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Direito Civil SEÇÃO 5 SUA PETIÇÃO

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Direito Civil

SEÇÃO 5

SUA PETIÇÃO

Seção 5

Direito Civil

Sua causa!

Prezado aluno, nas seções anteriores percorremos o processo de conhecimento, com os seus momentos processuais, intervenção de terceiros, recurso cabível de decisão interlocutória, fase instrutória e sentença. Com a sentença e eventuais embargos declaratórios, encerra-se a prestação jurisdicional em 1º grau. Contudo, à parte que não se conformar com o resultado da demanda, é reservada a possibilidade de apresentação de recurso próprio, que será dirigido ao juízo prolator da decisão, mas que será encaminhado à instância superior, onde será objeto, em regra, de julgamento por três desembargadores, que verifi carão pela necessidade de reforma ou até mesmo novo julgamento da demanda, dependendo do vício constatado. A nossa missão nesta seção é passar a vocês os requisitos para a sua interposição, a melhor interpretação a respeito do cumprimento dos requisitos recursais e a forma como eles devem ser demonstrados no processo. Lembrem-se que o Recurso de Apelação não pode ser interposto também sem a preocupação da possibilidade de eventual interposição de recursos às instâncias superiores! Portanto, demonstraremos a forma como o advogado deve deduzir suas argumentações, de modo a abrir caminho para a eventual necessidade de interposição de recursos aos tribunais superiores. E aí, curiosos? Vamos começar, então!

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NPJ - NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA

DIREITO CIVIL - SUA PETIÇÃO - SEÇÃO 5

Após a interposição dos Embargos de Declaração por parte da Viação Meteoro Ltda., o r. juízo acolheu parcialmente os Embargos de Declaração, apenas no que tange à contradição apontada quanto à distribuição das condenações. Segue abaixo a decisão prolatada:

“Vistos, etc.

A Ré/Reconvinte interpôs Embargos de Declaração, ao fundamento de que teria ocorrido omissão em relação à denunciação da lide e contradições na r. sentença, no que tange a contrariedade da decisão com as provas apresentadas e também quanto à distribuição da condenação realizada na r. sentença.

Com relação à omissão apontada, assiste razão à Embargante. Com efeito, a denunciação da lide foi deferida através da decisão proferida pelo Egrégio Tribunal de Justiça, e todos os atos processuais inerentes à intervenção de terceiros foram praticados.

Dessa forma, acolho os Embargos de Declaração, suprindo a omissão apontada, fazendo acrescentar na parte de fundamentação:

“Quanto à denunciação da lide, considerando o provimento do Agravo de Instrumento para deferir o processamento da denunciação, e que a Denunciada acatou a denunciação da lide, contestando o feito na condição de litisconsorte, e não havendo qualquer oposição da parte contrária, julgo procedente a denunciação da lide para condenar a denunciada Seguradora Trafegar S/A no ressarcimento dos danos a que a Ré Viação Meteoro Ltda. foi condenada. Sem honorários advocatícios em favor da Denunciante ante a ausência de resistência ao pedido. Condeno a Denunciada a arcar, solidariamente, com o pagamento da condenação, as custas processuais e honorários advocatícios na mesma proporção a que a Denunciante foi condenada. “

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Na parte dispositiva, os Declaratórios devem ser providos para acrescentar o deferimento da denunciação da lide, com condenação da Denunciada no pagamento dos valores a que a denunciante foi condenada, como será exposto ao final dessa decisão.

Com relação à alegação de contradição em relação à culpa no acidente, sem razão a Embargante. A interpretação sistemática de toda a parte da fundamentação leva a crer que as duas partes tiveram culpa no acidente. Na verdade, a parte busca a reforma da decisão através da via estreita dos Embargos de Declaração, o que desafia outra espécie recursal. Dessa forma, quanto a essa contradição, inacolho os Embargos de Declaração quanto a essa contradição.

Por fim, com relação à alegada contradição quanto à distribuição da condenação, entendo estar correta a ponderação apresentada pelo Embargante.

De fato, na fundamentação, após sopesar as circunstâncias, entendi que a culpa pelo evento danoso objeto da presente ação deve ser em 60% para a Autora e 40% para a Ré, tendo em vista que foi constatado que a maior parte da culpa ocorreu por parte da Autora, que invadiu a contramão direcional, e colaborou de forma decisiva para a realização do acidente.

Dessa forma, deve ser provido quanto a essa parte, para alterar a proporção, devendo a Ré condenada a arcar com 40% da condenação e, na Reconvenção, a Autora/Reconvinda deve ser condenada a pagar 60% do valor a que foi condenada.

