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Direito Administrativo Alexandre Prado Domínio Público

Direito Administrativo Alexandre Prado Domínio Público · 2019. 5. 22. · X –as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos; XI –as terras

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Direito AdministrativoAlexandre PradoDomínio Público

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DOMINIO PÚBLICOAlexandre Prado

Alexandre Prado

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CONCEITO

Em sentido amplo, domínio público é o poder de senhorio que o Estado exerce sobre osbens públicos, bem como a capacidade de regulação estatal sobre os bens do patrimônioprivado. A noção lato sensu de domínio público deriva do chamado domínio eminente,que é “o poder político pelo qual o Estado submete à sua vontade todas as coisas de seuterritório”. Porém, o domínio eminente exercido pelo Estado não quer dizer que detenha apropriedade de todos os bens existentes em seu território. Os bens públicos pertencem aoEstado; já os bens privados estão submetidos a uma regulação jurídica estatal.

Em sentido estrito, a expressão domínio público compreende o conjunto de bens móveise imóveis, corpóreos e incorpóreos, pertencentes ao Estado. Nesta última acepção,portanto, domínio público é o mesmo que patrimônio público.

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BENS PÚBLICOSAlexandre Prado

Alexandre Prado

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RES NULLIUS

Além dos bens do domínio privado e dos bens do domínio público, existe ainda umaterceira categoria formada pelas coisas sem dono (res nullius) ou bens adéspotas, sobre asquais não há qualquer disciplina específica do ordenamento jurídico, incluindo os bensinapropriáveis, como a luz, e os bens condicionadamente inapropriáveis, como os animaisselvagens.

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BENS PÚBLICOS DA UNIÃOO art. 20 da Constituição Federal enumera como bens públicos pertencentes à União:

I – os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos;

II – as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das forticações e construções militares, das viasfederais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei;

III – os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado,sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como osterrenos marginais e as praias fluviais;

IV – as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e ascosteiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviçopúblico e à unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II;

V – os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva;

VI – o mar territorial;

VII – os terrenos de marinha e seus acrescidos;

VIII – os potenciais de energia hidráulica;

IX – os recursos minerais, inclusive os do subsolo;

X – as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos;

XI – as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios

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BENS PÚBLICOS DO ESTADO

Os bens públicos pertencentes aos Estados são, basicamente, aqueles que não se classificamcomo bens federais. Nessa perspectiva, o art. 26 da Constituição Federal afirma que seincluem entre os bens dos Estados:

I – as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas,neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União;

II – as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas aquelassob domínio da União, Municípios ou terceiros;

III – as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União;

IV – as terras devolutas não compreendidas entre as da União”.

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BENS PÚBLICOS DO MUNICÍPIO

A Constituição Federal de 1988 não faz referência aos bens públicos dos Municípios, devendoser assim considerados todos aqueles onde se encontram instalados repartições públicasmunicipais, bem como os equipamentos destinados à prestação dos serviços públicos decompetência municipal. Pertencem aos Municípios, ainda, as estradas municipais, ruas,parques, praças, logradouros públicos e outros bens da mesma espécie.

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BENS PÚBLICOS DO DISTRITO FEDERAL

O art. 32 da Constituição Federal, dispositivo que trata das linhas gerais sobre organização efuncionamento do Distrito Federal, não faz qualquer referência aos bens públicos distritais.Devem ser assim considerados todos os bens onde estão instaladas as repartições públicasdistritais, tanto quanto os indispensáveis para prestação dos serviços públicos de atribuiçãodo Distrito Federal.

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BENS PÚBLICOS DO TERRITÓRIO FEDERAL

A disciplina constitucional do funcionamento e organização dos territórios federais (art. 33 daCF) não faz qualquer referência aos bens públicos territoriais. Entretanto, devem serconsiderados bens públicos territoriais todos aqueles utilizados para o funcionamento dasrepartições públicas e para a prestação de serviços públicos de competência do Território.

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BENS PÚBLICOS DA ADMINISTRAÇÃO INDIRETA

As pessoas jurídicas de direito público pertencentes à Administração Indireta, comoautarquias e fundações públicas, têm seu patrimônio composto por bens públicos.

