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DIREITO ADMINISTRATIVO II TURMA DA NOITE - 2º ANO Regente: Prof. Doutor Paulo Otero Colaboradores: Prof. Doutor Domingos Soares Farinho Prof. Doutor Miguel Prata Roque Duração: 90 minutos EXAME – ÉPOCA DE RECURSO (23 de julho de 2014) Grupo I No decurso de uma prova oral do curso de licenciatura em Direito, um professor recusa-se avaliar um aluno que envergava uma T-shirt que tinha inscrito «Bring them Hell, Israel!» e limita-se a afirmar: «Nessas condições, nem me vou dar ao trabalho de lhe fazer perguntas». 1. Avalie a legalidade da atuação, incluindo face ao Regulamento de Avaliação vigente na nossa Faculdade, analisando as respetivas consequências jurídicas (3 valores). - Âmbito de proteção do direito à imagem, ao livre desenvolvimento da personalidade (artigo 27º da CRP))e à livre expressão (artigo 37º da CRP); - A violação do conteúdo essencial de um direito fundamental como fundamento de nulidade do ato administrativo [artigo 133º, n.º 2, al. d), do CPA] Cidade Universitária, Alameda da Universidade, 1649-014 Lisboa Tel.: + (351) 217 984 600 – Fax: + (351) 217 984 603 – www.fd.ul.pt

Direito Administrativo II - Epoca de Recurso - TAN - 23 Jul. 2014

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DESPACHO N 33

DIREITO ADMINISTRATIVO IITURMA DA NOITE - 2 ANORegente:

Prof. Doutor Paulo OteroColaboradores: Prof. Doutor Domingos Soares Farinho

Prof. Doutor Miguel Prata RoqueDurao: 90 minutosEXAME POCA DE RECURSO(23 de julho de 2014)Grupo INo decurso de uma prova oral do curso de licenciatura em Direito, um professor recusa-se avaliar um aluno que envergava uma T-shirt que tinha inscrito Bring them Hell, Israel! e limita-se a afirmar: Nessas condies, nem me vou dar ao trabalho de lhe fazer perguntas.1. Avalie a legalidade da atuao, incluindo face ao Regulamento de Avaliao vigente na nossa Faculdade, analisando as respetivas consequncias jurdicas (3 valores).- mbito de proteo do direito imagem, ao livre desenvolvimento da personalidade (artigo 27 da CRP))e livre expresso (artigo 37 da CRP);- A violao do contedo essencial de um direito fundamental como fundamento de nulidade do ato administrativo [artigo 133, n. 2, al. d), do CPA]- Incumprimento de formalidade: a durao mnima da prova oral, de 15 minutos (artigo 32, n. 4, do Regulamento de Avaliao)- O dever de deciso (artigos 58, n. 1, e 109, do CPA)Vrios outros alunos que reprovaram na referida prova oral decidem impugn-la perante o Diretor da Faculdade, alegando que o professor violou uma norma costumeira que impe o uso de fato e gravata pelos examinadores, pois apresentou-se de calas de ganga e de camisa de manga curta. Segundo o requerimento apresentado, isso constituiria uma flagrante violao de um requisito de forma essencial. Face ao seu indeferimento, os alunos apresentaram um protesto perante o Reitor da Universidade.2. Comente a procedncia do pedido de impugnao (6 valores).- A discricionariedade administrativa (e a discricionariedade imprpria)

- Em especial, a Justia Administrativa (ou decises avaliativas): a discusso acerca da sua impugnabilidade

- O papel do costume enquanto fonte de Direito Administrativo: os seus elementos (reiterao e convico de obrigatoriedade)

- O problema dos vcios formais decorrentes de fontes no legisladas- A consequncia da preterio de formalidade essencial: nulidade (artigo 133, n. 1, do CPA); a dificuldade de delinear o conceito de formalidade essencial- A complexidade orgnica das relaes entre Faculdades e respetiva Universidade: diversidade de pessoas coletivas, com integrao institucional?- O Reitor como superior hierrquico do Diretor e o problema da revogao administrativa: ponderao de argumentos contra e a favorIniciada a poca de recurso, constata-se que o mesmo professor foi designado como corretor de exames escritos e o aluno anteriormente reprovado invoca um alegado risco de perseguio pessoal e ideolgica e solicita ao Conselho Cientfico para realizar, a ttulo excecional, uma prova oral, ao abrigo da norma do antigo Regulamento, que a previa (ao contrrio do atual, que revogou a existncia de provas escritas). O aluno alega que, quando o novo regime de avaliao entrou em vigor, este j se encontrava no 3 ano do curso, pelo que a aplicao do novo regime colocava em causa as suas expetativas.

3. Aprecie a legalidade de deciso de indeferimento, proferida pela Comisso Permanente do Conselho Cientfico, que constituda pelo respetivo Presidente e por quatro outros membros (5 valores).- O princpio da imparcialidade e o regime de impedimentos, de suspeio e de escusa- A inderrogabilidade singular dos regulamentos administrativos: impossibilidade de deciso excecional de derrogao de norma do Regulamento de Avaliao

- A relao entre comisses e sub-rgos de rgos coletivos, de reunio plenria

- A incompetncia relativa da Comisso Permanente

- O princpio da segurana jurdica e a sua aplicao a atuaes de execuo continuada: a retrospetividadeGrupo IIComente, de modo sucinto mas fundamentado, as seguintes afirmaes:1. O fenmeno de integrao europeia das administraes pblicas tanto potenciou a descentralizao como a desconcentrao administrativas. (2 valores)- Conceito de europeizao das administraes pblicas nacionais

- A descentralizao internacional: transferncia de poderes para a Unio Europeia

- A criao de pessoas coletivas europeias pela Unio Europeia: em especial, as agncias comunitrias

- O princpio da autonomia organizacional dos Estados-Membros (e a criao de pessoas coletivas pblicas infraestaduais) no prejudica o dever de garantia do efeito til do Direito da Unio Europeia e a responsabilidade dos Estados-Membros pela sua violao

- O princpio (europeu) da subsidiariedade e a proximidade das administraes pblicas s populaes

- A desconcentrao de servios administrativos das administraes nacionais e da administrao da Unio Europeia2. O princpio da administrao aberta enfrenta inmeros constrangimentos quando aplicvel s ordens profissionais e s fundaes privadas. (2 valores).- Conceito de administrao aberta: em especial, o direito de acesso aos documentos administrativos

- A qualificao das ordens profissionais como associaes pblicas (de gnese privada)

- As fundaes privadas como instrumentos de prossecuo do interesse pblico

- As limitaes no acesso aos documentos administrativos: em especial, a reserva da intimidade privada, o sigilo profissional e o sigilo comercial3. Em caso de grave emergncia econmico-financeira, h razes fundadas para uma alterao unilateral na execuo dos contratos pblicos, por parte do contraente pblico. (2 valores)- A noo de contrato pblico: conflito entre autonomia privada e interesse pblico- Os poderes de execuo unilateral pelo contraente pblico

- A noo de estado de necessidade administrativa

- Em especial, o estado de necessidade econmico-financeira: o esforo para a sua normativizao

- O conflito de direitos fundamentais e de interesses divergentesCidade Universitria, Alameda da Universidade, 1649-014 Lisboa

Tel.: + (351) 217984600 Fax: + (351) 217984603 www.fd.ul.pt