A partir das considerações acima, dou provimento parcial aos Embargos de Declaração, para, suprindo a omissão e contradição “retro” apontadas, julgar procedente a denunciação da lide e também para, imprimindo efeitos modificativos, alterar a distribuição da condenação. Por esses motivos, a parte dispositiva da decisão deverá constar da seguinte forma:

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“Considerando o exposto, julgo parcialmente procedentes os pedidos da Autora Caipira Hortaliças, para condenar a Ré Viação Meteoro Ltda. no pagamento da quantia de R$ 14.000,00 (quatorze mil reais), correspondentes a 40% do valor do conserto do veículo, bem como da quantia de R$ 12.000,00 (doze mil reais), correspondente a 40% do valor dos lucros cessantes requeridos na exordial. Julgo improcedente o pedido de danos emergentes referentes aos fornecedores e locador do imóvel da Autora. Os valores deverão ser corrigidos pela tabela da corregedoria de justiça e os juros moratórios de 1%, contados ambos a partir do fato danoso, a teor das súmulas 43 e 54, do Superior Tribunal de Justiça. Fixo os honorários em 20% sobre o valor atribuído à causa, devendo a Autora arcar com 40% do valor e a Ré a arcar com 60% do valor, permitida a compensação, nos termos da súmula 306, do Superior Tribunal de Justiça. Custas processuais na mesma proporção, devendo a Autora arcar com 40% e a Ré a arcar com 60%.

Baseado nos mesmos fundamentos, e considerando o arbitramento de culpa concorrente, à proporção de 40% da Ré e 60% da Autora, julgo parcialmente procedente o pedido da Reconvenção, para condenar a Autora Reconvinda a ressarcir à Ré-Reconvinte o correspondente à quantia de 60% do valor, o que corresponde a R$ 13.200,00 (treze mil e duzentos reais). Os valores correspondentes a esses percentuais deverão ser acrescidos de juros moratórios de 1% ao mês, contados da data de citação, e correção monetária pela tabela da corregedoria, que súmulas 43 e 54 do Superior Tribunal de Justiça. Condeno a Reconvinte ao pagamento de custas processuais em 60%. Fixo os honorários em 20% sobre o valor da causa, devendo a Reconvinte arcar com o correspondente a 60% do valor e a Ré a arcar com 40% do valor, permitida a compensação, nos termos da súmula 306 do Superior Tribunal de Justiça e honorários advocatícios de 20% (vinte por cento) incidentes sobre o valor devido a ela.

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Condeno a Autora, igualmente, ao pagamento de 20% sobre o montante devido e custas processuais em 40%.

Autorizo, desde já, a compensação dos valores devidos entre as partes, devendo a que foi condenada no maior montante ressarcir a outra dos prejuízos. P.R.I. (Publique-se. Registre-se. Intime-se)”

A decisão foi publicada no Diário Ofi cial do dia 16 de novembro de 2.018, sexta feira.

Considerando as informações prestadas, você, como advogado da Viação Meteoro Ltda., deverá elaborar a peça processual que será julgada pelo juízo de segundo grau, para se opor aos argumentos contrários à decisão de primeiro grau.

Fundamentando!

ASPECTOS PROCESSUAIS DO RECURSO A SER INTERPOSTO

A Constituição Federal não explicita o princípio do duplo grau de jurisdição como garantia. Embora não seja um princípio explícito, a organização judiciária dos tribunais é tida como a garantia de que as decisões dos jurisdicionados possam ser objeto de nova apreciação por instância superior, formada por Desembargadores com maior experiência jurídica.

No entanto, como observa NERY JÚNIOR (2.004, pg. 211), considerando que o duplo grau de jurisdição tem mera previsão constitucional quanto à da existência de tribunais e não como uma garantia constitucional, o direito de recurso pode sofrer limitações e restrições pela legislação processual. Como exemplo, pode-se citar o próprio artigo 1.015 do CPC de 2.015, que prevê a possibilidade de limitação das matérias que seriam passíveis de interposição de Agravo de Instrumento, reservando

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aquelas não inseridas no rol como passíveis de recurso de apelação ou de preliminares de contrarrazões . Note-se que, apenas os Recursos Especial e Extraordinário possuem previsão expressa na Constituição Federal, ficando os demais para a legislação infraconstitucional (NERY JÚNIOR, p. 211).

Ademais, a decisão, em regra, deve ser colegiada, ou seja, é apreciada por três desembargadores, sendo um Relator, um Revisor e um Vogal, o que, em princípio, atribui maior segurança às partes quanto à apreciação do acerto ou não da decisão de primeiro grau.

O recurso de apelação é conceituado como o recurso cabível contra sentença e decisões interlocutórias que não podem ser impugnadas via agravo de instrumento. A apelação é cabível em todos os procedimentos previstos no Código de Processo Civil, seja no comum, de jurisdição voluntária, especiais, execução ou cumprimento de sentença.

No caso em exame, lembre-se de que houver a prolação da sentença e a sua alteração via decisão dos Embargos de Declaração, fatos importantes para a definição do recurso.