Assim, todos os prédios, bens e equipamentos destinados ao suporte material de suasatividades finalísticas são bens públicos de propriedade dessas pessoas descentralizadas. J

á em relação às pessoas jurídicas de direito privado da Administração Descentralizada, comoempresas públicas e sociedades de economia mista, sendo aplicada a regra do art. 98 doCódigo Civil, os bens pertencentes ao seu patrimônio não seriam bens públicos. Entretanto,adotando-se o entendimento de Celso Antônio Bandeira de Mello, os bens das empresaspúblicas e sociedades de economia mista afetados à prestação de serviços públicos seriambens públicos.

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BENS PÚBLICOS DAS CONCESSIONÁRIAS/PERMISSIONÁRIAS

Embora seja possível que pessoas jurídicas da Administração Indireta sejam beneficiárias daoutorga de concessões e permissões, como regra geral as concessionárias e permissionáriasde serviços públicos são pessoas jurídicas privadas que não pertencem à estrutura estatal.

Por isso, como pessoas privadas, e à luz do art. 98 do Código Civil, os bens pertencentes àsconcessionárias e permissionárias de serviço público não são bens públicos. Porém, para osadeptos da corrente mista, minoritária para fins de provas e concursos, os bens dasconcessionárias e permissionárias afetados à prestação de serviços públicos seriam benspúblicos.

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INTRODUÇÃO

Atualmente encontramos o conceito de bens públicos no art. 98 do Código Civil (Lei10.406/2002), que passemos a transcrever:

“Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas dedireito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a quepertencerem.”

Não obstante existir divergência doutrinária, este conceito é o mais aceito pelas bancas deconcurso e exames. Tal conceito é denominado conceito exclusivista, em virtude daexclusão que faz em relação aos bens das entidades de direito privado da AdministraçãoPública Indireta. Tal concepção é defendida por José dos Santos Carvalho Filho ecorroborada por diversos julgados do S.T.F. no sentido de que os bens das entidades dedireito privado, ainda que integrantes da Administração pública não constituem-se comobens públicos.

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Já na corrente inclusivista, os defensores, dentre eles Maria Sylvia Zanella Di Pietro eHely Lopes Meirelles não faz distinção entre os bens das entidades de direito público e asde direito privado, nem em relação as atividades das empresas públicas e sociedades deeconomia mista (prestadora de serviço público ou desenvolvedora de atividadeeconômica).

Além dessas duas correntes existe uma terceira concepção que analisa não pela naturezajurídica da entidade apenas, mas também a destinação do bem, pois mesmo sendopessoa jurídica de direito privado se for ela prestadora de serviço público, aquele bemafetado ao desempenho desta atividade estará revestido de atributos inerentes aos benspúblicos, tais como a impenhorabilidade.

INTRODUÇÃO

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Mas para efeitos de prova ficaremos com a teoria exclusivista.

“Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoasjurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, sejaqual for a pessoa a que pertencerem.”

INTRODUÇÃO

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Os autores costumam classificar os diversos tipos de bens públicos a partirde três critérios diferentes:

1) quanto à titularidade;

2) quanto à disponibilidade;

3) quanto à destinação.

CLASSIFICAÇÃO

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Além dessas classificações, Lucia Valle Figueiredo afirma que, quanto aostipos, os bens públicos podem ser móveis, imóveis, semoventes, créditos,direitos e ações.

1) Quanto à titularidade, os bens públicos se dividem em federais,estaduais, distritais, territoriais ou municipais, de acordo com o nívelfederativo da pessoa jurídica a que pertençam.

