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SEÇÃO 4 SUA PETIÇÃO Direito Constitucional

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SEÇÃO 4

SUA PETIÇÃO

Direito Constitucional

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Sua causa!

Seção 4

Direito Constitucional

Olá, aluno! Bem-vindo a mais uma Seção do nosso NPJ!

Ainda estamos no mesmo contexto da Defensoria Pública, onde estagia o nosso personagem José Afonso. Após resolvida a situação de Magnólia, assistida que acompanhas nas seções passadas, José realizou um novo atendimento, o qual vamos conhecer agora.

Justino, é um jovem senhor de 54 anos, nascido e criado em Caicó, no Ceará, de onde jamais saíra. Seus antepassados todos se criaram na cidade, o que faz com que Justino tenha um apego afetivo ainda maior pela cidade. É conhecido por quase todos os moradores do município, está sempre ativo nas causas da cidade e luta para manter a cidade limpa, bem cuidada e segura. Porém, muitas vezes ele luta sozinho, sem conseguir o apoio dos governantes locais.

Sr. Justino, em 01.12.2000, movido pelo amor que sente pela cidade, fundou a Associação dos moradores unidos de Caicó, uma entidade com personalidade jurídica de direito privado, sem fi ns lucrativos, a qual possui como objetivo a preservação do patrimônio histórico, cultural e do meio ambiente do município de Caicó. Diversos moradores imbuídos do mesmo intuito se juntaram ao Sr. Justino e passaram a compor a Associação, que atualmente conta com mais de 200 associados.

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NPJ - NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA COM SUPORTE EM AVA

DIREITO CONSTITUCIONAL - SUA PETIÇÃO - SEÇÃO 4

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Caicó uma cidade pequena e muito pouco desenvolvida do ponto de vista urbanístico, porém, possui algumas ruínas da época da colonização portuguesa, as quais fazem parte do patrimônio histórico e cultural da cidade. A ruína mais famosa “Colosseu” é administrada por uma empresa privada, a GUARARAPES ADM LTDA. e virou um ponto turístico de intensa visitação no município. Ocorre que nos últimos meses, mas precisamente desde de setembro de 2017, a empresa tem deixado de lado a manutenção do local, o qual está gravemente deteriorado precisando de sérios reparos, os quais a empresa promete que vai realizar, porém não faz.

Sr.Justino, ciente e muito preocupado com o futuro convocou os diretores da Associação para buscar uma solução para o problema. Como é uma associação sem fins lucrativos sem muitos recursos financeiros, sempre que precisam de auxílio jurídico recorrem a Defensoria Pública do Estado para buscar orientação, e dessa vez não foi diferente, o grupo de moradores foi até a Defensoria noticiar a situação e verificar o que pode ser feito do ponto de vista jurídico. Os moradores foram atendidos por José Antonio, que prontamente preparou um Ofício à Prefeitura Municipal de Caicó, com quem a empresa GUARARAPES possui o contrato de convênio, solicitando informações e providências.

A Prefeitura, no dia 10/01/2018 informou que já havia diligenciado junto à empresa as providências cabíveis, mas que também ainda não tinha obtido retorno. O Prefeito informou também quem em reunião com o responsável da empresa convocada para tratar do assunto, foi dado prazo a resolução do problema, porém que o mesmo não havia sido cumprido. O contrato firmado entre a Prefeitura local e a empresa continua vigente mesmo com o descumprimento da contratação, sem que sejam tomadas as devidas providências para a revitalização do local, seja pela Prefeitura seja pela empresa privada responsável pela administração do local.

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Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 4NPJ

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Fundamentando!

Agora, aluno, imagine você na condição de advogado, qual a ação cabível para resolver a situação? Como a Associação dos Moradores Unidos de Caicó pode pleitear juridicamente a preservação do patrimônio histórico e cultural da cidade? Este é o problema que você tem que resolver nesta seção!

Mãos à obra, advogado. Agora é com você! Elabore a peça

processual da ação coletiva que pode ser ajuizada em

nome da Associação, constituída há mais de 1 ano, para

resguardar direito difuso da população do município de

Caicó. Lembre-se de identifi car corretamente o polo ativo

e o polo passivo da ação, bem como da fundamentação

legal correta

DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS

O que são?

