados alimentos potencialmente cariogeacutenicos nos estabelecimentos da zona Oferta pouco

adequada de alimentos na cantina da escola com existecircncia preponderante de alimentos e bebidas

accedilucaradas A confecccedilatildeo das refeiccedilotildees no refeitoacuterio com pouca oferta de fruta legumes e vegetais e

preponderacircncia de sobremesas doces

Segundo o Modelo Precede de Green existem 3 etapas a contemplar num diagnoacutestico de situaccedilatildeo

middot diagnoacutestico epidemioloacutegico necessaacuterio para a identificaccedilatildeo dos problemas de sauacutede sobre os

quais se vai actuar como sejam os iacutendices de caacuterie fluorose dentaacuteria e outros

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middot diagnoacutestico social que corresponde agrave identificaccedilatildeo das situaccedilotildees sociais existentes na comunidade

onde se desenvolve a actividade que podem contribuir para os problemas de sauacutede oral detectados

ou que se pretende prevenir

middot diagnoacutestico comportamental para identificaccedilatildeo dos vaacuterios padrotildees comportamentais que possam

estar relacionados com os problemas de sauacutede oral inventariados

A este diagnoacutestico de problemas eacute importante associar-se a identificaccedilatildeo de necessidades da

populaccedilatildeo-alvo da acccedilatildeo

Apesar da prevalecircncia das doenccedilas orais e da necessidade deste Programa Nacional em algumas

comunidades poderatildeo existir vaacuterios outros problemas de sauacutede mais graves ou mais prevalentes e

neste caso importa fazer uma avaliaccedilatildeo dos recursos e das possibilidades de eficaacutecia dando prioridade

aos grupos e agraves situaccedilotildees mais graves e de maior amplitude Outro factor a ter em conta na decisatildeo

relaciona-se com a capacidade de alterar as causas comportamentais ou factores de risco pelo

programa educacional

Apoacutes a avaliaccedilatildeo das necessidades deveratildeo ser estabelecidas as prioridades tendo em conta os

problemas de sauacutede identificados a capacidade de alteraccedilatildeo dos factores de risco comportamentais e

outros Eacute muito importante associar-se agrave definiccedilatildeo de prioridades de actuaccedilatildeo a caracterizaccedilatildeo dos sub-

grupos existentes e as diferentes estrateacutegias apropriadas a cada uma dessas populaccedilotildees alvo

22 Segunda vertente ndash os teacutecnicos de educaccedilatildeo

Todos os parceiros satildeo importantes para o desenvolvimento dos programas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede

mas no caso especiacutefico da sauacutede oral os teacutecnicos de Educaccedilatildeo satildeo fundamentais Eacute por esta razatildeo

tarefa prioritaacuteria sensibilizaacute-los e englobaacute-los no desenho dos programas desde o iniacutecio

Sabemos atraveacutes das nossas praacuteticas anteriores que nem sempre os teacutecnicos de educaccedilatildeo aderem a

algumas das actividades dos programas de sauacutede oral propostas pelos teacutecnicos de sauacutede utilizando

para isso os mais diversos argumentos A explicitaccedilatildeo dos uacuteltimos consensos cientiacuteficos nesta aacuterea

com disponibilizaccedilatildeo de bibliografia pode ser facilitador da adesatildeo ao programa

Uma das actividades centrais deste programa seraacute trabalhar em conjunto com os teacutecnicos de educaccedilatildeo

nomeadamente docentes das escolas baacutesicas e secundaacuterias e educadores de infacircncia sobre as

potencialidades do programa e os ganhos em sauacutede que a meacutedio e longo prazo este pode provocar na

populaccedilatildeo portuguesa

Outra tarefa importante eacute a reflexatildeo em conjunto sobre as dificuldades diagnosticadas em cada escola

para concretizar as actividades do programa na tentativa de encontrar soluccedilotildees seja atraveacutes da

resoluccedilatildeo dos obstaacuteculos seja encontrando alternativas Poderaacute acontecer natildeo ser possiacutevel executar

todas as tarefas incluiacutedas no programa Nesses casos importa decidir quais as actividades que poderatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 4

ser levadas agrave praacutetica com ecircxito Seraacute preferiacutevel concretizar algumas tarefas que nenhumas assim

como seraacute melhor realizar bem poucas tarefas do que muitas ou todas de forma deficiente

Frequentemente existe um diferencial de conhecimentos sobre estas aacutereas entre os teacutecnicos de

educaccedilatildeo e os de sauacutede Para evitar problemas eacute imperioso que os teacutecnicos de educaccedilatildeo sejam

parceiros em igualdade de circunstacircncia e natildeo sintam que tecircm um papel secundaacuterio no projecto ou

meros executores de tarefas

A eventual deacutecalage de conhecimentos sobre sauacutede oral pode ser compensado utilizando estrateacutegias de

trabalho em equipa natildeo assumindo os teacutecnicos de sauacutede papel de liacutederes do processo nem de

detentores da informaccedilatildeo cientiacutefica As teacutecnicas de trabalho em equipa devem implicam a partilha de

tarefas e lideranccedila natildeo assumindo o programa uma dimensatildeo vertical e impositiva por parte da sauacutede

As mensagens chave do programa seratildeo discutidas por todos os intervenientes Eacute muito importante que

sejam claras nos conteuacutedos e assumidas por toda a equipa em todas as situaccedilotildees de modo a tornar as

intervenccedilotildees coerentes com os objectivos do programa

Como cada comunidade e cada escola tecircm caracteriacutesticas proacuteprias o programa as actividades e o

trabalho interdisciplinar em equipa seratildeo adequados agraves condiccedilotildees objectivas e subjectivas de todos os

intervenientes o que pode tornar necessaacuterio fazer adaptaccedilotildees agrave aplicaccedilatildeo do mesmo O mesmo se

passa em relaccedilatildeo agraves mensagens que necessitam ser adaptadas a cada situaccedilatildeo e a cada contexto

Em relaccedilatildeo agrave Educaccedilatildeo para a Sauacutede a procura de soluccedilotildees para as situaccedilotildees decorrentes da

implementaccedilatildeo do programa como a sensibilizaccedilatildeo dos parceiros e a eliminaccedilatildeo de obstaacuteculos satildeo

uma das tarefas centrais dos programas e natildeo devem ser subestimadas pelos teacutecnicos de sauacutede pois

delas depende muita da eficaacutecia do projecto

A educaccedilatildeo alimentar eacute uma das vertentes centrais do programa pelo que eacute necessaacuterio sensibilizar os

professores para aspectos da vida escolar que podem afectar a sauacutede oral dos alunos como as ementas

escolares existentes no refeitoacuterio e o tipo de alimentos disponibilizado no bar

221 Componente praacutetica

Uma primeira tarefa do programa na escola seraacute a sensibilizaccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo para a

importacircncia do mesmo A explicitaccedilatildeo teoacuterica resumida dos pressupostos cientiacuteficos que legitimam a

alteraccedilatildeo do programa eacute um instrumento facilitador

Fundamental explicar as razotildees que tornam a escovagem como um actividade central do programa e

os inconvenientes de se darem suplementos de fluacuteor de forma generalizada Seremos especialmente

eficazes se nos disponibilizarmos para responder agraves questotildees e duacutevidas que os professores possam ter

Esta eacute com certeza tambeacutem uma maneira de aprofundarmos o diagnoacutestico da situaccedilatildeo e de podermos

contribuir para remover os obstaacuteculos detectados

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 5

Uma segunda tarefa consistiraacute em operacionalizar o programa com os professores de modo a construi-

lo conjuntamente As diversas tarefas devem ser planeadas e avaliadas continuamente para se fazerem

as alteraccedilotildees consideradas necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar do programa

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo e a escovagem

O Programa Nacional de Sauacutede Oral propotildee algumas alteraccedilotildees que podemos considerar profundas e

de ruptura em relaccedilatildeo ao programa anterior como sejam a aplicaccedilatildeo restrita dos suplementos

sisteacutemicos de fluoretos e a escovagem duas vezes ao dia com um dentiacutefrico fluoretado como principal

medida para uma boa sauacutede oral Estas directrizes derivam do consenso dos peritos de Sauacutede Oral

reunidos na task force coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

Eacute faacutecil de compreender que organizar a escovagem dos dentes dos alunos eacute mais trabalhoso que dar-

lhes um comprimido de fluacuteor ou ateacute do que fazer o bochecho com uma soluccedilatildeo fluoretada Para sermos

bem sucedidos seraacute fundamental actuar de forma cautelosa respeitando as caracteriacutesticas das pessoas e

os contextos em presenccedila

Como sabemos eacute difiacutecil quebrar rotinas e o programa vai implicar mais trabalho para os professores e

disponibilizaccedilatildeo de tempo para os pais e professores A adopccedilatildeo pelos Jardins de infacircncia e Escolas da

escovagem dos dentes dos alunos pelo menos uma vez dia como factor central do programa vai

possivelmente encontrar algumas resistecircncias por parte dos educadores de infacircncia e professores que

importa ir resolvendo de forma progressiva e de acordo com as dificuldades reais encontradas Estas

dificuldades podem estar relacionadas com a deficiecircncia de instalaccedilotildees ou outras mas estaraacute com

frequecircncia tambeacutem muito relacionada com aspectos psicossociais de resistecircncia agrave mudanccedila de rotinas

instaladas e com vaacuterios anos

Uma das estrateacutegias primordiais para este programa ser bem sucedido passa pela resoluccedilatildeo dos

obstaacuteculos referidos pelos teacutecnicos de educaccedilatildeo relativamente agrave escovagem nomeadamente

a possibilidade de as crianccedilas usarem as escovas de colegas podendo haver transmissatildeo de doenccedilas

como a hepatite ou outras

a ausecircncia de um local apropriado para a escovagem

a confusatildeo que a escovagem iraacute causar com eventuais situaccedilotildees de indisciplina

a dificuldade de vigiar todos os alunos durante a escovagem com a consequente possibilidade de

alguns especialmente se mais novos poderem engolir dentiacutefrico

existirem alguns alunos que devido a carecircncias econoacutemicas ou desconhecimento dos pais tecircm

escovas jaacute muito deterioradas podendo ser alvo de troccedila e humilhaccedilatildeo por parte dos colegas ou

sentindo-se os professores na necessidade de fazerem algo mas natildeo terem possibilidade de

substituiacuterem as escovas

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 6

Estes e outros argumentos poderatildeo ser reais ou apenas formas de encontrar justificaccedilotildees para natildeo

alterar rotinas no entanto eacute fundamental analisar cada situaccedilatildeo e encontrar a forma adequada de actuar

o que implica procurar em conjunto a resoluccedilatildeo do problema natildeo desvalorizando a perspectiva do

teacutecnico de educaccedilatildeo mesmo que do ponto de vista da sauacutede nos pareccedila oacutebvia a resistecircncia agrave mudanccedila e

a sua soluccedilatildeo

Se natildeo conseguirmos sensibilizar os profissionais de educaccedilatildeo para a importacircncia da escovagem e nos

limitarmos a contra-argumentar com os nossos dados e a nossa cientificidade facilmente iratildeo

encontrar outros argumentos Eacute preciso compreender que o que estaacute em causa natildeo satildeo as dificuldades

objectivas mas outro tipo de razotildees mais ou menos subjectivas relacionadas com as condiccedilotildees locais

e de contexto como por exemplo o facto de alguns professores considerarem que natildeo eacute da sua

competecircncia promover a escovagem dos dentes dos seus alunos A interacccedilatildeo pais-professores eacute

constante e pode potenciar grandemente o programa

23 Terceira vertente ndash os pais

Os pais satildeo tambeacutem intervenientes fundamentais nos programas de sauacutede oral e eacute fundamental que

sejam englobados na equipa de projecto enquanto parceiros activos na programaccedilatildeo de actividades de

modo a poder resolver-se eventuais resistecircncias que inclusive podem ser desconhecidas dos teacutecnicos e

serem devidas a idiossincracias micro-culturais Todas as estrateacutegias que sensibilizem os pais para as

medidas que se preconizam satildeo importantes Eacute fundamental que o programa seja ldquocontinuadordquo e

reforccedilado em casa e natildeo pelo contraacuterio descredibilizado pelas praacuteticas domeacutesticas

Em relaccedilatildeo aos pais os factores emocionais satildeo centrais na sua relaccedilatildeo com os filhos e com as escolhas

comportamentais quotidianas Transmitir informaccedilatildeo de forma essencialmente cognitiva por exemplo

laquonatildeo decirc lsquoBolosrsquo aos seus filhos porque satildeo alimentos que podem contribuir para o aparecimento de

caacuterie nos dentes e provocar obesidaderaquo tem muitas possibilidades de provocar efeitos perversos

negativos como seja a culpabilizaccedilatildeo dos pais e a resistecircncia agrave mudanccedila de comportamentos

Com frequecircncia os doces satildeo uma forma de dar afecto ou premiar os filhos ou ateacute servir como

substituto da impossibilidade dos pais estarem mais tempo com os filhos situaccedilatildeo que natildeo eacute com

frequecircncia consciente para os pais Os padrotildees comportamentais dos pais obedecem a inuacutemeras

componentes e soacute actuando sobre cada uma delas se conseguem resultados nas mudanccedilas de

comportamentos

Fornecer apenas informaccedilatildeo pode natildeo soacute natildeo provocar alteraccedilotildees comportamentais como criar ou

aumentar as resistecircncias agrave mudanccedila Eacute preciso adequar a informaccedilatildeo agraves diversas situaccedilotildees

caracterizando-as primeiro valorizando as componentes emocionais relacionais e contextuais dos

comportamentos natildeo culpabilizando os pais (porque isso provoca resistecircncias agrave mudanccedila natildeo soacute em

relaccedilatildeo a este programa mas a futuras intervenccedilotildees) e encontrando formas alternativas de resolver estas

situaccedilotildees utilizando soluccedilotildees que provoquem emoccedilotildees positivas em todos os intervenientes E dessa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 7

forma eacute possiacutevel ser-se eficaz respeitando os universos relacionais das famiacutelias e evitando efeitos

comportamentais paradoxais ou seja por reacccedilatildeo agrave informaccedilatildeo que os culpabiliza os pais

dessensibilizam das nossas indicaccedilotildees agravando e aumentando as praacuteticas que se desaconselham

Eacute esta uma das razotildees porque eacute tatildeo difiacutecil atingir os grupos populacionais que exactamente mais

precisavam de ser abrangido pelos programas de prevenccedilatildeo da doenccedila e promoccedilatildeo da sauacutede

Para aleacutem de se conhecerem as praacuteticas alimentares e de higiene oral que as crianccedilas e adolescentes

tecircm em casa eacute importante caracterizar as razotildees desses procedimentos Referimo-nos aos aspectos

individuais familiares culturais e contextuais Se queremos actuar sobre comportamentos eacute

fundamental conhecer as atitudes crenccedilas preconceitos estereoacutetipos e representaccedilotildees sociais que se

relacionam com as praacuteticas das famiacutelias as quais variam de famiacutelia para famiacutelia

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo podem ser colaboradores preciosos para esta caracterizaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo aos pais podemos resumir os aspectos a valorizar

Inclui-los nos diversos passos do programa

sensibiliza-los para a importacircncia da sauacutede oral respeitando os seus universos familiares e

culturais

dar suporte continuado agrave mudanccedila de comportamentos e de todos os factores que lhe estatildeo

associados

24 Quarta vertente ndash as crianccedilas

As crianccedilas e os adolescentes satildeo o principal puacuteblico-alvo do programa de sauacutede oral Sensibilizaacute-los

para as praacuteticas alimentares e de higiene oral que os peritos consideram actualmente adequadas eacute o

nosso objectivo

Como jaacute foi referido anteriormente eacute necessaacuterio ser cuidadoso na forma de comunicar com as crianccedilas

e adolescentes natildeo criticando directa ou indirectamente os conhecimentos e as praacuteticas aconselhadas

ou consentidas por pais e professores com quem eles convivem directamente e que satildeo dos principais

influenciadores dos seus comportamentos satildeo os seus modelos e constituem o seu universo de afectos

Criar clivagem na relaccedilatildeo cognitiva afectiva e emocional entre pais ou professores e crianccedilas e

adolescentes eacute algo que devemos ter sempre presente e evitar

As estrateacutegias de trabalho com as crianccedilas deveratildeo ser adaptadas agrave sua maturidade psico-cognitiva e

contexto socio-cultural Para que as actividades sejam luacutedicas e criativas adequadas agraves idades e outras

caracteriacutesticas das crianccedilas e adolescentes a contribuiccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo eacute com certeza

fundamental

Eacute muito importante ter em conta alguns aspectos educativos relativamente agrave mudanccedila de

comportamentos A participaccedilatildeo activa das crianccedilas na formulaccedilatildeo dessas actividades torna mais

eficazes os efeitos pretendidos

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 8

Pela dificuldade em mudar comportamentos principalmente de forma estaacutevel eacute aconselhaacutevel adequar

os objectivos agraves realidades Seraacute preferiacutevel actuar sobre um ou dois comportamentos sobre os quais a

caracterizaccedilatildeo inicial nos permitiu depreender que seraacute possiacutevel obtermos resultados positivos em vez

de tentar actuar sobre todos os comportamentos que desejariacuteamos alterar natildeo conseguindo alterar

nenhum deles Naturalmente estas escolhas seratildeo feitas cientificamente segundo o que a Educaccedilatildeo para

a Sauacutede preconiza nas vertentes relacionadas com as ciecircncias comportamentais (sociais e humanas)

Outro aspecto fundamental eacute a continuidade na acccedilatildeo A eficaacutecia seraacute tanto maior quanto mais

continuadas forem as actividades dando suporte agrave mudanccedila comportamental e reforccedilo agrave sua

manutenccedilatildeo A continuidade da acccedilatildeo permite conhecer melhor as situaccedilotildees os obstaacuteculos e as formas

de os remover pois cada caso eacute um caso e generalizar diminui grandemente a eficaacutecia

Deve ser dada uma atenccedilatildeo especial agraves crianccedilas com Necessidades de Sauacutede Especiais desfavorecidas

socialmente (porque vivem em bairros degradados com poucos recursos econoacutemicos pertencem a

minorias eacutetnicas ou satildeo emigrantes) ou que natildeo frequentam a escola utilizando estrateacutegias especificas

adequadas agraves suas dificuldades

25 Quinta vertente ndash a comunidade

Para os programas de Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutede a componente comunitaacuteria eacute fundamental A

participaccedilatildeo e contribuiccedilatildeo dos vaacuterios sectores da comunidade podem ser potenciadores do trabalho a

desenvolver

Dependendo das situaccedilotildees locais a Autarquia as IPSS e as ONGrsquos entre outras podem ser parceiros

de enorme valia para o desenvolvimento do programa Para isso temos que sensibilizar os liacutederes

locais para a importacircncia da sauacutede oral e do programa que se pretende incrementar explicitando como

com pequenos custos podemos obter ganhos em sauacutede a meacutedio e longo prazo

As instituiccedilotildees que organizam actividades para crianccedilas e adolescentes como os ATLrsquos associaccedilotildees

culturais desportivas e religiosas podem ser excelentes parceiros para o desenvolvimento das

actividades dependendo das caracteriacutesticas da comunidade onde se aplica o programa Os grupos de

teatro satildeo tambeacutem um excelente recurso para integrarem as actividades com as crianccedilas e os

adolescentes

26 Sexta vertente ndash os meios de comunicaccedilatildeo social

Os meios de comunicaccedilatildeo social locais e regionais se forem utilizados apropriadamente podem ser

parceiros potenciadores das actividades que se pretendem desenvolver

Mas com frequecircncia os teacutecnicos de sauacutede encontram dificuldades na relaccedilatildeo com os profissionais da

comunicaccedilatildeo social considerando que estes natildeo satildeo sensiacuteveis agraves nossas preocupaccedilotildees com a prevenccedilatildeo

da doenccedila e da promoccedilatildeo da sauacutede

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 9

Os media tecircm uma linguagem e podemos dizer uma filosofia proacuteprias que com frequecircncia natildeo satildeo

coincidentes com as nossas eacute por essa razatildeo necessaacuterio que os teacutecnicos de sauacutede se adaptem e se

possiacutevel se aperfeiccediloem na linguagem dos meacutedia Se natildeo utilizarmos adequadamente os meios de

comunicaccedilatildeo social estes podem ter um efeito contraproducente diminuindo a eficaacutecia do programa de

sauacutede oral

Algumas das dificuldades encontradas quando trabalhamos com os media especialmente as raacutedios e as

televisotildees satildeo as seguintes

na maior parte dos casos natildeo se pode transmitir muita informaccedilatildeo mesmo que seja um programa

de raacutedio de 1 ou 2 horas iria ficar muito monoacutetono e pouco atraente assim como se tornaria

confuso para os ouvintes e pouco eficaz porque com frequecircncia as pessoas desenvolvem outras

actividades enquanto ouvem raacutedio

eacute aconselhaacutevel transmitir apenas o que eacute realmente importante e faze-lo de forma muito clara

mantendo a consistecircncia sobre a hierarquia das informaccedilotildees nas diversas intervenccedilotildees ou seja que

todas os intervenientes no programa e em todas as situaccedilotildees em que intervecircm tenham um discurso

coerente e natildeo contraditoacuterio

evitar informaccedilotildees riacutegidas que culpabilizem as pessoas e natildeo respeitem os seus contextos micro-

culturais Eacute preferiacutevel suscitar alguma mudanccedila comportamental de forma progressiva que

nenhuma

com frequecircncia utilizamos o leacutexico meacutedico sem nos apercebermos que muitos cidadatildeos natildeo

conhecem termos que nos parecem simples como obesidade ou colesterol atribuindo-lhes outros

significados (portanto desconhecem que natildeo conhecem o verdadeiro significado)

se possiacutevel testar com pessoas de diversas idades e estratos socio-culturais que sejam leigas em

relaccedilatildeo a estas temaacuteticas aquilo que se preparou para a intervenccedilatildeo nos meios de comunicaccedilatildeo

social e alterar se necessaacuterio de acordo com as indicaccedilotildees que essas pessoas nos fornecerem

27 Seacutetima vertente ndash a avaliaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo deve ter iniacutecio na fase de planeamento e acompanhar todo o projecto de modo a introduzir

as alteraccedilotildees necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar das actividades

Devem fazer parte da equipa de avaliaccedilatildeo os diversos parceiros do projecto assim como pessoas

externas ao projecto e estas quando possiacutevel com formaccedilatildeo em educaccedilatildeo para a sauacutede nas aacutereas

teacutecnicas comportamentais de planeamento e avaliaccedilatildeo qualitativa e quantitativa

Satildeo fundamentais avaliaccedilotildees qualitativas e quantitativas das actividades a desenvolver e se possiacutevel

com anaacutelises comparativas ao desenrolar do projecto noutras zonas do paiacutes

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 10

3 T eacute c n i c a s d e H i g i e n e O r a l

3 1 Escovagem dos den tes ndash A escova A escovagem dos dentes deve ser efectuada com uma escova de tamanho adequado agrave boca de quem a

utiliza Habitualmente as embalagens referem as idades a que se destinam Os filamentos devem ser

de nylon com extremidades arredondadas e textura macia que quando comeccedilam a ficar deformados

obrigam agrave substituiccedilatildeo da escova Normalmente a escova quando utilizada 2 vezes por dia dura cerca

de 3-4 meses

Existem escovas manuais e eleacutectricas as quais requerem os mesmos cuidados As escovas eleacutectricas

facilitam a higiene oral das pessoas que tenham pouca destreza manual

3 2 Escovagem dos den tes ndash O den t iacute f r i co O dentiacutefrico a utilizar deve conter fluoreto numa dosagem de cerca de 1000-1500 ppm A quantidade a

utilizar em cada uma das escovagens deve ser semelhante (ou inferior) ao tamanho da unha do 5ordm dedo

(dedo mindinho) da matildeo da crianccedila

Os dentiacutefricos com sabores muito atractivos natildeo se recomendam porque podem levar as crianccedilas a

engoli-lo deliberadamente Ateacute aos 6 anos aproximadamente o dentiacutefrico deve ser colocado na escova

por um adulto Apoacutes a escovagem dos dentes eacute apenas necessaacuterio cuspir o excesso de dentiacutefrico

podendo no entanto bochechar-se com um pouco de aacutegua

33 Escovagem dos dentes no Jardim-de-infacircncia e na Escola identificaccedilatildeo e arrumaccedilatildeo das escovas e copos

Hoje em dia haacute escovas de dentes que tecircm uma tampa ou estojo com orifiacutecios que a protege Caso se

opte pela utilizaccedilatildeo destas escovas natildeo eacute necessaacuterio que fiquem na escola Os alunos poderatildeo colocaacute-

la dentro da mochila juntamente com o tubo do dentiacutefrico e transportaacute-los diariamente para a escola

O conceito de intransmissibilidade da escova de dentes deve ser reforccedilado junto das crianccedilas Se as

escovas ficarem na escola eacute essencial que estejam identificadas bastando para tal escrever no cabo da

escova o nome da crianccedila com uma caneta de tinta resistente agrave aacutegua Tambeacutem se devem identificar os

dentiacutefricos Cada aluno deveraacute ter o seu proacuteprio dentiacutefrico e os copos caso natildeo sejam descartaacuteveis

As escovas guardam-se num local seco e arejado de modo a que os pelos fiquem virados para cima e

natildeo contactem umas com as outras Cada escova pode ser colocada dentro do copo num suporte

acriacutelico ou outro material resistente agrave aacutegua em local seco e arejado

Dentiacutefricos e escovas devem estar fora do alcance das crianccedilas para evitar a troca ou ingestatildeo

acidental de dentiacutefrico Caso haja a possibilidade de utilizar copos descartaacuteveis (de cafeacute) o processo eacute

bastante simplificado (os copos de cafeacute podem ser substituiacutedos por copos de iogurte) Os produtos de

higiene oral podem ser adquiridos com a colaboraccedilatildeo da Autarquia do Centro de Sauacutede dos pais ou

ateacute de alguma empresa Se a escola tiver refeitoacuterio pode tambeacutem ser viaacutevel utilizar os copos do

refeitoacuterio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 11

34 Escovagem dos den tes ndash Organ izaccedilatildeo da ac t i v idade

A escovagem dos dentes deve ser feita diariamente no jardim-de-infacircncia e na escola apoacutes o almoccedilo agrave

entrada na sala de aula ou apoacutes o intervalo As crianccedilas poderatildeo escovar os dentes na casa de banho no

refeitoacuterio ou na proacutepria sala de aula O processo eacute simples natildeo exigindo muitas condiccedilotildees fiacutesicas das

escolas que satildeo frequentemente utilizadas para justificar a recusa desta actividade

Caso a escola tenha lavatoacuterios suficientes esta actividade pode ser feita na casa de banho Eacute necessaacuterio

definir a hora em que cada uma das salas vai utilizar esse espaccedilo Na casa de banho deveratildeo estar

apenas as crianccedilas que estatildeo a escovar os dentes Os outros esperam a sua vez em fila agrave porta Eacute

essencial que esteja algueacutem (auxiliar professoreducador ou voluntaacuterio) a vigiar para manter a ordem

organizar o processo e corrigir a teacutecnica da escovagem No final da escovagem cada crianccedila lava a

escova e o copo (se natildeo for descartaacutevel) e arruma no local destinado a esse efeito

Quando o espaccedilo fiacutesico natildeo permite que a escovagem seja feita na casa de banho esta actividade pode

ser feita na proacutepria sala de aula Nesta situaccedilatildeo se for possiacutevel utilizar copos descartaacuteveis ou copos de

iogurte facilita o processo e torna-o menos moroso Os alunos mantecircm-se sentados nas suas cadeiras

Retiram da sua mochila o estojo com a escova e o dentiacutefrico Um dos alunos distribui os copos e os

guardanapos (ou toalhetes de papel ou papel higieacutenico) Os alunos escovam os dentes todos ao mesmo

tempo podendo ateacute fazecirc-lo com muacutesica O professor deve ir corrigindo a teacutecnica de escovagem Apoacutes

a escovagem as crianccedilas cospem o excesso de dentiacutefrico para o copo limpam a boca tiram o excesso

de dentiacutefrico e saliva da escova com o papel ou o guardanapo e por fim colocam-no dentro do copo

Tapam a escova e arrumam-na em estojo proacuteprio ou na mochila juntamente com o dentiacutefrico No final

um dos alunos vai buscar um saco de lixo passa por todas as carteiras para que cada uma coloque o

seu copo no lixo Caso alguma das crianccedilas natildeo tolere o restos de dentiacutefrico na cavidade oral pode

colocar-se uma pequena porccedilatildeo de aacutegua no copo e no fim da escovagem bochecha e cospe para o

copo Os pais dos alunos devem ser instruiacutedos para se certificarem que em casa a crianccedila lava a sua

escova com aacutegua corrente e volta a colocaacute-la na mochila No sentido de facilitar o procedimento

recomenda-se que os copos sejam descartaacuteveis e as escovas tenham tampa

35 Escovagem dos den tes - A teacutecn ica A escovagem dos dentes para ser eficaz ou seja para remover a placa bacteriana necessita ser feita

com rigor e demora 2 a 3 minutos Quando se utiliza uma escova manual a escovagem faz-se da

seguinte forma

inclinar a escova em direcccedilatildeo agrave gengiva (cerca de 45ordm) e fazer pequenos movimentos vibratoacuterios

horizontais ou circulares de modo a que os pelos da escova limpem o sulco gengival (espaccedilo que

fica entre o dente e a gengiva)

se for difiacutecil manter esta posiccedilatildeo colocar os pecirclos da escova perpendicularmente agrave gengiva e agrave

superfiacutecie do dente

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 12

escovar 2 dentes de cada vez (os correspondentes ao tamanho da cabeccedila da escova) fazendo

aproximadamente 10 movimentos (ou 5 caso sejam crianccedilas ateacute aos 6 anos) nas superfiacutecies

dentaacuterias abarcadas pela escova

comeccedilar a escovagem pela superfiacutecie externa (do lado da bochecha) do dente mais posterior de um

dos maxilares e continuar a escovar ateacute atingir o uacuteltimo dente da extremidade oposta desse

maxilar

com a mesma sequecircncia escovar as superfiacutecies dentaacuterias do lado da liacutengua

proceder do mesmo modo para fazer a escovagem dos dentes do outro maxilar

escovar as superfiacutecies mastigatoacuterias dos dentes com movimentos de vaiveacutem

por fim pode escovar-se a liacutengua

Quando se utiliza uma escova de dentes eleacutectrica segue-se a mesma sequecircncia de escovagem O

movimento da escova eacute feito automaticamente natildeo deve ser feita pressatildeo ou movimentos adicionais

sobre os dentes A escova desloca-se ao longo da arcada escovando um soacute dente de cada vez A

escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluacuteor deve ser feita duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente agrave noite antes de deitar

3 6 Uso do f io den taacute r io A partir do momento em que haacute destreza manual (a partir dos 8 anos) eacute indispensaacutevel o uso do fio ou

fita dentaacuteria que se utiliza da seguinte forma

retirar cerca de 40 cm de fio (ou fita) do porta fio

enrolar a quase totalidade do fio no dedo meacutedio de uma matildeo e uma pequena porccedilatildeo no dedo meacutedio

da outra matildeo deixando entre os dois dedos uma porccedilatildeo de fio com aproximadamente 25 cm

Quando as crianccedilas satildeo mais pequenas pode retirar-se uma porccedilatildeo mais pequena de fio cerca de

30 cm dar um noacute juntando as 2 pontas formando um ciacuterculo com o fio natildeo havendo necessidade

de o enrolar nos dedos Eacute importante utilizar sempre fio limpo em cada espaccedilo interdentaacuterio Os

polegares eou os indicadores ajudam a manuseaacute-lo

introduzir o fio cuidadosamente entre dois dentes e curva-lo agrave volta do dente que se quer limpar

fazendo com que tome a forma de um ldquoCrdquo

executar movimentos curtos horizontais desde o ponto de contacto entre os dentes ateacute ao sulco

gengival em cada uma das faces que delimitam o espaccedilo interdentaacuterio

repetir este procedimento ateacute que todos os espaccedilos interdentaacuterios de todos os dentes estejam

devidamente limpos

O fio dentaacuterio deve ser utilizado uma vez por dia de preferecircncia agrave noite antes de deitar Na escola os

alunos poderatildeo a aprender a utilizar este meio de remoccedilatildeo de placa bacteriana interdentaacuterio sendo

importante envolver os pais no sentido de lhes pedir colaboraccedilatildeo e permitir que as crianccedilas o utilizem

em casa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 13

3 7 Reve lador de p laca bac te r i ana O uso de reveladores de placa bacteriana (em soluto ou em comprimidos mastigaacuteveis) permitem

avaliar a higiene oral e consequentemente melhorar as teacutecnicas de escovagem e de utilizaccedilatildeo do fio

dentaacuterio

A partir dos 6 anos de idade estes produtos podem ser usados para que as crianccedilas visualizem a placa

e mais facilmente compreendam que os seus dentes necessitam de ser cuidadosamente limpos

A eritrosina que tem a propriedade de corar de vermelho a placa bacteriana eacute um dos exemplos de

corantes que se podem utilizar Utiliza-se da seguinte forma

colocar 1 a 2 gotas por baixo da liacutengua ou mastigar um comprimido sem engolir

passar a liacutengua por todas as superfiacutecies dentaacuterias

bochechar com aacutegua

A placa bacteriana corada eacute facilmente removida atraveacutes da escovagem dos dentes e do fio dentaacuterio

Nota Para evitar que os laacutebios fiquem corados de vermelho antes de colocar o corante pode passar

batom creme gordo ou vaselina nos laacutebios

3 8 Bochecho f luore tado A partir dos 6 anos pode ser feito o bochecho quinzenal com fluoreto de soacutedio a 02 na escola da

seguinte forma

agitar a soluccedilatildeo e deitar 10 ml em cada copo e distribui-los

indicar a cada crianccedila para colocar o antebraccedilo no rebordo da mesa

introduzir a soluccedilatildeo na boca sem engolir

repousar a testa no antebraccedilo colocando o copo debaixo da boca

bochechar vigorosamente durante 1 minuto

apoacutes este periacuteodo deve ser cuspida tendo o cuidado de natildeo a engolir

Apoacutes o bochecho a crianccedila deve permanecer 30 minutos sem comer nem beber

39 Iacutendice de placa O Iacutendice de Placa (IP) eacute utilizado para quantificar a placa bacteriana em todas as superfiacutecies dentaacuterias e

reflecte os haacutebitos de higiene oral dos indiviacuteduos avaliados

Assim enquanto que um baixo Iacutendice de Placa poderaacute significar um bom impacto das acccedilotildees de

educaccedilatildeo para a sauacutede em sauacutede oral nomeadamente das relacionadas com a higiene um iacutendice

elevado sugere o contraacuterio

Em programas comunitaacuterios geralmente eacute utilizado o Iacutendice de Placa Simplificado que eacute mais raacutepido

de determinar sendo o resultado final igualmente fiaacutevel

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 14

Para se calcular o Iacutendice de Placa Simplificado eacute necessaacuterio atribuir um valor ao tamanho da placa

bacteriana existente nos seguintes 6 dentes e superfiacutecies predeterminados Maxilar superior

1 Primeiro molar superior direito - Superfiacutecie vestibular

2 Incisivo central superior direito - Superfiacutecie vestibular

3 Primeiro molar superior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

4 Primeiro molar inferior esquerdo - Superfiacutecie lingual

5 Incisivo central inferior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

6 Primeiro molar inferior direito - Superfiacutecie lingual

Para atribuir um valor ao tamanho da placa bacteriana existente em cada uma das su

acima referidas eacute necessaacuterio utilizar o revelador de placa bacteriana para a co

facilitar a sua observaccedilatildeo e respectiva classificaccedilatildeo e registo

A cada uma das superfiacutecies dentaacuterias soacute pode ser atribuiacutedo um dos seguintes valore

Valor 0

Valor 1

Valor 2

Valor 3

rarr Se a superfiacutecie do dente natildeo estaacute corada

rarr Se 13 da superfiacutecie estaacute corado

rarr Se 23 da superfiacutecie estatildeo corados

rarr Se estaacute corada toda a superfiacutecie

Feito o registo da observaccedilatildeo individual verifica-se que o somatoacuterio do conjunto de

poderaacute variar entre 0 (zero) e 18 (dezoito)

Dividindo por 6 (seis) este somatoacuterio obteacutem-se o Iacutendice de Placa Individual

Para determinar o Iacutendice de Placa de um grupo de indiviacuteduos divide-se o som

individuais pelo nuacutemero de indiviacuteduos observados multiplicado por seis (o nuacutemer

nuacutemero de dentes seleccionados por indiviacuteduo)

Assim o Iacutendice de Placa poderaacute variar entre 0 (zero) e 3 (trecircs)

Iacutendice de Placa (IP) = Somatoacuterio da classificaccedilatildeo dada a cada dente

Nordm de indiviacuteduos observados x 6

A sauacutede oral das crianccedilas e adolescentes eacute um grave problema de sauacutede puacuteblica ma

simples como as descritas neste documento executadas pelos proacuteprios eou com

encorajadas pela escola e pelos serviccedilos de sauacutede contribuem decididamente para

oral importantes e implementaccedilatildeo efectiva do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas d

Maxilar inferior

perfiacutecies dentaacuterias

rar e dessa forma

s

valores atribuiacutedos

atoacuterio dos valores

o seis representa o

s que com medidas

ajuda da famiacutelia

ganhos em sauacutede

Sauacutede Oral

e EPSrsquorsquo 15

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

F l u o r e t o s

F u n d a m e n t a ccedil atilde o e R e c o m e n d a ccedil otilde e s d a T a s k F o r c e

Documento produzido pela Task Force constituiacuteda pelo Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr

Ricardo Jorge Direcccedilatildeo-Geral de Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura Faculdade de

Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Medicina Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria

Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa e Porto Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento Instituto Superior de

Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia

Ordem dos Meacutedicos Dentistas Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria Sociedade Portuguesa de

Pediatria e os serviccedilos da DGS Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede Divisatildeo de Sauacutede Ambiental

Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

1 F l u o r e t o s

A evidecircncia cientiacutefica tem demonstrado que as mudanccedilas observadas no padratildeo da doenccedila caacuterie

dentaacuteria ocorrem pela implementaccedilatildeo de programas preventivos e terapecircuticos de acircmbito comunitaacuterio

e por estrateacutegias de acccedilatildeo especiacuteficas dirigidas a grupos de risco com criteriosa utilizaccedilatildeo dos

fluoretos

O fluacuteor eacute o elemento mais electronegativo da tabela perioacutedica e raramente existe isolado sendo por

isso habitualmente referido como fluoreto Na natureza encontra-se sob a forma de um iatildeo (F-) em

associaccedilatildeo com o caacutelcio foacutesforo alumiacutenio e tambeacutem como parte de certos silicatos como o topaacutezio

Normalmente presente nas rochas plantas ar aacuteguas e solos este elemento faz parte da constituiccedilatildeo de

alguns materiais plaacutesticos e pode tambeacutem estar presente na constituiccedilatildeo de alguns fertilizantes

contribuindo desta forma para a sua presenccedila no solo aacutegua e alimentos No solo o conteuacutedo de

fluoretos varia entre 20 e 500 ppm contudo nas camadas mais profundas o seu niacutevel aumenta No ar a

concentraccedilatildeo normal de fluoretos oscila entre 005 e 190microgm3 1

Do fluacuteor que eacute ingerido entre 75 e 90 eacute absorvido por via digestiva sendo a mucosa bucal

responsaacutevel pela absorccedilatildeo de menos de 1 Depois de absorvido passa para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea

sob a forma ioacutenica ou de compostos orgacircnicos lipossoluacuteveis A forma ioacutenica que circula livremente e

natildeo se liga agraves proteiacutenas nem aos componentes plasmaacuteticos nem aos tecidos moles eacute a que vai estar

disponiacutevel para ser absorvida pelos tecidos duros Da quantidade total de fluacuteor presente no organismo

99 encontra-se nos tecidos calcificados Entre 10 e 25 do aporte diaacuterio de fluacuteor natildeo chega a ser

absorvido vindo a ser excretado pelas fezes O fluacuteor absorvido natildeo utilizado (cerca de 50) eacute

eliminado por via renal2

O fluacuteor tem uma grande afinidade com a apatite presente no organismo com a qual cria ligaccedilotildees

fortes que natildeo satildeo irreversiacuteveis Este facto deve-se agrave facilidade com que os radicais hidroxilos da

hidroxiapatite satildeo substituiacutedos pelos iotildees fluacuteor formando fluorapatite No entanto a apatite normal do

ser humano presente no osso e dente mesmo em condiccedilotildees ideais de presenccedila de fluacuteor nunca se

aproxima da composiccedilatildeo da fluorapatite pura

Quando o fluacuteor eacute ingerido passa pela cavidade oral daiacute resultando a deposiccedilatildeo de uma determinada

quantidade nos tecidos e liacutequidos aiacute existentes A mucosa jugal as gengivas a placa bacteriana os

dentes e a saliva vatildeo beneficiar imediatamente de um aporte directo de fluacuteor que pode permitir que a

sua disponibilidade na cavidade oral se prolongue por periacuteodos mais longos Eacute um facto que a presenccedila

de fluacuteor no meio oral independentemente da sua fonte resulta numa acccedilatildeo preventiva e terapecircutica

extremamente importante

Nota 22 mg de fluoreto de soacutedio correspondem a 1 mg de fluacuteor Quando se dilui 1 mg de fluacuteor em um litro de aacutegua pura

considera-se que essa aacutegua passou a ter 1 ppm de fluacuteor

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 2

Considera-se actualmente que os benefiacutecios dos fluoretos resultam basicamente da sua acccedilatildeo toacutepica

sobre a superfiacutecie do dente enquanto a sua acccedilatildeo sisteacutemica (preacute-eruptiva) eacute muito menos importante

A acccedilatildeo preventiva e terapecircutica dos fluoretos eacute conseguida predominantemente pela sua acccedilatildeo toacutepica

quer nas crianccedilas quer nos adultos atraveacutes de trecircs mecanismos diferentes responsaacuteveis pela

bull inibiccedilatildeo do processo de desmineralizaccedilatildeo

bull potenciaccedilatildeo do processo de remineralizaccedilatildeo

bull inibiccedilatildeo da acccedilatildeo da placa bacteriana

O uso racional dos fluoretos na profilaxia da caacuterie dentaacuteria com eficaacutecia e seguranccedila baseia-se no

conhecimento actualizado dos seus mecanismos de acccedilatildeo e da sua toxicologia

Com base na evidecircncia cientiacutefica a estrateacutegia de utilizaccedilatildeo dos fluoretos em sauacutede oral foi redefinida

tendo em conta que a sua acccedilatildeo preventiva eacute predominantemente poacutes-eruptiva e toacutepica e a sua acccedilatildeo

toacutexica com repercussotildees a niacutevel dentaacuterio eacute preacute-eruptiva e sisteacutemica

Estudos epidemioloacutegicos efectuados pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) sobre os efeitos do

fluacuteor na sauacutede humana referem que valores compreendidos entre 1 e 15 ppm natildeo representam risco

acrescido Contudo valores entre 15 e 2 ppm em climas quentes poderatildeo contribuir para a ocorrecircncia

de casos de fluorose dentaacuteria e valores entre 3 a 6 ppm para o aparecimento de fluorose oacutessea

Para a OMS a concentraccedilatildeo oacuteptima de fluoretos na aacutegua quando esta eacute sujeita a fluoretaccedilatildeo deve

estar compreendida entre 05 e 15 ppm de F dependendo este valor da temperatura meacutedia do local

que condiciona a quantidade de aacutegua ingerida nas zonas mais frias o valor maacuteximo pode estar perto

do limite superior nas zonas mais quentes o valor deve estar perto do limite inferior para uma

prevenccedilatildeo eficaz da caacuterie dentaacuteria Para que os riscos de fluorose estejam diminuiacutedos os programas de

fluoretaccedilatildeo das aacuteguas devem obedecer a criteacuterios claramente definidos

Nas regiotildees onde a aacutegua da rede puacuteblica conteacutem menos de 03 ppm (mgl) de fluoretos (situaccedilatildeo mais

frequente em Portugal Continental) a dose profilaacutectica oacuteptima considerando a soma de todas as fontes

de fluoretos eacute de 005mgkgdia3

11 Toxicidade Aguda

Uma intoxicaccedilatildeo aguda pelo fluacuteor eacute uma possibilidade extremamente rara Alguns casos tecircm sido

descritos na literatura Estudos efectuados em roedores e extrapolados para o homem adulto permitem

pensar que a dose letal miacutenima de fluacuteor seja de aproximadamente 2 gramas ou 32 a 64 mgkg de peso

corporal mas para uma crianccedila bastam 15 mgkg de peso corporal 2

A partir da ingestatildeo de doses superiores a 5mgkg de peso corporal considera-se a hipoacutetese de vir a ter

efeitos toacutexicos

As crianccedilas pequenas tecircm um risco acrescido de ingerir doses de fluoretos atraveacutes do consumo de

produtos de higiene oral A ingestatildeo acidental de um quarto de um tubo com dentiacutefrico de 125 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 3

(1500 ppm de Fluacuteor) potildee em risco a vida de uma crianccedila de um ano de idade O risco de ingestatildeo

acidental por crianccedilas eacute real e eacute adjuvado pelo tipo de embalagens destes produtos que natildeo tecircm

dispositivos de seguranccedila para a sua abertura

A toxicidade aguda pelos fluoretos poderaacute manifestar-se por queixas digestivas (dor abdominal

voacutemitos hematemeses e melenas) neuroloacutegicas (tremores convulsotildees tetania deliacuterio lentificaccedilatildeo da

voz) renais (urina turva hematuacuteria) metaboacutelicas (hipocalceacutemia hipomagnesieacutemia hipercalieacutemia)

cardiovasculares (arritmias hipotensatildeo) e respiratoacuterias (depressatildeo respiratoacuteria apneias) 4

12 Toxicidade Croacutenica

A dose total diaacuteria de fluoretos administrados por via sisteacutemica isenta de risco de toxicidade croacutenica

situa-se abaixo de 005 mgkgdia de peso A partir desses valores aumentam as manifestaccedilotildees atraveacutes

do aparecimento de hipomineralizaccedilatildeo do esmalte que se revela por fluorose dentaacuteria Com

concentraccedilotildees acima de 25 ppm na aacutegua esta manifestaccedilatildeo eacute mais evidente sendo tanto mais grave

quanto a concentraccedilatildeo de fluoretos vai aumentando O periacuteodo criacutetico para o efeito toacutexico do fluacuteor se

manifestar sobre a denticcedilatildeo permanente eacute entre o nascimento e os 7 anos de idade (ateacute aos 3 anos eacute o

periacuteodo mais criacutetico) Quando existem fluoretos ateacute 3 ppm na aacutegua aleacutem da fluorose natildeo parece

existir qualquer outro efeito toacutexico na sauacutede A partir deste valor aumenta o risco de nefrotoxicidade

Como qualquer outro medicamento os fluoretos em dose excessiva tecircm efeitos toacutexicos que

normalmente se manifestam atraveacutes de uma interferecircncia na esteacutetica dentaacuteria Essa manifestaccedilatildeo eacute a

fluorose dentaacuteria

Estudos recentes sobre suplementos de fluoretos e fluorose 5 confirmam que as comunidades sem aacutegua

fluoretada e que utilizam suplementos de fluoretos durante os primeiros 6 anos de vida apresentam

um aumento do risco de desenvolver fluorose

O principal factor de risco para o aparecimento de fluorose dentaacuteria eacute o aporte total de fluoretos

provenientes de diferentes fontes nomeadamente da alimentaccedilatildeo incluindo a aacutegua e os suplementos

alimentares dentiacutefricos e soluccedilotildees para bochechos comprimidos e gotas e ingestatildeo acidental que natildeo

satildeo faacuteceis de quantificar

A fluorose dentaacuteria aumentou nos uacuteltimos anos em comunidades com e sem aacutegua fluoretada 6

2 F l u o r e t o s n a aacute g u a

2 1 Aacute g u a d e a b a s t e c i m e n t o p uacute b l i c o

A fluoretaccedilatildeo das aacuteguas para consumo humano como meio de suprir o deacutefice de fluoretos na aacutegua eacute

uma praacutetica comum em alguns paiacuteses como o Brasil Austraacutelia Canadaacute EUA e Nova Zelacircndia

Apesar de serem tatildeo diferentes quer do ponto de vista soacutecioeconoacutemico quer geograacutefico eles detecircm

uma experiecircncia superior a 25 anos neste domiacutenio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 4

Na Europa a maior parte dos paiacuteses natildeo faz fluoretaccedilatildeo das suas aacuteguas para consumo humano agrave

excepccedilatildeo da Irlanda da Suiacuteccedila (Basileia) e de 10 da populaccedilatildeo do Reino Unido Na Alemanha eacute

proibido e nos restantes paiacuteses eacute desaconselhado

Nos paiacuteses em que se faz fluoretaccedilatildeo da aacutegua alguns estudos demonstraram natildeo ter existido um ganho

efectivo na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria No entanto outros como a Austraacutelia no Estado de Victoacuteria

onde a fluoretaccedilatildeo da aacutegua se faz regularmente observaram-se ganhos efectivos na sauacutede oral da

populaccedilatildeo com consequentes ganhos econoacutemicos

Recomendaccedilatildeo Eacute indispensaacutevel avaliar a qualidade das aacuteguas de abastecimento puacuteblico periodicamente e corrigir os

paracircmetros alterados

Na aacutegua os valores das concentraccedilotildees de fluoretos estatildeo compreendidas entre 01 a 07 ppm Contudo

em alguns casos podem apresentar valores muito mais elevados

Quando a aacutegua apresenta valores de ph superiores a 8 e o iatildeo soacutedio e os carbonatos satildeo dominantes os

valores de fluoretos normalmente presentes excedem 1 ppm

Nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica os fluoretos podem existir naturalmente ou resultar de um

programa de fluoretaccedilatildeo Em Portugal Continental os valores satildeo normalmente baixos e as aacuteguas natildeo

estatildeo sujeitas a fluoretaccedilatildeo artificial O teor de fluoretos deveraacute ser controlado regularmente de modo

a preservar os interesses da sauacutede puacuteblica 7

Na definiccedilatildeo de um valor guia para a aacutegua de consumo humano a OMS propotildee o valor limite de 15

ppm de Fluacuteor referindo que valores superiores podem contribuir para o aumento do risco de fluorose

A Agecircncia Americana para o Ambiente (USEPA) refere um valor maacuteximo admissiacutevel de fluoretos na

aacutegua de consumo humano de 15 ppm e recomenda que nunca se ultrapasse os 4 ppm

Em Portugal a legislaccedilatildeo actualmente em vigor sobre a qualidade da aacutegua para consumo humano

decreto-lei nordm 23698 de 1 de Agosto define dois Valores Maacuteximos Admissiacuteveis (VMA) para os

fluoretos 15 ppm (8 a 12 ordmC) e 07 ppm (25 a 30 ordmC) O decreto-lei nordm 2432001 de 5 de Setembro

que transpotildee a Directiva Comunitaacuteria nordm 9883CE de 3 de Novembro que entrou em vigor em 25 de

Dezembro de 2003 define para os fluoretos um Valor Parameacutetrico (VP) de 15 ppm

O decreto-lei nordm 24301 remete para a Entidade Gestora a verificaccedilatildeo da conformidade dos valores

parameacutetricos obrigatoacuterios aplicaacuteveis agrave aacutegua para consumo humano Sempre que um valor parameacutetrico

eacute excedido isso corresponde a uma situaccedilatildeo de incumprimento e perante esta situaccedilatildeo a entidade

gestora deve de imediato informar a autoridade de sauacutede e a entidade competente dando conta das

medidas correctoras adoptadas ou em curso para restabelecer a qualidade da aacutegua destinada a consumo

humano

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 5

Deve ter-se em atenccedilatildeo o desvio em relaccedilatildeo ao valor parameacutetrico fixado e o perigo potencial para a

sauacutede humana

Segundo o decreto-lei supra mencionado artigo 9ordm compete agraves autoridades de sauacutede a vigilacircncia

sanitaacuteria e a avaliaccedilatildeo do risco para a sauacutede puacuteblica da qualidade da aacutegua destinada ao consumo

humano Sempre que o risco exista e o incumprimento persistir a autoridade de sauacutede deve informar e

aconselhar os consumidores afectados e determinar a proibiccedilatildeo de abastecimento restringir a

utilizaccedilatildeo da aacutegua que constitua um perigo potencial para a sauacutede humana e adoptar todas as medidas

necessaacuterias para proteger a sauacutede humana

Nos Accedilores e na Madeira ou em zonas onde o teor de fluoretos na aacutegua eacute muito elevado deveraacute ser

feita uma verificaccedilatildeo da constante e a correcccedilatildeo adequada

Os principais tratamentos de desfluoretaccedilatildeo envolvem a floculaccedilatildeo da aacutegua usando sais hidratados de

alumiacutenio principalmente em condiccedilotildees alcalinas No caso de aacuteguas aacutecidas pode-se adicionar cal e

alternativamente pode-se recorrer agrave adsorccedilatildeo com carvatildeo activado ou alumina activada ( Al2O3 ) ou

por permuta ioacutenica usando resinas especiacuteficas

Recomendaccedilatildeo Ateacute aos 6-7 anos as crianccedilas natildeo devem ingerir regularmente aacutegua com teor de fluoretos superior a 07 ppm

Recomendaccedilatildeo Sempre que o valor parameacutetrico dos fluoretos na aacutegua para consumo humano exceder 15 ppm deveratildeo ser aplicadas

medidas correctoras para restabelecer a qualidade da aacutegua

2 2 Aacute g u a s m i n e r a i s n a t u r a i s e n g a r r a f a d a s

As aacuteguas minerais naturais engarrafadas deveratildeo no futuro ter rotulagem de acordo com a Directiva

Comunitaacuteria 200340CE da Comissatildeo Europeia de 16 de Maio publicada no Jornal Oficial da Uniatildeo

Europeia em 2252003 artigo 4ordm laquo1 As aacuteguas minerais naturais cuja concentraccedilatildeo em fluacuteor for

superior a 15 mgl (ppm) devem ostentar no roacutetulo a menccedilatildeo lsquoconteacutem mais de 15 mgl (ppm) de

fluacuteor natildeo eacute adequado o seu consumo regular por lactentes nem por crianccedilas com menos de 7 anosrsquo

2 No roacutetulo a menccedilatildeo prevista no nordm 1 deve figurar na proximidade imediata da denominaccedilatildeo de

venda e em caracteres claramente visiacuteveis 3

As aacuteguas minerais naturais que em aplicaccedilatildeo do nordm 1 tiverem de ostentar uma menccedilatildeo no roacutetulo

devem incluir a indicaccedilatildeo do teor real em fluacuteor a niacutevel da composiccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica em constituintes

caracteriacutesticos tal como previsto no nordm 2 aliacutenea a) do artigo 7ordm da Directiva 80777CEEraquo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 6

Para as aacuteguas de nascente cujas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas satildeo definidas pelo Decreto-lei

2432001 de 5 de Setembro em vigor desde Dezembro de 2003 os limites para o teor de fluoretos satildeo

de 15 mgl (ppm)

De acordo com o parecer do Scientific Committee on Food - Comiteacute Cientiacutefico de Alimentaccedilatildeo

Humana (expresso em Dezembro de 1996) a Comissatildeo natildeo vecirc razotildees para nos climas da Uniatildeo

Europeia (climas temperados) limitar os fluoretos nas aacuteguas de consumo humano e nas aacuteguas minerais

naturais para valores inferiores a 15mgl (ppm)

3 F l u o r e t o s n o s g eacute n e r o s a l i m e n t iacute c i o s

Entende-se por lsquogeacutenero alimentiacuteciorsquo qualquer substacircncia ou produto transformado parcialmente

transformado ou natildeo transformado destinado a ser ingerido pelo ser humano ou com razoaacuteveis

probabilidades de o ser Este termo abrange bebidas pastilhas elaacutesticas e todas as substacircncias

incluindo a aacutegua intencionalmente incorporadas nos geacuteneros alimentiacutecios durante o seu fabrico

preparaccedilatildeo ou tratamento8 9

Na alimentaccedilatildeo as estimativas de ingestatildeo de fluacuteor atraveacutes da dieta variam entre 02 e 34 mgdia

sendo estes uacuteltimos valores atingidos quando se inclui o chaacute na alimentaccedilatildeo A ingestatildeo de fluoretos

provenientes dos alimentos comuns eacute pouco significativa Apenas 13 se apresentam na forma

ionizaacutevel e portanto biodisponiacutevel

Recomendaccedilatildeo Independentemente da origem ao utilizar aacutegua informe-se sobre o seu teor em fluoretos As que tecircm um elevado teor

deste elemento natildeo satildeo adequadas para lactentes e crianccedilas com menos de 7 anos

Recomendaccedilatildeo Dar prioridade a uma dieta equilibrada e saudaacutevel com diversidade alimentar Utilizar a aacutegua da cozedura dos

alimentos para confeccionar outros alimentos (ex sopas arroz)

No iniacutecio do ano de 2003 a Comissatildeo Europeia apresentou uma nova proposta de Directiva

Comunitaacuteria relativa agrave ldquoAdiccedilatildeo aos geacuteneros alimentiacutecios de vitaminas minerais e outras substacircnciasrdquo

onde os fluoretos satildeo referidos como podendo ser adicionados a geacuteneros alimentiacutecios comuns Nesta

proposta de Directiva Comunitaacuteria eacute sugerida a inclusatildeo de determinados nutrimentos (entre eles o

fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de geacuteneros alimentiacutecios comuns Esta proposta

prevista no Livro Branco da Comissatildeo ainda estaacute numa fase inicial de discussatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 7

4 F l u o r e t o s e m s u p l e m e n t o a l i m e n t a r

Entende-se por lsquosuplementos alimentaresrsquo geacuteneros alimentiacutecios que se destinam a complementar e ou

suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas

substacircncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisioloacutegico estremes ou combinados

comercializados em forma doseada tais como caacutepsulas pastilhas comprimidos piacutelulas e outras

formas semelhantes saquetas de poacute ampola de liacutequido frascos com conta gotas e outras formas

similares de liacutequido ou poacute que se destinam a ser tomados em unidades medidas de quantidade

reduzida10

A Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002

transposta para o direito nacional pelo Decreto-lei nordm 1362003 de 28 de Junho relativa agrave aproximaccedilatildeo

das legislaccedilotildees dos Estados-Membros respeitantes aos suplementos alimentares vai permitir a inclusatildeo

de determinados nutrimentos (entre eles o fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de

suplementos alimentares11

A partir de 28 de Agosto de 2003 os fluoretos poderatildeo ser comercializados como suplemento

alimentar passando a estar disponiacutevel em farmaacutecias e superfiacutecies comerciais

As quantidades maacuteximas de vitaminas e minerais presentes nos suplementos alimentares satildeo fixadas

em funccedilatildeo da toma diaacuteria recomendada pelo fabricante tendo em conta os seguintes elementos

a) limites superiores de seguranccedila estabelecidos para as vitaminas e os minerais apoacutes uma

avaliaccedilatildeo dos riscos efectuada com base em dados cientiacuteficos geralmente aceites tendo em

conta quando for caso disso os diversos graus de sensibilidade dos diferentes grupos de

consumidores

b) quantidade de vitaminas e minerais ingerida atraveacutes de outras fontes alimentares

c) doses de referecircncia de vitaminas e minerais para a populaccedilatildeo

Recomendaccedilatildeo Nunca ultrapassar a toma indicada no roacutetulo do produto e natildeo utilizar um suplemento alimentar como substituto de um

regime alimentar variado

As quantidades maacuteximas e miacutenimas de vitaminas e minerais referidas seratildeo adoptadas pela Comissatildeo

Europeia assistida pelo Comiteacute de Regulamentaccedilatildeo

Em Portugal a Agecircncia para a Qualidade e Seguranccedila Alimentar viraacute a ter informaccedilatildeo sobre todos os

suplementos alimentares comercializados como geacuteneros alimentiacutecios e introduzidos no mercado de

acordo com o Decreto-lei nordm 1362003

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 8

A rotulagem dos suplementos alimentares natildeo poderaacute mencionar nem fazer qualquer referecircncia a

prevenccedilatildeo tratamento ou cura de doenccedilas humanas e deveraacute indicar uma advertecircncia de que os

produtos devem ser guardados fora do alcance das crianccedilas

5 F luore tos em med icamentos e p rodutos cosmeacutet icos de h ig iene corpora l

A distinccedilatildeo entre Medicamento e Produto Cosmeacutetico de Higiene Corporal contendo fluoretos depende

do seu teor no produto Os cosmeacuteticos contecircm obrigatoriamente uma concentraccedilatildeo de fluoretos inferior

a 015 (1500 ppm) (Decreto-lei 1002001 de 28 de Marccedilo I Seacuterie A) sendo que todos os dentiacutefricos

com concentraccedilotildees de fluoretos superior a 015 satildeo obrigatoriamente classificados como

medicamentos

Os medicamentos contendo fluoretos e utilizados para a profilaxia da caacuterie dentaacuteria existentes no

mercado portuguecircs satildeo de venda livre em farmaacutecia Encontram-se disponiacuteveis nas formas

farmacecircuticas de soluccedilatildeo oral (gotas orais) comprimidos dentiacutefricos gel dentaacuterio e soluccedilatildeo de

bochecho

5 1 F l u o r e t o s e m c o m p r i m i d o s e g o t a s o r a i s

A utilizaccedilatildeo de medicamentos contendo fluoretos na forma de gotas orais e comprimidos foi ateacute haacute

pouco recomendada pelos profissionais de sauacutede (pediatras meacutedicos de famiacutelia cliacutenicos gerais

meacutedicos estomatologistas meacutedicos dentistas) dos 6 meses ateacute aos 16 anos

A clarificaccedilatildeo do mecanismo de acccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria e o aumento de

aporte dos mesmos com consequentes riscos de manifestaccedilatildeo toacutexica obrigaram agrave revisatildeo da sua

administraccedilatildeo em comprimidos eou gotas A gravidade da fluorose dentaacuteria estaacute relacionada com a

dose a duraccedilatildeo e com a idade em que ocorre a exposiccedilatildeo ao fluacuteor 12 13

A ldquoCanadian Consensus Conference on the Appropriate Use of Fluoride Supplements for the

Prevention of Dental Caries in Childrenrdquo 14definiu um protocolo cuja utilizaccedilatildeo eacute recomendada a

profissionais de sauacutede em que se fundamenta a tomada de decisatildeo sobre a necessidade ou natildeo da

suplementaccedilatildeo de fluacuteor A administraccedilatildeo de comprimidos soacute eacute recomendada quando o teor de fluoretos

na aacutegua de abastecimento puacuteblico for inferior a 03 ppm e

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) natildeo escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas

vezes por dia

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas vezes

por dia mas apresenta um alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 9

Por sua vez a conclusatildeo do laquoForum on Fluoridation 2002raquo15 relativamente agrave administraccedilatildeo de

suplementos de fluoretos foi a seguinte limitar a utilizaccedilatildeo de comprimidos de fluoretos a aacutereas onde

natildeo existe aacutegua fluoretada e iniciar essa suplementaccedilatildeo apenas a crianccedilas com alto risco agrave caacuterie e a

partir dos 3 anos

Os comprimidos de fluoretos caso sejam indicados devem ser usados pelo interesse da sua acccedilatildeo

toacutepica Devem ser dissolvidos na boca em vez de imediatamente ingeridos16

A administraccedilatildeo de fluoretos sob a forma de comprimidos chupados soacute deveraacute ser efectuada em

situaccedilotildees excepcionais isto eacute em populaccedilotildees de baixos recursos econoacutemicos nas quais a escovagem

natildeo possa ser promovida e os iacutendices de caacuterie sejam elevados

Para evitar a potencial toxicidade dos fluoretos antes de qualquer prescriccedilatildeo todos os profissionais de

sauacutede devem efectuar uma avaliaccedilatildeo personalizada dos aportes diaacuterios de cada crianccedila tendo em conta

todas as fontes possiacuteveis desse elemento alimentos comuns suplementos alimentares consumo de

aacutegua da rede puacuteblica eou aacutegua engarrafada e respectivo teor de fluoretos e utilizaccedilatildeo de medicamentos

e produtos cosmeacuteticos contendo fluacuteor

Recomendaccedilatildeo A partir dos 3 anos os suplementos sisteacutemicos de fluoretos poderatildeo ser prescritos pelo meacutedico assistente ou meacutedico dentista em crianccedilas que apresentem um alto risco

agrave caacuterie dentaacuteria

5 2 F l u o r e t o s e m d e n t iacute f r i c o s

Hoje em dia a maior parte dos dentiacutefricos agrave venda no mercado contecircm fluoretos sob diferentes formas

fluoreto de soacutedio monofluorfosfato de soacutedio fluoreto de amina e outros Os mais utilizados satildeo o

fluoreto de soacutedio e o monofluorfosfato de soacutedio

Normalmente o conteuacutedo de fluoreto dos dentiacutefricos eacute de 1000 a 1100 ppm (ou 010 a 011)

podendo variar entre 500 e 1500 ppm

Durante a escovagem cerca de 34 da pasta eacute ingerida por crianccedilas de 3 anos 28 pelas de 4-5 anos

e 20 pelas de 5-7 anos

Devem ser evitados dentiacutefricos com sabor a fruta para impedir o seu consumo em excesso uma vez

que estatildeo jaacute descritos na literatura casos de fluorose resultantes do abuso de dentiacutefricos2

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluoretos duas vezes por dia tem-se revelado um

meio colectivo de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria com grande efectividade e baixo custo pelo que deve

ser considerado o meio de eleiccedilatildeo em estrateacutegias comunitaacuterias

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 10

Do ponto de vista da prevenccedilatildeo da caacuterie a aplicaccedilatildeo toacutepica de dentiacutefrico fluoretado com a escova dos

dentes deve ser executada duas vezes por dia e deve iniciar-se quando se daacute a erupccedilatildeo dos dentes Esta

rotina diaacuteria de higiene executada naturalmente com muito cuidado pelos pais deve

progressivamente ser assumida pela crianccedila ateacute aos 6-8 anos de idade Durante este periacuteodo a

escovagem deve ser sempre vigiada pelos pais ou educadores consoante as circunstacircncias para evitar

a utilizaccedilatildeo de quantidades excessivas de dentiacutefrico o qual pode da mesma forma que os

comprimidos conduzir antes dos 6 anos agrave ocorrecircncia de fluorose

As crianccedilas devem usar dentiacutefrico com teor de fluoretos entre 1000-1500 ppm de fluoreto (dentiacutefrico

de adulto) sendo a quantidade a utilizar do tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

Apoacutes a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado pode-se natildeo bochechar com aacutegua Deveraacute

apenas cuspir-se o excesso de pasta Deste modo consegue-se uma mais alta concentraccedilatildeo de fluoreto

na cavidade oral que vai actuar topicamente durante mais tempo

Os pais das crianccedilas devem receber informaccedilatildeo sobre a escovagem dentaacuteria e o uso de dentiacutefricos

fluoretados A escovagem com dentiacutefrico fluoretado deve iniciar-se imediatamente apoacutes a erupccedilatildeo dos

primeiros dentes Os dentiacutefricos fluoretados devem ser guardados em locais inacessiacuteveis agraves crianccedilas

pequenas17

5 3 F l u o r e t o s e m s o l u ccedil otilde e s d e b o c h e c h o

As soluccedilotildees para bochechos recomendadas a partir dos 6 anos de idade tecircm sido utilizadas em

programas escolares de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria em inuacutemeros paiacuteses incluindo Portugal Satildeo

recomendadas a indiviacuteduos de maior risco agrave caacuterie dentaacuteria mas a sua utilizaccedilatildeo tem vido a ser

restringida a crianccedilas que escovam eficazmente os dentes

Recomendaccedilatildeo Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Recomendaccedilatildeo A partir dos 6 anos de idade deve ser feito o bochecho quinzenalmente com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

02

As soluccedilotildees fluoretadas de uso diaacuterio habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

005 e as de uso semanal ou quinzenal habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de 02

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 11

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 12

Referecircncias

1 Diegues P Linhas de Orientaccedilatildeo associadas agrave presenccedila de fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento 2003 Documento produzido no acircmbito da task force Sauacutede Oral e Fluacuteor Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar e na Divisatildeo de Sauacutede Ambiental da DGS 2 Melo PRGR Influecircncia de diferentes meacutetodos de administraccedilatildeo de fluoretos nas variaccedilotildees de incidecircncia de caacuterie Porto Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto 2001 Tese de doutoramento 3 Agence Francaise de Seacutecuriteacute des Produits de Santeacute Mise au point sur le fluacuteor et la prevention de la carie dentaire AFSPS 31 Juillet 2002 4 Leikin JB Paloucek FP Poisoning amp Toxicology Handbook 3th edition Hudson Lexi- Comp 2002 586-7 5 Ismail AI Bandekar RR Fluoride suplements and fluorosis a meta-analysis Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 48-56 6 Steven ML An update on Fluorides and Fluorosis J Can Dent Assoc 200369(5)268-91 7 Pinto R Cristovatildeo E Vinhais T Castro MF Teor de fluoretos nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica nas sedes de concelho de Portugal Continental Revista Portuguesa de Estomatologia Medicina Dentaacuteria e Cirurgia Maxilofacial 1999 40(3)125-42 8 Regulamento 1782002 do Parlamento Europeu e do Conselho de 28 de Janeiro Jornal Oficial das Comunidades Europeias (2002021) 9 Decreto ndash lei nordm 5601999 DR I Seacuterie A 147 (991218) 10 Decreto ndash lei nordm 1362003 DR I Seacuterie A 293 (20030628) 11 Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002 Jornal Oficial das Comunidades Europeias (20020712) 12 Aoba T Fejerskov O Dental fluorosis Chemistry and Biology Crit Rev Oral Biol Med 2002 13(2) 155-70 13 DenBesten PK Biological mechanisms of dental fluorosis relevant to the use of fluoride supplements Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 41-7 14 Limeback H Introduction to the conference Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 27-30 15 Report of the Forum of fluoridation 2002Governement of Ireland 2002 wwwfluoridationforumie 16 Featherstone JDB Prevention and reversal of dental caries role of low level fluoride Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 31-40 17 Pereira A Amorim A Peres F Peres FR Caldas IM Pereira JA Pereira ML Silva MJ Caacuteries Precoces da InfacircnciaLisboa Medisa Ediccedilotildees e Divulgaccedilotildees Cientiacuteficas Lda 2001 Bibliografia

1 Almeida CM Sugestotildees para a Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2002 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e na Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa

2 Rompante P Fundamentos para a alteraccedilatildeo do Programa de Sauacutede Oral da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Documento realizado no acircmbito da Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2003 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e no Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede ndash Norte

3 Rompante P Determinaccedilatildeo da quantidade do elemento fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento puacuteblico na totalidade das sedes de concelho de Portugal Continental Porto Faculdade de Odontologia da Universidade de Barcelona 2002 Tese de Doutoramento

4 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in Children at High Caries Risk SIGN Publication 2000 47

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Page 13: Direcção-Geral da SaúdePrograma será complementado, sempre que oportuno, por orientações técnicas a emitir por esta Direcção-Geral. O Director-Geral e Alto Comissário da

Sauacutede Oral na Adolescecircncia

No decurso da adolescecircncia em que se reorganiza a forma de estar no mundo se

reformula o autoconceito atraveacutes nomeadamente dos reforccedilos positivos da auto-

imagem a higiene oral pode desempenhar um contributo importante para esse

processo Neste periacuteodo a adesatildeo a praacuteticas adequadas em termos de sauacutede oral natildeo

passa estritamente por motivaccedilotildees de caraacutecter sanitaacuterio

Tendo isso em conta os profissionais de sauacutede ligados agraves acccedilotildees educativas e

preventivas neste domiacutenio natildeo podem deixar de valorizar as expectativas dos jovens

acerca dos laacutebios da boca e dos dentes nos planos esteacutetico e relacional

Sauacutede Oral em crianccedilas e de jovens com Necessidades de Sauacutede Especiais

A promoccedilatildeo da sauacutede oral de crianccedilas e jovens com Necessidades de Sauacutede

Especiais estaacute descrita no laquoManual de Boas Praacuteticas em Sauacutede Oralraquo editado pela

DGS13

A administraccedilatildeo de suplemento sisteacutemico de fluoretos recomendada deve ser

corrigida de acordo com as orientaccedilotildees introduzidas pelo presente documento

72 Prevenccedilatildeo das doenccedilas orais

Em sauacutede infantil e juvenil a observaccedilatildeo da boca e dos dentes feita pela equipa de

sauacutede pelo meacutedico de famiacutelia ou pelo pediatra comeccedila aos 6 meses e prolonga-se

ateacute aos 18 anos14

A estes profissionais compete reforccedilar as medidas de promoccedilatildeo da sauacutede oral

descritas anteriormente e fazer o diagnoacutestico precoce de caacuterie dentaacuteria registando

os dados na Ficha Individual de Sauacutede Oral e no Boletim de Sauacutede Infantil

Em Sauacutede Escolar tambeacutem poderaacute ser feita essa observaccedilatildeo

Face a um diagnoacutestico ou a uma suspeita de doenccedila oral a crianccedila deve ser

encaminhada para o gestor do programa no Centro de Sauacutede

Se o Centro de Sauacutede tiver higienista oral estomatologista ou meacutedico dentista eacute

feita a avaliaccedilatildeo do risco individual de caacuterie e a protecccedilatildeo dos dentes agraves crianccedilas e

jovens de alto risco

Se o Centro de Sauacutede natildeo dispuser de profissionais de sauacutede oral o gestor do

programa encaminharaacute as crianccedilas para os serviccedilos de estomatologia dos hospitais

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 11

distritais ou centrais caso tenham resposta ou para um meacutedico estomatologista

meacutedico dentista contratualizado

A partir do momento em que a crianccedila apresenta um dente com uma lesatildeo de caacuterie

dentaacuteria passa a exigir medidas preventivas e terapecircuticas especiacuteficas Apoacutes o

tratamento da lesatildeo de caacuterie essa crianccedila eacute incluiacuteda num grupo que do ponto de

vista preventivo exigiraacute maior atenccedilatildeo e acompanhamento

A protecccedilatildeo dos dentes em crianccedilas com alto risco agrave caacuterie dentaacuteria consiste na

execuccedilatildeo de uma ou mais medidas

Aplicaccedilatildeo de selantes de fissura

Suplemento de fluoretos um (1) comprimido diaacuterio de 025 mg que deve ser

dissolvido lentamente na boca agrave noite antes de deitar

Verniz de fluacuteor ou de clorohexidina

A estrateacutegia preventiva e terapecircutica do programa complementam-se com a

avaliaccedilatildeo do risco individual de caacuterie dentaacuteria

A avaliaccedilatildeo eacute feita a partir da conjugaccedilatildeo dos seguintes factores de risco evidecircncia

cliacutenica de doenccedila anaacutelise dos haacutebitos alimentares controlo da placa bacteriana

niacutevel socioeconoacutemico da famiacutelia e histoacuteria cliacutenica da crianccedila15

Factores de Risco Baixo Risco Alto Risco

Evidecircncia cliacutenica de doenccedila

Sem lesotildees de caacuterie Nenhum dente perdido devido a caacuterie Poucas ou nenhumas obturaccedilotildees

Lesotildees activas de caacuterie Extracccedilotildees devido a caacuterie Duas ou mais obturaccedilotildees Aparelho fixo de ortodontia

Anaacutelise dos haacutebitos alimentares

Ingestatildeo pouco frequente de alimentos accedilucarados

Ingestatildeo frequente de alimentos accedilucarados em particular entre as refeiccedilotildees

Utilizaccedilatildeo de fluoretos

Uso regular de dentiacutefrico fluoretado

Natildeo utilizaccedilatildeo regular de qualquer dentiacutefrico fluoretado

Controlo da placa bacteriana

Escovagem dos dentes duas ou mais vezes por dia

Natildeo escova os dentes ou faz uma escovagem pouco eficaz

Niacutevel socioeconoacutemico da famiacutelia

Meacutedio ou alto Baixo

Histoacuteria cliacutenica da crianccedila

Sem problemas de sauacutede Ausecircncia de medicaccedilatildeo croacutenica

Portador de deficiecircncia fiacutesica ou mental Ingestatildeo prolongada de medicamentos cariogeacutenicos Doenccedilas Croacutenicas Xerostomia

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 12

As crianccedilas e os jovens que natildeo se inscrevem em nenhuma das categorias anteriores

satildeo considerados de risco moderado

Os criteacuterios de avaliaccedilatildeo do risco individual de caacuterie dentaacuteria seratildeo

complementados com orientaccedilotildees teacutecnicas a emitir pela Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

73 Diagnoacutestico precoce e tratamento dentaacuterio

O diagnoacutestico precoce e os tratamentos dentaacuterios podem ser feitos no Centro de

Sauacutede nos serviccedilos de estomatologia do Hospital ou pelos meacutedicos estomatologistas

ou meacutedicos dentistas contratualizados da sua aacuterea de atracccedilatildeo

Nos Centros de Sauacutede onde existe Higienista Oral este gere os encaminhamentos

quando haacute necessidade de tratamentos e a frequecircncia da vigilacircncia da sauacutede oral das

crianccedilas e dos jovens do seu ficheiro

A contratualizaccedilatildeo com profissionais de sauacutede oral permite-nos garantir cuidados de

sauacutede oral a todas as crianccedilas em Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral

que desenvolvam caacuterie dentaacuteria

O processo seraacute implementado progressivamente O meacutedico estomatologistameacutedico

dentista responsabiliza-se pelo acompanhamento individual das crianccedilas que lhe satildeo

remetidas pelo SNS

O encaminhamento deve respeitar a liberdade de escolha do utente e a capacidade

de resposta do profissional contratualizado

8 Avaliaccedilatildeo do Programa

A avaliaccedilatildeo do programa tem periodicidade anual pelo que os indicadores a utilizar

teratildeo necessariamente que ser faacuteceis de obter e fiaacuteveis Satildeo eles que iratildeo permitir a

monitorizaccedilatildeo do programa e os avanccedilos alcanccedilados em cada regiatildeo de sauacutede e nos

diversos grupos etaacuterios

As fontes de dados satildeo nos serviccedilos puacuteblicos os registos habituais de actividades e

os mapas de sauacutede oral e sauacutede escolar nos serviccedilos privados a informaccedilatildeo

produzida pelos profissionais de sauacutede oral contratualizados registada na Ficha

Individual de Sauacutede Oral transcrita para o Mapa Anual da intervenccedilatildeo meacutedico-

dentaacuteria e enviada para o serviccedilo com quem contratualizou

A qualidade das prestaccedilotildees contratualizadas seraacute feita por avaliaccedilatildeo externa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 13

Os indicadores de avaliaccedilatildeo do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral satildeo

Percentagem de crianccedilas em programa aos 3 6 12 e 15 anos

Percentagem de crianccedilas em programa no Jardim-de-infacircncia e na Escola no 1ordm

ciclo 2ordm ciclo e 3ordm ciclo

Percentagem de crianccedilas com necessidades de tratamentos dentaacuterios

encaminhadas e tratadas

Percentagem de crianccedilas de alto risco agrave caacuterie

Percentagem de crianccedilas livres de caacuterie aos 6 anos

Iacutendice cpod e CPOD aos 6 anos

Iacutendice CPOD aos 12 anos

Esta avaliaccedilatildeo anual natildeo substitui as avaliaccedilotildees quinquenais de acircmbito nacional que a

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede com as Administraccedilotildees Regionais de Sauacutede e as Secretarias

Regionais continuaratildeo a realizar

9 Disposiccedilotildees finais e transitoacuterias

Para efeito de avaliaccedilatildeo do estado dentaacuterio e de avaliaccedilatildeo do risco seratildeo elaborados

suportes de informaccedilatildeo para serem utilizados por todos os sectores intervenientes

no programa e em todos os niacuteveis de produccedilatildeo de informaccedilatildeo

Do niacutevel local ao niacutevel central a informaccedilatildeo iraacute sendo agrupada em mapas de modo

a podermos construir indicadores de niacuteveis de resultados

Os dois Textos de Apoio anexos a este programa ldquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de

Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutederdquo e ldquoFluoretos Fundamentaccedilatildeo e

recomendaccedilatildeordquo suportam as alteraccedilotildees introduzidas e apontam formas de

implementar a estrateacutegia definida no Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede

Oral

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 14

Consenso sobre a utilizaccedilatildeo de fluoretoslowast no acircmbito do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral

Generalidades

O fluacuteor tem comprovada importacircncia na reduccedilatildeo da prevalecircncia e gravidade da caacuterie A

estrateacutegia da sua utilizaccedilatildeo em sauacutede oral foi redefinida com base em novas evidecircncias

cientiacuteficas Actualmente considera-se que a sua acccedilatildeo preventiva e terapecircutica eacute toacutepica

e poacutes-eruptiva e que para se obter este efeito toacutepico o dentiacutefrico fluoretado constitui a

opccedilatildeo consensual

Os fluoretos quando administrados por via sisteacutemica podem ter efeitos toacutexicos em

particular antes dos 6 anos Embora as consequecircncias sejam essencialmente de ordem

esteacutetica eacute revista a sua administraccedilatildeo

Nas crianccedilas com idades iguais ou inferiores a 6 anos que cumprem as exigecircncias

habituais da higiene oral isto eacute escovam os dentes usando dentiacutefrico fluoretado a

concomitante administraccedilatildeo de comprimidos ou gotas aumenta o risco de fluorose

dentaacuteria

As recomendaccedilotildees da Task Force sobre a utilizaccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da

caacuterie integradas no Programa Nacional de Sauacutede Oral satildeo as seguintes

a) Eacute dada prioridade agraves aplicaccedilotildees toacutepicas sob a forma de dentiacutefricos administrados na

escovagem dos dentes Estas aplicaccedilotildees devem ser efectuadas desde a erupccedilatildeo dos

dentes e de acordo com as regras expostas na tabela anexa

b) Os comprimidos anteriormente recomendados no acircmbito do Programa de Promoccedilatildeo

da Sauacutede Oral nas Crianccedilas e nos Adolescentes (CN nordm 6DSE de 200599) soacute

seratildeo administrados apoacutes os 3 anos a crianccedilas de alto risco agrave caacuterie dentaacuteria Nesta

situaccedilatildeo os comprimidos devem ser dissolvidos na boca lentamente

preferencialmente antes de deitar As acccedilotildees de educaccedilatildeo para a sauacutede devem

prioritariamente promover a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado

lowast Das Faculdades de Medicina Dentaacuteria de Lisboa Porto e Coimbra Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Coleacutegio de Estomatologia da Ordem dos Meacutedicos Ordem dos Meacutedicos Dentistas e Sociedade Portuguesa de Pediatria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 15

c) Em nenhum dos casos estaacute recomendada a administraccedilatildeo de fluoretos sisteacutemicos agraves

graacutevidas agraves crianccedilas antes dos 3 anos e agraves que em qualquer idade consumam aacutegua

com teor de fluoreto superior a 03 ppm

Recomendaccedilotildees sobre a utilizaccedilatildeo de fluoretos no acircmbito do PNPSO

RECOMEN-

DACcedilOtildeES

Frequecircncia da

escovagem dos dentes

Material utilizado na escovagem dos dentes

Execuccedilatildeo da escovagem dos dentes

Dentiacutefrico fluoretado

Suplemento sisteacutemico de

fluoretos

0-3 Anos 2 x dia

a partir da erupccedilatildeo do 1ordm dente

uma obrigatoria-mente antes

de deitar

Gaze Dedeira

Escova macia

de tamanho pequeno

Pais

1000-1500 ppm

quantidade idecircntica ao tamanho da

unha do 5ordm dedo da crianccedila

Natildeo recomendado

3-6 Anos 2 x dia

uma

obrigatoria-mente antes

de deitar

Escova macia

de tamanho adequado agrave

boca da crianccedila

Pais eou Crianccedila

a partir do

momento em que a crianccedila

adquire destreza

manual faz a escovagem sob

supervisatildeo

1000-1500 ppm

quantidade idecircntica ao tamanho da

unha do 5ordm dedo da crianccedila

Natildeo recomendado

Excepcionalmente as crianccedilas de alto

risco agrave caacuterie dentaacuteria podem fazer

1 (um) comprimido diaacuterio de fluoreto de soacutedio a 025 mg

Mais de 6 Anos

2 x dia

uma

obrigatoria-mente antes

de deitar

Escova macia

ou em alternativa

meacutedia

de tamanho adequado agrave

boca da crianccedila ou do

jovem

Crianccedila eou Pais

se a crianccedila

natildeo tiver adquirido destreza

manual a escovagem

tem que ter a intervenccedilatildeo

activa dos pais

1000-1500 ppm

quantidade aproximada de 1 centiacutemetro

Natildeo recomendado

Excepcionalmente as crianccedilas de alto

risco agrave caacuterie dentaacuteria podem fazer

1 (um) comprimido diaacuterio de fluoreto de soacutedio a 025 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 16

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 17

Referecircncias

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9 Loureiro I Lima RM Construir um Projecto de Educaccedilatildeo Alimentar na Escola (documento siacutentese) Lisboa Ministeacuterio da Educaccedilatildeo CCPES 2000

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12 Direcccedilatildeo-Geral dos Cuidados de Sauacutede Primaacuterios Bochecho fluoretado ndash Guia Praacutetico do Professor Lisboa DGS 1992

13 Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Divisatildeo de Sauacutede Escolar Manual de Boas Praacuteticas em Sauacutede Oral para quem trabalha com Crianccedilas e Jovens com Necessidades de Sauacutede Especiais Lisboa DGS 2002 httpwwwdgsaudept

14 Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Sauacutede Infantil e Juvenil Programa-Tipo de Actuaccedilatildeo Lisboa DGS2002 (Orientaccedilotildees Teacutecnicas 12) httpwwwdgsaudept

15 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in children at High Caries Risk A National Clinical Guideline SIGN 2000 httpwwwsignacuk

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 18

Bibliografia

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4 Agence Franccedilaise de Seacutecuriteacute Sanitaire des Produits de Santeacute Mise au point sur le fluor et la preacutevention de la carie dentaire Reacutepublique Franccedilaise AFSSA 31 Juillet 2002

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14 Featherstone JDB Prevention and reversal of dental caries role of low level fluoride Community Dentistry and Oral Epidemiology 1999 27 31-40

15 Ismail AI Bandekar RR Fluoride supplements and fluorosis a meta-analysis Community Dent Oral Epodemiol 1999 27 48-56

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18 Levy SM Guha-Chowdhury N Total fluoride intake and implications for dietary fluoride supplementation J Public Health Dentistry 1999 59 (4) 211-3

19 Levy SM An update on Fluorides and Fluorosis J Canadian Dental Association 2003 69 (5) 286-91

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20 Limeback H A re-examination of the pre-eruptive and post-eruptive mechanism of the anti-caries effects of fluoride is there any anti-caries benefit from swallowing fluoride Community Dentistry and Oral Epidemiology 1999 27 62-71

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37 WHO Fluorides and Oral Health WHO Geneva 1994 (Technical Report Series 846)

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 20

Agradecimentos

A Task Force que colaborou na revisatildeo do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral coordenada pela Drordf Gregoacuteria Paixatildeo von Amann e pela Higienista Oral Cristina Ferreira Caacutedima da Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede contou com a prestimosa colaboraccedilatildeo teacutecnica e cientiacutefica de

Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge representado pela Drordf Dirce Silveira

Direcccedilatildeo-Geral da Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura representada pela Engordf Maria de Lourdes Camilo

Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa representada pelo Prof Doutor Paulo Melo

Faculdade de Medicina de Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria representada pelo Dr Francisco Delille

Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade de Lisboa representada pelo Prof Doutor Ceacutesar Mexia de Almeida

Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto representada pelo Prof Doutor Fernando M Peres

Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento representado pela Drordf Ana Arauacutejo

Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede - Norte representado pelo Prof Doutor Paulo Rompante

Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede - Sul representado pela Profordf Doutora Fernanda Mesquita

Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia representada pelo Dr Alexandre Loff Seacutergio

Ordem dos Meacutedicos Dentistas representada pelo Prof Doutor Paulo Melo

Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria representada pelo Prof Doutor Ceacutesar Mexia de Almeida

Sociedade Portuguesa de Pediatria representada pelo Dr Manuel Salgado

Serviccedilos da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede representada pela Drordf Anabela Lopes Divisatildeo de Sauacutede Ambiental representada pelo Engordm Paulo Diegues e a Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede representada pelo Dr Pedro Ribeiro da Silva

Pelas sugestotildees e correcccedilotildees introduzidas o nosso agradecimento agrave Profordf Doutora Isabel Loureiro ao Dr Vasco Prazeres Drordf Leonor Sassetti Drordf Ana Paula Ramalho Correia Dr Rui Calado Drordf Maria Otiacutelia Riscado Duarte Dr Joatildeo Breda e ao Sr Viacutetor Alves que concebeu o logoacutetipo do programa

A todos a Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede e a Divisatildeo de Sauacutede Escolar agradecem

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

E s t r a t eacute g i a s e T eacute c n i c a s d e E d u c a ccedil atilde o e P r o m o ccedil atilde o

d a S a uacute d e

Documento produzido no acircmbito dos trabalhos da Task Force pela Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede Dr

Pedro Ribeiro da Silva e Dr Joatildeo Breda e pela Higienista Oral Cristina Ferreira Caacutedima e Drordf Gregoacuteria Paixatildeo von Amann da

Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede que coordenou os trabalhos

1 Preacircmbulo

Os Programas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede tecircm por objectivo capacitar as pessoas a tomarem decisotildees no

seu quotidiano que se revelem as mais adequadas para manter ou alargar o seu potencial de sauacutede

Para se atingir este objectivo fornece-se informaccedilatildeo e utilizam-se metodologias que facilitem e decircem

suporte agraves mudanccedilas comportamentais e agrave manutenccedilatildeo das praacuteticas consideradas saudaacuteveis

Mas a mudanccedila de comportamentos natildeo eacute faacutecil depende de factores sociais culturais familiares

entre muitos outros e natildeo apenas do conhecimento cientiacutefico que as pessoas possuam sobre

determinada mateacuteria

Esta dificuldade eacute bem patente quando como no presente caso se pretende intervir sobre

comportamentos relacionados com a alimentaccedilatildeo e a escovagem dos dentes

Quando os pais datildeo aos filhos patildeo achocolatado ou outros alimentos accedilucarados para levarem para a

escola estatildeo com frequecircncia a dar natildeo apenas um alimento mas tambeacutem e ateacute talvez

principalmente afecto tentando colmatar lacunas que possam ter na relaccedilatildeo com os seus filhos

mesmo que natildeo tenham consciecircncia desse facto

Podem tambeacutem dar este tipo de alimento por terem dificuldade de encontrar tempo para confeccionar

uma sandes ou outro alimento e os anteriormente referidos estatildeo sempre prontos a serem colocados na

mochila da crianccedila

Eacute importante desenvolvermos estrateacutegias de Educaccedilatildeo para a Sauacutede que natildeo culpabilizem os pais

porque estes intrinsecamente desejam sempre o melhor para os seus filhos embora natildeo consigam por

vezes colocaacute-lo em praacutetica

Devido agrave complexidade que eacute actuar sobre comportamentos individuais para se aumentar a eficiecircncia

das nossas praacuteticas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede torna-se fulcral utilizar metodologias alargadas a vaacuterios

parceiros e sectores da comunidade de forma articulada e continuada para que progressivamente

possamos ir obtendo resultados

Como propotildee Nancy Russel no seu Manual de Educaccedilatildeo para a Sauacutede ldquoPara desenhar um

programa de Educaccedilatildeo para a Sauacutede eacute necessaacuterio ter conhecimentos sobre comportamentos e sobre

os factores que produzem a mudanccedilardquo E continua explicitando ldquoAs teorias da mudanccedila de

comportamento que podem ser aplicadas em Educaccedilatildeo para a Sauacutede foram elaboradas a partir de

uma variedade de aacutereas incluindo a psicologia a sociologia a antropologia a comunicaccedilatildeo e o

marketing Nenhuma teoria ou rede de conceitos domina por si soacute a investigaccedilatildeo ou a praacutetica da

Educaccedilatildeo para a Sauacutede Provavelmente porque os comportamentos de sauacutede satildeo demasiado

complexos para serem explicados por uma uacutenica teoriardquo (19968)

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 2

2 Metodologias para Desenvolvimento da Acccedilatildeo

21 Primeira vertente ndash O diagnoacutestico de situaccedilatildeo

A primeira etapa de actuaccedilatildeo eacute de grande importacircncia para a continuidade das outras actividades e

podemos resumi-la a um bom diagnoacutestico de situaccedilatildeo que permita conhecer em pormenor a realidade

sobre a qual se pretende actuar

I - Eacute importante estabelecer como uma das primeiras actividades a anaacutelise de duas vertentes com

grande influecircncia na sauacutede oral os haacutebitos culturais das famiacutelias relativamente agrave alimentaccedilatildeo e as

praacuteticas de higiene oral dos adultos e das crianccedilas

II - Um segundo aspecto relaciona-se com os tipos de interacccedilatildeo entre professores ou

educadores de infacircncia e pais No caso de essa interacccedilatildeo ser regular e organizada importa saber como

reagem os pais agraves indicaccedilotildees dos professores sobre os aspectos comportamentais das crianccedilas e que

efeito e eficaacutecia tecircm essas acccedilotildees na capacitaccedilatildeo de pais e filhos relativamente aos comportamentos

relacionados com a sauacutede oral

Actividades a desenvolverem

a) estudar as formas de melhorar a relaccedilatildeo entre pais e professores procurando resolver as

dificuldades que com frequecircncia os pais apresentam como obstaacuteculos ao contacto mais regular

com os professores

b) analisar a eficaacutecia das recomendaccedilotildees dadas procurando as razotildees que possam estar na origem

de situaccedilotildees de menor eficaacutecia como o desfasamento entre as recomendaccedilotildees e o contexto

familiar e cultural das crianccedilas ou recomendaccedilotildees muito teacutecnicas ou paternalistas Todas estas

situaccedilotildees podem provocar resistecircncias nas famiacutelias agrave adesatildeo agraves praacuteticas desejaacuteveis relativamente

ao programa de sauacutede oral Esta temaacutetica da Educaccedilatildeo para a Sauacutede e as praacuteticas

comportamentais eacute muito complexa mas fundamental para se conseguirem resultados ao niacutevel

dos comportamentos

III - Outra componente a analisar satildeo os aspectos sociais dos consumos alimentares que possam

estar relacionados com situaccedilotildees locais como campanhas publicitaacuterias ou de promoccedilatildeo de

determinados alimentos potencialmente cariogeacutenicos nos estabelecimentos da zona Oferta pouco

adequada de alimentos na cantina da escola com existecircncia preponderante de alimentos e bebidas

accedilucaradas A confecccedilatildeo das refeiccedilotildees no refeitoacuterio com pouca oferta de fruta legumes e vegetais e

preponderacircncia de sobremesas doces

Segundo o Modelo Precede de Green existem 3 etapas a contemplar num diagnoacutestico de situaccedilatildeo

middot diagnoacutestico epidemioloacutegico necessaacuterio para a identificaccedilatildeo dos problemas de sauacutede sobre os

quais se vai actuar como sejam os iacutendices de caacuterie fluorose dentaacuteria e outros

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 3

middot diagnoacutestico social que corresponde agrave identificaccedilatildeo das situaccedilotildees sociais existentes na comunidade

onde se desenvolve a actividade que podem contribuir para os problemas de sauacutede oral detectados

ou que se pretende prevenir

middot diagnoacutestico comportamental para identificaccedilatildeo dos vaacuterios padrotildees comportamentais que possam

estar relacionados com os problemas de sauacutede oral inventariados

A este diagnoacutestico de problemas eacute importante associar-se a identificaccedilatildeo de necessidades da

populaccedilatildeo-alvo da acccedilatildeo

Apesar da prevalecircncia das doenccedilas orais e da necessidade deste Programa Nacional em algumas

comunidades poderatildeo existir vaacuterios outros problemas de sauacutede mais graves ou mais prevalentes e

neste caso importa fazer uma avaliaccedilatildeo dos recursos e das possibilidades de eficaacutecia dando prioridade

aos grupos e agraves situaccedilotildees mais graves e de maior amplitude Outro factor a ter em conta na decisatildeo

relaciona-se com a capacidade de alterar as causas comportamentais ou factores de risco pelo

programa educacional

Apoacutes a avaliaccedilatildeo das necessidades deveratildeo ser estabelecidas as prioridades tendo em conta os

problemas de sauacutede identificados a capacidade de alteraccedilatildeo dos factores de risco comportamentais e

outros Eacute muito importante associar-se agrave definiccedilatildeo de prioridades de actuaccedilatildeo a caracterizaccedilatildeo dos sub-

grupos existentes e as diferentes estrateacutegias apropriadas a cada uma dessas populaccedilotildees alvo

22 Segunda vertente ndash os teacutecnicos de educaccedilatildeo

Todos os parceiros satildeo importantes para o desenvolvimento dos programas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede

mas no caso especiacutefico da sauacutede oral os teacutecnicos de Educaccedilatildeo satildeo fundamentais Eacute por esta razatildeo

tarefa prioritaacuteria sensibilizaacute-los e englobaacute-los no desenho dos programas desde o iniacutecio

Sabemos atraveacutes das nossas praacuteticas anteriores que nem sempre os teacutecnicos de educaccedilatildeo aderem a

algumas das actividades dos programas de sauacutede oral propostas pelos teacutecnicos de sauacutede utilizando

para isso os mais diversos argumentos A explicitaccedilatildeo dos uacuteltimos consensos cientiacuteficos nesta aacuterea

com disponibilizaccedilatildeo de bibliografia pode ser facilitador da adesatildeo ao programa

Uma das actividades centrais deste programa seraacute trabalhar em conjunto com os teacutecnicos de educaccedilatildeo

nomeadamente docentes das escolas baacutesicas e secundaacuterias e educadores de infacircncia sobre as

potencialidades do programa e os ganhos em sauacutede que a meacutedio e longo prazo este pode provocar na

populaccedilatildeo portuguesa

Outra tarefa importante eacute a reflexatildeo em conjunto sobre as dificuldades diagnosticadas em cada escola

para concretizar as actividades do programa na tentativa de encontrar soluccedilotildees seja atraveacutes da

resoluccedilatildeo dos obstaacuteculos seja encontrando alternativas Poderaacute acontecer natildeo ser possiacutevel executar

todas as tarefas incluiacutedas no programa Nesses casos importa decidir quais as actividades que poderatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 4

ser levadas agrave praacutetica com ecircxito Seraacute preferiacutevel concretizar algumas tarefas que nenhumas assim

como seraacute melhor realizar bem poucas tarefas do que muitas ou todas de forma deficiente

Frequentemente existe um diferencial de conhecimentos sobre estas aacutereas entre os teacutecnicos de

educaccedilatildeo e os de sauacutede Para evitar problemas eacute imperioso que os teacutecnicos de educaccedilatildeo sejam

parceiros em igualdade de circunstacircncia e natildeo sintam que tecircm um papel secundaacuterio no projecto ou

meros executores de tarefas

A eventual deacutecalage de conhecimentos sobre sauacutede oral pode ser compensado utilizando estrateacutegias de

trabalho em equipa natildeo assumindo os teacutecnicos de sauacutede papel de liacutederes do processo nem de

detentores da informaccedilatildeo cientiacutefica As teacutecnicas de trabalho em equipa devem implicam a partilha de

tarefas e lideranccedila natildeo assumindo o programa uma dimensatildeo vertical e impositiva por parte da sauacutede

As mensagens chave do programa seratildeo discutidas por todos os intervenientes Eacute muito importante que

sejam claras nos conteuacutedos e assumidas por toda a equipa em todas as situaccedilotildees de modo a tornar as

intervenccedilotildees coerentes com os objectivos do programa

Como cada comunidade e cada escola tecircm caracteriacutesticas proacuteprias o programa as actividades e o

trabalho interdisciplinar em equipa seratildeo adequados agraves condiccedilotildees objectivas e subjectivas de todos os

intervenientes o que pode tornar necessaacuterio fazer adaptaccedilotildees agrave aplicaccedilatildeo do mesmo O mesmo se

passa em relaccedilatildeo agraves mensagens que necessitam ser adaptadas a cada situaccedilatildeo e a cada contexto

Em relaccedilatildeo agrave Educaccedilatildeo para a Sauacutede a procura de soluccedilotildees para as situaccedilotildees decorrentes da

implementaccedilatildeo do programa como a sensibilizaccedilatildeo dos parceiros e a eliminaccedilatildeo de obstaacuteculos satildeo

uma das tarefas centrais dos programas e natildeo devem ser subestimadas pelos teacutecnicos de sauacutede pois

delas depende muita da eficaacutecia do projecto

A educaccedilatildeo alimentar eacute uma das vertentes centrais do programa pelo que eacute necessaacuterio sensibilizar os

professores para aspectos da vida escolar que podem afectar a sauacutede oral dos alunos como as ementas

escolares existentes no refeitoacuterio e o tipo de alimentos disponibilizado no bar

221 Componente praacutetica

Uma primeira tarefa do programa na escola seraacute a sensibilizaccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo para a

importacircncia do mesmo A explicitaccedilatildeo teoacuterica resumida dos pressupostos cientiacuteficos que legitimam a

alteraccedilatildeo do programa eacute um instrumento facilitador

Fundamental explicar as razotildees que tornam a escovagem como um actividade central do programa e

os inconvenientes de se darem suplementos de fluacuteor de forma generalizada Seremos especialmente

eficazes se nos disponibilizarmos para responder agraves questotildees e duacutevidas que os professores possam ter

Esta eacute com certeza tambeacutem uma maneira de aprofundarmos o diagnoacutestico da situaccedilatildeo e de podermos

contribuir para remover os obstaacuteculos detectados

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 5

Uma segunda tarefa consistiraacute em operacionalizar o programa com os professores de modo a construi-

lo conjuntamente As diversas tarefas devem ser planeadas e avaliadas continuamente para se fazerem

as alteraccedilotildees consideradas necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar do programa

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo e a escovagem

O Programa Nacional de Sauacutede Oral propotildee algumas alteraccedilotildees que podemos considerar profundas e

de ruptura em relaccedilatildeo ao programa anterior como sejam a aplicaccedilatildeo restrita dos suplementos

sisteacutemicos de fluoretos e a escovagem duas vezes ao dia com um dentiacutefrico fluoretado como principal

medida para uma boa sauacutede oral Estas directrizes derivam do consenso dos peritos de Sauacutede Oral

reunidos na task force coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

Eacute faacutecil de compreender que organizar a escovagem dos dentes dos alunos eacute mais trabalhoso que dar-

lhes um comprimido de fluacuteor ou ateacute do que fazer o bochecho com uma soluccedilatildeo fluoretada Para sermos

bem sucedidos seraacute fundamental actuar de forma cautelosa respeitando as caracteriacutesticas das pessoas e

os contextos em presenccedila

Como sabemos eacute difiacutecil quebrar rotinas e o programa vai implicar mais trabalho para os professores e

disponibilizaccedilatildeo de tempo para os pais e professores A adopccedilatildeo pelos Jardins de infacircncia e Escolas da

escovagem dos dentes dos alunos pelo menos uma vez dia como factor central do programa vai

possivelmente encontrar algumas resistecircncias por parte dos educadores de infacircncia e professores que

importa ir resolvendo de forma progressiva e de acordo com as dificuldades reais encontradas Estas

dificuldades podem estar relacionadas com a deficiecircncia de instalaccedilotildees ou outras mas estaraacute com

frequecircncia tambeacutem muito relacionada com aspectos psicossociais de resistecircncia agrave mudanccedila de rotinas

instaladas e com vaacuterios anos

Uma das estrateacutegias primordiais para este programa ser bem sucedido passa pela resoluccedilatildeo dos

obstaacuteculos referidos pelos teacutecnicos de educaccedilatildeo relativamente agrave escovagem nomeadamente

a possibilidade de as crianccedilas usarem as escovas de colegas podendo haver transmissatildeo de doenccedilas

como a hepatite ou outras

a ausecircncia de um local apropriado para a escovagem

a confusatildeo que a escovagem iraacute causar com eventuais situaccedilotildees de indisciplina

a dificuldade de vigiar todos os alunos durante a escovagem com a consequente possibilidade de

alguns especialmente se mais novos poderem engolir dentiacutefrico

existirem alguns alunos que devido a carecircncias econoacutemicas ou desconhecimento dos pais tecircm

escovas jaacute muito deterioradas podendo ser alvo de troccedila e humilhaccedilatildeo por parte dos colegas ou

sentindo-se os professores na necessidade de fazerem algo mas natildeo terem possibilidade de

substituiacuterem as escovas

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 6

Estes e outros argumentos poderatildeo ser reais ou apenas formas de encontrar justificaccedilotildees para natildeo

alterar rotinas no entanto eacute fundamental analisar cada situaccedilatildeo e encontrar a forma adequada de actuar

o que implica procurar em conjunto a resoluccedilatildeo do problema natildeo desvalorizando a perspectiva do

teacutecnico de educaccedilatildeo mesmo que do ponto de vista da sauacutede nos pareccedila oacutebvia a resistecircncia agrave mudanccedila e

a sua soluccedilatildeo

Se natildeo conseguirmos sensibilizar os profissionais de educaccedilatildeo para a importacircncia da escovagem e nos

limitarmos a contra-argumentar com os nossos dados e a nossa cientificidade facilmente iratildeo

encontrar outros argumentos Eacute preciso compreender que o que estaacute em causa natildeo satildeo as dificuldades

objectivas mas outro tipo de razotildees mais ou menos subjectivas relacionadas com as condiccedilotildees locais

e de contexto como por exemplo o facto de alguns professores considerarem que natildeo eacute da sua

competecircncia promover a escovagem dos dentes dos seus alunos A interacccedilatildeo pais-professores eacute

constante e pode potenciar grandemente o programa

23 Terceira vertente ndash os pais

Os pais satildeo tambeacutem intervenientes fundamentais nos programas de sauacutede oral e eacute fundamental que

sejam englobados na equipa de projecto enquanto parceiros activos na programaccedilatildeo de actividades de

modo a poder resolver-se eventuais resistecircncias que inclusive podem ser desconhecidas dos teacutecnicos e

serem devidas a idiossincracias micro-culturais Todas as estrateacutegias que sensibilizem os pais para as

medidas que se preconizam satildeo importantes Eacute fundamental que o programa seja ldquocontinuadordquo e

reforccedilado em casa e natildeo pelo contraacuterio descredibilizado pelas praacuteticas domeacutesticas

Em relaccedilatildeo aos pais os factores emocionais satildeo centrais na sua relaccedilatildeo com os filhos e com as escolhas

comportamentais quotidianas Transmitir informaccedilatildeo de forma essencialmente cognitiva por exemplo

laquonatildeo decirc lsquoBolosrsquo aos seus filhos porque satildeo alimentos que podem contribuir para o aparecimento de

caacuterie nos dentes e provocar obesidaderaquo tem muitas possibilidades de provocar efeitos perversos

negativos como seja a culpabilizaccedilatildeo dos pais e a resistecircncia agrave mudanccedila de comportamentos

Com frequecircncia os doces satildeo uma forma de dar afecto ou premiar os filhos ou ateacute servir como

substituto da impossibilidade dos pais estarem mais tempo com os filhos situaccedilatildeo que natildeo eacute com

frequecircncia consciente para os pais Os padrotildees comportamentais dos pais obedecem a inuacutemeras

componentes e soacute actuando sobre cada uma delas se conseguem resultados nas mudanccedilas de

comportamentos

Fornecer apenas informaccedilatildeo pode natildeo soacute natildeo provocar alteraccedilotildees comportamentais como criar ou

aumentar as resistecircncias agrave mudanccedila Eacute preciso adequar a informaccedilatildeo agraves diversas situaccedilotildees

caracterizando-as primeiro valorizando as componentes emocionais relacionais e contextuais dos

comportamentos natildeo culpabilizando os pais (porque isso provoca resistecircncias agrave mudanccedila natildeo soacute em

relaccedilatildeo a este programa mas a futuras intervenccedilotildees) e encontrando formas alternativas de resolver estas

situaccedilotildees utilizando soluccedilotildees que provoquem emoccedilotildees positivas em todos os intervenientes E dessa

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forma eacute possiacutevel ser-se eficaz respeitando os universos relacionais das famiacutelias e evitando efeitos

comportamentais paradoxais ou seja por reacccedilatildeo agrave informaccedilatildeo que os culpabiliza os pais

dessensibilizam das nossas indicaccedilotildees agravando e aumentando as praacuteticas que se desaconselham

Eacute esta uma das razotildees porque eacute tatildeo difiacutecil atingir os grupos populacionais que exactamente mais

precisavam de ser abrangido pelos programas de prevenccedilatildeo da doenccedila e promoccedilatildeo da sauacutede

Para aleacutem de se conhecerem as praacuteticas alimentares e de higiene oral que as crianccedilas e adolescentes

tecircm em casa eacute importante caracterizar as razotildees desses procedimentos Referimo-nos aos aspectos

individuais familiares culturais e contextuais Se queremos actuar sobre comportamentos eacute

fundamental conhecer as atitudes crenccedilas preconceitos estereoacutetipos e representaccedilotildees sociais que se

relacionam com as praacuteticas das famiacutelias as quais variam de famiacutelia para famiacutelia

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo podem ser colaboradores preciosos para esta caracterizaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo aos pais podemos resumir os aspectos a valorizar

Inclui-los nos diversos passos do programa

sensibiliza-los para a importacircncia da sauacutede oral respeitando os seus universos familiares e

culturais

dar suporte continuado agrave mudanccedila de comportamentos e de todos os factores que lhe estatildeo

associados

24 Quarta vertente ndash as crianccedilas

As crianccedilas e os adolescentes satildeo o principal puacuteblico-alvo do programa de sauacutede oral Sensibilizaacute-los

para as praacuteticas alimentares e de higiene oral que os peritos consideram actualmente adequadas eacute o

nosso objectivo

Como jaacute foi referido anteriormente eacute necessaacuterio ser cuidadoso na forma de comunicar com as crianccedilas

e adolescentes natildeo criticando directa ou indirectamente os conhecimentos e as praacuteticas aconselhadas

ou consentidas por pais e professores com quem eles convivem directamente e que satildeo dos principais

influenciadores dos seus comportamentos satildeo os seus modelos e constituem o seu universo de afectos

Criar clivagem na relaccedilatildeo cognitiva afectiva e emocional entre pais ou professores e crianccedilas e

adolescentes eacute algo que devemos ter sempre presente e evitar

As estrateacutegias de trabalho com as crianccedilas deveratildeo ser adaptadas agrave sua maturidade psico-cognitiva e

contexto socio-cultural Para que as actividades sejam luacutedicas e criativas adequadas agraves idades e outras

caracteriacutesticas das crianccedilas e adolescentes a contribuiccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo eacute com certeza

fundamental

Eacute muito importante ter em conta alguns aspectos educativos relativamente agrave mudanccedila de

comportamentos A participaccedilatildeo activa das crianccedilas na formulaccedilatildeo dessas actividades torna mais

eficazes os efeitos pretendidos

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Pela dificuldade em mudar comportamentos principalmente de forma estaacutevel eacute aconselhaacutevel adequar

os objectivos agraves realidades Seraacute preferiacutevel actuar sobre um ou dois comportamentos sobre os quais a

caracterizaccedilatildeo inicial nos permitiu depreender que seraacute possiacutevel obtermos resultados positivos em vez

de tentar actuar sobre todos os comportamentos que desejariacuteamos alterar natildeo conseguindo alterar

nenhum deles Naturalmente estas escolhas seratildeo feitas cientificamente segundo o que a Educaccedilatildeo para

a Sauacutede preconiza nas vertentes relacionadas com as ciecircncias comportamentais (sociais e humanas)

Outro aspecto fundamental eacute a continuidade na acccedilatildeo A eficaacutecia seraacute tanto maior quanto mais

continuadas forem as actividades dando suporte agrave mudanccedila comportamental e reforccedilo agrave sua

manutenccedilatildeo A continuidade da acccedilatildeo permite conhecer melhor as situaccedilotildees os obstaacuteculos e as formas

de os remover pois cada caso eacute um caso e generalizar diminui grandemente a eficaacutecia

Deve ser dada uma atenccedilatildeo especial agraves crianccedilas com Necessidades de Sauacutede Especiais desfavorecidas

socialmente (porque vivem em bairros degradados com poucos recursos econoacutemicos pertencem a

minorias eacutetnicas ou satildeo emigrantes) ou que natildeo frequentam a escola utilizando estrateacutegias especificas

adequadas agraves suas dificuldades

25 Quinta vertente ndash a comunidade

Para os programas de Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutede a componente comunitaacuteria eacute fundamental A

participaccedilatildeo e contribuiccedilatildeo dos vaacuterios sectores da comunidade podem ser potenciadores do trabalho a

desenvolver

Dependendo das situaccedilotildees locais a Autarquia as IPSS e as ONGrsquos entre outras podem ser parceiros

de enorme valia para o desenvolvimento do programa Para isso temos que sensibilizar os liacutederes

locais para a importacircncia da sauacutede oral e do programa que se pretende incrementar explicitando como

com pequenos custos podemos obter ganhos em sauacutede a meacutedio e longo prazo

As instituiccedilotildees que organizam actividades para crianccedilas e adolescentes como os ATLrsquos associaccedilotildees

culturais desportivas e religiosas podem ser excelentes parceiros para o desenvolvimento das

actividades dependendo das caracteriacutesticas da comunidade onde se aplica o programa Os grupos de

teatro satildeo tambeacutem um excelente recurso para integrarem as actividades com as crianccedilas e os

adolescentes

26 Sexta vertente ndash os meios de comunicaccedilatildeo social

Os meios de comunicaccedilatildeo social locais e regionais se forem utilizados apropriadamente podem ser

parceiros potenciadores das actividades que se pretendem desenvolver

Mas com frequecircncia os teacutecnicos de sauacutede encontram dificuldades na relaccedilatildeo com os profissionais da

comunicaccedilatildeo social considerando que estes natildeo satildeo sensiacuteveis agraves nossas preocupaccedilotildees com a prevenccedilatildeo

da doenccedila e da promoccedilatildeo da sauacutede

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Os media tecircm uma linguagem e podemos dizer uma filosofia proacuteprias que com frequecircncia natildeo satildeo

coincidentes com as nossas eacute por essa razatildeo necessaacuterio que os teacutecnicos de sauacutede se adaptem e se

possiacutevel se aperfeiccediloem na linguagem dos meacutedia Se natildeo utilizarmos adequadamente os meios de

comunicaccedilatildeo social estes podem ter um efeito contraproducente diminuindo a eficaacutecia do programa de

sauacutede oral

Algumas das dificuldades encontradas quando trabalhamos com os media especialmente as raacutedios e as

televisotildees satildeo as seguintes

na maior parte dos casos natildeo se pode transmitir muita informaccedilatildeo mesmo que seja um programa

de raacutedio de 1 ou 2 horas iria ficar muito monoacutetono e pouco atraente assim como se tornaria

confuso para os ouvintes e pouco eficaz porque com frequecircncia as pessoas desenvolvem outras

actividades enquanto ouvem raacutedio

eacute aconselhaacutevel transmitir apenas o que eacute realmente importante e faze-lo de forma muito clara

mantendo a consistecircncia sobre a hierarquia das informaccedilotildees nas diversas intervenccedilotildees ou seja que

todas os intervenientes no programa e em todas as situaccedilotildees em que intervecircm tenham um discurso

coerente e natildeo contraditoacuterio

evitar informaccedilotildees riacutegidas que culpabilizem as pessoas e natildeo respeitem os seus contextos micro-

culturais Eacute preferiacutevel suscitar alguma mudanccedila comportamental de forma progressiva que

nenhuma

com frequecircncia utilizamos o leacutexico meacutedico sem nos apercebermos que muitos cidadatildeos natildeo

conhecem termos que nos parecem simples como obesidade ou colesterol atribuindo-lhes outros

significados (portanto desconhecem que natildeo conhecem o verdadeiro significado)

se possiacutevel testar com pessoas de diversas idades e estratos socio-culturais que sejam leigas em

relaccedilatildeo a estas temaacuteticas aquilo que se preparou para a intervenccedilatildeo nos meios de comunicaccedilatildeo

social e alterar se necessaacuterio de acordo com as indicaccedilotildees que essas pessoas nos fornecerem

27 Seacutetima vertente ndash a avaliaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo deve ter iniacutecio na fase de planeamento e acompanhar todo o projecto de modo a introduzir

as alteraccedilotildees necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar das actividades

Devem fazer parte da equipa de avaliaccedilatildeo os diversos parceiros do projecto assim como pessoas

externas ao projecto e estas quando possiacutevel com formaccedilatildeo em educaccedilatildeo para a sauacutede nas aacutereas

teacutecnicas comportamentais de planeamento e avaliaccedilatildeo qualitativa e quantitativa

Satildeo fundamentais avaliaccedilotildees qualitativas e quantitativas das actividades a desenvolver e se possiacutevel

com anaacutelises comparativas ao desenrolar do projecto noutras zonas do paiacutes

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3 T eacute c n i c a s d e H i g i e n e O r a l

3 1 Escovagem dos den tes ndash A escova A escovagem dos dentes deve ser efectuada com uma escova de tamanho adequado agrave boca de quem a

utiliza Habitualmente as embalagens referem as idades a que se destinam Os filamentos devem ser

de nylon com extremidades arredondadas e textura macia que quando comeccedilam a ficar deformados

obrigam agrave substituiccedilatildeo da escova Normalmente a escova quando utilizada 2 vezes por dia dura cerca

de 3-4 meses

Existem escovas manuais e eleacutectricas as quais requerem os mesmos cuidados As escovas eleacutectricas

facilitam a higiene oral das pessoas que tenham pouca destreza manual

3 2 Escovagem dos den tes ndash O den t iacute f r i co O dentiacutefrico a utilizar deve conter fluoreto numa dosagem de cerca de 1000-1500 ppm A quantidade a

utilizar em cada uma das escovagens deve ser semelhante (ou inferior) ao tamanho da unha do 5ordm dedo

(dedo mindinho) da matildeo da crianccedila

Os dentiacutefricos com sabores muito atractivos natildeo se recomendam porque podem levar as crianccedilas a

engoli-lo deliberadamente Ateacute aos 6 anos aproximadamente o dentiacutefrico deve ser colocado na escova

por um adulto Apoacutes a escovagem dos dentes eacute apenas necessaacuterio cuspir o excesso de dentiacutefrico

podendo no entanto bochechar-se com um pouco de aacutegua

33 Escovagem dos dentes no Jardim-de-infacircncia e na Escola identificaccedilatildeo e arrumaccedilatildeo das escovas e copos

Hoje em dia haacute escovas de dentes que tecircm uma tampa ou estojo com orifiacutecios que a protege Caso se

opte pela utilizaccedilatildeo destas escovas natildeo eacute necessaacuterio que fiquem na escola Os alunos poderatildeo colocaacute-

la dentro da mochila juntamente com o tubo do dentiacutefrico e transportaacute-los diariamente para a escola

O conceito de intransmissibilidade da escova de dentes deve ser reforccedilado junto das crianccedilas Se as

escovas ficarem na escola eacute essencial que estejam identificadas bastando para tal escrever no cabo da

escova o nome da crianccedila com uma caneta de tinta resistente agrave aacutegua Tambeacutem se devem identificar os

dentiacutefricos Cada aluno deveraacute ter o seu proacuteprio dentiacutefrico e os copos caso natildeo sejam descartaacuteveis

As escovas guardam-se num local seco e arejado de modo a que os pelos fiquem virados para cima e

natildeo contactem umas com as outras Cada escova pode ser colocada dentro do copo num suporte

acriacutelico ou outro material resistente agrave aacutegua em local seco e arejado

Dentiacutefricos e escovas devem estar fora do alcance das crianccedilas para evitar a troca ou ingestatildeo

acidental de dentiacutefrico Caso haja a possibilidade de utilizar copos descartaacuteveis (de cafeacute) o processo eacute

bastante simplificado (os copos de cafeacute podem ser substituiacutedos por copos de iogurte) Os produtos de

higiene oral podem ser adquiridos com a colaboraccedilatildeo da Autarquia do Centro de Sauacutede dos pais ou

ateacute de alguma empresa Se a escola tiver refeitoacuterio pode tambeacutem ser viaacutevel utilizar os copos do

refeitoacuterio

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34 Escovagem dos den tes ndash Organ izaccedilatildeo da ac t i v idade

A escovagem dos dentes deve ser feita diariamente no jardim-de-infacircncia e na escola apoacutes o almoccedilo agrave

entrada na sala de aula ou apoacutes o intervalo As crianccedilas poderatildeo escovar os dentes na casa de banho no

refeitoacuterio ou na proacutepria sala de aula O processo eacute simples natildeo exigindo muitas condiccedilotildees fiacutesicas das

escolas que satildeo frequentemente utilizadas para justificar a recusa desta actividade

Caso a escola tenha lavatoacuterios suficientes esta actividade pode ser feita na casa de banho Eacute necessaacuterio

definir a hora em que cada uma das salas vai utilizar esse espaccedilo Na casa de banho deveratildeo estar

apenas as crianccedilas que estatildeo a escovar os dentes Os outros esperam a sua vez em fila agrave porta Eacute

essencial que esteja algueacutem (auxiliar professoreducador ou voluntaacuterio) a vigiar para manter a ordem

organizar o processo e corrigir a teacutecnica da escovagem No final da escovagem cada crianccedila lava a

escova e o copo (se natildeo for descartaacutevel) e arruma no local destinado a esse efeito

Quando o espaccedilo fiacutesico natildeo permite que a escovagem seja feita na casa de banho esta actividade pode

ser feita na proacutepria sala de aula Nesta situaccedilatildeo se for possiacutevel utilizar copos descartaacuteveis ou copos de

iogurte facilita o processo e torna-o menos moroso Os alunos mantecircm-se sentados nas suas cadeiras

Retiram da sua mochila o estojo com a escova e o dentiacutefrico Um dos alunos distribui os copos e os

guardanapos (ou toalhetes de papel ou papel higieacutenico) Os alunos escovam os dentes todos ao mesmo

tempo podendo ateacute fazecirc-lo com muacutesica O professor deve ir corrigindo a teacutecnica de escovagem Apoacutes

a escovagem as crianccedilas cospem o excesso de dentiacutefrico para o copo limpam a boca tiram o excesso

de dentiacutefrico e saliva da escova com o papel ou o guardanapo e por fim colocam-no dentro do copo

Tapam a escova e arrumam-na em estojo proacuteprio ou na mochila juntamente com o dentiacutefrico No final

um dos alunos vai buscar um saco de lixo passa por todas as carteiras para que cada uma coloque o

seu copo no lixo Caso alguma das crianccedilas natildeo tolere o restos de dentiacutefrico na cavidade oral pode

colocar-se uma pequena porccedilatildeo de aacutegua no copo e no fim da escovagem bochecha e cospe para o

copo Os pais dos alunos devem ser instruiacutedos para se certificarem que em casa a crianccedila lava a sua

escova com aacutegua corrente e volta a colocaacute-la na mochila No sentido de facilitar o procedimento

recomenda-se que os copos sejam descartaacuteveis e as escovas tenham tampa

35 Escovagem dos den tes - A teacutecn ica A escovagem dos dentes para ser eficaz ou seja para remover a placa bacteriana necessita ser feita

com rigor e demora 2 a 3 minutos Quando se utiliza uma escova manual a escovagem faz-se da

seguinte forma

inclinar a escova em direcccedilatildeo agrave gengiva (cerca de 45ordm) e fazer pequenos movimentos vibratoacuterios

horizontais ou circulares de modo a que os pelos da escova limpem o sulco gengival (espaccedilo que

fica entre o dente e a gengiva)

se for difiacutecil manter esta posiccedilatildeo colocar os pecirclos da escova perpendicularmente agrave gengiva e agrave

superfiacutecie do dente

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escovar 2 dentes de cada vez (os correspondentes ao tamanho da cabeccedila da escova) fazendo

aproximadamente 10 movimentos (ou 5 caso sejam crianccedilas ateacute aos 6 anos) nas superfiacutecies

dentaacuterias abarcadas pela escova

comeccedilar a escovagem pela superfiacutecie externa (do lado da bochecha) do dente mais posterior de um

dos maxilares e continuar a escovar ateacute atingir o uacuteltimo dente da extremidade oposta desse

maxilar

com a mesma sequecircncia escovar as superfiacutecies dentaacuterias do lado da liacutengua

proceder do mesmo modo para fazer a escovagem dos dentes do outro maxilar

escovar as superfiacutecies mastigatoacuterias dos dentes com movimentos de vaiveacutem

por fim pode escovar-se a liacutengua

Quando se utiliza uma escova de dentes eleacutectrica segue-se a mesma sequecircncia de escovagem O

movimento da escova eacute feito automaticamente natildeo deve ser feita pressatildeo ou movimentos adicionais

sobre os dentes A escova desloca-se ao longo da arcada escovando um soacute dente de cada vez A

escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluacuteor deve ser feita duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente agrave noite antes de deitar

3 6 Uso do f io den taacute r io A partir do momento em que haacute destreza manual (a partir dos 8 anos) eacute indispensaacutevel o uso do fio ou

fita dentaacuteria que se utiliza da seguinte forma

retirar cerca de 40 cm de fio (ou fita) do porta fio

enrolar a quase totalidade do fio no dedo meacutedio de uma matildeo e uma pequena porccedilatildeo no dedo meacutedio

da outra matildeo deixando entre os dois dedos uma porccedilatildeo de fio com aproximadamente 25 cm

Quando as crianccedilas satildeo mais pequenas pode retirar-se uma porccedilatildeo mais pequena de fio cerca de

30 cm dar um noacute juntando as 2 pontas formando um ciacuterculo com o fio natildeo havendo necessidade

de o enrolar nos dedos Eacute importante utilizar sempre fio limpo em cada espaccedilo interdentaacuterio Os

polegares eou os indicadores ajudam a manuseaacute-lo

introduzir o fio cuidadosamente entre dois dentes e curva-lo agrave volta do dente que se quer limpar

fazendo com que tome a forma de um ldquoCrdquo

executar movimentos curtos horizontais desde o ponto de contacto entre os dentes ateacute ao sulco

gengival em cada uma das faces que delimitam o espaccedilo interdentaacuterio

repetir este procedimento ateacute que todos os espaccedilos interdentaacuterios de todos os dentes estejam

devidamente limpos

O fio dentaacuterio deve ser utilizado uma vez por dia de preferecircncia agrave noite antes de deitar Na escola os

alunos poderatildeo a aprender a utilizar este meio de remoccedilatildeo de placa bacteriana interdentaacuterio sendo

importante envolver os pais no sentido de lhes pedir colaboraccedilatildeo e permitir que as crianccedilas o utilizem

em casa

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3 7 Reve lador de p laca bac te r i ana O uso de reveladores de placa bacteriana (em soluto ou em comprimidos mastigaacuteveis) permitem

avaliar a higiene oral e consequentemente melhorar as teacutecnicas de escovagem e de utilizaccedilatildeo do fio

dentaacuterio

A partir dos 6 anos de idade estes produtos podem ser usados para que as crianccedilas visualizem a placa

e mais facilmente compreendam que os seus dentes necessitam de ser cuidadosamente limpos

A eritrosina que tem a propriedade de corar de vermelho a placa bacteriana eacute um dos exemplos de

corantes que se podem utilizar Utiliza-se da seguinte forma

colocar 1 a 2 gotas por baixo da liacutengua ou mastigar um comprimido sem engolir

passar a liacutengua por todas as superfiacutecies dentaacuterias

bochechar com aacutegua

A placa bacteriana corada eacute facilmente removida atraveacutes da escovagem dos dentes e do fio dentaacuterio

Nota Para evitar que os laacutebios fiquem corados de vermelho antes de colocar o corante pode passar

batom creme gordo ou vaselina nos laacutebios

3 8 Bochecho f luore tado A partir dos 6 anos pode ser feito o bochecho quinzenal com fluoreto de soacutedio a 02 na escola da

seguinte forma

agitar a soluccedilatildeo e deitar 10 ml em cada copo e distribui-los

indicar a cada crianccedila para colocar o antebraccedilo no rebordo da mesa

introduzir a soluccedilatildeo na boca sem engolir

repousar a testa no antebraccedilo colocando o copo debaixo da boca

bochechar vigorosamente durante 1 minuto

apoacutes este periacuteodo deve ser cuspida tendo o cuidado de natildeo a engolir

Apoacutes o bochecho a crianccedila deve permanecer 30 minutos sem comer nem beber

39 Iacutendice de placa O Iacutendice de Placa (IP) eacute utilizado para quantificar a placa bacteriana em todas as superfiacutecies dentaacuterias e

reflecte os haacutebitos de higiene oral dos indiviacuteduos avaliados

Assim enquanto que um baixo Iacutendice de Placa poderaacute significar um bom impacto das acccedilotildees de

educaccedilatildeo para a sauacutede em sauacutede oral nomeadamente das relacionadas com a higiene um iacutendice

elevado sugere o contraacuterio

Em programas comunitaacuterios geralmente eacute utilizado o Iacutendice de Placa Simplificado que eacute mais raacutepido

de determinar sendo o resultado final igualmente fiaacutevel

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Para se calcular o Iacutendice de Placa Simplificado eacute necessaacuterio atribuir um valor ao tamanho da placa

bacteriana existente nos seguintes 6 dentes e superfiacutecies predeterminados Maxilar superior

1 Primeiro molar superior direito - Superfiacutecie vestibular

2 Incisivo central superior direito - Superfiacutecie vestibular

3 Primeiro molar superior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

4 Primeiro molar inferior esquerdo - Superfiacutecie lingual

5 Incisivo central inferior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

6 Primeiro molar inferior direito - Superfiacutecie lingual

Para atribuir um valor ao tamanho da placa bacteriana existente em cada uma das su

acima referidas eacute necessaacuterio utilizar o revelador de placa bacteriana para a co

facilitar a sua observaccedilatildeo e respectiva classificaccedilatildeo e registo

A cada uma das superfiacutecies dentaacuterias soacute pode ser atribuiacutedo um dos seguintes valore

Valor 0

Valor 1

Valor 2

Valor 3

rarr Se a superfiacutecie do dente natildeo estaacute corada

rarr Se 13 da superfiacutecie estaacute corado

rarr Se 23 da superfiacutecie estatildeo corados

rarr Se estaacute corada toda a superfiacutecie

Feito o registo da observaccedilatildeo individual verifica-se que o somatoacuterio do conjunto de

poderaacute variar entre 0 (zero) e 18 (dezoito)

Dividindo por 6 (seis) este somatoacuterio obteacutem-se o Iacutendice de Placa Individual

Para determinar o Iacutendice de Placa de um grupo de indiviacuteduos divide-se o som

individuais pelo nuacutemero de indiviacuteduos observados multiplicado por seis (o nuacutemer

nuacutemero de dentes seleccionados por indiviacuteduo)

Assim o Iacutendice de Placa poderaacute variar entre 0 (zero) e 3 (trecircs)

Iacutendice de Placa (IP) = Somatoacuterio da classificaccedilatildeo dada a cada dente

Nordm de indiviacuteduos observados x 6

A sauacutede oral das crianccedilas e adolescentes eacute um grave problema de sauacutede puacuteblica ma

simples como as descritas neste documento executadas pelos proacuteprios eou com

encorajadas pela escola e pelos serviccedilos de sauacutede contribuem decididamente para

oral importantes e implementaccedilatildeo efectiva do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas d

Maxilar inferior

perfiacutecies dentaacuterias

rar e dessa forma

s

valores atribuiacutedos

atoacuterio dos valores

o seis representa o

s que com medidas

ajuda da famiacutelia

ganhos em sauacutede

Sauacutede Oral

e EPSrsquorsquo 15

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

F l u o r e t o s

F u n d a m e n t a ccedil atilde o e R e c o m e n d a ccedil otilde e s d a T a s k F o r c e

Documento produzido pela Task Force constituiacuteda pelo Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr

Ricardo Jorge Direcccedilatildeo-Geral de Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura Faculdade de

Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Medicina Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria

Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa e Porto Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento Instituto Superior de

Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia

Ordem dos Meacutedicos Dentistas Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria Sociedade Portuguesa de

Pediatria e os serviccedilos da DGS Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede Divisatildeo de Sauacutede Ambiental

Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

1 F l u o r e t o s

A evidecircncia cientiacutefica tem demonstrado que as mudanccedilas observadas no padratildeo da doenccedila caacuterie

dentaacuteria ocorrem pela implementaccedilatildeo de programas preventivos e terapecircuticos de acircmbito comunitaacuterio

e por estrateacutegias de acccedilatildeo especiacuteficas dirigidas a grupos de risco com criteriosa utilizaccedilatildeo dos

fluoretos

O fluacuteor eacute o elemento mais electronegativo da tabela perioacutedica e raramente existe isolado sendo por

isso habitualmente referido como fluoreto Na natureza encontra-se sob a forma de um iatildeo (F-) em

associaccedilatildeo com o caacutelcio foacutesforo alumiacutenio e tambeacutem como parte de certos silicatos como o topaacutezio

Normalmente presente nas rochas plantas ar aacuteguas e solos este elemento faz parte da constituiccedilatildeo de

alguns materiais plaacutesticos e pode tambeacutem estar presente na constituiccedilatildeo de alguns fertilizantes

contribuindo desta forma para a sua presenccedila no solo aacutegua e alimentos No solo o conteuacutedo de

fluoretos varia entre 20 e 500 ppm contudo nas camadas mais profundas o seu niacutevel aumenta No ar a

concentraccedilatildeo normal de fluoretos oscila entre 005 e 190microgm3 1

Do fluacuteor que eacute ingerido entre 75 e 90 eacute absorvido por via digestiva sendo a mucosa bucal

responsaacutevel pela absorccedilatildeo de menos de 1 Depois de absorvido passa para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea

sob a forma ioacutenica ou de compostos orgacircnicos lipossoluacuteveis A forma ioacutenica que circula livremente e

natildeo se liga agraves proteiacutenas nem aos componentes plasmaacuteticos nem aos tecidos moles eacute a que vai estar

disponiacutevel para ser absorvida pelos tecidos duros Da quantidade total de fluacuteor presente no organismo

99 encontra-se nos tecidos calcificados Entre 10 e 25 do aporte diaacuterio de fluacuteor natildeo chega a ser

absorvido vindo a ser excretado pelas fezes O fluacuteor absorvido natildeo utilizado (cerca de 50) eacute

eliminado por via renal2

O fluacuteor tem uma grande afinidade com a apatite presente no organismo com a qual cria ligaccedilotildees

fortes que natildeo satildeo irreversiacuteveis Este facto deve-se agrave facilidade com que os radicais hidroxilos da

hidroxiapatite satildeo substituiacutedos pelos iotildees fluacuteor formando fluorapatite No entanto a apatite normal do

ser humano presente no osso e dente mesmo em condiccedilotildees ideais de presenccedila de fluacuteor nunca se

aproxima da composiccedilatildeo da fluorapatite pura

Quando o fluacuteor eacute ingerido passa pela cavidade oral daiacute resultando a deposiccedilatildeo de uma determinada

quantidade nos tecidos e liacutequidos aiacute existentes A mucosa jugal as gengivas a placa bacteriana os

dentes e a saliva vatildeo beneficiar imediatamente de um aporte directo de fluacuteor que pode permitir que a

sua disponibilidade na cavidade oral se prolongue por periacuteodos mais longos Eacute um facto que a presenccedila

de fluacuteor no meio oral independentemente da sua fonte resulta numa acccedilatildeo preventiva e terapecircutica

extremamente importante

Nota 22 mg de fluoreto de soacutedio correspondem a 1 mg de fluacuteor Quando se dilui 1 mg de fluacuteor em um litro de aacutegua pura

considera-se que essa aacutegua passou a ter 1 ppm de fluacuteor

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 2

Considera-se actualmente que os benefiacutecios dos fluoretos resultam basicamente da sua acccedilatildeo toacutepica

sobre a superfiacutecie do dente enquanto a sua acccedilatildeo sisteacutemica (preacute-eruptiva) eacute muito menos importante

A acccedilatildeo preventiva e terapecircutica dos fluoretos eacute conseguida predominantemente pela sua acccedilatildeo toacutepica

quer nas crianccedilas quer nos adultos atraveacutes de trecircs mecanismos diferentes responsaacuteveis pela

bull inibiccedilatildeo do processo de desmineralizaccedilatildeo

bull potenciaccedilatildeo do processo de remineralizaccedilatildeo

bull inibiccedilatildeo da acccedilatildeo da placa bacteriana

O uso racional dos fluoretos na profilaxia da caacuterie dentaacuteria com eficaacutecia e seguranccedila baseia-se no

conhecimento actualizado dos seus mecanismos de acccedilatildeo e da sua toxicologia

Com base na evidecircncia cientiacutefica a estrateacutegia de utilizaccedilatildeo dos fluoretos em sauacutede oral foi redefinida

tendo em conta que a sua acccedilatildeo preventiva eacute predominantemente poacutes-eruptiva e toacutepica e a sua acccedilatildeo

toacutexica com repercussotildees a niacutevel dentaacuterio eacute preacute-eruptiva e sisteacutemica

Estudos epidemioloacutegicos efectuados pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) sobre os efeitos do

fluacuteor na sauacutede humana referem que valores compreendidos entre 1 e 15 ppm natildeo representam risco

acrescido Contudo valores entre 15 e 2 ppm em climas quentes poderatildeo contribuir para a ocorrecircncia

de casos de fluorose dentaacuteria e valores entre 3 a 6 ppm para o aparecimento de fluorose oacutessea

Para a OMS a concentraccedilatildeo oacuteptima de fluoretos na aacutegua quando esta eacute sujeita a fluoretaccedilatildeo deve

estar compreendida entre 05 e 15 ppm de F dependendo este valor da temperatura meacutedia do local

que condiciona a quantidade de aacutegua ingerida nas zonas mais frias o valor maacuteximo pode estar perto

do limite superior nas zonas mais quentes o valor deve estar perto do limite inferior para uma

prevenccedilatildeo eficaz da caacuterie dentaacuteria Para que os riscos de fluorose estejam diminuiacutedos os programas de

fluoretaccedilatildeo das aacuteguas devem obedecer a criteacuterios claramente definidos

Nas regiotildees onde a aacutegua da rede puacuteblica conteacutem menos de 03 ppm (mgl) de fluoretos (situaccedilatildeo mais

frequente em Portugal Continental) a dose profilaacutectica oacuteptima considerando a soma de todas as fontes

de fluoretos eacute de 005mgkgdia3

11 Toxicidade Aguda

Uma intoxicaccedilatildeo aguda pelo fluacuteor eacute uma possibilidade extremamente rara Alguns casos tecircm sido

descritos na literatura Estudos efectuados em roedores e extrapolados para o homem adulto permitem

pensar que a dose letal miacutenima de fluacuteor seja de aproximadamente 2 gramas ou 32 a 64 mgkg de peso

corporal mas para uma crianccedila bastam 15 mgkg de peso corporal 2

A partir da ingestatildeo de doses superiores a 5mgkg de peso corporal considera-se a hipoacutetese de vir a ter

efeitos toacutexicos

As crianccedilas pequenas tecircm um risco acrescido de ingerir doses de fluoretos atraveacutes do consumo de

produtos de higiene oral A ingestatildeo acidental de um quarto de um tubo com dentiacutefrico de 125 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 3

(1500 ppm de Fluacuteor) potildee em risco a vida de uma crianccedila de um ano de idade O risco de ingestatildeo

acidental por crianccedilas eacute real e eacute adjuvado pelo tipo de embalagens destes produtos que natildeo tecircm

dispositivos de seguranccedila para a sua abertura

A toxicidade aguda pelos fluoretos poderaacute manifestar-se por queixas digestivas (dor abdominal

voacutemitos hematemeses e melenas) neuroloacutegicas (tremores convulsotildees tetania deliacuterio lentificaccedilatildeo da

voz) renais (urina turva hematuacuteria) metaboacutelicas (hipocalceacutemia hipomagnesieacutemia hipercalieacutemia)

cardiovasculares (arritmias hipotensatildeo) e respiratoacuterias (depressatildeo respiratoacuteria apneias) 4

12 Toxicidade Croacutenica

A dose total diaacuteria de fluoretos administrados por via sisteacutemica isenta de risco de toxicidade croacutenica

situa-se abaixo de 005 mgkgdia de peso A partir desses valores aumentam as manifestaccedilotildees atraveacutes

do aparecimento de hipomineralizaccedilatildeo do esmalte que se revela por fluorose dentaacuteria Com

concentraccedilotildees acima de 25 ppm na aacutegua esta manifestaccedilatildeo eacute mais evidente sendo tanto mais grave

quanto a concentraccedilatildeo de fluoretos vai aumentando O periacuteodo criacutetico para o efeito toacutexico do fluacuteor se

manifestar sobre a denticcedilatildeo permanente eacute entre o nascimento e os 7 anos de idade (ateacute aos 3 anos eacute o

periacuteodo mais criacutetico) Quando existem fluoretos ateacute 3 ppm na aacutegua aleacutem da fluorose natildeo parece

existir qualquer outro efeito toacutexico na sauacutede A partir deste valor aumenta o risco de nefrotoxicidade

Como qualquer outro medicamento os fluoretos em dose excessiva tecircm efeitos toacutexicos que

normalmente se manifestam atraveacutes de uma interferecircncia na esteacutetica dentaacuteria Essa manifestaccedilatildeo eacute a

fluorose dentaacuteria

Estudos recentes sobre suplementos de fluoretos e fluorose 5 confirmam que as comunidades sem aacutegua

fluoretada e que utilizam suplementos de fluoretos durante os primeiros 6 anos de vida apresentam

um aumento do risco de desenvolver fluorose

O principal factor de risco para o aparecimento de fluorose dentaacuteria eacute o aporte total de fluoretos

provenientes de diferentes fontes nomeadamente da alimentaccedilatildeo incluindo a aacutegua e os suplementos

alimentares dentiacutefricos e soluccedilotildees para bochechos comprimidos e gotas e ingestatildeo acidental que natildeo

satildeo faacuteceis de quantificar

A fluorose dentaacuteria aumentou nos uacuteltimos anos em comunidades com e sem aacutegua fluoretada 6

2 F l u o r e t o s n a aacute g u a

2 1 Aacute g u a d e a b a s t e c i m e n t o p uacute b l i c o

A fluoretaccedilatildeo das aacuteguas para consumo humano como meio de suprir o deacutefice de fluoretos na aacutegua eacute

uma praacutetica comum em alguns paiacuteses como o Brasil Austraacutelia Canadaacute EUA e Nova Zelacircndia

Apesar de serem tatildeo diferentes quer do ponto de vista soacutecioeconoacutemico quer geograacutefico eles detecircm

uma experiecircncia superior a 25 anos neste domiacutenio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 4

Na Europa a maior parte dos paiacuteses natildeo faz fluoretaccedilatildeo das suas aacuteguas para consumo humano agrave

excepccedilatildeo da Irlanda da Suiacuteccedila (Basileia) e de 10 da populaccedilatildeo do Reino Unido Na Alemanha eacute

proibido e nos restantes paiacuteses eacute desaconselhado

Nos paiacuteses em que se faz fluoretaccedilatildeo da aacutegua alguns estudos demonstraram natildeo ter existido um ganho

efectivo na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria No entanto outros como a Austraacutelia no Estado de Victoacuteria

onde a fluoretaccedilatildeo da aacutegua se faz regularmente observaram-se ganhos efectivos na sauacutede oral da

populaccedilatildeo com consequentes ganhos econoacutemicos

Recomendaccedilatildeo Eacute indispensaacutevel avaliar a qualidade das aacuteguas de abastecimento puacuteblico periodicamente e corrigir os

paracircmetros alterados

Na aacutegua os valores das concentraccedilotildees de fluoretos estatildeo compreendidas entre 01 a 07 ppm Contudo

em alguns casos podem apresentar valores muito mais elevados

Quando a aacutegua apresenta valores de ph superiores a 8 e o iatildeo soacutedio e os carbonatos satildeo dominantes os

valores de fluoretos normalmente presentes excedem 1 ppm

Nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica os fluoretos podem existir naturalmente ou resultar de um

programa de fluoretaccedilatildeo Em Portugal Continental os valores satildeo normalmente baixos e as aacuteguas natildeo

estatildeo sujeitas a fluoretaccedilatildeo artificial O teor de fluoretos deveraacute ser controlado regularmente de modo

a preservar os interesses da sauacutede puacuteblica 7

Na definiccedilatildeo de um valor guia para a aacutegua de consumo humano a OMS propotildee o valor limite de 15

ppm de Fluacuteor referindo que valores superiores podem contribuir para o aumento do risco de fluorose

A Agecircncia Americana para o Ambiente (USEPA) refere um valor maacuteximo admissiacutevel de fluoretos na

aacutegua de consumo humano de 15 ppm e recomenda que nunca se ultrapasse os 4 ppm

Em Portugal a legislaccedilatildeo actualmente em vigor sobre a qualidade da aacutegua para consumo humano

decreto-lei nordm 23698 de 1 de Agosto define dois Valores Maacuteximos Admissiacuteveis (VMA) para os

fluoretos 15 ppm (8 a 12 ordmC) e 07 ppm (25 a 30 ordmC) O decreto-lei nordm 2432001 de 5 de Setembro

que transpotildee a Directiva Comunitaacuteria nordm 9883CE de 3 de Novembro que entrou em vigor em 25 de

Dezembro de 2003 define para os fluoretos um Valor Parameacutetrico (VP) de 15 ppm

O decreto-lei nordm 24301 remete para a Entidade Gestora a verificaccedilatildeo da conformidade dos valores

parameacutetricos obrigatoacuterios aplicaacuteveis agrave aacutegua para consumo humano Sempre que um valor parameacutetrico

eacute excedido isso corresponde a uma situaccedilatildeo de incumprimento e perante esta situaccedilatildeo a entidade

gestora deve de imediato informar a autoridade de sauacutede e a entidade competente dando conta das

medidas correctoras adoptadas ou em curso para restabelecer a qualidade da aacutegua destinada a consumo

humano

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 5

Deve ter-se em atenccedilatildeo o desvio em relaccedilatildeo ao valor parameacutetrico fixado e o perigo potencial para a

sauacutede humana

Segundo o decreto-lei supra mencionado artigo 9ordm compete agraves autoridades de sauacutede a vigilacircncia

sanitaacuteria e a avaliaccedilatildeo do risco para a sauacutede puacuteblica da qualidade da aacutegua destinada ao consumo

humano Sempre que o risco exista e o incumprimento persistir a autoridade de sauacutede deve informar e

aconselhar os consumidores afectados e determinar a proibiccedilatildeo de abastecimento restringir a

utilizaccedilatildeo da aacutegua que constitua um perigo potencial para a sauacutede humana e adoptar todas as medidas

necessaacuterias para proteger a sauacutede humana

Nos Accedilores e na Madeira ou em zonas onde o teor de fluoretos na aacutegua eacute muito elevado deveraacute ser

feita uma verificaccedilatildeo da constante e a correcccedilatildeo adequada

Os principais tratamentos de desfluoretaccedilatildeo envolvem a floculaccedilatildeo da aacutegua usando sais hidratados de

alumiacutenio principalmente em condiccedilotildees alcalinas No caso de aacuteguas aacutecidas pode-se adicionar cal e

alternativamente pode-se recorrer agrave adsorccedilatildeo com carvatildeo activado ou alumina activada ( Al2O3 ) ou

por permuta ioacutenica usando resinas especiacuteficas

Recomendaccedilatildeo Ateacute aos 6-7 anos as crianccedilas natildeo devem ingerir regularmente aacutegua com teor de fluoretos superior a 07 ppm

Recomendaccedilatildeo Sempre que o valor parameacutetrico dos fluoretos na aacutegua para consumo humano exceder 15 ppm deveratildeo ser aplicadas

medidas correctoras para restabelecer a qualidade da aacutegua

2 2 Aacute g u a s m i n e r a i s n a t u r a i s e n g a r r a f a d a s

As aacuteguas minerais naturais engarrafadas deveratildeo no futuro ter rotulagem de acordo com a Directiva

Comunitaacuteria 200340CE da Comissatildeo Europeia de 16 de Maio publicada no Jornal Oficial da Uniatildeo

Europeia em 2252003 artigo 4ordm laquo1 As aacuteguas minerais naturais cuja concentraccedilatildeo em fluacuteor for

superior a 15 mgl (ppm) devem ostentar no roacutetulo a menccedilatildeo lsquoconteacutem mais de 15 mgl (ppm) de

fluacuteor natildeo eacute adequado o seu consumo regular por lactentes nem por crianccedilas com menos de 7 anosrsquo

2 No roacutetulo a menccedilatildeo prevista no nordm 1 deve figurar na proximidade imediata da denominaccedilatildeo de

venda e em caracteres claramente visiacuteveis 3

As aacuteguas minerais naturais que em aplicaccedilatildeo do nordm 1 tiverem de ostentar uma menccedilatildeo no roacutetulo

devem incluir a indicaccedilatildeo do teor real em fluacuteor a niacutevel da composiccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica em constituintes

caracteriacutesticos tal como previsto no nordm 2 aliacutenea a) do artigo 7ordm da Directiva 80777CEEraquo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 6

Para as aacuteguas de nascente cujas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas satildeo definidas pelo Decreto-lei

2432001 de 5 de Setembro em vigor desde Dezembro de 2003 os limites para o teor de fluoretos satildeo

de 15 mgl (ppm)

De acordo com o parecer do Scientific Committee on Food - Comiteacute Cientiacutefico de Alimentaccedilatildeo

Humana (expresso em Dezembro de 1996) a Comissatildeo natildeo vecirc razotildees para nos climas da Uniatildeo

Europeia (climas temperados) limitar os fluoretos nas aacuteguas de consumo humano e nas aacuteguas minerais

naturais para valores inferiores a 15mgl (ppm)

3 F l u o r e t o s n o s g eacute n e r o s a l i m e n t iacute c i o s

Entende-se por lsquogeacutenero alimentiacuteciorsquo qualquer substacircncia ou produto transformado parcialmente

transformado ou natildeo transformado destinado a ser ingerido pelo ser humano ou com razoaacuteveis

probabilidades de o ser Este termo abrange bebidas pastilhas elaacutesticas e todas as substacircncias

incluindo a aacutegua intencionalmente incorporadas nos geacuteneros alimentiacutecios durante o seu fabrico

preparaccedilatildeo ou tratamento8 9

Na alimentaccedilatildeo as estimativas de ingestatildeo de fluacuteor atraveacutes da dieta variam entre 02 e 34 mgdia

sendo estes uacuteltimos valores atingidos quando se inclui o chaacute na alimentaccedilatildeo A ingestatildeo de fluoretos

provenientes dos alimentos comuns eacute pouco significativa Apenas 13 se apresentam na forma

ionizaacutevel e portanto biodisponiacutevel

Recomendaccedilatildeo Independentemente da origem ao utilizar aacutegua informe-se sobre o seu teor em fluoretos As que tecircm um elevado teor

deste elemento natildeo satildeo adequadas para lactentes e crianccedilas com menos de 7 anos

Recomendaccedilatildeo Dar prioridade a uma dieta equilibrada e saudaacutevel com diversidade alimentar Utilizar a aacutegua da cozedura dos

alimentos para confeccionar outros alimentos (ex sopas arroz)

No iniacutecio do ano de 2003 a Comissatildeo Europeia apresentou uma nova proposta de Directiva

Comunitaacuteria relativa agrave ldquoAdiccedilatildeo aos geacuteneros alimentiacutecios de vitaminas minerais e outras substacircnciasrdquo

onde os fluoretos satildeo referidos como podendo ser adicionados a geacuteneros alimentiacutecios comuns Nesta

proposta de Directiva Comunitaacuteria eacute sugerida a inclusatildeo de determinados nutrimentos (entre eles o

fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de geacuteneros alimentiacutecios comuns Esta proposta

prevista no Livro Branco da Comissatildeo ainda estaacute numa fase inicial de discussatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 7

4 F l u o r e t o s e m s u p l e m e n t o a l i m e n t a r

Entende-se por lsquosuplementos alimentaresrsquo geacuteneros alimentiacutecios que se destinam a complementar e ou

suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas

substacircncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisioloacutegico estremes ou combinados

comercializados em forma doseada tais como caacutepsulas pastilhas comprimidos piacutelulas e outras

formas semelhantes saquetas de poacute ampola de liacutequido frascos com conta gotas e outras formas

similares de liacutequido ou poacute que se destinam a ser tomados em unidades medidas de quantidade

reduzida10

A Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002

transposta para o direito nacional pelo Decreto-lei nordm 1362003 de 28 de Junho relativa agrave aproximaccedilatildeo

das legislaccedilotildees dos Estados-Membros respeitantes aos suplementos alimentares vai permitir a inclusatildeo

de determinados nutrimentos (entre eles o fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de

suplementos alimentares11

A partir de 28 de Agosto de 2003 os fluoretos poderatildeo ser comercializados como suplemento

alimentar passando a estar disponiacutevel em farmaacutecias e superfiacutecies comerciais

As quantidades maacuteximas de vitaminas e minerais presentes nos suplementos alimentares satildeo fixadas

em funccedilatildeo da toma diaacuteria recomendada pelo fabricante tendo em conta os seguintes elementos

a) limites superiores de seguranccedila estabelecidos para as vitaminas e os minerais apoacutes uma

avaliaccedilatildeo dos riscos efectuada com base em dados cientiacuteficos geralmente aceites tendo em

conta quando for caso disso os diversos graus de sensibilidade dos diferentes grupos de

consumidores

b) quantidade de vitaminas e minerais ingerida atraveacutes de outras fontes alimentares

c) doses de referecircncia de vitaminas e minerais para a populaccedilatildeo

Recomendaccedilatildeo Nunca ultrapassar a toma indicada no roacutetulo do produto e natildeo utilizar um suplemento alimentar como substituto de um

regime alimentar variado

As quantidades maacuteximas e miacutenimas de vitaminas e minerais referidas seratildeo adoptadas pela Comissatildeo

Europeia assistida pelo Comiteacute de Regulamentaccedilatildeo

Em Portugal a Agecircncia para a Qualidade e Seguranccedila Alimentar viraacute a ter informaccedilatildeo sobre todos os

suplementos alimentares comercializados como geacuteneros alimentiacutecios e introduzidos no mercado de

acordo com o Decreto-lei nordm 1362003

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 8

A rotulagem dos suplementos alimentares natildeo poderaacute mencionar nem fazer qualquer referecircncia a

prevenccedilatildeo tratamento ou cura de doenccedilas humanas e deveraacute indicar uma advertecircncia de que os

produtos devem ser guardados fora do alcance das crianccedilas

5 F luore tos em med icamentos e p rodutos cosmeacutet icos de h ig iene corpora l

A distinccedilatildeo entre Medicamento e Produto Cosmeacutetico de Higiene Corporal contendo fluoretos depende

do seu teor no produto Os cosmeacuteticos contecircm obrigatoriamente uma concentraccedilatildeo de fluoretos inferior

a 015 (1500 ppm) (Decreto-lei 1002001 de 28 de Marccedilo I Seacuterie A) sendo que todos os dentiacutefricos

com concentraccedilotildees de fluoretos superior a 015 satildeo obrigatoriamente classificados como

medicamentos

Os medicamentos contendo fluoretos e utilizados para a profilaxia da caacuterie dentaacuteria existentes no

mercado portuguecircs satildeo de venda livre em farmaacutecia Encontram-se disponiacuteveis nas formas

farmacecircuticas de soluccedilatildeo oral (gotas orais) comprimidos dentiacutefricos gel dentaacuterio e soluccedilatildeo de

bochecho

5 1 F l u o r e t o s e m c o m p r i m i d o s e g o t a s o r a i s

A utilizaccedilatildeo de medicamentos contendo fluoretos na forma de gotas orais e comprimidos foi ateacute haacute

pouco recomendada pelos profissionais de sauacutede (pediatras meacutedicos de famiacutelia cliacutenicos gerais

meacutedicos estomatologistas meacutedicos dentistas) dos 6 meses ateacute aos 16 anos

A clarificaccedilatildeo do mecanismo de acccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria e o aumento de

aporte dos mesmos com consequentes riscos de manifestaccedilatildeo toacutexica obrigaram agrave revisatildeo da sua

administraccedilatildeo em comprimidos eou gotas A gravidade da fluorose dentaacuteria estaacute relacionada com a

dose a duraccedilatildeo e com a idade em que ocorre a exposiccedilatildeo ao fluacuteor 12 13

A ldquoCanadian Consensus Conference on the Appropriate Use of Fluoride Supplements for the

Prevention of Dental Caries in Childrenrdquo 14definiu um protocolo cuja utilizaccedilatildeo eacute recomendada a

profissionais de sauacutede em que se fundamenta a tomada de decisatildeo sobre a necessidade ou natildeo da

suplementaccedilatildeo de fluacuteor A administraccedilatildeo de comprimidos soacute eacute recomendada quando o teor de fluoretos

na aacutegua de abastecimento puacuteblico for inferior a 03 ppm e

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) natildeo escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas

vezes por dia

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas vezes

por dia mas apresenta um alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 9

Por sua vez a conclusatildeo do laquoForum on Fluoridation 2002raquo15 relativamente agrave administraccedilatildeo de

suplementos de fluoretos foi a seguinte limitar a utilizaccedilatildeo de comprimidos de fluoretos a aacutereas onde

natildeo existe aacutegua fluoretada e iniciar essa suplementaccedilatildeo apenas a crianccedilas com alto risco agrave caacuterie e a

partir dos 3 anos

Os comprimidos de fluoretos caso sejam indicados devem ser usados pelo interesse da sua acccedilatildeo

toacutepica Devem ser dissolvidos na boca em vez de imediatamente ingeridos16

A administraccedilatildeo de fluoretos sob a forma de comprimidos chupados soacute deveraacute ser efectuada em

situaccedilotildees excepcionais isto eacute em populaccedilotildees de baixos recursos econoacutemicos nas quais a escovagem

natildeo possa ser promovida e os iacutendices de caacuterie sejam elevados

Para evitar a potencial toxicidade dos fluoretos antes de qualquer prescriccedilatildeo todos os profissionais de

sauacutede devem efectuar uma avaliaccedilatildeo personalizada dos aportes diaacuterios de cada crianccedila tendo em conta

todas as fontes possiacuteveis desse elemento alimentos comuns suplementos alimentares consumo de

aacutegua da rede puacuteblica eou aacutegua engarrafada e respectivo teor de fluoretos e utilizaccedilatildeo de medicamentos

e produtos cosmeacuteticos contendo fluacuteor

Recomendaccedilatildeo A partir dos 3 anos os suplementos sisteacutemicos de fluoretos poderatildeo ser prescritos pelo meacutedico assistente ou meacutedico dentista em crianccedilas que apresentem um alto risco

agrave caacuterie dentaacuteria

5 2 F l u o r e t o s e m d e n t iacute f r i c o s

Hoje em dia a maior parte dos dentiacutefricos agrave venda no mercado contecircm fluoretos sob diferentes formas

fluoreto de soacutedio monofluorfosfato de soacutedio fluoreto de amina e outros Os mais utilizados satildeo o

fluoreto de soacutedio e o monofluorfosfato de soacutedio

Normalmente o conteuacutedo de fluoreto dos dentiacutefricos eacute de 1000 a 1100 ppm (ou 010 a 011)

podendo variar entre 500 e 1500 ppm

Durante a escovagem cerca de 34 da pasta eacute ingerida por crianccedilas de 3 anos 28 pelas de 4-5 anos

e 20 pelas de 5-7 anos

Devem ser evitados dentiacutefricos com sabor a fruta para impedir o seu consumo em excesso uma vez

que estatildeo jaacute descritos na literatura casos de fluorose resultantes do abuso de dentiacutefricos2

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluoretos duas vezes por dia tem-se revelado um

meio colectivo de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria com grande efectividade e baixo custo pelo que deve

ser considerado o meio de eleiccedilatildeo em estrateacutegias comunitaacuterias

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 10

Do ponto de vista da prevenccedilatildeo da caacuterie a aplicaccedilatildeo toacutepica de dentiacutefrico fluoretado com a escova dos

dentes deve ser executada duas vezes por dia e deve iniciar-se quando se daacute a erupccedilatildeo dos dentes Esta

rotina diaacuteria de higiene executada naturalmente com muito cuidado pelos pais deve

progressivamente ser assumida pela crianccedila ateacute aos 6-8 anos de idade Durante este periacuteodo a

escovagem deve ser sempre vigiada pelos pais ou educadores consoante as circunstacircncias para evitar

a utilizaccedilatildeo de quantidades excessivas de dentiacutefrico o qual pode da mesma forma que os

comprimidos conduzir antes dos 6 anos agrave ocorrecircncia de fluorose

As crianccedilas devem usar dentiacutefrico com teor de fluoretos entre 1000-1500 ppm de fluoreto (dentiacutefrico

de adulto) sendo a quantidade a utilizar do tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

Apoacutes a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado pode-se natildeo bochechar com aacutegua Deveraacute

apenas cuspir-se o excesso de pasta Deste modo consegue-se uma mais alta concentraccedilatildeo de fluoreto

na cavidade oral que vai actuar topicamente durante mais tempo

Os pais das crianccedilas devem receber informaccedilatildeo sobre a escovagem dentaacuteria e o uso de dentiacutefricos

fluoretados A escovagem com dentiacutefrico fluoretado deve iniciar-se imediatamente apoacutes a erupccedilatildeo dos

primeiros dentes Os dentiacutefricos fluoretados devem ser guardados em locais inacessiacuteveis agraves crianccedilas

pequenas17

5 3 F l u o r e t o s e m s o l u ccedil otilde e s d e b o c h e c h o

As soluccedilotildees para bochechos recomendadas a partir dos 6 anos de idade tecircm sido utilizadas em

programas escolares de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria em inuacutemeros paiacuteses incluindo Portugal Satildeo

recomendadas a indiviacuteduos de maior risco agrave caacuterie dentaacuteria mas a sua utilizaccedilatildeo tem vido a ser

restringida a crianccedilas que escovam eficazmente os dentes

Recomendaccedilatildeo Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Recomendaccedilatildeo A partir dos 6 anos de idade deve ser feito o bochecho quinzenalmente com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

02

As soluccedilotildees fluoretadas de uso diaacuterio habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

005 e as de uso semanal ou quinzenal habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de 02

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 11

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 12

Referecircncias

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1 Almeida CM Sugestotildees para a Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2002 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e na Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa

2 Rompante P Fundamentos para a alteraccedilatildeo do Programa de Sauacutede Oral da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Documento realizado no acircmbito da Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2003 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e no Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede ndash Norte

3 Rompante P Determinaccedilatildeo da quantidade do elemento fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento puacuteblico na totalidade das sedes de concelho de Portugal Continental Porto Faculdade de Odontologia da Universidade de Barcelona 2002 Tese de Doutoramento

4 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in Children at High Caries Risk SIGN Publication 2000 47

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Page 14: Direcção-Geral da SaúdePrograma será complementado, sempre que oportuno, por orientações técnicas a emitir por esta Direcção-Geral. O Director-Geral e Alto Comissário da

distritais ou centrais caso tenham resposta ou para um meacutedico estomatologista

meacutedico dentista contratualizado

A partir do momento em que a crianccedila apresenta um dente com uma lesatildeo de caacuterie

dentaacuteria passa a exigir medidas preventivas e terapecircuticas especiacuteficas Apoacutes o

tratamento da lesatildeo de caacuterie essa crianccedila eacute incluiacuteda num grupo que do ponto de

vista preventivo exigiraacute maior atenccedilatildeo e acompanhamento

A protecccedilatildeo dos dentes em crianccedilas com alto risco agrave caacuterie dentaacuteria consiste na

execuccedilatildeo de uma ou mais medidas

Aplicaccedilatildeo de selantes de fissura

Suplemento de fluoretos um (1) comprimido diaacuterio de 025 mg que deve ser

dissolvido lentamente na boca agrave noite antes de deitar

Verniz de fluacuteor ou de clorohexidina

A estrateacutegia preventiva e terapecircutica do programa complementam-se com a

avaliaccedilatildeo do risco individual de caacuterie dentaacuteria

A avaliaccedilatildeo eacute feita a partir da conjugaccedilatildeo dos seguintes factores de risco evidecircncia

cliacutenica de doenccedila anaacutelise dos haacutebitos alimentares controlo da placa bacteriana

niacutevel socioeconoacutemico da famiacutelia e histoacuteria cliacutenica da crianccedila15

Factores de Risco Baixo Risco Alto Risco

Evidecircncia cliacutenica de doenccedila

Sem lesotildees de caacuterie Nenhum dente perdido devido a caacuterie Poucas ou nenhumas obturaccedilotildees

Lesotildees activas de caacuterie Extracccedilotildees devido a caacuterie Duas ou mais obturaccedilotildees Aparelho fixo de ortodontia

Anaacutelise dos haacutebitos alimentares

Ingestatildeo pouco frequente de alimentos accedilucarados

Ingestatildeo frequente de alimentos accedilucarados em particular entre as refeiccedilotildees

Utilizaccedilatildeo de fluoretos

Uso regular de dentiacutefrico fluoretado

Natildeo utilizaccedilatildeo regular de qualquer dentiacutefrico fluoretado

Controlo da placa bacteriana

Escovagem dos dentes duas ou mais vezes por dia

Natildeo escova os dentes ou faz uma escovagem pouco eficaz

Niacutevel socioeconoacutemico da famiacutelia

Meacutedio ou alto Baixo

Histoacuteria cliacutenica da crianccedila

Sem problemas de sauacutede Ausecircncia de medicaccedilatildeo croacutenica

Portador de deficiecircncia fiacutesica ou mental Ingestatildeo prolongada de medicamentos cariogeacutenicos Doenccedilas Croacutenicas Xerostomia

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 12

As crianccedilas e os jovens que natildeo se inscrevem em nenhuma das categorias anteriores

satildeo considerados de risco moderado

Os criteacuterios de avaliaccedilatildeo do risco individual de caacuterie dentaacuteria seratildeo

complementados com orientaccedilotildees teacutecnicas a emitir pela Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

73 Diagnoacutestico precoce e tratamento dentaacuterio

O diagnoacutestico precoce e os tratamentos dentaacuterios podem ser feitos no Centro de

Sauacutede nos serviccedilos de estomatologia do Hospital ou pelos meacutedicos estomatologistas

ou meacutedicos dentistas contratualizados da sua aacuterea de atracccedilatildeo

Nos Centros de Sauacutede onde existe Higienista Oral este gere os encaminhamentos

quando haacute necessidade de tratamentos e a frequecircncia da vigilacircncia da sauacutede oral das

crianccedilas e dos jovens do seu ficheiro

A contratualizaccedilatildeo com profissionais de sauacutede oral permite-nos garantir cuidados de

sauacutede oral a todas as crianccedilas em Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral

que desenvolvam caacuterie dentaacuteria

O processo seraacute implementado progressivamente O meacutedico estomatologistameacutedico

dentista responsabiliza-se pelo acompanhamento individual das crianccedilas que lhe satildeo

remetidas pelo SNS

O encaminhamento deve respeitar a liberdade de escolha do utente e a capacidade

de resposta do profissional contratualizado

8 Avaliaccedilatildeo do Programa

A avaliaccedilatildeo do programa tem periodicidade anual pelo que os indicadores a utilizar

teratildeo necessariamente que ser faacuteceis de obter e fiaacuteveis Satildeo eles que iratildeo permitir a

monitorizaccedilatildeo do programa e os avanccedilos alcanccedilados em cada regiatildeo de sauacutede e nos

diversos grupos etaacuterios

As fontes de dados satildeo nos serviccedilos puacuteblicos os registos habituais de actividades e

os mapas de sauacutede oral e sauacutede escolar nos serviccedilos privados a informaccedilatildeo

produzida pelos profissionais de sauacutede oral contratualizados registada na Ficha

Individual de Sauacutede Oral transcrita para o Mapa Anual da intervenccedilatildeo meacutedico-

dentaacuteria e enviada para o serviccedilo com quem contratualizou

A qualidade das prestaccedilotildees contratualizadas seraacute feita por avaliaccedilatildeo externa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 13

Os indicadores de avaliaccedilatildeo do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral satildeo

Percentagem de crianccedilas em programa aos 3 6 12 e 15 anos

Percentagem de crianccedilas em programa no Jardim-de-infacircncia e na Escola no 1ordm

ciclo 2ordm ciclo e 3ordm ciclo

Percentagem de crianccedilas com necessidades de tratamentos dentaacuterios

encaminhadas e tratadas

Percentagem de crianccedilas de alto risco agrave caacuterie

Percentagem de crianccedilas livres de caacuterie aos 6 anos

Iacutendice cpod e CPOD aos 6 anos

Iacutendice CPOD aos 12 anos

Esta avaliaccedilatildeo anual natildeo substitui as avaliaccedilotildees quinquenais de acircmbito nacional que a

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede com as Administraccedilotildees Regionais de Sauacutede e as Secretarias

Regionais continuaratildeo a realizar

9 Disposiccedilotildees finais e transitoacuterias

Para efeito de avaliaccedilatildeo do estado dentaacuterio e de avaliaccedilatildeo do risco seratildeo elaborados

suportes de informaccedilatildeo para serem utilizados por todos os sectores intervenientes

no programa e em todos os niacuteveis de produccedilatildeo de informaccedilatildeo

Do niacutevel local ao niacutevel central a informaccedilatildeo iraacute sendo agrupada em mapas de modo

a podermos construir indicadores de niacuteveis de resultados

Os dois Textos de Apoio anexos a este programa ldquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de

Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutederdquo e ldquoFluoretos Fundamentaccedilatildeo e

recomendaccedilatildeordquo suportam as alteraccedilotildees introduzidas e apontam formas de

implementar a estrateacutegia definida no Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede

Oral

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 14

Consenso sobre a utilizaccedilatildeo de fluoretoslowast no acircmbito do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral

Generalidades

O fluacuteor tem comprovada importacircncia na reduccedilatildeo da prevalecircncia e gravidade da caacuterie A

estrateacutegia da sua utilizaccedilatildeo em sauacutede oral foi redefinida com base em novas evidecircncias

cientiacuteficas Actualmente considera-se que a sua acccedilatildeo preventiva e terapecircutica eacute toacutepica

e poacutes-eruptiva e que para se obter este efeito toacutepico o dentiacutefrico fluoretado constitui a

opccedilatildeo consensual

Os fluoretos quando administrados por via sisteacutemica podem ter efeitos toacutexicos em

particular antes dos 6 anos Embora as consequecircncias sejam essencialmente de ordem

esteacutetica eacute revista a sua administraccedilatildeo

Nas crianccedilas com idades iguais ou inferiores a 6 anos que cumprem as exigecircncias

habituais da higiene oral isto eacute escovam os dentes usando dentiacutefrico fluoretado a

concomitante administraccedilatildeo de comprimidos ou gotas aumenta o risco de fluorose

dentaacuteria

As recomendaccedilotildees da Task Force sobre a utilizaccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da

caacuterie integradas no Programa Nacional de Sauacutede Oral satildeo as seguintes

a) Eacute dada prioridade agraves aplicaccedilotildees toacutepicas sob a forma de dentiacutefricos administrados na

escovagem dos dentes Estas aplicaccedilotildees devem ser efectuadas desde a erupccedilatildeo dos

dentes e de acordo com as regras expostas na tabela anexa

b) Os comprimidos anteriormente recomendados no acircmbito do Programa de Promoccedilatildeo

da Sauacutede Oral nas Crianccedilas e nos Adolescentes (CN nordm 6DSE de 200599) soacute

seratildeo administrados apoacutes os 3 anos a crianccedilas de alto risco agrave caacuterie dentaacuteria Nesta

situaccedilatildeo os comprimidos devem ser dissolvidos na boca lentamente

preferencialmente antes de deitar As acccedilotildees de educaccedilatildeo para a sauacutede devem

prioritariamente promover a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado

lowast Das Faculdades de Medicina Dentaacuteria de Lisboa Porto e Coimbra Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Coleacutegio de Estomatologia da Ordem dos Meacutedicos Ordem dos Meacutedicos Dentistas e Sociedade Portuguesa de Pediatria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 15

c) Em nenhum dos casos estaacute recomendada a administraccedilatildeo de fluoretos sisteacutemicos agraves

graacutevidas agraves crianccedilas antes dos 3 anos e agraves que em qualquer idade consumam aacutegua

com teor de fluoreto superior a 03 ppm

Recomendaccedilotildees sobre a utilizaccedilatildeo de fluoretos no acircmbito do PNPSO

RECOMEN-

DACcedilOtildeES

Frequecircncia da

escovagem dos dentes

Material utilizado na escovagem dos dentes

Execuccedilatildeo da escovagem dos dentes

Dentiacutefrico fluoretado

Suplemento sisteacutemico de

fluoretos

0-3 Anos 2 x dia

a partir da erupccedilatildeo do 1ordm dente

uma obrigatoria-mente antes

de deitar

Gaze Dedeira

Escova macia

de tamanho pequeno

Pais

1000-1500 ppm

quantidade idecircntica ao tamanho da

unha do 5ordm dedo da crianccedila

Natildeo recomendado

3-6 Anos 2 x dia

uma

obrigatoria-mente antes

de deitar

Escova macia

de tamanho adequado agrave

boca da crianccedila

Pais eou Crianccedila

a partir do

momento em que a crianccedila

adquire destreza

manual faz a escovagem sob

supervisatildeo

1000-1500 ppm

quantidade idecircntica ao tamanho da

unha do 5ordm dedo da crianccedila

Natildeo recomendado

Excepcionalmente as crianccedilas de alto

risco agrave caacuterie dentaacuteria podem fazer

1 (um) comprimido diaacuterio de fluoreto de soacutedio a 025 mg

Mais de 6 Anos

2 x dia

uma

obrigatoria-mente antes

de deitar

Escova macia

ou em alternativa

meacutedia

de tamanho adequado agrave

boca da crianccedila ou do

jovem

Crianccedila eou Pais

se a crianccedila

natildeo tiver adquirido destreza

manual a escovagem

tem que ter a intervenccedilatildeo

activa dos pais

1000-1500 ppm

quantidade aproximada de 1 centiacutemetro

Natildeo recomendado

Excepcionalmente as crianccedilas de alto

risco agrave caacuterie dentaacuteria podem fazer

1 (um) comprimido diaacuterio de fluoreto de soacutedio a 025 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 16

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 17

Referecircncias

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33 Wang NJ Gropen AM Ogaard B Risk factors associated with fluorosis in a non-fluoridated population in Norway Community Dentistry and Oral Epidemiology 1997 25 396-401

34 Wang NJ Riordan PJ Fluorides and supplements and caries in a non-fluoridated child population Community Dentistry and Oral Epidemiology 1999 27 117-23

35 Warren JJ Kanellis MJ Levy SM Fluorosis of the primary dentition what does it mean for permanent teeth JADA 1999 130 347-56

36 Wendt LK Koch G Birkhed D On the retention and effectiveness of fissure sealants in permanent molars after 15-20 years a cohort study Community Dentistry and Oral Epidemiology 2001 29 302-7

37 WHO Fluorides and Oral Health WHO Geneva 1994 (Technical Report Series 846)

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 20

Agradecimentos

A Task Force que colaborou na revisatildeo do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral coordenada pela Drordf Gregoacuteria Paixatildeo von Amann e pela Higienista Oral Cristina Ferreira Caacutedima da Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede contou com a prestimosa colaboraccedilatildeo teacutecnica e cientiacutefica de

Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge representado pela Drordf Dirce Silveira

Direcccedilatildeo-Geral da Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura representada pela Engordf Maria de Lourdes Camilo

Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa representada pelo Prof Doutor Paulo Melo

Faculdade de Medicina de Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria representada pelo Dr Francisco Delille

Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade de Lisboa representada pelo Prof Doutor Ceacutesar Mexia de Almeida

Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto representada pelo Prof Doutor Fernando M Peres

Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento representado pela Drordf Ana Arauacutejo

Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede - Norte representado pelo Prof Doutor Paulo Rompante

Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede - Sul representado pela Profordf Doutora Fernanda Mesquita

Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia representada pelo Dr Alexandre Loff Seacutergio

Ordem dos Meacutedicos Dentistas representada pelo Prof Doutor Paulo Melo

Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria representada pelo Prof Doutor Ceacutesar Mexia de Almeida

Sociedade Portuguesa de Pediatria representada pelo Dr Manuel Salgado

Serviccedilos da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede representada pela Drordf Anabela Lopes Divisatildeo de Sauacutede Ambiental representada pelo Engordm Paulo Diegues e a Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede representada pelo Dr Pedro Ribeiro da Silva

Pelas sugestotildees e correcccedilotildees introduzidas o nosso agradecimento agrave Profordf Doutora Isabel Loureiro ao Dr Vasco Prazeres Drordf Leonor Sassetti Drordf Ana Paula Ramalho Correia Dr Rui Calado Drordf Maria Otiacutelia Riscado Duarte Dr Joatildeo Breda e ao Sr Viacutetor Alves que concebeu o logoacutetipo do programa

A todos a Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede e a Divisatildeo de Sauacutede Escolar agradecem

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

E s t r a t eacute g i a s e T eacute c n i c a s d e E d u c a ccedil atilde o e P r o m o ccedil atilde o

d a S a uacute d e

Documento produzido no acircmbito dos trabalhos da Task Force pela Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede Dr

Pedro Ribeiro da Silva e Dr Joatildeo Breda e pela Higienista Oral Cristina Ferreira Caacutedima e Drordf Gregoacuteria Paixatildeo von Amann da

Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede que coordenou os trabalhos

1 Preacircmbulo

Os Programas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede tecircm por objectivo capacitar as pessoas a tomarem decisotildees no

seu quotidiano que se revelem as mais adequadas para manter ou alargar o seu potencial de sauacutede

Para se atingir este objectivo fornece-se informaccedilatildeo e utilizam-se metodologias que facilitem e decircem

suporte agraves mudanccedilas comportamentais e agrave manutenccedilatildeo das praacuteticas consideradas saudaacuteveis

Mas a mudanccedila de comportamentos natildeo eacute faacutecil depende de factores sociais culturais familiares

entre muitos outros e natildeo apenas do conhecimento cientiacutefico que as pessoas possuam sobre

determinada mateacuteria

Esta dificuldade eacute bem patente quando como no presente caso se pretende intervir sobre

comportamentos relacionados com a alimentaccedilatildeo e a escovagem dos dentes

Quando os pais datildeo aos filhos patildeo achocolatado ou outros alimentos accedilucarados para levarem para a

escola estatildeo com frequecircncia a dar natildeo apenas um alimento mas tambeacutem e ateacute talvez

principalmente afecto tentando colmatar lacunas que possam ter na relaccedilatildeo com os seus filhos

mesmo que natildeo tenham consciecircncia desse facto

Podem tambeacutem dar este tipo de alimento por terem dificuldade de encontrar tempo para confeccionar

uma sandes ou outro alimento e os anteriormente referidos estatildeo sempre prontos a serem colocados na

mochila da crianccedila

Eacute importante desenvolvermos estrateacutegias de Educaccedilatildeo para a Sauacutede que natildeo culpabilizem os pais

porque estes intrinsecamente desejam sempre o melhor para os seus filhos embora natildeo consigam por

vezes colocaacute-lo em praacutetica

Devido agrave complexidade que eacute actuar sobre comportamentos individuais para se aumentar a eficiecircncia

das nossas praacuteticas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede torna-se fulcral utilizar metodologias alargadas a vaacuterios

parceiros e sectores da comunidade de forma articulada e continuada para que progressivamente

possamos ir obtendo resultados

Como propotildee Nancy Russel no seu Manual de Educaccedilatildeo para a Sauacutede ldquoPara desenhar um

programa de Educaccedilatildeo para a Sauacutede eacute necessaacuterio ter conhecimentos sobre comportamentos e sobre

os factores que produzem a mudanccedilardquo E continua explicitando ldquoAs teorias da mudanccedila de

comportamento que podem ser aplicadas em Educaccedilatildeo para a Sauacutede foram elaboradas a partir de

uma variedade de aacutereas incluindo a psicologia a sociologia a antropologia a comunicaccedilatildeo e o

marketing Nenhuma teoria ou rede de conceitos domina por si soacute a investigaccedilatildeo ou a praacutetica da

Educaccedilatildeo para a Sauacutede Provavelmente porque os comportamentos de sauacutede satildeo demasiado

complexos para serem explicados por uma uacutenica teoriardquo (19968)

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 2

2 Metodologias para Desenvolvimento da Acccedilatildeo

21 Primeira vertente ndash O diagnoacutestico de situaccedilatildeo

A primeira etapa de actuaccedilatildeo eacute de grande importacircncia para a continuidade das outras actividades e

podemos resumi-la a um bom diagnoacutestico de situaccedilatildeo que permita conhecer em pormenor a realidade

sobre a qual se pretende actuar

I - Eacute importante estabelecer como uma das primeiras actividades a anaacutelise de duas vertentes com

grande influecircncia na sauacutede oral os haacutebitos culturais das famiacutelias relativamente agrave alimentaccedilatildeo e as

praacuteticas de higiene oral dos adultos e das crianccedilas

II - Um segundo aspecto relaciona-se com os tipos de interacccedilatildeo entre professores ou

educadores de infacircncia e pais No caso de essa interacccedilatildeo ser regular e organizada importa saber como

reagem os pais agraves indicaccedilotildees dos professores sobre os aspectos comportamentais das crianccedilas e que

efeito e eficaacutecia tecircm essas acccedilotildees na capacitaccedilatildeo de pais e filhos relativamente aos comportamentos

relacionados com a sauacutede oral

Actividades a desenvolverem

a) estudar as formas de melhorar a relaccedilatildeo entre pais e professores procurando resolver as

dificuldades que com frequecircncia os pais apresentam como obstaacuteculos ao contacto mais regular

com os professores

b) analisar a eficaacutecia das recomendaccedilotildees dadas procurando as razotildees que possam estar na origem

de situaccedilotildees de menor eficaacutecia como o desfasamento entre as recomendaccedilotildees e o contexto

familiar e cultural das crianccedilas ou recomendaccedilotildees muito teacutecnicas ou paternalistas Todas estas

situaccedilotildees podem provocar resistecircncias nas famiacutelias agrave adesatildeo agraves praacuteticas desejaacuteveis relativamente

ao programa de sauacutede oral Esta temaacutetica da Educaccedilatildeo para a Sauacutede e as praacuteticas

comportamentais eacute muito complexa mas fundamental para se conseguirem resultados ao niacutevel

dos comportamentos

III - Outra componente a analisar satildeo os aspectos sociais dos consumos alimentares que possam

estar relacionados com situaccedilotildees locais como campanhas publicitaacuterias ou de promoccedilatildeo de

determinados alimentos potencialmente cariogeacutenicos nos estabelecimentos da zona Oferta pouco

adequada de alimentos na cantina da escola com existecircncia preponderante de alimentos e bebidas

accedilucaradas A confecccedilatildeo das refeiccedilotildees no refeitoacuterio com pouca oferta de fruta legumes e vegetais e

preponderacircncia de sobremesas doces

Segundo o Modelo Precede de Green existem 3 etapas a contemplar num diagnoacutestico de situaccedilatildeo

middot diagnoacutestico epidemioloacutegico necessaacuterio para a identificaccedilatildeo dos problemas de sauacutede sobre os

quais se vai actuar como sejam os iacutendices de caacuterie fluorose dentaacuteria e outros

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 3

middot diagnoacutestico social que corresponde agrave identificaccedilatildeo das situaccedilotildees sociais existentes na comunidade

onde se desenvolve a actividade que podem contribuir para os problemas de sauacutede oral detectados

ou que se pretende prevenir

middot diagnoacutestico comportamental para identificaccedilatildeo dos vaacuterios padrotildees comportamentais que possam

estar relacionados com os problemas de sauacutede oral inventariados

A este diagnoacutestico de problemas eacute importante associar-se a identificaccedilatildeo de necessidades da

populaccedilatildeo-alvo da acccedilatildeo

Apesar da prevalecircncia das doenccedilas orais e da necessidade deste Programa Nacional em algumas

comunidades poderatildeo existir vaacuterios outros problemas de sauacutede mais graves ou mais prevalentes e

neste caso importa fazer uma avaliaccedilatildeo dos recursos e das possibilidades de eficaacutecia dando prioridade

aos grupos e agraves situaccedilotildees mais graves e de maior amplitude Outro factor a ter em conta na decisatildeo

relaciona-se com a capacidade de alterar as causas comportamentais ou factores de risco pelo

programa educacional

Apoacutes a avaliaccedilatildeo das necessidades deveratildeo ser estabelecidas as prioridades tendo em conta os

problemas de sauacutede identificados a capacidade de alteraccedilatildeo dos factores de risco comportamentais e

outros Eacute muito importante associar-se agrave definiccedilatildeo de prioridades de actuaccedilatildeo a caracterizaccedilatildeo dos sub-

grupos existentes e as diferentes estrateacutegias apropriadas a cada uma dessas populaccedilotildees alvo

22 Segunda vertente ndash os teacutecnicos de educaccedilatildeo

Todos os parceiros satildeo importantes para o desenvolvimento dos programas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede

mas no caso especiacutefico da sauacutede oral os teacutecnicos de Educaccedilatildeo satildeo fundamentais Eacute por esta razatildeo

tarefa prioritaacuteria sensibilizaacute-los e englobaacute-los no desenho dos programas desde o iniacutecio

Sabemos atraveacutes das nossas praacuteticas anteriores que nem sempre os teacutecnicos de educaccedilatildeo aderem a

algumas das actividades dos programas de sauacutede oral propostas pelos teacutecnicos de sauacutede utilizando

para isso os mais diversos argumentos A explicitaccedilatildeo dos uacuteltimos consensos cientiacuteficos nesta aacuterea

com disponibilizaccedilatildeo de bibliografia pode ser facilitador da adesatildeo ao programa

Uma das actividades centrais deste programa seraacute trabalhar em conjunto com os teacutecnicos de educaccedilatildeo

nomeadamente docentes das escolas baacutesicas e secundaacuterias e educadores de infacircncia sobre as

potencialidades do programa e os ganhos em sauacutede que a meacutedio e longo prazo este pode provocar na

populaccedilatildeo portuguesa

Outra tarefa importante eacute a reflexatildeo em conjunto sobre as dificuldades diagnosticadas em cada escola

para concretizar as actividades do programa na tentativa de encontrar soluccedilotildees seja atraveacutes da

resoluccedilatildeo dos obstaacuteculos seja encontrando alternativas Poderaacute acontecer natildeo ser possiacutevel executar

todas as tarefas incluiacutedas no programa Nesses casos importa decidir quais as actividades que poderatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 4

ser levadas agrave praacutetica com ecircxito Seraacute preferiacutevel concretizar algumas tarefas que nenhumas assim

como seraacute melhor realizar bem poucas tarefas do que muitas ou todas de forma deficiente

Frequentemente existe um diferencial de conhecimentos sobre estas aacutereas entre os teacutecnicos de

educaccedilatildeo e os de sauacutede Para evitar problemas eacute imperioso que os teacutecnicos de educaccedilatildeo sejam

parceiros em igualdade de circunstacircncia e natildeo sintam que tecircm um papel secundaacuterio no projecto ou

meros executores de tarefas

A eventual deacutecalage de conhecimentos sobre sauacutede oral pode ser compensado utilizando estrateacutegias de

trabalho em equipa natildeo assumindo os teacutecnicos de sauacutede papel de liacutederes do processo nem de

detentores da informaccedilatildeo cientiacutefica As teacutecnicas de trabalho em equipa devem implicam a partilha de

tarefas e lideranccedila natildeo assumindo o programa uma dimensatildeo vertical e impositiva por parte da sauacutede

As mensagens chave do programa seratildeo discutidas por todos os intervenientes Eacute muito importante que

sejam claras nos conteuacutedos e assumidas por toda a equipa em todas as situaccedilotildees de modo a tornar as

intervenccedilotildees coerentes com os objectivos do programa

Como cada comunidade e cada escola tecircm caracteriacutesticas proacuteprias o programa as actividades e o

trabalho interdisciplinar em equipa seratildeo adequados agraves condiccedilotildees objectivas e subjectivas de todos os

intervenientes o que pode tornar necessaacuterio fazer adaptaccedilotildees agrave aplicaccedilatildeo do mesmo O mesmo se

passa em relaccedilatildeo agraves mensagens que necessitam ser adaptadas a cada situaccedilatildeo e a cada contexto

Em relaccedilatildeo agrave Educaccedilatildeo para a Sauacutede a procura de soluccedilotildees para as situaccedilotildees decorrentes da

implementaccedilatildeo do programa como a sensibilizaccedilatildeo dos parceiros e a eliminaccedilatildeo de obstaacuteculos satildeo

uma das tarefas centrais dos programas e natildeo devem ser subestimadas pelos teacutecnicos de sauacutede pois

delas depende muita da eficaacutecia do projecto

A educaccedilatildeo alimentar eacute uma das vertentes centrais do programa pelo que eacute necessaacuterio sensibilizar os

professores para aspectos da vida escolar que podem afectar a sauacutede oral dos alunos como as ementas

escolares existentes no refeitoacuterio e o tipo de alimentos disponibilizado no bar

221 Componente praacutetica

Uma primeira tarefa do programa na escola seraacute a sensibilizaccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo para a

importacircncia do mesmo A explicitaccedilatildeo teoacuterica resumida dos pressupostos cientiacuteficos que legitimam a

alteraccedilatildeo do programa eacute um instrumento facilitador

Fundamental explicar as razotildees que tornam a escovagem como um actividade central do programa e

os inconvenientes de se darem suplementos de fluacuteor de forma generalizada Seremos especialmente

eficazes se nos disponibilizarmos para responder agraves questotildees e duacutevidas que os professores possam ter

Esta eacute com certeza tambeacutem uma maneira de aprofundarmos o diagnoacutestico da situaccedilatildeo e de podermos

contribuir para remover os obstaacuteculos detectados

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 5

Uma segunda tarefa consistiraacute em operacionalizar o programa com os professores de modo a construi-

lo conjuntamente As diversas tarefas devem ser planeadas e avaliadas continuamente para se fazerem

as alteraccedilotildees consideradas necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar do programa

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo e a escovagem

O Programa Nacional de Sauacutede Oral propotildee algumas alteraccedilotildees que podemos considerar profundas e

de ruptura em relaccedilatildeo ao programa anterior como sejam a aplicaccedilatildeo restrita dos suplementos

sisteacutemicos de fluoretos e a escovagem duas vezes ao dia com um dentiacutefrico fluoretado como principal

medida para uma boa sauacutede oral Estas directrizes derivam do consenso dos peritos de Sauacutede Oral

reunidos na task force coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

Eacute faacutecil de compreender que organizar a escovagem dos dentes dos alunos eacute mais trabalhoso que dar-

lhes um comprimido de fluacuteor ou ateacute do que fazer o bochecho com uma soluccedilatildeo fluoretada Para sermos

bem sucedidos seraacute fundamental actuar de forma cautelosa respeitando as caracteriacutesticas das pessoas e

os contextos em presenccedila

Como sabemos eacute difiacutecil quebrar rotinas e o programa vai implicar mais trabalho para os professores e

disponibilizaccedilatildeo de tempo para os pais e professores A adopccedilatildeo pelos Jardins de infacircncia e Escolas da

escovagem dos dentes dos alunos pelo menos uma vez dia como factor central do programa vai

possivelmente encontrar algumas resistecircncias por parte dos educadores de infacircncia e professores que

importa ir resolvendo de forma progressiva e de acordo com as dificuldades reais encontradas Estas

dificuldades podem estar relacionadas com a deficiecircncia de instalaccedilotildees ou outras mas estaraacute com

frequecircncia tambeacutem muito relacionada com aspectos psicossociais de resistecircncia agrave mudanccedila de rotinas

instaladas e com vaacuterios anos

Uma das estrateacutegias primordiais para este programa ser bem sucedido passa pela resoluccedilatildeo dos

obstaacuteculos referidos pelos teacutecnicos de educaccedilatildeo relativamente agrave escovagem nomeadamente

a possibilidade de as crianccedilas usarem as escovas de colegas podendo haver transmissatildeo de doenccedilas

como a hepatite ou outras

a ausecircncia de um local apropriado para a escovagem

a confusatildeo que a escovagem iraacute causar com eventuais situaccedilotildees de indisciplina

a dificuldade de vigiar todos os alunos durante a escovagem com a consequente possibilidade de

alguns especialmente se mais novos poderem engolir dentiacutefrico

existirem alguns alunos que devido a carecircncias econoacutemicas ou desconhecimento dos pais tecircm

escovas jaacute muito deterioradas podendo ser alvo de troccedila e humilhaccedilatildeo por parte dos colegas ou

sentindo-se os professores na necessidade de fazerem algo mas natildeo terem possibilidade de

substituiacuterem as escovas

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 6

Estes e outros argumentos poderatildeo ser reais ou apenas formas de encontrar justificaccedilotildees para natildeo

alterar rotinas no entanto eacute fundamental analisar cada situaccedilatildeo e encontrar a forma adequada de actuar

o que implica procurar em conjunto a resoluccedilatildeo do problema natildeo desvalorizando a perspectiva do

teacutecnico de educaccedilatildeo mesmo que do ponto de vista da sauacutede nos pareccedila oacutebvia a resistecircncia agrave mudanccedila e

a sua soluccedilatildeo

Se natildeo conseguirmos sensibilizar os profissionais de educaccedilatildeo para a importacircncia da escovagem e nos

limitarmos a contra-argumentar com os nossos dados e a nossa cientificidade facilmente iratildeo

encontrar outros argumentos Eacute preciso compreender que o que estaacute em causa natildeo satildeo as dificuldades

objectivas mas outro tipo de razotildees mais ou menos subjectivas relacionadas com as condiccedilotildees locais

e de contexto como por exemplo o facto de alguns professores considerarem que natildeo eacute da sua

competecircncia promover a escovagem dos dentes dos seus alunos A interacccedilatildeo pais-professores eacute

constante e pode potenciar grandemente o programa

23 Terceira vertente ndash os pais

Os pais satildeo tambeacutem intervenientes fundamentais nos programas de sauacutede oral e eacute fundamental que

sejam englobados na equipa de projecto enquanto parceiros activos na programaccedilatildeo de actividades de

modo a poder resolver-se eventuais resistecircncias que inclusive podem ser desconhecidas dos teacutecnicos e

serem devidas a idiossincracias micro-culturais Todas as estrateacutegias que sensibilizem os pais para as

medidas que se preconizam satildeo importantes Eacute fundamental que o programa seja ldquocontinuadordquo e

reforccedilado em casa e natildeo pelo contraacuterio descredibilizado pelas praacuteticas domeacutesticas

Em relaccedilatildeo aos pais os factores emocionais satildeo centrais na sua relaccedilatildeo com os filhos e com as escolhas

comportamentais quotidianas Transmitir informaccedilatildeo de forma essencialmente cognitiva por exemplo

laquonatildeo decirc lsquoBolosrsquo aos seus filhos porque satildeo alimentos que podem contribuir para o aparecimento de

caacuterie nos dentes e provocar obesidaderaquo tem muitas possibilidades de provocar efeitos perversos

negativos como seja a culpabilizaccedilatildeo dos pais e a resistecircncia agrave mudanccedila de comportamentos

Com frequecircncia os doces satildeo uma forma de dar afecto ou premiar os filhos ou ateacute servir como

substituto da impossibilidade dos pais estarem mais tempo com os filhos situaccedilatildeo que natildeo eacute com

frequecircncia consciente para os pais Os padrotildees comportamentais dos pais obedecem a inuacutemeras

componentes e soacute actuando sobre cada uma delas se conseguem resultados nas mudanccedilas de

comportamentos

Fornecer apenas informaccedilatildeo pode natildeo soacute natildeo provocar alteraccedilotildees comportamentais como criar ou

aumentar as resistecircncias agrave mudanccedila Eacute preciso adequar a informaccedilatildeo agraves diversas situaccedilotildees

caracterizando-as primeiro valorizando as componentes emocionais relacionais e contextuais dos

comportamentos natildeo culpabilizando os pais (porque isso provoca resistecircncias agrave mudanccedila natildeo soacute em

relaccedilatildeo a este programa mas a futuras intervenccedilotildees) e encontrando formas alternativas de resolver estas

situaccedilotildees utilizando soluccedilotildees que provoquem emoccedilotildees positivas em todos os intervenientes E dessa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 7

forma eacute possiacutevel ser-se eficaz respeitando os universos relacionais das famiacutelias e evitando efeitos

comportamentais paradoxais ou seja por reacccedilatildeo agrave informaccedilatildeo que os culpabiliza os pais

dessensibilizam das nossas indicaccedilotildees agravando e aumentando as praacuteticas que se desaconselham

Eacute esta uma das razotildees porque eacute tatildeo difiacutecil atingir os grupos populacionais que exactamente mais

precisavam de ser abrangido pelos programas de prevenccedilatildeo da doenccedila e promoccedilatildeo da sauacutede

Para aleacutem de se conhecerem as praacuteticas alimentares e de higiene oral que as crianccedilas e adolescentes

tecircm em casa eacute importante caracterizar as razotildees desses procedimentos Referimo-nos aos aspectos

individuais familiares culturais e contextuais Se queremos actuar sobre comportamentos eacute

fundamental conhecer as atitudes crenccedilas preconceitos estereoacutetipos e representaccedilotildees sociais que se

relacionam com as praacuteticas das famiacutelias as quais variam de famiacutelia para famiacutelia

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo podem ser colaboradores preciosos para esta caracterizaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo aos pais podemos resumir os aspectos a valorizar

Inclui-los nos diversos passos do programa

sensibiliza-los para a importacircncia da sauacutede oral respeitando os seus universos familiares e

culturais

dar suporte continuado agrave mudanccedila de comportamentos e de todos os factores que lhe estatildeo

associados

24 Quarta vertente ndash as crianccedilas

As crianccedilas e os adolescentes satildeo o principal puacuteblico-alvo do programa de sauacutede oral Sensibilizaacute-los

para as praacuteticas alimentares e de higiene oral que os peritos consideram actualmente adequadas eacute o

nosso objectivo

Como jaacute foi referido anteriormente eacute necessaacuterio ser cuidadoso na forma de comunicar com as crianccedilas

e adolescentes natildeo criticando directa ou indirectamente os conhecimentos e as praacuteticas aconselhadas

ou consentidas por pais e professores com quem eles convivem directamente e que satildeo dos principais

influenciadores dos seus comportamentos satildeo os seus modelos e constituem o seu universo de afectos

Criar clivagem na relaccedilatildeo cognitiva afectiva e emocional entre pais ou professores e crianccedilas e

adolescentes eacute algo que devemos ter sempre presente e evitar

As estrateacutegias de trabalho com as crianccedilas deveratildeo ser adaptadas agrave sua maturidade psico-cognitiva e

contexto socio-cultural Para que as actividades sejam luacutedicas e criativas adequadas agraves idades e outras

caracteriacutesticas das crianccedilas e adolescentes a contribuiccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo eacute com certeza

fundamental

Eacute muito importante ter em conta alguns aspectos educativos relativamente agrave mudanccedila de

comportamentos A participaccedilatildeo activa das crianccedilas na formulaccedilatildeo dessas actividades torna mais

eficazes os efeitos pretendidos

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 8

Pela dificuldade em mudar comportamentos principalmente de forma estaacutevel eacute aconselhaacutevel adequar

os objectivos agraves realidades Seraacute preferiacutevel actuar sobre um ou dois comportamentos sobre os quais a

caracterizaccedilatildeo inicial nos permitiu depreender que seraacute possiacutevel obtermos resultados positivos em vez

de tentar actuar sobre todos os comportamentos que desejariacuteamos alterar natildeo conseguindo alterar

nenhum deles Naturalmente estas escolhas seratildeo feitas cientificamente segundo o que a Educaccedilatildeo para

a Sauacutede preconiza nas vertentes relacionadas com as ciecircncias comportamentais (sociais e humanas)

Outro aspecto fundamental eacute a continuidade na acccedilatildeo A eficaacutecia seraacute tanto maior quanto mais

continuadas forem as actividades dando suporte agrave mudanccedila comportamental e reforccedilo agrave sua

manutenccedilatildeo A continuidade da acccedilatildeo permite conhecer melhor as situaccedilotildees os obstaacuteculos e as formas

de os remover pois cada caso eacute um caso e generalizar diminui grandemente a eficaacutecia

Deve ser dada uma atenccedilatildeo especial agraves crianccedilas com Necessidades de Sauacutede Especiais desfavorecidas

socialmente (porque vivem em bairros degradados com poucos recursos econoacutemicos pertencem a

minorias eacutetnicas ou satildeo emigrantes) ou que natildeo frequentam a escola utilizando estrateacutegias especificas

adequadas agraves suas dificuldades

25 Quinta vertente ndash a comunidade

Para os programas de Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutede a componente comunitaacuteria eacute fundamental A

participaccedilatildeo e contribuiccedilatildeo dos vaacuterios sectores da comunidade podem ser potenciadores do trabalho a

desenvolver

Dependendo das situaccedilotildees locais a Autarquia as IPSS e as ONGrsquos entre outras podem ser parceiros

de enorme valia para o desenvolvimento do programa Para isso temos que sensibilizar os liacutederes

locais para a importacircncia da sauacutede oral e do programa que se pretende incrementar explicitando como

com pequenos custos podemos obter ganhos em sauacutede a meacutedio e longo prazo

As instituiccedilotildees que organizam actividades para crianccedilas e adolescentes como os ATLrsquos associaccedilotildees

culturais desportivas e religiosas podem ser excelentes parceiros para o desenvolvimento das

actividades dependendo das caracteriacutesticas da comunidade onde se aplica o programa Os grupos de

teatro satildeo tambeacutem um excelente recurso para integrarem as actividades com as crianccedilas e os

adolescentes

26 Sexta vertente ndash os meios de comunicaccedilatildeo social

Os meios de comunicaccedilatildeo social locais e regionais se forem utilizados apropriadamente podem ser

parceiros potenciadores das actividades que se pretendem desenvolver

Mas com frequecircncia os teacutecnicos de sauacutede encontram dificuldades na relaccedilatildeo com os profissionais da

comunicaccedilatildeo social considerando que estes natildeo satildeo sensiacuteveis agraves nossas preocupaccedilotildees com a prevenccedilatildeo

da doenccedila e da promoccedilatildeo da sauacutede

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 9

Os media tecircm uma linguagem e podemos dizer uma filosofia proacuteprias que com frequecircncia natildeo satildeo

coincidentes com as nossas eacute por essa razatildeo necessaacuterio que os teacutecnicos de sauacutede se adaptem e se

possiacutevel se aperfeiccediloem na linguagem dos meacutedia Se natildeo utilizarmos adequadamente os meios de

comunicaccedilatildeo social estes podem ter um efeito contraproducente diminuindo a eficaacutecia do programa de

sauacutede oral

Algumas das dificuldades encontradas quando trabalhamos com os media especialmente as raacutedios e as

televisotildees satildeo as seguintes

na maior parte dos casos natildeo se pode transmitir muita informaccedilatildeo mesmo que seja um programa

de raacutedio de 1 ou 2 horas iria ficar muito monoacutetono e pouco atraente assim como se tornaria

confuso para os ouvintes e pouco eficaz porque com frequecircncia as pessoas desenvolvem outras

actividades enquanto ouvem raacutedio

eacute aconselhaacutevel transmitir apenas o que eacute realmente importante e faze-lo de forma muito clara

mantendo a consistecircncia sobre a hierarquia das informaccedilotildees nas diversas intervenccedilotildees ou seja que

todas os intervenientes no programa e em todas as situaccedilotildees em que intervecircm tenham um discurso

coerente e natildeo contraditoacuterio

evitar informaccedilotildees riacutegidas que culpabilizem as pessoas e natildeo respeitem os seus contextos micro-

culturais Eacute preferiacutevel suscitar alguma mudanccedila comportamental de forma progressiva que

nenhuma

com frequecircncia utilizamos o leacutexico meacutedico sem nos apercebermos que muitos cidadatildeos natildeo

conhecem termos que nos parecem simples como obesidade ou colesterol atribuindo-lhes outros

significados (portanto desconhecem que natildeo conhecem o verdadeiro significado)

se possiacutevel testar com pessoas de diversas idades e estratos socio-culturais que sejam leigas em

relaccedilatildeo a estas temaacuteticas aquilo que se preparou para a intervenccedilatildeo nos meios de comunicaccedilatildeo

social e alterar se necessaacuterio de acordo com as indicaccedilotildees que essas pessoas nos fornecerem

27 Seacutetima vertente ndash a avaliaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo deve ter iniacutecio na fase de planeamento e acompanhar todo o projecto de modo a introduzir

as alteraccedilotildees necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar das actividades

Devem fazer parte da equipa de avaliaccedilatildeo os diversos parceiros do projecto assim como pessoas

externas ao projecto e estas quando possiacutevel com formaccedilatildeo em educaccedilatildeo para a sauacutede nas aacutereas

teacutecnicas comportamentais de planeamento e avaliaccedilatildeo qualitativa e quantitativa

Satildeo fundamentais avaliaccedilotildees qualitativas e quantitativas das actividades a desenvolver e se possiacutevel

com anaacutelises comparativas ao desenrolar do projecto noutras zonas do paiacutes

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 10

3 T eacute c n i c a s d e H i g i e n e O r a l

3 1 Escovagem dos den tes ndash A escova A escovagem dos dentes deve ser efectuada com uma escova de tamanho adequado agrave boca de quem a

utiliza Habitualmente as embalagens referem as idades a que se destinam Os filamentos devem ser

de nylon com extremidades arredondadas e textura macia que quando comeccedilam a ficar deformados

obrigam agrave substituiccedilatildeo da escova Normalmente a escova quando utilizada 2 vezes por dia dura cerca

de 3-4 meses

Existem escovas manuais e eleacutectricas as quais requerem os mesmos cuidados As escovas eleacutectricas

facilitam a higiene oral das pessoas que tenham pouca destreza manual

3 2 Escovagem dos den tes ndash O den t iacute f r i co O dentiacutefrico a utilizar deve conter fluoreto numa dosagem de cerca de 1000-1500 ppm A quantidade a

utilizar em cada uma das escovagens deve ser semelhante (ou inferior) ao tamanho da unha do 5ordm dedo

(dedo mindinho) da matildeo da crianccedila

Os dentiacutefricos com sabores muito atractivos natildeo se recomendam porque podem levar as crianccedilas a

engoli-lo deliberadamente Ateacute aos 6 anos aproximadamente o dentiacutefrico deve ser colocado na escova

por um adulto Apoacutes a escovagem dos dentes eacute apenas necessaacuterio cuspir o excesso de dentiacutefrico

podendo no entanto bochechar-se com um pouco de aacutegua

33 Escovagem dos dentes no Jardim-de-infacircncia e na Escola identificaccedilatildeo e arrumaccedilatildeo das escovas e copos

Hoje em dia haacute escovas de dentes que tecircm uma tampa ou estojo com orifiacutecios que a protege Caso se

opte pela utilizaccedilatildeo destas escovas natildeo eacute necessaacuterio que fiquem na escola Os alunos poderatildeo colocaacute-

la dentro da mochila juntamente com o tubo do dentiacutefrico e transportaacute-los diariamente para a escola

O conceito de intransmissibilidade da escova de dentes deve ser reforccedilado junto das crianccedilas Se as

escovas ficarem na escola eacute essencial que estejam identificadas bastando para tal escrever no cabo da

escova o nome da crianccedila com uma caneta de tinta resistente agrave aacutegua Tambeacutem se devem identificar os

dentiacutefricos Cada aluno deveraacute ter o seu proacuteprio dentiacutefrico e os copos caso natildeo sejam descartaacuteveis

As escovas guardam-se num local seco e arejado de modo a que os pelos fiquem virados para cima e

natildeo contactem umas com as outras Cada escova pode ser colocada dentro do copo num suporte

acriacutelico ou outro material resistente agrave aacutegua em local seco e arejado

Dentiacutefricos e escovas devem estar fora do alcance das crianccedilas para evitar a troca ou ingestatildeo

acidental de dentiacutefrico Caso haja a possibilidade de utilizar copos descartaacuteveis (de cafeacute) o processo eacute

bastante simplificado (os copos de cafeacute podem ser substituiacutedos por copos de iogurte) Os produtos de

higiene oral podem ser adquiridos com a colaboraccedilatildeo da Autarquia do Centro de Sauacutede dos pais ou

ateacute de alguma empresa Se a escola tiver refeitoacuterio pode tambeacutem ser viaacutevel utilizar os copos do

refeitoacuterio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 11

34 Escovagem dos den tes ndash Organ izaccedilatildeo da ac t i v idade

A escovagem dos dentes deve ser feita diariamente no jardim-de-infacircncia e na escola apoacutes o almoccedilo agrave

entrada na sala de aula ou apoacutes o intervalo As crianccedilas poderatildeo escovar os dentes na casa de banho no

refeitoacuterio ou na proacutepria sala de aula O processo eacute simples natildeo exigindo muitas condiccedilotildees fiacutesicas das

escolas que satildeo frequentemente utilizadas para justificar a recusa desta actividade

Caso a escola tenha lavatoacuterios suficientes esta actividade pode ser feita na casa de banho Eacute necessaacuterio

definir a hora em que cada uma das salas vai utilizar esse espaccedilo Na casa de banho deveratildeo estar

apenas as crianccedilas que estatildeo a escovar os dentes Os outros esperam a sua vez em fila agrave porta Eacute

essencial que esteja algueacutem (auxiliar professoreducador ou voluntaacuterio) a vigiar para manter a ordem

organizar o processo e corrigir a teacutecnica da escovagem No final da escovagem cada crianccedila lava a

escova e o copo (se natildeo for descartaacutevel) e arruma no local destinado a esse efeito

Quando o espaccedilo fiacutesico natildeo permite que a escovagem seja feita na casa de banho esta actividade pode

ser feita na proacutepria sala de aula Nesta situaccedilatildeo se for possiacutevel utilizar copos descartaacuteveis ou copos de

iogurte facilita o processo e torna-o menos moroso Os alunos mantecircm-se sentados nas suas cadeiras

Retiram da sua mochila o estojo com a escova e o dentiacutefrico Um dos alunos distribui os copos e os

guardanapos (ou toalhetes de papel ou papel higieacutenico) Os alunos escovam os dentes todos ao mesmo

tempo podendo ateacute fazecirc-lo com muacutesica O professor deve ir corrigindo a teacutecnica de escovagem Apoacutes

a escovagem as crianccedilas cospem o excesso de dentiacutefrico para o copo limpam a boca tiram o excesso

de dentiacutefrico e saliva da escova com o papel ou o guardanapo e por fim colocam-no dentro do copo

Tapam a escova e arrumam-na em estojo proacuteprio ou na mochila juntamente com o dentiacutefrico No final

um dos alunos vai buscar um saco de lixo passa por todas as carteiras para que cada uma coloque o

seu copo no lixo Caso alguma das crianccedilas natildeo tolere o restos de dentiacutefrico na cavidade oral pode

colocar-se uma pequena porccedilatildeo de aacutegua no copo e no fim da escovagem bochecha e cospe para o

copo Os pais dos alunos devem ser instruiacutedos para se certificarem que em casa a crianccedila lava a sua

escova com aacutegua corrente e volta a colocaacute-la na mochila No sentido de facilitar o procedimento

recomenda-se que os copos sejam descartaacuteveis e as escovas tenham tampa

35 Escovagem dos den tes - A teacutecn ica A escovagem dos dentes para ser eficaz ou seja para remover a placa bacteriana necessita ser feita

com rigor e demora 2 a 3 minutos Quando se utiliza uma escova manual a escovagem faz-se da

seguinte forma

inclinar a escova em direcccedilatildeo agrave gengiva (cerca de 45ordm) e fazer pequenos movimentos vibratoacuterios

horizontais ou circulares de modo a que os pelos da escova limpem o sulco gengival (espaccedilo que

fica entre o dente e a gengiva)

se for difiacutecil manter esta posiccedilatildeo colocar os pecirclos da escova perpendicularmente agrave gengiva e agrave

superfiacutecie do dente

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 12

escovar 2 dentes de cada vez (os correspondentes ao tamanho da cabeccedila da escova) fazendo

aproximadamente 10 movimentos (ou 5 caso sejam crianccedilas ateacute aos 6 anos) nas superfiacutecies

dentaacuterias abarcadas pela escova

comeccedilar a escovagem pela superfiacutecie externa (do lado da bochecha) do dente mais posterior de um

dos maxilares e continuar a escovar ateacute atingir o uacuteltimo dente da extremidade oposta desse

maxilar

com a mesma sequecircncia escovar as superfiacutecies dentaacuterias do lado da liacutengua

proceder do mesmo modo para fazer a escovagem dos dentes do outro maxilar

escovar as superfiacutecies mastigatoacuterias dos dentes com movimentos de vaiveacutem

por fim pode escovar-se a liacutengua

Quando se utiliza uma escova de dentes eleacutectrica segue-se a mesma sequecircncia de escovagem O

movimento da escova eacute feito automaticamente natildeo deve ser feita pressatildeo ou movimentos adicionais

sobre os dentes A escova desloca-se ao longo da arcada escovando um soacute dente de cada vez A

escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluacuteor deve ser feita duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente agrave noite antes de deitar

3 6 Uso do f io den taacute r io A partir do momento em que haacute destreza manual (a partir dos 8 anos) eacute indispensaacutevel o uso do fio ou

fita dentaacuteria que se utiliza da seguinte forma

retirar cerca de 40 cm de fio (ou fita) do porta fio

enrolar a quase totalidade do fio no dedo meacutedio de uma matildeo e uma pequena porccedilatildeo no dedo meacutedio

da outra matildeo deixando entre os dois dedos uma porccedilatildeo de fio com aproximadamente 25 cm

Quando as crianccedilas satildeo mais pequenas pode retirar-se uma porccedilatildeo mais pequena de fio cerca de

30 cm dar um noacute juntando as 2 pontas formando um ciacuterculo com o fio natildeo havendo necessidade

de o enrolar nos dedos Eacute importante utilizar sempre fio limpo em cada espaccedilo interdentaacuterio Os

polegares eou os indicadores ajudam a manuseaacute-lo

introduzir o fio cuidadosamente entre dois dentes e curva-lo agrave volta do dente que se quer limpar

fazendo com que tome a forma de um ldquoCrdquo

executar movimentos curtos horizontais desde o ponto de contacto entre os dentes ateacute ao sulco

gengival em cada uma das faces que delimitam o espaccedilo interdentaacuterio

repetir este procedimento ateacute que todos os espaccedilos interdentaacuterios de todos os dentes estejam

devidamente limpos

O fio dentaacuterio deve ser utilizado uma vez por dia de preferecircncia agrave noite antes de deitar Na escola os

alunos poderatildeo a aprender a utilizar este meio de remoccedilatildeo de placa bacteriana interdentaacuterio sendo

importante envolver os pais no sentido de lhes pedir colaboraccedilatildeo e permitir que as crianccedilas o utilizem

em casa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 13

3 7 Reve lador de p laca bac te r i ana O uso de reveladores de placa bacteriana (em soluto ou em comprimidos mastigaacuteveis) permitem

avaliar a higiene oral e consequentemente melhorar as teacutecnicas de escovagem e de utilizaccedilatildeo do fio

dentaacuterio

A partir dos 6 anos de idade estes produtos podem ser usados para que as crianccedilas visualizem a placa

e mais facilmente compreendam que os seus dentes necessitam de ser cuidadosamente limpos

A eritrosina que tem a propriedade de corar de vermelho a placa bacteriana eacute um dos exemplos de

corantes que se podem utilizar Utiliza-se da seguinte forma

colocar 1 a 2 gotas por baixo da liacutengua ou mastigar um comprimido sem engolir

passar a liacutengua por todas as superfiacutecies dentaacuterias

bochechar com aacutegua

A placa bacteriana corada eacute facilmente removida atraveacutes da escovagem dos dentes e do fio dentaacuterio

Nota Para evitar que os laacutebios fiquem corados de vermelho antes de colocar o corante pode passar

batom creme gordo ou vaselina nos laacutebios

3 8 Bochecho f luore tado A partir dos 6 anos pode ser feito o bochecho quinzenal com fluoreto de soacutedio a 02 na escola da

seguinte forma

agitar a soluccedilatildeo e deitar 10 ml em cada copo e distribui-los

indicar a cada crianccedila para colocar o antebraccedilo no rebordo da mesa

introduzir a soluccedilatildeo na boca sem engolir

repousar a testa no antebraccedilo colocando o copo debaixo da boca

bochechar vigorosamente durante 1 minuto

apoacutes este periacuteodo deve ser cuspida tendo o cuidado de natildeo a engolir

Apoacutes o bochecho a crianccedila deve permanecer 30 minutos sem comer nem beber

39 Iacutendice de placa O Iacutendice de Placa (IP) eacute utilizado para quantificar a placa bacteriana em todas as superfiacutecies dentaacuterias e

reflecte os haacutebitos de higiene oral dos indiviacuteduos avaliados

Assim enquanto que um baixo Iacutendice de Placa poderaacute significar um bom impacto das acccedilotildees de

educaccedilatildeo para a sauacutede em sauacutede oral nomeadamente das relacionadas com a higiene um iacutendice

elevado sugere o contraacuterio

Em programas comunitaacuterios geralmente eacute utilizado o Iacutendice de Placa Simplificado que eacute mais raacutepido

de determinar sendo o resultado final igualmente fiaacutevel

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 14

Para se calcular o Iacutendice de Placa Simplificado eacute necessaacuterio atribuir um valor ao tamanho da placa

bacteriana existente nos seguintes 6 dentes e superfiacutecies predeterminados Maxilar superior

1 Primeiro molar superior direito - Superfiacutecie vestibular

2 Incisivo central superior direito - Superfiacutecie vestibular

3 Primeiro molar superior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

4 Primeiro molar inferior esquerdo - Superfiacutecie lingual

5 Incisivo central inferior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

6 Primeiro molar inferior direito - Superfiacutecie lingual

Para atribuir um valor ao tamanho da placa bacteriana existente em cada uma das su

acima referidas eacute necessaacuterio utilizar o revelador de placa bacteriana para a co

facilitar a sua observaccedilatildeo e respectiva classificaccedilatildeo e registo

A cada uma das superfiacutecies dentaacuterias soacute pode ser atribuiacutedo um dos seguintes valore

Valor 0

Valor 1

Valor 2

Valor 3

rarr Se a superfiacutecie do dente natildeo estaacute corada

rarr Se 13 da superfiacutecie estaacute corado

rarr Se 23 da superfiacutecie estatildeo corados

rarr Se estaacute corada toda a superfiacutecie

Feito o registo da observaccedilatildeo individual verifica-se que o somatoacuterio do conjunto de

poderaacute variar entre 0 (zero) e 18 (dezoito)

Dividindo por 6 (seis) este somatoacuterio obteacutem-se o Iacutendice de Placa Individual

Para determinar o Iacutendice de Placa de um grupo de indiviacuteduos divide-se o som

individuais pelo nuacutemero de indiviacuteduos observados multiplicado por seis (o nuacutemer

nuacutemero de dentes seleccionados por indiviacuteduo)

Assim o Iacutendice de Placa poderaacute variar entre 0 (zero) e 3 (trecircs)

Iacutendice de Placa (IP) = Somatoacuterio da classificaccedilatildeo dada a cada dente

Nordm de indiviacuteduos observados x 6

A sauacutede oral das crianccedilas e adolescentes eacute um grave problema de sauacutede puacuteblica ma

simples como as descritas neste documento executadas pelos proacuteprios eou com

encorajadas pela escola e pelos serviccedilos de sauacutede contribuem decididamente para

oral importantes e implementaccedilatildeo efectiva do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas d

Maxilar inferior

perfiacutecies dentaacuterias

rar e dessa forma

s

valores atribuiacutedos

atoacuterio dos valores

o seis representa o

s que com medidas

ajuda da famiacutelia

ganhos em sauacutede

Sauacutede Oral

e EPSrsquorsquo 15

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

F l u o r e t o s

F u n d a m e n t a ccedil atilde o e R e c o m e n d a ccedil otilde e s d a T a s k F o r c e

Documento produzido pela Task Force constituiacuteda pelo Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr

Ricardo Jorge Direcccedilatildeo-Geral de Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura Faculdade de

Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Medicina Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria

Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa e Porto Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento Instituto Superior de

Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia

Ordem dos Meacutedicos Dentistas Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria Sociedade Portuguesa de

Pediatria e os serviccedilos da DGS Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede Divisatildeo de Sauacutede Ambiental

Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

1 F l u o r e t o s

A evidecircncia cientiacutefica tem demonstrado que as mudanccedilas observadas no padratildeo da doenccedila caacuterie

dentaacuteria ocorrem pela implementaccedilatildeo de programas preventivos e terapecircuticos de acircmbito comunitaacuterio

e por estrateacutegias de acccedilatildeo especiacuteficas dirigidas a grupos de risco com criteriosa utilizaccedilatildeo dos

fluoretos

O fluacuteor eacute o elemento mais electronegativo da tabela perioacutedica e raramente existe isolado sendo por

isso habitualmente referido como fluoreto Na natureza encontra-se sob a forma de um iatildeo (F-) em

associaccedilatildeo com o caacutelcio foacutesforo alumiacutenio e tambeacutem como parte de certos silicatos como o topaacutezio

Normalmente presente nas rochas plantas ar aacuteguas e solos este elemento faz parte da constituiccedilatildeo de

alguns materiais plaacutesticos e pode tambeacutem estar presente na constituiccedilatildeo de alguns fertilizantes

contribuindo desta forma para a sua presenccedila no solo aacutegua e alimentos No solo o conteuacutedo de

fluoretos varia entre 20 e 500 ppm contudo nas camadas mais profundas o seu niacutevel aumenta No ar a

concentraccedilatildeo normal de fluoretos oscila entre 005 e 190microgm3 1

Do fluacuteor que eacute ingerido entre 75 e 90 eacute absorvido por via digestiva sendo a mucosa bucal

responsaacutevel pela absorccedilatildeo de menos de 1 Depois de absorvido passa para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea

sob a forma ioacutenica ou de compostos orgacircnicos lipossoluacuteveis A forma ioacutenica que circula livremente e

natildeo se liga agraves proteiacutenas nem aos componentes plasmaacuteticos nem aos tecidos moles eacute a que vai estar

disponiacutevel para ser absorvida pelos tecidos duros Da quantidade total de fluacuteor presente no organismo

99 encontra-se nos tecidos calcificados Entre 10 e 25 do aporte diaacuterio de fluacuteor natildeo chega a ser

absorvido vindo a ser excretado pelas fezes O fluacuteor absorvido natildeo utilizado (cerca de 50) eacute

eliminado por via renal2

O fluacuteor tem uma grande afinidade com a apatite presente no organismo com a qual cria ligaccedilotildees

fortes que natildeo satildeo irreversiacuteveis Este facto deve-se agrave facilidade com que os radicais hidroxilos da

hidroxiapatite satildeo substituiacutedos pelos iotildees fluacuteor formando fluorapatite No entanto a apatite normal do

ser humano presente no osso e dente mesmo em condiccedilotildees ideais de presenccedila de fluacuteor nunca se

aproxima da composiccedilatildeo da fluorapatite pura

Quando o fluacuteor eacute ingerido passa pela cavidade oral daiacute resultando a deposiccedilatildeo de uma determinada

quantidade nos tecidos e liacutequidos aiacute existentes A mucosa jugal as gengivas a placa bacteriana os

dentes e a saliva vatildeo beneficiar imediatamente de um aporte directo de fluacuteor que pode permitir que a

sua disponibilidade na cavidade oral se prolongue por periacuteodos mais longos Eacute um facto que a presenccedila

de fluacuteor no meio oral independentemente da sua fonte resulta numa acccedilatildeo preventiva e terapecircutica

extremamente importante

Nota 22 mg de fluoreto de soacutedio correspondem a 1 mg de fluacuteor Quando se dilui 1 mg de fluacuteor em um litro de aacutegua pura

considera-se que essa aacutegua passou a ter 1 ppm de fluacuteor

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 2

Considera-se actualmente que os benefiacutecios dos fluoretos resultam basicamente da sua acccedilatildeo toacutepica

sobre a superfiacutecie do dente enquanto a sua acccedilatildeo sisteacutemica (preacute-eruptiva) eacute muito menos importante

A acccedilatildeo preventiva e terapecircutica dos fluoretos eacute conseguida predominantemente pela sua acccedilatildeo toacutepica

quer nas crianccedilas quer nos adultos atraveacutes de trecircs mecanismos diferentes responsaacuteveis pela

bull inibiccedilatildeo do processo de desmineralizaccedilatildeo

bull potenciaccedilatildeo do processo de remineralizaccedilatildeo

bull inibiccedilatildeo da acccedilatildeo da placa bacteriana

O uso racional dos fluoretos na profilaxia da caacuterie dentaacuteria com eficaacutecia e seguranccedila baseia-se no

conhecimento actualizado dos seus mecanismos de acccedilatildeo e da sua toxicologia

Com base na evidecircncia cientiacutefica a estrateacutegia de utilizaccedilatildeo dos fluoretos em sauacutede oral foi redefinida

tendo em conta que a sua acccedilatildeo preventiva eacute predominantemente poacutes-eruptiva e toacutepica e a sua acccedilatildeo

toacutexica com repercussotildees a niacutevel dentaacuterio eacute preacute-eruptiva e sisteacutemica

Estudos epidemioloacutegicos efectuados pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) sobre os efeitos do

fluacuteor na sauacutede humana referem que valores compreendidos entre 1 e 15 ppm natildeo representam risco

acrescido Contudo valores entre 15 e 2 ppm em climas quentes poderatildeo contribuir para a ocorrecircncia

de casos de fluorose dentaacuteria e valores entre 3 a 6 ppm para o aparecimento de fluorose oacutessea

Para a OMS a concentraccedilatildeo oacuteptima de fluoretos na aacutegua quando esta eacute sujeita a fluoretaccedilatildeo deve

estar compreendida entre 05 e 15 ppm de F dependendo este valor da temperatura meacutedia do local

que condiciona a quantidade de aacutegua ingerida nas zonas mais frias o valor maacuteximo pode estar perto

do limite superior nas zonas mais quentes o valor deve estar perto do limite inferior para uma

prevenccedilatildeo eficaz da caacuterie dentaacuteria Para que os riscos de fluorose estejam diminuiacutedos os programas de

fluoretaccedilatildeo das aacuteguas devem obedecer a criteacuterios claramente definidos

Nas regiotildees onde a aacutegua da rede puacuteblica conteacutem menos de 03 ppm (mgl) de fluoretos (situaccedilatildeo mais

frequente em Portugal Continental) a dose profilaacutectica oacuteptima considerando a soma de todas as fontes

de fluoretos eacute de 005mgkgdia3

11 Toxicidade Aguda

Uma intoxicaccedilatildeo aguda pelo fluacuteor eacute uma possibilidade extremamente rara Alguns casos tecircm sido

descritos na literatura Estudos efectuados em roedores e extrapolados para o homem adulto permitem

pensar que a dose letal miacutenima de fluacuteor seja de aproximadamente 2 gramas ou 32 a 64 mgkg de peso

corporal mas para uma crianccedila bastam 15 mgkg de peso corporal 2

A partir da ingestatildeo de doses superiores a 5mgkg de peso corporal considera-se a hipoacutetese de vir a ter

efeitos toacutexicos

As crianccedilas pequenas tecircm um risco acrescido de ingerir doses de fluoretos atraveacutes do consumo de

produtos de higiene oral A ingestatildeo acidental de um quarto de um tubo com dentiacutefrico de 125 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 3

(1500 ppm de Fluacuteor) potildee em risco a vida de uma crianccedila de um ano de idade O risco de ingestatildeo

acidental por crianccedilas eacute real e eacute adjuvado pelo tipo de embalagens destes produtos que natildeo tecircm

dispositivos de seguranccedila para a sua abertura

A toxicidade aguda pelos fluoretos poderaacute manifestar-se por queixas digestivas (dor abdominal

voacutemitos hematemeses e melenas) neuroloacutegicas (tremores convulsotildees tetania deliacuterio lentificaccedilatildeo da

voz) renais (urina turva hematuacuteria) metaboacutelicas (hipocalceacutemia hipomagnesieacutemia hipercalieacutemia)

cardiovasculares (arritmias hipotensatildeo) e respiratoacuterias (depressatildeo respiratoacuteria apneias) 4

12 Toxicidade Croacutenica

A dose total diaacuteria de fluoretos administrados por via sisteacutemica isenta de risco de toxicidade croacutenica

situa-se abaixo de 005 mgkgdia de peso A partir desses valores aumentam as manifestaccedilotildees atraveacutes

do aparecimento de hipomineralizaccedilatildeo do esmalte que se revela por fluorose dentaacuteria Com

concentraccedilotildees acima de 25 ppm na aacutegua esta manifestaccedilatildeo eacute mais evidente sendo tanto mais grave

quanto a concentraccedilatildeo de fluoretos vai aumentando O periacuteodo criacutetico para o efeito toacutexico do fluacuteor se

manifestar sobre a denticcedilatildeo permanente eacute entre o nascimento e os 7 anos de idade (ateacute aos 3 anos eacute o

periacuteodo mais criacutetico) Quando existem fluoretos ateacute 3 ppm na aacutegua aleacutem da fluorose natildeo parece

existir qualquer outro efeito toacutexico na sauacutede A partir deste valor aumenta o risco de nefrotoxicidade

Como qualquer outro medicamento os fluoretos em dose excessiva tecircm efeitos toacutexicos que

normalmente se manifestam atraveacutes de uma interferecircncia na esteacutetica dentaacuteria Essa manifestaccedilatildeo eacute a

fluorose dentaacuteria

Estudos recentes sobre suplementos de fluoretos e fluorose 5 confirmam que as comunidades sem aacutegua

fluoretada e que utilizam suplementos de fluoretos durante os primeiros 6 anos de vida apresentam

um aumento do risco de desenvolver fluorose

O principal factor de risco para o aparecimento de fluorose dentaacuteria eacute o aporte total de fluoretos

provenientes de diferentes fontes nomeadamente da alimentaccedilatildeo incluindo a aacutegua e os suplementos

alimentares dentiacutefricos e soluccedilotildees para bochechos comprimidos e gotas e ingestatildeo acidental que natildeo

satildeo faacuteceis de quantificar

A fluorose dentaacuteria aumentou nos uacuteltimos anos em comunidades com e sem aacutegua fluoretada 6

2 F l u o r e t o s n a aacute g u a

2 1 Aacute g u a d e a b a s t e c i m e n t o p uacute b l i c o

A fluoretaccedilatildeo das aacuteguas para consumo humano como meio de suprir o deacutefice de fluoretos na aacutegua eacute

uma praacutetica comum em alguns paiacuteses como o Brasil Austraacutelia Canadaacute EUA e Nova Zelacircndia

Apesar de serem tatildeo diferentes quer do ponto de vista soacutecioeconoacutemico quer geograacutefico eles detecircm

uma experiecircncia superior a 25 anos neste domiacutenio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 4

Na Europa a maior parte dos paiacuteses natildeo faz fluoretaccedilatildeo das suas aacuteguas para consumo humano agrave

excepccedilatildeo da Irlanda da Suiacuteccedila (Basileia) e de 10 da populaccedilatildeo do Reino Unido Na Alemanha eacute

proibido e nos restantes paiacuteses eacute desaconselhado

Nos paiacuteses em que se faz fluoretaccedilatildeo da aacutegua alguns estudos demonstraram natildeo ter existido um ganho

efectivo na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria No entanto outros como a Austraacutelia no Estado de Victoacuteria

onde a fluoretaccedilatildeo da aacutegua se faz regularmente observaram-se ganhos efectivos na sauacutede oral da

populaccedilatildeo com consequentes ganhos econoacutemicos

Recomendaccedilatildeo Eacute indispensaacutevel avaliar a qualidade das aacuteguas de abastecimento puacuteblico periodicamente e corrigir os

paracircmetros alterados

Na aacutegua os valores das concentraccedilotildees de fluoretos estatildeo compreendidas entre 01 a 07 ppm Contudo

em alguns casos podem apresentar valores muito mais elevados

Quando a aacutegua apresenta valores de ph superiores a 8 e o iatildeo soacutedio e os carbonatos satildeo dominantes os

valores de fluoretos normalmente presentes excedem 1 ppm

Nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica os fluoretos podem existir naturalmente ou resultar de um

programa de fluoretaccedilatildeo Em Portugal Continental os valores satildeo normalmente baixos e as aacuteguas natildeo

estatildeo sujeitas a fluoretaccedilatildeo artificial O teor de fluoretos deveraacute ser controlado regularmente de modo

a preservar os interesses da sauacutede puacuteblica 7

Na definiccedilatildeo de um valor guia para a aacutegua de consumo humano a OMS propotildee o valor limite de 15

ppm de Fluacuteor referindo que valores superiores podem contribuir para o aumento do risco de fluorose

A Agecircncia Americana para o Ambiente (USEPA) refere um valor maacuteximo admissiacutevel de fluoretos na

aacutegua de consumo humano de 15 ppm e recomenda que nunca se ultrapasse os 4 ppm

Em Portugal a legislaccedilatildeo actualmente em vigor sobre a qualidade da aacutegua para consumo humano

decreto-lei nordm 23698 de 1 de Agosto define dois Valores Maacuteximos Admissiacuteveis (VMA) para os

fluoretos 15 ppm (8 a 12 ordmC) e 07 ppm (25 a 30 ordmC) O decreto-lei nordm 2432001 de 5 de Setembro

que transpotildee a Directiva Comunitaacuteria nordm 9883CE de 3 de Novembro que entrou em vigor em 25 de

Dezembro de 2003 define para os fluoretos um Valor Parameacutetrico (VP) de 15 ppm

O decreto-lei nordm 24301 remete para a Entidade Gestora a verificaccedilatildeo da conformidade dos valores

parameacutetricos obrigatoacuterios aplicaacuteveis agrave aacutegua para consumo humano Sempre que um valor parameacutetrico

eacute excedido isso corresponde a uma situaccedilatildeo de incumprimento e perante esta situaccedilatildeo a entidade

gestora deve de imediato informar a autoridade de sauacutede e a entidade competente dando conta das

medidas correctoras adoptadas ou em curso para restabelecer a qualidade da aacutegua destinada a consumo

humano

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 5

Deve ter-se em atenccedilatildeo o desvio em relaccedilatildeo ao valor parameacutetrico fixado e o perigo potencial para a

sauacutede humana

Segundo o decreto-lei supra mencionado artigo 9ordm compete agraves autoridades de sauacutede a vigilacircncia

sanitaacuteria e a avaliaccedilatildeo do risco para a sauacutede puacuteblica da qualidade da aacutegua destinada ao consumo

humano Sempre que o risco exista e o incumprimento persistir a autoridade de sauacutede deve informar e

aconselhar os consumidores afectados e determinar a proibiccedilatildeo de abastecimento restringir a

utilizaccedilatildeo da aacutegua que constitua um perigo potencial para a sauacutede humana e adoptar todas as medidas

necessaacuterias para proteger a sauacutede humana

Nos Accedilores e na Madeira ou em zonas onde o teor de fluoretos na aacutegua eacute muito elevado deveraacute ser

feita uma verificaccedilatildeo da constante e a correcccedilatildeo adequada

Os principais tratamentos de desfluoretaccedilatildeo envolvem a floculaccedilatildeo da aacutegua usando sais hidratados de

alumiacutenio principalmente em condiccedilotildees alcalinas No caso de aacuteguas aacutecidas pode-se adicionar cal e

alternativamente pode-se recorrer agrave adsorccedilatildeo com carvatildeo activado ou alumina activada ( Al2O3 ) ou

por permuta ioacutenica usando resinas especiacuteficas

Recomendaccedilatildeo Ateacute aos 6-7 anos as crianccedilas natildeo devem ingerir regularmente aacutegua com teor de fluoretos superior a 07 ppm

Recomendaccedilatildeo Sempre que o valor parameacutetrico dos fluoretos na aacutegua para consumo humano exceder 15 ppm deveratildeo ser aplicadas

medidas correctoras para restabelecer a qualidade da aacutegua

2 2 Aacute g u a s m i n e r a i s n a t u r a i s e n g a r r a f a d a s

As aacuteguas minerais naturais engarrafadas deveratildeo no futuro ter rotulagem de acordo com a Directiva

Comunitaacuteria 200340CE da Comissatildeo Europeia de 16 de Maio publicada no Jornal Oficial da Uniatildeo

Europeia em 2252003 artigo 4ordm laquo1 As aacuteguas minerais naturais cuja concentraccedilatildeo em fluacuteor for

superior a 15 mgl (ppm) devem ostentar no roacutetulo a menccedilatildeo lsquoconteacutem mais de 15 mgl (ppm) de

fluacuteor natildeo eacute adequado o seu consumo regular por lactentes nem por crianccedilas com menos de 7 anosrsquo

2 No roacutetulo a menccedilatildeo prevista no nordm 1 deve figurar na proximidade imediata da denominaccedilatildeo de

venda e em caracteres claramente visiacuteveis 3

As aacuteguas minerais naturais que em aplicaccedilatildeo do nordm 1 tiverem de ostentar uma menccedilatildeo no roacutetulo

devem incluir a indicaccedilatildeo do teor real em fluacuteor a niacutevel da composiccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica em constituintes

caracteriacutesticos tal como previsto no nordm 2 aliacutenea a) do artigo 7ordm da Directiva 80777CEEraquo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 6

Para as aacuteguas de nascente cujas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas satildeo definidas pelo Decreto-lei

2432001 de 5 de Setembro em vigor desde Dezembro de 2003 os limites para o teor de fluoretos satildeo

de 15 mgl (ppm)

De acordo com o parecer do Scientific Committee on Food - Comiteacute Cientiacutefico de Alimentaccedilatildeo

Humana (expresso em Dezembro de 1996) a Comissatildeo natildeo vecirc razotildees para nos climas da Uniatildeo

Europeia (climas temperados) limitar os fluoretos nas aacuteguas de consumo humano e nas aacuteguas minerais

naturais para valores inferiores a 15mgl (ppm)

3 F l u o r e t o s n o s g eacute n e r o s a l i m e n t iacute c i o s

Entende-se por lsquogeacutenero alimentiacuteciorsquo qualquer substacircncia ou produto transformado parcialmente

transformado ou natildeo transformado destinado a ser ingerido pelo ser humano ou com razoaacuteveis

probabilidades de o ser Este termo abrange bebidas pastilhas elaacutesticas e todas as substacircncias

incluindo a aacutegua intencionalmente incorporadas nos geacuteneros alimentiacutecios durante o seu fabrico

preparaccedilatildeo ou tratamento8 9

Na alimentaccedilatildeo as estimativas de ingestatildeo de fluacuteor atraveacutes da dieta variam entre 02 e 34 mgdia

sendo estes uacuteltimos valores atingidos quando se inclui o chaacute na alimentaccedilatildeo A ingestatildeo de fluoretos

provenientes dos alimentos comuns eacute pouco significativa Apenas 13 se apresentam na forma

ionizaacutevel e portanto biodisponiacutevel

Recomendaccedilatildeo Independentemente da origem ao utilizar aacutegua informe-se sobre o seu teor em fluoretos As que tecircm um elevado teor

deste elemento natildeo satildeo adequadas para lactentes e crianccedilas com menos de 7 anos

Recomendaccedilatildeo Dar prioridade a uma dieta equilibrada e saudaacutevel com diversidade alimentar Utilizar a aacutegua da cozedura dos

alimentos para confeccionar outros alimentos (ex sopas arroz)

No iniacutecio do ano de 2003 a Comissatildeo Europeia apresentou uma nova proposta de Directiva

Comunitaacuteria relativa agrave ldquoAdiccedilatildeo aos geacuteneros alimentiacutecios de vitaminas minerais e outras substacircnciasrdquo

onde os fluoretos satildeo referidos como podendo ser adicionados a geacuteneros alimentiacutecios comuns Nesta

proposta de Directiva Comunitaacuteria eacute sugerida a inclusatildeo de determinados nutrimentos (entre eles o

fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de geacuteneros alimentiacutecios comuns Esta proposta

prevista no Livro Branco da Comissatildeo ainda estaacute numa fase inicial de discussatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 7

4 F l u o r e t o s e m s u p l e m e n t o a l i m e n t a r

Entende-se por lsquosuplementos alimentaresrsquo geacuteneros alimentiacutecios que se destinam a complementar e ou

suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas

substacircncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisioloacutegico estremes ou combinados

comercializados em forma doseada tais como caacutepsulas pastilhas comprimidos piacutelulas e outras

formas semelhantes saquetas de poacute ampola de liacutequido frascos com conta gotas e outras formas

similares de liacutequido ou poacute que se destinam a ser tomados em unidades medidas de quantidade

reduzida10

A Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002

transposta para o direito nacional pelo Decreto-lei nordm 1362003 de 28 de Junho relativa agrave aproximaccedilatildeo

das legislaccedilotildees dos Estados-Membros respeitantes aos suplementos alimentares vai permitir a inclusatildeo

de determinados nutrimentos (entre eles o fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de

suplementos alimentares11

A partir de 28 de Agosto de 2003 os fluoretos poderatildeo ser comercializados como suplemento

alimentar passando a estar disponiacutevel em farmaacutecias e superfiacutecies comerciais

As quantidades maacuteximas de vitaminas e minerais presentes nos suplementos alimentares satildeo fixadas

em funccedilatildeo da toma diaacuteria recomendada pelo fabricante tendo em conta os seguintes elementos

a) limites superiores de seguranccedila estabelecidos para as vitaminas e os minerais apoacutes uma

avaliaccedilatildeo dos riscos efectuada com base em dados cientiacuteficos geralmente aceites tendo em

conta quando for caso disso os diversos graus de sensibilidade dos diferentes grupos de

consumidores

b) quantidade de vitaminas e minerais ingerida atraveacutes de outras fontes alimentares

c) doses de referecircncia de vitaminas e minerais para a populaccedilatildeo

Recomendaccedilatildeo Nunca ultrapassar a toma indicada no roacutetulo do produto e natildeo utilizar um suplemento alimentar como substituto de um

regime alimentar variado

As quantidades maacuteximas e miacutenimas de vitaminas e minerais referidas seratildeo adoptadas pela Comissatildeo

Europeia assistida pelo Comiteacute de Regulamentaccedilatildeo

Em Portugal a Agecircncia para a Qualidade e Seguranccedila Alimentar viraacute a ter informaccedilatildeo sobre todos os

suplementos alimentares comercializados como geacuteneros alimentiacutecios e introduzidos no mercado de

acordo com o Decreto-lei nordm 1362003

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 8

A rotulagem dos suplementos alimentares natildeo poderaacute mencionar nem fazer qualquer referecircncia a

prevenccedilatildeo tratamento ou cura de doenccedilas humanas e deveraacute indicar uma advertecircncia de que os

produtos devem ser guardados fora do alcance das crianccedilas

5 F luore tos em med icamentos e p rodutos cosmeacutet icos de h ig iene corpora l

A distinccedilatildeo entre Medicamento e Produto Cosmeacutetico de Higiene Corporal contendo fluoretos depende

do seu teor no produto Os cosmeacuteticos contecircm obrigatoriamente uma concentraccedilatildeo de fluoretos inferior

a 015 (1500 ppm) (Decreto-lei 1002001 de 28 de Marccedilo I Seacuterie A) sendo que todos os dentiacutefricos

com concentraccedilotildees de fluoretos superior a 015 satildeo obrigatoriamente classificados como

medicamentos

Os medicamentos contendo fluoretos e utilizados para a profilaxia da caacuterie dentaacuteria existentes no

mercado portuguecircs satildeo de venda livre em farmaacutecia Encontram-se disponiacuteveis nas formas

farmacecircuticas de soluccedilatildeo oral (gotas orais) comprimidos dentiacutefricos gel dentaacuterio e soluccedilatildeo de

bochecho

5 1 F l u o r e t o s e m c o m p r i m i d o s e g o t a s o r a i s

A utilizaccedilatildeo de medicamentos contendo fluoretos na forma de gotas orais e comprimidos foi ateacute haacute

pouco recomendada pelos profissionais de sauacutede (pediatras meacutedicos de famiacutelia cliacutenicos gerais

meacutedicos estomatologistas meacutedicos dentistas) dos 6 meses ateacute aos 16 anos

A clarificaccedilatildeo do mecanismo de acccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria e o aumento de

aporte dos mesmos com consequentes riscos de manifestaccedilatildeo toacutexica obrigaram agrave revisatildeo da sua

administraccedilatildeo em comprimidos eou gotas A gravidade da fluorose dentaacuteria estaacute relacionada com a

dose a duraccedilatildeo e com a idade em que ocorre a exposiccedilatildeo ao fluacuteor 12 13

A ldquoCanadian Consensus Conference on the Appropriate Use of Fluoride Supplements for the

Prevention of Dental Caries in Childrenrdquo 14definiu um protocolo cuja utilizaccedilatildeo eacute recomendada a

profissionais de sauacutede em que se fundamenta a tomada de decisatildeo sobre a necessidade ou natildeo da

suplementaccedilatildeo de fluacuteor A administraccedilatildeo de comprimidos soacute eacute recomendada quando o teor de fluoretos

na aacutegua de abastecimento puacuteblico for inferior a 03 ppm e

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) natildeo escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas

vezes por dia

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas vezes

por dia mas apresenta um alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 9

Por sua vez a conclusatildeo do laquoForum on Fluoridation 2002raquo15 relativamente agrave administraccedilatildeo de

suplementos de fluoretos foi a seguinte limitar a utilizaccedilatildeo de comprimidos de fluoretos a aacutereas onde

natildeo existe aacutegua fluoretada e iniciar essa suplementaccedilatildeo apenas a crianccedilas com alto risco agrave caacuterie e a

partir dos 3 anos

Os comprimidos de fluoretos caso sejam indicados devem ser usados pelo interesse da sua acccedilatildeo

toacutepica Devem ser dissolvidos na boca em vez de imediatamente ingeridos16

A administraccedilatildeo de fluoretos sob a forma de comprimidos chupados soacute deveraacute ser efectuada em

situaccedilotildees excepcionais isto eacute em populaccedilotildees de baixos recursos econoacutemicos nas quais a escovagem

natildeo possa ser promovida e os iacutendices de caacuterie sejam elevados

Para evitar a potencial toxicidade dos fluoretos antes de qualquer prescriccedilatildeo todos os profissionais de

sauacutede devem efectuar uma avaliaccedilatildeo personalizada dos aportes diaacuterios de cada crianccedila tendo em conta

todas as fontes possiacuteveis desse elemento alimentos comuns suplementos alimentares consumo de

aacutegua da rede puacuteblica eou aacutegua engarrafada e respectivo teor de fluoretos e utilizaccedilatildeo de medicamentos

e produtos cosmeacuteticos contendo fluacuteor

Recomendaccedilatildeo A partir dos 3 anos os suplementos sisteacutemicos de fluoretos poderatildeo ser prescritos pelo meacutedico assistente ou meacutedico dentista em crianccedilas que apresentem um alto risco

agrave caacuterie dentaacuteria

5 2 F l u o r e t o s e m d e n t iacute f r i c o s

Hoje em dia a maior parte dos dentiacutefricos agrave venda no mercado contecircm fluoretos sob diferentes formas

fluoreto de soacutedio monofluorfosfato de soacutedio fluoreto de amina e outros Os mais utilizados satildeo o

fluoreto de soacutedio e o monofluorfosfato de soacutedio

Normalmente o conteuacutedo de fluoreto dos dentiacutefricos eacute de 1000 a 1100 ppm (ou 010 a 011)

podendo variar entre 500 e 1500 ppm

Durante a escovagem cerca de 34 da pasta eacute ingerida por crianccedilas de 3 anos 28 pelas de 4-5 anos

e 20 pelas de 5-7 anos

Devem ser evitados dentiacutefricos com sabor a fruta para impedir o seu consumo em excesso uma vez

que estatildeo jaacute descritos na literatura casos de fluorose resultantes do abuso de dentiacutefricos2

