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IGEPP Prof. Leo van Holthe 1 DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS ANALISTA LEGISLATIVO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS AULA 01 EXERCÍCIOS E MATERIAL DE APOIO Pontos do edital enfrentados neste material : Poder Legislativo: arts. 44 a 52, 57 e 58 da CF/88. PARTE I QUESTÕES DE CONCURSOS ANTERIORES 1. (CESPE 2011 AL/CE Analista Legislativo Direito) Uma CPI pode, por autoridade própria e sem a necessidade de intervenção judicial, determinar, mediante decisão motivada e fundamentada, a quebra do sigilo de dados telefônicos. 2. (CESPE 2011 AL/CE Analista Legislativo Direito) A eleição dos membros do Senado Federal ocorre por intermédio do sistema majoritário simples. 3. (CESPE 2011 AL/CE Analista Legislativo Direito) Uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) pode determinar a condução coercitiva de testemunha que for intimada e não comparecer. 4. (CESPE 2011 AL/CE Analista Legislativo Direito) É possível a criação de CPI para investigar negócios privados que não tenham relação com a gestão da coisa pública. 5. (CESPE - 2011 - TRF - 1ª REGIÃO Juiz) O Poder Legislativo é composto por deputados federais, eleitos pelo sistema proporcional, e por senadores, eleitos pela maioria absoluta do total de eleitores de cada unidade da Federação. 6. (CESPE - 2011 - TRF - 1ª REGIÃO Juiz) Diferentemente das mesas do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, a mesa do Congresso Nacional será presidida, alternadamente, pelo presidente do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, com mandato de dois anos. 7. (CESPE - 2011 - TRF - 1ª REGIÃO Juiz) Compete privativamente ao Senado Federal processar e julgar os ministros do STF e os membros do CNJ nos crimes de responsabilidade. 8. (CESPE - 2012 - TJ-PI Juiz) Compete privativamente ao Senado Federal escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da União, estando a cargo do Congresso Nacional aprovar a escolha dos ministros indicados pelo presidente da República. 9. (CESPE - 2012 - TJ-PI Juiz) Compete à Câmara dos Deputados atuar como tribunal de pronúncia nos crimes praticados pelo presidente da República, autorizando a instauração de inquérito e o oferecimento de denúncia ou queixa ao STF (no caso de crime comum), bem como admitindo a acusação e a instauração de processo no Senado Federal (no caso de crime de responsabilidade). 10. (CESPE - 2011 - TJ-ES Juiz) Ao Congresso Nacional cabe fixar os subsídios do presidente, do vice- presidente da República e dos ministros de Estado e julgar anualmente as contas prestadas pelo presidente da República. 11. (CESPE - 2009 OAB) Assinale a opção correta acerca da organização do Congresso Nacional. a) Na constituição das mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal e na montagem das comissões permanentes e temporárias, há de se assegurar, obrigatoriamente, a representação proporcional, de modo que nenhum partido ou bloco parlamentar deixe de ser contemplado. b) O deputado ou senador licenciado para exercer o cargo de ministro de Estado, governador ou secretário estadual, ou que estiver licenciado para tratar de interesse particular, poderá optar pela remuneração do mandato, desde que, neste último caso, o afastamento não ultrapasse cento e vinte dias. c) A convocação extraordinária do Congresso Nacional pode ser feita pelos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal e pelo presidente da República, nos casos taxativamente previstos na CF. Os membros de ambas as casas não têm competência para propor esse tipo de convocação. d) Além de outros casos previstos na CF, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal reunir-se-ão, em sessão conjunta, para a apreciação de veto presidencial a projeto de lei e sobre ele deliberar.

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IGEPP – Prof. Leo van Holthe

1

DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS

ANALISTA LEGISLATIVO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS

AULA 01

EXERCÍCIOS E MATERIAL DE APOIO

Pontos do edital enfrentados neste material: Poder Legislativo: arts. 44 a 52, 57 e 58 da CF/88.

PARTE I – QUESTÕES DE CONCURSOS ANTERIORES

1. (CESPE 2011 AL/CE Analista Legislativo Direito) Uma CPI pode, por autoridade própria e sem a

necessidade de intervenção judicial, determinar, mediante decisão motivada e fundamentada, a quebra do

sigilo de dados telefônicos.

2. (CESPE 2011 AL/CE Analista Legislativo Direito) A eleição dos membros do Senado Federal ocorre

por intermédio do sistema majoritário simples.

3. (CESPE 2011 AL/CE Analista Legislativo Direito) Uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) pode

determinar a condução coercitiva de testemunha que for intimada e não comparecer.

4. (CESPE 2011 AL/CE Analista Legislativo Direito) É possível a criação de CPI para investigar

negócios privados que não tenham relação com a gestão da coisa pública.

5. (CESPE - 2011 - TRF - 1ª REGIÃO – Juiz) O Poder Legislativo é composto por deputados federais,

eleitos pelo sistema proporcional, e por senadores, eleitos pela maioria absoluta do total de eleitores de

cada unidade da Federação.

6. (CESPE - 2011 - TRF - 1ª REGIÃO – Juiz) Diferentemente das mesas do Senado Federal e da Câmara

dos Deputados, a mesa do Congresso Nacional será presidida, alternadamente, pelo presidente do Senado

Federal e da Câmara dos Deputados, com mandato de dois anos.

7. (CESPE - 2011 - TRF - 1ª REGIÃO – Juiz) Compete privativamente ao Senado Federal processar e

julgar os ministros do STF e os membros do CNJ nos crimes de responsabilidade.

8. (CESPE - 2012 - TJ-PI – Juiz) Compete privativamente ao Senado Federal escolher dois terços dos

membros do Tribunal de Contas da União, estando a cargo do Congresso Nacional aprovar a escolha dos

ministros indicados pelo presidente da República.

9. (CESPE - 2012 - TJ-PI – Juiz) Compete à Câmara dos Deputados atuar como tribunal de pronúncia nos

crimes praticados pelo presidente da República, autorizando a instauração de inquérito e o oferecimento

de denúncia ou queixa ao STF (no caso de crime comum), bem como admitindo a acusação e a

instauração de processo no Senado Federal (no caso de crime de responsabilidade).

10. (CESPE - 2011 - TJ-ES – Juiz) Ao Congresso Nacional cabe fixar os subsídios do presidente, do vice-

presidente da República e dos ministros de Estado e julgar anualmente as contas prestadas pelo presidente

da República.

11. (CESPE - 2009 – OAB) Assinale a opção correta acerca da organização do Congresso Nacional.

a) Na constituição das mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal e na montagem das

comissões permanentes e temporárias, há de se assegurar, obrigatoriamente, a representação proporcional,

de modo que nenhum partido ou bloco parlamentar deixe de ser contemplado.

b) O deputado ou senador licenciado para exercer o cargo de ministro de Estado, governador ou secretário

estadual, ou que estiver licenciado para tratar de interesse particular, poderá optar pela remuneração do

mandato, desde que, neste último caso, o afastamento não ultrapasse cento e vinte dias.

c) A convocação extraordinária do Congresso Nacional pode ser feita pelos presidentes da Câmara dos

Deputados e do Senado Federal e pelo presidente da República, nos casos taxativamente previstos na CF.

Os membros de ambas as casas não têm competência para propor esse tipo de convocação.

d) Além de outros casos previstos na CF, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal reunir-se-ão, em

sessão conjunta, para a apreciação de veto presidencial a projeto de lei e sobre ele deliberar.

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12. (CESPE - 2009 – OAB) De acordo com a doutrina e jurisprudência, as comissões parlamentares de

inquérito instituídas no âmbito do Poder Legislativo federal

a) têm a missão constitucional de investigar autoridades públicas e de promover a responsabilidade civil

ou criminal dos infratores.

b) não podem determinar a quebra do sigilo bancário ou dos registros telefônicos da pessoa que esteja

sendo investigada, dada a submissão de tais condutas à cláusula de reserva de jurisdição.

c) devem obediência ao princípio federativo, razão pela qual não podem investigar questões relacionadas

à gestão da coisa pública estadual, distrital ou municipal.

d) podem anular atos do Poder Executivo quando, no resultado das investigações, ficar evidente a

ilegalidade do ato.

13. (CESPE - 2008 - PC-TO - Delegado de Polícia)O Poder Legislativo é do tipo bicameral porque reúne,

em um mesmo corpo, uma Casa que cumpre o papel de iniciadora do processo legislativo (a Câmara dos

Deputados) e uma Casa que cumpre sempre o papel de revisora (o Senado Federal).

14. (CESPE - 2011 - PC-ES - Perito Papiloscópico) O Senado Federal, ao julgar o processo

de impeachment de presidente da República, exercerá uma função jurisdicional.

15. (CESPE - 2011 - TJ-ES - Analista Judiciário – Direito) Entre as formas de controle parlamentar da

administração pública está a convocação, pela Câmara dos Deputados, pelo Senado Federal ou por

qualquer de suas comissões, de ministro de Estado para prestar, pessoalmente, informações sobre assunto

previamente determinado, importando crime de responsabilidade a ausência sem justificação adequada.

16. (CESPE - 2009 - TRE-MA - Analista Judiciário - Área Administrativa) De acordo com o que dispõe a

CF a respeito do Poder Legislativo federal, assinale a opção correta.

a) O sistema legislativo vigente é o unicameral, opção adotada a partir da Constituição Federal de 1934,

exatamente porque os projetos de lei, obrigatoriamente, têm de ser aprovados pela Câmara dos Deputados

e pelo Senado em sessão conjunta, para que possam ser levados à sanção do presidente da República.

b) O Congresso Nacional é formado pelo Senado e pela Câmara dos Deputados, o que aponta para a

opção pelo pluricameralismo feita pela Assembleia Nacional Constituinte. Contudo, a elaboração de

determinadas leis é da competência exclusiva de apenas uma das casas, ou seja, elas não necessitam ser

referendadas pela outra.

c) O fato de a legislatura ser de quatro anos para a Câmara dos Deputados e de oito anos para o Senado

Federal é uma das evidências de que foi adotado no Brasil o sistema bicameral.

d) Por ser o segundo na linha de sucessão do presidente da República, cabe ao presidente da Câmara dos

Deputados fazer a convocação de sessão legislativa extraordinária do Congresso Nacional para o

compromisso e a posse do presidente e do vice-presidente da República.

e) Embora o Senado e a Câmara dos Deputados tenham os seus respectivos presidentes, em caso de

urgência ou interesse público relevante, pode o vice-presidente da República, no exercício da Presidência

da República, fazer a convocação do Congresso Nacional para sessão legislativa extraordinária.

17. (CESPE - 2010 - TRE-BA - Analista Judiciário – Taquigrafia) De acordo com a CF, a eleição para o

Senado Federal realiza-se mediante o denominado sistema proporcional.

18. (CESPE - 2010 - PGM-RR - Procurador Municipal) A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou

qualquer de suas comissões, podem convocar ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos

diretamente subordinados à Presidência da República para prestarem, pessoalmente, informações relativas

a assunto previamente determinado, sendo que a ausência injustificada do convocado importará na prática

de crime de responsabilidade.

19. (CESPE - 2010 - PGM-RR - Procurador Municipal) Compete exclusivamente à Câmara dos

Deputados sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitarem do poder regulamentar ou dos

limites de delegação legislativa.

20. (CESPE - 2008 - MPE-RR - Promotor de Justiça) A CF prevê que as Mesas da Câmara dos

Deputados e do Senado Federal poderão encaminhar, por escrito, pedidos de informação a ministros de

Estado, importando em crime de responsabilidade o não-atendimento do pedido no prazo de 30 dias, bem

como a prestação de informações falsas.

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21. (CESPE - 2010 - ABIN - Oficial Técnico de Inteligência - Direito) Os senadores, representantes dos

estados e do Distrito Federal, são eleitos com três suplentes, segundo o princípio proporcional, para

mandato de oito anos.

22. (CESPE - 2008 - TCU - Analista de Controle Interno – TI) O TCU, no exercício de sua competência

administrativa, emitiu uma resolução que disciplina o recebimento de denúncias anônimas no âmbito

daquele tribunal e de toda a administração pública, em face de fatos que causarem prejuízos econômicos à

União. O Congresso Nacional tem competência para, por meio de resolução, sustar o ato normativo

mencionado em sua totalidade.

24. (CESPE - 2011 - TJ-ES – Juiz) Às comissões permanentes do Congresso Nacional compete discutir e

votar, em caráter preliminar, matérias de sua competência, não sendo dispensável, portanto, em qualquer

caso, a decisão final, pelo plenário de cada Casa, acerca do conteúdo dos projetos de lei.

25. (CESPE - 2012 - MPE-PI – Analista Administrativo) As comissões parlamentares de inquérito podem

pedir a quebra de sigilos bancário, fiscal e telefônico e determinar a busca e apreensão domiciliar com

base nos poderes de investigação que lhes foram conferidos pela CF.

26. (CESPE 2011 AL/ES Procurador) No que se refere ao Poder Legislativo, assinale a opção correta.

A) Segundo posicionamento do STF, por força do princípio da simetria, as CPIs estaduais têm poderes

para quebrar sigilo bancário de seus investigados, independentemente de ordem judicial.

B) O mandato dos membros das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal é de dois anos,

vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente, regra, segundo o STF,

de reprodução obrigatória para os estados-membros no âmbito das respectivas assembleias legislativas.

C) A existência de procedimento penal investigatório em trâmite no Poder Judiciário impede a realização

de atividade investigatória por CPI quando os objetos são correlatos, sob pena de ofensa ao princípio da

separação dos poderes.

D) O STF considera constitucional regra estabelecida no âmbito da assembleia legislativa de estado que

reconheça como requisito para a instauração de CPI, além de um terço de assinaturas dos membros, a

aprovação do pedido pela maioria absoluta do plenário da assembleia legislativa.

E) Em caso de urgência ou interesse público relevante, a convocação extraordinária do Congresso

Nacional poderá decorrer de requerimento da maioria dos membros de ambas as casas, hipótese em que

será dispensada a aprovação do pedido de convocação pelos membros do Congresso Nacional, já que a

própria maioria dos referidos membros a terá solicitado.

27. (Cespe.Juiz.TJ.PI.2011) As deliberações das comissões permanentes de ambas as casas do Congresso

Nacional devem ser tomadas por maioria simples, salvo no que diz respeito à discussão e votação, em

caráter conclusivo, de projetos de lei, caso em que se requer maioria absoluta.

28. (Cespe.Juiz.TJ.PI.2011) Compete privativamente ao Senado Federal escolher dois terços dos

membros do Tribunal de Contas da União, estando a cargo do Congresso Nacional aprovar a escolha dos

ministros indicados pelo presidente da República.

29. (Cespe.Juiz.TJ.PI.2011) Compete à Câmara dos Deputados atuar como tribunal de pronúncia nos

crimes praticados pelo presidente da República, autorizando a instauração de inquérito e o oferecimento

de denúncia ou queixa ao STF (no caso de crime comum), bem como admitindo a acusação e a

instauração de processo no Senado Federal (no caso de crime de responsabilidade).

30. (Cespe.Juiz.TJ.PI.2011) De acordo com a CF, os territórios federais, uma vez criados, não elegem

representantes para o Senado Federal, mas sua população tem a prerrogativa de eleger quatro deputados

para representá-la na Câmara dos Deputados.

31. (CESPE.Juiz.TRF3.2011) É atribuição privativa do Congresso Nacional autorizar operações externas

de natureza financeira, de interesse da União, dos estados, do DF e dos municípios.

32. (CESPE.Juiz.TRF3.2011) As matérias de competência exclusiva do Congresso Nacional são

disciplinadas por meio de decreto legislativo e dispensam a manifestação, mediante sanção ou veto, do

presidente da República.

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33. (CESPE.Juiz.TRF3.2011) A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes dos estados e do

DF, eleitos em número proporcional à população, de forma que nenhuma unidade da Federação tenha

menos de oito ou mais de sessenta deputados.

34. (CESPE.Juiz.TJAC.2011) À luz do disposto na CF, assinale a opção correta acerca da estrutura, do

funcionamento e das atribuições do Poder Legislativo.

A Os deputados e senadores dispõem de foro privilegiado desde a expedição do diploma, estando,

portanto, uma vez diplomados, ainda que ainda não tenham tomado posse, submetidos a julgamento

perante o STF.

B Se o presidente da República não apresentar ao Congresso Nacional as contas relativas ao exercício

anterior até sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, caberá ao Senado Federal proceder à

tomada de contas.

C O número total de deputados federais deve ser estabelecido por lei complementar, enquanto o número

de representantes por estado e pelo DF deve ser estabelecido por lei ordinária, proporcionalmente ao

número de eleitores.

D Cabe ao Congresso Nacional aprovar o estado de defesa e a intervenção federal; entretanto, a suspensão

dessas medidas é competência privativa do presidente da República, dispensada

a manifestação do Poder Legislativo.

E Compete privativamente ao Senado Federal escolher dois terços dos membros do TCU.

35. (CESPE.Analista.Judiciário.TJ.ES.2011) Incumbe privativamente ao Senado Federal avaliar

periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus componentes, e

o desempenho das administrações tributárias da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios.

36. (CESPE.Juiz.TJ.ES.2011) Como auxiliares diretos do presidente da República, os ministros de Estado

podem ser convocados para prestar, pessoalmente, informações sobre assunto previamente determinado

perante o plenário do Senado Federal e o da Câmara dos Deputados; contudo, no que diz respeito às

comissões, o comparecimento deles só pode ocorrer por sua própria iniciativa e mediante entendimento

com a Mesa respectiva.

37. (CESPE.Juiz.PA.2011) A CF prevê, de forma expressa, a competência das comissões da Câmara dos

Deputados e do Senado Federal para deliberarem sobre matérias e projetos de lei que, de acordo com o

entendimento da maioria absoluta dos membros dos colégios de líderes, dispensem a apreciação pelo

plenário da respectiva Casa.

38. (Cespe.Juiz.TJ.PB.2010) Somente mediante lei ordinária pode-se fixar ou alterar a remuneração dos

servidores públicos, sendo incabível a edição de decreto do Poder Executivo ou de resoluções do Poder

Legislativo ou do Poder Judiciário para esse fim, sob pena de inconstitucionalidade formal.

39. (CESPE.Analista.Advogado.EBC.2011) Uma comissão parlamentar de inquérito pode determinar a

violação de, por exemplo, domicílio para a realização da busca e apreensão de computador que possua

dados a respeito da matéria investigada.

40. (CESPE.Analista.Adm.MP.PI.2011) As comissões parlamentares de inquérito podem pedir a quebra

de sigilos bancário, fiscal e telefônico e determinar a busca e apreensão domiciliar com base nos poderes

de investigação que lhes foram conferidos pela CF.

41. (CESPE.Analista.Processual.MP.PI.2011) Embora a comissão parlamentar de inquérito seja instituída

por prazo certo, a prorrogação é admitida, se não se ultrapassar a legislatura em que foi instalada.

42. (CESPE.Promotor.MP.RO.2010) Com relação à organização dos poderes na CF, assinale a opção

correta.

A) Suplente de deputado ou senador deve ser convocado nos casos de licença do titular por período

superior a sessenta dias.

B) Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional deve deliberar somente sobre a matéria

para a qual foi convocado, não podendo ser incluídas na pauta sequer as medidas provisórias em vigor na

data da convocação extraordinária.

C) O Senado Federal compõe-se de três representantes de cada estado e do DF, com mandato de oito

anos, eleitos segundo o princípio proporcional, sendo os representantes renovados de

quatro em quatro anos, de forma alternada, por um e dois terços.

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D) A CF prevê a reunião em sessão conjunta da Câmara dos Deputados e do Senado Federal na hipótese,

entre outras, de conhecer e deliberar sobre veto.

E) É de competência do Senado Federal autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de

processo contra o presidente e o vice-presidente da República, bem como contra os ministros de Estado.

43. (CESPE.Técnico.MPU.2010) O Poder Legislativo opera por meio do Congresso Nacional, instituição

bicameral composta pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal. Salvo disposição constitucional

em contrário, as deliberações de cada Casa e de suas comissões serão tomadas por maioria dos votos,

presente a maioria absoluta de seus membros.

44. (CESPE - 2012 - TJ-PI – Juiz) As deliberações das comissões permanentes de ambas as casas do

Congresso Nacional devem ser tomadas por maioria simples, salvo no que diz respeito à discussão e

votação, em caráter conclusivo, de projetos de lei, caso em que se requer maioria absoluta.

45. (CESPE - 2011 - TRF - 2ª REGIÃO – Juiz) É competência exclusiva do Congresso Nacional aprovar

previamente, por voto secreto, a escolha de magistrados, nos casos estabelecidos no texto constitucional,

bem como processar e julgar os ministros do STF e os membros do Conselho Nacional de Justiça nos

crimes de responsabilidade.

46. (CESPE - 2011 - TRF - 2ª REGIÃO – Juiz) O presidente do STF tem competência para solicitar a

convocação extraordinária do Congresso Nacional a fim de discutir matérias relativas à organização

administrativa e judiciária dos órgãos do Poder Judiciário.

47. (CESPE - 2011 - TJ-PB – Juiz) Os estados, o DF e os territórios são representados por três senadores,

eleitos, com dois suplentes, para mandatos de oito anos, sendo a representação renovada a cada quatro

anos, na proporção de um terço, de acordo com o princípio proporcional e de dois terços, de acordo com o

princípio majoritário.

