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2017 Nathalia Masson Antonio Carlos Freitas Jr. | Rafael Bertramello Direito CONSTITUCIONAL 5 a edição r e v i s t a e a t u a l i z a d a PRÁTICA OAB para aprovação na 2ª fase

Direito CONSTITUCIONAL PRÁTICA 2ª fase OAB · 1.2. PEÇAS PRÁTICAS ... Ação Civil Pública 1 ... 74 DIREITO CONSTITUCIONAL (2ª Fase OAB) • Nathalia Masson MANDADO DE SEGURANÇA

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2017

Nathalia MassonAntonio Carlos Freitas Jr. | Rafael Bertramello

Direito CONSTITUCIONAL

5aediçãorevista e atualiza

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2ª fase

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1RAIO-X DA OAB 2ª FASE

CONSTITUCIONAL

1.1. BREVE INTRODUÇÃO

No intuito de ofertar ao leitor um amplo e sólido conhecimento do perfil da Fundação Getulio Vargas enquanto organizadora do Exame da OAB, elaboramos este didático Raio-X do certame, no qual uma análise criteriosa e cuidadosa dos últimos vinte Exames é realizada.

Apresentaremos nos itens seguintes, por meio de tabelas, gráficos e textos conclusivos, os temas já cobrados e identificaremos aqueles de maior incidência nos exames pretéritos.

De posse desta útil ferramenta para seus estudos, o leitor garantirá uma pre-paração mais focada e realizará treinos direcionados e certeiros que permitirão sua aprovação no Exame de Ordem.

1.2. PEÇAS PRÁTICAS

Nos vinte Exames unificados realizados pela FGV (2010.2 ao XXI), foram cobrados doze diferentes tipos de peças, sendo que em três ocasiões (Exames V, IX e XVII) a banca examinadora aceitou como gabarito do caso prático-profissional duas peças distintas – em razão de problemas redacionais e estruturais do caso narrado, que impediram que uma única peça profissional solucionasse a questão. Ademais disso, tivemos uma reaplicação de prova ocorrida no XX Exame exclu-sivamente para o Município de Porto Velho/RO em razão de problemas meteo-rológicos e de infraestrutura.

O quadro posto a seguir permitirá uma visualização precisa acerca das peças já cobradas e a incidência de cada uma:

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18 DIREITO CONSTITUCIONAL (2ª Fase OAB) • Nathalia Masson

Mandado de Segurança 5

Ação Direta de Inconstitucionalidade 4

Recurso Extraordinário 3

Ação Popular 2

Petição Inicial 2

Recurso Ordinário Constitucional 2

Ação Civil Pública 1

Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão 1

Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 1

Habeas Data 1

Parecer 1

Recurso de Apelação 1

O gráfico a seguir ilustra com exatidão a proporção da distribuição de peças já cobradas pela FGV nos exames anteriores:

Confira a distribuição das peças no decorrer dos Exames Unificados:

Exame Peça

2010.2 Mandado de Segurança

2010.3 Habeas Data

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Cap. 1 • RAIO-X DA OAB 2ª FASE CONSTITUCIONAL 19

Exame Peça

IV Recurso Ordinário Constitucional

V Ação Ordinária/Mandado de Segurança

VI Ação Popular

VII Ação Direta de Inconstitucionalidade

VIII Recurso Extraordinário

IX Ação Ordinária/Mandado de Segurança

X Recurso Extraordinário

XI Recurso de Apelação

XII Recurso Extraordinário

XIII Ação Direta de Inconstitucionalidade

XIV Recurso Ordinário Constitucional

XV Mandado de Segurança

XVI Ação Direta de Inconstitucionalidade

XVII Ação Direta de Inconstitucionalidade/Parecer

XVIII Ação Popular

XIX Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão

XX Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental

XX (Re) Mandado de Segurança

XXI Ação Civil Pública

Ainda para uma análise sobre a incidência das peças cobradas pela FGV, podemos dividir as peças em três categorias: (i) ações do controle concentrado abstrato de constitucionalidade; (ii) recursos; e (iii) petições iniciais. A primeira categoria foi cobrada em seis oportunidades. A segunda categoria foi cobrada em oito oportunidades. E a terceira categoria (que engloba tanto as petições iniciais de ações de procedimento comum como os remédios constitucionais) foi cobrada em nove oportunidades. Tal distribuição mostra uma certa proporcionalidade da FGV, conforme o gráfico a seguir ilustra (a peça ‘Parecer’ se situa à parte das categorias e sua cobrança decorreu mais de um erro de elaboração do enunciado do que da vontade do Examinador. Veja o tema nº 9, no capítulo 24).

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20 DIREITO CONSTITUCIONAL (2ª Fase OAB) • Nathalia Masson

Importante esclarecer, no que diz respeito às petições iniciais, que cinco tiveram por objeto a tutela de direitos individuais. Já as outras três tiverem por objeto a tutela de direitos coletivos em sentido amplo.

