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1 Direito Constitucional Aula assistida em 29-04-13 Aula 1.1/ 1.2 /1.3 /1.4 Aula inaugural Orientações para a prova: Abreviatura: Constituição: CRFB/88 Artigo: Art. I, II, III (incisos são em algarismos romanos). a,b,c alíneas são indicadas em letras minúsculas não é necessário colocar aspas E parágrafos: § (se estiver diante de um parágrafo com número). Se estiver diante de parágrafo único: PARÁGRAFO ÚNICO Atenção: Pela primeira vez em que usar a expressão deve utilizá-la por extenso e somente a partir daí estará autorizado a abreviá-la. Ex.: A proposta de emenda à CRFB/88... Das próximas vezes em que se manifestar com esta expressão já pode usar, PEC, CPI, STF. CPC, CPP, CP são abreviações permitidas. Nas questões dissertativas: apresentar a resposta de plano. Após pode ser feita alguma anotação adicional, para poder chegar ao mínimo de 15 linhas. Divisão do tempo: no máximo 3 horas para a peça processual + 2 horas para as questões dissertativas. Quando estivermos diante de um dado não apresentado na questão: Advogado... OAB... Local... Data... Dividir os tópicos principais em algarismos romanos: I Síntese dos fatos II Fundamentação jurídica Pedidos: dividir em letras a) b) c) Compilação legislativa completa: Vade Mecum. 3.6.14.4 - EC 71/2012. Caixas de clips coloridos ou post-it colorido sem divisão nenhuma. 2 cores distintas de marca-textos. Amarelo e laranja ou rosa. Partes preferenciais: - Controle de constitucionalidade - Tutela constitucional das liberdades - Processo legislativo

Direito Constitucional - Aulas inéditas I

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Direito Constitucional Aula assistida em 29-04-13 Aula 1.1/ 1.2 /1.3 /1.4 Aula inaugural Orientações para a prova: Abreviatura: Constituição: CRFB/88 Artigo: Art. I, II, III (incisos são em algarismos romanos). a,b,c – alíneas são indicadas em letras minúsculas – não é necessário colocar aspas E parágrafos: § (se estiver diante de um parágrafo com número). Se estiver diante de parágrafo único: PARÁGRAFO ÚNICO Atenção: Pela primeira vez em que usar a expressão deve utilizá-la por extenso e somente a partir daí estará autorizado a abreviá-la. Ex.: A proposta de emenda à CRFB/88... Das próximas vezes em que se manifestar com esta expressão já pode usar, PEC, CPI, STF. CPC, CPP, CP são abreviações permitidas. Nas questões dissertativas: apresentar a resposta de plano. Após pode ser feita alguma anotação adicional, para poder chegar ao mínimo de 15 linhas. Divisão do tempo: no máximo 3 horas para a peça processual + 2 horas para as questões dissertativas. Quando estivermos diante de um dado não apresentado na questão: Advogado... OAB... Local... Data... Dividir os tópicos principais em algarismos romanos: I – Síntese dos fatos II – Fundamentação jurídica Pedidos: dividir em letras a) b) c) Compilação legislativa completa: Vade Mecum. 3.6.14.4 - EC 71/2012. Caixas de clips coloridos ou post-it colorido sem divisão nenhuma. 2 cores distintas de marca-textos. Amarelo e laranja ou rosa. Partes preferenciais: - Controle de constitucionalidade - Tutela constitucional das liberdades - Processo legislativo

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03/04/2018 – alterou o parágrafo único do art. 7º da Constituição. Sugestão de bibliografia para auxiliar nos estudos: Não precisa adquirir livro de modelos de peças. A apostila já está completamente reformulada. 23 aulas teóricas – 15 aulas já gravadas para turma de delegado federal (parte teórica) – 8 aulas específicas de controle de constitucional (Projeto saber mais). Estas aulas também têm a parte prática. 17 aulas inéditas – Peças processuais Total: 40 aulas + 4 simulados. + uma aula de correção para cada prova. Assistir o que for possível das 23 aulas do curso teórico. 2ª semana de maio – hora de entrar na parte prática do curso. Aula assistida em 30-04-13 Aulas inéditas Aula 2.1/2.2/2.3/2.4

1. Preâmbulo: Segundo o STF o preâmbulo não é norma da constituição. Não possui normatividade, mas não é completamente irrelevante. Ele é fonte de interpretação num conflito de constitucionalidade ou na interpretação de normas. Ele não é fonte de normatividade, e não é parâmetro de constitucionalidade das leis, tampouco é de reprodução obrigatória nas constituições estaduais. Apesar de não ter peso normativo, segundo o entendimento do STF, ele serve como fonte de interpretação.

2. Dos princípios fundamentais: Artigos 1º a 4º da CRFB/88: São considerados pelo STF como preceitos fundamentais. No conceito dado pelo STF de preceito fundamental, estes artigos estão inseridos.

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

I - a soberania;

II - a cidadania;

III - a dignidade da pessoa humana;

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V - o pluralismo político.

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

Art. 1º:

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Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

Aqui há elementos organizacionais. A república é a forma de governo, a federação é a forma de estado, essa forma de estado não admite o direito de secessão. Os entes federativos estão reunidos num vínculo indissolúvel: inexiste o direito de secessão. Direito de separação, de rompimento do vínculo federativo. Isso não é possível. O vínculo que une os 26 estados + o DF + os mais de 5.500 municípios brasileiros é indissolúvel. Os fundamentos são apresentados em rol exemplificativo: I – a soberania União + estados + municípios = RFB O art. 18 diz que todos os entes que compõem a federação gozam de autonomia, sendo pessoas jurídicas de direito público interno. Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil

compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos

termos desta Constituição. A autonomia é a capacidade de poder jurídico internamente observado. Se somarmos todos os elementos da federação temos como resultado a RFB e esta sim possui como fundamento a soberania e é uma pessoa jurídica de direito público externo (internacional). Portanto, quem goza de soberania é somente a RFB. II - a cidadania: A nossa constituição faz a relação entre a cidadania e o exercício dos direitos políticos. O cidadão é aquele que é eleitor. O português equiparado, caso esteja devidamente alistado, será o único cidadão não brasileiro no país. Entretanto, nem todos os brasileiros são cidadãos. III – a dignidade da pessoa humana: O princípio da dignidade da pessoa humana é o eixo axiológico de todos os direitos e garantias fundamentais (fundamento). Ele se espraia em inúmeros sentidos. IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa: Aqui a nossa Constituição manifesta claramente a opção por uma ordem econômica compromissória. É uma ordem econômica que primeiramente está comprometida com os ideais do trabalho. O trabalhador em primeiro lugar. A livre iniciativa também significa dizer que o Brasil faz a opção por uma ordem econômica capitalista. Mas temos uma ordem econômica que privilegia o trabalhador e depois a livre iniciativa, ou seja, com um sistema econômico capitalista. V – o pluralismo político: É diferente de monismo. O nosso país depois de uma longa ditadura resolve que um dos fundamentos da República será o pluralismo de ideais. Em princípio as pessoas são livres. O multipartidarismo é uma das formas de pluralismo político. Os partidos são um elo da sociedade civil com o estado.

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

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Princípio democrático: aqui o constituinte opta por um regime político democrático. Este regime político reside na soberania popular e esta é exteriorizada por meio dos direitos políticos. 3. Formas de governo Art. 1º - caput

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

A forma de governo pretende indicar de que modo o poder é instituído e como se dá a relação entre governantes e governados.

a) Monarquia: o governo é vitalício, hereditário e irresponsável perante o seu povo.

b) República: eleições periódicas, temporariedade dos mandatos e responsabilidade política de seus governantes. A república é um princípio fundamental inserida no capítulo I, art. 1º. A república não é cláusula pétrea, mas a doutrina defende que a forma republicana é uma limitação material implícita ao poder reformador, tendo em vista o plebiscito de 1993.

4. Formas de estado: pretende apontar de que modo há ou não descentralização geográfica ou divisão geográfica de poder político.

a) Unitário ou simples: É o estado concentrado. O poder está nas mãos da União, do poder central. É a relação do poder central com os eventuais poderes regionais e locais sendo informada pela subordinação. Ex.: Chile, Uruguai, França. Não existem constituições estaduais. O poder está concentrado nas mãos de um ente central. O Brasil já foi um estado unitário quando era ainda um império. Transformou-se numa federação com a proclamação da república.

b) Federal: É representado por um modelo de estado no qual encontramos divisão geográfica de poder político. E o poder central e os poderes regionais dialogam e se caracterizam por uma relação de coordenação. Assim, não haverá hierarquia entre os entes políticos. Há, portanto, uma divisão geográfica de poder político e a relação entre o poder central e os poderes regionais e locais é marcada pela colaboração recíproca e coordenação entre eles. Não existe hierarquia entre a União, estados, DF e municípios. Numa federação há a pluralidade de autonomias, que somadas formam o estado soberano.

Características da federação brasileira:

a) Descentralização política: A existência de uma descentralização política significando que a divisão do poder público no espaço territorial será realizada através de repartição constitucional de competências. De acordo com os arts. 21 a 24, 25 e 30, a Constituição delimitou a esfera do poder interno de cada um de seus entes. Não há federação sem um sistema de repartição de competências. É parte ínsita de qualquer sistema federativo a repartição de competências.

Repartição de competências: é uma das características da federação. O que a norteia é o princípio da predominância dos interesses. Se o tema é de natureza local, regional (estado), assunto de interesse nacional (União) haverá um princípio a cumprir: o princípio da predominância de interesses. Ex.: dispor sobre material bélico, emissão de moeda, declarar guerra – são assuntos de interesse nacional.

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A inconstitucionalidade em razão de violação de regras de competência é uma inconstitucionalidade formal ou material? Segundo a doutrina majoritária significa inconstitucionalidade formal e não material. Se não conseguir definir claramente de quem é a competência é porque se estará diante de uma competência concorrente: saúde, cuidar dos desamparados etc. Teoria dos poderes implícitos: O art. 21, VI da Constituição diz que compete à União autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material bélico. Em Rondônia, certa vez, foi feita uma lei que dizia que quando a polícia apreendesse armamento nas mãos de criminosos, este armamento deveria passar para as suas mãos. Não está claro no inciso mencionado que estes armamentos apreendidos deveriam passar para as mãos da União. Se a constituição conferiu à União federal esta competência de fiscalização de material bélico, tudo que diz respeito a este tema deve estar adstrito a ela. Portanto, esta lei de Rondônia foi declarada inconstitucional por usurpar competência da União federal.

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

(...)

XI - trânsito e transporte;

Mototáxi é um meio de transporte. E de acordo com a constituição tudo o que diga respeito a transporte deve estar adstrito à competência da União.

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;

Brasília fez uma lei para valorizar o trabalho da mulher. Inconstitucional. A lei estadual que também mandou os empregadores fornecerem café da manhã aos seus trabalhadores também é inconstitucional. Próxima aula: Buscar no site do STF o link “a Constituição e o supremo”. Ler as decisões do STF entre os artigos 21 a 25 e 30. Classificação das competências que estão previstas na Constituição. Segundo a doutrina, as competências estão divididas em; - Repartição de competências tributárias - Legislativas: cabe ao ente específico legislar sobre as matérias que lhe são afetas. - Materiais (administrativas) ou políticas. Competências materiais/políticas/administrativas: art. 21 da Constituição são competências exclusivas da União federal: Manter o correio aéreo nacional, administrar reservas cambiais do país são temas com intenso interesse nacional. E estas matérias do art. 21 são matérias de competência exclusiva da União, sendo, portanto, indelegáveis. A União não pode autorizar nenhum ente da federação a cuidar dos assuntos ali elencados. Estes 25 incisos mais que dobram, tendo em vista, que, tudo que diz respeito a estes temas, está em tese sob a responsabilidade da União.

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O artigo 23 por sua vez, é uma expressão do federalismo cooperativo: são as competências comuns a todos os entes federativos. O federalismo cooperativo é uma expressão de ajuda recíproca entre os entes que compõem a federação. Lembrando que o princípio da predominância dos interesses está sempre presente. A competência é comum, cumulativa e paralela entre todos os entes que compõem a federação. Essas são as principais competências materiais previstas entre os artigos 21 e 24 da Constituição. Competências legislativas: Art. 22 traz as competências privativas da União federal. Competência privativa significa que cabe inicialmente à União legislar sobre o tema. Art. 22, parágrafo único da CRFB:

Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.

Requisitos para a delegação legislativa: A doutrina diz que estes requisitos são de natureza formal, material e implícitos. A delegação legislativa só pode ser feita ao estado membro e ao DF (não pode municípios). - Formal: lei complementar federal que vai delegar aquela matéria específica para os estados e o DF. - Material: direito do trabalho diretamente não pode ser objeto de delegação, pois a constituição deixa bem claro, que, somente matérias específicas podem ser objeto de delegação. Agora piso salarial por categoria profissional poderá, pois é uma matéria específica do direito do trabalho. Outro exemplo: por hábito algumas pessoas ligam uma luz interna do carro quando vão passar por uma blitz. Um determinado estado declarou que isso seria obrigatório. O STF declarou tal disposição inconstitucional (art. 22, XI). Mas por meio de uma lei complementar a União poderia ter autorizado o estado a legislar sobre este assunto. - Implícitos: art. 19, III está relacional ao art. 22, p.ú:

Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

(...)

III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.

Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.

Caso essa lei complementar federal autorize apenas o estado de Pernambuco a elaborar uma determinada lei, ela será inconstitucional, pois que viola o princípio da isonomia entre os entes federativos. Portanto, esta lei complementar, que autoriza os estados a legislar sobre temas específicos deve se destinada a todos os entes federados, sob pena de violação ao princípio da isonomia, previsto no art. 19, III da Constituição. O requisito implícito, portanto, é o princípio da isonomia, presente no inciso III do artigo 19 da Constituição. Não poderão assim, ser criadas preferências entre os estados. Art. 24 – competências concorrentes entre União, Estados e DF. Apesar de falar sobre competências concorrentes o §1º nos diz que compete à União legislar sobre normas gerais. O §2º diz que a competência geral da União não exclui a competência suplementar dos estados.

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§3º - diz que caso não haja a norma federal, os estados e o DF têm a competência plena para cuidar daquele assunto, atendendo as suas peculiaridades. §4º - na superveniência de uma norma geral, estas leis não serão revogadas. Haverá uma suspensão. Não há nenhum caso de repristinação. Esta só se opera em caso de revogação. O que ocorre aqui, tão somente, é a suspensão dos efeitos da norma contrários às disposições gerais da norma federal. Caso esta deixe de operar efeitos, sendo revogada, voltam a vigorar as disposições estaduais específicas. O artigo 24, §2º diz que estados e DF podem exercer a competência legislativa suplementar das matérias do art. 24 da CRFB. A lei de diretrizes e bases da educação diz que a frequência mínima para efeito de aprovação dos alunos deve ser de 75%. Imaginemos uma lei de determinado estado que estabelece que, se o aluno passar no vestibular não interessa a sua frequência. Se passar no vestibular recebe a certidão de conclusão de curso. Esta hipótese é de inconstitucionalidade ou de ilegalidade? A competência suplementar é instituída pela CRFB e presume-se que ela é uma competência que não vai violar a lei geral. O fundamento de validade dessa lei suplementar estadual é a constituição e não lei federal. Assim, o juízo não é de constitucionalidade e não de legalidade. Percebam que o fundamento jurídico dessa lei é a Constituição. É ela que permite que o estado pode exercer a sua competência suplementar. Essa lei não é ilegal. Ela é inconstitucional, há vício formal de competência. Se uma lei estadual ou distrital no uso de suas atribuições, do art. 24, §2º, transgredir a norma federal, ela não é ilegal, mas inconstitucional. Porque é a constituição que permite que os estados exerçam a sua competência suplementar. Características da federação brasileira:

a) Descentralização política: A existência de uma descentralização política significando que a divisão do poder público no espaço territorial será realizada através de repartição constitucional de competências. De acordo com os arts. 21 a 24, 25 e 30, a Constituição delimitou a esfera do poder interno de cada um de seus entes. Não há federação sem um sistema de repartição de competências. É parte ínsita de qualquer sistema federativo a repartição de competências.

b) Autonomia dos entes federativos, que é identificada pela tríplice capacidade de

que os mesmos possuam Governo próprio, administração própria e organização própria;

Lembrando que os entes federativos são autônomos e não soberanos. Porque soberana é a RFB que é o somatório de todos os entes.

c) Inexistência do direito de secessão (de retirada), pois de acordo com o art. 1º da CF/1988, o vínculo que une os entes da federação é indissolúvel. Ressalte-se que o direito de secessão é permitido nos estados confederados. Não há direito à secessão. Ou seja, o vínculo político entre os entes federados é indissolúvel. O art. 34, I da CRFB diz que a União não intervirá nos estados e no DF, exceto: para manter a integridade nacional. Assim, é perfeitamente possível que seja intentada a intervenção federal.

d) Existência do bicameralismo no poder legislativo central, como um dos órgãos representando a vontade dos entes federativos na formação das leis centrais. No Brasil, esse papel foi destinado ao Senado Federal na forma do art. 46;

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Este artigo diz claramente que o Senado Federal é um órgão legislativo federativo por excelência. Ele representa os estados e o DF. Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito

Federal, eleitos segundo o princípio majoritário.

e) Rigidez constitucional, que protege a competência dos vários entes federativos, suas autonomias e a própria estabilidade da Federação como um todo;

A CRFB é rígida, só podendo ser alterada por um procedimento legislativo diferenciado. O coração da rigidez da constituição de 88 se encontra no art. 60. E este protege a federação quando institui o modo mais dificultoso de alteração do texto constitucional.

f) Existência de órgão judicial para resolver eventuais litígios entre os entes da federação, sendo do STF essa função, na forma do art. 102, I, “f”.

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:

I - processar e julgar, originariamente:

(...)

f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta;

Quando houver conflito entre a União e os entes federativos será uma ação civil originária. Não se pode, no entanto, interpretar a questão ao pé da letra. Ex.: conflito de atribuição entre o MPF e o MPE. Ao STF compete julgar esta causa, pois o STF entende que nesta hipótese há um conflito federativo. Órgão federal X órgão estadual, cabendo ao STF dirimir tal controvérsia.

g) Existência de um mecanismo de defesa para a proteção do Estado, consistindo na intervenção federal, na forma dos arts. 34 e 35;

A regra é a da manutenção da autonomia. Ou seja, a regra, é a da não interferência na autonomia dos entes federação. A intervenção federal, só pode ser realizada por decreto do presidente – art. 84, X. E pelo princípio da simetria, nos estados só poderá ocorrer por decreto do governador. A intervenção da União ocorre nos estados e no DF e a intervenção da União nos municípios de territórios somente. Os territórios não são entes federativos, mas os seus municípios serão. Portanto, o ente que irá intervir nos municípios de territórios será a União. Não existe intervenção federal em município de estado. Não há previsão constitucional nenhuma neste sentido. Somente os estados poderão intervir em seus municípios. Além disso, não há intervenção territorial. Os territórios, acaso criados, poderão ser divididos em municípios, mas como não têm autonomia não podem intervir nos municípios. A intervenção da União, portanto, se dá nos estados e no DF e a intervenção da União nos municípios de territórios. Esses são os modelos de intervenção federal previstos na nossa constituição.

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O art. 32 da Constituição diz que o DF não pode intervir em municípios. Portanto o DF não intervém em município algum. Somente a União intervirá no DF.

h) Controle concentrado de constitucionalidade que oferece maior estabilidade ao texto constitucional e, portanto, essencial à manutenção do equilíbrio entre os diversos entes federativos, já que a solução de seus eventuais conflitos reside na própria constituição;

O grande conflito federativo que é resolvido pelo controle de constitucionalidade é o conflito de repartição de competências. Não são raras as hipóteses de invasão de competências.

i) Adoção de um federalismo tricotômico, com três manifestações de poder (local, regional, nacional), em vez de duas, como no federalismo clássico, dual (nacional e regional) norte americano;

As federações têm, regra geral, duas forças de poder político: o poder político local (regional) e nacional. As federações são duais – estados e União. O Brasil adota um federalismo tricotômico, pois temos um poder político representado pela União, estados, e municípios e + o DF, que exerce ambas as atividades (estadual e municipal).

j) Por fim, deve-se recordar que a forma federativa do Estado brasileiro é “cláusula pétrea”, limite material à reforma constitucional (art. 60, §4º, I).

O STF em nome da cláusula pétrea federativa decidiu que o princípio da imunidade tributária recíproca entre os entes federativos é cláusula pétrea. Há entes com capacidades contributivas muito diversas umas das outras, assim haveria afronta ao pacto federativo caso uns pudessem tributar os outros. Quando o CNJ foi criado a AMB ajuizou uma ADI inferindo que, pelo motivo de que o mesmo era um órgão federal, iria ferir a autonomia dos estados, ao fiscalizar as atividades dos tribunais que são órgãos estaduais. Esta informação não procede, pois o CNJ não é órgão federal, mas nacional. E como órgão nacional tratará de fiscalizar as atribuições administrativas e financeiras de todos os órgãos judiciários nacionais (à exceção do STF). Não há violação federativa, porque não seria órgão federal fiscalizando órgão estadual. 5. A separação de poderes

Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

- Funções típicas e atípicas: Essa análise é extraída exatamente do art. 2º. A independência está associada justamente à atividade típica (própria) e a harmonia se extrai da expressão “harmônicas”. - Ausência de atividades exclusivas - “Freios e contrapesos”: São os limites recíprocos que devem ser respeitados entre os poderes. - Art. 60, §4º, III: A separação dos poderes é cláusula pétrea. A mesma ADI acima mencionada que questionou a criação do CNJ, questionou, além do fato do CNJ ser órgão federal, a

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hipótese de violação à separação de poderes, porque a sua constituição é mista. Não é formado o órgão apenas por magistrados. O STF disse que a criação do CNJ não viola o princípio da separação de poderes, porque o CNJ não possui poderes jurisdicionais. O CNJ é um órgão criado para reforçar a fiscalização administrativa e financeira dos órgãos do judiciário. O quinto constitucional também reforça essa ideia, pois institui a participação de advogados e membros dos MP’s nos Tribunais brasileiros. 6. Objetivos: O art. 3º é considerado uma norma de eficácia limitada de conteúdo programático. Esses objetivos são apontados em rol exemplificativo.

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;

Isso não é autoaplicável. É preciso que haja muita vontade política nesse sentido.

II - garantir o desenvolvimento nacional;

O desenvolvimento nacional conjuga o desenvolvimento econômico com o desenvolvimento social. O Brasil anda bem em sua economia, mas o mesmo não se verifica socialmente. Desenvolvimento nacional é uma meta atingida quando se consegue associar os dois fatores, ou seja, o desenvolvimento econômico e social.

III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

Esse é um grande problema do nosso país. Vivemos num país completamente heterogêneo em sede de realidades regionais.

IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

7. Princípios que regem o Brasil perante a comunidade jurídica internacional. Art. 4º I – Independência nacional que está associada à própria soberania. II – a prevalência dos direitos humanos – este princípio surge pela primeira vez numa constituição brasileira. Parágrafo único: se consolidou com a instituição do Mercosul. Aula 2.4 Histórico das constituições Constituições brasileiras e direitos humanos 1824 O voto é censitário, baseado em bens de raízes, ou seja, tudo que tivesse valor financeiro. Desse modo, não só a aristocracia votaria, mas o comércio também poderia votar; contém um extenso rol de liberdades públicas (preocupação com os direitos de primeira geração); são excluídos de votar nas assembleias paroquiais os que não tiverem renda líquida anual de cem mil reis por bens de raiz, indústria, comércio, ou empregos.

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Esta é a primeira constituição brasileira. Esta constituição adotava a forma de estado unitário, vivíamos num estado imperial e a forma de governo monárquica. O sufrágio era censitário e capacitário. Era necessário ter renda e produzir riquezas. As pessoas eram eleitoras também em relação a suas capacidades, no sentido de que mulheres não votavam e nem os analfabetos. Esta constituição também trazia uma preocupação com as liberdades de 1ª dimensão. São as liberdades públicas negativas. 1891 Não podem alistar-se eleitores para as eleições federais ou para as dos estados os mendigos e os analfabetos. As mulheres também não votavam. Fica abolida a pena de morte, reservadas as disposições da legislação militar em tempo de guerra; Trouxe o habeas corpus sempre que o indivíduo sofresse ou se achasse em iminente perigo de sofrer violência ou coação por ilegalidade ou abuso de poder; Foi a constituição que implementou a república e ainda institui o estado federativo. Com relação aos direitos fundamentais ainda foi uma constituição um pouco tímida e com disposições discriminatórias, subsistindo um sufrágio censitário e capacitário, associado à questão da capacidade intelectual. O HC nasce em 1891 e dos remédios constitucionais hoje existentes só este era previsto. 1934 Implanta a Justiça do trabalho, a Justiça eleitoral e o voto secreto; primeira constituição a consagrar os direitos dos trabalhadores, com a jornada de oito horas e a proibição do trabalho infantil; prevê o direito de voto às mulheres na Constituição; não podem alistar-se como eleitores os mendigos e os analfabetos; introduz o mandado de segurança individual e a ação popular no texto da constituição. Daí para a frente todas as constituições adotaram a forma de estado federativa e a forma de governo republicana. Essa constituição, diferentemente das anteriores, preocupou-se com os direitos sociais. É a primeira constituição social e que implementa direitos de 2ª dimensão. O grande marco da Constituição de 1934 foi permitir o voto feminino. Nessa época a ação popular apenas podia proteger o patrimônio público em sentido estrito. 1937 Inspirada num modelo fascista da carta ditatorial polonesa de 1935 foi extremamente autoritária. Conhecida por Constituição “polaca”. Além dos casos previstos na legislação militar para o tempo de guerra, a lei poderá prescrever a pena de morte para alguns crimes, inclusive os de homicídio cometido por motivo fútil e com extremos de perversidade.

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A história política do nosso país é completamente acidentada. Passamos por duas constituições promulgadas (democráticas). Após veio o texto de 37 no contexto da ditadura getulista. Era um contexto autoritário em que o mundo estava a somente dois anos da declaração da 2ª guerra mundial. Aqui se encontra o princípio do retrocesso, pois a pena de morte havia sido abolida antes e retorna nesta constituição. Perdem-se os direitos políticos pela recusa motivada por convicção religiosa, filosófica ou política, de encargo, serviço ou obrigação imposta por lei aos brasileiros. A lei prescreve a censura prévia da imprensa, do teatro, do cinematógrafo, da radiodifusão, facultando à autoridade competente proibir a circulação, a difusão ou a representação. Vivia-se aqui em plena ditadura civil. A greve e o lock-out são declarados recursos antissociais nocivos ao trabalho e ao capital, e incompatíveis com os superiores interesse da produção nacional. Trata-se de mais um retrocesso, no sentido de que a constituição de 34 implantou direitos aos trabalhadores, sendo cassados nesta. 1946 O alistamento e o voto são obrigatórios para os brasileiros de ambos os sexos, salvo as disposições previstas em lei. Não podiam alistar-se eleitores os analfabetos; é livre a manifestação do pensamento, sem que dependa de censura, salvo quanto a espetáculos e diversões públicas. É estabelecida a função social da propriedade prevendo desapropriação com indenização. Essa constituição restaurou a democracia, sendo marcada por alguns avanços tal qual acima mencionado. Ela traz uma visão garantista não havendo previsão da pena de morte nem a pena de banimento (possibilidade de expulsão de nacional por cometimento de crime). Não haverá pena de morte, de banimento, de confisco nem de caráter perpétuo. São ressalvadas, quanto à pena de morte, as disposições da legislação militar em tempo de guerra com país estrangeiro; é reconhecido o direito de greve, cujo exercício a lei regulará. O direito de greve é restaurado. Golpe ditatorial – entre 1967 e 1985 as duas constituições brasileiras foram outorgadas, impostas. 1967 Cria a ação de suspensão de direitos individuais e políticos; ficam aprovados e excluídos de apreciação judicial os atos praticados pelo Comando Supremo da Revolução de 31 de março de 1964 e em 1968 instituem o AI-5. Este ato institucional se manteve em vigor por praticamente 10 anos no estado brasileiro.

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Emenda constitucional nº1 de 1969 Nesse texto emendado, o poder ficou cada vez mais centralizado, tanto horizontalmente (legislativo, executivo e judiciário), quanto verticalmente (União, estados e municípios) nas mãos do Presidente da República; elimina as imunidades parlamentares materiais e processuais. Aqui, na verdade, ganhamos uma nova constituição. O poder reformador precisa ser pontual. A elaboração de emenda é para modificar disposições muito específicas, não podendo servir para fazer uma revisão completa na constituição, sob pena de desvirtuamento de sua função. A emenda realiza modificações específicas, pontuais, não realizando reformas completas. Esta emenda só fez reforçar o autoritarismo que vigorava no país. 1988 Até 1945 a teoria do direito que predominava era a teoria positivista. E o positivismo em termos simples, defende que, para que o direito tenha concretude, ele não pode ser subjetivo. Não precisa ser justo ou injusto. Os princípios não tinham normatividade nessa visão de direito. Quando as leis, regras, normas puras, não conseguiam solucionar os problemas, aí sim, se recorria aos princípios. Portanto, estes, nesta visão, têm uma posição completamente subsidiária. O direito não precisava ser justo ou injusto para ser cumprido. Assim, o direito se assemelha às regras, leis e normas puras. Princípios não possuíam normatividade. Os princípios são normas mais subjetivas. A lei significa o que nela está escrito. Os princípios só surgiam quando as regras não conseguiam solucionar os conflitos. 1945 é um ano de extrema importância para a humanidade. Terminou a 2ª guerra mundial que levou milhões de vidas em vão. Até este ano era como se o estado pudesse fazer o que bem entendesse com os seus nacionais e os indivíduos só eram sujeitos de direitos nacionais. Em 1945 ocorre uma virada kantiana, no sentido de que a existência do estado só se justificaria para a proteção e o respeito aos direitos dos indivíduos, inclusive como sujeito de direitos internacional. A partir dessa data as constituições que vêm surgindo no pós-guerra começam a trazer um pouco de subjetivismo, baseado no princípio da dignidade da pessoa humana. De 1945 para cá, pode-se dizer que os princípios foram ganhando normatividade, pois começam a fazer parte das grandes legislações internas e internacionais. Assim, o direito precisou se aproximar da justiça e da moral. E nada mais coerente que dar normatividade aos princípios, pois estes são normas de valor. Momento pós-positivista: não se trata de substituir a lei pelos princípios. Mas se trata de analisar o ordenamento jurídico com um pouco mais de valores e esperanças. Assim, desenvolveu-se a tese de que estaríamos vivendo um novo constitucionalismo: o neoconstitucionalismo. Neoconstitucionalismo: → a força invasora da constituição: durante as guerras a constituição desaparece. O pós-guerra veio trazendo cada vez mais a importância do diálogo da constituição com as outras leis. Os estados no pós-guerra passaram a trazer dispositivos que privilegiam a dignidade da pessoa humana.

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→ a abertura do constitucionalismo à normatividade dos princípios. Os princípios hoje são tão normas quanto as regras. E numa visão anterior à segunda guerra não se antevia tal disposição de que o princípio podia trazer a solução de um caso concreto como norma principal. → aplicação do método da ponderação: resolve o conflito eventual entre os princípios. → Renovação da teoria das fontes: Até 1945 a fonte principal do direito era a lei, mas hoje se privilegiam os princípios como base das decisões. É como se este novo constitucionalismo tivesse vindo para defender um diálogo da Constituição com as demais áreas do direito. Trata-se de uma constituição presente na vida do estado e das pessoas. Divisão das normas constitucionais: As normas constituições são divididas entre normas-princípios e normas- regras.

a) Normas princípios: são normas mais subjetivas. Ex.: princípio da dignidade da pessoa, da boa-fé, da função social da propriedade...

b) Normas-regras: são mais objetivas. Ex.: compete à União legislar sobre direito do trabalho, sobre direito civil, processual. Cabe aos estados legislar sobre gás canalizado. Ou seja, são normas com carga valorativa bem inferior às dos princípios.

O ordenamento nesta nova visão neoconstitucionalista ganha qualidade, pois os princípios transitam por ele em conjunto com as regras. Aula assistida em 02-05-13 Aulas inéditas Aula 3.1/3.2/3.3/3.4 O processo é o sistema por meio do qual se resolvem os conflitos que não são resolvidos de forma amigável. O Direito Processual Civil prevê 03 espécies de cognição: processo de conhecimento ou de cognição e o processo de execução. O procedimento é a forma como os atos do processo se movimentam. Com relação à justiça eleitoral há somente uma ação que pode cair no nosso edital: ação de impugnação de mandato eletivo. Condições da ação: - Legitimidade de partes - Interesse de agir: está associado à necessidade/utilidade do processo. Provas, nexo de causalidade etc. - Possibilidade jurídica do pedido: o pedido deve ser plausível, deve estar presente no ordenamento jurídico. Análise dos requisitos da petição inicial

1. O juiz ou Tribunal a quem é dirigida (endereçamento) Qual a justiça competente? Especializada ou comum? A competência para julgamento é de Tribunal ou de juiz monocrático? Se não for competente a Justiça especializada, a competência será da justiça comum.

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Vide art. 109, I – competências da justiça federal. A Justiça comum é residual! Vide art. 110 Endereçamento: Exmo. Sr. Ministro Presidente do Supremo Tribunal Federal Exmo. Sr. Dr. Juiz Federal da ... Vara Federal da Seção Judiciária do Estado... Exmo. Sr. Dr. Juiz de direito da ... Vara... da comarca de ... do Estado... Nacionalidade, registro geral + CPF: em que pese não se encontrarem estes elementos no art. 282, inciso II do CPC é para incluir na qualificação. Toda petição inicial deve vir acompanhada do art. 39,I:

Art. 39. Compete ao advogado, ou à parte quando postular em causa própria:

I - declarar, na petição inicial ou na contestação, o endereço em que receberá intimação;

MS, MI, HC,HD – verbo correto = impetrar. Seus sujeitos serão os impetrantes e impetrados. Nas demais ações: ação popular. ACP, ações do controle concentrado (ADI, ADC, ADO, ADPF) será utilizada a expressão ajuizar. Nas ações de controle abstrato tecnicamente não há réu. ENDEREÇAMENTO PARTES FATOS FUNDAMENTOS (fatos e fundamentos são a causa de pedir) PEDIDOS. Há 05 pedidos padrão. Normalmente oscila entre 04 a 05 pedidos. 1000,00 é o valor da causa padrão, a não ser em ação popular e ação civil pública. O valor da causa nestas ações é normalmente o valor do dano, do contrato, do ato... Na ausência de valor específico coloca 1.000,00 para efeitos procedimentais. Só vai pedir justiça gratuita se disser que a pessoa é hipossuficiente. Neste sentido, abre um tópico antes dos fatos: Pedido de assistência judiciária gratuita: Somente quando o enunciado da questão indicar que há hipossuficiência!!! Colocar antes dos fatos. Não precisa repetir nos pedidos. Ex.: “Com base no art. 5º, LXXIV da CRFB/88 e na Lei 1060/50 requer a V. Exa. a concessão do benefício da assistência judiciária gratuita, tendo em vista que o autor está desempregado e sem condições de arcar com as custas processuais sem prejuízo do sustento próprio e de sua família. (não há necessidade de repetir o pedido de assistência judiciária no tópico dos pedidos). Contestação Art. 300 do CPC

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Preliminares: 301 do CPC Prazo: 15 dias (art. 297) Conteúdo da contestação – apresenta toda a matéria de defesa, as razões de fato e de direito etc. Recursos São, segundo os processualistas, um prolongamento do direito de ação. Possui inicialmente duas finalidades:

1. Invalidar a decisão 2. Reformar a decisão em razão do mérito

Recursos constitucionais: - recurso ordinário - recurso extraordinário - recurso especial No tribunal: TJ, TRF, STJ, STF - ROC - RE - RESP - Embargos infringentes - Embargos de divergência Das decisões monocráticas dos relatores Agravos Embargos de declaração – art. 496 do CPC = recurso. Teoria geral dos remédios constitucionais Até a próxima aula ler sobre os remédios constitucionais. Direitos e garantias fundamentais: O título II da Constituição se denomina “Dos direitos e garantias fundamentais”; Diferenças entre as expressões: Direitos: declaram, imprimem um sentido legal à vida, à liberdade, à igualdade, à propriedade, à segurança e a todos os seus demais consectários. Não adianta, no entanto, um estado que só declare os direitos. Por isso temos as garantias fundamentais. Garantias fundamentais: funcionam como medidas assecuratórias que visam defender os direitos fundamentais. Funcionam como um apoio processual para garantir a efetivação de qualquer cerceamento de direitos em sede constitucional. Na visão de JAS as garantias se dividem em: - Garantias fundamentais gerais: são formadas pelos princípios – ampla defesa, contraditório, inadmissibilidade de provas ilícitas etc. - Garantias fundamentais específicas: são formadas pelos remédios constitucionais. Estes por sua vez são divididos entre remédios administrativos e remédios constitucionais judiciais. Os remédios administrativos se encontram no art. 5º, XXXIV da CRFB/88:

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XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:

a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;

b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;

São apresentados por meio de petição e o direito de obtenção de certidão. O direito de petição não pode ser confundido com o direito de ação. É formalizado por um simples requerimento, por isso se trata de um remédio constitucional administrativo. É possível provocar o poder público diretamente sem necessidade de intervenção judicial. Os remédios administrativos não precisam de advogado para ser utilizados e não pode haver também a cobrança de taxas. A certidão, por sua vez, formaliza um fato já existente, documentando-o. A doutrina e a jurisprudência majoritária entendem que a negativa dos remédios constitucionais administrativos geram a possibilidade de ajuizamento de mandado de segurança. Remédios constitucionais judiciais – incisos LXVIII a LXXIII da Constituição Mandado de segurança HC → 1891: É o remédio mais antigo da Constituição. A liberdade de locomoção que esteja sendo ameaçada ou que já tenha sofrido a restrição de ir e vir. Art. 5º, LXVIII e artigo 647 e seguintes do CPP. HD → 1988: Profundamente associado aos anos de ditadura. Era muito comum que o serviço secreto do estado recolhesse documentos e fizessem anotações incorretas e sigilosas sobre os indivíduos. Serve para trazer conhecimento ou retificação de dados pessoais. Art. 5º, inc. LXXII e também na lei 9.507/97. MI → 1988: É o remédio da inércia. Todas as constituições brasileiras trouxeram normas limitadas. Exemplos de omissão legislativa são o art. 37, VII que diz que o servidor público tem direito à greve, ou aposentadoria do art. 40, §4º. Há uma norma da constituição associada a direito fundamental que ainda carece de lei. Art. 5º, LXXI e regulamentadora. Aplica-se a lei 12.016 por analogia. AP → 1934: é uma ação que aponta uma estreita simbiose entre o poder público e seus administrados. É o cidadão que tem legitimidade para ajuizá-la em defesa do bem comum. Art. 5º, LXIII e também lei 4717/65. MS → 1934 (MSI): não existe uma tutela específica. O MS é uma ação de natureza civil, mas que transita em todas as outras áreas, podendo ser impetrado em D.Tributário, Penal, etc. art. 5º, LXIX e LXX e também na lei 12.016 de 2009. MS → 1988 (MSC): Aula assistida em 04-05-13 Aulas inéditas Aula 4.1/4.2/4.3/4.4 1ª aula de estudo de peça específica para a 2ª etapa

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Leis de hoje: a constituição e a lei 8.038/90 e da lei 12.016 de 2009. O MI nasceu em 1988 e com o propósito muito específico de defender a plena efetividade dos direitos fundamentais dependentes de regulamentação. É como se esta ação fosse tentar curar uma doença que acompanha as constituições brasileiras há muito tempo. Trata-se da síndrome de inefetividade das normas constitucionais. Essa norma foi buscada no direito comparado. Mandado é uma ordem de força de obrigação. E injungir também é impor. Art. 5º, LXXI da Constituição:

LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;

1. Origem do instituto

Celso Ribeiro Bastos preleciona que a medida não encontra precedentes, quer no direito nacional, quer no direito estrangeiro.

Manoel Gonçalves Ferreira Filho afirma que o instituto nacional não encontra similitude com o writ of injuction, pois este último: Trata-se de medida judicial que impõe um não–fazer, razão pela qual não pode ser encarado como inspiração do mandado de injunção, cujo objetivo é o exercício de um direito, superando-se a falta de norma regulamentadora. Para Marcelo Figueiredo, a injunção teve origem no direito inglês, passando, a seguir, ao direito norte-americano. Segundo Wander Paulo Marotta Moreira o mandado de injunção do direito pátrio teria alguma similitude com o direito Português, o qual contempla a regra da inconstitucionalidade por omissão.

Histórico no Brasil “A Constituição é caracteristicamente o estatuto do homem. É sua marca de fábrica. O inimigo mortal do homem é a miséria. O estado de direito, consectário da igualdade, não pode conviver com estado de miséria. Mais miserável do que os miseráveis é a sociedade que não acaba com a miséria”. Tipograficamente é hierarquizada a precedência e a preeminência do homem, colocando-o no umbral da Constituição e catalogando-lhe o número não superado, só no art. 5º, de 77 incisos...

Não lhe bastou, porém, defendê-lo contra os abusos originários do Estado e de outras procedências. Introduziu o homem no Estado, fazendo-o credor de direitos e serviços, cobráveis inclusive com o mandado de injunção...” Trecho Discurso Ulysses Guimarães – Promulgação da Constituição Federal de 1988, em 5 de outubro.

3. Conceito Alexandre de Moraes: O Mandado de Injunção consiste em uma ação constitucional de caráter civil, e de procedimento especial, que visa suprir uma omissão do Poder

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Público, no intuito de viabilizar o exercício de um direito, uma liberdade ou uma prerrogativa previsto na Constituição Federal. José Afonso da Silva: “meio de invocar a atividade jurisdicional para buscar a aplicação concreta da norma constitucional atribuidora de direitos à falta de regulamentação que lhe dê eficácia e aplicabilidade genérica”.