48. (CESPE - 2011 - TJ-PB – Juiz) Entre as competências exclusivas do Congresso Nacional incluem-se a

de processar e julgar os ministros do STF, os membros do CNJ e do Conselho Nacional do Ministério

Público, o procurador-geral da República e o AGU nos crimes comuns e nos de responsabilidade.

49. (CESPE - 2009 - PC-RN - Escrivão) Acerca do Poder Legislativo e do processo legislativo, assinale a

opção correta à luz da CF.

a) É competência exclusiva do Congresso Nacional fixar o subsídio dos ministros do STF.

b) Não será objeto de deliberação proposta de emenda constitucional tendente a abolir a forma

republicana do país.

c) Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do presidente da República, dispor sobre a concessão de

anistia.

d) As medidas provisórias terão sua votação iniciada no Senado Federal.

e) A casa legislativa que concluir a votação enviará o projeto de lei ao presidente da República, que,

aquiescendo, o sancionará. Decorridas 48 horas, o silêncio do presidente importará sanção.

50. (CESPE - 2008 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Analista Judiciário - Área Judiciária) Alguns assuntos não

precisam ser veiculados em lei em sentido formal. Esses assuntos incluem

a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa.

b) extinção de cargos públicos vagos e criação de normas sobre condições para o exercício das profissões.

c) registros públicos e aplicação de pena.

d) desapropriação e criação de regime de bens para o casamento civil.

e) autorização para alienação de bem público e definição de regime dos portos.

51. (CESPE - 2008 - PGE-CE - Procurador de Estado) Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso

Nacional somente deliberará sobre a matéria para a qual foi convocado. Assim, havendo medidas

provisórias em vigor na data de convocação extraordinária do Congresso Nacional, estas não poderão ser

votadas.

52. (CESPE.Juiz.TJCE.2011) Tendo a CPI poderes de investigação próprios de autoridade judicial, suas

decisões devem obedecer à mesma estrutura de uma decisão judicial, com relatório, fundamentação e

parte dispositiva, sob pena de nulidade.

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53. (CESPE.Juiz.TJCE.2011) Segundo o STF, as comissões parlamentares de inquérito estaduais não têm

poderes para quebrar o sigilo bancário de seus investigados, ao contrário do que ocorre no âmbito das

CPIs instauradas na esfera federal.

54. (CESPE.Juiz.TJCE.2011) Em caso de interesse público relevante, o presidente da República pode

convocar extraordinariamente o Congresso Nacional, hipótese em que é dispensada a aprovação pelos

parlamentares.

55. (CESPE.Agente.Adm.AGU.2010) Compete à Câmara dos Deputados eleger dois cidadãos

brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos de idade, para o Conselho da República.

56. (CESPE.Agente.Adm.AGU.2010) É da competência exclusiva do Senado Federal autorizar o

presidente da República a se ausentar do país, quando a ausência exceder a quinze dias.

57. (CESPE.Promotor.MPE/ES.2010) É inconstitucional norma estadual que determine que o chefe do

Poder Executivo promova prestação trimestral de contas à assembleia legislativa.

58. (CESPE.Promotor.MPE/ES.2010) É inconstitucional norma estadual que subordine a nomeação dos

dirigentes de autarquias e fundações públicas à prévia aprovação da assembleia legislativa, por se

entender que somente aquelas autoridades constantes no modelo federal estariam submetidas a esse

procedimento.

59. (CESPE.AGU.2012) É do Senado Federal, em caráter privativo, a competência para processar e julgar

os ministros de Estado nos crimes de responsabilidade, sejam eles crimes autônomos, sejam conexos com

crimes da mesma natureza, praticados pelo presidente ou pelo vice-presidente da República.

60. (CESPE.Diplomata.IRB.2012) Compete privativamente ao Senado Federal aprovar previamente, por

voto secreto, a escolha dos chefes de missão diplomática de caráter permanente, bem como autorizar

operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos estados, do Distrito Federal (DF),

dos territórios e dos municípios.

61. (CESPE - 2008 - INSS - Analista do Seguro Social – Direito) As comissões parlamentares de

inquérito são consequência do sistema de freios e contrapesos adotado pela Constituição Federal.

62. (CESPE - 2008 - TRT - 5ª Região (BA) - Analista Judiciário - Área Judiciária) Compete

privativamente à Câmara dos Deputados autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de

processo contra o presidente e o vice-presidente da República e contra os ministros de Estado.

63. (CESPE - 2008 - TRT - 5ª Região (BA) - Analista Judiciário) Compete ao Congresso Nacional, com a

sanção do presidente da República, aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado

de sítio ou suspender qualquer uma dessas medidas.

64. (CESPE - 2007 - TRT-9R - Analista Judiciário - Área Adm) Compete privativamente à Câmara dos

Deputados dispor quanto a organização, funcionamento e polícia da Casa, bem como a criação,

transformação ou extinção de cargos, empregos e funções na sua esfera administrativa, além de fixar a

remuneração de seus membros e servidores.

65. (CESPE/UNB-AGU.2004) É de competência da Câmara dos Deputados autorizar a instauração de

processo por crime de responsabilidade cometido pelo Presidente da República e a instauração de

processo por crime de responsabilidade praticado por Ministro de Estado, sendo este último apenas no

caso em que o crime praticado pelo Ministro seja conexo ao praticado pelo Presidente da República.

66. (DPE/PI/Defensor/2009) Como instrumentos de fiscalização do Poder Legislativo, as comissões

parlamentares de inquérito têm poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, podendo

determinar as diligências que julgar necessárias, tomar depoimentos, ouvir indiciados e testemunhas,

requisitar documentos de órgãos públicos e promover a responsabilidade civil e criminal dos infratores.

67. (STF/Analista/2008) O advogado-geral da União e os ministros de Estado são julgados pelo Senado

Federal nos crimes de responsabilidade.

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68. (CESPE Analista Com Ext MDIC) O instrumento pelo qual o Congresso Nacional demonstra o seu

assentimento para com o tratado é o decreto legislativo.

69. (CESPE TecnicoJud TRE GO 09) Compete ao Congresso Nacional julgar anualmente as contas

prestadas pelo presidente da República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo.

70. (CESPE TRE GO Anal Jud Jurídico 09) Como instrumentos da democracia direta, o plebiscito e o

referendo podem ser realizados tanto mediante autorização do Congresso Nacional quanto por iniciativa

popular.

71. (CESPE.Analista Administrativo e Financeiro.Direito.SEGER/ES.2007) A comissão parlamentar de

inquérito possui poderes investigatórios e, investida desse poder, pode determinar a violação de domicílio

para serem realizadas a busca e a apreensão de documentos que possam elucidar as investigações.

72. (CESPE.Analista de Controle Externo.TCE/TO.2008) A Câmara dos Deputados e o Senado Federal,

ou qualquer de suas comissões, poderão convidar ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos

diretamente subordinados à presidência da República para prestarem, pessoalmente, informações sobre

assunto previamente determinado, desde que seja agendada a data e a hora com as referidas autoridades.

73. (CESPE.Analista de Controle Externo.TCE/TO.2008) As comissões parlamentares de inquérito

possuem as mesmas prerrogativas e ônus que as demais autoridades judiciárias, não se opondo a elas o

sigilo imposto a processo sujeito a segredo de justiça, razão pela qual poderão ter acesso a informações

contidas nesses processos judiciais, desde que assim seja decidido por meio de decisão devidamente

fundamentada.

74. (CESPE.TécJud.Área Adm.TSE.2007) Prescinde de aprovação do Senado Federal a nomeação, pelo

presidente da República,

A) de ministros do TSE.

B) do advogado-geral da União.

C) do presidente do Banco Central do Brasil.

D) do procurador-geral da República.

75. (CESPE.TécJud.ÁreaAdm.TRT 16a Região.2005) O princípio da separação dos Poderes de que trata

o texto não é absoluto, pois a Constituição Federal atribui competência ao Senado Federal para processar

e julgar o presidente da República, nos crimes comuns e de responsabilidade, definidos em lei especial,

desde que devidamente autorizado por dois terços da Câmara dos Deputados.

76. (CESPE.TécJud.ÁreaAdm.TRT 16a Região.2005) A Constituição Federal estabelece que as mesas da

Câmara dos Deputados e do Senado Federal poderão encaminhar pedidos escritos de informações a

ministros de Estado, sendo que a recusa ou o não-atendimento, no prazo de trinta dias, bem como a

prestação de informações falsas importam em crime de responsabilidade, cuja competência para processar

e julgar foi atribuída ao STF.

77. (CESPE.TécJud.ÁreaAdm.TRE/GO.2009) O Congresso Nacional, mediante aprovação da maioria

absoluta de seus membros, poderá convocar o presidente da República e seus ministros para prestarem,

pessoalmente, informações sobre assunto previamente determinado.

78. (CESPE.TécJud.Área Adm.TJ/RR.2006) O Poder Legislativo é o poder de legislar, de criar leis. No

sistema de três poderes proposto por Montesquieu, o Poder Legislativo é representado pelos legisladores,

homens que devem elaborar as leis que regulam o Estado. O Poder Legislativo na maioria das repúblicas

e das monarquias é constituído por um congresso, parlamento, assembléias ou câmaras. Internet:

<www.wikipedia.com> (com adaptações).

Acerca do Poder Legislativo brasileiro, assinale a opção correta.

A) Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do presidente da República, sustar os atos normativos do

Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites da delegação legislativa sem que

isso implique ofensa ao princípio da harmonia entre os poderes, preconizado por Montesquieu.

B) A garantia constitucional da imunidade parlamentar em relação às palavras proferidas por

parlamentares no exercício e em razão do mandato não é um mecanismo apto a, pelo menos em tese,

garantir independência aos membros do Poder Legislativo.

C) O poder de legislar, no Brasil, é exercido, na esfera federal, dentro de um sistema bicameral.

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D) Os legisladores ou parlamentares federais são os deputados, os senadores e o presidente da República,

quando este edita medida provisória.

79. (CESPE.AnalistaJud.Controle Interno.TJDFT.2008) A comissão parlamentar de inquérito tem

competência para quebrar o sigilo fiscal e bancário das pessoas por ela investigadas, desde que o faça de

forma fundamentada.

80. (CESPE.AnalistaJud.Controle Interno.TJDFT.2008) A criação de cargos no âmbito do Poder

Legislativo é privativa das respectivas mesas e deve ser proposta mediante projeto de lei ordinária.

81. (CESPE.AnalistaJud.Área Adm.TRT.2009) Compete privativamente à Câmara dos Deputados dispor

quanto a organização, funcionamento e polícia da Casa, bem como a criação, transformação ou extinção

de cargos, empregos e funções na sua esfera administrativa, além de fixar a remuneração de seus

membros e servidores.

82. (CESPE.AnalistaJud.Área Adm.TRE.GO.2008) De forma geral, as autarquias corporativas, como a

OAB e os demais conselhos de profissões regulamentadas, devem prestar contas ao Tribunal de Contas da

União (TCU), fazer licitações e realizar concursos públicos para suas contratações.

83. (CESPE.Analista de ComEx.Área Adm.MDIC.2008) Compete ao Congresso Nacional promover a

ratificação dos tratados internacionais.

84. (CESPE.Agente Adm.MEC.2009) O Senado Federal possui 81 senadores, eleitos segundo o princípio

majoritário para um mandato de oito anos, com renovação obrigatória de quatro em quatro anos,

alternadamente, por um e dois terços.

85. (CESPE.Agente Adm.MEC.2009) A Câmara dos Deputados é composta de representantes do povo,

eleitos, pelo sistema proporcional, em cada estado, em cada território e no DF, não podendo nenhuma

unidade da Federação possuir menos de dez ou mais de sessenta deputados.

86. (CESPE Analista JudAdm STJ 08) Ao contrário do que ocorre com os membros do STF, que são

julgados pelo Senado Federal por crimes de responsabilidade, os membros do CNJ são julgados, por fatos

da mesma natureza, pelo próprio STF.

87. (CESPE.Analista de Controle Externo.TCE/TO.2008) O Congresso Nacional e suas casas terão

comissões permanentes e temporárias, constituídas na forma e com as atribuições previstas no respectivo

regimento ou no ato de que resultar sua criação. Essas comissões poderão, em razão de sua competência,

discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a competência do Plenário, salvo se

houver recurso de um décimo dos membros da Casa.

88. (CESPE.Analista Administrativo.ANTAQ.2009) Os diretores das agências reguladoras serão

escolhidos pelo presidente da República, mas essa escolha deve ser aprovada, por meio de voto secreto,

após arguição pública, pelo Senado Federal.

89. (CESPE.Analista Jud. Área Adm.TRE.MA.2009) De acordo com o que dispõe a CF a respeito do

Poder Legislativo federal, assinale a opção correta.

A) O sistema legislativo vigente é o unicameral, opção adotada a partir da Constituição Federal de 1934,

exatamente porque os projetos de lei, obrigatoriamente, têm de ser aprovados pela Câmara dos Deputados

e pelo Senado em sessão conjunta, para que possam ser levados à sanção do presidente da República.

B) O Congresso Nacional é formado pelo Senado e pela Câmara dos Deputados, o que aponta para a

opção pelo pluricameralismo feita pela Assembleia Nacional Constituinte. Contudo, a elaboração de

determinadas leis é da competência exclusiva de apenas uma das casas, ou seja, elas não necessitam ser

referendadas pela outra.

C) O fato de a legislatura ser de quatro anos para a Câmara dos Deputados e de oito anos para o Senado

Federal é uma das evidências de que foi adotado no Brasil o sistema bicameral.

D) Por ser o segundo na linha de sucessão do presidente da República, cabe ao presidente da Câmara dos

Deputados fazer a convocação de sessão legislativa extraordinária do Congresso Nacional para o

compromisso e a posse do presidente e do vice-presidente da República.

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E) Embora o Senado e a Câmara dos Deputados tenham os seus respectivos presidentes, em caso de

urgência ou interesse público relevante, pode o vice-presidente da República, no exercício da Presidência

da República, fazer a convocação do Congresso Nacional para sessão legislativa extraordinária.

90. (FCC Analista Judiciário Área Judiciária TRE PI 2009) É da competência exclusiva do Congresso

Nacional

a) suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do

Supremo Tribunal Federal.

b) autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-

Presidente da República e os Ministros de Estado.

c) fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida consolidada

da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

d) sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de

delegação legislativa.

e) dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em operações de crédito

externo e interno.

91. (FCC Analista Judiciário Área Judiciária TJPA 2009) De acordo com a Constituição Federal, o

número de Deputados Federais, bem como a representação por Estado e pelo Distrito Federal, será

estabelecido proporcionalmente à população, por:

a) lei complementar, procedendo-se aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para que

nenhuma daquelas unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de setenta Deputados.

b) lei delegada, procedendo-se aos ajustes necessários, no máximo até 120 dias antes das eleições, para

que nenhuma daquelas unidades da Federação tenha menos de dez ou mais de sessenta Deputados.

c) decreto legislativo, procedendo-se aos ajustes necessários, no máximo sessenta dias das eleições, para

que nenhuma daquelas unidades da Federação tenha menos de seis ou mais de oitenta Deputados.

d) resolução do Senado Federal, procedendo-se aos ajustes necessários, no máximo até noventa dias das

eleições, para que nenhuma daquelas unidades da Federação tenha menos de nove ou mais de noventa

Deputados.

e) lei ordinária, procedendo-se aos ajustes necessários, no máximo cinco meses das eleições, para que

nenhuma daquelas unidades da Federação tenha menos de cinco ou mais de sessenta e cinco Deputados.

92. (FCC Analista Judiciário Área Judiciária TRT 15 2009)Além de outras é de competência exclusiva do

Congresso Nacional, a escolha

a) do Advogado-Geral da União.

b) dos Ministros do Supremo Tribunal Federal.

c) do Procurador-Geral de Justiça.

d) do Presidente do Conselho Nacional de Justiça.

e) de dois terços dos membros do Tribunal de Contas da União.

93. (FCC Analista Judiciário Área Judiciária TRE SE 2007) Compete privativamente à Câmara dos

Deputados

a) aprovar previamente, por voto secreto, após argüição em sessão secreta, a escolha dos chefes de missão

diplomática de caráter permanente.

b) resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou

compromissos gravosos ao patrimônio nacional.

c) sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de

delegação legislativa.

d) autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-

Presidente da República e os Ministros de Estado.

e) dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em operações de crédito

externo e interno.

94. (FCC Analista Judiciário Área Judiciária TRT 4 2006) Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do

Presidente da República, dispor sobre todas as matérias de competência da União, salvo

a) telecomunicações e radiodifusão.

b) fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas.

c) estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito

Federal e dos Municípios.

d) moeda, seus limites de emissão e montante da dívida mobiliária federal.

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e) sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas.

95. (FCC Analista Judiciário Área Judiciária TRF 3 2007) Compete privativamente ao Senado Federal:

a) Aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área superior a dois mil e

quinhentos hectares.

b) Proceder a tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso

Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa.

c) Autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do País, quando a ausência

exceder a quinze dias.

d) Apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de emissoras de rádio e televisão.

e) Aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em sessão secreta, a escolha dos chefes de

missão diplomática de caráter permanente.

96. (FCC Analista JudExec Mandados TRT 4 2006) Compete privativamente ao Senado Federal dispor

sobre

a) limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios.

b) concessão de anistia.

c) moeda, seus limites de emissão e montante da dívida mobiliária federal.

d) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública.

e) sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas.

97. (FCC Analista JudExec Mandados TRF 4 2007) Analise:

I. Autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-

Presidente da República e os Ministros de Estado.

II. Dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em operações de crédito

externo e interno.

III. Apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de emissoras de rádio e televisão.

IV. Aprovar previamente, por voto secreto, após argüição pública, a escolha do Presidente e Diretores do

Banco Central.

Tais assertivas estão respectivamente relacionadas às competências privativas

a) da Câmara dos Deputados, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e do Congresso Nacional.

b) do Senado Federal, do Congresso Nacional, do Congresso Nacional e da Câmara dos Deputados.

c) do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.

d) do Senado Federal, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e da Câmara dos Deputados.

e) da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, do Congresso Nacional e do Senado Federal.

98. (FCC.TRT7ª.CE.Téc Júd.Área Adm.2009) Compete privativamente ao Senado Federal

a) avaliar, a cada sessenta dias, as contas apresentadas pelo Presidente da República ao Congresso

Nacional.

b) suspender, mediante o voto de dois terços de seus membros, a declaração de guerra e estado de sítio.

c) autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-

Presidente da República e os Ministros de Estado.

d) autorizar, por maioria absoluta, o julgamento de Deputados e Senadores perante o Supremo Tribunal

Federal.

e) avaliar periodicamente o desempenho das administrações tributárias da União, dos Estados e do

Distrito Federal e dos Municípios.

99. (FCC.TRT7ª.CE.Analista Júd Área Adm.2009) No tocante ao Poder Legislativo, compete

privativamente à Câmara dos Deputados

a) aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em sessão secreta, a escolha dos chefes de missão

diplomática de caráter permanente.

b) proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso

Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa.

c) fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida consolidada

da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

d) processar e julgar o Presidente da República nos crimes de responsabilidade.

e) processar e julgar o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade.

100. (NCE.Téc Superior Adm.MP/RJ.2007) Acerca do Poder Legislativo, assinale a alternativa correta:

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(A) a Câmara dos Deputados e o Senado Federal podem convocar Ministros dos Tribunais Superiores

para prestarem informações, configurando a ausência injustificada crime de responsabilidade;

(B) as Comissões do Senado Federal podem convocar membros do Ministério Público dos Estados para

prestarem informações sobre assunto previamente determinado, sob pena de crime de responsabilidade

em caso de ausência injustificada;

(C) a Câmara dos Deputados e o Senado Federal poderão convocar Ministros de Estado para prestarem,

pessoalmente, informações sobre assunto previamente determinado, sob pena de exoneração em caso de

ausência injustificada;

(D) as Comissões do Senado Federal podem convocar membros do Ministério Público Federal para

prestarem informações sobre assunto previamente determinado, sob pena de crime de responsabilidade

em caso de ausência injustificada;

(E) as Comissões da Câmara dos Deputados e do Senado Federal poderão convocar Ministros de Estado

para prestarem, pessoalmente, informações sobre assunto previamente determinado, sob pena de crime de

responsabilidade em caso de ausência injustificada.

101. (TRF3/2007) Compete privativamente ao Senado Federal:

a) Aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área superior a dois mil e

quinhentos hectares.

b) Proceder a tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso

Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa.

c) Autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do País, quando a ausência

exceder a quinze dias.

d) Apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de emissoras de rádio e televisão.

e) Aprovar previamente, por voto secreto, após argüição em sessão secreta, a escolha dos chefes de

missão diplomática de caráter permanente.

102. (TRT1/Analista/2008) Em relação ao Poder Legislativo, assinale a opção correta.

a) Em caso de guerra, a Câmara dos Deputados não pode recusar a convocação de parlamentar para as

forças armadas.

b) A Câmara dos Deputados tem competência para iniciativa de lei que vise à fixação da remuneração de

seus servidores, mas a matéria deve ir à sanção do presidente da República.

c) Compete ao Congresso Nacional a aprovação, com o quorum mínimo da maioria absoluta, do

procurador-geral do Trabalho, pelo voto secreto, após argüição pública.

d) O Senado Federal poderá conceder eficácia erga omnes à decisão do STF em sede de ação direta de

inconstitucionalidade.

e) A decretação de estado de sítio, por motivos de segurança nacional, implica a automática suspensão da

imunidade parlamentar.

