114
DIREITO ADMINISTRATIVO AULA 01 – 29/08/2008 REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES FEDERAIS – LEI 8.112/90 Lei 8.112/90, art. 1º: Art. 1 o Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União, das autarquias, inclusive as em regime especial, e das fundações públicas federais. Histórico: 1) CR/88: Antes da promulgação da constituição, havia inúmeros regimes para os servidores que trabalhavam num mesmo local (celetistas, estatutários e extranumerários). Gerava confusa e insegurança para os servidores. A preocupação da CR/88 era de criar um único regime. No seu art. 39 original, previa que aquele que trabalhasse para administração pública direta, autárquica ou fundacional teria vinculação a um regime jurídico único, ao passo que aquele que trabalhasse em empresas públicas e sociedades de economia mista seriam regidos pela CLT. Resolve-se o problema da confusão gerada pelos inúmeros regimes, todavia, inchou o Estado com o aumento de servidores. 2) EC 19/98: Modifica o art. 39 da CR/98, fazendo constar: Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão conselho de política de administração e remuneração de pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos Poderes. Modificando o referido artigo, acaba-se a obrigatoriedade do regime jurídico único. Em 2000, edita-se a lei 9.962, trazendo a possibilidade de modificar as categorias de estatutários para celetistas. A Lei 9.986/00 transformou os quadros das agências reguladoras para celetistas. O STF, na MC-ADI (capinha não pegou o n.), entendeu que não se poderia conferir ao servidor celetista poder de polícia. 3) MC ADI 2135

DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

DIREITO ADMINISTRATIVO

AULA 01 – 29/08/2008

REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES FEDERAIS – LEI 8.112/90

Lei 8.112/90, art. 1º:

Art. 1o Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União, das autarquias, inclusive as em regime especial, e das fundações públicas federais.

Histórico:

1) CR/88:

Antes da promulgação da constituição, havia inúmeros regimes para os servidores que trabalhavam num mesmo local (celetistas, estatutários e extranumerários). Gerava confusa e insegurança para os servidores.

A preocupação da CR/88 era de criar um único regime. No seu art. 39 original, previa que aquele que trabalhasse para administração pública direta, autárquica ou fundacional teria vinculação a um regime jurídico único, ao passo que aquele que trabalhasse em empresas públicas e sociedades de economia mista seriam regidos pela CLT.

Resolve-se o problema da confusão gerada pelos inúmeros regimes, todavia, inchou o Estado com o aumento de servidores.

2) EC 19/98:

Modifica o art. 39 da CR/98, fazendo constar:

Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão conselho de política de administração e remuneração de pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos Poderes.

Modificando o referido artigo, acaba-se a obrigatoriedade do regime jurídico único. Em 2000, edita-se a lei 9.962, trazendo a possibilidade de modificar as categorias de estatutários para celetistas.

A Lei 9.986/00 transformou os quadros das agências reguladoras para celetistas. O STF, na MC-ADI (capinha não pegou o n.), entendeu que não se poderia conferir ao servidor celetista poder de polícia.

3) MC ADI 2135

O STF (INF. 474) constata que teria ocorrido afronta ao sistema bicameral (art. 60, §2º). Assim, suspende a eficácia do art. 39 e volta o texto original. A decisão possuiu efeitos ex nunc.

Conceito de servidor público:

É uma espécie de agente público que mantém com a administração pública um vínculo estatutário, sujeito a um regime jurídico único que no plano federal deve exercer suas funções junto a administração pública direta, autárquica ou fundacional.

Art. 2o Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa legalmente investida em cargo público.

Art. 3o Cargo público é o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem ser cometidas a um servidor.

Page 2: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

Veja que estes dois artigos se complementam, embora não conceituam efetivamente cargo e servidor público.

Dispõe o § do art. 3º da Lei 8.112/90:

Parágrafo único. Os cargos públicos, acessíveis a todos os brasileiros, são criados por lei, com denominação própria e vencimento pago pelos cofres públicos, para provimento em caráter efetivo ou em comissão.

Todavia, o inciso I do art. 37 da CR/88 dispõe:

I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei.

STJ-RMS 16.923: entendeu que a regra da CR/88 que diz que os cargos, empregos e funções acessíveis aos estrangeiros, na forma da lei, é de eficácia limitada, ou seja, deve haver lei para que haja tal possibilidade.

O § 3º do art. 5º da Lei 8.112/90 já dispõe:

§ 3o As universidades e instituições de pesquisa científica e tecnológica federais poderão prover seus cargos com professores, técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com as normas e os procedimentos desta Lei.

Porque os cargos públicos são criados por lei? Por razões de ordem orçamentaria. O principio do paralelismo das formas não é de aplicação absoluta aqui.

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:VI – dispor, mediante decreto, sobre: b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei;

Existe aparente contradição entre os incisos. A doutrina entende que o PR pode extinguir cargos por decreto quando vagos e por lei se providos. Para criá-los somente pode ser feito por lei.

Vedação de prestação de serviços gratuitos:

Art. 4o É proibida a prestação de serviços gratuitos, salvo os casos previstos em lei.

Visa assegurar a proteção da administração contra futura intenção do prestador de serviços de requerer indenizações futuras. Há lei que permite o serviço voluntario.

Cargo público: ocupado por servidor público (estatutário).

Dividi-se em duas espécies:

1) Provimento efetivo 2) Provimento em comissão

Page 3: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

A lei 8.112 se aplica a estes dois cargos.

Diferença entre cargo efetivo e cargo em comissão:

Cargo efetivo Cargo em comissãoQuanto à possibilidade de aquisição de estabilidade

Sim Não

Quanto à forma de ingressoConcurso público

Livre nomeação e exoneração (tal liberdade pode ser contida,

p. ex. quanto ao nível de escolaridade)

Quanto ao desligamentoHá limites (tanto para o estável

quanto para quem está em estágio probatório)

Pode ser exonerado ad nutum

Quanto às atribuições Funções técnicasDireção chefia e assessoramento

(pessoal) – art. 37. V. CR/88Quanto ao regime de

previdênciaRegime próprio de previdência

social – art. 40, §13º, CR/88Regime geral de previdência

social

Requisitos básicos (gerais) para o ingresso no cargo:

Lei 8.112/90, art. 5º:

Art. 5o São requisitos básicos para investidura em cargo público: I - a nacionalidade brasileira; II - o gozo dos direitos políticos; III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais; IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo; V - a idade mínima de dezoito anos; VI - aptidão física e mental. § 1o As atribuições do cargo podem justificar a exigência de outros requisitos estabelecidos em lei.

Como podem ser criados novos requisitos? Somente por lei.

1) Pressuposto formal: mediante lei.

Súmula 686, STF: só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público.

2) Pressuposto teleológico: razoabilidade. As limitações têm que ser ligadas com a atribuição do cargo, para que se tenha razoabilidade.

Ex1: O STF entende que a limitação de idade para policial militar é razoável. Ex2: altura mínima para ocupar cargo público. Para cargos de atribuição burocrática (ex. escrivão de policia) o STF afastou a necessidade de altura mínima.

§ 2o Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o direito de se inscrever em concurso público para provimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são portadoras; para tais pessoas serão reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso.

O art.37, inciso VIII, CR/88 diz:

VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão;

Page 4: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

Não é qualquer deficiência que vai justificar a esta reserva, a moléstia deve ser grave e suficiente para garantir esta política afirmativa.

Formas de provimento do cargo:

Art. 7o A investidura em cargo público ocorrerá com a posse. Art. 8o São formas de provimento de cargo público: I - nomeação; (a única de provimento originário) II - promoção; III - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) IV - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) V - readaptação; VI - reversão; VII - aproveitamento; VIII - reintegração; IX - recondução.

OBS: A nomeação é considerada forma originária de provimento, porque para que alguém seja nomeado não precisa ser ou ter sido servidor público.

OBS: Todas as demais são formas de provimento derivado, porque em todas elas se exige que a pessoa seja ou tenha sido servidor publico.

Súmula 685: é inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investido.

Trâmite de ingresso no serviço público:

1) Concurso público

RMS 18105 - preterição indireta: Há vagas e há candidatos aprovados, todavia, o poder público contrata um terceiro a título precário.

NEWS:

RE 192568, RE 273605: o concurso não é prorrogado, quando há candidatos dentro do número de vagas. Abre-se novo concurso, sem qualquer justificativa. Neste caso, o STF determina que se prorrogue o concurso.

RMS 23.657 - STF: nova orientação. Havendo 50 vagas e havendo 50 candidatos aprovados, esses têm direito à nomeação. O STJ também exarou esse entendimento (RMS 20.618).

2) Nomeação: É um ato que convoca o candidato (e não o servidor) para ser empossado.

Efeitos jurídicos:

Forma de provimento que preenche o cargo; Cria direito de ser empossado (súmula 16, STF - FUNCIONÁRIO NOMEADO POR CONCURSO TEM

DIREITO À POSSE); Prazo de 30 dias para o candidato ser empossado – obs.: se o candidato não tomar posse ele não será

exonerado, mas sim terá sua nomeação revogada - §6º, art. 14, Lei 8.112/90); O efeito prático disso, é que o cargo vaga novamente, podendo ser chamada outra pessoa. Esse prazo é contado a favor do candidato. Ele pode abreviar esse prazo, mas a administração pública não.

3) Posse

Page 5: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

Investidura é o ato pelo qual se liga o servidor ao cargo. E isso ocorrerá com a posse. Embora a nomeação já proveja o cargo, somente com a posse que o sujeito adquire o status de servidor público.

Efeitos jurídicos:

Direito de entrar em exercício. Exercício é o ponto de partida para usufruir a condição de servidor, como por exemplo salário, férias, etc.

Prazo de 15 dias para entrar em exercício (art. 15, § 1o, Lei 8.112/90 - É de quinze dias o prazo para o servidor empossado em cargo público entrar em exercício, contados da data da posse). Neste caso, não entrando em exercício, haverá exoneração (art. 15, § 2o, Lei 8.112/90 - § 2o O servidor será exonerado do cargo ou será tornado sem efeito o ato de sua designação para função de confiança, se não entrar em exercício nos prazos previstos neste artigo, observado o disposto no art. 18); Lembrando que esse prazo é contado em favor do servidor. Ele só será exonerado por com a nomeação ele já se torna servidor.

Estabilidade: É uma garantia constitucional, correspondente à limitações ao desligamento.

Significa limites ao desligamento do servidor, não havendo qualquer forma de precedência funcional do servidor estável com relação ao não estável e não se caracteriza como vantagem pecuniária ou patrimonial.

O estável perderá o cargo nas hipóteses do art. 41, §1º, CR/88:

§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: (na verdade não é somente nestes casos – o art. 169, §4º da CR/88 traz outros casos)I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado – deve haver previsão legal e o juiz tem que colocar expresso na sentença; II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa; III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa. Obs.: Esta lei complementar ainda não existe em âmbito federal (existem dois projetos tramitando no C.N).

Art. 169, § 4º, CF: Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não forem suficientes para assegurar o cumprimento da determinação da lei complementar referida neste artigo, o servidor estável poderá perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada um dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto da redução de pessoal.

Se ultrapassar o limite previsto na lei, no intuito de conter gastos, serão cortados na ordem:o Cargo em Comissão, no mínimo de 20%. o Servidores não estáveis, quantos forem necessários.o Servidores estáveis. (Nesse caso, trata-se de exoneração, com direito à indenização).

# Qual a diferença entre a vitaliciedade e a estabilidade?A estabilidade é um limite ao desligamento. No mesmo passo é a vitaliciedade. Todavia, ser vitalício significa que a pessoa somente pode perder o cargo por uma única forma (sentença judicial transitada em julgado). As carreiras mais conhecidas de vitaliciedade são: a da magistratura, MP e tribunal de contas.

A sentença transitada em julgado por si só não é suficiente para desligar o vitalício do cargo. Esta sentença deve ser resultante de uma ação judicial especificamente intentada para este fim.

OBS: Situação inusitada: O prazo para estabilidade (garantia menor) exige prazo maior (03 anos). Por outro lado, o prazo para a vitaliciedade (garantia maior) exige prazo menor (02 anos). É bom lembrar que existem magistrados que adquirem o a vitaliciedade automaticamente: Os que ingressam em tribunais pelo quinto constitucional.

Page 6: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

Requisitos para aquisição da estabilidade:

Ocupar um cargo efetivo decorrente da prestação de concurso público (redundância proposital, pois visa evitar que uma pessoa que tenha ingressado num cargo efetivo de forma irregular e consiga ser estável)

Art. 41 CF. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público.

Prazo de 3 anos.A lei 8.112 ainda fala em dois anos. Pegar matéria marinela....

Estágio probatório (art. 41, § 4º, CF)

Art. 41 CF: § 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão instituída para essa finalidade. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

Qual seria o prazo de duração de estagio probatório? Duas correntes: Prazo da lei 8112/91: 24 meses (STF) MS - dentro do período estágio probatório não é possível a

aposentadoria voluntaria. STJ, TST, TCU: 3 anos.

# Como está sendo tratado o estágio probatório no Brasil? 1º momento : O texto inicial da CF/88 dizia que a estabilidade era de 02 anos e exercício. A constituição não utiliza a palavra “estágio”, e sim “estabilidade”. A 8.112/90, complementando o texto constitucional utiliza no art. 20, a expressão “estágio” de 24 meses. 2º momento: A partir da EC 19/98, o prazo de estabilidade é de 03 anos de exercício. Surgiu uma grande discussão, para saber qual é o prazo.1º Posição: Assim, a AGU emitiu o parecer 17/2004, para o âmbito federal, dizendo que o art. 20 não foi recepcionado pelo novo texto constitucional (emenda 19), devendo o prazo de “estágio probatório” ser de 03 anos. (para concursos federais).2º Posição: No entanto, o STJ julgando o MS 9373, decidiu desde 2004 que não se confunde a estabilidade com estágio probatório. Logo, se a CF/88 não falou nada de estágio, continua valendo o prazo de 24 meses de estágio. (para concursos estaduais).3º Posição: TST na resolução 1.187, disse que o prazo do estágio probatório para os seus servidores é de 36 meses. (para a justiça do trabalho).

AULA 02 – 01/09/2008

FORMAS DE PROVIMENTO DERIVADO:

Art. 8o São formas de provimento de cargo público:

II - PROMOÇÃO; (não é tratada na lei)

Em regra, os cargos efetivos são organizados em carreira. Isso faz com que por critérios alternados (merecimento e antiguidade) os servidores passem de um grau na carreira para outro. Esse deslocamento de um grau para outro recebe o nome de promoção.

Page 7: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

Trata-se, portanto, de um instrumento pelo qual se dá a progressão funcional do servidor de um grau ou nível para outro.

Já a remoção é o deslocamento do servidor para um mesmo nível da carreira (deslocamento horizontal).

III - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)IV - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

V - READAPTAÇÃO;

Art. 24. Readaptação é a investidura do servidor em cargo de atribuições e responsabilidades compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou mental verificada em inspeção médica. § 1o Se julgado incapaz para o serviço público, o readaptando será aposentado. § 2o A readaptação será efetivada em cargo de atribuições afins, respeitada a habilitação exigida, nível de escolaridade e equivalência de vencimentos e, na hipótese de inexistência de cargo vago, o servidor exercerá suas atribuições como excedente, até a ocorrência de vaga.

Ex: João é policial federal e perde o dedo que atira. Ele não poderá ser curado. Por outro lado, a sua diminuição da capacidade laboral não é absoluta (se fosse, deveria ser aposentado por invalidez), sendo possível readaptá-lo para outro cargo, como por exemplo, escrivão. Logo, readaptação é uma situação intermediária.

Obs: A lei permite que o servidor exerça a função do cargo, sem estar definitivamente ocupando o respectivo cargo. Ele exercerá o cargo como excedente.

VI - REVERSÃO; (Quem reverte é a aposentadoria do servidor).

Art. 25. Reversão é o retorno à atividade de servidor aposentado:I - por invalidez, quando junta médica oficial declarar insubsistentes os motivos da aposentadoria; ou II - no interesse da administração, desde que:a) tenha solicitado a reversão;b) a aposentadoria tenha sido voluntária;c) estável quando na atividade ;d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos anteriores à solicitação ;e) haja cargo vago. § 1o A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo resultante de sua transformação.§ 2o O tempo em que o servidor estiver em exercício será considerado para concessão da aposentadoria. § 3o No caso do inciso I, encontrando-se provido o cargo, o servidor exercerá suas atribuições como excedente, até a ocorrência de vaga.§ 4o O servidor que retornar à atividade por interesse da administração (discricionário) perceberá, em substituição aos proventos da aposentadoria, a remuneração do cargo que voltar a exercer, inclusive com as vantagens de natureza pessoal que percebia anteriormente à aposentadoria. § 5o O servidor de que trata o inciso II somente terá os proventos calculados com base nas regras atuais se permanecer pelo menos cinco anos no cargo.§ 6o O Poder Executivo regulamentará o disposto neste artigo.

Até 2001 existia somente uma forma de reversão. Agora temos dois casos: Aposentadoria por invalidez: ex: a moléstia que ocasionou a aposentadoria deixar de existir. Aposentadoria voluntária: servidor aposentado voluntariamente retorna a atividade a seu pedido.

É o retorno a atividade de um servidor que estava inativo. (O inativo volta a trabalhar).

Page 8: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

Abono de permanência: pessoa que na atividade já pode se aposentar, mas não se aposenta porque recebe 11% a mais de salário, que corresponde o que era descontado do salário quando não tinha condição de aposentadoria.

VII - APROVEITAMENTO;

Art. 41, CF:

§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em outro cargo.

Aproveitamento – Extinto o cargo, os servidores estáveis serão colocados em disponibilidade com proventos proporcionais até que a administração pública encontre um outro cargo para que tais servidores sejam aproveitados.

A disponibilidade e o aproveitamento andam juntos. Todavia, o modo de provimento é o aproveitamento. A disponibilidade serve para que a administração pública possa verificar qual o cargo mais assemelhado àquele, no qual será aproveitado.

Note-se que somente será reaproveitado o servidor estável. O servidor não estável será exonerado, no caso de extinção do cargo.

Lei 8.112/90:

Art. 30. O retorno à atividade de servidor em disponibilidade far-se-á mediante aproveitamento obrigatório em cargo de atribuições e vencimentos compatíveis com o anteriormente ocupado.

Art. 31. O órgão Central do Sistema de Pessoal Civil determinará o imediato aproveitamento de servidor em disponibilidade em vaga que vier a ocorrer nos órgãos ou entidades da Administração Pública Federal. Parágrafo único. Na hipótese prevista no § 3o do art. 37, o servidor posto em disponibilidade poderá ser mantido sob responsabilidade do órgão central do Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal - SIPEC, até o seu adequado aproveitamento em outro órgão ou entidade.

Art. 32. Será tornado sem efeito o aproveitamento e cassada a disponibilidade se o servidor não entrar em exercício no prazo legal, salvo doença comprovada por junta médica oficial.

VIII - REINTEGRAÇÃO;

Art. 28. A reintegração é a reinvestidura do servidor estável no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo resultante de sua transformação (ex: cargos da receita federal já houve varias transformações do atual cargo de técnico), quando invalidada a sua demissão por decisão administrativa ou judicial, com ressarcimento de todas as vantagens.

O reintegrado retorna ao cargo como se nunca tivesse desligado, podendo, inclusive, já voltar promovido ou até mesmo aposentado. O servidor só não pode, nesse período, adquirir posição por mereceimento. Os tribunais superiores vêm dizendo que também é caso de reintegração o retorno do servidor por anulação da exoneração em estágio probatório. A pessoa quando é reintegrada não volta já estável, devendo cumprir o restante do tempo faltante para adquirir a estabilidade.

§ 1o Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor ficará em disponibilidade, observado o disposto nos arts. 30 e 31.

Page 9: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

§ 2o Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual ocupante será reconduzido ao cargo de origem, sem direito à indenização ou aproveitado em outro cargo, ou, ainda, posto em disponibilidade.

O servidor reintegrado terá direito à indenização pelo período que ficou injustamente fora da administração.

OBS1: O “eventual ocupante” sofrerá as conseqüências do injusto desligamento do servidor reintegrado, eis que aquele além de não receber a indenização, sendo aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade.

A reintegração está prevista também no art. 41, §2º, da CF/88:

§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo de serviço.

Algumas questões importantes:

a) A estabilidade é uma garantia funcional que liga o servidor ao seu cargo ou ao cargo resultante de transformação, não sendo cabível o aproveitamento da estabilidade adquirida em um cargo em outro cargo. Ex: pessoa já tem estabilidade no cargo de agente da PF e é aprovado em concurso para delegado da PF. Neste caso, deve de novo passar pelo período de estágio probatório.

b) Exoneração é desligamento não punitivo. Demissão é desligamento punitivo. Por isso que é equivocada a sigla PDV: Plano de demissão voluntário. Ora, se é voluntário não poderia ser punitivo.

IX - RECONDUÇÃO. (só se aplica à servidor estável)

Art. 29. Recondução é o retorno do servidor estável ao cargo anteriormente ocupado e decorrerá de: I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo; II - reintegração do anterior ocupante. (Esse é o eventual ocupante).Parágrafo único. Encontrando-se provido o cargo de origem, o servidor será aproveitado em outro, observado o disposto no art. 30.

Recondução Voluntária: É a possibilidade de o servidor retornar ao seu cargo de origem no qual já era estável até que seja estabilizado em outro cargo. Trata-se de outro caso de recondução, criado pelo STF e que virou jurisprudência da AGU é que passa num concurso e assume o outro cargo. Por sua própria vontade, quer retornar ao cargo anteriormente. Entende-se que pode-se fazer isso desde que não tenha se estabilizado no cargo novo assumido. O argumento é que se ele pode retornar quando não aprovado no estágio probatório no novo cargo, com muito mais razão poderia fazê-lo no caso querer voltar por sua própria vontade. STF MS 24.543 e MS 22.933; STJ 8.339; súmula 16/2002, AGU.

STF MS 24.543:

EMENTA: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. ESTÁGIO PROBATÓRIO. Lei 8.112/90, art. 20, § 2º. C.F., art 41. I.- O direito de o servidor, aprovado em concurso público, estável, que presta novo concurso e, aprovado, é nomeado para cargo outro, retornar ao cargo anterior ocorre enquanto estiver sendo submetido ao estágio probatório no novo cargo: Lei 8.112/90, art. 20, § 2º. É que, enquanto não confirmado no estágio do novo cargo, não estará extinta a situação anterior. II.- No caso, o servidor somente requereu a sua recondução ao cargo antigo cerca de três anos e cinco meses após a sua posse e exercício neste, quando, inclusive, já estável: C.F., art. 41. III.- M.S. indeferido.

Page 10: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

FORMAS DE VACÂNCIA:

Art. 33. A vacância do cargo público decorrerá de:

I - EXONERAÇÃO;

Forma de desligamento não punitivo. Não é voluntário simplesmente, pois, p. ex. quando não se é aprovado no estágio probatório, ocorre exoneração.

II - DEMISSÃO;

Forma de desligamento punitivo.

III - PROMOÇÃO;

Está se vagando um cargo para se prover outro. Logo é forma simultânea de provimento e vacância.

IV - RevogadoV - Revogado

VI - READAPTAÇÃO;

Está se vagando um cargo para se prover outro. Logo é forma simultânea de provimento e vacância.

VII - APOSENTADORIA;

Forma natural de vacância.

VIII - POSSE EM OUTRO CARGO INACUMULÁVEL;

Na administração federal é comum chamar de “declaração de vacância”.

IX - FALECIMENTO.

Forma natural de vacância.

DIREITOS E VANTAGENS DO SERVIDOR (LER OS ARTIGOS 40 A 115 da Lei 8.112/90)

O celetista recebe salário.

O servidor público (agente administrativo) recebe “remuneração”. A remuneração é composta por uma parcela fixa (vencimento) + parcela variável (vantagens). Logo, todo servidor ocupante de um mesmo cargo receberá o mesmo vencimento, mas não necessariamente as mesmas vantagens, podendo um, por exemplo fazer hora extra e outro não.

Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício de cargo público, com valor fixado em lei.

Page 11: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei.

Os chamados agentes políticos (aqueles que desempenham função estatal típica: Chefe de executivo de primeiro escalão, magistrados e membros do MP, legisladores em geral). Estes recebem subsídio – Valor fixo, vedado qualquer acréscimo de vantagem.

Art. 39, §4º, CF/88:

§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI.

Todavia, a própria CF/88 admite uma exceção, no art. 39, §8º:

§ 8º A remuneração dos servidores públicos organizados em carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º. Ex: Servidores da AGU, PFN, etc.

REGIME DISCIPLINAR

Além de estabelecer regras de comportamento, prevê penas aplicáveis em caso de inobservância das respectivas regras.

Art. 116. SÃO DEVERES DO SERVIDOR:

I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo; II - ser leal às instituições a que servir; (não precisa ser leal ao superior hierárquico)III - observar as normas legais e regulamentares; IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando manifestamente ilegais; V - atender com presteza: a) ao público em geral, prestando as informações requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo; b) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito ou esclarecimento de situações de interesse pessoal; c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública. VI - levar ao conhecimento da autoridade superior as irregularidades de que tiver ciência em razão do cargo; VII - zelar pela economia do material e a conservação do patrimônio público; VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição; IX - manter conduta compatível com a moralidade administrativa; X - ser assíduo e pontual ao serviço; XI - tratar com urbanidade as pessoas; XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder. Parágrafo único. A representação de que trata o inciso XII será encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela autoridade superior àquela contra a qual é formulada, assegurando-se ao representando ampla defesa.

Art. 117. AO SERVIDOR É PROIBIDO:

I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia autorização do chefe imediato;

Page 12: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

II - retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, qualquer documento ou objeto da repartição; III - recusar fé a documentos públicos; IV - opor resistência injustificada ao andamento de documento e processo ou execução de serviço; V - promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto da repartição; VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos previstos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua responsabilidade ou de seu subordinado; VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a associação profissional ou sindical, ou a partido político; (Ele pode se filiar a partido político)VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau civil; IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da função pública; X - participar de gerência ou administração de sociedade privada, personificada ou não personificada, salvo a participação nos conselhos de administração e fiscal de empresas ou entidades em que a União detenha, direta ou indiretamente, participação no capital social ou em sociedade cooperativa constituída para prestar serviços a seus membros, e exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditário; XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou companheiro; (DPU – CESPE ) XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem de qualquer espécie, em razão de suas atribuições; XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estrangeiro; XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas; XV - proceder de forma desidiosa; XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em serviços ou atividades particulares; XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo que ocupa, exceto em situações de emergência e transitórias; XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho; XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solicitado.

ACUMULAÇÕES DE CARGOS

Art. 118. Ressalvados os casos previstos na Constituição, é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos.§ 1o A proibição de acumular estende-se a cargos, empregos e funções em autarquias, fundações públicas, empresas públicas, sociedades de economia mista da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios e dos Municípios. § 2o A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condicionada à comprovação da compatibilidade de horários. § 3o Considera-se acumulação proibida a percepção de vencimento de cargo ou emprego público efetivo com proventos da inatividade, salvo quando os cargos de que decorram essas remunerações forem acumuláveis na atividade. Art. 119. O servidor não poderá exercer mais de um cargo em comissão, exceto no caso previsto no parágrafo único do art. 9o, nem ser remunerado pela participação em órgão de deliberação coletiva. Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica à remuneração devida pela participação em conselhos de administração e fiscal das empresas públicas e sociedades de economia mista, suas subsidiárias e controladas, bem como quaisquer empresas ou entidades em que a União, direta ou indiretamente, detenha participação no capital social, observado o que, a respeito, dispuser legislação específica. Art. 120. O servidor vinculado ao regime desta Lei, que acumular licitamente dois cargos efetivos, quando investido em cargo de provimento em comissão, ficará afastado de ambos os cargos

Page 13: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

efetivos, salvo na hipótese em que houver compatibilidade de horário e local com o exercício de um deles, declarada pelas autoridades máximas dos órgãos ou entidades envolvidos.