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluoretos duas vezes por dia tem-se revelado um

meio colectivo de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria com grande efectividade e baixo custo pelo que deve

ser considerado o meio de eleiccedilatildeo em estrateacutegias comunitaacuterias

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 10

Do ponto de vista da prevenccedilatildeo da caacuterie a aplicaccedilatildeo toacutepica de dentiacutefrico fluoretado com a escova dos

dentes deve ser executada duas vezes por dia e deve iniciar-se quando se daacute a erupccedilatildeo dos dentes Esta

rotina diaacuteria de higiene executada naturalmente com muito cuidado pelos pais deve

progressivamente ser assumida pela crianccedila ateacute aos 6-8 anos de idade Durante este periacuteodo a

escovagem deve ser sempre vigiada pelos pais ou educadores consoante as circunstacircncias para evitar

a utilizaccedilatildeo de quantidades excessivas de dentiacutefrico o qual pode da mesma forma que os

comprimidos conduzir antes dos 6 anos agrave ocorrecircncia de fluorose

As crianccedilas devem usar dentiacutefrico com teor de fluoretos entre 1000-1500 ppm de fluoreto (dentiacutefrico

de adulto) sendo a quantidade a utilizar do tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

Apoacutes a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado pode-se natildeo bochechar com aacutegua Deveraacute

apenas cuspir-se o excesso de pasta Deste modo consegue-se uma mais alta concentraccedilatildeo de fluoreto

na cavidade oral que vai actuar topicamente durante mais tempo

Os pais das crianccedilas devem receber informaccedilatildeo sobre a escovagem dentaacuteria e o uso de dentiacutefricos

fluoretados A escovagem com dentiacutefrico fluoretado deve iniciar-se imediatamente apoacutes a erupccedilatildeo dos

primeiros dentes Os dentiacutefricos fluoretados devem ser guardados em locais inacessiacuteveis agraves crianccedilas

pequenas17

5 3 F l u o r e t o s e m s o l u ccedil otilde e s d e b o c h e c h o

As soluccedilotildees para bochechos recomendadas a partir dos 6 anos de idade tecircm sido utilizadas em

programas escolares de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria em inuacutemeros paiacuteses incluindo Portugal Satildeo

recomendadas a indiviacuteduos de maior risco agrave caacuterie dentaacuteria mas a sua utilizaccedilatildeo tem vido a ser

restringida a crianccedilas que escovam eficazmente os dentes

Recomendaccedilatildeo Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Recomendaccedilatildeo A partir dos 6 anos de idade deve ser feito o bochecho quinzenalmente com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

02

As soluccedilotildees fluoretadas de uso diaacuterio habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

005 e as de uso semanal ou quinzenal habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de 02

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 11

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 12

Referecircncias

1 Diegues P Linhas de Orientaccedilatildeo associadas agrave presenccedila de fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento 2003 Documento produzido no acircmbito da task force Sauacutede Oral e Fluacuteor Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar e na Divisatildeo de Sauacutede Ambiental da DGS 2 Melo PRGR Influecircncia de diferentes meacutetodos de administraccedilatildeo de fluoretos nas variaccedilotildees de incidecircncia de caacuterie Porto Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto 2001 Tese de doutoramento 3 Agence Francaise de Seacutecuriteacute des Produits de Santeacute Mise au point sur le fluacuteor et la prevention de la carie dentaire AFSPS 31 Juillet 2002 4 Leikin JB Paloucek FP Poisoning amp Toxicology Handbook 3th edition Hudson Lexi- Comp 2002 586-7 5 Ismail AI Bandekar RR Fluoride suplements and fluorosis a meta-analysis Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 48-56 6 Steven ML An update on Fluorides and Fluorosis J Can Dent Assoc 200369(5)268-91 7 Pinto R Cristovatildeo E Vinhais T Castro MF Teor de fluoretos nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica nas sedes de concelho de Portugal Continental Revista Portuguesa de Estomatologia Medicina Dentaacuteria e Cirurgia Maxilofacial 1999 40(3)125-42 8 Regulamento 1782002 do Parlamento Europeu e do Conselho de 28 de Janeiro Jornal Oficial das Comunidades Europeias (2002021) 9 Decreto ndash lei nordm 5601999 DR I Seacuterie A 147 (991218) 10 Decreto ndash lei nordm 1362003 DR I Seacuterie A 293 (20030628) 11 Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002 Jornal Oficial das Comunidades Europeias (20020712) 12 Aoba T Fejerskov O Dental fluorosis Chemistry and Biology Crit Rev Oral Biol Med 2002 13(2) 155-70 13 DenBesten PK Biological mechanisms of dental fluorosis relevant to the use of fluoride supplements Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 41-7 14 Limeback H Introduction to the conference Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 27-30 15 Report of the Forum of fluoridation 2002Governement of Ireland 2002 wwwfluoridationforumie 16 Featherstone JDB Prevention and reversal of dental caries role of low level fluoride Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 31-40 17 Pereira A Amorim A Peres F Peres FR Caldas IM Pereira JA Pereira ML Silva MJ Caacuteries Precoces da InfacircnciaLisboa Medisa Ediccedilotildees e Divulgaccedilotildees Cientiacuteficas Lda 2001 Bibliografia

1 Almeida CM Sugestotildees para a Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2002 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e na Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa

2 Rompante P Fundamentos para a alteraccedilatildeo do Programa de Sauacutede Oral da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Documento realizado no acircmbito da Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2003 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e no Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede ndash Norte

3 Rompante P Determinaccedilatildeo da quantidade do elemento fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento puacuteblico na totalidade das sedes de concelho de Portugal Continental Porto Faculdade de Odontologia da Universidade de Barcelona 2002 Tese de Doutoramento

4 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in Children at High Caries Risk SIGN Publication 2000 47

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Page 15: Direcção-Geral da SaúdePrograma será complementado, sempre que oportuno, por orientações técnicas a emitir por esta Direcção-Geral. O Director-Geral e Alto Comissário da

As crianccedilas e os jovens que natildeo se inscrevem em nenhuma das categorias anteriores

satildeo considerados de risco moderado

Os criteacuterios de avaliaccedilatildeo do risco individual de caacuterie dentaacuteria seratildeo

complementados com orientaccedilotildees teacutecnicas a emitir pela Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

73 Diagnoacutestico precoce e tratamento dentaacuterio

O diagnoacutestico precoce e os tratamentos dentaacuterios podem ser feitos no Centro de

Sauacutede nos serviccedilos de estomatologia do Hospital ou pelos meacutedicos estomatologistas

ou meacutedicos dentistas contratualizados da sua aacuterea de atracccedilatildeo

Nos Centros de Sauacutede onde existe Higienista Oral este gere os encaminhamentos

quando haacute necessidade de tratamentos e a frequecircncia da vigilacircncia da sauacutede oral das

crianccedilas e dos jovens do seu ficheiro

A contratualizaccedilatildeo com profissionais de sauacutede oral permite-nos garantir cuidados de

sauacutede oral a todas as crianccedilas em Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral

que desenvolvam caacuterie dentaacuteria

O processo seraacute implementado progressivamente O meacutedico estomatologistameacutedico

dentista responsabiliza-se pelo acompanhamento individual das crianccedilas que lhe satildeo

remetidas pelo SNS

O encaminhamento deve respeitar a liberdade de escolha do utente e a capacidade

de resposta do profissional contratualizado

8 Avaliaccedilatildeo do Programa

A avaliaccedilatildeo do programa tem periodicidade anual pelo que os indicadores a utilizar

teratildeo necessariamente que ser faacuteceis de obter e fiaacuteveis Satildeo eles que iratildeo permitir a

monitorizaccedilatildeo do programa e os avanccedilos alcanccedilados em cada regiatildeo de sauacutede e nos

diversos grupos etaacuterios

As fontes de dados satildeo nos serviccedilos puacuteblicos os registos habituais de actividades e

os mapas de sauacutede oral e sauacutede escolar nos serviccedilos privados a informaccedilatildeo

produzida pelos profissionais de sauacutede oral contratualizados registada na Ficha

Individual de Sauacutede Oral transcrita para o Mapa Anual da intervenccedilatildeo meacutedico-

dentaacuteria e enviada para o serviccedilo com quem contratualizou

A qualidade das prestaccedilotildees contratualizadas seraacute feita por avaliaccedilatildeo externa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 13

Os indicadores de avaliaccedilatildeo do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral satildeo

Percentagem de crianccedilas em programa aos 3 6 12 e 15 anos

Percentagem de crianccedilas em programa no Jardim-de-infacircncia e na Escola no 1ordm

ciclo 2ordm ciclo e 3ordm ciclo

Percentagem de crianccedilas com necessidades de tratamentos dentaacuterios

encaminhadas e tratadas

Percentagem de crianccedilas de alto risco agrave caacuterie

Percentagem de crianccedilas livres de caacuterie aos 6 anos

Iacutendice cpod e CPOD aos 6 anos

Iacutendice CPOD aos 12 anos

Esta avaliaccedilatildeo anual natildeo substitui as avaliaccedilotildees quinquenais de acircmbito nacional que a

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede com as Administraccedilotildees Regionais de Sauacutede e as Secretarias

Regionais continuaratildeo a realizar

9 Disposiccedilotildees finais e transitoacuterias

Para efeito de avaliaccedilatildeo do estado dentaacuterio e de avaliaccedilatildeo do risco seratildeo elaborados

suportes de informaccedilatildeo para serem utilizados por todos os sectores intervenientes

no programa e em todos os niacuteveis de produccedilatildeo de informaccedilatildeo

Do niacutevel local ao niacutevel central a informaccedilatildeo iraacute sendo agrupada em mapas de modo

a podermos construir indicadores de niacuteveis de resultados

Os dois Textos de Apoio anexos a este programa ldquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de

Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutederdquo e ldquoFluoretos Fundamentaccedilatildeo e

recomendaccedilatildeordquo suportam as alteraccedilotildees introduzidas e apontam formas de

implementar a estrateacutegia definida no Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede

Oral

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 14

Consenso sobre a utilizaccedilatildeo de fluoretoslowast no acircmbito do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral

Generalidades

O fluacuteor tem comprovada importacircncia na reduccedilatildeo da prevalecircncia e gravidade da caacuterie A

estrateacutegia da sua utilizaccedilatildeo em sauacutede oral foi redefinida com base em novas evidecircncias

cientiacuteficas Actualmente considera-se que a sua acccedilatildeo preventiva e terapecircutica eacute toacutepica

e poacutes-eruptiva e que para se obter este efeito toacutepico o dentiacutefrico fluoretado constitui a

opccedilatildeo consensual

Os fluoretos quando administrados por via sisteacutemica podem ter efeitos toacutexicos em

particular antes dos 6 anos Embora as consequecircncias sejam essencialmente de ordem

esteacutetica eacute revista a sua administraccedilatildeo

Nas crianccedilas com idades iguais ou inferiores a 6 anos que cumprem as exigecircncias

habituais da higiene oral isto eacute escovam os dentes usando dentiacutefrico fluoretado a

concomitante administraccedilatildeo de comprimidos ou gotas aumenta o risco de fluorose

dentaacuteria

As recomendaccedilotildees da Task Force sobre a utilizaccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da

caacuterie integradas no Programa Nacional de Sauacutede Oral satildeo as seguintes

a) Eacute dada prioridade agraves aplicaccedilotildees toacutepicas sob a forma de dentiacutefricos administrados na

escovagem dos dentes Estas aplicaccedilotildees devem ser efectuadas desde a erupccedilatildeo dos

dentes e de acordo com as regras expostas na tabela anexa

b) Os comprimidos anteriormente recomendados no acircmbito do Programa de Promoccedilatildeo

da Sauacutede Oral nas Crianccedilas e nos Adolescentes (CN nordm 6DSE de 200599) soacute

seratildeo administrados apoacutes os 3 anos a crianccedilas de alto risco agrave caacuterie dentaacuteria Nesta

situaccedilatildeo os comprimidos devem ser dissolvidos na boca lentamente

preferencialmente antes de deitar As acccedilotildees de educaccedilatildeo para a sauacutede devem

prioritariamente promover a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado

lowast Das Faculdades de Medicina Dentaacuteria de Lisboa Porto e Coimbra Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Coleacutegio de Estomatologia da Ordem dos Meacutedicos Ordem dos Meacutedicos Dentistas e Sociedade Portuguesa de Pediatria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 15

c) Em nenhum dos casos estaacute recomendada a administraccedilatildeo de fluoretos sisteacutemicos agraves

graacutevidas agraves crianccedilas antes dos 3 anos e agraves que em qualquer idade consumam aacutegua

com teor de fluoreto superior a 03 ppm

Recomendaccedilotildees sobre a utilizaccedilatildeo de fluoretos no acircmbito do PNPSO

RECOMEN-

DACcedilOtildeES

Frequecircncia da

escovagem dos dentes

Material utilizado na escovagem dos dentes

Execuccedilatildeo da escovagem dos dentes

Dentiacutefrico fluoretado

Suplemento sisteacutemico de

fluoretos

0-3 Anos 2 x dia

a partir da erupccedilatildeo do 1ordm dente

uma obrigatoria-mente antes

de deitar

Gaze Dedeira

Escova macia

de tamanho pequeno

Pais

1000-1500 ppm

quantidade idecircntica ao tamanho da

unha do 5ordm dedo da crianccedila

Natildeo recomendado

3-6 Anos 2 x dia

uma

obrigatoria-mente antes

de deitar

Escova macia

de tamanho adequado agrave

boca da crianccedila

Pais eou Crianccedila

a partir do

momento em que a crianccedila

adquire destreza

manual faz a escovagem sob

supervisatildeo

1000-1500 ppm

quantidade idecircntica ao tamanho da

unha do 5ordm dedo da crianccedila

Natildeo recomendado

Excepcionalmente as crianccedilas de alto

risco agrave caacuterie dentaacuteria podem fazer

1 (um) comprimido diaacuterio de fluoreto de soacutedio a 025 mg

Mais de 6 Anos

2 x dia

uma

obrigatoria-mente antes

de deitar

Escova macia

ou em alternativa

meacutedia

de tamanho adequado agrave

boca da crianccedila ou do

jovem

Crianccedila eou Pais

se a crianccedila

natildeo tiver adquirido destreza

manual a escovagem

tem que ter a intervenccedilatildeo

activa dos pais

1000-1500 ppm

quantidade aproximada de 1 centiacutemetro

Natildeo recomendado

Excepcionalmente as crianccedilas de alto

risco agrave caacuterie dentaacuteria podem fazer

1 (um) comprimido diaacuterio de fluoreto de soacutedio a 025 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 16

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 17

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9 Loureiro I Lima RM Construir um Projecto de Educaccedilatildeo Alimentar na Escola (documento siacutentese) Lisboa Ministeacuterio da Educaccedilatildeo CCPES 2000

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Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 19

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37 WHO Fluorides and Oral Health WHO Geneva 1994 (Technical Report Series 846)

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 20

Agradecimentos

A Task Force que colaborou na revisatildeo do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral coordenada pela Drordf Gregoacuteria Paixatildeo von Amann e pela Higienista Oral Cristina Ferreira Caacutedima da Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede contou com a prestimosa colaboraccedilatildeo teacutecnica e cientiacutefica de

Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge representado pela Drordf Dirce Silveira

Direcccedilatildeo-Geral da Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura representada pela Engordf Maria de Lourdes Camilo

Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa representada pelo Prof Doutor Paulo Melo

Faculdade de Medicina de Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria representada pelo Dr Francisco Delille

Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade de Lisboa representada pelo Prof Doutor Ceacutesar Mexia de Almeida

Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto representada pelo Prof Doutor Fernando M Peres

Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento representado pela Drordf Ana Arauacutejo

Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede - Norte representado pelo Prof Doutor Paulo Rompante

Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede - Sul representado pela Profordf Doutora Fernanda Mesquita

Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia representada pelo Dr Alexandre Loff Seacutergio

Ordem dos Meacutedicos Dentistas representada pelo Prof Doutor Paulo Melo

Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria representada pelo Prof Doutor Ceacutesar Mexia de Almeida

Sociedade Portuguesa de Pediatria representada pelo Dr Manuel Salgado

Serviccedilos da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede representada pela Drordf Anabela Lopes Divisatildeo de Sauacutede Ambiental representada pelo Engordm Paulo Diegues e a Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede representada pelo Dr Pedro Ribeiro da Silva

Pelas sugestotildees e correcccedilotildees introduzidas o nosso agradecimento agrave Profordf Doutora Isabel Loureiro ao Dr Vasco Prazeres Drordf Leonor Sassetti Drordf Ana Paula Ramalho Correia Dr Rui Calado Drordf Maria Otiacutelia Riscado Duarte Dr Joatildeo Breda e ao Sr Viacutetor Alves que concebeu o logoacutetipo do programa

A todos a Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede e a Divisatildeo de Sauacutede Escolar agradecem

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

E s t r a t eacute g i a s e T eacute c n i c a s d e E d u c a ccedil atilde o e P r o m o ccedil atilde o

d a S a uacute d e

Documento produzido no acircmbito dos trabalhos da Task Force pela Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede Dr

Pedro Ribeiro da Silva e Dr Joatildeo Breda e pela Higienista Oral Cristina Ferreira Caacutedima e Drordf Gregoacuteria Paixatildeo von Amann da

Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede que coordenou os trabalhos

1 Preacircmbulo

Os Programas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede tecircm por objectivo capacitar as pessoas a tomarem decisotildees no

seu quotidiano que se revelem as mais adequadas para manter ou alargar o seu potencial de sauacutede

Para se atingir este objectivo fornece-se informaccedilatildeo e utilizam-se metodologias que facilitem e decircem

suporte agraves mudanccedilas comportamentais e agrave manutenccedilatildeo das praacuteticas consideradas saudaacuteveis

Mas a mudanccedila de comportamentos natildeo eacute faacutecil depende de factores sociais culturais familiares

entre muitos outros e natildeo apenas do conhecimento cientiacutefico que as pessoas possuam sobre

determinada mateacuteria

Esta dificuldade eacute bem patente quando como no presente caso se pretende intervir sobre

comportamentos relacionados com a alimentaccedilatildeo e a escovagem dos dentes

Quando os pais datildeo aos filhos patildeo achocolatado ou outros alimentos accedilucarados para levarem para a

escola estatildeo com frequecircncia a dar natildeo apenas um alimento mas tambeacutem e ateacute talvez

principalmente afecto tentando colmatar lacunas que possam ter na relaccedilatildeo com os seus filhos

mesmo que natildeo tenham consciecircncia desse facto

Podem tambeacutem dar este tipo de alimento por terem dificuldade de encontrar tempo para confeccionar

uma sandes ou outro alimento e os anteriormente referidos estatildeo sempre prontos a serem colocados na

mochila da crianccedila

Eacute importante desenvolvermos estrateacutegias de Educaccedilatildeo para a Sauacutede que natildeo culpabilizem os pais

porque estes intrinsecamente desejam sempre o melhor para os seus filhos embora natildeo consigam por

vezes colocaacute-lo em praacutetica

Devido agrave complexidade que eacute actuar sobre comportamentos individuais para se aumentar a eficiecircncia

das nossas praacuteticas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede torna-se fulcral utilizar metodologias alargadas a vaacuterios

parceiros e sectores da comunidade de forma articulada e continuada para que progressivamente

possamos ir obtendo resultados

Como propotildee Nancy Russel no seu Manual de Educaccedilatildeo para a Sauacutede ldquoPara desenhar um

programa de Educaccedilatildeo para a Sauacutede eacute necessaacuterio ter conhecimentos sobre comportamentos e sobre

os factores que produzem a mudanccedilardquo E continua explicitando ldquoAs teorias da mudanccedila de

comportamento que podem ser aplicadas em Educaccedilatildeo para a Sauacutede foram elaboradas a partir de

uma variedade de aacutereas incluindo a psicologia a sociologia a antropologia a comunicaccedilatildeo e o

marketing Nenhuma teoria ou rede de conceitos domina por si soacute a investigaccedilatildeo ou a praacutetica da

Educaccedilatildeo para a Sauacutede Provavelmente porque os comportamentos de sauacutede satildeo demasiado

complexos para serem explicados por uma uacutenica teoriardquo (19968)

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 2

2 Metodologias para Desenvolvimento da Acccedilatildeo

21 Primeira vertente ndash O diagnoacutestico de situaccedilatildeo

A primeira etapa de actuaccedilatildeo eacute de grande importacircncia para a continuidade das outras actividades e

podemos resumi-la a um bom diagnoacutestico de situaccedilatildeo que permita conhecer em pormenor a realidade

sobre a qual se pretende actuar

I - Eacute importante estabelecer como uma das primeiras actividades a anaacutelise de duas vertentes com

grande influecircncia na sauacutede oral os haacutebitos culturais das famiacutelias relativamente agrave alimentaccedilatildeo e as

praacuteticas de higiene oral dos adultos e das crianccedilas

II - Um segundo aspecto relaciona-se com os tipos de interacccedilatildeo entre professores ou

educadores de infacircncia e pais No caso de essa interacccedilatildeo ser regular e organizada importa saber como

reagem os pais agraves indicaccedilotildees dos professores sobre os aspectos comportamentais das crianccedilas e que

efeito e eficaacutecia tecircm essas acccedilotildees na capacitaccedilatildeo de pais e filhos relativamente aos comportamentos

relacionados com a sauacutede oral

Actividades a desenvolverem

a) estudar as formas de melhorar a relaccedilatildeo entre pais e professores procurando resolver as

dificuldades que com frequecircncia os pais apresentam como obstaacuteculos ao contacto mais regular

com os professores

b) analisar a eficaacutecia das recomendaccedilotildees dadas procurando as razotildees que possam estar na origem

de situaccedilotildees de menor eficaacutecia como o desfasamento entre as recomendaccedilotildees e o contexto

familiar e cultural das crianccedilas ou recomendaccedilotildees muito teacutecnicas ou paternalistas Todas estas

situaccedilotildees podem provocar resistecircncias nas famiacutelias agrave adesatildeo agraves praacuteticas desejaacuteveis relativamente

ao programa de sauacutede oral Esta temaacutetica da Educaccedilatildeo para a Sauacutede e as praacuteticas

comportamentais eacute muito complexa mas fundamental para se conseguirem resultados ao niacutevel

dos comportamentos

III - Outra componente a analisar satildeo os aspectos sociais dos consumos alimentares que possam

estar relacionados com situaccedilotildees locais como campanhas publicitaacuterias ou de promoccedilatildeo de

determinados alimentos potencialmente cariogeacutenicos nos estabelecimentos da zona Oferta pouco

adequada de alimentos na cantina da escola com existecircncia preponderante de alimentos e bebidas

accedilucaradas A confecccedilatildeo das refeiccedilotildees no refeitoacuterio com pouca oferta de fruta legumes e vegetais e

preponderacircncia de sobremesas doces

Segundo o Modelo Precede de Green existem 3 etapas a contemplar num diagnoacutestico de situaccedilatildeo

middot diagnoacutestico epidemioloacutegico necessaacuterio para a identificaccedilatildeo dos problemas de sauacutede sobre os

quais se vai actuar como sejam os iacutendices de caacuterie fluorose dentaacuteria e outros

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 3

middot diagnoacutestico social que corresponde agrave identificaccedilatildeo das situaccedilotildees sociais existentes na comunidade

onde se desenvolve a actividade que podem contribuir para os problemas de sauacutede oral detectados

ou que se pretende prevenir

middot diagnoacutestico comportamental para identificaccedilatildeo dos vaacuterios padrotildees comportamentais que possam

estar relacionados com os problemas de sauacutede oral inventariados

A este diagnoacutestico de problemas eacute importante associar-se a identificaccedilatildeo de necessidades da

populaccedilatildeo-alvo da acccedilatildeo

Apesar da prevalecircncia das doenccedilas orais e da necessidade deste Programa Nacional em algumas

comunidades poderatildeo existir vaacuterios outros problemas de sauacutede mais graves ou mais prevalentes e

neste caso importa fazer uma avaliaccedilatildeo dos recursos e das possibilidades de eficaacutecia dando prioridade

aos grupos e agraves situaccedilotildees mais graves e de maior amplitude Outro factor a ter em conta na decisatildeo

relaciona-se com a capacidade de alterar as causas comportamentais ou factores de risco pelo

programa educacional

Apoacutes a avaliaccedilatildeo das necessidades deveratildeo ser estabelecidas as prioridades tendo em conta os

problemas de sauacutede identificados a capacidade de alteraccedilatildeo dos factores de risco comportamentais e

outros Eacute muito importante associar-se agrave definiccedilatildeo de prioridades de actuaccedilatildeo a caracterizaccedilatildeo dos sub-

grupos existentes e as diferentes estrateacutegias apropriadas a cada uma dessas populaccedilotildees alvo

22 Segunda vertente ndash os teacutecnicos de educaccedilatildeo

Todos os parceiros satildeo importantes para o desenvolvimento dos programas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede

mas no caso especiacutefico da sauacutede oral os teacutecnicos de Educaccedilatildeo satildeo fundamentais Eacute por esta razatildeo

tarefa prioritaacuteria sensibilizaacute-los e englobaacute-los no desenho dos programas desde o iniacutecio

Sabemos atraveacutes das nossas praacuteticas anteriores que nem sempre os teacutecnicos de educaccedilatildeo aderem a

algumas das actividades dos programas de sauacutede oral propostas pelos teacutecnicos de sauacutede utilizando

para isso os mais diversos argumentos A explicitaccedilatildeo dos uacuteltimos consensos cientiacuteficos nesta aacuterea

com disponibilizaccedilatildeo de bibliografia pode ser facilitador da adesatildeo ao programa

Uma das actividades centrais deste programa seraacute trabalhar em conjunto com os teacutecnicos de educaccedilatildeo

nomeadamente docentes das escolas baacutesicas e secundaacuterias e educadores de infacircncia sobre as

potencialidades do programa e os ganhos em sauacutede que a meacutedio e longo prazo este pode provocar na

populaccedilatildeo portuguesa

Outra tarefa importante eacute a reflexatildeo em conjunto sobre as dificuldades diagnosticadas em cada escola

para concretizar as actividades do programa na tentativa de encontrar soluccedilotildees seja atraveacutes da

resoluccedilatildeo dos obstaacuteculos seja encontrando alternativas Poderaacute acontecer natildeo ser possiacutevel executar

todas as tarefas incluiacutedas no programa Nesses casos importa decidir quais as actividades que poderatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 4

ser levadas agrave praacutetica com ecircxito Seraacute preferiacutevel concretizar algumas tarefas que nenhumas assim

como seraacute melhor realizar bem poucas tarefas do que muitas ou todas de forma deficiente

Frequentemente existe um diferencial de conhecimentos sobre estas aacutereas entre os teacutecnicos de

educaccedilatildeo e os de sauacutede Para evitar problemas eacute imperioso que os teacutecnicos de educaccedilatildeo sejam

parceiros em igualdade de circunstacircncia e natildeo sintam que tecircm um papel secundaacuterio no projecto ou

meros executores de tarefas

A eventual deacutecalage de conhecimentos sobre sauacutede oral pode ser compensado utilizando estrateacutegias de

trabalho em equipa natildeo assumindo os teacutecnicos de sauacutede papel de liacutederes do processo nem de

detentores da informaccedilatildeo cientiacutefica As teacutecnicas de trabalho em equipa devem implicam a partilha de

tarefas e lideranccedila natildeo assumindo o programa uma dimensatildeo vertical e impositiva por parte da sauacutede

As mensagens chave do programa seratildeo discutidas por todos os intervenientes Eacute muito importante que

sejam claras nos conteuacutedos e assumidas por toda a equipa em todas as situaccedilotildees de modo a tornar as

intervenccedilotildees coerentes com os objectivos do programa

Como cada comunidade e cada escola tecircm caracteriacutesticas proacuteprias o programa as actividades e o

trabalho interdisciplinar em equipa seratildeo adequados agraves condiccedilotildees objectivas e subjectivas de todos os

intervenientes o que pode tornar necessaacuterio fazer adaptaccedilotildees agrave aplicaccedilatildeo do mesmo O mesmo se

passa em relaccedilatildeo agraves mensagens que necessitam ser adaptadas a cada situaccedilatildeo e a cada contexto

Em relaccedilatildeo agrave Educaccedilatildeo para a Sauacutede a procura de soluccedilotildees para as situaccedilotildees decorrentes da

implementaccedilatildeo do programa como a sensibilizaccedilatildeo dos parceiros e a eliminaccedilatildeo de obstaacuteculos satildeo

uma das tarefas centrais dos programas e natildeo devem ser subestimadas pelos teacutecnicos de sauacutede pois

delas depende muita da eficaacutecia do projecto

A educaccedilatildeo alimentar eacute uma das vertentes centrais do programa pelo que eacute necessaacuterio sensibilizar os

professores para aspectos da vida escolar que podem afectar a sauacutede oral dos alunos como as ementas

escolares existentes no refeitoacuterio e o tipo de alimentos disponibilizado no bar

221 Componente praacutetica

Uma primeira tarefa do programa na escola seraacute a sensibilizaccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo para a

importacircncia do mesmo A explicitaccedilatildeo teoacuterica resumida dos pressupostos cientiacuteficos que legitimam a

alteraccedilatildeo do programa eacute um instrumento facilitador

Fundamental explicar as razotildees que tornam a escovagem como um actividade central do programa e

os inconvenientes de se darem suplementos de fluacuteor de forma generalizada Seremos especialmente

eficazes se nos disponibilizarmos para responder agraves questotildees e duacutevidas que os professores possam ter

Esta eacute com certeza tambeacutem uma maneira de aprofundarmos o diagnoacutestico da situaccedilatildeo e de podermos

contribuir para remover os obstaacuteculos detectados

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 5

Uma segunda tarefa consistiraacute em operacionalizar o programa com os professores de modo a construi-

lo conjuntamente As diversas tarefas devem ser planeadas e avaliadas continuamente para se fazerem

as alteraccedilotildees consideradas necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar do programa

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo e a escovagem

O Programa Nacional de Sauacutede Oral propotildee algumas alteraccedilotildees que podemos considerar profundas e

de ruptura em relaccedilatildeo ao programa anterior como sejam a aplicaccedilatildeo restrita dos suplementos

sisteacutemicos de fluoretos e a escovagem duas vezes ao dia com um dentiacutefrico fluoretado como principal

medida para uma boa sauacutede oral Estas directrizes derivam do consenso dos peritos de Sauacutede Oral

reunidos na task force coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

Eacute faacutecil de compreender que organizar a escovagem dos dentes dos alunos eacute mais trabalhoso que dar-

lhes um comprimido de fluacuteor ou ateacute do que fazer o bochecho com uma soluccedilatildeo fluoretada Para sermos

bem sucedidos seraacute fundamental actuar de forma cautelosa respeitando as caracteriacutesticas das pessoas e

os contextos em presenccedila

Como sabemos eacute difiacutecil quebrar rotinas e o programa vai implicar mais trabalho para os professores e

disponibilizaccedilatildeo de tempo para os pais e professores A adopccedilatildeo pelos Jardins de infacircncia e Escolas da

escovagem dos dentes dos alunos pelo menos uma vez dia como factor central do programa vai

possivelmente encontrar algumas resistecircncias por parte dos educadores de infacircncia e professores que

importa ir resolvendo de forma progressiva e de acordo com as dificuldades reais encontradas Estas

dificuldades podem estar relacionadas com a deficiecircncia de instalaccedilotildees ou outras mas estaraacute com

frequecircncia tambeacutem muito relacionada com aspectos psicossociais de resistecircncia agrave mudanccedila de rotinas

instaladas e com vaacuterios anos

Uma das estrateacutegias primordiais para este programa ser bem sucedido passa pela resoluccedilatildeo dos

obstaacuteculos referidos pelos teacutecnicos de educaccedilatildeo relativamente agrave escovagem nomeadamente

a possibilidade de as crianccedilas usarem as escovas de colegas podendo haver transmissatildeo de doenccedilas

como a hepatite ou outras

a ausecircncia de um local apropriado para a escovagem

a confusatildeo que a escovagem iraacute causar com eventuais situaccedilotildees de indisciplina

a dificuldade de vigiar todos os alunos durante a escovagem com a consequente possibilidade de

alguns especialmente se mais novos poderem engolir dentiacutefrico

existirem alguns alunos que devido a carecircncias econoacutemicas ou desconhecimento dos pais tecircm

escovas jaacute muito deterioradas podendo ser alvo de troccedila e humilhaccedilatildeo por parte dos colegas ou

sentindo-se os professores na necessidade de fazerem algo mas natildeo terem possibilidade de

substituiacuterem as escovas

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 6

Estes e outros argumentos poderatildeo ser reais ou apenas formas de encontrar justificaccedilotildees para natildeo

alterar rotinas no entanto eacute fundamental analisar cada situaccedilatildeo e encontrar a forma adequada de actuar

o que implica procurar em conjunto a resoluccedilatildeo do problema natildeo desvalorizando a perspectiva do

teacutecnico de educaccedilatildeo mesmo que do ponto de vista da sauacutede nos pareccedila oacutebvia a resistecircncia agrave mudanccedila e

a sua soluccedilatildeo

Se natildeo conseguirmos sensibilizar os profissionais de educaccedilatildeo para a importacircncia da escovagem e nos

limitarmos a contra-argumentar com os nossos dados e a nossa cientificidade facilmente iratildeo

encontrar outros argumentos Eacute preciso compreender que o que estaacute em causa natildeo satildeo as dificuldades

objectivas mas outro tipo de razotildees mais ou menos subjectivas relacionadas com as condiccedilotildees locais

e de contexto como por exemplo o facto de alguns professores considerarem que natildeo eacute da sua

competecircncia promover a escovagem dos dentes dos seus alunos A interacccedilatildeo pais-professores eacute

constante e pode potenciar grandemente o programa

23 Terceira vertente ndash os pais

Os pais satildeo tambeacutem intervenientes fundamentais nos programas de sauacutede oral e eacute fundamental que

sejam englobados na equipa de projecto enquanto parceiros activos na programaccedilatildeo de actividades de

modo a poder resolver-se eventuais resistecircncias que inclusive podem ser desconhecidas dos teacutecnicos e

serem devidas a idiossincracias micro-culturais Todas as estrateacutegias que sensibilizem os pais para as

medidas que se preconizam satildeo importantes Eacute fundamental que o programa seja ldquocontinuadordquo e

reforccedilado em casa e natildeo pelo contraacuterio descredibilizado pelas praacuteticas domeacutesticas

Em relaccedilatildeo aos pais os factores emocionais satildeo centrais na sua relaccedilatildeo com os filhos e com as escolhas

comportamentais quotidianas Transmitir informaccedilatildeo de forma essencialmente cognitiva por exemplo

laquonatildeo decirc lsquoBolosrsquo aos seus filhos porque satildeo alimentos que podem contribuir para o aparecimento de

caacuterie nos dentes e provocar obesidaderaquo tem muitas possibilidades de provocar efeitos perversos

negativos como seja a culpabilizaccedilatildeo dos pais e a resistecircncia agrave mudanccedila de comportamentos

Com frequecircncia os doces satildeo uma forma de dar afecto ou premiar os filhos ou ateacute servir como

substituto da impossibilidade dos pais estarem mais tempo com os filhos situaccedilatildeo que natildeo eacute com

frequecircncia consciente para os pais Os padrotildees comportamentais dos pais obedecem a inuacutemeras

componentes e soacute actuando sobre cada uma delas se conseguem resultados nas mudanccedilas de

comportamentos

Fornecer apenas informaccedilatildeo pode natildeo soacute natildeo provocar alteraccedilotildees comportamentais como criar ou

aumentar as resistecircncias agrave mudanccedila Eacute preciso adequar a informaccedilatildeo agraves diversas situaccedilotildees

caracterizando-as primeiro valorizando as componentes emocionais relacionais e contextuais dos

comportamentos natildeo culpabilizando os pais (porque isso provoca resistecircncias agrave mudanccedila natildeo soacute em

relaccedilatildeo a este programa mas a futuras intervenccedilotildees) e encontrando formas alternativas de resolver estas

situaccedilotildees utilizando soluccedilotildees que provoquem emoccedilotildees positivas em todos os intervenientes E dessa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 7

forma eacute possiacutevel ser-se eficaz respeitando os universos relacionais das famiacutelias e evitando efeitos

comportamentais paradoxais ou seja por reacccedilatildeo agrave informaccedilatildeo que os culpabiliza os pais

dessensibilizam das nossas indicaccedilotildees agravando e aumentando as praacuteticas que se desaconselham

Eacute esta uma das razotildees porque eacute tatildeo difiacutecil atingir os grupos populacionais que exactamente mais

precisavam de ser abrangido pelos programas de prevenccedilatildeo da doenccedila e promoccedilatildeo da sauacutede

Para aleacutem de se conhecerem as praacuteticas alimentares e de higiene oral que as crianccedilas e adolescentes

tecircm em casa eacute importante caracterizar as razotildees desses procedimentos Referimo-nos aos aspectos

individuais familiares culturais e contextuais Se queremos actuar sobre comportamentos eacute

fundamental conhecer as atitudes crenccedilas preconceitos estereoacutetipos e representaccedilotildees sociais que se

relacionam com as praacuteticas das famiacutelias as quais variam de famiacutelia para famiacutelia

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo podem ser colaboradores preciosos para esta caracterizaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo aos pais podemos resumir os aspectos a valorizar

Inclui-los nos diversos passos do programa

sensibiliza-los para a importacircncia da sauacutede oral respeitando os seus universos familiares e

culturais

dar suporte continuado agrave mudanccedila de comportamentos e de todos os factores que lhe estatildeo

associados

24 Quarta vertente ndash as crianccedilas

As crianccedilas e os adolescentes satildeo o principal puacuteblico-alvo do programa de sauacutede oral Sensibilizaacute-los

para as praacuteticas alimentares e de higiene oral que os peritos consideram actualmente adequadas eacute o

nosso objectivo

Como jaacute foi referido anteriormente eacute necessaacuterio ser cuidadoso na forma de comunicar com as crianccedilas

e adolescentes natildeo criticando directa ou indirectamente os conhecimentos e as praacuteticas aconselhadas

ou consentidas por pais e professores com quem eles convivem directamente e que satildeo dos principais

influenciadores dos seus comportamentos satildeo os seus modelos e constituem o seu universo de afectos

Criar clivagem na relaccedilatildeo cognitiva afectiva e emocional entre pais ou professores e crianccedilas e

adolescentes eacute algo que devemos ter sempre presente e evitar

As estrateacutegias de trabalho com as crianccedilas deveratildeo ser adaptadas agrave sua maturidade psico-cognitiva e

contexto socio-cultural Para que as actividades sejam luacutedicas e criativas adequadas agraves idades e outras

caracteriacutesticas das crianccedilas e adolescentes a contribuiccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo eacute com certeza

fundamental

Eacute muito importante ter em conta alguns aspectos educativos relativamente agrave mudanccedila de

comportamentos A participaccedilatildeo activa das crianccedilas na formulaccedilatildeo dessas actividades torna mais

eficazes os efeitos pretendidos

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 8

Pela dificuldade em mudar comportamentos principalmente de forma estaacutevel eacute aconselhaacutevel adequar

os objectivos agraves realidades Seraacute preferiacutevel actuar sobre um ou dois comportamentos sobre os quais a

caracterizaccedilatildeo inicial nos permitiu depreender que seraacute possiacutevel obtermos resultados positivos em vez

de tentar actuar sobre todos os comportamentos que desejariacuteamos alterar natildeo conseguindo alterar

nenhum deles Naturalmente estas escolhas seratildeo feitas cientificamente segundo o que a Educaccedilatildeo para

a Sauacutede preconiza nas vertentes relacionadas com as ciecircncias comportamentais (sociais e humanas)

Outro aspecto fundamental eacute a continuidade na acccedilatildeo A eficaacutecia seraacute tanto maior quanto mais

continuadas forem as actividades dando suporte agrave mudanccedila comportamental e reforccedilo agrave sua

manutenccedilatildeo A continuidade da acccedilatildeo permite conhecer melhor as situaccedilotildees os obstaacuteculos e as formas

de os remover pois cada caso eacute um caso e generalizar diminui grandemente a eficaacutecia

Deve ser dada uma atenccedilatildeo especial agraves crianccedilas com Necessidades de Sauacutede Especiais desfavorecidas

socialmente (porque vivem em bairros degradados com poucos recursos econoacutemicos pertencem a

minorias eacutetnicas ou satildeo emigrantes) ou que natildeo frequentam a escola utilizando estrateacutegias especificas

adequadas agraves suas dificuldades

25 Quinta vertente ndash a comunidade

Para os programas de Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutede a componente comunitaacuteria eacute fundamental A

participaccedilatildeo e contribuiccedilatildeo dos vaacuterios sectores da comunidade podem ser potenciadores do trabalho a

desenvolver

Dependendo das situaccedilotildees locais a Autarquia as IPSS e as ONGrsquos entre outras podem ser parceiros

de enorme valia para o desenvolvimento do programa Para isso temos que sensibilizar os liacutederes

locais para a importacircncia da sauacutede oral e do programa que se pretende incrementar explicitando como

com pequenos custos podemos obter ganhos em sauacutede a meacutedio e longo prazo

As instituiccedilotildees que organizam actividades para crianccedilas e adolescentes como os ATLrsquos associaccedilotildees

culturais desportivas e religiosas podem ser excelentes parceiros para o desenvolvimento das

actividades dependendo das caracteriacutesticas da comunidade onde se aplica o programa Os grupos de

teatro satildeo tambeacutem um excelente recurso para integrarem as actividades com as crianccedilas e os

adolescentes

26 Sexta vertente ndash os meios de comunicaccedilatildeo social

Os meios de comunicaccedilatildeo social locais e regionais se forem utilizados apropriadamente podem ser

parceiros potenciadores das actividades que se pretendem desenvolver

Mas com frequecircncia os teacutecnicos de sauacutede encontram dificuldades na relaccedilatildeo com os profissionais da

comunicaccedilatildeo social considerando que estes natildeo satildeo sensiacuteveis agraves nossas preocupaccedilotildees com a prevenccedilatildeo

da doenccedila e da promoccedilatildeo da sauacutede

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 9

Os media tecircm uma linguagem e podemos dizer uma filosofia proacuteprias que com frequecircncia natildeo satildeo

coincidentes com as nossas eacute por essa razatildeo necessaacuterio que os teacutecnicos de sauacutede se adaptem e se

possiacutevel se aperfeiccediloem na linguagem dos meacutedia Se natildeo utilizarmos adequadamente os meios de

comunicaccedilatildeo social estes podem ter um efeito contraproducente diminuindo a eficaacutecia do programa de

sauacutede oral

Algumas das dificuldades encontradas quando trabalhamos com os media especialmente as raacutedios e as

televisotildees satildeo as seguintes

na maior parte dos casos natildeo se pode transmitir muita informaccedilatildeo mesmo que seja um programa

de raacutedio de 1 ou 2 horas iria ficar muito monoacutetono e pouco atraente assim como se tornaria

confuso para os ouvintes e pouco eficaz porque com frequecircncia as pessoas desenvolvem outras

actividades enquanto ouvem raacutedio

eacute aconselhaacutevel transmitir apenas o que eacute realmente importante e faze-lo de forma muito clara

mantendo a consistecircncia sobre a hierarquia das informaccedilotildees nas diversas intervenccedilotildees ou seja que

todas os intervenientes no programa e em todas as situaccedilotildees em que intervecircm tenham um discurso

coerente e natildeo contraditoacuterio

evitar informaccedilotildees riacutegidas que culpabilizem as pessoas e natildeo respeitem os seus contextos micro-

culturais Eacute preferiacutevel suscitar alguma mudanccedila comportamental de forma progressiva que

nenhuma

com frequecircncia utilizamos o leacutexico meacutedico sem nos apercebermos que muitos cidadatildeos natildeo

conhecem termos que nos parecem simples como obesidade ou colesterol atribuindo-lhes outros

significados (portanto desconhecem que natildeo conhecem o verdadeiro significado)

se possiacutevel testar com pessoas de diversas idades e estratos socio-culturais que sejam leigas em

relaccedilatildeo a estas temaacuteticas aquilo que se preparou para a intervenccedilatildeo nos meios de comunicaccedilatildeo

social e alterar se necessaacuterio de acordo com as indicaccedilotildees que essas pessoas nos fornecerem

27 Seacutetima vertente ndash a avaliaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo deve ter iniacutecio na fase de planeamento e acompanhar todo o projecto de modo a introduzir

as alteraccedilotildees necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar das actividades

Devem fazer parte da equipa de avaliaccedilatildeo os diversos parceiros do projecto assim como pessoas

externas ao projecto e estas quando possiacutevel com formaccedilatildeo em educaccedilatildeo para a sauacutede nas aacutereas

teacutecnicas comportamentais de planeamento e avaliaccedilatildeo qualitativa e quantitativa

Satildeo fundamentais avaliaccedilotildees qualitativas e quantitativas das actividades a desenvolver e se possiacutevel

com anaacutelises comparativas ao desenrolar do projecto noutras zonas do paiacutes

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 10

3 T eacute c n i c a s d e H i g i e n e O r a l

3 1 Escovagem dos den tes ndash A escova A escovagem dos dentes deve ser efectuada com uma escova de tamanho adequado agrave boca de quem a

utiliza Habitualmente as embalagens referem as idades a que se destinam Os filamentos devem ser

de nylon com extremidades arredondadas e textura macia que quando comeccedilam a ficar deformados

obrigam agrave substituiccedilatildeo da escova Normalmente a escova quando utilizada 2 vezes por dia dura cerca

de 3-4 meses

Existem escovas manuais e eleacutectricas as quais requerem os mesmos cuidados As escovas eleacutectricas

facilitam a higiene oral das pessoas que tenham pouca destreza manual

3 2 Escovagem dos den tes ndash O den t iacute f r i co O dentiacutefrico a utilizar deve conter fluoreto numa dosagem de cerca de 1000-1500 ppm A quantidade a

utilizar em cada uma das escovagens deve ser semelhante (ou inferior) ao tamanho da unha do 5ordm dedo

(dedo mindinho) da matildeo da crianccedila

Os dentiacutefricos com sabores muito atractivos natildeo se recomendam porque podem levar as crianccedilas a

engoli-lo deliberadamente Ateacute aos 6 anos aproximadamente o dentiacutefrico deve ser colocado na escova

por um adulto Apoacutes a escovagem dos dentes eacute apenas necessaacuterio cuspir o excesso de dentiacutefrico

podendo no entanto bochechar-se com um pouco de aacutegua

33 Escovagem dos dentes no Jardim-de-infacircncia e na Escola identificaccedilatildeo e arrumaccedilatildeo das escovas e copos

Hoje em dia haacute escovas de dentes que tecircm uma tampa ou estojo com orifiacutecios que a protege Caso se

opte pela utilizaccedilatildeo destas escovas natildeo eacute necessaacuterio que fiquem na escola Os alunos poderatildeo colocaacute-

la dentro da mochila juntamente com o tubo do dentiacutefrico e transportaacute-los diariamente para a escola

O conceito de intransmissibilidade da escova de dentes deve ser reforccedilado junto das crianccedilas Se as

escovas ficarem na escola eacute essencial que estejam identificadas bastando para tal escrever no cabo da

escova o nome da crianccedila com uma caneta de tinta resistente agrave aacutegua Tambeacutem se devem identificar os

dentiacutefricos Cada aluno deveraacute ter o seu proacuteprio dentiacutefrico e os copos caso natildeo sejam descartaacuteveis

As escovas guardam-se num local seco e arejado de modo a que os pelos fiquem virados para cima e

natildeo contactem umas com as outras Cada escova pode ser colocada dentro do copo num suporte

acriacutelico ou outro material resistente agrave aacutegua em local seco e arejado

Dentiacutefricos e escovas devem estar fora do alcance das crianccedilas para evitar a troca ou ingestatildeo

acidental de dentiacutefrico Caso haja a possibilidade de utilizar copos descartaacuteveis (de cafeacute) o processo eacute

bastante simplificado (os copos de cafeacute podem ser substituiacutedos por copos de iogurte) Os produtos de

higiene oral podem ser adquiridos com a colaboraccedilatildeo da Autarquia do Centro de Sauacutede dos pais ou

ateacute de alguma empresa Se a escola tiver refeitoacuterio pode tambeacutem ser viaacutevel utilizar os copos do

refeitoacuterio

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34 Escovagem dos den tes ndash Organ izaccedilatildeo da ac t i v idade

A escovagem dos dentes deve ser feita diariamente no jardim-de-infacircncia e na escola apoacutes o almoccedilo agrave

entrada na sala de aula ou apoacutes o intervalo As crianccedilas poderatildeo escovar os dentes na casa de banho no

refeitoacuterio ou na proacutepria sala de aula O processo eacute simples natildeo exigindo muitas condiccedilotildees fiacutesicas das

escolas que satildeo frequentemente utilizadas para justificar a recusa desta actividade

Caso a escola tenha lavatoacuterios suficientes esta actividade pode ser feita na casa de banho Eacute necessaacuterio

definir a hora em que cada uma das salas vai utilizar esse espaccedilo Na casa de banho deveratildeo estar

apenas as crianccedilas que estatildeo a escovar os dentes Os outros esperam a sua vez em fila agrave porta Eacute

essencial que esteja algueacutem (auxiliar professoreducador ou voluntaacuterio) a vigiar para manter a ordem

organizar o processo e corrigir a teacutecnica da escovagem No final da escovagem cada crianccedila lava a

escova e o copo (se natildeo for descartaacutevel) e arruma no local destinado a esse efeito

Quando o espaccedilo fiacutesico natildeo permite que a escovagem seja feita na casa de banho esta actividade pode

ser feita na proacutepria sala de aula Nesta situaccedilatildeo se for possiacutevel utilizar copos descartaacuteveis ou copos de

iogurte facilita o processo e torna-o menos moroso Os alunos mantecircm-se sentados nas suas cadeiras

Retiram da sua mochila o estojo com a escova e o dentiacutefrico Um dos alunos distribui os copos e os

guardanapos (ou toalhetes de papel ou papel higieacutenico) Os alunos escovam os dentes todos ao mesmo

tempo podendo ateacute fazecirc-lo com muacutesica O professor deve ir corrigindo a teacutecnica de escovagem Apoacutes

a escovagem as crianccedilas cospem o excesso de dentiacutefrico para o copo limpam a boca tiram o excesso

de dentiacutefrico e saliva da escova com o papel ou o guardanapo e por fim colocam-no dentro do copo

Tapam a escova e arrumam-na em estojo proacuteprio ou na mochila juntamente com o dentiacutefrico No final

um dos alunos vai buscar um saco de lixo passa por todas as carteiras para que cada uma coloque o

seu copo no lixo Caso alguma das crianccedilas natildeo tolere o restos de dentiacutefrico na cavidade oral pode

colocar-se uma pequena porccedilatildeo de aacutegua no copo e no fim da escovagem bochecha e cospe para o

copo Os pais dos alunos devem ser instruiacutedos para se certificarem que em casa a crianccedila lava a sua

escova com aacutegua corrente e volta a colocaacute-la na mochila No sentido de facilitar o procedimento

recomenda-se que os copos sejam descartaacuteveis e as escovas tenham tampa

35 Escovagem dos den tes - A teacutecn ica A escovagem dos dentes para ser eficaz ou seja para remover a placa bacteriana necessita ser feita

com rigor e demora 2 a 3 minutos Quando se utiliza uma escova manual a escovagem faz-se da

seguinte forma

inclinar a escova em direcccedilatildeo agrave gengiva (cerca de 45ordm) e fazer pequenos movimentos vibratoacuterios

horizontais ou circulares de modo a que os pelos da escova limpem o sulco gengival (espaccedilo que

fica entre o dente e a gengiva)

se for difiacutecil manter esta posiccedilatildeo colocar os pecirclos da escova perpendicularmente agrave gengiva e agrave

superfiacutecie do dente

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 12

escovar 2 dentes de cada vez (os correspondentes ao tamanho da cabeccedila da escova) fazendo

aproximadamente 10 movimentos (ou 5 caso sejam crianccedilas ateacute aos 6 anos) nas superfiacutecies

dentaacuterias abarcadas pela escova

comeccedilar a escovagem pela superfiacutecie externa (do lado da bochecha) do dente mais posterior de um

dos maxilares e continuar a escovar ateacute atingir o uacuteltimo dente da extremidade oposta desse

maxilar

com a mesma sequecircncia escovar as superfiacutecies dentaacuterias do lado da liacutengua

proceder do mesmo modo para fazer a escovagem dos dentes do outro maxilar

escovar as superfiacutecies mastigatoacuterias dos dentes com movimentos de vaiveacutem

por fim pode escovar-se a liacutengua

Quando se utiliza uma escova de dentes eleacutectrica segue-se a mesma sequecircncia de escovagem O

movimento da escova eacute feito automaticamente natildeo deve ser feita pressatildeo ou movimentos adicionais

sobre os dentes A escova desloca-se ao longo da arcada escovando um soacute dente de cada vez A

escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluacuteor deve ser feita duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente agrave noite antes de deitar

3 6 Uso do f io den taacute r io A partir do momento em que haacute destreza manual (a partir dos 8 anos) eacute indispensaacutevel o uso do fio ou

fita dentaacuteria que se utiliza da seguinte forma

retirar cerca de 40 cm de fio (ou fita) do porta fio

enrolar a quase totalidade do fio no dedo meacutedio de uma matildeo e uma pequena porccedilatildeo no dedo meacutedio

da outra matildeo deixando entre os dois dedos uma porccedilatildeo de fio com aproximadamente 25 cm

Quando as crianccedilas satildeo mais pequenas pode retirar-se uma porccedilatildeo mais pequena de fio cerca de

30 cm dar um noacute juntando as 2 pontas formando um ciacuterculo com o fio natildeo havendo necessidade

de o enrolar nos dedos Eacute importante utilizar sempre fio limpo em cada espaccedilo interdentaacuterio Os

polegares eou os indicadores ajudam a manuseaacute-lo

introduzir o fio cuidadosamente entre dois dentes e curva-lo agrave volta do dente que se quer limpar

fazendo com que tome a forma de um ldquoCrdquo

executar movimentos curtos horizontais desde o ponto de contacto entre os dentes ateacute ao sulco

gengival em cada uma das faces que delimitam o espaccedilo interdentaacuterio

repetir este procedimento ateacute que todos os espaccedilos interdentaacuterios de todos os dentes estejam

devidamente limpos

O fio dentaacuterio deve ser utilizado uma vez por dia de preferecircncia agrave noite antes de deitar Na escola os

alunos poderatildeo a aprender a utilizar este meio de remoccedilatildeo de placa bacteriana interdentaacuterio sendo

importante envolver os pais no sentido de lhes pedir colaboraccedilatildeo e permitir que as crianccedilas o utilizem

em casa

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3 7 Reve lador de p laca bac te r i ana O uso de reveladores de placa bacteriana (em soluto ou em comprimidos mastigaacuteveis) permitem

avaliar a higiene oral e consequentemente melhorar as teacutecnicas de escovagem e de utilizaccedilatildeo do fio

dentaacuterio

A partir dos 6 anos de idade estes produtos podem ser usados para que as crianccedilas visualizem a placa

e mais facilmente compreendam que os seus dentes necessitam de ser cuidadosamente limpos

A eritrosina que tem a propriedade de corar de vermelho a placa bacteriana eacute um dos exemplos de

corantes que se podem utilizar Utiliza-se da seguinte forma

colocar 1 a 2 gotas por baixo da liacutengua ou mastigar um comprimido sem engolir

passar a liacutengua por todas as superfiacutecies dentaacuterias

bochechar com aacutegua

A placa bacteriana corada eacute facilmente removida atraveacutes da escovagem dos dentes e do fio dentaacuterio

Nota Para evitar que os laacutebios fiquem corados de vermelho antes de colocar o corante pode passar

batom creme gordo ou vaselina nos laacutebios

3 8 Bochecho f luore tado A partir dos 6 anos pode ser feito o bochecho quinzenal com fluoreto de soacutedio a 02 na escola da

seguinte forma

agitar a soluccedilatildeo e deitar 10 ml em cada copo e distribui-los

indicar a cada crianccedila para colocar o antebraccedilo no rebordo da mesa

introduzir a soluccedilatildeo na boca sem engolir

repousar a testa no antebraccedilo colocando o copo debaixo da boca

bochechar vigorosamente durante 1 minuto

apoacutes este periacuteodo deve ser cuspida tendo o cuidado de natildeo a engolir

Apoacutes o bochecho a crianccedila deve permanecer 30 minutos sem comer nem beber

39 Iacutendice de placa O Iacutendice de Placa (IP) eacute utilizado para quantificar a placa bacteriana em todas as superfiacutecies dentaacuterias e

reflecte os haacutebitos de higiene oral dos indiviacuteduos avaliados

Assim enquanto que um baixo Iacutendice de Placa poderaacute significar um bom impacto das acccedilotildees de

educaccedilatildeo para a sauacutede em sauacutede oral nomeadamente das relacionadas com a higiene um iacutendice

elevado sugere o contraacuterio

Em programas comunitaacuterios geralmente eacute utilizado o Iacutendice de Placa Simplificado que eacute mais raacutepido

de determinar sendo o resultado final igualmente fiaacutevel

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 14

Para se calcular o Iacutendice de Placa Simplificado eacute necessaacuterio atribuir um valor ao tamanho da placa

bacteriana existente nos seguintes 6 dentes e superfiacutecies predeterminados Maxilar superior

1 Primeiro molar superior direito - Superfiacutecie vestibular

2 Incisivo central superior direito - Superfiacutecie vestibular

3 Primeiro molar superior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

4 Primeiro molar inferior esquerdo - Superfiacutecie lingual

5 Incisivo central inferior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

6 Primeiro molar inferior direito - Superfiacutecie lingual

Para atribuir um valor ao tamanho da placa bacteriana existente em cada uma das su

acima referidas eacute necessaacuterio utilizar o revelador de placa bacteriana para a co

facilitar a sua observaccedilatildeo e respectiva classificaccedilatildeo e registo

A cada uma das superfiacutecies dentaacuterias soacute pode ser atribuiacutedo um dos seguintes valore

Valor 0

Valor 1

Valor 2

Valor 3

rarr Se a superfiacutecie do dente natildeo estaacute corada

rarr Se 13 da superfiacutecie estaacute corado

rarr Se 23 da superfiacutecie estatildeo corados

rarr Se estaacute corada toda a superfiacutecie

Feito o registo da observaccedilatildeo individual verifica-se que o somatoacuterio do conjunto de

poderaacute variar entre 0 (zero) e 18 (dezoito)

Dividindo por 6 (seis) este somatoacuterio obteacutem-se o Iacutendice de Placa Individual

Para determinar o Iacutendice de Placa de um grupo de indiviacuteduos divide-se o som

individuais pelo nuacutemero de indiviacuteduos observados multiplicado por seis (o nuacutemer

nuacutemero de dentes seleccionados por indiviacuteduo)

Assim o Iacutendice de Placa poderaacute variar entre 0 (zero) e 3 (trecircs)

Iacutendice de Placa (IP) = Somatoacuterio da classificaccedilatildeo dada a cada dente

Nordm de indiviacuteduos observados x 6

A sauacutede oral das crianccedilas e adolescentes eacute um grave problema de sauacutede puacuteblica ma

simples como as descritas neste documento executadas pelos proacuteprios eou com

encorajadas pela escola e pelos serviccedilos de sauacutede contribuem decididamente para

oral importantes e implementaccedilatildeo efectiva do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas d

Maxilar inferior

perfiacutecies dentaacuterias

rar e dessa forma

s

valores atribuiacutedos

atoacuterio dos valores

o seis representa o

s que com medidas

ajuda da famiacutelia

ganhos em sauacutede

Sauacutede Oral

e EPSrsquorsquo 15

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

F l u o r e t o s

F u n d a m e n t a ccedil atilde o e R e c o m e n d a ccedil otilde e s d a T a s k F o r c e

Documento produzido pela Task Force constituiacuteda pelo Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr

Ricardo Jorge Direcccedilatildeo-Geral de Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura Faculdade de

Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Medicina Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria

Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa e Porto Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento Instituto Superior de

Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia

Ordem dos Meacutedicos Dentistas Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria Sociedade Portuguesa de

Pediatria e os serviccedilos da DGS Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede Divisatildeo de Sauacutede Ambiental

Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

1 F l u o r e t o s

A evidecircncia cientiacutefica tem demonstrado que as mudanccedilas observadas no padratildeo da doenccedila caacuterie

dentaacuteria ocorrem pela implementaccedilatildeo de programas preventivos e terapecircuticos de acircmbito comunitaacuterio

e por estrateacutegias de acccedilatildeo especiacuteficas dirigidas a grupos de risco com criteriosa utilizaccedilatildeo dos

fluoretos

O fluacuteor eacute o elemento mais electronegativo da tabela perioacutedica e raramente existe isolado sendo por

isso habitualmente referido como fluoreto Na natureza encontra-se sob a forma de um iatildeo (F-) em

associaccedilatildeo com o caacutelcio foacutesforo alumiacutenio e tambeacutem como parte de certos silicatos como o topaacutezio

Normalmente presente nas rochas plantas ar aacuteguas e solos este elemento faz parte da constituiccedilatildeo de

alguns materiais plaacutesticos e pode tambeacutem estar presente na constituiccedilatildeo de alguns fertilizantes

contribuindo desta forma para a sua presenccedila no solo aacutegua e alimentos No solo o conteuacutedo de

fluoretos varia entre 20 e 500 ppm contudo nas camadas mais profundas o seu niacutevel aumenta No ar a

concentraccedilatildeo normal de fluoretos oscila entre 005 e 190microgm3 1

Do fluacuteor que eacute ingerido entre 75 e 90 eacute absorvido por via digestiva sendo a mucosa bucal

responsaacutevel pela absorccedilatildeo de menos de 1 Depois de absorvido passa para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea

sob a forma ioacutenica ou de compostos orgacircnicos lipossoluacuteveis A forma ioacutenica que circula livremente e

natildeo se liga agraves proteiacutenas nem aos componentes plasmaacuteticos nem aos tecidos moles eacute a que vai estar

disponiacutevel para ser absorvida pelos tecidos duros Da quantidade total de fluacuteor presente no organismo

99 encontra-se nos tecidos calcificados Entre 10 e 25 do aporte diaacuterio de fluacuteor natildeo chega a ser

absorvido vindo a ser excretado pelas fezes O fluacuteor absorvido natildeo utilizado (cerca de 50) eacute

eliminado por via renal2

O fluacuteor tem uma grande afinidade com a apatite presente no organismo com a qual cria ligaccedilotildees

fortes que natildeo satildeo irreversiacuteveis Este facto deve-se agrave facilidade com que os radicais hidroxilos da

hidroxiapatite satildeo substituiacutedos pelos iotildees fluacuteor formando fluorapatite No entanto a apatite normal do

ser humano presente no osso e dente mesmo em condiccedilotildees ideais de presenccedila de fluacuteor nunca se

aproxima da composiccedilatildeo da fluorapatite pura

Quando o fluacuteor eacute ingerido passa pela cavidade oral daiacute resultando a deposiccedilatildeo de uma determinada

quantidade nos tecidos e liacutequidos aiacute existentes A mucosa jugal as gengivas a placa bacteriana os

dentes e a saliva vatildeo beneficiar imediatamente de um aporte directo de fluacuteor que pode permitir que a

sua disponibilidade na cavidade oral se prolongue por periacuteodos mais longos Eacute um facto que a presenccedila

de fluacuteor no meio oral independentemente da sua fonte resulta numa acccedilatildeo preventiva e terapecircutica

extremamente importante

Nota 22 mg de fluoreto de soacutedio correspondem a 1 mg de fluacuteor Quando se dilui 1 mg de fluacuteor em um litro de aacutegua pura

considera-se que essa aacutegua passou a ter 1 ppm de fluacuteor

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 2

Considera-se actualmente que os benefiacutecios dos fluoretos resultam basicamente da sua acccedilatildeo toacutepica

sobre a superfiacutecie do dente enquanto a sua acccedilatildeo sisteacutemica (preacute-eruptiva) eacute muito menos importante

A acccedilatildeo preventiva e terapecircutica dos fluoretos eacute conseguida predominantemente pela sua acccedilatildeo toacutepica

quer nas crianccedilas quer nos adultos atraveacutes de trecircs mecanismos diferentes responsaacuteveis pela

bull inibiccedilatildeo do processo de desmineralizaccedilatildeo

bull potenciaccedilatildeo do processo de remineralizaccedilatildeo

bull inibiccedilatildeo da acccedilatildeo da placa bacteriana

O uso racional dos fluoretos na profilaxia da caacuterie dentaacuteria com eficaacutecia e seguranccedila baseia-se no

conhecimento actualizado dos seus mecanismos de acccedilatildeo e da sua toxicologia

Com base na evidecircncia cientiacutefica a estrateacutegia de utilizaccedilatildeo dos fluoretos em sauacutede oral foi redefinida

tendo em conta que a sua acccedilatildeo preventiva eacute predominantemente poacutes-eruptiva e toacutepica e a sua acccedilatildeo

toacutexica com repercussotildees a niacutevel dentaacuterio eacute preacute-eruptiva e sisteacutemica

Estudos epidemioloacutegicos efectuados pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) sobre os efeitos do

fluacuteor na sauacutede humana referem que valores compreendidos entre 1 e 15 ppm natildeo representam risco

acrescido Contudo valores entre 15 e 2 ppm em climas quentes poderatildeo contribuir para a ocorrecircncia

de casos de fluorose dentaacuteria e valores entre 3 a 6 ppm para o aparecimento de fluorose oacutessea

Para a OMS a concentraccedilatildeo oacuteptima de fluoretos na aacutegua quando esta eacute sujeita a fluoretaccedilatildeo deve

estar compreendida entre 05 e 15 ppm de F dependendo este valor da temperatura meacutedia do local

que condiciona a quantidade de aacutegua ingerida nas zonas mais frias o valor maacuteximo pode estar perto

do limite superior nas zonas mais quentes o valor deve estar perto do limite inferior para uma

prevenccedilatildeo eficaz da caacuterie dentaacuteria Para que os riscos de fluorose estejam diminuiacutedos os programas de

fluoretaccedilatildeo das aacuteguas devem obedecer a criteacuterios claramente definidos

Nas regiotildees onde a aacutegua da rede puacuteblica conteacutem menos de 03 ppm (mgl) de fluoretos (situaccedilatildeo mais

frequente em Portugal Continental) a dose profilaacutectica oacuteptima considerando a soma de todas as fontes

de fluoretos eacute de 005mgkgdia3

11 Toxicidade Aguda

Uma intoxicaccedilatildeo aguda pelo fluacuteor eacute uma possibilidade extremamente rara Alguns casos tecircm sido

descritos na literatura Estudos efectuados em roedores e extrapolados para o homem adulto permitem

pensar que a dose letal miacutenima de fluacuteor seja de aproximadamente 2 gramas ou 32 a 64 mgkg de peso

corporal mas para uma crianccedila bastam 15 mgkg de peso corporal 2

A partir da ingestatildeo de doses superiores a 5mgkg de peso corporal considera-se a hipoacutetese de vir a ter

efeitos toacutexicos

As crianccedilas pequenas tecircm um risco acrescido de ingerir doses de fluoretos atraveacutes do consumo de

produtos de higiene oral A ingestatildeo acidental de um quarto de um tubo com dentiacutefrico de 125 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 3

(1500 ppm de Fluacuteor) potildee em risco a vida de uma crianccedila de um ano de idade O risco de ingestatildeo

acidental por crianccedilas eacute real e eacute adjuvado pelo tipo de embalagens destes produtos que natildeo tecircm

dispositivos de seguranccedila para a sua abertura

A toxicidade aguda pelos fluoretos poderaacute manifestar-se por queixas digestivas (dor abdominal

voacutemitos hematemeses e melenas) neuroloacutegicas (tremores convulsotildees tetania deliacuterio lentificaccedilatildeo da

voz) renais (urina turva hematuacuteria) metaboacutelicas (hipocalceacutemia hipomagnesieacutemia hipercalieacutemia)

cardiovasculares (arritmias hipotensatildeo) e respiratoacuterias (depressatildeo respiratoacuteria apneias) 4

12 Toxicidade Croacutenica

A dose total diaacuteria de fluoretos administrados por via sisteacutemica isenta de risco de toxicidade croacutenica

situa-se abaixo de 005 mgkgdia de peso A partir desses valores aumentam as manifestaccedilotildees atraveacutes

do aparecimento de hipomineralizaccedilatildeo do esmalte que se revela por fluorose dentaacuteria Com

concentraccedilotildees acima de 25 ppm na aacutegua esta manifestaccedilatildeo eacute mais evidente sendo tanto mais grave

quanto a concentraccedilatildeo de fluoretos vai aumentando O periacuteodo criacutetico para o efeito toacutexico do fluacuteor se

manifestar sobre a denticcedilatildeo permanente eacute entre o nascimento e os 7 anos de idade (ateacute aos 3 anos eacute o

periacuteodo mais criacutetico) Quando existem fluoretos ateacute 3 ppm na aacutegua aleacutem da fluorose natildeo parece

existir qualquer outro efeito toacutexico na sauacutede A partir deste valor aumenta o risco de nefrotoxicidade

Como qualquer outro medicamento os fluoretos em dose excessiva tecircm efeitos toacutexicos que

normalmente se manifestam atraveacutes de uma interferecircncia na esteacutetica dentaacuteria Essa manifestaccedilatildeo eacute a

fluorose dentaacuteria

Estudos recentes sobre suplementos de fluoretos e fluorose 5 confirmam que as comunidades sem aacutegua

fluoretada e que utilizam suplementos de fluoretos durante os primeiros 6 anos de vida apresentam

um aumento do risco de desenvolver fluorose

O principal factor de risco para o aparecimento de fluorose dentaacuteria eacute o aporte total de fluoretos

provenientes de diferentes fontes nomeadamente da alimentaccedilatildeo incluindo a aacutegua e os suplementos

alimentares dentiacutefricos e soluccedilotildees para bochechos comprimidos e gotas e ingestatildeo acidental que natildeo

satildeo faacuteceis de quantificar

A fluorose dentaacuteria aumentou nos uacuteltimos anos em comunidades com e sem aacutegua fluoretada 6

2 F l u o r e t o s n a aacute g u a

2 1 Aacute g u a d e a b a s t e c i m e n t o p uacute b l i c o

A fluoretaccedilatildeo das aacuteguas para consumo humano como meio de suprir o deacutefice de fluoretos na aacutegua eacute

uma praacutetica comum em alguns paiacuteses como o Brasil Austraacutelia Canadaacute EUA e Nova Zelacircndia

Apesar de serem tatildeo diferentes quer do ponto de vista soacutecioeconoacutemico quer geograacutefico eles detecircm

uma experiecircncia superior a 25 anos neste domiacutenio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 4

Na Europa a maior parte dos paiacuteses natildeo faz fluoretaccedilatildeo das suas aacuteguas para consumo humano agrave

excepccedilatildeo da Irlanda da Suiacuteccedila (Basileia) e de 10 da populaccedilatildeo do Reino Unido Na Alemanha eacute

proibido e nos restantes paiacuteses eacute desaconselhado

Nos paiacuteses em que se faz fluoretaccedilatildeo da aacutegua alguns estudos demonstraram natildeo ter existido um ganho

efectivo na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria No entanto outros como a Austraacutelia no Estado de Victoacuteria

onde a fluoretaccedilatildeo da aacutegua se faz regularmente observaram-se ganhos efectivos na sauacutede oral da

populaccedilatildeo com consequentes ganhos econoacutemicos

Recomendaccedilatildeo Eacute indispensaacutevel avaliar a qualidade das aacuteguas de abastecimento puacuteblico periodicamente e corrigir os

paracircmetros alterados

Na aacutegua os valores das concentraccedilotildees de fluoretos estatildeo compreendidas entre 01 a 07 ppm Contudo

em alguns casos podem apresentar valores muito mais elevados

Quando a aacutegua apresenta valores de ph superiores a 8 e o iatildeo soacutedio e os carbonatos satildeo dominantes os

valores de fluoretos normalmente presentes excedem 1 ppm

Nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica os fluoretos podem existir naturalmente ou resultar de um

programa de fluoretaccedilatildeo Em Portugal Continental os valores satildeo normalmente baixos e as aacuteguas natildeo

estatildeo sujeitas a fluoretaccedilatildeo artificial O teor de fluoretos deveraacute ser controlado regularmente de modo

a preservar os interesses da sauacutede puacuteblica 7

Na definiccedilatildeo de um valor guia para a aacutegua de consumo humano a OMS propotildee o valor limite de 15

ppm de Fluacuteor referindo que valores superiores podem contribuir para o aumento do risco de fluorose

A Agecircncia Americana para o Ambiente (USEPA) refere um valor maacuteximo admissiacutevel de fluoretos na

aacutegua de consumo humano de 15 ppm e recomenda que nunca se ultrapasse os 4 ppm

Em Portugal a legislaccedilatildeo actualmente em vigor sobre a qualidade da aacutegua para consumo humano

decreto-lei nordm 23698 de 1 de Agosto define dois Valores Maacuteximos Admissiacuteveis (VMA) para os

fluoretos 15 ppm (8 a 12 ordmC) e 07 ppm (25 a 30 ordmC) O decreto-lei nordm 2432001 de 5 de Setembro

que transpotildee a Directiva Comunitaacuteria nordm 9883CE de 3 de Novembro que entrou em vigor em 25 de

Dezembro de 2003 define para os fluoretos um Valor Parameacutetrico (VP) de 15 ppm

O decreto-lei nordm 24301 remete para a Entidade Gestora a verificaccedilatildeo da conformidade dos valores

parameacutetricos obrigatoacuterios aplicaacuteveis agrave aacutegua para consumo humano Sempre que um valor parameacutetrico

eacute excedido isso corresponde a uma situaccedilatildeo de incumprimento e perante esta situaccedilatildeo a entidade

gestora deve de imediato informar a autoridade de sauacutede e a entidade competente dando conta das

medidas correctoras adoptadas ou em curso para restabelecer a qualidade da aacutegua destinada a consumo

humano

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 5

Deve ter-se em atenccedilatildeo o desvio em relaccedilatildeo ao valor parameacutetrico fixado e o perigo potencial para a

sauacutede humana

Segundo o decreto-lei supra mencionado artigo 9ordm compete agraves autoridades de sauacutede a vigilacircncia

sanitaacuteria e a avaliaccedilatildeo do risco para a sauacutede puacuteblica da qualidade da aacutegua destinada ao consumo

humano Sempre que o risco exista e o incumprimento persistir a autoridade de sauacutede deve informar e

aconselhar os consumidores afectados e determinar a proibiccedilatildeo de abastecimento restringir a

utilizaccedilatildeo da aacutegua que constitua um perigo potencial para a sauacutede humana e adoptar todas as medidas

necessaacuterias para proteger a sauacutede humana

Nos Accedilores e na Madeira ou em zonas onde o teor de fluoretos na aacutegua eacute muito elevado deveraacute ser

feita uma verificaccedilatildeo da constante e a correcccedilatildeo adequada

Os principais tratamentos de desfluoretaccedilatildeo envolvem a floculaccedilatildeo da aacutegua usando sais hidratados de

alumiacutenio principalmente em condiccedilotildees alcalinas No caso de aacuteguas aacutecidas pode-se adicionar cal e

alternativamente pode-se recorrer agrave adsorccedilatildeo com carvatildeo activado ou alumina activada ( Al2O3 ) ou

por permuta ioacutenica usando resinas especiacuteficas

Recomendaccedilatildeo Ateacute aos 6-7 anos as crianccedilas natildeo devem ingerir regularmente aacutegua com teor de fluoretos superior a 07 ppm

Recomendaccedilatildeo Sempre que o valor parameacutetrico dos fluoretos na aacutegua para consumo humano exceder 15 ppm deveratildeo ser aplicadas

medidas correctoras para restabelecer a qualidade da aacutegua

2 2 Aacute g u a s m i n e r a i s n a t u r a i s e n g a r r a f a d a s

As aacuteguas minerais naturais engarrafadas deveratildeo no futuro ter rotulagem de acordo com a Directiva

Comunitaacuteria 200340CE da Comissatildeo Europeia de 16 de Maio publicada no Jornal Oficial da Uniatildeo

Europeia em 2252003 artigo 4ordm laquo1 As aacuteguas minerais naturais cuja concentraccedilatildeo em fluacuteor for

superior a 15 mgl (ppm) devem ostentar no roacutetulo a menccedilatildeo lsquoconteacutem mais de 15 mgl (ppm) de

fluacuteor natildeo eacute adequado o seu consumo regular por lactentes nem por crianccedilas com menos de 7 anosrsquo

2 No roacutetulo a menccedilatildeo prevista no nordm 1 deve figurar na proximidade imediata da denominaccedilatildeo de

venda e em caracteres claramente visiacuteveis 3

As aacuteguas minerais naturais que em aplicaccedilatildeo do nordm 1 tiverem de ostentar uma menccedilatildeo no roacutetulo

devem incluir a indicaccedilatildeo do teor real em fluacuteor a niacutevel da composiccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica em constituintes

caracteriacutesticos tal como previsto no nordm 2 aliacutenea a) do artigo 7ordm da Directiva 80777CEEraquo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 6

Para as aacuteguas de nascente cujas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas satildeo definidas pelo Decreto-lei

2432001 de 5 de Setembro em vigor desde Dezembro de 2003 os limites para o teor de fluoretos satildeo

de 15 mgl (ppm)

De acordo com o parecer do Scientific Committee on Food - Comiteacute Cientiacutefico de Alimentaccedilatildeo

Humana (expresso em Dezembro de 1996) a Comissatildeo natildeo vecirc razotildees para nos climas da Uniatildeo

Europeia (climas temperados) limitar os fluoretos nas aacuteguas de consumo humano e nas aacuteguas minerais

naturais para valores inferiores a 15mgl (ppm)

3 F l u o r e t o s n o s g eacute n e r o s a l i m e n t iacute c i o s

Entende-se por lsquogeacutenero alimentiacuteciorsquo qualquer substacircncia ou produto transformado parcialmente

transformado ou natildeo transformado destinado a ser ingerido pelo ser humano ou com razoaacuteveis

probabilidades de o ser Este termo abrange bebidas pastilhas elaacutesticas e todas as substacircncias

incluindo a aacutegua intencionalmente incorporadas nos geacuteneros alimentiacutecios durante o seu fabrico

preparaccedilatildeo ou tratamento8 9

Na alimentaccedilatildeo as estimativas de ingestatildeo de fluacuteor atraveacutes da dieta variam entre 02 e 34 mgdia

sendo estes uacuteltimos valores atingidos quando se inclui o chaacute na alimentaccedilatildeo A ingestatildeo de fluoretos

provenientes dos alimentos comuns eacute pouco significativa Apenas 13 se apresentam na forma

ionizaacutevel e portanto biodisponiacutevel

Recomendaccedilatildeo Independentemente da origem ao utilizar aacutegua informe-se sobre o seu teor em fluoretos As que tecircm um elevado teor

deste elemento natildeo satildeo adequadas para lactentes e crianccedilas com menos de 7 anos

Recomendaccedilatildeo Dar prioridade a uma dieta equilibrada e saudaacutevel com diversidade alimentar Utilizar a aacutegua da cozedura dos

alimentos para confeccionar outros alimentos (ex sopas arroz)

No iniacutecio do ano de 2003 a Comissatildeo Europeia apresentou uma nova proposta de Directiva

Comunitaacuteria relativa agrave ldquoAdiccedilatildeo aos geacuteneros alimentiacutecios de vitaminas minerais e outras substacircnciasrdquo

onde os fluoretos satildeo referidos como podendo ser adicionados a geacuteneros alimentiacutecios comuns Nesta

proposta de Directiva Comunitaacuteria eacute sugerida a inclusatildeo de determinados nutrimentos (entre eles o

fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de geacuteneros alimentiacutecios comuns Esta proposta

prevista no Livro Branco da Comissatildeo ainda estaacute numa fase inicial de discussatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 7

4 F l u o r e t o s e m s u p l e m e n t o a l i m e n t a r

Entende-se por lsquosuplementos alimentaresrsquo geacuteneros alimentiacutecios que se destinam a complementar e ou

suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas

substacircncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisioloacutegico estremes ou combinados

comercializados em forma doseada tais como caacutepsulas pastilhas comprimidos piacutelulas e outras

formas semelhantes saquetas de poacute ampola de liacutequido frascos com conta gotas e outras formas

similares de liacutequido ou poacute que se destinam a ser tomados em unidades medidas de quantidade

reduzida10

A Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002

transposta para o direito nacional pelo Decreto-lei nordm 1362003 de 28 de Junho relativa agrave aproximaccedilatildeo

das legislaccedilotildees dos Estados-Membros respeitantes aos suplementos alimentares vai permitir a inclusatildeo

de determinados nutrimentos (entre eles o fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de

suplementos alimentares11

A partir de 28 de Agosto de 2003 os fluoretos poderatildeo ser comercializados como suplemento

alimentar passando a estar disponiacutevel em farmaacutecias e superfiacutecies comerciais

As quantidades maacuteximas de vitaminas e minerais presentes nos suplementos alimentares satildeo fixadas

em funccedilatildeo da toma diaacuteria recomendada pelo fabricante tendo em conta os seguintes elementos

a) limites superiores de seguranccedila estabelecidos para as vitaminas e os minerais apoacutes uma

avaliaccedilatildeo dos riscos efectuada com base em dados cientiacuteficos geralmente aceites tendo em

conta quando for caso disso os diversos graus de sensibilidade dos diferentes grupos de

consumidores

b) quantidade de vitaminas e minerais ingerida atraveacutes de outras fontes alimentares

c) doses de referecircncia de vitaminas e minerais para a populaccedilatildeo

Recomendaccedilatildeo Nunca ultrapassar a toma indicada no roacutetulo do produto e natildeo utilizar um suplemento alimentar como substituto de um

regime alimentar variado

As quantidades maacuteximas e miacutenimas de vitaminas e minerais referidas seratildeo adoptadas pela Comissatildeo

Europeia assistida pelo Comiteacute de Regulamentaccedilatildeo

Em Portugal a Agecircncia para a Qualidade e Seguranccedila Alimentar viraacute a ter informaccedilatildeo sobre todos os

suplementos alimentares comercializados como geacuteneros alimentiacutecios e introduzidos no mercado de

acordo com o Decreto-lei nordm 1362003

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 8

A rotulagem dos suplementos alimentares natildeo poderaacute mencionar nem fazer qualquer referecircncia a

prevenccedilatildeo tratamento ou cura de doenccedilas humanas e deveraacute indicar uma advertecircncia de que os

produtos devem ser guardados fora do alcance das crianccedilas

5 F luore tos em med icamentos e p rodutos cosmeacutet icos de h ig iene corpora l

A distinccedilatildeo entre Medicamento e Produto Cosmeacutetico de Higiene Corporal contendo fluoretos depende

do seu teor no produto Os cosmeacuteticos contecircm obrigatoriamente uma concentraccedilatildeo de fluoretos inferior

a 015 (1500 ppm) (Decreto-lei 1002001 de 28 de Marccedilo I Seacuterie A) sendo que todos os dentiacutefricos

com concentraccedilotildees de fluoretos superior a 015 satildeo obrigatoriamente classificados como

medicamentos

Os medicamentos contendo fluoretos e utilizados para a profilaxia da caacuterie dentaacuteria existentes no

mercado portuguecircs satildeo de venda livre em farmaacutecia Encontram-se disponiacuteveis nas formas

farmacecircuticas de soluccedilatildeo oral (gotas orais) comprimidos dentiacutefricos gel dentaacuterio e soluccedilatildeo de

bochecho

5 1 F l u o r e t o s e m c o m p r i m i d o s e g o t a s o r a i s

A utilizaccedilatildeo de medicamentos contendo fluoretos na forma de gotas orais e comprimidos foi ateacute haacute

pouco recomendada pelos profissionais de sauacutede (pediatras meacutedicos de famiacutelia cliacutenicos gerais

meacutedicos estomatologistas meacutedicos dentistas) dos 6 meses ateacute aos 16 anos

A clarificaccedilatildeo do mecanismo de acccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria e o aumento de

aporte dos mesmos com consequentes riscos de manifestaccedilatildeo toacutexica obrigaram agrave revisatildeo da sua

administraccedilatildeo em comprimidos eou gotas A gravidade da fluorose dentaacuteria estaacute relacionada com a

dose a duraccedilatildeo e com a idade em que ocorre a exposiccedilatildeo ao fluacuteor 12 13

A ldquoCanadian Consensus Conference on the Appropriate Use of Fluoride Supplements for the

Prevention of Dental Caries in Childrenrdquo 14definiu um protocolo cuja utilizaccedilatildeo eacute recomendada a

profissionais de sauacutede em que se fundamenta a tomada de decisatildeo sobre a necessidade ou natildeo da

suplementaccedilatildeo de fluacuteor A administraccedilatildeo de comprimidos soacute eacute recomendada quando o teor de fluoretos

na aacutegua de abastecimento puacuteblico for inferior a 03 ppm e

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) natildeo escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas

vezes por dia

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas vezes

por dia mas apresenta um alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 9

Por sua vez a conclusatildeo do laquoForum on Fluoridation 2002raquo15 relativamente agrave administraccedilatildeo de

suplementos de fluoretos foi a seguinte limitar a utilizaccedilatildeo de comprimidos de fluoretos a aacutereas onde

natildeo existe aacutegua fluoretada e iniciar essa suplementaccedilatildeo apenas a crianccedilas com alto risco agrave caacuterie e a

partir dos 3 anos

Os comprimidos de fluoretos caso sejam indicados devem ser usados pelo interesse da sua acccedilatildeo

toacutepica Devem ser dissolvidos na boca em vez de imediatamente ingeridos16

A administraccedilatildeo de fluoretos sob a forma de comprimidos chupados soacute deveraacute ser efectuada em

situaccedilotildees excepcionais isto eacute em populaccedilotildees de baixos recursos econoacutemicos nas quais a escovagem

natildeo possa ser promovida e os iacutendices de caacuterie sejam elevados

Para evitar a potencial toxicidade dos fluoretos antes de qualquer prescriccedilatildeo todos os profissionais de

sauacutede devem efectuar uma avaliaccedilatildeo personalizada dos aportes diaacuterios de cada crianccedila tendo em conta

todas as fontes possiacuteveis desse elemento alimentos comuns suplementos alimentares consumo de

aacutegua da rede puacuteblica eou aacutegua engarrafada e respectivo teor de fluoretos e utilizaccedilatildeo de medicamentos

e produtos cosmeacuteticos contendo fluacuteor

Recomendaccedilatildeo A partir dos 3 anos os suplementos sisteacutemicos de fluoretos poderatildeo ser prescritos pelo meacutedico assistente ou meacutedico dentista em crianccedilas que apresentem um alto risco

agrave caacuterie dentaacuteria

5 2 F l u o r e t o s e m d e n t iacute f r i c o s

Hoje em dia a maior parte dos dentiacutefricos agrave venda no mercado contecircm fluoretos sob diferentes formas

fluoreto de soacutedio monofluorfosfato de soacutedio fluoreto de amina e outros Os mais utilizados satildeo o

fluoreto de soacutedio e o monofluorfosfato de soacutedio

Normalmente o conteuacutedo de fluoreto dos dentiacutefricos eacute de 1000 a 1100 ppm (ou 010 a 011)

podendo variar entre 500 e 1500 ppm

Durante a escovagem cerca de 34 da pasta eacute ingerida por crianccedilas de 3 anos 28 pelas de 4-5 anos

e 20 pelas de 5-7 anos

Devem ser evitados dentiacutefricos com sabor a fruta para impedir o seu consumo em excesso uma vez

que estatildeo jaacute descritos na literatura casos de fluorose resultantes do abuso de dentiacutefricos2

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluoretos duas vezes por dia tem-se revelado um

meio colectivo de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria com grande efectividade e baixo custo pelo que deve

ser considerado o meio de eleiccedilatildeo em estrateacutegias comunitaacuterias

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 10

Do ponto de vista da prevenccedilatildeo da caacuterie a aplicaccedilatildeo toacutepica de dentiacutefrico fluoretado com a escova dos

dentes deve ser executada duas vezes por dia e deve iniciar-se quando se daacute a erupccedilatildeo dos dentes Esta

rotina diaacuteria de higiene executada naturalmente com muito cuidado pelos pais deve

progressivamente ser assumida pela crianccedila ateacute aos 6-8 anos de idade Durante este periacuteodo a

escovagem deve ser sempre vigiada pelos pais ou educadores consoante as circunstacircncias para evitar

a utilizaccedilatildeo de quantidades excessivas de dentiacutefrico o qual pode da mesma forma que os

comprimidos conduzir antes dos 6 anos agrave ocorrecircncia de fluorose

As crianccedilas devem usar dentiacutefrico com teor de fluoretos entre 1000-1500 ppm de fluoreto (dentiacutefrico

de adulto) sendo a quantidade a utilizar do tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

Apoacutes a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado pode-se natildeo bochechar com aacutegua Deveraacute

apenas cuspir-se o excesso de pasta Deste modo consegue-se uma mais alta concentraccedilatildeo de fluoreto

na cavidade oral que vai actuar topicamente durante mais tempo

Os pais das crianccedilas devem receber informaccedilatildeo sobre a escovagem dentaacuteria e o uso de dentiacutefricos

fluoretados A escovagem com dentiacutefrico fluoretado deve iniciar-se imediatamente apoacutes a erupccedilatildeo dos

primeiros dentes Os dentiacutefricos fluoretados devem ser guardados em locais inacessiacuteveis agraves crianccedilas

pequenas17

5 3 F l u o r e t o s e m s o l u ccedil otilde e s d e b o c h e c h o

As soluccedilotildees para bochechos recomendadas a partir dos 6 anos de idade tecircm sido utilizadas em

programas escolares de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria em inuacutemeros paiacuteses incluindo Portugal Satildeo

recomendadas a indiviacuteduos de maior risco agrave caacuterie dentaacuteria mas a sua utilizaccedilatildeo tem vido a ser

restringida a crianccedilas que escovam eficazmente os dentes

Recomendaccedilatildeo Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Recomendaccedilatildeo A partir dos 6 anos de idade deve ser feito o bochecho quinzenalmente com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

02

As soluccedilotildees fluoretadas de uso diaacuterio habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

005 e as de uso semanal ou quinzenal habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de 02

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 11

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 12

Referecircncias

1 Diegues P Linhas de Orientaccedilatildeo associadas agrave presenccedila de fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento 2003 Documento produzido no acircmbito da task force Sauacutede Oral e Fluacuteor Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar e na Divisatildeo de Sauacutede Ambiental da DGS 2 Melo PRGR Influecircncia de diferentes meacutetodos de administraccedilatildeo de fluoretos nas variaccedilotildees de incidecircncia de caacuterie Porto Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto 2001 Tese de doutoramento 3 Agence Francaise de Seacutecuriteacute des Produits de Santeacute Mise au point sur le fluacuteor et la prevention de la carie dentaire AFSPS 31 Juillet 2002 4 Leikin JB Paloucek FP Poisoning amp Toxicology Handbook 3th edition Hudson Lexi- Comp 2002 586-7 5 Ismail AI Bandekar RR Fluoride suplements and fluorosis a meta-analysis Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 48-56 6 Steven ML An update on Fluorides and Fluorosis J Can Dent Assoc 200369(5)268-91 7 Pinto R Cristovatildeo E Vinhais T Castro MF Teor de fluoretos nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica nas sedes de concelho de Portugal Continental Revista Portuguesa de Estomatologia Medicina Dentaacuteria e Cirurgia Maxilofacial 1999 40(3)125-42 8 Regulamento 1782002 do Parlamento Europeu e do Conselho de 28 de Janeiro Jornal Oficial das Comunidades Europeias (2002021) 9 Decreto ndash lei nordm 5601999 DR I Seacuterie A 147 (991218) 10 Decreto ndash lei nordm 1362003 DR I Seacuterie A 293 (20030628) 11 Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002 Jornal Oficial das Comunidades Europeias (20020712) 12 Aoba T Fejerskov O Dental fluorosis Chemistry and Biology Crit Rev Oral Biol Med 2002 13(2) 155-70 13 DenBesten PK Biological mechanisms of dental fluorosis relevant to the use of fluoride supplements Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 41-7 14 Limeback H Introduction to the conference Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 27-30 15 Report of the Forum of fluoridation 2002Governement of Ireland 2002 wwwfluoridationforumie 16 Featherstone JDB Prevention and reversal of dental caries role of low level fluoride Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 31-40 17 Pereira A Amorim A Peres F Peres FR Caldas IM Pereira JA Pereira ML Silva MJ Caacuteries Precoces da InfacircnciaLisboa Medisa Ediccedilotildees e Divulgaccedilotildees Cientiacuteficas Lda 2001 Bibliografia

1 Almeida CM Sugestotildees para a Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2002 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e na Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa

2 Rompante P Fundamentos para a alteraccedilatildeo do Programa de Sauacutede Oral da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Documento realizado no acircmbito da Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2003 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e no Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede ndash Norte

3 Rompante P Determinaccedilatildeo da quantidade do elemento fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento puacuteblico na totalidade das sedes de concelho de Portugal Continental Porto Faculdade de Odontologia da Universidade de Barcelona 2002 Tese de Doutoramento

4 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in Children at High Caries Risk SIGN Publication 2000 47

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Page 16: Direcção-Geral da SaúdePrograma será complementado, sempre que oportuno, por orientações técnicas a emitir por esta Direcção-Geral. O Director-Geral e Alto Comissário da

Os indicadores de avaliaccedilatildeo do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral satildeo

Percentagem de crianccedilas em programa aos 3 6 12 e 15 anos

Percentagem de crianccedilas em programa no Jardim-de-infacircncia e na Escola no 1ordm

ciclo 2ordm ciclo e 3ordm ciclo

Percentagem de crianccedilas com necessidades de tratamentos dentaacuterios

encaminhadas e tratadas

Percentagem de crianccedilas de alto risco agrave caacuterie

Percentagem de crianccedilas livres de caacuterie aos 6 anos

Iacutendice cpod e CPOD aos 6 anos

Iacutendice CPOD aos 12 anos

Esta avaliaccedilatildeo anual natildeo substitui as avaliaccedilotildees quinquenais de acircmbito nacional que a

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede com as Administraccedilotildees Regionais de Sauacutede e as Secretarias

Regionais continuaratildeo a realizar

9 Disposiccedilotildees finais e transitoacuterias

Para efeito de avaliaccedilatildeo do estado dentaacuterio e de avaliaccedilatildeo do risco seratildeo elaborados

suportes de informaccedilatildeo para serem utilizados por todos os sectores intervenientes

no programa e em todos os niacuteveis de produccedilatildeo de informaccedilatildeo

Do niacutevel local ao niacutevel central a informaccedilatildeo iraacute sendo agrupada em mapas de modo

a podermos construir indicadores de niacuteveis de resultados

Os dois Textos de Apoio anexos a este programa ldquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de

Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutederdquo e ldquoFluoretos Fundamentaccedilatildeo e

recomendaccedilatildeordquo suportam as alteraccedilotildees introduzidas e apontam formas de

implementar a estrateacutegia definida no Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede

Oral

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 14

Consenso sobre a utilizaccedilatildeo de fluoretoslowast no acircmbito do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral

Generalidades

O fluacuteor tem comprovada importacircncia na reduccedilatildeo da prevalecircncia e gravidade da caacuterie A

estrateacutegia da sua utilizaccedilatildeo em sauacutede oral foi redefinida com base em novas evidecircncias

cientiacuteficas Actualmente considera-se que a sua acccedilatildeo preventiva e terapecircutica eacute toacutepica

e poacutes-eruptiva e que para se obter este efeito toacutepico o dentiacutefrico fluoretado constitui a

opccedilatildeo consensual

Os fluoretos quando administrados por via sisteacutemica podem ter efeitos toacutexicos em

particular antes dos 6 anos Embora as consequecircncias sejam essencialmente de ordem

esteacutetica eacute revista a sua administraccedilatildeo

Nas crianccedilas com idades iguais ou inferiores a 6 anos que cumprem as exigecircncias

habituais da higiene oral isto eacute escovam os dentes usando dentiacutefrico fluoretado a

concomitante administraccedilatildeo de comprimidos ou gotas aumenta o risco de fluorose

dentaacuteria

As recomendaccedilotildees da Task Force sobre a utilizaccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da

caacuterie integradas no Programa Nacional de Sauacutede Oral satildeo as seguintes

a) Eacute dada prioridade agraves aplicaccedilotildees toacutepicas sob a forma de dentiacutefricos administrados na

escovagem dos dentes Estas aplicaccedilotildees devem ser efectuadas desde a erupccedilatildeo dos

dentes e de acordo com as regras expostas na tabela anexa

b) Os comprimidos anteriormente recomendados no acircmbito do Programa de Promoccedilatildeo

da Sauacutede Oral nas Crianccedilas e nos Adolescentes (CN nordm 6DSE de 200599) soacute

seratildeo administrados apoacutes os 3 anos a crianccedilas de alto risco agrave caacuterie dentaacuteria Nesta

situaccedilatildeo os comprimidos devem ser dissolvidos na boca lentamente

preferencialmente antes de deitar As acccedilotildees de educaccedilatildeo para a sauacutede devem

prioritariamente promover a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado

lowast Das Faculdades de Medicina Dentaacuteria de Lisboa Porto e Coimbra Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Coleacutegio de Estomatologia da Ordem dos Meacutedicos Ordem dos Meacutedicos Dentistas e Sociedade Portuguesa de Pediatria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 15

c) Em nenhum dos casos estaacute recomendada a administraccedilatildeo de fluoretos sisteacutemicos agraves

graacutevidas agraves crianccedilas antes dos 3 anos e agraves que em qualquer idade consumam aacutegua

com teor de fluoreto superior a 03 ppm

Recomendaccedilotildees sobre a utilizaccedilatildeo de fluoretos no acircmbito do PNPSO

RECOMEN-

DACcedilOtildeES

Frequecircncia da

escovagem dos dentes

Material utilizado na escovagem dos dentes

Execuccedilatildeo da escovagem dos dentes

Dentiacutefrico fluoretado

Suplemento sisteacutemico de

fluoretos

0-3 Anos 2 x dia

a partir da erupccedilatildeo do 1ordm dente

uma obrigatoria-mente antes

de deitar

Gaze Dedeira

Escova macia

de tamanho pequeno

Pais

1000-1500 ppm

quantidade idecircntica ao tamanho da

unha do 5ordm dedo da crianccedila

Natildeo recomendado

3-6 Anos 2 x dia

uma

obrigatoria-mente antes

de deitar

Escova macia

de tamanho adequado agrave

boca da crianccedila

Pais eou Crianccedila

a partir do

momento em que a crianccedila

adquire destreza

manual faz a escovagem sob

supervisatildeo

1000-1500 ppm

quantidade idecircntica ao tamanho da

unha do 5ordm dedo da crianccedila

Natildeo recomendado

Excepcionalmente as crianccedilas de alto

risco agrave caacuterie dentaacuteria podem fazer

1 (um) comprimido diaacuterio de fluoreto de soacutedio a 025 mg

Mais de 6 Anos

2 x dia

uma

obrigatoria-mente antes

de deitar

Escova macia

ou em alternativa

meacutedia

de tamanho adequado agrave

boca da crianccedila ou do

jovem

Crianccedila eou Pais

se a crianccedila

natildeo tiver adquirido destreza

manual a escovagem

tem que ter a intervenccedilatildeo

activa dos pais

1000-1500 ppm

quantidade aproximada de 1 centiacutemetro

Natildeo recomendado

Excepcionalmente as crianccedilas de alto

risco agrave caacuterie dentaacuteria podem fazer

1 (um) comprimido diaacuterio de fluoreto de soacutedio a 025 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 16

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 17

Referecircncias

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7 Rompante P Fundamentos para a alteraccedilatildeo do Programa de Sauacutede Oral da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2003 Documento realizado no acircmbito da task force Sauacutede Oral e Fluacuteor Acessiacutevel na DSE da DGS e no Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede ndash Norte

8 Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Reforma Educativa - Ensino Baacutesico Lisboa DGEBS 1990

9 Loureiro I Lima RM Construir um Projecto de Educaccedilatildeo Alimentar na Escola (documento siacutentese) Lisboa Ministeacuterio da Educaccedilatildeo CCPES 2000

10 Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Sauacutede Oral nas Crianccedilas em Idade Escolar 1996 Acessiacutevel na DGS

11 Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede O uso do fio dentaacuterio previne algumas doenccedilas orais Lisboa DGS 1993

12 Direcccedilatildeo-Geral dos Cuidados de Sauacutede Primaacuterios Bochecho fluoretado ndash Guia Praacutetico do Professor Lisboa DGS 1992

13 Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Divisatildeo de Sauacutede Escolar Manual de Boas Praacuteticas em Sauacutede Oral para quem trabalha com Crianccedilas e Jovens com Necessidades de Sauacutede Especiais Lisboa DGS 2002 httpwwwdgsaudept

14 Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Sauacutede Infantil e Juvenil Programa-Tipo de Actuaccedilatildeo Lisboa DGS2002 (Orientaccedilotildees Teacutecnicas 12) httpwwwdgsaudept

15 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in children at High Caries Risk A National Clinical Guideline SIGN 2000 httpwwwsignacuk

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 18

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4 Agence Franccedilaise de Seacutecuriteacute Sanitaire des Produits de Santeacute Mise au point sur le fluor et la preacutevention de la carie dentaire Reacutepublique Franccedilaise AFSSA 31 Juillet 2002

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14 Featherstone JDB Prevention and reversal of dental caries role of low level fluoride Community Dentistry and Oral Epidemiology 1999 27 31-40

15 Ismail AI Bandekar RR Fluoride supplements and fluorosis a meta-analysis Community Dent Oral Epodemiol 1999 27 48-56

16 Jackson RD Brizendine EJ Kelly SA et al The fluoride content of foods and beverages from negligibly and optimally fluoridated communities Community Dentistry and Oral Epidemiology 2002 30 382-91

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18 Levy SM Guha-Chowdhury N Total fluoride intake and implications for dietary fluoride supplementation J Public Health Dentistry 1999 59 (4) 211-3

19 Levy SM An update on Fluorides and Fluorosis J Canadian Dental Association 2003 69 (5) 286-91

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 19

20 Limeback H A re-examination of the pre-eruptive and post-eruptive mechanism of the anti-caries effects of fluoride is there any anti-caries benefit from swallowing fluoride Community Dentistry and Oral Epidemiology 1999 27 62-71

21 Limeback H Introduction to the conference Community Dentistry and Oral Epidemiology 1999 27 27-30

22 Lux J The Fluoride Dialogue CDHA Position Statements Canadian Dental Hygienists Association Probe-Scientific Issue 2002 36 (6) 209-27

23 Martof A Dental Care Pediatrics in Review 2001 (1) 22 13-5 24 Mascarenhas AK Risk factors for dental fluorosis A review of the recent literature

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28 Roberts MW Keels MA Sharp MC Lewis JL Fluoride Supplement Prescribing and Dental Referral Pattern Among Academic Pediatricians Pediatrics 1998 101 (1)

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32 Trumbo P Schlicker S Yates AA Poos M Dietary Reference Intakes for energy carbohydrate fiber fat fatty acids cholesterol protein and amino acids J Am Diet Assoc 2002 102 (11) 1621-30

33 Wang NJ Gropen AM Ogaard B Risk factors associated with fluorosis in a non-fluoridated population in Norway Community Dentistry and Oral Epidemiology 1997 25 396-401

34 Wang NJ Riordan PJ Fluorides and supplements and caries in a non-fluoridated child population Community Dentistry and Oral Epidemiology 1999 27 117-23

35 Warren JJ Kanellis MJ Levy SM Fluorosis of the primary dentition what does it mean for permanent teeth JADA 1999 130 347-56

36 Wendt LK Koch G Birkhed D On the retention and effectiveness of fissure sealants in permanent molars after 15-20 years a cohort study Community Dentistry and Oral Epidemiology 2001 29 302-7

37 WHO Fluorides and Oral Health WHO Geneva 1994 (Technical Report Series 846)

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 20

Agradecimentos

A Task Force que colaborou na revisatildeo do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral coordenada pela Drordf Gregoacuteria Paixatildeo von Amann e pela Higienista Oral Cristina Ferreira Caacutedima da Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede contou com a prestimosa colaboraccedilatildeo teacutecnica e cientiacutefica de

Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge representado pela Drordf Dirce Silveira

Direcccedilatildeo-Geral da Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura representada pela Engordf Maria de Lourdes Camilo

Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa representada pelo Prof Doutor Paulo Melo

Faculdade de Medicina de Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria representada pelo Dr Francisco Delille

Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade de Lisboa representada pelo Prof Doutor Ceacutesar Mexia de Almeida

Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto representada pelo Prof Doutor Fernando M Peres

Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento representado pela Drordf Ana Arauacutejo

Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede - Norte representado pelo Prof Doutor Paulo Rompante

Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede - Sul representado pela Profordf Doutora Fernanda Mesquita

Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia representada pelo Dr Alexandre Loff Seacutergio

Ordem dos Meacutedicos Dentistas representada pelo Prof Doutor Paulo Melo

Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria representada pelo Prof Doutor Ceacutesar Mexia de Almeida

Sociedade Portuguesa de Pediatria representada pelo Dr Manuel Salgado

Serviccedilos da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede representada pela Drordf Anabela Lopes Divisatildeo de Sauacutede Ambiental representada pelo Engordm Paulo Diegues e a Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede representada pelo Dr Pedro Ribeiro da Silva

Pelas sugestotildees e correcccedilotildees introduzidas o nosso agradecimento agrave Profordf Doutora Isabel Loureiro ao Dr Vasco Prazeres Drordf Leonor Sassetti Drordf Ana Paula Ramalho Correia Dr Rui Calado Drordf Maria Otiacutelia Riscado Duarte Dr Joatildeo Breda e ao Sr Viacutetor Alves que concebeu o logoacutetipo do programa

A todos a Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede e a Divisatildeo de Sauacutede Escolar agradecem

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

E s t r a t eacute g i a s e T eacute c n i c a s d e E d u c a ccedil atilde o e P r o m o ccedil atilde o

d a S a uacute d e

Documento produzido no acircmbito dos trabalhos da Task Force pela Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede Dr

Pedro Ribeiro da Silva e Dr Joatildeo Breda e pela Higienista Oral Cristina Ferreira Caacutedima e Drordf Gregoacuteria Paixatildeo von Amann da

Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede que coordenou os trabalhos

1 Preacircmbulo

Os Programas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede tecircm por objectivo capacitar as pessoas a tomarem decisotildees no

seu quotidiano que se revelem as mais adequadas para manter ou alargar o seu potencial de sauacutede

Para se atingir este objectivo fornece-se informaccedilatildeo e utilizam-se metodologias que facilitem e decircem

suporte agraves mudanccedilas comportamentais e agrave manutenccedilatildeo das praacuteticas consideradas saudaacuteveis

Mas a mudanccedila de comportamentos natildeo eacute faacutecil depende de factores sociais culturais familiares

entre muitos outros e natildeo apenas do conhecimento cientiacutefico que as pessoas possuam sobre

determinada mateacuteria

Esta dificuldade eacute bem patente quando como no presente caso se pretende intervir sobre

comportamentos relacionados com a alimentaccedilatildeo e a escovagem dos dentes

Quando os pais datildeo aos filhos patildeo achocolatado ou outros alimentos accedilucarados para levarem para a

escola estatildeo com frequecircncia a dar natildeo apenas um alimento mas tambeacutem e ateacute talvez

principalmente afecto tentando colmatar lacunas que possam ter na relaccedilatildeo com os seus filhos

mesmo que natildeo tenham consciecircncia desse facto

Podem tambeacutem dar este tipo de alimento por terem dificuldade de encontrar tempo para confeccionar

uma sandes ou outro alimento e os anteriormente referidos estatildeo sempre prontos a serem colocados na

mochila da crianccedila

Eacute importante desenvolvermos estrateacutegias de Educaccedilatildeo para a Sauacutede que natildeo culpabilizem os pais

porque estes intrinsecamente desejam sempre o melhor para os seus filhos embora natildeo consigam por

vezes colocaacute-lo em praacutetica

Devido agrave complexidade que eacute actuar sobre comportamentos individuais para se aumentar a eficiecircncia

das nossas praacuteticas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede torna-se fulcral utilizar metodologias alargadas a vaacuterios

parceiros e sectores da comunidade de forma articulada e continuada para que progressivamente

possamos ir obtendo resultados

Como propotildee Nancy Russel no seu Manual de Educaccedilatildeo para a Sauacutede ldquoPara desenhar um

programa de Educaccedilatildeo para a Sauacutede eacute necessaacuterio ter conhecimentos sobre comportamentos e sobre

os factores que produzem a mudanccedilardquo E continua explicitando ldquoAs teorias da mudanccedila de

comportamento que podem ser aplicadas em Educaccedilatildeo para a Sauacutede foram elaboradas a partir de

uma variedade de aacutereas incluindo a psicologia a sociologia a antropologia a comunicaccedilatildeo e o

marketing Nenhuma teoria ou rede de conceitos domina por si soacute a investigaccedilatildeo ou a praacutetica da

Educaccedilatildeo para a Sauacutede Provavelmente porque os comportamentos de sauacutede satildeo demasiado

complexos para serem explicados por uma uacutenica teoriardquo (19968)

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 2

2 Metodologias para Desenvolvimento da Acccedilatildeo

21 Primeira vertente ndash O diagnoacutestico de situaccedilatildeo

A primeira etapa de actuaccedilatildeo eacute de grande importacircncia para a continuidade das outras actividades e

podemos resumi-la a um bom diagnoacutestico de situaccedilatildeo que permita conhecer em pormenor a realidade

sobre a qual se pretende actuar

I - Eacute importante estabelecer como uma das primeiras actividades a anaacutelise de duas vertentes com

grande influecircncia na sauacutede oral os haacutebitos culturais das famiacutelias relativamente agrave alimentaccedilatildeo e as

praacuteticas de higiene oral dos adultos e das crianccedilas

II - Um segundo aspecto relaciona-se com os tipos de interacccedilatildeo entre professores ou

educadores de infacircncia e pais No caso de essa interacccedilatildeo ser regular e organizada importa saber como

reagem os pais agraves indicaccedilotildees dos professores sobre os aspectos comportamentais das crianccedilas e que

efeito e eficaacutecia tecircm essas acccedilotildees na capacitaccedilatildeo de pais e filhos relativamente aos comportamentos

relacionados com a sauacutede oral

Actividades a desenvolverem

a) estudar as formas de melhorar a relaccedilatildeo entre pais e professores procurando resolver as

dificuldades que com frequecircncia os pais apresentam como obstaacuteculos ao contacto mais regular

com os professores

b) analisar a eficaacutecia das recomendaccedilotildees dadas procurando as razotildees que possam estar na origem

de situaccedilotildees de menor eficaacutecia como o desfasamento entre as recomendaccedilotildees e o contexto

familiar e cultural das crianccedilas ou recomendaccedilotildees muito teacutecnicas ou paternalistas Todas estas

situaccedilotildees podem provocar resistecircncias nas famiacutelias agrave adesatildeo agraves praacuteticas desejaacuteveis relativamente

ao programa de sauacutede oral Esta temaacutetica da Educaccedilatildeo para a Sauacutede e as praacuteticas

comportamentais eacute muito complexa mas fundamental para se conseguirem resultados ao niacutevel

dos comportamentos

III - Outra componente a analisar satildeo os aspectos sociais dos consumos alimentares que possam

estar relacionados com situaccedilotildees locais como campanhas publicitaacuterias ou de promoccedilatildeo de

determinados alimentos potencialmente cariogeacutenicos nos estabelecimentos da zona Oferta pouco

adequada de alimentos na cantina da escola com existecircncia preponderante de alimentos e bebidas

accedilucaradas A confecccedilatildeo das refeiccedilotildees no refeitoacuterio com pouca oferta de fruta legumes e vegetais e

preponderacircncia de sobremesas doces

Segundo o Modelo Precede de Green existem 3 etapas a contemplar num diagnoacutestico de situaccedilatildeo

middot diagnoacutestico epidemioloacutegico necessaacuterio para a identificaccedilatildeo dos problemas de sauacutede sobre os

quais se vai actuar como sejam os iacutendices de caacuterie fluorose dentaacuteria e outros

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middot diagnoacutestico social que corresponde agrave identificaccedilatildeo das situaccedilotildees sociais existentes na comunidade

onde se desenvolve a actividade que podem contribuir para os problemas de sauacutede oral detectados

ou que se pretende prevenir

middot diagnoacutestico comportamental para identificaccedilatildeo dos vaacuterios padrotildees comportamentais que possam

estar relacionados com os problemas de sauacutede oral inventariados

A este diagnoacutestico de problemas eacute importante associar-se a identificaccedilatildeo de necessidades da

populaccedilatildeo-alvo da acccedilatildeo

Apesar da prevalecircncia das doenccedilas orais e da necessidade deste Programa Nacional em algumas

comunidades poderatildeo existir vaacuterios outros problemas de sauacutede mais graves ou mais prevalentes e

neste caso importa fazer uma avaliaccedilatildeo dos recursos e das possibilidades de eficaacutecia dando prioridade

aos grupos e agraves situaccedilotildees mais graves e de maior amplitude Outro factor a ter em conta na decisatildeo

relaciona-se com a capacidade de alterar as causas comportamentais ou factores de risco pelo

programa educacional

Apoacutes a avaliaccedilatildeo das necessidades deveratildeo ser estabelecidas as prioridades tendo em conta os

problemas de sauacutede identificados a capacidade de alteraccedilatildeo dos factores de risco comportamentais e

outros Eacute muito importante associar-se agrave definiccedilatildeo de prioridades de actuaccedilatildeo a caracterizaccedilatildeo dos sub-

grupos existentes e as diferentes estrateacutegias apropriadas a cada uma dessas populaccedilotildees alvo

22 Segunda vertente ndash os teacutecnicos de educaccedilatildeo

Todos os parceiros satildeo importantes para o desenvolvimento dos programas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede

mas no caso especiacutefico da sauacutede oral os teacutecnicos de Educaccedilatildeo satildeo fundamentais Eacute por esta razatildeo

tarefa prioritaacuteria sensibilizaacute-los e englobaacute-los no desenho dos programas desde o iniacutecio

Sabemos atraveacutes das nossas praacuteticas anteriores que nem sempre os teacutecnicos de educaccedilatildeo aderem a

algumas das actividades dos programas de sauacutede oral propostas pelos teacutecnicos de sauacutede utilizando

para isso os mais diversos argumentos A explicitaccedilatildeo dos uacuteltimos consensos cientiacuteficos nesta aacuterea

com disponibilizaccedilatildeo de bibliografia pode ser facilitador da adesatildeo ao programa

Uma das actividades centrais deste programa seraacute trabalhar em conjunto com os teacutecnicos de educaccedilatildeo

nomeadamente docentes das escolas baacutesicas e secundaacuterias e educadores de infacircncia sobre as

potencialidades do programa e os ganhos em sauacutede que a meacutedio e longo prazo este pode provocar na

populaccedilatildeo portuguesa

Outra tarefa importante eacute a reflexatildeo em conjunto sobre as dificuldades diagnosticadas em cada escola

para concretizar as actividades do programa na tentativa de encontrar soluccedilotildees seja atraveacutes da

resoluccedilatildeo dos obstaacuteculos seja encontrando alternativas Poderaacute acontecer natildeo ser possiacutevel executar

todas as tarefas incluiacutedas no programa Nesses casos importa decidir quais as actividades que poderatildeo

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ser levadas agrave praacutetica com ecircxito Seraacute preferiacutevel concretizar algumas tarefas que nenhumas assim

como seraacute melhor realizar bem poucas tarefas do que muitas ou todas de forma deficiente

Frequentemente existe um diferencial de conhecimentos sobre estas aacutereas entre os teacutecnicos de

educaccedilatildeo e os de sauacutede Para evitar problemas eacute imperioso que os teacutecnicos de educaccedilatildeo sejam

parceiros em igualdade de circunstacircncia e natildeo sintam que tecircm um papel secundaacuterio no projecto ou

meros executores de tarefas

A eventual deacutecalage de conhecimentos sobre sauacutede oral pode ser compensado utilizando estrateacutegias de

trabalho em equipa natildeo assumindo os teacutecnicos de sauacutede papel de liacutederes do processo nem de

detentores da informaccedilatildeo cientiacutefica As teacutecnicas de trabalho em equipa devem implicam a partilha de

tarefas e lideranccedila natildeo assumindo o programa uma dimensatildeo vertical e impositiva por parte da sauacutede

As mensagens chave do programa seratildeo discutidas por todos os intervenientes Eacute muito importante que

sejam claras nos conteuacutedos e assumidas por toda a equipa em todas as situaccedilotildees de modo a tornar as

intervenccedilotildees coerentes com os objectivos do programa

Como cada comunidade e cada escola tecircm caracteriacutesticas proacuteprias o programa as actividades e o

trabalho interdisciplinar em equipa seratildeo adequados agraves condiccedilotildees objectivas e subjectivas de todos os

intervenientes o que pode tornar necessaacuterio fazer adaptaccedilotildees agrave aplicaccedilatildeo do mesmo O mesmo se

passa em relaccedilatildeo agraves mensagens que necessitam ser adaptadas a cada situaccedilatildeo e a cada contexto

Em relaccedilatildeo agrave Educaccedilatildeo para a Sauacutede a procura de soluccedilotildees para as situaccedilotildees decorrentes da

implementaccedilatildeo do programa como a sensibilizaccedilatildeo dos parceiros e a eliminaccedilatildeo de obstaacuteculos satildeo

uma das tarefas centrais dos programas e natildeo devem ser subestimadas pelos teacutecnicos de sauacutede pois

delas depende muita da eficaacutecia do projecto

A educaccedilatildeo alimentar eacute uma das vertentes centrais do programa pelo que eacute necessaacuterio sensibilizar os

professores para aspectos da vida escolar que podem afectar a sauacutede oral dos alunos como as ementas

escolares existentes no refeitoacuterio e o tipo de alimentos disponibilizado no bar

221 Componente praacutetica

Uma primeira tarefa do programa na escola seraacute a sensibilizaccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo para a

importacircncia do mesmo A explicitaccedilatildeo teoacuterica resumida dos pressupostos cientiacuteficos que legitimam a

alteraccedilatildeo do programa eacute um instrumento facilitador

Fundamental explicar as razotildees que tornam a escovagem como um actividade central do programa e

os inconvenientes de se darem suplementos de fluacuteor de forma generalizada Seremos especialmente

eficazes se nos disponibilizarmos para responder agraves questotildees e duacutevidas que os professores possam ter

Esta eacute com certeza tambeacutem uma maneira de aprofundarmos o diagnoacutestico da situaccedilatildeo e de podermos

contribuir para remover os obstaacuteculos detectados

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Uma segunda tarefa consistiraacute em operacionalizar o programa com os professores de modo a construi-

lo conjuntamente As diversas tarefas devem ser planeadas e avaliadas continuamente para se fazerem

as alteraccedilotildees consideradas necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar do programa

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo e a escovagem

O Programa Nacional de Sauacutede Oral propotildee algumas alteraccedilotildees que podemos considerar profundas e

de ruptura em relaccedilatildeo ao programa anterior como sejam a aplicaccedilatildeo restrita dos suplementos

sisteacutemicos de fluoretos e a escovagem duas vezes ao dia com um dentiacutefrico fluoretado como principal

medida para uma boa sauacutede oral Estas directrizes derivam do consenso dos peritos de Sauacutede Oral

reunidos na task force coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

Eacute faacutecil de compreender que organizar a escovagem dos dentes dos alunos eacute mais trabalhoso que dar-

lhes um comprimido de fluacuteor ou ateacute do que fazer o bochecho com uma soluccedilatildeo fluoretada Para sermos

bem sucedidos seraacute fundamental actuar de forma cautelosa respeitando as caracteriacutesticas das pessoas e

os contextos em presenccedila

Como sabemos eacute difiacutecil quebrar rotinas e o programa vai implicar mais trabalho para os professores e

disponibilizaccedilatildeo de tempo para os pais e professores A adopccedilatildeo pelos Jardins de infacircncia e Escolas da

escovagem dos dentes dos alunos pelo menos uma vez dia como factor central do programa vai

possivelmente encontrar algumas resistecircncias por parte dos educadores de infacircncia e professores que

importa ir resolvendo de forma progressiva e de acordo com as dificuldades reais encontradas Estas

dificuldades podem estar relacionadas com a deficiecircncia de instalaccedilotildees ou outras mas estaraacute com

frequecircncia tambeacutem muito relacionada com aspectos psicossociais de resistecircncia agrave mudanccedila de rotinas

instaladas e com vaacuterios anos

Uma das estrateacutegias primordiais para este programa ser bem sucedido passa pela resoluccedilatildeo dos

obstaacuteculos referidos pelos teacutecnicos de educaccedilatildeo relativamente agrave escovagem nomeadamente

a possibilidade de as crianccedilas usarem as escovas de colegas podendo haver transmissatildeo de doenccedilas

como a hepatite ou outras

a ausecircncia de um local apropriado para a escovagem

a confusatildeo que a escovagem iraacute causar com eventuais situaccedilotildees de indisciplina

a dificuldade de vigiar todos os alunos durante a escovagem com a consequente possibilidade de

alguns especialmente se mais novos poderem engolir dentiacutefrico

existirem alguns alunos que devido a carecircncias econoacutemicas ou desconhecimento dos pais tecircm

escovas jaacute muito deterioradas podendo ser alvo de troccedila e humilhaccedilatildeo por parte dos colegas ou

sentindo-se os professores na necessidade de fazerem algo mas natildeo terem possibilidade de

substituiacuterem as escovas

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Estes e outros argumentos poderatildeo ser reais ou apenas formas de encontrar justificaccedilotildees para natildeo

alterar rotinas no entanto eacute fundamental analisar cada situaccedilatildeo e encontrar a forma adequada de actuar

o que implica procurar em conjunto a resoluccedilatildeo do problema natildeo desvalorizando a perspectiva do

teacutecnico de educaccedilatildeo mesmo que do ponto de vista da sauacutede nos pareccedila oacutebvia a resistecircncia agrave mudanccedila e

a sua soluccedilatildeo

Se natildeo conseguirmos sensibilizar os profissionais de educaccedilatildeo para a importacircncia da escovagem e nos

limitarmos a contra-argumentar com os nossos dados e a nossa cientificidade facilmente iratildeo

encontrar outros argumentos Eacute preciso compreender que o que estaacute em causa natildeo satildeo as dificuldades

objectivas mas outro tipo de razotildees mais ou menos subjectivas relacionadas com as condiccedilotildees locais

e de contexto como por exemplo o facto de alguns professores considerarem que natildeo eacute da sua

competecircncia promover a escovagem dos dentes dos seus alunos A interacccedilatildeo pais-professores eacute

constante e pode potenciar grandemente o programa

23 Terceira vertente ndash os pais

Os pais satildeo tambeacutem intervenientes fundamentais nos programas de sauacutede oral e eacute fundamental que

sejam englobados na equipa de projecto enquanto parceiros activos na programaccedilatildeo de actividades de

modo a poder resolver-se eventuais resistecircncias que inclusive podem ser desconhecidas dos teacutecnicos e

serem devidas a idiossincracias micro-culturais Todas as estrateacutegias que sensibilizem os pais para as

medidas que se preconizam satildeo importantes Eacute fundamental que o programa seja ldquocontinuadordquo e

reforccedilado em casa e natildeo pelo contraacuterio descredibilizado pelas praacuteticas domeacutesticas

Em relaccedilatildeo aos pais os factores emocionais satildeo centrais na sua relaccedilatildeo com os filhos e com as escolhas

comportamentais quotidianas Transmitir informaccedilatildeo de forma essencialmente cognitiva por exemplo

laquonatildeo decirc lsquoBolosrsquo aos seus filhos porque satildeo alimentos que podem contribuir para o aparecimento de

caacuterie nos dentes e provocar obesidaderaquo tem muitas possibilidades de provocar efeitos perversos

negativos como seja a culpabilizaccedilatildeo dos pais e a resistecircncia agrave mudanccedila de comportamentos

Com frequecircncia os doces satildeo uma forma de dar afecto ou premiar os filhos ou ateacute servir como

substituto da impossibilidade dos pais estarem mais tempo com os filhos situaccedilatildeo que natildeo eacute com

frequecircncia consciente para os pais Os padrotildees comportamentais dos pais obedecem a inuacutemeras

componentes e soacute actuando sobre cada uma delas se conseguem resultados nas mudanccedilas de

comportamentos

Fornecer apenas informaccedilatildeo pode natildeo soacute natildeo provocar alteraccedilotildees comportamentais como criar ou

aumentar as resistecircncias agrave mudanccedila Eacute preciso adequar a informaccedilatildeo agraves diversas situaccedilotildees

caracterizando-as primeiro valorizando as componentes emocionais relacionais e contextuais dos

comportamentos natildeo culpabilizando os pais (porque isso provoca resistecircncias agrave mudanccedila natildeo soacute em

relaccedilatildeo a este programa mas a futuras intervenccedilotildees) e encontrando formas alternativas de resolver estas

situaccedilotildees utilizando soluccedilotildees que provoquem emoccedilotildees positivas em todos os intervenientes E dessa

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forma eacute possiacutevel ser-se eficaz respeitando os universos relacionais das famiacutelias e evitando efeitos

comportamentais paradoxais ou seja por reacccedilatildeo agrave informaccedilatildeo que os culpabiliza os pais

dessensibilizam das nossas indicaccedilotildees agravando e aumentando as praacuteticas que se desaconselham

Eacute esta uma das razotildees porque eacute tatildeo difiacutecil atingir os grupos populacionais que exactamente mais

precisavam de ser abrangido pelos programas de prevenccedilatildeo da doenccedila e promoccedilatildeo da sauacutede

Para aleacutem de se conhecerem as praacuteticas alimentares e de higiene oral que as crianccedilas e adolescentes

tecircm em casa eacute importante caracterizar as razotildees desses procedimentos Referimo-nos aos aspectos

individuais familiares culturais e contextuais Se queremos actuar sobre comportamentos eacute

fundamental conhecer as atitudes crenccedilas preconceitos estereoacutetipos e representaccedilotildees sociais que se

relacionam com as praacuteticas das famiacutelias as quais variam de famiacutelia para famiacutelia

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo podem ser colaboradores preciosos para esta caracterizaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo aos pais podemos resumir os aspectos a valorizar

Inclui-los nos diversos passos do programa

sensibiliza-los para a importacircncia da sauacutede oral respeitando os seus universos familiares e

culturais

dar suporte continuado agrave mudanccedila de comportamentos e de todos os factores que lhe estatildeo

associados

24 Quarta vertente ndash as crianccedilas

As crianccedilas e os adolescentes satildeo o principal puacuteblico-alvo do programa de sauacutede oral Sensibilizaacute-los

para as praacuteticas alimentares e de higiene oral que os peritos consideram actualmente adequadas eacute o

nosso objectivo

Como jaacute foi referido anteriormente eacute necessaacuterio ser cuidadoso na forma de comunicar com as crianccedilas

e adolescentes natildeo criticando directa ou indirectamente os conhecimentos e as praacuteticas aconselhadas

ou consentidas por pais e professores com quem eles convivem directamente e que satildeo dos principais

influenciadores dos seus comportamentos satildeo os seus modelos e constituem o seu universo de afectos

Criar clivagem na relaccedilatildeo cognitiva afectiva e emocional entre pais ou professores e crianccedilas e

adolescentes eacute algo que devemos ter sempre presente e evitar

As estrateacutegias de trabalho com as crianccedilas deveratildeo ser adaptadas agrave sua maturidade psico-cognitiva e

contexto socio-cultural Para que as actividades sejam luacutedicas e criativas adequadas agraves idades e outras

caracteriacutesticas das crianccedilas e adolescentes a contribuiccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo eacute com certeza

fundamental

Eacute muito importante ter em conta alguns aspectos educativos relativamente agrave mudanccedila de

comportamentos A participaccedilatildeo activa das crianccedilas na formulaccedilatildeo dessas actividades torna mais

eficazes os efeitos pretendidos

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Pela dificuldade em mudar comportamentos principalmente de forma estaacutevel eacute aconselhaacutevel adequar

os objectivos agraves realidades Seraacute preferiacutevel actuar sobre um ou dois comportamentos sobre os quais a

caracterizaccedilatildeo inicial nos permitiu depreender que seraacute possiacutevel obtermos resultados positivos em vez

de tentar actuar sobre todos os comportamentos que desejariacuteamos alterar natildeo conseguindo alterar

nenhum deles Naturalmente estas escolhas seratildeo feitas cientificamente segundo o que a Educaccedilatildeo para

a Sauacutede preconiza nas vertentes relacionadas com as ciecircncias comportamentais (sociais e humanas)

Outro aspecto fundamental eacute a continuidade na acccedilatildeo A eficaacutecia seraacute tanto maior quanto mais

continuadas forem as actividades dando suporte agrave mudanccedila comportamental e reforccedilo agrave sua

manutenccedilatildeo A continuidade da acccedilatildeo permite conhecer melhor as situaccedilotildees os obstaacuteculos e as formas

de os remover pois cada caso eacute um caso e generalizar diminui grandemente a eficaacutecia

Deve ser dada uma atenccedilatildeo especial agraves crianccedilas com Necessidades de Sauacutede Especiais desfavorecidas

socialmente (porque vivem em bairros degradados com poucos recursos econoacutemicos pertencem a

minorias eacutetnicas ou satildeo emigrantes) ou que natildeo frequentam a escola utilizando estrateacutegias especificas

adequadas agraves suas dificuldades

25 Quinta vertente ndash a comunidade

Para os programas de Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutede a componente comunitaacuteria eacute fundamental A

participaccedilatildeo e contribuiccedilatildeo dos vaacuterios sectores da comunidade podem ser potenciadores do trabalho a

desenvolver

Dependendo das situaccedilotildees locais a Autarquia as IPSS e as ONGrsquos entre outras podem ser parceiros

de enorme valia para o desenvolvimento do programa Para isso temos que sensibilizar os liacutederes

locais para a importacircncia da sauacutede oral e do programa que se pretende incrementar explicitando como

com pequenos custos podemos obter ganhos em sauacutede a meacutedio e longo prazo

As instituiccedilotildees que organizam actividades para crianccedilas e adolescentes como os ATLrsquos associaccedilotildees

culturais desportivas e religiosas podem ser excelentes parceiros para o desenvolvimento das

actividades dependendo das caracteriacutesticas da comunidade onde se aplica o programa Os grupos de

teatro satildeo tambeacutem um excelente recurso para integrarem as actividades com as crianccedilas e os

adolescentes

26 Sexta vertente ndash os meios de comunicaccedilatildeo social

Os meios de comunicaccedilatildeo social locais e regionais se forem utilizados apropriadamente podem ser

parceiros potenciadores das actividades que se pretendem desenvolver

Mas com frequecircncia os teacutecnicos de sauacutede encontram dificuldades na relaccedilatildeo com os profissionais da

comunicaccedilatildeo social considerando que estes natildeo satildeo sensiacuteveis agraves nossas preocupaccedilotildees com a prevenccedilatildeo

da doenccedila e da promoccedilatildeo da sauacutede

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Os media tecircm uma linguagem e podemos dizer uma filosofia proacuteprias que com frequecircncia natildeo satildeo

coincidentes com as nossas eacute por essa razatildeo necessaacuterio que os teacutecnicos de sauacutede se adaptem e se

possiacutevel se aperfeiccediloem na linguagem dos meacutedia Se natildeo utilizarmos adequadamente os meios de

comunicaccedilatildeo social estes podem ter um efeito contraproducente diminuindo a eficaacutecia do programa de

sauacutede oral

Algumas das dificuldades encontradas quando trabalhamos com os media especialmente as raacutedios e as

televisotildees satildeo as seguintes

na maior parte dos casos natildeo se pode transmitir muita informaccedilatildeo mesmo que seja um programa

de raacutedio de 1 ou 2 horas iria ficar muito monoacutetono e pouco atraente assim como se tornaria

confuso para os ouvintes e pouco eficaz porque com frequecircncia as pessoas desenvolvem outras

actividades enquanto ouvem raacutedio

eacute aconselhaacutevel transmitir apenas o que eacute realmente importante e faze-lo de forma muito clara

mantendo a consistecircncia sobre a hierarquia das informaccedilotildees nas diversas intervenccedilotildees ou seja que

todas os intervenientes no programa e em todas as situaccedilotildees em que intervecircm tenham um discurso

coerente e natildeo contraditoacuterio

evitar informaccedilotildees riacutegidas que culpabilizem as pessoas e natildeo respeitem os seus contextos micro-

culturais Eacute preferiacutevel suscitar alguma mudanccedila comportamental de forma progressiva que

nenhuma

com frequecircncia utilizamos o leacutexico meacutedico sem nos apercebermos que muitos cidadatildeos natildeo

conhecem termos que nos parecem simples como obesidade ou colesterol atribuindo-lhes outros

significados (portanto desconhecem que natildeo conhecem o verdadeiro significado)

se possiacutevel testar com pessoas de diversas idades e estratos socio-culturais que sejam leigas em

relaccedilatildeo a estas temaacuteticas aquilo que se preparou para a intervenccedilatildeo nos meios de comunicaccedilatildeo

social e alterar se necessaacuterio de acordo com as indicaccedilotildees que essas pessoas nos fornecerem

27 Seacutetima vertente ndash a avaliaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo deve ter iniacutecio na fase de planeamento e acompanhar todo o projecto de modo a introduzir

as alteraccedilotildees necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar das actividades

Devem fazer parte da equipa de avaliaccedilatildeo os diversos parceiros do projecto assim como pessoas

externas ao projecto e estas quando possiacutevel com formaccedilatildeo em educaccedilatildeo para a sauacutede nas aacutereas

teacutecnicas comportamentais de planeamento e avaliaccedilatildeo qualitativa e quantitativa

Satildeo fundamentais avaliaccedilotildees qualitativas e quantitativas das actividades a desenvolver e se possiacutevel

com anaacutelises comparativas ao desenrolar do projecto noutras zonas do paiacutes

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3 T eacute c n i c a s d e H i g i e n e O r a l

3 1 Escovagem dos den tes ndash A escova A escovagem dos dentes deve ser efectuada com uma escova de tamanho adequado agrave boca de quem a

utiliza Habitualmente as embalagens referem as idades a que se destinam Os filamentos devem ser

de nylon com extremidades arredondadas e textura macia que quando comeccedilam a ficar deformados

obrigam agrave substituiccedilatildeo da escova Normalmente a escova quando utilizada 2 vezes por dia dura cerca

de 3-4 meses

Existem escovas manuais e eleacutectricas as quais requerem os mesmos cuidados As escovas eleacutectricas

facilitam a higiene oral das pessoas que tenham pouca destreza manual

3 2 Escovagem dos den tes ndash O den t iacute f r i co O dentiacutefrico a utilizar deve conter fluoreto numa dosagem de cerca de 1000-1500 ppm A quantidade a

utilizar em cada uma das escovagens deve ser semelhante (ou inferior) ao tamanho da unha do 5ordm dedo

(dedo mindinho) da matildeo da crianccedila

Os dentiacutefricos com sabores muito atractivos natildeo se recomendam porque podem levar as crianccedilas a

engoli-lo deliberadamente Ateacute aos 6 anos aproximadamente o dentiacutefrico deve ser colocado na escova

por um adulto Apoacutes a escovagem dos dentes eacute apenas necessaacuterio cuspir o excesso de dentiacutefrico

podendo no entanto bochechar-se com um pouco de aacutegua

33 Escovagem dos dentes no Jardim-de-infacircncia e na Escola identificaccedilatildeo e arrumaccedilatildeo das escovas e copos

Hoje em dia haacute escovas de dentes que tecircm uma tampa ou estojo com orifiacutecios que a protege Caso se

opte pela utilizaccedilatildeo destas escovas natildeo eacute necessaacuterio que fiquem na escola Os alunos poderatildeo colocaacute-

la dentro da mochila juntamente com o tubo do dentiacutefrico e transportaacute-los diariamente para a escola

O conceito de intransmissibilidade da escova de dentes deve ser reforccedilado junto das crianccedilas Se as

escovas ficarem na escola eacute essencial que estejam identificadas bastando para tal escrever no cabo da

escova o nome da crianccedila com uma caneta de tinta resistente agrave aacutegua Tambeacutem se devem identificar os

dentiacutefricos Cada aluno deveraacute ter o seu proacuteprio dentiacutefrico e os copos caso natildeo sejam descartaacuteveis

As escovas guardam-se num local seco e arejado de modo a que os pelos fiquem virados para cima e

natildeo contactem umas com as outras Cada escova pode ser colocada dentro do copo num suporte

acriacutelico ou outro material resistente agrave aacutegua em local seco e arejado

Dentiacutefricos e escovas devem estar fora do alcance das crianccedilas para evitar a troca ou ingestatildeo

acidental de dentiacutefrico Caso haja a possibilidade de utilizar copos descartaacuteveis (de cafeacute) o processo eacute

bastante simplificado (os copos de cafeacute podem ser substituiacutedos por copos de iogurte) Os produtos de

higiene oral podem ser adquiridos com a colaboraccedilatildeo da Autarquia do Centro de Sauacutede dos pais ou

ateacute de alguma empresa Se a escola tiver refeitoacuterio pode tambeacutem ser viaacutevel utilizar os copos do

refeitoacuterio

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34 Escovagem dos den tes ndash Organ izaccedilatildeo da ac t i v idade

A escovagem dos dentes deve ser feita diariamente no jardim-de-infacircncia e na escola apoacutes o almoccedilo agrave

entrada na sala de aula ou apoacutes o intervalo As crianccedilas poderatildeo escovar os dentes na casa de banho no

refeitoacuterio ou na proacutepria sala de aula O processo eacute simples natildeo exigindo muitas condiccedilotildees fiacutesicas das

escolas que satildeo frequentemente utilizadas para justificar a recusa desta actividade

Caso a escola tenha lavatoacuterios suficientes esta actividade pode ser feita na casa de banho Eacute necessaacuterio

definir a hora em que cada uma das salas vai utilizar esse espaccedilo Na casa de banho deveratildeo estar

apenas as crianccedilas que estatildeo a escovar os dentes Os outros esperam a sua vez em fila agrave porta Eacute

essencial que esteja algueacutem (auxiliar professoreducador ou voluntaacuterio) a vigiar para manter a ordem

organizar o processo e corrigir a teacutecnica da escovagem No final da escovagem cada crianccedila lava a

escova e o copo (se natildeo for descartaacutevel) e arruma no local destinado a esse efeito

Quando o espaccedilo fiacutesico natildeo permite que a escovagem seja feita na casa de banho esta actividade pode

ser feita na proacutepria sala de aula Nesta situaccedilatildeo se for possiacutevel utilizar copos descartaacuteveis ou copos de

iogurte facilita o processo e torna-o menos moroso Os alunos mantecircm-se sentados nas suas cadeiras

Retiram da sua mochila o estojo com a escova e o dentiacutefrico Um dos alunos distribui os copos e os

guardanapos (ou toalhetes de papel ou papel higieacutenico) Os alunos escovam os dentes todos ao mesmo

tempo podendo ateacute fazecirc-lo com muacutesica O professor deve ir corrigindo a teacutecnica de escovagem Apoacutes

a escovagem as crianccedilas cospem o excesso de dentiacutefrico para o copo limpam a boca tiram o excesso

de dentiacutefrico e saliva da escova com o papel ou o guardanapo e por fim colocam-no dentro do copo

Tapam a escova e arrumam-na em estojo proacuteprio ou na mochila juntamente com o dentiacutefrico No final

um dos alunos vai buscar um saco de lixo passa por todas as carteiras para que cada uma coloque o

seu copo no lixo Caso alguma das crianccedilas natildeo tolere o restos de dentiacutefrico na cavidade oral pode

colocar-se uma pequena porccedilatildeo de aacutegua no copo e no fim da escovagem bochecha e cospe para o

copo Os pais dos alunos devem ser instruiacutedos para se certificarem que em casa a crianccedila lava a sua

escova com aacutegua corrente e volta a colocaacute-la na mochila No sentido de facilitar o procedimento

recomenda-se que os copos sejam descartaacuteveis e as escovas tenham tampa

35 Escovagem dos den tes - A teacutecn ica A escovagem dos dentes para ser eficaz ou seja para remover a placa bacteriana necessita ser feita

com rigor e demora 2 a 3 minutos Quando se utiliza uma escova manual a escovagem faz-se da

seguinte forma

inclinar a escova em direcccedilatildeo agrave gengiva (cerca de 45ordm) e fazer pequenos movimentos vibratoacuterios

horizontais ou circulares de modo a que os pelos da escova limpem o sulco gengival (espaccedilo que

fica entre o dente e a gengiva)

se for difiacutecil manter esta posiccedilatildeo colocar os pecirclos da escova perpendicularmente agrave gengiva e agrave

superfiacutecie do dente

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escovar 2 dentes de cada vez (os correspondentes ao tamanho da cabeccedila da escova) fazendo

aproximadamente 10 movimentos (ou 5 caso sejam crianccedilas ateacute aos 6 anos) nas superfiacutecies

dentaacuterias abarcadas pela escova

comeccedilar a escovagem pela superfiacutecie externa (do lado da bochecha) do dente mais posterior de um

dos maxilares e continuar a escovar ateacute atingir o uacuteltimo dente da extremidade oposta desse

maxilar

com a mesma sequecircncia escovar as superfiacutecies dentaacuterias do lado da liacutengua

proceder do mesmo modo para fazer a escovagem dos dentes do outro maxilar

escovar as superfiacutecies mastigatoacuterias dos dentes com movimentos de vaiveacutem

por fim pode escovar-se a liacutengua

Quando se utiliza uma escova de dentes eleacutectrica segue-se a mesma sequecircncia de escovagem O

movimento da escova eacute feito automaticamente natildeo deve ser feita pressatildeo ou movimentos adicionais

sobre os dentes A escova desloca-se ao longo da arcada escovando um soacute dente de cada vez A

escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluacuteor deve ser feita duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente agrave noite antes de deitar

3 6 Uso do f io den taacute r io A partir do momento em que haacute destreza manual (a partir dos 8 anos) eacute indispensaacutevel o uso do fio ou

fita dentaacuteria que se utiliza da seguinte forma

retirar cerca de 40 cm de fio (ou fita) do porta fio

enrolar a quase totalidade do fio no dedo meacutedio de uma matildeo e uma pequena porccedilatildeo no dedo meacutedio

da outra matildeo deixando entre os dois dedos uma porccedilatildeo de fio com aproximadamente 25 cm

Quando as crianccedilas satildeo mais pequenas pode retirar-se uma porccedilatildeo mais pequena de fio cerca de

30 cm dar um noacute juntando as 2 pontas formando um ciacuterculo com o fio natildeo havendo necessidade

de o enrolar nos dedos Eacute importante utilizar sempre fio limpo em cada espaccedilo interdentaacuterio Os

polegares eou os indicadores ajudam a manuseaacute-lo

introduzir o fio cuidadosamente entre dois dentes e curva-lo agrave volta do dente que se quer limpar

fazendo com que tome a forma de um ldquoCrdquo

executar movimentos curtos horizontais desde o ponto de contacto entre os dentes ateacute ao sulco

gengival em cada uma das faces que delimitam o espaccedilo interdentaacuterio

repetir este procedimento ateacute que todos os espaccedilos interdentaacuterios de todos os dentes estejam

devidamente limpos

O fio dentaacuterio deve ser utilizado uma vez por dia de preferecircncia agrave noite antes de deitar Na escola os

alunos poderatildeo a aprender a utilizar este meio de remoccedilatildeo de placa bacteriana interdentaacuterio sendo

importante envolver os pais no sentido de lhes pedir colaboraccedilatildeo e permitir que as crianccedilas o utilizem

em casa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 13

3 7 Reve lador de p laca bac te r i ana O uso de reveladores de placa bacteriana (em soluto ou em comprimidos mastigaacuteveis) permitem

avaliar a higiene oral e consequentemente melhorar as teacutecnicas de escovagem e de utilizaccedilatildeo do fio

dentaacuterio

A partir dos 6 anos de idade estes produtos podem ser usados para que as crianccedilas visualizem a placa

e mais facilmente compreendam que os seus dentes necessitam de ser cuidadosamente limpos

A eritrosina que tem a propriedade de corar de vermelho a placa bacteriana eacute um dos exemplos de

corantes que se podem utilizar Utiliza-se da seguinte forma

colocar 1 a 2 gotas por baixo da liacutengua ou mastigar um comprimido sem engolir

passar a liacutengua por todas as superfiacutecies dentaacuterias

bochechar com aacutegua

A placa bacteriana corada eacute facilmente removida atraveacutes da escovagem dos dentes e do fio dentaacuterio

Nota Para evitar que os laacutebios fiquem corados de vermelho antes de colocar o corante pode passar

batom creme gordo ou vaselina nos laacutebios

3 8 Bochecho f luore tado A partir dos 6 anos pode ser feito o bochecho quinzenal com fluoreto de soacutedio a 02 na escola da

seguinte forma

agitar a soluccedilatildeo e deitar 10 ml em cada copo e distribui-los

indicar a cada crianccedila para colocar o antebraccedilo no rebordo da mesa

introduzir a soluccedilatildeo na boca sem engolir

repousar a testa no antebraccedilo colocando o copo debaixo da boca

bochechar vigorosamente durante 1 minuto

apoacutes este periacuteodo deve ser cuspida tendo o cuidado de natildeo a engolir

Apoacutes o bochecho a crianccedila deve permanecer 30 minutos sem comer nem beber

39 Iacutendice de placa O Iacutendice de Placa (IP) eacute utilizado para quantificar a placa bacteriana em todas as superfiacutecies dentaacuterias e

reflecte os haacutebitos de higiene oral dos indiviacuteduos avaliados

Assim enquanto que um baixo Iacutendice de Placa poderaacute significar um bom impacto das acccedilotildees de

educaccedilatildeo para a sauacutede em sauacutede oral nomeadamente das relacionadas com a higiene um iacutendice

elevado sugere o contraacuterio

Em programas comunitaacuterios geralmente eacute utilizado o Iacutendice de Placa Simplificado que eacute mais raacutepido

de determinar sendo o resultado final igualmente fiaacutevel

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 14

Para se calcular o Iacutendice de Placa Simplificado eacute necessaacuterio atribuir um valor ao tamanho da placa

bacteriana existente nos seguintes 6 dentes e superfiacutecies predeterminados Maxilar superior

1 Primeiro molar superior direito - Superfiacutecie vestibular

2 Incisivo central superior direito - Superfiacutecie vestibular

3 Primeiro molar superior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

4 Primeiro molar inferior esquerdo - Superfiacutecie lingual

5 Incisivo central inferior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

6 Primeiro molar inferior direito - Superfiacutecie lingual

Para atribuir um valor ao tamanho da placa bacteriana existente em cada uma das su

acima referidas eacute necessaacuterio utilizar o revelador de placa bacteriana para a co

facilitar a sua observaccedilatildeo e respectiva classificaccedilatildeo e registo

A cada uma das superfiacutecies dentaacuterias soacute pode ser atribuiacutedo um dos seguintes valore

Valor 0

Valor 1

Valor 2

Valor 3

rarr Se a superfiacutecie do dente natildeo estaacute corada

rarr Se 13 da superfiacutecie estaacute corado

rarr Se 23 da superfiacutecie estatildeo corados

rarr Se estaacute corada toda a superfiacutecie

Feito o registo da observaccedilatildeo individual verifica-se que o somatoacuterio do conjunto de

poderaacute variar entre 0 (zero) e 18 (dezoito)

Dividindo por 6 (seis) este somatoacuterio obteacutem-se o Iacutendice de Placa Individual

Para determinar o Iacutendice de Placa de um grupo de indiviacuteduos divide-se o som

individuais pelo nuacutemero de indiviacuteduos observados multiplicado por seis (o nuacutemer

nuacutemero de dentes seleccionados por indiviacuteduo)

Assim o Iacutendice de Placa poderaacute variar entre 0 (zero) e 3 (trecircs)

Iacutendice de Placa (IP) = Somatoacuterio da classificaccedilatildeo dada a cada dente

Nordm de indiviacuteduos observados x 6

A sauacutede oral das crianccedilas e adolescentes eacute um grave problema de sauacutede puacuteblica ma

simples como as descritas neste documento executadas pelos proacuteprios eou com

encorajadas pela escola e pelos serviccedilos de sauacutede contribuem decididamente para

oral importantes e implementaccedilatildeo efectiva do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas d

Maxilar inferior

perfiacutecies dentaacuterias

rar e dessa forma

s

valores atribuiacutedos

atoacuterio dos valores

o seis representa o

s que com medidas

ajuda da famiacutelia

ganhos em sauacutede

Sauacutede Oral

e EPSrsquorsquo 15

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

F l u o r e t o s

F u n d a m e n t a ccedil atilde o e R e c o m e n d a ccedil otilde e s d a T a s k F o r c e

Documento produzido pela Task Force constituiacuteda pelo Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr

Ricardo Jorge Direcccedilatildeo-Geral de Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura Faculdade de

Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Medicina Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria

Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa e Porto Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento Instituto Superior de

Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia

Ordem dos Meacutedicos Dentistas Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria Sociedade Portuguesa de

Pediatria e os serviccedilos da DGS Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede Divisatildeo de Sauacutede Ambiental

Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

1 F l u o r e t o s

A evidecircncia cientiacutefica tem demonstrado que as mudanccedilas observadas no padratildeo da doenccedila caacuterie

dentaacuteria ocorrem pela implementaccedilatildeo de programas preventivos e terapecircuticos de acircmbito comunitaacuterio

e por estrateacutegias de acccedilatildeo especiacuteficas dirigidas a grupos de risco com criteriosa utilizaccedilatildeo dos

fluoretos

O fluacuteor eacute o elemento mais electronegativo da tabela perioacutedica e raramente existe isolado sendo por

isso habitualmente referido como fluoreto Na natureza encontra-se sob a forma de um iatildeo (F-) em

associaccedilatildeo com o caacutelcio foacutesforo alumiacutenio e tambeacutem como parte de certos silicatos como o topaacutezio

Normalmente presente nas rochas plantas ar aacuteguas e solos este elemento faz parte da constituiccedilatildeo de

alguns materiais plaacutesticos e pode tambeacutem estar presente na constituiccedilatildeo de alguns fertilizantes

contribuindo desta forma para a sua presenccedila no solo aacutegua e alimentos No solo o conteuacutedo de

fluoretos varia entre 20 e 500 ppm contudo nas camadas mais profundas o seu niacutevel aumenta No ar a

concentraccedilatildeo normal de fluoretos oscila entre 005 e 190microgm3 1

Do fluacuteor que eacute ingerido entre 75 e 90 eacute absorvido por via digestiva sendo a mucosa bucal

responsaacutevel pela absorccedilatildeo de menos de 1 Depois de absorvido passa para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea

sob a forma ioacutenica ou de compostos orgacircnicos lipossoluacuteveis A forma ioacutenica que circula livremente e

natildeo se liga agraves proteiacutenas nem aos componentes plasmaacuteticos nem aos tecidos moles eacute a que vai estar

disponiacutevel para ser absorvida pelos tecidos duros Da quantidade total de fluacuteor presente no organismo

99 encontra-se nos tecidos calcificados Entre 10 e 25 do aporte diaacuterio de fluacuteor natildeo chega a ser

absorvido vindo a ser excretado pelas fezes O fluacuteor absorvido natildeo utilizado (cerca de 50) eacute

eliminado por via renal2

O fluacuteor tem uma grande afinidade com a apatite presente no organismo com a qual cria ligaccedilotildees

fortes que natildeo satildeo irreversiacuteveis Este facto deve-se agrave facilidade com que os radicais hidroxilos da

hidroxiapatite satildeo substituiacutedos pelos iotildees fluacuteor formando fluorapatite No entanto a apatite normal do

ser humano presente no osso e dente mesmo em condiccedilotildees ideais de presenccedila de fluacuteor nunca se

aproxima da composiccedilatildeo da fluorapatite pura

Quando o fluacuteor eacute ingerido passa pela cavidade oral daiacute resultando a deposiccedilatildeo de uma determinada

quantidade nos tecidos e liacutequidos aiacute existentes A mucosa jugal as gengivas a placa bacteriana os

dentes e a saliva vatildeo beneficiar imediatamente de um aporte directo de fluacuteor que pode permitir que a

sua disponibilidade na cavidade oral se prolongue por periacuteodos mais longos Eacute um facto que a presenccedila

de fluacuteor no meio oral independentemente da sua fonte resulta numa acccedilatildeo preventiva e terapecircutica

extremamente importante

Nota 22 mg de fluoreto de soacutedio correspondem a 1 mg de fluacuteor Quando se dilui 1 mg de fluacuteor em um litro de aacutegua pura

considera-se que essa aacutegua passou a ter 1 ppm de fluacuteor

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 2

Considera-se actualmente que os benefiacutecios dos fluoretos resultam basicamente da sua acccedilatildeo toacutepica

sobre a superfiacutecie do dente enquanto a sua acccedilatildeo sisteacutemica (preacute-eruptiva) eacute muito menos importante

A acccedilatildeo preventiva e terapecircutica dos fluoretos eacute conseguida predominantemente pela sua acccedilatildeo toacutepica

quer nas crianccedilas quer nos adultos atraveacutes de trecircs mecanismos diferentes responsaacuteveis pela

bull inibiccedilatildeo do processo de desmineralizaccedilatildeo

bull potenciaccedilatildeo do processo de remineralizaccedilatildeo

bull inibiccedilatildeo da acccedilatildeo da placa bacteriana

O uso racional dos fluoretos na profilaxia da caacuterie dentaacuteria com eficaacutecia e seguranccedila baseia-se no

conhecimento actualizado dos seus mecanismos de acccedilatildeo e da sua toxicologia

Com base na evidecircncia cientiacutefica a estrateacutegia de utilizaccedilatildeo dos fluoretos em sauacutede oral foi redefinida

tendo em conta que a sua acccedilatildeo preventiva eacute predominantemente poacutes-eruptiva e toacutepica e a sua acccedilatildeo

toacutexica com repercussotildees a niacutevel dentaacuterio eacute preacute-eruptiva e sisteacutemica

Estudos epidemioloacutegicos efectuados pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) sobre os efeitos do

fluacuteor na sauacutede humana referem que valores compreendidos entre 1 e 15 ppm natildeo representam risco

acrescido Contudo valores entre 15 e 2 ppm em climas quentes poderatildeo contribuir para a ocorrecircncia

de casos de fluorose dentaacuteria e valores entre 3 a 6 ppm para o aparecimento de fluorose oacutessea

Para a OMS a concentraccedilatildeo oacuteptima de fluoretos na aacutegua quando esta eacute sujeita a fluoretaccedilatildeo deve

estar compreendida entre 05 e 15 ppm de F dependendo este valor da temperatura meacutedia do local

que condiciona a quantidade de aacutegua ingerida nas zonas mais frias o valor maacuteximo pode estar perto

do limite superior nas zonas mais quentes o valor deve estar perto do limite inferior para uma

prevenccedilatildeo eficaz da caacuterie dentaacuteria Para que os riscos de fluorose estejam diminuiacutedos os programas de

fluoretaccedilatildeo das aacuteguas devem obedecer a criteacuterios claramente definidos

Nas regiotildees onde a aacutegua da rede puacuteblica conteacutem menos de 03 ppm (mgl) de fluoretos (situaccedilatildeo mais

frequente em Portugal Continental) a dose profilaacutectica oacuteptima considerando a soma de todas as fontes

de fluoretos eacute de 005mgkgdia3

11 Toxicidade Aguda

Uma intoxicaccedilatildeo aguda pelo fluacuteor eacute uma possibilidade extremamente rara Alguns casos tecircm sido

descritos na literatura Estudos efectuados em roedores e extrapolados para o homem adulto permitem

pensar que a dose letal miacutenima de fluacuteor seja de aproximadamente 2 gramas ou 32 a 64 mgkg de peso

corporal mas para uma crianccedila bastam 15 mgkg de peso corporal 2

A partir da ingestatildeo de doses superiores a 5mgkg de peso corporal considera-se a hipoacutetese de vir a ter

efeitos toacutexicos

As crianccedilas pequenas tecircm um risco acrescido de ingerir doses de fluoretos atraveacutes do consumo de

produtos de higiene oral A ingestatildeo acidental de um quarto de um tubo com dentiacutefrico de 125 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 3

(1500 ppm de Fluacuteor) potildee em risco a vida de uma crianccedila de um ano de idade O risco de ingestatildeo

acidental por crianccedilas eacute real e eacute adjuvado pelo tipo de embalagens destes produtos que natildeo tecircm

dispositivos de seguranccedila para a sua abertura

A toxicidade aguda pelos fluoretos poderaacute manifestar-se por queixas digestivas (dor abdominal

voacutemitos hematemeses e melenas) neuroloacutegicas (tremores convulsotildees tetania deliacuterio lentificaccedilatildeo da

voz) renais (urina turva hematuacuteria) metaboacutelicas (hipocalceacutemia hipomagnesieacutemia hipercalieacutemia)

cardiovasculares (arritmias hipotensatildeo) e respiratoacuterias (depressatildeo respiratoacuteria apneias) 4

12 Toxicidade Croacutenica

A dose total diaacuteria de fluoretos administrados por via sisteacutemica isenta de risco de toxicidade croacutenica

situa-se abaixo de 005 mgkgdia de peso A partir desses valores aumentam as manifestaccedilotildees atraveacutes

do aparecimento de hipomineralizaccedilatildeo do esmalte que se revela por fluorose dentaacuteria Com

concentraccedilotildees acima de 25 ppm na aacutegua esta manifestaccedilatildeo eacute mais evidente sendo tanto mais grave

quanto a concentraccedilatildeo de fluoretos vai aumentando O periacuteodo criacutetico para o efeito toacutexico do fluacuteor se

manifestar sobre a denticcedilatildeo permanente eacute entre o nascimento e os 7 anos de idade (ateacute aos 3 anos eacute o

periacuteodo mais criacutetico) Quando existem fluoretos ateacute 3 ppm na aacutegua aleacutem da fluorose natildeo parece

existir qualquer outro efeito toacutexico na sauacutede A partir deste valor aumenta o risco de nefrotoxicidade

Como qualquer outro medicamento os fluoretos em dose excessiva tecircm efeitos toacutexicos que

normalmente se manifestam atraveacutes de uma interferecircncia na esteacutetica dentaacuteria Essa manifestaccedilatildeo eacute a

fluorose dentaacuteria

Estudos recentes sobre suplementos de fluoretos e fluorose 5 confirmam que as comunidades sem aacutegua

fluoretada e que utilizam suplementos de fluoretos durante os primeiros 6 anos de vida apresentam

um aumento do risco de desenvolver fluorose

O principal factor de risco para o aparecimento de fluorose dentaacuteria eacute o aporte total de fluoretos

provenientes de diferentes fontes nomeadamente da alimentaccedilatildeo incluindo a aacutegua e os suplementos

alimentares dentiacutefricos e soluccedilotildees para bochechos comprimidos e gotas e ingestatildeo acidental que natildeo

satildeo faacuteceis de quantificar

A fluorose dentaacuteria aumentou nos uacuteltimos anos em comunidades com e sem aacutegua fluoretada 6

2 F l u o r e t o s n a aacute g u a

2 1 Aacute g u a d e a b a s t e c i m e n t o p uacute b l i c o

A fluoretaccedilatildeo das aacuteguas para consumo humano como meio de suprir o deacutefice de fluoretos na aacutegua eacute

uma praacutetica comum em alguns paiacuteses como o Brasil Austraacutelia Canadaacute EUA e Nova Zelacircndia

Apesar de serem tatildeo diferentes quer do ponto de vista soacutecioeconoacutemico quer geograacutefico eles detecircm

uma experiecircncia superior a 25 anos neste domiacutenio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 4

Na Europa a maior parte dos paiacuteses natildeo faz fluoretaccedilatildeo das suas aacuteguas para consumo humano agrave

excepccedilatildeo da Irlanda da Suiacuteccedila (Basileia) e de 10 da populaccedilatildeo do Reino Unido Na Alemanha eacute

proibido e nos restantes paiacuteses eacute desaconselhado

Nos paiacuteses em que se faz fluoretaccedilatildeo da aacutegua alguns estudos demonstraram natildeo ter existido um ganho

efectivo na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria No entanto outros como a Austraacutelia no Estado de Victoacuteria

onde a fluoretaccedilatildeo da aacutegua se faz regularmente observaram-se ganhos efectivos na sauacutede oral da

populaccedilatildeo com consequentes ganhos econoacutemicos

Recomendaccedilatildeo Eacute indispensaacutevel avaliar a qualidade das aacuteguas de abastecimento puacuteblico periodicamente e corrigir os

paracircmetros alterados

Na aacutegua os valores das concentraccedilotildees de fluoretos estatildeo compreendidas entre 01 a 07 ppm Contudo

em alguns casos podem apresentar valores muito mais elevados

Quando a aacutegua apresenta valores de ph superiores a 8 e o iatildeo soacutedio e os carbonatos satildeo dominantes os

valores de fluoretos normalmente presentes excedem 1 ppm

Nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica os fluoretos podem existir naturalmente ou resultar de um

programa de fluoretaccedilatildeo Em Portugal Continental os valores satildeo normalmente baixos e as aacuteguas natildeo

estatildeo sujeitas a fluoretaccedilatildeo artificial O teor de fluoretos deveraacute ser controlado regularmente de modo

a preservar os interesses da sauacutede puacuteblica 7

Na definiccedilatildeo de um valor guia para a aacutegua de consumo humano a OMS propotildee o valor limite de 15

ppm de Fluacuteor referindo que valores superiores podem contribuir para o aumento do risco de fluorose

A Agecircncia Americana para o Ambiente (USEPA) refere um valor maacuteximo admissiacutevel de fluoretos na

aacutegua de consumo humano de 15 ppm e recomenda que nunca se ultrapasse os 4 ppm

Em Portugal a legislaccedilatildeo actualmente em vigor sobre a qualidade da aacutegua para consumo humano

decreto-lei nordm 23698 de 1 de Agosto define dois Valores Maacuteximos Admissiacuteveis (VMA) para os

fluoretos 15 ppm (8 a 12 ordmC) e 07 ppm (25 a 30 ordmC) O decreto-lei nordm 2432001 de 5 de Setembro

que transpotildee a Directiva Comunitaacuteria nordm 9883CE de 3 de Novembro que entrou em vigor em 25 de

Dezembro de 2003 define para os fluoretos um Valor Parameacutetrico (VP) de 15 ppm

O decreto-lei nordm 24301 remete para a Entidade Gestora a verificaccedilatildeo da conformidade dos valores

parameacutetricos obrigatoacuterios aplicaacuteveis agrave aacutegua para consumo humano Sempre que um valor parameacutetrico

eacute excedido isso corresponde a uma situaccedilatildeo de incumprimento e perante esta situaccedilatildeo a entidade

gestora deve de imediato informar a autoridade de sauacutede e a entidade competente dando conta das

medidas correctoras adoptadas ou em curso para restabelecer a qualidade da aacutegua destinada a consumo

humano

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 5

Deve ter-se em atenccedilatildeo o desvio em relaccedilatildeo ao valor parameacutetrico fixado e o perigo potencial para a

sauacutede humana

Segundo o decreto-lei supra mencionado artigo 9ordm compete agraves autoridades de sauacutede a vigilacircncia

sanitaacuteria e a avaliaccedilatildeo do risco para a sauacutede puacuteblica da qualidade da aacutegua destinada ao consumo

humano Sempre que o risco exista e o incumprimento persistir a autoridade de sauacutede deve informar e

aconselhar os consumidores afectados e determinar a proibiccedilatildeo de abastecimento restringir a

utilizaccedilatildeo da aacutegua que constitua um perigo potencial para a sauacutede humana e adoptar todas as medidas

necessaacuterias para proteger a sauacutede humana

Nos Accedilores e na Madeira ou em zonas onde o teor de fluoretos na aacutegua eacute muito elevado deveraacute ser

feita uma verificaccedilatildeo da constante e a correcccedilatildeo adequada

Os principais tratamentos de desfluoretaccedilatildeo envolvem a floculaccedilatildeo da aacutegua usando sais hidratados de

alumiacutenio principalmente em condiccedilotildees alcalinas No caso de aacuteguas aacutecidas pode-se adicionar cal e

alternativamente pode-se recorrer agrave adsorccedilatildeo com carvatildeo activado ou alumina activada ( Al2O3 ) ou

por permuta ioacutenica usando resinas especiacuteficas

Recomendaccedilatildeo Ateacute aos 6-7 anos as crianccedilas natildeo devem ingerir regularmente aacutegua com teor de fluoretos superior a 07 ppm

Recomendaccedilatildeo Sempre que o valor parameacutetrico dos fluoretos na aacutegua para consumo humano exceder 15 ppm deveratildeo ser aplicadas

medidas correctoras para restabelecer a qualidade da aacutegua

2 2 Aacute g u a s m i n e r a i s n a t u r a i s e n g a r r a f a d a s

As aacuteguas minerais naturais engarrafadas deveratildeo no futuro ter rotulagem de acordo com a Directiva

Comunitaacuteria 200340CE da Comissatildeo Europeia de 16 de Maio publicada no Jornal Oficial da Uniatildeo

Europeia em 2252003 artigo 4ordm laquo1 As aacuteguas minerais naturais cuja concentraccedilatildeo em fluacuteor for

superior a 15 mgl (ppm) devem ostentar no roacutetulo a menccedilatildeo lsquoconteacutem mais de 15 mgl (ppm) de

fluacuteor natildeo eacute adequado o seu consumo regular por lactentes nem por crianccedilas com menos de 7 anosrsquo

2 No roacutetulo a menccedilatildeo prevista no nordm 1 deve figurar na proximidade imediata da denominaccedilatildeo de

venda e em caracteres claramente visiacuteveis 3

As aacuteguas minerais naturais que em aplicaccedilatildeo do nordm 1 tiverem de ostentar uma menccedilatildeo no roacutetulo

devem incluir a indicaccedilatildeo do teor real em fluacuteor a niacutevel da composiccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica em constituintes

caracteriacutesticos tal como previsto no nordm 2 aliacutenea a) do artigo 7ordm da Directiva 80777CEEraquo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 6

Para as aacuteguas de nascente cujas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas satildeo definidas pelo Decreto-lei

2432001 de 5 de Setembro em vigor desde Dezembro de 2003 os limites para o teor de fluoretos satildeo

de 15 mgl (ppm)

De acordo com o parecer do Scientific Committee on Food - Comiteacute Cientiacutefico de Alimentaccedilatildeo

Humana (expresso em Dezembro de 1996) a Comissatildeo natildeo vecirc razotildees para nos climas da Uniatildeo

Europeia (climas temperados) limitar os fluoretos nas aacuteguas de consumo humano e nas aacuteguas minerais

naturais para valores inferiores a 15mgl (ppm)

3 F l u o r e t o s n o s g eacute n e r o s a l i m e n t iacute c i o s

Entende-se por lsquogeacutenero alimentiacuteciorsquo qualquer substacircncia ou produto transformado parcialmente

transformado ou natildeo transformado destinado a ser ingerido pelo ser humano ou com razoaacuteveis

probabilidades de o ser Este termo abrange bebidas pastilhas elaacutesticas e todas as substacircncias

incluindo a aacutegua intencionalmente incorporadas nos geacuteneros alimentiacutecios durante o seu fabrico

preparaccedilatildeo ou tratamento8 9

Na alimentaccedilatildeo as estimativas de ingestatildeo de fluacuteor atraveacutes da dieta variam entre 02 e 34 mgdia

sendo estes uacuteltimos valores atingidos quando se inclui o chaacute na alimentaccedilatildeo A ingestatildeo de fluoretos

provenientes dos alimentos comuns eacute pouco significativa Apenas 13 se apresentam na forma

ionizaacutevel e portanto biodisponiacutevel

Recomendaccedilatildeo Independentemente da origem ao utilizar aacutegua informe-se sobre o seu teor em fluoretos As que tecircm um elevado teor

deste elemento natildeo satildeo adequadas para lactentes e crianccedilas com menos de 7 anos

Recomendaccedilatildeo Dar prioridade a uma dieta equilibrada e saudaacutevel com diversidade alimentar Utilizar a aacutegua da cozedura dos

alimentos para confeccionar outros alimentos (ex sopas arroz)

No iniacutecio do ano de 2003 a Comissatildeo Europeia apresentou uma nova proposta de Directiva

Comunitaacuteria relativa agrave ldquoAdiccedilatildeo aos geacuteneros alimentiacutecios de vitaminas minerais e outras substacircnciasrdquo

onde os fluoretos satildeo referidos como podendo ser adicionados a geacuteneros alimentiacutecios comuns Nesta

proposta de Directiva Comunitaacuteria eacute sugerida a inclusatildeo de determinados nutrimentos (entre eles o

fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de geacuteneros alimentiacutecios comuns Esta proposta

prevista no Livro Branco da Comissatildeo ainda estaacute numa fase inicial de discussatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 7

4 F l u o r e t o s e m s u p l e m e n t o a l i m e n t a r

Entende-se por lsquosuplementos alimentaresrsquo geacuteneros alimentiacutecios que se destinam a complementar e ou

suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas

substacircncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisioloacutegico estremes ou combinados

comercializados em forma doseada tais como caacutepsulas pastilhas comprimidos piacutelulas e outras

formas semelhantes saquetas de poacute ampola de liacutequido frascos com conta gotas e outras formas

similares de liacutequido ou poacute que se destinam a ser tomados em unidades medidas de quantidade

reduzida10

A Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002

transposta para o direito nacional pelo Decreto-lei nordm 1362003 de 28 de Junho relativa agrave aproximaccedilatildeo

das legislaccedilotildees dos Estados-Membros respeitantes aos suplementos alimentares vai permitir a inclusatildeo

de determinados nutrimentos (entre eles o fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de

suplementos alimentares11

A partir de 28 de Agosto de 2003 os fluoretos poderatildeo ser comercializados como suplemento

alimentar passando a estar disponiacutevel em farmaacutecias e superfiacutecies comerciais

As quantidades maacuteximas de vitaminas e minerais presentes nos suplementos alimentares satildeo fixadas

em funccedilatildeo da toma diaacuteria recomendada pelo fabricante tendo em conta os seguintes elementos

a) limites superiores de seguranccedila estabelecidos para as vitaminas e os minerais apoacutes uma

avaliaccedilatildeo dos riscos efectuada com base em dados cientiacuteficos geralmente aceites tendo em

conta quando for caso disso os diversos graus de sensibilidade dos diferentes grupos de

consumidores

b) quantidade de vitaminas e minerais ingerida atraveacutes de outras fontes alimentares

c) doses de referecircncia de vitaminas e minerais para a populaccedilatildeo

Recomendaccedilatildeo Nunca ultrapassar a toma indicada no roacutetulo do produto e natildeo utilizar um suplemento alimentar como substituto de um

regime alimentar variado

As quantidades maacuteximas e miacutenimas de vitaminas e minerais referidas seratildeo adoptadas pela Comissatildeo

Europeia assistida pelo Comiteacute de Regulamentaccedilatildeo

Em Portugal a Agecircncia para a Qualidade e Seguranccedila Alimentar viraacute a ter informaccedilatildeo sobre todos os

suplementos alimentares comercializados como geacuteneros alimentiacutecios e introduzidos no mercado de

acordo com o Decreto-lei nordm 1362003

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 8

A rotulagem dos suplementos alimentares natildeo poderaacute mencionar nem fazer qualquer referecircncia a

prevenccedilatildeo tratamento ou cura de doenccedilas humanas e deveraacute indicar uma advertecircncia de que os

produtos devem ser guardados fora do alcance das crianccedilas

5 F luore tos em med icamentos e p rodutos cosmeacutet icos de h ig iene corpora l

A distinccedilatildeo entre Medicamento e Produto Cosmeacutetico de Higiene Corporal contendo fluoretos depende

do seu teor no produto Os cosmeacuteticos contecircm obrigatoriamente uma concentraccedilatildeo de fluoretos inferior

a 015 (1500 ppm) (Decreto-lei 1002001 de 28 de Marccedilo I Seacuterie A) sendo que todos os dentiacutefricos

com concentraccedilotildees de fluoretos superior a 015 satildeo obrigatoriamente classificados como

medicamentos

Os medicamentos contendo fluoretos e utilizados para a profilaxia da caacuterie dentaacuteria existentes no

mercado portuguecircs satildeo de venda livre em farmaacutecia Encontram-se disponiacuteveis nas formas

farmacecircuticas de soluccedilatildeo oral (gotas orais) comprimidos dentiacutefricos gel dentaacuterio e soluccedilatildeo de

bochecho

5 1 F l u o r e t o s e m c o m p r i m i d o s e g o t a s o r a i s

A utilizaccedilatildeo de medicamentos contendo fluoretos na forma de gotas orais e comprimidos foi ateacute haacute

pouco recomendada pelos profissionais de sauacutede (pediatras meacutedicos de famiacutelia cliacutenicos gerais

meacutedicos estomatologistas meacutedicos dentistas) dos 6 meses ateacute aos 16 anos

A clarificaccedilatildeo do mecanismo de acccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria e o aumento de

aporte dos mesmos com consequentes riscos de manifestaccedilatildeo toacutexica obrigaram agrave revisatildeo da sua

administraccedilatildeo em comprimidos eou gotas A gravidade da fluorose dentaacuteria estaacute relacionada com a

dose a duraccedilatildeo e com a idade em que ocorre a exposiccedilatildeo ao fluacuteor 12 13

A ldquoCanadian Consensus Conference on the Appropriate Use of Fluoride Supplements for the

Prevention of Dental Caries in Childrenrdquo 14definiu um protocolo cuja utilizaccedilatildeo eacute recomendada a

profissionais de sauacutede em que se fundamenta a tomada de decisatildeo sobre a necessidade ou natildeo da

suplementaccedilatildeo de fluacuteor A administraccedilatildeo de comprimidos soacute eacute recomendada quando o teor de fluoretos

na aacutegua de abastecimento puacuteblico for inferior a 03 ppm e

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) natildeo escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas

vezes por dia

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas vezes

por dia mas apresenta um alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 9

Por sua vez a conclusatildeo do laquoForum on Fluoridation 2002raquo15 relativamente agrave administraccedilatildeo de

suplementos de fluoretos foi a seguinte limitar a utilizaccedilatildeo de comprimidos de fluoretos a aacutereas onde

natildeo existe aacutegua fluoretada e iniciar essa suplementaccedilatildeo apenas a crianccedilas com alto risco agrave caacuterie e a

partir dos 3 anos

Os comprimidos de fluoretos caso sejam indicados devem ser usados pelo interesse da sua acccedilatildeo

toacutepica Devem ser dissolvidos na boca em vez de imediatamente ingeridos16

A administraccedilatildeo de fluoretos sob a forma de comprimidos chupados soacute deveraacute ser efectuada em

situaccedilotildees excepcionais isto eacute em populaccedilotildees de baixos recursos econoacutemicos nas quais a escovagem

natildeo possa ser promovida e os iacutendices de caacuterie sejam elevados

Para evitar a potencial toxicidade dos fluoretos antes de qualquer prescriccedilatildeo todos os profissionais de

sauacutede devem efectuar uma avaliaccedilatildeo personalizada dos aportes diaacuterios de cada crianccedila tendo em conta

todas as fontes possiacuteveis desse elemento alimentos comuns suplementos alimentares consumo de

aacutegua da rede puacuteblica eou aacutegua engarrafada e respectivo teor de fluoretos e utilizaccedilatildeo de medicamentos

e produtos cosmeacuteticos contendo fluacuteor

Recomendaccedilatildeo A partir dos 3 anos os suplementos sisteacutemicos de fluoretos poderatildeo ser prescritos pelo meacutedico assistente ou meacutedico dentista em crianccedilas que apresentem um alto risco

agrave caacuterie dentaacuteria

5 2 F l u o r e t o s e m d e n t iacute f r i c o s

Hoje em dia a maior parte dos dentiacutefricos agrave venda no mercado contecircm fluoretos sob diferentes formas

fluoreto de soacutedio monofluorfosfato de soacutedio fluoreto de amina e outros Os mais utilizados satildeo o

fluoreto de soacutedio e o monofluorfosfato de soacutedio

Normalmente o conteuacutedo de fluoreto dos dentiacutefricos eacute de 1000 a 1100 ppm (ou 010 a 011)

podendo variar entre 500 e 1500 ppm

Durante a escovagem cerca de 34 da pasta eacute ingerida por crianccedilas de 3 anos 28 pelas de 4-5 anos

e 20 pelas de 5-7 anos

Devem ser evitados dentiacutefricos com sabor a fruta para impedir o seu consumo em excesso uma vez

que estatildeo jaacute descritos na literatura casos de fluorose resultantes do abuso de dentiacutefricos2

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluoretos duas vezes por dia tem-se revelado um

meio colectivo de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria com grande efectividade e baixo custo pelo que deve

ser considerado o meio de eleiccedilatildeo em estrateacutegias comunitaacuterias

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 10

Do ponto de vista da prevenccedilatildeo da caacuterie a aplicaccedilatildeo toacutepica de dentiacutefrico fluoretado com a escova dos

dentes deve ser executada duas vezes por dia e deve iniciar-se quando se daacute a erupccedilatildeo dos dentes Esta

rotina diaacuteria de higiene executada naturalmente com muito cuidado pelos pais deve

progressivamente ser assumida pela crianccedila ateacute aos 6-8 anos de idade Durante este periacuteodo a

escovagem deve ser sempre vigiada pelos pais ou educadores consoante as circunstacircncias para evitar

a utilizaccedilatildeo de quantidades excessivas de dentiacutefrico o qual pode da mesma forma que os

comprimidos conduzir antes dos 6 anos agrave ocorrecircncia de fluorose

As crianccedilas devem usar dentiacutefrico com teor de fluoretos entre 1000-1500 ppm de fluoreto (dentiacutefrico

de adulto) sendo a quantidade a utilizar do tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

Apoacutes a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado pode-se natildeo bochechar com aacutegua Deveraacute

apenas cuspir-se o excesso de pasta Deste modo consegue-se uma mais alta concentraccedilatildeo de fluoreto

na cavidade oral que vai actuar topicamente durante mais tempo

Os pais das crianccedilas devem receber informaccedilatildeo sobre a escovagem dentaacuteria e o uso de dentiacutefricos

fluoretados A escovagem com dentiacutefrico fluoretado deve iniciar-se imediatamente apoacutes a erupccedilatildeo dos

primeiros dentes Os dentiacutefricos fluoretados devem ser guardados em locais inacessiacuteveis agraves crianccedilas

pequenas17

5 3 F l u o r e t o s e m s o l u ccedil otilde e s d e b o c h e c h o

As soluccedilotildees para bochechos recomendadas a partir dos 6 anos de idade tecircm sido utilizadas em

programas escolares de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria em inuacutemeros paiacuteses incluindo Portugal Satildeo

recomendadas a indiviacuteduos de maior risco agrave caacuterie dentaacuteria mas a sua utilizaccedilatildeo tem vido a ser

restringida a crianccedilas que escovam eficazmente os dentes

Recomendaccedilatildeo Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Recomendaccedilatildeo A partir dos 6 anos de idade deve ser feito o bochecho quinzenalmente com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

02

As soluccedilotildees fluoretadas de uso diaacuterio habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

005 e as de uso semanal ou quinzenal habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de 02

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 11

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 12

Referecircncias

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1 Almeida CM Sugestotildees para a Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2002 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e na Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa

2 Rompante P Fundamentos para a alteraccedilatildeo do Programa de Sauacutede Oral da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Documento realizado no acircmbito da Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2003 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e no Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede ndash Norte

3 Rompante P Determinaccedilatildeo da quantidade do elemento fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento puacuteblico na totalidade das sedes de concelho de Portugal Continental Porto Faculdade de Odontologia da Universidade de Barcelona 2002 Tese de Doutoramento

4 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in Children at High Caries Risk SIGN Publication 2000 47

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Page 17: Direcção-Geral da SaúdePrograma será complementado, sempre que oportuno, por orientações técnicas a emitir por esta Direcção-Geral. O Director-Geral e Alto Comissário da

Consenso sobre a utilizaccedilatildeo de fluoretoslowast no acircmbito do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral

Generalidades

O fluacuteor tem comprovada importacircncia na reduccedilatildeo da prevalecircncia e gravidade da caacuterie A

estrateacutegia da sua utilizaccedilatildeo em sauacutede oral foi redefinida com base em novas evidecircncias

cientiacuteficas Actualmente considera-se que a sua acccedilatildeo preventiva e terapecircutica eacute toacutepica

e poacutes-eruptiva e que para se obter este efeito toacutepico o dentiacutefrico fluoretado constitui a

opccedilatildeo consensual

Os fluoretos quando administrados por via sisteacutemica podem ter efeitos toacutexicos em

particular antes dos 6 anos Embora as consequecircncias sejam essencialmente de ordem

esteacutetica eacute revista a sua administraccedilatildeo

Nas crianccedilas com idades iguais ou inferiores a 6 anos que cumprem as exigecircncias

habituais da higiene oral isto eacute escovam os dentes usando dentiacutefrico fluoretado a

concomitante administraccedilatildeo de comprimidos ou gotas aumenta o risco de fluorose

dentaacuteria

As recomendaccedilotildees da Task Force sobre a utilizaccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da

caacuterie integradas no Programa Nacional de Sauacutede Oral satildeo as seguintes

a) Eacute dada prioridade agraves aplicaccedilotildees toacutepicas sob a forma de dentiacutefricos administrados na

escovagem dos dentes Estas aplicaccedilotildees devem ser efectuadas desde a erupccedilatildeo dos

dentes e de acordo com as regras expostas na tabela anexa

b) Os comprimidos anteriormente recomendados no acircmbito do Programa de Promoccedilatildeo

da Sauacutede Oral nas Crianccedilas e nos Adolescentes (CN nordm 6DSE de 200599) soacute

seratildeo administrados apoacutes os 3 anos a crianccedilas de alto risco agrave caacuterie dentaacuteria Nesta

situaccedilatildeo os comprimidos devem ser dissolvidos na boca lentamente

preferencialmente antes de deitar As acccedilotildees de educaccedilatildeo para a sauacutede devem

prioritariamente promover a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado

lowast Das Faculdades de Medicina Dentaacuteria de Lisboa Porto e Coimbra Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Coleacutegio de Estomatologia da Ordem dos Meacutedicos Ordem dos Meacutedicos Dentistas e Sociedade Portuguesa de Pediatria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 15

c) Em nenhum dos casos estaacute recomendada a administraccedilatildeo de fluoretos sisteacutemicos agraves

graacutevidas agraves crianccedilas antes dos 3 anos e agraves que em qualquer idade consumam aacutegua

com teor de fluoreto superior a 03 ppm

Recomendaccedilotildees sobre a utilizaccedilatildeo de fluoretos no acircmbito do PNPSO

RECOMEN-

DACcedilOtildeES

Frequecircncia da

escovagem dos dentes

Material utilizado na escovagem dos dentes

Execuccedilatildeo da escovagem dos dentes

Dentiacutefrico fluoretado

Suplemento sisteacutemico de

fluoretos

0-3 Anos 2 x dia

a partir da erupccedilatildeo do 1ordm dente

uma obrigatoria-mente antes

de deitar

Gaze Dedeira

Escova macia

de tamanho pequeno

Pais

1000-1500 ppm

quantidade idecircntica ao tamanho da

unha do 5ordm dedo da crianccedila

Natildeo recomendado

3-6 Anos 2 x dia

uma

obrigatoria-mente antes

de deitar

Escova macia

de tamanho adequado agrave

boca da crianccedila

Pais eou Crianccedila

a partir do

momento em que a crianccedila

adquire destreza

manual faz a escovagem sob

supervisatildeo

1000-1500 ppm

quantidade idecircntica ao tamanho da

unha do 5ordm dedo da crianccedila

Natildeo recomendado

Excepcionalmente as crianccedilas de alto

risco agrave caacuterie dentaacuteria podem fazer

1 (um) comprimido diaacuterio de fluoreto de soacutedio a 025 mg

Mais de 6 Anos

2 x dia

uma

obrigatoria-mente antes

de deitar

Escova macia

ou em alternativa

meacutedia

de tamanho adequado agrave

boca da crianccedila ou do

jovem

Crianccedila eou Pais

se a crianccedila

natildeo tiver adquirido destreza

manual a escovagem

tem que ter a intervenccedilatildeo

activa dos pais

1000-1500 ppm

quantidade aproximada de 1 centiacutemetro

Natildeo recomendado

Excepcionalmente as crianccedilas de alto

risco agrave caacuterie dentaacuteria podem fazer

1 (um) comprimido diaacuterio de fluoreto de soacutedio a 025 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 16

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 17

Referecircncias

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11 Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede O uso do fio dentaacuterio previne algumas doenccedilas orais Lisboa DGS 1993

12 Direcccedilatildeo-Geral dos Cuidados de Sauacutede Primaacuterios Bochecho fluoretado ndash Guia Praacutetico do Professor Lisboa DGS 1992

13 Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Divisatildeo de Sauacutede Escolar Manual de Boas Praacuteticas em Sauacutede Oral para quem trabalha com Crianccedilas e Jovens com Necessidades de Sauacutede Especiais Lisboa DGS 2002 httpwwwdgsaudept

14 Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Sauacutede Infantil e Juvenil Programa-Tipo de Actuaccedilatildeo Lisboa DGS2002 (Orientaccedilotildees Teacutecnicas 12) httpwwwdgsaudept

15 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in children at High Caries Risk A National Clinical Guideline SIGN 2000 httpwwwsignacuk

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4 Agence Franccedilaise de Seacutecuriteacute Sanitaire des Produits de Santeacute Mise au point sur le fluor et la preacutevention de la carie dentaire Reacutepublique Franccedilaise AFSSA 31 Juillet 2002

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37 WHO Fluorides and Oral Health WHO Geneva 1994 (Technical Report Series 846)

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 20

Agradecimentos

A Task Force que colaborou na revisatildeo do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral coordenada pela Drordf Gregoacuteria Paixatildeo von Amann e pela Higienista Oral Cristina Ferreira Caacutedima da Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede contou com a prestimosa colaboraccedilatildeo teacutecnica e cientiacutefica de

Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge representado pela Drordf Dirce Silveira

Direcccedilatildeo-Geral da Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura representada pela Engordf Maria de Lourdes Camilo

Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa representada pelo Prof Doutor Paulo Melo

Faculdade de Medicina de Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria representada pelo Dr Francisco Delille

Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade de Lisboa representada pelo Prof Doutor Ceacutesar Mexia de Almeida

Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto representada pelo Prof Doutor Fernando M Peres

Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento representado pela Drordf Ana Arauacutejo

Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede - Norte representado pelo Prof Doutor Paulo Rompante

Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede - Sul representado pela Profordf Doutora Fernanda Mesquita

Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia representada pelo Dr Alexandre Loff Seacutergio

Ordem dos Meacutedicos Dentistas representada pelo Prof Doutor Paulo Melo

Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria representada pelo Prof Doutor Ceacutesar Mexia de Almeida

Sociedade Portuguesa de Pediatria representada pelo Dr Manuel Salgado

Serviccedilos da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede representada pela Drordf Anabela Lopes Divisatildeo de Sauacutede Ambiental representada pelo Engordm Paulo Diegues e a Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede representada pelo Dr Pedro Ribeiro da Silva

Pelas sugestotildees e correcccedilotildees introduzidas o nosso agradecimento agrave Profordf Doutora Isabel Loureiro ao Dr Vasco Prazeres Drordf Leonor Sassetti Drordf Ana Paula Ramalho Correia Dr Rui Calado Drordf Maria Otiacutelia Riscado Duarte Dr Joatildeo Breda e ao Sr Viacutetor Alves que concebeu o logoacutetipo do programa

A todos a Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede e a Divisatildeo de Sauacutede Escolar agradecem

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

E s t r a t eacute g i a s e T eacute c n i c a s d e E d u c a ccedil atilde o e P r o m o ccedil atilde o

d a S a uacute d e

Documento produzido no acircmbito dos trabalhos da Task Force pela Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede Dr

Pedro Ribeiro da Silva e Dr Joatildeo Breda e pela Higienista Oral Cristina Ferreira Caacutedima e Drordf Gregoacuteria Paixatildeo von Amann da

Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede que coordenou os trabalhos

1 Preacircmbulo

Os Programas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede tecircm por objectivo capacitar as pessoas a tomarem decisotildees no

seu quotidiano que se revelem as mais adequadas para manter ou alargar o seu potencial de sauacutede

Para se atingir este objectivo fornece-se informaccedilatildeo e utilizam-se metodologias que facilitem e decircem

suporte agraves mudanccedilas comportamentais e agrave manutenccedilatildeo das praacuteticas consideradas saudaacuteveis

Mas a mudanccedila de comportamentos natildeo eacute faacutecil depende de factores sociais culturais familiares

entre muitos outros e natildeo apenas do conhecimento cientiacutefico que as pessoas possuam sobre

determinada mateacuteria

Esta dificuldade eacute bem patente quando como no presente caso se pretende intervir sobre

comportamentos relacionados com a alimentaccedilatildeo e a escovagem dos dentes

Quando os pais datildeo aos filhos patildeo achocolatado ou outros alimentos accedilucarados para levarem para a

escola estatildeo com frequecircncia a dar natildeo apenas um alimento mas tambeacutem e ateacute talvez

principalmente afecto tentando colmatar lacunas que possam ter na relaccedilatildeo com os seus filhos

mesmo que natildeo tenham consciecircncia desse facto

Podem tambeacutem dar este tipo de alimento por terem dificuldade de encontrar tempo para confeccionar

uma sandes ou outro alimento e os anteriormente referidos estatildeo sempre prontos a serem colocados na

mochila da crianccedila

Eacute importante desenvolvermos estrateacutegias de Educaccedilatildeo para a Sauacutede que natildeo culpabilizem os pais

porque estes intrinsecamente desejam sempre o melhor para os seus filhos embora natildeo consigam por

vezes colocaacute-lo em praacutetica

Devido agrave complexidade que eacute actuar sobre comportamentos individuais para se aumentar a eficiecircncia

das nossas praacuteticas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede torna-se fulcral utilizar metodologias alargadas a vaacuterios

parceiros e sectores da comunidade de forma articulada e continuada para que progressivamente

possamos ir obtendo resultados

Como propotildee Nancy Russel no seu Manual de Educaccedilatildeo para a Sauacutede ldquoPara desenhar um

programa de Educaccedilatildeo para a Sauacutede eacute necessaacuterio ter conhecimentos sobre comportamentos e sobre

os factores que produzem a mudanccedilardquo E continua explicitando ldquoAs teorias da mudanccedila de

comportamento que podem ser aplicadas em Educaccedilatildeo para a Sauacutede foram elaboradas a partir de

uma variedade de aacutereas incluindo a psicologia a sociologia a antropologia a comunicaccedilatildeo e o

marketing Nenhuma teoria ou rede de conceitos domina por si soacute a investigaccedilatildeo ou a praacutetica da

Educaccedilatildeo para a Sauacutede Provavelmente porque os comportamentos de sauacutede satildeo demasiado

complexos para serem explicados por uma uacutenica teoriardquo (19968)

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 2

2 Metodologias para Desenvolvimento da Acccedilatildeo

21 Primeira vertente ndash O diagnoacutestico de situaccedilatildeo

A primeira etapa de actuaccedilatildeo eacute de grande importacircncia para a continuidade das outras actividades e

podemos resumi-la a um bom diagnoacutestico de situaccedilatildeo que permita conhecer em pormenor a realidade

sobre a qual se pretende actuar

I - Eacute importante estabelecer como uma das primeiras actividades a anaacutelise de duas vertentes com

grande influecircncia na sauacutede oral os haacutebitos culturais das famiacutelias relativamente agrave alimentaccedilatildeo e as

praacuteticas de higiene oral dos adultos e das crianccedilas

II - Um segundo aspecto relaciona-se com os tipos de interacccedilatildeo entre professores ou

educadores de infacircncia e pais No caso de essa interacccedilatildeo ser regular e organizada importa saber como

reagem os pais agraves indicaccedilotildees dos professores sobre os aspectos comportamentais das crianccedilas e que

efeito e eficaacutecia tecircm essas acccedilotildees na capacitaccedilatildeo de pais e filhos relativamente aos comportamentos

relacionados com a sauacutede oral

Actividades a desenvolverem

a) estudar as formas de melhorar a relaccedilatildeo entre pais e professores procurando resolver as

dificuldades que com frequecircncia os pais apresentam como obstaacuteculos ao contacto mais regular

com os professores

b) analisar a eficaacutecia das recomendaccedilotildees dadas procurando as razotildees que possam estar na origem

de situaccedilotildees de menor eficaacutecia como o desfasamento entre as recomendaccedilotildees e o contexto

familiar e cultural das crianccedilas ou recomendaccedilotildees muito teacutecnicas ou paternalistas Todas estas

situaccedilotildees podem provocar resistecircncias nas famiacutelias agrave adesatildeo agraves praacuteticas desejaacuteveis relativamente

ao programa de sauacutede oral Esta temaacutetica da Educaccedilatildeo para a Sauacutede e as praacuteticas

comportamentais eacute muito complexa mas fundamental para se conseguirem resultados ao niacutevel

dos comportamentos

III - Outra componente a analisar satildeo os aspectos sociais dos consumos alimentares que possam

estar relacionados com situaccedilotildees locais como campanhas publicitaacuterias ou de promoccedilatildeo de

determinados alimentos potencialmente cariogeacutenicos nos estabelecimentos da zona Oferta pouco

adequada de alimentos na cantina da escola com existecircncia preponderante de alimentos e bebidas

accedilucaradas A confecccedilatildeo das refeiccedilotildees no refeitoacuterio com pouca oferta de fruta legumes e vegetais e

preponderacircncia de sobremesas doces

Segundo o Modelo Precede de Green existem 3 etapas a contemplar num diagnoacutestico de situaccedilatildeo

middot diagnoacutestico epidemioloacutegico necessaacuterio para a identificaccedilatildeo dos problemas de sauacutede sobre os

quais se vai actuar como sejam os iacutendices de caacuterie fluorose dentaacuteria e outros

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 3

middot diagnoacutestico social que corresponde agrave identificaccedilatildeo das situaccedilotildees sociais existentes na comunidade

onde se desenvolve a actividade que podem contribuir para os problemas de sauacutede oral detectados

ou que se pretende prevenir

middot diagnoacutestico comportamental para identificaccedilatildeo dos vaacuterios padrotildees comportamentais que possam

estar relacionados com os problemas de sauacutede oral inventariados

A este diagnoacutestico de problemas eacute importante associar-se a identificaccedilatildeo de necessidades da

populaccedilatildeo-alvo da acccedilatildeo

Apesar da prevalecircncia das doenccedilas orais e da necessidade deste Programa Nacional em algumas

comunidades poderatildeo existir vaacuterios outros problemas de sauacutede mais graves ou mais prevalentes e

neste caso importa fazer uma avaliaccedilatildeo dos recursos e das possibilidades de eficaacutecia dando prioridade

aos grupos e agraves situaccedilotildees mais graves e de maior amplitude Outro factor a ter em conta na decisatildeo

relaciona-se com a capacidade de alterar as causas comportamentais ou factores de risco pelo

programa educacional

Apoacutes a avaliaccedilatildeo das necessidades deveratildeo ser estabelecidas as prioridades tendo em conta os

problemas de sauacutede identificados a capacidade de alteraccedilatildeo dos factores de risco comportamentais e

outros Eacute muito importante associar-se agrave definiccedilatildeo de prioridades de actuaccedilatildeo a caracterizaccedilatildeo dos sub-

grupos existentes e as diferentes estrateacutegias apropriadas a cada uma dessas populaccedilotildees alvo

22 Segunda vertente ndash os teacutecnicos de educaccedilatildeo

Todos os parceiros satildeo importantes para o desenvolvimento dos programas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede

mas no caso especiacutefico da sauacutede oral os teacutecnicos de Educaccedilatildeo satildeo fundamentais Eacute por esta razatildeo

tarefa prioritaacuteria sensibilizaacute-los e englobaacute-los no desenho dos programas desde o iniacutecio

Sabemos atraveacutes das nossas praacuteticas anteriores que nem sempre os teacutecnicos de educaccedilatildeo aderem a

algumas das actividades dos programas de sauacutede oral propostas pelos teacutecnicos de sauacutede utilizando

para isso os mais diversos argumentos A explicitaccedilatildeo dos uacuteltimos consensos cientiacuteficos nesta aacuterea

com disponibilizaccedilatildeo de bibliografia pode ser facilitador da adesatildeo ao programa

Uma das actividades centrais deste programa seraacute trabalhar em conjunto com os teacutecnicos de educaccedilatildeo

nomeadamente docentes das escolas baacutesicas e secundaacuterias e educadores de infacircncia sobre as

potencialidades do programa e os ganhos em sauacutede que a meacutedio e longo prazo este pode provocar na

populaccedilatildeo portuguesa

Outra tarefa importante eacute a reflexatildeo em conjunto sobre as dificuldades diagnosticadas em cada escola

para concretizar as actividades do programa na tentativa de encontrar soluccedilotildees seja atraveacutes da

resoluccedilatildeo dos obstaacuteculos seja encontrando alternativas Poderaacute acontecer natildeo ser possiacutevel executar

todas as tarefas incluiacutedas no programa Nesses casos importa decidir quais as actividades que poderatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 4

ser levadas agrave praacutetica com ecircxito Seraacute preferiacutevel concretizar algumas tarefas que nenhumas assim

como seraacute melhor realizar bem poucas tarefas do que muitas ou todas de forma deficiente

Frequentemente existe um diferencial de conhecimentos sobre estas aacutereas entre os teacutecnicos de

educaccedilatildeo e os de sauacutede Para evitar problemas eacute imperioso que os teacutecnicos de educaccedilatildeo sejam

parceiros em igualdade de circunstacircncia e natildeo sintam que tecircm um papel secundaacuterio no projecto ou

meros executores de tarefas

A eventual deacutecalage de conhecimentos sobre sauacutede oral pode ser compensado utilizando estrateacutegias de

trabalho em equipa natildeo assumindo os teacutecnicos de sauacutede papel de liacutederes do processo nem de

detentores da informaccedilatildeo cientiacutefica As teacutecnicas de trabalho em equipa devem implicam a partilha de

tarefas e lideranccedila natildeo assumindo o programa uma dimensatildeo vertical e impositiva por parte da sauacutede

As mensagens chave do programa seratildeo discutidas por todos os intervenientes Eacute muito importante que

sejam claras nos conteuacutedos e assumidas por toda a equipa em todas as situaccedilotildees de modo a tornar as

intervenccedilotildees coerentes com os objectivos do programa

Como cada comunidade e cada escola tecircm caracteriacutesticas proacuteprias o programa as actividades e o

trabalho interdisciplinar em equipa seratildeo adequados agraves condiccedilotildees objectivas e subjectivas de todos os

intervenientes o que pode tornar necessaacuterio fazer adaptaccedilotildees agrave aplicaccedilatildeo do mesmo O mesmo se

passa em relaccedilatildeo agraves mensagens que necessitam ser adaptadas a cada situaccedilatildeo e a cada contexto

Em relaccedilatildeo agrave Educaccedilatildeo para a Sauacutede a procura de soluccedilotildees para as situaccedilotildees decorrentes da

implementaccedilatildeo do programa como a sensibilizaccedilatildeo dos parceiros e a eliminaccedilatildeo de obstaacuteculos satildeo

uma das tarefas centrais dos programas e natildeo devem ser subestimadas pelos teacutecnicos de sauacutede pois

delas depende muita da eficaacutecia do projecto

A educaccedilatildeo alimentar eacute uma das vertentes centrais do programa pelo que eacute necessaacuterio sensibilizar os

professores para aspectos da vida escolar que podem afectar a sauacutede oral dos alunos como as ementas

escolares existentes no refeitoacuterio e o tipo de alimentos disponibilizado no bar

221 Componente praacutetica

Uma primeira tarefa do programa na escola seraacute a sensibilizaccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo para a

importacircncia do mesmo A explicitaccedilatildeo teoacuterica resumida dos pressupostos cientiacuteficos que legitimam a

alteraccedilatildeo do programa eacute um instrumento facilitador

Fundamental explicar as razotildees que tornam a escovagem como um actividade central do programa e

os inconvenientes de se darem suplementos de fluacuteor de forma generalizada Seremos especialmente

eficazes se nos disponibilizarmos para responder agraves questotildees e duacutevidas que os professores possam ter

Esta eacute com certeza tambeacutem uma maneira de aprofundarmos o diagnoacutestico da situaccedilatildeo e de podermos

contribuir para remover os obstaacuteculos detectados

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 5

Uma segunda tarefa consistiraacute em operacionalizar o programa com os professores de modo a construi-

lo conjuntamente As diversas tarefas devem ser planeadas e avaliadas continuamente para se fazerem

as alteraccedilotildees consideradas necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar do programa

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo e a escovagem

O Programa Nacional de Sauacutede Oral propotildee algumas alteraccedilotildees que podemos considerar profundas e

de ruptura em relaccedilatildeo ao programa anterior como sejam a aplicaccedilatildeo restrita dos suplementos

sisteacutemicos de fluoretos e a escovagem duas vezes ao dia com um dentiacutefrico fluoretado como principal

medida para uma boa sauacutede oral Estas directrizes derivam do consenso dos peritos de Sauacutede Oral

reunidos na task force coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

Eacute faacutecil de compreender que organizar a escovagem dos dentes dos alunos eacute mais trabalhoso que dar-

lhes um comprimido de fluacuteor ou ateacute do que fazer o bochecho com uma soluccedilatildeo fluoretada Para sermos

bem sucedidos seraacute fundamental actuar de forma cautelosa respeitando as caracteriacutesticas das pessoas e

os contextos em presenccedila

Como sabemos eacute difiacutecil quebrar rotinas e o programa vai implicar mais trabalho para os professores e

disponibilizaccedilatildeo de tempo para os pais e professores A adopccedilatildeo pelos Jardins de infacircncia e Escolas da

escovagem dos dentes dos alunos pelo menos uma vez dia como factor central do programa vai

possivelmente encontrar algumas resistecircncias por parte dos educadores de infacircncia e professores que

importa ir resolvendo de forma progressiva e de acordo com as dificuldades reais encontradas Estas

dificuldades podem estar relacionadas com a deficiecircncia de instalaccedilotildees ou outras mas estaraacute com

frequecircncia tambeacutem muito relacionada com aspectos psicossociais de resistecircncia agrave mudanccedila de rotinas

instaladas e com vaacuterios anos

Uma das estrateacutegias primordiais para este programa ser bem sucedido passa pela resoluccedilatildeo dos

obstaacuteculos referidos pelos teacutecnicos de educaccedilatildeo relativamente agrave escovagem nomeadamente

a possibilidade de as crianccedilas usarem as escovas de colegas podendo haver transmissatildeo de doenccedilas

como a hepatite ou outras

a ausecircncia de um local apropriado para a escovagem

a confusatildeo que a escovagem iraacute causar com eventuais situaccedilotildees de indisciplina

a dificuldade de vigiar todos os alunos durante a escovagem com a consequente possibilidade de

alguns especialmente se mais novos poderem engolir dentiacutefrico

existirem alguns alunos que devido a carecircncias econoacutemicas ou desconhecimento dos pais tecircm

escovas jaacute muito deterioradas podendo ser alvo de troccedila e humilhaccedilatildeo por parte dos colegas ou

sentindo-se os professores na necessidade de fazerem algo mas natildeo terem possibilidade de

substituiacuterem as escovas

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 6

Estes e outros argumentos poderatildeo ser reais ou apenas formas de encontrar justificaccedilotildees para natildeo

alterar rotinas no entanto eacute fundamental analisar cada situaccedilatildeo e encontrar a forma adequada de actuar

o que implica procurar em conjunto a resoluccedilatildeo do problema natildeo desvalorizando a perspectiva do

teacutecnico de educaccedilatildeo mesmo que do ponto de vista da sauacutede nos pareccedila oacutebvia a resistecircncia agrave mudanccedila e

a sua soluccedilatildeo

Se natildeo conseguirmos sensibilizar os profissionais de educaccedilatildeo para a importacircncia da escovagem e nos

limitarmos a contra-argumentar com os nossos dados e a nossa cientificidade facilmente iratildeo

encontrar outros argumentos Eacute preciso compreender que o que estaacute em causa natildeo satildeo as dificuldades

objectivas mas outro tipo de razotildees mais ou menos subjectivas relacionadas com as condiccedilotildees locais

e de contexto como por exemplo o facto de alguns professores considerarem que natildeo eacute da sua

competecircncia promover a escovagem dos dentes dos seus alunos A interacccedilatildeo pais-professores eacute

constante e pode potenciar grandemente o programa

23 Terceira vertente ndash os pais

Os pais satildeo tambeacutem intervenientes fundamentais nos programas de sauacutede oral e eacute fundamental que

sejam englobados na equipa de projecto enquanto parceiros activos na programaccedilatildeo de actividades de

modo a poder resolver-se eventuais resistecircncias que inclusive podem ser desconhecidas dos teacutecnicos e

serem devidas a idiossincracias micro-culturais Todas as estrateacutegias que sensibilizem os pais para as

medidas que se preconizam satildeo importantes Eacute fundamental que o programa seja ldquocontinuadordquo e

reforccedilado em casa e natildeo pelo contraacuterio descredibilizado pelas praacuteticas domeacutesticas

Em relaccedilatildeo aos pais os factores emocionais satildeo centrais na sua relaccedilatildeo com os filhos e com as escolhas

comportamentais quotidianas Transmitir informaccedilatildeo de forma essencialmente cognitiva por exemplo

laquonatildeo decirc lsquoBolosrsquo aos seus filhos porque satildeo alimentos que podem contribuir para o aparecimento de

caacuterie nos dentes e provocar obesidaderaquo tem muitas possibilidades de provocar efeitos perversos

negativos como seja a culpabilizaccedilatildeo dos pais e a resistecircncia agrave mudanccedila de comportamentos

Com frequecircncia os doces satildeo uma forma de dar afecto ou premiar os filhos ou ateacute servir como

substituto da impossibilidade dos pais estarem mais tempo com os filhos situaccedilatildeo que natildeo eacute com

frequecircncia consciente para os pais Os padrotildees comportamentais dos pais obedecem a inuacutemeras

componentes e soacute actuando sobre cada uma delas se conseguem resultados nas mudanccedilas de

comportamentos

Fornecer apenas informaccedilatildeo pode natildeo soacute natildeo provocar alteraccedilotildees comportamentais como criar ou

aumentar as resistecircncias agrave mudanccedila Eacute preciso adequar a informaccedilatildeo agraves diversas situaccedilotildees

caracterizando-as primeiro valorizando as componentes emocionais relacionais e contextuais dos

comportamentos natildeo culpabilizando os pais (porque isso provoca resistecircncias agrave mudanccedila natildeo soacute em

relaccedilatildeo a este programa mas a futuras intervenccedilotildees) e encontrando formas alternativas de resolver estas

situaccedilotildees utilizando soluccedilotildees que provoquem emoccedilotildees positivas em todos os intervenientes E dessa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 7

forma eacute possiacutevel ser-se eficaz respeitando os universos relacionais das famiacutelias e evitando efeitos

comportamentais paradoxais ou seja por reacccedilatildeo agrave informaccedilatildeo que os culpabiliza os pais

dessensibilizam das nossas indicaccedilotildees agravando e aumentando as praacuteticas que se desaconselham

Eacute esta uma das razotildees porque eacute tatildeo difiacutecil atingir os grupos populacionais que exactamente mais

precisavam de ser abrangido pelos programas de prevenccedilatildeo da doenccedila e promoccedilatildeo da sauacutede

Para aleacutem de se conhecerem as praacuteticas alimentares e de higiene oral que as crianccedilas e adolescentes

tecircm em casa eacute importante caracterizar as razotildees desses procedimentos Referimo-nos aos aspectos

individuais familiares culturais e contextuais Se queremos actuar sobre comportamentos eacute

fundamental conhecer as atitudes crenccedilas preconceitos estereoacutetipos e representaccedilotildees sociais que se

relacionam com as praacuteticas das famiacutelias as quais variam de famiacutelia para famiacutelia

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo podem ser colaboradores preciosos para esta caracterizaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo aos pais podemos resumir os aspectos a valorizar

Inclui-los nos diversos passos do programa

sensibiliza-los para a importacircncia da sauacutede oral respeitando os seus universos familiares e

culturais

dar suporte continuado agrave mudanccedila de comportamentos e de todos os factores que lhe estatildeo

associados

24 Quarta vertente ndash as crianccedilas

As crianccedilas e os adolescentes satildeo o principal puacuteblico-alvo do programa de sauacutede oral Sensibilizaacute-los

para as praacuteticas alimentares e de higiene oral que os peritos consideram actualmente adequadas eacute o

nosso objectivo

Como jaacute foi referido anteriormente eacute necessaacuterio ser cuidadoso na forma de comunicar com as crianccedilas

e adolescentes natildeo criticando directa ou indirectamente os conhecimentos e as praacuteticas aconselhadas

ou consentidas por pais e professores com quem eles convivem directamente e que satildeo dos principais

influenciadores dos seus comportamentos satildeo os seus modelos e constituem o seu universo de afectos

Criar clivagem na relaccedilatildeo cognitiva afectiva e emocional entre pais ou professores e crianccedilas e

adolescentes eacute algo que devemos ter sempre presente e evitar

As estrateacutegias de trabalho com as crianccedilas deveratildeo ser adaptadas agrave sua maturidade psico-cognitiva e

contexto socio-cultural Para que as actividades sejam luacutedicas e criativas adequadas agraves idades e outras

caracteriacutesticas das crianccedilas e adolescentes a contribuiccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo eacute com certeza

fundamental

Eacute muito importante ter em conta alguns aspectos educativos relativamente agrave mudanccedila de

comportamentos A participaccedilatildeo activa das crianccedilas na formulaccedilatildeo dessas actividades torna mais

eficazes os efeitos pretendidos

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 8

Pela dificuldade em mudar comportamentos principalmente de forma estaacutevel eacute aconselhaacutevel adequar

os objectivos agraves realidades Seraacute preferiacutevel actuar sobre um ou dois comportamentos sobre os quais a

caracterizaccedilatildeo inicial nos permitiu depreender que seraacute possiacutevel obtermos resultados positivos em vez

de tentar actuar sobre todos os comportamentos que desejariacuteamos alterar natildeo conseguindo alterar

nenhum deles Naturalmente estas escolhas seratildeo feitas cientificamente segundo o que a Educaccedilatildeo para

a Sauacutede preconiza nas vertentes relacionadas com as ciecircncias comportamentais (sociais e humanas)

Outro aspecto fundamental eacute a continuidade na acccedilatildeo A eficaacutecia seraacute tanto maior quanto mais

continuadas forem as actividades dando suporte agrave mudanccedila comportamental e reforccedilo agrave sua

manutenccedilatildeo A continuidade da acccedilatildeo permite conhecer melhor as situaccedilotildees os obstaacuteculos e as formas

de os remover pois cada caso eacute um caso e generalizar diminui grandemente a eficaacutecia

Deve ser dada uma atenccedilatildeo especial agraves crianccedilas com Necessidades de Sauacutede Especiais desfavorecidas

socialmente (porque vivem em bairros degradados com poucos recursos econoacutemicos pertencem a

minorias eacutetnicas ou satildeo emigrantes) ou que natildeo frequentam a escola utilizando estrateacutegias especificas

adequadas agraves suas dificuldades

25 Quinta vertente ndash a comunidade

Para os programas de Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutede a componente comunitaacuteria eacute fundamental A

participaccedilatildeo e contribuiccedilatildeo dos vaacuterios sectores da comunidade podem ser potenciadores do trabalho a

desenvolver

Dependendo das situaccedilotildees locais a Autarquia as IPSS e as ONGrsquos entre outras podem ser parceiros

de enorme valia para o desenvolvimento do programa Para isso temos que sensibilizar os liacutederes

locais para a importacircncia da sauacutede oral e do programa que se pretende incrementar explicitando como

com pequenos custos podemos obter ganhos em sauacutede a meacutedio e longo prazo

As instituiccedilotildees que organizam actividades para crianccedilas e adolescentes como os ATLrsquos associaccedilotildees

culturais desportivas e religiosas podem ser excelentes parceiros para o desenvolvimento das

actividades dependendo das caracteriacutesticas da comunidade onde se aplica o programa Os grupos de

teatro satildeo tambeacutem um excelente recurso para integrarem as actividades com as crianccedilas e os

adolescentes

26 Sexta vertente ndash os meios de comunicaccedilatildeo social

Os meios de comunicaccedilatildeo social locais e regionais se forem utilizados apropriadamente podem ser

parceiros potenciadores das actividades que se pretendem desenvolver

Mas com frequecircncia os teacutecnicos de sauacutede encontram dificuldades na relaccedilatildeo com os profissionais da

comunicaccedilatildeo social considerando que estes natildeo satildeo sensiacuteveis agraves nossas preocupaccedilotildees com a prevenccedilatildeo

da doenccedila e da promoccedilatildeo da sauacutede

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 9

Os media tecircm uma linguagem e podemos dizer uma filosofia proacuteprias que com frequecircncia natildeo satildeo

coincidentes com as nossas eacute por essa razatildeo necessaacuterio que os teacutecnicos de sauacutede se adaptem e se

possiacutevel se aperfeiccediloem na linguagem dos meacutedia Se natildeo utilizarmos adequadamente os meios de

comunicaccedilatildeo social estes podem ter um efeito contraproducente diminuindo a eficaacutecia do programa de

sauacutede oral

Algumas das dificuldades encontradas quando trabalhamos com os media especialmente as raacutedios e as

televisotildees satildeo as seguintes

na maior parte dos casos natildeo se pode transmitir muita informaccedilatildeo mesmo que seja um programa

de raacutedio de 1 ou 2 horas iria ficar muito monoacutetono e pouco atraente assim como se tornaria

confuso para os ouvintes e pouco eficaz porque com frequecircncia as pessoas desenvolvem outras

actividades enquanto ouvem raacutedio

eacute aconselhaacutevel transmitir apenas o que eacute realmente importante e faze-lo de forma muito clara

mantendo a consistecircncia sobre a hierarquia das informaccedilotildees nas diversas intervenccedilotildees ou seja que

todas os intervenientes no programa e em todas as situaccedilotildees em que intervecircm tenham um discurso

coerente e natildeo contraditoacuterio

evitar informaccedilotildees riacutegidas que culpabilizem as pessoas e natildeo respeitem os seus contextos micro-

culturais Eacute preferiacutevel suscitar alguma mudanccedila comportamental de forma progressiva que

nenhuma

com frequecircncia utilizamos o leacutexico meacutedico sem nos apercebermos que muitos cidadatildeos natildeo

conhecem termos que nos parecem simples como obesidade ou colesterol atribuindo-lhes outros

significados (portanto desconhecem que natildeo conhecem o verdadeiro significado)

se possiacutevel testar com pessoas de diversas idades e estratos socio-culturais que sejam leigas em

relaccedilatildeo a estas temaacuteticas aquilo que se preparou para a intervenccedilatildeo nos meios de comunicaccedilatildeo

social e alterar se necessaacuterio de acordo com as indicaccedilotildees que essas pessoas nos fornecerem

27 Seacutetima vertente ndash a avaliaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo deve ter iniacutecio na fase de planeamento e acompanhar todo o projecto de modo a introduzir

as alteraccedilotildees necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar das actividades

Devem fazer parte da equipa de avaliaccedilatildeo os diversos parceiros do projecto assim como pessoas

externas ao projecto e estas quando possiacutevel com formaccedilatildeo em educaccedilatildeo para a sauacutede nas aacutereas

teacutecnicas comportamentais de planeamento e avaliaccedilatildeo qualitativa e quantitativa

Satildeo fundamentais avaliaccedilotildees qualitativas e quantitativas das actividades a desenvolver e se possiacutevel

com anaacutelises comparativas ao desenrolar do projecto noutras zonas do paiacutes

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 10

3 T eacute c n i c a s d e H i g i e n e O r a l

3 1 Escovagem dos den tes ndash A escova A escovagem dos dentes deve ser efectuada com uma escova de tamanho adequado agrave boca de quem a

utiliza Habitualmente as embalagens referem as idades a que se destinam Os filamentos devem ser

de nylon com extremidades arredondadas e textura macia que quando comeccedilam a ficar deformados

obrigam agrave substituiccedilatildeo da escova Normalmente a escova quando utilizada 2 vezes por dia dura cerca

de 3-4 meses

Existem escovas manuais e eleacutectricas as quais requerem os mesmos cuidados As escovas eleacutectricas

facilitam a higiene oral das pessoas que tenham pouca destreza manual

3 2 Escovagem dos den tes ndash O den t iacute f r i co O dentiacutefrico a utilizar deve conter fluoreto numa dosagem de cerca de 1000-1500 ppm A quantidade a

utilizar em cada uma das escovagens deve ser semelhante (ou inferior) ao tamanho da unha do 5ordm dedo

(dedo mindinho) da matildeo da crianccedila

Os dentiacutefricos com sabores muito atractivos natildeo se recomendam porque podem levar as crianccedilas a

engoli-lo deliberadamente Ateacute aos 6 anos aproximadamente o dentiacutefrico deve ser colocado na escova

por um adulto Apoacutes a escovagem dos dentes eacute apenas necessaacuterio cuspir o excesso de dentiacutefrico

podendo no entanto bochechar-se com um pouco de aacutegua

33 Escovagem dos dentes no Jardim-de-infacircncia e na Escola identificaccedilatildeo e arrumaccedilatildeo das escovas e copos

Hoje em dia haacute escovas de dentes que tecircm uma tampa ou estojo com orifiacutecios que a protege Caso se

opte pela utilizaccedilatildeo destas escovas natildeo eacute necessaacuterio que fiquem na escola Os alunos poderatildeo colocaacute-

la dentro da mochila juntamente com o tubo do dentiacutefrico e transportaacute-los diariamente para a escola

O conceito de intransmissibilidade da escova de dentes deve ser reforccedilado junto das crianccedilas Se as

escovas ficarem na escola eacute essencial que estejam identificadas bastando para tal escrever no cabo da

escova o nome da crianccedila com uma caneta de tinta resistente agrave aacutegua Tambeacutem se devem identificar os

dentiacutefricos Cada aluno deveraacute ter o seu proacuteprio dentiacutefrico e os copos caso natildeo sejam descartaacuteveis

As escovas guardam-se num local seco e arejado de modo a que os pelos fiquem virados para cima e

natildeo contactem umas com as outras Cada escova pode ser colocada dentro do copo num suporte

acriacutelico ou outro material resistente agrave aacutegua em local seco e arejado

Dentiacutefricos e escovas devem estar fora do alcance das crianccedilas para evitar a troca ou ingestatildeo

acidental de dentiacutefrico Caso haja a possibilidade de utilizar copos descartaacuteveis (de cafeacute) o processo eacute

bastante simplificado (os copos de cafeacute podem ser substituiacutedos por copos de iogurte) Os produtos de

higiene oral podem ser adquiridos com a colaboraccedilatildeo da Autarquia do Centro de Sauacutede dos pais ou

ateacute de alguma empresa Se a escola tiver refeitoacuterio pode tambeacutem ser viaacutevel utilizar os copos do

refeitoacuterio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 11

34 Escovagem dos den tes ndash Organ izaccedilatildeo da ac t i v idade

A escovagem dos dentes deve ser feita diariamente no jardim-de-infacircncia e na escola apoacutes o almoccedilo agrave

entrada na sala de aula ou apoacutes o intervalo As crianccedilas poderatildeo escovar os dentes na casa de banho no

refeitoacuterio ou na proacutepria sala de aula O processo eacute simples natildeo exigindo muitas condiccedilotildees fiacutesicas das

escolas que satildeo frequentemente utilizadas para justificar a recusa desta actividade

Caso a escola tenha lavatoacuterios suficientes esta actividade pode ser feita na casa de banho Eacute necessaacuterio

definir a hora em que cada uma das salas vai utilizar esse espaccedilo Na casa de banho deveratildeo estar

apenas as crianccedilas que estatildeo a escovar os dentes Os outros esperam a sua vez em fila agrave porta Eacute

essencial que esteja algueacutem (auxiliar professoreducador ou voluntaacuterio) a vigiar para manter a ordem

organizar o processo e corrigir a teacutecnica da escovagem No final da escovagem cada crianccedila lava a

escova e o copo (se natildeo for descartaacutevel) e arruma no local destinado a esse efeito

Quando o espaccedilo fiacutesico natildeo permite que a escovagem seja feita na casa de banho esta actividade pode

ser feita na proacutepria sala de aula Nesta situaccedilatildeo se for possiacutevel utilizar copos descartaacuteveis ou copos de

iogurte facilita o processo e torna-o menos moroso Os alunos mantecircm-se sentados nas suas cadeiras

Retiram da sua mochila o estojo com a escova e o dentiacutefrico Um dos alunos distribui os copos e os

guardanapos (ou toalhetes de papel ou papel higieacutenico) Os alunos escovam os dentes todos ao mesmo

tempo podendo ateacute fazecirc-lo com muacutesica O professor deve ir corrigindo a teacutecnica de escovagem Apoacutes

a escovagem as crianccedilas cospem o excesso de dentiacutefrico para o copo limpam a boca tiram o excesso

de dentiacutefrico e saliva da escova com o papel ou o guardanapo e por fim colocam-no dentro do copo

Tapam a escova e arrumam-na em estojo proacuteprio ou na mochila juntamente com o dentiacutefrico No final

um dos alunos vai buscar um saco de lixo passa por todas as carteiras para que cada uma coloque o

seu copo no lixo Caso alguma das crianccedilas natildeo tolere o restos de dentiacutefrico na cavidade oral pode

colocar-se uma pequena porccedilatildeo de aacutegua no copo e no fim da escovagem bochecha e cospe para o

copo Os pais dos alunos devem ser instruiacutedos para se certificarem que em casa a crianccedila lava a sua

escova com aacutegua corrente e volta a colocaacute-la na mochila No sentido de facilitar o procedimento

recomenda-se que os copos sejam descartaacuteveis e as escovas tenham tampa

35 Escovagem dos den tes - A teacutecn ica A escovagem dos dentes para ser eficaz ou seja para remover a placa bacteriana necessita ser feita

com rigor e demora 2 a 3 minutos Quando se utiliza uma escova manual a escovagem faz-se da

seguinte forma

inclinar a escova em direcccedilatildeo agrave gengiva (cerca de 45ordm) e fazer pequenos movimentos vibratoacuterios

horizontais ou circulares de modo a que os pelos da escova limpem o sulco gengival (espaccedilo que

fica entre o dente e a gengiva)

se for difiacutecil manter esta posiccedilatildeo colocar os pecirclos da escova perpendicularmente agrave gengiva e agrave

superfiacutecie do dente

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 12

escovar 2 dentes de cada vez (os correspondentes ao tamanho da cabeccedila da escova) fazendo

aproximadamente 10 movimentos (ou 5 caso sejam crianccedilas ateacute aos 6 anos) nas superfiacutecies

dentaacuterias abarcadas pela escova

comeccedilar a escovagem pela superfiacutecie externa (do lado da bochecha) do dente mais posterior de um

dos maxilares e continuar a escovar ateacute atingir o uacuteltimo dente da extremidade oposta desse

maxilar

com a mesma sequecircncia escovar as superfiacutecies dentaacuterias do lado da liacutengua

proceder do mesmo modo para fazer a escovagem dos dentes do outro maxilar

escovar as superfiacutecies mastigatoacuterias dos dentes com movimentos de vaiveacutem

por fim pode escovar-se a liacutengua

Quando se utiliza uma escova de dentes eleacutectrica segue-se a mesma sequecircncia de escovagem O

movimento da escova eacute feito automaticamente natildeo deve ser feita pressatildeo ou movimentos adicionais

sobre os dentes A escova desloca-se ao longo da arcada escovando um soacute dente de cada vez A

escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluacuteor deve ser feita duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente agrave noite antes de deitar

3 6 Uso do f io den taacute r io A partir do momento em que haacute destreza manual (a partir dos 8 anos) eacute indispensaacutevel o uso do fio ou

fita dentaacuteria que se utiliza da seguinte forma

retirar cerca de 40 cm de fio (ou fita) do porta fio

enrolar a quase totalidade do fio no dedo meacutedio de uma matildeo e uma pequena porccedilatildeo no dedo meacutedio

da outra matildeo deixando entre os dois dedos uma porccedilatildeo de fio com aproximadamente 25 cm

Quando as crianccedilas satildeo mais pequenas pode retirar-se uma porccedilatildeo mais pequena de fio cerca de

30 cm dar um noacute juntando as 2 pontas formando um ciacuterculo com o fio natildeo havendo necessidade

de o enrolar nos dedos Eacute importante utilizar sempre fio limpo em cada espaccedilo interdentaacuterio Os

polegares eou os indicadores ajudam a manuseaacute-lo

introduzir o fio cuidadosamente entre dois dentes e curva-lo agrave volta do dente que se quer limpar

fazendo com que tome a forma de um ldquoCrdquo

executar movimentos curtos horizontais desde o ponto de contacto entre os dentes ateacute ao sulco

gengival em cada uma das faces que delimitam o espaccedilo interdentaacuterio

repetir este procedimento ateacute que todos os espaccedilos interdentaacuterios de todos os dentes estejam

devidamente limpos

O fio dentaacuterio deve ser utilizado uma vez por dia de preferecircncia agrave noite antes de deitar Na escola os

alunos poderatildeo a aprender a utilizar este meio de remoccedilatildeo de placa bacteriana interdentaacuterio sendo

importante envolver os pais no sentido de lhes pedir colaboraccedilatildeo e permitir que as crianccedilas o utilizem

em casa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 13

3 7 Reve lador de p laca bac te r i ana O uso de reveladores de placa bacteriana (em soluto ou em comprimidos mastigaacuteveis) permitem

avaliar a higiene oral e consequentemente melhorar as teacutecnicas de escovagem e de utilizaccedilatildeo do fio

dentaacuterio

A partir dos 6 anos de idade estes produtos podem ser usados para que as crianccedilas visualizem a placa

e mais facilmente compreendam que os seus dentes necessitam de ser cuidadosamente limpos

A eritrosina que tem a propriedade de corar de vermelho a placa bacteriana eacute um dos exemplos de

corantes que se podem utilizar Utiliza-se da seguinte forma

colocar 1 a 2 gotas por baixo da liacutengua ou mastigar um comprimido sem engolir

passar a liacutengua por todas as superfiacutecies dentaacuterias

bochechar com aacutegua

A placa bacteriana corada eacute facilmente removida atraveacutes da escovagem dos dentes e do fio dentaacuterio

Nota Para evitar que os laacutebios fiquem corados de vermelho antes de colocar o corante pode passar

batom creme gordo ou vaselina nos laacutebios

3 8 Bochecho f luore tado A partir dos 6 anos pode ser feito o bochecho quinzenal com fluoreto de soacutedio a 02 na escola da

seguinte forma

agitar a soluccedilatildeo e deitar 10 ml em cada copo e distribui-los

indicar a cada crianccedila para colocar o antebraccedilo no rebordo da mesa

introduzir a soluccedilatildeo na boca sem engolir

repousar a testa no antebraccedilo colocando o copo debaixo da boca

bochechar vigorosamente durante 1 minuto

apoacutes este periacuteodo deve ser cuspida tendo o cuidado de natildeo a engolir

Apoacutes o bochecho a crianccedila deve permanecer 30 minutos sem comer nem beber

39 Iacutendice de placa O Iacutendice de Placa (IP) eacute utilizado para quantificar a placa bacteriana em todas as superfiacutecies dentaacuterias e

reflecte os haacutebitos de higiene oral dos indiviacuteduos avaliados

Assim enquanto que um baixo Iacutendice de Placa poderaacute significar um bom impacto das acccedilotildees de

educaccedilatildeo para a sauacutede em sauacutede oral nomeadamente das relacionadas com a higiene um iacutendice

elevado sugere o contraacuterio

Em programas comunitaacuterios geralmente eacute utilizado o Iacutendice de Placa Simplificado que eacute mais raacutepido

de determinar sendo o resultado final igualmente fiaacutevel

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 14

Para se calcular o Iacutendice de Placa Simplificado eacute necessaacuterio atribuir um valor ao tamanho da placa

bacteriana existente nos seguintes 6 dentes e superfiacutecies predeterminados Maxilar superior

1 Primeiro molar superior direito - Superfiacutecie vestibular

2 Incisivo central superior direito - Superfiacutecie vestibular

3 Primeiro molar superior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

4 Primeiro molar inferior esquerdo - Superfiacutecie lingual

5 Incisivo central inferior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

6 Primeiro molar inferior direito - Superfiacutecie lingual

Para atribuir um valor ao tamanho da placa bacteriana existente em cada uma das su

acima referidas eacute necessaacuterio utilizar o revelador de placa bacteriana para a co

facilitar a sua observaccedilatildeo e respectiva classificaccedilatildeo e registo

A cada uma das superfiacutecies dentaacuterias soacute pode ser atribuiacutedo um dos seguintes valore

Valor 0

Valor 1

Valor 2

Valor 3

rarr Se a superfiacutecie do dente natildeo estaacute corada

rarr Se 13 da superfiacutecie estaacute corado

rarr Se 23 da superfiacutecie estatildeo corados

rarr Se estaacute corada toda a superfiacutecie

Feito o registo da observaccedilatildeo individual verifica-se que o somatoacuterio do conjunto de

poderaacute variar entre 0 (zero) e 18 (dezoito)

Dividindo por 6 (seis) este somatoacuterio obteacutem-se o Iacutendice de Placa Individual

Para determinar o Iacutendice de Placa de um grupo de indiviacuteduos divide-se o som

individuais pelo nuacutemero de indiviacuteduos observados multiplicado por seis (o nuacutemer

nuacutemero de dentes seleccionados por indiviacuteduo)

Assim o Iacutendice de Placa poderaacute variar entre 0 (zero) e 3 (trecircs)

Iacutendice de Placa (IP) = Somatoacuterio da classificaccedilatildeo dada a cada dente

Nordm de indiviacuteduos observados x 6

A sauacutede oral das crianccedilas e adolescentes eacute um grave problema de sauacutede puacuteblica ma

simples como as descritas neste documento executadas pelos proacuteprios eou com

encorajadas pela escola e pelos serviccedilos de sauacutede contribuem decididamente para

oral importantes e implementaccedilatildeo efectiva do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas d

Maxilar inferior

perfiacutecies dentaacuterias

rar e dessa forma

s

valores atribuiacutedos

atoacuterio dos valores

o seis representa o

s que com medidas

ajuda da famiacutelia

ganhos em sauacutede

Sauacutede Oral

e EPSrsquorsquo 15

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

F l u o r e t o s

F u n d a m e n t a ccedil atilde o e R e c o m e n d a ccedil otilde e s d a T a s k F o r c e

Documento produzido pela Task Force constituiacuteda pelo Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr

Ricardo Jorge Direcccedilatildeo-Geral de Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura Faculdade de

Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Medicina Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria

Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa e Porto Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento Instituto Superior de

Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia

Ordem dos Meacutedicos Dentistas Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria Sociedade Portuguesa de

Pediatria e os serviccedilos da DGS Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede Divisatildeo de Sauacutede Ambiental

Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

1 F l u o r e t o s

A evidecircncia cientiacutefica tem demonstrado que as mudanccedilas observadas no padratildeo da doenccedila caacuterie

dentaacuteria ocorrem pela implementaccedilatildeo de programas preventivos e terapecircuticos de acircmbito comunitaacuterio

e por estrateacutegias de acccedilatildeo especiacuteficas dirigidas a grupos de risco com criteriosa utilizaccedilatildeo dos

fluoretos

O fluacuteor eacute o elemento mais electronegativo da tabela perioacutedica e raramente existe isolado sendo por

isso habitualmente referido como fluoreto Na natureza encontra-se sob a forma de um iatildeo (F-) em

associaccedilatildeo com o caacutelcio foacutesforo alumiacutenio e tambeacutem como parte de certos silicatos como o topaacutezio

Normalmente presente nas rochas plantas ar aacuteguas e solos este elemento faz parte da constituiccedilatildeo de

alguns materiais plaacutesticos e pode tambeacutem estar presente na constituiccedilatildeo de alguns fertilizantes

contribuindo desta forma para a sua presenccedila no solo aacutegua e alimentos No solo o conteuacutedo de

fluoretos varia entre 20 e 500 ppm contudo nas camadas mais profundas o seu niacutevel aumenta No ar a

concentraccedilatildeo normal de fluoretos oscila entre 005 e 190microgm3 1

Do fluacuteor que eacute ingerido entre 75 e 90 eacute absorvido por via digestiva sendo a mucosa bucal

responsaacutevel pela absorccedilatildeo de menos de 1 Depois de absorvido passa para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea

sob a forma ioacutenica ou de compostos orgacircnicos lipossoluacuteveis A forma ioacutenica que circula livremente e

natildeo se liga agraves proteiacutenas nem aos componentes plasmaacuteticos nem aos tecidos moles eacute a que vai estar

disponiacutevel para ser absorvida pelos tecidos duros Da quantidade total de fluacuteor presente no organismo

99 encontra-se nos tecidos calcificados Entre 10 e 25 do aporte diaacuterio de fluacuteor natildeo chega a ser

absorvido vindo a ser excretado pelas fezes O fluacuteor absorvido natildeo utilizado (cerca de 50) eacute

eliminado por via renal2

O fluacuteor tem uma grande afinidade com a apatite presente no organismo com a qual cria ligaccedilotildees

fortes que natildeo satildeo irreversiacuteveis Este facto deve-se agrave facilidade com que os radicais hidroxilos da

hidroxiapatite satildeo substituiacutedos pelos iotildees fluacuteor formando fluorapatite No entanto a apatite normal do

ser humano presente no osso e dente mesmo em condiccedilotildees ideais de presenccedila de fluacuteor nunca se

aproxima da composiccedilatildeo da fluorapatite pura

Quando o fluacuteor eacute ingerido passa pela cavidade oral daiacute resultando a deposiccedilatildeo de uma determinada

quantidade nos tecidos e liacutequidos aiacute existentes A mucosa jugal as gengivas a placa bacteriana os

dentes e a saliva vatildeo beneficiar imediatamente de um aporte directo de fluacuteor que pode permitir que a

sua disponibilidade na cavidade oral se prolongue por periacuteodos mais longos Eacute um facto que a presenccedila

de fluacuteor no meio oral independentemente da sua fonte resulta numa acccedilatildeo preventiva e terapecircutica

extremamente importante

Nota 22 mg de fluoreto de soacutedio correspondem a 1 mg de fluacuteor Quando se dilui 1 mg de fluacuteor em um litro de aacutegua pura

considera-se que essa aacutegua passou a ter 1 ppm de fluacuteor

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 2

Considera-se actualmente que os benefiacutecios dos fluoretos resultam basicamente da sua acccedilatildeo toacutepica

sobre a superfiacutecie do dente enquanto a sua acccedilatildeo sisteacutemica (preacute-eruptiva) eacute muito menos importante

A acccedilatildeo preventiva e terapecircutica dos fluoretos eacute conseguida predominantemente pela sua acccedilatildeo toacutepica

quer nas crianccedilas quer nos adultos atraveacutes de trecircs mecanismos diferentes responsaacuteveis pela

bull inibiccedilatildeo do processo de desmineralizaccedilatildeo

bull potenciaccedilatildeo do processo de remineralizaccedilatildeo

bull inibiccedilatildeo da acccedilatildeo da placa bacteriana

O uso racional dos fluoretos na profilaxia da caacuterie dentaacuteria com eficaacutecia e seguranccedila baseia-se no

conhecimento actualizado dos seus mecanismos de acccedilatildeo e da sua toxicologia

Com base na evidecircncia cientiacutefica a estrateacutegia de utilizaccedilatildeo dos fluoretos em sauacutede oral foi redefinida

tendo em conta que a sua acccedilatildeo preventiva eacute predominantemente poacutes-eruptiva e toacutepica e a sua acccedilatildeo

toacutexica com repercussotildees a niacutevel dentaacuterio eacute preacute-eruptiva e sisteacutemica

Estudos epidemioloacutegicos efectuados pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) sobre os efeitos do

fluacuteor na sauacutede humana referem que valores compreendidos entre 1 e 15 ppm natildeo representam risco

acrescido Contudo valores entre 15 e 2 ppm em climas quentes poderatildeo contribuir para a ocorrecircncia

de casos de fluorose dentaacuteria e valores entre 3 a 6 ppm para o aparecimento de fluorose oacutessea

Para a OMS a concentraccedilatildeo oacuteptima de fluoretos na aacutegua quando esta eacute sujeita a fluoretaccedilatildeo deve

estar compreendida entre 05 e 15 ppm de F dependendo este valor da temperatura meacutedia do local

que condiciona a quantidade de aacutegua ingerida nas zonas mais frias o valor maacuteximo pode estar perto

do limite superior nas zonas mais quentes o valor deve estar perto do limite inferior para uma

prevenccedilatildeo eficaz da caacuterie dentaacuteria Para que os riscos de fluorose estejam diminuiacutedos os programas de

fluoretaccedilatildeo das aacuteguas devem obedecer a criteacuterios claramente definidos

Nas regiotildees onde a aacutegua da rede puacuteblica conteacutem menos de 03 ppm (mgl) de fluoretos (situaccedilatildeo mais

frequente em Portugal Continental) a dose profilaacutectica oacuteptima considerando a soma de todas as fontes

de fluoretos eacute de 005mgkgdia3

11 Toxicidade Aguda

Uma intoxicaccedilatildeo aguda pelo fluacuteor eacute uma possibilidade extremamente rara Alguns casos tecircm sido

descritos na literatura Estudos efectuados em roedores e extrapolados para o homem adulto permitem

pensar que a dose letal miacutenima de fluacuteor seja de aproximadamente 2 gramas ou 32 a 64 mgkg de peso

corporal mas para uma crianccedila bastam 15 mgkg de peso corporal 2

A partir da ingestatildeo de doses superiores a 5mgkg de peso corporal considera-se a hipoacutetese de vir a ter

efeitos toacutexicos

As crianccedilas pequenas tecircm um risco acrescido de ingerir doses de fluoretos atraveacutes do consumo de

produtos de higiene oral A ingestatildeo acidental de um quarto de um tubo com dentiacutefrico de 125 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 3

(1500 ppm de Fluacuteor) potildee em risco a vida de uma crianccedila de um ano de idade O risco de ingestatildeo

acidental por crianccedilas eacute real e eacute adjuvado pelo tipo de embalagens destes produtos que natildeo tecircm

dispositivos de seguranccedila para a sua abertura

A toxicidade aguda pelos fluoretos poderaacute manifestar-se por queixas digestivas (dor abdominal

voacutemitos hematemeses e melenas) neuroloacutegicas (tremores convulsotildees tetania deliacuterio lentificaccedilatildeo da

voz) renais (urina turva hematuacuteria) metaboacutelicas (hipocalceacutemia hipomagnesieacutemia hipercalieacutemia)

cardiovasculares (arritmias hipotensatildeo) e respiratoacuterias (depressatildeo respiratoacuteria apneias) 4

12 Toxicidade Croacutenica

A dose total diaacuteria de fluoretos administrados por via sisteacutemica isenta de risco de toxicidade croacutenica

situa-se abaixo de 005 mgkgdia de peso A partir desses valores aumentam as manifestaccedilotildees atraveacutes

do aparecimento de hipomineralizaccedilatildeo do esmalte que se revela por fluorose dentaacuteria Com

concentraccedilotildees acima de 25 ppm na aacutegua esta manifestaccedilatildeo eacute mais evidente sendo tanto mais grave

quanto a concentraccedilatildeo de fluoretos vai aumentando O periacuteodo criacutetico para o efeito toacutexico do fluacuteor se

manifestar sobre a denticcedilatildeo permanente eacute entre o nascimento e os 7 anos de idade (ateacute aos 3 anos eacute o

periacuteodo mais criacutetico) Quando existem fluoretos ateacute 3 ppm na aacutegua aleacutem da fluorose natildeo parece

existir qualquer outro efeito toacutexico na sauacutede A partir deste valor aumenta o risco de nefrotoxicidade

Como qualquer outro medicamento os fluoretos em dose excessiva tecircm efeitos toacutexicos que

normalmente se manifestam atraveacutes de uma interferecircncia na esteacutetica dentaacuteria Essa manifestaccedilatildeo eacute a

fluorose dentaacuteria

Estudos recentes sobre suplementos de fluoretos e fluorose 5 confirmam que as comunidades sem aacutegua

fluoretada e que utilizam suplementos de fluoretos durante os primeiros 6 anos de vida apresentam

um aumento do risco de desenvolver fluorose

O principal factor de risco para o aparecimento de fluorose dentaacuteria eacute o aporte total de fluoretos

provenientes de diferentes fontes nomeadamente da alimentaccedilatildeo incluindo a aacutegua e os suplementos

alimentares dentiacutefricos e soluccedilotildees para bochechos comprimidos e gotas e ingestatildeo acidental que natildeo

satildeo faacuteceis de quantificar

A fluorose dentaacuteria aumentou nos uacuteltimos anos em comunidades com e sem aacutegua fluoretada 6

2 F l u o r e t o s n a aacute g u a

2 1 Aacute g u a d e a b a s t e c i m e n t o p uacute b l i c o

A fluoretaccedilatildeo das aacuteguas para consumo humano como meio de suprir o deacutefice de fluoretos na aacutegua eacute

uma praacutetica comum em alguns paiacuteses como o Brasil Austraacutelia Canadaacute EUA e Nova Zelacircndia

Apesar de serem tatildeo diferentes quer do ponto de vista soacutecioeconoacutemico quer geograacutefico eles detecircm

uma experiecircncia superior a 25 anos neste domiacutenio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 4

Na Europa a maior parte dos paiacuteses natildeo faz fluoretaccedilatildeo das suas aacuteguas para consumo humano agrave

excepccedilatildeo da Irlanda da Suiacuteccedila (Basileia) e de 10 da populaccedilatildeo do Reino Unido Na Alemanha eacute

proibido e nos restantes paiacuteses eacute desaconselhado

Nos paiacuteses em que se faz fluoretaccedilatildeo da aacutegua alguns estudos demonstraram natildeo ter existido um ganho

efectivo na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria No entanto outros como a Austraacutelia no Estado de Victoacuteria

onde a fluoretaccedilatildeo da aacutegua se faz regularmente observaram-se ganhos efectivos na sauacutede oral da

populaccedilatildeo com consequentes ganhos econoacutemicos

Recomendaccedilatildeo Eacute indispensaacutevel avaliar a qualidade das aacuteguas de abastecimento puacuteblico periodicamente e corrigir os

paracircmetros alterados

Na aacutegua os valores das concentraccedilotildees de fluoretos estatildeo compreendidas entre 01 a 07 ppm Contudo

em alguns casos podem apresentar valores muito mais elevados

Quando a aacutegua apresenta valores de ph superiores a 8 e o iatildeo soacutedio e os carbonatos satildeo dominantes os

valores de fluoretos normalmente presentes excedem 1 ppm

Nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica os fluoretos podem existir naturalmente ou resultar de um

programa de fluoretaccedilatildeo Em Portugal Continental os valores satildeo normalmente baixos e as aacuteguas natildeo

estatildeo sujeitas a fluoretaccedilatildeo artificial O teor de fluoretos deveraacute ser controlado regularmente de modo

a preservar os interesses da sauacutede puacuteblica 7

Na definiccedilatildeo de um valor guia para a aacutegua de consumo humano a OMS propotildee o valor limite de 15

ppm de Fluacuteor referindo que valores superiores podem contribuir para o aumento do risco de fluorose

A Agecircncia Americana para o Ambiente (USEPA) refere um valor maacuteximo admissiacutevel de fluoretos na

aacutegua de consumo humano de 15 ppm e recomenda que nunca se ultrapasse os 4 ppm

Em Portugal a legislaccedilatildeo actualmente em vigor sobre a qualidade da aacutegua para consumo humano

decreto-lei nordm 23698 de 1 de Agosto define dois Valores Maacuteximos Admissiacuteveis (VMA) para os

fluoretos 15 ppm (8 a 12 ordmC) e 07 ppm (25 a 30 ordmC) O decreto-lei nordm 2432001 de 5 de Setembro

que transpotildee a Directiva Comunitaacuteria nordm 9883CE de 3 de Novembro que entrou em vigor em 25 de

Dezembro de 2003 define para os fluoretos um Valor Parameacutetrico (VP) de 15 ppm

O decreto-lei nordm 24301 remete para a Entidade Gestora a verificaccedilatildeo da conformidade dos valores

parameacutetricos obrigatoacuterios aplicaacuteveis agrave aacutegua para consumo humano Sempre que um valor parameacutetrico

eacute excedido isso corresponde a uma situaccedilatildeo de incumprimento e perante esta situaccedilatildeo a entidade

gestora deve de imediato informar a autoridade de sauacutede e a entidade competente dando conta das

medidas correctoras adoptadas ou em curso para restabelecer a qualidade da aacutegua destinada a consumo

humano

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 5

Deve ter-se em atenccedilatildeo o desvio em relaccedilatildeo ao valor parameacutetrico fixado e o perigo potencial para a

sauacutede humana

Segundo o decreto-lei supra mencionado artigo 9ordm compete agraves autoridades de sauacutede a vigilacircncia

sanitaacuteria e a avaliaccedilatildeo do risco para a sauacutede puacuteblica da qualidade da aacutegua destinada ao consumo

humano Sempre que o risco exista e o incumprimento persistir a autoridade de sauacutede deve informar e

aconselhar os consumidores afectados e determinar a proibiccedilatildeo de abastecimento restringir a

utilizaccedilatildeo da aacutegua que constitua um perigo potencial para a sauacutede humana e adoptar todas as medidas

necessaacuterias para proteger a sauacutede humana

Nos Accedilores e na Madeira ou em zonas onde o teor de fluoretos na aacutegua eacute muito elevado deveraacute ser

feita uma verificaccedilatildeo da constante e a correcccedilatildeo adequada

Os principais tratamentos de desfluoretaccedilatildeo envolvem a floculaccedilatildeo da aacutegua usando sais hidratados de

alumiacutenio principalmente em condiccedilotildees alcalinas No caso de aacuteguas aacutecidas pode-se adicionar cal e

alternativamente pode-se recorrer agrave adsorccedilatildeo com carvatildeo activado ou alumina activada ( Al2O3 ) ou

por permuta ioacutenica usando resinas especiacuteficas

Recomendaccedilatildeo Ateacute aos 6-7 anos as crianccedilas natildeo devem ingerir regularmente aacutegua com teor de fluoretos superior a 07 ppm

Recomendaccedilatildeo Sempre que o valor parameacutetrico dos fluoretos na aacutegua para consumo humano exceder 15 ppm deveratildeo ser aplicadas

medidas correctoras para restabelecer a qualidade da aacutegua

2 2 Aacute g u a s m i n e r a i s n a t u r a i s e n g a r r a f a d a s

As aacuteguas minerais naturais engarrafadas deveratildeo no futuro ter rotulagem de acordo com a Directiva

