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Professora Eliana Khader Parte 6 Direito Internacional Ambiental DIREITO AMBIENTAL

DIREITO AMBIENTAL · sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, também conhecida pelas denominações “Estocolmo + 20”, “Conferência do Rio”, “Rio 92”, “Eco 92”, “Cúpula

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Professora Eliana Khader

Parte 6

Direito Internacional Ambiental

DIREITO AMBIENTAL

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Q626660. Ano: 2016. Banca: CESPE. Órgão: TJ/AM. Em ação popular ajuizada pretendendo-se a anulação de licença de instalação concedida a determinada empresa para construção de uma represa, foram requeridos, ainda, o desfazimento das obras iniciadas e o retorno da área à situação original. Na ação, apontou-se, entre outros danos, comprometimento de áreas utilizadas para reprodução de aves aquáticas.

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Na sua defesa, o ente público alegou ilegitimidade ativa, pois o autor era estrangeiro apenas residente no Brasil. Alegou também prescrição da pretensão de anular ato administrativo, pois a licença tinha sido concedida havia mais de seis anos. A empresa que obteve a licença, por sua vez, alegou ilegitimidade passiva e, no mérito, não ocorrência do dano alegado. Com base nessa situação hipotética, assinale a opção correta. A) O objeto da ação relaciona-se à matéria tratada na Convenção de Ramsar.

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O que é a Convenção de Ramsar? Estabelecida em fevereiro de 1971, na cidade iraniana de Ramsar, a Convenção sobre Zonas Úmidas de Importância Internacional, mais conhecida como Convenção de Ramsar, está em vigor desde 21 de dezembro de 1975, mas foi incorporada no Brasil com o Decreto nº 1.905/1996. A Convenção é um tratado intergovernamental criado inicialmente no intuito de proteger os habitats aquáticos importantes para a conservação de aves migratórias, por isso foi denominada de "Convenção sobre Zonas Úmidas de Importância Internacional, especialmente como Habitat para Aves Aquáticas”.

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Q626660. B) A defesa do ente público está correta ao alegar prescrição da pretensão de anular ato administrativo, por aplicação do prazo quinquenal para anular atos administrativos. Observações: Não tem cabimento a alegação de prescrição, já que a licença permanece em vigor e produzindo efeitos. Cabe ao órgão que concede a licença fiscalizar os atos do licenciado, com base em seu poder de polícia ambiental.

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Q626660. C) Diante da incerteza científica, o juiz deverá inverter o ônus da prova e determinar que os réus arquem com os custos da perícia, aplicando o princípio do poluidor-pagador. Observações: O princípio da precaução fundamenta eventual necessidade de “inversão do ônus da prova”. Trata-se, a rigor, de aplicação da distribuição dinâmica do ônus da prova.

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Q626660. D) A empresa é parte ilegítima, pois o objeto da ação popular é apenas a anulação de atos ilegais e lesivos ao patrimônio público. Observações: A empresa é parte legítima, porque é poluidora direta, já que é diretamente responsável pela atividade. Lei 6.938/1981, art. 3º, IV: “poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental”.

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Q626660. E) A defesa do ente público está correta ao alegar ilegitimidade ativa do estrangeiro, considerando-se o entendimento pacificado da doutrina. Observações: CF, art. 5º, LXXIII: qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência

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Lei 4.717/1965: Art. 1º Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear(...) § 3º A prova da cidadania, para ingresso em juízo, será feita com o título eleitoral, ou com documento que a ele corresponda. O STJ, por sua vez, entende que basta a apresentação do título de eleitor para comprovar a condição de cidadão e, portanto, a legitimidade ativa para a ação popular. Inclusive, segundo o STJ, pouco importa que o domicílio eleitoral do cidadão seja diferente do local onde corre a ação popular. (REsp 1.242.800-MS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 7/6/2011).

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No entanto, a doutrina não é pacífica quanto ao entendimento de que o estrangeiro não teria legitimidade para ajuizar ação popular ambiental. Leciona Paulo Affonso Leme Machado: “Ser cidadão já não é só ser eleitor ou poder ser eleito para cargos ou funções eletivos. É mais: é, entre outros direitos, poder integrar órgãos públicos como o Conselho da República (art. 89, VII) ou falar perante as Comissões do Congresso Nacional (art. 58, §2º), onde não se exigirá a apresentação de título de eleitor para o exercício da cidadania”.

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Q613209. Ano: 2016. Banca: VUNESP. Órgão: TJ/RJ Na evolução da normativa do Direito Ambiental Internacional, pode-se identificar documentos elaborados por Comissões, como ocorreu com a Comissão da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Esses documentos são posteriormente discutidos para, eventualmente, serem incorporados em Declarações de Princípios das Conferências sobre Meio Ambiente. Esse processo pode ser identificado, quando da consagração do princípio do desenvolvimento sustentável, respectivamente, pelo

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Q613209. A) Programa da Agenda 21 e Declaração do Rio/92. Observações: O chamado “plano de ação”, ou, ainda, “Agenda 21” foi um dos 3 documentos gerados pela Conferência Mundial sobre Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Rio 92 ou Conferência do Rio). Os 3 documentos, embora não vinculativos, foram: a Declaração do Rio de Janeiro sobre meio ambiente e desenvolvimento, o programa de ação (chamado Agenda 21) e a Declaração sobre as florestas. A assertiva “A)” está incorreta, porque traz dois documentos que foram gerados na mesma oportunidade. O enunciado pede que a resposta traga um documento anterior que tenha servido como base para o documento posterior.

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Q613209. B) Plano de vigia Earthwatch e Cúpula de Johannesburgo. Observações: A Conferência de Estocolmo (1972) teve como resultado a produção de 2 documentos: a Declaração de Estocolmo e o Plano de Ação. O Plano vigia Earthwatch é parte integrante do Plano de Ação.

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Cúpula de Johannesburgo Em dezembro de 2000, a Assembleia Geral da ONU decidiu convocar, por meio da Resolução 55/199, a Conferência Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, também chamada Rio + 10, Cúpula da Terra 2002 (World Summit on Sustainable Development – WSSD, ou Earth Summit 2002), dedicada a avaliar as metas propostas pela Agenda 21. Tal evento teve lugar na cidade de Johannesburgo, na África do Sul, entre os dias 26 de agosto a 4 de setembro de 2002, e resultou numa Declaração sobre Desenvolvimento Sustentável e num Plano de implementação (Plan of Implementation).

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Q613209. C) Relatório Brundtland e Declaração do Rio/92. Observações: Relatório Brundtland, oficialmente denominado Our Common Future (Nosso Futuro Comum, em português; NotreAvenir à Tous, em francês), examinado durante a 47ª Sessão da Assembleia Geral da ONU, em 1987, constituiu o primeiro documento para os trabalhos preparatórios da Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, também conhecida pelas denominações “Estocolmo + 20”, “Conferência do Rio”, “Rio 92”, “Eco 92”, “Cúpula do Rio” e “Cúpula da Terra”. O relatório Brundtland assim passou a ser conhecido em homenagem à Primeira-Ministra da Noruega daquela época, Gro Harlem Brundtland.

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Q613209. D) Relatório Brundtland e Declaração de Estocolmo. Observações: Como visto, o Relatório Brundtland antecedeu à Conferência RIO 92. Já a Declaração de Estocolmo foi fruto da realização da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Humano de 1972, em Estocolmo. E) Plano de vigia Earthwatch e Declaração de Estocolmo. Observações: O Plano de vigia Earthwatch é contemporâneo à Declaração de Estocolmo, mas não foi o documento que serviu de base para a Declaração.

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