Gabarito:

1-C 21-E 41-C 61-C 81-E 101-E

2-C 22-E 42-D 62-C 82-E 102-B

3-C 23-E 43-C 63-E 83-E - - - - - -

4-E 24-E 44-E 64-E 84-C

5-E 25-E 45-E 65-C 85-E

6-E 26-A 46-E 66-E 86-E

7-C 27-E 47-E 67-E 87-C

8-E 28-E 48-E 68-C 88-C

9-E 29-E 49-C 69-C 89-E

10-C 30-C 50-A 70-E 90-D

11-D 31-E 51-E 71-E 91-A

12-C 32-C 52-E 72-E 92-E

13-E 33-E 53-E 73-E 93-D

14-C 34-A 54-E 74-B 94-C

15-C 35-C 55-C 75-E 95-E

16-E 36-E 56-E 76-E 96-A

17-E 37-E 57-C 77-E 97-E

18-C 38-C 58-E 78-C 98-E

19-E 39-E 59-E 79-C 99-B

20-C 40-E 60-C 80-E 100-E

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PARTE II – MATERIAL DE APOIO

1) Separação de poderes. O Brasil não adota uma concepção rígida e absoluta de

separação e independência entre os poderes, adotada na França. Ao contrário, seguimos um

modelo flexível, inspirado na doutrina norte-americana dos freios e contrapesos (checksand

balances), cujos exemplos são:

a) o veto presidencial aos projetos de lei do Legislativo;

b) o controle judicial de constitucionalidade;

c) a possibilidade de um congressista ser nomeado ministro de Estado sem perder o seu

mandato parlamentar (CF, art. 56, I);

d) a possibilidade de edição de MP (CF, art. 62) e lei delegada (CF, art. 68) pelo

presidente da República;

e) a convocação de ministros de Estado perante comissão da Câmara ou do Senado,

configurando a ausência injustificada um crime de responsabilidade (CF, art. 50), bem como a

criação de CPI para fiscalização de atos do Executivo.

Os mecanismos de freios e contrapesos, como normas que excepcionam a separação e a

independência entre os poderes, devem virexpressos no texto constitucional, não se

admitindo:

a) a interpretação extensiva desses instrumentos;

b) o reconhecimento de mecanismos implícitos no texto constitucional.

2)Breve evolução histórica do Poder Legislativo:

a) Apesar de registros históricos apontarem a existência de órgãos com a função de

representar os interesses da população desde a Grécia antiga, é sem dúvida na Inglaterra que

se desenvolve a concepção moderna de Legislativo. Isso ocorre a partir da luta do Parlamento

para limitar os poderes da coroa inglesa, o que veio a acontecer definitivamente a partir da

Revolução Gloriosa de 1688, com os deputados passando a encarnar as prerrogativas estatais.

b) Na Revolução Francesa de 1789, o Poder Legislativo atingiu o seu apogeu e

assumiu uma posição de supremacia em relação aos demais poderes públicos. Por intermédio do

Legislativo, o povo participava do processo político, entregando a seus representantes eleitos o

importante papel de votar as leis e manifestar, assim, a vontade popular.

c) A partir do 1.º pós-guerra (1914-1918) e com o advento do Estado do Bem-Estar

Social (WelfareState), o Poder Legislativo começou a entrar em declínio e a transferir o seu

prestígio de principal órgão criador das leis para o Poder Executivo. Isso é porque a evolução

das tarefas estatais e a dinâmica da sociedade atual exigem uma atuação rápida e eficiente do

Estado, o que contrasta com a morosidade das discussões do Poder Legislativo.

d) Atualmente, é notória a crise do Legislativo, devido à morosidade dos seus trabalhos

e à falta de representatividade dos seus membros, que têm pouca ou nenhuma capacidade para

lidar com assuntos que requerem cada vez mais conhecimentos técnicos e científicos, os quais

são mais facilmente apropriados pelo Poder Executivo, resultando no fenômeno do crescimento

da atividade legislativa do Poder Executivo1.

1Segue transcrita a precisa lição de Kildare Gonçalves Carvalho (2006) sobre o declínio do Legislativo ao

longo do século XX: ―Aintervenção do Estado nos múltiplos setores da realidade social, em razão da

concepção do Estado de Bem-Estar (WelfareState), revelou a incapacidade do Legislativo para o

atendimento normativo das necessidades sociais e econômicas da sociedade. A morosidade das

deliberações legislativas contribuiu para o avanço do Executivo. Surgiu a ideia da urgência legislativa,

com a introdução, nas Constituições, de mecanismos que autorizavam o governo a prontamente legislar

(leis delegadas, decretos autônomos, decretos-leis). [...] Nesse panorama, as assembleias representativas

perdem, gradativamente, o prestígio e veem-se despojadas da sua tarefa de maior relevância – a de

produzir a lei. Para o estágio de senilidade, até mesmo pré-falimentar, que atingiram os parlamentos,

contribuiu – de forma expressiva – o próprio sistema parlamentar de trabalho, envolvendo discussões e

debates infindáveis entre correntes, agora de difícil conciliação; a receita não mais atendia às exigências

de uma sociedade conturbada pelas guerras, crises econômicas e permanente estado de alerta entre os

Estados. A essas novas demandas o Parlamento não lograva atender de forma satisfatória e passou a

observar – quase como espectador – suas funções sendo transportadas para um Executivo dinâmico,

tecnicamente preparado e extremamente ágil no oferecimento de medidas sanatórias‖.

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3)Funções do Poder Legislativo. Funções típicas e atípicas do Poder Legislativo. São

consideradas funções típicas do Legislativo:

a) a função legislativa, que consiste na produção de normas gerais, abstratas,

coercitivas, inovadoras do ordenamento jurídico e que se fundam direta e imediatamente na

Constituição. Ela abrange a elaboração de todas as espécies normativas consagradas no art. 59

da CF/88, à exceção das medidas provisórias e das leis delegadas, cuja elaboração é de

responsabilidade primordial do chefe do Poder Executivo;

b) a função fiscalizadora envolve o controleda atividade dos demais Poderes,

principalmente do Executivo, seja por meio da convocação de ministros de Estado para depor

(CF, art. 50) ou da formação de CPIs (fiscalização político-administrativa), seja por meio da

fiscalização contábil, financeira, orçamentária e patrimonial, prevista nos arts. 31 e 70 a 75 da

CF/88 e realizada com o auxílio dos tribunais de contas (fiscalização financeiro-

orçamentária);

c) a função mobilizadora do consenso popular, no sentido de mobilizar a população

em torno das políticas defendidas e executadas pelo Executivo, desempenhando o Legislativo

papel fundamental para a paz social e a sobrevivência do sistema político, com a articulação, no

processo eleitoral, de interesses no contexto de um sistema político mais aberto;

d) função informativa, pela qual o Legislativo recebe e divulga fatos sobre todas as

regiões e segmentos sociais, diminuindo a distância entre o centro do poder e os cidadãos;

e) função educadora, manifestada quando as atividades do Legislativo alcançam maior

visibilidadepelos veículos de comunicação social, tendo papel relevante os discursos e os

debates parlamentares. A atividade legislativa desenvolve o lado político do cidadão e promove

a manifestação da cultura de cidadania, da ética e da moral;

f) função eletiva, manifestada, nos sistemas parlamentaristas, na escolha e na

destituição do Primeiro Ministro. No presidencialismo brasileiro, a CF/88 prevê a competência

do Senado para a arguição na escolha de determinadas autoridades públicas (art. 52, III e IV),

bem como eleger o PR e o Vice-PR, no caso de vacância desses cargos nos dois últimos anos do

período presidencial (art. 81);

g) função representativa, traduzida na capacidade de o Legislativo representar toda a

diversidade existente na sociedade. Nas palavras de José Afonso da Silva, ―a ideia de

representação foi, pois, o móvel que causou não só o surgimento, mas também a estrutura do

Poder Legislativo‖. Para Kildare Carvalho, no exercício dessa função,deve o Legislativo

proteger as minorias da opressão potencial da maioria e desempenhar, quando necessário, a

função de freio a essa opressão;

h) função obstrucionista, oferecendo uma resistência saudável – em parte por ser um

colegiado e suas decisões coletivas serem mais lentas – contra a iniciativa unilateral do

Executivo. Nos sistemas presidenciais de governo, os legislativos tendem a ser mais

obstrucionistas do que nos sistemas parlamentares, e essa função protege a democracia

representativa;

i) função de debater os temas de importância nacional, pois o Legislativo funciona

como a caixa de ressonância dos anseios populares, revelando-se como um local privilegiado de

debates e discussões em um ambiente plural.

Por outro lado, são funções atípicas do Legislativo:

a) a função de administrar,exercida por esse Poder quando dispõe sobre sua

organização, polícia e provimento de seus cargos (CF, art. 51, IV, e art. 52, XIII);

b) a função do Senado Federal de julgar, nos crimes de responsabilidade, as mais altas

autoridades públicas brasileiras (CF, art. 52, I e II);

c) a função de fiscalizar a constitucionalidade dos atos normativos, exercida pelo

Senado quando suspende a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional em

decisão definitiva do STF (CF, art. 52, X).

4)Bicameralismo. O bicameralismo é adotado pelas Constituições brasileiras desde a

Carta do Império de 1824. As exceções ficam por conta das Constituições de 1934 (arts. 22 e

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43) e 1937 (art. 50), as quais tenderam ao unicameralismo. São características do bicameralismo

brasileiro:

a) O nosso bicameralismo é do tipo federativo, pois decorre da opção do Brasil pela

forma federal de Estado, tendo a segunda Casa (o Senado) a função de abrigar os representantes

dos estados-membros e do DF e permitir que essas entidades federativas participem da

formação das leis nacionais (princípio da participação).

b) O bicameralismo brasileiro, portanto, não é do tipo aristocrático, cujo exemplo

principal é a Inglaterra, onde a segunda Casa Legislativa é composta por nobres, sendo chamada

de Câmara Alta ou HouseofLords. Registre-se que o bicameralismo não é exclusivo das

federações, uma vez que os Estados unitários também podem ser bicamerais (ex.: Inglaterra);

c) No bicameralismo brasileiro, não há predominância ou hierarquia de uma Casa

Legislativa sobre a outra. O que a CF/88 concede em favor da Câmara dos Deputados é certa

primazia em relação à iniciativa legislativa, uma vez que é a esta Casa que o presidente da

República, o STF, os tribunais superiores e os cidadãos apresentam seus projetos de lei (arts. 61,

§ 2.º, e 64).

d) Obicameralismo brasileiro é do tipo federativo mesclado com o bicameralismo

conservador ou de moderação, em que o Senado Federal funciona como uma Casa da

moderação e do resfriamento, contendo a impulsividade e os eventuais excessos da Câmara dos

Deputados. Essa é a razão pela qual se exige a idade mínima de 35 anos para ocupar o cargo de

senador, enquanto, para deputado federal, bastam 21 anos de idade (CF, art. 14, § 3.º, VI, a e c);

e) A CF/88 adotou o bicameralismo igual ou do tipo clássico, pelo qual todos os

projetos de lei sujeitam-se à deliberação das duas Casas Legislativas, contrapondo-se ao

bicameralismo desigual (adotado na Alemanha) em que a segunda Câmara não funciona em

todas as matérias atribuídas à primeira, mas apenas em alguns assuntos.

5)Legislatura, sessão legislativa ordinária e extraordinária e Mesa do CN. Não

devemos confundir os termos legislatura, sessão legislativa e período legislativo:

1 legislatura

(mandato do deputado federal) = 4 anos =

4 sessões legislativas

ordinárias

1 sessão legislativa ordinária

(2/02 a 22/12) = 1 ano = 2 períodos legislativos

1 período legislativo

(02/02 a 17/07 e 01/08 a 22/12) = 6 meses = — x — x —

Cuidado ainda para não confundi-los com os seguintes termos

a) sessões ordinárias: representam as reuniões diárias, nas quais ocorrem as

deliberações de cada Casa. Na Câmara dos Deputados, as sessões ordinárias acontecem uma vez

por dia, em todos os dias úteis, de segunda a sexta-feira, com duração de cinco horas, iniciando-

se às nove horas, quando convocadas para as sextas-feiras e, nos demais dias, às quatorze horas

(arts. 65 e 66 do RICD);

b) sessões extraordinárias: as realizadas em dias ou horas diversos dos prefixados para

as ordinárias (vide art. 67 do RICD);

c) sessões preparatórias: são as que precedem a inauguração dos trabalhos das casas

do Congresso Nacional, realizadas antes do início da primeira e da terceira sessão legislativa

ordinária de cada legislatura, seja para a posse dos congressistas, seja para a eleição das mesas

diretoras (videarts. 3.º a 8.º do RICD).

d) sessões solenes, as realizadas para grandes comemorações ou homenagens especiais.

Nos períodos de 18 a 31 de julho e de 23 de dezembro a 1.º de fevereiro, está previsto o

recesso parlamentar. Entretanto, nos termos do art. 57, § 2.º, da CF, a sessão legislativa não

será interrompida (em 17 de julho) sem a aprovação do projeto de LDO. Caso isso não se

concretize até 31 de julho, o recesso do meio do ano simplesmente não acontece.

Nos períodos de recesso, poderá haver a convocação extraordinária do Congresso

Nacional, nos termos do art. 57, § 6.º, da CF/88, a saber:

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a) do presidente do Senado, em caso de estado de defesa, intervenção federal, estado

de sítio e para o compromisso e posse do PR e vice-PR;

b) do presidente da República, dos presidentes da Câmara e do Senado ou

arequerimento da maioria dos membros de ambas as Casas, em caso de urgência ou

interesse público relevante, em todas essas hipóteses com a aprovação da maioria absoluta de

cada uma das Casas do Congresso Nacional.

Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso somente delibera sobre a matéria

para a qual foi convocado, exceto se houver MPs em vigor, as quais são automaticamente

incluídas em pauta. Por fim, é vedado o pagamento de parcela indenizatória para os

congressistas em razão da convocação extraordinária.

Quanto à Mesa da Câmara, do Senado e do Congresso, entende-se que a vedação de

recondução para o mesmo cargo da mesa em eleições subsequentes, prevista no art. 57, § 4º, da

CF/88, apenas é válida dentro de uma mesma legislatura, razão pela qual a referida proibição

não impede que o membro da Mesa no segundo período de uma legislatura seja eleito para o

mesmo cargo no primeiro período da legislatura seguinte.

Ainda sobre esse tema, de acordo com o STF, a norma do art. 57, § 4.º, da CF não é de

reprodução obrigatória nas constituições dos estados-membros, porque não se constitui num

princípio constitucional estabelecido. Assim, admite-se que as cartas estaduais permitam a

reeleição dos membros da mesa da assembleia legislativa em eleições subsequentes (STF, ADI

2.371/ES-MC).

6)Unidade da legislatura. O princípio da unidade da legislatura, pelo qual, ao final dos

quatro anos, são encerrados todos os assuntos discutidos nesse período, de modo a não criar

vínculos com a legislatura seguinte, possui as seguintes consequências:

a) encerrada a legislatura, ocorre, na Câmara e no Senado, o arquivamento das

proposições legislativas que ainda estiverem tramitando, com algumas exceções descritas nas

respectivas normas regimentais (vide art. 105 do RICD);

b) o término da legislatura provoca obrigatoriamente o encerramento dos trabalhos das

comissões temporárias, inclusive das CPIs (vide art. 22, II, do RICD)2;

c) no início dos trabalhos de cada legislatura, são definidos: o número de membros

efetivos das comissões permanentes; a distribuição das vagas nessas comissões entre os partidos

e blocos parlamentares; e os nomes dos membros das respectivas bancadas que, como titulares e

suplentes, integrarão essas comissões (videarts. 25, 26 e 28 do RICD);

d) o STF, apesar de considerar indispensável a contemporaneidade entre a prática

do ato contrário ao decoro parlamentar e o exercício de mandato legislativo, decidiu que o

princípio da unidade da legislatura não impede que o parlamentar venha a responder um

processo de cassação por fatos ocorridos na legislatura imediatamente anterior, desde que, à

época dos fatos, o parlamentar já fosse integrante do Poder Legislativo (MS 23.388/DF e

MS 24.458 MC/DF).

7)Sessão conjunta e sessão unicameral. Dispõe o art. 57, § 3.º, da CF/88 que, além de

outros casos previstos na Constituição, a Câmara e o Senado reunir-se-ão em sessão conjunta

para:

a) inaugurar a sessão legislativa;

b) elaborar o RCCN e regular a criação de serviços comuns às duas Casas;

c) receber o compromisso do PR e do vice-PR, a fim de dar-lhes posse nos respectivos

cargos (CF, art. 78);

d) conhecer do veto e sobre ele deliberar (CF, art. 66, § 4.º).

Nos termos do art. 1.º do RCCN, as sessões conjuntas do Congresso ainda ocorrem

para:

a) promulgar emendas à Constituição (CF, art. 60, § 3.º);

2 O STF já decidiu que o prazo inicial de funcionamento das CPIs pode ser sucessivamente prorrogado,

desde que não ultrapasse o limite intransponível do término da legislatura em que foi constituída (HC

71.231/RJ).

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b) discutir e votar o orçamento (CF, art. 166);

c) delegar ao presidente da República poderes para legislar (CF, art. 68).

Nessas sessões conjuntas, os trabalhos serão presididos pela Mesa do Congresso

Nacional (CF, art. 57, § 5.º) e, apesar de a reunião ser conjunta, os votos da Câmara e do

Senado não se confundirão e deverão ser computados separadamente (art. 43 da Resolução n.º

1, de 1970-CN).

Assim, para haver aprovação, são necessários os votos favoráveis da maioria dos 81

senadores e da maioria dos 513 deputados em separado. O voto contrário de uma das Casas

importa a rejeição da matéria.

A votação, em regra, começa pela Câmara. Tratando-se, porém, de projeto de lei vetado,

de iniciativa do Senado, a votação começará por esta Casa.

Não devemos confundir as sessões conjuntas com as sessões unicamerais do

Congresso. Nestas últimas, os votos dos 513 deputados e dos 81 senadores são somados e

formam um só universo de votação. A única hipótese de sessão unicameral prevista na CF/88

consiste na revisão constitucional, prevista no art. 3.º do ADCT.

8) Considerações sobre quorum.Existem dois tipos de quorum:

1.º)o quorum de presença, de comparecimento, de funcionamento ou de instalação,

que se refere ao número mínimo de membros de uma assembleia, cuja presença é necessária

para a instalação da sessão ou para a deliberação das proposições;

2.º) o quorum de votação, de deliberação ou de aprovação, que se refere ao número

mínimo de votos favoráveis para que uma proposição seja aprovada.

Já maioria simples ou relativa(também chamada de eventual ou ocasional) é o número

inteiro imediatamente superior à metade dos membros de uma assembleia, considerando-se

apenas aqueles presentes à reunião (trata-se, portanto, de um número variável), desde que haja

a presença mínima da maioria absoluta dos membros.

Maioria absoluta é o número inteiro imediatamente superior à metade da totalidade

dos membros de um colegiado, independentemente do número de presentes em cada sessão.

Maioria qualificada (2/3, 3/5) é o número mínimo, distinto das maiorias simples e

absoluta, necessário para a aprovação de determinada proposição deliberativa3. Esse número é

sempre calculado com base na totalidade dos membros da assembleia, e não em função dos

membros ocasionalmente presentes em dada reunião.

A partir do art. 47 da CF, sempre que a Constituição não especificar um quorum de

presença e um quorum de aprovação, as matérias no âmbito do Congresso serão aprovadas

(quorum de deliberação) pela maioria simples dos votos, desde que presente (quorum de

presença), no mínimo, a maioria absoluta dos seus membros.

Observe-se que:

a) oquorum de instalação de uma sessão não deliberativa do Congresso não necessita ser

de maioria absoluta. Ex.: na Câmara, as sessões solenes começam com qualquer número (art.

68, II, do RICD) e as sessões ordinárias com 1/10 dos deputados, desprezada a fração (art. 79, §

2.º, do RICD);

b) nas sessões deliberativas, quando a sessão começar a deliberar sobre as proposições

legislativas (no plenário ou nas comissões), será verificado se há o quorum de comparecimento

da maioria absoluta dos membros respectivos (art. 47 da CF)4;

c) quando o quorum de aprovação de determinada proposição for qualificado (2/3, 3/5,

etc.), o quorum de comparecimento automaticamente é modificado para essa fração qualificada.

Ex.: quando o próximo item da pauta for uma PEC, cujo quorum de aprovação é de três quintos,

o quorum de presença exigido, obviamente, consiste nesse mesmo número de parlamentares.

3 Alguns doutrinadores consideram a maioria absoluta como uma espécie de maioria qualificada, o que

também pode ser considerado como correto na prova do CESPE! 4 Veja-se o que diz o art. 83 do RICD: ―Presente em Plenário a maioria absoluta dos Deputados, mediante

verificação de quorum, dar-se-á início à apreciação da pauta...‖. Por sua vez, versa o art. 82, § 3º, do

RICD: ―Não havendo matéria a ser votada, ou se inexistir quorum para votação, ou, ainda, se sobrevier a

falta de quorum durante a Ordem do Dia, o Presidente anunciará o debate das matérias em discussão‖.

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Dito de outro modo, os quorunsde presença e de aprovação equivalem entre si no

âmbito da maioria absoluta e da maioria qualificada. Eles diferem apenas na maioria simples ou

relativa (a qual exige um quorum de comparecimento de maioria absoluta e um quorum de

votação de maioria simples).

Quorum demaioria absoluta

- Perda de mandato parlamentar (art. 55, § 2.º).

