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DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL II DOCENTE: Msc. PROFESSORA ELIANE COSTA DOS SANTOS SEMESTRES: 4° SEMESTRE INSTITUIÇÃO DE ENSINO: ESTÁCIO/FIB PLANO DE AULA DIREITO CONSTITUCIONAL II SEGUNDA PARTE Eugène Delacroix: La Liberté guidant le peuple

Direito Constitucional II (Segunda Parte)

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DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL IIDOCENTE: Msc. PROFESSORA ELIANE COSTA DOS SANTOSSEMESTRES: 4° SEMESTREINSTITUIÇÃO DE ENSINO: ESTÁCIO/FIB

PLANO DE AULA

DIREITO CONSTITUCIONAL II

SEGUNDA PARTE

Eugène Delacroix: La Liberté guidant le peuple

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DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL IIDOCENTE: Msc. PROFESSORA ELIANE COSTA DOS SANTOSSEMESTRE: 4° SEMESTREINSTITUIÇÃO DE ENSINO: ESTÁCIO/FIB

ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DO ESTADO BRASILEIRO

DA INTERVENÇÃO

1. INTERVENÇÃO

1.1. CONCEITO

Segundo Alexandre de Moraes, a intervenção

“consiste em medida excepcional de supressão temporária da autonomia de determinado ente federativo, fundada em hipóteses taxativamente previstas no texto constitucional, e que visa à unidade e preservação da soberania do Estado Federal e das autonomias da União, dos Estados, do Distrito Federal e Municípios”.

Na concepção do Ministro Celso de Mello,

“o mecanismo de intervenção constitui instrumento essencial à viabilização do próprio sistema federativo, e, não obstante o caráter excepcional de sua utilização – necessariamente limitada às hipóteses taxativamente definidas na Carta Política -, mostra – se impregnado de múltiplas funções de origem político-jurídica, destinadas: (a) a tornar efetiva a intangibilidade do vínculo federativo; (b) a fazer respeitar a integridade territorial das unidades federadas; (c) a promover a unidade do Estado Federal e (d) a preservar a incolumidade dos princípios fundamentais proclamados pela Constituição da República”.

1.2. PRINCÍPIOS QUE REGEM A INTERVENÇÃO

a)Princípio da excepcionalidade, segundo Bernardo Gonçalves, “a intervenção é uma ingerência na autonomia visando ao reestabelecimento do equilíbrio que foi desvirtuado e, por isso, só pode ser medida excepcional (e dotada de necessidade)”.

b)Princípio da taxatividade, de acordo com Bernardo Gonçalves, “as hipóteses de intervenção estão taxativamente previstas na Constituição”.

c) Princípio da temporalidade, segundo Bernardo Gonçalves, “a intervenção terá sempre prazo determinado, justamente porque a regra é autonomia. A ingerência buscará o reestabelecimento do equilíbrio. Portanto, no decreto de intervenção deve constar o prazo determinado da mesma”.

2.INTERVENÇÃO FEDERAL OU EXECUÇÃO FEDERAL

2.1. INTERVENÇÃO ESPONTÂNEA

De acordo com Marcelo Alexandrino, o “[...] Chefe do Executivo, dentro de seu Juízo de discricionariedade, decide pela intervenção e, de ofício, a execução, independentemente de provocação de outros órgãos”.

2.1.1. HIPÓTESES

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Defesa da unidade nacional ou defesa do Estado (art. 34, I e II da CRFB/88).

Defesa do princípio federativo (art. 34, II, III e IV da CRFB/88).

Defesa das finanças públicas (art. 34, V da CRFB/88).

2.2. INTERVENÇÃO FEDERAL PROVOCADA

Segundo Marcelo Alexandrino, há “[...] intervenção provocada quando a medida depende de provocação de algum órgão ao qual a Constituição conferiu tal competência”.

2.2.1. HIPÓTESES DE INTERVENÇÃO PROVOCADA

INTERVENÇÃO FEDERAL PROVOCADA POR SOLICITAÇÃO, na defesa do Poder Executivo ou Legislativo (Assembleia Legislativa, Câmara Legislativa do Distrito Federal), art. 34, IV

De acordo com Marcelo Alexandrino,

“[...] o Chefe do Executivo não estará obrigado a decretar a intervenção [...], esses Poderes locais solicitarão ao Presidente da República a intervenção federal, a fim de que a União venha garantir o livre exercício de suas funções. Nessas hipóteses, a solicitação do Poder Executivo local não vincula o Presidente da República, haja vista trata-se de solicitação (e não de requisição)”.

INTERVENÇÃO FEDERAL PROVOCADA POR REQUISIÇÃO, de acordo com Marcelo Alexandrino, “[...] o Chefe do Executivo não dispõe de discricionariedade, isto é, estará obrigado a decretar a intervenção”.

a)Na hipótese de o Poder Judiciário local ser coagido (art. 34, IV, combinado com o art. 36, I, segunda parte): o Tribunal de Justiça coagido deverá solicitar ao STF que requisite a intervenção que requisite a intervenção.

Nas palavras de Marcelo Alexandrino,

“Caso o Poder Judiciário local esteja sendo coagido (CF, art. 34, IV), o Tribunal de Justiça respectivo deverá solicitar ao STF que requisite a intervenção. O STF, se entender cabível, requisitará a intervenção federal ao Presidente da República, que estará obrigado a decretá-la, pois se cuida de hipótese de requisição”.

b)Nas hipóteses de desobediência de ordem ou decisão judicial.

b.1. Art. 34, VI, segunda parte (requisição do STF): desobediência à ordem ou decisão judicial do STF, da Justiça do Trabalho ou da Justiça do Militar (mesmo que envolvam questões infraconstitucionais).b.2. Art. 34, VI, segunda parte (requisição do TSE): desobediência à ordem ou decisão judicial da Justiça Eleitoral.b.3. Art. 34, VI, segunda parte (requisição do STJ): desobediência à ordem ou decisão judicial do STJ.b.4. Requisição do STJ: descumprimento de ordem ou decisão judicial da Justiça Federal ou da Justiça Estadual, envolvendo questões legais infraconstitucionais.

Segundo Marcelo Alexandrino e da CRFB/88,

“Quando se tratar de prover a execução de ordem ou decisão judicial oriundas da Justiça Estadual e da Justiça Federal (controvérsias envolvendo questões

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exclusivamente infraconstitucionais), o STJ poderá requisitar a intervenção ao Presidente da República de ofício (mediante iniciativa do próprio STJ) ou a partir de pedido a ele dirigido pelos presidentes do Tribunal de Justiça – TJ e do Tribunal Regional Federal – TRF, conforme o caso. Nessa situação, a parte interessada na decretação da intervenção não poderá ingressar com o pedido diretamente perante o STJ; deverá fazê-lo ao presidente do TJ ou do TRF, conforme o caso, e essas presidentes dos tribunais é que darão entrada no pedido perante o STJ.Quando se tratar de prover a execução de ordem ou decisão do próprio STJ, este Tribunal poderá requisitar a intervenção ao Presidente da República de ofício, ou a partir de pedido da parte interessada. Note-se que, nesse caso, a parte interessada poderá ingressar com o pedido de intervenção diretamente perante o STJ”.

b.5. Requisição do STF: descumprimento de ordem ou decisão judicial da Justiça Federal ou da Justiça Estadual, envolvendo questões constitucionais.

Na visão de Marcelo Alexandrino e da CRFB/88,

Assim, por exemplo, quanto ás requisições de competência do STF, a parte interessada somente poderá ingressar com o pedido neste Tribunal quando a ordem ou decisão a ser provida for oriunda do próprio STF. Nas demais hipóteses, a parte interessada na intervenção não poderá se dirigir diretamente ao STF; ela deverá fazer o pedido ao presidente do respectivo tribunal (local, federal, trabalhista ou militar, conforme o caso) para que ele o encaminhe ao Supremo Tribunal Federal”.

c)Na hipótese de recusa à execução de lei federal (art. 34, VI, primeira parte, combinado com o art.. 36, III, segunda parte), e de ofensa aos “princípios sensíveis” (art. 34, VII, combinado com o art. 36, III, primeira parte).

Segundo Marcelo Alexandrino, “teremos a chamada ação de executoriedade de lei federal, porquanto não se visa à declaração da inconstitucionalidade do ato, mas sim de obrigar o ente federado ao cumprimento da lei”.

c.1)Ação direta de inconstitucionalidade interventiva (CF, art. 34, VII): dependerá de representação interventiva do Procurador-Geral da República perante o STF.

Na concepção de Marcelo Alexandrino,

“teremos a denominada representação interventiva ou ação direta de inconstitucionalidade interventiva, pois a provocação do Poder Judiciário tem por fim a declaração de inconstitucionalidade do ato ilegítimo praticado pelo ente federado.[...] se a suspensão da execução do ato local bastar ao restabelecimento da normalidade, evita-se a decretação da efetiva intervenção no ente federado, em respeito à sua autonomia política (afinal, o objetivo último de todo o procedimento é o restabelecimento da normalidade no âmbito do ente federado, e não o afastamento da sua autonomia). Entretanto, caso o decreto meramente suspensivo não seja suficiente ao restabelecimento da normalidade, o Presidente da República estará obrigado a executar uma efetiva intervenção, pois se trata de hipótese de requisição e não de simples solicitação”.

3.DECRETO INTERVENTIVO (art. 36, § 1° da CRFB/88)

Nas palavras Marcelo Alexandrino, a “intervenção federal será implementada mediante decreto expedido pelo Presidente da República, que, uma vez publicado, terá eficácia imediata, legitimando os demais atos do chefe do Executivo na execução da medida”.

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4.NOMEAÇÃO DO INTERVENTOR (art. 36, § 1° da CRFB/88)

Segundo Marcelo Alexandrino,

“[...] a intervenção pode, ou não, implicar necessidade de nomeação de interventor. Com efeito, a intervenção poderá atingir diferentes órgãos do ente federado. Assim, se a intervenção ocorrer no Poder Executivo, a nomeação do interventor será necessária, para que ele exerça as funções do governador. Diferentemente, caso a intervenção restrinja-se ao Poder Legislativo, tornar-se-á, desnecessário haver um interventor, desde que o ato de intervenção atribua, desde logo, as funções legislativas ao chefe do Executivo local. Se a intervenção abranger os Poderes Executivo e Legislativo, a nomeação de interventor será necessária, para que ele assuma as funções executivas e legislativas”.

5.OITIVA DOS CONSELHOS (arts. 90, I, 91, § 1°, II da CRFB/88)

De acordo com Marcelo Alexandrino, “nas hipóteses de intervenção não vinculada (espontâneas e provocadas mediante solicitação), o Presidente da República ouvirá os Conselhos da República (CF, art.90, I) e de Defesa Nacional (CF, art. 91, §1°, II), que opinarão a respeito”.

6. DURAÇÃO DA INTERVENÇÃO (art. 36, §1° da CRFB)

Nas palavras de Marcelo Alexandrino,

“A intervenção será sempre temporária e, cessadas os seus motivos, as autoridades afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo impedimento legal (CF, art. 36, §4]). O impedimento legal das autoridades locais poderá advir, dentre outros motivos, do término normal dos mandatos, da cassação dos mandatos ou da suspensão ou perda dos direitos políticos, o que impede a reassunção do cargo. Nesses casos, cessada a intervenção, deverão assumir os cargos as autoridades que a Constituição do ente federado indicar como sucessor”.

7.EMENDA À CONSTITUIÇÃO (art. 60, § 1° da CRFB/88)

8.CONTROLE POLÍTICO

8.1. Obrigatoriedade do controle político (art. 49, IV da CRFB/88)

8.2. Exceções ao controle político (art. 34,VI, VII, art. 36, § 3°, art. “34, IV” da CRFB/88)

8.3.Posição de Marcelo Alexandrino

“[...] a apreciação do Congresso Nacional envolve julgamento de aprovação ou rejeição. A aprovação é efetivada mediante a expedição de um decreto legislativo pelo Congresso Nacional. Caso o Congresso Nacional não aprove a decretação da intervenção, esta passará a ser ato inconstitucional, e deverá cessar imediatamente, porque, se for mantida, constituirá atentado contra a autonomia do ente federado, caracterizando crime de responsabilidade do Presidente da República.Porém, nem todo decreto interventivo será apreciado pelo Poder Legislativo. Não há controle político do Congresso Nacional naquelas hipóteses de intervenção decididas pelo Poder Judiciário, em que o Presidente da República é provocado mediante requisição, cabendo-lhe meramente adotar a medida interventiva (atividade vinculada) [...]

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Contudo, se a normalidade não puder ser restabelecida pela simples suspensão do ato, o decreto não se limitará a essa providência, devendo especificar quantas forem necessárias ao restabelecimento da normalidade. Não se trata de faculdade do Presidente da República, mas de obrigação a ele imposta, porquanto as hipóteses citadas são de requisição feita por tribunal do Poder Judiciário.Note-se que a Constituição Federal só dispensa a apreciação do Congresso Nacional nas hipóteses do art. 43, VI (prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial) e VII (ofensa aos princípios sensíveis), que são casos de intervenção provocada a partir de requisição do Poder Judiciário [...]”.

8.4. Posição de AGRA (2007:301)

“O alcance da intervenção e das prerrogativas do interventor não pode descurar dos princípios constitucionais impostos pelo ordenamento jurídico. Não há, como no estado de sítio e no estado de defesa, uma flexibilização dos direitos fundamentais ou uma excepcionalidade dos direitos e garantias constitucionais. O Estado Democrático de Direito é mantido em sua inteireza, ocorrendo apenas a limitação da autonomia do ente federativo que sofreu a intervenção. Os limites da intervenção são expostos preponderantemente.”

8.5. Posição de LEWANDOWSKI (1994:132)

“a) aos parlamentares podem aprová-lo, autorizando a continuidade da intervenção até o atingimento de seus fins; b) podem, de outro lado, aprová-lo, suspendendo de imediato a medida, situação que gerará efeitos ex nunc; c) podem, por fim, rejeitá-lo integralmente, suspendendo a intervenção e declarando ilegais, ex tunc, os atos de intervenção”.

9. CONTROLE JURISDICIONAL

De acordo com Marcelo Alexandrino,

“Não existe, propriamente, controle jurisdicional sobre o ato de intervenção, tampouco sobre esta, vista tratar-se de ato de natureza eminentemente política, insuscetível de apreciação pelo Poder Judiciário.Entretanto, poderá haver fiscalização do Poder Judiciário nas hipóteses de manifesta violação às normas constitucionais que regulam o procedimento (arts. 34 a 36), e também quando a suspensão da intervenção tenha sido determinada pelo Congresso Nacional mas ela permaneça sendo executada, pois, nesse caso, conforme visto acima, o ato perde sua legitimidade e se torna inconstitucional”.

10. INTERVENÇÃO NOS MUNICÍPIOS E A INTERVENÇÃO EM MUNICÍPIO LOCALIZADO EM TERRITÓRIO FEDERAL

10.1. Competência para proceder à intervenção dos municípios.

10.2. HIPÓTESES (art. 35 da CRFB/88)

10.3. Aplicação do art. 35, IV, § 3°: depende de provimento pelo Tribunal de Justiça de representação interventiva do Procurador-Geral de Justiça, dispensando a apreciação pela assembleia legislativa.

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA:

1.BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros, 2005.2.LENZA, Pedro. Direito Constitucional esquematizado. 18. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2014.

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3. FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 3 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011.4..MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2010.5. NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2010.6. PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional descomplicado. 6ª. Ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO.7. PINHO, Rodrigo César Rebello. Da organização do Estado, dos Poderes, e histórico das Constituições. 11 ed. São Paulo: Saraiva, 2011. – (Coleção sinopses jurídicas; v. 18).8. SILVA E NETO, Manoel Jorge. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009.9. SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional positivo. São Paulo: Malheiros, 2009.10. VARGAS, Denise. Manual de Direito Constitucional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.

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DIVISÃO ORGÂNICA DO PODER – “tripartição de poderes”

1. INTRODUÇÃO

1.1.Aristóteles: identificação das funções do Estado

De acordo com Pedro Lenza, “Aristóteles contribuiu no sentido de identificar o exercício de três funções estatais distintas, apesar de exercida por um único órgão”.

1.2. Montesquieu: correspondência entre divisão funcional e uma divisão orgânica

1.3. Abrandamento da teoria de Montesquieu – “funções típicas e atípicas”

ÓRGÃO FUNÇÃO TÍPICA FUNÇÃO ATÍPICA

LEGISLATIVOLegislar.Fiscalização contábil, financeira, orçamentária e patrimonial do Executivo

Natureza executiva.Natureza jurisdicional.

EXECUTIVAExercício de atos de chefia de Estado, chefia de governo e atos de administração.

Natureza legislativa.Natureza jurisdicional.

JUDICIÁRIO Função jurisdicionalNatureza legislativa.Natureza executiva.

1.4. Impropriedade expressão “tripartição de poderes”

Segundo Pedro Lenza,

“[...]o poder é uno e indivisível. O poder não se triparte. O poder é um só, manifestando-se através de órgãos que exercem funções. Assim, temos:a)poder: uno e indivisível, um atributo do Estado que emana do povo;b)função: “a função constitui, pois, um modo particular e caracterizado de o Estado manifestar a sua vontade”;c)órgão: “os órgãos são, em consequência, os instrumentos de que se vale o Estado para exercitar suas funções, descritas na Constituição, cuja eficácia é assegurada pelo Poder que a embasa”.

1.5. A independência dos poderes e a indelegabilidade de atribuições

1.6. Sistema de freios e contrapesos (denominado pelos norte-americanos de “checks and balances”). “Ex vi”, CF/88, arts. 64, §1º, § 4º, 52, I, II e parágrafo único, 84, V, XVI, 86, 97, 102, I, 125, §2º .

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA:

1.BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros, 2005.2.LENZA, Pedro. Direito Constitucional esquematizado. 18. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2014.

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3. FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 3 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011.4..MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2010.5. NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2010.6. PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional descomplicado. 6ª. Ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO.7. PINHO, Rodrigo César Rebello. Da organização do Estado, dos Poderes, e histórico das Constituições. 11 ed. São Paulo: Saraiva, 2011. – (Coleção sinopses jurídicas; v. 18).8. SILVA E NETO, Manoel Jorge. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009.9. SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional positivo. São Paulo: Malheiros, 2009.10. VARGAS, Denise. Manual de Direito Constitucional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.

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DO PODER LEGISLATIVO

1. ESTRUTURA DO PODER LEGISLATIVO FEDERAL (art. 44 da CRFB/88)

2.. ESTRUTURA DO PODER LEGISLATIVO ESTADUAL 2.1. Unicameralismo 2.2. Número de deputados estaduais (CF, art. 27, “caput”)2.2.1. Quadro explicativo de Pedro Lenza

Número de deputados federais (X)

Número de deputados estaduais (Y)

Fórmula

8 24 o triplo9 27 o triplo10 30 o triplo11 33 o triplo12 36 o triplo13 37 y=(x-12) ou +36 0u y=x+2414 38 y=(x-12) ou +36 0u y=x+24(...) y=(x-12) ou +36 0u y=x+2468 92 y=(x-12) ou +36 0u y=x+2469 93 y=(x-12) ou +36 0u y=x+2470 94 y=(x-12) ou +36 0u y=x+24

Observação: Segundo Rodrigo César, que a Lei Complementar n.78/93 estabelece

“o número máximo de quinhentos e treze representantes, devendo o IBGE, no ano anterior às eleições, fornecer a atualização estatística demográfica das unidades da Federação, para que o Tribunal Superior Eleitoral possa fixar o número de cargos postos em disputa em cada Estado e Distrito Federal”.

2.3.Mandato: 4 anos 2.4. Outras regras: (CF. art. 27, § 1°).2.5. Subsídios (CF, art. 27, §2°).

De acordo com Pedro Lenza,

“[...] em relação à Câmara dos Deputados, o Senado Federal, também a partir da EC n. 19/98, passou a ter competência apenas para a iniciativa de projeto de lei para fixação da remuneração dos cargos, empregos e funções de seus serviços.Devemos alertar, conforme já visto em relação à Câmara, que a competência para fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Senadores, observado o que dispõe os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, §2º, I, nos termos do art. 49, VII, é do Congresso Nacional, por Decreto Legislativo (cf. item 9.6)”.

Observação: para consulta http://www2.camara.leg.br/transparencia. http://www.senado.gov.br//transparencia.

3.ESTRUTURA DO PODER LEGISLATIVO MUNICIPAL

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3.1. Unicameralismo3.2. Número de vereadores: CF, art. 29, IV.3.3. Mandato: 4 anos3.4. Inviolabilidade ou imunidade material (CF, art. 29, VIII).3.5.Remuneração (CF, art. 29, V, VI, 29-A)

4. ESTRUTURA DO PODER LEGISLATIVA DISTRITAL4.1. Unicameralismo: (CF, art. 32, “caput”).4.2. Utilização das características dos Estados: (art. 32, § 3°)

5. ESTRUTURA DO PODER LEGISLATIVO DOS TERRITÓRIOS FEDERAIS5.1. Regra geral: art. 33, § 3°.

6. ATRIBUIÇÕES DO CONGRESSO NACIONAL(CF/88, arts. 48, 49)6.1. SISTEMA BICAMERAL

6.2. CÂMARA DOS DEPUTADOSa) composição: composta por representantes do povo. a.1.Poder Legislativo (âmbito estadual): unicameralb) eleição: princípio proporcional (CF, art. 45, §1°)c) número de deputados federais: (CF, art. 45, §2°)d) mandato: (CF, art. 44, parágrafo único)e) renovação dos deputados: de 4 (quatro) em 4 (quatro) anos, período este que corresponde à legislatura (art. 44, parágrafo único).g) sistema eleitoral: Sistema proporcional (CF/88, arts. 27, §1º, 29, IV, 45).

6.2.1.REQUISITOS PARA A CANDIDATURA DOS DEPUTADOS FEDERAIS:

a) brasileiro nato ou naturalizado (art. 14, §3º, I);b) 21 anos (art. 14, § 3º, VI, “c”);c) pleno exercício dos direitos políticos (art. 14, § 3º, II);d) alistamento eleitoral (art. 14, § 3º, III);e) domicílio eleitoral na circunscrição (art. 14, § 3º, IV);f) filiação partidária (art. 14, § 3º, V).

6.2.2. COMPETÊNCIAS PRIVATIVAS DA CÂMARA DOS DEPUTADOS (CF, art. 51)a) Espécie normativa: resolução.

7. SENADO FEDERAL a) composição: representantes dos Estados e do Distrito Federal (total: 81 senadores).b) eleição: princípio majoritário, ou seja, a eleição para o Senado depende do maior número de votos. c) número de senadores: os Estados e o Distrito Federal podem eleger 3 senadores (fixos), com dois suplentes.d) mandato: 8 (oito) anos, correspondendo a duas legislaturas.e) renovação dos senadores: de acordo com Constituição Federal, haverá renovação de 4 (quatro) em 4 (quatro) anos, na proporção 1/3 e 2/3).g)sistema eleitoral: sistema majoritária simples (CF/88, arts. 46 e 26, II)

7.1.REQUISITOS PARA A CANDIDATURA DO SENADO:a) brasileiro nato ou naturalizado (art. 14, § 3º, I);b) 35 anos (art. 14, § 3º, III);c) pleno exercício dos direitos políticos (art. 14, § 3º, II);d) domicílio eleitoral na circunscrição (art. 14, § 3º, IV);e) filiação partidária (art. 14, § 3º, V);f) alistamento eleitoral (art. 14, § 3º, III).