Agora que o leitor já identificou quais são as peças mais comuns no nosso exame (ADI, MS e RE), as devidas proporções e, por exclusão, as peças que nun-ca foram cobradas, outro interessante quesito que merece atenção refere-se aos fundamentos jurídicos utilizados nas peças. Veja a tabela estruturada a seguir:

Fundamentação Incidência

Princípio da legalidade 9

Repartição de competências 7

Princípio da proporcionalidade 6

Princípio da moralidade 3

Direito à educação 2

Direito à informação 2

Direito à saúde 2

Direito de petição 2

Iniciativa Privativa do Chefe do Poder Executivo 2

Princípio da impessoalidade 2

Princípio da isonomia 2

Princípio da publicidade 2

Princípio da separação de poderes 2

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6MANDADO DE

SEGURANÇA COLETIVO

6.1. CABIMENTO E LEGITIMIDADE ATIVA

Sem perder de vista as considerações tecidas no item precedente sobre o mandado de segurança individual, há de se ressaltar as características específicas do mandado de segurança coletivo. A conceituação do mandado de segurança coletivo, a rigor, é a mesma do mandado de segurança individual. Também se apresenta como uma ação constitucional de natureza civil e de procedimento especial, que visa tutelar direito líquido e certo.

As restrições ao mandado de segurança individual também se aplicam ao mandado de segurança coletivo.

No mandado de segurança coletivo, entretanto, o foco será a coletividade e a proteção de seus direitos (coletivos em sentido estrito e individuais homogêneos), não o sujeito considerado em sua individualidade. A grande diferença entre o mandado de segurança na modalidade individual e na modalidade coletiva reside, pois, em seu objeto e na legitimação ativa.

O mandado de segurança coletivo não se destina à tutela de direitos de um indivíduo em particular, devendo ser utilizado apenas para a tutela de direitos coletivos em sentido amplo.

A Lei nº 12.016/09 deixou assente, de maneira expressa, quais os direitos pro-tegidos pelo mandado de segurança coletivo. De acordo com o art. 21, parágrafo único, são os coletivos em sentido estrito, isto é, os transindividuais, de natureza indivisível, de que seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica, e os individuais homogêneos, sendo estes os decorrentes de origem comum e da atividade ou situação específica da totalidade ou de parte dos associados ou membros do impetrante.

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72 DIREITO CONSTITUCIONAL (2ª Fase OAB) • Nathalia Masson

Esse instrumento jurídico tem fortalecido as organizações classistas, eis que o instrumento permite a defesa de direitos dos membros ou associados, como entidades de classe, facilitando-lhes o acesso à justiça e evitado o número de demandas idênticas.

Na dicção do art. 5º, LXX da Constituição Federal o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:

a) partido político com representação no Congresso Nacional;b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constitu-

ída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados.

Consequência prática

Note-se que a legitimação é extraordinária, atuando os legitimados em nome próprio, mas em defesa de direitos coletivos de terceiros.

Para ter representação no Congresso Nacional, o partido necessita de pelo menos um único Deputado Federal ou um Senador da Re-pública, não havendo a exigência de membros do Poder Legislativo nas duas Casas para se consolidar a legitimidade.

Os partidos políticos podem utilizar o mandado de segurança coletivo para proteção de quaisquer direitos coletivos da sociedade. O remédio nessa categoria não se restringe, portanto, a atuar na defesa exclusiva de seus membros ou asso-ciados.

Seguindo a jurisprudência do STF, não é necessária a autorização expressa dos membros da entidade para a impetração do mandado de segurança coletivo.

As organizações sindicais, entidades de classe e associações devem demonstrar pertinência temática entre os direitos coletivos que pretendem defender em juízo e os seus objetivos sociais.

Apenas as associações devem demonstrar, cumulativamente, constituição legal e funcionamento há pelo menos um ano, exigência que não se faz aos partidos políticos, sindicatos e entidades de classe.

A legitimidade passiva do mandado de segurança coletivo, bem como a competência, é a mesma do mandado de segurança individual.

6.2. PROCEDIMENTO E DECISÃO

A concessão de medida liminar no mandado de segurança coletivo somente será possível após a audiência do representante judicial da pessoa jurídica de di-reito público, que deverá se manifestar no prazo de setenta e duas horas (art. 22, § 2º, da Lei n° 12.016/09).

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Cap. 6 • MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO 73

Os efeitos da decisão em mandado de segurança coletivo abrangem todos os associados, independentemente se o ingresso na associação tenha ocorrido antes ou após a impetração. A decisão proferida em mandado de segurança coletivo faz coisa julgada limitadamente aos membros do grupo ou categoria substituídos pelo impetrante (art. 22, caput da Lei n° 12.016/09).

A doutrina costuma apontar que a concessão do writ acarreta coisa julgada material em benefício dos que se encontram como membros da entidade no mo-mento da execução da sentença. Se a sentença for denegatória, esta gerará coisa julgada formal, isto é, qualquer membro ou associado da entidade pode pleitear, individualmente, mandado de segurança sobre a mesma discussão.