São direitos que possuem titularidade indeterminada,

também por isso chamados de direitos transindividuais ou

metaindividuais. Grandes exemplos desses direitos são os

direitos fundamentais de 30 dimensão, como: direito ao meio

ambiente protegido e equilibrado, direito à proteção do

patrimônio cultural, dentre outros.

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Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 4NPJ

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A Constituição os menciona no art. 129, III, porém não os

conceitua, vejamos:

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:

III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a

proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e

de outros interesses difusos e coletivos.

Também possuem previsão infraconstitucional no Código de

Defesa do Consumidor, onde já se encontra um conceito, nos

seguintes termos (grifo nosso):

Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e

das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a

título coletivo.

Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se

tratar de:

I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos

deste código, os transindividuais, de natureza indivisível, de

que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por

circunstâncias de fato;

II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para

efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível

de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas

entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base;

III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim

entendidos os decorrentes de origem comum.

Disso, pode-se extrair o seguinte:

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Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 4NPJ

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DIREITOS OU

INTERESSES

DIFUSOS

DIREITOS OU

INTERESSES

COLETIVOS

DIREITOS

INDIVIDUAIS

HOMOGÊNEOS

Transindividuais Transindividuais transindividuais

Natureza Indivisível Natureza Indivisível Divisíveis

Titularidade: pessoas indeterminadas

Titularidade: grupo de pessoas, categoria ou classe determinada

Pessoas determinadas

Pessoas ligadas por circunstâncias de fato

Pessoas ligadas por uma relação jurídica base

Origem em comum

Tabela da Classificação dos Direitos Coletivos

Fonte: elaborado pela autora

Tanto os direitos coletivos como os direitos difusos e os

individuais homogêneos são transindividuais, o que significa

dizer que não pertencem à um indivíduo específico. Os difusos

e coletivos são de natureza indivisível, ou seja, não é possível

determinar o quantum devido a cada detentor do direito. Nos

casos em que as ações judicias que os pleiteiam gerarem algum

tipo de restituição pecuniária, como indenização, este valor,

por ser indivisível, não será divido entre as pessoas, mas sim

direcionado a um fundo destinada a reconstituição do bem

lesado. Já os direitos individuais homogêneos são divisíveis,

sendo possível identificar o que é devido a cada pessoa, logo,

logo, no caso de uma ação judicial cada qual receberá o seu

quantum no momento da execução.

Há, portanto diferença entre eles, apesar das similaridades.

Tais diferenças deverão ser verificadas de acordo com o caso

concreto, pois um mesmo fato pode afetar tanto direitos difusos,

como direitos coletivos. Por exemplo, imagine que há um grave

dano ambiental próximo a um local de intensa produção agrícola,

e que este dano afete os produtores da associação agrícola do

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Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 4NPJ

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local e ao mesmo tempo cause a poluição de um rio. Quando

se falar no direito dos produtores se estará tratando de direito

coletivo (grupo pessoas ligadas por uma relação jurídica base,

compõe uma associação). Entretanto, tal fato também afeta

direito difuso de pessoas indeterminadas, vez que se trata de

dano ambiental e atinge o direito fundamental ao meio ambiente

de todos os indivíduos, tirem ele algum proveito direto do local

ou não.

Os direitos individuais homogêneos, por sua vez, podem ser

pleiteados tanto individualmente como coletivamente, sendo

esta última uma opção política ou estratégica e não necessária.

O processo coletivo facilita, mas não impede que a pessoa

acesse a justiça de forma individual.

Entendido o que são esses direitos, passemos então a conhecer

os meios processuais disponíveis para a sua proteção judicial.

DA PROTEÇÃO JUDICIAL DOS DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS

A proteção judicial dos direitos difusos, coletivos e individuais

homogêneos se dá por meio das chamadas ações coletivas.

• AÇÃO POPULAR: É um importante meio de exercício da

democracia direta no Brasil. É uma ação que pode ser proposta

por qualquer cidadão para proteção de direitos difusos, que

visem o benefício da coletividade e não interesse individual.