7.2. COMPETÊNCIAS PRIVATIVAS DO SENADO FEDERAL (CF, art. 52)a) Espécie normativa: resolução.

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7.3. QUADRO COMPARATIVO SOBRE A ESTRUTURA DO CONGRESO NACIONAL (analise de Pedro Lenza)

SENADO FEDERAL CÃMARA DOS DEPUTADOS

COMPOSIÇÃO Representantes dos Estados e do Distrito Federal

Representantes do povo

Sistema de eleição Princípio majoritário Princípio proporcional à população de cada Estado e do DF, sendo que os TFs elegerão 4 (art. 45, §2°)

Númerode parlamentares

3 Senadores por Estado e pelo DF, cada qual com 2 suplentes. Atualmente, 81 Senadores (26 Estados x 3 = 78 + 3 do DF)

A LC n. 78/93 fixou em 513 Deputados Federais. Nenhum Estado e o DF terá menos de 8, nem mais de 70 Deputados. Os Territórios, se criados, elegerão 4 Deputados.

Mandato 8 anos = 2 legislaturas 4 anos = 1 legislaturaRenovação A cada 4 anos, por 1/3 e 2/3,

sendo que cada Senador cumpre o mandato de 8 anos.

A cada 4 anos, sendo que cada Deputado cumpre o mandato de 4 anos.

Idade mínima (condição de elegibilidade)

35 anos 21 anos

8.SISTEMAS ELEITORAIS

Segundo Rodrigo César, sistema eleitoral entende-se o conjunto de técnicas utilizadas na realização de eleições, destinadas a organizar a representação da vontade popular [...]”.

8.1. Classificação

a)Sistema majoritário. O candidato é eleito se obtiver o maior número de votos.

Sistema majoritário simples

De acordo com Rodrigo César, “a eleição realiza-se em um único turno, bastando a maioria relativa para a escolha do representante popular. No Brasil, é adotada para a eleição de Senadores e Prefeitos e Vice-Prefeitos nos Municípios com duzentos mil eleitores ou menos (CF, arts. 46 e 29, II)”.

Sistema majoritário por maioria absoluta

Segundo Rodrigo César, “é eleito o candidato que obtiver os votos de mais da metade do eleitorado. São computados os votos válidos. Votos válidos são considerados os dados para os candidatos, excluindo-se os votos nulos e brancos (CF, art. 77, §2°). Caso nenhum candidato obtenha esta maioria em uma primeira votação, realiza-se um segundo turno somente com os dois candidatos mais votados”. São exemplos, no Brasil, a eleição do Presidente e Vice-Presidente da República, dos Governadores e Vice-Governadores dos Estados e dos Prefeitos e Vice-Prefeitos nos Municípios com mais de duzentos mil eleitores (arts. 77 e seus parágrafos, 28 e 29, II da CRFB/88).

b)Sistema proporcional. O candidato é eleito de acordo com os votos obtido pelo partido ou coligação partidária. No Brasil, este sistema é utilizado para as eleições de Deputados Federais

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(art. 45 da CRFB/88), Deputados Estaduais (art. 27. §1º da CRFB/88) e Vereadores (art. 29, IV da CRFB/88).

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA:

1.BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros, 2005.2.LENZA, Pedro. Direito Constitucional esquematizado. 18. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2014.3. FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 3 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011.4..MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2010.5. NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2010.6. PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional descomplicado. 6ª. Ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO.7. PINHO, Rodrigo César Rebello. Da organização do Estado, dos Poderes, e histórico das Constituições. 11 ed. São Paulo: Saraiva, 2011. – (Coleção sinopses jurídicas; v. 18).8. SILVA E NETO, Manoel Jorge. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009.9. SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional positivo. São Paulo: Malheiros, 2009.10. VARGAS, Denise. Manual de Direito Constitucional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.

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FUNCIONAMENTO E ESTRUTURA DO PODER LEGISLATIVO

1. LEGISLATURA

1.1.Conceito

De acordo com Rodrigo César, “é o período legislativo de quatro anos que corresponde ao mandato dos Deputados Federais”.

1.2.Duração da legislatura (CF/88, art. 44, parágrafo único)

1.3. Composição da legislatura: É composto por quatro sessões legislativas.

1.4.Esquema explicativo

LEGISLATURA (quatro sessões legislativas ordinárias)

(1° ano)Sessão legislativa ordinária

(2° ano)Sessão legislativa ordinária

(3° ano)Sessão legislativa ordinária

(4° ano)Sessão legislativa ordinária

2. SESSÕES LEGISLATIVAS ORDINÁRIAS

2.1. Conceito

Segundo Rodrigo César, “são as realizadas no período normal de trabalho”.

2.2. Esquema explicativo

DIVISÃO DAS SESSÕES LEGISLATIVAS (REUNIÕES)

Sessões legislativas ordinárias (art. 57, caput)

Sessões legislativas extraordinárias (art. 57, §6°)

Sessões preparatórias e mesas diretoras (art. 57, §4º, § 5º, 58, §1º).

Sessão conjunta (art. 57, §3°)

3.. SESSÃO PREPARATÓRIA E MESAS DIRETORAS

3.1. Conceito

De acordo com Rodrigo César, “são as convocadas, a partir do 1º de fevereiro, no primeiro ano da legislatura, para a posse de seus membros e eleição das respectivas Mesas (CF, art. 57, §4°)”.

3.2. Esquema explicativo

SESSÃO PREPARATÓRIA E MESAS DIRETORAS

Page 15: Direito Constitucional II (Segunda Parte)

Período: 1° de fevereiro (primeiro ano da legislatura)Composição da mesa diretora do Congresso Nacional: CF, art. 57, § 5°Composição da mesa diretora da Câmara dos Deputados: CF, art. 58, § 1°Composição da mesa diretora do Senado Federal: CF, art. 58, § 1°

3.2. DAS SESSÕES LEGISLATIVAS ORDINÁRIAS

3.2.1. Conceito

De acordo com Bernardo Gonçalves, “também chamada de sessão legislativa ordinária é o período de 1 ano. É o lapso temporal anual (ano legislativo)”.

OBSERVAÇÃO: Sobre sessões legislativas ordinárias, “ex vi”, CF/88, art. 60, § 5º, 67, 55, III, 57, §2°, § 4°.

3.2.3. PERÍODOS LEGISLATIVOS

De acordo com Bernardo Gonçalves, é o lapso temporal semestral. Portanto, teremos 2 períodos legislativos por sessão legislativa”.

3.2.3.1. Esquema explicativo

SESSÕES LEGISLATIVAS ORDINÁRIAS (dois períodos legislativos)

1º período legislativo(2 de fevereiro a 17 de julho)

2º período legislativo(1º de agosto a 22 de dezembro)

3.2.4. SESSÃO ORDINÁRIA

De acordo com Bernardo Gonçalves,

“é o lapso diário no Poder Legislativo. Ou seja, é o dia legislativo. Segundo o regimento interno das Casas, as sessões ordinárias realizar-se-ão de segunda a sexta-feira. Na Câmara dos Deputados, as sessões ordinárias funcionarão de 2ª. a 5ª. das 14 às 19 e, ás sextas-feiras de 9 às 14 h”.

3.2.4. SESSÃO EXTRAORDINÁRIA

De acordo com Bernardo Gonçalves, “é aquela que ocorre dentro de um período legislativo, em dia ou hora, diferenciados das sessões ordinárias. Nesses termos, a mesma se desenvolve dentro do período legislativo, ou seja, dentro do trabalho regular (normal) das Casas”.

3.3. DO RECESSO PARLAMENTAR

3.3.1. Conceito

É o espaço de tempo entre os períodos legislativos, ou seja, quando o Congresso Nacional deixa de funcionar, salvo se houver convocação extraordinária”.

Page 16: Direito Constitucional II (Segunda Parte)

RECESSO PARLAMENTAR

PERÍODO REPRESENTAÇÃO DO Congresso Nacional

HIPÓTESES

1º recesso (18 a 31 de julho) * Comissão representativa do Congresso Nacional (CF/88, art. 58, § 4º)

CF, art. 57, §4°

2º recesso (23 de dezembro a 1 º de fevereiro)

* Comissão representativa do Congresso Nacional (CF/88, art. 58, § 4º)

CF, art. 57,§ 4°

OBSERVAÇÃO: A Emenda n. 50/06 estabeleceu a diminuição do período de recesso de 90 para 55 dias.

3.4. DA SESSÃO EXTRAORDINÁRIA

HIPÓTESES DE CONVOCAÇÃO EXTRAORDINÁRIA ( CRFB/88, 57, § 6°,7° e §8°)

Presidente do Senado Federal: autorização para a decretação de estado de sítio, decretação estado de defesa, decretação de intervenção federal, compromisso e a posse do Presidente e do Vice-Presidente.Presidente da República: em caso de urgência ou de interesse público relevante e sempre com a aprovação da maioria absoluta.Presidente do Senado Federal: em caso de urgência ou de interesse público relevante e sempre com a aprovação da maioria absoluta.Presidente da Câmara dos Deputados: em caso de urgência ou de interesse público relevante e sempre com a aprovação da maioria absoluta.

Requerimento da maioria dos membros de ambas as Casas: em caso de urgência ou de interesse público relevante e sempre com a aprovação da maioria absoluta.

OBSERVAÇÃO:

De acordo com Pedro Lenza,

“[...] Importante observar que, na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional somente deliberará sobre matéria para a qual foi convocado, ressalvada a hipótese o § 8º do art. 57 e vedado, o pagamento de parcela indenizatória, em razão da convocação extraordinária (cf. art. 57, § 7º). [...] Mas atenção: nos termos do art. 3º do Decreto Legislativo n. 7/95, continua devida ao parlamentar, no início e no final previstos para a sessão legislativa ordinária, ajuda de custo equivalente ao valor da remuneração, ficando vedado o seu pagamento, contudo, na sessão legislativa ordinária”.

3.5. REUNIÃO OU SESSÃO CONJUNTA (CF/88, art. 57, §3º)

Inaugurar sessão legislativaElaborar o regimento interno do Congresso Nacional e dispor sobre seus serviçosReceber o compromisso do Presidente e do Vice-Presidente da RepúblicaConhecer do veto e sobre ele deliberar, em escrutíneo secreto (art. 66, § 4º)

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA:

1.BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros, 2005.

Page 17: Direito Constitucional II (Segunda Parte)

2.LENZA, Pedro. Direito Constitucional esquematizado. 18. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2014.3. FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 3 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011.4..MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2010.5. NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2010.6. PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional descomplicado. 6ª. Ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO.7. PINHO, Rodrigo César Rebello. Da organização do Estado, dos Poderes, e histórico das Constituições. 11 ed. São Paulo: Saraiva, 2011. – (Coleção sinopses jurídicas; v. 18).8. SILVA E NETO, Manoel Jorge. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009.9. SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional positivo. São Paulo: Malheiros, 2009.10. VARGAS, Denise. Manual de Direito Constitucional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.

Page 18: Direito Constitucional II (Segunda Parte)

DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL IIDOCENTE: Msc. PROFESSORA ELIANE COSTA DOS SANTOSSEMESTRE: 4° SEMESTREINSTITUIÇÃO DE ENSINO: ESTÁCIO/FIB

ESTRUTURA DAS CASAS LEGISLATIVAS

1.MESAS DAS CASAS

1.1. Conceito

Segundo Bernardo Gonçalves, “as mesas são órgãos máximos das Casas, tanto administrativamente quanto na condução dos trabalhos legislativos. É órgão, eminentemente, estratégico. Nesse sentido, é mister salientar que teremos 3 Mesas no Congresso Nacional: Mesa da Câmara, Mesa do Senado e Mesa do Congresso Nacional”.

1.2.Quadro explicativo

MESA DO CONGRESSO NACIONAL

COMPOSIÇÃO: 1 presidente, 2 vice-presidentes e 4 secretários.De acordo com o art. 57 §5° da CR/88, o Congresso Nacional será presidida pelo Presidente do Senado Federal, e os demais cargos serão exercidos, alternadamente, pelos ocupantes de cargos equivalentes na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. “Portanto, assim sendo, o 1° vice-presidente da Mesa do CN será o 1° vice-presidente da Mesa da Câmara. O 2° vice-presidente será o 2° vice-presidente do Senado. Já o 1° secretário da Mesa da CN será o 1° secretário da Mesa da Câmara. O 2° secretário da Mesa do CN será o 2° secretário da Mesa do Senado. O 3° secretário da Mesa do CN será o que já é o 3° secretário da Mesa da Câmara e o 4° secretário da Mesa do CN é aquele que já é o 4° secretário da Mesa do Senado”.MANDATO: É de 2 anos (art. 57 §4° da CRFB/88), sendo vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente.

MESA DO SENADO FEDERALComposição: 1 presidente, 2 vice-presidentes e 4 secretários.MANDATO: É de 2 anos (art. 57 §4° da CRFB/88), sendo vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente.

MESA DA CÂMARA DOS DEPUTADOSComposição: 1 presidente, 2 vice-presidentes e 4 secretários.MANDATO: É de 2 anos (art. 57 §4° da CRFB/88), sendo vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente.

Page 19: Direito Constitucional II (Segunda Parte)

2.DAS COMISSÕES PARLAMENTARES

2.1. TABELA EXPLICATIVA APRESENTADA POR PEDRO LENZA

COMISSÕESCOMISSÃO TEMÁTICA OU EM RAZÃO DA MATÉRIA – art. 58, § 2°COMISSÃO ESPECIAL OU TEMPORÁRIA – RICPI – art. 58, §3°COMISSÃO MISTACOMISSÃO REPRESENTATIVA (DURANTE O RECESSO) –art.. 58, §4°

2.2. COMISSÃO TEMÁTICA OU EM RAZÃO DA MATÉRIA (ver Regimento Interno da Câmara dos Deputados e o Regimento Interno do Senado Federal)

2.2.1. Competência: CF, art. 58, §2°.

5.3.COMISSÃO ESPECIAL OU TEMPORÁRIA

De acordo com Pedro Lenza, as comissões temporárias “são criadas para apreciar uma matéria específica, extinguindo-se com o término da legislatura ou cumprida a finalidade para a qual foram criadas”.

2.4. COMISSÃO MISTA

A comissão mista é formada por senadores e deputados “para apreciar, dentre outros e em especial, os assuntos que devam ser examinados em sessão conjunta pelo Congresso Nacional”.

Exemplos: CRFB/88, arts. 166. §1°, que estabelece a comissão mista permanente e a hipótese do art. 58, §3°, que possibilita a CPI mista.

2.5.COMISSÃO PARLAMENTARES DE INQUÉRITO (CPI)

2.5.1. Criação: quorum exigido é de 1/3 dos 513 Deputados, ou seja 171 Deputados e 1/3 dos 81 Senadores, ou seja, 27 Senadores.

2.5.2. Composição: conjunto (Câmara de Deputados e Senado Federal) ou separadamente.

2.5.3. Objeto: fato determinado

2.5.4. Prazo: certo

Observação:

De acordo com o art. 152 do Regimento Interno do Senado Federal,

“o prazo da comissão parlamentar de inquérito poderá ser prorrogado, automaticamente, a requerimento de um terço dos membros do Senado, comunicado por escrito à Mesa, lido em plenário e publicado no Diário do Congresso Nacional, observado o disposto no art. 76, §4°”.

De acordo com Alexandre de Moraes, é possível a prorrogação sucessiva, desde que não ultrapasse a legislatura.

Page 20: Direito Constitucional II (Segunda Parte)

2.5.5. Poderes de investigação: a) ouvir testemunhar; b) ouvir investigados ou indiciados; c) ordem de prisão em flagrante, como no caso de falso testemunho; d) por decisão fundamentada e motivada pode quebrar o sigilo fiscal, bancário e de dados.

2.5.6. Os limites dos poderes da CPI e o respeito do postulado da reserva constitucional de jurisdição.

a) Atos propriamente jurisdicionais:- diligência de busca domiciliar (CF, art. 5°, XI);- quebra do sigilo das comunicações telefônicas (CF, art. 5°, XII);- ordem de prisão, salvo no caso de flagrante delito, como, por exemplo, por crime de falso testemunho;- medidas assecuratórias, por exemplo, decretação de indisponibilidade de bens.

2.5.7. A CPI pode realizar diligência de busca domiciliar e realizar o sigilo das comunicações telefônicas?

2.5.8. As testemunhas podem exercer o direito ao silêncio?

2.5.9. Direito público subjetivo das minorias e a posição do STF.

De acordo com Rodrigo César,

“o Supremo Tribunal Federal já concedeu mandados de segurança impetrados para evitar que a maioria obstruísse a instalação de CPI, seja pela não indicação de integrantes pelo Presidente da Casa, seja pela trasnferência da deliberação da instalação ou não para o plenário (Informativo STF, n. 393, 435 e 464)”.

2.5.10. Atuação do advogado

Segundo Rodrigo César,

“o Supremo Tribunal Federal assegura a indiciados e testemunhas o direito de assistência efetiva e permanente por advogados, garantindo não só a possibilidade de pessoas convocadas para prestarem depoimentos em CPIs se apresentarem com seus advogados, com também se de comunicarem com os defensores durante os depoimentos (Informativo STF, n. 498)”.

2.5.11. Deliberação da CPI: nos termos do art. 93, IX, CF, deverá ser motivada, sob pena de padecer de vício de ineficácia.

2.5.12. Conclusões: de acordo com Pedro Lenza, “ a CPIs não podem nunca impor penalidades ou condenações. As suas conclusões serão encaminhadas ao Ministério Público, e este órgão será o responsável para, existindo elementos, promover a responsabilização civil ou criminal dos infratores”.

2.4.13. CPIs estaduais e municipais e a posição do STF

De acordo com Rodrigo César, “os Poderes Legislativo de todas as entidades federativas estão autorizados a instituir Comissões Parlamentares de Inquérito em suas Comissões Estaduais e Leis Orgânicas”.

2.6.COMISSÃO MISTA (CF, art. 166, § 6°)

2.7. COMISSÃO REPRESENTATIVA (CRFB/88, art. 54, §4°, art. 57, “caput”)

De acordo com Pedro Lenza,

Page 21: Direito Constitucional II (Segunda Parte)

“ A redação do art. 58, § 4°, aparece um pouco truncada, devendo ser interpretada da seguinte forma: a sessão legislativa é uma só e vai, conforme visto na redação conferida pela EC n. 50/2006, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1° de agosto a 22 de dezembro. Cada sessão legislativa (anual) tem dois períodos legislativos, ou seja, um no primeiro semestre, quando será eleita a comissão representativa para o primeiro recesso do ano, que acontece de 18 a 31 de julho, e outro no segundo período da sessão legislativa (segundo semestre), momento em que se elegerá nova comissão representativa para o segundo recesso, que irá de 23 de dezembro a 1° de fevereiro do ano seguinte”.

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA:

1.BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros, 2005.2.LENZA, Pedro. Direito Constitucional esquematizado. 18. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2014.3. FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 3 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011.4..MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2010.5. NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2010.6. PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional descomplicado. 6ª. Ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO.7. PINHO, Rodrigo César Rebello. Da organização do Estado, dos Poderes, e histórico das Constituições. 11 ed. São Paulo: Saraiva, 2011. – (Coleção sinopses jurídicas; v. 18).8. SILVA E NETO, Manoel Jorge. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009.9. SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional positivo. São Paulo: Malheiros, 2009.10. VARGAS, Denise. Manual de Direito Constitucional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.

Page 22: Direito Constitucional II (Segunda Parte)

DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL IIDOCENTE: Msc. PROFESSORA ELIANE COSTA DOS SANTOSSEMESTRE: 4° SEMESTREINSTITUIÇÃO DE ENSINO: ESTÁCIO/FIB

ESTATUTO DOS CONGRESSISTAS (arts. 53 a 56 da CRFB/88)

1. IMUNIDADES PARLAMENTARES

1.1. Conceito

De acordo com Pedro Lenza, “são prerrogativas inerentes à função parlamentar, garantidoras do exercício do mandato parlamentar, com plena liberdade”.

1.2. Tabela explicativa (com base em Pedro Lenza)

Material, real ou substantiva (art. 53, caput) - inviolabidade

IMUNIDADES

Processual, formal ou adjetiva – art. 53, §§2°, 5°

Processo

1.3. IMUNIDADE PARLAMENTAR FEDERAL E A DEMOCRACIA

a)Imunidade material ou inviolabilidade parlamentar (art. 53, caput, da CRFB/88)

a.1. Posição do Supremo Tribunal Federal

“... a inviolabilidade alcança toda manifestação do congressista onde se possa identificar um laço de implicação recíproca entre o ato praticado, ainda que fora do estrito exercício do mandato, e qualidade de mandatário político do agente” (RE 210.917, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, j. 12.08.1998, DJ de 18.06.2001; AI 493.632-AgR, Rel. Min. Carlos Britto, j. 13.11.2007, DJE de 14.03,2008)”.

a.2. A imunidade material traz a seguinte consequência jurídica, segundo Pedro Lenza:

“...impede que o parlamentar seja condenado na medida em que há ampla descaracterização do tipo penal, irresponsabilizando-o penal, civil, política e administrativamente (disciplinarmente). Trata-se de irresponsabilidade geral, desde que, é claro, tenha ocorrido o fato em razão do exercício do mandato e da função parlamentar”.

a.2.1. Observações de Bernardo Gonçalves a respeito das características da imunidade material

Prisão

Page 23: Direito Constitucional II (Segunda Parte)

“(1)A uma, para que haja a imunidade material as opiniões ou palavras devem guardar relação com o mandato. Devem ser proferidas em função do mandato. Nesse sentido, deve haver nexo de causalidade entre o exercício do mandato e o proferimento das opiniões ou palavras”.(2)A duas, que a imunidade material independe do logradouro ou do recinto em que seja proferida as opiniões ou palavras. Portanto, mesmo se as opiniões forem proferidas fora do recinto parlamentar, estarão os parlamentares acobertados por ela [...] não se aplicando de forma plena aos vereadores, que apesar de também terem a imunidade material, estão restringidos pela circunscrição do município”.(3) A três, a imunidade material tem uma eficácia temporal absoluta. Isso significa que, mesmo após o fim do mandato, os deputados e senadores vão conservar a imunidade material que tiveram no iter do mandato”.

b)Imunidade formal ou processual para a prisão (art. 53, §2° da CRFB/88)

REGRA GERAL ÚNICA EXCEÇÃO À REGRA GERAL

Os parlamentares federais não poderão ser presos, seja prisão penal (prisão temporária, flagrante delito de crime afiançável, por pronúncia, preventiva...) ou prisão civil (nos termos do art. 5°, LXVII)

Possibilidade de haver a prisão, desde a expedição do diploma, no caso de flagrante de crime inafiancável.

c)IMUNIDADE FORMAL OU PROCESSUALPARA O PROCESSO (art. 53, da CRFB/88)

c.1. Modificações advindas da Emenda n/ 35/01 (quadro explicativo de Bernardo Gonçalves.

DE 88 A 2001. ANTES DA EC n° 35/2001 APÓS 2001. EC n° 35/2001

“O STF não podia receber a denúncia ou a queixa-crime sem ter a autorização da respectiva Casa para iniciar a ação penal”.

“A partir de dezembro/2001, o STF não mais precisa pedir autorização para a Casa para iniciar ação penal. O STF agora pode receber a denúncia ou queixa-crime iniciar a ação penal”.

c.2. Procedimento

PROCEDIMENTO

1.Oferecimento da denúncia.

2.Recebimento da denúncia pelo STF, sem prévia licença da Casa parlamentar.

3.Ciência do STF perante à Casa respectiva.

4.Pedido de sustação do andamento da ação até decisão final: iniciativa de partido político, com representação na Casa, e pelo voto da maioria absoluta (quorum qualificado) de seus membros.

5.Período do pedido de sustação: até decisão final da decisão penal movida contra o parlamentar (art 53, §3°) ou no prazo improrrogável de 45 dias contados do seu recebimento pela Mesa Diretora (art. 53, §4°).