A impetração do mandado de segurança coletivo não gera litispendência entre a esfera individual e coletiva, o que possibilita a posterior utilização do mandado de segurança individual. Por expressa disposição legal, os efeitos da coisa julgada não beneficiam o impetrante a título individual se o mesmo não requerer a desis-tência de seu mandado de segurança em trinta dias, contados de quando tomar conhecimento da tutela coletiva (art. 22, § 1º, Lei n° 12.016/09).

6.3. CONFECCIONANDO O MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO

MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO

COMPETÊNCIA

STF, STJ, Tribunais Superiores, Tribunais dos Estados e do DF, Tribunais Regionais Federais, Juízes Federais, Juízes do Trabalho, Juízes Estaduais.

(arts. 102, I, “d”; 105, I, “b”; 108, I, “c”; 109, VIII; 125, §  1º, CF e organização judiciária estadual).

ENDEREÇAMENTO

De acordo com o órgão competente. Não há peça de inter-posição.

– Excelentíssimo Senhor Ministro Presidente do Supremo Tribunal Federal;

– Excelentíssimo Senhor Ministro Presidente do Superior Tribunal de Justiça;

– Excelentíssimo Senhor Ministro Presidente do (Tribunal Superior);

– Excelentíssimo Senhor Desembargador Presidente do Tribunal de Justiça do Estado...;

– Excelentíssimo Senhor Desembargador Federal Presidente do Tribunal Regional Federal da... Região;

– Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da... Vara Federal da Seção Judiciária de...;

– Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Vara Cível da Comarca... Estado... (ou Vara de Fazenda Pública, se o caso).

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74 DIREITO CONSTITUCIONAL (2ª Fase OAB) • Nathalia Masson

MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO

LEGITIMIDADE ATIVA

Legitimados do art. 21 da Lei n° 12.016/09. Partido político com representação no Congresso Nacional; Organização sindi-cal, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados.

LEGITIMIDADE PASSIVA

Impetrado (autoridade coatora + pessoa jurídica a que se vincula).

FUNDAMENTO LEGAL Art. 5º, LXX, CF e Lei nº 12.016/09.

REQUERIMENTOS/ PEDIDOS

– A intimação do representante judicial da pessoa jurídica de direito público a que se vincula a autoridade coatora para, nos termos do art. 22, §  2º da Lei n° 12.016/09, pronunciar-se no prazo de 72 horas sobre o pedido de medida liminar;

– a concessão da medida liminar para assegurar ao impetran-te...; (art. 7º, III da Lei n° 12.016/09);

– que se notifique a autoridade coatora do conteúdo da petição inicial, enviando-lhe a segunda via apresentada com as cópias dos documentos, a fim de que, no prazo de dez dias, preste as informações que julgar necessárias (art. 7º, I da Lei n° 12.016/09);

– que se dê ciência do feito ao órgão de representação judi-cial..., enviando-lhe cópia da inicial sem documentos, para que, querendo, ingresse no feito (art. 7º, II da Lei n° 12.016/09);

– a intimação do representante do Ministério Público para que opine no prazo improrrogável de dez dias; (art. 12 da Lei n° 12.016/09);

– seja julgado procedente o pedido para o fim de...;

– a juntada da prova pré-constituída, a comprovar o direito líquido e certo do impetrante;

– aplicação de astreinte ou de prisão por desobediência em caso de descumprimento da decisão (art. 26, Lei n° 12.016/09).

PARTICULARIDADES

– Não se aplica para direito difuso;

– Não há pedido de provas.

– Deve-se atribuir valor à causa.

6.4. CASO PRÁTICO DE MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO

Tício é Juiz-Diretor do Fórum da Comarca Y, pertencente ao Estado M, e há seis semanas baixou portaria estabelecendo restrições aos advogados que atuam na Comarca, proibindo-os de utilizarem celular nas dependências do fórum.

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Cap. 6 • MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO 75

Confira-se trecho do ato normativo:

Considerando que o uso de celular tem causado prejuízo à atividade cartorária, com implicações negativas na prestação jurisdicional (...)Considerando o risco à segurança dos juízes e demais membros do Judiciário (...), resolve-se: I – Os (as) advogados (as), exclusivamente, não poderão utilizar celular nas dependências dos fóruns pertencentes a esta Comarca (...).

A Associação dos Advogados do Município Y, ícone na defesa dos advoga-dos há mais de dez anos naquela localidade, diante dos reclamos dos advogados, pretende adotar medida judicial a fim de anular a portaria e assegurar o respeito aos direitos e prerrogativas dos advogados. Como advogado da subseção, redija a medida judicial cabível.