APELAÇÃO: HIPÓTESES DE CABIMENTO E MATÉRIAS QUE PODEM SER OBJETO DO RECURSO.

Conforme preceitua o art. 1.009, do Código de Processo Civil, da sentença cabe apelação.

Nesse contexto, é importante mencionar também que, a teor do art. 1.009, parágrafo primeiro, das decisões proferidas durante o processo e que não estejam no rol do art. 1.015, do Código de Processo Civil, é cabível o recurso de apelação, que devem ser lançadas na preliminar do recurso. Portanto, mesmo questões que não foram objeto de análise na sentença, podem ser novamente discutidas em grau recursal.

Como afirma DIDIER JR., essas hipóteses foram inseridas com o objetivo de manter a hipótese do antigo agravo retido, onde questões suscitadas em agravo retido deveriam ser invocadas em preliminar, ou seja, antes de se suscitar o mérito

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recursal. Contudo, a redação do dispositivo pouco detalhou o procedimento, o que criou dúvidas na sua aplicação.

O Código de Processo Civil cria ainda uma hipótese de impugnação de decisões interlocutórias excluídas do rol do art. 1.015, que é a possibilidade de apresentar pedido de reforma de decisões proferidas durante o processo em desfavor da parte vencedora, através das contrarrazões do recurso de apelação (art. 1.009, parágrafo primeiro).

Nesse diapasão, aduz DIDIER JR. (2.016, pg. 169), que “este recurso é uma apelação do vencedor.” (...) “A circunstância de este recurso ser apresentado na peça de contrarrazões não o desnatura, assim como a reconvenção não perde a natureza de demanda por estar embutida, juntamente com a contestação, uma mesma peça.” (DIDIER JR, Freddie. Curso de Direito Processual Civil, vol. 3, 13 ed. Salvador: Ed. Juspodivm, 2.016, pg. 169). Por este motivo, deve ser oportunizado à parte contrária o direito de apresentar contrarrazões do recurso manejado nas contrarrazões.

Contudo, o Código de Processo Civil ressalva que, em algumas hipóteses, não é cabível o Recurso de Apelação, a saber:

Hipóteses em que não é cabível a interposição de recurso de apelação:

Sentenças proferidas nos Juizados Especiais – Cabimento do Recurso Inominado (art. 42 da Lei

9.099/95;

Sentença proferida em Execução Fiscal até 50 OTN – Embargos Infringentes de Alçada (Art.

34 da Lei 6.830/80);

Sentença em que seja parte organismo internacional ou município brasileiro – (art. 1.027, do

CPC de 2.015);

Decisões interlocutórias abrangidas no rol do art. 1.015, do CPC de 2.015 em que não houve

a interposição de recurso de agravo de instrumento naquela oportunidade;

Sentença que decreta a Falência – Cabimendo de Agravo de Instrumento (art. 99, da Lei

11.101/05).

Quanto aos Juizados Especiais Cíveis Federais, Estaduais ou da Fazenda Pública, o recurso cabível das sentenças proferidas

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é o Recurso Inominado, conforme dispõe o art. 42, da Lei 9.099/95, aplicável também aos Juizados Especiais Federais (Lei 10.259/2001) e Juizados Especiais da Fazenda Pública (Lei 12.153/2009). Exatamente por esse motivo, não pode haver nos Juizados Especiais recurso adesivo, pois estes são cabíveis apenas no caso de Apelação e Recursos Especial e Extraordinário.

À sentença proferida em execuções fiscais até o patamar financeiro de 50 ORTNs cabem Embargos Infringentes de Alçada, ao mesmo juízo prolator da sentença, o que dá uma conotação de verdadeiro pedido de reconsideração. Este recurso tem o objetivo de reduzir o volume de interposição de recursos em causas de pequeno valor.

Igualmente, na hipótese da demanda possuir competência internacional, por envolver municípios, pessoas físicas ou jurídicas residentes no Brasil e órgãos internacionais, como a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e a Cultura), ONU (Organização das Nações Unidas) ou Estado Estrangeiro, o recurso cabível das decisões proferidas por aqueles é o Recurso Ordinário, a teor do art. 1.027, do CPC.

No caso do art. 1.009, parágrafo primeiro, do Código de Processo Civil, nos casos previstos no art. 1.015 em que era cabível a interposição do Agravo de Instrumento e houve preclusão pela não interposição do Recurso, não cabe recurso de Apelação na hipótese.

Atualmente, existem divergências doutrinárias se as hipóteses previstas no art. 1.015 são taxativas ou se algumas situações comportariam analogia, permitindo o manejo do Agravo de Instrumento. Outra questão ainda controvertida consiste na necessidade ou não de apresentação de preparo recursal, quando existe pedido de reforma de decisão em sede de preliminar das contrarrazões. Por cautela, recomendamos a apresentação do preparo, pois há pedido de reforma de decisão, e, ao que parece, o Código apenas buscou simplificar uma forma de recorrer, sem, contudo, prescindir dos demais pressupostos recursais.