Existem 03 casos acerca da cumulação a se constatar, sendo que normalmente se costuma abordar apenas o 1º caso.

1º) CASO: Servidor Público na atividade pode acumular cargos públicos.

A regra geral é que não seja possível a acumulação de cargos ou empregos públicos. É uma norma que pretende evitar a concentração de renda.

Todavia, existem casos em que o servidor na atividade pode acumular cargos públicos, observadas as condições do art. 37, XVI e XVII, da CF/88:

CF, art. 37:

XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI.

a) a de dois cargos de professor ;

b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico ; científico é o que exige curso superior específico para desempenhar aquele cargo. Ex: delegado; técnico é aquele cargo que exige curso superior qualquer.

c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde , com profissões regulamentadas; OBS: medico veterinário é considerado profissional da saúde. Logo, é a lei que deve estabelecer se o referido cargo é privativo de profissionais de saúde.

XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público;

Vê-se, portanto, que antes de tudo, deve obedecer as seguintes condições:

A soma dos cargos não poderá ultrapassar o teto remuneratório do Ministro do STF, nos termos do art. 37, XI, CF.

Compatibilidade de horários: Não colidência A acumulação não pode ultrapassar 60 horas semanais.

OBS: dedicação exclusiva impede a acumulação;

Existe, ainda, uma 4ª hipótese de acumulação na atividade: Servidor Público + Mandado Eletivo de Vereador:

Art. 38 CF. Ao servidor público da administração direta, autárquica e fundacional, no exercício de mandato eletivo, aplicam-se as seguintes disposições: I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função;Presunção de que estes mandatos eletivos remunerem melhor que o cargo que ocupa.II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração; Não existe a presunção feita no inciso I.

Page 14: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibilidade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não havendo compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior;IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado para todos os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento;V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de afastamento, os valores serão determinados como se no exercício estivesse.

# Pode o servidor público ocupar um cargo, emprego ou função privado? Resposta: Não existe uma regra geral que proíba o servidor público de ter outras atividades profissionais de natureza privada, mas existem, nas regras de proibições (art. 117, lei 8.112/90), alguns preceitos que criam restrições, como por exemplo, exercer função de gerência ou atos de comércio.

Existe, ainda o preceito restritivo do art. 117, XVIII , que veda “exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho”; Como por exemplo, o servidor é sócio de construtora e trabalha no setor de licitações da administração pública.

Assim, a proibição estará na lei que regulamenta o cargo (Estatuto da advocacia, LOMAN, LOMP, etc.)

2º) CASO: Acúmulo de Aposentadoria em um cargo + Remuneração na atividade de outro cargo

Art. 37 CF:§ 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta Constituição ( na atividade – art. 37, XVI) , os cargos eletivos e os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e exoneração .

A regra geral é que, o aposentado não pode acumular o seu provento com a remuneração de um cargo, emprego ou função pública. Porém esta regra, admite exceções:

O servidor aposentado poderá acumular o provento com a remuneração de cargo em comissão; O servidor aposentado poderá acumular o provento com o subsídio de cargo eletivo. O servidor aposentado poderá acumular o provento com a remuneração de cargo compatível

(aquele estudado no art. 37, XVI).

OBS: Não se fala em compatibilidade de horários porque em um cargo o servidor estará aposentado. Todavia, deverá observar o teto remuneratório.

3º) CASO: Acúmulo de Aposentadoria + Aposentadoria

Art.40 CF:§ 6º - Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção de mais de uma aposentadoria à conta do regime de previdência previsto neste artigo.

A regra geral, é que o servidor não pode receber proventos de duas aposentadorias do art. 40, CF/88. Exceções:

O servidor poderá acumular duas aposentadorias no cargos compatíveis, estudados no art. 37, XVI, da CF/88.OBS: É perfeitamente possível o servidor receber aposentadoria do art. 40, CF/88 com a aposentadoria do INSS.OBS2: Deve ser observado o teto remuneratório.

Page 15: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

RESPONSABILIDADE CIVIL DO AGENTE PÚBLICO

Crime: No caso de crime, deve-se proceder ao processo penal.

A regra geral é que as responsabilidades sejam independentes e acumuláveis, sendo de esferas independentes: administrativa, civil e penal:

Art. 125, da Lei 8.112/90. As sanções civis, penais e administrativas poderão cumular-se, sendo independentes entre si.

A regra é que o resultado de uma esfera não repercuta na outra. A exceção:

Art. 126. A responsabilidade administrativa do servidor será afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do fato ou sua autoria.

A responsabilidade civil do agente é subjetiva:

Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros. § 1o A indenização de prejuízo dolosamente causado ao erário somente será liquidada na forma prevista no art. 46 (desconto em folha de pagamento), na falta de outros bens que assegurem a execução do débito pela via judicial.

STF: Terceiro lesado não pode demandar diretamente contra o agente. STF RE 327.904

Lesão patrimonial: MS 24182: o STF firmou o entendimento de que na responsabilidade civil nos casos de lesão patrimonial à administração pública e havendo resistência do servidor, não se pode cobrar os valores administrativamente, ainda que se conceda o contraditório e ampla defesa, devendo se valer o poder público da vias ordinárias. Conseqüentemente, no caso de formação do título judicial em favor da administração, o servidor perde o direito ao pagamento da dívida através da sistemática de desconto em folha, seguindo as regras do processo civil.

EMENTA MS 24182

EMENTA: Mandado de Segurança. 2. Desaparecimento de talonários de tíquetes-alimentação. Condenação do impetrante, em processo administrativo disciplinar, de ressarcimento ao erário do valor do prejuízo apurado. 3. Decisão da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados de desconto mensais, em folha de pagamento, sem a autorização do servidor. 4. Responsabilidade civil de servidor. Hipótese em que não se aplica a auto-executoriedade do procedimento administrativo. 5. A Administração acha-se restrita às sanções de natureza administrativa, não podendo alcançar, compulsoriamente, as conseqüências civis e penais. 6. À falta de prévia aquiescência do servidor, cabe à Administração propor ação de indenização para a confirmação, ou não, do ressarcimento apurado na esfera administrativa. 7. O Art. 46 da Lei no 8.112, de 1990, dispõe que o desconto em folha de pagamento é a forma como poderá ocorrer o pagamento pelo servidor, após sua concordância com a conclusão administrativa ou a condenação judicial transitada em julgado. 8. Mandado de Segurança deferido

AULA 03 – 03/09/2008

Infração administrativa: na responsabilidade administrativa, instaura-se o PAD ou sindicância.

Page 16: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

proibição de bis in idem: é a impossibilidade do agente público ser penalizado pelo mesmo fato, na mesma esfera de responsabilidade, com penas de mesma natureza. Verifica-se que um mesmo fato pode gerar responsabilidade penal, civil e administrativa, pois possuem naturezas distintas, não havendo o que se falar em bis in idem.

Lei 8.112/90:Art. 125. As sanções civis, penais e administrativas poderão cumular-se, sendo independentes entre si.

Independência das instâncias: a regra geral é de que o resultado do processo não interfere nos demais. Exceção (da lei): se for o servidor absolvido no processo penal e esta absolvição se fundamentar na inexistência do fato ou expressamente negar a autoria imputada ao servidor, esta absolvição se projetará nas demais esferas.

Lei 8.112/90:Art. 126. A responsabilidade administrativa do servidor será afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do fato ou sua autoria.

Além das responsabilidades acima, existem outras: por improbidade; fiscal; eleitoral etc.

Art. 127. SÃO PENALIDADES DISCIPLINARES:

I - ADVERTÊNCIA;

Conceito: É uma pena aplicada por escrito. Não se trata de admoestação verbal, mas tem um efeito subjetivo de “chamar a atenção”. Tal anotação vai para o assentamento individual (ficha funcional) do servidor (efeito objetivo). O servidor fica com a ficha suja.

# Quando é aplicada? No caso de inobservância de dever funcional (art. 116) e no caso de violação das proibições previstas no art. 117, incisos I a VIII e XIX.

Art. 129. A advertência será aplicada por escrito, nos casos de violação de proibição constante do art. 117, incisos I a VIII e XIX, e de inobservância de dever funcional previsto em lei, regulamentação ou norma interna, que não justifique imposição de penalidade mais grave.

Art. 117:I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia autorização do chefe imediato; II - retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, qualquer documento ou objeto da repartição; III - recusar fé a documentos públicos; IV - opor resistência injustificada ao andamento de documento e processo ou execução de serviço; V - promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto da repartição; VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos previstos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua responsabilidade ou de seu subordinado; VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a associação profissional ou sindical, ou a partido político; VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau civil;XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solicitado.

II - SUSPENSÃO;

É uma pena pela qual o servidor ficará afastado de suas funções com total prejuízo de sua condição funcional por um prazo não superior a 90 dias.

Page 17: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

Obs: Quando o afastamento do servidor, além de prejudicá-lo, prejudicar a própria administração, a lei prevê a conversão da suspensão em multa.

Obs2: As penas pecuniárias aplicadas pela administração não são executórias quando decorrentes do poder de polícia. No entanto, quando decorrente do poder disciplinar, elas serão auto-executórias, sendo executadas da folha de pagamento do servidor; Outra exceção a não auto-executoriedade da pena pecuniária é no contrato administrativo.

Art. 130. A suspensão será aplicada em caso de reincidência das faltas punidas com advertência e de violação das demais proibições que não tipifiquem infração sujeita a penalidade de demissão, não podendo exceder de 90 (noventa) dias . § 1o Será punido com suspensão de até 15 (quinze) dias o servidor que, injustificadamente, recusar-se a ser submetido a inspeção médica determinada pela autoridade competente, cessando os efeitos da penalidade uma vez cumprida a determinação. § 2 o Quando houver conveniência para o serviço, a penalidade de suspensão poderá ser convertida em multa , na base de 50% (cinqüenta por cento) por dia de vencimento ou remuneração, ficando o servidor obrigado a permanecer em serviço.

Art. 117:XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo que ocupa, exceto em situações de emergência e transitórias; XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho;

Art. 131. As penalidades de advertência e de suspensão terão seus registros cancelados, após o decurso de 3 (três) e 5 (cinco) anos de efetivo exercício, respectivamente, se o servidor não houver, nesse período, praticado nova infração disciplinar. Parágrafo único. É COMO SE FOSSE UMA REABILITAÇÃO ADMINISTRATIVA. OBS: O cancelamento da penalidade não surtirá efeitos retroativos .

III - DEMISSÃO;

É a pena administrativa que desliga o servidor, provocando a vacância do cargo. Da demissão, além do desligamento poderá decorrer outros efeitos. É a mais severa de todas. Cuida-se de desligamento punitivo do servidor.

Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos:

I - crime contra a administração pública;

# É possível que ocorra demissão antes de acabar o processo penal? A posição atual do STF é de que é possível, em razão da independência das instâncias. O professor discorda dessa orientação. Ademais, o STF já pensou diferente com a justificativa na presunção de inocência.

II - abandono de cargo;Art. 138. Configura abandono de cargo a ausência intencional do servidor ao serviço por mais de trinta dias consecutivos.

III - inassiduidade habitual;Art. 139. Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao serviço, sem causa justificada, por sessenta dias, interpoladamente, durante o período de doze meses. (no intervalo de um ano – e não ano civil –, não pode o servidor ter mais de sessenta faltas intercaladas). IV - improbidade administrativa;

Page 18: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

A Lei 8.112/90 é anterior a lei de improbidade, o que conferia a administração a possibilidade de demitir pelo seu cometimento. Todavia, o STF, no RMS 24.699, entendeu que somente o judiciário pode reconhecer a ocorrência de improbidade administrativa:

EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. REJULGAMENTO DA CAUSA. IMPOSSIBILIDADE, SALVO HIPÓTESES EXCEPCIONAIS. ART. 535, I E II, DO CPC. VIA PROCESSUAL INADEQUADA. ART. 132, IV, DA LEI N. 8.112/90. PENA DE DEMISSÃO DO SERVIDOR PÚBLICO QUANDO VERIFICADA A PRÁTICA DE ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. INAPLICABILIDADE. 1. Os embargos de declaração têm pressupostos certos [art. 535, I e II, do CPC], de modo que não configuram via processual adequada à rediscussão do mérito da causa. São admissíveis em caráter infringente somente em hipóteses, excepcionais, de omissão do julgado ou erro material manifesto. Precedente [RE n. 223.904-ED, Relatora a Ministra ELLEN GRACIE, DJ 18.02.2005]. 2. Não há falar-se na aplicação da pena prevista no preceito do art. 132, IV, da Lei n. 8.112/90, quando não restou comprovada, ao longo do processo administrativo, a existência de elementos aptos a caracterizar a improbidade do servidor. 3. Embargos de declaração rejeitados.

V - incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição; VI - insubordinação grave em serviço; VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo em legítima defesa própria ou de outrem; VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos; IX - revelação de segredo do qual se apropriou em razão do cargo; X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional; XI - corrupção;

XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas; Perde todos os cargos acumulados.

XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117.

Art. 136. A demissão ou a destituição de cargo em comissão, nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 132, implica a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, sem prejuízo da ação penal cabível. Art. 137. A demissão ou a destituição de cargo em comissão, por infringência do art. 117, incisos IX e XI, incompatibiliza o ex-servidor para nova investidura em cargo público federal, pelo prazo de 5 (cinco) anos.

Parágrafo único. Não poderá retornar ao serviço público federal o servidor que for demitido ou destituído do cargo em comissão por infringência do art. 132, incisos I, IV, VIII, X e XI.

O STF tratou dessa questão de forma obter dictum - de passagem -, afirmando sua inconstitucionalidade, mas não houve análise direta. Pela presunção da constitucionalidade, a regra continua válida. O professor acha que isso o parágrafo único é inconstitucional por se tratar de uma pena de caráter perpétuo.

IV - CASSAÇÃO DE APOSENTADORIA OU DISPONIBILIDADE;

É a situação em que o inativo perde os proventos. Ocorre quando se constata que o inativo praticou uma falta punida com demissão. Ele não será demitido, eis que o cargo já vagou com a aposentadoria. A conseqüência é a perda dos proventos.

Assim, se a aposentadoria ocorrer antes de instaurado o processo administrativo disciplinar e, comprovada a ocorrência de falta punível com demissão, poderá ter sua aposentadoria cassada.

Page 19: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

São dois casos de cassação:

Art. 134. Será cassada a aposentadoria ou a disponibilidade do inativo que houver praticado, na atividade, falta punível com a demissão.

Art. 32. Será tornado sem efeito o aproveitamento e cassada a disponibilidade se o servidor não entrar em exercício no prazo legal, salvo doença comprovada por junta médica oficial.

V - DESTITUIÇÃO DE CARGO EM COMISSÃO;

Está prevista também no artigo 135, abaixo explicado.

VI - DESTITUIÇÃO DE FUNÇÃO COMISSIONADA.

Ocorre quando estes servidores praticarem faltas punidas com demissão ou suspensão. É necessário instauração de processo administrativo disciplinar, ainda que ele possa ser exonerado ad nutum;

Art. 135. A destituição de cargo em comissão exercido por não ocupante de cargo efetivo será aplicada nos casos de infração sujeita às penalidades de suspensão e de demissão. Parágrafo único. Constatada a hipótese de que trata este artigo, a exoneração efetuada nos termos do art. 35 será convertida em destituição de cargo em comissão. (para que sofra os efeitos da demissão).

Art. 128. Na aplicação das penalidades serão consideradas a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela provierem para o serviço público, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes funcionais. É semelhante ao art. 59, CP (dosimetria).Parágrafo único. O ato de imposição da penalidade mencionará sempre o fundamento legal e a causa da sanção disciplinar.

Alçada punitiva descrita na lei:

Art. 141. As penalidades disciplinares serão aplicadas: I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes das Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo Procurador-Geral da República, quando se tratar de demissão e cassação de aposentadoria ou disponibilidade de servidor vinculado ao respectivo Poder, órgão, ou entidade; II - pelas autoridades administrativas de hierarquia imediatamente inferior àquelas mencionadas no inciso anterior quando se tratar de suspensão superior a 30 (trinta) dias; III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na forma dos respectivos regimentos ou regulamentos, nos casos de advertência ou de suspensão de até 30 (trinta) dias; IV - pela autoridade que houver feito a nomeação, quando se tratar de destituição de cargo em comissão.

PRESCRIÇÃO DA AÇÃO DISCIPLINAR:

Art. 142. A ação disciplinar prescreverá: I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de cargo em comissão; II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão; III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência. § 1o O prazo de prescrição começa a correr da data em que o fato se tornou conhecido. § 2o Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se às infrações disciplinares capituladas também como crime. § 3o A abertura de sindicância ou a instauração de processo disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final proferida por autoridade competente.

Page 20: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

§ 4o Interrompido o curso da prescrição, o prazo começará a correr a partir do dia em que cessar a interrupção.

“a data em que o fato se tornou conhecido”. É o conhecimento formal ou efetivo? A lei não responde essa pergunta.

Quando a infração disciplinar corresponder à crime, o prazo de prescrição disciplinar será o da lei penal.

OBS: Prazo regular máximo do processo disciplinar : 140 dias [60 + prorrogáveis por mais 60 + 20 (prazo de julgamento)]. Se durar mais de 140 dias, o recomeço do prazo prescricional ocorrerá no 141º dia. (STF- RMS 22.728):

EMENTA: Mandado de segurança. Servidor público. Penalidade de cassação da aposentadoria por improbidade administrativa e por aplicação irregular de dinheiros públicos. - Inexistência de nulidade do processo dirigido pela nova comissão processante, porquanto, além de não haver ofensa ao artigo 169 da Lei 8.112/90, não houve prejuízo para a impetrante. - Improcedência da alegação de ocorrência de prescrição. Interpretação da fluência do prazo de prescrição na hipótese de ser interrompido o seu curso (artigo 142, I e §§ 3º e 4º, da Lei 8.112/90). - Falta de demonstração da alegação vaga de cerceamento de defesa. - A alegação de que as imputações à impetrante são inconsistentes e não foram provadas, demanda reexame de elementos probatórios, o que não pode ser feito no âmbito estreito do mandado de segurança. - Inexistência do "bis in idem" pela circunstância de, pelos mesmos fatos, terem sido aplicadas a pena de multa pelo Tribunal de Contas da União e a pena de cassação da aposentadoria pela Administração. Independência das instâncias. Não aplicação ao caso da súmula 19 desta Corte. - Improcedência da alegação de que a pena de cassação da aposentadoria é inconstitucional por violar o ato jurídico perfeito. - Improcedência da alegação de incompetência do Ministro de Estado da Educação e do Desporto. Mandado de segurança denegado.

APURAÇÃO DO PROCESSO

Se uma autoridade administrativa (superior hierárquico) tomar conhecimento de alguma infração (de ofício) ou receber alguma denúncia, deverá promover apuração.

Art. 144. As denúncias sobre irregularidades serão objeto de apuração, desde que contenham a identificação e o endereço do denunciante e sejam formuladas por escrito, confirmada a autenticidade. SE A DENÚNCIA NÃO SEGUIR ESSAS FORMALIDADES O PROCESSO SERÁ NULO. Ex: denúncia anônima.

Parágrafo único. Quando o fato narrado não configurar evidente infração disciplinar ou ilícito penal, a denúncia será arquivada, por falta de objeto.

A apuração pode se dar:

Por sindicância: pode resultar: o O arquivamento; o Advertência ou suspensão por até 30 dias, desde que assegurado o contraditório e ampla

defesa; o Se verificar que é caso de punição mais grave, deve determinar a instauração de PAD;

Art. 145. Da sindicância poderá resultar: I - arquivamento do processo; II - aplicação de penalidade de advertência ou suspensão de até 30 (trinta) dias; III - instauração de processo disciplinar.

Page 21: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

Parágrafo único. O prazo para conclusão da sindicância não excederá 30 (trinta) dias, podendo ser prorrogado por igual período, a critério da autoridade superior.

Art. 146. Sempre que o ilícito praticado pelo servidor ensejar a imposição de penalidade de suspensão por mais de 30 (trinta) dias, de demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou destituição de cargo em comissão, será OBRIGATÓRIA a instauração de processo disciplinar.

STJ: A sindicância por si só, não precisa observar o contraditório, mas se quiser se valer da sindicância para aplicar punições, mesmo que leves, deve-se assegurar o contraditório e ampla defesa.

Por PAD:

Afastamento preventivo do servidor:

Art. 147. Como medida cautelar e a fim de que o servidor não venha a influir na apuração da irregularidade, a autoridade instauradora do processo disciplinar poderá determinar o seu afastamento do exercício do cargo, pelo prazo de até 60 (sessenta) dias, sem prejuízo da remuneração. Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorrogado por igual prazo, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que não concluído o processo.

Fases do PAD:

Art. 151. O processo disciplinar se desenvolve nas seguintes fases:

o I - INSTAURAÇÃO, com a publicação do ato que constituir a comissão;

o II - INQUÉRITO ADMINISTRATIVO (chamado de PAD propriamente dito, é a fase que incumbe à comissão), que compreende instrução, defesa e relatório;

Instrução: serão produzidas todas as provas que se fizerem necessárias. Após a instrução ocorrerá a indiciação, sendo o servidor notificado para apresentar defesa. Após, a comissão realiza a expedição de um relatório.

o III - JULGAMENTO.

O prazo de julgamento é de 20 dias, mas a demora não importa em invalidade. O julgamento não entra no prazo de 60 dias.

Art. 152. O prazo para a conclusão do processo disciplinar não excederá 60 (sessenta) dias, contados da data de publicação do ato que constituir a comissão, admitida a sua prorrogação por igual prazo, quando as circunstâncias o exigirem. § 1o Sempre que necessário, a comissão dedicará tempo integral aos seus trabalhos, ficando seus membros dispensados do ponto, até a entrega do relatório final. § 2o As reuniões da comissão serão registradas em atas que deverão detalhar as deliberações adotadas.

Art. 156. É assegurado ao servidor o direito de acompanhar o processo pessoalmente ou por intermédio de procurador, arrolar e reinquirir testemunhas, produzir provas e contraprovas e formular quesitos, quando se tratar de prova pericial.

O STJ firmou o entendimento de que o advogado é necessário para todos os atos do processo administrativo disciplinar. Se comparecer sem advogado, deverá a administração nomear advogado dativo. Súmula 343, STJ: “É obrigatória a presença de advogado em todas as fases do processo administrativo disciplinar”.

Page 22: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

Todavia, levada à questão ao STF, a suprema corte editou a súmula vinculante nº05: “A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo não ofende a Constituição”. Isto é, se a lei facultou a defesa técnica e o servidor não usa dessa prerrogativa, isso não provoca a nulidade do processo. Seria inconstitucional se a lei proibisse a presença do advogado.

§ 1o O presidente da comissão poderá denegar pedidos considerados impertinentes, meramente protelatórios, ou de nenhum interesse para o esclarecimento dos fatos. § 2o Será indeferido o pedido de prova pericial, quando a comprovação do fato independer de conhecimento especial de perito.

OBS: Existem dois tipos de procedimento de processo disciplinar que seriam “especiais”. São processos mais céleres:a) Acumulação irregular de cargos – art. 133, da Lei 8.112/90.

Art. 133. Detectada a qualquer tempo a acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas, a autoridade a que se refere o art. 143 notificará o servidor, por intermédio de sua chefia imediata, para apresentar opção no prazo improrrogável de dez dias, contados da data da ciência e, na hipótese de omissão, adotará procedimento sumário para a sua apuração e regularização imediata, cujo processo administrativo disciplinar se desenvolverá nas seguintes fases:(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)I - instauração, com a publicação do ato que constituir a comissão, a ser composta por dois servidores estáveis, e simultaneamente indicar a autoria e a materialidade da transgressão objeto da apuração; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)II - instrução sumária, que compreende indiciação, defesa e relatório;III - julgamento

b) Abandono de cargo e inassiduidade habitual – art. 140, da Lei 8.112/90

Art. 140. Na apuração de abandono de cargo ou inassiduidade habitual, também será adotado o procedimento sumário a que se refere o art. 133, observando-se especialmente que: I - a indicação da materialidade dar-se-á: a) na hipótese de abandono de cargo, pela indicação precisa do período de ausência intencional do servidor ao serviço superior a trinta dias; b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação dos dias de falta ao serviço sem causa justificada, por período igual ou superior a sessenta dias interpoladamente, durante o período de doze meses; II - após a apresentação da defesa a comissão elaborará relatório conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade do servidor, em que resumirá as peças principais dos autos, indicará o respectivo dispositivo legal, opinará, na hipótese de abandono de cargo, sobre a intencionalidade da ausência ao serviço superior a trinta dias e remeterá o processo à autoridade instauradora para julgamento

# Existe no direito brasileiro a teoria da verdade sabida? Significa que se a infração for evidente, ou o chefe visse a infração, não teria necessidade de processo administrativo, podendo aplicar a pena diretamente. Com efeito, após a CF/88, mesmo com as infrações mais evidentes, deverá respeitar o devido processo legal.No entanto, já que a infração é mais evidente, é possível simplificar o rito do procedimento.

ESTATUTO DA CIDADE:

Lei 10.257/01 (lei federal, com natureza jurídica de lei nacional).

Page 23: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

O estatuto da cidade, o qual possui como base constitucional nos art. 182 e art. 183 da CR que traçam as bases de uma política habitacional urbana, a fim de trazer um desenvolvimento racional e equilibrado da ocupação do solo urbano (cumprimento da função social estabelecida no plano diretor). Para tanto, traz diversos institutos que serão a seguir estudados.

O Estatuto da Cidade não dispensa a ocorrência da legislação municipal. Analogicamente, a Lei 10.257/01 seria de eficácia limitada, dependendo de regulamentação de legislação municipal.

Sistema nacional de competência (competência legislativa em matéria de direito administrativo). A quem compete legislar sobre direito administrativo? A regra geral é que cada ente federado legisle sobre o seu próprio direito administrativo, salvo quando a própria constituição dispuser em contrário. É o que se extrai do artigo 18, CR e o que não se estabelece o art. 22, CR (competência legislativa privativa da União):

Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.

Geraldo Ataliba: é por isso que no direito administrativo, em regra, Lei federal não é Lei nacional. Ex. de exceção: art. 22, II, CR (competência da união para legislar sobre desapropriação).

Fundamentação constitucional para a política urbana: direito de propriedade, com as limitações impostas pelo princípio da função social da propriedade.

Fundamentos mediatos:

Art. 5º, CF:XXII - é garantido o direito de propriedade; XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

Fundamento imediato:

Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes.§ 2º - A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:OBS: está sendo regulado pela lei 10.257/01I - parcelamento ou edificação compulsórios;II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.

Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.§ 1º - O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil.§ 2º - Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.

Page 24: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

§ 3º - Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.

Lei 10.257/01

Art. 1º:

§1º:

A lei se auto-batiza Estatuto da Cidade, mas já recebeu outras denominações: lei de proteção ambiental artificial; lei de responsabilidade social;

Os municípios podem criar outros instrumentos ao meio ambiente artificial, mas a lei estabelece uma espécie uma espécie de piso de garantias (é o mínimo que se deve assegurar).

Art. 2º:

Diretrizes gerais:

Clara relativização do direito de propriedade; O bem privado passa a ser relevante para a coletividade (“publiciza-se” os bens privados e

“privatiza-se” o bem público). Traz o particular para a gestão dos bens públicos; Gestão democrática da cidade;

Art. 4º: Instrumentos previstos no Estatuto da Cidade:

Inciso IV: institutos tributários e financeiros: IPTU, contribuição de melhoria e incentivos e benefícios fiscais e financeiros;

Art. 184 CF:4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:OBS: está sendo regulado pela lei 10.257/01I - parcelamento ou edificação compulsórios;II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.