Comunitaacuteria 200340CE da Comissatildeo Europeia de 16 de Maio publicada no Jornal Oficial da Uniatildeo

Europeia em 2252003 artigo 4ordm laquo1 As aacuteguas minerais naturais cuja concentraccedilatildeo em fluacuteor for

superior a 15 mgl (ppm) devem ostentar no roacutetulo a menccedilatildeo lsquoconteacutem mais de 15 mgl (ppm) de

fluacuteor natildeo eacute adequado o seu consumo regular por lactentes nem por crianccedilas com menos de 7 anosrsquo

2 No roacutetulo a menccedilatildeo prevista no nordm 1 deve figurar na proximidade imediata da denominaccedilatildeo de

venda e em caracteres claramente visiacuteveis 3

As aacuteguas minerais naturais que em aplicaccedilatildeo do nordm 1 tiverem de ostentar uma menccedilatildeo no roacutetulo

devem incluir a indicaccedilatildeo do teor real em fluacuteor a niacutevel da composiccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica em constituintes

caracteriacutesticos tal como previsto no nordm 2 aliacutenea a) do artigo 7ordm da Directiva 80777CEEraquo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 6

Para as aacuteguas de nascente cujas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas satildeo definidas pelo Decreto-lei

2432001 de 5 de Setembro em vigor desde Dezembro de 2003 os limites para o teor de fluoretos satildeo

de 15 mgl (ppm)

De acordo com o parecer do Scientific Committee on Food - Comiteacute Cientiacutefico de Alimentaccedilatildeo

Humana (expresso em Dezembro de 1996) a Comissatildeo natildeo vecirc razotildees para nos climas da Uniatildeo

Europeia (climas temperados) limitar os fluoretos nas aacuteguas de consumo humano e nas aacuteguas minerais

naturais para valores inferiores a 15mgl (ppm)

3 F l u o r e t o s n o s g eacute n e r o s a l i m e n t iacute c i o s

Entende-se por lsquogeacutenero alimentiacuteciorsquo qualquer substacircncia ou produto transformado parcialmente

transformado ou natildeo transformado destinado a ser ingerido pelo ser humano ou com razoaacuteveis

probabilidades de o ser Este termo abrange bebidas pastilhas elaacutesticas e todas as substacircncias

incluindo a aacutegua intencionalmente incorporadas nos geacuteneros alimentiacutecios durante o seu fabrico

preparaccedilatildeo ou tratamento8 9

Na alimentaccedilatildeo as estimativas de ingestatildeo de fluacuteor atraveacutes da dieta variam entre 02 e 34 mgdia

sendo estes uacuteltimos valores atingidos quando se inclui o chaacute na alimentaccedilatildeo A ingestatildeo de fluoretos

provenientes dos alimentos comuns eacute pouco significativa Apenas 13 se apresentam na forma

ionizaacutevel e portanto biodisponiacutevel

Recomendaccedilatildeo Independentemente da origem ao utilizar aacutegua informe-se sobre o seu teor em fluoretos As que tecircm um elevado teor

deste elemento natildeo satildeo adequadas para lactentes e crianccedilas com menos de 7 anos

Recomendaccedilatildeo Dar prioridade a uma dieta equilibrada e saudaacutevel com diversidade alimentar Utilizar a aacutegua da cozedura dos

alimentos para confeccionar outros alimentos (ex sopas arroz)

No iniacutecio do ano de 2003 a Comissatildeo Europeia apresentou uma nova proposta de Directiva

Comunitaacuteria relativa agrave ldquoAdiccedilatildeo aos geacuteneros alimentiacutecios de vitaminas minerais e outras substacircnciasrdquo

onde os fluoretos satildeo referidos como podendo ser adicionados a geacuteneros alimentiacutecios comuns Nesta

proposta de Directiva Comunitaacuteria eacute sugerida a inclusatildeo de determinados nutrimentos (entre eles o

fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de geacuteneros alimentiacutecios comuns Esta proposta

prevista no Livro Branco da Comissatildeo ainda estaacute numa fase inicial de discussatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 7

4 F l u o r e t o s e m s u p l e m e n t o a l i m e n t a r

Entende-se por lsquosuplementos alimentaresrsquo geacuteneros alimentiacutecios que se destinam a complementar e ou

suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas

substacircncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisioloacutegico estremes ou combinados

comercializados em forma doseada tais como caacutepsulas pastilhas comprimidos piacutelulas e outras

formas semelhantes saquetas de poacute ampola de liacutequido frascos com conta gotas e outras formas

similares de liacutequido ou poacute que se destinam a ser tomados em unidades medidas de quantidade

reduzida10

A Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002

transposta para o direito nacional pelo Decreto-lei nordm 1362003 de 28 de Junho relativa agrave aproximaccedilatildeo

das legislaccedilotildees dos Estados-Membros respeitantes aos suplementos alimentares vai permitir a inclusatildeo

de determinados nutrimentos (entre eles o fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de

suplementos alimentares11

A partir de 28 de Agosto de 2003 os fluoretos poderatildeo ser comercializados como suplemento

alimentar passando a estar disponiacutevel em farmaacutecias e superfiacutecies comerciais

As quantidades maacuteximas de vitaminas e minerais presentes nos suplementos alimentares satildeo fixadas

em funccedilatildeo da toma diaacuteria recomendada pelo fabricante tendo em conta os seguintes elementos

a) limites superiores de seguranccedila estabelecidos para as vitaminas e os minerais apoacutes uma

avaliaccedilatildeo dos riscos efectuada com base em dados cientiacuteficos geralmente aceites tendo em

conta quando for caso disso os diversos graus de sensibilidade dos diferentes grupos de

consumidores

b) quantidade de vitaminas e minerais ingerida atraveacutes de outras fontes alimentares

c) doses de referecircncia de vitaminas e minerais para a populaccedilatildeo

Recomendaccedilatildeo Nunca ultrapassar a toma indicada no roacutetulo do produto e natildeo utilizar um suplemento alimentar como substituto de um

regime alimentar variado

As quantidades maacuteximas e miacutenimas de vitaminas e minerais referidas seratildeo adoptadas pela Comissatildeo

Europeia assistida pelo Comiteacute de Regulamentaccedilatildeo

Em Portugal a Agecircncia para a Qualidade e Seguranccedila Alimentar viraacute a ter informaccedilatildeo sobre todos os

suplementos alimentares comercializados como geacuteneros alimentiacutecios e introduzidos no mercado de

acordo com o Decreto-lei nordm 1362003

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 8

A rotulagem dos suplementos alimentares natildeo poderaacute mencionar nem fazer qualquer referecircncia a

prevenccedilatildeo tratamento ou cura de doenccedilas humanas e deveraacute indicar uma advertecircncia de que os

produtos devem ser guardados fora do alcance das crianccedilas

5 F luore tos em med icamentos e p rodutos cosmeacutet icos de h ig iene corpora l

A distinccedilatildeo entre Medicamento e Produto Cosmeacutetico de Higiene Corporal contendo fluoretos depende

do seu teor no produto Os cosmeacuteticos contecircm obrigatoriamente uma concentraccedilatildeo de fluoretos inferior

a 015 (1500 ppm) (Decreto-lei 1002001 de 28 de Marccedilo I Seacuterie A) sendo que todos os dentiacutefricos

com concentraccedilotildees de fluoretos superior a 015 satildeo obrigatoriamente classificados como

medicamentos

Os medicamentos contendo fluoretos e utilizados para a profilaxia da caacuterie dentaacuteria existentes no

mercado portuguecircs satildeo de venda livre em farmaacutecia Encontram-se disponiacuteveis nas formas

farmacecircuticas de soluccedilatildeo oral (gotas orais) comprimidos dentiacutefricos gel dentaacuterio e soluccedilatildeo de

bochecho

5 1 F l u o r e t o s e m c o m p r i m i d o s e g o t a s o r a i s

A utilizaccedilatildeo de medicamentos contendo fluoretos na forma de gotas orais e comprimidos foi ateacute haacute

pouco recomendada pelos profissionais de sauacutede (pediatras meacutedicos de famiacutelia cliacutenicos gerais

meacutedicos estomatologistas meacutedicos dentistas) dos 6 meses ateacute aos 16 anos

A clarificaccedilatildeo do mecanismo de acccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria e o aumento de

aporte dos mesmos com consequentes riscos de manifestaccedilatildeo toacutexica obrigaram agrave revisatildeo da sua

administraccedilatildeo em comprimidos eou gotas A gravidade da fluorose dentaacuteria estaacute relacionada com a

dose a duraccedilatildeo e com a idade em que ocorre a exposiccedilatildeo ao fluacuteor 12 13

A ldquoCanadian Consensus Conference on the Appropriate Use of Fluoride Supplements for the

Prevention of Dental Caries in Childrenrdquo 14definiu um protocolo cuja utilizaccedilatildeo eacute recomendada a

profissionais de sauacutede em que se fundamenta a tomada de decisatildeo sobre a necessidade ou natildeo da

suplementaccedilatildeo de fluacuteor A administraccedilatildeo de comprimidos soacute eacute recomendada quando o teor de fluoretos

na aacutegua de abastecimento puacuteblico for inferior a 03 ppm e

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) natildeo escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas

vezes por dia

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas vezes

por dia mas apresenta um alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 9

Por sua vez a conclusatildeo do laquoForum on Fluoridation 2002raquo15 relativamente agrave administraccedilatildeo de

suplementos de fluoretos foi a seguinte limitar a utilizaccedilatildeo de comprimidos de fluoretos a aacutereas onde

natildeo existe aacutegua fluoretada e iniciar essa suplementaccedilatildeo apenas a crianccedilas com alto risco agrave caacuterie e a

partir dos 3 anos

Os comprimidos de fluoretos caso sejam indicados devem ser usados pelo interesse da sua acccedilatildeo

toacutepica Devem ser dissolvidos na boca em vez de imediatamente ingeridos16

A administraccedilatildeo de fluoretos sob a forma de comprimidos chupados soacute deveraacute ser efectuada em

situaccedilotildees excepcionais isto eacute em populaccedilotildees de baixos recursos econoacutemicos nas quais a escovagem

natildeo possa ser promovida e os iacutendices de caacuterie sejam elevados

Para evitar a potencial toxicidade dos fluoretos antes de qualquer prescriccedilatildeo todos os profissionais de

sauacutede devem efectuar uma avaliaccedilatildeo personalizada dos aportes diaacuterios de cada crianccedila tendo em conta

todas as fontes possiacuteveis desse elemento alimentos comuns suplementos alimentares consumo de

aacutegua da rede puacuteblica eou aacutegua engarrafada e respectivo teor de fluoretos e utilizaccedilatildeo de medicamentos

e produtos cosmeacuteticos contendo fluacuteor

Recomendaccedilatildeo A partir dos 3 anos os suplementos sisteacutemicos de fluoretos poderatildeo ser prescritos pelo meacutedico assistente ou meacutedico dentista em crianccedilas que apresentem um alto risco

agrave caacuterie dentaacuteria

5 2 F l u o r e t o s e m d e n t iacute f r i c o s

Hoje em dia a maior parte dos dentiacutefricos agrave venda no mercado contecircm fluoretos sob diferentes formas

fluoreto de soacutedio monofluorfosfato de soacutedio fluoreto de amina e outros Os mais utilizados satildeo o

fluoreto de soacutedio e o monofluorfosfato de soacutedio

Normalmente o conteuacutedo de fluoreto dos dentiacutefricos eacute de 1000 a 1100 ppm (ou 010 a 011)

podendo variar entre 500 e 1500 ppm

Durante a escovagem cerca de 34 da pasta eacute ingerida por crianccedilas de 3 anos 28 pelas de 4-5 anos

e 20 pelas de 5-7 anos

Devem ser evitados dentiacutefricos com sabor a fruta para impedir o seu consumo em excesso uma vez

que estatildeo jaacute descritos na literatura casos de fluorose resultantes do abuso de dentiacutefricos2

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluoretos duas vezes por dia tem-se revelado um

meio colectivo de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria com grande efectividade e baixo custo pelo que deve

ser considerado o meio de eleiccedilatildeo em estrateacutegias comunitaacuterias

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 10

Do ponto de vista da prevenccedilatildeo da caacuterie a aplicaccedilatildeo toacutepica de dentiacutefrico fluoretado com a escova dos

dentes deve ser executada duas vezes por dia e deve iniciar-se quando se daacute a erupccedilatildeo dos dentes Esta

rotina diaacuteria de higiene executada naturalmente com muito cuidado pelos pais deve

progressivamente ser assumida pela crianccedila ateacute aos 6-8 anos de idade Durante este periacuteodo a

escovagem deve ser sempre vigiada pelos pais ou educadores consoante as circunstacircncias para evitar

a utilizaccedilatildeo de quantidades excessivas de dentiacutefrico o qual pode da mesma forma que os

comprimidos conduzir antes dos 6 anos agrave ocorrecircncia de fluorose

As crianccedilas devem usar dentiacutefrico com teor de fluoretos entre 1000-1500 ppm de fluoreto (dentiacutefrico

de adulto) sendo a quantidade a utilizar do tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

Apoacutes a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado pode-se natildeo bochechar com aacutegua Deveraacute

apenas cuspir-se o excesso de pasta Deste modo consegue-se uma mais alta concentraccedilatildeo de fluoreto

na cavidade oral que vai actuar topicamente durante mais tempo

Os pais das crianccedilas devem receber informaccedilatildeo sobre a escovagem dentaacuteria e o uso de dentiacutefricos

fluoretados A escovagem com dentiacutefrico fluoretado deve iniciar-se imediatamente apoacutes a erupccedilatildeo dos

primeiros dentes Os dentiacutefricos fluoretados devem ser guardados em locais inacessiacuteveis agraves crianccedilas

pequenas17

5 3 F l u o r e t o s e m s o l u ccedil otilde e s d e b o c h e c h o

As soluccedilotildees para bochechos recomendadas a partir dos 6 anos de idade tecircm sido utilizadas em

programas escolares de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria em inuacutemeros paiacuteses incluindo Portugal Satildeo

recomendadas a indiviacuteduos de maior risco agrave caacuterie dentaacuteria mas a sua utilizaccedilatildeo tem vido a ser

restringida a crianccedilas que escovam eficazmente os dentes

Recomendaccedilatildeo Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Recomendaccedilatildeo A partir dos 6 anos de idade deve ser feito o bochecho quinzenalmente com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

02

As soluccedilotildees fluoretadas de uso diaacuterio habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

005 e as de uso semanal ou quinzenal habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de 02

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 11

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 12

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Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Page 18: Direcção-Geral da SaúdePrograma será complementado, sempre que oportuno, por orientações técnicas a emitir por esta Direcção-Geral. O Director-Geral e Alto Comissário da

c) Em nenhum dos casos estaacute recomendada a administraccedilatildeo de fluoretos sisteacutemicos agraves

graacutevidas agraves crianccedilas antes dos 3 anos e agraves que em qualquer idade consumam aacutegua

com teor de fluoreto superior a 03 ppm

Recomendaccedilotildees sobre a utilizaccedilatildeo de fluoretos no acircmbito do PNPSO

RECOMEN-

DACcedilOtildeES

Frequecircncia da

escovagem dos dentes

Material utilizado na escovagem dos dentes

Execuccedilatildeo da escovagem dos dentes

Dentiacutefrico fluoretado

Suplemento sisteacutemico de

fluoretos

0-3 Anos 2 x dia

a partir da erupccedilatildeo do 1ordm dente

uma obrigatoria-mente antes

de deitar

Gaze Dedeira

Escova macia

de tamanho pequeno

Pais

1000-1500 ppm

quantidade idecircntica ao tamanho da

unha do 5ordm dedo da crianccedila

Natildeo recomendado

3-6 Anos 2 x dia

uma

obrigatoria-mente antes

de deitar

Escova macia

de tamanho adequado agrave

boca da crianccedila

Pais eou Crianccedila

a partir do

momento em que a crianccedila

adquire destreza

manual faz a escovagem sob

supervisatildeo

1000-1500 ppm

quantidade idecircntica ao tamanho da

unha do 5ordm dedo da crianccedila

Natildeo recomendado

Excepcionalmente as crianccedilas de alto

risco agrave caacuterie dentaacuteria podem fazer

1 (um) comprimido diaacuterio de fluoreto de soacutedio a 025 mg

Mais de 6 Anos

2 x dia

uma

obrigatoria-mente antes

de deitar

Escova macia

ou em alternativa

meacutedia

de tamanho adequado agrave

boca da crianccedila ou do

jovem

Crianccedila eou Pais

se a crianccedila

natildeo tiver adquirido destreza

manual a escovagem

tem que ter a intervenccedilatildeo

activa dos pais

1000-1500 ppm

quantidade aproximada de 1 centiacutemetro

Natildeo recomendado

Excepcionalmente as crianccedilas de alto

risco agrave caacuterie dentaacuteria podem fazer

1 (um) comprimido diaacuterio de fluoreto de soacutedio a 025 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 16

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 17

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20 Limeback H A re-examination of the pre-eruptive and post-eruptive mechanism of the anti-caries effects of fluoride is there any anti-caries benefit from swallowing fluoride Community Dentistry and Oral Epidemiology 1999 27 62-71

21 Limeback H Introduction to the conference Community Dentistry and Oral Epidemiology 1999 27 27-30

22 Lux J The Fluoride Dialogue CDHA Position Statements Canadian Dental Hygienists Association Probe-Scientific Issue 2002 36 (6) 209-27

23 Martof A Dental Care Pediatrics in Review 2001 (1) 22 13-5 24 Mascarenhas AK Risk factors for dental fluorosis A review of the recent literature

Pediatric Dentistry 2000 22 269-77 25 Pinto R Cristovatildeo E Vinhais T Castro MF Teor de fluoretos nas aacuteguas de

abastecimento da rede puacuteblica nas sedes de concelho de Portugal Continental Revista Portuguesa de Estomatologia Medicina Dentaacuteria e Cirurgia Maxilofacial 1999 40 (3) 125-42

26 Rajab LD Hamdan MAM Early childhood caries and risk factors in Jordan Community Dental Health 2002 19 224-9

27 Riordan PJ Fluoride supplements for young children an analysis of the literature focusinh on benefits and risks Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 72-83

28 Roberts MW Keels MA Sharp MC Lewis JL Fluoride Supplement Prescribing and Dental Referral Pattern Among Academic Pediatricians Pediatrics 1998 101 (1)

29 Sanchez O Childers NK Anticipatory Guidance in Infant Oral Health Rationale and Recommendations Am Fam Physician 2000 61115-20 123-4

30 Schafer TE Adair SM Prevention of dental disease ndash the role of the pediatrician Pediatric Oral Health 2000 47 (5) 1021-42

31 Scientific Committee on Cosmetic Products and non-food products intended for consumers The safety of fluorine compounds in oral hygiene products for children under the age of 6 years Adopted by the SCCNFP during the 24 th plenary meeting of 24-24 June 2003

32 Trumbo P Schlicker S Yates AA Poos M Dietary Reference Intakes for energy carbohydrate fiber fat fatty acids cholesterol protein and amino acids J Am Diet Assoc 2002 102 (11) 1621-30

33 Wang NJ Gropen AM Ogaard B Risk factors associated with fluorosis in a non-fluoridated population in Norway Community Dentistry and Oral Epidemiology 1997 25 396-401

34 Wang NJ Riordan PJ Fluorides and supplements and caries in a non-fluoridated child population Community Dentistry and Oral Epidemiology 1999 27 117-23

35 Warren JJ Kanellis MJ Levy SM Fluorosis of the primary dentition what does it mean for permanent teeth JADA 1999 130 347-56

36 Wendt LK Koch G Birkhed D On the retention and effectiveness of fissure sealants in permanent molars after 15-20 years a cohort study Community Dentistry and Oral Epidemiology 2001 29 302-7

37 WHO Fluorides and Oral Health WHO Geneva 1994 (Technical Report Series 846)

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 20

Agradecimentos

A Task Force que colaborou na revisatildeo do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral coordenada pela Drordf Gregoacuteria Paixatildeo von Amann e pela Higienista Oral Cristina Ferreira Caacutedima da Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede contou com a prestimosa colaboraccedilatildeo teacutecnica e cientiacutefica de

Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge representado pela Drordf Dirce Silveira

Direcccedilatildeo-Geral da Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura representada pela Engordf Maria de Lourdes Camilo

Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa representada pelo Prof Doutor Paulo Melo

Faculdade de Medicina de Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria representada pelo Dr Francisco Delille

Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade de Lisboa representada pelo Prof Doutor Ceacutesar Mexia de Almeida

Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto representada pelo Prof Doutor Fernando M Peres

Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento representado pela Drordf Ana Arauacutejo

Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede - Norte representado pelo Prof Doutor Paulo Rompante

Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede - Sul representado pela Profordf Doutora Fernanda Mesquita

Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia representada pelo Dr Alexandre Loff Seacutergio

Ordem dos Meacutedicos Dentistas representada pelo Prof Doutor Paulo Melo

Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria representada pelo Prof Doutor Ceacutesar Mexia de Almeida

Sociedade Portuguesa de Pediatria representada pelo Dr Manuel Salgado

Serviccedilos da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede representada pela Drordf Anabela Lopes Divisatildeo de Sauacutede Ambiental representada pelo Engordm Paulo Diegues e a Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede representada pelo Dr Pedro Ribeiro da Silva

Pelas sugestotildees e correcccedilotildees introduzidas o nosso agradecimento agrave Profordf Doutora Isabel Loureiro ao Dr Vasco Prazeres Drordf Leonor Sassetti Drordf Ana Paula Ramalho Correia Dr Rui Calado Drordf Maria Otiacutelia Riscado Duarte Dr Joatildeo Breda e ao Sr Viacutetor Alves que concebeu o logoacutetipo do programa

A todos a Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede e a Divisatildeo de Sauacutede Escolar agradecem

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

E s t r a t eacute g i a s e T eacute c n i c a s d e E d u c a ccedil atilde o e P r o m o ccedil atilde o

d a S a uacute d e

Documento produzido no acircmbito dos trabalhos da Task Force pela Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede Dr

Pedro Ribeiro da Silva e Dr Joatildeo Breda e pela Higienista Oral Cristina Ferreira Caacutedima e Drordf Gregoacuteria Paixatildeo von Amann da

Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede que coordenou os trabalhos

1 Preacircmbulo

Os Programas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede tecircm por objectivo capacitar as pessoas a tomarem decisotildees no

seu quotidiano que se revelem as mais adequadas para manter ou alargar o seu potencial de sauacutede

Para se atingir este objectivo fornece-se informaccedilatildeo e utilizam-se metodologias que facilitem e decircem

suporte agraves mudanccedilas comportamentais e agrave manutenccedilatildeo das praacuteticas consideradas saudaacuteveis

Mas a mudanccedila de comportamentos natildeo eacute faacutecil depende de factores sociais culturais familiares

entre muitos outros e natildeo apenas do conhecimento cientiacutefico que as pessoas possuam sobre

determinada mateacuteria

Esta dificuldade eacute bem patente quando como no presente caso se pretende intervir sobre

comportamentos relacionados com a alimentaccedilatildeo e a escovagem dos dentes

Quando os pais datildeo aos filhos patildeo achocolatado ou outros alimentos accedilucarados para levarem para a

escola estatildeo com frequecircncia a dar natildeo apenas um alimento mas tambeacutem e ateacute talvez

principalmente afecto tentando colmatar lacunas que possam ter na relaccedilatildeo com os seus filhos

mesmo que natildeo tenham consciecircncia desse facto

Podem tambeacutem dar este tipo de alimento por terem dificuldade de encontrar tempo para confeccionar

uma sandes ou outro alimento e os anteriormente referidos estatildeo sempre prontos a serem colocados na

mochila da crianccedila

Eacute importante desenvolvermos estrateacutegias de Educaccedilatildeo para a Sauacutede que natildeo culpabilizem os pais

porque estes intrinsecamente desejam sempre o melhor para os seus filhos embora natildeo consigam por

vezes colocaacute-lo em praacutetica

Devido agrave complexidade que eacute actuar sobre comportamentos individuais para se aumentar a eficiecircncia

das nossas praacuteticas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede torna-se fulcral utilizar metodologias alargadas a vaacuterios

parceiros e sectores da comunidade de forma articulada e continuada para que progressivamente

possamos ir obtendo resultados

Como propotildee Nancy Russel no seu Manual de Educaccedilatildeo para a Sauacutede ldquoPara desenhar um

programa de Educaccedilatildeo para a Sauacutede eacute necessaacuterio ter conhecimentos sobre comportamentos e sobre

os factores que produzem a mudanccedilardquo E continua explicitando ldquoAs teorias da mudanccedila de

comportamento que podem ser aplicadas em Educaccedilatildeo para a Sauacutede foram elaboradas a partir de

uma variedade de aacutereas incluindo a psicologia a sociologia a antropologia a comunicaccedilatildeo e o

marketing Nenhuma teoria ou rede de conceitos domina por si soacute a investigaccedilatildeo ou a praacutetica da

Educaccedilatildeo para a Sauacutede Provavelmente porque os comportamentos de sauacutede satildeo demasiado

complexos para serem explicados por uma uacutenica teoriardquo (19968)

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 2

2 Metodologias para Desenvolvimento da Acccedilatildeo

21 Primeira vertente ndash O diagnoacutestico de situaccedilatildeo

A primeira etapa de actuaccedilatildeo eacute de grande importacircncia para a continuidade das outras actividades e

podemos resumi-la a um bom diagnoacutestico de situaccedilatildeo que permita conhecer em pormenor a realidade

sobre a qual se pretende actuar

I - Eacute importante estabelecer como uma das primeiras actividades a anaacutelise de duas vertentes com

grande influecircncia na sauacutede oral os haacutebitos culturais das famiacutelias relativamente agrave alimentaccedilatildeo e as

praacuteticas de higiene oral dos adultos e das crianccedilas

II - Um segundo aspecto relaciona-se com os tipos de interacccedilatildeo entre professores ou

educadores de infacircncia e pais No caso de essa interacccedilatildeo ser regular e organizada importa saber como

reagem os pais agraves indicaccedilotildees dos professores sobre os aspectos comportamentais das crianccedilas e que

efeito e eficaacutecia tecircm essas acccedilotildees na capacitaccedilatildeo de pais e filhos relativamente aos comportamentos

relacionados com a sauacutede oral

Actividades a desenvolverem

a) estudar as formas de melhorar a relaccedilatildeo entre pais e professores procurando resolver as

dificuldades que com frequecircncia os pais apresentam como obstaacuteculos ao contacto mais regular

com os professores

b) analisar a eficaacutecia das recomendaccedilotildees dadas procurando as razotildees que possam estar na origem

de situaccedilotildees de menor eficaacutecia como o desfasamento entre as recomendaccedilotildees e o contexto

familiar e cultural das crianccedilas ou recomendaccedilotildees muito teacutecnicas ou paternalistas Todas estas

situaccedilotildees podem provocar resistecircncias nas famiacutelias agrave adesatildeo agraves praacuteticas desejaacuteveis relativamente

ao programa de sauacutede oral Esta temaacutetica da Educaccedilatildeo para a Sauacutede e as praacuteticas

comportamentais eacute muito complexa mas fundamental para se conseguirem resultados ao niacutevel

dos comportamentos

III - Outra componente a analisar satildeo os aspectos sociais dos consumos alimentares que possam

estar relacionados com situaccedilotildees locais como campanhas publicitaacuterias ou de promoccedilatildeo de

determinados alimentos potencialmente cariogeacutenicos nos estabelecimentos da zona Oferta pouco

adequada de alimentos na cantina da escola com existecircncia preponderante de alimentos e bebidas

accedilucaradas A confecccedilatildeo das refeiccedilotildees no refeitoacuterio com pouca oferta de fruta legumes e vegetais e

preponderacircncia de sobremesas doces

Segundo o Modelo Precede de Green existem 3 etapas a contemplar num diagnoacutestico de situaccedilatildeo

middot diagnoacutestico epidemioloacutegico necessaacuterio para a identificaccedilatildeo dos problemas de sauacutede sobre os

quais se vai actuar como sejam os iacutendices de caacuterie fluorose dentaacuteria e outros

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 3

middot diagnoacutestico social que corresponde agrave identificaccedilatildeo das situaccedilotildees sociais existentes na comunidade

onde se desenvolve a actividade que podem contribuir para os problemas de sauacutede oral detectados

ou que se pretende prevenir

middot diagnoacutestico comportamental para identificaccedilatildeo dos vaacuterios padrotildees comportamentais que possam

estar relacionados com os problemas de sauacutede oral inventariados

A este diagnoacutestico de problemas eacute importante associar-se a identificaccedilatildeo de necessidades da

populaccedilatildeo-alvo da acccedilatildeo

Apesar da prevalecircncia das doenccedilas orais e da necessidade deste Programa Nacional em algumas

comunidades poderatildeo existir vaacuterios outros problemas de sauacutede mais graves ou mais prevalentes e

neste caso importa fazer uma avaliaccedilatildeo dos recursos e das possibilidades de eficaacutecia dando prioridade

aos grupos e agraves situaccedilotildees mais graves e de maior amplitude Outro factor a ter em conta na decisatildeo

relaciona-se com a capacidade de alterar as causas comportamentais ou factores de risco pelo

programa educacional

Apoacutes a avaliaccedilatildeo das necessidades deveratildeo ser estabelecidas as prioridades tendo em conta os

problemas de sauacutede identificados a capacidade de alteraccedilatildeo dos factores de risco comportamentais e

outros Eacute muito importante associar-se agrave definiccedilatildeo de prioridades de actuaccedilatildeo a caracterizaccedilatildeo dos sub-

grupos existentes e as diferentes estrateacutegias apropriadas a cada uma dessas populaccedilotildees alvo

22 Segunda vertente ndash os teacutecnicos de educaccedilatildeo

Todos os parceiros satildeo importantes para o desenvolvimento dos programas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede

mas no caso especiacutefico da sauacutede oral os teacutecnicos de Educaccedilatildeo satildeo fundamentais Eacute por esta razatildeo

tarefa prioritaacuteria sensibilizaacute-los e englobaacute-los no desenho dos programas desde o iniacutecio

Sabemos atraveacutes das nossas praacuteticas anteriores que nem sempre os teacutecnicos de educaccedilatildeo aderem a

algumas das actividades dos programas de sauacutede oral propostas pelos teacutecnicos de sauacutede utilizando

para isso os mais diversos argumentos A explicitaccedilatildeo dos uacuteltimos consensos cientiacuteficos nesta aacuterea

com disponibilizaccedilatildeo de bibliografia pode ser facilitador da adesatildeo ao programa

Uma das actividades centrais deste programa seraacute trabalhar em conjunto com os teacutecnicos de educaccedilatildeo

nomeadamente docentes das escolas baacutesicas e secundaacuterias e educadores de infacircncia sobre as

potencialidades do programa e os ganhos em sauacutede que a meacutedio e longo prazo este pode provocar na

populaccedilatildeo portuguesa

Outra tarefa importante eacute a reflexatildeo em conjunto sobre as dificuldades diagnosticadas em cada escola

para concretizar as actividades do programa na tentativa de encontrar soluccedilotildees seja atraveacutes da

resoluccedilatildeo dos obstaacuteculos seja encontrando alternativas Poderaacute acontecer natildeo ser possiacutevel executar

todas as tarefas incluiacutedas no programa Nesses casos importa decidir quais as actividades que poderatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 4

ser levadas agrave praacutetica com ecircxito Seraacute preferiacutevel concretizar algumas tarefas que nenhumas assim

como seraacute melhor realizar bem poucas tarefas do que muitas ou todas de forma deficiente

Frequentemente existe um diferencial de conhecimentos sobre estas aacutereas entre os teacutecnicos de

educaccedilatildeo e os de sauacutede Para evitar problemas eacute imperioso que os teacutecnicos de educaccedilatildeo sejam

parceiros em igualdade de circunstacircncia e natildeo sintam que tecircm um papel secundaacuterio no projecto ou

meros executores de tarefas

A eventual deacutecalage de conhecimentos sobre sauacutede oral pode ser compensado utilizando estrateacutegias de

trabalho em equipa natildeo assumindo os teacutecnicos de sauacutede papel de liacutederes do processo nem de

detentores da informaccedilatildeo cientiacutefica As teacutecnicas de trabalho em equipa devem implicam a partilha de

tarefas e lideranccedila natildeo assumindo o programa uma dimensatildeo vertical e impositiva por parte da sauacutede

As mensagens chave do programa seratildeo discutidas por todos os intervenientes Eacute muito importante que

sejam claras nos conteuacutedos e assumidas por toda a equipa em todas as situaccedilotildees de modo a tornar as

intervenccedilotildees coerentes com os objectivos do programa

Como cada comunidade e cada escola tecircm caracteriacutesticas proacuteprias o programa as actividades e o

trabalho interdisciplinar em equipa seratildeo adequados agraves condiccedilotildees objectivas e subjectivas de todos os

intervenientes o que pode tornar necessaacuterio fazer adaptaccedilotildees agrave aplicaccedilatildeo do mesmo O mesmo se

passa em relaccedilatildeo agraves mensagens que necessitam ser adaptadas a cada situaccedilatildeo e a cada contexto

Em relaccedilatildeo agrave Educaccedilatildeo para a Sauacutede a procura de soluccedilotildees para as situaccedilotildees decorrentes da

implementaccedilatildeo do programa como a sensibilizaccedilatildeo dos parceiros e a eliminaccedilatildeo de obstaacuteculos satildeo

uma das tarefas centrais dos programas e natildeo devem ser subestimadas pelos teacutecnicos de sauacutede pois

delas depende muita da eficaacutecia do projecto

A educaccedilatildeo alimentar eacute uma das vertentes centrais do programa pelo que eacute necessaacuterio sensibilizar os

professores para aspectos da vida escolar que podem afectar a sauacutede oral dos alunos como as ementas

escolares existentes no refeitoacuterio e o tipo de alimentos disponibilizado no bar

221 Componente praacutetica

Uma primeira tarefa do programa na escola seraacute a sensibilizaccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo para a

importacircncia do mesmo A explicitaccedilatildeo teoacuterica resumida dos pressupostos cientiacuteficos que legitimam a

alteraccedilatildeo do programa eacute um instrumento facilitador

Fundamental explicar as razotildees que tornam a escovagem como um actividade central do programa e

os inconvenientes de se darem suplementos de fluacuteor de forma generalizada Seremos especialmente

eficazes se nos disponibilizarmos para responder agraves questotildees e duacutevidas que os professores possam ter

Esta eacute com certeza tambeacutem uma maneira de aprofundarmos o diagnoacutestico da situaccedilatildeo e de podermos

contribuir para remover os obstaacuteculos detectados

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 5

Uma segunda tarefa consistiraacute em operacionalizar o programa com os professores de modo a construi-

lo conjuntamente As diversas tarefas devem ser planeadas e avaliadas continuamente para se fazerem

as alteraccedilotildees consideradas necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar do programa

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo e a escovagem

O Programa Nacional de Sauacutede Oral propotildee algumas alteraccedilotildees que podemos considerar profundas e

de ruptura em relaccedilatildeo ao programa anterior como sejam a aplicaccedilatildeo restrita dos suplementos

sisteacutemicos de fluoretos e a escovagem duas vezes ao dia com um dentiacutefrico fluoretado como principal

medida para uma boa sauacutede oral Estas directrizes derivam do consenso dos peritos de Sauacutede Oral

reunidos na task force coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

Eacute faacutecil de compreender que organizar a escovagem dos dentes dos alunos eacute mais trabalhoso que dar-

lhes um comprimido de fluacuteor ou ateacute do que fazer o bochecho com uma soluccedilatildeo fluoretada Para sermos

bem sucedidos seraacute fundamental actuar de forma cautelosa respeitando as caracteriacutesticas das pessoas e

os contextos em presenccedila

Como sabemos eacute difiacutecil quebrar rotinas e o programa vai implicar mais trabalho para os professores e

disponibilizaccedilatildeo de tempo para os pais e professores A adopccedilatildeo pelos Jardins de infacircncia e Escolas da

escovagem dos dentes dos alunos pelo menos uma vez dia como factor central do programa vai

possivelmente encontrar algumas resistecircncias por parte dos educadores de infacircncia e professores que

importa ir resolvendo de forma progressiva e de acordo com as dificuldades reais encontradas Estas

dificuldades podem estar relacionadas com a deficiecircncia de instalaccedilotildees ou outras mas estaraacute com

frequecircncia tambeacutem muito relacionada com aspectos psicossociais de resistecircncia agrave mudanccedila de rotinas

instaladas e com vaacuterios anos

Uma das estrateacutegias primordiais para este programa ser bem sucedido passa pela resoluccedilatildeo dos

obstaacuteculos referidos pelos teacutecnicos de educaccedilatildeo relativamente agrave escovagem nomeadamente

a possibilidade de as crianccedilas usarem as escovas de colegas podendo haver transmissatildeo de doenccedilas

como a hepatite ou outras

a ausecircncia de um local apropriado para a escovagem

a confusatildeo que a escovagem iraacute causar com eventuais situaccedilotildees de indisciplina

a dificuldade de vigiar todos os alunos durante a escovagem com a consequente possibilidade de

alguns especialmente se mais novos poderem engolir dentiacutefrico

existirem alguns alunos que devido a carecircncias econoacutemicas ou desconhecimento dos pais tecircm

escovas jaacute muito deterioradas podendo ser alvo de troccedila e humilhaccedilatildeo por parte dos colegas ou

sentindo-se os professores na necessidade de fazerem algo mas natildeo terem possibilidade de

substituiacuterem as escovas

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 6

Estes e outros argumentos poderatildeo ser reais ou apenas formas de encontrar justificaccedilotildees para natildeo

alterar rotinas no entanto eacute fundamental analisar cada situaccedilatildeo e encontrar a forma adequada de actuar

o que implica procurar em conjunto a resoluccedilatildeo do problema natildeo desvalorizando a perspectiva do

teacutecnico de educaccedilatildeo mesmo que do ponto de vista da sauacutede nos pareccedila oacutebvia a resistecircncia agrave mudanccedila e

a sua soluccedilatildeo

Se natildeo conseguirmos sensibilizar os profissionais de educaccedilatildeo para a importacircncia da escovagem e nos

limitarmos a contra-argumentar com os nossos dados e a nossa cientificidade facilmente iratildeo

encontrar outros argumentos Eacute preciso compreender que o que estaacute em causa natildeo satildeo as dificuldades

objectivas mas outro tipo de razotildees mais ou menos subjectivas relacionadas com as condiccedilotildees locais

e de contexto como por exemplo o facto de alguns professores considerarem que natildeo eacute da sua

competecircncia promover a escovagem dos dentes dos seus alunos A interacccedilatildeo pais-professores eacute

constante e pode potenciar grandemente o programa

23 Terceira vertente ndash os pais

Os pais satildeo tambeacutem intervenientes fundamentais nos programas de sauacutede oral e eacute fundamental que

sejam englobados na equipa de projecto enquanto parceiros activos na programaccedilatildeo de actividades de

modo a poder resolver-se eventuais resistecircncias que inclusive podem ser desconhecidas dos teacutecnicos e

serem devidas a idiossincracias micro-culturais Todas as estrateacutegias que sensibilizem os pais para as

medidas que se preconizam satildeo importantes Eacute fundamental que o programa seja ldquocontinuadordquo e

reforccedilado em casa e natildeo pelo contraacuterio descredibilizado pelas praacuteticas domeacutesticas

Em relaccedilatildeo aos pais os factores emocionais satildeo centrais na sua relaccedilatildeo com os filhos e com as escolhas

comportamentais quotidianas Transmitir informaccedilatildeo de forma essencialmente cognitiva por exemplo

laquonatildeo decirc lsquoBolosrsquo aos seus filhos porque satildeo alimentos que podem contribuir para o aparecimento de

caacuterie nos dentes e provocar obesidaderaquo tem muitas possibilidades de provocar efeitos perversos

negativos como seja a culpabilizaccedilatildeo dos pais e a resistecircncia agrave mudanccedila de comportamentos

Com frequecircncia os doces satildeo uma forma de dar afecto ou premiar os filhos ou ateacute servir como

substituto da impossibilidade dos pais estarem mais tempo com os filhos situaccedilatildeo que natildeo eacute com

frequecircncia consciente para os pais Os padrotildees comportamentais dos pais obedecem a inuacutemeras

componentes e soacute actuando sobre cada uma delas se conseguem resultados nas mudanccedilas de

comportamentos

Fornecer apenas informaccedilatildeo pode natildeo soacute natildeo provocar alteraccedilotildees comportamentais como criar ou

aumentar as resistecircncias agrave mudanccedila Eacute preciso adequar a informaccedilatildeo agraves diversas situaccedilotildees

caracterizando-as primeiro valorizando as componentes emocionais relacionais e contextuais dos

comportamentos natildeo culpabilizando os pais (porque isso provoca resistecircncias agrave mudanccedila natildeo soacute em

relaccedilatildeo a este programa mas a futuras intervenccedilotildees) e encontrando formas alternativas de resolver estas

situaccedilotildees utilizando soluccedilotildees que provoquem emoccedilotildees positivas em todos os intervenientes E dessa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 7

forma eacute possiacutevel ser-se eficaz respeitando os universos relacionais das famiacutelias e evitando efeitos

comportamentais paradoxais ou seja por reacccedilatildeo agrave informaccedilatildeo que os culpabiliza os pais

dessensibilizam das nossas indicaccedilotildees agravando e aumentando as praacuteticas que se desaconselham

Eacute esta uma das razotildees porque eacute tatildeo difiacutecil atingir os grupos populacionais que exactamente mais

precisavam de ser abrangido pelos programas de prevenccedilatildeo da doenccedila e promoccedilatildeo da sauacutede

Para aleacutem de se conhecerem as praacuteticas alimentares e de higiene oral que as crianccedilas e adolescentes

tecircm em casa eacute importante caracterizar as razotildees desses procedimentos Referimo-nos aos aspectos

individuais familiares culturais e contextuais Se queremos actuar sobre comportamentos eacute

fundamental conhecer as atitudes crenccedilas preconceitos estereoacutetipos e representaccedilotildees sociais que se

relacionam com as praacuteticas das famiacutelias as quais variam de famiacutelia para famiacutelia

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo podem ser colaboradores preciosos para esta caracterizaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo aos pais podemos resumir os aspectos a valorizar

Inclui-los nos diversos passos do programa

sensibiliza-los para a importacircncia da sauacutede oral respeitando os seus universos familiares e

culturais

dar suporte continuado agrave mudanccedila de comportamentos e de todos os factores que lhe estatildeo

associados

24 Quarta vertente ndash as crianccedilas

As crianccedilas e os adolescentes satildeo o principal puacuteblico-alvo do programa de sauacutede oral Sensibilizaacute-los

para as praacuteticas alimentares e de higiene oral que os peritos consideram actualmente adequadas eacute o

nosso objectivo

Como jaacute foi referido anteriormente eacute necessaacuterio ser cuidadoso na forma de comunicar com as crianccedilas

e adolescentes natildeo criticando directa ou indirectamente os conhecimentos e as praacuteticas aconselhadas

ou consentidas por pais e professores com quem eles convivem directamente e que satildeo dos principais

influenciadores dos seus comportamentos satildeo os seus modelos e constituem o seu universo de afectos

Criar clivagem na relaccedilatildeo cognitiva afectiva e emocional entre pais ou professores e crianccedilas e

adolescentes eacute algo que devemos ter sempre presente e evitar

As estrateacutegias de trabalho com as crianccedilas deveratildeo ser adaptadas agrave sua maturidade psico-cognitiva e

contexto socio-cultural Para que as actividades sejam luacutedicas e criativas adequadas agraves idades e outras

caracteriacutesticas das crianccedilas e adolescentes a contribuiccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo eacute com certeza

fundamental

Eacute muito importante ter em conta alguns aspectos educativos relativamente agrave mudanccedila de

comportamentos A participaccedilatildeo activa das crianccedilas na formulaccedilatildeo dessas actividades torna mais

eficazes os efeitos pretendidos

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 8

Pela dificuldade em mudar comportamentos principalmente de forma estaacutevel eacute aconselhaacutevel adequar

os objectivos agraves realidades Seraacute preferiacutevel actuar sobre um ou dois comportamentos sobre os quais a

caracterizaccedilatildeo inicial nos permitiu depreender que seraacute possiacutevel obtermos resultados positivos em vez

de tentar actuar sobre todos os comportamentos que desejariacuteamos alterar natildeo conseguindo alterar

nenhum deles Naturalmente estas escolhas seratildeo feitas cientificamente segundo o que a Educaccedilatildeo para

a Sauacutede preconiza nas vertentes relacionadas com as ciecircncias comportamentais (sociais e humanas)

Outro aspecto fundamental eacute a continuidade na acccedilatildeo A eficaacutecia seraacute tanto maior quanto mais

continuadas forem as actividades dando suporte agrave mudanccedila comportamental e reforccedilo agrave sua

manutenccedilatildeo A continuidade da acccedilatildeo permite conhecer melhor as situaccedilotildees os obstaacuteculos e as formas

de os remover pois cada caso eacute um caso e generalizar diminui grandemente a eficaacutecia

Deve ser dada uma atenccedilatildeo especial agraves crianccedilas com Necessidades de Sauacutede Especiais desfavorecidas

socialmente (porque vivem em bairros degradados com poucos recursos econoacutemicos pertencem a

minorias eacutetnicas ou satildeo emigrantes) ou que natildeo frequentam a escola utilizando estrateacutegias especificas

adequadas agraves suas dificuldades

25 Quinta vertente ndash a comunidade

Para os programas de Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutede a componente comunitaacuteria eacute fundamental A

participaccedilatildeo e contribuiccedilatildeo dos vaacuterios sectores da comunidade podem ser potenciadores do trabalho a

desenvolver

Dependendo das situaccedilotildees locais a Autarquia as IPSS e as ONGrsquos entre outras podem ser parceiros

de enorme valia para o desenvolvimento do programa Para isso temos que sensibilizar os liacutederes

locais para a importacircncia da sauacutede oral e do programa que se pretende incrementar explicitando como

com pequenos custos podemos obter ganhos em sauacutede a meacutedio e longo prazo

As instituiccedilotildees que organizam actividades para crianccedilas e adolescentes como os ATLrsquos associaccedilotildees

culturais desportivas e religiosas podem ser excelentes parceiros para o desenvolvimento das

actividades dependendo das caracteriacutesticas da comunidade onde se aplica o programa Os grupos de

teatro satildeo tambeacutem um excelente recurso para integrarem as actividades com as crianccedilas e os

adolescentes

26 Sexta vertente ndash os meios de comunicaccedilatildeo social

Os meios de comunicaccedilatildeo social locais e regionais se forem utilizados apropriadamente podem ser

parceiros potenciadores das actividades que se pretendem desenvolver

Mas com frequecircncia os teacutecnicos de sauacutede encontram dificuldades na relaccedilatildeo com os profissionais da

comunicaccedilatildeo social considerando que estes natildeo satildeo sensiacuteveis agraves nossas preocupaccedilotildees com a prevenccedilatildeo

da doenccedila e da promoccedilatildeo da sauacutede

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 9

Os media tecircm uma linguagem e podemos dizer uma filosofia proacuteprias que com frequecircncia natildeo satildeo

coincidentes com as nossas eacute por essa razatildeo necessaacuterio que os teacutecnicos de sauacutede se adaptem e se

possiacutevel se aperfeiccediloem na linguagem dos meacutedia Se natildeo utilizarmos adequadamente os meios de

comunicaccedilatildeo social estes podem ter um efeito contraproducente diminuindo a eficaacutecia do programa de

sauacutede oral

Algumas das dificuldades encontradas quando trabalhamos com os media especialmente as raacutedios e as

televisotildees satildeo as seguintes

na maior parte dos casos natildeo se pode transmitir muita informaccedilatildeo mesmo que seja um programa

de raacutedio de 1 ou 2 horas iria ficar muito monoacutetono e pouco atraente assim como se tornaria

confuso para os ouvintes e pouco eficaz porque com frequecircncia as pessoas desenvolvem outras

actividades enquanto ouvem raacutedio

eacute aconselhaacutevel transmitir apenas o que eacute realmente importante e faze-lo de forma muito clara

mantendo a consistecircncia sobre a hierarquia das informaccedilotildees nas diversas intervenccedilotildees ou seja que

todas os intervenientes no programa e em todas as situaccedilotildees em que intervecircm tenham um discurso

coerente e natildeo contraditoacuterio

evitar informaccedilotildees riacutegidas que culpabilizem as pessoas e natildeo respeitem os seus contextos micro-

culturais Eacute preferiacutevel suscitar alguma mudanccedila comportamental de forma progressiva que

nenhuma

com frequecircncia utilizamos o leacutexico meacutedico sem nos apercebermos que muitos cidadatildeos natildeo

conhecem termos que nos parecem simples como obesidade ou colesterol atribuindo-lhes outros

significados (portanto desconhecem que natildeo conhecem o verdadeiro significado)

se possiacutevel testar com pessoas de diversas idades e estratos socio-culturais que sejam leigas em

relaccedilatildeo a estas temaacuteticas aquilo que se preparou para a intervenccedilatildeo nos meios de comunicaccedilatildeo

social e alterar se necessaacuterio de acordo com as indicaccedilotildees que essas pessoas nos fornecerem

27 Seacutetima vertente ndash a avaliaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo deve ter iniacutecio na fase de planeamento e acompanhar todo o projecto de modo a introduzir

as alteraccedilotildees necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar das actividades

Devem fazer parte da equipa de avaliaccedilatildeo os diversos parceiros do projecto assim como pessoas

externas ao projecto e estas quando possiacutevel com formaccedilatildeo em educaccedilatildeo para a sauacutede nas aacutereas

teacutecnicas comportamentais de planeamento e avaliaccedilatildeo qualitativa e quantitativa

Satildeo fundamentais avaliaccedilotildees qualitativas e quantitativas das actividades a desenvolver e se possiacutevel

com anaacutelises comparativas ao desenrolar do projecto noutras zonas do paiacutes

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 10

3 T eacute c n i c a s d e H i g i e n e O r a l

3 1 Escovagem dos den tes ndash A escova A escovagem dos dentes deve ser efectuada com uma escova de tamanho adequado agrave boca de quem a

utiliza Habitualmente as embalagens referem as idades a que se destinam Os filamentos devem ser

de nylon com extremidades arredondadas e textura macia que quando comeccedilam a ficar deformados

obrigam agrave substituiccedilatildeo da escova Normalmente a escova quando utilizada 2 vezes por dia dura cerca

de 3-4 meses

Existem escovas manuais e eleacutectricas as quais requerem os mesmos cuidados As escovas eleacutectricas

facilitam a higiene oral das pessoas que tenham pouca destreza manual

3 2 Escovagem dos den tes ndash O den t iacute f r i co O dentiacutefrico a utilizar deve conter fluoreto numa dosagem de cerca de 1000-1500 ppm A quantidade a

utilizar em cada uma das escovagens deve ser semelhante (ou inferior) ao tamanho da unha do 5ordm dedo

(dedo mindinho) da matildeo da crianccedila

Os dentiacutefricos com sabores muito atractivos natildeo se recomendam porque podem levar as crianccedilas a

engoli-lo deliberadamente Ateacute aos 6 anos aproximadamente o dentiacutefrico deve ser colocado na escova

por um adulto Apoacutes a escovagem dos dentes eacute apenas necessaacuterio cuspir o excesso de dentiacutefrico

podendo no entanto bochechar-se com um pouco de aacutegua

33 Escovagem dos dentes no Jardim-de-infacircncia e na Escola identificaccedilatildeo e arrumaccedilatildeo das escovas e copos

Hoje em dia haacute escovas de dentes que tecircm uma tampa ou estojo com orifiacutecios que a protege Caso se

opte pela utilizaccedilatildeo destas escovas natildeo eacute necessaacuterio que fiquem na escola Os alunos poderatildeo colocaacute-

la dentro da mochila juntamente com o tubo do dentiacutefrico e transportaacute-los diariamente para a escola

O conceito de intransmissibilidade da escova de dentes deve ser reforccedilado junto das crianccedilas Se as

escovas ficarem na escola eacute essencial que estejam identificadas bastando para tal escrever no cabo da

escova o nome da crianccedila com uma caneta de tinta resistente agrave aacutegua Tambeacutem se devem identificar os

dentiacutefricos Cada aluno deveraacute ter o seu proacuteprio dentiacutefrico e os copos caso natildeo sejam descartaacuteveis

As escovas guardam-se num local seco e arejado de modo a que os pelos fiquem virados para cima e

natildeo contactem umas com as outras Cada escova pode ser colocada dentro do copo num suporte

acriacutelico ou outro material resistente agrave aacutegua em local seco e arejado

Dentiacutefricos e escovas devem estar fora do alcance das crianccedilas para evitar a troca ou ingestatildeo

acidental de dentiacutefrico Caso haja a possibilidade de utilizar copos descartaacuteveis (de cafeacute) o processo eacute

bastante simplificado (os copos de cafeacute podem ser substituiacutedos por copos de iogurte) Os produtos de

higiene oral podem ser adquiridos com a colaboraccedilatildeo da Autarquia do Centro de Sauacutede dos pais ou

ateacute de alguma empresa Se a escola tiver refeitoacuterio pode tambeacutem ser viaacutevel utilizar os copos do

refeitoacuterio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 11

34 Escovagem dos den tes ndash Organ izaccedilatildeo da ac t i v idade

A escovagem dos dentes deve ser feita diariamente no jardim-de-infacircncia e na escola apoacutes o almoccedilo agrave

entrada na sala de aula ou apoacutes o intervalo As crianccedilas poderatildeo escovar os dentes na casa de banho no

refeitoacuterio ou na proacutepria sala de aula O processo eacute simples natildeo exigindo muitas condiccedilotildees fiacutesicas das

escolas que satildeo frequentemente utilizadas para justificar a recusa desta actividade

Caso a escola tenha lavatoacuterios suficientes esta actividade pode ser feita na casa de banho Eacute necessaacuterio

definir a hora em que cada uma das salas vai utilizar esse espaccedilo Na casa de banho deveratildeo estar

apenas as crianccedilas que estatildeo a escovar os dentes Os outros esperam a sua vez em fila agrave porta Eacute

essencial que esteja algueacutem (auxiliar professoreducador ou voluntaacuterio) a vigiar para manter a ordem

organizar o processo e corrigir a teacutecnica da escovagem No final da escovagem cada crianccedila lava a

escova e o copo (se natildeo for descartaacutevel) e arruma no local destinado a esse efeito

Quando o espaccedilo fiacutesico natildeo permite que a escovagem seja feita na casa de banho esta actividade pode

ser feita na proacutepria sala de aula Nesta situaccedilatildeo se for possiacutevel utilizar copos descartaacuteveis ou copos de

iogurte facilita o processo e torna-o menos moroso Os alunos mantecircm-se sentados nas suas cadeiras

Retiram da sua mochila o estojo com a escova e o dentiacutefrico Um dos alunos distribui os copos e os

guardanapos (ou toalhetes de papel ou papel higieacutenico) Os alunos escovam os dentes todos ao mesmo

tempo podendo ateacute fazecirc-lo com muacutesica O professor deve ir corrigindo a teacutecnica de escovagem Apoacutes

a escovagem as crianccedilas cospem o excesso de dentiacutefrico para o copo limpam a boca tiram o excesso

de dentiacutefrico e saliva da escova com o papel ou o guardanapo e por fim colocam-no dentro do copo

Tapam a escova e arrumam-na em estojo proacuteprio ou na mochila juntamente com o dentiacutefrico No final

um dos alunos vai buscar um saco de lixo passa por todas as carteiras para que cada uma coloque o

seu copo no lixo Caso alguma das crianccedilas natildeo tolere o restos de dentiacutefrico na cavidade oral pode

colocar-se uma pequena porccedilatildeo de aacutegua no copo e no fim da escovagem bochecha e cospe para o

copo Os pais dos alunos devem ser instruiacutedos para se certificarem que em casa a crianccedila lava a sua

escova com aacutegua corrente e volta a colocaacute-la na mochila No sentido de facilitar o procedimento

recomenda-se que os copos sejam descartaacuteveis e as escovas tenham tampa

35 Escovagem dos den tes - A teacutecn ica A escovagem dos dentes para ser eficaz ou seja para remover a placa bacteriana necessita ser feita

com rigor e demora 2 a 3 minutos Quando se utiliza uma escova manual a escovagem faz-se da

seguinte forma

inclinar a escova em direcccedilatildeo agrave gengiva (cerca de 45ordm) e fazer pequenos movimentos vibratoacuterios

horizontais ou circulares de modo a que os pelos da escova limpem o sulco gengival (espaccedilo que

fica entre o dente e a gengiva)

se for difiacutecil manter esta posiccedilatildeo colocar os pecirclos da escova perpendicularmente agrave gengiva e agrave

superfiacutecie do dente

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 12

escovar 2 dentes de cada vez (os correspondentes ao tamanho da cabeccedila da escova) fazendo

aproximadamente 10 movimentos (ou 5 caso sejam crianccedilas ateacute aos 6 anos) nas superfiacutecies

dentaacuterias abarcadas pela escova

comeccedilar a escovagem pela superfiacutecie externa (do lado da bochecha) do dente mais posterior de um

dos maxilares e continuar a escovar ateacute atingir o uacuteltimo dente da extremidade oposta desse

maxilar

com a mesma sequecircncia escovar as superfiacutecies dentaacuterias do lado da liacutengua

proceder do mesmo modo para fazer a escovagem dos dentes do outro maxilar

escovar as superfiacutecies mastigatoacuterias dos dentes com movimentos de vaiveacutem

por fim pode escovar-se a liacutengua

Quando se utiliza uma escova de dentes eleacutectrica segue-se a mesma sequecircncia de escovagem O

movimento da escova eacute feito automaticamente natildeo deve ser feita pressatildeo ou movimentos adicionais

sobre os dentes A escova desloca-se ao longo da arcada escovando um soacute dente de cada vez A

escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluacuteor deve ser feita duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente agrave noite antes de deitar

3 6 Uso do f io den taacute r io A partir do momento em que haacute destreza manual (a partir dos 8 anos) eacute indispensaacutevel o uso do fio ou

fita dentaacuteria que se utiliza da seguinte forma

retirar cerca de 40 cm de fio (ou fita) do porta fio

enrolar a quase totalidade do fio no dedo meacutedio de uma matildeo e uma pequena porccedilatildeo no dedo meacutedio

da outra matildeo deixando entre os dois dedos uma porccedilatildeo de fio com aproximadamente 25 cm

Quando as crianccedilas satildeo mais pequenas pode retirar-se uma porccedilatildeo mais pequena de fio cerca de

30 cm dar um noacute juntando as 2 pontas formando um ciacuterculo com o fio natildeo havendo necessidade

de o enrolar nos dedos Eacute importante utilizar sempre fio limpo em cada espaccedilo interdentaacuterio Os

polegares eou os indicadores ajudam a manuseaacute-lo

introduzir o fio cuidadosamente entre dois dentes e curva-lo agrave volta do dente que se quer limpar

fazendo com que tome a forma de um ldquoCrdquo

executar movimentos curtos horizontais desde o ponto de contacto entre os dentes ateacute ao sulco

gengival em cada uma das faces que delimitam o espaccedilo interdentaacuterio

repetir este procedimento ateacute que todos os espaccedilos interdentaacuterios de todos os dentes estejam

devidamente limpos

O fio dentaacuterio deve ser utilizado uma vez por dia de preferecircncia agrave noite antes de deitar Na escola os

alunos poderatildeo a aprender a utilizar este meio de remoccedilatildeo de placa bacteriana interdentaacuterio sendo

importante envolver os pais no sentido de lhes pedir colaboraccedilatildeo e permitir que as crianccedilas o utilizem

em casa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 13

3 7 Reve lador de p laca bac te r i ana O uso de reveladores de placa bacteriana (em soluto ou em comprimidos mastigaacuteveis) permitem

avaliar a higiene oral e consequentemente melhorar as teacutecnicas de escovagem e de utilizaccedilatildeo do fio

dentaacuterio

A partir dos 6 anos de idade estes produtos podem ser usados para que as crianccedilas visualizem a placa

e mais facilmente compreendam que os seus dentes necessitam de ser cuidadosamente limpos

A eritrosina que tem a propriedade de corar de vermelho a placa bacteriana eacute um dos exemplos de

corantes que se podem utilizar Utiliza-se da seguinte forma

colocar 1 a 2 gotas por baixo da liacutengua ou mastigar um comprimido sem engolir

passar a liacutengua por todas as superfiacutecies dentaacuterias

bochechar com aacutegua

A placa bacteriana corada eacute facilmente removida atraveacutes da escovagem dos dentes e do fio dentaacuterio

Nota Para evitar que os laacutebios fiquem corados de vermelho antes de colocar o corante pode passar

batom creme gordo ou vaselina nos laacutebios

3 8 Bochecho f luore tado A partir dos 6 anos pode ser feito o bochecho quinzenal com fluoreto de soacutedio a 02 na escola da

seguinte forma

agitar a soluccedilatildeo e deitar 10 ml em cada copo e distribui-los

indicar a cada crianccedila para colocar o antebraccedilo no rebordo da mesa

introduzir a soluccedilatildeo na boca sem engolir

repousar a testa no antebraccedilo colocando o copo debaixo da boca

bochechar vigorosamente durante 1 minuto

apoacutes este periacuteodo deve ser cuspida tendo o cuidado de natildeo a engolir

Apoacutes o bochecho a crianccedila deve permanecer 30 minutos sem comer nem beber

39 Iacutendice de placa O Iacutendice de Placa (IP) eacute utilizado para quantificar a placa bacteriana em todas as superfiacutecies dentaacuterias e

reflecte os haacutebitos de higiene oral dos indiviacuteduos avaliados

Assim enquanto que um baixo Iacutendice de Placa poderaacute significar um bom impacto das acccedilotildees de

educaccedilatildeo para a sauacutede em sauacutede oral nomeadamente das relacionadas com a higiene um iacutendice

elevado sugere o contraacuterio

Em programas comunitaacuterios geralmente eacute utilizado o Iacutendice de Placa Simplificado que eacute mais raacutepido

de determinar sendo o resultado final igualmente fiaacutevel

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 14

Para se calcular o Iacutendice de Placa Simplificado eacute necessaacuterio atribuir um valor ao tamanho da placa

bacteriana existente nos seguintes 6 dentes e superfiacutecies predeterminados Maxilar superior

1 Primeiro molar superior direito - Superfiacutecie vestibular

2 Incisivo central superior direito - Superfiacutecie vestibular

3 Primeiro molar superior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

4 Primeiro molar inferior esquerdo - Superfiacutecie lingual

5 Incisivo central inferior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

6 Primeiro molar inferior direito - Superfiacutecie lingual

Para atribuir um valor ao tamanho da placa bacteriana existente em cada uma das su

acima referidas eacute necessaacuterio utilizar o revelador de placa bacteriana para a co

facilitar a sua observaccedilatildeo e respectiva classificaccedilatildeo e registo

A cada uma das superfiacutecies dentaacuterias soacute pode ser atribuiacutedo um dos seguintes valore

Valor 0

Valor 1

Valor 2

Valor 3

rarr Se a superfiacutecie do dente natildeo estaacute corada

rarr Se 13 da superfiacutecie estaacute corado

rarr Se 23 da superfiacutecie estatildeo corados

rarr Se estaacute corada toda a superfiacutecie

Feito o registo da observaccedilatildeo individual verifica-se que o somatoacuterio do conjunto de

poderaacute variar entre 0 (zero) e 18 (dezoito)

Dividindo por 6 (seis) este somatoacuterio obteacutem-se o Iacutendice de Placa Individual

Para determinar o Iacutendice de Placa de um grupo de indiviacuteduos divide-se o som

individuais pelo nuacutemero de indiviacuteduos observados multiplicado por seis (o nuacutemer

nuacutemero de dentes seleccionados por indiviacuteduo)

Assim o Iacutendice de Placa poderaacute variar entre 0 (zero) e 3 (trecircs)

Iacutendice de Placa (IP) = Somatoacuterio da classificaccedilatildeo dada a cada dente

Nordm de indiviacuteduos observados x 6

A sauacutede oral das crianccedilas e adolescentes eacute um grave problema de sauacutede puacuteblica ma

simples como as descritas neste documento executadas pelos proacuteprios eou com

encorajadas pela escola e pelos serviccedilos de sauacutede contribuem decididamente para

oral importantes e implementaccedilatildeo efectiva do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas d

Maxilar inferior

perfiacutecies dentaacuterias

rar e dessa forma

s

valores atribuiacutedos

atoacuterio dos valores

o seis representa o

s que com medidas

ajuda da famiacutelia

ganhos em sauacutede

Sauacutede Oral

e EPSrsquorsquo 15

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

F l u o r e t o s

F u n d a m e n t a ccedil atilde o e R e c o m e n d a ccedil otilde e s d a T a s k F o r c e

Documento produzido pela Task Force constituiacuteda pelo Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr

Ricardo Jorge Direcccedilatildeo-Geral de Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura Faculdade de

Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Medicina Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria

Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa e Porto Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento Instituto Superior de

Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia

Ordem dos Meacutedicos Dentistas Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria Sociedade Portuguesa de

Pediatria e os serviccedilos da DGS Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede Divisatildeo de Sauacutede Ambiental

Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

1 F l u o r e t o s

A evidecircncia cientiacutefica tem demonstrado que as mudanccedilas observadas no padratildeo da doenccedila caacuterie

dentaacuteria ocorrem pela implementaccedilatildeo de programas preventivos e terapecircuticos de acircmbito comunitaacuterio

e por estrateacutegias de acccedilatildeo especiacuteficas dirigidas a grupos de risco com criteriosa utilizaccedilatildeo dos

fluoretos

O fluacuteor eacute o elemento mais electronegativo da tabela perioacutedica e raramente existe isolado sendo por

isso habitualmente referido como fluoreto Na natureza encontra-se sob a forma de um iatildeo (F-) em

associaccedilatildeo com o caacutelcio foacutesforo alumiacutenio e tambeacutem como parte de certos silicatos como o topaacutezio

Normalmente presente nas rochas plantas ar aacuteguas e solos este elemento faz parte da constituiccedilatildeo de

alguns materiais plaacutesticos e pode tambeacutem estar presente na constituiccedilatildeo de alguns fertilizantes

contribuindo desta forma para a sua presenccedila no solo aacutegua e alimentos No solo o conteuacutedo de

fluoretos varia entre 20 e 500 ppm contudo nas camadas mais profundas o seu niacutevel aumenta No ar a

concentraccedilatildeo normal de fluoretos oscila entre 005 e 190microgm3 1

Do fluacuteor que eacute ingerido entre 75 e 90 eacute absorvido por via digestiva sendo a mucosa bucal

responsaacutevel pela absorccedilatildeo de menos de 1 Depois de absorvido passa para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea

sob a forma ioacutenica ou de compostos orgacircnicos lipossoluacuteveis A forma ioacutenica que circula livremente e

natildeo se liga agraves proteiacutenas nem aos componentes plasmaacuteticos nem aos tecidos moles eacute a que vai estar

disponiacutevel para ser absorvida pelos tecidos duros Da quantidade total de fluacuteor presente no organismo

99 encontra-se nos tecidos calcificados Entre 10 e 25 do aporte diaacuterio de fluacuteor natildeo chega a ser

absorvido vindo a ser excretado pelas fezes O fluacuteor absorvido natildeo utilizado (cerca de 50) eacute

eliminado por via renal2

O fluacuteor tem uma grande afinidade com a apatite presente no organismo com a qual cria ligaccedilotildees

fortes que natildeo satildeo irreversiacuteveis Este facto deve-se agrave facilidade com que os radicais hidroxilos da

hidroxiapatite satildeo substituiacutedos pelos iotildees fluacuteor formando fluorapatite No entanto a apatite normal do

ser humano presente no osso e dente mesmo em condiccedilotildees ideais de presenccedila de fluacuteor nunca se

aproxima da composiccedilatildeo da fluorapatite pura

Quando o fluacuteor eacute ingerido passa pela cavidade oral daiacute resultando a deposiccedilatildeo de uma determinada

quantidade nos tecidos e liacutequidos aiacute existentes A mucosa jugal as gengivas a placa bacteriana os

dentes e a saliva vatildeo beneficiar imediatamente de um aporte directo de fluacuteor que pode permitir que a

sua disponibilidade na cavidade oral se prolongue por periacuteodos mais longos Eacute um facto que a presenccedila

de fluacuteor no meio oral independentemente da sua fonte resulta numa acccedilatildeo preventiva e terapecircutica

extremamente importante

Nota 22 mg de fluoreto de soacutedio correspondem a 1 mg de fluacuteor Quando se dilui 1 mg de fluacuteor em um litro de aacutegua pura

considera-se que essa aacutegua passou a ter 1 ppm de fluacuteor

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 2

Considera-se actualmente que os benefiacutecios dos fluoretos resultam basicamente da sua acccedilatildeo toacutepica

sobre a superfiacutecie do dente enquanto a sua acccedilatildeo sisteacutemica (preacute-eruptiva) eacute muito menos importante

A acccedilatildeo preventiva e terapecircutica dos fluoretos eacute conseguida predominantemente pela sua acccedilatildeo toacutepica

quer nas crianccedilas quer nos adultos atraveacutes de trecircs mecanismos diferentes responsaacuteveis pela

bull inibiccedilatildeo do processo de desmineralizaccedilatildeo

bull potenciaccedilatildeo do processo de remineralizaccedilatildeo

bull inibiccedilatildeo da acccedilatildeo da placa bacteriana

O uso racional dos fluoretos na profilaxia da caacuterie dentaacuteria com eficaacutecia e seguranccedila baseia-se no

conhecimento actualizado dos seus mecanismos de acccedilatildeo e da sua toxicologia

Com base na evidecircncia cientiacutefica a estrateacutegia de utilizaccedilatildeo dos fluoretos em sauacutede oral foi redefinida

tendo em conta que a sua acccedilatildeo preventiva eacute predominantemente poacutes-eruptiva e toacutepica e a sua acccedilatildeo

toacutexica com repercussotildees a niacutevel dentaacuterio eacute preacute-eruptiva e sisteacutemica

Estudos epidemioloacutegicos efectuados pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) sobre os efeitos do

fluacuteor na sauacutede humana referem que valores compreendidos entre 1 e 15 ppm natildeo representam risco

acrescido Contudo valores entre 15 e 2 ppm em climas quentes poderatildeo contribuir para a ocorrecircncia

de casos de fluorose dentaacuteria e valores entre 3 a 6 ppm para o aparecimento de fluorose oacutessea

Para a OMS a concentraccedilatildeo oacuteptima de fluoretos na aacutegua quando esta eacute sujeita a fluoretaccedilatildeo deve

estar compreendida entre 05 e 15 ppm de F dependendo este valor da temperatura meacutedia do local

que condiciona a quantidade de aacutegua ingerida nas zonas mais frias o valor maacuteximo pode estar perto

do limite superior nas zonas mais quentes o valor deve estar perto do limite inferior para uma

prevenccedilatildeo eficaz da caacuterie dentaacuteria Para que os riscos de fluorose estejam diminuiacutedos os programas de

fluoretaccedilatildeo das aacuteguas devem obedecer a criteacuterios claramente definidos

Nas regiotildees onde a aacutegua da rede puacuteblica conteacutem menos de 03 ppm (mgl) de fluoretos (situaccedilatildeo mais

frequente em Portugal Continental) a dose profilaacutectica oacuteptima considerando a soma de todas as fontes

de fluoretos eacute de 005mgkgdia3

11 Toxicidade Aguda

Uma intoxicaccedilatildeo aguda pelo fluacuteor eacute uma possibilidade extremamente rara Alguns casos tecircm sido

descritos na literatura Estudos efectuados em roedores e extrapolados para o homem adulto permitem

pensar que a dose letal miacutenima de fluacuteor seja de aproximadamente 2 gramas ou 32 a 64 mgkg de peso

corporal mas para uma crianccedila bastam 15 mgkg de peso corporal 2

A partir da ingestatildeo de doses superiores a 5mgkg de peso corporal considera-se a hipoacutetese de vir a ter

efeitos toacutexicos

As crianccedilas pequenas tecircm um risco acrescido de ingerir doses de fluoretos atraveacutes do consumo de

produtos de higiene oral A ingestatildeo acidental de um quarto de um tubo com dentiacutefrico de 125 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 3

(1500 ppm de Fluacuteor) potildee em risco a vida de uma crianccedila de um ano de idade O risco de ingestatildeo

acidental por crianccedilas eacute real e eacute adjuvado pelo tipo de embalagens destes produtos que natildeo tecircm

dispositivos de seguranccedila para a sua abertura

A toxicidade aguda pelos fluoretos poderaacute manifestar-se por queixas digestivas (dor abdominal

voacutemitos hematemeses e melenas) neuroloacutegicas (tremores convulsotildees tetania deliacuterio lentificaccedilatildeo da

voz) renais (urina turva hematuacuteria) metaboacutelicas (hipocalceacutemia hipomagnesieacutemia hipercalieacutemia)

cardiovasculares (arritmias hipotensatildeo) e respiratoacuterias (depressatildeo respiratoacuteria apneias) 4

12 Toxicidade Croacutenica

A dose total diaacuteria de fluoretos administrados por via sisteacutemica isenta de risco de toxicidade croacutenica

situa-se abaixo de 005 mgkgdia de peso A partir desses valores aumentam as manifestaccedilotildees atraveacutes

do aparecimento de hipomineralizaccedilatildeo do esmalte que se revela por fluorose dentaacuteria Com

concentraccedilotildees acima de 25 ppm na aacutegua esta manifestaccedilatildeo eacute mais evidente sendo tanto mais grave

quanto a concentraccedilatildeo de fluoretos vai aumentando O periacuteodo criacutetico para o efeito toacutexico do fluacuteor se

manifestar sobre a denticcedilatildeo permanente eacute entre o nascimento e os 7 anos de idade (ateacute aos 3 anos eacute o

periacuteodo mais criacutetico) Quando existem fluoretos ateacute 3 ppm na aacutegua aleacutem da fluorose natildeo parece

existir qualquer outro efeito toacutexico na sauacutede A partir deste valor aumenta o risco de nefrotoxicidade

Como qualquer outro medicamento os fluoretos em dose excessiva tecircm efeitos toacutexicos que

normalmente se manifestam atraveacutes de uma interferecircncia na esteacutetica dentaacuteria Essa manifestaccedilatildeo eacute a

fluorose dentaacuteria

Estudos recentes sobre suplementos de fluoretos e fluorose 5 confirmam que as comunidades sem aacutegua

fluoretada e que utilizam suplementos de fluoretos durante os primeiros 6 anos de vida apresentam

um aumento do risco de desenvolver fluorose

O principal factor de risco para o aparecimento de fluorose dentaacuteria eacute o aporte total de fluoretos

provenientes de diferentes fontes nomeadamente da alimentaccedilatildeo incluindo a aacutegua e os suplementos

alimentares dentiacutefricos e soluccedilotildees para bochechos comprimidos e gotas e ingestatildeo acidental que natildeo

satildeo faacuteceis de quantificar

A fluorose dentaacuteria aumentou nos uacuteltimos anos em comunidades com e sem aacutegua fluoretada 6

2 F l u o r e t o s n a aacute g u a

2 1 Aacute g u a d e a b a s t e c i m e n t o p uacute b l i c o

A fluoretaccedilatildeo das aacuteguas para consumo humano como meio de suprir o deacutefice de fluoretos na aacutegua eacute

uma praacutetica comum em alguns paiacuteses como o Brasil Austraacutelia Canadaacute EUA e Nova Zelacircndia

Apesar de serem tatildeo diferentes quer do ponto de vista soacutecioeconoacutemico quer geograacutefico eles detecircm

uma experiecircncia superior a 25 anos neste domiacutenio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 4

Na Europa a maior parte dos paiacuteses natildeo faz fluoretaccedilatildeo das suas aacuteguas para consumo humano agrave

excepccedilatildeo da Irlanda da Suiacuteccedila (Basileia) e de 10 da populaccedilatildeo do Reino Unido Na Alemanha eacute

proibido e nos restantes paiacuteses eacute desaconselhado

Nos paiacuteses em que se faz fluoretaccedilatildeo da aacutegua alguns estudos demonstraram natildeo ter existido um ganho

efectivo na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria No entanto outros como a Austraacutelia no Estado de Victoacuteria

onde a fluoretaccedilatildeo da aacutegua se faz regularmente observaram-se ganhos efectivos na sauacutede oral da

populaccedilatildeo com consequentes ganhos econoacutemicos

Recomendaccedilatildeo Eacute indispensaacutevel avaliar a qualidade das aacuteguas de abastecimento puacuteblico periodicamente e corrigir os

paracircmetros alterados

Na aacutegua os valores das concentraccedilotildees de fluoretos estatildeo compreendidas entre 01 a 07 ppm Contudo

em alguns casos podem apresentar valores muito mais elevados

Quando a aacutegua apresenta valores de ph superiores a 8 e o iatildeo soacutedio e os carbonatos satildeo dominantes os

valores de fluoretos normalmente presentes excedem 1 ppm

Nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica os fluoretos podem existir naturalmente ou resultar de um

programa de fluoretaccedilatildeo Em Portugal Continental os valores satildeo normalmente baixos e as aacuteguas natildeo

estatildeo sujeitas a fluoretaccedilatildeo artificial O teor de fluoretos deveraacute ser controlado regularmente de modo

a preservar os interesses da sauacutede puacuteblica 7

Na definiccedilatildeo de um valor guia para a aacutegua de consumo humano a OMS propotildee o valor limite de 15

ppm de Fluacuteor referindo que valores superiores podem contribuir para o aumento do risco de fluorose

A Agecircncia Americana para o Ambiente (USEPA) refere um valor maacuteximo admissiacutevel de fluoretos na

aacutegua de consumo humano de 15 ppm e recomenda que nunca se ultrapasse os 4 ppm

Em Portugal a legislaccedilatildeo actualmente em vigor sobre a qualidade da aacutegua para consumo humano

decreto-lei nordm 23698 de 1 de Agosto define dois Valores Maacuteximos Admissiacuteveis (VMA) para os

fluoretos 15 ppm (8 a 12 ordmC) e 07 ppm (25 a 30 ordmC) O decreto-lei nordm 2432001 de 5 de Setembro

que transpotildee a Directiva Comunitaacuteria nordm 9883CE de 3 de Novembro que entrou em vigor em 25 de

Dezembro de 2003 define para os fluoretos um Valor Parameacutetrico (VP) de 15 ppm

O decreto-lei nordm 24301 remete para a Entidade Gestora a verificaccedilatildeo da conformidade dos valores

parameacutetricos obrigatoacuterios aplicaacuteveis agrave aacutegua para consumo humano Sempre que um valor parameacutetrico

eacute excedido isso corresponde a uma situaccedilatildeo de incumprimento e perante esta situaccedilatildeo a entidade

gestora deve de imediato informar a autoridade de sauacutede e a entidade competente dando conta das

medidas correctoras adoptadas ou em curso para restabelecer a qualidade da aacutegua destinada a consumo

humano

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 5

Deve ter-se em atenccedilatildeo o desvio em relaccedilatildeo ao valor parameacutetrico fixado e o perigo potencial para a

sauacutede humana

Segundo o decreto-lei supra mencionado artigo 9ordm compete agraves autoridades de sauacutede a vigilacircncia

sanitaacuteria e a avaliaccedilatildeo do risco para a sauacutede puacuteblica da qualidade da aacutegua destinada ao consumo

humano Sempre que o risco exista e o incumprimento persistir a autoridade de sauacutede deve informar e

aconselhar os consumidores afectados e determinar a proibiccedilatildeo de abastecimento restringir a

utilizaccedilatildeo da aacutegua que constitua um perigo potencial para a sauacutede humana e adoptar todas as medidas

necessaacuterias para proteger a sauacutede humana

Nos Accedilores e na Madeira ou em zonas onde o teor de fluoretos na aacutegua eacute muito elevado deveraacute ser

feita uma verificaccedilatildeo da constante e a correcccedilatildeo adequada

Os principais tratamentos de desfluoretaccedilatildeo envolvem a floculaccedilatildeo da aacutegua usando sais hidratados de

alumiacutenio principalmente em condiccedilotildees alcalinas No caso de aacuteguas aacutecidas pode-se adicionar cal e

alternativamente pode-se recorrer agrave adsorccedilatildeo com carvatildeo activado ou alumina activada ( Al2O3 ) ou

por permuta ioacutenica usando resinas especiacuteficas

Recomendaccedilatildeo Ateacute aos 6-7 anos as crianccedilas natildeo devem ingerir regularmente aacutegua com teor de fluoretos superior a 07 ppm

Recomendaccedilatildeo Sempre que o valor parameacutetrico dos fluoretos na aacutegua para consumo humano exceder 15 ppm deveratildeo ser aplicadas

medidas correctoras para restabelecer a qualidade da aacutegua

2 2 Aacute g u a s m i n e r a i s n a t u r a i s e n g a r r a f a d a s

As aacuteguas minerais naturais engarrafadas deveratildeo no futuro ter rotulagem de acordo com a Directiva

Comunitaacuteria 200340CE da Comissatildeo Europeia de 16 de Maio publicada no Jornal Oficial da Uniatildeo

Europeia em 2252003 artigo 4ordm laquo1 As aacuteguas minerais naturais cuja concentraccedilatildeo em fluacuteor for

superior a 15 mgl (ppm) devem ostentar no roacutetulo a menccedilatildeo lsquoconteacutem mais de 15 mgl (ppm) de

fluacuteor natildeo eacute adequado o seu consumo regular por lactentes nem por crianccedilas com menos de 7 anosrsquo

2 No roacutetulo a menccedilatildeo prevista no nordm 1 deve figurar na proximidade imediata da denominaccedilatildeo de

venda e em caracteres claramente visiacuteveis 3

As aacuteguas minerais naturais que em aplicaccedilatildeo do nordm 1 tiverem de ostentar uma menccedilatildeo no roacutetulo

devem incluir a indicaccedilatildeo do teor real em fluacuteor a niacutevel da composiccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica em constituintes

caracteriacutesticos tal como previsto no nordm 2 aliacutenea a) do artigo 7ordm da Directiva 80777CEEraquo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 6

Para as aacuteguas de nascente cujas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas satildeo definidas pelo Decreto-lei

2432001 de 5 de Setembro em vigor desde Dezembro de 2003 os limites para o teor de fluoretos satildeo

de 15 mgl (ppm)

De acordo com o parecer do Scientific Committee on Food - Comiteacute Cientiacutefico de Alimentaccedilatildeo

Humana (expresso em Dezembro de 1996) a Comissatildeo natildeo vecirc razotildees para nos climas da Uniatildeo

Europeia (climas temperados) limitar os fluoretos nas aacuteguas de consumo humano e nas aacuteguas minerais

naturais para valores inferiores a 15mgl (ppm)

3 F l u o r e t o s n o s g eacute n e r o s a l i m e n t iacute c i o s

Entende-se por lsquogeacutenero alimentiacuteciorsquo qualquer substacircncia ou produto transformado parcialmente

transformado ou natildeo transformado destinado a ser ingerido pelo ser humano ou com razoaacuteveis

probabilidades de o ser Este termo abrange bebidas pastilhas elaacutesticas e todas as substacircncias

incluindo a aacutegua intencionalmente incorporadas nos geacuteneros alimentiacutecios durante o seu fabrico

preparaccedilatildeo ou tratamento8 9

Na alimentaccedilatildeo as estimativas de ingestatildeo de fluacuteor atraveacutes da dieta variam entre 02 e 34 mgdia

sendo estes uacuteltimos valores atingidos quando se inclui o chaacute na alimentaccedilatildeo A ingestatildeo de fluoretos

provenientes dos alimentos comuns eacute pouco significativa Apenas 13 se apresentam na forma

ionizaacutevel e portanto biodisponiacutevel

Recomendaccedilatildeo Independentemente da origem ao utilizar aacutegua informe-se sobre o seu teor em fluoretos As que tecircm um elevado teor

deste elemento natildeo satildeo adequadas para lactentes e crianccedilas com menos de 7 anos

Recomendaccedilatildeo Dar prioridade a uma dieta equilibrada e saudaacutevel com diversidade alimentar Utilizar a aacutegua da cozedura dos

alimentos para confeccionar outros alimentos (ex sopas arroz)

No iniacutecio do ano de 2003 a Comissatildeo Europeia apresentou uma nova proposta de Directiva

Comunitaacuteria relativa agrave ldquoAdiccedilatildeo aos geacuteneros alimentiacutecios de vitaminas minerais e outras substacircnciasrdquo

onde os fluoretos satildeo referidos como podendo ser adicionados a geacuteneros alimentiacutecios comuns Nesta

proposta de Directiva Comunitaacuteria eacute sugerida a inclusatildeo de determinados nutrimentos (entre eles o

fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de geacuteneros alimentiacutecios comuns Esta proposta

prevista no Livro Branco da Comissatildeo ainda estaacute numa fase inicial de discussatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 7

4 F l u o r e t o s e m s u p l e m e n t o a l i m e n t a r

Entende-se por lsquosuplementos alimentaresrsquo geacuteneros alimentiacutecios que se destinam a complementar e ou

suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas

substacircncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisioloacutegico estremes ou combinados

comercializados em forma doseada tais como caacutepsulas pastilhas comprimidos piacutelulas e outras

formas semelhantes saquetas de poacute ampola de liacutequido frascos com conta gotas e outras formas

similares de liacutequido ou poacute que se destinam a ser tomados em unidades medidas de quantidade

reduzida10

A Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002

transposta para o direito nacional pelo Decreto-lei nordm 1362003 de 28 de Junho relativa agrave aproximaccedilatildeo

das legislaccedilotildees dos Estados-Membros respeitantes aos suplementos alimentares vai permitir a inclusatildeo

de determinados nutrimentos (entre eles o fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de

suplementos alimentares11

A partir de 28 de Agosto de 2003 os fluoretos poderatildeo ser comercializados como suplemento

alimentar passando a estar disponiacutevel em farmaacutecias e superfiacutecies comerciais

As quantidades maacuteximas de vitaminas e minerais presentes nos suplementos alimentares satildeo fixadas

em funccedilatildeo da toma diaacuteria recomendada pelo fabricante tendo em conta os seguintes elementos

a) limites superiores de seguranccedila estabelecidos para as vitaminas e os minerais apoacutes uma

avaliaccedilatildeo dos riscos efectuada com base em dados cientiacuteficos geralmente aceites tendo em

conta quando for caso disso os diversos graus de sensibilidade dos diferentes grupos de

consumidores

b) quantidade de vitaminas e minerais ingerida atraveacutes de outras fontes alimentares

c) doses de referecircncia de vitaminas e minerais para a populaccedilatildeo

Recomendaccedilatildeo Nunca ultrapassar a toma indicada no roacutetulo do produto e natildeo utilizar um suplemento alimentar como substituto de um

regime alimentar variado

As quantidades maacuteximas e miacutenimas de vitaminas e minerais referidas seratildeo adoptadas pela Comissatildeo

Europeia assistida pelo Comiteacute de Regulamentaccedilatildeo

Em Portugal a Agecircncia para a Qualidade e Seguranccedila Alimentar viraacute a ter informaccedilatildeo sobre todos os

suplementos alimentares comercializados como geacuteneros alimentiacutecios e introduzidos no mercado de

acordo com o Decreto-lei nordm 1362003

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 8

A rotulagem dos suplementos alimentares natildeo poderaacute mencionar nem fazer qualquer referecircncia a

prevenccedilatildeo tratamento ou cura de doenccedilas humanas e deveraacute indicar uma advertecircncia de que os

produtos devem ser guardados fora do alcance das crianccedilas

5 F luore tos em med icamentos e p rodutos cosmeacutet icos de h ig iene corpora l

A distinccedilatildeo entre Medicamento e Produto Cosmeacutetico de Higiene Corporal contendo fluoretos depende

do seu teor no produto Os cosmeacuteticos contecircm obrigatoriamente uma concentraccedilatildeo de fluoretos inferior

a 015 (1500 ppm) (Decreto-lei 1002001 de 28 de Marccedilo I Seacuterie A) sendo que todos os dentiacutefricos

com concentraccedilotildees de fluoretos superior a 015 satildeo obrigatoriamente classificados como

medicamentos

Os medicamentos contendo fluoretos e utilizados para a profilaxia da caacuterie dentaacuteria existentes no

mercado portuguecircs satildeo de venda livre em farmaacutecia Encontram-se disponiacuteveis nas formas

farmacecircuticas de soluccedilatildeo oral (gotas orais) comprimidos dentiacutefricos gel dentaacuterio e soluccedilatildeo de

bochecho

5 1 F l u o r e t o s e m c o m p r i m i d o s e g o t a s o r a i s

A utilizaccedilatildeo de medicamentos contendo fluoretos na forma de gotas orais e comprimidos foi ateacute haacute

pouco recomendada pelos profissionais de sauacutede (pediatras meacutedicos de famiacutelia cliacutenicos gerais

meacutedicos estomatologistas meacutedicos dentistas) dos 6 meses ateacute aos 16 anos

A clarificaccedilatildeo do mecanismo de acccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria e o aumento de

aporte dos mesmos com consequentes riscos de manifestaccedilatildeo toacutexica obrigaram agrave revisatildeo da sua

administraccedilatildeo em comprimidos eou gotas A gravidade da fluorose dentaacuteria estaacute relacionada com a

dose a duraccedilatildeo e com a idade em que ocorre a exposiccedilatildeo ao fluacuteor 12 13

A ldquoCanadian Consensus Conference on the Appropriate Use of Fluoride Supplements for the

Prevention of Dental Caries in Childrenrdquo 14definiu um protocolo cuja utilizaccedilatildeo eacute recomendada a

profissionais de sauacutede em que se fundamenta a tomada de decisatildeo sobre a necessidade ou natildeo da

suplementaccedilatildeo de fluacuteor A administraccedilatildeo de comprimidos soacute eacute recomendada quando o teor de fluoretos

na aacutegua de abastecimento puacuteblico for inferior a 03 ppm e

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) natildeo escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas

vezes por dia

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas vezes

por dia mas apresenta um alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 9

Por sua vez a conclusatildeo do laquoForum on Fluoridation 2002raquo15 relativamente agrave administraccedilatildeo de

suplementos de fluoretos foi a seguinte limitar a utilizaccedilatildeo de comprimidos de fluoretos a aacutereas onde

natildeo existe aacutegua fluoretada e iniciar essa suplementaccedilatildeo apenas a crianccedilas com alto risco agrave caacuterie e a

partir dos 3 anos

Os comprimidos de fluoretos caso sejam indicados devem ser usados pelo interesse da sua acccedilatildeo

toacutepica Devem ser dissolvidos na boca em vez de imediatamente ingeridos16

A administraccedilatildeo de fluoretos sob a forma de comprimidos chupados soacute deveraacute ser efectuada em

situaccedilotildees excepcionais isto eacute em populaccedilotildees de baixos recursos econoacutemicos nas quais a escovagem

natildeo possa ser promovida e os iacutendices de caacuterie sejam elevados

Para evitar a potencial toxicidade dos fluoretos antes de qualquer prescriccedilatildeo todos os profissionais de

sauacutede devem efectuar uma avaliaccedilatildeo personalizada dos aportes diaacuterios de cada crianccedila tendo em conta

todas as fontes possiacuteveis desse elemento alimentos comuns suplementos alimentares consumo de

aacutegua da rede puacuteblica eou aacutegua engarrafada e respectivo teor de fluoretos e utilizaccedilatildeo de medicamentos

e produtos cosmeacuteticos contendo fluacuteor

Recomendaccedilatildeo A partir dos 3 anos os suplementos sisteacutemicos de fluoretos poderatildeo ser prescritos pelo meacutedico assistente ou meacutedico dentista em crianccedilas que apresentem um alto risco

agrave caacuterie dentaacuteria

5 2 F l u o r e t o s e m d e n t iacute f r i c o s

Hoje em dia a maior parte dos dentiacutefricos agrave venda no mercado contecircm fluoretos sob diferentes formas

fluoreto de soacutedio monofluorfosfato de soacutedio fluoreto de amina e outros Os mais utilizados satildeo o

fluoreto de soacutedio e o monofluorfosfato de soacutedio

Normalmente o conteuacutedo de fluoreto dos dentiacutefricos eacute de 1000 a 1100 ppm (ou 010 a 011)

podendo variar entre 500 e 1500 ppm

Durante a escovagem cerca de 34 da pasta eacute ingerida por crianccedilas de 3 anos 28 pelas de 4-5 anos

e 20 pelas de 5-7 anos

Devem ser evitados dentiacutefricos com sabor a fruta para impedir o seu consumo em excesso uma vez

que estatildeo jaacute descritos na literatura casos de fluorose resultantes do abuso de dentiacutefricos2

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluoretos duas vezes por dia tem-se revelado um

meio colectivo de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria com grande efectividade e baixo custo pelo que deve

ser considerado o meio de eleiccedilatildeo em estrateacutegias comunitaacuterias

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 10

Do ponto de vista da prevenccedilatildeo da caacuterie a aplicaccedilatildeo toacutepica de dentiacutefrico fluoretado com a escova dos

dentes deve ser executada duas vezes por dia e deve iniciar-se quando se daacute a erupccedilatildeo dos dentes Esta

rotina diaacuteria de higiene executada naturalmente com muito cuidado pelos pais deve

progressivamente ser assumida pela crianccedila ateacute aos 6-8 anos de idade Durante este periacuteodo a

escovagem deve ser sempre vigiada pelos pais ou educadores consoante as circunstacircncias para evitar

a utilizaccedilatildeo de quantidades excessivas de dentiacutefrico o qual pode da mesma forma que os

comprimidos conduzir antes dos 6 anos agrave ocorrecircncia de fluorose

As crianccedilas devem usar dentiacutefrico com teor de fluoretos entre 1000-1500 ppm de fluoreto (dentiacutefrico

de adulto) sendo a quantidade a utilizar do tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

Apoacutes a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado pode-se natildeo bochechar com aacutegua Deveraacute

apenas cuspir-se o excesso de pasta Deste modo consegue-se uma mais alta concentraccedilatildeo de fluoreto

na cavidade oral que vai actuar topicamente durante mais tempo

Os pais das crianccedilas devem receber informaccedilatildeo sobre a escovagem dentaacuteria e o uso de dentiacutefricos

fluoretados A escovagem com dentiacutefrico fluoretado deve iniciar-se imediatamente apoacutes a erupccedilatildeo dos

primeiros dentes Os dentiacutefricos fluoretados devem ser guardados em locais inacessiacuteveis agraves crianccedilas

pequenas17

5 3 F l u o r e t o s e m s o l u ccedil otilde e s d e b o c h e c h o

As soluccedilotildees para bochechos recomendadas a partir dos 6 anos de idade tecircm sido utilizadas em

programas escolares de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria em inuacutemeros paiacuteses incluindo Portugal Satildeo

recomendadas a indiviacuteduos de maior risco agrave caacuterie dentaacuteria mas a sua utilizaccedilatildeo tem vido a ser

restringida a crianccedilas que escovam eficazmente os dentes

Recomendaccedilatildeo Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Recomendaccedilatildeo A partir dos 6 anos de idade deve ser feito o bochecho quinzenalmente com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

02

As soluccedilotildees fluoretadas de uso diaacuterio habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

005 e as de uso semanal ou quinzenal habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de 02

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 11

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 12

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Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Page 19: Direcção-Geral da SaúdePrograma será complementado, sempre que oportuno, por orientações técnicas a emitir por esta Direcção-Geral. O Director-Geral e Alto Comissário da

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 17

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14 Featherstone JDB Prevention and reversal of dental caries role of low level fluoride Community Dentistry and Oral Epidemiology 1999 27 31-40

15 Ismail AI Bandekar RR Fluoride supplements and fluorosis a meta-analysis Community Dent Oral Epodemiol 1999 27 48-56

16 Jackson RD Brizendine EJ Kelly SA et al The fluoride content of foods and beverages from negligibly and optimally fluoridated communities Community Dentistry and Oral Epidemiology 2002 30 382-91

17 Kay E Locker D A systematic review of the effectiveness of health promotion aimed at improving oral health Community Dental Health 1999 15 132-44

18 Levy SM Guha-Chowdhury N Total fluoride intake and implications for dietary fluoride supplementation J Public Health Dentistry 1999 59 (4) 211-3

19 Levy SM An update on Fluorides and Fluorosis J Canadian Dental Association 2003 69 (5) 286-91

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21 Limeback H Introduction to the conference Community Dentistry and Oral Epidemiology 1999 27 27-30

22 Lux J The Fluoride Dialogue CDHA Position Statements Canadian Dental Hygienists Association Probe-Scientific Issue 2002 36 (6) 209-27

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27 Riordan PJ Fluoride supplements for young children an analysis of the literature focusinh on benefits and risks Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 72-83

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29 Sanchez O Childers NK Anticipatory Guidance in Infant Oral Health Rationale and Recommendations Am Fam Physician 2000 61115-20 123-4

30 Schafer TE Adair SM Prevention of dental disease ndash the role of the pediatrician Pediatric Oral Health 2000 47 (5) 1021-42

31 Scientific Committee on Cosmetic Products and non-food products intended for consumers The safety of fluorine compounds in oral hygiene products for children under the age of 6 years Adopted by the SCCNFP during the 24 th plenary meeting of 24-24 June 2003

32 Trumbo P Schlicker S Yates AA Poos M Dietary Reference Intakes for energy carbohydrate fiber fat fatty acids cholesterol protein and amino acids J Am Diet Assoc 2002 102 (11) 1621-30

33 Wang NJ Gropen AM Ogaard B Risk factors associated with fluorosis in a non-fluoridated population in Norway Community Dentistry and Oral Epidemiology 1997 25 396-401

34 Wang NJ Riordan PJ Fluorides and supplements and caries in a non-fluoridated child population Community Dentistry and Oral Epidemiology 1999 27 117-23

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37 WHO Fluorides and Oral Health WHO Geneva 1994 (Technical Report Series 846)

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 20

Agradecimentos

A Task Force que colaborou na revisatildeo do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral coordenada pela Drordf Gregoacuteria Paixatildeo von Amann e pela Higienista Oral Cristina Ferreira Caacutedima da Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede contou com a prestimosa colaboraccedilatildeo teacutecnica e cientiacutefica de

Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge representado pela Drordf Dirce Silveira

Direcccedilatildeo-Geral da Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura representada pela Engordf Maria de Lourdes Camilo

Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa representada pelo Prof Doutor Paulo Melo

Faculdade de Medicina de Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria representada pelo Dr Francisco Delille

Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade de Lisboa representada pelo Prof Doutor Ceacutesar Mexia de Almeida

Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto representada pelo Prof Doutor Fernando M Peres

Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento representado pela Drordf Ana Arauacutejo

Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede - Norte representado pelo Prof Doutor Paulo Rompante

Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede - Sul representado pela Profordf Doutora Fernanda Mesquita

Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia representada pelo Dr Alexandre Loff Seacutergio

Ordem dos Meacutedicos Dentistas representada pelo Prof Doutor Paulo Melo

Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria representada pelo Prof Doutor Ceacutesar Mexia de Almeida

Sociedade Portuguesa de Pediatria representada pelo Dr Manuel Salgado

Serviccedilos da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede representada pela Drordf Anabela Lopes Divisatildeo de Sauacutede Ambiental representada pelo Engordm Paulo Diegues e a Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede representada pelo Dr Pedro Ribeiro da Silva

Pelas sugestotildees e correcccedilotildees introduzidas o nosso agradecimento agrave Profordf Doutora Isabel Loureiro ao Dr Vasco Prazeres Drordf Leonor Sassetti Drordf Ana Paula Ramalho Correia Dr Rui Calado Drordf Maria Otiacutelia Riscado Duarte Dr Joatildeo Breda e ao Sr Viacutetor Alves que concebeu o logoacutetipo do programa

A todos a Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede e a Divisatildeo de Sauacutede Escolar agradecem

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

E s t r a t eacute g i a s e T eacute c n i c a s d e E d u c a ccedil atilde o e P r o m o ccedil atilde o

d a S a uacute d e

Documento produzido no acircmbito dos trabalhos da Task Force pela Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede Dr

Pedro Ribeiro da Silva e Dr Joatildeo Breda e pela Higienista Oral Cristina Ferreira Caacutedima e Drordf Gregoacuteria Paixatildeo von Amann da

Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede que coordenou os trabalhos

1 Preacircmbulo

Os Programas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede tecircm por objectivo capacitar as pessoas a tomarem decisotildees no

seu quotidiano que se revelem as mais adequadas para manter ou alargar o seu potencial de sauacutede

Para se atingir este objectivo fornece-se informaccedilatildeo e utilizam-se metodologias que facilitem e decircem

suporte agraves mudanccedilas comportamentais e agrave manutenccedilatildeo das praacuteticas consideradas saudaacuteveis

Mas a mudanccedila de comportamentos natildeo eacute faacutecil depende de factores sociais culturais familiares

entre muitos outros e natildeo apenas do conhecimento cientiacutefico que as pessoas possuam sobre

determinada mateacuteria

Esta dificuldade eacute bem patente quando como no presente caso se pretende intervir sobre

comportamentos relacionados com a alimentaccedilatildeo e a escovagem dos dentes

Quando os pais datildeo aos filhos patildeo achocolatado ou outros alimentos accedilucarados para levarem para a

escola estatildeo com frequecircncia a dar natildeo apenas um alimento mas tambeacutem e ateacute talvez

principalmente afecto tentando colmatar lacunas que possam ter na relaccedilatildeo com os seus filhos

mesmo que natildeo tenham consciecircncia desse facto

Podem tambeacutem dar este tipo de alimento por terem dificuldade de encontrar tempo para confeccionar

uma sandes ou outro alimento e os anteriormente referidos estatildeo sempre prontos a serem colocados na

mochila da crianccedila

Eacute importante desenvolvermos estrateacutegias de Educaccedilatildeo para a Sauacutede que natildeo culpabilizem os pais

porque estes intrinsecamente desejam sempre o melhor para os seus filhos embora natildeo consigam por

vezes colocaacute-lo em praacutetica

Devido agrave complexidade que eacute actuar sobre comportamentos individuais para se aumentar a eficiecircncia

das nossas praacuteticas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede torna-se fulcral utilizar metodologias alargadas a vaacuterios

parceiros e sectores da comunidade de forma articulada e continuada para que progressivamente

possamos ir obtendo resultados

Como propotildee Nancy Russel no seu Manual de Educaccedilatildeo para a Sauacutede ldquoPara desenhar um

programa de Educaccedilatildeo para a Sauacutede eacute necessaacuterio ter conhecimentos sobre comportamentos e sobre

os factores que produzem a mudanccedilardquo E continua explicitando ldquoAs teorias da mudanccedila de

comportamento que podem ser aplicadas em Educaccedilatildeo para a Sauacutede foram elaboradas a partir de

uma variedade de aacutereas incluindo a psicologia a sociologia a antropologia a comunicaccedilatildeo e o

marketing Nenhuma teoria ou rede de conceitos domina por si soacute a investigaccedilatildeo ou a praacutetica da

Educaccedilatildeo para a Sauacutede Provavelmente porque os comportamentos de sauacutede satildeo demasiado

complexos para serem explicados por uma uacutenica teoriardquo (19968)

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 2

2 Metodologias para Desenvolvimento da Acccedilatildeo

21 Primeira vertente ndash O diagnoacutestico de situaccedilatildeo

A primeira etapa de actuaccedilatildeo eacute de grande importacircncia para a continuidade das outras actividades e

podemos resumi-la a um bom diagnoacutestico de situaccedilatildeo que permita conhecer em pormenor a realidade

sobre a qual se pretende actuar

I - Eacute importante estabelecer como uma das primeiras actividades a anaacutelise de duas vertentes com

grande influecircncia na sauacutede oral os haacutebitos culturais das famiacutelias relativamente agrave alimentaccedilatildeo e as

praacuteticas de higiene oral dos adultos e das crianccedilas

II - Um segundo aspecto relaciona-se com os tipos de interacccedilatildeo entre professores ou

educadores de infacircncia e pais No caso de essa interacccedilatildeo ser regular e organizada importa saber como

reagem os pais agraves indicaccedilotildees dos professores sobre os aspectos comportamentais das crianccedilas e que

efeito e eficaacutecia tecircm essas acccedilotildees na capacitaccedilatildeo de pais e filhos relativamente aos comportamentos

relacionados com a sauacutede oral

Actividades a desenvolverem

a) estudar as formas de melhorar a relaccedilatildeo entre pais e professores procurando resolver as

dificuldades que com frequecircncia os pais apresentam como obstaacuteculos ao contacto mais regular

com os professores

b) analisar a eficaacutecia das recomendaccedilotildees dadas procurando as razotildees que possam estar na origem

de situaccedilotildees de menor eficaacutecia como o desfasamento entre as recomendaccedilotildees e o contexto

familiar e cultural das crianccedilas ou recomendaccedilotildees muito teacutecnicas ou paternalistas Todas estas

situaccedilotildees podem provocar resistecircncias nas famiacutelias agrave adesatildeo agraves praacuteticas desejaacuteveis relativamente

ao programa de sauacutede oral Esta temaacutetica da Educaccedilatildeo para a Sauacutede e as praacuteticas

comportamentais eacute muito complexa mas fundamental para se conseguirem resultados ao niacutevel

dos comportamentos

III - Outra componente a analisar satildeo os aspectos sociais dos consumos alimentares que possam

estar relacionados com situaccedilotildees locais como campanhas publicitaacuterias ou de promoccedilatildeo de

determinados alimentos potencialmente cariogeacutenicos nos estabelecimentos da zona Oferta pouco

adequada de alimentos na cantina da escola com existecircncia preponderante de alimentos e bebidas

accedilucaradas A confecccedilatildeo das refeiccedilotildees no refeitoacuterio com pouca oferta de fruta legumes e vegetais e

preponderacircncia de sobremesas doces

Segundo o Modelo Precede de Green existem 3 etapas a contemplar num diagnoacutestico de situaccedilatildeo

middot diagnoacutestico epidemioloacutegico necessaacuterio para a identificaccedilatildeo dos problemas de sauacutede sobre os

quais se vai actuar como sejam os iacutendices de caacuterie fluorose dentaacuteria e outros

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 3

middot diagnoacutestico social que corresponde agrave identificaccedilatildeo das situaccedilotildees sociais existentes na comunidade

onde se desenvolve a actividade que podem contribuir para os problemas de sauacutede oral detectados

ou que se pretende prevenir

middot diagnoacutestico comportamental para identificaccedilatildeo dos vaacuterios padrotildees comportamentais que possam

estar relacionados com os problemas de sauacutede oral inventariados

A este diagnoacutestico de problemas eacute importante associar-se a identificaccedilatildeo de necessidades da

populaccedilatildeo-alvo da acccedilatildeo

Apesar da prevalecircncia das doenccedilas orais e da necessidade deste Programa Nacional em algumas

comunidades poderatildeo existir vaacuterios outros problemas de sauacutede mais graves ou mais prevalentes e

neste caso importa fazer uma avaliaccedilatildeo dos recursos e das possibilidades de eficaacutecia dando prioridade

aos grupos e agraves situaccedilotildees mais graves e de maior amplitude Outro factor a ter em conta na decisatildeo

relaciona-se com a capacidade de alterar as causas comportamentais ou factores de risco pelo

programa educacional

Apoacutes a avaliaccedilatildeo das necessidades deveratildeo ser estabelecidas as prioridades tendo em conta os

problemas de sauacutede identificados a capacidade de alteraccedilatildeo dos factores de risco comportamentais e

outros Eacute muito importante associar-se agrave definiccedilatildeo de prioridades de actuaccedilatildeo a caracterizaccedilatildeo dos sub-

grupos existentes e as diferentes estrateacutegias apropriadas a cada uma dessas populaccedilotildees alvo

22 Segunda vertente ndash os teacutecnicos de educaccedilatildeo

Todos os parceiros satildeo importantes para o desenvolvimento dos programas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede

mas no caso especiacutefico da sauacutede oral os teacutecnicos de Educaccedilatildeo satildeo fundamentais Eacute por esta razatildeo

tarefa prioritaacuteria sensibilizaacute-los e englobaacute-los no desenho dos programas desde o iniacutecio

Sabemos atraveacutes das nossas praacuteticas anteriores que nem sempre os teacutecnicos de educaccedilatildeo aderem a

algumas das actividades dos programas de sauacutede oral propostas pelos teacutecnicos de sauacutede utilizando

para isso os mais diversos argumentos A explicitaccedilatildeo dos uacuteltimos consensos cientiacuteficos nesta aacuterea

com disponibilizaccedilatildeo de bibliografia pode ser facilitador da adesatildeo ao programa

Uma das actividades centrais deste programa seraacute trabalhar em conjunto com os teacutecnicos de educaccedilatildeo

nomeadamente docentes das escolas baacutesicas e secundaacuterias e educadores de infacircncia sobre as

potencialidades do programa e os ganhos em sauacutede que a meacutedio e longo prazo este pode provocar na

populaccedilatildeo portuguesa

Outra tarefa importante eacute a reflexatildeo em conjunto sobre as dificuldades diagnosticadas em cada escola

para concretizar as actividades do programa na tentativa de encontrar soluccedilotildees seja atraveacutes da

resoluccedilatildeo dos obstaacuteculos seja encontrando alternativas Poderaacute acontecer natildeo ser possiacutevel executar

todas as tarefas incluiacutedas no programa Nesses casos importa decidir quais as actividades que poderatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 4

ser levadas agrave praacutetica com ecircxito Seraacute preferiacutevel concretizar algumas tarefas que nenhumas assim

como seraacute melhor realizar bem poucas tarefas do que muitas ou todas de forma deficiente

Frequentemente existe um diferencial de conhecimentos sobre estas aacutereas entre os teacutecnicos de

educaccedilatildeo e os de sauacutede Para evitar problemas eacute imperioso que os teacutecnicos de educaccedilatildeo sejam

parceiros em igualdade de circunstacircncia e natildeo sintam que tecircm um papel secundaacuterio no projecto ou

meros executores de tarefas

A eventual deacutecalage de conhecimentos sobre sauacutede oral pode ser compensado utilizando estrateacutegias de

trabalho em equipa natildeo assumindo os teacutecnicos de sauacutede papel de liacutederes do processo nem de

detentores da informaccedilatildeo cientiacutefica As teacutecnicas de trabalho em equipa devem implicam a partilha de

tarefas e lideranccedila natildeo assumindo o programa uma dimensatildeo vertical e impositiva por parte da sauacutede

As mensagens chave do programa seratildeo discutidas por todos os intervenientes Eacute muito importante que

sejam claras nos conteuacutedos e assumidas por toda a equipa em todas as situaccedilotildees de modo a tornar as

intervenccedilotildees coerentes com os objectivos do programa

Como cada comunidade e cada escola tecircm caracteriacutesticas proacuteprias o programa as actividades e o

trabalho interdisciplinar em equipa seratildeo adequados agraves condiccedilotildees objectivas e subjectivas de todos os

intervenientes o que pode tornar necessaacuterio fazer adaptaccedilotildees agrave aplicaccedilatildeo do mesmo O mesmo se

passa em relaccedilatildeo agraves mensagens que necessitam ser adaptadas a cada situaccedilatildeo e a cada contexto

Em relaccedilatildeo agrave Educaccedilatildeo para a Sauacutede a procura de soluccedilotildees para as situaccedilotildees decorrentes da

implementaccedilatildeo do programa como a sensibilizaccedilatildeo dos parceiros e a eliminaccedilatildeo de obstaacuteculos satildeo

uma das tarefas centrais dos programas e natildeo devem ser subestimadas pelos teacutecnicos de sauacutede pois

delas depende muita da eficaacutecia do projecto

A educaccedilatildeo alimentar eacute uma das vertentes centrais do programa pelo que eacute necessaacuterio sensibilizar os

professores para aspectos da vida escolar que podem afectar a sauacutede oral dos alunos como as ementas

escolares existentes no refeitoacuterio e o tipo de alimentos disponibilizado no bar

221 Componente praacutetica

Uma primeira tarefa do programa na escola seraacute a sensibilizaccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo para a

importacircncia do mesmo A explicitaccedilatildeo teoacuterica resumida dos pressupostos cientiacuteficos que legitimam a

alteraccedilatildeo do programa eacute um instrumento facilitador

Fundamental explicar as razotildees que tornam a escovagem como um actividade central do programa e

os inconvenientes de se darem suplementos de fluacuteor de forma generalizada Seremos especialmente

eficazes se nos disponibilizarmos para responder agraves questotildees e duacutevidas que os professores possam ter

Esta eacute com certeza tambeacutem uma maneira de aprofundarmos o diagnoacutestico da situaccedilatildeo e de podermos

contribuir para remover os obstaacuteculos detectados

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 5

Uma segunda tarefa consistiraacute em operacionalizar o programa com os professores de modo a construi-

lo conjuntamente As diversas tarefas devem ser planeadas e avaliadas continuamente para se fazerem

as alteraccedilotildees consideradas necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar do programa

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo e a escovagem

O Programa Nacional de Sauacutede Oral propotildee algumas alteraccedilotildees que podemos considerar profundas e

de ruptura em relaccedilatildeo ao programa anterior como sejam a aplicaccedilatildeo restrita dos suplementos

sisteacutemicos de fluoretos e a escovagem duas vezes ao dia com um dentiacutefrico fluoretado como principal

medida para uma boa sauacutede oral Estas directrizes derivam do consenso dos peritos de Sauacutede Oral

reunidos na task force coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

Eacute faacutecil de compreender que organizar a escovagem dos dentes dos alunos eacute mais trabalhoso que dar-

lhes um comprimido de fluacuteor ou ateacute do que fazer o bochecho com uma soluccedilatildeo fluoretada Para sermos

bem sucedidos seraacute fundamental actuar de forma cautelosa respeitando as caracteriacutesticas das pessoas e

os contextos em presenccedila

Como sabemos eacute difiacutecil quebrar rotinas e o programa vai implicar mais trabalho para os professores e

disponibilizaccedilatildeo de tempo para os pais e professores A adopccedilatildeo pelos Jardins de infacircncia e Escolas da

escovagem dos dentes dos alunos pelo menos uma vez dia como factor central do programa vai

possivelmente encontrar algumas resistecircncias por parte dos educadores de infacircncia e professores que

importa ir resolvendo de forma progressiva e de acordo com as dificuldades reais encontradas Estas

dificuldades podem estar relacionadas com a deficiecircncia de instalaccedilotildees ou outras mas estaraacute com

frequecircncia tambeacutem muito relacionada com aspectos psicossociais de resistecircncia agrave mudanccedila de rotinas

instaladas e com vaacuterios anos

Uma das estrateacutegias primordiais para este programa ser bem sucedido passa pela resoluccedilatildeo dos

obstaacuteculos referidos pelos teacutecnicos de educaccedilatildeo relativamente agrave escovagem nomeadamente

a possibilidade de as crianccedilas usarem as escovas de colegas podendo haver transmissatildeo de doenccedilas

como a hepatite ou outras

a ausecircncia de um local apropriado para a escovagem

a confusatildeo que a escovagem iraacute causar com eventuais situaccedilotildees de indisciplina

a dificuldade de vigiar todos os alunos durante a escovagem com a consequente possibilidade de

alguns especialmente se mais novos poderem engolir dentiacutefrico

existirem alguns alunos que devido a carecircncias econoacutemicas ou desconhecimento dos pais tecircm

escovas jaacute muito deterioradas podendo ser alvo de troccedila e humilhaccedilatildeo por parte dos colegas ou

sentindo-se os professores na necessidade de fazerem algo mas natildeo terem possibilidade de

substituiacuterem as escovas

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 6

Estes e outros argumentos poderatildeo ser reais ou apenas formas de encontrar justificaccedilotildees para natildeo

alterar rotinas no entanto eacute fundamental analisar cada situaccedilatildeo e encontrar a forma adequada de actuar

o que implica procurar em conjunto a resoluccedilatildeo do problema natildeo desvalorizando a perspectiva do

teacutecnico de educaccedilatildeo mesmo que do ponto de vista da sauacutede nos pareccedila oacutebvia a resistecircncia agrave mudanccedila e

a sua soluccedilatildeo

Se natildeo conseguirmos sensibilizar os profissionais de educaccedilatildeo para a importacircncia da escovagem e nos

limitarmos a contra-argumentar com os nossos dados e a nossa cientificidade facilmente iratildeo

encontrar outros argumentos Eacute preciso compreender que o que estaacute em causa natildeo satildeo as dificuldades

objectivas mas outro tipo de razotildees mais ou menos subjectivas relacionadas com as condiccedilotildees locais

e de contexto como por exemplo o facto de alguns professores considerarem que natildeo eacute da sua

competecircncia promover a escovagem dos dentes dos seus alunos A interacccedilatildeo pais-professores eacute

constante e pode potenciar grandemente o programa

23 Terceira vertente ndash os pais

Os pais satildeo tambeacutem intervenientes fundamentais nos programas de sauacutede oral e eacute fundamental que

sejam englobados na equipa de projecto enquanto parceiros activos na programaccedilatildeo de actividades de

modo a poder resolver-se eventuais resistecircncias que inclusive podem ser desconhecidas dos teacutecnicos e

serem devidas a idiossincracias micro-culturais Todas as estrateacutegias que sensibilizem os pais para as

medidas que se preconizam satildeo importantes Eacute fundamental que o programa seja ldquocontinuadordquo e

reforccedilado em casa e natildeo pelo contraacuterio descredibilizado pelas praacuteticas domeacutesticas

Em relaccedilatildeo aos pais os factores emocionais satildeo centrais na sua relaccedilatildeo com os filhos e com as escolhas

comportamentais quotidianas Transmitir informaccedilatildeo de forma essencialmente cognitiva por exemplo

laquonatildeo decirc lsquoBolosrsquo aos seus filhos porque satildeo alimentos que podem contribuir para o aparecimento de

caacuterie nos dentes e provocar obesidaderaquo tem muitas possibilidades de provocar efeitos perversos

negativos como seja a culpabilizaccedilatildeo dos pais e a resistecircncia agrave mudanccedila de comportamentos

Com frequecircncia os doces satildeo uma forma de dar afecto ou premiar os filhos ou ateacute servir como

substituto da impossibilidade dos pais estarem mais tempo com os filhos situaccedilatildeo que natildeo eacute com

frequecircncia consciente para os pais Os padrotildees comportamentais dos pais obedecem a inuacutemeras

componentes e soacute actuando sobre cada uma delas se conseguem resultados nas mudanccedilas de

comportamentos

Fornecer apenas informaccedilatildeo pode natildeo soacute natildeo provocar alteraccedilotildees comportamentais como criar ou

aumentar as resistecircncias agrave mudanccedila Eacute preciso adequar a informaccedilatildeo agraves diversas situaccedilotildees

caracterizando-as primeiro valorizando as componentes emocionais relacionais e contextuais dos

comportamentos natildeo culpabilizando os pais (porque isso provoca resistecircncias agrave mudanccedila natildeo soacute em

relaccedilatildeo a este programa mas a futuras intervenccedilotildees) e encontrando formas alternativas de resolver estas

situaccedilotildees utilizando soluccedilotildees que provoquem emoccedilotildees positivas em todos os intervenientes E dessa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 7

forma eacute possiacutevel ser-se eficaz respeitando os universos relacionais das famiacutelias e evitando efeitos

comportamentais paradoxais ou seja por reacccedilatildeo agrave informaccedilatildeo que os culpabiliza os pais

dessensibilizam das nossas indicaccedilotildees agravando e aumentando as praacuteticas que se desaconselham

Eacute esta uma das razotildees porque eacute tatildeo difiacutecil atingir os grupos populacionais que exactamente mais

precisavam de ser abrangido pelos programas de prevenccedilatildeo da doenccedila e promoccedilatildeo da sauacutede

Para aleacutem de se conhecerem as praacuteticas alimentares e de higiene oral que as crianccedilas e adolescentes

tecircm em casa eacute importante caracterizar as razotildees desses procedimentos Referimo-nos aos aspectos

individuais familiares culturais e contextuais Se queremos actuar sobre comportamentos eacute

fundamental conhecer as atitudes crenccedilas preconceitos estereoacutetipos e representaccedilotildees sociais que se

relacionam com as praacuteticas das famiacutelias as quais variam de famiacutelia para famiacutelia

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo podem ser colaboradores preciosos para esta caracterizaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo aos pais podemos resumir os aspectos a valorizar

Inclui-los nos diversos passos do programa

sensibiliza-los para a importacircncia da sauacutede oral respeitando os seus universos familiares e

culturais

dar suporte continuado agrave mudanccedila de comportamentos e de todos os factores que lhe estatildeo

associados

24 Quarta vertente ndash as crianccedilas

As crianccedilas e os adolescentes satildeo o principal puacuteblico-alvo do programa de sauacutede oral Sensibilizaacute-los

para as praacuteticas alimentares e de higiene oral que os peritos consideram actualmente adequadas eacute o

nosso objectivo

Como jaacute foi referido anteriormente eacute necessaacuterio ser cuidadoso na forma de comunicar com as crianccedilas

e adolescentes natildeo criticando directa ou indirectamente os conhecimentos e as praacuteticas aconselhadas

ou consentidas por pais e professores com quem eles convivem directamente e que satildeo dos principais

influenciadores dos seus comportamentos satildeo os seus modelos e constituem o seu universo de afectos

Criar clivagem na relaccedilatildeo cognitiva afectiva e emocional entre pais ou professores e crianccedilas e

adolescentes eacute algo que devemos ter sempre presente e evitar

As estrateacutegias de trabalho com as crianccedilas deveratildeo ser adaptadas agrave sua maturidade psico-cognitiva e

contexto socio-cultural Para que as actividades sejam luacutedicas e criativas adequadas agraves idades e outras

caracteriacutesticas das crianccedilas e adolescentes a contribuiccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo eacute com certeza

fundamental

Eacute muito importante ter em conta alguns aspectos educativos relativamente agrave mudanccedila de

comportamentos A participaccedilatildeo activa das crianccedilas na formulaccedilatildeo dessas actividades torna mais

eficazes os efeitos pretendidos

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 8

Pela dificuldade em mudar comportamentos principalmente de forma estaacutevel eacute aconselhaacutevel adequar

os objectivos agraves realidades Seraacute preferiacutevel actuar sobre um ou dois comportamentos sobre os quais a

caracterizaccedilatildeo inicial nos permitiu depreender que seraacute possiacutevel obtermos resultados positivos em vez

de tentar actuar sobre todos os comportamentos que desejariacuteamos alterar natildeo conseguindo alterar

nenhum deles Naturalmente estas escolhas seratildeo feitas cientificamente segundo o que a Educaccedilatildeo para

a Sauacutede preconiza nas vertentes relacionadas com as ciecircncias comportamentais (sociais e humanas)

Outro aspecto fundamental eacute a continuidade na acccedilatildeo A eficaacutecia seraacute tanto maior quanto mais

continuadas forem as actividades dando suporte agrave mudanccedila comportamental e reforccedilo agrave sua

manutenccedilatildeo A continuidade da acccedilatildeo permite conhecer melhor as situaccedilotildees os obstaacuteculos e as formas

de os remover pois cada caso eacute um caso e generalizar diminui grandemente a eficaacutecia

Deve ser dada uma atenccedilatildeo especial agraves crianccedilas com Necessidades de Sauacutede Especiais desfavorecidas

socialmente (porque vivem em bairros degradados com poucos recursos econoacutemicos pertencem a

minorias eacutetnicas ou satildeo emigrantes) ou que natildeo frequentam a escola utilizando estrateacutegias especificas

adequadas agraves suas dificuldades

25 Quinta vertente ndash a comunidade

Para os programas de Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutede a componente comunitaacuteria eacute fundamental A

participaccedilatildeo e contribuiccedilatildeo dos vaacuterios sectores da comunidade podem ser potenciadores do trabalho a

desenvolver

Dependendo das situaccedilotildees locais a Autarquia as IPSS e as ONGrsquos entre outras podem ser parceiros

de enorme valia para o desenvolvimento do programa Para isso temos que sensibilizar os liacutederes

locais para a importacircncia da sauacutede oral e do programa que se pretende incrementar explicitando como

com pequenos custos podemos obter ganhos em sauacutede a meacutedio e longo prazo

As instituiccedilotildees que organizam actividades para crianccedilas e adolescentes como os ATLrsquos associaccedilotildees

culturais desportivas e religiosas podem ser excelentes parceiros para o desenvolvimento das

actividades dependendo das caracteriacutesticas da comunidade onde se aplica o programa Os grupos de

teatro satildeo tambeacutem um excelente recurso para integrarem as actividades com as crianccedilas e os

adolescentes

26 Sexta vertente ndash os meios de comunicaccedilatildeo social

Os meios de comunicaccedilatildeo social locais e regionais se forem utilizados apropriadamente podem ser

parceiros potenciadores das actividades que se pretendem desenvolver

Mas com frequecircncia os teacutecnicos de sauacutede encontram dificuldades na relaccedilatildeo com os profissionais da

comunicaccedilatildeo social considerando que estes natildeo satildeo sensiacuteveis agraves nossas preocupaccedilotildees com a prevenccedilatildeo

da doenccedila e da promoccedilatildeo da sauacutede

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 9

Os media tecircm uma linguagem e podemos dizer uma filosofia proacuteprias que com frequecircncia natildeo satildeo

coincidentes com as nossas eacute por essa razatildeo necessaacuterio que os teacutecnicos de sauacutede se adaptem e se

possiacutevel se aperfeiccediloem na linguagem dos meacutedia Se natildeo utilizarmos adequadamente os meios de

comunicaccedilatildeo social estes podem ter um efeito contraproducente diminuindo a eficaacutecia do programa de

sauacutede oral

Algumas das dificuldades encontradas quando trabalhamos com os media especialmente as raacutedios e as

televisotildees satildeo as seguintes

na maior parte dos casos natildeo se pode transmitir muita informaccedilatildeo mesmo que seja um programa

de raacutedio de 1 ou 2 horas iria ficar muito monoacutetono e pouco atraente assim como se tornaria

confuso para os ouvintes e pouco eficaz porque com frequecircncia as pessoas desenvolvem outras

actividades enquanto ouvem raacutedio

eacute aconselhaacutevel transmitir apenas o que eacute realmente importante e faze-lo de forma muito clara

mantendo a consistecircncia sobre a hierarquia das informaccedilotildees nas diversas intervenccedilotildees ou seja que

todas os intervenientes no programa e em todas as situaccedilotildees em que intervecircm tenham um discurso

coerente e natildeo contraditoacuterio

evitar informaccedilotildees riacutegidas que culpabilizem as pessoas e natildeo respeitem os seus contextos micro-

culturais Eacute preferiacutevel suscitar alguma mudanccedila comportamental de forma progressiva que

nenhuma

com frequecircncia utilizamos o leacutexico meacutedico sem nos apercebermos que muitos cidadatildeos natildeo

conhecem termos que nos parecem simples como obesidade ou colesterol atribuindo-lhes outros

significados (portanto desconhecem que natildeo conhecem o verdadeiro significado)

se possiacutevel testar com pessoas de diversas idades e estratos socio-culturais que sejam leigas em

relaccedilatildeo a estas temaacuteticas aquilo que se preparou para a intervenccedilatildeo nos meios de comunicaccedilatildeo

social e alterar se necessaacuterio de acordo com as indicaccedilotildees que essas pessoas nos fornecerem

27 Seacutetima vertente ndash a avaliaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo deve ter iniacutecio na fase de planeamento e acompanhar todo o projecto de modo a introduzir

as alteraccedilotildees necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar das actividades

Devem fazer parte da equipa de avaliaccedilatildeo os diversos parceiros do projecto assim como pessoas

externas ao projecto e estas quando possiacutevel com formaccedilatildeo em educaccedilatildeo para a sauacutede nas aacutereas

teacutecnicas comportamentais de planeamento e avaliaccedilatildeo qualitativa e quantitativa

Satildeo fundamentais avaliaccedilotildees qualitativas e quantitativas das actividades a desenvolver e se possiacutevel

com anaacutelises comparativas ao desenrolar do projecto noutras zonas do paiacutes

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 10

3 T eacute c n i c a s d e H i g i e n e O r a l

3 1 Escovagem dos den tes ndash A escova A escovagem dos dentes deve ser efectuada com uma escova de tamanho adequado agrave boca de quem a

utiliza Habitualmente as embalagens referem as idades a que se destinam Os filamentos devem ser

de nylon com extremidades arredondadas e textura macia que quando comeccedilam a ficar deformados

obrigam agrave substituiccedilatildeo da escova Normalmente a escova quando utilizada 2 vezes por dia dura cerca

de 3-4 meses

Existem escovas manuais e eleacutectricas as quais requerem os mesmos cuidados As escovas eleacutectricas

facilitam a higiene oral das pessoas que tenham pouca destreza manual

3 2 Escovagem dos den tes ndash O den t iacute f r i co O dentiacutefrico a utilizar deve conter fluoreto numa dosagem de cerca de 1000-1500 ppm A quantidade a

utilizar em cada uma das escovagens deve ser semelhante (ou inferior) ao tamanho da unha do 5ordm dedo

(dedo mindinho) da matildeo da crianccedila

Os dentiacutefricos com sabores muito atractivos natildeo se recomendam porque podem levar as crianccedilas a

engoli-lo deliberadamente Ateacute aos 6 anos aproximadamente o dentiacutefrico deve ser colocado na escova

por um adulto Apoacutes a escovagem dos dentes eacute apenas necessaacuterio cuspir o excesso de dentiacutefrico

podendo no entanto bochechar-se com um pouco de aacutegua

33 Escovagem dos dentes no Jardim-de-infacircncia e na Escola identificaccedilatildeo e arrumaccedilatildeo das escovas e copos

Hoje em dia haacute escovas de dentes que tecircm uma tampa ou estojo com orifiacutecios que a protege Caso se

opte pela utilizaccedilatildeo destas escovas natildeo eacute necessaacuterio que fiquem na escola Os alunos poderatildeo colocaacute-

la dentro da mochila juntamente com o tubo do dentiacutefrico e transportaacute-los diariamente para a escola

O conceito de intransmissibilidade da escova de dentes deve ser reforccedilado junto das crianccedilas Se as

escovas ficarem na escola eacute essencial que estejam identificadas bastando para tal escrever no cabo da

escova o nome da crianccedila com uma caneta de tinta resistente agrave aacutegua Tambeacutem se devem identificar os

dentiacutefricos Cada aluno deveraacute ter o seu proacuteprio dentiacutefrico e os copos caso natildeo sejam descartaacuteveis

As escovas guardam-se num local seco e arejado de modo a que os pelos fiquem virados para cima e

natildeo contactem umas com as outras Cada escova pode ser colocada dentro do copo num suporte

acriacutelico ou outro material resistente agrave aacutegua em local seco e arejado

Dentiacutefricos e escovas devem estar fora do alcance das crianccedilas para evitar a troca ou ingestatildeo

acidental de dentiacutefrico Caso haja a possibilidade de utilizar copos descartaacuteveis (de cafeacute) o processo eacute

bastante simplificado (os copos de cafeacute podem ser substituiacutedos por copos de iogurte) Os produtos de

higiene oral podem ser adquiridos com a colaboraccedilatildeo da Autarquia do Centro de Sauacutede dos pais ou

ateacute de alguma empresa Se a escola tiver refeitoacuterio pode tambeacutem ser viaacutevel utilizar os copos do

refeitoacuterio

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34 Escovagem dos den tes ndash Organ izaccedilatildeo da ac t i v idade

A escovagem dos dentes deve ser feita diariamente no jardim-de-infacircncia e na escola apoacutes o almoccedilo agrave

entrada na sala de aula ou apoacutes o intervalo As crianccedilas poderatildeo escovar os dentes na casa de banho no

refeitoacuterio ou na proacutepria sala de aula O processo eacute simples natildeo exigindo muitas condiccedilotildees fiacutesicas das

escolas que satildeo frequentemente utilizadas para justificar a recusa desta actividade

Caso a escola tenha lavatoacuterios suficientes esta actividade pode ser feita na casa de banho Eacute necessaacuterio

definir a hora em que cada uma das salas vai utilizar esse espaccedilo Na casa de banho deveratildeo estar

apenas as crianccedilas que estatildeo a escovar os dentes Os outros esperam a sua vez em fila agrave porta Eacute

essencial que esteja algueacutem (auxiliar professoreducador ou voluntaacuterio) a vigiar para manter a ordem

organizar o processo e corrigir a teacutecnica da escovagem No final da escovagem cada crianccedila lava a

escova e o copo (se natildeo for descartaacutevel) e arruma no local destinado a esse efeito

Quando o espaccedilo fiacutesico natildeo permite que a escovagem seja feita na casa de banho esta actividade pode

ser feita na proacutepria sala de aula Nesta situaccedilatildeo se for possiacutevel utilizar copos descartaacuteveis ou copos de

iogurte facilita o processo e torna-o menos moroso Os alunos mantecircm-se sentados nas suas cadeiras

Retiram da sua mochila o estojo com a escova e o dentiacutefrico Um dos alunos distribui os copos e os

guardanapos (ou toalhetes de papel ou papel higieacutenico) Os alunos escovam os dentes todos ao mesmo

tempo podendo ateacute fazecirc-lo com muacutesica O professor deve ir corrigindo a teacutecnica de escovagem Apoacutes

a escovagem as crianccedilas cospem o excesso de dentiacutefrico para o copo limpam a boca tiram o excesso

de dentiacutefrico e saliva da escova com o papel ou o guardanapo e por fim colocam-no dentro do copo

Tapam a escova e arrumam-na em estojo proacuteprio ou na mochila juntamente com o dentiacutefrico No final

um dos alunos vai buscar um saco de lixo passa por todas as carteiras para que cada uma coloque o

seu copo no lixo Caso alguma das crianccedilas natildeo tolere o restos de dentiacutefrico na cavidade oral pode

colocar-se uma pequena porccedilatildeo de aacutegua no copo e no fim da escovagem bochecha e cospe para o

copo Os pais dos alunos devem ser instruiacutedos para se certificarem que em casa a crianccedila lava a sua

escova com aacutegua corrente e volta a colocaacute-la na mochila No sentido de facilitar o procedimento

recomenda-se que os copos sejam descartaacuteveis e as escovas tenham tampa

35 Escovagem dos den tes - A teacutecn ica A escovagem dos dentes para ser eficaz ou seja para remover a placa bacteriana necessita ser feita

com rigor e demora 2 a 3 minutos Quando se utiliza uma escova manual a escovagem faz-se da

seguinte forma

inclinar a escova em direcccedilatildeo agrave gengiva (cerca de 45ordm) e fazer pequenos movimentos vibratoacuterios

horizontais ou circulares de modo a que os pelos da escova limpem o sulco gengival (espaccedilo que

fica entre o dente e a gengiva)

se for difiacutecil manter esta posiccedilatildeo colocar os pecirclos da escova perpendicularmente agrave gengiva e agrave

superfiacutecie do dente

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 12

escovar 2 dentes de cada vez (os correspondentes ao tamanho da cabeccedila da escova) fazendo

aproximadamente 10 movimentos (ou 5 caso sejam crianccedilas ateacute aos 6 anos) nas superfiacutecies

dentaacuterias abarcadas pela escova

comeccedilar a escovagem pela superfiacutecie externa (do lado da bochecha) do dente mais posterior de um

dos maxilares e continuar a escovar ateacute atingir o uacuteltimo dente da extremidade oposta desse

maxilar

com a mesma sequecircncia escovar as superfiacutecies dentaacuterias do lado da liacutengua

proceder do mesmo modo para fazer a escovagem dos dentes do outro maxilar

escovar as superfiacutecies mastigatoacuterias dos dentes com movimentos de vaiveacutem

por fim pode escovar-se a liacutengua

Quando se utiliza uma escova de dentes eleacutectrica segue-se a mesma sequecircncia de escovagem O

movimento da escova eacute feito automaticamente natildeo deve ser feita pressatildeo ou movimentos adicionais

sobre os dentes A escova desloca-se ao longo da arcada escovando um soacute dente de cada vez A

escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluacuteor deve ser feita duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente agrave noite antes de deitar

3 6 Uso do f io den taacute r io A partir do momento em que haacute destreza manual (a partir dos 8 anos) eacute indispensaacutevel o uso do fio ou

fita dentaacuteria que se utiliza da seguinte forma

retirar cerca de 40 cm de fio (ou fita) do porta fio

enrolar a quase totalidade do fio no dedo meacutedio de uma matildeo e uma pequena porccedilatildeo no dedo meacutedio

da outra matildeo deixando entre os dois dedos uma porccedilatildeo de fio com aproximadamente 25 cm

Quando as crianccedilas satildeo mais pequenas pode retirar-se uma porccedilatildeo mais pequena de fio cerca de

30 cm dar um noacute juntando as 2 pontas formando um ciacuterculo com o fio natildeo havendo necessidade

de o enrolar nos dedos Eacute importante utilizar sempre fio limpo em cada espaccedilo interdentaacuterio Os

polegares eou os indicadores ajudam a manuseaacute-lo

introduzir o fio cuidadosamente entre dois dentes e curva-lo agrave volta do dente que se quer limpar

fazendo com que tome a forma de um ldquoCrdquo

executar movimentos curtos horizontais desde o ponto de contacto entre os dentes ateacute ao sulco

gengival em cada uma das faces que delimitam o espaccedilo interdentaacuterio

repetir este procedimento ateacute que todos os espaccedilos interdentaacuterios de todos os dentes estejam

devidamente limpos

O fio dentaacuterio deve ser utilizado uma vez por dia de preferecircncia agrave noite antes de deitar Na escola os

alunos poderatildeo a aprender a utilizar este meio de remoccedilatildeo de placa bacteriana interdentaacuterio sendo

importante envolver os pais no sentido de lhes pedir colaboraccedilatildeo e permitir que as crianccedilas o utilizem

em casa

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3 7 Reve lador de p laca bac te r i ana O uso de reveladores de placa bacteriana (em soluto ou em comprimidos mastigaacuteveis) permitem

avaliar a higiene oral e consequentemente melhorar as teacutecnicas de escovagem e de utilizaccedilatildeo do fio

dentaacuterio

A partir dos 6 anos de idade estes produtos podem ser usados para que as crianccedilas visualizem a placa

e mais facilmente compreendam que os seus dentes necessitam de ser cuidadosamente limpos

A eritrosina que tem a propriedade de corar de vermelho a placa bacteriana eacute um dos exemplos de

corantes que se podem utilizar Utiliza-se da seguinte forma

colocar 1 a 2 gotas por baixo da liacutengua ou mastigar um comprimido sem engolir

passar a liacutengua por todas as superfiacutecies dentaacuterias

bochechar com aacutegua

A placa bacteriana corada eacute facilmente removida atraveacutes da escovagem dos dentes e do fio dentaacuterio

Nota Para evitar que os laacutebios fiquem corados de vermelho antes de colocar o corante pode passar

batom creme gordo ou vaselina nos laacutebios

3 8 Bochecho f luore tado A partir dos 6 anos pode ser feito o bochecho quinzenal com fluoreto de soacutedio a 02 na escola da

seguinte forma

agitar a soluccedilatildeo e deitar 10 ml em cada copo e distribui-los

indicar a cada crianccedila para colocar o antebraccedilo no rebordo da mesa

introduzir a soluccedilatildeo na boca sem engolir

repousar a testa no antebraccedilo colocando o copo debaixo da boca

bochechar vigorosamente durante 1 minuto

apoacutes este periacuteodo deve ser cuspida tendo o cuidado de natildeo a engolir

Apoacutes o bochecho a crianccedila deve permanecer 30 minutos sem comer nem beber

39 Iacutendice de placa O Iacutendice de Placa (IP) eacute utilizado para quantificar a placa bacteriana em todas as superfiacutecies dentaacuterias e

reflecte os haacutebitos de higiene oral dos indiviacuteduos avaliados

Assim enquanto que um baixo Iacutendice de Placa poderaacute significar um bom impacto das acccedilotildees de

educaccedilatildeo para a sauacutede em sauacutede oral nomeadamente das relacionadas com a higiene um iacutendice

elevado sugere o contraacuterio

Em programas comunitaacuterios geralmente eacute utilizado o Iacutendice de Placa Simplificado que eacute mais raacutepido

de determinar sendo o resultado final igualmente fiaacutevel

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 14

Para se calcular o Iacutendice de Placa Simplificado eacute necessaacuterio atribuir um valor ao tamanho da placa

bacteriana existente nos seguintes 6 dentes e superfiacutecies predeterminados Maxilar superior

1 Primeiro molar superior direito - Superfiacutecie vestibular

2 Incisivo central superior direito - Superfiacutecie vestibular

3 Primeiro molar superior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

4 Primeiro molar inferior esquerdo - Superfiacutecie lingual

5 Incisivo central inferior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

6 Primeiro molar inferior direito - Superfiacutecie lingual

Para atribuir um valor ao tamanho da placa bacteriana existente em cada uma das su

acima referidas eacute necessaacuterio utilizar o revelador de placa bacteriana para a co

facilitar a sua observaccedilatildeo e respectiva classificaccedilatildeo e registo

A cada uma das superfiacutecies dentaacuterias soacute pode ser atribuiacutedo um dos seguintes valore

Valor 0

Valor 1

Valor 2

Valor 3

rarr Se a superfiacutecie do dente natildeo estaacute corada

rarr Se 13 da superfiacutecie estaacute corado

rarr Se 23 da superfiacutecie estatildeo corados

rarr Se estaacute corada toda a superfiacutecie

Feito o registo da observaccedilatildeo individual verifica-se que o somatoacuterio do conjunto de

poderaacute variar entre 0 (zero) e 18 (dezoito)

Dividindo por 6 (seis) este somatoacuterio obteacutem-se o Iacutendice de Placa Individual

Para determinar o Iacutendice de Placa de um grupo de indiviacuteduos divide-se o som

individuais pelo nuacutemero de indiviacuteduos observados multiplicado por seis (o nuacutemer

nuacutemero de dentes seleccionados por indiviacuteduo)

Assim o Iacutendice de Placa poderaacute variar entre 0 (zero) e 3 (trecircs)

Iacutendice de Placa (IP) = Somatoacuterio da classificaccedilatildeo dada a cada dente

Nordm de indiviacuteduos observados x 6

A sauacutede oral das crianccedilas e adolescentes eacute um grave problema de sauacutede puacuteblica ma

simples como as descritas neste documento executadas pelos proacuteprios eou com

encorajadas pela escola e pelos serviccedilos de sauacutede contribuem decididamente para

oral importantes e implementaccedilatildeo efectiva do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas d

Maxilar inferior

perfiacutecies dentaacuterias

rar e dessa forma

s

valores atribuiacutedos

atoacuterio dos valores

o seis representa o

s que com medidas

ajuda da famiacutelia

ganhos em sauacutede

Sauacutede Oral

e EPSrsquorsquo 15

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

F l u o r e t o s

F u n d a m e n t a ccedil atilde o e R e c o m e n d a ccedil otilde e s d a T a s k F o r c e

Documento produzido pela Task Force constituiacuteda pelo Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr

Ricardo Jorge Direcccedilatildeo-Geral de Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura Faculdade de

Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Medicina Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria

Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa e Porto Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento Instituto Superior de

Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia

Ordem dos Meacutedicos Dentistas Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria Sociedade Portuguesa de

Pediatria e os serviccedilos da DGS Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede Divisatildeo de Sauacutede Ambiental

Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

1 F l u o r e t o s

A evidecircncia cientiacutefica tem demonstrado que as mudanccedilas observadas no padratildeo da doenccedila caacuterie

dentaacuteria ocorrem pela implementaccedilatildeo de programas preventivos e terapecircuticos de acircmbito comunitaacuterio

e por estrateacutegias de acccedilatildeo especiacuteficas dirigidas a grupos de risco com criteriosa utilizaccedilatildeo dos

fluoretos

O fluacuteor eacute o elemento mais electronegativo da tabela perioacutedica e raramente existe isolado sendo por

isso habitualmente referido como fluoreto Na natureza encontra-se sob a forma de um iatildeo (F-) em

associaccedilatildeo com o caacutelcio foacutesforo alumiacutenio e tambeacutem como parte de certos silicatos como o topaacutezio

Normalmente presente nas rochas plantas ar aacuteguas e solos este elemento faz parte da constituiccedilatildeo de

alguns materiais plaacutesticos e pode tambeacutem estar presente na constituiccedilatildeo de alguns fertilizantes

contribuindo desta forma para a sua presenccedila no solo aacutegua e alimentos No solo o conteuacutedo de

fluoretos varia entre 20 e 500 ppm contudo nas camadas mais profundas o seu niacutevel aumenta No ar a

concentraccedilatildeo normal de fluoretos oscila entre 005 e 190microgm3 1

Do fluacuteor que eacute ingerido entre 75 e 90 eacute absorvido por via digestiva sendo a mucosa bucal

responsaacutevel pela absorccedilatildeo de menos de 1 Depois de absorvido passa para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea

sob a forma ioacutenica ou de compostos orgacircnicos lipossoluacuteveis A forma ioacutenica que circula livremente e

natildeo se liga agraves proteiacutenas nem aos componentes plasmaacuteticos nem aos tecidos moles eacute a que vai estar

disponiacutevel para ser absorvida pelos tecidos duros Da quantidade total de fluacuteor presente no organismo

99 encontra-se nos tecidos calcificados Entre 10 e 25 do aporte diaacuterio de fluacuteor natildeo chega a ser

absorvido vindo a ser excretado pelas fezes O fluacuteor absorvido natildeo utilizado (cerca de 50) eacute

eliminado por via renal2

O fluacuteor tem uma grande afinidade com a apatite presente no organismo com a qual cria ligaccedilotildees

fortes que natildeo satildeo irreversiacuteveis Este facto deve-se agrave facilidade com que os radicais hidroxilos da

hidroxiapatite satildeo substituiacutedos pelos iotildees fluacuteor formando fluorapatite No entanto a apatite normal do

ser humano presente no osso e dente mesmo em condiccedilotildees ideais de presenccedila de fluacuteor nunca se

aproxima da composiccedilatildeo da fluorapatite pura

Quando o fluacuteor eacute ingerido passa pela cavidade oral daiacute resultando a deposiccedilatildeo de uma determinada

quantidade nos tecidos e liacutequidos aiacute existentes A mucosa jugal as gengivas a placa bacteriana os

dentes e a saliva vatildeo beneficiar imediatamente de um aporte directo de fluacuteor que pode permitir que a

sua disponibilidade na cavidade oral se prolongue por periacuteodos mais longos Eacute um facto que a presenccedila

de fluacuteor no meio oral independentemente da sua fonte resulta numa acccedilatildeo preventiva e terapecircutica

extremamente importante

Nota 22 mg de fluoreto de soacutedio correspondem a 1 mg de fluacuteor Quando se dilui 1 mg de fluacuteor em um litro de aacutegua pura

considera-se que essa aacutegua passou a ter 1 ppm de fluacuteor

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 2

Considera-se actualmente que os benefiacutecios dos fluoretos resultam basicamente da sua acccedilatildeo toacutepica

sobre a superfiacutecie do dente enquanto a sua acccedilatildeo sisteacutemica (preacute-eruptiva) eacute muito menos importante

A acccedilatildeo preventiva e terapecircutica dos fluoretos eacute conseguida predominantemente pela sua acccedilatildeo toacutepica

quer nas crianccedilas quer nos adultos atraveacutes de trecircs mecanismos diferentes responsaacuteveis pela

bull inibiccedilatildeo do processo de desmineralizaccedilatildeo

bull potenciaccedilatildeo do processo de remineralizaccedilatildeo

bull inibiccedilatildeo da acccedilatildeo da placa bacteriana

O uso racional dos fluoretos na profilaxia da caacuterie dentaacuteria com eficaacutecia e seguranccedila baseia-se no

conhecimento actualizado dos seus mecanismos de acccedilatildeo e da sua toxicologia

Com base na evidecircncia cientiacutefica a estrateacutegia de utilizaccedilatildeo dos fluoretos em sauacutede oral foi redefinida

tendo em conta que a sua acccedilatildeo preventiva eacute predominantemente poacutes-eruptiva e toacutepica e a sua acccedilatildeo

toacutexica com repercussotildees a niacutevel dentaacuterio eacute preacute-eruptiva e sisteacutemica

Estudos epidemioloacutegicos efectuados pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) sobre os efeitos do

fluacuteor na sauacutede humana referem que valores compreendidos entre 1 e 15 ppm natildeo representam risco

acrescido Contudo valores entre 15 e 2 ppm em climas quentes poderatildeo contribuir para a ocorrecircncia

de casos de fluorose dentaacuteria e valores entre 3 a 6 ppm para o aparecimento de fluorose oacutessea

Para a OMS a concentraccedilatildeo oacuteptima de fluoretos na aacutegua quando esta eacute sujeita a fluoretaccedilatildeo deve

estar compreendida entre 05 e 15 ppm de F dependendo este valor da temperatura meacutedia do local

que condiciona a quantidade de aacutegua ingerida nas zonas mais frias o valor maacuteximo pode estar perto

do limite superior nas zonas mais quentes o valor deve estar perto do limite inferior para uma

prevenccedilatildeo eficaz da caacuterie dentaacuteria Para que os riscos de fluorose estejam diminuiacutedos os programas de

fluoretaccedilatildeo das aacuteguas devem obedecer a criteacuterios claramente definidos

Nas regiotildees onde a aacutegua da rede puacuteblica conteacutem menos de 03 ppm (mgl) de fluoretos (situaccedilatildeo mais

frequente em Portugal Continental) a dose profilaacutectica oacuteptima considerando a soma de todas as fontes

de fluoretos eacute de 005mgkgdia3

11 Toxicidade Aguda

Uma intoxicaccedilatildeo aguda pelo fluacuteor eacute uma possibilidade extremamente rara Alguns casos tecircm sido

descritos na literatura Estudos efectuados em roedores e extrapolados para o homem adulto permitem

pensar que a dose letal miacutenima de fluacuteor seja de aproximadamente 2 gramas ou 32 a 64 mgkg de peso

corporal mas para uma crianccedila bastam 15 mgkg de peso corporal 2

A partir da ingestatildeo de doses superiores a 5mgkg de peso corporal considera-se a hipoacutetese de vir a ter

efeitos toacutexicos

As crianccedilas pequenas tecircm um risco acrescido de ingerir doses de fluoretos atraveacutes do consumo de

produtos de higiene oral A ingestatildeo acidental de um quarto de um tubo com dentiacutefrico de 125 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 3

(1500 ppm de Fluacuteor) potildee em risco a vida de uma crianccedila de um ano de idade O risco de ingestatildeo

acidental por crianccedilas eacute real e eacute adjuvado pelo tipo de embalagens destes produtos que natildeo tecircm

dispositivos de seguranccedila para a sua abertura

A toxicidade aguda pelos fluoretos poderaacute manifestar-se por queixas digestivas (dor abdominal

voacutemitos hematemeses e melenas) neuroloacutegicas (tremores convulsotildees tetania deliacuterio lentificaccedilatildeo da

voz) renais (urina turva hematuacuteria) metaboacutelicas (hipocalceacutemia hipomagnesieacutemia hipercalieacutemia)

cardiovasculares (arritmias hipotensatildeo) e respiratoacuterias (depressatildeo respiratoacuteria apneias) 4

12 Toxicidade Croacutenica

A dose total diaacuteria de fluoretos administrados por via sisteacutemica isenta de risco de toxicidade croacutenica

situa-se abaixo de 005 mgkgdia de peso A partir desses valores aumentam as manifestaccedilotildees atraveacutes

do aparecimento de hipomineralizaccedilatildeo do esmalte que se revela por fluorose dentaacuteria Com

concentraccedilotildees acima de 25 ppm na aacutegua esta manifestaccedilatildeo eacute mais evidente sendo tanto mais grave

quanto a concentraccedilatildeo de fluoretos vai aumentando O periacuteodo criacutetico para o efeito toacutexico do fluacuteor se

manifestar sobre a denticcedilatildeo permanente eacute entre o nascimento e os 7 anos de idade (ateacute aos 3 anos eacute o

periacuteodo mais criacutetico) Quando existem fluoretos ateacute 3 ppm na aacutegua aleacutem da fluorose natildeo parece

existir qualquer outro efeito toacutexico na sauacutede A partir deste valor aumenta o risco de nefrotoxicidade

Como qualquer outro medicamento os fluoretos em dose excessiva tecircm efeitos toacutexicos que

normalmente se manifestam atraveacutes de uma interferecircncia na esteacutetica dentaacuteria Essa manifestaccedilatildeo eacute a

fluorose dentaacuteria

Estudos recentes sobre suplementos de fluoretos e fluorose 5 confirmam que as comunidades sem aacutegua

fluoretada e que utilizam suplementos de fluoretos durante os primeiros 6 anos de vida apresentam

um aumento do risco de desenvolver fluorose

O principal factor de risco para o aparecimento de fluorose dentaacuteria eacute o aporte total de fluoretos

provenientes de diferentes fontes nomeadamente da alimentaccedilatildeo incluindo a aacutegua e os suplementos

alimentares dentiacutefricos e soluccedilotildees para bochechos comprimidos e gotas e ingestatildeo acidental que natildeo

satildeo faacuteceis de quantificar

A fluorose dentaacuteria aumentou nos uacuteltimos anos em comunidades com e sem aacutegua fluoretada 6

2 F l u o r e t o s n a aacute g u a

2 1 Aacute g u a d e a b a s t e c i m e n t o p uacute b l i c o

A fluoretaccedilatildeo das aacuteguas para consumo humano como meio de suprir o deacutefice de fluoretos na aacutegua eacute

uma praacutetica comum em alguns paiacuteses como o Brasil Austraacutelia Canadaacute EUA e Nova Zelacircndia

Apesar de serem tatildeo diferentes quer do ponto de vista soacutecioeconoacutemico quer geograacutefico eles detecircm

uma experiecircncia superior a 25 anos neste domiacutenio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 4

Na Europa a maior parte dos paiacuteses natildeo faz fluoretaccedilatildeo das suas aacuteguas para consumo humano agrave

excepccedilatildeo da Irlanda da Suiacuteccedila (Basileia) e de 10 da populaccedilatildeo do Reino Unido Na Alemanha eacute

proibido e nos restantes paiacuteses eacute desaconselhado

Nos paiacuteses em que se faz fluoretaccedilatildeo da aacutegua alguns estudos demonstraram natildeo ter existido um ganho

efectivo na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria No entanto outros como a Austraacutelia no Estado de Victoacuteria

onde a fluoretaccedilatildeo da aacutegua se faz regularmente observaram-se ganhos efectivos na sauacutede oral da

populaccedilatildeo com consequentes ganhos econoacutemicos

Recomendaccedilatildeo Eacute indispensaacutevel avaliar a qualidade das aacuteguas de abastecimento puacuteblico periodicamente e corrigir os

paracircmetros alterados

Na aacutegua os valores das concentraccedilotildees de fluoretos estatildeo compreendidas entre 01 a 07 ppm Contudo

em alguns casos podem apresentar valores muito mais elevados

Quando a aacutegua apresenta valores de ph superiores a 8 e o iatildeo soacutedio e os carbonatos satildeo dominantes os

valores de fluoretos normalmente presentes excedem 1 ppm

Nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica os fluoretos podem existir naturalmente ou resultar de um

programa de fluoretaccedilatildeo Em Portugal Continental os valores satildeo normalmente baixos e as aacuteguas natildeo

estatildeo sujeitas a fluoretaccedilatildeo artificial O teor de fluoretos deveraacute ser controlado regularmente de modo

a preservar os interesses da sauacutede puacuteblica 7

Na definiccedilatildeo de um valor guia para a aacutegua de consumo humano a OMS propotildee o valor limite de 15

ppm de Fluacuteor referindo que valores superiores podem contribuir para o aumento do risco de fluorose

A Agecircncia Americana para o Ambiente (USEPA) refere um valor maacuteximo admissiacutevel de fluoretos na

aacutegua de consumo humano de 15 ppm e recomenda que nunca se ultrapasse os 4 ppm

Em Portugal a legislaccedilatildeo actualmente em vigor sobre a qualidade da aacutegua para consumo humano

decreto-lei nordm 23698 de 1 de Agosto define dois Valores Maacuteximos Admissiacuteveis (VMA) para os

fluoretos 15 ppm (8 a 12 ordmC) e 07 ppm (25 a 30 ordmC) O decreto-lei nordm 2432001 de 5 de Setembro

que transpotildee a Directiva Comunitaacuteria nordm 9883CE de 3 de Novembro que entrou em vigor em 25 de

Dezembro de 2003 define para os fluoretos um Valor Parameacutetrico (VP) de 15 ppm

O decreto-lei nordm 24301 remete para a Entidade Gestora a verificaccedilatildeo da conformidade dos valores

parameacutetricos obrigatoacuterios aplicaacuteveis agrave aacutegua para consumo humano Sempre que um valor parameacutetrico

eacute excedido isso corresponde a uma situaccedilatildeo de incumprimento e perante esta situaccedilatildeo a entidade

gestora deve de imediato informar a autoridade de sauacutede e a entidade competente dando conta das

medidas correctoras adoptadas ou em curso para restabelecer a qualidade da aacutegua destinada a consumo

humano

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 5

Deve ter-se em atenccedilatildeo o desvio em relaccedilatildeo ao valor parameacutetrico fixado e o perigo potencial para a

sauacutede humana

Segundo o decreto-lei supra mencionado artigo 9ordm compete agraves autoridades de sauacutede a vigilacircncia

sanitaacuteria e a avaliaccedilatildeo do risco para a sauacutede puacuteblica da qualidade da aacutegua destinada ao consumo

humano Sempre que o risco exista e o incumprimento persistir a autoridade de sauacutede deve informar e

aconselhar os consumidores afectados e determinar a proibiccedilatildeo de abastecimento restringir a

utilizaccedilatildeo da aacutegua que constitua um perigo potencial para a sauacutede humana e adoptar todas as medidas

necessaacuterias para proteger a sauacutede humana

Nos Accedilores e na Madeira ou em zonas onde o teor de fluoretos na aacutegua eacute muito elevado deveraacute ser

feita uma verificaccedilatildeo da constante e a correcccedilatildeo adequada

Os principais tratamentos de desfluoretaccedilatildeo envolvem a floculaccedilatildeo da aacutegua usando sais hidratados de

alumiacutenio principalmente em condiccedilotildees alcalinas No caso de aacuteguas aacutecidas pode-se adicionar cal e

alternativamente pode-se recorrer agrave adsorccedilatildeo com carvatildeo activado ou alumina activada ( Al2O3 ) ou

por permuta ioacutenica usando resinas especiacuteficas

Recomendaccedilatildeo Ateacute aos 6-7 anos as crianccedilas natildeo devem ingerir regularmente aacutegua com teor de fluoretos superior a 07 ppm

Recomendaccedilatildeo Sempre que o valor parameacutetrico dos fluoretos na aacutegua para consumo humano exceder 15 ppm deveratildeo ser aplicadas

medidas correctoras para restabelecer a qualidade da aacutegua

2 2 Aacute g u a s m i n e r a i s n a t u r a i s e n g a r r a f a d a s

As aacuteguas minerais naturais engarrafadas deveratildeo no futuro ter rotulagem de acordo com a Directiva

Comunitaacuteria 200340CE da Comissatildeo Europeia de 16 de Maio publicada no Jornal Oficial da Uniatildeo

Europeia em 2252003 artigo 4ordm laquo1 As aacuteguas minerais naturais cuja concentraccedilatildeo em fluacuteor for

superior a 15 mgl (ppm) devem ostentar no roacutetulo a menccedilatildeo lsquoconteacutem mais de 15 mgl (ppm) de

fluacuteor natildeo eacute adequado o seu consumo regular por lactentes nem por crianccedilas com menos de 7 anosrsquo

2 No roacutetulo a menccedilatildeo prevista no nordm 1 deve figurar na proximidade imediata da denominaccedilatildeo de

venda e em caracteres claramente visiacuteveis 3

As aacuteguas minerais naturais que em aplicaccedilatildeo do nordm 1 tiverem de ostentar uma menccedilatildeo no roacutetulo

devem incluir a indicaccedilatildeo do teor real em fluacuteor a niacutevel da composiccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica em constituintes

caracteriacutesticos tal como previsto no nordm 2 aliacutenea a) do artigo 7ordm da Directiva 80777CEEraquo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 6

Para as aacuteguas de nascente cujas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas satildeo definidas pelo Decreto-lei

2432001 de 5 de Setembro em vigor desde Dezembro de 2003 os limites para o teor de fluoretos satildeo

de 15 mgl (ppm)

De acordo com o parecer do Scientific Committee on Food - Comiteacute Cientiacutefico de Alimentaccedilatildeo

Humana (expresso em Dezembro de 1996) a Comissatildeo natildeo vecirc razotildees para nos climas da Uniatildeo

Europeia (climas temperados) limitar os fluoretos nas aacuteguas de consumo humano e nas aacuteguas minerais

naturais para valores inferiores a 15mgl (ppm)

3 F l u o r e t o s n o s g eacute n e r o s a l i m e n t iacute c i o s

Entende-se por lsquogeacutenero alimentiacuteciorsquo qualquer substacircncia ou produto transformado parcialmente

transformado ou natildeo transformado destinado a ser ingerido pelo ser humano ou com razoaacuteveis

probabilidades de o ser Este termo abrange bebidas pastilhas elaacutesticas e todas as substacircncias

incluindo a aacutegua intencionalmente incorporadas nos geacuteneros alimentiacutecios durante o seu fabrico

preparaccedilatildeo ou tratamento8 9

Na alimentaccedilatildeo as estimativas de ingestatildeo de fluacuteor atraveacutes da dieta variam entre 02 e 34 mgdia

sendo estes uacuteltimos valores atingidos quando se inclui o chaacute na alimentaccedilatildeo A ingestatildeo de fluoretos

provenientes dos alimentos comuns eacute pouco significativa Apenas 13 se apresentam na forma

ionizaacutevel e portanto biodisponiacutevel

Recomendaccedilatildeo Independentemente da origem ao utilizar aacutegua informe-se sobre o seu teor em fluoretos As que tecircm um elevado teor

deste elemento natildeo satildeo adequadas para lactentes e crianccedilas com menos de 7 anos

Recomendaccedilatildeo Dar prioridade a uma dieta equilibrada e saudaacutevel com diversidade alimentar Utilizar a aacutegua da cozedura dos

alimentos para confeccionar outros alimentos (ex sopas arroz)

No iniacutecio do ano de 2003 a Comissatildeo Europeia apresentou uma nova proposta de Directiva

Comunitaacuteria relativa agrave ldquoAdiccedilatildeo aos geacuteneros alimentiacutecios de vitaminas minerais e outras substacircnciasrdquo

onde os fluoretos satildeo referidos como podendo ser adicionados a geacuteneros alimentiacutecios comuns Nesta

proposta de Directiva Comunitaacuteria eacute sugerida a inclusatildeo de determinados nutrimentos (entre eles o

fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de geacuteneros alimentiacutecios comuns Esta proposta

prevista no Livro Branco da Comissatildeo ainda estaacute numa fase inicial de discussatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 7

4 F l u o r e t o s e m s u p l e m e n t o a l i m e n t a r

Entende-se por lsquosuplementos alimentaresrsquo geacuteneros alimentiacutecios que se destinam a complementar e ou

suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas

substacircncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisioloacutegico estremes ou combinados

comercializados em forma doseada tais como caacutepsulas pastilhas comprimidos piacutelulas e outras

formas semelhantes saquetas de poacute ampola de liacutequido frascos com conta gotas e outras formas

similares de liacutequido ou poacute que se destinam a ser tomados em unidades medidas de quantidade

reduzida10

A Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002

transposta para o direito nacional pelo Decreto-lei nordm 1362003 de 28 de Junho relativa agrave aproximaccedilatildeo

das legislaccedilotildees dos Estados-Membros respeitantes aos suplementos alimentares vai permitir a inclusatildeo

de determinados nutrimentos (entre eles o fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de

suplementos alimentares11

A partir de 28 de Agosto de 2003 os fluoretos poderatildeo ser comercializados como suplemento

alimentar passando a estar disponiacutevel em farmaacutecias e superfiacutecies comerciais

As quantidades maacuteximas de vitaminas e minerais presentes nos suplementos alimentares satildeo fixadas

em funccedilatildeo da toma diaacuteria recomendada pelo fabricante tendo em conta os seguintes elementos

a) limites superiores de seguranccedila estabelecidos para as vitaminas e os minerais apoacutes uma

avaliaccedilatildeo dos riscos efectuada com base em dados cientiacuteficos geralmente aceites tendo em

conta quando for caso disso os diversos graus de sensibilidade dos diferentes grupos de

consumidores

b) quantidade de vitaminas e minerais ingerida atraveacutes de outras fontes alimentares

c) doses de referecircncia de vitaminas e minerais para a populaccedilatildeo

Recomendaccedilatildeo Nunca ultrapassar a toma indicada no roacutetulo do produto e natildeo utilizar um suplemento alimentar como substituto de um

regime alimentar variado

As quantidades maacuteximas e miacutenimas de vitaminas e minerais referidas seratildeo adoptadas pela Comissatildeo

Europeia assistida pelo Comiteacute de Regulamentaccedilatildeo

Em Portugal a Agecircncia para a Qualidade e Seguranccedila Alimentar viraacute a ter informaccedilatildeo sobre todos os

suplementos alimentares comercializados como geacuteneros alimentiacutecios e introduzidos no mercado de

acordo com o Decreto-lei nordm 1362003

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 8

A rotulagem dos suplementos alimentares natildeo poderaacute mencionar nem fazer qualquer referecircncia a

prevenccedilatildeo tratamento ou cura de doenccedilas humanas e deveraacute indicar uma advertecircncia de que os

produtos devem ser guardados fora do alcance das crianccedilas

5 F luore tos em med icamentos e p rodutos cosmeacutet icos de h ig iene corpora l

A distinccedilatildeo entre Medicamento e Produto Cosmeacutetico de Higiene Corporal contendo fluoretos depende

do seu teor no produto Os cosmeacuteticos contecircm obrigatoriamente uma concentraccedilatildeo de fluoretos inferior

a 015 (1500 ppm) (Decreto-lei 1002001 de 28 de Marccedilo I Seacuterie A) sendo que todos os dentiacutefricos

com concentraccedilotildees de fluoretos superior a 015 satildeo obrigatoriamente classificados como

medicamentos

Os medicamentos contendo fluoretos e utilizados para a profilaxia da caacuterie dentaacuteria existentes no

mercado portuguecircs satildeo de venda livre em farmaacutecia Encontram-se disponiacuteveis nas formas

farmacecircuticas de soluccedilatildeo oral (gotas orais) comprimidos dentiacutefricos gel dentaacuterio e soluccedilatildeo de

bochecho

5 1 F l u o r e t o s e m c o m p r i m i d o s e g o t a s o r a i s

A utilizaccedilatildeo de medicamentos contendo fluoretos na forma de gotas orais e comprimidos foi ateacute haacute

pouco recomendada pelos profissionais de sauacutede (pediatras meacutedicos de famiacutelia cliacutenicos gerais

meacutedicos estomatologistas meacutedicos dentistas) dos 6 meses ateacute aos 16 anos

A clarificaccedilatildeo do mecanismo de acccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria e o aumento de

aporte dos mesmos com consequentes riscos de manifestaccedilatildeo toacutexica obrigaram agrave revisatildeo da sua

administraccedilatildeo em comprimidos eou gotas A gravidade da fluorose dentaacuteria estaacute relacionada com a

dose a duraccedilatildeo e com a idade em que ocorre a exposiccedilatildeo ao fluacuteor 12 13

A ldquoCanadian Consensus Conference on the Appropriate Use of Fluoride Supplements for the

Prevention of Dental Caries in Childrenrdquo 14definiu um protocolo cuja utilizaccedilatildeo eacute recomendada a

profissionais de sauacutede em que se fundamenta a tomada de decisatildeo sobre a necessidade ou natildeo da

suplementaccedilatildeo de fluacuteor A administraccedilatildeo de comprimidos soacute eacute recomendada quando o teor de fluoretos

na aacutegua de abastecimento puacuteblico for inferior a 03 ppm e

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) natildeo escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas

vezes por dia

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas vezes

por dia mas apresenta um alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 9

Por sua vez a conclusatildeo do laquoForum on Fluoridation 2002raquo15 relativamente agrave administraccedilatildeo de

suplementos de fluoretos foi a seguinte limitar a utilizaccedilatildeo de comprimidos de fluoretos a aacutereas onde

natildeo existe aacutegua fluoretada e iniciar essa suplementaccedilatildeo apenas a crianccedilas com alto risco agrave caacuterie e a

partir dos 3 anos

Os comprimidos de fluoretos caso sejam indicados devem ser usados pelo interesse da sua acccedilatildeo

toacutepica Devem ser dissolvidos na boca em vez de imediatamente ingeridos16

A administraccedilatildeo de fluoretos sob a forma de comprimidos chupados soacute deveraacute ser efectuada em

situaccedilotildees excepcionais isto eacute em populaccedilotildees de baixos recursos econoacutemicos nas quais a escovagem

natildeo possa ser promovida e os iacutendices de caacuterie sejam elevados

Para evitar a potencial toxicidade dos fluoretos antes de qualquer prescriccedilatildeo todos os profissionais de

sauacutede devem efectuar uma avaliaccedilatildeo personalizada dos aportes diaacuterios de cada crianccedila tendo em conta

todas as fontes possiacuteveis desse elemento alimentos comuns suplementos alimentares consumo de

aacutegua da rede puacuteblica eou aacutegua engarrafada e respectivo teor de fluoretos e utilizaccedilatildeo de medicamentos

e produtos cosmeacuteticos contendo fluacuteor

Recomendaccedilatildeo A partir dos 3 anos os suplementos sisteacutemicos de fluoretos poderatildeo ser prescritos pelo meacutedico assistente ou meacutedico dentista em crianccedilas que apresentem um alto risco

agrave caacuterie dentaacuteria

5 2 F l u o r e t o s e m d e n t iacute f r i c o s

Hoje em dia a maior parte dos dentiacutefricos agrave venda no mercado contecircm fluoretos sob diferentes formas

fluoreto de soacutedio monofluorfosfato de soacutedio fluoreto de amina e outros Os mais utilizados satildeo o

fluoreto de soacutedio e o monofluorfosfato de soacutedio

Normalmente o conteuacutedo de fluoreto dos dentiacutefricos eacute de 1000 a 1100 ppm (ou 010 a 011)

podendo variar entre 500 e 1500 ppm

Durante a escovagem cerca de 34 da pasta eacute ingerida por crianccedilas de 3 anos 28 pelas de 4-5 anos

e 20 pelas de 5-7 anos

Devem ser evitados dentiacutefricos com sabor a fruta para impedir o seu consumo em excesso uma vez

que estatildeo jaacute descritos na literatura casos de fluorose resultantes do abuso de dentiacutefricos2

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluoretos duas vezes por dia tem-se revelado um

meio colectivo de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria com grande efectividade e baixo custo pelo que deve

ser considerado o meio de eleiccedilatildeo em estrateacutegias comunitaacuterias

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 10

Do ponto de vista da prevenccedilatildeo da caacuterie a aplicaccedilatildeo toacutepica de dentiacutefrico fluoretado com a escova dos

dentes deve ser executada duas vezes por dia e deve iniciar-se quando se daacute a erupccedilatildeo dos dentes Esta

rotina diaacuteria de higiene executada naturalmente com muito cuidado pelos pais deve

progressivamente ser assumida pela crianccedila ateacute aos 6-8 anos de idade Durante este periacuteodo a

escovagem deve ser sempre vigiada pelos pais ou educadores consoante as circunstacircncias para evitar

a utilizaccedilatildeo de quantidades excessivas de dentiacutefrico o qual pode da mesma forma que os

comprimidos conduzir antes dos 6 anos agrave ocorrecircncia de fluorose

As crianccedilas devem usar dentiacutefrico com teor de fluoretos entre 1000-1500 ppm de fluoreto (dentiacutefrico

de adulto) sendo a quantidade a utilizar do tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

Apoacutes a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado pode-se natildeo bochechar com aacutegua Deveraacute

apenas cuspir-se o excesso de pasta Deste modo consegue-se uma mais alta concentraccedilatildeo de fluoreto

na cavidade oral que vai actuar topicamente durante mais tempo

Os pais das crianccedilas devem receber informaccedilatildeo sobre a escovagem dentaacuteria e o uso de dentiacutefricos

fluoretados A escovagem com dentiacutefrico fluoretado deve iniciar-se imediatamente apoacutes a erupccedilatildeo dos

primeiros dentes Os dentiacutefricos fluoretados devem ser guardados em locais inacessiacuteveis agraves crianccedilas

pequenas17

5 3 F l u o r e t o s e m s o l u ccedil otilde e s d e b o c h e c h o

As soluccedilotildees para bochechos recomendadas a partir dos 6 anos de idade tecircm sido utilizadas em

programas escolares de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria em inuacutemeros paiacuteses incluindo Portugal Satildeo

recomendadas a indiviacuteduos de maior risco agrave caacuterie dentaacuteria mas a sua utilizaccedilatildeo tem vido a ser

restringida a crianccedilas que escovam eficazmente os dentes

Recomendaccedilatildeo Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Recomendaccedilatildeo A partir dos 6 anos de idade deve ser feito o bochecho quinzenalmente com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

02

As soluccedilotildees fluoretadas de uso diaacuterio habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

005 e as de uso semanal ou quinzenal habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de 02

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 11

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 12

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Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Page 20: Direcção-Geral da SaúdePrograma será complementado, sempre que oportuno, por orientações técnicas a emitir por esta Direcção-Geral. O Director-Geral e Alto Comissário da

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 18

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effectiveness of providing free fluoride toothpaste from the age of 12 months on reducing caries in 5-6 year old children Community Dental Health 2002 19 131-6

13 DenBester PK Biological mechanisms of dental fluorosis relevant to the use of fluoride supplements Community Dentistry and Oral Epidemiology 1999 27 41-7

14 Featherstone JDB Prevention and reversal of dental caries role of low level fluoride Community Dentistry and Oral Epidemiology 1999 27 31-40

15 Ismail AI Bandekar RR Fluoride supplements and fluorosis a meta-analysis Community Dent Oral Epodemiol 1999 27 48-56

16 Jackson RD Brizendine EJ Kelly SA et al The fluoride content of foods and beverages from negligibly and optimally fluoridated communities Community Dentistry and Oral Epidemiology 2002 30 382-91

17 Kay E Locker D A systematic review of the effectiveness of health promotion aimed at improving oral health Community Dental Health 1999 15 132-44

18 Levy SM Guha-Chowdhury N Total fluoride intake and implications for dietary fluoride supplementation J Public Health Dentistry 1999 59 (4) 211-3

19 Levy SM An update on Fluorides and Fluorosis J Canadian Dental Association 2003 69 (5) 286-91

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 19

20 Limeback H A re-examination of the pre-eruptive and post-eruptive mechanism of the anti-caries effects of fluoride is there any anti-caries benefit from swallowing fluoride Community Dentistry and Oral Epidemiology 1999 27 62-71

21 Limeback H Introduction to the conference Community Dentistry and Oral Epidemiology 1999 27 27-30

22 Lux J The Fluoride Dialogue CDHA Position Statements Canadian Dental Hygienists Association Probe-Scientific Issue 2002 36 (6) 209-27

23 Martof A Dental Care Pediatrics in Review 2001 (1) 22 13-5 24 Mascarenhas AK Risk factors for dental fluorosis A review of the recent literature

Pediatric Dentistry 2000 22 269-77 25 Pinto R Cristovatildeo E Vinhais T Castro MF Teor de fluoretos nas aacuteguas de

abastecimento da rede puacuteblica nas sedes de concelho de Portugal Continental Revista Portuguesa de Estomatologia Medicina Dentaacuteria e Cirurgia Maxilofacial 1999 40 (3) 125-42

26 Rajab LD Hamdan MAM Early childhood caries and risk factors in Jordan Community Dental Health 2002 19 224-9

27 Riordan PJ Fluoride supplements for young children an analysis of the literature focusinh on benefits and risks Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 72-83

28 Roberts MW Keels MA Sharp MC Lewis JL Fluoride Supplement Prescribing and Dental Referral Pattern Among Academic Pediatricians Pediatrics 1998 101 (1)

29 Sanchez O Childers NK Anticipatory Guidance in Infant Oral Health Rationale and Recommendations Am Fam Physician 2000 61115-20 123-4

30 Schafer TE Adair SM Prevention of dental disease ndash the role of the pediatrician Pediatric Oral Health 2000 47 (5) 1021-42

31 Scientific Committee on Cosmetic Products and non-food products intended for consumers The safety of fluorine compounds in oral hygiene products for children under the age of 6 years Adopted by the SCCNFP during the 24 th plenary meeting of 24-24 June 2003

32 Trumbo P Schlicker S Yates AA Poos M Dietary Reference Intakes for energy carbohydrate fiber fat fatty acids cholesterol protein and amino acids J Am Diet Assoc 2002 102 (11) 1621-30

33 Wang NJ Gropen AM Ogaard B Risk factors associated with fluorosis in a non-fluoridated population in Norway Community Dentistry and Oral Epidemiology 1997 25 396-401

34 Wang NJ Riordan PJ Fluorides and supplements and caries in a non-fluoridated child population Community Dentistry and Oral Epidemiology 1999 27 117-23

35 Warren JJ Kanellis MJ Levy SM Fluorosis of the primary dentition what does it mean for permanent teeth JADA 1999 130 347-56

36 Wendt LK Koch G Birkhed D On the retention and effectiveness of fissure sealants in permanent molars after 15-20 years a cohort study Community Dentistry and Oral Epidemiology 2001 29 302-7

37 WHO Fluorides and Oral Health WHO Geneva 1994 (Technical Report Series 846)

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 20

Agradecimentos

A Task Force que colaborou na revisatildeo do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral coordenada pela Drordf Gregoacuteria Paixatildeo von Amann e pela Higienista Oral Cristina Ferreira Caacutedima da Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede contou com a prestimosa colaboraccedilatildeo teacutecnica e cientiacutefica de

Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge representado pela Drordf Dirce Silveira

Direcccedilatildeo-Geral da Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura representada pela Engordf Maria de Lourdes Camilo

Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa representada pelo Prof Doutor Paulo Melo

Faculdade de Medicina de Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria representada pelo Dr Francisco Delille

Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade de Lisboa representada pelo Prof Doutor Ceacutesar Mexia de Almeida

Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto representada pelo Prof Doutor Fernando M Peres

Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento representado pela Drordf Ana Arauacutejo

Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede - Norte representado pelo Prof Doutor Paulo Rompante

Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede - Sul representado pela Profordf Doutora Fernanda Mesquita

Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia representada pelo Dr Alexandre Loff Seacutergio

Ordem dos Meacutedicos Dentistas representada pelo Prof Doutor Paulo Melo

Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria representada pelo Prof Doutor Ceacutesar Mexia de Almeida

Sociedade Portuguesa de Pediatria representada pelo Dr Manuel Salgado

Serviccedilos da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede representada pela Drordf Anabela Lopes Divisatildeo de Sauacutede Ambiental representada pelo Engordm Paulo Diegues e a Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede representada pelo Dr Pedro Ribeiro da Silva

Pelas sugestotildees e correcccedilotildees introduzidas o nosso agradecimento agrave Profordf Doutora Isabel Loureiro ao Dr Vasco Prazeres Drordf Leonor Sassetti Drordf Ana Paula Ramalho Correia Dr Rui Calado Drordf Maria Otiacutelia Riscado Duarte Dr Joatildeo Breda e ao Sr Viacutetor Alves que concebeu o logoacutetipo do programa

A todos a Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede e a Divisatildeo de Sauacutede Escolar agradecem

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

E s t r a t eacute g i a s e T eacute c n i c a s d e E d u c a ccedil atilde o e P r o m o ccedil atilde o

d a S a uacute d e

Documento produzido no acircmbito dos trabalhos da Task Force pela Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede Dr

Pedro Ribeiro da Silva e Dr Joatildeo Breda e pela Higienista Oral Cristina Ferreira Caacutedima e Drordf Gregoacuteria Paixatildeo von Amann da

Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede que coordenou os trabalhos

1 Preacircmbulo

Os Programas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede tecircm por objectivo capacitar as pessoas a tomarem decisotildees no

seu quotidiano que se revelem as mais adequadas para manter ou alargar o seu potencial de sauacutede

Para se atingir este objectivo fornece-se informaccedilatildeo e utilizam-se metodologias que facilitem e decircem

suporte agraves mudanccedilas comportamentais e agrave manutenccedilatildeo das praacuteticas consideradas saudaacuteveis

Mas a mudanccedila de comportamentos natildeo eacute faacutecil depende de factores sociais culturais familiares

entre muitos outros e natildeo apenas do conhecimento cientiacutefico que as pessoas possuam sobre

determinada mateacuteria

Esta dificuldade eacute bem patente quando como no presente caso se pretende intervir sobre

comportamentos relacionados com a alimentaccedilatildeo e a escovagem dos dentes

Quando os pais datildeo aos filhos patildeo achocolatado ou outros alimentos accedilucarados para levarem para a

escola estatildeo com frequecircncia a dar natildeo apenas um alimento mas tambeacutem e ateacute talvez

principalmente afecto tentando colmatar lacunas que possam ter na relaccedilatildeo com os seus filhos

mesmo que natildeo tenham consciecircncia desse facto

Podem tambeacutem dar este tipo de alimento por terem dificuldade de encontrar tempo para confeccionar

uma sandes ou outro alimento e os anteriormente referidos estatildeo sempre prontos a serem colocados na

mochila da crianccedila

Eacute importante desenvolvermos estrateacutegias de Educaccedilatildeo para a Sauacutede que natildeo culpabilizem os pais

porque estes intrinsecamente desejam sempre o melhor para os seus filhos embora natildeo consigam por

vezes colocaacute-lo em praacutetica

Devido agrave complexidade que eacute actuar sobre comportamentos individuais para se aumentar a eficiecircncia

das nossas praacuteticas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede torna-se fulcral utilizar metodologias alargadas a vaacuterios

parceiros e sectores da comunidade de forma articulada e continuada para que progressivamente

possamos ir obtendo resultados

Como propotildee Nancy Russel no seu Manual de Educaccedilatildeo para a Sauacutede ldquoPara desenhar um

programa de Educaccedilatildeo para a Sauacutede eacute necessaacuterio ter conhecimentos sobre comportamentos e sobre

os factores que produzem a mudanccedilardquo E continua explicitando ldquoAs teorias da mudanccedila de

comportamento que podem ser aplicadas em Educaccedilatildeo para a Sauacutede foram elaboradas a partir de

uma variedade de aacutereas incluindo a psicologia a sociologia a antropologia a comunicaccedilatildeo e o

marketing Nenhuma teoria ou rede de conceitos domina por si soacute a investigaccedilatildeo ou a praacutetica da

Educaccedilatildeo para a Sauacutede Provavelmente porque os comportamentos de sauacutede satildeo demasiado

complexos para serem explicados por uma uacutenica teoriardquo (19968)

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 2

2 Metodologias para Desenvolvimento da Acccedilatildeo

21 Primeira vertente ndash O diagnoacutestico de situaccedilatildeo

A primeira etapa de actuaccedilatildeo eacute de grande importacircncia para a continuidade das outras actividades e

podemos resumi-la a um bom diagnoacutestico de situaccedilatildeo que permita conhecer em pormenor a realidade

sobre a qual se pretende actuar

I - Eacute importante estabelecer como uma das primeiras actividades a anaacutelise de duas vertentes com

grande influecircncia na sauacutede oral os haacutebitos culturais das famiacutelias relativamente agrave alimentaccedilatildeo e as

praacuteticas de higiene oral dos adultos e das crianccedilas

II - Um segundo aspecto relaciona-se com os tipos de interacccedilatildeo entre professores ou

educadores de infacircncia e pais No caso de essa interacccedilatildeo ser regular e organizada importa saber como

reagem os pais agraves indicaccedilotildees dos professores sobre os aspectos comportamentais das crianccedilas e que

efeito e eficaacutecia tecircm essas acccedilotildees na capacitaccedilatildeo de pais e filhos relativamente aos comportamentos

relacionados com a sauacutede oral

Actividades a desenvolverem

a) estudar as formas de melhorar a relaccedilatildeo entre pais e professores procurando resolver as

dificuldades que com frequecircncia os pais apresentam como obstaacuteculos ao contacto mais regular

com os professores

b) analisar a eficaacutecia das recomendaccedilotildees dadas procurando as razotildees que possam estar na origem

de situaccedilotildees de menor eficaacutecia como o desfasamento entre as recomendaccedilotildees e o contexto

familiar e cultural das crianccedilas ou recomendaccedilotildees muito teacutecnicas ou paternalistas Todas estas

situaccedilotildees podem provocar resistecircncias nas famiacutelias agrave adesatildeo agraves praacuteticas desejaacuteveis relativamente

ao programa de sauacutede oral Esta temaacutetica da Educaccedilatildeo para a Sauacutede e as praacuteticas

comportamentais eacute muito complexa mas fundamental para se conseguirem resultados ao niacutevel

dos comportamentos

III - Outra componente a analisar satildeo os aspectos sociais dos consumos alimentares que possam

estar relacionados com situaccedilotildees locais como campanhas publicitaacuterias ou de promoccedilatildeo de

determinados alimentos potencialmente cariogeacutenicos nos estabelecimentos da zona Oferta pouco

adequada de alimentos na cantina da escola com existecircncia preponderante de alimentos e bebidas

accedilucaradas A confecccedilatildeo das refeiccedilotildees no refeitoacuterio com pouca oferta de fruta legumes e vegetais e

preponderacircncia de sobremesas doces

Segundo o Modelo Precede de Green existem 3 etapas a contemplar num diagnoacutestico de situaccedilatildeo

middot diagnoacutestico epidemioloacutegico necessaacuterio para a identificaccedilatildeo dos problemas de sauacutede sobre os

quais se vai actuar como sejam os iacutendices de caacuterie fluorose dentaacuteria e outros

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 3

middot diagnoacutestico social que corresponde agrave identificaccedilatildeo das situaccedilotildees sociais existentes na comunidade

onde se desenvolve a actividade que podem contribuir para os problemas de sauacutede oral detectados

ou que se pretende prevenir

middot diagnoacutestico comportamental para identificaccedilatildeo dos vaacuterios padrotildees comportamentais que possam

estar relacionados com os problemas de sauacutede oral inventariados

A este diagnoacutestico de problemas eacute importante associar-se a identificaccedilatildeo de necessidades da

populaccedilatildeo-alvo da acccedilatildeo

Apesar da prevalecircncia das doenccedilas orais e da necessidade deste Programa Nacional em algumas

comunidades poderatildeo existir vaacuterios outros problemas de sauacutede mais graves ou mais prevalentes e

neste caso importa fazer uma avaliaccedilatildeo dos recursos e das possibilidades de eficaacutecia dando prioridade

aos grupos e agraves situaccedilotildees mais graves e de maior amplitude Outro factor a ter em conta na decisatildeo

relaciona-se com a capacidade de alterar as causas comportamentais ou factores de risco pelo

programa educacional

Apoacutes a avaliaccedilatildeo das necessidades deveratildeo ser estabelecidas as prioridades tendo em conta os

problemas de sauacutede identificados a capacidade de alteraccedilatildeo dos factores de risco comportamentais e

outros Eacute muito importante associar-se agrave definiccedilatildeo de prioridades de actuaccedilatildeo a caracterizaccedilatildeo dos sub-

grupos existentes e as diferentes estrateacutegias apropriadas a cada uma dessas populaccedilotildees alvo

22 Segunda vertente ndash os teacutecnicos de educaccedilatildeo

Todos os parceiros satildeo importantes para o desenvolvimento dos programas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede

mas no caso especiacutefico da sauacutede oral os teacutecnicos de Educaccedilatildeo satildeo fundamentais Eacute por esta razatildeo

tarefa prioritaacuteria sensibilizaacute-los e englobaacute-los no desenho dos programas desde o iniacutecio

Sabemos atraveacutes das nossas praacuteticas anteriores que nem sempre os teacutecnicos de educaccedilatildeo aderem a

algumas das actividades dos programas de sauacutede oral propostas pelos teacutecnicos de sauacutede utilizando

para isso os mais diversos argumentos A explicitaccedilatildeo dos uacuteltimos consensos cientiacuteficos nesta aacuterea

com disponibilizaccedilatildeo de bibliografia pode ser facilitador da adesatildeo ao programa

Uma das actividades centrais deste programa seraacute trabalhar em conjunto com os teacutecnicos de educaccedilatildeo

nomeadamente docentes das escolas baacutesicas e secundaacuterias e educadores de infacircncia sobre as

potencialidades do programa e os ganhos em sauacutede que a meacutedio e longo prazo este pode provocar na

populaccedilatildeo portuguesa

Outra tarefa importante eacute a reflexatildeo em conjunto sobre as dificuldades diagnosticadas em cada escola

para concretizar as actividades do programa na tentativa de encontrar soluccedilotildees seja atraveacutes da

resoluccedilatildeo dos obstaacuteculos seja encontrando alternativas Poderaacute acontecer natildeo ser possiacutevel executar

todas as tarefas incluiacutedas no programa Nesses casos importa decidir quais as actividades que poderatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 4

ser levadas agrave praacutetica com ecircxito Seraacute preferiacutevel concretizar algumas tarefas que nenhumas assim

como seraacute melhor realizar bem poucas tarefas do que muitas ou todas de forma deficiente

Frequentemente existe um diferencial de conhecimentos sobre estas aacutereas entre os teacutecnicos de

educaccedilatildeo e os de sauacutede Para evitar problemas eacute imperioso que os teacutecnicos de educaccedilatildeo sejam

parceiros em igualdade de circunstacircncia e natildeo sintam que tecircm um papel secundaacuterio no projecto ou

meros executores de tarefas

A eventual deacutecalage de conhecimentos sobre sauacutede oral pode ser compensado utilizando estrateacutegias de

trabalho em equipa natildeo assumindo os teacutecnicos de sauacutede papel de liacutederes do processo nem de

detentores da informaccedilatildeo cientiacutefica As teacutecnicas de trabalho em equipa devem implicam a partilha de

tarefas e lideranccedila natildeo assumindo o programa uma dimensatildeo vertical e impositiva por parte da sauacutede

As mensagens chave do programa seratildeo discutidas por todos os intervenientes Eacute muito importante que

sejam claras nos conteuacutedos e assumidas por toda a equipa em todas as situaccedilotildees de modo a tornar as

intervenccedilotildees coerentes com os objectivos do programa

Como cada comunidade e cada escola tecircm caracteriacutesticas proacuteprias o programa as actividades e o

trabalho interdisciplinar em equipa seratildeo adequados agraves condiccedilotildees objectivas e subjectivas de todos os

intervenientes o que pode tornar necessaacuterio fazer adaptaccedilotildees agrave aplicaccedilatildeo do mesmo O mesmo se

passa em relaccedilatildeo agraves mensagens que necessitam ser adaptadas a cada situaccedilatildeo e a cada contexto

Em relaccedilatildeo agrave Educaccedilatildeo para a Sauacutede a procura de soluccedilotildees para as situaccedilotildees decorrentes da

implementaccedilatildeo do programa como a sensibilizaccedilatildeo dos parceiros e a eliminaccedilatildeo de obstaacuteculos satildeo

uma das tarefas centrais dos programas e natildeo devem ser subestimadas pelos teacutecnicos de sauacutede pois

delas depende muita da eficaacutecia do projecto

A educaccedilatildeo alimentar eacute uma das vertentes centrais do programa pelo que eacute necessaacuterio sensibilizar os

professores para aspectos da vida escolar que podem afectar a sauacutede oral dos alunos como as ementas

escolares existentes no refeitoacuterio e o tipo de alimentos disponibilizado no bar

221 Componente praacutetica

Uma primeira tarefa do programa na escola seraacute a sensibilizaccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo para a

importacircncia do mesmo A explicitaccedilatildeo teoacuterica resumida dos pressupostos cientiacuteficos que legitimam a

alteraccedilatildeo do programa eacute um instrumento facilitador

Fundamental explicar as razotildees que tornam a escovagem como um actividade central do programa e

os inconvenientes de se darem suplementos de fluacuteor de forma generalizada Seremos especialmente

eficazes se nos disponibilizarmos para responder agraves questotildees e duacutevidas que os professores possam ter

Esta eacute com certeza tambeacutem uma maneira de aprofundarmos o diagnoacutestico da situaccedilatildeo e de podermos

contribuir para remover os obstaacuteculos detectados

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 5

Uma segunda tarefa consistiraacute em operacionalizar o programa com os professores de modo a construi-

lo conjuntamente As diversas tarefas devem ser planeadas e avaliadas continuamente para se fazerem

as alteraccedilotildees consideradas necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar do programa

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo e a escovagem

O Programa Nacional de Sauacutede Oral propotildee algumas alteraccedilotildees que podemos considerar profundas e

de ruptura em relaccedilatildeo ao programa anterior como sejam a aplicaccedilatildeo restrita dos suplementos

sisteacutemicos de fluoretos e a escovagem duas vezes ao dia com um dentiacutefrico fluoretado como principal

medida para uma boa sauacutede oral Estas directrizes derivam do consenso dos peritos de Sauacutede Oral

reunidos na task force coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

Eacute faacutecil de compreender que organizar a escovagem dos dentes dos alunos eacute mais trabalhoso que dar-

lhes um comprimido de fluacuteor ou ateacute do que fazer o bochecho com uma soluccedilatildeo fluoretada Para sermos

bem sucedidos seraacute fundamental actuar de forma cautelosa respeitando as caracteriacutesticas das pessoas e

os contextos em presenccedila

Como sabemos eacute difiacutecil quebrar rotinas e o programa vai implicar mais trabalho para os professores e

disponibilizaccedilatildeo de tempo para os pais e professores A adopccedilatildeo pelos Jardins de infacircncia e Escolas da

escovagem dos dentes dos alunos pelo menos uma vez dia como factor central do programa vai

possivelmente encontrar algumas resistecircncias por parte dos educadores de infacircncia e professores que

importa ir resolvendo de forma progressiva e de acordo com as dificuldades reais encontradas Estas

dificuldades podem estar relacionadas com a deficiecircncia de instalaccedilotildees ou outras mas estaraacute com

frequecircncia tambeacutem muito relacionada com aspectos psicossociais de resistecircncia agrave mudanccedila de rotinas

instaladas e com vaacuterios anos

Uma das estrateacutegias primordiais para este programa ser bem sucedido passa pela resoluccedilatildeo dos

obstaacuteculos referidos pelos teacutecnicos de educaccedilatildeo relativamente agrave escovagem nomeadamente

a possibilidade de as crianccedilas usarem as escovas de colegas podendo haver transmissatildeo de doenccedilas

como a hepatite ou outras

a ausecircncia de um local apropriado para a escovagem

a confusatildeo que a escovagem iraacute causar com eventuais situaccedilotildees de indisciplina

a dificuldade de vigiar todos os alunos durante a escovagem com a consequente possibilidade de

alguns especialmente se mais novos poderem engolir dentiacutefrico

existirem alguns alunos que devido a carecircncias econoacutemicas ou desconhecimento dos pais tecircm

escovas jaacute muito deterioradas podendo ser alvo de troccedila e humilhaccedilatildeo por parte dos colegas ou

sentindo-se os professores na necessidade de fazerem algo mas natildeo terem possibilidade de

substituiacuterem as escovas

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 6

Estes e outros argumentos poderatildeo ser reais ou apenas formas de encontrar justificaccedilotildees para natildeo

alterar rotinas no entanto eacute fundamental analisar cada situaccedilatildeo e encontrar a forma adequada de actuar

o que implica procurar em conjunto a resoluccedilatildeo do problema natildeo desvalorizando a perspectiva do

teacutecnico de educaccedilatildeo mesmo que do ponto de vista da sauacutede nos pareccedila oacutebvia a resistecircncia agrave mudanccedila e

a sua soluccedilatildeo

Se natildeo conseguirmos sensibilizar os profissionais de educaccedilatildeo para a importacircncia da escovagem e nos

limitarmos a contra-argumentar com os nossos dados e a nossa cientificidade facilmente iratildeo

encontrar outros argumentos Eacute preciso compreender que o que estaacute em causa natildeo satildeo as dificuldades

objectivas mas outro tipo de razotildees mais ou menos subjectivas relacionadas com as condiccedilotildees locais

e de contexto como por exemplo o facto de alguns professores considerarem que natildeo eacute da sua

competecircncia promover a escovagem dos dentes dos seus alunos A interacccedilatildeo pais-professores eacute

constante e pode potenciar grandemente o programa

23 Terceira vertente ndash os pais

Os pais satildeo tambeacutem intervenientes fundamentais nos programas de sauacutede oral e eacute fundamental que

sejam englobados na equipa de projecto enquanto parceiros activos na programaccedilatildeo de actividades de

modo a poder resolver-se eventuais resistecircncias que inclusive podem ser desconhecidas dos teacutecnicos e

serem devidas a idiossincracias micro-culturais Todas as estrateacutegias que sensibilizem os pais para as

medidas que se preconizam satildeo importantes Eacute fundamental que o programa seja ldquocontinuadordquo e

reforccedilado em casa e natildeo pelo contraacuterio descredibilizado pelas praacuteticas domeacutesticas

Em relaccedilatildeo aos pais os factores emocionais satildeo centrais na sua relaccedilatildeo com os filhos e com as escolhas

comportamentais quotidianas Transmitir informaccedilatildeo de forma essencialmente cognitiva por exemplo

laquonatildeo decirc lsquoBolosrsquo aos seus filhos porque satildeo alimentos que podem contribuir para o aparecimento de

caacuterie nos dentes e provocar obesidaderaquo tem muitas possibilidades de provocar efeitos perversos

negativos como seja a culpabilizaccedilatildeo dos pais e a resistecircncia agrave mudanccedila de comportamentos

Com frequecircncia os doces satildeo uma forma de dar afecto ou premiar os filhos ou ateacute servir como

substituto da impossibilidade dos pais estarem mais tempo com os filhos situaccedilatildeo que natildeo eacute com

frequecircncia consciente para os pais Os padrotildees comportamentais dos pais obedecem a inuacutemeras

componentes e soacute actuando sobre cada uma delas se conseguem resultados nas mudanccedilas de

comportamentos

Fornecer apenas informaccedilatildeo pode natildeo soacute natildeo provocar alteraccedilotildees comportamentais como criar ou

aumentar as resistecircncias agrave mudanccedila Eacute preciso adequar a informaccedilatildeo agraves diversas situaccedilotildees

caracterizando-as primeiro valorizando as componentes emocionais relacionais e contextuais dos

comportamentos natildeo culpabilizando os pais (porque isso provoca resistecircncias agrave mudanccedila natildeo soacute em

relaccedilatildeo a este programa mas a futuras intervenccedilotildees) e encontrando formas alternativas de resolver estas

situaccedilotildees utilizando soluccedilotildees que provoquem emoccedilotildees positivas em todos os intervenientes E dessa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 7

forma eacute possiacutevel ser-se eficaz respeitando os universos relacionais das famiacutelias e evitando efeitos

comportamentais paradoxais ou seja por reacccedilatildeo agrave informaccedilatildeo que os culpabiliza os pais

dessensibilizam das nossas indicaccedilotildees agravando e aumentando as praacuteticas que se desaconselham

Eacute esta uma das razotildees porque eacute tatildeo difiacutecil atingir os grupos populacionais que exactamente mais

precisavam de ser abrangido pelos programas de prevenccedilatildeo da doenccedila e promoccedilatildeo da sauacutede

Para aleacutem de se conhecerem as praacuteticas alimentares e de higiene oral que as crianccedilas e adolescentes

tecircm em casa eacute importante caracterizar as razotildees desses procedimentos Referimo-nos aos aspectos

individuais familiares culturais e contextuais Se queremos actuar sobre comportamentos eacute

fundamental conhecer as atitudes crenccedilas preconceitos estereoacutetipos e representaccedilotildees sociais que se

relacionam com as praacuteticas das famiacutelias as quais variam de famiacutelia para famiacutelia

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo podem ser colaboradores preciosos para esta caracterizaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo aos pais podemos resumir os aspectos a valorizar

Inclui-los nos diversos passos do programa

sensibiliza-los para a importacircncia da sauacutede oral respeitando os seus universos familiares e

culturais

dar suporte continuado agrave mudanccedila de comportamentos e de todos os factores que lhe estatildeo

associados

24 Quarta vertente ndash as crianccedilas

As crianccedilas e os adolescentes satildeo o principal puacuteblico-alvo do programa de sauacutede oral Sensibilizaacute-los

para as praacuteticas alimentares e de higiene oral que os peritos consideram actualmente adequadas eacute o

nosso objectivo

Como jaacute foi referido anteriormente eacute necessaacuterio ser cuidadoso na forma de comunicar com as crianccedilas

e adolescentes natildeo criticando directa ou indirectamente os conhecimentos e as praacuteticas aconselhadas

ou consentidas por pais e professores com quem eles convivem directamente e que satildeo dos principais

influenciadores dos seus comportamentos satildeo os seus modelos e constituem o seu universo de afectos

Criar clivagem na relaccedilatildeo cognitiva afectiva e emocional entre pais ou professores e crianccedilas e

adolescentes eacute algo que devemos ter sempre presente e evitar

As estrateacutegias de trabalho com as crianccedilas deveratildeo ser adaptadas agrave sua maturidade psico-cognitiva e

contexto socio-cultural Para que as actividades sejam luacutedicas e criativas adequadas agraves idades e outras

caracteriacutesticas das crianccedilas e adolescentes a contribuiccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo eacute com certeza

fundamental

Eacute muito importante ter em conta alguns aspectos educativos relativamente agrave mudanccedila de

comportamentos A participaccedilatildeo activa das crianccedilas na formulaccedilatildeo dessas actividades torna mais

eficazes os efeitos pretendidos

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 8

Pela dificuldade em mudar comportamentos principalmente de forma estaacutevel eacute aconselhaacutevel adequar

os objectivos agraves realidades Seraacute preferiacutevel actuar sobre um ou dois comportamentos sobre os quais a

caracterizaccedilatildeo inicial nos permitiu depreender que seraacute possiacutevel obtermos resultados positivos em vez

de tentar actuar sobre todos os comportamentos que desejariacuteamos alterar natildeo conseguindo alterar

nenhum deles Naturalmente estas escolhas seratildeo feitas cientificamente segundo o que a Educaccedilatildeo para

a Sauacutede preconiza nas vertentes relacionadas com as ciecircncias comportamentais (sociais e humanas)

Outro aspecto fundamental eacute a continuidade na acccedilatildeo A eficaacutecia seraacute tanto maior quanto mais

continuadas forem as actividades dando suporte agrave mudanccedila comportamental e reforccedilo agrave sua

manutenccedilatildeo A continuidade da acccedilatildeo permite conhecer melhor as situaccedilotildees os obstaacuteculos e as formas

de os remover pois cada caso eacute um caso e generalizar diminui grandemente a eficaacutecia

Deve ser dada uma atenccedilatildeo especial agraves crianccedilas com Necessidades de Sauacutede Especiais desfavorecidas

socialmente (porque vivem em bairros degradados com poucos recursos econoacutemicos pertencem a

minorias eacutetnicas ou satildeo emigrantes) ou que natildeo frequentam a escola utilizando estrateacutegias especificas

adequadas agraves suas dificuldades

25 Quinta vertente ndash a comunidade

Para os programas de Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutede a componente comunitaacuteria eacute fundamental A

participaccedilatildeo e contribuiccedilatildeo dos vaacuterios sectores da comunidade podem ser potenciadores do trabalho a

desenvolver

Dependendo das situaccedilotildees locais a Autarquia as IPSS e as ONGrsquos entre outras podem ser parceiros

de enorme valia para o desenvolvimento do programa Para isso temos que sensibilizar os liacutederes

locais para a importacircncia da sauacutede oral e do programa que se pretende incrementar explicitando como

com pequenos custos podemos obter ganhos em sauacutede a meacutedio e longo prazo

As instituiccedilotildees que organizam actividades para crianccedilas e adolescentes como os ATLrsquos associaccedilotildees

culturais desportivas e religiosas podem ser excelentes parceiros para o desenvolvimento das

actividades dependendo das caracteriacutesticas da comunidade onde se aplica o programa Os grupos de

teatro satildeo tambeacutem um excelente recurso para integrarem as actividades com as crianccedilas e os

adolescentes

26 Sexta vertente ndash os meios de comunicaccedilatildeo social

Os meios de comunicaccedilatildeo social locais e regionais se forem utilizados apropriadamente podem ser

parceiros potenciadores das actividades que se pretendem desenvolver

Mas com frequecircncia os teacutecnicos de sauacutede encontram dificuldades na relaccedilatildeo com os profissionais da

comunicaccedilatildeo social considerando que estes natildeo satildeo sensiacuteveis agraves nossas preocupaccedilotildees com a prevenccedilatildeo

da doenccedila e da promoccedilatildeo da sauacutede

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 9

Os media tecircm uma linguagem e podemos dizer uma filosofia proacuteprias que com frequecircncia natildeo satildeo

coincidentes com as nossas eacute por essa razatildeo necessaacuterio que os teacutecnicos de sauacutede se adaptem e se

possiacutevel se aperfeiccediloem na linguagem dos meacutedia Se natildeo utilizarmos adequadamente os meios de

comunicaccedilatildeo social estes podem ter um efeito contraproducente diminuindo a eficaacutecia do programa de

sauacutede oral

Algumas das dificuldades encontradas quando trabalhamos com os media especialmente as raacutedios e as

televisotildees satildeo as seguintes

na maior parte dos casos natildeo se pode transmitir muita informaccedilatildeo mesmo que seja um programa

de raacutedio de 1 ou 2 horas iria ficar muito monoacutetono e pouco atraente assim como se tornaria

confuso para os ouvintes e pouco eficaz porque com frequecircncia as pessoas desenvolvem outras

actividades enquanto ouvem raacutedio

eacute aconselhaacutevel transmitir apenas o que eacute realmente importante e faze-lo de forma muito clara

mantendo a consistecircncia sobre a hierarquia das informaccedilotildees nas diversas intervenccedilotildees ou seja que

todas os intervenientes no programa e em todas as situaccedilotildees em que intervecircm tenham um discurso

coerente e natildeo contraditoacuterio

evitar informaccedilotildees riacutegidas que culpabilizem as pessoas e natildeo respeitem os seus contextos micro-

culturais Eacute preferiacutevel suscitar alguma mudanccedila comportamental de forma progressiva que

nenhuma

com frequecircncia utilizamos o leacutexico meacutedico sem nos apercebermos que muitos cidadatildeos natildeo

conhecem termos que nos parecem simples como obesidade ou colesterol atribuindo-lhes outros

significados (portanto desconhecem que natildeo conhecem o verdadeiro significado)

se possiacutevel testar com pessoas de diversas idades e estratos socio-culturais que sejam leigas em

relaccedilatildeo a estas temaacuteticas aquilo que se preparou para a intervenccedilatildeo nos meios de comunicaccedilatildeo

social e alterar se necessaacuterio de acordo com as indicaccedilotildees que essas pessoas nos fornecerem

27 Seacutetima vertente ndash a avaliaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo deve ter iniacutecio na fase de planeamento e acompanhar todo o projecto de modo a introduzir

as alteraccedilotildees necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar das actividades

Devem fazer parte da equipa de avaliaccedilatildeo os diversos parceiros do projecto assim como pessoas

externas ao projecto e estas quando possiacutevel com formaccedilatildeo em educaccedilatildeo para a sauacutede nas aacutereas

teacutecnicas comportamentais de planeamento e avaliaccedilatildeo qualitativa e quantitativa

Satildeo fundamentais avaliaccedilotildees qualitativas e quantitativas das actividades a desenvolver e se possiacutevel

com anaacutelises comparativas ao desenrolar do projecto noutras zonas do paiacutes

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 10

3 T eacute c n i c a s d e H i g i e n e O r a l

3 1 Escovagem dos den tes ndash A escova A escovagem dos dentes deve ser efectuada com uma escova de tamanho adequado agrave boca de quem a

utiliza Habitualmente as embalagens referem as idades a que se destinam Os filamentos devem ser

de nylon com extremidades arredondadas e textura macia que quando comeccedilam a ficar deformados

obrigam agrave substituiccedilatildeo da escova Normalmente a escova quando utilizada 2 vezes por dia dura cerca

de 3-4 meses

Existem escovas manuais e eleacutectricas as quais requerem os mesmos cuidados As escovas eleacutectricas

facilitam a higiene oral das pessoas que tenham pouca destreza manual

3 2 Escovagem dos den tes ndash O den t iacute f r i co O dentiacutefrico a utilizar deve conter fluoreto numa dosagem de cerca de 1000-1500 ppm A quantidade a

utilizar em cada uma das escovagens deve ser semelhante (ou inferior) ao tamanho da unha do 5ordm dedo

(dedo mindinho) da matildeo da crianccedila

Os dentiacutefricos com sabores muito atractivos natildeo se recomendam porque podem levar as crianccedilas a

engoli-lo deliberadamente Ateacute aos 6 anos aproximadamente o dentiacutefrico deve ser colocado na escova

por um adulto Apoacutes a escovagem dos dentes eacute apenas necessaacuterio cuspir o excesso de dentiacutefrico

podendo no entanto bochechar-se com um pouco de aacutegua

33 Escovagem dos dentes no Jardim-de-infacircncia e na Escola identificaccedilatildeo e arrumaccedilatildeo das escovas e copos

Hoje em dia haacute escovas de dentes que tecircm uma tampa ou estojo com orifiacutecios que a protege Caso se

opte pela utilizaccedilatildeo destas escovas natildeo eacute necessaacuterio que fiquem na escola Os alunos poderatildeo colocaacute-

la dentro da mochila juntamente com o tubo do dentiacutefrico e transportaacute-los diariamente para a escola

O conceito de intransmissibilidade da escova de dentes deve ser reforccedilado junto das crianccedilas Se as

escovas ficarem na escola eacute essencial que estejam identificadas bastando para tal escrever no cabo da

escova o nome da crianccedila com uma caneta de tinta resistente agrave aacutegua Tambeacutem se devem identificar os

dentiacutefricos Cada aluno deveraacute ter o seu proacuteprio dentiacutefrico e os copos caso natildeo sejam descartaacuteveis

As escovas guardam-se num local seco e arejado de modo a que os pelos fiquem virados para cima e

natildeo contactem umas com as outras Cada escova pode ser colocada dentro do copo num suporte

acriacutelico ou outro material resistente agrave aacutegua em local seco e arejado

Dentiacutefricos e escovas devem estar fora do alcance das crianccedilas para evitar a troca ou ingestatildeo

acidental de dentiacutefrico Caso haja a possibilidade de utilizar copos descartaacuteveis (de cafeacute) o processo eacute

bastante simplificado (os copos de cafeacute podem ser substituiacutedos por copos de iogurte) Os produtos de

higiene oral podem ser adquiridos com a colaboraccedilatildeo da Autarquia do Centro de Sauacutede dos pais ou

ateacute de alguma empresa Se a escola tiver refeitoacuterio pode tambeacutem ser viaacutevel utilizar os copos do

refeitoacuterio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 11

34 Escovagem dos den tes ndash Organ izaccedilatildeo da ac t i v idade

A escovagem dos dentes deve ser feita diariamente no jardim-de-infacircncia e na escola apoacutes o almoccedilo agrave

entrada na sala de aula ou apoacutes o intervalo As crianccedilas poderatildeo escovar os dentes na casa de banho no

refeitoacuterio ou na proacutepria sala de aula O processo eacute simples natildeo exigindo muitas condiccedilotildees fiacutesicas das

escolas que satildeo frequentemente utilizadas para justificar a recusa desta actividade

Caso a escola tenha lavatoacuterios suficientes esta actividade pode ser feita na casa de banho Eacute necessaacuterio

definir a hora em que cada uma das salas vai utilizar esse espaccedilo Na casa de banho deveratildeo estar

apenas as crianccedilas que estatildeo a escovar os dentes Os outros esperam a sua vez em fila agrave porta Eacute

essencial que esteja algueacutem (auxiliar professoreducador ou voluntaacuterio) a vigiar para manter a ordem

organizar o processo e corrigir a teacutecnica da escovagem No final da escovagem cada crianccedila lava a

escova e o copo (se natildeo for descartaacutevel) e arruma no local destinado a esse efeito

Quando o espaccedilo fiacutesico natildeo permite que a escovagem seja feita na casa de banho esta actividade pode

ser feita na proacutepria sala de aula Nesta situaccedilatildeo se for possiacutevel utilizar copos descartaacuteveis ou copos de

iogurte facilita o processo e torna-o menos moroso Os alunos mantecircm-se sentados nas suas cadeiras

Retiram da sua mochila o estojo com a escova e o dentiacutefrico Um dos alunos distribui os copos e os

guardanapos (ou toalhetes de papel ou papel higieacutenico) Os alunos escovam os dentes todos ao mesmo

tempo podendo ateacute fazecirc-lo com muacutesica O professor deve ir corrigindo a teacutecnica de escovagem Apoacutes

a escovagem as crianccedilas cospem o excesso de dentiacutefrico para o copo limpam a boca tiram o excesso

de dentiacutefrico e saliva da escova com o papel ou o guardanapo e por fim colocam-no dentro do copo

Tapam a escova e arrumam-na em estojo proacuteprio ou na mochila juntamente com o dentiacutefrico No final

um dos alunos vai buscar um saco de lixo passa por todas as carteiras para que cada uma coloque o

seu copo no lixo Caso alguma das crianccedilas natildeo tolere o restos de dentiacutefrico na cavidade oral pode

colocar-se uma pequena porccedilatildeo de aacutegua no copo e no fim da escovagem bochecha e cospe para o

copo Os pais dos alunos devem ser instruiacutedos para se certificarem que em casa a crianccedila lava a sua

escova com aacutegua corrente e volta a colocaacute-la na mochila No sentido de facilitar o procedimento

recomenda-se que os copos sejam descartaacuteveis e as escovas tenham tampa

35 Escovagem dos den tes - A teacutecn ica A escovagem dos dentes para ser eficaz ou seja para remover a placa bacteriana necessita ser feita

com rigor e demora 2 a 3 minutos Quando se utiliza uma escova manual a escovagem faz-se da

seguinte forma

inclinar a escova em direcccedilatildeo agrave gengiva (cerca de 45ordm) e fazer pequenos movimentos vibratoacuterios

horizontais ou circulares de modo a que os pelos da escova limpem o sulco gengival (espaccedilo que

fica entre o dente e a gengiva)

se for difiacutecil manter esta posiccedilatildeo colocar os pecirclos da escova perpendicularmente agrave gengiva e agrave

superfiacutecie do dente

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 12

escovar 2 dentes de cada vez (os correspondentes ao tamanho da cabeccedila da escova) fazendo

aproximadamente 10 movimentos (ou 5 caso sejam crianccedilas ateacute aos 6 anos) nas superfiacutecies

dentaacuterias abarcadas pela escova

comeccedilar a escovagem pela superfiacutecie externa (do lado da bochecha) do dente mais posterior de um

dos maxilares e continuar a escovar ateacute atingir o uacuteltimo dente da extremidade oposta desse

maxilar

com a mesma sequecircncia escovar as superfiacutecies dentaacuterias do lado da liacutengua

proceder do mesmo modo para fazer a escovagem dos dentes do outro maxilar

escovar as superfiacutecies mastigatoacuterias dos dentes com movimentos de vaiveacutem

por fim pode escovar-se a liacutengua

Quando se utiliza uma escova de dentes eleacutectrica segue-se a mesma sequecircncia de escovagem O

movimento da escova eacute feito automaticamente natildeo deve ser feita pressatildeo ou movimentos adicionais

sobre os dentes A escova desloca-se ao longo da arcada escovando um soacute dente de cada vez A

escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluacuteor deve ser feita duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente agrave noite antes de deitar

3 6 Uso do f io den taacute r io A partir do momento em que haacute destreza manual (a partir dos 8 anos) eacute indispensaacutevel o uso do fio ou

fita dentaacuteria que se utiliza da seguinte forma

retirar cerca de 40 cm de fio (ou fita) do porta fio

enrolar a quase totalidade do fio no dedo meacutedio de uma matildeo e uma pequena porccedilatildeo no dedo meacutedio

da outra matildeo deixando entre os dois dedos uma porccedilatildeo de fio com aproximadamente 25 cm

Quando as crianccedilas satildeo mais pequenas pode retirar-se uma porccedilatildeo mais pequena de fio cerca de

30 cm dar um noacute juntando as 2 pontas formando um ciacuterculo com o fio natildeo havendo necessidade

de o enrolar nos dedos Eacute importante utilizar sempre fio limpo em cada espaccedilo interdentaacuterio Os

polegares eou os indicadores ajudam a manuseaacute-lo

introduzir o fio cuidadosamente entre dois dentes e curva-lo agrave volta do dente que se quer limpar

fazendo com que tome a forma de um ldquoCrdquo

executar movimentos curtos horizontais desde o ponto de contacto entre os dentes ateacute ao sulco

gengival em cada uma das faces que delimitam o espaccedilo interdentaacuterio

repetir este procedimento ateacute que todos os espaccedilos interdentaacuterios de todos os dentes estejam

devidamente limpos

O fio dentaacuterio deve ser utilizado uma vez por dia de preferecircncia agrave noite antes de deitar Na escola os

alunos poderatildeo a aprender a utilizar este meio de remoccedilatildeo de placa bacteriana interdentaacuterio sendo

importante envolver os pais no sentido de lhes pedir colaboraccedilatildeo e permitir que as crianccedilas o utilizem

em casa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 13

3 7 Reve lador de p laca bac te r i ana O uso de reveladores de placa bacteriana (em soluto ou em comprimidos mastigaacuteveis) permitem

avaliar a higiene oral e consequentemente melhorar as teacutecnicas de escovagem e de utilizaccedilatildeo do fio

dentaacuterio

A partir dos 6 anos de idade estes produtos podem ser usados para que as crianccedilas visualizem a placa

e mais facilmente compreendam que os seus dentes necessitam de ser cuidadosamente limpos

A eritrosina que tem a propriedade de corar de vermelho a placa bacteriana eacute um dos exemplos de

corantes que se podem utilizar Utiliza-se da seguinte forma

colocar 1 a 2 gotas por baixo da liacutengua ou mastigar um comprimido sem engolir

passar a liacutengua por todas as superfiacutecies dentaacuterias

bochechar com aacutegua

A placa bacteriana corada eacute facilmente removida atraveacutes da escovagem dos dentes e do fio dentaacuterio

Nota Para evitar que os laacutebios fiquem corados de vermelho antes de colocar o corante pode passar

batom creme gordo ou vaselina nos laacutebios

3 8 Bochecho f luore tado A partir dos 6 anos pode ser feito o bochecho quinzenal com fluoreto de soacutedio a 02 na escola da

seguinte forma

agitar a soluccedilatildeo e deitar 10 ml em cada copo e distribui-los

indicar a cada crianccedila para colocar o antebraccedilo no rebordo da mesa

introduzir a soluccedilatildeo na boca sem engolir

repousar a testa no antebraccedilo colocando o copo debaixo da boca

bochechar vigorosamente durante 1 minuto

apoacutes este periacuteodo deve ser cuspida tendo o cuidado de natildeo a engolir

Apoacutes o bochecho a crianccedila deve permanecer 30 minutos sem comer nem beber

39 Iacutendice de placa O Iacutendice de Placa (IP) eacute utilizado para quantificar a placa bacteriana em todas as superfiacutecies dentaacuterias e

reflecte os haacutebitos de higiene oral dos indiviacuteduos avaliados

Assim enquanto que um baixo Iacutendice de Placa poderaacute significar um bom impacto das acccedilotildees de

educaccedilatildeo para a sauacutede em sauacutede oral nomeadamente das relacionadas com a higiene um iacutendice

elevado sugere o contraacuterio

Em programas comunitaacuterios geralmente eacute utilizado o Iacutendice de Placa Simplificado que eacute mais raacutepido

de determinar sendo o resultado final igualmente fiaacutevel

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 14

Para se calcular o Iacutendice de Placa Simplificado eacute necessaacuterio atribuir um valor ao tamanho da placa

bacteriana existente nos seguintes 6 dentes e superfiacutecies predeterminados Maxilar superior

1 Primeiro molar superior direito - Superfiacutecie vestibular

2 Incisivo central superior direito - Superfiacutecie vestibular

3 Primeiro molar superior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

4 Primeiro molar inferior esquerdo - Superfiacutecie lingual

5 Incisivo central inferior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

6 Primeiro molar inferior direito - Superfiacutecie lingual

Para atribuir um valor ao tamanho da placa bacteriana existente em cada uma das su

acima referidas eacute necessaacuterio utilizar o revelador de placa bacteriana para a co

facilitar a sua observaccedilatildeo e respectiva classificaccedilatildeo e registo

A cada uma das superfiacutecies dentaacuterias soacute pode ser atribuiacutedo um dos seguintes valore

Valor 0

Valor 1

Valor 2

Valor 3

rarr Se a superfiacutecie do dente natildeo estaacute corada

rarr Se 13 da superfiacutecie estaacute corado

rarr Se 23 da superfiacutecie estatildeo corados

rarr Se estaacute corada toda a superfiacutecie

Feito o registo da observaccedilatildeo individual verifica-se que o somatoacuterio do conjunto de

poderaacute variar entre 0 (zero) e 18 (dezoito)

Dividindo por 6 (seis) este somatoacuterio obteacutem-se o Iacutendice de Placa Individual

Para determinar o Iacutendice de Placa de um grupo de indiviacuteduos divide-se o som

individuais pelo nuacutemero de indiviacuteduos observados multiplicado por seis (o nuacutemer

nuacutemero de dentes seleccionados por indiviacuteduo)

Assim o Iacutendice de Placa poderaacute variar entre 0 (zero) e 3 (trecircs)

Iacutendice de Placa (IP) = Somatoacuterio da classificaccedilatildeo dada a cada dente

Nordm de indiviacuteduos observados x 6

A sauacutede oral das crianccedilas e adolescentes eacute um grave problema de sauacutede puacuteblica ma

simples como as descritas neste documento executadas pelos proacuteprios eou com

encorajadas pela escola e pelos serviccedilos de sauacutede contribuem decididamente para

oral importantes e implementaccedilatildeo efectiva do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas d

Maxilar inferior

perfiacutecies dentaacuterias

rar e dessa forma

s

valores atribuiacutedos

atoacuterio dos valores

o seis representa o

s que com medidas

ajuda da famiacutelia

ganhos em sauacutede

Sauacutede Oral

e EPSrsquorsquo 15

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

F l u o r e t o s

F u n d a m e n t a ccedil atilde o e R e c o m e n d a ccedil otilde e s d a T a s k F o r c e

Documento produzido pela Task Force constituiacuteda pelo Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr

Ricardo Jorge Direcccedilatildeo-Geral de Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura Faculdade de

Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Medicina Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria

Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa e Porto Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento Instituto Superior de

Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia

Ordem dos Meacutedicos Dentistas Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria Sociedade Portuguesa de

Pediatria e os serviccedilos da DGS Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede Divisatildeo de Sauacutede Ambiental

Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

1 F l u o r e t o s

A evidecircncia cientiacutefica tem demonstrado que as mudanccedilas observadas no padratildeo da doenccedila caacuterie

dentaacuteria ocorrem pela implementaccedilatildeo de programas preventivos e terapecircuticos de acircmbito comunitaacuterio

e por estrateacutegias de acccedilatildeo especiacuteficas dirigidas a grupos de risco com criteriosa utilizaccedilatildeo dos

fluoretos

O fluacuteor eacute o elemento mais electronegativo da tabela perioacutedica e raramente existe isolado sendo por

isso habitualmente referido como fluoreto Na natureza encontra-se sob a forma de um iatildeo (F-) em

associaccedilatildeo com o caacutelcio foacutesforo alumiacutenio e tambeacutem como parte de certos silicatos como o topaacutezio

Normalmente presente nas rochas plantas ar aacuteguas e solos este elemento faz parte da constituiccedilatildeo de

alguns materiais plaacutesticos e pode tambeacutem estar presente na constituiccedilatildeo de alguns fertilizantes

contribuindo desta forma para a sua presenccedila no solo aacutegua e alimentos No solo o conteuacutedo de

fluoretos varia entre 20 e 500 ppm contudo nas camadas mais profundas o seu niacutevel aumenta No ar a

concentraccedilatildeo normal de fluoretos oscila entre 005 e 190microgm3 1

Do fluacuteor que eacute ingerido entre 75 e 90 eacute absorvido por via digestiva sendo a mucosa bucal

responsaacutevel pela absorccedilatildeo de menos de 1 Depois de absorvido passa para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea

sob a forma ioacutenica ou de compostos orgacircnicos lipossoluacuteveis A forma ioacutenica que circula livremente e

natildeo se liga agraves proteiacutenas nem aos componentes plasmaacuteticos nem aos tecidos moles eacute a que vai estar

disponiacutevel para ser absorvida pelos tecidos duros Da quantidade total de fluacuteor presente no organismo

99 encontra-se nos tecidos calcificados Entre 10 e 25 do aporte diaacuterio de fluacuteor natildeo chega a ser

absorvido vindo a ser excretado pelas fezes O fluacuteor absorvido natildeo utilizado (cerca de 50) eacute

eliminado por via renal2

O fluacuteor tem uma grande afinidade com a apatite presente no organismo com a qual cria ligaccedilotildees

fortes que natildeo satildeo irreversiacuteveis Este facto deve-se agrave facilidade com que os radicais hidroxilos da

hidroxiapatite satildeo substituiacutedos pelos iotildees fluacuteor formando fluorapatite No entanto a apatite normal do

ser humano presente no osso e dente mesmo em condiccedilotildees ideais de presenccedila de fluacuteor nunca se

aproxima da composiccedilatildeo da fluorapatite pura

Quando o fluacuteor eacute ingerido passa pela cavidade oral daiacute resultando a deposiccedilatildeo de uma determinada

quantidade nos tecidos e liacutequidos aiacute existentes A mucosa jugal as gengivas a placa bacteriana os

dentes e a saliva vatildeo beneficiar imediatamente de um aporte directo de fluacuteor que pode permitir que a

sua disponibilidade na cavidade oral se prolongue por periacuteodos mais longos Eacute um facto que a presenccedila

de fluacuteor no meio oral independentemente da sua fonte resulta numa acccedilatildeo preventiva e terapecircutica

extremamente importante

Nota 22 mg de fluoreto de soacutedio correspondem a 1 mg de fluacuteor Quando se dilui 1 mg de fluacuteor em um litro de aacutegua pura

considera-se que essa aacutegua passou a ter 1 ppm de fluacuteor

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 2

Considera-se actualmente que os benefiacutecios dos fluoretos resultam basicamente da sua acccedilatildeo toacutepica

sobre a superfiacutecie do dente enquanto a sua acccedilatildeo sisteacutemica (preacute-eruptiva) eacute muito menos importante

A acccedilatildeo preventiva e terapecircutica dos fluoretos eacute conseguida predominantemente pela sua acccedilatildeo toacutepica

quer nas crianccedilas quer nos adultos atraveacutes de trecircs mecanismos diferentes responsaacuteveis pela

bull inibiccedilatildeo do processo de desmineralizaccedilatildeo

bull potenciaccedilatildeo do processo de remineralizaccedilatildeo

bull inibiccedilatildeo da acccedilatildeo da placa bacteriana

O uso racional dos fluoretos na profilaxia da caacuterie dentaacuteria com eficaacutecia e seguranccedila baseia-se no

conhecimento actualizado dos seus mecanismos de acccedilatildeo e da sua toxicologia

Com base na evidecircncia cientiacutefica a estrateacutegia de utilizaccedilatildeo dos fluoretos em sauacutede oral foi redefinida

tendo em conta que a sua acccedilatildeo preventiva eacute predominantemente poacutes-eruptiva e toacutepica e a sua acccedilatildeo

toacutexica com repercussotildees a niacutevel dentaacuterio eacute preacute-eruptiva e sisteacutemica

Estudos epidemioloacutegicos efectuados pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) sobre os efeitos do

fluacuteor na sauacutede humana referem que valores compreendidos entre 1 e 15 ppm natildeo representam risco

acrescido Contudo valores entre 15 e 2 ppm em climas quentes poderatildeo contribuir para a ocorrecircncia

de casos de fluorose dentaacuteria e valores entre 3 a 6 ppm para o aparecimento de fluorose oacutessea

Para a OMS a concentraccedilatildeo oacuteptima de fluoretos na aacutegua quando esta eacute sujeita a fluoretaccedilatildeo deve

estar compreendida entre 05 e 15 ppm de F dependendo este valor da temperatura meacutedia do local

que condiciona a quantidade de aacutegua ingerida nas zonas mais frias o valor maacuteximo pode estar perto

do limite superior nas zonas mais quentes o valor deve estar perto do limite inferior para uma

prevenccedilatildeo eficaz da caacuterie dentaacuteria Para que os riscos de fluorose estejam diminuiacutedos os programas de

fluoretaccedilatildeo das aacuteguas devem obedecer a criteacuterios claramente definidos

Nas regiotildees onde a aacutegua da rede puacuteblica conteacutem menos de 03 ppm (mgl) de fluoretos (situaccedilatildeo mais

frequente em Portugal Continental) a dose profilaacutectica oacuteptima considerando a soma de todas as fontes

de fluoretos eacute de 005mgkgdia3

11 Toxicidade Aguda

Uma intoxicaccedilatildeo aguda pelo fluacuteor eacute uma possibilidade extremamente rara Alguns casos tecircm sido

descritos na literatura Estudos efectuados em roedores e extrapolados para o homem adulto permitem

pensar que a dose letal miacutenima de fluacuteor seja de aproximadamente 2 gramas ou 32 a 64 mgkg de peso

corporal mas para uma crianccedila bastam 15 mgkg de peso corporal 2

A partir da ingestatildeo de doses superiores a 5mgkg de peso corporal considera-se a hipoacutetese de vir a ter

efeitos toacutexicos

As crianccedilas pequenas tecircm um risco acrescido de ingerir doses de fluoretos atraveacutes do consumo de

produtos de higiene oral A ingestatildeo acidental de um quarto de um tubo com dentiacutefrico de 125 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 3

(1500 ppm de Fluacuteor) potildee em risco a vida de uma crianccedila de um ano de idade O risco de ingestatildeo

acidental por crianccedilas eacute real e eacute adjuvado pelo tipo de embalagens destes produtos que natildeo tecircm

dispositivos de seguranccedila para a sua abertura

A toxicidade aguda pelos fluoretos poderaacute manifestar-se por queixas digestivas (dor abdominal

voacutemitos hematemeses e melenas) neuroloacutegicas (tremores convulsotildees tetania deliacuterio lentificaccedilatildeo da

voz) renais (urina turva hematuacuteria) metaboacutelicas (hipocalceacutemia hipomagnesieacutemia hipercalieacutemia)

cardiovasculares (arritmias hipotensatildeo) e respiratoacuterias (depressatildeo respiratoacuteria apneias) 4

12 Toxicidade Croacutenica

A dose total diaacuteria de fluoretos administrados por via sisteacutemica isenta de risco de toxicidade croacutenica

situa-se abaixo de 005 mgkgdia de peso A partir desses valores aumentam as manifestaccedilotildees atraveacutes

do aparecimento de hipomineralizaccedilatildeo do esmalte que se revela por fluorose dentaacuteria Com

concentraccedilotildees acima de 25 ppm na aacutegua esta manifestaccedilatildeo eacute mais evidente sendo tanto mais grave

quanto a concentraccedilatildeo de fluoretos vai aumentando O periacuteodo criacutetico para o efeito toacutexico do fluacuteor se

manifestar sobre a denticcedilatildeo permanente eacute entre o nascimento e os 7 anos de idade (ateacute aos 3 anos eacute o

periacuteodo mais criacutetico) Quando existem fluoretos ateacute 3 ppm na aacutegua aleacutem da fluorose natildeo parece

existir qualquer outro efeito toacutexico na sauacutede A partir deste valor aumenta o risco de nefrotoxicidade

Como qualquer outro medicamento os fluoretos em dose excessiva tecircm efeitos toacutexicos que

normalmente se manifestam atraveacutes de uma interferecircncia na esteacutetica dentaacuteria Essa manifestaccedilatildeo eacute a

fluorose dentaacuteria

Estudos recentes sobre suplementos de fluoretos e fluorose 5 confirmam que as comunidades sem aacutegua

fluoretada e que utilizam suplementos de fluoretos durante os primeiros 6 anos de vida apresentam

um aumento do risco de desenvolver fluorose

O principal factor de risco para o aparecimento de fluorose dentaacuteria eacute o aporte total de fluoretos

provenientes de diferentes fontes nomeadamente da alimentaccedilatildeo incluindo a aacutegua e os suplementos

alimentares dentiacutefricos e soluccedilotildees para bochechos comprimidos e gotas e ingestatildeo acidental que natildeo

satildeo faacuteceis de quantificar

A fluorose dentaacuteria aumentou nos uacuteltimos anos em comunidades com e sem aacutegua fluoretada 6

2 F l u o r e t o s n a aacute g u a

2 1 Aacute g u a d e a b a s t e c i m e n t o p uacute b l i c o

A fluoretaccedilatildeo das aacuteguas para consumo humano como meio de suprir o deacutefice de fluoretos na aacutegua eacute

uma praacutetica comum em alguns paiacuteses como o Brasil Austraacutelia Canadaacute EUA e Nova Zelacircndia

Apesar de serem tatildeo diferentes quer do ponto de vista soacutecioeconoacutemico quer geograacutefico eles detecircm

uma experiecircncia superior a 25 anos neste domiacutenio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 4

Na Europa a maior parte dos paiacuteses natildeo faz fluoretaccedilatildeo das suas aacuteguas para consumo humano agrave

excepccedilatildeo da Irlanda da Suiacuteccedila (Basileia) e de 10 da populaccedilatildeo do Reino Unido Na Alemanha eacute

proibido e nos restantes paiacuteses eacute desaconselhado

Nos paiacuteses em que se faz fluoretaccedilatildeo da aacutegua alguns estudos demonstraram natildeo ter existido um ganho

efectivo na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria No entanto outros como a Austraacutelia no Estado de Victoacuteria

onde a fluoretaccedilatildeo da aacutegua se faz regularmente observaram-se ganhos efectivos na sauacutede oral da

populaccedilatildeo com consequentes ganhos econoacutemicos

Recomendaccedilatildeo Eacute indispensaacutevel avaliar a qualidade das aacuteguas de abastecimento puacuteblico periodicamente e corrigir os

paracircmetros alterados

Na aacutegua os valores das concentraccedilotildees de fluoretos estatildeo compreendidas entre 01 a 07 ppm Contudo

em alguns casos podem apresentar valores muito mais elevados

Quando a aacutegua apresenta valores de ph superiores a 8 e o iatildeo soacutedio e os carbonatos satildeo dominantes os

valores de fluoretos normalmente presentes excedem 1 ppm

Nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica os fluoretos podem existir naturalmente ou resultar de um

programa de fluoretaccedilatildeo Em Portugal Continental os valores satildeo normalmente baixos e as aacuteguas natildeo

estatildeo sujeitas a fluoretaccedilatildeo artificial O teor de fluoretos deveraacute ser controlado regularmente de modo

a preservar os interesses da sauacutede puacuteblica 7

Na definiccedilatildeo de um valor guia para a aacutegua de consumo humano a OMS propotildee o valor limite de 15

ppm de Fluacuteor referindo que valores superiores podem contribuir para o aumento do risco de fluorose

A Agecircncia Americana para o Ambiente (USEPA) refere um valor maacuteximo admissiacutevel de fluoretos na

aacutegua de consumo humano de 15 ppm e recomenda que nunca se ultrapasse os 4 ppm

Em Portugal a legislaccedilatildeo actualmente em vigor sobre a qualidade da aacutegua para consumo humano

decreto-lei nordm 23698 de 1 de Agosto define dois Valores Maacuteximos Admissiacuteveis (VMA) para os

fluoretos 15 ppm (8 a 12 ordmC) e 07 ppm (25 a 30 ordmC) O decreto-lei nordm 2432001 de 5 de Setembro

que transpotildee a Directiva Comunitaacuteria nordm 9883CE de 3 de Novembro que entrou em vigor em 25 de

Dezembro de 2003 define para os fluoretos um Valor Parameacutetrico (VP) de 15 ppm

O decreto-lei nordm 24301 remete para a Entidade Gestora a verificaccedilatildeo da conformidade dos valores

parameacutetricos obrigatoacuterios aplicaacuteveis agrave aacutegua para consumo humano Sempre que um valor parameacutetrico

eacute excedido isso corresponde a uma situaccedilatildeo de incumprimento e perante esta situaccedilatildeo a entidade

gestora deve de imediato informar a autoridade de sauacutede e a entidade competente dando conta das

medidas correctoras adoptadas ou em curso para restabelecer a qualidade da aacutegua destinada a consumo

humano

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 5

Deve ter-se em atenccedilatildeo o desvio em relaccedilatildeo ao valor parameacutetrico fixado e o perigo potencial para a

sauacutede humana

Segundo o decreto-lei supra mencionado artigo 9ordm compete agraves autoridades de sauacutede a vigilacircncia

sanitaacuteria e a avaliaccedilatildeo do risco para a sauacutede puacuteblica da qualidade da aacutegua destinada ao consumo

humano Sempre que o risco exista e o incumprimento persistir a autoridade de sauacutede deve informar e

aconselhar os consumidores afectados e determinar a proibiccedilatildeo de abastecimento restringir a

utilizaccedilatildeo da aacutegua que constitua um perigo potencial para a sauacutede humana e adoptar todas as medidas

necessaacuterias para proteger a sauacutede humana

Nos Accedilores e na Madeira ou em zonas onde o teor de fluoretos na aacutegua eacute muito elevado deveraacute ser

feita uma verificaccedilatildeo da constante e a correcccedilatildeo adequada

Os principais tratamentos de desfluoretaccedilatildeo envolvem a floculaccedilatildeo da aacutegua usando sais hidratados de

alumiacutenio principalmente em condiccedilotildees alcalinas No caso de aacuteguas aacutecidas pode-se adicionar cal e

alternativamente pode-se recorrer agrave adsorccedilatildeo com carvatildeo activado ou alumina activada ( Al2O3 ) ou

por permuta ioacutenica usando resinas especiacuteficas

Recomendaccedilatildeo Ateacute aos 6-7 anos as crianccedilas natildeo devem ingerir regularmente aacutegua com teor de fluoretos superior a 07 ppm

Recomendaccedilatildeo Sempre que o valor parameacutetrico dos fluoretos na aacutegua para consumo humano exceder 15 ppm deveratildeo ser aplicadas

medidas correctoras para restabelecer a qualidade da aacutegua

2 2 Aacute g u a s m i n e r a i s n a t u r a i s e n g a r r a f a d a s

As aacuteguas minerais naturais engarrafadas deveratildeo no futuro ter rotulagem de acordo com a Directiva

Comunitaacuteria 200340CE da Comissatildeo Europeia de 16 de Maio publicada no Jornal Oficial da Uniatildeo

Europeia em 2252003 artigo 4ordm laquo1 As aacuteguas minerais naturais cuja concentraccedilatildeo em fluacuteor for

superior a 15 mgl (ppm) devem ostentar no roacutetulo a menccedilatildeo lsquoconteacutem mais de 15 mgl (ppm) de

fluacuteor natildeo eacute adequado o seu consumo regular por lactentes nem por crianccedilas com menos de 7 anosrsquo

2 No roacutetulo a menccedilatildeo prevista no nordm 1 deve figurar na proximidade imediata da denominaccedilatildeo de

venda e em caracteres claramente visiacuteveis 3

As aacuteguas minerais naturais que em aplicaccedilatildeo do nordm 1 tiverem de ostentar uma menccedilatildeo no roacutetulo

devem incluir a indicaccedilatildeo do teor real em fluacuteor a niacutevel da composiccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica em constituintes

caracteriacutesticos tal como previsto no nordm 2 aliacutenea a) do artigo 7ordm da Directiva 80777CEEraquo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 6

Para as aacuteguas de nascente cujas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas satildeo definidas pelo Decreto-lei

2432001 de 5 de Setembro em vigor desde Dezembro de 2003 os limites para o teor de fluoretos satildeo

de 15 mgl (ppm)

De acordo com o parecer do Scientific Committee on Food - Comiteacute Cientiacutefico de Alimentaccedilatildeo

Humana (expresso em Dezembro de 1996) a Comissatildeo natildeo vecirc razotildees para nos climas da Uniatildeo

Europeia (climas temperados) limitar os fluoretos nas aacuteguas de consumo humano e nas aacuteguas minerais

naturais para valores inferiores a 15mgl (ppm)

3 F l u o r e t o s n o s g eacute n e r o s a l i m e n t iacute c i o s

Entende-se por lsquogeacutenero alimentiacuteciorsquo qualquer substacircncia ou produto transformado parcialmente

transformado ou natildeo transformado destinado a ser ingerido pelo ser humano ou com razoaacuteveis

probabilidades de o ser Este termo abrange bebidas pastilhas elaacutesticas e todas as substacircncias

incluindo a aacutegua intencionalmente incorporadas nos geacuteneros alimentiacutecios durante o seu fabrico

preparaccedilatildeo ou tratamento8 9

Na alimentaccedilatildeo as estimativas de ingestatildeo de fluacuteor atraveacutes da dieta variam entre 02 e 34 mgdia

sendo estes uacuteltimos valores atingidos quando se inclui o chaacute na alimentaccedilatildeo A ingestatildeo de fluoretos

provenientes dos alimentos comuns eacute pouco significativa Apenas 13 se apresentam na forma

ionizaacutevel e portanto biodisponiacutevel

Recomendaccedilatildeo Independentemente da origem ao utilizar aacutegua informe-se sobre o seu teor em fluoretos As que tecircm um elevado teor

deste elemento natildeo satildeo adequadas para lactentes e crianccedilas com menos de 7 anos

Recomendaccedilatildeo Dar prioridade a uma dieta equilibrada e saudaacutevel com diversidade alimentar Utilizar a aacutegua da cozedura dos

alimentos para confeccionar outros alimentos (ex sopas arroz)

No iniacutecio do ano de 2003 a Comissatildeo Europeia apresentou uma nova proposta de Directiva

Comunitaacuteria relativa agrave ldquoAdiccedilatildeo aos geacuteneros alimentiacutecios de vitaminas minerais e outras substacircnciasrdquo

onde os fluoretos satildeo referidos como podendo ser adicionados a geacuteneros alimentiacutecios comuns Nesta

proposta de Directiva Comunitaacuteria eacute sugerida a inclusatildeo de determinados nutrimentos (entre eles o

fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de geacuteneros alimentiacutecios comuns Esta proposta

prevista no Livro Branco da Comissatildeo ainda estaacute numa fase inicial de discussatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 7

4 F l u o r e t o s e m s u p l e m e n t o a l i m e n t a r

Entende-se por lsquosuplementos alimentaresrsquo geacuteneros alimentiacutecios que se destinam a complementar e ou

suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas

substacircncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisioloacutegico estremes ou combinados

comercializados em forma doseada tais como caacutepsulas pastilhas comprimidos piacutelulas e outras

formas semelhantes saquetas de poacute ampola de liacutequido frascos com conta gotas e outras formas

similares de liacutequido ou poacute que se destinam a ser tomados em unidades medidas de quantidade

reduzida10

A Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002

transposta para o direito nacional pelo Decreto-lei nordm 1362003 de 28 de Junho relativa agrave aproximaccedilatildeo

das legislaccedilotildees dos Estados-Membros respeitantes aos suplementos alimentares vai permitir a inclusatildeo

de determinados nutrimentos (entre eles o fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de

suplementos alimentares11

A partir de 28 de Agosto de 2003 os fluoretos poderatildeo ser comercializados como suplemento

alimentar passando a estar disponiacutevel em farmaacutecias e superfiacutecies comerciais

As quantidades maacuteximas de vitaminas e minerais presentes nos suplementos alimentares satildeo fixadas

em funccedilatildeo da toma diaacuteria recomendada pelo fabricante tendo em conta os seguintes elementos

a) limites superiores de seguranccedila estabelecidos para as vitaminas e os minerais apoacutes uma

avaliaccedilatildeo dos riscos efectuada com base em dados cientiacuteficos geralmente aceites tendo em

conta quando for caso disso os diversos graus de sensibilidade dos diferentes grupos de

consumidores

b) quantidade de vitaminas e minerais ingerida atraveacutes de outras fontes alimentares

c) doses de referecircncia de vitaminas e minerais para a populaccedilatildeo

Recomendaccedilatildeo Nunca ultrapassar a toma indicada no roacutetulo do produto e natildeo utilizar um suplemento alimentar como substituto de um

regime alimentar variado

As quantidades maacuteximas e miacutenimas de vitaminas e minerais referidas seratildeo adoptadas pela Comissatildeo

Europeia assistida pelo Comiteacute de Regulamentaccedilatildeo

Em Portugal a Agecircncia para a Qualidade e Seguranccedila Alimentar viraacute a ter informaccedilatildeo sobre todos os

suplementos alimentares comercializados como geacuteneros alimentiacutecios e introduzidos no mercado de

acordo com o Decreto-lei nordm 1362003

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 8

A rotulagem dos suplementos alimentares natildeo poderaacute mencionar nem fazer qualquer referecircncia a

prevenccedilatildeo tratamento ou cura de doenccedilas humanas e deveraacute indicar uma advertecircncia de que os

produtos devem ser guardados fora do alcance das crianccedilas

5 F luore tos em med icamentos e p rodutos cosmeacutet icos de h ig iene corpora l

A distinccedilatildeo entre Medicamento e Produto Cosmeacutetico de Higiene Corporal contendo fluoretos depende

do seu teor no produto Os cosmeacuteticos contecircm obrigatoriamente uma concentraccedilatildeo de fluoretos inferior

a 015 (1500 ppm) (Decreto-lei 1002001 de 28 de Marccedilo I Seacuterie A) sendo que todos os dentiacutefricos

com concentraccedilotildees de fluoretos superior a 015 satildeo obrigatoriamente classificados como

medicamentos

Os medicamentos contendo fluoretos e utilizados para a profilaxia da caacuterie dentaacuteria existentes no

mercado portuguecircs satildeo de venda livre em farmaacutecia Encontram-se disponiacuteveis nas formas

farmacecircuticas de soluccedilatildeo oral (gotas orais) comprimidos dentiacutefricos gel dentaacuterio e soluccedilatildeo de

bochecho

5 1 F l u o r e t o s e m c o m p r i m i d o s e g o t a s o r a i s

A utilizaccedilatildeo de medicamentos contendo fluoretos na forma de gotas orais e comprimidos foi ateacute haacute

pouco recomendada pelos profissionais de sauacutede (pediatras meacutedicos de famiacutelia cliacutenicos gerais

meacutedicos estomatologistas meacutedicos dentistas) dos 6 meses ateacute aos 16 anos

A clarificaccedilatildeo do mecanismo de acccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria e o aumento de

aporte dos mesmos com consequentes riscos de manifestaccedilatildeo toacutexica obrigaram agrave revisatildeo da sua

administraccedilatildeo em comprimidos eou gotas A gravidade da fluorose dentaacuteria estaacute relacionada com a

dose a duraccedilatildeo e com a idade em que ocorre a exposiccedilatildeo ao fluacuteor 12 13

A ldquoCanadian Consensus Conference on the Appropriate Use of Fluoride Supplements for the

Prevention of Dental Caries in Childrenrdquo 14definiu um protocolo cuja utilizaccedilatildeo eacute recomendada a

profissionais de sauacutede em que se fundamenta a tomada de decisatildeo sobre a necessidade ou natildeo da

suplementaccedilatildeo de fluacuteor A administraccedilatildeo de comprimidos soacute eacute recomendada quando o teor de fluoretos

na aacutegua de abastecimento puacuteblico for inferior a 03 ppm e

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) natildeo escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas

vezes por dia

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas vezes

por dia mas apresenta um alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 9