- Aprovação de convocação extraordinária do Congresso Nacional (art. 57, § 6.º, II).

- Rejeiçãodo veto presidencial (art. 66, § 4.º).

- Aprovação de lei complementar (art. 69).

- Aprovação prévia, por resolução do Senado Federal, dos membros do STF, STJ, TST, CNJ e CNMP

(arts. 101, parágrafo único, 104,parágrafo único, 111-A, 103-B, § 2.º, e 130-A).

- Aprovação prévia do PGR e a sua destituição antes do término do seu mandato, em ambos os casos por

resolução do Senado Federal (art. 52, incisos XI e III, e;art. 128, § 1.º).

- Apreciação dos estados de defesa e de sítio (arts. 136, § 4.º, e 137, parágrafo único).

- Autorização de operações de créditos que excedam o montante das despesas de capital (art. 167, III).

- Arevisão constitucional (art. 3.º do ADCT).

Quorum dedois terços

- Autorização da CDpara a instauração de processo por crime comum ou de responsabilidade contra o

PR,vice-PR e ministros de Estado (em crimes conexos com aqueles) (art. 51, I).

- Condenação do Senado pelo cometimento de crime de responsabilidade (processo de impeachment) do

PR, do vice-PR, dos ministros de Estado e comandantes das Forças Armadas em crimes conexos com o

PR, dos ministros do STF, do PGR, do AGU e dos membros do CNJ/CNMP (art. 52, parágrafo único).

- Suspensão das imunidades parlamentares durante o estado de sítio (art. 53, § 8.º).

- Recusa pelos tribunais, na apuração por antiguidade, da promoção do juiz mais antigo (art. 92, II, d).

Quorum dedois quintos

- Não renovação das concessões de rádio e TV (art. 223, § 2.º).

Quorum detrês quintos

- Tratados internacionais de direitos humanos (art. 5.º, § 3.º) e emendas constitucionais (art. 60, § 2.º).

Uma última observação. Um parlamentar basicamente pode votar no sentido da

aprovação, da rejeição, se abster de votar (abstenção) ou, ainda, votar em branco (nas votações

em cédula ou quando o parlamentar se declarar impedido, diante de causa própria ou de assunto

em que ele tenha interesse individual – art. 180, § 6.º, do RICD).

As abstenções e os votos em branco sempre são considerados para efeito de quorum de

comparecimento, pois o parlamentar que votou em branco ou se absteve de votar, obviamente,

compareceu (vide art. 183, § 2.º, do RICD).

Em relação ao quorum de votação, nas maiorias qualificada e absoluta, a abstenção e o

voto em branco não são considerados como voto favorável, uma vez que a proposição, nesses

casos, demanda o voto favorável da maioria absoluta, de três quintos, de dois terços, etc.

Na maioria simples, a situação é diversa, pois as abstenções e os votos em branco são

ignorados e o cálculo da maioria levará em conta apenas os votos favoráveis e contrários à

proposição.

Exemplo: imagine que uma comissão daCâmaraseja composta de 20 membros e que,

em determinada reunião, compareceram 12 parlamentares, os quais votaram em dado projeto de

lei ordinária da seguinte forma: 5 votos favoráveis, 4 contrários e 3 abstenções. Esse projeto foi

aprovado nessa reunião? Sim, pois desconsiderando as abstenções (12-3=9), o projeto recebeu a

maioria de votos favoráveis. Teoricamente, se nessa mesma reunião ocorressem 9 abstenções, o

projeto poderia ser aprovado com um placar de 2 a 1! Atente, portanto, para esse aspecto da

maioria simples.

9) Câmara dos Deputados (CD). Os deputados federais são representantes do

povobrasileiro (CF, art. 12), e não apenas representantes dos seus eleitores ou do povo do

estado que o elegeu. Já os senadores são representantes dos estados e do DF.

São requisitos para ser eleito deputado federal (CF, art. 14, § 3.º):

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a) a nacionalidade brasileira (tanto o brasileiro nato, quanto o naturalizado podem

eleger-se deputado; apenas o cargo de presidente da CD é privativo de brasileiro nato –art. 12, §

3.º, II, da CF);

b) opleno exercício dos direitos políticos (em caso de suspensão ou perda dos direitos

políticos, o indivíduo não pode eleger-se deputado);

c) oalistamento eleitoral (ter o título de eleitor);

d) odomicílio eleitoral na circunscrição pela qual será eleito (isto é, no estado, no DF

ou no território federal que o elegerá);

e) a filiação partidária (uma vez que não se admite, no Brasil, a candidatura avulsa,

isto é, sem partido político);

f) a idade mínima de 21 anos.

No Brasil, as eleições para deputado federal, deputado estadual ou distrital (do DF) e

vereador ocorrem pelo sistema proporcional de lista aberta, enquanto as eleições para senador

e chefes do Poder Executivo (presidente, governador e prefeito) obedecem ao sistema eleitoral

majoritário (CF, arts. 27, § 1.º, 28, 29, II, 45, 46 e 77).

O sistema eleitoral proporcional (também chamado de sistema da representação de

opiniões ou do colorido partidário) pretende assegurar a cada corrente ideológica ou de opinião

da sociedade, reunida em um partido político, um número de representantes efetivamente

proporcional à sua força eleitoral.

Esse sistemaprestigia ospartidos políticos, pois nele pretende-se que a distribuição de

vagas no Legislativo seja proporcional ao número de votos obtidos por cada partido ou

coligação partidária nas eleições.

O art. 45, § 1.º, da CF impõe que o número total de deputados, bem como a

representação por cada estado e pelo DF, seja estabelecido em lei complementar,

proporcionalmente às suas populações, procedendo-se aos ajustes necessários, no ano anterior

às eleições, para que nenhuma daquelas unidades da Federação tenha menos deoito ou mais

desetenta deputados.

Assim, não devemos confundir as duas proporcionalidades relacionadas com a CD: a

primeira voltada para as eleições pelo sistema eleitoral proporcional e a segunda em relação ao

número de deputados por cada estado-membro e pelo DF.

A Lei Complementar n.o 78/93 regulamenta a matéria, tendo definido o número atual de

quinhentos e treze cadeirasna Câmara dos Deputados, a serem distribuídas

proporcionalmente àpopulação dos estados e do DF.

Observamos que a CF estabeleceu a proporcionalidade do número de deputados em

relação à população de cada estado e do DF, e não em relação aos eleitores, daí porque, nesse

cálculo, são incluídos os brasileiros, os estrangeiros e os apátridas residentes em cada uma

dessas unidades da Federação.

O limite mínimo de oito deputados e o máximo de setenta por cada estado e pelo DF

revela uma regra de federalismoassimétrico ou heterogêneo,pelo qual se reconhece uma

situação de desigualdade entre os entes da Federação e se propõe o tratamento diferenciado, a

fim de promover o equilíbrio federativo.

A circunscrição eleitoral para a eleição de deputados federais será o estado-membro, o

DF ou os territórios federais. Enquanto os dois primeiros elegem um número de deputados

proporcional às suas populações, no mínimo de oito e no máximo de setenta, os territórios

federais elegem o número fixo de quatro deputados.

10)Senado Federal (SF). O SF é previsto nas Constituições brasileiras desde a Carta de

1891 (com a exceção da de 1937, que o substituiu por um Conselho Federal).

O art. 46 da CF/88 afirma que os senadores serão eleitos segundo o

princípiomajoritário. Por ele, divide-se o território de um País em circunscrições eleitorais,

considerando-se eleitos, em cada uma delas, os candidatos que obtiverem o maior número de

votos, independente de quociente eleitoral ou partidário (característicos do sistema

proporcional). Esse sistema pode ser dividido em:

a) sistema majoritário simples, puro ou de maioria relativa;

b) sistema majoritário de dois turnos ou de maioria absoluta.

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Pelo último, considera-se eleito, já no primeiro turno, o candidato que obtiver a maioria

absoluta dos votos válidos. Não alcançada essa maioria absoluta por nenhum dos candidatos,

será realizado um segundo turno, concorrendo os dois candidatos mais votados e considerando-

se eleito aquele que obtiver a maioria dos votos válidos.

Ressalta a doutrina que o sistema majoritário possui vantagens (exs.: favorecimento de

governos estáveis e desestímulo à pulverização partidária) e desvantagens (ex.: prejuízo aos

partidos políticos) em relação ao sistema eleitoral proporcional.

A representação paritária de 3 senadores por cada estado-membro e pelo DF prestigia o

federalismo homogêneo ou simétrico, pelo qual cada ente federativo deve ser dotado da

mesma parcela de poder.

A eleição dos senadores pelo sistema majoritário, o qual favorece os partidos políticos

mais conservadores; o mandato de oito anos e a exigência da idade mínima de 35 anos, bem

superior aos 21 anos exigidos para eleger-se deputado, evidenciam o papel do Senado Federal

como ―casa do resfriamento ou damoderação‖.

Cada senador é eleito com dois suplentes, que sucederão o titular no caso de vacância

do cargo (exs.: morte, renúncia e cassação do mandato) ou lhe substituirão no caso de

impedimento (exs.: licenças e ocupação de outros cargos, como o de ministro de Estado), na

ordem de suas eleições (primeiro e segundo suplentes).

Observem que, enquanto a suplência de deputado é partidária (i.e., os suplentes são os

demais candidatos do partido que não se elegeram), a suplência de senador é pessoal, pois é

eleita uma chapa com o titular do mandato e com o 1º e o 2º suplentes.

Deputados Senadores

- Representantes do povo brasileiro. - Representantes dos estados e do DF.

- O número de deputados será proporcional à

população dos estados e do DF, os quais nunca

terão menos de 8 ou mais de 70 deputados. Os

territórios federais terão invariavelmente

4deputados. LC n.º 78/93 – 513 deputados.

- Número fixo de 3 por estado e pelo DF,

totalizando 81 senadores. Os territórios federais

não elegem senador.

- Eleitos pelo sistema proporcional (de lista

aberta).

- Eleitos pelo sistema majoritário (simples, de

maioria relativa ou puro, i.e., sem 2.º turno).

- Mandato de 4 anos (uma legislatura). - Mandato de 8 anos (ou duas legislaturas).

- Idade mínima de 21 anos. - Idade mínima de 35 anos.

11)Competências do CN. O art. 48 da CF prevê de forma exemplificativa as

competências legislativas do CN. Daí a redação do caput deixar claro que cabe ao Congresso

dispor sobre todas as matérias de competência da União e que os incisos apenas especificam

alguns desses conteúdos.

Apesar de o CN ser o órgão legislativo da União, suas atribuições não se resumem à

função de elaborar as leis federais, podendo as atribuições do Congresso ser classificadas em

cinco grupos, a saber:

a) atribuições legislativas: consistem naelaboração das leis de competência da União,

conforme especifica o art. 48 da CF/88, com a sanção do presidente da República (CF, art.

66) e por meio do processo legislativo estabelecido nos arts. 61 a 69 da Lei Maior;

b) atribuições deliberativas: representam a prática de atos concretos, de autorizações,

de aprovações ou de sustações de atos do Poder Executivo. Essas deliberações relacionam-se

com competências administrativas (ex.: mudar temporariamente a sua sede) e políticas (ex.:

autorizar o estado de sítio) próprias do CN. Estão consignadas no art. 49 da CF (representam a

sua competência exclusiva) e são realizadas por meio de decreto legislativo, cujo procedimento

de elaboração não prevê a participação do PR;

c) atribuições de fiscalização e controle: são desempenhadas pelo Congresso por meio

dos seguintes procedimentos: pedidos de informação (art. 50, § 2.º), constituição de CPIs (art.

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58, § 3.º), julgamento das contas prestadas anualmente pelo PR (art. 49, IX), controle de atos do

Poder Executivo (art. 49, X) e controle externo sobre os demais Poderes, com o auxílio dos

tribunais de contas e da CMO;

d) atribuições de julgamento dos crimes de responsabilidade: sãoexercidas pelas

duas Casas, quando autorizam o processo (CD) e julgam determinadas autoridades públicas

(SF) em razão do cometimento de crimes de responsabilidade (arts. 51, I, e 52, I e II);

e) atribuições constituintes de 2.º grau: sãotambém exercidas por suas Casasquando

elaboram as emendas constitucionais (art. 60).

Feitas essas observações, concluímos que as atribuições legislativas previstas no art. 48

são exercidas pelo CN por meio de lei – ordinária ou complementar – cujo processo

legislativo prevê a participação do PR por meio da sanção presidencial.

Os concursos públicos adoram perguntar se determinada atribuição é da competência do

Congresso, exercida por meio de lei (art. 48) e com a sanção do presidente, ou se é da

competência exclusiva do Congresso, realizada por meio de decreto legislativo (art. 49) e sem

a sanção presidencial.

Nesse ponto, deixamos a seguinte dica: enquanto o art. 48 contempla matérias, assuntos

que serão legislados pelo CN por meio de lei (competência legislativa – ex.: telecomunicações e

radiodifusão), o art. 49 prevê determinados atos administrativos epolíticos que devem ser

praticados exclusivamente pelo CN (competências deliberativas – ex.: autorizar o presidente a

declarar a guerra e celebrar a paz).

Ainda para diferenciar essas duas situações, perceba que os assuntos do art. 48 vêm

descritos na forma de substantivos (sistema tributário, telecomunicações, etc.), enquanto os atos

administrativos ou políticos do art. 49 são arrolados na forma de verbos (resolver, autorizar,

aprovar, etc.).

Por fim, destacamos que o elenco das atribuições previstas no art. 48 é meramente

exemplificativo, haja vista que apenas explicita algumas matérias de competência legislativa da

União, enquanto os incisos do art. 49 exauremas atribuições exclusivas do Congresso e

impedem que, no âmbito da legislação infraconstitucional, seja inserida nova atribuição a essa

lista, sob pena de fragmentação do equilíbrio entre os três Poderes. Novas competências a

serem exercidas por decreto legislativo (art. 49) somente podem ser inseridas por

intermédio de emendas constitucionais.

Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida

esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da União,

especialmente sobre:

I – sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas;

Comentários

O art. 48, I, a CF/88 determina que o sistema tributário, a arrecadação e a distribuição

de rendas sejam disciplinados pelo Poder Legislativo em lei federal.

Ocorre que, nos termos do art. 24, I, da CF/88, a competência para legislar sobre direito

tributário e financeiro (os quais abrangem a arrecadação e a distribuição das rendas públicas) é

concorrente entre a União, os estados e o DF.

Por sua vez, o art. 30, I, da CF/88 dispõe que os municípios possuem competência

legislativa para suplementar as leis federais e estaduais, desde que presente o interesse local.

Harmonizando tais dispositivos, temos a seguinte realidade: as normas gerais sobre

sistema tributário, arrecadação e distribuição das rendas públicas são da competência da União.

Cabe aos estados e ao DF suplementar a legislação federal, nos termos dos parágrafos do art. 24

da CF/88. Cabe aos municípios complementar a legislação federal e estadual, desde que

presente o interesse local (CF, art. 30, I).

Os arts. 146 e 163, I, da CF/88 ainda dispõem sobre a necessidade de lei complementar

para a estipulação de matéria financeira e de normas gerais de direito tributário.

É importante perceber que nem todas as matérias do art. 48 da CF são de competência

legislativa privativa da União.

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II – plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de crédito, dívida

pública e emissões de curso forçado;

Comentários

As leis orçamentárias (PPA, LDO e LOA) são de iniciativa do chefe do Poder

Executivo (presidente, governadores e prefeitos) e devem ser encaminhadas obrigatoriamente

para discussão e votação nos Legislativos respectivos (CF, art. 165).

Na verdade, desde a revolução dos barões feudais que culminou na Magna Carta da

Inglaterra de 1215, constatou-se a necessidade de os parlamentos fiscalizarem a atividade

financeira do Estado, inclusive a criação de novos tributos (no taxationwithoutrepresentation).

Indispensável, portanto, que as normas tributárias e orçamentárias passem pelo crivo dos

representantes populares e sejam aprovadas na forma de uma lei.

Emissões de curso forçado referem-se às emissões de quaisquer espécies de moeda

(ex.: papel-moeda), a que o Estado confere poder liberatório, a fim de tornar a sua aceitação

obrigatória e impedir a sua recusa pelos credores como pagamento de dívidas.

O art. 29 da LC n.º 101/00 (LRF) traz as definições de dívida pública consolidada ou

fundada, dívida pública mobiliária e operação de crédito.

III – fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas;

IV – planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento;

V – limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e bens do domínio da União;

VI – incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de Territórios ou Estados, ouvidas

as respectivas Assembléias Legislativas;

Comentários

Nos termos do art. 18, §§ 2.º e 3.º, da CF/88, os territórios federais e os estados-

membros podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a

outros, ou formarem novos estados ou territórios federais, mediante aprovação da população

diretamente interessada por meio de plebiscito e do Congresso Nacional por lei complementar.

Interpretando os referidos dispositivos constitucionais com o art. 48, VI, temos que a

criação, a incorporação, a fusão, a subdivisão ou o desmembramento de um estado-membro ou

de um território federal obedece ao seguinte procedimento:

1.º)realização de consulta popular àspopulaçõesdiretamente interessadas, por meio

de plebiscito (CF, art. 18, § 3.º);

2.º)quando a consulta popular for favorável (caso não o seja, arquiva-se

obrigatoriamente o processo), haverá a possibilidade de propositura de um projeto de lei

complementar em qualquer das Casas do CN;

3.º)no âmbito do projeto de lei complementar federal, deve-se proceder à audiência das

assembleias legislativas das áreas envolvidas (CF, art. 48, VI, e art. 4.º, § 2.º, da Lei n.º

9.709/98), cujo parecer não é vinculante, mas apenas opinativo;

4.º)para finalizar o processo, é necessário que o projeto de lei complementar seja

aprovado pela maioria absoluta dos deputados e senadores (CF, art. 69).

VII – transferênciatemporária da sede do Governo Federal;

Comentários

De acordo com o art. 18, § 1.º, da Lei Maior, a sede permanente do Governo Federal

(que engloba os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário) é Brasília.

O art. 48, VII, permite a transferência temporária, momentânea, da sede do Governo

Federal por um motivo qualquer (exs.: calamidade pública, guerra ou comoção interna),

mediante a edição de lei ordinária federal. Já a sede permanente do Governo Federal só pode

ser retirada de Brasília por meio de uma emenda à CF/88.

Na verdade, são três situações que não devem ser confundidas:

a) a transferência definitiva da sede do Governo Federal, que depende de emenda

constitucional;

b) a transferência temporária da sede do Governo Federal,que depende de lei

ordinária federal (CF, art. 48, VII);

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c) a transferência temporária da sede do Congresso Nacional, que depende apenas de

decreto legislativodo Congresso, nos termos do art. 49, VI, da CF/88.

VIII – concessão de anistia;

Comentários

A anistia (do grego amnistia, que significa amnésia, esquecimento)é uma medida do

Poder Público que resulta no esquecimento de determinadas infrações praticadas pelos

indivíduos. A anistia pode ser concedida pelo Estado para o esquecimento decrimes políticos ou

comuns, infrações administrativas ou tributárias.

Independentemente de sua finalidade (penal, administrativa ou tributária), a anistia

somente pode ser concedida por meio de lei, i.e., lei formal, bastando a lei ordinária.

No caso da anistia que extingue a punibilidade criminal, essa lei será obrigatoriamente

federal, visto que apenas a União pode legislar sobre direito penal, nos termos do art. 22, I, da

CF/88.

Já as anistias administrativas e tributárias podem ser concedidas por leis federais,

estaduais, distritais ou municipais, a depender do ente da Federação competente para aplicar

as respectivas sanções administrativas e tributárias.

A anistia penal não se confunde com a graça e com o indulto. Basicamente, a anistia

somente é concedida por lei, enquanto a graça (perdão individual) e o indulto (perdão coletivo)

são concedidos por decreto do PR (CF, art. 84, XII).

IX – organização administrativa, judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública da

União e dos Territórios e organização judiciária e do Ministério Público do Distrito Federal (Redação

dada pela EC n.º 69/12);

X – criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas, observado o

que estabelece o art. 84, VI, b(redação dada pela EC n.º 32/01);

XI – criação e extinçãode Ministérios e órgãos da administração pública (redação dada pela

EC n.º 32/01);

Comentários

O inciso IX do art. 48 foi alterado pela EC n.º 69/12, com o claro objetivo de transferir

a competência legislativa e administrativa de organizar e manter a Defensoria Pública do

Distrito Federal da União para o DF.

Com razão, a redação originária da CF/88 atribuiu à União a competência para

implementar a Defensoria Pública do Distrito Federal e Territórios (DPDFT), no contexto da

autonomia federativa do DF parcialmente tutelada pela União. Ocorre que a União nunca

conseguiu instalar a DPDFT, tendo a EC 69/12 acertadamente transferido essa atribuição para o

DF! Ressalte-se que nada muda em relação ao MPDFT e ao TJDFT, os quais continuam sendo

órgãos federais, mantidos e organizados por leis aprovadas no CN.

Os incisos X e XI do art. 48 tiveram suas redações alteradas pela EC n.o 32/01, a qual

produziu alterações também no art. 84, VI, da CF/88.

De acordo com a atual redação do art. 84, VI, o presidente da República pode dispor

mediante decreto sobre:

a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar

aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;

b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos.