Inciso V: institutos jurídicos de direito público no estatuto da cidade:

1) PARCELAMENTO, EDIFICAÇÃO E UTILIZAÇÃO COMPULSÓRIA: meio utilizado pelo poder público municipal para, através de lei específica municipal, determinar uma dessas três medidas. Ex: existe um terreno vazio em uma das principais ruas da cidade. O município pode determinar uma dessas medidas.

O poder público deve identificar o terreno e notificar o proprietário de que o terreno está subutilizado. Após a notificação, o proprietário tem prazo de 1 ano para apresentar o projeto. Em seguida o poder público autorizará a construção pelo proprietário, sendo que esse início deverá ocorrer até 2 anos após a autorização. O não cumprimento não gera sanção, somente passa-se para a próxima etapa (IPTU progressivo).

OBS: transmissão ou sucessão (mesmo que causa mortis) não suspende o prazo.

Page 25: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

Art. 5o Lei municipal específica para área incluída no plano diretor poderá determinar o parcelamento, a edificação ou a utilização compulsórios do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, devendo fixar as condições e os prazos para implementação da referida obrigação.§ 1o Considera-se subutilizado o imóvel:I – cujo aproveitamento seja inferior ao mínimo definido no plano diretor ou em legislação dele decorrente;II – (VETADO)§ 2o O proprietário será notificado pelo Poder Executivo municipal para o cumprimento da obrigação, devendo a notificação ser averbada no cartório de registro de imóveis.§ 3o A notificação far-se-á:I – por funcionário do órgão competente do Poder Público municipal, ao proprietário do imóvel ou, no caso de este ser pessoa jurídica, a quem tenha poderes de gerência geral ou administração;II – por edital quando frustrada, por três vezes, a tentativa de notificação na forma prevista pelo inciso I.§ 4o Os prazos a que se refere o caput não poderão ser inferiores a:I - um ano, a partir da notificação, para que seja protocolado o projeto no órgão municipal competente;II - dois anos, a partir da aprovação do projeto, para iniciar as obras do empreendimento.§ 5o Em empreendimentos de grande porte, em caráter excepcional, a lei municipal específica a que se refere o caput poderá prever a conclusão em etapas, assegurando-se que o projeto aprovado compreenda o empreendimento como um todo.

Art. 6o A transmissão do imóvel, por ato inter vivos ou causa mortis, posterior à data da notificação, transfere as obrigações de parcelamento, edificação ou utilização previstas no art. 5 o desta Lei, sem interrupção de quaisquer prazos.

Se alguém compra o imóvel depois de ocorrida a notificação, deverá cumprir o que havia sido notificado para o antigo dono.

Requisitos para notificação compulsória: Tem que haver um plano diretor; O plano diretor deve especificar as áreas sujeita edificação, parcelamento ou utilização compulsória; Deve existir uma lei municipal específica; Deve-se configurar a não utilização, sub-utilizado e não edificação

Somado tudo isso, realiza-se a notificação (art. 5,§2º da lei).

Pode haver esta notificação em face de bens públicos estaduais ou federais?Pode até notificar, mas nenhuma sanção pode recair sobre estes entes federados. Art.150, VI, CF. o município não pode instituir IPTU progressivo sobre bens públicos de outros entes. O município (art. 2º,§2º do decreto 3365/41) não pode também desapropriar bens dos Estados e nem da União situação que gera de certa um “hierarquia” federativa.

Qual o prazo da notificação compulsória?

§ 4o Os prazos a que se refere o caput não poderão ser inferiores a:I - um ano, a partir da notificação, para que seja protocolado o projeto no órgão municipal competente;II - dois anos, a partir da aprovação do projeto, para iniciar as obras do empreendimento.

É um prazo mínimo de 1 ano da notificação e o protocolo do projeto e o prazo mínimo de 2 anos entre a apresentação do projeto e o inicio da obra.

2) IPTU PROGRESSIVO : Se o projeto não estiver sido apresentado dentro do prazo de 1 ano ou se a construção não estiver sido iniciada no prazo de 2 anos, o poder público municipal fará uso do IPTU progressivo: as

Page 26: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

alíquotas do IPTU poderão ser majoradas por até 5 anos, limitadas ao dobro do ano anterior e ao limite de 15%. Quando se fala em tributos progressivos, devemos lembrar que a progressividade fiscal tem mero caráter arrecadatório (não tem caráter de pena) e a progressividade extrafiscal do IPTU visa punir o proprietário que está mal utilizando do bem, ou seja, visa fazer cumprir a função social da propriedade.Exs: a alíquota do próximo ano não pode ser superior ao dobro da alíquota do próximo ano.

0 1 2 3 4 5

2% 4% 8% 15% 15% 15%

0 1 2 3 4 5

2% 2,5% 4,5% 6% 8% 12%

OBS: a doutrina diz que o IPTU progressivo é um dever para o poder público.

Passados os cinco anos, o poder público municipal escolhe entre: manter a alíquota máxima alcançada na majoração (§ 2°) OU efetuar uma Desapropriação Sanção.

OBS: Os IPTUs progressivos previstos no Estatuto da cidade são uma espécie de punição ao proprietário, não podendo, portando, receber o benefício da anistia ou concessões de isenções.

Art. 7o Em caso de descumprimento das condições e dos prazos previstos na forma do caput do art. 5o desta Lei, ou não sendo cumpridas as etapas previstas no § 5o do art. 5o desta Lei, o Município procederá à aplicação do imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana (IPTU) progressivo no tempo, mediante a majoração da alíquota pelo prazo de cinco anos consecutivos.§ 1o O valor da alíquota a ser aplicado a cada ano será fixado na lei específica a que se refere o caput do art. 5o desta Lei e não excederá a duas vezes o valor referente ao ano anterior, respeitada a alíquota máxima de quinze por cento.§ 2o Caso a obrigação de parcelar, edificar ou utilizar não esteja atendida em cinco anos, o Município manterá a cobrança pela alíquota máxima, até que se cumpra a referida obrigação, garantida a prerrogativa prevista no art. 8o.§ 3o É vedada a concessão de isenções ou de anistia relativas à tributação progressiva de que trata este artigo.

De acordo com o art. 33 do CTN a base de calculo do IPTU é o valor venal do imóvel. 3)DESAPROPRIAÇÃO SANÇÃO OU DESAPROPRIAÇÃO DIRETA EXTRAORDINÁRIA : Passados os cinco anos, o poder público municipal escolhe entre: manter a alíquota máxima alcançada na majoração OU efetuar uma Desapropriação Sanção.

Panorama das desapropriações: Direta : se divide em três grandes grupos:

i) Ordinária: características: 1) não tem caráter de pena; 2) indenização justa, prévia e em dinheiro; 3) qualquer ente federado pode promovê-las. São três os tipos desta desapropriação: necessidade pública e utilidade (decreto-lei 3365/41) e interesse social ou geral (lei 4132/62). Nós temos duas espécies de desapropriação para fins de reforma agrária, sendo que existe uma que somente a União pode fazer e outra que também é possível aos estados e municípios podem realizar.

ii) Extraordinária: características: 1) tem caráter punitivo; 2) indenização justa, prévia e em títulos resgatáveis em até 20 anos; 3) na desapropriação para fins de reforma agrária (art. 184 a 186 da CF) somente a União pode fazer e a desapropriação por interesse social para reforma urbana prevista no art. 182, § 4º, III da CF.

Page 27: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

iii) Confisco: art. 243, caput, CF. características: 1) pune o crime; 2) não há indenização; 3) somente a União pode promovê-la.

Indireta :

Art. 8o Decorridos cinco anos de cobrança do IPTU progressivo sem que o proprietário tenha cumprido a obrigação de parcelamento, edificação ou utilização, o Município poderá proceder à desapropriação do imóvel, com pagamento em títulos da dívida pública.§ 1o Os títulos da dívida pública terão prévia aprovação pelo Senado Federal e serão resgatados no prazo de até dez anos, em prestações anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais de seis por cento ao ano.Conforme estabelece o art. 52, incisos VI,VII e VIII da CF, o senado é responsável por fixar os limites globais de endividamento. § 2o O valor real da indenização:I – refletirá o valor da base de cálculo do IPTU, descontado o montante incorporado em função de obras realizadas pelo Poder Público na área onde o mesmo se localiza após a notificação de que trata o § 2o do art. 5o desta Lei;II – não computará expectativas de ganhos, lucros cessantes e juros compensatórios.§ 3o Os títulos de que trata este artigo não terão poder liberatório para pagamento de tributos.Significa que não podem estes títulos serem utilizados para fins de compensação de tributos.§ 4o O Município procederá ao adequado aproveitamento do imóvel no prazo máximo de cinco anos, contado a partir da sua incorporação ao patrimônio público.§ 5o O aproveitamento do imóvel poderá ser efetivado diretamente pelo Poder Público ou por meio de alienação ou concessão a terceiros, observando-se, nesses casos, o devido procedimento licitatório.§ 6o Ficam mantidas para o adquirente de imóvel nos termos do § 5o as mesmas obrigações de parcelamento, edificação ou utilização previstas no art. 5o desta Lei.

Em nenhum momento a lei trata do procedimento desta desapropriação. Neste caso, devemos observar o art. 4º, §1º. O decreto-lei 3365/41 costuma ser considerada a lei geral da desapropriação, sendo aplicada nesta desapropriação que agora estamos estudando.

Essa espécie de desapropriação se trata de uma verdadeira sanção, pois o proprietário receberá o valor posteriormente em títulos da dívida pública (Senado deve aprovar o pagamento), parceladas anualmente pelo prazo de até 10 anos. É o único caso em o município emite titulo da divida pública. Diferentemente do que ocorre com a Desapropriação propriamente dita, onde a indenização será prévia e em dinheiro.

OBS: Essa desapropriação não se confunde com o confisco, posto que nesse inexiste indenização.

Feita a desapropriação, o poder público pode construir ou alienar (mediante licitação) o bem. (§§ 4° e 5º)

OBS: os 3 institutos acima vistos se referem ao descumprimento da função social da propriedade urbana. Art. 182 § 4° e incisos.

4) Concessão de uso especial para fins de moradia:

A concessão de uso especial para fins de moradia era quase uma desapropriação de bens públicos previstos no art. 15 ao art. 20 do Estatuto da Cidade. Foram vetados estes artigos visto que não estavam tratadas de forma detalhada, fazendo pela MP 2220 de 4 de setembro de 2001. Esta MP foi editada alguns dias antes da edição da EC 32/2001 (art. 2º), em razão disso a MP continua em pleno vigor.

Se alguém estiver usando um bem de até 250 metros quadrados e a mais de 5 anos, desde que seja até dia trinta de junho de 2001, terá direito a concessão de uso especial para fins de moradia. Isso é quase uma usucapião, pois é gratuito, não tem prazo para a concessão, somente perdendo se der outra destinação ao bem ou se adquirir outro bem e também é possível alienar por causa inter vivos ou causa mortis.

Page 28: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

Requisitos: Até 31 de junho de 2001 Possuir como seu Por 5 anos ininterruptamente e sem oposição Até 250 metros quadrados De imóvel público situado em área urbana Utilizando para sua moradia ou de sua família

OBS: Se retiradas as partes em amarelo, ao invés da concessão de uso para fins de moradia, teríamos uma usucapião especial.OBS: Aqui não adquire a propriedade, lembrando que se trata de bem público.

Características: Gratuita; Conferida ao homem, à mulher ou à ambos; Não pode ser conferido ao mesmo concessionário mais de uma vez; Não tem prazo determinado (art. 8º da MP 2022/2001); Só se extingue nos casos do art.8º da MP 2022/2001:

- O concessionário dá destinação diversa à moradia.- Adquirir outra concessão especial para fins de moradia.

Transferido por atos entre vivos ou causa mortis;

Procedimento: previsto no art. 6º da MP.

Art. 4º da MP: traz regra de procedimento vinculada.

Art. 2º da MP: Traz a possibilidade da concessão de uso para fins de moradia coletiva.

Art. 5º da MP: temos aqui uma faculdade de reconhecer o direito em outro lugar, o que nos faz perceber que seria possível manter a pessoa ou família no lugar que já ocupa por mais de 5 anos e até 30 de junho de 2001.

Art. 9º da MP: quem usou a área para fins comerciais, recebe a autorização de uso do local, que é muito precário, diferente da concessão de uso para fins de moradia.

5) DIREITO DE PREEMPÇÃO: é um direito real de preferência atribuído ao poder público municipal em áreas delimitadas em lei municipal. O direito de preferência se refere à aquisição de imóveis que seja objeto de alienação onerosa entre particulares. É uma forma de dar preferência de aquisição de imóveis pelo município não se utilizando de um procedimento de desapropriação. Não sendo conferido ao município o direito de preferência, poderá ser feita uma adjudicação compulsória do bem.

Assim que o particular decide pela venda de seu bem que consta da lei municipal, o poder público terá 30 dias para se manifestar acerca da aquisição. Não se manifestando nesse prazo, ocorre a venda ao particular. Efetuada a venda ao particular, o antigo proprietário terá um prazo de 30 dias para provar que a proposta dessa venda a mesma oferecida ao poder público municipal. Não provando isso, ou se comprovar que a proposta foi diferente, é facultado ao poder público a compra do bem pelo valor presente na base de cálculo do IPTU ou pelo valor da proposta feita ao particular, a que for menor.

Art. 25. O direito de preempção confere ao Poder Público municipal preferência para aquisição de imóvel urbano objeto de alienação onerosa entre particulares.Para a doutrina majoritária a permuta, dação em pagamento não é alienação onerosa. A alienação onerosa tem recebido uma interpretação restritiva de modo que somente a compra e venda seria esta alienação.§ 1o Lei municipal, baseada no plano diretor, delimitará as áreas em que incidirá o direito de preempção e fixará prazo de vigência, não superior a cinco anos, renovável a partir de um ano após o decurso do prazo inicial de vigência.Para haver a referida renovação, deve ser observado o período de um ano depois do primeiro período de 5 anos em que houve o direito de preferência.

Page 29: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

§ 2o O direito de preempção fica assegurado durante o prazo de vigência fixado na forma do § 1o, independentemente do número de alienações referentes ao mesmo imóvel.

Art. 26. O direito de preempção será exercido sempre que o Poder Público necessitar de áreas para: OBS: a finalidade do direito de preempçãoI – regularização fundiária;II – execução de programas e projetos habitacionais de interesse social;III – constituição de reserva fundiária;IV – ordenamento e direcionamento da expansão urbana;V – implantação de equipamentos urbanos e comunitários;VI – criação de espaços públicos de lazer e áreas verdes;VII – criação de unidades de conservação ou proteção de outras áreas de interesse ambiental;VIII – proteção de áreas de interesse histórico, cultural ou paisagístico;IX – (VETADO)Parágrafo único. A lei municipal prevista no § 1o do art. 25 desta Lei deverá enquadrar cada área em que incidirá o direito de preempção em uma ou mais das finalidades enumeradas por este artigo.Procedimento:Art. 27. O proprietário deverá notificar sua intenção de alienar o imóvel, para que o Município, no prazo máximo de trinta dias, manifeste por escrito seu interesse em comprá-lo.§ 1o À notificação mencionada no caput será anexada proposta de compra assinada por terceiro interessado na aquisição do imóvel, da qual constarão preço, condições de pagamento e prazo de validade.§ 2o O Município fará publicar, em órgão oficial e em pelo menos um jornal local ou regional de grande circulação, edital de aviso da notificação recebida nos termos do caput e da intenção de aquisição do imóvel nas condições da proposta apresentada.§ 3o Transcorrido o prazo mencionado no caput sem manifestação, fica o proprietário autorizado a realizar a alienação para terceiros, nas condições da proposta apresentada.§ 4o Concretizada a venda a terceiro, o proprietário fica obrigado a apresentar ao Município, no prazo de trinta dias, cópia do instrumento público de alienação do imóvel.§ 5o A alienação processada em condições diversas da proposta apresentada é nula de pleno direito.§ 6o Ocorrida a hipótese prevista no § 5o o Município poderá adquirir o imóvel pelo valor da base de cálculo do IPTU ou pelo valor indicado na proposta apresentada, se este for inferior àquele.

6) OUTORGA ONEROSA DO DIREITO DE CONSTRUIR OU LEI DO SOLO CRIADO: Trata-se de uma licença específica mediante contrapartida do construtor com caráter jurídico de ônus (não de dever) outorgada em favor de quem pretenda construir acima do coeficiente básico de aproveitamento.

O plano diretor urbano estabelece que em algumas áreas nas quais o direito de construir poderá ficar acima do coeficiente básico de aproveitamento.

Cada local tem um coeficiente de aproveitamento, que varia p. ex. pelo número de andares a serem construídos. Pode a legislação municipal estabelecer que acima do coeficiente de aproveitamento se possa construir mais, desde que se pague por isso. Ex: até 10 andares está dentro do coeficiente, se desejar construir mais que isso deverá pagar mais por isso (outorga onerosa do direito de construir). A razão da cobrança disso é que até tal limite a pessoa não paga nada, pois seria uma construção normal, ultrapassando o coeficiente o município terá um custo maior para fiscalizar a obra, terão mais conseqüências viárias para o local da construção etc.

A cobrança deste instituto seria uma tributação não prevista na CF, segundo parte da doutrina. Todavia, para o professor Eros Grau entende que esta tese está errada, pois não podemos confundir dever (tributo) com ônus (a pessoa se quiser usufruir de uma situação de vantagem ela deverá suportar o ônus). Logo, a construtora somente paga este ônus se quiser passar o coeficiente básico. Diante disso, decidiu o STF que esta cobrança não é tributo e é constitucional (março de 2008).

Ressalta-se que o coeficiente pode variar entre as áreas.

OBS: para construir acima do coeficiente, o particular deve pagar a diferença (é uma outorga onerosa). No caso de PPP, essa diferença é abatida na contraprestação estatal.

Page 30: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

Art. 28. O plano diretor poderá fixar áreas nas quais o direito de construir poderá ser exercido acima do coeficiente de aproveitamento básico adotado, mediante contrapartida a ser prestada pelo beneficiário.§ 1o Para os efeitos desta Lei, coeficiente de aproveitamento é a relação entre a área edificável e a área do terreno. § 2o O plano diretor poderá fixar coeficiente de aproveitamento básico único para toda a zona urbana ou diferenciado para áreas específicas dentro da zona urbana.§ 3o O plano diretor definirá os limites máximos a serem atingidos pelos coeficientes de aproveitamento, considerando a proporcionalidade entre a infra-estrutura existente e o aumento de densidade esperado em cada área.

Art. 29. O plano diretor poderá fixar áreas nas quais poderá ser permitida alteração de uso do solo, mediante contrapartida a ser prestada pelo beneficiário.Ex: se alguém desejar num bairro comercial mudar a destinação do imóvel para fins comercias, poderá fazer desde que suporte o ônus;Art. 30. Lei municipal específica estabelecerá as condições a serem observadas para a outorga onerosa do direito de construir e de alteração de uso, determinando:I – a fórmula de cálculo para a cobrança;II – os casos passíveis de isenção do pagamento da outorga;III – a contrapartida do beneficiário.

Art. 31. Os recursos auferidos com a adoção da outorga onerosa do direito de construir e de alteração de uso serão aplicados com as finalidades previstas nos incisos I a IX do art. 26 desta Lei.

7) TRANSFERÊNCIA DO DIREITO DE CONSTRUIR: previsto no art. 35.

8) OPERAÇÕES URBANAS CONSORCIADAS: são programas e intervenções realizadas e coordenadas pelo poder público com a participação de moradores, proprietários, empresários (iniciativa privada) com fim de reabilitar, recuperar e etc., determinada área. Trata-se de uma administração consensual.

Art. 32. Lei municipal específica, baseada no plano diretor, poderá delimitar área para aplicação de operações consorciadas.§ 1o Considera-se operação urbana consorciada o conjunto de intervenções e medidas coordenadas pelo Poder Público municipal, com a participação dos proprietários, moradores, usuários permanentes e investidores privados, com o objetivo de alcançar em uma área transformações urbanísticas estruturais, melhorias sociais e a valorização ambiental.§ 2o Poderão ser previstas nas operações urbanas consorciadas, entre outras medidas:I – a modificação de índices e características de parcelamento, uso e ocupação do solo e subsolo, bem como alterações das normas edilícias, considerado o impacto ambiental delas decorrente;II – a regularização de construções, reformas ou ampliações executadas em desacordo com a legislação vigente.

Art. 33. Da lei específica que aprovar a operação urbana consorciada constará o plano de operação urbana consorciada, contendo, no mínimo:I – definição da área a ser atingida;II – programa básico de ocupação da área;III – programa de atendimento econômico e social para a população diretamente afetada pela operação;IV – finalidades da operação;V – estudo prévio de impacto de vizinhança;VI – contrapartida a ser exigida dos proprietários, usuários permanentes e investidores privados em função da utilização dos benefícios previstos nos incisos I e II do § 2o do art. 32 desta Lei;VII – forma de controle da operação, obrigatoriamente compartilhado com representação da sociedade civil.§ 1o Os recursos obtidos pelo Poder Público municipal na forma do inciso VI deste artigo serão aplicados exclusivamente na própria operação urbana consorciada.§ 2o A partir da aprovação da lei específica de que trata o caput, são nulas as licenças e autorizações a cargo do Poder Público municipal expedidas em desacordo com o plano de operação urbana consorciada.

Art. 34. A lei específica que aprovar a operação urbana consorciada poderá prever a emissão pelo Município de quantidade determinada de certificados de potencial adicional de construção, que serão alienados em leilão ou utilizados diretamente no pagamento das obras necessárias à própria operação.§ 1o Os certificados de potencial adicional de construção serão livremente negociados, mas conversíveis em direito de construir unicamente na área objeto da operação.

Page 31: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

§ 2o Apresentado pedido de licença para construir, o certificado de potencial adicional será utilizado no pagamento da área de construção que supere os padrões estabelecidos pela legislação de uso e ocupação do solo, até o limite fixado pela lei específica que aprovar a operação urbana consorciada.

9) ESTUDO DE IMPACTO DE VIZINHANÇA (EIV): trata-se de um estudo que busca analisar os impactos positivos e negativos na qualidade de vida da vizinhança. Funciona tal como os estudos de impacto de ambiental, que se faz para verificar quais impactos ocorrerão no meio ambiente.

A lei municipal especifica determinará os empreendimentos e as atividades que necessitarão do EIV para obter licença e autorização para que possam atuar.

Art. 36. Lei municipal definirá os empreendimentos e atividades privados ou públicos em área urbana que dependerão de elaboração de estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV) para obter as licenças ou autorizações de construção, ampliação ou funcionamento a cargo do Poder Público municipal.

Art. 37. O EIV será executado de forma a contemplar os efeitos positivos e negativos do empreendimento ou atividade quanto à qualidade de vida da população residente na área e suas proximidades, incluindo a análise, no mínimo, das seguintes questões:I – adensamento populacional;II – equipamentos urbanos e comunitários;III – uso e ocupação do solo;IV – valorização imobiliária;V – geração de tráfego e demanda por transporte público;VI – ventilação e iluminação;VII – paisagem urbana e patrimônio natural e cultural.Parágrafo único. Dar-se-á publicidade aos documentos integrantes do EIV, que ficarão disponíveis para consulta, no órgão competente do Poder Público municipal, por qualquer interessado.

Art. 38. A elaboração do EIV não substitui a elaboração e a aprovação de estudo prévio de impacto ambiental (EIA), requeridas nos termos da legislação ambiental.

10 ) PLANO DIRETOR URBANO (PDU):

Art. 39. A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor, assegurando o atendimento das necessidades dos cidadãos quanto à qualidade de vida, à justiça social e ao desenvolvimento das atividades econômicas, respeitadas as diretrizes previstas no art. 2o desta Lei.Art. 40. O plano diretor, aprovado por lei municipal, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana.§ 1o O plano diretor é parte integrante do processo de planejamento municipal, devendo o plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e o orçamento anual incorporar as diretrizes e as prioridades nele contidas.§ 2o O plano diretor deverá englobar o território do Município como um todo.§ 3o A lei que instituir o plano diretor deverá ser revista, pelo menos, a cada dez anos.§ 4o No processo de elaboração do plano diretor e na fiscalização de sua implementação, os Poderes Legislativo e Executivo municipais garantirão:I – a promoção de audiências públicas e debates com a participação da população e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade;II – a publicidade quanto aos documentos e informações produzidos;III – o acesso de qualquer interessado aos documentos e informações produzidos.§ 5o (VETADO) Art. 41. O plano diretor é obrigatório para cidades:I – com mais de vinte mil habitantes;II – integrantes de regiões metropolitanas e aglomerações urbanas;III – onde o Poder Público municipal pretenda utilizar os instrumentos previstos no § 4 o do art. 182 da Constituição Federal;IV – integrantes de áreas de especial interesse turístico;

Page 32: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

V – inseridas na área de influência de empreendimentos ou atividades com significativo impacto ambiental de âmbito regional ou nacional.§ 1o No caso da realização de empreendimentos ou atividades enquadrados no inciso V do caput, os recursos técnicos e financeiros para a elaboração do plano diretor estarão inseridos entre as medidas de compensação adotadas.§ 2o No caso de cidades com mais de quinhentos mil habitantes, deverá ser elaborado um plano de transporte urbano integrado, compatível com o plano diretor ou nele inserido.Art. 42. O plano diretor deverá conter no mínimo:I – a delimitação das áreas urbanas onde poderá ser aplicado o parcelamento, edificação ou utilização compulsórios, considerando a existência de infra-estrutura e de demanda para utilização, na forma do art. 5o

desta Lei;II – disposições requeridas pelos arts. 25, 28, 29, 32 e 35 desta Lei;III – sistema de acompanhamento e controle.

11) GESTÃO DEMOCRATICA DA CIDADE (art. 43 a 45)

Isso é chamado na Europa de administração publica dialógica, pois para gerir a coisa publica é preciso a participação da sociedade.

BENS PÚBLICOS

DOMÍNIO PÚBLICO (gênero):

Domínio patrimonial: está ligado aos bens públicos; Domínio eminente: são prerrogativas que tem o Estado de intervir na propriedade alheia;

Conceito: Embora o art. 65, CC/16 tivesse definido bens públicos como sendo tão somente os bens da União, dos Estados e dos Municípios, a doutrina e jurisprudência promoveram a extensão do conceito de bem público para nele incluir os bens do DF, das autarquias, das Fundações públicas, das sociedades de economia mista e das empresas públicas e, num sentido amplo, até mesmo os bens das concessionárias.

Hoje nós temos o conceito no art. 98 do CC/02: São públicos somente os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno (previstas no art. 41 do CC).

Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.

Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:I - a União;II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;III - os Municípios;IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; (Redação dada pela Lei nº 11.107, de 2005)V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código.OBS: Este parágrafo não se aplica as EP e SEM, parece que foi dirigido para as Fundações Públicas.

IMPORTANTE: Com o CC/02 os bens das Sociedades de Economia Mista, Empresa Pública e as Concessionárias não são mais bens públicos.

Page 33: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

Há autores que também defendem que mesmo após o CC/02 os bens das Sociedades de Economia Mista e Empresa Pública são públicos (atualizadores do livro do Hely Lopes Meireles).

O conceito patrimônio público é um conceito que abrange o conceito de bem público.

Ainda hoje após 2002 temos quem defenda que os bens das concessionárias são públicos.

Na prova ficar com o conceito legal de bens públicos.