- Remédio Constitucional que visa defender “direitos fundamentais” dependentes de regulamentação. Segundo a doutrina majoritária, “direitos fundamentais” são os de primeira, segunda ou terceira dimensão. Essa omissão normativa que vai ser combatida pelo MI pode ser total ou parcial. A omissão normativa total é mais comum: art. 37, VII e art. 40, § 4º da Constituição, que diz que o servidor público que trabalha em atividade de risco deverá ter direito à aposentadoria especial. Não esquecer que o MI não discute a qualidade da norma, ou a lei em tese. Para isso temos as ações do controle concentrado de constitucionalidade. O MI vai defender a constituição quando não há lei. Ele atua na lacuna da lei. Os direitos que são defendidos pelo MI não são somente aqueles no art. 5º, inc. LXXI. O entendimento hoje e que se leva para a prova, é que os direitos fundamentais dependentes de regulamentação, são os de 1ª, 2ª e 3ª dimensão. Os direitos de primeira geração estão ligados às liberdades públicas. Os direitos de 2ª geração estão relacionados aos direitos sociais e os de 3ª geração aos direitos difusos. Natureza jurídica: Sua natureza jurídica é de remédio constitucional e ao mesmo tempo é uma ação cível. Rito: art. 24, § único da lei 8.038/90: Parágrafo único - No mandado de injunção e no habeas data, serão observadas, no

que couber, as normas do mandado de segurança, enquanto não editada legislação específica. O MI ainda não tem lei específica, assim o rito do MS é sumário e segue, no que for cabível a lei do mandado de segurança. Deve ser apresentado de plano tudo que se possui para comprovar o direito pretendido a fim de compor o pedido. CONSTITUIÇÃO + L12.016 + ART. 24 DA L8038 = RITO SUMÁRIO. 6. Modalidades a) Mandado de injunção individual – poderá ser impetrado por pessoa natural ou jurídica, nacional ou estrangeira, cujo direito esteja à míngua de uma norma que o regulamente. O reconhecimento da peça como MI depende, portanto, da ausência de norma regulamentadora que propicie o exercício de um direito.

c) Mandado de injunção coletivo – em que pese não existir disposição constitucional expressa sobre a modalidade coletiva da ação, a jurisprudência vem reconhecendo essa possibilidade, sendo legitimados ativos para a sua propositura os mesmos que podem impetrar o mandado de segurança coletivo (art. 5º, LXX, art. 21, da Lei 12.016/09).

LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:

a) partido político com representação no Congresso Nacional;

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b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;

Art. 21. O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial.

Parágrafo único. Os direitos protegidos pelo mandado de segurança coletivo podem ser:

I - coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os transindividuais, de natureza indivisível, de que seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica;

II - individuais homogêneos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os decorrentes de origem comum e da atividade ou situação específica da totalidade ou de parte dos associados ou membros do impetrante.

Na constituição federal não se encontra claramente no texto a modalidade de mandado de injunção coletivo, mas por analogia à lei do mandado de segurança, e ao art. 5º, inc. LXX, a doutrina e a jurisprudência aceitam amplamente a possibilidade de impetração do MI coletivo. Lembrando a todos que nenhum destes legitimados possui capacidade postulatória, devendo todos fazer uso do advogado. “A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal admite legitimidade ativa ad causam aos sindicatos para a instauração, em favor de seus membros ou associados, do mandado de injunção coletivo” (STF, MI 102, Rel. p/ o ac. Min. Carlos Velloso, j. 12.2.98, DJ 25.10.02). Lei 12.016/09. Partidos políticos, sindicato, entidade de classe, associações: Qualificação destes legitimados ativos: Todos são pessoas jurídicas de direito privado, possuem CNPJ e sede funcional. O partido político tem algumas singularidades, porque este precisa ter inscrição no TSE. O requisito de funcionamento há pelo menos 01 ano só se aplica às associações. Não precisa escrever que a associação está em funcionamento há pelo menos 01 ano. Vai dizer isso na parte da fundamentação da peça.

Art. 21. O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial.

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Estes legitimados ativos podem estar em juízo na defesa de interesses de todos os seus membros ou de parte de seus associados. Além disso, é preciso a comprovação da PERTINÊNCIA TEMÁTICA para sindicatos, associações e entidades de classe (é indispensável). A pertinência temática é a relação que deve existir entre o objeto da ação e os interesses do grupo. Com relação à necessidade ou não de preencher o requisito da pertinência temática há divergências com relação aos partidos políticos. A jurisprudência clássica sempre defendeu que os partidos podem estar em juízo na defesa de quaisquer particularidades. Mas a lei traz algumas ponderações. O partido político precisa ter representação em uma das casas. A lei trouxe uma necessidade de comprovação para a pertinência temática para os partidos políticos. Mas a jurisprudência clássica não traz este requisito. É uma discussão doutrinária que não costuma cair na prova da OAB. SÚMULA 629: os legitimados ativos atuam como substitutos processuais, assim não precisam de autorização expressa de seus associados para tanto. A autorização é constitucional, assim como no art. 21 da Lei 12.016/09. STF Súmula nº 629 - 24/09/2003 - DJ de 9/10/2003, p. 1; DJ de 10/10/2003, p. 1; DJ

de 13/10/2003, p. 1.

A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor dos

associados independe da autorização destes.

SÚMULA 630: os legitimados ativos que podem impetrar estas ações coletivas podem defender interesses de todo o grupo ou de somente uma parte de seus associados.

STF Súmula nº 630 - 24/09/2003 - DJ de 9/10/2003, p. 1; DJ de 10/10/2003, p. 1; DJ

de 13/10/2003, p. 1.

Entidades de Classe - Legitimidade - Mandado de Segurança - Interesse de Uma

Parte da Categoria A entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança ainda quando a

pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria.

7. Pressupostos do remédio: É indispensável que se observe os pressupostos do remédio:

1. A impossibilidade de exercício fundamental previsto na constituição, seja de 1ª, segunda ou terceira geração. Deve existir um direito pendente de regulamentação na CONSTITUIÇÃO, além disso, faz-se necessário comprovar que a lei não foi feita. Assim, há um direito fundamental constitucional, que ainda depende de regulamentação.

8. Polo passivo Pessoa, órgão, autoridade omissa. “Mandado de injunção. Ilegitimidade passiva do Presidente do Senado Federal se a iniciativa da lei é da alçada do Presidente da República. (CF, arts, 37, VII e 61, parágrafo 1º, II, c)”. STF, MI 153). Uma das condições da ação é justamente a legitimidade ad causam. Já vimos que qualquer pessoa natural ou jurídica, nacional ou estrangeiro pode ser autor de MI.

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Agora, é preciso que se comprove que há um direito fundamental dependente de regulamentação. Se o mandado de injunção discute a falta da lei e se sabemos que a lei é regulamentada pelo poder público, o polo passivo deverá ser integrado pelo responsável pela elaboração da lei → um agente do poder público, um poder, ou um órgão. Pessoa, órgão, um poder omisso. Existem projetos de lei que são de iniciativa privativa do PR: art. 61, §1º da Constituição. Não partam para nenhum outro artigo antes de avaliar este artigo. Este artigo é INDISPENSÁVEL para a análise inicial do polo passivo: remuneração e aposentadoria dos servidores públicos e outras matérias são de iniciativa reservada de uma autoridade específica. Assim, o MI deve ser impetrado em face dessa pessoa.

§ 1º - São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que:

I - fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas;

II - disponham sobre:

a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica ou aumento de sua remuneração;

b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da administração dos Territórios;

c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)

d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da União, bem como normas gerais para a organização do Ministério Público e da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios;

e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública, observado o disposto no art. 84, VI (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, provimento de cargos, promoções, estabilidade, remuneração, reforma e transferência para a reserva. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998).

Se o projeto for de iniciativa privativa de autoridade específica (art. 61, §1º - não é o único, mas o mais importante) é esta autoridade que deve estar no polo passivo da ação. Greve do servidor público: não há regra específica. Os MI’s que são impetrados perante o Supremo questionando a lacuna da lei de greve do servidor são impetrados em face de ato omissivo da Mesa do Congresso Nacional. Cabe ao CN exercer a atividade legislativa federal no país. Assim, se não há iniciativa privativa de entidade que deveria oferecer a norma e não a elaborou, o responsável será a mesa. A não ser que a questão especifique que o projeto está tramitando no Senado ou na CD há 10, 20 anos... mas isso normalmente não acontece. 9. Tutela de urgência: Incabível no MI. Não se aplica por analogia toda a lei do MS. São aplicados alguns dos dispositivos. A jurisprudência clássica do STF vem negando a tutela de urgência no MI.

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10. Competência: será fixada de acordo com o órgão, autoridade ou o poder omisso. Para chegar a reconhecer o órgão competente para apreciar o MI, precisa primeiro identificar em face de quem se deve impetrar o MI. A maioria dos remédios constitucionais deve ter a sua competência analisada começando pelo Supremo. Se não encontra a autoridade ali, parte para o STJ. Quando o órgão competente para elaborar a norma seja tribunal, qualquer que seja ele, a peça deverá ser endereçada ao presidente deste tribunal. Exmo. Sr. Ministro Presidente do Superior Tribunal de Justiça Art. 102, I, q – STF Art. 105, I, h – STJ E no plano dos estados? G- Governador P – Prefeito S – Secretário de estado Não é uma ação muito comum no plano estadual. Se no polo passivo do MI estiverem presentes o governador, o prefeito ou o secretário de estado, a competência de julgamento será do Tribunal de Justiça ou ainda de Mesa da Assembleia legislativa estadual → GPS. Competências: STF STJ TJ Se for autoridade federal sem nenhuma prerrogativa de foro iremos para a justiça federal de 1ª instância – ou seja, Justiça federal de 1º grau. Não tem que inventar regra de competência de 1º grau. Se for autoridade estadual ou municipal sem prerrogativa de foro vai para a justiça estadual de 1ª instância (1º grau), em suas competências residuais. Assim, a regra é só ir descendo de grau, de acordo com a autoridade. 11. Diferenças em MI e ADO

Mandado de injunção Ação direta de inconstitucionalidade por omissão

Processo subjetivo (processo comum, com lide). A pessoa quer usufruir o seu direito fundamental e não existe a lei regulamentadora.

É uma ação do controle concentrado de constitucionalidade e inaugura um processo objetivo: sem parte e sem lide, ou seja, trata-se de um processo ajuizado na defesa da supremacia da Constituição.

O MI visa defender direitos fundamentais dependentes de regulamentação.

Visa defender normas constitucionais

MI individual pode ser impetrado por qualquer pessoa física ou jurídica, cuja implementação de um direito esteja a depender de regulamentação, assim como o MI coletivo (art. 21 da Lei 12.016/09)

Pode ser impetrado pelos legitimados ativos do art. 103 dos incisos I a IX.

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12. Jurisprudência do STF Dever de casa: entrar no site do STF: www.stf.jus.br último link: omissões inconstitucionais. Posição não concretista Em nome da separação dos poderes, até 2007 o Supremo era extremamente conservador em relação às suas decisões em sede de MI e adotava a posição não concretista geral: ao julgar o MI o STF simplesmente reconhecia a mora do poder omisso. O STF nesta época nem permitia que se aplicasse prazo para que o legislador elaborasse a norma e também não permitia que se aplicasse por analogia lei já existente. Só declarava a mora sem resolver nenhum problema prático. Posição concretista Depois dessa posição a Corte passa a adotar posições concretistas: em sentido amplo é aquela que não se limita a declarar a mora do poder omisso. Ela vai além determinando a aplicação analógica de lei já existente para suprir a omissão legislativa. A posição concretista por sua vez, se subdivide em posição concretista geral e posição concretista individual direta. A posição concretista geral foi a adotada nos MI’s 670, 712, 708. MI’s que adotaram a posição concretista individual direta; 721, 758. Assim, o supremo não vem se restringindo mais a declarar a mora legislativa, é o caso dos MI’s relativos à greve do servidor público (art. 37, VII). No julgamento destes 03 MI’s mandou que se aplicasse a lei de greve dos empregados de empresas privadas para garantir aos servidores públicos o direito de greve → posição concretista geral. Posição concretista individual direta: art. 40, §4º: o servidor público que trabalha em atividade de risco tem direito à aposentadoria especial que até hoje não foi elaborada. A corte tem determinado por analogia, a aplicação da lei geral da Previdência (Lei 8213/91). Os efeitos dados à decisão do Supremo sobre a greve do servidor público foram erga omnes. Ou seja, o STF estendeu a todos os servidores públicos a aplicação analógica da lei de greve dos empregados privados para suprir a omissão. Mas com relação à lei complementar regulamentadora da aposentadoria dos servidores públicos, o STF tem decidido caso a caso – portanto efeitos interpartes. Assim, o que diferencia a posição concretista geral da posição concretista individual direta são os seus efeitos: erga omnes ou interpartes. Se cair na prova é indispensável fazer referência a esta jurisprudência concretista geral e concretista individual direta. - Elaboração e identificação da peça: É importante que comece a fazer a prova pela peça. Fazer 02 ou 03 leituras da peça processual. 5 passos: Passo 1 – Resumo do caso (resumir o caso em 02 linhas no máximo em rascunho) Passo 2 – Legitimidade ativa Passo 3 – Legitimidade passiva Passo 4 – Escolha da ação Passo 5 – Órgão competente

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Mandado de injunção – p. 14 da apostila. Passo 1 - Servidora pública quer usufruir de direito de aposentadoria especial pendente de regulamentação. Servidora pública que está defendendo direito fundamental de 2ª geração – direito social. Passo 2 – Joana Augusta, enfermeira Passo 3 – quem irá compor a legitimidade passiva é um poder, um órgão ou autoridade responsável por suprir a omissão legislativa. Essa lacuna normativa está relacionada ao tema de aposentaria de servidor público. O primeiro artigo que se deve consultar ao tentar localizar o polo passivo do MI é o artigo 61, §1º, II, “c”. O polo passivo da ação é formado então pelo Presidente da República. Passo 4 – trata-se de um MI, pois outra peça aqui não pode ser cabível de forma alguma. Art. 5º, LXXI. Não precisa escrever que é mandado de injunção individual, só ser for coletivo. Isso também vale para o MS. Passo 5 – O órgão competente para o julgamento do MI é definido em razão do polo passivo, que neste caso é o PR → art. 102, I, “q” = STF. Existe um entendimento de aplicação analógica da lei da previdência: 8.213/91. Qualquer ação de competência originária de Tribunal deve ser dirigida ao seu Presidente: EXMO. SR. MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL Salta um espaço de 05 linhas e qualifique. Qualificação – aqui na qualificação não precisa fazer referência à analogia da Lei 12.016, deixar para inserir este dado na fundamentação. O nome da ação também deve vir em legras maiúsculas. Pode destacar MANDADO DE INJUNÇÃO. Não qualificar o polo passivo neste caso e somente de forma mais resumida. Não escreva Brasília e nem Capital federal: em face do Presidente da República, que poderá ser encontrado na sede funcional... Joana Augusta, nacionalidade..., estado civil..., enfermeira, portadora do RG n ... e do CPF n ... , residente e domiciliada..., nesta cidade, por seu advogado, conforme procuração anexa .... , com escritório ..., endereço que indica para os fins do art. 39, I do CPC, com fundamento no art. 5º, LXXI da CRFB/88, vem impetrar MANDADO DE INJUNÇÃO em face de ato omissivo do Presidente da República, que poderá ser encontrado na sede funcional... Pula 01 linha e faz a síntese dos fatos: devem ser utilizadas as expressões “a impetrante, impetrado, Joana Augusta” para não se tornar repetitivo. I – Síntese dos fatos: Não precisa pular linha entre um parágrafo e outro. Não esquecer de usar a expressão “remédio constitucional”. II Fundamentação jurídica: neste tópico devem ser trazidos os argumentos principais relacionados à peça proposta. Colocar base legal, referência doutrinária e jurisprudência se houver. No MI não colocar a parte da jurisprudência na parte da fundamentação. Por ser um ponto muito específico do MI deve ser colocado em parte separada. Cabimento da peça, referência normativa, referência sobre o direito que está sendo questionado. Sugestão da fundamentação jurídica: art. 5º, LXXI; lei 12.016/09; o art. 40, §4º; o art. 102, I, “q”, CRFB/88. Para iniciar a redação começa pelo cabimento:

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II – Fundamentação jurídica 1º tópico da fundamentação: apresentar a ação: Segundo o art. 5º, LXXI da CRFB/88, o mandado de injunção é o remédio adequado para defender direito fundamental dependente de regulamentação. Foi introduzido na nova Constituição com o objetivo de se buscar a cura para a síndrome de inefetividade das normas constitucionais. Como não há norma legal sobre o presente remédio, de acordo com a doutrina e a jurisprudência, aplica-se, no que couber, a lei 12.016/09, que regulamenta o mandado de segurança. 2º tópico da fundamentação: deve justificar a legitimação ativa e passiva e justificar também a competência para julgar. A impetrante é titular do direito fundamental à aposentadoria especial, previsto no art. 40, § 4º, inc. II da CRFB/88, ainda pendente de regulamentação, o que enseja a propositura do mandado de injunção. No entanto, trata-se de direito fundamental de 2ª dimensão, direito social, motivo pelo qual, a impetrante não pode ver negado o seu provimento, sob pena de violação a direitos fundamentais. Legitimado passivo para a presente ação é o Presidente da República, tendo em vista que o projeto de lei sobre a aposentadoria de servidores é de sua iniciativa privativa na forma do art. 61, §1º, inc. II, “c”. Dessa forma, o órgão competente para apreciar este remédio é o Supremo Tribunal Federal na forma do art. 102, I, q da CRFB/88. III – Da omissão constitucional. Falar da posição não concretista (até 2007) e das posições concretistas (desde 2007) 1 parágrafo para falar da posição não concretista reinante até 2007 e + um parágrafo para falar das posições concretistas. Posição não concretista: até 2007 o STF adotava uma posição mais conservadora e apenas declarava a mora do poder omisso impedindo o judiciário de aplicar lei já existente para suprir a omissão normativa e de fixar prazo para o legislador legislar. Desde 2007 a corte vem mudando o entendimento e aplicando por analogia lei já existente para suprir omissão normativa. Os pedidos do MI estão na lei de MS iluminados em laranja: IV – Dos pedidos: Ante todo o exposto, requer-se: (não precisa pular linhas entre as letras)

a) A notificação da autoridade coatora no endereço fornecido na inicial, para que, querendo, preste as informações pertinentes ao caso; (art. 7,º, I)

b) A intimação do representante do Ministério Público (art. 12 da lei 12.016/09); c) Condenação do impetrado em custas processuais (não devem pedir a

condenação em honorários nem no MS e nem no MI); d) Que o pedido seja ao final julgado procedente para que a omissão normativa

seja sanada mediante a aplicação analógica da lei 8.213/91; e) a juntada de documento;

NÃO HÁ NECESSIDADE DE PEDIR PROVAS POIS SE TRATA DE UM PEDIDO MAIS CÉLERE, PEDIR NO ENTANTO A JUNTADA DE DOCUMENTOS, CONFORME O ART. 6º DA LEI DO MS.

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Pula uma linha: Dá-se à causa o valor de R$1.000,00 para efeitos procedimentais. Termos em que, Pede deferimento. Local... Data... Advogado ... OAB nº: ... Art. 39, I Duas questões subjetivas: Aula assistida em 06-05-13 Aulas inéditas Aula 5.1/5.2/5.3/5.4 Fazer a leitura sobre a jurisprudência das omissões legislativas. Site do STF jurisprudência último link omissões inconstitucionais. Correção do exercício da p. 16 – ESTÁ ESQUECENDO DE FUNDAMENTAR COM A LEGISLAÇÃO INFRA NÃO PODE TEM QUE FUNDAMENTAR COM A CONSTITUCIONAL E COM A LEGISLAÇÃO INFRA.

a) Portarias são tipicamente atos normativos secundários. Elas não são extraídas da Constituição provindo da lei. Na forma do artigo 1º, parágrafo único da Lei 9882 atos normativos secundários podem sim ser objeto de ADPF.

b) Sim, na forma do art. 103, IX e do art. 2º da lei 9882/99. A associação deve comprovar sua legitimidade ativa especial e a pertinência temática foi comprovada no caso apresentado. CRIAR O HÁBITO DE ESCREVER SEMPRE QUALIFICANDO O INSTITUTO E MENCIONANDO AS DUAS LEGISLAÇÕES. C) Segundo a orientação do Supremo Tribunal Federal a ADPF pode ser instituída no âmbito dos estados, desde que por meio da Constituição Estadual. Dever de casa: dar uma lida no material a respeito de CPI que se encontra no site do STF – buscar o link publicações; publicações temáticas – jurisprudência do STF sobre CPI. 2) É possível que a comissão parlamentar seja instituída no âmbito dos estados, DESDE QUE por meio da CONSTITUIÇÃO ESTADUAL, e que observe os preceitos estatuídos pelo art. 58, §3º da CRFB. São requisitos: 1/3 dos membros, etc. Em nome do princípio da simetria, para ser aberta precisa seguir os requisitos apresentados para a CPI federal. b) A constituição do estado é ato normativo primário (porque é extraído diretamente da Constituição federal) de acordo com o art. 11 do ADCT. O objeto da ADI na forma do art. 102, I, a da CRFB contempla a lei estadual e portanto, a constituição do estado pode ser objeto da ação. O governador do estado do estado é legitimado ativo na forma do art. 103, inc. V da CRFB devendo comprovar sua pertinência temática.

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HABEAS DATA O habeas data foi inspirado pelo direito comparado. EM 1974 os EUAA criaram o freedom of information. Este remédio também influenciou a criação do instituto em Portugal e na Espanha.

1. Histórico: No Brasil foi criado em 1988 como uma forma de reação à ditadura militar.

2. Base legal: art. 5º, LXXII e lei 9.507/97.

3. Natureza jurídica: O habeas data é uma ação constitucional e também é uma

ação de natureza civil. Conforme o artigo 19 trata-se de um rito célere e, portanto, o rito é sumário. Não precisa escrever na petição o rito. Mas é importante saber o rito para lembrar que esta ação não permite dilação probatória. Em regra, ele se aproxima muito do MS. Devem ser apresentados de plano todos os documentos de que dispõe.

4. Conceito: é um remédio constitucional que visa defender dados pessoais em nome da intimidade e vida privada, direitos fundamentais previstos no art. 5º, X, da CRFB/88.

5. Base legal principal: A CRFB/88 e legal: lei 9.507/88

6. Finalidade: a tutela do HD é dirigida a dados que possuem natureza pessoal. Dados pessoais são aqueles relativos ao nome da pessoa, à escolaridade, ao trabalho, à saúde, estado civil e demais dados cadastrais relacionados ao indivíduo. Os dados devem ser pessoais porque ele protege o direito fundamental à intimidade e a vida privada. Assim, podem-se distinguir três finalidades para o HD, duas delas com base na Constituição e uma na com base na legislação infraconstitucional.

LXXII - conceder-se-á "habeas-data":

a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;

b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;

Dessume-se da redação do artigo constitucional que este remédio se presta a conhecer informações desconhecidas a respeito da pessoa do impetrante ou para retificar estes dados pessoais que são conhecidos, mas que estão incorretos. Boa parte da doutrina entende que o HD não admite os pedidos cumulativos de conhecer e retificar. Assim, conhecer ou retificar ou complementar os dados pessoais que já são conhecidos, mas que estão incompletos. O artigo 7º, III da lei 9507 traz a terceira finalidade do HD: serve para complementar dados pessoais, que são conhecidos e corretos, mas incompletos.

7. Legitimidade ativa: é considerado um remédio personalíssimo. Via de regra, o paciente do HD é o próprio titular do dado, seja ele uma pessoa natural, jurídica (nacional ou estrangeira), desde que essa pessoa seja titular do dado.

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A jurisprudência permite que os herdeiros do falecido possam impetrar o HD para acessar, retificar ou complementar informações a seu respeito.

8. Polo passivo: esses dados pessoais devem estar presentes em bancos de dados públicos seja da AP direta, indireta federal, estadual, distrital, municipal). Bancos de dados públicos como por exemplo INSS, Ministério, Secretaria de estado... O cuidado deve ser observado com relação ao banco de dados privado. Este pode até estar no polo passivo da ação de HD por meio de seu representante, desde que possua caráter público.

O polo passivo será formado pela pessoa que dentro da respectiva esfera administrativa tem poder de decisão. A autoridade coatora será o representante, o secretário, o presidente... não há uma lista completa. Há várias autoridades que possuem poder de decisão. Se pretender acessar dados na receita federal, por exemplo, tem que colocar no polo passivo o seu representante. Agora se a questão não trouxer muito claro quem seja, pode fazer uso da expressão “representante”. Quando não houver uma definição exata de quem representa aquela instituição deve usar a expressão genérica: “representante da instituição”!

9. Caráter público

Vide o artigo 1º da lei 9507/97. O que seria um banco de dados privado com caráter público? É aquele banco de dados que reúne informações sobre as pessoas não para controle interno, mas sim, para socializá-las com terceiros. Os dois grandes exemplos de entidades privadas com caráter público são o SPC e SERASA. Estas instituições acumulam informações para socializá-las, fazendo, portanto, com que as informações circulem. Grande exemplo de informações de um banco de dados privado que não possui caráter público, seria o RH de empresa privada. Estes setores detêm inúmeros dados pessoais sobre os empregados da empresa. Mas este não socializa estas informações com terceiros. São dados que somente são detidos para fins de controle da própria empresa. Ficha cadastral de empregado de empresa privada não pode ser conhecida por meio do HD.

10. Requisito essencial: súmula nº2 do STJ. Não cabe o HD se não houver a recusa de informações por parte da autoridade administrativa. Isso não quer dizer que há necessidade de esgotamento, mas tentar o acesso aos dados na via administrativa é fundamental. P.ú do art. 8º diz é preciso comprovar a recusa do dado, mas muitas vezes essa recusa é comprovada pelo decurso do tempo. Assim, é indispensável que se comprove não que se esgotou a instância administrativa, mas que se tentou acessar o dado no plano administrativo. Inclusive na P.I do HD deve separar este tópico.

(..) O acesso ao HD pressupõe entre outras condições de admissibilidade, a existência do interesse de agir. Ausente o interesse legitimador da ação, torna-se inviável o exercício desse remédio constitucional. A prova do anterior indeferimento do pedido de informação de dados pessoais, ou da omissão em atendê-lo, constitui requisito indispensável para que se concretize o interesse de agir no habeas data (...). (...) Sem que se configure situação prévia de pretensão resistida, há carência da ação constitucional do habeas data.

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Não é para inventar prazos ou dias. O HD cobrado pela FGV dizia claramente que o impetrante não tinha conseguido acessar o dado administrativamente. Como isso é comprovado de forma documental pode-se utilizar a expressão “de acordo com a documentação anexa”, segundo os documentos que acompanham a presente ação. Observações sobre o cabimento do HD; Sua tutela é muito específica, ou seja, franquear o acesso aos dados pessoais. A receita federal no Brasil é a entidade que sabe tudo sobre as nossas vidas. Quando a pessoa tenta acessar, retificar, ou complementar um dado perante ela, estaremos diante de uma eventual possibilidade de impetração de HD. Funcionário de loja nega compra a crédito sob a alegação de que o nome do cliente está no SPC. Neste caso, não vai direto impetrar o HD, mas antes, procura o banco de dados para saber o que está acontecendo. Há uma jurisprudência local de um militar que ficou internado durante algum tempo e quando teve alta quis saber informações sobre a sua saúde e pede seu prontuário médico que lhe é negado pelo Hospital Militar. O remédio adequado para atacar tal decisão, no caso, é o HD. Concurso público para a área policial e tem o psicoteste negativo. Não avaliaram bem o psiquismo. Uma avaliação deste teor é essencialmente pessoal. Se a comissão do concurso negar esta informação também será cabível o HD. Agora, existem uma série de situações que não geram a propositura do HD.

11. Hipóteses de não cabimento: - Acesso a dados públicos: dados públicos de interesse pessoal são distintos de dados pessoais. Neste caso será cabível o MS. DADOS PÚBLICOS DENEGADOS GERAM A PROPOSITURA DE MS E NÃO DE HD. - Acesso a dados sobre terceiros: Deve, entretanto, lembrar que o HD permite o acesso a dados de terceiros quando ele for falecido. É uma situação excepcionalíssima. - Acesso à certidão denegada: a jurisprudência e a doutrina separam o acesso ao dado, do acesso à certidão que formaliza essa informação, esse dado. Em regra geral, negativa de certidão, inclusive certidão que traga dados pessoais gera MS. Mas há um detalhe: se a questão deixar muito claro que a única forma de acesso ao dado pessoal é a certidão, quando a autoridade a negar, está negando acesso ao próprio dado pessoal. E aí o instrumento negado é o próprio HD. Mas para ter acesso a uma informação denegada o instrumento adequado é o MS. - Acesso a informações sobre os critérios utilizados na correção de provas de concurso/ acesso à prova/revisão de prova: Não se está lidando aqui com dados pessoais. - Acesso a processo denegado: seja judicial ou administrativo. Quando se nega acesso a processo administrativo ou judicial está-se denegando a possibilidade de exercício do direito líquido e certo à ampla defesa e ao contraditório. O remédio adequado portanto, é o MS. - Acesso à autoria do denunciante: Quem teve denegado acesso à autoria do denunciante, não teve negativa de acesso a dado pessoal. O que foi negado, na hipótese foi justamente o direito à ampla defesa e ao contraditório, dando também ensejo à impetração de MS. O MS é a aspirina dos remédios constitucionais.

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12. Tutela de urgência: não há na lei 9.507 artigo relativo à tutela de urgência. Mas Hely Lopes Meirelles, diz que, se houver uma urgência ela pode ser concedida. Mas não forçar a barra, porque não há previsão legal ou constitucional para tanto. Se houver necessidade o correto é fazer uso do artigo 273. Segundo boa parte da doutrina a sua modalidade é de tutela antecipada. A tutela de urgência tem normalmente três parágrafos: um para trazer a sustentação normativa do cabimento da tutela, outro para falar da verossimilhança das alegações e por último falar do dano irreparável. Tem que abrir um tópico no corpo da peça e ratificar como pedido final.

Se a questão apresentar a necessidade de pedir a tutela de urgência deve abrir um tópico próprio: II – Tutela de urgência Em que pese não estar presente na lei 9.507/97 a tutela de urgência do habeas data, aplica-se subsidiariamente o artigo 273 do CPC, que trata da tutela antecipada. A verossimilhança das alegações está comprovada de acordo com a documentação anexa. Já o fundamento do dano irreparável se justifica pela urgência (a informação vai estar descrita no caso concreto apresentado pela banca).

13. A ação de HD é gratuita. Art. 5º, inc. LXXVII. Não precisa abrir tópico para gratuidade, considerando-se que a constituição já traz este princípio inserido. Disso também decorre que não se pede condenação em honorários advocatícios ou em custas processais. Não se faz nenhum destes dois pedidos no HD e nem no HC, diante da sua natureza gratuita.

14. Competência/endereçamento → é fixada de acordo com a autoridade coatora.

Art. 102, I, d Art. 105, I, b Art. 108, I, c Art. 109, VIII G – P – S + Mesa da Assembleia legislativa – TJ A competência para o julgamento do HD está espalhada pela Constituição, mas estes estão concentrados no art. 20 da Lei 9509.99. STF EXMO. SR. MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL STJ EXMO SR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA TRF EXMO. SR. DESEMBARGADOR FEDERAL PRESIDENTE DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA ... REGIÃO. (OS TRIBUNAIS REGIÕES FEDERAIS ESTÃO REPRESENTADOS POR REGIÕES) JUIZ FEDERAL DE 1º GRAU: EXMO SR. DR. JUIZ FEDERAL DA ... VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO ... (A JUSTIÇA FEDERAL NÃO É DIVIDIDA EM COMARCAS MAS EM SEÇÕES JUDICIÁRIAS)

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G P S – É O GOVERNADOR, PREFEITO, SECRETÁRIO + MESA DE ASSEMBLEIA LEGISLATIVO. HABEAS DATA em face dessas pessoas é endereçado ao TJ para julgamento. Em regra, a banca já demonstrou que aplica o princípio da simetria numa prova de MS. TJ EXMO. SR. DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO ... Competência residual: Juiz estadual de 1º grau. Ex.: representante do SPC ou do Serasa. EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CÍVIL DA COMARCA DE ... DO ESTADO DE ... CASO CONCRETO – P. 19 DA APOSTILA Tício, brasileiro, casado, engenheiro... - Cinco passos da felicidade;

PASSO 1 – RESUMO DO CASO PASSO 2 – LEGITIMIDADE ATIVA

PASSO 3 – LEGITIMIDADE PASSIVA PASSO 4 – ESCOLHA DA AÇÃO

PASSO 5 – ÓRGÃO COMPETENTE

Estes passos nos ensinam que na parte do rascunho vamos começar a preparar a petição com base nestes dados. Resumo do caso: Tício teve o acesso de dados pessoais negados pela AP; Legitimidade ativa: Tício, brasileiro, casado, engenheiro; Legitimidade passiva: Ministro de estado da defesa Escolha da ação: pessoa querendo acessar dados pessoais que foram denegados pelo Estado = HABEAS DATA, art. 5º, inc. LXXII e Lei 9.507/97 Órgão competente: STJ por força do art. 20, I, b E TAMBÉM DEVE FAZER REFERÊNCIA À BASE CONSTITUCIONAL: ART. 105, I, B, DA CRFB. EXMO. SR. MINISTRO PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA Tício, brasileiro, casado, engenheiro, portador do RG nº ... e do CPF nº ..., residente e domiciliado..., nesta cidade, por seu advogado infra-assinado, conforme procuração anexa... com escritório..., endereço que indica para os fins do art. 39, I do CPC, com fundamento nos termos do art. 5º, LXXII da CRFB e da Lei nº 9.507/97 vem impetrar o presente HABEAS DATA, em face do Ministro de Estado da Defesa, com sede funcional..., aduzindo para tanto o que abaixo se segue. I – SÍNTESE DOS FATOS O ora impetrante participou de diversos movimentos políticos na década de 70, tendo sido investigado pelas autoridades públicas e preso diversas vezes em decorrência da participação em tais atividades. No ano de 2010 solicitou por meios administrativos o acesso a dados referentes a sua pessoa, constantes de bancos de dados de órgão

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público, o que lhe foi negado em todas as instâncias. Este o motivo que ensejou a impetração do presente remédio constitucional, considerando-se que o ato viola o seu direito à intimidade e à vida privada, estando fundamentada, portanto, a impetração do presente habeas data. II – DA PROVA DA RECUSA À INFORMAÇÃO Conforme já narrado, o impetrante teve o seu pedido indeferido em todas as instâncias administrativas, o que se comprova por meio da documentação anexa, restando devidamente comprovado, dessa forma, o requisito essencial para a impetração da presente ação, de acordo com o art. 8º, I da Lei 9.507/97 e a súmula nº 2 do STJ. III – Dos fundamentos O habeas data é uma ação constitucional, prevista na Constituição da República de 1988, em seu art. 5º, LXXII e na Lei 9.507/97. Trata-se de remédio constitucional apto a combater a recusa da prestação de informações sobre a pessoa do impetrante, constantes em bancos de dados público ou privado que tenham a possibilidade de circulação. Por meio dele assegura-se o conhecimento de informações, sua retificação, bem como complementação de informações, se for o caso, sobre a pessoa do impetrante. A CRFB/88 prevê ainda em seu art. 5º, inc. XXXIII o direito legítimo à informação que está sendo denegado ao impetrante no caso concreto. Na forma do art. 5º, X, da CRFB/88 também é garantido a todos o direito à intimidade e à vida privada que não estão sendo também respeitados. Tício possui, dessa forma, legitimidade para compor o polo ativo da ação, tendo em vista que as informações recusadas são relativas à sua própria pessoa, em razão das atividades políticas por ele empreendidas na década de setenta. Legitimado passivo é o Exmo. Sr. Ministro de Estado da defesa, que, como último ato decisório, procedeu à recusa de informações ao impetrante, alegando a necessidade de sigilo na preservação das atividades do Estado. A competência para julgar o presente feito, é do Superior Tribunal de Justiça, na forma do art. 105, I, b da CRFB/88. IV – Dos pedidos

a) A notificação da autoridade coatora, a fim de que preste as informações atinentes ao caso, no prazo de dez dias;

b) A juntada de documentos que comprovam a recusa administrativa no fornecimento das informações;

c) A intimação do Representante do Ministério Público; d) A procedência do pedido de habeas data, para que seja assegurado ao

impetrante o acesso às informações de seu interesse. Dê à causa o valor de R$1000,00 para efeitos procedimentais Termos em que, Pede deferimento. Local... data

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Advogado ... OAB Art. 39, I. Aula assistida em 24-05-13 Aulas inéditas Aula 6.1/6.2/6.3/6.4 LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular

ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade

administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo

comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência; Ação popular: A melhor forma de se identificar a ação popular é verificar o interesse coletivo envolvido na causa. Na ação popular não se luta por direito individual. A ação popular cuida dos direitos difusos, associados ao patrimônio público, histórico, cultural, ao meio ambiente... A ação popular visa proteger o patrimônio de todos, o bem comum. São aqueles direitos chamados, em sentido amplo, direitos difusos.

1. Histórico, natureza jurídica: JAS diz que esta ação nasceu em Roma, para defender mares, rios, sepulturas, para impedir que animais ferozes transitassem em praças públicas assustando as pessoas. Durante a Idade Média a ação desapareceu, tendo em vista a inexistência de uma relação simbiótica entre o Estado e os cidadãos. No Brasil a ação popular surgiu em 1934, sendo excluída do texto da Constituição de 1937, voltando em 1946 e persistindo até hoje. Os autores são unânimes em afirmar que a CRFB/88 ampliou o âmbito de incidência da ação popular. A sua natureza jurídica, como a das demais ações, é mista ou híbrida. É uma ação constitucional e como tal é uma manifestação de direito político, porque afinal de contas só pode ser utilizada pelo cidadão. Além disso, é uma ação civil, mas o seu rito é um pouco distinto. O rito da ação popular é comum ou ordinário – art. 7º da Lei 4717/65. Art. 7º A ação obedecerá ao procedimento ordinário, previsto no Código de Processo

Civil, observadas as seguintes normas modificativas: Admite-se ampla dilação probatória e a instrução é longa, portanto é perfeitamente admissível o pedido de produção de provas.

2. Conceito:

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Remédio constitucional que visa anular/invalidar ato ou contrato administrativo que ameace ou viole o patrimônio público ou cultural, a moralidade administrativa ou o meio ambiente. Patrimônio aqui é analisado de forma bem ampla, incluindo as verbas e os bens públicos. O ponto substancial para se identificar a peça de ação popular é a tutela de interesses coletivos. A ação civil pública é muito parecida, mas não se confundem porque a legitimidade ativa das duas é diferente. Quem pode ajuizar a ação popular não pode ajuizar a ação civil pública e vice-versa.

3. Base legal: Art. 5º, LXXIII e lei 4717/65.

4. Espécies: - Ação popular – preventiva: Quando houver uma ameaça a lesão ao patrimônio comum. - Ação popular repressiva – 5 anos – art. 21 da Lei 4717/65 Quando a lesão já se consumou estamos diante de uma ação popular repressiva. Não precisa dizer na peça se é preventiva ou repressiva. Art. 21. A ação prevista nesta lei prescreve em 5 (cinco) anos.

5. Legitimidade ativa. O cidadão. Brasileiro nato ou naturalizado em gozo dos seus direitos políticos. Art. 1º, §3º da Lei 4.717/65: § 3º A prova da cidadania, para ingresso em juízo, será feita com o título eleitoral, ou com

documento que a ele corresponda. Este é um dos pontos fundamentais da ação popular. A ação popular só pode ser proposta por quem é cidadão. E este cidadão aqui não é aquele da Declaração Universal dos Direitos Humanos. O conceito de cidadão aqui, só pode ser o eleitor. Por isso, na qualificação deve vir expresso o título de eleitor do autor. E o português equiparado? O art. 12, §1º da Constituição trata dessa figura anômala, porque ele não é nem um estrangeiro como os demais e nem um brasileiro. É estrangeiro, porque não se naturalizou. § 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade

em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos

previstos nesta Constituição.(Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de

1994) Assim, tecnicamente é um estrangeiro, mas com direitos e deveres equivalentes ao do brasileiro naturalizado. Se a questão apontar que ele está alistado ele poderá fazer uso da ação popular caso haja reciprocidade de tratamento aos brasileiros no direito português.

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Se o português equiparado estiver devidamente alistado e se houver reciprocidade no direito português ele poderá perfeitamente ser autor da ação popular. Não podem ajuizar ação popular: - Inalistáveis, inalistados, pessoa jurídica, Ministério Público. Os inalistáveis se encontram no art. 14, §2º da Constituição: § 2º - Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do

serviço militar obrigatório, os conscritos. Inalistados são aqueles que deveriam se alistar, mas não o fizeram. A pessoa jurídica não pode ingressar com ação popular, o que é fato. Pessoa jurídica não tem título de eleitor e nem o MP! Apesar de não poder ser autor da ação popular o MP tem três funções importantíssimas na ação popular. E o cidadão de 16 anos? Aos 16 anos o alistamento eleitoral no país é facultativo. Assim, é possível que se tenha um adolescente cidadão, no entanto, ele ainda é desprovido de capacidade civil plena para estar em juízo. Até os 16 anos → Absolutamente incapazes → Só vai poder estar em juízo por meio de seu representante; Dos 16 aos 18 anos → Relativamente incapazes → Só poderá estar em juízo com assistência do representante legal. JAS defende que aos 16 anos, se ele já é considerado cidadão, pode perfeitamente ajuizar a ação. Barroso diz, por sua vez, que se deve associar a base constitucional com a base infraconstitucional, e que, dessa forma, o cidadão de 16 anos poderá ajuizar a ação, mas assistido por seu representante. Não há, no entanto, uma farta jurisprudência sobre o assunto. Como na doutrina a ação popular de JAS é muito bem vista, vamos adotar a sua posição. O cidadão de 16 anos pode ajuizar a ação popular sem representação. Bases normativas indispensáveis: A ação popular visa invalidar atos ou contratos administrativos que coloquem em risco ou já tenham produzido lesão ao patrimônio comum. No art. 4º da Lei 4717/65 há uma lista de atos a serem impugnados. São uma série de situações específicas para o cabimento da ação popular. É uma forma também de identificar a ação e fundamentá-la. Se acaso a situação apresentada pela prova, não se encaixar em nenhuma daquelas descritas por esse artigo, parte-se para o art. 2º, que traz algumas situações mais genéricas. Art. 2º da Lei 4717/65 traz requisitos genéricos para a propositura de ação popular. Artigo 37 da CRFB – sempre é cobrado no espelho de prova. Este artigo lista os princípios da Administração Pública. Agora sua anta vê se não troca os nomes dos princípios, falô mula???