Por sua vez a conclusatildeo do laquoForum on Fluoridation 2002raquo15 relativamente agrave administraccedilatildeo de

suplementos de fluoretos foi a seguinte limitar a utilizaccedilatildeo de comprimidos de fluoretos a aacutereas onde

natildeo existe aacutegua fluoretada e iniciar essa suplementaccedilatildeo apenas a crianccedilas com alto risco agrave caacuterie e a

partir dos 3 anos

Os comprimidos de fluoretos caso sejam indicados devem ser usados pelo interesse da sua acccedilatildeo

toacutepica Devem ser dissolvidos na boca em vez de imediatamente ingeridos16

A administraccedilatildeo de fluoretos sob a forma de comprimidos chupados soacute deveraacute ser efectuada em

situaccedilotildees excepcionais isto eacute em populaccedilotildees de baixos recursos econoacutemicos nas quais a escovagem

natildeo possa ser promovida e os iacutendices de caacuterie sejam elevados

Para evitar a potencial toxicidade dos fluoretos antes de qualquer prescriccedilatildeo todos os profissionais de

sauacutede devem efectuar uma avaliaccedilatildeo personalizada dos aportes diaacuterios de cada crianccedila tendo em conta

todas as fontes possiacuteveis desse elemento alimentos comuns suplementos alimentares consumo de

aacutegua da rede puacuteblica eou aacutegua engarrafada e respectivo teor de fluoretos e utilizaccedilatildeo de medicamentos

e produtos cosmeacuteticos contendo fluacuteor

Recomendaccedilatildeo A partir dos 3 anos os suplementos sisteacutemicos de fluoretos poderatildeo ser prescritos pelo meacutedico assistente ou meacutedico dentista em crianccedilas que apresentem um alto risco

agrave caacuterie dentaacuteria

5 2 F l u o r e t o s e m d e n t iacute f r i c o s

Hoje em dia a maior parte dos dentiacutefricos agrave venda no mercado contecircm fluoretos sob diferentes formas

fluoreto de soacutedio monofluorfosfato de soacutedio fluoreto de amina e outros Os mais utilizados satildeo o

fluoreto de soacutedio e o monofluorfosfato de soacutedio

Normalmente o conteuacutedo de fluoreto dos dentiacutefricos eacute de 1000 a 1100 ppm (ou 010 a 011)

podendo variar entre 500 e 1500 ppm

Durante a escovagem cerca de 34 da pasta eacute ingerida por crianccedilas de 3 anos 28 pelas de 4-5 anos

e 20 pelas de 5-7 anos

Devem ser evitados dentiacutefricos com sabor a fruta para impedir o seu consumo em excesso uma vez

que estatildeo jaacute descritos na literatura casos de fluorose resultantes do abuso de dentiacutefricos2

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluoretos duas vezes por dia tem-se revelado um

meio colectivo de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria com grande efectividade e baixo custo pelo que deve

ser considerado o meio de eleiccedilatildeo em estrateacutegias comunitaacuterias

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 10

Do ponto de vista da prevenccedilatildeo da caacuterie a aplicaccedilatildeo toacutepica de dentiacutefrico fluoretado com a escova dos

dentes deve ser executada duas vezes por dia e deve iniciar-se quando se daacute a erupccedilatildeo dos dentes Esta

rotina diaacuteria de higiene executada naturalmente com muito cuidado pelos pais deve

progressivamente ser assumida pela crianccedila ateacute aos 6-8 anos de idade Durante este periacuteodo a

escovagem deve ser sempre vigiada pelos pais ou educadores consoante as circunstacircncias para evitar

a utilizaccedilatildeo de quantidades excessivas de dentiacutefrico o qual pode da mesma forma que os

comprimidos conduzir antes dos 6 anos agrave ocorrecircncia de fluorose

As crianccedilas devem usar dentiacutefrico com teor de fluoretos entre 1000-1500 ppm de fluoreto (dentiacutefrico

de adulto) sendo a quantidade a utilizar do tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

Apoacutes a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado pode-se natildeo bochechar com aacutegua Deveraacute

apenas cuspir-se o excesso de pasta Deste modo consegue-se uma mais alta concentraccedilatildeo de fluoreto

na cavidade oral que vai actuar topicamente durante mais tempo

Os pais das crianccedilas devem receber informaccedilatildeo sobre a escovagem dentaacuteria e o uso de dentiacutefricos

fluoretados A escovagem com dentiacutefrico fluoretado deve iniciar-se imediatamente apoacutes a erupccedilatildeo dos

primeiros dentes Os dentiacutefricos fluoretados devem ser guardados em locais inacessiacuteveis agraves crianccedilas

pequenas17

5 3 F l u o r e t o s e m s o l u ccedil otilde e s d e b o c h e c h o

As soluccedilotildees para bochechos recomendadas a partir dos 6 anos de idade tecircm sido utilizadas em

programas escolares de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria em inuacutemeros paiacuteses incluindo Portugal Satildeo

recomendadas a indiviacuteduos de maior risco agrave caacuterie dentaacuteria mas a sua utilizaccedilatildeo tem vido a ser

restringida a crianccedilas que escovam eficazmente os dentes

Recomendaccedilatildeo Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Recomendaccedilatildeo A partir dos 6 anos de idade deve ser feito o bochecho quinzenalmente com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

02

As soluccedilotildees fluoretadas de uso diaacuterio habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

005 e as de uso semanal ou quinzenal habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de 02

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 11

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 12

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Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Page 21: Direcção-Geral da SaúdePrograma será complementado, sempre que oportuno, por orientações técnicas a emitir por esta Direcção-Geral. O Director-Geral e Alto Comissário da

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 19

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31 Scientific Committee on Cosmetic Products and non-food products intended for consumers The safety of fluorine compounds in oral hygiene products for children under the age of 6 years Adopted by the SCCNFP during the 24 th plenary meeting of 24-24 June 2003

32 Trumbo P Schlicker S Yates AA Poos M Dietary Reference Intakes for energy carbohydrate fiber fat fatty acids cholesterol protein and amino acids J Am Diet Assoc 2002 102 (11) 1621-30

33 Wang NJ Gropen AM Ogaard B Risk factors associated with fluorosis in a non-fluoridated population in Norway Community Dentistry and Oral Epidemiology 1997 25 396-401

34 Wang NJ Riordan PJ Fluorides and supplements and caries in a non-fluoridated child population Community Dentistry and Oral Epidemiology 1999 27 117-23

35 Warren JJ Kanellis MJ Levy SM Fluorosis of the primary dentition what does it mean for permanent teeth JADA 1999 130 347-56

36 Wendt LK Koch G Birkhed D On the retention and effectiveness of fissure sealants in permanent molars after 15-20 years a cohort study Community Dentistry and Oral Epidemiology 2001 29 302-7

37 WHO Fluorides and Oral Health WHO Geneva 1994 (Technical Report Series 846)

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 20

Agradecimentos

A Task Force que colaborou na revisatildeo do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral coordenada pela Drordf Gregoacuteria Paixatildeo von Amann e pela Higienista Oral Cristina Ferreira Caacutedima da Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede contou com a prestimosa colaboraccedilatildeo teacutecnica e cientiacutefica de

Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge representado pela Drordf Dirce Silveira

Direcccedilatildeo-Geral da Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura representada pela Engordf Maria de Lourdes Camilo

Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa representada pelo Prof Doutor Paulo Melo

Faculdade de Medicina de Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria representada pelo Dr Francisco Delille

Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade de Lisboa representada pelo Prof Doutor Ceacutesar Mexia de Almeida

Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto representada pelo Prof Doutor Fernando M Peres

Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento representado pela Drordf Ana Arauacutejo

Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede - Norte representado pelo Prof Doutor Paulo Rompante

Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede - Sul representado pela Profordf Doutora Fernanda Mesquita

Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia representada pelo Dr Alexandre Loff Seacutergio

Ordem dos Meacutedicos Dentistas representada pelo Prof Doutor Paulo Melo

Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria representada pelo Prof Doutor Ceacutesar Mexia de Almeida

Sociedade Portuguesa de Pediatria representada pelo Dr Manuel Salgado

Serviccedilos da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede representada pela Drordf Anabela Lopes Divisatildeo de Sauacutede Ambiental representada pelo Engordm Paulo Diegues e a Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede representada pelo Dr Pedro Ribeiro da Silva

Pelas sugestotildees e correcccedilotildees introduzidas o nosso agradecimento agrave Profordf Doutora Isabel Loureiro ao Dr Vasco Prazeres Drordf Leonor Sassetti Drordf Ana Paula Ramalho Correia Dr Rui Calado Drordf Maria Otiacutelia Riscado Duarte Dr Joatildeo Breda e ao Sr Viacutetor Alves que concebeu o logoacutetipo do programa

A todos a Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede e a Divisatildeo de Sauacutede Escolar agradecem

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

E s t r a t eacute g i a s e T eacute c n i c a s d e E d u c a ccedil atilde o e P r o m o ccedil atilde o

d a S a uacute d e

Documento produzido no acircmbito dos trabalhos da Task Force pela Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede Dr

Pedro Ribeiro da Silva e Dr Joatildeo Breda e pela Higienista Oral Cristina Ferreira Caacutedima e Drordf Gregoacuteria Paixatildeo von Amann da

Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede que coordenou os trabalhos

1 Preacircmbulo

Os Programas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede tecircm por objectivo capacitar as pessoas a tomarem decisotildees no

seu quotidiano que se revelem as mais adequadas para manter ou alargar o seu potencial de sauacutede

Para se atingir este objectivo fornece-se informaccedilatildeo e utilizam-se metodologias que facilitem e decircem

suporte agraves mudanccedilas comportamentais e agrave manutenccedilatildeo das praacuteticas consideradas saudaacuteveis

Mas a mudanccedila de comportamentos natildeo eacute faacutecil depende de factores sociais culturais familiares

entre muitos outros e natildeo apenas do conhecimento cientiacutefico que as pessoas possuam sobre

determinada mateacuteria

Esta dificuldade eacute bem patente quando como no presente caso se pretende intervir sobre

comportamentos relacionados com a alimentaccedilatildeo e a escovagem dos dentes

Quando os pais datildeo aos filhos patildeo achocolatado ou outros alimentos accedilucarados para levarem para a

escola estatildeo com frequecircncia a dar natildeo apenas um alimento mas tambeacutem e ateacute talvez

principalmente afecto tentando colmatar lacunas que possam ter na relaccedilatildeo com os seus filhos

mesmo que natildeo tenham consciecircncia desse facto

Podem tambeacutem dar este tipo de alimento por terem dificuldade de encontrar tempo para confeccionar

uma sandes ou outro alimento e os anteriormente referidos estatildeo sempre prontos a serem colocados na

mochila da crianccedila

Eacute importante desenvolvermos estrateacutegias de Educaccedilatildeo para a Sauacutede que natildeo culpabilizem os pais

porque estes intrinsecamente desejam sempre o melhor para os seus filhos embora natildeo consigam por

vezes colocaacute-lo em praacutetica

Devido agrave complexidade que eacute actuar sobre comportamentos individuais para se aumentar a eficiecircncia

das nossas praacuteticas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede torna-se fulcral utilizar metodologias alargadas a vaacuterios

parceiros e sectores da comunidade de forma articulada e continuada para que progressivamente

possamos ir obtendo resultados

Como propotildee Nancy Russel no seu Manual de Educaccedilatildeo para a Sauacutede ldquoPara desenhar um

programa de Educaccedilatildeo para a Sauacutede eacute necessaacuterio ter conhecimentos sobre comportamentos e sobre

os factores que produzem a mudanccedilardquo E continua explicitando ldquoAs teorias da mudanccedila de

comportamento que podem ser aplicadas em Educaccedilatildeo para a Sauacutede foram elaboradas a partir de

uma variedade de aacutereas incluindo a psicologia a sociologia a antropologia a comunicaccedilatildeo e o

marketing Nenhuma teoria ou rede de conceitos domina por si soacute a investigaccedilatildeo ou a praacutetica da

Educaccedilatildeo para a Sauacutede Provavelmente porque os comportamentos de sauacutede satildeo demasiado

complexos para serem explicados por uma uacutenica teoriardquo (19968)

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 2

2 Metodologias para Desenvolvimento da Acccedilatildeo

21 Primeira vertente ndash O diagnoacutestico de situaccedilatildeo

A primeira etapa de actuaccedilatildeo eacute de grande importacircncia para a continuidade das outras actividades e

podemos resumi-la a um bom diagnoacutestico de situaccedilatildeo que permita conhecer em pormenor a realidade

sobre a qual se pretende actuar

I - Eacute importante estabelecer como uma das primeiras actividades a anaacutelise de duas vertentes com

grande influecircncia na sauacutede oral os haacutebitos culturais das famiacutelias relativamente agrave alimentaccedilatildeo e as

praacuteticas de higiene oral dos adultos e das crianccedilas

II - Um segundo aspecto relaciona-se com os tipos de interacccedilatildeo entre professores ou

educadores de infacircncia e pais No caso de essa interacccedilatildeo ser regular e organizada importa saber como

reagem os pais agraves indicaccedilotildees dos professores sobre os aspectos comportamentais das crianccedilas e que

efeito e eficaacutecia tecircm essas acccedilotildees na capacitaccedilatildeo de pais e filhos relativamente aos comportamentos

relacionados com a sauacutede oral

Actividades a desenvolverem

a) estudar as formas de melhorar a relaccedilatildeo entre pais e professores procurando resolver as

dificuldades que com frequecircncia os pais apresentam como obstaacuteculos ao contacto mais regular

com os professores

b) analisar a eficaacutecia das recomendaccedilotildees dadas procurando as razotildees que possam estar na origem

de situaccedilotildees de menor eficaacutecia como o desfasamento entre as recomendaccedilotildees e o contexto

familiar e cultural das crianccedilas ou recomendaccedilotildees muito teacutecnicas ou paternalistas Todas estas

situaccedilotildees podem provocar resistecircncias nas famiacutelias agrave adesatildeo agraves praacuteticas desejaacuteveis relativamente

ao programa de sauacutede oral Esta temaacutetica da Educaccedilatildeo para a Sauacutede e as praacuteticas

comportamentais eacute muito complexa mas fundamental para se conseguirem resultados ao niacutevel

dos comportamentos

III - Outra componente a analisar satildeo os aspectos sociais dos consumos alimentares que possam

estar relacionados com situaccedilotildees locais como campanhas publicitaacuterias ou de promoccedilatildeo de

determinados alimentos potencialmente cariogeacutenicos nos estabelecimentos da zona Oferta pouco

adequada de alimentos na cantina da escola com existecircncia preponderante de alimentos e bebidas

accedilucaradas A confecccedilatildeo das refeiccedilotildees no refeitoacuterio com pouca oferta de fruta legumes e vegetais e

preponderacircncia de sobremesas doces

Segundo o Modelo Precede de Green existem 3 etapas a contemplar num diagnoacutestico de situaccedilatildeo

middot diagnoacutestico epidemioloacutegico necessaacuterio para a identificaccedilatildeo dos problemas de sauacutede sobre os

quais se vai actuar como sejam os iacutendices de caacuterie fluorose dentaacuteria e outros

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 3

middot diagnoacutestico social que corresponde agrave identificaccedilatildeo das situaccedilotildees sociais existentes na comunidade

onde se desenvolve a actividade que podem contribuir para os problemas de sauacutede oral detectados

ou que se pretende prevenir

middot diagnoacutestico comportamental para identificaccedilatildeo dos vaacuterios padrotildees comportamentais que possam

estar relacionados com os problemas de sauacutede oral inventariados

A este diagnoacutestico de problemas eacute importante associar-se a identificaccedilatildeo de necessidades da

populaccedilatildeo-alvo da acccedilatildeo

Apesar da prevalecircncia das doenccedilas orais e da necessidade deste Programa Nacional em algumas

comunidades poderatildeo existir vaacuterios outros problemas de sauacutede mais graves ou mais prevalentes e

neste caso importa fazer uma avaliaccedilatildeo dos recursos e das possibilidades de eficaacutecia dando prioridade

aos grupos e agraves situaccedilotildees mais graves e de maior amplitude Outro factor a ter em conta na decisatildeo

relaciona-se com a capacidade de alterar as causas comportamentais ou factores de risco pelo

programa educacional

Apoacutes a avaliaccedilatildeo das necessidades deveratildeo ser estabelecidas as prioridades tendo em conta os

problemas de sauacutede identificados a capacidade de alteraccedilatildeo dos factores de risco comportamentais e

outros Eacute muito importante associar-se agrave definiccedilatildeo de prioridades de actuaccedilatildeo a caracterizaccedilatildeo dos sub-

grupos existentes e as diferentes estrateacutegias apropriadas a cada uma dessas populaccedilotildees alvo

22 Segunda vertente ndash os teacutecnicos de educaccedilatildeo

Todos os parceiros satildeo importantes para o desenvolvimento dos programas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede

mas no caso especiacutefico da sauacutede oral os teacutecnicos de Educaccedilatildeo satildeo fundamentais Eacute por esta razatildeo

tarefa prioritaacuteria sensibilizaacute-los e englobaacute-los no desenho dos programas desde o iniacutecio

Sabemos atraveacutes das nossas praacuteticas anteriores que nem sempre os teacutecnicos de educaccedilatildeo aderem a

algumas das actividades dos programas de sauacutede oral propostas pelos teacutecnicos de sauacutede utilizando

para isso os mais diversos argumentos A explicitaccedilatildeo dos uacuteltimos consensos cientiacuteficos nesta aacuterea

com disponibilizaccedilatildeo de bibliografia pode ser facilitador da adesatildeo ao programa

Uma das actividades centrais deste programa seraacute trabalhar em conjunto com os teacutecnicos de educaccedilatildeo

nomeadamente docentes das escolas baacutesicas e secundaacuterias e educadores de infacircncia sobre as

potencialidades do programa e os ganhos em sauacutede que a meacutedio e longo prazo este pode provocar na

populaccedilatildeo portuguesa

Outra tarefa importante eacute a reflexatildeo em conjunto sobre as dificuldades diagnosticadas em cada escola

para concretizar as actividades do programa na tentativa de encontrar soluccedilotildees seja atraveacutes da

resoluccedilatildeo dos obstaacuteculos seja encontrando alternativas Poderaacute acontecer natildeo ser possiacutevel executar

todas as tarefas incluiacutedas no programa Nesses casos importa decidir quais as actividades que poderatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 4

ser levadas agrave praacutetica com ecircxito Seraacute preferiacutevel concretizar algumas tarefas que nenhumas assim

como seraacute melhor realizar bem poucas tarefas do que muitas ou todas de forma deficiente

Frequentemente existe um diferencial de conhecimentos sobre estas aacutereas entre os teacutecnicos de

educaccedilatildeo e os de sauacutede Para evitar problemas eacute imperioso que os teacutecnicos de educaccedilatildeo sejam

parceiros em igualdade de circunstacircncia e natildeo sintam que tecircm um papel secundaacuterio no projecto ou

meros executores de tarefas

A eventual deacutecalage de conhecimentos sobre sauacutede oral pode ser compensado utilizando estrateacutegias de

trabalho em equipa natildeo assumindo os teacutecnicos de sauacutede papel de liacutederes do processo nem de

detentores da informaccedilatildeo cientiacutefica As teacutecnicas de trabalho em equipa devem implicam a partilha de

tarefas e lideranccedila natildeo assumindo o programa uma dimensatildeo vertical e impositiva por parte da sauacutede

As mensagens chave do programa seratildeo discutidas por todos os intervenientes Eacute muito importante que

sejam claras nos conteuacutedos e assumidas por toda a equipa em todas as situaccedilotildees de modo a tornar as

intervenccedilotildees coerentes com os objectivos do programa

Como cada comunidade e cada escola tecircm caracteriacutesticas proacuteprias o programa as actividades e o

trabalho interdisciplinar em equipa seratildeo adequados agraves condiccedilotildees objectivas e subjectivas de todos os

intervenientes o que pode tornar necessaacuterio fazer adaptaccedilotildees agrave aplicaccedilatildeo do mesmo O mesmo se

passa em relaccedilatildeo agraves mensagens que necessitam ser adaptadas a cada situaccedilatildeo e a cada contexto

Em relaccedilatildeo agrave Educaccedilatildeo para a Sauacutede a procura de soluccedilotildees para as situaccedilotildees decorrentes da

implementaccedilatildeo do programa como a sensibilizaccedilatildeo dos parceiros e a eliminaccedilatildeo de obstaacuteculos satildeo

uma das tarefas centrais dos programas e natildeo devem ser subestimadas pelos teacutecnicos de sauacutede pois

delas depende muita da eficaacutecia do projecto

A educaccedilatildeo alimentar eacute uma das vertentes centrais do programa pelo que eacute necessaacuterio sensibilizar os

professores para aspectos da vida escolar que podem afectar a sauacutede oral dos alunos como as ementas

escolares existentes no refeitoacuterio e o tipo de alimentos disponibilizado no bar

221 Componente praacutetica

Uma primeira tarefa do programa na escola seraacute a sensibilizaccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo para a

importacircncia do mesmo A explicitaccedilatildeo teoacuterica resumida dos pressupostos cientiacuteficos que legitimam a

alteraccedilatildeo do programa eacute um instrumento facilitador

Fundamental explicar as razotildees que tornam a escovagem como um actividade central do programa e

os inconvenientes de se darem suplementos de fluacuteor de forma generalizada Seremos especialmente

eficazes se nos disponibilizarmos para responder agraves questotildees e duacutevidas que os professores possam ter

Esta eacute com certeza tambeacutem uma maneira de aprofundarmos o diagnoacutestico da situaccedilatildeo e de podermos

contribuir para remover os obstaacuteculos detectados

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 5

Uma segunda tarefa consistiraacute em operacionalizar o programa com os professores de modo a construi-

lo conjuntamente As diversas tarefas devem ser planeadas e avaliadas continuamente para se fazerem

as alteraccedilotildees consideradas necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar do programa

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo e a escovagem

O Programa Nacional de Sauacutede Oral propotildee algumas alteraccedilotildees que podemos considerar profundas e

de ruptura em relaccedilatildeo ao programa anterior como sejam a aplicaccedilatildeo restrita dos suplementos

sisteacutemicos de fluoretos e a escovagem duas vezes ao dia com um dentiacutefrico fluoretado como principal

medida para uma boa sauacutede oral Estas directrizes derivam do consenso dos peritos de Sauacutede Oral

reunidos na task force coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

Eacute faacutecil de compreender que organizar a escovagem dos dentes dos alunos eacute mais trabalhoso que dar-

lhes um comprimido de fluacuteor ou ateacute do que fazer o bochecho com uma soluccedilatildeo fluoretada Para sermos

bem sucedidos seraacute fundamental actuar de forma cautelosa respeitando as caracteriacutesticas das pessoas e

os contextos em presenccedila

Como sabemos eacute difiacutecil quebrar rotinas e o programa vai implicar mais trabalho para os professores e

disponibilizaccedilatildeo de tempo para os pais e professores A adopccedilatildeo pelos Jardins de infacircncia e Escolas da

escovagem dos dentes dos alunos pelo menos uma vez dia como factor central do programa vai

possivelmente encontrar algumas resistecircncias por parte dos educadores de infacircncia e professores que

importa ir resolvendo de forma progressiva e de acordo com as dificuldades reais encontradas Estas

dificuldades podem estar relacionadas com a deficiecircncia de instalaccedilotildees ou outras mas estaraacute com

frequecircncia tambeacutem muito relacionada com aspectos psicossociais de resistecircncia agrave mudanccedila de rotinas

instaladas e com vaacuterios anos

Uma das estrateacutegias primordiais para este programa ser bem sucedido passa pela resoluccedilatildeo dos

obstaacuteculos referidos pelos teacutecnicos de educaccedilatildeo relativamente agrave escovagem nomeadamente

a possibilidade de as crianccedilas usarem as escovas de colegas podendo haver transmissatildeo de doenccedilas

como a hepatite ou outras

a ausecircncia de um local apropriado para a escovagem

a confusatildeo que a escovagem iraacute causar com eventuais situaccedilotildees de indisciplina

a dificuldade de vigiar todos os alunos durante a escovagem com a consequente possibilidade de

alguns especialmente se mais novos poderem engolir dentiacutefrico

existirem alguns alunos que devido a carecircncias econoacutemicas ou desconhecimento dos pais tecircm

escovas jaacute muito deterioradas podendo ser alvo de troccedila e humilhaccedilatildeo por parte dos colegas ou

sentindo-se os professores na necessidade de fazerem algo mas natildeo terem possibilidade de

substituiacuterem as escovas

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 6

Estes e outros argumentos poderatildeo ser reais ou apenas formas de encontrar justificaccedilotildees para natildeo

alterar rotinas no entanto eacute fundamental analisar cada situaccedilatildeo e encontrar a forma adequada de actuar

o que implica procurar em conjunto a resoluccedilatildeo do problema natildeo desvalorizando a perspectiva do

teacutecnico de educaccedilatildeo mesmo que do ponto de vista da sauacutede nos pareccedila oacutebvia a resistecircncia agrave mudanccedila e

a sua soluccedilatildeo

Se natildeo conseguirmos sensibilizar os profissionais de educaccedilatildeo para a importacircncia da escovagem e nos

limitarmos a contra-argumentar com os nossos dados e a nossa cientificidade facilmente iratildeo

encontrar outros argumentos Eacute preciso compreender que o que estaacute em causa natildeo satildeo as dificuldades

objectivas mas outro tipo de razotildees mais ou menos subjectivas relacionadas com as condiccedilotildees locais

e de contexto como por exemplo o facto de alguns professores considerarem que natildeo eacute da sua

competecircncia promover a escovagem dos dentes dos seus alunos A interacccedilatildeo pais-professores eacute

constante e pode potenciar grandemente o programa

23 Terceira vertente ndash os pais

Os pais satildeo tambeacutem intervenientes fundamentais nos programas de sauacutede oral e eacute fundamental que

sejam englobados na equipa de projecto enquanto parceiros activos na programaccedilatildeo de actividades de

modo a poder resolver-se eventuais resistecircncias que inclusive podem ser desconhecidas dos teacutecnicos e

serem devidas a idiossincracias micro-culturais Todas as estrateacutegias que sensibilizem os pais para as

medidas que se preconizam satildeo importantes Eacute fundamental que o programa seja ldquocontinuadordquo e

reforccedilado em casa e natildeo pelo contraacuterio descredibilizado pelas praacuteticas domeacutesticas

Em relaccedilatildeo aos pais os factores emocionais satildeo centrais na sua relaccedilatildeo com os filhos e com as escolhas

comportamentais quotidianas Transmitir informaccedilatildeo de forma essencialmente cognitiva por exemplo

laquonatildeo decirc lsquoBolosrsquo aos seus filhos porque satildeo alimentos que podem contribuir para o aparecimento de

caacuterie nos dentes e provocar obesidaderaquo tem muitas possibilidades de provocar efeitos perversos

negativos como seja a culpabilizaccedilatildeo dos pais e a resistecircncia agrave mudanccedila de comportamentos

Com frequecircncia os doces satildeo uma forma de dar afecto ou premiar os filhos ou ateacute servir como

substituto da impossibilidade dos pais estarem mais tempo com os filhos situaccedilatildeo que natildeo eacute com

frequecircncia consciente para os pais Os padrotildees comportamentais dos pais obedecem a inuacutemeras

componentes e soacute actuando sobre cada uma delas se conseguem resultados nas mudanccedilas de

comportamentos

Fornecer apenas informaccedilatildeo pode natildeo soacute natildeo provocar alteraccedilotildees comportamentais como criar ou

aumentar as resistecircncias agrave mudanccedila Eacute preciso adequar a informaccedilatildeo agraves diversas situaccedilotildees

caracterizando-as primeiro valorizando as componentes emocionais relacionais e contextuais dos

comportamentos natildeo culpabilizando os pais (porque isso provoca resistecircncias agrave mudanccedila natildeo soacute em

relaccedilatildeo a este programa mas a futuras intervenccedilotildees) e encontrando formas alternativas de resolver estas

situaccedilotildees utilizando soluccedilotildees que provoquem emoccedilotildees positivas em todos os intervenientes E dessa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 7

forma eacute possiacutevel ser-se eficaz respeitando os universos relacionais das famiacutelias e evitando efeitos

comportamentais paradoxais ou seja por reacccedilatildeo agrave informaccedilatildeo que os culpabiliza os pais

dessensibilizam das nossas indicaccedilotildees agravando e aumentando as praacuteticas que se desaconselham

Eacute esta uma das razotildees porque eacute tatildeo difiacutecil atingir os grupos populacionais que exactamente mais

precisavam de ser abrangido pelos programas de prevenccedilatildeo da doenccedila e promoccedilatildeo da sauacutede

Para aleacutem de se conhecerem as praacuteticas alimentares e de higiene oral que as crianccedilas e adolescentes

tecircm em casa eacute importante caracterizar as razotildees desses procedimentos Referimo-nos aos aspectos

individuais familiares culturais e contextuais Se queremos actuar sobre comportamentos eacute

fundamental conhecer as atitudes crenccedilas preconceitos estereoacutetipos e representaccedilotildees sociais que se

relacionam com as praacuteticas das famiacutelias as quais variam de famiacutelia para famiacutelia

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo podem ser colaboradores preciosos para esta caracterizaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo aos pais podemos resumir os aspectos a valorizar

Inclui-los nos diversos passos do programa

sensibiliza-los para a importacircncia da sauacutede oral respeitando os seus universos familiares e

culturais

dar suporte continuado agrave mudanccedila de comportamentos e de todos os factores que lhe estatildeo

associados

24 Quarta vertente ndash as crianccedilas

As crianccedilas e os adolescentes satildeo o principal puacuteblico-alvo do programa de sauacutede oral Sensibilizaacute-los

para as praacuteticas alimentares e de higiene oral que os peritos consideram actualmente adequadas eacute o

nosso objectivo

Como jaacute foi referido anteriormente eacute necessaacuterio ser cuidadoso na forma de comunicar com as crianccedilas

e adolescentes natildeo criticando directa ou indirectamente os conhecimentos e as praacuteticas aconselhadas

ou consentidas por pais e professores com quem eles convivem directamente e que satildeo dos principais

influenciadores dos seus comportamentos satildeo os seus modelos e constituem o seu universo de afectos

Criar clivagem na relaccedilatildeo cognitiva afectiva e emocional entre pais ou professores e crianccedilas e

adolescentes eacute algo que devemos ter sempre presente e evitar

As estrateacutegias de trabalho com as crianccedilas deveratildeo ser adaptadas agrave sua maturidade psico-cognitiva e

contexto socio-cultural Para que as actividades sejam luacutedicas e criativas adequadas agraves idades e outras

caracteriacutesticas das crianccedilas e adolescentes a contribuiccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo eacute com certeza

fundamental

Eacute muito importante ter em conta alguns aspectos educativos relativamente agrave mudanccedila de

comportamentos A participaccedilatildeo activa das crianccedilas na formulaccedilatildeo dessas actividades torna mais

eficazes os efeitos pretendidos

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 8

Pela dificuldade em mudar comportamentos principalmente de forma estaacutevel eacute aconselhaacutevel adequar

os objectivos agraves realidades Seraacute preferiacutevel actuar sobre um ou dois comportamentos sobre os quais a

caracterizaccedilatildeo inicial nos permitiu depreender que seraacute possiacutevel obtermos resultados positivos em vez

de tentar actuar sobre todos os comportamentos que desejariacuteamos alterar natildeo conseguindo alterar

nenhum deles Naturalmente estas escolhas seratildeo feitas cientificamente segundo o que a Educaccedilatildeo para

a Sauacutede preconiza nas vertentes relacionadas com as ciecircncias comportamentais (sociais e humanas)

Outro aspecto fundamental eacute a continuidade na acccedilatildeo A eficaacutecia seraacute tanto maior quanto mais

continuadas forem as actividades dando suporte agrave mudanccedila comportamental e reforccedilo agrave sua

manutenccedilatildeo A continuidade da acccedilatildeo permite conhecer melhor as situaccedilotildees os obstaacuteculos e as formas

de os remover pois cada caso eacute um caso e generalizar diminui grandemente a eficaacutecia

Deve ser dada uma atenccedilatildeo especial agraves crianccedilas com Necessidades de Sauacutede Especiais desfavorecidas

socialmente (porque vivem em bairros degradados com poucos recursos econoacutemicos pertencem a

minorias eacutetnicas ou satildeo emigrantes) ou que natildeo frequentam a escola utilizando estrateacutegias especificas

adequadas agraves suas dificuldades

25 Quinta vertente ndash a comunidade

Para os programas de Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutede a componente comunitaacuteria eacute fundamental A

participaccedilatildeo e contribuiccedilatildeo dos vaacuterios sectores da comunidade podem ser potenciadores do trabalho a

desenvolver

Dependendo das situaccedilotildees locais a Autarquia as IPSS e as ONGrsquos entre outras podem ser parceiros

de enorme valia para o desenvolvimento do programa Para isso temos que sensibilizar os liacutederes

locais para a importacircncia da sauacutede oral e do programa que se pretende incrementar explicitando como

com pequenos custos podemos obter ganhos em sauacutede a meacutedio e longo prazo

As instituiccedilotildees que organizam actividades para crianccedilas e adolescentes como os ATLrsquos associaccedilotildees

culturais desportivas e religiosas podem ser excelentes parceiros para o desenvolvimento das

actividades dependendo das caracteriacutesticas da comunidade onde se aplica o programa Os grupos de

teatro satildeo tambeacutem um excelente recurso para integrarem as actividades com as crianccedilas e os

adolescentes

26 Sexta vertente ndash os meios de comunicaccedilatildeo social

Os meios de comunicaccedilatildeo social locais e regionais se forem utilizados apropriadamente podem ser

parceiros potenciadores das actividades que se pretendem desenvolver

Mas com frequecircncia os teacutecnicos de sauacutede encontram dificuldades na relaccedilatildeo com os profissionais da

comunicaccedilatildeo social considerando que estes natildeo satildeo sensiacuteveis agraves nossas preocupaccedilotildees com a prevenccedilatildeo

da doenccedila e da promoccedilatildeo da sauacutede

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 9

Os media tecircm uma linguagem e podemos dizer uma filosofia proacuteprias que com frequecircncia natildeo satildeo

coincidentes com as nossas eacute por essa razatildeo necessaacuterio que os teacutecnicos de sauacutede se adaptem e se

possiacutevel se aperfeiccediloem na linguagem dos meacutedia Se natildeo utilizarmos adequadamente os meios de

comunicaccedilatildeo social estes podem ter um efeito contraproducente diminuindo a eficaacutecia do programa de

sauacutede oral

Algumas das dificuldades encontradas quando trabalhamos com os media especialmente as raacutedios e as

televisotildees satildeo as seguintes

na maior parte dos casos natildeo se pode transmitir muita informaccedilatildeo mesmo que seja um programa

de raacutedio de 1 ou 2 horas iria ficar muito monoacutetono e pouco atraente assim como se tornaria

confuso para os ouvintes e pouco eficaz porque com frequecircncia as pessoas desenvolvem outras

actividades enquanto ouvem raacutedio

eacute aconselhaacutevel transmitir apenas o que eacute realmente importante e faze-lo de forma muito clara

mantendo a consistecircncia sobre a hierarquia das informaccedilotildees nas diversas intervenccedilotildees ou seja que

todas os intervenientes no programa e em todas as situaccedilotildees em que intervecircm tenham um discurso

coerente e natildeo contraditoacuterio

evitar informaccedilotildees riacutegidas que culpabilizem as pessoas e natildeo respeitem os seus contextos micro-

culturais Eacute preferiacutevel suscitar alguma mudanccedila comportamental de forma progressiva que

nenhuma

com frequecircncia utilizamos o leacutexico meacutedico sem nos apercebermos que muitos cidadatildeos natildeo

conhecem termos que nos parecem simples como obesidade ou colesterol atribuindo-lhes outros

significados (portanto desconhecem que natildeo conhecem o verdadeiro significado)

se possiacutevel testar com pessoas de diversas idades e estratos socio-culturais que sejam leigas em

relaccedilatildeo a estas temaacuteticas aquilo que se preparou para a intervenccedilatildeo nos meios de comunicaccedilatildeo

social e alterar se necessaacuterio de acordo com as indicaccedilotildees que essas pessoas nos fornecerem

27 Seacutetima vertente ndash a avaliaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo deve ter iniacutecio na fase de planeamento e acompanhar todo o projecto de modo a introduzir

as alteraccedilotildees necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar das actividades

Devem fazer parte da equipa de avaliaccedilatildeo os diversos parceiros do projecto assim como pessoas

externas ao projecto e estas quando possiacutevel com formaccedilatildeo em educaccedilatildeo para a sauacutede nas aacutereas

teacutecnicas comportamentais de planeamento e avaliaccedilatildeo qualitativa e quantitativa

Satildeo fundamentais avaliaccedilotildees qualitativas e quantitativas das actividades a desenvolver e se possiacutevel

com anaacutelises comparativas ao desenrolar do projecto noutras zonas do paiacutes

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 10

3 T eacute c n i c a s d e H i g i e n e O r a l

3 1 Escovagem dos den tes ndash A escova A escovagem dos dentes deve ser efectuada com uma escova de tamanho adequado agrave boca de quem a

utiliza Habitualmente as embalagens referem as idades a que se destinam Os filamentos devem ser

de nylon com extremidades arredondadas e textura macia que quando comeccedilam a ficar deformados

obrigam agrave substituiccedilatildeo da escova Normalmente a escova quando utilizada 2 vezes por dia dura cerca

de 3-4 meses

Existem escovas manuais e eleacutectricas as quais requerem os mesmos cuidados As escovas eleacutectricas

facilitam a higiene oral das pessoas que tenham pouca destreza manual

3 2 Escovagem dos den tes ndash O den t iacute f r i co O dentiacutefrico a utilizar deve conter fluoreto numa dosagem de cerca de 1000-1500 ppm A quantidade a

utilizar em cada uma das escovagens deve ser semelhante (ou inferior) ao tamanho da unha do 5ordm dedo

(dedo mindinho) da matildeo da crianccedila

Os dentiacutefricos com sabores muito atractivos natildeo se recomendam porque podem levar as crianccedilas a

engoli-lo deliberadamente Ateacute aos 6 anos aproximadamente o dentiacutefrico deve ser colocado na escova

por um adulto Apoacutes a escovagem dos dentes eacute apenas necessaacuterio cuspir o excesso de dentiacutefrico

podendo no entanto bochechar-se com um pouco de aacutegua

33 Escovagem dos dentes no Jardim-de-infacircncia e na Escola identificaccedilatildeo e arrumaccedilatildeo das escovas e copos

Hoje em dia haacute escovas de dentes que tecircm uma tampa ou estojo com orifiacutecios que a protege Caso se

opte pela utilizaccedilatildeo destas escovas natildeo eacute necessaacuterio que fiquem na escola Os alunos poderatildeo colocaacute-

la dentro da mochila juntamente com o tubo do dentiacutefrico e transportaacute-los diariamente para a escola

O conceito de intransmissibilidade da escova de dentes deve ser reforccedilado junto das crianccedilas Se as

escovas ficarem na escola eacute essencial que estejam identificadas bastando para tal escrever no cabo da

escova o nome da crianccedila com uma caneta de tinta resistente agrave aacutegua Tambeacutem se devem identificar os

dentiacutefricos Cada aluno deveraacute ter o seu proacuteprio dentiacutefrico e os copos caso natildeo sejam descartaacuteveis

As escovas guardam-se num local seco e arejado de modo a que os pelos fiquem virados para cima e

natildeo contactem umas com as outras Cada escova pode ser colocada dentro do copo num suporte

acriacutelico ou outro material resistente agrave aacutegua em local seco e arejado

Dentiacutefricos e escovas devem estar fora do alcance das crianccedilas para evitar a troca ou ingestatildeo

acidental de dentiacutefrico Caso haja a possibilidade de utilizar copos descartaacuteveis (de cafeacute) o processo eacute

bastante simplificado (os copos de cafeacute podem ser substituiacutedos por copos de iogurte) Os produtos de

higiene oral podem ser adquiridos com a colaboraccedilatildeo da Autarquia do Centro de Sauacutede dos pais ou

ateacute de alguma empresa Se a escola tiver refeitoacuterio pode tambeacutem ser viaacutevel utilizar os copos do

refeitoacuterio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 11

34 Escovagem dos den tes ndash Organ izaccedilatildeo da ac t i v idade

A escovagem dos dentes deve ser feita diariamente no jardim-de-infacircncia e na escola apoacutes o almoccedilo agrave

entrada na sala de aula ou apoacutes o intervalo As crianccedilas poderatildeo escovar os dentes na casa de banho no

refeitoacuterio ou na proacutepria sala de aula O processo eacute simples natildeo exigindo muitas condiccedilotildees fiacutesicas das

escolas que satildeo frequentemente utilizadas para justificar a recusa desta actividade

Caso a escola tenha lavatoacuterios suficientes esta actividade pode ser feita na casa de banho Eacute necessaacuterio

definir a hora em que cada uma das salas vai utilizar esse espaccedilo Na casa de banho deveratildeo estar

apenas as crianccedilas que estatildeo a escovar os dentes Os outros esperam a sua vez em fila agrave porta Eacute

essencial que esteja algueacutem (auxiliar professoreducador ou voluntaacuterio) a vigiar para manter a ordem

organizar o processo e corrigir a teacutecnica da escovagem No final da escovagem cada crianccedila lava a

escova e o copo (se natildeo for descartaacutevel) e arruma no local destinado a esse efeito

Quando o espaccedilo fiacutesico natildeo permite que a escovagem seja feita na casa de banho esta actividade pode

ser feita na proacutepria sala de aula Nesta situaccedilatildeo se for possiacutevel utilizar copos descartaacuteveis ou copos de

iogurte facilita o processo e torna-o menos moroso Os alunos mantecircm-se sentados nas suas cadeiras

Retiram da sua mochila o estojo com a escova e o dentiacutefrico Um dos alunos distribui os copos e os

guardanapos (ou toalhetes de papel ou papel higieacutenico) Os alunos escovam os dentes todos ao mesmo

tempo podendo ateacute fazecirc-lo com muacutesica O professor deve ir corrigindo a teacutecnica de escovagem Apoacutes

a escovagem as crianccedilas cospem o excesso de dentiacutefrico para o copo limpam a boca tiram o excesso

de dentiacutefrico e saliva da escova com o papel ou o guardanapo e por fim colocam-no dentro do copo

Tapam a escova e arrumam-na em estojo proacuteprio ou na mochila juntamente com o dentiacutefrico No final

um dos alunos vai buscar um saco de lixo passa por todas as carteiras para que cada uma coloque o

seu copo no lixo Caso alguma das crianccedilas natildeo tolere o restos de dentiacutefrico na cavidade oral pode

colocar-se uma pequena porccedilatildeo de aacutegua no copo e no fim da escovagem bochecha e cospe para o

copo Os pais dos alunos devem ser instruiacutedos para se certificarem que em casa a crianccedila lava a sua

escova com aacutegua corrente e volta a colocaacute-la na mochila No sentido de facilitar o procedimento

recomenda-se que os copos sejam descartaacuteveis e as escovas tenham tampa

35 Escovagem dos den tes - A teacutecn ica A escovagem dos dentes para ser eficaz ou seja para remover a placa bacteriana necessita ser feita

com rigor e demora 2 a 3 minutos Quando se utiliza uma escova manual a escovagem faz-se da

seguinte forma

inclinar a escova em direcccedilatildeo agrave gengiva (cerca de 45ordm) e fazer pequenos movimentos vibratoacuterios

horizontais ou circulares de modo a que os pelos da escova limpem o sulco gengival (espaccedilo que

fica entre o dente e a gengiva)

se for difiacutecil manter esta posiccedilatildeo colocar os pecirclos da escova perpendicularmente agrave gengiva e agrave

superfiacutecie do dente

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 12

escovar 2 dentes de cada vez (os correspondentes ao tamanho da cabeccedila da escova) fazendo

aproximadamente 10 movimentos (ou 5 caso sejam crianccedilas ateacute aos 6 anos) nas superfiacutecies

dentaacuterias abarcadas pela escova

comeccedilar a escovagem pela superfiacutecie externa (do lado da bochecha) do dente mais posterior de um

dos maxilares e continuar a escovar ateacute atingir o uacuteltimo dente da extremidade oposta desse

maxilar

com a mesma sequecircncia escovar as superfiacutecies dentaacuterias do lado da liacutengua

proceder do mesmo modo para fazer a escovagem dos dentes do outro maxilar

escovar as superfiacutecies mastigatoacuterias dos dentes com movimentos de vaiveacutem

por fim pode escovar-se a liacutengua

Quando se utiliza uma escova de dentes eleacutectrica segue-se a mesma sequecircncia de escovagem O

movimento da escova eacute feito automaticamente natildeo deve ser feita pressatildeo ou movimentos adicionais

sobre os dentes A escova desloca-se ao longo da arcada escovando um soacute dente de cada vez A

escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluacuteor deve ser feita duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente agrave noite antes de deitar

3 6 Uso do f io den taacute r io A partir do momento em que haacute destreza manual (a partir dos 8 anos) eacute indispensaacutevel o uso do fio ou

fita dentaacuteria que se utiliza da seguinte forma

retirar cerca de 40 cm de fio (ou fita) do porta fio

enrolar a quase totalidade do fio no dedo meacutedio de uma matildeo e uma pequena porccedilatildeo no dedo meacutedio

da outra matildeo deixando entre os dois dedos uma porccedilatildeo de fio com aproximadamente 25 cm

Quando as crianccedilas satildeo mais pequenas pode retirar-se uma porccedilatildeo mais pequena de fio cerca de

30 cm dar um noacute juntando as 2 pontas formando um ciacuterculo com o fio natildeo havendo necessidade

de o enrolar nos dedos Eacute importante utilizar sempre fio limpo em cada espaccedilo interdentaacuterio Os

polegares eou os indicadores ajudam a manuseaacute-lo

introduzir o fio cuidadosamente entre dois dentes e curva-lo agrave volta do dente que se quer limpar

fazendo com que tome a forma de um ldquoCrdquo

executar movimentos curtos horizontais desde o ponto de contacto entre os dentes ateacute ao sulco

gengival em cada uma das faces que delimitam o espaccedilo interdentaacuterio

repetir este procedimento ateacute que todos os espaccedilos interdentaacuterios de todos os dentes estejam

devidamente limpos

O fio dentaacuterio deve ser utilizado uma vez por dia de preferecircncia agrave noite antes de deitar Na escola os

alunos poderatildeo a aprender a utilizar este meio de remoccedilatildeo de placa bacteriana interdentaacuterio sendo

importante envolver os pais no sentido de lhes pedir colaboraccedilatildeo e permitir que as crianccedilas o utilizem

em casa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 13

3 7 Reve lador de p laca bac te r i ana O uso de reveladores de placa bacteriana (em soluto ou em comprimidos mastigaacuteveis) permitem

avaliar a higiene oral e consequentemente melhorar as teacutecnicas de escovagem e de utilizaccedilatildeo do fio

dentaacuterio

A partir dos 6 anos de idade estes produtos podem ser usados para que as crianccedilas visualizem a placa

e mais facilmente compreendam que os seus dentes necessitam de ser cuidadosamente limpos

A eritrosina que tem a propriedade de corar de vermelho a placa bacteriana eacute um dos exemplos de

corantes que se podem utilizar Utiliza-se da seguinte forma

colocar 1 a 2 gotas por baixo da liacutengua ou mastigar um comprimido sem engolir

passar a liacutengua por todas as superfiacutecies dentaacuterias

bochechar com aacutegua

A placa bacteriana corada eacute facilmente removida atraveacutes da escovagem dos dentes e do fio dentaacuterio

Nota Para evitar que os laacutebios fiquem corados de vermelho antes de colocar o corante pode passar

batom creme gordo ou vaselina nos laacutebios

3 8 Bochecho f luore tado A partir dos 6 anos pode ser feito o bochecho quinzenal com fluoreto de soacutedio a 02 na escola da

seguinte forma

agitar a soluccedilatildeo e deitar 10 ml em cada copo e distribui-los

indicar a cada crianccedila para colocar o antebraccedilo no rebordo da mesa

introduzir a soluccedilatildeo na boca sem engolir

repousar a testa no antebraccedilo colocando o copo debaixo da boca

bochechar vigorosamente durante 1 minuto

apoacutes este periacuteodo deve ser cuspida tendo o cuidado de natildeo a engolir

Apoacutes o bochecho a crianccedila deve permanecer 30 minutos sem comer nem beber

39 Iacutendice de placa O Iacutendice de Placa (IP) eacute utilizado para quantificar a placa bacteriana em todas as superfiacutecies dentaacuterias e

reflecte os haacutebitos de higiene oral dos indiviacuteduos avaliados

Assim enquanto que um baixo Iacutendice de Placa poderaacute significar um bom impacto das acccedilotildees de

educaccedilatildeo para a sauacutede em sauacutede oral nomeadamente das relacionadas com a higiene um iacutendice

elevado sugere o contraacuterio

Em programas comunitaacuterios geralmente eacute utilizado o Iacutendice de Placa Simplificado que eacute mais raacutepido

de determinar sendo o resultado final igualmente fiaacutevel

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 14

Para se calcular o Iacutendice de Placa Simplificado eacute necessaacuterio atribuir um valor ao tamanho da placa

bacteriana existente nos seguintes 6 dentes e superfiacutecies predeterminados Maxilar superior

1 Primeiro molar superior direito - Superfiacutecie vestibular

2 Incisivo central superior direito - Superfiacutecie vestibular

3 Primeiro molar superior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

4 Primeiro molar inferior esquerdo - Superfiacutecie lingual

5 Incisivo central inferior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

6 Primeiro molar inferior direito - Superfiacutecie lingual

Para atribuir um valor ao tamanho da placa bacteriana existente em cada uma das su

acima referidas eacute necessaacuterio utilizar o revelador de placa bacteriana para a co

facilitar a sua observaccedilatildeo e respectiva classificaccedilatildeo e registo

A cada uma das superfiacutecies dentaacuterias soacute pode ser atribuiacutedo um dos seguintes valore

Valor 0

Valor 1

Valor 2

Valor 3

rarr Se a superfiacutecie do dente natildeo estaacute corada

rarr Se 13 da superfiacutecie estaacute corado

rarr Se 23 da superfiacutecie estatildeo corados

rarr Se estaacute corada toda a superfiacutecie

Feito o registo da observaccedilatildeo individual verifica-se que o somatoacuterio do conjunto de

poderaacute variar entre 0 (zero) e 18 (dezoito)

Dividindo por 6 (seis) este somatoacuterio obteacutem-se o Iacutendice de Placa Individual

Para determinar o Iacutendice de Placa de um grupo de indiviacuteduos divide-se o som

individuais pelo nuacutemero de indiviacuteduos observados multiplicado por seis (o nuacutemer

nuacutemero de dentes seleccionados por indiviacuteduo)

Assim o Iacutendice de Placa poderaacute variar entre 0 (zero) e 3 (trecircs)

Iacutendice de Placa (IP) = Somatoacuterio da classificaccedilatildeo dada a cada dente

Nordm de indiviacuteduos observados x 6

A sauacutede oral das crianccedilas e adolescentes eacute um grave problema de sauacutede puacuteblica ma

simples como as descritas neste documento executadas pelos proacuteprios eou com

encorajadas pela escola e pelos serviccedilos de sauacutede contribuem decididamente para

oral importantes e implementaccedilatildeo efectiva do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas d

Maxilar inferior

perfiacutecies dentaacuterias

rar e dessa forma

s

valores atribuiacutedos

atoacuterio dos valores

o seis representa o

s que com medidas

ajuda da famiacutelia

ganhos em sauacutede

Sauacutede Oral

e EPSrsquorsquo 15

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

F l u o r e t o s

F u n d a m e n t a ccedil atilde o e R e c o m e n d a ccedil otilde e s d a T a s k F o r c e

Documento produzido pela Task Force constituiacuteda pelo Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr

Ricardo Jorge Direcccedilatildeo-Geral de Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura Faculdade de

Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Medicina Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria

Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa e Porto Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento Instituto Superior de

Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia

Ordem dos Meacutedicos Dentistas Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria Sociedade Portuguesa de

Pediatria e os serviccedilos da DGS Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede Divisatildeo de Sauacutede Ambiental

Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

1 F l u o r e t o s

A evidecircncia cientiacutefica tem demonstrado que as mudanccedilas observadas no padratildeo da doenccedila caacuterie

dentaacuteria ocorrem pela implementaccedilatildeo de programas preventivos e terapecircuticos de acircmbito comunitaacuterio

e por estrateacutegias de acccedilatildeo especiacuteficas dirigidas a grupos de risco com criteriosa utilizaccedilatildeo dos

fluoretos

O fluacuteor eacute o elemento mais electronegativo da tabela perioacutedica e raramente existe isolado sendo por

isso habitualmente referido como fluoreto Na natureza encontra-se sob a forma de um iatildeo (F-) em

associaccedilatildeo com o caacutelcio foacutesforo alumiacutenio e tambeacutem como parte de certos silicatos como o topaacutezio

Normalmente presente nas rochas plantas ar aacuteguas e solos este elemento faz parte da constituiccedilatildeo de

alguns materiais plaacutesticos e pode tambeacutem estar presente na constituiccedilatildeo de alguns fertilizantes

contribuindo desta forma para a sua presenccedila no solo aacutegua e alimentos No solo o conteuacutedo de

fluoretos varia entre 20 e 500 ppm contudo nas camadas mais profundas o seu niacutevel aumenta No ar a

concentraccedilatildeo normal de fluoretos oscila entre 005 e 190microgm3 1

Do fluacuteor que eacute ingerido entre 75 e 90 eacute absorvido por via digestiva sendo a mucosa bucal

responsaacutevel pela absorccedilatildeo de menos de 1 Depois de absorvido passa para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea

sob a forma ioacutenica ou de compostos orgacircnicos lipossoluacuteveis A forma ioacutenica que circula livremente e

natildeo se liga agraves proteiacutenas nem aos componentes plasmaacuteticos nem aos tecidos moles eacute a que vai estar

disponiacutevel para ser absorvida pelos tecidos duros Da quantidade total de fluacuteor presente no organismo

99 encontra-se nos tecidos calcificados Entre 10 e 25 do aporte diaacuterio de fluacuteor natildeo chega a ser

absorvido vindo a ser excretado pelas fezes O fluacuteor absorvido natildeo utilizado (cerca de 50) eacute

eliminado por via renal2

O fluacuteor tem uma grande afinidade com a apatite presente no organismo com a qual cria ligaccedilotildees

fortes que natildeo satildeo irreversiacuteveis Este facto deve-se agrave facilidade com que os radicais hidroxilos da

hidroxiapatite satildeo substituiacutedos pelos iotildees fluacuteor formando fluorapatite No entanto a apatite normal do

ser humano presente no osso e dente mesmo em condiccedilotildees ideais de presenccedila de fluacuteor nunca se

aproxima da composiccedilatildeo da fluorapatite pura

Quando o fluacuteor eacute ingerido passa pela cavidade oral daiacute resultando a deposiccedilatildeo de uma determinada

quantidade nos tecidos e liacutequidos aiacute existentes A mucosa jugal as gengivas a placa bacteriana os

dentes e a saliva vatildeo beneficiar imediatamente de um aporte directo de fluacuteor que pode permitir que a

sua disponibilidade na cavidade oral se prolongue por periacuteodos mais longos Eacute um facto que a presenccedila

de fluacuteor no meio oral independentemente da sua fonte resulta numa acccedilatildeo preventiva e terapecircutica

extremamente importante

Nota 22 mg de fluoreto de soacutedio correspondem a 1 mg de fluacuteor Quando se dilui 1 mg de fluacuteor em um litro de aacutegua pura

considera-se que essa aacutegua passou a ter 1 ppm de fluacuteor

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 2

Considera-se actualmente que os benefiacutecios dos fluoretos resultam basicamente da sua acccedilatildeo toacutepica

sobre a superfiacutecie do dente enquanto a sua acccedilatildeo sisteacutemica (preacute-eruptiva) eacute muito menos importante

A acccedilatildeo preventiva e terapecircutica dos fluoretos eacute conseguida predominantemente pela sua acccedilatildeo toacutepica

quer nas crianccedilas quer nos adultos atraveacutes de trecircs mecanismos diferentes responsaacuteveis pela

bull inibiccedilatildeo do processo de desmineralizaccedilatildeo

bull potenciaccedilatildeo do processo de remineralizaccedilatildeo

bull inibiccedilatildeo da acccedilatildeo da placa bacteriana

O uso racional dos fluoretos na profilaxia da caacuterie dentaacuteria com eficaacutecia e seguranccedila baseia-se no

conhecimento actualizado dos seus mecanismos de acccedilatildeo e da sua toxicologia

Com base na evidecircncia cientiacutefica a estrateacutegia de utilizaccedilatildeo dos fluoretos em sauacutede oral foi redefinida

tendo em conta que a sua acccedilatildeo preventiva eacute predominantemente poacutes-eruptiva e toacutepica e a sua acccedilatildeo

toacutexica com repercussotildees a niacutevel dentaacuterio eacute preacute-eruptiva e sisteacutemica

Estudos epidemioloacutegicos efectuados pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) sobre os efeitos do

fluacuteor na sauacutede humana referem que valores compreendidos entre 1 e 15 ppm natildeo representam risco

acrescido Contudo valores entre 15 e 2 ppm em climas quentes poderatildeo contribuir para a ocorrecircncia

de casos de fluorose dentaacuteria e valores entre 3 a 6 ppm para o aparecimento de fluorose oacutessea

Para a OMS a concentraccedilatildeo oacuteptima de fluoretos na aacutegua quando esta eacute sujeita a fluoretaccedilatildeo deve

estar compreendida entre 05 e 15 ppm de F dependendo este valor da temperatura meacutedia do local

que condiciona a quantidade de aacutegua ingerida nas zonas mais frias o valor maacuteximo pode estar perto

do limite superior nas zonas mais quentes o valor deve estar perto do limite inferior para uma

prevenccedilatildeo eficaz da caacuterie dentaacuteria Para que os riscos de fluorose estejam diminuiacutedos os programas de

fluoretaccedilatildeo das aacuteguas devem obedecer a criteacuterios claramente definidos

Nas regiotildees onde a aacutegua da rede puacuteblica conteacutem menos de 03 ppm (mgl) de fluoretos (situaccedilatildeo mais

frequente em Portugal Continental) a dose profilaacutectica oacuteptima considerando a soma de todas as fontes

de fluoretos eacute de 005mgkgdia3

11 Toxicidade Aguda

Uma intoxicaccedilatildeo aguda pelo fluacuteor eacute uma possibilidade extremamente rara Alguns casos tecircm sido

descritos na literatura Estudos efectuados em roedores e extrapolados para o homem adulto permitem

pensar que a dose letal miacutenima de fluacuteor seja de aproximadamente 2 gramas ou 32 a 64 mgkg de peso

corporal mas para uma crianccedila bastam 15 mgkg de peso corporal 2

A partir da ingestatildeo de doses superiores a 5mgkg de peso corporal considera-se a hipoacutetese de vir a ter

efeitos toacutexicos

As crianccedilas pequenas tecircm um risco acrescido de ingerir doses de fluoretos atraveacutes do consumo de

produtos de higiene oral A ingestatildeo acidental de um quarto de um tubo com dentiacutefrico de 125 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 3

(1500 ppm de Fluacuteor) potildee em risco a vida de uma crianccedila de um ano de idade O risco de ingestatildeo

acidental por crianccedilas eacute real e eacute adjuvado pelo tipo de embalagens destes produtos que natildeo tecircm

dispositivos de seguranccedila para a sua abertura

A toxicidade aguda pelos fluoretos poderaacute manifestar-se por queixas digestivas (dor abdominal

voacutemitos hematemeses e melenas) neuroloacutegicas (tremores convulsotildees tetania deliacuterio lentificaccedilatildeo da

voz) renais (urina turva hematuacuteria) metaboacutelicas (hipocalceacutemia hipomagnesieacutemia hipercalieacutemia)

cardiovasculares (arritmias hipotensatildeo) e respiratoacuterias (depressatildeo respiratoacuteria apneias) 4

12 Toxicidade Croacutenica

A dose total diaacuteria de fluoretos administrados por via sisteacutemica isenta de risco de toxicidade croacutenica

situa-se abaixo de 005 mgkgdia de peso A partir desses valores aumentam as manifestaccedilotildees atraveacutes

do aparecimento de hipomineralizaccedilatildeo do esmalte que se revela por fluorose dentaacuteria Com

concentraccedilotildees acima de 25 ppm na aacutegua esta manifestaccedilatildeo eacute mais evidente sendo tanto mais grave

quanto a concentraccedilatildeo de fluoretos vai aumentando O periacuteodo criacutetico para o efeito toacutexico do fluacuteor se

manifestar sobre a denticcedilatildeo permanente eacute entre o nascimento e os 7 anos de idade (ateacute aos 3 anos eacute o

periacuteodo mais criacutetico) Quando existem fluoretos ateacute 3 ppm na aacutegua aleacutem da fluorose natildeo parece

existir qualquer outro efeito toacutexico na sauacutede A partir deste valor aumenta o risco de nefrotoxicidade

Como qualquer outro medicamento os fluoretos em dose excessiva tecircm efeitos toacutexicos que

normalmente se manifestam atraveacutes de uma interferecircncia na esteacutetica dentaacuteria Essa manifestaccedilatildeo eacute a

fluorose dentaacuteria

Estudos recentes sobre suplementos de fluoretos e fluorose 5 confirmam que as comunidades sem aacutegua

fluoretada e que utilizam suplementos de fluoretos durante os primeiros 6 anos de vida apresentam

um aumento do risco de desenvolver fluorose

O principal factor de risco para o aparecimento de fluorose dentaacuteria eacute o aporte total de fluoretos

provenientes de diferentes fontes nomeadamente da alimentaccedilatildeo incluindo a aacutegua e os suplementos

alimentares dentiacutefricos e soluccedilotildees para bochechos comprimidos e gotas e ingestatildeo acidental que natildeo

satildeo faacuteceis de quantificar

A fluorose dentaacuteria aumentou nos uacuteltimos anos em comunidades com e sem aacutegua fluoretada 6

2 F l u o r e t o s n a aacute g u a

2 1 Aacute g u a d e a b a s t e c i m e n t o p uacute b l i c o

A fluoretaccedilatildeo das aacuteguas para consumo humano como meio de suprir o deacutefice de fluoretos na aacutegua eacute

uma praacutetica comum em alguns paiacuteses como o Brasil Austraacutelia Canadaacute EUA e Nova Zelacircndia

Apesar de serem tatildeo diferentes quer do ponto de vista soacutecioeconoacutemico quer geograacutefico eles detecircm

uma experiecircncia superior a 25 anos neste domiacutenio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 4

Na Europa a maior parte dos paiacuteses natildeo faz fluoretaccedilatildeo das suas aacuteguas para consumo humano agrave

excepccedilatildeo da Irlanda da Suiacuteccedila (Basileia) e de 10 da populaccedilatildeo do Reino Unido Na Alemanha eacute

proibido e nos restantes paiacuteses eacute desaconselhado

Nos paiacuteses em que se faz fluoretaccedilatildeo da aacutegua alguns estudos demonstraram natildeo ter existido um ganho

efectivo na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria No entanto outros como a Austraacutelia no Estado de Victoacuteria

onde a fluoretaccedilatildeo da aacutegua se faz regularmente observaram-se ganhos efectivos na sauacutede oral da

populaccedilatildeo com consequentes ganhos econoacutemicos

Recomendaccedilatildeo Eacute indispensaacutevel avaliar a qualidade das aacuteguas de abastecimento puacuteblico periodicamente e corrigir os

paracircmetros alterados

Na aacutegua os valores das concentraccedilotildees de fluoretos estatildeo compreendidas entre 01 a 07 ppm Contudo

em alguns casos podem apresentar valores muito mais elevados

Quando a aacutegua apresenta valores de ph superiores a 8 e o iatildeo soacutedio e os carbonatos satildeo dominantes os

valores de fluoretos normalmente presentes excedem 1 ppm

Nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica os fluoretos podem existir naturalmente ou resultar de um

programa de fluoretaccedilatildeo Em Portugal Continental os valores satildeo normalmente baixos e as aacuteguas natildeo

estatildeo sujeitas a fluoretaccedilatildeo artificial O teor de fluoretos deveraacute ser controlado regularmente de modo

a preservar os interesses da sauacutede puacuteblica 7

Na definiccedilatildeo de um valor guia para a aacutegua de consumo humano a OMS propotildee o valor limite de 15

ppm de Fluacuteor referindo que valores superiores podem contribuir para o aumento do risco de fluorose

A Agecircncia Americana para o Ambiente (USEPA) refere um valor maacuteximo admissiacutevel de fluoretos na

aacutegua de consumo humano de 15 ppm e recomenda que nunca se ultrapasse os 4 ppm

Em Portugal a legislaccedilatildeo actualmente em vigor sobre a qualidade da aacutegua para consumo humano

decreto-lei nordm 23698 de 1 de Agosto define dois Valores Maacuteximos Admissiacuteveis (VMA) para os

fluoretos 15 ppm (8 a 12 ordmC) e 07 ppm (25 a 30 ordmC) O decreto-lei nordm 2432001 de 5 de Setembro

que transpotildee a Directiva Comunitaacuteria nordm 9883CE de 3 de Novembro que entrou em vigor em 25 de

Dezembro de 2003 define para os fluoretos um Valor Parameacutetrico (VP) de 15 ppm

O decreto-lei nordm 24301 remete para a Entidade Gestora a verificaccedilatildeo da conformidade dos valores

parameacutetricos obrigatoacuterios aplicaacuteveis agrave aacutegua para consumo humano Sempre que um valor parameacutetrico

eacute excedido isso corresponde a uma situaccedilatildeo de incumprimento e perante esta situaccedilatildeo a entidade

gestora deve de imediato informar a autoridade de sauacutede e a entidade competente dando conta das

medidas correctoras adoptadas ou em curso para restabelecer a qualidade da aacutegua destinada a consumo

humano

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 5

Deve ter-se em atenccedilatildeo o desvio em relaccedilatildeo ao valor parameacutetrico fixado e o perigo potencial para a

sauacutede humana

Segundo o decreto-lei supra mencionado artigo 9ordm compete agraves autoridades de sauacutede a vigilacircncia

sanitaacuteria e a avaliaccedilatildeo do risco para a sauacutede puacuteblica da qualidade da aacutegua destinada ao consumo

humano Sempre que o risco exista e o incumprimento persistir a autoridade de sauacutede deve informar e

aconselhar os consumidores afectados e determinar a proibiccedilatildeo de abastecimento restringir a

utilizaccedilatildeo da aacutegua que constitua um perigo potencial para a sauacutede humana e adoptar todas as medidas

necessaacuterias para proteger a sauacutede humana

Nos Accedilores e na Madeira ou em zonas onde o teor de fluoretos na aacutegua eacute muito elevado deveraacute ser

feita uma verificaccedilatildeo da constante e a correcccedilatildeo adequada

Os principais tratamentos de desfluoretaccedilatildeo envolvem a floculaccedilatildeo da aacutegua usando sais hidratados de

alumiacutenio principalmente em condiccedilotildees alcalinas No caso de aacuteguas aacutecidas pode-se adicionar cal e

alternativamente pode-se recorrer agrave adsorccedilatildeo com carvatildeo activado ou alumina activada ( Al2O3 ) ou

por permuta ioacutenica usando resinas especiacuteficas

Recomendaccedilatildeo Ateacute aos 6-7 anos as crianccedilas natildeo devem ingerir regularmente aacutegua com teor de fluoretos superior a 07 ppm

Recomendaccedilatildeo Sempre que o valor parameacutetrico dos fluoretos na aacutegua para consumo humano exceder 15 ppm deveratildeo ser aplicadas

medidas correctoras para restabelecer a qualidade da aacutegua

2 2 Aacute g u a s m i n e r a i s n a t u r a i s e n g a r r a f a d a s

As aacuteguas minerais naturais engarrafadas deveratildeo no futuro ter rotulagem de acordo com a Directiva

Comunitaacuteria 200340CE da Comissatildeo Europeia de 16 de Maio publicada no Jornal Oficial da Uniatildeo

Europeia em 2252003 artigo 4ordm laquo1 As aacuteguas minerais naturais cuja concentraccedilatildeo em fluacuteor for

superior a 15 mgl (ppm) devem ostentar no roacutetulo a menccedilatildeo lsquoconteacutem mais de 15 mgl (ppm) de

fluacuteor natildeo eacute adequado o seu consumo regular por lactentes nem por crianccedilas com menos de 7 anosrsquo

2 No roacutetulo a menccedilatildeo prevista no nordm 1 deve figurar na proximidade imediata da denominaccedilatildeo de

venda e em caracteres claramente visiacuteveis 3

As aacuteguas minerais naturais que em aplicaccedilatildeo do nordm 1 tiverem de ostentar uma menccedilatildeo no roacutetulo

devem incluir a indicaccedilatildeo do teor real em fluacuteor a niacutevel da composiccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica em constituintes

caracteriacutesticos tal como previsto no nordm 2 aliacutenea a) do artigo 7ordm da Directiva 80777CEEraquo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 6

Para as aacuteguas de nascente cujas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas satildeo definidas pelo Decreto-lei

2432001 de 5 de Setembro em vigor desde Dezembro de 2003 os limites para o teor de fluoretos satildeo

de 15 mgl (ppm)

De acordo com o parecer do Scientific Committee on Food - Comiteacute Cientiacutefico de Alimentaccedilatildeo

Humana (expresso em Dezembro de 1996) a Comissatildeo natildeo vecirc razotildees para nos climas da Uniatildeo

Europeia (climas temperados) limitar os fluoretos nas aacuteguas de consumo humano e nas aacuteguas minerais

naturais para valores inferiores a 15mgl (ppm)

3 F l u o r e t o s n o s g eacute n e r o s a l i m e n t iacute c i o s

Entende-se por lsquogeacutenero alimentiacuteciorsquo qualquer substacircncia ou produto transformado parcialmente

transformado ou natildeo transformado destinado a ser ingerido pelo ser humano ou com razoaacuteveis

probabilidades de o ser Este termo abrange bebidas pastilhas elaacutesticas e todas as substacircncias

incluindo a aacutegua intencionalmente incorporadas nos geacuteneros alimentiacutecios durante o seu fabrico

preparaccedilatildeo ou tratamento8 9

Na alimentaccedilatildeo as estimativas de ingestatildeo de fluacuteor atraveacutes da dieta variam entre 02 e 34 mgdia

sendo estes uacuteltimos valores atingidos quando se inclui o chaacute na alimentaccedilatildeo A ingestatildeo de fluoretos

provenientes dos alimentos comuns eacute pouco significativa Apenas 13 se apresentam na forma

ionizaacutevel e portanto biodisponiacutevel

Recomendaccedilatildeo Independentemente da origem ao utilizar aacutegua informe-se sobre o seu teor em fluoretos As que tecircm um elevado teor

deste elemento natildeo satildeo adequadas para lactentes e crianccedilas com menos de 7 anos

Recomendaccedilatildeo Dar prioridade a uma dieta equilibrada e saudaacutevel com diversidade alimentar Utilizar a aacutegua da cozedura dos

alimentos para confeccionar outros alimentos (ex sopas arroz)

No iniacutecio do ano de 2003 a Comissatildeo Europeia apresentou uma nova proposta de Directiva

Comunitaacuteria relativa agrave ldquoAdiccedilatildeo aos geacuteneros alimentiacutecios de vitaminas minerais e outras substacircnciasrdquo

onde os fluoretos satildeo referidos como podendo ser adicionados a geacuteneros alimentiacutecios comuns Nesta

proposta de Directiva Comunitaacuteria eacute sugerida a inclusatildeo de determinados nutrimentos (entre eles o

fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de geacuteneros alimentiacutecios comuns Esta proposta

prevista no Livro Branco da Comissatildeo ainda estaacute numa fase inicial de discussatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 7

4 F l u o r e t o s e m s u p l e m e n t o a l i m e n t a r

Entende-se por lsquosuplementos alimentaresrsquo geacuteneros alimentiacutecios que se destinam a complementar e ou

suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas

substacircncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisioloacutegico estremes ou combinados

comercializados em forma doseada tais como caacutepsulas pastilhas comprimidos piacutelulas e outras

formas semelhantes saquetas de poacute ampola de liacutequido frascos com conta gotas e outras formas

similares de liacutequido ou poacute que se destinam a ser tomados em unidades medidas de quantidade

reduzida10

A Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002

transposta para o direito nacional pelo Decreto-lei nordm 1362003 de 28 de Junho relativa agrave aproximaccedilatildeo

das legislaccedilotildees dos Estados-Membros respeitantes aos suplementos alimentares vai permitir a inclusatildeo

de determinados nutrimentos (entre eles o fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de

suplementos alimentares11

A partir de 28 de Agosto de 2003 os fluoretos poderatildeo ser comercializados como suplemento

alimentar passando a estar disponiacutevel em farmaacutecias e superfiacutecies comerciais

As quantidades maacuteximas de vitaminas e minerais presentes nos suplementos alimentares satildeo fixadas

em funccedilatildeo da toma diaacuteria recomendada pelo fabricante tendo em conta os seguintes elementos

a) limites superiores de seguranccedila estabelecidos para as vitaminas e os minerais apoacutes uma

avaliaccedilatildeo dos riscos efectuada com base em dados cientiacuteficos geralmente aceites tendo em

conta quando for caso disso os diversos graus de sensibilidade dos diferentes grupos de

consumidores

b) quantidade de vitaminas e minerais ingerida atraveacutes de outras fontes alimentares

c) doses de referecircncia de vitaminas e minerais para a populaccedilatildeo

Recomendaccedilatildeo Nunca ultrapassar a toma indicada no roacutetulo do produto e natildeo utilizar um suplemento alimentar como substituto de um

regime alimentar variado

As quantidades maacuteximas e miacutenimas de vitaminas e minerais referidas seratildeo adoptadas pela Comissatildeo

Europeia assistida pelo Comiteacute de Regulamentaccedilatildeo

Em Portugal a Agecircncia para a Qualidade e Seguranccedila Alimentar viraacute a ter informaccedilatildeo sobre todos os

suplementos alimentares comercializados como geacuteneros alimentiacutecios e introduzidos no mercado de

acordo com o Decreto-lei nordm 1362003

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 8

A rotulagem dos suplementos alimentares natildeo poderaacute mencionar nem fazer qualquer referecircncia a

prevenccedilatildeo tratamento ou cura de doenccedilas humanas e deveraacute indicar uma advertecircncia de que os

produtos devem ser guardados fora do alcance das crianccedilas

5 F luore tos em med icamentos e p rodutos cosmeacutet icos de h ig iene corpora l

A distinccedilatildeo entre Medicamento e Produto Cosmeacutetico de Higiene Corporal contendo fluoretos depende

do seu teor no produto Os cosmeacuteticos contecircm obrigatoriamente uma concentraccedilatildeo de fluoretos inferior

a 015 (1500 ppm) (Decreto-lei 1002001 de 28 de Marccedilo I Seacuterie A) sendo que todos os dentiacutefricos

com concentraccedilotildees de fluoretos superior a 015 satildeo obrigatoriamente classificados como

medicamentos

Os medicamentos contendo fluoretos e utilizados para a profilaxia da caacuterie dentaacuteria existentes no

mercado portuguecircs satildeo de venda livre em farmaacutecia Encontram-se disponiacuteveis nas formas

farmacecircuticas de soluccedilatildeo oral (gotas orais) comprimidos dentiacutefricos gel dentaacuterio e soluccedilatildeo de

bochecho

5 1 F l u o r e t o s e m c o m p r i m i d o s e g o t a s o r a i s

A utilizaccedilatildeo de medicamentos contendo fluoretos na forma de gotas orais e comprimidos foi ateacute haacute

pouco recomendada pelos profissionais de sauacutede (pediatras meacutedicos de famiacutelia cliacutenicos gerais

meacutedicos estomatologistas meacutedicos dentistas) dos 6 meses ateacute aos 16 anos

A clarificaccedilatildeo do mecanismo de acccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria e o aumento de

aporte dos mesmos com consequentes riscos de manifestaccedilatildeo toacutexica obrigaram agrave revisatildeo da sua

administraccedilatildeo em comprimidos eou gotas A gravidade da fluorose dentaacuteria estaacute relacionada com a

dose a duraccedilatildeo e com a idade em que ocorre a exposiccedilatildeo ao fluacuteor 12 13

A ldquoCanadian Consensus Conference on the Appropriate Use of Fluoride Supplements for the

Prevention of Dental Caries in Childrenrdquo 14definiu um protocolo cuja utilizaccedilatildeo eacute recomendada a

profissionais de sauacutede em que se fundamenta a tomada de decisatildeo sobre a necessidade ou natildeo da

suplementaccedilatildeo de fluacuteor A administraccedilatildeo de comprimidos soacute eacute recomendada quando o teor de fluoretos

na aacutegua de abastecimento puacuteblico for inferior a 03 ppm e

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) natildeo escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas

vezes por dia

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas vezes

por dia mas apresenta um alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 9

Por sua vez a conclusatildeo do laquoForum on Fluoridation 2002raquo15 relativamente agrave administraccedilatildeo de

suplementos de fluoretos foi a seguinte limitar a utilizaccedilatildeo de comprimidos de fluoretos a aacutereas onde

natildeo existe aacutegua fluoretada e iniciar essa suplementaccedilatildeo apenas a crianccedilas com alto risco agrave caacuterie e a

partir dos 3 anos

Os comprimidos de fluoretos caso sejam indicados devem ser usados pelo interesse da sua acccedilatildeo

toacutepica Devem ser dissolvidos na boca em vez de imediatamente ingeridos16

A administraccedilatildeo de fluoretos sob a forma de comprimidos chupados soacute deveraacute ser efectuada em

situaccedilotildees excepcionais isto eacute em populaccedilotildees de baixos recursos econoacutemicos nas quais a escovagem

natildeo possa ser promovida e os iacutendices de caacuterie sejam elevados

Para evitar a potencial toxicidade dos fluoretos antes de qualquer prescriccedilatildeo todos os profissionais de

sauacutede devem efectuar uma avaliaccedilatildeo personalizada dos aportes diaacuterios de cada crianccedila tendo em conta

todas as fontes possiacuteveis desse elemento alimentos comuns suplementos alimentares consumo de

aacutegua da rede puacuteblica eou aacutegua engarrafada e respectivo teor de fluoretos e utilizaccedilatildeo de medicamentos

e produtos cosmeacuteticos contendo fluacuteor

Recomendaccedilatildeo A partir dos 3 anos os suplementos sisteacutemicos de fluoretos poderatildeo ser prescritos pelo meacutedico assistente ou meacutedico dentista em crianccedilas que apresentem um alto risco

agrave caacuterie dentaacuteria

5 2 F l u o r e t o s e m d e n t iacute f r i c o s

Hoje em dia a maior parte dos dentiacutefricos agrave venda no mercado contecircm fluoretos sob diferentes formas

fluoreto de soacutedio monofluorfosfato de soacutedio fluoreto de amina e outros Os mais utilizados satildeo o

fluoreto de soacutedio e o monofluorfosfato de soacutedio

Normalmente o conteuacutedo de fluoreto dos dentiacutefricos eacute de 1000 a 1100 ppm (ou 010 a 011)

podendo variar entre 500 e 1500 ppm

Durante a escovagem cerca de 34 da pasta eacute ingerida por crianccedilas de 3 anos 28 pelas de 4-5 anos

e 20 pelas de 5-7 anos

Devem ser evitados dentiacutefricos com sabor a fruta para impedir o seu consumo em excesso uma vez

que estatildeo jaacute descritos na literatura casos de fluorose resultantes do abuso de dentiacutefricos2

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluoretos duas vezes por dia tem-se revelado um

meio colectivo de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria com grande efectividade e baixo custo pelo que deve

ser considerado o meio de eleiccedilatildeo em estrateacutegias comunitaacuterias

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 10

Do ponto de vista da prevenccedilatildeo da caacuterie a aplicaccedilatildeo toacutepica de dentiacutefrico fluoretado com a escova dos

dentes deve ser executada duas vezes por dia e deve iniciar-se quando se daacute a erupccedilatildeo dos dentes Esta

rotina diaacuteria de higiene executada naturalmente com muito cuidado pelos pais deve

progressivamente ser assumida pela crianccedila ateacute aos 6-8 anos de idade Durante este periacuteodo a

escovagem deve ser sempre vigiada pelos pais ou educadores consoante as circunstacircncias para evitar

a utilizaccedilatildeo de quantidades excessivas de dentiacutefrico o qual pode da mesma forma que os

comprimidos conduzir antes dos 6 anos agrave ocorrecircncia de fluorose

As crianccedilas devem usar dentiacutefrico com teor de fluoretos entre 1000-1500 ppm de fluoreto (dentiacutefrico

de adulto) sendo a quantidade a utilizar do tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

Apoacutes a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado pode-se natildeo bochechar com aacutegua Deveraacute

apenas cuspir-se o excesso de pasta Deste modo consegue-se uma mais alta concentraccedilatildeo de fluoreto

na cavidade oral que vai actuar topicamente durante mais tempo

Os pais das crianccedilas devem receber informaccedilatildeo sobre a escovagem dentaacuteria e o uso de dentiacutefricos

fluoretados A escovagem com dentiacutefrico fluoretado deve iniciar-se imediatamente apoacutes a erupccedilatildeo dos

primeiros dentes Os dentiacutefricos fluoretados devem ser guardados em locais inacessiacuteveis agraves crianccedilas

pequenas17

5 3 F l u o r e t o s e m s o l u ccedil otilde e s d e b o c h e c h o

As soluccedilotildees para bochechos recomendadas a partir dos 6 anos de idade tecircm sido utilizadas em

programas escolares de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria em inuacutemeros paiacuteses incluindo Portugal Satildeo

recomendadas a indiviacuteduos de maior risco agrave caacuterie dentaacuteria mas a sua utilizaccedilatildeo tem vido a ser

restringida a crianccedilas que escovam eficazmente os dentes

Recomendaccedilatildeo Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Recomendaccedilatildeo A partir dos 6 anos de idade deve ser feito o bochecho quinzenalmente com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

02

As soluccedilotildees fluoretadas de uso diaacuterio habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

005 e as de uso semanal ou quinzenal habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de 02

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 11

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 12

Referecircncias

1 Diegues P Linhas de Orientaccedilatildeo associadas agrave presenccedila de fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento 2003 Documento produzido no acircmbito da task force Sauacutede Oral e Fluacuteor Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar e na Divisatildeo de Sauacutede Ambiental da DGS 2 Melo PRGR Influecircncia de diferentes meacutetodos de administraccedilatildeo de fluoretos nas variaccedilotildees de incidecircncia de caacuterie Porto Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto 2001 Tese de doutoramento 3 Agence Francaise de Seacutecuriteacute des Produits de Santeacute Mise au point sur le fluacuteor et la prevention de la carie dentaire AFSPS 31 Juillet 2002 4 Leikin JB Paloucek FP Poisoning amp Toxicology Handbook 3th edition Hudson Lexi- Comp 2002 586-7 5 Ismail AI Bandekar RR Fluoride suplements and fluorosis a meta-analysis Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 48-56 6 Steven ML An update on Fluorides and Fluorosis J Can Dent Assoc 200369(5)268-91 7 Pinto R Cristovatildeo E Vinhais T Castro MF Teor de fluoretos nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica nas sedes de concelho de Portugal Continental Revista Portuguesa de Estomatologia Medicina Dentaacuteria e Cirurgia Maxilofacial 1999 40(3)125-42 8 Regulamento 1782002 do Parlamento Europeu e do Conselho de 28 de Janeiro Jornal Oficial das Comunidades Europeias (2002021) 9 Decreto ndash lei nordm 5601999 DR I Seacuterie A 147 (991218) 10 Decreto ndash lei nordm 1362003 DR I Seacuterie A 293 (20030628) 11 Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002 Jornal Oficial das Comunidades Europeias (20020712) 12 Aoba T Fejerskov O Dental fluorosis Chemistry and Biology Crit Rev Oral Biol Med 2002 13(2) 155-70 13 DenBesten PK Biological mechanisms of dental fluorosis relevant to the use of fluoride supplements Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 41-7 14 Limeback H Introduction to the conference Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 27-30 15 Report of the Forum of fluoridation 2002Governement of Ireland 2002 wwwfluoridationforumie 16 Featherstone JDB Prevention and reversal of dental caries role of low level fluoride Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 31-40 17 Pereira A Amorim A Peres F Peres FR Caldas IM Pereira JA Pereira ML Silva MJ Caacuteries Precoces da InfacircnciaLisboa Medisa Ediccedilotildees e Divulgaccedilotildees Cientiacuteficas Lda 2001 Bibliografia

1 Almeida CM Sugestotildees para a Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2002 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e na Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa

2 Rompante P Fundamentos para a alteraccedilatildeo do Programa de Sauacutede Oral da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Documento realizado no acircmbito da Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2003 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e no Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede ndash Norte

3 Rompante P Determinaccedilatildeo da quantidade do elemento fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento puacuteblico na totalidade das sedes de concelho de Portugal Continental Porto Faculdade de Odontologia da Universidade de Barcelona 2002 Tese de Doutoramento

4 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in Children at High Caries Risk SIGN Publication 2000 47

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Page 22: Direcção-Geral da SaúdePrograma será complementado, sempre que oportuno, por orientações técnicas a emitir por esta Direcção-Geral. O Director-Geral e Alto Comissário da

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral 20

Agradecimentos

A Task Force que colaborou na revisatildeo do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral coordenada pela Drordf Gregoacuteria Paixatildeo von Amann e pela Higienista Oral Cristina Ferreira Caacutedima da Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede contou com a prestimosa colaboraccedilatildeo teacutecnica e cientiacutefica de

Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge representado pela Drordf Dirce Silveira

Direcccedilatildeo-Geral da Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura representada pela Engordf Maria de Lourdes Camilo

Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa representada pelo Prof Doutor Paulo Melo

Faculdade de Medicina de Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria representada pelo Dr Francisco Delille

Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade de Lisboa representada pelo Prof Doutor Ceacutesar Mexia de Almeida

Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto representada pelo Prof Doutor Fernando M Peres

Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento representado pela Drordf Ana Arauacutejo

Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede - Norte representado pelo Prof Doutor Paulo Rompante

Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede - Sul representado pela Profordf Doutora Fernanda Mesquita

Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia representada pelo Dr Alexandre Loff Seacutergio

Ordem dos Meacutedicos Dentistas representada pelo Prof Doutor Paulo Melo

Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria representada pelo Prof Doutor Ceacutesar Mexia de Almeida

Sociedade Portuguesa de Pediatria representada pelo Dr Manuel Salgado

Serviccedilos da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede representada pela Drordf Anabela Lopes Divisatildeo de Sauacutede Ambiental representada pelo Engordm Paulo Diegues e a Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede representada pelo Dr Pedro Ribeiro da Silva

Pelas sugestotildees e correcccedilotildees introduzidas o nosso agradecimento agrave Profordf Doutora Isabel Loureiro ao Dr Vasco Prazeres Drordf Leonor Sassetti Drordf Ana Paula Ramalho Correia Dr Rui Calado Drordf Maria Otiacutelia Riscado Duarte Dr Joatildeo Breda e ao Sr Viacutetor Alves que concebeu o logoacutetipo do programa

A todos a Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede e a Divisatildeo de Sauacutede Escolar agradecem

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

E s t r a t eacute g i a s e T eacute c n i c a s d e E d u c a ccedil atilde o e P r o m o ccedil atilde o

d a S a uacute d e

Documento produzido no acircmbito dos trabalhos da Task Force pela Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede Dr

Pedro Ribeiro da Silva e Dr Joatildeo Breda e pela Higienista Oral Cristina Ferreira Caacutedima e Drordf Gregoacuteria Paixatildeo von Amann da

Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede que coordenou os trabalhos

1 Preacircmbulo

Os Programas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede tecircm por objectivo capacitar as pessoas a tomarem decisotildees no

seu quotidiano que se revelem as mais adequadas para manter ou alargar o seu potencial de sauacutede

Para se atingir este objectivo fornece-se informaccedilatildeo e utilizam-se metodologias que facilitem e decircem

suporte agraves mudanccedilas comportamentais e agrave manutenccedilatildeo das praacuteticas consideradas saudaacuteveis

Mas a mudanccedila de comportamentos natildeo eacute faacutecil depende de factores sociais culturais familiares

entre muitos outros e natildeo apenas do conhecimento cientiacutefico que as pessoas possuam sobre

determinada mateacuteria

Esta dificuldade eacute bem patente quando como no presente caso se pretende intervir sobre

comportamentos relacionados com a alimentaccedilatildeo e a escovagem dos dentes

Quando os pais datildeo aos filhos patildeo achocolatado ou outros alimentos accedilucarados para levarem para a

escola estatildeo com frequecircncia a dar natildeo apenas um alimento mas tambeacutem e ateacute talvez

principalmente afecto tentando colmatar lacunas que possam ter na relaccedilatildeo com os seus filhos

mesmo que natildeo tenham consciecircncia desse facto

Podem tambeacutem dar este tipo de alimento por terem dificuldade de encontrar tempo para confeccionar

uma sandes ou outro alimento e os anteriormente referidos estatildeo sempre prontos a serem colocados na

mochila da crianccedila

Eacute importante desenvolvermos estrateacutegias de Educaccedilatildeo para a Sauacutede que natildeo culpabilizem os pais

porque estes intrinsecamente desejam sempre o melhor para os seus filhos embora natildeo consigam por

vezes colocaacute-lo em praacutetica

Devido agrave complexidade que eacute actuar sobre comportamentos individuais para se aumentar a eficiecircncia

das nossas praacuteticas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede torna-se fulcral utilizar metodologias alargadas a vaacuterios

parceiros e sectores da comunidade de forma articulada e continuada para que progressivamente

possamos ir obtendo resultados

Como propotildee Nancy Russel no seu Manual de Educaccedilatildeo para a Sauacutede ldquoPara desenhar um

programa de Educaccedilatildeo para a Sauacutede eacute necessaacuterio ter conhecimentos sobre comportamentos e sobre

os factores que produzem a mudanccedilardquo E continua explicitando ldquoAs teorias da mudanccedila de

comportamento que podem ser aplicadas em Educaccedilatildeo para a Sauacutede foram elaboradas a partir de

uma variedade de aacutereas incluindo a psicologia a sociologia a antropologia a comunicaccedilatildeo e o

marketing Nenhuma teoria ou rede de conceitos domina por si soacute a investigaccedilatildeo ou a praacutetica da

Educaccedilatildeo para a Sauacutede Provavelmente porque os comportamentos de sauacutede satildeo demasiado

complexos para serem explicados por uma uacutenica teoriardquo (19968)

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 2

2 Metodologias para Desenvolvimento da Acccedilatildeo

21 Primeira vertente ndash O diagnoacutestico de situaccedilatildeo

A primeira etapa de actuaccedilatildeo eacute de grande importacircncia para a continuidade das outras actividades e

podemos resumi-la a um bom diagnoacutestico de situaccedilatildeo que permita conhecer em pormenor a realidade

sobre a qual se pretende actuar

I - Eacute importante estabelecer como uma das primeiras actividades a anaacutelise de duas vertentes com

grande influecircncia na sauacutede oral os haacutebitos culturais das famiacutelias relativamente agrave alimentaccedilatildeo e as

praacuteticas de higiene oral dos adultos e das crianccedilas

II - Um segundo aspecto relaciona-se com os tipos de interacccedilatildeo entre professores ou

educadores de infacircncia e pais No caso de essa interacccedilatildeo ser regular e organizada importa saber como

reagem os pais agraves indicaccedilotildees dos professores sobre os aspectos comportamentais das crianccedilas e que

efeito e eficaacutecia tecircm essas acccedilotildees na capacitaccedilatildeo de pais e filhos relativamente aos comportamentos

relacionados com a sauacutede oral

Actividades a desenvolverem

a) estudar as formas de melhorar a relaccedilatildeo entre pais e professores procurando resolver as

dificuldades que com frequecircncia os pais apresentam como obstaacuteculos ao contacto mais regular

com os professores

b) analisar a eficaacutecia das recomendaccedilotildees dadas procurando as razotildees que possam estar na origem

de situaccedilotildees de menor eficaacutecia como o desfasamento entre as recomendaccedilotildees e o contexto

familiar e cultural das crianccedilas ou recomendaccedilotildees muito teacutecnicas ou paternalistas Todas estas

situaccedilotildees podem provocar resistecircncias nas famiacutelias agrave adesatildeo agraves praacuteticas desejaacuteveis relativamente

ao programa de sauacutede oral Esta temaacutetica da Educaccedilatildeo para a Sauacutede e as praacuteticas

comportamentais eacute muito complexa mas fundamental para se conseguirem resultados ao niacutevel

dos comportamentos

III - Outra componente a analisar satildeo os aspectos sociais dos consumos alimentares que possam

estar relacionados com situaccedilotildees locais como campanhas publicitaacuterias ou de promoccedilatildeo de

determinados alimentos potencialmente cariogeacutenicos nos estabelecimentos da zona Oferta pouco

adequada de alimentos na cantina da escola com existecircncia preponderante de alimentos e bebidas

accedilucaradas A confecccedilatildeo das refeiccedilotildees no refeitoacuterio com pouca oferta de fruta legumes e vegetais e

preponderacircncia de sobremesas doces

Segundo o Modelo Precede de Green existem 3 etapas a contemplar num diagnoacutestico de situaccedilatildeo

middot diagnoacutestico epidemioloacutegico necessaacuterio para a identificaccedilatildeo dos problemas de sauacutede sobre os

quais se vai actuar como sejam os iacutendices de caacuterie fluorose dentaacuteria e outros

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middot diagnoacutestico social que corresponde agrave identificaccedilatildeo das situaccedilotildees sociais existentes na comunidade

onde se desenvolve a actividade que podem contribuir para os problemas de sauacutede oral detectados

ou que se pretende prevenir

middot diagnoacutestico comportamental para identificaccedilatildeo dos vaacuterios padrotildees comportamentais que possam

estar relacionados com os problemas de sauacutede oral inventariados

A este diagnoacutestico de problemas eacute importante associar-se a identificaccedilatildeo de necessidades da

populaccedilatildeo-alvo da acccedilatildeo

Apesar da prevalecircncia das doenccedilas orais e da necessidade deste Programa Nacional em algumas

comunidades poderatildeo existir vaacuterios outros problemas de sauacutede mais graves ou mais prevalentes e

neste caso importa fazer uma avaliaccedilatildeo dos recursos e das possibilidades de eficaacutecia dando prioridade

aos grupos e agraves situaccedilotildees mais graves e de maior amplitude Outro factor a ter em conta na decisatildeo

relaciona-se com a capacidade de alterar as causas comportamentais ou factores de risco pelo

programa educacional

Apoacutes a avaliaccedilatildeo das necessidades deveratildeo ser estabelecidas as prioridades tendo em conta os

problemas de sauacutede identificados a capacidade de alteraccedilatildeo dos factores de risco comportamentais e

outros Eacute muito importante associar-se agrave definiccedilatildeo de prioridades de actuaccedilatildeo a caracterizaccedilatildeo dos sub-

grupos existentes e as diferentes estrateacutegias apropriadas a cada uma dessas populaccedilotildees alvo

22 Segunda vertente ndash os teacutecnicos de educaccedilatildeo

Todos os parceiros satildeo importantes para o desenvolvimento dos programas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede

mas no caso especiacutefico da sauacutede oral os teacutecnicos de Educaccedilatildeo satildeo fundamentais Eacute por esta razatildeo

tarefa prioritaacuteria sensibilizaacute-los e englobaacute-los no desenho dos programas desde o iniacutecio

Sabemos atraveacutes das nossas praacuteticas anteriores que nem sempre os teacutecnicos de educaccedilatildeo aderem a

algumas das actividades dos programas de sauacutede oral propostas pelos teacutecnicos de sauacutede utilizando

para isso os mais diversos argumentos A explicitaccedilatildeo dos uacuteltimos consensos cientiacuteficos nesta aacuterea

com disponibilizaccedilatildeo de bibliografia pode ser facilitador da adesatildeo ao programa

Uma das actividades centrais deste programa seraacute trabalhar em conjunto com os teacutecnicos de educaccedilatildeo

nomeadamente docentes das escolas baacutesicas e secundaacuterias e educadores de infacircncia sobre as

potencialidades do programa e os ganhos em sauacutede que a meacutedio e longo prazo este pode provocar na

populaccedilatildeo portuguesa

Outra tarefa importante eacute a reflexatildeo em conjunto sobre as dificuldades diagnosticadas em cada escola

para concretizar as actividades do programa na tentativa de encontrar soluccedilotildees seja atraveacutes da

resoluccedilatildeo dos obstaacuteculos seja encontrando alternativas Poderaacute acontecer natildeo ser possiacutevel executar

todas as tarefas incluiacutedas no programa Nesses casos importa decidir quais as actividades que poderatildeo

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ser levadas agrave praacutetica com ecircxito Seraacute preferiacutevel concretizar algumas tarefas que nenhumas assim

como seraacute melhor realizar bem poucas tarefas do que muitas ou todas de forma deficiente

Frequentemente existe um diferencial de conhecimentos sobre estas aacutereas entre os teacutecnicos de

educaccedilatildeo e os de sauacutede Para evitar problemas eacute imperioso que os teacutecnicos de educaccedilatildeo sejam

parceiros em igualdade de circunstacircncia e natildeo sintam que tecircm um papel secundaacuterio no projecto ou

meros executores de tarefas

A eventual deacutecalage de conhecimentos sobre sauacutede oral pode ser compensado utilizando estrateacutegias de

trabalho em equipa natildeo assumindo os teacutecnicos de sauacutede papel de liacutederes do processo nem de

detentores da informaccedilatildeo cientiacutefica As teacutecnicas de trabalho em equipa devem implicam a partilha de

tarefas e lideranccedila natildeo assumindo o programa uma dimensatildeo vertical e impositiva por parte da sauacutede

As mensagens chave do programa seratildeo discutidas por todos os intervenientes Eacute muito importante que

sejam claras nos conteuacutedos e assumidas por toda a equipa em todas as situaccedilotildees de modo a tornar as

intervenccedilotildees coerentes com os objectivos do programa

Como cada comunidade e cada escola tecircm caracteriacutesticas proacuteprias o programa as actividades e o

trabalho interdisciplinar em equipa seratildeo adequados agraves condiccedilotildees objectivas e subjectivas de todos os

intervenientes o que pode tornar necessaacuterio fazer adaptaccedilotildees agrave aplicaccedilatildeo do mesmo O mesmo se

passa em relaccedilatildeo agraves mensagens que necessitam ser adaptadas a cada situaccedilatildeo e a cada contexto

Em relaccedilatildeo agrave Educaccedilatildeo para a Sauacutede a procura de soluccedilotildees para as situaccedilotildees decorrentes da

implementaccedilatildeo do programa como a sensibilizaccedilatildeo dos parceiros e a eliminaccedilatildeo de obstaacuteculos satildeo

uma das tarefas centrais dos programas e natildeo devem ser subestimadas pelos teacutecnicos de sauacutede pois

delas depende muita da eficaacutecia do projecto

A educaccedilatildeo alimentar eacute uma das vertentes centrais do programa pelo que eacute necessaacuterio sensibilizar os

professores para aspectos da vida escolar que podem afectar a sauacutede oral dos alunos como as ementas

escolares existentes no refeitoacuterio e o tipo de alimentos disponibilizado no bar

221 Componente praacutetica

Uma primeira tarefa do programa na escola seraacute a sensibilizaccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo para a

importacircncia do mesmo A explicitaccedilatildeo teoacuterica resumida dos pressupostos cientiacuteficos que legitimam a

alteraccedilatildeo do programa eacute um instrumento facilitador

Fundamental explicar as razotildees que tornam a escovagem como um actividade central do programa e

os inconvenientes de se darem suplementos de fluacuteor de forma generalizada Seremos especialmente

eficazes se nos disponibilizarmos para responder agraves questotildees e duacutevidas que os professores possam ter

Esta eacute com certeza tambeacutem uma maneira de aprofundarmos o diagnoacutestico da situaccedilatildeo e de podermos

contribuir para remover os obstaacuteculos detectados

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Uma segunda tarefa consistiraacute em operacionalizar o programa com os professores de modo a construi-

lo conjuntamente As diversas tarefas devem ser planeadas e avaliadas continuamente para se fazerem

as alteraccedilotildees consideradas necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar do programa

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo e a escovagem

O Programa Nacional de Sauacutede Oral propotildee algumas alteraccedilotildees que podemos considerar profundas e

de ruptura em relaccedilatildeo ao programa anterior como sejam a aplicaccedilatildeo restrita dos suplementos

sisteacutemicos de fluoretos e a escovagem duas vezes ao dia com um dentiacutefrico fluoretado como principal

medida para uma boa sauacutede oral Estas directrizes derivam do consenso dos peritos de Sauacutede Oral

reunidos na task force coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

Eacute faacutecil de compreender que organizar a escovagem dos dentes dos alunos eacute mais trabalhoso que dar-

lhes um comprimido de fluacuteor ou ateacute do que fazer o bochecho com uma soluccedilatildeo fluoretada Para sermos

bem sucedidos seraacute fundamental actuar de forma cautelosa respeitando as caracteriacutesticas das pessoas e

os contextos em presenccedila

Como sabemos eacute difiacutecil quebrar rotinas e o programa vai implicar mais trabalho para os professores e

disponibilizaccedilatildeo de tempo para os pais e professores A adopccedilatildeo pelos Jardins de infacircncia e Escolas da

escovagem dos dentes dos alunos pelo menos uma vez dia como factor central do programa vai

possivelmente encontrar algumas resistecircncias por parte dos educadores de infacircncia e professores que

importa ir resolvendo de forma progressiva e de acordo com as dificuldades reais encontradas Estas

dificuldades podem estar relacionadas com a deficiecircncia de instalaccedilotildees ou outras mas estaraacute com

frequecircncia tambeacutem muito relacionada com aspectos psicossociais de resistecircncia agrave mudanccedila de rotinas

instaladas e com vaacuterios anos

Uma das estrateacutegias primordiais para este programa ser bem sucedido passa pela resoluccedilatildeo dos

obstaacuteculos referidos pelos teacutecnicos de educaccedilatildeo relativamente agrave escovagem nomeadamente

a possibilidade de as crianccedilas usarem as escovas de colegas podendo haver transmissatildeo de doenccedilas

como a hepatite ou outras

a ausecircncia de um local apropriado para a escovagem

a confusatildeo que a escovagem iraacute causar com eventuais situaccedilotildees de indisciplina

a dificuldade de vigiar todos os alunos durante a escovagem com a consequente possibilidade de

alguns especialmente se mais novos poderem engolir dentiacutefrico

existirem alguns alunos que devido a carecircncias econoacutemicas ou desconhecimento dos pais tecircm

escovas jaacute muito deterioradas podendo ser alvo de troccedila e humilhaccedilatildeo por parte dos colegas ou

sentindo-se os professores na necessidade de fazerem algo mas natildeo terem possibilidade de

substituiacuterem as escovas

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Estes e outros argumentos poderatildeo ser reais ou apenas formas de encontrar justificaccedilotildees para natildeo

alterar rotinas no entanto eacute fundamental analisar cada situaccedilatildeo e encontrar a forma adequada de actuar

o que implica procurar em conjunto a resoluccedilatildeo do problema natildeo desvalorizando a perspectiva do

teacutecnico de educaccedilatildeo mesmo que do ponto de vista da sauacutede nos pareccedila oacutebvia a resistecircncia agrave mudanccedila e

a sua soluccedilatildeo

Se natildeo conseguirmos sensibilizar os profissionais de educaccedilatildeo para a importacircncia da escovagem e nos

limitarmos a contra-argumentar com os nossos dados e a nossa cientificidade facilmente iratildeo

encontrar outros argumentos Eacute preciso compreender que o que estaacute em causa natildeo satildeo as dificuldades

objectivas mas outro tipo de razotildees mais ou menos subjectivas relacionadas com as condiccedilotildees locais

e de contexto como por exemplo o facto de alguns professores considerarem que natildeo eacute da sua

competecircncia promover a escovagem dos dentes dos seus alunos A interacccedilatildeo pais-professores eacute

constante e pode potenciar grandemente o programa

23 Terceira vertente ndash os pais

Os pais satildeo tambeacutem intervenientes fundamentais nos programas de sauacutede oral e eacute fundamental que

sejam englobados na equipa de projecto enquanto parceiros activos na programaccedilatildeo de actividades de

modo a poder resolver-se eventuais resistecircncias que inclusive podem ser desconhecidas dos teacutecnicos e

serem devidas a idiossincracias micro-culturais Todas as estrateacutegias que sensibilizem os pais para as

medidas que se preconizam satildeo importantes Eacute fundamental que o programa seja ldquocontinuadordquo e

reforccedilado em casa e natildeo pelo contraacuterio descredibilizado pelas praacuteticas domeacutesticas

Em relaccedilatildeo aos pais os factores emocionais satildeo centrais na sua relaccedilatildeo com os filhos e com as escolhas

comportamentais quotidianas Transmitir informaccedilatildeo de forma essencialmente cognitiva por exemplo

laquonatildeo decirc lsquoBolosrsquo aos seus filhos porque satildeo alimentos que podem contribuir para o aparecimento de

caacuterie nos dentes e provocar obesidaderaquo tem muitas possibilidades de provocar efeitos perversos

negativos como seja a culpabilizaccedilatildeo dos pais e a resistecircncia agrave mudanccedila de comportamentos

Com frequecircncia os doces satildeo uma forma de dar afecto ou premiar os filhos ou ateacute servir como

substituto da impossibilidade dos pais estarem mais tempo com os filhos situaccedilatildeo que natildeo eacute com

frequecircncia consciente para os pais Os padrotildees comportamentais dos pais obedecem a inuacutemeras

componentes e soacute actuando sobre cada uma delas se conseguem resultados nas mudanccedilas de

comportamentos

Fornecer apenas informaccedilatildeo pode natildeo soacute natildeo provocar alteraccedilotildees comportamentais como criar ou

aumentar as resistecircncias agrave mudanccedila Eacute preciso adequar a informaccedilatildeo agraves diversas situaccedilotildees

caracterizando-as primeiro valorizando as componentes emocionais relacionais e contextuais dos

comportamentos natildeo culpabilizando os pais (porque isso provoca resistecircncias agrave mudanccedila natildeo soacute em

relaccedilatildeo a este programa mas a futuras intervenccedilotildees) e encontrando formas alternativas de resolver estas

situaccedilotildees utilizando soluccedilotildees que provoquem emoccedilotildees positivas em todos os intervenientes E dessa

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forma eacute possiacutevel ser-se eficaz respeitando os universos relacionais das famiacutelias e evitando efeitos

comportamentais paradoxais ou seja por reacccedilatildeo agrave informaccedilatildeo que os culpabiliza os pais

dessensibilizam das nossas indicaccedilotildees agravando e aumentando as praacuteticas que se desaconselham

Eacute esta uma das razotildees porque eacute tatildeo difiacutecil atingir os grupos populacionais que exactamente mais

precisavam de ser abrangido pelos programas de prevenccedilatildeo da doenccedila e promoccedilatildeo da sauacutede

Para aleacutem de se conhecerem as praacuteticas alimentares e de higiene oral que as crianccedilas e adolescentes

tecircm em casa eacute importante caracterizar as razotildees desses procedimentos Referimo-nos aos aspectos

individuais familiares culturais e contextuais Se queremos actuar sobre comportamentos eacute

fundamental conhecer as atitudes crenccedilas preconceitos estereoacutetipos e representaccedilotildees sociais que se

relacionam com as praacuteticas das famiacutelias as quais variam de famiacutelia para famiacutelia

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo podem ser colaboradores preciosos para esta caracterizaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo aos pais podemos resumir os aspectos a valorizar

Inclui-los nos diversos passos do programa

sensibiliza-los para a importacircncia da sauacutede oral respeitando os seus universos familiares e

culturais

dar suporte continuado agrave mudanccedila de comportamentos e de todos os factores que lhe estatildeo

associados

24 Quarta vertente ndash as crianccedilas

As crianccedilas e os adolescentes satildeo o principal puacuteblico-alvo do programa de sauacutede oral Sensibilizaacute-los

para as praacuteticas alimentares e de higiene oral que os peritos consideram actualmente adequadas eacute o

nosso objectivo

Como jaacute foi referido anteriormente eacute necessaacuterio ser cuidadoso na forma de comunicar com as crianccedilas

e adolescentes natildeo criticando directa ou indirectamente os conhecimentos e as praacuteticas aconselhadas

ou consentidas por pais e professores com quem eles convivem directamente e que satildeo dos principais

influenciadores dos seus comportamentos satildeo os seus modelos e constituem o seu universo de afectos

Criar clivagem na relaccedilatildeo cognitiva afectiva e emocional entre pais ou professores e crianccedilas e

adolescentes eacute algo que devemos ter sempre presente e evitar

As estrateacutegias de trabalho com as crianccedilas deveratildeo ser adaptadas agrave sua maturidade psico-cognitiva e

contexto socio-cultural Para que as actividades sejam luacutedicas e criativas adequadas agraves idades e outras

caracteriacutesticas das crianccedilas e adolescentes a contribuiccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo eacute com certeza

fundamental

Eacute muito importante ter em conta alguns aspectos educativos relativamente agrave mudanccedila de

comportamentos A participaccedilatildeo activa das crianccedilas na formulaccedilatildeo dessas actividades torna mais

eficazes os efeitos pretendidos

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Pela dificuldade em mudar comportamentos principalmente de forma estaacutevel eacute aconselhaacutevel adequar

os objectivos agraves realidades Seraacute preferiacutevel actuar sobre um ou dois comportamentos sobre os quais a

caracterizaccedilatildeo inicial nos permitiu depreender que seraacute possiacutevel obtermos resultados positivos em vez

de tentar actuar sobre todos os comportamentos que desejariacuteamos alterar natildeo conseguindo alterar

nenhum deles Naturalmente estas escolhas seratildeo feitas cientificamente segundo o que a Educaccedilatildeo para

a Sauacutede preconiza nas vertentes relacionadas com as ciecircncias comportamentais (sociais e humanas)

Outro aspecto fundamental eacute a continuidade na acccedilatildeo A eficaacutecia seraacute tanto maior quanto mais

continuadas forem as actividades dando suporte agrave mudanccedila comportamental e reforccedilo agrave sua

manutenccedilatildeo A continuidade da acccedilatildeo permite conhecer melhor as situaccedilotildees os obstaacuteculos e as formas

de os remover pois cada caso eacute um caso e generalizar diminui grandemente a eficaacutecia

Deve ser dada uma atenccedilatildeo especial agraves crianccedilas com Necessidades de Sauacutede Especiais desfavorecidas

socialmente (porque vivem em bairros degradados com poucos recursos econoacutemicos pertencem a

minorias eacutetnicas ou satildeo emigrantes) ou que natildeo frequentam a escola utilizando estrateacutegias especificas

adequadas agraves suas dificuldades

25 Quinta vertente ndash a comunidade

Para os programas de Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutede a componente comunitaacuteria eacute fundamental A

participaccedilatildeo e contribuiccedilatildeo dos vaacuterios sectores da comunidade podem ser potenciadores do trabalho a

desenvolver

Dependendo das situaccedilotildees locais a Autarquia as IPSS e as ONGrsquos entre outras podem ser parceiros

de enorme valia para o desenvolvimento do programa Para isso temos que sensibilizar os liacutederes

locais para a importacircncia da sauacutede oral e do programa que se pretende incrementar explicitando como

com pequenos custos podemos obter ganhos em sauacutede a meacutedio e longo prazo

As instituiccedilotildees que organizam actividades para crianccedilas e adolescentes como os ATLrsquos associaccedilotildees

culturais desportivas e religiosas podem ser excelentes parceiros para o desenvolvimento das

actividades dependendo das caracteriacutesticas da comunidade onde se aplica o programa Os grupos de

teatro satildeo tambeacutem um excelente recurso para integrarem as actividades com as crianccedilas e os

adolescentes

26 Sexta vertente ndash os meios de comunicaccedilatildeo social

Os meios de comunicaccedilatildeo social locais e regionais se forem utilizados apropriadamente podem ser

parceiros potenciadores das actividades que se pretendem desenvolver

Mas com frequecircncia os teacutecnicos de sauacutede encontram dificuldades na relaccedilatildeo com os profissionais da

comunicaccedilatildeo social considerando que estes natildeo satildeo sensiacuteveis agraves nossas preocupaccedilotildees com a prevenccedilatildeo

da doenccedila e da promoccedilatildeo da sauacutede

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Os media tecircm uma linguagem e podemos dizer uma filosofia proacuteprias que com frequecircncia natildeo satildeo

coincidentes com as nossas eacute por essa razatildeo necessaacuterio que os teacutecnicos de sauacutede se adaptem e se

possiacutevel se aperfeiccediloem na linguagem dos meacutedia Se natildeo utilizarmos adequadamente os meios de

comunicaccedilatildeo social estes podem ter um efeito contraproducente diminuindo a eficaacutecia do programa de

sauacutede oral

Algumas das dificuldades encontradas quando trabalhamos com os media especialmente as raacutedios e as

televisotildees satildeo as seguintes

na maior parte dos casos natildeo se pode transmitir muita informaccedilatildeo mesmo que seja um programa

de raacutedio de 1 ou 2 horas iria ficar muito monoacutetono e pouco atraente assim como se tornaria

confuso para os ouvintes e pouco eficaz porque com frequecircncia as pessoas desenvolvem outras

actividades enquanto ouvem raacutedio

eacute aconselhaacutevel transmitir apenas o que eacute realmente importante e faze-lo de forma muito clara

mantendo a consistecircncia sobre a hierarquia das informaccedilotildees nas diversas intervenccedilotildees ou seja que

todas os intervenientes no programa e em todas as situaccedilotildees em que intervecircm tenham um discurso

coerente e natildeo contraditoacuterio

evitar informaccedilotildees riacutegidas que culpabilizem as pessoas e natildeo respeitem os seus contextos micro-

culturais Eacute preferiacutevel suscitar alguma mudanccedila comportamental de forma progressiva que

nenhuma

com frequecircncia utilizamos o leacutexico meacutedico sem nos apercebermos que muitos cidadatildeos natildeo

conhecem termos que nos parecem simples como obesidade ou colesterol atribuindo-lhes outros

significados (portanto desconhecem que natildeo conhecem o verdadeiro significado)

se possiacutevel testar com pessoas de diversas idades e estratos socio-culturais que sejam leigas em

relaccedilatildeo a estas temaacuteticas aquilo que se preparou para a intervenccedilatildeo nos meios de comunicaccedilatildeo

social e alterar se necessaacuterio de acordo com as indicaccedilotildees que essas pessoas nos fornecerem

27 Seacutetima vertente ndash a avaliaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo deve ter iniacutecio na fase de planeamento e acompanhar todo o projecto de modo a introduzir

as alteraccedilotildees necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar das actividades

Devem fazer parte da equipa de avaliaccedilatildeo os diversos parceiros do projecto assim como pessoas

externas ao projecto e estas quando possiacutevel com formaccedilatildeo em educaccedilatildeo para a sauacutede nas aacutereas

teacutecnicas comportamentais de planeamento e avaliaccedilatildeo qualitativa e quantitativa

Satildeo fundamentais avaliaccedilotildees qualitativas e quantitativas das actividades a desenvolver e se possiacutevel

com anaacutelises comparativas ao desenrolar do projecto noutras zonas do paiacutes

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3 T eacute c n i c a s d e H i g i e n e O r a l

3 1 Escovagem dos den tes ndash A escova A escovagem dos dentes deve ser efectuada com uma escova de tamanho adequado agrave boca de quem a

utiliza Habitualmente as embalagens referem as idades a que se destinam Os filamentos devem ser

de nylon com extremidades arredondadas e textura macia que quando comeccedilam a ficar deformados

obrigam agrave substituiccedilatildeo da escova Normalmente a escova quando utilizada 2 vezes por dia dura cerca

de 3-4 meses

Existem escovas manuais e eleacutectricas as quais requerem os mesmos cuidados As escovas eleacutectricas

facilitam a higiene oral das pessoas que tenham pouca destreza manual

3 2 Escovagem dos den tes ndash O den t iacute f r i co O dentiacutefrico a utilizar deve conter fluoreto numa dosagem de cerca de 1000-1500 ppm A quantidade a

utilizar em cada uma das escovagens deve ser semelhante (ou inferior) ao tamanho da unha do 5ordm dedo

(dedo mindinho) da matildeo da crianccedila

Os dentiacutefricos com sabores muito atractivos natildeo se recomendam porque podem levar as crianccedilas a

engoli-lo deliberadamente Ateacute aos 6 anos aproximadamente o dentiacutefrico deve ser colocado na escova

por um adulto Apoacutes a escovagem dos dentes eacute apenas necessaacuterio cuspir o excesso de dentiacutefrico

podendo no entanto bochechar-se com um pouco de aacutegua

33 Escovagem dos dentes no Jardim-de-infacircncia e na Escola identificaccedilatildeo e arrumaccedilatildeo das escovas e copos

Hoje em dia haacute escovas de dentes que tecircm uma tampa ou estojo com orifiacutecios que a protege Caso se

opte pela utilizaccedilatildeo destas escovas natildeo eacute necessaacuterio que fiquem na escola Os alunos poderatildeo colocaacute-

la dentro da mochila juntamente com o tubo do dentiacutefrico e transportaacute-los diariamente para a escola

O conceito de intransmissibilidade da escova de dentes deve ser reforccedilado junto das crianccedilas Se as

escovas ficarem na escola eacute essencial que estejam identificadas bastando para tal escrever no cabo da

escova o nome da crianccedila com uma caneta de tinta resistente agrave aacutegua Tambeacutem se devem identificar os

dentiacutefricos Cada aluno deveraacute ter o seu proacuteprio dentiacutefrico e os copos caso natildeo sejam descartaacuteveis

As escovas guardam-se num local seco e arejado de modo a que os pelos fiquem virados para cima e

natildeo contactem umas com as outras Cada escova pode ser colocada dentro do copo num suporte

acriacutelico ou outro material resistente agrave aacutegua em local seco e arejado

Dentiacutefricos e escovas devem estar fora do alcance das crianccedilas para evitar a troca ou ingestatildeo

acidental de dentiacutefrico Caso haja a possibilidade de utilizar copos descartaacuteveis (de cafeacute) o processo eacute

bastante simplificado (os copos de cafeacute podem ser substituiacutedos por copos de iogurte) Os produtos de

higiene oral podem ser adquiridos com a colaboraccedilatildeo da Autarquia do Centro de Sauacutede dos pais ou

ateacute de alguma empresa Se a escola tiver refeitoacuterio pode tambeacutem ser viaacutevel utilizar os copos do

refeitoacuterio

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34 Escovagem dos den tes ndash Organ izaccedilatildeo da ac t i v idade

A escovagem dos dentes deve ser feita diariamente no jardim-de-infacircncia e na escola apoacutes o almoccedilo agrave

entrada na sala de aula ou apoacutes o intervalo As crianccedilas poderatildeo escovar os dentes na casa de banho no

refeitoacuterio ou na proacutepria sala de aula O processo eacute simples natildeo exigindo muitas condiccedilotildees fiacutesicas das

escolas que satildeo frequentemente utilizadas para justificar a recusa desta actividade

Caso a escola tenha lavatoacuterios suficientes esta actividade pode ser feita na casa de banho Eacute necessaacuterio

definir a hora em que cada uma das salas vai utilizar esse espaccedilo Na casa de banho deveratildeo estar

apenas as crianccedilas que estatildeo a escovar os dentes Os outros esperam a sua vez em fila agrave porta Eacute

essencial que esteja algueacutem (auxiliar professoreducador ou voluntaacuterio) a vigiar para manter a ordem

organizar o processo e corrigir a teacutecnica da escovagem No final da escovagem cada crianccedila lava a

escova e o copo (se natildeo for descartaacutevel) e arruma no local destinado a esse efeito

Quando o espaccedilo fiacutesico natildeo permite que a escovagem seja feita na casa de banho esta actividade pode

ser feita na proacutepria sala de aula Nesta situaccedilatildeo se for possiacutevel utilizar copos descartaacuteveis ou copos de

iogurte facilita o processo e torna-o menos moroso Os alunos mantecircm-se sentados nas suas cadeiras

Retiram da sua mochila o estojo com a escova e o dentiacutefrico Um dos alunos distribui os copos e os

guardanapos (ou toalhetes de papel ou papel higieacutenico) Os alunos escovam os dentes todos ao mesmo

tempo podendo ateacute fazecirc-lo com muacutesica O professor deve ir corrigindo a teacutecnica de escovagem Apoacutes

a escovagem as crianccedilas cospem o excesso de dentiacutefrico para o copo limpam a boca tiram o excesso

de dentiacutefrico e saliva da escova com o papel ou o guardanapo e por fim colocam-no dentro do copo

Tapam a escova e arrumam-na em estojo proacuteprio ou na mochila juntamente com o dentiacutefrico No final

um dos alunos vai buscar um saco de lixo passa por todas as carteiras para que cada uma coloque o

seu copo no lixo Caso alguma das crianccedilas natildeo tolere o restos de dentiacutefrico na cavidade oral pode

colocar-se uma pequena porccedilatildeo de aacutegua no copo e no fim da escovagem bochecha e cospe para o

copo Os pais dos alunos devem ser instruiacutedos para se certificarem que em casa a crianccedila lava a sua

escova com aacutegua corrente e volta a colocaacute-la na mochila No sentido de facilitar o procedimento

recomenda-se que os copos sejam descartaacuteveis e as escovas tenham tampa

35 Escovagem dos den tes - A teacutecn ica A escovagem dos dentes para ser eficaz ou seja para remover a placa bacteriana necessita ser feita

com rigor e demora 2 a 3 minutos Quando se utiliza uma escova manual a escovagem faz-se da

seguinte forma

inclinar a escova em direcccedilatildeo agrave gengiva (cerca de 45ordm) e fazer pequenos movimentos vibratoacuterios

horizontais ou circulares de modo a que os pelos da escova limpem o sulco gengival (espaccedilo que

fica entre o dente e a gengiva)

se for difiacutecil manter esta posiccedilatildeo colocar os pecirclos da escova perpendicularmente agrave gengiva e agrave

superfiacutecie do dente

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 12

escovar 2 dentes de cada vez (os correspondentes ao tamanho da cabeccedila da escova) fazendo

aproximadamente 10 movimentos (ou 5 caso sejam crianccedilas ateacute aos 6 anos) nas superfiacutecies

dentaacuterias abarcadas pela escova

comeccedilar a escovagem pela superfiacutecie externa (do lado da bochecha) do dente mais posterior de um

dos maxilares e continuar a escovar ateacute atingir o uacuteltimo dente da extremidade oposta desse

maxilar

com a mesma sequecircncia escovar as superfiacutecies dentaacuterias do lado da liacutengua

proceder do mesmo modo para fazer a escovagem dos dentes do outro maxilar

escovar as superfiacutecies mastigatoacuterias dos dentes com movimentos de vaiveacutem

por fim pode escovar-se a liacutengua

Quando se utiliza uma escova de dentes eleacutectrica segue-se a mesma sequecircncia de escovagem O

movimento da escova eacute feito automaticamente natildeo deve ser feita pressatildeo ou movimentos adicionais

sobre os dentes A escova desloca-se ao longo da arcada escovando um soacute dente de cada vez A

escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluacuteor deve ser feita duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente agrave noite antes de deitar

3 6 Uso do f io den taacute r io A partir do momento em que haacute destreza manual (a partir dos 8 anos) eacute indispensaacutevel o uso do fio ou

fita dentaacuteria que se utiliza da seguinte forma

retirar cerca de 40 cm de fio (ou fita) do porta fio

enrolar a quase totalidade do fio no dedo meacutedio de uma matildeo e uma pequena porccedilatildeo no dedo meacutedio

da outra matildeo deixando entre os dois dedos uma porccedilatildeo de fio com aproximadamente 25 cm

Quando as crianccedilas satildeo mais pequenas pode retirar-se uma porccedilatildeo mais pequena de fio cerca de

30 cm dar um noacute juntando as 2 pontas formando um ciacuterculo com o fio natildeo havendo necessidade

de o enrolar nos dedos Eacute importante utilizar sempre fio limpo em cada espaccedilo interdentaacuterio Os

polegares eou os indicadores ajudam a manuseaacute-lo

introduzir o fio cuidadosamente entre dois dentes e curva-lo agrave volta do dente que se quer limpar

fazendo com que tome a forma de um ldquoCrdquo

executar movimentos curtos horizontais desde o ponto de contacto entre os dentes ateacute ao sulco

gengival em cada uma das faces que delimitam o espaccedilo interdentaacuterio

repetir este procedimento ateacute que todos os espaccedilos interdentaacuterios de todos os dentes estejam

devidamente limpos

O fio dentaacuterio deve ser utilizado uma vez por dia de preferecircncia agrave noite antes de deitar Na escola os

alunos poderatildeo a aprender a utilizar este meio de remoccedilatildeo de placa bacteriana interdentaacuterio sendo

importante envolver os pais no sentido de lhes pedir colaboraccedilatildeo e permitir que as crianccedilas o utilizem

em casa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 13

3 7 Reve lador de p laca bac te r i ana O uso de reveladores de placa bacteriana (em soluto ou em comprimidos mastigaacuteveis) permitem

avaliar a higiene oral e consequentemente melhorar as teacutecnicas de escovagem e de utilizaccedilatildeo do fio

dentaacuterio

A partir dos 6 anos de idade estes produtos podem ser usados para que as crianccedilas visualizem a placa

e mais facilmente compreendam que os seus dentes necessitam de ser cuidadosamente limpos

A eritrosina que tem a propriedade de corar de vermelho a placa bacteriana eacute um dos exemplos de

corantes que se podem utilizar Utiliza-se da seguinte forma

colocar 1 a 2 gotas por baixo da liacutengua ou mastigar um comprimido sem engolir

passar a liacutengua por todas as superfiacutecies dentaacuterias

bochechar com aacutegua

A placa bacteriana corada eacute facilmente removida atraveacutes da escovagem dos dentes e do fio dentaacuterio

Nota Para evitar que os laacutebios fiquem corados de vermelho antes de colocar o corante pode passar

batom creme gordo ou vaselina nos laacutebios

3 8 Bochecho f luore tado A partir dos 6 anos pode ser feito o bochecho quinzenal com fluoreto de soacutedio a 02 na escola da

seguinte forma

agitar a soluccedilatildeo e deitar 10 ml em cada copo e distribui-los

indicar a cada crianccedila para colocar o antebraccedilo no rebordo da mesa

introduzir a soluccedilatildeo na boca sem engolir

repousar a testa no antebraccedilo colocando o copo debaixo da boca

bochechar vigorosamente durante 1 minuto

apoacutes este periacuteodo deve ser cuspida tendo o cuidado de natildeo a engolir

Apoacutes o bochecho a crianccedila deve permanecer 30 minutos sem comer nem beber

39 Iacutendice de placa O Iacutendice de Placa (IP) eacute utilizado para quantificar a placa bacteriana em todas as superfiacutecies dentaacuterias e

reflecte os haacutebitos de higiene oral dos indiviacuteduos avaliados

Assim enquanto que um baixo Iacutendice de Placa poderaacute significar um bom impacto das acccedilotildees de

educaccedilatildeo para a sauacutede em sauacutede oral nomeadamente das relacionadas com a higiene um iacutendice

elevado sugere o contraacuterio

Em programas comunitaacuterios geralmente eacute utilizado o Iacutendice de Placa Simplificado que eacute mais raacutepido

de determinar sendo o resultado final igualmente fiaacutevel

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 14

Para se calcular o Iacutendice de Placa Simplificado eacute necessaacuterio atribuir um valor ao tamanho da placa

bacteriana existente nos seguintes 6 dentes e superfiacutecies predeterminados Maxilar superior

1 Primeiro molar superior direito - Superfiacutecie vestibular

2 Incisivo central superior direito - Superfiacutecie vestibular

3 Primeiro molar superior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

4 Primeiro molar inferior esquerdo - Superfiacutecie lingual

5 Incisivo central inferior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

6 Primeiro molar inferior direito - Superfiacutecie lingual

Para atribuir um valor ao tamanho da placa bacteriana existente em cada uma das su

acima referidas eacute necessaacuterio utilizar o revelador de placa bacteriana para a co

facilitar a sua observaccedilatildeo e respectiva classificaccedilatildeo e registo

A cada uma das superfiacutecies dentaacuterias soacute pode ser atribuiacutedo um dos seguintes valore

Valor 0

Valor 1

Valor 2

Valor 3

rarr Se a superfiacutecie do dente natildeo estaacute corada

rarr Se 13 da superfiacutecie estaacute corado

rarr Se 23 da superfiacutecie estatildeo corados

rarr Se estaacute corada toda a superfiacutecie

Feito o registo da observaccedilatildeo individual verifica-se que o somatoacuterio do conjunto de

poderaacute variar entre 0 (zero) e 18 (dezoito)

Dividindo por 6 (seis) este somatoacuterio obteacutem-se o Iacutendice de Placa Individual

Para determinar o Iacutendice de Placa de um grupo de indiviacuteduos divide-se o som

individuais pelo nuacutemero de indiviacuteduos observados multiplicado por seis (o nuacutemer

nuacutemero de dentes seleccionados por indiviacuteduo)

Assim o Iacutendice de Placa poderaacute variar entre 0 (zero) e 3 (trecircs)

Iacutendice de Placa (IP) = Somatoacuterio da classificaccedilatildeo dada a cada dente

Nordm de indiviacuteduos observados x 6

A sauacutede oral das crianccedilas e adolescentes eacute um grave problema de sauacutede puacuteblica ma

simples como as descritas neste documento executadas pelos proacuteprios eou com

encorajadas pela escola e pelos serviccedilos de sauacutede contribuem decididamente para

oral importantes e implementaccedilatildeo efectiva do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas d

Maxilar inferior

perfiacutecies dentaacuterias

rar e dessa forma

s

valores atribuiacutedos

atoacuterio dos valores

o seis representa o

s que com medidas

ajuda da famiacutelia

ganhos em sauacutede

Sauacutede Oral

e EPSrsquorsquo 15

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

F l u o r e t o s

F u n d a m e n t a ccedil atilde o e R e c o m e n d a ccedil otilde e s d a T a s k F o r c e

Documento produzido pela Task Force constituiacuteda pelo Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr

Ricardo Jorge Direcccedilatildeo-Geral de Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura Faculdade de

Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Medicina Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria

Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa e Porto Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento Instituto Superior de

Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia

Ordem dos Meacutedicos Dentistas Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria Sociedade Portuguesa de

Pediatria e os serviccedilos da DGS Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede Divisatildeo de Sauacutede Ambiental

Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

1 F l u o r e t o s

A evidecircncia cientiacutefica tem demonstrado que as mudanccedilas observadas no padratildeo da doenccedila caacuterie

dentaacuteria ocorrem pela implementaccedilatildeo de programas preventivos e terapecircuticos de acircmbito comunitaacuterio

e por estrateacutegias de acccedilatildeo especiacuteficas dirigidas a grupos de risco com criteriosa utilizaccedilatildeo dos

fluoretos

O fluacuteor eacute o elemento mais electronegativo da tabela perioacutedica e raramente existe isolado sendo por

isso habitualmente referido como fluoreto Na natureza encontra-se sob a forma de um iatildeo (F-) em

associaccedilatildeo com o caacutelcio foacutesforo alumiacutenio e tambeacutem como parte de certos silicatos como o topaacutezio

Normalmente presente nas rochas plantas ar aacuteguas e solos este elemento faz parte da constituiccedilatildeo de

alguns materiais plaacutesticos e pode tambeacutem estar presente na constituiccedilatildeo de alguns fertilizantes

contribuindo desta forma para a sua presenccedila no solo aacutegua e alimentos No solo o conteuacutedo de

fluoretos varia entre 20 e 500 ppm contudo nas camadas mais profundas o seu niacutevel aumenta No ar a

concentraccedilatildeo normal de fluoretos oscila entre 005 e 190microgm3 1

Do fluacuteor que eacute ingerido entre 75 e 90 eacute absorvido por via digestiva sendo a mucosa bucal

responsaacutevel pela absorccedilatildeo de menos de 1 Depois de absorvido passa para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea

sob a forma ioacutenica ou de compostos orgacircnicos lipossoluacuteveis A forma ioacutenica que circula livremente e

natildeo se liga agraves proteiacutenas nem aos componentes plasmaacuteticos nem aos tecidos moles eacute a que vai estar

disponiacutevel para ser absorvida pelos tecidos duros Da quantidade total de fluacuteor presente no organismo

99 encontra-se nos tecidos calcificados Entre 10 e 25 do aporte diaacuterio de fluacuteor natildeo chega a ser

absorvido vindo a ser excretado pelas fezes O fluacuteor absorvido natildeo utilizado (cerca de 50) eacute

eliminado por via renal2

O fluacuteor tem uma grande afinidade com a apatite presente no organismo com a qual cria ligaccedilotildees

fortes que natildeo satildeo irreversiacuteveis Este facto deve-se agrave facilidade com que os radicais hidroxilos da

hidroxiapatite satildeo substituiacutedos pelos iotildees fluacuteor formando fluorapatite No entanto a apatite normal do

ser humano presente no osso e dente mesmo em condiccedilotildees ideais de presenccedila de fluacuteor nunca se

aproxima da composiccedilatildeo da fluorapatite pura

Quando o fluacuteor eacute ingerido passa pela cavidade oral daiacute resultando a deposiccedilatildeo de uma determinada

quantidade nos tecidos e liacutequidos aiacute existentes A mucosa jugal as gengivas a placa bacteriana os

dentes e a saliva vatildeo beneficiar imediatamente de um aporte directo de fluacuteor que pode permitir que a

sua disponibilidade na cavidade oral se prolongue por periacuteodos mais longos Eacute um facto que a presenccedila

de fluacuteor no meio oral independentemente da sua fonte resulta numa acccedilatildeo preventiva e terapecircutica

extremamente importante

Nota 22 mg de fluoreto de soacutedio correspondem a 1 mg de fluacuteor Quando se dilui 1 mg de fluacuteor em um litro de aacutegua pura

considera-se que essa aacutegua passou a ter 1 ppm de fluacuteor

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 2

Considera-se actualmente que os benefiacutecios dos fluoretos resultam basicamente da sua acccedilatildeo toacutepica

sobre a superfiacutecie do dente enquanto a sua acccedilatildeo sisteacutemica (preacute-eruptiva) eacute muito menos importante

A acccedilatildeo preventiva e terapecircutica dos fluoretos eacute conseguida predominantemente pela sua acccedilatildeo toacutepica

quer nas crianccedilas quer nos adultos atraveacutes de trecircs mecanismos diferentes responsaacuteveis pela

bull inibiccedilatildeo do processo de desmineralizaccedilatildeo

bull potenciaccedilatildeo do processo de remineralizaccedilatildeo

bull inibiccedilatildeo da acccedilatildeo da placa bacteriana

O uso racional dos fluoretos na profilaxia da caacuterie dentaacuteria com eficaacutecia e seguranccedila baseia-se no

conhecimento actualizado dos seus mecanismos de acccedilatildeo e da sua toxicologia

Com base na evidecircncia cientiacutefica a estrateacutegia de utilizaccedilatildeo dos fluoretos em sauacutede oral foi redefinida

tendo em conta que a sua acccedilatildeo preventiva eacute predominantemente poacutes-eruptiva e toacutepica e a sua acccedilatildeo

toacutexica com repercussotildees a niacutevel dentaacuterio eacute preacute-eruptiva e sisteacutemica

Estudos epidemioloacutegicos efectuados pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) sobre os efeitos do

fluacuteor na sauacutede humana referem que valores compreendidos entre 1 e 15 ppm natildeo representam risco

acrescido Contudo valores entre 15 e 2 ppm em climas quentes poderatildeo contribuir para a ocorrecircncia

de casos de fluorose dentaacuteria e valores entre 3 a 6 ppm para o aparecimento de fluorose oacutessea

Para a OMS a concentraccedilatildeo oacuteptima de fluoretos na aacutegua quando esta eacute sujeita a fluoretaccedilatildeo deve

estar compreendida entre 05 e 15 ppm de F dependendo este valor da temperatura meacutedia do local

que condiciona a quantidade de aacutegua ingerida nas zonas mais frias o valor maacuteximo pode estar perto

do limite superior nas zonas mais quentes o valor deve estar perto do limite inferior para uma

prevenccedilatildeo eficaz da caacuterie dentaacuteria Para que os riscos de fluorose estejam diminuiacutedos os programas de

fluoretaccedilatildeo das aacuteguas devem obedecer a criteacuterios claramente definidos

Nas regiotildees onde a aacutegua da rede puacuteblica conteacutem menos de 03 ppm (mgl) de fluoretos (situaccedilatildeo mais

frequente em Portugal Continental) a dose profilaacutectica oacuteptima considerando a soma de todas as fontes

de fluoretos eacute de 005mgkgdia3

11 Toxicidade Aguda

Uma intoxicaccedilatildeo aguda pelo fluacuteor eacute uma possibilidade extremamente rara Alguns casos tecircm sido

descritos na literatura Estudos efectuados em roedores e extrapolados para o homem adulto permitem

pensar que a dose letal miacutenima de fluacuteor seja de aproximadamente 2 gramas ou 32 a 64 mgkg de peso

corporal mas para uma crianccedila bastam 15 mgkg de peso corporal 2

A partir da ingestatildeo de doses superiores a 5mgkg de peso corporal considera-se a hipoacutetese de vir a ter

efeitos toacutexicos

As crianccedilas pequenas tecircm um risco acrescido de ingerir doses de fluoretos atraveacutes do consumo de

produtos de higiene oral A ingestatildeo acidental de um quarto de um tubo com dentiacutefrico de 125 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 3

(1500 ppm de Fluacuteor) potildee em risco a vida de uma crianccedila de um ano de idade O risco de ingestatildeo

acidental por crianccedilas eacute real e eacute adjuvado pelo tipo de embalagens destes produtos que natildeo tecircm

dispositivos de seguranccedila para a sua abertura

A toxicidade aguda pelos fluoretos poderaacute manifestar-se por queixas digestivas (dor abdominal

voacutemitos hematemeses e melenas) neuroloacutegicas (tremores convulsotildees tetania deliacuterio lentificaccedilatildeo da

voz) renais (urina turva hematuacuteria) metaboacutelicas (hipocalceacutemia hipomagnesieacutemia hipercalieacutemia)

cardiovasculares (arritmias hipotensatildeo) e respiratoacuterias (depressatildeo respiratoacuteria apneias) 4

12 Toxicidade Croacutenica

A dose total diaacuteria de fluoretos administrados por via sisteacutemica isenta de risco de toxicidade croacutenica

situa-se abaixo de 005 mgkgdia de peso A partir desses valores aumentam as manifestaccedilotildees atraveacutes

do aparecimento de hipomineralizaccedilatildeo do esmalte que se revela por fluorose dentaacuteria Com

concentraccedilotildees acima de 25 ppm na aacutegua esta manifestaccedilatildeo eacute mais evidente sendo tanto mais grave

quanto a concentraccedilatildeo de fluoretos vai aumentando O periacuteodo criacutetico para o efeito toacutexico do fluacuteor se

manifestar sobre a denticcedilatildeo permanente eacute entre o nascimento e os 7 anos de idade (ateacute aos 3 anos eacute o

periacuteodo mais criacutetico) Quando existem fluoretos ateacute 3 ppm na aacutegua aleacutem da fluorose natildeo parece

existir qualquer outro efeito toacutexico na sauacutede A partir deste valor aumenta o risco de nefrotoxicidade

Como qualquer outro medicamento os fluoretos em dose excessiva tecircm efeitos toacutexicos que

normalmente se manifestam atraveacutes de uma interferecircncia na esteacutetica dentaacuteria Essa manifestaccedilatildeo eacute a

fluorose dentaacuteria

Estudos recentes sobre suplementos de fluoretos e fluorose 5 confirmam que as comunidades sem aacutegua

fluoretada e que utilizam suplementos de fluoretos durante os primeiros 6 anos de vida apresentam

um aumento do risco de desenvolver fluorose

O principal factor de risco para o aparecimento de fluorose dentaacuteria eacute o aporte total de fluoretos

provenientes de diferentes fontes nomeadamente da alimentaccedilatildeo incluindo a aacutegua e os suplementos

alimentares dentiacutefricos e soluccedilotildees para bochechos comprimidos e gotas e ingestatildeo acidental que natildeo

satildeo faacuteceis de quantificar

A fluorose dentaacuteria aumentou nos uacuteltimos anos em comunidades com e sem aacutegua fluoretada 6

2 F l u o r e t o s n a aacute g u a

2 1 Aacute g u a d e a b a s t e c i m e n t o p uacute b l i c o

A fluoretaccedilatildeo das aacuteguas para consumo humano como meio de suprir o deacutefice de fluoretos na aacutegua eacute

uma praacutetica comum em alguns paiacuteses como o Brasil Austraacutelia Canadaacute EUA e Nova Zelacircndia

Apesar de serem tatildeo diferentes quer do ponto de vista soacutecioeconoacutemico quer geograacutefico eles detecircm

uma experiecircncia superior a 25 anos neste domiacutenio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 4

Na Europa a maior parte dos paiacuteses natildeo faz fluoretaccedilatildeo das suas aacuteguas para consumo humano agrave

excepccedilatildeo da Irlanda da Suiacuteccedila (Basileia) e de 10 da populaccedilatildeo do Reino Unido Na Alemanha eacute

proibido e nos restantes paiacuteses eacute desaconselhado

Nos paiacuteses em que se faz fluoretaccedilatildeo da aacutegua alguns estudos demonstraram natildeo ter existido um ganho

efectivo na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria No entanto outros como a Austraacutelia no Estado de Victoacuteria

onde a fluoretaccedilatildeo da aacutegua se faz regularmente observaram-se ganhos efectivos na sauacutede oral da

populaccedilatildeo com consequentes ganhos econoacutemicos

Recomendaccedilatildeo Eacute indispensaacutevel avaliar a qualidade das aacuteguas de abastecimento puacuteblico periodicamente e corrigir os

paracircmetros alterados

Na aacutegua os valores das concentraccedilotildees de fluoretos estatildeo compreendidas entre 01 a 07 ppm Contudo

em alguns casos podem apresentar valores muito mais elevados

Quando a aacutegua apresenta valores de ph superiores a 8 e o iatildeo soacutedio e os carbonatos satildeo dominantes os

valores de fluoretos normalmente presentes excedem 1 ppm

Nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica os fluoretos podem existir naturalmente ou resultar de um

programa de fluoretaccedilatildeo Em Portugal Continental os valores satildeo normalmente baixos e as aacuteguas natildeo

estatildeo sujeitas a fluoretaccedilatildeo artificial O teor de fluoretos deveraacute ser controlado regularmente de modo

a preservar os interesses da sauacutede puacuteblica 7

Na definiccedilatildeo de um valor guia para a aacutegua de consumo humano a OMS propotildee o valor limite de 15

ppm de Fluacuteor referindo que valores superiores podem contribuir para o aumento do risco de fluorose

A Agecircncia Americana para o Ambiente (USEPA) refere um valor maacuteximo admissiacutevel de fluoretos na

aacutegua de consumo humano de 15 ppm e recomenda que nunca se ultrapasse os 4 ppm

Em Portugal a legislaccedilatildeo actualmente em vigor sobre a qualidade da aacutegua para consumo humano

decreto-lei nordm 23698 de 1 de Agosto define dois Valores Maacuteximos Admissiacuteveis (VMA) para os

fluoretos 15 ppm (8 a 12 ordmC) e 07 ppm (25 a 30 ordmC) O decreto-lei nordm 2432001 de 5 de Setembro

que transpotildee a Directiva Comunitaacuteria nordm 9883CE de 3 de Novembro que entrou em vigor em 25 de

Dezembro de 2003 define para os fluoretos um Valor Parameacutetrico (VP) de 15 ppm

O decreto-lei nordm 24301 remete para a Entidade Gestora a verificaccedilatildeo da conformidade dos valores

parameacutetricos obrigatoacuterios aplicaacuteveis agrave aacutegua para consumo humano Sempre que um valor parameacutetrico

eacute excedido isso corresponde a uma situaccedilatildeo de incumprimento e perante esta situaccedilatildeo a entidade

gestora deve de imediato informar a autoridade de sauacutede e a entidade competente dando conta das

medidas correctoras adoptadas ou em curso para restabelecer a qualidade da aacutegua destinada a consumo

humano

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 5

Deve ter-se em atenccedilatildeo o desvio em relaccedilatildeo ao valor parameacutetrico fixado e o perigo potencial para a

sauacutede humana

Segundo o decreto-lei supra mencionado artigo 9ordm compete agraves autoridades de sauacutede a vigilacircncia

sanitaacuteria e a avaliaccedilatildeo do risco para a sauacutede puacuteblica da qualidade da aacutegua destinada ao consumo

humano Sempre que o risco exista e o incumprimento persistir a autoridade de sauacutede deve informar e

aconselhar os consumidores afectados e determinar a proibiccedilatildeo de abastecimento restringir a

utilizaccedilatildeo da aacutegua que constitua um perigo potencial para a sauacutede humana e adoptar todas as medidas

necessaacuterias para proteger a sauacutede humana

Nos Accedilores e na Madeira ou em zonas onde o teor de fluoretos na aacutegua eacute muito elevado deveraacute ser

feita uma verificaccedilatildeo da constante e a correcccedilatildeo adequada

Os principais tratamentos de desfluoretaccedilatildeo envolvem a floculaccedilatildeo da aacutegua usando sais hidratados de

alumiacutenio principalmente em condiccedilotildees alcalinas No caso de aacuteguas aacutecidas pode-se adicionar cal e

alternativamente pode-se recorrer agrave adsorccedilatildeo com carvatildeo activado ou alumina activada ( Al2O3 ) ou

por permuta ioacutenica usando resinas especiacuteficas

Recomendaccedilatildeo Ateacute aos 6-7 anos as crianccedilas natildeo devem ingerir regularmente aacutegua com teor de fluoretos superior a 07 ppm

Recomendaccedilatildeo Sempre que o valor parameacutetrico dos fluoretos na aacutegua para consumo humano exceder 15 ppm deveratildeo ser aplicadas

medidas correctoras para restabelecer a qualidade da aacutegua

2 2 Aacute g u a s m i n e r a i s n a t u r a i s e n g a r r a f a d a s

As aacuteguas minerais naturais engarrafadas deveratildeo no futuro ter rotulagem de acordo com a Directiva

Comunitaacuteria 200340CE da Comissatildeo Europeia de 16 de Maio publicada no Jornal Oficial da Uniatildeo

Europeia em 2252003 artigo 4ordm laquo1 As aacuteguas minerais naturais cuja concentraccedilatildeo em fluacuteor for

superior a 15 mgl (ppm) devem ostentar no roacutetulo a menccedilatildeo lsquoconteacutem mais de 15 mgl (ppm) de

fluacuteor natildeo eacute adequado o seu consumo regular por lactentes nem por crianccedilas com menos de 7 anosrsquo

2 No roacutetulo a menccedilatildeo prevista no nordm 1 deve figurar na proximidade imediata da denominaccedilatildeo de

venda e em caracteres claramente visiacuteveis 3

As aacuteguas minerais naturais que em aplicaccedilatildeo do nordm 1 tiverem de ostentar uma menccedilatildeo no roacutetulo

devem incluir a indicaccedilatildeo do teor real em fluacuteor a niacutevel da composiccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica em constituintes

caracteriacutesticos tal como previsto no nordm 2 aliacutenea a) do artigo 7ordm da Directiva 80777CEEraquo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 6

Para as aacuteguas de nascente cujas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas satildeo definidas pelo Decreto-lei

2432001 de 5 de Setembro em vigor desde Dezembro de 2003 os limites para o teor de fluoretos satildeo

de 15 mgl (ppm)

De acordo com o parecer do Scientific Committee on Food - Comiteacute Cientiacutefico de Alimentaccedilatildeo

Humana (expresso em Dezembro de 1996) a Comissatildeo natildeo vecirc razotildees para nos climas da Uniatildeo

Europeia (climas temperados) limitar os fluoretos nas aacuteguas de consumo humano e nas aacuteguas minerais

naturais para valores inferiores a 15mgl (ppm)

3 F l u o r e t o s n o s g eacute n e r o s a l i m e n t iacute c i o s

Entende-se por lsquogeacutenero alimentiacuteciorsquo qualquer substacircncia ou produto transformado parcialmente

transformado ou natildeo transformado destinado a ser ingerido pelo ser humano ou com razoaacuteveis

probabilidades de o ser Este termo abrange bebidas pastilhas elaacutesticas e todas as substacircncias

incluindo a aacutegua intencionalmente incorporadas nos geacuteneros alimentiacutecios durante o seu fabrico

preparaccedilatildeo ou tratamento8 9

Na alimentaccedilatildeo as estimativas de ingestatildeo de fluacuteor atraveacutes da dieta variam entre 02 e 34 mgdia

sendo estes uacuteltimos valores atingidos quando se inclui o chaacute na alimentaccedilatildeo A ingestatildeo de fluoretos

provenientes dos alimentos comuns eacute pouco significativa Apenas 13 se apresentam na forma

ionizaacutevel e portanto biodisponiacutevel

Recomendaccedilatildeo Independentemente da origem ao utilizar aacutegua informe-se sobre o seu teor em fluoretos As que tecircm um elevado teor

deste elemento natildeo satildeo adequadas para lactentes e crianccedilas com menos de 7 anos

Recomendaccedilatildeo Dar prioridade a uma dieta equilibrada e saudaacutevel com diversidade alimentar Utilizar a aacutegua da cozedura dos

alimentos para confeccionar outros alimentos (ex sopas arroz)

No iniacutecio do ano de 2003 a Comissatildeo Europeia apresentou uma nova proposta de Directiva

Comunitaacuteria relativa agrave ldquoAdiccedilatildeo aos geacuteneros alimentiacutecios de vitaminas minerais e outras substacircnciasrdquo

onde os fluoretos satildeo referidos como podendo ser adicionados a geacuteneros alimentiacutecios comuns Nesta

proposta de Directiva Comunitaacuteria eacute sugerida a inclusatildeo de determinados nutrimentos (entre eles o

fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de geacuteneros alimentiacutecios comuns Esta proposta

prevista no Livro Branco da Comissatildeo ainda estaacute numa fase inicial de discussatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 7

4 F l u o r e t o s e m s u p l e m e n t o a l i m e n t a r

Entende-se por lsquosuplementos alimentaresrsquo geacuteneros alimentiacutecios que se destinam a complementar e ou

suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas

substacircncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisioloacutegico estremes ou combinados

comercializados em forma doseada tais como caacutepsulas pastilhas comprimidos piacutelulas e outras

formas semelhantes saquetas de poacute ampola de liacutequido frascos com conta gotas e outras formas

similares de liacutequido ou poacute que se destinam a ser tomados em unidades medidas de quantidade

reduzida10

A Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002

transposta para o direito nacional pelo Decreto-lei nordm 1362003 de 28 de Junho relativa agrave aproximaccedilatildeo

das legislaccedilotildees dos Estados-Membros respeitantes aos suplementos alimentares vai permitir a inclusatildeo

de determinados nutrimentos (entre eles o fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de

suplementos alimentares11

A partir de 28 de Agosto de 2003 os fluoretos poderatildeo ser comercializados como suplemento

alimentar passando a estar disponiacutevel em farmaacutecias e superfiacutecies comerciais

As quantidades maacuteximas de vitaminas e minerais presentes nos suplementos alimentares satildeo fixadas

em funccedilatildeo da toma diaacuteria recomendada pelo fabricante tendo em conta os seguintes elementos

a) limites superiores de seguranccedila estabelecidos para as vitaminas e os minerais apoacutes uma

avaliaccedilatildeo dos riscos efectuada com base em dados cientiacuteficos geralmente aceites tendo em

conta quando for caso disso os diversos graus de sensibilidade dos diferentes grupos de

consumidores

b) quantidade de vitaminas e minerais ingerida atraveacutes de outras fontes alimentares

c) doses de referecircncia de vitaminas e minerais para a populaccedilatildeo

Recomendaccedilatildeo Nunca ultrapassar a toma indicada no roacutetulo do produto e natildeo utilizar um suplemento alimentar como substituto de um

regime alimentar variado

As quantidades maacuteximas e miacutenimas de vitaminas e minerais referidas seratildeo adoptadas pela Comissatildeo

Europeia assistida pelo Comiteacute de Regulamentaccedilatildeo

Em Portugal a Agecircncia para a Qualidade e Seguranccedila Alimentar viraacute a ter informaccedilatildeo sobre todos os

suplementos alimentares comercializados como geacuteneros alimentiacutecios e introduzidos no mercado de

acordo com o Decreto-lei nordm 1362003

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 8

A rotulagem dos suplementos alimentares natildeo poderaacute mencionar nem fazer qualquer referecircncia a

prevenccedilatildeo tratamento ou cura de doenccedilas humanas e deveraacute indicar uma advertecircncia de que os

produtos devem ser guardados fora do alcance das crianccedilas

5 F luore tos em med icamentos e p rodutos cosmeacutet icos de h ig iene corpora l

A distinccedilatildeo entre Medicamento e Produto Cosmeacutetico de Higiene Corporal contendo fluoretos depende

do seu teor no produto Os cosmeacuteticos contecircm obrigatoriamente uma concentraccedilatildeo de fluoretos inferior

a 015 (1500 ppm) (Decreto-lei 1002001 de 28 de Marccedilo I Seacuterie A) sendo que todos os dentiacutefricos

com concentraccedilotildees de fluoretos superior a 015 satildeo obrigatoriamente classificados como

medicamentos

Os medicamentos contendo fluoretos e utilizados para a profilaxia da caacuterie dentaacuteria existentes no

mercado portuguecircs satildeo de venda livre em farmaacutecia Encontram-se disponiacuteveis nas formas

farmacecircuticas de soluccedilatildeo oral (gotas orais) comprimidos dentiacutefricos gel dentaacuterio e soluccedilatildeo de

bochecho

5 1 F l u o r e t o s e m c o m p r i m i d o s e g o t a s o r a i s

A utilizaccedilatildeo de medicamentos contendo fluoretos na forma de gotas orais e comprimidos foi ateacute haacute

pouco recomendada pelos profissionais de sauacutede (pediatras meacutedicos de famiacutelia cliacutenicos gerais

meacutedicos estomatologistas meacutedicos dentistas) dos 6 meses ateacute aos 16 anos

A clarificaccedilatildeo do mecanismo de acccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria e o aumento de

aporte dos mesmos com consequentes riscos de manifestaccedilatildeo toacutexica obrigaram agrave revisatildeo da sua

administraccedilatildeo em comprimidos eou gotas A gravidade da fluorose dentaacuteria estaacute relacionada com a

dose a duraccedilatildeo e com a idade em que ocorre a exposiccedilatildeo ao fluacuteor 12 13

A ldquoCanadian Consensus Conference on the Appropriate Use of Fluoride Supplements for the

Prevention of Dental Caries in Childrenrdquo 14definiu um protocolo cuja utilizaccedilatildeo eacute recomendada a

profissionais de sauacutede em que se fundamenta a tomada de decisatildeo sobre a necessidade ou natildeo da

suplementaccedilatildeo de fluacuteor A administraccedilatildeo de comprimidos soacute eacute recomendada quando o teor de fluoretos

na aacutegua de abastecimento puacuteblico for inferior a 03 ppm e

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) natildeo escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas

vezes por dia

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas vezes

por dia mas apresenta um alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 9

Por sua vez a conclusatildeo do laquoForum on Fluoridation 2002raquo15 relativamente agrave administraccedilatildeo de

suplementos de fluoretos foi a seguinte limitar a utilizaccedilatildeo de comprimidos de fluoretos a aacutereas onde

natildeo existe aacutegua fluoretada e iniciar essa suplementaccedilatildeo apenas a crianccedilas com alto risco agrave caacuterie e a

partir dos 3 anos

Os comprimidos de fluoretos caso sejam indicados devem ser usados pelo interesse da sua acccedilatildeo

toacutepica Devem ser dissolvidos na boca em vez de imediatamente ingeridos16

A administraccedilatildeo de fluoretos sob a forma de comprimidos chupados soacute deveraacute ser efectuada em

situaccedilotildees excepcionais isto eacute em populaccedilotildees de baixos recursos econoacutemicos nas quais a escovagem

natildeo possa ser promovida e os iacutendices de caacuterie sejam elevados

Para evitar a potencial toxicidade dos fluoretos antes de qualquer prescriccedilatildeo todos os profissionais de

sauacutede devem efectuar uma avaliaccedilatildeo personalizada dos aportes diaacuterios de cada crianccedila tendo em conta

todas as fontes possiacuteveis desse elemento alimentos comuns suplementos alimentares consumo de

aacutegua da rede puacuteblica eou aacutegua engarrafada e respectivo teor de fluoretos e utilizaccedilatildeo de medicamentos

e produtos cosmeacuteticos contendo fluacuteor

Recomendaccedilatildeo A partir dos 3 anos os suplementos sisteacutemicos de fluoretos poderatildeo ser prescritos pelo meacutedico assistente ou meacutedico dentista em crianccedilas que apresentem um alto risco

agrave caacuterie dentaacuteria

5 2 F l u o r e t o s e m d e n t iacute f r i c o s

Hoje em dia a maior parte dos dentiacutefricos agrave venda no mercado contecircm fluoretos sob diferentes formas

fluoreto de soacutedio monofluorfosfato de soacutedio fluoreto de amina e outros Os mais utilizados satildeo o

fluoreto de soacutedio e o monofluorfosfato de soacutedio

Normalmente o conteuacutedo de fluoreto dos dentiacutefricos eacute de 1000 a 1100 ppm (ou 010 a 011)

podendo variar entre 500 e 1500 ppm

Durante a escovagem cerca de 34 da pasta eacute ingerida por crianccedilas de 3 anos 28 pelas de 4-5 anos

e 20 pelas de 5-7 anos

Devem ser evitados dentiacutefricos com sabor a fruta para impedir o seu consumo em excesso uma vez

que estatildeo jaacute descritos na literatura casos de fluorose resultantes do abuso de dentiacutefricos2

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluoretos duas vezes por dia tem-se revelado um

meio colectivo de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria com grande efectividade e baixo custo pelo que deve

ser considerado o meio de eleiccedilatildeo em estrateacutegias comunitaacuterias

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 10

Do ponto de vista da prevenccedilatildeo da caacuterie a aplicaccedilatildeo toacutepica de dentiacutefrico fluoretado com a escova dos

dentes deve ser executada duas vezes por dia e deve iniciar-se quando se daacute a erupccedilatildeo dos dentes Esta

rotina diaacuteria de higiene executada naturalmente com muito cuidado pelos pais deve

progressivamente ser assumida pela crianccedila ateacute aos 6-8 anos de idade Durante este periacuteodo a

escovagem deve ser sempre vigiada pelos pais ou educadores consoante as circunstacircncias para evitar

a utilizaccedilatildeo de quantidades excessivas de dentiacutefrico o qual pode da mesma forma que os

comprimidos conduzir antes dos 6 anos agrave ocorrecircncia de fluorose

As crianccedilas devem usar dentiacutefrico com teor de fluoretos entre 1000-1500 ppm de fluoreto (dentiacutefrico

de adulto) sendo a quantidade a utilizar do tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

Apoacutes a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado pode-se natildeo bochechar com aacutegua Deveraacute

apenas cuspir-se o excesso de pasta Deste modo consegue-se uma mais alta concentraccedilatildeo de fluoreto

na cavidade oral que vai actuar topicamente durante mais tempo

Os pais das crianccedilas devem receber informaccedilatildeo sobre a escovagem dentaacuteria e o uso de dentiacutefricos

fluoretados A escovagem com dentiacutefrico fluoretado deve iniciar-se imediatamente apoacutes a erupccedilatildeo dos

primeiros dentes Os dentiacutefricos fluoretados devem ser guardados em locais inacessiacuteveis agraves crianccedilas

pequenas17

5 3 F l u o r e t o s e m s o l u ccedil otilde e s d e b o c h e c h o

As soluccedilotildees para bochechos recomendadas a partir dos 6 anos de idade tecircm sido utilizadas em

programas escolares de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria em inuacutemeros paiacuteses incluindo Portugal Satildeo

recomendadas a indiviacuteduos de maior risco agrave caacuterie dentaacuteria mas a sua utilizaccedilatildeo tem vido a ser

restringida a crianccedilas que escovam eficazmente os dentes

Recomendaccedilatildeo Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Recomendaccedilatildeo A partir dos 6 anos de idade deve ser feito o bochecho quinzenalmente com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

02

As soluccedilotildees fluoretadas de uso diaacuterio habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

005 e as de uso semanal ou quinzenal habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de 02

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 11

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 12

Referecircncias

1 Diegues P Linhas de Orientaccedilatildeo associadas agrave presenccedila de fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento 2003 Documento produzido no acircmbito da task force Sauacutede Oral e Fluacuteor Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar e na Divisatildeo de Sauacutede Ambiental da DGS 2 Melo PRGR Influecircncia de diferentes meacutetodos de administraccedilatildeo de fluoretos nas variaccedilotildees de incidecircncia de caacuterie Porto Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto 2001 Tese de doutoramento 3 Agence Francaise de Seacutecuriteacute des Produits de Santeacute Mise au point sur le fluacuteor et la prevention de la carie dentaire AFSPS 31 Juillet 2002 4 Leikin JB Paloucek FP Poisoning amp Toxicology Handbook 3th edition Hudson Lexi- Comp 2002 586-7 5 Ismail AI Bandekar RR Fluoride suplements and fluorosis a meta-analysis Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 48-56 6 Steven ML An update on Fluorides and Fluorosis J Can Dent Assoc 200369(5)268-91 7 Pinto R Cristovatildeo E Vinhais T Castro MF Teor de fluoretos nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica nas sedes de concelho de Portugal Continental Revista Portuguesa de Estomatologia Medicina Dentaacuteria e Cirurgia Maxilofacial 1999 40(3)125-42 8 Regulamento 1782002 do Parlamento Europeu e do Conselho de 28 de Janeiro Jornal Oficial das Comunidades Europeias (2002021) 9 Decreto ndash lei nordm 5601999 DR I Seacuterie A 147 (991218) 10 Decreto ndash lei nordm 1362003 DR I Seacuterie A 293 (20030628) 11 Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002 Jornal Oficial das Comunidades Europeias (20020712) 12 Aoba T Fejerskov O Dental fluorosis Chemistry and Biology Crit Rev Oral Biol Med 2002 13(2) 155-70 13 DenBesten PK Biological mechanisms of dental fluorosis relevant to the use of fluoride supplements Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 41-7 14 Limeback H Introduction to the conference Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 27-30 15 Report of the Forum of fluoridation 2002Governement of Ireland 2002 wwwfluoridationforumie 16 Featherstone JDB Prevention and reversal of dental caries role of low level fluoride Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 31-40 17 Pereira A Amorim A Peres F Peres FR Caldas IM Pereira JA Pereira ML Silva MJ Caacuteries Precoces da InfacircnciaLisboa Medisa Ediccedilotildees e Divulgaccedilotildees Cientiacuteficas Lda 2001 Bibliografia

1 Almeida CM Sugestotildees para a Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2002 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e na Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa

2 Rompante P Fundamentos para a alteraccedilatildeo do Programa de Sauacutede Oral da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Documento realizado no acircmbito da Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2003 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e no Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede ndash Norte

3 Rompante P Determinaccedilatildeo da quantidade do elemento fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento puacuteblico na totalidade das sedes de concelho de Portugal Continental Porto Faculdade de Odontologia da Universidade de Barcelona 2002 Tese de Doutoramento

4 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in Children at High Caries Risk SIGN Publication 2000 47

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Page 23: Direcção-Geral da SaúdePrograma será complementado, sempre que oportuno, por orientações técnicas a emitir por esta Direcção-Geral. O Director-Geral e Alto Comissário da

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

E s t r a t eacute g i a s e T eacute c n i c a s d e E d u c a ccedil atilde o e P r o m o ccedil atilde o

d a S a uacute d e

Documento produzido no acircmbito dos trabalhos da Task Force pela Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede Dr

Pedro Ribeiro da Silva e Dr Joatildeo Breda e pela Higienista Oral Cristina Ferreira Caacutedima e Drordf Gregoacuteria Paixatildeo von Amann da

Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede que coordenou os trabalhos

1 Preacircmbulo

Os Programas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede tecircm por objectivo capacitar as pessoas a tomarem decisotildees no

seu quotidiano que se revelem as mais adequadas para manter ou alargar o seu potencial de sauacutede

Para se atingir este objectivo fornece-se informaccedilatildeo e utilizam-se metodologias que facilitem e decircem

suporte agraves mudanccedilas comportamentais e agrave manutenccedilatildeo das praacuteticas consideradas saudaacuteveis

Mas a mudanccedila de comportamentos natildeo eacute faacutecil depende de factores sociais culturais familiares

entre muitos outros e natildeo apenas do conhecimento cientiacutefico que as pessoas possuam sobre

determinada mateacuteria

Esta dificuldade eacute bem patente quando como no presente caso se pretende intervir sobre

comportamentos relacionados com a alimentaccedilatildeo e a escovagem dos dentes

Quando os pais datildeo aos filhos patildeo achocolatado ou outros alimentos accedilucarados para levarem para a

escola estatildeo com frequecircncia a dar natildeo apenas um alimento mas tambeacutem e ateacute talvez

principalmente afecto tentando colmatar lacunas que possam ter na relaccedilatildeo com os seus filhos

mesmo que natildeo tenham consciecircncia desse facto

Podem tambeacutem dar este tipo de alimento por terem dificuldade de encontrar tempo para confeccionar

uma sandes ou outro alimento e os anteriormente referidos estatildeo sempre prontos a serem colocados na

mochila da crianccedila

Eacute importante desenvolvermos estrateacutegias de Educaccedilatildeo para a Sauacutede que natildeo culpabilizem os pais

porque estes intrinsecamente desejam sempre o melhor para os seus filhos embora natildeo consigam por

vezes colocaacute-lo em praacutetica

Devido agrave complexidade que eacute actuar sobre comportamentos individuais para se aumentar a eficiecircncia

das nossas praacuteticas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede torna-se fulcral utilizar metodologias alargadas a vaacuterios

parceiros e sectores da comunidade de forma articulada e continuada para que progressivamente

possamos ir obtendo resultados

Como propotildee Nancy Russel no seu Manual de Educaccedilatildeo para a Sauacutede ldquoPara desenhar um

programa de Educaccedilatildeo para a Sauacutede eacute necessaacuterio ter conhecimentos sobre comportamentos e sobre

os factores que produzem a mudanccedilardquo E continua explicitando ldquoAs teorias da mudanccedila de

comportamento que podem ser aplicadas em Educaccedilatildeo para a Sauacutede foram elaboradas a partir de

uma variedade de aacutereas incluindo a psicologia a sociologia a antropologia a comunicaccedilatildeo e o

marketing Nenhuma teoria ou rede de conceitos domina por si soacute a investigaccedilatildeo ou a praacutetica da

Educaccedilatildeo para a Sauacutede Provavelmente porque os comportamentos de sauacutede satildeo demasiado

complexos para serem explicados por uma uacutenica teoriardquo (19968)

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 2

2 Metodologias para Desenvolvimento da Acccedilatildeo

21 Primeira vertente ndash O diagnoacutestico de situaccedilatildeo

A primeira etapa de actuaccedilatildeo eacute de grande importacircncia para a continuidade das outras actividades e

podemos resumi-la a um bom diagnoacutestico de situaccedilatildeo que permita conhecer em pormenor a realidade

sobre a qual se pretende actuar

I - Eacute importante estabelecer como uma das primeiras actividades a anaacutelise de duas vertentes com

grande influecircncia na sauacutede oral os haacutebitos culturais das famiacutelias relativamente agrave alimentaccedilatildeo e as

praacuteticas de higiene oral dos adultos e das crianccedilas

II - Um segundo aspecto relaciona-se com os tipos de interacccedilatildeo entre professores ou

educadores de infacircncia e pais No caso de essa interacccedilatildeo ser regular e organizada importa saber como

reagem os pais agraves indicaccedilotildees dos professores sobre os aspectos comportamentais das crianccedilas e que

efeito e eficaacutecia tecircm essas acccedilotildees na capacitaccedilatildeo de pais e filhos relativamente aos comportamentos

relacionados com a sauacutede oral

Actividades a desenvolverem

a) estudar as formas de melhorar a relaccedilatildeo entre pais e professores procurando resolver as

dificuldades que com frequecircncia os pais apresentam como obstaacuteculos ao contacto mais regular

com os professores

b) analisar a eficaacutecia das recomendaccedilotildees dadas procurando as razotildees que possam estar na origem

de situaccedilotildees de menor eficaacutecia como o desfasamento entre as recomendaccedilotildees e o contexto

familiar e cultural das crianccedilas ou recomendaccedilotildees muito teacutecnicas ou paternalistas Todas estas

situaccedilotildees podem provocar resistecircncias nas famiacutelias agrave adesatildeo agraves praacuteticas desejaacuteveis relativamente

ao programa de sauacutede oral Esta temaacutetica da Educaccedilatildeo para a Sauacutede e as praacuteticas

comportamentais eacute muito complexa mas fundamental para se conseguirem resultados ao niacutevel

dos comportamentos

III - Outra componente a analisar satildeo os aspectos sociais dos consumos alimentares que possam

estar relacionados com situaccedilotildees locais como campanhas publicitaacuterias ou de promoccedilatildeo de

determinados alimentos potencialmente cariogeacutenicos nos estabelecimentos da zona Oferta pouco

adequada de alimentos na cantina da escola com existecircncia preponderante de alimentos e bebidas

accedilucaradas A confecccedilatildeo das refeiccedilotildees no refeitoacuterio com pouca oferta de fruta legumes e vegetais e

preponderacircncia de sobremesas doces

Segundo o Modelo Precede de Green existem 3 etapas a contemplar num diagnoacutestico de situaccedilatildeo

middot diagnoacutestico epidemioloacutegico necessaacuterio para a identificaccedilatildeo dos problemas de sauacutede sobre os

quais se vai actuar como sejam os iacutendices de caacuterie fluorose dentaacuteria e outros

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 3

middot diagnoacutestico social que corresponde agrave identificaccedilatildeo das situaccedilotildees sociais existentes na comunidade

onde se desenvolve a actividade que podem contribuir para os problemas de sauacutede oral detectados

ou que se pretende prevenir

middot diagnoacutestico comportamental para identificaccedilatildeo dos vaacuterios padrotildees comportamentais que possam

estar relacionados com os problemas de sauacutede oral inventariados

A este diagnoacutestico de problemas eacute importante associar-se a identificaccedilatildeo de necessidades da

populaccedilatildeo-alvo da acccedilatildeo

Apesar da prevalecircncia das doenccedilas orais e da necessidade deste Programa Nacional em algumas

comunidades poderatildeo existir vaacuterios outros problemas de sauacutede mais graves ou mais prevalentes e

neste caso importa fazer uma avaliaccedilatildeo dos recursos e das possibilidades de eficaacutecia dando prioridade

aos grupos e agraves situaccedilotildees mais graves e de maior amplitude Outro factor a ter em conta na decisatildeo

relaciona-se com a capacidade de alterar as causas comportamentais ou factores de risco pelo

programa educacional

Apoacutes a avaliaccedilatildeo das necessidades deveratildeo ser estabelecidas as prioridades tendo em conta os

problemas de sauacutede identificados a capacidade de alteraccedilatildeo dos factores de risco comportamentais e

outros Eacute muito importante associar-se agrave definiccedilatildeo de prioridades de actuaccedilatildeo a caracterizaccedilatildeo dos sub-

grupos existentes e as diferentes estrateacutegias apropriadas a cada uma dessas populaccedilotildees alvo

22 Segunda vertente ndash os teacutecnicos de educaccedilatildeo

Todos os parceiros satildeo importantes para o desenvolvimento dos programas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede

mas no caso especiacutefico da sauacutede oral os teacutecnicos de Educaccedilatildeo satildeo fundamentais Eacute por esta razatildeo

tarefa prioritaacuteria sensibilizaacute-los e englobaacute-los no desenho dos programas desde o iniacutecio

Sabemos atraveacutes das nossas praacuteticas anteriores que nem sempre os teacutecnicos de educaccedilatildeo aderem a

algumas das actividades dos programas de sauacutede oral propostas pelos teacutecnicos de sauacutede utilizando

para isso os mais diversos argumentos A explicitaccedilatildeo dos uacuteltimos consensos cientiacuteficos nesta aacuterea

com disponibilizaccedilatildeo de bibliografia pode ser facilitador da adesatildeo ao programa

Uma das actividades centrais deste programa seraacute trabalhar em conjunto com os teacutecnicos de educaccedilatildeo

nomeadamente docentes das escolas baacutesicas e secundaacuterias e educadores de infacircncia sobre as

potencialidades do programa e os ganhos em sauacutede que a meacutedio e longo prazo este pode provocar na

populaccedilatildeo portuguesa

Outra tarefa importante eacute a reflexatildeo em conjunto sobre as dificuldades diagnosticadas em cada escola

para concretizar as actividades do programa na tentativa de encontrar soluccedilotildees seja atraveacutes da

resoluccedilatildeo dos obstaacuteculos seja encontrando alternativas Poderaacute acontecer natildeo ser possiacutevel executar

todas as tarefas incluiacutedas no programa Nesses casos importa decidir quais as actividades que poderatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 4

ser levadas agrave praacutetica com ecircxito Seraacute preferiacutevel concretizar algumas tarefas que nenhumas assim

como seraacute melhor realizar bem poucas tarefas do que muitas ou todas de forma deficiente

Frequentemente existe um diferencial de conhecimentos sobre estas aacutereas entre os teacutecnicos de

educaccedilatildeo e os de sauacutede Para evitar problemas eacute imperioso que os teacutecnicos de educaccedilatildeo sejam

parceiros em igualdade de circunstacircncia e natildeo sintam que tecircm um papel secundaacuterio no projecto ou

meros executores de tarefas

A eventual deacutecalage de conhecimentos sobre sauacutede oral pode ser compensado utilizando estrateacutegias de

trabalho em equipa natildeo assumindo os teacutecnicos de sauacutede papel de liacutederes do processo nem de

detentores da informaccedilatildeo cientiacutefica As teacutecnicas de trabalho em equipa devem implicam a partilha de

tarefas e lideranccedila natildeo assumindo o programa uma dimensatildeo vertical e impositiva por parte da sauacutede

As mensagens chave do programa seratildeo discutidas por todos os intervenientes Eacute muito importante que

sejam claras nos conteuacutedos e assumidas por toda a equipa em todas as situaccedilotildees de modo a tornar as

intervenccedilotildees coerentes com os objectivos do programa

Como cada comunidade e cada escola tecircm caracteriacutesticas proacuteprias o programa as actividades e o

trabalho interdisciplinar em equipa seratildeo adequados agraves condiccedilotildees objectivas e subjectivas de todos os

intervenientes o que pode tornar necessaacuterio fazer adaptaccedilotildees agrave aplicaccedilatildeo do mesmo O mesmo se

passa em relaccedilatildeo agraves mensagens que necessitam ser adaptadas a cada situaccedilatildeo e a cada contexto

Em relaccedilatildeo agrave Educaccedilatildeo para a Sauacutede a procura de soluccedilotildees para as situaccedilotildees decorrentes da

implementaccedilatildeo do programa como a sensibilizaccedilatildeo dos parceiros e a eliminaccedilatildeo de obstaacuteculos satildeo

uma das tarefas centrais dos programas e natildeo devem ser subestimadas pelos teacutecnicos de sauacutede pois

delas depende muita da eficaacutecia do projecto

A educaccedilatildeo alimentar eacute uma das vertentes centrais do programa pelo que eacute necessaacuterio sensibilizar os

professores para aspectos da vida escolar que podem afectar a sauacutede oral dos alunos como as ementas

escolares existentes no refeitoacuterio e o tipo de alimentos disponibilizado no bar

221 Componente praacutetica

Uma primeira tarefa do programa na escola seraacute a sensibilizaccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo para a

importacircncia do mesmo A explicitaccedilatildeo teoacuterica resumida dos pressupostos cientiacuteficos que legitimam a

alteraccedilatildeo do programa eacute um instrumento facilitador

Fundamental explicar as razotildees que tornam a escovagem como um actividade central do programa e

os inconvenientes de se darem suplementos de fluacuteor de forma generalizada Seremos especialmente

eficazes se nos disponibilizarmos para responder agraves questotildees e duacutevidas que os professores possam ter

Esta eacute com certeza tambeacutem uma maneira de aprofundarmos o diagnoacutestico da situaccedilatildeo e de podermos

contribuir para remover os obstaacuteculos detectados

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 5

Uma segunda tarefa consistiraacute em operacionalizar o programa com os professores de modo a construi-

lo conjuntamente As diversas tarefas devem ser planeadas e avaliadas continuamente para se fazerem

as alteraccedilotildees consideradas necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar do programa

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo e a escovagem

O Programa Nacional de Sauacutede Oral propotildee algumas alteraccedilotildees que podemos considerar profundas e

de ruptura em relaccedilatildeo ao programa anterior como sejam a aplicaccedilatildeo restrita dos suplementos

sisteacutemicos de fluoretos e a escovagem duas vezes ao dia com um dentiacutefrico fluoretado como principal

medida para uma boa sauacutede oral Estas directrizes derivam do consenso dos peritos de Sauacutede Oral

reunidos na task force coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

Eacute faacutecil de compreender que organizar a escovagem dos dentes dos alunos eacute mais trabalhoso que dar-

lhes um comprimido de fluacuteor ou ateacute do que fazer o bochecho com uma soluccedilatildeo fluoretada Para sermos

bem sucedidos seraacute fundamental actuar de forma cautelosa respeitando as caracteriacutesticas das pessoas e

os contextos em presenccedila

Como sabemos eacute difiacutecil quebrar rotinas e o programa vai implicar mais trabalho para os professores e

disponibilizaccedilatildeo de tempo para os pais e professores A adopccedilatildeo pelos Jardins de infacircncia e Escolas da

escovagem dos dentes dos alunos pelo menos uma vez dia como factor central do programa vai

possivelmente encontrar algumas resistecircncias por parte dos educadores de infacircncia e professores que

importa ir resolvendo de forma progressiva e de acordo com as dificuldades reais encontradas Estas

dificuldades podem estar relacionadas com a deficiecircncia de instalaccedilotildees ou outras mas estaraacute com

frequecircncia tambeacutem muito relacionada com aspectos psicossociais de resistecircncia agrave mudanccedila de rotinas

instaladas e com vaacuterios anos

Uma das estrateacutegias primordiais para este programa ser bem sucedido passa pela resoluccedilatildeo dos

obstaacuteculos referidos pelos teacutecnicos de educaccedilatildeo relativamente agrave escovagem nomeadamente

a possibilidade de as crianccedilas usarem as escovas de colegas podendo haver transmissatildeo de doenccedilas

como a hepatite ou outras

a ausecircncia de um local apropriado para a escovagem

a confusatildeo que a escovagem iraacute causar com eventuais situaccedilotildees de indisciplina

a dificuldade de vigiar todos os alunos durante a escovagem com a consequente possibilidade de

alguns especialmente se mais novos poderem engolir dentiacutefrico

existirem alguns alunos que devido a carecircncias econoacutemicas ou desconhecimento dos pais tecircm

escovas jaacute muito deterioradas podendo ser alvo de troccedila e humilhaccedilatildeo por parte dos colegas ou

sentindo-se os professores na necessidade de fazerem algo mas natildeo terem possibilidade de

substituiacuterem as escovas

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Estes e outros argumentos poderatildeo ser reais ou apenas formas de encontrar justificaccedilotildees para natildeo

alterar rotinas no entanto eacute fundamental analisar cada situaccedilatildeo e encontrar a forma adequada de actuar

o que implica procurar em conjunto a resoluccedilatildeo do problema natildeo desvalorizando a perspectiva do

teacutecnico de educaccedilatildeo mesmo que do ponto de vista da sauacutede nos pareccedila oacutebvia a resistecircncia agrave mudanccedila e

a sua soluccedilatildeo

Se natildeo conseguirmos sensibilizar os profissionais de educaccedilatildeo para a importacircncia da escovagem e nos

limitarmos a contra-argumentar com os nossos dados e a nossa cientificidade facilmente iratildeo

encontrar outros argumentos Eacute preciso compreender que o que estaacute em causa natildeo satildeo as dificuldades

objectivas mas outro tipo de razotildees mais ou menos subjectivas relacionadas com as condiccedilotildees locais

e de contexto como por exemplo o facto de alguns professores considerarem que natildeo eacute da sua

competecircncia promover a escovagem dos dentes dos seus alunos A interacccedilatildeo pais-professores eacute

constante e pode potenciar grandemente o programa

23 Terceira vertente ndash os pais

Os pais satildeo tambeacutem intervenientes fundamentais nos programas de sauacutede oral e eacute fundamental que

sejam englobados na equipa de projecto enquanto parceiros activos na programaccedilatildeo de actividades de

modo a poder resolver-se eventuais resistecircncias que inclusive podem ser desconhecidas dos teacutecnicos e

serem devidas a idiossincracias micro-culturais Todas as estrateacutegias que sensibilizem os pais para as

medidas que se preconizam satildeo importantes Eacute fundamental que o programa seja ldquocontinuadordquo e

reforccedilado em casa e natildeo pelo contraacuterio descredibilizado pelas praacuteticas domeacutesticas

Em relaccedilatildeo aos pais os factores emocionais satildeo centrais na sua relaccedilatildeo com os filhos e com as escolhas

comportamentais quotidianas Transmitir informaccedilatildeo de forma essencialmente cognitiva por exemplo

laquonatildeo decirc lsquoBolosrsquo aos seus filhos porque satildeo alimentos que podem contribuir para o aparecimento de

caacuterie nos dentes e provocar obesidaderaquo tem muitas possibilidades de provocar efeitos perversos

negativos como seja a culpabilizaccedilatildeo dos pais e a resistecircncia agrave mudanccedila de comportamentos

Com frequecircncia os doces satildeo uma forma de dar afecto ou premiar os filhos ou ateacute servir como

substituto da impossibilidade dos pais estarem mais tempo com os filhos situaccedilatildeo que natildeo eacute com

frequecircncia consciente para os pais Os padrotildees comportamentais dos pais obedecem a inuacutemeras

componentes e soacute actuando sobre cada uma delas se conseguem resultados nas mudanccedilas de

comportamentos

Fornecer apenas informaccedilatildeo pode natildeo soacute natildeo provocar alteraccedilotildees comportamentais como criar ou

aumentar as resistecircncias agrave mudanccedila Eacute preciso adequar a informaccedilatildeo agraves diversas situaccedilotildees

caracterizando-as primeiro valorizando as componentes emocionais relacionais e contextuais dos

comportamentos natildeo culpabilizando os pais (porque isso provoca resistecircncias agrave mudanccedila natildeo soacute em

relaccedilatildeo a este programa mas a futuras intervenccedilotildees) e encontrando formas alternativas de resolver estas

situaccedilotildees utilizando soluccedilotildees que provoquem emoccedilotildees positivas em todos os intervenientes E dessa

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forma eacute possiacutevel ser-se eficaz respeitando os universos relacionais das famiacutelias e evitando efeitos

comportamentais paradoxais ou seja por reacccedilatildeo agrave informaccedilatildeo que os culpabiliza os pais

dessensibilizam das nossas indicaccedilotildees agravando e aumentando as praacuteticas que se desaconselham

Eacute esta uma das razotildees porque eacute tatildeo difiacutecil atingir os grupos populacionais que exactamente mais

precisavam de ser abrangido pelos programas de prevenccedilatildeo da doenccedila e promoccedilatildeo da sauacutede

Para aleacutem de se conhecerem as praacuteticas alimentares e de higiene oral que as crianccedilas e adolescentes

tecircm em casa eacute importante caracterizar as razotildees desses procedimentos Referimo-nos aos aspectos

individuais familiares culturais e contextuais Se queremos actuar sobre comportamentos eacute

fundamental conhecer as atitudes crenccedilas preconceitos estereoacutetipos e representaccedilotildees sociais que se

relacionam com as praacuteticas das famiacutelias as quais variam de famiacutelia para famiacutelia

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo podem ser colaboradores preciosos para esta caracterizaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo aos pais podemos resumir os aspectos a valorizar

Inclui-los nos diversos passos do programa

sensibiliza-los para a importacircncia da sauacutede oral respeitando os seus universos familiares e

culturais

dar suporte continuado agrave mudanccedila de comportamentos e de todos os factores que lhe estatildeo

associados

24 Quarta vertente ndash as crianccedilas

As crianccedilas e os adolescentes satildeo o principal puacuteblico-alvo do programa de sauacutede oral Sensibilizaacute-los

para as praacuteticas alimentares e de higiene oral que os peritos consideram actualmente adequadas eacute o

nosso objectivo

Como jaacute foi referido anteriormente eacute necessaacuterio ser cuidadoso na forma de comunicar com as crianccedilas

e adolescentes natildeo criticando directa ou indirectamente os conhecimentos e as praacuteticas aconselhadas

ou consentidas por pais e professores com quem eles convivem directamente e que satildeo dos principais

influenciadores dos seus comportamentos satildeo os seus modelos e constituem o seu universo de afectos

Criar clivagem na relaccedilatildeo cognitiva afectiva e emocional entre pais ou professores e crianccedilas e

adolescentes eacute algo que devemos ter sempre presente e evitar

As estrateacutegias de trabalho com as crianccedilas deveratildeo ser adaptadas agrave sua maturidade psico-cognitiva e

contexto socio-cultural Para que as actividades sejam luacutedicas e criativas adequadas agraves idades e outras

caracteriacutesticas das crianccedilas e adolescentes a contribuiccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo eacute com certeza

fundamental

Eacute muito importante ter em conta alguns aspectos educativos relativamente agrave mudanccedila de

comportamentos A participaccedilatildeo activa das crianccedilas na formulaccedilatildeo dessas actividades torna mais

eficazes os efeitos pretendidos

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Pela dificuldade em mudar comportamentos principalmente de forma estaacutevel eacute aconselhaacutevel adequar

os objectivos agraves realidades Seraacute preferiacutevel actuar sobre um ou dois comportamentos sobre os quais a

caracterizaccedilatildeo inicial nos permitiu depreender que seraacute possiacutevel obtermos resultados positivos em vez

de tentar actuar sobre todos os comportamentos que desejariacuteamos alterar natildeo conseguindo alterar

nenhum deles Naturalmente estas escolhas seratildeo feitas cientificamente segundo o que a Educaccedilatildeo para

a Sauacutede preconiza nas vertentes relacionadas com as ciecircncias comportamentais (sociais e humanas)

Outro aspecto fundamental eacute a continuidade na acccedilatildeo A eficaacutecia seraacute tanto maior quanto mais

continuadas forem as actividades dando suporte agrave mudanccedila comportamental e reforccedilo agrave sua

manutenccedilatildeo A continuidade da acccedilatildeo permite conhecer melhor as situaccedilotildees os obstaacuteculos e as formas

de os remover pois cada caso eacute um caso e generalizar diminui grandemente a eficaacutecia

Deve ser dada uma atenccedilatildeo especial agraves crianccedilas com Necessidades de Sauacutede Especiais desfavorecidas

socialmente (porque vivem em bairros degradados com poucos recursos econoacutemicos pertencem a

minorias eacutetnicas ou satildeo emigrantes) ou que natildeo frequentam a escola utilizando estrateacutegias especificas

adequadas agraves suas dificuldades

25 Quinta vertente ndash a comunidade

Para os programas de Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutede a componente comunitaacuteria eacute fundamental A

participaccedilatildeo e contribuiccedilatildeo dos vaacuterios sectores da comunidade podem ser potenciadores do trabalho a

desenvolver

Dependendo das situaccedilotildees locais a Autarquia as IPSS e as ONGrsquos entre outras podem ser parceiros

de enorme valia para o desenvolvimento do programa Para isso temos que sensibilizar os liacutederes

locais para a importacircncia da sauacutede oral e do programa que se pretende incrementar explicitando como

com pequenos custos podemos obter ganhos em sauacutede a meacutedio e longo prazo

As instituiccedilotildees que organizam actividades para crianccedilas e adolescentes como os ATLrsquos associaccedilotildees

culturais desportivas e religiosas podem ser excelentes parceiros para o desenvolvimento das

actividades dependendo das caracteriacutesticas da comunidade onde se aplica o programa Os grupos de

teatro satildeo tambeacutem um excelente recurso para integrarem as actividades com as crianccedilas e os

adolescentes

26 Sexta vertente ndash os meios de comunicaccedilatildeo social

Os meios de comunicaccedilatildeo social locais e regionais se forem utilizados apropriadamente podem ser

parceiros potenciadores das actividades que se pretendem desenvolver

Mas com frequecircncia os teacutecnicos de sauacutede encontram dificuldades na relaccedilatildeo com os profissionais da

comunicaccedilatildeo social considerando que estes natildeo satildeo sensiacuteveis agraves nossas preocupaccedilotildees com a prevenccedilatildeo

da doenccedila e da promoccedilatildeo da sauacutede

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Os media tecircm uma linguagem e podemos dizer uma filosofia proacuteprias que com frequecircncia natildeo satildeo

coincidentes com as nossas eacute por essa razatildeo necessaacuterio que os teacutecnicos de sauacutede se adaptem e se

possiacutevel se aperfeiccediloem na linguagem dos meacutedia Se natildeo utilizarmos adequadamente os meios de

comunicaccedilatildeo social estes podem ter um efeito contraproducente diminuindo a eficaacutecia do programa de

sauacutede oral

Algumas das dificuldades encontradas quando trabalhamos com os media especialmente as raacutedios e as

televisotildees satildeo as seguintes

na maior parte dos casos natildeo se pode transmitir muita informaccedilatildeo mesmo que seja um programa

de raacutedio de 1 ou 2 horas iria ficar muito monoacutetono e pouco atraente assim como se tornaria

confuso para os ouvintes e pouco eficaz porque com frequecircncia as pessoas desenvolvem outras

actividades enquanto ouvem raacutedio

eacute aconselhaacutevel transmitir apenas o que eacute realmente importante e faze-lo de forma muito clara

mantendo a consistecircncia sobre a hierarquia das informaccedilotildees nas diversas intervenccedilotildees ou seja que

todas os intervenientes no programa e em todas as situaccedilotildees em que intervecircm tenham um discurso

coerente e natildeo contraditoacuterio

evitar informaccedilotildees riacutegidas que culpabilizem as pessoas e natildeo respeitem os seus contextos micro-

culturais Eacute preferiacutevel suscitar alguma mudanccedila comportamental de forma progressiva que

nenhuma

com frequecircncia utilizamos o leacutexico meacutedico sem nos apercebermos que muitos cidadatildeos natildeo

conhecem termos que nos parecem simples como obesidade ou colesterol atribuindo-lhes outros

significados (portanto desconhecem que natildeo conhecem o verdadeiro significado)

se possiacutevel testar com pessoas de diversas idades e estratos socio-culturais que sejam leigas em

relaccedilatildeo a estas temaacuteticas aquilo que se preparou para a intervenccedilatildeo nos meios de comunicaccedilatildeo

social e alterar se necessaacuterio de acordo com as indicaccedilotildees que essas pessoas nos fornecerem

27 Seacutetima vertente ndash a avaliaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo deve ter iniacutecio na fase de planeamento e acompanhar todo o projecto de modo a introduzir

as alteraccedilotildees necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar das actividades

Devem fazer parte da equipa de avaliaccedilatildeo os diversos parceiros do projecto assim como pessoas

externas ao projecto e estas quando possiacutevel com formaccedilatildeo em educaccedilatildeo para a sauacutede nas aacutereas

teacutecnicas comportamentais de planeamento e avaliaccedilatildeo qualitativa e quantitativa

Satildeo fundamentais avaliaccedilotildees qualitativas e quantitativas das actividades a desenvolver e se possiacutevel

com anaacutelises comparativas ao desenrolar do projecto noutras zonas do paiacutes

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3 T eacute c n i c a s d e H i g i e n e O r a l

3 1 Escovagem dos den tes ndash A escova A escovagem dos dentes deve ser efectuada com uma escova de tamanho adequado agrave boca de quem a

utiliza Habitualmente as embalagens referem as idades a que se destinam Os filamentos devem ser

de nylon com extremidades arredondadas e textura macia que quando comeccedilam a ficar deformados

obrigam agrave substituiccedilatildeo da escova Normalmente a escova quando utilizada 2 vezes por dia dura cerca

de 3-4 meses

Existem escovas manuais e eleacutectricas as quais requerem os mesmos cuidados As escovas eleacutectricas

facilitam a higiene oral das pessoas que tenham pouca destreza manual

3 2 Escovagem dos den tes ndash O den t iacute f r i co O dentiacutefrico a utilizar deve conter fluoreto numa dosagem de cerca de 1000-1500 ppm A quantidade a

utilizar em cada uma das escovagens deve ser semelhante (ou inferior) ao tamanho da unha do 5ordm dedo

(dedo mindinho) da matildeo da crianccedila

Os dentiacutefricos com sabores muito atractivos natildeo se recomendam porque podem levar as crianccedilas a

engoli-lo deliberadamente Ateacute aos 6 anos aproximadamente o dentiacutefrico deve ser colocado na escova

por um adulto Apoacutes a escovagem dos dentes eacute apenas necessaacuterio cuspir o excesso de dentiacutefrico

podendo no entanto bochechar-se com um pouco de aacutegua

33 Escovagem dos dentes no Jardim-de-infacircncia e na Escola identificaccedilatildeo e arrumaccedilatildeo das escovas e copos

Hoje em dia haacute escovas de dentes que tecircm uma tampa ou estojo com orifiacutecios que a protege Caso se

opte pela utilizaccedilatildeo destas escovas natildeo eacute necessaacuterio que fiquem na escola Os alunos poderatildeo colocaacute-

la dentro da mochila juntamente com o tubo do dentiacutefrico e transportaacute-los diariamente para a escola

O conceito de intransmissibilidade da escova de dentes deve ser reforccedilado junto das crianccedilas Se as

escovas ficarem na escola eacute essencial que estejam identificadas bastando para tal escrever no cabo da

escova o nome da crianccedila com uma caneta de tinta resistente agrave aacutegua Tambeacutem se devem identificar os

dentiacutefricos Cada aluno deveraacute ter o seu proacuteprio dentiacutefrico e os copos caso natildeo sejam descartaacuteveis

As escovas guardam-se num local seco e arejado de modo a que os pelos fiquem virados para cima e

natildeo contactem umas com as outras Cada escova pode ser colocada dentro do copo num suporte

acriacutelico ou outro material resistente agrave aacutegua em local seco e arejado

Dentiacutefricos e escovas devem estar fora do alcance das crianccedilas para evitar a troca ou ingestatildeo

acidental de dentiacutefrico Caso haja a possibilidade de utilizar copos descartaacuteveis (de cafeacute) o processo eacute

bastante simplificado (os copos de cafeacute podem ser substituiacutedos por copos de iogurte) Os produtos de

higiene oral podem ser adquiridos com a colaboraccedilatildeo da Autarquia do Centro de Sauacutede dos pais ou

ateacute de alguma empresa Se a escola tiver refeitoacuterio pode tambeacutem ser viaacutevel utilizar os copos do

refeitoacuterio

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34 Escovagem dos den tes ndash Organ izaccedilatildeo da ac t i v idade

A escovagem dos dentes deve ser feita diariamente no jardim-de-infacircncia e na escola apoacutes o almoccedilo agrave

entrada na sala de aula ou apoacutes o intervalo As crianccedilas poderatildeo escovar os dentes na casa de banho no

refeitoacuterio ou na proacutepria sala de aula O processo eacute simples natildeo exigindo muitas condiccedilotildees fiacutesicas das

escolas que satildeo frequentemente utilizadas para justificar a recusa desta actividade

Caso a escola tenha lavatoacuterios suficientes esta actividade pode ser feita na casa de banho Eacute necessaacuterio

definir a hora em que cada uma das salas vai utilizar esse espaccedilo Na casa de banho deveratildeo estar

apenas as crianccedilas que estatildeo a escovar os dentes Os outros esperam a sua vez em fila agrave porta Eacute

essencial que esteja algueacutem (auxiliar professoreducador ou voluntaacuterio) a vigiar para manter a ordem

organizar o processo e corrigir a teacutecnica da escovagem No final da escovagem cada crianccedila lava a

escova e o copo (se natildeo for descartaacutevel) e arruma no local destinado a esse efeito

Quando o espaccedilo fiacutesico natildeo permite que a escovagem seja feita na casa de banho esta actividade pode

ser feita na proacutepria sala de aula Nesta situaccedilatildeo se for possiacutevel utilizar copos descartaacuteveis ou copos de

iogurte facilita o processo e torna-o menos moroso Os alunos mantecircm-se sentados nas suas cadeiras

Retiram da sua mochila o estojo com a escova e o dentiacutefrico Um dos alunos distribui os copos e os

guardanapos (ou toalhetes de papel ou papel higieacutenico) Os alunos escovam os dentes todos ao mesmo

tempo podendo ateacute fazecirc-lo com muacutesica O professor deve ir corrigindo a teacutecnica de escovagem Apoacutes

a escovagem as crianccedilas cospem o excesso de dentiacutefrico para o copo limpam a boca tiram o excesso

de dentiacutefrico e saliva da escova com o papel ou o guardanapo e por fim colocam-no dentro do copo

Tapam a escova e arrumam-na em estojo proacuteprio ou na mochila juntamente com o dentiacutefrico No final

um dos alunos vai buscar um saco de lixo passa por todas as carteiras para que cada uma coloque o

seu copo no lixo Caso alguma das crianccedilas natildeo tolere o restos de dentiacutefrico na cavidade oral pode

colocar-se uma pequena porccedilatildeo de aacutegua no copo e no fim da escovagem bochecha e cospe para o

copo Os pais dos alunos devem ser instruiacutedos para se certificarem que em casa a crianccedila lava a sua

escova com aacutegua corrente e volta a colocaacute-la na mochila No sentido de facilitar o procedimento

recomenda-se que os copos sejam descartaacuteveis e as escovas tenham tampa

35 Escovagem dos den tes - A teacutecn ica A escovagem dos dentes para ser eficaz ou seja para remover a placa bacteriana necessita ser feita

com rigor e demora 2 a 3 minutos Quando se utiliza uma escova manual a escovagem faz-se da

seguinte forma

inclinar a escova em direcccedilatildeo agrave gengiva (cerca de 45ordm) e fazer pequenos movimentos vibratoacuterios

horizontais ou circulares de modo a que os pelos da escova limpem o sulco gengival (espaccedilo que

fica entre o dente e a gengiva)

se for difiacutecil manter esta posiccedilatildeo colocar os pecirclos da escova perpendicularmente agrave gengiva e agrave

superfiacutecie do dente

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escovar 2 dentes de cada vez (os correspondentes ao tamanho da cabeccedila da escova) fazendo

aproximadamente 10 movimentos (ou 5 caso sejam crianccedilas ateacute aos 6 anos) nas superfiacutecies

dentaacuterias abarcadas pela escova

comeccedilar a escovagem pela superfiacutecie externa (do lado da bochecha) do dente mais posterior de um

dos maxilares e continuar a escovar ateacute atingir o uacuteltimo dente da extremidade oposta desse

maxilar

com a mesma sequecircncia escovar as superfiacutecies dentaacuterias do lado da liacutengua

proceder do mesmo modo para fazer a escovagem dos dentes do outro maxilar

escovar as superfiacutecies mastigatoacuterias dos dentes com movimentos de vaiveacutem

por fim pode escovar-se a liacutengua

Quando se utiliza uma escova de dentes eleacutectrica segue-se a mesma sequecircncia de escovagem O

movimento da escova eacute feito automaticamente natildeo deve ser feita pressatildeo ou movimentos adicionais

sobre os dentes A escova desloca-se ao longo da arcada escovando um soacute dente de cada vez A

escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluacuteor deve ser feita duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente agrave noite antes de deitar

3 6 Uso do f io den taacute r io A partir do momento em que haacute destreza manual (a partir dos 8 anos) eacute indispensaacutevel o uso do fio ou

fita dentaacuteria que se utiliza da seguinte forma

retirar cerca de 40 cm de fio (ou fita) do porta fio

enrolar a quase totalidade do fio no dedo meacutedio de uma matildeo e uma pequena porccedilatildeo no dedo meacutedio

da outra matildeo deixando entre os dois dedos uma porccedilatildeo de fio com aproximadamente 25 cm

Quando as crianccedilas satildeo mais pequenas pode retirar-se uma porccedilatildeo mais pequena de fio cerca de

30 cm dar um noacute juntando as 2 pontas formando um ciacuterculo com o fio natildeo havendo necessidade

de o enrolar nos dedos Eacute importante utilizar sempre fio limpo em cada espaccedilo interdentaacuterio Os

polegares eou os indicadores ajudam a manuseaacute-lo

introduzir o fio cuidadosamente entre dois dentes e curva-lo agrave volta do dente que se quer limpar

fazendo com que tome a forma de um ldquoCrdquo

executar movimentos curtos horizontais desde o ponto de contacto entre os dentes ateacute ao sulco

gengival em cada uma das faces que delimitam o espaccedilo interdentaacuterio

repetir este procedimento ateacute que todos os espaccedilos interdentaacuterios de todos os dentes estejam

devidamente limpos

O fio dentaacuterio deve ser utilizado uma vez por dia de preferecircncia agrave noite antes de deitar Na escola os

alunos poderatildeo a aprender a utilizar este meio de remoccedilatildeo de placa bacteriana interdentaacuterio sendo

importante envolver os pais no sentido de lhes pedir colaboraccedilatildeo e permitir que as crianccedilas o utilizem

em casa

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3 7 Reve lador de p laca bac te r i ana O uso de reveladores de placa bacteriana (em soluto ou em comprimidos mastigaacuteveis) permitem

avaliar a higiene oral e consequentemente melhorar as teacutecnicas de escovagem e de utilizaccedilatildeo do fio

dentaacuterio

A partir dos 6 anos de idade estes produtos podem ser usados para que as crianccedilas visualizem a placa

e mais facilmente compreendam que os seus dentes necessitam de ser cuidadosamente limpos

A eritrosina que tem a propriedade de corar de vermelho a placa bacteriana eacute um dos exemplos de

corantes que se podem utilizar Utiliza-se da seguinte forma

colocar 1 a 2 gotas por baixo da liacutengua ou mastigar um comprimido sem engolir

passar a liacutengua por todas as superfiacutecies dentaacuterias

bochechar com aacutegua

A placa bacteriana corada eacute facilmente removida atraveacutes da escovagem dos dentes e do fio dentaacuterio

Nota Para evitar que os laacutebios fiquem corados de vermelho antes de colocar o corante pode passar

batom creme gordo ou vaselina nos laacutebios

3 8 Bochecho f luore tado A partir dos 6 anos pode ser feito o bochecho quinzenal com fluoreto de soacutedio a 02 na escola da

seguinte forma

agitar a soluccedilatildeo e deitar 10 ml em cada copo e distribui-los

indicar a cada crianccedila para colocar o antebraccedilo no rebordo da mesa

introduzir a soluccedilatildeo na boca sem engolir

repousar a testa no antebraccedilo colocando o copo debaixo da boca

bochechar vigorosamente durante 1 minuto

apoacutes este periacuteodo deve ser cuspida tendo o cuidado de natildeo a engolir

Apoacutes o bochecho a crianccedila deve permanecer 30 minutos sem comer nem beber

39 Iacutendice de placa O Iacutendice de Placa (IP) eacute utilizado para quantificar a placa bacteriana em todas as superfiacutecies dentaacuterias e

reflecte os haacutebitos de higiene oral dos indiviacuteduos avaliados

Assim enquanto que um baixo Iacutendice de Placa poderaacute significar um bom impacto das acccedilotildees de

educaccedilatildeo para a sauacutede em sauacutede oral nomeadamente das relacionadas com a higiene um iacutendice

elevado sugere o contraacuterio

Em programas comunitaacuterios geralmente eacute utilizado o Iacutendice de Placa Simplificado que eacute mais raacutepido

de determinar sendo o resultado final igualmente fiaacutevel

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Para se calcular o Iacutendice de Placa Simplificado eacute necessaacuterio atribuir um valor ao tamanho da placa

bacteriana existente nos seguintes 6 dentes e superfiacutecies predeterminados Maxilar superior

1 Primeiro molar superior direito - Superfiacutecie vestibular

2 Incisivo central superior direito - Superfiacutecie vestibular

3 Primeiro molar superior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

4 Primeiro molar inferior esquerdo - Superfiacutecie lingual

5 Incisivo central inferior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

6 Primeiro molar inferior direito - Superfiacutecie lingual

Para atribuir um valor ao tamanho da placa bacteriana existente em cada uma das su

acima referidas eacute necessaacuterio utilizar o revelador de placa bacteriana para a co

facilitar a sua observaccedilatildeo e respectiva classificaccedilatildeo e registo

A cada uma das superfiacutecies dentaacuterias soacute pode ser atribuiacutedo um dos seguintes valore

Valor 0

Valor 1

Valor 2

Valor 3

rarr Se a superfiacutecie do dente natildeo estaacute corada

rarr Se 13 da superfiacutecie estaacute corado

rarr Se 23 da superfiacutecie estatildeo corados

rarr Se estaacute corada toda a superfiacutecie

Feito o registo da observaccedilatildeo individual verifica-se que o somatoacuterio do conjunto de

poderaacute variar entre 0 (zero) e 18 (dezoito)

Dividindo por 6 (seis) este somatoacuterio obteacutem-se o Iacutendice de Placa Individual

Para determinar o Iacutendice de Placa de um grupo de indiviacuteduos divide-se o som

individuais pelo nuacutemero de indiviacuteduos observados multiplicado por seis (o nuacutemer

nuacutemero de dentes seleccionados por indiviacuteduo)

Assim o Iacutendice de Placa poderaacute variar entre 0 (zero) e 3 (trecircs)

Iacutendice de Placa (IP) = Somatoacuterio da classificaccedilatildeo dada a cada dente

Nordm de indiviacuteduos observados x 6

A sauacutede oral das crianccedilas e adolescentes eacute um grave problema de sauacutede puacuteblica ma

simples como as descritas neste documento executadas pelos proacuteprios eou com

encorajadas pela escola e pelos serviccedilos de sauacutede contribuem decididamente para

oral importantes e implementaccedilatildeo efectiva do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas d

Maxilar inferior

perfiacutecies dentaacuterias

rar e dessa forma

s

valores atribuiacutedos

atoacuterio dos valores

o seis representa o

s que com medidas

ajuda da famiacutelia

ganhos em sauacutede

Sauacutede Oral

e EPSrsquorsquo 15

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

F l u o r e t o s

F u n d a m e n t a ccedil atilde o e R e c o m e n d a ccedil otilde e s d a T a s k F o r c e

Documento produzido pela Task Force constituiacuteda pelo Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr

Ricardo Jorge Direcccedilatildeo-Geral de Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura Faculdade de

Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Medicina Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria

Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa e Porto Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento Instituto Superior de

Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia

Ordem dos Meacutedicos Dentistas Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria Sociedade Portuguesa de

Pediatria e os serviccedilos da DGS Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede Divisatildeo de Sauacutede Ambiental

Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

1 F l u o r e t o s

A evidecircncia cientiacutefica tem demonstrado que as mudanccedilas observadas no padratildeo da doenccedila caacuterie

dentaacuteria ocorrem pela implementaccedilatildeo de programas preventivos e terapecircuticos de acircmbito comunitaacuterio

e por estrateacutegias de acccedilatildeo especiacuteficas dirigidas a grupos de risco com criteriosa utilizaccedilatildeo dos

fluoretos

O fluacuteor eacute o elemento mais electronegativo da tabela perioacutedica e raramente existe isolado sendo por

isso habitualmente referido como fluoreto Na natureza encontra-se sob a forma de um iatildeo (F-) em

associaccedilatildeo com o caacutelcio foacutesforo alumiacutenio e tambeacutem como parte de certos silicatos como o topaacutezio

Normalmente presente nas rochas plantas ar aacuteguas e solos este elemento faz parte da constituiccedilatildeo de

alguns materiais plaacutesticos e pode tambeacutem estar presente na constituiccedilatildeo de alguns fertilizantes

contribuindo desta forma para a sua presenccedila no solo aacutegua e alimentos No solo o conteuacutedo de

fluoretos varia entre 20 e 500 ppm contudo nas camadas mais profundas o seu niacutevel aumenta No ar a

concentraccedilatildeo normal de fluoretos oscila entre 005 e 190microgm3 1

Do fluacuteor que eacute ingerido entre 75 e 90 eacute absorvido por via digestiva sendo a mucosa bucal

responsaacutevel pela absorccedilatildeo de menos de 1 Depois de absorvido passa para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea

sob a forma ioacutenica ou de compostos orgacircnicos lipossoluacuteveis A forma ioacutenica que circula livremente e

natildeo se liga agraves proteiacutenas nem aos componentes plasmaacuteticos nem aos tecidos moles eacute a que vai estar

disponiacutevel para ser absorvida pelos tecidos duros Da quantidade total de fluacuteor presente no organismo

99 encontra-se nos tecidos calcificados Entre 10 e 25 do aporte diaacuterio de fluacuteor natildeo chega a ser

absorvido vindo a ser excretado pelas fezes O fluacuteor absorvido natildeo utilizado (cerca de 50) eacute

eliminado por via renal2

O fluacuteor tem uma grande afinidade com a apatite presente no organismo com a qual cria ligaccedilotildees

fortes que natildeo satildeo irreversiacuteveis Este facto deve-se agrave facilidade com que os radicais hidroxilos da

hidroxiapatite satildeo substituiacutedos pelos iotildees fluacuteor formando fluorapatite No entanto a apatite normal do

ser humano presente no osso e dente mesmo em condiccedilotildees ideais de presenccedila de fluacuteor nunca se

aproxima da composiccedilatildeo da fluorapatite pura

Quando o fluacuteor eacute ingerido passa pela cavidade oral daiacute resultando a deposiccedilatildeo de uma determinada

quantidade nos tecidos e liacutequidos aiacute existentes A mucosa jugal as gengivas a placa bacteriana os

dentes e a saliva vatildeo beneficiar imediatamente de um aporte directo de fluacuteor que pode permitir que a

sua disponibilidade na cavidade oral se prolongue por periacuteodos mais longos Eacute um facto que a presenccedila

de fluacuteor no meio oral independentemente da sua fonte resulta numa acccedilatildeo preventiva e terapecircutica

extremamente importante

Nota 22 mg de fluoreto de soacutedio correspondem a 1 mg de fluacuteor Quando se dilui 1 mg de fluacuteor em um litro de aacutegua pura

considera-se que essa aacutegua passou a ter 1 ppm de fluacuteor

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 2

Considera-se actualmente que os benefiacutecios dos fluoretos resultam basicamente da sua acccedilatildeo toacutepica

sobre a superfiacutecie do dente enquanto a sua acccedilatildeo sisteacutemica (preacute-eruptiva) eacute muito menos importante

A acccedilatildeo preventiva e terapecircutica dos fluoretos eacute conseguida predominantemente pela sua acccedilatildeo toacutepica

quer nas crianccedilas quer nos adultos atraveacutes de trecircs mecanismos diferentes responsaacuteveis pela

bull inibiccedilatildeo do processo de desmineralizaccedilatildeo

bull potenciaccedilatildeo do processo de remineralizaccedilatildeo

bull inibiccedilatildeo da acccedilatildeo da placa bacteriana

O uso racional dos fluoretos na profilaxia da caacuterie dentaacuteria com eficaacutecia e seguranccedila baseia-se no

conhecimento actualizado dos seus mecanismos de acccedilatildeo e da sua toxicologia

Com base na evidecircncia cientiacutefica a estrateacutegia de utilizaccedilatildeo dos fluoretos em sauacutede oral foi redefinida

tendo em conta que a sua acccedilatildeo preventiva eacute predominantemente poacutes-eruptiva e toacutepica e a sua acccedilatildeo

toacutexica com repercussotildees a niacutevel dentaacuterio eacute preacute-eruptiva e sisteacutemica

Estudos epidemioloacutegicos efectuados pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) sobre os efeitos do

fluacuteor na sauacutede humana referem que valores compreendidos entre 1 e 15 ppm natildeo representam risco

acrescido Contudo valores entre 15 e 2 ppm em climas quentes poderatildeo contribuir para a ocorrecircncia

de casos de fluorose dentaacuteria e valores entre 3 a 6 ppm para o aparecimento de fluorose oacutessea

Para a OMS a concentraccedilatildeo oacuteptima de fluoretos na aacutegua quando esta eacute sujeita a fluoretaccedilatildeo deve

estar compreendida entre 05 e 15 ppm de F dependendo este valor da temperatura meacutedia do local

que condiciona a quantidade de aacutegua ingerida nas zonas mais frias o valor maacuteximo pode estar perto

do limite superior nas zonas mais quentes o valor deve estar perto do limite inferior para uma

prevenccedilatildeo eficaz da caacuterie dentaacuteria Para que os riscos de fluorose estejam diminuiacutedos os programas de

fluoretaccedilatildeo das aacuteguas devem obedecer a criteacuterios claramente definidos

Nas regiotildees onde a aacutegua da rede puacuteblica conteacutem menos de 03 ppm (mgl) de fluoretos (situaccedilatildeo mais

frequente em Portugal Continental) a dose profilaacutectica oacuteptima considerando a soma de todas as fontes

de fluoretos eacute de 005mgkgdia3

11 Toxicidade Aguda

Uma intoxicaccedilatildeo aguda pelo fluacuteor eacute uma possibilidade extremamente rara Alguns casos tecircm sido

descritos na literatura Estudos efectuados em roedores e extrapolados para o homem adulto permitem

pensar que a dose letal miacutenima de fluacuteor seja de aproximadamente 2 gramas ou 32 a 64 mgkg de peso

corporal mas para uma crianccedila bastam 15 mgkg de peso corporal 2

A partir da ingestatildeo de doses superiores a 5mgkg de peso corporal considera-se a hipoacutetese de vir a ter

efeitos toacutexicos

As crianccedilas pequenas tecircm um risco acrescido de ingerir doses de fluoretos atraveacutes do consumo de

produtos de higiene oral A ingestatildeo acidental de um quarto de um tubo com dentiacutefrico de 125 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 3

(1500 ppm de Fluacuteor) potildee em risco a vida de uma crianccedila de um ano de idade O risco de ingestatildeo

acidental por crianccedilas eacute real e eacute adjuvado pelo tipo de embalagens destes produtos que natildeo tecircm

dispositivos de seguranccedila para a sua abertura

A toxicidade aguda pelos fluoretos poderaacute manifestar-se por queixas digestivas (dor abdominal

voacutemitos hematemeses e melenas) neuroloacutegicas (tremores convulsotildees tetania deliacuterio lentificaccedilatildeo da

voz) renais (urina turva hematuacuteria) metaboacutelicas (hipocalceacutemia hipomagnesieacutemia hipercalieacutemia)

cardiovasculares (arritmias hipotensatildeo) e respiratoacuterias (depressatildeo respiratoacuteria apneias) 4

12 Toxicidade Croacutenica

A dose total diaacuteria de fluoretos administrados por via sisteacutemica isenta de risco de toxicidade croacutenica

situa-se abaixo de 005 mgkgdia de peso A partir desses valores aumentam as manifestaccedilotildees atraveacutes

do aparecimento de hipomineralizaccedilatildeo do esmalte que se revela por fluorose dentaacuteria Com

concentraccedilotildees acima de 25 ppm na aacutegua esta manifestaccedilatildeo eacute mais evidente sendo tanto mais grave

quanto a concentraccedilatildeo de fluoretos vai aumentando O periacuteodo criacutetico para o efeito toacutexico do fluacuteor se

manifestar sobre a denticcedilatildeo permanente eacute entre o nascimento e os 7 anos de idade (ateacute aos 3 anos eacute o

periacuteodo mais criacutetico) Quando existem fluoretos ateacute 3 ppm na aacutegua aleacutem da fluorose natildeo parece

existir qualquer outro efeito toacutexico na sauacutede A partir deste valor aumenta o risco de nefrotoxicidade

Como qualquer outro medicamento os fluoretos em dose excessiva tecircm efeitos toacutexicos que

normalmente se manifestam atraveacutes de uma interferecircncia na esteacutetica dentaacuteria Essa manifestaccedilatildeo eacute a

fluorose dentaacuteria

Estudos recentes sobre suplementos de fluoretos e fluorose 5 confirmam que as comunidades sem aacutegua

fluoretada e que utilizam suplementos de fluoretos durante os primeiros 6 anos de vida apresentam

um aumento do risco de desenvolver fluorose

O principal factor de risco para o aparecimento de fluorose dentaacuteria eacute o aporte total de fluoretos

provenientes de diferentes fontes nomeadamente da alimentaccedilatildeo incluindo a aacutegua e os suplementos

alimentares dentiacutefricos e soluccedilotildees para bochechos comprimidos e gotas e ingestatildeo acidental que natildeo

satildeo faacuteceis de quantificar

A fluorose dentaacuteria aumentou nos uacuteltimos anos em comunidades com e sem aacutegua fluoretada 6

2 F l u o r e t o s n a aacute g u a

2 1 Aacute g u a d e a b a s t e c i m e n t o p uacute b l i c o

A fluoretaccedilatildeo das aacuteguas para consumo humano como meio de suprir o deacutefice de fluoretos na aacutegua eacute

uma praacutetica comum em alguns paiacuteses como o Brasil Austraacutelia Canadaacute EUA e Nova Zelacircndia

Apesar de serem tatildeo diferentes quer do ponto de vista soacutecioeconoacutemico quer geograacutefico eles detecircm

uma experiecircncia superior a 25 anos neste domiacutenio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 4

Na Europa a maior parte dos paiacuteses natildeo faz fluoretaccedilatildeo das suas aacuteguas para consumo humano agrave

excepccedilatildeo da Irlanda da Suiacuteccedila (Basileia) e de 10 da populaccedilatildeo do Reino Unido Na Alemanha eacute

proibido e nos restantes paiacuteses eacute desaconselhado

Nos paiacuteses em que se faz fluoretaccedilatildeo da aacutegua alguns estudos demonstraram natildeo ter existido um ganho

efectivo na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria No entanto outros como a Austraacutelia no Estado de Victoacuteria

onde a fluoretaccedilatildeo da aacutegua se faz regularmente observaram-se ganhos efectivos na sauacutede oral da

populaccedilatildeo com consequentes ganhos econoacutemicos

Recomendaccedilatildeo Eacute indispensaacutevel avaliar a qualidade das aacuteguas de abastecimento puacuteblico periodicamente e corrigir os

paracircmetros alterados

Na aacutegua os valores das concentraccedilotildees de fluoretos estatildeo compreendidas entre 01 a 07 ppm Contudo

em alguns casos podem apresentar valores muito mais elevados

Quando a aacutegua apresenta valores de ph superiores a 8 e o iatildeo soacutedio e os carbonatos satildeo dominantes os

valores de fluoretos normalmente presentes excedem 1 ppm

Nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica os fluoretos podem existir naturalmente ou resultar de um

programa de fluoretaccedilatildeo Em Portugal Continental os valores satildeo normalmente baixos e as aacuteguas natildeo

estatildeo sujeitas a fluoretaccedilatildeo artificial O teor de fluoretos deveraacute ser controlado regularmente de modo

a preservar os interesses da sauacutede puacuteblica 7

Na definiccedilatildeo de um valor guia para a aacutegua de consumo humano a OMS propotildee o valor limite de 15

ppm de Fluacuteor referindo que valores superiores podem contribuir para o aumento do risco de fluorose

A Agecircncia Americana para o Ambiente (USEPA) refere um valor maacuteximo admissiacutevel de fluoretos na

aacutegua de consumo humano de 15 ppm e recomenda que nunca se ultrapasse os 4 ppm

Em Portugal a legislaccedilatildeo actualmente em vigor sobre a qualidade da aacutegua para consumo humano

decreto-lei nordm 23698 de 1 de Agosto define dois Valores Maacuteximos Admissiacuteveis (VMA) para os

fluoretos 15 ppm (8 a 12 ordmC) e 07 ppm (25 a 30 ordmC) O decreto-lei nordm 2432001 de 5 de Setembro

que transpotildee a Directiva Comunitaacuteria nordm 9883CE de 3 de Novembro que entrou em vigor em 25 de

Dezembro de 2003 define para os fluoretos um Valor Parameacutetrico (VP) de 15 ppm

O decreto-lei nordm 24301 remete para a Entidade Gestora a verificaccedilatildeo da conformidade dos valores

parameacutetricos obrigatoacuterios aplicaacuteveis agrave aacutegua para consumo humano Sempre que um valor parameacutetrico

eacute excedido isso corresponde a uma situaccedilatildeo de incumprimento e perante esta situaccedilatildeo a entidade

gestora deve de imediato informar a autoridade de sauacutede e a entidade competente dando conta das

medidas correctoras adoptadas ou em curso para restabelecer a qualidade da aacutegua destinada a consumo

humano

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 5

Deve ter-se em atenccedilatildeo o desvio em relaccedilatildeo ao valor parameacutetrico fixado e o perigo potencial para a

sauacutede humana

Segundo o decreto-lei supra mencionado artigo 9ordm compete agraves autoridades de sauacutede a vigilacircncia

sanitaacuteria e a avaliaccedilatildeo do risco para a sauacutede puacuteblica da qualidade da aacutegua destinada ao consumo

humano Sempre que o risco exista e o incumprimento persistir a autoridade de sauacutede deve informar e

aconselhar os consumidores afectados e determinar a proibiccedilatildeo de abastecimento restringir a

utilizaccedilatildeo da aacutegua que constitua um perigo potencial para a sauacutede humana e adoptar todas as medidas

necessaacuterias para proteger a sauacutede humana

Nos Accedilores e na Madeira ou em zonas onde o teor de fluoretos na aacutegua eacute muito elevado deveraacute ser

feita uma verificaccedilatildeo da constante e a correcccedilatildeo adequada

Os principais tratamentos de desfluoretaccedilatildeo envolvem a floculaccedilatildeo da aacutegua usando sais hidratados de

alumiacutenio principalmente em condiccedilotildees alcalinas No caso de aacuteguas aacutecidas pode-se adicionar cal e

alternativamente pode-se recorrer agrave adsorccedilatildeo com carvatildeo activado ou alumina activada ( Al2O3 ) ou

por permuta ioacutenica usando resinas especiacuteficas

Recomendaccedilatildeo Ateacute aos 6-7 anos as crianccedilas natildeo devem ingerir regularmente aacutegua com teor de fluoretos superior a 07 ppm

Recomendaccedilatildeo Sempre que o valor parameacutetrico dos fluoretos na aacutegua para consumo humano exceder 15 ppm deveratildeo ser aplicadas

medidas correctoras para restabelecer a qualidade da aacutegua

2 2 Aacute g u a s m i n e r a i s n a t u r a i s e n g a r r a f a d a s

As aacuteguas minerais naturais engarrafadas deveratildeo no futuro ter rotulagem de acordo com a Directiva

Comunitaacuteria 200340CE da Comissatildeo Europeia de 16 de Maio publicada no Jornal Oficial da Uniatildeo

Europeia em 2252003 artigo 4ordm laquo1 As aacuteguas minerais naturais cuja concentraccedilatildeo em fluacuteor for

superior a 15 mgl (ppm) devem ostentar no roacutetulo a menccedilatildeo lsquoconteacutem mais de 15 mgl (ppm) de

fluacuteor natildeo eacute adequado o seu consumo regular por lactentes nem por crianccedilas com menos de 7 anosrsquo

2 No roacutetulo a menccedilatildeo prevista no nordm 1 deve figurar na proximidade imediata da denominaccedilatildeo de

venda e em caracteres claramente visiacuteveis 3

As aacuteguas minerais naturais que em aplicaccedilatildeo do nordm 1 tiverem de ostentar uma menccedilatildeo no roacutetulo

devem incluir a indicaccedilatildeo do teor real em fluacuteor a niacutevel da composiccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica em constituintes

caracteriacutesticos tal como previsto no nordm 2 aliacutenea a) do artigo 7ordm da Directiva 80777CEEraquo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 6

Para as aacuteguas de nascente cujas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas satildeo definidas pelo Decreto-lei

2432001 de 5 de Setembro em vigor desde Dezembro de 2003 os limites para o teor de fluoretos satildeo

de 15 mgl (ppm)

De acordo com o parecer do Scientific Committee on Food - Comiteacute Cientiacutefico de Alimentaccedilatildeo

Humana (expresso em Dezembro de 1996) a Comissatildeo natildeo vecirc razotildees para nos climas da Uniatildeo

Europeia (climas temperados) limitar os fluoretos nas aacuteguas de consumo humano e nas aacuteguas minerais

naturais para valores inferiores a 15mgl (ppm)

3 F l u o r e t o s n o s g eacute n e r o s a l i m e n t iacute c i o s

Entende-se por lsquogeacutenero alimentiacuteciorsquo qualquer substacircncia ou produto transformado parcialmente

transformado ou natildeo transformado destinado a ser ingerido pelo ser humano ou com razoaacuteveis

probabilidades de o ser Este termo abrange bebidas pastilhas elaacutesticas e todas as substacircncias

incluindo a aacutegua intencionalmente incorporadas nos geacuteneros alimentiacutecios durante o seu fabrico

preparaccedilatildeo ou tratamento8 9

Na alimentaccedilatildeo as estimativas de ingestatildeo de fluacuteor atraveacutes da dieta variam entre 02 e 34 mgdia

sendo estes uacuteltimos valores atingidos quando se inclui o chaacute na alimentaccedilatildeo A ingestatildeo de fluoretos

provenientes dos alimentos comuns eacute pouco significativa Apenas 13 se apresentam na forma

ionizaacutevel e portanto biodisponiacutevel

Recomendaccedilatildeo Independentemente da origem ao utilizar aacutegua informe-se sobre o seu teor em fluoretos As que tecircm um elevado teor

deste elemento natildeo satildeo adequadas para lactentes e crianccedilas com menos de 7 anos

Recomendaccedilatildeo Dar prioridade a uma dieta equilibrada e saudaacutevel com diversidade alimentar Utilizar a aacutegua da cozedura dos

alimentos para confeccionar outros alimentos (ex sopas arroz)

No iniacutecio do ano de 2003 a Comissatildeo Europeia apresentou uma nova proposta de Directiva

Comunitaacuteria relativa agrave ldquoAdiccedilatildeo aos geacuteneros alimentiacutecios de vitaminas minerais e outras substacircnciasrdquo

onde os fluoretos satildeo referidos como podendo ser adicionados a geacuteneros alimentiacutecios comuns Nesta

proposta de Directiva Comunitaacuteria eacute sugerida a inclusatildeo de determinados nutrimentos (entre eles o

fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de geacuteneros alimentiacutecios comuns Esta proposta

prevista no Livro Branco da Comissatildeo ainda estaacute numa fase inicial de discussatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 7

4 F l u o r e t o s e m s u p l e m e n t o a l i m e n t a r

Entende-se por lsquosuplementos alimentaresrsquo geacuteneros alimentiacutecios que se destinam a complementar e ou

suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas

substacircncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisioloacutegico estremes ou combinados

comercializados em forma doseada tais como caacutepsulas pastilhas comprimidos piacutelulas e outras

formas semelhantes saquetas de poacute ampola de liacutequido frascos com conta gotas e outras formas

similares de liacutequido ou poacute que se destinam a ser tomados em unidades medidas de quantidade

reduzida10

A Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002

transposta para o direito nacional pelo Decreto-lei nordm 1362003 de 28 de Junho relativa agrave aproximaccedilatildeo

das legislaccedilotildees dos Estados-Membros respeitantes aos suplementos alimentares vai permitir a inclusatildeo

de determinados nutrimentos (entre eles o fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de

suplementos alimentares11

A partir de 28 de Agosto de 2003 os fluoretos poderatildeo ser comercializados como suplemento

alimentar passando a estar disponiacutevel em farmaacutecias e superfiacutecies comerciais

As quantidades maacuteximas de vitaminas e minerais presentes nos suplementos alimentares satildeo fixadas

em funccedilatildeo da toma diaacuteria recomendada pelo fabricante tendo em conta os seguintes elementos

a) limites superiores de seguranccedila estabelecidos para as vitaminas e os minerais apoacutes uma

avaliaccedilatildeo dos riscos efectuada com base em dados cientiacuteficos geralmente aceites tendo em

conta quando for caso disso os diversos graus de sensibilidade dos diferentes grupos de

consumidores

b) quantidade de vitaminas e minerais ingerida atraveacutes de outras fontes alimentares

c) doses de referecircncia de vitaminas e minerais para a populaccedilatildeo

Recomendaccedilatildeo Nunca ultrapassar a toma indicada no roacutetulo do produto e natildeo utilizar um suplemento alimentar como substituto de um

regime alimentar variado

As quantidades maacuteximas e miacutenimas de vitaminas e minerais referidas seratildeo adoptadas pela Comissatildeo

Europeia assistida pelo Comiteacute de Regulamentaccedilatildeo

Em Portugal a Agecircncia para a Qualidade e Seguranccedila Alimentar viraacute a ter informaccedilatildeo sobre todos os

suplementos alimentares comercializados como geacuteneros alimentiacutecios e introduzidos no mercado de

acordo com o Decreto-lei nordm 1362003

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 8

A rotulagem dos suplementos alimentares natildeo poderaacute mencionar nem fazer qualquer referecircncia a

prevenccedilatildeo tratamento ou cura de doenccedilas humanas e deveraacute indicar uma advertecircncia de que os

produtos devem ser guardados fora do alcance das crianccedilas

5 F luore tos em med icamentos e p rodutos cosmeacutet icos de h ig iene corpora l

A distinccedilatildeo entre Medicamento e Produto Cosmeacutetico de Higiene Corporal contendo fluoretos depende

do seu teor no produto Os cosmeacuteticos contecircm obrigatoriamente uma concentraccedilatildeo de fluoretos inferior

a 015 (1500 ppm) (Decreto-lei 1002001 de 28 de Marccedilo I Seacuterie A) sendo que todos os dentiacutefricos

com concentraccedilotildees de fluoretos superior a 015 satildeo obrigatoriamente classificados como

medicamentos

Os medicamentos contendo fluoretos e utilizados para a profilaxia da caacuterie dentaacuteria existentes no

mercado portuguecircs satildeo de venda livre em farmaacutecia Encontram-se disponiacuteveis nas formas

farmacecircuticas de soluccedilatildeo oral (gotas orais) comprimidos dentiacutefricos gel dentaacuterio e soluccedilatildeo de

bochecho

5 1 F l u o r e t o s e m c o m p r i m i d o s e g o t a s o r a i s

A utilizaccedilatildeo de medicamentos contendo fluoretos na forma de gotas orais e comprimidos foi ateacute haacute

pouco recomendada pelos profissionais de sauacutede (pediatras meacutedicos de famiacutelia cliacutenicos gerais

meacutedicos estomatologistas meacutedicos dentistas) dos 6 meses ateacute aos 16 anos

A clarificaccedilatildeo do mecanismo de acccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria e o aumento de

aporte dos mesmos com consequentes riscos de manifestaccedilatildeo toacutexica obrigaram agrave revisatildeo da sua

administraccedilatildeo em comprimidos eou gotas A gravidade da fluorose dentaacuteria estaacute relacionada com a

dose a duraccedilatildeo e com a idade em que ocorre a exposiccedilatildeo ao fluacuteor 12 13

A ldquoCanadian Consensus Conference on the Appropriate Use of Fluoride Supplements for the

Prevention of Dental Caries in Childrenrdquo 14definiu um protocolo cuja utilizaccedilatildeo eacute recomendada a

profissionais de sauacutede em que se fundamenta a tomada de decisatildeo sobre a necessidade ou natildeo da

suplementaccedilatildeo de fluacuteor A administraccedilatildeo de comprimidos soacute eacute recomendada quando o teor de fluoretos

na aacutegua de abastecimento puacuteblico for inferior a 03 ppm e

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) natildeo escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas

vezes por dia

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas vezes

por dia mas apresenta um alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 9

Por sua vez a conclusatildeo do laquoForum on Fluoridation 2002raquo15 relativamente agrave administraccedilatildeo de

suplementos de fluoretos foi a seguinte limitar a utilizaccedilatildeo de comprimidos de fluoretos a aacutereas onde

natildeo existe aacutegua fluoretada e iniciar essa suplementaccedilatildeo apenas a crianccedilas com alto risco agrave caacuterie e a

partir dos 3 anos

Os comprimidos de fluoretos caso sejam indicados devem ser usados pelo interesse da sua acccedilatildeo

toacutepica Devem ser dissolvidos na boca em vez de imediatamente ingeridos16

A administraccedilatildeo de fluoretos sob a forma de comprimidos chupados soacute deveraacute ser efectuada em

situaccedilotildees excepcionais isto eacute em populaccedilotildees de baixos recursos econoacutemicos nas quais a escovagem

natildeo possa ser promovida e os iacutendices de caacuterie sejam elevados

Para evitar a potencial toxicidade dos fluoretos antes de qualquer prescriccedilatildeo todos os profissionais de

sauacutede devem efectuar uma avaliaccedilatildeo personalizada dos aportes diaacuterios de cada crianccedila tendo em conta

todas as fontes possiacuteveis desse elemento alimentos comuns suplementos alimentares consumo de

aacutegua da rede puacuteblica eou aacutegua engarrafada e respectivo teor de fluoretos e utilizaccedilatildeo de medicamentos

e produtos cosmeacuteticos contendo fluacuteor

Recomendaccedilatildeo A partir dos 3 anos os suplementos sisteacutemicos de fluoretos poderatildeo ser prescritos pelo meacutedico assistente ou meacutedico dentista em crianccedilas que apresentem um alto risco

agrave caacuterie dentaacuteria

5 2 F l u o r e t o s e m d e n t iacute f r i c o s

Hoje em dia a maior parte dos dentiacutefricos agrave venda no mercado contecircm fluoretos sob diferentes formas

fluoreto de soacutedio monofluorfosfato de soacutedio fluoreto de amina e outros Os mais utilizados satildeo o

fluoreto de soacutedio e o monofluorfosfato de soacutedio

Normalmente o conteuacutedo de fluoreto dos dentiacutefricos eacute de 1000 a 1100 ppm (ou 010 a 011)

podendo variar entre 500 e 1500 ppm

Durante a escovagem cerca de 34 da pasta eacute ingerida por crianccedilas de 3 anos 28 pelas de 4-5 anos

e 20 pelas de 5-7 anos

Devem ser evitados dentiacutefricos com sabor a fruta para impedir o seu consumo em excesso uma vez

que estatildeo jaacute descritos na literatura casos de fluorose resultantes do abuso de dentiacutefricos2

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluoretos duas vezes por dia tem-se revelado um

meio colectivo de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria com grande efectividade e baixo custo pelo que deve

ser considerado o meio de eleiccedilatildeo em estrateacutegias comunitaacuterias

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 10

Do ponto de vista da prevenccedilatildeo da caacuterie a aplicaccedilatildeo toacutepica de dentiacutefrico fluoretado com a escova dos

dentes deve ser executada duas vezes por dia e deve iniciar-se quando se daacute a erupccedilatildeo dos dentes Esta

rotina diaacuteria de higiene executada naturalmente com muito cuidado pelos pais deve

progressivamente ser assumida pela crianccedila ateacute aos 6-8 anos de idade Durante este periacuteodo a

escovagem deve ser sempre vigiada pelos pais ou educadores consoante as circunstacircncias para evitar

a utilizaccedilatildeo de quantidades excessivas de dentiacutefrico o qual pode da mesma forma que os

comprimidos conduzir antes dos 6 anos agrave ocorrecircncia de fluorose

As crianccedilas devem usar dentiacutefrico com teor de fluoretos entre 1000-1500 ppm de fluoreto (dentiacutefrico

de adulto) sendo a quantidade a utilizar do tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

Apoacutes a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado pode-se natildeo bochechar com aacutegua Deveraacute

apenas cuspir-se o excesso de pasta Deste modo consegue-se uma mais alta concentraccedilatildeo de fluoreto

na cavidade oral que vai actuar topicamente durante mais tempo

Os pais das crianccedilas devem receber informaccedilatildeo sobre a escovagem dentaacuteria e o uso de dentiacutefricos

fluoretados A escovagem com dentiacutefrico fluoretado deve iniciar-se imediatamente apoacutes a erupccedilatildeo dos

primeiros dentes Os dentiacutefricos fluoretados devem ser guardados em locais inacessiacuteveis agraves crianccedilas

pequenas17

5 3 F l u o r e t o s e m s o l u ccedil otilde e s d e b o c h e c h o

As soluccedilotildees para bochechos recomendadas a partir dos 6 anos de idade tecircm sido utilizadas em

programas escolares de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria em inuacutemeros paiacuteses incluindo Portugal Satildeo

recomendadas a indiviacuteduos de maior risco agrave caacuterie dentaacuteria mas a sua utilizaccedilatildeo tem vido a ser

restringida a crianccedilas que escovam eficazmente os dentes

Recomendaccedilatildeo Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Recomendaccedilatildeo A partir dos 6 anos de idade deve ser feito o bochecho quinzenalmente com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

02

As soluccedilotildees fluoretadas de uso diaacuterio habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

005 e as de uso semanal ou quinzenal habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de 02

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 11

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 12

Referecircncias

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1 Almeida CM Sugestotildees para a Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2002 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e na Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa

2 Rompante P Fundamentos para a alteraccedilatildeo do Programa de Sauacutede Oral da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Documento realizado no acircmbito da Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2003 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e no Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede ndash Norte

3 Rompante P Determinaccedilatildeo da quantidade do elemento fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento puacuteblico na totalidade das sedes de concelho de Portugal Continental Porto Faculdade de Odontologia da Universidade de Barcelona 2002 Tese de Doutoramento

4 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in Children at High Caries Risk SIGN Publication 2000 47

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Page 24: Direcção-Geral da SaúdePrograma será complementado, sempre que oportuno, por orientações técnicas a emitir por esta Direcção-Geral. O Director-Geral e Alto Comissário da

1 Preacircmbulo

Os Programas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede tecircm por objectivo capacitar as pessoas a tomarem decisotildees no

seu quotidiano que se revelem as mais adequadas para manter ou alargar o seu potencial de sauacutede

Para se atingir este objectivo fornece-se informaccedilatildeo e utilizam-se metodologias que facilitem e decircem

suporte agraves mudanccedilas comportamentais e agrave manutenccedilatildeo das praacuteticas consideradas saudaacuteveis

Mas a mudanccedila de comportamentos natildeo eacute faacutecil depende de factores sociais culturais familiares

entre muitos outros e natildeo apenas do conhecimento cientiacutefico que as pessoas possuam sobre

determinada mateacuteria

Esta dificuldade eacute bem patente quando como no presente caso se pretende intervir sobre

comportamentos relacionados com a alimentaccedilatildeo e a escovagem dos dentes

Quando os pais datildeo aos filhos patildeo achocolatado ou outros alimentos accedilucarados para levarem para a

escola estatildeo com frequecircncia a dar natildeo apenas um alimento mas tambeacutem e ateacute talvez

principalmente afecto tentando colmatar lacunas que possam ter na relaccedilatildeo com os seus filhos

mesmo que natildeo tenham consciecircncia desse facto

Podem tambeacutem dar este tipo de alimento por terem dificuldade de encontrar tempo para confeccionar

uma sandes ou outro alimento e os anteriormente referidos estatildeo sempre prontos a serem colocados na

mochila da crianccedila

Eacute importante desenvolvermos estrateacutegias de Educaccedilatildeo para a Sauacutede que natildeo culpabilizem os pais

porque estes intrinsecamente desejam sempre o melhor para os seus filhos embora natildeo consigam por

vezes colocaacute-lo em praacutetica

Devido agrave complexidade que eacute actuar sobre comportamentos individuais para se aumentar a eficiecircncia

das nossas praacuteticas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede torna-se fulcral utilizar metodologias alargadas a vaacuterios

parceiros e sectores da comunidade de forma articulada e continuada para que progressivamente

possamos ir obtendo resultados

Como propotildee Nancy Russel no seu Manual de Educaccedilatildeo para a Sauacutede ldquoPara desenhar um

programa de Educaccedilatildeo para a Sauacutede eacute necessaacuterio ter conhecimentos sobre comportamentos e sobre

os factores que produzem a mudanccedilardquo E continua explicitando ldquoAs teorias da mudanccedila de

comportamento que podem ser aplicadas em Educaccedilatildeo para a Sauacutede foram elaboradas a partir de

uma variedade de aacutereas incluindo a psicologia a sociologia a antropologia a comunicaccedilatildeo e o

marketing Nenhuma teoria ou rede de conceitos domina por si soacute a investigaccedilatildeo ou a praacutetica da

Educaccedilatildeo para a Sauacutede Provavelmente porque os comportamentos de sauacutede satildeo demasiado

complexos para serem explicados por uma uacutenica teoriardquo (19968)

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 2

2 Metodologias para Desenvolvimento da Acccedilatildeo

21 Primeira vertente ndash O diagnoacutestico de situaccedilatildeo

A primeira etapa de actuaccedilatildeo eacute de grande importacircncia para a continuidade das outras actividades e

podemos resumi-la a um bom diagnoacutestico de situaccedilatildeo que permita conhecer em pormenor a realidade

sobre a qual se pretende actuar

I - Eacute importante estabelecer como uma das primeiras actividades a anaacutelise de duas vertentes com

grande influecircncia na sauacutede oral os haacutebitos culturais das famiacutelias relativamente agrave alimentaccedilatildeo e as

praacuteticas de higiene oral dos adultos e das crianccedilas

II - Um segundo aspecto relaciona-se com os tipos de interacccedilatildeo entre professores ou

educadores de infacircncia e pais No caso de essa interacccedilatildeo ser regular e organizada importa saber como

reagem os pais agraves indicaccedilotildees dos professores sobre os aspectos comportamentais das crianccedilas e que

efeito e eficaacutecia tecircm essas acccedilotildees na capacitaccedilatildeo de pais e filhos relativamente aos comportamentos

relacionados com a sauacutede oral

Actividades a desenvolverem

a) estudar as formas de melhorar a relaccedilatildeo entre pais e professores procurando resolver as

dificuldades que com frequecircncia os pais apresentam como obstaacuteculos ao contacto mais regular

com os professores

b) analisar a eficaacutecia das recomendaccedilotildees dadas procurando as razotildees que possam estar na origem

de situaccedilotildees de menor eficaacutecia como o desfasamento entre as recomendaccedilotildees e o contexto

familiar e cultural das crianccedilas ou recomendaccedilotildees muito teacutecnicas ou paternalistas Todas estas

situaccedilotildees podem provocar resistecircncias nas famiacutelias agrave adesatildeo agraves praacuteticas desejaacuteveis relativamente

ao programa de sauacutede oral Esta temaacutetica da Educaccedilatildeo para a Sauacutede e as praacuteticas

comportamentais eacute muito complexa mas fundamental para se conseguirem resultados ao niacutevel

dos comportamentos

III - Outra componente a analisar satildeo os aspectos sociais dos consumos alimentares que possam

estar relacionados com situaccedilotildees locais como campanhas publicitaacuterias ou de promoccedilatildeo de

determinados alimentos potencialmente cariogeacutenicos nos estabelecimentos da zona Oferta pouco

adequada de alimentos na cantina da escola com existecircncia preponderante de alimentos e bebidas

accedilucaradas A confecccedilatildeo das refeiccedilotildees no refeitoacuterio com pouca oferta de fruta legumes e vegetais e

preponderacircncia de sobremesas doces

Segundo o Modelo Precede de Green existem 3 etapas a contemplar num diagnoacutestico de situaccedilatildeo

middot diagnoacutestico epidemioloacutegico necessaacuterio para a identificaccedilatildeo dos problemas de sauacutede sobre os

quais se vai actuar como sejam os iacutendices de caacuterie fluorose dentaacuteria e outros

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 3

middot diagnoacutestico social que corresponde agrave identificaccedilatildeo das situaccedilotildees sociais existentes na comunidade

onde se desenvolve a actividade que podem contribuir para os problemas de sauacutede oral detectados

ou que se pretende prevenir

middot diagnoacutestico comportamental para identificaccedilatildeo dos vaacuterios padrotildees comportamentais que possam

estar relacionados com os problemas de sauacutede oral inventariados

A este diagnoacutestico de problemas eacute importante associar-se a identificaccedilatildeo de necessidades da

populaccedilatildeo-alvo da acccedilatildeo

Apesar da prevalecircncia das doenccedilas orais e da necessidade deste Programa Nacional em algumas

comunidades poderatildeo existir vaacuterios outros problemas de sauacutede mais graves ou mais prevalentes e

neste caso importa fazer uma avaliaccedilatildeo dos recursos e das possibilidades de eficaacutecia dando prioridade

aos grupos e agraves situaccedilotildees mais graves e de maior amplitude Outro factor a ter em conta na decisatildeo

relaciona-se com a capacidade de alterar as causas comportamentais ou factores de risco pelo

programa educacional

Apoacutes a avaliaccedilatildeo das necessidades deveratildeo ser estabelecidas as prioridades tendo em conta os

problemas de sauacutede identificados a capacidade de alteraccedilatildeo dos factores de risco comportamentais e

outros Eacute muito importante associar-se agrave definiccedilatildeo de prioridades de actuaccedilatildeo a caracterizaccedilatildeo dos sub-

grupos existentes e as diferentes estrateacutegias apropriadas a cada uma dessas populaccedilotildees alvo

22 Segunda vertente ndash os teacutecnicos de educaccedilatildeo

Todos os parceiros satildeo importantes para o desenvolvimento dos programas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede

mas no caso especiacutefico da sauacutede oral os teacutecnicos de Educaccedilatildeo satildeo fundamentais Eacute por esta razatildeo

tarefa prioritaacuteria sensibilizaacute-los e englobaacute-los no desenho dos programas desde o iniacutecio

Sabemos atraveacutes das nossas praacuteticas anteriores que nem sempre os teacutecnicos de educaccedilatildeo aderem a

algumas das actividades dos programas de sauacutede oral propostas pelos teacutecnicos de sauacutede utilizando

para isso os mais diversos argumentos A explicitaccedilatildeo dos uacuteltimos consensos cientiacuteficos nesta aacuterea

com disponibilizaccedilatildeo de bibliografia pode ser facilitador da adesatildeo ao programa

Uma das actividades centrais deste programa seraacute trabalhar em conjunto com os teacutecnicos de educaccedilatildeo

nomeadamente docentes das escolas baacutesicas e secundaacuterias e educadores de infacircncia sobre as

potencialidades do programa e os ganhos em sauacutede que a meacutedio e longo prazo este pode provocar na

populaccedilatildeo portuguesa

Outra tarefa importante eacute a reflexatildeo em conjunto sobre as dificuldades diagnosticadas em cada escola

para concretizar as actividades do programa na tentativa de encontrar soluccedilotildees seja atraveacutes da

resoluccedilatildeo dos obstaacuteculos seja encontrando alternativas Poderaacute acontecer natildeo ser possiacutevel executar

todas as tarefas incluiacutedas no programa Nesses casos importa decidir quais as actividades que poderatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 4

ser levadas agrave praacutetica com ecircxito Seraacute preferiacutevel concretizar algumas tarefas que nenhumas assim

como seraacute melhor realizar bem poucas tarefas do que muitas ou todas de forma deficiente