AULA 04 – 13/09/2008CLASSIFICAÇÃO DOS BENS PÚBLICOS:

a) Quanto ao titular: Federais (art. 20 da CF c/c decreto-lei 9.760/46 e lei 9.636/98)

Art. 20. São bens da União: I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos;

II - as terras devolutas (terra que nunca teve propriedade matriculada ou que tendo tido propriedade matriculada a perdeu) indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei;

Grilagem: é a fraude que incide sobre uma terra devoluta. “colocar grilo no papel para o documento ficar com aparência de velho”.As terras devolutas são, em regra, dos Estados (art. 26, IV da CF). Somente serão da União estas deste inciso. Poderá o Estado doar ou outorgar aos municípios se desejarem fazer na forma da Constituição do Estado.Cespe - AGU (v): Em tese todos os entes federados podem ter terras devolutas.

III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II; (Redação dada pela Emenda Constituciona nº 46, de 2005)V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva;VI - o mar territorial; VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; Quem define o que é terreno de marinha é o art. 2º do decreto-lei 9760/46. VIII - os potenciais de energia hidráulica;IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos;XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.§ 1º - É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da administração direta da União, participação no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração. § 2º - A faixa de até cento e cinqüenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de fronteira, é considerada fundamental para defesa do território nacional, e sua ocupação e utilização serão reguladas em lei.

Estaduais

Page 34: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União;II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios ou terceiros;III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União;IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União.

Municipais Distritais

b) Quanto à destinação:

Bens de uso comum do povo (art. 99, inciso I, do CC): São aqueles bens afetados à utilização sem restrições extraordinárias, respeitada a essência do bem (ex. numa rua não posso trafegar na contramão; não posso usar uma praça como moradia). O uso destes bens pode ser gratuito ou retribuído (art. 103 do CC).

Art. 103, CC. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem.

Bens de uso especial (art. 99, inciso II, do CC): Se divide em três subespécies:

a) Bens administrativos: são aqueles bens afetados (destinados –ex. as plaquinhas que estão pregadas em bens públicos trazem o número da afetação) à função administrativa. (ex. automóvel da policia; o prédio do fórum etc.). Pode haver restrição quanto a vestimentas, quanto ao horário de funcionamento etc.;

b) Bens dotados de restrição extraordinária: ex. parques ou praças fechados que possuem horário de funcionamento;

c) Bens utilizados por terceiro com privatividade: Casos em que terceiro usará bem público como se fosse dele. ex. banca de jornal; local público que se instala um circo etc.

Bens dominicais ou dominial ou disponíveis : são aqueles bens não afetados (pode ser um bem que já foi afetado e foi desafetado ou um bem que nunca foi afetado).

Art. 99. São bens públicos:I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias;III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado.

Formas de utilização de bens públicos por terceiros com privatividade:

Concessão de uso Permissão de uso Autorização de usoConceito:

É um contrato administrativo que confere um vínculo estável (não precário) de um bem público para terceiros.

Conceito:É ato negocial, unilateral, discricionário e precário através do qual a administração faculta o uso individual de um bem público.

Conceito:É ato unilateral, discricionário e precário pelo qual a administração autoriza o uso individual de um bem um público.

Page 35: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

É a transferência gratuita ou onerosa da posse de um bem público de um órgão ou entidade para:a) outro órgão público ou entidade. Ex: o estado deseja instalar uma delegacia num município, mas não está conseguindo o local, o que faz o município ceder o espaço.b) a pessoas físicas ou jurídicas quando houver interesse publico no seu aproveitamento ou destinação. Ex: mercado público.

Precisa de autorização legislativa e de licitação, desde que não esteja dentro da exceção a regra.

O ato negocial é um ato com mais garantias em relação à autorização de uso. É o meio termo entre o ato e o contrato.

Peculiaridade:Não depende de lei autorizativa, mas depende de licitação (doutrina majoritária).

Característica: Pode ser gratuito ou remunerado.

Ex:Banca de Jornal

Característica: provisoriedade ou transitoriedade.

Ex:Autorizar a instalação de um circo por alguns dias; autorizar festas regionais etc.

Outras espécies de concessão de bem público:

Concessão de uso especial para fins de moradia (MP 2220/2001)

Concessão de direito real de uso (art. 7º do decreto-lei 271/67)

Concessão florestal (Art. 3º, VII, lei 11.284/06)

Já vista na aula de estatuto da cidade.

É contrato pela qual a administração transfere o uso remunerado ou não de um terreno publico como direito real resolúvel com destinação destinado a programas de urbanização, industrialização ou outra exploração de interesse social.

É delegação onerosa, mediante licitação.

É uma forma de trazer o particular como fiscal da preservação ambiental.

Isso foi chamada na época de privatização da Amazônia.

Cessão de uso: É a transferência de bem público para outro órgão público, ou para particulares que desempenham a satisfação de interesses gerais e legítimos. A cessão de uso é destinada ao 3º Setor.

1º Setor: Governo (Poder Público)2º Setor: Sociedade (empresas)3º Setor: Não integram o poder público, mas desempenham as atividades relevantes ao Estado. Ex: APAE.4º Setor: É o mercado informal. 5º Setor: Crime organizado.

Enfiteuse: É também uma concessão de bem público que continua existindo com relação aos bens públicos (art. 2.038, §2º CC). As enfiteuses de terreno de marinha ainda existem (DL 9760/46 e Lei 9636/98).

Art. 2.038. Fica proibida a constituição de enfiteuses e subenfiteuses, subordinando-se as existentes, até sua extinção, às disposições do Código Civil anterior, Lei n o 3.071, de 1 o de janeiro de 1916, e leis posteriores.§ 1o Nos aforamentos a que se refere este artigo é defeso:I - cobrar laudêmio ou prestação análoga nas transmissões de bem aforado, sobre o valor das construções ou plantações;

Page 36: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

II - constituir subenfiteuse.§ 2o A enfiteuse dos terrenos de marinha e acrescidos regula-se por lei especial.

Atenção: É possível o Poder Público se valer de instituto de direito privado, como o arrendamento e a locação, para a destinação de bens públicos.

CARACTERÍSTICAS DOS BENS PÚBLICOS:

a) Inalienabilidade

Trata-se de uma característica relativa, pois somente os bens de uso comum do povo e os de uso especial possuem esta característica. Se eles perderem essa qualidade (desafetação), eles passarão a ser dominicais, e poderão ser alienados, observadas as exigências dos artigos 17 e 19 da Lei de Licitações.

Art. 100, CC. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar.

Art. 101, CC. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei (art. 17 e 19 da lei 8.666/93).

Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à existência de interesse público devidamente justificado, será precedida de avaliação e obedecerá às seguintes normas:I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa para órgãos da administração direta e entidades autárquicas e fundacionais, e, para todos, inclusive as entidades paraestatais, dependerá de avaliação prévia e de licitação na modalidade de concorrência, dispensada esta nos seguintes casos: a) dação em pagamento; b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou entidade da administração pública, de qualquer esfera de governo, ressalvado o disposto nas alíneas f e h; (Redação dada pela Lei nº 11.481, de 2007)c) permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos constantes do inciso X do art. 24 desta Lei; d) investidura; e) venda a outro órgão ou entidade da administração pública, de qualquer esfera de governo; (Incluída pela Lei nº 8.883, de 1994)f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens imóveis residenciais construídos, destinados ou efetivamente utilizados no âmbito de programas habitacionais ou de regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por órgãos ou entidades da administração pública; (Redação dada pela Lei nº 11.481, de 2007)g) procedimentos de legitimação de posse de que trata o art. 29 da Lei n o 6.383, de 7 de dezembro de 1976, mediante iniciativa e deliberação dos órgãos da Administração Pública em cuja competência legal inclua-se tal atribuição; (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)h) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens imóveis de uso comercial de âmbito local com área de até 250 m² (duzentos e cinqüenta metros quadrados) e inseridos no âmbito de programas de regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por órgãos ou entidades da administração pública; (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007)II - quando móveis, dependerá de avaliação prévia e de licitação, dispensada esta nos seguintes casos:a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de interesse social, após avaliação de sua oportunidade e conveniência sócio-econômica, relativamente à escolha de outra forma de alienação; b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou entidades da Administração Pública; c) venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa, observada a legislação específica;

Page 37: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

d) venda de títulos, na forma da legislação pertinente;e) venda de bens produzidos ou comercializados por órgãos ou entidades da Administração Pública, em virtude de suas finalidades;f) venda de materiais e equipamentos para outros órgãos ou entidades da Administração Pública, sem utilização previsível por quem deles dispõe. § 1o Os imóveis doados com base na alínea "b" do inciso I deste artigo, cessadas as razões que justificaram a sua doação, reverterão ao patrimônio da pessoa jurídica doadora, vedada a sua alienação pelo beneficiário. § 2o A Administração também poderá conceder título de propriedade ou de direito real de uso de imóveis, dispensada licitação, quando o uso destinar-se: (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005)I - a outro órgão ou entidade da Administração Pública, qualquer que seja a localização do imóvel; (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)II - a pessoa física que, nos termos de lei, regulamento ou ato normativo do órgão competente, haja implementado os requisitos mínimos de cultura e moradia sobre área rural situada na região da Amazônia Legal, definida no art. 2o da Lei no 5.173, de 27 de outubro de 1966, superior à legalmente passível de legitimação de posse referida na alínea g do inciso I do caput deste artigo, atendidos os limites de área definidos por ato normativo do Poder Executivo. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) (Regulamento)§ 2o-A. As hipóteses da alínea g do inciso I do caput e do inciso II do § 2 o deste artigo ficam dispensadas de autorização legislativa, porém submetem-se aos seguintes condicionamentos: (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)I - aplicação exclusivamente às áreas em que a detenção por particular seja comprovadamente anterior a 1o de dezembro de 2004; (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)II - submissão aos demais requisitos e impedimentos do regime legal e administrativo da destinação e da regularização fundiária de terras públicas; (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)III - vedação de concessões para hipóteses de exploração não-contempladas na lei agrária, nas leis de destinação de terras públicas, ou nas normas legais ou administrativas de zoneamento ecológico-econômico; e (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)IV - previsão de rescisão automática da concessão, dispensada notificação, em caso de declaração de utilidade, ou necessidade pública ou interesse social. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)§ 2o-B. A hipótese do inciso II do § 2o deste artigo: (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)I - só se aplica a imóvel situado em zona rural, não sujeito a vedação, impedimento ou inconveniente a sua exploração mediante atividades agropecuárias; (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)II - fica limitada a áreas de até 500 (quinhentos) hectares, vedada a dispensa de licitação para áreas superiores a esse limite; e (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)III - pode ser cumulada com o quantitativo de área decorrente da figura prevista na alínea g do inciso I do caput deste artigo, até o limite previsto no inciso II deste parágrafo. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)§ 3o Entende-se por investidura, para os fins desta lei: (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)I - a alienação aos proprietários de imóveis lindeiros de área remanescente ou resultante de obra pública, área esta que se tornar inaproveitável isoladamente, por preço nunca inferior ao da avaliação e desde que esse não ultrapasse a 50% (cinqüenta por cento) do valor constante da alínea "a" do inciso II do art. 23 desta lei; (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)II - a alienação, aos legítimos possuidores diretos ou, na falta destes, ao Poder Público, de imóveis para fins residenciais construídos em núcleos urbanos anexos a usinas hidrelétricas, desde que considerados dispensáveis na fase de operação dessas unidades e não integrem a categoria de bens reversíveis ao final da concessão. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)§ 4o A doação com encargo será licitada e de seu instrumento constarão, obrigatoriamente os encargos, o prazo de seu cumprimento e cláusula de reversão, sob pena de nulidade do ato, sendo dispensada a licitação no caso de interesse público devidamente justificado; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)§ 5o Na hipótese do parágrafo anterior, caso o donatário necessite oferecer o imóvel em garantia de financiamento, a cláusula de reversão e demais obrigações serão garantidas por hipoteca em segundo grau em favor do doador. (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)

Page 38: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

§ 6o Para a venda de bens móveis avaliados, isolada ou globalmente, em quantia não superior ao limite previsto no art. 23, inciso II, alínea "b" desta Lei, a Administração poderá permitir o leilão. (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)§ 7o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007) Art. 19. Os bens imóveis da Administração Pública, cuja aquisição haja derivado de procedimentos judiciais ou de dação em pagamento, poderão ser alienados por ato da autoridade competente, observadas as seguintes regras:I - avaliação dos bens alienáveis;II - comprovação da necessidade ou utilidade da alienação;III - adoção do procedimento licitatório, sob a modalidade de concorrência ou leilão. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)

Existem dois casos de inalienabilidade absolutas previstas na CF: art. 225, § 5º e art. 231,§ 4º.

Art. 225, § 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.OBS: As demais terras devolutas são alienáveis.Terras tradicionalmente ocupadas pelos índios – Art. 231, § 4º - As terras de que trata este artigo são inalienáveis e indisponíveis, e os direitos sobre elas, imprescritíveis.

Aquisição de bens públicos: Há uma maior flexibilidade. São várias as formas de aquisição de bens públicos. Algumas formas são do direito privado, como por exemplo a compra e venda, doação, permuta, dação em pagamento. Mas existem algumas formas de aquisição que são de direito público, como por exemplo a desapropriação, determinação legal (lei de loteamentos – lei 6766/79).

b) Imprescritíveis (art. 183, § 3º e art.191, parágrafo único da CF/88 e art. 110 do CC/02): não podem ser adquiridos por usucapião.

Art. 183,§ 3º - Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.

Art. 191, Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.

Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião.

Súmula nº 340 do STF: “Desde a vigência do código civil, os bens dominicais, como os demais bens públicos, não podem ser adquiridos por usucapião”.

Lei 6969/81: admitiu a usucapião de terra devoluta (bem dominical), não mais tal possibilidade em virtude da CF/88, que não recepcionou o dispositivo da lei. Todavia, entre 81 e 88 foi possível usucapir terras devolutas.

c) impenhoráveis: Os bens públicos são impenhoráveis por dois motivos:

Primeiro: Não podem sofrer constrição judicial para garantir as futuras execuções, em razão da sistemática de cobrança em face do Poder Público, que por sua vez, possui presunção de solvibilidade.

A execução contra o poder público se dará por precatório previsto no art. 100 da CF. Em razão desta garantia que um dia irá pagar não se admite a penhora de bens públicos.

Page 39: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

Segundo: A penhora é um tipo de garantia de dívida tendente a alienação, que fere o princípio da continuidade do serviço público. Da mesma forma não se admite o seqüestro e o arresto de bem publico, pois será transformada em penhora no futuro. Ex: Uma viatura de polícia não pode ser penhorada.

OBS: Mesmo não sendo bens públicos, os bens afetados à prestação de serviço público são impenhoráveis. Eles não são bens públicos, mas possuem característica de um bem público, decorrente do princípio da continuidade. Além disso, pode a lei atribuir a impenhorabilidade à bens que por definição não são bens públicos. STF no RE 220.906

OBS (pagamento de precatórios): Art. 78, da ADCT: § 4º O Presidente do Tribunal competente deverá, vencido o prazo ou em caso de omissão no orçamento, ou preterição ao direito de precedência, a requerimento do credor, requisitar ou determinar o seqüestro de recursos financeiros da entidade executada, suficientes à satisfação da prestação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 30, de 2000). OBS: Isso não se trata de penhora de bem público. Pode ser denominada de quitação compulsória.

d) não oneração: Os bens públicos não podem ser objeto de direitos reais de garantia (hipoteca, penhor e anticrese). Exceção: bens dominicais.

Essa característica tem direta relação com a inalienabilidade, por isso que os bens dominicais podem ser objeto de direito real de garantia.

Art. 1.420 CC. Só aquele que pode alienar poderá empenhar, hipotecar ou dar em anticrese; só os bens que se podem alienar poderão ser dados em penhor, anticrese ou hipoteca.§ 1o A propriedade superveniente torna eficaz, desde o registro, as garantias reais estabelecidas por quem não era dono.§ 2o A coisa comum a dois ou mais proprietários não pode ser dada em garantia real, na sua totalidade, sem o consentimento de todos; mas cada um pode individualmente dar em garantia real a parte que tiver.

ALGUNS BENS PÚBLICOS EM ESPÉCIE

Terras devolutas – É aquela que não está destinada a qualquer uso público, nem legitimamente integrada ao patrimônio particular (Diógenes Gasparini).

São bens dominicais e disponíveis (alienáveis), salvo as terras devolutas destinadas à proteção dos ecossistemas naturais.

A regra geral é que as terras devolutas sejam dos Estados. Só serão da União as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras...

Art. 20. São bens da União:II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei;

Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União.

Os Estados-membros, por regramento constitucional, podem doar as terras devolutas aos municípios (recebem por outorga). Já caiu na CESPE como verdadeira: “Em tese, pode todos os três federados serem titulares de terras devolutas”.

Page 40: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

Terrenos de Marinha – A definição está no art. 2º, do Decreto Lei 9.760/46: São terrenos de marinha, em uma profundidade de 33 metros, medidos horizontalmente, para a parte da terra, da posição da linha do preamar-médio de 1831.

Linha do preamar-médio de 1831 é a média entre a mais alta maré de 1831 e a mais baixa maré de 1831

DESAPROPRIAÇÕES

Espécies de desapropriações

Direta

Desapropriações Ordinárias – Não possuem caráter de sanção ou pena;Indenização justa, prévia e em dinheiro;Não há restrição quanto aos entes federados que podem promovê-las.Estão no artigo 5º, XXIV, CF: “a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição”.São três tipos:

Desapropriação por Necessidade Pública: Tem a ver com sobrevivência.Desapropriação por Utilidade Pública: Tem a ver com qualidade de vida. Em ambas se aplica o DL 3365/41. Já se decidiu que não há desvio de finalidade entres esses dois tipos de desapropriação.Desapropriação por interesse social (geral): Lei 4.132/62

Desapropriações Extraordinárias – Possuem caráter sancionatório (Pune o descumprimento da função social da propriedade).Indenização justa, prévia e em títulos.Há restrição quanto aos entes que podem promovê-los. (Só União ou Municípios).São dois tipos:

Desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária. Art. 184 a 186, CF.Desapropriação por interesse social para fins de reforma urbana. Art. 182, §4º, III, CF.

Desapropriação confisco – Possui caráter sancionatório.Não há indenizaçãoArt. 243, CF: “As glebas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas serão imediatamente expropriadas e especificamente destinadas ao assentamento de colonos, para o cultivo de produtos alimentícios e medicamentosos, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei”.

Indireta – Esse procedimento não existe. Ele é à revelia do ordenamento jurídico.

AULA 05 – 14/09/2008

Page 41: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

ROTEIRO BÁSICO DO PROCEDIMENTO DA DESAPROPRIAÇÃO

Toda desapropriação terá duas fases:

Declaratória – É a fase em que se declara o fundamento. Ex: tal bem é de utilidade pública/necessidade pública/interesse social por tal motivo.

Executória – É a fase em que se efetiva a transferência de domínio, ou por via judicial, ou por via de acordo com o próprio administrado.

Execução administrativa – Execução judicial –

DECRETO LEI 3365/41 (LGD – Lei Geral das Desapropriações).

Art. 5º, XXIV, CF:a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição

Esse decreto regulamenta a desapropriação por utilidade pública e a por necessidade pública.

Utilidade pública: Tem a ver com a qualidade de vida dos administrados. Ex: Desapropriação para construir escola, monumentos, etc.Necessidade pública: Tem a ver com a sobrevivência dos administrados.

OBS: Essa diferença não é muito importante, eis que ambos os institutos são regrados pelo mesmo decreto. Já houve decisão no sentido de que não há que se falar em tresdestinação ou desvio de finalidade nesse caso.OBS: Construção de hospital seria necessidade ou utilidade? É muito discutido, todavia, a discussão é irrelevante.

FASE DECLARATÓRIA

Regra nacional. Art. 1o A desapropriação por utilidade pública regular-se-á por esta lei, em todo o território nacional.

OBS: Essa regra demonstra o caráter nacional do decreto lei. OBS: A Lei não trata da desapropriação por necessidade pública, que se trata de construção doutrinária.

Limitação à expropriação. Art. 2o Mediante declaração de utilidade pública, todos os bens poderão ser desapropriados pela União, pelos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios.

OBS: A doutrina limita a expressão “todos os bens”.- Não se pode expropriar nome, honra, imagem, vida, liberdade, isto é, os direitos da personalidade. Todavia, os efeitos decorrentes podem ser expropriados, como por exemplo, uma marca.- Não se pode expropriar moeda corrente nacional, por lógica, eis que o pagamento será pelo próprio valor. Moeda estrangeira e moeda de colecionador podem ser.- Não se pode expropriar bens da União, por falta de quem os exproprie.- Súmula 479, STF: “As margens dos rios navegáveis são de domínio público, insuscetíveis de expropriação e, por isso mesmo, excluídas de indenização”.

Page 42: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

Art. 2º, § 2o Os bens do domínio dos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios poderão ser desapropriados pela União, e os dos Municípios pelos Estados, mas, em qualquer caso, ao ato deverá preceder autorização legislativa.

OBS: A União pode desapropriar bens dos Estados, dos Territórios (se houver), dos Municípios e do DF. Os Estados podem desapropriar bens dos Municípios. Em todos os casos, deve observar a precedência de autorização legislativa.

OBS: A maior parte da doutrina entende que os municípios além de não poder desapropriar bens dos estados e da união, não podem também desapropriar suas autarquias, fundações, etc.

OBS: O decreto lei 3365/41 nasceu na vigência da Constituição Polaca de 1937, que admitia a hierarquização dos entes federados. Existe discussão nesse sentido: Qual é a razão pela qual, não havendo hierarquização entre os entes federados com a CF/88, a União poder desapropriar bens dos Estados, e os Estados não pode desapropriar bens da União? (Discutir em prova discursiva).

Art. 3o Os concessionários de serviços públicos e os estabelecimentos de carater público ou que exerçam funções delegadas de poder público poderão promover desapropriações mediante autorização expressa, constante de lei ou contrato.

OBS: A expressão “promover” significa que o particular poderá efetivar a transferência de domínio (executar a desapropriação), e não declarar o motivo. Ele deve estar autorizado pela lei ou pelo contrato.Também está previsto no art. 31, VI da lei 8987 (lei de concessões):

Art. 31. Incumbe à concessionária:VI - promover as desapropriações e constituir servidões autorizadas pelo poder concedente, conforme previsto no edital e no contrato;

Desapropriação por zona. Art. 4o A desapropriação poderá abranger a área contígua necessária ao desenvolvimento da obra a que se destina, e as zonas que se valorizarem extraordinariamente, em consequência da realização do serviço. Em qualquer caso, a declaração de utilidade pública deverá compreendê-las, mencionando-se quais as indispensaveis à continuação da obra e as que se destinam à revenda.

OBS: Aqui se tem a denominada desapropriação por zona. O Poder Público pode desapropriar área maior que a necessária no momento. Ocorre quando o Poder Público ao realizar uma obra, que há perspectiva iminente de ampliá-la em breve, para que o poder público não precise indenizar mais no futuro pelo resto da área (pois a área que ele desapropriou anteriormente valorizou muito), ele poderá desapropriar área maior.

Legitimidade para declarar o fundamento. Art. 6o A declaração de utilidade pública far-se-á por decreto do Presidente da República, Governador, Interventor ou Prefeito.

OBS: Quem pode declarar o fundamento é: União, Estado, Municípios e DF. OBS: O particular nunca poderá declarar o fundamento. Ele só pode executar a desapropriação.

OBS: Em regra, a declaração de fundamento é feita mediante decreto expropriatório do chefe do executivo. Exceção: A declaração de fundamento pode ser feita também por Lei. Está no artigo 8º do mesmo decreto: “O Poder Legislativo poderá tomar a iniciativa da desapropriação, cumprindo, neste caso, ao Executivo, praticar os atos necessários à sua efetivação”. A iniciativa dessa lei é do próprio legislativo, eis que o executivo já tem o decreto para declarar o Fundamento.

# Pessoas administrativas (autarquia, fundação pública, Sociedade de Economia Mista, Empresas públicas, etc) podem declarar o fundamento da desapropriação? Existe uma autarquia (ANEEL) que tem competência para declarar fundamento de desapropriação. Art. 10, da Lei 9.074/95: “Cabe à ANEEL declarar a utilidade pública, para fins de desapropriação ou instituição de servidão administrativa, das áreas necessárias à

Page 43: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

implantação de instalações de concessionários, permissionários e autorizados de energia elétrica”. Aqui a declaração do fundamento é feito por portaria da ANEEL.

Ingresso na área declarada expropriada. Art. 7o Declarada a utilidade pública, ficam as autoridades administrativas autorizadas a penetrar nos prédios compreendidos na declaração, podendo recorrer, em caso de oposição, ao auxílio de força policial.

OBS: Embora a declaração de fundamento não seja auto-executória para fins de transferência de domínio, feita a declaração, poderá o Poder Público entrar nas áreas expropriadas para fins de avaliações, etc. (Esse ingresso é auto-executório, independendo de autorização judicial).

Formas de efetivar a desapropriação e decadência do decreto expropriatório. Art. 10. A desapropriação deverá efetivar-se mediante acordo ou intentar-se judicialmente, dentro de cinco anos, contados da data da expedição do respectivo decreto e findos os quais este caducará. Neste caso, somente decorrido um ano , poderá ser o mesmo bem objeto de nova declaração.

Parágrafo único. Extingue-se em cinco anos o direito de propor ação que vise a indenização por restrições decorrentes de atos do Poder Público.

AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO

Objeto da ação – O objeto da ação é o valor da indenização (quanto a administração quer pagar e quanto o administrado quer receber). Na ação de desapropriação não se discute a validade da desapropriação, isto é, se o bem é ou não de necessidade/utilidade pública. Essa validade poderá ser discutida em ação própria.

Art. 9o Ao Poder Judiciário é vedado, no processo de desapropriação, decidir se se verificam ou não os casos de utilidade pública.

Art. 20. A contestação só poderá versar sobre vício do processo judicial ou impugnação do preço; qualquer outra questão deverá ser decidida por ação direta.OBS: Celso Antônio Bandeira de Melo diz que essa norma é inconstitucional por dificultar o acesso à justiça. Crítica: Esta regra não se veda a utilização do Poder Judiciário. Na verdade a lei apenas limita a cognição, de modo que o que se veda constitucionalmente é o acesso à justiça. Aqui não há proibição.

Exceção: Direito de extensão – Art. 37. “Aquele cujo bem for prejudicado extraordinariamente em sua destinação econômica pela desapropriação de áreas contíguas terá direito a reclamar perdas e danos do expropriante”. OBS: O direito de extensão pode ser discutido na própria ação de desapropriação, eis que diz respeito à indenização. Ex: Eu tenho 03 terrenos que juntos valem 50 mil, e que separadamente cada um vale 10 mil. Assim, se o Poder Público quiser desapropriar apenas dois terrenos, eu posso contestar para que ele desaproprie os três.

Autor da ação – É o ente expropriante. Poder ser o Poder Público ou o particular autorizado por lei ou por contrato.

Réu – É o proprietário.

Petição inicial – Art. 13. A petição inicial, além dos requisitos previstos no Código de Processo Civil, conterá a oferta do preço e será instruída com um exemplar do contrato, ou do jornal oficial que houver publicado o decreto de desapropriação, ou cópia autenticada dos mesmos, e a planta ou descrição dos bens e suas confrontações.

Page 44: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

Art. 14. Ao despachar a inicial, o juiz designará um perito de sua livre escolha, sempre que possivel, técnico, para proceder à avaliação dos bens. Parágrafo único. O autor e o réu poderão indicar assistente técnico do perito.