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Legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência. Legalidade: a legalidade que norteia a AP é diferente daquela que norteia o particular. Aqui a legalidade é em sentido estrito. Há um campo aberto para o particular, mas a AP cuida do bem comum, assim não tem autonomia de vontade. Precisa seguir rigorosamente a lei.

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

Se houver alguma situação envolvendo a inobservância para o acesso a cargo, empregou ou função pública houve violação ao princípio de legalidade.

II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações. (Regulamento)

Este inciso traz o princípio da licitação pública.

O princípio da impessoalidade evita os favoritismos. A existência das regras do concurso público e da licitação são também manifestações da impessoalidade. Favoritismos e questões pessoais também violam o princípio da impessoalidade. § 1º - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos

públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo

constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou

servidores públicos.

Este parágrafo também é uma das manifestações do princípio da impessoalidade. Não é possível confundir a figura do governante com a figura do estado.

Moralidade administrativa: Há um conjunto de normas éticas e morais das quais a AP não pode se desviar. Falta de processo de licitação, violação à regra de contração também são violações à moralidade. Publicidade é a transparência que deve pautar a AP, para que esta possa ser fiscalizada. Eficiência: o serviço público deve ser prestado de forma eficiente, adequada. Polo passivo: os artigos 1º e 6º combinados, nos permitem concluir que há um verdadeiro litisconsórcio passivo necessário entre todos os envolvidos. Assim, no polo passivo tem que entrar todo mundo.

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6. Polo passivo:

Litisconsórcio passivo necessário entre todos os envolvidos – art. 1º, c/c art. 6º da Lei 4717/65: - Pessoa jurídica de direito público – União, estados, DF, municípios; empresa pública, autarquia, fundações, sociedades de economia mista... ou seja, deve haver algum ente estatal. A questão pode indicar tanto o ente federativo quanto entidade da Adm. Pública indireta. Necessariamente tem que haver um ente estatal. - Pessoa jurídica de direito privado; -Agentes públicos: Governadores, prefeitos, presidente, diretores de empresas públicas e autarquias... - Particulares.

7. Papel do Ministério Público: O MP na forma do art. 7º, I, a da Lei 4717;/65 vai atuar como fiscal da lei – custos legis - , em todas as ações populares. Sempre cabe a intimação do MP nos pedidos.

I - Ao despachar a inicial, o juiz ordenará:

a) além da citação dos réus, a intimação do representante do Ministério Público;

Existem duas outras atuações importantes do MP na ação popular:

1. Art. 9º da Lei 4717/65: o MP poderá (é faculdade, se quiser) na qualidade de substituto processual dar continuidade ao feito. Art. 9º Se o autor desistir da ação ou der motivo à absolvição da instância,

serão publicados editais nos prazos e condições previstos no art. 7º, inciso II, ficando

assegurado a qualquer cidadão, bem como ao representante do Ministério Público,

dentro do prazo de 90 (noventa) dias da última publicação feita, promover o

prosseguimento da ação.

2. Art. 16 (execução da sentença): Neste caso se trata de uma obrigação.

Art. 16. Caso decorridos 60 (sessenta) dias da publicação da sentença condenatória de

segunda instância, sem que o autor ou terceiro promova a respectiva execução. o

representante do Ministério Público a promoverá nos 30 (trinta) dias seguintes, sob pena de

falta grave.

8. Gratuidade:

Proposta de boa-fé a Ação Popular é gratuita, mas se proposta de má-fé ela é onerosa. Independentemente de qualquer coisa tem que pedir a condenação dos réus nos ônus sucumbenciais. A questão da gratuidade está associada ao exercício da cidadania. Mas em ano eleitoral é comum que esta ação seja proposta de maneira indevida e é claro que não faz muito sentido que se permita ela seja utilizada para manipular a AP e por isso se proposta de má-fé, será onerosa.

9. Tutela de urgência:

§ 4º Na defesa do patrimônio público caberá a suspensão liminar do ato lesivo

impugnado. (Incluído pela Lei nº 6.513, de 1977)

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Usar esta expressa tutela de urgência de forma genérica. Não usar a expressão medida liminar, mas TUTELA DE URGÊNCIA. Há dois tipos principais de tutela de urgência: a medida cautelar e a tutela antecipada. Caso vá pedir a tutela de urgência abrir um tópico:

II - Tutela de urgência: A tutela de urgência da ação popular está presente no art. 5º, §4º da Lei 4717/65 e também podemos aplicar o art. 273 do CPC (no primeiro parágrafo trazer a base normativa – colocar de preferência a tutela antecipada, se cabível). § 4º Na defesa do patrimônio público caberá a suspensão liminar do ato lesivo

impugnado. (Incluído pela Lei nº 6.513, de 1977) A verossimilhança das alegações é patente, tendo em vista os argumentos fáticos e jurídicos expostos, bem como os documentos que acompanham a presente ação. O fundado receio de dano irreparável está presente, tendo em vista a lesão de dificílima reparação aos cofres públicos (ou ao meio-ambiente, se for questão envolvendo fauna, flora etc) notadamente com iminente fechamento de contrato, destruição de floresta, patrimônio histórico, etc. Ao final da petição tem que repetir nos pedidos.

10. Competência: Na ação popular não há prerrogativa de foro. A ação popular é proposta no juízo de 1º grau, dependendo do ente da federação envolvido. Assim, não vamos nos ligar no polo passivo, mas no ente da federação envolvido. Art. 5º, caput, da Lei 4717/65:

Art. 5º Conforme a origem do ato impugnado, é competente para conhecer da ação, processá-la e julgá-la o juiz que, de acordo com a organização judiciária de cada Estado, o for para as causas que interessem à União, ao Distrito Federal, ao Estado ou ao Município.

§ 1º Para fins de competência, equiparam-se atos da União, do Distrito Federal, do Estado ou dos Municípios os atos das pessoas criadas ou mantidas por essas pessoas jurídicas de direito público, bem como os atos das sociedades de que elas sejam acionistas e os das pessoas ou entidades por elas subvencionadas ou em relação às quais tenham interesse patrimonial.

Importante !! União, Autarquia, Empresa Pública e Fundação Pública Federal – Juiz Federal de 1º grau. Exmo. Sr. Dr. Juiz Federal da ... Vara Federal da Seção Judiciária do Estado de ... Observar que a competência federativa federal será sempre privilegiada (art. 109,I).

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;

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Estados, DF, Municípios, suas autarquias e fundações públicas – Juiz Estadual de 1º grau – Vara de Fazenda Pública, pois são pessoas jurídicas de direito público. Exmo. Sr. Dr. Juiz de direito da ... Vara de Fazenda Pública da comarca ... do Estado de ... A ação popular precisa ser proposta perante o juiz mais próximo ao povo, porque seu legitimado ativo é o cidadão!!

"A competência para julgar ação popular contra ato de qualquer autoridade, até mesmo do Presidente da República, é, via de regra, do juízo competente de primeiro grau. Precedentes. Julgado o feito na primeira instância, se ficar configurado o impedimento de mais da metade dos desembargadores para apreciar o recurso voluntário ou a remessa obrigatória, ocorrerá a competência do STF, com base na letra n do inciso I, segunda parte, do art. 102 da CF." (AO 859, Rel. p/ o ac. Min. Maurício Corrêa, julgamento em 11-10-2001, Plenário, DJ de 1º-8-2003.) Há dois casos de competência originária de do STF para julgamento de ação popular:

1. Art. 102, I, f e n – a alínea “f” trata do conflito federativo. Quando este conflito envolver a propositura de uma ação popular caberá ao STF apreciá-la.

Na alínea “n” consubstancia-se a situação em que todos estão impedidos originariamente, hipótese em que a ação deverá ser julgada pelo STF. Mas são somente estas duas hipóteses e que se tratam de situações muito isoladas. 11. Súmulas do STF “Pessoa jurídica não tem legitimidade para propor ação popular.”(Súmula 365) “O mandado de segurança não substitui a ação popular.” (Súmula 101) 12. Caso Concreto (OAB VI EXAME) Esculápio da Silva, brasileiro, casado, engenheiro, domiciliado na capital do Estado de WYK, é comunicado por amigos que a Administração do Estado está providenciando um plano de obras custosas e pretendendo que elas sejam entregues, independentemente de licitação, a empresas com vínculos pessoais com dirigentes do seu partido político. Os valores correspondentes às obras são incluídos no orçamento, observado o devido processo legislativo. Quando da realização das obras, aduz a necessidade de urgência diante de evento artístico de grande repercussão a realizar-se em aproximadamente um ano, o que inviabilizaria a realização de procedimento licitatório e designa três empresas para repartir as verbas orçamentárias, cabendo a cada uma realizar parte da obra preconizada. As empresas Mastodonte S.A., Mamute S.A. e Dente de Sabre S.A. aceitam, de bom grado, o encargo e assinam os contratos com a Administração. O valor das obras corresponde a um bilhão de reais. Inconformado com esse fato, Esculápio da Silva, cidadão que gosta de participar ativamente da defesa da Administração Pública e está em dia com seus direitos políticos, procura orientação jurídica e, após, resolve ajuizar a competente ação. Na qualidade de advogado, elabore a peça cabível, observando: a) competência do juízo; b) legitimidade ativa e passiva; c) fundamentos de mérito constitucionais e legais vinculados; d) os requisitos formais da peça; e) tutela de urgência.

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Toda vez que a questão em um ação popular e uma ação civil pública indicarem o valor do contrato, o valor do dano, o prejuízo ao erário deve-se repetir este valor no final, atribuindo este valor à causa. O valor da causa aqui é de um bilhão de reais. Escrever por extenso do mesmo jeito que a banca escreveu. Pedir sempre a procedência do pedido. A procedência de um pedido numa ação popular será neste sentido: Decretar a invalidade do ato lesivo ao patrimônio (a depender da situação apresentada)...//decretar a invalidade do contrato determinando a realização da licitação para a contratação regular da empresa//a procedência do pedido para decretar a invalidade do ato de nomeação servidor realizado sem concurso público (servidor que não passou por concurso público)... Também é preciso condenar o administrador a devolver o dinheiro gasto indevidamente. Tutela de urgência; MI – NÃO TEM TUTELA DE URGÊNCIA HD – SÓ EM ÚLTIMO CASO, PORQUE NA LEI DE HABEAS DATA NÃO TEM TUTELA DE URGÊNCIA. AP – O QUE ESTÁ EM JOGO NÃO É UM INTERESSE PARTICULAR. É INERENTE A ELA A TUTELA DE URGÊNCIA. O verbo para a ação popular é AJUIZAR. Assim, os personagens são autor e réu. Nas duas últimas linhas dos fatos, ao final da narrativa justificar o porquê da propositura da ação. Abrir dois tópicos depois dos fatos para a legitimidade ativa: II - O autor gosta de participar ativamente da defesa da Administração Pública e está em dia com seus direitos políticos, conforme documentação anexa, portanto, satisfaz plenamente o requisito da cidadania, presente no art. 1º, §3º da Lei 4717/65. O Autor-Popular possui legitimidade ativa, por ser eleitor, como comprova o título eleitoral apresentado em anexo com a presente inicial. Atende, assim, o comando do art. 1º, §3º da Lei 4717/65 que estabelece que a legitimação ativa na ação popular é estrita e condicionada. O Autor-Popular age com pertinência subjetiva para a ação. III – O polo passivo da Ação Popular é formado por um litisconsórcio passivo necessário, conforme prevê os arts. 1º, c/c art. 6º da Lei 4717/65, daí porque todas as autoridades e empresas envolvidas devem responder à presente ação. IV – Tutela de urgência Art. 5º, §4º da Lei 4717/65 e também o art. 273 do CPC. V – FUNDAMENTOS JURÍDICOS: A ação popular é o remédio constitucional previsto para a proteção de interesses públicos em face de condutas administrativas, especialmente com relação à proteção do patrimônio público, moralidade, meio ambiente e patrimônio histórico, sendo utilizada pelo cidadão. Constitui uma garantia constitucional prevista no art. 5º, inc. LXXIII da Constituição e na Lei 4717/65. O autor, quando maneja a ação popular,

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exerce sua cidadania por concretizar o direito subjetivo público de controlar legalidade/juridicidade da atuação da Administração. Abre um parágrafo para falar do cabimento da ação popular justificando sua base normativa principal art. 5º, LXXII e falar também do art. 2º, “b” “e”; art. 4º, III, a – ambos da lei 4717/65 – justificar porque está usando isso. Art. 37, XXI da Constituição – Princípio da licitação pública e os princípios do art. 37, caput. Justificar de acordo com a situação apresentada. VI – DOS PEDIDOS Diante de todo o exposto, requer-se:

a) A concessão da tutela de urgência para decretar a invalidade do contrato firmado sem licitação e devolução ao erário dos valores pagos;

b) Que seja julgado procedente o pedido para confirmar a tutela de urgência; c) A citação dos réus nos endereços acima indicados; d) A intimação do Representante do Ministério Público; e) A condenação do Réu em custas e em honorários advocatícios. f) A produção de todos os meios de prova em direito admitidas; g) A juntada de documentos.

Dá à causa o valor de um bilhão de reais Termos em que, Pede deferimento. Local ... Data... Advogado... OAB nº ... Endereço do advogado para fins de intimação: Art. 39, I. O valor da causa é o valor do dano (do contrato).

I- SÍNTESE DOS FATOS O autor foi comunicado por amigos que a Administração do Estado está providenciando um plano de obras custosas e pretendendo que elas sejam entregues, independentemente de licitação, a empresas com vínculos pessoais com dirigentes do seu partido político. Quando da realização das obras, a Administração aduz a necessidade de urgência diante de evento artístico de grande repercussão a realizar-se em aproximadamente um ano, o que inviabilizaria a realização de procedimento licitatório e designa três empresas para repartir as verbas orçamentárias, cabendo a cada uma realizar parte da obra preconizada. As empresas Mastodonte S.A., Mamute S.A. e Dente de Sabre S.A. aceitam o encargo e assinam os contratos com a Administração e o valor das obras corresponde a um bilhão de reais, numa clara violação ao erário, o que justifica a apresentação da presente ação. II- LEGITIMIDADE ATIVA

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O autor gosta de participar ativamente da defesa da Administração Pública e está em dia com seus direitos políticos, conforme documentação anexa, portanto, satisfaz plenamente o requisito da cidadania, presente no art. 1º,§3º da lei 4717/65. III-LEGITIMIDADE PASSIVA

O polo passivo da Ação Popular é formado por um litisconsórcio passivo necessário, conforme prevê os arts. 1º, c/c art. 6º da lei 4717/65, daí porque todas as autoridades e empresas envolvidas devem responder à presente ação. IV – Tutela de Urgência V- FUNDAMENTOS JURÍDICOS Art. 5º, LXXIII, da CRFB/88 art. 2º, “b”; “e”, art. 4º, III, “a”, ambos da Lei 4717/65. art. 37, XXI, da CRFB/88 – necessidade de licitação. 37, caput (princípios da legalidade, moralidade e impessoalidade) VI- DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, requer-se: a) a concessão da tutela de urgência para... b) que seja julgado procedente o pedido para... c) a citação dos réus nos endereços acima indicados; d) a intimação do Representante do Ministério Público; e) a condenação do Réu em custas e em honorários advocatícios; f) a produção de todos os meios de provas em direito admitidas; g) a juntada de documentos. Dá-se à causa o valor de um bilhão de reais. Termos em que, pede deferimento Local... e data... Advogado... OAB n.º ... Aula assistida em 26-05-13 Aulas inéditas Aula 7.1/7.2/7.3/7.4 Habeas corpus É o remédio mais informal que existe. LXVIII - conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar

ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou

abuso de poder; Tutela principal do habeas corpus: liberdade de ir e vir – art. 5º XV – Declara o direito e o art. LXVIII traz a sua garantia.

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1. Histórico, natureza jurídica e conceito:

O HC é um remédio muito antigo – Magna Carta, etc. É um remédio constitucional e, portanto, uma ação constitucional e também uma ação penal não condenatória e que possui um rito muito célere. Rito sumário. Sua instrução processual não comporta dilação probatória. Este é o remédio constitucional mais célere de todos.

É um remédio que visa defender a liberdade de ir e vir que esteja sendo ameaçada ou que já tenha sofrido lesão. Sua tutela, portanto, é muito específica.

2. A doutrina brasileira do habeas corpus:

No Brasil está presente desde um alvará de 1820, mas sempre em sede infraconstitucional. Em sede constitucional está presente pela primeira vez na constituição de 1891. Em 1891 o HC era o único remédio constitucional. E como era o único, alguns doutrinadores entendiam que ele deveria ser o remédio “coringa” (Rui Barbosa). Havia também posições opostas. Quando o MS chegou em 1934 o HC assumiu seu papel de defesa exclusiva da liberdade de ir e vir.

3. Base legal: Art. 5º, LXVIII e art. 647 e seguintes do CPP:

4. Espécies

– HC preventivo: para evitar a consumação da lesão à liberdade de locomoção, hipótese na qual é concedido o “salvo-conduto”; – HC repressivo, suspensivo ou liberatório: é utilizado com o propósito de liberar o paciente quando já consumada a coação ilegal ou abusiva ou a violência à sua liberdade de locomoção. O pedido é o alvará de soltura. Como os próprios pedidos de HC preventivos e repressivos são distintos deve haver a utilização da expressão: HABEAS CORPUS PREVENTIVO // HABEAS CORPUS REPRESSIVO. 5. Legitimidade Ativa – Princípio da Universalidade “O Código de Processo Penal, em consonância com o texto constitucional de 1988, prestigia o caráter popular do habeas corpus ao admitir a impetração por qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem. Assim não é de se exigir habilitação legal para impetração originária do writ ou para interposição do respectivo recurso ordinário” (STF, HC nº 80.744, Rel. Min. Nelson Jobim, DJ, 28.06.2002). O HC pode ser impetrado por qualquer pessoa: natural, jurídica, nacional, estrangeira. Qualquer pessoa: natural, jurídica, nacional ou estrangeira pode ser impetrante do HC. Quando falamos aqui em qualquer pessoa, incluem-se inclusive aquelas que não têm capacidade civil para estarem em juízo, sem que estejam representadas ou assistidas. Como remédio as figuras são impetrante e impetrado.

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Em nome do princípio da universalidade é a única ação que dispensa a capacidade civil para se estar em juízo: Maluquinhos, crianças, adolescentes (maluquinho sem o seu curador, a criança sem o seu representante). O que a doutrina e a jurisprudência exigem é que a petição não seja apócrifa. Dos remédios constitucionais judiciais é o único dos remédios que dispensam o papel do advogado. O art. 653 do CPP diz claramente que o HC poderá ser impetrado por qualquer pessoa. 6 – O paciente: É aquele que está ameaçado na sua liberdade de ir e vir ou aquele que já sofreu lesão à sua liberdade de locomoção. 7 – Polo passivo: Quem abusa do poder é só aquele que pode usá-lo e, portanto, abusá-lo. É claro que, com base nesse requisito - a liberdade de locomoção cerceada por este abuso de poder - teremos no polo passivo do HC juízes, promotores, delegados, desembargadores.... A ilegalidade é uma condição autônoma do HC e por isso acaba abrindo outro campo. LXVIII - conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar

ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou

abuso de poder; Ilegalidades: podem ser cometidas pelos particulares: Diretores de clínicas, hospital, asilos, manicômios, que estejam cerceando a liberdade de ir e vir das pessoas. Assim, o seu polo passivo será constituído por uma autoridade ou por um particular (ilegalidade). 8 – Habeas corpus e Prisão do Militar: O art. 5º LXI da Constituição diz que o civil pode ser preso em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judicial competente. Mas o militar pode ser preso em flagrante por meio de decisão judicial, ou eventualmente ele está sujeito à prisão administrativa (prisão disciplinar). Art. 142, §2º da Constituição diz que não cabe HC em face de prisão disciplinar militar. Mas ao lado deste dispositivo, deve-se confrontar o art. 5º, XXXV, pois se a prisão for ilegal, caberá sim um HC para combatê-la. O que não se permite aqui é a análise do mérito das razões que ensejaram a prisão. Prisão disciplinar militar ilegal → HC. O que não se permite em sede de HC é a análise do mérito da prisão. Ex.: Na marinha há uma regra de conduta dizendo que se o oficial deixar de cumprir o plantão do sábado à noite, será preso pelo prazo de 7 a 15 dias. Na hipótese o marinheiro deixa de cumprir o plantão. O capital de mar e guerra determina a prisão de 35 dias. Neste caso a decisão será ilegal, pois está em desconformidade com a regra da prisão de 7 a 15 dias. Abre-se então a possibilidade de impetração do HC. Tem que analisar portanto, se a prisão é ilegal. Mérito não pode. 9 – Tutela de urgência: O HC SEMPRE precisa da tutela de urgência. Isso faz parte do instituto. O HC deve vir acompanhado do pedido de urgência. A legislação processual

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penal é muito antiga e não tem as bases certas de fundamentação do HC. Assim, a da tutela de urgência do HC não é uma base legal, mas principiológica e todo HC deve vir acompanhado do pedido de liminar. Na praxe o habeas corpus é pedido com a liminar e essa liminar representa uma medida acautelatória: o fumus boni iuris e o periculum in mora devem estar presentes. II – TUTELA DE URGÊNCIA: A tutela de urgência no habeas corpus possui natureza principiológica, em razão da proteção à liberdade de ir e vir. Os requisitos da tutela de urgência do HC são os requisitos da medida cautelar: periculum in mora, fumus boni iuris. Estes não são idênticos. Os requisitos da tutela antecipada são mais rígidos, pois o seu caráter é satisfativo de direito. “O fumus boni iuris invocado reside nos argumentos fáticos e jurídicos apresentados no remédio ora impetrado e de acordo com a documentação anexa. O periculum in mora por sua vez, está presente tendo em vista que a demora na prestação jurisdicional causará prejuízo irreparável à liberdade de ir e vir do paciente”. 10 – Gratuidade: O HC na forma do art. 5º, inc. LXXVII é uma ação gratuita, assim como o HD. Em razão disso não há pedido de condenação em honorários advocatícios e custas processuais. 11 – Competência. Súmula 690 cancelada! Relacionada à relação hierárquica. A fixação da competência está associada a dois fatores principais:

1. Autoridade coatora: As autoridades aqui gozam de prerrogativa de foro. Assim, da mesma forma que nas anteriores (exceto ação popular) partiremos do STF para os tribunais inferiores...

Art. 102, I, d. Art. 102, I, i. Art. 105, I, c Art. 108, I, d Art. 109, VII

2. Hierarquia: Ato coator praticado por delegado de polícia civil → Juiz criminal estadual → TJ. Delegado da polícia federal → Juiz Federal → TRF. A competência para julgamento do HC está intimamente ligada à hierarquia. Delegado de Polícia estadual que abusa da liberdade de outrem vai ser autoridade de um HC julgado pelo juiz de direito criminal. Se for juiz de direito, quem aprecia o HC é o TJ. Se a ilegalidade for cometida pelo delegado federal, o HC será apreciado e julgado pelo juiz federal, e se a ilegalidade ainda for cometida por este, caberá ao TRF o seu julgamento. A súmula 690 que dizia que HC em face de turma recursal de juizado especial criminal deveria ser impetrado no STF foi cancelada. Hoje (desde 2007) o entendimento é de que HC em face de decisão do Juizado Especial Criminal deve ser impetrado no TJ. HC impetrado em face de Turma recursal de Juizado Criminal será julgado perante o TJ e não perante o STF.

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11. Súmulas do STF

Súmula 693: “Não cabe "habeas corpus" contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada.” Não há nenhuma ameaça direta à liberdade de ir e vir nessa situação. Súmula 694: “Não cabe "habeas corpus" contra a imposição da pena de exclusão de

militar ou de perda de patente ou de função pública.” Os motivos são os mesmos expostos acima para a súmula 693. Súmula 695: “Não cabe "habeas corpus" quando já extinta a pena privativa de liberdade.” 13. Decisões do STF “Direito do paciente, preso há quase dez anos, de receber a visita de seus dois filhos e três enteados. Cognoscibilidade. Possibilidade. Liberdade de locomoção entendida de forma ampla, afetando toda e qualquer medida de autoridade que possa em tese acarretar constrangimento da liberdade de ir e vir. (...) Direito de visitas como desdobramento do direito de liberdade. Só há se falar em direito de visitas porque a liberdade do apenado encontra-se tolhida. Decisão do juízo das execuções que, ao indeferir o pedido de visitas formulado, repercute na esfera de liberdade, porquanto agrava, ainda mais, o grau de restrição da liberdade do paciente.” (HC 107.701, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 13-9-2011, Segunda Turma, DJE de 26-3-2012.) O STF fez aqui uma interpretação teleológica do instituto e acaba trazendo a possibilidade de impetração de HC, porque o direito de visita seria um desdobramento do direito à liberdade. “Em conclusão: (a) a investigação parlamentar, por mais graves que sejam os fatos pesquisados pela Comissão de Inquérito (CPI), não pode desviar-se dos limites traçados pela Constituição nem transgredir as garantias, que, decorrentes do sistema normativo, foram atribuídas à generalidade das pessoas, físicas e/ou jurídicas; (b) a unilateralidade do procedimento de investigação parlamentar não confere, à CPI, o poder de negar, em relação ao indiciado, determinados direitos e certas garantias que derivam do texto constitucional ou de preceitos inscritos em diplomas legais; (c) o indiciado é sujeito de direitos e dispõe de garantias plenamente oponíveis ao poder do Estado (RTJ 168/896-897); A comissão parlamentar de inquérito abre um inquérito parlamentar. Trata-se de um procedimento que vai anteceder o inquérito policial, se for o caso. Mas como a CPI vai carrear provas que podem, provavelmente, culminar numa prisão em muitas situações, quem é convocado a participar de uma CPI, faz uso do HC, tendo em vista uma ameaça direta ou indireta à liberdade de locomoção. (d) no contexto do sistema constitucional brasileiro, a unilateralidade da investigação parlamentar - à semelhança do que ocorre com o próprio inquérito policial - não tem o condão de abolir direitos, de derrogar garantias, de suprimir liberdades ou de conferir, à autoridade pública (investida, ou não, de mandato eletivo), poderes absolutos na produção da prova e na pesquisa dos fatos;

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(e) a exigência de respeito aos princípios consagrados em nosso sistema constitucional não frustra nem impede o exercício pleno, por qualquer CPI, dos poderes investigatórios de que se acha investida; e (f) o sistema normativo brasileiro assegura, ao Advogado regularmente constituído pelo indiciado (ou por aquele submetido a atos de persecução estatal), o direito de pleno acesso ao inquérito (parlamentar, policial ou administrativo), mesmo que sujeito a regime de sigilo (sempre excepcional), desde que se trate de provas já produzidas e formalmente incorporadas ao procedimento investigatório, excluídas, consequentemente, as informações e providências investigatórias ainda em curso de execução e, por isso mesmo, não documentadas no próprio inquérito ou processo judicial. Neste caso o investigado e seu advogado precisam ter acesso ao seu inquérito parlamentar. Sendo assim, em face das razões expostas e considerando, sobretudo, a presença cumulativa, na espécie, dos requisitos concernentes à plausibilidade jurídica e ao “periculum in mora”, defiro o pedido de medida liminar, em ordem a suspender, cautelarmente, até final julgamento da presente ação de “habeas corpus”, o comparecimento e a inquirição de ** perante a “Comissão Parlamentar Mista de Inquérito – Operações Vegas e Monte Carlo”, sustando-se, em consequência, e unicamente quanto a ele, o depoimento já designado para o próximo dia 15/05/2012...” (STF, HC 113.548) Se o acesso ao inquérito parlamentar foi denegado ao investigado o entendimento é de que, como desse inquérito é preciso retirar peças de informação que podem resultar numa ação penal, em razão de uma ameaça indireta à ameaça de locomoção, é cabível o HC. Agora, se o inquérito parlamentar foi denegado ao advogado muda de figura, pois este não pode sair preso de uma CPI, nem indiretamente. O que foi denegado nesta hipótese foi o exercício da atividade funcional. Aí já não se configura mais a possibilidade de HC, mas sim de Mandado de Segurança. Trata-se de uma negativa à atividade profissional. Na jurisprudência do STF para garantir o direito ao silêncio da testemunha em sede de CPI (privilégio contra auto-incriminação ou a não produção de provas contra si mesmo) temos a possibilidade de impetração do HC preventivo. Com relação ao direito ao silêncio a jurisprudência hoje reconhece que este deve ser garantido e estendido às testemunhas, que não são mais obrigadas a assinar o compromisso de só dizer a verdade. Jurisprudência do STF: Para impugnar prova ilícita de processo em curso cuja pena restritiva de liberdade possa ser imposta o remédio é o HC. Ex.: réu em processo penal, cuja pena possa culminar na restrição da liberdade de locomoção. Surge no processo uma gravação clandestina. Na construção jurisprudencial cabe HC para impugnar essa prova. Se não houver possibilidade da pena restritiva de liberdade, como na hipótese em que a pena cominada for a de multa, o remédio já não será o HC, mas o MS. O HC é o remédio mais célere e rápido que existe. Em havendo uma ameaça direta ou indireta à liberdade de locomoção é o HC que deve ser impetrado, sem dúvidas.

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14. Caso concreto: Maria adquiriu um veículo popular por meio de contrato de arrendamento mercantil (leasing), em 60 prestações de R$800,00. A partir da 24ª prestação, Maria começou a ter dificuldades financeiras e resolveu vender o veículo a Pedro, o qual se comprometeu a pagar as prestações vincendas e vencidas. Tal fato não foi comunicado ao agente financeiro, já que havia o risco de o valor da prestação ser majorado (...). Pedro deixou de pagar mais de cinco prestações, o que suscitaria rescisão contratual. O agente financeiro houve por bem propor ação de busca e apreensão do veículo, tentativa essa que restou frustrada em face de Maria não possuir o veículo em seu poder, já que o alienara a Pedro. O agente financeiro pediu a transformação, nos mesmos autos, da ação de busca e apreensão em ação de depósito e requereu a prisão de Maria, por ser depositária infiel do referido veículo. (...) O juiz competente determinou a prisão civil de Maria até que ela devolvesse o referido veículo ou pagasse as prestações em atraso. Maria não tem mais o veículo em seu poder e perdeu o emprego em virtude da prisão civil. Dois dias depois da efetivação da prisão, o advogado contratado interpôs, inicialmente, recurso de agravo de instrumento contra aquela decisão judicial, o qual não foi conhecido pelo Tribunal, diante da ausência de documento imprescindível ao seu processamento. (...) Ingressou com ação de rito ordinário contra Pedro, com pedido de tutela antecipada, visando receber as prestações em atraso, ação essa que foi extinta sem julgamento de mérito. Ingressou, ainda, com ação de rito ordinário contra o arrendador discutindo algumas cláusulas do contrato de arrendamento, ação essa que continua em curso, sem sentença. Maria continua presa. (...) Por ter perdido a confiança nesse advogado, ao qual pagou os honorários devidos e do qual recebeu o devido substabelecimento, sem reserva de poderes, Maria resolveu contratar os serviços de outro advogado. Diante da situação hipotética apresentada, na condição de atual advogado de Maria, redija um texto que contenha a peça judicial mais apropriada ao caso, a ser apresentada ao órgão judicial competente, com os argumentos que reputar pertinentes. 5 passos:

1. Resumo do caso; 2. Legitimidade ativa; 3. Legitimidade passiva; 4. Escolha da ação; 5. Competência.

EXM°. SR. DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO... (pular aproximadamente 5 linhas em todas as petições iniciais)

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MARIA, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., portadora do RG nº... e do CPF n°..., residente e domiciliada..., nesta cidade, por seu advogado infra-assinado, conforme procuração anexa..., com escritório ..., endereço que indica para os fins do art. 39, I do CPC, com fundamento no art. 5º, LXVIII, da CRFB/88 e no art. 647 do CPP, vem impetrar a presente ordem de HABEAS CORPUS COM PEDIDO LIMINAR em favor da própria liberdade, que está cerceada por decisão judicial... pelos motivos que a seguir expõe. I – DOS FATOS II – DA CONCESSÃO DA MEDIDA LIMINAR “Fumus Boni Iuris” e “Periculum in mora” II – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

Art. 5º, LXVIII Art. 647 do CPP Art. 5º, XV Art. 5º, LXVII Súmula Vinculante 25 (Prisão do depositário infiel – Pacto de San Jose da Costa Rica). IV – DOS PEDIDOS Pelo exposto, requer a V.Exa. que:

a) Determine a notificação da autoridade coatora; b) Conceda o pedido liminar para determinar a expedição do alvará de soltura, confirmando posteriormente a concessão do presente remédio; c) Junte os documentos anexos; d) Intime o representante do Ministério Público. Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais) para fins procedimentais. Termos em que, pede deferimento. Local... e data... Advogado... OAB n.º... Se fosse João, marido de Maria, impetrando HC tem que recorrer ao art. 654, §1, “a” Se fosse João o impetrante: Em favor da liberdade de Maria... Utilizar o termo “a paciente”. Quando pedir a liminar abrir tópico específico II – Da concessão da medida liminar ou Tutela de urgência (pontua do mesmo jeito). III Dos fundamentos jurídicos:

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O habeas corpus é o remédio constitucional destinado a defender a liberdade de locomoção, cerceada indevidamente na forma do art. 5º, LXVIII da CRFB/88. A ação possui natureza jurídica, pois além de remédio constitucional é uma ação penal não condenatória regulada pelo art. 647 do CPP. A presente ação visa tutelar o direito fundamental de ir e vir protegido pelo art. 5º, inc. XV da CRFB/88, sendo, portanto, cabível na situação hora relatada (O primeiro tópico da fundamentação é, portanto, justificando o cabimento da ação). O STF decidiu que o pacto de San Jose da Costa Rica é uma norma supralegal e como prevê apenas uma modalidade de prisão civil por dívida, que é a do devedor de alimentos, o Pacto revogou a legislação infraconstitucional que versava sobre a prisão civil do depositário infiel. Como desdobramento da decisão a Corte editou a súmula vinculante nº 25 que proíbe a prisão civil do depositário infiel. Portanto, a prisão de Maria é manifestamente ilegal. IV – DOS PEDIDOS; a) Determine a notificação da autoridade coatora; b) Conceda o pedido liminar para determinar a expedição do alvará de soltura, confirmando posteriormente a concessão do presente remédio; c) Junte os documentos anexos; d) Intime o representante do Ministério Público. TEM QUE DECORAR ESTES PEDIDOS PORQUE NÃO TEM MARCAÇÃO NA LEI. Valor da causa genérico R$1.000,00 (mil reais) para fins procedimentais. MANDADO DE SEGURANÇA LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não

amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou

abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições

do Poder Público; O MS é uma ação com múltiplas funções. Possui uma natureza residual, civil, apesar de transitar por diversas outras áreas do Direito.

LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:

a) partido político com representação no Congresso Nacional;

b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;

Seja o mandado se segurança individual ou coletivo, estamos diante de um remédio que só será utilizado em caráter residual. Assim, sempre procurar antes remédio específico. Só se não houver outro é que aplica o MS. O MS não disputa o cabimento com nenhum dos outros remédios.

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Aula assistida em 28-05-13 Aulas inéditas Aula 8.1/8.2/8.3/8.4 Mandado de segurança

LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;

LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:

a) partido político com representação no Congresso Nacional;

b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;

1. Histórico, natureza jurídica e conceito:

O mandado de segurança recebeu influência do recurso de amparo mexicano de 1917. Aqui no Brasil está presente desde 1934, sendo excluído em 37 e reaparecendo em 46. Permanece até hoje. O MS coletivo é um remédio mais recente, nascendo em 1988. É uma ação constitucional e civil com rito sumário, célere. Trata-se de uma instrução processual muito rápida e que não admite dilação probatória. O autor do MS deve comprovar que tem prova pré-constituída. O MS é um remédio constitucional que visa combater atos comissivos ou omissivos de autoridades que violem ou ameacem violar direito líquido e certo não amparado por habeas corpus ou habeas data (por outro remédio constitucional). O MS é um remédio muito célere. A previsão legal no art. 20 da Lei 12.016 é muito clara: Art. 20. Os processos de mandado de segurança e os respectivos recursos terão

prioridade sobre todos os atos judiciais, salvo habeas corpus.

2. Base legal: art. 5º, inc. LXIX, LXX e Lei 12.016/09:

3. Finalidade:

4. Modalidades:

a) MS individual - O impetrante é o titular do direito líquido e certo, como por exemplo: a pessoa natural, os órgãos públicos, as universalidades de bens (espólio,

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massa falida etc.), a pessoa jurídica, nacional ou estrangeira, domiciliada no Brasil ou no exterior... b) MS Coletivo (art. 5º, LXX, CF) O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: – Partido político com representação no Congresso Nacional, ainda que o partido esteja representado em apenas uma das Casas Legislativas, não se exigindo a pertinência com os interesses de seus membros, tendo em vista a sua importância para assegurar o sistema representativo adotado pelo país. O assunto da pertinência temática não foi muito bem resolvido na Lei 12.016. Mas a posição a ser adotada é a jurisprudencial clássica, que entende que o partido político não precisa comprovar a pertinência temática. O requisito de um ano em funcionamento hoje só é exigido para as associações, com o intuito de que sejam criadas apenas para a impetração do remédio. Ademais, segundo jurisprudência consolidada, como se trata de substituição processual, não há necessidade de autorização expressa de cada um dos associados (diferente da hipótese de representação processual do art. 5º, XXI, em que a autorização é exigida). XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade

para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente; Tudo o que for dito sobre o MS no que tange às condições específicas que devem ser satisfeitas valem também para o MS coletivo. Elas se distinguem tão somente em relação ao objeto e à legitimidade ativa. “Legitimidade do sindicato para a impetração de mandado de segurança coletivo independentemente da comprovação de um ano de constituição e funcionamento (STF, RE, 198.919, Rel. Min. Ilmar Galvão, j. em 15.6.99, DJ de 24.9.99). Esse requisito de estar em funcionamento há pelo menos um ano é somente para as associações.

5. Espécies

MS preventivo – quando há séria ameaça de lesão à direito líquido e certo. Súmula 266 do STJ é um exemplo de MS preventivo. Ela diz que o diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo deve ser exigido na data da posse e não da inscrição do concurso. STJ Súmula nº 266 - 22/05/2002 - DJ 29.05.2002

Concurso Público - Posse em Cargo Público - Diploma ou Habilitação Legal para o

Exercício - Exigência O diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo deve ser exigido na posse e

não na inscrição para o concurso público.

O candidato quer fazer a inscrição, mas ainda não tem o diploma. O MS será preventivo porque ele ainda não fez a inscrição. Deve combater o ato da autoridade que lançou o edital. Esse mesmo exemplo, poderia eventualmente gerar um MS repressivo, na hipótese em que a pessoa já tivesse tentado realizar a inscrição e tenha sido impedido em razão da ausência do diploma.

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MS repressivo – quando a lesão já ocorreu. Nesse caso, deve ser obedecido o prazo decadencial de 120 dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato que se deseja impugnar, na forma do art. 23, da Lei 12.016/09.

O STF já entendeu que este prazo é válido. Tem que colocar tempestividade na petição. Este prazo é considerado por muitos autores como sui generis, porque depois de findo não quer dizer que o direito do impetrante deixou de existir. Ele poderá tentar alcançar o direito por outros meios como a ação ordinária.

6. Condições específicas. Direito líquido e certo. Prova pré-constituída. Tempestividade. Ato coator.

Em resumo, as três condições, pressupostos específicos para a impetração de MS são;

a) Direito líquido e certo: é um requisito específico e está afinado com a celeridade do instrumento. Comprova-se que o direito é líquido e certo por meio de documentos que vão formar as chamadas provas pré-constituídas. Eles comprovam os fatos alegados pelo impetrante.

Art. 6º, §1º da lei 12.016/09: § 1

o No caso em que o documento necessário à prova do alegado se ache em

repartição ou estabelecimento público ou em poder de autoridade que se recuse a fornecê-lo

por certidão ou de terceiro, o juiz ordenará, preliminarmente, por ofício, a exibição desse

documento em original ou em cópia autêntica e marcará, para o cumprimento da ordem, o

prazo de 10 (dez) dias. O escrivão extrairá cópias do documento para juntá-las à segunda via

da petição.

A regra é que tenha a prova pré-constituída para ingressar com a ação. Se a banca quiser trazer algo diferente pode indicar que o documento importante para provar o alegado se encontra em poder da autoridade coatora. Na parte do pedido, você vai obviamente pedir justamente o que diz o §1º do art. 6º, ou seja, que o juiz determine à autoridade a apresentação do documento.

b) Ato coator: Esse ato coator é comissivo ou omissivo de autoridade pública,

eivado de ilegalidade ou abuso de poder. O entendimento do STF é de que a atividade estatal é sempre pública.