CLASSIFICAÇÃO

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2) Quanto à disponibilidade, os bens públicos podem ser classificados em:

a) bens indisponíveis por natureza: aqueles que, devido à sua intrínsecacondição não patrimonial, são insuscetíveis a alienação ou oneração. Os bensindisponíveis por natureza são necessariamente bens de uso comum do povo,destinados a uma utilização universal e difusa. São naturalmente inalienáveis.É o caso do meio ambiente, dos mares e do ar;

b) bens patrimoniais indisponíveis: são aqueles dotados de umanatureza patrimonial, mas, por pertencerem às categorias de bens de usocomum do povo ou de uso especial, permanecem legalmente inalienáveisenquanto mantiverem tal condição. Por isso, são naturalmente passíveis dealienação, mas legalmente inalienáveis. Exemplos: ruas, praças, estradas edemais logradouros públicos;

c) bens patrimoniais disponíveis: são legalmente passíveis de alienação.É o caso dos bens dominiais, como as terras devolutas.

CLASSIFICAÇÃO

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3) Quanto à destinação, os bens públicos podem ser de três tipos:

a) de uso comum do povo,

b) de uso especial e

c) dominicais

CLASSIFICAÇÃO

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Além dessas classificações, Lucia Valle Figueiredo afirma que, quanto aostipos, os bens públicos podem ser móveis, imóveis, semoventes, créditos,direitos e ações.

1) Quanto à titularidade, os bens públicos se dividem em federais,estaduais, distritais, territoriais ou municipais, de acordo com o nívelfederativo da pessoa jurídica a que pertençam.

2) Quanto à disponibilidade, os bens públicos podem ser classificados em:

a) bens indisponíveis por natureza: aqueles que, devido à suaintrínseca condição não patrimonial, são insuscetíveis a alienação ouoneração. Os bens indisponíveis por natureza são necessariamente bens deuso comum do povo, destinados a uma utilização universal e difusa. Sãonaturalmente inalienáveis. É o caso do meio ambiente, dos mares e do ar;

b) bens patrimoniais indisponíveis: são aqueles dotados de umanatureza patrimonial, mas, por pertencerem às categorias de bens de uso

CLASSIFICAÇÃO

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CLASSIFICAÇÃO

O artigo 99 do Código Civil utilizou o critério da destinação do bem para classificar os benspúblicos, conforme podemos observar:

Art. 99. São bens públicos:

I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;

II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ouestabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive osde suas autarquias;

III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público,como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.

Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os benspertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura dedireito privado.

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➢ Bens de uso comum: São aqueles destinados ao uso indistinto de toda a população,podendo ser utilizado de forma gratuita ou onerosa, conforme for estabelecido por meioda lei da pessoa jurídica a qual o bem pertencer ou da natureza. Ex: Mar, rio, rua, praça,estradas, parques (art. 99, I do CC). No caso dos zoológicos, o uso desses bens públicos éoneroso, conforme dispõe o art. 103 do C.C.

➢ Também chamados de bens do domínio público do estado

• Art. 99. São bens públicos:

• I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;

• Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem.

CLASSIFICAÇÃO

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➢Bens de uso especial: São aqueles destinados a uma finalidade específica. Ex:Bibliotecas, teatros, creche municipal, fóruns, quartel, museu, repartiçõespublicas em geral, veículos oficiais, portanto, os bens móveis e imóveisutilizados para a consecução do atendimento ao interesse público. (Art. 99, IIdo CC).

➢Também chamados de bens do domínio público do estado

Art. 99. São bens públicos:

(...)

II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento daadministração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias;

CLASSIFICAÇÃO

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➢Bens dominicais: Não estão destinados nem a uma finalidade comum e nem a umaespecial, pois não tem destinação pública definida. Constituem o patrimônio das pessoasjurídicas de direito público, (art. 99, III do CC).

➢Tais bens são chamados de bens do domínio privado do Estado.

➢ Esses bens dominicais representam o patrimônio disponível do Estado, e em virtude denão estarem destinados podem ser utilizados para a obtenção de rendas. Ex: Terrasdevolutas.

Art. 99. São bens públicos:

(...)

III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público,como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.