Indenização Justa X Prévia

Art. 15. Se o expropriante alegar urgência e depositar quantia arbitrada de conformidade com o art. 685 do Código de Processo Civil, o juiz mandará imití-lo provisoriamente na posse dos bens;§ 1º A imissão provisória poderá ser feita, independente da citação do réu, mediante o depósito: a) do preço oferecido, se êste fôr superior a 20 (vinte) vêzes o valor locativo, caso o imóvel esteja sujeito ao impôsto predial;b) da quantia correspondente a 20 (vinte) vêzes o valor locativo, estando o imóvel sujeito ao impôsto predial e sendo menor o preço oferecido;c) do valor cadastral do imóvel, para fins de lançamento do impôsto territorial, urbano ou rural, caso o referido valor tenha sido atualizado no ano fiscal imediatamente anterior; d) não tendo havido a atualização a que se refere o inciso c, o juiz fixará independente de avaliação, a importância do depósito, tendo em vista a época em que houver sido fixado originàlmente o valor cadastral e a valorização ou desvalorização posterior do imóvel. § 2º A alegação de urgência, que não poderá ser renovada, obrigará o expropriante a requerer a imissão provisória dentro do prazo improrrogável de 120 (cento e vinte) dias.§ 3º Excedido o prazo fixado no parágrafo anterior não será concedida a imissão provisória.

Art. 33, § 2º O desapropriado, ainda que discorde do preço oferecido, do arbitrado ou do fixado pela sentença, poderá levantar até 80% (oitenta por cento) do depósito feito para o fim previsto neste e no art. 15, observado o processo estabelecido no art. 34.

A indenização não pode ser totalmente justa, e ao mesmo tempo, totalmente prévia. A justiça pressupõe ampla discussão, e a brevidade dispensa discussão. Trata-se de um paradoxo. Logo, a lei trouxe mecanismos de mitigar a justiça e a brevidade da indenização.

Súmula 652, STF: “não contraria a constituição o art. 15, § 1º, do decreto-lei 3365/1941 (lei da desapropriação por utilidade pública)”.

Assim, a sistemática é o seguinte: O juiz recebe a inicial. Se houver o depósito do §1º, do art. 15, o juiz confere a imissão na posse sem citação do réu. Depois o réu é citado e poderá levantar 80% do valor depositado (garante o prévia) e depois discute o resto (garante o justa).

Juros Compensatórios - Análise do art. 15-A, do Decreto lei 3365/41, com a redação dada pela MP2183-56/2001

Art. 15-A No caso de imissão prévia na posse, na desapropriação por necessidade ou utilidade pública e interesse social, inclusive para fins de reforma agrária, havendo divergência entre o preço ofertado em juízo e o valor do bem, fixado na sentença, expressos em termos reais, incidirão juros compensatórios de até seis por cento ao ano sobre o valor da diferença eventualmente apurada, a contar da imissão na posse, vedado o cálculo de juros compostos.

§ 1o Os juros compensatórios destinam-se, apenas, a compensar a perda de renda comprovadamente sofrida pelo proprietário. Está suspenso pela ADIN 2332 – O STF disse que isso compromete o justo preço da indenização.§ 2o Não serão devidos juros compensatórios quando o imóvel possuir graus de utilização da terra e de eficiência na exploração iguais a zero. Está suspenso pela ADIN 2332

Page 45: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

§ 4o Nas ações referidas no § 3o, não será o Poder Público onerado por juros compensatórios relativos a período anterior à aquisição da propriedade ou posse titulada pelo autor da ação." (NR) Está suspensa pela ADIN 2332 – compromete a justa indenização.

São de 12% ao ano os juros compensatórios - O STF, ao apreciar a medida cautelar na Adin 2332, suspendeu a parte em que limita o juros compensatório em até 6% ao ano, diante da Súmula 618, STF:

“Na desapropriação, direta ou indireta, a taxa dos juros compensatórios é de 12% (doze por cento) ao ano”.

Súmula: 12, STJ: “Em desapropriação, são cumuláveis juros compensatórios e Moratórios”.

Os juros são devidos desde a imissão na posse. Súmula 69, STJ: “Na desapropriação direta, os juros compensatórios são devidos desde a antecipada imissão na posse e, na desapropriação indireta a partir da efetiva ocupação do imóvel”.

Súmula 113, STJ: “Os juros compensatórios, na desapropriação direta, incidem a partir da imissão na posse, calculados sobre o valor da indenização, corrigido monetariamente”.

Súmula 561, STF: “Em desapropriação, é devida a correção monetária até a data do efetivo pagamento da indenização, devendo proceder-se à atualização do cálculo, ainda que por mais de uma vez”.

Juros Moratórios – Análise do art. 15-B, do decreto lei 3665/41

Art. 15-B Nas ações a que se refere o art. 15-A, os juros moratórios destinam-se a recompor a perda decorrente do atraso no efetivo pagamento da indenização fixada na decisão final de mérito, e somente serão devidos à razão de até seis por cento ao ano, a partir de 1o de janeiro do exercício seguinte àquele em que o pagamento deveria ser feito, nos termos do art. 100 da Constituição.

São de 6% os juros moratórios.

Os juros são devidos a partir de 1º de janeiro do exercício seguinte àquele em que o pagamento deveria ser feito. Só a partir desse momento que existe atraso dos valores devidos pelo Poder Público. Até 31/12 não há atraso imputável à administração.

Súmula 70, STJ: “Os juros moratórios, na desapropriação direta ou indireta, contam-se desde o transito em julgado da sentença”. Não se aplica essa súmula.

Parte Processual

Art. 16. A citação far-se-á por mandado na pessoa do proprietário dos bens; a do marido dispensa a dá mulher; a de um sócio, ou administrador, a dos demais, quando o bem pertencer a sociedade; a do administrador da coisa no caso de condomínio, exceto o de edificio de apartamento constituindo cada um propriedade autonôma, a dos demais condôminos e a do inventariante, e, se não houver, a do cônjuge, herdeiro, ou legatário, detentor da herança, a dos demais interessados, quando o bem pertencer a espólio.Parágrafo único. Quando não encontrar o citando, mas ciente de que se encontra no território da jurisdição do juiz, o oficial portador do mandado marcará desde logo hora certa para a citação, ao fim de 48 horas, independentemente de nova diligência ou despacho.Art. 17. Quando a ação não for proposta no foro do domicilio ou da residência do réu, a citação far-se-á por precatória, se ó mesmo estiver em lugar certo, fora do território da jurisdição do juiz. Art. 18. A citação far-se-á por edital se o citando não for conhecido, ou estiver em lugar ignorado, incerto ou inacessível, ou, ainda, no estrangeiro, o que dois oficiais do juizo certificarão.

Page 46: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

Art. 19. Feita a citação, a causa seguirá com o rito ordinário.Art. 20. A contestação só poderá versar sobre vício do processo judicial ou impugnação do preço; qualquer outra questão deverá ser decidida por ação direta.Art. 21. A instância não se interrompe. No caso de falecimento do réu, ou perda de sua capacidade civil, o juiz, logo que disso tenha conhecimento, nomeará curador à lide, ate que se lhe habilite o interessado.Parágrafo único. Os atos praticados da data do falecimento ou perda da capacidade à investidura do curador à lide poderão ser ratificados ou impugnados por ele, ou pelo representante do espólio, ou do incapaz.Art. 22. Havendo concordância sobre o preço, o juiz o homologará por sentença no despacho saneador.Art. 23. Findo o prazo para a contestação e não havendo concordância expressa quanto ao preço, o perito apresentará o laudo em cartório até cinco dias, pelo menos, antes da audiência de instrução e julgamento.§ 1o O perito poderá requisitar das autoridades públicas os esclarecimentos ou documentos que se tornarem necessários à elaboração do laudo, e deverá indicar nele, entre outras circunstâncias atendiveis para a fixação da indenização, as enumeradas no art. 27.Ser-lhe-ão abonadas, como custas, as despesas com certidões e, a arbítrio do juiz, as de outros documentos que juntar ao laudo.§ 2o Antes de proferido o despacho saneador, poderá o perito solicitar prazo especial para apresentação do laudo.Art. 24. Na audiência de instrução e julgamento proceder-se-á na conformidade do Código de Processo Civil. Encerrado o debate, o juiz proferirá sentença fixando o preço da indenização.Parágrafo único. Se não se julgar habilitado a decidir, o juiz designará desde logo outra audiência que se realizará dentro de 10 dias afim de publicar a sentença.Art. 25. O principal e os acessórios serão computados em parcelas autônomas.Parágrafo único. O juiz poderá arbitrar quantia módica para desmonte e transporte de maquinismos instalados e em funcionamento.Art. 26. No valor da indenização, que será contemporâneo da avaliação, não se incluirão os direitos de terceiros contra o expropriado. (Redação dada pela Lei nº 2.786, de 1956)§ 1º Serão atendidas as benfeitorias necessárias feitas após a desapropriação; as úteis, quando feitas com autorização do expropriante. (Renumerado do Parágrafo Único pela Lei nº 4.686, de 1965)§ 2º Decorrido prazo superior a um ano a partir da avaliação, o Juiz ou Tribunal, antes da decisão final, determinará a correção monetária do valor apurado, conforme índice que será fixado, trimestralmente, pela Secretaria de Planejamento da Presidência da República.

Honorários advocatícios

Art. 27. O juiz indicará na sentença os fatos que motivaram o seu convencimento e deverá atender, especialmente, à estimação dos bens para efeitos fiscais; ao preço de aquisição e interesse que deles aufere o proprietário; à sua situação, estado de conservação e segurança; ao valor venal dos da mesma espécie, nos últimos cinco anos, e à valorização ou depreciação de área remanescente, pertencente ao réu.

§ 1o A sentença que fixar o valor da indenização quando este for superior ao preço oferecido condenará o desapropriante a pagar honorários do advogado, que serão fixados entre meio e cinco por cento do valor da diferença, observado o disposto no § 4o do art. 20 do Código de Processo Civil, não podendo os honorários ultrapassar R$ 151.000,00 (cento e cinqüenta e um mil reais).

OBS: Os honorários incidirão na diferença do valor ofertado pela Administração Pública e o valor fixado na sentença pelo juiz.

Súmula 141, STJ: “Os honorários de advogado em desapropriação direta são calculados sobre a diferença entre a indenização e a oferta, corrigidas monetariamente”.Súmula 617, STF: “A base de cálculo dos honorários de advogado em desapropriação é a diferença entre a oferta e a indenização, corrigidas ambas monetariamente”.

OBS: A limitação de 151.000,00 está suspensa pela ADIN 2332.

Page 47: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

Não incide na desapropriação imposto de transmissão

A desapropriação é forma originária de aquisição de propriedade, de modo que não incide imposto de transmissão da desapropriação.

Art. 27, § 2º A transmissão da propriedade, decorrente de desapropriação amigável ou judicial, não ficará sujeita ao impôsto de lucro imobiliário.

Exceção: Se o particular consegue anular a desapropriação, para ele reaver o bem, por desvio de finalidade, por exemplo, incide o ITBI, nos termos da Súmula 111, STF:

Súmula 111, STF: “É legítima a incidência do imposto de transmissão "inter vivos" sobre a restituição, ao antigo proprietário, de imóvel que deixou de servir à finalidade da sua desapropriação”.

Desvio de Finalidade (Tredestinação)

Art. 2º, parágrafo único, “e”, da Lei 4.717/65.

Em matéria de desapropriação o desvio de finalidade é denominado de tredestinação ou tresdestinação.

Tratamento peculiar – Só há desvio de finalidade na desapropriação (tredestinação) quando a Administração Pública desgarra do interesse público genericamente considerado. Assim, se por acaso, a Administração desapropria um imóvel por utilidade pública para construir uma escola, mas depois se verifica que foi construído um hospital, não há desvio de finalidade. (Aqui a administração está limitada ao interesse público abstrato). Só haverá tredestinação no caso de desapropriação para interesses particulares. STJ no REsp 968414

A tredestinação resulta na Retrocessão.

Retrocessão – É o resultado da tredestinação.

# Qual é a natureza jurídica da retrocessão? A doutrina diverge. Direito real de reaver o bem. (Majoritária). STF RE 64.559 e 104.591 e STJ REsp 570.483

Art. 35. Os bens expropriados, uma vez incorporados à Fazenda Pública, não podem ser objeto de reivindicação, ainda que fundada em nulidade do processo de desapropriação. Qualquer ação, julgada procedente, resolver-se-á em perdas e danos. (Esse dispositivo é excepcionado com a retrocessão, que se trata de direito real de reaver o bem).

Direito pessoal de suplementar a indenização por meio de lucros cessantes.

Desistência da desapropriação – A administração pública pode desistir da desapropriação até a sua consumação, isto é, com o efetivo pagamento.A administração indenizará o proprietário por eventual prejuízo.

DESAPROPRIAÇÃO POR INTERESSE SOCIAL GERAL (Lei 4.132/62)

Art. 5º da lei - Aplicação subsidiária do Decreto Lei 3365/41. OBS: O rito procedimental é do DL 3365

Art. 3º da lei - Prazo de decadência é de 02 anos.

Page 48: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

Art. 2º da lei – fundamentos

DESAPROPRIAÇÃO POR INTERESSE SOCIAL PARA FINS DE REFORMA AGRÁRIA

Base normativa – Art. 184 à 186, CF:

Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.§ 1º - As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro.§ 2º - O decreto que declarar o imóvel como de interesse social, para fins de reforma agrária, autoriza a União a propor a ação de desapropriação.§ 3º - Cabe à lei complementar estabelecer procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o processo judicial de desapropriação.§ 4º - O orçamento fixará anualmente o volume total de títulos da dívida agrária, assim como o montante de recursos para atender ao programa de reforma agrária no exercício.§ 5º - São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária.

Art. 185. São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária:I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não possua outra;II - a propriedade produtiva.Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à propriedade produtiva e fixará normas para o cumprimento dos requisitos relativos a sua função social.

Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:I - aproveitamento racional e adequado;II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho;IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.

Essas regras da CF são esmiuçadas em dois diplomas legais: LC 76/93 (rito da ação judicial) e Lei nº 8.629/93 (direito material).

Lei 8.629/93

Art. 1º Esta lei regulamenta e disciplina disposições relativas à reforma agrária, previstas no Capítulo III, Título VII, da Constituição Federal.

STF no SS 2217STJ RMS 16627 e RMS 13359

Pelo STF e STJ, hoje existem duas espécies de desapropriações voltadas à reforma agrária:1- (Art. 184 e ss da CF, LC 76/93 e Lei 8629/93) – Só a União pode promover. É a de caráter punitivo e

sancionatório (vistoria do INCRA, avaliação de produtividade, etc).

2- (Art. 5º, XXIV, CF e art. 2º, III, lei 4.132/62) – Todos os entes federados podem promover. Não tem caráter de sanção. É indenização justa, prévia e em dinheiro.

Page 49: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

AULA 07 – 06/11/2008

Motivo – Art. 2º A propriedade rural que não cumprir a função social prevista no art. 9º é passível de desapropriação, nos termos desta lei, respeitados os dispositivos constitucionais.

Competência – Art. 2º § 1º Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social.

Avaliação de produtividade – §2º - Trata-se de um procedimento administrativo para aferir a produtividade ou não do imóvel. É um procedimento de avaliação. É necessário que se notifique o proprietário da avaliação de produtividade. OBS: Vistoria sem prévia notificação é causa de nulidade do processo.

Notificação - § 3o Na ausência do proprietário, do preposto ou do representante, a comunicação será feita mediante edital, a ser publicado, por três vezes consecutivas, em jornal de grande circulação na capital do Estado de localização do imóvel. OBS: Se o INCRA foi notificar o proprietário, e ele não foi achado, a notificação será por edital.OBS: Sendo notificado, e não estando presente o proprietário, não gera nulidade (STF no MS 25.351).

Bens não passíveis de desapropriação – Áreas produtivas, ainda que grandes.

§ 4o Não será considerada, para os fins desta Lei, qualquer modificação, quanto ao domínio, à dimensão e às condições de uso do imóvel, introduzida ou ocorrida até seis meses após a data da comunicação para levantamento de dados e informações de que tratam os §§ 2o e 3o.

OBS: Da notificação em diante, até 06 meses depois, qualquer modificação da terra não será considerada, para evitar fraude aos modos de avaliação do INCRA.

# Se o proprietário falece após a notificação, aplica o §4º? E a saisine quanto aos herdeiros? O próprio STF oscila na resposta. O último pronunciamento é no sentido de que a saisine enseja o automático condomínio aos herdeiros, todavia, aplica-se o §4º.

Suspensão de vistoria no caso de esbulho (óbice à reforma agrária)– § 6o O imóvel rural de domínio público ou particular objeto de esbulho possessório ou invasão motivada por conflito agrário ou fundiário de caráter coletivo não será vistoriado, avaliado ou desapropriado nos dois anos seguintes à sua desocupação, ou no dobro desse prazo, em caso de reincidência; e deverá ser apurada a responsabilidade civil e administrativa de quem concorra com qualquer ato omissivo ou comissivo que propicie o descumprimento dessas vedações. OBS: Essa regra visa punir o movimento social, que indevidamente ingressou no imóvel rural.OBS: O STF vem propondo a mitigação dessa norma. Isto é, não se pode interpretar essa regra como forma de punição social, devendo ser interpretada conforme a constituição. O STF diz que o esbulho que embaraça a reforma agrária é aquele que compromete a avaliação de produtividade (MS 25.022; MS 24.764 e MS 25.006).

Súmula 354, STJ: “A invasão do imóvel e causa de suspensão do processo expropriatório para fins de reforma agrária”. OBS: O STJ, diferentemente do STF, interpreta literalmente o §6º. Por outro lado, o STF diz que não é qualquer invasão, mas só aquele que comprometer a aferição de produtividade.

Descrendeciamento das pessoas que participaram da invasão - § 7o Será excluído do Programa de Reforma Agrária do Governo Federal quem, já estando beneficiado com lote em Projeto de Assentamento, ou sendo pretendente desse benefício na condição de inscrito em processo de cadastramento e seleção de candidatos ao acesso à terra, for efetivamente identificado como participante direto ou indireto em conflito fundiário que se caracterize por invasão ou esbulho de imóvel rural de domínio público ou privado em fase de processo administrativo de vistoria ou avaliação para fins de reforma agrária, ou que esteja sendo objeto de processo judicial de desapropriação em vias de imissão de posse ao ente expropriante; e bem assim quem for

Page 50: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

efetivamente identificado como participante de invasão de prédio público, de atos de ameaça, seqüestro ou manutenção de servidores públicos e outros cidadãos em cárcere privado, ou de quaisquer outros atos de violência real ou pessoal praticados em tais situações.

Punição dos proprietários que simularem a invasão – Art. 2o-A. Na hipótese de fraude ou simulação de esbulho ou invasão, por parte do proprietário ou legítimo possuidor do imóvel, para os fins dos §§ 6o e 7o do art. 2o, o órgão executor do Programa Nacional de Reforma Agrária aplicará pena administrativa de R$ 55.000,00 (cinqüenta e cinco mil reais) a R$ 535.000,00 (quinhentos e trinta e cinco mil reais) e o cancelamento do cadastro do imóvel no Sistema Nacional de Cadastro Rural, sem prejuízo das demais sanções penais e civis cabíveis.

Alguns conceitos da LeiArt. 4º Para os efeitos desta lei, conceituam-se:I - Imóvel Rural - o prédio rústico de área contínua, qualquer que seja a sua localização, que se destine ou possa se destinar à exploração agrícola, pecuária, extrativa vegetal, florestal ou agro-industrial;II - Pequena Propriedade - o imóvel rural:a) de área compreendida entre 1 (um) e 4 (quatro) módulos fiscais;III - Média Propriedade - o imóvel rural:a) de área superior a 4 (quatro) e até 15 (quinze) módulos fiscais;Parágrafo único. São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária a pequena e a média propriedade rural, desde que o seu proprietário não possua outra propriedade rural.OBS: Toda reforma agrária só deverá recair sobre imóveis com mais de 15 módulos fiscais.OBS: A pequena e a média propriedade rural são insuscetíveis de reforma agrária, independente de produtividade.

Indenização – Quanto maior a área do imóvel rural, mais tempo demorará o resgate dos títulos:

§ 3º Os títulos da dívida agrária, que conterão cláusula assecuratória de preservação de seu valor real, serão resgatáveis a partir do segundo ano de sua emissão, em percentual proporcional ao prazo, observados os seguintes critérios: I - do segundo ao décimo quinto ano, quando emitidos para indenização de imóvel com área de até setenta módulos fiscais; II - do segundo ao décimo oitavo ano, quando emitidos para indenização de imóvel com área acima de setenta e até cento e cinqüenta módulos fiscais; e III - do segundo ao vigésimo ano, quando emitidos para indenização de imóvel com área superior a cento e cinqüenta módulos fiscais.

OBS: Benfeitorias necessárias e úteis serão recebidas em dinheiro (§1º). Todavia, se o proprietário quiser receber em TDA, os resgates dos títulos serão mais céleres (§5º).

Conceito de propriedade produtiva – Art. 6º. Considera-se propriedade produtiva aquela que, explorada econômica e racionalmente, atinge, simultaneamente, graus de utilização da terra e de eficiência na exploração, segundo índices fixados pelo órgão federal competente. OBS: grau de utilização da terra (igual ou superior à 80%) e grau de eficiência na exploração (igual ou superior à 100%).

Ler art. 18 e 19 – A destinação do imóvel expropriado.

Procedimento (Ação de desapropriação para fins de reforma agrária) LC 76/93.

Art. 2º - Competência privativa da União, por meio de decreto.§1º - Será julgada pelo juiz federal competente.§2º - A vistoria pode se valer de auxilio de força policial, com prévia autorização judicial. OBS: Existe a vistoria prévia ao decreto expropriatório para aferir a produtividade. Por outro lado, a que se refere este parágrafo é pós decreto expropriatório. A administração pode ingressar no imóvel rural para fazer vistorias, avaliações, etc.

Page 51: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

Art. 3º - A ação judicial deve ser proposta no prazo de 02 anos contados da publicação do decreto expropriatório. Trata-se de prazo decadencial. # O decreto expropriatório, uma vez decaído o prazo para a ação judicial, pode ser renovado o decreto? O DL 3365 diz que é possível. Assim, se interpretar que o referido decreto-lei aplica-se subsidiariamente à LC 76/93, pode sim, aguardando o prazo de 01 ano. Por outro lado, se entender que não se aplica subsidiariamente, não há que falar em renovação do decreto expropriatório. Logo, embora com muita polêmica, a doutrina majoritária é no sentido de que se aplica subsidiariamente o DL 3365. Alguns doutrinadores denominam esse decreto lei de Lei Geral das Desapropriações.

Art. 4º - É o chamado direito de extensão. É a mesma regra do art. 35, do DL 3365. Visa aproveitar toda a área, para não causar prejuízo ao proprietário.

Art. 5º - Estabelece as condições da petição inicial: Deve haver a oferta do preço e vários documentos.

Art. 6º - Estabelece as regras de condução da petição inicial pelo juiz: Mandará imitir o autor na posse do imóvel; determinará a citação do expropriando para contestar o pedido, etc.

Art. 7º e 8º - Estabelece regras de citação.

Art. 9º - Matéria de defesa: Contestação no prazo de 15 dias e versar matéria da defesa, excluída a apreciação quanto ao interesse social declarado. É uma limitação cognitiva para que o juiz não se intrometa na conveniência e oportunidade.

Art. 14 – Os valores da benfeitoria (úteis e necessárias) serão depositados em conta judicial. OBS: O STF no RE 247.866, disse que essa sistemática de depósito direto na conta judicial é inconstitucional por afrontar a sistemática dos precatórios, nos termos do art. 100, CF. O STF diz que tais benfeitorias devem ser pagas em dinheiro através das formas e mecanismos de pagamento que o art. 100, CF estabelece.

CONSÓRCIOS E CONVÊNIOS PÚBLICOS

Negócios jurídicos da administração públicaSão manifestações de vontade da administração convergentes com a vontade de terceiros, aptas a produzirem efeitos jurídicos.

Algumas espécies de negócios jurídicos da Administração Pública.- Contratos da Administração Pública;- Convênios;- Consórcios.

CONTRATOS X CONVÊNIOS:

Critério subjetivo - No passado utilizava-se o critério subjetivo para diferir contratos de convênios. A diferença estava nas partes celebrantes. Assim, se o negócio jurídico envolvesse administração e particulares, denomina-se contratos, ao passo que, se envolvesse administração e outra entidade/órgão da administração, denomina-se convênios. (Corrente ultrapassada). Crítica: Existem casos que envolvem dois entes da administração, mas que são casos de contratos, eis o que importa é o objeto.

Critério objetivo – Leva em conta, não quem celebra, mas a natureza do vínculo negocial. Isto é, importa o que celebra. Assim, segundo essa definição, contratos são negócios jurídicos em que há convergência de vontades, mas diferença de interesses. O interesse da administração é diverso do interesse de quem ela celebra o contrato. Por outro lado, os convênios são negócios jurídicos da administração em que há convergência de vontade, mas também identidade/justaposição de interesses. Nos convênios as pessoas são chamadas de partícipes.

Page 52: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

OBS: Ainda que ambos os critérios coincidem na prática em muitos casos, adota-se hoje o critério objetivo por ser mais completo, eis que o critério subjetivo é frágil. As mesmas partes podem celebrar ora contrato, e outrora convênio, dependendo do objeto.

Convênios

Art. 116, da Lei 8.666/93. Aplicam-se as disposições desta Lei, no que couber, aos convênios, acordos, ajustes e outros instrumentos congêneres celebrados por órgãos e entidades da Administração.

Isto é, embora convênio e contratos não se confundirem, aplica-se aos convênios as mesmas disposições dos contratos.

# Existe o dever de licitar nos convênios? A doutrina diz que, embora não seja comum, sempre que houver mais de um interessado em celebrar o convênio, sem que administração possa celebrar com todos, haverá a necessidade de licitação. Crítica: Se houver mais de um interessado, é porque há algum interesse diverso da administração, não se tratando mais de convênio, mas sim de contratos.

# Remuneração descaracteriza o convênio? Observado o conceito de convênio, a remuneração, por si só, não é apta a descaracterizar o convênio.

§ 2o Assinado o convênio, a entidade ou órgão repassador dará ciência do mesmo à Assembléia Legislativa ou à Câmara Municipal respectiva. (aqui o controle é posterior).

OBS: Existem várias constituições estaduais e várias leis orgânicas municipais que condicionam a celebração do convênio à prévia aprovação da Assembléia Legislativa ou Câmara dos vereadores. STF: Propôs a inconstitucionalidade dessas normas (ADI 462 e ADI 770). São inconstitucionais regras que condicionem celebração de convênio à prévia aprovação legislativa. O argumento é a separação dos poderes. Celebrar contrato é função precípua do executivo, não devendo interferir o legislativo. O dever do legislativo é fiscalizar (função de controle).

Consórcios Públicos

Art. 241. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão por meio de lei (lei 11.107/05) os consórcios públicos e os convênios de cooperação entre os entes federados, autorizando a gestão associada de serviços públicos, bem como a transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998).

OBS: Observa-se que até 1998 não existiam mecanismos da constituição para facilitar a união de dois entes federados para a gestão compartilhada de serviços públicos. Nesta época, celebravam-se consórcios, mas sem marco regulatório, como se tem hoje a lei 11.107/05.

Conceito: é negócio jurídico celebrado necessariamente por entes federados em que se dá a criação de uma terceira pessoa jurídica de direito público (associação pública) ou de direito privado para a gestão associada dos serviços públicos bem como para transferência de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos.

A Natureza jurídica do consórcio público poderá ser de 02 espécies: - Pessoa jurídica de direito privado (art. 6º, inciso II, §2): não pode receber o nome de associação pública.

- Pessoa jurídica de direito público (art. 6º, inciso I, §1º): terá a denominação de associação pública.

Ex: dois municípios precisam de um hospital, mas nenhum deles tem verba suficiente para a construção;

Page 53: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

OBS: O art. 41, IV, CC/02, foi alterado por conta da Lei nº 11.107/07.Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; (Redação dada pela Lei nº 11.107, de 2005).Obs: Assim, a interpretação que é dada é que as associações públicas se trata de uma espécie de autarquia.