Page 24: Direito Constitucional II (Segunda Parte)

c.2. Interpretação de Pedro Lenza do art. 53, §3° e §4°).

“[...] As duas disposições devem ser harmonizadas, ou seja, a Casa respectiva tem até o final da ação penal para decidir, pelo quorum da maioria absoluta de seus membros, se suspende ou não a aludida ação penal. O pedido de sustação pelo partido político, na respectiva Casa representado, poderá implementar-se logo após a ciência dada pelo STF ou em período subsequente, não havendo prazo certo para tanto, já que, como visto, a Casa terá até o trânsito em julgado da sentença final proferida na ação penal para sustá-la. Apesar de não haver prazo certo, contudo, o período durante o qual a ação tramita (até o seu trânsito em julgado) deverá ser respeitado. O único prazo fixado é o de 45 dias contado do recebimento, pela Mesa Diretora, do pedido de sustação efetuado pelo partido político. Esse prazo, sim, de 45 dias, é improrrogável”.

c.3. Imunidade processual em relação a crimes praticados antes da diplomação

Segundo Pedro Lenza, “[...] pela nova sistemática não haverá necessidade de o STF dar ciência à respectiva Casa de ação penal de crime praticado antes da diplomação”.

c.4. Posição do STF na hipótese de crime praticado após a diplomação, em concurso de agentes por parlamentar e outro indivíduo que não goze da referida imunidade.

De acordo com Pedro Lenza, “ o STF, por motivo de conveniência decidiu pelo desmembramento do processo (art. 80 do CPP), em razão da diferença do regime de prestação, visto estar suspenso somente o prazo prescricional em relação ao parlamentar (CF. STF, Inf. 1.107/MA, Rel. Min. OCTAVIO Gallotti)”.

d)OUTRAS GARANTIAS

d.1. Sigilo de fonte: art. 53, §6° da CRFB/88.

d.2. Incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores: art. 53, §7° da CRFB/88.

d.3. Imunidades durante a vigência de estado de sítio e de estado de defesa: art. 53, §8°.

2. As imunidades parlamentares podem ser renunciadas???

3. As imunidades parlamentares estendem-se aos suplentes???

e)PARLAMENTARES ESTADUAIS (art. 27, §1° da CRFB/88) e parlamentares municipais (art. 29, VIII da CRFB/88).

f)INCOMPATIBILIDADE E IMPEDIMENTOS DOS PARLAMENTARES FEDERAIS (art. 54, I e II da CRFB/88)

DESDE A EXPEDIÇÃO DO DIPLOMA

Negociais - firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes.Funcionais - aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os de que sejam demissíveis ad nutum, nas entidades constantes da alínea anterior.

DESDE A POSSE

- Ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer

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função remunerada.Negociais - ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis ad nutum, nas entidades referidas no inciso I, “a”.Políticos - ser titulares de mais de um cargo ou mandato público eletivo.

a) PERDA DO MANDATO DO DEPUTADO OU SENADOR

PERDA DO MANDATO DO DEPUTADO OU SENADO

CASSAÇÃOArt. 55, I, II, VI (aplicação § 2°. – voto secreto e maioria absoluta – ato constitutivo)

EXTINÇÃO DO MANDATOArt. 55, III, IV, V (aplicação do §3º - ato meramente declaratório.

INFIDELIDADE PARTIDÁRIA

Na linha do STF (Informativo n. 482), por maioria de votos, concedeu aos partidos políticos e as agremiações partidárias a possibilidade de preservar a vaga obtida pelo sistema proporcional. Sendo assim, de acordo com Rodrigo César, “ o para o partido político recuperar a vaga, é necessário um procedimento próprio perante a Justiça Eleitoral, em que será assegurado ao parlamentar ampla defesa e o devido processo legal, de forma a demonstrar a existência de causa justificadora da desfiliação partidária, com a repentina mudança de orientação programática ou perseguição política”.

OBSERVAÇÃO:

Segundo Pedro Lenza,

“Cassação do mandato, ensina-se José Afonso da Silva, “é a decretação da perda do mandato por ter seu titular incorrido em falta funcional definida em lei e punida com esta sanção”. Extinção do mandato, por seu turno, define-se como “o perecimento do mandato pela ocorrência de fato ou ato que ato que torna automaticamente inexistente a investidura eletiva, tal como a morte, a renúncia, o não comparecimento à certo número de sessões expressamente fixado (desinteresse, que a Constituição eleva à condição de renúncia), perda ou suspensão dos direitos políticos [...]”.

h) É possível a renúncia do cargo do parlamentar submetido a processo que vise ou possa levá-lo á perda do mandato? (art. 55, §4° da CRFB/88)

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA:

1.BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros, 2005.2. FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 3 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011.

Page 26: Direito Constitucional II (Segunda Parte)

3.LENZA, Pedro. Direito Constitucional esquematizado. 18. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2014.4..MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2010.5. NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2010.6. PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional descomplicado. 6ª. Ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO.7. PINHO, Rodrigo César Rebello. Da organização do Estado, dos Poderes, e histórico das Constituições. 11 ed. São Paulo: Saraiva, 2011. – (Coleção sinopses jurídicas; v. 18).8. SILVA E NETO, Manoel Jorge. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009.9. SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional positivo. São Paulo: Malheiros, 2009.10. VARGAS, Denise. Manual de Direito Constitucional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.

DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL IIDOCENTE: Msc. PROFESSORA ELIANE COSTA DOS SANTOS

Page 27: Direito Constitucional II (Segunda Parte)

SEMESTRE: 4° SEMESTREINSTITUIÇÃO DE ENSINO: ESTÁCIO/FIB

PROCESSO LEGISLATIVO

1.PROCESSO LEGISLATIVO (art. 59 da CRFB/88)

De acordo com Pedro Lenza, “consiste nas regras procedimentais, constitucionalmente previstas, para a elaboração das espécies normativas, regras estas a serem criteriosamente observadas pelos “atores” envolvidos no processo”.

2.TIPOS DE PROCESSO LEGISLATIVO

2.1. Quanto às formas de organização política:

AUTOCRÁTICOSegundo Bernardo Gonçalves, “é aquele no qual o povo não participa da elaboração das leis, na medida em que as mesmas são produzidas autocraticamente, sem legitimidade popular. Seja um soberano, por um líder ou mesmo por um grupo”.

DIRETOSegundo Bernardo Gonçalves, “é aquele no qual o povo participa diretamente na produção das leis, não havendo representantes para tal produção”.

INDIRETO OU REPRESENTATIVOÉ o processo legislativo elaborado por representantes eleitos pela vontade popular

SEMIDIRETOÉ o processo legislativo elaborado por representantes eleitos pela vontade popular e posteriormente submetidos ao referendo popular.

2.2. Quanto ao rito e aos prazos:

PROCESSO LEGISLATIVO ORDINARIOSegundo Marcelo Alexandrino, “destina-se à elaboração das leis ordinárias, caracterizando-se pela inexistência de prazos rígidos para conclusão das diversas fases que o compõem”.

PROCESSO LEGISLATIVO SUMÁRIOSegundo Marcelo Alexandrino, “segue as mesmas fases do processo ordinário, com a única diferença de que existem prazos para que o Congresso Nacional delibere sobre o assunto”.

PROCESSOS LEGISLATIVOS ESPECIAISDe acordo com Marcelo Alexandrino, “os processos legislativos especiais seguem rito diferente do estabelecido para a elaboração das leis ordinárias, como é o caso, a Carta de 1988, dos processos legislativos de elaboração das emendas à Constituição, das leis delegadas, das medidas provisórias etc”.

3. ESPÉCIES NORMATIVAS PRIMÁRIAS

As espécies normativas primárias estão previstas no art. 59, da CRFB/88.

Segundo Bernardo Gonçalves,

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“Portanto, essas espécies são denominadas como “constitutivas de direito novo”, ou seja, normas que trazem algo novo ao ordenamento jurídico, daí serem chamadas de espécies normativas primárias, diferenciando-se das espécies normativas secundárias (como os decretos regulamentares editados pelo Poder Executivo), que não são elaboradas em nosso processo legislativo”.

4. NO QUE DIZ RESPEITO AO ASPECTO TÉCNICO JURÍDICO

Nas palavras de Bernardo Gonçalves, o processo legislativo no que diz respeito ao aspecto técnico jurídico se classifica da seguinte forma:

“a)processo legislativo ordinário: visa a produção das leis ordinárias.b) processo legislativo sumário: é o processo legislativo padrão (comum) dotado de maior celeridade. É também “chamado de urgência constitucional”.c)processos legislativos especiais: são aqueles que visam a produção das emendas constitucionais, das leis complementares, das leis delegadas, das medidas provisórias, dos decretos legislativos e das resoluções”.

5. FASES DO PROCESSO LEGISLATIVO (segundo Bernardo Gonçalves)

a)Fase introdutória (de iniciativa)

“É a fase de deflagração do processo legislativo. É o motor propulsor do processo legislativo, que faz com que ele tenha inicio [...]. É a faculdade atribuída a uma pessoa ou ente para deflagrar o processo legislativo”.

b) Fase constitutiva

“É a fase de tramitação do processo legislativo, na qual ocorrerão as discussões e deliberações das proposições normativas. A corrente majoritária vai entender que é na fase constitutiva que nascem as espécies normativas em nosso ordenamento jurídico...”.

c) Fase complementar (integração de eficácia)

“É a fase na qual temos um atestado de existência da espécie normativa (proposição normativa primária) e sua publicação para todo território nacional. Por isso, a doutrina a identifica, não raro, como fase de integração de eficácia, em razão da existência da espécie normativa em que surgiu no final da fase constitutiva”.

6. ESPÉCIES DE INICIATIVA

INICIATIVA

GERAL: Segundo Marcelo Alexandrino, “deve ser entendida como, portanto, como indicativa de que os legitimados com ela contemplados poderão dar início ao processo legislativo sobre quaisquer matérias, ressalvadas as hipóteses de inciativa reservada”.CONCORRENTE: Segundo Bernardo Gonçalves “é aquela em que a faculdade de deflagrar o processo é atribuída a mais de um ente em concorrência. Ou seja, todos podem concorrer para apresentação de uma produção. Exemplos: art. 61, caput, art. 60, I, II e III da CR/88”POPULAR (art. 61, §2º, c/c art. 14, III, era. 27, §4º, art. 24, §3º da CFRB/88 e Lei n. 9.709/98)Analise do art. 61, §2° por Pedro Lenza:“a) iniciativa?: popular.b) de que forma?: apresentação de projeto de lei ordinária ou complementar à Câmara dos Deputados.c) como deve ser apresentado o projeto de lei? O projeto de lei deve ser subscrito por ,no mínimo, 1% do eleitorado nacional.

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d) como deve estar disposto esse “1% do eleitorado nacional”/: 1% do eleitorado nacional deve estar distribuído por, pelo menos, 5 Estados e, em cada Estado, não pode ter menos do que 3/10% dos eleitores daquele Estado”.

Segundo Pedro Lenza, na Câmara e no Senado já existem Comissões Participativas, a saber:

a) Comissão de Legislação Participativa (art. 32, XII, do RICD);b) Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (art. 102-E do RISF).

CONJUNTA: Segundo Bernardo Gonçalves, é aquela em que a faculdade é atribuída a mais de uma pessoa ou ente, porém em comunhão (grupo) [...].ART. 67 DA CRFB/88: Proposta pela maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional (art. 67 – princípio da irrepetibilidade).

PARLAMENTAR (por exemplo: projetos de iniciativa de deputados federais/senadores/vereadores)

EXTRAPARLAMENTAR (por exemplo: projetos de iniciativa de Chefe do Poder Executivo, aos Tribunais Superiores, ao Ministério Público e aos cidadãos (iniciativa popular de lei).

PRIVATIVA (exclusiva ou reservada): Segundo Bernardo Gonçalves, “é aquela atribuída ao Presidente da República, ao STF, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e ao povo (art. 61, §2º)”. Exemplos: art. 165, I e II, art. 61, §1º, II, b, art. 96, II, art. 51, IV, art. 52, XIII da CRFB/88.VINCULADA: Segundo Bernardo Gonçalves, “é aquela em que a faculdade é atribuída a um legitimado que é obrigado a dar início ao processo legislativo, na forma e prazo estabelecido na Constituição. [...]”.

6.1. PRAZO PARA EXERCÍCIO DE INICIATIVA RESERVADA

Segundo Marcelo Alexandrino,

“Não pode o Poder Legislativo fixar o prazo para que o detentor de iniciativa reservada apresente projeto de lei sobre a respectiva matéria, tampouco o Poder Judiciário compelir outro Poder ao exercício de iniciativa reservada.[...] É que, segundo o STF, a outorga constitucional de iniciativa privativa traz, implicitamente, o poder de decidir sobre o momento oportuno de exercer tal prerrogativa, de dar início ao processo legislativo.[....] É oportuno lembrar, no entanto, que o princípio da separação de Poderes não obsta a que venho o Poder Judiciário, em ação própria – mandado de injunção ou ação direta de inconstitucionalidade por omissão, - reconhecer a mora do detentor de iniciativa reservada, quanto à observância de preceito constitucional que lhe imponha o dever de legislar, para o fim de, sendo o caso, declarar a inconstitucionalidade de sua inércia.Por fim, cabe ressaltar que essa vedação quanto à fixação de prazo não se aplica, evidentemente, às hipóteses em que o próprio texto da Constituição Federal – originário ou derivado – fixa o prazo para a apresentação de determinados projetos de lei – (ADCT – art. 35, §2º; art. 5º da EC nº 42/2003)”.

6.2. VÍCIO DE INICIATIVA E SANÇÃO

Nas palavras de Marcelo Alexandrino,

“É firme a jurisprudência do STF de que a sanção do projeto de lei não convalida o defeito de iniciativa.Portanto, o defeito de iniciativa não é suprimido pelo posterior sanção do Chefe do Executivo. Significa dizer que, ainda que sancionado o projeto de lei resultante de iniciativa viciada, a respectiva lei padecerá de inconstitucionalidade formal, cujo reconhecimento poderá ser requisito, nas vias próprias, ao Poder Judiciário”.

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6.3. INICIATIVA PRIVATIVA E EMENDA PARLAMENTAR

Segundo Marcelo Alexandrino,

“É firme o entendimento do STF de que, mesmo nas hipóteses de iniciativa reservada a outros Poderes da República, a apresentação de projeto de lei pelo seu detentor não impede que os congressistas a ele apresentem emendas. [...].[...] Em sínteses, é possível a apresentação de emendas pelos congressistas aos projetos de lei resultantes de iniciativa reservada, desde que:a)não implique aumento de despesa nos projetos de iniciativa do Presidente da República (ressalvadas as emendas aos projetos orçamentários - CF, art. 63, I, c/c art. 166, §§3º e 4º) e nos projetos sobre organização dos serviços administrativos da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, dos tribunais federais e do Ministério Público;b)tenham pertinência temática com a matéria tratada no projeto apresentado”.

DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL IIDOCENTE: Msc. PROFESSORA ELIANE COSTA DOS SANTOS

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SEMESTRE: 4° SEMESTREINSTITUIÇÃO DE ENSINO: ESTÁCIO/FIB

DO PROCESSO LEGISLATIVO ORDINÁRIO

1. DO PROCESSO LEGISLATIVO ORDINÁRIO

a)Fases do procedimento

a.1)1ª. FASE: INICIADORA (DEFLAGRADORA, INCIADORA, INSTAURADORA)

Na Câmara dos Deputados:

Projetos de iniciativa do Presidente da República.Projetos de iniciativa do Supremo Tribunal Federal.Projetos dos Tribunais SuperioresProjetos de iniciativa concorrente dos Deputados ou de Comissões da Câmara.Projetos de iniciativa do Procurador-Geral da República.Projetos de iniciativa popular (art. 61, §2º).

No Senado Federal: Projetos de iniciativa dos Senadores ou de Comissões do Senado.

b)2ª. FASE: CONSTITUTIVA

De acordo com Pedro Lenza, a fase constitutiva é composta pela conjugação de vontades “tanto do Legislativo (deliberação parlamentar – discussão e votação) como do Executivo (deliberação executiva – sanção ou veto)”.

Segundo Marcelo Alexandrino,

“A vigente Constituição aboliu do nosso ordenamento a figura do “decurso do prazo”, que permitia a aprovação de projetos pela simples expiração do prazo previsto para sua análise, sem que houvesse qualquer apreciação por parte do Congresso Nacional. Com isso, não há mais a possibilidade de o Poder Legislativo aprovar tacitamente, por decurso do prazo, projetos de lei no Brasil.Em verdade, o único resquício de manifestação tácita que temos no processo legislativo brasileiro ocorre no âmbito do Poder Executivo, em que o silencia do Chefe do Executivo implica sanção tácita (CF, art. 66, §3º)”.

b.1. DELIBERAÇÃO PARLAMENTAR - DISCUSSÃO E VOTAÇÃO

- O PLO será encaminhado à Mesa da Casa, em seguida, deverá ser lido no plenário, passando a receber um número e será publicado no Diário Oficial e em avulsos.

- O Presidente da Casa deverá tomar as seguintes medidas, segundo Bernardo Gonçalves:

“d.1) Ele fará um juízo de admissibilidade sobre o projeto. Portanto, ele irá desenvolver a matéria: Se ela não estiver devidamente formalizada (existe apenas um tipo de projeto de lei que não será devolvido por ausência de formalização adequada: é o projeto de lei de iniciativa popular, conforme a Lei n° 9.709/98. O presidente da Casa

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encaminhará à CCJ da Casa para que a mesma formalize de modo adequado o projeto de lei). Se ela for antirregimental (a matéria contrariar o regimento da Casa). Se ela for alheia à competência da Casa (não for de competência da Casa). Se for evidentemente inconstitucional (flagrantemente inconstitucional).d.2) Ele irá definir o regime de tramitação, pois existem, segundo nossa atual Constituição, no Brasil, dois regimes de tramitação. São eles: Regime de tramitação tradicional: é aquele em que o projeto de lei está deliberado (votado) em plenário; e Regime de tramitação conclusivo (ou terminativo): os projetos de lei são votados (deliberados) apenas no seio das comissões. Esse projeto irá a plenário, nos termos do art. 58, §2°, I, da CR/88.d.3. Ele irá definir em quais comissões o projeto irá tramitar”.

b.1.1. Atuará prévia das Comissões (fase de instrução)

De acordo com Pedro Lenza, o projeto de lei deverá ser apreciado pelas Comissões.

“Basicamente, o projeto deverá ser analisado, em primeiro lugar, por uma comissão temática, que analisará a matéria da proposição, e, em seguida, pela Comissão de Constituição e Justiça, que analisará, dentre outros aspectos, a sua constitucionalidade (;...).Quando envolver aspectos financeiros ou orçamentários, depois da comissão temática e antes da CCJ, o projeto será apreciado pela Comissão de Finanças e Tributação, para o exame da compatibilidade ou adequação orçamentária (art. 53 RICD) (...).Lembramos que as comissões, em razão da matéria de sua competência, poderão, além de discutir e emitir pareceres sobre o projeto de lei, aprová-los, desde que, na forma do regimento interno da Casa, haja dispensa da competência do plenário (delegação interna corporis) e inexista, também, interposição de recurso de 1/10 dos membros da Casa, hipótese em que será inviável a votação do projeto de lei pela comissão temática (art. 58, §2°, I), sendo esta, necessariamente, transferida para o plenário da Casa”.

b.1.1.1. Campo de atuação das Comissões

Segundo Marcelo Alexandrino,

“Caberá às comissões temáticas a discussão sobre o conteúdo da proposição, da qual poderá resultar a apresentação de emendas ou simplesmente a emissão de um parecer, a favor ou contra a aprovação da matéria. O parecer das comissões temáticas é meramente opinativo, não obriga a deliberação plenária [...].Aprovado nas comissões – quanto aos aspectos materiais e formais -, projeto de lei será encaminhado ao plenário da Casa respectiva, onde será objeto de discussão e votação”.

Segundo Pedro Lenza,

“[...] o parecer da CCJ quanto à constitucionalidade ou juridicidade da matéria será terminativo, assim como o da Comissão de Finanças e Tributação, quando de sua manifestação sobre a adequação financeira ou orçamentária da proposição, salvo provimento de recurso a ser apreciado preliminarmente pelo Plenário, nos termos regimentais”.

OBSERVAÇÃO: De acordo com o art. 58, §2º, I da CRFB/88 estabelece que, na forma do regimento das Casas Legislativa, as comissões permanentes podem votar em caráter definitivo os projetos de lei, salvo de houver recurso de um décimo dos membros da Casa.

Segundo Agra,

Como esse procedimento, apesar de garantir a celeridade, impede a apreciação da propositura por todos os deputados e senadores, existem várias matérias cuja apreciação

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é vedada, como: projeto de lei complementar; proposta de código; proposta de iniciativa popular; proposta acerca da elencação de matérias não delegáveis; contidas no § 1º do art. 68 da CF; projeto de lei de comissões; projeto oriundo de outra Casa do Congresso, que tenha sido votado em plenário; projeto com pareceres divergentes; projeto em regime de urgência; proposta de emenda à Constituição; projeto que altere o regime interno”.

b.1.3. Processos de votação

OSTENSIVO SECRETOProcesso simbólico Sistema eletrônicoProcesso nominal Cédulas

b.1. 4. Possibilidade da apresentação de emendas.

a)Conceito:

Segundo Bernardo Gonçalves, “...as emendas são proposições apresentadas com exclusividade por parlamentares (deputados e senadores) com acessórias de uma proposição principal [...]”.

b) As espécies de emendas, na análise de Pedro Lenza, são:

“a) supressivas: é a que manda erradicar qualquer parte de outra proposição;b)aglutinativa: é a que resulta da fusão de outras emendas ou destas com o texto, por transação tendente à aproximação dos respectivos objetos;c) substitutiva: é a apresentada como sucedânea a parte de outra proposição, denominando-se “substitutiva” quando a alterar, substancial ou formalmente, em seu conjunto; considera-se formal a alteração que vise exclusivamente ao aperfeiçoamento da técnica legislativa;d) modificativa: é a que altera a proposição sem a modificar substancialmente;e) aditiva: é a que se acrescenta a outra proposição;f) de redação: a modificativa que visa a sanar vício de linguagem, incorreção de técnica legislativa ou lapso manifesto”.

Observação: Segundo Agra, “o Supremo Tribunal Federal decidiu que não há ofensa ao parágrafo único do art. 65 da Constituição quando as modificações realizadas pelo Senado não importarem a alteração do sentido da proposição legislativa, isto é, quando não forem modificações essenciais”. (Adin 3.395/DF). d) POSIÇÃO DA CASA INCIADORA E DA CASA REVISORA NA AVALIAÇÃO DO PROJETO

d.1)Hipóteses:

- Se o projeto for rejeitado pela casa iniciadora: arquivamento do projeto (aplicação do princípio da irrepetibilidade, art. 67 da CRFB/88.

- Se o projeto for aprovado pela casa revisora: remessa do projeto à casa iniciadora.

d.2) A CASA REVISORA

- Analise das situações apresentadas por Pedro Lenza:

a)“aprovado o projeto de lei pela Casa revisora, em um só turno de discussão e votação (regra geral para leis ordinárias e complementares), ela será enviado para a sanção e veto do Chefe do Executivo.