Previsão Constitucional: Art. 50, LXXIII “qualquer cidadão

é parte legítima para propor ação popular que vise a

anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade

de que o Estado participe, à moralidade administrativa,

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Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 4NPJ

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ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural,

ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de

custas judiciais e do ônus da sucumbência” (BRASIL, 1988).

Previsão infraconstitucional: Lei nº 4.717/85 “art.1º Qualquer

cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a

declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio da

União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Municípios, de

entidades autárquicas, de sociedades de economia mista, de

sociedades mútuas de seguro nas quais a União represente

os segurados ausentes, de empresas públicas, de serviços

sociais autônomos, de instituições ou fundações para cuja

criação ou custeio o tesouro público haja concorrido ou

concorra com mais de cinquenta por cento do patrimônio

ou da receita ânua, de empresas incorporadas ao

patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos

Municípios, e de quaisquer pessoas jurídicas ou entidades

subvencionadas pelos cofres públicos”. (BRASIL, 1985).

Objeto: ato ilegal lesivo ao patrimônio público ou entidade de

que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio

ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. Visa a proteção

de direito difuso. A pessoa que irá propor a ação não está

em defesa de direito subjetivo individual, mas de direito da

coletividade. O art. 20, da Lei da Ação Popular determina que

são nulos os atos lesivos ao patrimônio público, nos casos

de: a) incompetência; b) vício de forma; c) ilegalidade do

objeto; d) inexistência dos motivos; e) desvio de finalidade.

Finalidade: Anular o ato ilegal lesivo e buscar o ressarcimento

dos danos causados por ele. É uma forma de controle da

atuação da administração pública pelos próprios cidadãos.

O art. 11 da Lei 4.717/85 trata da condenação ao

ressarcimento aduzindo que “a sentença que, julgando

procedente a ação popular, decretar a invalidade do

ato impugnado, condenará ao pagamento de perdas e

danos os responsáveis pela sua prática e os beneficiários

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Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 4NPJ

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dele, ressalvada a ação regressiva contra os funcionários

causadores de dano, quando incorrerem em culpa”.

Legitimidade ativa: qualquer cidadão, ou seja, pessoa física

em pleno gozo de seus direitos políticos. A Súmula 365 do

STF determina que pessoa jurídica não pode propor ação

popular. A prova da cidadania deve ser feita através da

certidão de quitação eleitoral ou do título eleitoral, que deve

ser anexada na petição inicial para comprovar a legitimidade

ativa, conforme dispõe o art. 10, §30 da Lei 4.717/85.

Legitimidade passiva: Art. 60 da Lei da Ação Popular “A

ação será proposta contra as pessoas públicas ou privadas

e as entidades referidas no art. 10, contra as autoridades,

funcionários ou administradores que houverem autorizado,

aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou

que, por omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e

contra os beneficiários diretos do mesmo”. Logo, são três

categorias de réu na ação: a pessoa jurídica, o agente e o

beneficiário, em cada uma delas pode ter mais de um réu”

ATENÇÃO! Em relação a legitimidade passiva na ação

popular, é importante observar uma especificidade na

legislação que aponta a pessoa jurídica lesada como ré. Na

realidade, ela deveria figurar como assistente do autor, e não

no polo passivo. Nesse sentido o §30 do art. 60, determina

que a pessoa jurídica de direito público pode se abster de

contestar a ação sem nenhum prejuízo processual, como

também pode ainda deixar o lado passivo para atuar ao

lado do autor. Porém, na petição inicial ela deverá ser

indicada como ré, e deve ser requerida a sua citação

independente da citação do agente que praticou o ato lesivo.

Competência: A competência para julgar a ação popular é

determinada pela origem do ato impugnado. Se for um ato

cometido por agente de pessoa jurídica de direito público da

União, será competente Justiça Federal, se for de pessoa jurídica

de direito público do Estado, a competência será determinada

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Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 4NPJ

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conforme as regras da organização judiciária Estadual, e assim

por diante, conforme determina o art. 50 da Lei 4.171/85.

ATENÇÃO! A Ação popular é sempre proposta no primeiro grau,

não tem ação popular de competência originária do Tribunal.