OBS: Os consórcios são necessariamente celebrados por entes federados; Os convênios podem ser celebrados com administração direta, indireta e até com particulares. Assim, a existência de lei que regulamenta o consórcio não elimina a existência dos convênios.

Parte dada por Marinella

Convênios e Consórcios são uma forma de descentralização para busca de interesses comuns. Está no art. 116, da Lei nº 8.666/93.

Os participante dos convênios e consórcios são chamados de partícipes.

Não há constituição de uma nova pessoa jurídica. A responsabilidade é rateada de acordo com sua cota de participação.

Há um plano de trabalho com descrição minuciosa da execução do convênio ou consórcio. Deve haver prestação de contas mês a mês, sob pena de suspensão do repasse.

CONVÊNIO CONSÓRCIO VELHOEntes de qualquer espécie (público ou particular). Entes da mesma espécie (E x E ou M X M).

Não é possível a presença do Particular.

Lei 11.107/05 (Novos consórcios públicos).Este é reunião de entes políticos (não precisa ser da mesma espécie). U, E, M, e DF. Pode ser: U x E, E x M, U x M, etc.

É a reunião de esforços para uma gestão associativa. Esses entes constituem o “protocolo de intenções”. É o objetivo do consórcio. Esse protocolo deve ser aprovado na casa legislativa de cada ente político. Aprovado por cada casa, eles irão celebrar um “contrato de consórcio”.

Esse novo consórcio público, na verdade, é uma nova espécie de contrato administrativo. Aqui, nasce uma nova pessoa jurídica. Essa PJ é chamada de associação, que poderão optar por regime público (espécie de autarquia). Se optarem por regime privado (regime híbrido semelhante à SEM e EP).

Obs: Essa autarquia não é criada efetivamente por lei, mas há de certa forma, uma previsão legal. Muitos doutrinadores entendem ser inconstitucional essa autarquia, eis que nasce de contrato e não de lei.Obs: A doutrina também critica o regime privado.

AULA 06 – 22/10/2008

Page 54: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

Livro Emerson Garcia e Rogério Pacheco (Improbidade Administrativa) – Livro para consulta.Lei Seca e Informativos – Para concurso.

# Probidade é o mesmo que moralidade? Não. Probidade administrativa é mais ampla: correção de atitudes. Pensamos no administrador honesto, que busca o melhor para a administração. A probidade está muito próxima do principio da moralidade administrativa. Se o administrador pratica ato de improbidade ele pode violar vários princípios, como publicidade, legalidade, etc., e não só a moralidade.

Probidade (honestidade, lealdade, boa-fé e moralidade). Logo, a probidade é mais ampla que a moralidade, pois aquela abrange esta.

Conceito de improbidade administrativa: é o designativo técnico para falar corrupção administrativa que promove o desvirtuamento da função pública (ex. engavetamento de um processo) ou ainda desrespeitando a ordem jurídica (ex. não publicar os atos da administração).

A improbidade, sinteticamente, revela: Vantagem indevida, patrimonial ou não. (Ex: Enriquecimento ilícito). Por tráfico de influência. (Ex: Favorecimento. Exercício nocivo da função pública. (Ex: O administrador que engaveta processo).

MP/GO: # O simples desrespeito à legalidade gera necessariamente improbidade administrativa? NÃO. Pode gerar improbidade, mas não é automático.

Fonte constitucional da improbidade administrativa:

- art. 14, §9º, CR/88 (improbidade no período eleitoral):

§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta.

- art. 15, V, CR/88 (É causa de suspensão de direitos políticos):

Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de:V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º

- art. 85, V, CR/88 (É crime de responsabilidade do Presidente):

Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra:V - a probidade na administraçãoOBS: Se houver na mesma conduta, crime de responsabilidade e crime de improbidade, prevalece o crime de responsabilidade. É o entendimento do STF atualmente. Lembrar que a improbidade pode desencadear o processo de impeachment.OBS: Não obsta que o agente político responda por improbidade.

- art. 37, §4º, CR/88 (principal fonte constitucional):

Page 55: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.

Lei 8.429/92 (Regula o art. 37, §4º): Lei do Colarinho Branco. É objeto da ADI 2182, que questiona inconstitucionalidade formal da lei.

Competência para legislar sobre improbidade: Competência da União. A Constituição não diz expressamente. O §4º do art. 37 fala em direitos políticos, indisponibilidade de bens, que é de competência legislativa da União. Assim, se medidas de improbidade são da competência da União (ao artigo 22, I, CR/88), conseqüentemente, legislar sobre improbidade também é competência da União (assim entende a doutrina). Trata-se de Lei de âmbito nacional.

OBS: Encontra-se na lei 8429/92 regras sobre declaração de bens de servidores anualmente. Todavia, alguns doutrinadores dizem que nesse dispositivo a lei é apenas federal. Ocorre isso especialmente quando a lei trata de procedimentos.

Natureza Jurídica do ato de improbidade não é penal (CP – Ação Penal) nem administrativo (Lei 8.112/90 - PAD). Gera ilícito civil (ADI 2797). Possui natureza de Ação Civil Pública.

OBS: Embora a conduta de improbidade não seja penal, se estiver prevista em lei como crime, gerará ilícito penal. Da mesma forma, se a conduta de improbidade estiver prevista em estatuto administrativo, poderá gerar ilícito administrativo.# Todo crime é ato de improbidade? Não. Existem crimes que não estão ligados à ação ou atos de improbidades. Todavia, todos os crimes contra a administração também configuram atos de improbidade administrativa.# Todo ato de improbidade é crime contra a administração? Não. Existem atos de improbidade que não configuram crime contra a administração, como por exemplo, não publicar ato administrativo.OBS: Existe, ainda, doutrina minoritária que entende que o ato de improbidade possui natureza política.

Independência das esferas civil, penal, e administrativaNecessário esclarecer que a mesma conduta pode ser punida como crime (ação penal), ilícito administrativo (processo administrativo disciplinar) e improbidade administrativa (ação de improbidade). A regra é a incomunicabilidade das instâncias. Exceção – No caso de absolvição penal que houver reconhecido a inexistência do fato ou negativa de autoria, haverá necessariamente a vinculação no cível e administrativo.

Art. 126, Lei 8.112/90:

Art. 126. A responsabilidade administrativa do servidor será afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do fato ou sua autoria

Art. 935, CCB:

Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal.

Art. 65 CPP:

Art. 65. Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.

Page 56: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

Havendo uma excludente penal (legítima defesa etc.), haverá coisa julgada no civil, todavia, não significa que será automaticamente naquele juízo aproveitada, pois ele poderia ser condenado ao ressarcimento de danos em razão de eventual exagero, p. ex. Essa previsão do art. 65 é somente para o civil, e não para o administrativo.

Art. 66, CPP:

Art. 66. Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil poderá ser proposta quando não tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato.

A absolvição no processo penal por insuficiência de provas não impede a condenação no civil e no administrativo.

OBS: Não há previsão expressa, mas a jurisprudência é no sentido de que o processo administrativo deve ficar suspenso até o julgamento do processo penal. A razão é evitar razões contraditórias.

Elementos constitutivos do ato de improbidade:

a) sujeito passivo do ato de improbidade : Necessita primeiramente um cenário público (dinheiro público).

OBS: O sujeito passivo do ato de improbidade é o sujeito ativo da ação de improbidade. (e vice-versa).

Art. 1º, Lei 8.429/92. Quem pode sofrer ato de improbidade:

- Pessoa jurídica da administração direta (U, E, M, DF);- Territórios;- Administração indireta (autarquias, fundações, SEM, EP);- Pessoas privadas: em que o poder público tenha participado ou participe com mais de 50% do patrimônio ou receita anual.

O parágrafo único ainda abrange entidades que recebam subvenção, benefício fiscal ou creditício ou empresas em que o Estado participe com menos de 50% do patrimônio ou receita anual. Estas ficam limitadas a sanção patrimonial que repercute aos cofres públicos.

Ex: pessoa privada com menos 50% de participação do Estado.1 milhão: 700 mil é privado e 300 mil é público. Sendo o desvio de 500 mil reais, o valor discutido na ação de improbidade ficará limitado ao prejuízo aos cofres públicos, ou seja, 300 mil reais. Se a empresa tivesse participação de mais de 50% do Estado, pode-se discutir todo o prejuízo, independentemente se for superior ao prejuízo dos cofres públicos.

OBS: Se a participação for de 50% exatamente a lei é omissa. Prova do MP, coloca no caput, mas a doutrina majoritária coloca no p.ú. - Sindicatos e conselhos de classe: cobram contribuição, por isso estão sujeitos à improbidade. A OAB não está sujeita, pois sua contribuição não é tributo.

- Partido político: está sujeito à lei de improbidade, pois participam do fundo especial de assistência aos partidos políticos.

- Terceiro setor: são os entes de cooperação e recebem dinheiro público, sendo sujeitos à lei de improbidade (organização social, OSCIP, serviço social autônomo).

# Qual a diferença entre a ação popular e a ação de improbidade?A diferença da ação popular é que esta visa à anulação do ato, podendo inclusive ser reconhecida as perdas e danos. Já na ação de improbidade o que se visa é a punição do servidor, havendo também anulação do ato e o ressarcimento ao erário.

b) sujeito ativo do ato de improbidade: aquele que pratica o ato de improbidade. Será sujeito passivo na ação.

Page 57: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

Art. 2º, Lei 8.429/92:

- Aquele que exerce função pública, independente do tipo de vínculo. É o agente público (mais abrangente);

Art. 3º, Lei 8.429/92:

- Terceiros: que induzem, concorram ou se beneficiem do ato de improbidade. O terceiros apenas responde com as penas que possam ser imputadas a ele (p. ex. ele não pode perder a função, pois ele não tem função). OBS: O terceiro nunca pratica improbidade sozinho. Normalmente, o terceiro fica restrito à sanções patrimoniais e proibição de contratar.

OBS: Lembrando que a Pessoa Jurídica pode praticar ato de improbidade administrativa.OBS: A ação do terceiro não tipifica o ato de improbidade. Quem define o ato de improbidade, bem como a correspondente sanção é a ação do agente. O terceiro responde com a ação do agente.

- Agente de fato (possui um defeito na sua designação): pode ser necessário (são aquelas designações em razão de situações excepcionais, como a guerra) ou putativo (agente nomeado sem concurso ou com fraude). A doutrina entende que ambos estão sujeitos à Lei de Improbidade.

- Agentes políticos:Reclamação 2138. Questiona o fato de que se o agente político está sujeito ao crime de responsabilidade seria bis in idem puni-lo também por improbidade administrativa.

Improbidade Crime de Responsabilidade- lei 8.429;- Várias sanções;- Julgado pelo poder judiciário.

- lei 1.079;- DL 201;- julgado pelo poder legislativo;- sanções: perda de função e suspensão de direitos políticos.

O agente político vai estar sujeito à ação de improbidade, todavia, se a mesma conduta for também crime de responsabilidade, esta prevalece, pois senão estaríamos diante de um bis in idem. Se a conduta não é descrita como crime de responsabilidade, pode-se punir como improbidade.

Tomar cuidado, pois se trata de uma reclamação, que não possui efeito vinculante, mas sim inter partes. A Min. Ellen Gracie ressalvou expressamente isto ao final.

Reclamações: 5389, 5391 e 5393. Na reclamação 5378 foi decidido que não é qualquer um que pode ajuizar reclamação.

A ADI 2182 busca a declaração de inconstitucionalidade de toda a lei de improbidade.

Herdeiros e a lei de improbidade: vai se responsabilizado pelas questões patrimoniais, até o limite da herança (art. 8º, Lei 8.429).

Pessoa jurídica: pode ser sujeito ativo do ato de improbidade, se induziu, concorreu ou se beneficiou.

Árbitro: não responde pela lei de improbidade. Todavia, quando for a arbitragem da Lei de Concessões, para a professora Marinela, seria possível responder por improbidade (não existe manifestações da doutrina ou jurisprudência neste caso).

# Ato de improbidade precisa ser ato administrativo? NÃO. Pode ser mera conduta administrativa ativa (servidor pega o dinheiro, coloca na bolsa e leva embora) ou omissiva (não cobrar tributos. Ex: isenção de IPTU em ano eleitoral). Todavia, também se pode ter ato de improbidade em ato administrativo.

Page 58: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

AULA 07 – 19/11/2008

MODALIDADES DE ATOS DE IMPROBIDADE:

Enriquecimento Ilícito (art.9º)

Danos ao Erário (art. 10º) Violação aos Princípios da administração (art.11)

- rol exemplificativo;- conduta dolosa- Atos mais graves

- rol exemplificativo;- conduta dolosa ou culposa

- rol exemplificativo;- conduta dolosa

*** Art. 21 da lei 8.429/92: para responder por improbidade não depende: Dano patrimonial; ou Controle pelo tribunal de contas com a rejeição ou aprovação das contas.

OBS: O ato vai ser definido de acordo com a conduta do agente, não importando a conduta do terceiro.

Alguns casos de improbidade:

Receber presente: vai depender de bom senso. Não é valor do presente que vai marcar o ato de improbidade. (orientação da jurisprudência).

Fraude à licitação: pode ser qualquer um dos atos de improbidade.

Acréscimo patrimonial: Quando o servidor entra e durante todos os anos o agente tem que apresentar uma declaração dos bens para que se possa verificar a evolução de bens do sujeito. Havendo a incompatibilidade demonstrada pelo MP, haverá a inversão do ônus da prova, devendo o agente provar que a evolução patrimonial se deu de forma lícita.

Arrecadação de tributos: A negligência na arrecadação de tributos também caracteriza ato de improbidade. Pode configurar dano erário, sem prejuízo da ação penal por crime contra a ordem tributária.

Desvio de finalidade: Desvio de finalidade é ato de improbidade com base no art. 11, pois viola principio da administração. Trata-se de vício ideológico/subjetivo. É o defeito na finalidade do ato.

Promoção pessoal: Símbolos, ou menções ao agente público. Quando a promoção pessoal gera prejuízos aos cofres públicos, configura dano ao erário. Por outro lado, a promoção pessoal pode aparecer sem a utilização de recursos públicos. Assim, se ele usa o próprio dinheiro, valendo-se da função pública, ocorrerá a violação de princípios.

Doação de bem público: Em caráter excepcional é possível a doação de bens públicos, conforme art. 17, da Lei nº 8.666/93. Todavia, o administrador que doa o bem sem as exigências legais, gerará dano ao erário. Se, de alguma forma a questão não demonstrar dano ao erário, poderá o caso configurar violação à princípios, como p. ex., o da legalidade.

Outros casos: Contratar sem concurso, não publicar os atos administrativos também são exemplos de atos de improbidade previstos no art. 11.

c) elemento subjetivo:

Art. 9º: Enriquecimento ilícito (Alta gravidade) Dolo. A lei é silente, por isso só pune a título de dolo.

Page 59: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

Art. 10: Dano ao erário (média gravidade).Dolo ou culpa. Só se configura dano ao erário quando o agente não recebeu nada.

Art. 11: Violação à princípios. (Atos mais leves).Dolo. A lei é silente, por isso só se pune a título de dolo.

OBS: O MP critica a punição somente por dolo nos casos do art. 9º e 11, pois isso gera a impunidade do agente que age com culpa. Ex. administrador paga a compra de ar condicionado sem observar a formalidade (sem nota de empenho), ferindo o principio da legalidade, fazendo com culpa. Assim, a conduta dele não será punida por ter agido com culpa. A justificativa é de que, se o legislador não colocou a culpa é porque não quis punir a conduta culposa.

Enriquecimento Ilícito (art.9º)

Danos ao Erário (art. 10º) Violação aos Princípios da administração (art.11)

- rol exemplificativo;- conduta dolosa;- sanções: i) devolução do que foi acrescido ilicitamente; ii) ressarcimento dos danos; iii) perda de função;iv) suspensão dos direito políticos de 8 a 10 anos;v) multa civil até 3X aquilo que foi acrescido ilicitamente.vi) proibição de contratar, receber benefícios e incentivos fiscais pelo prazo de 10 anos.

- rol exemplificativo;- conduta dolosa ou culposa

- rol exemplificativo;- conduta dolosa

OBS: Da esquerda para direita, temos uma redução do grau da sanção. Parte-se de uma sanção mais intensa para uma sanção mais branda.

“Pena em bloco”: não prevalece mais o entendimento da necessidade de se ter que aplicar todas as sanções do dispositivo violado.

SANÇÕES APLICÁVEIS POR ATO DE IMPROBIDADE: o rol da lei (artigo 12) é mais extenso do que o previsto pela CF/88.

OBS: Para cada ato existe uma sanção. O juiz analisa a gravidade do ato e escolhe uma, todas ou algumas das penas sempre da mesma lista.

OBS: O que define o tipo de improbidade é a ação do agente. Ex: Se o agente violou princípios e isso facilitou que o terceiro causasse danos ao erário, o agente responderá pelo art. 11 e o terceiro ressarcirá os danos.

Sanções do artigo 9º são as sanções mais graves, devendo ser aplicada:

Ressarcimento do ilícito; Devolução do acrescido ilicitamente, Perda da função pública, Suspensão dos direitos políticos de 8 a 10 anos

Page 60: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

Multa civil que vai depender da modalidade do ato praticado, devendo ser de até três vezes que foi acrescido ilicitamente;

Proibição de contratar e receber benefícios fiscais por 10 anos.

Sanções do artigo 10, medidas a serem adotadas:

Ressarcimento do ilícito; Devolução do acrescido ilicitamente; neste caso quem vai devolver o acrescido vai ser o

terceiro. Perda da função pública; Suspensão dos direitos políticos de 5 a 8 anos; Multa civil de até duas vezes o valor do dano causado a administração; Proibição de contratar e receber benefícios fiscais por 5 anos.

Sanções do artigo 11, medidas a serem adotadas:

Ressarcimento do ilícito; neste caso o ressarcimento dos prejuízos poderá ser pelo terceiro

Não há a pena de devolução do acrescido ilicitamente (O legislador não quis). Perda da função pública; Suspensão dos direitos políticos de 3 a 5 anos; Multa civil de até 100 vezes a remuneração mensal do servidor; Proibição de contratar e receber benefícios fiscais por 3 anos.

OBS: As penas de perda de função e suspensão dos direitos políticos só serão aplicáveis a partir do trânsito em julgado da decisão.

Havia uma discussão logo que saiu a lei de improbidade sobre a aplicação da pena em bloco. Alguns membros MP defendiam que as penas deveriam ser aplicadas em bloco. Hoje não se aplica mais a teoria da pena em bloco, devendo ser aplicada as penas da mesma lista, não pode ser misturada as penas de um artigo com outro.

Procedimento na lei de improbidade: ela traz duas regras de procedimento: Administrativo Judicial (este que cai)

Em caso de conhecimento é possível representar a autoridade superior sobre o ato.

Obs.: Numa prova se tiver que fazer uma ação, colocar o nome ação de improbidade, pois existe uma discussão na doutrina se realmente é uma ação civil pública.

AÇÃO DE IMPROBIDADE - PROCEDIMENTO JUDICIAL :

Natureza jurídica da ação de improbidade: a maioria da doutrina reconhece que a natureza jurídica é de ação civil pública. # Qual lei deve ser aplicada? A lei 7347/95 somente é aplicada em caso de silêncio da lei de improbidade.

Já que é ação civil pública, então é cabível a instauração de inquérito civil para se conseguir novas provas. Normalmente o MP faz a investigação em silencio, por isso deixa de instaurar inquérito para evitar a publicidade.

Legitimidade da ação de improbidade: tem legitimidade o MP e a pessoa jurídica lesada (é aquela do artigo 1º da lei de improbidade – é vítima do ato de improbidade). Esta legitimidade do MP foi muito criticada quando do surgimento da lei, pois o MP estava atuando como procurador da pessoa jurídica, eis que o dinheiro vai pra ela. Hoje, não existe mais esta discussão, sendo o MP um ente com legitimidade indiscutível, eis que este atua no papel de representante da sociedade. Entende-se que o interesse é maior que o da PJ, mas sim de toda a coletividade.

Page 61: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

OBS: A associação privada somente pode ajuizar ação civil pública, não podendo ajuizar ação de improbidade.

# Se a pessoa jurídica lesada ajuizar a AC ão, o MP deve participar deste processo? SIM, pois de acordo com a lei a presença do MP é obrigatória como custos legis. A ausência do MP causa nulidade do processo.

# Quando o MP ajuíza a ação, deve a pessoa jurídica participar da ação? Ex. O MP ajuíza ação em face de um prefeito que está no exercício do mandato, será que a pessoa jurídica na pessoa do prefeito seria obrigada a produzir prova contra si mesmo? NÃO.

# Qual a opção neste caso para a pessoa jurídica? (art. 6º da lei 4717/65)a) Pode ficar em silêncio, não participando em nada do processo; oub) Pode a pessoa jurídica ajudar o MP na produção de prova, p. ex. quando o agente público que praticou o ato de improbidade já não estiver no cargo;c) Se for interesse público (não pode em caso de interesse do agente) a doutrina admite que a pessoa jurídica fique do lado do administrador, tendo como fundamento no artigo 47 do CPC.

Vedação de acordo – Na lei de improbidade é vedado qualquer tipo de acordo, transação ou composição. A lei diz este nome para evitar que se altere o nome e se faça um acordo. O motivo para tal vedação é o principio da indisponibilidade do interesse público e pela relevância do patrimônio que se protege.

Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será proposta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica interessada, dentro de trinta dias da efetivação da medida cautelar.§ 1º É vedada a transação, acordo ou conciliação nas ações de que trata o caput.

OBS: Lembrando que na ACP há a possibilidade do TAC.

Competência e Foro privilegiado: o texto originário não previa foro privilegiado e o julgamento era feito pela primeira instancia. A lei 10.628/02 alterou o CPP no artigo 84, de modo que a ação de improbidade passou a ser julgado pelo mesmo juízo que julgava o crime comum. Com esta mudança surgiu à seguintes indagações: o que a ação de improbidade de natureza cível está fazendo dentro do CPP? Se o privilégio para foro está na constituição como pode uma lei ordinária (CPP) trazer este privilégio? Se o constituinte nada falou não pode uma lei ordinária fazer isso. Foram ajuizadas duas ADIs (2797 e 2860) para discutir a constitucionalidade desta lei que alterou o CPP, que foi declarada inconstitucionalidade. Assim, voltamos a ter o julgamento dos atos de improbidade em primeira instância. A grande preocupação dos processos nos tribunais foi com impunidade e com a produção de provas.

Medidas cautelares na ação de improbidade:

Indisponibilidade de bens (artigo 37, inciso IV): Visa proteger os bens necessários para aplicação da sanção. O administrador ímprobo vai ter que ressarcir os prejuízos, vai ter que devolver o acrescido e pagar a multa civil. Tais medidas são todas judiciais;

Seqüestro de bens determinados . A doutrina diz que na verdade a hipótese é de arresto. A doutrina lembra que a hipótese é de bens indeterminados, por isso seria arresto. Mas a lei diz seqüestro.

Investigação , exame e bloqueio de bens e contas bancárias, inclusive investimentos no exterior (respeitada as regras internacionais);

Afastamento temporário do administrador , (mais importante) não tem prazo, não tendo o administrador prejuízo com relação a sua remuneração. Esta medida visa garantir a investigação, pois estando o administrador no cargo ocorre prejuízo para a investigação. O afastamento depende de decisão judicial.Obs.: O afastamento administrativo da lei 8.112 é de 60 dias.

# Para quem vai o dinheiro resultante da ação de improbidade? Esse dinheiro resultante da ação de improbidade de acordo com o artigo 18 da lei vai para a pessoa jurídica lesada.

Page 62: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

Art. 18. A sentença que julgar procedente ação civil de reparação de dano ou decretar a perda dos bens havidos ilicitamente determinará o pagamento ou a reversão dos bens, conforme o caso, em favor da pessoa jurídica prejudicada pelo ilícito.

Prazo Prescricional: Quanto prazo prescricional da ação de improbidade, temos três regras diferentes quanto a este prazo:

1 - Para mandato eletivo, cargo em comissão e função de confiança: o prazo é de 5 anos contados de quando a pessoa tenha deixado o cargo. Começa a contar deste fato para que fique mais fácil a produção das provas;

2- Demais agentes: aplica-se o mesmo prazo para se punir por demissão no estatuto dos servidores; a maioria dos estatutos estabelecem também um prazo de 5 anos a contar do conhecimento;

3- É imprescritível a pena de ressarcimento do dano ao patrimônio público, devendo ser cobrado o ressarcimento por uma ação autônoma (art. 37 §5º, CF). Aqui, já ocorreu a prescrição da ação de improbidade.

OBS: Não pode o agente acusado de improbidade usar o advogado público para defendê-lo, devendo contratar um advogado particular para sua defesa.

Na lei de Responsabilidade fiscal, artigo 71 (ver).

Doutrina indicada: Rogério Pacheco e Emerson Nogueira – membros do MP (lúmen júris)

PROCESSO ADMINISTRATIVO FEDERAL

Processo administrativo: é o conjunto de atos que leva a uma decisão final (ato administrativo).

Procedimento: são as formalidades para se realizar o processo.

OBS: A doutrina não faz esta diferença, usando muitas vezes estas expressões como sinônimas.

Por que razão o administrador tem que fazer processo administrativo? Quais os objetivos?

Serve como mecanismo de documentação; na administração não temos papeis soltos, devendo os atos estar ligados a um processo; dentro do processo que vamos fundamentar o ato, servindo, então,

Serve como instrumento de legitimação do administrador, ex. Processo de justificação de dispensa e inexigibilidade de licitação para justificar os motivos da não realização da licitação;

Serve para demonstrar a transparência da conduta do administrador, pois ele exerce uma atividade em nome do povo;

Seve como mecanismo de defesa, p. ex. no processo administrativo disciplinar para evitar o abuso do administrador; hoje não se admite mais a chamada “verdade sabida” (ocorria quando o chefe via o servidor praticando uma infração, podendo puni-lo sem processo); na multa de trânsito também se dá o direito de defesa; no processo administrativo tributário temos o direito de defesa exercido no processo administrativo etc.;

O cumprimento dos preceitos da lei é uma conseqüência de um Estado de direito, ou seja, é fazer conforme disciplina à lei.