6.5. RESOLUÇÃO DO CASO PRÁTICO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO M

ASSOCIAÇÃO DOS ADVOGADOS DO MUNICÍPIO Y, pessoa jurídica de direito privado com sede na… (endereço completo), inscrita no CNPJ sob o n°..., por seu advogado (instrumento de mandato anexo), endereço eletrônico..., com escritório profissional na… (endereço completo), local indicado para receber intimações (art. 77, V, CPC/15), vem à presença de Vossa Excelência, com fundamento no art. 5º, LXIX e LXX, letra “b” da Constituição Federal e art. 7º, III da Lei n° 12.016/09, impetrar MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO, com pedido de medida LIMINAR contra ato de JUIZ DIRETOR DO FÓRUM DA COMARCA Y, o Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito Tício, que exerce suas funções na sede do Fórum da Co-marca do Município Y, estando vinculado ao ESTADO M, pelos motivos fáticos e jurídicos a seguir expostos.

I – DA TEMPESTIVIDADE E DO CABIMENTO

Conforme se depreende dos autos, a impetrante tomou ciência da publicação da portaria aqui impugnada há seis semanas, portanto, dentro do prazo de 120 dias previsto no artigo 23 da Lei nº 12.016/09.

A presente medida é impetrada em face de autoridade coatora – Juiz Diretor do Fórum da Comarca Y –, bem como está instruída documentalmente com toda prova do seu direito líquido e certo. Portanto cabível, no caso, o presente Mandado de Segurança, nos termos do artigo 1º da Lei nº 12.016/09.

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76 DIREITO CONSTITUCIONAL (2ª Fase OAB) • Nathalia Masson

II – DOS FATOS

Há seis semanas, a autoridade coatora baixou portaria estabelecendo restri-ções aos advogados que atuam na Comarca Y, proibindo-os de utilizarem celular nas dependências do fórum.

O ato normativo é dirigido unicamente a advogados, e os proíbe de utilizarem o celular nas dependências do fórum. Confira-se:

Considerando que o uso de celular tem causado prejuízo à atividade cartorária, com implicações negativas na prestação jurisdicional (...)

Considerando o risco à segurança dos juízes e demais membros do Judiciário (...), resolve-se:

I – Os (as) advogados (as), exclusivamente, não poderão utilizar celular nas dependências dos fóruns pertencentes a esta Comarca (...).

III – DA LEGITIMIDADE ATIVA

Segundo dispõe o art. 5º, LXX, “b” da Constituição Federal de 1988, o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: “organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados”.

Tal regra é igualmente definida pela Lei n° 12.016/09, em seu art. 21. Com-plementa o parágrafo único do referido dispositivo legal que:

Lei nº 12.016/09

Art. 21 [...]

Parágrafo único. Os direitos protegidos pelo mandado de segurança coletivo podem ser:

I – coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os transindivi-duais, de natureza indivisível, de que seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica.

Assim, resta demonstrado que a impetrante goza de legitimidade ativa para buscar em juízo a proteção e defesa das prerrogativas dos advogados, pois está constituída há mais de um ano, como comprovam seus atos constitutivos em anexo, e age no legítimo interesse daqueles que representa.

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Cap. 6 • MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO 77

IV – DO DIREITO

Evidencia-se o direito líquido e certo dos advogados que atuam na Comarca do Município Y, uma vez que a autoridade coatora, por meio de seu ato, contrariou dispositivos constitucionais e legais, de forma a violar direitos e prerrogativas dos advogados, ensejando o necessário controle jurisdicional de seu ato, o que se pretende por esta via judicial.

Preconiza a Constituição Federal em seu art. 5º, LXIX:

Constituição Federal

Art. 5º [...]

LXIX – conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autori-dade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.

Verifica-se, no presente caso, a presença dos pressupostos constitucionais de cabimento do mandado de segurança, pois trata-se de ato ilegal praticado por autoridade pública.

A ciência do ato coator, ademais, deu-se há menos de 120 (cento e vinte dias), inexistindo afronta ao art. 23 da Lei n° 12.016/09.

A determinação que veda aos advogados, e só aos advogados, a utilização de celular nas dependências do fórum afronta o princípio da igualdade, constitu-cionalmente consagrado no art. 5º, caput da CF.

Ora, a restrição específica também viola a intenção legislativa de conferir ao advogado liberdade no exercício de sua profissão (Lei n° 8.906/94, art. 7º, I), dado que este sofre desarrazoada restrição no âmbito de seu ambiente profissional.

V – DA CONCESSÃO DE LIMINAR

Dispõe o art. 7.º, III da Lei n° 12.016/09, que o juiz ordenará que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando “houver fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida”.

Diante da ilegalidade perpetrada pela autoridade coatora, os advogados que atuam na Comarca estão sofrendo ato discriminatório e sendo impedidos de exercerem livremente a atividade profissional, por ato descabido da autoridade coatora, vislumbrando-se a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo, o que enseja a concessão da medida liminar.

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23EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES

23.1. BREVE INTRODUÇÃO

No Exame de Ordem, um erro fatal e impeditivo da aprovação é a confec-ção de uma peça inadequada ao caso prático proposto. Resolver variados casos e treinar a escolha da solução jurídica a ser ofertada a cada um deles, dará ao leitor o traquejo necessário para sempre optar pela peça jurídica correta.