Assim, devemos analisar os referidos incisos do art. 48 em conjunto com o art. 84, VI,

para concluir que continuam sendo matéria reservada à lei ordinária:

a) a criação e a extinção de funções, empregos e cargos públicos (com a ressalva da

extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos, que pode ser feita por decreto);

b) a criação e a extinçãode ministérios e órgãos da administração pública. Lembremos

que o decreto do presidente da República somente pode dispor sobre a organização da

administração federal, quando não invadir esse conteúdo nem implicar aumento de despesa.

Vejamos dois exemplos para facilitar o entendimento da matéria.

Exemplo 1: Imagine que o PR tenha editado um decreto para alterar a organização

administrativa de uma fundação pública federal. Isso é possível? Sim, desde que não haja a

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criação ou a extinção de órgão público nem haja aumento de despesa. Fora desses casos, o

decreto pode alterar a estrutura dessa fundação, bem como remanejar cargos efetivos e

comissionados.

Exemplo 2: Considere que existem dez cargos de técnico administrativo do Ministério

da Fazenda vagos. É possível que o decreto presidencial os extinga? Sim, com base no art. 84,

VI,b. O que o decreto não pode fazer é criar cargos, empregos e funções, tampouco extingui-los

quando eles estiverem ocupados por algum servidor.

XII – telecomunicações e radiodifusão;

XIII – matéria financeira, cambial e monetária, instituições financeiras e suas operações;

XIV – moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida mobiliária federal.

Comentários

Dívida mobiliária federal é a resultante de títulos de crédito emitidos pela União,

inclusive os do Banco Central do Brasil, nos termos do art. 29 da LC n.º 101/00.

Nesse ponto, atente para uma grande pegadinha de concurso: enquanto os limites

globais e as condições para o montante da dívida mobiliária dos estados, do DF e dos

municípios são estabelecidos por resolução do Senado Federal (CF, art. 52, IX), os limites do

montante da dívida mobiliária federal são definidos em lei ordinária federal. XV – fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, observado o que dispõem

os arts. 39, § 4.º; 150, II; 153, III; e 153, § 2.º, I (redação dada pela EC n.º 41/03).

Comentários

A EC n.o 41/03 alterou o inciso XV do art. 48 e eliminou a necessidade de que a lei

fixadora do subsídio dos ministros do STF fosse de iniciativa conjunta dos presidentes da

República, da CD, do SF e do STF (requisito idealizado pela EC n.o 19/98).Atualmente,

entende-se que essa lei ordinária federal é de iniciativa privativa do STF, diante da interpretação

sistemática do art. 48, XV, com o art. 96, II, b, da CF.

Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:

I – resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem

encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional;

Comentários

Tratado internacional é o acordo formal celebrado entre sujeitos de direito internacional

público (exs.: Estados independentes e organizações internacionais – ONU, OIT, UNESCO,

etc.) e destinado a produzir efeitos jurídicos.

Inicialmente, destacamos que um tratado internacional celebrado pelo PR passa por

quatro fases até ser incorporado ao ordenamento jurídico brasileiro, a saber:

1.º)o presidente da República celebra o tratado internacional (CF, art. 84, VIII);

2.º)oCN aprova o tratado por meio de decreto legislativo (CF, art. 49, I). Para essa

aprovação, exige-se apenas um turno de discussão e votação em cada Casa Legislativa,

considerando-se aprovado o tratado que obtiver o voto da maioria simples dos parlamentares.

Esse é o quorum de aprovação exigido para a generalidade dos tratados internacionais.

Não obstante, a EC n.o 45/04 permite que os tratados internacionais sobre direitos humanos

sejam aprovados, em cada Casa do CN, em dois turnos, por três quintos dos votos dos

respectivos membros, quando então serão equivalentes às emendas constitucionais (CF, art. 5.º,

§ 3.º);

3.º)oPR ratifica o tratado internacional, momento a partir do qual o tratado passa a

obrigar o Brasil no âmbito internacional;

4.º)oPR, então, expede um decreto, a fim de promulgar o tratado internacional e fazer

publicar o seu texto no diário oficial, momento a partir do qual o tratado passa a vigorar no

ordenamento jurídico interno.

Feita essa explicação inicial, alertamos que, apesar de a redação do art. 49, I, nos levar a

crer que apenas os tratados internacionais ―que acarretem encargos ou compromissos gravosos

ao patrimônio nacional‖ devam ser apreciados pelo Congresso Nacional, a melhor doutrina

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entende que a deliberação do Poder Legislativo é necessária para a incorporação ao direito

brasileiro da grande maioria dos tratados internacionais. Essa incorporação decorre, na

verdade, de um ato complexo, derivado da manifestação de vontade dos Poderes Executivo e

Legislativo.

Em verdade, apenas os tratados internacionais considerados como acordos executivos

não precisam da aprovação do Congresso Nacional, a exemplo daqueles que simplesmente

interpretam cláusulas de um tratado anterior ou que decorram lógica e necessariamente de

algum tratado vigente, funcionando como seu complemento.

Jurisprudência O STF decidiu que o Poder Judiciário, fundado na supremacia da Constituição, dispõe de

competência, para, quer em sede de fiscalização abstrata, quer no âmbito do controle difuso, efetuar o

exame de constitucionalidade dos tratados ou convenções internacionais já incorporados ao sistema do

direito positivo interno. Para tanto, analisa-se a constitucionalidade dos atos normativos (a saber: do

decreto legislativo do Congresso Nacional e do decreto do presidente da República) que incorporam esses

tratados internacionais ao direito positivo interno do Brasil (ADI 1.480/DF-MC).

II – autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças

estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados os

casos previstos em lei complementar;

Comentários

Harmonizando o art. 49, II, com o art. 84, XIX e XX, da CF, temos que o presidente da

República declarará a guerra ou celebrará a paz, desde que autorizado previamente pelo

Congresso Nacional oureferendado posteriormente por ele, quando tais fatos ocorrerem em

períodos de recesso parlamentar.

Quanto à possibilidade de o PR permitir que forças estrangeiras transitem pelo território

nacional, a leitura do presente dispositivo com o art. 84, XXII, da Lei Maior, nos remete às

seguintes conclusões:

a) a Lei Complementar n.o 90/97 traz as hipóteses em que o presidente da República

pode permitir que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam

temporariamente, independentemente da autorização do Congresso;

b) nos demais casos, o trânsito ou a permanência temporária de forças estrangeiras em

nosso território somente podem ser autorizados pelo presidente com prévia aquiescência do

Congresso Nacional mediante decreto legislativo.

III – autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do País, quando a

ausência exceder a quinze dias;

IV – aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou

suspender qualquer uma dessas medidas;

Comentários

O art. 49, IV, refere-se à aprovação do estado de defesa e da intervenção federal,

indicando, pois, que a deliberação do CN será posterior à decretação de tais medidas pelo PR

(CF, arts. 36, § 1.º e 136, § 4.º). O mesmo inciso alude à autorização do estado de sítio,

demonstrando que a deliberação do CN deve ser anterior ao decreto presidencial,ou seja:

primeiro o CN autoriza e somente depois o PR pode decretar o estado de sítio (CF, art. 137).Nos

termos do art. 136, § 4.º, e do art. 137, parágrafo único, da CF/88, o CN somente aprova o

estado de defesa e autoriza o estado de sítio pelo voto da maioria absoluta dos seus membros.

V – sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou

doslimites de delegação legislativa;

Comentários

Sobre esse dispositivo, tecemos as seguintes considerações iniciais:

a) o Executivo dispõe do poder regulamentar (CF, art.84, IV), que é a faculdade de

expedir decretos para a fiel execução de uma lei, a fim de facilitar sua aplicação e eficácia;

b) os decretos regulamentares não podem extrapolar os limites da lei e criar direito

novo, pois são expedidos para regulamentar a fiel execução de uma lei;

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c) a Constituição admite que o Poder Executivo elabore leis delegadas, a partir de

autorização concedida pelo CN, por meio de resolução, a qual especificará os termos e o

conteúdo da delegação legislativa (CF, art. 68).

Feitas essas considerações, o art. 49, V, permite que o CN, por meio de decreto

legislativo, suste (não é revogar nem anular, mas apenas sustar com efeitos ex nunc, i.e., não

retroativos) os efeitos:

a) de um decreto que exorbitou do seu poder regulamentar (CF, art. 84, IV);

b) de uma lei delegada que extrapolou os limites da delegação concedida (CF, art. 68).

Esse ato de sustação do CN, também conhecido como veto legislativo,éconsideradouma

hipótese de controle de constitucionalidade repressivo (que incide sobre um ato já pronto e

acabado) e político (realizado por um órgão de natureza política), pelo qual o CN susta (de

forma não retroativa) os efeitos de um ato normativo do Poder Executivo que desrespeitou o art.

84, IV, ou o art. 68 da Lei Maior.

Jurisprudência O decreto legislativo que susta os efeitos de um ato normativo do Poder Executivo (art. 49,

V) pode, por sua vez, ser declarado inconstitucional pelo STF em sede de ADI, caso tenha

considerado de maneira equivocada que houve abuso do poder regulamentar ou extrapolação dos limites

da delegação legislativa (ADI 1.553/DF).

VI – mudar temporariamente sua sede;

Comentários

A transferência temporária da sede do Congresso Nacional, aqui prevista, depende

apenas da aprovação de um decreto legislativo.

Essa hipótese não deve ser confundida com a possibilidade de transferência temporária

da sede do Governo Federal (Legislativo, Executivo e Judiciário), a qual exige a edição de lei

ordinária, nos termos do art. 48, VII, da CF/88.

VII – fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Senadores, observado o que

dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4.º, 150, II, 153, III, e 153, § 2.º, I (redação dada pela EC n.º 19/98);

Comentários

Os subsídios dos deputados federais e dos senadores são obrigatoriamente idênticos e

fixados por decreto legislativo do Congresso Nacional.

As referências aos arts. 37, XI; 39, § 4.º; 150, II; 153, III; e 153, § 2.º, I, dizem respeito

à submissão da remuneração do parlamentar ao teto nacional do funcionalismo público, às

regras próprias do subsídio (a saber: pagamento em parcela única, vedado o acréscimo de

qualquer outra verba remuneratória) e à incidência de tributos (ex.: imposto de renda).

Jurisprudência O STF decidiu, nos termos do art. 49, VII, da CF, que a fixação dos subsídios dos congressistas

federais há de ser objeto de decreto legislativo específico, a ser aprovado por ambas as Casas do

Congresso Nacional, não podendo decreto legislativo anterior delegar a um simples ato conjunto das

Mesas da Câmara e do Senado o poder para fixar tais subsídios (MS 26.307/DF-MC, vide Informativo n.o

453 do STF).

VIII – fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos Ministros de

Estado, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4.º, 150, II, 153, III, e 153, § 2.º, I (redação dada

pela EC n.º 19/98); IX – julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os

relatórios sobre a execução dos planos de governo;

Comentários

Em relação ao julgamento anual das contas prestadas pelo PR, o art. 84, XXIV, da

CF/88 dispõe que compete ao PR prestar anualmente ao CN, dentro de sessenta dias após a

abertura da sessão legislativa, as contas referentes ao exercício anterior.

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Em complemento a esse dispositivo, o art. 51, II, da CF/88 afirma competir à CD

proceder àtomada de contas do PR, quando estas não forem apresentadas ao Congresso dentro

de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa.

Ainda, o art. 71, I, da CF, entrega ao TCU a competência para apreciar as contas

prestadas anualmente pelo PR, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta

dias a contar de seu recebimento. Ressalte-se que esse parecer prévio do TCU não vincula o

julgamento das contas do Governo pelo CN.

Interpretando os referidos dispositivos constitucionais em conjunto com o art. 49, IX,

temos a seguinte realidade:

a) oPR, apresentando as suas contas anuais referentes ao exercício anterior dentro do

prazo de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, deve encaminhá-las aoCN(CF,

art. 84, XXIV);

b) não apresentadas as contas ao CN dentro desse prazo, o PR deve encaminhá-las à

Câmara dos Deputados para que esta proceda àtomada de contas e envie ao Congresso parecer

sobre a sua regularidade (parecer emitido pela Comissão de Finanças e Tributação, nos termos

do art. 215 do RICD, o qual posteriormente é encaminhado, através da Mesa da CD, ao

Congresso Nacional);

c) as contas encaminhadas pelo PR ainda receberão um parecer prévio do TCU, que

deverá ser elaborado em 60 dias a contar de seu recebimento e que não vincula o julgamento

do Congresso;

d) sejam as contas tomadas pelo CN ou pela CD, competirá sempre ao Congresso

Nacional julgar anualmente essas contas, com base no art. 49, IX, da CF/88, proferindo um

julgamento essencialmente político acerca da responsabilidade do Governo Federal sobre as

suas contas apresentadas.

O Congresso poderá aprovar ou rejeitar tais contas. Rejeitando-as, é possível que o PR

seja enquadrado em crime de responsabilidade (CF, art. 85, V e VI), a ser apurado por meio do

processo de impeachment.

X – fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder

Executivo, incluídos os da administração indireta;

XI – zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição normativa dos

outros Poderes;

XII – apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de emissoras de rádio e

televisão;

Comentários Observe que a CF/88 prevê um ato administrativo complexo tanto para a outorga,

quanto para a renovação da concessão, permissão ou autorização dos serviços de rádio e TV,

pois somente após a deliberação ratificadora do Congresso Nacional (por meio de decreto

legislativo) é que o ato de outorga ou renovação a cargo do Poder Executivo produzirá efeitos

legais (CF, art. 223, § 3.º).

Nos termos do art. 223, § 2.º, da CF/88, a não renovação da concessão ou permissão dos

referidos serviços dependerá de aprovação de, no mínimo, dois quintos do Congresso Nacional,

em votação nominal.

XIII – escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da União;

Comentários

De acordo com o art. 73 da CF/88, o TCU é formado por nove ministros, sendo três (um

terço) escolhidos pelo presidente da República e seis (dois terços) escolhidos pelo Congresso

Nacional.

XIV – aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares;

XV – autorizar referendo e convocar plebiscito;

Comentários

Referendo e plebiscito são consultas formuladas ao povo para que este delibere sobre

matéria de acentuada relevância, de competência do Legislativo ou do Executivo. É autorizado

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ou convocado por decreto legislativo, por proposta de, no mínimo, um terço dos membros de

qualquer das Casas do CN (arts. 2.º e 3.º da Lei n.o 9.709/98).

Quanto à distinção entre eles, o plebiscito é conceituado como a consulta popular

anterior à edição de um ato legislativo ou administrativo, cabendo ao povo, pelo voto, aprovar

ou denegar o que lhe for submetido. Já o referendo é a consulta popular posterior ao ato

legislativo ou administrativo, cumprindo ao povo a respectiva ratificação ou rejeição.

XVI –autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos

e a pesquisa e lavra de riquezas minerais;

XVII – aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área superior

a dois mil e quinhentos hectares.

Comentários

O art. 188, § 1.º, da Carta Magna confirma que a alienação ou a concessão, a qualquer

título, de terras públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares a pessoa física ou

jurídica, ainda que por interposta pessoa, dependerá de prévia aprovação do Congresso

Nacional.

Por outro lado, o § 2.º do mesmo art. 188 traz importante exceção ao dispor que não

necessitarão de prévia aprovação do CN as alienações ou as concessões de terras públicas

(com área superior a 2.500 hectares) para fins de reforma agrária.

12)Competência privativa da CD (CF, art. 51). Para além de sua competência

legislativa, a ser exercida em parceria com o Senado e com a participação do PR, o art. 51 da

CF/88 traz as competências privativas da CD.

Nesses casos, a Câmara atua de forma isolada, sem a participação do Senado ou do

chefe do Poder Executivo federal, e exerce essas competências por meio de resoluções,

aprovadas em um turno de discussão e votação, em regra por maioria simples (salvo no caso do

art. 51, I, o qual depende da aprovação de 2/3 dos deputados).

Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados:

I – autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o

Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado;

Comentários

Para a instauração de processo, por crime comum ou de responsabilidade, contra o PR,

o vice-PR e os ministros de Estado (neste último caso, desde que os ministros tenham cometido

o crime em conexão com o PR – STF, QC 427/DF-QO), é indispensável a autorização da CD, a

qual se dará por meio de resolução da Câmara aprovada por 2/3 dos seus membros.

Sobre essa autorização da Câmara dos Deputados, tecemos as seguintes observações:

1.ª)com o art. 51, I, da CF/88, a CD perdeu uma atribuição que lhe era historicamente

reservada (desde a CF de 1891), qual seja: a de declarar procedente a acusação contra as

referidas autoridades, cujo principal efeito era o de afastá-las de suas funções.A partir da CF/88,

a CD apenas autoriza a instauração do processo contra essas autoridades e realiza um juízo

político sobre a mera admissibilidade da acusação, i.e., analisa politicamente se a denúncia é

fruto de perseguições políticas.

Atualmente, o juízo deprocedência da acusação e a consequente suspensão dessas

autoridades de suas funções apenas ocorrem, nas infrações penais comuns, se recebida a

denúncia ou queixa-crime pelo STF e, nos crimes de responsabilidade, após a instauração do

processo pelo Senado Federal (CF, art. 86, § 1.º).

Como dissemos, essa autorização da Câmara (também conhecida como juízo de

admissibilidade) é uma condição imposta constitucionalmente para a instauração de processos

por crime comum no STF (CF, art. 102, I, b) ou por crime de responsabilidade no Senado

Federal (CF, art. 52, I – processo de impeachment) contra o PR, o vice-PR ou os ministros de

Estado (neste último caso, desde que cometido o crime em conexão com o PR ou até com o

vice-PR);

2.ª)como já afirmado, a autorização para o processamento dos ministros de Estado, por

crime comum ou de responsabilidade, somente será necessária nos casos de crimes cometidos

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em conexão com o PR, pois quando os ministros praticarem tais crimes sozinhos, não haverá

necessidade de aplicação do art. 51, I, da CF/88;

3.ª)considerando que a literalidade do art. 51, I, não se refere aos comandantes da

Marinha, do Exército e da Aeronáutica, a ESAF já cobrou na prova de auditor-fiscal do trabalho

de 2003 que a necessidade de autorização da CD não abrange essas autoridades, mas apenas os

ministros de Estado.

Jurisprudência ―O Senado e não mais a Câmara dos Deputados formulará a acusação (juízo de pronúncia) e

proferirá o julgamento (C.F., art. 51, I; art. 52, I; art. 86, par. 1., II, par. 2.). No regime da Carta de 1988, a

Câmara dos Deputados, diante da denúncia oferecida contra o Presidente da Republica, examina a

admissibilidade da acusação (C.F., art. 86, ‗caput‘), podendo, portanto, rejeitar a denúncia oferecida na

forma do art. 14 da Lei 1079/50. No procedimento de admissibilidade da denúncia, a Câmara dos

Deputados profere juízo político. Deve ser concedido ao acusado prazo para defesa, defesa que decorre do

princípio inscrito no art. 5.º, LV, da Constituição, observadas, entretanto, as limitações do fato de a

acusação somente materializar-se com a instauração do processo, no Senado. Neste, é que a denúncia será

recebida, ou não, dado que, na Câmara ocorre, apenas, a admissibilidade da acusação, a partir da edição

de um juízo político, em que a Câmara verificará se a acusação é consistente, se tem ela base em

alegações e fundamentos plausíveis, ou se a notícia do fato reprovável tem razoável procedência, não

sendo a acusação simplesmente fruto de quizílias ou desavenças políticas. Por isso, será na esfera

institucional do Senado, que processa e julga o Presidente da República, nos crimes de responsabilidade,

que este poderá promover as indagações probatórias admissíveis‖ (STF, MS 21.564/DF).

II – proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao

Congresso Nacional dentro de sessenta diasapós a abertura da sessão legislativa;

Comentários

Vide comentários ao art. 49, X, da CF/88. Relembremos que o art. 51, II, não retira nem

excepciona a competência do CN de julgar anualmente as contas anuais do Governo Federal. O

que o art. 51, II, da CF/88 pretende é que a Câmara funcione como uma ―instância fiscalizadora

intermediária‖, ao cobrar a prestação de contas do PR, no caso de ele não apresentá-las em até

sessenta dias após a abertura da sessão legislativa.

III – elaborar seu regimento interno;

IV – dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção

dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva

remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; (Redação dada

pela EC n.º 19/98)

Comentários

A EC n.o 19/98 alterou a redação do art. 51, IV, exatamente para retirar da CD a

prerrogativa de fixar a remuneração dos seus servidores mediante simples resolução, o que lhe

havia sido concedido desde a promulgação da CF/88. A partir de então, a Câmara possui

competência apenas para propor ainiciativa de lei para a fixação da remuneração dos seus

servidores.

Assim, não devemos confundir:

a) a Câmara pode, por simples resolução, criar, transformar ou extinguir cargos,

empregos e funções de seus serviços auxiliares, o que, inclusive, difere da criação,

transformação e extinção de cargos, empregos e funções dos demais Poderes, que dependem da

edição de lei ordinária, nos termos do art. 48, X, com a ressalva do art. 84, VI,b, da CF/88;

b) apesar de ter competência para criar, transformar ou extinguir seus cargos, empregos

e funções por resolução, a Câmara apenas propõe a iniciativa de lei para a fixação da

remuneração dos seus servidores, o que demonstra que há intervenção do Senado e do PR na

fixação da remuneração dos seus serviços.