Atos que determinam a desclassificação em um concurso público; ato que inabilita uma empresa para participar de uma licitação. São inúmeros atos. Ato do poder público que nega medicamento, prótese hospitalar, impede que o indivíduo faça concurso; nomeia indivíduo que tenha passado em 3º lugar antes do 2º. Atos de autoridades delegadas também podem sofrer MS, conforme o próprio preceptivo constitucional e art. 1º, §1º da Lei: LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não

amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou

abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições

do Poder Público;

§ 1o Equiparam-se às autoridades, para os efeitos desta Lei, os representantes ou

órgãos de partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas, bem como os

dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de atribuições do poder

público, somente no que disser respeito a essas atribuições.

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É comum que MS’s sejam impetrados em face de atos de reitores de Universidades Privadas, tendo em vista o serviço essencial à educação que as Universidades Privadas prestam: acesso à matrícula, diploma, etc. Súmula 510 do STF + Súmula 333 do STJ. STF Súmula nº 510 - 03/12/1969 - DJ de 10/12/1969, p. 5932; DJ de 11/12/1969, p.

5948; DJ de 12/12/1969, p. 5996.

Prática do Ato por Autoridade no Exercício de Competência Delegada -

Cabimento - Mandado de Segurança - Medida Judicial Praticado o ato por autoridade, no exercício de competência delegada, contra ela cabe

o mandado de segurança ou a medida judicial.

STJ Súmula nº 333 - 13/12/2006 - DJ 14.02.2007

Mandado de Segurança - Ato em Licitação - Sociedade de Economia Mista ou

Empresa Pública Cabe mandado de segurança contra ato praticado em licitação promovida por

sociedade de economia mista ou empresa pública.

É cabível MS em face de dirigentes de instituição de ensino particular (universidade ou escolas privadas) com relação à própria atividade de ensino: negativa de matrícula, negativa de certidão de conclusão de curso... Ou seja, atos relacionados estritamente à questão do ensino. Os atos omissivos que causem algum prejuízo a outrem e violem direito líquido e certo também podem ser combatidos por meio do MS. No caso de omissão, não há que se falar em prazo decadencial, porque a omissão se perpetua no tempo. Haverá lesão enquanto mantida a omissão.

c) Prazo: Este prazo é de 120 dias, contado a partir do conhecimento da lesão. É

contado da data em que o prejudicado tomou ciência do ato.

7. Hipóteses de cabimento. MS no curso de processo legislativo.

São inúmeras. Rol exemplificativo: acesso a dados públicos denegados; acesso a certidões denegadas; acesso a processo administrativo denegado; para a inscrição em concurso público quando esta é denegada; nomeação em concurso público; acesso a medicamentos denegados pelo estado; possibilidade de participar de procedimento licitatório; garantir a matrícula negada; acesso ao certificado de conclusão de curso... MS no curso do processo legislativo é um exemplo claro de controle preventivo concreto judicial de constitucionalidade. É preventivo porque se está diante de um projeto de lei ou de uma proposta de emenda. Concreto porque o que o parlamentar vai alegar neste MS é que foi eleito para participar de um processo legislativo válido e não de um processo legislativo inconstitucional. É judicial porque quem vai julgar este MS é o STF. Deve ser impetrado contra ato do Presidente da Mesa da Câmara dos Deputados.

8. Polo passivo: Art. 6º, caput da Lei: Art. 6

o A petição inicial, que deverá preencher os requisitos estabelecidos pela lei

processual, será apresentada em 2 (duas) vias com os documentos que instruírem a primeira

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reproduzidos na segunda e indicará, além da autoridade coatora, a pessoa jurídica que esta

integra, à qual se acha vinculada ou da qual exerce atribuições.

Deve-se indicar na petição inicial a autoridade coatora e a pessoa jurídica que esta integra. § 3

o Considera-se autoridade coatora aquela que tenha praticado o ato impugnado ou

da qual emane a ordem para a sua prática.

Autoridade coatora é a figura com poder de decisão dentro da esfera administrativa. Assim, deve-se fazer a indicação da autoridade e da pessoa jurídica que ela integra. Ex.: ato do INSS. Indica o INSS e o representante. Ato de GV, indica o GV e o Estado; Prefeito e o município. Com base no art. 6º caput, §3º da Lei 12.016 o polo passivo do MS será composto pela autoridade coatora, que é aquela com poder de decisão dentro da esfera administrativa, mas também deve indicar a pessoa jurídica a qual ela integra. Se a questão não indicar exatamente de quem foi a prática do ato, quem o determinou, pode colocar “o representante” daquela determinada pessoa jurídica.

9. Hipóteses de não cabimento:

Art. 1º, §2º: § 2

o Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial

praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de economia

mista e de concessionárias de serviço público.

Atos de gestão são aqueles regidos pelo direito privado e não pelo direito público. Exemplos de atos de gestão: - Fixação de calendário letivo; aumento de mensalidade; inscrição de devedor em cadastro de inadimplente; CEF resolve inscrever um de seus devedores em cadastro de inadimplentes; Banco do Brasil negou acesso a talões de cheques; atos associados a publicidade, propaganda que uma estatal resolve fazer....

Art. 5o Não se concederá mandado de segurança quando se tratar:

I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução;

Se o cliente está na esfera administrativa, já apresentou recurso e este já teve efeito suspensivo, significa dizer que aquela lesão invocada não existe mais. Ela está temporariamente suspensa. Neste sentido não existe nem interesse de agir para a impetração de mandado de segurança. É uma hipótese de não cabimento de MS.

II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo;

Mandado de segurança não é sucedâneo recursal. Se existe o efeito suspensivo que é dado por um recurso judicial, a lesão será suspensa por meio de um recurso. Se for uma decisão irrecorrível, será até justificável eventualmente a impetração de um MS, mas quando o recurso tem efeito suspensivo, não faz sentido que o MS seja impetrado no lugar do recurso.

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III - de decisão judicial transitada em julgado.

Também não é o objetivo do MS. Combate-se uma decisão transitada em julgado por meio de uma ação rescisória. Agora, segundo parte da doutrina seria cabível a impetração de MS contra decisão que declarou o trânsito em julgado indevidamente. Ex.: o relator nega seguimento ao recurso alegando que houve coisa julgada. Imagine-se que não tenha havido a coisa julgada e o agravo não seja admitido, será cabível o MS. Estas vedações do art. 5º não são absolutas e há discussão doutrinária e jurisprudencial. SÚMULA 266 do STF é outra hipótese de não cabimento do MS: Não cabe MS contra lei em tese. O MS não se presta a combater a lei, mas o ato. Quando o ato do poder público for embasado numa lei, norma secundária ou numa norma pré-constitucional é perfeitamente possível discutir a qualidade dessas normas em sede de MS, mas são discussões incidentais. Neste caso pode abrir um tópico em separado: - Da inconstitucionalidade da lei; - Da ilegalidade do edital (norma secundária); - Da não recepção ou da incompatibilidade material da lei. Pode escrever na parte dos fundamentos ou colocar num tópico separado.

10. Competência: A competência do MS será formada em regra, pela AUTORIDADE

COATORA, e não pela pessoa jurídica da qual ela faz parte. A competência para o julgamento do MS é encontrada no art. 20 da Lei 9507, que é a lei do habeas data.

Referências importantes: - art. 102, I, d; STF - art. 105, I, b; STJ - art. 108, I, c; TRF - art. 109, VIII. JUIZ FEDERAL DE 1º GRAU; - TJ. A justiça estadual de primeiro grau fica responsável pelos restantes quando não houver a determinação de uma competência específica. GPS G → Governador; P → Prefeito; S → Secretário. E ainda ato da Mesa de Assembleia Legislativa do Estado (ato do Presidente da Mesa). Com relação ao prefeito, a regra geral é que a prerrogativa de foro seja para prefeito de capital. Não é qualquer prefeito. Os prefeitos que têm a prerrogativa de foro nas constituições estaduais são os prefeitos de capital. Essa observação vale também para o habeas data. Liminar/Tutela de urgência:

Art. 7o Ao despachar a inicial, o juiz ordenará:

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(...)

III - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida, sendo facultado exigir do impetrante caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica

A tutela de urgência do MS, normalmente é cautelar. Assim, normalmente os requisitos são fumus boni iuris e o periculum in mora. Abre o tópico tutela de urgências, mas justifica com base dos requisitos da cautelar: fumus boni iuris e periculum in mora. Um parágrafo para falar da base normativa da tutela de urgência: art. 7º, III da Lei 12.016/09. A lei traz hipóteses de não cabimento de medidas de urgência: § 2

o Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de

créditos tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação

ou equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens

ou pagamento de qualquer natureza.

Vedações à liminar no MS:

Art. 7º, §2º da lei.

11. Súmulas do STF (anexas): STF Súmula nº 266 - 13/12/1963 - Súmula da Jurisprudência Predominante do Supremo Tribunal Federal - Anexo ao Regimento Interno. Edição: Imprensa Nacional,

1964, p. 122.

Cabimento - Mandado de Segurança Contra Lei em Tese

Não cabe mandado de segurança contra lei em tese.

STF Súmula nº 267 - 13/12/1963 - Súmula da Jurisprudência Predominante do Supremo Tribunal Federal - Anexo ao Regimento Interno. Edição: Imprensa Nacional,

1964, p. 123.

Cabimento - Mandado de Segurança Contra Ato Judicial Passível de Recurso ou

Correição

Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recurso ou correição.

STF Súmula nº 268 - 13/12/1963 - Súmula da Jurisprudência Predominante do Supremo Tribunal Federal - Anexo ao Regimento Interno. Edição: Imprensa Nacional,

1964, p. 123.

Cabimento - Mandado de Segurança Contra Decisão Judicial com Trânsito em

Julgado

Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial com trânsito em julgado.

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STF Súmula nº 269 - 13/12/1963 - Súmula da Jurisprudência Predominante do

Supremo Tribunal Federal - Anexo ao Regimento Interno. Edição: Imprensa Nacional,

1964, p. 124.

Mandado de Segurança - Substituição - Ação de Cobrança

O mandado de segurança não é substitutivo de ação de cobrança.

As súmulas 267 e 268 estão no art. 5º da Lei 12.016. Se houver algum tipo de indenização a ser pedida o MS não é a via adequada. Para isso existem as inúmeras ações ordinárias. MS não tem um viés pecuniário e não é este o objetivo da ação. STF Súmula nº 510 - 03/12/1969 - DJ de 10/12/1969, p. 5932; DJ de 11/12/1969, p.

5948; DJ de 12/12/1969, p. 5996.

Prática do Ato por Autoridade no Exercício de Competência Delegada -

Cabimento - Mandado de Segurança - Medida Judicial Praticado o ato por autoridade, no exercício de competência delegada, contra ela cabe

o mandado de segurança ou a medida judicial. STF Súmula nº 512 - 03/12/1969 - DJ de 10/12/1969, p. 5932; DJ de 11/12/1969, p.

5948; DJ de 12/12/1969, p. 5996.

Cabimento - Condenação em Honorários de Advogado na Ação de Mandado de

Segurança

Não cabe condenação em honorários de advogado na ação de mandado de segurança.

Mas cabe condenação em custas processuais. STF Súmula nº 624 - 24/09/2003 - DJ de 9/10/2003, p. 1; DJ de 10/10/2003, p. 1; DJ

de 13/10/2003, p. 1.

Competência - Conhecimento Originário - Mandado de Segurança - Atos de

Outros Tribunais Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer originariamente de mandado de

segurança contra atos de outros tribunais.

STF - Súmula nº 625 - 24/09/2003 - DJ de 9/10/2003, p. 1; DJ de 10/10/2003, p. 1; DJ

de 13/10/2003, p. 1.

Controvérsia - Matéria de Direito - Impedimento de Concessão de Mandado de

Segurança Controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de mandado de

segurança.

É perfeitamente possível que se discuta a qualidade de uma lei no MS. Controvérsia sobre matéria de lei não impede a concessão do MS. O que não pode existir são controvérsias com relação a fatos e provas. STF Súmula nº 629 - 24/09/2003 - DJ de 9/10/2003, p. 1; DJ de 10/10/2003, p. 1; DJ

de 13/10/2003, p. 1.

A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor dos

associados independe da autorização destes.

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STF Súmula nº 630 - 24/09/2003 - DJ de 9/10/2003, p. 1; DJ de 10/10/2003, p. 1; DJ

de 13/10/2003, p. 1.

Entidades de Classe - Legitimidade - Mandado de Segurança - Interesse de Uma

Parte da Categoria A entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança ainda quando a

pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria.

STF Súmula nº 632 - 24/09/2003 - DJ de 9/10/2003, p. 2; DJ de 10/10/2003, p. 2; DJ

de 13/10/2003, p. 2.

Constitucionalidade - Lei que Fixa Prazo de Decadência para Impetração de

Mandado de Segurança É constitucional lei que fixa o prazo de decadência para a impetração de mandado de

segurança.

Esta disposição se encontra no art. 23 da Lei 12.016.

12. Caso concreto:

Mévio de Tal, com quarenta e dois anos de idade, pretende candidatar-se a cargo vago, mediante concurso público, organizado pelo Estado X, tendo, inclusive, se matriculado em escola preparatória. Com a publicação do edital, é surpreendido com a limitação, para inscrição, dos candidatos com idade de, no máximo, vinte e cinco anos. Inconformado, apresenta requerimento ao responsável pelo concurso, que aduz o interesse público, tendo em vista que, quanto mais jovem, maior tempo permanecerá no serviço público o aprovado no certame, o que permitirá um menor déficit nas prestações previdenciárias, um dos problemas centrais do orçamento do Estado na contemporaneidade. O responsável pelo concurso é o Governador do Estado X. Não há previsão legal para o estabelecimento de idade mínima, sendo norma constante do edital do concurso. Não há necessidade de produção de provas e o prazo entre a publicação do edital e da impetração da ação foi menor que 120 (cento e vinte) dias.

Na qualidade de advogado contratado por Mévio, redigir a peça cabível ao tema, observando: a) competência do Juízo; b) legitimidade ativa e passiva; c) fundamentos de mérito constitucionais e legais vinculados; d) os requisitos formais da peça inaugural; e) necessidade de tutela de urgência. EXMº. SR. DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO…

Mévio de Tal, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., portador do RG n ... e do CPF n ..., residente e domiciliado..., nesta cidade, por seu advogado infra-assinado, conforme procuração anexa ... , com escritório ..., endereço que indica para os fins do art. 39, I do CPC, com fundamento nos termos do art. 5º, LXIX da CRFB/88 e da Lei nº 12.016/09, vem impetrar MANDADO DE SEGURANÇA em face do Governador do Estado... que pode ser encontrado na sede funcional... e do Estado X

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I- TEMPESTIVIDADE A presente ação é tempestiva, tendo em vista que o prazo entre a publicação do edital e da impetração da ação foi inferior a 120 (cento e vinte) dias, satisfazendo assim o requisito exigido pelo art. 23 da Lei 12.016/09. II – da prova pré constituída Fazer referência ao art. 6º da Lei.

II- SÍNTESE DOS FATOS

O impetrante, com quarenta e dois anos de idade, pretende candidatar-se a cargo vago, mediante concurso público, organizado pelo Estado X, entretanto, com a publicação do edital, foi surpreendido com a limitação, para inscrição, dos candidatos com idade de, no máximo, vinte e cinco anos. Inconformado, apresentou requerimento ao responsável pelo concurso, que aduziu o interesse público, tendo em vista que, quando mais jovem, maior tempo permanecerá no serviço público o aprovado no certame, o que permitirá um menor déficit nas prestações previdenciárias, um dos problemas centrais do orçamento do Estado na contemporaneidade. Não há previsão legal para o estabelecimento de idade mínima, sendo norma constante do edital do concurso, o qual viola claramente o princípio da igualdade, ensejando a propositura do presente mandado de segurança. III- TUTELA DE URGÊNCIA A previsão para concessão da tutela de urgência no mandado de segurança está presente no art. 7º, III da Lei 12.016/09. O fumus boni iuris reside nos argumentos de fato e de direito apresentados na presente e comprovados mediante a documentação anexa. Já o periculum in mora também se encontra demonstrado tendo em vista que o prazo de inscrição do concurso se esgotará em breve. IV – FUNDAMENTOS JURÍDICOS Na forma do art. 5º, LXIX, da CRFB/88, o mandado de segurança será concedido para proteger direito líquido e certo, não amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. O mandado de segurança também está regulamentado pela Lei 12.016/09, que no art. 1º reforça a natureza residual do instituto. O acesso a cargos públicos tem assento constitucional, consoante pode-se aferir do exame da norma do art. 37, II, da CRFB/88, que impõe a acessibilidade aos cargos públicos mediante concurso público. A jurisprudência não tem acolhido que normas editalícias, sem previsão legal e com manifesta afronta às normas constitucionais, restrinjam o limite de idade, admitindo a restrição quando houver previsão legal, desde que adequado ao cargo postulado. O ato do Governador do Estado X violou nitidamente o Princípio da Igualdade, da legalidade e da razoabilidade, presentes nos arts. 5º, I e 37, caput, ambos da CRFB/88. Além disso, o referido ato contraria os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, extraídos implicitamente do art. 5º, LIV da CRFB/88. V- DOS PEDIDOS Ante todo o exposto, requer-se: a) a concessão da cautelar para suspender o ato impugnado;

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b) a notificação da autoridade coatora para que preste as informações que entender pertinentes do caso; c) que seja dada ciência à pessoa jurídica por meio de seu órgão de representação judicial d) a intimação do Representante do Ministério Público; e) a condenação do Impetrado em custas processuais; f) a juntada dos documentos... g) que ao final seja julgado procedente o pedido para garantir a inscrição do impetrante no concurso público. Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais) para fins procedimentais. Termos em que, pede deferimento Local... e data... MANDADO DE SEGURANÇA X AÇÃO ORDINÁRIA A ação ordinária (ou seja, que não possui um rito específico), pode ser: de indenização, de cobrança, anulatória... A sua base de elaboração se encontra nos arts. 282 e 283, do CPC. A ação ordinária não enfrenta prazo específico para o seu ajuizamento, permite a dilação probatória, não depende de autoridade coatora indicada e admite a cobrança. Admite a cobrança, a indenização por danos morais e materiais o que não é permitido em regra no mandado de segurança – súmula 269 do STF. IMPORTANTE!! União, Autarquia, Empresa Pública e Fundação Pública Federal – Juiz Federal de 1º grau. Estados, DF, Municípios, suas autarquias e fundações públicas – Juiz Estadual de 1º grau – Vara de Fazenda Pública, pois são pessoas jurídicas de direito público. Petição inicial padrão ação ordinária Seu endereçamento segue a regra da ação popular, da ação civil pública. Em regra a petição será dirigida ao juízo de 1º grau. O endereçamento da ação ordinária segue a regra do endereçamento da ação popular: juiz de 1º grau normalmente. Se for uma ação ordinária em face de pessoa que não seja agente estatal, teremos competência residual das varas cíveis estaduais. EXM°. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ... VARA ... DA COMARCA DE ... DO ESTADO... Ou EXM°. SR. DR. JUIZ FEDERAL DA ...VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO... NOME, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., portador do RG n ... e do CPF n... , residente e domiciliado ..., nesta cidade, por seu advogado infra-assinado (ou que esta subscreve), conforme procuração anexa, com escritório ..., nesta cidade, endereço que indica para os fins do art. 39, I do CPC, com fundamento nos termos do art. ..., vem ajuizar... em face de... AÇÃO ORDINÁRIA

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I - SÍNTESE DOS FATOS II- TUTELA ANTECIPADA – ART. 273 DO CPC III- FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA IV- PEDIDOS Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 para efeitos procedimentais. Termos em que, pede deferimento Local... e data... Advogado... OAB n.º... Aula assistida em 29-05-13 Aulas inéditas Aula 9.1/9.2/9.3/9.4 PEÇA PROCESSUAL – V EXAME Mévio, brasileiro, solteiro, estudante universitário, domiciliado na capital do Estado W, requereu o seu ingresso em programa de bolsas financiado pelo Governo Federal, estando matriculado em Universidade particular. Após apresentar a documentação exigida, é surpreendido com a negativa do órgão federal competente, que aduz o não preenchimento de requisitos legais. Entre eles, está a exigência de pertencer a determinada etnia, uma vez que o programa é exclusivo de inclusão social para integrantes de grupo étnico descrito no edital, podendo, ao arbítrio da Administração, ocorrer integração de outras pessoas, caso ocorra saldo no orçamento do programa. Informa, ainda, que existe saldo financeiro e que, por isso, o seu requerimento ficará no aguardo do prazo estabelecido em regulamento. O referido prazo não consta na lei que instituiu o programa, e o referido ato normativo também não especificou a limitação do financiamento para grupos étnicos. Com base na negativa da Administração Federal, a matrícula na Universidade particular ficou suspensa, prejudicando a continuação do curso superior. O valor da mensalidade por ano corresponde a R$ 20.000,00, sendo o curso de quatro anos de duração. O estudante pretende produzir provas de toda a espécie, receoso de que somente a prova documental não seja suficiente para o deslinde da causa. Isso foi feito em atendimento à consulta respondida pelo seu advogado Tício, especialista em Direito Público, que indicou a possibilidade de prova pericial complexa, bem como depoimentos de pessoas para comprovar a sua necessidade financeira e outros depoimentos para indicar possíveis beneficiários não incluídos no grupo étnico referido pela Administração. Aduz ainda que o pleito deve restringir-se no reconhecimento do seu direito constitucional e que eventuais perdas e danos deveriam ser buscadas em outro momento. Há urgência, diante da proximidade do início do semestre letivo. Na qualidade de advogado contratado por Mévio, elabore a peça cabível ao tema, observando: a)competência do juízo; b) legitimidade ativa e passiva; c) fundamentos

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de mérito constitucionais e legais vinculados; d) os requisitos formais da peça inaugural. (Valor: 5,0) PEÇA PROCESSUAL – IX EXAME José, brasileiro, desempregado, domiciliado no Município “ABC”, capital do Estado “X”, chegou a um hospital municipal que não possui Centro de Tratamento Intensivo (CTI) – sentindo fortes dores de cabeça. José aguardou atendimento na fila da emergência pelo período de 12 (doze) horas, durante o qual foi tratado de forma áspera e vexatória pelos servidores do hospital, que, entre outros comportamentos aviltantes, debocharam do fato de José estar de pé há tanto tempo esperando atendimento. Após tamanha espera e sofrimento, o quadro de saúde de José agravou-se e ele entrou em estado de incapacidade absoluta, sem poder locomover-se e sem autodeterminação, momento no qual, enfim, um médico do hospital veio atendê-lo. Adamastor, também desempregado, pai de José, revela que, segundo laudo do médico responsável, seu filho necessita urgentemente ser removido para um hospital que possua CTI, pois José corre risco de sofrer danos irreversíveis à sua saúde e, inclusive, o de morrer. Informa ainda que o médico mencionou a existência de hospitais municipais, estaduais e federais nas proximidades de onde José se encontra internado, todos possuidores de CTI. Ocorre que José e Adamastor são economicamente hipossuficientes, de modo que não possuem condições financeiras de arcar com a remoção para outro hospital público, nem de custear a internação em hospital particular, sem prejuízo do sustento próprio ou da família. Indignado com todo o ocorrido, e ansioso para preservar a saúde de seu filho, Adamastor o procura para, na qualidade de advogado, identificar e minutar a medida judicial adequada à tutela dos direitos de José em face de todos os entes que possuem hospitais próximos ao local onde José se encontra e que seja levado em consideração o tratamento hostil por ele recebido no hospital municipal. (Valor: 5,0) PADRÃO DE RESPOSTA - PEÇA PROFISSIONAL Gabarito Comentado A peça a ser elaborada consiste em uma ação condenatória com pedidos de obrigação de fazer e de indenizar. Não cabe mandado de segurança pelas seguintes razões: 1) É inviável a postulação de perdas e danos. 2) Inexistem autoridades coatoras no enunciado. 3) Haveria necessidade de produção de provas testemunhal e pericial para aferição dos danos e do risco de vida. Tendo em vista o pedido no sentido de obter remoção e internação em hospitais municipais, estaduais ou federais próximos, devem integrar o polo passivo o Município ABC, o Estado “X” e a União. Logo, o juízo competente para processar e julgar a demanda será uma das varas federais da seção judiciária de “X”. É importante que o examinando destaque que o autor da ação é José, o qual é representado por seu pai, tendo em vista sua momentânea incapacidade absoluta. O pedido de obrigação de fazer refere-se à remoção de José para hospital que possua CTI, a correspondente internação e o fornecimento de tratamento adequado, em hospital municipal, estadual ou federal, tendo em vista a solidariedade dos entes

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federativos na prestação de serviços de saúde, com base no Art. 196, da Constituição da República. Diante da extrema urgência do caso, e da possibilidade de dano irreversível, o examinando deverá pleitear a antecipação de tutela, para que seja realizada a imediata internação do autor. ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL IX EXAME DE ORDEM UNIFICADO PROVA PRÁTICO-PROFISSIONAL Aplicada em 24/02/2013 ÁREA: DIREITO CONSTITUCIONAL Padrão de Resposta Página 2 de 6 Prova Prático-Profissional – VIII Exame de Ordem Unificado O pedido de indenização (exclusivamente em face do Município) refere-se aos danos morais sofridos por José em decorrência da conduta ilícita praticada pelos servidores municipais que trabalham no hospital municipal, com fulcro no § 6º, do Art. 37, da Constituição da República. O enunciado deixa claro que o pai de José procura advogado com o intuito de obter não apenas a remoção de seu filho, mas a reparação por danos morais sofridos no hospital municipal. Distribuição dos Pontos Quesito Avaliado Valores Endereçamento da petição inicial: Vara federal da seção judiciária de “X” 0,00/0,10 Qualificação das partes: (0,20 para cada item) José / representado por Adamastor / Município ABC / Estado “X” / União. 0,00/0,20/0,40/0,60/0,80/1,00 Pedido de gratuidade de justiça: preenchimento dos requisitos contidos no Art. 4º, da Lei n. 1.060/50. 0,00 / 0,10 Fundamentação para a pretensão de obrigação de fazer: 1. Direito à internação e ao fornecimento de tratamento de saúde adequado, com base no Art. 196, da Constituição da República (1,0); 2. Pleito de reconhecimento de solidariedade entre o Município, o Estado e a União (0,50); 0,00/0,50/1,00/1,50 Fundamentação para a pretensão de obrigação de fazer: (2ª parte) 3. Direito à reparação por danos morais em face do Município: 3.1. Demonstração da conduta ilícita, nexo causal e resultado danoso (0,25); e 3.2. Fundamentação com base na teoria do risco administrativo, com responsabilidade objetiva, e no § 6º do Art. 37 da Constituição da República (0,25). 0,00/0,25/0,50 Pedido de antecipação de tutela: Art. 273, do CPC. Verossimilhança das alegações e periculum in mora. Demonstração concreta de aparência do bom direito e de perigo na demora da prestação jurisdicional. A alusão meramente abstrata aos requisitos da antecipação de tutela não merece pontuação. 0,00/0,50 Pedidos (0,20 para cada item): 1. Requerimento para citação do Município e do Estado e da União; 2. Procedência do pedido para condenar a União, o Estado e o Município a promoverem a internação do autor em CTI;

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3. Pleito de fixação de multa em caso de descumprimento da determinação de internação; 4. Procedência do pedido de condenação do Município ABC à reparação dos danos morais sofridos pelo autor; 5. Requerimento para produção de provas; 6. Condenação em honorários sucumbenciais. 0,00/0,20/0,40/0,60/0,80/1,00/1,20 Atribuição de valor à causa 0,00 / 0,10 Reclamação constitucional:

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:

I - processar e julgar, originariamente:

l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de

suas decisões;

A reclamação constitucional nasceu dos próprios regimentos do STF, de uma análise jurisprudencial e nunca recebeu tanta importância no Direito brasileiro. A natureza jurídica da reclamação não é muito clara. Não temos aqui 100% de posição do STF para dizer se é ação, incidente... “A reclamação, qualquer que seja a qualificação que se lhe dê – ação (Pontes de Miranda, “Comentários ao Código de Processo Civil, tomo v/384, Forense), recurso ou sucedâneo recursal (Moacyr Amaral Santos, RTJ 56/546-548; Alcides de Mendonça Lima, O Poder Judiciário e a Nova Constituição, p. 80, 1989, Aide), remédio incomum (Orosimbo Nonato, apud Cordeiro de Mello, O Processo no Supremo Tribunal Federal, vol.1/280), incidente processual (Moniz deAragão, A Correição Parcial, p.110, 1969) (...) configura, modernamente, instrumento de extração constitucional, inobstante a origem pretoriana de sua criação (RTJ 112/504, destinado a viabilizar, na concretização de sua dupla função de ordem político-jurídica, a preservação da competência e a garantia da autoridades das decisões do STF (CF, art. 102, I, “l”) e do STJ (CF, art. 105, I, “f”) (...). (j. 19.12.90, DJU 15.03.91). Não existe uma posição definida do STF e nem da doutrina, mas se encontram na Corte, algumas manifestações no sentido de que a reclamação seria uma manifestação do direito de petição ou um instrumento correicional ainda que sem uma posição final. Mas o STF tem um entendimento que ajuda muito para a 2ª fase: A reclamação não é recurso. Reclamação não é recurso!!

1. Não está inserida no rol de recursos do art. 496 do CPC (Princípio da taxatividade recursal);

2. Reforma de uma decisão de mérito ou a invalidação por algum erro recursal; 3. Os recursos obedecem a prazo de interposição.

O STF já referendou, portanto, que reclamação não é recurso, pois ela não visa a nenhuma reforma da decisão. Caso acolhida, o STF determina a cassação da decisão e que se profira outra. Ou seja, o instituto se presta à preservação da jurisdição constitucional.

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A reclamação é uma ação autônoma que visa defender a jurisdição constitucional em face de decisões judiciais ou administrativas que desrespeitam as competências do STF, a autoridade das suas decisões ou a súmula de natureza vinculante (Pontes de Miranda). Não se trata de uma certeza, mas uma opinião, porque nem doutrina e nem jurisprudência entraram ainda em consenso a respeito de sua natureza jurídica. São três as hipóteses de cabimento para a reclamação no STF: Art. 102, I, L → Preservar a competência do STF → Garantir a autoridade das suas decisões Art. 103-A, §3º e também o art. 7º da Lei 11.417/06 – Lei que regula a SV. (EC 45/04) → Preservar a súmula vinculante Preservar a competência do STF: As competências do STF se esgotam na Constituição Federal. Suas competências se dividem em dois grupos:

a) Originárias: art. 102, I, “a” a “r” b) Recursais: art. 102, II (RO) – art. 102, III (RE)

Se algum juiz ou Tribunal se intitular responsável pelas atribuições do STF, independente de qualquer recurso será cabível a reclamação constitucional. Ex.: Juiz federal se julga competente para apreciar conflito federativo entre a União e o Estado-membro da federação. Ex: caso Raposa do Sol. O juiz violou a competência do STF no art. 102, I, f. Ex.: TJ em sede de controle de constitucionalidade estadual concentrado abstrato (RI) declara a inconstitucionalidade da lei estadual com base na Constituição federal. O parâmetro de controle concentrado nos estados é a constituição estadual e não a federal, nos termos do art. 125, §2º. Neste caso terá usurpado a competência do STF prevista no art. 102, I, a. Garantir a autoridade de suas decisões: Art. 102, I, L. O STF dá decisões no controle difuso e no controle concentrado (ADI, ADC, ADO, ADPF). Suas decisões no controle difuso geram efeitos interpartes e no controle concentrado geram efeitos erga omnes. Se o Supremo recebe um HC, concede o alvará de soltura, e diz que o juiz da execução precisa cumpri-lo e ele não o faz, é claro que está violando a decisão do STF. Exemplo 1: O STF determina que o juiz da Vara de Execuções cumpra o alvará de soltura e o referido juiz não respeita a decisão do STF. Cabe eventualmente o ajuizamento de uma reclamação constitucional, configurando-se uma violação clara ao entendimento do Supremo. Exemplo 2: Em sede de decisão definitiva de ADI o STF declara a inconstitucionalidade da lei X. O TJ do DF e territórios decide aplicar após a decisão do STF a referida lei. Exemplo 3: Em cautelar de ADC, o STF determina a suspensão de processos em curso que dependam da aplicação da lei objeto da ação. O juiz desconsidera a decisão do STF.

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Não cabe reclamação em face de decisão que descumpriu súmula não vinculante. Preservar o cumprimento da súmula de natureza vinculante: Art. 103-A, §3º: § 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que

indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a

procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e

determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso.

(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Esse artigo nos induz a erro e ao lado dele deve ser feita a observação do art. 7º, §1º, da Lei 11.417/06. § 1

o Contra omissão ou ato da administração pública, o uso da reclamação só será

admitido após esgotamento das vias administrativas.

Da decisão judicial ou administrativa que descumprir súmula vinculante cabe reclamar.

Somente da decisão administrativa que descumprir a súmula vinculante, deve haver

esgotamento de instância administrativa. Não se está negando o acesso à justiça.

Exemplo: Tício resolve se matricular numa faculdade de direito pública e o serventuário da

recepção nega a gratuidade da taxa de matrícula prevista na súmula vinculante nº12.

Esta súmula diz claramente que a taxa de matrícula nas Universidades Públicas é gratuita e

isso foi descumprido. Mas o art. 7º, §1º da Lei 11.417 diz que necessita esgotar a instância.

Nesta situação é cabível um MS para garantir o seu direito de se matricular na faculdade de

direito. Se, no entanto, o juiz, negar a gratuidade dessa matrícula, além do recurso cabível,

seria cabível também a reclamação. Mas da primeira decisão administrativa que descumprir a

súmula não cabe reclamar.

Legitimidade ativa:

Qualquer pessoa natural ou jurídica, nacional ou estrangeira, desde que faça parte de um

processo administrativo ou judicial em que se observe uma das hipóteses de cabimento da

reclamação.

A reclamação tem como objeto cópia da decisão. É preciso de uma prova documental dentro

das 03 hipóteses de seu cabimento. Neste sentido, a reclamação nunca será a decisão inicial

de defesa dos direitos fundamentais. Será proposta no bojo de um processo. É preciso que já

exista uma decisão judicial ou administrativa que servirá como objeto da reclamação.

Por isso essa confusão de alguns autores no sentido de que a reclamação seria uma espécie

de recurso. Mas seus propósitos não são os mesmos que os recursais.

Decisão objeto da reclamação:

Pode ser eventualmente uma decisão judicial ou também uma decisão de natureza administrativa. A lei 8038/90 não faz ressalvas com relação à natureza dessa decisão. Prazo: Não há prazo para o ajuizamento da reclamação. Diferentemente dos recursos que têm prazos pré-definidos a reclamação não tem. Mas ela enfrenta um limite temporal importante, que é a que vem na súmula 734 do STF:

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STF Súmula nº 734 - 26/11/2003 - DJ de 9/12/2003, p. 2; DJ de 10/12/2003, p. 2; DJ

de 11/12/2003, p. 2.

Cabimento - Reclamação de Ato Judicial Transitado em Julgado - Alegação de

Desrespeito a Decisão do STF - Posterioridade Não cabe reclamação quando já houver transitado em julgado o ato judicial que se

alega tenha desrespeitado decisão do Supremo Tribunal Federal. Ex.: TJ dá decisão de inconstitucionalidade de lei. Decisão transitou em julgado há dez anos. A parte interpõe reclamação em face da nova declaração de inconstitucionalidade. Não é cabível sob pena de enorme insegurança jurídica. Medida liminar: A medida liminar a que se refere o art. 14, II da Lei 8.038/90, é uma decisão chamada de liminar em sentido amplo. Ela tem os requisitos de uma medida cautelar: suspensão do ato, suspensão da decisão... Assim, como medida liminar, a tutela de urgência da reclamação tem natureza cautelar. Seus requisitos serão o periculum in mora e o fumus boni iuris.

Art. 14 - Ao despachar a reclamação, o relator:

I - requisitará informações da autoridade a quem for imputada a prática do ato impugnado, que as prestará no prazo de dez dias;

II - ordenará, se necessário, para evitar dano irreparável, a suspensão do processo ou do ato impugnado.

Neste caso a estrutura da medida de urgência será a mesma: Abre um tópico para a tutela de urgência. Um parágrafo para fazer referência ao art. 14, II, da Lei 8038/90, que é a lei que cuida da reclamação, um parágrafo para falar do periculum in mora e outro para falar do fumus boni iuris. Reclamação STF e TJ: No art. 105, I, f a Constituição traz uma reclamação para o STJ com objetivos parecidos com a reclamação para o STF. Do mesmo modo que a reclamação para o STF não é recurso, a reclamação para o STJ também não. Primeiro tem que observar, porém, se o que a banca quer não é um recurso. Se não for o caso, ajuíza uma reclamação para o STJ que tem a mesma estrutura de peça da reclamação para o Supremo, só mudando o órgão competente para o julgamento. O STF já decidiu também que caberá reclamação para o TJ, se houver violação de suas competências ou da autoridade de suas decisões. Dessa forma, há reclamações para o Supremo, mas também para o STJ e para o TJ, com os mesmos requisitos do art. 102, I, L. As ações são endereçadas ao Presidente do Tribunal. Não cabe reclamação em face de descumprimento de súmula não vinculante!!

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Na reclamação 9732 o STF decidiu que é inepta a petição da reclamação que não identifica com precisão quais são os atos contrários à autoridade da decisão do STF. É indispensável que a petição inicial singularize o ato. Na reclamação 4058 o STF decidiu que não há reclamação de natureza preventiva. A reclamação é sempre repressiva. Ou seja, o ato já existe, a decisão já foi proferida, a decisão administrativa já foi tomada. Na Rcl 3458 a Corte decidiu que não cabe reclamação em face de decisão que indefere a liminar. Cabe reclamação de uma decisão de liminar que foi concedida. Se o STF nega, essa decisão não gera efeitos no mundo jurídico. Súmulas vinculantes ou decisões vinculantes do STF das ações do controle concentrado de constitucionalidade não atingem o poder legiferante do Estado. Assim, se hoje o STF determinar a inconstitucionalidade de uma lei, amanhã o legislativo pode editar outra de idêntico teor, assim como o Chefe do executivo pode editar uma medida provisória do mesmo teor. Dessa forma, não cabe reclamar face uma lei, de uma medida provisória, de uma atividade legislativa que contraria SV ou dos efeitos vinculantes de uma decisão no controle concentrado. Jurisprudência do STF: "Inexiste ofensa à autoridade de Súmula Vinculante quando o ato de que se reclama é anterior à decisão emanada da Corte Suprema." (Rcl 6.449-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 25-11-2009, Plenário, DJE de 11-12-2009). A súmula vinculante produz efeitos a partir de sua edição. "Não cabe reclamação constitucional para questionar violação a súmula do STF destituída de efeito vinculante. Precedentes. As atuais súmulas singelas do STF somente produzirão efeito vinculante após sua confirmação por dois terços dos Ministros da Corte e publicação na imprensa oficial (art. 8º da EC 45/2004)." (Rcl 3.284-AgR, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 1º-7-2009, Plenário, DJE de 28-8-2009). A súmula do Supremo que não é vinculante apresenta apenas um entendimento jurisprudencial. "(...) somente as decisões concessivas das liminares em ADIs e ADCs é que se dotam de efeito vinculante. Não as denegatórias. Ante a natureza subjetiva do processo, as decisões proferidas em reclamação não têm eficácia erga omnes (contra todos)." (Rcl 3.424-AgR, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 11-10-2007, Plenário,DJE de 1º-8-2008). No mesmo sentido: Rcl 2.658-AgR, Rcl 2.811-AgR e Rcl 2.821-AgR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 16-9-2009, Plenário, DJE de 16-10-2009. "Reclamação não é recurso e não se destina a examinar o ato impugnado com vistas a repudiá-lo por alguma invalidade processual formal ou corrigi-lo por erros em face da lei ou da jurisprudência." (Rcl 3.800-AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 2-2-2006, Plenário, DJ de 9-6-2006.) Este é um julgado que interessa muito. Se a banca pedir para interpor recurso cabível está fora da reclamação. 11. Caso Concreto Um contingente de servidores públicos do município A, inconformado com a política salarial adotada pelo governo municipal, decidiu, após ter realizado paralisação

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grevista sem qualquer sucesso, tomar providências para fazer valer um suposto direito a reajuste de 15% sobre o vencimento básico percebido. O referido valor corresponderia a um aumento remuneratório real, equiparando ao reajuste obtido, nos últimos três anos, por diversas classes profissionais. Os servidores públicos procuraram a entidade sindical correspondente e esta decidiu ajuizar, na justiça comum, ação ordinária a fim de satisfazer o pleito apresentado. Dada a premência do tempo em ver reconhecido, pelo Judiciário, o reajuste de 15%, a entidade sindical formulou, na própria petição inicial, pedido de antecipação de tutela, sob a alegação de que, na situação, estavam em jogo verbas de caráter nitidamente alimentar, o que reforçaria a necessidade de um provimento judicial mais célere. Ao fazer uma primeira análise, o juiz do feito decidiu indeferir o pedido de tutela antecipada. Após pedido de reconsideração formulado pela entidade sindical, o juiz decidiu reverter seu primeiro posicionamento e optou por deferir o pedido de tutela antecipada, determinando a imediata implantação em folha de pagamento do reajuste de 15% sobre o vencimento básico dos servidores públicos. Inconformado com a decisão judicial, o município decidiu contratar serviços advocatícios para promover as medidas cabíveis e reverter a situação o quanto antes, em virtude do iminente impacto orçamentário do reajuste concedido. O advogado tentou, por todos os modos possíveis, suspender a decisão que concedeu a tutela antecipada no tribunal de justiça competente, sem ter obtido êxito. A antecipação de tutela continua mantida, em toda sua extensão, e o mérito da ação ainda não foi apreciado. Sabe-se que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADC-MC 4, assim decidiu: “Medida cautelar deferida, em parte, por maioria de votos, para se suspender, “ex nunc”, e com efeito vinculante, até o julgamento final da ação,

a concessão de tutela antecipada contra a Fazenda Pública, que tenha por pressuposto a constitucionalidade ou inconstitucionalidade do Art. 1.º da Lei n.º 9.494, de 10/9/1997, sustando-se, igualmente “ex nunc”, os efeitos futuros das decisões já proferidas, nesse sentido”. Diante da situação hipotética apresentada, na condição de advogado do município A, redija a peça judicial. Numa reclamação constitucional normalmente teremos a indicação de uma súmula vinculante, ou uma decisão do STF descumprida, ou uma competência da Corte violada. Uma dessas situações deve estar prevista no caso. E se não há possibilidade de recorrer, normalmente o caso vai trazer essa situação. Aqui ficou claro que o advogado tentou todos os meios e recursos para reverter essa antecipação de tutela concedida. Ademais há a referência de que o Supremo deferiu em ADC, com efeitos ex nunc, a concessão de cautelar no sentido de suspender a concessão de tutela antecipada contra a Fazenda Pública. A grande questão da reclamação é essa concessão da cautelar em ADC, determinando, que, por ora, não é possível conceder tutela antecipada em face da fazenda pública. Dessa forma questiona-se qual seria a ação cabível para preservar a força das decisões do STF, além de preservar-se o erário municipal. No polo passivo observar que a reclamação é apresentada em face da DECISÃO e não do polo passivo da ação original que gerou a reclamação.