Do processo: Art. 70 da Lei da Ação Popular determina que

a ação obedecerá ao procedimento ordinário, previsto no

Código de Processo Civil, que além da citação dos réus, deve

haver a intimação do representante do Ministério Público. O

art. 50, § 40 da Lei também observa a possibilidade de pedido

liminar para a suspensão do ato lesivo.

• AÇÃO CIVIL PÚBLICA: Assim como a ação popular, também

é um meio de controle da Administração Pública, e visa

a tutela de interesses difusos e coletivos. Entretanto ela

não pode ser proposta diretamente pelo cidadão, existe

um rol de legitimados ativos para a propositura da ACP.

Previsão Constitucional: Art. 129, III “Art. 129. São funções

institucionais do Ministério Público: II - promover o

inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do

patrimônio público e social, do meio ambiente e de

outros interesses difusos e coletivos”. (BRASIL, 1988).

Previsão infraconstitucional: Lei n0 7.347/85

Objeto: ato lesivo que cause danos morais e patrimoniais ao

meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor

artístico, estético, histórico, turístico, à ordem urbanística, à

honra e a dignidade de grupos raciais étnicos ou religiosos,

ao patrimônio público e social, ou a qualquer outro interesse

difuso e coletivo. As pretensões que envolvem tributos,

contribuições previdenciárias, FGTS ou outros fundos

institucionais com beneficiários individualmente determinados,

não podem ser objeto da ACP. (art.10 da Lei 7.347/85)

Finalidade: responsabilização por danos morais e patrimoniais,

que pode ser através de condenação em dinheiro ou em

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Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 4NPJ

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obrigação de fazer ou não fazer (art. 30 da Lei 7.347/85).

Legitimidade ativa: Está prevista no art.50 da Lei da ACP.

São legitimados para propor ação civil pública: o Ministério

Público; a Defensoria Pública; a União, os Estados, o Distrito

Federal e os Municípios; a autarquia, empresa pública,

fundação ou sociedade de economia mista; a associação

que, concomitantemente: a) esteja constituída há pelo

menos 1 (um) ano nos termos da lei civil; inclua, entre suas

finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e

social, ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica,

à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou

religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico

e paisagístico. O Ministério Público, quando não for parte na

ação, deverá obrigatoriamente atuar como fiscal da lei. Por isso,

quando a ação for de autoria de qualquer outro legitimidade,

deverá requerer a notificação do Ministério Público.

Legitimidade passiva: qualquer pessoa que

cometa ato lesivo nos termos do art. 10 da Lei

da ACP, pode ser o sujeito passivo da ação.

Competência: Será competente para julgar a ação o juízo

do foro onde ocorreu ou deverá ocorrer o dano, quando

a ação for preventiva. O art.20 determinar que a ACP

será proposta foro do local onde ocorrer o dano, cujo

juízo terá competência funcional para processar e julgar

a causa. Não há foro privilegiado, assim como a ação

popular, deverá ser proposta no juízo de primeira instância.

Do processo: A ação civil pública seguirá, naquilo que não

for conflitante com a sua lei específica, as regras do CPC,

conforme determina o art. 19 da Lei 7.347/85). Cabe, no

processo da Ação Civil pública, a propositura de ação cautelar

na forma do art. 4o da lei que dispõe “poderá ser ajuizada ação

cautelar para os fins desta Lei, objetivando, inclusive, evitar

dano ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao

consumidor, à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos

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Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 4NPJ

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ou religiosos, à ordem urbanística ou aos bens e direitos de

valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico”.

• MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO: a grande diferença

entre o mandado de segurança individual e o mandado de

segurança coletivo é o seu objeto e a legitimidade ativa.

Previsão Constitucional: Art. 50, LXX “o mandado de segurança

coletivo pode ser impetrado por: a) partido político com

representação no Congresso Nacional; b) organização

sindical, entidade de classe ou associação legalmente

constituída e em funcionamento há pelo menos um ano,

em defesa dos interesses de seus membros ou associados.

Previsão infraconstitucional: Lei n0 12.016/09, Art. 21. O

mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por

partido político com representação no Congresso Nacional,

na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus

integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização

sindical, entidade de classe ou associação legalmente

constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um)

ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade,

ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma

dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas

finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial.