Page 63: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

Princípios do processo: Gerais: aplicáveis a todos os atos da administração, inclusive ao processo administrativo; Específicos: são aqueles que se aplicam especificamente ao processo administrativo. São eles:

o Principio do devido processo legal: o processo tem que realizado de acordo com o que diz a lei; está de acordo com a idéia de legalidade para o direito público; é um principio norteador de nosso ordenamento jurídico; tem previsão no artigo 5º, inciso LIV da CF; um processo para ser justo e igualitário, ele tem que garantir participação igualitária entre as partes (ex. se uma parte recorre, a outra parte tem o direito de responder a este recurso no mesmo prazo do recurso); mesmo que não tenho lei especifica para o ato, temos que observar este princípio, pois se trata de um principio constitucional que deve ser observado sempre sem exceção;

o Princípios do contraditório e da ampla defesa (artigo 5º LV da CF): estes princípios são novidades na CF/88 para o processo administrativo. O contraditório significa bilateralidade da relação processual jurídica, é dar ciência da existência do processo. A comunicação vem da idéia de que ninguém pode ser processado ou condenado sem ao menos ter conhecimento do processo. Como conseqüência do contraditório surge à ampla defesa, que o direito de a parte se defenda. Se a pessoa vai ou não se defender, o que é necessário é dar a chance de a pessoa se defender; os dois princípios são conseqüência do devido processo legal; a ampla defesa é exigência de um Estado democrático;

# Quais são os desdobramentos ou condições para o exercício da ampla defesa? a) tem que ser uma defesa em caráter prévio, devendo ser pré-determinado o procedimento

e sanções. Ex.: num processo administrativo disciplinar foi condenado ao final do processo sem tomar conhecimento que era réu no processo; não podendo ser defender de maneira adequada;

b) Garantia de informação do processo; como garantia de informação a pessoa tem direito de cópia do processo? Segunda a jurisprudência a pessoa tem que viabilizar a cópia do processo somente não tendo que arcar com a custa da cópia.

c) A pessoa tem direito de garantia de certidão do processo; Lembrar que direito de vista dos autos deve ser na própria repartição. O mesmo ocorre com processo de licitação (não gera direito à carga).

d) A presença de defesa técnica realizada pelo advogado não é obrigatória em regra. Todavia, não há duvida de que o advogado colabora com a legalidade do processo. A jurisprudência entende que a presença do advogado não é obrigatória, mas sua presença é benéfica para o processo. A súmula 343 do STJ diz que a presença do advogado no processo administrativo disciplinar é obrigatória em todas as suas fases. Se a parte não tiver dinheiro tiver pagar advogado, pode ser defendido por um defensor público. Esta súmula foi derrubada pela súmula vinculante nº 5 do STF, que não exige mais a presença de advogado no processo administrativo. Todavia, o administrador deve viabilizar a presença do advogado.

e) Publicidade significa garantia do processo constitucional, mas há a possibilidade de sigilo para resguardar a produção da prova, bem como para resguardar a carreira do servidor que está sendo investigado (presunção de inocência).

f) Direito de produzir prova, que seja usada no convencimento do juiz; Obs: O direito de produzir provas não é absoluto. A autoridade pode indeferir sempre avaliando bom senso, razoabilidade e proporcionalidade. (STJ no MS 7.464 e MS 8858).

g) Direito de recurso (art. 5º, LV da CF) como elemento do contraditório e da ampla defesa; toda decisão administrativa deve dar direito de recurso; muitas vezes se estipulam como prazo para recorrer em concurso público o prazo de 24 horas ou 12 horas, o que é uma forma de inviabilizá-lo, sendo isso muito discutido pela doutrina. O recurso deve ser viabilizado mesmo que não haja previsão específica.OBS: Hoje não existe mais a exigência de depósito prévio para apresentar recurso administrativo. O STF diz ser inconstitucional em razão do direito de ampla defesa, bem como fere o princípio da isonomia. (RE 388.359) e (REsp 943.116).

Page 64: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

OBS: Processo administrativo não gera custas para a parte. Obs: Na lei 8.112/90, é o servidor investigado que recebe o valor da diária para deslocar e prestar depoimento.

# Se administração vai anular um ato administrativo ela tem que dar contraditório e a ampla defesa? Se a anulação é um ato administrativo, então depende de processo prévio com contraditório e a ampla defesa. # Se a administração resolve anular um concurso público ela precisa dar contraditório e a ampla defesa? Agora com a decisão do STJ de que a nomeação passou a ser direito subjetivo, para anular um concurso é preciso conferir o contraditório e a ampla defesa, pois estará atingindo a órbita do direito da pessoa que tem o direito de nomeação se ela passou dentro do número de vagas previstas no edital que regeu concurso. Agora, com este entendimento, caiu por terra a doutrina que defendia que a nomeação era mera expectativa de direito, o que não dava o direito de contraditório e a ampla defesa para a pessoa aprovada em concurso no caso de anulação do concurso.

Súmula vinculante nº 3: Acontecia muito de administração praticar um ato “X” e enviava o processo ao Tribunal de Contas para uma análise; nesta análise podia ocorrer de o tribunal anular ou revogar o ato sem que a outra parte fosse notificada para se defender, somente sendo notificada da decisão.

OBS: Esta súmula traz o contraditório e a ampla defesa nos processos administrativos junto ao tribunal de contas, ressalvado o ato de aposentadoria, reforma ou pensão feita pelo tribunal de contas. Quando se fala em aposentadoria, o tribunal de contas faz parte da convalidação do ato de aposentadoria, ratificando o ato de concessão da aposentadoria feita pelo administrador. A doutrina se divide se ato composto ou complexo (maioria).

o Principio da verdade real ou material (aplica-se também ao processo penal): é aquilo que realmente aconteceu, ou seja, a verdade absoluta, ao passo que a verdade formal (processo civil) é aquilo que se apresenta no processo. A doutrina critica bastante este principio com relação a busca da verdade real, pois é quase que impossível se chegar a verdade absoluta, devendo se buscar a verdade que mais se aproxima da realidade, ou seja, a verossimilhança. Então esta dicotomia verdade real e verdade formal não tem aplicação prática, mas em concurso isso pode aparecer ainda, pois Hely Lopes falava em verdade real. Logo, marcar verdade real.

o Princípio da Oficialidade: traz dois elementos importantes: i) impulso oficial: o administrador pode impulsionar o processo administrativo, o que não ocorre no processo judicial; o administrador pode produzir provas dentro desse processo (investigação); ii) informalismo: o processo é formal para a administrador (principio da solenidade) e informal para o particular;

o Principio da motivação: existe diferença para o motivo (é o fato e o fundamento que leva a pratica do ato. Ex. se dissolvo uma passeata, o motivo é o tumulto) da motivação que significa a explicação do ato, é a correlação lógica entre os diversos elementos do ato administrativo e a lei; percebe-se que a motivação é mais que o motivo. Existe divergência entre a obrigatoriedade ou facultatividade da motivação. Carvalhinho (doutrina tradicional) – é como regra facultativa, somente sendo obrigatória nos casos do art. 93, IX da CF e outro fundamento é o art. 50 da lei 9784/99 diz que neste caso é obrigatório, sendo nos outros casos facultativas. Nas provas de concurso entender que a motivação é obrigatória, tendo como base os artigos 1º, inciso I (cidadania), parágrafo único (poder emana do povo – o titular do direito deve ser comunicada das jusficativas da prática do ato); para se controlar as contas do administrador é preciso ter ciência das justificativas dadas pelo administrador. Outro fundamento é o art. 5, XXXIII (garantia de informação); outro fundamento está no art. 5, XXXV, CF (lesão ou ameaça de lesão pode ser revisto pelo judiciário) para o judiciário verificar a razoabilidade, proporcionalidade e eficiente o ato é necessário a motivação do ato; o art. 93, IX (quando o judiciário pratica ato administrativo deve motivar, sendo isso função atípica do judiciário, então se o judiciário deve fazer agindo de forma atípica, por mais razão deve o administrador motivar, pois atua dentro de sua função típica; art. 50 da lei 9784/99 é também usado como obrigatoriedade de motivação, pois ele traz um rol

Page 65: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

muito amplo de modo a abranger todos os atos administrativos. A motivação pode vir antes ou durante a prática do ato, não se admitindo a motivação posterior. A motivação deve ocorrer no ato vinculado como nos discricionários;

o Principio da celeridade: o processo tem que ser o mais rápido possível, para que o processo seja o mais eficaz possível. No processo administrativo os prazos são mais curtos, devendo durar o processo por 60 dias prorrogáveis por mais 60 dias. Se for respeitado este prazo (60 mais 60) haverá nulidade do processo? Para o STJ não gera nulidade, já que a administração tem o prazo de 5 anos para punir o servidor. Apesar de não gerar nulidade pode gerar responsabilidade para o administrador caso não cumpra este prazo. Os princípios da informalidade, da oficialidade, da economia processual e a decadência qüinqüenal ajudam bastante este princípio. Com a emenda 45/04, surgiu o art. 5º inciso LXXVIII da constituição que garante a duração do processo judicial dentro de um prazo razoável. Para o direito administrativo o prazo razoável é aquele previsto na lei.

AULA 08 - 10/12/2008

PROCESSO ADMINISTRATIVO NA LEI 9784/99

Trouxe como novidade a súmula vinculante. Para se tornar vinculante, a súmula deve passar por um procedimento administrativo previsto na lei 9784/99.

# Esta lei é de âmbito nacional ou federal? É uma lei de âmbito federal aplicada para a União que representa uma norma geral de processo administrativo no âmbito federal. A competência para legislar sobre processo administrativo é de cada ente da federação, tendo cada ente federado sua própria lei.

Art. 69. Os processos administrativos específicos continuarão a reger-se por lei própria, aplicando-se-lhes apenas subsidiariamente os preceitos desta Lei.

Ex. se tenho o processo administrativo tributário, somente aplico a lei 9.784 se houver omissão da lei específica que regula aquele processo.

Aspectos da lei de processo administrativo da lei 9784/99:

Garantia de publicidade: os atos devem ser publicados. Os processos são públicos, salvo os casos de sigilo previstos em lei.

Custas no processo administrativo: em regra, não há despesas processuais (custas), salvo quando a lei determinar. É o princípio da gratuidade.

Provas ilícitas: não são admitidas as provas conseguidas por meios ilícitos para condenar. Todavia, pode ser usada como fundamento para a causa da conduta, pois pode servir como uma pista para que o administrador possa estar produzindo novas provas licitas. Cabe ressaltar que a ilegalidade pode ser revista de oficio.

Page 66: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

Contagem dos prazos administrativos: são contados da mesma forma do prazo judicial, excluindo dia do começo e incluindo o dia final. O prazo só começa e termina em dia útil. Ex. se a intimação ocorrer na sexta, o prazo começa a correr na segunda.

Ato no processo: não tem grandes formalidades, devendo as formalidades previstas na lei serem observadas. Ato de processo deve ser praticado na hora de expediente (não se pratica atos aos sábado e domingo) e na repartição (é possível fora da repartição em casos excepcionais, p. ex. quando a administração não tiver ). Excepcionalmente se admite atos fora do horário de expediente.

OBS: No silêncio da norma específica se aplica o prazo de 5 dias corridos.

OBS: A lei 9.784/99 apesar de ser uma lei de processo ela não traz regras sobre provas, sobre notificação etc. Então podemos utilizar todos os meios previstos em lei. Não há diferença entre intimação e notificação, salvo em alguns processos em que se utiliza a expressão notificação.

OBS: É possível utilizar qualquer forma de notificação autorizada pela lei. A intimação de comparecimento deve ocorrer com pelo menos três dias de antecedência. Se a pessoa não foi intimada validamente comparecimento supre a nulidade se houve nulidade na intimação. É possível Tb condução coercitiva.

Funcionamento do processo administrativo:

1ª fase: instauração pode ser instaurado pela própria administração por portaria (alguém fica sabendo de uma infração e diz para a administração que instaura, por auto de infração, por requerimento de um servidor pedindo), por representação (ato de improbidade deve ser representado a autoridade superior), por um simples despacho e por provocação do particular (licença para construir pedida pelo particular via petição inicial ou requerimento).

OBS: O servidor tem o dever de representar.OBS: O PAD não pode ser instaurado denúncia anônima.OBS: O Administrador deve fazer um juízo de admissibilidade.OBS: Instaurado o processo, ocorre a nomeação da comissão processante, formada por servidores estáveis. O presidente deve ocupar um cargo superior ao do servidor que está sendo processado ou ter um nível de escolaridade maior.

2ª fase: instrução Temos a produção de provas. Quais são as provas permitidas? São todas as autorizadas em direito (testemunhal, acareação de testemunhas, pericial, depoimento pessoal etc.).

3ª fase: defesa O prazo de defesa na lei 9784/99 é de 10 dias.

4ª fase: relatório do processo tem que ser conclusivo pela absolvição, pela condenação, ou pela cominação, ou seja, tem que sugerir um resultado. # Ele vincula a autoridade superior? A regra é que não tem vinculação, salvo no processo administrativo disciplinar em que há vinculação da autoridade superior. O relatório é feito pela comissão processante.

Normalmente a pessoa que instaura o processo instala uma comissão processante, fazendo a instrução, defesa e relatório, voltando o processo ao final para julgamento pela autoridade que instaurou o processo.

Se estivéssemos num processo disciplinar (instrução, defesa e o relatório) formam o inquérito administrativo, que não é investigação prévia, mas sim o miolo do processo administrativo.

A sindicância que prepara o processo administrativo. (É o mesmo do IP no processo penal)

5ª fase: julgamento será feita pelo chefe administrativo, normalmente de 20 dias, mas vai depender da lei específica.

6ª fase: recurso (gênero) depois de publicada a decisão cabe primeiro o pedido de reconsideração para que a autoridade reconsidere a sua decisão. Ele é endereçado a própria autoridade que julgou o processo. A

Page 67: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

autoridade tem um prazo de 5 dias para decidir se reconsidere a decisão. Não sendo reconsiderado, o processo é encaminhado para autoridade superior, havendo a conversão do pedido de reconsideração em recurso hierárquico. É um ato único (faz o pedido de reconsideração e caso não ser reconsidere pede para converter o pedido em recurso hierárquico).

Normalmente o prazo para recorrer é de 10 dias, tendo a autoridade o prazo de 30 dias para julgar. Em regra o recurso não tem efeito suspensivo, mas pode excepcionalmente pode ter efeito suspensivo (ex. recurso em habilitação de licitação; recurso de classificação na licitação).

O recurso não será conhecido quando: For interposto fora do prazo; A parte for ilegítima, pois não interesse no processo; Estiver esgotada a esfera administrativa;

Quando o recurso for interposto diante de autoridade incompetente, a lei diz que a autoridade deve indicar a competente e reiterar o prazo para a parte recorrer corretamente diante da autoridade competente

Recurso hierárquico pode ser: Próprio: Quando o recurso é encaminhado para autoridade superior dentro do mesmo órgão. Impróprio: Quando o recurso é encaminhado para autoridade superior para outro órgão diverso.

É possível reformatio in pejus no processo administrativo?É possível, podendo a parte recorrer até 3 instâncias administrativas.

A revisão no processo administrativo depende um fato novo, pois é como se fosse uma rescisória no processo administrativo. Não há prazo. A revisão pode ser apresentada a qualquer tempo. Neste caso, não cabe reformatio in pejus.

Anulação e revogação de processo administrativo:

Na anulação sempre vai existir uma ilegalidade. A anulação é um ato administrativo, devendo observar todas as formalidade aplicáveis ao ato (ex. existência de processo administrativo com contraditória e ampla defesa).

Quem pode anular ato administrativo? No exercício da autotutela a administração do ato administrativo. O poder judiciário pode anular o ato, pois é controle de legalidade. A administração tem um prazo de 5 anos para fazer a revisão no que tange a legalidade do ato.

Se um ato é ilegal ele deve ser anulado, podendo em alguns atos com defeitos sanáveis a convalidação. Os defeitos insanáveis não podem ser convalidados.

A revogação é uma análise de conveniência e oportunidade da administração. O poder judiciário pode fazer a revogação de seus próprios atos.

A revogação não tem limite temporal, mas tem limites materiais (p. ex. uma ato vinculado não pode ser revogado, ato que já produziu direito adquirido, ato que não está na orbita de competência; atos que já exauriu seus efeitos, atos enunciativos (certifica, atestam, confere uma opinião – Ex. certidão, atestado – não possuem poder decisório).

A revelia não produz confissão ficta. Se o sujeito for intimado e não comparecer, isso não gera a confissão ficta.

PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR (ESTATUTO DOS SERVIDORES)

O PAD está disciplinado na lei nº 8.112/90.

Page 68: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

O processo serve como mecanismo para produzir prova e de defesa. A autoridade tomando ciência da infração disciplinar, autoridade deve (atividade vinculada) instaurar o processo.

Revelia: Se o réu não comparece no PAD não produz os efeitos da confissão ficta, apenas há a desnecessidade de intimá-lo.

Instaurado o processo, a lei prevê hipótese de afastamento do servidor do servidor pela via administrativa, o que é diferente da ação de improbidade administrativa, que somente pode ocorrer por decisão judicial, por tempo indeterminado e a pessoa não deixa de receber a remuneração. Nesse afastamento administrativo, a pessoa somente pode ficar afastada pelo prazo de 60 dias admitida uma prorrogação por mais 60 dias, também sem o prejuízo da remuneração.

Em processo administrativo disciplinar temos dois tipos de processo: Sumário : é o mais rápido (mais resumido), que se divide em dois:

o Sindicância : pode aparecer como investigação prévia (neste caso, não tem preocupação com contraditório e a ampla defesa, podendo ser inquisitiva) ou pode ser o próprio processo (neste caso, tem preocupação com contraditório e a ampla defesa, não podendo ser inquisitiva); quando for o próprio processo será sempre para apurar infrações leves; instaurada a sindicância pode resultar três conseqüências: i) instaurada para investigar, verificada que a infração não existiu, ocorre o arquivamento do processo; ii) se a sindicância for o processo sumário serve para aplicação de pena leve (advertência ou suspensão de até 30 dias); iii) se a infração for grave, não posso punir somente pela sindicância, que servirá somente como investigação, devendo ser iniciado o processo administrativo propriamente dito (chamado de processo ordinário, pois é mais longo/demorado); a sindicância deve ser feito em 30 dias prorrogáveis por mais 30 dias;

o Sumário de acumulação ilegal (art. 133 lei 8112/9 ): o prazo duração deste processo é de 30 dias prorrogáveis por mais 15 dias. Antes de punir o servidor, é dado ao servidor a opção por qual cargo vai optar ficar, devendo fazer esta escolha em 10 dias, sob pena de ser instaurado no prazo de 10 dias. Instaurado o processo, é feito a instrução (inquérito administrativo), defesa (em 5 dias) e relatório. Até o último dia defesa é possível escolher de novo com qual cargo queira ficar, pois caracteriza boa-fé, havendo neste caso exoneração. Não fazendo a escolha, ao final do processo se ficar provado que a pessoa realmente fazia cumulação ilegal, ocorrerá à demissão do servidor.

# O que significa a verdade sabida? Antigamente era uma espécie de processo sumario. Hoje não existe mais. Ocorria de autoridade competente presenciava o cometimento da infração e já aplicava a punição ao servidor sem abrir processo administrativo para o servidor se defender antes de ser punido.

Procedimento ordinário ou PAD propriamente dito : é mais extenso. Tem duração de 60 dias prorrogáveis por mais 60 dias. É quando há a possibilidade de sanção mais grave que advertência ou suspensão por 30 dias. Aí é obrigatório o procedimento ordinário.

OBS: 1ª Fase: Instauração (Portaria + Nomeação da Comissão); 2ª Fase: Inquérito Administrativo (Instrução, Defesa e Relatório); 3ª Fase: Julgamento; 5ª Fase: Recurso.OBS: Há a possibilidade de afastamento do servidor por 60 dias, prorrogáveis por mais 60 dias, sem prejuízo da remuneração.

# E-mail institucional serve de prova no PAD? O email corporativo/institucional não tem inviolabilidade. Ele pode ser lido, fiscalizado e utilizado como prova contra ou a favor do servidor.

OBS: Enquanto o servidor está sendo processado administrativamente (PAD), ele não pode se exonerar, nem pedir aposentadoria voluntária. Ele tem que responder o PAD no serviço público.

# E se quando descobrir a infração o servidor já estiver aposentado? Neste caso, a punição será a cassação de aposentadoria.

Page 69: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

OBS: O art. 127, da Lei nº 8.112/90 enumera as seguintes sanções:- Advertência- Suspensão: (geralmente, em caso de reincidência da advertência).- Demissão (as condutas estão no art. 132).- Cassação de aposentadoria e disponibilidade (nas mesmas infrações do art. 132, quando o servidor está aposentado).OBS: No caso de cargo em comissão ou função de confiança, a pena grave não será demissão, mas sim pena de destituição de cargo em comissão ou função de confiança. Essa pena também é aplicada no caso de suspensão.

AULA 09 - 11/12/2008

CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Controle: Significa fiscalização, vigilância, orientação e correção de medidas. Em 1890, foi criado no Brasil o primeiro Tribunal de Contas.

Controle político: Os poderes são independentes e harmônicos entre si, todavia, vigora em nosso Estado Democrático a fiscalização mútua entre os Poderes. É o sistema do check and balance. Não é objeto do estudo nesse capítulo.

Controle administrativo: Tem como idéia o controle de uma atividade administrativa, não importando quem o realize, seja o Poder Executivo, Legislativo ou Judiciário.

Controle interno da Administração: é feito pela própria administração pública. Quando o poder judiciário, legislativo e o MP desempenham atipicamente a função de administração pública eles estão também realizando o controle interno da administração.

Existem duas bases do controle administrativo:Princípio da Legalidade: O administrador só pode fazer o que a lei autoriza e determina.Políticas Públicas: O administrador para resolver o que é conveniente e oportuno, ele analisa a política pública adotada por aquele governo.

CNJ: não é órgão de controle externo do Poder Judiciário. Ele é órgão interno do Poder Judiciário. É instrumento de controle administrativo. Isto é, é o próprio Poder Judiciário controlando suas atividades administrativas. Competência do CNJ: art. 103-B, § 4º da CF. é um órgão de controle administrativo e financeiro do poder judiciário. A natureza das decisões do CNJ é administrativa.

§ 4º Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura:

OBS: O mesmo se aplica ao CNMP.

Page 70: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

Poder ou Principio de autotutela administrativa: é prerrogativa que tem a administração de se manter permanentemente controlada. Alguns autores entendem que o principio da autotutela estaria fundamentado no art. 74, caput, CF.

Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de controle interno com a finalidade de:

# O que pode ser controlado? O mérito administrativo (conveniência e oportunidade). Além do controle do mérito, ocorre também um controle de legalidade. Lembrar que o poder discricionário do administrador está limitado aos princípios constitucionais, como por exemplo, o princípio da proporcionalidade. Aí o Poder Judiciário pode controlar. (Ler ADPF 45).

OBS: Quando se fala em política pública, o Estado tem liberdade para decidir, mas respeitando os parâmetros constitucionais. Se não for razoável e constitucional, o Judiciário irá rever o mérito. Ademais, o Estado só pode dar ou fazer aquilo que está dentro do orçamento (p. da reserva do possível). Todavia, o Estado não pode escapar o mínimo existencial (bloco mínimo de saúde, educação e segurança).

A legalidade que nos interessa é a legalidade lato sensu (amplo) que vem recebendo o nome de controle de “jurisdicidade” ou “bloco de legalidade”.

Até 88 a legalidade era exclusivamente legal (estrita), bastava a obediência matemática da lei, pois esta era o vetor da legalidade. É desta época que se dizia que o judiciário não analisa o mérito administrativo.

Com a CF/88 surgiu princípios (moralidade, legalidade...) o que se verificou que a legalidade estrita não era suficiente, ou seja, ao lado da lei existe uma serie de princípios que devem ser obedecidos. A legalidade precisa ser de acordo com a lei e com o direito como um todo.

Ex. Se pratico um ato previsto em lei, mas irrazoável ou com desvio de finalidade este ato é invalido.

A validade da ação administrativa não apega a estrita legalidade.

(F) O controle da administração pública se restringe a legalidade restrita.

Art. 2º da lei 9.784/99:Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de:I - atuação conforme a lei e o Direito;

O STJ que não tiverem a lei própria devem aplicar a lei geral de processo administrativo.

Súmula 473: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.

O controle interno da administração não se restringe a revogação e anulação dos atos. Os principais modos são estes, mas não são os únicos que existem. Ex. possibilidade de rescindir um contrato; possibilidade encampar uma concessão; possibilidade de caducar uma concessão etc.

CLASSIFICAÇÃO

Quanto ao órgão controlador:

1) CONTROLE LEGISLATIVO

É o Poder Legislativo realizando o controle da atividade administrativa. Ele realiza controle sobre seus atos administrativos e atos administrativos dos demais poderes.

Page 71: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

O seu principal mecanismo de controle é o Tribunal de Contas.

Tribunal de Contas(Ler art. 71, CF).É o “longa manos” do legislativo. É auxiliar.O TC controla tanto a administração direta quando a administração indireta.Até o ano de 2005, o TC não tinha o controle da SEM. Ao mesmo tempo ela tinha privilégio do regime público. Hoje, a SEM também está sujeita ao controle do TC, eis que tem dinheiro público.

STF: Há uma discussão se a Petrobrás seguirá a lei 8666/93 ou a licitação simplificada da Lei tal. O TC disse que a lei é inconstitucional. A matéria chegou no STF, e a corte disse que a súmula 347 não pode realizar controle concentrado e usurpar a função do STF. Segundo a corte, o TC pode declarar inconstitucionalidade de atos específicos.Súmula 347, STF: “O tribunal de contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do poder público”.

CPITambém é auxiliar de controle administrativo.

2) CONTROLE JUDICIÁRIO

É o Poder Judiciário realizando o controle da atividade administrativa. Ele realiza controle sobre seus atos administrativos e atos administrativos dos demais poderes.

Mandado de SegurançaAção de Improbidade – Tem duas forças: Rever o ato e punir o administrador.Ação Popular.Ação Civil Pública.

Se o controle judicial é de seus atos administrativos, ele pode fazer legalidade e mérito. Aqui ele é o próprio administrador controlando. Todavia, o Controle judicial dos atos administrativos dos outros poderes é chamado de Controle de legalidade, eis que ele não pode rever o mérito dos outros poderes.

Quanto à extensão – O controle feito pela Administração pode ser:

1) CONTROLE EXTERNOLembrar o controle popular. Ex: Impugnando licitação, fiscalizando contas públicas, etc.

2) CONTROLE INTERNO

Quanto à natureza

1) CONTROLE DE LEGALIDADE

2) CONTROLE DE MÉRITO

De acordo com o momento (oportunidade)

1) CONTROLE PRÉVIO OU PREVENTIVO – Ocorre antes que o evento aconteça.

2) CONTROLE CONCOMITANTE – Pode acontecer por avocação, ou por determinação legal.

3) CONTROLE POSTERIOR OU À POSTERIORI – É o mais rigoroso e eficaz. É chamado também de controle superveniente, repressivo, corretivo.

Page 72: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

Quanto à hierarquia

1) CONTROLE HIERÁRQUICO – Tem a base na hierarquia e envolve os elementos do Poder Hierárquico. O principal instrumento é a fiscalização hierárquica. É o chefe controlando os subordinados. Ex: o recurso administrativo.

Recurso hierárquico próprio Recurso hierárquico impróprio- é o recurso que será apreciado por autoridade administrativa ligada a autoridade recorrida por um vínculo de hierarquia. Para ser possível não é necessária regra legal específica, pois é da natureza do poder hierárquico que o chefe hierárquico possa rever os atos de seus subordinados.

- é aquele recurso que será apreciado por autoridade administrativa que não tem vinculação hierárquica com a autoridade recorrida. Para haver este recurso deve haver previsão legal específica.Ex: Decisão de presidente do BACEN que prevê recurso para Min. da Fazenda.

Novidades sobre o tema: Toda vez que a administração pública for extinguir uma conduta administrativa, que produza efeitos

favoráveis ao destinatário deverá assegurar a este o contraditório e a ampla defesa. Ex. vai extinguir um contrato administrativo, uma licitação etc.

Art. 49, § 3º e art. 78 , parágrafo único da lei 8666/93:Art. 49. A autoridade competente para a aprovação do procedimento somente poderá revogar a licitação por razões de interesse público decorrente de fato superveniente devidamente comprovado, pertinente e suficiente para justificar tal conduta, devendo anulá-la por ilegalidade, de ofício ou por provocação de terceiros, mediante parecer escrito e devidamente fundamentado.3o No caso de desfazimento do processo licitatório, fica assegurado o contraditório e a ampla defesa.Art. 78: Parágrafo único. Os casos de rescisão contratual serão formalmente motivados nos autos do processo, assegurado o contraditório e a ampla defesa.

Isso é o que se chama de “administração dialógica”.

MS 24268 RS e MS 25440: Deram origem a súmula vinculante nº 3º.

Art. 71 CF. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório;

MS 24448: O STF seguiu uma linha diversa ao entendimento da súmula vinculante. Concedido reforma, pensão ou aposentadoria devem ser remetidas ao TCU para fins de registro, que a principio não tem contraditório, salvo se processo durar mais de 5 anos, o que será obrigatório o oferecimento do contraditório.