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Então deve deixar isso claro, ou seja, a decisão deve ser em face da decisão do tribunal, ou do juiz, ou etc. A RECLAMAÇÃO É EM FACE DA DECISÃO. Reclama-se sempre em face da última decisão seja ela judicial ou administrativa. EXMº. SR. MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. (pular aproximadamente 5 linhas em todas as petições iniciais) MUNICÍPIO A, pessoa jurídica de direito público interno, com sede..., neste ato representado por seu procurador, conforme procuração anexa, com escritório..., endereço que indica para os fins do art. 39, I do CPC, com fundamento no art. 102, I, “l”, da Constituição Federal Brasileira e da Lei nº 8.038/90, vem apresentar RECLAMAÇÃO em face da decisão do Tribunal..., que descumpriu... a autoridade da decisão do STF na ADC Nº4, em sede de medida cautelar. I – Da decisão objeto da reclamação Para se chegar à decisão objeto da reclamação deve-se primeiro passar pela decisão do juiz de direito que concedeu a tutela antecipada e aí diz que houve a tentativa de reverter essa tutela no Tribunal e que este negou, mantendo a decisão que viola a autoridade da decisão do STF. ATENÇÃO: A RECLAMAÇÃO É APRESENTADA PERANTE A ÚLTIMA DECISÃO. NÃO PRECISA ABRIR TÓPICO PARA FATOS NA RECLAMAÇÃO. O PRIMEIRO TÓPICO SERÁ DA DECISÃO OBJETO DA RECLAMAÇÃO. Determinado juiz optou pela concessão de tutela antecipada em face da Fazenda Pública concedendo reajuste de 15% sobre os vencimentos básicos dos servidores públicos municipais. O município, ora reclamante (as partes são reclamante e reclamado – a reclamação pode ser ajuizada ou apresentada) tentou de todas as formas reverter a decisão que viola a cautelar concedida na ADC nº4, mas o Tribunal reclamado não atendeu ao seu apelo, de acordo (SEMPRE DOCUMENTO, A DECISÃO VAI FORMAR O DOCUMENTO) com a decisão anexa, violando, portanto, a autoridade do STF, na forma do art. 102, I, L, da CRFB/88 II – Da tutela de urgência TEM QUE TER TUTELA DE URGÊNCIA AQUI, PORQUE O MUNICÍPIO CORRE RISCOS DE DANOS AO ERÁRIO. A Tutela de urgência na reclamação está presente no art. 14, II da Lei 8038/90. O fumus boni iuris, é comprovado por meio dos fatos e dos argumentos apresentados ao longo desta reclamação. Já o periculum in mora, mostra-se presente, tendo em vista, o risco de danos irreparáveis aos cofres públicos. III – Dos fundamentos jurídicos Deve falar do cabimento da reclamação fazendo menção ao art. 102, I, L e também ao art. 13 da lei 8038/90. Tem que citar também o art. 21 da Lei 9868/99 que encontra exatamente os efeitos vinculantes e erga omnes da concessão de cautelar e de ADC.

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Segundo a jurisprudência do STF, é cabível reclamação em face de decisão judicial que descumpre liminar concedida nas ações do controle concentrado federal de constitucionalidade. (Deve chegar ao menos na metade da página 04). Pode falar um pouco mais de controle de constitucionalidade aqui. IV – DOS PEDIDOS Pelas razões acima expostas, o Reclamante requer:

a) A concessão da medida cautelar para suspender a decisão impugnada e que ao final seja cassada a decisão para manter a autoridade do STF, determinando que a autoridade reclamada dê uma nova decisão.

b) A oitiva da autoridade reclamada; c) A oitiva do Procurador Geral da República; d) A juntada dos documentos anexos.

Dá-se a causa o valor de R$1000,00 (mil reais) para fins procedimentais (NÃO TEM CONDENAÇÃO EM ÔNUS DE SUCUMBÊNCIA E NEM EM HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS). Termos em que, Pede deferimento. Local... Data... Advogado ... OAB ... Direito Constitucional Aula assistida em 30-05-13 Aula 10.1/ 10.2 /10.3 /10.4 QUESTÕES SUBJETIVAS – IX EXAME 1. Instituto destinado a dar maior eficiência aos comandos constitucionais, a medida provisória possibilita que, em situações excepcionais, o Presidente da República edite norma com força de Lei Ordinária. A avalanche de medidas provisórias, porém, vem atravancando o trâmite dos projetos de lei, o que motivou nova orientação do então presidente da Câmara dos Deputados: a pauta não fica travada em relação a matérias que não podem, em tese, ser objeto de medida provisória. Em relação ao tema medida provisória, responda, fundamentadamente, aos seguintes itens. A) Quais os limites para sua edição? (Valor: 0,40) B) É possível Constituição Estadual prever edição de medida provisória pelo Governador do Estado? Nesse caso, a norma constitucional estadual poderia estabelecer limites diferentes daqueles previstos na Constituição da República Federativa do Brasil? (Valor: 0,45)

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C) É possível o controle jurisdicional dos requisitos de relevância e urgência da medida provisória? (Valor: 0,40) a) A MP enfrenta limites materiais expressos (art. 62, §1º; 25, §2º, 246 e 73 do ADCT); A MP também enfrenta limitações materiais implícitas, conforme a doutrina e a jurisprudência, são assuntos que, em nome da separação de poderes, não poderiam ser tratados por MP 49, 51 e 52. A porra da banca da FGV também adotou os limites do §2º e 7º (limites temporais); §10 → limitações circunstanciais. b) Sim. Deve levar para a prova o raciocínio de que processo legislativo no plano estadual, segue por regra, o modelo do plano federal, em razão do princípio da simetria. Do mesmo modo que existe MP no plano federal, pode existir MP no plano dos estados, se houver uma previsão específica na Constituição estadual. É preciso seguir o princípio da simetria. Assim, não é possível que os limites previstos na Constituição estadual sejam diferentes daqueles previstos na Constituição da República. c) A jurisprudência do STF diz que excepcionalmente é possível, em sede de controle judicial das leis.

Quesito Avaliado Valores A) A medida provisória encontra limites materiais, estampados no § 1º, do Art. 62, da Constituição Federal (0,20); limites temporais, encontrados nos §§ 2º e 7º do referido artigo (0,10) e limites circunstanciais, encontrados no § 10 do aludido dispositivo (0,10). 0,00/0,10/0,20/0,30/ 0,40 B) Sim, é possível Constituição Estadual prever edição de medida provisória pelo Governador do Estado (0,25) A norma constitucional estadual não poderá estabelecer limites diferentes daqueles previstos na Constituição da República Federativa do Brasil, devendo guardar os mesmos requisitos e limites da norma da Constituição Federal, face ao mandamento da simetria das normas. (0,20) 0,00/0,20/0,25/0,45 C) O Supremo Tribunal Federal admite o exame jurisdicional do mérito dos requisitos de relevância e urgência na edição de medida provisória em casos excepcionais. (0,40) 0,00/0,40 2. O Brasil assinou tratado internacional, discutido e votado no âmbito da Organização Mundial do Comércio, que regulamentava novas formas de controle sobre o comércio exterior. Ao invés de a função ser exercida pelo Ministério da Fazenda, como preceitua o Art. 237 da Constituição Federal, o texto do tratado veda qualquer possibilidade de controle interno do comércio internacional pelos países signatários. A partir do fato acima, responda aos itens a seguir.

A) De acordo com o ordenamento constitucional vigente, a que autoridade ou órgão compete promover a internalização do referido tratado internacional? (Valor: 0,50) B) Uma vez internalizado o tratado em questão, com que hierarquia ele passa a integrar o ordenamento jurídico pátrio? (Valor: 0,25) C) Qual (is) princípio(s) de Interpretação Constitucional deve(m) nortear a resolução do conflito entre o texto do tratado e o texto constitucional? (Valor: 0,50) a) Há uma atuação conjunta entre o executivo e o legislativo na incorporação de um tratado internacional que não verse sobre direitos humanos. Assim, deve-se combinar o art. 84, VIII com o art. 49, I da Constituição. b) Tratados que não versem sobre direitos humanos devem ser internalizados ao ordenamento jurídico brasileiro como lei ordinária.

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c) A Constituição está no topo das normas hierárquicas no país. Assim, em nome do princípio da supremacia da Constituição, as demais normas devem ser afastadas. Quesito Avaliado Valores A. Cabe ao Presidente da República assinar o documento internacional (Art. 84, VIII), que deve ser submetido ao Congresso Nacional a quem compete resolver definitivamente sobre Tratados, promovendo a sua internalização, conforme dispõe o Art. 49, inciso I, da Constituição Federal.(0,50) 0,00/0,50 B. Tratados internacionais que não versam sobre direitos humanos, depois de internalizados, ingressam no ordenamento jurídico com status de Lei Ordinária. (0,25) 0,00/0,25 C. Pelo Princípio da Supremacia da Constituição (0,50) 0,00/0,50

Dicas para identificar o cabimento das ações do controle concentrado na prova: Essas dicas não são taxativas, mas são expressões importantes que na hora da leitura da peça podem ajudar que estamos diante de um processo objetivo, de que não há pretensão resistida de interesses e de que se está diante de uma peça que prioriza a supremacia da Constituição. Expressões: *Erga omnes, efeitos vinculantes, análise em abstrato, ação do controle concentrado, lei em tese ou ausência de lei em tese, efeitos para todos os indivíduos no território brasileiro, ação contra a lei em si. Essas dicas valem também para as demais ações do controle concentrado, com suas eventuais adaptações. A base principal para encontrar as ações do controle concentrado, é perceber que, o que está em jogo é a defesa da supremacia da constituição. Essas ações fazem um confronto entre a lei e a ausência da lei e a constituição.

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:

I - processar e julgar, originariamente:

a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

1. Histórico: A ADI surgiu sob a denominação de RI por meio da EC 16/65 → Representação de inconstitucionalidade. Era uma ação que não tinha muita força no país e só podia ser utilizada pelo PGR e é sem dúvida a rainha das ações do controle concentrado. 2. Base legal: art. 102, I, a; art. 102, §2º e Lei 9.868/99: 3. Finalidade: É a de declarar a inconstitucionalidade total ou parcial da norma em razão de vício material e/ou formal. Em nome da supremacia da Constituição não se permite no país uma lei violadora da Constituição, porque isso colocaria em risco a própria unidade do ordenamento constitucional e é claro, a própria supremacia constitucional. Seu objetivo é justamente esse: defender a supremacia da constituição por meio de sua declaração de inconstitucionalidade, salvaguardando o princípio da supremacia da constituição e, por conseguinte a unidade do ordenamento jurídico.

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4. Legitimidade ativa. Art. 103, I a IX. Especial – IV, V e IX Universal – I a III e VI e VIII Este é um rol taxativo. Os legitimados ativos especiais precisam comprovar a pertinência temática. Trata-se da correlação entre o objeto da ação e o interesse do estado, do grupo, de determinada categoria. Estes legitimados ativos conhecidos como especiais, precisam comprovar a pertinência temática. Deve-se perceber se o cliente está inserido naquele contexto e neste sentido é indispensável que se abra um tópico para falar da pertinência temática do autor. Os legitimados universais não precisam comprovar pertinência temática.

Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

I - o Presidente da República;

II - a Mesa do Senado Federal;

III - a Mesa da Câmara dos Deputados;

IV - a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

VI - o Procurador-Geral da República;

VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;

VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;

O partido político é um legitimado ativo universal. Até porque a nossa democracia está relacionada aos partidos. Não se pensou na democracia brasileira sem os partidos políticos, tendo em vista que todo candidato deve estar devidamente filiado a um partido político para se candidatar. O partido político precisa ter representação no CN, bastando em uma das Casas. Não precisa ter representação em ambas. As ações diretas deverão ser proposta pelo Diretório Nacional do Partido. Qualificação do Partido político: Partido político, pessoa jurídica de direito privado, CNPJ nº ..., inscrito no TSE ..., com sede funcional..., por seu Diretório Nacional.

IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.

Confederações sindicais: De plano já sabemos que sindicatos e federações sindicais não podem ajuizar as ações do controle concentrado. Somente as confederações sindicais, que são formadas na forma do art. 535 da CLT e conforme prevê a súmula 677 do STF as confederações sindicais devem ter registro no Ministério do Trabalho.

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Entidades de âmbito nacional: não é toda associação de âmbito local que pode acessar o STF por meio das ações diretas. O que o STF tem exigido é que essa entidade de classe de âmbito nacional devem estar em juízo defendendo uma determinada categoria profissional ou econômica. O STF tem aplicado o art. 8º da lei 9096/95: a entidade é considerada em âmbito nacional se possuir representação em pelo menos 09 estados brasileiros. Assim, entidades de bairro, regionais não podem chegar ao STF por meio dessas ações. É indispensável ainda que estas entidades estejam representando interesses homogêneos de uma determinada categoria. 5. Jurisprudência sobre legitimidade JURISPRUDÊNCIA DO STF “O requisito da pertinência temática – que se traduz na relação de congruência que necessariamente deve existir entre os objetivos estatutários ou as finalidades institucionais da entidade autora e o conteúdo material da norma questionada em sede de controle abstrato – foi erigido à condição de pressuposto qualificador da própria legitimidade ativa ad causam para efeito de instauração do processo objetivo de

fiscalização concentrada de constitucionalidade." (ADI 1.157-MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 1º-12-1994, Plenário, DJ de 17-11-2006.) "A representação partidária perante o STF, nas ações diretas, constitui prerrogativa jurídico-processual do Diretório Nacional do Partido Político, que é – ressalvada deliberação em contrário dos estatutos partidários – o órgão de direção e de ação dessas entidades no plano nacional." (ADI 779-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 8-10-1992, Plenário, DJ de 11-3-1994.) "Partido político. Legitimidade ativa. Aferição no momento da sua propositura. Perda superveniente de representação parlamentar. Não desqualificação para permanecer no polo ativo da relação processual. Objetividade e indisponibilidade da ação." (ADI 2.618-AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 12-8-2004, Plenário, DJ de 31-3-

2006.). A perda superveniente da representação no curso da ação não gera a extinção da ação. “Partido político – Ação direta – Legitimidade ativa – Inexigibilidade do vínculo de pertinência temática. Os partidos políticos, desde que possuam representação no Congresso Nacional, podem, em sede de controle abstrato, arguir, perante o STF, a inconstitucionalidade de atos normativos federais, estaduais ou distritais, independentemente de seu conteúdo material, eis que não incide sobre as agremiações partidárias a restrição jurisprudencial derivada do vínculo de pertinência temática.” (ADI 1.407-MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 7-3-1996, Plenário, DJ de 24-11-2000.) Se cair ADI cujo legitimado ativo for partido político pode lançar mão do art. 17 da Constituição que fala dos partidos políticos. Ele traz uma base constitucional importante sobre o destaque que os partidos receberam na democracia brasileira, seus preceitos, seus objetivos principais. Pode fazer uma redação para falar da legitimidade ativa universal do partido se utilizando do art. 17 da Constituição. – "Ação direta de inconstitucionalidade: legitimação ativa: ‘entidade de classe de âmbito nacional’: compreensão da ‘associação de associações’ de classe: revisão da jurisprudência do Supremo Tribunal. O conceito de entidade de classe é dado pelo objetivo institucional classista, pouco importando que a eles diretamente se filiem os membros da respectiva categoria social ou agremiações que os congreguem, com a mesma finalidade, em âmbito territorial mais restrito. (...)

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Este é um julgado específico sobre as associações de associações. Durante algum tempo o STF entendia que uma entidade de âmbito nacional, só poderia ser autora das ações do controle concentrado se tivessem no seu objeto social uma composição formada por pessoas naturais. As pessoas jurídicas ou por meio de outras associações não podiam ajuizar ação direta. As associações de associações ou associações de 2º grau, não podiam ser autoras de uma ação direta. Isso mudou. Nessa decisão o STF consigna que na composição social desta entidade de âmbito nacional não existam apenas pessoas naturais, mas também pessoas jurídicas: as associações. Hoje, associações de associações, entidades nacionais formadas por outras associações podem ajuizar as ações diretas, desde que haja o requisito da homogeneidade, da identidade de propósitos entre aqueles que compõem aquela entidade nacional. (…) Nesse sentido, altera o Supremo Tribunal sua jurisprudência, de modo a admitir a legitimação das ‘associações de associações de classe’, de âmbito nacional, para a ação direta de inconstitucionalidade." (ADI 3.153-AgR, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 12-8-2004, Plenário, DJ de 9-9-2005.) “Ação direta de inconstitucionalidade – Ausência de legitimidade ativa de Central Sindical (CUT).” (ADI 1.442, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 3-11-2004, Plenário, DJ de 29-4-2005.) Essa é uma decisão que já caiu em 2ª fase. O raciocínio é que a CUT defende os interesses dos trabalhadores em geral: Engenheiros, marceneiros, professores etc. Ou seja, os interesses por ela defendidos são heterogêneos, pois cada categoria profissional possui as suas próprias demandas e necessidades. A CUT não pode ajuizar as ações do controle concentrado, tendo em vista a heterogeneidade do seu objeto social. "Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais não se compreende no âmbito do art. 103, IX, 2ª parte, da CF, por ser um subgrupo dentro do grupo representado pela ANOREG – Associação dos Notários e Registradores do Brasil. Assim, falta-lhe legitimidade para a propositura da presente ação." (ADI 1.788, Rel. p/ o ac. Min. Nelson Jobim, julgamento em 5-3-1998, Plenário, DJ de 17-3-2006.) É claro que isso a questão deve dizer, porque não levamos para a prova todos os grupos regionais, nacionais, brasileiros, qual é o subgrupo ou o grupo nacional. Isso deve estar indicado na questão. Lembrando que só as entidades nacionais podem ajuizar a ação e o subgrupo não tem legitimidade para ajuizar a ação. Mas a questão tem que indicar que subgrupo é esse. “O STF, em inúmeros julgamentos, tem entendido que apenas as confederações sindicais têm legitimidade ativa para requerer ação direta de inconstitucionalidade (CF, art. 103, IX), excluídas as federações sindicais e os sindicatos nacionais.” (ADI 1.599-MC, Rel. Min. Maurício Corrêa, julgamento em 26-2-1998, Plenário, DJ de 18-5-2001.) 6. Capacidade postulatória: Segundo entendimento do STF os legitimados ativos dos incisos I a VII não precisam de advogado. Aqueles que não possuem a capacidade postulatória são os dos incisos VII e IX. É mais provável que estes sejam nossos clientes na prova do que os demais. 7. Objeto: é em resumo a lei ou ato normativo federal ou estadual primário, porque extraído diretamente da Constituição federal. Exemplos: Emendas à Constituição federal, leis ordinárias, leis complementares, medidas provisórias, leis delegadas – art. 59 da CRFB/88. Sejam federais, ou estaduais.

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Além disso, as constituições estaduais poderão ser objeto de ADI. Normas pré-constitucionais e atos normativos secundários como portarias e circulares não podem ser objeto de ADI. Essas normas estão sujeitas a um controle de legalidade e não de constitucionalidade. Mas elas podem ser eventualmente objeto de uma ADPF, mas não de uma ADI. 8. Participação do PGR: Art. 103, §1º da Constituição está estabelecida a atuação do PGR como fiscal da lei. Assim, numa peça processual deve ser pedida a sua oitiva, também com respaldo no art. 8º da Lei 9868. 9. Participação do AGU: Na forma do art. 103, §3º c/c art. 8º da Lei 9868/99 deve pedir a participação do AGU, agora ele ter que se manifestar ou não favoravelmente, não interessa. Aí já é outra questão. Como qualificar a confederação sindical e a entidade de âmbito nacional: Confederação sindical, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº ... e no Ministério do trabalho sob o nº ..., com sede funcional ... Com relação ao partido político, na justificação da legitimação ativa é que deve falar que ele tem representação no CN. Qualificação da associação de âmbito nacional: Associação de âmbito nacional, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº..., com sede funcional... A diferença da qualificação das associações com os partidos e confederações é que o partido tem o registro no TSE e a confederação sindical no Ministério do Trabalho. 10. Cautelar: Está prevista na Lei nos artigos 10 a 12 da lei 9868/99. Esta tutela de urgência da ADI é cautelar. E isso está expresso na lei. O objetivo principal é o de suspender o ato normativo impugnado até a decisão final. A tutela de urgência na ADI tem natureza de cautelar. Abre um parágrafo para falar do cabimento da medida cautelar, com base nos artigos 10 a 12 da lei 9868 e vai abrir um parágrafo para falar do fumus boni iuris e outro para o periculum in mora. 11. Caso concreto:

VII EXAME UNIFICADO O Estado KWY editou norma determinando a gratuidade dos estacionamentos privados vinculados a estabelecimentos comerciais, como supermercados, hipermercados, shopping centers, determinando multas pelo descumprimento, estabelecendo gradação nas punições administrativas e delegando ao PROCON local a responsabilidade pela fiscalização dos estabelecimentos relacionados no instrumento normativo. Tício, contratado como advogado Junior da Confederação Nacional do Comércio, é consultado sobre a possibilidade de ajuizamento de medida

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judicial, apresentando seu parecer positivo quanto à matéria, pois a referida lei afrontaria a CRFB. Em seguida, diante desse pronunciamento, a Diretoria autoriza a propositura da ação judicial constante do parecer. Na qualidade de advogado elabore a peça cabível, observando: a) competência do Juízo; b) legitimidade ativa e passiva; c) fundamentos de mérito constitucionais e legais vinculados; d) requisitos formais da peça; e) tutela de urgência. Alguns autores defendem que existiria no polo passivo da ADI a autoridade. Mas o próprio espelho de correção demonstrou que a ação é proposta perante a lei e ao final pede-se a oitiva das autoridades para falar a respeito da lei. Assim, não há tecnicamente um polo passivo nas ações do controle concentrado. Só ao final as autoridades devem ser ouvidas. A banca utiliza a expressão “tutela de urgência de forma genérica”. Mas com relação à ADI temos uma tutela de urgência da espécie cautelar, porque é assim que o artigo 10 da Lei 9.868 prevê. A leitura pela terceira vez da peça traz mais segurança. Só começar os cinco passos depois de ler 03 vezes. Legitimidade ativa: Confederação Nacional do Comércio Legitimidade passiva: a ação deve ser proposta em face da lei, lembrando que ao final devem ser ouvidas as autoridades das quais emanou o ato. Uma lei estadual é feita pela Assembleia legislativa juntamente com o GV do Estado para sanção ou o veto. Escolha da ação: art. 102, I, a. Exmo. Sr. Ministro Presidente do Supremo Tribunal Federal. (pular aproximadamente 5 linhas para todas as petições iniciais) Confederação Nacional do Comércio, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº..., ... e no Ministério do trabalho sob o nº ..., com sede funcional ... com sede em..., por seu advogado infra-assinado..., com escritório..., endereço que indica para os fins do art. 39, I do CPC, vem propor a presente AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE, com fundamento no art. 102, I, “a”, da CRFB/88 e da Lei nº 9.868/99, em face da norma do Estado KWY, conforme especificará ao longo desta petição, nos termos e motivos que passa a expor. ( verbo é ajuizar ou propor) I- DO OBJETO DA AÇÃO (DISPOSITIVO QUESTIONADO E INCONSTITUCIONALIDADE)

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O estado KWY elaborou lei instituindo estacionamento gratuito em estabelecimentos comerciais, além de outras disposições. A referida norma, objeto da ação por força do art. 102, I, a da CRFB/88, viola o texto Constitucional como será comprovado ao longo dessa petição. II - DA LEGITIMIDADE ATIVA (ESPECIAL) Da CONFEDERAÇÃO

A autora é entidade de âmbito nacional criada na forma do art. 8º da Lei 9096/95 e representa o setor do comércio. A pertinência temática se faz presente, tendo em vista que a lei estadual afeta diretamente os interesses do setor, e, portanto, pode ajuizar a ação com base no art. 103, IX da CRFB/88. III - DA TUTELA DE URGÊNCIA (arts. 10 a 12 da Lei nº 9.868/99)

A tutela de urgência na ADI está presente nos artigos 10 a 12 da Lei 9.868/99. O fumus boni iuris é comprovado mediante a fundamentação jurídica e a documentação que acompanha a presente ação. Já o periculum in mora é comprovado pelo iminente dano irreversível ao setor do comércio caso a cautelar não seja concedida. (Isso serve para todas as ações – Um parágrafo para apresentar a tutela de urgência e a sua capitulação legal, outro parágrafo para falar do fumus boni iuris e do periculum in mora). IV- DOS FUNDAMENTOS A Ação Direta de Inconstitucionalidade visa declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual, que viole a constituição, conforme a dicção do art. 102, I, a, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. A lei 9868/99 trata da ADI no plano infraconstitucional dispondo sobre os requisitos essenciais para a propositura da ação. (Falar do art. 102, §2º da decisão final para ilustrar a apresentação da ação, apesar dessa capitulação não estar presente no preâmbulo. O art. 103, IX deve ser usado se precisar chegar até a 4ª página). O STF tem uma posição muito fechada sobre este assunto, no sentido de que uma lei com tais determinações, viola tanto a Constituição sob o aspecto formal, quanto sob o aspecto material. O art. 22, I da Constituição diz que Direito Civil é matéria de competência da União Federal. Quando uma lei deste jaez se refere a direito civil, ela está se referindo especificamente ao direito de propriedade, que também faz parte deste ramo de direito, Uma violação neste ramo, gera a inconstitucionalidade formal subjetiva ou orgânica – vício de competência. No espelho veio violação de competência.

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O art. 1º, inc. IV da CRFB fala do princípio da livre iniciativa. O art. 5º, XXII protege a propriedade privada. Há uma lei que viola o princípio da livre iniciativa, porque é uma lei que se insere na iniciativa privada. É uma lei que interfere nas decisões que o mercado deve tomar, conforme o modelo capitalista adotado pela organização política e social do Brasil. Além disso, a propriedade é privada (art. 5º, XXII). Também há uma inconstitucionalidade material por violação à livre iniciativa e à propriedade privada. De acordo; com base; segundo o artigo; na forma; conforme... V- DOS PEDIDOS Em face do exposto, a Confederação requer: a) a concessão da medida cautelar para suspender a norma impugnada e que ao final seja julgado procedente o pedido e declarada a sua inconstitucionalidade; b) a juntada dos documentos em anexo; c) que sejam solicitadas informações ao Governador do Estado e à Assembleia Legislativa estadual; d) a citação do Advogado Geral da União; e) a oitiva do Procurador-Geral da República. (Lembrar sempre que toda vez que abrir um tópico de tutela de urgência na peça precisa repetir na parte final). Atenção: se eu estiver diante de uma lei federal as informações serão pedidas ao CN e ao PR, se estiver diante de uma MP pede informações somente ao PR, se estiver diante de um decreto legislativo vai pedir informações ao CN, de uma resolução à CD ou Senado. Pede-se informações em face de quem gerou o ato impugnado: Pessoa física, agente político + o poder correspondente pela edição da norma. Não há condenação em honorários advocatícios, nem tampouco em custas processuais, pois estamos diante de uma ação que defende a supremacia da Constituição. Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais) para fins procedimentais. Termos em que, pede deferimento. Local... e data... Advogado... OAB n.º... Revisão sobre os aspectos principais das peças: - Habeas data: visa defender dados pessoais; admite tutela de urgência (tutela antecipada com base no art. 273 do CPC); regra para fixar competência: autoridade coatora. - Mandado de injunção: Visa defender direito fundamental pendente de regulamentação; não admite tutela de urgência; fixação de competência: autoridade omissa.

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- Ação popular: Só pode ser proposta pelo cidadão; visa defender o bem comum, os interesses da coletividade; tutela de urgência: natureza de tutela antecipada → fundamenta com o art. 5º, §4º da Lei 4717/65 e com o art. 273 do CPC; endereçamento: inicia o trâmite em juízo de 1º grau → justiça federal de 1º grau, ou justiça estadual de 1º grau. - Habeas corpus: Liberdade de ir e vir. Sempre vem acompanhado de uma MEDIDA LIMINAR – não há uma base normativa mais específica para a sua concessão, os requisitos serão periculum in mora e fumus boni iuris; a regra para julgamento do HC, ora oscila entre a autoridade coatora, ora oscila entre esta e o paciente – normalmente a questão fornece a hierarquia. - Mandado de segurança: é o remédio constitucional residual; admite a tutela de urgência; tem uma natureza cautelar na forma do art. 7º, III na forma da Lei 12.016/09; competência fixada de acordo com a autoridade coatora; cuidado por que se a banca te induzir a todo instante para um mandado de segurança e ao final aparecer um pedido de indenização, a observação de que há necessidade de se constituir provas porque elas não estão pré-constituídas, se a banca disser que o prazo de 120 dias já se esvaiu, nós não estaremos diante de um mandado de segurança. - Ação ordinária: sua estrutura é a mais simples possível. Segue a estrutura dos artigos 282 e 283 do CPC. - Reclamação: Não é recurso; três hipóteses de cabimento: 1. Para preservar a competência do STF, 2. Para garantir a autoridades de suas decisões, 3. Garantir o cumprimento da súmula vinculante e essas situações precisam estar expressas na prova – na peça processual relatada. Leia o texto das súmulas vinculantes; pode escrever na peça RECLAMAÇÃO ou RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL; vai endereçar toda reclamação para proteção da jurisdição constitucional ao Presidente do STF; medida de urgência – Lei 8.038 com natureza cautelar: fumus boni iuris e periculum in mora. Direito Constitucional Aula assistida em 01-06-13 Aula 11.1/ 11.2 /11.3 /11.4 ADC O que esta ação pretende é a confirmação de que a lei é constitucional. Expressões: *Erga omnes, efeitos vinculantes, análise em abstrato, ação do controle concentrado, lei em tese ou ausência da lei em tese, efeitos para todos os indivíduos no território brasileiro, ação contra a lei em si. Esta é uma ação para defender a constitucionalidade da lei.

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:

I - processar e julgar, originariamente:

a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

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Alguns autores chegam a sugerir que a ADC é uma ADI em sentido invertido com o objeto mais restrito. A ADI pretende declarar a inconstitucionalidade da lei, a ADC pretende justamente o contrário.

1. Histórico:

A ação declaratória de constitucionalidade não é uma ação originária. Ela surgiu em 1993 por meio da emenda nº 3. Isso porque muitas vezes a ADI era usada para que o STF lhe negasse provimento e confirmasse a constitucionalidade da lei. Quando pairava sobre a norma alguma forte controvérsia e o autor da ação queria que a norma fosse declarada constitucional, ajuizava-se uma ADI com o propósito de que o STF lhe negasse provimento e confirmasse a constitucionalidade da lei. A ADI, dessa forma, acabava sendo utilizada com propósitos bem diferentes daqueles para os quais tinha sido idealizada. Por isso, acabou sendo criada a ADC para cumprir o objeto de declarar a constitucionalidade da lei.

2. Base legal: 102, I, a; 102, §2º e Lei nº 9868/99: É a mesma base legal da ADI, mas suas finalidades são completamente distintas.

Art. 14. A petição inicial indicará:

(...)

III - a existência de controvérsia judicial relevante sobre a aplicação da disposição objeto da ação declaratória.

Se não há controvérsia sobre a lei, esta segue o seu curso normal. Mas o grande ponto para a identificação da ADC são as controvérsias judiciais relevantes com relação à aplicação de determinada lei. Não há resposta fechada sobre isso. Mas na ADC nº 8 o STF entendeu que deve existir um volume expressivo de decisões controvertidas sobre a aplicação da lei objeto da ação.

3. Finalidade:

É a de resolver a insegurança jurídica a respeito da norma confirmando a sua constitucionalidade. O objeto da ADC, segundo boa parte da doutrina, não é a de transformar a presunção relativa de constitucionalidade das leis em absoluta. As únicas normas presumidas absolutamente constitucionais são as originárias, que nasceram em 05/10/88. Nada impede que sob outro cenário ou contexto o STF declare a norma inconstitucional a posteri. Assim, o objetivo principal da ADC é resolver as controvérsias que existem a respeito da aplicação da lei federal, confirmando a sua constitucionalidade, em prol da necessária segurança jurídica.

4. Legitimidade ativa. Art. 103, I a IX. Especial: IV, V e IX. Universal: I a III e VI e VIII. Quando a ADC foi criada pela EC 3/93, acrescentou ao art. 103, o §4º e este parágrafo dizia que poderem ser autores da ADC a Mesa da Câmara, do Senado, o PR e o PGR. Isso sempre gerou um forte debate doutrinário, porque para declarar a inconstitucionalidade da lei há um extenso rol e para declarar a constitucionalidade só podiam estes 04.

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Dessa forma, a EC/45 revogou este parágrafo, revogou implicitamente também o art. 13 da lei 9868/99 e mudou o art. 103, que passou a conceber a legitimidade idêntica à ADI para a sua propositura. Aqui, o requisito de pertinência temática, que é a relação entre o objeto da ação e o interesse do grupo, da classe, da categoria e também os legitimados ativos universais que não precisam comprovar a pertinência, são os mesmos. A capacidade postulatória também consigna as mesmas disposições. Os legitimados dos incisos VIII e IX precisam de advogado e são os nossos potenciais clientes em prova.

5. Jurisprudência sobre legitimidade (já analisada, a mesma da ADI)

6. Participação do AGU: não há participação do AGU na ADC. Numa ADI o AGU deve defender lei, mas numa ADC presume-se que, quem a ajuizou já tratou de fazer uma boa defesa da norma. Não há previsão legal de atuação do AGU na ação declaratória. Na aula de peças isso interessa, porque aqui não se pede a sua citação.

7. Participação do PGR: está presente no art. 19 da Lei 9868/99. Apesar de não existir pedido de participação do AGU, o MP vai participar como custos legis.

8. Cautelar?

Art. 21. O Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria absoluta de seus

membros, poderá deferir pedido de medida cautelar na ação declaratória de

constitucionalidade, consistente na determinação de que os juízes e os Tribunais suspendam o

julgamento dos processos que envolvam a aplicação da lei ou do ato normativo objeto da ação

até seu julgamento definitivo. Não se pede a suspensão da lei, pois afinal de contas entende-se que a lei é constitucional, portanto, pede-se a suspensão dos processos em curso e que dependem da aplicação da lei. Os pedidos são os mesmos. Estamos num provimento cautelar, dessa forma, os requisitos são os mesmos: periculum in mora e fumus boni iuris, pedindo a suspensão dos processos que dependam da aplicação da lei. Objeto: O objeto da ADC é a lei ou o ato normativo primário federal. Deve-se ater ao objeto da lei, que é só este: lei federal. Normas que são criadas pelo poder público federal, seja pelo Executivo em sede de medidas provisórias ou pelo poder legislativo federal. Enfim, todas as normas extraídas diretamente da Constituição e editadas pelo poder público federal. Exemplo de caso real: O CNJ elaborou uma resolução. A resolução de nº 7 e nela foi vedado o nepotismo no âmbito do poder judiciário. Havia uma controvérsia expressiva sobre a aplicação dessa resolução. O STF recebeu a ADC nº 12, julgando-a procedente confirmando a constitucionalidade da resolução do CNJ. O STF já decidiu que as resoluções do CNJ são atos normativos primários e podem ser perfeitamente objeto de ADC. São normas primárias extraídas diretamente da Constituição e podem ser objeto do controle concentrado de constitucionalidade, tanto por meio de ADI, quanto de ADC.

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12. Caso Concreto

Diante da preocupação internacional com a violência doméstica e familiar contra a mulher, e tendo em vista os diversos tratados internacionais ratificados, foi sancionada a lei 11.340/06 (Lei Maria da Penha). O Partido Político ABC criou departamento próprio para efetuar pesquisas sobre o número de casos de violência dessa natureza em determinadas localidades do país. Com a pesquisa concluída, constatou-se percentual significativo de decisões judiciais que entendiam pela não aplicação da referida lei. Dentre os argumentos apresentados, verificou-se como principal, o Princípio da isonomia previsto no art. 5°, I da CRFB/88. Inconformado com as decisões conflitantes, que ora aplicam a referida lei, ora afastam sua incidência sob o argumento de sua inconstitucionalidade, o Diretório Nacional do Partido Político, que possui representação no Congresso Nacional, deseja, em nome do partido, ver declarada a harmonia da lei para com o texto constitucional, a fim de que seja alcançado efeito para todos os indivíduos no território brasileiro. Afirma, ainda, a necessidade de solução urgente, já que há outras inúmeras ações pendentes de julgamento. Na qualidade de advogado, redija a peça cabível atentando, necessariamente, para os seguintes aspectos: a) competência do órgão julgador; b) legitimidade ativa e passiva; c) argumentos a favor da constitucionalidade da referida lei; d) tutela de urgência;

Verbo da ação: Propor ou ajuizar. ADC nº 19. Não se deve abrir a petição inicial com fatos, mas sim falando do objeto da ação. I – Do objeto da ação – Ato normativo federal

I – DO OBJETO DA AÇÃO – ATO NORMATIVO FEDERAL

Diante da preocupação internacional com a violência doméstica e familiar contra a mulher, e tendo em vista os diversos tratados internacionais ratificados, foi sancionada a lei 11.340/06 (Lei Maria da Penha). Infelizmente, após a realização de uma pesquisa, constatou-se percentual significativo de decisões judiciais que entendem pela não aplicação da referida lei, sob o argumento principal de que a norma supostamente viola o princípio da isonomia previsto no art. 5°, I da CRFB/88. II – DA LEGITIMIDADE ATIVA O autor é legitimado ativo para a propositura da ação, de acordo com o art. 103, VIII da CRFB/88 e não precisa comprovar a pertinência temática diante da sua importância para o regime democrático. Além disso, possui representação no Congresso nacional, estando plenamente habilitado para o ajuizamento da presente ação.

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III – DA RELEVANTE CONTROVÉRSIA JUDICIAL

Conforme já relatado, após a realização de uma pesquisa, constatou-se percentual significativo de decisões judiciais que entendem pela não aplicação da referida lei, sob o argumento principal de que a norma supostamente viola o princípio da isonomia previsto no art. 5°, I da CRFB/88, o que comprova a relevante controvérsia judicial, requisito para a propositura da presente, segundo prevê o art. 14, III, da Lei n° 9868/99. IV – DA TUTELA DE URGÊNCIA A possibilidade de concessão de medida cautelar em sede de ADC se encontra no art. 21, da Lei n° 9868/99. O fumus boni iuris se justifica pelos argumentos apresentados ao longo da petição e pela documentação anexa. Já o periculum in mora é comprovado pela existência de inúmeras decisões controvertidas sobre a aplicação da norma objeto da ação, o que pode causar dano irreparável para as mulheres vítimas de violência. V – DOS FUNDAMENTOS A Ação Declaratória de Constitucionalidade tem sede no art. 102, I, a, da CRFB/88 e também na Lei 9868/99. O seu objetivo é o de confirmar a constitucionalidade de uma norma federal, cuja compatibilidade com a Constituição esteja sendo alvo de controvérsia judicial relevante, como é o caso na Lei nº 11.340/06. Importante destacar que a referida lei configura um avanço na defesa da mulher, que ainda é vítima de violência doméstica no Brasil e no mundo. Ademais, a norma reforça o compromisso firmado pela Constituição de 1988, que no seu art. 226 dispõe que o Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações. VI – DOS PEDIDOS Pelas razões acima expostas, O Partido requer: a) que seja concedida cautelar para o fim de determinar que os juízes e Tribunais suspendam o julgamento dos processos que envolvam a aplicação da Lei Federal nº 11.340/06 e que seja ao final declarada a constitucionalidade da norma; b) a juntada de documentos;

c) que sejam solicitadas informações das autoridades competentes;

d) a oitiva do Procurador Geral da República. Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais) para fins procedimentais. Termos em que, pede deferimento.

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Local... e data... Advogado... OAB n.º... ADO § 2º - Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva

norma constitucional, será dada ciência ao Poder competente para a adoção das providências

necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias.