Frequentemente existe um diferencial de conhecimentos sobre estas aacutereas entre os teacutecnicos de

educaccedilatildeo e os de sauacutede Para evitar problemas eacute imperioso que os teacutecnicos de educaccedilatildeo sejam

parceiros em igualdade de circunstacircncia e natildeo sintam que tecircm um papel secundaacuterio no projecto ou

meros executores de tarefas

A eventual deacutecalage de conhecimentos sobre sauacutede oral pode ser compensado utilizando estrateacutegias de

trabalho em equipa natildeo assumindo os teacutecnicos de sauacutede papel de liacutederes do processo nem de

detentores da informaccedilatildeo cientiacutefica As teacutecnicas de trabalho em equipa devem implicam a partilha de

tarefas e lideranccedila natildeo assumindo o programa uma dimensatildeo vertical e impositiva por parte da sauacutede

As mensagens chave do programa seratildeo discutidas por todos os intervenientes Eacute muito importante que

sejam claras nos conteuacutedos e assumidas por toda a equipa em todas as situaccedilotildees de modo a tornar as

intervenccedilotildees coerentes com os objectivos do programa

Como cada comunidade e cada escola tecircm caracteriacutesticas proacuteprias o programa as actividades e o

trabalho interdisciplinar em equipa seratildeo adequados agraves condiccedilotildees objectivas e subjectivas de todos os

intervenientes o que pode tornar necessaacuterio fazer adaptaccedilotildees agrave aplicaccedilatildeo do mesmo O mesmo se

passa em relaccedilatildeo agraves mensagens que necessitam ser adaptadas a cada situaccedilatildeo e a cada contexto

Em relaccedilatildeo agrave Educaccedilatildeo para a Sauacutede a procura de soluccedilotildees para as situaccedilotildees decorrentes da

implementaccedilatildeo do programa como a sensibilizaccedilatildeo dos parceiros e a eliminaccedilatildeo de obstaacuteculos satildeo

uma das tarefas centrais dos programas e natildeo devem ser subestimadas pelos teacutecnicos de sauacutede pois

delas depende muita da eficaacutecia do projecto

A educaccedilatildeo alimentar eacute uma das vertentes centrais do programa pelo que eacute necessaacuterio sensibilizar os

professores para aspectos da vida escolar que podem afectar a sauacutede oral dos alunos como as ementas

escolares existentes no refeitoacuterio e o tipo de alimentos disponibilizado no bar

221 Componente praacutetica

Uma primeira tarefa do programa na escola seraacute a sensibilizaccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo para a

importacircncia do mesmo A explicitaccedilatildeo teoacuterica resumida dos pressupostos cientiacuteficos que legitimam a

alteraccedilatildeo do programa eacute um instrumento facilitador

Fundamental explicar as razotildees que tornam a escovagem como um actividade central do programa e

os inconvenientes de se darem suplementos de fluacuteor de forma generalizada Seremos especialmente

eficazes se nos disponibilizarmos para responder agraves questotildees e duacutevidas que os professores possam ter

Esta eacute com certeza tambeacutem uma maneira de aprofundarmos o diagnoacutestico da situaccedilatildeo e de podermos

contribuir para remover os obstaacuteculos detectados

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 5

Uma segunda tarefa consistiraacute em operacionalizar o programa com os professores de modo a construi-

lo conjuntamente As diversas tarefas devem ser planeadas e avaliadas continuamente para se fazerem

as alteraccedilotildees consideradas necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar do programa

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo e a escovagem

O Programa Nacional de Sauacutede Oral propotildee algumas alteraccedilotildees que podemos considerar profundas e

de ruptura em relaccedilatildeo ao programa anterior como sejam a aplicaccedilatildeo restrita dos suplementos

sisteacutemicos de fluoretos e a escovagem duas vezes ao dia com um dentiacutefrico fluoretado como principal

medida para uma boa sauacutede oral Estas directrizes derivam do consenso dos peritos de Sauacutede Oral

reunidos na task force coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

Eacute faacutecil de compreender que organizar a escovagem dos dentes dos alunos eacute mais trabalhoso que dar-

lhes um comprimido de fluacuteor ou ateacute do que fazer o bochecho com uma soluccedilatildeo fluoretada Para sermos

bem sucedidos seraacute fundamental actuar de forma cautelosa respeitando as caracteriacutesticas das pessoas e

os contextos em presenccedila

Como sabemos eacute difiacutecil quebrar rotinas e o programa vai implicar mais trabalho para os professores e

disponibilizaccedilatildeo de tempo para os pais e professores A adopccedilatildeo pelos Jardins de infacircncia e Escolas da

escovagem dos dentes dos alunos pelo menos uma vez dia como factor central do programa vai

possivelmente encontrar algumas resistecircncias por parte dos educadores de infacircncia e professores que

importa ir resolvendo de forma progressiva e de acordo com as dificuldades reais encontradas Estas

dificuldades podem estar relacionadas com a deficiecircncia de instalaccedilotildees ou outras mas estaraacute com

frequecircncia tambeacutem muito relacionada com aspectos psicossociais de resistecircncia agrave mudanccedila de rotinas

instaladas e com vaacuterios anos

Uma das estrateacutegias primordiais para este programa ser bem sucedido passa pela resoluccedilatildeo dos

obstaacuteculos referidos pelos teacutecnicos de educaccedilatildeo relativamente agrave escovagem nomeadamente

a possibilidade de as crianccedilas usarem as escovas de colegas podendo haver transmissatildeo de doenccedilas

como a hepatite ou outras

a ausecircncia de um local apropriado para a escovagem

a confusatildeo que a escovagem iraacute causar com eventuais situaccedilotildees de indisciplina

a dificuldade de vigiar todos os alunos durante a escovagem com a consequente possibilidade de

alguns especialmente se mais novos poderem engolir dentiacutefrico

existirem alguns alunos que devido a carecircncias econoacutemicas ou desconhecimento dos pais tecircm

escovas jaacute muito deterioradas podendo ser alvo de troccedila e humilhaccedilatildeo por parte dos colegas ou

sentindo-se os professores na necessidade de fazerem algo mas natildeo terem possibilidade de

substituiacuterem as escovas

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 6

Estes e outros argumentos poderatildeo ser reais ou apenas formas de encontrar justificaccedilotildees para natildeo

alterar rotinas no entanto eacute fundamental analisar cada situaccedilatildeo e encontrar a forma adequada de actuar

o que implica procurar em conjunto a resoluccedilatildeo do problema natildeo desvalorizando a perspectiva do

teacutecnico de educaccedilatildeo mesmo que do ponto de vista da sauacutede nos pareccedila oacutebvia a resistecircncia agrave mudanccedila e

a sua soluccedilatildeo

Se natildeo conseguirmos sensibilizar os profissionais de educaccedilatildeo para a importacircncia da escovagem e nos

limitarmos a contra-argumentar com os nossos dados e a nossa cientificidade facilmente iratildeo

encontrar outros argumentos Eacute preciso compreender que o que estaacute em causa natildeo satildeo as dificuldades

objectivas mas outro tipo de razotildees mais ou menos subjectivas relacionadas com as condiccedilotildees locais

e de contexto como por exemplo o facto de alguns professores considerarem que natildeo eacute da sua

competecircncia promover a escovagem dos dentes dos seus alunos A interacccedilatildeo pais-professores eacute

constante e pode potenciar grandemente o programa

23 Terceira vertente ndash os pais

Os pais satildeo tambeacutem intervenientes fundamentais nos programas de sauacutede oral e eacute fundamental que

sejam englobados na equipa de projecto enquanto parceiros activos na programaccedilatildeo de actividades de

modo a poder resolver-se eventuais resistecircncias que inclusive podem ser desconhecidas dos teacutecnicos e

serem devidas a idiossincracias micro-culturais Todas as estrateacutegias que sensibilizem os pais para as

medidas que se preconizam satildeo importantes Eacute fundamental que o programa seja ldquocontinuadordquo e

reforccedilado em casa e natildeo pelo contraacuterio descredibilizado pelas praacuteticas domeacutesticas

Em relaccedilatildeo aos pais os factores emocionais satildeo centrais na sua relaccedilatildeo com os filhos e com as escolhas

comportamentais quotidianas Transmitir informaccedilatildeo de forma essencialmente cognitiva por exemplo

laquonatildeo decirc lsquoBolosrsquo aos seus filhos porque satildeo alimentos que podem contribuir para o aparecimento de

caacuterie nos dentes e provocar obesidaderaquo tem muitas possibilidades de provocar efeitos perversos

negativos como seja a culpabilizaccedilatildeo dos pais e a resistecircncia agrave mudanccedila de comportamentos

Com frequecircncia os doces satildeo uma forma de dar afecto ou premiar os filhos ou ateacute servir como

substituto da impossibilidade dos pais estarem mais tempo com os filhos situaccedilatildeo que natildeo eacute com

frequecircncia consciente para os pais Os padrotildees comportamentais dos pais obedecem a inuacutemeras

componentes e soacute actuando sobre cada uma delas se conseguem resultados nas mudanccedilas de

comportamentos

Fornecer apenas informaccedilatildeo pode natildeo soacute natildeo provocar alteraccedilotildees comportamentais como criar ou

aumentar as resistecircncias agrave mudanccedila Eacute preciso adequar a informaccedilatildeo agraves diversas situaccedilotildees

caracterizando-as primeiro valorizando as componentes emocionais relacionais e contextuais dos

comportamentos natildeo culpabilizando os pais (porque isso provoca resistecircncias agrave mudanccedila natildeo soacute em

relaccedilatildeo a este programa mas a futuras intervenccedilotildees) e encontrando formas alternativas de resolver estas

situaccedilotildees utilizando soluccedilotildees que provoquem emoccedilotildees positivas em todos os intervenientes E dessa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 7

forma eacute possiacutevel ser-se eficaz respeitando os universos relacionais das famiacutelias e evitando efeitos

comportamentais paradoxais ou seja por reacccedilatildeo agrave informaccedilatildeo que os culpabiliza os pais

dessensibilizam das nossas indicaccedilotildees agravando e aumentando as praacuteticas que se desaconselham

Eacute esta uma das razotildees porque eacute tatildeo difiacutecil atingir os grupos populacionais que exactamente mais

precisavam de ser abrangido pelos programas de prevenccedilatildeo da doenccedila e promoccedilatildeo da sauacutede

Para aleacutem de se conhecerem as praacuteticas alimentares e de higiene oral que as crianccedilas e adolescentes

tecircm em casa eacute importante caracterizar as razotildees desses procedimentos Referimo-nos aos aspectos

individuais familiares culturais e contextuais Se queremos actuar sobre comportamentos eacute

fundamental conhecer as atitudes crenccedilas preconceitos estereoacutetipos e representaccedilotildees sociais que se

relacionam com as praacuteticas das famiacutelias as quais variam de famiacutelia para famiacutelia

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo podem ser colaboradores preciosos para esta caracterizaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo aos pais podemos resumir os aspectos a valorizar

Inclui-los nos diversos passos do programa

sensibiliza-los para a importacircncia da sauacutede oral respeitando os seus universos familiares e

culturais

dar suporte continuado agrave mudanccedila de comportamentos e de todos os factores que lhe estatildeo

associados

24 Quarta vertente ndash as crianccedilas

As crianccedilas e os adolescentes satildeo o principal puacuteblico-alvo do programa de sauacutede oral Sensibilizaacute-los

para as praacuteticas alimentares e de higiene oral que os peritos consideram actualmente adequadas eacute o

nosso objectivo

Como jaacute foi referido anteriormente eacute necessaacuterio ser cuidadoso na forma de comunicar com as crianccedilas

e adolescentes natildeo criticando directa ou indirectamente os conhecimentos e as praacuteticas aconselhadas

ou consentidas por pais e professores com quem eles convivem directamente e que satildeo dos principais

influenciadores dos seus comportamentos satildeo os seus modelos e constituem o seu universo de afectos

Criar clivagem na relaccedilatildeo cognitiva afectiva e emocional entre pais ou professores e crianccedilas e

adolescentes eacute algo que devemos ter sempre presente e evitar

As estrateacutegias de trabalho com as crianccedilas deveratildeo ser adaptadas agrave sua maturidade psico-cognitiva e

contexto socio-cultural Para que as actividades sejam luacutedicas e criativas adequadas agraves idades e outras

caracteriacutesticas das crianccedilas e adolescentes a contribuiccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo eacute com certeza

fundamental

Eacute muito importante ter em conta alguns aspectos educativos relativamente agrave mudanccedila de

comportamentos A participaccedilatildeo activa das crianccedilas na formulaccedilatildeo dessas actividades torna mais

eficazes os efeitos pretendidos

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 8

Pela dificuldade em mudar comportamentos principalmente de forma estaacutevel eacute aconselhaacutevel adequar

os objectivos agraves realidades Seraacute preferiacutevel actuar sobre um ou dois comportamentos sobre os quais a

caracterizaccedilatildeo inicial nos permitiu depreender que seraacute possiacutevel obtermos resultados positivos em vez

de tentar actuar sobre todos os comportamentos que desejariacuteamos alterar natildeo conseguindo alterar

nenhum deles Naturalmente estas escolhas seratildeo feitas cientificamente segundo o que a Educaccedilatildeo para

a Sauacutede preconiza nas vertentes relacionadas com as ciecircncias comportamentais (sociais e humanas)

Outro aspecto fundamental eacute a continuidade na acccedilatildeo A eficaacutecia seraacute tanto maior quanto mais

continuadas forem as actividades dando suporte agrave mudanccedila comportamental e reforccedilo agrave sua

manutenccedilatildeo A continuidade da acccedilatildeo permite conhecer melhor as situaccedilotildees os obstaacuteculos e as formas

de os remover pois cada caso eacute um caso e generalizar diminui grandemente a eficaacutecia

Deve ser dada uma atenccedilatildeo especial agraves crianccedilas com Necessidades de Sauacutede Especiais desfavorecidas

socialmente (porque vivem em bairros degradados com poucos recursos econoacutemicos pertencem a

minorias eacutetnicas ou satildeo emigrantes) ou que natildeo frequentam a escola utilizando estrateacutegias especificas

adequadas agraves suas dificuldades

25 Quinta vertente ndash a comunidade

Para os programas de Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutede a componente comunitaacuteria eacute fundamental A

participaccedilatildeo e contribuiccedilatildeo dos vaacuterios sectores da comunidade podem ser potenciadores do trabalho a

desenvolver

Dependendo das situaccedilotildees locais a Autarquia as IPSS e as ONGrsquos entre outras podem ser parceiros

de enorme valia para o desenvolvimento do programa Para isso temos que sensibilizar os liacutederes

locais para a importacircncia da sauacutede oral e do programa que se pretende incrementar explicitando como

com pequenos custos podemos obter ganhos em sauacutede a meacutedio e longo prazo

As instituiccedilotildees que organizam actividades para crianccedilas e adolescentes como os ATLrsquos associaccedilotildees

culturais desportivas e religiosas podem ser excelentes parceiros para o desenvolvimento das

actividades dependendo das caracteriacutesticas da comunidade onde se aplica o programa Os grupos de

teatro satildeo tambeacutem um excelente recurso para integrarem as actividades com as crianccedilas e os

adolescentes

26 Sexta vertente ndash os meios de comunicaccedilatildeo social

Os meios de comunicaccedilatildeo social locais e regionais se forem utilizados apropriadamente podem ser

parceiros potenciadores das actividades que se pretendem desenvolver

Mas com frequecircncia os teacutecnicos de sauacutede encontram dificuldades na relaccedilatildeo com os profissionais da

comunicaccedilatildeo social considerando que estes natildeo satildeo sensiacuteveis agraves nossas preocupaccedilotildees com a prevenccedilatildeo

da doenccedila e da promoccedilatildeo da sauacutede

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 9

Os media tecircm uma linguagem e podemos dizer uma filosofia proacuteprias que com frequecircncia natildeo satildeo

coincidentes com as nossas eacute por essa razatildeo necessaacuterio que os teacutecnicos de sauacutede se adaptem e se

possiacutevel se aperfeiccediloem na linguagem dos meacutedia Se natildeo utilizarmos adequadamente os meios de

comunicaccedilatildeo social estes podem ter um efeito contraproducente diminuindo a eficaacutecia do programa de

sauacutede oral

Algumas das dificuldades encontradas quando trabalhamos com os media especialmente as raacutedios e as

televisotildees satildeo as seguintes

na maior parte dos casos natildeo se pode transmitir muita informaccedilatildeo mesmo que seja um programa

de raacutedio de 1 ou 2 horas iria ficar muito monoacutetono e pouco atraente assim como se tornaria

confuso para os ouvintes e pouco eficaz porque com frequecircncia as pessoas desenvolvem outras

actividades enquanto ouvem raacutedio

eacute aconselhaacutevel transmitir apenas o que eacute realmente importante e faze-lo de forma muito clara

mantendo a consistecircncia sobre a hierarquia das informaccedilotildees nas diversas intervenccedilotildees ou seja que

todas os intervenientes no programa e em todas as situaccedilotildees em que intervecircm tenham um discurso

coerente e natildeo contraditoacuterio

evitar informaccedilotildees riacutegidas que culpabilizem as pessoas e natildeo respeitem os seus contextos micro-

culturais Eacute preferiacutevel suscitar alguma mudanccedila comportamental de forma progressiva que

nenhuma

com frequecircncia utilizamos o leacutexico meacutedico sem nos apercebermos que muitos cidadatildeos natildeo

conhecem termos que nos parecem simples como obesidade ou colesterol atribuindo-lhes outros

significados (portanto desconhecem que natildeo conhecem o verdadeiro significado)

se possiacutevel testar com pessoas de diversas idades e estratos socio-culturais que sejam leigas em

relaccedilatildeo a estas temaacuteticas aquilo que se preparou para a intervenccedilatildeo nos meios de comunicaccedilatildeo

social e alterar se necessaacuterio de acordo com as indicaccedilotildees que essas pessoas nos fornecerem

27 Seacutetima vertente ndash a avaliaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo deve ter iniacutecio na fase de planeamento e acompanhar todo o projecto de modo a introduzir

as alteraccedilotildees necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar das actividades

Devem fazer parte da equipa de avaliaccedilatildeo os diversos parceiros do projecto assim como pessoas

externas ao projecto e estas quando possiacutevel com formaccedilatildeo em educaccedilatildeo para a sauacutede nas aacutereas

teacutecnicas comportamentais de planeamento e avaliaccedilatildeo qualitativa e quantitativa

Satildeo fundamentais avaliaccedilotildees qualitativas e quantitativas das actividades a desenvolver e se possiacutevel

com anaacutelises comparativas ao desenrolar do projecto noutras zonas do paiacutes

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 10

3 T eacute c n i c a s d e H i g i e n e O r a l

3 1 Escovagem dos den tes ndash A escova A escovagem dos dentes deve ser efectuada com uma escova de tamanho adequado agrave boca de quem a

utiliza Habitualmente as embalagens referem as idades a que se destinam Os filamentos devem ser

de nylon com extremidades arredondadas e textura macia que quando comeccedilam a ficar deformados

obrigam agrave substituiccedilatildeo da escova Normalmente a escova quando utilizada 2 vezes por dia dura cerca

de 3-4 meses

Existem escovas manuais e eleacutectricas as quais requerem os mesmos cuidados As escovas eleacutectricas

facilitam a higiene oral das pessoas que tenham pouca destreza manual

3 2 Escovagem dos den tes ndash O den t iacute f r i co O dentiacutefrico a utilizar deve conter fluoreto numa dosagem de cerca de 1000-1500 ppm A quantidade a

utilizar em cada uma das escovagens deve ser semelhante (ou inferior) ao tamanho da unha do 5ordm dedo

(dedo mindinho) da matildeo da crianccedila

Os dentiacutefricos com sabores muito atractivos natildeo se recomendam porque podem levar as crianccedilas a

engoli-lo deliberadamente Ateacute aos 6 anos aproximadamente o dentiacutefrico deve ser colocado na escova

por um adulto Apoacutes a escovagem dos dentes eacute apenas necessaacuterio cuspir o excesso de dentiacutefrico

podendo no entanto bochechar-se com um pouco de aacutegua

33 Escovagem dos dentes no Jardim-de-infacircncia e na Escola identificaccedilatildeo e arrumaccedilatildeo das escovas e copos

Hoje em dia haacute escovas de dentes que tecircm uma tampa ou estojo com orifiacutecios que a protege Caso se

opte pela utilizaccedilatildeo destas escovas natildeo eacute necessaacuterio que fiquem na escola Os alunos poderatildeo colocaacute-

la dentro da mochila juntamente com o tubo do dentiacutefrico e transportaacute-los diariamente para a escola

O conceito de intransmissibilidade da escova de dentes deve ser reforccedilado junto das crianccedilas Se as

escovas ficarem na escola eacute essencial que estejam identificadas bastando para tal escrever no cabo da

escova o nome da crianccedila com uma caneta de tinta resistente agrave aacutegua Tambeacutem se devem identificar os

dentiacutefricos Cada aluno deveraacute ter o seu proacuteprio dentiacutefrico e os copos caso natildeo sejam descartaacuteveis

As escovas guardam-se num local seco e arejado de modo a que os pelos fiquem virados para cima e

natildeo contactem umas com as outras Cada escova pode ser colocada dentro do copo num suporte

acriacutelico ou outro material resistente agrave aacutegua em local seco e arejado

Dentiacutefricos e escovas devem estar fora do alcance das crianccedilas para evitar a troca ou ingestatildeo

acidental de dentiacutefrico Caso haja a possibilidade de utilizar copos descartaacuteveis (de cafeacute) o processo eacute

bastante simplificado (os copos de cafeacute podem ser substituiacutedos por copos de iogurte) Os produtos de

higiene oral podem ser adquiridos com a colaboraccedilatildeo da Autarquia do Centro de Sauacutede dos pais ou

ateacute de alguma empresa Se a escola tiver refeitoacuterio pode tambeacutem ser viaacutevel utilizar os copos do

refeitoacuterio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 11

34 Escovagem dos den tes ndash Organ izaccedilatildeo da ac t i v idade

A escovagem dos dentes deve ser feita diariamente no jardim-de-infacircncia e na escola apoacutes o almoccedilo agrave

entrada na sala de aula ou apoacutes o intervalo As crianccedilas poderatildeo escovar os dentes na casa de banho no

refeitoacuterio ou na proacutepria sala de aula O processo eacute simples natildeo exigindo muitas condiccedilotildees fiacutesicas das

escolas que satildeo frequentemente utilizadas para justificar a recusa desta actividade

Caso a escola tenha lavatoacuterios suficientes esta actividade pode ser feita na casa de banho Eacute necessaacuterio

definir a hora em que cada uma das salas vai utilizar esse espaccedilo Na casa de banho deveratildeo estar

apenas as crianccedilas que estatildeo a escovar os dentes Os outros esperam a sua vez em fila agrave porta Eacute

essencial que esteja algueacutem (auxiliar professoreducador ou voluntaacuterio) a vigiar para manter a ordem

organizar o processo e corrigir a teacutecnica da escovagem No final da escovagem cada crianccedila lava a

escova e o copo (se natildeo for descartaacutevel) e arruma no local destinado a esse efeito

Quando o espaccedilo fiacutesico natildeo permite que a escovagem seja feita na casa de banho esta actividade pode

ser feita na proacutepria sala de aula Nesta situaccedilatildeo se for possiacutevel utilizar copos descartaacuteveis ou copos de

iogurte facilita o processo e torna-o menos moroso Os alunos mantecircm-se sentados nas suas cadeiras

Retiram da sua mochila o estojo com a escova e o dentiacutefrico Um dos alunos distribui os copos e os

guardanapos (ou toalhetes de papel ou papel higieacutenico) Os alunos escovam os dentes todos ao mesmo

tempo podendo ateacute fazecirc-lo com muacutesica O professor deve ir corrigindo a teacutecnica de escovagem Apoacutes

a escovagem as crianccedilas cospem o excesso de dentiacutefrico para o copo limpam a boca tiram o excesso

de dentiacutefrico e saliva da escova com o papel ou o guardanapo e por fim colocam-no dentro do copo

Tapam a escova e arrumam-na em estojo proacuteprio ou na mochila juntamente com o dentiacutefrico No final

um dos alunos vai buscar um saco de lixo passa por todas as carteiras para que cada uma coloque o

seu copo no lixo Caso alguma das crianccedilas natildeo tolere o restos de dentiacutefrico na cavidade oral pode

colocar-se uma pequena porccedilatildeo de aacutegua no copo e no fim da escovagem bochecha e cospe para o

copo Os pais dos alunos devem ser instruiacutedos para se certificarem que em casa a crianccedila lava a sua

escova com aacutegua corrente e volta a colocaacute-la na mochila No sentido de facilitar o procedimento

recomenda-se que os copos sejam descartaacuteveis e as escovas tenham tampa

35 Escovagem dos den tes - A teacutecn ica A escovagem dos dentes para ser eficaz ou seja para remover a placa bacteriana necessita ser feita

com rigor e demora 2 a 3 minutos Quando se utiliza uma escova manual a escovagem faz-se da

seguinte forma

inclinar a escova em direcccedilatildeo agrave gengiva (cerca de 45ordm) e fazer pequenos movimentos vibratoacuterios

horizontais ou circulares de modo a que os pelos da escova limpem o sulco gengival (espaccedilo que

fica entre o dente e a gengiva)

se for difiacutecil manter esta posiccedilatildeo colocar os pecirclos da escova perpendicularmente agrave gengiva e agrave

superfiacutecie do dente

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 12

escovar 2 dentes de cada vez (os correspondentes ao tamanho da cabeccedila da escova) fazendo

aproximadamente 10 movimentos (ou 5 caso sejam crianccedilas ateacute aos 6 anos) nas superfiacutecies

dentaacuterias abarcadas pela escova

comeccedilar a escovagem pela superfiacutecie externa (do lado da bochecha) do dente mais posterior de um

dos maxilares e continuar a escovar ateacute atingir o uacuteltimo dente da extremidade oposta desse

maxilar

com a mesma sequecircncia escovar as superfiacutecies dentaacuterias do lado da liacutengua

proceder do mesmo modo para fazer a escovagem dos dentes do outro maxilar

escovar as superfiacutecies mastigatoacuterias dos dentes com movimentos de vaiveacutem

por fim pode escovar-se a liacutengua

Quando se utiliza uma escova de dentes eleacutectrica segue-se a mesma sequecircncia de escovagem O

movimento da escova eacute feito automaticamente natildeo deve ser feita pressatildeo ou movimentos adicionais

sobre os dentes A escova desloca-se ao longo da arcada escovando um soacute dente de cada vez A

escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluacuteor deve ser feita duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente agrave noite antes de deitar

3 6 Uso do f io den taacute r io A partir do momento em que haacute destreza manual (a partir dos 8 anos) eacute indispensaacutevel o uso do fio ou

fita dentaacuteria que se utiliza da seguinte forma

retirar cerca de 40 cm de fio (ou fita) do porta fio

enrolar a quase totalidade do fio no dedo meacutedio de uma matildeo e uma pequena porccedilatildeo no dedo meacutedio

da outra matildeo deixando entre os dois dedos uma porccedilatildeo de fio com aproximadamente 25 cm

Quando as crianccedilas satildeo mais pequenas pode retirar-se uma porccedilatildeo mais pequena de fio cerca de

30 cm dar um noacute juntando as 2 pontas formando um ciacuterculo com o fio natildeo havendo necessidade

de o enrolar nos dedos Eacute importante utilizar sempre fio limpo em cada espaccedilo interdentaacuterio Os

polegares eou os indicadores ajudam a manuseaacute-lo

introduzir o fio cuidadosamente entre dois dentes e curva-lo agrave volta do dente que se quer limpar

fazendo com que tome a forma de um ldquoCrdquo

executar movimentos curtos horizontais desde o ponto de contacto entre os dentes ateacute ao sulco

gengival em cada uma das faces que delimitam o espaccedilo interdentaacuterio

repetir este procedimento ateacute que todos os espaccedilos interdentaacuterios de todos os dentes estejam

devidamente limpos

O fio dentaacuterio deve ser utilizado uma vez por dia de preferecircncia agrave noite antes de deitar Na escola os

alunos poderatildeo a aprender a utilizar este meio de remoccedilatildeo de placa bacteriana interdentaacuterio sendo

importante envolver os pais no sentido de lhes pedir colaboraccedilatildeo e permitir que as crianccedilas o utilizem

em casa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 13

3 7 Reve lador de p laca bac te r i ana O uso de reveladores de placa bacteriana (em soluto ou em comprimidos mastigaacuteveis) permitem

avaliar a higiene oral e consequentemente melhorar as teacutecnicas de escovagem e de utilizaccedilatildeo do fio

dentaacuterio

A partir dos 6 anos de idade estes produtos podem ser usados para que as crianccedilas visualizem a placa

e mais facilmente compreendam que os seus dentes necessitam de ser cuidadosamente limpos

A eritrosina que tem a propriedade de corar de vermelho a placa bacteriana eacute um dos exemplos de

corantes que se podem utilizar Utiliza-se da seguinte forma

colocar 1 a 2 gotas por baixo da liacutengua ou mastigar um comprimido sem engolir

passar a liacutengua por todas as superfiacutecies dentaacuterias

bochechar com aacutegua

A placa bacteriana corada eacute facilmente removida atraveacutes da escovagem dos dentes e do fio dentaacuterio

Nota Para evitar que os laacutebios fiquem corados de vermelho antes de colocar o corante pode passar

batom creme gordo ou vaselina nos laacutebios

3 8 Bochecho f luore tado A partir dos 6 anos pode ser feito o bochecho quinzenal com fluoreto de soacutedio a 02 na escola da

seguinte forma

agitar a soluccedilatildeo e deitar 10 ml em cada copo e distribui-los

indicar a cada crianccedila para colocar o antebraccedilo no rebordo da mesa

introduzir a soluccedilatildeo na boca sem engolir

repousar a testa no antebraccedilo colocando o copo debaixo da boca

bochechar vigorosamente durante 1 minuto

apoacutes este periacuteodo deve ser cuspida tendo o cuidado de natildeo a engolir

Apoacutes o bochecho a crianccedila deve permanecer 30 minutos sem comer nem beber

39 Iacutendice de placa O Iacutendice de Placa (IP) eacute utilizado para quantificar a placa bacteriana em todas as superfiacutecies dentaacuterias e

reflecte os haacutebitos de higiene oral dos indiviacuteduos avaliados

Assim enquanto que um baixo Iacutendice de Placa poderaacute significar um bom impacto das acccedilotildees de

educaccedilatildeo para a sauacutede em sauacutede oral nomeadamente das relacionadas com a higiene um iacutendice

elevado sugere o contraacuterio

Em programas comunitaacuterios geralmente eacute utilizado o Iacutendice de Placa Simplificado que eacute mais raacutepido

de determinar sendo o resultado final igualmente fiaacutevel

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 14

Para se calcular o Iacutendice de Placa Simplificado eacute necessaacuterio atribuir um valor ao tamanho da placa

bacteriana existente nos seguintes 6 dentes e superfiacutecies predeterminados Maxilar superior

1 Primeiro molar superior direito - Superfiacutecie vestibular

2 Incisivo central superior direito - Superfiacutecie vestibular

3 Primeiro molar superior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

4 Primeiro molar inferior esquerdo - Superfiacutecie lingual

5 Incisivo central inferior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

6 Primeiro molar inferior direito - Superfiacutecie lingual

Para atribuir um valor ao tamanho da placa bacteriana existente em cada uma das su

acima referidas eacute necessaacuterio utilizar o revelador de placa bacteriana para a co

facilitar a sua observaccedilatildeo e respectiva classificaccedilatildeo e registo

A cada uma das superfiacutecies dentaacuterias soacute pode ser atribuiacutedo um dos seguintes valore

Valor 0

Valor 1

Valor 2

Valor 3

rarr Se a superfiacutecie do dente natildeo estaacute corada

rarr Se 13 da superfiacutecie estaacute corado

rarr Se 23 da superfiacutecie estatildeo corados

rarr Se estaacute corada toda a superfiacutecie

Feito o registo da observaccedilatildeo individual verifica-se que o somatoacuterio do conjunto de

poderaacute variar entre 0 (zero) e 18 (dezoito)

Dividindo por 6 (seis) este somatoacuterio obteacutem-se o Iacutendice de Placa Individual

Para determinar o Iacutendice de Placa de um grupo de indiviacuteduos divide-se o som

individuais pelo nuacutemero de indiviacuteduos observados multiplicado por seis (o nuacutemer

nuacutemero de dentes seleccionados por indiviacuteduo)

Assim o Iacutendice de Placa poderaacute variar entre 0 (zero) e 3 (trecircs)

Iacutendice de Placa (IP) = Somatoacuterio da classificaccedilatildeo dada a cada dente

Nordm de indiviacuteduos observados x 6

A sauacutede oral das crianccedilas e adolescentes eacute um grave problema de sauacutede puacuteblica ma

simples como as descritas neste documento executadas pelos proacuteprios eou com

encorajadas pela escola e pelos serviccedilos de sauacutede contribuem decididamente para

oral importantes e implementaccedilatildeo efectiva do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas d

Maxilar inferior

perfiacutecies dentaacuterias

rar e dessa forma

s

valores atribuiacutedos

atoacuterio dos valores

o seis representa o

s que com medidas

ajuda da famiacutelia

ganhos em sauacutede

Sauacutede Oral

e EPSrsquorsquo 15

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

F l u o r e t o s

F u n d a m e n t a ccedil atilde o e R e c o m e n d a ccedil otilde e s d a T a s k F o r c e

Documento produzido pela Task Force constituiacuteda pelo Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr

Ricardo Jorge Direcccedilatildeo-Geral de Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura Faculdade de

Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Medicina Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria

Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa e Porto Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento Instituto Superior de

Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia

Ordem dos Meacutedicos Dentistas Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria Sociedade Portuguesa de

Pediatria e os serviccedilos da DGS Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede Divisatildeo de Sauacutede Ambiental

Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

1 F l u o r e t o s

A evidecircncia cientiacutefica tem demonstrado que as mudanccedilas observadas no padratildeo da doenccedila caacuterie

dentaacuteria ocorrem pela implementaccedilatildeo de programas preventivos e terapecircuticos de acircmbito comunitaacuterio

e por estrateacutegias de acccedilatildeo especiacuteficas dirigidas a grupos de risco com criteriosa utilizaccedilatildeo dos

fluoretos

O fluacuteor eacute o elemento mais electronegativo da tabela perioacutedica e raramente existe isolado sendo por

isso habitualmente referido como fluoreto Na natureza encontra-se sob a forma de um iatildeo (F-) em

associaccedilatildeo com o caacutelcio foacutesforo alumiacutenio e tambeacutem como parte de certos silicatos como o topaacutezio

Normalmente presente nas rochas plantas ar aacuteguas e solos este elemento faz parte da constituiccedilatildeo de

alguns materiais plaacutesticos e pode tambeacutem estar presente na constituiccedilatildeo de alguns fertilizantes

contribuindo desta forma para a sua presenccedila no solo aacutegua e alimentos No solo o conteuacutedo de

fluoretos varia entre 20 e 500 ppm contudo nas camadas mais profundas o seu niacutevel aumenta No ar a

concentraccedilatildeo normal de fluoretos oscila entre 005 e 190microgm3 1

Do fluacuteor que eacute ingerido entre 75 e 90 eacute absorvido por via digestiva sendo a mucosa bucal

responsaacutevel pela absorccedilatildeo de menos de 1 Depois de absorvido passa para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea

sob a forma ioacutenica ou de compostos orgacircnicos lipossoluacuteveis A forma ioacutenica que circula livremente e

natildeo se liga agraves proteiacutenas nem aos componentes plasmaacuteticos nem aos tecidos moles eacute a que vai estar

disponiacutevel para ser absorvida pelos tecidos duros Da quantidade total de fluacuteor presente no organismo

99 encontra-se nos tecidos calcificados Entre 10 e 25 do aporte diaacuterio de fluacuteor natildeo chega a ser

absorvido vindo a ser excretado pelas fezes O fluacuteor absorvido natildeo utilizado (cerca de 50) eacute

eliminado por via renal2

O fluacuteor tem uma grande afinidade com a apatite presente no organismo com a qual cria ligaccedilotildees

fortes que natildeo satildeo irreversiacuteveis Este facto deve-se agrave facilidade com que os radicais hidroxilos da

hidroxiapatite satildeo substituiacutedos pelos iotildees fluacuteor formando fluorapatite No entanto a apatite normal do

ser humano presente no osso e dente mesmo em condiccedilotildees ideais de presenccedila de fluacuteor nunca se

aproxima da composiccedilatildeo da fluorapatite pura

Quando o fluacuteor eacute ingerido passa pela cavidade oral daiacute resultando a deposiccedilatildeo de uma determinada

quantidade nos tecidos e liacutequidos aiacute existentes A mucosa jugal as gengivas a placa bacteriana os

dentes e a saliva vatildeo beneficiar imediatamente de um aporte directo de fluacuteor que pode permitir que a

sua disponibilidade na cavidade oral se prolongue por periacuteodos mais longos Eacute um facto que a presenccedila

de fluacuteor no meio oral independentemente da sua fonte resulta numa acccedilatildeo preventiva e terapecircutica

extremamente importante

Nota 22 mg de fluoreto de soacutedio correspondem a 1 mg de fluacuteor Quando se dilui 1 mg de fluacuteor em um litro de aacutegua pura

considera-se que essa aacutegua passou a ter 1 ppm de fluacuteor

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 2

Considera-se actualmente que os benefiacutecios dos fluoretos resultam basicamente da sua acccedilatildeo toacutepica

sobre a superfiacutecie do dente enquanto a sua acccedilatildeo sisteacutemica (preacute-eruptiva) eacute muito menos importante

A acccedilatildeo preventiva e terapecircutica dos fluoretos eacute conseguida predominantemente pela sua acccedilatildeo toacutepica

quer nas crianccedilas quer nos adultos atraveacutes de trecircs mecanismos diferentes responsaacuteveis pela

bull inibiccedilatildeo do processo de desmineralizaccedilatildeo

bull potenciaccedilatildeo do processo de remineralizaccedilatildeo

bull inibiccedilatildeo da acccedilatildeo da placa bacteriana

O uso racional dos fluoretos na profilaxia da caacuterie dentaacuteria com eficaacutecia e seguranccedila baseia-se no

conhecimento actualizado dos seus mecanismos de acccedilatildeo e da sua toxicologia

Com base na evidecircncia cientiacutefica a estrateacutegia de utilizaccedilatildeo dos fluoretos em sauacutede oral foi redefinida

tendo em conta que a sua acccedilatildeo preventiva eacute predominantemente poacutes-eruptiva e toacutepica e a sua acccedilatildeo

toacutexica com repercussotildees a niacutevel dentaacuterio eacute preacute-eruptiva e sisteacutemica

Estudos epidemioloacutegicos efectuados pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) sobre os efeitos do

fluacuteor na sauacutede humana referem que valores compreendidos entre 1 e 15 ppm natildeo representam risco

acrescido Contudo valores entre 15 e 2 ppm em climas quentes poderatildeo contribuir para a ocorrecircncia

de casos de fluorose dentaacuteria e valores entre 3 a 6 ppm para o aparecimento de fluorose oacutessea

Para a OMS a concentraccedilatildeo oacuteptima de fluoretos na aacutegua quando esta eacute sujeita a fluoretaccedilatildeo deve

estar compreendida entre 05 e 15 ppm de F dependendo este valor da temperatura meacutedia do local

que condiciona a quantidade de aacutegua ingerida nas zonas mais frias o valor maacuteximo pode estar perto

do limite superior nas zonas mais quentes o valor deve estar perto do limite inferior para uma

prevenccedilatildeo eficaz da caacuterie dentaacuteria Para que os riscos de fluorose estejam diminuiacutedos os programas de

fluoretaccedilatildeo das aacuteguas devem obedecer a criteacuterios claramente definidos

Nas regiotildees onde a aacutegua da rede puacuteblica conteacutem menos de 03 ppm (mgl) de fluoretos (situaccedilatildeo mais

frequente em Portugal Continental) a dose profilaacutectica oacuteptima considerando a soma de todas as fontes

de fluoretos eacute de 005mgkgdia3

11 Toxicidade Aguda

Uma intoxicaccedilatildeo aguda pelo fluacuteor eacute uma possibilidade extremamente rara Alguns casos tecircm sido

descritos na literatura Estudos efectuados em roedores e extrapolados para o homem adulto permitem

pensar que a dose letal miacutenima de fluacuteor seja de aproximadamente 2 gramas ou 32 a 64 mgkg de peso

corporal mas para uma crianccedila bastam 15 mgkg de peso corporal 2

A partir da ingestatildeo de doses superiores a 5mgkg de peso corporal considera-se a hipoacutetese de vir a ter

efeitos toacutexicos

As crianccedilas pequenas tecircm um risco acrescido de ingerir doses de fluoretos atraveacutes do consumo de

produtos de higiene oral A ingestatildeo acidental de um quarto de um tubo com dentiacutefrico de 125 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 3

(1500 ppm de Fluacuteor) potildee em risco a vida de uma crianccedila de um ano de idade O risco de ingestatildeo

acidental por crianccedilas eacute real e eacute adjuvado pelo tipo de embalagens destes produtos que natildeo tecircm

dispositivos de seguranccedila para a sua abertura

A toxicidade aguda pelos fluoretos poderaacute manifestar-se por queixas digestivas (dor abdominal

voacutemitos hematemeses e melenas) neuroloacutegicas (tremores convulsotildees tetania deliacuterio lentificaccedilatildeo da

voz) renais (urina turva hematuacuteria) metaboacutelicas (hipocalceacutemia hipomagnesieacutemia hipercalieacutemia)

cardiovasculares (arritmias hipotensatildeo) e respiratoacuterias (depressatildeo respiratoacuteria apneias) 4

12 Toxicidade Croacutenica

A dose total diaacuteria de fluoretos administrados por via sisteacutemica isenta de risco de toxicidade croacutenica

situa-se abaixo de 005 mgkgdia de peso A partir desses valores aumentam as manifestaccedilotildees atraveacutes

do aparecimento de hipomineralizaccedilatildeo do esmalte que se revela por fluorose dentaacuteria Com

concentraccedilotildees acima de 25 ppm na aacutegua esta manifestaccedilatildeo eacute mais evidente sendo tanto mais grave

quanto a concentraccedilatildeo de fluoretos vai aumentando O periacuteodo criacutetico para o efeito toacutexico do fluacuteor se

manifestar sobre a denticcedilatildeo permanente eacute entre o nascimento e os 7 anos de idade (ateacute aos 3 anos eacute o

periacuteodo mais criacutetico) Quando existem fluoretos ateacute 3 ppm na aacutegua aleacutem da fluorose natildeo parece

existir qualquer outro efeito toacutexico na sauacutede A partir deste valor aumenta o risco de nefrotoxicidade

Como qualquer outro medicamento os fluoretos em dose excessiva tecircm efeitos toacutexicos que

normalmente se manifestam atraveacutes de uma interferecircncia na esteacutetica dentaacuteria Essa manifestaccedilatildeo eacute a

fluorose dentaacuteria

Estudos recentes sobre suplementos de fluoretos e fluorose 5 confirmam que as comunidades sem aacutegua

fluoretada e que utilizam suplementos de fluoretos durante os primeiros 6 anos de vida apresentam

um aumento do risco de desenvolver fluorose

O principal factor de risco para o aparecimento de fluorose dentaacuteria eacute o aporte total de fluoretos

provenientes de diferentes fontes nomeadamente da alimentaccedilatildeo incluindo a aacutegua e os suplementos

alimentares dentiacutefricos e soluccedilotildees para bochechos comprimidos e gotas e ingestatildeo acidental que natildeo

satildeo faacuteceis de quantificar

A fluorose dentaacuteria aumentou nos uacuteltimos anos em comunidades com e sem aacutegua fluoretada 6

2 F l u o r e t o s n a aacute g u a

2 1 Aacute g u a d e a b a s t e c i m e n t o p uacute b l i c o

A fluoretaccedilatildeo das aacuteguas para consumo humano como meio de suprir o deacutefice de fluoretos na aacutegua eacute

uma praacutetica comum em alguns paiacuteses como o Brasil Austraacutelia Canadaacute EUA e Nova Zelacircndia

Apesar de serem tatildeo diferentes quer do ponto de vista soacutecioeconoacutemico quer geograacutefico eles detecircm

uma experiecircncia superior a 25 anos neste domiacutenio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 4

Na Europa a maior parte dos paiacuteses natildeo faz fluoretaccedilatildeo das suas aacuteguas para consumo humano agrave

excepccedilatildeo da Irlanda da Suiacuteccedila (Basileia) e de 10 da populaccedilatildeo do Reino Unido Na Alemanha eacute

proibido e nos restantes paiacuteses eacute desaconselhado

Nos paiacuteses em que se faz fluoretaccedilatildeo da aacutegua alguns estudos demonstraram natildeo ter existido um ganho

efectivo na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria No entanto outros como a Austraacutelia no Estado de Victoacuteria

onde a fluoretaccedilatildeo da aacutegua se faz regularmente observaram-se ganhos efectivos na sauacutede oral da

populaccedilatildeo com consequentes ganhos econoacutemicos

Recomendaccedilatildeo Eacute indispensaacutevel avaliar a qualidade das aacuteguas de abastecimento puacuteblico periodicamente e corrigir os

paracircmetros alterados

Na aacutegua os valores das concentraccedilotildees de fluoretos estatildeo compreendidas entre 01 a 07 ppm Contudo

em alguns casos podem apresentar valores muito mais elevados

Quando a aacutegua apresenta valores de ph superiores a 8 e o iatildeo soacutedio e os carbonatos satildeo dominantes os

valores de fluoretos normalmente presentes excedem 1 ppm

Nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica os fluoretos podem existir naturalmente ou resultar de um

programa de fluoretaccedilatildeo Em Portugal Continental os valores satildeo normalmente baixos e as aacuteguas natildeo

estatildeo sujeitas a fluoretaccedilatildeo artificial O teor de fluoretos deveraacute ser controlado regularmente de modo

a preservar os interesses da sauacutede puacuteblica 7

Na definiccedilatildeo de um valor guia para a aacutegua de consumo humano a OMS propotildee o valor limite de 15

ppm de Fluacuteor referindo que valores superiores podem contribuir para o aumento do risco de fluorose

A Agecircncia Americana para o Ambiente (USEPA) refere um valor maacuteximo admissiacutevel de fluoretos na

aacutegua de consumo humano de 15 ppm e recomenda que nunca se ultrapasse os 4 ppm

Em Portugal a legislaccedilatildeo actualmente em vigor sobre a qualidade da aacutegua para consumo humano

decreto-lei nordm 23698 de 1 de Agosto define dois Valores Maacuteximos Admissiacuteveis (VMA) para os

fluoretos 15 ppm (8 a 12 ordmC) e 07 ppm (25 a 30 ordmC) O decreto-lei nordm 2432001 de 5 de Setembro

que transpotildee a Directiva Comunitaacuteria nordm 9883CE de 3 de Novembro que entrou em vigor em 25 de

Dezembro de 2003 define para os fluoretos um Valor Parameacutetrico (VP) de 15 ppm

O decreto-lei nordm 24301 remete para a Entidade Gestora a verificaccedilatildeo da conformidade dos valores

parameacutetricos obrigatoacuterios aplicaacuteveis agrave aacutegua para consumo humano Sempre que um valor parameacutetrico

eacute excedido isso corresponde a uma situaccedilatildeo de incumprimento e perante esta situaccedilatildeo a entidade

gestora deve de imediato informar a autoridade de sauacutede e a entidade competente dando conta das

medidas correctoras adoptadas ou em curso para restabelecer a qualidade da aacutegua destinada a consumo

humano

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 5

Deve ter-se em atenccedilatildeo o desvio em relaccedilatildeo ao valor parameacutetrico fixado e o perigo potencial para a

sauacutede humana

Segundo o decreto-lei supra mencionado artigo 9ordm compete agraves autoridades de sauacutede a vigilacircncia

sanitaacuteria e a avaliaccedilatildeo do risco para a sauacutede puacuteblica da qualidade da aacutegua destinada ao consumo

humano Sempre que o risco exista e o incumprimento persistir a autoridade de sauacutede deve informar e

aconselhar os consumidores afectados e determinar a proibiccedilatildeo de abastecimento restringir a

utilizaccedilatildeo da aacutegua que constitua um perigo potencial para a sauacutede humana e adoptar todas as medidas

necessaacuterias para proteger a sauacutede humana

Nos Accedilores e na Madeira ou em zonas onde o teor de fluoretos na aacutegua eacute muito elevado deveraacute ser

feita uma verificaccedilatildeo da constante e a correcccedilatildeo adequada

Os principais tratamentos de desfluoretaccedilatildeo envolvem a floculaccedilatildeo da aacutegua usando sais hidratados de

alumiacutenio principalmente em condiccedilotildees alcalinas No caso de aacuteguas aacutecidas pode-se adicionar cal e

alternativamente pode-se recorrer agrave adsorccedilatildeo com carvatildeo activado ou alumina activada ( Al2O3 ) ou

por permuta ioacutenica usando resinas especiacuteficas

Recomendaccedilatildeo Ateacute aos 6-7 anos as crianccedilas natildeo devem ingerir regularmente aacutegua com teor de fluoretos superior a 07 ppm

Recomendaccedilatildeo Sempre que o valor parameacutetrico dos fluoretos na aacutegua para consumo humano exceder 15 ppm deveratildeo ser aplicadas

medidas correctoras para restabelecer a qualidade da aacutegua

2 2 Aacute g u a s m i n e r a i s n a t u r a i s e n g a r r a f a d a s

As aacuteguas minerais naturais engarrafadas deveratildeo no futuro ter rotulagem de acordo com a Directiva

Comunitaacuteria 200340CE da Comissatildeo Europeia de 16 de Maio publicada no Jornal Oficial da Uniatildeo

Europeia em 2252003 artigo 4ordm laquo1 As aacuteguas minerais naturais cuja concentraccedilatildeo em fluacuteor for

superior a 15 mgl (ppm) devem ostentar no roacutetulo a menccedilatildeo lsquoconteacutem mais de 15 mgl (ppm) de

fluacuteor natildeo eacute adequado o seu consumo regular por lactentes nem por crianccedilas com menos de 7 anosrsquo

2 No roacutetulo a menccedilatildeo prevista no nordm 1 deve figurar na proximidade imediata da denominaccedilatildeo de

venda e em caracteres claramente visiacuteveis 3

As aacuteguas minerais naturais que em aplicaccedilatildeo do nordm 1 tiverem de ostentar uma menccedilatildeo no roacutetulo

devem incluir a indicaccedilatildeo do teor real em fluacuteor a niacutevel da composiccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica em constituintes

caracteriacutesticos tal como previsto no nordm 2 aliacutenea a) do artigo 7ordm da Directiva 80777CEEraquo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 6

Para as aacuteguas de nascente cujas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas satildeo definidas pelo Decreto-lei

2432001 de 5 de Setembro em vigor desde Dezembro de 2003 os limites para o teor de fluoretos satildeo

de 15 mgl (ppm)

De acordo com o parecer do Scientific Committee on Food - Comiteacute Cientiacutefico de Alimentaccedilatildeo

Humana (expresso em Dezembro de 1996) a Comissatildeo natildeo vecirc razotildees para nos climas da Uniatildeo

Europeia (climas temperados) limitar os fluoretos nas aacuteguas de consumo humano e nas aacuteguas minerais

naturais para valores inferiores a 15mgl (ppm)

3 F l u o r e t o s n o s g eacute n e r o s a l i m e n t iacute c i o s

Entende-se por lsquogeacutenero alimentiacuteciorsquo qualquer substacircncia ou produto transformado parcialmente

transformado ou natildeo transformado destinado a ser ingerido pelo ser humano ou com razoaacuteveis

probabilidades de o ser Este termo abrange bebidas pastilhas elaacutesticas e todas as substacircncias

incluindo a aacutegua intencionalmente incorporadas nos geacuteneros alimentiacutecios durante o seu fabrico

preparaccedilatildeo ou tratamento8 9

Na alimentaccedilatildeo as estimativas de ingestatildeo de fluacuteor atraveacutes da dieta variam entre 02 e 34 mgdia

sendo estes uacuteltimos valores atingidos quando se inclui o chaacute na alimentaccedilatildeo A ingestatildeo de fluoretos

provenientes dos alimentos comuns eacute pouco significativa Apenas 13 se apresentam na forma

ionizaacutevel e portanto biodisponiacutevel

Recomendaccedilatildeo Independentemente da origem ao utilizar aacutegua informe-se sobre o seu teor em fluoretos As que tecircm um elevado teor

deste elemento natildeo satildeo adequadas para lactentes e crianccedilas com menos de 7 anos

Recomendaccedilatildeo Dar prioridade a uma dieta equilibrada e saudaacutevel com diversidade alimentar Utilizar a aacutegua da cozedura dos

alimentos para confeccionar outros alimentos (ex sopas arroz)

No iniacutecio do ano de 2003 a Comissatildeo Europeia apresentou uma nova proposta de Directiva

Comunitaacuteria relativa agrave ldquoAdiccedilatildeo aos geacuteneros alimentiacutecios de vitaminas minerais e outras substacircnciasrdquo

onde os fluoretos satildeo referidos como podendo ser adicionados a geacuteneros alimentiacutecios comuns Nesta

proposta de Directiva Comunitaacuteria eacute sugerida a inclusatildeo de determinados nutrimentos (entre eles o

fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de geacuteneros alimentiacutecios comuns Esta proposta

prevista no Livro Branco da Comissatildeo ainda estaacute numa fase inicial de discussatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 7

4 F l u o r e t o s e m s u p l e m e n t o a l i m e n t a r

Entende-se por lsquosuplementos alimentaresrsquo geacuteneros alimentiacutecios que se destinam a complementar e ou

suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas

substacircncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisioloacutegico estremes ou combinados

comercializados em forma doseada tais como caacutepsulas pastilhas comprimidos piacutelulas e outras

formas semelhantes saquetas de poacute ampola de liacutequido frascos com conta gotas e outras formas

similares de liacutequido ou poacute que se destinam a ser tomados em unidades medidas de quantidade

reduzida10

A Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002

transposta para o direito nacional pelo Decreto-lei nordm 1362003 de 28 de Junho relativa agrave aproximaccedilatildeo

das legislaccedilotildees dos Estados-Membros respeitantes aos suplementos alimentares vai permitir a inclusatildeo

de determinados nutrimentos (entre eles o fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de

suplementos alimentares11

A partir de 28 de Agosto de 2003 os fluoretos poderatildeo ser comercializados como suplemento

alimentar passando a estar disponiacutevel em farmaacutecias e superfiacutecies comerciais

As quantidades maacuteximas de vitaminas e minerais presentes nos suplementos alimentares satildeo fixadas

em funccedilatildeo da toma diaacuteria recomendada pelo fabricante tendo em conta os seguintes elementos

a) limites superiores de seguranccedila estabelecidos para as vitaminas e os minerais apoacutes uma

avaliaccedilatildeo dos riscos efectuada com base em dados cientiacuteficos geralmente aceites tendo em

conta quando for caso disso os diversos graus de sensibilidade dos diferentes grupos de

consumidores

b) quantidade de vitaminas e minerais ingerida atraveacutes de outras fontes alimentares

c) doses de referecircncia de vitaminas e minerais para a populaccedilatildeo

Recomendaccedilatildeo Nunca ultrapassar a toma indicada no roacutetulo do produto e natildeo utilizar um suplemento alimentar como substituto de um

regime alimentar variado

As quantidades maacuteximas e miacutenimas de vitaminas e minerais referidas seratildeo adoptadas pela Comissatildeo

Europeia assistida pelo Comiteacute de Regulamentaccedilatildeo

Em Portugal a Agecircncia para a Qualidade e Seguranccedila Alimentar viraacute a ter informaccedilatildeo sobre todos os

suplementos alimentares comercializados como geacuteneros alimentiacutecios e introduzidos no mercado de

acordo com o Decreto-lei nordm 1362003

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 8

A rotulagem dos suplementos alimentares natildeo poderaacute mencionar nem fazer qualquer referecircncia a

prevenccedilatildeo tratamento ou cura de doenccedilas humanas e deveraacute indicar uma advertecircncia de que os

produtos devem ser guardados fora do alcance das crianccedilas

5 F luore tos em med icamentos e p rodutos cosmeacutet icos de h ig iene corpora l

A distinccedilatildeo entre Medicamento e Produto Cosmeacutetico de Higiene Corporal contendo fluoretos depende

do seu teor no produto Os cosmeacuteticos contecircm obrigatoriamente uma concentraccedilatildeo de fluoretos inferior

a 015 (1500 ppm) (Decreto-lei 1002001 de 28 de Marccedilo I Seacuterie A) sendo que todos os dentiacutefricos

com concentraccedilotildees de fluoretos superior a 015 satildeo obrigatoriamente classificados como

medicamentos

Os medicamentos contendo fluoretos e utilizados para a profilaxia da caacuterie dentaacuteria existentes no

mercado portuguecircs satildeo de venda livre em farmaacutecia Encontram-se disponiacuteveis nas formas

farmacecircuticas de soluccedilatildeo oral (gotas orais) comprimidos dentiacutefricos gel dentaacuterio e soluccedilatildeo de

bochecho

5 1 F l u o r e t o s e m c o m p r i m i d o s e g o t a s o r a i s

A utilizaccedilatildeo de medicamentos contendo fluoretos na forma de gotas orais e comprimidos foi ateacute haacute

pouco recomendada pelos profissionais de sauacutede (pediatras meacutedicos de famiacutelia cliacutenicos gerais

meacutedicos estomatologistas meacutedicos dentistas) dos 6 meses ateacute aos 16 anos

A clarificaccedilatildeo do mecanismo de acccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria e o aumento de

aporte dos mesmos com consequentes riscos de manifestaccedilatildeo toacutexica obrigaram agrave revisatildeo da sua

administraccedilatildeo em comprimidos eou gotas A gravidade da fluorose dentaacuteria estaacute relacionada com a

dose a duraccedilatildeo e com a idade em que ocorre a exposiccedilatildeo ao fluacuteor 12 13

A ldquoCanadian Consensus Conference on the Appropriate Use of Fluoride Supplements for the

Prevention of Dental Caries in Childrenrdquo 14definiu um protocolo cuja utilizaccedilatildeo eacute recomendada a

profissionais de sauacutede em que se fundamenta a tomada de decisatildeo sobre a necessidade ou natildeo da

suplementaccedilatildeo de fluacuteor A administraccedilatildeo de comprimidos soacute eacute recomendada quando o teor de fluoretos

na aacutegua de abastecimento puacuteblico for inferior a 03 ppm e

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) natildeo escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas

vezes por dia

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas vezes

por dia mas apresenta um alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 9

Por sua vez a conclusatildeo do laquoForum on Fluoridation 2002raquo15 relativamente agrave administraccedilatildeo de

suplementos de fluoretos foi a seguinte limitar a utilizaccedilatildeo de comprimidos de fluoretos a aacutereas onde

natildeo existe aacutegua fluoretada e iniciar essa suplementaccedilatildeo apenas a crianccedilas com alto risco agrave caacuterie e a

partir dos 3 anos

Os comprimidos de fluoretos caso sejam indicados devem ser usados pelo interesse da sua acccedilatildeo

toacutepica Devem ser dissolvidos na boca em vez de imediatamente ingeridos16

A administraccedilatildeo de fluoretos sob a forma de comprimidos chupados soacute deveraacute ser efectuada em

situaccedilotildees excepcionais isto eacute em populaccedilotildees de baixos recursos econoacutemicos nas quais a escovagem

natildeo possa ser promovida e os iacutendices de caacuterie sejam elevados

Para evitar a potencial toxicidade dos fluoretos antes de qualquer prescriccedilatildeo todos os profissionais de

sauacutede devem efectuar uma avaliaccedilatildeo personalizada dos aportes diaacuterios de cada crianccedila tendo em conta

todas as fontes possiacuteveis desse elemento alimentos comuns suplementos alimentares consumo de

aacutegua da rede puacuteblica eou aacutegua engarrafada e respectivo teor de fluoretos e utilizaccedilatildeo de medicamentos

e produtos cosmeacuteticos contendo fluacuteor

Recomendaccedilatildeo A partir dos 3 anos os suplementos sisteacutemicos de fluoretos poderatildeo ser prescritos pelo meacutedico assistente ou meacutedico dentista em crianccedilas que apresentem um alto risco

agrave caacuterie dentaacuteria

5 2 F l u o r e t o s e m d e n t iacute f r i c o s

Hoje em dia a maior parte dos dentiacutefricos agrave venda no mercado contecircm fluoretos sob diferentes formas

fluoreto de soacutedio monofluorfosfato de soacutedio fluoreto de amina e outros Os mais utilizados satildeo o

fluoreto de soacutedio e o monofluorfosfato de soacutedio

Normalmente o conteuacutedo de fluoreto dos dentiacutefricos eacute de 1000 a 1100 ppm (ou 010 a 011)

podendo variar entre 500 e 1500 ppm

Durante a escovagem cerca de 34 da pasta eacute ingerida por crianccedilas de 3 anos 28 pelas de 4-5 anos

e 20 pelas de 5-7 anos

Devem ser evitados dentiacutefricos com sabor a fruta para impedir o seu consumo em excesso uma vez

que estatildeo jaacute descritos na literatura casos de fluorose resultantes do abuso de dentiacutefricos2

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluoretos duas vezes por dia tem-se revelado um

meio colectivo de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria com grande efectividade e baixo custo pelo que deve

ser considerado o meio de eleiccedilatildeo em estrateacutegias comunitaacuterias

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 10

Do ponto de vista da prevenccedilatildeo da caacuterie a aplicaccedilatildeo toacutepica de dentiacutefrico fluoretado com a escova dos

dentes deve ser executada duas vezes por dia e deve iniciar-se quando se daacute a erupccedilatildeo dos dentes Esta

rotina diaacuteria de higiene executada naturalmente com muito cuidado pelos pais deve

progressivamente ser assumida pela crianccedila ateacute aos 6-8 anos de idade Durante este periacuteodo a

escovagem deve ser sempre vigiada pelos pais ou educadores consoante as circunstacircncias para evitar

a utilizaccedilatildeo de quantidades excessivas de dentiacutefrico o qual pode da mesma forma que os

comprimidos conduzir antes dos 6 anos agrave ocorrecircncia de fluorose

As crianccedilas devem usar dentiacutefrico com teor de fluoretos entre 1000-1500 ppm de fluoreto (dentiacutefrico

de adulto) sendo a quantidade a utilizar do tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

Apoacutes a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado pode-se natildeo bochechar com aacutegua Deveraacute

apenas cuspir-se o excesso de pasta Deste modo consegue-se uma mais alta concentraccedilatildeo de fluoreto

na cavidade oral que vai actuar topicamente durante mais tempo

Os pais das crianccedilas devem receber informaccedilatildeo sobre a escovagem dentaacuteria e o uso de dentiacutefricos

fluoretados A escovagem com dentiacutefrico fluoretado deve iniciar-se imediatamente apoacutes a erupccedilatildeo dos

primeiros dentes Os dentiacutefricos fluoretados devem ser guardados em locais inacessiacuteveis agraves crianccedilas

pequenas17

5 3 F l u o r e t o s e m s o l u ccedil otilde e s d e b o c h e c h o

As soluccedilotildees para bochechos recomendadas a partir dos 6 anos de idade tecircm sido utilizadas em

programas escolares de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria em inuacutemeros paiacuteses incluindo Portugal Satildeo

recomendadas a indiviacuteduos de maior risco agrave caacuterie dentaacuteria mas a sua utilizaccedilatildeo tem vido a ser

restringida a crianccedilas que escovam eficazmente os dentes

Recomendaccedilatildeo Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Recomendaccedilatildeo A partir dos 6 anos de idade deve ser feito o bochecho quinzenalmente com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

02

As soluccedilotildees fluoretadas de uso diaacuterio habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

005 e as de uso semanal ou quinzenal habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de 02

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 11

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 12

Referecircncias

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1 Almeida CM Sugestotildees para a Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2002 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e na Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa

2 Rompante P Fundamentos para a alteraccedilatildeo do Programa de Sauacutede Oral da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Documento realizado no acircmbito da Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2003 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e no Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede ndash Norte

3 Rompante P Determinaccedilatildeo da quantidade do elemento fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento puacuteblico na totalidade das sedes de concelho de Portugal Continental Porto Faculdade de Odontologia da Universidade de Barcelona 2002 Tese de Doutoramento

4 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in Children at High Caries Risk SIGN Publication 2000 47

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Page 25: Direcção-Geral da SaúdePrograma será complementado, sempre que oportuno, por orientações técnicas a emitir por esta Direcção-Geral. O Director-Geral e Alto Comissário da

2 Metodologias para Desenvolvimento da Acccedilatildeo

21 Primeira vertente ndash O diagnoacutestico de situaccedilatildeo

A primeira etapa de actuaccedilatildeo eacute de grande importacircncia para a continuidade das outras actividades e

podemos resumi-la a um bom diagnoacutestico de situaccedilatildeo que permita conhecer em pormenor a realidade

sobre a qual se pretende actuar

I - Eacute importante estabelecer como uma das primeiras actividades a anaacutelise de duas vertentes com

grande influecircncia na sauacutede oral os haacutebitos culturais das famiacutelias relativamente agrave alimentaccedilatildeo e as

praacuteticas de higiene oral dos adultos e das crianccedilas

II - Um segundo aspecto relaciona-se com os tipos de interacccedilatildeo entre professores ou

educadores de infacircncia e pais No caso de essa interacccedilatildeo ser regular e organizada importa saber como

reagem os pais agraves indicaccedilotildees dos professores sobre os aspectos comportamentais das crianccedilas e que

efeito e eficaacutecia tecircm essas acccedilotildees na capacitaccedilatildeo de pais e filhos relativamente aos comportamentos

relacionados com a sauacutede oral

Actividades a desenvolverem

a) estudar as formas de melhorar a relaccedilatildeo entre pais e professores procurando resolver as

dificuldades que com frequecircncia os pais apresentam como obstaacuteculos ao contacto mais regular

com os professores

b) analisar a eficaacutecia das recomendaccedilotildees dadas procurando as razotildees que possam estar na origem

de situaccedilotildees de menor eficaacutecia como o desfasamento entre as recomendaccedilotildees e o contexto

familiar e cultural das crianccedilas ou recomendaccedilotildees muito teacutecnicas ou paternalistas Todas estas

situaccedilotildees podem provocar resistecircncias nas famiacutelias agrave adesatildeo agraves praacuteticas desejaacuteveis relativamente

ao programa de sauacutede oral Esta temaacutetica da Educaccedilatildeo para a Sauacutede e as praacuteticas

comportamentais eacute muito complexa mas fundamental para se conseguirem resultados ao niacutevel

dos comportamentos

III - Outra componente a analisar satildeo os aspectos sociais dos consumos alimentares que possam

estar relacionados com situaccedilotildees locais como campanhas publicitaacuterias ou de promoccedilatildeo de

determinados alimentos potencialmente cariogeacutenicos nos estabelecimentos da zona Oferta pouco

adequada de alimentos na cantina da escola com existecircncia preponderante de alimentos e bebidas

accedilucaradas A confecccedilatildeo das refeiccedilotildees no refeitoacuterio com pouca oferta de fruta legumes e vegetais e

preponderacircncia de sobremesas doces

Segundo o Modelo Precede de Green existem 3 etapas a contemplar num diagnoacutestico de situaccedilatildeo

middot diagnoacutestico epidemioloacutegico necessaacuterio para a identificaccedilatildeo dos problemas de sauacutede sobre os

quais se vai actuar como sejam os iacutendices de caacuterie fluorose dentaacuteria e outros

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 3

middot diagnoacutestico social que corresponde agrave identificaccedilatildeo das situaccedilotildees sociais existentes na comunidade

onde se desenvolve a actividade que podem contribuir para os problemas de sauacutede oral detectados

ou que se pretende prevenir

middot diagnoacutestico comportamental para identificaccedilatildeo dos vaacuterios padrotildees comportamentais que possam

estar relacionados com os problemas de sauacutede oral inventariados

A este diagnoacutestico de problemas eacute importante associar-se a identificaccedilatildeo de necessidades da

populaccedilatildeo-alvo da acccedilatildeo

Apesar da prevalecircncia das doenccedilas orais e da necessidade deste Programa Nacional em algumas

comunidades poderatildeo existir vaacuterios outros problemas de sauacutede mais graves ou mais prevalentes e

neste caso importa fazer uma avaliaccedilatildeo dos recursos e das possibilidades de eficaacutecia dando prioridade

aos grupos e agraves situaccedilotildees mais graves e de maior amplitude Outro factor a ter em conta na decisatildeo

relaciona-se com a capacidade de alterar as causas comportamentais ou factores de risco pelo

programa educacional

Apoacutes a avaliaccedilatildeo das necessidades deveratildeo ser estabelecidas as prioridades tendo em conta os

problemas de sauacutede identificados a capacidade de alteraccedilatildeo dos factores de risco comportamentais e

outros Eacute muito importante associar-se agrave definiccedilatildeo de prioridades de actuaccedilatildeo a caracterizaccedilatildeo dos sub-

grupos existentes e as diferentes estrateacutegias apropriadas a cada uma dessas populaccedilotildees alvo

22 Segunda vertente ndash os teacutecnicos de educaccedilatildeo

Todos os parceiros satildeo importantes para o desenvolvimento dos programas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede

mas no caso especiacutefico da sauacutede oral os teacutecnicos de Educaccedilatildeo satildeo fundamentais Eacute por esta razatildeo

tarefa prioritaacuteria sensibilizaacute-los e englobaacute-los no desenho dos programas desde o iniacutecio

Sabemos atraveacutes das nossas praacuteticas anteriores que nem sempre os teacutecnicos de educaccedilatildeo aderem a

algumas das actividades dos programas de sauacutede oral propostas pelos teacutecnicos de sauacutede utilizando

para isso os mais diversos argumentos A explicitaccedilatildeo dos uacuteltimos consensos cientiacuteficos nesta aacuterea

com disponibilizaccedilatildeo de bibliografia pode ser facilitador da adesatildeo ao programa

Uma das actividades centrais deste programa seraacute trabalhar em conjunto com os teacutecnicos de educaccedilatildeo

nomeadamente docentes das escolas baacutesicas e secundaacuterias e educadores de infacircncia sobre as

potencialidades do programa e os ganhos em sauacutede que a meacutedio e longo prazo este pode provocar na

populaccedilatildeo portuguesa

Outra tarefa importante eacute a reflexatildeo em conjunto sobre as dificuldades diagnosticadas em cada escola

para concretizar as actividades do programa na tentativa de encontrar soluccedilotildees seja atraveacutes da

resoluccedilatildeo dos obstaacuteculos seja encontrando alternativas Poderaacute acontecer natildeo ser possiacutevel executar

todas as tarefas incluiacutedas no programa Nesses casos importa decidir quais as actividades que poderatildeo

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ser levadas agrave praacutetica com ecircxito Seraacute preferiacutevel concretizar algumas tarefas que nenhumas assim

como seraacute melhor realizar bem poucas tarefas do que muitas ou todas de forma deficiente

Frequentemente existe um diferencial de conhecimentos sobre estas aacutereas entre os teacutecnicos de

educaccedilatildeo e os de sauacutede Para evitar problemas eacute imperioso que os teacutecnicos de educaccedilatildeo sejam

parceiros em igualdade de circunstacircncia e natildeo sintam que tecircm um papel secundaacuterio no projecto ou

meros executores de tarefas

A eventual deacutecalage de conhecimentos sobre sauacutede oral pode ser compensado utilizando estrateacutegias de

trabalho em equipa natildeo assumindo os teacutecnicos de sauacutede papel de liacutederes do processo nem de

detentores da informaccedilatildeo cientiacutefica As teacutecnicas de trabalho em equipa devem implicam a partilha de

tarefas e lideranccedila natildeo assumindo o programa uma dimensatildeo vertical e impositiva por parte da sauacutede

As mensagens chave do programa seratildeo discutidas por todos os intervenientes Eacute muito importante que

sejam claras nos conteuacutedos e assumidas por toda a equipa em todas as situaccedilotildees de modo a tornar as

intervenccedilotildees coerentes com os objectivos do programa

Como cada comunidade e cada escola tecircm caracteriacutesticas proacuteprias o programa as actividades e o

trabalho interdisciplinar em equipa seratildeo adequados agraves condiccedilotildees objectivas e subjectivas de todos os

intervenientes o que pode tornar necessaacuterio fazer adaptaccedilotildees agrave aplicaccedilatildeo do mesmo O mesmo se

passa em relaccedilatildeo agraves mensagens que necessitam ser adaptadas a cada situaccedilatildeo e a cada contexto

Em relaccedilatildeo agrave Educaccedilatildeo para a Sauacutede a procura de soluccedilotildees para as situaccedilotildees decorrentes da

implementaccedilatildeo do programa como a sensibilizaccedilatildeo dos parceiros e a eliminaccedilatildeo de obstaacuteculos satildeo

uma das tarefas centrais dos programas e natildeo devem ser subestimadas pelos teacutecnicos de sauacutede pois

delas depende muita da eficaacutecia do projecto

A educaccedilatildeo alimentar eacute uma das vertentes centrais do programa pelo que eacute necessaacuterio sensibilizar os

professores para aspectos da vida escolar que podem afectar a sauacutede oral dos alunos como as ementas

escolares existentes no refeitoacuterio e o tipo de alimentos disponibilizado no bar

221 Componente praacutetica

Uma primeira tarefa do programa na escola seraacute a sensibilizaccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo para a

importacircncia do mesmo A explicitaccedilatildeo teoacuterica resumida dos pressupostos cientiacuteficos que legitimam a

alteraccedilatildeo do programa eacute um instrumento facilitador

Fundamental explicar as razotildees que tornam a escovagem como um actividade central do programa e

os inconvenientes de se darem suplementos de fluacuteor de forma generalizada Seremos especialmente

eficazes se nos disponibilizarmos para responder agraves questotildees e duacutevidas que os professores possam ter

Esta eacute com certeza tambeacutem uma maneira de aprofundarmos o diagnoacutestico da situaccedilatildeo e de podermos

contribuir para remover os obstaacuteculos detectados

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 5

Uma segunda tarefa consistiraacute em operacionalizar o programa com os professores de modo a construi-

lo conjuntamente As diversas tarefas devem ser planeadas e avaliadas continuamente para se fazerem

as alteraccedilotildees consideradas necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar do programa

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo e a escovagem

O Programa Nacional de Sauacutede Oral propotildee algumas alteraccedilotildees que podemos considerar profundas e

de ruptura em relaccedilatildeo ao programa anterior como sejam a aplicaccedilatildeo restrita dos suplementos

sisteacutemicos de fluoretos e a escovagem duas vezes ao dia com um dentiacutefrico fluoretado como principal

medida para uma boa sauacutede oral Estas directrizes derivam do consenso dos peritos de Sauacutede Oral

reunidos na task force coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

Eacute faacutecil de compreender que organizar a escovagem dos dentes dos alunos eacute mais trabalhoso que dar-

lhes um comprimido de fluacuteor ou ateacute do que fazer o bochecho com uma soluccedilatildeo fluoretada Para sermos

bem sucedidos seraacute fundamental actuar de forma cautelosa respeitando as caracteriacutesticas das pessoas e

os contextos em presenccedila

Como sabemos eacute difiacutecil quebrar rotinas e o programa vai implicar mais trabalho para os professores e

disponibilizaccedilatildeo de tempo para os pais e professores A adopccedilatildeo pelos Jardins de infacircncia e Escolas da

escovagem dos dentes dos alunos pelo menos uma vez dia como factor central do programa vai

possivelmente encontrar algumas resistecircncias por parte dos educadores de infacircncia e professores que

importa ir resolvendo de forma progressiva e de acordo com as dificuldades reais encontradas Estas

dificuldades podem estar relacionadas com a deficiecircncia de instalaccedilotildees ou outras mas estaraacute com

frequecircncia tambeacutem muito relacionada com aspectos psicossociais de resistecircncia agrave mudanccedila de rotinas

instaladas e com vaacuterios anos

Uma das estrateacutegias primordiais para este programa ser bem sucedido passa pela resoluccedilatildeo dos

obstaacuteculos referidos pelos teacutecnicos de educaccedilatildeo relativamente agrave escovagem nomeadamente

a possibilidade de as crianccedilas usarem as escovas de colegas podendo haver transmissatildeo de doenccedilas

como a hepatite ou outras

a ausecircncia de um local apropriado para a escovagem

a confusatildeo que a escovagem iraacute causar com eventuais situaccedilotildees de indisciplina

a dificuldade de vigiar todos os alunos durante a escovagem com a consequente possibilidade de

alguns especialmente se mais novos poderem engolir dentiacutefrico

existirem alguns alunos que devido a carecircncias econoacutemicas ou desconhecimento dos pais tecircm

escovas jaacute muito deterioradas podendo ser alvo de troccedila e humilhaccedilatildeo por parte dos colegas ou

sentindo-se os professores na necessidade de fazerem algo mas natildeo terem possibilidade de

substituiacuterem as escovas

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 6

Estes e outros argumentos poderatildeo ser reais ou apenas formas de encontrar justificaccedilotildees para natildeo

alterar rotinas no entanto eacute fundamental analisar cada situaccedilatildeo e encontrar a forma adequada de actuar

o que implica procurar em conjunto a resoluccedilatildeo do problema natildeo desvalorizando a perspectiva do

teacutecnico de educaccedilatildeo mesmo que do ponto de vista da sauacutede nos pareccedila oacutebvia a resistecircncia agrave mudanccedila e

a sua soluccedilatildeo

Se natildeo conseguirmos sensibilizar os profissionais de educaccedilatildeo para a importacircncia da escovagem e nos

limitarmos a contra-argumentar com os nossos dados e a nossa cientificidade facilmente iratildeo

encontrar outros argumentos Eacute preciso compreender que o que estaacute em causa natildeo satildeo as dificuldades

objectivas mas outro tipo de razotildees mais ou menos subjectivas relacionadas com as condiccedilotildees locais

e de contexto como por exemplo o facto de alguns professores considerarem que natildeo eacute da sua

competecircncia promover a escovagem dos dentes dos seus alunos A interacccedilatildeo pais-professores eacute

constante e pode potenciar grandemente o programa

23 Terceira vertente ndash os pais

Os pais satildeo tambeacutem intervenientes fundamentais nos programas de sauacutede oral e eacute fundamental que

sejam englobados na equipa de projecto enquanto parceiros activos na programaccedilatildeo de actividades de

modo a poder resolver-se eventuais resistecircncias que inclusive podem ser desconhecidas dos teacutecnicos e

serem devidas a idiossincracias micro-culturais Todas as estrateacutegias que sensibilizem os pais para as

medidas que se preconizam satildeo importantes Eacute fundamental que o programa seja ldquocontinuadordquo e

reforccedilado em casa e natildeo pelo contraacuterio descredibilizado pelas praacuteticas domeacutesticas

Em relaccedilatildeo aos pais os factores emocionais satildeo centrais na sua relaccedilatildeo com os filhos e com as escolhas

comportamentais quotidianas Transmitir informaccedilatildeo de forma essencialmente cognitiva por exemplo

laquonatildeo decirc lsquoBolosrsquo aos seus filhos porque satildeo alimentos que podem contribuir para o aparecimento de

caacuterie nos dentes e provocar obesidaderaquo tem muitas possibilidades de provocar efeitos perversos

negativos como seja a culpabilizaccedilatildeo dos pais e a resistecircncia agrave mudanccedila de comportamentos

Com frequecircncia os doces satildeo uma forma de dar afecto ou premiar os filhos ou ateacute servir como

substituto da impossibilidade dos pais estarem mais tempo com os filhos situaccedilatildeo que natildeo eacute com

frequecircncia consciente para os pais Os padrotildees comportamentais dos pais obedecem a inuacutemeras

componentes e soacute actuando sobre cada uma delas se conseguem resultados nas mudanccedilas de

comportamentos

Fornecer apenas informaccedilatildeo pode natildeo soacute natildeo provocar alteraccedilotildees comportamentais como criar ou

aumentar as resistecircncias agrave mudanccedila Eacute preciso adequar a informaccedilatildeo agraves diversas situaccedilotildees

caracterizando-as primeiro valorizando as componentes emocionais relacionais e contextuais dos

comportamentos natildeo culpabilizando os pais (porque isso provoca resistecircncias agrave mudanccedila natildeo soacute em

relaccedilatildeo a este programa mas a futuras intervenccedilotildees) e encontrando formas alternativas de resolver estas

situaccedilotildees utilizando soluccedilotildees que provoquem emoccedilotildees positivas em todos os intervenientes E dessa

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forma eacute possiacutevel ser-se eficaz respeitando os universos relacionais das famiacutelias e evitando efeitos

comportamentais paradoxais ou seja por reacccedilatildeo agrave informaccedilatildeo que os culpabiliza os pais

dessensibilizam das nossas indicaccedilotildees agravando e aumentando as praacuteticas que se desaconselham

Eacute esta uma das razotildees porque eacute tatildeo difiacutecil atingir os grupos populacionais que exactamente mais

precisavam de ser abrangido pelos programas de prevenccedilatildeo da doenccedila e promoccedilatildeo da sauacutede

Para aleacutem de se conhecerem as praacuteticas alimentares e de higiene oral que as crianccedilas e adolescentes

tecircm em casa eacute importante caracterizar as razotildees desses procedimentos Referimo-nos aos aspectos

individuais familiares culturais e contextuais Se queremos actuar sobre comportamentos eacute

fundamental conhecer as atitudes crenccedilas preconceitos estereoacutetipos e representaccedilotildees sociais que se

relacionam com as praacuteticas das famiacutelias as quais variam de famiacutelia para famiacutelia

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo podem ser colaboradores preciosos para esta caracterizaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo aos pais podemos resumir os aspectos a valorizar

Inclui-los nos diversos passos do programa

sensibiliza-los para a importacircncia da sauacutede oral respeitando os seus universos familiares e

culturais

dar suporte continuado agrave mudanccedila de comportamentos e de todos os factores que lhe estatildeo

associados

24 Quarta vertente ndash as crianccedilas

As crianccedilas e os adolescentes satildeo o principal puacuteblico-alvo do programa de sauacutede oral Sensibilizaacute-los

para as praacuteticas alimentares e de higiene oral que os peritos consideram actualmente adequadas eacute o

nosso objectivo

Como jaacute foi referido anteriormente eacute necessaacuterio ser cuidadoso na forma de comunicar com as crianccedilas

e adolescentes natildeo criticando directa ou indirectamente os conhecimentos e as praacuteticas aconselhadas

ou consentidas por pais e professores com quem eles convivem directamente e que satildeo dos principais

influenciadores dos seus comportamentos satildeo os seus modelos e constituem o seu universo de afectos

Criar clivagem na relaccedilatildeo cognitiva afectiva e emocional entre pais ou professores e crianccedilas e

adolescentes eacute algo que devemos ter sempre presente e evitar

As estrateacutegias de trabalho com as crianccedilas deveratildeo ser adaptadas agrave sua maturidade psico-cognitiva e

contexto socio-cultural Para que as actividades sejam luacutedicas e criativas adequadas agraves idades e outras

caracteriacutesticas das crianccedilas e adolescentes a contribuiccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo eacute com certeza

fundamental

Eacute muito importante ter em conta alguns aspectos educativos relativamente agrave mudanccedila de

comportamentos A participaccedilatildeo activa das crianccedilas na formulaccedilatildeo dessas actividades torna mais

eficazes os efeitos pretendidos

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Pela dificuldade em mudar comportamentos principalmente de forma estaacutevel eacute aconselhaacutevel adequar

os objectivos agraves realidades Seraacute preferiacutevel actuar sobre um ou dois comportamentos sobre os quais a

caracterizaccedilatildeo inicial nos permitiu depreender que seraacute possiacutevel obtermos resultados positivos em vez

de tentar actuar sobre todos os comportamentos que desejariacuteamos alterar natildeo conseguindo alterar

nenhum deles Naturalmente estas escolhas seratildeo feitas cientificamente segundo o que a Educaccedilatildeo para

a Sauacutede preconiza nas vertentes relacionadas com as ciecircncias comportamentais (sociais e humanas)

Outro aspecto fundamental eacute a continuidade na acccedilatildeo A eficaacutecia seraacute tanto maior quanto mais

continuadas forem as actividades dando suporte agrave mudanccedila comportamental e reforccedilo agrave sua

manutenccedilatildeo A continuidade da acccedilatildeo permite conhecer melhor as situaccedilotildees os obstaacuteculos e as formas

de os remover pois cada caso eacute um caso e generalizar diminui grandemente a eficaacutecia

Deve ser dada uma atenccedilatildeo especial agraves crianccedilas com Necessidades de Sauacutede Especiais desfavorecidas

socialmente (porque vivem em bairros degradados com poucos recursos econoacutemicos pertencem a

minorias eacutetnicas ou satildeo emigrantes) ou que natildeo frequentam a escola utilizando estrateacutegias especificas

adequadas agraves suas dificuldades

25 Quinta vertente ndash a comunidade

Para os programas de Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutede a componente comunitaacuteria eacute fundamental A

participaccedilatildeo e contribuiccedilatildeo dos vaacuterios sectores da comunidade podem ser potenciadores do trabalho a

desenvolver

Dependendo das situaccedilotildees locais a Autarquia as IPSS e as ONGrsquos entre outras podem ser parceiros

de enorme valia para o desenvolvimento do programa Para isso temos que sensibilizar os liacutederes

locais para a importacircncia da sauacutede oral e do programa que se pretende incrementar explicitando como

com pequenos custos podemos obter ganhos em sauacutede a meacutedio e longo prazo

As instituiccedilotildees que organizam actividades para crianccedilas e adolescentes como os ATLrsquos associaccedilotildees

culturais desportivas e religiosas podem ser excelentes parceiros para o desenvolvimento das

actividades dependendo das caracteriacutesticas da comunidade onde se aplica o programa Os grupos de

teatro satildeo tambeacutem um excelente recurso para integrarem as actividades com as crianccedilas e os

adolescentes

26 Sexta vertente ndash os meios de comunicaccedilatildeo social

Os meios de comunicaccedilatildeo social locais e regionais se forem utilizados apropriadamente podem ser

parceiros potenciadores das actividades que se pretendem desenvolver

Mas com frequecircncia os teacutecnicos de sauacutede encontram dificuldades na relaccedilatildeo com os profissionais da

comunicaccedilatildeo social considerando que estes natildeo satildeo sensiacuteveis agraves nossas preocupaccedilotildees com a prevenccedilatildeo

da doenccedila e da promoccedilatildeo da sauacutede

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Os media tecircm uma linguagem e podemos dizer uma filosofia proacuteprias que com frequecircncia natildeo satildeo

coincidentes com as nossas eacute por essa razatildeo necessaacuterio que os teacutecnicos de sauacutede se adaptem e se

possiacutevel se aperfeiccediloem na linguagem dos meacutedia Se natildeo utilizarmos adequadamente os meios de

comunicaccedilatildeo social estes podem ter um efeito contraproducente diminuindo a eficaacutecia do programa de

sauacutede oral

Algumas das dificuldades encontradas quando trabalhamos com os media especialmente as raacutedios e as

televisotildees satildeo as seguintes

na maior parte dos casos natildeo se pode transmitir muita informaccedilatildeo mesmo que seja um programa

de raacutedio de 1 ou 2 horas iria ficar muito monoacutetono e pouco atraente assim como se tornaria

confuso para os ouvintes e pouco eficaz porque com frequecircncia as pessoas desenvolvem outras

actividades enquanto ouvem raacutedio

eacute aconselhaacutevel transmitir apenas o que eacute realmente importante e faze-lo de forma muito clara

mantendo a consistecircncia sobre a hierarquia das informaccedilotildees nas diversas intervenccedilotildees ou seja que

todas os intervenientes no programa e em todas as situaccedilotildees em que intervecircm tenham um discurso

coerente e natildeo contraditoacuterio

evitar informaccedilotildees riacutegidas que culpabilizem as pessoas e natildeo respeitem os seus contextos micro-

culturais Eacute preferiacutevel suscitar alguma mudanccedila comportamental de forma progressiva que

nenhuma

com frequecircncia utilizamos o leacutexico meacutedico sem nos apercebermos que muitos cidadatildeos natildeo

conhecem termos que nos parecem simples como obesidade ou colesterol atribuindo-lhes outros

significados (portanto desconhecem que natildeo conhecem o verdadeiro significado)

se possiacutevel testar com pessoas de diversas idades e estratos socio-culturais que sejam leigas em

relaccedilatildeo a estas temaacuteticas aquilo que se preparou para a intervenccedilatildeo nos meios de comunicaccedilatildeo

social e alterar se necessaacuterio de acordo com as indicaccedilotildees que essas pessoas nos fornecerem

27 Seacutetima vertente ndash a avaliaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo deve ter iniacutecio na fase de planeamento e acompanhar todo o projecto de modo a introduzir

as alteraccedilotildees necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar das actividades

Devem fazer parte da equipa de avaliaccedilatildeo os diversos parceiros do projecto assim como pessoas

externas ao projecto e estas quando possiacutevel com formaccedilatildeo em educaccedilatildeo para a sauacutede nas aacutereas

teacutecnicas comportamentais de planeamento e avaliaccedilatildeo qualitativa e quantitativa

Satildeo fundamentais avaliaccedilotildees qualitativas e quantitativas das actividades a desenvolver e se possiacutevel

com anaacutelises comparativas ao desenrolar do projecto noutras zonas do paiacutes

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3 T eacute c n i c a s d e H i g i e n e O r a l

3 1 Escovagem dos den tes ndash A escova A escovagem dos dentes deve ser efectuada com uma escova de tamanho adequado agrave boca de quem a

utiliza Habitualmente as embalagens referem as idades a que se destinam Os filamentos devem ser

de nylon com extremidades arredondadas e textura macia que quando comeccedilam a ficar deformados

obrigam agrave substituiccedilatildeo da escova Normalmente a escova quando utilizada 2 vezes por dia dura cerca

de 3-4 meses

Existem escovas manuais e eleacutectricas as quais requerem os mesmos cuidados As escovas eleacutectricas

facilitam a higiene oral das pessoas que tenham pouca destreza manual

3 2 Escovagem dos den tes ndash O den t iacute f r i co O dentiacutefrico a utilizar deve conter fluoreto numa dosagem de cerca de 1000-1500 ppm A quantidade a

utilizar em cada uma das escovagens deve ser semelhante (ou inferior) ao tamanho da unha do 5ordm dedo

(dedo mindinho) da matildeo da crianccedila

Os dentiacutefricos com sabores muito atractivos natildeo se recomendam porque podem levar as crianccedilas a

engoli-lo deliberadamente Ateacute aos 6 anos aproximadamente o dentiacutefrico deve ser colocado na escova

por um adulto Apoacutes a escovagem dos dentes eacute apenas necessaacuterio cuspir o excesso de dentiacutefrico

podendo no entanto bochechar-se com um pouco de aacutegua

33 Escovagem dos dentes no Jardim-de-infacircncia e na Escola identificaccedilatildeo e arrumaccedilatildeo das escovas e copos

Hoje em dia haacute escovas de dentes que tecircm uma tampa ou estojo com orifiacutecios que a protege Caso se

opte pela utilizaccedilatildeo destas escovas natildeo eacute necessaacuterio que fiquem na escola Os alunos poderatildeo colocaacute-

la dentro da mochila juntamente com o tubo do dentiacutefrico e transportaacute-los diariamente para a escola

O conceito de intransmissibilidade da escova de dentes deve ser reforccedilado junto das crianccedilas Se as

escovas ficarem na escola eacute essencial que estejam identificadas bastando para tal escrever no cabo da

escova o nome da crianccedila com uma caneta de tinta resistente agrave aacutegua Tambeacutem se devem identificar os

dentiacutefricos Cada aluno deveraacute ter o seu proacuteprio dentiacutefrico e os copos caso natildeo sejam descartaacuteveis

As escovas guardam-se num local seco e arejado de modo a que os pelos fiquem virados para cima e

natildeo contactem umas com as outras Cada escova pode ser colocada dentro do copo num suporte

acriacutelico ou outro material resistente agrave aacutegua em local seco e arejado

Dentiacutefricos e escovas devem estar fora do alcance das crianccedilas para evitar a troca ou ingestatildeo

acidental de dentiacutefrico Caso haja a possibilidade de utilizar copos descartaacuteveis (de cafeacute) o processo eacute

bastante simplificado (os copos de cafeacute podem ser substituiacutedos por copos de iogurte) Os produtos de

higiene oral podem ser adquiridos com a colaboraccedilatildeo da Autarquia do Centro de Sauacutede dos pais ou

ateacute de alguma empresa Se a escola tiver refeitoacuterio pode tambeacutem ser viaacutevel utilizar os copos do

refeitoacuterio

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34 Escovagem dos den tes ndash Organ izaccedilatildeo da ac t i v idade

A escovagem dos dentes deve ser feita diariamente no jardim-de-infacircncia e na escola apoacutes o almoccedilo agrave

entrada na sala de aula ou apoacutes o intervalo As crianccedilas poderatildeo escovar os dentes na casa de banho no

refeitoacuterio ou na proacutepria sala de aula O processo eacute simples natildeo exigindo muitas condiccedilotildees fiacutesicas das

escolas que satildeo frequentemente utilizadas para justificar a recusa desta actividade

Caso a escola tenha lavatoacuterios suficientes esta actividade pode ser feita na casa de banho Eacute necessaacuterio

definir a hora em que cada uma das salas vai utilizar esse espaccedilo Na casa de banho deveratildeo estar

apenas as crianccedilas que estatildeo a escovar os dentes Os outros esperam a sua vez em fila agrave porta Eacute

essencial que esteja algueacutem (auxiliar professoreducador ou voluntaacuterio) a vigiar para manter a ordem

organizar o processo e corrigir a teacutecnica da escovagem No final da escovagem cada crianccedila lava a

escova e o copo (se natildeo for descartaacutevel) e arruma no local destinado a esse efeito

Quando o espaccedilo fiacutesico natildeo permite que a escovagem seja feita na casa de banho esta actividade pode

ser feita na proacutepria sala de aula Nesta situaccedilatildeo se for possiacutevel utilizar copos descartaacuteveis ou copos de

iogurte facilita o processo e torna-o menos moroso Os alunos mantecircm-se sentados nas suas cadeiras

Retiram da sua mochila o estojo com a escova e o dentiacutefrico Um dos alunos distribui os copos e os

guardanapos (ou toalhetes de papel ou papel higieacutenico) Os alunos escovam os dentes todos ao mesmo

tempo podendo ateacute fazecirc-lo com muacutesica O professor deve ir corrigindo a teacutecnica de escovagem Apoacutes

a escovagem as crianccedilas cospem o excesso de dentiacutefrico para o copo limpam a boca tiram o excesso

de dentiacutefrico e saliva da escova com o papel ou o guardanapo e por fim colocam-no dentro do copo

Tapam a escova e arrumam-na em estojo proacuteprio ou na mochila juntamente com o dentiacutefrico No final

um dos alunos vai buscar um saco de lixo passa por todas as carteiras para que cada uma coloque o

seu copo no lixo Caso alguma das crianccedilas natildeo tolere o restos de dentiacutefrico na cavidade oral pode

colocar-se uma pequena porccedilatildeo de aacutegua no copo e no fim da escovagem bochecha e cospe para o

copo Os pais dos alunos devem ser instruiacutedos para se certificarem que em casa a crianccedila lava a sua

escova com aacutegua corrente e volta a colocaacute-la na mochila No sentido de facilitar o procedimento

recomenda-se que os copos sejam descartaacuteveis e as escovas tenham tampa

35 Escovagem dos den tes - A teacutecn ica A escovagem dos dentes para ser eficaz ou seja para remover a placa bacteriana necessita ser feita

com rigor e demora 2 a 3 minutos Quando se utiliza uma escova manual a escovagem faz-se da

seguinte forma

inclinar a escova em direcccedilatildeo agrave gengiva (cerca de 45ordm) e fazer pequenos movimentos vibratoacuterios

horizontais ou circulares de modo a que os pelos da escova limpem o sulco gengival (espaccedilo que

fica entre o dente e a gengiva)

se for difiacutecil manter esta posiccedilatildeo colocar os pecirclos da escova perpendicularmente agrave gengiva e agrave

superfiacutecie do dente

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escovar 2 dentes de cada vez (os correspondentes ao tamanho da cabeccedila da escova) fazendo

aproximadamente 10 movimentos (ou 5 caso sejam crianccedilas ateacute aos 6 anos) nas superfiacutecies

dentaacuterias abarcadas pela escova

comeccedilar a escovagem pela superfiacutecie externa (do lado da bochecha) do dente mais posterior de um

dos maxilares e continuar a escovar ateacute atingir o uacuteltimo dente da extremidade oposta desse

maxilar

com a mesma sequecircncia escovar as superfiacutecies dentaacuterias do lado da liacutengua

proceder do mesmo modo para fazer a escovagem dos dentes do outro maxilar

escovar as superfiacutecies mastigatoacuterias dos dentes com movimentos de vaiveacutem

por fim pode escovar-se a liacutengua

Quando se utiliza uma escova de dentes eleacutectrica segue-se a mesma sequecircncia de escovagem O

movimento da escova eacute feito automaticamente natildeo deve ser feita pressatildeo ou movimentos adicionais

sobre os dentes A escova desloca-se ao longo da arcada escovando um soacute dente de cada vez A

escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluacuteor deve ser feita duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente agrave noite antes de deitar

3 6 Uso do f io den taacute r io A partir do momento em que haacute destreza manual (a partir dos 8 anos) eacute indispensaacutevel o uso do fio ou

fita dentaacuteria que se utiliza da seguinte forma

retirar cerca de 40 cm de fio (ou fita) do porta fio

enrolar a quase totalidade do fio no dedo meacutedio de uma matildeo e uma pequena porccedilatildeo no dedo meacutedio

da outra matildeo deixando entre os dois dedos uma porccedilatildeo de fio com aproximadamente 25 cm

Quando as crianccedilas satildeo mais pequenas pode retirar-se uma porccedilatildeo mais pequena de fio cerca de

30 cm dar um noacute juntando as 2 pontas formando um ciacuterculo com o fio natildeo havendo necessidade

de o enrolar nos dedos Eacute importante utilizar sempre fio limpo em cada espaccedilo interdentaacuterio Os

polegares eou os indicadores ajudam a manuseaacute-lo

introduzir o fio cuidadosamente entre dois dentes e curva-lo agrave volta do dente que se quer limpar

fazendo com que tome a forma de um ldquoCrdquo

executar movimentos curtos horizontais desde o ponto de contacto entre os dentes ateacute ao sulco

gengival em cada uma das faces que delimitam o espaccedilo interdentaacuterio

repetir este procedimento ateacute que todos os espaccedilos interdentaacuterios de todos os dentes estejam

devidamente limpos

O fio dentaacuterio deve ser utilizado uma vez por dia de preferecircncia agrave noite antes de deitar Na escola os

alunos poderatildeo a aprender a utilizar este meio de remoccedilatildeo de placa bacteriana interdentaacuterio sendo

importante envolver os pais no sentido de lhes pedir colaboraccedilatildeo e permitir que as crianccedilas o utilizem

em casa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 13

3 7 Reve lador de p laca bac te r i ana O uso de reveladores de placa bacteriana (em soluto ou em comprimidos mastigaacuteveis) permitem

avaliar a higiene oral e consequentemente melhorar as teacutecnicas de escovagem e de utilizaccedilatildeo do fio

dentaacuterio

A partir dos 6 anos de idade estes produtos podem ser usados para que as crianccedilas visualizem a placa

e mais facilmente compreendam que os seus dentes necessitam de ser cuidadosamente limpos

A eritrosina que tem a propriedade de corar de vermelho a placa bacteriana eacute um dos exemplos de

corantes que se podem utilizar Utiliza-se da seguinte forma

colocar 1 a 2 gotas por baixo da liacutengua ou mastigar um comprimido sem engolir

passar a liacutengua por todas as superfiacutecies dentaacuterias

bochechar com aacutegua

A placa bacteriana corada eacute facilmente removida atraveacutes da escovagem dos dentes e do fio dentaacuterio

Nota Para evitar que os laacutebios fiquem corados de vermelho antes de colocar o corante pode passar

batom creme gordo ou vaselina nos laacutebios

3 8 Bochecho f luore tado A partir dos 6 anos pode ser feito o bochecho quinzenal com fluoreto de soacutedio a 02 na escola da

seguinte forma

agitar a soluccedilatildeo e deitar 10 ml em cada copo e distribui-los

indicar a cada crianccedila para colocar o antebraccedilo no rebordo da mesa

introduzir a soluccedilatildeo na boca sem engolir

repousar a testa no antebraccedilo colocando o copo debaixo da boca

bochechar vigorosamente durante 1 minuto

apoacutes este periacuteodo deve ser cuspida tendo o cuidado de natildeo a engolir

Apoacutes o bochecho a crianccedila deve permanecer 30 minutos sem comer nem beber

39 Iacutendice de placa O Iacutendice de Placa (IP) eacute utilizado para quantificar a placa bacteriana em todas as superfiacutecies dentaacuterias e

reflecte os haacutebitos de higiene oral dos indiviacuteduos avaliados

Assim enquanto que um baixo Iacutendice de Placa poderaacute significar um bom impacto das acccedilotildees de

educaccedilatildeo para a sauacutede em sauacutede oral nomeadamente das relacionadas com a higiene um iacutendice

elevado sugere o contraacuterio

Em programas comunitaacuterios geralmente eacute utilizado o Iacutendice de Placa Simplificado que eacute mais raacutepido

de determinar sendo o resultado final igualmente fiaacutevel

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 14

Para se calcular o Iacutendice de Placa Simplificado eacute necessaacuterio atribuir um valor ao tamanho da placa

bacteriana existente nos seguintes 6 dentes e superfiacutecies predeterminados Maxilar superior

1 Primeiro molar superior direito - Superfiacutecie vestibular

2 Incisivo central superior direito - Superfiacutecie vestibular

3 Primeiro molar superior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

4 Primeiro molar inferior esquerdo - Superfiacutecie lingual

5 Incisivo central inferior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

6 Primeiro molar inferior direito - Superfiacutecie lingual

Para atribuir um valor ao tamanho da placa bacteriana existente em cada uma das su

acima referidas eacute necessaacuterio utilizar o revelador de placa bacteriana para a co

facilitar a sua observaccedilatildeo e respectiva classificaccedilatildeo e registo

A cada uma das superfiacutecies dentaacuterias soacute pode ser atribuiacutedo um dos seguintes valore

Valor 0

Valor 1

Valor 2

Valor 3

rarr Se a superfiacutecie do dente natildeo estaacute corada

rarr Se 13 da superfiacutecie estaacute corado

rarr Se 23 da superfiacutecie estatildeo corados

rarr Se estaacute corada toda a superfiacutecie

Feito o registo da observaccedilatildeo individual verifica-se que o somatoacuterio do conjunto de

poderaacute variar entre 0 (zero) e 18 (dezoito)

Dividindo por 6 (seis) este somatoacuterio obteacutem-se o Iacutendice de Placa Individual

Para determinar o Iacutendice de Placa de um grupo de indiviacuteduos divide-se o som

individuais pelo nuacutemero de indiviacuteduos observados multiplicado por seis (o nuacutemer

nuacutemero de dentes seleccionados por indiviacuteduo)

Assim o Iacutendice de Placa poderaacute variar entre 0 (zero) e 3 (trecircs)

Iacutendice de Placa (IP) = Somatoacuterio da classificaccedilatildeo dada a cada dente

Nordm de indiviacuteduos observados x 6

A sauacutede oral das crianccedilas e adolescentes eacute um grave problema de sauacutede puacuteblica ma

simples como as descritas neste documento executadas pelos proacuteprios eou com

encorajadas pela escola e pelos serviccedilos de sauacutede contribuem decididamente para

oral importantes e implementaccedilatildeo efectiva do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas d

Maxilar inferior

perfiacutecies dentaacuterias

rar e dessa forma

s

valores atribuiacutedos

atoacuterio dos valores

o seis representa o

s que com medidas

ajuda da famiacutelia

ganhos em sauacutede

Sauacutede Oral

e EPSrsquorsquo 15

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

F l u o r e t o s

F u n d a m e n t a ccedil atilde o e R e c o m e n d a ccedil otilde e s d a T a s k F o r c e

Documento produzido pela Task Force constituiacuteda pelo Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr

Ricardo Jorge Direcccedilatildeo-Geral de Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura Faculdade de

Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Medicina Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria

Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa e Porto Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento Instituto Superior de

Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia

Ordem dos Meacutedicos Dentistas Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria Sociedade Portuguesa de

Pediatria e os serviccedilos da DGS Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede Divisatildeo de Sauacutede Ambiental

Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

1 F l u o r e t o s

A evidecircncia cientiacutefica tem demonstrado que as mudanccedilas observadas no padratildeo da doenccedila caacuterie

dentaacuteria ocorrem pela implementaccedilatildeo de programas preventivos e terapecircuticos de acircmbito comunitaacuterio

e por estrateacutegias de acccedilatildeo especiacuteficas dirigidas a grupos de risco com criteriosa utilizaccedilatildeo dos

fluoretos

O fluacuteor eacute o elemento mais electronegativo da tabela perioacutedica e raramente existe isolado sendo por

isso habitualmente referido como fluoreto Na natureza encontra-se sob a forma de um iatildeo (F-) em

associaccedilatildeo com o caacutelcio foacutesforo alumiacutenio e tambeacutem como parte de certos silicatos como o topaacutezio

Normalmente presente nas rochas plantas ar aacuteguas e solos este elemento faz parte da constituiccedilatildeo de

alguns materiais plaacutesticos e pode tambeacutem estar presente na constituiccedilatildeo de alguns fertilizantes

contribuindo desta forma para a sua presenccedila no solo aacutegua e alimentos No solo o conteuacutedo de

fluoretos varia entre 20 e 500 ppm contudo nas camadas mais profundas o seu niacutevel aumenta No ar a

concentraccedilatildeo normal de fluoretos oscila entre 005 e 190microgm3 1

Do fluacuteor que eacute ingerido entre 75 e 90 eacute absorvido por via digestiva sendo a mucosa bucal

responsaacutevel pela absorccedilatildeo de menos de 1 Depois de absorvido passa para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea

sob a forma ioacutenica ou de compostos orgacircnicos lipossoluacuteveis A forma ioacutenica que circula livremente e

natildeo se liga agraves proteiacutenas nem aos componentes plasmaacuteticos nem aos tecidos moles eacute a que vai estar

disponiacutevel para ser absorvida pelos tecidos duros Da quantidade total de fluacuteor presente no organismo

99 encontra-se nos tecidos calcificados Entre 10 e 25 do aporte diaacuterio de fluacuteor natildeo chega a ser

absorvido vindo a ser excretado pelas fezes O fluacuteor absorvido natildeo utilizado (cerca de 50) eacute

eliminado por via renal2

O fluacuteor tem uma grande afinidade com a apatite presente no organismo com a qual cria ligaccedilotildees

fortes que natildeo satildeo irreversiacuteveis Este facto deve-se agrave facilidade com que os radicais hidroxilos da

hidroxiapatite satildeo substituiacutedos pelos iotildees fluacuteor formando fluorapatite No entanto a apatite normal do

ser humano presente no osso e dente mesmo em condiccedilotildees ideais de presenccedila de fluacuteor nunca se

aproxima da composiccedilatildeo da fluorapatite pura

Quando o fluacuteor eacute ingerido passa pela cavidade oral daiacute resultando a deposiccedilatildeo de uma determinada

quantidade nos tecidos e liacutequidos aiacute existentes A mucosa jugal as gengivas a placa bacteriana os

dentes e a saliva vatildeo beneficiar imediatamente de um aporte directo de fluacuteor que pode permitir que a

sua disponibilidade na cavidade oral se prolongue por periacuteodos mais longos Eacute um facto que a presenccedila

de fluacuteor no meio oral independentemente da sua fonte resulta numa acccedilatildeo preventiva e terapecircutica

extremamente importante

Nota 22 mg de fluoreto de soacutedio correspondem a 1 mg de fluacuteor Quando se dilui 1 mg de fluacuteor em um litro de aacutegua pura

considera-se que essa aacutegua passou a ter 1 ppm de fluacuteor

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 2

Considera-se actualmente que os benefiacutecios dos fluoretos resultam basicamente da sua acccedilatildeo toacutepica

sobre a superfiacutecie do dente enquanto a sua acccedilatildeo sisteacutemica (preacute-eruptiva) eacute muito menos importante

A acccedilatildeo preventiva e terapecircutica dos fluoretos eacute conseguida predominantemente pela sua acccedilatildeo toacutepica

quer nas crianccedilas quer nos adultos atraveacutes de trecircs mecanismos diferentes responsaacuteveis pela

bull inibiccedilatildeo do processo de desmineralizaccedilatildeo

bull potenciaccedilatildeo do processo de remineralizaccedilatildeo

bull inibiccedilatildeo da acccedilatildeo da placa bacteriana

O uso racional dos fluoretos na profilaxia da caacuterie dentaacuteria com eficaacutecia e seguranccedila baseia-se no

conhecimento actualizado dos seus mecanismos de acccedilatildeo e da sua toxicologia

Com base na evidecircncia cientiacutefica a estrateacutegia de utilizaccedilatildeo dos fluoretos em sauacutede oral foi redefinida

tendo em conta que a sua acccedilatildeo preventiva eacute predominantemente poacutes-eruptiva e toacutepica e a sua acccedilatildeo

toacutexica com repercussotildees a niacutevel dentaacuterio eacute preacute-eruptiva e sisteacutemica

Estudos epidemioloacutegicos efectuados pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) sobre os efeitos do

fluacuteor na sauacutede humana referem que valores compreendidos entre 1 e 15 ppm natildeo representam risco

acrescido Contudo valores entre 15 e 2 ppm em climas quentes poderatildeo contribuir para a ocorrecircncia

de casos de fluorose dentaacuteria e valores entre 3 a 6 ppm para o aparecimento de fluorose oacutessea

Para a OMS a concentraccedilatildeo oacuteptima de fluoretos na aacutegua quando esta eacute sujeita a fluoretaccedilatildeo deve

estar compreendida entre 05 e 15 ppm de F dependendo este valor da temperatura meacutedia do local

que condiciona a quantidade de aacutegua ingerida nas zonas mais frias o valor maacuteximo pode estar perto

do limite superior nas zonas mais quentes o valor deve estar perto do limite inferior para uma

prevenccedilatildeo eficaz da caacuterie dentaacuteria Para que os riscos de fluorose estejam diminuiacutedos os programas de

fluoretaccedilatildeo das aacuteguas devem obedecer a criteacuterios claramente definidos

Nas regiotildees onde a aacutegua da rede puacuteblica conteacutem menos de 03 ppm (mgl) de fluoretos (situaccedilatildeo mais

frequente em Portugal Continental) a dose profilaacutectica oacuteptima considerando a soma de todas as fontes

de fluoretos eacute de 005mgkgdia3

11 Toxicidade Aguda

Uma intoxicaccedilatildeo aguda pelo fluacuteor eacute uma possibilidade extremamente rara Alguns casos tecircm sido

descritos na literatura Estudos efectuados em roedores e extrapolados para o homem adulto permitem

pensar que a dose letal miacutenima de fluacuteor seja de aproximadamente 2 gramas ou 32 a 64 mgkg de peso

corporal mas para uma crianccedila bastam 15 mgkg de peso corporal 2

A partir da ingestatildeo de doses superiores a 5mgkg de peso corporal considera-se a hipoacutetese de vir a ter

efeitos toacutexicos

As crianccedilas pequenas tecircm um risco acrescido de ingerir doses de fluoretos atraveacutes do consumo de

produtos de higiene oral A ingestatildeo acidental de um quarto de um tubo com dentiacutefrico de 125 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 3

(1500 ppm de Fluacuteor) potildee em risco a vida de uma crianccedila de um ano de idade O risco de ingestatildeo

acidental por crianccedilas eacute real e eacute adjuvado pelo tipo de embalagens destes produtos que natildeo tecircm

dispositivos de seguranccedila para a sua abertura

A toxicidade aguda pelos fluoretos poderaacute manifestar-se por queixas digestivas (dor abdominal

voacutemitos hematemeses e melenas) neuroloacutegicas (tremores convulsotildees tetania deliacuterio lentificaccedilatildeo da

voz) renais (urina turva hematuacuteria) metaboacutelicas (hipocalceacutemia hipomagnesieacutemia hipercalieacutemia)

cardiovasculares (arritmias hipotensatildeo) e respiratoacuterias (depressatildeo respiratoacuteria apneias) 4

12 Toxicidade Croacutenica

A dose total diaacuteria de fluoretos administrados por via sisteacutemica isenta de risco de toxicidade croacutenica

situa-se abaixo de 005 mgkgdia de peso A partir desses valores aumentam as manifestaccedilotildees atraveacutes

do aparecimento de hipomineralizaccedilatildeo do esmalte que se revela por fluorose dentaacuteria Com

concentraccedilotildees acima de 25 ppm na aacutegua esta manifestaccedilatildeo eacute mais evidente sendo tanto mais grave

quanto a concentraccedilatildeo de fluoretos vai aumentando O periacuteodo criacutetico para o efeito toacutexico do fluacuteor se

manifestar sobre a denticcedilatildeo permanente eacute entre o nascimento e os 7 anos de idade (ateacute aos 3 anos eacute o

periacuteodo mais criacutetico) Quando existem fluoretos ateacute 3 ppm na aacutegua aleacutem da fluorose natildeo parece

existir qualquer outro efeito toacutexico na sauacutede A partir deste valor aumenta o risco de nefrotoxicidade

Como qualquer outro medicamento os fluoretos em dose excessiva tecircm efeitos toacutexicos que

normalmente se manifestam atraveacutes de uma interferecircncia na esteacutetica dentaacuteria Essa manifestaccedilatildeo eacute a

fluorose dentaacuteria

Estudos recentes sobre suplementos de fluoretos e fluorose 5 confirmam que as comunidades sem aacutegua

fluoretada e que utilizam suplementos de fluoretos durante os primeiros 6 anos de vida apresentam

um aumento do risco de desenvolver fluorose

O principal factor de risco para o aparecimento de fluorose dentaacuteria eacute o aporte total de fluoretos

provenientes de diferentes fontes nomeadamente da alimentaccedilatildeo incluindo a aacutegua e os suplementos

alimentares dentiacutefricos e soluccedilotildees para bochechos comprimidos e gotas e ingestatildeo acidental que natildeo

satildeo faacuteceis de quantificar

A fluorose dentaacuteria aumentou nos uacuteltimos anos em comunidades com e sem aacutegua fluoretada 6

2 F l u o r e t o s n a aacute g u a

2 1 Aacute g u a d e a b a s t e c i m e n t o p uacute b l i c o

A fluoretaccedilatildeo das aacuteguas para consumo humano como meio de suprir o deacutefice de fluoretos na aacutegua eacute

uma praacutetica comum em alguns paiacuteses como o Brasil Austraacutelia Canadaacute EUA e Nova Zelacircndia

Apesar de serem tatildeo diferentes quer do ponto de vista soacutecioeconoacutemico quer geograacutefico eles detecircm

uma experiecircncia superior a 25 anos neste domiacutenio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 4

Na Europa a maior parte dos paiacuteses natildeo faz fluoretaccedilatildeo das suas aacuteguas para consumo humano agrave

excepccedilatildeo da Irlanda da Suiacuteccedila (Basileia) e de 10 da populaccedilatildeo do Reino Unido Na Alemanha eacute

proibido e nos restantes paiacuteses eacute desaconselhado

Nos paiacuteses em que se faz fluoretaccedilatildeo da aacutegua alguns estudos demonstraram natildeo ter existido um ganho

efectivo na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria No entanto outros como a Austraacutelia no Estado de Victoacuteria

onde a fluoretaccedilatildeo da aacutegua se faz regularmente observaram-se ganhos efectivos na sauacutede oral da

populaccedilatildeo com consequentes ganhos econoacutemicos

Recomendaccedilatildeo Eacute indispensaacutevel avaliar a qualidade das aacuteguas de abastecimento puacuteblico periodicamente e corrigir os

paracircmetros alterados

Na aacutegua os valores das concentraccedilotildees de fluoretos estatildeo compreendidas entre 01 a 07 ppm Contudo

em alguns casos podem apresentar valores muito mais elevados

Quando a aacutegua apresenta valores de ph superiores a 8 e o iatildeo soacutedio e os carbonatos satildeo dominantes os

valores de fluoretos normalmente presentes excedem 1 ppm

Nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica os fluoretos podem existir naturalmente ou resultar de um

programa de fluoretaccedilatildeo Em Portugal Continental os valores satildeo normalmente baixos e as aacuteguas natildeo

estatildeo sujeitas a fluoretaccedilatildeo artificial O teor de fluoretos deveraacute ser controlado regularmente de modo

a preservar os interesses da sauacutede puacuteblica 7

Na definiccedilatildeo de um valor guia para a aacutegua de consumo humano a OMS propotildee o valor limite de 15

ppm de Fluacuteor referindo que valores superiores podem contribuir para o aumento do risco de fluorose

A Agecircncia Americana para o Ambiente (USEPA) refere um valor maacuteximo admissiacutevel de fluoretos na

aacutegua de consumo humano de 15 ppm e recomenda que nunca se ultrapasse os 4 ppm

Em Portugal a legislaccedilatildeo actualmente em vigor sobre a qualidade da aacutegua para consumo humano

decreto-lei nordm 23698 de 1 de Agosto define dois Valores Maacuteximos Admissiacuteveis (VMA) para os

fluoretos 15 ppm (8 a 12 ordmC) e 07 ppm (25 a 30 ordmC) O decreto-lei nordm 2432001 de 5 de Setembro

que transpotildee a Directiva Comunitaacuteria nordm 9883CE de 3 de Novembro que entrou em vigor em 25 de

Dezembro de 2003 define para os fluoretos um Valor Parameacutetrico (VP) de 15 ppm

O decreto-lei nordm 24301 remete para a Entidade Gestora a verificaccedilatildeo da conformidade dos valores

parameacutetricos obrigatoacuterios aplicaacuteveis agrave aacutegua para consumo humano Sempre que um valor parameacutetrico

eacute excedido isso corresponde a uma situaccedilatildeo de incumprimento e perante esta situaccedilatildeo a entidade

gestora deve de imediato informar a autoridade de sauacutede e a entidade competente dando conta das

medidas correctoras adoptadas ou em curso para restabelecer a qualidade da aacutegua destinada a consumo

humano

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 5

Deve ter-se em atenccedilatildeo o desvio em relaccedilatildeo ao valor parameacutetrico fixado e o perigo potencial para a

sauacutede humana

Segundo o decreto-lei supra mencionado artigo 9ordm compete agraves autoridades de sauacutede a vigilacircncia

sanitaacuteria e a avaliaccedilatildeo do risco para a sauacutede puacuteblica da qualidade da aacutegua destinada ao consumo

humano Sempre que o risco exista e o incumprimento persistir a autoridade de sauacutede deve informar e

aconselhar os consumidores afectados e determinar a proibiccedilatildeo de abastecimento restringir a

utilizaccedilatildeo da aacutegua que constitua um perigo potencial para a sauacutede humana e adoptar todas as medidas

necessaacuterias para proteger a sauacutede humana

Nos Accedilores e na Madeira ou em zonas onde o teor de fluoretos na aacutegua eacute muito elevado deveraacute ser

feita uma verificaccedilatildeo da constante e a correcccedilatildeo adequada

Os principais tratamentos de desfluoretaccedilatildeo envolvem a floculaccedilatildeo da aacutegua usando sais hidratados de

alumiacutenio principalmente em condiccedilotildees alcalinas No caso de aacuteguas aacutecidas pode-se adicionar cal e

alternativamente pode-se recorrer agrave adsorccedilatildeo com carvatildeo activado ou alumina activada ( Al2O3 ) ou

por permuta ioacutenica usando resinas especiacuteficas

Recomendaccedilatildeo Ateacute aos 6-7 anos as crianccedilas natildeo devem ingerir regularmente aacutegua com teor de fluoretos superior a 07 ppm

Recomendaccedilatildeo Sempre que o valor parameacutetrico dos fluoretos na aacutegua para consumo humano exceder 15 ppm deveratildeo ser aplicadas

medidas correctoras para restabelecer a qualidade da aacutegua

2 2 Aacute g u a s m i n e r a i s n a t u r a i s e n g a r r a f a d a s

As aacuteguas minerais naturais engarrafadas deveratildeo no futuro ter rotulagem de acordo com a Directiva

Comunitaacuteria 200340CE da Comissatildeo Europeia de 16 de Maio publicada no Jornal Oficial da Uniatildeo

Europeia em 2252003 artigo 4ordm laquo1 As aacuteguas minerais naturais cuja concentraccedilatildeo em fluacuteor for

superior a 15 mgl (ppm) devem ostentar no roacutetulo a menccedilatildeo lsquoconteacutem mais de 15 mgl (ppm) de

fluacuteor natildeo eacute adequado o seu consumo regular por lactentes nem por crianccedilas com menos de 7 anosrsquo

2 No roacutetulo a menccedilatildeo prevista no nordm 1 deve figurar na proximidade imediata da denominaccedilatildeo de

venda e em caracteres claramente visiacuteveis 3

As aacuteguas minerais naturais que em aplicaccedilatildeo do nordm 1 tiverem de ostentar uma menccedilatildeo no roacutetulo

devem incluir a indicaccedilatildeo do teor real em fluacuteor a niacutevel da composiccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica em constituintes

caracteriacutesticos tal como previsto no nordm 2 aliacutenea a) do artigo 7ordm da Directiva 80777CEEraquo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 6

Para as aacuteguas de nascente cujas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas satildeo definidas pelo Decreto-lei

2432001 de 5 de Setembro em vigor desde Dezembro de 2003 os limites para o teor de fluoretos satildeo

de 15 mgl (ppm)

De acordo com o parecer do Scientific Committee on Food - Comiteacute Cientiacutefico de Alimentaccedilatildeo

Humana (expresso em Dezembro de 1996) a Comissatildeo natildeo vecirc razotildees para nos climas da Uniatildeo

Europeia (climas temperados) limitar os fluoretos nas aacuteguas de consumo humano e nas aacuteguas minerais

naturais para valores inferiores a 15mgl (ppm)

3 F l u o r e t o s n o s g eacute n e r o s a l i m e n t iacute c i o s

Entende-se por lsquogeacutenero alimentiacuteciorsquo qualquer substacircncia ou produto transformado parcialmente

transformado ou natildeo transformado destinado a ser ingerido pelo ser humano ou com razoaacuteveis

probabilidades de o ser Este termo abrange bebidas pastilhas elaacutesticas e todas as substacircncias

incluindo a aacutegua intencionalmente incorporadas nos geacuteneros alimentiacutecios durante o seu fabrico

preparaccedilatildeo ou tratamento8 9

Na alimentaccedilatildeo as estimativas de ingestatildeo de fluacuteor atraveacutes da dieta variam entre 02 e 34 mgdia

sendo estes uacuteltimos valores atingidos quando se inclui o chaacute na alimentaccedilatildeo A ingestatildeo de fluoretos

provenientes dos alimentos comuns eacute pouco significativa Apenas 13 se apresentam na forma

ionizaacutevel e portanto biodisponiacutevel

Recomendaccedilatildeo Independentemente da origem ao utilizar aacutegua informe-se sobre o seu teor em fluoretos As que tecircm um elevado teor

deste elemento natildeo satildeo adequadas para lactentes e crianccedilas com menos de 7 anos

Recomendaccedilatildeo Dar prioridade a uma dieta equilibrada e saudaacutevel com diversidade alimentar Utilizar a aacutegua da cozedura dos

alimentos para confeccionar outros alimentos (ex sopas arroz)

No iniacutecio do ano de 2003 a Comissatildeo Europeia apresentou uma nova proposta de Directiva

Comunitaacuteria relativa agrave ldquoAdiccedilatildeo aos geacuteneros alimentiacutecios de vitaminas minerais e outras substacircnciasrdquo

onde os fluoretos satildeo referidos como podendo ser adicionados a geacuteneros alimentiacutecios comuns Nesta

proposta de Directiva Comunitaacuteria eacute sugerida a inclusatildeo de determinados nutrimentos (entre eles o

fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de geacuteneros alimentiacutecios comuns Esta proposta

prevista no Livro Branco da Comissatildeo ainda estaacute numa fase inicial de discussatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 7

4 F l u o r e t o s e m s u p l e m e n t o a l i m e n t a r

Entende-se por lsquosuplementos alimentaresrsquo geacuteneros alimentiacutecios que se destinam a complementar e ou

suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas

substacircncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisioloacutegico estremes ou combinados

comercializados em forma doseada tais como caacutepsulas pastilhas comprimidos piacutelulas e outras

formas semelhantes saquetas de poacute ampola de liacutequido frascos com conta gotas e outras formas

similares de liacutequido ou poacute que se destinam a ser tomados em unidades medidas de quantidade

reduzida10

A Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002

transposta para o direito nacional pelo Decreto-lei nordm 1362003 de 28 de Junho relativa agrave aproximaccedilatildeo

das legislaccedilotildees dos Estados-Membros respeitantes aos suplementos alimentares vai permitir a inclusatildeo

de determinados nutrimentos (entre eles o fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de

suplementos alimentares11

A partir de 28 de Agosto de 2003 os fluoretos poderatildeo ser comercializados como suplemento

alimentar passando a estar disponiacutevel em farmaacutecias e superfiacutecies comerciais

As quantidades maacuteximas de vitaminas e minerais presentes nos suplementos alimentares satildeo fixadas

em funccedilatildeo da toma diaacuteria recomendada pelo fabricante tendo em conta os seguintes elementos

a) limites superiores de seguranccedila estabelecidos para as vitaminas e os minerais apoacutes uma

avaliaccedilatildeo dos riscos efectuada com base em dados cientiacuteficos geralmente aceites tendo em

conta quando for caso disso os diversos graus de sensibilidade dos diferentes grupos de

consumidores

b) quantidade de vitaminas e minerais ingerida atraveacutes de outras fontes alimentares

c) doses de referecircncia de vitaminas e minerais para a populaccedilatildeo

Recomendaccedilatildeo Nunca ultrapassar a toma indicada no roacutetulo do produto e natildeo utilizar um suplemento alimentar como substituto de um

regime alimentar variado

As quantidades maacuteximas e miacutenimas de vitaminas e minerais referidas seratildeo adoptadas pela Comissatildeo

Europeia assistida pelo Comiteacute de Regulamentaccedilatildeo

Em Portugal a Agecircncia para a Qualidade e Seguranccedila Alimentar viraacute a ter informaccedilatildeo sobre todos os

suplementos alimentares comercializados como geacuteneros alimentiacutecios e introduzidos no mercado de

acordo com o Decreto-lei nordm 1362003

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 8

A rotulagem dos suplementos alimentares natildeo poderaacute mencionar nem fazer qualquer referecircncia a

prevenccedilatildeo tratamento ou cura de doenccedilas humanas e deveraacute indicar uma advertecircncia de que os

produtos devem ser guardados fora do alcance das crianccedilas

5 F luore tos em med icamentos e p rodutos cosmeacutet icos de h ig iene corpora l

A distinccedilatildeo entre Medicamento e Produto Cosmeacutetico de Higiene Corporal contendo fluoretos depende

do seu teor no produto Os cosmeacuteticos contecircm obrigatoriamente uma concentraccedilatildeo de fluoretos inferior

a 015 (1500 ppm) (Decreto-lei 1002001 de 28 de Marccedilo I Seacuterie A) sendo que todos os dentiacutefricos

com concentraccedilotildees de fluoretos superior a 015 satildeo obrigatoriamente classificados como

medicamentos

Os medicamentos contendo fluoretos e utilizados para a profilaxia da caacuterie dentaacuteria existentes no

mercado portuguecircs satildeo de venda livre em farmaacutecia Encontram-se disponiacuteveis nas formas

farmacecircuticas de soluccedilatildeo oral (gotas orais) comprimidos dentiacutefricos gel dentaacuterio e soluccedilatildeo de

bochecho

5 1 F l u o r e t o s e m c o m p r i m i d o s e g o t a s o r a i s

A utilizaccedilatildeo de medicamentos contendo fluoretos na forma de gotas orais e comprimidos foi ateacute haacute

pouco recomendada pelos profissionais de sauacutede (pediatras meacutedicos de famiacutelia cliacutenicos gerais

meacutedicos estomatologistas meacutedicos dentistas) dos 6 meses ateacute aos 16 anos

A clarificaccedilatildeo do mecanismo de acccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria e o aumento de

aporte dos mesmos com consequentes riscos de manifestaccedilatildeo toacutexica obrigaram agrave revisatildeo da sua

administraccedilatildeo em comprimidos eou gotas A gravidade da fluorose dentaacuteria estaacute relacionada com a

dose a duraccedilatildeo e com a idade em que ocorre a exposiccedilatildeo ao fluacuteor 12 13

A ldquoCanadian Consensus Conference on the Appropriate Use of Fluoride Supplements for the

Prevention of Dental Caries in Childrenrdquo 14definiu um protocolo cuja utilizaccedilatildeo eacute recomendada a

profissionais de sauacutede em que se fundamenta a tomada de decisatildeo sobre a necessidade ou natildeo da

suplementaccedilatildeo de fluacuteor A administraccedilatildeo de comprimidos soacute eacute recomendada quando o teor de fluoretos

na aacutegua de abastecimento puacuteblico for inferior a 03 ppm e

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) natildeo escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas

vezes por dia

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas vezes

por dia mas apresenta um alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 9

Por sua vez a conclusatildeo do laquoForum on Fluoridation 2002raquo15 relativamente agrave administraccedilatildeo de

suplementos de fluoretos foi a seguinte limitar a utilizaccedilatildeo de comprimidos de fluoretos a aacutereas onde

natildeo existe aacutegua fluoretada e iniciar essa suplementaccedilatildeo apenas a crianccedilas com alto risco agrave caacuterie e a

partir dos 3 anos

Os comprimidos de fluoretos caso sejam indicados devem ser usados pelo interesse da sua acccedilatildeo

toacutepica Devem ser dissolvidos na boca em vez de imediatamente ingeridos16

A administraccedilatildeo de fluoretos sob a forma de comprimidos chupados soacute deveraacute ser efectuada em

situaccedilotildees excepcionais isto eacute em populaccedilotildees de baixos recursos econoacutemicos nas quais a escovagem

natildeo possa ser promovida e os iacutendices de caacuterie sejam elevados

Para evitar a potencial toxicidade dos fluoretos antes de qualquer prescriccedilatildeo todos os profissionais de

sauacutede devem efectuar uma avaliaccedilatildeo personalizada dos aportes diaacuterios de cada crianccedila tendo em conta

todas as fontes possiacuteveis desse elemento alimentos comuns suplementos alimentares consumo de

aacutegua da rede puacuteblica eou aacutegua engarrafada e respectivo teor de fluoretos e utilizaccedilatildeo de medicamentos

e produtos cosmeacuteticos contendo fluacuteor

Recomendaccedilatildeo A partir dos 3 anos os suplementos sisteacutemicos de fluoretos poderatildeo ser prescritos pelo meacutedico assistente ou meacutedico dentista em crianccedilas que apresentem um alto risco

agrave caacuterie dentaacuteria

5 2 F l u o r e t o s e m d e n t iacute f r i c o s

Hoje em dia a maior parte dos dentiacutefricos agrave venda no mercado contecircm fluoretos sob diferentes formas

fluoreto de soacutedio monofluorfosfato de soacutedio fluoreto de amina e outros Os mais utilizados satildeo o

fluoreto de soacutedio e o monofluorfosfato de soacutedio

Normalmente o conteuacutedo de fluoreto dos dentiacutefricos eacute de 1000 a 1100 ppm (ou 010 a 011)

podendo variar entre 500 e 1500 ppm

Durante a escovagem cerca de 34 da pasta eacute ingerida por crianccedilas de 3 anos 28 pelas de 4-5 anos

e 20 pelas de 5-7 anos

Devem ser evitados dentiacutefricos com sabor a fruta para impedir o seu consumo em excesso uma vez

que estatildeo jaacute descritos na literatura casos de fluorose resultantes do abuso de dentiacutefricos2

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluoretos duas vezes por dia tem-se revelado um

meio colectivo de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria com grande efectividade e baixo custo pelo que deve

ser considerado o meio de eleiccedilatildeo em estrateacutegias comunitaacuterias

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 10

Do ponto de vista da prevenccedilatildeo da caacuterie a aplicaccedilatildeo toacutepica de dentiacutefrico fluoretado com a escova dos

dentes deve ser executada duas vezes por dia e deve iniciar-se quando se daacute a erupccedilatildeo dos dentes Esta

rotina diaacuteria de higiene executada naturalmente com muito cuidado pelos pais deve

progressivamente ser assumida pela crianccedila ateacute aos 6-8 anos de idade Durante este periacuteodo a

escovagem deve ser sempre vigiada pelos pais ou educadores consoante as circunstacircncias para evitar

a utilizaccedilatildeo de quantidades excessivas de dentiacutefrico o qual pode da mesma forma que os

comprimidos conduzir antes dos 6 anos agrave ocorrecircncia de fluorose

As crianccedilas devem usar dentiacutefrico com teor de fluoretos entre 1000-1500 ppm de fluoreto (dentiacutefrico

de adulto) sendo a quantidade a utilizar do tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

Apoacutes a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado pode-se natildeo bochechar com aacutegua Deveraacute

apenas cuspir-se o excesso de pasta Deste modo consegue-se uma mais alta concentraccedilatildeo de fluoreto

na cavidade oral que vai actuar topicamente durante mais tempo

Os pais das crianccedilas devem receber informaccedilatildeo sobre a escovagem dentaacuteria e o uso de dentiacutefricos

fluoretados A escovagem com dentiacutefrico fluoretado deve iniciar-se imediatamente apoacutes a erupccedilatildeo dos

primeiros dentes Os dentiacutefricos fluoretados devem ser guardados em locais inacessiacuteveis agraves crianccedilas

pequenas17

5 3 F l u o r e t o s e m s o l u ccedil otilde e s d e b o c h e c h o

As soluccedilotildees para bochechos recomendadas a partir dos 6 anos de idade tecircm sido utilizadas em

programas escolares de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria em inuacutemeros paiacuteses incluindo Portugal Satildeo

recomendadas a indiviacuteduos de maior risco agrave caacuterie dentaacuteria mas a sua utilizaccedilatildeo tem vido a ser

restringida a crianccedilas que escovam eficazmente os dentes

Recomendaccedilatildeo Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Recomendaccedilatildeo A partir dos 6 anos de idade deve ser feito o bochecho quinzenalmente com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

02

As soluccedilotildees fluoretadas de uso diaacuterio habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

005 e as de uso semanal ou quinzenal habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de 02

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 11

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 12

Referecircncias

1 Diegues P Linhas de Orientaccedilatildeo associadas agrave presenccedila de fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento 2003 Documento produzido no acircmbito da task force Sauacutede Oral e Fluacuteor Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar e na Divisatildeo de Sauacutede Ambiental da DGS 2 Melo PRGR Influecircncia de diferentes meacutetodos de administraccedilatildeo de fluoretos nas variaccedilotildees de incidecircncia de caacuterie Porto Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto 2001 Tese de doutoramento 3 Agence Francaise de Seacutecuriteacute des Produits de Santeacute Mise au point sur le fluacuteor et la prevention de la carie dentaire AFSPS 31 Juillet 2002 4 Leikin JB Paloucek FP Poisoning amp Toxicology Handbook 3th edition Hudson Lexi- Comp 2002 586-7 5 Ismail AI Bandekar RR Fluoride suplements and fluorosis a meta-analysis Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 48-56 6 Steven ML An update on Fluorides and Fluorosis J Can Dent Assoc 200369(5)268-91 7 Pinto R Cristovatildeo E Vinhais T Castro MF Teor de fluoretos nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica nas sedes de concelho de Portugal Continental Revista Portuguesa de Estomatologia Medicina Dentaacuteria e Cirurgia Maxilofacial 1999 40(3)125-42 8 Regulamento 1782002 do Parlamento Europeu e do Conselho de 28 de Janeiro Jornal Oficial das Comunidades Europeias (2002021) 9 Decreto ndash lei nordm 5601999 DR I Seacuterie A 147 (991218) 10 Decreto ndash lei nordm 1362003 DR I Seacuterie A 293 (20030628) 11 Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002 Jornal Oficial das Comunidades Europeias (20020712) 12 Aoba T Fejerskov O Dental fluorosis Chemistry and Biology Crit Rev Oral Biol Med 2002 13(2) 155-70 13 DenBesten PK Biological mechanisms of dental fluorosis relevant to the use of fluoride supplements Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 41-7 14 Limeback H Introduction to the conference Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 27-30 15 Report of the Forum of fluoridation 2002Governement of Ireland 2002 wwwfluoridationforumie 16 Featherstone JDB Prevention and reversal of dental caries role of low level fluoride Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 31-40 17 Pereira A Amorim A Peres F Peres FR Caldas IM Pereira JA Pereira ML Silva MJ Caacuteries Precoces da InfacircnciaLisboa Medisa Ediccedilotildees e Divulgaccedilotildees Cientiacuteficas Lda 2001 Bibliografia

1 Almeida CM Sugestotildees para a Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2002 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e na Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa

2 Rompante P Fundamentos para a alteraccedilatildeo do Programa de Sauacutede Oral da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Documento realizado no acircmbito da Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2003 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e no Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede ndash Norte

3 Rompante P Determinaccedilatildeo da quantidade do elemento fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento puacuteblico na totalidade das sedes de concelho de Portugal Continental Porto Faculdade de Odontologia da Universidade de Barcelona 2002 Tese de Doutoramento

4 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in Children at High Caries Risk SIGN Publication 2000 47

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Page 26: Direcção-Geral da SaúdePrograma será complementado, sempre que oportuno, por orientações técnicas a emitir por esta Direcção-Geral. O Director-Geral e Alto Comissário da

middot diagnoacutestico social que corresponde agrave identificaccedilatildeo das situaccedilotildees sociais existentes na comunidade

onde se desenvolve a actividade que podem contribuir para os problemas de sauacutede oral detectados

ou que se pretende prevenir

middot diagnoacutestico comportamental para identificaccedilatildeo dos vaacuterios padrotildees comportamentais que possam

estar relacionados com os problemas de sauacutede oral inventariados

A este diagnoacutestico de problemas eacute importante associar-se a identificaccedilatildeo de necessidades da

populaccedilatildeo-alvo da acccedilatildeo

Apesar da prevalecircncia das doenccedilas orais e da necessidade deste Programa Nacional em algumas

comunidades poderatildeo existir vaacuterios outros problemas de sauacutede mais graves ou mais prevalentes e

neste caso importa fazer uma avaliaccedilatildeo dos recursos e das possibilidades de eficaacutecia dando prioridade

aos grupos e agraves situaccedilotildees mais graves e de maior amplitude Outro factor a ter em conta na decisatildeo

relaciona-se com a capacidade de alterar as causas comportamentais ou factores de risco pelo

programa educacional

Apoacutes a avaliaccedilatildeo das necessidades deveratildeo ser estabelecidas as prioridades tendo em conta os

problemas de sauacutede identificados a capacidade de alteraccedilatildeo dos factores de risco comportamentais e

outros Eacute muito importante associar-se agrave definiccedilatildeo de prioridades de actuaccedilatildeo a caracterizaccedilatildeo dos sub-

grupos existentes e as diferentes estrateacutegias apropriadas a cada uma dessas populaccedilotildees alvo

22 Segunda vertente ndash os teacutecnicos de educaccedilatildeo

Todos os parceiros satildeo importantes para o desenvolvimento dos programas de Educaccedilatildeo para a Sauacutede

mas no caso especiacutefico da sauacutede oral os teacutecnicos de Educaccedilatildeo satildeo fundamentais Eacute por esta razatildeo

tarefa prioritaacuteria sensibilizaacute-los e englobaacute-los no desenho dos programas desde o iniacutecio

Sabemos atraveacutes das nossas praacuteticas anteriores que nem sempre os teacutecnicos de educaccedilatildeo aderem a

algumas das actividades dos programas de sauacutede oral propostas pelos teacutecnicos de sauacutede utilizando

para isso os mais diversos argumentos A explicitaccedilatildeo dos uacuteltimos consensos cientiacuteficos nesta aacuterea

com disponibilizaccedilatildeo de bibliografia pode ser facilitador da adesatildeo ao programa

Uma das actividades centrais deste programa seraacute trabalhar em conjunto com os teacutecnicos de educaccedilatildeo

nomeadamente docentes das escolas baacutesicas e secundaacuterias e educadores de infacircncia sobre as

potencialidades do programa e os ganhos em sauacutede que a meacutedio e longo prazo este pode provocar na

populaccedilatildeo portuguesa

Outra tarefa importante eacute a reflexatildeo em conjunto sobre as dificuldades diagnosticadas em cada escola

para concretizar as actividades do programa na tentativa de encontrar soluccedilotildees seja atraveacutes da

resoluccedilatildeo dos obstaacuteculos seja encontrando alternativas Poderaacute acontecer natildeo ser possiacutevel executar

todas as tarefas incluiacutedas no programa Nesses casos importa decidir quais as actividades que poderatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 4

ser levadas agrave praacutetica com ecircxito Seraacute preferiacutevel concretizar algumas tarefas que nenhumas assim

como seraacute melhor realizar bem poucas tarefas do que muitas ou todas de forma deficiente

Frequentemente existe um diferencial de conhecimentos sobre estas aacutereas entre os teacutecnicos de

educaccedilatildeo e os de sauacutede Para evitar problemas eacute imperioso que os teacutecnicos de educaccedilatildeo sejam

parceiros em igualdade de circunstacircncia e natildeo sintam que tecircm um papel secundaacuterio no projecto ou

meros executores de tarefas

A eventual deacutecalage de conhecimentos sobre sauacutede oral pode ser compensado utilizando estrateacutegias de

trabalho em equipa natildeo assumindo os teacutecnicos de sauacutede papel de liacutederes do processo nem de

detentores da informaccedilatildeo cientiacutefica As teacutecnicas de trabalho em equipa devem implicam a partilha de

tarefas e lideranccedila natildeo assumindo o programa uma dimensatildeo vertical e impositiva por parte da sauacutede

As mensagens chave do programa seratildeo discutidas por todos os intervenientes Eacute muito importante que

sejam claras nos conteuacutedos e assumidas por toda a equipa em todas as situaccedilotildees de modo a tornar as

intervenccedilotildees coerentes com os objectivos do programa

Como cada comunidade e cada escola tecircm caracteriacutesticas proacuteprias o programa as actividades e o

trabalho interdisciplinar em equipa seratildeo adequados agraves condiccedilotildees objectivas e subjectivas de todos os

intervenientes o que pode tornar necessaacuterio fazer adaptaccedilotildees agrave aplicaccedilatildeo do mesmo O mesmo se

passa em relaccedilatildeo agraves mensagens que necessitam ser adaptadas a cada situaccedilatildeo e a cada contexto

Em relaccedilatildeo agrave Educaccedilatildeo para a Sauacutede a procura de soluccedilotildees para as situaccedilotildees decorrentes da

implementaccedilatildeo do programa como a sensibilizaccedilatildeo dos parceiros e a eliminaccedilatildeo de obstaacuteculos satildeo

uma das tarefas centrais dos programas e natildeo devem ser subestimadas pelos teacutecnicos de sauacutede pois

delas depende muita da eficaacutecia do projecto

A educaccedilatildeo alimentar eacute uma das vertentes centrais do programa pelo que eacute necessaacuterio sensibilizar os

professores para aspectos da vida escolar que podem afectar a sauacutede oral dos alunos como as ementas

escolares existentes no refeitoacuterio e o tipo de alimentos disponibilizado no bar

221 Componente praacutetica

Uma primeira tarefa do programa na escola seraacute a sensibilizaccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo para a

importacircncia do mesmo A explicitaccedilatildeo teoacuterica resumida dos pressupostos cientiacuteficos que legitimam a

alteraccedilatildeo do programa eacute um instrumento facilitador

Fundamental explicar as razotildees que tornam a escovagem como um actividade central do programa e

os inconvenientes de se darem suplementos de fluacuteor de forma generalizada Seremos especialmente

eficazes se nos disponibilizarmos para responder agraves questotildees e duacutevidas que os professores possam ter

Esta eacute com certeza tambeacutem uma maneira de aprofundarmos o diagnoacutestico da situaccedilatildeo e de podermos

contribuir para remover os obstaacuteculos detectados

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 5

Uma segunda tarefa consistiraacute em operacionalizar o programa com os professores de modo a construi-

lo conjuntamente As diversas tarefas devem ser planeadas e avaliadas continuamente para se fazerem

as alteraccedilotildees consideradas necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar do programa

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo e a escovagem

O Programa Nacional de Sauacutede Oral propotildee algumas alteraccedilotildees que podemos considerar profundas e

de ruptura em relaccedilatildeo ao programa anterior como sejam a aplicaccedilatildeo restrita dos suplementos

sisteacutemicos de fluoretos e a escovagem duas vezes ao dia com um dentiacutefrico fluoretado como principal

medida para uma boa sauacutede oral Estas directrizes derivam do consenso dos peritos de Sauacutede Oral

reunidos na task force coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

Eacute faacutecil de compreender que organizar a escovagem dos dentes dos alunos eacute mais trabalhoso que dar-

lhes um comprimido de fluacuteor ou ateacute do que fazer o bochecho com uma soluccedilatildeo fluoretada Para sermos

bem sucedidos seraacute fundamental actuar de forma cautelosa respeitando as caracteriacutesticas das pessoas e

os contextos em presenccedila

Como sabemos eacute difiacutecil quebrar rotinas e o programa vai implicar mais trabalho para os professores e

disponibilizaccedilatildeo de tempo para os pais e professores A adopccedilatildeo pelos Jardins de infacircncia e Escolas da

escovagem dos dentes dos alunos pelo menos uma vez dia como factor central do programa vai

possivelmente encontrar algumas resistecircncias por parte dos educadores de infacircncia e professores que

importa ir resolvendo de forma progressiva e de acordo com as dificuldades reais encontradas Estas

dificuldades podem estar relacionadas com a deficiecircncia de instalaccedilotildees ou outras mas estaraacute com

frequecircncia tambeacutem muito relacionada com aspectos psicossociais de resistecircncia agrave mudanccedila de rotinas

instaladas e com vaacuterios anos

Uma das estrateacutegias primordiais para este programa ser bem sucedido passa pela resoluccedilatildeo dos

obstaacuteculos referidos pelos teacutecnicos de educaccedilatildeo relativamente agrave escovagem nomeadamente

a possibilidade de as crianccedilas usarem as escovas de colegas podendo haver transmissatildeo de doenccedilas

como a hepatite ou outras

a ausecircncia de um local apropriado para a escovagem

a confusatildeo que a escovagem iraacute causar com eventuais situaccedilotildees de indisciplina

a dificuldade de vigiar todos os alunos durante a escovagem com a consequente possibilidade de

alguns especialmente se mais novos poderem engolir dentiacutefrico

existirem alguns alunos que devido a carecircncias econoacutemicas ou desconhecimento dos pais tecircm

escovas jaacute muito deterioradas podendo ser alvo de troccedila e humilhaccedilatildeo por parte dos colegas ou

sentindo-se os professores na necessidade de fazerem algo mas natildeo terem possibilidade de

substituiacuterem as escovas

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 6

Estes e outros argumentos poderatildeo ser reais ou apenas formas de encontrar justificaccedilotildees para natildeo

alterar rotinas no entanto eacute fundamental analisar cada situaccedilatildeo e encontrar a forma adequada de actuar

o que implica procurar em conjunto a resoluccedilatildeo do problema natildeo desvalorizando a perspectiva do

teacutecnico de educaccedilatildeo mesmo que do ponto de vista da sauacutede nos pareccedila oacutebvia a resistecircncia agrave mudanccedila e

a sua soluccedilatildeo

Se natildeo conseguirmos sensibilizar os profissionais de educaccedilatildeo para a importacircncia da escovagem e nos

limitarmos a contra-argumentar com os nossos dados e a nossa cientificidade facilmente iratildeo

encontrar outros argumentos Eacute preciso compreender que o que estaacute em causa natildeo satildeo as dificuldades

objectivas mas outro tipo de razotildees mais ou menos subjectivas relacionadas com as condiccedilotildees locais

e de contexto como por exemplo o facto de alguns professores considerarem que natildeo eacute da sua

competecircncia promover a escovagem dos dentes dos seus alunos A interacccedilatildeo pais-professores eacute

constante e pode potenciar grandemente o programa

23 Terceira vertente ndash os pais

Os pais satildeo tambeacutem intervenientes fundamentais nos programas de sauacutede oral e eacute fundamental que

sejam englobados na equipa de projecto enquanto parceiros activos na programaccedilatildeo de actividades de

modo a poder resolver-se eventuais resistecircncias que inclusive podem ser desconhecidas dos teacutecnicos e

serem devidas a idiossincracias micro-culturais Todas as estrateacutegias que sensibilizem os pais para as

medidas que se preconizam satildeo importantes Eacute fundamental que o programa seja ldquocontinuadordquo e

reforccedilado em casa e natildeo pelo contraacuterio descredibilizado pelas praacuteticas domeacutesticas

Em relaccedilatildeo aos pais os factores emocionais satildeo centrais na sua relaccedilatildeo com os filhos e com as escolhas

comportamentais quotidianas Transmitir informaccedilatildeo de forma essencialmente cognitiva por exemplo

laquonatildeo decirc lsquoBolosrsquo aos seus filhos porque satildeo alimentos que podem contribuir para o aparecimento de

caacuterie nos dentes e provocar obesidaderaquo tem muitas possibilidades de provocar efeitos perversos

negativos como seja a culpabilizaccedilatildeo dos pais e a resistecircncia agrave mudanccedila de comportamentos

Com frequecircncia os doces satildeo uma forma de dar afecto ou premiar os filhos ou ateacute servir como

substituto da impossibilidade dos pais estarem mais tempo com os filhos situaccedilatildeo que natildeo eacute com

frequecircncia consciente para os pais Os padrotildees comportamentais dos pais obedecem a inuacutemeras

componentes e soacute actuando sobre cada uma delas se conseguem resultados nas mudanccedilas de

comportamentos

Fornecer apenas informaccedilatildeo pode natildeo soacute natildeo provocar alteraccedilotildees comportamentais como criar ou

aumentar as resistecircncias agrave mudanccedila Eacute preciso adequar a informaccedilatildeo agraves diversas situaccedilotildees

caracterizando-as primeiro valorizando as componentes emocionais relacionais e contextuais dos

comportamentos natildeo culpabilizando os pais (porque isso provoca resistecircncias agrave mudanccedila natildeo soacute em

relaccedilatildeo a este programa mas a futuras intervenccedilotildees) e encontrando formas alternativas de resolver estas

situaccedilotildees utilizando soluccedilotildees que provoquem emoccedilotildees positivas em todos os intervenientes E dessa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 7

forma eacute possiacutevel ser-se eficaz respeitando os universos relacionais das famiacutelias e evitando efeitos

comportamentais paradoxais ou seja por reacccedilatildeo agrave informaccedilatildeo que os culpabiliza os pais

dessensibilizam das nossas indicaccedilotildees agravando e aumentando as praacuteticas que se desaconselham

Eacute esta uma das razotildees porque eacute tatildeo difiacutecil atingir os grupos populacionais que exactamente mais

precisavam de ser abrangido pelos programas de prevenccedilatildeo da doenccedila e promoccedilatildeo da sauacutede

Para aleacutem de se conhecerem as praacuteticas alimentares e de higiene oral que as crianccedilas e adolescentes

tecircm em casa eacute importante caracterizar as razotildees desses procedimentos Referimo-nos aos aspectos

individuais familiares culturais e contextuais Se queremos actuar sobre comportamentos eacute

fundamental conhecer as atitudes crenccedilas preconceitos estereoacutetipos e representaccedilotildees sociais que se

relacionam com as praacuteticas das famiacutelias as quais variam de famiacutelia para famiacutelia

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo podem ser colaboradores preciosos para esta caracterizaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo aos pais podemos resumir os aspectos a valorizar

Inclui-los nos diversos passos do programa

sensibiliza-los para a importacircncia da sauacutede oral respeitando os seus universos familiares e

culturais

dar suporte continuado agrave mudanccedila de comportamentos e de todos os factores que lhe estatildeo

associados

24 Quarta vertente ndash as crianccedilas

As crianccedilas e os adolescentes satildeo o principal puacuteblico-alvo do programa de sauacutede oral Sensibilizaacute-los

para as praacuteticas alimentares e de higiene oral que os peritos consideram actualmente adequadas eacute o

nosso objectivo

Como jaacute foi referido anteriormente eacute necessaacuterio ser cuidadoso na forma de comunicar com as crianccedilas

e adolescentes natildeo criticando directa ou indirectamente os conhecimentos e as praacuteticas aconselhadas

ou consentidas por pais e professores com quem eles convivem directamente e que satildeo dos principais

influenciadores dos seus comportamentos satildeo os seus modelos e constituem o seu universo de afectos

Criar clivagem na relaccedilatildeo cognitiva afectiva e emocional entre pais ou professores e crianccedilas e

adolescentes eacute algo que devemos ter sempre presente e evitar

As estrateacutegias de trabalho com as crianccedilas deveratildeo ser adaptadas agrave sua maturidade psico-cognitiva e

contexto socio-cultural Para que as actividades sejam luacutedicas e criativas adequadas agraves idades e outras

caracteriacutesticas das crianccedilas e adolescentes a contribuiccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo eacute com certeza

fundamental

Eacute muito importante ter em conta alguns aspectos educativos relativamente agrave mudanccedila de

comportamentos A participaccedilatildeo activa das crianccedilas na formulaccedilatildeo dessas actividades torna mais

eficazes os efeitos pretendidos

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 8

Pela dificuldade em mudar comportamentos principalmente de forma estaacutevel eacute aconselhaacutevel adequar

os objectivos agraves realidades Seraacute preferiacutevel actuar sobre um ou dois comportamentos sobre os quais a

caracterizaccedilatildeo inicial nos permitiu depreender que seraacute possiacutevel obtermos resultados positivos em vez

de tentar actuar sobre todos os comportamentos que desejariacuteamos alterar natildeo conseguindo alterar

nenhum deles Naturalmente estas escolhas seratildeo feitas cientificamente segundo o que a Educaccedilatildeo para

a Sauacutede preconiza nas vertentes relacionadas com as ciecircncias comportamentais (sociais e humanas)

Outro aspecto fundamental eacute a continuidade na acccedilatildeo A eficaacutecia seraacute tanto maior quanto mais

continuadas forem as actividades dando suporte agrave mudanccedila comportamental e reforccedilo agrave sua

manutenccedilatildeo A continuidade da acccedilatildeo permite conhecer melhor as situaccedilotildees os obstaacuteculos e as formas

de os remover pois cada caso eacute um caso e generalizar diminui grandemente a eficaacutecia

Deve ser dada uma atenccedilatildeo especial agraves crianccedilas com Necessidades de Sauacutede Especiais desfavorecidas

socialmente (porque vivem em bairros degradados com poucos recursos econoacutemicos pertencem a

minorias eacutetnicas ou satildeo emigrantes) ou que natildeo frequentam a escola utilizando estrateacutegias especificas

adequadas agraves suas dificuldades

25 Quinta vertente ndash a comunidade

Para os programas de Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutede a componente comunitaacuteria eacute fundamental A

participaccedilatildeo e contribuiccedilatildeo dos vaacuterios sectores da comunidade podem ser potenciadores do trabalho a

desenvolver

Dependendo das situaccedilotildees locais a Autarquia as IPSS e as ONGrsquos entre outras podem ser parceiros

de enorme valia para o desenvolvimento do programa Para isso temos que sensibilizar os liacutederes

locais para a importacircncia da sauacutede oral e do programa que se pretende incrementar explicitando como

com pequenos custos podemos obter ganhos em sauacutede a meacutedio e longo prazo

As instituiccedilotildees que organizam actividades para crianccedilas e adolescentes como os ATLrsquos associaccedilotildees

culturais desportivas e religiosas podem ser excelentes parceiros para o desenvolvimento das

actividades dependendo das caracteriacutesticas da comunidade onde se aplica o programa Os grupos de

teatro satildeo tambeacutem um excelente recurso para integrarem as actividades com as crianccedilas e os

adolescentes

26 Sexta vertente ndash os meios de comunicaccedilatildeo social

Os meios de comunicaccedilatildeo social locais e regionais se forem utilizados apropriadamente podem ser

parceiros potenciadores das actividades que se pretendem desenvolver

Mas com frequecircncia os teacutecnicos de sauacutede encontram dificuldades na relaccedilatildeo com os profissionais da

comunicaccedilatildeo social considerando que estes natildeo satildeo sensiacuteveis agraves nossas preocupaccedilotildees com a prevenccedilatildeo

da doenccedila e da promoccedilatildeo da sauacutede

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 9

Os media tecircm uma linguagem e podemos dizer uma filosofia proacuteprias que com frequecircncia natildeo satildeo

coincidentes com as nossas eacute por essa razatildeo necessaacuterio que os teacutecnicos de sauacutede se adaptem e se

possiacutevel se aperfeiccediloem na linguagem dos meacutedia Se natildeo utilizarmos adequadamente os meios de

comunicaccedilatildeo social estes podem ter um efeito contraproducente diminuindo a eficaacutecia do programa de

sauacutede oral

Algumas das dificuldades encontradas quando trabalhamos com os media especialmente as raacutedios e as

televisotildees satildeo as seguintes

na maior parte dos casos natildeo se pode transmitir muita informaccedilatildeo mesmo que seja um programa

de raacutedio de 1 ou 2 horas iria ficar muito monoacutetono e pouco atraente assim como se tornaria

confuso para os ouvintes e pouco eficaz porque com frequecircncia as pessoas desenvolvem outras

actividades enquanto ouvem raacutedio

eacute aconselhaacutevel transmitir apenas o que eacute realmente importante e faze-lo de forma muito clara

mantendo a consistecircncia sobre a hierarquia das informaccedilotildees nas diversas intervenccedilotildees ou seja que

todas os intervenientes no programa e em todas as situaccedilotildees em que intervecircm tenham um discurso

coerente e natildeo contraditoacuterio

evitar informaccedilotildees riacutegidas que culpabilizem as pessoas e natildeo respeitem os seus contextos micro-

culturais Eacute preferiacutevel suscitar alguma mudanccedila comportamental de forma progressiva que

nenhuma

com frequecircncia utilizamos o leacutexico meacutedico sem nos apercebermos que muitos cidadatildeos natildeo

conhecem termos que nos parecem simples como obesidade ou colesterol atribuindo-lhes outros

significados (portanto desconhecem que natildeo conhecem o verdadeiro significado)

se possiacutevel testar com pessoas de diversas idades e estratos socio-culturais que sejam leigas em

relaccedilatildeo a estas temaacuteticas aquilo que se preparou para a intervenccedilatildeo nos meios de comunicaccedilatildeo

social e alterar se necessaacuterio de acordo com as indicaccedilotildees que essas pessoas nos fornecerem

27 Seacutetima vertente ndash a avaliaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo deve ter iniacutecio na fase de planeamento e acompanhar todo o projecto de modo a introduzir

as alteraccedilotildees necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar das actividades

Devem fazer parte da equipa de avaliaccedilatildeo os diversos parceiros do projecto assim como pessoas

externas ao projecto e estas quando possiacutevel com formaccedilatildeo em educaccedilatildeo para a sauacutede nas aacutereas

teacutecnicas comportamentais de planeamento e avaliaccedilatildeo qualitativa e quantitativa

Satildeo fundamentais avaliaccedilotildees qualitativas e quantitativas das actividades a desenvolver e se possiacutevel

com anaacutelises comparativas ao desenrolar do projecto noutras zonas do paiacutes

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 10

3 T eacute c n i c a s d e H i g i e n e O r a l

3 1 Escovagem dos den tes ndash A escova A escovagem dos dentes deve ser efectuada com uma escova de tamanho adequado agrave boca de quem a

utiliza Habitualmente as embalagens referem as idades a que se destinam Os filamentos devem ser

de nylon com extremidades arredondadas e textura macia que quando comeccedilam a ficar deformados

obrigam agrave substituiccedilatildeo da escova Normalmente a escova quando utilizada 2 vezes por dia dura cerca

de 3-4 meses

Existem escovas manuais e eleacutectricas as quais requerem os mesmos cuidados As escovas eleacutectricas

facilitam a higiene oral das pessoas que tenham pouca destreza manual

3 2 Escovagem dos den tes ndash O den t iacute f r i co O dentiacutefrico a utilizar deve conter fluoreto numa dosagem de cerca de 1000-1500 ppm A quantidade a

utilizar em cada uma das escovagens deve ser semelhante (ou inferior) ao tamanho da unha do 5ordm dedo

(dedo mindinho) da matildeo da crianccedila

Os dentiacutefricos com sabores muito atractivos natildeo se recomendam porque podem levar as crianccedilas a

engoli-lo deliberadamente Ateacute aos 6 anos aproximadamente o dentiacutefrico deve ser colocado na escova

por um adulto Apoacutes a escovagem dos dentes eacute apenas necessaacuterio cuspir o excesso de dentiacutefrico

podendo no entanto bochechar-se com um pouco de aacutegua

33 Escovagem dos dentes no Jardim-de-infacircncia e na Escola identificaccedilatildeo e arrumaccedilatildeo das escovas e copos

Hoje em dia haacute escovas de dentes que tecircm uma tampa ou estojo com orifiacutecios que a protege Caso se

opte pela utilizaccedilatildeo destas escovas natildeo eacute necessaacuterio que fiquem na escola Os alunos poderatildeo colocaacute-

la dentro da mochila juntamente com o tubo do dentiacutefrico e transportaacute-los diariamente para a escola

O conceito de intransmissibilidade da escova de dentes deve ser reforccedilado junto das crianccedilas Se as

escovas ficarem na escola eacute essencial que estejam identificadas bastando para tal escrever no cabo da

escova o nome da crianccedila com uma caneta de tinta resistente agrave aacutegua Tambeacutem se devem identificar os

dentiacutefricos Cada aluno deveraacute ter o seu proacuteprio dentiacutefrico e os copos caso natildeo sejam descartaacuteveis

As escovas guardam-se num local seco e arejado de modo a que os pelos fiquem virados para cima e

natildeo contactem umas com as outras Cada escova pode ser colocada dentro do copo num suporte

acriacutelico ou outro material resistente agrave aacutegua em local seco e arejado

Dentiacutefricos e escovas devem estar fora do alcance das crianccedilas para evitar a troca ou ingestatildeo

acidental de dentiacutefrico Caso haja a possibilidade de utilizar copos descartaacuteveis (de cafeacute) o processo eacute

bastante simplificado (os copos de cafeacute podem ser substituiacutedos por copos de iogurte) Os produtos de

higiene oral podem ser adquiridos com a colaboraccedilatildeo da Autarquia do Centro de Sauacutede dos pais ou

ateacute de alguma empresa Se a escola tiver refeitoacuterio pode tambeacutem ser viaacutevel utilizar os copos do

refeitoacuterio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 11

34 Escovagem dos den tes ndash Organ izaccedilatildeo da ac t i v idade

A escovagem dos dentes deve ser feita diariamente no jardim-de-infacircncia e na escola apoacutes o almoccedilo agrave

entrada na sala de aula ou apoacutes o intervalo As crianccedilas poderatildeo escovar os dentes na casa de banho no

refeitoacuterio ou na proacutepria sala de aula O processo eacute simples natildeo exigindo muitas condiccedilotildees fiacutesicas das

escolas que satildeo frequentemente utilizadas para justificar a recusa desta actividade

Caso a escola tenha lavatoacuterios suficientes esta actividade pode ser feita na casa de banho Eacute necessaacuterio

definir a hora em que cada uma das salas vai utilizar esse espaccedilo Na casa de banho deveratildeo estar

apenas as crianccedilas que estatildeo a escovar os dentes Os outros esperam a sua vez em fila agrave porta Eacute

essencial que esteja algueacutem (auxiliar professoreducador ou voluntaacuterio) a vigiar para manter a ordem

organizar o processo e corrigir a teacutecnica da escovagem No final da escovagem cada crianccedila lava a

escova e o copo (se natildeo for descartaacutevel) e arruma no local destinado a esse efeito

Quando o espaccedilo fiacutesico natildeo permite que a escovagem seja feita na casa de banho esta actividade pode

ser feita na proacutepria sala de aula Nesta situaccedilatildeo se for possiacutevel utilizar copos descartaacuteveis ou copos de

iogurte facilita o processo e torna-o menos moroso Os alunos mantecircm-se sentados nas suas cadeiras

Retiram da sua mochila o estojo com a escova e o dentiacutefrico Um dos alunos distribui os copos e os

guardanapos (ou toalhetes de papel ou papel higieacutenico) Os alunos escovam os dentes todos ao mesmo

tempo podendo ateacute fazecirc-lo com muacutesica O professor deve ir corrigindo a teacutecnica de escovagem Apoacutes

a escovagem as crianccedilas cospem o excesso de dentiacutefrico para o copo limpam a boca tiram o excesso

de dentiacutefrico e saliva da escova com o papel ou o guardanapo e por fim colocam-no dentro do copo

Tapam a escova e arrumam-na em estojo proacuteprio ou na mochila juntamente com o dentiacutefrico No final

um dos alunos vai buscar um saco de lixo passa por todas as carteiras para que cada uma coloque o

seu copo no lixo Caso alguma das crianccedilas natildeo tolere o restos de dentiacutefrico na cavidade oral pode

colocar-se uma pequena porccedilatildeo de aacutegua no copo e no fim da escovagem bochecha e cospe para o

copo Os pais dos alunos devem ser instruiacutedos para se certificarem que em casa a crianccedila lava a sua

escova com aacutegua corrente e volta a colocaacute-la na mochila No sentido de facilitar o procedimento

recomenda-se que os copos sejam descartaacuteveis e as escovas tenham tampa

35 Escovagem dos den tes - A teacutecn ica A escovagem dos dentes para ser eficaz ou seja para remover a placa bacteriana necessita ser feita

com rigor e demora 2 a 3 minutos Quando se utiliza uma escova manual a escovagem faz-se da

seguinte forma

inclinar a escova em direcccedilatildeo agrave gengiva (cerca de 45ordm) e fazer pequenos movimentos vibratoacuterios

horizontais ou circulares de modo a que os pelos da escova limpem o sulco gengival (espaccedilo que

fica entre o dente e a gengiva)

se for difiacutecil manter esta posiccedilatildeo colocar os pecirclos da escova perpendicularmente agrave gengiva e agrave

superfiacutecie do dente

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 12

escovar 2 dentes de cada vez (os correspondentes ao tamanho da cabeccedila da escova) fazendo

aproximadamente 10 movimentos (ou 5 caso sejam crianccedilas ateacute aos 6 anos) nas superfiacutecies

dentaacuterias abarcadas pela escova

comeccedilar a escovagem pela superfiacutecie externa (do lado da bochecha) do dente mais posterior de um

dos maxilares e continuar a escovar ateacute atingir o uacuteltimo dente da extremidade oposta desse

maxilar

com a mesma sequecircncia escovar as superfiacutecies dentaacuterias do lado da liacutengua

proceder do mesmo modo para fazer a escovagem dos dentes do outro maxilar

escovar as superfiacutecies mastigatoacuterias dos dentes com movimentos de vaiveacutem

por fim pode escovar-se a liacutengua

Quando se utiliza uma escova de dentes eleacutectrica segue-se a mesma sequecircncia de escovagem O

movimento da escova eacute feito automaticamente natildeo deve ser feita pressatildeo ou movimentos adicionais

sobre os dentes A escova desloca-se ao longo da arcada escovando um soacute dente de cada vez A

escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluacuteor deve ser feita duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente agrave noite antes de deitar

3 6 Uso do f io den taacute r io A partir do momento em que haacute destreza manual (a partir dos 8 anos) eacute indispensaacutevel o uso do fio ou

fita dentaacuteria que se utiliza da seguinte forma

retirar cerca de 40 cm de fio (ou fita) do porta fio

enrolar a quase totalidade do fio no dedo meacutedio de uma matildeo e uma pequena porccedilatildeo no dedo meacutedio

da outra matildeo deixando entre os dois dedos uma porccedilatildeo de fio com aproximadamente 25 cm

Quando as crianccedilas satildeo mais pequenas pode retirar-se uma porccedilatildeo mais pequena de fio cerca de

30 cm dar um noacute juntando as 2 pontas formando um ciacuterculo com o fio natildeo havendo necessidade

de o enrolar nos dedos Eacute importante utilizar sempre fio limpo em cada espaccedilo interdentaacuterio Os

polegares eou os indicadores ajudam a manuseaacute-lo

introduzir o fio cuidadosamente entre dois dentes e curva-lo agrave volta do dente que se quer limpar

fazendo com que tome a forma de um ldquoCrdquo

executar movimentos curtos horizontais desde o ponto de contacto entre os dentes ateacute ao sulco

gengival em cada uma das faces que delimitam o espaccedilo interdentaacuterio

repetir este procedimento ateacute que todos os espaccedilos interdentaacuterios de todos os dentes estejam

devidamente limpos

O fio dentaacuterio deve ser utilizado uma vez por dia de preferecircncia agrave noite antes de deitar Na escola os

alunos poderatildeo a aprender a utilizar este meio de remoccedilatildeo de placa bacteriana interdentaacuterio sendo

importante envolver os pais no sentido de lhes pedir colaboraccedilatildeo e permitir que as crianccedilas o utilizem

em casa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 13

3 7 Reve lador de p laca bac te r i ana O uso de reveladores de placa bacteriana (em soluto ou em comprimidos mastigaacuteveis) permitem

avaliar a higiene oral e consequentemente melhorar as teacutecnicas de escovagem e de utilizaccedilatildeo do fio

dentaacuterio

A partir dos 6 anos de idade estes produtos podem ser usados para que as crianccedilas visualizem a placa

e mais facilmente compreendam que os seus dentes necessitam de ser cuidadosamente limpos

A eritrosina que tem a propriedade de corar de vermelho a placa bacteriana eacute um dos exemplos de

corantes que se podem utilizar Utiliza-se da seguinte forma

colocar 1 a 2 gotas por baixo da liacutengua ou mastigar um comprimido sem engolir

passar a liacutengua por todas as superfiacutecies dentaacuterias

bochechar com aacutegua

A placa bacteriana corada eacute facilmente removida atraveacutes da escovagem dos dentes e do fio dentaacuterio

Nota Para evitar que os laacutebios fiquem corados de vermelho antes de colocar o corante pode passar

batom creme gordo ou vaselina nos laacutebios

3 8 Bochecho f luore tado A partir dos 6 anos pode ser feito o bochecho quinzenal com fluoreto de soacutedio a 02 na escola da

seguinte forma

agitar a soluccedilatildeo e deitar 10 ml em cada copo e distribui-los

indicar a cada crianccedila para colocar o antebraccedilo no rebordo da mesa

introduzir a soluccedilatildeo na boca sem engolir

repousar a testa no antebraccedilo colocando o copo debaixo da boca

bochechar vigorosamente durante 1 minuto

apoacutes este periacuteodo deve ser cuspida tendo o cuidado de natildeo a engolir

Apoacutes o bochecho a crianccedila deve permanecer 30 minutos sem comer nem beber

39 Iacutendice de placa O Iacutendice de Placa (IP) eacute utilizado para quantificar a placa bacteriana em todas as superfiacutecies dentaacuterias e

reflecte os haacutebitos de higiene oral dos indiviacuteduos avaliados

Assim enquanto que um baixo Iacutendice de Placa poderaacute significar um bom impacto das acccedilotildees de

educaccedilatildeo para a sauacutede em sauacutede oral nomeadamente das relacionadas com a higiene um iacutendice

elevado sugere o contraacuterio

Em programas comunitaacuterios geralmente eacute utilizado o Iacutendice de Placa Simplificado que eacute mais raacutepido

de determinar sendo o resultado final igualmente fiaacutevel

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 14

Para se calcular o Iacutendice de Placa Simplificado eacute necessaacuterio atribuir um valor ao tamanho da placa

bacteriana existente nos seguintes 6 dentes e superfiacutecies predeterminados Maxilar superior

1 Primeiro molar superior direito - Superfiacutecie vestibular

2 Incisivo central superior direito - Superfiacutecie vestibular

3 Primeiro molar superior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

4 Primeiro molar inferior esquerdo - Superfiacutecie lingual

5 Incisivo central inferior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

6 Primeiro molar inferior direito - Superfiacutecie lingual

Para atribuir um valor ao tamanho da placa bacteriana existente em cada uma das su

acima referidas eacute necessaacuterio utilizar o revelador de placa bacteriana para a co

facilitar a sua observaccedilatildeo e respectiva classificaccedilatildeo e registo

A cada uma das superfiacutecies dentaacuterias soacute pode ser atribuiacutedo um dos seguintes valore

Valor 0

Valor 1

Valor 2

Valor 3

rarr Se a superfiacutecie do dente natildeo estaacute corada

rarr Se 13 da superfiacutecie estaacute corado

rarr Se 23 da superfiacutecie estatildeo corados

rarr Se estaacute corada toda a superfiacutecie

Feito o registo da observaccedilatildeo individual verifica-se que o somatoacuterio do conjunto de

poderaacute variar entre 0 (zero) e 18 (dezoito)

Dividindo por 6 (seis) este somatoacuterio obteacutem-se o Iacutendice de Placa Individual

Para determinar o Iacutendice de Placa de um grupo de indiviacuteduos divide-se o som

individuais pelo nuacutemero de indiviacuteduos observados multiplicado por seis (o nuacutemer

nuacutemero de dentes seleccionados por indiviacuteduo)

Assim o Iacutendice de Placa poderaacute variar entre 0 (zero) e 3 (trecircs)

Iacutendice de Placa (IP) = Somatoacuterio da classificaccedilatildeo dada a cada dente

Nordm de indiviacuteduos observados x 6

A sauacutede oral das crianccedilas e adolescentes eacute um grave problema de sauacutede puacuteblica ma

simples como as descritas neste documento executadas pelos proacuteprios eou com

encorajadas pela escola e pelos serviccedilos de sauacutede contribuem decididamente para

oral importantes e implementaccedilatildeo efectiva do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas d

Maxilar inferior

perfiacutecies dentaacuterias

rar e dessa forma

s

valores atribuiacutedos

atoacuterio dos valores

o seis representa o

s que com medidas

ajuda da famiacutelia

ganhos em sauacutede

Sauacutede Oral

e EPSrsquorsquo 15

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

F l u o r e t o s

F u n d a m e n t a ccedil atilde o e R e c o m e n d a ccedil otilde e s d a T a s k F o r c e

Documento produzido pela Task Force constituiacuteda pelo Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr

Ricardo Jorge Direcccedilatildeo-Geral de Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura Faculdade de

Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Medicina Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria

Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa e Porto Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento Instituto Superior de

Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia

Ordem dos Meacutedicos Dentistas Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria Sociedade Portuguesa de

Pediatria e os serviccedilos da DGS Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede Divisatildeo de Sauacutede Ambiental

Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

1 F l u o r e t o s

A evidecircncia cientiacutefica tem demonstrado que as mudanccedilas observadas no padratildeo da doenccedila caacuterie

dentaacuteria ocorrem pela implementaccedilatildeo de programas preventivos e terapecircuticos de acircmbito comunitaacuterio

e por estrateacutegias de acccedilatildeo especiacuteficas dirigidas a grupos de risco com criteriosa utilizaccedilatildeo dos

fluoretos

O fluacuteor eacute o elemento mais electronegativo da tabela perioacutedica e raramente existe isolado sendo por

isso habitualmente referido como fluoreto Na natureza encontra-se sob a forma de um iatildeo (F-) em

associaccedilatildeo com o caacutelcio foacutesforo alumiacutenio e tambeacutem como parte de certos silicatos como o topaacutezio

Normalmente presente nas rochas plantas ar aacuteguas e solos este elemento faz parte da constituiccedilatildeo de

alguns materiais plaacutesticos e pode tambeacutem estar presente na constituiccedilatildeo de alguns fertilizantes

contribuindo desta forma para a sua presenccedila no solo aacutegua e alimentos No solo o conteuacutedo de

fluoretos varia entre 20 e 500 ppm contudo nas camadas mais profundas o seu niacutevel aumenta No ar a

concentraccedilatildeo normal de fluoretos oscila entre 005 e 190microgm3 1

Do fluacuteor que eacute ingerido entre 75 e 90 eacute absorvido por via digestiva sendo a mucosa bucal

responsaacutevel pela absorccedilatildeo de menos de 1 Depois de absorvido passa para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea

sob a forma ioacutenica ou de compostos orgacircnicos lipossoluacuteveis A forma ioacutenica que circula livremente e

natildeo se liga agraves proteiacutenas nem aos componentes plasmaacuteticos nem aos tecidos moles eacute a que vai estar

disponiacutevel para ser absorvida pelos tecidos duros Da quantidade total de fluacuteor presente no organismo

99 encontra-se nos tecidos calcificados Entre 10 e 25 do aporte diaacuterio de fluacuteor natildeo chega a ser

absorvido vindo a ser excretado pelas fezes O fluacuteor absorvido natildeo utilizado (cerca de 50) eacute

eliminado por via renal2

O fluacuteor tem uma grande afinidade com a apatite presente no organismo com a qual cria ligaccedilotildees

fortes que natildeo satildeo irreversiacuteveis Este facto deve-se agrave facilidade com que os radicais hidroxilos da

hidroxiapatite satildeo substituiacutedos pelos iotildees fluacuteor formando fluorapatite No entanto a apatite normal do

ser humano presente no osso e dente mesmo em condiccedilotildees ideais de presenccedila de fluacuteor nunca se

aproxima da composiccedilatildeo da fluorapatite pura

Quando o fluacuteor eacute ingerido passa pela cavidade oral daiacute resultando a deposiccedilatildeo de uma determinada

quantidade nos tecidos e liacutequidos aiacute existentes A mucosa jugal as gengivas a placa bacteriana os

dentes e a saliva vatildeo beneficiar imediatamente de um aporte directo de fluacuteor que pode permitir que a

sua disponibilidade na cavidade oral se prolongue por periacuteodos mais longos Eacute um facto que a presenccedila

de fluacuteor no meio oral independentemente da sua fonte resulta numa acccedilatildeo preventiva e terapecircutica

extremamente importante

Nota 22 mg de fluoreto de soacutedio correspondem a 1 mg de fluacuteor Quando se dilui 1 mg de fluacuteor em um litro de aacutegua pura

considera-se que essa aacutegua passou a ter 1 ppm de fluacuteor

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 2

Considera-se actualmente que os benefiacutecios dos fluoretos resultam basicamente da sua acccedilatildeo toacutepica

sobre a superfiacutecie do dente enquanto a sua acccedilatildeo sisteacutemica (preacute-eruptiva) eacute muito menos importante

A acccedilatildeo preventiva e terapecircutica dos fluoretos eacute conseguida predominantemente pela sua acccedilatildeo toacutepica

quer nas crianccedilas quer nos adultos atraveacutes de trecircs mecanismos diferentes responsaacuteveis pela

bull inibiccedilatildeo do processo de desmineralizaccedilatildeo

bull potenciaccedilatildeo do processo de remineralizaccedilatildeo

bull inibiccedilatildeo da acccedilatildeo da placa bacteriana

O uso racional dos fluoretos na profilaxia da caacuterie dentaacuteria com eficaacutecia e seguranccedila baseia-se no

conhecimento actualizado dos seus mecanismos de acccedilatildeo e da sua toxicologia

Com base na evidecircncia cientiacutefica a estrateacutegia de utilizaccedilatildeo dos fluoretos em sauacutede oral foi redefinida

tendo em conta que a sua acccedilatildeo preventiva eacute predominantemente poacutes-eruptiva e toacutepica e a sua acccedilatildeo

toacutexica com repercussotildees a niacutevel dentaacuterio eacute preacute-eruptiva e sisteacutemica

Estudos epidemioloacutegicos efectuados pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) sobre os efeitos do

fluacuteor na sauacutede humana referem que valores compreendidos entre 1 e 15 ppm natildeo representam risco

acrescido Contudo valores entre 15 e 2 ppm em climas quentes poderatildeo contribuir para a ocorrecircncia

de casos de fluorose dentaacuteria e valores entre 3 a 6 ppm para o aparecimento de fluorose oacutessea

Para a OMS a concentraccedilatildeo oacuteptima de fluoretos na aacutegua quando esta eacute sujeita a fluoretaccedilatildeo deve

estar compreendida entre 05 e 15 ppm de F dependendo este valor da temperatura meacutedia do local

que condiciona a quantidade de aacutegua ingerida nas zonas mais frias o valor maacuteximo pode estar perto

do limite superior nas zonas mais quentes o valor deve estar perto do limite inferior para uma

prevenccedilatildeo eficaz da caacuterie dentaacuteria Para que os riscos de fluorose estejam diminuiacutedos os programas de

fluoretaccedilatildeo das aacuteguas devem obedecer a criteacuterios claramente definidos

Nas regiotildees onde a aacutegua da rede puacuteblica conteacutem menos de 03 ppm (mgl) de fluoretos (situaccedilatildeo mais

frequente em Portugal Continental) a dose profilaacutectica oacuteptima considerando a soma de todas as fontes

de fluoretos eacute de 005mgkgdia3

11 Toxicidade Aguda

Uma intoxicaccedilatildeo aguda pelo fluacuteor eacute uma possibilidade extremamente rara Alguns casos tecircm sido

descritos na literatura Estudos efectuados em roedores e extrapolados para o homem adulto permitem

pensar que a dose letal miacutenima de fluacuteor seja de aproximadamente 2 gramas ou 32 a 64 mgkg de peso

corporal mas para uma crianccedila bastam 15 mgkg de peso corporal 2

A partir da ingestatildeo de doses superiores a 5mgkg de peso corporal considera-se a hipoacutetese de vir a ter

efeitos toacutexicos

As crianccedilas pequenas tecircm um risco acrescido de ingerir doses de fluoretos atraveacutes do consumo de

produtos de higiene oral A ingestatildeo acidental de um quarto de um tubo com dentiacutefrico de 125 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 3

(1500 ppm de Fluacuteor) potildee em risco a vida de uma crianccedila de um ano de idade O risco de ingestatildeo

acidental por crianccedilas eacute real e eacute adjuvado pelo tipo de embalagens destes produtos que natildeo tecircm

dispositivos de seguranccedila para a sua abertura

A toxicidade aguda pelos fluoretos poderaacute manifestar-se por queixas digestivas (dor abdominal

voacutemitos hematemeses e melenas) neuroloacutegicas (tremores convulsotildees tetania deliacuterio lentificaccedilatildeo da

voz) renais (urina turva hematuacuteria) metaboacutelicas (hipocalceacutemia hipomagnesieacutemia hipercalieacutemia)

cardiovasculares (arritmias hipotensatildeo) e respiratoacuterias (depressatildeo respiratoacuteria apneias) 4

12 Toxicidade Croacutenica

A dose total diaacuteria de fluoretos administrados por via sisteacutemica isenta de risco de toxicidade croacutenica

situa-se abaixo de 005 mgkgdia de peso A partir desses valores aumentam as manifestaccedilotildees atraveacutes

do aparecimento de hipomineralizaccedilatildeo do esmalte que se revela por fluorose dentaacuteria Com

concentraccedilotildees acima de 25 ppm na aacutegua esta manifestaccedilatildeo eacute mais evidente sendo tanto mais grave

quanto a concentraccedilatildeo de fluoretos vai aumentando O periacuteodo criacutetico para o efeito toacutexico do fluacuteor se

manifestar sobre a denticcedilatildeo permanente eacute entre o nascimento e os 7 anos de idade (ateacute aos 3 anos eacute o

periacuteodo mais criacutetico) Quando existem fluoretos ateacute 3 ppm na aacutegua aleacutem da fluorose natildeo parece

existir qualquer outro efeito toacutexico na sauacutede A partir deste valor aumenta o risco de nefrotoxicidade

Como qualquer outro medicamento os fluoretos em dose excessiva tecircm efeitos toacutexicos que

normalmente se manifestam atraveacutes de uma interferecircncia na esteacutetica dentaacuteria Essa manifestaccedilatildeo eacute a

fluorose dentaacuteria

Estudos recentes sobre suplementos de fluoretos e fluorose 5 confirmam que as comunidades sem aacutegua

fluoretada e que utilizam suplementos de fluoretos durante os primeiros 6 anos de vida apresentam

um aumento do risco de desenvolver fluorose

O principal factor de risco para o aparecimento de fluorose dentaacuteria eacute o aporte total de fluoretos

provenientes de diferentes fontes nomeadamente da alimentaccedilatildeo incluindo a aacutegua e os suplementos

alimentares dentiacutefricos e soluccedilotildees para bochechos comprimidos e gotas e ingestatildeo acidental que natildeo

satildeo faacuteceis de quantificar

A fluorose dentaacuteria aumentou nos uacuteltimos anos em comunidades com e sem aacutegua fluoretada 6

2 F l u o r e t o s n a aacute g u a

2 1 Aacute g u a d e a b a s t e c i m e n t o p uacute b l i c o

A fluoretaccedilatildeo das aacuteguas para consumo humano como meio de suprir o deacutefice de fluoretos na aacutegua eacute

uma praacutetica comum em alguns paiacuteses como o Brasil Austraacutelia Canadaacute EUA e Nova Zelacircndia

Apesar de serem tatildeo diferentes quer do ponto de vista soacutecioeconoacutemico quer geograacutefico eles detecircm

uma experiecircncia superior a 25 anos neste domiacutenio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 4

Na Europa a maior parte dos paiacuteses natildeo faz fluoretaccedilatildeo das suas aacuteguas para consumo humano agrave

excepccedilatildeo da Irlanda da Suiacuteccedila (Basileia) e de 10 da populaccedilatildeo do Reino Unido Na Alemanha eacute

proibido e nos restantes paiacuteses eacute desaconselhado

Nos paiacuteses em que se faz fluoretaccedilatildeo da aacutegua alguns estudos demonstraram natildeo ter existido um ganho

efectivo na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria No entanto outros como a Austraacutelia no Estado de Victoacuteria

onde a fluoretaccedilatildeo da aacutegua se faz regularmente observaram-se ganhos efectivos na sauacutede oral da

populaccedilatildeo com consequentes ganhos econoacutemicos

Recomendaccedilatildeo Eacute indispensaacutevel avaliar a qualidade das aacuteguas de abastecimento puacuteblico periodicamente e corrigir os

paracircmetros alterados

Na aacutegua os valores das concentraccedilotildees de fluoretos estatildeo compreendidas entre 01 a 07 ppm Contudo

em alguns casos podem apresentar valores muito mais elevados

Quando a aacutegua apresenta valores de ph superiores a 8 e o iatildeo soacutedio e os carbonatos satildeo dominantes os

valores de fluoretos normalmente presentes excedem 1 ppm

Nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica os fluoretos podem existir naturalmente ou resultar de um

programa de fluoretaccedilatildeo Em Portugal Continental os valores satildeo normalmente baixos e as aacuteguas natildeo

estatildeo sujeitas a fluoretaccedilatildeo artificial O teor de fluoretos deveraacute ser controlado regularmente de modo

a preservar os interesses da sauacutede puacuteblica 7

Na definiccedilatildeo de um valor guia para a aacutegua de consumo humano a OMS propotildee o valor limite de 15

ppm de Fluacuteor referindo que valores superiores podem contribuir para o aumento do risco de fluorose

A Agecircncia Americana para o Ambiente (USEPA) refere um valor maacuteximo admissiacutevel de fluoretos na

aacutegua de consumo humano de 15 ppm e recomenda que nunca se ultrapasse os 4 ppm

Em Portugal a legislaccedilatildeo actualmente em vigor sobre a qualidade da aacutegua para consumo humano

decreto-lei nordm 23698 de 1 de Agosto define dois Valores Maacuteximos Admissiacuteveis (VMA) para os

fluoretos 15 ppm (8 a 12 ordmC) e 07 ppm (25 a 30 ordmC) O decreto-lei nordm 2432001 de 5 de Setembro

que transpotildee a Directiva Comunitaacuteria nordm 9883CE de 3 de Novembro que entrou em vigor em 25 de

Dezembro de 2003 define para os fluoretos um Valor Parameacutetrico (VP) de 15 ppm

O decreto-lei nordm 24301 remete para a Entidade Gestora a verificaccedilatildeo da conformidade dos valores

parameacutetricos obrigatoacuterios aplicaacuteveis agrave aacutegua para consumo humano Sempre que um valor parameacutetrico

eacute excedido isso corresponde a uma situaccedilatildeo de incumprimento e perante esta situaccedilatildeo a entidade

gestora deve de imediato informar a autoridade de sauacutede e a entidade competente dando conta das

medidas correctoras adoptadas ou em curso para restabelecer a qualidade da aacutegua destinada a consumo

humano

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 5

Deve ter-se em atenccedilatildeo o desvio em relaccedilatildeo ao valor parameacutetrico fixado e o perigo potencial para a

sauacutede humana

Segundo o decreto-lei supra mencionado artigo 9ordm compete agraves autoridades de sauacutede a vigilacircncia

sanitaacuteria e a avaliaccedilatildeo do risco para a sauacutede puacuteblica da qualidade da aacutegua destinada ao consumo

humano Sempre que o risco exista e o incumprimento persistir a autoridade de sauacutede deve informar e

aconselhar os consumidores afectados e determinar a proibiccedilatildeo de abastecimento restringir a

utilizaccedilatildeo da aacutegua que constitua um perigo potencial para a sauacutede humana e adoptar todas as medidas

necessaacuterias para proteger a sauacutede humana

Nos Accedilores e na Madeira ou em zonas onde o teor de fluoretos na aacutegua eacute muito elevado deveraacute ser

feita uma verificaccedilatildeo da constante e a correcccedilatildeo adequada

Os principais tratamentos de desfluoretaccedilatildeo envolvem a floculaccedilatildeo da aacutegua usando sais hidratados de

alumiacutenio principalmente em condiccedilotildees alcalinas No caso de aacuteguas aacutecidas pode-se adicionar cal e

alternativamente pode-se recorrer agrave adsorccedilatildeo com carvatildeo activado ou alumina activada ( Al2O3 ) ou

por permuta ioacutenica usando resinas especiacuteficas

Recomendaccedilatildeo Ateacute aos 6-7 anos as crianccedilas natildeo devem ingerir regularmente aacutegua com teor de fluoretos superior a 07 ppm

Recomendaccedilatildeo Sempre que o valor parameacutetrico dos fluoretos na aacutegua para consumo humano exceder 15 ppm deveratildeo ser aplicadas

medidas correctoras para restabelecer a qualidade da aacutegua

2 2 Aacute g u a s m i n e r a i s n a t u r a i s e n g a r r a f a d a s

As aacuteguas minerais naturais engarrafadas deveratildeo no futuro ter rotulagem de acordo com a Directiva

Comunitaacuteria 200340CE da Comissatildeo Europeia de 16 de Maio publicada no Jornal Oficial da Uniatildeo

Europeia em 2252003 artigo 4ordm laquo1 As aacuteguas minerais naturais cuja concentraccedilatildeo em fluacuteor for

superior a 15 mgl (ppm) devem ostentar no roacutetulo a menccedilatildeo lsquoconteacutem mais de 15 mgl (ppm) de

fluacuteor natildeo eacute adequado o seu consumo regular por lactentes nem por crianccedilas com menos de 7 anosrsquo

2 No roacutetulo a menccedilatildeo prevista no nordm 1 deve figurar na proximidade imediata da denominaccedilatildeo de

venda e em caracteres claramente visiacuteveis 3

As aacuteguas minerais naturais que em aplicaccedilatildeo do nordm 1 tiverem de ostentar uma menccedilatildeo no roacutetulo

devem incluir a indicaccedilatildeo do teor real em fluacuteor a niacutevel da composiccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica em constituintes

caracteriacutesticos tal como previsto no nordm 2 aliacutenea a) do artigo 7ordm da Directiva 80777CEEraquo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 6

Para as aacuteguas de nascente cujas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas satildeo definidas pelo Decreto-lei

2432001 de 5 de Setembro em vigor desde Dezembro de 2003 os limites para o teor de fluoretos satildeo

de 15 mgl (ppm)

De acordo com o parecer do Scientific Committee on Food - Comiteacute Cientiacutefico de Alimentaccedilatildeo

Humana (expresso em Dezembro de 1996) a Comissatildeo natildeo vecirc razotildees para nos climas da Uniatildeo

Europeia (climas temperados) limitar os fluoretos nas aacuteguas de consumo humano e nas aacuteguas minerais

naturais para valores inferiores a 15mgl (ppm)

3 F l u o r e t o s n o s g eacute n e r o s a l i m e n t iacute c i o s

Entende-se por lsquogeacutenero alimentiacuteciorsquo qualquer substacircncia ou produto transformado parcialmente

transformado ou natildeo transformado destinado a ser ingerido pelo ser humano ou com razoaacuteveis

probabilidades de o ser Este termo abrange bebidas pastilhas elaacutesticas e todas as substacircncias

incluindo a aacutegua intencionalmente incorporadas nos geacuteneros alimentiacutecios durante o seu fabrico

preparaccedilatildeo ou tratamento8 9

Na alimentaccedilatildeo as estimativas de ingestatildeo de fluacuteor atraveacutes da dieta variam entre 02 e 34 mgdia

sendo estes uacuteltimos valores atingidos quando se inclui o chaacute na alimentaccedilatildeo A ingestatildeo de fluoretos

provenientes dos alimentos comuns eacute pouco significativa Apenas 13 se apresentam na forma

ionizaacutevel e portanto biodisponiacutevel

Recomendaccedilatildeo Independentemente da origem ao utilizar aacutegua informe-se sobre o seu teor em fluoretos As que tecircm um elevado teor

deste elemento natildeo satildeo adequadas para lactentes e crianccedilas com menos de 7 anos

Recomendaccedilatildeo Dar prioridade a uma dieta equilibrada e saudaacutevel com diversidade alimentar Utilizar a aacutegua da cozedura dos

alimentos para confeccionar outros alimentos (ex sopas arroz)

No iniacutecio do ano de 2003 a Comissatildeo Europeia apresentou uma nova proposta de Directiva

Comunitaacuteria relativa agrave ldquoAdiccedilatildeo aos geacuteneros alimentiacutecios de vitaminas minerais e outras substacircnciasrdquo

onde os fluoretos satildeo referidos como podendo ser adicionados a geacuteneros alimentiacutecios comuns Nesta

proposta de Directiva Comunitaacuteria eacute sugerida a inclusatildeo de determinados nutrimentos (entre eles o

fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de geacuteneros alimentiacutecios comuns Esta proposta

prevista no Livro Branco da Comissatildeo ainda estaacute numa fase inicial de discussatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 7

4 F l u o r e t o s e m s u p l e m e n t o a l i m e n t a r

Entende-se por lsquosuplementos alimentaresrsquo geacuteneros alimentiacutecios que se destinam a complementar e ou

suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas

substacircncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisioloacutegico estremes ou combinados

comercializados em forma doseada tais como caacutepsulas pastilhas comprimidos piacutelulas e outras

formas semelhantes saquetas de poacute ampola de liacutequido frascos com conta gotas e outras formas

similares de liacutequido ou poacute que se destinam a ser tomados em unidades medidas de quantidade

reduzida10

A Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002

transposta para o direito nacional pelo Decreto-lei nordm 1362003 de 28 de Junho relativa agrave aproximaccedilatildeo

das legislaccedilotildees dos Estados-Membros respeitantes aos suplementos alimentares vai permitir a inclusatildeo

de determinados nutrimentos (entre eles o fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de

suplementos alimentares11

A partir de 28 de Agosto de 2003 os fluoretos poderatildeo ser comercializados como suplemento

alimentar passando a estar disponiacutevel em farmaacutecias e superfiacutecies comerciais

As quantidades maacuteximas de vitaminas e minerais presentes nos suplementos alimentares satildeo fixadas

em funccedilatildeo da toma diaacuteria recomendada pelo fabricante tendo em conta os seguintes elementos

a) limites superiores de seguranccedila estabelecidos para as vitaminas e os minerais apoacutes uma

avaliaccedilatildeo dos riscos efectuada com base em dados cientiacuteficos geralmente aceites tendo em

conta quando for caso disso os diversos graus de sensibilidade dos diferentes grupos de

consumidores

b) quantidade de vitaminas e minerais ingerida atraveacutes de outras fontes alimentares

c) doses de referecircncia de vitaminas e minerais para a populaccedilatildeo

Recomendaccedilatildeo Nunca ultrapassar a toma indicada no roacutetulo do produto e natildeo utilizar um suplemento alimentar como substituto de um

regime alimentar variado

As quantidades maacuteximas e miacutenimas de vitaminas e minerais referidas seratildeo adoptadas pela Comissatildeo

Europeia assistida pelo Comiteacute de Regulamentaccedilatildeo

Em Portugal a Agecircncia para a Qualidade e Seguranccedila Alimentar viraacute a ter informaccedilatildeo sobre todos os

suplementos alimentares comercializados como geacuteneros alimentiacutecios e introduzidos no mercado de

acordo com o Decreto-lei nordm 1362003

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 8

A rotulagem dos suplementos alimentares natildeo poderaacute mencionar nem fazer qualquer referecircncia a

prevenccedilatildeo tratamento ou cura de doenccedilas humanas e deveraacute indicar uma advertecircncia de que os

produtos devem ser guardados fora do alcance das crianccedilas

5 F luore tos em med icamentos e p rodutos cosmeacutet icos de h ig iene corpora l

A distinccedilatildeo entre Medicamento e Produto Cosmeacutetico de Higiene Corporal contendo fluoretos depende

do seu teor no produto Os cosmeacuteticos contecircm obrigatoriamente uma concentraccedilatildeo de fluoretos inferior

a 015 (1500 ppm) (Decreto-lei 1002001 de 28 de Marccedilo I Seacuterie A) sendo que todos os dentiacutefricos

com concentraccedilotildees de fluoretos superior a 015 satildeo obrigatoriamente classificados como

medicamentos

Os medicamentos contendo fluoretos e utilizados para a profilaxia da caacuterie dentaacuteria existentes no

mercado portuguecircs satildeo de venda livre em farmaacutecia Encontram-se disponiacuteveis nas formas

farmacecircuticas de soluccedilatildeo oral (gotas orais) comprimidos dentiacutefricos gel dentaacuterio e soluccedilatildeo de

bochecho

5 1 F l u o r e t o s e m c o m p r i m i d o s e g o t a s o r a i s

A utilizaccedilatildeo de medicamentos contendo fluoretos na forma de gotas orais e comprimidos foi ateacute haacute

pouco recomendada pelos profissionais de sauacutede (pediatras meacutedicos de famiacutelia cliacutenicos gerais

meacutedicos estomatologistas meacutedicos dentistas) dos 6 meses ateacute aos 16 anos

A clarificaccedilatildeo do mecanismo de acccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria e o aumento de

aporte dos mesmos com consequentes riscos de manifestaccedilatildeo toacutexica obrigaram agrave revisatildeo da sua

administraccedilatildeo em comprimidos eou gotas A gravidade da fluorose dentaacuteria estaacute relacionada com a

dose a duraccedilatildeo e com a idade em que ocorre a exposiccedilatildeo ao fluacuteor 12 13

A ldquoCanadian Consensus Conference on the Appropriate Use of Fluoride Supplements for the

Prevention of Dental Caries in Childrenrdquo 14definiu um protocolo cuja utilizaccedilatildeo eacute recomendada a

profissionais de sauacutede em que se fundamenta a tomada de decisatildeo sobre a necessidade ou natildeo da

suplementaccedilatildeo de fluacuteor A administraccedilatildeo de comprimidos soacute eacute recomendada quando o teor de fluoretos

na aacutegua de abastecimento puacuteblico for inferior a 03 ppm e

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) natildeo escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas

vezes por dia

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas vezes

por dia mas apresenta um alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 9

Por sua vez a conclusatildeo do laquoForum on Fluoridation 2002raquo15 relativamente agrave administraccedilatildeo de

suplementos de fluoretos foi a seguinte limitar a utilizaccedilatildeo de comprimidos de fluoretos a aacutereas onde

natildeo existe aacutegua fluoretada e iniciar essa suplementaccedilatildeo apenas a crianccedilas com alto risco agrave caacuterie e a

partir dos 3 anos

Os comprimidos de fluoretos caso sejam indicados devem ser usados pelo interesse da sua acccedilatildeo

toacutepica Devem ser dissolvidos na boca em vez de imediatamente ingeridos16

A administraccedilatildeo de fluoretos sob a forma de comprimidos chupados soacute deveraacute ser efectuada em

situaccedilotildees excepcionais isto eacute em populaccedilotildees de baixos recursos econoacutemicos nas quais a escovagem

natildeo possa ser promovida e os iacutendices de caacuterie sejam elevados

Para evitar a potencial toxicidade dos fluoretos antes de qualquer prescriccedilatildeo todos os profissionais de

sauacutede devem efectuar uma avaliaccedilatildeo personalizada dos aportes diaacuterios de cada crianccedila tendo em conta

todas as fontes possiacuteveis desse elemento alimentos comuns suplementos alimentares consumo de

aacutegua da rede puacuteblica eou aacutegua engarrafada e respectivo teor de fluoretos e utilizaccedilatildeo de medicamentos

e produtos cosmeacuteticos contendo fluacuteor

Recomendaccedilatildeo A partir dos 3 anos os suplementos sisteacutemicos de fluoretos poderatildeo ser prescritos pelo meacutedico assistente ou meacutedico dentista em crianccedilas que apresentem um alto risco

agrave caacuterie dentaacuteria

5 2 F l u o r e t o s e m d e n t iacute f r i c o s

Hoje em dia a maior parte dos dentiacutefricos agrave venda no mercado contecircm fluoretos sob diferentes formas

fluoreto de soacutedio monofluorfosfato de soacutedio fluoreto de amina e outros Os mais utilizados satildeo o

fluoreto de soacutedio e o monofluorfosfato de soacutedio

Normalmente o conteuacutedo de fluoreto dos dentiacutefricos eacute de 1000 a 1100 ppm (ou 010 a 011)

podendo variar entre 500 e 1500 ppm

Durante a escovagem cerca de 34 da pasta eacute ingerida por crianccedilas de 3 anos 28 pelas de 4-5 anos

e 20 pelas de 5-7 anos

Devem ser evitados dentiacutefricos com sabor a fruta para impedir o seu consumo em excesso uma vez

que estatildeo jaacute descritos na literatura casos de fluorose resultantes do abuso de dentiacutefricos2

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluoretos duas vezes por dia tem-se revelado um

meio colectivo de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria com grande efectividade e baixo custo pelo que deve

ser considerado o meio de eleiccedilatildeo em estrateacutegias comunitaacuterias

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 10

Do ponto de vista da prevenccedilatildeo da caacuterie a aplicaccedilatildeo toacutepica de dentiacutefrico fluoretado com a escova dos

dentes deve ser executada duas vezes por dia e deve iniciar-se quando se daacute a erupccedilatildeo dos dentes Esta

rotina diaacuteria de higiene executada naturalmente com muito cuidado pelos pais deve

progressivamente ser assumida pela crianccedila ateacute aos 6-8 anos de idade Durante este periacuteodo a

escovagem deve ser sempre vigiada pelos pais ou educadores consoante as circunstacircncias para evitar

a utilizaccedilatildeo de quantidades excessivas de dentiacutefrico o qual pode da mesma forma que os

comprimidos conduzir antes dos 6 anos agrave ocorrecircncia de fluorose

As crianccedilas devem usar dentiacutefrico com teor de fluoretos entre 1000-1500 ppm de fluoreto (dentiacutefrico

de adulto) sendo a quantidade a utilizar do tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

Apoacutes a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado pode-se natildeo bochechar com aacutegua Deveraacute

apenas cuspir-se o excesso de pasta Deste modo consegue-se uma mais alta concentraccedilatildeo de fluoreto

na cavidade oral que vai actuar topicamente durante mais tempo

Os pais das crianccedilas devem receber informaccedilatildeo sobre a escovagem dentaacuteria e o uso de dentiacutefricos

fluoretados A escovagem com dentiacutefrico fluoretado deve iniciar-se imediatamente apoacutes a erupccedilatildeo dos

primeiros dentes Os dentiacutefricos fluoretados devem ser guardados em locais inacessiacuteveis agraves crianccedilas

pequenas17

5 3 F l u o r e t o s e m s o l u ccedil otilde e s d e b o c h e c h o

As soluccedilotildees para bochechos recomendadas a partir dos 6 anos de idade tecircm sido utilizadas em

programas escolares de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria em inuacutemeros paiacuteses incluindo Portugal Satildeo

recomendadas a indiviacuteduos de maior risco agrave caacuterie dentaacuteria mas a sua utilizaccedilatildeo tem vido a ser

restringida a crianccedilas que escovam eficazmente os dentes

Recomendaccedilatildeo Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Recomendaccedilatildeo A partir dos 6 anos de idade deve ser feito o bochecho quinzenalmente com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

02

As soluccedilotildees fluoretadas de uso diaacuterio habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

005 e as de uso semanal ou quinzenal habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de 02

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 11

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 12

Referecircncias

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1 Almeida CM Sugestotildees para a Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2002 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e na Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa

2 Rompante P Fundamentos para a alteraccedilatildeo do Programa de Sauacutede Oral da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Documento realizado no acircmbito da Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2003 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e no Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede ndash Norte

3 Rompante P Determinaccedilatildeo da quantidade do elemento fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento puacuteblico na totalidade das sedes de concelho de Portugal Continental Porto Faculdade de Odontologia da Universidade de Barcelona 2002 Tese de Doutoramento

4 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in Children at High Caries Risk SIGN Publication 2000 47

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Page 27: Direcção-Geral da SaúdePrograma será complementado, sempre que oportuno, por orientações técnicas a emitir por esta Direcção-Geral. O Director-Geral e Alto Comissário da

ser levadas agrave praacutetica com ecircxito Seraacute preferiacutevel concretizar algumas tarefas que nenhumas assim

como seraacute melhor realizar bem poucas tarefas do que muitas ou todas de forma deficiente

Frequentemente existe um diferencial de conhecimentos sobre estas aacutereas entre os teacutecnicos de

educaccedilatildeo e os de sauacutede Para evitar problemas eacute imperioso que os teacutecnicos de educaccedilatildeo sejam

parceiros em igualdade de circunstacircncia e natildeo sintam que tecircm um papel secundaacuterio no projecto ou

meros executores de tarefas

A eventual deacutecalage de conhecimentos sobre sauacutede oral pode ser compensado utilizando estrateacutegias de

trabalho em equipa natildeo assumindo os teacutecnicos de sauacutede papel de liacutederes do processo nem de

detentores da informaccedilatildeo cientiacutefica As teacutecnicas de trabalho em equipa devem implicam a partilha de

tarefas e lideranccedila natildeo assumindo o programa uma dimensatildeo vertical e impositiva por parte da sauacutede

As mensagens chave do programa seratildeo discutidas por todos os intervenientes Eacute muito importante que

sejam claras nos conteuacutedos e assumidas por toda a equipa em todas as situaccedilotildees de modo a tornar as

intervenccedilotildees coerentes com os objectivos do programa

Como cada comunidade e cada escola tecircm caracteriacutesticas proacuteprias o programa as actividades e o

trabalho interdisciplinar em equipa seratildeo adequados agraves condiccedilotildees objectivas e subjectivas de todos os

intervenientes o que pode tornar necessaacuterio fazer adaptaccedilotildees agrave aplicaccedilatildeo do mesmo O mesmo se

passa em relaccedilatildeo agraves mensagens que necessitam ser adaptadas a cada situaccedilatildeo e a cada contexto

Em relaccedilatildeo agrave Educaccedilatildeo para a Sauacutede a procura de soluccedilotildees para as situaccedilotildees decorrentes da

implementaccedilatildeo do programa como a sensibilizaccedilatildeo dos parceiros e a eliminaccedilatildeo de obstaacuteculos satildeo

uma das tarefas centrais dos programas e natildeo devem ser subestimadas pelos teacutecnicos de sauacutede pois

delas depende muita da eficaacutecia do projecto

A educaccedilatildeo alimentar eacute uma das vertentes centrais do programa pelo que eacute necessaacuterio sensibilizar os

professores para aspectos da vida escolar que podem afectar a sauacutede oral dos alunos como as ementas

escolares existentes no refeitoacuterio e o tipo de alimentos disponibilizado no bar

221 Componente praacutetica

Uma primeira tarefa do programa na escola seraacute a sensibilizaccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo para a

importacircncia do mesmo A explicitaccedilatildeo teoacuterica resumida dos pressupostos cientiacuteficos que legitimam a

alteraccedilatildeo do programa eacute um instrumento facilitador

Fundamental explicar as razotildees que tornam a escovagem como um actividade central do programa e

os inconvenientes de se darem suplementos de fluacuteor de forma generalizada Seremos especialmente

eficazes se nos disponibilizarmos para responder agraves questotildees e duacutevidas que os professores possam ter

Esta eacute com certeza tambeacutem uma maneira de aprofundarmos o diagnoacutestico da situaccedilatildeo e de podermos

contribuir para remover os obstaacuteculos detectados

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 5

Uma segunda tarefa consistiraacute em operacionalizar o programa com os professores de modo a construi-

lo conjuntamente As diversas tarefas devem ser planeadas e avaliadas continuamente para se fazerem

as alteraccedilotildees consideradas necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar do programa

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo e a escovagem

O Programa Nacional de Sauacutede Oral propotildee algumas alteraccedilotildees que podemos considerar profundas e

de ruptura em relaccedilatildeo ao programa anterior como sejam a aplicaccedilatildeo restrita dos suplementos

sisteacutemicos de fluoretos e a escovagem duas vezes ao dia com um dentiacutefrico fluoretado como principal

medida para uma boa sauacutede oral Estas directrizes derivam do consenso dos peritos de Sauacutede Oral

reunidos na task force coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

Eacute faacutecil de compreender que organizar a escovagem dos dentes dos alunos eacute mais trabalhoso que dar-

lhes um comprimido de fluacuteor ou ateacute do que fazer o bochecho com uma soluccedilatildeo fluoretada Para sermos

bem sucedidos seraacute fundamental actuar de forma cautelosa respeitando as caracteriacutesticas das pessoas e

os contextos em presenccedila

Como sabemos eacute difiacutecil quebrar rotinas e o programa vai implicar mais trabalho para os professores e

disponibilizaccedilatildeo de tempo para os pais e professores A adopccedilatildeo pelos Jardins de infacircncia e Escolas da

escovagem dos dentes dos alunos pelo menos uma vez dia como factor central do programa vai

possivelmente encontrar algumas resistecircncias por parte dos educadores de infacircncia e professores que

importa ir resolvendo de forma progressiva e de acordo com as dificuldades reais encontradas Estas

dificuldades podem estar relacionadas com a deficiecircncia de instalaccedilotildees ou outras mas estaraacute com

frequecircncia tambeacutem muito relacionada com aspectos psicossociais de resistecircncia agrave mudanccedila de rotinas

instaladas e com vaacuterios anos

Uma das estrateacutegias primordiais para este programa ser bem sucedido passa pela resoluccedilatildeo dos

obstaacuteculos referidos pelos teacutecnicos de educaccedilatildeo relativamente agrave escovagem nomeadamente

a possibilidade de as crianccedilas usarem as escovas de colegas podendo haver transmissatildeo de doenccedilas

como a hepatite ou outras

a ausecircncia de um local apropriado para a escovagem

a confusatildeo que a escovagem iraacute causar com eventuais situaccedilotildees de indisciplina

a dificuldade de vigiar todos os alunos durante a escovagem com a consequente possibilidade de

alguns especialmente se mais novos poderem engolir dentiacutefrico

existirem alguns alunos que devido a carecircncias econoacutemicas ou desconhecimento dos pais tecircm

escovas jaacute muito deterioradas podendo ser alvo de troccedila e humilhaccedilatildeo por parte dos colegas ou

sentindo-se os professores na necessidade de fazerem algo mas natildeo terem possibilidade de

substituiacuterem as escovas

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Estes e outros argumentos poderatildeo ser reais ou apenas formas de encontrar justificaccedilotildees para natildeo

alterar rotinas no entanto eacute fundamental analisar cada situaccedilatildeo e encontrar a forma adequada de actuar

o que implica procurar em conjunto a resoluccedilatildeo do problema natildeo desvalorizando a perspectiva do

teacutecnico de educaccedilatildeo mesmo que do ponto de vista da sauacutede nos pareccedila oacutebvia a resistecircncia agrave mudanccedila e

a sua soluccedilatildeo

Se natildeo conseguirmos sensibilizar os profissionais de educaccedilatildeo para a importacircncia da escovagem e nos

limitarmos a contra-argumentar com os nossos dados e a nossa cientificidade facilmente iratildeo

encontrar outros argumentos Eacute preciso compreender que o que estaacute em causa natildeo satildeo as dificuldades

objectivas mas outro tipo de razotildees mais ou menos subjectivas relacionadas com as condiccedilotildees locais

e de contexto como por exemplo o facto de alguns professores considerarem que natildeo eacute da sua

competecircncia promover a escovagem dos dentes dos seus alunos A interacccedilatildeo pais-professores eacute

constante e pode potenciar grandemente o programa

23 Terceira vertente ndash os pais

Os pais satildeo tambeacutem intervenientes fundamentais nos programas de sauacutede oral e eacute fundamental que

sejam englobados na equipa de projecto enquanto parceiros activos na programaccedilatildeo de actividades de

modo a poder resolver-se eventuais resistecircncias que inclusive podem ser desconhecidas dos teacutecnicos e

serem devidas a idiossincracias micro-culturais Todas as estrateacutegias que sensibilizem os pais para as

medidas que se preconizam satildeo importantes Eacute fundamental que o programa seja ldquocontinuadordquo e

reforccedilado em casa e natildeo pelo contraacuterio descredibilizado pelas praacuteticas domeacutesticas

Em relaccedilatildeo aos pais os factores emocionais satildeo centrais na sua relaccedilatildeo com os filhos e com as escolhas

comportamentais quotidianas Transmitir informaccedilatildeo de forma essencialmente cognitiva por exemplo

laquonatildeo decirc lsquoBolosrsquo aos seus filhos porque satildeo alimentos que podem contribuir para o aparecimento de

caacuterie nos dentes e provocar obesidaderaquo tem muitas possibilidades de provocar efeitos perversos

negativos como seja a culpabilizaccedilatildeo dos pais e a resistecircncia agrave mudanccedila de comportamentos

Com frequecircncia os doces satildeo uma forma de dar afecto ou premiar os filhos ou ateacute servir como

substituto da impossibilidade dos pais estarem mais tempo com os filhos situaccedilatildeo que natildeo eacute com

frequecircncia consciente para os pais Os padrotildees comportamentais dos pais obedecem a inuacutemeras

componentes e soacute actuando sobre cada uma delas se conseguem resultados nas mudanccedilas de

comportamentos

Fornecer apenas informaccedilatildeo pode natildeo soacute natildeo provocar alteraccedilotildees comportamentais como criar ou

aumentar as resistecircncias agrave mudanccedila Eacute preciso adequar a informaccedilatildeo agraves diversas situaccedilotildees

caracterizando-as primeiro valorizando as componentes emocionais relacionais e contextuais dos

comportamentos natildeo culpabilizando os pais (porque isso provoca resistecircncias agrave mudanccedila natildeo soacute em

relaccedilatildeo a este programa mas a futuras intervenccedilotildees) e encontrando formas alternativas de resolver estas

situaccedilotildees utilizando soluccedilotildees que provoquem emoccedilotildees positivas em todos os intervenientes E dessa

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forma eacute possiacutevel ser-se eficaz respeitando os universos relacionais das famiacutelias e evitando efeitos

comportamentais paradoxais ou seja por reacccedilatildeo agrave informaccedilatildeo que os culpabiliza os pais

dessensibilizam das nossas indicaccedilotildees agravando e aumentando as praacuteticas que se desaconselham

Eacute esta uma das razotildees porque eacute tatildeo difiacutecil atingir os grupos populacionais que exactamente mais

precisavam de ser abrangido pelos programas de prevenccedilatildeo da doenccedila e promoccedilatildeo da sauacutede

Para aleacutem de se conhecerem as praacuteticas alimentares e de higiene oral que as crianccedilas e adolescentes

tecircm em casa eacute importante caracterizar as razotildees desses procedimentos Referimo-nos aos aspectos

individuais familiares culturais e contextuais Se queremos actuar sobre comportamentos eacute

fundamental conhecer as atitudes crenccedilas preconceitos estereoacutetipos e representaccedilotildees sociais que se

relacionam com as praacuteticas das famiacutelias as quais variam de famiacutelia para famiacutelia

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo podem ser colaboradores preciosos para esta caracterizaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo aos pais podemos resumir os aspectos a valorizar

Inclui-los nos diversos passos do programa

sensibiliza-los para a importacircncia da sauacutede oral respeitando os seus universos familiares e

culturais

dar suporte continuado agrave mudanccedila de comportamentos e de todos os factores que lhe estatildeo

associados

24 Quarta vertente ndash as crianccedilas

As crianccedilas e os adolescentes satildeo o principal puacuteblico-alvo do programa de sauacutede oral Sensibilizaacute-los

para as praacuteticas alimentares e de higiene oral que os peritos consideram actualmente adequadas eacute o

nosso objectivo

Como jaacute foi referido anteriormente eacute necessaacuterio ser cuidadoso na forma de comunicar com as crianccedilas

e adolescentes natildeo criticando directa ou indirectamente os conhecimentos e as praacuteticas aconselhadas

ou consentidas por pais e professores com quem eles convivem directamente e que satildeo dos principais

influenciadores dos seus comportamentos satildeo os seus modelos e constituem o seu universo de afectos

Criar clivagem na relaccedilatildeo cognitiva afectiva e emocional entre pais ou professores e crianccedilas e

adolescentes eacute algo que devemos ter sempre presente e evitar

As estrateacutegias de trabalho com as crianccedilas deveratildeo ser adaptadas agrave sua maturidade psico-cognitiva e

contexto socio-cultural Para que as actividades sejam luacutedicas e criativas adequadas agraves idades e outras

caracteriacutesticas das crianccedilas e adolescentes a contribuiccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo eacute com certeza

fundamental

Eacute muito importante ter em conta alguns aspectos educativos relativamente agrave mudanccedila de

comportamentos A participaccedilatildeo activa das crianccedilas na formulaccedilatildeo dessas actividades torna mais

eficazes os efeitos pretendidos

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Pela dificuldade em mudar comportamentos principalmente de forma estaacutevel eacute aconselhaacutevel adequar

os objectivos agraves realidades Seraacute preferiacutevel actuar sobre um ou dois comportamentos sobre os quais a

caracterizaccedilatildeo inicial nos permitiu depreender que seraacute possiacutevel obtermos resultados positivos em vez

de tentar actuar sobre todos os comportamentos que desejariacuteamos alterar natildeo conseguindo alterar

nenhum deles Naturalmente estas escolhas seratildeo feitas cientificamente segundo o que a Educaccedilatildeo para

a Sauacutede preconiza nas vertentes relacionadas com as ciecircncias comportamentais (sociais e humanas)

Outro aspecto fundamental eacute a continuidade na acccedilatildeo A eficaacutecia seraacute tanto maior quanto mais

continuadas forem as actividades dando suporte agrave mudanccedila comportamental e reforccedilo agrave sua

manutenccedilatildeo A continuidade da acccedilatildeo permite conhecer melhor as situaccedilotildees os obstaacuteculos e as formas

de os remover pois cada caso eacute um caso e generalizar diminui grandemente a eficaacutecia

Deve ser dada uma atenccedilatildeo especial agraves crianccedilas com Necessidades de Sauacutede Especiais desfavorecidas

socialmente (porque vivem em bairros degradados com poucos recursos econoacutemicos pertencem a

minorias eacutetnicas ou satildeo emigrantes) ou que natildeo frequentam a escola utilizando estrateacutegias especificas

adequadas agraves suas dificuldades

25 Quinta vertente ndash a comunidade

Para os programas de Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutede a componente comunitaacuteria eacute fundamental A

participaccedilatildeo e contribuiccedilatildeo dos vaacuterios sectores da comunidade podem ser potenciadores do trabalho a

desenvolver

Dependendo das situaccedilotildees locais a Autarquia as IPSS e as ONGrsquos entre outras podem ser parceiros

de enorme valia para o desenvolvimento do programa Para isso temos que sensibilizar os liacutederes

locais para a importacircncia da sauacutede oral e do programa que se pretende incrementar explicitando como

com pequenos custos podemos obter ganhos em sauacutede a meacutedio e longo prazo

As instituiccedilotildees que organizam actividades para crianccedilas e adolescentes como os ATLrsquos associaccedilotildees

culturais desportivas e religiosas podem ser excelentes parceiros para o desenvolvimento das

actividades dependendo das caracteriacutesticas da comunidade onde se aplica o programa Os grupos de

teatro satildeo tambeacutem um excelente recurso para integrarem as actividades com as crianccedilas e os

adolescentes

26 Sexta vertente ndash os meios de comunicaccedilatildeo social

Os meios de comunicaccedilatildeo social locais e regionais se forem utilizados apropriadamente podem ser

parceiros potenciadores das actividades que se pretendem desenvolver

Mas com frequecircncia os teacutecnicos de sauacutede encontram dificuldades na relaccedilatildeo com os profissionais da

comunicaccedilatildeo social considerando que estes natildeo satildeo sensiacuteveis agraves nossas preocupaccedilotildees com a prevenccedilatildeo

da doenccedila e da promoccedilatildeo da sauacutede

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Os media tecircm uma linguagem e podemos dizer uma filosofia proacuteprias que com frequecircncia natildeo satildeo

coincidentes com as nossas eacute por essa razatildeo necessaacuterio que os teacutecnicos de sauacutede se adaptem e se

possiacutevel se aperfeiccediloem na linguagem dos meacutedia Se natildeo utilizarmos adequadamente os meios de

comunicaccedilatildeo social estes podem ter um efeito contraproducente diminuindo a eficaacutecia do programa de

sauacutede oral

Algumas das dificuldades encontradas quando trabalhamos com os media especialmente as raacutedios e as

televisotildees satildeo as seguintes

na maior parte dos casos natildeo se pode transmitir muita informaccedilatildeo mesmo que seja um programa

de raacutedio de 1 ou 2 horas iria ficar muito monoacutetono e pouco atraente assim como se tornaria

confuso para os ouvintes e pouco eficaz porque com frequecircncia as pessoas desenvolvem outras

actividades enquanto ouvem raacutedio

eacute aconselhaacutevel transmitir apenas o que eacute realmente importante e faze-lo de forma muito clara

mantendo a consistecircncia sobre a hierarquia das informaccedilotildees nas diversas intervenccedilotildees ou seja que

todas os intervenientes no programa e em todas as situaccedilotildees em que intervecircm tenham um discurso

coerente e natildeo contraditoacuterio

evitar informaccedilotildees riacutegidas que culpabilizem as pessoas e natildeo respeitem os seus contextos micro-

culturais Eacute preferiacutevel suscitar alguma mudanccedila comportamental de forma progressiva que

nenhuma

com frequecircncia utilizamos o leacutexico meacutedico sem nos apercebermos que muitos cidadatildeos natildeo

conhecem termos que nos parecem simples como obesidade ou colesterol atribuindo-lhes outros

significados (portanto desconhecem que natildeo conhecem o verdadeiro significado)

se possiacutevel testar com pessoas de diversas idades e estratos socio-culturais que sejam leigas em

relaccedilatildeo a estas temaacuteticas aquilo que se preparou para a intervenccedilatildeo nos meios de comunicaccedilatildeo

social e alterar se necessaacuterio de acordo com as indicaccedilotildees que essas pessoas nos fornecerem

27 Seacutetima vertente ndash a avaliaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo deve ter iniacutecio na fase de planeamento e acompanhar todo o projecto de modo a introduzir

as alteraccedilotildees necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar das actividades

Devem fazer parte da equipa de avaliaccedilatildeo os diversos parceiros do projecto assim como pessoas

externas ao projecto e estas quando possiacutevel com formaccedilatildeo em educaccedilatildeo para a sauacutede nas aacutereas

teacutecnicas comportamentais de planeamento e avaliaccedilatildeo qualitativa e quantitativa

Satildeo fundamentais avaliaccedilotildees qualitativas e quantitativas das actividades a desenvolver e se possiacutevel

com anaacutelises comparativas ao desenrolar do projecto noutras zonas do paiacutes

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3 T eacute c n i c a s d e H i g i e n e O r a l

3 1 Escovagem dos den tes ndash A escova A escovagem dos dentes deve ser efectuada com uma escova de tamanho adequado agrave boca de quem a

utiliza Habitualmente as embalagens referem as idades a que se destinam Os filamentos devem ser

de nylon com extremidades arredondadas e textura macia que quando comeccedilam a ficar deformados

obrigam agrave substituiccedilatildeo da escova Normalmente a escova quando utilizada 2 vezes por dia dura cerca

de 3-4 meses

Existem escovas manuais e eleacutectricas as quais requerem os mesmos cuidados As escovas eleacutectricas

facilitam a higiene oral das pessoas que tenham pouca destreza manual

3 2 Escovagem dos den tes ndash O den t iacute f r i co O dentiacutefrico a utilizar deve conter fluoreto numa dosagem de cerca de 1000-1500 ppm A quantidade a

utilizar em cada uma das escovagens deve ser semelhante (ou inferior) ao tamanho da unha do 5ordm dedo

(dedo mindinho) da matildeo da crianccedila

Os dentiacutefricos com sabores muito atractivos natildeo se recomendam porque podem levar as crianccedilas a

engoli-lo deliberadamente Ateacute aos 6 anos aproximadamente o dentiacutefrico deve ser colocado na escova

por um adulto Apoacutes a escovagem dos dentes eacute apenas necessaacuterio cuspir o excesso de dentiacutefrico

podendo no entanto bochechar-se com um pouco de aacutegua

33 Escovagem dos dentes no Jardim-de-infacircncia e na Escola identificaccedilatildeo e arrumaccedilatildeo das escovas e copos

Hoje em dia haacute escovas de dentes que tecircm uma tampa ou estojo com orifiacutecios que a protege Caso se

opte pela utilizaccedilatildeo destas escovas natildeo eacute necessaacuterio que fiquem na escola Os alunos poderatildeo colocaacute-

la dentro da mochila juntamente com o tubo do dentiacutefrico e transportaacute-los diariamente para a escola

O conceito de intransmissibilidade da escova de dentes deve ser reforccedilado junto das crianccedilas Se as

escovas ficarem na escola eacute essencial que estejam identificadas bastando para tal escrever no cabo da

escova o nome da crianccedila com uma caneta de tinta resistente agrave aacutegua Tambeacutem se devem identificar os

dentiacutefricos Cada aluno deveraacute ter o seu proacuteprio dentiacutefrico e os copos caso natildeo sejam descartaacuteveis

As escovas guardam-se num local seco e arejado de modo a que os pelos fiquem virados para cima e

natildeo contactem umas com as outras Cada escova pode ser colocada dentro do copo num suporte

acriacutelico ou outro material resistente agrave aacutegua em local seco e arejado

Dentiacutefricos e escovas devem estar fora do alcance das crianccedilas para evitar a troca ou ingestatildeo

acidental de dentiacutefrico Caso haja a possibilidade de utilizar copos descartaacuteveis (de cafeacute) o processo eacute

bastante simplificado (os copos de cafeacute podem ser substituiacutedos por copos de iogurte) Os produtos de

higiene oral podem ser adquiridos com a colaboraccedilatildeo da Autarquia do Centro de Sauacutede dos pais ou

ateacute de alguma empresa Se a escola tiver refeitoacuterio pode tambeacutem ser viaacutevel utilizar os copos do

refeitoacuterio

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34 Escovagem dos den tes ndash Organ izaccedilatildeo da ac t i v idade

A escovagem dos dentes deve ser feita diariamente no jardim-de-infacircncia e na escola apoacutes o almoccedilo agrave

entrada na sala de aula ou apoacutes o intervalo As crianccedilas poderatildeo escovar os dentes na casa de banho no

refeitoacuterio ou na proacutepria sala de aula O processo eacute simples natildeo exigindo muitas condiccedilotildees fiacutesicas das

escolas que satildeo frequentemente utilizadas para justificar a recusa desta actividade

Caso a escola tenha lavatoacuterios suficientes esta actividade pode ser feita na casa de banho Eacute necessaacuterio

definir a hora em que cada uma das salas vai utilizar esse espaccedilo Na casa de banho deveratildeo estar

apenas as crianccedilas que estatildeo a escovar os dentes Os outros esperam a sua vez em fila agrave porta Eacute

essencial que esteja algueacutem (auxiliar professoreducador ou voluntaacuterio) a vigiar para manter a ordem

organizar o processo e corrigir a teacutecnica da escovagem No final da escovagem cada crianccedila lava a

escova e o copo (se natildeo for descartaacutevel) e arruma no local destinado a esse efeito

Quando o espaccedilo fiacutesico natildeo permite que a escovagem seja feita na casa de banho esta actividade pode

ser feita na proacutepria sala de aula Nesta situaccedilatildeo se for possiacutevel utilizar copos descartaacuteveis ou copos de

iogurte facilita o processo e torna-o menos moroso Os alunos mantecircm-se sentados nas suas cadeiras

Retiram da sua mochila o estojo com a escova e o dentiacutefrico Um dos alunos distribui os copos e os

guardanapos (ou toalhetes de papel ou papel higieacutenico) Os alunos escovam os dentes todos ao mesmo

tempo podendo ateacute fazecirc-lo com muacutesica O professor deve ir corrigindo a teacutecnica de escovagem Apoacutes

a escovagem as crianccedilas cospem o excesso de dentiacutefrico para o copo limpam a boca tiram o excesso

de dentiacutefrico e saliva da escova com o papel ou o guardanapo e por fim colocam-no dentro do copo

Tapam a escova e arrumam-na em estojo proacuteprio ou na mochila juntamente com o dentiacutefrico No final

um dos alunos vai buscar um saco de lixo passa por todas as carteiras para que cada uma coloque o

seu copo no lixo Caso alguma das crianccedilas natildeo tolere o restos de dentiacutefrico na cavidade oral pode

colocar-se uma pequena porccedilatildeo de aacutegua no copo e no fim da escovagem bochecha e cospe para o

copo Os pais dos alunos devem ser instruiacutedos para se certificarem que em casa a crianccedila lava a sua

escova com aacutegua corrente e volta a colocaacute-la na mochila No sentido de facilitar o procedimento

recomenda-se que os copos sejam descartaacuteveis e as escovas tenham tampa

35 Escovagem dos den tes - A teacutecn ica A escovagem dos dentes para ser eficaz ou seja para remover a placa bacteriana necessita ser feita

com rigor e demora 2 a 3 minutos Quando se utiliza uma escova manual a escovagem faz-se da

seguinte forma

inclinar a escova em direcccedilatildeo agrave gengiva (cerca de 45ordm) e fazer pequenos movimentos vibratoacuterios

horizontais ou circulares de modo a que os pelos da escova limpem o sulco gengival (espaccedilo que

fica entre o dente e a gengiva)

se for difiacutecil manter esta posiccedilatildeo colocar os pecirclos da escova perpendicularmente agrave gengiva e agrave

superfiacutecie do dente

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escovar 2 dentes de cada vez (os correspondentes ao tamanho da cabeccedila da escova) fazendo

aproximadamente 10 movimentos (ou 5 caso sejam crianccedilas ateacute aos 6 anos) nas superfiacutecies

dentaacuterias abarcadas pela escova

comeccedilar a escovagem pela superfiacutecie externa (do lado da bochecha) do dente mais posterior de um

dos maxilares e continuar a escovar ateacute atingir o uacuteltimo dente da extremidade oposta desse

maxilar

com a mesma sequecircncia escovar as superfiacutecies dentaacuterias do lado da liacutengua

proceder do mesmo modo para fazer a escovagem dos dentes do outro maxilar

escovar as superfiacutecies mastigatoacuterias dos dentes com movimentos de vaiveacutem

por fim pode escovar-se a liacutengua

Quando se utiliza uma escova de dentes eleacutectrica segue-se a mesma sequecircncia de escovagem O

movimento da escova eacute feito automaticamente natildeo deve ser feita pressatildeo ou movimentos adicionais

sobre os dentes A escova desloca-se ao longo da arcada escovando um soacute dente de cada vez A

escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluacuteor deve ser feita duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente agrave noite antes de deitar

3 6 Uso do f io den taacute r io A partir do momento em que haacute destreza manual (a partir dos 8 anos) eacute indispensaacutevel o uso do fio ou

fita dentaacuteria que se utiliza da seguinte forma

retirar cerca de 40 cm de fio (ou fita) do porta fio

enrolar a quase totalidade do fio no dedo meacutedio de uma matildeo e uma pequena porccedilatildeo no dedo meacutedio

da outra matildeo deixando entre os dois dedos uma porccedilatildeo de fio com aproximadamente 25 cm

Quando as crianccedilas satildeo mais pequenas pode retirar-se uma porccedilatildeo mais pequena de fio cerca de

30 cm dar um noacute juntando as 2 pontas formando um ciacuterculo com o fio natildeo havendo necessidade

de o enrolar nos dedos Eacute importante utilizar sempre fio limpo em cada espaccedilo interdentaacuterio Os

polegares eou os indicadores ajudam a manuseaacute-lo

introduzir o fio cuidadosamente entre dois dentes e curva-lo agrave volta do dente que se quer limpar

fazendo com que tome a forma de um ldquoCrdquo

executar movimentos curtos horizontais desde o ponto de contacto entre os dentes ateacute ao sulco

gengival em cada uma das faces que delimitam o espaccedilo interdentaacuterio

repetir este procedimento ateacute que todos os espaccedilos interdentaacuterios de todos os dentes estejam

devidamente limpos

O fio dentaacuterio deve ser utilizado uma vez por dia de preferecircncia agrave noite antes de deitar Na escola os

alunos poderatildeo a aprender a utilizar este meio de remoccedilatildeo de placa bacteriana interdentaacuterio sendo

importante envolver os pais no sentido de lhes pedir colaboraccedilatildeo e permitir que as crianccedilas o utilizem

em casa

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3 7 Reve lador de p laca bac te r i ana O uso de reveladores de placa bacteriana (em soluto ou em comprimidos mastigaacuteveis) permitem

avaliar a higiene oral e consequentemente melhorar as teacutecnicas de escovagem e de utilizaccedilatildeo do fio

dentaacuterio

A partir dos 6 anos de idade estes produtos podem ser usados para que as crianccedilas visualizem a placa

e mais facilmente compreendam que os seus dentes necessitam de ser cuidadosamente limpos

A eritrosina que tem a propriedade de corar de vermelho a placa bacteriana eacute um dos exemplos de

corantes que se podem utilizar Utiliza-se da seguinte forma

colocar 1 a 2 gotas por baixo da liacutengua ou mastigar um comprimido sem engolir

passar a liacutengua por todas as superfiacutecies dentaacuterias

bochechar com aacutegua

A placa bacteriana corada eacute facilmente removida atraveacutes da escovagem dos dentes e do fio dentaacuterio

Nota Para evitar que os laacutebios fiquem corados de vermelho antes de colocar o corante pode passar

batom creme gordo ou vaselina nos laacutebios

3 8 Bochecho f luore tado A partir dos 6 anos pode ser feito o bochecho quinzenal com fluoreto de soacutedio a 02 na escola da

seguinte forma

agitar a soluccedilatildeo e deitar 10 ml em cada copo e distribui-los

indicar a cada crianccedila para colocar o antebraccedilo no rebordo da mesa

introduzir a soluccedilatildeo na boca sem engolir

repousar a testa no antebraccedilo colocando o copo debaixo da boca

bochechar vigorosamente durante 1 minuto

apoacutes este periacuteodo deve ser cuspida tendo o cuidado de natildeo a engolir

Apoacutes o bochecho a crianccedila deve permanecer 30 minutos sem comer nem beber

39 Iacutendice de placa O Iacutendice de Placa (IP) eacute utilizado para quantificar a placa bacteriana em todas as superfiacutecies dentaacuterias e

reflecte os haacutebitos de higiene oral dos indiviacuteduos avaliados

Assim enquanto que um baixo Iacutendice de Placa poderaacute significar um bom impacto das acccedilotildees de

educaccedilatildeo para a sauacutede em sauacutede oral nomeadamente das relacionadas com a higiene um iacutendice

elevado sugere o contraacuterio

Em programas comunitaacuterios geralmente eacute utilizado o Iacutendice de Placa Simplificado que eacute mais raacutepido

de determinar sendo o resultado final igualmente fiaacutevel

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Para se calcular o Iacutendice de Placa Simplificado eacute necessaacuterio atribuir um valor ao tamanho da placa

bacteriana existente nos seguintes 6 dentes e superfiacutecies predeterminados Maxilar superior

1 Primeiro molar superior direito - Superfiacutecie vestibular

2 Incisivo central superior direito - Superfiacutecie vestibular

3 Primeiro molar superior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

4 Primeiro molar inferior esquerdo - Superfiacutecie lingual

5 Incisivo central inferior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

6 Primeiro molar inferior direito - Superfiacutecie lingual

Para atribuir um valor ao tamanho da placa bacteriana existente em cada uma das su

acima referidas eacute necessaacuterio utilizar o revelador de placa bacteriana para a co

facilitar a sua observaccedilatildeo e respectiva classificaccedilatildeo e registo

A cada uma das superfiacutecies dentaacuterias soacute pode ser atribuiacutedo um dos seguintes valore

Valor 0

Valor 1

Valor 2

Valor 3

rarr Se a superfiacutecie do dente natildeo estaacute corada

rarr Se 13 da superfiacutecie estaacute corado

rarr Se 23 da superfiacutecie estatildeo corados

rarr Se estaacute corada toda a superfiacutecie

Feito o registo da observaccedilatildeo individual verifica-se que o somatoacuterio do conjunto de

poderaacute variar entre 0 (zero) e 18 (dezoito)

Dividindo por 6 (seis) este somatoacuterio obteacutem-se o Iacutendice de Placa Individual

Para determinar o Iacutendice de Placa de um grupo de indiviacuteduos divide-se o som

individuais pelo nuacutemero de indiviacuteduos observados multiplicado por seis (o nuacutemer

nuacutemero de dentes seleccionados por indiviacuteduo)

Assim o Iacutendice de Placa poderaacute variar entre 0 (zero) e 3 (trecircs)

Iacutendice de Placa (IP) = Somatoacuterio da classificaccedilatildeo dada a cada dente

Nordm de indiviacuteduos observados x 6

A sauacutede oral das crianccedilas e adolescentes eacute um grave problema de sauacutede puacuteblica ma

simples como as descritas neste documento executadas pelos proacuteprios eou com

encorajadas pela escola e pelos serviccedilos de sauacutede contribuem decididamente para

oral importantes e implementaccedilatildeo efectiva do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas d

Maxilar inferior

perfiacutecies dentaacuterias

rar e dessa forma

s

valores atribuiacutedos

atoacuterio dos valores

o seis representa o

s que com medidas

ajuda da famiacutelia

ganhos em sauacutede

Sauacutede Oral

e EPSrsquorsquo 15

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

F l u o r e t o s

F u n d a m e n t a ccedil atilde o e R e c o m e n d a ccedil otilde e s d a T a s k F o r c e

Documento produzido pela Task Force constituiacuteda pelo Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr

Ricardo Jorge Direcccedilatildeo-Geral de Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura Faculdade de

Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Medicina Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria

Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa e Porto Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento Instituto Superior de

Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia

Ordem dos Meacutedicos Dentistas Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria Sociedade Portuguesa de

Pediatria e os serviccedilos da DGS Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede Divisatildeo de Sauacutede Ambiental

Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

1 F l u o r e t o s

A evidecircncia cientiacutefica tem demonstrado que as mudanccedilas observadas no padratildeo da doenccedila caacuterie

dentaacuteria ocorrem pela implementaccedilatildeo de programas preventivos e terapecircuticos de acircmbito comunitaacuterio

e por estrateacutegias de acccedilatildeo especiacuteficas dirigidas a grupos de risco com criteriosa utilizaccedilatildeo dos

fluoretos

O fluacuteor eacute o elemento mais electronegativo da tabela perioacutedica e raramente existe isolado sendo por

isso habitualmente referido como fluoreto Na natureza encontra-se sob a forma de um iatildeo (F-) em

associaccedilatildeo com o caacutelcio foacutesforo alumiacutenio e tambeacutem como parte de certos silicatos como o topaacutezio

Normalmente presente nas rochas plantas ar aacuteguas e solos este elemento faz parte da constituiccedilatildeo de

alguns materiais plaacutesticos e pode tambeacutem estar presente na constituiccedilatildeo de alguns fertilizantes

contribuindo desta forma para a sua presenccedila no solo aacutegua e alimentos No solo o conteuacutedo de

fluoretos varia entre 20 e 500 ppm contudo nas camadas mais profundas o seu niacutevel aumenta No ar a

concentraccedilatildeo normal de fluoretos oscila entre 005 e 190microgm3 1

Do fluacuteor que eacute ingerido entre 75 e 90 eacute absorvido por via digestiva sendo a mucosa bucal

responsaacutevel pela absorccedilatildeo de menos de 1 Depois de absorvido passa para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea

sob a forma ioacutenica ou de compostos orgacircnicos lipossoluacuteveis A forma ioacutenica que circula livremente e

natildeo se liga agraves proteiacutenas nem aos componentes plasmaacuteticos nem aos tecidos moles eacute a que vai estar

disponiacutevel para ser absorvida pelos tecidos duros Da quantidade total de fluacuteor presente no organismo

99 encontra-se nos tecidos calcificados Entre 10 e 25 do aporte diaacuterio de fluacuteor natildeo chega a ser

absorvido vindo a ser excretado pelas fezes O fluacuteor absorvido natildeo utilizado (cerca de 50) eacute

eliminado por via renal2

O fluacuteor tem uma grande afinidade com a apatite presente no organismo com a qual cria ligaccedilotildees

fortes que natildeo satildeo irreversiacuteveis Este facto deve-se agrave facilidade com que os radicais hidroxilos da

hidroxiapatite satildeo substituiacutedos pelos iotildees fluacuteor formando fluorapatite No entanto a apatite normal do

ser humano presente no osso e dente mesmo em condiccedilotildees ideais de presenccedila de fluacuteor nunca se

aproxima da composiccedilatildeo da fluorapatite pura

Quando o fluacuteor eacute ingerido passa pela cavidade oral daiacute resultando a deposiccedilatildeo de uma determinada

quantidade nos tecidos e liacutequidos aiacute existentes A mucosa jugal as gengivas a placa bacteriana os

dentes e a saliva vatildeo beneficiar imediatamente de um aporte directo de fluacuteor que pode permitir que a

sua disponibilidade na cavidade oral se prolongue por periacuteodos mais longos Eacute um facto que a presenccedila

de fluacuteor no meio oral independentemente da sua fonte resulta numa acccedilatildeo preventiva e terapecircutica

extremamente importante

Nota 22 mg de fluoreto de soacutedio correspondem a 1 mg de fluacuteor Quando se dilui 1 mg de fluacuteor em um litro de aacutegua pura

considera-se que essa aacutegua passou a ter 1 ppm de fluacuteor

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 2

Considera-se actualmente que os benefiacutecios dos fluoretos resultam basicamente da sua acccedilatildeo toacutepica

sobre a superfiacutecie do dente enquanto a sua acccedilatildeo sisteacutemica (preacute-eruptiva) eacute muito menos importante

A acccedilatildeo preventiva e terapecircutica dos fluoretos eacute conseguida predominantemente pela sua acccedilatildeo toacutepica

quer nas crianccedilas quer nos adultos atraveacutes de trecircs mecanismos diferentes responsaacuteveis pela

bull inibiccedilatildeo do processo de desmineralizaccedilatildeo

bull potenciaccedilatildeo do processo de remineralizaccedilatildeo

bull inibiccedilatildeo da acccedilatildeo da placa bacteriana

O uso racional dos fluoretos na profilaxia da caacuterie dentaacuteria com eficaacutecia e seguranccedila baseia-se no

conhecimento actualizado dos seus mecanismos de acccedilatildeo e da sua toxicologia

Com base na evidecircncia cientiacutefica a estrateacutegia de utilizaccedilatildeo dos fluoretos em sauacutede oral foi redefinida

tendo em conta que a sua acccedilatildeo preventiva eacute predominantemente poacutes-eruptiva e toacutepica e a sua acccedilatildeo

toacutexica com repercussotildees a niacutevel dentaacuterio eacute preacute-eruptiva e sisteacutemica

Estudos epidemioloacutegicos efectuados pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) sobre os efeitos do

fluacuteor na sauacutede humana referem que valores compreendidos entre 1 e 15 ppm natildeo representam risco

acrescido Contudo valores entre 15 e 2 ppm em climas quentes poderatildeo contribuir para a ocorrecircncia

de casos de fluorose dentaacuteria e valores entre 3 a 6 ppm para o aparecimento de fluorose oacutessea

Para a OMS a concentraccedilatildeo oacuteptima de fluoretos na aacutegua quando esta eacute sujeita a fluoretaccedilatildeo deve

estar compreendida entre 05 e 15 ppm de F dependendo este valor da temperatura meacutedia do local

que condiciona a quantidade de aacutegua ingerida nas zonas mais frias o valor maacuteximo pode estar perto

do limite superior nas zonas mais quentes o valor deve estar perto do limite inferior para uma

prevenccedilatildeo eficaz da caacuterie dentaacuteria Para que os riscos de fluorose estejam diminuiacutedos os programas de

fluoretaccedilatildeo das aacuteguas devem obedecer a criteacuterios claramente definidos

Nas regiotildees onde a aacutegua da rede puacuteblica conteacutem menos de 03 ppm (mgl) de fluoretos (situaccedilatildeo mais

frequente em Portugal Continental) a dose profilaacutectica oacuteptima considerando a soma de todas as fontes

de fluoretos eacute de 005mgkgdia3

11 Toxicidade Aguda

Uma intoxicaccedilatildeo aguda pelo fluacuteor eacute uma possibilidade extremamente rara Alguns casos tecircm sido

descritos na literatura Estudos efectuados em roedores e extrapolados para o homem adulto permitem

pensar que a dose letal miacutenima de fluacuteor seja de aproximadamente 2 gramas ou 32 a 64 mgkg de peso

corporal mas para uma crianccedila bastam 15 mgkg de peso corporal 2

A partir da ingestatildeo de doses superiores a 5mgkg de peso corporal considera-se a hipoacutetese de vir a ter

efeitos toacutexicos

As crianccedilas pequenas tecircm um risco acrescido de ingerir doses de fluoretos atraveacutes do consumo de

produtos de higiene oral A ingestatildeo acidental de um quarto de um tubo com dentiacutefrico de 125 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 3

(1500 ppm de Fluacuteor) potildee em risco a vida de uma crianccedila de um ano de idade O risco de ingestatildeo

acidental por crianccedilas eacute real e eacute adjuvado pelo tipo de embalagens destes produtos que natildeo tecircm

dispositivos de seguranccedila para a sua abertura

A toxicidade aguda pelos fluoretos poderaacute manifestar-se por queixas digestivas (dor abdominal

voacutemitos hematemeses e melenas) neuroloacutegicas (tremores convulsotildees tetania deliacuterio lentificaccedilatildeo da

voz) renais (urina turva hematuacuteria) metaboacutelicas (hipocalceacutemia hipomagnesieacutemia hipercalieacutemia)

cardiovasculares (arritmias hipotensatildeo) e respiratoacuterias (depressatildeo respiratoacuteria apneias) 4