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b)rejeitado o projeto de lei, ou seja, caso a Casa revisora não o aprove, ele será arquivado (...).c)emendado, vale dizer, na hipótese de ter sido alterado o projeto inicial, a emenda, e somente o que foi modificado, deverá ser apreciado pela Casa iniciadora (art. 65, parágrafo único, da CF/88), sendo vedada a apresentação de emenda à emenda (subemenda)”.

d.3) OBSERVAÇÕES SOBRE O PRINCÍPIO DA IRREPETIBILIDADE (art. 67 da CRFB/88)

Segundo Marcelo Alexandrino,

“Anote-se que essa irrepetibilidade é relativa, haja vista que a matéria poderá constituir objeto de novo projeto, na mesma sessão legislativa, desde que ocorra solicitação de maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional. [...].Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, essa regar aplica-se unicamente aos casos de novos projetos gerados no âmbito do Poder Legislativo, não limitando a iniciativa advinda de órgãos externos a este, por exemplo, do Presidente da República, dos tribunais do Poder Judiciário e do Ministério Público”.

e)AUTÓGRAFO

Segundo Pedro Lenza, “ havendo aprovação do projeto de lei, este será encaminhado para o autógrafo, ou seja, a reprodução de todo o trâmite legislativo e o conteúdo final do projeto aprovado e/ou emendado, para a posterior sanção ou veto presidencial”.

De acordo com Marcelo Alexandrino,

“Após a aprovação do projeto nas duas Casas do Congresso Nacional, ele seguirá para a fase do autógrafo, que constitui o documento formal que reproduz o texto definitivamente aprovado pelo Legislativo, consubstanciando, com absoluta fidelidade, o resultado da deliberação das Casas do Congresso Nacional, antes do encaminhamento ao Chefe do Executivo. O autógrafo constitui, portanto, o documento que formaliza, com exatidão, o texto do projeto de lei aprovado pelo Legislativo”.

b.2)CONSTITUTIVA DE DELIBERAÇÃO EXECUTIVA – SANÇÃO E VETO

Nas palavras de Marcelo Alexandrino, o Chefe do Poder Executivo “poderá adotar uma destas três medidas: sancioná-lo expressamente, sancioná-lo tacitamente ou vetá-lo”.

a)SANÇÃO

a.1)Conceito:

Segundo Pedro Lenza, em caso de “concordância de aquiescência, o Presidente da República sancionará o projeto de lei. Sanção é o mesmo que anuência, aceitação, sendo esse o momento em que o projeto de lei se transforma em lei, já que, como se verá, o que se promulga é a lei”.

a.2)Espécies de sanção:

a.2.1) A sanção expressa ocorre quando o Chefe do Executivo delibera expressamente a sua anuência, no prazo de 15 dias úteis, contados da data do recebimento.

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a.2.2) A sanção tática acontece quando recebido o projeto, o Chefe do Executivo não se manifesta no prazo de 15 dias úteis.

a.3)Prazo: É de quinze dias úteis contado a partir (não há menção expressa na CRFB/88), da data do recebimento do projeto de lei, sem manifestação do Poder Executivo.

a.4) Controle judicial: Não há controle judicial e, segundo Bernardo Gonçalves, “o que pode ser discutido, sempre, será o que foi derivado da sanção, que é a lei. Leia-se o controle será sobre o produto do ato do Presidente, que é lei, e não sobre a sanção”.

a.5)Vício de iniciativa:

Segundo Pedro Lenza, “a sanção não convalida vício formal subjetivo de iniciativa”.

a.6)OBSERVAÇÃO: Há hipóteses de projetos que não são sancionáveis: arts. 48, 49, 51, 52 da CRTB/88.

b) VETO (VISÃO DE PEDRO LENZA)

a) Prazo para vetar: 15 dias úteis, contados da data do recebimento;

b) Tipos de veto: total ou parcial. Quanto ao veto parcial, “só abrangerá texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea. Assim, não existe veto de palavras (....).De acordo com Bernardo Gonçalves, “a parte que não foi vetada do projeto (parte, portanto, sancionada) será promulgada e publicada de imediato, sem a necessidade de análise pelo Poder Legislativo”.

c) Motivos do veto: “vetando o projeto de lei, total o parcialmente, o Presidente da República deverá comunicar ao Presidente do Senado Federal os motivos do veto no prazo de 48 horas. Poderá o Presidente da República vetar o projeto de lei se entendê-lo inconstitucional (veto jurídico), ou contrário ao interesse público (veto político)”. Há outrossim a hipótese do veto político-jurídico.De acordo com Bernardo Gonçalves, o veto “é considerado de natureza política, não há que se falar em controle judicial sobre as razões do veto”.

b.2)Características do veto:

Expresso (não existe veto tácito, devendo ser motivado e por escrito).Supressivo (não pode adicionar).Superável ou relativo- Rejeitado: pode ser derrubado pelo Parlamento.- Aprovado (manutenção do veto).Irretratável (vetando ou encaminhando os motivos para o Senado Federal, o Presidente da República não poderá se retratar).

b.3)Veto sem motivação (hipótese de inexistência do veto).

b.4)Silêncio do Presidente da República: sanção tácita.

b.5)Derrubada do veto: aplicação dos arts. 66, §6° e 67, “caput” §7º da CRFB/88.

Nas palavras de Marcelo Alexandrino,

“O veto será apreciado em sessão conjunta do Congresso Nacional, dentro de trinta dias, a contar de seu recebimento, só podendo ser rejeitado pelo vota da maioria absoluta dos deputados e senadores, em escrutíneo secreto (CF, art. 66, §4º)”.Na hipótese de transcorrer esse prazo de trinta dias sem que haja deliberação, o veto será colocado na ordem do dia da sessão imediata, sobrestadas as demais proposições, até sua votação final (CF, art. 66, §6º)”.

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C) 3ª. FASE: COMPLEMENTAR OU DE INTEGRAÇÃO DE EFICÁCIA – PROMULGAÇÃO E PUBLICAÇÃO

a)Promulgação (arts. 66, § 7°, 3°, 5°, da CRFB/88)

De acordo com Pedro Lenza, “ [...] nada mais é do que um atestado da existência válida da lei e de sua executoriedade. Apesar de ainda não estar em vigor e não ser eficaz, pelo ato da promulgação certifica-se o nascimento da lei [...]”.

Segundo Bernardo Gonçalves, a promulgação “é entendida como o atestado de existência da lei. Ou seja, é um referendo que a ordem jurídica foi inovada e que, portanto, existe uma nova lei no ordenamento. A promulgação é meramente declaratória”.

b)Publicação (art. 1°, da LICC, arts. 150, III, “b”, e 195, §6° da CRFB/88).

De acordo com Rodrigo César, “é a comunicação feita a todos, pelo Diário Oficial, da existência de uma nova lei, assim como do seu conteúdo”.

2. DO PROCESSO LEGISLATIVO SUMÁRIO OU REGIME DE URGÊNCIA (art. 64, §§ 1° e 3°, art. 233, §1° da CRFB/88).

Nas palavras de Walber de Moura Agra,

“De iniciativa privativa do Presidente da República, o procedimento sumário pode ser utilizado quando a mensagem de iniciativa presidencial solicite urgência na tramitação da propositura (ar. 64, §§1º a 4º, da CF). O prazo para a tramitação do processo em cada uma das Casas é de quarenta e cinco dias. Se houver emenda no Senado, a sua apreciação pela Câmara dos Deputados deve ser feita em dez dias. Caso não seja votada dentro do prazo, deve ser colocada na ordem do dia, sobrestando a votação das demais matérias até que se ultime o procedimento. Exceções para o sobrestamento são as matérias que tenham prazos determinados pela Constituição”.

3. PROCESSO LEGISLATIVO ESPECIAL DA LEI COMPLEMENTAR

3.1. Conceito

De acordo com Bernardo Gonçalves, “e a espécie normativa primária que envolve matérias taxativamente previstas na Constituição e que exige quórum de maioria absoluta para sua aprovação”.

3.2. Procedimento

4. SEMELHANÇAS ENTRE O PROCESSO LEGISLATIVO DA LEI ORDINÁRIA E DA LEI COMPLEMENTAR

4.1. As fases do processo legislativo são semelhantes: fase iniciadora, fase constitutiva e fase complementar.

c.1.1. DIFERENÇAS COMUNS

LEI ORDINÁRIA LEI COMPLEMENTAR

ASPECTO MATERIAL: residual. ASPECTO MATERIAL: hipóteses taxativas na

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De acordo com Bernardo Gonçalves, a lei ordinária é “subsidiária em relação a qualquer outra espécie normativa”.

Constituição.De acordo com Bernardo Gonçalves, “só existirá lei complementar para matérias taxativamente previstas na CR [...]”.

ASPECTO FORMAL: QUORUM DE APROVAÇÃO (maioria simples ou relativa (art. 47 da CRFB/88). Em outras palavras, segundo Bernardo Gonçalves, “a maioria dos votos presente a maioria absoluta de seus membros que é o quórum de deliberação”.

ASPECTO FORMAL: QUORUM DE APROVAÇÃO (maioria absoluta (art. 69 da CRFB/88).

c.1.2. DIFERENÇAS SOFISTICADAS (esquema de Bernardo Gonçalves)

DiferençaProcesso legislativo especial – Lei Complementar

Processo legislativo ordinário – Lei Ordinária

Regime de tramitação “Projeto de lei complementar só terá regime de tramitação tradicional. Ou seja, tem que ir a plenário (conforme disposição regimental)”.

“Pode ter regime de tramitação tradicional ou o conclusivo (terminativo)”.

Tramitação “Um projeto de lei complementar na Câmara dos Deputados terá, em regra, dois turnos de votação (está no regimento da Câmara). No senado, é um turno só. No caso de regime de urgência, o turno extra na Câmara é suprimido”.

“O PLO terá um turno de votação na Câmara e no Senado”.

c.1.3)Discussões doutrinárias sobre a lei ordinária e a lei complementar

a)NÃO HÁ HIERARQUIA ENTRE LEI COMPLEMENTAR E LEI ORDINÁRIA (posição do STF)?

b) SE FOR APROVADA UMA LEI ORDINÁRIA EM MATÉRIA RESERVADA À LEI COMPLEMENTAR, ESSA LEI ORDINÁRIA SERÁ CONSTITUCIONAL?

c)E SE OCORRER O CONTRÁRIO? FOR APROVADA LEI COMPLEMENTAR SOBRE MATÉRIA RESERVADA SUBSIDIARIAMENTE À LEI ORDINÁRIA?

d) E SE POSTERIORMENTE, SURGIR UMA LEI ORDINÁRIA SOBRE A MESMA MATÉRIA? ESSA LEI ORDINÁRIA REVOGA A LEI COMPLEMENTAR EXISTENTE?

4.3.DO PROCESSO LEGISLATIVO ESPECIAL DAS EMENDAS CONSTITUCIONAIS

a. Conceito

Segundo Bernardo Gonçalves, as emendas constitucionais

“[...] são espécies normativas primárias que são produzidas mediante procedimento e quórum especial, e que uma vez aprovadas agregam ao texto constitucional (ou seja, viram norma constitucional com o mesmo status de qualquer outra norma constitucional, embora diferentemente das normas constitucionais originárias, elas se sujeitam ao controle de constitucionalidade)”.

b) PROCEDIMENTO

b.1)Fases do procedimento

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1ª.Fase: Iniciativa: define-se como a apresentação de uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) pelos legitimados (art. 60, I, II, III, da CRFB/88).

2ª. Fase: Constitutiva: segundo Bernardo Gonçalves, o procedimento da segunda fase se estabelece da seguinte forma:

“ A Mesa da Câmara encaminha à CCJ da Câmara - a CCJ terá 5 sessões para realizar um juízo de admissibilidade sobre a PEC - admitida a PEC, ela seguirá para uma comissão especial - A comissão especial (temporária) terá 40 sessões para elaborar um parecer sobre a PEC na - posteriormente, a PEC será encaminhada ao 1º Turno de votação, tendo como quórum necessário para a sua votação no 2º turno - aprovada em 2º turno por 3/5 dos votos - a PEC será encaminhada para a outra Casa (que no nosso exemplo será o Senado. - no Senado a PEC vai para a Mesa do Senado da Mesa, a PEC será encaminhada à CCJ do Senado, que será encarregada de realizar um juízo de admissibilidade e um parecer sobre a PEC num prazo de 30 dias - posteriormente, a PEC será encaminhada ao plenário para deliberação em 1º Turno – se aprovada em 2º turno, no Senado”.

3ª. Fase: Complementar (integração de eficácia): as emendas aprovadas são promulgadas conjuntamente pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com respectivo número de ordem.

c) ESQUEMA

INICIATIVA

a) 1/3, no mínimo, dos Deputados ou Senadores.b) Presidente da República.c) Mais da metade das Assembleias Legislativas

das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, por maioria simples.

PROCEDIMENTO Art. 60, §§2º, 5º da CRFB/88.

PROMULGAÇÃOAs emendas aprovadas são promulgadas conjuntamente pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.

PUBLICAÇÃOArt. 60, §3º da CRFB/88.

d) DAS LIMITAÇÕES DO PODER CONSTITUINTE DERIVADO

DAS LIMITAÇÕES DO PODER CONSTITUINTE DERIVADO

EXPRESSASOU EXPLÍCITAS

FORMAIS OU PROCEDIMENTAIS(art. 60, I, II, III e §§2° , 3° e 5°).- Iniciativa.- Quorum de aprovação.- Promulgação.- PEC rejeitada.

CIRCUNSTANCIAIS(art. 60. §1° da CRFB/88)

MATERIAS (art. 60, §4° da CRFB/88).

IMPLÍCITAS AS PRÓPRIAS LIMITAÇÕES EXPRESSAS – inadmissibilidade da “teoria da dupla revisão”.

IMPOSSIBILIDADE DE SE ALTERAR O TITULAR DO PCO.

IMPOSSIBILIDADE DE SE ALTERAR O TITULAR DO PCDR.

TEMPORAIS??? Ver art. 174 da Constituição do Império do Brasil, de 1824.

4.4. DO PROCESSO LEGISLATIVO ESPECIAL DA LEI DELEGADA (exceção ao princípio da indelegabilidade de atribuições).

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a)Conceito:

De acordo com Bernardo Gonçalves, a lei delegada “é espécie normativa primária elaborada pelo Presidente da República em virtude de autorização do Poder Legislativo e nos limites postos pelo mesmo [...]”.

b)Iniciativa solicitadora e delegação externa corporis (art. 68, § 2° da CRFB/88)

c)Exceção à indelegabilidade de atribuições (art. 68, § 1° da CRFB/88).

d) Espécies de delegação:

d.1)Delegação típica: “não haverá apreciação pelo Congresso Nacional. Este autoriza a delegação do Presidente da República, que irá elaborar, promulgar e fazer publicar a lei delegada”.

d.2)Delegação atípica: “nessa hipótese, haverá apreciação pelo Congresso Nacional, em votação única e vedada qualquer emenda. [...]”.

e) Procedimento

Segundo Pedro Lenza, na hipótese de delegação

“[...] entendemos dispensáveis a sanção e o veto presidencial, pois seria ilógico o veto de projeto elaborado pelo próprio Presidente se não vai haver eventual alteração na redação original, já que é “vedada qualquer emenda”. Além disto, pode o Congresso Nacional condicionar a aprovação do projeto de lei delegada à aprovação do Poder Legislativo (art. 68, §3° da CRFB/88).

e.1) Fases do procedimento

1ª.Fase: Iniciativa: segundo Bernardo Gonçalves, “é mister salientar que a Lei delegada sempre dependerá de iniciativa do Presidente da República. É a chamada iniciativa solicitadora do Presidente da República”.

2ª. Fase: Constitutiva: de acordo com Agra, o procedimento da segunda fase se estabelece da seguinte forma:

“A iniciativa solicitadora do Presidente da República de lei delegada será remetida ou apresentada ao Presidente do Senado Federal, que convocará sessão conjunta, a ser realizada dentro de setenta e duas horas, para que o Congresso Nacional dela tome conhecimento. Na mencionada sessão será distribuída a matéria em avulsos, sendo constituída uma comissão mista para emitir parecer sobre a proposta. A comissão deve especificar o conteúdo da delegação, os termos para o seu exercício, e fixará prazo não superior a quarenta e cinco dias para sua promulgação, publicação e remessa do projeto elaborado para a apreciação pelo Congresso Nacional (art. 119 do Regime Interno do Congresso Nacional).O parecer será discutido em sessão a realizar-se cinco dias após a distribuição dos avulsos com o seu texto. Encerrada a discussão, convoca-se a sessão de votação, para verificar se o Congresso Nacional concorda ou não com a delegação. A aprovação da delegação é realizada por maioria simples, mediante resolução do Congresso Nacional, que estipulará os limites da delegação”.

3ª. Fase: Complementar (integração de eficácia):

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Segundo Agra,

“[...] a lei delegada pode ter dois procedimentos, que serão determinados pelo conteúdo da resolução: um, no qual o Chefe do Executivo, depois do deferimento pelo Poder Legislativo, realiza o projeto de lei e o promulga, sem retorno ao Congresso Nacional; outro, no qual, após ter o Presidente da República realizado o projeto de lei, deve o Poder Legislativo examinar se o conteúdo da resolução foi obedecido. Voltando o projeto de lei ao Congresso, a este somente cabe o papel de manter a propositura normativa ou não, sem nenhuma possibilidade de fazer emendas, à exceção das denominadas emendas de redação”.

f)Matérias vedadas para leis delegadas (arts. 49, 51, 68, §1° da CRFB/88).

g) Discussões doutrinárias sobre a lei ordinária e a lei complementar

g.1)”O Congresso Nacional, na resolução, pode ou não fixar prazo para o exercício da delegação. Porém, se a resolução não fixar prazo, a delegação pode ser estendida até o fim da legislatura”?

g.2)”O Poder Legislativo pode produzir uma lei sobre a mesma matéria que está sendo objeto de resolução autorizando o Presidente a fazer lei”?

g.3) “Existe controle político sobre a lei delegada”?

g.4) ”Se o Congresso Nacional for autorizado de sustar a lei delegada. Pergunta-se: “Opera-se com efeito ex tunc ou ex nunc”?

4.5. DO PROCESSO LEGISLATIVO ESPECIAL DO DECRETO LEGISLATIVO (arts. 40, I a XVII, 62, § 3° da CRFB/88). a)Conceito:

De acordo com Pedro Lenza, o decreto legislativo é

“uma das espécies normativas previstas no art. 59 (inciso VI), é o instrumento normativo por meio do qual serão materializadas as competências exclusivas do Congresso Nacional, alinhadas nos incisos I a XVII do art. 49 da CF/88. As regras sobre o seu procedimento vêm contempladas nos Regimentos Internos das Casas ou do Congresso Nacional”.

Segundo Agra,

“A definição mais precisa é a de Manoel Gonçalves Ferreira Filho, alicerçadas no Regimento Interno da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, no qual a resolução segue um procedimento próprio e do decreto legislativo um procedimento semelhante ao da feitura da lei ordinária, votado nas duas Casas, sem precisar, obviamente, da sanção da Presidente. O decreto legislativo deve ser votado nas duas Casas do Congresso Nacional, e, ao final, se aprovado, deve ser promulgado e mandado publicar pelo seu Presidente, que é o Presidente do Senado Federal. Já as normas de elaboração da resolução se encontram dispostas nos respectivos regimentos internos”.

b) Fases do procedimento

b.1)1ª.Fase: Iniciativa: segundo Bernardo Gonçalves, “é da competência dos Deputados, das comissões de deputados, da Mesa da Câmara, dos Senadores, das comissões de senadores, da

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Mesa do Senado Federal, da comissão do Congresso Nacional e da Mesa do Congresso Nacional”.

b.2)2ª. Fase: Constitutiva: de acordo com Bernardo Gonçalves, “em regra é bicameral. O Decreto Legislativo é votado (deliberado) na Câmara e no Senado. Certo é que a deliberação (dependendo de disposição regimental) também pode ser do Congresso Nacional em sessão conjunta”.

b.3)3ª. Fase: Complementar (integração de eficácia): a promulgação e a publicação do decreto legislativo é feita pelo Presidente do Congresso Nacional.

4.6. DO PROCESSO LEGISLATIVO ESPECIAL DA RESOLUÇÃO

a)Conceito:

Segundo Bernardo Gonçalves, uma espécie normativa “primária de competência privativa do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, que se destina a veicular matérias em regra com efeitos internos às Casas”.

De acordo com Agra,

“Jose Afonso da Silva aponta que o decreto legislativo serva para regulamentar atos externos do Congresso e a resolução, preponderantemente, para os atos internos, podendo haver algumas delas para atos externos, como as do Senado para matérias financeiras e tributárias (art. 52, incs. V, VI, VII, VIII e IX), a homologação de atos políticos do Presidente da República, como a escolha de Ministros do Supremo Tribunal Federal (art. 101, parágrafo único)”.

b)Competência

a)Competência privativa da Câmara dos Deputados (art. 51 da CFRB/88).

b)Competência privativa do Senado Federal (art. 52 da CRFB/88)

c) Competência privativa do Congresso Nacional (arts. 68, §2°, 155, §1°§2°, IV, V, “a”, “b” da CRFB/88)

c) Fases do procedimento

b.1)1ª.Fase: Iniciativa: segundo Bernardo Gonçalves.

b.1.1) Resolução da Câmara dos Deputados: “é da competência dos Deputados, das comissões de deputados, da Mesa da Câmara”,

b.1.2) Resolução do Senado Federal: é da competência “é da competência dos Senadores, das comissões de Senadores, da Mesa da Senado”.

b.1.3) Resolução do Congresso Nacional: é da competência “é da competência dos Deputados, das comissões de deputados, é da competência dos Senadores, das comissões de Senadores, da Mesa do Senado, da comissão do Congresso Nacional e da Mesa do Congresso Nacional”.

b.2)2ª. Fase: Constitutiva: de acordo com Bernardo Gonçalves.

b.2.1) Resolução da Câmara dos Deputados: votação apenas no Câmara.

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b.2.2) Resolução do Senado Federal: votação apenas no Senado.

b.2.3) Resolução do Congresso Nacional: “em regra, a tramitação é bicameral. A resolução é votada na Câmara e no Senado. Poderá ser unicameral quando a votação for pelo Congresso Nacional (nos termos do Regimento Interno do Congresso Nacional)”.

b.3)3ª. Fase: Complementar (integração de eficácia): a promulgação e a publicação da resolução.

b.3.1) Resolução da Câmara dos Deputados: a promulgação e a publicação é feita Presidente da Câmara dos Deputados.

b.3.2) Resolução do Senado Federal: a promulgação e a publicação é feita pelo Presidente do Senado.

b.3.3) Resolução do Congresso Nacional: a promulgação e a publicação pelo Presidente do Congresso Nacional.

4.7. DO PROCESSO LEGISLATIVO ESPECIAL DA MEDIDA PROVISÓRIA

4.7.1. ORIGEM

De acordo com Rodrigo César, “a origem histórica das medidas provisórias encontra-se na Constituição da Itália de 1947, sendo instrumento adotado em um regime parlamentarista de governo, em que o Poder Executivo é chefiado pelo mesmo grupo político que possui maioria no Parlamento”.

4.7.2. DIFERENÇAS: DECRETO-LEI E MEDIDA PROVISÓRIA (Bernardo Gonçalves)

DECRETO-LEI MEDIDA PROVISÓRIA1)Fundamento Urgência ou interesse público

relevante.Relevância e urgência

2)Aprovação e rejeição Poderia ser aprovado por decurso do prazo.

Ocorre, agora, a rejeição por decurso do prazo. É a chamada rejeição tácita. Ou seja, se a MP não foi apreciada na forma regulamentar, entende-se que ela foi rejeitada tacitamente.

4.7.3. DIFERENÇAS: ANTES E DEPOIS EC n° 32/01 da CRFB/88 (análise de Bernardo Gonçalves)

De 88 a 2001.Antes da EC n° 32/01

De 2001 em diante.Depois da EC n° 32/01

1)O prazo das MPs era de 30 dias. 1) O prazo de validade é de 60 dias prorrogável por mais 60 dias.

2) STF permitia a reedição de MPs, caso não apreciado no prazo de 30 dias.

2) É proibida a reedição de MPs (ocorre a rejeição tácita).