Acompanhar o MS 25.116 STF para verificar se o STF está mudando o entendimento quanto a súmula vinculante.

07-04-08 (decisão do STF): MS 26085: o STF seguiu o entendimento do STJ no REsp 488905).

Costuma-se dizer que a anulação de contratos produz efeitos ex tunc, salvo em relação aos terceiros de boa-fé. Ex. a nomeação de um professor foi invalidade porque fraudou um concurso,os alunos não serão prejudicados por este ato.

Em relação aos destinatários de boa-fé (novidade STJ REsp 488905): servidores do RS que receberam verbas durante um período com boa-fé, ocorreu a anulação do ato, mas não tiveram que devolver o dinheiro recebido

Page 73: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

por terem agido de boa-fé, ou seja, apesar da anulação o efeito do ato foi ex nunc e não a regra (ex tunc). A doutrina moderna chama isso de estabilização de efeitos.

# Quem pode iniciar o controle interno? Por provocação (Art. 5º, XXXIV, alínea “a” da CF) – é o direito constitucional de petição.

Principio do formalismo relativizado: Ex: quando um concurso público não exige formalidade no momento do recurso.

# Reformatio in pejus é cabível? É possível, salvo disposição legal em contrário.

Art. 69, lei 9.784/94.

Art. 69. Os processos administrativos específicos continuarão a reger-se por lei própria, aplicando-se-lhes apenas subsidiariamente os preceitos desta Lei.

Não confundir recurso com pedido de revisão.

Recurso Pedido de Revisão- aqui é possível reformatio in pejus (art. 64) - aqui não há reformatio in pejus. (art. 65, p.

ú)

Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso poderá confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de sua competência.Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste artigo puder decorrer gravame à situação do recorrente, este deverá ser cientificado para que formule suas alegações antes da decisão.

Art. 65. Os processos administrativos de que resultem sanções poderão ser revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando surgirem fatos novos ou circunstâncias relevantes suscetíveis de justificar a inadequação da sanção aplicada.Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar agravamento da sanção.

# Por que pode haver reformatio in pejus pela administração no recurso? Já que pode a própria administração pública agir de oficio para piorar a situação do agente, nada impede que administração quando provocada possa também piorar a situação do agente.

Art. 51, §2º: é o mesmo fundamento utilizado para possibilidade de reformatio in pejus e caso de recurso administrativo.

Art. 51. O interessado poderá, mediante manifestação escrita, desistir total ou parcialmente do pedido formulado ou, ainda, renunciar a direitos disponíveis.§ 1o Havendo vários interessados, a desistência ou renúncia atinge somente quem a tenha formulado.§ 2o A desistência ou renúncia do interessado, conforme o caso, não prejudica o prosseguimento do processo, se a Administração considerar que o interesse público assim o exige.

# O controle pode ocorrer de forma preventiva? SIM. a doutrina chama isso de controle preventivo ou “a priori”.

# O controle pode ser concomitante a realização do ato? SIM. ex. durante a execução de um contrato de concessão o poder público tem que fiscalizar a execução dos serviços prestados pela concessionária.

O mais comum é o controle repressivo ou sucessivo ou a “posteriore”.

Controle Jurisdicional: feita pelo Poder Judiciário.

Page 74: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

Art. 5º, IIIV, CF: Principio da inafastabilidade do controle judicial em caso de lesão ou ameaça a direito.

Legalidade latu sensu ou de jurisdicidade: é controle feito pelo Judiciário dentro de sua função típica.

Legalidade administrativa (reserva legal): quem define o que a administração irá fazer ou deixar de fazer é a lei.

Modos de agir da administração: Vinculado : a lei prevê uma hipótese em que se uma única forma de agir. Ex. o tipo legal traz o verbos da

seguinte forma: deverá, será etc. ex: licensa gestante.

Discricionário : a lei prevê uma hipótese para cuja concretização a lei possibilita mais de uma forma de agir. Veja que a discricionariedade decorre da própria lei e não da falta dela Ex: licença para interesse particular. A lei diz: poderá ser concedida a licença.

Mérito administrativo: É o critério de concretização de regras discricionárias pelo qual o administrador elege dentre as soluções legais qual é a melhor ao interesse público (conveniência) a partir da valoração do caso concreto contido na hipótese. # É possível o judiciário controlar o mérito administrativo? O judiciário não pode controlar o mérito administrativo no sentido de não poder rever decisões válidas de conveniência e oportunidade. Para aqueles autores que sustentam que o judiciário controla o mérito administrativo, tal controle representaria a análise da juridicidade latu sensu ou de validade da decisão administrativa.

Atos interna corporis: O judiciário, via de regra, não pode controlar atos “internas corpori”, todavia, se o ato for inválido por algum vicio (cassação de mandato de parlamentar sem observar o contraditório) poderá o judiciário analisar a jurisdicidade do ato.

Conceito jurídico indeterminado: Ex. urgência, relevância, interesse público, mulher honesta, notório saber jurídico etc. Existe uma orientação doutrinária minoritária (Celso Antonio, Di Pietro etc) que entendem que a previsão de um conceito jurídico indeterminado significaria espécie de discricionariedade.

Todavia, a orientação majoritária (RE 24699 e 167137 - STF) é de que o conceito jurídico indeterminado é de interpretação e não de discricionariedade trazida pela lei. Logo, o controle sobre a interpretação é maior do que o controle exercido sobre a discricionariedade.

Ex: nomeação de um dentista para conselheiro do TCE, só que este dentista já foi governador de um Estado por vários anos, portanto, detentor de ampla experiência. O TJ de um estado disse que este ato é discricionário que não pode ser revisto pelo Judiciário. A questão chegou ao STF que disse que a questão era de interpretação e não de discricionariedade, o que permite a análise pelo judiciário, que inclusive foi revisto pelo STF.

O controle jurisdicional deve ser provocado.

O controle jurisdicional é em regra repressivo ou “a posteriore”, podendo ser em alguns casos ser preventivo (MS preventivo, HC preventivo etc.) desde que se possa fazer prova de uma ilegalidade que está prestes a acontecer.

Não existe a possibilidade de controle concomitante pelo poder judiciário.

Controle legislativo: a) Tribunais de contas (art. 70 a 75 da CF)

Page 75: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento;II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público;III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório;IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II;V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo;VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município;VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas; VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário; IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade;X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal;XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados.§ 1º - No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo Congresso Nacional, que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis.§ 2º - Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, não efetivar as medidas previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito.§ 3º - As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título executivo.§ 4º - O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente, relatório de suas atividades.

Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei. § 1º - O controle externo da Câmara Municipal será exercido com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde houver.

b) CPI: Possui poderes instrutórios de juiz penal, devendo os atos ser motivados todos os atos.

Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e temporárias, constituídas na forma e com as atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação. § 3º - As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.

c) Solicitação de esclarecimentos (art. 50 CF)d) Art. 52, VII, VII e VIII:

e) Art. 49, V, CF: sustar os atos normativos que exorbitem o poder regulamentar.f) Art. 52, I e II, CF.

g) Art. 49, I, IV, XII, XIV, XVI e XVII e art. 52, III, IV, V e XI.

Page 76: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL (LC 101/00)

Histórico: aparece num momento em que havia muito desequilíbrio entre as receitas e despesas. Quando faltava dinheiro o governo precisa de dinheiro, simplesmente emitia moeda, provocando uma grande crise na economia pública.

O administrador não se preocupava com a emissão de moeda e títulos. A grande solução para o governo estadual e municipal era o governo federal que sempre ajudava estes governos com suas dividas. A lei veio para que cada ente federado se preocupasse com seu dinheiro.

A lei serviu para que os entes políticos começassem a se planejar, sob pena de não ter repasse, ou seja, ela cria limites e penalidades para o ente e administrador que não respeitar.

Fundamento constitucional: art. 165 e segts.

É chamada de código de conduta do administrador público. Ela visa compromisso do administrador com as leis orçamentárias. Ela não visa punir, ela na verdade quer prevenir uma sanção. Todavia, prevê sanção na própria lei ou determina a aplicação do código penal, da lei de improbidade, lei de crime de responsabilidade.

Visa uma ação planejada e transparente na atuação administrativa. Visa evitar riscos para que o administrador de hoje não deixe riscos para o administrador do amanhã. O administrador deve tomar cuidado com as despesas e com as receitas, devendo planejar por meio de uma gestão fiscal.

Ela não apenas define com será gasto, mas também como será arrecadado, ou seja, um equilíbrio entre as despesas e receitas. Ex. antes da lei existiam municípios que gastava 120% da receita com pagamento de pessoal, pois não existíamos limites existentes hoje na lei.

Conclusão das finalidades da LRF: Ação planejada; Ação transparente; Evitar riscos Ter cuidado com as arrecadação para que se ocorrer falta corrigir de imediato, para evitar riscos

maiores; Garantia de equilíbrio das contas (receitas e despesas)

Pessoas jurídicas sujeitas a estas leis: Administração direta (U, E, M, DF), todos os poderes (PE, PL (também os tribunais de contas da União,

dos Estados e dos Municípios onde existir), PJ) estão sujeitos a fiscalização, inclusive o MP; o DF é tratado como Estado para efeito de limites de gastos da LRF (Art. 1º da LRF) – ADI 3756 - decidiu que o DF deve mesmo seguir os limites dos Estados. O DF teve o prazo de 8 meses para se igualar aos estados a partir da publicação da lei (art. 23 da lei)

Administração indireta (autarquias e fundações públicas) e empresas estatais (empresa pública e sociedade de economia mista) dependentes; para ser dependente precisa ser controlada, que significa a maioria do capital votante nas mãos do poder público e receber recursos financeiros do poder público para despesas com pessoal e para as custeio em geral (despesas de manutenção/sobrevivência). Se o repasse for para aumento da participação orçamentária não será considerada empresa estatal dependente.

Art. 1o Esta Lei Complementar estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, com amparo no Capítulo II do Título VI da Constituição.§ 1o A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições no que tange a renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade

Page 77: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

social e outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar.§ 2o As disposições desta Lei Complementar obrigam a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.§ 3o Nas referências:I - à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, estão compreendidos:a) o Poder Executivo, o Poder Legislativo, neste abrangidos os Tribunais de Contas, o Poder Judiciário e o Ministério Público;b) as respectivas administrações diretas, fundos, autarquias, fundações e empresas estatais dependentes;II - a Estados entende-se considerado o Distrito Federal;III - a Tribunais de Contas estão incluídos: Tribunal de Contas da União, Tribunal de Contas do Estado e, quando houver, Tribunal de Contas dos Municípios e Tribunal de Contas do Município.

Art. 23. Se a despesa total com pessoal, do Poder ou órgão referido no art. 20, ultrapassar os limites definidos no mesmo artigo, sem prejuízo das medidas previstas no art. 22, o percentual excedente terá de ser eliminado nos dois quadrimestres seguintes, sendo pelo menos um terço no primeiro, adotando-se, entre outras, as providências previstas nos §§ 3o e 4o do art. 169 da Constituição.§ 1o No caso do inciso I do § 3o do art. 169 da Constituição, o objetivo poderá ser alcançado tanto pela extinção de cargos e funções quanto pela redução dos valores a eles atribuídos. (Vide ADIN 2.238-5)§ 2o É facultada a redução temporária da jornada de trabalho com adequação dos vencimentos à nova carga horária.(Vide ADIN 2.238-5)§ 3o Não alcançada a redução no prazo estabelecido, e enquanto perdurar o excesso, o ente não poderá: I - receber transferências voluntárias;II - obter garantia, direta ou indireta, de outro ente;III - contratar operações de crédito, ressalvadas as destinadas ao refinanciamento da dívida mobiliária e as que visem à redução das despesas com pessoal.§ 4o As restrições do § 3o aplicam-se imediatamente se a despesa total com pessoal exceder o limite no primeiro quadrimestre do último ano do mandato dos titulares de Poder ou órgão referidos no art. 20.

Aspectos da LRF:

Conceitos importantes (art. 2º LRF):

Planejamento (ART. 4º a 10 LRF): 1º passo : PPA (4 anos): previsão para União na CF, para os estados vai depender da CE e para os

municípios da lei orgânica. Visa definir as metas e planos de governo no prazo de 4 anos. O prazo de 4 anos não é coincidente com o mandato do chefe do dirigente. Ex. se o mandato começa em 2007, o PPA começa em 2008 e termina e 2011, pois no primeiro ano do mandato se prepara o plano. O projeto de lei é feito pelo poder executivo, sendo enviado para o Poder legislativo até o dia 31 de agosto do ano seguinte ao primeiro ano do mandato para apresentar o projeto. O legislativo tem até o dia 31 de dezembro para devolver ao presidente da República para sancionar ou vetar o projeto.

2º passo : LDO (1 ano): define as metas e ações para cada ano da PPA. Ela também orienta a LOA. 3º passo : LOA (1 ano): quantifica de forma detalhada o quanto será gasto em cada uma das ações

definidas na LDO. Cada poder deve apresentar a estimativa de quanto vai gastar até o dia 31 de julho de cada ano. O chefe do executivo compila tudo isso e faz um projeto de lei apresenta ao Congresso Nacional até o dia 31 de agosto de cada ano, devendo o CN devolver o projeto até o dia 31 de dezembro de cada ano.

A LDO e LOA são a repartição da PPA nos 4 anos para cada ano da gestão.

Page 78: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

A LDO e LOA andam juntas, devendo primeiro ser aprovada a LDO para depois se aprovar a LOA. A LDO deve ser enviada pelo PE para o PL até o dia 15 abril de cada ano e tem o PL que devolver ao PE até o dia 30 de junho de cada ano, sob pena de o congresso não entrar em recesso (fica em sessão extraordinária até entregar a LDO ao poder executivo). O PE que tem que o dever de compilar todos os projetos que são enviados pelos demais poderes, o que não significa que o PE manda nos projetos dos demais poderes.

A cada ano teremos uma LDO e uma LOA.

A LDO precisa de algumas informações complementares, que são chamadas de anexos, são os seguintes: Anexo de metas fiscais : traz todas as definições das metas fiscais; Anexo de riscos fiscais : serão definidos os riscos de não arrecadação, que pode causar possíveis

prejuízos para a administração; Anexo específico : define as políticas monetária, creditícia e cambial. Ex metas para reduzir a inflação

etc.

Feito isso já se sabe quais será as ações do ano seguinte.

Depois de aprovada a LOA é feita uma programação financeira de desembolso, que é quanto será gasto em cada mês. Publicada a LOA tem 30 dias para fazer esta programação financeira de desembolso. Esta programação está vinculada à entrada de recurso (crédito orçamentário).

A LOA além da receitas e despesas, ela também compreende: Todo o orçamento fiscal; Tudo que será investido em empresas; O orçamento da seguridade social;

A LOA também possui anexos, que define a sua compatibilidade com a LDO (1º anexo). O 2º anexo trata de quanto será gasto em cada região (saúde, educação etc). O 3º anexo é o de reserva de contingência, que define um valor X (poupança ) que será usado em caso de situação de risco.

Proibições da LOA:

Não pode tratar de elementos estranhos à receita e despesa; todavia, é possível tratar de créditos suplementares e de contratação de operação de crédito;

Não posso definir finalidades imprecisas, devendo ser previamente definido em que área o dinheiro será gasto;

É necessária uma dotação limitada; a LOA não pode ser ilimitada; Não posso prever recursos ou dotações em longo prazo (superior a um ano) se não estiver prevista na

PPA;

Relatórios:

Na execução da LOA é muito importante a presença dos relatórios. Os relatórios são prestações de contas daquilo que já foi executado. Ex. o que foi planejado para estes dois meses já foi cumprido. É a confirmação dos resultados obtidos.

Os relatórios também servem para explicitar que não existe tarefa acumulada, ou seja, nada do que foi programado ficou sem fazer.

Conclusão: Prestação de contas; Define o que foi cumprido dentro das etapas previstas; Define todos os impedimentos e os desvios, ou seja, o que ficou sem fazer. Quando surge desvios,

algumas medidas devem ser tomadas. Ex. com o fim da CPMF teve que ser feita algumas medidas para compensar este desvio.

Page 79: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

Existe um projeto de uniformização destes relatórios, para que se facilite a linguagem e ajude na compilação feita pelo poder executivo.

Espécies de relatórios: Relatório de execução orçamentária : vai definir os resultados do que foi cumprido em cada etapa. O PE

vai entregar ao PL, para em seguida ser publicado. É feito bimestralmente, sendo que vencido o bimestre, o administrador tem 30 dias para entregar o relatório. O relatório traz futuros comprometimentos caso se ultrasse os valores de gastos no bimestre anterior.

Relatório de gestão fiscal : estabelece as informações sobre aquilo que estava previsto para execução. Este relatório é quadrimestral, devendo ser entregue em maio, setembro e fevereiro. Vencido o quadrimestre tem 30 dias para entregar.

Estabelecido o relatório e se houver algum comprometimento, deve haver limitação no próximo bimestre para conseguir cumprir a meta.

Art. 9o Se verificado, ao final de um bimestre, que a realização da receita poderá não comportar o cumprimento das metas de resultado primário ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais, os Poderes e o Ministério Público promoverão, por ato próprio e nos montantes necessários, nos trinta dias subseqüentes, limitação de empenho e movimentação financeira, segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias. § 1o No caso de restabelecimento da receita prevista, ainda que parcial, a recomposição das dotações cujos empenhos foram limitados dar-se-á de forma proporcional às reduções efetivadas. § 2o Não serão objeto de limitação as despesas que constituam obrigações constitucionais e legais do ente, inclusive aquelas destinadas ao pagamento do serviço da dívida, e as ressalvadas pela lei de diretrizes orçamentárias. § 3o No caso de os Poderes Legislativo e Judiciário e o Ministério Público não promoverem a limitação no prazo estabelecido no caput, é o Poder Executivo autorizado a limitar os valores financeiros segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias. (Vide ADIN 2.238-5) § 4o Até o final dos meses de maio, setembro e fevereiro, o Poder Executivo demonstrará e avaliará o cumprimento das metas fiscais de cada quadrimestre, em audiência pública na comissão referida no § 1o do art. 166 da Constituição ou equivalente nas Casas Legislativas estaduais e municipais. § 5o No prazo de noventa dias após o encerramento de cada semestre, o Banco Central do Brasil apresentará, em reunião conjunta das comissões temáticas pertinentes do Congresso Nacional, avaliação do cumprimento dos objetivos e metas das políticas monetária, creditícia e cambial, evidenciando o impacto e o custo fiscal de suas operações e os resultados demonstrados nos balanços.

Prestação de Contas: O tribunal de contas desempenha um papel muito importante, pois controla as contas de todos os poderes. Os poderes apresentam as contas para o chefe do executivo, que compila e envia para o tribunal de contas.

Tribunais de contas: TCU TCE TCM: Município capital: tem tribunal de contas. E se tiver mais de 200 mil habitantes.

O Tribunal de contas vai entregar o parecer prévio dentro de 60 dias, que será enviada para o poder legislativo, que aprovará ou não estas contas. Se o município não tem tribunal de contas próprio o prazo do parecer prévio será de 180 dias.

Estudar atuação do tribunal de contas na CF.

Receitas (art. 11 a 14 da LRF):

Page 80: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

Receita corrente liquida: é aquilo que entra e está disponível para utilização. É o somatório de algumas receitas, devendo ser deduzidas algumas verbas:

Para União os valores transferidos aos Estados e Municípios em razão de repartição constitucional e também a contribuição paga pelo empregador (art. 195, inciso I, “a” CF) e a contribuição do programa de integração social;

Para o Estado os valores transferidos aos Municípios em razão de repartição constitucional; Para a União, Estado e Município os valores pagos ao regime próprio de previdência de previdência.

Art. 2o Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se como:IV - receita corrente líquida: somatório das receitas tributárias, de contribuições, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de serviços, transferências correntes e outras receitas também correntes, deduzidos:a) na União, os valores transferidos aos Estados e Municípios por determinação constitucional ou legal, e as contribuições mencionadas na alínea a do inciso I e no inciso II do art. 195, e no art. 239 da Constituição;b) nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por determinação constitucional;c) na União, nos Estados e nos Municípios, a contribuição dos servidores para o custeio do seu sistema de previdência e assistência social e as receitas provenientes da compensação financeira citada no § 9o do art. 201 da Constituição.

Quando se fala em receita corrente liquida como é feita esta apuração? Sempre se soma as receitas apuradas no mês de referência mais os 11 meses anteriores. (ex. mês de janeiro (mês de referencia) mais os 11 meses anteriores).

O que vem de cobrança judicial e administrativa é computado como receitas.

Renúncia de receita: é importante e feita de forma condicionada. É um tratamento diferenciado que depende de algumas condições:

Deve ser feito um estudo de impacto orçamentário; Verificar se os recursos estão compatíveis com LDO; Verificar se estão sendo comprometidas as metas traçadas, devendo ser instituída medidas de

compensação. Ex. com o fim da CPMF foram feitas medidas para compensar a renúncia de receita.

Despesas (Art. 15 a 24 da LRF)

Temos três seções de despesas:

Despesa obrigatória de caráter continuado: são despesas que comprometem pelo menos dois exercícios. Este tipo de despesa depende de um ato formal (lei, medida provisória, ato administrativo de caráter normativo).

Despesa de pessoal: o artigo 169 da CF foi alterado pela EC 19/98 que remete aos limites LRF. Quando nos falamos de limites com pessoal, isso serve para os três poderes, sendo computado naquilo que se arrecada. Para se chegar a este limite deve somar todas as remunerações pagas para o pessoal (o que é pago para os servidores na atividade, os inativos, os pensionistas, cargo em comissão, cargo, emprego, terceirização de mão de obra, ou seja, qualquer tipo de gasto com pessoal).

Para a União o limite de receita é de 50% devendo ser repartido entre o PE (37,9%), PL e TCU (2,5%), PJ (6%), e MPU (0,6%), sendo que a lei define um percentual para cada um. Não podemos esquecer que a União ajuda o DF e os territórios e ex territórios, sendo reservado um percentual de 3% da sua receita para arcar com as despesas do PJ, MPDF e policia. A legislação também os ex territórios para ajudar no crescimento destas regiões.

Nos estados o percentual é de 60% dividido da seguinte forma: o PE (49%), o PL e TCE (3%), PJ (6%) e para o MP (2%).

No município temos também 60% o percentual, dividido da seguinte forma: PE (54%) e PL (6%).

Page 81: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

Algumas verbas não se incluem no limite com pessoal: Verbas indenizatórias em caso de demissão; Valores pagos em pedido de demissão voluntária (ex. trabalhadores do banco do Brasil foram

incentivados ao PDV); Pagamentos das sessões extraordinárias ao Congresso Nacional (a EC 50); Decisão judicial; Despesas de pessoal com o DF, Amapá e Roraima; Despesas com inativo entra em regra, salvo exceções do artigo 19, §1 da LRF.

Quando ocorrer desvio da regra do orçamento, haverá dois quadrimestre para se enquadrar, não podendo deixar para o ultimo quadrimestre. Deve haver 1/3 de redução no primeiro quadrimestre, podendo o resto ocorrer o resto no segundo quadrimestre.

Medidas de reenquadramento das despesas com pessoal: Cargo em comissão ou função de confiança pelo menos 20%; Não estáveis o quanto for necessário; Estáveis com direito a indenização; Extinção de cargo, somente podendo ser recriado 4 anos depois da extinção;

A lei também complementa que alem da redução do numero de cargos, existe a possibilidade de redução temporária de jornada de trabalho para reduzir os custos.

Quando o gasto com pessoal exceder a 95%, o ente fica proibido de: Mexer com vantagem remuneratória (ex. aumentar remunerações), salvo em caso de decisão judicial; Não pode criar cargo, emprego e função, pois são casos de acréscimo de despesa; Não pode alterar o plano de carreira que crie despesas; Não pode fazer provimento de cargo que esteja vago; Não pode fazer a contratação de horário extraordinário;

Regras de transição para que os entes cumprissem os limites foi de 2 anos (50%).

Transferência voluntaria: é feita a titulo de cooperação/assistência financeira entre os entes federados. Ex. em caso de calamidade, segurança pública etc.

Fica fora da transferência voluntária: Repartição constitucional de tributos (é obrigação); Transferência feita pelo SUS (é obrigação);

Investir dinheiro público no setor privado tem alguns limites:Pode ser para pessoa física ou jurídica, sendo necessária:

o Autorização legislativa específica;o Atender a LDO;o Previsão no orçamento ou em créditos adicionais;

Qualquer desrespeito as essas exigências haverá transferencia ilegal.

Despesa com seguridade social: é estudo do direito previdenciário.

Dívida pública consolidada ou fundada (art. 29 da LRF):

A dívida pública é comprometer aquilo que não estava programado. Não significa o mesmo que despesa.

A dívida fundada é aquela com o prazo de amortização superior a 12 meses. Os limites são definidos pelo senado federal com proposta feita pelo Presidente da República. O endividamento deve ser feito dentro de um percentual previsto na receita. O endividamento é diferente de despesa diária, pois aquela não está nos planos

Page 82: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ

de gasto. Se ocorrer de ultrapassar o limite de endividamento, o ente tem o prazo de 12 meses para se reenquadrar. Nos primeiros 4 meses é necessário pelo menos 25%. Isso é feito de forma não drástica, devendo ser feito de maneira paulatina.

Art. 29. Para os efeitos desta Lei Complementar, são adotadas as seguintes definições:I - dívida pública consolidada ou fundada: montante total, apurado sem duplicidade, das obrigações financeiras do ente da Federação, assumidas em virtude de leis, contratos, convênios ou tratados e da realização de operações de crédito, para amortização em prazo superior a doze meses;

Mecanismos de controle:A LRF traz muito a idéia de transparência. Qual tipo de providência a lei traz como mecanismos de controle?

Relatórios de gestão fiscal e de execução orçamentária; Balanços simplificados das finanças (é o resumo das contas bancárias); Havendo dúvida, deve ser realizada a audiência pública; Prestação de contas feitas ao poder legislativo e ao tribunal de contas; Controle popular, pois as contas ficam à disposição da população por um período.

Penalidades na LRF:

Já vimos que esta lei não visa para punir, mas sim para prevenir. Todavia, ela traz algumas penalidades:

Penas institucionais: são as medidas que atingem o ente político e não para o administrador. Quando o ente ultrassa o limite pessoal já vimos que tem um monte de deveres a cumprir. Se o ente tem um prazo para se adequar e se não se fizer no prazo estará sujeito a penas institucionais. Estas penas têm a características com intuito de fazer pressão para se cumprir os limites.

Penas pessoais: neste caso atinge a pessoa do administrador. A LRF não atinge diretamente o administrador, ela somente faz remissão de que será punida de acordo com alguma lei (p. ex. lei de improbidade, crime de responsabilidade (lei 1079/50 ou decreto-lei 201/67 (prefeito e vereador), lei penal etc.)

Meses que antecedem a eleição (ultimo ano do mandato):

Além da lei de responsabilidade fiscal, o senado federal também traça algumas proibições e o fez por meio da resolução 43/2001.

Qual tipo de proibição acontece nestes períodos? Operação de credito que caracterize antecipação de receita: não posso no ano da eleição realizar

contratação que gera antecipação de credito do ano seguinte, pois a lei quer que o administrador de hoje não comprometa o administrador do amanhã;

Contrair despesa que não possa ser paga no exercício financeiro; Não pode qualquer contratação de pessoal que gere aumento de despesa no prazo de 180 dias

anteriores que antecedam o fim da legislatura. (a nomeação, fazer concurso até que podem ser feitos desde que não haja aumento de despesa).

Existem algumas outras proibições na legislação eleitoral que visam evitar que os candidatos consigam votos.

Page 83: DIREITO ADMINISTRATIVO - RESUMO ANDRÉ