É o intuito deste capítulo: por meio de exercícios adicionais, oportunizar novo e intenso treinamento, em que o leitor terá que optar, dentre todas as peças ensinadas, por uma única que responderá com exatidão o caso prático-profissional proposto.

Acertando ou errando, ao resolver os casos postos abaixo, estará o leitor sedimentando seu aprendizado e adquirindo confiança, experiência e segurança, características que conduzem à aprovação.

23.2. EXERCÍCIOS

EXERCÍCIO 1

Tício, brasileiro, casado, engenheiro, foi aprovado em 12º lugar no con-curso público realizado pela Prefeitura do Município X. No Edital do Concurso constava a existência de 15 vagas e sua validade era de 2 anos. Foram chamados para posse os 10 primeiros colocados. Dois meses antes do fim da vigência do concurso, o prefeito publicou novo Edital para realização de concurso público para o mesmo cargo. Inconformado, Tício requereu ao Prefeito sua nomeação, o que foi negado em ofício datado há 5 dias, sob a alegação da discricionariedade para chamamento de aprovados em concurso e que a mera aprovação não gera direito à nomeação para o cargo. Diante do caso narrado, redija a peça cabível, não qualidade de advogado de Tício.

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258 DIREITO CONSTITUCIONAL (2ª Fase OAB) • Nathalia Masson

EXERCÍCIO 2

Ana Amado, mais conhecida como Don’Aninha, é sacerdote de religião afro-brasileira. Seu terreiro de candomblé se localiza no município de Capitães da Areia, no interior do estado de Tieta. Com a notícia de violação a vários ter-reiros com violência e escárnio, Don’Aninha começou a se preocupar e conversar sobre isso com seus amigos e pessoas próximas. Um filho de santo e estudante de Direito comentou com Don’Aninha que havia um direito na Constituição que previa certa proteção aos terreiros, mas que não havia regulamentação. Indignada, Don’Aninha o procura buscando alguma medida judicial para suprir essa lacuna e poder usufruir do direito de proteção especial, no âmbito do Direito Civil e do Direito Penal.

EXERCÍCIO 3

Moema Rodrigues é funcionária pública federal e trabalha com atendi-mento a cidadãos em uma unidade do Ministério da Fazenda localizada no município de Afogados no estado de Asfalto Selvagem.

Moema professa uma religião não muito conhecida chamada Cianocismo. Os adeptos a essa religião são obrigados a utilizar roupas azuis toda última quinta-feira do mês, com um colar de pedras azuis brilhantes.

Após alguns meses sem que essa questão fosse notada, seu superior, Dire-tor Misael de Senhora, repara no peculiar traje exclusivamente azul e colar de Moema e a repreende. Moema, então, oficiou seu Diretor Misael de Senhora solicitando a permissão de utilizar vestuário exclusivamente azul e colar de pedras azuis brilhantes toda última quinta-feira do mês, explicando que esse dever era baseado em sua religião: o Cianocismo.

O Diretor Misael de Senhora, responsável pelo funcionamento daquela unidade do Ministério da Fazenda, responde por escrito o ofício de Moema, negando o pedido de Moema, proibindo-a de utilizar vestuário exclusivamente azul e seu colar de pedras azuis brilhantes. Na resposta oficial, o Diretor arrazoou que o Estado era laico e que o exercício de religião pela funcionária pública ofendia essa “norma maior”.

Moema recebeu oficialmente essa resposta na data de ontem e o procura para tomar as providências cabíveis, lembrando que faltam poucos dias para a próxima última quinta-feira do mês.

Na qualidade de advogado de Moema, redija a peça processual cabível para defesa de seus direitos.

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Cap. 23 • EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES 275

EXERCÍCIO 32

Associação em Defesa do Meio Ambiente, entidade sem fins lucrativos, constituída desde 1989, com sede no Estado Y, tem por finalidade a defesa do meio ambiente e do patrimônio público no âmbito daquele Estado, promovendo a identificação de quem infringe esses valores para enquadrá-los judicialmente, obrigando-os a reparar o dano e, quando o caso, também indenizar a sociedade.

A associação descobriu que o Prefeito do Município X, pertencente ao Estado Y, contratou sem licitação a empresa Mevius Corporation S.A. para derrubada de árvores em área de preservação permanente, de propriedade do município, mediante a contraprestação mensal de um milhão de reais. O contrato tem duração de 12 meses. Não foi feito qualquer estudo ambiental e há indícios de que a obra está sendo superfaturada.

Na qualidade de advogado contratado pela Associação, redija a peça cabível ao tema, observando: a) competência do Juízo; b) legitimidade ativa e passiva; c) fundamentos de mérito constitucionais e legais vinculados; d) os requisitos formais da peça inaugural.