Objeto: assim como o mandado de segurança individual, o

mandado de segurança tem por objeto ato ilegal ou abusivo

que viole direito líquido e certo. Entretanto, a diferença

é que esse direito ou interesse no mandado de segurança

coletivo é transindividual, podendo ser um direito coletivo ou

individual homogêneo. Sobre isso, o art. 21, parágrafo único

da lei 12.016/09 determina que os direitos protegidos pelo

mandado de segurança coletivo podem ser: I - coletivos,

assim entendidos, para efeito desta Lei, os transindividuais,

de natureza indivisível, de que seja titular grupo ou categoria

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Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 4NPJ

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de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma

relação jurídica básica; II - individuais homogêneos, assim

entendidos, para efeito desta Lei, os decorrentes de origem

comum e da atividade ou situação específica da totalidade

ou de parte dos associados ou membros do impetrante.

Finalidade: Garantir ou evitar a violação de direito líquido e certo

transindividual. Por direito líquido e certo entende-se que não

precisa de uma dilação probatória, ou seja, o direito é evidente

e demonstrado por prova pré-constituída não precisando

da fase de instrução processual para a sua constatação.

Legitimidade ativa: prevista especificamente na Constituição

e no art.21 da Lei do Mandado de Segurança: partido político

com representação no Congresso Nacional na defesa do

interesse de seus integrantes ou da fidelidade partidária;

organização sindical, entidade de classe ou associação

legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos,

1 (um) ano, em defesa de parte ou totalidade de seus membros

ou associados. ATENÇÃO! O requisito de pelo menos 1 ano de

constituição e funcionamento aplica-se apenas às associações

e não aos sindicatos, conforme jurisprudência do STF.

Legitimidade Passiva: é impetrado contra a autoridade pública

que comete o ato ilegal ou abusivo, chamada tecnicamente

de autoridade coatora. (art.10, §10 da Lei 12.016/2009).

Requisitos formais e materiais: O art. 5o da Lei 12.016/2009

determina que não se concederá mandado de segurança

quando se tratar: I - de ato do qual caiba recurso administrativo

com efeito suspensivo, independentemente de caução;

II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito

suspensivo; III - de decisão judicial transitada em julgado. O

art. Art. 6o determina que a petição inicial deverá preencher

os requisitos estabelecidos pela lei processual e indicará, além

da autoridade coatora, a pessoa jurídica que esta integra, à

qual se acha vinculada ou da qual exerce atribuições. O art.

23 da Lei estabelece o prazo de 120 dias para a impetração

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Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 4NPJ

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do mandado de segurança, contados a partir da data que

o impetrante tomou conhecimento do ato impugnado.

Competência: a competência para o julgamento do mandado

de segurança é definida pela categoria e sede federal da

autoridade coatora. Entretanto, a Constituição Federal possui

algumas regras quanto a competência do STF no art.102, I,

“d”, e II, “a”.

Pronto! Agora você já possui conhecimento suficiente para

identificar e elaborar a peça processual cabível para resolver

o problema proposto na situação fática desta Seção. Não

esqueça que o objetivo é que você acumule conhecimentos,

aluno. Por isso, não esqueça de todo o conteúdo que vimos

anteriormente, ok? Por vezes, algum conteúdo pretérito poderá

lhe ser solicitado.

PRIMEIRA FASE!

QUESTÃO 01 – questão adaptada (CESPE- MPE/TO 2012)

A Constituição Federal e o Código de defesa do consumidor

tutelam a defesa dos direitos difusos, coletivos e individuais

homogêneos ou quais são chamados de direitos transindividuais

por não pertencerem a um indivíduo em específico, mas sim à

coletividade ou a um grupo de pessoas.

Com relação à teoria constitucional e à tutela dos direitos difusos

e coletivos, assinale a opção correta:

A) Direitos ou interesses transindividuais são aqueles que

pertencem a sociedade como um todo.

B) São considerados direitos coletivos os transindividuais, de

natureza divisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas

e ligados por circunstâncias de fato.

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Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 4NPJ

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C) São considerados direitos individuais homogêneos os direitos

de uma categoria ou classe de pessoas ligadas por uma relação

jurídica base.

D) São considerados direitos difusos os transindividuais,

indivisíveis e que pertencem a pessoas indeterminadas ligas por

circunstâncias de fato.