Ressalte-se que, enquanto a fixação da remuneração dos servidores da Administração

Pública Direta e Indireta depende de lei de iniciativa do presidente da República (CF, art. 61, §

1.º, II, a) e a fixação da remuneração dos servidores do Poder Judiciário demanda lei de

iniciativa de determinados tribunais (CF, art. 96, II, c), a definição da remuneração dos

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servidores da Câmara e do Senado depende de leis de iniciativa dessas Casas Legislativas, nos

termos dos arts. 51, IV, e 52, XIII, da CF/88.

Jurisprudência 1) Considerando que a Constituição exige, em tema de remuneração dos servidores públicos, a

reserva de lei específica (CF, art. 37, X, art. 51, IV, art. 52, XIII), o STF reconheceu a

inconstitucionalidade formal do Ato Conjunto n.º 01/2004 das Mesas do Senado e da Câmara, o qual

reajustava a remuneração dos servidores dessas Casas Legislativas e do TCU (ADI 3.369/DF-MC).

2) Súmula n.º 397 do STF: ―O poder de polícia da Câmara dos Deputados e do Senado Federal,

em caso de crime cometido nas suas dependências, compreende, consoante o regimento, a prisão em

flagrante do acusado e a realização do inquérito‖.

3) O STF decidiu que eventual antinomia entre preceitos de lei e de regimento interno das

câmaras legislativas, na maioria das vezes, não se resolve como questão de hierarquia ou de conflito

intertemporal de normas, mas, sim, mediante a prévia demarcação, à luz de critérios constitucionais

explícitos ou implícitos, dos âmbitos materiais próprios a cada uma dessas fontes normativas. No caso

concreto, entendeu-se que o prazo de duração das CPIs é matéria reservada à lei formal, e não a um

regimento interno, considerando que tal matéria cria restrição a direitos de cidadãos estranhos aos corpos

legislativos e ao pessoal dos seus serviços auxiliares, além de não estar incluída no restrito âmbito do

poder de polícia administrativa das câmaras (HC 71.261/RJ).

V – eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.

Comentários

Nos termos do art. 89, VII, da CF/88, compete à CD eleger dois cidadãos brasileiros

natos, com mais de 35 anos de idade, para cumprir mandato de três anos no Conselho da

República, órgão superior de consulta do PR (CF, arts. 89 e 90).

13)Competências privativas do SF (CF, art. 52). Dessas competências privativas,

destacamos:

a) as que transformam o SF em tribunal político, o qual processa e julga determinadas

autoridades no processo de impeachment (art. 52, I e II);

b) as que exigem a aprovação prévia do Senado, por meio de arguição (sabatina),no

processo de escolha de autoridades públicas (art. 52, III e IV);

c) as relacionadas com matéria financeira (art. 52, V a IX);

d) a que amplia os efeitos da decisão do STF em controle difuso de

constitucionalidade (art. 52, X).

Percebe-se que o SF, além de sua atribuição típica de legislar, recebeu da CF/88

importantes funções políticas para que atue em prol do equilíbrio federativo.

Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:

I – processarejulgar o Presidentee o Vice-Presidente da Repúblicanos crimes de

responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da

Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles; (Redação dada pela EC n.º 23/99)

II – processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho

Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da

República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade; (Redação dada pela EC n.º

45/04)

Comentários

Os incisos I e II do art. 52 trazem a competência julgadora do Poder Legislativo, a

evidenciar que a função jurisdicional do Estado não é exercida de maneira exclusiva pelo Poder

Judiciário.

Com efeito, ao ser definido como o juízo natural competente para processar e julgar os

crimes de responsabilidade praticados pelas autoridades referidas nesses incisos, o Senado

funciona como um tribunal jurisdicional que condena ou absolve tais autoridades em caráter

definitivo e cujas decisões produzem coisa julgada material.

Tendo em vista que, no art. 52, I e II, o Senado Federal exerce não apenas jurisdição,

mas também função política, a melhor doutrina entende que essa atividade não pode ser revista

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pelo Poder Judiciário, assim como não se submete ao efeito vinculante das decisões do STF,

quer nas ADIs, quer nas súmulas vinculantes.

O processo que apura a prática de crime de responsabilidade é denominado processo de

impeachment, expressão que não se limita ao PR, mas a qualquer autoridade que responda por

crimes dessa natureza.

O Senado Federal é competente para processar (i.e., receber a peça acusatória, realizar

audiências, colher provas, etc.) e julgar (condenar ou absolver) as autoridades referidas nos

incisos I e II.

Porém, a competência do Senado limita-se a julgar o processo de impeachment (pelo

cometimento de crime de responsabilidade) das autoridades elencadas no art. 52, I e II. Essa

competência não abrange o processamento de crimes comuns, tampouco de ações populares ou

de ações civis pela prática de improbidade administrativa por parte dessas autoridades.

Ressalte-se que os ministros de Estado e os comandantes da Marinha, do Exército e

da Aeronáutica apenas são julgados pelo Senado Federal quando cometem os seus crimes

de responsabilidade em conexão com o presidente ou com o vice-presidente da República.

Fora desses casos, os crimes de responsabilidade dos ministros de Estado e dos

comandantes das Forças Armadas são processados e julgados no STF, nos termos do art. 102, I,

b, da CF/88.

As demais autoridades do art. 52, II (ministros do STF, o PGR, o AGU, os membros do

CNJ e do CNMP) têm sempre os seus crimes de responsabilidade julgados no Senado Federal.

III –aprovar previamente, por voto secreto, após arguição pública, a escolha de:

a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição;

Comentários

Nos termos dos arts. 101, parágrafo único; 104, parágrafo único; e 111-A, todos da

CF/88, os ministros do STF, do STJ e do TST são nomeados pelo PR, depois de aprovada a

escolha pela maioria absoluta do Senado Federal.

Notem que a escolha dos ministros do TSE não se submete à aprovação do Senado

Federal, de acordo com o art. 119 da CF/88, diferentemente do que ocorre no STF e nos demais

tribunais superiores.

Além desses magistrados, devemos lembrar que os membros do CNJ e do CNMP

também são nomeados pelo PR, após aprovação pela maioria absoluta do SF (CF, arts. 103-B,

§ 2.º, e 130-A).

b) Ministros doTribunal de Contas da União indicados pelo Presidente da República;

Comentários

Nos termos do art. 73, § 2.º, da CF/88, dois terços dos nove ministros do TCU (ou seja,

seis ministros) são escolhidos pelo CN, enquanto um terço (três ministros) é escolhido pelo PR,

após aprovação do SF por maioria simples (CF, art. 47). Assim, apenas os ministros do TCU

indicados pelo PR dependem da aprovação senatorial.

Na prática, o PR submete a sua indicação ao Senado, que fará uma arguição pública da

pessoa indicada para o cargo de ministro do TCU (na Comissão de Assuntos Econômicos, nos

termos do art. 99, V, do RISF).

Após tal arguição, o nome do escolhido será apreciado pelo Plenário do Senado em

sessão pública, mas com votação secreta. Aprovada a escolha pela maioria simples do

Senado, fica o PR autorizado a nomear a pessoa indicada para o cargo de ministro do TCU.

c) Governador de Território;

d) Presidente e diretores dobanco central;

e) Procurador-Geral da República;

f) titulares de outros cargos que a lei determinar;

Comentários

Esse dispositivo evidencia que o elenco constitucional de autoridades cuja nomeação

necessita da aprovação prévia do Senado Federal (art. 52, III e IV) não é exaustivo, podendo a

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lei trazer outros cargos cuja escolha dependa do aval do Senado. A título de ilustração, trazemos

alguns desses casos:

a) o defensor público-geral da União (art. 6.º da LC n.º 80/94);

b) os conselheiros do Conselho Administrativo de Defesa Econômica – CADE (art. 4.º

da Lei n.º 8.884/94);

c) o presidente e os diretores das agências reguladoras – ANATEL, ANEEL, etc. (art.

5.º da Lei n.º 9.986/00).

Jurisprudência Impossibilidade de submissão da escolha de diretores de empresas estatais à prévia

aprovação do Poder Legislativo: ―Separação e independência dos poderes: submissão à Assembleia

Legislativa, por lei estadual, da escolha de diretores e membros do conselho de administração de

autarquias, fundações públicas e empresas estatais: jurisprudência do Supremo Tribunal. À vista da

cláusula final de abertura do art. 52, III, f, da Constituição Federal, consolidou-se a jurisprudência do STF

no sentido da validade de normas locais que subordinam a nomeação dos dirigentes de autarquias ou

fundações públicas à prévia aprovação da Assembleia Legislativa. Diversamente, contudo, atento ao art.

173 da Constituição, propende o Tribunal a reputar ilegítima a mesma intervenção parlamentar no

processo de provimento da direção das entidades privadas, empresas públicas ou sociedades de

economia mista da administração indireta dos Estados‖ (STF, ADI 2.225/SC-MC).

IV – aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em sessão secreta, a escolha dos

chefes de missão diplomática de caráter permanente;

Comentários

Como missão diplomática de caráter permanente, devemos entender a representação do

Brasil tanto em países estrangeiros, quanto em organismos internacionais – ONU, OEA, etc.

Notem que, neste inciso, a escolha dos chefes de missão diplomática de caráter

permanente depende da aprovação prévia do Senado por meio de voto secreto, após arguição

em sessão secreta (e não arguição pública, como previsto no inciso III deste art. 52). Ainda,

como a CF não explicitou, essa aprovação se dará por maioria simples.

V –autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados,

do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;

Comentários

Do inciso V ao inciso IX do art. 52, a CF/88 trouxe algumas atribuições privativas do

Senado Federal relacionadas com questões de natureza financeira de interesse dos entes

federativos.

Tais atribuições revelam uma necessária interferência da União nas operações de crédito

externas e internas e na capacidade de endividamento das entidades da Federação, a fim de

evitar um comprometimento da soberania nacional e da própria autonomia dos entes

federativos.

No inciso V, a CF/88 exige que toda e qualquer operação financeira (empréstimo,

abertura de crédito, etc.) a ser realizada no exterior pela União, pelos estados, pelo DF, pelos

territórios federais ou pelos municípios dependa da autorização prévia do Senado Federal. VI – fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da

dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

Comentários Dívida consolidada ou fundada é aquela assumida pelos entes da federação para

pagamento em prazo superior a doze meses (art. 29, I, da LC n.º 101/00 – LRF) ou relacionada

com operação de crédito de prazo inferior a doze meses, cujas receitas tenham constado do

orçamento (art. 29, § 3.º, da LRF).

Pelo presente inciso, o Senado fixará, por proposta do PR, os limites globais para o

total da dívida consolidada da União, dos estados, do DF e dos municípios.

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VII – dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno

da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades

controladas pelo Poder Público federal;

Comentários No inciso V do art. 52, vimos que a realização de qualquer operação financeira no

exterior por parte da União, dos estados-membros, do DF, dos territórios federais ou dos

municípios depende deautorização prévia do Senado Federal.

Já no presente inciso, a CF/88 exige que o SF edite resolução, dispondo sobre os limites

globais e as condições para as operações de créditoexterno e interno das entidades

federativas, das suas autarquias e das demais entidades controladas pelo Poder Público

(fundações, sociedades de economia mista e empresas públicas).

VIII – dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em operações

de crédito externo e interno;

Comentários Não raro, quando as demais entidades da Federação brasileira realizam operações

financeiras no exterior ou internamente, a União oferece uma garantia de adimplemento da

obrigação financeira assumida.

É para esses casos que o presente dispositivo constitucional determina que o Senado

Federal edite uma resolução e regulamente os limites e as condições para a concessão de

garantia por parte da União em operações de crédito externo e interno.

IX – estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos

Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

Comentários Dívida pública mobiliária é aquela oriunda de títulos de crédito emitidos pela União

(inclusive os emitidos pelo Banco Central do Brasil), pelos estados, pelo DF e pelos municípios

(art. 29, II, da LRF).

De acordo com o dispositivo constitucional em análise, o Senado deve estabelecer, por

resolução, os limites globais e as condições para o montante da dívida mobiliária dos estados,

do DF e dos municípios. Perceba que essa norma não abrange a dívida mobiliária da União!

Isso é porque, enquanto os limites globais e as condições para o montante da dívida

mobiliária dos estados, do DF e dos municípios são estabelecidos por meio de resoluçãodo

Senado (CF, art. 52, IX), os limites do montante da dívida mobiliária da União são definidos

em lei ordinária federal, nos termos do art. 48, XIV, da CF/88.

Nesse ponto, alertamos o caro leitor para que não confunda três situações distintas:

a)resolução do SF fixará, por proposta do PR, os limites globais para o total da dívida

consolidada da União, dos estados, do DF e dos municípios (CF, art. 52, VI);

b) resolução do SF estabelecerá os limites globais e as condições para o montante da

dívida mobiliária dos estados, do DF e dos municípios (CF, art. 52, IX);

c)lei ordinária federal definirá os limites do montante da dívida mobiliária da União

(CF, art. 48, XIV).

X –suspender a execução, no todo ou em parte, delei declarada inconstitucional por decisão

definitiva do Supremo Tribunal Federal;

Comentários Registramos algumas considerações sobre a possibilidade de ampliação pelo Senado

Federal da decisão de inconstitucionalidade de uma lei proferida pelo STF:

a) qualquer lei ou ato normativo (medida provisória, decreto, resolução, etc.) federal,

estadual, distrital ou municipal pode ser incidentalmente declarado inconstitucional pelo STF

e ter a sua execução suspensa pelo Senado Federal. Entende-se apenas que a lei ou ato

normativo deve ser geral e abstrato, ou seja, não pode se limitar a regular casos concretos;

b) suspender a execução não significa anular nem revogar a lei ou o ato normativo

(sabemos que uma lei só pode ser revogada por outra). Na verdade, a resolução do Senado

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suspende os efeitos da norma e faz com que ela não possa mais ser aplicada aos casos

concretos (seu cumprimento não pode mais ser exigido de qualquer pessoa);

c) o art. 52, X, somente se aplica às decisões de inconstitucionalidade proferidas

pelo STF no controle de constitucionalidade difuso-incidental, uma vez que, no controle

concentrado-principal (exemplo: ADI genérica), as declarações de inconstitucionalidade já

produzem efeitos contra todos;

d) a doutrina majoritária entende ser um poder discricionário do Senado Federal

ampliar ou não os efeitos da declaração de inconstitucionalidade proferida pelo STF em sede de

controle incidental;

e) a decisão do Senado Federal é irreversível, o que significa que o Senado não pode

revogar a resolução que ampliou os efeitos da decisão do STF;

f) o art. 52, X, dispõe que o Senado pode suspender a execução, no todo ou em parte,

da lei declarada inconstitucional pelo STF. Para a maioria da doutrina, isso significa que o SF

pode ampliar no todo, se a decisão do STF tiver declarado a inconstitucionalidade de toda a lei,

e em parte, se a decisão do STF tiver sido parcial.

Assim, cabe ao Senado Federal ampliar a decisão de inconstitucionalidade do STF nos

exatos termos em que ela foi concedida, não podendoo Senado extrapolar a decisão do

Supremo nem ampliar apenas parte dela.

g) quando o STF declara a não recepção de uma lei anterior em relação à CF/88, não há

possibilidade de ampliação dos efeitos dessa decisão pelo SF, tendo em vista que a declaração

judicial de não recepção de uma lei não equivale à declaração de sua inconstitucionalidade (STF

RE 387.271/DF).

XI – aprovar, por maioria absoluta e porvoto secreto, aexoneração, de ofício, do

Procurador-Geral da República antes do término de seu mandato;

Comentários O presente dispositivo constitucional (em conjunto com o art. 128, § 2.º) permite que o

PR exonere o PGR, antes do término do seu mandato de dois anos, devendo tal decisão ser

aprovada pela maioria absoluta do Senado, em votação secreta.

XII – elaborar seu regimento interno;

XIII – dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou

extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da

respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias;

(Redação dada pela EC n.º 19/98)

Comentários

Vide os comentários ao art. 51, IV, da CF.

XIV – eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.

Comentários

Vide os comentários ao art. 51, V, da CF.

XV – avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário Nacional, em sua

estrutura e seus componentes, e o desempenho das administrações tributárias da União, dos Estados e

do Distrito Federal e dos Municípios. (Incluído pela EC n.º 42/03) Comentários Finalizando o rol de competências privativas do SF, o inciso XV (acrescentado pela EC

n.º 42/03) determina que essa Casa avalie periodicamente a funcionalidade do Sistema

Tributário Nacional (o que abrange o exame das legislações federal, estadual, distrital e

municipal que compõem esse sistema) e o desempenho das administrações tributárias das

entidades da Federação. Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como Presidente o do

Supremo Tribunal Federal, limitando-se a condenação, que somente será proferida por dois terços dos

votos do Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de

função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis.

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Comentários

A presidência das sessões do SF nos processos de impeachmentserá conduzida pelo

presidente do STF, o qual deve contribuir, inclusive, para que os direitos processuais das partes

sejam respeitados. A doutrina afirma que, nesses casos, a CF/88 transforma o Senado em um

tribunal político de colegialidade heterogênea.

Especificamente em relação ao processo de impeachment do presidente da República, o

art. 86 da CF/88 dispõe que:

a) o Senado é obrigado a receber e instaurar o processo de impeachment, uma vez

autorizado o processamento do PR por 2/3 dos membros da CD;

b) o PRfica suspenso de suas funções após a instauração do processo de impeachment

pelo Senado Federal (CF, art. 86, § 1.º, II);

c) caso o julgamento desse processo não ocorra no prazo de 180 dias, cessa o

afastamento do PR, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo.

Registramos que o impedimento para o exercício de função pública refere-se não apenas

a mandatos eletivos, mas também a qualquer cargo (efetivo ou comissionado), emprego ou

função públicos, bem como ao exercício de munus público (ex.: mesário da Justiça Eleitoral e

membro do Tribunal do Júri).

14)Fiscalização: função típica do Poder Legislativo

A fiscalização pode ser: a) político-administrativa, que ocorre pela convocação de

ministros de Estado para depor (CF, art. 50) ou por meio das comissões parlamentares de

inquérito (CF, art. 58, § 3.º); b) financeiro-orçamentária, prevista nos arts. 70 a 75 e 31 da

CF/88, que é realizada pelas casas legislativas com o auxílio dos tribunais de contas (TCU,

TCEs, TCDF e TCMs).

Nos termos do art. 50 da CF, a Câmara e o Senado ou suas comissões podem convocar

ministros de Estado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à Presidência da

República para prestarem, pessoalmente, informações sobre assunto previamente

determinado, importando crime de responsabilidade a ausência sem justificação adequada.

Essa convocação é instrumento típico do parlamentarismo e foi introduzido em nosso

sistema presidencialista como mecanismo de freios e contrapesos, a fim de permitir ao

Legislativo o devido controle da atuação do Executivo.

A Emenda Constitucional de Revisão n.o 2/94 deu a atual redação do art. 50 e ampliou a

convocação obrigatória para quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à

Presidência da República.

A justificativa é a de que essas autoridades, embora não possuam o status formal de

ministro, possuem atribuições e importância assemelhadas a eles (ex.: Secretário Especial de

Direitos Humanos).

O art. 25, parágrafo único, da Lei n.º 10.683/03 contempla o elenco das autoridades com

status de ministro de Estado. A título de exemplo, os chefes da Casa Civil, da Secretaria de

Direitos Humanos, da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, todos esses

órgãos vinculados à Presidência da República, o presidente do Banco Central do Brasil e o

advogado-geral da União são ministros de Estado para efeitos constitucionais e legais.

Ressalte-se que a CF/88 não exigiu a deliberação do plenário para a convocação

obrigatória, razão pela qual qualquer comissão (permanente ou temporária, como a CPI) da

Câmara ou do Senado pode decidir sobre o comparecimento de ministros de Estado ou de

titulares de órgãos subordinados à Presidência, sem a necessidade de confirmação dessa decisão

pelo plenário da Casa Legislativa respectiva.

Pelo art. 50, § 2.º, da CF/88, deputados e senadores, por intermédio das respectivas

Mesas Diretoras, poderão encaminhar aos ministros de Estado ou aos titulares desses órgãos

subordinados à Presidência pedidos escritos de informações sobre assuntos afetos a suas áreas

de atuação.

As referidas autoridades devem responder esses pedidos no prazo de trinta dias. O não

atendimento ou a prestação de informações falsas importa em crime de responsabilidade e

possibilita a instauração de processo de impeachment contra a autoridade infratora.

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Preste atenção para não confundir: o comparecimento obrigatório de ministros de

Estado e de titulares de órgãos diretamente subordinados à Presidência, previsto no art. 50,

caput, da CF/88, pode ser exigido pelosPlenários da Câmara ou do Senado ou por quaisquer

de suas comissões.

Já os pedidos escritos de informações destinados às mesmas autoridades, previstos no

art. 50, § 2.º, da CF, somente poderão ser encaminhados pelas Mesas Diretoras da Câmara

dos Deputados ou do Senado Federal.

15) CPI. Uma CPI pode servir tanto à atividade fiscalizadora do Poder Legislativo,

quanto à sua função legislativa. Neste segundo propósito, a CPI não investigará necessariamente

ilicitudes, mas reunirá informações sobre determinado tema, a fim de verificar a eficácia de

determinada legislação.

Elas foram introduzidas no Direito brasileiro pela Constituição de 1934, o que não

impediu que durante a Primeira República (1891-1930), apesar da ausência de preceito

constitucional, algunsinquéritos parlamentares fossem efetivamente instaurados, com base no

poder implícito investigatório do Legislativo.