EXERCÍCIO 33

Em 12 de janeiro de 1985, foi editada pelo Congresso Nacional e sancio-nada pelo Presidente da República a Lei Federal W que proíbe o exercício da profissão de engraxate em vias públicas. Diante de tal impropério ainda em vigor, o presidente da Confederação Sindical dos Trabalhadores de Serviços de Hospitalidade e Comodidade, confederação sindical que engloba trabalhadores da profissão de lustradores de calçados, engraxates e similares, dentre outros, procura seus serviços para objetar contra a Lei Federal W, com urgência, por entender que a norma viola diretamente a Constituição Federal.

23.3. GABARITOS DOS EXERCÍCIOS

GABARITO DO EXERCÍCIO 1

Medida judicial cabível: Mandado de Segurança Individual (art. 5.º, LXIX, CF c/c art. 1.º, Lei nº 12.016/09).

Endereçamento: Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da... Vara da Fazenda Pública do Município X.

Legitimidade ativa: TícioLegitimidade passiva: a autoridade coatora é o Prefeito (art. 6.º, § 3.º, Lei nº

12.016/09). A pessoa jurídica interessada é o Município X (art. 6.º, Lei nº 12.016/09).

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276 DIREITO CONSTITUCIONAL (2ª Fase OAB) • Nathalia Masson

Fundamentos jurídicos: violação ao art. 37, caput e I, da CF. Direito líquido e certo à nomeação. Ofensa aos princípios da legalidade, moralidade e eficiência.

Requerimentos/Pedido:a) a concessão da medida liminar para que o Estado nomeie o impetrante

ao cargo para o qual foi aprovado em concurso público (art. 7.º, III, Lei nº 12.016/09);

b) notificação da autoridade coatora para prestar informações no prazo de dez dias (art. 7.º, I, Lei nº 12.016/09);

c) ciência ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica a que se vincula a autoridade (art. 7.º, II, Lei nº 12.016/09);

d) intimação do Ministério Público para oferecer parecer no prazo de dez dias (art. 12, Lei nº 12.016/09);

e) a concessão da segurança para condenar o Estado a obrigação de fazer, isto é, nomear o impetrante ao cargo para o qual foi aprovado em concurso público; e

f) valor da causa: R$ 1.000,00 (um mil reais), para fins fiscais.Cuidado: não requerer a condenação em honorários advocatícios, em razão

do disposto no art. 25 da Lei nº 12.016/09. Criar tópico específico para o pedido liminar, demonstrando os requisitos da probabilidade do direito e do perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.

GABARITO DO EXERCÍCIO 2

Medida judicial cabível: Mandado de Injunção Individual (art. 5º, LXXI, CF e Lei nº 13.300/16).

Endereçamento: Excelentíssimo Senhor Ministro Presidente do Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, “q”, CF).

Legitimidade ativa: Ana AmadoLegitimidade passiva: Congresso Nacional, pois ele possui competência para

editar a norma regulamentadora.Fundamentos jurídicos: ausência de regulamentação do direito à proteção

aos locais de culto e a suas liturgias, nos termos do inciso VI do art. 5º da CF. Aplicabilidade imediata dos direitos e garantias fundamentais, nos termos do § 1º do art. 5º da CF.

Requerimentos/Pedido:a) Notificação do impetrado sobre o conteúdo da petição inicial, devendo-lhe

ser enviada a segunda via apresentada com as cópias dos documentos, a

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24PEÇAS E QUESTÕES COBRADAS

NOS EXAMES ANTERIORES

24.1. BREVE INTRODUÇÃO

É neste capítulo que o leitor terá a oportunidade de confirmar os dados apresentados no Raio-X do Exame – arquitetado no capítulo 1.

Serão apresentadas, de forma organizada e sistematizada por assunto, todas as peças e questões discursivas – com seus respectivos gabaritos e espelhos de distribuição de pontos – já cobradas pela FGV no Exame de Ordem.

Conheça o estilo da prova, sua formatação usual, os temas mais recorrentes e as feições narrativas do examinador. Em suma, torne-se especialista no Exame e domine-o rumo à aprovação!

24.2. PEÇAS COBRADAS NOS EXAMES ANTERIORES

Peças abordadas pela FGV: Exames Unificados II a XXI

TEMA 1: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE (4 peças)

1. (VII EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 08/07/2012) O Estado KWY editou norma de-terminando a gratuidade dos estacionamentos privados vinculados a estabelecimen-tos comerciais, como supermercados, hipermercados, shopping centers, determinan-do multas pelo descumprimento, estabelecendo gradação nas punições administra-tivas e delegando ao PROCON local a responsabilidade pela fiscalização dos estabele-cimentos relacionados no instrumento normativo. Tício, contratado como advogado Junior da Confederação Nacional do Comércio, é consultado sobre a possibilidade de ajuizamento de medida judicial, apresentando seu parecer positivo quanto à matéria, pois a referida lei afrontaria a CRFB. Em seguida, diante desse pronunciamento, a Dire-toria autoriza a propositura da ação judicial constante do parecer.

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302 DIREITO CONSTITUCIONAL (2ª Fase OAB) • Nathalia Masson

Na qualidade de advogado elabore a peça cabível, observando:

a) competência do Juízo;

b) legitimidade ativa e passiva;

c) fundamentos de mérito constitucionais e legais vinculados;

d) requisitos formais da peça;

e) tutela de urgência.