3) O prazo de tramitação da MP não era suspenso no recesso. Tanto é assim que a Constituição trazia a hipótese de

3) O prazo de tramitação é suspenso no recesso parlamentar. Por incrível que pareça, ainda que suspensa, a MP continua válida vinculando condutas.

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convocação extraordinária para a apreciação da MPs.

Conclusão: MP pode vigorar no Brasil por mais de 120 dias por prazo superior ao definido constitucionalmente.Exceção: o prazo da MP volta a correr quando existir convocação extraordinária. No caso, as MPs, conforme art. 57, §8°, serão instituídas, automaticamente, na pauta de convocação.

4) Não existia regime de urgência.4) Existe regime de urgência no processo de tramitação da MPs. Como funciona?Após o 45º dia de tramitação, as MPs entram em regime de urgência e com isso todas as matérias da Casa na qual ela se encontra ficarão sobrestadas. Leia-se: ficarão paralisados nos termos do art. 62, §6º da CR/788

5) A deliberação era realizada pelo Congresso Nacional em sessão conjunta.

5) Deliberação das MPs é feita primeiro nas Câmara e depois no Senado, sempre nesta sequência nos termos da R/88.

Observações:

a)Hipótese constitucional de trancamento da pauta

Segundo Marcelo Alexandrino,

“O prazo de trancamento de pauta de quarenta cinco dias corridos, contados da edião da MP, não computados os períodos de recesso do Congresso Nacional. [...].Em face dessa realidade, o constitucionalista Michel Temer, na qualidade de Presidente da Câmara dos Deputados, desenvolveu uma tese jurídica segundo a qual o trancamento de pauta em decorrência da não apreciação de medida provisória só implicaria o sobrestamento de matérias no âmbito das sessões ordinárias, que ocorrem naquela Casa legislativa de terça a quinta-feira. O mencionado sobrestamento não impediria a apreciação, em sessões extraordinárias (que ocorrem de sexta à segunda-feira, ou nos períodos noturnos), daquelas matérias vedadas à espécie normativa medida provisória. [...].Essa tese jurídica, advogada por Michel Temer, foi referendada, liminarmente, pelo Supremo Tribunal Federal”.

b)Aplicação do art. 246 da CRFB/88

De acordo com Marcelo Alexandrino,

“[...] os artigos da Constituição cuja redação tenha sido alterada por meio de emenda promulgada em data anterior a 1º de janeiro de 1995 podem ser regulados por meio de medida provisória.

Já os artigos da Constituição cuja redação tenha sido alterada a partir de 1º de janeiro de 1995 até EC nº 32/2001 (inclusive os artigos alterados pela EC nº. 32/2001) não podem ser regulamentados por medida provisória. Com a promulgação da EC 32/2001 desaparece a vedação em relação ao período futuro, isto é, os artigos da Constituição cuja redação seja alterada por emenda posterior à EC nº. 32/2001 (isto é, pela EC nº. 33 e seguintes) poderão ser regulamentados por meio de medida provisória”.

4.7.4. PROCEDIMENTO

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Legitimado para a edição da MP: Presidente da República.

Pressupostos constitucionais: Relevância e urgência.

Características: Efemeridade e precariedade.

Prazo de duração da MP: De acordo com Pedro Lenza, “ela vigorará pelo prazo de 60 dias, prorrogável, de acordo com o art. 62, §7°, uma vez por igual período (novos 60 dias), contados de sua publicação no Diário Oficial.

Hipótese de suspensão: Art. 62, §4°, art. 57, §8° da CRFB/88.

Prorrogação do prazo da MP por novos 60 dias:

Na hipótese de prorrogação o prazo totalizará 120 dias, quando então, se não for convertida em lei, a MP perderá a eficácia desde a sua edição (art. 62, §7° da CRFB/88).

Eficácia da MP: Art. 62, §3° da CRFB/88 (exceção: art. 62, §§11 e 12 da CRFB/88).

Tramitação

Aplicação do art. 62, §§5° e 9° da CRFB/88 e da Resolução n.1/2002-CN.Apreciação da medida provisória por uma comissão mista (Deputados e Senadores), dos aspectos constitucionais (relevância e urgência) e de mérito, a adequação financeira e orçamentária e o cumprimento, pelo Presidente da República, da exigência contida no art. 2°, §1° da Res. N. 1/2002-CN,”qual seja, no dia da publicação da MP no DOU ter enviado o seu texto ao Congresso Nacional, acompanhado da respectiva mensagem e de documento expondo a motivação do ato”.

4.7.5. Reedição de medida provisória: §10 do art. 62 da CRFB/88.

4.7.6. Possíveis medidas que podem ser tomadas pelo Congresso Nacional (análise de Bernardo Gonçalves)

a)Aprovação sem alteração:

“1. Presidente elabora e publica a MP.2. MP enviada para a Mesa do Congresso.3. Mesa designa Comissão Mista Temporária (12 deputados e 12 senadores).4. Caberá a essa Comissão Mista elaborar um parecer que versará sobre: relevância e urgência, adequação financeira e o mérito da MP (conteúdo). 5. A MP será enviada para a deliberação da Câmara, a saber: haverá a análise dos requisitos formais (relevância e urgência) e do mérito da MP e o quórum de votação será o de maioria simples.6. Aprovada a MP na Câmara, ela será encaminhada para a deliberação no Senado, a saber: também no Senado haverá a análise dos requisitos formais (relevância e urgência) e do mérito da MP e o quórum de votação será o de maioria simples. 7. Aprovada MP no Senado.8. O Presidente do Senado (que é o Presidente do Congresso Nacional) irá promulgar.9. O Presidente da República irá publicar a lei (Lei ordinária).”

b)Aprovação com alteração (art. 62, §12 da CRFB/88): a Resolução n.1/2001.

“1.Presidente elabora e publica a MP.

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2. MP é enviada para a Mesa do Congresso.3. A Comissão Mista terá a função de elaborar o parecer sobre a MP. Porém, aqui há uma observação: Existirá um prazo de 6 dias, contados da data da publicação da MP, para que sejam apresentadas emendas à MP (era de 5 dias até 2002 com base na Resolução nº 01/89, mas com a Resolução nº 01/02 do Congresso Nacional, o prazo passou para 6 dias.4. Os deputados e senadores têm esse prazo para apresentar as emendas.5. Apresentadas as emendas a MP, temos que: se a comissão mista elaborar um parecer favorável às emendas, ela ainda terá, a partir daí, mais duas funções: a) elaborar um projeto de lei de conversão, ou seja, um projeto de lei para que a MP seja convertida no mesmo.6. Elaborar um projeto decreto legislativo para regular as situações jurídicas que ocorreram à época da MP pura.7. A MP com emendas é encaminhada para a apreciação do CD.8. Aprovada a MP com emendas, é encaminhada para apreciação no Senado.9. Aprovada com emendas no Senado a MP será convertida em um projeto de lei. Nesse sentido, isso ocorrerá porque o legislativo mudou a MP elaborada pelo Presidente da República e, com isso, tem que lhe ser dada a oportunidade de manifestar sobre essas modificações.10. Assim, temos duas possibilidades: Se o Presidente da República sanciona o PLO, esse vira Lei, e o Presidente irá promulgar e publicar a nova Lei ordinária que acaba de surgir no ordenamento. Porém se o Presidente veta o PLO, o mesmo volta para a apreciação do Congresso Nacional com base no art. 66 da CR/88 em sessão conjunta com a necessidade de quórum de maioria absoluta em votação secreta para a rejeição do veto dado pelo Presidente. Se o veto for rejeitado, será encaminhada a lei para o Presidente da República promulgar e publicar. Se o veto for mantido, o PLO irá para o arquivo”.

4.7.7. Não apreciação (rejeição tácita): art. 62, §§3°, 4° e 7°da CRFB/88.

4.7.8. Rejeição expressa

a)Formalidade: decreto legislativo.

4.7.9. Vedações de medidas provisórias (art. 62, §1° da CRFB/88).

4.7.10. Retirada

Segundo Marcelo Alexandrino, “o STF não admite que seja retirada do Congresso Nacional medida provisória ao qual foi remetida para o efeito de ser, ou não, convertida em lei”.

4.7.11. Revogação

De acordo com Marcelo Alexandrino,

“Se por um lado, jurisprudência do Supremo Tribunal Federal não admite que medida provisória submetida ao Congresso Nacional seja retirada pelo Chefe do Executivo, por outro lado, aceita que o Tribunal que medida provisória nesse situação, seja revogada por outro ato normativo da mesma espécie”. Exemplificando, suponhamos que a MP1 seja revogada pela MP2, noventa dias após a sua edição, antes de ser concluída a sua apreciação no Congresso Nacional. Nessa situação, a publicação da MP2 suspende a eficácia da MP1: ulteriormente, na apreciação da MP 2, poderemos ter o seguinte: (a) caso a MP 2 seja convertida em lei, opera-se a definitiva revogação da MP 1; b) caso a MP 2 seja rejeitada, a MP 1 retoma os seus efeitos, pelo tempo que ainda lhe restava de vigência (neste exemplo, por mais trinta dias, desconsiderando-se os períodos de recesso do Congresso Nacional). Em decorrência desse entendimento do Supremo Tribunal Federal – segundo o qual é possível a revogação de medida provisória em tramitação por outra -, temos que é juridicamente viável a revogação de medida provisória que esteja

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obstruindo a pauta de uma das Casas Legislativas mediante a adoção de nova medida provisória pelo Presidente da República, hipótese que teremos o afastamento do sobrestamento de pauta previsto no art. 62, §6º. da Constituição Federal”.

4.7.12. Medidas provisórias anteriores art. 2º da EC nº 32/2001

Segundo Marcelo Alexandrino,

“Por força desse dispositivo, as medidas provisórias editadas em data anterior à publicação da Emenda Constitucional nº 32/2001 continuam em vigor, independentemente de qualquer outro ato, até que medida provisória ulterior as revogue explicitamente ou até deliberação definitiva do Congresso Nacional. [...].Por fim, caso o Congresso Nacional resolva apreciar uma dessas antigas medidas provisórias, editadas em data anterior à promulgação da EC nº 32/2001, deverá fazê-lo segundo o processo legislativo pretérito de aprovação de medida provisória, vigente até EC nº 32 /2001 (em sessão conjunta do Congresso Nacional, e não em votação em separado nas duas Casas Legislativas)”.

4.7.13. Medidas provisórias estaduais e municipais.

a)Posição doutrinária

José Afonso da Silva

De acordo com Rodrigo César, “José Afonso da Silva sustentava que elas e as leis delegadas, por se tratar de exceções ao princípio da separação dos Poderes, só deveriam ser admitidas nos precisos limites previstos na Constituição Federal, ou seja, somente no âmbito federal”.

Roque Carrazza

Segundo Rodrigo César, “Roque Carrazza sustentava o contrário, justamente em razão da ausência de vedação expressa e da possibilidade de as demais entidades federativas adotarem o modelo de processo legislativo previsto para a esfera federal em suas respectivas Constituições Estaduais e Leis Orgânicas”.

b)Posição do STF

STF, Adin 425-DF, medida cautelar, Rel. Min. Paulo Brossard, DJ, 21-06-1991)

Segundo Rodrigo César, o ”Supremo Tribunal Federal já teve oportunidade de conhecer de ação direta de inconstitucionalidade proposta contra medida provisória editada pelo Estado de Tocantins, tendo admitido essa possibilidade para o Estado-Membro da Federação brasileira”.

5.TRATADOS INTERNACIONAIS (art. 84, VIII, art. 49, I da CRFB/88)

De acordo com Agra,

“O tratado internacional passa a integrar o nosso ordenamento jurídico após sofrer um processo complexo, com obediência a duas vontades homogêneas. Primeiramente, o Presidente da República celebra o tratado internacional, determinando a orientação da política internacional (art. 84, VIII, da CF); em segundo lugar, o Poder Legislativo, por intermédio de decreto legislativo, aprova

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o conteúdo do tratado (art. 49, I, da CF); por fim, novamente o Chefe do Executivo tem o dever de promulga-lo, mediante decreto presidencial. Esse decreto presidencial tem a função de promulgar o tratado internacional, de publicar o seu texto oficial e expressar a executoriedade do ato no prazo disposto em lei. Portanto, o Presidente da República tanto atua na escolha das diretrizes da política internacional quanto na entrada da norma no ordenamento, exercendo função dúplice”.

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA:

1.AGRA, Walber de Moura. Curso de direito constitucional. 8ª. ed. Rio de Janeiro: 2014.2.BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros, 2005.3. FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 3 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011.4. LENZA, Pedro. Direito Constitucional esquematizado. 18. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2014.5..MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2010.6. NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2010.7. PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional descomplicado. 6ª. Ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO.8. PINHO, Rodrigo César Rebello. Da organização do Estado, dos Poderes, e histórico das Constituições. 11 ed. São Paulo: Saraiva, 2011. – (Coleção sinopses jurídicas; v. 18).9. SILVA E NETO, Manoel Jorge. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009.10. SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional positivo. São Paulo: Malheiros, 2009.11. VARGAS, Denise. Manual de Direito Constitucional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.

DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL IIDOCENTE: Msc. PROFESSORA ELIANE COSTA DOS SANTOSSEMESTRE: 4° SEMESTREINSTITUIÇÃO DE ENSINO: ESTÁCIO/FIB

PODER EXECUTIVO

1.SISTEMA DE GOVERNO

1.1.CONCEITO

Segundo Marcelo Alexandrino, o sistema de governo “está ligado ao modo como se relacionam os Poderes Legislativo e Executivo no exercício das funções governamentais”.

1.2.PRESIDENCIALISMO VS. PARLAMENTARISMO

1.2.1.Presidencialismo

De acordo com Pedro Lenza, o presidencialismo possui as seguintes características:

a)Eleição do Presidente da República a pelo povo.

b)Mandato determinado.

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c)Ampla liberdade para escolher os Ministros, com a finalidade de auxiliar o Presidente da República e podem ser demitidos ad nutum.

1.3. EXECUTIVO MONOCRÁTICO, COLEGIAL, DIRETORIAL E DUAL

Executivo monocrático – o executivo é exercido pelo Rei, Imperador, Ditador ou Presidente.Executivo colegial – o executivo é exercido por dois homens com poderes iguais, por exemplo, os cônsules romanos.

Executivo diretorial – o executivo é exercido por um grupo de homens reunidos em um comitê.Executivo dual – o executivo é exercido por um Chefe de Estado e um Conselho de Ministros.

1.4. O PODER EXECUTIVO NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988.

1.4.1. Âmbito federal (art. 76 da CRFB/88).

1.4.2. Âmbito estadual

a) Eleição do Governador e do Vice-Governador de Estado (art. 77 c/c art. 28, caput).

b) Mandato: art. 28, caput, c/c art. 14, §5º.

c) Perda do mandato: art. 38, I, IV e V (art. 28, §1°).

d) Subsídios do Governador, Vice-Governador e Secretários de Estado (arts. 37, XI, 39, §4°, 150, II, 153, III, §2°, art. 28, §2°).

1.4.3. Âmbito distrital

a) Eleição:art. 32, §2°, art. 77 da CRFB/88.

b) Mandato: art. 32, §2, art. 14, §5° da CRFB/88.

1.4.4. Âmbito municipal

a) Eleição: art. 14, §5°, art. 77 da CRFB/88.b) Posse:c) Perda do mandato: art. 38, I, IV e V, art. 28, §1° da CRFB/88.

1.4.5. Âmbito dos Territórios federais

a) Nomeação: art. 33, §3°, art.52, III, “c”, e 84, XIV da CRFB/88.

2. ATRIBUIÇÕES CONFERIDAS AO PRESIDENTE DA REPÚBLICA

2.1. Competência privativa (exemplificativa) do Chefe do Executivo (art. 84 da CRFB/88).2.2. Possibilidade de delegação da competência (art. 84, parágrafo único da CRFB/88).2.3. Decreto autônomo (art. 84, VI da CRFB/88).

3. CONDIÇÕES DE ELEGIBILIDADE

a) ser brasileiro (art. 12, §3°, I).

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b) estar em pleno exercício dos direitos políticos (art. 14, §3°, II).c) alistamento eleitoral (art. 14, §3°,III).d) domicílio eleitoral na circunscrição (art. 14, §3°, IV).e) filiação partidária (arts. 14, §3°, V, 77, §2°).f) idade mínima de 35 anos (art. 14, §3°, VI, a).g) não ser inalistável nem analfabeto (art. 14, §4°).h) não ser inelegível nos termos do art. 14, §7°).

4. DO PROCESSO ELEITORAL

4.1. Regras da eleição: art. 77, caput, da CRFB/88.

a) Sem segundo turno: obtenção de maioria absoluta de votos, não computados os brancos e nulos.b) Com segundo turno: obtenção da maioria dos votos válidos.

c) Na hipótese de segundo turno, “se antes de realizado ocorrer morte, desistência ou impedimento legal do candidato? Ver o art. 77, §§3° e 4° da CRFB/88.

4.2. Posse e mandato

a) Posse: art. 77, §1°, art. 78 da CRFB/88.b) Mandato: art. 82, art. 14, §5° da CRFB/88.

5. IMPEDIMENTO E VACÂNCIA DOS CARGOS (art. 79 da CRFB/88)

DEFINITIVA TEMPORÁRIOCASSAÇÃORENÚNCIAMORTE

DOENÇAFÉRIAS

6. SUBSTITUTOS EVENTUAIS OU LEGAIS

6.1. Vaga do cargo: art. 82, art. 78, parágrafo único c/c art. 79, caput.6.2. Hipótese de sucessão: impedimento ou vaga do cargo de Presidente da República.6.3. Hipótese de substituição eventual o legal.

7. MANDATO-TAMPÃO: eleição direta e indireta (art. 81 da CRFB/88)

a)Vacância de ambos os cargos (de Presidente e de Vice) nos 2 primeiros anos do mandato: aplicação do art. 81, caput da CRFB/88.

b) Vacância nos últimos 2 anos do mandato: art. 81, §1° da CRFB/88.

8. AUSÊNCIA DO PAÍS DO PRESIDENTE E DO VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA E LICENÇA DO CONGRESSO NACIONAL (arst. 80 e 83 da CRFB/88)

8. MINISTROS DE ESTADO (arts. 76, 84,I, II, e 87 da CRFB/88)

8.1. Requisitos para o cargo de Ministro de Estado, provimento em comissão:

a) ser brasileiro (art. 12, §3°, VII da CRFB/88)b) ter mais de 21 anos.c) estar no exercício dos direitos políticos.

8.2. Atribuições dos Ministros de Estado

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“a) exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e entidades da administração federal na área de sua competência e referendar os atos e decretos assinados pelo Presidente da República.b) expedir instruções para a execução das leis, decretos e regulamentos.c) apresentar ao Presidente da República relatório anual de sua gestão no Ministério.d) praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe foram outorgadas ou delegadas pelo Presidente da República”.

8.3. Responsabilidade e juízo competente para processar e julgar os Ministros de Estado

a)Crimes de responsabilidade (art. 50, caput, 55, III, §2°, art. 52, I, c/c art. 85 arts. 76, 84,I, II, e 87 da CRFB/88).b) Órgão julgador:b.1. Crimes conexos com o Presidente da República: art. 102, I, c da CRFB/88.b.2. Crimes sem conexão com o Presidente da República: art. 52, I, e parágrafo único da CRFB/88.

9. ÓRGÃOS SUPERIORES DE CONSULTA DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA

9.1. Conselho da República (art. 84, VIII e art. 89, caput da CRFB/88.)

9.2. Conselho da Defesa (art. 84, VIII e art. 91 da CRFB/88).

10. CRIMES DE RESPONSABILIDADE

Segundo Agra,

“De acordo com o Ministro Paulo Brossard, os crimes de responsabilidade, enquanto relacionados a ilícitos políticos, deveriam ter a denominação de infrações políticas para n’ão serem confundidos com os crimes comuns. Eles têm uma tipificação aberta, polissêmica, possuindo vários significados, necessitando para sua tipificação das condicionantes do momento sociopolítico. Para o seu enquadramento é imprescindível uma vontade política.Crimes de responsabilidade são aqueles praticados contra a Constituição, de forma geral, os elencados no art. 85 da Lei Maior. O rol mencionado neste artigo é bastante abstrato, sendo determinado pelos tipos constantes na Lei º 1.079/1950, consentânea com a vontade política predominante [...]”.

10.1. Procedimento bifásico, composto por duas fases: a) fase denominada juízo de admissibilidade do processo (competência da Câmara dos Deputados, considerada como o Tribunal de Pronúncia, art. 80 da Lei 1.079/50); b) fase de julgamento (competência do Senado Federal, considerado Tribunal de Julgamento)

10.1.1. CÂMARA DOS DEPUTADOS (art. 51, art. 86, caput, art. 5, LV da CRFB/88)

10.1.2. SENADO FEDERAL (art. 52, art. 86, §1°, II, §2° da CRFB/88.).

Segundo Pedro Lenza,

“a sentença condenatória materializar-se-á mediante resolução do Senado Federal, que somente será proferida por 2/3 dos votos, limitando-se a condenação à perda do cargo e inabilitação para o exercício de qualquer função pública (sejam decorrentes de concurso público, de confiança ou de mandato eletivo) por 8 anos, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis 9art. 52, parágrafo único).

11. CRIMES COMUNS

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11.1. Procedimento (Lei n. 8.038/90 e nos arts. 230 a 246 do RISTF).

a) Controle político de admissibilidade (art. 86, caput da CRFB/88).b) Competência para oferecer a denúncia nos casos de ação penal pública: Procurador-Geral da República.c) Competência para oferecer queixa-crime: o ofendido, ou de quem por lei detenha a competência.d) O recebimento da denúncia ou da queixa-crime tem como consequência: suspensão das funções por 180 dias.e) Prisão do Presidente de República: aplicação do art. 86, §3° da CRFB/88.

11.2. Imunidade presidencial (irresponsabilidade penal relativa)

a)Aplicação da regra do art. 86, §4°: o Presidente da República, durante a vigência do mandato, não poderá ser responsabilidade por atos estranhos ao exercício de suas funções.

b)Aplicação da irresponsabilidade penal relativa: segundo Pedro Lenza,

“as infrações penais praticadas antes do ínicio do mandato ou durante a sua vigência, porém sem qualquer relação com a função presidencial (ou seja, não praticados in officio ou propter officium), não poderão ser objeto de persecutio criminis, que ficará, provisoriamente, inibida, acarretando, logicamente a suspensão do curso da prescrição [...]”.

c)Infrações de natureza civil, política (crimes de responsabilidade), administrativa, fiscal ou tributária: o Presidente da República pode ser responsabilizado.

e)Na hipótese de condenação do Presidente da República, é possível a perda do cargo de Presidente da República?

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA:

1.BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros, 2005.2.LENZA, Pedro. Direito Constitucional esquematizado. 18. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2014.3. FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 3 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011.4..MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2010.5. NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2010.6. PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional descomplicado. 6ª. Ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO.7. PINHO, Rodrigo César Rebello. Da organização do Estado, dos Poderes, e histórico das Constituições. 11 ed. São Paulo: Saraiva, 2011. – (Coleção sinopses jurídicas; v. 18).8. SILVA E NETO, Manoel Jorge. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009.9. SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional positivo. São Paulo: Malheiros, 2009.10. VARGAS, Denise. Manual de Direito Constitucional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.