Por fim, a sentença que decreta a falência desafia a interposição de Agravo de Instrumento, a teor do art. 99, da Lei 11.101/05.

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Por se tratar de procedimento especial, a concessão da falência proporciona a continuidade do procedimento concursal, para arrecadação de bens e habilitação dos credores, o que só poderia ser evitado através da concessão de efeito suspensivo no caso de Agravo de Instrumento.

Nesse contexto, é importante esclarecer a vocês que a decisão dos Embargos de Declaração integra a decisão anteriormente prolatada. Portanto, eventual provimento dos Embargos de Declaração buscam esclarecer ou até mesmo alterar o julgado anterior, pelo que o recurso dessa decisão é aquele que seria cabível se a parte não tivesse interposto os Embargos de Declaração. No nosso caso concreto, o recurso seria a apelação.

Sobre a sentença, cabe registrar que é passível de apelação a sentença que decidir ou não o mérito.

Contudo, em vista da estrutura recursal estabelecida pelo Código de Processo Civil, não são apenas decisões contidas na sentença que podem ser objeto de apelação. Conforme dispõem os parágrafos 1, 2 e 3, do art. 1.009. As decisões interlocutórias tomadas ao longo do processo que não são passíveis de agravo de instrumento, ou seja, aquelas não elencadas no rol do art. 1.015, do Código de Processo Civil, ou aquelas elencadas no mesmo dispositivo legal e que integrem a sentença, podem ser suscitadas em preliminar de apelação, ou até mesmo das contrarrazões da parte, para que sejam reexaminadas pela instância superior.

Por esse motivo, com muito acerto, CÂMARA observa que “as decisões interlocutórias não agraváveis, pois, não são irrecorríveis. Elas são, isto sim, irrecorríveis em separado, ou seja, não se admite um recurso separado, autônomo, de interposição imediata com o objetivo de impugná-las. São elas, porém, impugnáveis na apelação (ou em contrarrazões de apelação).” (CÂMARA, Alexandre Freitas. O Novo Processo Civil Brasileiro. São Paulo: Atlas, 2.015, pg. 509).

Como exemplo de hipótese de decisão que não integra o rol de decisões agraváveis, temos a hipótese em que o juiz indefere a oitiva de uma testemunha durante a fase instrutória. Essa decisão,

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embora não seja agravável, pode ser objeto de impugnação no recurso de apelação, mesmo não tendo constado na sentença. Importante mencionar que a matéria não pode estar preclusa, ou seja, não pode a parte ter deixado de ser impugnada por agravo de instrumento (nas hipóteses do art. 1.015, do CPC/2015) e depois rediscutir a questão em apelação.

Quanto à hipótese prevista no art. 1.019, parágrafo terceiro, do CPC, como exemplo, podemos mencionar a decisão a respeito da concessão de tutela provisória como capítulo da sentença. Embora seja uma matéria regulamentada como passível de Agravo, como ela integrou a sentença, o recurso cabível no caso seria a apelação, posto que não caberia o Agravo de Instrumento nessa hipótese de ter sido tomada a decisão em sentença.

Cabe também trazer uma inovação existente no Código de Processo Civil. Na hipótese de decisões não agraváveis, pode a parte interessada manifestar seu inconformismo nas contrarrazões, desde que a parte preencha os mesmos requisitos da apelação, inclusive, com o preparo. A doutrina, nesse ponto, coloca essa possibilidade entre aqueles recursos subordinados, tal como o recurso adesivo é.

Nesse norte, a apelação também pode ser interposta de forma adesiva. Caso a parte não tenha manejado recurso de apelação, mas a parte contrária tenha apresentado esse recurso, no prazo de contrarrazões, o interessado poderá também interpor recurso de apelação adesiva. A desvantagem dessa interposição consiste no fato do recurso ficar subordinado ao recurso de apelação interposto pela outra parte. Caso haja inadmissão ou desistência do recurso principal, o subordinado segue a mesma sorte. Isso também ocorre com o inconformismo manifestado em contrarrazões, como comentamos acima.

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HIPÓTESES DE

CABIMENTO DO

RECURSO DE

APELAÇÃO

Sentença com ou sem resolução de mérito

Decisões proferidas durante o processo que não elencadas

como passíveis de Agravo de Instrumento no art. 1.015

Decisões agraváveis (art. 1.015) que constem em capítulo

da sentença

A seguir, segue um esquema das hipóteses de cabimento:

Fonte: elaborado pelo autor com base no art. 1.015 do CPC/15.