15.1. Requerimento de instauração de CPI Para a criação de uma CPI, a CF/88 exige três requisitos básicos: fato determinado,

prazo certo e requerimento de um terço dos deputados (CPI da Câmara), de um terço dos

senadores (CPI do Senado) ou de um terço dos deputados e um terço dos senadores (CPI do

Congresso Nacional – CPMI).

Este último requisito revela a preocupação constitucional em conferir às minorias

parlamentares o direito de efetiva participação nas atividades do Poder Legislativo e integra, ao

lado de dispositivos como os previstos no art. 58, §§ 1.º, 2.º, I, e 4.º, e no art. 60, I, o conjunto

de normas da CF/88 denominado de estatuto constitucional das minorias parlamentares

(STF, MS 26.441/DF).

Nesse sentido, o STF já decidiu que o art. 58, § 3.º, da CF/88 confere às minorias

legislativas o direito de ver efetivamente instaurada a CPI, uma vez interposto o requerimento

com a assinatura de um terço dos membros da casa legislativa.

No caso concreto, o Supremo, ao julgar mandados de segurança impetrados por

senadores contra ato da Mesa do Senado Federal, consubstanciado na recusa em proceder à

indicação de membros para instaurar a denominada ―CPI dos Bingos‖, concedeu a ordem

judicial, a fim de assegurar o direito à efetiva composição da CPI, exigindo do Presidente do

Senado que procedesse, ele próprio, à designação dos nomes dos senadores que iriam compor a

CPI, diante da falta dessa indicação pelos líderes partidários.

Concluiu-se que houve afronta ao direito público subjetivo das minorias

parlamentares de ver instaurado o inquérito parlamentar, com apoio no direito de oposição,

legítimo consectário do princípio democrático (STF, MS 24.831, 24.845, 24.846, 24.847,

24.848 e 24.849/DF).

Ainda sobre o tema, destacamos que:

a) uma vez respeitados os requisitos taxativos do art. 58, § 3.º, da CF/88 (requerimento

de um terço dos membros, fato determinado e prazo certo), o STF já decidiu que afronta o

direito das minorias a tentativa de submeter o requerimento de um terço dos parlamentares à

apreciação do plenário da casa legislativa. Para a Alta Corte brasileira, essa conduta retira das

minorias legislativas, deslocando-a para o bloco majoritário, a decisão final de instalação de

uma investigação parlamentar (STF, MS 26.441/DF e ADI 3.619/SP);

b) o presidente da CD tem o poder-dever regimental de realizar o juízo de

admissibilidade sobre os pressupostos constitucionais (art. 58, § 3.º) e regimentais do

requerimento de CPI, ressalvado ao seu autor recurso para o Plenário, no prazo de 5 sessões,

ouvida a CCJC, nos termos do art. 35, § 2.º, do RICD.

Assim, apesar de o STF entender que a submissão do requerimento da CPI ao Plenário

de uma casa legislativa, uma vez respeitados os requisitos constitucionais para a sua criação,

ofende o direito das minorias parlamentares, a CD permite que o seu presidente avalie o

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cumprimento desses requisitos e rejeite liminarmente o requerimento de instalação da CPI, com

possibilidade de recurso ao Plenário.

Recomendamos ao caro amigo que considere essas duas informações como válidas nas

provas dos certames.

Isso é porque os dois precedentes do STF supracitados não questionaram a legitimidade

desse poder conferido regimentalmente ao presidente da CD.

Com efeito, em um deles (ADI 3.619/SP), o STF declarou a inconstitucionalidade de

norma regimental de assembleia legislativa estadual que admitia indiscriminadamente a

submissão do requerimento da CPI à deliberação plenária.

No outro caso (MS 26.441/DF), o STF declarou a inconstitucionalidade de uma

deliberação do Plenário da Câmara dos Deputados, em face de recurso interposto por líder de

partido político que pleiteava a anulação de decisão anterior do presidente daquela Casa que,

diante da regularidade do requerimento de criação de CPI (a saber: a ―CPI do apagão aéreo‖),

determinara a sua instalação. O STF anulou a decisão do plenário que deferira o recurso e

impedira, na prática, a criação da CPI;

c) o STF já declarou a constitucionalidade de norma regimental (art. 35, § 4.º, do RICD)

que limita o número de CPIs em funcionamento simultâneo na Câmara dos Deputados, por ser

este (organização e funcionamento interno das casas legislativas) um tema propriamente

regimental (ADI 1.635/DF);

d) as assinaturas do requerimento de criação de uma CPI não poderão ser retiradas ou

acrescentadas depois de sua apresentação à mesa da Câmara dos Deputados, como esclarece o

art. 102, § 4.º, do RICD.

15.2. Fato determinado A CPI será criada para a apuração de fato determinado. Entende-se que as CPIs

devem ter como objeto um fato preciso, específico e determinado, vez que não se admite CPI

para a investigação de fatos genericamente enunciados, vagos ou indefinidos. Por exemplo,

seria inconstitucional a instauração de uma CPI para apuração da ―corrupção no Poder

Executivo‖.

Nas palavras de Francisco Campos (apud MORAES, 2003): o poder de investigar não é genérico ou indefinido, mas eminentemente

específico, ou há de ter um conteúdo concreto, suscetível de ser antecipadamente

avaliado na sua extensão, compreensão e alcance pelas pessoas convocadas a

colaborar com as comissões de inquérito.

A indicação de fato determinado é, inclusive, importante garantia para os indivíduos

atingidos pelas investigações da CPI, tendo em vista que os depoentes não são obrigados a

prestar quaisquer informações sobre assunto não conexo com o fato apontado como motivador

da criação do inquérito parlamentar.

Além de sua determinação, exige-se que o fato seja relacionado com o Poder Público,

pois a CPI não dispõe de poderes para investigar negócios privados sem relação com a gestão da

coisa pública.

Com esse objetivo, dispõe o art. 35, § 1.º, do RICD: ―Considera-se fato determinado o

acontecimento de relevante interesse para a vida pública e a ordem constitucional, legal,

econômica e social do País, que estiver devidamente caracterizado no requerimento de

constituição da Comissão‖.

Portanto, em relação às condutas privadas, deve-se proceder a uma análise, caso a caso,

se existe relevante interesse público para a sua apuração no âmbito de uma CPI, por estar o fato

inserido nas matérias de competência do Poder Legislativo, ou se, ao contrário, o inquérito

parlamentar promove indevida devassa de negócios privados (MENDES, COELHO e

BRANCO, 2007).

Uma última limitação incide sobre o fato determinado objeto da CPI: ele deve estar

inserido nas matérias de competência (fiscalizadora ou legislativa) da casa legislativa que a

criar. Assim, a amplitude do poder de investigar das CPIs acompanha a extensão da

competência da casa que as institui. A partir dessa limitação, destacamos que:

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a) o STF já decidiu que as CPIs não podem convocar juízes para se explicarem

sobre o mérito de suas decisões judiciais, sob pena de afronta ao princípio da separação dos

poderes (HC 80.089/RJ). Nada impede, entretanto, que eles sejam convocados para se

explicarem sobre seus atos administrativos.

De acordo com o Supremo, as CPIs também não têm poder jurídico de quebrar

sigilo imposto a processo sujeito a segredo de justiça. Este é oponível a CPI, representando

expressiva limitação aos seus poderes constitucionais, haja vista tratar-se de competência

privativa do Poder Judiciário (STF, MS 27.483/DF-MC, vide informativo n.º 515 do STF).

No caso concreto, a ―CPI dos grampos‖ da Câmara dos Deputados pretendeu quebrar o

sigilo decretado pelos juízes criminais em alguns processos que corriam sob segredo de justiça,

a fim de ter acesso a informações sobre as escutas telefônicas. O STF decidiu que o sigilo

judicial decretado em um processo não pode ser quebrado por CPI;

b) as CPIs das Casas do Congresso Nacional não têm atribuição para investigar fatos de

competência exclusiva dos estados, do DF e dos municípios, em respeito ao princípio federativo

(sendo tais fatos da competência de CPIs estaduais, distritais ou municipais).

Por fim, observamos que nada impede que haja aditamento ao objeto inicial da CPI

para apuração de fatos conexos ao principal ou descobertos durante as investigações, desde que

intimamente ligados ao fato que fundamentou a criação da CPI. Essa prática é, inclusive, muito

comum na rotina dos inquéritos parlamentares.

15.3. Prazo certo As CPIs são criadas por prazo certo. Com efeito, as CPIs são comissões temporárias,

criadas com prazo certo para o encerramento dos seus trabalhos. Portanto, o requerimento de

criação de um inquérito parlamentar deve estabelecer o prazo de sua duração, o que não

impede que haja sucessivas prorrogações dentro de uma mesma legislatura, cujo término

representa o prazo final peremptório de qualquer CPI.

15.4. Conclusões e encaminhamentos da CPI Caso seja constatada a responsabilidade civil ou criminal de investigados, as conclusões

da CPI devem ser encaminhadas ao Ministério Público e aos demais órgãos competentes (exs.:

Polícia Federal, AGU e Receita Federal) para que haja a devida responsabilização civil ou

criminal dos infratores.

Devemos lembrar que a CPI não processa nem julga ninguém, mas apenas investiga

fatos relacionados ao Poder Público. Assim, apuradas quaisquer irregularidades, a CPI deve

oficiar os órgãos estatais competentes para a instauração dos processos civis e criminais que

buscarão a responsabilização dos infratores da lei.

Além de oficiar os órgãos competentes, as CPIs ainda podem propor a elaboração de

normas (decretos legislativos, resoluções, leis, emendas constitucionais, etc.) que aperfeiçoem a

legislação e dificultem a prática de novas irregularidades.

Nos termos do art. 5.º da Lei n.º 1.579/52 (Lei regulamentadora dos inquéritos

parlamentares), as CPIs apresentarão relatório final de seus trabalhos e concluirão por projeto de

resolução.

Apesar de a literalidade dessa norma aparentemente nos indicar que os relatórios das

CPIs devem ser apresentados na forma de um projeto de resolução a ser aprovado no plenário da

respectiva casa legislativa, o art. 37 do RICD evidencia que as CPIs da Câmara discutem e

votam internamente os seus relatórios parciais (vide art. 5.º, § 1.º, da Lei n.º 1.579/52) e finais

e os enviam à Mesa Diretora para conhecimento do Plenário.

Esses relatórios poderão concluir pela apresentação não apenas de projetos de resolução,

mas também de projetos de lei, de propostas de emenda à CF/88, etc., assim como pelo

encaminhamento do relatório da CPI ao MP e aos demais órgãos competentes.

Por fim, qualquer que seja o resultado de suas investigações, as CPIs não podem

anular atos do Poder Executivo, pois as CPIs apenas investigam e não reparam ilegalidades

nem punem os infratores da lei (MENDES, COELHO e BRANCO, 2007).

15.5. Poderes de investigação da CPI

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As CPIs terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais. Tendo o

Estado brasileiro adotado o processo penal acusatório, em que a separação entre o juiz e o órgão

acusador é extremamente rígida, as autoridades judiciais brasileiras, em regra, não dispõem de

poderes de investigação (reservados à Polícia Judiciária e ao Ministério Público), razão pela

qual se entende que as CPIs, na verdade, possuem como parâmetro os poderes instrutórios dos

juízes, i.e., o poder dos magistrados de instruir as causas judiciais em busca da verdade material

(art. 130 do CPC e art. 156 do CPP). Resta saber qual a extensão desses poderes.

Inicialmente, cabe ressaltar que as CPIs sujeitam-se às mesmas limitações impostas às

autoridades judiciais, dentre elas o dever de fundamentar as suas decisões (CF, art. 93, IX),

principalmente aquelas que envolvam restrição a direitos fundamentais (a exemplo da quebra de

sigilo bancário, fiscal e telefônico), sob pena de absoluta nulidade (STF, MS 24.217/DF).

Ressalte-se que essa fundamentação deve ser contemporânea à deliberação tomada pela

CPI, pois o STF não admite motivação “a posteriori”, como, por exemplo, a realizada

posteriormente pelo presidente da comissão no âmbito do processo do mandado de segurança

que pede a nulidade da quebra do sigilo, exatamente pela falta de motivação (MS 23.452/RJ).

15.5.1.O que as CPIs podem fazer

Regulamentando o art. 58, § 3.º, da CF/88, o art. 2.º da Lei n.º 1.579/52 estabelece que

as CPIs, no exercício de suas atribuições, poderão determinar as diligências que reportarem

necessárias, entre elas: requerer a convocação de ministros de Estado; tomar o depoimento de

quaisquer autoridades federais, estaduais ou municipais; ouvir suspeitos, respeitado o direito ao

silêncio; inquirir testemunhas sob o compromisso legal de dizer a verdade; requisitar de

repartições públicas e autárquicas informações e documentos; e transportar-se aos lugares onde

se fizer mister a sua presença.

A partir desse dispositivo legal e de entendimentos doutrinários e jurisprudenciais,

podemos afirmar que, de acordo com seu poder investigatório, as CPIs podem:

a) requisitar de repartições públicas documentos e informações de seu interesse;

b) determinar a realização de perícias e demais diligências que entender necessárias,

inclusive buscas e apreensões em geral (exs.: em repartições públicas, em veículos e em

pessoas), desde que não sejam realizadas em um domicílio, nos termos do art. 5.º, XI, da CF/88;

c) determinar ao tribunal de contas respectivo a realização de inspeções e

auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial nas

unidades administrativas dos três Poderes ou do MP, por força do art. 71, IV, da CF/88;

d) realizar a oitiva de investigados, devendo a CPI resguardar-lhes o direito ao

silêncio e respeitar a prerrogativa contra a autoincriminação, pois ninguém é obrigado a

produzir prova contra si mesmo.

Dessa prerrogativa contra a autoincriminação (também conhecida pela máxima em latim

―nemotenetur se detegere‖), decorre a faculdade de o investigado silenciar na sessão da CPI

para evitar o reconhecimento da prática de uma infração penal, silêncio esse que não pode ser

interpretado em seu desfavor.

Devemos esclarecer que os investigados, i.e., os suspeitos de praticar as ilicitudes

investigadas pela CPI, não prestam o compromisso legal de dizer a verdade e podem mentir ou

permanecer calados na sessão da comissão parlamentar de inquérito, sem a possibilidade de

serem presos em flagrante pelo cometimento do crime de falso testemunho (art. 342 do Código

Penal – CP).

A testemunha, por outro lado, presta o compromisso legal (art. 203 do Código de

Processo Penal – CPP) e não pode mentir ou calar sobre a verdade, sob pena de incorrer no

crime do art. 342 do CP.

Assim, é ilegal a prática comum em CPIs de exigir o compromisso legal de pessoas

investigadas no inquérito parlamentar, com o intuito de impedir que elas exerçam o seu direito

constitucional ao silêncio para, depois, determinar a sua prisão em flagrante, não raro, sob a luz

dos holofotes da mídia.

Como dissemos, apenas as testemunhas têm esse dever de prestar o juramento legal. Daí

a enorme quantidade de habeas corpus preventivos impetrados pelos depoentes das CPIs para

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que o Judiciário reconheça a sua condição de investigado e conceda-lhes o direito constitucional

ao silêncio (STF, HC 100.200/DF).

Ademais, ressalte-se que as próprias testemunhas que prestaram o compromisso legal,

à semelhança dos investigados, têm o direito ao silêncioem relação aos fatos que possam

resultar em autoincriminação, daí as testemunhas serem obrigadas a dizer a verdade apenas

em relação aos fatos que, de alguma forma, não os incriminem (STF, HC 89.269/DF e HC

79.563/DF).

Finalmente, quanto ao investigado, consideramos não ser cabível a sua condução

coercitiva quando da convocação da CPI. Isso é porque, a partir da Lei n.º 10.792/03, a melhor

doutrina entende ser o interrogatório um meio de defesa, e não um meio de prova (PACELLI

DE OLIVEIRA, 2004). Com isso, o investigado que é convocado por CPI para explicar-se sobre

os fatos pelos quais está sendo acusado não poderá ser conduzido coercitivamente em caso de

recusa de comparecimento (STF, HC 83.703/SP);

e) inquirir testemunhas, que serão compromissadas e poderão incorrer no crime de

falso testemunho, caso mintam ou calem sobre a verdade. No caso de recusa ao

comparecimento, caberá condução coercitiva com o auxílio das forças policiais, se necessário,

pois as testemunhas não poderão se escusar de comparecer à CPI para depor (STF, HC

79.244/DF e HC 80.425/PA).

Assim, as testemunhas têm o dever de comparecimento à CPI e a obrigação de dizer a

verdade sobre fatos relevantes às investigações que lhes sejam indagados, sob pena de cometer

o crime de falso testemunho perante CPI, previsto no art. 4.º, II, da Lei n.º 1.579/52.

Conforme já adiantamos, as testemunhas, à semelhança dos investigados, têm o direito

ao silêncioem relação aos fatos que possam resultar em autoincriminação, daí elas serem

obrigadas a dizer a verdade apenas em relação aos fatos que, de alguma forma, não resultem em

responsabilização criminal (STF, HC 79.563/DF).

Em relação às testemunhas que têm o dever de guardar sigilo profissional (ex.:

advogados, médicos e padres – art. 207 do CPP e art. 154 do CP), o STF já decidiu que elas

podem recusar-se a responder perguntas na sessão da CPI que colidam com tal sigilo. Porém,

como a testemunha não pode prever quais perguntas lhe serão feitas, o Supremo entendeu que

ela possui o dever de comparecer à CPI, mas pode calar sobre os fatos protegidos pelo sigilo

profissional (HC 71.039/RJ e HC 71.231/RJ).

O mesmo raciocínio pode ser utilizado para os comunicadores sociais, que gozam do

sigilo da fonte, por força do art. 5.º, XIV, da CF/88. Assim, jornalistas não são obrigados a

revelar à CPI a fonte de onde obtiveram as informações de suas reportagens, tampouco o

advogado é obrigado a expor fatos de que tem conhecimento, a partir das conversas com o seu

cliente.

Por fim, as testemunhas também não são obrigadas a responder perguntas

impertinentes ao objeto da CPI, i.e., que não guardem pertinência com os fatos determinados

que deram azo à instauração do inquérito parlamentar. Porém, o STF já decidiu que, nesses

casos, o depoente assume o risco do seu silêncio, pois não pode o particular transformar-se em

árbitro dos limites de investigação de uma CPI e obter previamente uma ordem judicial para

calar sobre fatos que considere impertinentes. O controle judicial, aqui, só pode ocorrer ―a

posteriori‖, em relação às perguntas efetivamente formuladas pelos parlamentares (HC

80.868/DF-MC).

Resumindo essas regras, enquanto os investigados não podem ser conduzidos

coercitivamente, possuem o direito ao silêncio e não prestam o compromisso de dizer a

verdade (daí não serem presos por falso testemunho), as testemunhas, em uma CPI:

e.1) devem comparecer, cabendo a sua condução coercitiva;

e.2) têm a obrigação de dizer a verdade, sob pena de serempresas em flagrante pelo

crime de falso testemunho;

e.3) possuem o direito ao silêncio em relação aos fatos que resultem em

autoincriminação;

e.4) não são obrigadas a responder perguntas sobre fatos protegidos pelo sigilo

profissional ou que não guardem pertinência com o objeto de investigação da CPI;

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f) quebrar o sigilo bancário, fiscal e de dados (inclusive o sigilo telefônico, i.e., o

extrato da conta telefônica com o registro das ligações realizadas e sua duração).

Quanto a esse poder investigatório, o Supremo já decidiu que a CPI pode, por

autoridade própria, sem a necessidade de qualquer intervenção judicial, desde que por decisão

fundamentada e motivada, determinar a quebra do sigilo fiscal, bancário e de dados, incluindo

aí o sigilo de dados telefônicos (MS 23.452/RJ).

O sigilo de dados telefônicosnãodeve ser confundido com o sigilo das

comunicaçõestelefônicas. O primeirorefere-se aosextratos das contas de telefone, em que

constaminformações como ligaçõesefetuadas, data, horário e duração das chamadas. Esse sigilo

encontraproteção no art. 5.º, X, da CF/88 e pode ser quebrado por CPI. Já o sigilo das

comunicaçõestelefônicasdizrespeitoaoconteúdomesmo das ligações e é quebrado apenas por

ordem de juiz criminal nas chamadas escutasougrampostelefônicos, de acordocom o art. 5.º,

XII, da CF/88.

As CPIs, no entanto, para decretarem legitimamente e por autoridade própria a quebra

dos sigilos bancário, fiscal e telefônico, relativamente a pessoas por elas investigadas, devem

demonstrar, a partir de indícios colhidos:

f.1) a absoluta necessidade da medida, i.e., que a prova de determinado fato não pode

ser realizada por meio menos danoso à intimidade dos investigados.

Os membros da CPI devem realizar um juízo de ponderação, à luz do princípio da

proporcionalidade, e sopesar o interesse público na obtenção de determinada informação com o

direito à honra e à intimidade dos investigados, a fim de analisar se a quebra do sigilo é

adequada e pertinente às investigações; se ela é absolutamente necessária; e se não ocorre

excesso ou desproporcionalidade na quebra do sigilo;

f.2) a existência concreta de causa provável (probable cause) que legitime o ato

excepcional da disclosure, i.e., a ruptura da esfera de intimidade de quem se acha sob sua

investigação.

Não se admite, portanto, a quebra desses sigilos por parte de CPI, com base em

formulações genéricas e sem a indicação de fatos concretos e específicos que evidenciem uma

causa provável apta a justificar a medida excepcional (STF, MS 25.668/DF).