(valor: 5,00)

Gabarito comentado

A ação referida no parecer, consoante jurisprudência assente, é a Ação Direta de Inconstitucionalidade.

O autor será a Confederação Nacional do Comércio, legitimada pela norma do art. 103, IX, da CRFB, que deve comprovar a pertinência temática que está caracterizada nesse caso.

Serão interessados o Governador do Estado e a Assembleia Legislativa estadual.

A competência será do Supremo Tribunal Federal.O fundamento constitucional assente nesse caso é a violação da competência

legislativa para o Direito Civil privativa da União Federal, pelo Congresso Nacional (CRFB, art. 22, I), pois ocorre violação ao direito de propriedade (CRFB, art. 5º, XXII).

Há necessidade de medida liminar vez que estão preenchidos os pressupostos legais.

Os requisitos formais da peça são os previstos no art. 2821, do CPC, ressal-tando o requerimento de intervenção do Ministério Público e da Advocacia Geral da União.

O fundamento legal para a cautela é o art. 10 da Lei nº 9868/99.

ESPELHO DE CORREÇÃO

ITEM PONTUAÇÃO

1 – cabeçalho (competência) 0,00 / 1,00

2 – legitimidade ativa 0,00 / 0,50

1 Dispositivo correspondente ao art. 319 do CPC/15.

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360 DIREITO CONSTITUCIONAL (2ª Fase OAB) • Nathalia Masson

ESPELHO DE CORREÇÃO

ITEM PONTUAÇÃO

pedido final de que o pleito liminar seja tornado definitivo OU pedido de procedência da ação civil pública para impor definitiva-mente ao Município a prestação adequada do serviço público de saúde pelo Post Gama (0,30).

0,00 / 0,30

Valor da causa: De acordo com o art. 291 do CPC/15 (0,10) 0,00 / 0,10

Fechamento da peça: Local ou Município ..., Data..., Advogado(a)... e OAB...

(0,10) 0,00 / 0,10

24.3. QUESTÕES DISCURSIVAS COBRADAS NOS EXAMES ANTERIORES

Questões abordadas pela FGV: Exames Unificados II a XVII

TEMA 1: CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE (45 questões)

1.1. Decisão definitiva (5 questões)

1. (OAB – EXAME DE ORDEM UNIFICADO 2010.2 – 14/11/2010) Uma lei estadual foi objeto de Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) ajuizada junto ao STF. Supondo que o Tribunal tenha se pronunciado, neste caso, pela inconstitucionalidade parcial sem redução de texto, explique o conceito acima, apontando quais os efeitos da de-claração de inconstitucionalidade neste caso.

Gabarito comentado

A inconstitucionalidade parcial sem redução de texto é uma modalidade de declaração de inconstitucionalidade prevista na Lei nº 9.868/99 que tem como con-sequência a declaração de inconstitucionalidade de uma determinada interpretação, sem afetar o texto da norma. É dizer, o texto da norma permanece inalterado, mas determinada interpretação que a princípio poderia ser feita da norma é considera-da inconstitucional. Esta modalidade de declaração de inconstitucionalidade tem importantes consequências nos processos de fiscalização abstrata, como é o caso da ADI (citada na questão), pois a declaração de inconstitucionalidade não do texto da norma, mas de sua interpretação, terá eficácia erga omnes (contra todos) e efeito vinculante, conforme dispõe o parágrafo único do art. 28 da Lei nº 9.868: “A declaração de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade, inclusive a inter-pretação conforme a Constituição e a declaração parcial de inconstitucionalidade sem redução de texto, têm eficácia contra todos e efeito vinculante em relação aos órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública federal, estadual e municipal.”

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Cap. 24 • PEÇAS E QUESTÕES COBRADAS NOS EXAMES ANTERIORES 361

ESPELHO DE CORREÇÃO

ITEM PONTUAÇÃO

O conceito de inconstitucionalidade parcial sem redução de texto 0 / 0,5

Efeitos – eficácia contra todos e efeito vinculante 0 / 0,5

2. (OAB – EXAME DE ORDEM UNIFICADO 2010.2 – 14/11/2010) O Conselho Federal da OAB ajuizou, junto ao STF, Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), tendo por ob-jeto um artigo de uma lei federal em vigor desde 2005, sendo manifesta a pertinência temática do dispositivo impugnado com o exercício da advocacia.

O STF entende que o referido dispositivo legal é inconstitucional, mas por fundamento distinto do que fora apresentado pelo Conselho Federal da OAB na ADI, tendo o STF inclusive declarado a inconstitucionalidade desse mesmo dispositivo no julgamento de um caso concreto, em Recurso Extraordinário (RE). Com base nas informações acima, responda:

I. O STF pode julgar a ADI procedente a partir de fundamento diverso do que fora apresentado pelo Conselho Federal da OAB? Justifique.