CLASSIFICAÇÃO

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Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, o C.C. em seu art. 99 estabelece que sob o aspectojurídico existem duas modalidades de bens públicos:

1. Os do DOMÍNIO PÚBLICO DO ESTADO (Uso comum do povo e os de uso especial) – exigedestinação pública

2. Os do DOMÍNIO PRIVADO DO ESTADO (bens dominicais) – sem destinação pública

E ainda ressalta a outra classificação que consta do Regulamento do Código de ContabilidadePública da União, afirmando serem os bens de uso especial de patrimônio indisponível(inalienável) e os dominicais de patrimônio Disponível (alienável)

Cabe ressaltar que os bens de uso comum não são passíveis de avaliação econômica, devaloração patrimonial, portanto são bens indisponíveis.

CLASSIFICAÇÃO

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Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial sãoinalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a leideterminar.

Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas asexigências da lei.

Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião.

CLASSIFICAÇÃO

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Afetação e desafetação:

Afetação ou Destinação - consiste em conferir ao bem público umadestinação específica.

Desafetação (desconsagração) consiste em retirar do bem aquela destinaçãoconferida a ele, anteriormente.

Os bens dominicais não apresentam nenhuma destinação pública, portantonão estão afetados. Logo, são os únicos que para serem alienados nãonecessitam de desconsagração.

CLASSIFICAÇÃO

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• Os bens dominicais não precisam de desafetação para que sejam alienados. - (art. 101do CC).

• Necessidade de autorização legislativa em se tratando de bens imóveis (art. 17 da lei8666/93). Para bens móveis não há essa necessidade.

• Abertura de licitação na modalidade de concorrência ou leilão: O legislador trouxe noartigo 17 algumas hipóteses de dispensa de licitação:

ATRIBUTOS OU CARACTERÍSTICAS DOS BENS PÚBLICOS

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• Dispensa de licitação para imóveis:

• Dação em pagamento (art. 17, I, “a” da Lei 8666/93).

• Doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou entidade da Administração Pública, dequalquer esfera de Governo (art. 17, I, “b” da Lei 8666/93).

• Permuta, por outro imóvel que atende os requisitos constantes do inciso X do art. 24 desta lei(art. 17, I, “c” da Lei 8666/93).

• Investidura (art. 17, I, “d” da Lei 8666/93).

• Venda a outro órgão ou entidade da Administração Pública, de qualquer esfera de governo (art.17, I, “e” da Lei 8666/93).

• Alienação, concessão de direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens imóveisconstruídos e destinados ou efetivamente utilizados no âmbito de programas habitacionais deinteresse social, por órgãos ou entidades da Administração Pública especificamente criadospara esse fim (art. 17, I, “f” da Lei 8666/93).

ATRIBUTOS OU CARACTERÍSTICAS DOS BENS PÚBLICOS

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• Dispensa de licitação para móveis:

• Doação, permitida exclusivamente para fins e uso de interesse social, após a avaliação de suaoportunidade e conveniência sócio-econômica, relativamente à escolha de outra forma de alienação(art. 17, II, “a” da Lei 8666/93).

• Permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou entidades da Administração Pública (art. 17, II,“b” da Lei 8666/93).

• Venda de ações, que poderão ser negociadas na bolsa, observada a legislação específica (art. 17, II,“c” da Lei 8666/93).

• Venda de títulos, na forma da legislação pertinente (art. 17, II, “d”)

• Venda de bens produzidos ou comercializados por órgãos ou entidades da Administração Pública,em virtude de suas finalidades (art. 17, II, “e” da Lei 8666/93).

• Venda de materiais e equipamentos para outros órgãos ou entidades da Administração Pública, semutilização previsível por quem deles dispõe (art. 17, II, “f” da Lei 8666/93).

ATRIBUTOS OU CARACTERÍSTICAS DOS BENS PÚBLICOS

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• Inalienabilidade ou alienabilidade condicionada a lei:

• Regra geral: Os bens públicos não podem ser alienados (vendidos, permutados oudoados)livremente, tendo em vista que a legislação impõe condições para que issoocorra.

• Exceção: Os bens públicos podem ser alienados se atenderem aos seguintes requisitos:

• Caracterização do interesse público.

• Realização de pesquisa prévia de preços. Se vender abaixo do preço causando atoslesivos ao patrimônio público cabe ação popular.

• Desafetação dos bens de uso comum e de uso especial: Os bens de uso comum e de usoespecial são inalienáveis enquanto estiverem afetados. (art. 100 do CC).