12 Toxicidade Croacutenica

A dose total diaacuteria de fluoretos administrados por via sisteacutemica isenta de risco de toxicidade croacutenica

situa-se abaixo de 005 mgkgdia de peso A partir desses valores aumentam as manifestaccedilotildees atraveacutes

do aparecimento de hipomineralizaccedilatildeo do esmalte que se revela por fluorose dentaacuteria Com

concentraccedilotildees acima de 25 ppm na aacutegua esta manifestaccedilatildeo eacute mais evidente sendo tanto mais grave

quanto a concentraccedilatildeo de fluoretos vai aumentando O periacuteodo criacutetico para o efeito toacutexico do fluacuteor se

manifestar sobre a denticcedilatildeo permanente eacute entre o nascimento e os 7 anos de idade (ateacute aos 3 anos eacute o

periacuteodo mais criacutetico) Quando existem fluoretos ateacute 3 ppm na aacutegua aleacutem da fluorose natildeo parece

existir qualquer outro efeito toacutexico na sauacutede A partir deste valor aumenta o risco de nefrotoxicidade

Como qualquer outro medicamento os fluoretos em dose excessiva tecircm efeitos toacutexicos que

normalmente se manifestam atraveacutes de uma interferecircncia na esteacutetica dentaacuteria Essa manifestaccedilatildeo eacute a

fluorose dentaacuteria

Estudos recentes sobre suplementos de fluoretos e fluorose 5 confirmam que as comunidades sem aacutegua

fluoretada e que utilizam suplementos de fluoretos durante os primeiros 6 anos de vida apresentam

um aumento do risco de desenvolver fluorose

O principal factor de risco para o aparecimento de fluorose dentaacuteria eacute o aporte total de fluoretos

provenientes de diferentes fontes nomeadamente da alimentaccedilatildeo incluindo a aacutegua e os suplementos

alimentares dentiacutefricos e soluccedilotildees para bochechos comprimidos e gotas e ingestatildeo acidental que natildeo

satildeo faacuteceis de quantificar

A fluorose dentaacuteria aumentou nos uacuteltimos anos em comunidades com e sem aacutegua fluoretada 6

2 F l u o r e t o s n a aacute g u a

2 1 Aacute g u a d e a b a s t e c i m e n t o p uacute b l i c o

A fluoretaccedilatildeo das aacuteguas para consumo humano como meio de suprir o deacutefice de fluoretos na aacutegua eacute

uma praacutetica comum em alguns paiacuteses como o Brasil Austraacutelia Canadaacute EUA e Nova Zelacircndia

Apesar de serem tatildeo diferentes quer do ponto de vista soacutecioeconoacutemico quer geograacutefico eles detecircm

uma experiecircncia superior a 25 anos neste domiacutenio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 4

Na Europa a maior parte dos paiacuteses natildeo faz fluoretaccedilatildeo das suas aacuteguas para consumo humano agrave

excepccedilatildeo da Irlanda da Suiacuteccedila (Basileia) e de 10 da populaccedilatildeo do Reino Unido Na Alemanha eacute

proibido e nos restantes paiacuteses eacute desaconselhado

Nos paiacuteses em que se faz fluoretaccedilatildeo da aacutegua alguns estudos demonstraram natildeo ter existido um ganho

efectivo na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria No entanto outros como a Austraacutelia no Estado de Victoacuteria

onde a fluoretaccedilatildeo da aacutegua se faz regularmente observaram-se ganhos efectivos na sauacutede oral da

populaccedilatildeo com consequentes ganhos econoacutemicos

Recomendaccedilatildeo Eacute indispensaacutevel avaliar a qualidade das aacuteguas de abastecimento puacuteblico periodicamente e corrigir os

paracircmetros alterados

Na aacutegua os valores das concentraccedilotildees de fluoretos estatildeo compreendidas entre 01 a 07 ppm Contudo

em alguns casos podem apresentar valores muito mais elevados

Quando a aacutegua apresenta valores de ph superiores a 8 e o iatildeo soacutedio e os carbonatos satildeo dominantes os

valores de fluoretos normalmente presentes excedem 1 ppm

Nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica os fluoretos podem existir naturalmente ou resultar de um

programa de fluoretaccedilatildeo Em Portugal Continental os valores satildeo normalmente baixos e as aacuteguas natildeo

estatildeo sujeitas a fluoretaccedilatildeo artificial O teor de fluoretos deveraacute ser controlado regularmente de modo

a preservar os interesses da sauacutede puacuteblica 7

Na definiccedilatildeo de um valor guia para a aacutegua de consumo humano a OMS propotildee o valor limite de 15

ppm de Fluacuteor referindo que valores superiores podem contribuir para o aumento do risco de fluorose

A Agecircncia Americana para o Ambiente (USEPA) refere um valor maacuteximo admissiacutevel de fluoretos na

aacutegua de consumo humano de 15 ppm e recomenda que nunca se ultrapasse os 4 ppm

Em Portugal a legislaccedilatildeo actualmente em vigor sobre a qualidade da aacutegua para consumo humano

decreto-lei nordm 23698 de 1 de Agosto define dois Valores Maacuteximos Admissiacuteveis (VMA) para os

fluoretos 15 ppm (8 a 12 ordmC) e 07 ppm (25 a 30 ordmC) O decreto-lei nordm 2432001 de 5 de Setembro

que transpotildee a Directiva Comunitaacuteria nordm 9883CE de 3 de Novembro que entrou em vigor em 25 de

Dezembro de 2003 define para os fluoretos um Valor Parameacutetrico (VP) de 15 ppm

O decreto-lei nordm 24301 remete para a Entidade Gestora a verificaccedilatildeo da conformidade dos valores

parameacutetricos obrigatoacuterios aplicaacuteveis agrave aacutegua para consumo humano Sempre que um valor parameacutetrico

eacute excedido isso corresponde a uma situaccedilatildeo de incumprimento e perante esta situaccedilatildeo a entidade

gestora deve de imediato informar a autoridade de sauacutede e a entidade competente dando conta das

medidas correctoras adoptadas ou em curso para restabelecer a qualidade da aacutegua destinada a consumo

humano

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 5

Deve ter-se em atenccedilatildeo o desvio em relaccedilatildeo ao valor parameacutetrico fixado e o perigo potencial para a

sauacutede humana

Segundo o decreto-lei supra mencionado artigo 9ordm compete agraves autoridades de sauacutede a vigilacircncia

sanitaacuteria e a avaliaccedilatildeo do risco para a sauacutede puacuteblica da qualidade da aacutegua destinada ao consumo

humano Sempre que o risco exista e o incumprimento persistir a autoridade de sauacutede deve informar e

aconselhar os consumidores afectados e determinar a proibiccedilatildeo de abastecimento restringir a

utilizaccedilatildeo da aacutegua que constitua um perigo potencial para a sauacutede humana e adoptar todas as medidas

necessaacuterias para proteger a sauacutede humana

Nos Accedilores e na Madeira ou em zonas onde o teor de fluoretos na aacutegua eacute muito elevado deveraacute ser

feita uma verificaccedilatildeo da constante e a correcccedilatildeo adequada

Os principais tratamentos de desfluoretaccedilatildeo envolvem a floculaccedilatildeo da aacutegua usando sais hidratados de

alumiacutenio principalmente em condiccedilotildees alcalinas No caso de aacuteguas aacutecidas pode-se adicionar cal e

alternativamente pode-se recorrer agrave adsorccedilatildeo com carvatildeo activado ou alumina activada ( Al2O3 ) ou

por permuta ioacutenica usando resinas especiacuteficas

Recomendaccedilatildeo Ateacute aos 6-7 anos as crianccedilas natildeo devem ingerir regularmente aacutegua com teor de fluoretos superior a 07 ppm

Recomendaccedilatildeo Sempre que o valor parameacutetrico dos fluoretos na aacutegua para consumo humano exceder 15 ppm deveratildeo ser aplicadas

medidas correctoras para restabelecer a qualidade da aacutegua

2 2 Aacute g u a s m i n e r a i s n a t u r a i s e n g a r r a f a d a s

As aacuteguas minerais naturais engarrafadas deveratildeo no futuro ter rotulagem de acordo com a Directiva

Comunitaacuteria 200340CE da Comissatildeo Europeia de 16 de Maio publicada no Jornal Oficial da Uniatildeo

Europeia em 2252003 artigo 4ordm laquo1 As aacuteguas minerais naturais cuja concentraccedilatildeo em fluacuteor for

superior a 15 mgl (ppm) devem ostentar no roacutetulo a menccedilatildeo lsquoconteacutem mais de 15 mgl (ppm) de

fluacuteor natildeo eacute adequado o seu consumo regular por lactentes nem por crianccedilas com menos de 7 anosrsquo

2 No roacutetulo a menccedilatildeo prevista no nordm 1 deve figurar na proximidade imediata da denominaccedilatildeo de

venda e em caracteres claramente visiacuteveis 3

As aacuteguas minerais naturais que em aplicaccedilatildeo do nordm 1 tiverem de ostentar uma menccedilatildeo no roacutetulo

devem incluir a indicaccedilatildeo do teor real em fluacuteor a niacutevel da composiccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica em constituintes

caracteriacutesticos tal como previsto no nordm 2 aliacutenea a) do artigo 7ordm da Directiva 80777CEEraquo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 6

Para as aacuteguas de nascente cujas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas satildeo definidas pelo Decreto-lei

2432001 de 5 de Setembro em vigor desde Dezembro de 2003 os limites para o teor de fluoretos satildeo

de 15 mgl (ppm)

De acordo com o parecer do Scientific Committee on Food - Comiteacute Cientiacutefico de Alimentaccedilatildeo

Humana (expresso em Dezembro de 1996) a Comissatildeo natildeo vecirc razotildees para nos climas da Uniatildeo

Europeia (climas temperados) limitar os fluoretos nas aacuteguas de consumo humano e nas aacuteguas minerais

naturais para valores inferiores a 15mgl (ppm)

3 F l u o r e t o s n o s g eacute n e r o s a l i m e n t iacute c i o s

Entende-se por lsquogeacutenero alimentiacuteciorsquo qualquer substacircncia ou produto transformado parcialmente

transformado ou natildeo transformado destinado a ser ingerido pelo ser humano ou com razoaacuteveis

probabilidades de o ser Este termo abrange bebidas pastilhas elaacutesticas e todas as substacircncias

incluindo a aacutegua intencionalmente incorporadas nos geacuteneros alimentiacutecios durante o seu fabrico

preparaccedilatildeo ou tratamento8 9

Na alimentaccedilatildeo as estimativas de ingestatildeo de fluacuteor atraveacutes da dieta variam entre 02 e 34 mgdia

sendo estes uacuteltimos valores atingidos quando se inclui o chaacute na alimentaccedilatildeo A ingestatildeo de fluoretos

provenientes dos alimentos comuns eacute pouco significativa Apenas 13 se apresentam na forma

ionizaacutevel e portanto biodisponiacutevel

Recomendaccedilatildeo Independentemente da origem ao utilizar aacutegua informe-se sobre o seu teor em fluoretos As que tecircm um elevado teor

deste elemento natildeo satildeo adequadas para lactentes e crianccedilas com menos de 7 anos

Recomendaccedilatildeo Dar prioridade a uma dieta equilibrada e saudaacutevel com diversidade alimentar Utilizar a aacutegua da cozedura dos

alimentos para confeccionar outros alimentos (ex sopas arroz)

No iniacutecio do ano de 2003 a Comissatildeo Europeia apresentou uma nova proposta de Directiva

Comunitaacuteria relativa agrave ldquoAdiccedilatildeo aos geacuteneros alimentiacutecios de vitaminas minerais e outras substacircnciasrdquo

onde os fluoretos satildeo referidos como podendo ser adicionados a geacuteneros alimentiacutecios comuns Nesta

proposta de Directiva Comunitaacuteria eacute sugerida a inclusatildeo de determinados nutrimentos (entre eles o

fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de geacuteneros alimentiacutecios comuns Esta proposta

prevista no Livro Branco da Comissatildeo ainda estaacute numa fase inicial de discussatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 7

4 F l u o r e t o s e m s u p l e m e n t o a l i m e n t a r

Entende-se por lsquosuplementos alimentaresrsquo geacuteneros alimentiacutecios que se destinam a complementar e ou

suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas

substacircncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisioloacutegico estremes ou combinados

comercializados em forma doseada tais como caacutepsulas pastilhas comprimidos piacutelulas e outras

formas semelhantes saquetas de poacute ampola de liacutequido frascos com conta gotas e outras formas

similares de liacutequido ou poacute que se destinam a ser tomados em unidades medidas de quantidade

reduzida10

A Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002

transposta para o direito nacional pelo Decreto-lei nordm 1362003 de 28 de Junho relativa agrave aproximaccedilatildeo

das legislaccedilotildees dos Estados-Membros respeitantes aos suplementos alimentares vai permitir a inclusatildeo

de determinados nutrimentos (entre eles o fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de

suplementos alimentares11

A partir de 28 de Agosto de 2003 os fluoretos poderatildeo ser comercializados como suplemento

alimentar passando a estar disponiacutevel em farmaacutecias e superfiacutecies comerciais

As quantidades maacuteximas de vitaminas e minerais presentes nos suplementos alimentares satildeo fixadas

em funccedilatildeo da toma diaacuteria recomendada pelo fabricante tendo em conta os seguintes elementos

a) limites superiores de seguranccedila estabelecidos para as vitaminas e os minerais apoacutes uma

avaliaccedilatildeo dos riscos efectuada com base em dados cientiacuteficos geralmente aceites tendo em

conta quando for caso disso os diversos graus de sensibilidade dos diferentes grupos de

consumidores

b) quantidade de vitaminas e minerais ingerida atraveacutes de outras fontes alimentares

c) doses de referecircncia de vitaminas e minerais para a populaccedilatildeo

Recomendaccedilatildeo Nunca ultrapassar a toma indicada no roacutetulo do produto e natildeo utilizar um suplemento alimentar como substituto de um

regime alimentar variado

As quantidades maacuteximas e miacutenimas de vitaminas e minerais referidas seratildeo adoptadas pela Comissatildeo

Europeia assistida pelo Comiteacute de Regulamentaccedilatildeo

Em Portugal a Agecircncia para a Qualidade e Seguranccedila Alimentar viraacute a ter informaccedilatildeo sobre todos os

suplementos alimentares comercializados como geacuteneros alimentiacutecios e introduzidos no mercado de

acordo com o Decreto-lei nordm 1362003

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 8

A rotulagem dos suplementos alimentares natildeo poderaacute mencionar nem fazer qualquer referecircncia a

prevenccedilatildeo tratamento ou cura de doenccedilas humanas e deveraacute indicar uma advertecircncia de que os

produtos devem ser guardados fora do alcance das crianccedilas

5 F luore tos em med icamentos e p rodutos cosmeacutet icos de h ig iene corpora l

A distinccedilatildeo entre Medicamento e Produto Cosmeacutetico de Higiene Corporal contendo fluoretos depende

do seu teor no produto Os cosmeacuteticos contecircm obrigatoriamente uma concentraccedilatildeo de fluoretos inferior

a 015 (1500 ppm) (Decreto-lei 1002001 de 28 de Marccedilo I Seacuterie A) sendo que todos os dentiacutefricos

com concentraccedilotildees de fluoretos superior a 015 satildeo obrigatoriamente classificados como

medicamentos

Os medicamentos contendo fluoretos e utilizados para a profilaxia da caacuterie dentaacuteria existentes no

mercado portuguecircs satildeo de venda livre em farmaacutecia Encontram-se disponiacuteveis nas formas

farmacecircuticas de soluccedilatildeo oral (gotas orais) comprimidos dentiacutefricos gel dentaacuterio e soluccedilatildeo de

bochecho

5 1 F l u o r e t o s e m c o m p r i m i d o s e g o t a s o r a i s

A utilizaccedilatildeo de medicamentos contendo fluoretos na forma de gotas orais e comprimidos foi ateacute haacute

pouco recomendada pelos profissionais de sauacutede (pediatras meacutedicos de famiacutelia cliacutenicos gerais

meacutedicos estomatologistas meacutedicos dentistas) dos 6 meses ateacute aos 16 anos

A clarificaccedilatildeo do mecanismo de acccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria e o aumento de

aporte dos mesmos com consequentes riscos de manifestaccedilatildeo toacutexica obrigaram agrave revisatildeo da sua

administraccedilatildeo em comprimidos eou gotas A gravidade da fluorose dentaacuteria estaacute relacionada com a

dose a duraccedilatildeo e com a idade em que ocorre a exposiccedilatildeo ao fluacuteor 12 13

A ldquoCanadian Consensus Conference on the Appropriate Use of Fluoride Supplements for the

Prevention of Dental Caries in Childrenrdquo 14definiu um protocolo cuja utilizaccedilatildeo eacute recomendada a

profissionais de sauacutede em que se fundamenta a tomada de decisatildeo sobre a necessidade ou natildeo da

suplementaccedilatildeo de fluacuteor A administraccedilatildeo de comprimidos soacute eacute recomendada quando o teor de fluoretos

na aacutegua de abastecimento puacuteblico for inferior a 03 ppm e

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) natildeo escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas

vezes por dia

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas vezes

por dia mas apresenta um alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 9

Por sua vez a conclusatildeo do laquoForum on Fluoridation 2002raquo15 relativamente agrave administraccedilatildeo de

suplementos de fluoretos foi a seguinte limitar a utilizaccedilatildeo de comprimidos de fluoretos a aacutereas onde

natildeo existe aacutegua fluoretada e iniciar essa suplementaccedilatildeo apenas a crianccedilas com alto risco agrave caacuterie e a

partir dos 3 anos

Os comprimidos de fluoretos caso sejam indicados devem ser usados pelo interesse da sua acccedilatildeo

toacutepica Devem ser dissolvidos na boca em vez de imediatamente ingeridos16

A administraccedilatildeo de fluoretos sob a forma de comprimidos chupados soacute deveraacute ser efectuada em

situaccedilotildees excepcionais isto eacute em populaccedilotildees de baixos recursos econoacutemicos nas quais a escovagem

natildeo possa ser promovida e os iacutendices de caacuterie sejam elevados

Para evitar a potencial toxicidade dos fluoretos antes de qualquer prescriccedilatildeo todos os profissionais de

sauacutede devem efectuar uma avaliaccedilatildeo personalizada dos aportes diaacuterios de cada crianccedila tendo em conta

todas as fontes possiacuteveis desse elemento alimentos comuns suplementos alimentares consumo de

aacutegua da rede puacuteblica eou aacutegua engarrafada e respectivo teor de fluoretos e utilizaccedilatildeo de medicamentos

e produtos cosmeacuteticos contendo fluacuteor

Recomendaccedilatildeo A partir dos 3 anos os suplementos sisteacutemicos de fluoretos poderatildeo ser prescritos pelo meacutedico assistente ou meacutedico dentista em crianccedilas que apresentem um alto risco

agrave caacuterie dentaacuteria

5 2 F l u o r e t o s e m d e n t iacute f r i c o s

Hoje em dia a maior parte dos dentiacutefricos agrave venda no mercado contecircm fluoretos sob diferentes formas

fluoreto de soacutedio monofluorfosfato de soacutedio fluoreto de amina e outros Os mais utilizados satildeo o

fluoreto de soacutedio e o monofluorfosfato de soacutedio

Normalmente o conteuacutedo de fluoreto dos dentiacutefricos eacute de 1000 a 1100 ppm (ou 010 a 011)

podendo variar entre 500 e 1500 ppm

Durante a escovagem cerca de 34 da pasta eacute ingerida por crianccedilas de 3 anos 28 pelas de 4-5 anos

e 20 pelas de 5-7 anos

Devem ser evitados dentiacutefricos com sabor a fruta para impedir o seu consumo em excesso uma vez

que estatildeo jaacute descritos na literatura casos de fluorose resultantes do abuso de dentiacutefricos2

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluoretos duas vezes por dia tem-se revelado um

meio colectivo de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria com grande efectividade e baixo custo pelo que deve

ser considerado o meio de eleiccedilatildeo em estrateacutegias comunitaacuterias

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 10

Do ponto de vista da prevenccedilatildeo da caacuterie a aplicaccedilatildeo toacutepica de dentiacutefrico fluoretado com a escova dos

dentes deve ser executada duas vezes por dia e deve iniciar-se quando se daacute a erupccedilatildeo dos dentes Esta

rotina diaacuteria de higiene executada naturalmente com muito cuidado pelos pais deve

progressivamente ser assumida pela crianccedila ateacute aos 6-8 anos de idade Durante este periacuteodo a

escovagem deve ser sempre vigiada pelos pais ou educadores consoante as circunstacircncias para evitar

a utilizaccedilatildeo de quantidades excessivas de dentiacutefrico o qual pode da mesma forma que os

comprimidos conduzir antes dos 6 anos agrave ocorrecircncia de fluorose

As crianccedilas devem usar dentiacutefrico com teor de fluoretos entre 1000-1500 ppm de fluoreto (dentiacutefrico

de adulto) sendo a quantidade a utilizar do tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

Apoacutes a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado pode-se natildeo bochechar com aacutegua Deveraacute

apenas cuspir-se o excesso de pasta Deste modo consegue-se uma mais alta concentraccedilatildeo de fluoreto

na cavidade oral que vai actuar topicamente durante mais tempo

Os pais das crianccedilas devem receber informaccedilatildeo sobre a escovagem dentaacuteria e o uso de dentiacutefricos

fluoretados A escovagem com dentiacutefrico fluoretado deve iniciar-se imediatamente apoacutes a erupccedilatildeo dos

primeiros dentes Os dentiacutefricos fluoretados devem ser guardados em locais inacessiacuteveis agraves crianccedilas

pequenas17

5 3 F l u o r e t o s e m s o l u ccedil otilde e s d e b o c h e c h o

As soluccedilotildees para bochechos recomendadas a partir dos 6 anos de idade tecircm sido utilizadas em

programas escolares de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria em inuacutemeros paiacuteses incluindo Portugal Satildeo

recomendadas a indiviacuteduos de maior risco agrave caacuterie dentaacuteria mas a sua utilizaccedilatildeo tem vido a ser

restringida a crianccedilas que escovam eficazmente os dentes

Recomendaccedilatildeo Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Recomendaccedilatildeo A partir dos 6 anos de idade deve ser feito o bochecho quinzenalmente com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

02

As soluccedilotildees fluoretadas de uso diaacuterio habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

005 e as de uso semanal ou quinzenal habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de 02

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 11

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 12

Referecircncias

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1 Almeida CM Sugestotildees para a Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2002 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e na Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa

2 Rompante P Fundamentos para a alteraccedilatildeo do Programa de Sauacutede Oral da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Documento realizado no acircmbito da Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2003 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e no Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede ndash Norte

3 Rompante P Determinaccedilatildeo da quantidade do elemento fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento puacuteblico na totalidade das sedes de concelho de Portugal Continental Porto Faculdade de Odontologia da Universidade de Barcelona 2002 Tese de Doutoramento

4 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in Children at High Caries Risk SIGN Publication 2000 47

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Page 28: Direcção-Geral da SaúdePrograma será complementado, sempre que oportuno, por orientações técnicas a emitir por esta Direcção-Geral. O Director-Geral e Alto Comissário da

Uma segunda tarefa consistiraacute em operacionalizar o programa com os professores de modo a construi-

lo conjuntamente As diversas tarefas devem ser planeadas e avaliadas continuamente para se fazerem

as alteraccedilotildees consideradas necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar do programa

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo e a escovagem

O Programa Nacional de Sauacutede Oral propotildee algumas alteraccedilotildees que podemos considerar profundas e

de ruptura em relaccedilatildeo ao programa anterior como sejam a aplicaccedilatildeo restrita dos suplementos

sisteacutemicos de fluoretos e a escovagem duas vezes ao dia com um dentiacutefrico fluoretado como principal

medida para uma boa sauacutede oral Estas directrizes derivam do consenso dos peritos de Sauacutede Oral

reunidos na task force coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

Eacute faacutecil de compreender que organizar a escovagem dos dentes dos alunos eacute mais trabalhoso que dar-

lhes um comprimido de fluacuteor ou ateacute do que fazer o bochecho com uma soluccedilatildeo fluoretada Para sermos

bem sucedidos seraacute fundamental actuar de forma cautelosa respeitando as caracteriacutesticas das pessoas e

os contextos em presenccedila

Como sabemos eacute difiacutecil quebrar rotinas e o programa vai implicar mais trabalho para os professores e

disponibilizaccedilatildeo de tempo para os pais e professores A adopccedilatildeo pelos Jardins de infacircncia e Escolas da

escovagem dos dentes dos alunos pelo menos uma vez dia como factor central do programa vai

possivelmente encontrar algumas resistecircncias por parte dos educadores de infacircncia e professores que

importa ir resolvendo de forma progressiva e de acordo com as dificuldades reais encontradas Estas

dificuldades podem estar relacionadas com a deficiecircncia de instalaccedilotildees ou outras mas estaraacute com

frequecircncia tambeacutem muito relacionada com aspectos psicossociais de resistecircncia agrave mudanccedila de rotinas

instaladas e com vaacuterios anos

Uma das estrateacutegias primordiais para este programa ser bem sucedido passa pela resoluccedilatildeo dos

obstaacuteculos referidos pelos teacutecnicos de educaccedilatildeo relativamente agrave escovagem nomeadamente

a possibilidade de as crianccedilas usarem as escovas de colegas podendo haver transmissatildeo de doenccedilas

como a hepatite ou outras

a ausecircncia de um local apropriado para a escovagem

a confusatildeo que a escovagem iraacute causar com eventuais situaccedilotildees de indisciplina

a dificuldade de vigiar todos os alunos durante a escovagem com a consequente possibilidade de

alguns especialmente se mais novos poderem engolir dentiacutefrico

existirem alguns alunos que devido a carecircncias econoacutemicas ou desconhecimento dos pais tecircm

escovas jaacute muito deterioradas podendo ser alvo de troccedila e humilhaccedilatildeo por parte dos colegas ou

sentindo-se os professores na necessidade de fazerem algo mas natildeo terem possibilidade de

substituiacuterem as escovas

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 6

Estes e outros argumentos poderatildeo ser reais ou apenas formas de encontrar justificaccedilotildees para natildeo

alterar rotinas no entanto eacute fundamental analisar cada situaccedilatildeo e encontrar a forma adequada de actuar

o que implica procurar em conjunto a resoluccedilatildeo do problema natildeo desvalorizando a perspectiva do

teacutecnico de educaccedilatildeo mesmo que do ponto de vista da sauacutede nos pareccedila oacutebvia a resistecircncia agrave mudanccedila e

a sua soluccedilatildeo

Se natildeo conseguirmos sensibilizar os profissionais de educaccedilatildeo para a importacircncia da escovagem e nos

limitarmos a contra-argumentar com os nossos dados e a nossa cientificidade facilmente iratildeo

encontrar outros argumentos Eacute preciso compreender que o que estaacute em causa natildeo satildeo as dificuldades

objectivas mas outro tipo de razotildees mais ou menos subjectivas relacionadas com as condiccedilotildees locais

e de contexto como por exemplo o facto de alguns professores considerarem que natildeo eacute da sua

competecircncia promover a escovagem dos dentes dos seus alunos A interacccedilatildeo pais-professores eacute

constante e pode potenciar grandemente o programa

23 Terceira vertente ndash os pais

Os pais satildeo tambeacutem intervenientes fundamentais nos programas de sauacutede oral e eacute fundamental que

sejam englobados na equipa de projecto enquanto parceiros activos na programaccedilatildeo de actividades de

modo a poder resolver-se eventuais resistecircncias que inclusive podem ser desconhecidas dos teacutecnicos e

serem devidas a idiossincracias micro-culturais Todas as estrateacutegias que sensibilizem os pais para as

medidas que se preconizam satildeo importantes Eacute fundamental que o programa seja ldquocontinuadordquo e

reforccedilado em casa e natildeo pelo contraacuterio descredibilizado pelas praacuteticas domeacutesticas

Em relaccedilatildeo aos pais os factores emocionais satildeo centrais na sua relaccedilatildeo com os filhos e com as escolhas

comportamentais quotidianas Transmitir informaccedilatildeo de forma essencialmente cognitiva por exemplo

laquonatildeo decirc lsquoBolosrsquo aos seus filhos porque satildeo alimentos que podem contribuir para o aparecimento de

caacuterie nos dentes e provocar obesidaderaquo tem muitas possibilidades de provocar efeitos perversos

negativos como seja a culpabilizaccedilatildeo dos pais e a resistecircncia agrave mudanccedila de comportamentos

Com frequecircncia os doces satildeo uma forma de dar afecto ou premiar os filhos ou ateacute servir como

substituto da impossibilidade dos pais estarem mais tempo com os filhos situaccedilatildeo que natildeo eacute com

frequecircncia consciente para os pais Os padrotildees comportamentais dos pais obedecem a inuacutemeras

componentes e soacute actuando sobre cada uma delas se conseguem resultados nas mudanccedilas de

comportamentos

Fornecer apenas informaccedilatildeo pode natildeo soacute natildeo provocar alteraccedilotildees comportamentais como criar ou

aumentar as resistecircncias agrave mudanccedila Eacute preciso adequar a informaccedilatildeo agraves diversas situaccedilotildees

caracterizando-as primeiro valorizando as componentes emocionais relacionais e contextuais dos

comportamentos natildeo culpabilizando os pais (porque isso provoca resistecircncias agrave mudanccedila natildeo soacute em

relaccedilatildeo a este programa mas a futuras intervenccedilotildees) e encontrando formas alternativas de resolver estas

situaccedilotildees utilizando soluccedilotildees que provoquem emoccedilotildees positivas em todos os intervenientes E dessa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 7

forma eacute possiacutevel ser-se eficaz respeitando os universos relacionais das famiacutelias e evitando efeitos

comportamentais paradoxais ou seja por reacccedilatildeo agrave informaccedilatildeo que os culpabiliza os pais

dessensibilizam das nossas indicaccedilotildees agravando e aumentando as praacuteticas que se desaconselham

Eacute esta uma das razotildees porque eacute tatildeo difiacutecil atingir os grupos populacionais que exactamente mais

precisavam de ser abrangido pelos programas de prevenccedilatildeo da doenccedila e promoccedilatildeo da sauacutede

Para aleacutem de se conhecerem as praacuteticas alimentares e de higiene oral que as crianccedilas e adolescentes

tecircm em casa eacute importante caracterizar as razotildees desses procedimentos Referimo-nos aos aspectos

individuais familiares culturais e contextuais Se queremos actuar sobre comportamentos eacute

fundamental conhecer as atitudes crenccedilas preconceitos estereoacutetipos e representaccedilotildees sociais que se

relacionam com as praacuteticas das famiacutelias as quais variam de famiacutelia para famiacutelia

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo podem ser colaboradores preciosos para esta caracterizaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo aos pais podemos resumir os aspectos a valorizar

Inclui-los nos diversos passos do programa

sensibiliza-los para a importacircncia da sauacutede oral respeitando os seus universos familiares e

culturais

dar suporte continuado agrave mudanccedila de comportamentos e de todos os factores que lhe estatildeo

associados

24 Quarta vertente ndash as crianccedilas

As crianccedilas e os adolescentes satildeo o principal puacuteblico-alvo do programa de sauacutede oral Sensibilizaacute-los

para as praacuteticas alimentares e de higiene oral que os peritos consideram actualmente adequadas eacute o

nosso objectivo

Como jaacute foi referido anteriormente eacute necessaacuterio ser cuidadoso na forma de comunicar com as crianccedilas

e adolescentes natildeo criticando directa ou indirectamente os conhecimentos e as praacuteticas aconselhadas

ou consentidas por pais e professores com quem eles convivem directamente e que satildeo dos principais

influenciadores dos seus comportamentos satildeo os seus modelos e constituem o seu universo de afectos

Criar clivagem na relaccedilatildeo cognitiva afectiva e emocional entre pais ou professores e crianccedilas e

adolescentes eacute algo que devemos ter sempre presente e evitar

As estrateacutegias de trabalho com as crianccedilas deveratildeo ser adaptadas agrave sua maturidade psico-cognitiva e

contexto socio-cultural Para que as actividades sejam luacutedicas e criativas adequadas agraves idades e outras

caracteriacutesticas das crianccedilas e adolescentes a contribuiccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo eacute com certeza

fundamental

Eacute muito importante ter em conta alguns aspectos educativos relativamente agrave mudanccedila de

comportamentos A participaccedilatildeo activa das crianccedilas na formulaccedilatildeo dessas actividades torna mais

eficazes os efeitos pretendidos

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 8

Pela dificuldade em mudar comportamentos principalmente de forma estaacutevel eacute aconselhaacutevel adequar

os objectivos agraves realidades Seraacute preferiacutevel actuar sobre um ou dois comportamentos sobre os quais a

caracterizaccedilatildeo inicial nos permitiu depreender que seraacute possiacutevel obtermos resultados positivos em vez

de tentar actuar sobre todos os comportamentos que desejariacuteamos alterar natildeo conseguindo alterar

nenhum deles Naturalmente estas escolhas seratildeo feitas cientificamente segundo o que a Educaccedilatildeo para

a Sauacutede preconiza nas vertentes relacionadas com as ciecircncias comportamentais (sociais e humanas)

Outro aspecto fundamental eacute a continuidade na acccedilatildeo A eficaacutecia seraacute tanto maior quanto mais

continuadas forem as actividades dando suporte agrave mudanccedila comportamental e reforccedilo agrave sua

manutenccedilatildeo A continuidade da acccedilatildeo permite conhecer melhor as situaccedilotildees os obstaacuteculos e as formas

de os remover pois cada caso eacute um caso e generalizar diminui grandemente a eficaacutecia

Deve ser dada uma atenccedilatildeo especial agraves crianccedilas com Necessidades de Sauacutede Especiais desfavorecidas

socialmente (porque vivem em bairros degradados com poucos recursos econoacutemicos pertencem a

minorias eacutetnicas ou satildeo emigrantes) ou que natildeo frequentam a escola utilizando estrateacutegias especificas

adequadas agraves suas dificuldades

25 Quinta vertente ndash a comunidade

Para os programas de Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutede a componente comunitaacuteria eacute fundamental A

participaccedilatildeo e contribuiccedilatildeo dos vaacuterios sectores da comunidade podem ser potenciadores do trabalho a

desenvolver

Dependendo das situaccedilotildees locais a Autarquia as IPSS e as ONGrsquos entre outras podem ser parceiros

de enorme valia para o desenvolvimento do programa Para isso temos que sensibilizar os liacutederes

locais para a importacircncia da sauacutede oral e do programa que se pretende incrementar explicitando como

com pequenos custos podemos obter ganhos em sauacutede a meacutedio e longo prazo

As instituiccedilotildees que organizam actividades para crianccedilas e adolescentes como os ATLrsquos associaccedilotildees

culturais desportivas e religiosas podem ser excelentes parceiros para o desenvolvimento das

actividades dependendo das caracteriacutesticas da comunidade onde se aplica o programa Os grupos de

teatro satildeo tambeacutem um excelente recurso para integrarem as actividades com as crianccedilas e os

adolescentes

26 Sexta vertente ndash os meios de comunicaccedilatildeo social

Os meios de comunicaccedilatildeo social locais e regionais se forem utilizados apropriadamente podem ser

parceiros potenciadores das actividades que se pretendem desenvolver

Mas com frequecircncia os teacutecnicos de sauacutede encontram dificuldades na relaccedilatildeo com os profissionais da

comunicaccedilatildeo social considerando que estes natildeo satildeo sensiacuteveis agraves nossas preocupaccedilotildees com a prevenccedilatildeo

da doenccedila e da promoccedilatildeo da sauacutede

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 9

Os media tecircm uma linguagem e podemos dizer uma filosofia proacuteprias que com frequecircncia natildeo satildeo

coincidentes com as nossas eacute por essa razatildeo necessaacuterio que os teacutecnicos de sauacutede se adaptem e se

possiacutevel se aperfeiccediloem na linguagem dos meacutedia Se natildeo utilizarmos adequadamente os meios de

comunicaccedilatildeo social estes podem ter um efeito contraproducente diminuindo a eficaacutecia do programa de

sauacutede oral

Algumas das dificuldades encontradas quando trabalhamos com os media especialmente as raacutedios e as

televisotildees satildeo as seguintes

na maior parte dos casos natildeo se pode transmitir muita informaccedilatildeo mesmo que seja um programa

de raacutedio de 1 ou 2 horas iria ficar muito monoacutetono e pouco atraente assim como se tornaria

confuso para os ouvintes e pouco eficaz porque com frequecircncia as pessoas desenvolvem outras

actividades enquanto ouvem raacutedio

eacute aconselhaacutevel transmitir apenas o que eacute realmente importante e faze-lo de forma muito clara

mantendo a consistecircncia sobre a hierarquia das informaccedilotildees nas diversas intervenccedilotildees ou seja que

todas os intervenientes no programa e em todas as situaccedilotildees em que intervecircm tenham um discurso

coerente e natildeo contraditoacuterio

evitar informaccedilotildees riacutegidas que culpabilizem as pessoas e natildeo respeitem os seus contextos micro-

culturais Eacute preferiacutevel suscitar alguma mudanccedila comportamental de forma progressiva que

nenhuma

com frequecircncia utilizamos o leacutexico meacutedico sem nos apercebermos que muitos cidadatildeos natildeo

conhecem termos que nos parecem simples como obesidade ou colesterol atribuindo-lhes outros

significados (portanto desconhecem que natildeo conhecem o verdadeiro significado)

se possiacutevel testar com pessoas de diversas idades e estratos socio-culturais que sejam leigas em

relaccedilatildeo a estas temaacuteticas aquilo que se preparou para a intervenccedilatildeo nos meios de comunicaccedilatildeo

social e alterar se necessaacuterio de acordo com as indicaccedilotildees que essas pessoas nos fornecerem

27 Seacutetima vertente ndash a avaliaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo deve ter iniacutecio na fase de planeamento e acompanhar todo o projecto de modo a introduzir

as alteraccedilotildees necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar das actividades

Devem fazer parte da equipa de avaliaccedilatildeo os diversos parceiros do projecto assim como pessoas

externas ao projecto e estas quando possiacutevel com formaccedilatildeo em educaccedilatildeo para a sauacutede nas aacutereas

teacutecnicas comportamentais de planeamento e avaliaccedilatildeo qualitativa e quantitativa

Satildeo fundamentais avaliaccedilotildees qualitativas e quantitativas das actividades a desenvolver e se possiacutevel

com anaacutelises comparativas ao desenrolar do projecto noutras zonas do paiacutes

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3 T eacute c n i c a s d e H i g i e n e O r a l

3 1 Escovagem dos den tes ndash A escova A escovagem dos dentes deve ser efectuada com uma escova de tamanho adequado agrave boca de quem a

utiliza Habitualmente as embalagens referem as idades a que se destinam Os filamentos devem ser

de nylon com extremidades arredondadas e textura macia que quando comeccedilam a ficar deformados

obrigam agrave substituiccedilatildeo da escova Normalmente a escova quando utilizada 2 vezes por dia dura cerca

de 3-4 meses

Existem escovas manuais e eleacutectricas as quais requerem os mesmos cuidados As escovas eleacutectricas

facilitam a higiene oral das pessoas que tenham pouca destreza manual

3 2 Escovagem dos den tes ndash O den t iacute f r i co O dentiacutefrico a utilizar deve conter fluoreto numa dosagem de cerca de 1000-1500 ppm A quantidade a

utilizar em cada uma das escovagens deve ser semelhante (ou inferior) ao tamanho da unha do 5ordm dedo

(dedo mindinho) da matildeo da crianccedila

Os dentiacutefricos com sabores muito atractivos natildeo se recomendam porque podem levar as crianccedilas a

engoli-lo deliberadamente Ateacute aos 6 anos aproximadamente o dentiacutefrico deve ser colocado na escova

por um adulto Apoacutes a escovagem dos dentes eacute apenas necessaacuterio cuspir o excesso de dentiacutefrico

podendo no entanto bochechar-se com um pouco de aacutegua

33 Escovagem dos dentes no Jardim-de-infacircncia e na Escola identificaccedilatildeo e arrumaccedilatildeo das escovas e copos

Hoje em dia haacute escovas de dentes que tecircm uma tampa ou estojo com orifiacutecios que a protege Caso se

opte pela utilizaccedilatildeo destas escovas natildeo eacute necessaacuterio que fiquem na escola Os alunos poderatildeo colocaacute-

la dentro da mochila juntamente com o tubo do dentiacutefrico e transportaacute-los diariamente para a escola

O conceito de intransmissibilidade da escova de dentes deve ser reforccedilado junto das crianccedilas Se as

escovas ficarem na escola eacute essencial que estejam identificadas bastando para tal escrever no cabo da

escova o nome da crianccedila com uma caneta de tinta resistente agrave aacutegua Tambeacutem se devem identificar os

dentiacutefricos Cada aluno deveraacute ter o seu proacuteprio dentiacutefrico e os copos caso natildeo sejam descartaacuteveis

As escovas guardam-se num local seco e arejado de modo a que os pelos fiquem virados para cima e

natildeo contactem umas com as outras Cada escova pode ser colocada dentro do copo num suporte

acriacutelico ou outro material resistente agrave aacutegua em local seco e arejado

Dentiacutefricos e escovas devem estar fora do alcance das crianccedilas para evitar a troca ou ingestatildeo

acidental de dentiacutefrico Caso haja a possibilidade de utilizar copos descartaacuteveis (de cafeacute) o processo eacute

bastante simplificado (os copos de cafeacute podem ser substituiacutedos por copos de iogurte) Os produtos de

higiene oral podem ser adquiridos com a colaboraccedilatildeo da Autarquia do Centro de Sauacutede dos pais ou

ateacute de alguma empresa Se a escola tiver refeitoacuterio pode tambeacutem ser viaacutevel utilizar os copos do

refeitoacuterio

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34 Escovagem dos den tes ndash Organ izaccedilatildeo da ac t i v idade

A escovagem dos dentes deve ser feita diariamente no jardim-de-infacircncia e na escola apoacutes o almoccedilo agrave

entrada na sala de aula ou apoacutes o intervalo As crianccedilas poderatildeo escovar os dentes na casa de banho no

refeitoacuterio ou na proacutepria sala de aula O processo eacute simples natildeo exigindo muitas condiccedilotildees fiacutesicas das

escolas que satildeo frequentemente utilizadas para justificar a recusa desta actividade

Caso a escola tenha lavatoacuterios suficientes esta actividade pode ser feita na casa de banho Eacute necessaacuterio

definir a hora em que cada uma das salas vai utilizar esse espaccedilo Na casa de banho deveratildeo estar

apenas as crianccedilas que estatildeo a escovar os dentes Os outros esperam a sua vez em fila agrave porta Eacute

essencial que esteja algueacutem (auxiliar professoreducador ou voluntaacuterio) a vigiar para manter a ordem

organizar o processo e corrigir a teacutecnica da escovagem No final da escovagem cada crianccedila lava a

escova e o copo (se natildeo for descartaacutevel) e arruma no local destinado a esse efeito

Quando o espaccedilo fiacutesico natildeo permite que a escovagem seja feita na casa de banho esta actividade pode

ser feita na proacutepria sala de aula Nesta situaccedilatildeo se for possiacutevel utilizar copos descartaacuteveis ou copos de

iogurte facilita o processo e torna-o menos moroso Os alunos mantecircm-se sentados nas suas cadeiras

Retiram da sua mochila o estojo com a escova e o dentiacutefrico Um dos alunos distribui os copos e os

guardanapos (ou toalhetes de papel ou papel higieacutenico) Os alunos escovam os dentes todos ao mesmo

tempo podendo ateacute fazecirc-lo com muacutesica O professor deve ir corrigindo a teacutecnica de escovagem Apoacutes

a escovagem as crianccedilas cospem o excesso de dentiacutefrico para o copo limpam a boca tiram o excesso

de dentiacutefrico e saliva da escova com o papel ou o guardanapo e por fim colocam-no dentro do copo

Tapam a escova e arrumam-na em estojo proacuteprio ou na mochila juntamente com o dentiacutefrico No final

um dos alunos vai buscar um saco de lixo passa por todas as carteiras para que cada uma coloque o

seu copo no lixo Caso alguma das crianccedilas natildeo tolere o restos de dentiacutefrico na cavidade oral pode

colocar-se uma pequena porccedilatildeo de aacutegua no copo e no fim da escovagem bochecha e cospe para o

copo Os pais dos alunos devem ser instruiacutedos para se certificarem que em casa a crianccedila lava a sua

escova com aacutegua corrente e volta a colocaacute-la na mochila No sentido de facilitar o procedimento

recomenda-se que os copos sejam descartaacuteveis e as escovas tenham tampa

35 Escovagem dos den tes - A teacutecn ica A escovagem dos dentes para ser eficaz ou seja para remover a placa bacteriana necessita ser feita

com rigor e demora 2 a 3 minutos Quando se utiliza uma escova manual a escovagem faz-se da

seguinte forma

inclinar a escova em direcccedilatildeo agrave gengiva (cerca de 45ordm) e fazer pequenos movimentos vibratoacuterios

horizontais ou circulares de modo a que os pelos da escova limpem o sulco gengival (espaccedilo que

fica entre o dente e a gengiva)

se for difiacutecil manter esta posiccedilatildeo colocar os pecirclos da escova perpendicularmente agrave gengiva e agrave

superfiacutecie do dente

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escovar 2 dentes de cada vez (os correspondentes ao tamanho da cabeccedila da escova) fazendo

aproximadamente 10 movimentos (ou 5 caso sejam crianccedilas ateacute aos 6 anos) nas superfiacutecies

dentaacuterias abarcadas pela escova

comeccedilar a escovagem pela superfiacutecie externa (do lado da bochecha) do dente mais posterior de um

dos maxilares e continuar a escovar ateacute atingir o uacuteltimo dente da extremidade oposta desse

maxilar

com a mesma sequecircncia escovar as superfiacutecies dentaacuterias do lado da liacutengua

proceder do mesmo modo para fazer a escovagem dos dentes do outro maxilar

escovar as superfiacutecies mastigatoacuterias dos dentes com movimentos de vaiveacutem

por fim pode escovar-se a liacutengua

Quando se utiliza uma escova de dentes eleacutectrica segue-se a mesma sequecircncia de escovagem O

movimento da escova eacute feito automaticamente natildeo deve ser feita pressatildeo ou movimentos adicionais

sobre os dentes A escova desloca-se ao longo da arcada escovando um soacute dente de cada vez A

escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluacuteor deve ser feita duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente agrave noite antes de deitar

3 6 Uso do f io den taacute r io A partir do momento em que haacute destreza manual (a partir dos 8 anos) eacute indispensaacutevel o uso do fio ou

fita dentaacuteria que se utiliza da seguinte forma

retirar cerca de 40 cm de fio (ou fita) do porta fio

enrolar a quase totalidade do fio no dedo meacutedio de uma matildeo e uma pequena porccedilatildeo no dedo meacutedio

da outra matildeo deixando entre os dois dedos uma porccedilatildeo de fio com aproximadamente 25 cm

Quando as crianccedilas satildeo mais pequenas pode retirar-se uma porccedilatildeo mais pequena de fio cerca de

30 cm dar um noacute juntando as 2 pontas formando um ciacuterculo com o fio natildeo havendo necessidade

de o enrolar nos dedos Eacute importante utilizar sempre fio limpo em cada espaccedilo interdentaacuterio Os

polegares eou os indicadores ajudam a manuseaacute-lo

introduzir o fio cuidadosamente entre dois dentes e curva-lo agrave volta do dente que se quer limpar

fazendo com que tome a forma de um ldquoCrdquo

executar movimentos curtos horizontais desde o ponto de contacto entre os dentes ateacute ao sulco

gengival em cada uma das faces que delimitam o espaccedilo interdentaacuterio

repetir este procedimento ateacute que todos os espaccedilos interdentaacuterios de todos os dentes estejam

devidamente limpos

O fio dentaacuterio deve ser utilizado uma vez por dia de preferecircncia agrave noite antes de deitar Na escola os

alunos poderatildeo a aprender a utilizar este meio de remoccedilatildeo de placa bacteriana interdentaacuterio sendo

importante envolver os pais no sentido de lhes pedir colaboraccedilatildeo e permitir que as crianccedilas o utilizem

em casa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 13

3 7 Reve lador de p laca bac te r i ana O uso de reveladores de placa bacteriana (em soluto ou em comprimidos mastigaacuteveis) permitem

avaliar a higiene oral e consequentemente melhorar as teacutecnicas de escovagem e de utilizaccedilatildeo do fio

dentaacuterio

A partir dos 6 anos de idade estes produtos podem ser usados para que as crianccedilas visualizem a placa

e mais facilmente compreendam que os seus dentes necessitam de ser cuidadosamente limpos

A eritrosina que tem a propriedade de corar de vermelho a placa bacteriana eacute um dos exemplos de

corantes que se podem utilizar Utiliza-se da seguinte forma

colocar 1 a 2 gotas por baixo da liacutengua ou mastigar um comprimido sem engolir

passar a liacutengua por todas as superfiacutecies dentaacuterias

bochechar com aacutegua

A placa bacteriana corada eacute facilmente removida atraveacutes da escovagem dos dentes e do fio dentaacuterio

Nota Para evitar que os laacutebios fiquem corados de vermelho antes de colocar o corante pode passar

batom creme gordo ou vaselina nos laacutebios

3 8 Bochecho f luore tado A partir dos 6 anos pode ser feito o bochecho quinzenal com fluoreto de soacutedio a 02 na escola da

seguinte forma

agitar a soluccedilatildeo e deitar 10 ml em cada copo e distribui-los

indicar a cada crianccedila para colocar o antebraccedilo no rebordo da mesa

introduzir a soluccedilatildeo na boca sem engolir

repousar a testa no antebraccedilo colocando o copo debaixo da boca

bochechar vigorosamente durante 1 minuto

apoacutes este periacuteodo deve ser cuspida tendo o cuidado de natildeo a engolir

Apoacutes o bochecho a crianccedila deve permanecer 30 minutos sem comer nem beber

39 Iacutendice de placa O Iacutendice de Placa (IP) eacute utilizado para quantificar a placa bacteriana em todas as superfiacutecies dentaacuterias e

reflecte os haacutebitos de higiene oral dos indiviacuteduos avaliados

Assim enquanto que um baixo Iacutendice de Placa poderaacute significar um bom impacto das acccedilotildees de

educaccedilatildeo para a sauacutede em sauacutede oral nomeadamente das relacionadas com a higiene um iacutendice

elevado sugere o contraacuterio

Em programas comunitaacuterios geralmente eacute utilizado o Iacutendice de Placa Simplificado que eacute mais raacutepido

de determinar sendo o resultado final igualmente fiaacutevel

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 14

Para se calcular o Iacutendice de Placa Simplificado eacute necessaacuterio atribuir um valor ao tamanho da placa

bacteriana existente nos seguintes 6 dentes e superfiacutecies predeterminados Maxilar superior

1 Primeiro molar superior direito - Superfiacutecie vestibular

2 Incisivo central superior direito - Superfiacutecie vestibular

3 Primeiro molar superior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

4 Primeiro molar inferior esquerdo - Superfiacutecie lingual

5 Incisivo central inferior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

6 Primeiro molar inferior direito - Superfiacutecie lingual

Para atribuir um valor ao tamanho da placa bacteriana existente em cada uma das su

acima referidas eacute necessaacuterio utilizar o revelador de placa bacteriana para a co

facilitar a sua observaccedilatildeo e respectiva classificaccedilatildeo e registo

A cada uma das superfiacutecies dentaacuterias soacute pode ser atribuiacutedo um dos seguintes valore

Valor 0

Valor 1

Valor 2

Valor 3

rarr Se a superfiacutecie do dente natildeo estaacute corada

rarr Se 13 da superfiacutecie estaacute corado

rarr Se 23 da superfiacutecie estatildeo corados

rarr Se estaacute corada toda a superfiacutecie

Feito o registo da observaccedilatildeo individual verifica-se que o somatoacuterio do conjunto de

poderaacute variar entre 0 (zero) e 18 (dezoito)

Dividindo por 6 (seis) este somatoacuterio obteacutem-se o Iacutendice de Placa Individual

Para determinar o Iacutendice de Placa de um grupo de indiviacuteduos divide-se o som

individuais pelo nuacutemero de indiviacuteduos observados multiplicado por seis (o nuacutemer

nuacutemero de dentes seleccionados por indiviacuteduo)

Assim o Iacutendice de Placa poderaacute variar entre 0 (zero) e 3 (trecircs)

Iacutendice de Placa (IP) = Somatoacuterio da classificaccedilatildeo dada a cada dente

Nordm de indiviacuteduos observados x 6

A sauacutede oral das crianccedilas e adolescentes eacute um grave problema de sauacutede puacuteblica ma

simples como as descritas neste documento executadas pelos proacuteprios eou com

encorajadas pela escola e pelos serviccedilos de sauacutede contribuem decididamente para

oral importantes e implementaccedilatildeo efectiva do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas d

Maxilar inferior

perfiacutecies dentaacuterias

rar e dessa forma

s

valores atribuiacutedos

atoacuterio dos valores

o seis representa o

s que com medidas

ajuda da famiacutelia

ganhos em sauacutede

Sauacutede Oral

e EPSrsquorsquo 15

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

F l u o r e t o s

F u n d a m e n t a ccedil atilde o e R e c o m e n d a ccedil otilde e s d a T a s k F o r c e

Documento produzido pela Task Force constituiacuteda pelo Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr

Ricardo Jorge Direcccedilatildeo-Geral de Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura Faculdade de

Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Medicina Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria

Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa e Porto Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento Instituto Superior de

Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia

Ordem dos Meacutedicos Dentistas Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria Sociedade Portuguesa de

Pediatria e os serviccedilos da DGS Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede Divisatildeo de Sauacutede Ambiental

Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

1 F l u o r e t o s

A evidecircncia cientiacutefica tem demonstrado que as mudanccedilas observadas no padratildeo da doenccedila caacuterie

dentaacuteria ocorrem pela implementaccedilatildeo de programas preventivos e terapecircuticos de acircmbito comunitaacuterio

e por estrateacutegias de acccedilatildeo especiacuteficas dirigidas a grupos de risco com criteriosa utilizaccedilatildeo dos

fluoretos

O fluacuteor eacute o elemento mais electronegativo da tabela perioacutedica e raramente existe isolado sendo por

isso habitualmente referido como fluoreto Na natureza encontra-se sob a forma de um iatildeo (F-) em

associaccedilatildeo com o caacutelcio foacutesforo alumiacutenio e tambeacutem como parte de certos silicatos como o topaacutezio

Normalmente presente nas rochas plantas ar aacuteguas e solos este elemento faz parte da constituiccedilatildeo de

alguns materiais plaacutesticos e pode tambeacutem estar presente na constituiccedilatildeo de alguns fertilizantes

contribuindo desta forma para a sua presenccedila no solo aacutegua e alimentos No solo o conteuacutedo de

fluoretos varia entre 20 e 500 ppm contudo nas camadas mais profundas o seu niacutevel aumenta No ar a

concentraccedilatildeo normal de fluoretos oscila entre 005 e 190microgm3 1

Do fluacuteor que eacute ingerido entre 75 e 90 eacute absorvido por via digestiva sendo a mucosa bucal

responsaacutevel pela absorccedilatildeo de menos de 1 Depois de absorvido passa para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea

sob a forma ioacutenica ou de compostos orgacircnicos lipossoluacuteveis A forma ioacutenica que circula livremente e

natildeo se liga agraves proteiacutenas nem aos componentes plasmaacuteticos nem aos tecidos moles eacute a que vai estar

disponiacutevel para ser absorvida pelos tecidos duros Da quantidade total de fluacuteor presente no organismo

99 encontra-se nos tecidos calcificados Entre 10 e 25 do aporte diaacuterio de fluacuteor natildeo chega a ser

absorvido vindo a ser excretado pelas fezes O fluacuteor absorvido natildeo utilizado (cerca de 50) eacute

eliminado por via renal2

O fluacuteor tem uma grande afinidade com a apatite presente no organismo com a qual cria ligaccedilotildees

fortes que natildeo satildeo irreversiacuteveis Este facto deve-se agrave facilidade com que os radicais hidroxilos da

hidroxiapatite satildeo substituiacutedos pelos iotildees fluacuteor formando fluorapatite No entanto a apatite normal do

ser humano presente no osso e dente mesmo em condiccedilotildees ideais de presenccedila de fluacuteor nunca se

aproxima da composiccedilatildeo da fluorapatite pura

Quando o fluacuteor eacute ingerido passa pela cavidade oral daiacute resultando a deposiccedilatildeo de uma determinada

quantidade nos tecidos e liacutequidos aiacute existentes A mucosa jugal as gengivas a placa bacteriana os

dentes e a saliva vatildeo beneficiar imediatamente de um aporte directo de fluacuteor que pode permitir que a

sua disponibilidade na cavidade oral se prolongue por periacuteodos mais longos Eacute um facto que a presenccedila

de fluacuteor no meio oral independentemente da sua fonte resulta numa acccedilatildeo preventiva e terapecircutica

extremamente importante

Nota 22 mg de fluoreto de soacutedio correspondem a 1 mg de fluacuteor Quando se dilui 1 mg de fluacuteor em um litro de aacutegua pura

considera-se que essa aacutegua passou a ter 1 ppm de fluacuteor

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 2

Considera-se actualmente que os benefiacutecios dos fluoretos resultam basicamente da sua acccedilatildeo toacutepica

sobre a superfiacutecie do dente enquanto a sua acccedilatildeo sisteacutemica (preacute-eruptiva) eacute muito menos importante

A acccedilatildeo preventiva e terapecircutica dos fluoretos eacute conseguida predominantemente pela sua acccedilatildeo toacutepica

quer nas crianccedilas quer nos adultos atraveacutes de trecircs mecanismos diferentes responsaacuteveis pela

bull inibiccedilatildeo do processo de desmineralizaccedilatildeo

bull potenciaccedilatildeo do processo de remineralizaccedilatildeo

bull inibiccedilatildeo da acccedilatildeo da placa bacteriana

O uso racional dos fluoretos na profilaxia da caacuterie dentaacuteria com eficaacutecia e seguranccedila baseia-se no

conhecimento actualizado dos seus mecanismos de acccedilatildeo e da sua toxicologia

Com base na evidecircncia cientiacutefica a estrateacutegia de utilizaccedilatildeo dos fluoretos em sauacutede oral foi redefinida

tendo em conta que a sua acccedilatildeo preventiva eacute predominantemente poacutes-eruptiva e toacutepica e a sua acccedilatildeo

toacutexica com repercussotildees a niacutevel dentaacuterio eacute preacute-eruptiva e sisteacutemica

Estudos epidemioloacutegicos efectuados pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) sobre os efeitos do

fluacuteor na sauacutede humana referem que valores compreendidos entre 1 e 15 ppm natildeo representam risco

acrescido Contudo valores entre 15 e 2 ppm em climas quentes poderatildeo contribuir para a ocorrecircncia

de casos de fluorose dentaacuteria e valores entre 3 a 6 ppm para o aparecimento de fluorose oacutessea

Para a OMS a concentraccedilatildeo oacuteptima de fluoretos na aacutegua quando esta eacute sujeita a fluoretaccedilatildeo deve

estar compreendida entre 05 e 15 ppm de F dependendo este valor da temperatura meacutedia do local

que condiciona a quantidade de aacutegua ingerida nas zonas mais frias o valor maacuteximo pode estar perto

do limite superior nas zonas mais quentes o valor deve estar perto do limite inferior para uma

prevenccedilatildeo eficaz da caacuterie dentaacuteria Para que os riscos de fluorose estejam diminuiacutedos os programas de

fluoretaccedilatildeo das aacuteguas devem obedecer a criteacuterios claramente definidos

Nas regiotildees onde a aacutegua da rede puacuteblica conteacutem menos de 03 ppm (mgl) de fluoretos (situaccedilatildeo mais

frequente em Portugal Continental) a dose profilaacutectica oacuteptima considerando a soma de todas as fontes

de fluoretos eacute de 005mgkgdia3

11 Toxicidade Aguda

Uma intoxicaccedilatildeo aguda pelo fluacuteor eacute uma possibilidade extremamente rara Alguns casos tecircm sido

descritos na literatura Estudos efectuados em roedores e extrapolados para o homem adulto permitem

pensar que a dose letal miacutenima de fluacuteor seja de aproximadamente 2 gramas ou 32 a 64 mgkg de peso

corporal mas para uma crianccedila bastam 15 mgkg de peso corporal 2

A partir da ingestatildeo de doses superiores a 5mgkg de peso corporal considera-se a hipoacutetese de vir a ter

efeitos toacutexicos

As crianccedilas pequenas tecircm um risco acrescido de ingerir doses de fluoretos atraveacutes do consumo de

produtos de higiene oral A ingestatildeo acidental de um quarto de um tubo com dentiacutefrico de 125 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 3

(1500 ppm de Fluacuteor) potildee em risco a vida de uma crianccedila de um ano de idade O risco de ingestatildeo

acidental por crianccedilas eacute real e eacute adjuvado pelo tipo de embalagens destes produtos que natildeo tecircm

dispositivos de seguranccedila para a sua abertura

A toxicidade aguda pelos fluoretos poderaacute manifestar-se por queixas digestivas (dor abdominal

voacutemitos hematemeses e melenas) neuroloacutegicas (tremores convulsotildees tetania deliacuterio lentificaccedilatildeo da

voz) renais (urina turva hematuacuteria) metaboacutelicas (hipocalceacutemia hipomagnesieacutemia hipercalieacutemia)

cardiovasculares (arritmias hipotensatildeo) e respiratoacuterias (depressatildeo respiratoacuteria apneias) 4

12 Toxicidade Croacutenica

A dose total diaacuteria de fluoretos administrados por via sisteacutemica isenta de risco de toxicidade croacutenica

situa-se abaixo de 005 mgkgdia de peso A partir desses valores aumentam as manifestaccedilotildees atraveacutes

do aparecimento de hipomineralizaccedilatildeo do esmalte que se revela por fluorose dentaacuteria Com

concentraccedilotildees acima de 25 ppm na aacutegua esta manifestaccedilatildeo eacute mais evidente sendo tanto mais grave

quanto a concentraccedilatildeo de fluoretos vai aumentando O periacuteodo criacutetico para o efeito toacutexico do fluacuteor se

manifestar sobre a denticcedilatildeo permanente eacute entre o nascimento e os 7 anos de idade (ateacute aos 3 anos eacute o

periacuteodo mais criacutetico) Quando existem fluoretos ateacute 3 ppm na aacutegua aleacutem da fluorose natildeo parece

existir qualquer outro efeito toacutexico na sauacutede A partir deste valor aumenta o risco de nefrotoxicidade

Como qualquer outro medicamento os fluoretos em dose excessiva tecircm efeitos toacutexicos que

normalmente se manifestam atraveacutes de uma interferecircncia na esteacutetica dentaacuteria Essa manifestaccedilatildeo eacute a

fluorose dentaacuteria

Estudos recentes sobre suplementos de fluoretos e fluorose 5 confirmam que as comunidades sem aacutegua

fluoretada e que utilizam suplementos de fluoretos durante os primeiros 6 anos de vida apresentam

um aumento do risco de desenvolver fluorose

O principal factor de risco para o aparecimento de fluorose dentaacuteria eacute o aporte total de fluoretos

provenientes de diferentes fontes nomeadamente da alimentaccedilatildeo incluindo a aacutegua e os suplementos

alimentares dentiacutefricos e soluccedilotildees para bochechos comprimidos e gotas e ingestatildeo acidental que natildeo

satildeo faacuteceis de quantificar

A fluorose dentaacuteria aumentou nos uacuteltimos anos em comunidades com e sem aacutegua fluoretada 6

2 F l u o r e t o s n a aacute g u a

2 1 Aacute g u a d e a b a s t e c i m e n t o p uacute b l i c o

A fluoretaccedilatildeo das aacuteguas para consumo humano como meio de suprir o deacutefice de fluoretos na aacutegua eacute

uma praacutetica comum em alguns paiacuteses como o Brasil Austraacutelia Canadaacute EUA e Nova Zelacircndia

Apesar de serem tatildeo diferentes quer do ponto de vista soacutecioeconoacutemico quer geograacutefico eles detecircm

uma experiecircncia superior a 25 anos neste domiacutenio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 4

Na Europa a maior parte dos paiacuteses natildeo faz fluoretaccedilatildeo das suas aacuteguas para consumo humano agrave

excepccedilatildeo da Irlanda da Suiacuteccedila (Basileia) e de 10 da populaccedilatildeo do Reino Unido Na Alemanha eacute

proibido e nos restantes paiacuteses eacute desaconselhado

Nos paiacuteses em que se faz fluoretaccedilatildeo da aacutegua alguns estudos demonstraram natildeo ter existido um ganho

efectivo na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria No entanto outros como a Austraacutelia no Estado de Victoacuteria

onde a fluoretaccedilatildeo da aacutegua se faz regularmente observaram-se ganhos efectivos na sauacutede oral da

populaccedilatildeo com consequentes ganhos econoacutemicos

Recomendaccedilatildeo Eacute indispensaacutevel avaliar a qualidade das aacuteguas de abastecimento puacuteblico periodicamente e corrigir os

paracircmetros alterados

Na aacutegua os valores das concentraccedilotildees de fluoretos estatildeo compreendidas entre 01 a 07 ppm Contudo

em alguns casos podem apresentar valores muito mais elevados

Quando a aacutegua apresenta valores de ph superiores a 8 e o iatildeo soacutedio e os carbonatos satildeo dominantes os

valores de fluoretos normalmente presentes excedem 1 ppm

Nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica os fluoretos podem existir naturalmente ou resultar de um

programa de fluoretaccedilatildeo Em Portugal Continental os valores satildeo normalmente baixos e as aacuteguas natildeo

estatildeo sujeitas a fluoretaccedilatildeo artificial O teor de fluoretos deveraacute ser controlado regularmente de modo

a preservar os interesses da sauacutede puacuteblica 7

Na definiccedilatildeo de um valor guia para a aacutegua de consumo humano a OMS propotildee o valor limite de 15

ppm de Fluacuteor referindo que valores superiores podem contribuir para o aumento do risco de fluorose

A Agecircncia Americana para o Ambiente (USEPA) refere um valor maacuteximo admissiacutevel de fluoretos na

aacutegua de consumo humano de 15 ppm e recomenda que nunca se ultrapasse os 4 ppm

Em Portugal a legislaccedilatildeo actualmente em vigor sobre a qualidade da aacutegua para consumo humano

decreto-lei nordm 23698 de 1 de Agosto define dois Valores Maacuteximos Admissiacuteveis (VMA) para os

fluoretos 15 ppm (8 a 12 ordmC) e 07 ppm (25 a 30 ordmC) O decreto-lei nordm 2432001 de 5 de Setembro

que transpotildee a Directiva Comunitaacuteria nordm 9883CE de 3 de Novembro que entrou em vigor em 25 de

Dezembro de 2003 define para os fluoretos um Valor Parameacutetrico (VP) de 15 ppm

O decreto-lei nordm 24301 remete para a Entidade Gestora a verificaccedilatildeo da conformidade dos valores

parameacutetricos obrigatoacuterios aplicaacuteveis agrave aacutegua para consumo humano Sempre que um valor parameacutetrico

eacute excedido isso corresponde a uma situaccedilatildeo de incumprimento e perante esta situaccedilatildeo a entidade

gestora deve de imediato informar a autoridade de sauacutede e a entidade competente dando conta das

medidas correctoras adoptadas ou em curso para restabelecer a qualidade da aacutegua destinada a consumo

humano

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 5

Deve ter-se em atenccedilatildeo o desvio em relaccedilatildeo ao valor parameacutetrico fixado e o perigo potencial para a

sauacutede humana

Segundo o decreto-lei supra mencionado artigo 9ordm compete agraves autoridades de sauacutede a vigilacircncia

sanitaacuteria e a avaliaccedilatildeo do risco para a sauacutede puacuteblica da qualidade da aacutegua destinada ao consumo

humano Sempre que o risco exista e o incumprimento persistir a autoridade de sauacutede deve informar e

aconselhar os consumidores afectados e determinar a proibiccedilatildeo de abastecimento restringir a

utilizaccedilatildeo da aacutegua que constitua um perigo potencial para a sauacutede humana e adoptar todas as medidas

necessaacuterias para proteger a sauacutede humana

Nos Accedilores e na Madeira ou em zonas onde o teor de fluoretos na aacutegua eacute muito elevado deveraacute ser

feita uma verificaccedilatildeo da constante e a correcccedilatildeo adequada

Os principais tratamentos de desfluoretaccedilatildeo envolvem a floculaccedilatildeo da aacutegua usando sais hidratados de

alumiacutenio principalmente em condiccedilotildees alcalinas No caso de aacuteguas aacutecidas pode-se adicionar cal e

alternativamente pode-se recorrer agrave adsorccedilatildeo com carvatildeo activado ou alumina activada ( Al2O3 ) ou

por permuta ioacutenica usando resinas especiacuteficas

Recomendaccedilatildeo Ateacute aos 6-7 anos as crianccedilas natildeo devem ingerir regularmente aacutegua com teor de fluoretos superior a 07 ppm

Recomendaccedilatildeo Sempre que o valor parameacutetrico dos fluoretos na aacutegua para consumo humano exceder 15 ppm deveratildeo ser aplicadas

medidas correctoras para restabelecer a qualidade da aacutegua

2 2 Aacute g u a s m i n e r a i s n a t u r a i s e n g a r r a f a d a s

As aacuteguas minerais naturais engarrafadas deveratildeo no futuro ter rotulagem de acordo com a Directiva

Comunitaacuteria 200340CE da Comissatildeo Europeia de 16 de Maio publicada no Jornal Oficial da Uniatildeo

Europeia em 2252003 artigo 4ordm laquo1 As aacuteguas minerais naturais cuja concentraccedilatildeo em fluacuteor for

superior a 15 mgl (ppm) devem ostentar no roacutetulo a menccedilatildeo lsquoconteacutem mais de 15 mgl (ppm) de

fluacuteor natildeo eacute adequado o seu consumo regular por lactentes nem por crianccedilas com menos de 7 anosrsquo

2 No roacutetulo a menccedilatildeo prevista no nordm 1 deve figurar na proximidade imediata da denominaccedilatildeo de

venda e em caracteres claramente visiacuteveis 3

As aacuteguas minerais naturais que em aplicaccedilatildeo do nordm 1 tiverem de ostentar uma menccedilatildeo no roacutetulo

devem incluir a indicaccedilatildeo do teor real em fluacuteor a niacutevel da composiccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica em constituintes

caracteriacutesticos tal como previsto no nordm 2 aliacutenea a) do artigo 7ordm da Directiva 80777CEEraquo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 6

Para as aacuteguas de nascente cujas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas satildeo definidas pelo Decreto-lei

2432001 de 5 de Setembro em vigor desde Dezembro de 2003 os limites para o teor de fluoretos satildeo

de 15 mgl (ppm)

De acordo com o parecer do Scientific Committee on Food - Comiteacute Cientiacutefico de Alimentaccedilatildeo

Humana (expresso em Dezembro de 1996) a Comissatildeo natildeo vecirc razotildees para nos climas da Uniatildeo

Europeia (climas temperados) limitar os fluoretos nas aacuteguas de consumo humano e nas aacuteguas minerais

naturais para valores inferiores a 15mgl (ppm)

3 F l u o r e t o s n o s g eacute n e r o s a l i m e n t iacute c i o s

Entende-se por lsquogeacutenero alimentiacuteciorsquo qualquer substacircncia ou produto transformado parcialmente

transformado ou natildeo transformado destinado a ser ingerido pelo ser humano ou com razoaacuteveis

probabilidades de o ser Este termo abrange bebidas pastilhas elaacutesticas e todas as substacircncias

incluindo a aacutegua intencionalmente incorporadas nos geacuteneros alimentiacutecios durante o seu fabrico

preparaccedilatildeo ou tratamento8 9

Na alimentaccedilatildeo as estimativas de ingestatildeo de fluacuteor atraveacutes da dieta variam entre 02 e 34 mgdia

sendo estes uacuteltimos valores atingidos quando se inclui o chaacute na alimentaccedilatildeo A ingestatildeo de fluoretos

provenientes dos alimentos comuns eacute pouco significativa Apenas 13 se apresentam na forma

ionizaacutevel e portanto biodisponiacutevel

Recomendaccedilatildeo Independentemente da origem ao utilizar aacutegua informe-se sobre o seu teor em fluoretos As que tecircm um elevado teor

deste elemento natildeo satildeo adequadas para lactentes e crianccedilas com menos de 7 anos

Recomendaccedilatildeo Dar prioridade a uma dieta equilibrada e saudaacutevel com diversidade alimentar Utilizar a aacutegua da cozedura dos

alimentos para confeccionar outros alimentos (ex sopas arroz)

No iniacutecio do ano de 2003 a Comissatildeo Europeia apresentou uma nova proposta de Directiva

Comunitaacuteria relativa agrave ldquoAdiccedilatildeo aos geacuteneros alimentiacutecios de vitaminas minerais e outras substacircnciasrdquo

onde os fluoretos satildeo referidos como podendo ser adicionados a geacuteneros alimentiacutecios comuns Nesta

proposta de Directiva Comunitaacuteria eacute sugerida a inclusatildeo de determinados nutrimentos (entre eles o

fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de geacuteneros alimentiacutecios comuns Esta proposta

prevista no Livro Branco da Comissatildeo ainda estaacute numa fase inicial de discussatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 7

4 F l u o r e t o s e m s u p l e m e n t o a l i m e n t a r

Entende-se por lsquosuplementos alimentaresrsquo geacuteneros alimentiacutecios que se destinam a complementar e ou

suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas

substacircncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisioloacutegico estremes ou combinados

comercializados em forma doseada tais como caacutepsulas pastilhas comprimidos piacutelulas e outras

formas semelhantes saquetas de poacute ampola de liacutequido frascos com conta gotas e outras formas

similares de liacutequido ou poacute que se destinam a ser tomados em unidades medidas de quantidade

reduzida10

A Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002

transposta para o direito nacional pelo Decreto-lei nordm 1362003 de 28 de Junho relativa agrave aproximaccedilatildeo

das legislaccedilotildees dos Estados-Membros respeitantes aos suplementos alimentares vai permitir a inclusatildeo

de determinados nutrimentos (entre eles o fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de

suplementos alimentares11

A partir de 28 de Agosto de 2003 os fluoretos poderatildeo ser comercializados como suplemento

alimentar passando a estar disponiacutevel em farmaacutecias e superfiacutecies comerciais

As quantidades maacuteximas de vitaminas e minerais presentes nos suplementos alimentares satildeo fixadas

em funccedilatildeo da toma diaacuteria recomendada pelo fabricante tendo em conta os seguintes elementos

a) limites superiores de seguranccedila estabelecidos para as vitaminas e os minerais apoacutes uma

avaliaccedilatildeo dos riscos efectuada com base em dados cientiacuteficos geralmente aceites tendo em

conta quando for caso disso os diversos graus de sensibilidade dos diferentes grupos de

consumidores

b) quantidade de vitaminas e minerais ingerida atraveacutes de outras fontes alimentares

c) doses de referecircncia de vitaminas e minerais para a populaccedilatildeo

Recomendaccedilatildeo Nunca ultrapassar a toma indicada no roacutetulo do produto e natildeo utilizar um suplemento alimentar como substituto de um

regime alimentar variado

As quantidades maacuteximas e miacutenimas de vitaminas e minerais referidas seratildeo adoptadas pela Comissatildeo

Europeia assistida pelo Comiteacute de Regulamentaccedilatildeo

Em Portugal a Agecircncia para a Qualidade e Seguranccedila Alimentar viraacute a ter informaccedilatildeo sobre todos os

suplementos alimentares comercializados como geacuteneros alimentiacutecios e introduzidos no mercado de

acordo com o Decreto-lei nordm 1362003

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 8

A rotulagem dos suplementos alimentares natildeo poderaacute mencionar nem fazer qualquer referecircncia a

prevenccedilatildeo tratamento ou cura de doenccedilas humanas e deveraacute indicar uma advertecircncia de que os

produtos devem ser guardados fora do alcance das crianccedilas

5 F luore tos em med icamentos e p rodutos cosmeacutet icos de h ig iene corpora l

A distinccedilatildeo entre Medicamento e Produto Cosmeacutetico de Higiene Corporal contendo fluoretos depende

do seu teor no produto Os cosmeacuteticos contecircm obrigatoriamente uma concentraccedilatildeo de fluoretos inferior

a 015 (1500 ppm) (Decreto-lei 1002001 de 28 de Marccedilo I Seacuterie A) sendo que todos os dentiacutefricos

com concentraccedilotildees de fluoretos superior a 015 satildeo obrigatoriamente classificados como

medicamentos

Os medicamentos contendo fluoretos e utilizados para a profilaxia da caacuterie dentaacuteria existentes no

mercado portuguecircs satildeo de venda livre em farmaacutecia Encontram-se disponiacuteveis nas formas

farmacecircuticas de soluccedilatildeo oral (gotas orais) comprimidos dentiacutefricos gel dentaacuterio e soluccedilatildeo de

bochecho

5 1 F l u o r e t o s e m c o m p r i m i d o s e g o t a s o r a i s

A utilizaccedilatildeo de medicamentos contendo fluoretos na forma de gotas orais e comprimidos foi ateacute haacute

pouco recomendada pelos profissionais de sauacutede (pediatras meacutedicos de famiacutelia cliacutenicos gerais

meacutedicos estomatologistas meacutedicos dentistas) dos 6 meses ateacute aos 16 anos

A clarificaccedilatildeo do mecanismo de acccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria e o aumento de

aporte dos mesmos com consequentes riscos de manifestaccedilatildeo toacutexica obrigaram agrave revisatildeo da sua

administraccedilatildeo em comprimidos eou gotas A gravidade da fluorose dentaacuteria estaacute relacionada com a

dose a duraccedilatildeo e com a idade em que ocorre a exposiccedilatildeo ao fluacuteor 12 13

A ldquoCanadian Consensus Conference on the Appropriate Use of Fluoride Supplements for the

Prevention of Dental Caries in Childrenrdquo 14definiu um protocolo cuja utilizaccedilatildeo eacute recomendada a

profissionais de sauacutede em que se fundamenta a tomada de decisatildeo sobre a necessidade ou natildeo da

suplementaccedilatildeo de fluacuteor A administraccedilatildeo de comprimidos soacute eacute recomendada quando o teor de fluoretos

na aacutegua de abastecimento puacuteblico for inferior a 03 ppm e

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) natildeo escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas

vezes por dia

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas vezes

por dia mas apresenta um alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 9

Por sua vez a conclusatildeo do laquoForum on Fluoridation 2002raquo15 relativamente agrave administraccedilatildeo de

suplementos de fluoretos foi a seguinte limitar a utilizaccedilatildeo de comprimidos de fluoretos a aacutereas onde

natildeo existe aacutegua fluoretada e iniciar essa suplementaccedilatildeo apenas a crianccedilas com alto risco agrave caacuterie e a

partir dos 3 anos

Os comprimidos de fluoretos caso sejam indicados devem ser usados pelo interesse da sua acccedilatildeo

toacutepica Devem ser dissolvidos na boca em vez de imediatamente ingeridos16

A administraccedilatildeo de fluoretos sob a forma de comprimidos chupados soacute deveraacute ser efectuada em

situaccedilotildees excepcionais isto eacute em populaccedilotildees de baixos recursos econoacutemicos nas quais a escovagem

natildeo possa ser promovida e os iacutendices de caacuterie sejam elevados

Para evitar a potencial toxicidade dos fluoretos antes de qualquer prescriccedilatildeo todos os profissionais de

sauacutede devem efectuar uma avaliaccedilatildeo personalizada dos aportes diaacuterios de cada crianccedila tendo em conta

todas as fontes possiacuteveis desse elemento alimentos comuns suplementos alimentares consumo de

aacutegua da rede puacuteblica eou aacutegua engarrafada e respectivo teor de fluoretos e utilizaccedilatildeo de medicamentos

e produtos cosmeacuteticos contendo fluacuteor

Recomendaccedilatildeo A partir dos 3 anos os suplementos sisteacutemicos de fluoretos poderatildeo ser prescritos pelo meacutedico assistente ou meacutedico dentista em crianccedilas que apresentem um alto risco

agrave caacuterie dentaacuteria

5 2 F l u o r e t o s e m d e n t iacute f r i c o s

Hoje em dia a maior parte dos dentiacutefricos agrave venda no mercado contecircm fluoretos sob diferentes formas

fluoreto de soacutedio monofluorfosfato de soacutedio fluoreto de amina e outros Os mais utilizados satildeo o

fluoreto de soacutedio e o monofluorfosfato de soacutedio

Normalmente o conteuacutedo de fluoreto dos dentiacutefricos eacute de 1000 a 1100 ppm (ou 010 a 011)

podendo variar entre 500 e 1500 ppm

Durante a escovagem cerca de 34 da pasta eacute ingerida por crianccedilas de 3 anos 28 pelas de 4-5 anos

e 20 pelas de 5-7 anos

Devem ser evitados dentiacutefricos com sabor a fruta para impedir o seu consumo em excesso uma vez

que estatildeo jaacute descritos na literatura casos de fluorose resultantes do abuso de dentiacutefricos2

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluoretos duas vezes por dia tem-se revelado um

meio colectivo de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria com grande efectividade e baixo custo pelo que deve

ser considerado o meio de eleiccedilatildeo em estrateacutegias comunitaacuterias

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 10

Do ponto de vista da prevenccedilatildeo da caacuterie a aplicaccedilatildeo toacutepica de dentiacutefrico fluoretado com a escova dos

dentes deve ser executada duas vezes por dia e deve iniciar-se quando se daacute a erupccedilatildeo dos dentes Esta

rotina diaacuteria de higiene executada naturalmente com muito cuidado pelos pais deve

progressivamente ser assumida pela crianccedila ateacute aos 6-8 anos de idade Durante este periacuteodo a

escovagem deve ser sempre vigiada pelos pais ou educadores consoante as circunstacircncias para evitar

a utilizaccedilatildeo de quantidades excessivas de dentiacutefrico o qual pode da mesma forma que os

comprimidos conduzir antes dos 6 anos agrave ocorrecircncia de fluorose

As crianccedilas devem usar dentiacutefrico com teor de fluoretos entre 1000-1500 ppm de fluoreto (dentiacutefrico

de adulto) sendo a quantidade a utilizar do tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

Apoacutes a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado pode-se natildeo bochechar com aacutegua Deveraacute

apenas cuspir-se o excesso de pasta Deste modo consegue-se uma mais alta concentraccedilatildeo de fluoreto

na cavidade oral que vai actuar topicamente durante mais tempo

Os pais das crianccedilas devem receber informaccedilatildeo sobre a escovagem dentaacuteria e o uso de dentiacutefricos

fluoretados A escovagem com dentiacutefrico fluoretado deve iniciar-se imediatamente apoacutes a erupccedilatildeo dos

primeiros dentes Os dentiacutefricos fluoretados devem ser guardados em locais inacessiacuteveis agraves crianccedilas

pequenas17

5 3 F l u o r e t o s e m s o l u ccedil otilde e s d e b o c h e c h o

As soluccedilotildees para bochechos recomendadas a partir dos 6 anos de idade tecircm sido utilizadas em

programas escolares de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria em inuacutemeros paiacuteses incluindo Portugal Satildeo

recomendadas a indiviacuteduos de maior risco agrave caacuterie dentaacuteria mas a sua utilizaccedilatildeo tem vido a ser

restringida a crianccedilas que escovam eficazmente os dentes

Recomendaccedilatildeo Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Recomendaccedilatildeo A partir dos 6 anos de idade deve ser feito o bochecho quinzenalmente com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

02

As soluccedilotildees fluoretadas de uso diaacuterio habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

005 e as de uso semanal ou quinzenal habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de 02

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 11

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 12

Referecircncias

1 Diegues P Linhas de Orientaccedilatildeo associadas agrave presenccedila de fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento 2003 Documento produzido no acircmbito da task force Sauacutede Oral e Fluacuteor Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar e na Divisatildeo de Sauacutede Ambiental da DGS 2 Melo PRGR Influecircncia de diferentes meacutetodos de administraccedilatildeo de fluoretos nas variaccedilotildees de incidecircncia de caacuterie Porto Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto 2001 Tese de doutoramento 3 Agence Francaise de Seacutecuriteacute des Produits de Santeacute Mise au point sur le fluacuteor et la prevention de la carie dentaire AFSPS 31 Juillet 2002 4 Leikin JB Paloucek FP Poisoning amp Toxicology Handbook 3th edition Hudson Lexi- Comp 2002 586-7 5 Ismail AI Bandekar RR Fluoride suplements and fluorosis a meta-analysis Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 48-56 6 Steven ML An update on Fluorides and Fluorosis J Can Dent Assoc 200369(5)268-91 7 Pinto R Cristovatildeo E Vinhais T Castro MF Teor de fluoretos nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica nas sedes de concelho de Portugal Continental Revista Portuguesa de Estomatologia Medicina Dentaacuteria e Cirurgia Maxilofacial 1999 40(3)125-42 8 Regulamento 1782002 do Parlamento Europeu e do Conselho de 28 de Janeiro Jornal Oficial das Comunidades Europeias (2002021) 9 Decreto ndash lei nordm 5601999 DR I Seacuterie A 147 (991218) 10 Decreto ndash lei nordm 1362003 DR I Seacuterie A 293 (20030628) 11 Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002 Jornal Oficial das Comunidades Europeias (20020712) 12 Aoba T Fejerskov O Dental fluorosis Chemistry and Biology Crit Rev Oral Biol Med 2002 13(2) 155-70 13 DenBesten PK Biological mechanisms of dental fluorosis relevant to the use of fluoride supplements Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 41-7 14 Limeback H Introduction to the conference Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 27-30 15 Report of the Forum of fluoridation 2002Governement of Ireland 2002 wwwfluoridationforumie 16 Featherstone JDB Prevention and reversal of dental caries role of low level fluoride Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 31-40 17 Pereira A Amorim A Peres F Peres FR Caldas IM Pereira JA Pereira ML Silva MJ Caacuteries Precoces da InfacircnciaLisboa Medisa Ediccedilotildees e Divulgaccedilotildees Cientiacuteficas Lda 2001 Bibliografia

1 Almeida CM Sugestotildees para a Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2002 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e na Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa

2 Rompante P Fundamentos para a alteraccedilatildeo do Programa de Sauacutede Oral da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Documento realizado no acircmbito da Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2003 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e no Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede ndash Norte

3 Rompante P Determinaccedilatildeo da quantidade do elemento fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento puacuteblico na totalidade das sedes de concelho de Portugal Continental Porto Faculdade de Odontologia da Universidade de Barcelona 2002 Tese de Doutoramento

4 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in Children at High Caries Risk SIGN Publication 2000 47

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Page 29: Direcção-Geral da SaúdePrograma será complementado, sempre que oportuno, por orientações técnicas a emitir por esta Direcção-Geral. O Director-Geral e Alto Comissário da

Estes e outros argumentos poderatildeo ser reais ou apenas formas de encontrar justificaccedilotildees para natildeo

alterar rotinas no entanto eacute fundamental analisar cada situaccedilatildeo e encontrar a forma adequada de actuar

o que implica procurar em conjunto a resoluccedilatildeo do problema natildeo desvalorizando a perspectiva do

teacutecnico de educaccedilatildeo mesmo que do ponto de vista da sauacutede nos pareccedila oacutebvia a resistecircncia agrave mudanccedila e

a sua soluccedilatildeo

Se natildeo conseguirmos sensibilizar os profissionais de educaccedilatildeo para a importacircncia da escovagem e nos

limitarmos a contra-argumentar com os nossos dados e a nossa cientificidade facilmente iratildeo

encontrar outros argumentos Eacute preciso compreender que o que estaacute em causa natildeo satildeo as dificuldades

objectivas mas outro tipo de razotildees mais ou menos subjectivas relacionadas com as condiccedilotildees locais

e de contexto como por exemplo o facto de alguns professores considerarem que natildeo eacute da sua

competecircncia promover a escovagem dos dentes dos seus alunos A interacccedilatildeo pais-professores eacute

constante e pode potenciar grandemente o programa

23 Terceira vertente ndash os pais

Os pais satildeo tambeacutem intervenientes fundamentais nos programas de sauacutede oral e eacute fundamental que

sejam englobados na equipa de projecto enquanto parceiros activos na programaccedilatildeo de actividades de

modo a poder resolver-se eventuais resistecircncias que inclusive podem ser desconhecidas dos teacutecnicos e

serem devidas a idiossincracias micro-culturais Todas as estrateacutegias que sensibilizem os pais para as

medidas que se preconizam satildeo importantes Eacute fundamental que o programa seja ldquocontinuadordquo e

reforccedilado em casa e natildeo pelo contraacuterio descredibilizado pelas praacuteticas domeacutesticas

Em relaccedilatildeo aos pais os factores emocionais satildeo centrais na sua relaccedilatildeo com os filhos e com as escolhas

comportamentais quotidianas Transmitir informaccedilatildeo de forma essencialmente cognitiva por exemplo

laquonatildeo decirc lsquoBolosrsquo aos seus filhos porque satildeo alimentos que podem contribuir para o aparecimento de

caacuterie nos dentes e provocar obesidaderaquo tem muitas possibilidades de provocar efeitos perversos

negativos como seja a culpabilizaccedilatildeo dos pais e a resistecircncia agrave mudanccedila de comportamentos

Com frequecircncia os doces satildeo uma forma de dar afecto ou premiar os filhos ou ateacute servir como

substituto da impossibilidade dos pais estarem mais tempo com os filhos situaccedilatildeo que natildeo eacute com

frequecircncia consciente para os pais Os padrotildees comportamentais dos pais obedecem a inuacutemeras

componentes e soacute actuando sobre cada uma delas se conseguem resultados nas mudanccedilas de

comportamentos

Fornecer apenas informaccedilatildeo pode natildeo soacute natildeo provocar alteraccedilotildees comportamentais como criar ou

aumentar as resistecircncias agrave mudanccedila Eacute preciso adequar a informaccedilatildeo agraves diversas situaccedilotildees

caracterizando-as primeiro valorizando as componentes emocionais relacionais e contextuais dos

comportamentos natildeo culpabilizando os pais (porque isso provoca resistecircncias agrave mudanccedila natildeo soacute em

relaccedilatildeo a este programa mas a futuras intervenccedilotildees) e encontrando formas alternativas de resolver estas

situaccedilotildees utilizando soluccedilotildees que provoquem emoccedilotildees positivas em todos os intervenientes E dessa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 7

forma eacute possiacutevel ser-se eficaz respeitando os universos relacionais das famiacutelias e evitando efeitos

comportamentais paradoxais ou seja por reacccedilatildeo agrave informaccedilatildeo que os culpabiliza os pais

dessensibilizam das nossas indicaccedilotildees agravando e aumentando as praacuteticas que se desaconselham

Eacute esta uma das razotildees porque eacute tatildeo difiacutecil atingir os grupos populacionais que exactamente mais

precisavam de ser abrangido pelos programas de prevenccedilatildeo da doenccedila e promoccedilatildeo da sauacutede

Para aleacutem de se conhecerem as praacuteticas alimentares e de higiene oral que as crianccedilas e adolescentes

tecircm em casa eacute importante caracterizar as razotildees desses procedimentos Referimo-nos aos aspectos

individuais familiares culturais e contextuais Se queremos actuar sobre comportamentos eacute

fundamental conhecer as atitudes crenccedilas preconceitos estereoacutetipos e representaccedilotildees sociais que se

relacionam com as praacuteticas das famiacutelias as quais variam de famiacutelia para famiacutelia

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo podem ser colaboradores preciosos para esta caracterizaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo aos pais podemos resumir os aspectos a valorizar

Inclui-los nos diversos passos do programa

sensibiliza-los para a importacircncia da sauacutede oral respeitando os seus universos familiares e

culturais

dar suporte continuado agrave mudanccedila de comportamentos e de todos os factores que lhe estatildeo

associados

24 Quarta vertente ndash as crianccedilas

As crianccedilas e os adolescentes satildeo o principal puacuteblico-alvo do programa de sauacutede oral Sensibilizaacute-los

para as praacuteticas alimentares e de higiene oral que os peritos consideram actualmente adequadas eacute o

nosso objectivo

Como jaacute foi referido anteriormente eacute necessaacuterio ser cuidadoso na forma de comunicar com as crianccedilas

e adolescentes natildeo criticando directa ou indirectamente os conhecimentos e as praacuteticas aconselhadas

ou consentidas por pais e professores com quem eles convivem directamente e que satildeo dos principais

influenciadores dos seus comportamentos satildeo os seus modelos e constituem o seu universo de afectos

Criar clivagem na relaccedilatildeo cognitiva afectiva e emocional entre pais ou professores e crianccedilas e

adolescentes eacute algo que devemos ter sempre presente e evitar

As estrateacutegias de trabalho com as crianccedilas deveratildeo ser adaptadas agrave sua maturidade psico-cognitiva e

contexto socio-cultural Para que as actividades sejam luacutedicas e criativas adequadas agraves idades e outras

caracteriacutesticas das crianccedilas e adolescentes a contribuiccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo eacute com certeza

fundamental

Eacute muito importante ter em conta alguns aspectos educativos relativamente agrave mudanccedila de

comportamentos A participaccedilatildeo activa das crianccedilas na formulaccedilatildeo dessas actividades torna mais

eficazes os efeitos pretendidos

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 8

Pela dificuldade em mudar comportamentos principalmente de forma estaacutevel eacute aconselhaacutevel adequar

os objectivos agraves realidades Seraacute preferiacutevel actuar sobre um ou dois comportamentos sobre os quais a

caracterizaccedilatildeo inicial nos permitiu depreender que seraacute possiacutevel obtermos resultados positivos em vez

de tentar actuar sobre todos os comportamentos que desejariacuteamos alterar natildeo conseguindo alterar

nenhum deles Naturalmente estas escolhas seratildeo feitas cientificamente segundo o que a Educaccedilatildeo para

a Sauacutede preconiza nas vertentes relacionadas com as ciecircncias comportamentais (sociais e humanas)

Outro aspecto fundamental eacute a continuidade na acccedilatildeo A eficaacutecia seraacute tanto maior quanto mais

continuadas forem as actividades dando suporte agrave mudanccedila comportamental e reforccedilo agrave sua

manutenccedilatildeo A continuidade da acccedilatildeo permite conhecer melhor as situaccedilotildees os obstaacuteculos e as formas

de os remover pois cada caso eacute um caso e generalizar diminui grandemente a eficaacutecia

Deve ser dada uma atenccedilatildeo especial agraves crianccedilas com Necessidades de Sauacutede Especiais desfavorecidas

socialmente (porque vivem em bairros degradados com poucos recursos econoacutemicos pertencem a

minorias eacutetnicas ou satildeo emigrantes) ou que natildeo frequentam a escola utilizando estrateacutegias especificas

adequadas agraves suas dificuldades

25 Quinta vertente ndash a comunidade

Para os programas de Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutede a componente comunitaacuteria eacute fundamental A

participaccedilatildeo e contribuiccedilatildeo dos vaacuterios sectores da comunidade podem ser potenciadores do trabalho a

desenvolver

Dependendo das situaccedilotildees locais a Autarquia as IPSS e as ONGrsquos entre outras podem ser parceiros

de enorme valia para o desenvolvimento do programa Para isso temos que sensibilizar os liacutederes

locais para a importacircncia da sauacutede oral e do programa que se pretende incrementar explicitando como

com pequenos custos podemos obter ganhos em sauacutede a meacutedio e longo prazo

As instituiccedilotildees que organizam actividades para crianccedilas e adolescentes como os ATLrsquos associaccedilotildees

culturais desportivas e religiosas podem ser excelentes parceiros para o desenvolvimento das

actividades dependendo das caracteriacutesticas da comunidade onde se aplica o programa Os grupos de

teatro satildeo tambeacutem um excelente recurso para integrarem as actividades com as crianccedilas e os

adolescentes

26 Sexta vertente ndash os meios de comunicaccedilatildeo social

Os meios de comunicaccedilatildeo social locais e regionais se forem utilizados apropriadamente podem ser

parceiros potenciadores das actividades que se pretendem desenvolver

Mas com frequecircncia os teacutecnicos de sauacutede encontram dificuldades na relaccedilatildeo com os profissionais da

comunicaccedilatildeo social considerando que estes natildeo satildeo sensiacuteveis agraves nossas preocupaccedilotildees com a prevenccedilatildeo

da doenccedila e da promoccedilatildeo da sauacutede

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 9

Os media tecircm uma linguagem e podemos dizer uma filosofia proacuteprias que com frequecircncia natildeo satildeo

coincidentes com as nossas eacute por essa razatildeo necessaacuterio que os teacutecnicos de sauacutede se adaptem e se

possiacutevel se aperfeiccediloem na linguagem dos meacutedia Se natildeo utilizarmos adequadamente os meios de

comunicaccedilatildeo social estes podem ter um efeito contraproducente diminuindo a eficaacutecia do programa de

sauacutede oral

Algumas das dificuldades encontradas quando trabalhamos com os media especialmente as raacutedios e as

televisotildees satildeo as seguintes

na maior parte dos casos natildeo se pode transmitir muita informaccedilatildeo mesmo que seja um programa

de raacutedio de 1 ou 2 horas iria ficar muito monoacutetono e pouco atraente assim como se tornaria

confuso para os ouvintes e pouco eficaz porque com frequecircncia as pessoas desenvolvem outras

actividades enquanto ouvem raacutedio

eacute aconselhaacutevel transmitir apenas o que eacute realmente importante e faze-lo de forma muito clara

mantendo a consistecircncia sobre a hierarquia das informaccedilotildees nas diversas intervenccedilotildees ou seja que

todas os intervenientes no programa e em todas as situaccedilotildees em que intervecircm tenham um discurso

coerente e natildeo contraditoacuterio

evitar informaccedilotildees riacutegidas que culpabilizem as pessoas e natildeo respeitem os seus contextos micro-

culturais Eacute preferiacutevel suscitar alguma mudanccedila comportamental de forma progressiva que

nenhuma

com frequecircncia utilizamos o leacutexico meacutedico sem nos apercebermos que muitos cidadatildeos natildeo

conhecem termos que nos parecem simples como obesidade ou colesterol atribuindo-lhes outros

significados (portanto desconhecem que natildeo conhecem o verdadeiro significado)

se possiacutevel testar com pessoas de diversas idades e estratos socio-culturais que sejam leigas em

relaccedilatildeo a estas temaacuteticas aquilo que se preparou para a intervenccedilatildeo nos meios de comunicaccedilatildeo

social e alterar se necessaacuterio de acordo com as indicaccedilotildees que essas pessoas nos fornecerem

27 Seacutetima vertente ndash a avaliaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo deve ter iniacutecio na fase de planeamento e acompanhar todo o projecto de modo a introduzir

as alteraccedilotildees necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar das actividades

Devem fazer parte da equipa de avaliaccedilatildeo os diversos parceiros do projecto assim como pessoas

externas ao projecto e estas quando possiacutevel com formaccedilatildeo em educaccedilatildeo para a sauacutede nas aacutereas

teacutecnicas comportamentais de planeamento e avaliaccedilatildeo qualitativa e quantitativa

Satildeo fundamentais avaliaccedilotildees qualitativas e quantitativas das actividades a desenvolver e se possiacutevel

com anaacutelises comparativas ao desenrolar do projecto noutras zonas do paiacutes

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 10

3 T eacute c n i c a s d e H i g i e n e O r a l

3 1 Escovagem dos den tes ndash A escova A escovagem dos dentes deve ser efectuada com uma escova de tamanho adequado agrave boca de quem a

utiliza Habitualmente as embalagens referem as idades a que se destinam Os filamentos devem ser

de nylon com extremidades arredondadas e textura macia que quando comeccedilam a ficar deformados

obrigam agrave substituiccedilatildeo da escova Normalmente a escova quando utilizada 2 vezes por dia dura cerca

de 3-4 meses

Existem escovas manuais e eleacutectricas as quais requerem os mesmos cuidados As escovas eleacutectricas

facilitam a higiene oral das pessoas que tenham pouca destreza manual

3 2 Escovagem dos den tes ndash O den t iacute f r i co O dentiacutefrico a utilizar deve conter fluoreto numa dosagem de cerca de 1000-1500 ppm A quantidade a

utilizar em cada uma das escovagens deve ser semelhante (ou inferior) ao tamanho da unha do 5ordm dedo

(dedo mindinho) da matildeo da crianccedila

Os dentiacutefricos com sabores muito atractivos natildeo se recomendam porque podem levar as crianccedilas a

engoli-lo deliberadamente Ateacute aos 6 anos aproximadamente o dentiacutefrico deve ser colocado na escova

por um adulto Apoacutes a escovagem dos dentes eacute apenas necessaacuterio cuspir o excesso de dentiacutefrico

podendo no entanto bochechar-se com um pouco de aacutegua

33 Escovagem dos dentes no Jardim-de-infacircncia e na Escola identificaccedilatildeo e arrumaccedilatildeo das escovas e copos

Hoje em dia haacute escovas de dentes que tecircm uma tampa ou estojo com orifiacutecios que a protege Caso se

opte pela utilizaccedilatildeo destas escovas natildeo eacute necessaacuterio que fiquem na escola Os alunos poderatildeo colocaacute-

la dentro da mochila juntamente com o tubo do dentiacutefrico e transportaacute-los diariamente para a escola

O conceito de intransmissibilidade da escova de dentes deve ser reforccedilado junto das crianccedilas Se as

escovas ficarem na escola eacute essencial que estejam identificadas bastando para tal escrever no cabo da

escova o nome da crianccedila com uma caneta de tinta resistente agrave aacutegua Tambeacutem se devem identificar os

dentiacutefricos Cada aluno deveraacute ter o seu proacuteprio dentiacutefrico e os copos caso natildeo sejam descartaacuteveis

As escovas guardam-se num local seco e arejado de modo a que os pelos fiquem virados para cima e

natildeo contactem umas com as outras Cada escova pode ser colocada dentro do copo num suporte

acriacutelico ou outro material resistente agrave aacutegua em local seco e arejado

Dentiacutefricos e escovas devem estar fora do alcance das crianccedilas para evitar a troca ou ingestatildeo

acidental de dentiacutefrico Caso haja a possibilidade de utilizar copos descartaacuteveis (de cafeacute) o processo eacute

bastante simplificado (os copos de cafeacute podem ser substituiacutedos por copos de iogurte) Os produtos de

higiene oral podem ser adquiridos com a colaboraccedilatildeo da Autarquia do Centro de Sauacutede dos pais ou

ateacute de alguma empresa Se a escola tiver refeitoacuterio pode tambeacutem ser viaacutevel utilizar os copos do

refeitoacuterio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 11

34 Escovagem dos den tes ndash Organ izaccedilatildeo da ac t i v idade

A escovagem dos dentes deve ser feita diariamente no jardim-de-infacircncia e na escola apoacutes o almoccedilo agrave

entrada na sala de aula ou apoacutes o intervalo As crianccedilas poderatildeo escovar os dentes na casa de banho no

refeitoacuterio ou na proacutepria sala de aula O processo eacute simples natildeo exigindo muitas condiccedilotildees fiacutesicas das

escolas que satildeo frequentemente utilizadas para justificar a recusa desta actividade

Caso a escola tenha lavatoacuterios suficientes esta actividade pode ser feita na casa de banho Eacute necessaacuterio

definir a hora em que cada uma das salas vai utilizar esse espaccedilo Na casa de banho deveratildeo estar

apenas as crianccedilas que estatildeo a escovar os dentes Os outros esperam a sua vez em fila agrave porta Eacute

essencial que esteja algueacutem (auxiliar professoreducador ou voluntaacuterio) a vigiar para manter a ordem

organizar o processo e corrigir a teacutecnica da escovagem No final da escovagem cada crianccedila lava a

escova e o copo (se natildeo for descartaacutevel) e arruma no local destinado a esse efeito

Quando o espaccedilo fiacutesico natildeo permite que a escovagem seja feita na casa de banho esta actividade pode

ser feita na proacutepria sala de aula Nesta situaccedilatildeo se for possiacutevel utilizar copos descartaacuteveis ou copos de

iogurte facilita o processo e torna-o menos moroso Os alunos mantecircm-se sentados nas suas cadeiras

Retiram da sua mochila o estojo com a escova e o dentiacutefrico Um dos alunos distribui os copos e os

guardanapos (ou toalhetes de papel ou papel higieacutenico) Os alunos escovam os dentes todos ao mesmo

tempo podendo ateacute fazecirc-lo com muacutesica O professor deve ir corrigindo a teacutecnica de escovagem Apoacutes

a escovagem as crianccedilas cospem o excesso de dentiacutefrico para o copo limpam a boca tiram o excesso

de dentiacutefrico e saliva da escova com o papel ou o guardanapo e por fim colocam-no dentro do copo

Tapam a escova e arrumam-na em estojo proacuteprio ou na mochila juntamente com o dentiacutefrico No final

um dos alunos vai buscar um saco de lixo passa por todas as carteiras para que cada uma coloque o

seu copo no lixo Caso alguma das crianccedilas natildeo tolere o restos de dentiacutefrico na cavidade oral pode

colocar-se uma pequena porccedilatildeo de aacutegua no copo e no fim da escovagem bochecha e cospe para o

copo Os pais dos alunos devem ser instruiacutedos para se certificarem que em casa a crianccedila lava a sua

escova com aacutegua corrente e volta a colocaacute-la na mochila No sentido de facilitar o procedimento

recomenda-se que os copos sejam descartaacuteveis e as escovas tenham tampa

35 Escovagem dos den tes - A teacutecn ica A escovagem dos dentes para ser eficaz ou seja para remover a placa bacteriana necessita ser feita

com rigor e demora 2 a 3 minutos Quando se utiliza uma escova manual a escovagem faz-se da

seguinte forma

inclinar a escova em direcccedilatildeo agrave gengiva (cerca de 45ordm) e fazer pequenos movimentos vibratoacuterios

horizontais ou circulares de modo a que os pelos da escova limpem o sulco gengival (espaccedilo que

fica entre o dente e a gengiva)

se for difiacutecil manter esta posiccedilatildeo colocar os pecirclos da escova perpendicularmente agrave gengiva e agrave

superfiacutecie do dente

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 12

escovar 2 dentes de cada vez (os correspondentes ao tamanho da cabeccedila da escova) fazendo

aproximadamente 10 movimentos (ou 5 caso sejam crianccedilas ateacute aos 6 anos) nas superfiacutecies

dentaacuterias abarcadas pela escova

comeccedilar a escovagem pela superfiacutecie externa (do lado da bochecha) do dente mais posterior de um

dos maxilares e continuar a escovar ateacute atingir o uacuteltimo dente da extremidade oposta desse

maxilar

com a mesma sequecircncia escovar as superfiacutecies dentaacuterias do lado da liacutengua

proceder do mesmo modo para fazer a escovagem dos dentes do outro maxilar

escovar as superfiacutecies mastigatoacuterias dos dentes com movimentos de vaiveacutem

por fim pode escovar-se a liacutengua

Quando se utiliza uma escova de dentes eleacutectrica segue-se a mesma sequecircncia de escovagem O

movimento da escova eacute feito automaticamente natildeo deve ser feita pressatildeo ou movimentos adicionais

sobre os dentes A escova desloca-se ao longo da arcada escovando um soacute dente de cada vez A

escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluacuteor deve ser feita duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente agrave noite antes de deitar

3 6 Uso do f io den taacute r io A partir do momento em que haacute destreza manual (a partir dos 8 anos) eacute indispensaacutevel o uso do fio ou

fita dentaacuteria que se utiliza da seguinte forma

retirar cerca de 40 cm de fio (ou fita) do porta fio

enrolar a quase totalidade do fio no dedo meacutedio de uma matildeo e uma pequena porccedilatildeo no dedo meacutedio

da outra matildeo deixando entre os dois dedos uma porccedilatildeo de fio com aproximadamente 25 cm

Quando as crianccedilas satildeo mais pequenas pode retirar-se uma porccedilatildeo mais pequena de fio cerca de

30 cm dar um noacute juntando as 2 pontas formando um ciacuterculo com o fio natildeo havendo necessidade

de o enrolar nos dedos Eacute importante utilizar sempre fio limpo em cada espaccedilo interdentaacuterio Os

polegares eou os indicadores ajudam a manuseaacute-lo

introduzir o fio cuidadosamente entre dois dentes e curva-lo agrave volta do dente que se quer limpar

fazendo com que tome a forma de um ldquoCrdquo

executar movimentos curtos horizontais desde o ponto de contacto entre os dentes ateacute ao sulco

gengival em cada uma das faces que delimitam o espaccedilo interdentaacuterio

repetir este procedimento ateacute que todos os espaccedilos interdentaacuterios de todos os dentes estejam

devidamente limpos

O fio dentaacuterio deve ser utilizado uma vez por dia de preferecircncia agrave noite antes de deitar Na escola os

alunos poderatildeo a aprender a utilizar este meio de remoccedilatildeo de placa bacteriana interdentaacuterio sendo

importante envolver os pais no sentido de lhes pedir colaboraccedilatildeo e permitir que as crianccedilas o utilizem

em casa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 13

3 7 Reve lador de p laca bac te r i ana O uso de reveladores de placa bacteriana (em soluto ou em comprimidos mastigaacuteveis) permitem

avaliar a higiene oral e consequentemente melhorar as teacutecnicas de escovagem e de utilizaccedilatildeo do fio

dentaacuterio

A partir dos 6 anos de idade estes produtos podem ser usados para que as crianccedilas visualizem a placa

e mais facilmente compreendam que os seus dentes necessitam de ser cuidadosamente limpos

A eritrosina que tem a propriedade de corar de vermelho a placa bacteriana eacute um dos exemplos de

corantes que se podem utilizar Utiliza-se da seguinte forma

colocar 1 a 2 gotas por baixo da liacutengua ou mastigar um comprimido sem engolir

passar a liacutengua por todas as superfiacutecies dentaacuterias

bochechar com aacutegua

A placa bacteriana corada eacute facilmente removida atraveacutes da escovagem dos dentes e do fio dentaacuterio

Nota Para evitar que os laacutebios fiquem corados de vermelho antes de colocar o corante pode passar

batom creme gordo ou vaselina nos laacutebios

3 8 Bochecho f luore tado A partir dos 6 anos pode ser feito o bochecho quinzenal com fluoreto de soacutedio a 02 na escola da

seguinte forma

agitar a soluccedilatildeo e deitar 10 ml em cada copo e distribui-los

indicar a cada crianccedila para colocar o antebraccedilo no rebordo da mesa

introduzir a soluccedilatildeo na boca sem engolir

repousar a testa no antebraccedilo colocando o copo debaixo da boca

bochechar vigorosamente durante 1 minuto

apoacutes este periacuteodo deve ser cuspida tendo o cuidado de natildeo a engolir

Apoacutes o bochecho a crianccedila deve permanecer 30 minutos sem comer nem beber

39 Iacutendice de placa O Iacutendice de Placa (IP) eacute utilizado para quantificar a placa bacteriana em todas as superfiacutecies dentaacuterias e

reflecte os haacutebitos de higiene oral dos indiviacuteduos avaliados

Assim enquanto que um baixo Iacutendice de Placa poderaacute significar um bom impacto das acccedilotildees de

educaccedilatildeo para a sauacutede em sauacutede oral nomeadamente das relacionadas com a higiene um iacutendice

elevado sugere o contraacuterio

Em programas comunitaacuterios geralmente eacute utilizado o Iacutendice de Placa Simplificado que eacute mais raacutepido

de determinar sendo o resultado final igualmente fiaacutevel

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 14

Para se calcular o Iacutendice de Placa Simplificado eacute necessaacuterio atribuir um valor ao tamanho da placa

bacteriana existente nos seguintes 6 dentes e superfiacutecies predeterminados Maxilar superior

1 Primeiro molar superior direito - Superfiacutecie vestibular

2 Incisivo central superior direito - Superfiacutecie vestibular

3 Primeiro molar superior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

4 Primeiro molar inferior esquerdo - Superfiacutecie lingual

5 Incisivo central inferior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

6 Primeiro molar inferior direito - Superfiacutecie lingual

Para atribuir um valor ao tamanho da placa bacteriana existente em cada uma das su

acima referidas eacute necessaacuterio utilizar o revelador de placa bacteriana para a co

facilitar a sua observaccedilatildeo e respectiva classificaccedilatildeo e registo

A cada uma das superfiacutecies dentaacuterias soacute pode ser atribuiacutedo um dos seguintes valore

Valor 0

Valor 1

Valor 2

Valor 3

rarr Se a superfiacutecie do dente natildeo estaacute corada

rarr Se 13 da superfiacutecie estaacute corado

rarr Se 23 da superfiacutecie estatildeo corados

rarr Se estaacute corada toda a superfiacutecie

Feito o registo da observaccedilatildeo individual verifica-se que o somatoacuterio do conjunto de

poderaacute variar entre 0 (zero) e 18 (dezoito)

Dividindo por 6 (seis) este somatoacuterio obteacutem-se o Iacutendice de Placa Individual

Para determinar o Iacutendice de Placa de um grupo de indiviacuteduos divide-se o som

individuais pelo nuacutemero de indiviacuteduos observados multiplicado por seis (o nuacutemer

nuacutemero de dentes seleccionados por indiviacuteduo)

Assim o Iacutendice de Placa poderaacute variar entre 0 (zero) e 3 (trecircs)

Iacutendice de Placa (IP) = Somatoacuterio da classificaccedilatildeo dada a cada dente

Nordm de indiviacuteduos observados x 6

A sauacutede oral das crianccedilas e adolescentes eacute um grave problema de sauacutede puacuteblica ma

simples como as descritas neste documento executadas pelos proacuteprios eou com

encorajadas pela escola e pelos serviccedilos de sauacutede contribuem decididamente para

oral importantes e implementaccedilatildeo efectiva do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas d

Maxilar inferior

perfiacutecies dentaacuterias

rar e dessa forma

s

valores atribuiacutedos

atoacuterio dos valores

o seis representa o

s que com medidas

ajuda da famiacutelia

ganhos em sauacutede

Sauacutede Oral

e EPSrsquorsquo 15

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

F l u o r e t o s

F u n d a m e n t a ccedil atilde o e R e c o m e n d a ccedil otilde e s d a T a s k F o r c e

Documento produzido pela Task Force constituiacuteda pelo Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr

Ricardo Jorge Direcccedilatildeo-Geral de Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura Faculdade de

Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Medicina Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria

Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa e Porto Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento Instituto Superior de

Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia

Ordem dos Meacutedicos Dentistas Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria Sociedade Portuguesa de

Pediatria e os serviccedilos da DGS Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede Divisatildeo de Sauacutede Ambiental

Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

1 F l u o r e t o s

A evidecircncia cientiacutefica tem demonstrado que as mudanccedilas observadas no padratildeo da doenccedila caacuterie

dentaacuteria ocorrem pela implementaccedilatildeo de programas preventivos e terapecircuticos de acircmbito comunitaacuterio

e por estrateacutegias de acccedilatildeo especiacuteficas dirigidas a grupos de risco com criteriosa utilizaccedilatildeo dos

fluoretos

O fluacuteor eacute o elemento mais electronegativo da tabela perioacutedica e raramente existe isolado sendo por

isso habitualmente referido como fluoreto Na natureza encontra-se sob a forma de um iatildeo (F-) em

associaccedilatildeo com o caacutelcio foacutesforo alumiacutenio e tambeacutem como parte de certos silicatos como o topaacutezio

Normalmente presente nas rochas plantas ar aacuteguas e solos este elemento faz parte da constituiccedilatildeo de

alguns materiais plaacutesticos e pode tambeacutem estar presente na constituiccedilatildeo de alguns fertilizantes

contribuindo desta forma para a sua presenccedila no solo aacutegua e alimentos No solo o conteuacutedo de

fluoretos varia entre 20 e 500 ppm contudo nas camadas mais profundas o seu niacutevel aumenta No ar a

concentraccedilatildeo normal de fluoretos oscila entre 005 e 190microgm3 1

Do fluacuteor que eacute ingerido entre 75 e 90 eacute absorvido por via digestiva sendo a mucosa bucal

responsaacutevel pela absorccedilatildeo de menos de 1 Depois de absorvido passa para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea

sob a forma ioacutenica ou de compostos orgacircnicos lipossoluacuteveis A forma ioacutenica que circula livremente e

natildeo se liga agraves proteiacutenas nem aos componentes plasmaacuteticos nem aos tecidos moles eacute a que vai estar

disponiacutevel para ser absorvida pelos tecidos duros Da quantidade total de fluacuteor presente no organismo

99 encontra-se nos tecidos calcificados Entre 10 e 25 do aporte diaacuterio de fluacuteor natildeo chega a ser

absorvido vindo a ser excretado pelas fezes O fluacuteor absorvido natildeo utilizado (cerca de 50) eacute

eliminado por via renal2

O fluacuteor tem uma grande afinidade com a apatite presente no organismo com a qual cria ligaccedilotildees

fortes que natildeo satildeo irreversiacuteveis Este facto deve-se agrave facilidade com que os radicais hidroxilos da

hidroxiapatite satildeo substituiacutedos pelos iotildees fluacuteor formando fluorapatite No entanto a apatite normal do

ser humano presente no osso e dente mesmo em condiccedilotildees ideais de presenccedila de fluacuteor nunca se

aproxima da composiccedilatildeo da fluorapatite pura

Quando o fluacuteor eacute ingerido passa pela cavidade oral daiacute resultando a deposiccedilatildeo de uma determinada

quantidade nos tecidos e liacutequidos aiacute existentes A mucosa jugal as gengivas a placa bacteriana os

dentes e a saliva vatildeo beneficiar imediatamente de um aporte directo de fluacuteor que pode permitir que a

sua disponibilidade na cavidade oral se prolongue por periacuteodos mais longos Eacute um facto que a presenccedila

de fluacuteor no meio oral independentemente da sua fonte resulta numa acccedilatildeo preventiva e terapecircutica

extremamente importante

Nota 22 mg de fluoreto de soacutedio correspondem a 1 mg de fluacuteor Quando se dilui 1 mg de fluacuteor em um litro de aacutegua pura

considera-se que essa aacutegua passou a ter 1 ppm de fluacuteor

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 2

Considera-se actualmente que os benefiacutecios dos fluoretos resultam basicamente da sua acccedilatildeo toacutepica

sobre a superfiacutecie do dente enquanto a sua acccedilatildeo sisteacutemica (preacute-eruptiva) eacute muito menos importante

A acccedilatildeo preventiva e terapecircutica dos fluoretos eacute conseguida predominantemente pela sua acccedilatildeo toacutepica

quer nas crianccedilas quer nos adultos atraveacutes de trecircs mecanismos diferentes responsaacuteveis pela

bull inibiccedilatildeo do processo de desmineralizaccedilatildeo

bull potenciaccedilatildeo do processo de remineralizaccedilatildeo

bull inibiccedilatildeo da acccedilatildeo da placa bacteriana

O uso racional dos fluoretos na profilaxia da caacuterie dentaacuteria com eficaacutecia e seguranccedila baseia-se no

conhecimento actualizado dos seus mecanismos de acccedilatildeo e da sua toxicologia

Com base na evidecircncia cientiacutefica a estrateacutegia de utilizaccedilatildeo dos fluoretos em sauacutede oral foi redefinida

tendo em conta que a sua acccedilatildeo preventiva eacute predominantemente poacutes-eruptiva e toacutepica e a sua acccedilatildeo

toacutexica com repercussotildees a niacutevel dentaacuterio eacute preacute-eruptiva e sisteacutemica

Estudos epidemioloacutegicos efectuados pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) sobre os efeitos do

fluacuteor na sauacutede humana referem que valores compreendidos entre 1 e 15 ppm natildeo representam risco

acrescido Contudo valores entre 15 e 2 ppm em climas quentes poderatildeo contribuir para a ocorrecircncia

de casos de fluorose dentaacuteria e valores entre 3 a 6 ppm para o aparecimento de fluorose oacutessea

Para a OMS a concentraccedilatildeo oacuteptima de fluoretos na aacutegua quando esta eacute sujeita a fluoretaccedilatildeo deve

estar compreendida entre 05 e 15 ppm de F dependendo este valor da temperatura meacutedia do local

que condiciona a quantidade de aacutegua ingerida nas zonas mais frias o valor maacuteximo pode estar perto

do limite superior nas zonas mais quentes o valor deve estar perto do limite inferior para uma

prevenccedilatildeo eficaz da caacuterie dentaacuteria Para que os riscos de fluorose estejam diminuiacutedos os programas de

fluoretaccedilatildeo das aacuteguas devem obedecer a criteacuterios claramente definidos

Nas regiotildees onde a aacutegua da rede puacuteblica conteacutem menos de 03 ppm (mgl) de fluoretos (situaccedilatildeo mais

frequente em Portugal Continental) a dose profilaacutectica oacuteptima considerando a soma de todas as fontes

de fluoretos eacute de 005mgkgdia3

11 Toxicidade Aguda

Uma intoxicaccedilatildeo aguda pelo fluacuteor eacute uma possibilidade extremamente rara Alguns casos tecircm sido

descritos na literatura Estudos efectuados em roedores e extrapolados para o homem adulto permitem

pensar que a dose letal miacutenima de fluacuteor seja de aproximadamente 2 gramas ou 32 a 64 mgkg de peso

corporal mas para uma crianccedila bastam 15 mgkg de peso corporal 2

A partir da ingestatildeo de doses superiores a 5mgkg de peso corporal considera-se a hipoacutetese de vir a ter

efeitos toacutexicos

As crianccedilas pequenas tecircm um risco acrescido de ingerir doses de fluoretos atraveacutes do consumo de

produtos de higiene oral A ingestatildeo acidental de um quarto de um tubo com dentiacutefrico de 125 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 3

(1500 ppm de Fluacuteor) potildee em risco a vida de uma crianccedila de um ano de idade O risco de ingestatildeo

acidental por crianccedilas eacute real e eacute adjuvado pelo tipo de embalagens destes produtos que natildeo tecircm

dispositivos de seguranccedila para a sua abertura

A toxicidade aguda pelos fluoretos poderaacute manifestar-se por queixas digestivas (dor abdominal

voacutemitos hematemeses e melenas) neuroloacutegicas (tremores convulsotildees tetania deliacuterio lentificaccedilatildeo da

voz) renais (urina turva hematuacuteria) metaboacutelicas (hipocalceacutemia hipomagnesieacutemia hipercalieacutemia)

cardiovasculares (arritmias hipotensatildeo) e respiratoacuterias (depressatildeo respiratoacuteria apneias) 4

12 Toxicidade Croacutenica

A dose total diaacuteria de fluoretos administrados por via sisteacutemica isenta de risco de toxicidade croacutenica

situa-se abaixo de 005 mgkgdia de peso A partir desses valores aumentam as manifestaccedilotildees atraveacutes

do aparecimento de hipomineralizaccedilatildeo do esmalte que se revela por fluorose dentaacuteria Com

concentraccedilotildees acima de 25 ppm na aacutegua esta manifestaccedilatildeo eacute mais evidente sendo tanto mais grave

quanto a concentraccedilatildeo de fluoretos vai aumentando O periacuteodo criacutetico para o efeito toacutexico do fluacuteor se

manifestar sobre a denticcedilatildeo permanente eacute entre o nascimento e os 7 anos de idade (ateacute aos 3 anos eacute o

periacuteodo mais criacutetico) Quando existem fluoretos ateacute 3 ppm na aacutegua aleacutem da fluorose natildeo parece

existir qualquer outro efeito toacutexico na sauacutede A partir deste valor aumenta o risco de nefrotoxicidade

Como qualquer outro medicamento os fluoretos em dose excessiva tecircm efeitos toacutexicos que

normalmente se manifestam atraveacutes de uma interferecircncia na esteacutetica dentaacuteria Essa manifestaccedilatildeo eacute a

fluorose dentaacuteria

Estudos recentes sobre suplementos de fluoretos e fluorose 5 confirmam que as comunidades sem aacutegua

fluoretada e que utilizam suplementos de fluoretos durante os primeiros 6 anos de vida apresentam

um aumento do risco de desenvolver fluorose

O principal factor de risco para o aparecimento de fluorose dentaacuteria eacute o aporte total de fluoretos

provenientes de diferentes fontes nomeadamente da alimentaccedilatildeo incluindo a aacutegua e os suplementos

alimentares dentiacutefricos e soluccedilotildees para bochechos comprimidos e gotas e ingestatildeo acidental que natildeo

satildeo faacuteceis de quantificar

A fluorose dentaacuteria aumentou nos uacuteltimos anos em comunidades com e sem aacutegua fluoretada 6

2 F l u o r e t o s n a aacute g u a

2 1 Aacute g u a d e a b a s t e c i m e n t o p uacute b l i c o

A fluoretaccedilatildeo das aacuteguas para consumo humano como meio de suprir o deacutefice de fluoretos na aacutegua eacute

uma praacutetica comum em alguns paiacuteses como o Brasil Austraacutelia Canadaacute EUA e Nova Zelacircndia

Apesar de serem tatildeo diferentes quer do ponto de vista soacutecioeconoacutemico quer geograacutefico eles detecircm

uma experiecircncia superior a 25 anos neste domiacutenio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 4

Na Europa a maior parte dos paiacuteses natildeo faz fluoretaccedilatildeo das suas aacuteguas para consumo humano agrave

excepccedilatildeo da Irlanda da Suiacuteccedila (Basileia) e de 10 da populaccedilatildeo do Reino Unido Na Alemanha eacute

proibido e nos restantes paiacuteses eacute desaconselhado

Nos paiacuteses em que se faz fluoretaccedilatildeo da aacutegua alguns estudos demonstraram natildeo ter existido um ganho

efectivo na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria No entanto outros como a Austraacutelia no Estado de Victoacuteria

onde a fluoretaccedilatildeo da aacutegua se faz regularmente observaram-se ganhos efectivos na sauacutede oral da

populaccedilatildeo com consequentes ganhos econoacutemicos

Recomendaccedilatildeo Eacute indispensaacutevel avaliar a qualidade das aacuteguas de abastecimento puacuteblico periodicamente e corrigir os

paracircmetros alterados

Na aacutegua os valores das concentraccedilotildees de fluoretos estatildeo compreendidas entre 01 a 07 ppm Contudo

em alguns casos podem apresentar valores muito mais elevados

Quando a aacutegua apresenta valores de ph superiores a 8 e o iatildeo soacutedio e os carbonatos satildeo dominantes os

valores de fluoretos normalmente presentes excedem 1 ppm

Nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica os fluoretos podem existir naturalmente ou resultar de um

programa de fluoretaccedilatildeo Em Portugal Continental os valores satildeo normalmente baixos e as aacuteguas natildeo

estatildeo sujeitas a fluoretaccedilatildeo artificial O teor de fluoretos deveraacute ser controlado regularmente de modo

a preservar os interesses da sauacutede puacuteblica 7

Na definiccedilatildeo de um valor guia para a aacutegua de consumo humano a OMS propotildee o valor limite de 15

ppm de Fluacuteor referindo que valores superiores podem contribuir para o aumento do risco de fluorose

A Agecircncia Americana para o Ambiente (USEPA) refere um valor maacuteximo admissiacutevel de fluoretos na

aacutegua de consumo humano de 15 ppm e recomenda que nunca se ultrapasse os 4 ppm

Em Portugal a legislaccedilatildeo actualmente em vigor sobre a qualidade da aacutegua para consumo humano

decreto-lei nordm 23698 de 1 de Agosto define dois Valores Maacuteximos Admissiacuteveis (VMA) para os

fluoretos 15 ppm (8 a 12 ordmC) e 07 ppm (25 a 30 ordmC) O decreto-lei nordm 2432001 de 5 de Setembro

que transpotildee a Directiva Comunitaacuteria nordm 9883CE de 3 de Novembro que entrou em vigor em 25 de

Dezembro de 2003 define para os fluoretos um Valor Parameacutetrico (VP) de 15 ppm

O decreto-lei nordm 24301 remete para a Entidade Gestora a verificaccedilatildeo da conformidade dos valores

parameacutetricos obrigatoacuterios aplicaacuteveis agrave aacutegua para consumo humano Sempre que um valor parameacutetrico

eacute excedido isso corresponde a uma situaccedilatildeo de incumprimento e perante esta situaccedilatildeo a entidade

gestora deve de imediato informar a autoridade de sauacutede e a entidade competente dando conta das

medidas correctoras adoptadas ou em curso para restabelecer a qualidade da aacutegua destinada a consumo

humano

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 5

Deve ter-se em atenccedilatildeo o desvio em relaccedilatildeo ao valor parameacutetrico fixado e o perigo potencial para a

sauacutede humana

Segundo o decreto-lei supra mencionado artigo 9ordm compete agraves autoridades de sauacutede a vigilacircncia

sanitaacuteria e a avaliaccedilatildeo do risco para a sauacutede puacuteblica da qualidade da aacutegua destinada ao consumo

humano Sempre que o risco exista e o incumprimento persistir a autoridade de sauacutede deve informar e

aconselhar os consumidores afectados e determinar a proibiccedilatildeo de abastecimento restringir a

utilizaccedilatildeo da aacutegua que constitua um perigo potencial para a sauacutede humana e adoptar todas as medidas

necessaacuterias para proteger a sauacutede humana

Nos Accedilores e na Madeira ou em zonas onde o teor de fluoretos na aacutegua eacute muito elevado deveraacute ser

feita uma verificaccedilatildeo da constante e a correcccedilatildeo adequada

Os principais tratamentos de desfluoretaccedilatildeo envolvem a floculaccedilatildeo da aacutegua usando sais hidratados de

alumiacutenio principalmente em condiccedilotildees alcalinas No caso de aacuteguas aacutecidas pode-se adicionar cal e

alternativamente pode-se recorrer agrave adsorccedilatildeo com carvatildeo activado ou alumina activada ( Al2O3 ) ou

por permuta ioacutenica usando resinas especiacuteficas

Recomendaccedilatildeo Ateacute aos 6-7 anos as crianccedilas natildeo devem ingerir regularmente aacutegua com teor de fluoretos superior a 07 ppm

Recomendaccedilatildeo Sempre que o valor parameacutetrico dos fluoretos na aacutegua para consumo humano exceder 15 ppm deveratildeo ser aplicadas

medidas correctoras para restabelecer a qualidade da aacutegua

2 2 Aacute g u a s m i n e r a i s n a t u r a i s e n g a r r a f a d a s

As aacuteguas minerais naturais engarrafadas deveratildeo no futuro ter rotulagem de acordo com a Directiva

Comunitaacuteria 200340CE da Comissatildeo Europeia de 16 de Maio publicada no Jornal Oficial da Uniatildeo

Europeia em 2252003 artigo 4ordm laquo1 As aacuteguas minerais naturais cuja concentraccedilatildeo em fluacuteor for

superior a 15 mgl (ppm) devem ostentar no roacutetulo a menccedilatildeo lsquoconteacutem mais de 15 mgl (ppm) de

fluacuteor natildeo eacute adequado o seu consumo regular por lactentes nem por crianccedilas com menos de 7 anosrsquo

2 No roacutetulo a menccedilatildeo prevista no nordm 1 deve figurar na proximidade imediata da denominaccedilatildeo de

venda e em caracteres claramente visiacuteveis 3

As aacuteguas minerais naturais que em aplicaccedilatildeo do nordm 1 tiverem de ostentar uma menccedilatildeo no roacutetulo

devem incluir a indicaccedilatildeo do teor real em fluacuteor a niacutevel da composiccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica em constituintes

caracteriacutesticos tal como previsto no nordm 2 aliacutenea a) do artigo 7ordm da Directiva 80777CEEraquo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 6

Para as aacuteguas de nascente cujas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas satildeo definidas pelo Decreto-lei

2432001 de 5 de Setembro em vigor desde Dezembro de 2003 os limites para o teor de fluoretos satildeo

de 15 mgl (ppm)

De acordo com o parecer do Scientific Committee on Food - Comiteacute Cientiacutefico de Alimentaccedilatildeo

Humana (expresso em Dezembro de 1996) a Comissatildeo natildeo vecirc razotildees para nos climas da Uniatildeo

Europeia (climas temperados) limitar os fluoretos nas aacuteguas de consumo humano e nas aacuteguas minerais

naturais para valores inferiores a 15mgl (ppm)

3 F l u o r e t o s n o s g eacute n e r o s a l i m e n t iacute c i o s

Entende-se por lsquogeacutenero alimentiacuteciorsquo qualquer substacircncia ou produto transformado parcialmente

transformado ou natildeo transformado destinado a ser ingerido pelo ser humano ou com razoaacuteveis

probabilidades de o ser Este termo abrange bebidas pastilhas elaacutesticas e todas as substacircncias

incluindo a aacutegua intencionalmente incorporadas nos geacuteneros alimentiacutecios durante o seu fabrico

preparaccedilatildeo ou tratamento8 9

Na alimentaccedilatildeo as estimativas de ingestatildeo de fluacuteor atraveacutes da dieta variam entre 02 e 34 mgdia

sendo estes uacuteltimos valores atingidos quando se inclui o chaacute na alimentaccedilatildeo A ingestatildeo de fluoretos

provenientes dos alimentos comuns eacute pouco significativa Apenas 13 se apresentam na forma

ionizaacutevel e portanto biodisponiacutevel

Recomendaccedilatildeo Independentemente da origem ao utilizar aacutegua informe-se sobre o seu teor em fluoretos As que tecircm um elevado teor

deste elemento natildeo satildeo adequadas para lactentes e crianccedilas com menos de 7 anos

Recomendaccedilatildeo Dar prioridade a uma dieta equilibrada e saudaacutevel com diversidade alimentar Utilizar a aacutegua da cozedura dos

alimentos para confeccionar outros alimentos (ex sopas arroz)

No iniacutecio do ano de 2003 a Comissatildeo Europeia apresentou uma nova proposta de Directiva

Comunitaacuteria relativa agrave ldquoAdiccedilatildeo aos geacuteneros alimentiacutecios de vitaminas minerais e outras substacircnciasrdquo

onde os fluoretos satildeo referidos como podendo ser adicionados a geacuteneros alimentiacutecios comuns Nesta

proposta de Directiva Comunitaacuteria eacute sugerida a inclusatildeo de determinados nutrimentos (entre eles o

fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de geacuteneros alimentiacutecios comuns Esta proposta

prevista no Livro Branco da Comissatildeo ainda estaacute numa fase inicial de discussatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 7

4 F l u o r e t o s e m s u p l e m e n t o a l i m e n t a r

Entende-se por lsquosuplementos alimentaresrsquo geacuteneros alimentiacutecios que se destinam a complementar e ou

suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas

substacircncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisioloacutegico estremes ou combinados

comercializados em forma doseada tais como caacutepsulas pastilhas comprimidos piacutelulas e outras

formas semelhantes saquetas de poacute ampola de liacutequido frascos com conta gotas e outras formas

similares de liacutequido ou poacute que se destinam a ser tomados em unidades medidas de quantidade

reduzida10

A Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002

transposta para o direito nacional pelo Decreto-lei nordm 1362003 de 28 de Junho relativa agrave aproximaccedilatildeo

das legislaccedilotildees dos Estados-Membros respeitantes aos suplementos alimentares vai permitir a inclusatildeo

de determinados nutrimentos (entre eles o fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de

suplementos alimentares11

A partir de 28 de Agosto de 2003 os fluoretos poderatildeo ser comercializados como suplemento

alimentar passando a estar disponiacutevel em farmaacutecias e superfiacutecies comerciais

As quantidades maacuteximas de vitaminas e minerais presentes nos suplementos alimentares satildeo fixadas

em funccedilatildeo da toma diaacuteria recomendada pelo fabricante tendo em conta os seguintes elementos

a) limites superiores de seguranccedila estabelecidos para as vitaminas e os minerais apoacutes uma

avaliaccedilatildeo dos riscos efectuada com base em dados cientiacuteficos geralmente aceites tendo em

conta quando for caso disso os diversos graus de sensibilidade dos diferentes grupos de

consumidores

b) quantidade de vitaminas e minerais ingerida atraveacutes de outras fontes alimentares

c) doses de referecircncia de vitaminas e minerais para a populaccedilatildeo

Recomendaccedilatildeo Nunca ultrapassar a toma indicada no roacutetulo do produto e natildeo utilizar um suplemento alimentar como substituto de um

regime alimentar variado

As quantidades maacuteximas e miacutenimas de vitaminas e minerais referidas seratildeo adoptadas pela Comissatildeo

Europeia assistida pelo Comiteacute de Regulamentaccedilatildeo

Em Portugal a Agecircncia para a Qualidade e Seguranccedila Alimentar viraacute a ter informaccedilatildeo sobre todos os

suplementos alimentares comercializados como geacuteneros alimentiacutecios e introduzidos no mercado de

acordo com o Decreto-lei nordm 1362003

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 8

A rotulagem dos suplementos alimentares natildeo poderaacute mencionar nem fazer qualquer referecircncia a

prevenccedilatildeo tratamento ou cura de doenccedilas humanas e deveraacute indicar uma advertecircncia de que os

produtos devem ser guardados fora do alcance das crianccedilas

5 F luore tos em med icamentos e p rodutos cosmeacutet icos de h ig iene corpora l

A distinccedilatildeo entre Medicamento e Produto Cosmeacutetico de Higiene Corporal contendo fluoretos depende

do seu teor no produto Os cosmeacuteticos contecircm obrigatoriamente uma concentraccedilatildeo de fluoretos inferior

a 015 (1500 ppm) (Decreto-lei 1002001 de 28 de Marccedilo I Seacuterie A) sendo que todos os dentiacutefricos

com concentraccedilotildees de fluoretos superior a 015 satildeo obrigatoriamente classificados como

medicamentos

Os medicamentos contendo fluoretos e utilizados para a profilaxia da caacuterie dentaacuteria existentes no

mercado portuguecircs satildeo de venda livre em farmaacutecia Encontram-se disponiacuteveis nas formas

farmacecircuticas de soluccedilatildeo oral (gotas orais) comprimidos dentiacutefricos gel dentaacuterio e soluccedilatildeo de

bochecho

5 1 F l u o r e t o s e m c o m p r i m i d o s e g o t a s o r a i s

A utilizaccedilatildeo de medicamentos contendo fluoretos na forma de gotas orais e comprimidos foi ateacute haacute

pouco recomendada pelos profissionais de sauacutede (pediatras meacutedicos de famiacutelia cliacutenicos gerais

meacutedicos estomatologistas meacutedicos dentistas) dos 6 meses ateacute aos 16 anos

A clarificaccedilatildeo do mecanismo de acccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria e o aumento de

aporte dos mesmos com consequentes riscos de manifestaccedilatildeo toacutexica obrigaram agrave revisatildeo da sua

administraccedilatildeo em comprimidos eou gotas A gravidade da fluorose dentaacuteria estaacute relacionada com a

dose a duraccedilatildeo e com a idade em que ocorre a exposiccedilatildeo ao fluacuteor 12 13

A ldquoCanadian Consensus Conference on the Appropriate Use of Fluoride Supplements for the

Prevention of Dental Caries in Childrenrdquo 14definiu um protocolo cuja utilizaccedilatildeo eacute recomendada a

profissionais de sauacutede em que se fundamenta a tomada de decisatildeo sobre a necessidade ou natildeo da

suplementaccedilatildeo de fluacuteor A administraccedilatildeo de comprimidos soacute eacute recomendada quando o teor de fluoretos

na aacutegua de abastecimento puacuteblico for inferior a 03 ppm e

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) natildeo escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas

vezes por dia

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas vezes

por dia mas apresenta um alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 9

Por sua vez a conclusatildeo do laquoForum on Fluoridation 2002raquo15 relativamente agrave administraccedilatildeo de

suplementos de fluoretos foi a seguinte limitar a utilizaccedilatildeo de comprimidos de fluoretos a aacutereas onde

natildeo existe aacutegua fluoretada e iniciar essa suplementaccedilatildeo apenas a crianccedilas com alto risco agrave caacuterie e a

partir dos 3 anos

Os comprimidos de fluoretos caso sejam indicados devem ser usados pelo interesse da sua acccedilatildeo

toacutepica Devem ser dissolvidos na boca em vez de imediatamente ingeridos16

A administraccedilatildeo de fluoretos sob a forma de comprimidos chupados soacute deveraacute ser efectuada em

situaccedilotildees excepcionais isto eacute em populaccedilotildees de baixos recursos econoacutemicos nas quais a escovagem

natildeo possa ser promovida e os iacutendices de caacuterie sejam elevados

Para evitar a potencial toxicidade dos fluoretos antes de qualquer prescriccedilatildeo todos os profissionais de

sauacutede devem efectuar uma avaliaccedilatildeo personalizada dos aportes diaacuterios de cada crianccedila tendo em conta

todas as fontes possiacuteveis desse elemento alimentos comuns suplementos alimentares consumo de

aacutegua da rede puacuteblica eou aacutegua engarrafada e respectivo teor de fluoretos e utilizaccedilatildeo de medicamentos

e produtos cosmeacuteticos contendo fluacuteor

Recomendaccedilatildeo A partir dos 3 anos os suplementos sisteacutemicos de fluoretos poderatildeo ser prescritos pelo meacutedico assistente ou meacutedico dentista em crianccedilas que apresentem um alto risco

agrave caacuterie dentaacuteria

5 2 F l u o r e t o s e m d e n t iacute f r i c o s

Hoje em dia a maior parte dos dentiacutefricos agrave venda no mercado contecircm fluoretos sob diferentes formas

fluoreto de soacutedio monofluorfosfato de soacutedio fluoreto de amina e outros Os mais utilizados satildeo o

fluoreto de soacutedio e o monofluorfosfato de soacutedio

Normalmente o conteuacutedo de fluoreto dos dentiacutefricos eacute de 1000 a 1100 ppm (ou 010 a 011)

podendo variar entre 500 e 1500 ppm

Durante a escovagem cerca de 34 da pasta eacute ingerida por crianccedilas de 3 anos 28 pelas de 4-5 anos

e 20 pelas de 5-7 anos

Devem ser evitados dentiacutefricos com sabor a fruta para impedir o seu consumo em excesso uma vez

que estatildeo jaacute descritos na literatura casos de fluorose resultantes do abuso de dentiacutefricos2

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluoretos duas vezes por dia tem-se revelado um

meio colectivo de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria com grande efectividade e baixo custo pelo que deve

ser considerado o meio de eleiccedilatildeo em estrateacutegias comunitaacuterias

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 10

Do ponto de vista da prevenccedilatildeo da caacuterie a aplicaccedilatildeo toacutepica de dentiacutefrico fluoretado com a escova dos

dentes deve ser executada duas vezes por dia e deve iniciar-se quando se daacute a erupccedilatildeo dos dentes Esta

rotina diaacuteria de higiene executada naturalmente com muito cuidado pelos pais deve

progressivamente ser assumida pela crianccedila ateacute aos 6-8 anos de idade Durante este periacuteodo a

escovagem deve ser sempre vigiada pelos pais ou educadores consoante as circunstacircncias para evitar

a utilizaccedilatildeo de quantidades excessivas de dentiacutefrico o qual pode da mesma forma que os

comprimidos conduzir antes dos 6 anos agrave ocorrecircncia de fluorose

As crianccedilas devem usar dentiacutefrico com teor de fluoretos entre 1000-1500 ppm de fluoreto (dentiacutefrico

de adulto) sendo a quantidade a utilizar do tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

Apoacutes a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado pode-se natildeo bochechar com aacutegua Deveraacute

apenas cuspir-se o excesso de pasta Deste modo consegue-se uma mais alta concentraccedilatildeo de fluoreto

na cavidade oral que vai actuar topicamente durante mais tempo

Os pais das crianccedilas devem receber informaccedilatildeo sobre a escovagem dentaacuteria e o uso de dentiacutefricos

fluoretados A escovagem com dentiacutefrico fluoretado deve iniciar-se imediatamente apoacutes a erupccedilatildeo dos

primeiros dentes Os dentiacutefricos fluoretados devem ser guardados em locais inacessiacuteveis agraves crianccedilas

pequenas17

5 3 F l u o r e t o s e m s o l u ccedil otilde e s d e b o c h e c h o

As soluccedilotildees para bochechos recomendadas a partir dos 6 anos de idade tecircm sido utilizadas em

programas escolares de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria em inuacutemeros paiacuteses incluindo Portugal Satildeo

recomendadas a indiviacuteduos de maior risco agrave caacuterie dentaacuteria mas a sua utilizaccedilatildeo tem vido a ser

restringida a crianccedilas que escovam eficazmente os dentes

Recomendaccedilatildeo Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Recomendaccedilatildeo A partir dos 6 anos de idade deve ser feito o bochecho quinzenalmente com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

02

As soluccedilotildees fluoretadas de uso diaacuterio habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

005 e as de uso semanal ou quinzenal habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de 02

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 11

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 12

Referecircncias

1 Diegues P Linhas de Orientaccedilatildeo associadas agrave presenccedila de fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento 2003 Documento produzido no acircmbito da task force Sauacutede Oral e Fluacuteor Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar e na Divisatildeo de Sauacutede Ambiental da DGS 2 Melo PRGR Influecircncia de diferentes meacutetodos de administraccedilatildeo de fluoretos nas variaccedilotildees de incidecircncia de caacuterie Porto Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto 2001 Tese de doutoramento 3 Agence Francaise de Seacutecuriteacute des Produits de Santeacute Mise au point sur le fluacuteor et la prevention de la carie dentaire AFSPS 31 Juillet 2002 4 Leikin JB Paloucek FP Poisoning amp Toxicology Handbook 3th edition Hudson Lexi- Comp 2002 586-7 5 Ismail AI Bandekar RR Fluoride suplements and fluorosis a meta-analysis Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 48-56 6 Steven ML An update on Fluorides and Fluorosis J Can Dent Assoc 200369(5)268-91 7 Pinto R Cristovatildeo E Vinhais T Castro MF Teor de fluoretos nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica nas sedes de concelho de Portugal Continental Revista Portuguesa de Estomatologia Medicina Dentaacuteria e Cirurgia Maxilofacial 1999 40(3)125-42 8 Regulamento 1782002 do Parlamento Europeu e do Conselho de 28 de Janeiro Jornal Oficial das Comunidades Europeias (2002021) 9 Decreto ndash lei nordm 5601999 DR I Seacuterie A 147 (991218) 10 Decreto ndash lei nordm 1362003 DR I Seacuterie A 293 (20030628) 11 Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002 Jornal Oficial das Comunidades Europeias (20020712) 12 Aoba T Fejerskov O Dental fluorosis Chemistry and Biology Crit Rev Oral Biol Med 2002 13(2) 155-70 13 DenBesten PK Biological mechanisms of dental fluorosis relevant to the use of fluoride supplements Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 41-7 14 Limeback H Introduction to the conference Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 27-30 15 Report of the Forum of fluoridation 2002Governement of Ireland 2002 wwwfluoridationforumie 16 Featherstone JDB Prevention and reversal of dental caries role of low level fluoride Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 31-40 17 Pereira A Amorim A Peres F Peres FR Caldas IM Pereira JA Pereira ML Silva MJ Caacuteries Precoces da InfacircnciaLisboa Medisa Ediccedilotildees e Divulgaccedilotildees Cientiacuteficas Lda 2001 Bibliografia

1 Almeida CM Sugestotildees para a Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2002 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e na Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa

2 Rompante P Fundamentos para a alteraccedilatildeo do Programa de Sauacutede Oral da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Documento realizado no acircmbito da Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2003 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e no Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede ndash Norte

3 Rompante P Determinaccedilatildeo da quantidade do elemento fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento puacuteblico na totalidade das sedes de concelho de Portugal Continental Porto Faculdade de Odontologia da Universidade de Barcelona 2002 Tese de Doutoramento

4 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in Children at High Caries Risk SIGN Publication 2000 47

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Page 30: Direcção-Geral da SaúdePrograma será complementado, sempre que oportuno, por orientações técnicas a emitir por esta Direcção-Geral. O Director-Geral e Alto Comissário da

forma eacute possiacutevel ser-se eficaz respeitando os universos relacionais das famiacutelias e evitando efeitos

comportamentais paradoxais ou seja por reacccedilatildeo agrave informaccedilatildeo que os culpabiliza os pais

dessensibilizam das nossas indicaccedilotildees agravando e aumentando as praacuteticas que se desaconselham

Eacute esta uma das razotildees porque eacute tatildeo difiacutecil atingir os grupos populacionais que exactamente mais

precisavam de ser abrangido pelos programas de prevenccedilatildeo da doenccedila e promoccedilatildeo da sauacutede

Para aleacutem de se conhecerem as praacuteticas alimentares e de higiene oral que as crianccedilas e adolescentes

tecircm em casa eacute importante caracterizar as razotildees desses procedimentos Referimo-nos aos aspectos

individuais familiares culturais e contextuais Se queremos actuar sobre comportamentos eacute

fundamental conhecer as atitudes crenccedilas preconceitos estereoacutetipos e representaccedilotildees sociais que se

relacionam com as praacuteticas das famiacutelias as quais variam de famiacutelia para famiacutelia

Os teacutecnicos de educaccedilatildeo podem ser colaboradores preciosos para esta caracterizaccedilatildeo

Em relaccedilatildeo aos pais podemos resumir os aspectos a valorizar

Inclui-los nos diversos passos do programa

sensibiliza-los para a importacircncia da sauacutede oral respeitando os seus universos familiares e

culturais

dar suporte continuado agrave mudanccedila de comportamentos e de todos os factores que lhe estatildeo

associados

24 Quarta vertente ndash as crianccedilas

As crianccedilas e os adolescentes satildeo o principal puacuteblico-alvo do programa de sauacutede oral Sensibilizaacute-los

para as praacuteticas alimentares e de higiene oral que os peritos consideram actualmente adequadas eacute o

nosso objectivo

Como jaacute foi referido anteriormente eacute necessaacuterio ser cuidadoso na forma de comunicar com as crianccedilas

e adolescentes natildeo criticando directa ou indirectamente os conhecimentos e as praacuteticas aconselhadas

ou consentidas por pais e professores com quem eles convivem directamente e que satildeo dos principais

influenciadores dos seus comportamentos satildeo os seus modelos e constituem o seu universo de afectos

Criar clivagem na relaccedilatildeo cognitiva afectiva e emocional entre pais ou professores e crianccedilas e

adolescentes eacute algo que devemos ter sempre presente e evitar

As estrateacutegias de trabalho com as crianccedilas deveratildeo ser adaptadas agrave sua maturidade psico-cognitiva e

contexto socio-cultural Para que as actividades sejam luacutedicas e criativas adequadas agraves idades e outras

caracteriacutesticas das crianccedilas e adolescentes a contribuiccedilatildeo dos teacutecnicos de educaccedilatildeo eacute com certeza

fundamental

Eacute muito importante ter em conta alguns aspectos educativos relativamente agrave mudanccedila de

comportamentos A participaccedilatildeo activa das crianccedilas na formulaccedilatildeo dessas actividades torna mais

eficazes os efeitos pretendidos

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 8

Pela dificuldade em mudar comportamentos principalmente de forma estaacutevel eacute aconselhaacutevel adequar

os objectivos agraves realidades Seraacute preferiacutevel actuar sobre um ou dois comportamentos sobre os quais a

caracterizaccedilatildeo inicial nos permitiu depreender que seraacute possiacutevel obtermos resultados positivos em vez

de tentar actuar sobre todos os comportamentos que desejariacuteamos alterar natildeo conseguindo alterar

nenhum deles Naturalmente estas escolhas seratildeo feitas cientificamente segundo o que a Educaccedilatildeo para

a Sauacutede preconiza nas vertentes relacionadas com as ciecircncias comportamentais (sociais e humanas)

Outro aspecto fundamental eacute a continuidade na acccedilatildeo A eficaacutecia seraacute tanto maior quanto mais

continuadas forem as actividades dando suporte agrave mudanccedila comportamental e reforccedilo agrave sua

manutenccedilatildeo A continuidade da acccedilatildeo permite conhecer melhor as situaccedilotildees os obstaacuteculos e as formas

de os remover pois cada caso eacute um caso e generalizar diminui grandemente a eficaacutecia

Deve ser dada uma atenccedilatildeo especial agraves crianccedilas com Necessidades de Sauacutede Especiais desfavorecidas

socialmente (porque vivem em bairros degradados com poucos recursos econoacutemicos pertencem a

minorias eacutetnicas ou satildeo emigrantes) ou que natildeo frequentam a escola utilizando estrateacutegias especificas

adequadas agraves suas dificuldades

25 Quinta vertente ndash a comunidade

Para os programas de Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutede a componente comunitaacuteria eacute fundamental A

participaccedilatildeo e contribuiccedilatildeo dos vaacuterios sectores da comunidade podem ser potenciadores do trabalho a

desenvolver

Dependendo das situaccedilotildees locais a Autarquia as IPSS e as ONGrsquos entre outras podem ser parceiros

de enorme valia para o desenvolvimento do programa Para isso temos que sensibilizar os liacutederes

locais para a importacircncia da sauacutede oral e do programa que se pretende incrementar explicitando como

com pequenos custos podemos obter ganhos em sauacutede a meacutedio e longo prazo

As instituiccedilotildees que organizam actividades para crianccedilas e adolescentes como os ATLrsquos associaccedilotildees

culturais desportivas e religiosas podem ser excelentes parceiros para o desenvolvimento das

actividades dependendo das caracteriacutesticas da comunidade onde se aplica o programa Os grupos de

teatro satildeo tambeacutem um excelente recurso para integrarem as actividades com as crianccedilas e os

adolescentes

26 Sexta vertente ndash os meios de comunicaccedilatildeo social

Os meios de comunicaccedilatildeo social locais e regionais se forem utilizados apropriadamente podem ser

parceiros potenciadores das actividades que se pretendem desenvolver

Mas com frequecircncia os teacutecnicos de sauacutede encontram dificuldades na relaccedilatildeo com os profissionais da

comunicaccedilatildeo social considerando que estes natildeo satildeo sensiacuteveis agraves nossas preocupaccedilotildees com a prevenccedilatildeo

da doenccedila e da promoccedilatildeo da sauacutede

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 9

Os media tecircm uma linguagem e podemos dizer uma filosofia proacuteprias que com frequecircncia natildeo satildeo

coincidentes com as nossas eacute por essa razatildeo necessaacuterio que os teacutecnicos de sauacutede se adaptem e se

possiacutevel se aperfeiccediloem na linguagem dos meacutedia Se natildeo utilizarmos adequadamente os meios de

comunicaccedilatildeo social estes podem ter um efeito contraproducente diminuindo a eficaacutecia do programa de

sauacutede oral

Algumas das dificuldades encontradas quando trabalhamos com os media especialmente as raacutedios e as

televisotildees satildeo as seguintes

na maior parte dos casos natildeo se pode transmitir muita informaccedilatildeo mesmo que seja um programa

de raacutedio de 1 ou 2 horas iria ficar muito monoacutetono e pouco atraente assim como se tornaria

confuso para os ouvintes e pouco eficaz porque com frequecircncia as pessoas desenvolvem outras

actividades enquanto ouvem raacutedio

eacute aconselhaacutevel transmitir apenas o que eacute realmente importante e faze-lo de forma muito clara

mantendo a consistecircncia sobre a hierarquia das informaccedilotildees nas diversas intervenccedilotildees ou seja que

todas os intervenientes no programa e em todas as situaccedilotildees em que intervecircm tenham um discurso

coerente e natildeo contraditoacuterio

evitar informaccedilotildees riacutegidas que culpabilizem as pessoas e natildeo respeitem os seus contextos micro-

culturais Eacute preferiacutevel suscitar alguma mudanccedila comportamental de forma progressiva que

nenhuma

com frequecircncia utilizamos o leacutexico meacutedico sem nos apercebermos que muitos cidadatildeos natildeo

conhecem termos que nos parecem simples como obesidade ou colesterol atribuindo-lhes outros

significados (portanto desconhecem que natildeo conhecem o verdadeiro significado)

se possiacutevel testar com pessoas de diversas idades e estratos socio-culturais que sejam leigas em

relaccedilatildeo a estas temaacuteticas aquilo que se preparou para a intervenccedilatildeo nos meios de comunicaccedilatildeo

social e alterar se necessaacuterio de acordo com as indicaccedilotildees que essas pessoas nos fornecerem

27 Seacutetima vertente ndash a avaliaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo deve ter iniacutecio na fase de planeamento e acompanhar todo o projecto de modo a introduzir

as alteraccedilotildees necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar das actividades

Devem fazer parte da equipa de avaliaccedilatildeo os diversos parceiros do projecto assim como pessoas

externas ao projecto e estas quando possiacutevel com formaccedilatildeo em educaccedilatildeo para a sauacutede nas aacutereas

teacutecnicas comportamentais de planeamento e avaliaccedilatildeo qualitativa e quantitativa

Satildeo fundamentais avaliaccedilotildees qualitativas e quantitativas das actividades a desenvolver e se possiacutevel

com anaacutelises comparativas ao desenrolar do projecto noutras zonas do paiacutes

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 10

3 T eacute c n i c a s d e H i g i e n e O r a l

3 1 Escovagem dos den tes ndash A escova A escovagem dos dentes deve ser efectuada com uma escova de tamanho adequado agrave boca de quem a

utiliza Habitualmente as embalagens referem as idades a que se destinam Os filamentos devem ser

de nylon com extremidades arredondadas e textura macia que quando comeccedilam a ficar deformados

obrigam agrave substituiccedilatildeo da escova Normalmente a escova quando utilizada 2 vezes por dia dura cerca

de 3-4 meses

Existem escovas manuais e eleacutectricas as quais requerem os mesmos cuidados As escovas eleacutectricas

facilitam a higiene oral das pessoas que tenham pouca destreza manual

3 2 Escovagem dos den tes ndash O den t iacute f r i co O dentiacutefrico a utilizar deve conter fluoreto numa dosagem de cerca de 1000-1500 ppm A quantidade a

utilizar em cada uma das escovagens deve ser semelhante (ou inferior) ao tamanho da unha do 5ordm dedo

(dedo mindinho) da matildeo da crianccedila

Os dentiacutefricos com sabores muito atractivos natildeo se recomendam porque podem levar as crianccedilas a

engoli-lo deliberadamente Ateacute aos 6 anos aproximadamente o dentiacutefrico deve ser colocado na escova

por um adulto Apoacutes a escovagem dos dentes eacute apenas necessaacuterio cuspir o excesso de dentiacutefrico

podendo no entanto bochechar-se com um pouco de aacutegua

33 Escovagem dos dentes no Jardim-de-infacircncia e na Escola identificaccedilatildeo e arrumaccedilatildeo das escovas e copos

Hoje em dia haacute escovas de dentes que tecircm uma tampa ou estojo com orifiacutecios que a protege Caso se

opte pela utilizaccedilatildeo destas escovas natildeo eacute necessaacuterio que fiquem na escola Os alunos poderatildeo colocaacute-

la dentro da mochila juntamente com o tubo do dentiacutefrico e transportaacute-los diariamente para a escola

O conceito de intransmissibilidade da escova de dentes deve ser reforccedilado junto das crianccedilas Se as

escovas ficarem na escola eacute essencial que estejam identificadas bastando para tal escrever no cabo da

escova o nome da crianccedila com uma caneta de tinta resistente agrave aacutegua Tambeacutem se devem identificar os

dentiacutefricos Cada aluno deveraacute ter o seu proacuteprio dentiacutefrico e os copos caso natildeo sejam descartaacuteveis

As escovas guardam-se num local seco e arejado de modo a que os pelos fiquem virados para cima e

natildeo contactem umas com as outras Cada escova pode ser colocada dentro do copo num suporte

acriacutelico ou outro material resistente agrave aacutegua em local seco e arejado

Dentiacutefricos e escovas devem estar fora do alcance das crianccedilas para evitar a troca ou ingestatildeo

acidental de dentiacutefrico Caso haja a possibilidade de utilizar copos descartaacuteveis (de cafeacute) o processo eacute

bastante simplificado (os copos de cafeacute podem ser substituiacutedos por copos de iogurte) Os produtos de

higiene oral podem ser adquiridos com a colaboraccedilatildeo da Autarquia do Centro de Sauacutede dos pais ou

ateacute de alguma empresa Se a escola tiver refeitoacuterio pode tambeacutem ser viaacutevel utilizar os copos do

refeitoacuterio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 11

34 Escovagem dos den tes ndash Organ izaccedilatildeo da ac t i v idade

A escovagem dos dentes deve ser feita diariamente no jardim-de-infacircncia e na escola apoacutes o almoccedilo agrave

entrada na sala de aula ou apoacutes o intervalo As crianccedilas poderatildeo escovar os dentes na casa de banho no

refeitoacuterio ou na proacutepria sala de aula O processo eacute simples natildeo exigindo muitas condiccedilotildees fiacutesicas das

escolas que satildeo frequentemente utilizadas para justificar a recusa desta actividade

Caso a escola tenha lavatoacuterios suficientes esta actividade pode ser feita na casa de banho Eacute necessaacuterio

definir a hora em que cada uma das salas vai utilizar esse espaccedilo Na casa de banho deveratildeo estar

apenas as crianccedilas que estatildeo a escovar os dentes Os outros esperam a sua vez em fila agrave porta Eacute

essencial que esteja algueacutem (auxiliar professoreducador ou voluntaacuterio) a vigiar para manter a ordem

organizar o processo e corrigir a teacutecnica da escovagem No final da escovagem cada crianccedila lava a

escova e o copo (se natildeo for descartaacutevel) e arruma no local destinado a esse efeito

Quando o espaccedilo fiacutesico natildeo permite que a escovagem seja feita na casa de banho esta actividade pode

ser feita na proacutepria sala de aula Nesta situaccedilatildeo se for possiacutevel utilizar copos descartaacuteveis ou copos de

iogurte facilita o processo e torna-o menos moroso Os alunos mantecircm-se sentados nas suas cadeiras

Retiram da sua mochila o estojo com a escova e o dentiacutefrico Um dos alunos distribui os copos e os

guardanapos (ou toalhetes de papel ou papel higieacutenico) Os alunos escovam os dentes todos ao mesmo

tempo podendo ateacute fazecirc-lo com muacutesica O professor deve ir corrigindo a teacutecnica de escovagem Apoacutes

a escovagem as crianccedilas cospem o excesso de dentiacutefrico para o copo limpam a boca tiram o excesso

de dentiacutefrico e saliva da escova com o papel ou o guardanapo e por fim colocam-no dentro do copo

Tapam a escova e arrumam-na em estojo proacuteprio ou na mochila juntamente com o dentiacutefrico No final

um dos alunos vai buscar um saco de lixo passa por todas as carteiras para que cada uma coloque o

seu copo no lixo Caso alguma das crianccedilas natildeo tolere o restos de dentiacutefrico na cavidade oral pode

colocar-se uma pequena porccedilatildeo de aacutegua no copo e no fim da escovagem bochecha e cospe para o

copo Os pais dos alunos devem ser instruiacutedos para se certificarem que em casa a crianccedila lava a sua

escova com aacutegua corrente e volta a colocaacute-la na mochila No sentido de facilitar o procedimento

recomenda-se que os copos sejam descartaacuteveis e as escovas tenham tampa

35 Escovagem dos den tes - A teacutecn ica A escovagem dos dentes para ser eficaz ou seja para remover a placa bacteriana necessita ser feita

com rigor e demora 2 a 3 minutos Quando se utiliza uma escova manual a escovagem faz-se da

seguinte forma

inclinar a escova em direcccedilatildeo agrave gengiva (cerca de 45ordm) e fazer pequenos movimentos vibratoacuterios

horizontais ou circulares de modo a que os pelos da escova limpem o sulco gengival (espaccedilo que

fica entre o dente e a gengiva)

se for difiacutecil manter esta posiccedilatildeo colocar os pecirclos da escova perpendicularmente agrave gengiva e agrave

superfiacutecie do dente

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 12

escovar 2 dentes de cada vez (os correspondentes ao tamanho da cabeccedila da escova) fazendo

aproximadamente 10 movimentos (ou 5 caso sejam crianccedilas ateacute aos 6 anos) nas superfiacutecies

dentaacuterias abarcadas pela escova

comeccedilar a escovagem pela superfiacutecie externa (do lado da bochecha) do dente mais posterior de um

dos maxilares e continuar a escovar ateacute atingir o uacuteltimo dente da extremidade oposta desse

maxilar

com a mesma sequecircncia escovar as superfiacutecies dentaacuterias do lado da liacutengua

proceder do mesmo modo para fazer a escovagem dos dentes do outro maxilar

escovar as superfiacutecies mastigatoacuterias dos dentes com movimentos de vaiveacutem

por fim pode escovar-se a liacutengua

Quando se utiliza uma escova de dentes eleacutectrica segue-se a mesma sequecircncia de escovagem O

movimento da escova eacute feito automaticamente natildeo deve ser feita pressatildeo ou movimentos adicionais

sobre os dentes A escova desloca-se ao longo da arcada escovando um soacute dente de cada vez A

escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluacuteor deve ser feita duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente agrave noite antes de deitar

3 6 Uso do f io den taacute r io A partir do momento em que haacute destreza manual (a partir dos 8 anos) eacute indispensaacutevel o uso do fio ou

fita dentaacuteria que se utiliza da seguinte forma

retirar cerca de 40 cm de fio (ou fita) do porta fio

enrolar a quase totalidade do fio no dedo meacutedio de uma matildeo e uma pequena porccedilatildeo no dedo meacutedio

da outra matildeo deixando entre os dois dedos uma porccedilatildeo de fio com aproximadamente 25 cm

Quando as crianccedilas satildeo mais pequenas pode retirar-se uma porccedilatildeo mais pequena de fio cerca de

30 cm dar um noacute juntando as 2 pontas formando um ciacuterculo com o fio natildeo havendo necessidade

de o enrolar nos dedos Eacute importante utilizar sempre fio limpo em cada espaccedilo interdentaacuterio Os

polegares eou os indicadores ajudam a manuseaacute-lo

introduzir o fio cuidadosamente entre dois dentes e curva-lo agrave volta do dente que se quer limpar

fazendo com que tome a forma de um ldquoCrdquo

executar movimentos curtos horizontais desde o ponto de contacto entre os dentes ateacute ao sulco

gengival em cada uma das faces que delimitam o espaccedilo interdentaacuterio

repetir este procedimento ateacute que todos os espaccedilos interdentaacuterios de todos os dentes estejam

devidamente limpos

O fio dentaacuterio deve ser utilizado uma vez por dia de preferecircncia agrave noite antes de deitar Na escola os

alunos poderatildeo a aprender a utilizar este meio de remoccedilatildeo de placa bacteriana interdentaacuterio sendo

importante envolver os pais no sentido de lhes pedir colaboraccedilatildeo e permitir que as crianccedilas o utilizem

em casa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 13

3 7 Reve lador de p laca bac te r i ana O uso de reveladores de placa bacteriana (em soluto ou em comprimidos mastigaacuteveis) permitem

avaliar a higiene oral e consequentemente melhorar as teacutecnicas de escovagem e de utilizaccedilatildeo do fio

dentaacuterio

A partir dos 6 anos de idade estes produtos podem ser usados para que as crianccedilas visualizem a placa

e mais facilmente compreendam que os seus dentes necessitam de ser cuidadosamente limpos

A eritrosina que tem a propriedade de corar de vermelho a placa bacteriana eacute um dos exemplos de

corantes que se podem utilizar Utiliza-se da seguinte forma

colocar 1 a 2 gotas por baixo da liacutengua ou mastigar um comprimido sem engolir

passar a liacutengua por todas as superfiacutecies dentaacuterias

bochechar com aacutegua

A placa bacteriana corada eacute facilmente removida atraveacutes da escovagem dos dentes e do fio dentaacuterio

Nota Para evitar que os laacutebios fiquem corados de vermelho antes de colocar o corante pode passar

batom creme gordo ou vaselina nos laacutebios

3 8 Bochecho f luore tado A partir dos 6 anos pode ser feito o bochecho quinzenal com fluoreto de soacutedio a 02 na escola da

seguinte forma

agitar a soluccedilatildeo e deitar 10 ml em cada copo e distribui-los

indicar a cada crianccedila para colocar o antebraccedilo no rebordo da mesa

introduzir a soluccedilatildeo na boca sem engolir

repousar a testa no antebraccedilo colocando o copo debaixo da boca

bochechar vigorosamente durante 1 minuto

apoacutes este periacuteodo deve ser cuspida tendo o cuidado de natildeo a engolir

Apoacutes o bochecho a crianccedila deve permanecer 30 minutos sem comer nem beber

39 Iacutendice de placa O Iacutendice de Placa (IP) eacute utilizado para quantificar a placa bacteriana em todas as superfiacutecies dentaacuterias e

reflecte os haacutebitos de higiene oral dos indiviacuteduos avaliados

Assim enquanto que um baixo Iacutendice de Placa poderaacute significar um bom impacto das acccedilotildees de

educaccedilatildeo para a sauacutede em sauacutede oral nomeadamente das relacionadas com a higiene um iacutendice

elevado sugere o contraacuterio

Em programas comunitaacuterios geralmente eacute utilizado o Iacutendice de Placa Simplificado que eacute mais raacutepido

de determinar sendo o resultado final igualmente fiaacutevel

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 14

Para se calcular o Iacutendice de Placa Simplificado eacute necessaacuterio atribuir um valor ao tamanho da placa

bacteriana existente nos seguintes 6 dentes e superfiacutecies predeterminados Maxilar superior

1 Primeiro molar superior direito - Superfiacutecie vestibular

2 Incisivo central superior direito - Superfiacutecie vestibular

3 Primeiro molar superior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

4 Primeiro molar inferior esquerdo - Superfiacutecie lingual

5 Incisivo central inferior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

6 Primeiro molar inferior direito - Superfiacutecie lingual

Para atribuir um valor ao tamanho da placa bacteriana existente em cada uma das su

acima referidas eacute necessaacuterio utilizar o revelador de placa bacteriana para a co

facilitar a sua observaccedilatildeo e respectiva classificaccedilatildeo e registo

A cada uma das superfiacutecies dentaacuterias soacute pode ser atribuiacutedo um dos seguintes valore

Valor 0

Valor 1

Valor 2

Valor 3

rarr Se a superfiacutecie do dente natildeo estaacute corada

rarr Se 13 da superfiacutecie estaacute corado

rarr Se 23 da superfiacutecie estatildeo corados

rarr Se estaacute corada toda a superfiacutecie

Feito o registo da observaccedilatildeo individual verifica-se que o somatoacuterio do conjunto de

poderaacute variar entre 0 (zero) e 18 (dezoito)

Dividindo por 6 (seis) este somatoacuterio obteacutem-se o Iacutendice de Placa Individual

Para determinar o Iacutendice de Placa de um grupo de indiviacuteduos divide-se o som

individuais pelo nuacutemero de indiviacuteduos observados multiplicado por seis (o nuacutemer

nuacutemero de dentes seleccionados por indiviacuteduo)

Assim o Iacutendice de Placa poderaacute variar entre 0 (zero) e 3 (trecircs)

Iacutendice de Placa (IP) = Somatoacuterio da classificaccedilatildeo dada a cada dente

Nordm de indiviacuteduos observados x 6

A sauacutede oral das crianccedilas e adolescentes eacute um grave problema de sauacutede puacuteblica ma

simples como as descritas neste documento executadas pelos proacuteprios eou com

encorajadas pela escola e pelos serviccedilos de sauacutede contribuem decididamente para

oral importantes e implementaccedilatildeo efectiva do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas d

Maxilar inferior

perfiacutecies dentaacuterias

rar e dessa forma

s

valores atribuiacutedos

atoacuterio dos valores

o seis representa o

s que com medidas

ajuda da famiacutelia

ganhos em sauacutede

Sauacutede Oral

e EPSrsquorsquo 15

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

F l u o r e t o s

F u n d a m e n t a ccedil atilde o e R e c o m e n d a ccedil otilde e s d a T a s k F o r c e

Documento produzido pela Task Force constituiacuteda pelo Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr

Ricardo Jorge Direcccedilatildeo-Geral de Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura Faculdade de

Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Medicina Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria

Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa e Porto Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento Instituto Superior de

Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia

Ordem dos Meacutedicos Dentistas Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria Sociedade Portuguesa de

Pediatria e os serviccedilos da DGS Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede Divisatildeo de Sauacutede Ambiental

Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

1 F l u o r e t o s

A evidecircncia cientiacutefica tem demonstrado que as mudanccedilas observadas no padratildeo da doenccedila caacuterie

dentaacuteria ocorrem pela implementaccedilatildeo de programas preventivos e terapecircuticos de acircmbito comunitaacuterio

e por estrateacutegias de acccedilatildeo especiacuteficas dirigidas a grupos de risco com criteriosa utilizaccedilatildeo dos

fluoretos

O fluacuteor eacute o elemento mais electronegativo da tabela perioacutedica e raramente existe isolado sendo por

isso habitualmente referido como fluoreto Na natureza encontra-se sob a forma de um iatildeo (F-) em

associaccedilatildeo com o caacutelcio foacutesforo alumiacutenio e tambeacutem como parte de certos silicatos como o topaacutezio

Normalmente presente nas rochas plantas ar aacuteguas e solos este elemento faz parte da constituiccedilatildeo de

alguns materiais plaacutesticos e pode tambeacutem estar presente na constituiccedilatildeo de alguns fertilizantes

contribuindo desta forma para a sua presenccedila no solo aacutegua e alimentos No solo o conteuacutedo de

fluoretos varia entre 20 e 500 ppm contudo nas camadas mais profundas o seu niacutevel aumenta No ar a

concentraccedilatildeo normal de fluoretos oscila entre 005 e 190microgm3 1

Do fluacuteor que eacute ingerido entre 75 e 90 eacute absorvido por via digestiva sendo a mucosa bucal

responsaacutevel pela absorccedilatildeo de menos de 1 Depois de absorvido passa para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea

sob a forma ioacutenica ou de compostos orgacircnicos lipossoluacuteveis A forma ioacutenica que circula livremente e

natildeo se liga agraves proteiacutenas nem aos componentes plasmaacuteticos nem aos tecidos moles eacute a que vai estar

disponiacutevel para ser absorvida pelos tecidos duros Da quantidade total de fluacuteor presente no organismo

99 encontra-se nos tecidos calcificados Entre 10 e 25 do aporte diaacuterio de fluacuteor natildeo chega a ser

absorvido vindo a ser excretado pelas fezes O fluacuteor absorvido natildeo utilizado (cerca de 50) eacute

eliminado por via renal2

O fluacuteor tem uma grande afinidade com a apatite presente no organismo com a qual cria ligaccedilotildees

fortes que natildeo satildeo irreversiacuteveis Este facto deve-se agrave facilidade com que os radicais hidroxilos da

hidroxiapatite satildeo substituiacutedos pelos iotildees fluacuteor formando fluorapatite No entanto a apatite normal do

ser humano presente no osso e dente mesmo em condiccedilotildees ideais de presenccedila de fluacuteor nunca se

aproxima da composiccedilatildeo da fluorapatite pura

Quando o fluacuteor eacute ingerido passa pela cavidade oral daiacute resultando a deposiccedilatildeo de uma determinada

quantidade nos tecidos e liacutequidos aiacute existentes A mucosa jugal as gengivas a placa bacteriana os

dentes e a saliva vatildeo beneficiar imediatamente de um aporte directo de fluacuteor que pode permitir que a

sua disponibilidade na cavidade oral se prolongue por periacuteodos mais longos Eacute um facto que a presenccedila

de fluacuteor no meio oral independentemente da sua fonte resulta numa acccedilatildeo preventiva e terapecircutica

extremamente importante

Nota 22 mg de fluoreto de soacutedio correspondem a 1 mg de fluacuteor Quando se dilui 1 mg de fluacuteor em um litro de aacutegua pura

considera-se que essa aacutegua passou a ter 1 ppm de fluacuteor

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 2

Considera-se actualmente que os benefiacutecios dos fluoretos resultam basicamente da sua acccedilatildeo toacutepica

sobre a superfiacutecie do dente enquanto a sua acccedilatildeo sisteacutemica (preacute-eruptiva) eacute muito menos importante

A acccedilatildeo preventiva e terapecircutica dos fluoretos eacute conseguida predominantemente pela sua acccedilatildeo toacutepica

quer nas crianccedilas quer nos adultos atraveacutes de trecircs mecanismos diferentes responsaacuteveis pela

bull inibiccedilatildeo do processo de desmineralizaccedilatildeo

bull potenciaccedilatildeo do processo de remineralizaccedilatildeo

bull inibiccedilatildeo da acccedilatildeo da placa bacteriana

O uso racional dos fluoretos na profilaxia da caacuterie dentaacuteria com eficaacutecia e seguranccedila baseia-se no

conhecimento actualizado dos seus mecanismos de acccedilatildeo e da sua toxicologia

Com base na evidecircncia cientiacutefica a estrateacutegia de utilizaccedilatildeo dos fluoretos em sauacutede oral foi redefinida

tendo em conta que a sua acccedilatildeo preventiva eacute predominantemente poacutes-eruptiva e toacutepica e a sua acccedilatildeo

toacutexica com repercussotildees a niacutevel dentaacuterio eacute preacute-eruptiva e sisteacutemica

Estudos epidemioloacutegicos efectuados pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) sobre os efeitos do

fluacuteor na sauacutede humana referem que valores compreendidos entre 1 e 15 ppm natildeo representam risco

acrescido Contudo valores entre 15 e 2 ppm em climas quentes poderatildeo contribuir para a ocorrecircncia

de casos de fluorose dentaacuteria e valores entre 3 a 6 ppm para o aparecimento de fluorose oacutessea

Para a OMS a concentraccedilatildeo oacuteptima de fluoretos na aacutegua quando esta eacute sujeita a fluoretaccedilatildeo deve

estar compreendida entre 05 e 15 ppm de F dependendo este valor da temperatura meacutedia do local

que condiciona a quantidade de aacutegua ingerida nas zonas mais frias o valor maacuteximo pode estar perto

do limite superior nas zonas mais quentes o valor deve estar perto do limite inferior para uma

prevenccedilatildeo eficaz da caacuterie dentaacuteria Para que os riscos de fluorose estejam diminuiacutedos os programas de

fluoretaccedilatildeo das aacuteguas devem obedecer a criteacuterios claramente definidos

Nas regiotildees onde a aacutegua da rede puacuteblica conteacutem menos de 03 ppm (mgl) de fluoretos (situaccedilatildeo mais

frequente em Portugal Continental) a dose profilaacutectica oacuteptima considerando a soma de todas as fontes

de fluoretos eacute de 005mgkgdia3

11 Toxicidade Aguda

Uma intoxicaccedilatildeo aguda pelo fluacuteor eacute uma possibilidade extremamente rara Alguns casos tecircm sido

descritos na literatura Estudos efectuados em roedores e extrapolados para o homem adulto permitem

pensar que a dose letal miacutenima de fluacuteor seja de aproximadamente 2 gramas ou 32 a 64 mgkg de peso

corporal mas para uma crianccedila bastam 15 mgkg de peso corporal 2

A partir da ingestatildeo de doses superiores a 5mgkg de peso corporal considera-se a hipoacutetese de vir a ter

efeitos toacutexicos

As crianccedilas pequenas tecircm um risco acrescido de ingerir doses de fluoretos atraveacutes do consumo de

produtos de higiene oral A ingestatildeo acidental de um quarto de um tubo com dentiacutefrico de 125 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 3

(1500 ppm de Fluacuteor) potildee em risco a vida de uma crianccedila de um ano de idade O risco de ingestatildeo

acidental por crianccedilas eacute real e eacute adjuvado pelo tipo de embalagens destes produtos que natildeo tecircm

dispositivos de seguranccedila para a sua abertura

A toxicidade aguda pelos fluoretos poderaacute manifestar-se por queixas digestivas (dor abdominal

voacutemitos hematemeses e melenas) neuroloacutegicas (tremores convulsotildees tetania deliacuterio lentificaccedilatildeo da

voz) renais (urina turva hematuacuteria) metaboacutelicas (hipocalceacutemia hipomagnesieacutemia hipercalieacutemia)

cardiovasculares (arritmias hipotensatildeo) e respiratoacuterias (depressatildeo respiratoacuteria apneias) 4

12 Toxicidade Croacutenica

A dose total diaacuteria de fluoretos administrados por via sisteacutemica isenta de risco de toxicidade croacutenica

situa-se abaixo de 005 mgkgdia de peso A partir desses valores aumentam as manifestaccedilotildees atraveacutes

do aparecimento de hipomineralizaccedilatildeo do esmalte que se revela por fluorose dentaacuteria Com

concentraccedilotildees acima de 25 ppm na aacutegua esta manifestaccedilatildeo eacute mais evidente sendo tanto mais grave

quanto a concentraccedilatildeo de fluoretos vai aumentando O periacuteodo criacutetico para o efeito toacutexico do fluacuteor se

manifestar sobre a denticcedilatildeo permanente eacute entre o nascimento e os 7 anos de idade (ateacute aos 3 anos eacute o

periacuteodo mais criacutetico) Quando existem fluoretos ateacute 3 ppm na aacutegua aleacutem da fluorose natildeo parece

existir qualquer outro efeito toacutexico na sauacutede A partir deste valor aumenta o risco de nefrotoxicidade

Como qualquer outro medicamento os fluoretos em dose excessiva tecircm efeitos toacutexicos que

normalmente se manifestam atraveacutes de uma interferecircncia na esteacutetica dentaacuteria Essa manifestaccedilatildeo eacute a

fluorose dentaacuteria

Estudos recentes sobre suplementos de fluoretos e fluorose 5 confirmam que as comunidades sem aacutegua

fluoretada e que utilizam suplementos de fluoretos durante os primeiros 6 anos de vida apresentam

um aumento do risco de desenvolver fluorose

O principal factor de risco para o aparecimento de fluorose dentaacuteria eacute o aporte total de fluoretos

provenientes de diferentes fontes nomeadamente da alimentaccedilatildeo incluindo a aacutegua e os suplementos

alimentares dentiacutefricos e soluccedilotildees para bochechos comprimidos e gotas e ingestatildeo acidental que natildeo

satildeo faacuteceis de quantificar

A fluorose dentaacuteria aumentou nos uacuteltimos anos em comunidades com e sem aacutegua fluoretada 6

2 F l u o r e t o s n a aacute g u a

2 1 Aacute g u a d e a b a s t e c i m e n t o p uacute b l i c o

A fluoretaccedilatildeo das aacuteguas para consumo humano como meio de suprir o deacutefice de fluoretos na aacutegua eacute

uma praacutetica comum em alguns paiacuteses como o Brasil Austraacutelia Canadaacute EUA e Nova Zelacircndia

Apesar de serem tatildeo diferentes quer do ponto de vista soacutecioeconoacutemico quer geograacutefico eles detecircm

uma experiecircncia superior a 25 anos neste domiacutenio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 4

Na Europa a maior parte dos paiacuteses natildeo faz fluoretaccedilatildeo das suas aacuteguas para consumo humano agrave

excepccedilatildeo da Irlanda da Suiacuteccedila (Basileia) e de 10 da populaccedilatildeo do Reino Unido Na Alemanha eacute

proibido e nos restantes paiacuteses eacute desaconselhado

Nos paiacuteses em que se faz fluoretaccedilatildeo da aacutegua alguns estudos demonstraram natildeo ter existido um ganho

efectivo na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria No entanto outros como a Austraacutelia no Estado de Victoacuteria

onde a fluoretaccedilatildeo da aacutegua se faz regularmente observaram-se ganhos efectivos na sauacutede oral da

populaccedilatildeo com consequentes ganhos econoacutemicos

Recomendaccedilatildeo Eacute indispensaacutevel avaliar a qualidade das aacuteguas de abastecimento puacuteblico periodicamente e corrigir os

paracircmetros alterados

Na aacutegua os valores das concentraccedilotildees de fluoretos estatildeo compreendidas entre 01 a 07 ppm Contudo

em alguns casos podem apresentar valores muito mais elevados

Quando a aacutegua apresenta valores de ph superiores a 8 e o iatildeo soacutedio e os carbonatos satildeo dominantes os

valores de fluoretos normalmente presentes excedem 1 ppm

Nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica os fluoretos podem existir naturalmente ou resultar de um

programa de fluoretaccedilatildeo Em Portugal Continental os valores satildeo normalmente baixos e as aacuteguas natildeo

estatildeo sujeitas a fluoretaccedilatildeo artificial O teor de fluoretos deveraacute ser controlado regularmente de modo

a preservar os interesses da sauacutede puacuteblica 7

Na definiccedilatildeo de um valor guia para a aacutegua de consumo humano a OMS propotildee o valor limite de 15

ppm de Fluacuteor referindo que valores superiores podem contribuir para o aumento do risco de fluorose

A Agecircncia Americana para o Ambiente (USEPA) refere um valor maacuteximo admissiacutevel de fluoretos na

aacutegua de consumo humano de 15 ppm e recomenda que nunca se ultrapasse os 4 ppm

Em Portugal a legislaccedilatildeo actualmente em vigor sobre a qualidade da aacutegua para consumo humano

decreto-lei nordm 23698 de 1 de Agosto define dois Valores Maacuteximos Admissiacuteveis (VMA) para os

fluoretos 15 ppm (8 a 12 ordmC) e 07 ppm (25 a 30 ordmC) O decreto-lei nordm 2432001 de 5 de Setembro

que transpotildee a Directiva Comunitaacuteria nordm 9883CE de 3 de Novembro que entrou em vigor em 25 de

Dezembro de 2003 define para os fluoretos um Valor Parameacutetrico (VP) de 15 ppm

O decreto-lei nordm 24301 remete para a Entidade Gestora a verificaccedilatildeo da conformidade dos valores

parameacutetricos obrigatoacuterios aplicaacuteveis agrave aacutegua para consumo humano Sempre que um valor parameacutetrico

eacute excedido isso corresponde a uma situaccedilatildeo de incumprimento e perante esta situaccedilatildeo a entidade

gestora deve de imediato informar a autoridade de sauacutede e a entidade competente dando conta das

medidas correctoras adoptadas ou em curso para restabelecer a qualidade da aacutegua destinada a consumo

humano

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 5

Deve ter-se em atenccedilatildeo o desvio em relaccedilatildeo ao valor parameacutetrico fixado e o perigo potencial para a

sauacutede humana

Segundo o decreto-lei supra mencionado artigo 9ordm compete agraves autoridades de sauacutede a vigilacircncia

sanitaacuteria e a avaliaccedilatildeo do risco para a sauacutede puacuteblica da qualidade da aacutegua destinada ao consumo

humano Sempre que o risco exista e o incumprimento persistir a autoridade de sauacutede deve informar e

aconselhar os consumidores afectados e determinar a proibiccedilatildeo de abastecimento restringir a

utilizaccedilatildeo da aacutegua que constitua um perigo potencial para a sauacutede humana e adoptar todas as medidas

necessaacuterias para proteger a sauacutede humana

Nos Accedilores e na Madeira ou em zonas onde o teor de fluoretos na aacutegua eacute muito elevado deveraacute ser

feita uma verificaccedilatildeo da constante e a correcccedilatildeo adequada

Os principais tratamentos de desfluoretaccedilatildeo envolvem a floculaccedilatildeo da aacutegua usando sais hidratados de

alumiacutenio principalmente em condiccedilotildees alcalinas No caso de aacuteguas aacutecidas pode-se adicionar cal e

alternativamente pode-se recorrer agrave adsorccedilatildeo com carvatildeo activado ou alumina activada ( Al2O3 ) ou

por permuta ioacutenica usando resinas especiacuteficas

Recomendaccedilatildeo Ateacute aos 6-7 anos as crianccedilas natildeo devem ingerir regularmente aacutegua com teor de fluoretos superior a 07 ppm

Recomendaccedilatildeo Sempre que o valor parameacutetrico dos fluoretos na aacutegua para consumo humano exceder 15 ppm deveratildeo ser aplicadas

medidas correctoras para restabelecer a qualidade da aacutegua

2 2 Aacute g u a s m i n e r a i s n a t u r a i s e n g a r r a f a d a s

As aacuteguas minerais naturais engarrafadas deveratildeo no futuro ter rotulagem de acordo com a Directiva

Comunitaacuteria 200340CE da Comissatildeo Europeia de 16 de Maio publicada no Jornal Oficial da Uniatildeo

Europeia em 2252003 artigo 4ordm laquo1 As aacuteguas minerais naturais cuja concentraccedilatildeo em fluacuteor for

superior a 15 mgl (ppm) devem ostentar no roacutetulo a menccedilatildeo lsquoconteacutem mais de 15 mgl (ppm) de

fluacuteor natildeo eacute adequado o seu consumo regular por lactentes nem por crianccedilas com menos de 7 anosrsquo

2 No roacutetulo a menccedilatildeo prevista no nordm 1 deve figurar na proximidade imediata da denominaccedilatildeo de

venda e em caracteres claramente visiacuteveis 3

As aacuteguas minerais naturais que em aplicaccedilatildeo do nordm 1 tiverem de ostentar uma menccedilatildeo no roacutetulo

devem incluir a indicaccedilatildeo do teor real em fluacuteor a niacutevel da composiccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica em constituintes

caracteriacutesticos tal como previsto no nordm 2 aliacutenea a) do artigo 7ordm da Directiva 80777CEEraquo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 6

Para as aacuteguas de nascente cujas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas satildeo definidas pelo Decreto-lei

2432001 de 5 de Setembro em vigor desde Dezembro de 2003 os limites para o teor de fluoretos satildeo

de 15 mgl (ppm)

De acordo com o parecer do Scientific Committee on Food - Comiteacute Cientiacutefico de Alimentaccedilatildeo

Humana (expresso em Dezembro de 1996) a Comissatildeo natildeo vecirc razotildees para nos climas da Uniatildeo

Europeia (climas temperados) limitar os fluoretos nas aacuteguas de consumo humano e nas aacuteguas minerais

naturais para valores inferiores a 15mgl (ppm)

3 F l u o r e t o s n o s g eacute n e r o s a l i m e n t iacute c i o s

Entende-se por lsquogeacutenero alimentiacuteciorsquo qualquer substacircncia ou produto transformado parcialmente

transformado ou natildeo transformado destinado a ser ingerido pelo ser humano ou com razoaacuteveis

probabilidades de o ser Este termo abrange bebidas pastilhas elaacutesticas e todas as substacircncias

incluindo a aacutegua intencionalmente incorporadas nos geacuteneros alimentiacutecios durante o seu fabrico

preparaccedilatildeo ou tratamento8 9

Na alimentaccedilatildeo as estimativas de ingestatildeo de fluacuteor atraveacutes da dieta variam entre 02 e 34 mgdia

sendo estes uacuteltimos valores atingidos quando se inclui o chaacute na alimentaccedilatildeo A ingestatildeo de fluoretos

provenientes dos alimentos comuns eacute pouco significativa Apenas 13 se apresentam na forma

ionizaacutevel e portanto biodisponiacutevel

Recomendaccedilatildeo Independentemente da origem ao utilizar aacutegua informe-se sobre o seu teor em fluoretos As que tecircm um elevado teor

deste elemento natildeo satildeo adequadas para lactentes e crianccedilas com menos de 7 anos

Recomendaccedilatildeo Dar prioridade a uma dieta equilibrada e saudaacutevel com diversidade alimentar Utilizar a aacutegua da cozedura dos

alimentos para confeccionar outros alimentos (ex sopas arroz)

No iniacutecio do ano de 2003 a Comissatildeo Europeia apresentou uma nova proposta de Directiva

Comunitaacuteria relativa agrave ldquoAdiccedilatildeo aos geacuteneros alimentiacutecios de vitaminas minerais e outras substacircnciasrdquo

onde os fluoretos satildeo referidos como podendo ser adicionados a geacuteneros alimentiacutecios comuns Nesta

proposta de Directiva Comunitaacuteria eacute sugerida a inclusatildeo de determinados nutrimentos (entre eles o

fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de geacuteneros alimentiacutecios comuns Esta proposta

prevista no Livro Branco da Comissatildeo ainda estaacute numa fase inicial de discussatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 7

4 F l u o r e t o s e m s u p l e m e n t o a l i m e n t a r

Entende-se por lsquosuplementos alimentaresrsquo geacuteneros alimentiacutecios que se destinam a complementar e ou

suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas

substacircncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisioloacutegico estremes ou combinados

comercializados em forma doseada tais como caacutepsulas pastilhas comprimidos piacutelulas e outras

formas semelhantes saquetas de poacute ampola de liacutequido frascos com conta gotas e outras formas

similares de liacutequido ou poacute que se destinam a ser tomados em unidades medidas de quantidade

reduzida10

A Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002

transposta para o direito nacional pelo Decreto-lei nordm 1362003 de 28 de Junho relativa agrave aproximaccedilatildeo

das legislaccedilotildees dos Estados-Membros respeitantes aos suplementos alimentares vai permitir a inclusatildeo

de determinados nutrimentos (entre eles o fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de

suplementos alimentares11

A partir de 28 de Agosto de 2003 os fluoretos poderatildeo ser comercializados como suplemento

alimentar passando a estar disponiacutevel em farmaacutecias e superfiacutecies comerciais

As quantidades maacuteximas de vitaminas e minerais presentes nos suplementos alimentares satildeo fixadas

em funccedilatildeo da toma diaacuteria recomendada pelo fabricante tendo em conta os seguintes elementos

a) limites superiores de seguranccedila estabelecidos para as vitaminas e os minerais apoacutes uma

avaliaccedilatildeo dos riscos efectuada com base em dados cientiacuteficos geralmente aceites tendo em

conta quando for caso disso os diversos graus de sensibilidade dos diferentes grupos de

consumidores

b) quantidade de vitaminas e minerais ingerida atraveacutes de outras fontes alimentares

c) doses de referecircncia de vitaminas e minerais para a populaccedilatildeo

Recomendaccedilatildeo Nunca ultrapassar a toma indicada no roacutetulo do produto e natildeo utilizar um suplemento alimentar como substituto de um

regime alimentar variado

As quantidades maacuteximas e miacutenimas de vitaminas e minerais referidas seratildeo adoptadas pela Comissatildeo

Europeia assistida pelo Comiteacute de Regulamentaccedilatildeo

Em Portugal a Agecircncia para a Qualidade e Seguranccedila Alimentar viraacute a ter informaccedilatildeo sobre todos os

suplementos alimentares comercializados como geacuteneros alimentiacutecios e introduzidos no mercado de

acordo com o Decreto-lei nordm 1362003

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 8

A rotulagem dos suplementos alimentares natildeo poderaacute mencionar nem fazer qualquer referecircncia a

prevenccedilatildeo tratamento ou cura de doenccedilas humanas e deveraacute indicar uma advertecircncia de que os

produtos devem ser guardados fora do alcance das crianccedilas

5 F luore tos em med icamentos e p rodutos cosmeacutet icos de h ig iene corpora l

A distinccedilatildeo entre Medicamento e Produto Cosmeacutetico de Higiene Corporal contendo fluoretos depende

do seu teor no produto Os cosmeacuteticos contecircm obrigatoriamente uma concentraccedilatildeo de fluoretos inferior

a 015 (1500 ppm) (Decreto-lei 1002001 de 28 de Marccedilo I Seacuterie A) sendo que todos os dentiacutefricos

com concentraccedilotildees de fluoretos superior a 015 satildeo obrigatoriamente classificados como

medicamentos

Os medicamentos contendo fluoretos e utilizados para a profilaxia da caacuterie dentaacuteria existentes no

mercado portuguecircs satildeo de venda livre em farmaacutecia Encontram-se disponiacuteveis nas formas

farmacecircuticas de soluccedilatildeo oral (gotas orais) comprimidos dentiacutefricos gel dentaacuterio e soluccedilatildeo de

bochecho

5 1 F l u o r e t o s e m c o m p r i m i d o s e g o t a s o r a i s

A utilizaccedilatildeo de medicamentos contendo fluoretos na forma de gotas orais e comprimidos foi ateacute haacute

pouco recomendada pelos profissionais de sauacutede (pediatras meacutedicos de famiacutelia cliacutenicos gerais

meacutedicos estomatologistas meacutedicos dentistas) dos 6 meses ateacute aos 16 anos

A clarificaccedilatildeo do mecanismo de acccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria e o aumento de

aporte dos mesmos com consequentes riscos de manifestaccedilatildeo toacutexica obrigaram agrave revisatildeo da sua

administraccedilatildeo em comprimidos eou gotas A gravidade da fluorose dentaacuteria estaacute relacionada com a

dose a duraccedilatildeo e com a idade em que ocorre a exposiccedilatildeo ao fluacuteor 12 13

A ldquoCanadian Consensus Conference on the Appropriate Use of Fluoride Supplements for the

Prevention of Dental Caries in Childrenrdquo 14definiu um protocolo cuja utilizaccedilatildeo eacute recomendada a

profissionais de sauacutede em que se fundamenta a tomada de decisatildeo sobre a necessidade ou natildeo da

suplementaccedilatildeo de fluacuteor A administraccedilatildeo de comprimidos soacute eacute recomendada quando o teor de fluoretos

na aacutegua de abastecimento puacuteblico for inferior a 03 ppm e

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) natildeo escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas

vezes por dia

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas vezes

por dia mas apresenta um alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 9

Por sua vez a conclusatildeo do laquoForum on Fluoridation 2002raquo15 relativamente agrave administraccedilatildeo de

suplementos de fluoretos foi a seguinte limitar a utilizaccedilatildeo de comprimidos de fluoretos a aacutereas onde

natildeo existe aacutegua fluoretada e iniciar essa suplementaccedilatildeo apenas a crianccedilas com alto risco agrave caacuterie e a

partir dos 3 anos

Os comprimidos de fluoretos caso sejam indicados devem ser usados pelo interesse da sua acccedilatildeo

toacutepica Devem ser dissolvidos na boca em vez de imediatamente ingeridos16

A administraccedilatildeo de fluoretos sob a forma de comprimidos chupados soacute deveraacute ser efectuada em

situaccedilotildees excepcionais isto eacute em populaccedilotildees de baixos recursos econoacutemicos nas quais a escovagem

natildeo possa ser promovida e os iacutendices de caacuterie sejam elevados

Para evitar a potencial toxicidade dos fluoretos antes de qualquer prescriccedilatildeo todos os profissionais de

sauacutede devem efectuar uma avaliaccedilatildeo personalizada dos aportes diaacuterios de cada crianccedila tendo em conta

todas as fontes possiacuteveis desse elemento alimentos comuns suplementos alimentares consumo de

aacutegua da rede puacuteblica eou aacutegua engarrafada e respectivo teor de fluoretos e utilizaccedilatildeo de medicamentos

e produtos cosmeacuteticos contendo fluacuteor

Recomendaccedilatildeo A partir dos 3 anos os suplementos sisteacutemicos de fluoretos poderatildeo ser prescritos pelo meacutedico assistente ou meacutedico dentista em crianccedilas que apresentem um alto risco

agrave caacuterie dentaacuteria

5 2 F l u o r e t o s e m d e n t iacute f r i c o s

Hoje em dia a maior parte dos dentiacutefricos agrave venda no mercado contecircm fluoretos sob diferentes formas

fluoreto de soacutedio monofluorfosfato de soacutedio fluoreto de amina e outros Os mais utilizados satildeo o

fluoreto de soacutedio e o monofluorfosfato de soacutedio

Normalmente o conteuacutedo de fluoreto dos dentiacutefricos eacute de 1000 a 1100 ppm (ou 010 a 011)

podendo variar entre 500 e 1500 ppm

Durante a escovagem cerca de 34 da pasta eacute ingerida por crianccedilas de 3 anos 28 pelas de 4-5 anos

e 20 pelas de 5-7 anos

Devem ser evitados dentiacutefricos com sabor a fruta para impedir o seu consumo em excesso uma vez

que estatildeo jaacute descritos na literatura casos de fluorose resultantes do abuso de dentiacutefricos2

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluoretos duas vezes por dia tem-se revelado um

meio colectivo de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria com grande efectividade e baixo custo pelo que deve

ser considerado o meio de eleiccedilatildeo em estrateacutegias comunitaacuterias

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 10

Do ponto de vista da prevenccedilatildeo da caacuterie a aplicaccedilatildeo toacutepica de dentiacutefrico fluoretado com a escova dos

dentes deve ser executada duas vezes por dia e deve iniciar-se quando se daacute a erupccedilatildeo dos dentes Esta

rotina diaacuteria de higiene executada naturalmente com muito cuidado pelos pais deve

progressivamente ser assumida pela crianccedila ateacute aos 6-8 anos de idade Durante este periacuteodo a

escovagem deve ser sempre vigiada pelos pais ou educadores consoante as circunstacircncias para evitar

a utilizaccedilatildeo de quantidades excessivas de dentiacutefrico o qual pode da mesma forma que os

comprimidos conduzir antes dos 6 anos agrave ocorrecircncia de fluorose

As crianccedilas devem usar dentiacutefrico com teor de fluoretos entre 1000-1500 ppm de fluoreto (dentiacutefrico

de adulto) sendo a quantidade a utilizar do tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

Apoacutes a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado pode-se natildeo bochechar com aacutegua Deveraacute

apenas cuspir-se o excesso de pasta Deste modo consegue-se uma mais alta concentraccedilatildeo de fluoreto

na cavidade oral que vai actuar topicamente durante mais tempo

Os pais das crianccedilas devem receber informaccedilatildeo sobre a escovagem dentaacuteria e o uso de dentiacutefricos

fluoretados A escovagem com dentiacutefrico fluoretado deve iniciar-se imediatamente apoacutes a erupccedilatildeo dos

primeiros dentes Os dentiacutefricos fluoretados devem ser guardados em locais inacessiacuteveis agraves crianccedilas

pequenas17

5 3 F l u o r e t o s e m s o l u ccedil otilde e s d e b o c h e c h o

As soluccedilotildees para bochechos recomendadas a partir dos 6 anos de idade tecircm sido utilizadas em

programas escolares de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria em inuacutemeros paiacuteses incluindo Portugal Satildeo

recomendadas a indiviacuteduos de maior risco agrave caacuterie dentaacuteria mas a sua utilizaccedilatildeo tem vido a ser

restringida a crianccedilas que escovam eficazmente os dentes

Recomendaccedilatildeo Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Recomendaccedilatildeo A partir dos 6 anos de idade deve ser feito o bochecho quinzenalmente com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

02

As soluccedilotildees fluoretadas de uso diaacuterio habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

005 e as de uso semanal ou quinzenal habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de 02

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 11

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 12

Referecircncias

1 Diegues P Linhas de Orientaccedilatildeo associadas agrave presenccedila de fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento 2003 Documento produzido no acircmbito da task force Sauacutede Oral e Fluacuteor Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar e na Divisatildeo de Sauacutede Ambiental da DGS 2 Melo PRGR Influecircncia de diferentes meacutetodos de administraccedilatildeo de fluoretos nas variaccedilotildees de incidecircncia de caacuterie Porto Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto 2001 Tese de doutoramento 3 Agence Francaise de Seacutecuriteacute des Produits de Santeacute Mise au point sur le fluacuteor et la prevention de la carie dentaire AFSPS 31 Juillet 2002 4 Leikin JB Paloucek FP Poisoning amp Toxicology Handbook 3th edition Hudson Lexi- Comp 2002 586-7 5 Ismail AI Bandekar RR Fluoride suplements and fluorosis a meta-analysis Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 48-56 6 Steven ML An update on Fluorides and Fluorosis J Can Dent Assoc 200369(5)268-91 7 Pinto R Cristovatildeo E Vinhais T Castro MF Teor de fluoretos nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica nas sedes de concelho de Portugal Continental Revista Portuguesa de Estomatologia Medicina Dentaacuteria e Cirurgia Maxilofacial 1999 40(3)125-42 8 Regulamento 1782002 do Parlamento Europeu e do Conselho de 28 de Janeiro Jornal Oficial das Comunidades Europeias (2002021) 9 Decreto ndash lei nordm 5601999 DR I Seacuterie A 147 (991218) 10 Decreto ndash lei nordm 1362003 DR I Seacuterie A 293 (20030628) 11 Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002 Jornal Oficial das Comunidades Europeias (20020712) 12 Aoba T Fejerskov O Dental fluorosis Chemistry and Biology Crit Rev Oral Biol Med 2002 13(2) 155-70 13 DenBesten PK Biological mechanisms of dental fluorosis relevant to the use of fluoride supplements Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 41-7 14 Limeback H Introduction to the conference Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 27-30 15 Report of the Forum of fluoridation 2002Governement of Ireland 2002 wwwfluoridationforumie 16 Featherstone JDB Prevention and reversal of dental caries role of low level fluoride Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 31-40 17 Pereira A Amorim A Peres F Peres FR Caldas IM Pereira JA Pereira ML Silva MJ Caacuteries Precoces da InfacircnciaLisboa Medisa Ediccedilotildees e Divulgaccedilotildees Cientiacuteficas Lda 2001 Bibliografia

1 Almeida CM Sugestotildees para a Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2002 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e na Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa

2 Rompante P Fundamentos para a alteraccedilatildeo do Programa de Sauacutede Oral da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Documento realizado no acircmbito da Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2003 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e no Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede ndash Norte

3 Rompante P Determinaccedilatildeo da quantidade do elemento fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento puacuteblico na totalidade das sedes de concelho de Portugal Continental Porto Faculdade de Odontologia da Universidade de Barcelona 2002 Tese de Doutoramento

4 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in Children at High Caries Risk SIGN Publication 2000 47

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Page 31: Direcção-Geral da SaúdePrograma será complementado, sempre que oportuno, por orientações técnicas a emitir por esta Direcção-Geral. O Director-Geral e Alto Comissário da

Pela dificuldade em mudar comportamentos principalmente de forma estaacutevel eacute aconselhaacutevel adequar

os objectivos agraves realidades Seraacute preferiacutevel actuar sobre um ou dois comportamentos sobre os quais a

caracterizaccedilatildeo inicial nos permitiu depreender que seraacute possiacutevel obtermos resultados positivos em vez

de tentar actuar sobre todos os comportamentos que desejariacuteamos alterar natildeo conseguindo alterar

nenhum deles Naturalmente estas escolhas seratildeo feitas cientificamente segundo o que a Educaccedilatildeo para

a Sauacutede preconiza nas vertentes relacionadas com as ciecircncias comportamentais (sociais e humanas)

Outro aspecto fundamental eacute a continuidade na acccedilatildeo A eficaacutecia seraacute tanto maior quanto mais

continuadas forem as actividades dando suporte agrave mudanccedila comportamental e reforccedilo agrave sua

manutenccedilatildeo A continuidade da acccedilatildeo permite conhecer melhor as situaccedilotildees os obstaacuteculos e as formas

de os remover pois cada caso eacute um caso e generalizar diminui grandemente a eficaacutecia

Deve ser dada uma atenccedilatildeo especial agraves crianccedilas com Necessidades de Sauacutede Especiais desfavorecidas

socialmente (porque vivem em bairros degradados com poucos recursos econoacutemicos pertencem a

minorias eacutetnicas ou satildeo emigrantes) ou que natildeo frequentam a escola utilizando estrateacutegias especificas

adequadas agraves suas dificuldades

25 Quinta vertente ndash a comunidade

Para os programas de Educaccedilatildeo e Promoccedilatildeo da Sauacutede a componente comunitaacuteria eacute fundamental A

participaccedilatildeo e contribuiccedilatildeo dos vaacuterios sectores da comunidade podem ser potenciadores do trabalho a

desenvolver

Dependendo das situaccedilotildees locais a Autarquia as IPSS e as ONGrsquos entre outras podem ser parceiros

de enorme valia para o desenvolvimento do programa Para isso temos que sensibilizar os liacutederes

locais para a importacircncia da sauacutede oral e do programa que se pretende incrementar explicitando como

com pequenos custos podemos obter ganhos em sauacutede a meacutedio e longo prazo

As instituiccedilotildees que organizam actividades para crianccedilas e adolescentes como os ATLrsquos associaccedilotildees

culturais desportivas e religiosas podem ser excelentes parceiros para o desenvolvimento das

actividades dependendo das caracteriacutesticas da comunidade onde se aplica o programa Os grupos de

teatro satildeo tambeacutem um excelente recurso para integrarem as actividades com as crianccedilas e os

adolescentes

26 Sexta vertente ndash os meios de comunicaccedilatildeo social

Os meios de comunicaccedilatildeo social locais e regionais se forem utilizados apropriadamente podem ser

parceiros potenciadores das actividades que se pretendem desenvolver

Mas com frequecircncia os teacutecnicos de sauacutede encontram dificuldades na relaccedilatildeo com os profissionais da

comunicaccedilatildeo social considerando que estes natildeo satildeo sensiacuteveis agraves nossas preocupaccedilotildees com a prevenccedilatildeo

da doenccedila e da promoccedilatildeo da sauacutede

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 9

Os media tecircm uma linguagem e podemos dizer uma filosofia proacuteprias que com frequecircncia natildeo satildeo

coincidentes com as nossas eacute por essa razatildeo necessaacuterio que os teacutecnicos de sauacutede se adaptem e se

possiacutevel se aperfeiccediloem na linguagem dos meacutedia Se natildeo utilizarmos adequadamente os meios de

comunicaccedilatildeo social estes podem ter um efeito contraproducente diminuindo a eficaacutecia do programa de

sauacutede oral

Algumas das dificuldades encontradas quando trabalhamos com os media especialmente as raacutedios e as

televisotildees satildeo as seguintes

na maior parte dos casos natildeo se pode transmitir muita informaccedilatildeo mesmo que seja um programa

de raacutedio de 1 ou 2 horas iria ficar muito monoacutetono e pouco atraente assim como se tornaria

confuso para os ouvintes e pouco eficaz porque com frequecircncia as pessoas desenvolvem outras

actividades enquanto ouvem raacutedio

eacute aconselhaacutevel transmitir apenas o que eacute realmente importante e faze-lo de forma muito clara

mantendo a consistecircncia sobre a hierarquia das informaccedilotildees nas diversas intervenccedilotildees ou seja que

todas os intervenientes no programa e em todas as situaccedilotildees em que intervecircm tenham um discurso

coerente e natildeo contraditoacuterio

evitar informaccedilotildees riacutegidas que culpabilizem as pessoas e natildeo respeitem os seus contextos micro-

culturais Eacute preferiacutevel suscitar alguma mudanccedila comportamental de forma progressiva que

nenhuma

com frequecircncia utilizamos o leacutexico meacutedico sem nos apercebermos que muitos cidadatildeos natildeo

conhecem termos que nos parecem simples como obesidade ou colesterol atribuindo-lhes outros

significados (portanto desconhecem que natildeo conhecem o verdadeiro significado)

se possiacutevel testar com pessoas de diversas idades e estratos socio-culturais que sejam leigas em

relaccedilatildeo a estas temaacuteticas aquilo que se preparou para a intervenccedilatildeo nos meios de comunicaccedilatildeo

social e alterar se necessaacuterio de acordo com as indicaccedilotildees que essas pessoas nos fornecerem

27 Seacutetima vertente ndash a avaliaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo deve ter iniacutecio na fase de planeamento e acompanhar todo o projecto de modo a introduzir

as alteraccedilotildees necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar das actividades

Devem fazer parte da equipa de avaliaccedilatildeo os diversos parceiros do projecto assim como pessoas

externas ao projecto e estas quando possiacutevel com formaccedilatildeo em educaccedilatildeo para a sauacutede nas aacutereas

teacutecnicas comportamentais de planeamento e avaliaccedilatildeo qualitativa e quantitativa

Satildeo fundamentais avaliaccedilotildees qualitativas e quantitativas das actividades a desenvolver e se possiacutevel

com anaacutelises comparativas ao desenrolar do projecto noutras zonas do paiacutes

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 10

3 T eacute c n i c a s d e H i g i e n e O r a l

3 1 Escovagem dos den tes ndash A escova A escovagem dos dentes deve ser efectuada com uma escova de tamanho adequado agrave boca de quem a

utiliza Habitualmente as embalagens referem as idades a que se destinam Os filamentos devem ser

de nylon com extremidades arredondadas e textura macia que quando comeccedilam a ficar deformados

obrigam agrave substituiccedilatildeo da escova Normalmente a escova quando utilizada 2 vezes por dia dura cerca

de 3-4 meses

Existem escovas manuais e eleacutectricas as quais requerem os mesmos cuidados As escovas eleacutectricas

facilitam a higiene oral das pessoas que tenham pouca destreza manual

3 2 Escovagem dos den tes ndash O den t iacute f r i co O dentiacutefrico a utilizar deve conter fluoreto numa dosagem de cerca de 1000-1500 ppm A quantidade a

utilizar em cada uma das escovagens deve ser semelhante (ou inferior) ao tamanho da unha do 5ordm dedo

(dedo mindinho) da matildeo da crianccedila

Os dentiacutefricos com sabores muito atractivos natildeo se recomendam porque podem levar as crianccedilas a

engoli-lo deliberadamente Ateacute aos 6 anos aproximadamente o dentiacutefrico deve ser colocado na escova

por um adulto Apoacutes a escovagem dos dentes eacute apenas necessaacuterio cuspir o excesso de dentiacutefrico

podendo no entanto bochechar-se com um pouco de aacutegua

33 Escovagem dos dentes no Jardim-de-infacircncia e na Escola identificaccedilatildeo e arrumaccedilatildeo das escovas e copos

Hoje em dia haacute escovas de dentes que tecircm uma tampa ou estojo com orifiacutecios que a protege Caso se

opte pela utilizaccedilatildeo destas escovas natildeo eacute necessaacuterio que fiquem na escola Os alunos poderatildeo colocaacute-

la dentro da mochila juntamente com o tubo do dentiacutefrico e transportaacute-los diariamente para a escola

O conceito de intransmissibilidade da escova de dentes deve ser reforccedilado junto das crianccedilas Se as

escovas ficarem na escola eacute essencial que estejam identificadas bastando para tal escrever no cabo da

escova o nome da crianccedila com uma caneta de tinta resistente agrave aacutegua Tambeacutem se devem identificar os

dentiacutefricos Cada aluno deveraacute ter o seu proacuteprio dentiacutefrico e os copos caso natildeo sejam descartaacuteveis

As escovas guardam-se num local seco e arejado de modo a que os pelos fiquem virados para cima e

natildeo contactem umas com as outras Cada escova pode ser colocada dentro do copo num suporte

acriacutelico ou outro material resistente agrave aacutegua em local seco e arejado

Dentiacutefricos e escovas devem estar fora do alcance das crianccedilas para evitar a troca ou ingestatildeo

acidental de dentiacutefrico Caso haja a possibilidade de utilizar copos descartaacuteveis (de cafeacute) o processo eacute

bastante simplificado (os copos de cafeacute podem ser substituiacutedos por copos de iogurte) Os produtos de

higiene oral podem ser adquiridos com a colaboraccedilatildeo da Autarquia do Centro de Sauacutede dos pais ou

ateacute de alguma empresa Se a escola tiver refeitoacuterio pode tambeacutem ser viaacutevel utilizar os copos do

refeitoacuterio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 11

34 Escovagem dos den tes ndash Organ izaccedilatildeo da ac t i v idade

A escovagem dos dentes deve ser feita diariamente no jardim-de-infacircncia e na escola apoacutes o almoccedilo agrave

entrada na sala de aula ou apoacutes o intervalo As crianccedilas poderatildeo escovar os dentes na casa de banho no

refeitoacuterio ou na proacutepria sala de aula O processo eacute simples natildeo exigindo muitas condiccedilotildees fiacutesicas das

escolas que satildeo frequentemente utilizadas para justificar a recusa desta actividade

Caso a escola tenha lavatoacuterios suficientes esta actividade pode ser feita na casa de banho Eacute necessaacuterio

definir a hora em que cada uma das salas vai utilizar esse espaccedilo Na casa de banho deveratildeo estar

apenas as crianccedilas que estatildeo a escovar os dentes Os outros esperam a sua vez em fila agrave porta Eacute

essencial que esteja algueacutem (auxiliar professoreducador ou voluntaacuterio) a vigiar para manter a ordem

organizar o processo e corrigir a teacutecnica da escovagem No final da escovagem cada crianccedila lava a

escova e o copo (se natildeo for descartaacutevel) e arruma no local destinado a esse efeito

Quando o espaccedilo fiacutesico natildeo permite que a escovagem seja feita na casa de banho esta actividade pode

ser feita na proacutepria sala de aula Nesta situaccedilatildeo se for possiacutevel utilizar copos descartaacuteveis ou copos de

iogurte facilita o processo e torna-o menos moroso Os alunos mantecircm-se sentados nas suas cadeiras

Retiram da sua mochila o estojo com a escova e o dentiacutefrico Um dos alunos distribui os copos e os

guardanapos (ou toalhetes de papel ou papel higieacutenico) Os alunos escovam os dentes todos ao mesmo

tempo podendo ateacute fazecirc-lo com muacutesica O professor deve ir corrigindo a teacutecnica de escovagem Apoacutes

a escovagem as crianccedilas cospem o excesso de dentiacutefrico para o copo limpam a boca tiram o excesso

de dentiacutefrico e saliva da escova com o papel ou o guardanapo e por fim colocam-no dentro do copo

Tapam a escova e arrumam-na em estojo proacuteprio ou na mochila juntamente com o dentiacutefrico No final

um dos alunos vai buscar um saco de lixo passa por todas as carteiras para que cada uma coloque o

seu copo no lixo Caso alguma das crianccedilas natildeo tolere o restos de dentiacutefrico na cavidade oral pode

colocar-se uma pequena porccedilatildeo de aacutegua no copo e no fim da escovagem bochecha e cospe para o

copo Os pais dos alunos devem ser instruiacutedos para se certificarem que em casa a crianccedila lava a sua

escova com aacutegua corrente e volta a colocaacute-la na mochila No sentido de facilitar o procedimento

recomenda-se que os copos sejam descartaacuteveis e as escovas tenham tampa

35 Escovagem dos den tes - A teacutecn ica A escovagem dos dentes para ser eficaz ou seja para remover a placa bacteriana necessita ser feita

com rigor e demora 2 a 3 minutos Quando se utiliza uma escova manual a escovagem faz-se da

seguinte forma

inclinar a escova em direcccedilatildeo agrave gengiva (cerca de 45ordm) e fazer pequenos movimentos vibratoacuterios

horizontais ou circulares de modo a que os pelos da escova limpem o sulco gengival (espaccedilo que

fica entre o dente e a gengiva)

se for difiacutecil manter esta posiccedilatildeo colocar os pecirclos da escova perpendicularmente agrave gengiva e agrave

superfiacutecie do dente

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 12

escovar 2 dentes de cada vez (os correspondentes ao tamanho da cabeccedila da escova) fazendo

aproximadamente 10 movimentos (ou 5 caso sejam crianccedilas ateacute aos 6 anos) nas superfiacutecies

dentaacuterias abarcadas pela escova

comeccedilar a escovagem pela superfiacutecie externa (do lado da bochecha) do dente mais posterior de um

dos maxilares e continuar a escovar ateacute atingir o uacuteltimo dente da extremidade oposta desse

maxilar

com a mesma sequecircncia escovar as superfiacutecies dentaacuterias do lado da liacutengua

proceder do mesmo modo para fazer a escovagem dos dentes do outro maxilar

escovar as superfiacutecies mastigatoacuterias dos dentes com movimentos de vaiveacutem

por fim pode escovar-se a liacutengua

Quando se utiliza uma escova de dentes eleacutectrica segue-se a mesma sequecircncia de escovagem O

movimento da escova eacute feito automaticamente natildeo deve ser feita pressatildeo ou movimentos adicionais

sobre os dentes A escova desloca-se ao longo da arcada escovando um soacute dente de cada vez A

escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluacuteor deve ser feita duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente agrave noite antes de deitar

3 6 Uso do f io den taacute r io A partir do momento em que haacute destreza manual (a partir dos 8 anos) eacute indispensaacutevel o uso do fio ou

fita dentaacuteria que se utiliza da seguinte forma

retirar cerca de 40 cm de fio (ou fita) do porta fio

enrolar a quase totalidade do fio no dedo meacutedio de uma matildeo e uma pequena porccedilatildeo no dedo meacutedio

da outra matildeo deixando entre os dois dedos uma porccedilatildeo de fio com aproximadamente 25 cm

Quando as crianccedilas satildeo mais pequenas pode retirar-se uma porccedilatildeo mais pequena de fio cerca de

30 cm dar um noacute juntando as 2 pontas formando um ciacuterculo com o fio natildeo havendo necessidade

de o enrolar nos dedos Eacute importante utilizar sempre fio limpo em cada espaccedilo interdentaacuterio Os

polegares eou os indicadores ajudam a manuseaacute-lo

introduzir o fio cuidadosamente entre dois dentes e curva-lo agrave volta do dente que se quer limpar

fazendo com que tome a forma de um ldquoCrdquo

executar movimentos curtos horizontais desde o ponto de contacto entre os dentes ateacute ao sulco

gengival em cada uma das faces que delimitam o espaccedilo interdentaacuterio

repetir este procedimento ateacute que todos os espaccedilos interdentaacuterios de todos os dentes estejam

devidamente limpos

O fio dentaacuterio deve ser utilizado uma vez por dia de preferecircncia agrave noite antes de deitar Na escola os

alunos poderatildeo a aprender a utilizar este meio de remoccedilatildeo de placa bacteriana interdentaacuterio sendo

importante envolver os pais no sentido de lhes pedir colaboraccedilatildeo e permitir que as crianccedilas o utilizem

em casa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 13

3 7 Reve lador de p laca bac te r i ana O uso de reveladores de placa bacteriana (em soluto ou em comprimidos mastigaacuteveis) permitem

avaliar a higiene oral e consequentemente melhorar as teacutecnicas de escovagem e de utilizaccedilatildeo do fio

dentaacuterio

A partir dos 6 anos de idade estes produtos podem ser usados para que as crianccedilas visualizem a placa

e mais facilmente compreendam que os seus dentes necessitam de ser cuidadosamente limpos

A eritrosina que tem a propriedade de corar de vermelho a placa bacteriana eacute um dos exemplos de

corantes que se podem utilizar Utiliza-se da seguinte forma

colocar 1 a 2 gotas por baixo da liacutengua ou mastigar um comprimido sem engolir

passar a liacutengua por todas as superfiacutecies dentaacuterias

bochechar com aacutegua

A placa bacteriana corada eacute facilmente removida atraveacutes da escovagem dos dentes e do fio dentaacuterio

Nota Para evitar que os laacutebios fiquem corados de vermelho antes de colocar o corante pode passar

batom creme gordo ou vaselina nos laacutebios

3 8 Bochecho f luore tado A partir dos 6 anos pode ser feito o bochecho quinzenal com fluoreto de soacutedio a 02 na escola da

seguinte forma

agitar a soluccedilatildeo e deitar 10 ml em cada copo e distribui-los

indicar a cada crianccedila para colocar o antebraccedilo no rebordo da mesa

introduzir a soluccedilatildeo na boca sem engolir

repousar a testa no antebraccedilo colocando o copo debaixo da boca

bochechar vigorosamente durante 1 minuto

apoacutes este periacuteodo deve ser cuspida tendo o cuidado de natildeo a engolir

Apoacutes o bochecho a crianccedila deve permanecer 30 minutos sem comer nem beber

39 Iacutendice de placa O Iacutendice de Placa (IP) eacute utilizado para quantificar a placa bacteriana em todas as superfiacutecies dentaacuterias e

reflecte os haacutebitos de higiene oral dos indiviacuteduos avaliados

Assim enquanto que um baixo Iacutendice de Placa poderaacute significar um bom impacto das acccedilotildees de

educaccedilatildeo para a sauacutede em sauacutede oral nomeadamente das relacionadas com a higiene um iacutendice

elevado sugere o contraacuterio

Em programas comunitaacuterios geralmente eacute utilizado o Iacutendice de Placa Simplificado que eacute mais raacutepido

de determinar sendo o resultado final igualmente fiaacutevel

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 14

Para se calcular o Iacutendice de Placa Simplificado eacute necessaacuterio atribuir um valor ao tamanho da placa

bacteriana existente nos seguintes 6 dentes e superfiacutecies predeterminados Maxilar superior

1 Primeiro molar superior direito - Superfiacutecie vestibular

2 Incisivo central superior direito - Superfiacutecie vestibular

3 Primeiro molar superior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

4 Primeiro molar inferior esquerdo - Superfiacutecie lingual

5 Incisivo central inferior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

6 Primeiro molar inferior direito - Superfiacutecie lingual

Para atribuir um valor ao tamanho da placa bacteriana existente em cada uma das su

acima referidas eacute necessaacuterio utilizar o revelador de placa bacteriana para a co

facilitar a sua observaccedilatildeo e respectiva classificaccedilatildeo e registo

A cada uma das superfiacutecies dentaacuterias soacute pode ser atribuiacutedo um dos seguintes valore

Valor 0

Valor 1

Valor 2

Valor 3

rarr Se a superfiacutecie do dente natildeo estaacute corada

rarr Se 13 da superfiacutecie estaacute corado

rarr Se 23 da superfiacutecie estatildeo corados

rarr Se estaacute corada toda a superfiacutecie

Feito o registo da observaccedilatildeo individual verifica-se que o somatoacuterio do conjunto de

poderaacute variar entre 0 (zero) e 18 (dezoito)

Dividindo por 6 (seis) este somatoacuterio obteacutem-se o Iacutendice de Placa Individual

Para determinar o Iacutendice de Placa de um grupo de indiviacuteduos divide-se o som

individuais pelo nuacutemero de indiviacuteduos observados multiplicado por seis (o nuacutemer

nuacutemero de dentes seleccionados por indiviacuteduo)

Assim o Iacutendice de Placa poderaacute variar entre 0 (zero) e 3 (trecircs)

Iacutendice de Placa (IP) = Somatoacuterio da classificaccedilatildeo dada a cada dente

Nordm de indiviacuteduos observados x 6

A sauacutede oral das crianccedilas e adolescentes eacute um grave problema de sauacutede puacuteblica ma

simples como as descritas neste documento executadas pelos proacuteprios eou com

encorajadas pela escola e pelos serviccedilos de sauacutede contribuem decididamente para

oral importantes e implementaccedilatildeo efectiva do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas d

Maxilar inferior

perfiacutecies dentaacuterias

rar e dessa forma

s

valores atribuiacutedos

atoacuterio dos valores

o seis representa o

s que com medidas

ajuda da famiacutelia

ganhos em sauacutede

Sauacutede Oral

e EPSrsquorsquo 15

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

F l u o r e t o s

F u n d a m e n t a ccedil atilde o e R e c o m e n d a ccedil otilde e s d a T a s k F o r c e

Documento produzido pela Task Force constituiacuteda pelo Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr

Ricardo Jorge Direcccedilatildeo-Geral de Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura Faculdade de

Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Medicina Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria

Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa e Porto Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento Instituto Superior de

Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia

Ordem dos Meacutedicos Dentistas Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria Sociedade Portuguesa de

Pediatria e os serviccedilos da DGS Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede Divisatildeo de Sauacutede Ambiental

Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

1 F l u o r e t o s

A evidecircncia cientiacutefica tem demonstrado que as mudanccedilas observadas no padratildeo da doenccedila caacuterie

dentaacuteria ocorrem pela implementaccedilatildeo de programas preventivos e terapecircuticos de acircmbito comunitaacuterio

e por estrateacutegias de acccedilatildeo especiacuteficas dirigidas a grupos de risco com criteriosa utilizaccedilatildeo dos

fluoretos

O fluacuteor eacute o elemento mais electronegativo da tabela perioacutedica e raramente existe isolado sendo por

isso habitualmente referido como fluoreto Na natureza encontra-se sob a forma de um iatildeo (F-) em

associaccedilatildeo com o caacutelcio foacutesforo alumiacutenio e tambeacutem como parte de certos silicatos como o topaacutezio

Normalmente presente nas rochas plantas ar aacuteguas e solos este elemento faz parte da constituiccedilatildeo de

alguns materiais plaacutesticos e pode tambeacutem estar presente na constituiccedilatildeo de alguns fertilizantes

contribuindo desta forma para a sua presenccedila no solo aacutegua e alimentos No solo o conteuacutedo de

fluoretos varia entre 20 e 500 ppm contudo nas camadas mais profundas o seu niacutevel aumenta No ar a

concentraccedilatildeo normal de fluoretos oscila entre 005 e 190microgm3 1

Do fluacuteor que eacute ingerido entre 75 e 90 eacute absorvido por via digestiva sendo a mucosa bucal

responsaacutevel pela absorccedilatildeo de menos de 1 Depois de absorvido passa para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea

sob a forma ioacutenica ou de compostos orgacircnicos lipossoluacuteveis A forma ioacutenica que circula livremente e

natildeo se liga agraves proteiacutenas nem aos componentes plasmaacuteticos nem aos tecidos moles eacute a que vai estar

disponiacutevel para ser absorvida pelos tecidos duros Da quantidade total de fluacuteor presente no organismo

99 encontra-se nos tecidos calcificados Entre 10 e 25 do aporte diaacuterio de fluacuteor natildeo chega a ser

absorvido vindo a ser excretado pelas fezes O fluacuteor absorvido natildeo utilizado (cerca de 50) eacute

eliminado por via renal2

O fluacuteor tem uma grande afinidade com a apatite presente no organismo com a qual cria ligaccedilotildees

fortes que natildeo satildeo irreversiacuteveis Este facto deve-se agrave facilidade com que os radicais hidroxilos da

hidroxiapatite satildeo substituiacutedos pelos iotildees fluacuteor formando fluorapatite No entanto a apatite normal do

ser humano presente no osso e dente mesmo em condiccedilotildees ideais de presenccedila de fluacuteor nunca se

aproxima da composiccedilatildeo da fluorapatite pura

Quando o fluacuteor eacute ingerido passa pela cavidade oral daiacute resultando a deposiccedilatildeo de uma determinada

quantidade nos tecidos e liacutequidos aiacute existentes A mucosa jugal as gengivas a placa bacteriana os

dentes e a saliva vatildeo beneficiar imediatamente de um aporte directo de fluacuteor que pode permitir que a

sua disponibilidade na cavidade oral se prolongue por periacuteodos mais longos Eacute um facto que a presenccedila

de fluacuteor no meio oral independentemente da sua fonte resulta numa acccedilatildeo preventiva e terapecircutica

extremamente importante

Nota 22 mg de fluoreto de soacutedio correspondem a 1 mg de fluacuteor Quando se dilui 1 mg de fluacuteor em um litro de aacutegua pura

considera-se que essa aacutegua passou a ter 1 ppm de fluacuteor

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 2

Considera-se actualmente que os benefiacutecios dos fluoretos resultam basicamente da sua acccedilatildeo toacutepica

sobre a superfiacutecie do dente enquanto a sua acccedilatildeo sisteacutemica (preacute-eruptiva) eacute muito menos importante

A acccedilatildeo preventiva e terapecircutica dos fluoretos eacute conseguida predominantemente pela sua acccedilatildeo toacutepica

quer nas crianccedilas quer nos adultos atraveacutes de trecircs mecanismos diferentes responsaacuteveis pela

bull inibiccedilatildeo do processo de desmineralizaccedilatildeo

bull potenciaccedilatildeo do processo de remineralizaccedilatildeo

bull inibiccedilatildeo da acccedilatildeo da placa bacteriana

O uso racional dos fluoretos na profilaxia da caacuterie dentaacuteria com eficaacutecia e seguranccedila baseia-se no

conhecimento actualizado dos seus mecanismos de acccedilatildeo e da sua toxicologia

Com base na evidecircncia cientiacutefica a estrateacutegia de utilizaccedilatildeo dos fluoretos em sauacutede oral foi redefinida

tendo em conta que a sua acccedilatildeo preventiva eacute predominantemente poacutes-eruptiva e toacutepica e a sua acccedilatildeo

toacutexica com repercussotildees a niacutevel dentaacuterio eacute preacute-eruptiva e sisteacutemica

Estudos epidemioloacutegicos efectuados pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) sobre os efeitos do

fluacuteor na sauacutede humana referem que valores compreendidos entre 1 e 15 ppm natildeo representam risco

acrescido Contudo valores entre 15 e 2 ppm em climas quentes poderatildeo contribuir para a ocorrecircncia

de casos de fluorose dentaacuteria e valores entre 3 a 6 ppm para o aparecimento de fluorose oacutessea

Para a OMS a concentraccedilatildeo oacuteptima de fluoretos na aacutegua quando esta eacute sujeita a fluoretaccedilatildeo deve

estar compreendida entre 05 e 15 ppm de F dependendo este valor da temperatura meacutedia do local

que condiciona a quantidade de aacutegua ingerida nas zonas mais frias o valor maacuteximo pode estar perto

do limite superior nas zonas mais quentes o valor deve estar perto do limite inferior para uma

prevenccedilatildeo eficaz da caacuterie dentaacuteria Para que os riscos de fluorose estejam diminuiacutedos os programas de

fluoretaccedilatildeo das aacuteguas devem obedecer a criteacuterios claramente definidos

Nas regiotildees onde a aacutegua da rede puacuteblica conteacutem menos de 03 ppm (mgl) de fluoretos (situaccedilatildeo mais

frequente em Portugal Continental) a dose profilaacutectica oacuteptima considerando a soma de todas as fontes

de fluoretos eacute de 005mgkgdia3

11 Toxicidade Aguda

Uma intoxicaccedilatildeo aguda pelo fluacuteor eacute uma possibilidade extremamente rara Alguns casos tecircm sido

descritos na literatura Estudos efectuados em roedores e extrapolados para o homem adulto permitem

pensar que a dose letal miacutenima de fluacuteor seja de aproximadamente 2 gramas ou 32 a 64 mgkg de peso

corporal mas para uma crianccedila bastam 15 mgkg de peso corporal 2

A partir da ingestatildeo de doses superiores a 5mgkg de peso corporal considera-se a hipoacutetese de vir a ter

efeitos toacutexicos

As crianccedilas pequenas tecircm um risco acrescido de ingerir doses de fluoretos atraveacutes do consumo de

produtos de higiene oral A ingestatildeo acidental de um quarto de um tubo com dentiacutefrico de 125 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 3

(1500 ppm de Fluacuteor) potildee em risco a vida de uma crianccedila de um ano de idade O risco de ingestatildeo

acidental por crianccedilas eacute real e eacute adjuvado pelo tipo de embalagens destes produtos que natildeo tecircm

dispositivos de seguranccedila para a sua abertura

A toxicidade aguda pelos fluoretos poderaacute manifestar-se por queixas digestivas (dor abdominal

voacutemitos hematemeses e melenas) neuroloacutegicas (tremores convulsotildees tetania deliacuterio lentificaccedilatildeo da

voz) renais (urina turva hematuacuteria) metaboacutelicas (hipocalceacutemia hipomagnesieacutemia hipercalieacutemia)

cardiovasculares (arritmias hipotensatildeo) e respiratoacuterias (depressatildeo respiratoacuteria apneias) 4

12 Toxicidade Croacutenica

A dose total diaacuteria de fluoretos administrados por via sisteacutemica isenta de risco de toxicidade croacutenica

situa-se abaixo de 005 mgkgdia de peso A partir desses valores aumentam as manifestaccedilotildees atraveacutes

do aparecimento de hipomineralizaccedilatildeo do esmalte que se revela por fluorose dentaacuteria Com

concentraccedilotildees acima de 25 ppm na aacutegua esta manifestaccedilatildeo eacute mais evidente sendo tanto mais grave

quanto a concentraccedilatildeo de fluoretos vai aumentando O periacuteodo criacutetico para o efeito toacutexico do fluacuteor se

manifestar sobre a denticcedilatildeo permanente eacute entre o nascimento e os 7 anos de idade (ateacute aos 3 anos eacute o

periacuteodo mais criacutetico) Quando existem fluoretos ateacute 3 ppm na aacutegua aleacutem da fluorose natildeo parece

existir qualquer outro efeito toacutexico na sauacutede A partir deste valor aumenta o risco de nefrotoxicidade

Como qualquer outro medicamento os fluoretos em dose excessiva tecircm efeitos toacutexicos que

normalmente se manifestam atraveacutes de uma interferecircncia na esteacutetica dentaacuteria Essa manifestaccedilatildeo eacute a

fluorose dentaacuteria

Estudos recentes sobre suplementos de fluoretos e fluorose 5 confirmam que as comunidades sem aacutegua

fluoretada e que utilizam suplementos de fluoretos durante os primeiros 6 anos de vida apresentam

um aumento do risco de desenvolver fluorose

O principal factor de risco para o aparecimento de fluorose dentaacuteria eacute o aporte total de fluoretos

provenientes de diferentes fontes nomeadamente da alimentaccedilatildeo incluindo a aacutegua e os suplementos

alimentares dentiacutefricos e soluccedilotildees para bochechos comprimidos e gotas e ingestatildeo acidental que natildeo

satildeo faacuteceis de quantificar

A fluorose dentaacuteria aumentou nos uacuteltimos anos em comunidades com e sem aacutegua fluoretada 6

2 F l u o r e t o s n a aacute g u a

2 1 Aacute g u a d e a b a s t e c i m e n t o p uacute b l i c o

A fluoretaccedilatildeo das aacuteguas para consumo humano como meio de suprir o deacutefice de fluoretos na aacutegua eacute

uma praacutetica comum em alguns paiacuteses como o Brasil Austraacutelia Canadaacute EUA e Nova Zelacircndia

Apesar de serem tatildeo diferentes quer do ponto de vista soacutecioeconoacutemico quer geograacutefico eles detecircm

uma experiecircncia superior a 25 anos neste domiacutenio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 4

Na Europa a maior parte dos paiacuteses natildeo faz fluoretaccedilatildeo das suas aacuteguas para consumo humano agrave

excepccedilatildeo da Irlanda da Suiacuteccedila (Basileia) e de 10 da populaccedilatildeo do Reino Unido Na Alemanha eacute

proibido e nos restantes paiacuteses eacute desaconselhado

Nos paiacuteses em que se faz fluoretaccedilatildeo da aacutegua alguns estudos demonstraram natildeo ter existido um ganho

efectivo na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria No entanto outros como a Austraacutelia no Estado de Victoacuteria

onde a fluoretaccedilatildeo da aacutegua se faz regularmente observaram-se ganhos efectivos na sauacutede oral da

populaccedilatildeo com consequentes ganhos econoacutemicos

Recomendaccedilatildeo Eacute indispensaacutevel avaliar a qualidade das aacuteguas de abastecimento puacuteblico periodicamente e corrigir os

paracircmetros alterados

Na aacutegua os valores das concentraccedilotildees de fluoretos estatildeo compreendidas entre 01 a 07 ppm Contudo

em alguns casos podem apresentar valores muito mais elevados

Quando a aacutegua apresenta valores de ph superiores a 8 e o iatildeo soacutedio e os carbonatos satildeo dominantes os

valores de fluoretos normalmente presentes excedem 1 ppm

Nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica os fluoretos podem existir naturalmente ou resultar de um

programa de fluoretaccedilatildeo Em Portugal Continental os valores satildeo normalmente baixos e as aacuteguas natildeo

estatildeo sujeitas a fluoretaccedilatildeo artificial O teor de fluoretos deveraacute ser controlado regularmente de modo

a preservar os interesses da sauacutede puacuteblica 7

Na definiccedilatildeo de um valor guia para a aacutegua de consumo humano a OMS propotildee o valor limite de 15

ppm de Fluacuteor referindo que valores superiores podem contribuir para o aumento do risco de fluorose

A Agecircncia Americana para o Ambiente (USEPA) refere um valor maacuteximo admissiacutevel de fluoretos na

aacutegua de consumo humano de 15 ppm e recomenda que nunca se ultrapasse os 4 ppm

Em Portugal a legislaccedilatildeo actualmente em vigor sobre a qualidade da aacutegua para consumo humano

decreto-lei nordm 23698 de 1 de Agosto define dois Valores Maacuteximos Admissiacuteveis (VMA) para os

fluoretos 15 ppm (8 a 12 ordmC) e 07 ppm (25 a 30 ordmC) O decreto-lei nordm 2432001 de 5 de Setembro

que transpotildee a Directiva Comunitaacuteria nordm 9883CE de 3 de Novembro que entrou em vigor em 25 de

Dezembro de 2003 define para os fluoretos um Valor Parameacutetrico (VP) de 15 ppm

O decreto-lei nordm 24301 remete para a Entidade Gestora a verificaccedilatildeo da conformidade dos valores

parameacutetricos obrigatoacuterios aplicaacuteveis agrave aacutegua para consumo humano Sempre que um valor parameacutetrico

eacute excedido isso corresponde a uma situaccedilatildeo de incumprimento e perante esta situaccedilatildeo a entidade

gestora deve de imediato informar a autoridade de sauacutede e a entidade competente dando conta das

medidas correctoras adoptadas ou em curso para restabelecer a qualidade da aacutegua destinada a consumo

humano

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 5

Deve ter-se em atenccedilatildeo o desvio em relaccedilatildeo ao valor parameacutetrico fixado e o perigo potencial para a

sauacutede humana

Segundo o decreto-lei supra mencionado artigo 9ordm compete agraves autoridades de sauacutede a vigilacircncia

sanitaacuteria e a avaliaccedilatildeo do risco para a sauacutede puacuteblica da qualidade da aacutegua destinada ao consumo

humano Sempre que o risco exista e o incumprimento persistir a autoridade de sauacutede deve informar e

aconselhar os consumidores afectados e determinar a proibiccedilatildeo de abastecimento restringir a

utilizaccedilatildeo da aacutegua que constitua um perigo potencial para a sauacutede humana e adoptar todas as medidas

necessaacuterias para proteger a sauacutede humana

Nos Accedilores e na Madeira ou em zonas onde o teor de fluoretos na aacutegua eacute muito elevado deveraacute ser

feita uma verificaccedilatildeo da constante e a correcccedilatildeo adequada

Os principais tratamentos de desfluoretaccedilatildeo envolvem a floculaccedilatildeo da aacutegua usando sais hidratados de

alumiacutenio principalmente em condiccedilotildees alcalinas No caso de aacuteguas aacutecidas pode-se adicionar cal e

alternativamente pode-se recorrer agrave adsorccedilatildeo com carvatildeo activado ou alumina activada ( Al2O3 ) ou

por permuta ioacutenica usando resinas especiacuteficas

Recomendaccedilatildeo Ateacute aos 6-7 anos as crianccedilas natildeo devem ingerir regularmente aacutegua com teor de fluoretos superior a 07 ppm

Recomendaccedilatildeo Sempre que o valor parameacutetrico dos fluoretos na aacutegua para consumo humano exceder 15 ppm deveratildeo ser aplicadas

medidas correctoras para restabelecer a qualidade da aacutegua

2 2 Aacute g u a s m i n e r a i s n a t u r a i s e n g a r r a f a d a s

As aacuteguas minerais naturais engarrafadas deveratildeo no futuro ter rotulagem de acordo com a Directiva

Comunitaacuteria 200340CE da Comissatildeo Europeia de 16 de Maio publicada no Jornal Oficial da Uniatildeo

Europeia em 2252003 artigo 4ordm laquo1 As aacuteguas minerais naturais cuja concentraccedilatildeo em fluacuteor for

superior a 15 mgl (ppm) devem ostentar no roacutetulo a menccedilatildeo lsquoconteacutem mais de 15 mgl (ppm) de

fluacuteor natildeo eacute adequado o seu consumo regular por lactentes nem por crianccedilas com menos de 7 anosrsquo

2 No roacutetulo a menccedilatildeo prevista no nordm 1 deve figurar na proximidade imediata da denominaccedilatildeo de

venda e em caracteres claramente visiacuteveis 3

As aacuteguas minerais naturais que em aplicaccedilatildeo do nordm 1 tiverem de ostentar uma menccedilatildeo no roacutetulo

devem incluir a indicaccedilatildeo do teor real em fluacuteor a niacutevel da composiccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica em constituintes

caracteriacutesticos tal como previsto no nordm 2 aliacutenea a) do artigo 7ordm da Directiva 80777CEEraquo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 6

Para as aacuteguas de nascente cujas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas satildeo definidas pelo Decreto-lei

2432001 de 5 de Setembro em vigor desde Dezembro de 2003 os limites para o teor de fluoretos satildeo

de 15 mgl (ppm)

De acordo com o parecer do Scientific Committee on Food - Comiteacute Cientiacutefico de Alimentaccedilatildeo

Humana (expresso em Dezembro de 1996) a Comissatildeo natildeo vecirc razotildees para nos climas da Uniatildeo

Europeia (climas temperados) limitar os fluoretos nas aacuteguas de consumo humano e nas aacuteguas minerais

naturais para valores inferiores a 15mgl (ppm)

3 F l u o r e t o s n o s g eacute n e r o s a l i m e n t iacute c i o s

Entende-se por lsquogeacutenero alimentiacuteciorsquo qualquer substacircncia ou produto transformado parcialmente

transformado ou natildeo transformado destinado a ser ingerido pelo ser humano ou com razoaacuteveis

probabilidades de o ser Este termo abrange bebidas pastilhas elaacutesticas e todas as substacircncias

incluindo a aacutegua intencionalmente incorporadas nos geacuteneros alimentiacutecios durante o seu fabrico

preparaccedilatildeo ou tratamento8 9

Na alimentaccedilatildeo as estimativas de ingestatildeo de fluacuteor atraveacutes da dieta variam entre 02 e 34 mgdia

sendo estes uacuteltimos valores atingidos quando se inclui o chaacute na alimentaccedilatildeo A ingestatildeo de fluoretos

provenientes dos alimentos comuns eacute pouco significativa Apenas 13 se apresentam na forma

ionizaacutevel e portanto biodisponiacutevel

Recomendaccedilatildeo Independentemente da origem ao utilizar aacutegua informe-se sobre o seu teor em fluoretos As que tecircm um elevado teor

deste elemento natildeo satildeo adequadas para lactentes e crianccedilas com menos de 7 anos

Recomendaccedilatildeo Dar prioridade a uma dieta equilibrada e saudaacutevel com diversidade alimentar Utilizar a aacutegua da cozedura dos

alimentos para confeccionar outros alimentos (ex sopas arroz)

No iniacutecio do ano de 2003 a Comissatildeo Europeia apresentou uma nova proposta de Directiva

Comunitaacuteria relativa agrave ldquoAdiccedilatildeo aos geacuteneros alimentiacutecios de vitaminas minerais e outras substacircnciasrdquo

onde os fluoretos satildeo referidos como podendo ser adicionados a geacuteneros alimentiacutecios comuns Nesta

proposta de Directiva Comunitaacuteria eacute sugerida a inclusatildeo de determinados nutrimentos (entre eles o

fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de geacuteneros alimentiacutecios comuns Esta proposta

prevista no Livro Branco da Comissatildeo ainda estaacute numa fase inicial de discussatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 7

4 F l u o r e t o s e m s u p l e m e n t o a l i m e n t a r

Entende-se por lsquosuplementos alimentaresrsquo geacuteneros alimentiacutecios que se destinam a complementar e ou

suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas

substacircncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisioloacutegico estremes ou combinados

comercializados em forma doseada tais como caacutepsulas pastilhas comprimidos piacutelulas e outras

formas semelhantes saquetas de poacute ampola de liacutequido frascos com conta gotas e outras formas

similares de liacutequido ou poacute que se destinam a ser tomados em unidades medidas de quantidade

reduzida10

A Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002

transposta para o direito nacional pelo Decreto-lei nordm 1362003 de 28 de Junho relativa agrave aproximaccedilatildeo

das legislaccedilotildees dos Estados-Membros respeitantes aos suplementos alimentares vai permitir a inclusatildeo

de determinados nutrimentos (entre eles o fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de

suplementos alimentares11

A partir de 28 de Agosto de 2003 os fluoretos poderatildeo ser comercializados como suplemento

alimentar passando a estar disponiacutevel em farmaacutecias e superfiacutecies comerciais