1. Histórico: Síndrome de inefetividade das normas constitucionais.

A ADO foi inspirada no direito comparado, principalmente o português. Esta ação está intimamente relacionada à síndrome de ineficácia das normas constitucionais sem regulamentação. Há um histórico de inefetividade de normas nas constituições brasileiras. A ADO surge em 1988. A ação visa defender a plena efetividade das normas constitucionais de eficácia limitada, dependentes de regulamentação. Não interessa que regulamentação seja esta, se ordinária ou complementar e não precisa ser necessariamente de direitos fundamentais. A omissão cuidada pela ADO é primária e pode ser também eventualmente de norma secundária. Pode ser total ou parcial. Existem várias omissões do poder público: Há omissões judiciais, administrativas e normativas. As omissões judiciais serão normalmente atacadas pelo recurso próprio. A omissão administrativa de ADO também não é essa. Falta de medicamentos, de escolas, colégios de qualidade, falta de médicos, de hospitais não são cuidadas por ADO, pois este não é o seu objetivo. Estas omissões serão atacadas por ação civil pública, ação popular, MS. O foco da ADO é a omissão de natureza normativa. É a falta da norma primária, ou eventualmente secundária para regulamentar a norma constitucional. Essas omissões são mais comuns se primárias. Ex.: Art. 18, §4º; art. 37, VII; art. 40, §4º. A omissão normativa pode ser também parcial: art. 7º, IV. A lei não regula insuficientemente a norma constitucional. A norma primária é aquela extraída diretamente do texto da Constituição e a norma secundária é aquela que regulamenta a norma primária: um decreto regulamentar, uma portaria, uma circular. Se a questão trouxer uma norma da Constituição que já foi regulamentada, mas cuja eficácia esteja comprometida pela falta de norma regulamentadora, é possível o ajuizamento de ADO.

2. Base legal: art; 103, §2º da CRFB/88 E LEI 9868/99, alterada pela lei 12.063/09 a partir do art. 12-A.

3. Omissões normativas (primárias e secundárias) Parcial e total.

4. Legitimidade ativa. Art. 103, I a IX

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Especial: IV, V e IX → Pertinência temática

Universal: I a III e VI a VIII

5. Capacidade postulatória: É a mesma das demais ações.

Participação do PGR: Art. 12-E, §3º.

6. Participação do AGU: Art. 12-E, §2º: Não há atuação obrigatória do AGU na ADO. Essa é uma faculdade concedida ao relator para pedir a sua atuação.

7. Cautelar e efeitos das decisões definitivas:

Até o advento da Lei 12.063/09 não havia previsão de medida liminar em sede de ADO. Hoje há uma previsão específica neste sentido e é possível pedir a tutela de urgência. A tutela de urgência na ADO está presente no art. 12-F e seus parágrafos, principalmente o §1º que traz pedidos de tutela de urgência: § 1

o A medida cautelar poderá consistir na suspensão da aplicação da lei ou do ato

normativo questionado, no caso de omissão parcial, bem como na suspensão de processos

judiciais ou de procedimentos administrativos, ou ainda em outra providência a ser fixada pelo

Tribunal. (Incluído pela Lei nº 12.063, de 2009).

a) Suspensão da aplicação da lei: Na hipótese de omissão parcial; b) Suspensão de processos judiciais ou administrativos que dependam da

aplicação da lei c) Ou outra providência;

A justificativa é o periculum in mora e o fumus boni iuris. Fundamentação: Até 2007: Posição não concretista, a qual impedia o Judiciário aplicar por analogia lei já existente para suprir a omissão normativa e também impedia o Judiciário de fixar prazo para o poder público legislar. Era simplesmente a declaração de mora do poder omisso. E essa declaração de mora do poder não resolvia a ausência da norma regulamentando a matéria constitucional. Desde 2007: Há mudanças, mas principalmente em sede de MI. Desde 2007 o STF tem adotado algumas posições chamadas de concretistas, que em sentido amplo, não se limitam a declarar a mora do poder omisso. Vão além da declaração de mora. Ora aplicam a lei por analogia, ora determinam prazo para o legislador legislar. Há 03 posições principais, duas em MI e outra em ADO, mas as três podem ser mencionadas:

a) Posição concretista geral: Foi a adotada pelo Supremo nos MI’s 670, 708 e 712 que cuidaram da greve do servidor público → art. 37, VII. Efeitos subjetivos erga omnes.

b) Posição concretista individual direta: Tem sido muito adotada pela STF. MI’s 721,758 → art. 40, §4º - lei complementar regulando a aposentadoria do

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servidor público que trabalhou em atividade de risco. Aplica-se por analogia a lei da Previdência. Efeitos interpartes.

c) Posição concretista intermediária: É conhecida como conservadora. Ela não deixa de reconhecer a mora do poder omisso. Ela não determina a aplicação analógica de outra lei, mas fixa prazo para o legislador legislar. ADI 3682. Cuidou da falta da lei complementar do art. 18, §4º. Foi uma ADI, mas na prática foi recebida como ADO, pois cuidava da falta de norma regulamentadora. Em 2007 o STF fixou prazo para o legislador de 18 meses. O poder legislativo não cumpriu o prazo. O legislador já ultrapassou o prazo e ela nunca foi feita. É uma posição considerada ainda conservadora, porque não vai além da mera fixação de prazo para que o legislador legisle. Como distinguir MI e ADO na prova:

MANDADO DE INJUNÇÃO ADO Remédio constitucional Ação do controle concentrado Processo subjetivo – Maria, José, Ana, Associação tal... Há um conflito concreto a ser dirimido.

Processo objetivo – sem parte, sem lide, sem pretensão resistida de interesses. A defesa é a da Supremacia da Constituição.

Extensão: O MI visa defender direitos fundamentais dependentes de regulamentação.

Extensão: A ADO visa defender normas constitucionais, dependentes de regulamentação. Ex.: art. 18, §4º. Essa é uma norma relativa à organização do Estado e não quer regulamentar direito fundamental nenhum.

Legitimidade ativa: O MI pode ser impetrado por qualquer pessoa natural ou jurídica, cujo direito fundamental depende de regulamentação + MI coletivo, que pode ser impetrado pelos mesmos legitimados ativos do art. 5º, LXX da Constituição.

Legitimados ativos da ADO: São os mesmos do art. 103, incisos I a IX da Constituição.

8. Caso concreto: Servidores públicos do departamento de transporte do Estado X, tendo em vista as condições precárias de trabalho e, principalmente, diante da falta de pagamento dos últimos salários, pretendem promover a paralisação dos serviços. Para tanto, se dirigem ao departamento jurídico a fim de conhecerem todos os requisitos que deverão ser cumpridos no decorrer da greve, mas são surpreendidos ao receberem a informação de que não há lei regulamentadora tratando da matéria. A notícia se espalhou entre os servidores do mesmo departamento dos outros Estados do país e a “Confederação Nacional do Transporte” se comprometeu a tomar providências. Na qualidade de advogado da “Confederação Nacional do Transporte” elabore a peça cabível para assegurar, diante da omissão total, que seja regulamentado o direito de greve, previsto no art. 37, VII da CRFB/88 de maneira uniforme, para todos os servidores públicos do país. O representante da Confederação afirma que há necessidade de urgência.

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Diferentemente das ações do controle concentrado abstrato, aqui será impugnado o ato omissivo do órgão responsável pela elaboração da lei. Na ADI e na ADC ajuizamos a ação contra a lei e para confirmar a constitucionalidade da lei. Mas na ADO tem que ajuizar a ação em face do ato omissivo e a regra do mandado de injunção se aplica aqui também. Se for um ato omissivo em razão de um projeto de lei que deveria ter sido apresentado por uma autoridade específica, esta autoridade deve estar presente no polo passivo. Se estivermos falando de matéria de competência concorrente no plano federal, será ajuizada em face da Mesa do Congresso Nacional. I – Do objeto da ação – Inconstitucionalidade por omissão: De acordo com o art. 37, VII, da CRFB/99, o direito de greve do servidor público deverá ser regulamentado por uma lei específica até hoje inexistente. Segundo o artigo 103, §2º da CRFB a Ação Direta de Inconstitucionalidade por omissão, visa defender a efetividade das normas constitucionais, de eficácia limitada, hipótese esta discutida na presente ação. II – Da legitimidade ativa da confederação e da pertinência temática. (Nas ações do controle concentrado é indispensável que se coloque o tópico da legitimidade ativa). A Confederação Nacional do Transporte é legitimada para a propositura da ação na forma do art. 103, inc. IX da CRFB/88. A pertinência temática se faz presente, tendo em vista a perfeita harmonia entre o objeto da ação e o interesse dos servidores públicos da área do transporte. A autora é uma confederação sindical de âmbito nacional, criada conforme os requisitos do art. 535 da CLT, além de possuir registro no Ministério do Trabalho, respeitando a súmula 677 do STF. III – Da medida cautelar: A tutela de urgência na ADO está presente no art. 12-F, §1º da lei 9.868/99. O fumus boni iuris é demonstrado pelas razões e argumentos jurídicos relatados ao longo da petição. Já o periculum in mora está associado à necessidade de realização adequada do direito de greve pelos servidores, situação urgente segundo o acima narrado. IV – Dos fundamentos: Art. 103, §2º; a lei 9868/99; a ausência da lei de greve do art. 37, VII e falar sobre a omissão constitucional: Correntes não concretista, concretista geral individual direta e intermediária. V – Dos pedidos: Em face do exposto, a Confederação requer: a) que seja concedida a medida cautelar para suspender os processos em curso que dependam da aplicação da lei objeto da ação e ao final que o pedido seja julgado procedente para a fixação de prazo para o legislador elaborar a referida norma.

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(Este pedido da ADO vai ser diferente do pedido do MI, porque as decisões do STF que aplicam as posições concretistas gerais e concretistas individuais diretas foram aplicadas em sede de MI. Como neste caso, estamos tratando de uma ADO, será adotado um pedido de acordo com a s posição concretista individual ntermediária, que é uma posição mais conservadora – que fixa prazo para que o legislador legisle – e que foi a adotada pelo STF em sede de ADO – art. 18, §4º). b) a juntada dos documentos anexos; c) a oitiva dos membros da Mesa do Congresso Nacional. d) a oitiva do Procurador Geral da República. Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais) para fins procedimentais. Termos em que, pede deferimento. Local e data Advogado OAB n.º... Dever de casa: Leia o art. 5º da Constituição. Observação: Nome correto das posições adotadas pelo STF em sede de omissão constitucional: - Posição não-concretista - Posição concretista geral - Posição concretista individual: Que pode ser uma posição concretista individual direta ou uma posição concretista individual. Professora disse que a posição concretista intermediária é autônoma. Então entender assim para a prova. Direito Constitucional Aula assistida em 02-06-13 Aula 12.1/ 12.2 /12.3 /12.4

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:

I - processar e julgar, originariamente:

(...)

§ 1.º A arguição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta

Constituição, será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei. (Transformado

em § 1º pela Emenda Constitucional nº 3, de 17/03/93)

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Lembrar sempre que esta ação é subsidiária. Do mesmo modo que o MS é o remédio residual dos remédios, a ADPF também é a ação residual das ações do controle de constitucionalidade concentrado.

1. Histórico:

Nasceu em 1988. A ADPF será apreciada pelo Supremo na forma da lei. Mas a lei da ADPF é de 1999. Apesar da lei 9868 também ser do mesmo ano, a Constituição não limitou o julgamento das outras ações do controle concentrado à edição de lei. A norma da ADPF, no entanto, foi entendida como de eficácia limitada, ou seja, uma norma cuja aplicabilidade era pendente de regulamentação. E esta só veio 11 anos depois. O que significa dizer que neste intervalo de tempo não houve nenhuma decisão de ADPF. A edição da Lei só ocorreu em dezembro de 99. A Lei 9882 não traz todas as definições a respeito da ação. Não traz, por exemplo, o que é o preceito fundamental. Diferentemente das demais ações, a ADPF protege os preceitos fundamentais. Eles são frutos da jurisprudência do STF.

2. Base legal: art. 102, §1º e Lei 9.882/99

3. Definição de preceito fundamental ADPF 33:

Não há definição legal do que seja preceito fundamental, mas na ADPF 33 os Ministros decidiram em rol exemplificativo: - Artigos 1º a 4º → Princípios fundamentais; - Artigos 5º a 17 → Direitos e garantias fundamentais; - Artigo 34, VII → Princípios constitucionais sensíveis; - Artigo 37, caput → LIMPE; - Artigo 60, §4º → Cláusulas pétreas. Na peça deve fazer remissão a estes artigos. As demais ações têm como parâmetro toda a constituição, mas a ADPF tem por parâmetro somente as normas fundamentais.

4. Caráter subsidiário: Está relacionado à redação do art. 4º, §1º da Lei 9882/99. § 1

o Não será admitida arguição de descumprimento de preceito fundamental quando

houver qualquer outro meio eficaz de sanar a lesividade. ADPF 76: Se houver alguma outra ação do controle concentrado federal capaz de sanar a lesividade a ADPF não pode ser apresentada. Assim, se couber, ADI, ADC ou ADO não caberá ADPF. Se uma lei federal viola um preceito federal ela está violando uma norma da Constituição. E para isso se prestam as demais ações. Os preceitos fundamentais são normas fundamentais. Então, cabendo ADI não cabe ADPF. Ela é uma ação residual, subsidiária. Deve realmente verificar se não é a hipótese de cabimento de outra ação do controle concentrado. ADPF 100: O STF ampliou o caráter residual da ADPF, por entender que nem toda lei municipal que viole preceito fundamental poderá ser objeto da ação. Se uma lei municipal violar ao mesmo tempo a Constituição do Estado numa norma de observância obrigatória ao modelo federal e é claro violar também a Constituição Federal (quando houver dupla violação) não é cabível ADPF. Neste caso, será cabível a ação estadual em face da Constituição do Estado e não a ADPF. No caso de dupla violação o entendimento do Supremo é que, in casu, é cabível uma RI, nos moldes do art. 125, §2º da CRFB/88.

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Neste sentido, é como se o Supremo houvesse ampliado este caráter residual da ADPF para evitar que toda norma municipal que viole a Constituição federal fosse objeto de ADPF. Assim, deve primeiro aferir se a norma municipal em questão, foi violadora da Constituição federal numa norma de reprodução obrigatória na Constituição do Estado, hipótese em que será cabível a Representação de Inconstitucionalidade estadual, com base no art. 125, §2º da Constituição. Em suma, se a norma violar ao mesmo tempo a Constituição estadual e a Constituição Federal numa norma de reprodução obrigatória, será cabível Representação de Inconstitucionalidade estadual, nos moldes do art. 125, §2º da Constituição. Essa decisão do TJ em sede de RI pode ser eventualmente objeto de recurso extraordinário. Neste sentido, a palavra final sobre o tema acabaria sendo do próprio STF, motivo pelo qual a Corte não precisaria analisar o caso logo de início. O TJ faria o filtro dessa análise e o STF pode dar a palavra final. Isso não quer dizer que a lei municipal não possa ser objeto de ADPF. Mas a questão deve deixar bem claro, que ela viola diretamente a Constituição Federal. Se houver violação dupla, a posição do Supremo é que a lei seja objeto de uma RI e não de uma ADPF.

5. Hipóteses de cabimento: - Lei municipal que viola diretamente a Constituição Federal; - Lei distrital de natureza municipal que viole diretamente a Constituição Federal; *Normas pré-constitucionais: Este é o grande objeto da ADPF. Uma lei de 1950, 60, 70... Ela só pode ser objeto do controle abstrato em ADPF, porque como já se sabe uma norma de 1930 ou qualquer outra anterior à Constituição de 88 não pode ser declarada inconstitucional, conforme entendimento do STF, em face de uma Constituição que não existia quando ela foi criada. Então a análise que se faz entre uma norma pré-constitucional e a Constituição atual, é uma análise de compatibilidade material ou não e não de constitucionalidade. O Supremo entende que, quando uma norma pré-constitucional não é recepcionada em razão de sua incompatibilidade material, será revogada e não declarada inconstitucional; - Atos secundários: Portarias, decretos regulamentares etc. E a lei ainda fala de atos de poder público desprovidos de normatividade. Essa lista não existe. É muito complicado que a banca cobre em prova o que nem o STF regulamentou. - Súmulas não podem ser objeto de ADPF – ADPF 80: Enunciados de súmulas não podem ser objeto de ADFP e com relação às súmulas vinculantes o STF também já se manifestou na ADPF 147: Súmulas vinculantes também não podem ser objeto de ADPF.

6. Legitimidade ativa. Art. 103, I a IX O inciso II do art. 2º foi vetado. O projeto de lei era para conferir legitimidade ao cidadão. No entanto o executivo vetou a disposição.

*Especial – IV, V e IX → Pertinência temática; * Universal – I a III e VI e VIII → Não precisa comprovar a legitimidade.

7. Capacidade postulatória:

Mesma coisa da ADI. Incisos VIII e IX do art. 103 precisam de advogado e são os nossos mais prováveis clientes.

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8. Participação do PGR: art. 7º, parágrafo único da Lei 9.882/99.

Parágrafo único. O Ministério Público, nas arguições que não houver formulado, terá

vista do processo, por cinco dias, após o decurso do prazo para informações.

9. Participação do AGU:

Não há um artigo específico em que se localize a participação do Advogado Geral da União. Mas como o objeto da ADPF é um ato normativo em que se pretende ver a revogação de uma norma, sugere-se que peça a sua citação, por força do art. 103, §3º da Constituição, que conferiu ao AGU, o papel de defensor legis. § 3º - Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a inconstitucionalidade, em tese,

de norma legal ou ato normativo, citará, previamente, o Advogado-Geral da União, que

defenderá o ato ou texto impugnado.

Apesar de não existir previsão expressa é para fazer o pedido de citação do AGU, com base no art. 103, §3º da Constituição.

10. Medida cautelar: Vem expressa no art. 5º e no §3º do mesmo artigo estatui os seus efeitos:

Art. 5o O Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria absoluta de seus membros,

poderá deferir pedido de medida liminar na arguição de descumprimento de preceito fundamental.

(...)

§ 3o A liminar poderá consistir na determinação de que juízes e tribunais suspendam o

andamento de processo ou os efeitos de decisões judiciais, ou de qualquer outra medida que apresente relação com a matéria objeto da arguição de descumprimento de preceito fundamental, salvo se decorrentes da coisa julgada. (Vide ADIN 2.231-8, de 2000)

Esse dispositivo está sendo questionada na justiça, mas mesmo assim pode fazer o pedido cautelar na peça. Na forma do art. 5º da Lei 9882/99, a cautelar pode ser concedida em sede de ADPF. Falar do fumus boni iuris e periculum in mora. Com relação às ações do controle concentrado todas elas admitem a medida de urgência e esta é a cautelar. Abrir um tópico que sustenta a medida de urgência (a referência do artigo da lei) e dentro deste tópico falar do periculum in mora e do fumus boni iuris.

11. Caso concreto: A Lei 5.250/67 (Lei de Imprensa) foi criada em plena ditadura militar e possui uma natureza nitidamente autoritária. Com base nessa informação, o Partido Político Y, por seu Diretório Nacional, pretende ingressar com uma ação que gere efeitos erga omnes e vinculantes para afastar a aplicação da lei de forma definitiva. Como muitos juízes e Tribunais ainda aplicam as suas disposições, há necessidade de concessão de medida cautelar. Você, na qualidade de advogado contratado pelo Partido, deve ajuizar a ação adequada ao caso.

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Uma lei de 1967 não pode ser atacada por ADI e nem por ADC. O art. 5º, inc. IX nos diz que é livre a manifestação de expressão, independentemente de censura ou de licença é livre a manifestação de pensamento. A ação deve ser endereça ao STF porque todas as ações do controle abstrato federal são apresentadas ao STF. EXMº. SR. MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. PARTIDO POLÍTICO Y, pessoa jurídica de direito privado, inscrito no CNPJ sob nº... e no TSE sob o nº..., por seu Diretório Nacional, com sede..., vem, por seu advogado infra-assinado com escritório..., endereço que indica para os fins do art. 39, I do CPC, propor a presente ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL, com fundamento no art. 102, § 1°, da CRFB/88 e no art. 1° e da Lei nº 9882/99 em face da Lei 5.250/67 (Lei de Imprensa) pelos motivos a seguir apresentados. I – DO OBJETO DA AÇÃO: (Deve colocar a lei e a sua adequação à ADPF). A lei de imprensa é de 1967, portanto, editada no período ditatorial. Como é uma norma pré-constitucional só pode ser questionada por meio no controle concentrado abstrato federal por meio da ADPF, de acordo com o art. 1º, parágrafo único, inciso I da Lei 9.882/99. II – DA LEGITIMIDADE ATIVA: (Falar da legitimidade ativa universal do Partido Político) O partido político é legitimado ativo para a propositura da presente ação, conforme prevê o art. 103, inc. VIII da CRFB/88. O autor possui representação no Congresso Nacional e não precisa comprovar a pertinência temática porque é legitimado universal. III – Do cabimento da ADPF – INEXISTÊNCIA DE OUTRO MEIO EFICAZ DE SANAR A lesividade: O art. 4º, §1º da Lei 9882/99 prevê que não será admitida ADPF se houver qualquer outro meio eficaz de sanar a lesividade. Como o STF não aceita a tese da inconstitucionalidade superveniente a única ação apta do controle concentrado abstrato federal a analisar uma norma pré-constitucional é a presente ação. IV – DA IDENTIFICAÇÃO E ANÁLISE DOS PRECEITOS FUNDAMENTAIS VIOLADOS: A ADPF visa preservar preceitos fundamentais, que por sua vez não se encontram definidos na Lei 9882/99. Segundo a jurisprudência do STF são preceitos fundamentais em rol exemplificativo: Arts. 1º a 17; 34, VII; 37, caput; 60, §4º, todos da CRFB/88. A lei objeto da ação viola claramente a liberdade de manifestação de pensamento e de comunicação, conforme prevê a CRFB/88 em seu art. 5º, IV e IX, considerados preceitos fundamentais.

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V – DA MEDIDA CAUTELAR: A tutela de urgência na ADPF se encontra no art. 5º da Lei 9882/99. O fumus boni iuris se encontra comprovado por meio da argumentação jurídica apresentada e ainda por meio da documentação anexa. O periculum in mora se encontra comprovado porque vários juízes e Tribunais estão aplicando esta lei que viola a liberdade de comunicação e de pensamento. Por isso se faz importante a suspensão do ato normativo impugnado até a decisão final a respeito da ação. VI– DOS PEDIDOS Ante o exposto requer: (Não se pede condenação em honorários e nem em custas, pela natureza desta ação). a) que seja concedida a medida cautelar para suspender a aplicação da lei objeto da ação e posteriormente que o pedido seja julgado procedente para que a norma seja revogada em razão da sua incompatibilidade material; b) que sejam ouvidos o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União; c) que sejam ouvidas as autoridades competentes; d) que sejam juntados os documentos anexos. Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais) para fins procedimentais. Termos em que, pede deferimento. Local e data Advogado OAB n.º... QUESTÕES SUBJETIVAS 1. A Constituição do Estado XYH condiciona a reforma do referido texto à aprovação da respectiva proposta por 4/5 da totalidade dos membros integrantes da Assembleia Legislativa e ainda prevê legitimidade ativa popular para apresentação da PEC. Sobre o tema, responda:

a) Analise a constitucionalidade do referido texto. É admitida sanção ou veto no processo de elaboração das emendas? (0,60) O princípio da simetria norteia boa parte do processo legislativo brasileiro. O modelo do processo legislativo federal, em suas disposições deve ser repetido no plano dos estados e municípios. O artigo 60 dá base suficiente para a resposta. Este tema já foi decidido pelo STF e este realmente entende que o processo de reforma da Constituição estadual deve seguir o modelo de reforma da Constituição Federal.

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a) Como o princípio da simetria norteia o processo de reforma estadual, a Constituição do Estado XYH é inconstitucional por vício formal. Primeiramente, na forma do art. 60, §2º da CRFB/88, o quorum para aprovação das emendas é de 3/5 e não de 4/5 como indicado na Constituição estadual. Além disso, o art. 60, incisos I, II e III da CRFB/88 não prevê iniciativa popular para a apresentação da PEC conforme dispõe a Constituição do Estado. Não se admite sanção ou veto no processo legislativo de elaboração das emendas à Constituição, que após aprovadas serão promulgadas pelas Mesas que trabalharam no seu processo de criação, na forma do art. 60, §3º da CRFB/88. b) Emenda à Constituição estadual pode ser objeto de controle de constitucionalidade com base na Constituição do Estado? (0,65) A emenda à Constituição do Estado é fruto do mesmo poder que determina a criação da Constituição do Estado, que é o poder constituinte derivado decorrente, de acordo com o art. 11 do ADCT. Assim, tecnicamente falando, não há propriamente uma hierarquia entre a Constituição do Estado e suas emendas. Ambas são normas primárias extraídas diretamente da Constituição Federal e o seu controle é feito com base na Lei maior e não na Constituição do Estado. Como a emenda à Constituição do estado é fruto também do poder constituinte derivado decorrente não há hierarquia entre ela e a Constituição estadual, daí porque não é possível que emenda seja objeto de controle estadual. Tanto a Constituição estadual quanto suas emendas serão objeto eventualmente de uma ADI, que tem como parâmetro a Constituição Federal e estas leis serão julgadas pelo STF.

PCO → CF ↓

PCD

Poder derivado reformador (emendas) Poder derivado decorrente (Poder de criação das CE’s e das suas emendas) Dessa forma, não há tecnicamente falando nenhum hierarquia entre elas, pois ambas são fruto do poder constituinte derivado decorrente. Se eu não tenho hierarquia, não é possível fiscalizar uma frente à outra. 2. O Tribunal de Contas do Estado Y, ao fiscalizar as contas prestadas por determinada empresa pública estadual, determinou a quebra de sigilo bancário do seu Presidente, por entender indispensável à fiscalização contábil da instituição. Em face do exposto, responda: A) É permitida a quebra de sigilo bancário pelo TCE? E pelo Tribunal de Contas da União? (0,60) O artigo 75 é de observância obrigatória no plano dos estados. Ou seja, os TCE’s devem ter as mesmas atribuições atribuídas ao TCU. Uma constituição estadual não pode trazer disposições a mais para os tribunais de contas estaduais que não estejam elencadas na Constituição estadual.

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No artigo 71 não há em nenhum inciso a possibilidade de o TCU quebrar o sigilo bancário de quem quer que seja. O STF em nome da intimidade e da vida privada das pessoas, impede que seja quebrado o sigilo bancário ou qualquer sigilo de dados pelos tribunais de contas. Resposta: a) O art. 75 da CRFB/88 é de reprodução obrigatória no plano dos estados. Como o artigo 71 da CRFB não prevê atribuição ao TCU para a quebra de sigilo de dados bancários o TCE também não pode determiná-la. O STF já decidiu que em nome da intimidade e vida privada a Corte de Contas não pode, seja no plano federal, ou estadual determinar a quebra do sigilo de dados bancários. B) Como é feita a indicação dos Conselheiros do TCE? Quem julga os referidos Conselheiros por crimes comuns? (0,65) Resposta: b) O art. 75, parágrafo único, da CRFB/88 prevê que são sete conselheiros os membros do TCE. Na forma da súmula 653 do STF quatro conselheiros devem ser escolhidos pela Assembleia Legislativa e três pelo chefe do executivo estadual (Governador do Estado). O Superior Tribunal de Justiça é o responsável pelo julgamento dos conselheiros estaduais, como dispõe o art. 105, I, a da CRFB/88. 3. O Estado de Pernambuco criou uma lei denominada “Café com Leite e Pãozinho” que determina que os empregadores sejam obrigados a fornecer aos seus funcionários um café da manhã, caso estes consigam chegar ao local de trabalho até quinze minutos antes do horário marcado para início das tarefas. A lei é objeto de Ação Direta de Inconstitucionalidade proposta por uma entidade de âmbito nacional que representa os interesses dos empregadores. Com base no exposto, responda os itens a seguir:

a) A referida lei social é compatível com a Constituição Federal? (Valor: 0,40); A referida lei é inconstitucional por vício formal subjetivo, tendo em vista que Direito do Trabalho é matéria de competência privativa da União Federal, art. 22, I da CRFB/88 b) No julgamento da ação o STF pode adotar efeitos prospectivos ou pro futuro? Se afirmativo, com base em qual dispositivo legal? (Valor: 0,40); A modulação temporal dos efeitos da decisão se encontra presente no art. 27 da Lei 9868/99 e permite que o STF declare a inconstitucionalidade da norma adotando efeitos ex nunc, prospectivos ou pro futuro, desde que por 2/3 de seus membros e por excepcional interesse público e em razão também da segurança jurídica. 4. O Governador do Estado do Mato Grosso ajuíza uma Ação Direta de Inconstitucionalidade em face da primeira parte do art. 7º da Lei 9.709/98 (“Nas consultas plebiscitárias previstas nos artigos 4º e 5º, entende-se por população diretamente interessada tanto a do território que se pretende desmembrar, quanto a do que sofrerá desmembramento; em caso de fusão ou anexação, tanto a população da área que se quer anexar quanto a da que receberá o acréscimo;

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e a vontade popular se aferirá pelo percentual que se manifestar em relação ao total da população consultada”) por entender que somente a população do Estado a ser desmembrado que dever ser consultada. Com base no exposto, responda:

a) Qual é o conceito de “população diretamente interessada” segundo o STF? (0,60) População diretamente interessada, segundo o STF, não é apenas a população da área que será desmembrada. Em nome do PRINCÍPIO DA UNIDADE CULTURAL, DA UNIDADE GEOGRÁFICA, DA PRÓPRIA UNIDADE FEDERATIVA deve ser ouvida e participar do plebiscito. O art. 7º da Lei 9709 foi considerado válido pelo STF. Não é apenas a população da área que vai sofrer o desmembramento, mas toda população envolvida. Toda a população deve ser ouvida em nome do Princípio da Unidade Cultural, da unidade geográfica do ente federativo e já foi tema decidido pelo Supremo. b) O plebiscito previsto no art. 18, §3º, da CRFB/88 é convocado por qual órgão? (0,65)

Este plebiscito, de acordo com o art. 49, V da CRFB/88 e também do art. 3º da Lei 9709/98, deve ser convocado pelo Congresso Nacional por meio de um decreto legislativo. Direito Constitucional Aula assistida em 03-06-13 Aula 13.1/ 13.2 /13.3 /13.4 Noções sobre as ações do controle concentrado estadual:

1. Histórico. EC 16/65:

O art. 125, §2º da Constituição federal não é uma mera faculdade jurídica, os estados devem obrigatoriamente ter o seu controle concentrado de constitucionalidade por meio da RI estadual ou ADI estadual. Caso caia numa questão dissertativa, algo sobre o controle concentrado estadual que envolva esta ação devem ser utilizadas as duas expressões para se referir a ela: Representação de inconstitucionalidade (nome mais técnico) ou Ação Direta de inconstitucionalidade estadual (ADI estadual). A banca já fez a cobrança numa questão dissertativa em que o espelho trouxe a expressão estadual. Numa peça processual deve ser utilizado o nome técnico da ação e que consta da Constituição: Representação de inconstitucionalidade. A emenda constitucional 16/65 foi a responsável por criar a RI estadual, mas à época esta ação só podia ter por objeto lei municipal que violasse a Constituição do Estado. Hoje nós temos um objeto mais amplo.

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§ 2º - Cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de leis

ou atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual, vedada a

atribuição da legitimação para agir a um único órgão.

2. Base legal. Art. 125, §2º da CRFB/88 e art. 11 do ADCT. Poder constituinte derivado decorrente.

A sustentação mais material desta ação está presente no art. 11 do ADCT. Faz parte da existência de uma federação, a existência de constituições estaduais. As federações possuem constituições estaduais. Porque estas reforçam a autonomia do estado-membro, reforçando, por conseguinte, a própria federação. Neste sentido, proteger a Constituição do Estado significa proteger a própria Constituição Federal e o pacto federativo. A Constituição do Estado é uma manifestação do poder constituinte derivado decorrente, que é aquele que respalda a criação das constituições estaduais e que também as suas emendas. Nota de abertura da peça: Falar da importância da Constituição estadual em face do próprio princípio federativo, tendo em vista que ela reforça a autonomia dos estados membros e é uma manifestação do poder constituinte derivado decorrente.

3. Órgão competente – TJ do Estado ou TJDFT:

A lei orgânica do DF, apesar de gerar controvérsia se é ou não manifestação do poder constituinte derivado decorrente, é parâmetro do controle concentrado no âmbito do DF.

4. Objeto: No plano estadual será a lei estadual ou a lei municipal. No plano do DF será a lei distrital.

5. Ações: A CRFB/88 no que tange às ações do controle concentrado estadual e distrital, só faz menção à RI. As demais ações do controle concentrado federal podem ser reproduzidas no âmbito dos estados. Segundo orientação do STF, a ADC, a ADO e a ADPF podem ser instituídas no plano dos estados, desde que haja previsão nas respectivas constituições estaduais, pois o modelo do controle concentrado federal não se aplica obrigatoriamente aos estados. Eles têm autonomia suficiente para escolher se querem ou não que estas ações sejam instituídas no plano estadual. Cada estado da federação possui as suas próprias preferências e têm liberdade jurídica para tanto. Agora uma delas é obrigaria: A ADI estadual é de observância obrigatória no plano dos estados.

6. Legitimidade ativa:

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O art. 103, incisos I a IX da Constituição Federal não é de reprodução obrigatória no plano dos estados e nem do DF. A Constituição faz somente a recomendação de que é vedada a legitimação de agir a um único órgão. Assim, cada constituição estadual pode estabelecer os seus próprios legitimados, somente observando a disposição federal de vedação para agir a um só órgão.

7. Amicus curiae: Do mesmo modo que o amicus curiae exerce um papel muito importante no processo do controle de constitucionalidade federal e também no processo de criação das súmulas vinculantes, ele é também importante no âmbito do controle concentrado estadual e distrital. O STF já consolidou entendimento de que o amicus curiae também pode pleitear a sua participação nas ações do controle concentrado estadual e distrital. Do mesmo modo que o povo não pode apresentar as ações no controle concentrado federal, a orientação do STF é de que, no plano estadual, o povo também não pode ser inserido como legitimado ativo para apresentação dessas ações. Não há legitimidade popular. Mas como todos nós receberemos a repercussão jurídica das decisões do TJ, no controle concentrado tanto federal, quanto estadual, nada mais justo que o amicus curiae possa atuar. No plano estadual ele deve oferecer uma petição simples ao desembargador relator pedindo a sua atuação no processo abstrato.

8. Recorribilidade das decisões do TJ: As decisões de mérito no controle concentrado federal são todas irrecorríveis. As decisões do TJ no controle concentrado estadual não possuem as mesmas características. É possível até que uma decisão do TJ local viole a Constituição Federal. Neste caso será cabível o recurso extraordinário. Assim, as decisões de mérito no controle concentrado estadual são recorríveis.

9. Representação de inconstitucionalidade:

Não existe uma lei geral estabelecendo as regras do controle concentrado estadual. Na prática, muitos tribunais aplicam por analogia a lei 9868/99. Assim, para elaborar a peça o apoio normativo será desta lei e da lei 9882, se for o caso de ADPF. Devem ser feitas, no entanto, as devidas adaptações:

ADI RI Órgão julgador STF TJ Oitiva do MP PRG PGJ

Oitiva do AGU AGU PGE Parâmetro CRFB CE*

Cautelar Artigos 10 a 12 da lei 9868/99

Artigos 10 a 12 da lei 9868/99

Modulação temporal dos efeitos da decisão

Aplica-se o art. 27 da Lei 9868/99

Aplica-se o art. 27 da Lei 9868/99

*Todas as normas da Constituição do estado são parâmetro do controle concentrado estadual, inclusive as normas de observância obrigatória.

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Normas de observância ou reprodução obrigatória no plano estadual: Segundo José Afonso da Silva, existem alguns princípios que nos ajudam a estabelecer quais são estas normas:

1. Princípios constitucionais sensíveis: art. 34, VII;

2. Princípios constitucionais estabelecidos: estes se encontram expressamente previstos na Constituição federal: art. 27, §1º (Estatuto dos Congressistas);

3. Art. 75 da Constituição: Criação do TC estadual. O controle externo das contas do executivo não pode ser feito exclusivamente pelo poder legislativo. Ele precisa do auxílio das Cortes de Contas.

4. Art. 125, §2º da Constituição: é o que trata da RI. Esta ação é de observância obrigatória no âmbito dos estados.

5. Princípios extensíveis: estes não estão tão claros na Constituição federal. a) À luz do princípio republicano, sabe-se por exemplo, que o art. 83 da

Constituição federal é de observância obrigatória. E não somente à luz do Princípio Republicano, mas também à luz do princípio da separação dos poderes.

Art. 83. O Presidente e o Vice-Presidente da República não poderão, sem

licença do Congresso Nacional, ausentar-se do País por período superior a quinze

dias, sob pena de perda do cargo.

b) Normas sobre Processo legislativo: em nome do Princípio da Separação dos poderes, estas normas também são de observância obrigatória: art. 61, §1º: Se no âmbito federal o projeto de lei relativo às matérias ali elencadas são do PR, no âmbito estadual serão de iniciativa do Governador e no plano municipal serão de iniciativa dos prefeitos. Tudo isso é interpretação constitucional – jurisprudência do STF.

O art. 86, §4º, que se refere à cláusula de irresponsabilidade penal relativa, à luz do princípio republicano esta é uma cláusula que só se aplica ao Presidente da República. Esta cláusula é exclusiva do Presidente da República. Não se estende a governadores e nem aos prefeitos. O art. 86, §3º que impede a prisão cautelar do Presidente da República também se esgota no cargo de Presidente. Governadores e Presidentes podem ser presos como qualquer cidadão comum.

10. Caso concreto: Após diversos manifestos contra a atuação da Guarda Municipal no Estado Verde, por iniciativa parlamentar, a Assembleia Legislativa do Estado editou a Lei n° 333 que proíbe a aplicação de multas de trânsito pelas Guardas Municipais no âmbito do referido Estado. Os parlamentares estaduais alegaram que as Guardas possuem legitimidade apenas para controlar e orientar o tráfego, bem como para sinalizar e educar a fim de prevenir acidentes. MÉVIO SILVA, Prefeito do Município x, localizado no Estado Verde, ao receber a notícia da publicação da referida lei, efetuou consulta jurídica ao advogado de seu

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gabinete que, em parecer, destacou a incompatibilidade da Lei Estadual n° 333 com a Constituição do Estado Verde. Afirmou-se que a Constituição Estadual prevê, em seu art. 10, iniciativa privativa do Chefe do Poder Executivo para elaborar leis que disponham sobre criação, estruturação e atribuições das Secretarias de Estado e órgãos do Poder Executivo. E, ainda, apontou o princípio da autonomia municipal também estabelecido na Carta Estadual, bem como na Constituição Federal. Na qualidade de advogado contratado pelo Prefeito do Município X, apresente a peça do controle concentrado cabível para ver reconhecida a mácula insanável da Lei Estadual n° 333, perante o Tribunal de Justiça do Estado Verde. Seu cliente afirma que necessita de urgência. 1 – Resumo do caso; 2- Legitimidade ativa: Prefeito do Município X – Mévio Silva; 3 – Legitimidade passiva: Não há porque estamos no âmbito do controle concentrado de uma lei. Mas devem ser pedidas informações às autoridades das quais emanou o ato. Assim, devem ser ouvidos a Assembleia Legislativa o e o governador de estado; 4 – Ação: Representação de inconstitucionalidade com base no art. 125, §2º e Lei 9868/99. 5 – Tribunal de Justiça do Estado Verde. EXMO. SR. DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO VERDE MÉVIO SILVA, nacionalidade, estado civil, profissão, portador do RG n°... e do CPF nº..., residente e domiciliado..., na qualidade de Prefeito do Município X, vem, por seu advogado infra-assinado doc..., com escritório..., endereço que indica para os fins do art. 39, I do CPC, propor a presente REPRESENTAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE, com fundamento no art. 125, §2º, da CRFB/88 e na Lei nº 9868/99 em face da Lei nº 333, conforme especificará ao longo desta petição, nos termos e motivos que passa a expor. I – DO OBJETO DA AÇÃO A Assembleia Legislativa do Estado editou a Lei n° 333 que proíbe a aplicação de multas de trânsito pelas Guardas Municipais no âmbito do referido Estado, cujo teor determina que as Guardas possuem legitimidade apenas para controlar e orientar o tráfego, bem como para sinalizar e educar a fim de prevenir acidentes. Como será comprovado ao longo dessa petição, a norma estadual é inconstitucional sob o ponto de vista formal e também material e por isso precisa ser declarada inconstitucional. II – DA LEGITIMIDADE ATIVA O autor é legitimado ativo para a propositura da Representação de inconstitucionalidade, de acordo com a previsão na Constituição do Estado Verde. III- DA MEDIDA CAUTELAR Em que pese não existir norma específica regulando o controle concentrado estadual, é perfeitamente possível a aplicação analógica dos arts. 10 a 12 da lei 9868/99, segundo entendimento doutrinário e jurisprudencial. O fumus boni iuris é comprovado pela argumentação jurídica apresentada e também pela documentação anexa.

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Já o periculum in mora é comprovado pela situação de urgência, tendo em vista que a lei objeto da ação viola claramente a autonomia municipal e precisa ser logo suspensa. IV- DOS FUNDAMENTOS O Art. 125 § 2º da CRFB/88 determina que cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a um único órgão. Como não há norma específica regulamentando a ação no plano estadual, aplica-se por analogia a lei 9868/99. A lei estadual 333 é inconstitucional, sob o ângulo formal e material. A inconstitucionalidade formal subjetiva por vício de iniciativa porque viola o art. 10 da Constituição do Estado porque determinada (copia os dados do caso concreto). Por sua vez, a inconstitucionalidade material: Violação ao princípio da autonomia dos entes federativos – art. 18 da CRFB. V- DOS PEDIDOS Em face do exposto, o Autor requer: a) a concessão da medida cautelar para suspender a referida lei e que ao final seja julgado procedente o pedido e declarada a inconstitucionalidade da norma impugnada; b) a juntada dos documentos em anexo; c) que sejam solicitadas informações ao Governador do Estado e à Assembleia Legislativa estadual; d) a citação do Procurador Geral do Estado; (faz as vezes do AGU). e) a oitiva do Procurador-Geral de Justiça (faz as vezes do PGR) Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais) para fins procedimentais. Termos em que, pede deferimento. Local... e data... Advogado... OAB n.º... PARECER JURÍDICO O parecer nunca caiu numa segunda fase de Constitucional. O parecerista responde uma consulta e trata de algum ponto controvertido sobre a matéria em questão. A chance de cair um parecer em segunda fase é mínima. Redija um parecer, faça uma minuta sobre este aspecto polêmico, responda à consulta, dê a opinião jurídica... são todas expressões que devem surgir num parecer. Agora só vai fazer parecer se a banca pedir uma opinião jurídica sobre um determinado aspecto da matéria. A estrutura do parecer é muito simples.