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DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL IIDOCENTE: Msc. PROFESSORA ELIANE COSTA DOS SANTOSSEMESTRES: 4° SEMESTREINSTITUIÇÃO DE ENSINO: ESTÁCIO/FIB

TRIPARTIÇÃO DOS PODERES

PODER JUDICIÁRIO

1.O PODER JUDICIÁRIO (arts. 92 a 126 da CRFB/88)

1.1. Cláusula pétrea e a tripartição dos poderes (art. 2º c/c art. 60, §4°, III da CRFB/88)

2. FUNÇÕES DO PODER JUDICIÁRIO

2.1. Função típica e funções atípicas

Segundo Pedro Lenza, o Poder Judiciário

“tem por função típica a jurisdição, inerente à sua natureza. Exerce, ainda, funções atípicas, de natureza executivo-administrativa (organização de suas secretarias – art. 96, I, “b”; a concessão de licença, férias a seus membros, juízes e servidores imediatamente vinculados – art. 96, I, “f”), bem como funções atípicas de natureza legislativa (elaboração do regimento interno – art. 96, I, “a”)”.

2.2. O que se entende por jurisdição?

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Nas palavras de Pedro Lenza, Antonio Carlos de Araújo Cintra,

“uma das funções do Estado, mediante a qual este se substitui aos titulares dos interesses em conflito para, imparcialmente, buscar a pacificação do conflito que os envolve, com justiça. Essa pacificação é feita mediante a atuação da vontade do direito objetivo que rege o caso apresentado em concreto para ser solucionado; e o Estado desempenha essa função sempre por meio do processo, seja expressando imperativamente o preceito (através de uma sentença de mérito), seja realizando no mundo das coisas o que o preceito estabelece (através da execução forçada)”.

2.2.1. Características da jurisdição

a)Inércia – o Judiciário só se manifesta mediante provocação (nemo judex sine actore; ne procedat judex ex officio), “ex vi” art. 2º do CPC e art. 24 do CPP.

De acordo com Pedro Lenza,

“Defendemos “na sociedade moderna, o aumento dos poderes instrutórios do juiz na condução do processo. Isso não significa, segundo já expusemos, o exercício de “atividade jurisdicional fora dos limites da lei, tomada em sua acepção ampla [....].Nessa linha, diversos instrumentos já se encontram à disposição do magistrado para que, cada vez mais, se aproxime do ideal de Justiça, destacando-se, no direito processual civil, dentre tantos outros: a) apreciação pelo magistrado de matérias de ordem pública ex officio (arts. 13, 113, 219, §5°, 267, §3º, 301,§4°); b) a determinação, ex officio, em qualquer estado do processo, do comparecimento pessoal das partes, para interrogá-los sobre os fatos das causas (art. 342); c) a possibilidade de o juiz ordenar, de ofício, a qualquer das partes, a exibição parcial de livros ou documentos (art. 382) [...]”.

b) Lide – segundo Pedro Lenza, na jurisdição contenciosa, em regra, “existirá uma pretensão resistida, insatisfeita. A partir do momento que essa pretensão não é pacificamente resolvida pelo suposto causador da insatisfação, quem entender-se lesado poderá “bater” às portas do Judiciário, que, substituindo a vontade das partes, dirimirá o conflito, afastando a resistência e pacificação com justiça”.

c) Definitividade - de acordo com Pedro Lenza, as decisões do Poder Judiciário são acobertadas pela definitividade, “na medida em que as decisões jurisdicionais transitam em julgado e, acobertadas pela coisa julgada formal e material, após o prazo para a interposição da ação rescisória, não mais poderão ser alteradas [...]”.

Segundo Marcelo Alexandrino,

“Em poucas palavras, não existe, em sentido técnico, “coisa julgada administrativa”, tampouco “jurisdição administrativa”. No Brasil, a jurisdição e a coisa julgada são atributos exclusivos do Poder Judiciário. O princípio da unicidade de jurisdição está vazado de forma lapidar no inciso XXXV do art. 5°, segundo o qual “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito [...]. Em primeiro lugar, a guarda da Constituição, em caráter definitivo, é atribuída ao órgão de cúpula do Poder Judiciário, o Supremo Tribunal Federal (CF, art. 102, caput)”.

d) Una – segundo a Constituição brasileira de 1988, a jurisdição é una porque é atribuição do Poder Judiciário.

e) Indivisível – o Poder Judiciário é exercido nacionalmente, apesar dos diversos órgãos, federais e estaduais.

3. PRINCÍPIOS DO ESTATUTO DA MAGISTRATURA

3.1 De acordo com o art. 93 da CRFB/88, a lei complementar sobre o Estatuto da Magistratura é de iniciativa do Supremo Tribunal Federal.

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3.2. Ingresso da carreira (art. 93, I)

3.2.1.Requisitos:

a) concurso público de provas e títulos, com a participação da OAB em todas as fases;b) bacharelado em direito;c) no mínimo, 3 anos de atividade jurídica;d) obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de classificação;e) ingresso no cargo inicial será como juiz substituto.

3.2.2. O período de 3 anos deverá ser contado apenas após o bacharelado, ou poderá ser computado durante a graduação, por exemplo, por meio de estágios?

a)Posição doutrinária:

De acordo com Pedro Lenza, o dispositivo que dispõe sobre a matéria é norma constitucional de eficácia limitada, “já que ‘depende’ de lei infraconstitucional regulando os seus vetores”.

Para Hugo Nigro Mazzilli, “sem regulamentação, cremos que o requisito de prévio exercício de atividade jurídica não é autoaplicável, de maneira que, se vier a ser exigido em editais de concurso, sem anterior regulamentação, poderá ser questionado por meio de mandado de segurança”.

b) Posição do STF

De acordo com Pedro Lenza, “tende o STF a consolidar a interpretação no sentido de que a expedição dos Três anos seja em cargo privativo de bacharel em direito e, assim, após o bacharelado, devendo ser demonstrada no momento da inscrição do concurso”.

c) Posição do CNJ

Segundo o art. 59 da Resolução n. 75/2009-CNJ, considera-se atividade jurídica:

a) aquela exercida com exclusividade por bacharel em direito;b) o efetivo exercício de advocacia, inclusive voluntária, mediante a participação anual mínima em cinco atos privativos de advogado (Lei n. 8.906, de 04.07.1994, art. 1º) em causas ou questões distintas;c) o exercício de cargos, empregos e funções, inclusive de magistério superior, que exija a utilização preponderante de conhecimento jurídicod) o exercício da função de conciliador junto a tribunais judiciais, juizados especiais, varas especiais, anexos de juizados especiais ou de varas judiciais, no mínimo de 16 horas e durante 1 ano;e) o exercício da atividade de mediação ou de arbitragem na composição de litígios.

De acordo com a Resolução, não são consideras atividades jurídicas:

a) contagem do estágio acadêmico;b) qualquer outra atividade anterior à obtenção do grau de bacharel em Direito;c) conclusão, com freqüência e aproveitamento, de curso de pós-graduação (“assegurando tal reconhecimento para os cursos comprovadamente iniciados anteriormente à referida Resolução n. 90). Entretanto, o art. 2º, da Resolução n. 40, de 26.05.2009, do CNMP, “ainda admite, como atividade jurídica e para o ingresso nas carreiras do Ministério Público, os cursos de pós-graduação, regra essa que vem sendo discutida na ADI 4.219, ajuizada pelo Conselho Federal da OAB em 20.0f3.2009 (matéria pendente de julgamento pelo STF)”.

A referida Resolução ainda estabelece que:

“Nos termos do art. 59, §2º, a comprovação do tempo de atividade jurídica relativa a cargos, empregos ou funções não privativos de bacharel em Direito será realizada mediante certidão circunstanciada, expedida pelo órgão competente, indicando as respectivas atribuições e a prática reiterada de atos que exijam a utilização preponderante de conhecimento jurídico, cabendo à Comissão de Concurso, em decisão fundamentada, analisar a validade do documento”.

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3.3. Promoção de entrância para entrância, por antiguidade e merecimento, atendidas as seguintes normas (art. 93, II)

Segundo Vitor Cruz,

“O conceito de entrância tem dois significados. Pode ser entendido como a forma de se classificar a comarca segundo o volume de processos e sua importância (1ª entrância para as pouco importantes, até a 3ª entrância que é a Comarca da Capital) ou como o degrau existente na carreira de um Juiz. O conceito de entrância, acima, é claramente o da carreira do Juiz. Esses degraus na carreira vão depender de cada código de organização e divisão judiciárias, mas vimos que a entrância inicial será a cargo de Juiz Substituto, e depois teremos vários outros como juiz substituto vitalício, juiz de 1ª entrância, juiz de 2ª. entrância, etc”.

3.3.1. Regras para promoção (apresentadas por Pedro Lenza);

“a) a promoção de entrância para entrância, deve obedecer a regra da alternatividade (antiguidade e merecimento);b) a promoção do juiz deve ser obrigatória quando “figure por 3 vezes consecutivos ou 5 alternadas em lista de merecimento;c) a promoção por merecimento exige 2 anos de exercício na respectiva entrância e integrar o juiz a primeira quinta parte da lista de antiguidade desta, salvo se não houver com tais requisitos quem aceite o lugar vago;d) aferição do merecimento conforme o desempenho e pelos critérios objetivos de produtividade e presteza no exercício da jurisdição e pela freqüência e aproveitamento em cursos oficiais ou reconhecidos de aperfeiçoamento;e) na apuração de antiguidade, o tribunal somente poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado de 2/3 de seus membros, conforme procedimento próprio, e assegurada ampla defesa, repetindo-se a votação até fixar-se a indicação;f) não será promovido o juiz que, injustamente, retiver autos em seus poder além do prazo legal, não podendo devolvê-los ao cartório sem o devido despacho ou decisão;g) o acesso aos tribunais de segundo grau far-se-ão por antiguidade e merecimento, alternadamente, apurados na última ou única entrância”.

3.4. Cursos de oficiais de preparação e aperfeiçoamento e promoção de magistrados

A previsão dos cursos oficiais de preparação, aperfeiçoamento e promoção de magistrados constituindo etapa obrigatória do processo de vitaliciamento a participação em curso oficial ou reconhecido por escola nacional de formação e aperfeiçoamento de magistrados; 3.5. Subsídios dos magistrados

a) Aplicação do teto remuneratório (art. 39, §4º . 37, XI, art. da CRFB/88).b) Ditames constitucionais para a regra de fixação dos subsídios dos membros do Judiciário:b.1. STF: é o órgão competente que toma a iniciativa da lei para fixar os subsídios dos Ministros;b.2. Tribunais Superiores: são os órgãos competentes que tomam a iniciativa da lei para fixar o subsídio de seus Ministros, dos desembargadores dos respectivos tribunais de segundo grau e dos respectivos juízes vinculados;b.3. Tribunais de Justiça: são os órgãos competentes que tomam a iniciativa perante o Poder Legislativo Estadual para fixar o subsídio de seus membros e juízes vinculados.

3.6. Aposentadoria e pensões dos magistrados (art. 40 da CRFB/88)

3.7. Residência dos magistrados O magistrado titular residirá na respectiva comarca, salvo autorização do tribunal (art. 93, VII da CRFB/88).

3.7. Remoção dos magistrados

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a) O ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria do magistrado, por interesse público, fundar-se-á em decisão por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa (art. 93, VIII da CRFB/88).b) A remoção a pedido ou a permuta de magistrados de comarca de igual entrância atenderá, no que couber, ao disposto nas alíneas “a”, “b”, “c”, e “e” do inciso II do art. 93 da CRFB/88.

3.8. Publicidade dos julgamentos e decisões (art. 93, IX e X da CRFB/88)a)Todos os julgamentos serão públicos, entretanto a lei pode limitar a presença às partes e a seus advogados, ou somente a estes para preservar a intimidade.b)Todas decisões serão fundamentadas, sob pena de nulidade.c)Todas as decisões administrativas serão em sessões públicas e, se disciplinar, o “quorum” deverá ser de maioria absoluta.

3.9. Formação do órgão especial (art.93, XI da CRFB/88)

4. ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO

À luz da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, art. 92, são órgãos do Poder Judiciário:

1. O Supremo Tribunal Federal;2. O Conselho Nacional da Justiça;3. O Superior Tribunal de Justiça;4. Os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;5. Os Tribunais e Juízes do Trabalho;6. Os Tribunais e Juízes Eleitorais;7. Os Tribunais e Juízes Militares;8. Os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios

4. ORGANOGRAMA DO PODER JUDICIÁRIO (apresentado por Pedro )

STF

CNJ

ENFAM ENAMAT

CJF STJ CSJT TST TSE STM -----------------------------------------------------------------

CÓLEGIORECURSAIS TJs TJM ou TJ TRFs TRTs TREs

Juizados Juízes Juízes de Direito Juízes Juízes Juízes ConselhoEspeciais Estudais, (juiz-auditor) e Federais do e de Justiça do DF e Conselhos de Trabalho Juntas (Auditorias Territórios Justiça (Auditorias Eleitorais Militares da Militares, do DF da União) e Territórios)

Órgãos Órgãos Órgãos Órgãos Justiça federal da da da

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GARANTIAS DO JUDICIÁRIO

comum Justiça do Justiça da Justiça (art.106) trabalho eleitoral militar (art.111) (art.118) (art.122) Órgãos da Justiça estadual (art. 125)

5.1. Observações de Pedro Lenza quanto à estrutura do Poder Judiciário

a) Órgãos de convergência

“[...] pode-se afirmar que o STF e os Tribunais Superiores (STJ, TST, TSE e STM) são órgãos de convergência [...].Denomina-se órgãos de convergência ou centros de convergência visto que, segundo ensina Dinamarco, “cada uma das Justiças especializadas da União (Trabalhista, Eleitoral e Militar, acrescente-se), tem por cúpula seu próprio Tribunal Superior, que é o responsável pela última decisão nas causas de competência dessa Justiça, ressalvado o controle de constitucionalidade, que sempre cabe ao Supremo Tribunal Federal. Quanto às causas processadas na Justiça Federal ou as locais, em matéria infraconstitucional a convergência conduz ao Superior Tribunal de Justiça, que é um dos Tribunais Superiores da União embora não integre Justiça alguma; em matéria constitucional, convergem diretamente ao Supremo Tribunal Federal. Todos os Tribunais Superiores convergem ao Supremo Tribunal Federal, como órgão máximo da Justiça brasileira e responsável final pelo controle de constitucionalidade de leis, atos normativos e decisões judiciais”.

b) Órgãos de superposição

“[...] na medida em que não pertencem a qualquer Justiça, podemos classificar o STF e o STJ (Tribunais da União) não só como órgão de convergência, conforme já visto, mas, também, como órgãos de superposição. Isso porque, embora não pertençam a nenhuma Justiça, as suas decisões se sobrepõem às decisões proferidas pelos órgãos inferiores das Justiças comum e especial. As decisões do STJ se sobrepõem àquelas da Justiça Federal comum, da Estadual e daquela do Distrito Federal e Territórios, ao passo que as decisões do STF se sobrepõem do STF se sobrepõem a todas as Justiças e Tribunais”.

5. ORGANOGRAMA DAS GARANTIAS DO PODER JUDICIÁRIO (apresentado por Pedro Lenza)

AUTONOMIA ORGÂNICO-ADMINISTRATIVA (art.96)

INSTITUCIONAIS

AUTONOMIA FINANCEIRA – art. 99

VITALICIEDADEIndependência dos órgãos judiciários –

art. 96, I-III INAMOVIBILIDADFUNCIONAIS OU DE ÓRGÃOS

IRREDUTIBILIDADE DE SUBSÍDIOS

IMPARCIALIDADE DOS ÓRGÃOS JUDICIÁRIOS – art. 96, p.único, I-V

VEDAÇÕES

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4.1. Das garantias institucionais do Poder Judiciário

De acordo com Pedro Lenza, “protegem o Judiciário como um todo, como instituição. Dividem-se em: a) garantias de autonomia orgânico-administrativa e b) garantias de autonomia financeira”.

4.1.1. Garantias de autonomia orgânico-administrativa (art. 96 e incisos da CRFB/88)

A garantia de autonomia orgânico-administrativa apresenta-se como a competência para estruturação e funcionamento dos órgãos (art. 96 e incisos da CRFB/88).

De acordo com Marcelo Alexandrino,

“A autonomia administrativa confere aos tribunais do Poder Judiciário a competência para:a)eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos, com observância das normas de processo e das garantias processuais das partes, dispondo sobre a competência e o funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos;b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos juízes que lhes forem vinculados, velando pelo exercício da atividade correicional respectiva;c) prover, na forma prevista na Constituição, os cargos de juiz de carreira da respectiva jurisdição;d) propor a criação de novas varas judiciárias;e) prover, por concurso público de provas, ou de provas e títulos, os cargos necessários à administração da Justiça,. Exceto os de confiança assim definidos em lei;f) conceder licença, férias e outros afastamentos a seus membros e aos juízes e servidores que lhes forem imediatamente vinculados”.

4.1.2. Garantias de autonomia financeira (arts. 98, 99, caput, §§ 1º,2º,3°,4º,5º e 165, §9º da CRFB/88)

Segundo a Constituição de 1988, os Tribunais poderão elaborar suas propostas orçamentárias a partir dos limites estabelecidos conjuntamente com os demais Poderes na lei de diretrizes orçamentárias.

De acordo com Pedro Lenza,

“A Constituição prevê regra para o encaminhamento das propostas orçamentárias, ouvidos os outros tribunais interessados. Tal procedimento será de competência dos Presidentes do STF e dos Tribunais Superiores, com a aprovação dos respectivos tribunais, no âmbito da União, e dos Presidentes dos Tribunais de Justiça com aprovação dos respectivos tribunais, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios (art. 99, §§ 1° e 2°).

Segundo Marcelo Alexandrino,

“[...] Desse modo, o Poder Judiciário, embora não disponha de orçamento próprio, tem assegurado constitucionalmente o direito de elaborar sua proposta orçamentária, com a participação ativa na fixação dos limites de gastos da lei de diretrizes orçamentárias.Determina a Constituição que o encaminhamento da proposta, ouvidos os outros tribunais interessados, compete:a)no âmbito da União: aos Presidentes do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, com a aprovação dos respectivos tribunais;b) no âmbito dos estados e no do Distrito Federal e Territórios: aos Presidentes dos Tribunais de Justiça, com aprovação dos respectivos tribunais”.

5.2. Garantias funcionais do Judiciário (ou de órgãos)

5.2.1. Garantias de independência dos órgãos judiciários (dos membros, dos magistrados – “ex vi”, art. 96, I, II, III)

a)Vitaliciedade

Aos membros da magistratura, a Constituição garante o vitaliciado somente poderá perder o cargo por sentença judicial transitado em julgado, sendo-lhe assegurados todas as garantias processuais.

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Segundo Pedro Lenza, a regra da vitaliciedade apresenta duas exceções:

“ - Ministros do STF: na hipótese de crime de responsabilidade serão julgados pelo SF (art. 52, II);- Conselheiros do CNJ: [...] o art. 52, II, CF/88, estabelece que os membros do CNJ também serão julgados pelo SF por crime de responsabilidade”.

a.1. Aquisição da vitaliciedade, no primeiro grau de jurisdição:

Segundo a Constituição, a vitaliciedade acontece após 2 (dois) anos do efetivo exercício do cargo, desde que o magistrado supere o denominado estágio probatório.

Nas palavras de Pedro Lenza, “[...] nos 2 primeiros anos, para o juiz, que ingressou na carreira por meio de concurso de provas e títulos, ocupando o cargo de juiz substituto (art. 93, I), a perda do cargo dependerá de deliberação do tribunal a que estiver vinculado (art. 95, I).”

A Constituição assegura aos membros do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores e os advogados e membros do Ministério Público (regra do quinto constitucional , art. 94) adquirem o vitaliciedade no momento que tomam posse, ou seja, não precisam passar por estágio probatório.

a.2. Observação de Vitor Cruz

“Dica: Quando for preciso resolver uma questão que se refira a algum destes prazos: de estabilidade, quarentena, vitaliciedade.... lembre-se que a regra é tudo ser 3 anos, só que a vitaliciedade é diferente da estabilidade, aí será fácil lembrar que a vitaliciedade é após apenas de 2 anos”.

b) Inamovibilidade

b.1. Regra geral: segundo Pedro Lenza, o art. 95, II da CRFB/88 garante ao magistrado “a impossibilidade de remoção, sem consentimento, de um local para outro, de uma comarca para outra, ou mesmo sede, cargo, tribunal, câmara, grau de jurisdição.”

b.2. Exceção à regra: arts. 93, 103-B, §4º, III da CRFB/88.

c) Irredutibilidade de subsídios

Buscando garantir o livre exercício das atribuições jurisdicionais, o art. 95, III da Constituição garante a irredutibilidade de magistrado.

Sobre o assunto, o STF, segundo Pedro Lenza, “já se pronunciou no sentido de tratar-se de garantia nominal, e não real, ou seja, os magistrados não estão livres da corrosão de seus subsídios pela inflação”.

c.1. Teto do funcionalismo (arts. 37, X e XI, c/c art. 39, §4º da CRFB/88): de acordo com a Constituição, “o subsídio mensal dos membros do Judiciário, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do STF”.

Segundo Pedro Lenza,

“Buscando amenizar o impacto da Reforma, a EC n. 47/2005 (que tramitou como a “PEC Paralela da Previdência) acrescentou o §11 do art. 3f7, nos seguintes termos: ”não serão computados, para efeito dos limites remuneratórios de que trata o inciso XI do caput deste artigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei.[...]Em julgamento liminar da ADI 3.854, o STF diferenciou subsídio máximo da Magistratura estadual, correspondente a 90,25% do subsídio pago aos Ministros por isonomia à Magistratura federal (art. 93, V), corresponderá a 100% do subsídio mensal dos Ministros do STF”.

De acordo com Marcelo Alexandrino,

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“Dessa forma, os subsídios dos desembargadores dos Tribunais de Justiça têm como limite o subsídio mensal dos ministros do Supremo Tribunal Federal, sendo inconstitucional a limitação daqueles a 90,25% do subsídio mensal dos ministros do STF – ser utilizado para determinação do valor dos subsídios dos demais magistrados estaduais”.

5.2.2. Garantias de imparcialidade dos órgãos judiciários

a.1. Buscando garantir a imparcialidade do magistrado, a Constituição estabeleceu, no art. 95, as seguintes vedações:

a) exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério;b) receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo;c) dedicar-se à atividade político-partidáriad) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei (EC n.45/2004)”. e) exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração.

a.2. Observações de Marcelo Alexandrino

Sobre o exercício da advocacia,

“[...] denominada “quarentena”, tem por objetivo reforçar a independência e a imparcialidade do Poder Judiciário [...]. Perfilhando o pensamento de Alexandre de Moraes, entendemos que ‘a expressão no juízo do qual se afastou’ deve ser interpretada, em relação aos juízes de 1º grau aposentados ou exonerados, como ‘na Comarca da qual se afastou’, pois seria de absoluta inutilidade proibir-se, por exemplo, o juiz aposentado da 3ª. Vara Cível da Comarca de São Paulo de advogar somente na Vara, permitindo-lhe a advocacia em todas as outras Varas da Comarca da Capital do Estado de São Paulo”.

Sobre a possibilidade de exercer o magistério,

“Ademais, entende a Corte Maior que não há vedação a que a atividade de magistério seja desempenhada pelos juízes no horário do expediente do juízo ou tribunal ‘tendo em vista que o magistério que eventualmente lecionar pelas manhãs, ou mesmo à tarde, certamente poderá compensar as suas atividades jurisdicionais de diversas outras maneiras, sem comprometimento à prestação jurisdicional”.

Sobre a possibilidade de atuação na justiça desportiva,

“Os magistrados não podem, porém, atuar na Justiça Desportiva, haja vista que a eles só é constitucionalmente permitida a acumulação da atividade judicante com o magistério (art. 95, parágrafo único, I)”.

5.2.3. Prerrogativa de foro: “o magistrado aposentado tem direito a foro especial”?

Segundo Pedro Lenza, a questão está sendo discutida no STF nos REs 546.609 e 549.560, tendo havido pedido de vista, em 06.05.2010, quando a votação estava 2 X 2, para esperar a composição completa da Corte.