As quantidades maacuteximas de vitaminas e minerais presentes nos suplementos alimentares satildeo fixadas

em funccedilatildeo da toma diaacuteria recomendada pelo fabricante tendo em conta os seguintes elementos

a) limites superiores de seguranccedila estabelecidos para as vitaminas e os minerais apoacutes uma

avaliaccedilatildeo dos riscos efectuada com base em dados cientiacuteficos geralmente aceites tendo em

conta quando for caso disso os diversos graus de sensibilidade dos diferentes grupos de

consumidores

b) quantidade de vitaminas e minerais ingerida atraveacutes de outras fontes alimentares

c) doses de referecircncia de vitaminas e minerais para a populaccedilatildeo

Recomendaccedilatildeo Nunca ultrapassar a toma indicada no roacutetulo do produto e natildeo utilizar um suplemento alimentar como substituto de um

regime alimentar variado

As quantidades maacuteximas e miacutenimas de vitaminas e minerais referidas seratildeo adoptadas pela Comissatildeo

Europeia assistida pelo Comiteacute de Regulamentaccedilatildeo

Em Portugal a Agecircncia para a Qualidade e Seguranccedila Alimentar viraacute a ter informaccedilatildeo sobre todos os

suplementos alimentares comercializados como geacuteneros alimentiacutecios e introduzidos no mercado de

acordo com o Decreto-lei nordm 1362003

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 8

A rotulagem dos suplementos alimentares natildeo poderaacute mencionar nem fazer qualquer referecircncia a

prevenccedilatildeo tratamento ou cura de doenccedilas humanas e deveraacute indicar uma advertecircncia de que os

produtos devem ser guardados fora do alcance das crianccedilas

5 F luore tos em med icamentos e p rodutos cosmeacutet icos de h ig iene corpora l

A distinccedilatildeo entre Medicamento e Produto Cosmeacutetico de Higiene Corporal contendo fluoretos depende

do seu teor no produto Os cosmeacuteticos contecircm obrigatoriamente uma concentraccedilatildeo de fluoretos inferior

a 015 (1500 ppm) (Decreto-lei 1002001 de 28 de Marccedilo I Seacuterie A) sendo que todos os dentiacutefricos

com concentraccedilotildees de fluoretos superior a 015 satildeo obrigatoriamente classificados como

medicamentos

Os medicamentos contendo fluoretos e utilizados para a profilaxia da caacuterie dentaacuteria existentes no

mercado portuguecircs satildeo de venda livre em farmaacutecia Encontram-se disponiacuteveis nas formas

farmacecircuticas de soluccedilatildeo oral (gotas orais) comprimidos dentiacutefricos gel dentaacuterio e soluccedilatildeo de

bochecho

5 1 F l u o r e t o s e m c o m p r i m i d o s e g o t a s o r a i s

A utilizaccedilatildeo de medicamentos contendo fluoretos na forma de gotas orais e comprimidos foi ateacute haacute

pouco recomendada pelos profissionais de sauacutede (pediatras meacutedicos de famiacutelia cliacutenicos gerais

meacutedicos estomatologistas meacutedicos dentistas) dos 6 meses ateacute aos 16 anos

A clarificaccedilatildeo do mecanismo de acccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria e o aumento de

aporte dos mesmos com consequentes riscos de manifestaccedilatildeo toacutexica obrigaram agrave revisatildeo da sua

administraccedilatildeo em comprimidos eou gotas A gravidade da fluorose dentaacuteria estaacute relacionada com a

dose a duraccedilatildeo e com a idade em que ocorre a exposiccedilatildeo ao fluacuteor 12 13

A ldquoCanadian Consensus Conference on the Appropriate Use of Fluoride Supplements for the

Prevention of Dental Caries in Childrenrdquo 14definiu um protocolo cuja utilizaccedilatildeo eacute recomendada a

profissionais de sauacutede em que se fundamenta a tomada de decisatildeo sobre a necessidade ou natildeo da

suplementaccedilatildeo de fluacuteor A administraccedilatildeo de comprimidos soacute eacute recomendada quando o teor de fluoretos

na aacutegua de abastecimento puacuteblico for inferior a 03 ppm e

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) natildeo escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas

vezes por dia

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas vezes

por dia mas apresenta um alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 9

Por sua vez a conclusatildeo do laquoForum on Fluoridation 2002raquo15 relativamente agrave administraccedilatildeo de

suplementos de fluoretos foi a seguinte limitar a utilizaccedilatildeo de comprimidos de fluoretos a aacutereas onde

natildeo existe aacutegua fluoretada e iniciar essa suplementaccedilatildeo apenas a crianccedilas com alto risco agrave caacuterie e a

partir dos 3 anos

Os comprimidos de fluoretos caso sejam indicados devem ser usados pelo interesse da sua acccedilatildeo

toacutepica Devem ser dissolvidos na boca em vez de imediatamente ingeridos16

A administraccedilatildeo de fluoretos sob a forma de comprimidos chupados soacute deveraacute ser efectuada em

situaccedilotildees excepcionais isto eacute em populaccedilotildees de baixos recursos econoacutemicos nas quais a escovagem

natildeo possa ser promovida e os iacutendices de caacuterie sejam elevados

Para evitar a potencial toxicidade dos fluoretos antes de qualquer prescriccedilatildeo todos os profissionais de

sauacutede devem efectuar uma avaliaccedilatildeo personalizada dos aportes diaacuterios de cada crianccedila tendo em conta

todas as fontes possiacuteveis desse elemento alimentos comuns suplementos alimentares consumo de

aacutegua da rede puacuteblica eou aacutegua engarrafada e respectivo teor de fluoretos e utilizaccedilatildeo de medicamentos

e produtos cosmeacuteticos contendo fluacuteor

Recomendaccedilatildeo A partir dos 3 anos os suplementos sisteacutemicos de fluoretos poderatildeo ser prescritos pelo meacutedico assistente ou meacutedico dentista em crianccedilas que apresentem um alto risco

agrave caacuterie dentaacuteria

5 2 F l u o r e t o s e m d e n t iacute f r i c o s

Hoje em dia a maior parte dos dentiacutefricos agrave venda no mercado contecircm fluoretos sob diferentes formas

fluoreto de soacutedio monofluorfosfato de soacutedio fluoreto de amina e outros Os mais utilizados satildeo o

fluoreto de soacutedio e o monofluorfosfato de soacutedio

Normalmente o conteuacutedo de fluoreto dos dentiacutefricos eacute de 1000 a 1100 ppm (ou 010 a 011)

podendo variar entre 500 e 1500 ppm

Durante a escovagem cerca de 34 da pasta eacute ingerida por crianccedilas de 3 anos 28 pelas de 4-5 anos

e 20 pelas de 5-7 anos

Devem ser evitados dentiacutefricos com sabor a fruta para impedir o seu consumo em excesso uma vez

que estatildeo jaacute descritos na literatura casos de fluorose resultantes do abuso de dentiacutefricos2

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluoretos duas vezes por dia tem-se revelado um

meio colectivo de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria com grande efectividade e baixo custo pelo que deve

ser considerado o meio de eleiccedilatildeo em estrateacutegias comunitaacuterias

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 10

Do ponto de vista da prevenccedilatildeo da caacuterie a aplicaccedilatildeo toacutepica de dentiacutefrico fluoretado com a escova dos

dentes deve ser executada duas vezes por dia e deve iniciar-se quando se daacute a erupccedilatildeo dos dentes Esta

rotina diaacuteria de higiene executada naturalmente com muito cuidado pelos pais deve

progressivamente ser assumida pela crianccedila ateacute aos 6-8 anos de idade Durante este periacuteodo a

escovagem deve ser sempre vigiada pelos pais ou educadores consoante as circunstacircncias para evitar

a utilizaccedilatildeo de quantidades excessivas de dentiacutefrico o qual pode da mesma forma que os

comprimidos conduzir antes dos 6 anos agrave ocorrecircncia de fluorose

As crianccedilas devem usar dentiacutefrico com teor de fluoretos entre 1000-1500 ppm de fluoreto (dentiacutefrico

de adulto) sendo a quantidade a utilizar do tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

Apoacutes a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado pode-se natildeo bochechar com aacutegua Deveraacute

apenas cuspir-se o excesso de pasta Deste modo consegue-se uma mais alta concentraccedilatildeo de fluoreto

na cavidade oral que vai actuar topicamente durante mais tempo

Os pais das crianccedilas devem receber informaccedilatildeo sobre a escovagem dentaacuteria e o uso de dentiacutefricos

fluoretados A escovagem com dentiacutefrico fluoretado deve iniciar-se imediatamente apoacutes a erupccedilatildeo dos

primeiros dentes Os dentiacutefricos fluoretados devem ser guardados em locais inacessiacuteveis agraves crianccedilas

pequenas17

5 3 F l u o r e t o s e m s o l u ccedil otilde e s d e b o c h e c h o

As soluccedilotildees para bochechos recomendadas a partir dos 6 anos de idade tecircm sido utilizadas em

programas escolares de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria em inuacutemeros paiacuteses incluindo Portugal Satildeo

recomendadas a indiviacuteduos de maior risco agrave caacuterie dentaacuteria mas a sua utilizaccedilatildeo tem vido a ser

restringida a crianccedilas que escovam eficazmente os dentes

Recomendaccedilatildeo Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Recomendaccedilatildeo A partir dos 6 anos de idade deve ser feito o bochecho quinzenalmente com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

02

As soluccedilotildees fluoretadas de uso diaacuterio habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

005 e as de uso semanal ou quinzenal habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de 02

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 11

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 12

Referecircncias

1 Diegues P Linhas de Orientaccedilatildeo associadas agrave presenccedila de fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento 2003 Documento produzido no acircmbito da task force Sauacutede Oral e Fluacuteor Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar e na Divisatildeo de Sauacutede Ambiental da DGS 2 Melo PRGR Influecircncia de diferentes meacutetodos de administraccedilatildeo de fluoretos nas variaccedilotildees de incidecircncia de caacuterie Porto Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto 2001 Tese de doutoramento 3 Agence Francaise de Seacutecuriteacute des Produits de Santeacute Mise au point sur le fluacuteor et la prevention de la carie dentaire AFSPS 31 Juillet 2002 4 Leikin JB Paloucek FP Poisoning amp Toxicology Handbook 3th edition Hudson Lexi- Comp 2002 586-7 5 Ismail AI Bandekar RR Fluoride suplements and fluorosis a meta-analysis Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 48-56 6 Steven ML An update on Fluorides and Fluorosis J Can Dent Assoc 200369(5)268-91 7 Pinto R Cristovatildeo E Vinhais T Castro MF Teor de fluoretos nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica nas sedes de concelho de Portugal Continental Revista Portuguesa de Estomatologia Medicina Dentaacuteria e Cirurgia Maxilofacial 1999 40(3)125-42 8 Regulamento 1782002 do Parlamento Europeu e do Conselho de 28 de Janeiro Jornal Oficial das Comunidades Europeias (2002021) 9 Decreto ndash lei nordm 5601999 DR I Seacuterie A 147 (991218) 10 Decreto ndash lei nordm 1362003 DR I Seacuterie A 293 (20030628) 11 Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002 Jornal Oficial das Comunidades Europeias (20020712) 12 Aoba T Fejerskov O Dental fluorosis Chemistry and Biology Crit Rev Oral Biol Med 2002 13(2) 155-70 13 DenBesten PK Biological mechanisms of dental fluorosis relevant to the use of fluoride supplements Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 41-7 14 Limeback H Introduction to the conference Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 27-30 15 Report of the Forum of fluoridation 2002Governement of Ireland 2002 wwwfluoridationforumie 16 Featherstone JDB Prevention and reversal of dental caries role of low level fluoride Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 31-40 17 Pereira A Amorim A Peres F Peres FR Caldas IM Pereira JA Pereira ML Silva MJ Caacuteries Precoces da InfacircnciaLisboa Medisa Ediccedilotildees e Divulgaccedilotildees Cientiacuteficas Lda 2001 Bibliografia

1 Almeida CM Sugestotildees para a Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2002 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e na Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa

2 Rompante P Fundamentos para a alteraccedilatildeo do Programa de Sauacutede Oral da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Documento realizado no acircmbito da Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2003 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e no Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede ndash Norte

3 Rompante P Determinaccedilatildeo da quantidade do elemento fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento puacuteblico na totalidade das sedes de concelho de Portugal Continental Porto Faculdade de Odontologia da Universidade de Barcelona 2002 Tese de Doutoramento

4 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in Children at High Caries Risk SIGN Publication 2000 47

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Page 32: Direcção-Geral da SaúdePrograma será complementado, sempre que oportuno, por orientações técnicas a emitir por esta Direcção-Geral. O Director-Geral e Alto Comissário da

Os media tecircm uma linguagem e podemos dizer uma filosofia proacuteprias que com frequecircncia natildeo satildeo

coincidentes com as nossas eacute por essa razatildeo necessaacuterio que os teacutecnicos de sauacutede se adaptem e se

possiacutevel se aperfeiccediloem na linguagem dos meacutedia Se natildeo utilizarmos adequadamente os meios de

comunicaccedilatildeo social estes podem ter um efeito contraproducente diminuindo a eficaacutecia do programa de

sauacutede oral

Algumas das dificuldades encontradas quando trabalhamos com os media especialmente as raacutedios e as

televisotildees satildeo as seguintes

na maior parte dos casos natildeo se pode transmitir muita informaccedilatildeo mesmo que seja um programa

de raacutedio de 1 ou 2 horas iria ficar muito monoacutetono e pouco atraente assim como se tornaria

confuso para os ouvintes e pouco eficaz porque com frequecircncia as pessoas desenvolvem outras

actividades enquanto ouvem raacutedio

eacute aconselhaacutevel transmitir apenas o que eacute realmente importante e faze-lo de forma muito clara

mantendo a consistecircncia sobre a hierarquia das informaccedilotildees nas diversas intervenccedilotildees ou seja que

todas os intervenientes no programa e em todas as situaccedilotildees em que intervecircm tenham um discurso

coerente e natildeo contraditoacuterio

evitar informaccedilotildees riacutegidas que culpabilizem as pessoas e natildeo respeitem os seus contextos micro-

culturais Eacute preferiacutevel suscitar alguma mudanccedila comportamental de forma progressiva que

nenhuma

com frequecircncia utilizamos o leacutexico meacutedico sem nos apercebermos que muitos cidadatildeos natildeo

conhecem termos que nos parecem simples como obesidade ou colesterol atribuindo-lhes outros

significados (portanto desconhecem que natildeo conhecem o verdadeiro significado)

se possiacutevel testar com pessoas de diversas idades e estratos socio-culturais que sejam leigas em

relaccedilatildeo a estas temaacuteticas aquilo que se preparou para a intervenccedilatildeo nos meios de comunicaccedilatildeo

social e alterar se necessaacuterio de acordo com as indicaccedilotildees que essas pessoas nos fornecerem

27 Seacutetima vertente ndash a avaliaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo deve ter iniacutecio na fase de planeamento e acompanhar todo o projecto de modo a introduzir

as alteraccedilotildees necessaacuterias em qualquer momento do desenrolar das actividades

Devem fazer parte da equipa de avaliaccedilatildeo os diversos parceiros do projecto assim como pessoas

externas ao projecto e estas quando possiacutevel com formaccedilatildeo em educaccedilatildeo para a sauacutede nas aacutereas

teacutecnicas comportamentais de planeamento e avaliaccedilatildeo qualitativa e quantitativa

Satildeo fundamentais avaliaccedilotildees qualitativas e quantitativas das actividades a desenvolver e se possiacutevel

com anaacutelises comparativas ao desenrolar do projecto noutras zonas do paiacutes

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 10

3 T eacute c n i c a s d e H i g i e n e O r a l

3 1 Escovagem dos den tes ndash A escova A escovagem dos dentes deve ser efectuada com uma escova de tamanho adequado agrave boca de quem a

utiliza Habitualmente as embalagens referem as idades a que se destinam Os filamentos devem ser

de nylon com extremidades arredondadas e textura macia que quando comeccedilam a ficar deformados

obrigam agrave substituiccedilatildeo da escova Normalmente a escova quando utilizada 2 vezes por dia dura cerca

de 3-4 meses

Existem escovas manuais e eleacutectricas as quais requerem os mesmos cuidados As escovas eleacutectricas

facilitam a higiene oral das pessoas que tenham pouca destreza manual

3 2 Escovagem dos den tes ndash O den t iacute f r i co O dentiacutefrico a utilizar deve conter fluoreto numa dosagem de cerca de 1000-1500 ppm A quantidade a

utilizar em cada uma das escovagens deve ser semelhante (ou inferior) ao tamanho da unha do 5ordm dedo

(dedo mindinho) da matildeo da crianccedila

Os dentiacutefricos com sabores muito atractivos natildeo se recomendam porque podem levar as crianccedilas a

engoli-lo deliberadamente Ateacute aos 6 anos aproximadamente o dentiacutefrico deve ser colocado na escova

por um adulto Apoacutes a escovagem dos dentes eacute apenas necessaacuterio cuspir o excesso de dentiacutefrico

podendo no entanto bochechar-se com um pouco de aacutegua

33 Escovagem dos dentes no Jardim-de-infacircncia e na Escola identificaccedilatildeo e arrumaccedilatildeo das escovas e copos

Hoje em dia haacute escovas de dentes que tecircm uma tampa ou estojo com orifiacutecios que a protege Caso se

opte pela utilizaccedilatildeo destas escovas natildeo eacute necessaacuterio que fiquem na escola Os alunos poderatildeo colocaacute-

la dentro da mochila juntamente com o tubo do dentiacutefrico e transportaacute-los diariamente para a escola

O conceito de intransmissibilidade da escova de dentes deve ser reforccedilado junto das crianccedilas Se as

escovas ficarem na escola eacute essencial que estejam identificadas bastando para tal escrever no cabo da

escova o nome da crianccedila com uma caneta de tinta resistente agrave aacutegua Tambeacutem se devem identificar os

dentiacutefricos Cada aluno deveraacute ter o seu proacuteprio dentiacutefrico e os copos caso natildeo sejam descartaacuteveis

As escovas guardam-se num local seco e arejado de modo a que os pelos fiquem virados para cima e

natildeo contactem umas com as outras Cada escova pode ser colocada dentro do copo num suporte

acriacutelico ou outro material resistente agrave aacutegua em local seco e arejado

Dentiacutefricos e escovas devem estar fora do alcance das crianccedilas para evitar a troca ou ingestatildeo

acidental de dentiacutefrico Caso haja a possibilidade de utilizar copos descartaacuteveis (de cafeacute) o processo eacute

bastante simplificado (os copos de cafeacute podem ser substituiacutedos por copos de iogurte) Os produtos de

higiene oral podem ser adquiridos com a colaboraccedilatildeo da Autarquia do Centro de Sauacutede dos pais ou

ateacute de alguma empresa Se a escola tiver refeitoacuterio pode tambeacutem ser viaacutevel utilizar os copos do

refeitoacuterio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 11

34 Escovagem dos den tes ndash Organ izaccedilatildeo da ac t i v idade

A escovagem dos dentes deve ser feita diariamente no jardim-de-infacircncia e na escola apoacutes o almoccedilo agrave

entrada na sala de aula ou apoacutes o intervalo As crianccedilas poderatildeo escovar os dentes na casa de banho no

refeitoacuterio ou na proacutepria sala de aula O processo eacute simples natildeo exigindo muitas condiccedilotildees fiacutesicas das

escolas que satildeo frequentemente utilizadas para justificar a recusa desta actividade

Caso a escola tenha lavatoacuterios suficientes esta actividade pode ser feita na casa de banho Eacute necessaacuterio

definir a hora em que cada uma das salas vai utilizar esse espaccedilo Na casa de banho deveratildeo estar

apenas as crianccedilas que estatildeo a escovar os dentes Os outros esperam a sua vez em fila agrave porta Eacute

essencial que esteja algueacutem (auxiliar professoreducador ou voluntaacuterio) a vigiar para manter a ordem

organizar o processo e corrigir a teacutecnica da escovagem No final da escovagem cada crianccedila lava a

escova e o copo (se natildeo for descartaacutevel) e arruma no local destinado a esse efeito

Quando o espaccedilo fiacutesico natildeo permite que a escovagem seja feita na casa de banho esta actividade pode

ser feita na proacutepria sala de aula Nesta situaccedilatildeo se for possiacutevel utilizar copos descartaacuteveis ou copos de

iogurte facilita o processo e torna-o menos moroso Os alunos mantecircm-se sentados nas suas cadeiras

Retiram da sua mochila o estojo com a escova e o dentiacutefrico Um dos alunos distribui os copos e os

guardanapos (ou toalhetes de papel ou papel higieacutenico) Os alunos escovam os dentes todos ao mesmo

tempo podendo ateacute fazecirc-lo com muacutesica O professor deve ir corrigindo a teacutecnica de escovagem Apoacutes

a escovagem as crianccedilas cospem o excesso de dentiacutefrico para o copo limpam a boca tiram o excesso

de dentiacutefrico e saliva da escova com o papel ou o guardanapo e por fim colocam-no dentro do copo

Tapam a escova e arrumam-na em estojo proacuteprio ou na mochila juntamente com o dentiacutefrico No final

um dos alunos vai buscar um saco de lixo passa por todas as carteiras para que cada uma coloque o

seu copo no lixo Caso alguma das crianccedilas natildeo tolere o restos de dentiacutefrico na cavidade oral pode

colocar-se uma pequena porccedilatildeo de aacutegua no copo e no fim da escovagem bochecha e cospe para o

copo Os pais dos alunos devem ser instruiacutedos para se certificarem que em casa a crianccedila lava a sua

escova com aacutegua corrente e volta a colocaacute-la na mochila No sentido de facilitar o procedimento

recomenda-se que os copos sejam descartaacuteveis e as escovas tenham tampa

35 Escovagem dos den tes - A teacutecn ica A escovagem dos dentes para ser eficaz ou seja para remover a placa bacteriana necessita ser feita

com rigor e demora 2 a 3 minutos Quando se utiliza uma escova manual a escovagem faz-se da

seguinte forma

inclinar a escova em direcccedilatildeo agrave gengiva (cerca de 45ordm) e fazer pequenos movimentos vibratoacuterios

horizontais ou circulares de modo a que os pelos da escova limpem o sulco gengival (espaccedilo que

fica entre o dente e a gengiva)

se for difiacutecil manter esta posiccedilatildeo colocar os pecirclos da escova perpendicularmente agrave gengiva e agrave

superfiacutecie do dente

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 12

escovar 2 dentes de cada vez (os correspondentes ao tamanho da cabeccedila da escova) fazendo

aproximadamente 10 movimentos (ou 5 caso sejam crianccedilas ateacute aos 6 anos) nas superfiacutecies

dentaacuterias abarcadas pela escova

comeccedilar a escovagem pela superfiacutecie externa (do lado da bochecha) do dente mais posterior de um

dos maxilares e continuar a escovar ateacute atingir o uacuteltimo dente da extremidade oposta desse

maxilar

com a mesma sequecircncia escovar as superfiacutecies dentaacuterias do lado da liacutengua

proceder do mesmo modo para fazer a escovagem dos dentes do outro maxilar

escovar as superfiacutecies mastigatoacuterias dos dentes com movimentos de vaiveacutem

por fim pode escovar-se a liacutengua

Quando se utiliza uma escova de dentes eleacutectrica segue-se a mesma sequecircncia de escovagem O

movimento da escova eacute feito automaticamente natildeo deve ser feita pressatildeo ou movimentos adicionais

sobre os dentes A escova desloca-se ao longo da arcada escovando um soacute dente de cada vez A

escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluacuteor deve ser feita duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente agrave noite antes de deitar

3 6 Uso do f io den taacute r io A partir do momento em que haacute destreza manual (a partir dos 8 anos) eacute indispensaacutevel o uso do fio ou

fita dentaacuteria que se utiliza da seguinte forma

retirar cerca de 40 cm de fio (ou fita) do porta fio

enrolar a quase totalidade do fio no dedo meacutedio de uma matildeo e uma pequena porccedilatildeo no dedo meacutedio

da outra matildeo deixando entre os dois dedos uma porccedilatildeo de fio com aproximadamente 25 cm

Quando as crianccedilas satildeo mais pequenas pode retirar-se uma porccedilatildeo mais pequena de fio cerca de

30 cm dar um noacute juntando as 2 pontas formando um ciacuterculo com o fio natildeo havendo necessidade

de o enrolar nos dedos Eacute importante utilizar sempre fio limpo em cada espaccedilo interdentaacuterio Os

polegares eou os indicadores ajudam a manuseaacute-lo

introduzir o fio cuidadosamente entre dois dentes e curva-lo agrave volta do dente que se quer limpar

fazendo com que tome a forma de um ldquoCrdquo

executar movimentos curtos horizontais desde o ponto de contacto entre os dentes ateacute ao sulco

gengival em cada uma das faces que delimitam o espaccedilo interdentaacuterio

repetir este procedimento ateacute que todos os espaccedilos interdentaacuterios de todos os dentes estejam

devidamente limpos

O fio dentaacuterio deve ser utilizado uma vez por dia de preferecircncia agrave noite antes de deitar Na escola os

alunos poderatildeo a aprender a utilizar este meio de remoccedilatildeo de placa bacteriana interdentaacuterio sendo

importante envolver os pais no sentido de lhes pedir colaboraccedilatildeo e permitir que as crianccedilas o utilizem

em casa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 13

3 7 Reve lador de p laca bac te r i ana O uso de reveladores de placa bacteriana (em soluto ou em comprimidos mastigaacuteveis) permitem

avaliar a higiene oral e consequentemente melhorar as teacutecnicas de escovagem e de utilizaccedilatildeo do fio

dentaacuterio

A partir dos 6 anos de idade estes produtos podem ser usados para que as crianccedilas visualizem a placa

e mais facilmente compreendam que os seus dentes necessitam de ser cuidadosamente limpos

A eritrosina que tem a propriedade de corar de vermelho a placa bacteriana eacute um dos exemplos de

corantes que se podem utilizar Utiliza-se da seguinte forma

colocar 1 a 2 gotas por baixo da liacutengua ou mastigar um comprimido sem engolir

passar a liacutengua por todas as superfiacutecies dentaacuterias

bochechar com aacutegua

A placa bacteriana corada eacute facilmente removida atraveacutes da escovagem dos dentes e do fio dentaacuterio

Nota Para evitar que os laacutebios fiquem corados de vermelho antes de colocar o corante pode passar

batom creme gordo ou vaselina nos laacutebios

3 8 Bochecho f luore tado A partir dos 6 anos pode ser feito o bochecho quinzenal com fluoreto de soacutedio a 02 na escola da

seguinte forma

agitar a soluccedilatildeo e deitar 10 ml em cada copo e distribui-los

indicar a cada crianccedila para colocar o antebraccedilo no rebordo da mesa

introduzir a soluccedilatildeo na boca sem engolir

repousar a testa no antebraccedilo colocando o copo debaixo da boca

bochechar vigorosamente durante 1 minuto

apoacutes este periacuteodo deve ser cuspida tendo o cuidado de natildeo a engolir

Apoacutes o bochecho a crianccedila deve permanecer 30 minutos sem comer nem beber

39 Iacutendice de placa O Iacutendice de Placa (IP) eacute utilizado para quantificar a placa bacteriana em todas as superfiacutecies dentaacuterias e

reflecte os haacutebitos de higiene oral dos indiviacuteduos avaliados

Assim enquanto que um baixo Iacutendice de Placa poderaacute significar um bom impacto das acccedilotildees de

educaccedilatildeo para a sauacutede em sauacutede oral nomeadamente das relacionadas com a higiene um iacutendice

elevado sugere o contraacuterio

Em programas comunitaacuterios geralmente eacute utilizado o Iacutendice de Placa Simplificado que eacute mais raacutepido

de determinar sendo o resultado final igualmente fiaacutevel

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 14

Para se calcular o Iacutendice de Placa Simplificado eacute necessaacuterio atribuir um valor ao tamanho da placa

bacteriana existente nos seguintes 6 dentes e superfiacutecies predeterminados Maxilar superior

1 Primeiro molar superior direito - Superfiacutecie vestibular

2 Incisivo central superior direito - Superfiacutecie vestibular

3 Primeiro molar superior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

4 Primeiro molar inferior esquerdo - Superfiacutecie lingual

5 Incisivo central inferior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

6 Primeiro molar inferior direito - Superfiacutecie lingual

Para atribuir um valor ao tamanho da placa bacteriana existente em cada uma das su

acima referidas eacute necessaacuterio utilizar o revelador de placa bacteriana para a co

facilitar a sua observaccedilatildeo e respectiva classificaccedilatildeo e registo

A cada uma das superfiacutecies dentaacuterias soacute pode ser atribuiacutedo um dos seguintes valore

Valor 0

Valor 1

Valor 2

Valor 3

rarr Se a superfiacutecie do dente natildeo estaacute corada

rarr Se 13 da superfiacutecie estaacute corado

rarr Se 23 da superfiacutecie estatildeo corados

rarr Se estaacute corada toda a superfiacutecie

Feito o registo da observaccedilatildeo individual verifica-se que o somatoacuterio do conjunto de

poderaacute variar entre 0 (zero) e 18 (dezoito)

Dividindo por 6 (seis) este somatoacuterio obteacutem-se o Iacutendice de Placa Individual

Para determinar o Iacutendice de Placa de um grupo de indiviacuteduos divide-se o som

individuais pelo nuacutemero de indiviacuteduos observados multiplicado por seis (o nuacutemer

nuacutemero de dentes seleccionados por indiviacuteduo)

Assim o Iacutendice de Placa poderaacute variar entre 0 (zero) e 3 (trecircs)

Iacutendice de Placa (IP) = Somatoacuterio da classificaccedilatildeo dada a cada dente

Nordm de indiviacuteduos observados x 6

A sauacutede oral das crianccedilas e adolescentes eacute um grave problema de sauacutede puacuteblica ma

simples como as descritas neste documento executadas pelos proacuteprios eou com

encorajadas pela escola e pelos serviccedilos de sauacutede contribuem decididamente para

oral importantes e implementaccedilatildeo efectiva do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas d

Maxilar inferior

perfiacutecies dentaacuterias

rar e dessa forma

s

valores atribuiacutedos

atoacuterio dos valores

o seis representa o

s que com medidas

ajuda da famiacutelia

ganhos em sauacutede

Sauacutede Oral

e EPSrsquorsquo 15

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

F l u o r e t o s

F u n d a m e n t a ccedil atilde o e R e c o m e n d a ccedil otilde e s d a T a s k F o r c e

Documento produzido pela Task Force constituiacuteda pelo Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr

Ricardo Jorge Direcccedilatildeo-Geral de Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura Faculdade de

Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Medicina Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria

Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa e Porto Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento Instituto Superior de

Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia

Ordem dos Meacutedicos Dentistas Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria Sociedade Portuguesa de

Pediatria e os serviccedilos da DGS Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede Divisatildeo de Sauacutede Ambiental

Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

1 F l u o r e t o s

A evidecircncia cientiacutefica tem demonstrado que as mudanccedilas observadas no padratildeo da doenccedila caacuterie

dentaacuteria ocorrem pela implementaccedilatildeo de programas preventivos e terapecircuticos de acircmbito comunitaacuterio

e por estrateacutegias de acccedilatildeo especiacuteficas dirigidas a grupos de risco com criteriosa utilizaccedilatildeo dos

fluoretos

O fluacuteor eacute o elemento mais electronegativo da tabela perioacutedica e raramente existe isolado sendo por

isso habitualmente referido como fluoreto Na natureza encontra-se sob a forma de um iatildeo (F-) em

associaccedilatildeo com o caacutelcio foacutesforo alumiacutenio e tambeacutem como parte de certos silicatos como o topaacutezio

Normalmente presente nas rochas plantas ar aacuteguas e solos este elemento faz parte da constituiccedilatildeo de

alguns materiais plaacutesticos e pode tambeacutem estar presente na constituiccedilatildeo de alguns fertilizantes

contribuindo desta forma para a sua presenccedila no solo aacutegua e alimentos No solo o conteuacutedo de

fluoretos varia entre 20 e 500 ppm contudo nas camadas mais profundas o seu niacutevel aumenta No ar a

concentraccedilatildeo normal de fluoretos oscila entre 005 e 190microgm3 1

Do fluacuteor que eacute ingerido entre 75 e 90 eacute absorvido por via digestiva sendo a mucosa bucal

responsaacutevel pela absorccedilatildeo de menos de 1 Depois de absorvido passa para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea

sob a forma ioacutenica ou de compostos orgacircnicos lipossoluacuteveis A forma ioacutenica que circula livremente e

natildeo se liga agraves proteiacutenas nem aos componentes plasmaacuteticos nem aos tecidos moles eacute a que vai estar

disponiacutevel para ser absorvida pelos tecidos duros Da quantidade total de fluacuteor presente no organismo

99 encontra-se nos tecidos calcificados Entre 10 e 25 do aporte diaacuterio de fluacuteor natildeo chega a ser

absorvido vindo a ser excretado pelas fezes O fluacuteor absorvido natildeo utilizado (cerca de 50) eacute

eliminado por via renal2

O fluacuteor tem uma grande afinidade com a apatite presente no organismo com a qual cria ligaccedilotildees

fortes que natildeo satildeo irreversiacuteveis Este facto deve-se agrave facilidade com que os radicais hidroxilos da

hidroxiapatite satildeo substituiacutedos pelos iotildees fluacuteor formando fluorapatite No entanto a apatite normal do

ser humano presente no osso e dente mesmo em condiccedilotildees ideais de presenccedila de fluacuteor nunca se

aproxima da composiccedilatildeo da fluorapatite pura

Quando o fluacuteor eacute ingerido passa pela cavidade oral daiacute resultando a deposiccedilatildeo de uma determinada

quantidade nos tecidos e liacutequidos aiacute existentes A mucosa jugal as gengivas a placa bacteriana os

dentes e a saliva vatildeo beneficiar imediatamente de um aporte directo de fluacuteor que pode permitir que a

sua disponibilidade na cavidade oral se prolongue por periacuteodos mais longos Eacute um facto que a presenccedila

de fluacuteor no meio oral independentemente da sua fonte resulta numa acccedilatildeo preventiva e terapecircutica

extremamente importante

Nota 22 mg de fluoreto de soacutedio correspondem a 1 mg de fluacuteor Quando se dilui 1 mg de fluacuteor em um litro de aacutegua pura

considera-se que essa aacutegua passou a ter 1 ppm de fluacuteor

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 2

Considera-se actualmente que os benefiacutecios dos fluoretos resultam basicamente da sua acccedilatildeo toacutepica

sobre a superfiacutecie do dente enquanto a sua acccedilatildeo sisteacutemica (preacute-eruptiva) eacute muito menos importante

A acccedilatildeo preventiva e terapecircutica dos fluoretos eacute conseguida predominantemente pela sua acccedilatildeo toacutepica

quer nas crianccedilas quer nos adultos atraveacutes de trecircs mecanismos diferentes responsaacuteveis pela

bull inibiccedilatildeo do processo de desmineralizaccedilatildeo

bull potenciaccedilatildeo do processo de remineralizaccedilatildeo

bull inibiccedilatildeo da acccedilatildeo da placa bacteriana

O uso racional dos fluoretos na profilaxia da caacuterie dentaacuteria com eficaacutecia e seguranccedila baseia-se no

conhecimento actualizado dos seus mecanismos de acccedilatildeo e da sua toxicologia

Com base na evidecircncia cientiacutefica a estrateacutegia de utilizaccedilatildeo dos fluoretos em sauacutede oral foi redefinida

tendo em conta que a sua acccedilatildeo preventiva eacute predominantemente poacutes-eruptiva e toacutepica e a sua acccedilatildeo

toacutexica com repercussotildees a niacutevel dentaacuterio eacute preacute-eruptiva e sisteacutemica

Estudos epidemioloacutegicos efectuados pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) sobre os efeitos do

fluacuteor na sauacutede humana referem que valores compreendidos entre 1 e 15 ppm natildeo representam risco

acrescido Contudo valores entre 15 e 2 ppm em climas quentes poderatildeo contribuir para a ocorrecircncia

de casos de fluorose dentaacuteria e valores entre 3 a 6 ppm para o aparecimento de fluorose oacutessea

Para a OMS a concentraccedilatildeo oacuteptima de fluoretos na aacutegua quando esta eacute sujeita a fluoretaccedilatildeo deve

estar compreendida entre 05 e 15 ppm de F dependendo este valor da temperatura meacutedia do local

que condiciona a quantidade de aacutegua ingerida nas zonas mais frias o valor maacuteximo pode estar perto

do limite superior nas zonas mais quentes o valor deve estar perto do limite inferior para uma

prevenccedilatildeo eficaz da caacuterie dentaacuteria Para que os riscos de fluorose estejam diminuiacutedos os programas de

fluoretaccedilatildeo das aacuteguas devem obedecer a criteacuterios claramente definidos

Nas regiotildees onde a aacutegua da rede puacuteblica conteacutem menos de 03 ppm (mgl) de fluoretos (situaccedilatildeo mais

frequente em Portugal Continental) a dose profilaacutectica oacuteptima considerando a soma de todas as fontes

de fluoretos eacute de 005mgkgdia3

11 Toxicidade Aguda

Uma intoxicaccedilatildeo aguda pelo fluacuteor eacute uma possibilidade extremamente rara Alguns casos tecircm sido

descritos na literatura Estudos efectuados em roedores e extrapolados para o homem adulto permitem

pensar que a dose letal miacutenima de fluacuteor seja de aproximadamente 2 gramas ou 32 a 64 mgkg de peso

corporal mas para uma crianccedila bastam 15 mgkg de peso corporal 2

A partir da ingestatildeo de doses superiores a 5mgkg de peso corporal considera-se a hipoacutetese de vir a ter

efeitos toacutexicos

As crianccedilas pequenas tecircm um risco acrescido de ingerir doses de fluoretos atraveacutes do consumo de

produtos de higiene oral A ingestatildeo acidental de um quarto de um tubo com dentiacutefrico de 125 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 3

(1500 ppm de Fluacuteor) potildee em risco a vida de uma crianccedila de um ano de idade O risco de ingestatildeo

acidental por crianccedilas eacute real e eacute adjuvado pelo tipo de embalagens destes produtos que natildeo tecircm

dispositivos de seguranccedila para a sua abertura

A toxicidade aguda pelos fluoretos poderaacute manifestar-se por queixas digestivas (dor abdominal

voacutemitos hematemeses e melenas) neuroloacutegicas (tremores convulsotildees tetania deliacuterio lentificaccedilatildeo da

voz) renais (urina turva hematuacuteria) metaboacutelicas (hipocalceacutemia hipomagnesieacutemia hipercalieacutemia)

cardiovasculares (arritmias hipotensatildeo) e respiratoacuterias (depressatildeo respiratoacuteria apneias) 4

12 Toxicidade Croacutenica

A dose total diaacuteria de fluoretos administrados por via sisteacutemica isenta de risco de toxicidade croacutenica

situa-se abaixo de 005 mgkgdia de peso A partir desses valores aumentam as manifestaccedilotildees atraveacutes

do aparecimento de hipomineralizaccedilatildeo do esmalte que se revela por fluorose dentaacuteria Com

concentraccedilotildees acima de 25 ppm na aacutegua esta manifestaccedilatildeo eacute mais evidente sendo tanto mais grave

quanto a concentraccedilatildeo de fluoretos vai aumentando O periacuteodo criacutetico para o efeito toacutexico do fluacuteor se

manifestar sobre a denticcedilatildeo permanente eacute entre o nascimento e os 7 anos de idade (ateacute aos 3 anos eacute o

periacuteodo mais criacutetico) Quando existem fluoretos ateacute 3 ppm na aacutegua aleacutem da fluorose natildeo parece

existir qualquer outro efeito toacutexico na sauacutede A partir deste valor aumenta o risco de nefrotoxicidade

Como qualquer outro medicamento os fluoretos em dose excessiva tecircm efeitos toacutexicos que

normalmente se manifestam atraveacutes de uma interferecircncia na esteacutetica dentaacuteria Essa manifestaccedilatildeo eacute a

fluorose dentaacuteria

Estudos recentes sobre suplementos de fluoretos e fluorose 5 confirmam que as comunidades sem aacutegua

fluoretada e que utilizam suplementos de fluoretos durante os primeiros 6 anos de vida apresentam

um aumento do risco de desenvolver fluorose

O principal factor de risco para o aparecimento de fluorose dentaacuteria eacute o aporte total de fluoretos

provenientes de diferentes fontes nomeadamente da alimentaccedilatildeo incluindo a aacutegua e os suplementos

alimentares dentiacutefricos e soluccedilotildees para bochechos comprimidos e gotas e ingestatildeo acidental que natildeo

satildeo faacuteceis de quantificar

A fluorose dentaacuteria aumentou nos uacuteltimos anos em comunidades com e sem aacutegua fluoretada 6

2 F l u o r e t o s n a aacute g u a

2 1 Aacute g u a d e a b a s t e c i m e n t o p uacute b l i c o

A fluoretaccedilatildeo das aacuteguas para consumo humano como meio de suprir o deacutefice de fluoretos na aacutegua eacute

uma praacutetica comum em alguns paiacuteses como o Brasil Austraacutelia Canadaacute EUA e Nova Zelacircndia

Apesar de serem tatildeo diferentes quer do ponto de vista soacutecioeconoacutemico quer geograacutefico eles detecircm

uma experiecircncia superior a 25 anos neste domiacutenio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 4

Na Europa a maior parte dos paiacuteses natildeo faz fluoretaccedilatildeo das suas aacuteguas para consumo humano agrave

excepccedilatildeo da Irlanda da Suiacuteccedila (Basileia) e de 10 da populaccedilatildeo do Reino Unido Na Alemanha eacute

proibido e nos restantes paiacuteses eacute desaconselhado

Nos paiacuteses em que se faz fluoretaccedilatildeo da aacutegua alguns estudos demonstraram natildeo ter existido um ganho

efectivo na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria No entanto outros como a Austraacutelia no Estado de Victoacuteria

onde a fluoretaccedilatildeo da aacutegua se faz regularmente observaram-se ganhos efectivos na sauacutede oral da

populaccedilatildeo com consequentes ganhos econoacutemicos

Recomendaccedilatildeo Eacute indispensaacutevel avaliar a qualidade das aacuteguas de abastecimento puacuteblico periodicamente e corrigir os

paracircmetros alterados

Na aacutegua os valores das concentraccedilotildees de fluoretos estatildeo compreendidas entre 01 a 07 ppm Contudo

em alguns casos podem apresentar valores muito mais elevados

Quando a aacutegua apresenta valores de ph superiores a 8 e o iatildeo soacutedio e os carbonatos satildeo dominantes os

valores de fluoretos normalmente presentes excedem 1 ppm

Nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica os fluoretos podem existir naturalmente ou resultar de um

programa de fluoretaccedilatildeo Em Portugal Continental os valores satildeo normalmente baixos e as aacuteguas natildeo

estatildeo sujeitas a fluoretaccedilatildeo artificial O teor de fluoretos deveraacute ser controlado regularmente de modo

a preservar os interesses da sauacutede puacuteblica 7

Na definiccedilatildeo de um valor guia para a aacutegua de consumo humano a OMS propotildee o valor limite de 15

ppm de Fluacuteor referindo que valores superiores podem contribuir para o aumento do risco de fluorose

A Agecircncia Americana para o Ambiente (USEPA) refere um valor maacuteximo admissiacutevel de fluoretos na

aacutegua de consumo humano de 15 ppm e recomenda que nunca se ultrapasse os 4 ppm

Em Portugal a legislaccedilatildeo actualmente em vigor sobre a qualidade da aacutegua para consumo humano

decreto-lei nordm 23698 de 1 de Agosto define dois Valores Maacuteximos Admissiacuteveis (VMA) para os

fluoretos 15 ppm (8 a 12 ordmC) e 07 ppm (25 a 30 ordmC) O decreto-lei nordm 2432001 de 5 de Setembro

que transpotildee a Directiva Comunitaacuteria nordm 9883CE de 3 de Novembro que entrou em vigor em 25 de

Dezembro de 2003 define para os fluoretos um Valor Parameacutetrico (VP) de 15 ppm

O decreto-lei nordm 24301 remete para a Entidade Gestora a verificaccedilatildeo da conformidade dos valores

parameacutetricos obrigatoacuterios aplicaacuteveis agrave aacutegua para consumo humano Sempre que um valor parameacutetrico

eacute excedido isso corresponde a uma situaccedilatildeo de incumprimento e perante esta situaccedilatildeo a entidade

gestora deve de imediato informar a autoridade de sauacutede e a entidade competente dando conta das

medidas correctoras adoptadas ou em curso para restabelecer a qualidade da aacutegua destinada a consumo

humano

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 5

Deve ter-se em atenccedilatildeo o desvio em relaccedilatildeo ao valor parameacutetrico fixado e o perigo potencial para a

sauacutede humana

Segundo o decreto-lei supra mencionado artigo 9ordm compete agraves autoridades de sauacutede a vigilacircncia

sanitaacuteria e a avaliaccedilatildeo do risco para a sauacutede puacuteblica da qualidade da aacutegua destinada ao consumo

humano Sempre que o risco exista e o incumprimento persistir a autoridade de sauacutede deve informar e

aconselhar os consumidores afectados e determinar a proibiccedilatildeo de abastecimento restringir a

utilizaccedilatildeo da aacutegua que constitua um perigo potencial para a sauacutede humana e adoptar todas as medidas

necessaacuterias para proteger a sauacutede humana

Nos Accedilores e na Madeira ou em zonas onde o teor de fluoretos na aacutegua eacute muito elevado deveraacute ser

feita uma verificaccedilatildeo da constante e a correcccedilatildeo adequada

Os principais tratamentos de desfluoretaccedilatildeo envolvem a floculaccedilatildeo da aacutegua usando sais hidratados de

alumiacutenio principalmente em condiccedilotildees alcalinas No caso de aacuteguas aacutecidas pode-se adicionar cal e

alternativamente pode-se recorrer agrave adsorccedilatildeo com carvatildeo activado ou alumina activada ( Al2O3 ) ou

por permuta ioacutenica usando resinas especiacuteficas

Recomendaccedilatildeo Ateacute aos 6-7 anos as crianccedilas natildeo devem ingerir regularmente aacutegua com teor de fluoretos superior a 07 ppm

Recomendaccedilatildeo Sempre que o valor parameacutetrico dos fluoretos na aacutegua para consumo humano exceder 15 ppm deveratildeo ser aplicadas

medidas correctoras para restabelecer a qualidade da aacutegua

2 2 Aacute g u a s m i n e r a i s n a t u r a i s e n g a r r a f a d a s

As aacuteguas minerais naturais engarrafadas deveratildeo no futuro ter rotulagem de acordo com a Directiva

Comunitaacuteria 200340CE da Comissatildeo Europeia de 16 de Maio publicada no Jornal Oficial da Uniatildeo

Europeia em 2252003 artigo 4ordm laquo1 As aacuteguas minerais naturais cuja concentraccedilatildeo em fluacuteor for

superior a 15 mgl (ppm) devem ostentar no roacutetulo a menccedilatildeo lsquoconteacutem mais de 15 mgl (ppm) de

fluacuteor natildeo eacute adequado o seu consumo regular por lactentes nem por crianccedilas com menos de 7 anosrsquo

2 No roacutetulo a menccedilatildeo prevista no nordm 1 deve figurar na proximidade imediata da denominaccedilatildeo de

venda e em caracteres claramente visiacuteveis 3

As aacuteguas minerais naturais que em aplicaccedilatildeo do nordm 1 tiverem de ostentar uma menccedilatildeo no roacutetulo

devem incluir a indicaccedilatildeo do teor real em fluacuteor a niacutevel da composiccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica em constituintes

caracteriacutesticos tal como previsto no nordm 2 aliacutenea a) do artigo 7ordm da Directiva 80777CEEraquo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 6

Para as aacuteguas de nascente cujas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas satildeo definidas pelo Decreto-lei

2432001 de 5 de Setembro em vigor desde Dezembro de 2003 os limites para o teor de fluoretos satildeo

de 15 mgl (ppm)

De acordo com o parecer do Scientific Committee on Food - Comiteacute Cientiacutefico de Alimentaccedilatildeo

Humana (expresso em Dezembro de 1996) a Comissatildeo natildeo vecirc razotildees para nos climas da Uniatildeo

Europeia (climas temperados) limitar os fluoretos nas aacuteguas de consumo humano e nas aacuteguas minerais

naturais para valores inferiores a 15mgl (ppm)

3 F l u o r e t o s n o s g eacute n e r o s a l i m e n t iacute c i o s

Entende-se por lsquogeacutenero alimentiacuteciorsquo qualquer substacircncia ou produto transformado parcialmente

transformado ou natildeo transformado destinado a ser ingerido pelo ser humano ou com razoaacuteveis

probabilidades de o ser Este termo abrange bebidas pastilhas elaacutesticas e todas as substacircncias

incluindo a aacutegua intencionalmente incorporadas nos geacuteneros alimentiacutecios durante o seu fabrico

preparaccedilatildeo ou tratamento8 9

Na alimentaccedilatildeo as estimativas de ingestatildeo de fluacuteor atraveacutes da dieta variam entre 02 e 34 mgdia

sendo estes uacuteltimos valores atingidos quando se inclui o chaacute na alimentaccedilatildeo A ingestatildeo de fluoretos

provenientes dos alimentos comuns eacute pouco significativa Apenas 13 se apresentam na forma

ionizaacutevel e portanto biodisponiacutevel

Recomendaccedilatildeo Independentemente da origem ao utilizar aacutegua informe-se sobre o seu teor em fluoretos As que tecircm um elevado teor

deste elemento natildeo satildeo adequadas para lactentes e crianccedilas com menos de 7 anos

Recomendaccedilatildeo Dar prioridade a uma dieta equilibrada e saudaacutevel com diversidade alimentar Utilizar a aacutegua da cozedura dos

alimentos para confeccionar outros alimentos (ex sopas arroz)

No iniacutecio do ano de 2003 a Comissatildeo Europeia apresentou uma nova proposta de Directiva

Comunitaacuteria relativa agrave ldquoAdiccedilatildeo aos geacuteneros alimentiacutecios de vitaminas minerais e outras substacircnciasrdquo

onde os fluoretos satildeo referidos como podendo ser adicionados a geacuteneros alimentiacutecios comuns Nesta

proposta de Directiva Comunitaacuteria eacute sugerida a inclusatildeo de determinados nutrimentos (entre eles o

fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de geacuteneros alimentiacutecios comuns Esta proposta

prevista no Livro Branco da Comissatildeo ainda estaacute numa fase inicial de discussatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 7

4 F l u o r e t o s e m s u p l e m e n t o a l i m e n t a r

Entende-se por lsquosuplementos alimentaresrsquo geacuteneros alimentiacutecios que se destinam a complementar e ou

suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas

substacircncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisioloacutegico estremes ou combinados

comercializados em forma doseada tais como caacutepsulas pastilhas comprimidos piacutelulas e outras

formas semelhantes saquetas de poacute ampola de liacutequido frascos com conta gotas e outras formas

similares de liacutequido ou poacute que se destinam a ser tomados em unidades medidas de quantidade

reduzida10

A Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002

transposta para o direito nacional pelo Decreto-lei nordm 1362003 de 28 de Junho relativa agrave aproximaccedilatildeo

das legislaccedilotildees dos Estados-Membros respeitantes aos suplementos alimentares vai permitir a inclusatildeo

de determinados nutrimentos (entre eles o fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de

suplementos alimentares11

A partir de 28 de Agosto de 2003 os fluoretos poderatildeo ser comercializados como suplemento

alimentar passando a estar disponiacutevel em farmaacutecias e superfiacutecies comerciais

As quantidades maacuteximas de vitaminas e minerais presentes nos suplementos alimentares satildeo fixadas

em funccedilatildeo da toma diaacuteria recomendada pelo fabricante tendo em conta os seguintes elementos

a) limites superiores de seguranccedila estabelecidos para as vitaminas e os minerais apoacutes uma

avaliaccedilatildeo dos riscos efectuada com base em dados cientiacuteficos geralmente aceites tendo em

conta quando for caso disso os diversos graus de sensibilidade dos diferentes grupos de

consumidores

b) quantidade de vitaminas e minerais ingerida atraveacutes de outras fontes alimentares

c) doses de referecircncia de vitaminas e minerais para a populaccedilatildeo

Recomendaccedilatildeo Nunca ultrapassar a toma indicada no roacutetulo do produto e natildeo utilizar um suplemento alimentar como substituto de um

regime alimentar variado

As quantidades maacuteximas e miacutenimas de vitaminas e minerais referidas seratildeo adoptadas pela Comissatildeo

Europeia assistida pelo Comiteacute de Regulamentaccedilatildeo

Em Portugal a Agecircncia para a Qualidade e Seguranccedila Alimentar viraacute a ter informaccedilatildeo sobre todos os

suplementos alimentares comercializados como geacuteneros alimentiacutecios e introduzidos no mercado de

acordo com o Decreto-lei nordm 1362003

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 8

A rotulagem dos suplementos alimentares natildeo poderaacute mencionar nem fazer qualquer referecircncia a

prevenccedilatildeo tratamento ou cura de doenccedilas humanas e deveraacute indicar uma advertecircncia de que os

produtos devem ser guardados fora do alcance das crianccedilas

5 F luore tos em med icamentos e p rodutos cosmeacutet icos de h ig iene corpora l

A distinccedilatildeo entre Medicamento e Produto Cosmeacutetico de Higiene Corporal contendo fluoretos depende

do seu teor no produto Os cosmeacuteticos contecircm obrigatoriamente uma concentraccedilatildeo de fluoretos inferior

a 015 (1500 ppm) (Decreto-lei 1002001 de 28 de Marccedilo I Seacuterie A) sendo que todos os dentiacutefricos

com concentraccedilotildees de fluoretos superior a 015 satildeo obrigatoriamente classificados como

medicamentos

Os medicamentos contendo fluoretos e utilizados para a profilaxia da caacuterie dentaacuteria existentes no

mercado portuguecircs satildeo de venda livre em farmaacutecia Encontram-se disponiacuteveis nas formas

farmacecircuticas de soluccedilatildeo oral (gotas orais) comprimidos dentiacutefricos gel dentaacuterio e soluccedilatildeo de

bochecho

5 1 F l u o r e t o s e m c o m p r i m i d o s e g o t a s o r a i s

A utilizaccedilatildeo de medicamentos contendo fluoretos na forma de gotas orais e comprimidos foi ateacute haacute

pouco recomendada pelos profissionais de sauacutede (pediatras meacutedicos de famiacutelia cliacutenicos gerais

meacutedicos estomatologistas meacutedicos dentistas) dos 6 meses ateacute aos 16 anos

A clarificaccedilatildeo do mecanismo de acccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria e o aumento de

aporte dos mesmos com consequentes riscos de manifestaccedilatildeo toacutexica obrigaram agrave revisatildeo da sua

administraccedilatildeo em comprimidos eou gotas A gravidade da fluorose dentaacuteria estaacute relacionada com a

dose a duraccedilatildeo e com a idade em que ocorre a exposiccedilatildeo ao fluacuteor 12 13

A ldquoCanadian Consensus Conference on the Appropriate Use of Fluoride Supplements for the

Prevention of Dental Caries in Childrenrdquo 14definiu um protocolo cuja utilizaccedilatildeo eacute recomendada a

profissionais de sauacutede em que se fundamenta a tomada de decisatildeo sobre a necessidade ou natildeo da

suplementaccedilatildeo de fluacuteor A administraccedilatildeo de comprimidos soacute eacute recomendada quando o teor de fluoretos

na aacutegua de abastecimento puacuteblico for inferior a 03 ppm e

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) natildeo escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas

vezes por dia

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas vezes

por dia mas apresenta um alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 9

Por sua vez a conclusatildeo do laquoForum on Fluoridation 2002raquo15 relativamente agrave administraccedilatildeo de

suplementos de fluoretos foi a seguinte limitar a utilizaccedilatildeo de comprimidos de fluoretos a aacutereas onde

natildeo existe aacutegua fluoretada e iniciar essa suplementaccedilatildeo apenas a crianccedilas com alto risco agrave caacuterie e a

partir dos 3 anos

Os comprimidos de fluoretos caso sejam indicados devem ser usados pelo interesse da sua acccedilatildeo

toacutepica Devem ser dissolvidos na boca em vez de imediatamente ingeridos16

A administraccedilatildeo de fluoretos sob a forma de comprimidos chupados soacute deveraacute ser efectuada em

situaccedilotildees excepcionais isto eacute em populaccedilotildees de baixos recursos econoacutemicos nas quais a escovagem

natildeo possa ser promovida e os iacutendices de caacuterie sejam elevados

Para evitar a potencial toxicidade dos fluoretos antes de qualquer prescriccedilatildeo todos os profissionais de

sauacutede devem efectuar uma avaliaccedilatildeo personalizada dos aportes diaacuterios de cada crianccedila tendo em conta

todas as fontes possiacuteveis desse elemento alimentos comuns suplementos alimentares consumo de

aacutegua da rede puacuteblica eou aacutegua engarrafada e respectivo teor de fluoretos e utilizaccedilatildeo de medicamentos

e produtos cosmeacuteticos contendo fluacuteor

Recomendaccedilatildeo A partir dos 3 anos os suplementos sisteacutemicos de fluoretos poderatildeo ser prescritos pelo meacutedico assistente ou meacutedico dentista em crianccedilas que apresentem um alto risco

agrave caacuterie dentaacuteria

5 2 F l u o r e t o s e m d e n t iacute f r i c o s

Hoje em dia a maior parte dos dentiacutefricos agrave venda no mercado contecircm fluoretos sob diferentes formas

fluoreto de soacutedio monofluorfosfato de soacutedio fluoreto de amina e outros Os mais utilizados satildeo o

fluoreto de soacutedio e o monofluorfosfato de soacutedio

Normalmente o conteuacutedo de fluoreto dos dentiacutefricos eacute de 1000 a 1100 ppm (ou 010 a 011)

podendo variar entre 500 e 1500 ppm

Durante a escovagem cerca de 34 da pasta eacute ingerida por crianccedilas de 3 anos 28 pelas de 4-5 anos

e 20 pelas de 5-7 anos

Devem ser evitados dentiacutefricos com sabor a fruta para impedir o seu consumo em excesso uma vez

que estatildeo jaacute descritos na literatura casos de fluorose resultantes do abuso de dentiacutefricos2

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluoretos duas vezes por dia tem-se revelado um

meio colectivo de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria com grande efectividade e baixo custo pelo que deve

ser considerado o meio de eleiccedilatildeo em estrateacutegias comunitaacuterias

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 10

Do ponto de vista da prevenccedilatildeo da caacuterie a aplicaccedilatildeo toacutepica de dentiacutefrico fluoretado com a escova dos

dentes deve ser executada duas vezes por dia e deve iniciar-se quando se daacute a erupccedilatildeo dos dentes Esta

rotina diaacuteria de higiene executada naturalmente com muito cuidado pelos pais deve

progressivamente ser assumida pela crianccedila ateacute aos 6-8 anos de idade Durante este periacuteodo a

escovagem deve ser sempre vigiada pelos pais ou educadores consoante as circunstacircncias para evitar

a utilizaccedilatildeo de quantidades excessivas de dentiacutefrico o qual pode da mesma forma que os

comprimidos conduzir antes dos 6 anos agrave ocorrecircncia de fluorose

As crianccedilas devem usar dentiacutefrico com teor de fluoretos entre 1000-1500 ppm de fluoreto (dentiacutefrico

de adulto) sendo a quantidade a utilizar do tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

Apoacutes a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado pode-se natildeo bochechar com aacutegua Deveraacute

apenas cuspir-se o excesso de pasta Deste modo consegue-se uma mais alta concentraccedilatildeo de fluoreto

na cavidade oral que vai actuar topicamente durante mais tempo

Os pais das crianccedilas devem receber informaccedilatildeo sobre a escovagem dentaacuteria e o uso de dentiacutefricos

fluoretados A escovagem com dentiacutefrico fluoretado deve iniciar-se imediatamente apoacutes a erupccedilatildeo dos

primeiros dentes Os dentiacutefricos fluoretados devem ser guardados em locais inacessiacuteveis agraves crianccedilas

pequenas17

5 3 F l u o r e t o s e m s o l u ccedil otilde e s d e b o c h e c h o

As soluccedilotildees para bochechos recomendadas a partir dos 6 anos de idade tecircm sido utilizadas em

programas escolares de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria em inuacutemeros paiacuteses incluindo Portugal Satildeo

recomendadas a indiviacuteduos de maior risco agrave caacuterie dentaacuteria mas a sua utilizaccedilatildeo tem vido a ser

restringida a crianccedilas que escovam eficazmente os dentes

Recomendaccedilatildeo Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Recomendaccedilatildeo A partir dos 6 anos de idade deve ser feito o bochecho quinzenalmente com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

02

As soluccedilotildees fluoretadas de uso diaacuterio habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

005 e as de uso semanal ou quinzenal habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de 02

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 11

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 12

Referecircncias

1 Diegues P Linhas de Orientaccedilatildeo associadas agrave presenccedila de fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento 2003 Documento produzido no acircmbito da task force Sauacutede Oral e Fluacuteor Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar e na Divisatildeo de Sauacutede Ambiental da DGS 2 Melo PRGR Influecircncia de diferentes meacutetodos de administraccedilatildeo de fluoretos nas variaccedilotildees de incidecircncia de caacuterie Porto Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto 2001 Tese de doutoramento 3 Agence Francaise de Seacutecuriteacute des Produits de Santeacute Mise au point sur le fluacuteor et la prevention de la carie dentaire AFSPS 31 Juillet 2002 4 Leikin JB Paloucek FP Poisoning amp Toxicology Handbook 3th edition Hudson Lexi- Comp 2002 586-7 5 Ismail AI Bandekar RR Fluoride suplements and fluorosis a meta-analysis Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 48-56 6 Steven ML An update on Fluorides and Fluorosis J Can Dent Assoc 200369(5)268-91 7 Pinto R Cristovatildeo E Vinhais T Castro MF Teor de fluoretos nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica nas sedes de concelho de Portugal Continental Revista Portuguesa de Estomatologia Medicina Dentaacuteria e Cirurgia Maxilofacial 1999 40(3)125-42 8 Regulamento 1782002 do Parlamento Europeu e do Conselho de 28 de Janeiro Jornal Oficial das Comunidades Europeias (2002021) 9 Decreto ndash lei nordm 5601999 DR I Seacuterie A 147 (991218) 10 Decreto ndash lei nordm 1362003 DR I Seacuterie A 293 (20030628) 11 Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002 Jornal Oficial das Comunidades Europeias (20020712) 12 Aoba T Fejerskov O Dental fluorosis Chemistry and Biology Crit Rev Oral Biol Med 2002 13(2) 155-70 13 DenBesten PK Biological mechanisms of dental fluorosis relevant to the use of fluoride supplements Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 41-7 14 Limeback H Introduction to the conference Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 27-30 15 Report of the Forum of fluoridation 2002Governement of Ireland 2002 wwwfluoridationforumie 16 Featherstone JDB Prevention and reversal of dental caries role of low level fluoride Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 31-40 17 Pereira A Amorim A Peres F Peres FR Caldas IM Pereira JA Pereira ML Silva MJ Caacuteries Precoces da InfacircnciaLisboa Medisa Ediccedilotildees e Divulgaccedilotildees Cientiacuteficas Lda 2001 Bibliografia

1 Almeida CM Sugestotildees para a Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2002 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e na Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa

2 Rompante P Fundamentos para a alteraccedilatildeo do Programa de Sauacutede Oral da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Documento realizado no acircmbito da Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2003 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e no Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede ndash Norte

3 Rompante P Determinaccedilatildeo da quantidade do elemento fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento puacuteblico na totalidade das sedes de concelho de Portugal Continental Porto Faculdade de Odontologia da Universidade de Barcelona 2002 Tese de Doutoramento

4 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in Children at High Caries Risk SIGN Publication 2000 47

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Page 33: Direcção-Geral da SaúdePrograma será complementado, sempre que oportuno, por orientações técnicas a emitir por esta Direcção-Geral. O Director-Geral e Alto Comissário da

3 T eacute c n i c a s d e H i g i e n e O r a l

3 1 Escovagem dos den tes ndash A escova A escovagem dos dentes deve ser efectuada com uma escova de tamanho adequado agrave boca de quem a

utiliza Habitualmente as embalagens referem as idades a que se destinam Os filamentos devem ser

de nylon com extremidades arredondadas e textura macia que quando comeccedilam a ficar deformados

obrigam agrave substituiccedilatildeo da escova Normalmente a escova quando utilizada 2 vezes por dia dura cerca

de 3-4 meses

Existem escovas manuais e eleacutectricas as quais requerem os mesmos cuidados As escovas eleacutectricas

facilitam a higiene oral das pessoas que tenham pouca destreza manual

3 2 Escovagem dos den tes ndash O den t iacute f r i co O dentiacutefrico a utilizar deve conter fluoreto numa dosagem de cerca de 1000-1500 ppm A quantidade a

utilizar em cada uma das escovagens deve ser semelhante (ou inferior) ao tamanho da unha do 5ordm dedo

(dedo mindinho) da matildeo da crianccedila

Os dentiacutefricos com sabores muito atractivos natildeo se recomendam porque podem levar as crianccedilas a

engoli-lo deliberadamente Ateacute aos 6 anos aproximadamente o dentiacutefrico deve ser colocado na escova

por um adulto Apoacutes a escovagem dos dentes eacute apenas necessaacuterio cuspir o excesso de dentiacutefrico

podendo no entanto bochechar-se com um pouco de aacutegua

33 Escovagem dos dentes no Jardim-de-infacircncia e na Escola identificaccedilatildeo e arrumaccedilatildeo das escovas e copos

Hoje em dia haacute escovas de dentes que tecircm uma tampa ou estojo com orifiacutecios que a protege Caso se

opte pela utilizaccedilatildeo destas escovas natildeo eacute necessaacuterio que fiquem na escola Os alunos poderatildeo colocaacute-

la dentro da mochila juntamente com o tubo do dentiacutefrico e transportaacute-los diariamente para a escola

O conceito de intransmissibilidade da escova de dentes deve ser reforccedilado junto das crianccedilas Se as

escovas ficarem na escola eacute essencial que estejam identificadas bastando para tal escrever no cabo da

escova o nome da crianccedila com uma caneta de tinta resistente agrave aacutegua Tambeacutem se devem identificar os

dentiacutefricos Cada aluno deveraacute ter o seu proacuteprio dentiacutefrico e os copos caso natildeo sejam descartaacuteveis

As escovas guardam-se num local seco e arejado de modo a que os pelos fiquem virados para cima e

natildeo contactem umas com as outras Cada escova pode ser colocada dentro do copo num suporte

acriacutelico ou outro material resistente agrave aacutegua em local seco e arejado

Dentiacutefricos e escovas devem estar fora do alcance das crianccedilas para evitar a troca ou ingestatildeo

acidental de dentiacutefrico Caso haja a possibilidade de utilizar copos descartaacuteveis (de cafeacute) o processo eacute

bastante simplificado (os copos de cafeacute podem ser substituiacutedos por copos de iogurte) Os produtos de

higiene oral podem ser adquiridos com a colaboraccedilatildeo da Autarquia do Centro de Sauacutede dos pais ou

ateacute de alguma empresa Se a escola tiver refeitoacuterio pode tambeacutem ser viaacutevel utilizar os copos do

refeitoacuterio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 11

34 Escovagem dos den tes ndash Organ izaccedilatildeo da ac t i v idade

A escovagem dos dentes deve ser feita diariamente no jardim-de-infacircncia e na escola apoacutes o almoccedilo agrave

entrada na sala de aula ou apoacutes o intervalo As crianccedilas poderatildeo escovar os dentes na casa de banho no

refeitoacuterio ou na proacutepria sala de aula O processo eacute simples natildeo exigindo muitas condiccedilotildees fiacutesicas das

escolas que satildeo frequentemente utilizadas para justificar a recusa desta actividade

Caso a escola tenha lavatoacuterios suficientes esta actividade pode ser feita na casa de banho Eacute necessaacuterio

definir a hora em que cada uma das salas vai utilizar esse espaccedilo Na casa de banho deveratildeo estar

apenas as crianccedilas que estatildeo a escovar os dentes Os outros esperam a sua vez em fila agrave porta Eacute

essencial que esteja algueacutem (auxiliar professoreducador ou voluntaacuterio) a vigiar para manter a ordem

organizar o processo e corrigir a teacutecnica da escovagem No final da escovagem cada crianccedila lava a

escova e o copo (se natildeo for descartaacutevel) e arruma no local destinado a esse efeito

Quando o espaccedilo fiacutesico natildeo permite que a escovagem seja feita na casa de banho esta actividade pode

ser feita na proacutepria sala de aula Nesta situaccedilatildeo se for possiacutevel utilizar copos descartaacuteveis ou copos de

iogurte facilita o processo e torna-o menos moroso Os alunos mantecircm-se sentados nas suas cadeiras

Retiram da sua mochila o estojo com a escova e o dentiacutefrico Um dos alunos distribui os copos e os

guardanapos (ou toalhetes de papel ou papel higieacutenico) Os alunos escovam os dentes todos ao mesmo

tempo podendo ateacute fazecirc-lo com muacutesica O professor deve ir corrigindo a teacutecnica de escovagem Apoacutes

a escovagem as crianccedilas cospem o excesso de dentiacutefrico para o copo limpam a boca tiram o excesso

de dentiacutefrico e saliva da escova com o papel ou o guardanapo e por fim colocam-no dentro do copo

Tapam a escova e arrumam-na em estojo proacuteprio ou na mochila juntamente com o dentiacutefrico No final

um dos alunos vai buscar um saco de lixo passa por todas as carteiras para que cada uma coloque o

seu copo no lixo Caso alguma das crianccedilas natildeo tolere o restos de dentiacutefrico na cavidade oral pode

colocar-se uma pequena porccedilatildeo de aacutegua no copo e no fim da escovagem bochecha e cospe para o

copo Os pais dos alunos devem ser instruiacutedos para se certificarem que em casa a crianccedila lava a sua

escova com aacutegua corrente e volta a colocaacute-la na mochila No sentido de facilitar o procedimento

recomenda-se que os copos sejam descartaacuteveis e as escovas tenham tampa

35 Escovagem dos den tes - A teacutecn ica A escovagem dos dentes para ser eficaz ou seja para remover a placa bacteriana necessita ser feita

com rigor e demora 2 a 3 minutos Quando se utiliza uma escova manual a escovagem faz-se da

seguinte forma

inclinar a escova em direcccedilatildeo agrave gengiva (cerca de 45ordm) e fazer pequenos movimentos vibratoacuterios

horizontais ou circulares de modo a que os pelos da escova limpem o sulco gengival (espaccedilo que

fica entre o dente e a gengiva)

se for difiacutecil manter esta posiccedilatildeo colocar os pecirclos da escova perpendicularmente agrave gengiva e agrave

superfiacutecie do dente

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 12

escovar 2 dentes de cada vez (os correspondentes ao tamanho da cabeccedila da escova) fazendo

aproximadamente 10 movimentos (ou 5 caso sejam crianccedilas ateacute aos 6 anos) nas superfiacutecies

dentaacuterias abarcadas pela escova

comeccedilar a escovagem pela superfiacutecie externa (do lado da bochecha) do dente mais posterior de um

dos maxilares e continuar a escovar ateacute atingir o uacuteltimo dente da extremidade oposta desse

maxilar

com a mesma sequecircncia escovar as superfiacutecies dentaacuterias do lado da liacutengua

proceder do mesmo modo para fazer a escovagem dos dentes do outro maxilar

escovar as superfiacutecies mastigatoacuterias dos dentes com movimentos de vaiveacutem

por fim pode escovar-se a liacutengua

Quando se utiliza uma escova de dentes eleacutectrica segue-se a mesma sequecircncia de escovagem O

movimento da escova eacute feito automaticamente natildeo deve ser feita pressatildeo ou movimentos adicionais

sobre os dentes A escova desloca-se ao longo da arcada escovando um soacute dente de cada vez A

escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluacuteor deve ser feita duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente agrave noite antes de deitar

3 6 Uso do f io den taacute r io A partir do momento em que haacute destreza manual (a partir dos 8 anos) eacute indispensaacutevel o uso do fio ou

fita dentaacuteria que se utiliza da seguinte forma

retirar cerca de 40 cm de fio (ou fita) do porta fio

enrolar a quase totalidade do fio no dedo meacutedio de uma matildeo e uma pequena porccedilatildeo no dedo meacutedio

da outra matildeo deixando entre os dois dedos uma porccedilatildeo de fio com aproximadamente 25 cm

Quando as crianccedilas satildeo mais pequenas pode retirar-se uma porccedilatildeo mais pequena de fio cerca de

30 cm dar um noacute juntando as 2 pontas formando um ciacuterculo com o fio natildeo havendo necessidade

de o enrolar nos dedos Eacute importante utilizar sempre fio limpo em cada espaccedilo interdentaacuterio Os

polegares eou os indicadores ajudam a manuseaacute-lo

introduzir o fio cuidadosamente entre dois dentes e curva-lo agrave volta do dente que se quer limpar

fazendo com que tome a forma de um ldquoCrdquo

executar movimentos curtos horizontais desde o ponto de contacto entre os dentes ateacute ao sulco

gengival em cada uma das faces que delimitam o espaccedilo interdentaacuterio

repetir este procedimento ateacute que todos os espaccedilos interdentaacuterios de todos os dentes estejam

devidamente limpos

O fio dentaacuterio deve ser utilizado uma vez por dia de preferecircncia agrave noite antes de deitar Na escola os

alunos poderatildeo a aprender a utilizar este meio de remoccedilatildeo de placa bacteriana interdentaacuterio sendo

importante envolver os pais no sentido de lhes pedir colaboraccedilatildeo e permitir que as crianccedilas o utilizem

em casa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 13

3 7 Reve lador de p laca bac te r i ana O uso de reveladores de placa bacteriana (em soluto ou em comprimidos mastigaacuteveis) permitem

avaliar a higiene oral e consequentemente melhorar as teacutecnicas de escovagem e de utilizaccedilatildeo do fio

dentaacuterio

A partir dos 6 anos de idade estes produtos podem ser usados para que as crianccedilas visualizem a placa

e mais facilmente compreendam que os seus dentes necessitam de ser cuidadosamente limpos

A eritrosina que tem a propriedade de corar de vermelho a placa bacteriana eacute um dos exemplos de

corantes que se podem utilizar Utiliza-se da seguinte forma

colocar 1 a 2 gotas por baixo da liacutengua ou mastigar um comprimido sem engolir

passar a liacutengua por todas as superfiacutecies dentaacuterias

bochechar com aacutegua

A placa bacteriana corada eacute facilmente removida atraveacutes da escovagem dos dentes e do fio dentaacuterio

Nota Para evitar que os laacutebios fiquem corados de vermelho antes de colocar o corante pode passar

batom creme gordo ou vaselina nos laacutebios

3 8 Bochecho f luore tado A partir dos 6 anos pode ser feito o bochecho quinzenal com fluoreto de soacutedio a 02 na escola da

seguinte forma

agitar a soluccedilatildeo e deitar 10 ml em cada copo e distribui-los

indicar a cada crianccedila para colocar o antebraccedilo no rebordo da mesa

introduzir a soluccedilatildeo na boca sem engolir

repousar a testa no antebraccedilo colocando o copo debaixo da boca

bochechar vigorosamente durante 1 minuto

apoacutes este periacuteodo deve ser cuspida tendo o cuidado de natildeo a engolir

Apoacutes o bochecho a crianccedila deve permanecer 30 minutos sem comer nem beber

39 Iacutendice de placa O Iacutendice de Placa (IP) eacute utilizado para quantificar a placa bacteriana em todas as superfiacutecies dentaacuterias e

reflecte os haacutebitos de higiene oral dos indiviacuteduos avaliados

Assim enquanto que um baixo Iacutendice de Placa poderaacute significar um bom impacto das acccedilotildees de

educaccedilatildeo para a sauacutede em sauacutede oral nomeadamente das relacionadas com a higiene um iacutendice

elevado sugere o contraacuterio

Em programas comunitaacuterios geralmente eacute utilizado o Iacutendice de Placa Simplificado que eacute mais raacutepido

de determinar sendo o resultado final igualmente fiaacutevel

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 14

Para se calcular o Iacutendice de Placa Simplificado eacute necessaacuterio atribuir um valor ao tamanho da placa

bacteriana existente nos seguintes 6 dentes e superfiacutecies predeterminados Maxilar superior

1 Primeiro molar superior direito - Superfiacutecie vestibular

2 Incisivo central superior direito - Superfiacutecie vestibular

3 Primeiro molar superior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

4 Primeiro molar inferior esquerdo - Superfiacutecie lingual

5 Incisivo central inferior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

6 Primeiro molar inferior direito - Superfiacutecie lingual

Para atribuir um valor ao tamanho da placa bacteriana existente em cada uma das su

acima referidas eacute necessaacuterio utilizar o revelador de placa bacteriana para a co

facilitar a sua observaccedilatildeo e respectiva classificaccedilatildeo e registo

A cada uma das superfiacutecies dentaacuterias soacute pode ser atribuiacutedo um dos seguintes valore

Valor 0

Valor 1

Valor 2

Valor 3

rarr Se a superfiacutecie do dente natildeo estaacute corada

rarr Se 13 da superfiacutecie estaacute corado

rarr Se 23 da superfiacutecie estatildeo corados

rarr Se estaacute corada toda a superfiacutecie

Feito o registo da observaccedilatildeo individual verifica-se que o somatoacuterio do conjunto de

poderaacute variar entre 0 (zero) e 18 (dezoito)

Dividindo por 6 (seis) este somatoacuterio obteacutem-se o Iacutendice de Placa Individual

Para determinar o Iacutendice de Placa de um grupo de indiviacuteduos divide-se o som

individuais pelo nuacutemero de indiviacuteduos observados multiplicado por seis (o nuacutemer

nuacutemero de dentes seleccionados por indiviacuteduo)

Assim o Iacutendice de Placa poderaacute variar entre 0 (zero) e 3 (trecircs)

Iacutendice de Placa (IP) = Somatoacuterio da classificaccedilatildeo dada a cada dente

Nordm de indiviacuteduos observados x 6

A sauacutede oral das crianccedilas e adolescentes eacute um grave problema de sauacutede puacuteblica ma

simples como as descritas neste documento executadas pelos proacuteprios eou com

encorajadas pela escola e pelos serviccedilos de sauacutede contribuem decididamente para

oral importantes e implementaccedilatildeo efectiva do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas d

Maxilar inferior

perfiacutecies dentaacuterias

rar e dessa forma

s

valores atribuiacutedos

atoacuterio dos valores

o seis representa o

s que com medidas

ajuda da famiacutelia

ganhos em sauacutede

Sauacutede Oral

e EPSrsquorsquo 15

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

F l u o r e t o s

F u n d a m e n t a ccedil atilde o e R e c o m e n d a ccedil otilde e s d a T a s k F o r c e

Documento produzido pela Task Force constituiacuteda pelo Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr

Ricardo Jorge Direcccedilatildeo-Geral de Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura Faculdade de

Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Medicina Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria

Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa e Porto Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento Instituto Superior de

Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia

Ordem dos Meacutedicos Dentistas Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria Sociedade Portuguesa de

Pediatria e os serviccedilos da DGS Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede Divisatildeo de Sauacutede Ambiental

Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

1 F l u o r e t o s

A evidecircncia cientiacutefica tem demonstrado que as mudanccedilas observadas no padratildeo da doenccedila caacuterie

dentaacuteria ocorrem pela implementaccedilatildeo de programas preventivos e terapecircuticos de acircmbito comunitaacuterio

e por estrateacutegias de acccedilatildeo especiacuteficas dirigidas a grupos de risco com criteriosa utilizaccedilatildeo dos

fluoretos

O fluacuteor eacute o elemento mais electronegativo da tabela perioacutedica e raramente existe isolado sendo por

isso habitualmente referido como fluoreto Na natureza encontra-se sob a forma de um iatildeo (F-) em

associaccedilatildeo com o caacutelcio foacutesforo alumiacutenio e tambeacutem como parte de certos silicatos como o topaacutezio

Normalmente presente nas rochas plantas ar aacuteguas e solos este elemento faz parte da constituiccedilatildeo de

alguns materiais plaacutesticos e pode tambeacutem estar presente na constituiccedilatildeo de alguns fertilizantes

contribuindo desta forma para a sua presenccedila no solo aacutegua e alimentos No solo o conteuacutedo de

fluoretos varia entre 20 e 500 ppm contudo nas camadas mais profundas o seu niacutevel aumenta No ar a

concentraccedilatildeo normal de fluoretos oscila entre 005 e 190microgm3 1

Do fluacuteor que eacute ingerido entre 75 e 90 eacute absorvido por via digestiva sendo a mucosa bucal

responsaacutevel pela absorccedilatildeo de menos de 1 Depois de absorvido passa para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea

sob a forma ioacutenica ou de compostos orgacircnicos lipossoluacuteveis A forma ioacutenica que circula livremente e

natildeo se liga agraves proteiacutenas nem aos componentes plasmaacuteticos nem aos tecidos moles eacute a que vai estar

disponiacutevel para ser absorvida pelos tecidos duros Da quantidade total de fluacuteor presente no organismo

99 encontra-se nos tecidos calcificados Entre 10 e 25 do aporte diaacuterio de fluacuteor natildeo chega a ser

absorvido vindo a ser excretado pelas fezes O fluacuteor absorvido natildeo utilizado (cerca de 50) eacute

eliminado por via renal2

O fluacuteor tem uma grande afinidade com a apatite presente no organismo com a qual cria ligaccedilotildees

fortes que natildeo satildeo irreversiacuteveis Este facto deve-se agrave facilidade com que os radicais hidroxilos da

hidroxiapatite satildeo substituiacutedos pelos iotildees fluacuteor formando fluorapatite No entanto a apatite normal do

ser humano presente no osso e dente mesmo em condiccedilotildees ideais de presenccedila de fluacuteor nunca se

aproxima da composiccedilatildeo da fluorapatite pura

Quando o fluacuteor eacute ingerido passa pela cavidade oral daiacute resultando a deposiccedilatildeo de uma determinada

quantidade nos tecidos e liacutequidos aiacute existentes A mucosa jugal as gengivas a placa bacteriana os

dentes e a saliva vatildeo beneficiar imediatamente de um aporte directo de fluacuteor que pode permitir que a

sua disponibilidade na cavidade oral se prolongue por periacuteodos mais longos Eacute um facto que a presenccedila

de fluacuteor no meio oral independentemente da sua fonte resulta numa acccedilatildeo preventiva e terapecircutica

extremamente importante

Nota 22 mg de fluoreto de soacutedio correspondem a 1 mg de fluacuteor Quando se dilui 1 mg de fluacuteor em um litro de aacutegua pura

considera-se que essa aacutegua passou a ter 1 ppm de fluacuteor

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 2

Considera-se actualmente que os benefiacutecios dos fluoretos resultam basicamente da sua acccedilatildeo toacutepica

sobre a superfiacutecie do dente enquanto a sua acccedilatildeo sisteacutemica (preacute-eruptiva) eacute muito menos importante

A acccedilatildeo preventiva e terapecircutica dos fluoretos eacute conseguida predominantemente pela sua acccedilatildeo toacutepica

quer nas crianccedilas quer nos adultos atraveacutes de trecircs mecanismos diferentes responsaacuteveis pela

bull inibiccedilatildeo do processo de desmineralizaccedilatildeo

bull potenciaccedilatildeo do processo de remineralizaccedilatildeo

bull inibiccedilatildeo da acccedilatildeo da placa bacteriana

O uso racional dos fluoretos na profilaxia da caacuterie dentaacuteria com eficaacutecia e seguranccedila baseia-se no

conhecimento actualizado dos seus mecanismos de acccedilatildeo e da sua toxicologia

Com base na evidecircncia cientiacutefica a estrateacutegia de utilizaccedilatildeo dos fluoretos em sauacutede oral foi redefinida

tendo em conta que a sua acccedilatildeo preventiva eacute predominantemente poacutes-eruptiva e toacutepica e a sua acccedilatildeo

toacutexica com repercussotildees a niacutevel dentaacuterio eacute preacute-eruptiva e sisteacutemica

Estudos epidemioloacutegicos efectuados pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) sobre os efeitos do

fluacuteor na sauacutede humana referem que valores compreendidos entre 1 e 15 ppm natildeo representam risco

acrescido Contudo valores entre 15 e 2 ppm em climas quentes poderatildeo contribuir para a ocorrecircncia

de casos de fluorose dentaacuteria e valores entre 3 a 6 ppm para o aparecimento de fluorose oacutessea

Para a OMS a concentraccedilatildeo oacuteptima de fluoretos na aacutegua quando esta eacute sujeita a fluoretaccedilatildeo deve

estar compreendida entre 05 e 15 ppm de F dependendo este valor da temperatura meacutedia do local

que condiciona a quantidade de aacutegua ingerida nas zonas mais frias o valor maacuteximo pode estar perto

do limite superior nas zonas mais quentes o valor deve estar perto do limite inferior para uma

prevenccedilatildeo eficaz da caacuterie dentaacuteria Para que os riscos de fluorose estejam diminuiacutedos os programas de

fluoretaccedilatildeo das aacuteguas devem obedecer a criteacuterios claramente definidos

Nas regiotildees onde a aacutegua da rede puacuteblica conteacutem menos de 03 ppm (mgl) de fluoretos (situaccedilatildeo mais

frequente em Portugal Continental) a dose profilaacutectica oacuteptima considerando a soma de todas as fontes

de fluoretos eacute de 005mgkgdia3

11 Toxicidade Aguda

Uma intoxicaccedilatildeo aguda pelo fluacuteor eacute uma possibilidade extremamente rara Alguns casos tecircm sido

descritos na literatura Estudos efectuados em roedores e extrapolados para o homem adulto permitem

pensar que a dose letal miacutenima de fluacuteor seja de aproximadamente 2 gramas ou 32 a 64 mgkg de peso

corporal mas para uma crianccedila bastam 15 mgkg de peso corporal 2

A partir da ingestatildeo de doses superiores a 5mgkg de peso corporal considera-se a hipoacutetese de vir a ter

efeitos toacutexicos

As crianccedilas pequenas tecircm um risco acrescido de ingerir doses de fluoretos atraveacutes do consumo de

produtos de higiene oral A ingestatildeo acidental de um quarto de um tubo com dentiacutefrico de 125 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 3

(1500 ppm de Fluacuteor) potildee em risco a vida de uma crianccedila de um ano de idade O risco de ingestatildeo

acidental por crianccedilas eacute real e eacute adjuvado pelo tipo de embalagens destes produtos que natildeo tecircm

dispositivos de seguranccedila para a sua abertura

A toxicidade aguda pelos fluoretos poderaacute manifestar-se por queixas digestivas (dor abdominal

voacutemitos hematemeses e melenas) neuroloacutegicas (tremores convulsotildees tetania deliacuterio lentificaccedilatildeo da

voz) renais (urina turva hematuacuteria) metaboacutelicas (hipocalceacutemia hipomagnesieacutemia hipercalieacutemia)

cardiovasculares (arritmias hipotensatildeo) e respiratoacuterias (depressatildeo respiratoacuteria apneias) 4

12 Toxicidade Croacutenica

A dose total diaacuteria de fluoretos administrados por via sisteacutemica isenta de risco de toxicidade croacutenica

situa-se abaixo de 005 mgkgdia de peso A partir desses valores aumentam as manifestaccedilotildees atraveacutes

do aparecimento de hipomineralizaccedilatildeo do esmalte que se revela por fluorose dentaacuteria Com

concentraccedilotildees acima de 25 ppm na aacutegua esta manifestaccedilatildeo eacute mais evidente sendo tanto mais grave

quanto a concentraccedilatildeo de fluoretos vai aumentando O periacuteodo criacutetico para o efeito toacutexico do fluacuteor se

manifestar sobre a denticcedilatildeo permanente eacute entre o nascimento e os 7 anos de idade (ateacute aos 3 anos eacute o

periacuteodo mais criacutetico) Quando existem fluoretos ateacute 3 ppm na aacutegua aleacutem da fluorose natildeo parece

existir qualquer outro efeito toacutexico na sauacutede A partir deste valor aumenta o risco de nefrotoxicidade

Como qualquer outro medicamento os fluoretos em dose excessiva tecircm efeitos toacutexicos que

normalmente se manifestam atraveacutes de uma interferecircncia na esteacutetica dentaacuteria Essa manifestaccedilatildeo eacute a

fluorose dentaacuteria

Estudos recentes sobre suplementos de fluoretos e fluorose 5 confirmam que as comunidades sem aacutegua

fluoretada e que utilizam suplementos de fluoretos durante os primeiros 6 anos de vida apresentam

um aumento do risco de desenvolver fluorose

O principal factor de risco para o aparecimento de fluorose dentaacuteria eacute o aporte total de fluoretos

provenientes de diferentes fontes nomeadamente da alimentaccedilatildeo incluindo a aacutegua e os suplementos

alimentares dentiacutefricos e soluccedilotildees para bochechos comprimidos e gotas e ingestatildeo acidental que natildeo

satildeo faacuteceis de quantificar

A fluorose dentaacuteria aumentou nos uacuteltimos anos em comunidades com e sem aacutegua fluoretada 6

2 F l u o r e t o s n a aacute g u a

2 1 Aacute g u a d e a b a s t e c i m e n t o p uacute b l i c o

A fluoretaccedilatildeo das aacuteguas para consumo humano como meio de suprir o deacutefice de fluoretos na aacutegua eacute

uma praacutetica comum em alguns paiacuteses como o Brasil Austraacutelia Canadaacute EUA e Nova Zelacircndia

Apesar de serem tatildeo diferentes quer do ponto de vista soacutecioeconoacutemico quer geograacutefico eles detecircm

uma experiecircncia superior a 25 anos neste domiacutenio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 4

Na Europa a maior parte dos paiacuteses natildeo faz fluoretaccedilatildeo das suas aacuteguas para consumo humano agrave

excepccedilatildeo da Irlanda da Suiacuteccedila (Basileia) e de 10 da populaccedilatildeo do Reino Unido Na Alemanha eacute

proibido e nos restantes paiacuteses eacute desaconselhado

Nos paiacuteses em que se faz fluoretaccedilatildeo da aacutegua alguns estudos demonstraram natildeo ter existido um ganho

efectivo na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria No entanto outros como a Austraacutelia no Estado de Victoacuteria

onde a fluoretaccedilatildeo da aacutegua se faz regularmente observaram-se ganhos efectivos na sauacutede oral da

populaccedilatildeo com consequentes ganhos econoacutemicos

Recomendaccedilatildeo Eacute indispensaacutevel avaliar a qualidade das aacuteguas de abastecimento puacuteblico periodicamente e corrigir os

paracircmetros alterados

Na aacutegua os valores das concentraccedilotildees de fluoretos estatildeo compreendidas entre 01 a 07 ppm Contudo

em alguns casos podem apresentar valores muito mais elevados

Quando a aacutegua apresenta valores de ph superiores a 8 e o iatildeo soacutedio e os carbonatos satildeo dominantes os

valores de fluoretos normalmente presentes excedem 1 ppm

Nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica os fluoretos podem existir naturalmente ou resultar de um

programa de fluoretaccedilatildeo Em Portugal Continental os valores satildeo normalmente baixos e as aacuteguas natildeo

estatildeo sujeitas a fluoretaccedilatildeo artificial O teor de fluoretos deveraacute ser controlado regularmente de modo

a preservar os interesses da sauacutede puacuteblica 7

Na definiccedilatildeo de um valor guia para a aacutegua de consumo humano a OMS propotildee o valor limite de 15

ppm de Fluacuteor referindo que valores superiores podem contribuir para o aumento do risco de fluorose

A Agecircncia Americana para o Ambiente (USEPA) refere um valor maacuteximo admissiacutevel de fluoretos na

aacutegua de consumo humano de 15 ppm e recomenda que nunca se ultrapasse os 4 ppm

Em Portugal a legislaccedilatildeo actualmente em vigor sobre a qualidade da aacutegua para consumo humano

decreto-lei nordm 23698 de 1 de Agosto define dois Valores Maacuteximos Admissiacuteveis (VMA) para os

fluoretos 15 ppm (8 a 12 ordmC) e 07 ppm (25 a 30 ordmC) O decreto-lei nordm 2432001 de 5 de Setembro

que transpotildee a Directiva Comunitaacuteria nordm 9883CE de 3 de Novembro que entrou em vigor em 25 de

Dezembro de 2003 define para os fluoretos um Valor Parameacutetrico (VP) de 15 ppm

O decreto-lei nordm 24301 remete para a Entidade Gestora a verificaccedilatildeo da conformidade dos valores

parameacutetricos obrigatoacuterios aplicaacuteveis agrave aacutegua para consumo humano Sempre que um valor parameacutetrico

eacute excedido isso corresponde a uma situaccedilatildeo de incumprimento e perante esta situaccedilatildeo a entidade

gestora deve de imediato informar a autoridade de sauacutede e a entidade competente dando conta das

medidas correctoras adoptadas ou em curso para restabelecer a qualidade da aacutegua destinada a consumo

humano

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 5

Deve ter-se em atenccedilatildeo o desvio em relaccedilatildeo ao valor parameacutetrico fixado e o perigo potencial para a

sauacutede humana

Segundo o decreto-lei supra mencionado artigo 9ordm compete agraves autoridades de sauacutede a vigilacircncia

sanitaacuteria e a avaliaccedilatildeo do risco para a sauacutede puacuteblica da qualidade da aacutegua destinada ao consumo

humano Sempre que o risco exista e o incumprimento persistir a autoridade de sauacutede deve informar e

aconselhar os consumidores afectados e determinar a proibiccedilatildeo de abastecimento restringir a

utilizaccedilatildeo da aacutegua que constitua um perigo potencial para a sauacutede humana e adoptar todas as medidas

necessaacuterias para proteger a sauacutede humana

Nos Accedilores e na Madeira ou em zonas onde o teor de fluoretos na aacutegua eacute muito elevado deveraacute ser

feita uma verificaccedilatildeo da constante e a correcccedilatildeo adequada

Os principais tratamentos de desfluoretaccedilatildeo envolvem a floculaccedilatildeo da aacutegua usando sais hidratados de

alumiacutenio principalmente em condiccedilotildees alcalinas No caso de aacuteguas aacutecidas pode-se adicionar cal e

alternativamente pode-se recorrer agrave adsorccedilatildeo com carvatildeo activado ou alumina activada ( Al2O3 ) ou

por permuta ioacutenica usando resinas especiacuteficas

Recomendaccedilatildeo Ateacute aos 6-7 anos as crianccedilas natildeo devem ingerir regularmente aacutegua com teor de fluoretos superior a 07 ppm

Recomendaccedilatildeo Sempre que o valor parameacutetrico dos fluoretos na aacutegua para consumo humano exceder 15 ppm deveratildeo ser aplicadas

medidas correctoras para restabelecer a qualidade da aacutegua

2 2 Aacute g u a s m i n e r a i s n a t u r a i s e n g a r r a f a d a s

As aacuteguas minerais naturais engarrafadas deveratildeo no futuro ter rotulagem de acordo com a Directiva

Comunitaacuteria 200340CE da Comissatildeo Europeia de 16 de Maio publicada no Jornal Oficial da Uniatildeo

Europeia em 2252003 artigo 4ordm laquo1 As aacuteguas minerais naturais cuja concentraccedilatildeo em fluacuteor for

superior a 15 mgl (ppm) devem ostentar no roacutetulo a menccedilatildeo lsquoconteacutem mais de 15 mgl (ppm) de

fluacuteor natildeo eacute adequado o seu consumo regular por lactentes nem por crianccedilas com menos de 7 anosrsquo

2 No roacutetulo a menccedilatildeo prevista no nordm 1 deve figurar na proximidade imediata da denominaccedilatildeo de

venda e em caracteres claramente visiacuteveis 3

As aacuteguas minerais naturais que em aplicaccedilatildeo do nordm 1 tiverem de ostentar uma menccedilatildeo no roacutetulo

devem incluir a indicaccedilatildeo do teor real em fluacuteor a niacutevel da composiccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica em constituintes

caracteriacutesticos tal como previsto no nordm 2 aliacutenea a) do artigo 7ordm da Directiva 80777CEEraquo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 6

Para as aacuteguas de nascente cujas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas satildeo definidas pelo Decreto-lei

2432001 de 5 de Setembro em vigor desde Dezembro de 2003 os limites para o teor de fluoretos satildeo

de 15 mgl (ppm)

De acordo com o parecer do Scientific Committee on Food - Comiteacute Cientiacutefico de Alimentaccedilatildeo

Humana (expresso em Dezembro de 1996) a Comissatildeo natildeo vecirc razotildees para nos climas da Uniatildeo

Europeia (climas temperados) limitar os fluoretos nas aacuteguas de consumo humano e nas aacuteguas minerais

naturais para valores inferiores a 15mgl (ppm)

3 F l u o r e t o s n o s g eacute n e r o s a l i m e n t iacute c i o s

Entende-se por lsquogeacutenero alimentiacuteciorsquo qualquer substacircncia ou produto transformado parcialmente

transformado ou natildeo transformado destinado a ser ingerido pelo ser humano ou com razoaacuteveis

probabilidades de o ser Este termo abrange bebidas pastilhas elaacutesticas e todas as substacircncias

incluindo a aacutegua intencionalmente incorporadas nos geacuteneros alimentiacutecios durante o seu fabrico

preparaccedilatildeo ou tratamento8 9

Na alimentaccedilatildeo as estimativas de ingestatildeo de fluacuteor atraveacutes da dieta variam entre 02 e 34 mgdia

sendo estes uacuteltimos valores atingidos quando se inclui o chaacute na alimentaccedilatildeo A ingestatildeo de fluoretos

provenientes dos alimentos comuns eacute pouco significativa Apenas 13 se apresentam na forma

ionizaacutevel e portanto biodisponiacutevel

Recomendaccedilatildeo Independentemente da origem ao utilizar aacutegua informe-se sobre o seu teor em fluoretos As que tecircm um elevado teor

deste elemento natildeo satildeo adequadas para lactentes e crianccedilas com menos de 7 anos

Recomendaccedilatildeo Dar prioridade a uma dieta equilibrada e saudaacutevel com diversidade alimentar Utilizar a aacutegua da cozedura dos

alimentos para confeccionar outros alimentos (ex sopas arroz)

No iniacutecio do ano de 2003 a Comissatildeo Europeia apresentou uma nova proposta de Directiva

Comunitaacuteria relativa agrave ldquoAdiccedilatildeo aos geacuteneros alimentiacutecios de vitaminas minerais e outras substacircnciasrdquo

onde os fluoretos satildeo referidos como podendo ser adicionados a geacuteneros alimentiacutecios comuns Nesta

proposta de Directiva Comunitaacuteria eacute sugerida a inclusatildeo de determinados nutrimentos (entre eles o

fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de geacuteneros alimentiacutecios comuns Esta proposta

prevista no Livro Branco da Comissatildeo ainda estaacute numa fase inicial de discussatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 7

4 F l u o r e t o s e m s u p l e m e n t o a l i m e n t a r

Entende-se por lsquosuplementos alimentaresrsquo geacuteneros alimentiacutecios que se destinam a complementar e ou

suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas

substacircncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisioloacutegico estremes ou combinados

comercializados em forma doseada tais como caacutepsulas pastilhas comprimidos piacutelulas e outras

formas semelhantes saquetas de poacute ampola de liacutequido frascos com conta gotas e outras formas

similares de liacutequido ou poacute que se destinam a ser tomados em unidades medidas de quantidade

reduzida10

A Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002

transposta para o direito nacional pelo Decreto-lei nordm 1362003 de 28 de Junho relativa agrave aproximaccedilatildeo

das legislaccedilotildees dos Estados-Membros respeitantes aos suplementos alimentares vai permitir a inclusatildeo

de determinados nutrimentos (entre eles o fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de

suplementos alimentares11

A partir de 28 de Agosto de 2003 os fluoretos poderatildeo ser comercializados como suplemento

alimentar passando a estar disponiacutevel em farmaacutecias e superfiacutecies comerciais

As quantidades maacuteximas de vitaminas e minerais presentes nos suplementos alimentares satildeo fixadas

em funccedilatildeo da toma diaacuteria recomendada pelo fabricante tendo em conta os seguintes elementos

a) limites superiores de seguranccedila estabelecidos para as vitaminas e os minerais apoacutes uma

avaliaccedilatildeo dos riscos efectuada com base em dados cientiacuteficos geralmente aceites tendo em

conta quando for caso disso os diversos graus de sensibilidade dos diferentes grupos de

consumidores

b) quantidade de vitaminas e minerais ingerida atraveacutes de outras fontes alimentares

c) doses de referecircncia de vitaminas e minerais para a populaccedilatildeo

Recomendaccedilatildeo Nunca ultrapassar a toma indicada no roacutetulo do produto e natildeo utilizar um suplemento alimentar como substituto de um

regime alimentar variado

As quantidades maacuteximas e miacutenimas de vitaminas e minerais referidas seratildeo adoptadas pela Comissatildeo

Europeia assistida pelo Comiteacute de Regulamentaccedilatildeo

Em Portugal a Agecircncia para a Qualidade e Seguranccedila Alimentar viraacute a ter informaccedilatildeo sobre todos os

suplementos alimentares comercializados como geacuteneros alimentiacutecios e introduzidos no mercado de

acordo com o Decreto-lei nordm 1362003

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 8

A rotulagem dos suplementos alimentares natildeo poderaacute mencionar nem fazer qualquer referecircncia a

prevenccedilatildeo tratamento ou cura de doenccedilas humanas e deveraacute indicar uma advertecircncia de que os

produtos devem ser guardados fora do alcance das crianccedilas

5 F luore tos em med icamentos e p rodutos cosmeacutet icos de h ig iene corpora l

A distinccedilatildeo entre Medicamento e Produto Cosmeacutetico de Higiene Corporal contendo fluoretos depende

do seu teor no produto Os cosmeacuteticos contecircm obrigatoriamente uma concentraccedilatildeo de fluoretos inferior

a 015 (1500 ppm) (Decreto-lei 1002001 de 28 de Marccedilo I Seacuterie A) sendo que todos os dentiacutefricos

com concentraccedilotildees de fluoretos superior a 015 satildeo obrigatoriamente classificados como

medicamentos

Os medicamentos contendo fluoretos e utilizados para a profilaxia da caacuterie dentaacuteria existentes no

mercado portuguecircs satildeo de venda livre em farmaacutecia Encontram-se disponiacuteveis nas formas

farmacecircuticas de soluccedilatildeo oral (gotas orais) comprimidos dentiacutefricos gel dentaacuterio e soluccedilatildeo de

bochecho

5 1 F l u o r e t o s e m c o m p r i m i d o s e g o t a s o r a i s

A utilizaccedilatildeo de medicamentos contendo fluoretos na forma de gotas orais e comprimidos foi ateacute haacute

pouco recomendada pelos profissionais de sauacutede (pediatras meacutedicos de famiacutelia cliacutenicos gerais

meacutedicos estomatologistas meacutedicos dentistas) dos 6 meses ateacute aos 16 anos

A clarificaccedilatildeo do mecanismo de acccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria e o aumento de

aporte dos mesmos com consequentes riscos de manifestaccedilatildeo toacutexica obrigaram agrave revisatildeo da sua

administraccedilatildeo em comprimidos eou gotas A gravidade da fluorose dentaacuteria estaacute relacionada com a

dose a duraccedilatildeo e com a idade em que ocorre a exposiccedilatildeo ao fluacuteor 12 13

A ldquoCanadian Consensus Conference on the Appropriate Use of Fluoride Supplements for the

Prevention of Dental Caries in Childrenrdquo 14definiu um protocolo cuja utilizaccedilatildeo eacute recomendada a

profissionais de sauacutede em que se fundamenta a tomada de decisatildeo sobre a necessidade ou natildeo da

suplementaccedilatildeo de fluacuteor A administraccedilatildeo de comprimidos soacute eacute recomendada quando o teor de fluoretos

na aacutegua de abastecimento puacuteblico for inferior a 03 ppm e

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) natildeo escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas

vezes por dia

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas vezes

por dia mas apresenta um alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 9

Por sua vez a conclusatildeo do laquoForum on Fluoridation 2002raquo15 relativamente agrave administraccedilatildeo de

suplementos de fluoretos foi a seguinte limitar a utilizaccedilatildeo de comprimidos de fluoretos a aacutereas onde

natildeo existe aacutegua fluoretada e iniciar essa suplementaccedilatildeo apenas a crianccedilas com alto risco agrave caacuterie e a

partir dos 3 anos

Os comprimidos de fluoretos caso sejam indicados devem ser usados pelo interesse da sua acccedilatildeo

toacutepica Devem ser dissolvidos na boca em vez de imediatamente ingeridos16

A administraccedilatildeo de fluoretos sob a forma de comprimidos chupados soacute deveraacute ser efectuada em

situaccedilotildees excepcionais isto eacute em populaccedilotildees de baixos recursos econoacutemicos nas quais a escovagem

natildeo possa ser promovida e os iacutendices de caacuterie sejam elevados

Para evitar a potencial toxicidade dos fluoretos antes de qualquer prescriccedilatildeo todos os profissionais de

sauacutede devem efectuar uma avaliaccedilatildeo personalizada dos aportes diaacuterios de cada crianccedila tendo em conta

todas as fontes possiacuteveis desse elemento alimentos comuns suplementos alimentares consumo de

aacutegua da rede puacuteblica eou aacutegua engarrafada e respectivo teor de fluoretos e utilizaccedilatildeo de medicamentos

e produtos cosmeacuteticos contendo fluacuteor

Recomendaccedilatildeo A partir dos 3 anos os suplementos sisteacutemicos de fluoretos poderatildeo ser prescritos pelo meacutedico assistente ou meacutedico dentista em crianccedilas que apresentem um alto risco

agrave caacuterie dentaacuteria

5 2 F l u o r e t o s e m d e n t iacute f r i c o s

Hoje em dia a maior parte dos dentiacutefricos agrave venda no mercado contecircm fluoretos sob diferentes formas

fluoreto de soacutedio monofluorfosfato de soacutedio fluoreto de amina e outros Os mais utilizados satildeo o

fluoreto de soacutedio e o monofluorfosfato de soacutedio

Normalmente o conteuacutedo de fluoreto dos dentiacutefricos eacute de 1000 a 1100 ppm (ou 010 a 011)

podendo variar entre 500 e 1500 ppm

Durante a escovagem cerca de 34 da pasta eacute ingerida por crianccedilas de 3 anos 28 pelas de 4-5 anos

e 20 pelas de 5-7 anos

Devem ser evitados dentiacutefricos com sabor a fruta para impedir o seu consumo em excesso uma vez

que estatildeo jaacute descritos na literatura casos de fluorose resultantes do abuso de dentiacutefricos2

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluoretos duas vezes por dia tem-se revelado um

meio colectivo de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria com grande efectividade e baixo custo pelo que deve

ser considerado o meio de eleiccedilatildeo em estrateacutegias comunitaacuterias

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 10

Do ponto de vista da prevenccedilatildeo da caacuterie a aplicaccedilatildeo toacutepica de dentiacutefrico fluoretado com a escova dos

dentes deve ser executada duas vezes por dia e deve iniciar-se quando se daacute a erupccedilatildeo dos dentes Esta

rotina diaacuteria de higiene executada naturalmente com muito cuidado pelos pais deve

progressivamente ser assumida pela crianccedila ateacute aos 6-8 anos de idade Durante este periacuteodo a

escovagem deve ser sempre vigiada pelos pais ou educadores consoante as circunstacircncias para evitar

a utilizaccedilatildeo de quantidades excessivas de dentiacutefrico o qual pode da mesma forma que os

comprimidos conduzir antes dos 6 anos agrave ocorrecircncia de fluorose

As crianccedilas devem usar dentiacutefrico com teor de fluoretos entre 1000-1500 ppm de fluoreto (dentiacutefrico

de adulto) sendo a quantidade a utilizar do tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

Apoacutes a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado pode-se natildeo bochechar com aacutegua Deveraacute

apenas cuspir-se o excesso de pasta Deste modo consegue-se uma mais alta concentraccedilatildeo de fluoreto

na cavidade oral que vai actuar topicamente durante mais tempo

Os pais das crianccedilas devem receber informaccedilatildeo sobre a escovagem dentaacuteria e o uso de dentiacutefricos

fluoretados A escovagem com dentiacutefrico fluoretado deve iniciar-se imediatamente apoacutes a erupccedilatildeo dos

primeiros dentes Os dentiacutefricos fluoretados devem ser guardados em locais inacessiacuteveis agraves crianccedilas

pequenas17

5 3 F l u o r e t o s e m s o l u ccedil otilde e s d e b o c h e c h o

As soluccedilotildees para bochechos recomendadas a partir dos 6 anos de idade tecircm sido utilizadas em

programas escolares de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria em inuacutemeros paiacuteses incluindo Portugal Satildeo

recomendadas a indiviacuteduos de maior risco agrave caacuterie dentaacuteria mas a sua utilizaccedilatildeo tem vido a ser

restringida a crianccedilas que escovam eficazmente os dentes

Recomendaccedilatildeo Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Recomendaccedilatildeo A partir dos 6 anos de idade deve ser feito o bochecho quinzenalmente com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

02

As soluccedilotildees fluoretadas de uso diaacuterio habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

005 e as de uso semanal ou quinzenal habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de 02

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 11

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 12

Referecircncias

1 Diegues P Linhas de Orientaccedilatildeo associadas agrave presenccedila de fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento 2003 Documento produzido no acircmbito da task force Sauacutede Oral e Fluacuteor Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar e na Divisatildeo de Sauacutede Ambiental da DGS 2 Melo PRGR Influecircncia de diferentes meacutetodos de administraccedilatildeo de fluoretos nas variaccedilotildees de incidecircncia de caacuterie Porto Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto 2001 Tese de doutoramento 3 Agence Francaise de Seacutecuriteacute des Produits de Santeacute Mise au point sur le fluacuteor et la prevention de la carie dentaire AFSPS 31 Juillet 2002 4 Leikin JB Paloucek FP Poisoning amp Toxicology Handbook 3th edition Hudson Lexi- Comp 2002 586-7 5 Ismail AI Bandekar RR Fluoride suplements and fluorosis a meta-analysis Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 48-56 6 Steven ML An update on Fluorides and Fluorosis J Can Dent Assoc 200369(5)268-91 7 Pinto R Cristovatildeo E Vinhais T Castro MF Teor de fluoretos nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica nas sedes de concelho de Portugal Continental Revista Portuguesa de Estomatologia Medicina Dentaacuteria e Cirurgia Maxilofacial 1999 40(3)125-42 8 Regulamento 1782002 do Parlamento Europeu e do Conselho de 28 de Janeiro Jornal Oficial das Comunidades Europeias (2002021) 9 Decreto ndash lei nordm 5601999 DR I Seacuterie A 147 (991218) 10 Decreto ndash lei nordm 1362003 DR I Seacuterie A 293 (20030628) 11 Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002 Jornal Oficial das Comunidades Europeias (20020712) 12 Aoba T Fejerskov O Dental fluorosis Chemistry and Biology Crit Rev Oral Biol Med 2002 13(2) 155-70 13 DenBesten PK Biological mechanisms of dental fluorosis relevant to the use of fluoride supplements Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 41-7 14 Limeback H Introduction to the conference Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 27-30 15 Report of the Forum of fluoridation 2002Governement of Ireland 2002 wwwfluoridationforumie 16 Featherstone JDB Prevention and reversal of dental caries role of low level fluoride Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 31-40 17 Pereira A Amorim A Peres F Peres FR Caldas IM Pereira JA Pereira ML Silva MJ Caacuteries Precoces da InfacircnciaLisboa Medisa Ediccedilotildees e Divulgaccedilotildees Cientiacuteficas Lda 2001 Bibliografia

1 Almeida CM Sugestotildees para a Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2002 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e na Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa

2 Rompante P Fundamentos para a alteraccedilatildeo do Programa de Sauacutede Oral da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Documento realizado no acircmbito da Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2003 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e no Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede ndash Norte

3 Rompante P Determinaccedilatildeo da quantidade do elemento fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento puacuteblico na totalidade das sedes de concelho de Portugal Continental Porto Faculdade de Odontologia da Universidade de Barcelona 2002 Tese de Doutoramento

4 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in Children at High Caries Risk SIGN Publication 2000 47

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Page 34: Direcção-Geral da SaúdePrograma será complementado, sempre que oportuno, por orientações técnicas a emitir por esta Direcção-Geral. O Director-Geral e Alto Comissário da

34 Escovagem dos den tes ndash Organ izaccedilatildeo da ac t i v idade

A escovagem dos dentes deve ser feita diariamente no jardim-de-infacircncia e na escola apoacutes o almoccedilo agrave

entrada na sala de aula ou apoacutes o intervalo As crianccedilas poderatildeo escovar os dentes na casa de banho no

refeitoacuterio ou na proacutepria sala de aula O processo eacute simples natildeo exigindo muitas condiccedilotildees fiacutesicas das

escolas que satildeo frequentemente utilizadas para justificar a recusa desta actividade

Caso a escola tenha lavatoacuterios suficientes esta actividade pode ser feita na casa de banho Eacute necessaacuterio

definir a hora em que cada uma das salas vai utilizar esse espaccedilo Na casa de banho deveratildeo estar

apenas as crianccedilas que estatildeo a escovar os dentes Os outros esperam a sua vez em fila agrave porta Eacute

essencial que esteja algueacutem (auxiliar professoreducador ou voluntaacuterio) a vigiar para manter a ordem

organizar o processo e corrigir a teacutecnica da escovagem No final da escovagem cada crianccedila lava a

escova e o copo (se natildeo for descartaacutevel) e arruma no local destinado a esse efeito

Quando o espaccedilo fiacutesico natildeo permite que a escovagem seja feita na casa de banho esta actividade pode

ser feita na proacutepria sala de aula Nesta situaccedilatildeo se for possiacutevel utilizar copos descartaacuteveis ou copos de

iogurte facilita o processo e torna-o menos moroso Os alunos mantecircm-se sentados nas suas cadeiras

Retiram da sua mochila o estojo com a escova e o dentiacutefrico Um dos alunos distribui os copos e os

guardanapos (ou toalhetes de papel ou papel higieacutenico) Os alunos escovam os dentes todos ao mesmo

tempo podendo ateacute fazecirc-lo com muacutesica O professor deve ir corrigindo a teacutecnica de escovagem Apoacutes

a escovagem as crianccedilas cospem o excesso de dentiacutefrico para o copo limpam a boca tiram o excesso

de dentiacutefrico e saliva da escova com o papel ou o guardanapo e por fim colocam-no dentro do copo

Tapam a escova e arrumam-na em estojo proacuteprio ou na mochila juntamente com o dentiacutefrico No final

um dos alunos vai buscar um saco de lixo passa por todas as carteiras para que cada uma coloque o

seu copo no lixo Caso alguma das crianccedilas natildeo tolere o restos de dentiacutefrico na cavidade oral pode

colocar-se uma pequena porccedilatildeo de aacutegua no copo e no fim da escovagem bochecha e cospe para o

copo Os pais dos alunos devem ser instruiacutedos para se certificarem que em casa a crianccedila lava a sua

escova com aacutegua corrente e volta a colocaacute-la na mochila No sentido de facilitar o procedimento

recomenda-se que os copos sejam descartaacuteveis e as escovas tenham tampa

35 Escovagem dos den tes - A teacutecn ica A escovagem dos dentes para ser eficaz ou seja para remover a placa bacteriana necessita ser feita

com rigor e demora 2 a 3 minutos Quando se utiliza uma escova manual a escovagem faz-se da

seguinte forma

inclinar a escova em direcccedilatildeo agrave gengiva (cerca de 45ordm) e fazer pequenos movimentos vibratoacuterios

horizontais ou circulares de modo a que os pelos da escova limpem o sulco gengival (espaccedilo que

fica entre o dente e a gengiva)

se for difiacutecil manter esta posiccedilatildeo colocar os pecirclos da escova perpendicularmente agrave gengiva e agrave

superfiacutecie do dente

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 12

escovar 2 dentes de cada vez (os correspondentes ao tamanho da cabeccedila da escova) fazendo

aproximadamente 10 movimentos (ou 5 caso sejam crianccedilas ateacute aos 6 anos) nas superfiacutecies

dentaacuterias abarcadas pela escova

comeccedilar a escovagem pela superfiacutecie externa (do lado da bochecha) do dente mais posterior de um

dos maxilares e continuar a escovar ateacute atingir o uacuteltimo dente da extremidade oposta desse

maxilar

com a mesma sequecircncia escovar as superfiacutecies dentaacuterias do lado da liacutengua

proceder do mesmo modo para fazer a escovagem dos dentes do outro maxilar

escovar as superfiacutecies mastigatoacuterias dos dentes com movimentos de vaiveacutem

por fim pode escovar-se a liacutengua

Quando se utiliza uma escova de dentes eleacutectrica segue-se a mesma sequecircncia de escovagem O

movimento da escova eacute feito automaticamente natildeo deve ser feita pressatildeo ou movimentos adicionais

sobre os dentes A escova desloca-se ao longo da arcada escovando um soacute dente de cada vez A

escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluacuteor deve ser feita duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente agrave noite antes de deitar

3 6 Uso do f io den taacute r io A partir do momento em que haacute destreza manual (a partir dos 8 anos) eacute indispensaacutevel o uso do fio ou

fita dentaacuteria que se utiliza da seguinte forma

retirar cerca de 40 cm de fio (ou fita) do porta fio

enrolar a quase totalidade do fio no dedo meacutedio de uma matildeo e uma pequena porccedilatildeo no dedo meacutedio

da outra matildeo deixando entre os dois dedos uma porccedilatildeo de fio com aproximadamente 25 cm

Quando as crianccedilas satildeo mais pequenas pode retirar-se uma porccedilatildeo mais pequena de fio cerca de

30 cm dar um noacute juntando as 2 pontas formando um ciacuterculo com o fio natildeo havendo necessidade

de o enrolar nos dedos Eacute importante utilizar sempre fio limpo em cada espaccedilo interdentaacuterio Os

polegares eou os indicadores ajudam a manuseaacute-lo

introduzir o fio cuidadosamente entre dois dentes e curva-lo agrave volta do dente que se quer limpar

fazendo com que tome a forma de um ldquoCrdquo

executar movimentos curtos horizontais desde o ponto de contacto entre os dentes ateacute ao sulco

gengival em cada uma das faces que delimitam o espaccedilo interdentaacuterio

repetir este procedimento ateacute que todos os espaccedilos interdentaacuterios de todos os dentes estejam

devidamente limpos

O fio dentaacuterio deve ser utilizado uma vez por dia de preferecircncia agrave noite antes de deitar Na escola os

alunos poderatildeo a aprender a utilizar este meio de remoccedilatildeo de placa bacteriana interdentaacuterio sendo

importante envolver os pais no sentido de lhes pedir colaboraccedilatildeo e permitir que as crianccedilas o utilizem

em casa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 13

3 7 Reve lador de p laca bac te r i ana O uso de reveladores de placa bacteriana (em soluto ou em comprimidos mastigaacuteveis) permitem

avaliar a higiene oral e consequentemente melhorar as teacutecnicas de escovagem e de utilizaccedilatildeo do fio

dentaacuterio

A partir dos 6 anos de idade estes produtos podem ser usados para que as crianccedilas visualizem a placa

e mais facilmente compreendam que os seus dentes necessitam de ser cuidadosamente limpos

A eritrosina que tem a propriedade de corar de vermelho a placa bacteriana eacute um dos exemplos de

corantes que se podem utilizar Utiliza-se da seguinte forma

colocar 1 a 2 gotas por baixo da liacutengua ou mastigar um comprimido sem engolir

passar a liacutengua por todas as superfiacutecies dentaacuterias

bochechar com aacutegua

A placa bacteriana corada eacute facilmente removida atraveacutes da escovagem dos dentes e do fio dentaacuterio

Nota Para evitar que os laacutebios fiquem corados de vermelho antes de colocar o corante pode passar

batom creme gordo ou vaselina nos laacutebios

3 8 Bochecho f luore tado A partir dos 6 anos pode ser feito o bochecho quinzenal com fluoreto de soacutedio a 02 na escola da

seguinte forma

agitar a soluccedilatildeo e deitar 10 ml em cada copo e distribui-los

indicar a cada crianccedila para colocar o antebraccedilo no rebordo da mesa

introduzir a soluccedilatildeo na boca sem engolir

repousar a testa no antebraccedilo colocando o copo debaixo da boca

bochechar vigorosamente durante 1 minuto

apoacutes este periacuteodo deve ser cuspida tendo o cuidado de natildeo a engolir

Apoacutes o bochecho a crianccedila deve permanecer 30 minutos sem comer nem beber

39 Iacutendice de placa O Iacutendice de Placa (IP) eacute utilizado para quantificar a placa bacteriana em todas as superfiacutecies dentaacuterias e

reflecte os haacutebitos de higiene oral dos indiviacuteduos avaliados

Assim enquanto que um baixo Iacutendice de Placa poderaacute significar um bom impacto das acccedilotildees de

educaccedilatildeo para a sauacutede em sauacutede oral nomeadamente das relacionadas com a higiene um iacutendice

elevado sugere o contraacuterio

Em programas comunitaacuterios geralmente eacute utilizado o Iacutendice de Placa Simplificado que eacute mais raacutepido

de determinar sendo o resultado final igualmente fiaacutevel

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 14

Para se calcular o Iacutendice de Placa Simplificado eacute necessaacuterio atribuir um valor ao tamanho da placa

bacteriana existente nos seguintes 6 dentes e superfiacutecies predeterminados Maxilar superior

1 Primeiro molar superior direito - Superfiacutecie vestibular

2 Incisivo central superior direito - Superfiacutecie vestibular

3 Primeiro molar superior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

4 Primeiro molar inferior esquerdo - Superfiacutecie lingual

5 Incisivo central inferior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

6 Primeiro molar inferior direito - Superfiacutecie lingual

Para atribuir um valor ao tamanho da placa bacteriana existente em cada uma das su

acima referidas eacute necessaacuterio utilizar o revelador de placa bacteriana para a co

facilitar a sua observaccedilatildeo e respectiva classificaccedilatildeo e registo

A cada uma das superfiacutecies dentaacuterias soacute pode ser atribuiacutedo um dos seguintes valore

Valor 0

Valor 1

Valor 2

Valor 3

rarr Se a superfiacutecie do dente natildeo estaacute corada

rarr Se 13 da superfiacutecie estaacute corado

rarr Se 23 da superfiacutecie estatildeo corados

rarr Se estaacute corada toda a superfiacutecie

Feito o registo da observaccedilatildeo individual verifica-se que o somatoacuterio do conjunto de

poderaacute variar entre 0 (zero) e 18 (dezoito)

Dividindo por 6 (seis) este somatoacuterio obteacutem-se o Iacutendice de Placa Individual

Para determinar o Iacutendice de Placa de um grupo de indiviacuteduos divide-se o som

individuais pelo nuacutemero de indiviacuteduos observados multiplicado por seis (o nuacutemer

nuacutemero de dentes seleccionados por indiviacuteduo)

Assim o Iacutendice de Placa poderaacute variar entre 0 (zero) e 3 (trecircs)

Iacutendice de Placa (IP) = Somatoacuterio da classificaccedilatildeo dada a cada dente

Nordm de indiviacuteduos observados x 6

A sauacutede oral das crianccedilas e adolescentes eacute um grave problema de sauacutede puacuteblica ma

simples como as descritas neste documento executadas pelos proacuteprios eou com

encorajadas pela escola e pelos serviccedilos de sauacutede contribuem decididamente para

oral importantes e implementaccedilatildeo efectiva do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas d

Maxilar inferior

perfiacutecies dentaacuterias

rar e dessa forma

s

valores atribuiacutedos

atoacuterio dos valores

o seis representa o

s que com medidas

ajuda da famiacutelia

ganhos em sauacutede

Sauacutede Oral

e EPSrsquorsquo 15

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

F l u o r e t o s

F u n d a m e n t a ccedil atilde o e R e c o m e n d a ccedil otilde e s d a T a s k F o r c e

Documento produzido pela Task Force constituiacuteda pelo Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr

Ricardo Jorge Direcccedilatildeo-Geral de Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura Faculdade de

Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Medicina Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria

Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa e Porto Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento Instituto Superior de

Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia

Ordem dos Meacutedicos Dentistas Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria Sociedade Portuguesa de

Pediatria e os serviccedilos da DGS Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede Divisatildeo de Sauacutede Ambiental

Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

1 F l u o r e t o s

A evidecircncia cientiacutefica tem demonstrado que as mudanccedilas observadas no padratildeo da doenccedila caacuterie

dentaacuteria ocorrem pela implementaccedilatildeo de programas preventivos e terapecircuticos de acircmbito comunitaacuterio

e por estrateacutegias de acccedilatildeo especiacuteficas dirigidas a grupos de risco com criteriosa utilizaccedilatildeo dos

fluoretos

O fluacuteor eacute o elemento mais electronegativo da tabela perioacutedica e raramente existe isolado sendo por

isso habitualmente referido como fluoreto Na natureza encontra-se sob a forma de um iatildeo (F-) em

associaccedilatildeo com o caacutelcio foacutesforo alumiacutenio e tambeacutem como parte de certos silicatos como o topaacutezio

Normalmente presente nas rochas plantas ar aacuteguas e solos este elemento faz parte da constituiccedilatildeo de

alguns materiais plaacutesticos e pode tambeacutem estar presente na constituiccedilatildeo de alguns fertilizantes

contribuindo desta forma para a sua presenccedila no solo aacutegua e alimentos No solo o conteuacutedo de

fluoretos varia entre 20 e 500 ppm contudo nas camadas mais profundas o seu niacutevel aumenta No ar a

concentraccedilatildeo normal de fluoretos oscila entre 005 e 190microgm3 1

Do fluacuteor que eacute ingerido entre 75 e 90 eacute absorvido por via digestiva sendo a mucosa bucal

responsaacutevel pela absorccedilatildeo de menos de 1 Depois de absorvido passa para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea

sob a forma ioacutenica ou de compostos orgacircnicos lipossoluacuteveis A forma ioacutenica que circula livremente e

natildeo se liga agraves proteiacutenas nem aos componentes plasmaacuteticos nem aos tecidos moles eacute a que vai estar

disponiacutevel para ser absorvida pelos tecidos duros Da quantidade total de fluacuteor presente no organismo

99 encontra-se nos tecidos calcificados Entre 10 e 25 do aporte diaacuterio de fluacuteor natildeo chega a ser

absorvido vindo a ser excretado pelas fezes O fluacuteor absorvido natildeo utilizado (cerca de 50) eacute

eliminado por via renal2

O fluacuteor tem uma grande afinidade com a apatite presente no organismo com a qual cria ligaccedilotildees

fortes que natildeo satildeo irreversiacuteveis Este facto deve-se agrave facilidade com que os radicais hidroxilos da

hidroxiapatite satildeo substituiacutedos pelos iotildees fluacuteor formando fluorapatite No entanto a apatite normal do

ser humano presente no osso e dente mesmo em condiccedilotildees ideais de presenccedila de fluacuteor nunca se

aproxima da composiccedilatildeo da fluorapatite pura

Quando o fluacuteor eacute ingerido passa pela cavidade oral daiacute resultando a deposiccedilatildeo de uma determinada

quantidade nos tecidos e liacutequidos aiacute existentes A mucosa jugal as gengivas a placa bacteriana os

dentes e a saliva vatildeo beneficiar imediatamente de um aporte directo de fluacuteor que pode permitir que a

sua disponibilidade na cavidade oral se prolongue por periacuteodos mais longos Eacute um facto que a presenccedila

de fluacuteor no meio oral independentemente da sua fonte resulta numa acccedilatildeo preventiva e terapecircutica

extremamente importante

Nota 22 mg de fluoreto de soacutedio correspondem a 1 mg de fluacuteor Quando se dilui 1 mg de fluacuteor em um litro de aacutegua pura

considera-se que essa aacutegua passou a ter 1 ppm de fluacuteor

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 2

Considera-se actualmente que os benefiacutecios dos fluoretos resultam basicamente da sua acccedilatildeo toacutepica

sobre a superfiacutecie do dente enquanto a sua acccedilatildeo sisteacutemica (preacute-eruptiva) eacute muito menos importante

A acccedilatildeo preventiva e terapecircutica dos fluoretos eacute conseguida predominantemente pela sua acccedilatildeo toacutepica

quer nas crianccedilas quer nos adultos atraveacutes de trecircs mecanismos diferentes responsaacuteveis pela

bull inibiccedilatildeo do processo de desmineralizaccedilatildeo

bull potenciaccedilatildeo do processo de remineralizaccedilatildeo

bull inibiccedilatildeo da acccedilatildeo da placa bacteriana

O uso racional dos fluoretos na profilaxia da caacuterie dentaacuteria com eficaacutecia e seguranccedila baseia-se no

conhecimento actualizado dos seus mecanismos de acccedilatildeo e da sua toxicologia

Com base na evidecircncia cientiacutefica a estrateacutegia de utilizaccedilatildeo dos fluoretos em sauacutede oral foi redefinida

tendo em conta que a sua acccedilatildeo preventiva eacute predominantemente poacutes-eruptiva e toacutepica e a sua acccedilatildeo

toacutexica com repercussotildees a niacutevel dentaacuterio eacute preacute-eruptiva e sisteacutemica

Estudos epidemioloacutegicos efectuados pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) sobre os efeitos do

fluacuteor na sauacutede humana referem que valores compreendidos entre 1 e 15 ppm natildeo representam risco

acrescido Contudo valores entre 15 e 2 ppm em climas quentes poderatildeo contribuir para a ocorrecircncia

de casos de fluorose dentaacuteria e valores entre 3 a 6 ppm para o aparecimento de fluorose oacutessea

Para a OMS a concentraccedilatildeo oacuteptima de fluoretos na aacutegua quando esta eacute sujeita a fluoretaccedilatildeo deve

estar compreendida entre 05 e 15 ppm de F dependendo este valor da temperatura meacutedia do local

que condiciona a quantidade de aacutegua ingerida nas zonas mais frias o valor maacuteximo pode estar perto

do limite superior nas zonas mais quentes o valor deve estar perto do limite inferior para uma

prevenccedilatildeo eficaz da caacuterie dentaacuteria Para que os riscos de fluorose estejam diminuiacutedos os programas de

fluoretaccedilatildeo das aacuteguas devem obedecer a criteacuterios claramente definidos

Nas regiotildees onde a aacutegua da rede puacuteblica conteacutem menos de 03 ppm (mgl) de fluoretos (situaccedilatildeo mais

frequente em Portugal Continental) a dose profilaacutectica oacuteptima considerando a soma de todas as fontes

de fluoretos eacute de 005mgkgdia3

11 Toxicidade Aguda

Uma intoxicaccedilatildeo aguda pelo fluacuteor eacute uma possibilidade extremamente rara Alguns casos tecircm sido

descritos na literatura Estudos efectuados em roedores e extrapolados para o homem adulto permitem

pensar que a dose letal miacutenima de fluacuteor seja de aproximadamente 2 gramas ou 32 a 64 mgkg de peso

corporal mas para uma crianccedila bastam 15 mgkg de peso corporal 2

A partir da ingestatildeo de doses superiores a 5mgkg de peso corporal considera-se a hipoacutetese de vir a ter

efeitos toacutexicos

As crianccedilas pequenas tecircm um risco acrescido de ingerir doses de fluoretos atraveacutes do consumo de

produtos de higiene oral A ingestatildeo acidental de um quarto de um tubo com dentiacutefrico de 125 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 3

(1500 ppm de Fluacuteor) potildee em risco a vida de uma crianccedila de um ano de idade O risco de ingestatildeo

acidental por crianccedilas eacute real e eacute adjuvado pelo tipo de embalagens destes produtos que natildeo tecircm

dispositivos de seguranccedila para a sua abertura

A toxicidade aguda pelos fluoretos poderaacute manifestar-se por queixas digestivas (dor abdominal

voacutemitos hematemeses e melenas) neuroloacutegicas (tremores convulsotildees tetania deliacuterio lentificaccedilatildeo da

voz) renais (urina turva hematuacuteria) metaboacutelicas (hipocalceacutemia hipomagnesieacutemia hipercalieacutemia)

cardiovasculares (arritmias hipotensatildeo) e respiratoacuterias (depressatildeo respiratoacuteria apneias) 4

12 Toxicidade Croacutenica

A dose total diaacuteria de fluoretos administrados por via sisteacutemica isenta de risco de toxicidade croacutenica

situa-se abaixo de 005 mgkgdia de peso A partir desses valores aumentam as manifestaccedilotildees atraveacutes

do aparecimento de hipomineralizaccedilatildeo do esmalte que se revela por fluorose dentaacuteria Com

concentraccedilotildees acima de 25 ppm na aacutegua esta manifestaccedilatildeo eacute mais evidente sendo tanto mais grave

quanto a concentraccedilatildeo de fluoretos vai aumentando O periacuteodo criacutetico para o efeito toacutexico do fluacuteor se

manifestar sobre a denticcedilatildeo permanente eacute entre o nascimento e os 7 anos de idade (ateacute aos 3 anos eacute o

periacuteodo mais criacutetico) Quando existem fluoretos ateacute 3 ppm na aacutegua aleacutem da fluorose natildeo parece

existir qualquer outro efeito toacutexico na sauacutede A partir deste valor aumenta o risco de nefrotoxicidade

Como qualquer outro medicamento os fluoretos em dose excessiva tecircm efeitos toacutexicos que

normalmente se manifestam atraveacutes de uma interferecircncia na esteacutetica dentaacuteria Essa manifestaccedilatildeo eacute a

fluorose dentaacuteria

Estudos recentes sobre suplementos de fluoretos e fluorose 5 confirmam que as comunidades sem aacutegua

fluoretada e que utilizam suplementos de fluoretos durante os primeiros 6 anos de vida apresentam

um aumento do risco de desenvolver fluorose

O principal factor de risco para o aparecimento de fluorose dentaacuteria eacute o aporte total de fluoretos

provenientes de diferentes fontes nomeadamente da alimentaccedilatildeo incluindo a aacutegua e os suplementos

alimentares dentiacutefricos e soluccedilotildees para bochechos comprimidos e gotas e ingestatildeo acidental que natildeo

satildeo faacuteceis de quantificar

A fluorose dentaacuteria aumentou nos uacuteltimos anos em comunidades com e sem aacutegua fluoretada 6

2 F l u o r e t o s n a aacute g u a

2 1 Aacute g u a d e a b a s t e c i m e n t o p uacute b l i c o

A fluoretaccedilatildeo das aacuteguas para consumo humano como meio de suprir o deacutefice de fluoretos na aacutegua eacute

uma praacutetica comum em alguns paiacuteses como o Brasil Austraacutelia Canadaacute EUA e Nova Zelacircndia

Apesar de serem tatildeo diferentes quer do ponto de vista soacutecioeconoacutemico quer geograacutefico eles detecircm

uma experiecircncia superior a 25 anos neste domiacutenio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 4

Na Europa a maior parte dos paiacuteses natildeo faz fluoretaccedilatildeo das suas aacuteguas para consumo humano agrave

excepccedilatildeo da Irlanda da Suiacuteccedila (Basileia) e de 10 da populaccedilatildeo do Reino Unido Na Alemanha eacute

proibido e nos restantes paiacuteses eacute desaconselhado

Nos paiacuteses em que se faz fluoretaccedilatildeo da aacutegua alguns estudos demonstraram natildeo ter existido um ganho

efectivo na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria No entanto outros como a Austraacutelia no Estado de Victoacuteria

onde a fluoretaccedilatildeo da aacutegua se faz regularmente observaram-se ganhos efectivos na sauacutede oral da

populaccedilatildeo com consequentes ganhos econoacutemicos

Recomendaccedilatildeo Eacute indispensaacutevel avaliar a qualidade das aacuteguas de abastecimento puacuteblico periodicamente e corrigir os

paracircmetros alterados

Na aacutegua os valores das concentraccedilotildees de fluoretos estatildeo compreendidas entre 01 a 07 ppm Contudo

em alguns casos podem apresentar valores muito mais elevados

Quando a aacutegua apresenta valores de ph superiores a 8 e o iatildeo soacutedio e os carbonatos satildeo dominantes os

valores de fluoretos normalmente presentes excedem 1 ppm

Nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica os fluoretos podem existir naturalmente ou resultar de um

programa de fluoretaccedilatildeo Em Portugal Continental os valores satildeo normalmente baixos e as aacuteguas natildeo

estatildeo sujeitas a fluoretaccedilatildeo artificial O teor de fluoretos deveraacute ser controlado regularmente de modo

a preservar os interesses da sauacutede puacuteblica 7

Na definiccedilatildeo de um valor guia para a aacutegua de consumo humano a OMS propotildee o valor limite de 15

ppm de Fluacuteor referindo que valores superiores podem contribuir para o aumento do risco de fluorose

A Agecircncia Americana para o Ambiente (USEPA) refere um valor maacuteximo admissiacutevel de fluoretos na

aacutegua de consumo humano de 15 ppm e recomenda que nunca se ultrapasse os 4 ppm

Em Portugal a legislaccedilatildeo actualmente em vigor sobre a qualidade da aacutegua para consumo humano

decreto-lei nordm 23698 de 1 de Agosto define dois Valores Maacuteximos Admissiacuteveis (VMA) para os

fluoretos 15 ppm (8 a 12 ordmC) e 07 ppm (25 a 30 ordmC) O decreto-lei nordm 2432001 de 5 de Setembro

que transpotildee a Directiva Comunitaacuteria nordm 9883CE de 3 de Novembro que entrou em vigor em 25 de

Dezembro de 2003 define para os fluoretos um Valor Parameacutetrico (VP) de 15 ppm

O decreto-lei nordm 24301 remete para a Entidade Gestora a verificaccedilatildeo da conformidade dos valores

parameacutetricos obrigatoacuterios aplicaacuteveis agrave aacutegua para consumo humano Sempre que um valor parameacutetrico

eacute excedido isso corresponde a uma situaccedilatildeo de incumprimento e perante esta situaccedilatildeo a entidade

gestora deve de imediato informar a autoridade de sauacutede e a entidade competente dando conta das

medidas correctoras adoptadas ou em curso para restabelecer a qualidade da aacutegua destinada a consumo

humano

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 5

Deve ter-se em atenccedilatildeo o desvio em relaccedilatildeo ao valor parameacutetrico fixado e o perigo potencial para a

sauacutede humana

Segundo o decreto-lei supra mencionado artigo 9ordm compete agraves autoridades de sauacutede a vigilacircncia

sanitaacuteria e a avaliaccedilatildeo do risco para a sauacutede puacuteblica da qualidade da aacutegua destinada ao consumo

humano Sempre que o risco exista e o incumprimento persistir a autoridade de sauacutede deve informar e

aconselhar os consumidores afectados e determinar a proibiccedilatildeo de abastecimento restringir a

utilizaccedilatildeo da aacutegua que constitua um perigo potencial para a sauacutede humana e adoptar todas as medidas

necessaacuterias para proteger a sauacutede humana

Nos Accedilores e na Madeira ou em zonas onde o teor de fluoretos na aacutegua eacute muito elevado deveraacute ser

feita uma verificaccedilatildeo da constante e a correcccedilatildeo adequada

Os principais tratamentos de desfluoretaccedilatildeo envolvem a floculaccedilatildeo da aacutegua usando sais hidratados de

alumiacutenio principalmente em condiccedilotildees alcalinas No caso de aacuteguas aacutecidas pode-se adicionar cal e

alternativamente pode-se recorrer agrave adsorccedilatildeo com carvatildeo activado ou alumina activada ( Al2O3 ) ou

por permuta ioacutenica usando resinas especiacuteficas

Recomendaccedilatildeo Ateacute aos 6-7 anos as crianccedilas natildeo devem ingerir regularmente aacutegua com teor de fluoretos superior a 07 ppm

Recomendaccedilatildeo Sempre que o valor parameacutetrico dos fluoretos na aacutegua para consumo humano exceder 15 ppm deveratildeo ser aplicadas

medidas correctoras para restabelecer a qualidade da aacutegua

2 2 Aacute g u a s m i n e r a i s n a t u r a i s e n g a r r a f a d a s

As aacuteguas minerais naturais engarrafadas deveratildeo no futuro ter rotulagem de acordo com a Directiva

Comunitaacuteria 200340CE da Comissatildeo Europeia de 16 de Maio publicada no Jornal Oficial da Uniatildeo

Europeia em 2252003 artigo 4ordm laquo1 As aacuteguas minerais naturais cuja concentraccedilatildeo em fluacuteor for

superior a 15 mgl (ppm) devem ostentar no roacutetulo a menccedilatildeo lsquoconteacutem mais de 15 mgl (ppm) de

fluacuteor natildeo eacute adequado o seu consumo regular por lactentes nem por crianccedilas com menos de 7 anosrsquo

2 No roacutetulo a menccedilatildeo prevista no nordm 1 deve figurar na proximidade imediata da denominaccedilatildeo de

venda e em caracteres claramente visiacuteveis 3

As aacuteguas minerais naturais que em aplicaccedilatildeo do nordm 1 tiverem de ostentar uma menccedilatildeo no roacutetulo

devem incluir a indicaccedilatildeo do teor real em fluacuteor a niacutevel da composiccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica em constituintes

caracteriacutesticos tal como previsto no nordm 2 aliacutenea a) do artigo 7ordm da Directiva 80777CEEraquo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 6

Para as aacuteguas de nascente cujas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas satildeo definidas pelo Decreto-lei

2432001 de 5 de Setembro em vigor desde Dezembro de 2003 os limites para o teor de fluoretos satildeo

de 15 mgl (ppm)

De acordo com o parecer do Scientific Committee on Food - Comiteacute Cientiacutefico de Alimentaccedilatildeo

Humana (expresso em Dezembro de 1996) a Comissatildeo natildeo vecirc razotildees para nos climas da Uniatildeo

Europeia (climas temperados) limitar os fluoretos nas aacuteguas de consumo humano e nas aacuteguas minerais

naturais para valores inferiores a 15mgl (ppm)

3 F l u o r e t o s n o s g eacute n e r o s a l i m e n t iacute c i o s

Entende-se por lsquogeacutenero alimentiacuteciorsquo qualquer substacircncia ou produto transformado parcialmente

transformado ou natildeo transformado destinado a ser ingerido pelo ser humano ou com razoaacuteveis

probabilidades de o ser Este termo abrange bebidas pastilhas elaacutesticas e todas as substacircncias

incluindo a aacutegua intencionalmente incorporadas nos geacuteneros alimentiacutecios durante o seu fabrico

preparaccedilatildeo ou tratamento8 9

Na alimentaccedilatildeo as estimativas de ingestatildeo de fluacuteor atraveacutes da dieta variam entre 02 e 34 mgdia

sendo estes uacuteltimos valores atingidos quando se inclui o chaacute na alimentaccedilatildeo A ingestatildeo de fluoretos

provenientes dos alimentos comuns eacute pouco significativa Apenas 13 se apresentam na forma

ionizaacutevel e portanto biodisponiacutevel

Recomendaccedilatildeo Independentemente da origem ao utilizar aacutegua informe-se sobre o seu teor em fluoretos As que tecircm um elevado teor

deste elemento natildeo satildeo adequadas para lactentes e crianccedilas com menos de 7 anos

Recomendaccedilatildeo Dar prioridade a uma dieta equilibrada e saudaacutevel com diversidade alimentar Utilizar a aacutegua da cozedura dos

alimentos para confeccionar outros alimentos (ex sopas arroz)

No iniacutecio do ano de 2003 a Comissatildeo Europeia apresentou uma nova proposta de Directiva

Comunitaacuteria relativa agrave ldquoAdiccedilatildeo aos geacuteneros alimentiacutecios de vitaminas minerais e outras substacircnciasrdquo

onde os fluoretos satildeo referidos como podendo ser adicionados a geacuteneros alimentiacutecios comuns Nesta

proposta de Directiva Comunitaacuteria eacute sugerida a inclusatildeo de determinados nutrimentos (entre eles o

fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de geacuteneros alimentiacutecios comuns Esta proposta

prevista no Livro Branco da Comissatildeo ainda estaacute numa fase inicial de discussatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 7

4 F l u o r e t o s e m s u p l e m e n t o a l i m e n t a r

Entende-se por lsquosuplementos alimentaresrsquo geacuteneros alimentiacutecios que se destinam a complementar e ou

suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas

substacircncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisioloacutegico estremes ou combinados

comercializados em forma doseada tais como caacutepsulas pastilhas comprimidos piacutelulas e outras

formas semelhantes saquetas de poacute ampola de liacutequido frascos com conta gotas e outras formas

similares de liacutequido ou poacute que se destinam a ser tomados em unidades medidas de quantidade

reduzida10

A Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002

transposta para o direito nacional pelo Decreto-lei nordm 1362003 de 28 de Junho relativa agrave aproximaccedilatildeo

das legislaccedilotildees dos Estados-Membros respeitantes aos suplementos alimentares vai permitir a inclusatildeo

de determinados nutrimentos (entre eles o fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de

suplementos alimentares11

A partir de 28 de Agosto de 2003 os fluoretos poderatildeo ser comercializados como suplemento

alimentar passando a estar disponiacutevel em farmaacutecias e superfiacutecies comerciais

As quantidades maacuteximas de vitaminas e minerais presentes nos suplementos alimentares satildeo fixadas

em funccedilatildeo da toma diaacuteria recomendada pelo fabricante tendo em conta os seguintes elementos

a) limites superiores de seguranccedila estabelecidos para as vitaminas e os minerais apoacutes uma

avaliaccedilatildeo dos riscos efectuada com base em dados cientiacuteficos geralmente aceites tendo em

conta quando for caso disso os diversos graus de sensibilidade dos diferentes grupos de

consumidores

b) quantidade de vitaminas e minerais ingerida atraveacutes de outras fontes alimentares

c) doses de referecircncia de vitaminas e minerais para a populaccedilatildeo

Recomendaccedilatildeo Nunca ultrapassar a toma indicada no roacutetulo do produto e natildeo utilizar um suplemento alimentar como substituto de um

regime alimentar variado

As quantidades maacuteximas e miacutenimas de vitaminas e minerais referidas seratildeo adoptadas pela Comissatildeo

Europeia assistida pelo Comiteacute de Regulamentaccedilatildeo

Em Portugal a Agecircncia para a Qualidade e Seguranccedila Alimentar viraacute a ter informaccedilatildeo sobre todos os

suplementos alimentares comercializados como geacuteneros alimentiacutecios e introduzidos no mercado de

acordo com o Decreto-lei nordm 1362003

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 8

A rotulagem dos suplementos alimentares natildeo poderaacute mencionar nem fazer qualquer referecircncia a

prevenccedilatildeo tratamento ou cura de doenccedilas humanas e deveraacute indicar uma advertecircncia de que os

produtos devem ser guardados fora do alcance das crianccedilas

5 F luore tos em med icamentos e p rodutos cosmeacutet icos de h ig iene corpora l

A distinccedilatildeo entre Medicamento e Produto Cosmeacutetico de Higiene Corporal contendo fluoretos depende

do seu teor no produto Os cosmeacuteticos contecircm obrigatoriamente uma concentraccedilatildeo de fluoretos inferior

a 015 (1500 ppm) (Decreto-lei 1002001 de 28 de Marccedilo I Seacuterie A) sendo que todos os dentiacutefricos

com concentraccedilotildees de fluoretos superior a 015 satildeo obrigatoriamente classificados como

medicamentos

Os medicamentos contendo fluoretos e utilizados para a profilaxia da caacuterie dentaacuteria existentes no

mercado portuguecircs satildeo de venda livre em farmaacutecia Encontram-se disponiacuteveis nas formas

farmacecircuticas de soluccedilatildeo oral (gotas orais) comprimidos dentiacutefricos gel dentaacuterio e soluccedilatildeo de

bochecho

5 1 F l u o r e t o s e m c o m p r i m i d o s e g o t a s o r a i s

A utilizaccedilatildeo de medicamentos contendo fluoretos na forma de gotas orais e comprimidos foi ateacute haacute

pouco recomendada pelos profissionais de sauacutede (pediatras meacutedicos de famiacutelia cliacutenicos gerais

meacutedicos estomatologistas meacutedicos dentistas) dos 6 meses ateacute aos 16 anos

A clarificaccedilatildeo do mecanismo de acccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria e o aumento de

aporte dos mesmos com consequentes riscos de manifestaccedilatildeo toacutexica obrigaram agrave revisatildeo da sua

administraccedilatildeo em comprimidos eou gotas A gravidade da fluorose dentaacuteria estaacute relacionada com a

dose a duraccedilatildeo e com a idade em que ocorre a exposiccedilatildeo ao fluacuteor 12 13

A ldquoCanadian Consensus Conference on the Appropriate Use of Fluoride Supplements for the

Prevention of Dental Caries in Childrenrdquo 14definiu um protocolo cuja utilizaccedilatildeo eacute recomendada a

profissionais de sauacutede em que se fundamenta a tomada de decisatildeo sobre a necessidade ou natildeo da

suplementaccedilatildeo de fluacuteor A administraccedilatildeo de comprimidos soacute eacute recomendada quando o teor de fluoretos

na aacutegua de abastecimento puacuteblico for inferior a 03 ppm e

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) natildeo escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas

vezes por dia

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas vezes

por dia mas apresenta um alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 9

Por sua vez a conclusatildeo do laquoForum on Fluoridation 2002raquo15 relativamente agrave administraccedilatildeo de

suplementos de fluoretos foi a seguinte limitar a utilizaccedilatildeo de comprimidos de fluoretos a aacutereas onde

natildeo existe aacutegua fluoretada e iniciar essa suplementaccedilatildeo apenas a crianccedilas com alto risco agrave caacuterie e a

partir dos 3 anos

Os comprimidos de fluoretos caso sejam indicados devem ser usados pelo interesse da sua acccedilatildeo

toacutepica Devem ser dissolvidos na boca em vez de imediatamente ingeridos16

A administraccedilatildeo de fluoretos sob a forma de comprimidos chupados soacute deveraacute ser efectuada em

situaccedilotildees excepcionais isto eacute em populaccedilotildees de baixos recursos econoacutemicos nas quais a escovagem

natildeo possa ser promovida e os iacutendices de caacuterie sejam elevados

Para evitar a potencial toxicidade dos fluoretos antes de qualquer prescriccedilatildeo todos os profissionais de

sauacutede devem efectuar uma avaliaccedilatildeo personalizada dos aportes diaacuterios de cada crianccedila tendo em conta

todas as fontes possiacuteveis desse elemento alimentos comuns suplementos alimentares consumo de

aacutegua da rede puacuteblica eou aacutegua engarrafada e respectivo teor de fluoretos e utilizaccedilatildeo de medicamentos

e produtos cosmeacuteticos contendo fluacuteor

Recomendaccedilatildeo A partir dos 3 anos os suplementos sisteacutemicos de fluoretos poderatildeo ser prescritos pelo meacutedico assistente ou meacutedico dentista em crianccedilas que apresentem um alto risco

agrave caacuterie dentaacuteria

5 2 F l u o r e t o s e m d e n t iacute f r i c o s

Hoje em dia a maior parte dos dentiacutefricos agrave venda no mercado contecircm fluoretos sob diferentes formas

fluoreto de soacutedio monofluorfosfato de soacutedio fluoreto de amina e outros Os mais utilizados satildeo o

fluoreto de soacutedio e o monofluorfosfato de soacutedio

Normalmente o conteuacutedo de fluoreto dos dentiacutefricos eacute de 1000 a 1100 ppm (ou 010 a 011)

podendo variar entre 500 e 1500 ppm

Durante a escovagem cerca de 34 da pasta eacute ingerida por crianccedilas de 3 anos 28 pelas de 4-5 anos

e 20 pelas de 5-7 anos

Devem ser evitados dentiacutefricos com sabor a fruta para impedir o seu consumo em excesso uma vez

que estatildeo jaacute descritos na literatura casos de fluorose resultantes do abuso de dentiacutefricos2

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluoretos duas vezes por dia tem-se revelado um

meio colectivo de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria com grande efectividade e baixo custo pelo que deve

ser considerado o meio de eleiccedilatildeo em estrateacutegias comunitaacuterias

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 10

Do ponto de vista da prevenccedilatildeo da caacuterie a aplicaccedilatildeo toacutepica de dentiacutefrico fluoretado com a escova dos

dentes deve ser executada duas vezes por dia e deve iniciar-se quando se daacute a erupccedilatildeo dos dentes Esta

rotina diaacuteria de higiene executada naturalmente com muito cuidado pelos pais deve

progressivamente ser assumida pela crianccedila ateacute aos 6-8 anos de idade Durante este periacuteodo a

escovagem deve ser sempre vigiada pelos pais ou educadores consoante as circunstacircncias para evitar

a utilizaccedilatildeo de quantidades excessivas de dentiacutefrico o qual pode da mesma forma que os

comprimidos conduzir antes dos 6 anos agrave ocorrecircncia de fluorose

As crianccedilas devem usar dentiacutefrico com teor de fluoretos entre 1000-1500 ppm de fluoreto (dentiacutefrico

de adulto) sendo a quantidade a utilizar do tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

Apoacutes a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado pode-se natildeo bochechar com aacutegua Deveraacute

apenas cuspir-se o excesso de pasta Deste modo consegue-se uma mais alta concentraccedilatildeo de fluoreto

na cavidade oral que vai actuar topicamente durante mais tempo

Os pais das crianccedilas devem receber informaccedilatildeo sobre a escovagem dentaacuteria e o uso de dentiacutefricos

fluoretados A escovagem com dentiacutefrico fluoretado deve iniciar-se imediatamente apoacutes a erupccedilatildeo dos

primeiros dentes Os dentiacutefricos fluoretados devem ser guardados em locais inacessiacuteveis agraves crianccedilas

pequenas17

5 3 F l u o r e t o s e m s o l u ccedil otilde e s d e b o c h e c h o

As soluccedilotildees para bochechos recomendadas a partir dos 6 anos de idade tecircm sido utilizadas em

programas escolares de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria em inuacutemeros paiacuteses incluindo Portugal Satildeo

recomendadas a indiviacuteduos de maior risco agrave caacuterie dentaacuteria mas a sua utilizaccedilatildeo tem vido a ser

restringida a crianccedilas que escovam eficazmente os dentes

Recomendaccedilatildeo Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Recomendaccedilatildeo A partir dos 6 anos de idade deve ser feito o bochecho quinzenalmente com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

02

As soluccedilotildees fluoretadas de uso diaacuterio habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

005 e as de uso semanal ou quinzenal habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de 02

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 11

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 12

Referecircncias

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1 Almeida CM Sugestotildees para a Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2002 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e na Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa

2 Rompante P Fundamentos para a alteraccedilatildeo do Programa de Sauacutede Oral da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Documento realizado no acircmbito da Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2003 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e no Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede ndash Norte

3 Rompante P Determinaccedilatildeo da quantidade do elemento fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento puacuteblico na totalidade das sedes de concelho de Portugal Continental Porto Faculdade de Odontologia da Universidade de Barcelona 2002 Tese de Doutoramento

4 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in Children at High Caries Risk SIGN Publication 2000 47

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Page 35: Direcção-Geral da SaúdePrograma será complementado, sempre que oportuno, por orientações técnicas a emitir por esta Direcção-Geral. O Director-Geral e Alto Comissário da

escovar 2 dentes de cada vez (os correspondentes ao tamanho da cabeccedila da escova) fazendo

aproximadamente 10 movimentos (ou 5 caso sejam crianccedilas ateacute aos 6 anos) nas superfiacutecies

dentaacuterias abarcadas pela escova

comeccedilar a escovagem pela superfiacutecie externa (do lado da bochecha) do dente mais posterior de um

dos maxilares e continuar a escovar ateacute atingir o uacuteltimo dente da extremidade oposta desse

maxilar

com a mesma sequecircncia escovar as superfiacutecies dentaacuterias do lado da liacutengua

proceder do mesmo modo para fazer a escovagem dos dentes do outro maxilar

escovar as superfiacutecies mastigatoacuterias dos dentes com movimentos de vaiveacutem

por fim pode escovar-se a liacutengua

Quando se utiliza uma escova de dentes eleacutectrica segue-se a mesma sequecircncia de escovagem O

movimento da escova eacute feito automaticamente natildeo deve ser feita pressatildeo ou movimentos adicionais

sobre os dentes A escova desloca-se ao longo da arcada escovando um soacute dente de cada vez A

escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluacuteor deve ser feita duas vezes por dia sendo uma delas

obrigatoriamente agrave noite antes de deitar

3 6 Uso do f io den taacute r io A partir do momento em que haacute destreza manual (a partir dos 8 anos) eacute indispensaacutevel o uso do fio ou

fita dentaacuteria que se utiliza da seguinte forma

retirar cerca de 40 cm de fio (ou fita) do porta fio

enrolar a quase totalidade do fio no dedo meacutedio de uma matildeo e uma pequena porccedilatildeo no dedo meacutedio

da outra matildeo deixando entre os dois dedos uma porccedilatildeo de fio com aproximadamente 25 cm

Quando as crianccedilas satildeo mais pequenas pode retirar-se uma porccedilatildeo mais pequena de fio cerca de

30 cm dar um noacute juntando as 2 pontas formando um ciacuterculo com o fio natildeo havendo necessidade

de o enrolar nos dedos Eacute importante utilizar sempre fio limpo em cada espaccedilo interdentaacuterio Os

polegares eou os indicadores ajudam a manuseaacute-lo

introduzir o fio cuidadosamente entre dois dentes e curva-lo agrave volta do dente que se quer limpar

fazendo com que tome a forma de um ldquoCrdquo

executar movimentos curtos horizontais desde o ponto de contacto entre os dentes ateacute ao sulco

gengival em cada uma das faces que delimitam o espaccedilo interdentaacuterio

repetir este procedimento ateacute que todos os espaccedilos interdentaacuterios de todos os dentes estejam

devidamente limpos

O fio dentaacuterio deve ser utilizado uma vez por dia de preferecircncia agrave noite antes de deitar Na escola os

alunos poderatildeo a aprender a utilizar este meio de remoccedilatildeo de placa bacteriana interdentaacuterio sendo

importante envolver os pais no sentido de lhes pedir colaboraccedilatildeo e permitir que as crianccedilas o utilizem

em casa

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 13

3 7 Reve lador de p laca bac te r i ana O uso de reveladores de placa bacteriana (em soluto ou em comprimidos mastigaacuteveis) permitem

avaliar a higiene oral e consequentemente melhorar as teacutecnicas de escovagem e de utilizaccedilatildeo do fio

dentaacuterio

A partir dos 6 anos de idade estes produtos podem ser usados para que as crianccedilas visualizem a placa

e mais facilmente compreendam que os seus dentes necessitam de ser cuidadosamente limpos

A eritrosina que tem a propriedade de corar de vermelho a placa bacteriana eacute um dos exemplos de

corantes que se podem utilizar Utiliza-se da seguinte forma

colocar 1 a 2 gotas por baixo da liacutengua ou mastigar um comprimido sem engolir

passar a liacutengua por todas as superfiacutecies dentaacuterias

bochechar com aacutegua

A placa bacteriana corada eacute facilmente removida atraveacutes da escovagem dos dentes e do fio dentaacuterio

Nota Para evitar que os laacutebios fiquem corados de vermelho antes de colocar o corante pode passar

batom creme gordo ou vaselina nos laacutebios

3 8 Bochecho f luore tado A partir dos 6 anos pode ser feito o bochecho quinzenal com fluoreto de soacutedio a 02 na escola da

seguinte forma

agitar a soluccedilatildeo e deitar 10 ml em cada copo e distribui-los

indicar a cada crianccedila para colocar o antebraccedilo no rebordo da mesa

introduzir a soluccedilatildeo na boca sem engolir

repousar a testa no antebraccedilo colocando o copo debaixo da boca

bochechar vigorosamente durante 1 minuto

apoacutes este periacuteodo deve ser cuspida tendo o cuidado de natildeo a engolir

Apoacutes o bochecho a crianccedila deve permanecer 30 minutos sem comer nem beber

39 Iacutendice de placa O Iacutendice de Placa (IP) eacute utilizado para quantificar a placa bacteriana em todas as superfiacutecies dentaacuterias e

reflecte os haacutebitos de higiene oral dos indiviacuteduos avaliados

Assim enquanto que um baixo Iacutendice de Placa poderaacute significar um bom impacto das acccedilotildees de

educaccedilatildeo para a sauacutede em sauacutede oral nomeadamente das relacionadas com a higiene um iacutendice

elevado sugere o contraacuterio

Em programas comunitaacuterios geralmente eacute utilizado o Iacutendice de Placa Simplificado que eacute mais raacutepido

de determinar sendo o resultado final igualmente fiaacutevel

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 14

Para se calcular o Iacutendice de Placa Simplificado eacute necessaacuterio atribuir um valor ao tamanho da placa

bacteriana existente nos seguintes 6 dentes e superfiacutecies predeterminados Maxilar superior

1 Primeiro molar superior direito - Superfiacutecie vestibular

2 Incisivo central superior direito - Superfiacutecie vestibular

3 Primeiro molar superior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

4 Primeiro molar inferior esquerdo - Superfiacutecie lingual

5 Incisivo central inferior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

6 Primeiro molar inferior direito - Superfiacutecie lingual

Para atribuir um valor ao tamanho da placa bacteriana existente em cada uma das su

acima referidas eacute necessaacuterio utilizar o revelador de placa bacteriana para a co

facilitar a sua observaccedilatildeo e respectiva classificaccedilatildeo e registo

A cada uma das superfiacutecies dentaacuterias soacute pode ser atribuiacutedo um dos seguintes valore

Valor 0

Valor 1

Valor 2

Valor 3

rarr Se a superfiacutecie do dente natildeo estaacute corada

rarr Se 13 da superfiacutecie estaacute corado

rarr Se 23 da superfiacutecie estatildeo corados

rarr Se estaacute corada toda a superfiacutecie

Feito o registo da observaccedilatildeo individual verifica-se que o somatoacuterio do conjunto de

poderaacute variar entre 0 (zero) e 18 (dezoito)

Dividindo por 6 (seis) este somatoacuterio obteacutem-se o Iacutendice de Placa Individual

Para determinar o Iacutendice de Placa de um grupo de indiviacuteduos divide-se o som

individuais pelo nuacutemero de indiviacuteduos observados multiplicado por seis (o nuacutemer

nuacutemero de dentes seleccionados por indiviacuteduo)

Assim o Iacutendice de Placa poderaacute variar entre 0 (zero) e 3 (trecircs)

Iacutendice de Placa (IP) = Somatoacuterio da classificaccedilatildeo dada a cada dente

Nordm de indiviacuteduos observados x 6

A sauacutede oral das crianccedilas e adolescentes eacute um grave problema de sauacutede puacuteblica ma

simples como as descritas neste documento executadas pelos proacuteprios eou com

encorajadas pela escola e pelos serviccedilos de sauacutede contribuem decididamente para

oral importantes e implementaccedilatildeo efectiva do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas d

Maxilar inferior

perfiacutecies dentaacuterias

rar e dessa forma

s

valores atribuiacutedos

atoacuterio dos valores

o seis representa o

s que com medidas

ajuda da famiacutelia

ganhos em sauacutede

Sauacutede Oral

e EPSrsquorsquo 15

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

F l u o r e t o s

F u n d a m e n t a ccedil atilde o e R e c o m e n d a ccedil otilde e s d a T a s k F o r c e

Documento produzido pela Task Force constituiacuteda pelo Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr

Ricardo Jorge Direcccedilatildeo-Geral de Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura Faculdade de

Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Medicina Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria

Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa e Porto Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento Instituto Superior de

Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia

Ordem dos Meacutedicos Dentistas Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria Sociedade Portuguesa de

Pediatria e os serviccedilos da DGS Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede Divisatildeo de Sauacutede Ambiental

Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

1 F l u o r e t o s

A evidecircncia cientiacutefica tem demonstrado que as mudanccedilas observadas no padratildeo da doenccedila caacuterie

dentaacuteria ocorrem pela implementaccedilatildeo de programas preventivos e terapecircuticos de acircmbito comunitaacuterio

e por estrateacutegias de acccedilatildeo especiacuteficas dirigidas a grupos de risco com criteriosa utilizaccedilatildeo dos

fluoretos

O fluacuteor eacute o elemento mais electronegativo da tabela perioacutedica e raramente existe isolado sendo por

isso habitualmente referido como fluoreto Na natureza encontra-se sob a forma de um iatildeo (F-) em

associaccedilatildeo com o caacutelcio foacutesforo alumiacutenio e tambeacutem como parte de certos silicatos como o topaacutezio

Normalmente presente nas rochas plantas ar aacuteguas e solos este elemento faz parte da constituiccedilatildeo de

alguns materiais plaacutesticos e pode tambeacutem estar presente na constituiccedilatildeo de alguns fertilizantes

contribuindo desta forma para a sua presenccedila no solo aacutegua e alimentos No solo o conteuacutedo de

fluoretos varia entre 20 e 500 ppm contudo nas camadas mais profundas o seu niacutevel aumenta No ar a

concentraccedilatildeo normal de fluoretos oscila entre 005 e 190microgm3 1

Do fluacuteor que eacute ingerido entre 75 e 90 eacute absorvido por via digestiva sendo a mucosa bucal

responsaacutevel pela absorccedilatildeo de menos de 1 Depois de absorvido passa para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea

sob a forma ioacutenica ou de compostos orgacircnicos lipossoluacuteveis A forma ioacutenica que circula livremente e

natildeo se liga agraves proteiacutenas nem aos componentes plasmaacuteticos nem aos tecidos moles eacute a que vai estar

disponiacutevel para ser absorvida pelos tecidos duros Da quantidade total de fluacuteor presente no organismo

99 encontra-se nos tecidos calcificados Entre 10 e 25 do aporte diaacuterio de fluacuteor natildeo chega a ser

absorvido vindo a ser excretado pelas fezes O fluacuteor absorvido natildeo utilizado (cerca de 50) eacute

eliminado por via renal2

O fluacuteor tem uma grande afinidade com a apatite presente no organismo com a qual cria ligaccedilotildees

fortes que natildeo satildeo irreversiacuteveis Este facto deve-se agrave facilidade com que os radicais hidroxilos da

hidroxiapatite satildeo substituiacutedos pelos iotildees fluacuteor formando fluorapatite No entanto a apatite normal do

ser humano presente no osso e dente mesmo em condiccedilotildees ideais de presenccedila de fluacuteor nunca se

aproxima da composiccedilatildeo da fluorapatite pura

Quando o fluacuteor eacute ingerido passa pela cavidade oral daiacute resultando a deposiccedilatildeo de uma determinada

quantidade nos tecidos e liacutequidos aiacute existentes A mucosa jugal as gengivas a placa bacteriana os

dentes e a saliva vatildeo beneficiar imediatamente de um aporte directo de fluacuteor que pode permitir que a

sua disponibilidade na cavidade oral se prolongue por periacuteodos mais longos Eacute um facto que a presenccedila

de fluacuteor no meio oral independentemente da sua fonte resulta numa acccedilatildeo preventiva e terapecircutica

extremamente importante

Nota 22 mg de fluoreto de soacutedio correspondem a 1 mg de fluacuteor Quando se dilui 1 mg de fluacuteor em um litro de aacutegua pura

considera-se que essa aacutegua passou a ter 1 ppm de fluacuteor

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 2

Considera-se actualmente que os benefiacutecios dos fluoretos resultam basicamente da sua acccedilatildeo toacutepica

sobre a superfiacutecie do dente enquanto a sua acccedilatildeo sisteacutemica (preacute-eruptiva) eacute muito menos importante

A acccedilatildeo preventiva e terapecircutica dos fluoretos eacute conseguida predominantemente pela sua acccedilatildeo toacutepica

quer nas crianccedilas quer nos adultos atraveacutes de trecircs mecanismos diferentes responsaacuteveis pela

bull inibiccedilatildeo do processo de desmineralizaccedilatildeo

bull potenciaccedilatildeo do processo de remineralizaccedilatildeo

bull inibiccedilatildeo da acccedilatildeo da placa bacteriana

O uso racional dos fluoretos na profilaxia da caacuterie dentaacuteria com eficaacutecia e seguranccedila baseia-se no

conhecimento actualizado dos seus mecanismos de acccedilatildeo e da sua toxicologia

Com base na evidecircncia cientiacutefica a estrateacutegia de utilizaccedilatildeo dos fluoretos em sauacutede oral foi redefinida

tendo em conta que a sua acccedilatildeo preventiva eacute predominantemente poacutes-eruptiva e toacutepica e a sua acccedilatildeo

toacutexica com repercussotildees a niacutevel dentaacuterio eacute preacute-eruptiva e sisteacutemica

Estudos epidemioloacutegicos efectuados pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) sobre os efeitos do

fluacuteor na sauacutede humana referem que valores compreendidos entre 1 e 15 ppm natildeo representam risco

acrescido Contudo valores entre 15 e 2 ppm em climas quentes poderatildeo contribuir para a ocorrecircncia

de casos de fluorose dentaacuteria e valores entre 3 a 6 ppm para o aparecimento de fluorose oacutessea

Para a OMS a concentraccedilatildeo oacuteptima de fluoretos na aacutegua quando esta eacute sujeita a fluoretaccedilatildeo deve

estar compreendida entre 05 e 15 ppm de F dependendo este valor da temperatura meacutedia do local

que condiciona a quantidade de aacutegua ingerida nas zonas mais frias o valor maacuteximo pode estar perto

do limite superior nas zonas mais quentes o valor deve estar perto do limite inferior para uma

prevenccedilatildeo eficaz da caacuterie dentaacuteria Para que os riscos de fluorose estejam diminuiacutedos os programas de

fluoretaccedilatildeo das aacuteguas devem obedecer a criteacuterios claramente definidos

Nas regiotildees onde a aacutegua da rede puacuteblica conteacutem menos de 03 ppm (mgl) de fluoretos (situaccedilatildeo mais

frequente em Portugal Continental) a dose profilaacutectica oacuteptima considerando a soma de todas as fontes

de fluoretos eacute de 005mgkgdia3

11 Toxicidade Aguda

Uma intoxicaccedilatildeo aguda pelo fluacuteor eacute uma possibilidade extremamente rara Alguns casos tecircm sido

descritos na literatura Estudos efectuados em roedores e extrapolados para o homem adulto permitem

pensar que a dose letal miacutenima de fluacuteor seja de aproximadamente 2 gramas ou 32 a 64 mgkg de peso

corporal mas para uma crianccedila bastam 15 mgkg de peso corporal 2

A partir da ingestatildeo de doses superiores a 5mgkg de peso corporal considera-se a hipoacutetese de vir a ter

efeitos toacutexicos

As crianccedilas pequenas tecircm um risco acrescido de ingerir doses de fluoretos atraveacutes do consumo de

produtos de higiene oral A ingestatildeo acidental de um quarto de um tubo com dentiacutefrico de 125 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 3

(1500 ppm de Fluacuteor) potildee em risco a vida de uma crianccedila de um ano de idade O risco de ingestatildeo

acidental por crianccedilas eacute real e eacute adjuvado pelo tipo de embalagens destes produtos que natildeo tecircm

dispositivos de seguranccedila para a sua abertura

A toxicidade aguda pelos fluoretos poderaacute manifestar-se por queixas digestivas (dor abdominal

voacutemitos hematemeses e melenas) neuroloacutegicas (tremores convulsotildees tetania deliacuterio lentificaccedilatildeo da

voz) renais (urina turva hematuacuteria) metaboacutelicas (hipocalceacutemia hipomagnesieacutemia hipercalieacutemia)

cardiovasculares (arritmias hipotensatildeo) e respiratoacuterias (depressatildeo respiratoacuteria apneias) 4

12 Toxicidade Croacutenica

A dose total diaacuteria de fluoretos administrados por via sisteacutemica isenta de risco de toxicidade croacutenica

situa-se abaixo de 005 mgkgdia de peso A partir desses valores aumentam as manifestaccedilotildees atraveacutes

do aparecimento de hipomineralizaccedilatildeo do esmalte que se revela por fluorose dentaacuteria Com

concentraccedilotildees acima de 25 ppm na aacutegua esta manifestaccedilatildeo eacute mais evidente sendo tanto mais grave

quanto a concentraccedilatildeo de fluoretos vai aumentando O periacuteodo criacutetico para o efeito toacutexico do fluacuteor se

manifestar sobre a denticcedilatildeo permanente eacute entre o nascimento e os 7 anos de idade (ateacute aos 3 anos eacute o

periacuteodo mais criacutetico) Quando existem fluoretos ateacute 3 ppm na aacutegua aleacutem da fluorose natildeo parece

existir qualquer outro efeito toacutexico na sauacutede A partir deste valor aumenta o risco de nefrotoxicidade

Como qualquer outro medicamento os fluoretos em dose excessiva tecircm efeitos toacutexicos que

normalmente se manifestam atraveacutes de uma interferecircncia na esteacutetica dentaacuteria Essa manifestaccedilatildeo eacute a

fluorose dentaacuteria

Estudos recentes sobre suplementos de fluoretos e fluorose 5 confirmam que as comunidades sem aacutegua

fluoretada e que utilizam suplementos de fluoretos durante os primeiros 6 anos de vida apresentam

um aumento do risco de desenvolver fluorose

O principal factor de risco para o aparecimento de fluorose dentaacuteria eacute o aporte total de fluoretos

provenientes de diferentes fontes nomeadamente da alimentaccedilatildeo incluindo a aacutegua e os suplementos

alimentares dentiacutefricos e soluccedilotildees para bochechos comprimidos e gotas e ingestatildeo acidental que natildeo

satildeo faacuteceis de quantificar

A fluorose dentaacuteria aumentou nos uacuteltimos anos em comunidades com e sem aacutegua fluoretada 6

2 F l u o r e t o s n a aacute g u a

2 1 Aacute g u a d e a b a s t e c i m e n t o p uacute b l i c o

A fluoretaccedilatildeo das aacuteguas para consumo humano como meio de suprir o deacutefice de fluoretos na aacutegua eacute

uma praacutetica comum em alguns paiacuteses como o Brasil Austraacutelia Canadaacute EUA e Nova Zelacircndia

Apesar de serem tatildeo diferentes quer do ponto de vista soacutecioeconoacutemico quer geograacutefico eles detecircm

uma experiecircncia superior a 25 anos neste domiacutenio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 4

Na Europa a maior parte dos paiacuteses natildeo faz fluoretaccedilatildeo das suas aacuteguas para consumo humano agrave

excepccedilatildeo da Irlanda da Suiacuteccedila (Basileia) e de 10 da populaccedilatildeo do Reino Unido Na Alemanha eacute

proibido e nos restantes paiacuteses eacute desaconselhado

Nos paiacuteses em que se faz fluoretaccedilatildeo da aacutegua alguns estudos demonstraram natildeo ter existido um ganho

efectivo na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria No entanto outros como a Austraacutelia no Estado de Victoacuteria

onde a fluoretaccedilatildeo da aacutegua se faz regularmente observaram-se ganhos efectivos na sauacutede oral da

populaccedilatildeo com consequentes ganhos econoacutemicos

Recomendaccedilatildeo Eacute indispensaacutevel avaliar a qualidade das aacuteguas de abastecimento puacuteblico periodicamente e corrigir os

paracircmetros alterados

Na aacutegua os valores das concentraccedilotildees de fluoretos estatildeo compreendidas entre 01 a 07 ppm Contudo

em alguns casos podem apresentar valores muito mais elevados

Quando a aacutegua apresenta valores de ph superiores a 8 e o iatildeo soacutedio e os carbonatos satildeo dominantes os

valores de fluoretos normalmente presentes excedem 1 ppm

Nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica os fluoretos podem existir naturalmente ou resultar de um

programa de fluoretaccedilatildeo Em Portugal Continental os valores satildeo normalmente baixos e as aacuteguas natildeo

estatildeo sujeitas a fluoretaccedilatildeo artificial O teor de fluoretos deveraacute ser controlado regularmente de modo

a preservar os interesses da sauacutede puacuteblica 7

Na definiccedilatildeo de um valor guia para a aacutegua de consumo humano a OMS propotildee o valor limite de 15

ppm de Fluacuteor referindo que valores superiores podem contribuir para o aumento do risco de fluorose

A Agecircncia Americana para o Ambiente (USEPA) refere um valor maacuteximo admissiacutevel de fluoretos na

aacutegua de consumo humano de 15 ppm e recomenda que nunca se ultrapasse os 4 ppm

Em Portugal a legislaccedilatildeo actualmente em vigor sobre a qualidade da aacutegua para consumo humano

decreto-lei nordm 23698 de 1 de Agosto define dois Valores Maacuteximos Admissiacuteveis (VMA) para os

fluoretos 15 ppm (8 a 12 ordmC) e 07 ppm (25 a 30 ordmC) O decreto-lei nordm 2432001 de 5 de Setembro

que transpotildee a Directiva Comunitaacuteria nordm 9883CE de 3 de Novembro que entrou em vigor em 25 de

Dezembro de 2003 define para os fluoretos um Valor Parameacutetrico (VP) de 15 ppm

O decreto-lei nordm 24301 remete para a Entidade Gestora a verificaccedilatildeo da conformidade dos valores

parameacutetricos obrigatoacuterios aplicaacuteveis agrave aacutegua para consumo humano Sempre que um valor parameacutetrico

eacute excedido isso corresponde a uma situaccedilatildeo de incumprimento e perante esta situaccedilatildeo a entidade

gestora deve de imediato informar a autoridade de sauacutede e a entidade competente dando conta das

medidas correctoras adoptadas ou em curso para restabelecer a qualidade da aacutegua destinada a consumo

humano

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 5

Deve ter-se em atenccedilatildeo o desvio em relaccedilatildeo ao valor parameacutetrico fixado e o perigo potencial para a

sauacutede humana

Segundo o decreto-lei supra mencionado artigo 9ordm compete agraves autoridades de sauacutede a vigilacircncia

sanitaacuteria e a avaliaccedilatildeo do risco para a sauacutede puacuteblica da qualidade da aacutegua destinada ao consumo

humano Sempre que o risco exista e o incumprimento persistir a autoridade de sauacutede deve informar e

aconselhar os consumidores afectados e determinar a proibiccedilatildeo de abastecimento restringir a

utilizaccedilatildeo da aacutegua que constitua um perigo potencial para a sauacutede humana e adoptar todas as medidas

necessaacuterias para proteger a sauacutede humana

Nos Accedilores e na Madeira ou em zonas onde o teor de fluoretos na aacutegua eacute muito elevado deveraacute ser

feita uma verificaccedilatildeo da constante e a correcccedilatildeo adequada

Os principais tratamentos de desfluoretaccedilatildeo envolvem a floculaccedilatildeo da aacutegua usando sais hidratados de

alumiacutenio principalmente em condiccedilotildees alcalinas No caso de aacuteguas aacutecidas pode-se adicionar cal e

alternativamente pode-se recorrer agrave adsorccedilatildeo com carvatildeo activado ou alumina activada ( Al2O3 ) ou

por permuta ioacutenica usando resinas especiacuteficas

Recomendaccedilatildeo Ateacute aos 6-7 anos as crianccedilas natildeo devem ingerir regularmente aacutegua com teor de fluoretos superior a 07 ppm

Recomendaccedilatildeo Sempre que o valor parameacutetrico dos fluoretos na aacutegua para consumo humano exceder 15 ppm deveratildeo ser aplicadas

medidas correctoras para restabelecer a qualidade da aacutegua

2 2 Aacute g u a s m i n e r a i s n a t u r a i s e n g a r r a f a d a s

As aacuteguas minerais naturais engarrafadas deveratildeo no futuro ter rotulagem de acordo com a Directiva

Comunitaacuteria 200340CE da Comissatildeo Europeia de 16 de Maio publicada no Jornal Oficial da Uniatildeo

Europeia em 2252003 artigo 4ordm laquo1 As aacuteguas minerais naturais cuja concentraccedilatildeo em fluacuteor for

superior a 15 mgl (ppm) devem ostentar no roacutetulo a menccedilatildeo lsquoconteacutem mais de 15 mgl (ppm) de

fluacuteor natildeo eacute adequado o seu consumo regular por lactentes nem por crianccedilas com menos de 7 anosrsquo

2 No roacutetulo a menccedilatildeo prevista no nordm 1 deve figurar na proximidade imediata da denominaccedilatildeo de

venda e em caracteres claramente visiacuteveis 3

As aacuteguas minerais naturais que em aplicaccedilatildeo do nordm 1 tiverem de ostentar uma menccedilatildeo no roacutetulo

devem incluir a indicaccedilatildeo do teor real em fluacuteor a niacutevel da composiccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica em constituintes

caracteriacutesticos tal como previsto no nordm 2 aliacutenea a) do artigo 7ordm da Directiva 80777CEEraquo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 6

Para as aacuteguas de nascente cujas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas satildeo definidas pelo Decreto-lei

2432001 de 5 de Setembro em vigor desde Dezembro de 2003 os limites para o teor de fluoretos satildeo

de 15 mgl (ppm)

De acordo com o parecer do Scientific Committee on Food - Comiteacute Cientiacutefico de Alimentaccedilatildeo

Humana (expresso em Dezembro de 1996) a Comissatildeo natildeo vecirc razotildees para nos climas da Uniatildeo

Europeia (climas temperados) limitar os fluoretos nas aacuteguas de consumo humano e nas aacuteguas minerais

naturais para valores inferiores a 15mgl (ppm)

3 F l u o r e t o s n o s g eacute n e r o s a l i m e n t iacute c i o s

Entende-se por lsquogeacutenero alimentiacuteciorsquo qualquer substacircncia ou produto transformado parcialmente

transformado ou natildeo transformado destinado a ser ingerido pelo ser humano ou com razoaacuteveis

probabilidades de o ser Este termo abrange bebidas pastilhas elaacutesticas e todas as substacircncias

incluindo a aacutegua intencionalmente incorporadas nos geacuteneros alimentiacutecios durante o seu fabrico

preparaccedilatildeo ou tratamento8 9

Na alimentaccedilatildeo as estimativas de ingestatildeo de fluacuteor atraveacutes da dieta variam entre 02 e 34 mgdia

sendo estes uacuteltimos valores atingidos quando se inclui o chaacute na alimentaccedilatildeo A ingestatildeo de fluoretos

provenientes dos alimentos comuns eacute pouco significativa Apenas 13 se apresentam na forma

ionizaacutevel e portanto biodisponiacutevel

Recomendaccedilatildeo Independentemente da origem ao utilizar aacutegua informe-se sobre o seu teor em fluoretos As que tecircm um elevado teor

deste elemento natildeo satildeo adequadas para lactentes e crianccedilas com menos de 7 anos

Recomendaccedilatildeo Dar prioridade a uma dieta equilibrada e saudaacutevel com diversidade alimentar Utilizar a aacutegua da cozedura dos

alimentos para confeccionar outros alimentos (ex sopas arroz)

No iniacutecio do ano de 2003 a Comissatildeo Europeia apresentou uma nova proposta de Directiva

Comunitaacuteria relativa agrave ldquoAdiccedilatildeo aos geacuteneros alimentiacutecios de vitaminas minerais e outras substacircnciasrdquo

onde os fluoretos satildeo referidos como podendo ser adicionados a geacuteneros alimentiacutecios comuns Nesta

proposta de Directiva Comunitaacuteria eacute sugerida a inclusatildeo de determinados nutrimentos (entre eles o

fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de geacuteneros alimentiacutecios comuns Esta proposta

prevista no Livro Branco da Comissatildeo ainda estaacute numa fase inicial de discussatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 7

4 F l u o r e t o s e m s u p l e m e n t o a l i m e n t a r

Entende-se por lsquosuplementos alimentaresrsquo geacuteneros alimentiacutecios que se destinam a complementar e ou

suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas

substacircncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisioloacutegico estremes ou combinados

comercializados em forma doseada tais como caacutepsulas pastilhas comprimidos piacutelulas e outras

formas semelhantes saquetas de poacute ampola de liacutequido frascos com conta gotas e outras formas

similares de liacutequido ou poacute que se destinam a ser tomados em unidades medidas de quantidade

reduzida10

A Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002

transposta para o direito nacional pelo Decreto-lei nordm 1362003 de 28 de Junho relativa agrave aproximaccedilatildeo

das legislaccedilotildees dos Estados-Membros respeitantes aos suplementos alimentares vai permitir a inclusatildeo

de determinados nutrimentos (entre eles o fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de

suplementos alimentares11

A partir de 28 de Agosto de 2003 os fluoretos poderatildeo ser comercializados como suplemento

alimentar passando a estar disponiacutevel em farmaacutecias e superfiacutecies comerciais

As quantidades maacuteximas de vitaminas e minerais presentes nos suplementos alimentares satildeo fixadas

em funccedilatildeo da toma diaacuteria recomendada pelo fabricante tendo em conta os seguintes elementos

a) limites superiores de seguranccedila estabelecidos para as vitaminas e os minerais apoacutes uma

avaliaccedilatildeo dos riscos efectuada com base em dados cientiacuteficos geralmente aceites tendo em

conta quando for caso disso os diversos graus de sensibilidade dos diferentes grupos de

consumidores

b) quantidade de vitaminas e minerais ingerida atraveacutes de outras fontes alimentares

c) doses de referecircncia de vitaminas e minerais para a populaccedilatildeo

Recomendaccedilatildeo Nunca ultrapassar a toma indicada no roacutetulo do produto e natildeo utilizar um suplemento alimentar como substituto de um

regime alimentar variado

As quantidades maacuteximas e miacutenimas de vitaminas e minerais referidas seratildeo adoptadas pela Comissatildeo

Europeia assistida pelo Comiteacute de Regulamentaccedilatildeo

Em Portugal a Agecircncia para a Qualidade e Seguranccedila Alimentar viraacute a ter informaccedilatildeo sobre todos os

suplementos alimentares comercializados como geacuteneros alimentiacutecios e introduzidos no mercado de

acordo com o Decreto-lei nordm 1362003

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 8

A rotulagem dos suplementos alimentares natildeo poderaacute mencionar nem fazer qualquer referecircncia a

prevenccedilatildeo tratamento ou cura de doenccedilas humanas e deveraacute indicar uma advertecircncia de que os

produtos devem ser guardados fora do alcance das crianccedilas

5 F luore tos em med icamentos e p rodutos cosmeacutet icos de h ig iene corpora l

A distinccedilatildeo entre Medicamento e Produto Cosmeacutetico de Higiene Corporal contendo fluoretos depende

do seu teor no produto Os cosmeacuteticos contecircm obrigatoriamente uma concentraccedilatildeo de fluoretos inferior

a 015 (1500 ppm) (Decreto-lei 1002001 de 28 de Marccedilo I Seacuterie A) sendo que todos os dentiacutefricos

com concentraccedilotildees de fluoretos superior a 015 satildeo obrigatoriamente classificados como

medicamentos

Os medicamentos contendo fluoretos e utilizados para a profilaxia da caacuterie dentaacuteria existentes no

mercado portuguecircs satildeo de venda livre em farmaacutecia Encontram-se disponiacuteveis nas formas

farmacecircuticas de soluccedilatildeo oral (gotas orais) comprimidos dentiacutefricos gel dentaacuterio e soluccedilatildeo de

bochecho

5 1 F l u o r e t o s e m c o m p r i m i d o s e g o t a s o r a i s

A utilizaccedilatildeo de medicamentos contendo fluoretos na forma de gotas orais e comprimidos foi ateacute haacute

pouco recomendada pelos profissionais de sauacutede (pediatras meacutedicos de famiacutelia cliacutenicos gerais

meacutedicos estomatologistas meacutedicos dentistas) dos 6 meses ateacute aos 16 anos

A clarificaccedilatildeo do mecanismo de acccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria e o aumento de

aporte dos mesmos com consequentes riscos de manifestaccedilatildeo toacutexica obrigaram agrave revisatildeo da sua

administraccedilatildeo em comprimidos eou gotas A gravidade da fluorose dentaacuteria estaacute relacionada com a

dose a duraccedilatildeo e com a idade em que ocorre a exposiccedilatildeo ao fluacuteor 12 13

A ldquoCanadian Consensus Conference on the Appropriate Use of Fluoride Supplements for the

Prevention of Dental Caries in Childrenrdquo 14definiu um protocolo cuja utilizaccedilatildeo eacute recomendada a

profissionais de sauacutede em que se fundamenta a tomada de decisatildeo sobre a necessidade ou natildeo da

suplementaccedilatildeo de fluacuteor A administraccedilatildeo de comprimidos soacute eacute recomendada quando o teor de fluoretos

na aacutegua de abastecimento puacuteblico for inferior a 03 ppm e

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) natildeo escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas

vezes por dia

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas vezes

por dia mas apresenta um alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 9

Por sua vez a conclusatildeo do laquoForum on Fluoridation 2002raquo15 relativamente agrave administraccedilatildeo de

suplementos de fluoretos foi a seguinte limitar a utilizaccedilatildeo de comprimidos de fluoretos a aacutereas onde

natildeo existe aacutegua fluoretada e iniciar essa suplementaccedilatildeo apenas a crianccedilas com alto risco agrave caacuterie e a

partir dos 3 anos

Os comprimidos de fluoretos caso sejam indicados devem ser usados pelo interesse da sua acccedilatildeo

toacutepica Devem ser dissolvidos na boca em vez de imediatamente ingeridos16

A administraccedilatildeo de fluoretos sob a forma de comprimidos chupados soacute deveraacute ser efectuada em

situaccedilotildees excepcionais isto eacute em populaccedilotildees de baixos recursos econoacutemicos nas quais a escovagem

natildeo possa ser promovida e os iacutendices de caacuterie sejam elevados

Para evitar a potencial toxicidade dos fluoretos antes de qualquer prescriccedilatildeo todos os profissionais de

sauacutede devem efectuar uma avaliaccedilatildeo personalizada dos aportes diaacuterios de cada crianccedila tendo em conta

todas as fontes possiacuteveis desse elemento alimentos comuns suplementos alimentares consumo de

aacutegua da rede puacuteblica eou aacutegua engarrafada e respectivo teor de fluoretos e utilizaccedilatildeo de medicamentos

e produtos cosmeacuteticos contendo fluacuteor

Recomendaccedilatildeo A partir dos 3 anos os suplementos sisteacutemicos de fluoretos poderatildeo ser prescritos pelo meacutedico assistente ou meacutedico dentista em crianccedilas que apresentem um alto risco

agrave caacuterie dentaacuteria

5 2 F l u o r e t o s e m d e n t iacute f r i c o s

Hoje em dia a maior parte dos dentiacutefricos agrave venda no mercado contecircm fluoretos sob diferentes formas

fluoreto de soacutedio monofluorfosfato de soacutedio fluoreto de amina e outros Os mais utilizados satildeo o

fluoreto de soacutedio e o monofluorfosfato de soacutedio

Normalmente o conteuacutedo de fluoreto dos dentiacutefricos eacute de 1000 a 1100 ppm (ou 010 a 011)

podendo variar entre 500 e 1500 ppm

Durante a escovagem cerca de 34 da pasta eacute ingerida por crianccedilas de 3 anos 28 pelas de 4-5 anos

e 20 pelas de 5-7 anos

Devem ser evitados dentiacutefricos com sabor a fruta para impedir o seu consumo em excesso uma vez

que estatildeo jaacute descritos na literatura casos de fluorose resultantes do abuso de dentiacutefricos2

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluoretos duas vezes por dia tem-se revelado um

meio colectivo de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria com grande efectividade e baixo custo pelo que deve

ser considerado o meio de eleiccedilatildeo em estrateacutegias comunitaacuterias

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 10

Do ponto de vista da prevenccedilatildeo da caacuterie a aplicaccedilatildeo toacutepica de dentiacutefrico fluoretado com a escova dos

dentes deve ser executada duas vezes por dia e deve iniciar-se quando se daacute a erupccedilatildeo dos dentes Esta

rotina diaacuteria de higiene executada naturalmente com muito cuidado pelos pais deve

progressivamente ser assumida pela crianccedila ateacute aos 6-8 anos de idade Durante este periacuteodo a

escovagem deve ser sempre vigiada pelos pais ou educadores consoante as circunstacircncias para evitar

a utilizaccedilatildeo de quantidades excessivas de dentiacutefrico o qual pode da mesma forma que os

comprimidos conduzir antes dos 6 anos agrave ocorrecircncia de fluorose

As crianccedilas devem usar dentiacutefrico com teor de fluoretos entre 1000-1500 ppm de fluoreto (dentiacutefrico

de adulto) sendo a quantidade a utilizar do tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

Apoacutes a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado pode-se natildeo bochechar com aacutegua Deveraacute

apenas cuspir-se o excesso de pasta Deste modo consegue-se uma mais alta concentraccedilatildeo de fluoreto

na cavidade oral que vai actuar topicamente durante mais tempo

Os pais das crianccedilas devem receber informaccedilatildeo sobre a escovagem dentaacuteria e o uso de dentiacutefricos

fluoretados A escovagem com dentiacutefrico fluoretado deve iniciar-se imediatamente apoacutes a erupccedilatildeo dos

primeiros dentes Os dentiacutefricos fluoretados devem ser guardados em locais inacessiacuteveis agraves crianccedilas

pequenas17

5 3 F l u o r e t o s e m s o l u ccedil otilde e s d e b o c h e c h o

As soluccedilotildees para bochechos recomendadas a partir dos 6 anos de idade tecircm sido utilizadas em

programas escolares de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria em inuacutemeros paiacuteses incluindo Portugal Satildeo

recomendadas a indiviacuteduos de maior risco agrave caacuterie dentaacuteria mas a sua utilizaccedilatildeo tem vido a ser

restringida a crianccedilas que escovam eficazmente os dentes

Recomendaccedilatildeo Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Recomendaccedilatildeo A partir dos 6 anos de idade deve ser feito o bochecho quinzenalmente com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

02

As soluccedilotildees fluoretadas de uso diaacuterio habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

005 e as de uso semanal ou quinzenal habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de 02

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 11

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 12

Referecircncias

1 Diegues P Linhas de Orientaccedilatildeo associadas agrave presenccedila de fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento 2003 Documento produzido no acircmbito da task force Sauacutede Oral e Fluacuteor Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar e na Divisatildeo de Sauacutede Ambiental da DGS 2 Melo PRGR Influecircncia de diferentes meacutetodos de administraccedilatildeo de fluoretos nas variaccedilotildees de incidecircncia de caacuterie Porto Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto 2001 Tese de doutoramento 3 Agence Francaise de Seacutecuriteacute des Produits de Santeacute Mise au point sur le fluacuteor et la prevention de la carie dentaire AFSPS 31 Juillet 2002 4 Leikin JB Paloucek FP Poisoning amp Toxicology Handbook 3th edition Hudson Lexi- Comp 2002 586-7 5 Ismail AI Bandekar RR Fluoride suplements and fluorosis a meta-analysis Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 48-56 6 Steven ML An update on Fluorides and Fluorosis J Can Dent Assoc 200369(5)268-91 7 Pinto R Cristovatildeo E Vinhais T Castro MF Teor de fluoretos nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica nas sedes de concelho de Portugal Continental Revista Portuguesa de Estomatologia Medicina Dentaacuteria e Cirurgia Maxilofacial 1999 40(3)125-42 8 Regulamento 1782002 do Parlamento Europeu e do Conselho de 28 de Janeiro Jornal Oficial das Comunidades Europeias (2002021) 9 Decreto ndash lei nordm 5601999 DR I Seacuterie A 147 (991218) 10 Decreto ndash lei nordm 1362003 DR I Seacuterie A 293 (20030628) 11 Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002 Jornal Oficial das Comunidades Europeias (20020712) 12 Aoba T Fejerskov O Dental fluorosis Chemistry and Biology Crit Rev Oral Biol Med 2002 13(2) 155-70 13 DenBesten PK Biological mechanisms of dental fluorosis relevant to the use of fluoride supplements Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 41-7 14 Limeback H Introduction to the conference Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 27-30 15 Report of the Forum of fluoridation 2002Governement of Ireland 2002 wwwfluoridationforumie 16 Featherstone JDB Prevention and reversal of dental caries role of low level fluoride Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 31-40 17 Pereira A Amorim A Peres F Peres FR Caldas IM Pereira JA Pereira ML Silva MJ Caacuteries Precoces da InfacircnciaLisboa Medisa Ediccedilotildees e Divulgaccedilotildees Cientiacuteficas Lda 2001 Bibliografia

1 Almeida CM Sugestotildees para a Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2002 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e na Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa

2 Rompante P Fundamentos para a alteraccedilatildeo do Programa de Sauacutede Oral da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Documento realizado no acircmbito da Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2003 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e no Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede ndash Norte

3 Rompante P Determinaccedilatildeo da quantidade do elemento fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento puacuteblico na totalidade das sedes de concelho de Portugal Continental Porto Faculdade de Odontologia da Universidade de Barcelona 2002 Tese de Doutoramento

4 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in Children at High Caries Risk SIGN Publication 2000 47

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Page 36: Direcção-Geral da SaúdePrograma será complementado, sempre que oportuno, por orientações técnicas a emitir por esta Direcção-Geral. O Director-Geral e Alto Comissário da

3 7 Reve lador de p laca bac te r i ana O uso de reveladores de placa bacteriana (em soluto ou em comprimidos mastigaacuteveis) permitem

avaliar a higiene oral e consequentemente melhorar as teacutecnicas de escovagem e de utilizaccedilatildeo do fio

dentaacuterio

A partir dos 6 anos de idade estes produtos podem ser usados para que as crianccedilas visualizem a placa

e mais facilmente compreendam que os seus dentes necessitam de ser cuidadosamente limpos

A eritrosina que tem a propriedade de corar de vermelho a placa bacteriana eacute um dos exemplos de

corantes que se podem utilizar Utiliza-se da seguinte forma

colocar 1 a 2 gotas por baixo da liacutengua ou mastigar um comprimido sem engolir

passar a liacutengua por todas as superfiacutecies dentaacuterias

bochechar com aacutegua

A placa bacteriana corada eacute facilmente removida atraveacutes da escovagem dos dentes e do fio dentaacuterio

Nota Para evitar que os laacutebios fiquem corados de vermelho antes de colocar o corante pode passar

batom creme gordo ou vaselina nos laacutebios

3 8 Bochecho f luore tado A partir dos 6 anos pode ser feito o bochecho quinzenal com fluoreto de soacutedio a 02 na escola da

seguinte forma

agitar a soluccedilatildeo e deitar 10 ml em cada copo e distribui-los

indicar a cada crianccedila para colocar o antebraccedilo no rebordo da mesa

introduzir a soluccedilatildeo na boca sem engolir

repousar a testa no antebraccedilo colocando o copo debaixo da boca

bochechar vigorosamente durante 1 minuto

apoacutes este periacuteodo deve ser cuspida tendo o cuidado de natildeo a engolir

Apoacutes o bochecho a crianccedila deve permanecer 30 minutos sem comer nem beber

39 Iacutendice de placa O Iacutendice de Placa (IP) eacute utilizado para quantificar a placa bacteriana em todas as superfiacutecies dentaacuterias e

reflecte os haacutebitos de higiene oral dos indiviacuteduos avaliados

Assim enquanto que um baixo Iacutendice de Placa poderaacute significar um bom impacto das acccedilotildees de

educaccedilatildeo para a sauacutede em sauacutede oral nomeadamente das relacionadas com a higiene um iacutendice

elevado sugere o contraacuterio

Em programas comunitaacuterios geralmente eacute utilizado o Iacutendice de Placa Simplificado que eacute mais raacutepido

de determinar sendo o resultado final igualmente fiaacutevel

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas de EPSrsquorsquo 14

Para se calcular o Iacutendice de Placa Simplificado eacute necessaacuterio atribuir um valor ao tamanho da placa

bacteriana existente nos seguintes 6 dentes e superfiacutecies predeterminados Maxilar superior

1 Primeiro molar superior direito - Superfiacutecie vestibular

2 Incisivo central superior direito - Superfiacutecie vestibular

3 Primeiro molar superior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

4 Primeiro molar inferior esquerdo - Superfiacutecie lingual

5 Incisivo central inferior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

6 Primeiro molar inferior direito - Superfiacutecie lingual

Para atribuir um valor ao tamanho da placa bacteriana existente em cada uma das su

acima referidas eacute necessaacuterio utilizar o revelador de placa bacteriana para a co

facilitar a sua observaccedilatildeo e respectiva classificaccedilatildeo e registo

A cada uma das superfiacutecies dentaacuterias soacute pode ser atribuiacutedo um dos seguintes valore

Valor 0

Valor 1

Valor 2

Valor 3

rarr Se a superfiacutecie do dente natildeo estaacute corada

rarr Se 13 da superfiacutecie estaacute corado

rarr Se 23 da superfiacutecie estatildeo corados

rarr Se estaacute corada toda a superfiacutecie

Feito o registo da observaccedilatildeo individual verifica-se que o somatoacuterio do conjunto de

poderaacute variar entre 0 (zero) e 18 (dezoito)

Dividindo por 6 (seis) este somatoacuterio obteacutem-se o Iacutendice de Placa Individual

Para determinar o Iacutendice de Placa de um grupo de indiviacuteduos divide-se o som

individuais pelo nuacutemero de indiviacuteduos observados multiplicado por seis (o nuacutemer

nuacutemero de dentes seleccionados por indiviacuteduo)

Assim o Iacutendice de Placa poderaacute variar entre 0 (zero) e 3 (trecircs)

Iacutendice de Placa (IP) = Somatoacuterio da classificaccedilatildeo dada a cada dente

Nordm de indiviacuteduos observados x 6

A sauacutede oral das crianccedilas e adolescentes eacute um grave problema de sauacutede puacuteblica ma

simples como as descritas neste documento executadas pelos proacuteprios eou com

encorajadas pela escola e pelos serviccedilos de sauacutede contribuem decididamente para

oral importantes e implementaccedilatildeo efectiva do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas d

Maxilar inferior

perfiacutecies dentaacuterias

rar e dessa forma

s

valores atribuiacutedos

atoacuterio dos valores

o seis representa o

s que com medidas

ajuda da famiacutelia

ganhos em sauacutede

Sauacutede Oral

e EPSrsquorsquo 15

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

F l u o r e t o s

F u n d a m e n t a ccedil atilde o e R e c o m e n d a ccedil otilde e s d a T a s k F o r c e

Documento produzido pela Task Force constituiacuteda pelo Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr

Ricardo Jorge Direcccedilatildeo-Geral de Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura Faculdade de

Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Medicina Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria

Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa e Porto Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento Instituto Superior de

Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia

Ordem dos Meacutedicos Dentistas Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria Sociedade Portuguesa de

Pediatria e os serviccedilos da DGS Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede Divisatildeo de Sauacutede Ambiental

Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

1 F l u o r e t o s

A evidecircncia cientiacutefica tem demonstrado que as mudanccedilas observadas no padratildeo da doenccedila caacuterie

dentaacuteria ocorrem pela implementaccedilatildeo de programas preventivos e terapecircuticos de acircmbito comunitaacuterio

e por estrateacutegias de acccedilatildeo especiacuteficas dirigidas a grupos de risco com criteriosa utilizaccedilatildeo dos

fluoretos

O fluacuteor eacute o elemento mais electronegativo da tabela perioacutedica e raramente existe isolado sendo por

isso habitualmente referido como fluoreto Na natureza encontra-se sob a forma de um iatildeo (F-) em

associaccedilatildeo com o caacutelcio foacutesforo alumiacutenio e tambeacutem como parte de certos silicatos como o topaacutezio

Normalmente presente nas rochas plantas ar aacuteguas e solos este elemento faz parte da constituiccedilatildeo de

alguns materiais plaacutesticos e pode tambeacutem estar presente na constituiccedilatildeo de alguns fertilizantes

contribuindo desta forma para a sua presenccedila no solo aacutegua e alimentos No solo o conteuacutedo de

fluoretos varia entre 20 e 500 ppm contudo nas camadas mais profundas o seu niacutevel aumenta No ar a

concentraccedilatildeo normal de fluoretos oscila entre 005 e 190microgm3 1

Do fluacuteor que eacute ingerido entre 75 e 90 eacute absorvido por via digestiva sendo a mucosa bucal

responsaacutevel pela absorccedilatildeo de menos de 1 Depois de absorvido passa para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea

sob a forma ioacutenica ou de compostos orgacircnicos lipossoluacuteveis A forma ioacutenica que circula livremente e

natildeo se liga agraves proteiacutenas nem aos componentes plasmaacuteticos nem aos tecidos moles eacute a que vai estar

disponiacutevel para ser absorvida pelos tecidos duros Da quantidade total de fluacuteor presente no organismo

99 encontra-se nos tecidos calcificados Entre 10 e 25 do aporte diaacuterio de fluacuteor natildeo chega a ser

absorvido vindo a ser excretado pelas fezes O fluacuteor absorvido natildeo utilizado (cerca de 50) eacute

eliminado por via renal2

O fluacuteor tem uma grande afinidade com a apatite presente no organismo com a qual cria ligaccedilotildees

fortes que natildeo satildeo irreversiacuteveis Este facto deve-se agrave facilidade com que os radicais hidroxilos da

hidroxiapatite satildeo substituiacutedos pelos iotildees fluacuteor formando fluorapatite No entanto a apatite normal do

ser humano presente no osso e dente mesmo em condiccedilotildees ideais de presenccedila de fluacuteor nunca se

aproxima da composiccedilatildeo da fluorapatite pura

Quando o fluacuteor eacute ingerido passa pela cavidade oral daiacute resultando a deposiccedilatildeo de uma determinada

quantidade nos tecidos e liacutequidos aiacute existentes A mucosa jugal as gengivas a placa bacteriana os

dentes e a saliva vatildeo beneficiar imediatamente de um aporte directo de fluacuteor que pode permitir que a

sua disponibilidade na cavidade oral se prolongue por periacuteodos mais longos Eacute um facto que a presenccedila

de fluacuteor no meio oral independentemente da sua fonte resulta numa acccedilatildeo preventiva e terapecircutica

extremamente importante

Nota 22 mg de fluoreto de soacutedio correspondem a 1 mg de fluacuteor Quando se dilui 1 mg de fluacuteor em um litro de aacutegua pura

considera-se que essa aacutegua passou a ter 1 ppm de fluacuteor

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 2

Considera-se actualmente que os benefiacutecios dos fluoretos resultam basicamente da sua acccedilatildeo toacutepica

sobre a superfiacutecie do dente enquanto a sua acccedilatildeo sisteacutemica (preacute-eruptiva) eacute muito menos importante

A acccedilatildeo preventiva e terapecircutica dos fluoretos eacute conseguida predominantemente pela sua acccedilatildeo toacutepica

quer nas crianccedilas quer nos adultos atraveacutes de trecircs mecanismos diferentes responsaacuteveis pela

bull inibiccedilatildeo do processo de desmineralizaccedilatildeo

bull potenciaccedilatildeo do processo de remineralizaccedilatildeo

bull inibiccedilatildeo da acccedilatildeo da placa bacteriana

O uso racional dos fluoretos na profilaxia da caacuterie dentaacuteria com eficaacutecia e seguranccedila baseia-se no

conhecimento actualizado dos seus mecanismos de acccedilatildeo e da sua toxicologia

Com base na evidecircncia cientiacutefica a estrateacutegia de utilizaccedilatildeo dos fluoretos em sauacutede oral foi redefinida

tendo em conta que a sua acccedilatildeo preventiva eacute predominantemente poacutes-eruptiva e toacutepica e a sua acccedilatildeo

toacutexica com repercussotildees a niacutevel dentaacuterio eacute preacute-eruptiva e sisteacutemica

Estudos epidemioloacutegicos efectuados pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) sobre os efeitos do

fluacuteor na sauacutede humana referem que valores compreendidos entre 1 e 15 ppm natildeo representam risco

acrescido Contudo valores entre 15 e 2 ppm em climas quentes poderatildeo contribuir para a ocorrecircncia

de casos de fluorose dentaacuteria e valores entre 3 a 6 ppm para o aparecimento de fluorose oacutessea

Para a OMS a concentraccedilatildeo oacuteptima de fluoretos na aacutegua quando esta eacute sujeita a fluoretaccedilatildeo deve

estar compreendida entre 05 e 15 ppm de F dependendo este valor da temperatura meacutedia do local

que condiciona a quantidade de aacutegua ingerida nas zonas mais frias o valor maacuteximo pode estar perto

do limite superior nas zonas mais quentes o valor deve estar perto do limite inferior para uma

prevenccedilatildeo eficaz da caacuterie dentaacuteria Para que os riscos de fluorose estejam diminuiacutedos os programas de

fluoretaccedilatildeo das aacuteguas devem obedecer a criteacuterios claramente definidos

Nas regiotildees onde a aacutegua da rede puacuteblica conteacutem menos de 03 ppm (mgl) de fluoretos (situaccedilatildeo mais

frequente em Portugal Continental) a dose profilaacutectica oacuteptima considerando a soma de todas as fontes

de fluoretos eacute de 005mgkgdia3

11 Toxicidade Aguda

Uma intoxicaccedilatildeo aguda pelo fluacuteor eacute uma possibilidade extremamente rara Alguns casos tecircm sido

descritos na literatura Estudos efectuados em roedores e extrapolados para o homem adulto permitem

pensar que a dose letal miacutenima de fluacuteor seja de aproximadamente 2 gramas ou 32 a 64 mgkg de peso

corporal mas para uma crianccedila bastam 15 mgkg de peso corporal 2

A partir da ingestatildeo de doses superiores a 5mgkg de peso corporal considera-se a hipoacutetese de vir a ter

efeitos toacutexicos

As crianccedilas pequenas tecircm um risco acrescido de ingerir doses de fluoretos atraveacutes do consumo de

produtos de higiene oral A ingestatildeo acidental de um quarto de um tubo com dentiacutefrico de 125 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 3

(1500 ppm de Fluacuteor) potildee em risco a vida de uma crianccedila de um ano de idade O risco de ingestatildeo

acidental por crianccedilas eacute real e eacute adjuvado pelo tipo de embalagens destes produtos que natildeo tecircm

dispositivos de seguranccedila para a sua abertura

A toxicidade aguda pelos fluoretos poderaacute manifestar-se por queixas digestivas (dor abdominal

voacutemitos hematemeses e melenas) neuroloacutegicas (tremores convulsotildees tetania deliacuterio lentificaccedilatildeo da

voz) renais (urina turva hematuacuteria) metaboacutelicas (hipocalceacutemia hipomagnesieacutemia hipercalieacutemia)

cardiovasculares (arritmias hipotensatildeo) e respiratoacuterias (depressatildeo respiratoacuteria apneias) 4

12 Toxicidade Croacutenica

A dose total diaacuteria de fluoretos administrados por via sisteacutemica isenta de risco de toxicidade croacutenica

situa-se abaixo de 005 mgkgdia de peso A partir desses valores aumentam as manifestaccedilotildees atraveacutes

do aparecimento de hipomineralizaccedilatildeo do esmalte que se revela por fluorose dentaacuteria Com

concentraccedilotildees acima de 25 ppm na aacutegua esta manifestaccedilatildeo eacute mais evidente sendo tanto mais grave

quanto a concentraccedilatildeo de fluoretos vai aumentando O periacuteodo criacutetico para o efeito toacutexico do fluacuteor se

manifestar sobre a denticcedilatildeo permanente eacute entre o nascimento e os 7 anos de idade (ateacute aos 3 anos eacute o

periacuteodo mais criacutetico) Quando existem fluoretos ateacute 3 ppm na aacutegua aleacutem da fluorose natildeo parece

existir qualquer outro efeito toacutexico na sauacutede A partir deste valor aumenta o risco de nefrotoxicidade

Como qualquer outro medicamento os fluoretos em dose excessiva tecircm efeitos toacutexicos que

normalmente se manifestam atraveacutes de uma interferecircncia na esteacutetica dentaacuteria Essa manifestaccedilatildeo eacute a

fluorose dentaacuteria

Estudos recentes sobre suplementos de fluoretos e fluorose 5 confirmam que as comunidades sem aacutegua

fluoretada e que utilizam suplementos de fluoretos durante os primeiros 6 anos de vida apresentam

um aumento do risco de desenvolver fluorose

O principal factor de risco para o aparecimento de fluorose dentaacuteria eacute o aporte total de fluoretos

provenientes de diferentes fontes nomeadamente da alimentaccedilatildeo incluindo a aacutegua e os suplementos

alimentares dentiacutefricos e soluccedilotildees para bochechos comprimidos e gotas e ingestatildeo acidental que natildeo

satildeo faacuteceis de quantificar

A fluorose dentaacuteria aumentou nos uacuteltimos anos em comunidades com e sem aacutegua fluoretada 6

2 F l u o r e t o s n a aacute g u a

2 1 Aacute g u a d e a b a s t e c i m e n t o p uacute b l i c o

A fluoretaccedilatildeo das aacuteguas para consumo humano como meio de suprir o deacutefice de fluoretos na aacutegua eacute

uma praacutetica comum em alguns paiacuteses como o Brasil Austraacutelia Canadaacute EUA e Nova Zelacircndia

Apesar de serem tatildeo diferentes quer do ponto de vista soacutecioeconoacutemico quer geograacutefico eles detecircm

uma experiecircncia superior a 25 anos neste domiacutenio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 4

Na Europa a maior parte dos paiacuteses natildeo faz fluoretaccedilatildeo das suas aacuteguas para consumo humano agrave

excepccedilatildeo da Irlanda da Suiacuteccedila (Basileia) e de 10 da populaccedilatildeo do Reino Unido Na Alemanha eacute

proibido e nos restantes paiacuteses eacute desaconselhado

Nos paiacuteses em que se faz fluoretaccedilatildeo da aacutegua alguns estudos demonstraram natildeo ter existido um ganho

efectivo na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria No entanto outros como a Austraacutelia no Estado de Victoacuteria

onde a fluoretaccedilatildeo da aacutegua se faz regularmente observaram-se ganhos efectivos na sauacutede oral da

populaccedilatildeo com consequentes ganhos econoacutemicos

Recomendaccedilatildeo Eacute indispensaacutevel avaliar a qualidade das aacuteguas de abastecimento puacuteblico periodicamente e corrigir os

paracircmetros alterados

Na aacutegua os valores das concentraccedilotildees de fluoretos estatildeo compreendidas entre 01 a 07 ppm Contudo

em alguns casos podem apresentar valores muito mais elevados

Quando a aacutegua apresenta valores de ph superiores a 8 e o iatildeo soacutedio e os carbonatos satildeo dominantes os

valores de fluoretos normalmente presentes excedem 1 ppm

Nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica os fluoretos podem existir naturalmente ou resultar de um

programa de fluoretaccedilatildeo Em Portugal Continental os valores satildeo normalmente baixos e as aacuteguas natildeo

estatildeo sujeitas a fluoretaccedilatildeo artificial O teor de fluoretos deveraacute ser controlado regularmente de modo

a preservar os interesses da sauacutede puacuteblica 7

Na definiccedilatildeo de um valor guia para a aacutegua de consumo humano a OMS propotildee o valor limite de 15

ppm de Fluacuteor referindo que valores superiores podem contribuir para o aumento do risco de fluorose

A Agecircncia Americana para o Ambiente (USEPA) refere um valor maacuteximo admissiacutevel de fluoretos na

aacutegua de consumo humano de 15 ppm e recomenda que nunca se ultrapasse os 4 ppm

Em Portugal a legislaccedilatildeo actualmente em vigor sobre a qualidade da aacutegua para consumo humano

decreto-lei nordm 23698 de 1 de Agosto define dois Valores Maacuteximos Admissiacuteveis (VMA) para os

fluoretos 15 ppm (8 a 12 ordmC) e 07 ppm (25 a 30 ordmC) O decreto-lei nordm 2432001 de 5 de Setembro

que transpotildee a Directiva Comunitaacuteria nordm 9883CE de 3 de Novembro que entrou em vigor em 25 de

Dezembro de 2003 define para os fluoretos um Valor Parameacutetrico (VP) de 15 ppm

O decreto-lei nordm 24301 remete para a Entidade Gestora a verificaccedilatildeo da conformidade dos valores

parameacutetricos obrigatoacuterios aplicaacuteveis agrave aacutegua para consumo humano Sempre que um valor parameacutetrico

eacute excedido isso corresponde a uma situaccedilatildeo de incumprimento e perante esta situaccedilatildeo a entidade

gestora deve de imediato informar a autoridade de sauacutede e a entidade competente dando conta das

medidas correctoras adoptadas ou em curso para restabelecer a qualidade da aacutegua destinada a consumo

humano

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 5

Deve ter-se em atenccedilatildeo o desvio em relaccedilatildeo ao valor parameacutetrico fixado e o perigo potencial para a

sauacutede humana

Segundo o decreto-lei supra mencionado artigo 9ordm compete agraves autoridades de sauacutede a vigilacircncia

sanitaacuteria e a avaliaccedilatildeo do risco para a sauacutede puacuteblica da qualidade da aacutegua destinada ao consumo

humano Sempre que o risco exista e o incumprimento persistir a autoridade de sauacutede deve informar e

aconselhar os consumidores afectados e determinar a proibiccedilatildeo de abastecimento restringir a

utilizaccedilatildeo da aacutegua que constitua um perigo potencial para a sauacutede humana e adoptar todas as medidas

necessaacuterias para proteger a sauacutede humana

Nos Accedilores e na Madeira ou em zonas onde o teor de fluoretos na aacutegua eacute muito elevado deveraacute ser

feita uma verificaccedilatildeo da constante e a correcccedilatildeo adequada

Os principais tratamentos de desfluoretaccedilatildeo envolvem a floculaccedilatildeo da aacutegua usando sais hidratados de

alumiacutenio principalmente em condiccedilotildees alcalinas No caso de aacuteguas aacutecidas pode-se adicionar cal e

alternativamente pode-se recorrer agrave adsorccedilatildeo com carvatildeo activado ou alumina activada ( Al2O3 ) ou

por permuta ioacutenica usando resinas especiacuteficas

Recomendaccedilatildeo Ateacute aos 6-7 anos as crianccedilas natildeo devem ingerir regularmente aacutegua com teor de fluoretos superior a 07 ppm

Recomendaccedilatildeo Sempre que o valor parameacutetrico dos fluoretos na aacutegua para consumo humano exceder 15 ppm deveratildeo ser aplicadas

medidas correctoras para restabelecer a qualidade da aacutegua

2 2 Aacute g u a s m i n e r a i s n a t u r a i s e n g a r r a f a d a s

As aacuteguas minerais naturais engarrafadas deveratildeo no futuro ter rotulagem de acordo com a Directiva

Comunitaacuteria 200340CE da Comissatildeo Europeia de 16 de Maio publicada no Jornal Oficial da Uniatildeo

Europeia em 2252003 artigo 4ordm laquo1 As aacuteguas minerais naturais cuja concentraccedilatildeo em fluacuteor for

superior a 15 mgl (ppm) devem ostentar no roacutetulo a menccedilatildeo lsquoconteacutem mais de 15 mgl (ppm) de

fluacuteor natildeo eacute adequado o seu consumo regular por lactentes nem por crianccedilas com menos de 7 anosrsquo

2 No roacutetulo a menccedilatildeo prevista no nordm 1 deve figurar na proximidade imediata da denominaccedilatildeo de

venda e em caracteres claramente visiacuteveis 3

As aacuteguas minerais naturais que em aplicaccedilatildeo do nordm 1 tiverem de ostentar uma menccedilatildeo no roacutetulo

devem incluir a indicaccedilatildeo do teor real em fluacuteor a niacutevel da composiccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica em constituintes

caracteriacutesticos tal como previsto no nordm 2 aliacutenea a) do artigo 7ordm da Directiva 80777CEEraquo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 6

Para as aacuteguas de nascente cujas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas satildeo definidas pelo Decreto-lei

2432001 de 5 de Setembro em vigor desde Dezembro de 2003 os limites para o teor de fluoretos satildeo

de 15 mgl (ppm)

De acordo com o parecer do Scientific Committee on Food - Comiteacute Cientiacutefico de Alimentaccedilatildeo

Humana (expresso em Dezembro de 1996) a Comissatildeo natildeo vecirc razotildees para nos climas da Uniatildeo

Europeia (climas temperados) limitar os fluoretos nas aacuteguas de consumo humano e nas aacuteguas minerais

naturais para valores inferiores a 15mgl (ppm)

3 F l u o r e t o s n o s g eacute n e r o s a l i m e n t iacute c i o s

Entende-se por lsquogeacutenero alimentiacuteciorsquo qualquer substacircncia ou produto transformado parcialmente

transformado ou natildeo transformado destinado a ser ingerido pelo ser humano ou com razoaacuteveis

probabilidades de o ser Este termo abrange bebidas pastilhas elaacutesticas e todas as substacircncias

incluindo a aacutegua intencionalmente incorporadas nos geacuteneros alimentiacutecios durante o seu fabrico

preparaccedilatildeo ou tratamento8 9

Na alimentaccedilatildeo as estimativas de ingestatildeo de fluacuteor atraveacutes da dieta variam entre 02 e 34 mgdia

sendo estes uacuteltimos valores atingidos quando se inclui o chaacute na alimentaccedilatildeo A ingestatildeo de fluoretos

provenientes dos alimentos comuns eacute pouco significativa Apenas 13 se apresentam na forma

ionizaacutevel e portanto biodisponiacutevel

Recomendaccedilatildeo Independentemente da origem ao utilizar aacutegua informe-se sobre o seu teor em fluoretos As que tecircm um elevado teor

deste elemento natildeo satildeo adequadas para lactentes e crianccedilas com menos de 7 anos

Recomendaccedilatildeo Dar prioridade a uma dieta equilibrada e saudaacutevel com diversidade alimentar Utilizar a aacutegua da cozedura dos

alimentos para confeccionar outros alimentos (ex sopas arroz)

No iniacutecio do ano de 2003 a Comissatildeo Europeia apresentou uma nova proposta de Directiva

Comunitaacuteria relativa agrave ldquoAdiccedilatildeo aos geacuteneros alimentiacutecios de vitaminas minerais e outras substacircnciasrdquo

onde os fluoretos satildeo referidos como podendo ser adicionados a geacuteneros alimentiacutecios comuns Nesta

proposta de Directiva Comunitaacuteria eacute sugerida a inclusatildeo de determinados nutrimentos (entre eles o

fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de geacuteneros alimentiacutecios comuns Esta proposta

prevista no Livro Branco da Comissatildeo ainda estaacute numa fase inicial de discussatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 7

4 F l u o r e t o s e m s u p l e m e n t o a l i m e n t a r

Entende-se por lsquosuplementos alimentaresrsquo geacuteneros alimentiacutecios que se destinam a complementar e ou

suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas

substacircncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisioloacutegico estremes ou combinados

comercializados em forma doseada tais como caacutepsulas pastilhas comprimidos piacutelulas e outras

formas semelhantes saquetas de poacute ampola de liacutequido frascos com conta gotas e outras formas

similares de liacutequido ou poacute que se destinam a ser tomados em unidades medidas de quantidade

reduzida10

A Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002

transposta para o direito nacional pelo Decreto-lei nordm 1362003 de 28 de Junho relativa agrave aproximaccedilatildeo

das legislaccedilotildees dos Estados-Membros respeitantes aos suplementos alimentares vai permitir a inclusatildeo

de determinados nutrimentos (entre eles o fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de

suplementos alimentares11

A partir de 28 de Agosto de 2003 os fluoretos poderatildeo ser comercializados como suplemento

alimentar passando a estar disponiacutevel em farmaacutecias e superfiacutecies comerciais

As quantidades maacuteximas de vitaminas e minerais presentes nos suplementos alimentares satildeo fixadas

em funccedilatildeo da toma diaacuteria recomendada pelo fabricante tendo em conta os seguintes elementos

a) limites superiores de seguranccedila estabelecidos para as vitaminas e os minerais apoacutes uma

avaliaccedilatildeo dos riscos efectuada com base em dados cientiacuteficos geralmente aceites tendo em

conta quando for caso disso os diversos graus de sensibilidade dos diferentes grupos de

consumidores

b) quantidade de vitaminas e minerais ingerida atraveacutes de outras fontes alimentares

c) doses de referecircncia de vitaminas e minerais para a populaccedilatildeo

Recomendaccedilatildeo Nunca ultrapassar a toma indicada no roacutetulo do produto e natildeo utilizar um suplemento alimentar como substituto de um

regime alimentar variado

As quantidades maacuteximas e miacutenimas de vitaminas e minerais referidas seratildeo adoptadas pela Comissatildeo

Europeia assistida pelo Comiteacute de Regulamentaccedilatildeo

Em Portugal a Agecircncia para a Qualidade e Seguranccedila Alimentar viraacute a ter informaccedilatildeo sobre todos os

suplementos alimentares comercializados como geacuteneros alimentiacutecios e introduzidos no mercado de

acordo com o Decreto-lei nordm 1362003

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 8

A rotulagem dos suplementos alimentares natildeo poderaacute mencionar nem fazer qualquer referecircncia a

prevenccedilatildeo tratamento ou cura de doenccedilas humanas e deveraacute indicar uma advertecircncia de que os

produtos devem ser guardados fora do alcance das crianccedilas

5 F luore tos em med icamentos e p rodutos cosmeacutet icos de h ig iene corpora l

A distinccedilatildeo entre Medicamento e Produto Cosmeacutetico de Higiene Corporal contendo fluoretos depende

do seu teor no produto Os cosmeacuteticos contecircm obrigatoriamente uma concentraccedilatildeo de fluoretos inferior

a 015 (1500 ppm) (Decreto-lei 1002001 de 28 de Marccedilo I Seacuterie A) sendo que todos os dentiacutefricos

com concentraccedilotildees de fluoretos superior a 015 satildeo obrigatoriamente classificados como

medicamentos

Os medicamentos contendo fluoretos e utilizados para a profilaxia da caacuterie dentaacuteria existentes no

mercado portuguecircs satildeo de venda livre em farmaacutecia Encontram-se disponiacuteveis nas formas

farmacecircuticas de soluccedilatildeo oral (gotas orais) comprimidos dentiacutefricos gel dentaacuterio e soluccedilatildeo de

bochecho

5 1 F l u o r e t o s e m c o m p r i m i d o s e g o t a s o r a i s

A utilizaccedilatildeo de medicamentos contendo fluoretos na forma de gotas orais e comprimidos foi ateacute haacute

pouco recomendada pelos profissionais de sauacutede (pediatras meacutedicos de famiacutelia cliacutenicos gerais

meacutedicos estomatologistas meacutedicos dentistas) dos 6 meses ateacute aos 16 anos

A clarificaccedilatildeo do mecanismo de acccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria e o aumento de

aporte dos mesmos com consequentes riscos de manifestaccedilatildeo toacutexica obrigaram agrave revisatildeo da sua

administraccedilatildeo em comprimidos eou gotas A gravidade da fluorose dentaacuteria estaacute relacionada com a

dose a duraccedilatildeo e com a idade em que ocorre a exposiccedilatildeo ao fluacuteor 12 13

A ldquoCanadian Consensus Conference on the Appropriate Use of Fluoride Supplements for the

Prevention of Dental Caries in Childrenrdquo 14definiu um protocolo cuja utilizaccedilatildeo eacute recomendada a

profissionais de sauacutede em que se fundamenta a tomada de decisatildeo sobre a necessidade ou natildeo da

suplementaccedilatildeo de fluacuteor A administraccedilatildeo de comprimidos soacute eacute recomendada quando o teor de fluoretos

na aacutegua de abastecimento puacuteblico for inferior a 03 ppm e

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) natildeo escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas

vezes por dia

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas vezes

por dia mas apresenta um alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 9

Por sua vez a conclusatildeo do laquoForum on Fluoridation 2002raquo15 relativamente agrave administraccedilatildeo de

suplementos de fluoretos foi a seguinte limitar a utilizaccedilatildeo de comprimidos de fluoretos a aacutereas onde

natildeo existe aacutegua fluoretada e iniciar essa suplementaccedilatildeo apenas a crianccedilas com alto risco agrave caacuterie e a

partir dos 3 anos

Os comprimidos de fluoretos caso sejam indicados devem ser usados pelo interesse da sua acccedilatildeo

toacutepica Devem ser dissolvidos na boca em vez de imediatamente ingeridos16

A administraccedilatildeo de fluoretos sob a forma de comprimidos chupados soacute deveraacute ser efectuada em

situaccedilotildees excepcionais isto eacute em populaccedilotildees de baixos recursos econoacutemicos nas quais a escovagem

natildeo possa ser promovida e os iacutendices de caacuterie sejam elevados

Para evitar a potencial toxicidade dos fluoretos antes de qualquer prescriccedilatildeo todos os profissionais de

sauacutede devem efectuar uma avaliaccedilatildeo personalizada dos aportes diaacuterios de cada crianccedila tendo em conta

todas as fontes possiacuteveis desse elemento alimentos comuns suplementos alimentares consumo de

aacutegua da rede puacuteblica eou aacutegua engarrafada e respectivo teor de fluoretos e utilizaccedilatildeo de medicamentos

e produtos cosmeacuteticos contendo fluacuteor

Recomendaccedilatildeo A partir dos 3 anos os suplementos sisteacutemicos de fluoretos poderatildeo ser prescritos pelo meacutedico assistente ou meacutedico dentista em crianccedilas que apresentem um alto risco

agrave caacuterie dentaacuteria

5 2 F l u o r e t o s e m d e n t iacute f r i c o s

Hoje em dia a maior parte dos dentiacutefricos agrave venda no mercado contecircm fluoretos sob diferentes formas

fluoreto de soacutedio monofluorfosfato de soacutedio fluoreto de amina e outros Os mais utilizados satildeo o

fluoreto de soacutedio e o monofluorfosfato de soacutedio

Normalmente o conteuacutedo de fluoreto dos dentiacutefricos eacute de 1000 a 1100 ppm (ou 010 a 011)

podendo variar entre 500 e 1500 ppm

Durante a escovagem cerca de 34 da pasta eacute ingerida por crianccedilas de 3 anos 28 pelas de 4-5 anos

e 20 pelas de 5-7 anos

Devem ser evitados dentiacutefricos com sabor a fruta para impedir o seu consumo em excesso uma vez

que estatildeo jaacute descritos na literatura casos de fluorose resultantes do abuso de dentiacutefricos2

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluoretos duas vezes por dia tem-se revelado um

meio colectivo de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria com grande efectividade e baixo custo pelo que deve

ser considerado o meio de eleiccedilatildeo em estrateacutegias comunitaacuterias

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 10

Do ponto de vista da prevenccedilatildeo da caacuterie a aplicaccedilatildeo toacutepica de dentiacutefrico fluoretado com a escova dos

dentes deve ser executada duas vezes por dia e deve iniciar-se quando se daacute a erupccedilatildeo dos dentes Esta

rotina diaacuteria de higiene executada naturalmente com muito cuidado pelos pais deve

progressivamente ser assumida pela crianccedila ateacute aos 6-8 anos de idade Durante este periacuteodo a

escovagem deve ser sempre vigiada pelos pais ou educadores consoante as circunstacircncias para evitar

a utilizaccedilatildeo de quantidades excessivas de dentiacutefrico o qual pode da mesma forma que os

comprimidos conduzir antes dos 6 anos agrave ocorrecircncia de fluorose

As crianccedilas devem usar dentiacutefrico com teor de fluoretos entre 1000-1500 ppm de fluoreto (dentiacutefrico

de adulto) sendo a quantidade a utilizar do tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

Apoacutes a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado pode-se natildeo bochechar com aacutegua Deveraacute

apenas cuspir-se o excesso de pasta Deste modo consegue-se uma mais alta concentraccedilatildeo de fluoreto

na cavidade oral que vai actuar topicamente durante mais tempo

Os pais das crianccedilas devem receber informaccedilatildeo sobre a escovagem dentaacuteria e o uso de dentiacutefricos

fluoretados A escovagem com dentiacutefrico fluoretado deve iniciar-se imediatamente apoacutes a erupccedilatildeo dos

primeiros dentes Os dentiacutefricos fluoretados devem ser guardados em locais inacessiacuteveis agraves crianccedilas

pequenas17

5 3 F l u o r e t o s e m s o l u ccedil otilde e s d e b o c h e c h o

As soluccedilotildees para bochechos recomendadas a partir dos 6 anos de idade tecircm sido utilizadas em

programas escolares de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria em inuacutemeros paiacuteses incluindo Portugal Satildeo

recomendadas a indiviacuteduos de maior risco agrave caacuterie dentaacuteria mas a sua utilizaccedilatildeo tem vido a ser

restringida a crianccedilas que escovam eficazmente os dentes

Recomendaccedilatildeo Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Recomendaccedilatildeo A partir dos 6 anos de idade deve ser feito o bochecho quinzenalmente com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

02

As soluccedilotildees fluoretadas de uso diaacuterio habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

005 e as de uso semanal ou quinzenal habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de 02

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 11

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 12

Referecircncias

1 Diegues P Linhas de Orientaccedilatildeo associadas agrave presenccedila de fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento 2003 Documento produzido no acircmbito da task force Sauacutede Oral e Fluacuteor Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar e na Divisatildeo de Sauacutede Ambiental da DGS 2 Melo PRGR Influecircncia de diferentes meacutetodos de administraccedilatildeo de fluoretos nas variaccedilotildees de incidecircncia de caacuterie Porto Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto 2001 Tese de doutoramento 3 Agence Francaise de Seacutecuriteacute des Produits de Santeacute Mise au point sur le fluacuteor et la prevention de la carie dentaire AFSPS 31 Juillet 2002 4 Leikin JB Paloucek FP Poisoning amp Toxicology Handbook 3th edition Hudson Lexi- Comp 2002 586-7 5 Ismail AI Bandekar RR Fluoride suplements and fluorosis a meta-analysis Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 48-56 6 Steven ML An update on Fluorides and Fluorosis J Can Dent Assoc 200369(5)268-91 7 Pinto R Cristovatildeo E Vinhais T Castro MF Teor de fluoretos nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica nas sedes de concelho de Portugal Continental Revista Portuguesa de Estomatologia Medicina Dentaacuteria e Cirurgia Maxilofacial 1999 40(3)125-42 8 Regulamento 1782002 do Parlamento Europeu e do Conselho de 28 de Janeiro Jornal Oficial das Comunidades Europeias (2002021) 9 Decreto ndash lei nordm 5601999 DR I Seacuterie A 147 (991218) 10 Decreto ndash lei nordm 1362003 DR I Seacuterie A 293 (20030628) 11 Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002 Jornal Oficial das Comunidades Europeias (20020712) 12 Aoba T Fejerskov O Dental fluorosis Chemistry and Biology Crit Rev Oral Biol Med 2002 13(2) 155-70 13 DenBesten PK Biological mechanisms of dental fluorosis relevant to the use of fluoride supplements Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 41-7 14 Limeback H Introduction to the conference Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 27-30 15 Report of the Forum of fluoridation 2002Governement of Ireland 2002 wwwfluoridationforumie 16 Featherstone JDB Prevention and reversal of dental caries role of low level fluoride Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 31-40 17 Pereira A Amorim A Peres F Peres FR Caldas IM Pereira JA Pereira ML Silva MJ Caacuteries Precoces da InfacircnciaLisboa Medisa Ediccedilotildees e Divulgaccedilotildees Cientiacuteficas Lda 2001 Bibliografia

1 Almeida CM Sugestotildees para a Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2002 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e na Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa

2 Rompante P Fundamentos para a alteraccedilatildeo do Programa de Sauacutede Oral da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Documento realizado no acircmbito da Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2003 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e no Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede ndash Norte

3 Rompante P Determinaccedilatildeo da quantidade do elemento fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento puacuteblico na totalidade das sedes de concelho de Portugal Continental Porto Faculdade de Odontologia da Universidade de Barcelona 2002 Tese de Doutoramento

4 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in Children at High Caries Risk SIGN Publication 2000 47

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Page 37: Direcção-Geral da SaúdePrograma será complementado, sempre que oportuno, por orientações técnicas a emitir por esta Direcção-Geral. O Director-Geral e Alto Comissário da

Para se calcular o Iacutendice de Placa Simplificado eacute necessaacuterio atribuir um valor ao tamanho da placa

bacteriana existente nos seguintes 6 dentes e superfiacutecies predeterminados Maxilar superior

1 Primeiro molar superior direito - Superfiacutecie vestibular

2 Incisivo central superior direito - Superfiacutecie vestibular

3 Primeiro molar superior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

4 Primeiro molar inferior esquerdo - Superfiacutecie lingual

5 Incisivo central inferior esquerdo - Superfiacutecie vestibular

6 Primeiro molar inferior direito - Superfiacutecie lingual

Para atribuir um valor ao tamanho da placa bacteriana existente em cada uma das su

acima referidas eacute necessaacuterio utilizar o revelador de placa bacteriana para a co

facilitar a sua observaccedilatildeo e respectiva classificaccedilatildeo e registo

A cada uma das superfiacutecies dentaacuterias soacute pode ser atribuiacutedo um dos seguintes valore

Valor 0

Valor 1

Valor 2

Valor 3

rarr Se a superfiacutecie do dente natildeo estaacute corada

rarr Se 13 da superfiacutecie estaacute corado

rarr Se 23 da superfiacutecie estatildeo corados

rarr Se estaacute corada toda a superfiacutecie

Feito o registo da observaccedilatildeo individual verifica-se que o somatoacuterio do conjunto de

poderaacute variar entre 0 (zero) e 18 (dezoito)

Dividindo por 6 (seis) este somatoacuterio obteacutem-se o Iacutendice de Placa Individual

Para determinar o Iacutendice de Placa de um grupo de indiviacuteduos divide-se o som

individuais pelo nuacutemero de indiviacuteduos observados multiplicado por seis (o nuacutemer

nuacutemero de dentes seleccionados por indiviacuteduo)

Assim o Iacutendice de Placa poderaacute variar entre 0 (zero) e 3 (trecircs)

Iacutendice de Placa (IP) = Somatoacuterio da classificaccedilatildeo dada a cada dente

Nordm de indiviacuteduos observados x 6

A sauacutede oral das crianccedilas e adolescentes eacute um grave problema de sauacutede puacuteblica ma

simples como as descritas neste documento executadas pelos proacuteprios eou com

encorajadas pela escola e pelos serviccedilos de sauacutede contribuem decididamente para

oral importantes e implementaccedilatildeo efectiva do Programa Nacional de Promoccedilatildeo da

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoEstrateacutegias e Teacutecnicas d

Maxilar inferior

perfiacutecies dentaacuterias

rar e dessa forma

s

valores atribuiacutedos

atoacuterio dos valores

o seis representa o

s que com medidas

ajuda da famiacutelia

ganhos em sauacutede

Sauacutede Oral

e EPSrsquorsquo 15

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

F l u o r e t o s

F u n d a m e n t a ccedil atilde o e R e c o m e n d a ccedil otilde e s d a T a s k F o r c e

Documento produzido pela Task Force constituiacuteda pelo Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr

Ricardo Jorge Direcccedilatildeo-Geral de Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura Faculdade de

Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Medicina Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria

Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa e Porto Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento Instituto Superior de

Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia

Ordem dos Meacutedicos Dentistas Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria Sociedade Portuguesa de

Pediatria e os serviccedilos da DGS Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede Divisatildeo de Sauacutede Ambiental

Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

1 F l u o r e t o s

A evidecircncia cientiacutefica tem demonstrado que as mudanccedilas observadas no padratildeo da doenccedila caacuterie

dentaacuteria ocorrem pela implementaccedilatildeo de programas preventivos e terapecircuticos de acircmbito comunitaacuterio

e por estrateacutegias de acccedilatildeo especiacuteficas dirigidas a grupos de risco com criteriosa utilizaccedilatildeo dos

fluoretos

O fluacuteor eacute o elemento mais electronegativo da tabela perioacutedica e raramente existe isolado sendo por

isso habitualmente referido como fluoreto Na natureza encontra-se sob a forma de um iatildeo (F-) em

associaccedilatildeo com o caacutelcio foacutesforo alumiacutenio e tambeacutem como parte de certos silicatos como o topaacutezio

Normalmente presente nas rochas plantas ar aacuteguas e solos este elemento faz parte da constituiccedilatildeo de

alguns materiais plaacutesticos e pode tambeacutem estar presente na constituiccedilatildeo de alguns fertilizantes

contribuindo desta forma para a sua presenccedila no solo aacutegua e alimentos No solo o conteuacutedo de

fluoretos varia entre 20 e 500 ppm contudo nas camadas mais profundas o seu niacutevel aumenta No ar a

concentraccedilatildeo normal de fluoretos oscila entre 005 e 190microgm3 1

Do fluacuteor que eacute ingerido entre 75 e 90 eacute absorvido por via digestiva sendo a mucosa bucal

responsaacutevel pela absorccedilatildeo de menos de 1 Depois de absorvido passa para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea

sob a forma ioacutenica ou de compostos orgacircnicos lipossoluacuteveis A forma ioacutenica que circula livremente e

natildeo se liga agraves proteiacutenas nem aos componentes plasmaacuteticos nem aos tecidos moles eacute a que vai estar

disponiacutevel para ser absorvida pelos tecidos duros Da quantidade total de fluacuteor presente no organismo

99 encontra-se nos tecidos calcificados Entre 10 e 25 do aporte diaacuterio de fluacuteor natildeo chega a ser

absorvido vindo a ser excretado pelas fezes O fluacuteor absorvido natildeo utilizado (cerca de 50) eacute

eliminado por via renal2

O fluacuteor tem uma grande afinidade com a apatite presente no organismo com a qual cria ligaccedilotildees

fortes que natildeo satildeo irreversiacuteveis Este facto deve-se agrave facilidade com que os radicais hidroxilos da

hidroxiapatite satildeo substituiacutedos pelos iotildees fluacuteor formando fluorapatite No entanto a apatite normal do

ser humano presente no osso e dente mesmo em condiccedilotildees ideais de presenccedila de fluacuteor nunca se

aproxima da composiccedilatildeo da fluorapatite pura

Quando o fluacuteor eacute ingerido passa pela cavidade oral daiacute resultando a deposiccedilatildeo de uma determinada

quantidade nos tecidos e liacutequidos aiacute existentes A mucosa jugal as gengivas a placa bacteriana os

dentes e a saliva vatildeo beneficiar imediatamente de um aporte directo de fluacuteor que pode permitir que a

sua disponibilidade na cavidade oral se prolongue por periacuteodos mais longos Eacute um facto que a presenccedila

de fluacuteor no meio oral independentemente da sua fonte resulta numa acccedilatildeo preventiva e terapecircutica

extremamente importante

Nota 22 mg de fluoreto de soacutedio correspondem a 1 mg de fluacuteor Quando se dilui 1 mg de fluacuteor em um litro de aacutegua pura

considera-se que essa aacutegua passou a ter 1 ppm de fluacuteor

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 2

Considera-se actualmente que os benefiacutecios dos fluoretos resultam basicamente da sua acccedilatildeo toacutepica

sobre a superfiacutecie do dente enquanto a sua acccedilatildeo sisteacutemica (preacute-eruptiva) eacute muito menos importante

A acccedilatildeo preventiva e terapecircutica dos fluoretos eacute conseguida predominantemente pela sua acccedilatildeo toacutepica

quer nas crianccedilas quer nos adultos atraveacutes de trecircs mecanismos diferentes responsaacuteveis pela

bull inibiccedilatildeo do processo de desmineralizaccedilatildeo

bull potenciaccedilatildeo do processo de remineralizaccedilatildeo

bull inibiccedilatildeo da acccedilatildeo da placa bacteriana

O uso racional dos fluoretos na profilaxia da caacuterie dentaacuteria com eficaacutecia e seguranccedila baseia-se no

conhecimento actualizado dos seus mecanismos de acccedilatildeo e da sua toxicologia

Com base na evidecircncia cientiacutefica a estrateacutegia de utilizaccedilatildeo dos fluoretos em sauacutede oral foi redefinida

tendo em conta que a sua acccedilatildeo preventiva eacute predominantemente poacutes-eruptiva e toacutepica e a sua acccedilatildeo

toacutexica com repercussotildees a niacutevel dentaacuterio eacute preacute-eruptiva e sisteacutemica

Estudos epidemioloacutegicos efectuados pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) sobre os efeitos do

fluacuteor na sauacutede humana referem que valores compreendidos entre 1 e 15 ppm natildeo representam risco

acrescido Contudo valores entre 15 e 2 ppm em climas quentes poderatildeo contribuir para a ocorrecircncia

de casos de fluorose dentaacuteria e valores entre 3 a 6 ppm para o aparecimento de fluorose oacutessea

Para a OMS a concentraccedilatildeo oacuteptima de fluoretos na aacutegua quando esta eacute sujeita a fluoretaccedilatildeo deve

estar compreendida entre 05 e 15 ppm de F dependendo este valor da temperatura meacutedia do local

que condiciona a quantidade de aacutegua ingerida nas zonas mais frias o valor maacuteximo pode estar perto

do limite superior nas zonas mais quentes o valor deve estar perto do limite inferior para uma

prevenccedilatildeo eficaz da caacuterie dentaacuteria Para que os riscos de fluorose estejam diminuiacutedos os programas de

fluoretaccedilatildeo das aacuteguas devem obedecer a criteacuterios claramente definidos

Nas regiotildees onde a aacutegua da rede puacuteblica conteacutem menos de 03 ppm (mgl) de fluoretos (situaccedilatildeo mais

frequente em Portugal Continental) a dose profilaacutectica oacuteptima considerando a soma de todas as fontes

de fluoretos eacute de 005mgkgdia3

11 Toxicidade Aguda

Uma intoxicaccedilatildeo aguda pelo fluacuteor eacute uma possibilidade extremamente rara Alguns casos tecircm sido

descritos na literatura Estudos efectuados em roedores e extrapolados para o homem adulto permitem

pensar que a dose letal miacutenima de fluacuteor seja de aproximadamente 2 gramas ou 32 a 64 mgkg de peso

corporal mas para uma crianccedila bastam 15 mgkg de peso corporal 2

A partir da ingestatildeo de doses superiores a 5mgkg de peso corporal considera-se a hipoacutetese de vir a ter

efeitos toacutexicos

As crianccedilas pequenas tecircm um risco acrescido de ingerir doses de fluoretos atraveacutes do consumo de

produtos de higiene oral A ingestatildeo acidental de um quarto de um tubo com dentiacutefrico de 125 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 3

(1500 ppm de Fluacuteor) potildee em risco a vida de uma crianccedila de um ano de idade O risco de ingestatildeo

acidental por crianccedilas eacute real e eacute adjuvado pelo tipo de embalagens destes produtos que natildeo tecircm

dispositivos de seguranccedila para a sua abertura

A toxicidade aguda pelos fluoretos poderaacute manifestar-se por queixas digestivas (dor abdominal

voacutemitos hematemeses e melenas) neuroloacutegicas (tremores convulsotildees tetania deliacuterio lentificaccedilatildeo da

voz) renais (urina turva hematuacuteria) metaboacutelicas (hipocalceacutemia hipomagnesieacutemia hipercalieacutemia)

cardiovasculares (arritmias hipotensatildeo) e respiratoacuterias (depressatildeo respiratoacuteria apneias) 4

12 Toxicidade Croacutenica

A dose total diaacuteria de fluoretos administrados por via sisteacutemica isenta de risco de toxicidade croacutenica

situa-se abaixo de 005 mgkgdia de peso A partir desses valores aumentam as manifestaccedilotildees atraveacutes

do aparecimento de hipomineralizaccedilatildeo do esmalte que se revela por fluorose dentaacuteria Com

concentraccedilotildees acima de 25 ppm na aacutegua esta manifestaccedilatildeo eacute mais evidente sendo tanto mais grave

quanto a concentraccedilatildeo de fluoretos vai aumentando O periacuteodo criacutetico para o efeito toacutexico do fluacuteor se

manifestar sobre a denticcedilatildeo permanente eacute entre o nascimento e os 7 anos de idade (ateacute aos 3 anos eacute o

periacuteodo mais criacutetico) Quando existem fluoretos ateacute 3 ppm na aacutegua aleacutem da fluorose natildeo parece

existir qualquer outro efeito toacutexico na sauacutede A partir deste valor aumenta o risco de nefrotoxicidade