Ressalte-se que as decisões das CPIs, notadamente as que importem em restrição de

direitos fundamentais, devem obedecer ao princípio da colegialidade, sob pena de nulidade,

razão pela qual elas devem ser tomadas no plenário da comissão, e não decididas

monocraticamente por seu presidente ou relator.

15.5.2.O que as CPIs não podem fazer

Ocorre que as CPIs não possuem todos os poderes instrutórios dos juízes. Em

primeiro lugar, porque as CPIs apenas investigam fatos certos e determinados e reúnem

informações úteis às funções congressuais, mas não processam nem julgam os fatos sobre os

quais se debruçam. Com isso, as CPIs não possuem o poder geral de cautela próprio dos

juízes (CPC, art. 798), tampouco proferem sentenças condenatórias.

Em segundo lugar, as CPIs não podem realizar os atos exclusivamente jurisdicionais,

gravados pela CF88 com a cláusula de reserva jurisdicional (ou reserva de jurisdição), cuja

prática é atribuída com exclusividade ao Poder Judiciário.

A reserva de jurisdição é uma proteção especial conferida pela CF/88 a alguns direitos

fundamentais no sentido de que a sua restrição ocorra apenas por ordem de juiz (vide art. 5.º,

incisos XI, XII e LXI, da CF/88), e não de terceiros, inclusive de CPI, apesar de elas possuírem

poderes de investigação semelhantes aos das autoridades judiciais.

Nesses casos, a CF/88 confere ao Poder Judiciário não apenas o direito de proferir a

última palavra, mas, sobretudo, a prerrogativa de dizer, desde logo, a primeira

palavra, excluindo-se a possibilidade do exercício de iguais atribuições por parte de quaisquer

outros órgãos ou autoridades do Estado (STF, MS 23.452/RJ).

Partindo dessas premissas, podemos afirmar que as CPIs não podem:

a) realizar atos de natureza cautelar (decretação da indisponibilidade de bens, arresto,

sequestro, hipoteca judiciária, prisões cautelares ou processuais, proibição de ausentar-se da

comarca ou do país, etc.), uma vez que o poder geral de cautela (i.e., a adoção de medidas que

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buscam assegurar a efetividade das futuras decisões judiciais condenatórias) só pode ser

exercido por magistrados, tendo em vista que as CPIs não julgam.

Nas palavras do Supremo: ―não se destinando a proferir julgamento, mas apenas a

reunir informações úteis ao exercício das funções do Congresso Nacional, a CPI é despida do

poder de acautelar sentença que não lhe cabe proferir‖ (STF, MS 23.466/DF e MS 23.469/DF);

b) decretar prisão definitiva (decorrente de sentença penal condenatória transitada em

julgado) ou processual (prisão preventiva, temporária, etc.), pois o art. 5.º, LXI, da CF/88

reservou ao Judiciário a função de zelar pelo status libertatis individual e, regra geral, somente

ordem escrita e fundamentada de juiz pode determinar a prisão de um indivíduo (sendo essa

uma cláusula de reserva jurisdicional).

Assim, considerando que as CPIs não formulam acusações nem julgam delitos, mas

apenas investigam, elas não decretam prisões definitivas ou processuais.

A exceção fica por conta da prisão em flagrante delito, pois qualquer do povo pode

prender em flagrante (art. 301 do CPP), razão pela qual as CPIs também podem dar voz de

prisão em flagrante (ex.: a CPI não tem autoridade para decretar a prisão definitiva ou

processual de um investigado, mas pode prender em flagrante um depoente, caso este cometa o

crime de falso testemunho ou desacate um parlamentar);

c) autorizar a quebra do sigilo das comunicações telefônicas (o grampo telefônico),

uma vez que, nos termos do art. 5.º, XII, da CF/88, as interceptações telefônicas só podem ser

autorizadas por ordem judicial (cláusula de reserva jurisdicional);

d) expedir mandados de busca e apreensão domiciliar, diante do art. 5.º, XI, da

CF/88, pelo qual somente a autoridade judicial pode determinar a violação de um domicílio (e

desde que durante o dia), sendo essa outra hipótese de matéria reservada ao Poder Judiciário

(cláusula de reserva de jurisdição).

Ressalte-se que as CPIs possuem, genericamente, o poder de determinar às autoridades

policiais e administrativas a realização de buscas e apreensões de documentos necessários às

suas investigações (ex.: busca e apreensão em pessoas, veículos e repartições públicas)

(MORAES, 2003). As CPIs apenas não podem decretar a busca e apreensão em um domicílio,

nos termos do art. 5.º, XI, da CF/88;

e) impedir a presença dos advogados dos depoentes nas sessões ou, de qualquer

forma, restringir o exercício de sua atividade profissional (STF, MS 23.576/DF).

Com efeito, as CPIs não podem cercear as prerrogativas profissionais do advogado,

amparadas pelo art. 133 da CF/88 e pelo art. 7.º da Lei n.º 8.906/94, de velar pela

intangibilidade dos direitos daquele que o constituiu como patrono de sua defesa técnica,

incluindo aí o direito de impugnar provas ilícitas; de comunicar-se diretamente com seu cliente

para adverti-lo de que lhe assiste o direito de permanecer em silêncio; de opor-se a qualquer ato

arbitrário ou abusivo cometido contra ele por membros da CPI, inclusive quando o indivíduo

estiver sendo tratado de maneira degradante ou como se culpado fosse.

Registre-se que nos inquéritos parlamentares, à semelhança dos inquéritos policiais, não

se assegura o direito ao contraditório e à ampla defesa em toda a sua extensão, razão pela qual

os investigados não têm direito de exigir a realização de provas, tampouco são intimados de

todos os atos processuais.

Por outro lado, deve-se resguardar no âmbito desses procedimentos inquisitoriais ao

menos o direito do investigado de se consultar com o seu advogado quanto às consequências

jurídicas de suas respostas, bem como o direito de ter amplo acesso aos elementos de prova já

incorporados aos autos da investigação (vide Súmula Vinculante n.º 14 do STF).

Algumas últimas observações sobre as CPIs:

a) o STF admite que as CPIs estaduais também quebrem sigilo bancário, apesar de a

literalidade do art. 4.º da LC n.º 105/01 não fazer expressa referência a elas (ACO 730/RJ).

Em verdade, por ser o art. 58, § 3.º, da CF/88 uma norma de repetição obrigatória pelas

constituições estaduais e leis orgânicas municipais, as observações doutrinárias e

jurisprudenciais aqui expostas sobre as CPIs das Casas do Congresso Nacional valem, com as

devidas adaptações, para as CPIs estaduais e municipais, tanto em relação ao prazo certo e ao

fato determinado, quanto aos limites investigatórios e às conclusões do inquérito parlamentar;

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b) mandados de segurança (MS) e habeas corpus (HC) ensejados por eventuais

ilegalidades ou abusos praticados pelas CPIs do Congresso Nacional são de competência

originária do STF, nos termos do art. 102, I, d e i, da CF/88.

Em verdade, apesar de o art. 102, I, d e i, atribuir ao STF o processamento de HC e de

MS apenas contra atos das Mesas da Câmara e do Senado, entende-se que as CPIs e demais

comissões parlamentares atuam em nome dessas Casas Legislativas atraindo implicitamente a

competência do STF (MS 23.452/RJ).

De qualquer modo, é importante destacar que, em caso de violação de direitos

individuais, as CPIs não podem alegar o princípio da separação dos poderes ou a doutrina dos

atos exclusivamente políticos (politicalquestiondoctrine) para evitar a anulação de seus atos por

parte do Judiciário.

Nesse ponto, o STF considera que tais argumentos não podem ser utilizados como

manto protetor de comportamentos abusivos e arbitrários do Poder Público, inclusive das

comissões parlamentares, e que é missão constitucional do Poder Judiciário evitar ou reparar

lesão a direitos, notadamente os direitos fundamentais do ser humano previstos na CF/88 (CF,

art. 5.º, XXXV) (MS 23.452/RJ).

Por fim, a jurisprudência da Suprema Corte brasileira entende prejudicadas as ações de

mandado de segurança e de habeas corpus, sempre que, impetrados tais writs constitucionais

contra CPIs, vierem estas a extinguir-se, em virtude da conclusão de seus trabalhos

investigatórios, independentemente da aprovação, ou não, de seu relatório final (MS 23.852/DF-

QO e MS 23.465/DF).

c) Tendo em vista a autonomia e a finalidade própria de um inquérito parlamentar, nada

impede que a CPI apure os mesmos fatos já submetidos a inquéritos policiais e processos

judiciais (STF, MS 23.639/DF e HC 100.341/AM, vide informativo n.º 607 do STF).

d) uma vez quebrado o sigilo de dados pessoais de investigados, é imprescindível que a

CPI mantenha a confidencialidade de tais informações em relação a terceiros, sob pena de

responsabilização civil e criminal de parlamentares e servidores responsáveis pela divulgação

indevida dessas informações.

Excepcionalmente, o STF tem admitido a divulgação das informações sigilosas desde

que motivada por razões de interesse público, notadamente no relatório final da CPI, quando as

conclusões envolverem fatos revelados a partir da quebra desses sigilos. Nesse sentido, vejamos

trecho de um julgado do Supremo: Havendo justa causa – e achando-se configurada a necessidade de

revelar os dados sigilosos, seja no relatório final dos trabalhos da Comissão

Parlamentar de Inquérito (como razão justificadora da adoção de medidas a

serem implementadas pelo Poder Público), seja para efeito das comunicações

destinadas ao Ministério Público ou a outros órgãos do Poder Público, para

os fins a que se refere o art. 58, § 3.º, da Constituição, seja, ainda, por razões

imperiosas ditadas pelo interesse social –, a divulgação do segredo,

precisamente porque legitimada pelos fins que a motivaram, não configurará

situação de ilicitude, muito embora traduza providência revestida de absoluto

grau de excepcionalidade (MS 23452/RJ);

e) as Leis n.º 1.579/52 e n.º 10.001/00 dispõem sobre os inquéritos parlamentares.

Como destaques dessas legislações, pontuamos que:

e.1) o art. 4.º da Lei n.º 1.579/52 criminaliza as condutas de impedir ou tentar impedir,

mediante violência ou ameaça, o regular funcionamento da CPI e de fazer afirmação falsa, negar

ou calar a verdade como testemunha, perito, tradutor ou intérprete perante uma comissão

parlamentar de inquérito;

e.2) os arts. 2.º e 3.º da Lei n.º 10.001/00 determinam que as autoridades a quem forem

encaminhadas as conclusões de uma CPI possuem a obrigação de informar, no prazo de trinta

dias, as providências adotadas e, no caso de condução de processo administrativo ou judicial, a

fase em que o processo se encontra, semestralmente, até a sua conclusão. Ainda, esses

processos judiciais terão prioridade sobre quaisquer outros, exceto habeas corpus, habeas datae

mandado de segurança.

Jurisprudência

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IGEPP – Prof. Leo van Holthe

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1.Investigados e testemunhas possuem o direito ao silêncio em relação a fatos que resultem

em autoincriminação: ―Não configura o crime de falso testemunho, quando a pessoa, depondo como

testemunha, ainda que compromissada, deixa de revelar fatos que possam incriminá-la‖ (STF, HC

73.035/DF).

2. O STF declarou a inconstitucionalidade de normas de regimento interno de assembleia

legislativa estadual que estabeleciam, como requisito à criação de CPI, a aprovação do respectivo

requerimento em plenário. Asseverou-se que os requisitos indispensáveis à criação de comissões

parlamentares de inquérito encontram-se dispostos de modo taxativo no art. 58, § 3.º, da CF/88, preceito

de observância compulsória pelas casas legislativas estaduais, diante do princípio da simetria. Desse

modo, afirmou-se que a criação de CPI independe de deliberação plenária, sendo bastante a apresentação

do requerimento de um terço dos membros da assembleia legislativa, somado aos demais requisitos

constitucionais (ADI 3.619/SP).

3. Apesar de o RICD aparentemente limitar a duração de uma CPI ao prazo máximo de cento e

oitenta dias, mais precisamente, ao prazo de cento e vinte dias, prorrogável até a metade, o STF decidiu

que prevalece o art. 5.º, § 2.º, da Lei n.º 1.579/52, pelo qual os trabalhos de uma CPI terminam na sessão

legislativa em que tiver sido criada, com a possibilidade de sucessivas prorrogações dentro da legislatura

em curso (HC 71.231/RJ). Entendeu-se que, pelo fato de a CPI interferir nos direitos fundamentais dos

investigados, o seu prazo de duração é tema afeto à lei, e não a regimento interno de casa legislativa.

4. ―A quebra do sigilo fiscal, bancário e telefônico de qualquer pessoa sujeita a investigação

legislativa pode ser legitimamente decretada pela Comissão Parlamentar de Inquérito, desde que esse

órgão estatal o faça mediante deliberação adequadamente fundamentada e na qual indique a necessidade

objetiva da adoção dessa medida extraordinária. Precedentes. O sigilo bancário, o sigilo fiscal e o sigilo

telefônico (sigilo este que incide sobre os dados/registros telefônicos e que não se identifica com a

inviolabilidade das comunicações telefônicas) – ainda que representem projeções específicas do direito à

intimidade, fundado no art. 5.º, X, da Carta Política – não se revelam oponíveis, em nosso sistema

jurídico, às Comissões Parlamentares de Inquérito, eis que o ato que lhes decreta a quebra traduz natural

derivação dos poderes de investigação que foram conferidos, pela própria Constituição da República, aos

órgãos de investigação parlamentar‖ (STF, MS 25.668/DF).

5. O STF, apesar de exigir da CPI a fundamentação para a quebra de sigilos bancário, fiscal,

telefônico e telemático, entendeu que a Comissão Parlamentar de Inquérito, por atuar na fase meramente

investigatória, prescinde, para a determinação da quebra desses sigilos, de fundamentação exaustiva,

equiparável à exigida dos órgãos judiciais (MS 24749/DF).

Em sentido semelhante, o STF já aceitou que a CPI adote a motivação per relationem, que é

aquela que simplesmente remete a documentos já constantes dos autos (ex.: depoimentos) que

comprovam a necessidade da quebra do sigilo (MS 23.452/RJ).

6. ―O princípio constitucional da reserva de jurisdição – que incide sobre as hipóteses de busca

domiciliar (CF, art. 5.º, XI), de interceptação telefônica (CF, art. 5.º, XII) e de decretação da prisão,

ressalvada a situação de flagrância penal (CF, art. 5.º, LXI) – não se estende ao tema da quebra de sigilo,

pois, em tal matéria, e por efeito de expressa autorização dada pela própria Constituição da República

(CF, art. 58, § 3.º), assiste competência à Comissão Parlamentar de Inquérito, para decretar, sempre em

ato necessariamente motivado, a excepcional ruptura dessa esfera de privacidade das pessoas‖ (STF, MS

23.452/RJ).

7. Nesses casos de reserva de jurisdição, o fato de haver autorização judicial posterior para a

perícia de equipamentos apreendidos em busca e apreensão domiciliar irregularmente decretada por CPI

não afasta a ineficácia de tais provas, devido à ilicitude da prévia apreensão (STF, MS 23.642/DF).

8. ―O Tribunal já firmou entendimento de que as Comissões Parlamentares de Inquérito são

dotadas de poder investigatório, ficando assentado que devem elas, a partir de meros indícios, demonstrar

a existência concreta de causa provável que legitime a quebra do sigilo. Depoimento do impetrante e

acareação com testemunha que o acusara de receptador. Coincidência com declarações de outra

testemunha. Relatório da Polícia Federal. Causa provável ensejadora da quebra dos sigilos fiscal, bancário

e telefônico. Segurança denegada‖ (STF, MS 24.217/DF) (destaques nossos).

9. O STF já decidiu que a CPI não está impedida de investigar fatos que se ligam, intimamente,

com o fato principal. No caso concreto, a CPI destinava-se a investigar irregularidades na concessão de

benefícios previdenciários e resolveu apurar também parcelamentos irregulares de débitos de empresas

com o INSS, sob o argumento de que tais fatos não se distanciavam do fato principal que determinara a

constituição da investigação parlamentar (HC 71.231/RJ).

10. Não obstante o Código de Processo Penal garantir às testemunhas o direito de serem ouvidas

na comarca do seu domicílio e a Lei n.º 1.579/52 afirmar que a CPI deve transportar-se aos lugares onde

se fizer mister a sua presença, o STF já admitiu que a CPI convoque as testemunhas para depor em

Brasília, desde que arque com todos os custos desse deslocamento (HC 87.230/DF-MC).

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11. O privilégio de que gozam certas autoridades de, no processo penal, marcar dia e hora para

serem inquiridos (vide art. 221 do CPP)também deve ser observado pela CPI (STF, HC 80.153/AP-MC).

12. No caso da oitiva de índios, o STF já decidiu que a CPI deve deslocar-se à área indígena, e

não o índio à Brasília, em respeito ao princípio da irremovibilidade dos índios de suas terras (CF, art. 231,

§ 5.º) (HC 80.240/RR). Nesses casos, o depoimento deverá ocorrer em dia e hora previamente

combinados, na presença de representantes da FUNAI e de antropólogo especializado.

13. Em mandado de segurança coletivo impetrado pela OAB/DF, o STF concedeu a ordem

judicial, a fim de garantir aos advogados o direito de comunicar-se pessoal e diretamente com os seus

clientes na sessão da CPI, a fim de adverti-los sobre o direito de permanecer em silêncio, bem como o

direito de opor-se a qualquer ato arbitrário, abusivo ou ilegal cometido contra eles por membros da CPI.

Afirmou-se que os advogados teriam o direito de fazer cessar imediatamente a participação de seus

constituintes na sessão da comissão parlamentar, caso as suas prerrogativas profissionais fossem

desrespeitadas, sem que se pudesse adotar contra eles, advogados e clientes, qualquer medida restritiva de

seus direitos ou de suas liberdades (MS 25.617/DF-MC).

14. Impossibilidade de a CPI do Congresso tratar os depoentes de modo ultrajante e

possibilidade de pedir indenização moral e material da União: ―Em seu interrogatório, o indiciado terá

que ser tratado sem agressividade, truculência ou deboche, por quem o interroga diante da imprensa e sob

holofotes, já que a exorbitância da função de interrogar está coibida pelo art. 5.º, III, da Constituição

Federal, que prevê que 'ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante'.

Aquele que, numa CPI, ao ser interrogado, for injustamente atingido em sua honra ou imagem, poderá

pleitear judicialmente indenização por danos morais ou materiais, neste último caso, se tiver sofrido

prejuízo financeiro em decorrência de sua exposição pública, tudo com suporte no disposto na

Constituição Federal, em seu art. 5.º, X‖ (STF, MS 25.617/DF-MC).

15. O STF já negou o direito de depoente de ser ouvido em sessão pública de CPI, sem que

houvesse a transmissão por TV do seu depoimento (inclusive pela televisão institucional da casa

legislativa). Entendeu-se que prevalece a liberdade de imprensa e o direito de o Legislativo divulgar os

seus trabalhos, inclusive pela TV, em detrimento do direito à imagem do depoente (MS 24.832/DF-MC).

16. O STF anulou ato de CPI que convocou indivíduos para depor na condição de testemunhas,

apesar de eles já terem sofrido a quebra dos seus sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático nesse

mesmo inquérito parlamentar. O STF determinou que os impetrantes fossem ouvidos na condição de

investigados, sem a necessidade de prestar o compromisso legal de dizer a verdade, bem como vedou a

sua condução coercitiva (HC 83.703/SP).

17. ―Comissão Parlamentar de Inquérito: prazo certo de funcionamento: antinomia aparente entre

a lei e o regimento interno da Câmara dos Deputados: conciliação. 1. Eventual antinomia entre preceitos

de lei e de regimento interno das câmaras legislativas, na maioria das vezes, não se resolve como questão

de hierarquia ou de conflito intertemporal de normas, mas, sim, mediante a previa demarcação, a luz de

critérios constitucionais explícitos ou implícitos, dos âmbitos materiais próprios a cada uma dessas fontes

normativas concorrentes. 2. Da esfera material de reserva a competência regimental das Casas

Legislativas, e necessário excluir, de regra, a criação de obrigação ou restrições de direitos que alcancem

cidadãos estranhos aos corpos legislativos e ao pessoal dos seus serviços auxiliares: ai, ressalvado o que

se inclua no âmbito do poder de policia administrativa das câmaras, o que domina e a reserva a lei formal,

por imposição do princípio constitucional de legalidade. 3. A duração do inquérito parlamentar - com o

poder coercitivo sobre particulares, inerentes a sua atividade instrutória e a exposição da honra e da

imagem das pessoas a desconfianças e conjecturas injuriosas - e um dos pontos de tensão dialética entre

aCPI e os direitos individuais, cuja solução, pela limitação temporal do funcionamento do órgão, antes se

deve entender matéria apropriada a lei do que aos regimentos: donde, a recepção do art. 5., par. 2.,da L.

1579/52, que situa, no termo final de legislatura em que constituída, o limite intransponível de duração,

ao qual, com ou sem prorrogação do prazo inicialmente fixado, se há de restringir a atividade de qualquer

comissão parlamentar de inquérito. 4. A disciplina da mesma matéria pelo regimento interno diz apenas

com as conveniências de administração parlamentar, das quais cada câmara e o juiz exclusivo, e da qual,

por isso - desde que respeitado o limite máximo fixado em lei, o fim da legislatura em curso -, não

decorrem direitos para terceiros, nem a legitimação para questionar em juízo sobre a interpretação que lhe

de a Casa do Congresso Nacional (STF, HC 71.261/DF).