“Resta aguardar a posição final do STF (matéria pendente).Em um primeiro momento – e ainda estamos pensando sobre o assunto -, a ideia da manutenção da prerrogativa de foro parece bastante defensável, até porque, conforme visto, a vitaliciedade persiste mesmo com a aposentadoria.Porém, entendemos que essa prerrogativa só faz sentido valer em relação a crimes e atos praticados antes da aposentadoria, enquanto o magistrado ainda exercia a sua nobre função judicante. Entender a prerrogativa para os atos

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praticados após a aposentadoria não teria, em nosso entender, qualquer fundamento constitucional”.

6.ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO DOS ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO

6.1. Introdução

“De acordo com Bernardo Gonçalves, a estrutura dos órgãos do “Poder Judiciário é definida à luz da Constituição e legislação infraconstitucional. Além dos órgãos de convergência já citados (Tribunais Superiores: STF, STJ, TST, TJs, TREs e TJMs) e os juízes de 1ª instância (1º grasu de jurisdição), além dos Juizados Especiais (Federal e Estaduais) compostos por juízes de 1ª. Instância (inclusive em suas turmas recursas)”.

6.2. Observações de Marcelo Alexandrino quanto à estrutura do Poder Judiciário

a)”O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm jurisdição em todo território nacional e, assim como o Conselho Nacional de Justiça, têm sede na Capital Federal (CF, art. 92, §§ 1° e 2°)”.

b)”A Emenda Constitucional nº 45/2004 extingui os tribunais de alçada, onde existiam, determinando que seus membros passem a integrar os tribunais de justiça dos respectivos estados-membros, respeitadas a antiguidade e a classe de origem”.

c) “O Supremo Tribunal Federal é o órgão máximo do Poder Judiciário, ocupando a digna posição de especial guardião da Constituição Federal. Cabe ao Supremo Tribunal Federal realizar, originariamente e com exclusividade, o controle abstrato de leis e atos normativos em face da Constituição Federal e, também no controle difuso, em que aprecia, em último grau, as controvérsias concretas suscitadas em juízos inferiores [...].A única jurisdição exclusiva do Supremo Tribunal Federal é a abstrata, em face da Constituição Federal, em que a Corte máxima examina, em tese, a validade de leis e atos normativos em confronto com a Carta Federal [...]”. d) “O Conselho Nacional de Justiça é o órgão de controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes “que, conforme detalharemos, não dispõe de competências jurisdicionais (por esse motivo, ele não está presente no quadro de organização do Poder Judiciário, acima apresentado)”.

De acordo com STF, o CNJ é órgão de natureza exclusivamente administrativa, tendo como atribuições o controle da atividade administrativa, financeira e disciplinar da magistratura.

“[...] Órgão de natureza exclusivamente administrativa. Atribuições o controle da atividade administrativa, financeira e disciplinar da magistratura. Competência relativa apenas a órgãos e juízes situados, hierarquicamente, abaixo do Supremo Tribunal Federal. Preeminência deste, como órgão máximo do Poder Judiciário, sobre o Conselho, cujos atos e decisões estão sujeitos a seu controle jurisdicional. Inteligência dos arts. 102, caput, inc. I, letra “r”, e §4°. O Conselho Nacional de Justiça não tem nenhuma competência sobre o Supremo Tribunal Federal e seus ministros, sendo esse o órgão máximo do Poder Judiciário nacional, a que aquele está sujeito”. (Julgamento em 13.04.2005, Rel. Min. Cezar Peluzo. DJ: 17.03.2006)”.

e) “O Superior Tribunal de Justiça, o Tribunal Superior Eleitoral, o Tribunal Superior do Trabalho e o Superior Tribunal Militar são os quatro Tribunais Superiores, com sede na Capital Federal e jurisdição em todo território nacional”.

f) “O Superior Tribunal de Justiça – STJ tem por função precípua assegurar a uniformização na interpretação da legislação federal, apreciando as diferentes controvérsias acerca da aplicação do direito federal. O Superior Tribunal de Justiça não realiza controle abstrato de constitucionalidade, mas somente controle difuso, no qual aprecia as controvérsias concretas a ele submetidas originariamente (competência originária) ou em processos resultantes de recursos contra as decisões dos Tribunais de Justiça dos estados e do Distrito Federal e dos Tribunais Regionais Federais (competência recursal)”.

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g) “Os demais Tribunais Superiores integram a justiça especializada, haja vista que só atuam num dado ramo do Direito. Assim, o Tribunal Superior Eleitoral, aprecia matéria eleitoral; o Superior Tribunal Militar, os crimes militares; e o Tribunal Superior do Trabalho, matéria afeta ao direito do trabalho”.

h) “Dentre os órgãos de segundo grau, destacamos os Tribunais de Justiça dos estados-membros, que, além de realizarem o controle difuso de constitucionalidade como qualquer outro órgão do Poder Judiciário, efetivam também o controle abstrato das leis e atos normativos locais em face da Constituição estadual [...].Com efeito, todos os órgãos do Poder Judiciário, juízes e tribunais, dispõem de competência para proteger a Constituição, devendo afastar, nos casos concretos a eles submetidos, aplicação das leis que consideram inconstitucionais”.

6.3. Com exceção dos órgãos de superposição (STF e STJ), a estrutura do Poder Judiciário pode ser dividida da seguinte forma:

a)JUSTIÇA COMUM:

a.1. Justiça Federal: Tribunais Regionais Federais, Juízes Federais (arts. 106 a 110) e Juizados Especiais (art. 98, §1º da CRFB/88 c/c Lei n. 10.259/2001);

a.2. Justiça do Distrito Federal e Territórios: Tribunais e Juízes do Distrito Federal e Territórios (arts. 21, XIII) e os Juizados Especiais e a Justiça de Paz (22, XVII da CRFB/88).

a.3. Justiça Estadual comum (ordinária): juízos de primeiro grau de jurisdição, os Juizados Especiais (art. 98, I da CRFB/88 c/c a Lei 12.153/2009) e a Justiça de Paz (art. 98, II da CRFB/88).

a.3.1. A partir da Lei 12.153/2009, o sistema dos Juizados Especiais dos Estados e do Distrito Federal e Territórios ficou assim estabelecido:

1. Juizados Especiais Civis;2. Juizados Especiais Criminais;3. Juizados Especiais da Fazenda Pública.

a.3.1.1. Sobre os Juizados Especiais (civis e criminais)

Segundo Bernardo Gonçalves,

“deixou assente a atual Constituição que a União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cívis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstos em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau. Já a criação dos Juizados no âmbito federal, também foi definida constitucionalmente”.

a.3.1.2. Sobre os Juizados Especiais da Fazenda Pública

De acordo com Bernardo Gonçalves,

“os Juizados Especiais da Fazenda Pública, órgãos da justiça comum e integrante do Sistema dos Juizados Especiais, serão criados pela União, no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para conciliação, processo, julgamento e execução, nas causas de sua competência.Nos termos da referida Lei 12.153/09, é de competência dos Juizados Especiais da Fazenda Pública processar, conciliar e julgar causas civis de interesse dos Estados,do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, até o valor de 60 (sessenta) salários mínimos. Não se incluem na competência do Juizado Especial da Fazenda Pública: I – as ações de mandado de segurança, de desapropriação, de divisão e demarcação, populares, por improbidade administrativa, execuções fiscais e as demandas sobre direitos ou interesse difusos e coletivos; II – as causas sobre bens imóveis dos Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios, autarquias e fundações públicas a eles vinculadas; III –

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as causas que tenham como objeto a impugnação da pena de demissão imposta a servidores públicos civis ou sanções disciplinares a militares”.

a.3.1.3. Turmas recursais

Segundo Pedro Lenza,

“Em se tratando de Juizados Especiais, de acordo com a lei, o segundo grau de jurisdição é exercido pelas Turmas Recursais, compostas por três juízes togados, em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado (Código Recursal) (cf. arts. 41,§1º, e 82 da Lei n. 9.099/95).[...] Mais tecnicamente, poderíamos dizer que as Turmas Recursais funcionam como segunda instância recursal, podendo ser enquadradas como órgãos colegiados de primeiro grau.Assim, como não se trata de Tribunal, mas de Turma Recursal, o STJ firmou o seguinte entendimento na Súmula 203: “não cabe recurso especial contra decisão proferida por órgão de segundo grau dos juizados especiais”.Isso porque o art. 105, III, da CRFB/88 confere competência para o STJ julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única e última instância, pelos TRFs ou pelos TJs dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, não fazendo menção às causas decididas pelas Turmas de Colégio Recursal, que diferem dos TRFs e TJs”.

a.4. Organograma sobre os juizados especiais e justiça comum

I- Juizados especiais

- Providos por juízes togados, ou togados e leigos.

- Competência “Causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante procedimento oral e sumaríssimo”.

II – Justiça de Paz - Dispositivos constitucionais: art.98, II e art. 30 do ADCT.

- Remuneração: lei de iniciativa exclusiva do TJ do Estado.

- Composição: cidadãos eleitos pelo voto direto, universal e secreto, com mandato de 4 anos (art. 14, §3º, VI, “c” da CRFB/88).

- Mandato: 4 anos.

- Competência, sem atribuição jurisdicional: Celebrar casamentos, verificar o processo de habilitação e exercer atribuições conciliatórias, sem caráter jurisdicional, além de outras previstas na legislação, funcionar com o perito em processos (art. 98, II da CRFB/88).

b) JUSTIÇA ESPECIAL:

b.1. Justiça do Trabalho: composta pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) com os seus respectivos órgãos: Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs); Juízes do Trabalho - Varas do Trabalho (arts. 111 a 116 da CRFB/88).

b.2. Justiça Eleitoral: composta pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e os seus respectivos órgãos: Tribunal Regional Eleitoral (TREs); Juízes Eleitorais e Juntas Eleitorais (arts. 118 a 121 da CRFB/88).

b.3. Justiça Militar da União: composta pelo Superior Tribunal Militar (TSM) e os seus respectivos órgãos: Conselho de Justiça, Especial e Permanente, nas sedes das Auditorias Militares (arts. 122 a 124 da CRFB/88).

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b.4. Justiça Militar dos Estados, do Distrito Federal e Territórios: composta pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e os seguintes órgãos: Tribunal de Justiça (TJ); Tribunal de Justiça Militar (TJM); em primeiro grau, os juízes de direito togados (juiz-auditor) e pelos Conselhos de Justiça (art. 125, §§3º, 4º e 5º da CRFB/88).

6.3.1. Observações de Pedro Lenza a respeito da competência penal versus competência civil

a)”[...] a Justiça do Trabalho não tem qualquer competência penal (julga e concilia apenas dissídios individuais e coletivos oriundos das relações trabalhistas)”. Quanto à Justiça Federal, à Justiça Eleitoral, à Justiça Estadual e à Justiça do Distrito Federal e Territórios, têm competência penal e competência civil.

b) Após a Emenda n. 45/2004

“[...] as Justiças Militares (União, Estados e a do Distrito Federal e Territórios) só tinham competência penal, e não civil, vale dizer, julgavam apenas e tão somente os crimes militares definidos em lei.Com o novo §5º introduzido pela Reforma do Judiciário ao art. 125 da CRFB/88, a Justiça Militar Estadual (e veja somente estadual, podendo, em nosso entender, ser ampliada para a do DF e Territórios), através de seus juízes auditores togados (e não pelos Conselhos, como se verá), passou a ter competência para julgar as ações judiciais contra atos disciplinares militares, porquanto, de natureza civil, e não mais exclusivamente penal, como acontecia antes da Reforma”.

7. A REGRA DO QUINTO CONSTITUCIONAL

De acordo a Constituição, os Tribunais dos Estados e Territórios (art. 94), Tribunais do trabalho (arts. 111-A, I, 115, I) devem observar a regra do “quinto constitucional” (1/5), que corresponde a 20% lugares, com membros do Ministério Público e Advogados.

A regra do “quinto constitucional”, portanto, é aplicado à formação dos seguintes tribunais: TRF, TJ, TJDFT, TST, TRT.

É importante observar que o “quinto constitucional” para o TST e TRT é formado por membros do ministério público e advogados do “trabalho”.

Quanto ao STJ (art. 104, parágrafo único), segundo Bernardo Gonçalves, vigora a regra do terço e o procedimento para escolha está previsto no art. 94 da CR/88.

Lista sêxtupla, O tribunal recebe e forma O Poder Executivo Formada pelas a lista tríplice recebe a lista e em Representações 20 dias escolhe 1.da classe.

(6) (3) (1)

Observação: A nomeação para o TJ é feita pelo Governador no caso e no caso do TJDFT será realizada pelo Presidente da República.

7.1. Procedimento:

De acordo com Pedro Lenza,

“os órgãos de representação das classes dos advogados e Ministério Público elaboram lista sêxtupla, ou seja, indicam 6 nomes que preencham os requisitos acima citados. Recebidas as indicações, o tribunal para o qual foram indicados forma lista tríplice (escolhe 3 dos 6). Nos 20 dias subseqüentes, o Chefe do Executivo (em se tratando de Tribunal Estadual, o Governador de Estado;na hipóteses de TJ do DF e Territórios, o Presidente da República,e para a indicação ao TRF, também o Presidente da República) escolherá 1 dos 3 para nomeação”.

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Nas palavras de Marcelo Alexandrino,

“Cabe ressaltar que, segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a fim de resguardar a fiel observância do “quinto constitucional”, caso a divisão dos membros de determinado Tribunal Regional ou Tribunal de Justiça por cinco não resultar em um número inteiro, o arredondamento deverá ser sempre para cima, sob pena de inconstitucionalidade.Por exemplo: dividindo-se por cinco os cargos de um tribunal composto de 12 (doze) membros, chegaríamos ao número de 2,4 (dois vírgula quatro). Consequentemente, teríamos que arredondar as vagas destinadas aos membros do Ministério Público e advogados para 3 (três). Caso contrário, entende o STF que não se estaria respeitando o preceito constitucional, uma vez que 2 (duas) vagas, por óbvio, representam menos do que 1/5 dos assentos do Tribunal”.

7.1.1. “Na hipótese de não existirem membros do MP que preencham os requisitos constitucionais, como compor a lista sêxtupla? Seria possível compor ou complementar a lista sêxtupla com membros do Ministério Público que ainda não tenham completado 10 anos na carreira?

7.1.2. “E se a lista sêxtupla apresentada contiver nomes que não preencham os requisitos constitucionais?

8. CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO

8.1. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

a)Composição: 11 ministros

Segundo Marcelo Alexandrino, o Professor Alexandre de Moraes

“cita, ainda como importante garantia de independência do Poder Judiciário, a composição constitucional do Supremo Tribunal Federal (onze ministros), entendendo ser ilegítima qualquer tentativa do Poder Executivo ou Legislativo de alterar esse número, com a intenção de desrespeito à autonomia da própria Corte ou de suas decisões. Dessa forma, ressalta, “qualquer alteração constitucional na composição do Supremo Tribunal Federal deverá respeitar a independência do Poder Judiciário e ser feita por emenda”.

Segundo Bernardo Gonçalves,

“Temos a comentar ainda que os 11 Ministros do STF são divididos em duas Turmas (cada uma com cinco ministros), que estão no mesmo patamar de hierarquia. Além disso, o Presidente do STF (que tem mandato de 2 anos, vedada a reeleição para o período imediatamente subseqüente e não participa de nenhuma das Turmas) apenas participa da sessões plenárias”.

b) Investidura: a escolha é feita pelo Presidente da República, devendo ser ratificada pelo Senado Federal, com o quorum de maioria absoluta (realização de sabatina). Após a aprovação pelo Senado Federal, haverá a nomeação (momento em que o Ministro é vitaliciado).

c) Requisitos para ocupar o cargo de Ministro do STF: a) ser brasileiro nato (art. 12, §3º, IV) b) ter mais de 35 e menos de 65 anos de idade (art. 101); c) ser cidadão (art. 101); d) possuir notório saber jurídico e reputação ilibada (art. 101).

c.1. É necessário ser jurista para assumir o cargo de Ministro do STF?

De acordo com Pedro Lenza,

“o art. 56 da Constituição de 1891 falava somente em notável saber, sem qualificá-lo. A Constituição de 1934 (art. 74) passou a qualificar o notável saber de jurídico. Em razão da permissão da Constituição de 1891, o STF já chegou a ter Ministro que não era jurista,vale lembrar o médico Candido Barata Ribeiro, nomeado pelo Presidente Floriano

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Peixoto, nos termos de decreto 23.10.1893, em razão da vaga ocorrida com o falecimento do Barão de Sobral, tomando posse em 25.11.18953”O Senado da República, contudo, em sessão secreta de 24.09.1894, negou a aprovação do nome de Barata Ribeiro, nos termos do Parecer da Comissão de Justiça e Legislação, que considerou desatendido o requisito de “notável saber jurídico” (DCN de 27.09.1894, p. 1136). Assim, Barata Ribeiro deixa o cargo de Ministro do STF em 29.09.1894, tendo ficado por mais de 10 meses. (o Ministro que menos tempo permaneceu no STF [República], só “perdendo” para o Ministro Herculano de Freitas, que permaneceu por 3 meses e 16 dias).Portanto, atualmente e desde o parecer de João Ribeiro, de 1894, passou-se a entender que todo Ministro do STF terá de ser, necessariamente, jurista, tendo cursado a faculdade de direito”.

8.1.1. DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA (CNJ)

a)Atribuições do CNJ

b) Esquema explicativo sobre a composição do CNJ

PRESIDENTE DO STF Presidirá o CNJ

NDICAÇÃO DO STF 1 Desembargador de TJ1 Juiz estadual

INDICAÇÃO DO STJ 1 Ministro do próprio STJ: Função de Ministro-Corregedor1 Desembargador de TJ1 Juiz estadual

INDICAÇÃO DO TST 1 Ministro do próprio TST1 Juiz de TRT1 Juiz do trabalho

INDICAÇÃPO DO PGR 1 Membro do MPU1 Membro do MPE dentre os nomes indicados pelo órgão; competente de cada instituição estadual

INDICAÇÃO DO CONSELHO FEDERAL DA OAB

2 advogados

INDICAÇÃO DAS CASAS LEGISLATIVAS 1(um) cidadão, de notável saber jurídico e reputação ilibada

Observação: de acordo com o §3º, as indicações devem ser feitas no prazo legal, sob pena de ser realizada pelo STF.

Segundo Vitor Cruz,

“[...] a composição é de fácil memorização se pensarmos que cada tribunal escolherá um de seus pares + um de dois graus abaixo. Em relação ao mandato, o CNJ segue a regra constitucional que é o mandato de 2 anos admitida apenas uma única recondução”.

8.1.2. SÚMULA VINCULANTE (art. 103-A da Constituição de 1988)

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PRESSUPOSTOS PARA A EDIÇÃO

PRESSUPOSTO FORMAL:

- necessidade de 8 (oito) ministros (2/3) para a edição da súmula vinculante (ou revisão, cancelamento).

PRESSUPOSTO MATERIAL:

- Reiteradas decisões sobre a matéria objeto da Súmula, com a demonstração de que há diversas questões semelhantes sobre o tema.

- A controvérsia deve ser atual entre órgãos judiciários ou entre estes e a Administração Pública que acarrete grave insegurança jurídica.

OBJETO - Validade, a interpretação e a eficácia de normas jurídicas.

LEGITIMIDADE PARA PROPOR A EDIÇÃO (CANCELAMENTO OU REVISÃO)

- Os mesmos legitimados da ADI presentes no art. 103 da Constituição de 1988.

- Os Tribunais Superiores, os Tribunais de Justiça de Estados ou do Distrito Federal e Territórios, os Tribunais Regionais Federais, os Tribunais Regionais do Trabalho, os Tribunais Regionais Eleitorais e os Tribunais Militares e o Defensor Público-Geral da União.

EFICÁCIA

- A partir da publicação, tem eficácia imediata.

De acordo com Bernardo Gonçalves, “ por dicção legal, o STF, por decisão de 2/3 (dois terços) dos seus membros, poderá restringir os efeitos vinculantes ou decidir que só tenha eficácia a partir de outro momento, tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse público. Aqui, temo a possibilidade de modulação (manipulação) [...]”.

8.2. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, “guardião do ordenamento jurídico federal infraconstitucional”

8.2.1. Composição (compõe-se de, no mínimo, trinta e três Ministros, que serão nomeados pelo Presidente da República, dentre os brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal).

1/3 dentre juízes dos TRF’s Indicados em lista tríplice elaborada pelo próprio Tribunal.

1/3 dentre desembargadores dos TJ’s Indicados em lista tríplice elaborada pelo próprio Tribunal.

1/3 em partes iguais, dentre os advogados e membros do MPU, MPE e MPDFT, alternadamente, indicados da mesma forma que o “quinto constitucional”

Indicados pela mesma regra do “quinto constitucional”.

8.2.2. Funcionarão junto ao STJ (art. 105, parágrafo único)

a)Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (ENFAM).

b)Conselho da Justiça Federal (CJF)

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Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados

Atribuições: art. 105, parágrafo único, I, da CRFB/88

Conselho da Justiça Federal (CJF)

Atribuições: art. 105, parágrafo único, II, da CRFB/88

Observação:

Segundo Vitor Cruz,

“Perceba que o STJ possui 2 tipos de recursos: ordinário e especial. O recurso especial ocorre em uma discussão envolvendo legislação. Já o ordinário ocorre em causas em que o funcionamento não é a discussão normativa”.

8.3. DOS TRIBUNAIS REGIONAIS E FEDERAIS E DOS JUÍZES FEDERAIS

8.3.1. ÓRGAÕS DA JUSTIÇA FEDERAL

a)Tribunais Regionais Federais.

b) Juízes Federais.

8.3.1.1.TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL

a)Organização e composição:

Composição: - No mínimo, sete (7) ministros.

Forma de recrutamento: - Quando possível, na respectiva região.

Regras para o preenchimento do cargo:- Aplicação do “quinto constitucional”: 1/5 dentre advogados com mais de 10 anos de efetiva atividade profissional 1/5 de membros do Ministério Público com mais de 10 anos de carreira.

- Os demais membros, mediante promoção de juízes federais com mais de cinco anos de exercício, por antiguidade e merecimento, alternadamente.

Idade: - Brasileiro com mais de 30 (trinta) e menos de sessenta e cinco (65) anos.

Nomeação: - Presidente da República.

Competência: - Art. 108, da CRFB/88.

8.3.1.2. JUÍZES FEDERAIS

a)Competência (art. 109, da CRFB/88)

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a.1. Aplicação do art. 109, I.

Competência do Juiz Federal

APLICAÇÃO DA REGRA GERAL EXCEÇÃO À REGRA GERAL

- Causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes.

- Exceto as causas de falência, de acidentes de trabalho, sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho.

a.2. Aplicação do art. 109, V-A.

Grave violação de direitos humanos

Assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos

Incidente de deslocamento de competência para a justiça federal

Competência para suscitar o IDC: Procurador Geral da República

Fase para a solicitação do IDC para a justiça federal: qualquer fase do inquérito ou processo

Órgão competente para julgar o IDC: STJ

a.3. Aplicação do art. 109, §§ 1º, 2º.

a.5. Seções judiciárias (art. 110 da CRFB/88)

8.4. DOS TRIBUNAIS E JUÍZES DO TRABALHO

8.4.1. Órgãos da Justiça do Trabalho

a)Tribunal Superior do Trabalho (TST)b)Tribunais Regionais do Trabalho (TRT)c)Juízes do Trabalho (antes da Emenda n. 45/99, havia a previsão de “Juntas de Conciliação e Julgamento)

8.4.2. TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO (TST)

Composição: - 27 (vinte) ministros.