Como exemplo, podemos mencionar, nesse caso, decisãoa respeito da impugnação ao valor da causa na sentença. Como a decisão foi proferida em momento em que não cabe mais o Agravo de Instrumento, deve ser mencionada em preliminar da apelação. As questões podem também ser mencionadas em contrarrazões, momento em que se dará a oportunidade à outra parte para se manifestar.

EFEITOS DO RECURSO DE APELAÇÃO

A interposição do Recurso de Apelação pode ocasionar efeitos devolutivo, suspensivo e translativo.

A Apelação, em regra, gera os efeitos devolutivo e suspensivo (art. 1.012 do CPC de 2.015). O efeito devolutivo (art. 1.013 do CPC de 2.015) significa que o recurso devolve ao tribunal a possibilidade de reapreciar a matéria impugnada na apelação. Ressalve-se, por oportuno, que a matéria a ser impugnada pode abranger o conteúdo da sentença, bem como decisões interlocutórias não agraváveis ocorridas durante o processo ou as interlocutórias que foram decididas em sentença.

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PONTO DE ATENÇÃO

O efeito devolutivo só ocorre em relação às matérias impugnadas expressamente na apelação. Portanto, salvo questões que podem ser conhecidas de ofício, independente de provocação das partes, as matérias não impugnadas no recurso de apelação transitam em julgado.

Contudo, é necessário advertir que, à exceção das matérias que podem ser conhecidas de ofício como, por exemplo, questões de legitimidade processual, prescrição ou decadência, o Tribunal só pode conhecer e reapreciar as matérias impugnadas na r. sentença. Caso a parte não impugne um dos pedidos ou questões decididas durante o processo, essas transitam em julgado, o que impede posterior manifestação em eventuais recursos subsequentes.

Podem também ser objeto de análise matérias que a sentença não abordou ou questão que foi instada a se manifestar. Nesse caso, alegada no recurso de apelação, permite-se que o Tribunal possa apreciá-la de imediato, independentemente de manifestação do juízo de primeiro grau (art. 1.013 do CPC de 2.015).

Podem também ser invocados em grau de apelação pedidos que não foram analisados em vista do acolhimento de outros que já haviam sido realizados (art. 1.013, parágrafo segundo do CPC de 2.015).

Por fi m, a apelação pode ter efeitos translativos nas hipóteses do art. 1.013, parágrafo terceiro, a saber:

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HIPÓTESES DE EFEITO TRANSLATIVO, COM JULGAMENTO IMEDIATO PELO TRIBUNAL

- Reforma da decisão que extinguir o feito sem resolução do mérito, nos termos do art. 485 do

CPC de 2.015;

- Decretar a nulidade da sentença extra petita, ou seja, a que não estiver em congruência

com os limites do pedido e da causa de pedir;

- Constatar omissão no exame de um dos pedidos;

- Decretar nulidade de sentença por falta de fundamentação, nos termos do art. 489,

parágrafo primeiro.

Essa apreciação, é claro, depende de a causa estar em condições suficientes para imediato julgamento. É o que chamam de teoria da causa madura.

A apelação é recebida, em regra, no efeito suspensivo (art. 1.012 do CPC de 2.015). Isso significa que a eficácia da decisão é suspensa pelo recurso de apelação recebido, e que eventual cumprimento de sentença provisório decorrente daquela decisão só pode ser iniciado após o julgamento do recurso que possua esse efeito.

Contudo, em determinadas situações expressamente previstas em lei, a apelação é recebida sem efeito suspensivo, ou sem efeito suspensivo de uma parte e com efeito suspensivo de outra. Como exemplo, podemos citar a parte da decisão cuja tutela provisória já havia sido concedida, se houver concessão de tutela de urgência na própria sentença. Quanto à recepção sem efeito suspensivo, podemos trazer como exemplos a ação de alimentos (art. 1.0112, parágrafo primeiro, do Código de Processo Civil de 2.015), na apelação dos Embargos do Devedor julgados improcedentes (art. 1.012, par. 1, do CPC de 2015), apelação contra sentença que julga procedente pedido de instituição de arbitragem (art. 7 lei 9.307/96).

Não obstante, os parágrafos 3 e 4, do art. 1.012, o efeito suspensivo pode ser requerido mesmo nas hipóteses em que a decisão tenha eficácia imediata, se houver demonstração

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PONTO DE ATENÇÃO

Sobre o efeito suspensivo, é importante consultar o Código de Processo Civil e leis especiais sobre o efeito da apelação no caso concreto, pois a sua interposição nessas hipóteses em que não há efeito suspensivo deve implicar na possibilidade de cumprimento da decisão. Nesse caso, deve também ser avaliada a possibilidade de requerimento do efeito suspensivo à apelação, nos termos do art. 1.012, parágrafos 3 e 4, do Código de Processo Civil.

da probabilidade de provimento do recurso, ou se houver relevante fundamentação de que há risco de dano grave ou difícil reparação.