E) Os direitos coletivos são transinidividuais, divisíveis, e

pertencem à pessoas indeterminadas ligadas por circunstâncias

de fato.

ALTERNATIVA CORRETA: D

RESPOSTA COMENTADA: Os direitos difusos, coletivos e

individuais homogêneos são diretos transindividuais pois não

pertencem à um indivíduo em específico, mas sim a sociedade

como um todo ou a um grupo de pessoas determinadas ou

não. Os direitos difusos e coletivos são indivisíveis, os primeiros

pertencem a pessoas indeterminadas ligadas por circunstancias

de fato, já os coletivos pertencem a um grupo determinado

ou a uma categoria ou classe de pessoas ligadas por uma

relação jurídica base, como por exemplo um Sindicato de uma

categoria de trabalho. Os individuais homogêneos pertencem a

pessoas determinados e são direitos que possuem uma origem

comum, entretanto não são coletivos em sua essência, pode ser

pleiteados por meio de ação individual e são divisíveis.

QUESTÃO 02 – questão adaptada (CESGRANRIO – LIQUIGÁS –

PROFISSIONAL JR 2012)

A Constituição Federal enumera diversos direitos e garantias

fundamentais em seu texto. Dentre as chamadas garantias

fundamentais, as quais são meios de ação colocados ao dispor

de todo indivíduo para a proteção de direitos, está prevista a

Ação Popular.

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Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 4NPJ

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Sobre a ação popular, considere as assertivas abaixo:

I – A ação popular pode ser ajuizada por pessoa jurídica de

direito público

II – A ação popular pode ser ajuizada contra pessoas públicas

ou privadas

III – A ação popular deve ser ajuizada por cidadão em pleno

gozo de seus direitos políticos.

Analise as assertivas acima e identifique os itens certos e

errados. Após, assinale a alternativa abaixo que contêm apenas

os itens corretos:

A) I

B) I, II

C) I,II,III

D) I,III

E) II,III

ALTERNATIVA CORRETA: E

RESPOSTA COMENTADA: A principal característica da ação

popular é o fato de ser uma ferramenta de exercício da

democracia direta no Brasil, isso porque a sua legitimidade ativa

é restrita ao cidadão em pleno gozo dos seus direitos políticos.

A Sumula 365 do STF veda o ajuizamento de ação popular por

pessoa jurídica. A legitimidade passiva, por sua vez, pertence

tanto a pessoas de direito público como de direito privado.

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Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 4NPJ

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Vamos peticionar!

Aluno, você está pronto para elaborar o que lhe foi solicitado no

“Sua Causa”, fi que tranquilo e vá com calma e atenção. Lembre-

se que você estará atuando como advogado da Associação, em

defesa de direito difuso da população do município de Caicó.

Procure identifi car qual a ação coletiva que pode ser proposta

por Associação, ou seja, em que esta pode fi gurar no polo ativo

da demanda. Veja ainda quais os requisitos legais para que reste

confi gurada a legitimidade ativa da ação, você deve deixá-los

demonstrados de forma expressa em sua peça. Atente também

para o local em que a ação será ajuizada, o foro competente será

o do local onde o patrimônio público que a ação visa proteger

está situado.

Você viu ainda que cada ação coletiva possui suas hipóteses

de cabimento, logo, identifi cado que o objeto da ação será a

proteção de patrimônio histórico e cultural, você deverá fazer o

enquadramento legal do objeto na hipótese legal da respectiva

lei que regulamenta a ação a ser proposta, demonstrando para

o juiz que irá julgar a sua petição que a você propôs a peça

processual correta.

Não esqueça de fazer uma robusta exposição dos fatos, e

também de deixar expressa a fundamentação legal da peça

e dos pedidos, obedeça também aos requisitos formais das

ações coletivas, lembrando de verifi car se há a necessidade de

notifi cação do Ministério Público e se deve haver o recolhimento

de custas e emolumentos. Por fi m, não esqueça de atribuir valor

à causa, seguindo minimamente uma correspondência com o

valor econômico que se busca resguardar na ação, data-la e

assina-la. Dito isso, vamos à prática!

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Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 4NPJ