Regras para o preenchimento do cargo:

- Aplicação do “quinto constitucional” (art. 94): 1/5 dentre advogados com mais de 10 anos de efetiva atividade profissional 1/5 de membros do Ministério Público do Trabalho com mais de 10 anos de carreira.

- Os demais membros, mediante promoção dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, indicados pelo próprio Tribunal

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Superior.

Idade: - Brasileiro com mais de 35 (trinta e cinco) e menos de sessenta e cinco (65) anos.

Nomeação: - Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal.

Competência: - Art. 111-A, §1º da CRFB/88. Lei disporá sobre a competência do TST.

8.4.2.1. Funcionarão junto ao TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO

Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistradosdo Trabalho(ENAMAT)

Atribuições: art. 111-A, §2º, I, da CRFB/88

Conselho Superior da Justiça do Trabalho(CSJT)

Atribuições: art. 111-A, §2º, II, da CRFB/88

8.4.3. TRIBUNAIS REGIONAIS DO TRABALHO (TRT)

Composição: - No mínimo, sete (7) ministros.

Forma de recrutamento: - Quando possível, na respectiva região.

Regras para o preenchimento do cargo:- Aplicação do “quinto constitucional”: 1/5 dentre advogados com mais de 10 anos de efetiva atividade profissional 1/5 de membros do Ministério Público com mais de 10 anos de carreira.

- Os demais membros, mediante promoção de juízes do trabalho por antiguidade e merecimento, alternadamente.

Idade: - Brasileiro com mais de 35 (trinta e cinco) e menos de sessenta e cinco (65) anos.

Nomeação: - Presidente da República.

Competência: - Art. 114, da CRFB/88.

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8.4.4. VARAS DO TRABALHO

Criação:

Segundo o art. 112, lei disporá sobre a criação das varas da Justiça do Trabalho.

Observação: de acordo com o art. 116, nas Varas do Trabalho, a jurisdição será exercida por um juiz singular.

Comarcas não abrangidas pela jurisdição da Justiça do Trabalho:

De acordo com o art. 112, a lei poderá atribuir aos juízes de direito, com recurso para o respectivo Tribunal Regional do Trabalho.

Prerrogativas da Justiça do Trabalho:Segundo o disposto no art. 113, lei disporá sobre a constituição, investidura, jurisdição, competência, garantias e condições de exercício dos órgãos da Justiça do Trabalho.

Competência da Justiça do Trabalho: Aplicação do art. 114 da CRFB/88.

8.5. DOS TRIBUNAIS E JUÍZES ELEITORAIS

8.5.1. Órgãos da Justiça Eleitoral

a) Tribunal Superior Eleitoral.b) Tribunais Regionais Eleitorais.c) Juízes Eleitorais.d) Juntas Eleitorais

8.5.2. TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL

Composição: - No mínimo, sete (7) ministros.

Regras para o preenchimento do cargo por eleição, por voto secreto:

- Três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal (destes, o TSE elegerá 1 (um) para presidente e outro para vice-presidente (art. 119, parágrafo único).

- Dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça (destes, o TSE elegerá 1 (um) para o cargo de Corregedor Eleitoral (art. 119, parágrafo único).

Regras para o preenchimento do cargo por nomeação do Presidente da República:

- Dois juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal.

Competência: - Lei complementar disporá sobre a organização e competência dos tribunais, dos juízes de direito e das juntas eleitorais (art. 121 da CRF/88).

8.5.3. TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL

Composição: - 7 (sete) juízes.

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Regras para o preenchimento do cargo por eleição, por voto secreto (art. 120, §1º, I e II):

- Dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça (destes, o TER elegerá 1 (um) presidente e outro para vice-presidente (art. 120, §2º).

- Dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça.

Regras para o preenchimento do cargo por nomeação do Tribunal Regional Federal (art. 120, II da CRFB/88):

- 1 (um) juiz do Tribunal Regional Federal com sede na Capital do Estado ou no Distrito Federal, ou, não havendo, de juiz federal.

Regras para o preenchimento do cargo por nomeação do Presidente da República:

-2 (dois) juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça.

Competência: - Lei complementar disporá sobre a organização e competência dos tribunais, dos juízes de direito e das juntas eleitorais (art. 121 da CRF/88).

8.5.4. JUÍZES ELEITORAIS (art. 120, §2º da CRFB/88)

De acordo com o art. 120, §2º da CRFB/88, “os juízes de direito, salvo motivo justificado, servirão por dois anos, no mínimo, e nunca mais de dois biênios consecutivo, sendo os substitutos escolhidos na mesma ocasião e pelo mesmo processo, em número igual para cada categoria”.

Regra constitucional tanto ao TRE quanto TSE.

__________________________________________________________________________________

2 anos – mínimo 4 anos – máximo para permanecer de forma consecutiva

8.6. DOS TRIBUNAIS E JUÍZES MILITARES

8.6.1. Órgãos da Justiça Militar

a)O Superior Tribunal Militar.

b) Os Tribunais e Juízes Militares instituídos por lei

8.6.2. SUPERIOR TRIBUNAL MILITAR

Composição: - 15 (quinze ministros).

Regras para o preenchimento do cargo por nomeação da República, depois de aprovada a indicação pelo Senado Federal:

- Três (3) dentre oficiais-generais da Marinha, quatro dentre oficiais-generais do Exército, três oficiais-generais da Aeronáutica, todos da ativa e do posto mais elevado da carreira.

- Cinco (5) civis, dentre brasileiros maiores de trinta e

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cinco anos, sendo:a) três dentre advogados de notório saber jurídico e conduta ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional;b) dois, por escolha paritária, dentre juízes auditores e membros do Ministério Público da Justiça Militar.

Competência:

- A Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei.

- Lei complementar disporá sobre a organização e competência da Justiça Militar (art. 124, parágrafo único.

8.7. DOS TRIBUNAIS E JUÍZES DOS ESTADOS

Competência e organização:

- Os Estados organizarão sua Justiça, obedecendo os princípios estabelecidos na Constituição de 1988 (art. 125, caput).

- A competência será definida pela Constituição do Estado, sendo a lei de organização judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça (art. 125, §2º).

Controle de constitucionalidade, in abstrato- De acordo com a Constituição de 1988, aos Estados cabe a instituição de representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a um único órgão (art. 125, §2º).

Funcionamento do Tribunal de Justiça

- De acordo com a Constituição de 1988, o TJ poderá funcionar de forma descentralizada, constituinte Câmaras regionais, com intuito de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo (art. 121, §6º)

Observação: Essa regra constitucional encontra-se presente para os TRF e TRT, no intuito de assegurar o acesso à justiça.

- De acordo com a Constituição de 1988, o Tribunal de Justiça instalará a justiça itinerante, coma realização de audiências e demais funções da atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários (art. 121, §7º).

Observação: Essa regra constitucional encontra-se presente para os TRF e TRT, no intuito de assegurar o acesso à justiça.

Varas especializadas para questões agrárias- Segundo a Constituição de 1988, o Tribunal de Justiça poderá propor a criação de varas especializadas, com competência exclusiva para questões agrárias (art. 126)

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8.7.1. JUSTIÇA MILITAR ESTADUAL

Criação: - De acordo com a Constituição, a lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça (art. 125, §3º).

Organização: - Segundo a Constituição, a Justiça Militar estadual será constituída:

a)em primeiro grau, pelos juízes de direito, e pelos Conselhos de Justiça Militar;

b) em segundo grau, pelo próprio Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo militar seja superior a vinte mil integrantes.

Competência:

- De acordo com o art.125, §4º: “Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvadas a competência do júri quanto a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças”.

9. PRECATÓRIOS JUDICIAIS

9.1.Regime dos precatórios (art. 100 da CRFB/88)

De acordo com Marcelo Alexandrino,

“O regime de precatórios estabelece um cronograma para o pagamento dos débitos das Fazendas Públicas decorrentes de sentenças judiciais, cronograma esse que pode, em síntese, ser assim entendido:conforme transitam em julgado ações judiciais reconhecedoras de débitos da Fazenda Pública, são expedidos precatórios, que são apresentados á Fazenda Pública, em ordem cronológica, para pagamento; anualmente, a Fazenda Pública tem a obrigação de fazer constar da sua lei orçamentária verba necessária ao pagamento de seus débitos, consignados nos precatórios judiciais apresentados até 1º de julho, que deverão ser quitados até 31 de dezembro do ano seguinte”.

9.2. Exceção ao regime de precatórios

9.2.1. Pequeno valor (art. 100, §3º da CRFB/88).

9.2.1.1. Competência para estipular as obrigações de pequeno valor (ADCT, art. 97, §12 e art. 100, §4° da CRFB/88).

9.2.1.1.1. Posição de Marcelo Alexandrino,

“Entendemos que os entes da Federação têm liberdade para definir, em suas leis próprias, o valor de seus débitos de pequeno valor em patamar inferior a esses fixados pelo §12 do art. 97 do ADCT. Entretanto, repita-se, essa autonomia do ente federativo deverá respeitar o limite mínimo estabelecido pelo art. 100, §4º, da Constituição Federal, qual seja, o valor do maior benefício do regime geral da previdência social - RGPS”.

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9.3. Ordem de pagamento

9.3.1. De acordo com o art. 100, §5º, a Fazenda Pública obedecerá a três “filas” de precatórios na seguinte ordem (segundo Marcelo Alexandrino):

a)primeiro, os débitos de natureza alimentícia cujos titulares tenham sessenta anos de idade ou mais na data de expedição do precatório, ou sejam portadores de doença grave, até o valor equivalente ao triplo do fixado em lei “obrigação de pequeno valor”, admitido o fracionamento para essa finalidade;b)segundo, os demais débitos de natureza alimentícia;

c)por último, os débitos de natureza não alimentícia”.

9.4. Atualização monetária de juros (art. 100, §12 da CRFB/88)

Segundo Marcelo Alexandrino, o pagamento de débitos advindos de sentenças judiciárias transitada em julgado, previstos em precatórios judiciais até 1º de julho, deve obedecer às seguintes regras:

“a) se o pagamento for efetuado pela Fazenda Pública dentro do prazo constitucional, isto é, até o final do exercício seguinte, o crédito será realizado monetariamente, pelo índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança, e não haverá incidência de juros;b) se houver atraso no pagamento, isto é, se o pagamento for efetuado em data posterior ao final do exercício seguinte, além da atualização monetária pelo índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança, o crédito será acrescido de juros simples no mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de poupança, ficando excluída a incidência de quaisquer outros juros compensatórios”.

9.5. Sequestro de valor

Segundo o art. 100, §6º da CRFB/88, as dotações orçamentárias e os créditos abertos serão consignados diretamente ao Poder Judiciário. Segundo Marcelo Alexandrino,

“[...] cabendo ao Presidente do Tribunal que proferir a decisão exeqüenda determinar o pagamento integral e autorizar, a requerimento do credor e exclusivamente para os casos de preterimento de seu direito de precedência ou de não alocação orçamentária do valor necessário à satisfação do seu débito, o seqüestro da quantia respectiva (art. 100, §6º da CRFB/88).

9.6. Decretação de intervenção (arts. 34, VI, e 36, II da CRFB/88)

9.6.1. Posição do Supremo Tribunal Federal

De acordo com Marcelo Alexandrino,

“[...] a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento de que a desobediência a pagamento de precatório que autoriza a intervenção é somente a dolosa, intencional, sem justificativa razoável. Por outras palavras, em razão das inúmeras prestações sociais que a Constituição impõe aos diversos entes federados, muitos deles, sobretudo os estados-membros, enfrentam efetiva falta de recursos para atender a todas elas, honrar seus outros compromissos financeiros (folha de pagamento de pessoal, gastos com previdência de seus servidores inativos, investimentos em infraestrutura etc) e, ainda, efetuar o pagamento das dívidas judiciais constantes de precatórios [...]”.

9.6.2. Crime de responsabilidade do Presidente do Tribunal (art. 100, §7° da CRFB/88)

9.5. Vedação ao fracionamento (art. 100, §5º da CRFB/88)

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9.5.1. Exemplo apresentado por Marcelo Alexandrino

“Imagine-se, por exemplo, que a lei de determinado ente federado estabeleça em R$ 10.000.00 as dívidas de “pequeno valor”, para efeito de pagamento direto, previsto no §3º do art. 100. O que a regra do §8º proíbe é que, por exemplo, uma pessoa obtivesse sentença transitada em julgado reconhecendo contra esse ente federado um crédito de R$ 24.000.00, e execução desse valor fosse fracionada, de forma que R$ 10.000.00 fossem pagos diferentemente, e se expedisse um precatório com o valor restante de R$ 14.000.00”.

9.5.2. Exceção à regra (art. 100, §2º da CRFB/88).

9.6. Compensação de créditos (art. 100, §9º da CRFB/88)

9.6.1. Exemplo apresentado por Marcelo Alexandrino

“Em face dessa determinação constitucional, temos que, por exemplo, se reconhecido em sentença judicial transitada em julgado crédito em favor de João no valor de R$ 100.000.00 em face da União, e João for devedor dessa Fazenda Pública federal (débitos de impostos federais, por exemplo) no valor de R$ 70.000.00, será obrigatória a efetivação da compensação de créditos, ou seja, dos R$ 100.000.00 deverá ser abatido o valor de R$ 70.000.00, expedindo-se o precatório no valor de 30.000.00.”

9.7. Uso e cessão de valor consignado em precatório

9.7.1. Compra de imóveis (art. 100, §11 da CRFB/88)

7.2. Cessão total ou parcial (art. 100, §§ 13 e 14 da CRFB/88)

9.8. Regras transitórias e matérias legadas ao legislador ordinário (art. 100, §15, §16 da CRFB/88 e art. 97 do ADCT)

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA:

1.LENZA, Pedro. Direito Constitucional esquematizado. 15. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2011.2. FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 3 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011.3. CRUZ, Vitor. Constituição federal anotada para concursos. 2 ed. – Rio de Janeiro: Ed. Ferreira, 2010.4.MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2010.5. NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2010.6. PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional descomplicado. 6ª. Ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO,7. SILVA E NETO, Manoel Jorge. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009.8. SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional positivo. São Paulo: Malheiros, 2009.9. VARGAS, Denise. Manual de Direito Constitucional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.

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DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL IDOCENTE: Msc. ELIANE COSTA DOS SANTOSSEMESTRES: 3° SEMESTREINSTITUIÇÃO DE ENSINO: ESTÁCIO/FIB

MINISTÉRIO PÚBLICO

1.Noções gerais

As funções essenciais à justiça estão elencadas entre os arts. 127 a 135. São elas:

a) Ministério Público.b) Advocaciac) Advocacia Públicad) Defensoria Pública

2. Ministério Público

2.1. Noções

De acordo com Bernardo Gonçalves,

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“Existem inúmeras divergências sobre a origem do Ministério Público. A doutrina cita o antigo Egito ou mesmo Esparta [...]. E, para outros, com os quais coadunamos, aquilo que concebemos hodiernamente como Ministério Público ‘é filho da democracia clássica e do Estado de Direito advindos da Revolução Francesa de 1789’, sendo, portanto, produto do final do século XVII e início do século XIX com a nova ordem jurídica instalada com a ruptura com o poder absoluto e o surgimento da limitação constitucional do poder”.

2.2. O Ministério Público à luz de nossas Constituições

a)Constituição de 1824: não havia referência ao Ministério Público.

b) Constituição de 1891: apenas havia referência ao Procurador-Geral da República, que seria nomeado pelo Presidente da República, dentre os membros do Supremo Tribunal Federal (art. 58,§2º).

c) Constituição de 1934: instituiu o Ministério Público, enquanto instituição, enquanto “Órgão de Cooperação nas Atividades Governamentais”.

d)Constituição de 1937: a instituição do Ministério Público sofre restrições, na medida em que a Constituição apenas se refere ao PGR, sendo de livre nomeação e demissão do Presidente da República, devendo recair a escolha em pessoa que reunisse os requisitos exigidos para Ministro do Supremo Tribunal Federal. E, “no título referente ao Poder Judiciário, temos a explicitação da participação do Ministério Público (conjuntamente com os advogados) nos Tribunais Superiores (quinto constitucional).

e)Constituição de 1946: há previsão quanto à independência do Ministério Público (arts. 125 ao 128).

f)Constituição de 1967: “recolocou o Ministério Público dentro do Poder Judiciário”.

g)Constituição de 1969: tratou o Ministério Público no capítulo referente ao poder executivo.

g)Constituição de 1988: o Ministério Público se apresenta como instituição autônoma e independente dos demais Poderes e está inserido no capítulo referente às funções essências á justiça.

3. Princípios institucionais (art. 127. §1º, da CRFB /88)

3.1. Unidade

De acordo com Denise Vargas,

“pode-se dizer que todos os membros do Ministério Público integram um único órgão e estão submetidos a uma única chefia. Esse princípio deve ser interpretado cum grano salis, eis que o Ministério Público é órgão existente na União, sob a chefia do Procurador-Geral da República, e, nos Estados, sob a chefia do Procurador-Geral de Justiça”.

3.2. Indivisibilidade

Segundo Denise Vargas,

Os membros representam a instituição. Logo, eles podem substituir-se, nas hipóteses elencadas em lei. Assim, exemplificativamente, ofertada a denúncia

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por um membro do Ministério Público, as alegações finais podem ser ofertadas por outro que lhe substitua, legalmente”.

3.3. Independência funcional

De acordo com Denise Vargas,

“O Ministério Público é um órgão independente. Logo, os seus membros, pelo princípio em foco, em sua atividade funcional, estão adstritos apenas à Constituição, às leis e à sua consciência jurídica.Enquanto a independência se dirige à atuação do membro do Ministério Público individualmente considerado, a autonomia se presta a impedir que a instituição seja alvo de intromissão indevida pelos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário”.

3.4. Princípio do promotor natural

De acordo com Marcelo Alexandrino,

“O princípio do promotor natural impõe que o critério para a designação de um membro do Ministério Público para atuar em uma determinada causa seja abstrato e predeterminado, que seja baseado em regras objetivas e gerais, aplicáveis a todos os que se encontrem nas situações nelas descritas, não podendo a chefia do Ministério Público realizar designações arbitrárias, decididas caso a caso, tampouco determinar a substituição de um promotor por outro, fora das hipóteses expressamente prevista em lei”.

4.Estrutura do Ministério Público

4.1.Ministério Público da União, compreende:

a) o Ministério Público Federal (MPF);b) o Ministério Público do Trabalho (MPT);c) o Ministério Público Militar (MPM);d) o Ministério Público do Distrito Federal e Território (MPDFT): art. 21, XIII da CRFB/88.

4.2. Ministério Público dos Estados.

5.Ingresso na carreira

Segundo Marcelo Alexandrino,

“O Conselho Nacional do Ministério Pùblico regulamentou o conceito de ‘atividade jurídica’, determinando que se considera atividade jurídica aquela desempenhada exclusivamente após a conclusão do grau de bacharel em direito, e exercida por ocupante de cargo, emprego ou função, inclusive de magistério superior, nos quais prepondere a interpretação e aplicação de normas jurídicas”.

6. Das garantias

6.1. Garantias institucionais

a)Autonomia funcional

Nas palavras de Denise Vargas,

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“A autonomia funcional significa que a instituição não se encontra subordinada a nenhum outro órgão, poder ou autoridade pública. Logo, o Ministério Público é livre para exercer as suas funções sem sofrer ingerências de quaisquer outros órgãos do Estado”.

b) Autonomia administrativa

Segundo Denise Vargas,

“A autonomia administrativa se refere à capacidade de organização de seus serviços, mediante o provimento de cargos integrantes da instituição e atos de gestão dos serviços e servidores, bem como pela legitimidade para o exercício de iniciativa quanto ao projeto de lei que visa à criação e extinção de cargos, serviços auxiliares, planos de carreira e política remuneratória”.

c) Autonomia financeira

Nas palavras de Denise Vargas,

“A autonomia financeira constitui-se pela possibilidade atribuída à instituição para elaborar suas propostas orçamentárias, dentro dos limites definidos na lei de diretrizes orçamentárias, bem como administrar esses recursos que lhes forem destinados, conforme se infere da leitura do art. 128, §§3º, e 4º, da CF”.

6.2. Garantias dos membros

a)Vitaliciedade (art. 128. §5º, I, a, da CRFB/88)

De acordo com Denise Vargas,

“Os membros do Ministério Público ingressam na carreira mediante concurso de provas e títulos, exigindo-se do candidato três anos de atividade jurídica. Durante dois anos, ele será submetido a estágio probatório, após o qual se tornará vitalício, isto é, só perderá o cargo mediante decisão judicial transitada em julgado”.

b)Inamovibilidade (art. 128, 5º, I, b, da CRFB/88)

Segundo Denise Vargas,

“Os membros do Ministério Público não podem ser removidos ou promovidos ex oficio, pois lhes é atribuída a garantia da inomovibilidade, salvo por motivo de interesse público, mediante decisão do órgão colegiado competente do Ministério Público, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, assegurada a ampla defesa”.

c)Irredutibilidade de subsídios (art. 39, §4°, art. 128, §5º, I, c, da CRFB/88)

7. Vedações (art. 128, §5º, II, da CRFB/88)

7.1. Vedações quanto à atividade

a)Exercer a advocacia, inclusive nos três anos seguintes à aposentadoria ou afastamento, perante os juízes ou Tribunais nos quais oficiava.

Segundo Denise Vargas,

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“Com o advento da Constituição de 1988, a advocacia ficou proibida para todos os membros do Ministério Público, ressalvada a hipótese contida no art. 29. §3° do ADCT, que assim dispõe: ‘poderá optar pelo regime anterior, no que respeita às garantias e vantagens, o membro do Ministério Público admitido antes da promulgação da Constituição, observando-se, quanto às vedações, a situação jurídica na data desta.Com essa regra de transição, os membros do Ministério Público da União que integravam a carreira na data da promulgação da Constituição e estivessem inscritos nos quadros da OAB podem advogar”.

b) Participar de sociedade comercial, na forma da lei.c) Exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer função pública, salvo uma de magistério.d) Exercer atividade político-partidária (alteração da EC 45/2004)

Na redação original, a Constituição de 1988, em seu art. 128, §5º, II, e, previa a vedação para o exercício de atividade político-partidária, salvo exceções previstas em lei.

Nas palavras de Denise Vargas,

“A Lei Complementar 75/93, regulamentando esse dispositivo constitucional estatui, em seu art. 237, V, que é vedado ao membro do Ministério Público ‘exercer atividade político-partidária, ressalvada a filiação e o direito de afastar-se para exercer cargo eletivo ou a ele concorrer”.

Na redação decorrente da EC 45/2004 há a proibição do exercício da atividade político-partidária, que segundo Denise Vargas,

“Questão interessante por conta da referida emenda se trata dos mandatos daqueles membros do Ministério Público que já ocupavam cargo eletivo anteriormente à vigência da emenda. A justiça eleitoral tem interpretado que aqueles membros do Ministério Público que antes da vigência da EC 45/2004 se encontravam em exercício de mandato eleitoral podem exercer a atividade político-partidária. Esse foi o posicionamento do TSE [...]”.

7.2. Vedações financeiras

a)Receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorário, percentagens ou custas processuais.b) Receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoais físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei.

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA:

1.BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros, 2005.2.LENZA, Pedro. Direito Constitucional esquematizado. 15. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2011.3. FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 3 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011.4..MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2010.5. NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2010.6. PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional descomplicado. 6ª. Ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO.7. PINHO, Rodrigo César Rebello. Da organização do Estado, dos Poderes, e histórico das Constituições. 11 ed. São Paulo: Saraiva, 2011. – (Coleção sinopses jurídicas; v. 18).8. SILVA E NETO, Manoel Jorge. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009.9. SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional positivo. São Paulo: Malheiros, 2009.10. VARGAS, Denise. Manual de Direito Constitucional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.

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