REQUISITOS RECURSAIS

O artigo 1.010, do Código de Processo Civil, dispõe a respeito do conteúdo da apelação, a seguir apresentados:

A seguir, esses requisitos serão detalhados:

Primeiramente, cabe enfatizar que o Recurso de Apelação é apresentado em duas peças, sendo a primeira dirigida ao juízo de 1º grau e outra, denominada Razões de Apelação, são direcionadas aos Desembargadores que serão responsáveis pela apreciação das

REQUISITOS DA APELAÇÃO

1 - Nomes e qualifi cação das partes;

2 - Exposição do fato e do direito;

3 - As razões para o pedido de reforma ou de decretação de nulidade;

4 - O pedido de nova decisão.

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PONTO DE ATENÇÃO

A apelação deve ser dirigida ao juízo de primeiro grau, e será remetida ao juízo de 2ª instância após a intimação e decurso do prazo para apresentação de contrarrazões.

razões de mérito do recurso. Essas duas peças estão integradas no mesmo recurso, e são feitas de forma sucessiva.

ENDEREÇAMENTO DO RECURSO

O recurso de apelação deve ser direcionado ao juízo de 1º grau, prolator da sentença, e a apresentação das contrarrazões, após intimação da parte contrária sobre a interposição do recurso de apelação, deve também ocorrer mesmo juízo. Nesse ínterim, o parágrafo 3, do art. 1.011 dispõe que, após a intimação para as contrarrazões, os autos serão remetidos ao tribunal, independentemente de juízo de admissibilidade, para apreciação das razões de apelação, pelo Tribunal.

Nessa peça, devem constar os nomes das partes, a menção de já estarem qualifi cadas, a identifi cação do recurso que está sendo interposto, a juntada do comprovante de pagamento das custas e o pedido de remessa ao juízo de 2 grau.

CONTEÚDO DAS RAZÕES DE APELAÇÃO

Deve-se, inicialmente, se dirigir aos Desembargadores que serão responsáveis pelo julgamento do recurso.

NARRAÇÃO DE FATOS

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Vocês devem realizar um resumo dos argumentos adotados por você na peça processual pertinente, bem como dos acontecimentos processuais, como a apresentação de peças processuais, audiência e demais provas produzidas, e destacar resultado da ação obtido com a r. sentença, enfatizando a parte dispositiva, que será objeto do pedido de reforma da decisão.

Com essa narrativa, restará cumprido o requisito fato e do direito aplicado, descrito no Código de Processo Civil de 2.015.

PRELIMINARES RECURSAIS

Inicialmente, vocês devem verificar se existem hipóteses que autorizam a declaração da nulidade da sentença. Normalmente, invoca-se o defeito de fundamentação na decisão, descrito nos arts. 11 e 489, parágrafo primeiro, do Código de Processo Civil, ou a nulidade quando a decisão seja citra, extra ou ultra petita, ou seja, quando algum dos pedidos não apreciados. Quando extra petita, ou seja, quando não é consentânea com os limites da lide, ou ultra petita, quando ultrapassa os limites do pedido. Trata-se de situações identificadas como error in procedendo.

Ademais, a teor do art. 1.009, §1º do Código de Processo Civil de 2.015, as decisões que não estejam elencadas no rol previsto no art. 1.015 do Código de Processo Civil de 2.015 podem ser atacadas na apelação em preliminar, pelo que essas deverão ser deduzidas nessa fase. É importante que você verifique também se não existe algum ponto alegado em primeira instância que não foi objeto de julgamento, o que poderá ser reiterado em sede de preliminar.

RAZÕES PARA O PEDIDO DE REFORMA DA DECISÃO

Esse tópico representa o ponto central do Recurso de Apelação, em que a sentença deverá ser objeto de críticas, com a

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apresentação dos fundamentos fáticos e jurídicos que indiquem o seu equívoco. Nesse ponto, vocês deverão tomar o cuidado de reproduzir trechos do entendimento adotado pelo juízo, e contrapor a eles os argumentos necessários para a reforma da decisão. Ou seja: deve ser demonstrado de forma expressa o error in judicando.

Ao mesmo tempo, é importante mencionar que o recurso de apelação não pode trazer inovação nos fundamentos de fato, salvo se supervenientes à decisão. Portanto, não pode haver mudança de contexto fático na apelação. Questões de direito e que podem ser conhecidas de ofício em qualquer grau de jurisdição (ex. prescrição e decadência) podem ser inseridas na apelação, ainda que não suscitadas em primeiro grau. É importante também apresentar de forma expressa eventual contradição ou outro vício da decisão.

Ressalte-se que você pode indicar argumentos já alegados em outras peças anteriores, desde que os relacione, de forma crítica, ao entendimento mantido pelo juízo.

Neste norte, é importante advertir que você deve tomar o cuidado de não repetir, simplesmente, o argumento apresentado nas peças anteriores, sem demonstrar a sua pertinência com o alegado na sentença ou nas outras decisões! O art. 932, do Código de Processo Civil, é expresso em permitir ao relator negar seguimento quando não haja impugnação específica aos fundamentos da decisão recorrida.

Atualmente, os tribunais brasileiros têm negado seguimento a recursos de apelação que não reproduzem argumentos das peças processuais anteriores, sem indicar a pertinência ou relacioná-los com o conteúdo da decisão da qual se busca a reforma.

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PONTO DE ATENÇÃO

Redija o seu recurso, tomando o cuidado de citar o conteúdo da sentença ao qual você quer criticar, lançando os argumentos necessários para tal, com impugnação específi ca dos pontos da sentença que está sendo objeto do recurso!

É importante também que, após contrapor os argumentos de forma específi ca, que a peça seja dividida nos tópicos em que você deseja que haja reforma da decisão. Em cada tópico, deve-se mencionar o motivo do seu inconformismo e a conclusão pela necessidade de reforma da decisão. Dessa forma, fi ca mais fácil para o Tribunal identifi car os pontos que deverão ser abordados no acórdão.

DO PEDIDO DE REFORMA DA DECISÃO

Ao fi nal, você deve realizar pedido para que a parte Recorrida seja intimada para a apresentação das contrarrazões no prazo legal; caso haja preliminares, que essas sejam acolhidas para declarar nula a decisão, e pedido para que haja julgamento sobre as questões ou que o processo retorne à 1ª instância, quando não seja possível o seu julgamento de imediato pelo tribunal, hipóteses essas que são consideradas como motivo de cassação da decisão. Deve-se também requerer, caso ultrapassadas as preliminares arguidas, o provimento do recurso de apelação, para reforma da decisão, apontando qual o resultado se deseja atingir.

Ao fi nal, deve-se pedir deferimento, inserir a data, nome e assinaturas dos advogados e a OAB, lembrando, como sempre, que em provas da Ordem dos Advogados do Brasil você não deve se identifi car, ok?

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-QUESTÕES DE DIREITO MATERIAL RELACIONADAS À DECISÃO

No mérito recursal, é importante observar se os fatos e provas apresentados nos autos indicam a conclusão pela presença dos requisitos necessários à obrigação de indenizar, descritos no art. 186, 927 e seguintes, do Código Civil, bem como da necessidade de aplicabilidade do art. 944 e 945, do Código Civil, arts. 28, 29, inciso II e 34, do Código de Trânsito Brasileiro especialmente, se era realmente o caso de distribuição da culpa no caso, ante o relato de provas produzidas nos autos. Deve-se também abordar se restou alguma contradição dentro da decisão.

Por outro lado, a partir das provas produzidas, deve-se também avaliar se a Apelante, de fato, infringiu as normas de trânsito apontadas pelo Autor, considerando a produção das provas apresentadas nos autos.

Deve-se, também, questionar, caso não seja acolhida a questão sobre a culpa exclusiva, se realmente a distribuição da proporção da culpa está proporcional ao grau de culpabilidade das partes, nos termos do art. 945, do Código Civil Brasileiro, à luz das provas apresentadas nos autos.

Importante observar, também, se a distribuição da condenação de custas processuais e honorários advocatícios está condizente com o resultado da demanda. É necessário considerar ainda a questão da possibilidade ou não da compensação dos honorários advocatícios de sucumbência, questões essas que podem ser verificadas nos arts. 82 e seguintes, do Código de Processo Civil.

PRIMEIRA FASE!

1-Joana Modas ajuizou ação de indenização por danos materiais e morais contra o Banco Cob S/A, ao fundamento de que houve inscrição indevida nos cadastros restritivos de crédito. A sentença

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julgou procedentes em parte os pedidos iniciais, deferindo a tutela para retirada do nome da Autora dos cadastros restritivos de crédito.

Partindo do enunciado, marque a alternativa CORRETA:

A)Da decisão, cabe recurso de apelação, que será recebida, integralmente, no efeito suspensivo.

B)Da decisão, cabe Agravo de Instrumento para a tutela concedida e Apelação com efeito suspensivo para as demais questões.

C)Da decisão, cabe apelação, sem efeito suspensivo em relação à tutela provisória concedida e com efeito suspensivo em relação às demais questões.

D)Da decisão, cabe apelação, sem efeito suspensivo em relação a todas as questões.

E)Da decisão, cabe Agravo de Instrumento para a tutela concedida e Apelação com efeito suspensivo para as demais questões.

RESPOSTA: Letra C

A resposta correta é que cabe recurso de apelação, tendo em vista que a decisão de tutela foi proferida em sede de sentença, não obstante ser uma decisão interlocutória.

Tal possibilidade é expressamente permitida pelo art. 1.010, parágrafo terceiro, do Código de Processo Civil:

“Art. 1.009. Da sentença cabe apelação.

(...)

Parágrafo 3: O disposto no caput deste artigo aplica-se mesmo quando as decisões mencionadas no art. 1.015 integrarem capítulo da sentença.”

Definido o recurso, vamos apreciar agora os efeitos. Consoante o disposto no art. 1.012, parágrafo primeiro, inciso V do Código de Processo Civil, a decisão começa a produzir seus efeitos

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imediatamente e, por disposição do parágrafo segundo, do mesmo dispositivo, pode ser iniciado o cumprimento provisório de sentença.

Portanto, conclui-se que, quanto à tutela, não incide o efeito suspensivo. No entanto, em relação às demais condenações, o efeito suspensivo permanece, impedindo assim a eficácia imediata da decisão.

A alternativa a está incorreta, tendo em vista que, conforme dispõe o art. 1.012, parágrafo primeiro, inciso V, não há efeito suspensivo quando há concessão de tutela provisória em sentença ou anteriormente a esta. Nessa parte, o recurso é recebido apenas no efeito devolutivo.

A alternativa b está incorreta, pois cabe apenas um recurso da decisão, que é a apelação. As matérias referentes à decisão que seria interlocutória devem ser suscitadas em preliminar de apelação, conforme o disposto no art. 1.009, parágrafos 2 e 3, do Código de Processo Civil.

A alternativa d está incorreta, pois, na parte relativa à condenação, que não esteja entre as hipóteses do art. 1.012, parágrafo primeiro, o efeito suspensivo deverá ser concedido, especialmente, na parte relativa à condenação em indenização.

A alternativa e está incorreta, pois, como explicado, a teor do art. 1.009, parágrafos 2 e 3, cabe apelação, devendo essas questões eventualmente inseridas no art. 1.015 serem lançadas em preliminar de recurso de apelação.

QUESTÃO 2- Analise os enunciados abaixo:

I- A apelação deve referir-se, exclusivamente, aos fundamentos adotados no recurso de apelação.

II- O efeito devolutivo significa que as questões impugnadas no Recurso de Apelação que não estiverem preclusas, poderão ser objeto de apreciação pela 2ª instância.

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III- O efeito translativo do recurso faz com o que o Tribunal possa apreciar questões não decididas na sentença e requeridas pelas partes na instância inferior, desde que impugnadas no recurso de apelação interposto.

Marque a alternativa CORRETA:

A)Estão corretos os enunciados I e III.

B)Estão corretos os enunciados II e III.

C)Estão corretos apenas os enunciados I e II.

D)Está correto apenas o enunciado II

E)Está correto apenas o enunciado III.

Resposta correta: Letra B

A reposta correta é de que os enunciados II e III estão corretos.

O enunciado I está incorreto, tendo em vista que, a teor do parágrafo primeiro, do art. 1.009, do Código de Processo Civil Brasileiro, podem ser objeto de apelação as decisões não agraváveis, bem como questões não decididas em sentença, mas suscitadas pelas partes em primeiro grau.

O enunciado II está correto, tendo em vista que o art. 1.013, do Código de Processo Civil:

“Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.

§ 1o Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que não tenham sido solucionadas, desde que relativas ao capítulo impugnado.

§ 2o Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais.”

Por fim, a alternativa III está correta, pois o efeito translativo indica poder o Tribunal decidir, de imediato, questões não

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decididas em primeiro grau, nas hipóteses previstas no art. 1.013, parágrafo terceiro, do Código de Processo Civil:

“Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.

(...)

§ 3o Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve decidir desde logo o mérito quando:

I - reformar sentença fundada no art. 485;

II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou da causa de pedir;

III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo;

IV - decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação.”

Vamos peticionar!

A primeira questão a ser defi nida é: qual o recurso cabível da sentença que resolveu o mérito da ação? Defi nida a espécie recursal, deve-se verifi car para quem a peça processual deve ser dirigida.

Primeiramente, a partir da identifi cação da espécie recursal, devemos verifi car: a quem é dirigido o recurso? Quais pessoas devem constar no recurso? As duas peças são realizadas no mesmo protocolo?

Nas razões recursais, a seguir, deve ser verifi cado se existem preliminares ao recurso, quais sejam, se há alguma nulidade ou decisão não agravável tomada durante o processo que proporcione novo questionamento em juízo. Deve também ser verifi cado se algum pedido ou requerimento manifestado em primeira instância não foi julgado pelo juízo de primeiro grau.

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Para redação da peça processual, deve-se verificar o conteúdo da peça processual. De que forma devem ser narrados os fatos? Qual é a melhor forma de combater o conteúdo da sentença ou de decisões tomadas ao longo do processo?

Ao final, quais requerimentos devem ser feitos? Quais os pedidos devem ser realizados em relação ao Recurso?Qual a forma de requerer o provimento do recurso? A decisão deve ser cassada ou reformada?

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