Como qualquer outro medicamento os fluoretos em dose excessiva tecircm efeitos toacutexicos que

normalmente se manifestam atraveacutes de uma interferecircncia na esteacutetica dentaacuteria Essa manifestaccedilatildeo eacute a

fluorose dentaacuteria

Estudos recentes sobre suplementos de fluoretos e fluorose 5 confirmam que as comunidades sem aacutegua

fluoretada e que utilizam suplementos de fluoretos durante os primeiros 6 anos de vida apresentam

um aumento do risco de desenvolver fluorose

O principal factor de risco para o aparecimento de fluorose dentaacuteria eacute o aporte total de fluoretos

provenientes de diferentes fontes nomeadamente da alimentaccedilatildeo incluindo a aacutegua e os suplementos

alimentares dentiacutefricos e soluccedilotildees para bochechos comprimidos e gotas e ingestatildeo acidental que natildeo

satildeo faacuteceis de quantificar

A fluorose dentaacuteria aumentou nos uacuteltimos anos em comunidades com e sem aacutegua fluoretada 6

2 F l u o r e t o s n a aacute g u a

2 1 Aacute g u a d e a b a s t e c i m e n t o p uacute b l i c o

A fluoretaccedilatildeo das aacuteguas para consumo humano como meio de suprir o deacutefice de fluoretos na aacutegua eacute

uma praacutetica comum em alguns paiacuteses como o Brasil Austraacutelia Canadaacute EUA e Nova Zelacircndia

Apesar de serem tatildeo diferentes quer do ponto de vista soacutecioeconoacutemico quer geograacutefico eles detecircm

uma experiecircncia superior a 25 anos neste domiacutenio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 4

Na Europa a maior parte dos paiacuteses natildeo faz fluoretaccedilatildeo das suas aacuteguas para consumo humano agrave

excepccedilatildeo da Irlanda da Suiacuteccedila (Basileia) e de 10 da populaccedilatildeo do Reino Unido Na Alemanha eacute

proibido e nos restantes paiacuteses eacute desaconselhado

Nos paiacuteses em que se faz fluoretaccedilatildeo da aacutegua alguns estudos demonstraram natildeo ter existido um ganho

efectivo na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria No entanto outros como a Austraacutelia no Estado de Victoacuteria

onde a fluoretaccedilatildeo da aacutegua se faz regularmente observaram-se ganhos efectivos na sauacutede oral da

populaccedilatildeo com consequentes ganhos econoacutemicos

Recomendaccedilatildeo Eacute indispensaacutevel avaliar a qualidade das aacuteguas de abastecimento puacuteblico periodicamente e corrigir os

paracircmetros alterados

Na aacutegua os valores das concentraccedilotildees de fluoretos estatildeo compreendidas entre 01 a 07 ppm Contudo

em alguns casos podem apresentar valores muito mais elevados

Quando a aacutegua apresenta valores de ph superiores a 8 e o iatildeo soacutedio e os carbonatos satildeo dominantes os

valores de fluoretos normalmente presentes excedem 1 ppm

Nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica os fluoretos podem existir naturalmente ou resultar de um

programa de fluoretaccedilatildeo Em Portugal Continental os valores satildeo normalmente baixos e as aacuteguas natildeo

estatildeo sujeitas a fluoretaccedilatildeo artificial O teor de fluoretos deveraacute ser controlado regularmente de modo

a preservar os interesses da sauacutede puacuteblica 7

Na definiccedilatildeo de um valor guia para a aacutegua de consumo humano a OMS propotildee o valor limite de 15

ppm de Fluacuteor referindo que valores superiores podem contribuir para o aumento do risco de fluorose

A Agecircncia Americana para o Ambiente (USEPA) refere um valor maacuteximo admissiacutevel de fluoretos na

aacutegua de consumo humano de 15 ppm e recomenda que nunca se ultrapasse os 4 ppm

Em Portugal a legislaccedilatildeo actualmente em vigor sobre a qualidade da aacutegua para consumo humano

decreto-lei nordm 23698 de 1 de Agosto define dois Valores Maacuteximos Admissiacuteveis (VMA) para os

fluoretos 15 ppm (8 a 12 ordmC) e 07 ppm (25 a 30 ordmC) O decreto-lei nordm 2432001 de 5 de Setembro

que transpotildee a Directiva Comunitaacuteria nordm 9883CE de 3 de Novembro que entrou em vigor em 25 de

Dezembro de 2003 define para os fluoretos um Valor Parameacutetrico (VP) de 15 ppm

O decreto-lei nordm 24301 remete para a Entidade Gestora a verificaccedilatildeo da conformidade dos valores

parameacutetricos obrigatoacuterios aplicaacuteveis agrave aacutegua para consumo humano Sempre que um valor parameacutetrico

eacute excedido isso corresponde a uma situaccedilatildeo de incumprimento e perante esta situaccedilatildeo a entidade

gestora deve de imediato informar a autoridade de sauacutede e a entidade competente dando conta das

medidas correctoras adoptadas ou em curso para restabelecer a qualidade da aacutegua destinada a consumo

humano

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 5

Deve ter-se em atenccedilatildeo o desvio em relaccedilatildeo ao valor parameacutetrico fixado e o perigo potencial para a

sauacutede humana

Segundo o decreto-lei supra mencionado artigo 9ordm compete agraves autoridades de sauacutede a vigilacircncia

sanitaacuteria e a avaliaccedilatildeo do risco para a sauacutede puacuteblica da qualidade da aacutegua destinada ao consumo

humano Sempre que o risco exista e o incumprimento persistir a autoridade de sauacutede deve informar e

aconselhar os consumidores afectados e determinar a proibiccedilatildeo de abastecimento restringir a

utilizaccedilatildeo da aacutegua que constitua um perigo potencial para a sauacutede humana e adoptar todas as medidas

necessaacuterias para proteger a sauacutede humana

Nos Accedilores e na Madeira ou em zonas onde o teor de fluoretos na aacutegua eacute muito elevado deveraacute ser

feita uma verificaccedilatildeo da constante e a correcccedilatildeo adequada

Os principais tratamentos de desfluoretaccedilatildeo envolvem a floculaccedilatildeo da aacutegua usando sais hidratados de

alumiacutenio principalmente em condiccedilotildees alcalinas No caso de aacuteguas aacutecidas pode-se adicionar cal e

alternativamente pode-se recorrer agrave adsorccedilatildeo com carvatildeo activado ou alumina activada ( Al2O3 ) ou

por permuta ioacutenica usando resinas especiacuteficas

Recomendaccedilatildeo Ateacute aos 6-7 anos as crianccedilas natildeo devem ingerir regularmente aacutegua com teor de fluoretos superior a 07 ppm

Recomendaccedilatildeo Sempre que o valor parameacutetrico dos fluoretos na aacutegua para consumo humano exceder 15 ppm deveratildeo ser aplicadas

medidas correctoras para restabelecer a qualidade da aacutegua

2 2 Aacute g u a s m i n e r a i s n a t u r a i s e n g a r r a f a d a s

As aacuteguas minerais naturais engarrafadas deveratildeo no futuro ter rotulagem de acordo com a Directiva

Comunitaacuteria 200340CE da Comissatildeo Europeia de 16 de Maio publicada no Jornal Oficial da Uniatildeo

Europeia em 2252003 artigo 4ordm laquo1 As aacuteguas minerais naturais cuja concentraccedilatildeo em fluacuteor for

superior a 15 mgl (ppm) devem ostentar no roacutetulo a menccedilatildeo lsquoconteacutem mais de 15 mgl (ppm) de

fluacuteor natildeo eacute adequado o seu consumo regular por lactentes nem por crianccedilas com menos de 7 anosrsquo

2 No roacutetulo a menccedilatildeo prevista no nordm 1 deve figurar na proximidade imediata da denominaccedilatildeo de

venda e em caracteres claramente visiacuteveis 3

As aacuteguas minerais naturais que em aplicaccedilatildeo do nordm 1 tiverem de ostentar uma menccedilatildeo no roacutetulo

devem incluir a indicaccedilatildeo do teor real em fluacuteor a niacutevel da composiccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica em constituintes

caracteriacutesticos tal como previsto no nordm 2 aliacutenea a) do artigo 7ordm da Directiva 80777CEEraquo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 6

Para as aacuteguas de nascente cujas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas satildeo definidas pelo Decreto-lei

2432001 de 5 de Setembro em vigor desde Dezembro de 2003 os limites para o teor de fluoretos satildeo

de 15 mgl (ppm)

De acordo com o parecer do Scientific Committee on Food - Comiteacute Cientiacutefico de Alimentaccedilatildeo

Humana (expresso em Dezembro de 1996) a Comissatildeo natildeo vecirc razotildees para nos climas da Uniatildeo

Europeia (climas temperados) limitar os fluoretos nas aacuteguas de consumo humano e nas aacuteguas minerais

naturais para valores inferiores a 15mgl (ppm)

3 F l u o r e t o s n o s g eacute n e r o s a l i m e n t iacute c i o s

Entende-se por lsquogeacutenero alimentiacuteciorsquo qualquer substacircncia ou produto transformado parcialmente

transformado ou natildeo transformado destinado a ser ingerido pelo ser humano ou com razoaacuteveis

probabilidades de o ser Este termo abrange bebidas pastilhas elaacutesticas e todas as substacircncias

incluindo a aacutegua intencionalmente incorporadas nos geacuteneros alimentiacutecios durante o seu fabrico

preparaccedilatildeo ou tratamento8 9

Na alimentaccedilatildeo as estimativas de ingestatildeo de fluacuteor atraveacutes da dieta variam entre 02 e 34 mgdia

sendo estes uacuteltimos valores atingidos quando se inclui o chaacute na alimentaccedilatildeo A ingestatildeo de fluoretos

provenientes dos alimentos comuns eacute pouco significativa Apenas 13 se apresentam na forma

ionizaacutevel e portanto biodisponiacutevel

Recomendaccedilatildeo Independentemente da origem ao utilizar aacutegua informe-se sobre o seu teor em fluoretos As que tecircm um elevado teor

deste elemento natildeo satildeo adequadas para lactentes e crianccedilas com menos de 7 anos

Recomendaccedilatildeo Dar prioridade a uma dieta equilibrada e saudaacutevel com diversidade alimentar Utilizar a aacutegua da cozedura dos

alimentos para confeccionar outros alimentos (ex sopas arroz)

No iniacutecio do ano de 2003 a Comissatildeo Europeia apresentou uma nova proposta de Directiva

Comunitaacuteria relativa agrave ldquoAdiccedilatildeo aos geacuteneros alimentiacutecios de vitaminas minerais e outras substacircnciasrdquo

onde os fluoretos satildeo referidos como podendo ser adicionados a geacuteneros alimentiacutecios comuns Nesta

proposta de Directiva Comunitaacuteria eacute sugerida a inclusatildeo de determinados nutrimentos (entre eles o

fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de geacuteneros alimentiacutecios comuns Esta proposta

prevista no Livro Branco da Comissatildeo ainda estaacute numa fase inicial de discussatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 7

4 F l u o r e t o s e m s u p l e m e n t o a l i m e n t a r

Entende-se por lsquosuplementos alimentaresrsquo geacuteneros alimentiacutecios que se destinam a complementar e ou

suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas

substacircncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisioloacutegico estremes ou combinados

comercializados em forma doseada tais como caacutepsulas pastilhas comprimidos piacutelulas e outras

formas semelhantes saquetas de poacute ampola de liacutequido frascos com conta gotas e outras formas

similares de liacutequido ou poacute que se destinam a ser tomados em unidades medidas de quantidade

reduzida10

A Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002

transposta para o direito nacional pelo Decreto-lei nordm 1362003 de 28 de Junho relativa agrave aproximaccedilatildeo

das legislaccedilotildees dos Estados-Membros respeitantes aos suplementos alimentares vai permitir a inclusatildeo

de determinados nutrimentos (entre eles o fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de

suplementos alimentares11

A partir de 28 de Agosto de 2003 os fluoretos poderatildeo ser comercializados como suplemento

alimentar passando a estar disponiacutevel em farmaacutecias e superfiacutecies comerciais

As quantidades maacuteximas de vitaminas e minerais presentes nos suplementos alimentares satildeo fixadas

em funccedilatildeo da toma diaacuteria recomendada pelo fabricante tendo em conta os seguintes elementos

a) limites superiores de seguranccedila estabelecidos para as vitaminas e os minerais apoacutes uma

avaliaccedilatildeo dos riscos efectuada com base em dados cientiacuteficos geralmente aceites tendo em

conta quando for caso disso os diversos graus de sensibilidade dos diferentes grupos de

consumidores

b) quantidade de vitaminas e minerais ingerida atraveacutes de outras fontes alimentares

c) doses de referecircncia de vitaminas e minerais para a populaccedilatildeo

Recomendaccedilatildeo Nunca ultrapassar a toma indicada no roacutetulo do produto e natildeo utilizar um suplemento alimentar como substituto de um

regime alimentar variado

As quantidades maacuteximas e miacutenimas de vitaminas e minerais referidas seratildeo adoptadas pela Comissatildeo

Europeia assistida pelo Comiteacute de Regulamentaccedilatildeo

Em Portugal a Agecircncia para a Qualidade e Seguranccedila Alimentar viraacute a ter informaccedilatildeo sobre todos os

suplementos alimentares comercializados como geacuteneros alimentiacutecios e introduzidos no mercado de

acordo com o Decreto-lei nordm 1362003

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 8

A rotulagem dos suplementos alimentares natildeo poderaacute mencionar nem fazer qualquer referecircncia a

prevenccedilatildeo tratamento ou cura de doenccedilas humanas e deveraacute indicar uma advertecircncia de que os

produtos devem ser guardados fora do alcance das crianccedilas

5 F luore tos em med icamentos e p rodutos cosmeacutet icos de h ig iene corpora l

A distinccedilatildeo entre Medicamento e Produto Cosmeacutetico de Higiene Corporal contendo fluoretos depende

do seu teor no produto Os cosmeacuteticos contecircm obrigatoriamente uma concentraccedilatildeo de fluoretos inferior

a 015 (1500 ppm) (Decreto-lei 1002001 de 28 de Marccedilo I Seacuterie A) sendo que todos os dentiacutefricos

com concentraccedilotildees de fluoretos superior a 015 satildeo obrigatoriamente classificados como

medicamentos

Os medicamentos contendo fluoretos e utilizados para a profilaxia da caacuterie dentaacuteria existentes no

mercado portuguecircs satildeo de venda livre em farmaacutecia Encontram-se disponiacuteveis nas formas

farmacecircuticas de soluccedilatildeo oral (gotas orais) comprimidos dentiacutefricos gel dentaacuterio e soluccedilatildeo de

bochecho

5 1 F l u o r e t o s e m c o m p r i m i d o s e g o t a s o r a i s

A utilizaccedilatildeo de medicamentos contendo fluoretos na forma de gotas orais e comprimidos foi ateacute haacute

pouco recomendada pelos profissionais de sauacutede (pediatras meacutedicos de famiacutelia cliacutenicos gerais

meacutedicos estomatologistas meacutedicos dentistas) dos 6 meses ateacute aos 16 anos

A clarificaccedilatildeo do mecanismo de acccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria e o aumento de

aporte dos mesmos com consequentes riscos de manifestaccedilatildeo toacutexica obrigaram agrave revisatildeo da sua

administraccedilatildeo em comprimidos eou gotas A gravidade da fluorose dentaacuteria estaacute relacionada com a

dose a duraccedilatildeo e com a idade em que ocorre a exposiccedilatildeo ao fluacuteor 12 13

A ldquoCanadian Consensus Conference on the Appropriate Use of Fluoride Supplements for the

Prevention of Dental Caries in Childrenrdquo 14definiu um protocolo cuja utilizaccedilatildeo eacute recomendada a

profissionais de sauacutede em que se fundamenta a tomada de decisatildeo sobre a necessidade ou natildeo da

suplementaccedilatildeo de fluacuteor A administraccedilatildeo de comprimidos soacute eacute recomendada quando o teor de fluoretos

na aacutegua de abastecimento puacuteblico for inferior a 03 ppm e

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) natildeo escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas

vezes por dia

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas vezes

por dia mas apresenta um alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 9

Por sua vez a conclusatildeo do laquoForum on Fluoridation 2002raquo15 relativamente agrave administraccedilatildeo de

suplementos de fluoretos foi a seguinte limitar a utilizaccedilatildeo de comprimidos de fluoretos a aacutereas onde

natildeo existe aacutegua fluoretada e iniciar essa suplementaccedilatildeo apenas a crianccedilas com alto risco agrave caacuterie e a

partir dos 3 anos

Os comprimidos de fluoretos caso sejam indicados devem ser usados pelo interesse da sua acccedilatildeo

toacutepica Devem ser dissolvidos na boca em vez de imediatamente ingeridos16

A administraccedilatildeo de fluoretos sob a forma de comprimidos chupados soacute deveraacute ser efectuada em

situaccedilotildees excepcionais isto eacute em populaccedilotildees de baixos recursos econoacutemicos nas quais a escovagem

natildeo possa ser promovida e os iacutendices de caacuterie sejam elevados

Para evitar a potencial toxicidade dos fluoretos antes de qualquer prescriccedilatildeo todos os profissionais de

sauacutede devem efectuar uma avaliaccedilatildeo personalizada dos aportes diaacuterios de cada crianccedila tendo em conta

todas as fontes possiacuteveis desse elemento alimentos comuns suplementos alimentares consumo de

aacutegua da rede puacuteblica eou aacutegua engarrafada e respectivo teor de fluoretos e utilizaccedilatildeo de medicamentos

e produtos cosmeacuteticos contendo fluacuteor

Recomendaccedilatildeo A partir dos 3 anos os suplementos sisteacutemicos de fluoretos poderatildeo ser prescritos pelo meacutedico assistente ou meacutedico dentista em crianccedilas que apresentem um alto risco

agrave caacuterie dentaacuteria

5 2 F l u o r e t o s e m d e n t iacute f r i c o s

Hoje em dia a maior parte dos dentiacutefricos agrave venda no mercado contecircm fluoretos sob diferentes formas

fluoreto de soacutedio monofluorfosfato de soacutedio fluoreto de amina e outros Os mais utilizados satildeo o

fluoreto de soacutedio e o monofluorfosfato de soacutedio

Normalmente o conteuacutedo de fluoreto dos dentiacutefricos eacute de 1000 a 1100 ppm (ou 010 a 011)

podendo variar entre 500 e 1500 ppm

Durante a escovagem cerca de 34 da pasta eacute ingerida por crianccedilas de 3 anos 28 pelas de 4-5 anos

e 20 pelas de 5-7 anos

Devem ser evitados dentiacutefricos com sabor a fruta para impedir o seu consumo em excesso uma vez

que estatildeo jaacute descritos na literatura casos de fluorose resultantes do abuso de dentiacutefricos2

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluoretos duas vezes por dia tem-se revelado um

meio colectivo de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria com grande efectividade e baixo custo pelo que deve

ser considerado o meio de eleiccedilatildeo em estrateacutegias comunitaacuterias

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 10

Do ponto de vista da prevenccedilatildeo da caacuterie a aplicaccedilatildeo toacutepica de dentiacutefrico fluoretado com a escova dos

dentes deve ser executada duas vezes por dia e deve iniciar-se quando se daacute a erupccedilatildeo dos dentes Esta

rotina diaacuteria de higiene executada naturalmente com muito cuidado pelos pais deve

progressivamente ser assumida pela crianccedila ateacute aos 6-8 anos de idade Durante este periacuteodo a

escovagem deve ser sempre vigiada pelos pais ou educadores consoante as circunstacircncias para evitar

a utilizaccedilatildeo de quantidades excessivas de dentiacutefrico o qual pode da mesma forma que os

comprimidos conduzir antes dos 6 anos agrave ocorrecircncia de fluorose

As crianccedilas devem usar dentiacutefrico com teor de fluoretos entre 1000-1500 ppm de fluoreto (dentiacutefrico

de adulto) sendo a quantidade a utilizar do tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

Apoacutes a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado pode-se natildeo bochechar com aacutegua Deveraacute

apenas cuspir-se o excesso de pasta Deste modo consegue-se uma mais alta concentraccedilatildeo de fluoreto

na cavidade oral que vai actuar topicamente durante mais tempo

Os pais das crianccedilas devem receber informaccedilatildeo sobre a escovagem dentaacuteria e o uso de dentiacutefricos

fluoretados A escovagem com dentiacutefrico fluoretado deve iniciar-se imediatamente apoacutes a erupccedilatildeo dos

primeiros dentes Os dentiacutefricos fluoretados devem ser guardados em locais inacessiacuteveis agraves crianccedilas

pequenas17

5 3 F l u o r e t o s e m s o l u ccedil otilde e s d e b o c h e c h o

As soluccedilotildees para bochechos recomendadas a partir dos 6 anos de idade tecircm sido utilizadas em

programas escolares de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria em inuacutemeros paiacuteses incluindo Portugal Satildeo

recomendadas a indiviacuteduos de maior risco agrave caacuterie dentaacuteria mas a sua utilizaccedilatildeo tem vido a ser

restringida a crianccedilas que escovam eficazmente os dentes

Recomendaccedilatildeo Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Recomendaccedilatildeo A partir dos 6 anos de idade deve ser feito o bochecho quinzenalmente com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

02

As soluccedilotildees fluoretadas de uso diaacuterio habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

005 e as de uso semanal ou quinzenal habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de 02

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 11

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 12

Referecircncias

1 Diegues P Linhas de Orientaccedilatildeo associadas agrave presenccedila de fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento 2003 Documento produzido no acircmbito da task force Sauacutede Oral e Fluacuteor Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar e na Divisatildeo de Sauacutede Ambiental da DGS 2 Melo PRGR Influecircncia de diferentes meacutetodos de administraccedilatildeo de fluoretos nas variaccedilotildees de incidecircncia de caacuterie Porto Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto 2001 Tese de doutoramento 3 Agence Francaise de Seacutecuriteacute des Produits de Santeacute Mise au point sur le fluacuteor et la prevention de la carie dentaire AFSPS 31 Juillet 2002 4 Leikin JB Paloucek FP Poisoning amp Toxicology Handbook 3th edition Hudson Lexi- Comp 2002 586-7 5 Ismail AI Bandekar RR Fluoride suplements and fluorosis a meta-analysis Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 48-56 6 Steven ML An update on Fluorides and Fluorosis J Can Dent Assoc 200369(5)268-91 7 Pinto R Cristovatildeo E Vinhais T Castro MF Teor de fluoretos nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica nas sedes de concelho de Portugal Continental Revista Portuguesa de Estomatologia Medicina Dentaacuteria e Cirurgia Maxilofacial 1999 40(3)125-42 8 Regulamento 1782002 do Parlamento Europeu e do Conselho de 28 de Janeiro Jornal Oficial das Comunidades Europeias (2002021) 9 Decreto ndash lei nordm 5601999 DR I Seacuterie A 147 (991218) 10 Decreto ndash lei nordm 1362003 DR I Seacuterie A 293 (20030628) 11 Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002 Jornal Oficial das Comunidades Europeias (20020712) 12 Aoba T Fejerskov O Dental fluorosis Chemistry and Biology Crit Rev Oral Biol Med 2002 13(2) 155-70 13 DenBesten PK Biological mechanisms of dental fluorosis relevant to the use of fluoride supplements Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 41-7 14 Limeback H Introduction to the conference Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 27-30 15 Report of the Forum of fluoridation 2002Governement of Ireland 2002 wwwfluoridationforumie 16 Featherstone JDB Prevention and reversal of dental caries role of low level fluoride Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 31-40 17 Pereira A Amorim A Peres F Peres FR Caldas IM Pereira JA Pereira ML Silva MJ Caacuteries Precoces da InfacircnciaLisboa Medisa Ediccedilotildees e Divulgaccedilotildees Cientiacuteficas Lda 2001 Bibliografia

1 Almeida CM Sugestotildees para a Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2002 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e na Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa

2 Rompante P Fundamentos para a alteraccedilatildeo do Programa de Sauacutede Oral da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Documento realizado no acircmbito da Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2003 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e no Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede ndash Norte

3 Rompante P Determinaccedilatildeo da quantidade do elemento fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento puacuteblico na totalidade das sedes de concelho de Portugal Continental Porto Faculdade de Odontologia da Universidade de Barcelona 2002 Tese de Doutoramento

4 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in Children at High Caries Risk SIGN Publication 2000 47

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Page 38: Direcção-Geral da SaúdePrograma será complementado, sempre que oportuno, por orientações técnicas a emitir por esta Direcção-Geral. O Director-Geral e Alto Comissário da

D i r e c ccedil atilde o G e r a l d a S a uacute d e

Div isatildeo de Sauacutede Escolar

T e x t o d e A p o i o

A o P r o g r a m a N a c i o n a l

d e P r o m o ccedil atilde o d a S a uacute d e O r a l

F l u o r e t o s

F u n d a m e n t a ccedil atilde o e R e c o m e n d a ccedil otilde e s d a T a s k F o r c e

Documento produzido pela Task Force constituiacuteda pelo Centro de Estudos de Nutriccedilatildeo do Instituto Nacional de Sauacutede Dr

Ricardo Jorge Direcccedilatildeo-Geral de Fiscalizaccedilatildeo e Controlo da Qualidade Alimentar do Ministeacuterio da Agricultura Faculdade de

Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Medicina Coimbra ndash Departamento de Medicina Dentaacuteria

Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa e Porto Instituto Nacional da Farmaacutecia e do Medicamento Instituto Superior de

Ciecircncias da Sauacutede do Norte e Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede do Sul Ordem dos Meacutedicos ndash Coleacutegio de Estomatologia

Ordem dos Meacutedicos Dentistas Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentaacuteria Sociedade Portuguesa de

Pediatria e os serviccedilos da DGS Direcccedilatildeo de Serviccedilos de Promoccedilatildeo e Protecccedilatildeo da Sauacutede Divisatildeo de Sauacutede Ambiental

Divisatildeo de Promoccedilatildeo e Educaccedilatildeo para a Sauacutede coordenada pela Divisatildeo de Sauacutede Escolar da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede

1 F l u o r e t o s

A evidecircncia cientiacutefica tem demonstrado que as mudanccedilas observadas no padratildeo da doenccedila caacuterie

dentaacuteria ocorrem pela implementaccedilatildeo de programas preventivos e terapecircuticos de acircmbito comunitaacuterio

e por estrateacutegias de acccedilatildeo especiacuteficas dirigidas a grupos de risco com criteriosa utilizaccedilatildeo dos

fluoretos

O fluacuteor eacute o elemento mais electronegativo da tabela perioacutedica e raramente existe isolado sendo por

isso habitualmente referido como fluoreto Na natureza encontra-se sob a forma de um iatildeo (F-) em

associaccedilatildeo com o caacutelcio foacutesforo alumiacutenio e tambeacutem como parte de certos silicatos como o topaacutezio

Normalmente presente nas rochas plantas ar aacuteguas e solos este elemento faz parte da constituiccedilatildeo de

alguns materiais plaacutesticos e pode tambeacutem estar presente na constituiccedilatildeo de alguns fertilizantes

contribuindo desta forma para a sua presenccedila no solo aacutegua e alimentos No solo o conteuacutedo de

fluoretos varia entre 20 e 500 ppm contudo nas camadas mais profundas o seu niacutevel aumenta No ar a

concentraccedilatildeo normal de fluoretos oscila entre 005 e 190microgm3 1

Do fluacuteor que eacute ingerido entre 75 e 90 eacute absorvido por via digestiva sendo a mucosa bucal

responsaacutevel pela absorccedilatildeo de menos de 1 Depois de absorvido passa para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea

sob a forma ioacutenica ou de compostos orgacircnicos lipossoluacuteveis A forma ioacutenica que circula livremente e

natildeo se liga agraves proteiacutenas nem aos componentes plasmaacuteticos nem aos tecidos moles eacute a que vai estar

disponiacutevel para ser absorvida pelos tecidos duros Da quantidade total de fluacuteor presente no organismo

99 encontra-se nos tecidos calcificados Entre 10 e 25 do aporte diaacuterio de fluacuteor natildeo chega a ser

absorvido vindo a ser excretado pelas fezes O fluacuteor absorvido natildeo utilizado (cerca de 50) eacute

eliminado por via renal2

O fluacuteor tem uma grande afinidade com a apatite presente no organismo com a qual cria ligaccedilotildees

fortes que natildeo satildeo irreversiacuteveis Este facto deve-se agrave facilidade com que os radicais hidroxilos da

hidroxiapatite satildeo substituiacutedos pelos iotildees fluacuteor formando fluorapatite No entanto a apatite normal do

ser humano presente no osso e dente mesmo em condiccedilotildees ideais de presenccedila de fluacuteor nunca se

aproxima da composiccedilatildeo da fluorapatite pura

Quando o fluacuteor eacute ingerido passa pela cavidade oral daiacute resultando a deposiccedilatildeo de uma determinada

quantidade nos tecidos e liacutequidos aiacute existentes A mucosa jugal as gengivas a placa bacteriana os

dentes e a saliva vatildeo beneficiar imediatamente de um aporte directo de fluacuteor que pode permitir que a

sua disponibilidade na cavidade oral se prolongue por periacuteodos mais longos Eacute um facto que a presenccedila

de fluacuteor no meio oral independentemente da sua fonte resulta numa acccedilatildeo preventiva e terapecircutica

extremamente importante

Nota 22 mg de fluoreto de soacutedio correspondem a 1 mg de fluacuteor Quando se dilui 1 mg de fluacuteor em um litro de aacutegua pura

considera-se que essa aacutegua passou a ter 1 ppm de fluacuteor

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 2

Considera-se actualmente que os benefiacutecios dos fluoretos resultam basicamente da sua acccedilatildeo toacutepica

sobre a superfiacutecie do dente enquanto a sua acccedilatildeo sisteacutemica (preacute-eruptiva) eacute muito menos importante

A acccedilatildeo preventiva e terapecircutica dos fluoretos eacute conseguida predominantemente pela sua acccedilatildeo toacutepica

quer nas crianccedilas quer nos adultos atraveacutes de trecircs mecanismos diferentes responsaacuteveis pela

bull inibiccedilatildeo do processo de desmineralizaccedilatildeo

bull potenciaccedilatildeo do processo de remineralizaccedilatildeo

bull inibiccedilatildeo da acccedilatildeo da placa bacteriana

O uso racional dos fluoretos na profilaxia da caacuterie dentaacuteria com eficaacutecia e seguranccedila baseia-se no

conhecimento actualizado dos seus mecanismos de acccedilatildeo e da sua toxicologia

Com base na evidecircncia cientiacutefica a estrateacutegia de utilizaccedilatildeo dos fluoretos em sauacutede oral foi redefinida

tendo em conta que a sua acccedilatildeo preventiva eacute predominantemente poacutes-eruptiva e toacutepica e a sua acccedilatildeo

toacutexica com repercussotildees a niacutevel dentaacuterio eacute preacute-eruptiva e sisteacutemica

Estudos epidemioloacutegicos efectuados pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) sobre os efeitos do

fluacuteor na sauacutede humana referem que valores compreendidos entre 1 e 15 ppm natildeo representam risco

acrescido Contudo valores entre 15 e 2 ppm em climas quentes poderatildeo contribuir para a ocorrecircncia

de casos de fluorose dentaacuteria e valores entre 3 a 6 ppm para o aparecimento de fluorose oacutessea

Para a OMS a concentraccedilatildeo oacuteptima de fluoretos na aacutegua quando esta eacute sujeita a fluoretaccedilatildeo deve

estar compreendida entre 05 e 15 ppm de F dependendo este valor da temperatura meacutedia do local

que condiciona a quantidade de aacutegua ingerida nas zonas mais frias o valor maacuteximo pode estar perto

do limite superior nas zonas mais quentes o valor deve estar perto do limite inferior para uma

prevenccedilatildeo eficaz da caacuterie dentaacuteria Para que os riscos de fluorose estejam diminuiacutedos os programas de

fluoretaccedilatildeo das aacuteguas devem obedecer a criteacuterios claramente definidos

Nas regiotildees onde a aacutegua da rede puacuteblica conteacutem menos de 03 ppm (mgl) de fluoretos (situaccedilatildeo mais

frequente em Portugal Continental) a dose profilaacutectica oacuteptima considerando a soma de todas as fontes

de fluoretos eacute de 005mgkgdia3

11 Toxicidade Aguda

Uma intoxicaccedilatildeo aguda pelo fluacuteor eacute uma possibilidade extremamente rara Alguns casos tecircm sido

descritos na literatura Estudos efectuados em roedores e extrapolados para o homem adulto permitem

pensar que a dose letal miacutenima de fluacuteor seja de aproximadamente 2 gramas ou 32 a 64 mgkg de peso

corporal mas para uma crianccedila bastam 15 mgkg de peso corporal 2

A partir da ingestatildeo de doses superiores a 5mgkg de peso corporal considera-se a hipoacutetese de vir a ter

efeitos toacutexicos

As crianccedilas pequenas tecircm um risco acrescido de ingerir doses de fluoretos atraveacutes do consumo de

produtos de higiene oral A ingestatildeo acidental de um quarto de um tubo com dentiacutefrico de 125 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 3

(1500 ppm de Fluacuteor) potildee em risco a vida de uma crianccedila de um ano de idade O risco de ingestatildeo

acidental por crianccedilas eacute real e eacute adjuvado pelo tipo de embalagens destes produtos que natildeo tecircm

dispositivos de seguranccedila para a sua abertura

A toxicidade aguda pelos fluoretos poderaacute manifestar-se por queixas digestivas (dor abdominal

voacutemitos hematemeses e melenas) neuroloacutegicas (tremores convulsotildees tetania deliacuterio lentificaccedilatildeo da

voz) renais (urina turva hematuacuteria) metaboacutelicas (hipocalceacutemia hipomagnesieacutemia hipercalieacutemia)

cardiovasculares (arritmias hipotensatildeo) e respiratoacuterias (depressatildeo respiratoacuteria apneias) 4

12 Toxicidade Croacutenica

A dose total diaacuteria de fluoretos administrados por via sisteacutemica isenta de risco de toxicidade croacutenica

situa-se abaixo de 005 mgkgdia de peso A partir desses valores aumentam as manifestaccedilotildees atraveacutes

do aparecimento de hipomineralizaccedilatildeo do esmalte que se revela por fluorose dentaacuteria Com

concentraccedilotildees acima de 25 ppm na aacutegua esta manifestaccedilatildeo eacute mais evidente sendo tanto mais grave

quanto a concentraccedilatildeo de fluoretos vai aumentando O periacuteodo criacutetico para o efeito toacutexico do fluacuteor se

manifestar sobre a denticcedilatildeo permanente eacute entre o nascimento e os 7 anos de idade (ateacute aos 3 anos eacute o

periacuteodo mais criacutetico) Quando existem fluoretos ateacute 3 ppm na aacutegua aleacutem da fluorose natildeo parece

existir qualquer outro efeito toacutexico na sauacutede A partir deste valor aumenta o risco de nefrotoxicidade

Como qualquer outro medicamento os fluoretos em dose excessiva tecircm efeitos toacutexicos que

normalmente se manifestam atraveacutes de uma interferecircncia na esteacutetica dentaacuteria Essa manifestaccedilatildeo eacute a

fluorose dentaacuteria

Estudos recentes sobre suplementos de fluoretos e fluorose 5 confirmam que as comunidades sem aacutegua

fluoretada e que utilizam suplementos de fluoretos durante os primeiros 6 anos de vida apresentam

um aumento do risco de desenvolver fluorose

O principal factor de risco para o aparecimento de fluorose dentaacuteria eacute o aporte total de fluoretos

provenientes de diferentes fontes nomeadamente da alimentaccedilatildeo incluindo a aacutegua e os suplementos

alimentares dentiacutefricos e soluccedilotildees para bochechos comprimidos e gotas e ingestatildeo acidental que natildeo

satildeo faacuteceis de quantificar

A fluorose dentaacuteria aumentou nos uacuteltimos anos em comunidades com e sem aacutegua fluoretada 6

2 F l u o r e t o s n a aacute g u a

2 1 Aacute g u a d e a b a s t e c i m e n t o p uacute b l i c o

A fluoretaccedilatildeo das aacuteguas para consumo humano como meio de suprir o deacutefice de fluoretos na aacutegua eacute

uma praacutetica comum em alguns paiacuteses como o Brasil Austraacutelia Canadaacute EUA e Nova Zelacircndia

Apesar de serem tatildeo diferentes quer do ponto de vista soacutecioeconoacutemico quer geograacutefico eles detecircm

uma experiecircncia superior a 25 anos neste domiacutenio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 4

Na Europa a maior parte dos paiacuteses natildeo faz fluoretaccedilatildeo das suas aacuteguas para consumo humano agrave

excepccedilatildeo da Irlanda da Suiacuteccedila (Basileia) e de 10 da populaccedilatildeo do Reino Unido Na Alemanha eacute

proibido e nos restantes paiacuteses eacute desaconselhado

Nos paiacuteses em que se faz fluoretaccedilatildeo da aacutegua alguns estudos demonstraram natildeo ter existido um ganho

efectivo na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria No entanto outros como a Austraacutelia no Estado de Victoacuteria

onde a fluoretaccedilatildeo da aacutegua se faz regularmente observaram-se ganhos efectivos na sauacutede oral da

populaccedilatildeo com consequentes ganhos econoacutemicos

Recomendaccedilatildeo Eacute indispensaacutevel avaliar a qualidade das aacuteguas de abastecimento puacuteblico periodicamente e corrigir os

paracircmetros alterados

Na aacutegua os valores das concentraccedilotildees de fluoretos estatildeo compreendidas entre 01 a 07 ppm Contudo

em alguns casos podem apresentar valores muito mais elevados

Quando a aacutegua apresenta valores de ph superiores a 8 e o iatildeo soacutedio e os carbonatos satildeo dominantes os

valores de fluoretos normalmente presentes excedem 1 ppm

Nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica os fluoretos podem existir naturalmente ou resultar de um

programa de fluoretaccedilatildeo Em Portugal Continental os valores satildeo normalmente baixos e as aacuteguas natildeo

estatildeo sujeitas a fluoretaccedilatildeo artificial O teor de fluoretos deveraacute ser controlado regularmente de modo

a preservar os interesses da sauacutede puacuteblica 7

Na definiccedilatildeo de um valor guia para a aacutegua de consumo humano a OMS propotildee o valor limite de 15

ppm de Fluacuteor referindo que valores superiores podem contribuir para o aumento do risco de fluorose

A Agecircncia Americana para o Ambiente (USEPA) refere um valor maacuteximo admissiacutevel de fluoretos na

aacutegua de consumo humano de 15 ppm e recomenda que nunca se ultrapasse os 4 ppm

Em Portugal a legislaccedilatildeo actualmente em vigor sobre a qualidade da aacutegua para consumo humano

decreto-lei nordm 23698 de 1 de Agosto define dois Valores Maacuteximos Admissiacuteveis (VMA) para os

fluoretos 15 ppm (8 a 12 ordmC) e 07 ppm (25 a 30 ordmC) O decreto-lei nordm 2432001 de 5 de Setembro

que transpotildee a Directiva Comunitaacuteria nordm 9883CE de 3 de Novembro que entrou em vigor em 25 de

Dezembro de 2003 define para os fluoretos um Valor Parameacutetrico (VP) de 15 ppm

O decreto-lei nordm 24301 remete para a Entidade Gestora a verificaccedilatildeo da conformidade dos valores

parameacutetricos obrigatoacuterios aplicaacuteveis agrave aacutegua para consumo humano Sempre que um valor parameacutetrico

eacute excedido isso corresponde a uma situaccedilatildeo de incumprimento e perante esta situaccedilatildeo a entidade

gestora deve de imediato informar a autoridade de sauacutede e a entidade competente dando conta das

medidas correctoras adoptadas ou em curso para restabelecer a qualidade da aacutegua destinada a consumo

humano

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 5

Deve ter-se em atenccedilatildeo o desvio em relaccedilatildeo ao valor parameacutetrico fixado e o perigo potencial para a

sauacutede humana

Segundo o decreto-lei supra mencionado artigo 9ordm compete agraves autoridades de sauacutede a vigilacircncia

sanitaacuteria e a avaliaccedilatildeo do risco para a sauacutede puacuteblica da qualidade da aacutegua destinada ao consumo

humano Sempre que o risco exista e o incumprimento persistir a autoridade de sauacutede deve informar e

aconselhar os consumidores afectados e determinar a proibiccedilatildeo de abastecimento restringir a

utilizaccedilatildeo da aacutegua que constitua um perigo potencial para a sauacutede humana e adoptar todas as medidas

necessaacuterias para proteger a sauacutede humana

Nos Accedilores e na Madeira ou em zonas onde o teor de fluoretos na aacutegua eacute muito elevado deveraacute ser

feita uma verificaccedilatildeo da constante e a correcccedilatildeo adequada

Os principais tratamentos de desfluoretaccedilatildeo envolvem a floculaccedilatildeo da aacutegua usando sais hidratados de

alumiacutenio principalmente em condiccedilotildees alcalinas No caso de aacuteguas aacutecidas pode-se adicionar cal e

alternativamente pode-se recorrer agrave adsorccedilatildeo com carvatildeo activado ou alumina activada ( Al2O3 ) ou

por permuta ioacutenica usando resinas especiacuteficas

Recomendaccedilatildeo Ateacute aos 6-7 anos as crianccedilas natildeo devem ingerir regularmente aacutegua com teor de fluoretos superior a 07 ppm

Recomendaccedilatildeo Sempre que o valor parameacutetrico dos fluoretos na aacutegua para consumo humano exceder 15 ppm deveratildeo ser aplicadas

medidas correctoras para restabelecer a qualidade da aacutegua

2 2 Aacute g u a s m i n e r a i s n a t u r a i s e n g a r r a f a d a s

As aacuteguas minerais naturais engarrafadas deveratildeo no futuro ter rotulagem de acordo com a Directiva

Comunitaacuteria 200340CE da Comissatildeo Europeia de 16 de Maio publicada no Jornal Oficial da Uniatildeo

Europeia em 2252003 artigo 4ordm laquo1 As aacuteguas minerais naturais cuja concentraccedilatildeo em fluacuteor for

superior a 15 mgl (ppm) devem ostentar no roacutetulo a menccedilatildeo lsquoconteacutem mais de 15 mgl (ppm) de

fluacuteor natildeo eacute adequado o seu consumo regular por lactentes nem por crianccedilas com menos de 7 anosrsquo

2 No roacutetulo a menccedilatildeo prevista no nordm 1 deve figurar na proximidade imediata da denominaccedilatildeo de

venda e em caracteres claramente visiacuteveis 3

As aacuteguas minerais naturais que em aplicaccedilatildeo do nordm 1 tiverem de ostentar uma menccedilatildeo no roacutetulo

devem incluir a indicaccedilatildeo do teor real em fluacuteor a niacutevel da composiccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica em constituintes

caracteriacutesticos tal como previsto no nordm 2 aliacutenea a) do artigo 7ordm da Directiva 80777CEEraquo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 6

Para as aacuteguas de nascente cujas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas satildeo definidas pelo Decreto-lei

2432001 de 5 de Setembro em vigor desde Dezembro de 2003 os limites para o teor de fluoretos satildeo

de 15 mgl (ppm)

De acordo com o parecer do Scientific Committee on Food - Comiteacute Cientiacutefico de Alimentaccedilatildeo

Humana (expresso em Dezembro de 1996) a Comissatildeo natildeo vecirc razotildees para nos climas da Uniatildeo

Europeia (climas temperados) limitar os fluoretos nas aacuteguas de consumo humano e nas aacuteguas minerais

naturais para valores inferiores a 15mgl (ppm)

3 F l u o r e t o s n o s g eacute n e r o s a l i m e n t iacute c i o s

Entende-se por lsquogeacutenero alimentiacuteciorsquo qualquer substacircncia ou produto transformado parcialmente

transformado ou natildeo transformado destinado a ser ingerido pelo ser humano ou com razoaacuteveis

probabilidades de o ser Este termo abrange bebidas pastilhas elaacutesticas e todas as substacircncias

incluindo a aacutegua intencionalmente incorporadas nos geacuteneros alimentiacutecios durante o seu fabrico

preparaccedilatildeo ou tratamento8 9

Na alimentaccedilatildeo as estimativas de ingestatildeo de fluacuteor atraveacutes da dieta variam entre 02 e 34 mgdia

sendo estes uacuteltimos valores atingidos quando se inclui o chaacute na alimentaccedilatildeo A ingestatildeo de fluoretos

provenientes dos alimentos comuns eacute pouco significativa Apenas 13 se apresentam na forma

ionizaacutevel e portanto biodisponiacutevel

Recomendaccedilatildeo Independentemente da origem ao utilizar aacutegua informe-se sobre o seu teor em fluoretos As que tecircm um elevado teor

deste elemento natildeo satildeo adequadas para lactentes e crianccedilas com menos de 7 anos

Recomendaccedilatildeo Dar prioridade a uma dieta equilibrada e saudaacutevel com diversidade alimentar Utilizar a aacutegua da cozedura dos

alimentos para confeccionar outros alimentos (ex sopas arroz)

No iniacutecio do ano de 2003 a Comissatildeo Europeia apresentou uma nova proposta de Directiva

Comunitaacuteria relativa agrave ldquoAdiccedilatildeo aos geacuteneros alimentiacutecios de vitaminas minerais e outras substacircnciasrdquo

onde os fluoretos satildeo referidos como podendo ser adicionados a geacuteneros alimentiacutecios comuns Nesta

proposta de Directiva Comunitaacuteria eacute sugerida a inclusatildeo de determinados nutrimentos (entre eles o

fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de geacuteneros alimentiacutecios comuns Esta proposta

prevista no Livro Branco da Comissatildeo ainda estaacute numa fase inicial de discussatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 7

4 F l u o r e t o s e m s u p l e m e n t o a l i m e n t a r

Entende-se por lsquosuplementos alimentaresrsquo geacuteneros alimentiacutecios que se destinam a complementar e ou

suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas

substacircncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisioloacutegico estremes ou combinados

comercializados em forma doseada tais como caacutepsulas pastilhas comprimidos piacutelulas e outras

formas semelhantes saquetas de poacute ampola de liacutequido frascos com conta gotas e outras formas

similares de liacutequido ou poacute que se destinam a ser tomados em unidades medidas de quantidade

reduzida10

A Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002

transposta para o direito nacional pelo Decreto-lei nordm 1362003 de 28 de Junho relativa agrave aproximaccedilatildeo

das legislaccedilotildees dos Estados-Membros respeitantes aos suplementos alimentares vai permitir a inclusatildeo

de determinados nutrimentos (entre eles o fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de

suplementos alimentares11

A partir de 28 de Agosto de 2003 os fluoretos poderatildeo ser comercializados como suplemento

alimentar passando a estar disponiacutevel em farmaacutecias e superfiacutecies comerciais

As quantidades maacuteximas de vitaminas e minerais presentes nos suplementos alimentares satildeo fixadas

em funccedilatildeo da toma diaacuteria recomendada pelo fabricante tendo em conta os seguintes elementos

a) limites superiores de seguranccedila estabelecidos para as vitaminas e os minerais apoacutes uma

avaliaccedilatildeo dos riscos efectuada com base em dados cientiacuteficos geralmente aceites tendo em

conta quando for caso disso os diversos graus de sensibilidade dos diferentes grupos de

consumidores

b) quantidade de vitaminas e minerais ingerida atraveacutes de outras fontes alimentares

c) doses de referecircncia de vitaminas e minerais para a populaccedilatildeo

Recomendaccedilatildeo Nunca ultrapassar a toma indicada no roacutetulo do produto e natildeo utilizar um suplemento alimentar como substituto de um

regime alimentar variado

As quantidades maacuteximas e miacutenimas de vitaminas e minerais referidas seratildeo adoptadas pela Comissatildeo

Europeia assistida pelo Comiteacute de Regulamentaccedilatildeo

Em Portugal a Agecircncia para a Qualidade e Seguranccedila Alimentar viraacute a ter informaccedilatildeo sobre todos os

suplementos alimentares comercializados como geacuteneros alimentiacutecios e introduzidos no mercado de

acordo com o Decreto-lei nordm 1362003

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 8

A rotulagem dos suplementos alimentares natildeo poderaacute mencionar nem fazer qualquer referecircncia a

prevenccedilatildeo tratamento ou cura de doenccedilas humanas e deveraacute indicar uma advertecircncia de que os

produtos devem ser guardados fora do alcance das crianccedilas

5 F luore tos em med icamentos e p rodutos cosmeacutet icos de h ig iene corpora l

A distinccedilatildeo entre Medicamento e Produto Cosmeacutetico de Higiene Corporal contendo fluoretos depende

do seu teor no produto Os cosmeacuteticos contecircm obrigatoriamente uma concentraccedilatildeo de fluoretos inferior

a 015 (1500 ppm) (Decreto-lei 1002001 de 28 de Marccedilo I Seacuterie A) sendo que todos os dentiacutefricos

com concentraccedilotildees de fluoretos superior a 015 satildeo obrigatoriamente classificados como

medicamentos

Os medicamentos contendo fluoretos e utilizados para a profilaxia da caacuterie dentaacuteria existentes no

mercado portuguecircs satildeo de venda livre em farmaacutecia Encontram-se disponiacuteveis nas formas

farmacecircuticas de soluccedilatildeo oral (gotas orais) comprimidos dentiacutefricos gel dentaacuterio e soluccedilatildeo de

bochecho

5 1 F l u o r e t o s e m c o m p r i m i d o s e g o t a s o r a i s

A utilizaccedilatildeo de medicamentos contendo fluoretos na forma de gotas orais e comprimidos foi ateacute haacute

pouco recomendada pelos profissionais de sauacutede (pediatras meacutedicos de famiacutelia cliacutenicos gerais

meacutedicos estomatologistas meacutedicos dentistas) dos 6 meses ateacute aos 16 anos

A clarificaccedilatildeo do mecanismo de acccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria e o aumento de

aporte dos mesmos com consequentes riscos de manifestaccedilatildeo toacutexica obrigaram agrave revisatildeo da sua

administraccedilatildeo em comprimidos eou gotas A gravidade da fluorose dentaacuteria estaacute relacionada com a

dose a duraccedilatildeo e com a idade em que ocorre a exposiccedilatildeo ao fluacuteor 12 13

A ldquoCanadian Consensus Conference on the Appropriate Use of Fluoride Supplements for the

Prevention of Dental Caries in Childrenrdquo 14definiu um protocolo cuja utilizaccedilatildeo eacute recomendada a

profissionais de sauacutede em que se fundamenta a tomada de decisatildeo sobre a necessidade ou natildeo da

suplementaccedilatildeo de fluacuteor A administraccedilatildeo de comprimidos soacute eacute recomendada quando o teor de fluoretos

na aacutegua de abastecimento puacuteblico for inferior a 03 ppm e

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) natildeo escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas

vezes por dia

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas vezes

por dia mas apresenta um alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 9

Por sua vez a conclusatildeo do laquoForum on Fluoridation 2002raquo15 relativamente agrave administraccedilatildeo de

suplementos de fluoretos foi a seguinte limitar a utilizaccedilatildeo de comprimidos de fluoretos a aacutereas onde

natildeo existe aacutegua fluoretada e iniciar essa suplementaccedilatildeo apenas a crianccedilas com alto risco agrave caacuterie e a

partir dos 3 anos

Os comprimidos de fluoretos caso sejam indicados devem ser usados pelo interesse da sua acccedilatildeo

toacutepica Devem ser dissolvidos na boca em vez de imediatamente ingeridos16

A administraccedilatildeo de fluoretos sob a forma de comprimidos chupados soacute deveraacute ser efectuada em

situaccedilotildees excepcionais isto eacute em populaccedilotildees de baixos recursos econoacutemicos nas quais a escovagem

natildeo possa ser promovida e os iacutendices de caacuterie sejam elevados

Para evitar a potencial toxicidade dos fluoretos antes de qualquer prescriccedilatildeo todos os profissionais de

sauacutede devem efectuar uma avaliaccedilatildeo personalizada dos aportes diaacuterios de cada crianccedila tendo em conta

todas as fontes possiacuteveis desse elemento alimentos comuns suplementos alimentares consumo de

aacutegua da rede puacuteblica eou aacutegua engarrafada e respectivo teor de fluoretos e utilizaccedilatildeo de medicamentos

e produtos cosmeacuteticos contendo fluacuteor

Recomendaccedilatildeo A partir dos 3 anos os suplementos sisteacutemicos de fluoretos poderatildeo ser prescritos pelo meacutedico assistente ou meacutedico dentista em crianccedilas que apresentem um alto risco

agrave caacuterie dentaacuteria

5 2 F l u o r e t o s e m d e n t iacute f r i c o s

Hoje em dia a maior parte dos dentiacutefricos agrave venda no mercado contecircm fluoretos sob diferentes formas

fluoreto de soacutedio monofluorfosfato de soacutedio fluoreto de amina e outros Os mais utilizados satildeo o

fluoreto de soacutedio e o monofluorfosfato de soacutedio

Normalmente o conteuacutedo de fluoreto dos dentiacutefricos eacute de 1000 a 1100 ppm (ou 010 a 011)

podendo variar entre 500 e 1500 ppm

Durante a escovagem cerca de 34 da pasta eacute ingerida por crianccedilas de 3 anos 28 pelas de 4-5 anos

e 20 pelas de 5-7 anos

Devem ser evitados dentiacutefricos com sabor a fruta para impedir o seu consumo em excesso uma vez

que estatildeo jaacute descritos na literatura casos de fluorose resultantes do abuso de dentiacutefricos2

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluoretos duas vezes por dia tem-se revelado um

meio colectivo de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria com grande efectividade e baixo custo pelo que deve

ser considerado o meio de eleiccedilatildeo em estrateacutegias comunitaacuterias

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 10

Do ponto de vista da prevenccedilatildeo da caacuterie a aplicaccedilatildeo toacutepica de dentiacutefrico fluoretado com a escova dos

dentes deve ser executada duas vezes por dia e deve iniciar-se quando se daacute a erupccedilatildeo dos dentes Esta

rotina diaacuteria de higiene executada naturalmente com muito cuidado pelos pais deve

progressivamente ser assumida pela crianccedila ateacute aos 6-8 anos de idade Durante este periacuteodo a

escovagem deve ser sempre vigiada pelos pais ou educadores consoante as circunstacircncias para evitar

a utilizaccedilatildeo de quantidades excessivas de dentiacutefrico o qual pode da mesma forma que os

comprimidos conduzir antes dos 6 anos agrave ocorrecircncia de fluorose

As crianccedilas devem usar dentiacutefrico com teor de fluoretos entre 1000-1500 ppm de fluoreto (dentiacutefrico

de adulto) sendo a quantidade a utilizar do tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

Apoacutes a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado pode-se natildeo bochechar com aacutegua Deveraacute

apenas cuspir-se o excesso de pasta Deste modo consegue-se uma mais alta concentraccedilatildeo de fluoreto

na cavidade oral que vai actuar topicamente durante mais tempo

Os pais das crianccedilas devem receber informaccedilatildeo sobre a escovagem dentaacuteria e o uso de dentiacutefricos

fluoretados A escovagem com dentiacutefrico fluoretado deve iniciar-se imediatamente apoacutes a erupccedilatildeo dos

primeiros dentes Os dentiacutefricos fluoretados devem ser guardados em locais inacessiacuteveis agraves crianccedilas

pequenas17

5 3 F l u o r e t o s e m s o l u ccedil otilde e s d e b o c h e c h o

As soluccedilotildees para bochechos recomendadas a partir dos 6 anos de idade tecircm sido utilizadas em

programas escolares de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria em inuacutemeros paiacuteses incluindo Portugal Satildeo

recomendadas a indiviacuteduos de maior risco agrave caacuterie dentaacuteria mas a sua utilizaccedilatildeo tem vido a ser

restringida a crianccedilas que escovam eficazmente os dentes

Recomendaccedilatildeo Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Recomendaccedilatildeo A partir dos 6 anos de idade deve ser feito o bochecho quinzenalmente com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

02

As soluccedilotildees fluoretadas de uso diaacuterio habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

005 e as de uso semanal ou quinzenal habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de 02

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 11

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 12

Referecircncias

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1 Almeida CM Sugestotildees para a Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2002 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e na Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa

2 Rompante P Fundamentos para a alteraccedilatildeo do Programa de Sauacutede Oral da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Documento realizado no acircmbito da Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2003 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e no Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede ndash Norte

3 Rompante P Determinaccedilatildeo da quantidade do elemento fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento puacuteblico na totalidade das sedes de concelho de Portugal Continental Porto Faculdade de Odontologia da Universidade de Barcelona 2002 Tese de Doutoramento

4 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in Children at High Caries Risk SIGN Publication 2000 47

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Page 39: Direcção-Geral da SaúdePrograma será complementado, sempre que oportuno, por orientações técnicas a emitir por esta Direcção-Geral. O Director-Geral e Alto Comissário da

1 F l u o r e t o s

A evidecircncia cientiacutefica tem demonstrado que as mudanccedilas observadas no padratildeo da doenccedila caacuterie

dentaacuteria ocorrem pela implementaccedilatildeo de programas preventivos e terapecircuticos de acircmbito comunitaacuterio

e por estrateacutegias de acccedilatildeo especiacuteficas dirigidas a grupos de risco com criteriosa utilizaccedilatildeo dos

fluoretos

O fluacuteor eacute o elemento mais electronegativo da tabela perioacutedica e raramente existe isolado sendo por

isso habitualmente referido como fluoreto Na natureza encontra-se sob a forma de um iatildeo (F-) em

associaccedilatildeo com o caacutelcio foacutesforo alumiacutenio e tambeacutem como parte de certos silicatos como o topaacutezio

Normalmente presente nas rochas plantas ar aacuteguas e solos este elemento faz parte da constituiccedilatildeo de

alguns materiais plaacutesticos e pode tambeacutem estar presente na constituiccedilatildeo de alguns fertilizantes

contribuindo desta forma para a sua presenccedila no solo aacutegua e alimentos No solo o conteuacutedo de

fluoretos varia entre 20 e 500 ppm contudo nas camadas mais profundas o seu niacutevel aumenta No ar a

concentraccedilatildeo normal de fluoretos oscila entre 005 e 190microgm3 1

Do fluacuteor que eacute ingerido entre 75 e 90 eacute absorvido por via digestiva sendo a mucosa bucal

responsaacutevel pela absorccedilatildeo de menos de 1 Depois de absorvido passa para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea

sob a forma ioacutenica ou de compostos orgacircnicos lipossoluacuteveis A forma ioacutenica que circula livremente e

natildeo se liga agraves proteiacutenas nem aos componentes plasmaacuteticos nem aos tecidos moles eacute a que vai estar

disponiacutevel para ser absorvida pelos tecidos duros Da quantidade total de fluacuteor presente no organismo

99 encontra-se nos tecidos calcificados Entre 10 e 25 do aporte diaacuterio de fluacuteor natildeo chega a ser

absorvido vindo a ser excretado pelas fezes O fluacuteor absorvido natildeo utilizado (cerca de 50) eacute

eliminado por via renal2

O fluacuteor tem uma grande afinidade com a apatite presente no organismo com a qual cria ligaccedilotildees

fortes que natildeo satildeo irreversiacuteveis Este facto deve-se agrave facilidade com que os radicais hidroxilos da

hidroxiapatite satildeo substituiacutedos pelos iotildees fluacuteor formando fluorapatite No entanto a apatite normal do

ser humano presente no osso e dente mesmo em condiccedilotildees ideais de presenccedila de fluacuteor nunca se

aproxima da composiccedilatildeo da fluorapatite pura

Quando o fluacuteor eacute ingerido passa pela cavidade oral daiacute resultando a deposiccedilatildeo de uma determinada

quantidade nos tecidos e liacutequidos aiacute existentes A mucosa jugal as gengivas a placa bacteriana os

dentes e a saliva vatildeo beneficiar imediatamente de um aporte directo de fluacuteor que pode permitir que a

sua disponibilidade na cavidade oral se prolongue por periacuteodos mais longos Eacute um facto que a presenccedila

de fluacuteor no meio oral independentemente da sua fonte resulta numa acccedilatildeo preventiva e terapecircutica

extremamente importante

Nota 22 mg de fluoreto de soacutedio correspondem a 1 mg de fluacuteor Quando se dilui 1 mg de fluacuteor em um litro de aacutegua pura

considera-se que essa aacutegua passou a ter 1 ppm de fluacuteor

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 2

Considera-se actualmente que os benefiacutecios dos fluoretos resultam basicamente da sua acccedilatildeo toacutepica

sobre a superfiacutecie do dente enquanto a sua acccedilatildeo sisteacutemica (preacute-eruptiva) eacute muito menos importante

A acccedilatildeo preventiva e terapecircutica dos fluoretos eacute conseguida predominantemente pela sua acccedilatildeo toacutepica

quer nas crianccedilas quer nos adultos atraveacutes de trecircs mecanismos diferentes responsaacuteveis pela

bull inibiccedilatildeo do processo de desmineralizaccedilatildeo

bull potenciaccedilatildeo do processo de remineralizaccedilatildeo

bull inibiccedilatildeo da acccedilatildeo da placa bacteriana

O uso racional dos fluoretos na profilaxia da caacuterie dentaacuteria com eficaacutecia e seguranccedila baseia-se no

conhecimento actualizado dos seus mecanismos de acccedilatildeo e da sua toxicologia

Com base na evidecircncia cientiacutefica a estrateacutegia de utilizaccedilatildeo dos fluoretos em sauacutede oral foi redefinida

tendo em conta que a sua acccedilatildeo preventiva eacute predominantemente poacutes-eruptiva e toacutepica e a sua acccedilatildeo

toacutexica com repercussotildees a niacutevel dentaacuterio eacute preacute-eruptiva e sisteacutemica

Estudos epidemioloacutegicos efectuados pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) sobre os efeitos do

fluacuteor na sauacutede humana referem que valores compreendidos entre 1 e 15 ppm natildeo representam risco

acrescido Contudo valores entre 15 e 2 ppm em climas quentes poderatildeo contribuir para a ocorrecircncia

de casos de fluorose dentaacuteria e valores entre 3 a 6 ppm para o aparecimento de fluorose oacutessea

Para a OMS a concentraccedilatildeo oacuteptima de fluoretos na aacutegua quando esta eacute sujeita a fluoretaccedilatildeo deve

estar compreendida entre 05 e 15 ppm de F dependendo este valor da temperatura meacutedia do local

que condiciona a quantidade de aacutegua ingerida nas zonas mais frias o valor maacuteximo pode estar perto

do limite superior nas zonas mais quentes o valor deve estar perto do limite inferior para uma

prevenccedilatildeo eficaz da caacuterie dentaacuteria Para que os riscos de fluorose estejam diminuiacutedos os programas de

fluoretaccedilatildeo das aacuteguas devem obedecer a criteacuterios claramente definidos

Nas regiotildees onde a aacutegua da rede puacuteblica conteacutem menos de 03 ppm (mgl) de fluoretos (situaccedilatildeo mais

frequente em Portugal Continental) a dose profilaacutectica oacuteptima considerando a soma de todas as fontes

de fluoretos eacute de 005mgkgdia3

11 Toxicidade Aguda

Uma intoxicaccedilatildeo aguda pelo fluacuteor eacute uma possibilidade extremamente rara Alguns casos tecircm sido

descritos na literatura Estudos efectuados em roedores e extrapolados para o homem adulto permitem

pensar que a dose letal miacutenima de fluacuteor seja de aproximadamente 2 gramas ou 32 a 64 mgkg de peso

corporal mas para uma crianccedila bastam 15 mgkg de peso corporal 2

A partir da ingestatildeo de doses superiores a 5mgkg de peso corporal considera-se a hipoacutetese de vir a ter

efeitos toacutexicos

As crianccedilas pequenas tecircm um risco acrescido de ingerir doses de fluoretos atraveacutes do consumo de

produtos de higiene oral A ingestatildeo acidental de um quarto de um tubo com dentiacutefrico de 125 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 3

(1500 ppm de Fluacuteor) potildee em risco a vida de uma crianccedila de um ano de idade O risco de ingestatildeo

acidental por crianccedilas eacute real e eacute adjuvado pelo tipo de embalagens destes produtos que natildeo tecircm

dispositivos de seguranccedila para a sua abertura

A toxicidade aguda pelos fluoretos poderaacute manifestar-se por queixas digestivas (dor abdominal

voacutemitos hematemeses e melenas) neuroloacutegicas (tremores convulsotildees tetania deliacuterio lentificaccedilatildeo da

voz) renais (urina turva hematuacuteria) metaboacutelicas (hipocalceacutemia hipomagnesieacutemia hipercalieacutemia)

cardiovasculares (arritmias hipotensatildeo) e respiratoacuterias (depressatildeo respiratoacuteria apneias) 4

12 Toxicidade Croacutenica

A dose total diaacuteria de fluoretos administrados por via sisteacutemica isenta de risco de toxicidade croacutenica

situa-se abaixo de 005 mgkgdia de peso A partir desses valores aumentam as manifestaccedilotildees atraveacutes

do aparecimento de hipomineralizaccedilatildeo do esmalte que se revela por fluorose dentaacuteria Com

concentraccedilotildees acima de 25 ppm na aacutegua esta manifestaccedilatildeo eacute mais evidente sendo tanto mais grave

quanto a concentraccedilatildeo de fluoretos vai aumentando O periacuteodo criacutetico para o efeito toacutexico do fluacuteor se

manifestar sobre a denticcedilatildeo permanente eacute entre o nascimento e os 7 anos de idade (ateacute aos 3 anos eacute o

periacuteodo mais criacutetico) Quando existem fluoretos ateacute 3 ppm na aacutegua aleacutem da fluorose natildeo parece

existir qualquer outro efeito toacutexico na sauacutede A partir deste valor aumenta o risco de nefrotoxicidade

Como qualquer outro medicamento os fluoretos em dose excessiva tecircm efeitos toacutexicos que

normalmente se manifestam atraveacutes de uma interferecircncia na esteacutetica dentaacuteria Essa manifestaccedilatildeo eacute a

fluorose dentaacuteria

Estudos recentes sobre suplementos de fluoretos e fluorose 5 confirmam que as comunidades sem aacutegua

fluoretada e que utilizam suplementos de fluoretos durante os primeiros 6 anos de vida apresentam

um aumento do risco de desenvolver fluorose

O principal factor de risco para o aparecimento de fluorose dentaacuteria eacute o aporte total de fluoretos

provenientes de diferentes fontes nomeadamente da alimentaccedilatildeo incluindo a aacutegua e os suplementos

alimentares dentiacutefricos e soluccedilotildees para bochechos comprimidos e gotas e ingestatildeo acidental que natildeo

satildeo faacuteceis de quantificar

A fluorose dentaacuteria aumentou nos uacuteltimos anos em comunidades com e sem aacutegua fluoretada 6

2 F l u o r e t o s n a aacute g u a

2 1 Aacute g u a d e a b a s t e c i m e n t o p uacute b l i c o

A fluoretaccedilatildeo das aacuteguas para consumo humano como meio de suprir o deacutefice de fluoretos na aacutegua eacute

uma praacutetica comum em alguns paiacuteses como o Brasil Austraacutelia Canadaacute EUA e Nova Zelacircndia

Apesar de serem tatildeo diferentes quer do ponto de vista soacutecioeconoacutemico quer geograacutefico eles detecircm

uma experiecircncia superior a 25 anos neste domiacutenio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 4

Na Europa a maior parte dos paiacuteses natildeo faz fluoretaccedilatildeo das suas aacuteguas para consumo humano agrave

excepccedilatildeo da Irlanda da Suiacuteccedila (Basileia) e de 10 da populaccedilatildeo do Reino Unido Na Alemanha eacute

proibido e nos restantes paiacuteses eacute desaconselhado

Nos paiacuteses em que se faz fluoretaccedilatildeo da aacutegua alguns estudos demonstraram natildeo ter existido um ganho

efectivo na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria No entanto outros como a Austraacutelia no Estado de Victoacuteria

onde a fluoretaccedilatildeo da aacutegua se faz regularmente observaram-se ganhos efectivos na sauacutede oral da

populaccedilatildeo com consequentes ganhos econoacutemicos

Recomendaccedilatildeo Eacute indispensaacutevel avaliar a qualidade das aacuteguas de abastecimento puacuteblico periodicamente e corrigir os

paracircmetros alterados

Na aacutegua os valores das concentraccedilotildees de fluoretos estatildeo compreendidas entre 01 a 07 ppm Contudo

em alguns casos podem apresentar valores muito mais elevados

Quando a aacutegua apresenta valores de ph superiores a 8 e o iatildeo soacutedio e os carbonatos satildeo dominantes os

valores de fluoretos normalmente presentes excedem 1 ppm

Nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica os fluoretos podem existir naturalmente ou resultar de um

programa de fluoretaccedilatildeo Em Portugal Continental os valores satildeo normalmente baixos e as aacuteguas natildeo

estatildeo sujeitas a fluoretaccedilatildeo artificial O teor de fluoretos deveraacute ser controlado regularmente de modo

a preservar os interesses da sauacutede puacuteblica 7

Na definiccedilatildeo de um valor guia para a aacutegua de consumo humano a OMS propotildee o valor limite de 15

ppm de Fluacuteor referindo que valores superiores podem contribuir para o aumento do risco de fluorose

A Agecircncia Americana para o Ambiente (USEPA) refere um valor maacuteximo admissiacutevel de fluoretos na

aacutegua de consumo humano de 15 ppm e recomenda que nunca se ultrapasse os 4 ppm

Em Portugal a legislaccedilatildeo actualmente em vigor sobre a qualidade da aacutegua para consumo humano

decreto-lei nordm 23698 de 1 de Agosto define dois Valores Maacuteximos Admissiacuteveis (VMA) para os

fluoretos 15 ppm (8 a 12 ordmC) e 07 ppm (25 a 30 ordmC) O decreto-lei nordm 2432001 de 5 de Setembro

que transpotildee a Directiva Comunitaacuteria nordm 9883CE de 3 de Novembro que entrou em vigor em 25 de

Dezembro de 2003 define para os fluoretos um Valor Parameacutetrico (VP) de 15 ppm

O decreto-lei nordm 24301 remete para a Entidade Gestora a verificaccedilatildeo da conformidade dos valores

parameacutetricos obrigatoacuterios aplicaacuteveis agrave aacutegua para consumo humano Sempre que um valor parameacutetrico

eacute excedido isso corresponde a uma situaccedilatildeo de incumprimento e perante esta situaccedilatildeo a entidade

gestora deve de imediato informar a autoridade de sauacutede e a entidade competente dando conta das

medidas correctoras adoptadas ou em curso para restabelecer a qualidade da aacutegua destinada a consumo

humano

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 5

Deve ter-se em atenccedilatildeo o desvio em relaccedilatildeo ao valor parameacutetrico fixado e o perigo potencial para a

sauacutede humana

Segundo o decreto-lei supra mencionado artigo 9ordm compete agraves autoridades de sauacutede a vigilacircncia

sanitaacuteria e a avaliaccedilatildeo do risco para a sauacutede puacuteblica da qualidade da aacutegua destinada ao consumo

humano Sempre que o risco exista e o incumprimento persistir a autoridade de sauacutede deve informar e

aconselhar os consumidores afectados e determinar a proibiccedilatildeo de abastecimento restringir a

utilizaccedilatildeo da aacutegua que constitua um perigo potencial para a sauacutede humana e adoptar todas as medidas

necessaacuterias para proteger a sauacutede humana

Nos Accedilores e na Madeira ou em zonas onde o teor de fluoretos na aacutegua eacute muito elevado deveraacute ser

feita uma verificaccedilatildeo da constante e a correcccedilatildeo adequada

Os principais tratamentos de desfluoretaccedilatildeo envolvem a floculaccedilatildeo da aacutegua usando sais hidratados de

alumiacutenio principalmente em condiccedilotildees alcalinas No caso de aacuteguas aacutecidas pode-se adicionar cal e

alternativamente pode-se recorrer agrave adsorccedilatildeo com carvatildeo activado ou alumina activada ( Al2O3 ) ou

por permuta ioacutenica usando resinas especiacuteficas

Recomendaccedilatildeo Ateacute aos 6-7 anos as crianccedilas natildeo devem ingerir regularmente aacutegua com teor de fluoretos superior a 07 ppm

Recomendaccedilatildeo Sempre que o valor parameacutetrico dos fluoretos na aacutegua para consumo humano exceder 15 ppm deveratildeo ser aplicadas

medidas correctoras para restabelecer a qualidade da aacutegua

2 2 Aacute g u a s m i n e r a i s n a t u r a i s e n g a r r a f a d a s

As aacuteguas minerais naturais engarrafadas deveratildeo no futuro ter rotulagem de acordo com a Directiva

Comunitaacuteria 200340CE da Comissatildeo Europeia de 16 de Maio publicada no Jornal Oficial da Uniatildeo

Europeia em 2252003 artigo 4ordm laquo1 As aacuteguas minerais naturais cuja concentraccedilatildeo em fluacuteor for

superior a 15 mgl (ppm) devem ostentar no roacutetulo a menccedilatildeo lsquoconteacutem mais de 15 mgl (ppm) de

fluacuteor natildeo eacute adequado o seu consumo regular por lactentes nem por crianccedilas com menos de 7 anosrsquo

2 No roacutetulo a menccedilatildeo prevista no nordm 1 deve figurar na proximidade imediata da denominaccedilatildeo de

venda e em caracteres claramente visiacuteveis 3

As aacuteguas minerais naturais que em aplicaccedilatildeo do nordm 1 tiverem de ostentar uma menccedilatildeo no roacutetulo

devem incluir a indicaccedilatildeo do teor real em fluacuteor a niacutevel da composiccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica em constituintes

caracteriacutesticos tal como previsto no nordm 2 aliacutenea a) do artigo 7ordm da Directiva 80777CEEraquo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 6

Para as aacuteguas de nascente cujas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas satildeo definidas pelo Decreto-lei

2432001 de 5 de Setembro em vigor desde Dezembro de 2003 os limites para o teor de fluoretos satildeo

de 15 mgl (ppm)

De acordo com o parecer do Scientific Committee on Food - Comiteacute Cientiacutefico de Alimentaccedilatildeo

Humana (expresso em Dezembro de 1996) a Comissatildeo natildeo vecirc razotildees para nos climas da Uniatildeo

Europeia (climas temperados) limitar os fluoretos nas aacuteguas de consumo humano e nas aacuteguas minerais

naturais para valores inferiores a 15mgl (ppm)

3 F l u o r e t o s n o s g eacute n e r o s a l i m e n t iacute c i o s

Entende-se por lsquogeacutenero alimentiacuteciorsquo qualquer substacircncia ou produto transformado parcialmente

transformado ou natildeo transformado destinado a ser ingerido pelo ser humano ou com razoaacuteveis

probabilidades de o ser Este termo abrange bebidas pastilhas elaacutesticas e todas as substacircncias

incluindo a aacutegua intencionalmente incorporadas nos geacuteneros alimentiacutecios durante o seu fabrico

preparaccedilatildeo ou tratamento8 9

Na alimentaccedilatildeo as estimativas de ingestatildeo de fluacuteor atraveacutes da dieta variam entre 02 e 34 mgdia

sendo estes uacuteltimos valores atingidos quando se inclui o chaacute na alimentaccedilatildeo A ingestatildeo de fluoretos

provenientes dos alimentos comuns eacute pouco significativa Apenas 13 se apresentam na forma

ionizaacutevel e portanto biodisponiacutevel

Recomendaccedilatildeo Independentemente da origem ao utilizar aacutegua informe-se sobre o seu teor em fluoretos As que tecircm um elevado teor

deste elemento natildeo satildeo adequadas para lactentes e crianccedilas com menos de 7 anos

Recomendaccedilatildeo Dar prioridade a uma dieta equilibrada e saudaacutevel com diversidade alimentar Utilizar a aacutegua da cozedura dos

alimentos para confeccionar outros alimentos (ex sopas arroz)

No iniacutecio do ano de 2003 a Comissatildeo Europeia apresentou uma nova proposta de Directiva

Comunitaacuteria relativa agrave ldquoAdiccedilatildeo aos geacuteneros alimentiacutecios de vitaminas minerais e outras substacircnciasrdquo

onde os fluoretos satildeo referidos como podendo ser adicionados a geacuteneros alimentiacutecios comuns Nesta

proposta de Directiva Comunitaacuteria eacute sugerida a inclusatildeo de determinados nutrimentos (entre eles o

fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de geacuteneros alimentiacutecios comuns Esta proposta

prevista no Livro Branco da Comissatildeo ainda estaacute numa fase inicial de discussatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 7

4 F l u o r e t o s e m s u p l e m e n t o a l i m e n t a r

Entende-se por lsquosuplementos alimentaresrsquo geacuteneros alimentiacutecios que se destinam a complementar e ou

suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas

substacircncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisioloacutegico estremes ou combinados

comercializados em forma doseada tais como caacutepsulas pastilhas comprimidos piacutelulas e outras

formas semelhantes saquetas de poacute ampola de liacutequido frascos com conta gotas e outras formas

similares de liacutequido ou poacute que se destinam a ser tomados em unidades medidas de quantidade

reduzida10

A Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002

transposta para o direito nacional pelo Decreto-lei nordm 1362003 de 28 de Junho relativa agrave aproximaccedilatildeo

das legislaccedilotildees dos Estados-Membros respeitantes aos suplementos alimentares vai permitir a inclusatildeo

de determinados nutrimentos (entre eles o fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de

suplementos alimentares11

A partir de 28 de Agosto de 2003 os fluoretos poderatildeo ser comercializados como suplemento

alimentar passando a estar disponiacutevel em farmaacutecias e superfiacutecies comerciais

As quantidades maacuteximas de vitaminas e minerais presentes nos suplementos alimentares satildeo fixadas

em funccedilatildeo da toma diaacuteria recomendada pelo fabricante tendo em conta os seguintes elementos

a) limites superiores de seguranccedila estabelecidos para as vitaminas e os minerais apoacutes uma

avaliaccedilatildeo dos riscos efectuada com base em dados cientiacuteficos geralmente aceites tendo em

conta quando for caso disso os diversos graus de sensibilidade dos diferentes grupos de

consumidores

b) quantidade de vitaminas e minerais ingerida atraveacutes de outras fontes alimentares

c) doses de referecircncia de vitaminas e minerais para a populaccedilatildeo

Recomendaccedilatildeo Nunca ultrapassar a toma indicada no roacutetulo do produto e natildeo utilizar um suplemento alimentar como substituto de um

regime alimentar variado

As quantidades maacuteximas e miacutenimas de vitaminas e minerais referidas seratildeo adoptadas pela Comissatildeo

Europeia assistida pelo Comiteacute de Regulamentaccedilatildeo

Em Portugal a Agecircncia para a Qualidade e Seguranccedila Alimentar viraacute a ter informaccedilatildeo sobre todos os

suplementos alimentares comercializados como geacuteneros alimentiacutecios e introduzidos no mercado de

acordo com o Decreto-lei nordm 1362003

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 8

A rotulagem dos suplementos alimentares natildeo poderaacute mencionar nem fazer qualquer referecircncia a

prevenccedilatildeo tratamento ou cura de doenccedilas humanas e deveraacute indicar uma advertecircncia de que os

produtos devem ser guardados fora do alcance das crianccedilas

5 F luore tos em med icamentos e p rodutos cosmeacutet icos de h ig iene corpora l

A distinccedilatildeo entre Medicamento e Produto Cosmeacutetico de Higiene Corporal contendo fluoretos depende

do seu teor no produto Os cosmeacuteticos contecircm obrigatoriamente uma concentraccedilatildeo de fluoretos inferior

a 015 (1500 ppm) (Decreto-lei 1002001 de 28 de Marccedilo I Seacuterie A) sendo que todos os dentiacutefricos

com concentraccedilotildees de fluoretos superior a 015 satildeo obrigatoriamente classificados como

medicamentos

Os medicamentos contendo fluoretos e utilizados para a profilaxia da caacuterie dentaacuteria existentes no

mercado portuguecircs satildeo de venda livre em farmaacutecia Encontram-se disponiacuteveis nas formas

farmacecircuticas de soluccedilatildeo oral (gotas orais) comprimidos dentiacutefricos gel dentaacuterio e soluccedilatildeo de

bochecho

5 1 F l u o r e t o s e m c o m p r i m i d o s e g o t a s o r a i s

A utilizaccedilatildeo de medicamentos contendo fluoretos na forma de gotas orais e comprimidos foi ateacute haacute

pouco recomendada pelos profissionais de sauacutede (pediatras meacutedicos de famiacutelia cliacutenicos gerais

meacutedicos estomatologistas meacutedicos dentistas) dos 6 meses ateacute aos 16 anos

A clarificaccedilatildeo do mecanismo de acccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria e o aumento de

aporte dos mesmos com consequentes riscos de manifestaccedilatildeo toacutexica obrigaram agrave revisatildeo da sua

administraccedilatildeo em comprimidos eou gotas A gravidade da fluorose dentaacuteria estaacute relacionada com a

dose a duraccedilatildeo e com a idade em que ocorre a exposiccedilatildeo ao fluacuteor 12 13

A ldquoCanadian Consensus Conference on the Appropriate Use of Fluoride Supplements for the

Prevention of Dental Caries in Childrenrdquo 14definiu um protocolo cuja utilizaccedilatildeo eacute recomendada a

profissionais de sauacutede em que se fundamenta a tomada de decisatildeo sobre a necessidade ou natildeo da

suplementaccedilatildeo de fluacuteor A administraccedilatildeo de comprimidos soacute eacute recomendada quando o teor de fluoretos

na aacutegua de abastecimento puacuteblico for inferior a 03 ppm e

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) natildeo escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas

vezes por dia

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas vezes

por dia mas apresenta um alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 9

Por sua vez a conclusatildeo do laquoForum on Fluoridation 2002raquo15 relativamente agrave administraccedilatildeo de

suplementos de fluoretos foi a seguinte limitar a utilizaccedilatildeo de comprimidos de fluoretos a aacutereas onde

natildeo existe aacutegua fluoretada e iniciar essa suplementaccedilatildeo apenas a crianccedilas com alto risco agrave caacuterie e a

partir dos 3 anos

Os comprimidos de fluoretos caso sejam indicados devem ser usados pelo interesse da sua acccedilatildeo

toacutepica Devem ser dissolvidos na boca em vez de imediatamente ingeridos16

A administraccedilatildeo de fluoretos sob a forma de comprimidos chupados soacute deveraacute ser efectuada em

situaccedilotildees excepcionais isto eacute em populaccedilotildees de baixos recursos econoacutemicos nas quais a escovagem

natildeo possa ser promovida e os iacutendices de caacuterie sejam elevados

Para evitar a potencial toxicidade dos fluoretos antes de qualquer prescriccedilatildeo todos os profissionais de

sauacutede devem efectuar uma avaliaccedilatildeo personalizada dos aportes diaacuterios de cada crianccedila tendo em conta

todas as fontes possiacuteveis desse elemento alimentos comuns suplementos alimentares consumo de

aacutegua da rede puacuteblica eou aacutegua engarrafada e respectivo teor de fluoretos e utilizaccedilatildeo de medicamentos

e produtos cosmeacuteticos contendo fluacuteor

Recomendaccedilatildeo A partir dos 3 anos os suplementos sisteacutemicos de fluoretos poderatildeo ser prescritos pelo meacutedico assistente ou meacutedico dentista em crianccedilas que apresentem um alto risco

agrave caacuterie dentaacuteria

5 2 F l u o r e t o s e m d e n t iacute f r i c o s

Hoje em dia a maior parte dos dentiacutefricos agrave venda no mercado contecircm fluoretos sob diferentes formas

fluoreto de soacutedio monofluorfosfato de soacutedio fluoreto de amina e outros Os mais utilizados satildeo o

fluoreto de soacutedio e o monofluorfosfato de soacutedio

Normalmente o conteuacutedo de fluoreto dos dentiacutefricos eacute de 1000 a 1100 ppm (ou 010 a 011)

podendo variar entre 500 e 1500 ppm

Durante a escovagem cerca de 34 da pasta eacute ingerida por crianccedilas de 3 anos 28 pelas de 4-5 anos

e 20 pelas de 5-7 anos

Devem ser evitados dentiacutefricos com sabor a fruta para impedir o seu consumo em excesso uma vez

que estatildeo jaacute descritos na literatura casos de fluorose resultantes do abuso de dentiacutefricos2

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluoretos duas vezes por dia tem-se revelado um

meio colectivo de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria com grande efectividade e baixo custo pelo que deve

ser considerado o meio de eleiccedilatildeo em estrateacutegias comunitaacuterias

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 10

Do ponto de vista da prevenccedilatildeo da caacuterie a aplicaccedilatildeo toacutepica de dentiacutefrico fluoretado com a escova dos

dentes deve ser executada duas vezes por dia e deve iniciar-se quando se daacute a erupccedilatildeo dos dentes Esta

rotina diaacuteria de higiene executada naturalmente com muito cuidado pelos pais deve

progressivamente ser assumida pela crianccedila ateacute aos 6-8 anos de idade Durante este periacuteodo a

escovagem deve ser sempre vigiada pelos pais ou educadores consoante as circunstacircncias para evitar

a utilizaccedilatildeo de quantidades excessivas de dentiacutefrico o qual pode da mesma forma que os

comprimidos conduzir antes dos 6 anos agrave ocorrecircncia de fluorose

As crianccedilas devem usar dentiacutefrico com teor de fluoretos entre 1000-1500 ppm de fluoreto (dentiacutefrico

de adulto) sendo a quantidade a utilizar do tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

Apoacutes a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado pode-se natildeo bochechar com aacutegua Deveraacute

apenas cuspir-se o excesso de pasta Deste modo consegue-se uma mais alta concentraccedilatildeo de fluoreto

na cavidade oral que vai actuar topicamente durante mais tempo

Os pais das crianccedilas devem receber informaccedilatildeo sobre a escovagem dentaacuteria e o uso de dentiacutefricos

fluoretados A escovagem com dentiacutefrico fluoretado deve iniciar-se imediatamente apoacutes a erupccedilatildeo dos

primeiros dentes Os dentiacutefricos fluoretados devem ser guardados em locais inacessiacuteveis agraves crianccedilas

pequenas17

5 3 F l u o r e t o s e m s o l u ccedil otilde e s d e b o c h e c h o

As soluccedilotildees para bochechos recomendadas a partir dos 6 anos de idade tecircm sido utilizadas em

programas escolares de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria em inuacutemeros paiacuteses incluindo Portugal Satildeo

recomendadas a indiviacuteduos de maior risco agrave caacuterie dentaacuteria mas a sua utilizaccedilatildeo tem vido a ser

restringida a crianccedilas que escovam eficazmente os dentes

Recomendaccedilatildeo Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Recomendaccedilatildeo A partir dos 6 anos de idade deve ser feito o bochecho quinzenalmente com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

02

As soluccedilotildees fluoretadas de uso diaacuterio habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

005 e as de uso semanal ou quinzenal habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de 02

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 11

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 12

Referecircncias

1 Diegues P Linhas de Orientaccedilatildeo associadas agrave presenccedila de fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento 2003 Documento produzido no acircmbito da task force Sauacutede Oral e Fluacuteor Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar e na Divisatildeo de Sauacutede Ambiental da DGS 2 Melo PRGR Influecircncia de diferentes meacutetodos de administraccedilatildeo de fluoretos nas variaccedilotildees de incidecircncia de caacuterie Porto Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto 2001 Tese de doutoramento 3 Agence Francaise de Seacutecuriteacute des Produits de Santeacute Mise au point sur le fluacuteor et la prevention de la carie dentaire AFSPS 31 Juillet 2002 4 Leikin JB Paloucek FP Poisoning amp Toxicology Handbook 3th edition Hudson Lexi- Comp 2002 586-7 5 Ismail AI Bandekar RR Fluoride suplements and fluorosis a meta-analysis Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 48-56 6 Steven ML An update on Fluorides and Fluorosis J Can Dent Assoc 200369(5)268-91 7 Pinto R Cristovatildeo E Vinhais T Castro MF Teor de fluoretos nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica nas sedes de concelho de Portugal Continental Revista Portuguesa de Estomatologia Medicina Dentaacuteria e Cirurgia Maxilofacial 1999 40(3)125-42 8 Regulamento 1782002 do Parlamento Europeu e do Conselho de 28 de Janeiro Jornal Oficial das Comunidades Europeias (2002021) 9 Decreto ndash lei nordm 5601999 DR I Seacuterie A 147 (991218) 10 Decreto ndash lei nordm 1362003 DR I Seacuterie A 293 (20030628) 11 Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002 Jornal Oficial das Comunidades Europeias (20020712) 12 Aoba T Fejerskov O Dental fluorosis Chemistry and Biology Crit Rev Oral Biol Med 2002 13(2) 155-70 13 DenBesten PK Biological mechanisms of dental fluorosis relevant to the use of fluoride supplements Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 41-7 14 Limeback H Introduction to the conference Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 27-30 15 Report of the Forum of fluoridation 2002Governement of Ireland 2002 wwwfluoridationforumie 16 Featherstone JDB Prevention and reversal of dental caries role of low level fluoride Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 31-40 17 Pereira A Amorim A Peres F Peres FR Caldas IM Pereira JA Pereira ML Silva MJ Caacuteries Precoces da InfacircnciaLisboa Medisa Ediccedilotildees e Divulgaccedilotildees Cientiacuteficas Lda 2001 Bibliografia

1 Almeida CM Sugestotildees para a Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2002 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e na Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa

2 Rompante P Fundamentos para a alteraccedilatildeo do Programa de Sauacutede Oral da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Documento realizado no acircmbito da Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2003 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e no Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede ndash Norte

3 Rompante P Determinaccedilatildeo da quantidade do elemento fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento puacuteblico na totalidade das sedes de concelho de Portugal Continental Porto Faculdade de Odontologia da Universidade de Barcelona 2002 Tese de Doutoramento

4 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in Children at High Caries Risk SIGN Publication 2000 47

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Page 40: Direcção-Geral da SaúdePrograma será complementado, sempre que oportuno, por orientações técnicas a emitir por esta Direcção-Geral. O Director-Geral e Alto Comissário da

Considera-se actualmente que os benefiacutecios dos fluoretos resultam basicamente da sua acccedilatildeo toacutepica

sobre a superfiacutecie do dente enquanto a sua acccedilatildeo sisteacutemica (preacute-eruptiva) eacute muito menos importante

A acccedilatildeo preventiva e terapecircutica dos fluoretos eacute conseguida predominantemente pela sua acccedilatildeo toacutepica

quer nas crianccedilas quer nos adultos atraveacutes de trecircs mecanismos diferentes responsaacuteveis pela

bull inibiccedilatildeo do processo de desmineralizaccedilatildeo

bull potenciaccedilatildeo do processo de remineralizaccedilatildeo

bull inibiccedilatildeo da acccedilatildeo da placa bacteriana

O uso racional dos fluoretos na profilaxia da caacuterie dentaacuteria com eficaacutecia e seguranccedila baseia-se no

conhecimento actualizado dos seus mecanismos de acccedilatildeo e da sua toxicologia

Com base na evidecircncia cientiacutefica a estrateacutegia de utilizaccedilatildeo dos fluoretos em sauacutede oral foi redefinida

tendo em conta que a sua acccedilatildeo preventiva eacute predominantemente poacutes-eruptiva e toacutepica e a sua acccedilatildeo

toacutexica com repercussotildees a niacutevel dentaacuterio eacute preacute-eruptiva e sisteacutemica

Estudos epidemioloacutegicos efectuados pela Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) sobre os efeitos do

fluacuteor na sauacutede humana referem que valores compreendidos entre 1 e 15 ppm natildeo representam risco

acrescido Contudo valores entre 15 e 2 ppm em climas quentes poderatildeo contribuir para a ocorrecircncia

de casos de fluorose dentaacuteria e valores entre 3 a 6 ppm para o aparecimento de fluorose oacutessea

Para a OMS a concentraccedilatildeo oacuteptima de fluoretos na aacutegua quando esta eacute sujeita a fluoretaccedilatildeo deve

estar compreendida entre 05 e 15 ppm de F dependendo este valor da temperatura meacutedia do local

que condiciona a quantidade de aacutegua ingerida nas zonas mais frias o valor maacuteximo pode estar perto

do limite superior nas zonas mais quentes o valor deve estar perto do limite inferior para uma

prevenccedilatildeo eficaz da caacuterie dentaacuteria Para que os riscos de fluorose estejam diminuiacutedos os programas de

fluoretaccedilatildeo das aacuteguas devem obedecer a criteacuterios claramente definidos

Nas regiotildees onde a aacutegua da rede puacuteblica conteacutem menos de 03 ppm (mgl) de fluoretos (situaccedilatildeo mais

frequente em Portugal Continental) a dose profilaacutectica oacuteptima considerando a soma de todas as fontes

de fluoretos eacute de 005mgkgdia3

11 Toxicidade Aguda

Uma intoxicaccedilatildeo aguda pelo fluacuteor eacute uma possibilidade extremamente rara Alguns casos tecircm sido

descritos na literatura Estudos efectuados em roedores e extrapolados para o homem adulto permitem

pensar que a dose letal miacutenima de fluacuteor seja de aproximadamente 2 gramas ou 32 a 64 mgkg de peso

corporal mas para uma crianccedila bastam 15 mgkg de peso corporal 2

A partir da ingestatildeo de doses superiores a 5mgkg de peso corporal considera-se a hipoacutetese de vir a ter

efeitos toacutexicos

As crianccedilas pequenas tecircm um risco acrescido de ingerir doses de fluoretos atraveacutes do consumo de

produtos de higiene oral A ingestatildeo acidental de um quarto de um tubo com dentiacutefrico de 125 mg

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 3

(1500 ppm de Fluacuteor) potildee em risco a vida de uma crianccedila de um ano de idade O risco de ingestatildeo

acidental por crianccedilas eacute real e eacute adjuvado pelo tipo de embalagens destes produtos que natildeo tecircm

dispositivos de seguranccedila para a sua abertura

A toxicidade aguda pelos fluoretos poderaacute manifestar-se por queixas digestivas (dor abdominal

voacutemitos hematemeses e melenas) neuroloacutegicas (tremores convulsotildees tetania deliacuterio lentificaccedilatildeo da

voz) renais (urina turva hematuacuteria) metaboacutelicas (hipocalceacutemia hipomagnesieacutemia hipercalieacutemia)

cardiovasculares (arritmias hipotensatildeo) e respiratoacuterias (depressatildeo respiratoacuteria apneias) 4

12 Toxicidade Croacutenica

A dose total diaacuteria de fluoretos administrados por via sisteacutemica isenta de risco de toxicidade croacutenica

situa-se abaixo de 005 mgkgdia de peso A partir desses valores aumentam as manifestaccedilotildees atraveacutes

do aparecimento de hipomineralizaccedilatildeo do esmalte que se revela por fluorose dentaacuteria Com

concentraccedilotildees acima de 25 ppm na aacutegua esta manifestaccedilatildeo eacute mais evidente sendo tanto mais grave

quanto a concentraccedilatildeo de fluoretos vai aumentando O periacuteodo criacutetico para o efeito toacutexico do fluacuteor se

manifestar sobre a denticcedilatildeo permanente eacute entre o nascimento e os 7 anos de idade (ateacute aos 3 anos eacute o

periacuteodo mais criacutetico) Quando existem fluoretos ateacute 3 ppm na aacutegua aleacutem da fluorose natildeo parece

existir qualquer outro efeito toacutexico na sauacutede A partir deste valor aumenta o risco de nefrotoxicidade

Como qualquer outro medicamento os fluoretos em dose excessiva tecircm efeitos toacutexicos que

normalmente se manifestam atraveacutes de uma interferecircncia na esteacutetica dentaacuteria Essa manifestaccedilatildeo eacute a

fluorose dentaacuteria

Estudos recentes sobre suplementos de fluoretos e fluorose 5 confirmam que as comunidades sem aacutegua

fluoretada e que utilizam suplementos de fluoretos durante os primeiros 6 anos de vida apresentam

um aumento do risco de desenvolver fluorose

O principal factor de risco para o aparecimento de fluorose dentaacuteria eacute o aporte total de fluoretos

provenientes de diferentes fontes nomeadamente da alimentaccedilatildeo incluindo a aacutegua e os suplementos

alimentares dentiacutefricos e soluccedilotildees para bochechos comprimidos e gotas e ingestatildeo acidental que natildeo

satildeo faacuteceis de quantificar

A fluorose dentaacuteria aumentou nos uacuteltimos anos em comunidades com e sem aacutegua fluoretada 6

2 F l u o r e t o s n a aacute g u a

2 1 Aacute g u a d e a b a s t e c i m e n t o p uacute b l i c o

A fluoretaccedilatildeo das aacuteguas para consumo humano como meio de suprir o deacutefice de fluoretos na aacutegua eacute

uma praacutetica comum em alguns paiacuteses como o Brasil Austraacutelia Canadaacute EUA e Nova Zelacircndia

Apesar de serem tatildeo diferentes quer do ponto de vista soacutecioeconoacutemico quer geograacutefico eles detecircm

uma experiecircncia superior a 25 anos neste domiacutenio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 4

Na Europa a maior parte dos paiacuteses natildeo faz fluoretaccedilatildeo das suas aacuteguas para consumo humano agrave

excepccedilatildeo da Irlanda da Suiacuteccedila (Basileia) e de 10 da populaccedilatildeo do Reino Unido Na Alemanha eacute

proibido e nos restantes paiacuteses eacute desaconselhado

Nos paiacuteses em que se faz fluoretaccedilatildeo da aacutegua alguns estudos demonstraram natildeo ter existido um ganho

efectivo na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria No entanto outros como a Austraacutelia no Estado de Victoacuteria

onde a fluoretaccedilatildeo da aacutegua se faz regularmente observaram-se ganhos efectivos na sauacutede oral da

populaccedilatildeo com consequentes ganhos econoacutemicos

Recomendaccedilatildeo Eacute indispensaacutevel avaliar a qualidade das aacuteguas de abastecimento puacuteblico periodicamente e corrigir os

paracircmetros alterados

Na aacutegua os valores das concentraccedilotildees de fluoretos estatildeo compreendidas entre 01 a 07 ppm Contudo

em alguns casos podem apresentar valores muito mais elevados

Quando a aacutegua apresenta valores de ph superiores a 8 e o iatildeo soacutedio e os carbonatos satildeo dominantes os

valores de fluoretos normalmente presentes excedem 1 ppm

Nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica os fluoretos podem existir naturalmente ou resultar de um

programa de fluoretaccedilatildeo Em Portugal Continental os valores satildeo normalmente baixos e as aacuteguas natildeo

estatildeo sujeitas a fluoretaccedilatildeo artificial O teor de fluoretos deveraacute ser controlado regularmente de modo

a preservar os interesses da sauacutede puacuteblica 7

Na definiccedilatildeo de um valor guia para a aacutegua de consumo humano a OMS propotildee o valor limite de 15

ppm de Fluacuteor referindo que valores superiores podem contribuir para o aumento do risco de fluorose

A Agecircncia Americana para o Ambiente (USEPA) refere um valor maacuteximo admissiacutevel de fluoretos na

aacutegua de consumo humano de 15 ppm e recomenda que nunca se ultrapasse os 4 ppm

Em Portugal a legislaccedilatildeo actualmente em vigor sobre a qualidade da aacutegua para consumo humano

decreto-lei nordm 23698 de 1 de Agosto define dois Valores Maacuteximos Admissiacuteveis (VMA) para os

fluoretos 15 ppm (8 a 12 ordmC) e 07 ppm (25 a 30 ordmC) O decreto-lei nordm 2432001 de 5 de Setembro

que transpotildee a Directiva Comunitaacuteria nordm 9883CE de 3 de Novembro que entrou em vigor em 25 de

Dezembro de 2003 define para os fluoretos um Valor Parameacutetrico (VP) de 15 ppm

O decreto-lei nordm 24301 remete para a Entidade Gestora a verificaccedilatildeo da conformidade dos valores

parameacutetricos obrigatoacuterios aplicaacuteveis agrave aacutegua para consumo humano Sempre que um valor parameacutetrico

eacute excedido isso corresponde a uma situaccedilatildeo de incumprimento e perante esta situaccedilatildeo a entidade

gestora deve de imediato informar a autoridade de sauacutede e a entidade competente dando conta das

medidas correctoras adoptadas ou em curso para restabelecer a qualidade da aacutegua destinada a consumo

humano

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 5

Deve ter-se em atenccedilatildeo o desvio em relaccedilatildeo ao valor parameacutetrico fixado e o perigo potencial para a

sauacutede humana

Segundo o decreto-lei supra mencionado artigo 9ordm compete agraves autoridades de sauacutede a vigilacircncia

sanitaacuteria e a avaliaccedilatildeo do risco para a sauacutede puacuteblica da qualidade da aacutegua destinada ao consumo

humano Sempre que o risco exista e o incumprimento persistir a autoridade de sauacutede deve informar e

aconselhar os consumidores afectados e determinar a proibiccedilatildeo de abastecimento restringir a

utilizaccedilatildeo da aacutegua que constitua um perigo potencial para a sauacutede humana e adoptar todas as medidas

necessaacuterias para proteger a sauacutede humana

Nos Accedilores e na Madeira ou em zonas onde o teor de fluoretos na aacutegua eacute muito elevado deveraacute ser

feita uma verificaccedilatildeo da constante e a correcccedilatildeo adequada

Os principais tratamentos de desfluoretaccedilatildeo envolvem a floculaccedilatildeo da aacutegua usando sais hidratados de

alumiacutenio principalmente em condiccedilotildees alcalinas No caso de aacuteguas aacutecidas pode-se adicionar cal e

alternativamente pode-se recorrer agrave adsorccedilatildeo com carvatildeo activado ou alumina activada ( Al2O3 ) ou

por permuta ioacutenica usando resinas especiacuteficas

Recomendaccedilatildeo Ateacute aos 6-7 anos as crianccedilas natildeo devem ingerir regularmente aacutegua com teor de fluoretos superior a 07 ppm

Recomendaccedilatildeo Sempre que o valor parameacutetrico dos fluoretos na aacutegua para consumo humano exceder 15 ppm deveratildeo ser aplicadas

medidas correctoras para restabelecer a qualidade da aacutegua

2 2 Aacute g u a s m i n e r a i s n a t u r a i s e n g a r r a f a d a s

As aacuteguas minerais naturais engarrafadas deveratildeo no futuro ter rotulagem de acordo com a Directiva

Comunitaacuteria 200340CE da Comissatildeo Europeia de 16 de Maio publicada no Jornal Oficial da Uniatildeo

Europeia em 2252003 artigo 4ordm laquo1 As aacuteguas minerais naturais cuja concentraccedilatildeo em fluacuteor for

superior a 15 mgl (ppm) devem ostentar no roacutetulo a menccedilatildeo lsquoconteacutem mais de 15 mgl (ppm) de

fluacuteor natildeo eacute adequado o seu consumo regular por lactentes nem por crianccedilas com menos de 7 anosrsquo

2 No roacutetulo a menccedilatildeo prevista no nordm 1 deve figurar na proximidade imediata da denominaccedilatildeo de

venda e em caracteres claramente visiacuteveis 3

As aacuteguas minerais naturais que em aplicaccedilatildeo do nordm 1 tiverem de ostentar uma menccedilatildeo no roacutetulo

devem incluir a indicaccedilatildeo do teor real em fluacuteor a niacutevel da composiccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica em constituintes

caracteriacutesticos tal como previsto no nordm 2 aliacutenea a) do artigo 7ordm da Directiva 80777CEEraquo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 6

Para as aacuteguas de nascente cujas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas satildeo definidas pelo Decreto-lei

2432001 de 5 de Setembro em vigor desde Dezembro de 2003 os limites para o teor de fluoretos satildeo

de 15 mgl (ppm)

De acordo com o parecer do Scientific Committee on Food - Comiteacute Cientiacutefico de Alimentaccedilatildeo

Humana (expresso em Dezembro de 1996) a Comissatildeo natildeo vecirc razotildees para nos climas da Uniatildeo

Europeia (climas temperados) limitar os fluoretos nas aacuteguas de consumo humano e nas aacuteguas minerais

naturais para valores inferiores a 15mgl (ppm)

3 F l u o r e t o s n o s g eacute n e r o s a l i m e n t iacute c i o s

Entende-se por lsquogeacutenero alimentiacuteciorsquo qualquer substacircncia ou produto transformado parcialmente

transformado ou natildeo transformado destinado a ser ingerido pelo ser humano ou com razoaacuteveis

probabilidades de o ser Este termo abrange bebidas pastilhas elaacutesticas e todas as substacircncias

incluindo a aacutegua intencionalmente incorporadas nos geacuteneros alimentiacutecios durante o seu fabrico

preparaccedilatildeo ou tratamento8 9

Na alimentaccedilatildeo as estimativas de ingestatildeo de fluacuteor atraveacutes da dieta variam entre 02 e 34 mgdia

sendo estes uacuteltimos valores atingidos quando se inclui o chaacute na alimentaccedilatildeo A ingestatildeo de fluoretos

provenientes dos alimentos comuns eacute pouco significativa Apenas 13 se apresentam na forma

ionizaacutevel e portanto biodisponiacutevel

Recomendaccedilatildeo Independentemente da origem ao utilizar aacutegua informe-se sobre o seu teor em fluoretos As que tecircm um elevado teor

deste elemento natildeo satildeo adequadas para lactentes e crianccedilas com menos de 7 anos

Recomendaccedilatildeo Dar prioridade a uma dieta equilibrada e saudaacutevel com diversidade alimentar Utilizar a aacutegua da cozedura dos

alimentos para confeccionar outros alimentos (ex sopas arroz)

No iniacutecio do ano de 2003 a Comissatildeo Europeia apresentou uma nova proposta de Directiva

Comunitaacuteria relativa agrave ldquoAdiccedilatildeo aos geacuteneros alimentiacutecios de vitaminas minerais e outras substacircnciasrdquo

onde os fluoretos satildeo referidos como podendo ser adicionados a geacuteneros alimentiacutecios comuns Nesta

proposta de Directiva Comunitaacuteria eacute sugerida a inclusatildeo de determinados nutrimentos (entre eles o

fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de geacuteneros alimentiacutecios comuns Esta proposta

prevista no Livro Branco da Comissatildeo ainda estaacute numa fase inicial de discussatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 7

4 F l u o r e t o s e m s u p l e m e n t o a l i m e n t a r

Entende-se por lsquosuplementos alimentaresrsquo geacuteneros alimentiacutecios que se destinam a complementar e ou

suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas

substacircncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisioloacutegico estremes ou combinados

comercializados em forma doseada tais como caacutepsulas pastilhas comprimidos piacutelulas e outras

formas semelhantes saquetas de poacute ampola de liacutequido frascos com conta gotas e outras formas

similares de liacutequido ou poacute que se destinam a ser tomados em unidades medidas de quantidade

reduzida10

A Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002

transposta para o direito nacional pelo Decreto-lei nordm 1362003 de 28 de Junho relativa agrave aproximaccedilatildeo

das legislaccedilotildees dos Estados-Membros respeitantes aos suplementos alimentares vai permitir a inclusatildeo

de determinados nutrimentos (entre eles o fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de

suplementos alimentares11

A partir de 28 de Agosto de 2003 os fluoretos poderatildeo ser comercializados como suplemento

alimentar passando a estar disponiacutevel em farmaacutecias e superfiacutecies comerciais

As quantidades maacuteximas de vitaminas e minerais presentes nos suplementos alimentares satildeo fixadas

em funccedilatildeo da toma diaacuteria recomendada pelo fabricante tendo em conta os seguintes elementos

a) limites superiores de seguranccedila estabelecidos para as vitaminas e os minerais apoacutes uma

avaliaccedilatildeo dos riscos efectuada com base em dados cientiacuteficos geralmente aceites tendo em

conta quando for caso disso os diversos graus de sensibilidade dos diferentes grupos de

consumidores

b) quantidade de vitaminas e minerais ingerida atraveacutes de outras fontes alimentares

c) doses de referecircncia de vitaminas e minerais para a populaccedilatildeo

Recomendaccedilatildeo Nunca ultrapassar a toma indicada no roacutetulo do produto e natildeo utilizar um suplemento alimentar como substituto de um

regime alimentar variado

As quantidades maacuteximas e miacutenimas de vitaminas e minerais referidas seratildeo adoptadas pela Comissatildeo

Europeia assistida pelo Comiteacute de Regulamentaccedilatildeo

Em Portugal a Agecircncia para a Qualidade e Seguranccedila Alimentar viraacute a ter informaccedilatildeo sobre todos os

suplementos alimentares comercializados como geacuteneros alimentiacutecios e introduzidos no mercado de

acordo com o Decreto-lei nordm 1362003

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 8

A rotulagem dos suplementos alimentares natildeo poderaacute mencionar nem fazer qualquer referecircncia a

prevenccedilatildeo tratamento ou cura de doenccedilas humanas e deveraacute indicar uma advertecircncia de que os

produtos devem ser guardados fora do alcance das crianccedilas

5 F luore tos em med icamentos e p rodutos cosmeacutet icos de h ig iene corpora l

A distinccedilatildeo entre Medicamento e Produto Cosmeacutetico de Higiene Corporal contendo fluoretos depende

do seu teor no produto Os cosmeacuteticos contecircm obrigatoriamente uma concentraccedilatildeo de fluoretos inferior

a 015 (1500 ppm) (Decreto-lei 1002001 de 28 de Marccedilo I Seacuterie A) sendo que todos os dentiacutefricos

com concentraccedilotildees de fluoretos superior a 015 satildeo obrigatoriamente classificados como

medicamentos

Os medicamentos contendo fluoretos e utilizados para a profilaxia da caacuterie dentaacuteria existentes no

mercado portuguecircs satildeo de venda livre em farmaacutecia Encontram-se disponiacuteveis nas formas

farmacecircuticas de soluccedilatildeo oral (gotas orais) comprimidos dentiacutefricos gel dentaacuterio e soluccedilatildeo de

bochecho

5 1 F l u o r e t o s e m c o m p r i m i d o s e g o t a s o r a i s

A utilizaccedilatildeo de medicamentos contendo fluoretos na forma de gotas orais e comprimidos foi ateacute haacute

pouco recomendada pelos profissionais de sauacutede (pediatras meacutedicos de famiacutelia cliacutenicos gerais

meacutedicos estomatologistas meacutedicos dentistas) dos 6 meses ateacute aos 16 anos

A clarificaccedilatildeo do mecanismo de acccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria e o aumento de

aporte dos mesmos com consequentes riscos de manifestaccedilatildeo toacutexica obrigaram agrave revisatildeo da sua

administraccedilatildeo em comprimidos eou gotas A gravidade da fluorose dentaacuteria estaacute relacionada com a

dose a duraccedilatildeo e com a idade em que ocorre a exposiccedilatildeo ao fluacuteor 12 13

A ldquoCanadian Consensus Conference on the Appropriate Use of Fluoride Supplements for the

Prevention of Dental Caries in Childrenrdquo 14definiu um protocolo cuja utilizaccedilatildeo eacute recomendada a

profissionais de sauacutede em que se fundamenta a tomada de decisatildeo sobre a necessidade ou natildeo da

suplementaccedilatildeo de fluacuteor A administraccedilatildeo de comprimidos soacute eacute recomendada quando o teor de fluoretos

na aacutegua de abastecimento puacuteblico for inferior a 03 ppm e

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) natildeo escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas

vezes por dia

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas vezes

por dia mas apresenta um alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 9

Por sua vez a conclusatildeo do laquoForum on Fluoridation 2002raquo15 relativamente agrave administraccedilatildeo de

suplementos de fluoretos foi a seguinte limitar a utilizaccedilatildeo de comprimidos de fluoretos a aacutereas onde

natildeo existe aacutegua fluoretada e iniciar essa suplementaccedilatildeo apenas a crianccedilas com alto risco agrave caacuterie e a

partir dos 3 anos

Os comprimidos de fluoretos caso sejam indicados devem ser usados pelo interesse da sua acccedilatildeo

toacutepica Devem ser dissolvidos na boca em vez de imediatamente ingeridos16

A administraccedilatildeo de fluoretos sob a forma de comprimidos chupados soacute deveraacute ser efectuada em

situaccedilotildees excepcionais isto eacute em populaccedilotildees de baixos recursos econoacutemicos nas quais a escovagem

natildeo possa ser promovida e os iacutendices de caacuterie sejam elevados

Para evitar a potencial toxicidade dos fluoretos antes de qualquer prescriccedilatildeo todos os profissionais de

sauacutede devem efectuar uma avaliaccedilatildeo personalizada dos aportes diaacuterios de cada crianccedila tendo em conta

todas as fontes possiacuteveis desse elemento alimentos comuns suplementos alimentares consumo de

aacutegua da rede puacuteblica eou aacutegua engarrafada e respectivo teor de fluoretos e utilizaccedilatildeo de medicamentos

e produtos cosmeacuteticos contendo fluacuteor

Recomendaccedilatildeo A partir dos 3 anos os suplementos sisteacutemicos de fluoretos poderatildeo ser prescritos pelo meacutedico assistente ou meacutedico dentista em crianccedilas que apresentem um alto risco

agrave caacuterie dentaacuteria

5 2 F l u o r e t o s e m d e n t iacute f r i c o s

Hoje em dia a maior parte dos dentiacutefricos agrave venda no mercado contecircm fluoretos sob diferentes formas

fluoreto de soacutedio monofluorfosfato de soacutedio fluoreto de amina e outros Os mais utilizados satildeo o

fluoreto de soacutedio e o monofluorfosfato de soacutedio

Normalmente o conteuacutedo de fluoreto dos dentiacutefricos eacute de 1000 a 1100 ppm (ou 010 a 011)

podendo variar entre 500 e 1500 ppm

Durante a escovagem cerca de 34 da pasta eacute ingerida por crianccedilas de 3 anos 28 pelas de 4-5 anos

e 20 pelas de 5-7 anos

Devem ser evitados dentiacutefricos com sabor a fruta para impedir o seu consumo em excesso uma vez

que estatildeo jaacute descritos na literatura casos de fluorose resultantes do abuso de dentiacutefricos2

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluoretos duas vezes por dia tem-se revelado um

meio colectivo de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria com grande efectividade e baixo custo pelo que deve

ser considerado o meio de eleiccedilatildeo em estrateacutegias comunitaacuterias

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 10

Do ponto de vista da prevenccedilatildeo da caacuterie a aplicaccedilatildeo toacutepica de dentiacutefrico fluoretado com a escova dos

dentes deve ser executada duas vezes por dia e deve iniciar-se quando se daacute a erupccedilatildeo dos dentes Esta

rotina diaacuteria de higiene executada naturalmente com muito cuidado pelos pais deve

progressivamente ser assumida pela crianccedila ateacute aos 6-8 anos de idade Durante este periacuteodo a

escovagem deve ser sempre vigiada pelos pais ou educadores consoante as circunstacircncias para evitar

a utilizaccedilatildeo de quantidades excessivas de dentiacutefrico o qual pode da mesma forma que os

comprimidos conduzir antes dos 6 anos agrave ocorrecircncia de fluorose

As crianccedilas devem usar dentiacutefrico com teor de fluoretos entre 1000-1500 ppm de fluoreto (dentiacutefrico

de adulto) sendo a quantidade a utilizar do tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

Apoacutes a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado pode-se natildeo bochechar com aacutegua Deveraacute

apenas cuspir-se o excesso de pasta Deste modo consegue-se uma mais alta concentraccedilatildeo de fluoreto

na cavidade oral que vai actuar topicamente durante mais tempo

Os pais das crianccedilas devem receber informaccedilatildeo sobre a escovagem dentaacuteria e o uso de dentiacutefricos

fluoretados A escovagem com dentiacutefrico fluoretado deve iniciar-se imediatamente apoacutes a erupccedilatildeo dos

primeiros dentes Os dentiacutefricos fluoretados devem ser guardados em locais inacessiacuteveis agraves crianccedilas

pequenas17

5 3 F l u o r e t o s e m s o l u ccedil otilde e s d e b o c h e c h o

As soluccedilotildees para bochechos recomendadas a partir dos 6 anos de idade tecircm sido utilizadas em

programas escolares de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria em inuacutemeros paiacuteses incluindo Portugal Satildeo

recomendadas a indiviacuteduos de maior risco agrave caacuterie dentaacuteria mas a sua utilizaccedilatildeo tem vido a ser

restringida a crianccedilas que escovam eficazmente os dentes

Recomendaccedilatildeo Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Recomendaccedilatildeo A partir dos 6 anos de idade deve ser feito o bochecho quinzenalmente com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

02

As soluccedilotildees fluoretadas de uso diaacuterio habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

005 e as de uso semanal ou quinzenal habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de 02

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 11

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 12

Referecircncias

1 Diegues P Linhas de Orientaccedilatildeo associadas agrave presenccedila de fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento 2003 Documento produzido no acircmbito da task force Sauacutede Oral e Fluacuteor Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar e na Divisatildeo de Sauacutede Ambiental da DGS 2 Melo PRGR Influecircncia de diferentes meacutetodos de administraccedilatildeo de fluoretos nas variaccedilotildees de incidecircncia de caacuterie Porto Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto 2001 Tese de doutoramento 3 Agence Francaise de Seacutecuriteacute des Produits de Santeacute Mise au point sur le fluacuteor et la prevention de la carie dentaire AFSPS 31 Juillet 2002 4 Leikin JB Paloucek FP Poisoning amp Toxicology Handbook 3th edition Hudson Lexi- Comp 2002 586-7 5 Ismail AI Bandekar RR Fluoride suplements and fluorosis a meta-analysis Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 48-56 6 Steven ML An update on Fluorides and Fluorosis J Can Dent Assoc 200369(5)268-91 7 Pinto R Cristovatildeo E Vinhais T Castro MF Teor de fluoretos nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica nas sedes de concelho de Portugal Continental Revista Portuguesa de Estomatologia Medicina Dentaacuteria e Cirurgia Maxilofacial 1999 40(3)125-42 8 Regulamento 1782002 do Parlamento Europeu e do Conselho de 28 de Janeiro Jornal Oficial das Comunidades Europeias (2002021) 9 Decreto ndash lei nordm 5601999 DR I Seacuterie A 147 (991218) 10 Decreto ndash lei nordm 1362003 DR I Seacuterie A 293 (20030628) 11 Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002 Jornal Oficial das Comunidades Europeias (20020712) 12 Aoba T Fejerskov O Dental fluorosis Chemistry and Biology Crit Rev Oral Biol Med 2002 13(2) 155-70 13 DenBesten PK Biological mechanisms of dental fluorosis relevant to the use of fluoride supplements Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 41-7 14 Limeback H Introduction to the conference Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 27-30 15 Report of the Forum of fluoridation 2002Governement of Ireland 2002 wwwfluoridationforumie 16 Featherstone JDB Prevention and reversal of dental caries role of low level fluoride Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 31-40 17 Pereira A Amorim A Peres F Peres FR Caldas IM Pereira JA Pereira ML Silva MJ Caacuteries Precoces da InfacircnciaLisboa Medisa Ediccedilotildees e Divulgaccedilotildees Cientiacuteficas Lda 2001 Bibliografia

1 Almeida CM Sugestotildees para a Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2002 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e na Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa

2 Rompante P Fundamentos para a alteraccedilatildeo do Programa de Sauacutede Oral da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Documento realizado no acircmbito da Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2003 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e no Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede ndash Norte

3 Rompante P Determinaccedilatildeo da quantidade do elemento fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento puacuteblico na totalidade das sedes de concelho de Portugal Continental Porto Faculdade de Odontologia da Universidade de Barcelona 2002 Tese de Doutoramento

4 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in Children at High Caries Risk SIGN Publication 2000 47

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Page 41: Direcção-Geral da SaúdePrograma será complementado, sempre que oportuno, por orientações técnicas a emitir por esta Direcção-Geral. O Director-Geral e Alto Comissário da

(1500 ppm de Fluacuteor) potildee em risco a vida de uma crianccedila de um ano de idade O risco de ingestatildeo

acidental por crianccedilas eacute real e eacute adjuvado pelo tipo de embalagens destes produtos que natildeo tecircm

dispositivos de seguranccedila para a sua abertura

A toxicidade aguda pelos fluoretos poderaacute manifestar-se por queixas digestivas (dor abdominal

voacutemitos hematemeses e melenas) neuroloacutegicas (tremores convulsotildees tetania deliacuterio lentificaccedilatildeo da

voz) renais (urina turva hematuacuteria) metaboacutelicas (hipocalceacutemia hipomagnesieacutemia hipercalieacutemia)

cardiovasculares (arritmias hipotensatildeo) e respiratoacuterias (depressatildeo respiratoacuteria apneias) 4

12 Toxicidade Croacutenica

A dose total diaacuteria de fluoretos administrados por via sisteacutemica isenta de risco de toxicidade croacutenica

situa-se abaixo de 005 mgkgdia de peso A partir desses valores aumentam as manifestaccedilotildees atraveacutes

do aparecimento de hipomineralizaccedilatildeo do esmalte que se revela por fluorose dentaacuteria Com

concentraccedilotildees acima de 25 ppm na aacutegua esta manifestaccedilatildeo eacute mais evidente sendo tanto mais grave

quanto a concentraccedilatildeo de fluoretos vai aumentando O periacuteodo criacutetico para o efeito toacutexico do fluacuteor se

manifestar sobre a denticcedilatildeo permanente eacute entre o nascimento e os 7 anos de idade (ateacute aos 3 anos eacute o

periacuteodo mais criacutetico) Quando existem fluoretos ateacute 3 ppm na aacutegua aleacutem da fluorose natildeo parece

existir qualquer outro efeito toacutexico na sauacutede A partir deste valor aumenta o risco de nefrotoxicidade

Como qualquer outro medicamento os fluoretos em dose excessiva tecircm efeitos toacutexicos que

normalmente se manifestam atraveacutes de uma interferecircncia na esteacutetica dentaacuteria Essa manifestaccedilatildeo eacute a

fluorose dentaacuteria

Estudos recentes sobre suplementos de fluoretos e fluorose 5 confirmam que as comunidades sem aacutegua

fluoretada e que utilizam suplementos de fluoretos durante os primeiros 6 anos de vida apresentam

um aumento do risco de desenvolver fluorose

O principal factor de risco para o aparecimento de fluorose dentaacuteria eacute o aporte total de fluoretos

provenientes de diferentes fontes nomeadamente da alimentaccedilatildeo incluindo a aacutegua e os suplementos

alimentares dentiacutefricos e soluccedilotildees para bochechos comprimidos e gotas e ingestatildeo acidental que natildeo

satildeo faacuteceis de quantificar

A fluorose dentaacuteria aumentou nos uacuteltimos anos em comunidades com e sem aacutegua fluoretada 6

2 F l u o r e t o s n a aacute g u a

2 1 Aacute g u a d e a b a s t e c i m e n t o p uacute b l i c o

A fluoretaccedilatildeo das aacuteguas para consumo humano como meio de suprir o deacutefice de fluoretos na aacutegua eacute

uma praacutetica comum em alguns paiacuteses como o Brasil Austraacutelia Canadaacute EUA e Nova Zelacircndia

Apesar de serem tatildeo diferentes quer do ponto de vista soacutecioeconoacutemico quer geograacutefico eles detecircm

uma experiecircncia superior a 25 anos neste domiacutenio

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 4

Na Europa a maior parte dos paiacuteses natildeo faz fluoretaccedilatildeo das suas aacuteguas para consumo humano agrave

excepccedilatildeo da Irlanda da Suiacuteccedila (Basileia) e de 10 da populaccedilatildeo do Reino Unido Na Alemanha eacute

proibido e nos restantes paiacuteses eacute desaconselhado

Nos paiacuteses em que se faz fluoretaccedilatildeo da aacutegua alguns estudos demonstraram natildeo ter existido um ganho

efectivo na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria No entanto outros como a Austraacutelia no Estado de Victoacuteria

onde a fluoretaccedilatildeo da aacutegua se faz regularmente observaram-se ganhos efectivos na sauacutede oral da

populaccedilatildeo com consequentes ganhos econoacutemicos

Recomendaccedilatildeo Eacute indispensaacutevel avaliar a qualidade das aacuteguas de abastecimento puacuteblico periodicamente e corrigir os

paracircmetros alterados

Na aacutegua os valores das concentraccedilotildees de fluoretos estatildeo compreendidas entre 01 a 07 ppm Contudo

em alguns casos podem apresentar valores muito mais elevados

Quando a aacutegua apresenta valores de ph superiores a 8 e o iatildeo soacutedio e os carbonatos satildeo dominantes os

valores de fluoretos normalmente presentes excedem 1 ppm

Nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica os fluoretos podem existir naturalmente ou resultar de um

programa de fluoretaccedilatildeo Em Portugal Continental os valores satildeo normalmente baixos e as aacuteguas natildeo

estatildeo sujeitas a fluoretaccedilatildeo artificial O teor de fluoretos deveraacute ser controlado regularmente de modo

a preservar os interesses da sauacutede puacuteblica 7

Na definiccedilatildeo de um valor guia para a aacutegua de consumo humano a OMS propotildee o valor limite de 15

ppm de Fluacuteor referindo que valores superiores podem contribuir para o aumento do risco de fluorose

A Agecircncia Americana para o Ambiente (USEPA) refere um valor maacuteximo admissiacutevel de fluoretos na

aacutegua de consumo humano de 15 ppm e recomenda que nunca se ultrapasse os 4 ppm

Em Portugal a legislaccedilatildeo actualmente em vigor sobre a qualidade da aacutegua para consumo humano

decreto-lei nordm 23698 de 1 de Agosto define dois Valores Maacuteximos Admissiacuteveis (VMA) para os

fluoretos 15 ppm (8 a 12 ordmC) e 07 ppm (25 a 30 ordmC) O decreto-lei nordm 2432001 de 5 de Setembro

que transpotildee a Directiva Comunitaacuteria nordm 9883CE de 3 de Novembro que entrou em vigor em 25 de

Dezembro de 2003 define para os fluoretos um Valor Parameacutetrico (VP) de 15 ppm

O decreto-lei nordm 24301 remete para a Entidade Gestora a verificaccedilatildeo da conformidade dos valores

parameacutetricos obrigatoacuterios aplicaacuteveis agrave aacutegua para consumo humano Sempre que um valor parameacutetrico

eacute excedido isso corresponde a uma situaccedilatildeo de incumprimento e perante esta situaccedilatildeo a entidade

gestora deve de imediato informar a autoridade de sauacutede e a entidade competente dando conta das

medidas correctoras adoptadas ou em curso para restabelecer a qualidade da aacutegua destinada a consumo

humano

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 5

Deve ter-se em atenccedilatildeo o desvio em relaccedilatildeo ao valor parameacutetrico fixado e o perigo potencial para a

sauacutede humana

Segundo o decreto-lei supra mencionado artigo 9ordm compete agraves autoridades de sauacutede a vigilacircncia

sanitaacuteria e a avaliaccedilatildeo do risco para a sauacutede puacuteblica da qualidade da aacutegua destinada ao consumo

humano Sempre que o risco exista e o incumprimento persistir a autoridade de sauacutede deve informar e

aconselhar os consumidores afectados e determinar a proibiccedilatildeo de abastecimento restringir a

utilizaccedilatildeo da aacutegua que constitua um perigo potencial para a sauacutede humana e adoptar todas as medidas

necessaacuterias para proteger a sauacutede humana

Nos Accedilores e na Madeira ou em zonas onde o teor de fluoretos na aacutegua eacute muito elevado deveraacute ser

feita uma verificaccedilatildeo da constante e a correcccedilatildeo adequada

Os principais tratamentos de desfluoretaccedilatildeo envolvem a floculaccedilatildeo da aacutegua usando sais hidratados de

alumiacutenio principalmente em condiccedilotildees alcalinas No caso de aacuteguas aacutecidas pode-se adicionar cal e

alternativamente pode-se recorrer agrave adsorccedilatildeo com carvatildeo activado ou alumina activada ( Al2O3 ) ou

por permuta ioacutenica usando resinas especiacuteficas

Recomendaccedilatildeo Ateacute aos 6-7 anos as crianccedilas natildeo devem ingerir regularmente aacutegua com teor de fluoretos superior a 07 ppm

Recomendaccedilatildeo Sempre que o valor parameacutetrico dos fluoretos na aacutegua para consumo humano exceder 15 ppm deveratildeo ser aplicadas

medidas correctoras para restabelecer a qualidade da aacutegua

2 2 Aacute g u a s m i n e r a i s n a t u r a i s e n g a r r a f a d a s

As aacuteguas minerais naturais engarrafadas deveratildeo no futuro ter rotulagem de acordo com a Directiva

Comunitaacuteria 200340CE da Comissatildeo Europeia de 16 de Maio publicada no Jornal Oficial da Uniatildeo

Europeia em 2252003 artigo 4ordm laquo1 As aacuteguas minerais naturais cuja concentraccedilatildeo em fluacuteor for

superior a 15 mgl (ppm) devem ostentar no roacutetulo a menccedilatildeo lsquoconteacutem mais de 15 mgl (ppm) de

fluacuteor natildeo eacute adequado o seu consumo regular por lactentes nem por crianccedilas com menos de 7 anosrsquo

2 No roacutetulo a menccedilatildeo prevista no nordm 1 deve figurar na proximidade imediata da denominaccedilatildeo de

venda e em caracteres claramente visiacuteveis 3

As aacuteguas minerais naturais que em aplicaccedilatildeo do nordm 1 tiverem de ostentar uma menccedilatildeo no roacutetulo

devem incluir a indicaccedilatildeo do teor real em fluacuteor a niacutevel da composiccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica em constituintes

caracteriacutesticos tal como previsto no nordm 2 aliacutenea a) do artigo 7ordm da Directiva 80777CEEraquo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 6

Para as aacuteguas de nascente cujas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas satildeo definidas pelo Decreto-lei

2432001 de 5 de Setembro em vigor desde Dezembro de 2003 os limites para o teor de fluoretos satildeo

de 15 mgl (ppm)

De acordo com o parecer do Scientific Committee on Food - Comiteacute Cientiacutefico de Alimentaccedilatildeo

Humana (expresso em Dezembro de 1996) a Comissatildeo natildeo vecirc razotildees para nos climas da Uniatildeo

Europeia (climas temperados) limitar os fluoretos nas aacuteguas de consumo humano e nas aacuteguas minerais

naturais para valores inferiores a 15mgl (ppm)

3 F l u o r e t o s n o s g eacute n e r o s a l i m e n t iacute c i o s

Entende-se por lsquogeacutenero alimentiacuteciorsquo qualquer substacircncia ou produto transformado parcialmente

transformado ou natildeo transformado destinado a ser ingerido pelo ser humano ou com razoaacuteveis

probabilidades de o ser Este termo abrange bebidas pastilhas elaacutesticas e todas as substacircncias

incluindo a aacutegua intencionalmente incorporadas nos geacuteneros alimentiacutecios durante o seu fabrico

preparaccedilatildeo ou tratamento8 9

Na alimentaccedilatildeo as estimativas de ingestatildeo de fluacuteor atraveacutes da dieta variam entre 02 e 34 mgdia

sendo estes uacuteltimos valores atingidos quando se inclui o chaacute na alimentaccedilatildeo A ingestatildeo de fluoretos

provenientes dos alimentos comuns eacute pouco significativa Apenas 13 se apresentam na forma

ionizaacutevel e portanto biodisponiacutevel

Recomendaccedilatildeo Independentemente da origem ao utilizar aacutegua informe-se sobre o seu teor em fluoretos As que tecircm um elevado teor

deste elemento natildeo satildeo adequadas para lactentes e crianccedilas com menos de 7 anos

Recomendaccedilatildeo Dar prioridade a uma dieta equilibrada e saudaacutevel com diversidade alimentar Utilizar a aacutegua da cozedura dos

alimentos para confeccionar outros alimentos (ex sopas arroz)

No iniacutecio do ano de 2003 a Comissatildeo Europeia apresentou uma nova proposta de Directiva

Comunitaacuteria relativa agrave ldquoAdiccedilatildeo aos geacuteneros alimentiacutecios de vitaminas minerais e outras substacircnciasrdquo

onde os fluoretos satildeo referidos como podendo ser adicionados a geacuteneros alimentiacutecios comuns Nesta

proposta de Directiva Comunitaacuteria eacute sugerida a inclusatildeo de determinados nutrimentos (entre eles o

fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de geacuteneros alimentiacutecios comuns Esta proposta

prevista no Livro Branco da Comissatildeo ainda estaacute numa fase inicial de discussatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 7

4 F l u o r e t o s e m s u p l e m e n t o a l i m e n t a r

Entende-se por lsquosuplementos alimentaresrsquo geacuteneros alimentiacutecios que se destinam a complementar e ou

suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas

substacircncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisioloacutegico estremes ou combinados

comercializados em forma doseada tais como caacutepsulas pastilhas comprimidos piacutelulas e outras

formas semelhantes saquetas de poacute ampola de liacutequido frascos com conta gotas e outras formas

similares de liacutequido ou poacute que se destinam a ser tomados em unidades medidas de quantidade

reduzida10

A Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002

transposta para o direito nacional pelo Decreto-lei nordm 1362003 de 28 de Junho relativa agrave aproximaccedilatildeo

das legislaccedilotildees dos Estados-Membros respeitantes aos suplementos alimentares vai permitir a inclusatildeo

de determinados nutrimentos (entre eles o fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de

suplementos alimentares11

A partir de 28 de Agosto de 2003 os fluoretos poderatildeo ser comercializados como suplemento

alimentar passando a estar disponiacutevel em farmaacutecias e superfiacutecies comerciais

As quantidades maacuteximas de vitaminas e minerais presentes nos suplementos alimentares satildeo fixadas

em funccedilatildeo da toma diaacuteria recomendada pelo fabricante tendo em conta os seguintes elementos

a) limites superiores de seguranccedila estabelecidos para as vitaminas e os minerais apoacutes uma

avaliaccedilatildeo dos riscos efectuada com base em dados cientiacuteficos geralmente aceites tendo em

conta quando for caso disso os diversos graus de sensibilidade dos diferentes grupos de

consumidores

b) quantidade de vitaminas e minerais ingerida atraveacutes de outras fontes alimentares

c) doses de referecircncia de vitaminas e minerais para a populaccedilatildeo

Recomendaccedilatildeo Nunca ultrapassar a toma indicada no roacutetulo do produto e natildeo utilizar um suplemento alimentar como substituto de um

regime alimentar variado

As quantidades maacuteximas e miacutenimas de vitaminas e minerais referidas seratildeo adoptadas pela Comissatildeo

Europeia assistida pelo Comiteacute de Regulamentaccedilatildeo

Em Portugal a Agecircncia para a Qualidade e Seguranccedila Alimentar viraacute a ter informaccedilatildeo sobre todos os

suplementos alimentares comercializados como geacuteneros alimentiacutecios e introduzidos no mercado de

acordo com o Decreto-lei nordm 1362003

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 8

A rotulagem dos suplementos alimentares natildeo poderaacute mencionar nem fazer qualquer referecircncia a

prevenccedilatildeo tratamento ou cura de doenccedilas humanas e deveraacute indicar uma advertecircncia de que os

produtos devem ser guardados fora do alcance das crianccedilas

5 F luore tos em med icamentos e p rodutos cosmeacutet icos de h ig iene corpora l

A distinccedilatildeo entre Medicamento e Produto Cosmeacutetico de Higiene Corporal contendo fluoretos depende

do seu teor no produto Os cosmeacuteticos contecircm obrigatoriamente uma concentraccedilatildeo de fluoretos inferior

a 015 (1500 ppm) (Decreto-lei 1002001 de 28 de Marccedilo I Seacuterie A) sendo que todos os dentiacutefricos

com concentraccedilotildees de fluoretos superior a 015 satildeo obrigatoriamente classificados como

medicamentos

Os medicamentos contendo fluoretos e utilizados para a profilaxia da caacuterie dentaacuteria existentes no

mercado portuguecircs satildeo de venda livre em farmaacutecia Encontram-se disponiacuteveis nas formas

farmacecircuticas de soluccedilatildeo oral (gotas orais) comprimidos dentiacutefricos gel dentaacuterio e soluccedilatildeo de

bochecho

5 1 F l u o r e t o s e m c o m p r i m i d o s e g o t a s o r a i s

A utilizaccedilatildeo de medicamentos contendo fluoretos na forma de gotas orais e comprimidos foi ateacute haacute

pouco recomendada pelos profissionais de sauacutede (pediatras meacutedicos de famiacutelia cliacutenicos gerais

meacutedicos estomatologistas meacutedicos dentistas) dos 6 meses ateacute aos 16 anos

A clarificaccedilatildeo do mecanismo de acccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria e o aumento de

aporte dos mesmos com consequentes riscos de manifestaccedilatildeo toacutexica obrigaram agrave revisatildeo da sua

administraccedilatildeo em comprimidos eou gotas A gravidade da fluorose dentaacuteria estaacute relacionada com a

dose a duraccedilatildeo e com a idade em que ocorre a exposiccedilatildeo ao fluacuteor 12 13

A ldquoCanadian Consensus Conference on the Appropriate Use of Fluoride Supplements for the

Prevention of Dental Caries in Childrenrdquo 14definiu um protocolo cuja utilizaccedilatildeo eacute recomendada a

profissionais de sauacutede em que se fundamenta a tomada de decisatildeo sobre a necessidade ou natildeo da

suplementaccedilatildeo de fluacuteor A administraccedilatildeo de comprimidos soacute eacute recomendada quando o teor de fluoretos

na aacutegua de abastecimento puacuteblico for inferior a 03 ppm e

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) natildeo escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas

vezes por dia

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas vezes

por dia mas apresenta um alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 9

Por sua vez a conclusatildeo do laquoForum on Fluoridation 2002raquo15 relativamente agrave administraccedilatildeo de

suplementos de fluoretos foi a seguinte limitar a utilizaccedilatildeo de comprimidos de fluoretos a aacutereas onde

natildeo existe aacutegua fluoretada e iniciar essa suplementaccedilatildeo apenas a crianccedilas com alto risco agrave caacuterie e a

partir dos 3 anos

Os comprimidos de fluoretos caso sejam indicados devem ser usados pelo interesse da sua acccedilatildeo

toacutepica Devem ser dissolvidos na boca em vez de imediatamente ingeridos16

A administraccedilatildeo de fluoretos sob a forma de comprimidos chupados soacute deveraacute ser efectuada em

situaccedilotildees excepcionais isto eacute em populaccedilotildees de baixos recursos econoacutemicos nas quais a escovagem

natildeo possa ser promovida e os iacutendices de caacuterie sejam elevados

Para evitar a potencial toxicidade dos fluoretos antes de qualquer prescriccedilatildeo todos os profissionais de

sauacutede devem efectuar uma avaliaccedilatildeo personalizada dos aportes diaacuterios de cada crianccedila tendo em conta

todas as fontes possiacuteveis desse elemento alimentos comuns suplementos alimentares consumo de

aacutegua da rede puacuteblica eou aacutegua engarrafada e respectivo teor de fluoretos e utilizaccedilatildeo de medicamentos

e produtos cosmeacuteticos contendo fluacuteor

Recomendaccedilatildeo A partir dos 3 anos os suplementos sisteacutemicos de fluoretos poderatildeo ser prescritos pelo meacutedico assistente ou meacutedico dentista em crianccedilas que apresentem um alto risco

agrave caacuterie dentaacuteria

5 2 F l u o r e t o s e m d e n t iacute f r i c o s

Hoje em dia a maior parte dos dentiacutefricos agrave venda no mercado contecircm fluoretos sob diferentes formas

fluoreto de soacutedio monofluorfosfato de soacutedio fluoreto de amina e outros Os mais utilizados satildeo o

fluoreto de soacutedio e o monofluorfosfato de soacutedio

Normalmente o conteuacutedo de fluoreto dos dentiacutefricos eacute de 1000 a 1100 ppm (ou 010 a 011)

podendo variar entre 500 e 1500 ppm

Durante a escovagem cerca de 34 da pasta eacute ingerida por crianccedilas de 3 anos 28 pelas de 4-5 anos

e 20 pelas de 5-7 anos

Devem ser evitados dentiacutefricos com sabor a fruta para impedir o seu consumo em excesso uma vez

que estatildeo jaacute descritos na literatura casos de fluorose resultantes do abuso de dentiacutefricos2

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluoretos duas vezes por dia tem-se revelado um

meio colectivo de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria com grande efectividade e baixo custo pelo que deve

ser considerado o meio de eleiccedilatildeo em estrateacutegias comunitaacuterias

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 10

Do ponto de vista da prevenccedilatildeo da caacuterie a aplicaccedilatildeo toacutepica de dentiacutefrico fluoretado com a escova dos

dentes deve ser executada duas vezes por dia e deve iniciar-se quando se daacute a erupccedilatildeo dos dentes Esta

rotina diaacuteria de higiene executada naturalmente com muito cuidado pelos pais deve

progressivamente ser assumida pela crianccedila ateacute aos 6-8 anos de idade Durante este periacuteodo a

escovagem deve ser sempre vigiada pelos pais ou educadores consoante as circunstacircncias para evitar

a utilizaccedilatildeo de quantidades excessivas de dentiacutefrico o qual pode da mesma forma que os

comprimidos conduzir antes dos 6 anos agrave ocorrecircncia de fluorose

As crianccedilas devem usar dentiacutefrico com teor de fluoretos entre 1000-1500 ppm de fluoreto (dentiacutefrico

de adulto) sendo a quantidade a utilizar do tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

Apoacutes a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado pode-se natildeo bochechar com aacutegua Deveraacute

apenas cuspir-se o excesso de pasta Deste modo consegue-se uma mais alta concentraccedilatildeo de fluoreto

na cavidade oral que vai actuar topicamente durante mais tempo

Os pais das crianccedilas devem receber informaccedilatildeo sobre a escovagem dentaacuteria e o uso de dentiacutefricos

fluoretados A escovagem com dentiacutefrico fluoretado deve iniciar-se imediatamente apoacutes a erupccedilatildeo dos

primeiros dentes Os dentiacutefricos fluoretados devem ser guardados em locais inacessiacuteveis agraves crianccedilas

pequenas17

5 3 F l u o r e t o s e m s o l u ccedil otilde e s d e b o c h e c h o

As soluccedilotildees para bochechos recomendadas a partir dos 6 anos de idade tecircm sido utilizadas em

programas escolares de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria em inuacutemeros paiacuteses incluindo Portugal Satildeo

recomendadas a indiviacuteduos de maior risco agrave caacuterie dentaacuteria mas a sua utilizaccedilatildeo tem vido a ser

restringida a crianccedilas que escovam eficazmente os dentes

Recomendaccedilatildeo Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Recomendaccedilatildeo A partir dos 6 anos de idade deve ser feito o bochecho quinzenalmente com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

02

As soluccedilotildees fluoretadas de uso diaacuterio habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

005 e as de uso semanal ou quinzenal habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de 02

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 11

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 12

Referecircncias

1 Diegues P Linhas de Orientaccedilatildeo associadas agrave presenccedila de fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento 2003 Documento produzido no acircmbito da task force Sauacutede Oral e Fluacuteor Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar e na Divisatildeo de Sauacutede Ambiental da DGS 2 Melo PRGR Influecircncia de diferentes meacutetodos de administraccedilatildeo de fluoretos nas variaccedilotildees de incidecircncia de caacuterie Porto Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto 2001 Tese de doutoramento 3 Agence Francaise de Seacutecuriteacute des Produits de Santeacute Mise au point sur le fluacuteor et la prevention de la carie dentaire AFSPS 31 Juillet 2002 4 Leikin JB Paloucek FP Poisoning amp Toxicology Handbook 3th edition Hudson Lexi- Comp 2002 586-7 5 Ismail AI Bandekar RR Fluoride suplements and fluorosis a meta-analysis Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 48-56 6 Steven ML An update on Fluorides and Fluorosis J Can Dent Assoc 200369(5)268-91 7 Pinto R Cristovatildeo E Vinhais T Castro MF Teor de fluoretos nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica nas sedes de concelho de Portugal Continental Revista Portuguesa de Estomatologia Medicina Dentaacuteria e Cirurgia Maxilofacial 1999 40(3)125-42 8 Regulamento 1782002 do Parlamento Europeu e do Conselho de 28 de Janeiro Jornal Oficial das Comunidades Europeias (2002021) 9 Decreto ndash lei nordm 5601999 DR I Seacuterie A 147 (991218) 10 Decreto ndash lei nordm 1362003 DR I Seacuterie A 293 (20030628) 11 Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002 Jornal Oficial das Comunidades Europeias (20020712) 12 Aoba T Fejerskov O Dental fluorosis Chemistry and Biology Crit Rev Oral Biol Med 2002 13(2) 155-70 13 DenBesten PK Biological mechanisms of dental fluorosis relevant to the use of fluoride supplements Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 41-7 14 Limeback H Introduction to the conference Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 27-30 15 Report of the Forum of fluoridation 2002Governement of Ireland 2002 wwwfluoridationforumie 16 Featherstone JDB Prevention and reversal of dental caries role of low level fluoride Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 31-40 17 Pereira A Amorim A Peres F Peres FR Caldas IM Pereira JA Pereira ML Silva MJ Caacuteries Precoces da InfacircnciaLisboa Medisa Ediccedilotildees e Divulgaccedilotildees Cientiacuteficas Lda 2001 Bibliografia

1 Almeida CM Sugestotildees para a Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2002 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e na Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa

2 Rompante P Fundamentos para a alteraccedilatildeo do Programa de Sauacutede Oral da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Documento realizado no acircmbito da Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2003 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e no Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede ndash Norte

3 Rompante P Determinaccedilatildeo da quantidade do elemento fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento puacuteblico na totalidade das sedes de concelho de Portugal Continental Porto Faculdade de Odontologia da Universidade de Barcelona 2002 Tese de Doutoramento

4 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in Children at High Caries Risk SIGN Publication 2000 47

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Page 42: Direcção-Geral da SaúdePrograma será complementado, sempre que oportuno, por orientações técnicas a emitir por esta Direcção-Geral. O Director-Geral e Alto Comissário da

Na Europa a maior parte dos paiacuteses natildeo faz fluoretaccedilatildeo das suas aacuteguas para consumo humano agrave

excepccedilatildeo da Irlanda da Suiacuteccedila (Basileia) e de 10 da populaccedilatildeo do Reino Unido Na Alemanha eacute

proibido e nos restantes paiacuteses eacute desaconselhado

Nos paiacuteses em que se faz fluoretaccedilatildeo da aacutegua alguns estudos demonstraram natildeo ter existido um ganho

efectivo na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria No entanto outros como a Austraacutelia no Estado de Victoacuteria

onde a fluoretaccedilatildeo da aacutegua se faz regularmente observaram-se ganhos efectivos na sauacutede oral da

populaccedilatildeo com consequentes ganhos econoacutemicos

Recomendaccedilatildeo Eacute indispensaacutevel avaliar a qualidade das aacuteguas de abastecimento puacuteblico periodicamente e corrigir os

paracircmetros alterados

Na aacutegua os valores das concentraccedilotildees de fluoretos estatildeo compreendidas entre 01 a 07 ppm Contudo

em alguns casos podem apresentar valores muito mais elevados

Quando a aacutegua apresenta valores de ph superiores a 8 e o iatildeo soacutedio e os carbonatos satildeo dominantes os

valores de fluoretos normalmente presentes excedem 1 ppm

Nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica os fluoretos podem existir naturalmente ou resultar de um

programa de fluoretaccedilatildeo Em Portugal Continental os valores satildeo normalmente baixos e as aacuteguas natildeo

estatildeo sujeitas a fluoretaccedilatildeo artificial O teor de fluoretos deveraacute ser controlado regularmente de modo

a preservar os interesses da sauacutede puacuteblica 7

Na definiccedilatildeo de um valor guia para a aacutegua de consumo humano a OMS propotildee o valor limite de 15

ppm de Fluacuteor referindo que valores superiores podem contribuir para o aumento do risco de fluorose

A Agecircncia Americana para o Ambiente (USEPA) refere um valor maacuteximo admissiacutevel de fluoretos na

aacutegua de consumo humano de 15 ppm e recomenda que nunca se ultrapasse os 4 ppm

Em Portugal a legislaccedilatildeo actualmente em vigor sobre a qualidade da aacutegua para consumo humano

decreto-lei nordm 23698 de 1 de Agosto define dois Valores Maacuteximos Admissiacuteveis (VMA) para os

fluoretos 15 ppm (8 a 12 ordmC) e 07 ppm (25 a 30 ordmC) O decreto-lei nordm 2432001 de 5 de Setembro

que transpotildee a Directiva Comunitaacuteria nordm 9883CE de 3 de Novembro que entrou em vigor em 25 de

Dezembro de 2003 define para os fluoretos um Valor Parameacutetrico (VP) de 15 ppm

O decreto-lei nordm 24301 remete para a Entidade Gestora a verificaccedilatildeo da conformidade dos valores

parameacutetricos obrigatoacuterios aplicaacuteveis agrave aacutegua para consumo humano Sempre que um valor parameacutetrico

eacute excedido isso corresponde a uma situaccedilatildeo de incumprimento e perante esta situaccedilatildeo a entidade

gestora deve de imediato informar a autoridade de sauacutede e a entidade competente dando conta das

medidas correctoras adoptadas ou em curso para restabelecer a qualidade da aacutegua destinada a consumo

humano

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 5

Deve ter-se em atenccedilatildeo o desvio em relaccedilatildeo ao valor parameacutetrico fixado e o perigo potencial para a

sauacutede humana

Segundo o decreto-lei supra mencionado artigo 9ordm compete agraves autoridades de sauacutede a vigilacircncia

sanitaacuteria e a avaliaccedilatildeo do risco para a sauacutede puacuteblica da qualidade da aacutegua destinada ao consumo

humano Sempre que o risco exista e o incumprimento persistir a autoridade de sauacutede deve informar e

aconselhar os consumidores afectados e determinar a proibiccedilatildeo de abastecimento restringir a

utilizaccedilatildeo da aacutegua que constitua um perigo potencial para a sauacutede humana e adoptar todas as medidas

necessaacuterias para proteger a sauacutede humana

Nos Accedilores e na Madeira ou em zonas onde o teor de fluoretos na aacutegua eacute muito elevado deveraacute ser

feita uma verificaccedilatildeo da constante e a correcccedilatildeo adequada

Os principais tratamentos de desfluoretaccedilatildeo envolvem a floculaccedilatildeo da aacutegua usando sais hidratados de

alumiacutenio principalmente em condiccedilotildees alcalinas No caso de aacuteguas aacutecidas pode-se adicionar cal e

alternativamente pode-se recorrer agrave adsorccedilatildeo com carvatildeo activado ou alumina activada ( Al2O3 ) ou

por permuta ioacutenica usando resinas especiacuteficas

Recomendaccedilatildeo Ateacute aos 6-7 anos as crianccedilas natildeo devem ingerir regularmente aacutegua com teor de fluoretos superior a 07 ppm

Recomendaccedilatildeo Sempre que o valor parameacutetrico dos fluoretos na aacutegua para consumo humano exceder 15 ppm deveratildeo ser aplicadas

medidas correctoras para restabelecer a qualidade da aacutegua

2 2 Aacute g u a s m i n e r a i s n a t u r a i s e n g a r r a f a d a s

As aacuteguas minerais naturais engarrafadas deveratildeo no futuro ter rotulagem de acordo com a Directiva

Comunitaacuteria 200340CE da Comissatildeo Europeia de 16 de Maio publicada no Jornal Oficial da Uniatildeo

Europeia em 2252003 artigo 4ordm laquo1 As aacuteguas minerais naturais cuja concentraccedilatildeo em fluacuteor for

superior a 15 mgl (ppm) devem ostentar no roacutetulo a menccedilatildeo lsquoconteacutem mais de 15 mgl (ppm) de

fluacuteor natildeo eacute adequado o seu consumo regular por lactentes nem por crianccedilas com menos de 7 anosrsquo

2 No roacutetulo a menccedilatildeo prevista no nordm 1 deve figurar na proximidade imediata da denominaccedilatildeo de

venda e em caracteres claramente visiacuteveis 3

As aacuteguas minerais naturais que em aplicaccedilatildeo do nordm 1 tiverem de ostentar uma menccedilatildeo no roacutetulo

devem incluir a indicaccedilatildeo do teor real em fluacuteor a niacutevel da composiccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica em constituintes

caracteriacutesticos tal como previsto no nordm 2 aliacutenea a) do artigo 7ordm da Directiva 80777CEEraquo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 6

Para as aacuteguas de nascente cujas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas satildeo definidas pelo Decreto-lei

2432001 de 5 de Setembro em vigor desde Dezembro de 2003 os limites para o teor de fluoretos satildeo

de 15 mgl (ppm)

De acordo com o parecer do Scientific Committee on Food - Comiteacute Cientiacutefico de Alimentaccedilatildeo

Humana (expresso em Dezembro de 1996) a Comissatildeo natildeo vecirc razotildees para nos climas da Uniatildeo

Europeia (climas temperados) limitar os fluoretos nas aacuteguas de consumo humano e nas aacuteguas minerais

naturais para valores inferiores a 15mgl (ppm)

3 F l u o r e t o s n o s g eacute n e r o s a l i m e n t iacute c i o s

Entende-se por lsquogeacutenero alimentiacuteciorsquo qualquer substacircncia ou produto transformado parcialmente

transformado ou natildeo transformado destinado a ser ingerido pelo ser humano ou com razoaacuteveis

probabilidades de o ser Este termo abrange bebidas pastilhas elaacutesticas e todas as substacircncias

incluindo a aacutegua intencionalmente incorporadas nos geacuteneros alimentiacutecios durante o seu fabrico

preparaccedilatildeo ou tratamento8 9

Na alimentaccedilatildeo as estimativas de ingestatildeo de fluacuteor atraveacutes da dieta variam entre 02 e 34 mgdia

sendo estes uacuteltimos valores atingidos quando se inclui o chaacute na alimentaccedilatildeo A ingestatildeo de fluoretos

provenientes dos alimentos comuns eacute pouco significativa Apenas 13 se apresentam na forma

ionizaacutevel e portanto biodisponiacutevel

Recomendaccedilatildeo Independentemente da origem ao utilizar aacutegua informe-se sobre o seu teor em fluoretos As que tecircm um elevado teor

deste elemento natildeo satildeo adequadas para lactentes e crianccedilas com menos de 7 anos

Recomendaccedilatildeo Dar prioridade a uma dieta equilibrada e saudaacutevel com diversidade alimentar Utilizar a aacutegua da cozedura dos

alimentos para confeccionar outros alimentos (ex sopas arroz)

No iniacutecio do ano de 2003 a Comissatildeo Europeia apresentou uma nova proposta de Directiva

Comunitaacuteria relativa agrave ldquoAdiccedilatildeo aos geacuteneros alimentiacutecios de vitaminas minerais e outras substacircnciasrdquo

onde os fluoretos satildeo referidos como podendo ser adicionados a geacuteneros alimentiacutecios comuns Nesta

proposta de Directiva Comunitaacuteria eacute sugerida a inclusatildeo de determinados nutrimentos (entre eles o

fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de geacuteneros alimentiacutecios comuns Esta proposta

prevista no Livro Branco da Comissatildeo ainda estaacute numa fase inicial de discussatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 7

4 F l u o r e t o s e m s u p l e m e n t o a l i m e n t a r

Entende-se por lsquosuplementos alimentaresrsquo geacuteneros alimentiacutecios que se destinam a complementar e ou

suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas

substacircncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisioloacutegico estremes ou combinados

comercializados em forma doseada tais como caacutepsulas pastilhas comprimidos piacutelulas e outras

formas semelhantes saquetas de poacute ampola de liacutequido frascos com conta gotas e outras formas

similares de liacutequido ou poacute que se destinam a ser tomados em unidades medidas de quantidade

reduzida10

A Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002

transposta para o direito nacional pelo Decreto-lei nordm 1362003 de 28 de Junho relativa agrave aproximaccedilatildeo

das legislaccedilotildees dos Estados-Membros respeitantes aos suplementos alimentares vai permitir a inclusatildeo

de determinados nutrimentos (entre eles o fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de

suplementos alimentares11

A partir de 28 de Agosto de 2003 os fluoretos poderatildeo ser comercializados como suplemento

alimentar passando a estar disponiacutevel em farmaacutecias e superfiacutecies comerciais

As quantidades maacuteximas de vitaminas e minerais presentes nos suplementos alimentares satildeo fixadas

em funccedilatildeo da toma diaacuteria recomendada pelo fabricante tendo em conta os seguintes elementos

a) limites superiores de seguranccedila estabelecidos para as vitaminas e os minerais apoacutes uma

avaliaccedilatildeo dos riscos efectuada com base em dados cientiacuteficos geralmente aceites tendo em

conta quando for caso disso os diversos graus de sensibilidade dos diferentes grupos de

consumidores

b) quantidade de vitaminas e minerais ingerida atraveacutes de outras fontes alimentares

c) doses de referecircncia de vitaminas e minerais para a populaccedilatildeo

Recomendaccedilatildeo Nunca ultrapassar a toma indicada no roacutetulo do produto e natildeo utilizar um suplemento alimentar como substituto de um

regime alimentar variado

As quantidades maacuteximas e miacutenimas de vitaminas e minerais referidas seratildeo adoptadas pela Comissatildeo

Europeia assistida pelo Comiteacute de Regulamentaccedilatildeo

Em Portugal a Agecircncia para a Qualidade e Seguranccedila Alimentar viraacute a ter informaccedilatildeo sobre todos os

suplementos alimentares comercializados como geacuteneros alimentiacutecios e introduzidos no mercado de

acordo com o Decreto-lei nordm 1362003

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 8

A rotulagem dos suplementos alimentares natildeo poderaacute mencionar nem fazer qualquer referecircncia a

prevenccedilatildeo tratamento ou cura de doenccedilas humanas e deveraacute indicar uma advertecircncia de que os

produtos devem ser guardados fora do alcance das crianccedilas

5 F luore tos em med icamentos e p rodutos cosmeacutet icos de h ig iene corpora l

A distinccedilatildeo entre Medicamento e Produto Cosmeacutetico de Higiene Corporal contendo fluoretos depende

do seu teor no produto Os cosmeacuteticos contecircm obrigatoriamente uma concentraccedilatildeo de fluoretos inferior

a 015 (1500 ppm) (Decreto-lei 1002001 de 28 de Marccedilo I Seacuterie A) sendo que todos os dentiacutefricos

com concentraccedilotildees de fluoretos superior a 015 satildeo obrigatoriamente classificados como

medicamentos

Os medicamentos contendo fluoretos e utilizados para a profilaxia da caacuterie dentaacuteria existentes no

mercado portuguecircs satildeo de venda livre em farmaacutecia Encontram-se disponiacuteveis nas formas

farmacecircuticas de soluccedilatildeo oral (gotas orais) comprimidos dentiacutefricos gel dentaacuterio e soluccedilatildeo de

bochecho

5 1 F l u o r e t o s e m c o m p r i m i d o s e g o t a s o r a i s

A utilizaccedilatildeo de medicamentos contendo fluoretos na forma de gotas orais e comprimidos foi ateacute haacute

pouco recomendada pelos profissionais de sauacutede (pediatras meacutedicos de famiacutelia cliacutenicos gerais

meacutedicos estomatologistas meacutedicos dentistas) dos 6 meses ateacute aos 16 anos

A clarificaccedilatildeo do mecanismo de acccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria e o aumento de

aporte dos mesmos com consequentes riscos de manifestaccedilatildeo toacutexica obrigaram agrave revisatildeo da sua

administraccedilatildeo em comprimidos eou gotas A gravidade da fluorose dentaacuteria estaacute relacionada com a

dose a duraccedilatildeo e com a idade em que ocorre a exposiccedilatildeo ao fluacuteor 12 13

A ldquoCanadian Consensus Conference on the Appropriate Use of Fluoride Supplements for the

Prevention of Dental Caries in Childrenrdquo 14definiu um protocolo cuja utilizaccedilatildeo eacute recomendada a

profissionais de sauacutede em que se fundamenta a tomada de decisatildeo sobre a necessidade ou natildeo da

suplementaccedilatildeo de fluacuteor A administraccedilatildeo de comprimidos soacute eacute recomendada quando o teor de fluoretos

na aacutegua de abastecimento puacuteblico for inferior a 03 ppm e

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) natildeo escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas

vezes por dia

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas vezes

por dia mas apresenta um alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 9

Por sua vez a conclusatildeo do laquoForum on Fluoridation 2002raquo15 relativamente agrave administraccedilatildeo de

suplementos de fluoretos foi a seguinte limitar a utilizaccedilatildeo de comprimidos de fluoretos a aacutereas onde

natildeo existe aacutegua fluoretada e iniciar essa suplementaccedilatildeo apenas a crianccedilas com alto risco agrave caacuterie e a

partir dos 3 anos

Os comprimidos de fluoretos caso sejam indicados devem ser usados pelo interesse da sua acccedilatildeo

toacutepica Devem ser dissolvidos na boca em vez de imediatamente ingeridos16

A administraccedilatildeo de fluoretos sob a forma de comprimidos chupados soacute deveraacute ser efectuada em

situaccedilotildees excepcionais isto eacute em populaccedilotildees de baixos recursos econoacutemicos nas quais a escovagem

natildeo possa ser promovida e os iacutendices de caacuterie sejam elevados

Para evitar a potencial toxicidade dos fluoretos antes de qualquer prescriccedilatildeo todos os profissionais de

sauacutede devem efectuar uma avaliaccedilatildeo personalizada dos aportes diaacuterios de cada crianccedila tendo em conta

todas as fontes possiacuteveis desse elemento alimentos comuns suplementos alimentares consumo de

aacutegua da rede puacuteblica eou aacutegua engarrafada e respectivo teor de fluoretos e utilizaccedilatildeo de medicamentos

e produtos cosmeacuteticos contendo fluacuteor

Recomendaccedilatildeo A partir dos 3 anos os suplementos sisteacutemicos de fluoretos poderatildeo ser prescritos pelo meacutedico assistente ou meacutedico dentista em crianccedilas que apresentem um alto risco

agrave caacuterie dentaacuteria

5 2 F l u o r e t o s e m d e n t iacute f r i c o s

Hoje em dia a maior parte dos dentiacutefricos agrave venda no mercado contecircm fluoretos sob diferentes formas

fluoreto de soacutedio monofluorfosfato de soacutedio fluoreto de amina e outros Os mais utilizados satildeo o

fluoreto de soacutedio e o monofluorfosfato de soacutedio

Normalmente o conteuacutedo de fluoreto dos dentiacutefricos eacute de 1000 a 1100 ppm (ou 010 a 011)

podendo variar entre 500 e 1500 ppm

Durante a escovagem cerca de 34 da pasta eacute ingerida por crianccedilas de 3 anos 28 pelas de 4-5 anos

e 20 pelas de 5-7 anos

Devem ser evitados dentiacutefricos com sabor a fruta para impedir o seu consumo em excesso uma vez

que estatildeo jaacute descritos na literatura casos de fluorose resultantes do abuso de dentiacutefricos2

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluoretos duas vezes por dia tem-se revelado um

meio colectivo de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria com grande efectividade e baixo custo pelo que deve

ser considerado o meio de eleiccedilatildeo em estrateacutegias comunitaacuterias

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 10

Do ponto de vista da prevenccedilatildeo da caacuterie a aplicaccedilatildeo toacutepica de dentiacutefrico fluoretado com a escova dos

dentes deve ser executada duas vezes por dia e deve iniciar-se quando se daacute a erupccedilatildeo dos dentes Esta

rotina diaacuteria de higiene executada naturalmente com muito cuidado pelos pais deve

progressivamente ser assumida pela crianccedila ateacute aos 6-8 anos de idade Durante este periacuteodo a

escovagem deve ser sempre vigiada pelos pais ou educadores consoante as circunstacircncias para evitar

a utilizaccedilatildeo de quantidades excessivas de dentiacutefrico o qual pode da mesma forma que os

comprimidos conduzir antes dos 6 anos agrave ocorrecircncia de fluorose

As crianccedilas devem usar dentiacutefrico com teor de fluoretos entre 1000-1500 ppm de fluoreto (dentiacutefrico

de adulto) sendo a quantidade a utilizar do tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

Apoacutes a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado pode-se natildeo bochechar com aacutegua Deveraacute

apenas cuspir-se o excesso de pasta Deste modo consegue-se uma mais alta concentraccedilatildeo de fluoreto

na cavidade oral que vai actuar topicamente durante mais tempo

Os pais das crianccedilas devem receber informaccedilatildeo sobre a escovagem dentaacuteria e o uso de dentiacutefricos

fluoretados A escovagem com dentiacutefrico fluoretado deve iniciar-se imediatamente apoacutes a erupccedilatildeo dos

primeiros dentes Os dentiacutefricos fluoretados devem ser guardados em locais inacessiacuteveis agraves crianccedilas

pequenas17

5 3 F l u o r e t o s e m s o l u ccedil otilde e s d e b o c h e c h o

As soluccedilotildees para bochechos recomendadas a partir dos 6 anos de idade tecircm sido utilizadas em

programas escolares de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria em inuacutemeros paiacuteses incluindo Portugal Satildeo

recomendadas a indiviacuteduos de maior risco agrave caacuterie dentaacuteria mas a sua utilizaccedilatildeo tem vido a ser

restringida a crianccedilas que escovam eficazmente os dentes

Recomendaccedilatildeo Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Recomendaccedilatildeo A partir dos 6 anos de idade deve ser feito o bochecho quinzenalmente com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

02

As soluccedilotildees fluoretadas de uso diaacuterio habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

005 e as de uso semanal ou quinzenal habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de 02

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 11

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 12

Referecircncias

1 Diegues P Linhas de Orientaccedilatildeo associadas agrave presenccedila de fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento 2003 Documento produzido no acircmbito da task force Sauacutede Oral e Fluacuteor Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar e na Divisatildeo de Sauacutede Ambiental da DGS 2 Melo PRGR Influecircncia de diferentes meacutetodos de administraccedilatildeo de fluoretos nas variaccedilotildees de incidecircncia de caacuterie Porto Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto 2001 Tese de doutoramento 3 Agence Francaise de Seacutecuriteacute des Produits de Santeacute Mise au point sur le fluacuteor et la prevention de la carie dentaire AFSPS 31 Juillet 2002 4 Leikin JB Paloucek FP Poisoning amp Toxicology Handbook 3th edition Hudson Lexi- Comp 2002 586-7 5 Ismail AI Bandekar RR Fluoride suplements and fluorosis a meta-analysis Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 48-56 6 Steven ML An update on Fluorides and Fluorosis J Can Dent Assoc 200369(5)268-91 7 Pinto R Cristovatildeo E Vinhais T Castro MF Teor de fluoretos nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica nas sedes de concelho de Portugal Continental Revista Portuguesa de Estomatologia Medicina Dentaacuteria e Cirurgia Maxilofacial 1999 40(3)125-42 8 Regulamento 1782002 do Parlamento Europeu e do Conselho de 28 de Janeiro Jornal Oficial das Comunidades Europeias (2002021) 9 Decreto ndash lei nordm 5601999 DR I Seacuterie A 147 (991218) 10 Decreto ndash lei nordm 1362003 DR I Seacuterie A 293 (20030628) 11 Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002 Jornal Oficial das Comunidades Europeias (20020712) 12 Aoba T Fejerskov O Dental fluorosis Chemistry and Biology Crit Rev Oral Biol Med 2002 13(2) 155-70 13 DenBesten PK Biological mechanisms of dental fluorosis relevant to the use of fluoride supplements Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 41-7 14 Limeback H Introduction to the conference Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 27-30 15 Report of the Forum of fluoridation 2002Governement of Ireland 2002 wwwfluoridationforumie 16 Featherstone JDB Prevention and reversal of dental caries role of low level fluoride Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 31-40 17 Pereira A Amorim A Peres F Peres FR Caldas IM Pereira JA Pereira ML Silva MJ Caacuteries Precoces da InfacircnciaLisboa Medisa Ediccedilotildees e Divulgaccedilotildees Cientiacuteficas Lda 2001 Bibliografia

1 Almeida CM Sugestotildees para a Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2002 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e na Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa

2 Rompante P Fundamentos para a alteraccedilatildeo do Programa de Sauacutede Oral da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Documento realizado no acircmbito da Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2003 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e no Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede ndash Norte

3 Rompante P Determinaccedilatildeo da quantidade do elemento fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento puacuteblico na totalidade das sedes de concelho de Portugal Continental Porto Faculdade de Odontologia da Universidade de Barcelona 2002 Tese de Doutoramento

4 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in Children at High Caries Risk SIGN Publication 2000 47

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Page 43: Direcção-Geral da SaúdePrograma será complementado, sempre que oportuno, por orientações técnicas a emitir por esta Direcção-Geral. O Director-Geral e Alto Comissário da

Deve ter-se em atenccedilatildeo o desvio em relaccedilatildeo ao valor parameacutetrico fixado e o perigo potencial para a

sauacutede humana

Segundo o decreto-lei supra mencionado artigo 9ordm compete agraves autoridades de sauacutede a vigilacircncia

sanitaacuteria e a avaliaccedilatildeo do risco para a sauacutede puacuteblica da qualidade da aacutegua destinada ao consumo

humano Sempre que o risco exista e o incumprimento persistir a autoridade de sauacutede deve informar e

aconselhar os consumidores afectados e determinar a proibiccedilatildeo de abastecimento restringir a

utilizaccedilatildeo da aacutegua que constitua um perigo potencial para a sauacutede humana e adoptar todas as medidas

necessaacuterias para proteger a sauacutede humana

Nos Accedilores e na Madeira ou em zonas onde o teor de fluoretos na aacutegua eacute muito elevado deveraacute ser

feita uma verificaccedilatildeo da constante e a correcccedilatildeo adequada

Os principais tratamentos de desfluoretaccedilatildeo envolvem a floculaccedilatildeo da aacutegua usando sais hidratados de

alumiacutenio principalmente em condiccedilotildees alcalinas No caso de aacuteguas aacutecidas pode-se adicionar cal e

alternativamente pode-se recorrer agrave adsorccedilatildeo com carvatildeo activado ou alumina activada ( Al2O3 ) ou

por permuta ioacutenica usando resinas especiacuteficas

Recomendaccedilatildeo Ateacute aos 6-7 anos as crianccedilas natildeo devem ingerir regularmente aacutegua com teor de fluoretos superior a 07 ppm

Recomendaccedilatildeo Sempre que o valor parameacutetrico dos fluoretos na aacutegua para consumo humano exceder 15 ppm deveratildeo ser aplicadas

medidas correctoras para restabelecer a qualidade da aacutegua

2 2 Aacute g u a s m i n e r a i s n a t u r a i s e n g a r r a f a d a s

As aacuteguas minerais naturais engarrafadas deveratildeo no futuro ter rotulagem de acordo com a Directiva

Comunitaacuteria 200340CE da Comissatildeo Europeia de 16 de Maio publicada no Jornal Oficial da Uniatildeo

Europeia em 2252003 artigo 4ordm laquo1 As aacuteguas minerais naturais cuja concentraccedilatildeo em fluacuteor for

superior a 15 mgl (ppm) devem ostentar no roacutetulo a menccedilatildeo lsquoconteacutem mais de 15 mgl (ppm) de

fluacuteor natildeo eacute adequado o seu consumo regular por lactentes nem por crianccedilas com menos de 7 anosrsquo

2 No roacutetulo a menccedilatildeo prevista no nordm 1 deve figurar na proximidade imediata da denominaccedilatildeo de

venda e em caracteres claramente visiacuteveis 3

As aacuteguas minerais naturais que em aplicaccedilatildeo do nordm 1 tiverem de ostentar uma menccedilatildeo no roacutetulo

devem incluir a indicaccedilatildeo do teor real em fluacuteor a niacutevel da composiccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica em constituintes

caracteriacutesticos tal como previsto no nordm 2 aliacutenea a) do artigo 7ordm da Directiva 80777CEEraquo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 6

Para as aacuteguas de nascente cujas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas satildeo definidas pelo Decreto-lei

2432001 de 5 de Setembro em vigor desde Dezembro de 2003 os limites para o teor de fluoretos satildeo

de 15 mgl (ppm)

De acordo com o parecer do Scientific Committee on Food - Comiteacute Cientiacutefico de Alimentaccedilatildeo

Humana (expresso em Dezembro de 1996) a Comissatildeo natildeo vecirc razotildees para nos climas da Uniatildeo

Europeia (climas temperados) limitar os fluoretos nas aacuteguas de consumo humano e nas aacuteguas minerais

naturais para valores inferiores a 15mgl (ppm)

3 F l u o r e t o s n o s g eacute n e r o s a l i m e n t iacute c i o s

Entende-se por lsquogeacutenero alimentiacuteciorsquo qualquer substacircncia ou produto transformado parcialmente

transformado ou natildeo transformado destinado a ser ingerido pelo ser humano ou com razoaacuteveis

probabilidades de o ser Este termo abrange bebidas pastilhas elaacutesticas e todas as substacircncias

incluindo a aacutegua intencionalmente incorporadas nos geacuteneros alimentiacutecios durante o seu fabrico

preparaccedilatildeo ou tratamento8 9

Na alimentaccedilatildeo as estimativas de ingestatildeo de fluacuteor atraveacutes da dieta variam entre 02 e 34 mgdia

sendo estes uacuteltimos valores atingidos quando se inclui o chaacute na alimentaccedilatildeo A ingestatildeo de fluoretos

provenientes dos alimentos comuns eacute pouco significativa Apenas 13 se apresentam na forma

ionizaacutevel e portanto biodisponiacutevel

Recomendaccedilatildeo Independentemente da origem ao utilizar aacutegua informe-se sobre o seu teor em fluoretos As que tecircm um elevado teor

deste elemento natildeo satildeo adequadas para lactentes e crianccedilas com menos de 7 anos

Recomendaccedilatildeo Dar prioridade a uma dieta equilibrada e saudaacutevel com diversidade alimentar Utilizar a aacutegua da cozedura dos

alimentos para confeccionar outros alimentos (ex sopas arroz)

No iniacutecio do ano de 2003 a Comissatildeo Europeia apresentou uma nova proposta de Directiva

Comunitaacuteria relativa agrave ldquoAdiccedilatildeo aos geacuteneros alimentiacutecios de vitaminas minerais e outras substacircnciasrdquo

onde os fluoretos satildeo referidos como podendo ser adicionados a geacuteneros alimentiacutecios comuns Nesta

proposta de Directiva Comunitaacuteria eacute sugerida a inclusatildeo de determinados nutrimentos (entre eles o

fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de geacuteneros alimentiacutecios comuns Esta proposta

prevista no Livro Branco da Comissatildeo ainda estaacute numa fase inicial de discussatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 7

4 F l u o r e t o s e m s u p l e m e n t o a l i m e n t a r

Entende-se por lsquosuplementos alimentaresrsquo geacuteneros alimentiacutecios que se destinam a complementar e ou

suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas

substacircncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisioloacutegico estremes ou combinados

comercializados em forma doseada tais como caacutepsulas pastilhas comprimidos piacutelulas e outras

formas semelhantes saquetas de poacute ampola de liacutequido frascos com conta gotas e outras formas

similares de liacutequido ou poacute que se destinam a ser tomados em unidades medidas de quantidade

reduzida10

A Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002

transposta para o direito nacional pelo Decreto-lei nordm 1362003 de 28 de Junho relativa agrave aproximaccedilatildeo

das legislaccedilotildees dos Estados-Membros respeitantes aos suplementos alimentares vai permitir a inclusatildeo

de determinados nutrimentos (entre eles o fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de

suplementos alimentares11

A partir de 28 de Agosto de 2003 os fluoretos poderatildeo ser comercializados como suplemento

alimentar passando a estar disponiacutevel em farmaacutecias e superfiacutecies comerciais

As quantidades maacuteximas de vitaminas e minerais presentes nos suplementos alimentares satildeo fixadas

em funccedilatildeo da toma diaacuteria recomendada pelo fabricante tendo em conta os seguintes elementos

a) limites superiores de seguranccedila estabelecidos para as vitaminas e os minerais apoacutes uma

avaliaccedilatildeo dos riscos efectuada com base em dados cientiacuteficos geralmente aceites tendo em

conta quando for caso disso os diversos graus de sensibilidade dos diferentes grupos de

consumidores

b) quantidade de vitaminas e minerais ingerida atraveacutes de outras fontes alimentares

c) doses de referecircncia de vitaminas e minerais para a populaccedilatildeo

Recomendaccedilatildeo Nunca ultrapassar a toma indicada no roacutetulo do produto e natildeo utilizar um suplemento alimentar como substituto de um

regime alimentar variado

As quantidades maacuteximas e miacutenimas de vitaminas e minerais referidas seratildeo adoptadas pela Comissatildeo

Europeia assistida pelo Comiteacute de Regulamentaccedilatildeo

Em Portugal a Agecircncia para a Qualidade e Seguranccedila Alimentar viraacute a ter informaccedilatildeo sobre todos os

suplementos alimentares comercializados como geacuteneros alimentiacutecios e introduzidos no mercado de

acordo com o Decreto-lei nordm 1362003

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 8

A rotulagem dos suplementos alimentares natildeo poderaacute mencionar nem fazer qualquer referecircncia a

prevenccedilatildeo tratamento ou cura de doenccedilas humanas e deveraacute indicar uma advertecircncia de que os

produtos devem ser guardados fora do alcance das crianccedilas

5 F luore tos em med icamentos e p rodutos cosmeacutet icos de h ig iene corpora l

A distinccedilatildeo entre Medicamento e Produto Cosmeacutetico de Higiene Corporal contendo fluoretos depende

do seu teor no produto Os cosmeacuteticos contecircm obrigatoriamente uma concentraccedilatildeo de fluoretos inferior

a 015 (1500 ppm) (Decreto-lei 1002001 de 28 de Marccedilo I Seacuterie A) sendo que todos os dentiacutefricos

com concentraccedilotildees de fluoretos superior a 015 satildeo obrigatoriamente classificados como

medicamentos

Os medicamentos contendo fluoretos e utilizados para a profilaxia da caacuterie dentaacuteria existentes no

mercado portuguecircs satildeo de venda livre em farmaacutecia Encontram-se disponiacuteveis nas formas

farmacecircuticas de soluccedilatildeo oral (gotas orais) comprimidos dentiacutefricos gel dentaacuterio e soluccedilatildeo de

bochecho

5 1 F l u o r e t o s e m c o m p r i m i d o s e g o t a s o r a i s

A utilizaccedilatildeo de medicamentos contendo fluoretos na forma de gotas orais e comprimidos foi ateacute haacute

pouco recomendada pelos profissionais de sauacutede (pediatras meacutedicos de famiacutelia cliacutenicos gerais

meacutedicos estomatologistas meacutedicos dentistas) dos 6 meses ateacute aos 16 anos

A clarificaccedilatildeo do mecanismo de acccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria e o aumento de

aporte dos mesmos com consequentes riscos de manifestaccedilatildeo toacutexica obrigaram agrave revisatildeo da sua

administraccedilatildeo em comprimidos eou gotas A gravidade da fluorose dentaacuteria estaacute relacionada com a

dose a duraccedilatildeo e com a idade em que ocorre a exposiccedilatildeo ao fluacuteor 12 13

A ldquoCanadian Consensus Conference on the Appropriate Use of Fluoride Supplements for the

Prevention of Dental Caries in Childrenrdquo 14definiu um protocolo cuja utilizaccedilatildeo eacute recomendada a

profissionais de sauacutede em que se fundamenta a tomada de decisatildeo sobre a necessidade ou natildeo da

suplementaccedilatildeo de fluacuteor A administraccedilatildeo de comprimidos soacute eacute recomendada quando o teor de fluoretos

na aacutegua de abastecimento puacuteblico for inferior a 03 ppm e

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) natildeo escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas

vezes por dia

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas vezes

por dia mas apresenta um alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 9

Por sua vez a conclusatildeo do laquoForum on Fluoridation 2002raquo15 relativamente agrave administraccedilatildeo de

suplementos de fluoretos foi a seguinte limitar a utilizaccedilatildeo de comprimidos de fluoretos a aacutereas onde

natildeo existe aacutegua fluoretada e iniciar essa suplementaccedilatildeo apenas a crianccedilas com alto risco agrave caacuterie e a

partir dos 3 anos

Os comprimidos de fluoretos caso sejam indicados devem ser usados pelo interesse da sua acccedilatildeo

toacutepica Devem ser dissolvidos na boca em vez de imediatamente ingeridos16

A administraccedilatildeo de fluoretos sob a forma de comprimidos chupados soacute deveraacute ser efectuada em

situaccedilotildees excepcionais isto eacute em populaccedilotildees de baixos recursos econoacutemicos nas quais a escovagem

natildeo possa ser promovida e os iacutendices de caacuterie sejam elevados

Para evitar a potencial toxicidade dos fluoretos antes de qualquer prescriccedilatildeo todos os profissionais de

sauacutede devem efectuar uma avaliaccedilatildeo personalizada dos aportes diaacuterios de cada crianccedila tendo em conta

todas as fontes possiacuteveis desse elemento alimentos comuns suplementos alimentares consumo de

aacutegua da rede puacuteblica eou aacutegua engarrafada e respectivo teor de fluoretos e utilizaccedilatildeo de medicamentos

e produtos cosmeacuteticos contendo fluacuteor

Recomendaccedilatildeo A partir dos 3 anos os suplementos sisteacutemicos de fluoretos poderatildeo ser prescritos pelo meacutedico assistente ou meacutedico dentista em crianccedilas que apresentem um alto risco

agrave caacuterie dentaacuteria

5 2 F l u o r e t o s e m d e n t iacute f r i c o s

Hoje em dia a maior parte dos dentiacutefricos agrave venda no mercado contecircm fluoretos sob diferentes formas

fluoreto de soacutedio monofluorfosfato de soacutedio fluoreto de amina e outros Os mais utilizados satildeo o

fluoreto de soacutedio e o monofluorfosfato de soacutedio

Normalmente o conteuacutedo de fluoreto dos dentiacutefricos eacute de 1000 a 1100 ppm (ou 010 a 011)

podendo variar entre 500 e 1500 ppm

Durante a escovagem cerca de 34 da pasta eacute ingerida por crianccedilas de 3 anos 28 pelas de 4-5 anos

e 20 pelas de 5-7 anos

Devem ser evitados dentiacutefricos com sabor a fruta para impedir o seu consumo em excesso uma vez

que estatildeo jaacute descritos na literatura casos de fluorose resultantes do abuso de dentiacutefricos2

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluoretos duas vezes por dia tem-se revelado um

meio colectivo de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria com grande efectividade e baixo custo pelo que deve

ser considerado o meio de eleiccedilatildeo em estrateacutegias comunitaacuterias

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 10

Do ponto de vista da prevenccedilatildeo da caacuterie a aplicaccedilatildeo toacutepica de dentiacutefrico fluoretado com a escova dos

dentes deve ser executada duas vezes por dia e deve iniciar-se quando se daacute a erupccedilatildeo dos dentes Esta

rotina diaacuteria de higiene executada naturalmente com muito cuidado pelos pais deve

progressivamente ser assumida pela crianccedila ateacute aos 6-8 anos de idade Durante este periacuteodo a

escovagem deve ser sempre vigiada pelos pais ou educadores consoante as circunstacircncias para evitar

a utilizaccedilatildeo de quantidades excessivas de dentiacutefrico o qual pode da mesma forma que os

comprimidos conduzir antes dos 6 anos agrave ocorrecircncia de fluorose

As crianccedilas devem usar dentiacutefrico com teor de fluoretos entre 1000-1500 ppm de fluoreto (dentiacutefrico

de adulto) sendo a quantidade a utilizar do tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

Apoacutes a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado pode-se natildeo bochechar com aacutegua Deveraacute

apenas cuspir-se o excesso de pasta Deste modo consegue-se uma mais alta concentraccedilatildeo de fluoreto

na cavidade oral que vai actuar topicamente durante mais tempo

Os pais das crianccedilas devem receber informaccedilatildeo sobre a escovagem dentaacuteria e o uso de dentiacutefricos

fluoretados A escovagem com dentiacutefrico fluoretado deve iniciar-se imediatamente apoacutes a erupccedilatildeo dos

primeiros dentes Os dentiacutefricos fluoretados devem ser guardados em locais inacessiacuteveis agraves crianccedilas

pequenas17

5 3 F l u o r e t o s e m s o l u ccedil otilde e s d e b o c h e c h o

As soluccedilotildees para bochechos recomendadas a partir dos 6 anos de idade tecircm sido utilizadas em

programas escolares de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria em inuacutemeros paiacuteses incluindo Portugal Satildeo

recomendadas a indiviacuteduos de maior risco agrave caacuterie dentaacuteria mas a sua utilizaccedilatildeo tem vido a ser

restringida a crianccedilas que escovam eficazmente os dentes

Recomendaccedilatildeo Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Recomendaccedilatildeo A partir dos 6 anos de idade deve ser feito o bochecho quinzenalmente com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

02

As soluccedilotildees fluoretadas de uso diaacuterio habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

005 e as de uso semanal ou quinzenal habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de 02

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 11

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 12

Referecircncias

1 Diegues P Linhas de Orientaccedilatildeo associadas agrave presenccedila de fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento 2003 Documento produzido no acircmbito da task force Sauacutede Oral e Fluacuteor Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar e na Divisatildeo de Sauacutede Ambiental da DGS 2 Melo PRGR Influecircncia de diferentes meacutetodos de administraccedilatildeo de fluoretos nas variaccedilotildees de incidecircncia de caacuterie Porto Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto 2001 Tese de doutoramento 3 Agence Francaise de Seacutecuriteacute des Produits de Santeacute Mise au point sur le fluacuteor et la prevention de la carie dentaire AFSPS 31 Juillet 2002 4 Leikin JB Paloucek FP Poisoning amp Toxicology Handbook 3th edition Hudson Lexi- Comp 2002 586-7 5 Ismail AI Bandekar RR Fluoride suplements and fluorosis a meta-analysis Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 48-56 6 Steven ML An update on Fluorides and Fluorosis J Can Dent Assoc 200369(5)268-91 7 Pinto R Cristovatildeo E Vinhais T Castro MF Teor de fluoretos nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica nas sedes de concelho de Portugal Continental Revista Portuguesa de Estomatologia Medicina Dentaacuteria e Cirurgia Maxilofacial 1999 40(3)125-42 8 Regulamento 1782002 do Parlamento Europeu e do Conselho de 28 de Janeiro Jornal Oficial das Comunidades Europeias (2002021) 9 Decreto ndash lei nordm 5601999 DR I Seacuterie A 147 (991218) 10 Decreto ndash lei nordm 1362003 DR I Seacuterie A 293 (20030628) 11 Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002 Jornal Oficial das Comunidades Europeias (20020712) 12 Aoba T Fejerskov O Dental fluorosis Chemistry and Biology Crit Rev Oral Biol Med 2002 13(2) 155-70 13 DenBesten PK Biological mechanisms of dental fluorosis relevant to the use of fluoride supplements Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 41-7 14 Limeback H Introduction to the conference Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 27-30 15 Report of the Forum of fluoridation 2002Governement of Ireland 2002 wwwfluoridationforumie 16 Featherstone JDB Prevention and reversal of dental caries role of low level fluoride Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 31-40 17 Pereira A Amorim A Peres F Peres FR Caldas IM Pereira JA Pereira ML Silva MJ Caacuteries Precoces da InfacircnciaLisboa Medisa Ediccedilotildees e Divulgaccedilotildees Cientiacuteficas Lda 2001 Bibliografia

1 Almeida CM Sugestotildees para a Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2002 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e na Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa

2 Rompante P Fundamentos para a alteraccedilatildeo do Programa de Sauacutede Oral da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Documento realizado no acircmbito da Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2003 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e no Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede ndash Norte

3 Rompante P Determinaccedilatildeo da quantidade do elemento fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento puacuteblico na totalidade das sedes de concelho de Portugal Continental Porto Faculdade de Odontologia da Universidade de Barcelona 2002 Tese de Doutoramento

4 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in Children at High Caries Risk SIGN Publication 2000 47

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Page 44: Direcção-Geral da SaúdePrograma será complementado, sempre que oportuno, por orientações técnicas a emitir por esta Direcção-Geral. O Director-Geral e Alto Comissário da

Para as aacuteguas de nascente cujas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas satildeo definidas pelo Decreto-lei

2432001 de 5 de Setembro em vigor desde Dezembro de 2003 os limites para o teor de fluoretos satildeo

de 15 mgl (ppm)

De acordo com o parecer do Scientific Committee on Food - Comiteacute Cientiacutefico de Alimentaccedilatildeo

Humana (expresso em Dezembro de 1996) a Comissatildeo natildeo vecirc razotildees para nos climas da Uniatildeo

Europeia (climas temperados) limitar os fluoretos nas aacuteguas de consumo humano e nas aacuteguas minerais

naturais para valores inferiores a 15mgl (ppm)

3 F l u o r e t o s n o s g eacute n e r o s a l i m e n t iacute c i o s

Entende-se por lsquogeacutenero alimentiacuteciorsquo qualquer substacircncia ou produto transformado parcialmente

transformado ou natildeo transformado destinado a ser ingerido pelo ser humano ou com razoaacuteveis

probabilidades de o ser Este termo abrange bebidas pastilhas elaacutesticas e todas as substacircncias

incluindo a aacutegua intencionalmente incorporadas nos geacuteneros alimentiacutecios durante o seu fabrico

preparaccedilatildeo ou tratamento8 9

Na alimentaccedilatildeo as estimativas de ingestatildeo de fluacuteor atraveacutes da dieta variam entre 02 e 34 mgdia

sendo estes uacuteltimos valores atingidos quando se inclui o chaacute na alimentaccedilatildeo A ingestatildeo de fluoretos

provenientes dos alimentos comuns eacute pouco significativa Apenas 13 se apresentam na forma

ionizaacutevel e portanto biodisponiacutevel

Recomendaccedilatildeo Independentemente da origem ao utilizar aacutegua informe-se sobre o seu teor em fluoretos As que tecircm um elevado teor

deste elemento natildeo satildeo adequadas para lactentes e crianccedilas com menos de 7 anos

Recomendaccedilatildeo Dar prioridade a uma dieta equilibrada e saudaacutevel com diversidade alimentar Utilizar a aacutegua da cozedura dos

alimentos para confeccionar outros alimentos (ex sopas arroz)

No iniacutecio do ano de 2003 a Comissatildeo Europeia apresentou uma nova proposta de Directiva

Comunitaacuteria relativa agrave ldquoAdiccedilatildeo aos geacuteneros alimentiacutecios de vitaminas minerais e outras substacircnciasrdquo

onde os fluoretos satildeo referidos como podendo ser adicionados a geacuteneros alimentiacutecios comuns Nesta

proposta de Directiva Comunitaacuteria eacute sugerida a inclusatildeo de determinados nutrimentos (entre eles o

fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de geacuteneros alimentiacutecios comuns Esta proposta

prevista no Livro Branco da Comissatildeo ainda estaacute numa fase inicial de discussatildeo

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 7

4 F l u o r e t o s e m s u p l e m e n t o a l i m e n t a r

Entende-se por lsquosuplementos alimentaresrsquo geacuteneros alimentiacutecios que se destinam a complementar e ou

suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas

substacircncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisioloacutegico estremes ou combinados

comercializados em forma doseada tais como caacutepsulas pastilhas comprimidos piacutelulas e outras

formas semelhantes saquetas de poacute ampola de liacutequido frascos com conta gotas e outras formas

similares de liacutequido ou poacute que se destinam a ser tomados em unidades medidas de quantidade

reduzida10

A Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002

transposta para o direito nacional pelo Decreto-lei nordm 1362003 de 28 de Junho relativa agrave aproximaccedilatildeo

das legislaccedilotildees dos Estados-Membros respeitantes aos suplementos alimentares vai permitir a inclusatildeo

de determinados nutrimentos (entre eles o fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de

suplementos alimentares11

A partir de 28 de Agosto de 2003 os fluoretos poderatildeo ser comercializados como suplemento

alimentar passando a estar disponiacutevel em farmaacutecias e superfiacutecies comerciais

As quantidades maacuteximas de vitaminas e minerais presentes nos suplementos alimentares satildeo fixadas

em funccedilatildeo da toma diaacuteria recomendada pelo fabricante tendo em conta os seguintes elementos

a) limites superiores de seguranccedila estabelecidos para as vitaminas e os minerais apoacutes uma

avaliaccedilatildeo dos riscos efectuada com base em dados cientiacuteficos geralmente aceites tendo em

conta quando for caso disso os diversos graus de sensibilidade dos diferentes grupos de

consumidores

b) quantidade de vitaminas e minerais ingerida atraveacutes de outras fontes alimentares

c) doses de referecircncia de vitaminas e minerais para a populaccedilatildeo

Recomendaccedilatildeo Nunca ultrapassar a toma indicada no roacutetulo do produto e natildeo utilizar um suplemento alimentar como substituto de um

regime alimentar variado

As quantidades maacuteximas e miacutenimas de vitaminas e minerais referidas seratildeo adoptadas pela Comissatildeo

Europeia assistida pelo Comiteacute de Regulamentaccedilatildeo

Em Portugal a Agecircncia para a Qualidade e Seguranccedila Alimentar viraacute a ter informaccedilatildeo sobre todos os

suplementos alimentares comercializados como geacuteneros alimentiacutecios e introduzidos no mercado de

acordo com o Decreto-lei nordm 1362003

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 8

A rotulagem dos suplementos alimentares natildeo poderaacute mencionar nem fazer qualquer referecircncia a

prevenccedilatildeo tratamento ou cura de doenccedilas humanas e deveraacute indicar uma advertecircncia de que os

produtos devem ser guardados fora do alcance das crianccedilas

5 F luore tos em med icamentos e p rodutos cosmeacutet icos de h ig iene corpora l

A distinccedilatildeo entre Medicamento e Produto Cosmeacutetico de Higiene Corporal contendo fluoretos depende

do seu teor no produto Os cosmeacuteticos contecircm obrigatoriamente uma concentraccedilatildeo de fluoretos inferior

a 015 (1500 ppm) (Decreto-lei 1002001 de 28 de Marccedilo I Seacuterie A) sendo que todos os dentiacutefricos

com concentraccedilotildees de fluoretos superior a 015 satildeo obrigatoriamente classificados como

medicamentos

Os medicamentos contendo fluoretos e utilizados para a profilaxia da caacuterie dentaacuteria existentes no

mercado portuguecircs satildeo de venda livre em farmaacutecia Encontram-se disponiacuteveis nas formas

farmacecircuticas de soluccedilatildeo oral (gotas orais) comprimidos dentiacutefricos gel dentaacuterio e soluccedilatildeo de

bochecho

5 1 F l u o r e t o s e m c o m p r i m i d o s e g o t a s o r a i s

A utilizaccedilatildeo de medicamentos contendo fluoretos na forma de gotas orais e comprimidos foi ateacute haacute

pouco recomendada pelos profissionais de sauacutede (pediatras meacutedicos de famiacutelia cliacutenicos gerais

meacutedicos estomatologistas meacutedicos dentistas) dos 6 meses ateacute aos 16 anos

A clarificaccedilatildeo do mecanismo de acccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria e o aumento de

aporte dos mesmos com consequentes riscos de manifestaccedilatildeo toacutexica obrigaram agrave revisatildeo da sua

administraccedilatildeo em comprimidos eou gotas A gravidade da fluorose dentaacuteria estaacute relacionada com a

dose a duraccedilatildeo e com a idade em que ocorre a exposiccedilatildeo ao fluacuteor 12 13

A ldquoCanadian Consensus Conference on the Appropriate Use of Fluoride Supplements for the

Prevention of Dental Caries in Childrenrdquo 14definiu um protocolo cuja utilizaccedilatildeo eacute recomendada a

profissionais de sauacutede em que se fundamenta a tomada de decisatildeo sobre a necessidade ou natildeo da

suplementaccedilatildeo de fluacuteor A administraccedilatildeo de comprimidos soacute eacute recomendada quando o teor de fluoretos

na aacutegua de abastecimento puacuteblico for inferior a 03 ppm e

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) natildeo escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas

vezes por dia

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas vezes

por dia mas apresenta um alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 9

Por sua vez a conclusatildeo do laquoForum on Fluoridation 2002raquo15 relativamente agrave administraccedilatildeo de

suplementos de fluoretos foi a seguinte limitar a utilizaccedilatildeo de comprimidos de fluoretos a aacutereas onde

natildeo existe aacutegua fluoretada e iniciar essa suplementaccedilatildeo apenas a crianccedilas com alto risco agrave caacuterie e a

partir dos 3 anos

Os comprimidos de fluoretos caso sejam indicados devem ser usados pelo interesse da sua acccedilatildeo

toacutepica Devem ser dissolvidos na boca em vez de imediatamente ingeridos16

A administraccedilatildeo de fluoretos sob a forma de comprimidos chupados soacute deveraacute ser efectuada em

situaccedilotildees excepcionais isto eacute em populaccedilotildees de baixos recursos econoacutemicos nas quais a escovagem

natildeo possa ser promovida e os iacutendices de caacuterie sejam elevados

Para evitar a potencial toxicidade dos fluoretos antes de qualquer prescriccedilatildeo todos os profissionais de

sauacutede devem efectuar uma avaliaccedilatildeo personalizada dos aportes diaacuterios de cada crianccedila tendo em conta

todas as fontes possiacuteveis desse elemento alimentos comuns suplementos alimentares consumo de

aacutegua da rede puacuteblica eou aacutegua engarrafada e respectivo teor de fluoretos e utilizaccedilatildeo de medicamentos

e produtos cosmeacuteticos contendo fluacuteor

Recomendaccedilatildeo A partir dos 3 anos os suplementos sisteacutemicos de fluoretos poderatildeo ser prescritos pelo meacutedico assistente ou meacutedico dentista em crianccedilas que apresentem um alto risco

agrave caacuterie dentaacuteria

5 2 F l u o r e t o s e m d e n t iacute f r i c o s

Hoje em dia a maior parte dos dentiacutefricos agrave venda no mercado contecircm fluoretos sob diferentes formas

fluoreto de soacutedio monofluorfosfato de soacutedio fluoreto de amina e outros Os mais utilizados satildeo o

fluoreto de soacutedio e o monofluorfosfato de soacutedio

Normalmente o conteuacutedo de fluoreto dos dentiacutefricos eacute de 1000 a 1100 ppm (ou 010 a 011)

podendo variar entre 500 e 1500 ppm

Durante a escovagem cerca de 34 da pasta eacute ingerida por crianccedilas de 3 anos 28 pelas de 4-5 anos

e 20 pelas de 5-7 anos

Devem ser evitados dentiacutefricos com sabor a fruta para impedir o seu consumo em excesso uma vez

que estatildeo jaacute descritos na literatura casos de fluorose resultantes do abuso de dentiacutefricos2

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluoretos duas vezes por dia tem-se revelado um

meio colectivo de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria com grande efectividade e baixo custo pelo que deve

ser considerado o meio de eleiccedilatildeo em estrateacutegias comunitaacuterias

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 10

Do ponto de vista da prevenccedilatildeo da caacuterie a aplicaccedilatildeo toacutepica de dentiacutefrico fluoretado com a escova dos

dentes deve ser executada duas vezes por dia e deve iniciar-se quando se daacute a erupccedilatildeo dos dentes Esta

rotina diaacuteria de higiene executada naturalmente com muito cuidado pelos pais deve

progressivamente ser assumida pela crianccedila ateacute aos 6-8 anos de idade Durante este periacuteodo a

escovagem deve ser sempre vigiada pelos pais ou educadores consoante as circunstacircncias para evitar

a utilizaccedilatildeo de quantidades excessivas de dentiacutefrico o qual pode da mesma forma que os

comprimidos conduzir antes dos 6 anos agrave ocorrecircncia de fluorose

As crianccedilas devem usar dentiacutefrico com teor de fluoretos entre 1000-1500 ppm de fluoreto (dentiacutefrico

de adulto) sendo a quantidade a utilizar do tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

Apoacutes a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado pode-se natildeo bochechar com aacutegua Deveraacute

apenas cuspir-se o excesso de pasta Deste modo consegue-se uma mais alta concentraccedilatildeo de fluoreto

na cavidade oral que vai actuar topicamente durante mais tempo

Os pais das crianccedilas devem receber informaccedilatildeo sobre a escovagem dentaacuteria e o uso de dentiacutefricos

fluoretados A escovagem com dentiacutefrico fluoretado deve iniciar-se imediatamente apoacutes a erupccedilatildeo dos

primeiros dentes Os dentiacutefricos fluoretados devem ser guardados em locais inacessiacuteveis agraves crianccedilas

pequenas17

5 3 F l u o r e t o s e m s o l u ccedil otilde e s d e b o c h e c h o

As soluccedilotildees para bochechos recomendadas a partir dos 6 anos de idade tecircm sido utilizadas em

programas escolares de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria em inuacutemeros paiacuteses incluindo Portugal Satildeo

recomendadas a indiviacuteduos de maior risco agrave caacuterie dentaacuteria mas a sua utilizaccedilatildeo tem vido a ser

restringida a crianccedilas que escovam eficazmente os dentes

Recomendaccedilatildeo Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Recomendaccedilatildeo A partir dos 6 anos de idade deve ser feito o bochecho quinzenalmente com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

02

As soluccedilotildees fluoretadas de uso diaacuterio habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

005 e as de uso semanal ou quinzenal habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de 02

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 11

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 12

Referecircncias

1 Diegues P Linhas de Orientaccedilatildeo associadas agrave presenccedila de fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento 2003 Documento produzido no acircmbito da task force Sauacutede Oral e Fluacuteor Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar e na Divisatildeo de Sauacutede Ambiental da DGS 2 Melo PRGR Influecircncia de diferentes meacutetodos de administraccedilatildeo de fluoretos nas variaccedilotildees de incidecircncia de caacuterie Porto Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto 2001 Tese de doutoramento 3 Agence Francaise de Seacutecuriteacute des Produits de Santeacute Mise au point sur le fluacuteor et la prevention de la carie dentaire AFSPS 31 Juillet 2002 4 Leikin JB Paloucek FP Poisoning amp Toxicology Handbook 3th edition Hudson Lexi- Comp 2002 586-7 5 Ismail AI Bandekar RR Fluoride suplements and fluorosis a meta-analysis Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 48-56 6 Steven ML An update on Fluorides and Fluorosis J Can Dent Assoc 200369(5)268-91 7 Pinto R Cristovatildeo E Vinhais T Castro MF Teor de fluoretos nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica nas sedes de concelho de Portugal Continental Revista Portuguesa de Estomatologia Medicina Dentaacuteria e Cirurgia Maxilofacial 1999 40(3)125-42 8 Regulamento 1782002 do Parlamento Europeu e do Conselho de 28 de Janeiro Jornal Oficial das Comunidades Europeias (2002021) 9 Decreto ndash lei nordm 5601999 DR I Seacuterie A 147 (991218) 10 Decreto ndash lei nordm 1362003 DR I Seacuterie A 293 (20030628) 11 Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002 Jornal Oficial das Comunidades Europeias (20020712) 12 Aoba T Fejerskov O Dental fluorosis Chemistry and Biology Crit Rev Oral Biol Med 2002 13(2) 155-70 13 DenBesten PK Biological mechanisms of dental fluorosis relevant to the use of fluoride supplements Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 41-7 14 Limeback H Introduction to the conference Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 27-30 15 Report of the Forum of fluoridation 2002Governement of Ireland 2002 wwwfluoridationforumie 16 Featherstone JDB Prevention and reversal of dental caries role of low level fluoride Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 31-40 17 Pereira A Amorim A Peres F Peres FR Caldas IM Pereira JA Pereira ML Silva MJ Caacuteries Precoces da InfacircnciaLisboa Medisa Ediccedilotildees e Divulgaccedilotildees Cientiacuteficas Lda 2001 Bibliografia

1 Almeida CM Sugestotildees para a Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2002 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e na Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa

2 Rompante P Fundamentos para a alteraccedilatildeo do Programa de Sauacutede Oral da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Documento realizado no acircmbito da Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2003 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e no Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede ndash Norte

3 Rompante P Determinaccedilatildeo da quantidade do elemento fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento puacuteblico na totalidade das sedes de concelho de Portugal Continental Porto Faculdade de Odontologia da Universidade de Barcelona 2002 Tese de Doutoramento

4 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in Children at High Caries Risk SIGN Publication 2000 47

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Page 45: Direcção-Geral da SaúdePrograma será complementado, sempre que oportuno, por orientações técnicas a emitir por esta Direcção-Geral. O Director-Geral e Alto Comissário da

4 F l u o r e t o s e m s u p l e m e n t o a l i m e n t a r

Entende-se por lsquosuplementos alimentaresrsquo geacuteneros alimentiacutecios que se destinam a complementar e ou

suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinadas

substacircncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisioloacutegico estremes ou combinados

comercializados em forma doseada tais como caacutepsulas pastilhas comprimidos piacutelulas e outras

formas semelhantes saquetas de poacute ampola de liacutequido frascos com conta gotas e outras formas

similares de liacutequido ou poacute que se destinam a ser tomados em unidades medidas de quantidade

reduzida10

A Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002

transposta para o direito nacional pelo Decreto-lei nordm 1362003 de 28 de Junho relativa agrave aproximaccedilatildeo

das legislaccedilotildees dos Estados-Membros respeitantes aos suplementos alimentares vai permitir a inclusatildeo

de determinados nutrimentos (entre eles o fluoreto de soacutedio e o fluoreto de potaacutessio) no fabrico de

suplementos alimentares11

A partir de 28 de Agosto de 2003 os fluoretos poderatildeo ser comercializados como suplemento

alimentar passando a estar disponiacutevel em farmaacutecias e superfiacutecies comerciais

As quantidades maacuteximas de vitaminas e minerais presentes nos suplementos alimentares satildeo fixadas

em funccedilatildeo da toma diaacuteria recomendada pelo fabricante tendo em conta os seguintes elementos

a) limites superiores de seguranccedila estabelecidos para as vitaminas e os minerais apoacutes uma

avaliaccedilatildeo dos riscos efectuada com base em dados cientiacuteficos geralmente aceites tendo em

conta quando for caso disso os diversos graus de sensibilidade dos diferentes grupos de

consumidores

b) quantidade de vitaminas e minerais ingerida atraveacutes de outras fontes alimentares

c) doses de referecircncia de vitaminas e minerais para a populaccedilatildeo

Recomendaccedilatildeo Nunca ultrapassar a toma indicada no roacutetulo do produto e natildeo utilizar um suplemento alimentar como substituto de um

regime alimentar variado

As quantidades maacuteximas e miacutenimas de vitaminas e minerais referidas seratildeo adoptadas pela Comissatildeo

Europeia assistida pelo Comiteacute de Regulamentaccedilatildeo

Em Portugal a Agecircncia para a Qualidade e Seguranccedila Alimentar viraacute a ter informaccedilatildeo sobre todos os

suplementos alimentares comercializados como geacuteneros alimentiacutecios e introduzidos no mercado de

acordo com o Decreto-lei nordm 1362003

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 8

A rotulagem dos suplementos alimentares natildeo poderaacute mencionar nem fazer qualquer referecircncia a

prevenccedilatildeo tratamento ou cura de doenccedilas humanas e deveraacute indicar uma advertecircncia de que os

produtos devem ser guardados fora do alcance das crianccedilas

5 F luore tos em med icamentos e p rodutos cosmeacutet icos de h ig iene corpora l

A distinccedilatildeo entre Medicamento e Produto Cosmeacutetico de Higiene Corporal contendo fluoretos depende

do seu teor no produto Os cosmeacuteticos contecircm obrigatoriamente uma concentraccedilatildeo de fluoretos inferior

a 015 (1500 ppm) (Decreto-lei 1002001 de 28 de Marccedilo I Seacuterie A) sendo que todos os dentiacutefricos

com concentraccedilotildees de fluoretos superior a 015 satildeo obrigatoriamente classificados como

medicamentos

Os medicamentos contendo fluoretos e utilizados para a profilaxia da caacuterie dentaacuteria existentes no

mercado portuguecircs satildeo de venda livre em farmaacutecia Encontram-se disponiacuteveis nas formas

farmacecircuticas de soluccedilatildeo oral (gotas orais) comprimidos dentiacutefricos gel dentaacuterio e soluccedilatildeo de

bochecho

5 1 F l u o r e t o s e m c o m p r i m i d o s e g o t a s o r a i s

A utilizaccedilatildeo de medicamentos contendo fluoretos na forma de gotas orais e comprimidos foi ateacute haacute

pouco recomendada pelos profissionais de sauacutede (pediatras meacutedicos de famiacutelia cliacutenicos gerais

meacutedicos estomatologistas meacutedicos dentistas) dos 6 meses ateacute aos 16 anos

A clarificaccedilatildeo do mecanismo de acccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria e o aumento de

aporte dos mesmos com consequentes riscos de manifestaccedilatildeo toacutexica obrigaram agrave revisatildeo da sua

administraccedilatildeo em comprimidos eou gotas A gravidade da fluorose dentaacuteria estaacute relacionada com a

dose a duraccedilatildeo e com a idade em que ocorre a exposiccedilatildeo ao fluacuteor 12 13

A ldquoCanadian Consensus Conference on the Appropriate Use of Fluoride Supplements for the

Prevention of Dental Caries in Childrenrdquo 14definiu um protocolo cuja utilizaccedilatildeo eacute recomendada a

profissionais de sauacutede em que se fundamenta a tomada de decisatildeo sobre a necessidade ou natildeo da

suplementaccedilatildeo de fluacuteor A administraccedilatildeo de comprimidos soacute eacute recomendada quando o teor de fluoretos

na aacutegua de abastecimento puacuteblico for inferior a 03 ppm e

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) natildeo escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas

vezes por dia

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas vezes

por dia mas apresenta um alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 9

Por sua vez a conclusatildeo do laquoForum on Fluoridation 2002raquo15 relativamente agrave administraccedilatildeo de

suplementos de fluoretos foi a seguinte limitar a utilizaccedilatildeo de comprimidos de fluoretos a aacutereas onde

natildeo existe aacutegua fluoretada e iniciar essa suplementaccedilatildeo apenas a crianccedilas com alto risco agrave caacuterie e a

partir dos 3 anos

Os comprimidos de fluoretos caso sejam indicados devem ser usados pelo interesse da sua acccedilatildeo

toacutepica Devem ser dissolvidos na boca em vez de imediatamente ingeridos16

A administraccedilatildeo de fluoretos sob a forma de comprimidos chupados soacute deveraacute ser efectuada em

situaccedilotildees excepcionais isto eacute em populaccedilotildees de baixos recursos econoacutemicos nas quais a escovagem

natildeo possa ser promovida e os iacutendices de caacuterie sejam elevados

Para evitar a potencial toxicidade dos fluoretos antes de qualquer prescriccedilatildeo todos os profissionais de

sauacutede devem efectuar uma avaliaccedilatildeo personalizada dos aportes diaacuterios de cada crianccedila tendo em conta

todas as fontes possiacuteveis desse elemento alimentos comuns suplementos alimentares consumo de

aacutegua da rede puacuteblica eou aacutegua engarrafada e respectivo teor de fluoretos e utilizaccedilatildeo de medicamentos

e produtos cosmeacuteticos contendo fluacuteor

Recomendaccedilatildeo A partir dos 3 anos os suplementos sisteacutemicos de fluoretos poderatildeo ser prescritos pelo meacutedico assistente ou meacutedico dentista em crianccedilas que apresentem um alto risco

agrave caacuterie dentaacuteria

5 2 F l u o r e t o s e m d e n t iacute f r i c o s

Hoje em dia a maior parte dos dentiacutefricos agrave venda no mercado contecircm fluoretos sob diferentes formas

fluoreto de soacutedio monofluorfosfato de soacutedio fluoreto de amina e outros Os mais utilizados satildeo o

fluoreto de soacutedio e o monofluorfosfato de soacutedio

Normalmente o conteuacutedo de fluoreto dos dentiacutefricos eacute de 1000 a 1100 ppm (ou 010 a 011)

podendo variar entre 500 e 1500 ppm

Durante a escovagem cerca de 34 da pasta eacute ingerida por crianccedilas de 3 anos 28 pelas de 4-5 anos

e 20 pelas de 5-7 anos

Devem ser evitados dentiacutefricos com sabor a fruta para impedir o seu consumo em excesso uma vez

que estatildeo jaacute descritos na literatura casos de fluorose resultantes do abuso de dentiacutefricos2

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluoretos duas vezes por dia tem-se revelado um

meio colectivo de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria com grande efectividade e baixo custo pelo que deve

ser considerado o meio de eleiccedilatildeo em estrateacutegias comunitaacuterias

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 10

Do ponto de vista da prevenccedilatildeo da caacuterie a aplicaccedilatildeo toacutepica de dentiacutefrico fluoretado com a escova dos

dentes deve ser executada duas vezes por dia e deve iniciar-se quando se daacute a erupccedilatildeo dos dentes Esta

rotina diaacuteria de higiene executada naturalmente com muito cuidado pelos pais deve

progressivamente ser assumida pela crianccedila ateacute aos 6-8 anos de idade Durante este periacuteodo a

escovagem deve ser sempre vigiada pelos pais ou educadores consoante as circunstacircncias para evitar

a utilizaccedilatildeo de quantidades excessivas de dentiacutefrico o qual pode da mesma forma que os

comprimidos conduzir antes dos 6 anos agrave ocorrecircncia de fluorose

As crianccedilas devem usar dentiacutefrico com teor de fluoretos entre 1000-1500 ppm de fluoreto (dentiacutefrico

de adulto) sendo a quantidade a utilizar do tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

Apoacutes a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado pode-se natildeo bochechar com aacutegua Deveraacute

apenas cuspir-se o excesso de pasta Deste modo consegue-se uma mais alta concentraccedilatildeo de fluoreto

na cavidade oral que vai actuar topicamente durante mais tempo

Os pais das crianccedilas devem receber informaccedilatildeo sobre a escovagem dentaacuteria e o uso de dentiacutefricos

fluoretados A escovagem com dentiacutefrico fluoretado deve iniciar-se imediatamente apoacutes a erupccedilatildeo dos

primeiros dentes Os dentiacutefricos fluoretados devem ser guardados em locais inacessiacuteveis agraves crianccedilas

pequenas17

5 3 F l u o r e t o s e m s o l u ccedil otilde e s d e b o c h e c h o

As soluccedilotildees para bochechos recomendadas a partir dos 6 anos de idade tecircm sido utilizadas em

programas escolares de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria em inuacutemeros paiacuteses incluindo Portugal Satildeo

recomendadas a indiviacuteduos de maior risco agrave caacuterie dentaacuteria mas a sua utilizaccedilatildeo tem vido a ser

restringida a crianccedilas que escovam eficazmente os dentes

Recomendaccedilatildeo Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Recomendaccedilatildeo A partir dos 6 anos de idade deve ser feito o bochecho quinzenalmente com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

02

As soluccedilotildees fluoretadas de uso diaacuterio habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

005 e as de uso semanal ou quinzenal habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de 02

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 11

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 12

Referecircncias

1 Diegues P Linhas de Orientaccedilatildeo associadas agrave presenccedila de fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento 2003 Documento produzido no acircmbito da task force Sauacutede Oral e Fluacuteor Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar e na Divisatildeo de Sauacutede Ambiental da DGS 2 Melo PRGR Influecircncia de diferentes meacutetodos de administraccedilatildeo de fluoretos nas variaccedilotildees de incidecircncia de caacuterie Porto Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto 2001 Tese de doutoramento 3 Agence Francaise de Seacutecuriteacute des Produits de Santeacute Mise au point sur le fluacuteor et la prevention de la carie dentaire AFSPS 31 Juillet 2002 4 Leikin JB Paloucek FP Poisoning amp Toxicology Handbook 3th edition Hudson Lexi- Comp 2002 586-7 5 Ismail AI Bandekar RR Fluoride suplements and fluorosis a meta-analysis Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 48-56 6 Steven ML An update on Fluorides and Fluorosis J Can Dent Assoc 200369(5)268-91 7 Pinto R Cristovatildeo E Vinhais T Castro MF Teor de fluoretos nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica nas sedes de concelho de Portugal Continental Revista Portuguesa de Estomatologia Medicina Dentaacuteria e Cirurgia Maxilofacial 1999 40(3)125-42 8 Regulamento 1782002 do Parlamento Europeu e do Conselho de 28 de Janeiro Jornal Oficial das Comunidades Europeias (2002021) 9 Decreto ndash lei nordm 5601999 DR I Seacuterie A 147 (991218) 10 Decreto ndash lei nordm 1362003 DR I Seacuterie A 293 (20030628) 11 Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002 Jornal Oficial das Comunidades Europeias (20020712) 12 Aoba T Fejerskov O Dental fluorosis Chemistry and Biology Crit Rev Oral Biol Med 2002 13(2) 155-70 13 DenBesten PK Biological mechanisms of dental fluorosis relevant to the use of fluoride supplements Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 41-7 14 Limeback H Introduction to the conference Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 27-30 15 Report of the Forum of fluoridation 2002Governement of Ireland 2002 wwwfluoridationforumie 16 Featherstone JDB Prevention and reversal of dental caries role of low level fluoride Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 31-40 17 Pereira A Amorim A Peres F Peres FR Caldas IM Pereira JA Pereira ML Silva MJ Caacuteries Precoces da InfacircnciaLisboa Medisa Ediccedilotildees e Divulgaccedilotildees Cientiacuteficas Lda 2001 Bibliografia

1 Almeida CM Sugestotildees para a Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2002 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e na Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa

2 Rompante P Fundamentos para a alteraccedilatildeo do Programa de Sauacutede Oral da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Documento realizado no acircmbito da Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2003 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e no Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede ndash Norte

3 Rompante P Determinaccedilatildeo da quantidade do elemento fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento puacuteblico na totalidade das sedes de concelho de Portugal Continental Porto Faculdade de Odontologia da Universidade de Barcelona 2002 Tese de Doutoramento

4 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in Children at High Caries Risk SIGN Publication 2000 47

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Page 46: Direcção-Geral da SaúdePrograma será complementado, sempre que oportuno, por orientações técnicas a emitir por esta Direcção-Geral. O Director-Geral e Alto Comissário da

A rotulagem dos suplementos alimentares natildeo poderaacute mencionar nem fazer qualquer referecircncia a

prevenccedilatildeo tratamento ou cura de doenccedilas humanas e deveraacute indicar uma advertecircncia de que os

produtos devem ser guardados fora do alcance das crianccedilas

5 F luore tos em med icamentos e p rodutos cosmeacutet icos de h ig iene corpora l

A distinccedilatildeo entre Medicamento e Produto Cosmeacutetico de Higiene Corporal contendo fluoretos depende

do seu teor no produto Os cosmeacuteticos contecircm obrigatoriamente uma concentraccedilatildeo de fluoretos inferior

a 015 (1500 ppm) (Decreto-lei 1002001 de 28 de Marccedilo I Seacuterie A) sendo que todos os dentiacutefricos

com concentraccedilotildees de fluoretos superior a 015 satildeo obrigatoriamente classificados como

medicamentos

Os medicamentos contendo fluoretos e utilizados para a profilaxia da caacuterie dentaacuteria existentes no

mercado portuguecircs satildeo de venda livre em farmaacutecia Encontram-se disponiacuteveis nas formas

farmacecircuticas de soluccedilatildeo oral (gotas orais) comprimidos dentiacutefricos gel dentaacuterio e soluccedilatildeo de

bochecho

5 1 F l u o r e t o s e m c o m p r i m i d o s e g o t a s o r a i s

A utilizaccedilatildeo de medicamentos contendo fluoretos na forma de gotas orais e comprimidos foi ateacute haacute

pouco recomendada pelos profissionais de sauacutede (pediatras meacutedicos de famiacutelia cliacutenicos gerais

meacutedicos estomatologistas meacutedicos dentistas) dos 6 meses ateacute aos 16 anos

A clarificaccedilatildeo do mecanismo de acccedilatildeo dos fluoretos na prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria e o aumento de

aporte dos mesmos com consequentes riscos de manifestaccedilatildeo toacutexica obrigaram agrave revisatildeo da sua

administraccedilatildeo em comprimidos eou gotas A gravidade da fluorose dentaacuteria estaacute relacionada com a

dose a duraccedilatildeo e com a idade em que ocorre a exposiccedilatildeo ao fluacuteor 12 13

A ldquoCanadian Consensus Conference on the Appropriate Use of Fluoride Supplements for the

Prevention of Dental Caries in Childrenrdquo 14definiu um protocolo cuja utilizaccedilatildeo eacute recomendada a

profissionais de sauacutede em que se fundamenta a tomada de decisatildeo sobre a necessidade ou natildeo da

suplementaccedilatildeo de fluacuteor A administraccedilatildeo de comprimidos soacute eacute recomendada quando o teor de fluoretos

na aacutegua de abastecimento puacuteblico for inferior a 03 ppm e

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) natildeo escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas

vezes por dia

bull a crianccedila (ou quem cuida da crianccedila) escova os dentes com um dentiacutefrico fluoretado duas vezes

por dia mas apresenta um alto risco agrave caacuterie dentaacuteria

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 9

Por sua vez a conclusatildeo do laquoForum on Fluoridation 2002raquo15 relativamente agrave administraccedilatildeo de

suplementos de fluoretos foi a seguinte limitar a utilizaccedilatildeo de comprimidos de fluoretos a aacutereas onde

natildeo existe aacutegua fluoretada e iniciar essa suplementaccedilatildeo apenas a crianccedilas com alto risco agrave caacuterie e a

partir dos 3 anos

Os comprimidos de fluoretos caso sejam indicados devem ser usados pelo interesse da sua acccedilatildeo

toacutepica Devem ser dissolvidos na boca em vez de imediatamente ingeridos16

A administraccedilatildeo de fluoretos sob a forma de comprimidos chupados soacute deveraacute ser efectuada em

situaccedilotildees excepcionais isto eacute em populaccedilotildees de baixos recursos econoacutemicos nas quais a escovagem

natildeo possa ser promovida e os iacutendices de caacuterie sejam elevados

Para evitar a potencial toxicidade dos fluoretos antes de qualquer prescriccedilatildeo todos os profissionais de

sauacutede devem efectuar uma avaliaccedilatildeo personalizada dos aportes diaacuterios de cada crianccedila tendo em conta

todas as fontes possiacuteveis desse elemento alimentos comuns suplementos alimentares consumo de

aacutegua da rede puacuteblica eou aacutegua engarrafada e respectivo teor de fluoretos e utilizaccedilatildeo de medicamentos

e produtos cosmeacuteticos contendo fluacuteor

Recomendaccedilatildeo A partir dos 3 anos os suplementos sisteacutemicos de fluoretos poderatildeo ser prescritos pelo meacutedico assistente ou meacutedico dentista em crianccedilas que apresentem um alto risco

agrave caacuterie dentaacuteria

5 2 F l u o r e t o s e m d e n t iacute f r i c o s

Hoje em dia a maior parte dos dentiacutefricos agrave venda no mercado contecircm fluoretos sob diferentes formas

fluoreto de soacutedio monofluorfosfato de soacutedio fluoreto de amina e outros Os mais utilizados satildeo o

fluoreto de soacutedio e o monofluorfosfato de soacutedio

Normalmente o conteuacutedo de fluoreto dos dentiacutefricos eacute de 1000 a 1100 ppm (ou 010 a 011)

podendo variar entre 500 e 1500 ppm

Durante a escovagem cerca de 34 da pasta eacute ingerida por crianccedilas de 3 anos 28 pelas de 4-5 anos

e 20 pelas de 5-7 anos

Devem ser evitados dentiacutefricos com sabor a fruta para impedir o seu consumo em excesso uma vez

que estatildeo jaacute descritos na literatura casos de fluorose resultantes do abuso de dentiacutefricos2

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluoretos duas vezes por dia tem-se revelado um

meio colectivo de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria com grande efectividade e baixo custo pelo que deve

ser considerado o meio de eleiccedilatildeo em estrateacutegias comunitaacuterias

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 10

Do ponto de vista da prevenccedilatildeo da caacuterie a aplicaccedilatildeo toacutepica de dentiacutefrico fluoretado com a escova dos

dentes deve ser executada duas vezes por dia e deve iniciar-se quando se daacute a erupccedilatildeo dos dentes Esta

rotina diaacuteria de higiene executada naturalmente com muito cuidado pelos pais deve

progressivamente ser assumida pela crianccedila ateacute aos 6-8 anos de idade Durante este periacuteodo a

escovagem deve ser sempre vigiada pelos pais ou educadores consoante as circunstacircncias para evitar

a utilizaccedilatildeo de quantidades excessivas de dentiacutefrico o qual pode da mesma forma que os

comprimidos conduzir antes dos 6 anos agrave ocorrecircncia de fluorose

As crianccedilas devem usar dentiacutefrico com teor de fluoretos entre 1000-1500 ppm de fluoreto (dentiacutefrico

de adulto) sendo a quantidade a utilizar do tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

Apoacutes a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado pode-se natildeo bochechar com aacutegua Deveraacute

apenas cuspir-se o excesso de pasta Deste modo consegue-se uma mais alta concentraccedilatildeo de fluoreto

na cavidade oral que vai actuar topicamente durante mais tempo

Os pais das crianccedilas devem receber informaccedilatildeo sobre a escovagem dentaacuteria e o uso de dentiacutefricos

fluoretados A escovagem com dentiacutefrico fluoretado deve iniciar-se imediatamente apoacutes a erupccedilatildeo dos

primeiros dentes Os dentiacutefricos fluoretados devem ser guardados em locais inacessiacuteveis agraves crianccedilas

pequenas17

5 3 F l u o r e t o s e m s o l u ccedil otilde e s d e b o c h e c h o

As soluccedilotildees para bochechos recomendadas a partir dos 6 anos de idade tecircm sido utilizadas em

programas escolares de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria em inuacutemeros paiacuteses incluindo Portugal Satildeo

recomendadas a indiviacuteduos de maior risco agrave caacuterie dentaacuteria mas a sua utilizaccedilatildeo tem vido a ser

restringida a crianccedilas que escovam eficazmente os dentes

Recomendaccedilatildeo Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Recomendaccedilatildeo A partir dos 6 anos de idade deve ser feito o bochecho quinzenalmente com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

02

As soluccedilotildees fluoretadas de uso diaacuterio habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

005 e as de uso semanal ou quinzenal habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de 02

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 11

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 12

Referecircncias

1 Diegues P Linhas de Orientaccedilatildeo associadas agrave presenccedila de fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento 2003 Documento produzido no acircmbito da task force Sauacutede Oral e Fluacuteor Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar e na Divisatildeo de Sauacutede Ambiental da DGS 2 Melo PRGR Influecircncia de diferentes meacutetodos de administraccedilatildeo de fluoretos nas variaccedilotildees de incidecircncia de caacuterie Porto Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto 2001 Tese de doutoramento 3 Agence Francaise de Seacutecuriteacute des Produits de Santeacute Mise au point sur le fluacuteor et la prevention de la carie dentaire AFSPS 31 Juillet 2002 4 Leikin JB Paloucek FP Poisoning amp Toxicology Handbook 3th edition Hudson Lexi- Comp 2002 586-7 5 Ismail AI Bandekar RR Fluoride suplements and fluorosis a meta-analysis Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 48-56 6 Steven ML An update on Fluorides and Fluorosis J Can Dent Assoc 200369(5)268-91 7 Pinto R Cristovatildeo E Vinhais T Castro MF Teor de fluoretos nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica nas sedes de concelho de Portugal Continental Revista Portuguesa de Estomatologia Medicina Dentaacuteria e Cirurgia Maxilofacial 1999 40(3)125-42 8 Regulamento 1782002 do Parlamento Europeu e do Conselho de 28 de Janeiro Jornal Oficial das Comunidades Europeias (2002021) 9 Decreto ndash lei nordm 5601999 DR I Seacuterie A 147 (991218) 10 Decreto ndash lei nordm 1362003 DR I Seacuterie A 293 (20030628) 11 Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002 Jornal Oficial das Comunidades Europeias (20020712) 12 Aoba T Fejerskov O Dental fluorosis Chemistry and Biology Crit Rev Oral Biol Med 2002 13(2) 155-70 13 DenBesten PK Biological mechanisms of dental fluorosis relevant to the use of fluoride supplements Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 41-7 14 Limeback H Introduction to the conference Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 27-30 15 Report of the Forum of fluoridation 2002Governement of Ireland 2002 wwwfluoridationforumie 16 Featherstone JDB Prevention and reversal of dental caries role of low level fluoride Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 31-40 17 Pereira A Amorim A Peres F Peres FR Caldas IM Pereira JA Pereira ML Silva MJ Caacuteries Precoces da InfacircnciaLisboa Medisa Ediccedilotildees e Divulgaccedilotildees Cientiacuteficas Lda 2001 Bibliografia

1 Almeida CM Sugestotildees para a Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2002 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e na Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa

2 Rompante P Fundamentos para a alteraccedilatildeo do Programa de Sauacutede Oral da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Documento realizado no acircmbito da Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2003 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e no Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede ndash Norte

3 Rompante P Determinaccedilatildeo da quantidade do elemento fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento puacuteblico na totalidade das sedes de concelho de Portugal Continental Porto Faculdade de Odontologia da Universidade de Barcelona 2002 Tese de Doutoramento

4 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in Children at High Caries Risk SIGN Publication 2000 47

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Page 47: Direcção-Geral da SaúdePrograma será complementado, sempre que oportuno, por orientações técnicas a emitir por esta Direcção-Geral. O Director-Geral e Alto Comissário da

Por sua vez a conclusatildeo do laquoForum on Fluoridation 2002raquo15 relativamente agrave administraccedilatildeo de

suplementos de fluoretos foi a seguinte limitar a utilizaccedilatildeo de comprimidos de fluoretos a aacutereas onde

natildeo existe aacutegua fluoretada e iniciar essa suplementaccedilatildeo apenas a crianccedilas com alto risco agrave caacuterie e a

partir dos 3 anos

Os comprimidos de fluoretos caso sejam indicados devem ser usados pelo interesse da sua acccedilatildeo

toacutepica Devem ser dissolvidos na boca em vez de imediatamente ingeridos16

A administraccedilatildeo de fluoretos sob a forma de comprimidos chupados soacute deveraacute ser efectuada em

situaccedilotildees excepcionais isto eacute em populaccedilotildees de baixos recursos econoacutemicos nas quais a escovagem

natildeo possa ser promovida e os iacutendices de caacuterie sejam elevados

Para evitar a potencial toxicidade dos fluoretos antes de qualquer prescriccedilatildeo todos os profissionais de

sauacutede devem efectuar uma avaliaccedilatildeo personalizada dos aportes diaacuterios de cada crianccedila tendo em conta

todas as fontes possiacuteveis desse elemento alimentos comuns suplementos alimentares consumo de

aacutegua da rede puacuteblica eou aacutegua engarrafada e respectivo teor de fluoretos e utilizaccedilatildeo de medicamentos

e produtos cosmeacuteticos contendo fluacuteor

Recomendaccedilatildeo A partir dos 3 anos os suplementos sisteacutemicos de fluoretos poderatildeo ser prescritos pelo meacutedico assistente ou meacutedico dentista em crianccedilas que apresentem um alto risco

agrave caacuterie dentaacuteria

5 2 F l u o r e t o s e m d e n t iacute f r i c o s

Hoje em dia a maior parte dos dentiacutefricos agrave venda no mercado contecircm fluoretos sob diferentes formas

fluoreto de soacutedio monofluorfosfato de soacutedio fluoreto de amina e outros Os mais utilizados satildeo o

fluoreto de soacutedio e o monofluorfosfato de soacutedio

Normalmente o conteuacutedo de fluoreto dos dentiacutefricos eacute de 1000 a 1100 ppm (ou 010 a 011)

podendo variar entre 500 e 1500 ppm

Durante a escovagem cerca de 34 da pasta eacute ingerida por crianccedilas de 3 anos 28 pelas de 4-5 anos

e 20 pelas de 5-7 anos

Devem ser evitados dentiacutefricos com sabor a fruta para impedir o seu consumo em excesso uma vez

que estatildeo jaacute descritos na literatura casos de fluorose resultantes do abuso de dentiacutefricos2

A escovagem dos dentes com um dentiacutefrico com fluoretos duas vezes por dia tem-se revelado um

meio colectivo de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria com grande efectividade e baixo custo pelo que deve

ser considerado o meio de eleiccedilatildeo em estrateacutegias comunitaacuterias

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 10

Do ponto de vista da prevenccedilatildeo da caacuterie a aplicaccedilatildeo toacutepica de dentiacutefrico fluoretado com a escova dos

dentes deve ser executada duas vezes por dia e deve iniciar-se quando se daacute a erupccedilatildeo dos dentes Esta

rotina diaacuteria de higiene executada naturalmente com muito cuidado pelos pais deve

progressivamente ser assumida pela crianccedila ateacute aos 6-8 anos de idade Durante este periacuteodo a

escovagem deve ser sempre vigiada pelos pais ou educadores consoante as circunstacircncias para evitar

a utilizaccedilatildeo de quantidades excessivas de dentiacutefrico o qual pode da mesma forma que os

comprimidos conduzir antes dos 6 anos agrave ocorrecircncia de fluorose

As crianccedilas devem usar dentiacutefrico com teor de fluoretos entre 1000-1500 ppm de fluoreto (dentiacutefrico

de adulto) sendo a quantidade a utilizar do tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

Apoacutes a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado pode-se natildeo bochechar com aacutegua Deveraacute

apenas cuspir-se o excesso de pasta Deste modo consegue-se uma mais alta concentraccedilatildeo de fluoreto

na cavidade oral que vai actuar topicamente durante mais tempo

Os pais das crianccedilas devem receber informaccedilatildeo sobre a escovagem dentaacuteria e o uso de dentiacutefricos

fluoretados A escovagem com dentiacutefrico fluoretado deve iniciar-se imediatamente apoacutes a erupccedilatildeo dos

primeiros dentes Os dentiacutefricos fluoretados devem ser guardados em locais inacessiacuteveis agraves crianccedilas

pequenas17

5 3 F l u o r e t o s e m s o l u ccedil otilde e s d e b o c h e c h o

As soluccedilotildees para bochechos recomendadas a partir dos 6 anos de idade tecircm sido utilizadas em

programas escolares de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria em inuacutemeros paiacuteses incluindo Portugal Satildeo

recomendadas a indiviacuteduos de maior risco agrave caacuterie dentaacuteria mas a sua utilizaccedilatildeo tem vido a ser

restringida a crianccedilas que escovam eficazmente os dentes

Recomendaccedilatildeo Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Recomendaccedilatildeo A partir dos 6 anos de idade deve ser feito o bochecho quinzenalmente com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

02

As soluccedilotildees fluoretadas de uso diaacuterio habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

005 e as de uso semanal ou quinzenal habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de 02

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 11

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 12

Referecircncias

1 Diegues P Linhas de Orientaccedilatildeo associadas agrave presenccedila de fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento 2003 Documento produzido no acircmbito da task force Sauacutede Oral e Fluacuteor Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar e na Divisatildeo de Sauacutede Ambiental da DGS 2 Melo PRGR Influecircncia de diferentes meacutetodos de administraccedilatildeo de fluoretos nas variaccedilotildees de incidecircncia de caacuterie Porto Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto 2001 Tese de doutoramento 3 Agence Francaise de Seacutecuriteacute des Produits de Santeacute Mise au point sur le fluacuteor et la prevention de la carie dentaire AFSPS 31 Juillet 2002 4 Leikin JB Paloucek FP Poisoning amp Toxicology Handbook 3th edition Hudson Lexi- Comp 2002 586-7 5 Ismail AI Bandekar RR Fluoride suplements and fluorosis a meta-analysis Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 48-56 6 Steven ML An update on Fluorides and Fluorosis J Can Dent Assoc 200369(5)268-91 7 Pinto R Cristovatildeo E Vinhais T Castro MF Teor de fluoretos nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica nas sedes de concelho de Portugal Continental Revista Portuguesa de Estomatologia Medicina Dentaacuteria e Cirurgia Maxilofacial 1999 40(3)125-42 8 Regulamento 1782002 do Parlamento Europeu e do Conselho de 28 de Janeiro Jornal Oficial das Comunidades Europeias (2002021) 9 Decreto ndash lei nordm 5601999 DR I Seacuterie A 147 (991218) 10 Decreto ndash lei nordm 1362003 DR I Seacuterie A 293 (20030628) 11 Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002 Jornal Oficial das Comunidades Europeias (20020712) 12 Aoba T Fejerskov O Dental fluorosis Chemistry and Biology Crit Rev Oral Biol Med 2002 13(2) 155-70 13 DenBesten PK Biological mechanisms of dental fluorosis relevant to the use of fluoride supplements Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 41-7 14 Limeback H Introduction to the conference Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 27-30 15 Report of the Forum of fluoridation 2002Governement of Ireland 2002 wwwfluoridationforumie 16 Featherstone JDB Prevention and reversal of dental caries role of low level fluoride Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 31-40 17 Pereira A Amorim A Peres F Peres FR Caldas IM Pereira JA Pereira ML Silva MJ Caacuteries Precoces da InfacircnciaLisboa Medisa Ediccedilotildees e Divulgaccedilotildees Cientiacuteficas Lda 2001 Bibliografia

1 Almeida CM Sugestotildees para a Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2002 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e na Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa

2 Rompante P Fundamentos para a alteraccedilatildeo do Programa de Sauacutede Oral da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Documento realizado no acircmbito da Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2003 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e no Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede ndash Norte

3 Rompante P Determinaccedilatildeo da quantidade do elemento fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento puacuteblico na totalidade das sedes de concelho de Portugal Continental Porto Faculdade de Odontologia da Universidade de Barcelona 2002 Tese de Doutoramento

4 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in Children at High Caries Risk SIGN Publication 2000 47

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Page 48: Direcção-Geral da SaúdePrograma será complementado, sempre que oportuno, por orientações técnicas a emitir por esta Direcção-Geral. O Director-Geral e Alto Comissário da

Do ponto de vista da prevenccedilatildeo da caacuterie a aplicaccedilatildeo toacutepica de dentiacutefrico fluoretado com a escova dos

dentes deve ser executada duas vezes por dia e deve iniciar-se quando se daacute a erupccedilatildeo dos dentes Esta

rotina diaacuteria de higiene executada naturalmente com muito cuidado pelos pais deve

progressivamente ser assumida pela crianccedila ateacute aos 6-8 anos de idade Durante este periacuteodo a

escovagem deve ser sempre vigiada pelos pais ou educadores consoante as circunstacircncias para evitar

a utilizaccedilatildeo de quantidades excessivas de dentiacutefrico o qual pode da mesma forma que os

comprimidos conduzir antes dos 6 anos agrave ocorrecircncia de fluorose

As crianccedilas devem usar dentiacutefrico com teor de fluoretos entre 1000-1500 ppm de fluoreto (dentiacutefrico

de adulto) sendo a quantidade a utilizar do tamanho da unha do 5ordm dedo da matildeo da proacutepria crianccedila

Apoacutes a escovagem dos dentes com dentiacutefrico fluoretado pode-se natildeo bochechar com aacutegua Deveraacute

apenas cuspir-se o excesso de pasta Deste modo consegue-se uma mais alta concentraccedilatildeo de fluoreto

na cavidade oral que vai actuar topicamente durante mais tempo

Os pais das crianccedilas devem receber informaccedilatildeo sobre a escovagem dentaacuteria e o uso de dentiacutefricos

fluoretados A escovagem com dentiacutefrico fluoretado deve iniciar-se imediatamente apoacutes a erupccedilatildeo dos

primeiros dentes Os dentiacutefricos fluoretados devem ser guardados em locais inacessiacuteveis agraves crianccedilas

pequenas17

5 3 F l u o r e t o s e m s o l u ccedil otilde e s d e b o c h e c h o

As soluccedilotildees para bochechos recomendadas a partir dos 6 anos de idade tecircm sido utilizadas em

programas escolares de prevenccedilatildeo da caacuterie dentaacuteria em inuacutemeros paiacuteses incluindo Portugal Satildeo

recomendadas a indiviacuteduos de maior risco agrave caacuterie dentaacuteria mas a sua utilizaccedilatildeo tem vido a ser

restringida a crianccedilas que escovam eficazmente os dentes

Recomendaccedilatildeo Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia com um dentiacutefrico fluoretado de 1000-1500 ppm

Recomendaccedilatildeo A partir dos 6 anos de idade deve ser feito o bochecho quinzenalmente com uma soluccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

02

As soluccedilotildees fluoretadas de uso diaacuterio habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de fluoreto de soacutedio a

005 e as de uso semanal ou quinzenal habitualmente tecircm uma concentraccedilatildeo de 02

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 11

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 12

Referecircncias

1 Diegues P Linhas de Orientaccedilatildeo associadas agrave presenccedila de fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento 2003 Documento produzido no acircmbito da task force Sauacutede Oral e Fluacuteor Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar e na Divisatildeo de Sauacutede Ambiental da DGS 2 Melo PRGR Influecircncia de diferentes meacutetodos de administraccedilatildeo de fluoretos nas variaccedilotildees de incidecircncia de caacuterie Porto Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto 2001 Tese de doutoramento 3 Agence Francaise de Seacutecuriteacute des Produits de Santeacute Mise au point sur le fluacuteor et la prevention de la carie dentaire AFSPS 31 Juillet 2002 4 Leikin JB Paloucek FP Poisoning amp Toxicology Handbook 3th edition Hudson Lexi- Comp 2002 586-7 5 Ismail AI Bandekar RR Fluoride suplements and fluorosis a meta-analysis Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 48-56 6 Steven ML An update on Fluorides and Fluorosis J Can Dent Assoc 200369(5)268-91 7 Pinto R Cristovatildeo E Vinhais T Castro MF Teor de fluoretos nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica nas sedes de concelho de Portugal Continental Revista Portuguesa de Estomatologia Medicina Dentaacuteria e Cirurgia Maxilofacial 1999 40(3)125-42 8 Regulamento 1782002 do Parlamento Europeu e do Conselho de 28 de Janeiro Jornal Oficial das Comunidades Europeias (2002021) 9 Decreto ndash lei nordm 5601999 DR I Seacuterie A 147 (991218) 10 Decreto ndash lei nordm 1362003 DR I Seacuterie A 293 (20030628) 11 Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002 Jornal Oficial das Comunidades Europeias (20020712) 12 Aoba T Fejerskov O Dental fluorosis Chemistry and Biology Crit Rev Oral Biol Med 2002 13(2) 155-70 13 DenBesten PK Biological mechanisms of dental fluorosis relevant to the use of fluoride supplements Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 41-7 14 Limeback H Introduction to the conference Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 27-30 15 Report of the Forum of fluoridation 2002Governement of Ireland 2002 wwwfluoridationforumie 16 Featherstone JDB Prevention and reversal of dental caries role of low level fluoride Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 31-40 17 Pereira A Amorim A Peres F Peres FR Caldas IM Pereira JA Pereira ML Silva MJ Caacuteries Precoces da InfacircnciaLisboa Medisa Ediccedilotildees e Divulgaccedilotildees Cientiacuteficas Lda 2001 Bibliografia

1 Almeida CM Sugestotildees para a Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2002 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e na Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa

2 Rompante P Fundamentos para a alteraccedilatildeo do Programa de Sauacutede Oral da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Documento realizado no acircmbito da Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2003 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e no Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede ndash Norte

3 Rompante P Determinaccedilatildeo da quantidade do elemento fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento puacuteblico na totalidade das sedes de concelho de Portugal Continental Porto Faculdade de Odontologia da Universidade de Barcelona 2002 Tese de Doutoramento

4 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in Children at High Caries Risk SIGN Publication 2000 47

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005

Page 49: Direcção-Geral da SaúdePrograma será complementado, sempre que oportuno, por orientações técnicas a emitir por esta Direcção-Geral. O Director-Geral e Alto Comissário da

Programa Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede Oral ndash Texto de Apoio lsquoFluoretosrsquo 12

Referecircncias

1 Diegues P Linhas de Orientaccedilatildeo associadas agrave presenccedila de fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento 2003 Documento produzido no acircmbito da task force Sauacutede Oral e Fluacuteor Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar e na Divisatildeo de Sauacutede Ambiental da DGS 2 Melo PRGR Influecircncia de diferentes meacutetodos de administraccedilatildeo de fluoretos nas variaccedilotildees de incidecircncia de caacuterie Porto Faculdade de Medicina Dentaacuteria da Universidade do Porto 2001 Tese de doutoramento 3 Agence Francaise de Seacutecuriteacute des Produits de Santeacute Mise au point sur le fluacuteor et la prevention de la carie dentaire AFSPS 31 Juillet 2002 4 Leikin JB Paloucek FP Poisoning amp Toxicology Handbook 3th edition Hudson Lexi- Comp 2002 586-7 5 Ismail AI Bandekar RR Fluoride suplements and fluorosis a meta-analysis Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 48-56 6 Steven ML An update on Fluorides and Fluorosis J Can Dent Assoc 200369(5)268-91 7 Pinto R Cristovatildeo E Vinhais T Castro MF Teor de fluoretos nas aacuteguas de abastecimento da rede puacuteblica nas sedes de concelho de Portugal Continental Revista Portuguesa de Estomatologia Medicina Dentaacuteria e Cirurgia Maxilofacial 1999 40(3)125-42 8 Regulamento 1782002 do Parlamento Europeu e do Conselho de 28 de Janeiro Jornal Oficial das Comunidades Europeias (2002021) 9 Decreto ndash lei nordm 5601999 DR I Seacuterie A 147 (991218) 10 Decreto ndash lei nordm 1362003 DR I Seacuterie A 293 (20030628) 11 Directiva Comunitaacuteria 200246CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 10 de Junho de 2002 Jornal Oficial das Comunidades Europeias (20020712) 12 Aoba T Fejerskov O Dental fluorosis Chemistry and Biology Crit Rev Oral Biol Med 2002 13(2) 155-70 13 DenBesten PK Biological mechanisms of dental fluorosis relevant to the use of fluoride supplements Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 41-7 14 Limeback H Introduction to the conference Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 27-30 15 Report of the Forum of fluoridation 2002Governement of Ireland 2002 wwwfluoridationforumie 16 Featherstone JDB Prevention and reversal of dental caries role of low level fluoride Community Dent Oral Epidemiol 1999 27 31-40 17 Pereira A Amorim A Peres F Peres FR Caldas IM Pereira JA Pereira ML Silva MJ Caacuteries Precoces da InfacircnciaLisboa Medisa Ediccedilotildees e Divulgaccedilotildees Cientiacuteficas Lda 2001 Bibliografia

1 Almeida CM Sugestotildees para a Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2002 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e na Faculdade de Medicina Dentaacuteria de Lisboa

2 Rompante P Fundamentos para a alteraccedilatildeo do Programa de Sauacutede Oral da Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede Documento realizado no acircmbito da Task Force Sauacutede Oral e Fluacuteor 2003 Acessiacutevel na Divisatildeo de Sauacutede Escolar da DGS e no Instituto Superior de Ciecircncias da Sauacutede ndash Norte

3 Rompante P Determinaccedilatildeo da quantidade do elemento fluacuteor nas aacuteguas de abastecimento puacuteblico na totalidade das sedes de concelho de Portugal Continental Porto Faculdade de Odontologia da Universidade de Barcelona 2002 Tese de Doutoramento

4 Scottish Intercollegiate Guidelines Network Preventing Dental Caries in Children at High Caries Risk SIGN Publication 2000 47

Direcccedilatildeo-Geral da Sauacutede 2005