ATRIBUTOS OU CARACTERÍSTICAS DOS BENS PÚBLICOS

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• Imprescritibilidade ou não aplicabilidade da prescrição aquisitiva:

• É a característica dos bens públicos que impedem que sejam adquiridos por usucapião.Os imóveis públicos, urbanos ou rurais, não podem ser adquiridos por usucapião.

• Tal característica se aplica a todas as espécies de bens públicos, inclusive os dominicais,segundo a corrente majoritária.

• “Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião” (art. 183, §3° e 191,parágrafo único da CF).

• “Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião” (art. 101 do CC).

• “Desde a vigência do Código Civil (CC/16), os bens dominicais, como os demais benspúblicos, não podem ser adquiridos por usucapião” (súmula 340 do STF).

ATRIBUTOS OU CARACTERÍSTICAS DOS BENS PÚBLICOS

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• Exceção:

• Art. 2° da lei 6969/81 – usucapião especial

“Art. 2º - A usucapião especial, a que se refere esta Lei, abrange as terrasparticulares e as terras devolutas, em geral, sem prejuízo de outros direitosconferidos ao posseiro, pelo Estatuto da Terra ou pelas leis que dispõem sobreprocesso discriminatório de terras devolutas.”

ATRIBUTOS OU CARACTERÍSTICAS DOS BENS PÚBLICOS

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• Impenhorabilidade:

• É a característica dos bens públicos que impedem que sejam eles oferecidos em garantiapara cumprimento das obrigações contraídas pela Administração junto a terceiros, ouseja, impede a constrição judicial que recai sobre o bem do devedor ao credor nos casosde falta de pagamento da obrigação.

• Os bens públicos não podem ser penhorados, pois a execução contra a Fazenda Públicase faz em rito próprio.

“À exceção dos créditos de natureza alimentícia, os pagamentos devidos pela FazendaFederal, Estadual, ou Municipal, em virtude de sentença judiciária, far-se-ãoexclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta doscréditos respectivos, proibida a designação de casos ou pessoas nas dotaçõesorçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim” (art. 100 da CF).

ATRIBUTOS OU CARACTERÍSTICAS DOS BENS PÚBLICOS

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• Regra geral: A execução contra a Fazenda se faz através da expedição de precatórios(títulos emitidos a partir de sentença com trânsito em julgado que o torna legitimocredor da Administração Pública). Só serão incluídos no orçamento os precatóriosapresentados até 01/07, pois é nesta data que começa a discussão do orçamento para oano seguinte (art. 100, §1º da CF).

• Ordem cronológica de apresentação dos precatórios: Os precatórios devem serliquidados na ordem cronológica de sua apresentação e não podem conter nome depessoas e nem dados concretos (princípio da impessoalidade).

ATRIBUTOS OU CARACTERÍSTICAS DOS BENS PÚBLICOS

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• Exceção:

• Créditos alimentares: Também dependem de precatórios e serão liquidados na ordemcronológica de sua apresentação, mas formam uma fila a parte em relação aos demais.

• “A execução prevista no art. 100 caput, da Constituição, em favor dos créditos denatureza alimentar não dispensa a expedição de precatórios, limitando-se a isenta-los daobservância da ordem cronológica dos precatórios decorrentes de condenações de outranatureza” (Súmula 655 do STF).

• “Os débitos de natureza alimentar compreendem aqueles decorrentes de salários,vencimento, proventos, pensões e suas complementações, benefícios previdenciários eindenizações por morte ou invalidez, fundadas na responsabilidade civil, em virtude desentença transitada em julgado” (art. 100, §1º-A da CF).

ATRIBUTOS OU CARACTERÍSTICAS DOS BENS PÚBLICOS

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• Não-onerabilidade:

• Nenhum ônus real pode recair sobre os bens públicos, logo não poderão ser objeto degravação como garantia para a satisfação do credor.