PARECER JURÍDICO Interessado: EMENTA:

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É uma conclusão do que foi feito. (Pular de 08 a 10 linhas) I – INTRODUÇÃO: Trata-se de uma consulta efetuada por ... sobre ...; cuida-se de ...; efetuada por ... sobre ...; cuida-se de um parecer sobre... (A parte da introdução vai levar somente um parágrafo da minuta). II – Fundamentação: doutrina, jurisprudência, amparo legal (constitucional e inconstitucional), pode ser dividida em tópicos; (A argumentação deve ser a mais completa possível). I – Da controvérsia doutrinária: II – Da jurisprudência do STF: III – Da base constitucional: IV – Da norma infraconstitucional sobre o tema: Estes tópicos vão variando de acordo com o tema. É melhor dividir para organizar o raciocínio. III – CONCLUSÃO (É o último parágrafo do parecer): Tendo em vista o acima narrado, opinamos por...; de todo o exposto, entendemos que...; do exposto, concluiu-se que... (No final precisa manter e tomar uma posição). S.M.J É o parecer Ou É o parecer, submetido à elevada consideração de... Ou É o parecer que submeto à elevada Consideração de... Local e data... OAB nº ... Caso concreto 1 João das Neves, residente no Estado das Flores e frequentador do Parque Florestal localizado perto da sua casa, soube que o Governador contratou uma empresa de um amigo de longos anos, para projetar e construir um grande shopping center que ocupará o lugar do parque, que tem data marcada para sofrer demolição. Os jornais locais veicularam notícias de fraude na licitação da empresa vencedora, responsável por projetar e construir o shopping, e os ambientalistas afirmam que tal área é de proteção ambiental, não podendo sofrer o impacto previsto quando da

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realização das obras. Sabe-se, ademais, que o Parque é patrimônio histórico da cidade. João, aborrecido com as últimas notícias, indignou-se ao saber que a Assembleia Legislativa já tivera, inclusive, aprovado uma lei que autorizava a demolição do parque. Tendo em vista que é estudante de Direito e já se encontra no fim da faculdade, sabe da possibilidade de, ele próprio, ajuizar ação popular, mas, devido a dúvidas acerca da possibilidade de se discutir, também, na mesma ação, o vício na lei que aprovara a demolição do Parque Florestal da cidade, João deseja uma consulta sobre a possibilidade de controle incidental de constitucionalidade nas ações coletivas, quais sejam: ação popular e ação civil pública. Diante do caso acima apresentado, elabore o parecer adequado. Há posições já firmadas do STF e do STJ sobre a possibilidade deste controle incidental nas ações coletivas. Até hoje o tema não é assim tão unânime. Para Hely Lopes Meirelles não é possível o controle incidental porque as ações coletivas não geram efeitos subjetivos interpartes, do mesmo modo que gera, por exemplo, um habeas corpus, um MS individual, um HD. São ações que têm uma repercussão em proporções coletivas. O STF e o STJ já se posicionaram no passado pela impossibilidade de análise incidental nessas duas ações. E na doutrina o tema não é assim tão unânime, como no posicionamento de Meirelles acima citado, justamente pelos efeitos subjetivos da ação, que têm repercussão geral.

Parecer Jurídico

Interessado: João das Neves.

EMENTA: Sobre a possibilidade de realização de controle incidental nas ações coletivas. Divergências doutrinárias. Jurisprudência do STF e do STJ favorável. Possibilidade do controle.

Trata-se de uma consulta feita por João das Neves sobre a possibilidade de controle incidental de constitucionalidade na ação popular e na ação civil pública. I – Da controvérsia doutrinária: Segundo doutrina majoritária é perfeitamente possível realizar o controle incidental nessas ações coletivas. Lembrando que o pedido dessas ações não pode ser a declaração de inconstitucionalidade. O pedido é a solução do caso concreto: é a invalidação do contrato, o desfazimento do ato. A inconstitucionalidade nas ações coletivas deve ser arguida como questão incidental, como causa de pedir e não como mérito. De acordo com posição minoritária ...

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II – Da jurisprudência do STF e do STJ: Ambos os tribunais são hoje favoráveis ao controle incidental de constitucionalidade nas ações do controle concentrado. O Supremo Tribunal Federal... O Superior Tribunal de Justiça... III – Da base constitucional das ações das ações coletivas; Abre um parágrafo para tratar da ação popular: A ação popular está prevista no art. 5º, inc. LXXIII da CRFB/88... Já a ação civil pública encontrada no artigo 129, III da CRFB/88... Como essas duas ações possuem normas infraconstitucionais distintas pode abrir um tópico separado pra isso: IV – Da lei 4717/65 VI – Da lei 7347/85 Em face do exposto, conclui-se pela possibilidade de controle incidental nas ações coletivas desde que tratadas na causa de pedir e não no pedido. S.M.J É o parecer. Advogado... OAB... Caso concreto 2 Lei Distrital, dispondo sobre a emissão de certificado de conclusão do ensino médio no sentido de que os estabelecimentos de ensino expedirão o respectivo certificado e o histórico escolar aos alunos da terceira série de ensino médio que comprovarem aprovação em vestibular para ingresso em curso de nível superior independente do número de aulas frequentadas pelo aluno, devendo o referido documento ser providenciado em tempo hábil de modo que o aluno possa matricular-se no curso superior para o qual foi habilitado. Inconformada, a Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino propôs ação arguindo a inconstitucionalidade da referida lei. Comente a hipótese, por meio de um parecer, discorrendo a respeito dos princípios da proporcionalidade e razoabilidade. Parecer jurídico Interessado: ...

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Cuida-se de consulta formulada por ... sobre a constitucionalidade de lei distrital que dispensa a frequência dos alunos aprovados no vestibular para fins de emissão de certidão de conclusão de curso do ensino médio. (Art. 24, IX – legislar concorrentemente sobre... só que o art. 24 na parte final, traz a responsabilidade de cada ente sobre estas matérias. À União cabe legislar sobre normas gerais etc. A educação é indispensável na própria criação do indivíduo. A finalidade do ensino não é somente fazer com que os alunos passem no vestibular e não se forma o cidadão sem um acompanhamento de sala de aula). I – Da competência concorrente do art. 24, IX da CRFB/88. II – Da competência suplementar do DF – art. 24, §2º. III – Da falta de razoabilidade e proporcionalidade da lei. Pode citar as normas sobre educação presentes na Constituição. IV – Da inconstitucionalidade formal: viola regra de competência, afinal de contas cabe ao DF apenas suplementar a lei federal para suprir suas necessidade e não violar. V – Da inconstitucionalidade material: Esta lei viola o importantíssimo direito fundamental à educação, direito de 2ª geração. Parecer pela inconstitucionalidade da lei que exorbitou da competência prevista no art. 24, §2º da CRFB/88 Direito Constitucional Aula assistida em 04-06-13 Aula 14.1/ 14.2 /14.3 /14.4 Direitos metaindividuais ou transindividuais: São aqueles tutelados pela ação popular, pelo MS coletivo e também pela ação civil pública. A ação popular defende direitos difusos, o MS coletivo defende os direitos coletivos e os individuais homogêneos. A ação civil pública por sua vez permite a tutela de todos estes direitos e interesses: difusos, direitos individuais homogêneos e também os direitos coletivo. Art. 81 do CDC: A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo. Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:

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I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato; A titularidade é de pessoas indeterminas e não passíveis de determinação. A quem pertence o ar que respiro, a quem pertence a Floresta Amazônica, os lençóis maranhenses? Ou seja, os seus sujeitos são múltiplos, não há como definir ou singularizar os titulares dos direitos difusos. II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base; III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum. Interesses ou direitos difusos: A titularidade é de pessoas indeterminadas e indetermináveis, vez que não há como determinar quem será beneficiado. Concerne a toda coletividade ou a parcelas dela, que não são possíveis de identificar. Ricardo de Barros Leonel chega a afirmar que essas pessoas “são unidas por uma simples circunstância de fato ou contingencial extremamente mutável, o fato de residirem em determinado local ou região”. São características desses direitos: a inexistência de vínculo jurídico ou fático definido entre as partes; a impossibilidade de apropriação exclusiva e de quantificação da sua fruição; a indivisibilidade do objeto; ausência de vinculação a órgãos ou instituições (são fluidos na sociedade, estão distribuídos igualmente). Ex.: Não se pode defender a divisão da Floresta amazônica, a divisão do patrimônio histórico-cultural. A ação popular é que defende estes direitos e também a ação civil pública. Não há possibilidade de confundi-las principalmente por causa da legitimidade ativa. A ação popular só pode ser proposta pelo cidadão. A ação civil pública tem uma série de legitimados, mas não há legitimidade popular. Ex.: se a questão indica que é uma associação que vai defender o meio-ambiente, o patrimônio histórico e cultural, a ação será a ação civil pública por causa da legitimidade ativa. As duas ações são muito parecidas, mas não passíveis de confusão. Se a banca quiser apresentar na peça uma ACP, ela indicará, por exemplo: a associação em nome próprio quer ajuizar uma ação para defender o interesse comum. Exemplos apresentados pela doutrina relacionados ao meio ambiente: o direito ao ar puro, à preservação das espécies animais, à limpeza das águas, dentre outros. Interesses ou direitos coletivos: Tais direitos também são inerentes a pessoas indeterminadas a princípio, mas determináveis, já que há uma relação jurídica que vincula os titulares do direito, sendo possível determinar o grupo de pessoas, pelo fato de existir um vínculo mais sólido entre elas.

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O objeto é indivisível, e isso porque satisfaz a todos ao mesmo tempo, “[...] sendo todo o grupo lesado coetaneamente na hipótese de violação”, segundo Ricardo de Barros Leonel, que segue afirmando que: “[...] os coletivos distinguem-se dos difusos, ambos indivisíveis, pela sua origem, na medida em que nestes o vínculo relaciona-se a dados acidentais ou factuais, enquanto naqueles a ligação dos integrantes do grupo, categoria ou classe decorre de uma relação jurídica”. Há um vínculo jurídico entre os membros que compõem aquela comunidade. São características desses direitos: o mínimo de organização em relação a identificação da titularidade; interesses de grupos ou classes determinadas; vínculo jurídico básico, comum a todos os integrantes do grupo. Exemplos trazidos pela doutrina: membros de determinada categoria de trabalhadores, representada por certo sindicato, no sentido de que não ocorra alteração da regulamentação da jornada de trabalho ou do pagamento de horas diferenciadas... Membros do MP, da defensoria, delegados em associação... Enfim são pessoas que estão ligadas por uma relação jurídica-base, que, geralmente é profissional. Os direitos coletivos podem ser tutelados pelo MS coletivo e pela ação civil pública. Interesses ou direitos individuais homogêneos: Não são coletivos na sua essência, são formalmente coletivos devido ao tratamento processual que é dispensado a eles por opção do legislador. São Interesses de grupos determinados ou determináveis que compartilham danos divisíveis ou autônomos em razão de um fato comum. São características desses direitos: titulares são determinados ou determináveis; essencialmente individuais, pois poderiam ser reparados em demandas individuais; o objeto final é divisível ou autônomo (normalmente associado à reparação de dano); possuem origem comum. Esses direitos são individuais, podendo ser perfeitamente tutelados na via comum, mas como há uma relação homogênea entre elas, houve a possibilidade de tutela coletiva destes interesses. Exemplos doutrinários: adquirentes de determinado medicamento que apresenta a mesma falha de produção, danosa à saúde dos usuários; venda de veículos produzidos por uma montadora contendo defeito em série que ocasiona danos similares aos adquirentes; investidores da bolsa de valores que sofreram lesão em razão de cobrança de taxa indevida na compra de ações de certa empresa. Normalmente estaremos em sede dos direitos individuais dos consumidores, dos direitos relativos a questões tributárias... É perfeitamente possível que as demandas sejam individuais, mas em razão da identidade do dano gerado é possível que haja a tutela coletiva para a sua reparação. Os direitos individuais homogêneos podem ser também ser tutelados pelo MS coletivo e pela ACP. A ação popular cuida dos direitos difusos. Mas o MS coletivo e a ACP, protegem tanto os direitos difusos, quando os direitos individuais homogêneos. Principais diferenças entre a ACP e o MS Coletivo

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A ação civil pública deve ser proposta no prazo de 5 anos, sendo repressiva (art. 21 da Lei 4.717/65 por analogia), enquanto o MS coletivo tem que ser impetrado no prazo máximo de 120 dias (art. 23 da lei 12.016/09); Os prazos para a propositura destas duas ações são distintos. O MS tem um rito célere, enquanto a ACP possui dilação probatória (rito ordinário). Os legitimados para a ACP estão elencados no art. 5° da lei 7.347/85; os legitimados do MS coletivo encontram-se no art. 21 da lei 12.016/09; Partidos políticos, sindicatos de classe e as associações são os legitimados para a propositura do MS coletivo. O rol de legitimados para a ACP é bem mais extenso, conforme deflui da dicção do art. 5º da Lei.

Art. 5o Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar: (Redação

dada pela Lei nº 11.448, de 2007).

I - o Ministério Público; (Redação dada pela Lei nº 11.448, de 2007).

II - a Defensoria Pública; (Redação dada pela Lei nº 11.448, de 2007).

III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; (Incluído pela Lei nº 11.448, de 2007).

IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista; (Incluído pela Lei nº 11.448, de 2007).

V - a associação que, concomitantemente: (Incluído pela Lei nº 11.448, de 2007).

a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil; (Incluído pela Lei nº 11.448, de 2007).

b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. (Incluído pela Lei nº 11.448, de 2007).

LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:

a) partido político com representação no Congresso Nacional;

b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;

Havendo necessidade de produção de provas não será possível a utilização do MS coletivo, vez que não é possível a dilação probatória por essa via, devendo ser proposta ACP; Prazo; ato coator; prova pré-constituída, são os pré-requisitos do MS. Se houver necessidade de dilação probatória não será cabível o MS coletivo e também se estivermos diante de uma situação ocorrida há mais de 120 dias. A competência para julgamento da ACP é fixada em razão do local onde ocorre o dano; no MS coletivo leva-se em conta a autoridade coatora;

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A competência para julgamento da ACP é a mesma da AP. A ação será proposta perante o juízo de 1º grau, seja ele estadual ou federal, conforme o caso. No MS coletivo tem que analisar a autoridade coatora. Assim, há uma variedade bem maior de órgãos competentes para a sua impetração. Regra geral: onde foi praticada a ilegalidade. Mas há três exceções: ECA – Proposta ACP envolvendo criança ou adolescente o local será o da ação ou omissão danosa à criança ou adolescente – cai na regra geral. Art. 209 do ECA. ESTATUTO DO IDOSO – Domicílio do idoso. Aqui tem que ficar atento porque a regra muda. Art. 80 da Lei 10.741/03. CDC – Art. 93, II Dano à relação de consumo: se a ilegalidade for praticada em várias comarcas = capital do Estado onde foi praticada a ilegalidade (dano que envolve mais de um município). Propõe a ação na Capital do Estado. Hoje estes três artigos têm que ganhar orelha: ACP. Tem que decorar os três assuntos que trazem regra especial com relação a foro: criança e adolescente, idoso e relação de consumo. Depois que descobrir o foro olhar para o polo ativo: se envolve justiça federal ou estadual. No que tange ao objeto, enquanto o MS coletivo se presta a tutelar os direitos individuais homogêneos e os direitos coletivos em sentido estrito (art. 21 da Lei 12.016/09), a ACP tem como objeto, além dos apontados, os direitos difusos.

Art. 21. O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial.

Parágrafo único. Os direitos protegidos pelo mandado de segurança coletivo podem ser:

I - coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os transindividuais, de natureza indivisível, de que seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica;

II - individuais homogêneos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os decorrentes de origem comum e da atividade ou situação específica da totalidade ou de parte dos associados ou membros do impetrante.

A ação civil pública permite uma farta abrangência de possibilidade de pedidos, mas ela tem uma vertente de condenação, de indenização mas isso não é possível em sede de MS. A Ação Civil Pública permite a responsabilização pelos danos, ou seja, a condenação a devolução daquilo que foi desviado, do que causou prejuízo e que precisa ser reparado. O MS coletivo não possui natureza de indenização ou de reparação de prejuízos, ou ainda de condenação em danos, sejam eles morais ou materiais. A ACP tem um objeto mais amplo que o MS coletivo porque cuida dos direitos difusos.

1. Histórico: A ACP é mais uma vertente importante do processo coletivo, pois as demandas da sociedade, não são somente intersubjetivas. Neste sentido, houve a necessidade de se reforçar as tutelas coletivas.

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2. Base legal: Art. 129, III, §1º. Lei 7347/85.

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:

(...)

III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;

§ 1º - A legitimação do Ministério Público para as ações civis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo o disposto nesta Constituição e na lei.

Apesar do rol de legitimados do art. 5º da lei da ACP ser bem amplo, na prática há uma média de ± 80% das ACP’s propostas pelo MP.

O MP tem autonomia e liberdade funcional e isso acaba facilitando a propositura da ACP por este órgão. Tem natureza jurídica de ação constitucional e ao mesmo tempo é uma ação de natureza civil, cujo rito é bastante parecido com o da ação popular: ordinário, que permite uma instrução processual mais longa.

3. Finalidade: Apesar de ter sido destinada originariamente à reparação de danos causados ao meio ambiente e ao consumidor, a ação civil hoje tem um espectro de abrangência processual e material muito alargado.

A Ação Civil Pública hoje, não tem só uma natureza condenatória, mas também declaratória, desconstitutiva, constitutiva. Ela não tem uma finalidade apenas. Ela tem uma natureza de reparação, mas pode também ter a natureza de desconstituição do ato, de obrigação de fazer, de obrigação de entregar... A ACP se presta para responsabilizar, por exemplo, os réus por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor. Tem uma natureza também de desconstituição de ato lesivo aos direitos metaindividuais que são por ela tutelados. Pode ainda determinar a invalidação de atos/contratos. Pode também determinar algum tipo de obrigação de fazer por parte do Estado. Ou seja, o seu objeto e abrangência são extremamente amplos, conforme se defere do próprio art. 1º da Lei 7347/85.

Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados: (Redação dada pela Leu nº 12.529, de 2011).

l - ao meio-ambiente;

ll - ao consumidor;

III – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;

IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo. (Incluído pela Lei nº 8.078 de 1990)

V - por infração da ordem econômica; (Redação dada pela Leu nº 12.529, de 2011).

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VI - à ordem urbanística. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de 2001)

Parágrafo único. Não será cabível ação civil pública para veicular pretensões que envolvam tributos, contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS ou outros fundos de natureza institucional cujos beneficiários podem ser individualmente determinados. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de 2001)

O art. 3º também é importante:

Art. 3º A ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de

obrigação de fazer ou não fazer.

Na verdade, a ACP não tem a finalidade hoje meramente condenatória, como acaba de certo modo sugerindo a lei 7347/85. Ela pode determinar o desfazimento de ato, de contrato, a sua invalidação. Antigamente os autores diziam que existiam diferenças neste sentido entre a ACP e a AP. Na primeira subsistiria uma natureza condenatória e na segunda uma ação desconstitutiva e declaratória. Mas hoje o objeto dessas duas ações é muito parecido. Ou seja, é possível pedir a desconstituição de ato ou o desfazimento de um contrato, por exemplo, tanto na AP quanto na AP. Hely Lopes Meireles Embora o mesmo fato possa ensejar o ajuizamento simultâneo da ação civil pública e ação popular, as finalidades de ambas não se confundem. Tendo em vista a redação do art. 11 da lei 4.717/65, a ação popular é predominantemente desconstitutiva, e subsidiariamente condenatória (em perdas e danos): Art. 11. A sentença que, julgando procedente a ação popular, decretar a invalidade do

ato impugnado, condenará ao pagamento de perdas e danos os responsáveis pela sua prática

e os beneficiários dele, ressalvada a ação regressiva contra os funcionários causadores de

dano, quando incorrerem em culpa.

A ação civil pública, por sua vez, como decorre da redação do art. 3º da Lei 7.347/85, é preponderantemente condenatória, em dinheiro ou em obrigação de fazer ou não fazer. Art. 3º A ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento

de obrigação de fazer ou não fazer. Ademais há ainda a diferença na legitimidade ativa.

4. Legitimidade ativa:

Art. 5o Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar: (Redação

dada pela Lei nº 11.448, de 2007).

I - o Ministério Público; (Redação dada pela Lei nº 11.448, de 2007).

II - a Defensoria Pública; (Redação dada pela Lei nº 11.448, de 2007).

III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; (Incluído pela Lei nº

11.448, de 2007).

IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista; (Incluído

pela Lei nº 11.448, de 2007).

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V - a associação que, concomitantemente: (Incluído pela Lei nº 11.448, de 2007).

a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil; (Incluído pela Lei

nº 11.448, de 2007).

b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao meio ambiente, ao

consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência ou ao patrimônio artístico, estético,

histórico, turístico e paisagístico. (Incluído pela Lei nº 11.448, de 2007).

A associação pode ser autora de ACP desde que: → Esteja constituída há pelo menos um ano; → Proteção ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. Este não é um rol taxativo, mas pelo menos traz um direcionamento na prova. É pouco provável que a prova traga controvérsias sobre este. §4º, V do art. 5º: Art. 5

o Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar: (Redação

dada pela Lei nº 11.448, de 2007).

(...)

V - a associação que, concomitantemente: (Incluído pela Lei nº 11.448, de 2007).

a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil; (Incluído pela Lei

nº 11.448, de 2007).

b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao meio ambiente, ao

consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência ou ao patrimônio artístico, estético,

histórico, turístico e paisagístico. (Incluído pela Lei nº 11.448, de 2007).

O requisito da pré-constituição está associado principalmente ao requisito de um ano de funcionamento. Na ACP é possível que um juiz, avaliando um caso apresentado e é claro, sendo convencido de que a associação não foi criada unicamente para intentar a ação, o juiz pode dispensar tal requisito. E muitos autores processualistas defendem que essa dispensa de estar há um ano em funcionamento pode também ser levada para o MS coletivo e para o MI coletivo.

5. Legitimidade passiva:

A lei da ACP não trabalha com a legitimidade passiva. Deve-se, no entanto, fazer uma correlação entre a AP e a ACP. Assim, aplica-se quanto à legitimidade passiva, os mesmos legitimados para responder a uma ação popular. ACP no que tange a legitimidade passiva envolve também um litisconsórsio passivo necessário: agentes políticos; entes da AP direta; indireta federal, estadual, distrital, municipal, particulares... Ou seja, todos aqueles envolvidos diretamente ou beneficiários diretos do ato, devem responder à ação civil pública, assim como na ação popular. 1º - Pessoa jurídica de direito público interno a que o agente se encontra vinculado; 2º - Agente público ou delegatário de serviços públicos;

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3 – Beneficiário do ato, contrato, processo impugnado. Os beneficiários indiretos não devem figurar no polo passivo da ação. Mas se ficar na dúvida coloca todo mundo. Informações a mais, em regra, não retira pontuação.

6. Órgão competente:

Art. 2º da Lei 7347/85:

Art. 2º As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa.

Parágrafo único A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de 2001)

Esta é mais uma questão de identidade entre ACP e Ação popular. Se houver a União ou uma de suas entidades envolvidas a competência será da Justiça federal de 1º grau; se houver estado ou município, ou quaisquer de seus entes envolvidos, a competência será do juízo estadual de 1º grau, em regra, a Vara de Fazenda Pública. A competência da APC: A ACP é apresentada perante o juiz de 1º grau, seja ele estadual ou federal. A ACP também pode eventualmente começar a tramitar no STF, mas em situações muito específicas, assim como no art. 102, I, “f” e “n”. São as mesmas alíneas que fizemos as observações sobre a propositura da ação popular.

7. Da tutela de urgência: É cabível. Art. 12 da Lei da Ação de ação pública, aplicando-se também o art. 273 do CPC. A tutela de urgência da Ação Civil Pública, também é em regra, a tutela da ação popular.

Da mesma forma, deve abrir um tópico: Da tutela de urgência, abre um parágrafo para falar do art. 12 da Lei 7347, os requisitos da verossimilhança das alegações e do fundado receio de dano irreparável.

8. Caso concreto: Na fundamentação das ações, deve iniciar apresentando a ação, suas bases constitucionais (1º parágrafo), legais (2º parágrafo). No terceiro parágrafo começa a falar do direito material envolvido – se for, por exemplo, meio ambiente numa ação civil pública há farta disposição de artigos na própria constituição federal, se for direito à educação (art. 205), para tratar da saúde (art. 6° e 196). A base principal dessas ações é sem dúvidas, a base constitucional. E lembrar que as leis de ação popular e ação civil pública se correlacionam. Pode, portanto, utilizar como fundamentação os artigos 2º a 4º da lei popular. Questões envolvendo concursos públicos, violação a princípios administrativos, temos o art. 37 da Constituição. A fundamentação é legal/processual e a do direito material que está sendo questionado. O Prefeito do Município de Harmonia, localizado no Estado da Alegria e candidato à reeleição, determinou a instalação de outdoors na cidade com o símbolo da campanha eleitoral e ainda dispensou o procedimento licitatório para contratar a empresa “Rápido

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Expresso” para colocação dos referidos outdoors. O chefe do Executivo ainda admitiu, diretamente, no serviço público, sem concurso público, Mévio, Caio e Tício, para ajudá-lo na campanha eleitoral. A “Associação Força Contra a Corrupção”, em funcionamento há dois anos, procura o seu escritório de advocacia, por meio de seu representante legal, Esculápio Neves, para fins de ajuizamento de uma ação em face dos danos causados ao patrimônio público do Município de Harmonia. Na ação judicial cabível, aborde, necessariamente: a) a legitimidade ativa, b) a legitimidade passiva, c)os dispositivos constitucionais e legais violados pela autoridade indicada na situação problema, d) a tutela de urgência. EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA... VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE HARMONIA DO ESTADO DA ALEGRIA ASSOCIAÇÃO FORÇA CONTRA A CORRUPÇÃO, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob nº..., com sede em..., por meio de seu representante legal, Esculápio Neves, vem, por seu advogado infra-assinado, doc..., com escritório..., endereço que indica para os fins do art. 39, I do CPC, com fundamento nos termos da Lei 7.347/85, propor a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA em face do Prefeito do Município de Harmonia, do Município de Harmonia, da empresa “Rápido Expresso”, de Mévio, Caio e Tício, que podem ser encontrados nos endereços...pelas razões que passa a expor. I – SÍNTESE DOS FATOS II- DA LEGITIMIDADE ATIVA E PASSIVA: art. 5º, V da lei 747/65 e arts. 1º e 6º da lei 4717/65 para justificar a legitimidade passiva, já que na lei da ACP não há referência a sujeito passivo. III- DA TUTELA DE URGÊNCIA Está esquecendo de mencionar a base legal da tutela de urgência da ação. Não pode. Tem que mencionar o art. da lei que embasa a tutela de urgência (no caso é o art. 12) + o art. 273 do CPC quando for cabível – utilizar a expressão tutela antecipada. Verossilhança, fumus boni iuris e periculum in mora.

IV- DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS Violação aos princípios da: legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade (art. 37, caput, da CRFB/88). Violação aos seguintes dispositivos: 37, § 1°, 37, II, 37, XXI (todos da CRFB/88)

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Lei 7347/85 No primeiro parágrafo falar do cabimento da ação – art. 129, III. Falar da lei. Também, segundo muitos autores, seus dispositivos são complementados com a lei 4717/65. Falar dos interesses tratados na ACP usando o CDC. a) a concessão da tutela de urgência para retirada dos outdoors, desfazimento do contrato administrativo sem licitação e das contratações sem concurso público; b) a citação dos réus nos endereços indicados na inicial; c) a intimação do representante do MP; d) a produção de todos os meios de prova em direito admitidas e a juntada de documentos; e) a condenação dos réus em honorários advocatícios e custas processuais; f) a procedência dos pedidos para...

Parágrafo único. Nas ações coletivas propostas contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas autarquias e fundações, a petição inicial deverá obrigatoriamente estar instruída com a ata da assembleia da entidade associativa que a autorizou, acompanhada da relação nominal dos seus associados e indicação dos respectivos endereços. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de 2001) Aguardar resposta da professora quanto a esse pedido. E mais: Conferir se respondeu se no preâmbulo do MS precisa utilizar as expressões MS repressivo e MS preventivo.

Ação de Impugnação de mandato eletivo. A ação de impugnação de mandato eletivo consta do art. 14, §10 da Constituição, mas não existe lei que a regulamente. Assim, as chances de cair na prova são muito pequenas. A ação de impugnação de mandato eletivo tem por finalidade impugnar o mandato do candidato que se elegeu indevidamente, que ludibriou os seus eleitores, daquele que deu cestas básicas em troca de votos, daquele que fez promessas comprovadas por meio de provas documentais. É o mau candidato. Aquele que se aproveita da pobreza, da ignorância do povo, para tentar convencê-los de que é o melhor candidato. Esta ação, como já foi dito, não possui lei própria. Mas muitos autores citam dois dispositivos que podem ser utilizados por analogia – LC 64/90.

1. Base legal:

Artigos 14, §§10 e 11 da CRFB/88 e LC 64/90. Nos arts. 2º e 3º da lei encontramos a competência e os legitimados para o ajuizamento da ação.

§ 10 - O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude.

§ 11 - A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé.

Art. 2º Compete à Justiça Eleitoral conhecer e decidir as arguições de inelegibilidade.

Parágrafo único. A arguição de inelegibilidade será feita perante:

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I - o Tribunal Superior Eleitoral, quando se tratar de candidato a Presidente ou Vice-Presidente da República;

II - os Tribunais Regionais Eleitorais, quando se tratar de candidato a Senador, Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal, Deputado Federal, Deputado Estadual e Deputado Distrital;

III - os Juízes Eleitorais, quando se tratar de candidato a Prefeito, Vice-Prefeito e Vereador.

Art. 3° Caberá a qualquer candidato, a partido político, coligação ou ao Ministério Público, no prazo de 5 (cinco) dias, contados da publicação do pedido de registro do candidato, impugná-lo em petição fundamentada.

§ 1° A impugnação, por parte do candidato, partido político ou coligação, não impede a ação do Ministério Público no mesmo sentido.

§ 2° Não poderá impugnar o registro de candidato o representante do Ministério Público que, nos 4 (quatro) anos anteriores, tenha disputado cargo eletivo, integrado diretório de partido ou exercido atividade político-partidária.

§ 3° O impugnante especificará, desde logo, os meios de prova com que pretende demonstrar a veracidade do alegado, arrolando testemunhas, se for o caso, no máximo de 6 (seis).

2. Cabimento: o próprio art. 14, §10 já traz o seu cabimento. Ela vai impugnar a eleição do governante que foi eleito com abuso de poder econômico ou numa situação de fraude ou corrupção.

3. Legitimidade ativa e passiva: está prevista no art. 3º da LC 64/90: Art. 3° Caberá a qualquer candidato, a partido político, coligação ou ao Ministério

Público, no prazo de 5 (cinco) dias, contados da publicação do pedido de registro do candidato,

impugná-lo em petição fundamentada.

Deste artigo só se extraem os legitimados, porque o prazo não para a ação não é este. A ação de impugnação tem um prazo próprio. Com relação à possibilidade de ajuizamento desta ação pelo cidadão é controverso, mas tem vencido o entendimento de que não existe legitimidade popular para o seu ajuizamento. Este entendimento jurisprudencial é majoritário. A ação é proposta em face do próprio governante ou parlamentar, ou seja, em face daqueles que foram eleitos indevidamente: Membros do legislativo ou do executivo.

4. Prazo:

O art. 14, §10 define este prazo em 15 dias, contados da diplomação. Diplomação ≠Posse Diplomação: ato que confirma que a eleição se processou de forma válida. A diplomação é feita pela própria Justiça Eleitoral que é quem recebe a ação de impugnação do mandato eletivo. A diplomação ocorre no mesmo ano das eleições e não se confunde com a posse. Normalmente a eleição é em outubro e a diplomação acontece em dezembro.

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A posse é a investidura no cargo e normalmente ocorre no ano seguinte ao da eleição.

5. Órgão competente: art. 2º, parágrafo único da lei das inelegibilidades – LC 64/90.

Parágrafo único. A arguição de inelegibilidade será feita perante:

I - o Tribunal Superior Eleitoral, quando se tratar de candidato a Presidente ou Vice-Presidente da República;

II - os Tribunais Regionais Eleitorais, quando se tratar de candidato a Senador, Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal, Deputado Federal, Deputado Estadual e Deputado Distrital;

III - os Juízes Eleitorais, quando se tratar de candidato a Prefeito, Vice-Prefeito e Vereador.

Endereçamentos: Exmo. Sr. Ministro Presidente do Tribunal Superior Eleitoral Exmo. Sr. Juiz Eleitoral Presidente do Tribunal Regional Eleitoral Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da ... Zona Eleitoral da Comarca de ... do Estado ...

6. Provas indispensáveis: O texto da Constituição deixa bem claro que é preciso apontar na ação de impugnação de mandato eletivo quais são as provas. É indispensável que haja provas. É até possível pedir para que sejam produzidas novas provas. Deve abrir um tópico para falar das provas, que, em regra são documentais.

7. Cautelar? A doutrina não cuida tanto dos aspectos processuais da ação. Mas sempre há o recurso do CPC, que se aplica de forma subsidiária. Assim, não há previsão legal específica neste sentido, mas é possível, se a questão assim apontar, utilizar-se da tutela de urgência com aplicação do art. 273 do CPC.

8. Caso concreto Tício candidato a Vereador do Município WYX, resolveu distribuir dentaduras e remédios aos idosos eleitores da localidade, em troca de votos, fato esse comprovado por vários documentos que registraram a referida compra. Em dezembro de 2012, após vencer as eleições, foi diplomado no referido cargo. De posse de documentos que comprovam a irregularidade da campanha, Mévio, também candidato ao cargo, mas não eleito, ainda no prazo previsto na legislação, resolve ingressar com uma ação para invalidar a diplomação de Tício. EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA...ZONA ELEITORAL DA COMARCA DE WYX DO ESTADO... MÉVIO, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., portador do RG n° ... , inscrito no CPF n° ... , residente e domiciliado..., nesta cidade, vem, por seu advogado infra-assinado, conforme procuração anexa, com escritório ..., nesta cidade, endereço que

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indica para os fins do art. 39, I do CPC, com fundamento no art. 14, §§10 e 11, da CRFB/88 e na LC 64/90, ajuizar a presente AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO em face de Tício, diplomado no cargo de Vereador no dia... pelos motivos que a seguir expõe. I- DA TEMPESTIVIDADE (Este tópico tem que ser aberto obrigatoriamente porque o prazo dessa ação é muito enxuto, são só 15 dias, sob pena da petição ser considerada intempestiva). No dia ... o Impugnado foi regularmente diplomado. A presente impugnação é tempestiva, porque ajuizada dentro do prazo constitucional de 15 (quinze) dias contados da diplomação, segundo prevê o art. 14, §10, da CRFB/88. II- DOS FATOS III- DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA Artigos 14, §§10 e 11, artigos 2º e 3º da LC 64/90. Se não tiver mencionado antes a questão da prova, é indispensável que se mencione aqui. Falar aqui dos princípios da AP e também do princípio republicano que foi violado. IV- DOS PEDIDOS Em face do exposto, requer: a) a procedência do pedido para invalidar o diploma eleitoral obtido fraudulentamente e com abuso de poder econômico/político; b) A notificação do Impugnado para apresentar informações; c) A intimação do Ministério Público; d) A juntada de documentos; e) A condenação em honorários advocatícios e custas processuais; f) A juntada dos documentos anexos. Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais) para efeitos procedimentais. Termos em que, Pede deferimento Local... e data... Advogado... OAB n°... Questão subjetiva O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) editou, recentemente, uma resolução proibindo o nepotismo no âmbito do Poder Judiciário. Diante de muitas decisões judiciais controvertidas sobre a aplicação da resolução, o Conselho Federal da OAB propôs uma Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) perante o STF para defender a constitucionalidade da norma. A respeito da situação acima, responda aos itens a seguir, utilizando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso.

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a) É possível a propositura da ADC para defender a constitucionalidade da referida resolução? (Valor: 0,40) A resolução é um ato normativo primário de natureza federal e, portanto, pode ser objeto da ação, nos termos do art. 102, I, a da CRFB/88. b) O Conselho Federal da OAB tem legitimidade para a propositura daquela ADC? (Valor: 0,40) Com base no art 103, VII o Conselho Federal da OAB tem legitimidade para propor a ação, e inclusive, conforme a jurisprudência, é legitimado universal. Direito Constitucional Aula assistida em 05-06-13 Aula 15.1/ 15.2 /15.3 /15.4 Recursos TEORIA GERAL DOS RECURSOS

1. Definição: O recurso é um prolongamento do direito de ação. Ou seja, há o direito de ação garantido pelo ordenamento jurídico (art. 5º, inc. XXXV) e quando por algum motivo a decisão gerar inconformismo, se houver previsão no ordenamento jurídico, é possível interpor recurso.

A expressão correta para os recursos é interpor. Em sentido amplo as partes do recurso são recorrente e recorrido. Muito embora na apelação as partes também possam nominadas como apelante e apelado.

2. Natureza jurídica:

3. Finalidade: Os recursos têm em regra duas finalidades, que são a reforma da decisão ou a sua invalidação.

a) Reforma: error in judicando. Trata-se de uma sentença injusta. O juiz, por

exemplo, aplicou a lei erroneamente. Houve uma má avaliação dos fatos, da prova. Há um vício no conteúdo da decisão. Será precisão então pedir, para que aquela decisão seja reformada e que o órgão que esteja analisando o recurso, profira uma nova decisão.

b) Invalidação: Neste caso há erro in procedendo. Neste caso, há necessidade de pedir a invalidação da decisão. Houve alguma questão processual na estrutura da decisão que não está coerente. Exemplos: Sentença sem fundamentação; cerceamento de defesa; erro processual como a incompetência do juízo que proferiu a decisão. Aqui, o vício, é normalmente processual. É como se essa sentença fosse ilegal. Em regra, a situação apresentada numa prova de Constitucional vai ensejar o pedido de reforma da decisão (error in procedendo). Espécies: art. 496 do CPC

Art. 496. São cabíveis os seguintes recursos: (Redação dada pela Lei nº 8.038, de 25.5.1990)

I - apelação;

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II - agravo; (Redação dada pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)

III - embargos infringentes;

IV - embargos de declaração;

V - recurso ordinário;

Vl - recurso especial; (Incluído pela Lei nº 8.038, de 25.5.1990)

Vll - recurso extraordinário; (Incluído pela Lei nº 8.038, de 25.5.1990)

VIII - embargos de divergência em recurso especial e em recurso extraordinário. (Incluído pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)

4. Princípios norteadores:

Princípio do duplo grau de jurisdição: Este princípio não é no ordenamento jurídico brasileiro um princípio expresso. É claro que o duplo grau é extraído do devido processo legal, do princípio do próprio acesso à justiça, mas não é uma garantia fundamental expressa na CRFB/88.

Princípio da singularidade:

Há um recurso para cada decisão. É claro que, eventualmente, a decisão pode gerar a interposição de mais de um recurso. O conselho é que se siga a via recursal mais clara. Evitem subjetivismos e o Idea é escolher o recurso mais próprio. Não lancem olhares subjetivos sobre aquilo que foi apresentado.

Princípio da taxatividade: Os recursos previstos no ordenamento jurídico brasileiro são aqueles taxativamente previstos no CPC.

Princípio da fungibilidade: É a possibilidade de aceitação de um recurso por outro. 6- Natureza da “decisão” Decisão Interlocutória – o juiz decide algum incidente no processo. É aquela que não põe fim ao processo. Sentença – ato em que há resolução do mérito ou em que o processo é extinto em primeiro grau, sem resolução do mérito, conforme o art. 162, §1º, do CPC. Juiz de direito e juiz federal proferem sentenças, na forma dos artigos 267 e 269 do CPC, sem mérito ou com decisão de mérito. Acórdão – quando se tratar de decisão do órgão colegiado do Tribunal, nos termos do art. 163 do CPC. TJ, TRF, STF, STJ. Os Tribunais brasileiros não proferem sentenças, mas sim acórdãos. Art. 163. Recebe a denominação de acórdão o julgamento proferido pelos tribunais.