II. o STF pode julgar a ADI procedente em relação também a outro dispositivo da mesma lei, mesmo não tendo este dispositivo sido objeto da ADI? Justifique.

Gabarito comentado

Segundo a jurisprudência do STF, o Tribunal, ao julgar ação direta de in-constitucionalidade, está limitado em relação ao pedido, mas não à causa de pedir, que é aberta. É dizer, o STF pode considerar a lei impugnada inconstitucional por motivos diversos daqueles apresentados pelo proponente da ADI. Entendimento diverso implicaria reconhecer que uma ADI mal formulada, com argumentos frágeis ou equivocados pela inconstitucionalidade da lei, levando à improcedência da ação e à consequente declaração de constitucionalidade da lei.

Em relação ao pedido, este, a princípio, é limitado ao que foi questionado pelo proponente da ação. O STF, no entanto, admite em caráter excepcional que dispositivos legais não impugnados na ação sejam declarados inconstitucionais, mas somente se forem dependentes dos dispositivos impugnados. É dizer, nos casos em que a inconstitucionalidade de um dispositivo impugnado implica necessariamente a inconstitucionalidade de outro não impugnado. A este fenô-meno dá-se o nome de inconstitucionalidade por “arrastamento” ou “atração” ou “consequente”.

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25SIMULADOS

25.1. BREVE INTRODUÇÃO

Este é o último capítulo desta obra e, como não podia deixar de ser, ele lhe oferece a derradeira oportunidade de incrementar sua preparação. Temos aqui cinco simulados, formatados no padrão utilizado pela FGV quando da confecção do Exame Unificado de Ordem: uma peça prático-profissional e quatro questões discursivas.

A sugestão é que você, caro leitor, realize essa atividade como se estivesse efetivamente no domingo do Exame! Praticando você se tornará capaz de admi-nistrar corretamente o tempo de prova e treinar a escrita legível, fundamental para o examinador compreender seu raciocínio sem esforço.

Por isso, selecione na sua agenda de estudos uma data em que o período de 5 horas possa ser destacado (sem prejuízo das aulas e leituras) para a feitura dessa prova-simulada. Se organize separando alguns alimentos que podem ser consumidos rapidamente durante a prova, fornecendo energia extra para construir suas respostas. Não se esqueça da garrafa de água! Quanto aos materiais, somente podem ser consultados aqueles que são permitidos pelo edital.

Tudo organizado? O relógio já começou a marcar... Chegou a hora de con-quistar sua aprovação! Boa prova!

25.2. SIMULADOS

SIMULADO 1

Caso prático profissional

Jorge requereu vista de processo administrativo relativo a um contrato de aquisição de materiais de escritório por uma autarquia federal, a fim de obter in-

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466 DIREITO CONSTITUCIONAL (2ª Fase OAB) • Nathalia Masson

formações e documentos para instruir representação perante os órgãos de controle externo. O presidente da entidade, no entanto, recusou ontem o pedido de vista, ao argumento de que as condições contratuais não podem ser divulgadas a terceiros, razão pela qual tinha a incumbência de guardar confidencialidade.

Jorge resolve contratá-lo para propor a medida judicial cabível.Na qualidade de advogado contratado por ele, aponte a peça cabível ao tema,

observando: a) competência do Juízo; b) legitimidade ativa e passiva; c) funda-mentos de mérito constitucionais e legais vinculados; d) os requisitos formais da peça inaugural.

Questão 1

Sob o fundamento de ofensa à repartição constitucional de competências entre os entes da Federação, o Procurador-Geral da República propõe ação direta de inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal, tendo por objeto lei estadual editada em 2010 que complementa a disciplina de determinada matéria de direito urbanístico constante de lei federal editada em 2008. Conforme se depreende de elementos extraídos do processo, a lei estadual tem por finalidade atender as peculiaridades do Estado-membro, sem contrariar as normas gerais contidas na lei federal preexistente, a qual, contudo, não contém norma de autorização para que os Estados-membros legislem sobre a matéria.

Nessa hipótese, e nos termos da Constituição da República, responda:A) A quem pertence a competência para legislar sobre o tema? Poderia o

Estado ter editado referida lei? (Valor: 0,45)B) O STF deve conhecer a ADI? Avalie a partir dos critérios referentes à

legitimidade para a propositura e objeto da ação. E quanto ao mérito da ação, como deve se pronunciar o STF? (Valor: 0,50)

C) AGU e PGR serão acionados a se manifestar nesta ação direta? Com qual finalidade? (Valor: 0,30)

Questão 2

Renan é militar (integra as Forças Armadas desde 2009) e possui 27 anos. Nas eleições de 2016 pretende se candidatar ao cargo de Prefeito do Município de Juiz de Fora, em MG. Sua irmã gêmea, Renata, já é vereadora em referido Município desde 2012 e, em 2016, pretende se candidatar a reeleição. Sobre o caso narrado, responda justificadamente:

A) A candidatura de Renan em 2016 é constitucionalmente possível? (Valor: 0,40)