ATRIBUTOS OU CARACTERÍSTICAS DOS BENS PÚBLICOS

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Possibilidade do uso de bem público pelo particular

• O uso dos bens públicos pode ser feito pela própria pessoa que detém apropriedade ou por particulares, quando for transferido o uso do bempúblico. Tal transferência se da através de autorização, concessão epermissão de uso.

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POSSIBILIDADE DO USO DE BEM PÚBLICO PELO PARTICULAR

Será abordado nesse ponto os instrumentos estatais de outorga de títulospara que

o uso de bens públicos seja utilizado pelo particular.

a) Instrumentos estatais de outorga de títulos para que o uso de benspúblicos seja utilizado pelo particular

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Autorização de uso: É o ato administrativo unilateral, discricionário e precário, atravésdo qual transfere-se o uso do bem público para particulares por um períododeterminado (qualificada) ou sem prazo (simples). Pode ser gratuito ou oneroso. Édispensada a licitação e a autorização legislativa. Libera-se o exercício de uma atividadematerial sobre um bem público.

Exs: Fechamento de ruas por um final de semana; Fechamento de ruas do Municípiopara transportar determinada carga; autorização para ambulante (camelô).

POSSIBILIDADE DO USO DE BEM PÚBLICO PELO PARTICULAR

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Permissão de uso: É o ato administrativo unilateral, discricionário e precário, gratuito ouoneroso, através do qual transfere-se o uso do bem público para particulares, facultandoa sua utilização para fins de interesse público.

Difere-se da autorização nos seguintes aspectos:

• Autorização confere faculdade de uso privativo no interesse privado do beneficiário ea permissão determina a utilização privativa para fins de interesse coletivo.

• Precariedade mais acentuada na autorização que na permissão.

• Faculdade de uso na autorização e obrigação de uso pelo permitido na permissão sobpena de caducidade.

Ex: Instalação de barracas em feiras livres; instalação de Bancas de jornal; Box emmercados públicos; Colocação de mesas e cadeiras em calçadas.

USO PRIVATIVO DE BENS PÚBLICOS POR PARTICULARES

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A permissão condicionada ou qualificada concede ao usuário a mesmaestabilidade que a concessão de uso.

A diferença entre a permissão de uso e a concessão de uso está no fato deque a primeira é um ato unilateral e a segunda é um contrato precedido delicitação e autorização legislativa.

A licitação para a permissão de uso em regra não é necessária, salvo noscasos previstos em leis específicas.

USO PRIVATIVO DE BENS PÚBLICOS POR PARTICULARES

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Podem ocorrer as seguintes modalidades de concessão de uso:

• Concessão de uso de exploração

• Concessão de simples uso:

Isso vai depender se será conferido ou não ao concessionário o poder de gestão dominial, ouseja, como dono. Ex.: haverá exploração como gestão de dono quando há concessão deminas ou de águas.

Haverá concessão de uso quando há concessão das áreas de aeroportos, sepulturas, etc. Nãoé concessão de exploração, pois não se quer angariar qualquer lucro.

A concessão poderá ter caráter temporário (ex.: concessão de água), ou a concessão poderáter caráter perpétuo (ex.: concessão de sepultura).

A concessão também poderá ter caráter remunerado ou gratuito.

USO PRIVATIVO DE BENS PÚBLICOS POR PARTICULARES

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• Concessão de uso:

• Concessão comum de uso ou Concessão administrativa de uso: É o contrato por meiodo qual delega-se o uso de um bem público ao concessionário por prazo determinado.Por ser direito pessoal não pode ser transferida, “inter vivos” ou “causa mortis”, aterceiros. Ex: Área para parque de diversão; Área para restaurantes em Aeroportos;Instalação de lanchonetes em zoológico.

• Concessão de direito real de uso: É o contrato por meio do qual delega-se se o uso emimóvel não edificado para fins de edificação; urbanização; industrialização; cultivo daterra. (Decreto-lei 271/67). Delega-se o direito real de uso do bem.

• Cessão de uso: É o contrato administrativo através do qual transfere-se o uso de bempúblico de um órgão da Administração para outro na mesma esfera de governo ou emoutra.

USO PRIVATIVO DE BENS PÚBLICOS POR PARTICULARES