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Decisão monocrática – proferida pelo relator do recurso. 7- Recursos cabíveis: Em 1º grau de Jurisdição: Juiz de direito/Juiz federal. - Da sentença, cabe Apelação (art. 513, CPC) - Da decisão interlocutória, cabe Agravo (art. 522, CPC) No Tribunal: - Dos Acórdãos, podem caber: ROC RE RESP Embargos Infringentes Embargos de Divergência Das decisões monocráticas dos Relatores: - Agravos # Da sentença cabe apelação, em regra, porque será vista a possibilidade de uma sentença de juiz federal de 1º grau ser logo objeto de ROC. Obs: Os Embargos de Declaração são cabíveis em face de qualquer espécie de decisão!!!! APELAÇÃO 1. BASE LEGAL: Art. 513 do CPC 2. CABIMENTO: Em face de sentença de 1º grau, com ou sem análise de mérito (arts. 267 e 269). 3. PRAZO: Art. 508 do CPC. Prazo de 15 dias. Art. 511 → Preparo. 4. MARCAÇÕES IMPORTANTES: Art. 15. Da sentença que conceder ou negar o habeas data cabe apelação. (Lei 9507/97) Art. 19. A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência da ação está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal; da que julgar a ação procedente caberá apelação, com efeito suspensivo. (Lei 4717/65). Art. 14. Da sentença, denegando ou concedendo o mandado, cabe apelação. (Lei 12.016/09). Lembrando que, como a apelação é o primeiro recurso, permite uma farta análise de fatos e provas, pois é o primeiro recurso da sentença. Diferentemente dos recursos extraordinário e especial que analisam mais o direito. Se estamos diante de uma sentença de juiz de direito a apelação será julgada pelo TJ do próprio estado. Se for uma sentença de juiz federal a apelação será interposta para análise do Tribunal Regional Federal. 5. PROCEDIMENTO

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O recurso de apelação tem dois momentos: o juízo de admissibilidade do recurso, que é feito pelo próprio juiz que proferiu a decisão e o juízo de mérito do recurso, que será feito pelo Tribunal. Assim, a primeira página das 05 (inteira) com o juízo de admissibilidade, apresentando o recurso para o próprio juiz que proferiu a decisão. A partir da 2º página (do total das 05 páginas que temos para elaborar a peça) já dialoga com o Tribunal que tem a competência para julgar o mérito do recurso. - Juízo de Admissibilidade: A 1ª página da apelação é a peça de interposição para o juiz que proferiu a decisão. - Juízo de Mérito: A segunda página já deve ser dirigida ao Tribunal que vai realmente dar provimento ou não ao recurso e apresenta as razões recursais a partir desta segunda página. 6. CASO CONCRETO MÉVIO JOSÉ, aprovado no concurso público para servidor do Município X, apresentou um requerimento administrativo ao Secretário da referida localidade e presidente do concurso, tendo em vista a alegação de violação ao art. 37, IV, da CRFB/88 ("IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado em concurso público de provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira;"), uma vez que, a autoridade reputada coatora não o nomeara para o cargo pleiteado, embora tivesse sido aprovado dentro do número de vagas anunciadas pelo edital do concurso. Em resposta administrativa, o Secretário alegou que não há direito líquido e certo à nomeação em concurso público e sim uma mera expectativa de direito. Mévio, então, procurou um escritório de advocacia que impetrou um mandado de segurança para julgamento do juiz de direito da Comarca de X, o qual denegou, no mérito, a segurança pretendida. Na qualidade de atual advogado de Mévio, elabore a peça cabível, contra a decisão que denegou a segurança, observando: a) competência do Juízo; b) legitimidade ativa e passiva; c) fundamentos de mérito constitucionais e legais vinculados; d) os requisitos formais da peça; e) adequação do recurso. Fazer primeiro a peça de interposição: Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da ... Vara da Comarca X, do Estado ... (3 linhas) Processo nº ... (02 linhas) Em um recurso não há necessidade de se qualificar de novo. Se a banca simplesmente fizer menção apenas ao nome do cliente pode fazer o seguinte; Mévio José, já qualificado nos autos do Mandado de segurança, de nº em epígrafe, que move em face do Secretário do Município X, inconformado com a sentença

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proferida às fls..., vem, por seu advogado, conforme procuração anexa, com escritório..., nesta cidade, endereço que indica pra os fins do art. 39, I do CPC, interpor, tempestivamente, a presente APELAÇÃO nos termos do art. 513 do CPC, esperando que seja recebida e admitida, juntada a guia de recolhimento anexa, e, depois de cumpridas as formalidades processuais necessárias, sejam os autos remetidos ao Tribunal... Agora se a questão disser: Mévio José, brasileiro, casado, arquiteto... Ou seja, se a banca trouxer dados pessoais, deve-se reproduzir os dados apontados. Mesmo que não estejam presentes os dados pessoais, não há problema em se qualificar de modo completo. Termos em que, Pede deferimento. Advogado... Local... OAB... No recurso não tem valor da causa, pois o valor já foi dado no momento da petição inicial. Na segunda página da apelação nós já estamos diante do Tribunal que efetivamente vai apreciar o recurso, portanto, devem ser apresentadas as razões que motivaram a interposição do recurso. Ao Tribunal de Justiça... Apelante: Mévio José Apelado: Secretário do Município X (Pula 1 linha) Razões de apelação I – Tempestividade: Essa parte da tempestividade nos recursos é muito importante, porque os recursos têm prazo que devem ser obedecidos. O apelante interpôs o presente recurso no prazo de 15 dias em conformidade com o art. 508 do CPC. II – Breve relato dos fatos (narrativa dos principais atos do processo até a sentença = inicial, defesa, principais atos probatórios e a sentença). Na apelação os fatos são importantes. É importante narrar os principais atos do processo. O apelante foi aprovado num concurso público para servidor do município X, e foi aprovado dentro do número de vagas oferecido pela Administração. Tendo em vista que não foi nomeado para o cargo pretendido após pedido administrativo denegado pelo secretário do referido município impetrou com base no art. 5º, inc. LXIX da CRFB/88 um Mandado de Segurança para garantir o direito líquido e certo a nomeação.

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A sentença ora recorrida negou provimento ao mandado de segurança sob a alegação de inexistência de direito adquirido à nomeação, violando assim, a Constituição Federal e o entendimento jurisprudencial dominante sobre o tema. Por sua vez, o Magistrado recorrido prolatou sentença julgando improcedente o pedido formulado pelo ora apelante e, como será demonstrado a seguir, a sentença merece ser reformada (ou invalidada). Neste caso, a sentença deve ser mesmo reformada (error in judicando). Pois não houve nenhum erro processual na questão. O vício da sentença está em seu conteúdo. Assim, quando isso ocorre deve-se pedir a sua reforma. III Razões para cabimento. Cabimento do recurso. (Fundamentos jurídicos para a reforma ou anulação da sentença recorrida). De acordo com o art. 14 da Lei 12.016/09, da sentença que denega a ordem de segurança cabe a interposição do recurso de apelação. (Este é o fundamento direto para a interposição do recurso, depois passa para a questão processual). Na forma do art. 513 do CPC, da sentença que analisa o mérito, caberá a apelação. Aqui é preciso ainda defender o direito líquido e certo da nomeação. Deve-se recorrer ao art. 37 da Constituição que traz as normas do concurso público. O princípio do concurso público é protegido pelo art. 37, II da CRFB/88 em nome da própria moralidade e impessoalidade da Administração Pública. Segundo prevê o art. 37, IV da CRFB/88 durante o prazo improrrogável previsto no edital... Portanto, o direito à nomeação não é mera expectativa de direito e com isso a sentença recorrida merece ser reformada para garantir o direito líquido e certo do apelante. Dava para falar também do próprio direito de impetração do MS. IV – PEDIDOS Por todo o exposto, o apelante requer que o presente recurso de apelação seja conhecido e provido para reforma da sentença recorrida para acolher o pedido inicial de sua nomeação no referido cargo. Requer, ainda, a condenação do recorrido nos ônus da sucumbência. Termos em que, Pede deferimento. Advogado ... OAB... Local... Data ...

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Direito Constitucional Aula assistida em 06-06-13 Aula 16.1/ 16.2 /16.3 /16.4 Recursos constitucionais Recursos ordinários para o STF e para o STJ A apelação é o primeiro recurso utilizado contra a sentença e o recurso ordinário constitucional é o primeiro recurso dos acórdãos. Alguns autores chegam a dizer que o recurso ordinário constitucional, deveria se chamar apelação constitucional porque a sua estrutura é muito parecida. Do mesmo modo que a apelação permite a reanálise de fatos e provas, o recurso ordinário também o permite. Os recursos ordinários permitem a reanálise de fatos e de provas. Mas é também possível que da sentença de juiz federal caiba o ROC. Mas em situações específicas e previstas expressamente na legislação.

1. Definição:

São verdadeiras apelações constitucionais. Lembrando que são interpostos em regra em face de acórdãos. E sabe-se que acórdãos são decisões de tribunais. Já caíram dois recursos ordinários na prova. É fácil identificá-lo, porque eles estão normalmente associados aos remédios constitucionais. Há recursos ordinários direcionados ao STJ e ao STF nas hipóteses taxativamente previstas na Constituição. Não existe ROC fora da constituição.

2. Base legal: Art. 102, II; Art. 105, II; Arts. 539 e 540 do CPC. Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da

Constituição, cabendo-lhe:

II - julgar, em recurso ordinário:

a) o "habeas-corpus", o mandado de segurança, o "habeas-data" e o mandado de injunção decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão;

(...)

b) o crime político;

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:

(...)

II - julgar, em recurso ordinário:

a) os "habeas-corpus" decididos em única ou última instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for denegatória;

b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão;

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c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e, do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País;

Art. 539. Serão julgados em recurso ordinário: (Redação dada pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)

I - pelo Supremo Tribunal Federal, os mandados de segurança, os habeas data e os mandados de injunção decididos em única instância pelos Tribunais superiores, quando denegatória a decisão; (Redação dada pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)

II - pelo Superior Tribunal de Justiça:(Redação dada pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)

a) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais dos Estados e do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão; (Incluído pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)

b) as causas em que forem partes, de um lado, Estado estrangeiro ou organismo internacional e, do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País. (Incluído pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)

Parágrafo único. Nas causas referidas no inciso II, alínea b, caberá agravo das decisões interlocutórias. (Incluído pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)

Art. 540. Aos recursos mencionados no artigo anterior aplica-se, quanto aos requisitos de admissibilidade e ao procedimento no juízo de origem, o disposto nos Capítulos II e III deste Título, observando-se, no Supremo Tribunal Federal e no Superior Tribunal de Justiça, o disposto nos seus regimentos internos. (Redação dada pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)

É como se o recurso ordinário fosse, em regra, um recurso na defesa dos direitos fundamentais, daí a sua propriedade para estar na 2ª fase, porque está intimamente relacionado com vários assuntos estudados.

3. Cabimento:

4. Quadro comparativo dos RO´s:

Base legal Cabimento Órgão competente 102, II, a O habeas corpus, o

mandado de segurança, o habeas data e o

mandado de injunção decididos em única

instância pelos Tribunais superiores, se

denegatória a decisão;

STF

102, II, b O prazo é de 15 dias na

forma do art. 508 do CPC e, além disso, é

preciso atentar para o preparo.

Crime político – Competência da Justiça Federal de 1º grau: art. 109, IV da CRFB/88. Juiz federal profere sentença

e não acórdão.

STF

105, II, a Art. 30, da Lei 8.038/90:

O prazo para interposição será de 05

dias.

Os habeas corpus decididos em única ou última instância pelos TRF’ ou pelos TJ’s dos

estados, do DF e

STJ

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Territórios, quando a decisão for denegatória

BASE LEGAL CABIMENTO ÓRGÃO COMPETENTE 105, II, b

Em sede de RO é a hipótese mais cobrada. Prazo para interposição é de 15 dias (art. 508 do

CPC)

Os mandados de segurança decididos em

única instância pelos TRF’s ou pelos TJ’s dos estados e Territórios

quando denegatória a decisão

STJ

105, II, c Prazo de 15 dias do art.

508 do CPC.

As causas em que forem partes Estado estrangeiro ou

organismo internacional, de um lado, e, do outro,

Município ou pessoa residente ou domiciliada

no país. Temos aqui outra hipótese de

sentença proferida pela Justiça Federal e que é

objeto de ROC, conforme a competência estabelecida no art. 109,

II da CRFB/88

STJ

Se no habeas corpus não foi concedido o alvará de soltura pretendido num HC originário de competência de um determinado Tribunal o que se pede em recurso ordinário em habeas corpus é justamente aquilo que não foi concedido pelo Tribunal anterior. Se não obteve êxito num MS perante um Tribunal superior, o que se pede é aquilo que não conquistado no MS anterior. Decididos em única instância pelos Tribunais superiores: STF, STJ, TSE, TST. STM: Isso significa dizer que estes tribunais foram os órgãos iniciais a examinar. Estes Tribunais examinaram originariamente os remédios. Assim, obviamente a questão vai apontar que essa competência para apreciar os remédios é originária. Com um detalhe: Se denegatória a decisão. Não cabe ROC em face de uma decisão que concedeu o HC, o HD, o MS... Prazo de interposição deste recurso: O art. 508 do CPC diz justamente que, no recurso ordinário o prazo para interpor e para responder é de 15 dias. Não se pode esquecer também da exigência de preparo constante do art. 511. Há, no entanto, uma singularidade: Ao juiz de 1º grau federal é que compete o julgamento de crime político. O recurso dessa decisão, no entanto, é o recurso ordinário constitucional. E ele é, segundo o art. 102, II, b, interposto para julgamento do STF. É uma situação envolvendo recurso ordinário que não vai questionar acórdão, mas sentença. STF, STJ, TSE, TST, STM, proferem acórdão. Aqui temos ROC’s de acórdãos. Na hipótese de ROC para o STJ, a expressão “decididos em única ou última instância” significa que o Tribunal é competente originariamente ou em grau de

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recursos (em caso de última instância). Assim, em última instância significa dizer que foram decididos originariamente pelo TRF ou pelo TJ. E “em última instância” significa que o Tribunal já recebeu o HC em grau de recurso e o denegou. Além disso, a sentença deve ter sido denegatória. Afinal de contas os ROC’s estão em função de defesa dos direitos fundamentais. Nesse sentido, é aquele que não teve o seu remédio concedido que vai tentar agora perante um Tribunal Superior. Há uma peculiaridade no art. 30 da Lei 8038: Art. 30 - O recurso ordinário para o Superior Tribunal de Justiça, das decisões

denegatórias de Habeas Corpus, proferidas pelos Tribunais Regionais Federais ou

pelos Tribunais dos Estados e do Distrito Federal, será interposto no prazo de cinco

dias, com as razões do pedido de reforma.

O prazo geral para a interposição do ROC é de 15 dias (art. 508 do CPC). Mas em recursos ordinários para o STJ, de decisões denegatórias de habeas corpus, proferidas por TRF’s e por Tribunais dos Estados e do DF, aplica-se este prazo especial de 05 dias. Art. 105, II, b – Significa dizer que o TJ ou o TRF são competentes originariamente para apreciar o MS. O art. 105, II, c também é uma peculiaridade. Este é mais um ROC que não é interposto em face de acórdão, mas sim em face de sentença. Vide o art. 109, II: Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

(...)

II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município

ou pessoa domiciliada ou residente no País;

Caso concreto: Tício, brasileiro, divorciado, empresário, domiciliado no município M, inconformado com ato praticado pelo Governador do seu Estado de origem, que negou acesso a elementos que permitissem a certificação de situações capazes de gerar ação popular, impetrou Mandado de Segurança perante o Tribunal de Justiça local, órgão competente de forma originária, para conhecer e julgar a questão. A segurança foi denegada, pretendendo o impetrante interpor recurso alegando a violação de preceitos constitucionais, como o direito de petição, o acesso à Justiça e os atinentes à Administração Pública. Não houve deferimento da gratuidade de Justiça. Na qualidade de advogado, elabore a peça cabível, contra a decisão que denegou a segurança, observando: a) competência do Juízo; b) legitimidade ativa e passiva; c) fundamentos de mérito constitucionais e legais vinculados; d) os requisitos formais da peça; e) adequação do recurso.

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Obs.: Se couber recurso ordinário não cabe recurso extraordinário e isso já foi inclusive sumulado pelo STF. Nunca vai ler um caso e pensar de cara num recurso extraodinário. Tem que filtrar pelo recursos ordinários antes.

ESPELHO DA CORREÇÃO

QUESITO AVALIADO * Estrutura da peça (local, data, assinatura) Endereçamento da petição de interposição ao TJ (0,5) Competência de julgamento do RO – STJ (0,25) Cabimento do recurso ordinário – art. 105, II, “b” Legitimidade ativa (Tício) (0,3) e passiva (governador do Estado) (0,2) Fundamentação (0,5 cada) + 0,5 pela indicação de pelo menos um dispositivo constitucional / legal: Direito de petição – CRFB, art. 5º, XXXIII Direito de acesso a informações – CRFB, art. 5º, XXXIV Direito ao Mandado de Segurança – CRFB, art. 5º, LXIX / Lei 12.016/09 Direito à propositura de ação popular – CRFB, art. 5º, LXXIII Postulação de reforma da decisão.

5. Estrutura da peça:

Deve apresentar a peça de interposição para o Presidente do Tribunal, a não ser que a banca diga que deve ser ao relator. Observações: Compulsando a lei 9.507, art. 20, II, a, percebe-se que a disposição se repete igualmente na Constituição Federal no art. 102, II, a. Ou seja: Compete ao Supremo Tribunal Federal em grau de recurso julgar o habeas data quando a decisão denegatória for proferida em única instância pelos Tribunais superiores. Dessa forma, o dispositivo encontra consonância com a própria Constituição Federal. A alínea “b”, no entanto estabelece que compete ao STJ a competência para julgar ROC em habeas data, quando a decisão for proferida em única instância pelos Tribunais regionais federais. Essa disposição da lei 9507, não encontra correspondência constitucional. Portanto, deve ser desconsiderada, pois as competências do Recurso ordinário se esgotam na Constituição e lei infraconstitucional não pode alargá-las. Até porque competências de Tribunal superior devem estar em sede constitucional e não infraconstitucional. A Constituição traz as hipóteses taxativas de interposição de ROC para o STJ. Peça de interposição Gasta a primeira página das cinco reservadas à peça processual para apresentá-la ao Tribunal de origem. Trata-se de um ROC oriundo de uma decisão denegatória de mandado de segurança de um Tribunal de Justiça. Exmo. Sr. Desembargador Presidente do Tribunal de Justiça... (Juízo recorrido) (3 linhas) Processo nº:... (duas linhas) Tício, brasileiro, divorciado, empresário, domiciliado no município M, nos autos do Mandado de Segurança, de número em epígrafe, que move em face do Governador do Estado..., inconformado com a decisão proferida às fls. ..., que denegou a segurança pretendida, vem, por seu advogado, conforme procuração anexa, com escritório..., nesta cidade, endereço que indica para os fins do art. 39, I, do CPC,

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interpor, tempestivamente, o presente RECURSO ORDINÁRIO nos termos do artigo 105, II, b, da CRFB e dos arts. 539 e 540 do CPC, esperando que seja recebido e admitido, juntada a guia de recolhimento anexa e, depois de cumpridas as formalidades processuais necessárias, sejam os autos remetidos ao Superior Tribunal de Justiça. Se está num ROC para o STF tem que mencionar o nome do Tribunal, se está num ROC para o STJ a mesma coisa. Termos em que, pede deferimento. Local e data Advogado OAB n°... 2ª PÁGINA. Ao Superior Tribunal de Justiça Recorrente: Tício Recorrido: Governador do Estado... Razões de recurso Contrarrazões de recurso têm a mesma disposição das razões, faz peça de interposição e tudo o mais. I - Cabimento do recurso: Conforme prevê o art. 105, II, b da CRFB/88, da decisão denegatória de Tribunal de Justiça em sede de Mandado de segurança em é cabível o recurso ordinário ao Superior Tribunal de Justiça. II – Da tempestividade: O presente recurso é tempestivo, pois interposto no prazo de 15 dias de acordo com o art. 508 do CPC. III – Do preparo: A guia de recolhimento das custas processuais, bem como o porte de remessa e de retorno conforme documentação anexa. IV – Da síntese dos fatos Fazer uma narração de tudo que aconteceu até o presente momento e que ensejou a propositura do ROC. FUNDAMENTAÇÃO; ABRE UM PARÁGRAFO PARA FALAR DO DIREITO DE PETIÇÃO; DO DIREITO Á INFORMAÇÃO, DO DIREITO À AÇÃO POPULAR, DO DIREITO AO MANDADO DE SEGURANÇA, e mais uma vez deve tratar do cabimento do RO na situação que se apresenta. Dos pedidos

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Face ao acima exposto, o recorrente pede seja dado provimento ao presente recurso para reformar a decisão com a concessão da segurança pretendida, além da condenação do recorrido nos ônus sucumbenciais. Termos em que, pede deferimento. Advogado.... Local ... Data... OAB ... AGRAVOS Os agravos são recursos cabíveis em face de decisões interlocutórias, ou seja, aquelas proferidas antes da prolação da sentença, tais como: as que concedem ou não medidas cautelares, ou que deferem ou não a apresentação de provas (ex.: testemunhas), as decisões relativas à assistência judiciária gratuita... • São dois tipos de agravo: • contra decisão de 1º grau (juiz de direito ou juiz federal): o agravo pode ser retido, que é a regra geral, ou de instrumento, que é a exceção. • contra decisão de 2º grau (TJ, TRF, etc): o agravo pode ser interno (ou regimental ou legal), ou agravo nos próprios autos, também chamado de “agravo para subir”. O agravo retido é assim chamado porque fica preso nos autos e só será apreciado pelo Tribunal (TJ e TRF) quando da apresentação de um eventual recurso de apelação. Ele não é encaminhado ao desembargador, mas sim diretamente perante o juiz de direito ou federal que proferiu a decisão, porque há a possibilidade de retratação. AGRAVO RETIDO Possibilidade: Decisão que indefere oitiva de testemunhas e apresentação de provas em geral. 1. BASE LEGAL: Art. 522-523 do CPC 2. CABIMENTO: É o recurso cabível, em regra geral, em face das decisões interlocutórias proferidas pelo Juízo de 1º grau. * Não sendo hipótese específica de cabimento de agravo de instrumento (art. 522 do CPC), caberá a interposição de agravo retido. 3. PRAZO: 10 dias (art. 522 do CPC) 4. PROCEDIMENTO: - Não há peça de interposição. É dirigido diretamente ao juiz que proferiu a decisão. - Não há preparo (art. 522, parágrafo único, CPC). - É encaminhado ao juiz da decisão. Expressões corretas: interpor; agravante; agravado. - Só será apreciado pelo Tribunal em caso de apelação, ou seja, o agravante requer que o Tribunal conheça do agravo retido preliminarmente quando do julgamento de eventual apelação. - O agravo retido não será conhecido caso o agravante não requeira expressamente a apreciação nas razões ou nas contra razões da apelação.

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A regra é de que, em face de decisão interlocutória de primeiro grau, o agravo seja retido. AGRAVO DE INSTRUMENTO 1. BASE LEGAL: Art. 522 e 524-529 do CPC 2. CABIMENTO: * É a exceção, sendo o recurso cabível em face das decisões interlocutórias proferidas pelo Juízo de 1º grau (seja juiz de direito ou juiz federal), mas apenas quando se tratar de:- decisão suscetível de causar à parte lesão grave ou de difícil reparação (ex.: denegatória de tutela de urgência);- inadmissão da apelação; ou- decisão relativa aos efeitos em que a apelação é recebida.* São hipóteses previstas no art. 522 do CPC. Ex.: normalmente o indeferimento da oitiva de uma testemunha enseja a interposição de agravo, mas se for a hipótese de testemunha gravemente doente, será cabível o agravo de instrumento. Outro exemplo: concessão ou denegação de cautelar. 3. PRAZO: 10 dias (art. 522 do CPC) 4. PROCEDIMENTO: - Não há necessidade de peça de interposição. - Há preparo (art. 511 do CPC). - É encaminhado diretamente ao Tribunal. - A petição deve atender aos requisitos do art. 524 do CPC e ser instruída na forma do art. 525 do CPC. - Recebido o AI no Tribunal, o relator adotará as providências previstas no art. 527 do CPC. O agravo de instrumento gera efeito meramente devolutivo. Mas é possível que o relator lhe confira efeito suspensivo (conforme o art. 558) ou deferir em antecipação de tutela, total ou parcialmente a pretensão recursal, comunicando ao juiz a sua decisão. Assim, é possível: - Efeito suspensivo do recurso; - Antecipação de tutela recursal. Art. 527, III do CPC: Se a decisão de primeiro grau, seja de juiz de direito ou juiz federal, concede uma medida e a questão aponta que se faz necessária a imediata paralisação de sua eficácia, o agravante poderá pedir o efeito suspensivo da decisão, lançando mão do art. 558 do CPC, e é preciso comprovar o fumus boni iuris e o periculum in mora. São os requisitos simples da cautelar. Abre um tópico no agravo e vai falar: DO EFEITO SUSPENSIVO – art. 527 c/c art. 558. Se a decisão de 1º grau concede uma medida cautelar, por exemplo, e a questão aponta que há uma necessidade de se suspender aquela decisão, será possível, com base no art. 527 do CPC c/c art. 558 falar do efeito suspensivo. A grande questão aqui é que cabe efeito suspensivo da decisão interlocutória que concede a medida pleiteada.

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Se a decisão de primeiro grau indefere a medida pleiteada o agravante poderá pedir ao relator do recurso (conforme prevê o artigo 527, III c/c 273 do CPC) que se pleiteie a antecipação da tutela recursal. Abre um tópico para pedir a tutela de urgência: verossimilhança das alegações e ainda o fundado receito de dano irreparável. O inciso III do art. 527 tem fundamentos tanto para conceder o efeito suspensivo ao recurso, quanto para conceder a tutela recursal, lembrando que na decisão que concede pede-se efeito suspensivo, da que nega, ou seja, daquela que acarreta um prejuízo maior à parte deve pedir a tutela antecipada. Se ficar na dúvida peça o efeito suspensivo ou a antecipação da tutela recursal. Se a decisão de 1º grau gera algum risco para uma das partes é possível que se peça o efeito suspensivo daquela decisão, com base no artigo 558 do CPC, alegando o periculum in mora e o fumus boni iuris. Agora se o juiz indeferiu e causa um grave risco à parte, a medida a ser pleiteada, conforme o art. 527, III c/c art. 558 é a antecipação da tutela recursal.: verossimilhança, fundado receio de dano irreparável... AGRAVO INTERNO (OU REGIMENTAL OU LEGAL)

Estes são os agravos das decisões de 2º grau. 1. BASE LEGAL: Art. 557 do CPC

2. CABIMENTO:

- É o recurso cabível em face de certas decisões monocráticas tomadas por parte do relator de um recurso, a fim de que seja o mesmo apreciado pelo órgão colegiado competente.* - O relator do recurso poderá decidi-lo monocraticamente conforme a regulamentação do art. 557 do CPC. O caput prevê os casos em que será possível negar seguimento a recurso e o § 1º-A, os casos em que será possível dar provimento ao recurso monocraticamente. * Em face destas decisões monocráticas supramencionadas, caberá interposição de agravo interno. 3. PRAZO: 5 dias (art. 557, § 1º, CPC) 4. PROCEDIMENTO - Não há preparo.

- É apresentado nos próprios autos.

- Há peça de interposição, que é dirigida ao próprio relator.

- Há possibilidade de juízo de retratação, ou seja, o relator poderá voltar atrás em sua decisão.

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Se o relator não se retratar, proferirá o seu voto e apresentará o processo em mesa para julgamento colegiado.

- Se o agravo interno for provido, o recurso terá seguimento para julgamento colegiado.

• Há possibilidade de imposição de multa caso o agravo interno seja manifestamente inadmissível ou infundado, na forma do § 2º do art. 557 do CPC. ATENÇÃO!!!

• Na forma dos parágrafos únicos dos arts. 4º, 12-C e 15 da Lei nº 9.868/99, da

decisão do relator que indeferir liminarmente petição inicial inepta, não fundamentada ou manifestamente improcedente em sede de ADI, ADO e ADC, caberá agravo interno. O mesmo se aplica para a ADPF de acordo com o § 2º do art. 4º da Lei nº 9.882/99.

• AGRAVO NOS PRÓPRIOS AUTOS (OU “PARA SUBIR”)

1. BASE LEGAL: Art. 544 do CPC

2. CABIMENTO: É o recurso cabível especificamente em face da decisão que não admitir o recurso especial ou o recurso extraordinário. 3. PRAZO: 10 dias (art. 544 do CPC) 4. PROCEDIMENTO: - Deverá ser interposto um agravo para cada recurso não admitido.

- Há peça de interposição.

- A petição deverá ser dirigida ao Presidente do Tribunal de origem.

- Não há preparo (art. 544, § 2º, do CPC: “não dependendo do pagamento de custas e despesas postais”).

- O agravado será intimado para apresentar contrarrazões em 10 dias.

- Após a apresentação das contrarrazões, o agravo subirá ao Tribunal Superior, obedecendo seu processamento e julgamento ao disposto no Regimento Interno. Este agravo tem peça de interposição para o Tribunal de origem e as razões de recurso para o STJ ou o STF, pois estamos aqui diante de uma decisão que inadmitiu o recurso especial ou o recurso extraordinário. O agravo ainda não foi cobrado na 2ª etapa. Foi cobrado na 2ª etapa de Direito Administrativo.

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CASO CONCRETO Norberto, brasileiro, desempregado e passando por sérias dificuldades econômicas, domiciliado no Estado “X”, resolve participar de concurso público para o cargo de médico de hospital estadual. Aprovado na fase inicial do concurso, Norberto foi submetido a exames médicos, através dos quais se constatou a existência de tatuagem em suas costas. Norberto, então, foi eliminado do concurso, com a justificativa de que o cargo de médico não era compatível com indivíduos portadores de tatuagem. Inconformado, Norberto ajuizou ação ordinária em face do Estado, de competência de vara comum, com pedido liminar, na qual requereu (i) a anulação do ato administrativo que o eliminou do concurso; e (ii) que lhe fosse deferida a possibilidade de realizar as demais etapas do certame, com vaga reservada. O juízo de 1ª instância indeferiu o pedido liminar, em decisão publicada ontem, pelos seguintes motivos: 1. Os pedidos de anulação do ato de eliminação e de reserva de vaga não seriam possíveis, pois significariam atraso na conclusão do concurso; 2. A Administração Pública possui poder discricionário para decidir quais são as restrições aplicáveis àqueles que pretendem se tornar médicos no âmbito do Estado, de forma que o autor deverá provar que a decisão foi equivocada.

Diante do exposto, e supondo que você seja o advogado de Norberto, elabore a medida judicial cabível contra a decisão publicada ontem, para a defesa dos interesses de seu cliente, abordando as teses, os fundamentos legais e os princípios que poderiam ser usados em favor do autor. A jurisprudência já consolidou entendimento de que tatuagem não é impedimento da pessoa deixar de realizar concurso público. A decisão da AP está desprovida de razoabilidade e de proporcionalidade. Observe que a decisão publicada ontem foi o indeferimento da liminar. E esta decisão tem natureza de decisão interlocutória. É um juiz de primeiro estadual. É cabível um agravo de instrumento para o Tribunal. EXMO. SR. DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO X O agravo de instrumento é apresentado diretamente ao Tribunal (art. 524 do CPC) e não tem peça de interposição. Norberto, brasileiro, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., portador do RG nº... e do CPF n°..., residente e domiciliado..., nesta cidade, por seu advogado infra-assinado, conforme procuração anexa..., com escritório ..., endereço que indica para os fins do art. 39, I do CPC, com fundamento no art. 522 e seguintes do CPC, interpor o presente AGRAVO DE INSTRUMENTO (escolher qual é o adequado e verificar as peculiaridades previstas no CPC e vistas em sala) em face da decisão que indeferiu pedido liminar nos autos da Ação ordinária que move em face do Estado X (ou que lhe é movida por), pelas razões abaixo apresentadas.

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I – TEMPESTIVIDADE O prazo de interposição para o agravo de instrumento é o de 10 dias, conforme prevê o art. 522. O presente agravo de instrumento é tempestivo, tendo em vista que, interposto no prazo devido, conforme prevê o art. 522 do CPC. II – DO PREPARO As custas processuais foram devidamente recolhidas conforme a documentação anexa, satisfazendo o requisito do art. 511 do CPC. III – DA ANTECIPAÇÃO DA TUTELA RECURSAL Abrir um parágrafo para falar do art. 527, III, c/c art. 273 do CPC. Falar da verossimilhança das alegações e do fundado receio de dano irreparável. IV - SÍNTESE DOS FATOS Narra em dois ou três parágrafos no máximo os acontecimentos. IV - DAS RAZÕES DO INCONFORMISMO (OU PARA REFORMA DA DECISÃO) O primeiro parágrafo sempre fala do cabimento do agravo de instrumento, que é extraído do art. 522, segunda parte do CPC. Em primeiro lugar, é necessário que o examinando identifique, no caso concreto, a violação do principio da legalidade tendo em vista que as restrições de acesso aos cargos e empregos públicos devem estar previstas em lei. Em segundo lugar, o examinando deve alegar a violação ao princípio do livre acesso aos cargos públicos que determina que só podem ser exigidos requisitos diferenciados de acesso quando a natureza ou complexidade do cargo a ser ocupado o exigirem (Art. 37, I e II, da CF/88). FAZER A LEITURA DESTE ARTIGO. Também se atribuirá pontuação para o examinando que identifique o fundamento 2 da decisão agravada como equivocado tendo em vista a aplicação, in casu, dos princípios da proporcionalidade/razoabilidade, que delimitam o exercício do poder discricionário, tendo em vista que a referida restrição (tatuagem) não tem qualquer relação com o desempenho do cargo de médico, eis que não é medida adequada, necessária nem proporcional em sentido estrito, para que a Administração atinja os fins que pretende com a restrição ilegítima. Por último, há que se refutar os argumentos de que “Os pedidos de anulação do ato de eliminação e de reserva de vaga não seriam possíveis, pois significariam atraso na conclusão do concurso”, haja vista que não foi formulado qualquer pedido de suspensão ou interrupção do mesmo, mas tão somente que fosse garantido ao agravante o direito de prestar as fases seguintes do concurso. V- CONCLUSÃO Diante do exposto, requer este Agravante que seja reconsiderada a presente decisão para fins de concessão da medida liminar pleiteada.

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Termos em que, Pede deferimento. Local e Data, Advogado OAB nº...

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

1. BASE LEGAL: Art. 535 e seguintes do CPC

2. CABIMENTO: Em caso de decisão interlocutória, sentença ou acórdão que apresente: - obscuridade;- contradição; ou- omissão. 3. PRAZO: 5 dias (art. 536 do CPC) Os embargos serão opostos. 4. CABIMENTO: - Não há peça de interposição, sendo o recurso dirigido diretamente ao juiz monocrático ou ao relator da decisão ou do recurso. - Não há preparo (art. 536 do CPC). - Interrompe o prazo para interposição de outros recursos – art. 538 do CPC. • Observação 1: Nos termos do art. 26 da Lei nº 9.868/99, a decisão que declara a

constitucionalidade ou a inconstitucionalidade da lei ou do ato normativo em ADI ou em ADC não pode ser objeto de ação rescisória, bem como é irrecorrível, ressalvada a possibilidade de oposição de embargos de declaração.

Observação 2: Em regra, não cabe a oposição de embargos de declaração para fins de modulação dos efeitos da decisão de mérito proferida em sede de controle concentrado, salvo no caso de ter havido pedido nesse sentido antes do julgamento da ação e não ter o STF se manifestado sobre o mesmo, tampouco modulado os efeitos. Há que se ressaltar que, em caso recente, esta regra foi mitigada (Ver ADI nº 3601).

CASO CONCRETO A Confederação Nacional da Indústria ajuizou uma Ação Direta de Inconstitucionalidade em face da Lei X perante o STF em que pleiteou a modulação temporal dos efeitos da decisão para que a norma deixasse de produzir efeitos somente a partir do julgamento. A Corte deu provimento ao pedido de inconstitucionalidade, mas decidiu pelos efeitos ex tunc e nada disse sobre o pedido

de modulação. Ajuíze a ação cabível para resolver a omissão apontada na sentença.

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EXMO. SR. MINISTRO RELATOR DA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE... A Confederação Nacional da Indústria, devidamente qualificada nos autos da Ação Direta de Inconstitucionalidade, por seu advogado infra-assinado, conforme procuração anexa..., com escritório ..., endereço que indica para os fins do art. 39, I do CPC, com fundamento no art. 535 do CPC e do art. 26, da Lei 9868/99, vem opor EMBARGOS DE DECLARAÇÃO nos termos a seguir aduzidos. I - SÍNTESE DOS FATOS II- DA OMISSÃO (OU DA OBSCURIDADE OU CONTRADIÇÃO) III- CONCLUSÃO Diante do exposto, aguarda o Embargante sejam os presentes embargos recebidos, conhecidos e providos, para que a sentença (ou acórdão) embargada seja completada no tocante à omissão com relação à necessária modulação temporal dos efeitos da decisão. Termos em que, Pede deferimento. Local e Data, Advogado OAB nº... Direito Constitucional Aula assistida em 07-06-13 Aula 17.1/ 17.2 /17.3 /17.4 O STF é o guardião da Constituição. Assim, o verdadeiro objetivo do recurso extraordinário é uniformizar o entendimento sobre matéria constitucional no país inteiro. O RE diferentemente dos recursos ordinários em geral não permite a ampla discussão probatórias. Tanto o recurso extraordinário quanto o recurso especial examinar o direito e não fato. O papel o RE é analisar o direito em face da Constituição federal e o recurso especial em face da lei federal. O recurso extraordinário e o recurso especial devem ser deixados no final de todas as possibilidades. Cabendo RO, agravo, apelação... estes é que devem ser feitos. RECURSO EXTRAORDINÁRIO Compete ao STF: ART. 102: III- julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida: a) contrariar dispositivo desta Constituição; b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição. d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. Via de regra, o RE é interposto para impugnar acórdãos de outros tribunais que se encaixam em alguma dessas situações. Mas como o inciso III do art. 102 não fala especificamente em tribunais, a doutrina entende que é possível a impugnação de sentença ou turma recursal do juizado especial por meio do recurso extraordinário.

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Toda vez que houver a possibilidade de um RE tem que lembrar que não há nenhum outro recurso capaz de impugnar esta decisão. Não cabe recurso extraordinário quando se estiver diante de uma decisão monocrática de um relator de um processo. Existe a possibilidade normalmente de se agravar de uma dessa decisão. Nunca optar pelo RE, se a prova da OAB permitir a opção por outro. Esgotam-se primeiro as vias ordinárias para só então se chegar ao recurso extraordinário. Suas hipóteses se esgotam na Constituição:

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:

(...)

III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida:

a) contrariar dispositivo desta Constituição;

Contrariar dispositivo desta constituição significa não aplicar a Constituição, interpretar indevidamente o texto constitucional. Essa discussão sobre a violação à Constituição deve ser direta e não indireta. O texto da prova tem que apontar claramente que a decisão violou diretamente a constituição. A violação deve ser direta – o acórdão questionado objeto do recurso deve trazer uma violação direta e não passando pela violação da lei federal para só então chegar ao texto da constituição. Essa é a grande hipótese de cabimento do recurso extraordinário.

b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;

Lei federal aqui deve ser compreendida de forma ampla: lei ordinária federal, leis complementares, resoluções, decretos legislativos. A expressão federal não se esgota na lei ordinária federal. Ou seja, nós temos aqui uma decisão que, no controle difuso, analisando a qualidade de uma lei dentro de um caso concreto, aferiu sua inconstitucionalidade. E com relação aos tratados também não importa se são ou não sobre direitos humanos.

c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição.

A expressão lei local se refere tanto a leis estaduais, quanto a leis municipais e distritais. Atos de governo são atos administrativos. Seja do governo estadual, distrital ou ainda municipal. Observe que não cabe recurso extraordinário em face de atos da União. Observe que não tem nem lei federal e nem ato administrativo aqui. Não estão abrangidos os atos ou leis da União.

d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

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Observe que essa hipótese de cabimento de cabimento de RE está profundamente associada à invasão de competência preceituadas nos artigos 22 e 24 da CRBF. Art. 22 → Matérias de competência privativa da União. Art. 24 → Responsabilidade da União para editar normas gerais.

1. Base legal: Art. 103, III da CRFB e arts. 541 e seguintes do CPC (parte procedimental).

2. Cabimento: São as 04 situações descritas pelo art. 103, III.

3. Prazo: 15 dias, conforme o art. 508 do CPC.

4. Repercussão geral: Com o advento da EC 45/04, além do recorrente ter que comprovar a hipótese de cabimento do recurso extraordinário por um ou mais dos incisos, o recorrente também precisa dizer que o seu recurso extraordinário possui repercussão geral. É uma preliminar de recurso.

Alguns processualistas aduzem que a repercussão geral é um instrumento de filtragem recursal, ou seja, ao se restringir ainda mais a possibilidade de recurso, ampliando-se os pressupostos recursais, se dificulta um pouco o acesso ao STF. Mas em termos mais simples a repercussão geral é um pressuposto de admissibilidade recursal, composto pelo binômio relevância + transcedendência. E preciso que o recorrente comprove junto ao STF, que a matéria relevante do ponto de vista social, econômico, político, tributário, enfim, a parte da relevância está associada à temática que envolve a matéria do recurso. A decisão do recurso transcende os interesses subjetivos da parte na causa. É como se você dissesse ao STF que recebendo o seu recurso estaria solucionando várias situações iguais às suas. É uma tentativa de evitar que a Corte seja utilizada como uma terceira instância recursal de visitação de matérias mais individuais que já deveriam ter sido analisadas nas instâncias inferiores. Base legal: art. 102, §3º e art. 543-A e seguintes do CPC. Sugestão de parágrafo para a repercussão geral: A matéria ora questionada é relevante sob o ponto de vista ... social, tributário, previdenciário... além disso, transcende os interesses subjetivos do recorrente, comprovada, portanto, a repercussão geral na forma do art. 102, §3º e 543-A do CPC.

5. Prequestionamento:

É indispensável que o recorrente já tenha arguido a violação constitucional em outro momento processual, seja na apelação, no agravo... É preciso que o recorrente comprove que, aquela matéria objeto do recurso já foi pré-questionada. O pré-questionamento é necessário tanto para o recurso extraordinário quanto para o recurso especial. Sugestão de parágrafo para prequestionamento: O recorrente já suscitou a matéria objeto desse recurso em outro momento processual, comprovando o prequestionamento.

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Ou seja, não será o STF que vai analisar a arguição de inconstitucionalidade pela primeira vez. Outro tribunal já o fez.

6. Estrutura da peça:

Súmulas:

STF Súmula nº 279 - 13/12/1963 - Súmula da Jurisprudência Predominante

do Supremo Tribunal Federal - Anexo ao Regimento Interno. Edição: Imprensa Nacional, 1964, p. 127.

Simples Reexame de Prova - Cabimento - Recurso Extraordinário Para simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário.