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Direito do Trabalho...O contrato de experiência é uma modalidade de contrato por prazo determinado, e sua finalidade é a de verificar se o empregado tem aptidão para exercer a

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DDiirreeiittoo ddoo TTrraabbaallhhoo

Módulo II

Parabéns por participar de um curso dos

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sucesso em sua carreira.

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Sumário

Unidade 2 – O Direito do Trabalho na prática .......................................................... 3

2.1 – Função do contrato de trabalho.......................................................................... 3

2.2 – A remuneração................................................................................................ 15

2.3 – Manutenção da jornada de trabalho ................................................................. 30

2.4 – Período de férias: aquisição e gozo.................................................................. 36

2.5 – Pagamento do 13º Salário................................................................................ 45

2.6 – Como rescindir o contrato de trabalho............................................................. 46

Unidade 3 – Segurança e medicina no trabalho....................................................... 58

3.1 – Abordagem histórica ....................................................................................... 58

3.2 – Da insalubridade ............................................................................................. 60

3.3 – Da periculosidade............................................................................................ 62

3.4 – Medidas preventivas de medicina do trabalho ................................................. 63

3.5 – Normas regulamentadoras ............................................................................... 67

Encerramento............................................................................................................ 75

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Unidade 2 – O Direito do Trabalho na prática

Olá,

Nesta unidade, estudaremos os principais direitos previstos na Consolidação das

Leis do Trabalho (CLT) que surgem quando é estabelecida uma relação de emprego.

Esta relação se estabelece quando a empresa contrata o empregado, esta é uma

relação protegida pela legislação trabalhista. Estudaremos todos os direitos advindos

dessa relação, inclusive aqueles relacionados à rescisão do contrato de trabalho.

Bom estudo!

2.1 – Função do contrato de trabalho

Podemos entender que haverá contrato de trabalho sempre que uma pessoa física

assumir a obrigação de realizar atos, executar obras ou prestar serviços para uma

empresa, sob dependência desta, durante período determinado ou indeterminado de

tempo e mediante pagamento de salário. Segundo Evaristo de Moraes Filho, podemos

conceituar o contrato de trabalho, como:

“... o acordo pelo qual uma pessoa natural se compromete a prestar serviços não

eventuais a outra pessoa natural ou jurídica, em seu proveito e sob suas ordens,

mediante salário.” (Evaristo de Moraes Filho).

Vale lembrar que a empresa possui liberdade para contratar seus trabalhadores

de acordo com suas necessidades e expectativas. Porém, para as empresas de médio e

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grande porte, a legislação impõe a contratação de determinados segmentos de

trabalhadores com o intuito de promover a inclusão social.

Tal determinação legal pode ser exemplificada com a obrigação das empresas

em contratar pessoas com necessidades especiais e menores aprendizes, sendo que a

porcentagem de profissionais a serem contratados nestes grupos é definida pelo número

de empregados da empresa.

CTPS – Carteira de Trabalho e Previdência Social

A CTPS – Carteira de Trabalho e Previdência Social foi regulamentada pelo

Decreto nº. 22.035, de 29 de outubro de 1932, e tornou-se um documento obrigatório

para toda pessoa que venha a prestar algum tipo de serviço para outra pessoa, seja na

indústria, no comércio, na agricultura, na pecuária ou mesmo de natureza doméstica.

A Carteira de Trabalho e Previdência Social é hoje um dos únicos documentos a

reproduzir a vida funcional do trabalhador. Assim, garante o acesso a alguns dos

principais direitos trabalhistas, como: o seguro-desemprego, os benefícios

previdenciários e o FGTS.

No início, surgiu como carteira profissional em 1932, sucedendo a carteira de

trabalhador agrícola, instituída por decretos assinados nos anos de 1904 a 1906. Já a

Carteira de Trabalho e Previdência Social – CTPS, que substituiu a carteira profissional,

foi criada pelo decreto-lei n.º 926, de 10 de outubro de 1969.

A CTPS contém informações sobre a qualificação e a vida profissional do

trabalhador e anotações sobre sua filiação ao Instituto Nacional de Seguridade Social –

INSS. Na nova carteira de trabalho – CTPS emitida por meio informatizado – é

valorizada a segurança contra fraudes. O documento possui capa azul em material

sintético, mais resistente de que o usado no modelo anterior, além de ser confeccionado

em papel com um plástico autoadesivo inviolável, que protege as informações

relacionadas à identificação profissional e à qualificação civil do indivíduo.

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A formalização da contratação de um empregado por uma empresa será

realizada através do registro da Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) deste

trabalhador pelo empregador.

Na CTPS, devem ser inseridas todas as condições previamente negociadas entre

empregado e empregador, como: cargo a ser ocupado, salário, data de início, entre

outras informações.

Ao final da CTPS, nas páginas relativas às anotações gerais, deverão ser

inseridas condições específicas desta contratação, como o fato do empregado exercer

atividade externa e, desta forma, não possuir sua jornada de trabalho controlada, por

exemplo. Caso o empregado e o empregador tenham acordado um período de

experiência, esta informação também deverá ser inserida na CTPS.

Contrato de experiência

O contrato de experiência é uma modalidade de contrato por prazo determinado,

e sua finalidade é a de verificar se o empregado tem aptidão para exercer a função para

a qual foi contratado.

Da mesma forma, o empregado, na vigência do referido contrato, verificará se

consegue adaptar-se à estrutura hierárquica dos empregadores, bem como às condições

de trabalho a que estará subordinado.

A respeito da sua duração, o contrato de experiência não poderá exceder o prazo

de 90 (noventa) dias, segundo dispõe o parágrafo único do artigo 445 da CLT.

Além disso, o artigo 451 da CLT dispõe que o Contrato de Experiência poderá

ser prorrogado uma única vez, dentro do limite de 90 dias, sob pena de ser considerado

contrato por prazo indeterminado e assim sofrer seus efeitos.

As empresas geralmente costumam firmar o contrato de experiência pelo prazo

de 45 dias, renovando-o por igual período.

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Ultrapassado o prazo de vigência do contrato de experiência e não manifestando

as partes interesse em sua rescisão, o contrato passa a valer, automaticamente, por prazo

indeterminado.

Vale ressaltar que algumas Convenções Coletivas de determinadas categorias

negociam prazos inferiores ao previsto em lei para os casos de contrato de experiência,

e o empregador deverá estar atento a este detalhe, devendo cumprir o que dispõe a

convenção da categoria.

Contrato de trabalho por prazo determinado

Embora o princípio da continuidade da relação de emprego determine que todo

contrato de trabalho seja, em teoria, firmado por prazo indeterminado, ou seja, sem data

pré-estabelecida para seu término, a lei estabeleceu condições para o estabelecimento de

contrato de trabalho por prazo determinado.

O artigo 443 da CLT estabelece que:

§ 1º - Considera-se como de prazo determinado o contrato de trabalho cuja vigência

dependa de termo prefixado ou da execução de serviços especificados ou ainda da

realização de certo acontecimento suscetível de previsão aproximada.

§ 2º - O contrato por prazo determinado só será válido em se tratando:

a) de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo;

b) de atividades empresariais de caráter transitório;

c) de contrato de experiência.

§ 3° - Considera-se como intermitente o contrato de trabalho no qual a prestação de

serviços, com subordinação, não é contínua, ocorrendo com alternância de períodos de

prestação de serviços e de inatividade, determinados em horas, dias ou meses,

independentemente do tipo de atividade do empregado e do empregador, exceto para os

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aeronautas, regidos por legislação própria. (Parágrafo incluído pela Lei n°

13.467/2017 - DOU 14/07/2017)

A validade do Contrato de Trabalho por prazo determinado observa basicamente três

requisitos:

1) Cabimento;

2) Prazo;

3) Prorrogação.

Cabimento

Quando o legislador estabeleceu as hipóteses em que o trabalhador poderá ser

contratado por prazo determinado, ele pretendeu evitar que as empresas contratem toda

a sua força de mão de obra nestas condições, uma vez que os custos para a rescisão

deste contrato são inferiores ao de uma contratação por prazo indeterminado. Neste

sentido, o legislador indicou quais são as atividades que poderão constituir o objeto de

um contrato de trabalho por prazo certo. Vejamos:

1) Contrato de experiência

As principais questões relativas ao contrato de experiência já foram vistas em tópico

próprio e são aplicáveis as determinações gerais indicadas no item acima.

2) Contrato de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do

prazo

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Entende-se por serviços cuja natureza ou transitoriedade justifiquem a

predeterminação do prazo como as atividades empresariais rotineiras, relacionadas ao

seu objeto e que necessitem de mão de obra extra por um curto espaço de tempo.

Temos como um clássico exemplo a contratação de trabalhadores pelo comércio,

em épocas de grande demanda nas vendas, como, por exemplo: Natal, Dia das Mães e

Páscoa. Trata-se de uma contratação para suprir um aumento considerável na produção

ou nas vendas, justificável pela festividade e estabelecida por um curto espaço de

tempo. A lei aqui não considerou o objeto social da empresa, mas a atividade a ser

realizada pelo funcionário.

3) Atividades empresariais de caráter transitório

Nesta hipótese legal, a contratação de empregados por prazo determinado

somente é viável quando o objeto social da empresa tiver uma atividade empresarial

transitória.

Uma empresa que atua como produtora de shows, atividades circenses, feiras de

negócio, fabricante de fogos de artifícios para festas juninas, por exemplo,

permanecendo sem atividade durante todo o restante do ano, estaria apta a contratar

trabalhadores sob esta hipótese legal.

A demanda por mão de obra, nestas hipóteses, visa atuar de forma a atender uma

necessidade específica e pontual do mercado ou sazonal. Contudo, caso esta empresa

desenvolva outras atividades nos demais períodos do ano, seria necessário contratar

seus trabalhadores por prazo indeterminado.

Temos, também, que o contrato de trabalho por prazo certo não poderá ser

firmado por prazo superior a dois anos, sendo possível uma única prorrogação dentro

deste período. Desta forma, caso o empregado tenha sido contratado pelo período inicial

de oito meses, este contrato somente poderá ser prorrogado uma única vez e pelo

período máximo de dezesseis meses, de forma que o contrato total não ultrapasse o

limite de dois anos ou vinte e quatro meses. Ressaltamos que há exceções para esta

regra para casos específicos disciplinados em leis esparsas e como exemplo citamos:

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1) Atleta Profissional – prazo máximo cinco anos – Lei 9.615/98;

2) Contrato de Obra Certa – prazo suficiente para conclusão da obra – Lei 2.959/53 –

porém limitado a dois anos;

3) Contrato de Safra – o prazo é o da duração da Safra – Lei 5.889/73.

Com a reforma trabalhista realizada através da Lei 13.467/2017, foi criado o parágrafo

3, transcrito acima, que versa sobre a criação da categoria de trabalho intermitente. Esta

categoria engloba contratos onde a prestação de serviço ocorre com alternância de

períodos, havendo períodos onde os serviços são prestados e períodos onde não há

prestação. Essa alternância pode varias de horas, dias e até mesmo meses e não pode ser

aplicada a aeronautas, pois estes possuem legislação própria.

Alteração do contrato de trabalho

De acordo com o artigo 468 da CLT, é possível a alteração no contrato de

trabalho, desde que observados alguns requisitos, a saber:

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1. Mútuo consentimento (concordância) das partes, ou seja, não é possível a alteração

contratual unilateral, apenas por vontade do empregador, mas ambos, empregador e

empregado, devem estar de mútuo acordo a respeito da alteração;

2. Em relação à alteração contratual, o empregado não pode sofrer nenhum prejuízo,

direta ou indiretamente, não só pecuniários, mas de qualquer natureza (como benefícios,

jornada de trabalho, vantagens, saúde e segurança entre outros) anteriormente

garantidos.

Portanto, qualquer alteração que não atenda aos requisitos acima não produzirá qualquer

efeito no contrato de trabalho. Por outro lado, são possíveis alterações contratuais por

vontade unilateral do empregador, desde que observada a manutenção da essência do

contrato de trabalho.

A própria CLT estabelece algumas condições lícitas em que o empregador

poderá alterar o contrato de trabalho, a saber:

� Mudança do local de trabalho desde que não se caracterize a transferência, ou seja,

desde que não haja a mudança de domicílio do empregado;

� Mudança de horário (de manhã para tarde ou de noturno para diurno);

� Alteração de função, desde que não represente rebaixamento para o empregado,

como por exemplo, a promoção de cargo enseja uma alteração, porém não acarreta

prejuízo ao empregado, ao contrário, na maioria dos casos a promoção vem

acompanhada de aumento de salário, melhorando a condição financeira do empregado;

� Transferência para localidade diversa da qual resultar do contrato, no caso do

empregado que exerça cargo de confiança, neste item é importante ressaltar que a

definição jurídica para “cargo de confiança” não é pacífica, assim como não é pacífica a

jurisprudência a respeito do assunto, podemos definir “cargo de confiança” como aquele

ocupado por profissional que atua como se fosse o próprio dono da empresa,

representando o empregador perante terceiros, tomando decisões, admitindo e

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demitindo empregados, por exemplo. Em geral, estas atividades são desenvolvidas por

gerentes e diretores. De qualquer modo, estabelecido o cargo de confiança, o

empregador poderá processar a transferência independente da anuência do empregado;

� Transferência quando ocorrer extinção do estabelecimento em que trabalhar o

empregado, como por exemplo, um vendedor de loja que tem aquela unidade fechada e

é transferido para outra loja do mesmo grupo;

� Transferência do empregado para localidade diversa da qual resultar do contrato

quando desta decorra necessidade do serviço, sob pagamento suplementar, nunca

inferior a 25% do salário.

O artigo 468 da CLT versava que “Não se considera alteração unilateral a

determinação do empregador para que o respectivo empregado reverta ao cargo

efetivo, anteriormente ocupado, deixando o exercício de função de confiança.” Isso

significa que, em casos onde um empregado perdia um cargo de confiança (aqueles

cargos onde o funcionário atua representando o próprio dono da empresa, como gerente

ou diretor), essa não era considerada uma alteração unilateral.

A respeito disso, o item I da Súmula nº 372 do TST versa o seguinte: “Percebida a

gratificação de função por dez ou mais anos pelo empregado, se o empregador, sem

justo motivo, revertê-lo a seu cargo efetivo, não poderá retirar-lhe a gratificação tendo

em vista o princípio da estabilidade financeira”. Isso assegurava ao funcionário que

exerceu cargo de confiança por dez anos ou mais que não perdesse a bonificação

correspondente ao cargo que exercia.

A reforma trabalhista, entretanto, adicionou novo parágrafo ao artigo 468, a saber:

“A alteração de que trata o § 1° deste artigo, com ou sem justo motivo, não

assegura ao empregado o direito à manutenção do pagamento da gratificação

correspondente, que não será incorporada, independentemente do tempo de

exercício da respectiva função.”

Cai por terra, então, o direito que o empregado tinha de manter a bonificação decorrente

do cargo de confiança.

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Suspensão e interrupção do contrato de trabalho

Os juristas e estudiosos do direito do trabalho ainda não chegaram a um

consenso quanto aos conceitos e respectivas repercussões da suspensão e da interrupção

de um contrato de trabalho.

A CLT também não contribui para este esclarecimento uma vez que ao tratar do

tema, não conceitua o que seja suspensão ou interrupção. Em uma primeira análise,

podem parecer significar a mesma coisa, mas para o Direito do Trabalho são institutos

diferentes, vejamos:

Suspensão

Cessação provisória e total dos efeitos do contrato de trabalho.

Efeitos: Na suspensão, o contrato continua em pleno vigor, mas não conta o tempo de

serviço e não há remuneração.

A seguir veja algumas hipóteses de suspensão do Contrato de Trabalho:

1. Auxílio doença após 15 dias (O INSS é quem paga);

2. Aposentadoria provisória por invalidez;

3. Aborto não criminoso;

4. Greve legal/legítima;

5. Cargo Eletivo – Súmula 269 TST;

6. Licença não remunerada;

7. Exercício de cargo público;

8. Mandato sindical;

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9. Suspensão disciplinar- art. 474, CLT;

10. Suspensão de empregado estável ou garantia especial de emprego, para instauração

de inquérito para apuração de falta grave, sendo julgada improcedente- art. 494, CLT;

Súmula n. 197, STF.

Efeitos da suspensão do contrato de trabalho

O principal efeito da suspensão do contrato de trabalho é a sustação das

obrigações contratuais (prestar serviços – empregado; pagar salário – empregador),

enquanto durar o período da suspensão.

Vale ressaltar que o empregado possui algumas garantias ao final da suspensão,

tais como: retorno do empregado ao cargo anterior ocupado após o fim da suspensão

(artigo 471, CLT); para o caso de dissídio da categoria ocorrer durante o período da

suspensão, o empregado terá acesso a esses direitos quando ocorrer o fim da suspensão;

a garantia da impossibilidade do rompimento do contrato de trabalho, por ato unilateral

do empregador (dispensa sem justa causa).

Por outro lado, a rescisão por justa causa é possível durante o período de

suspensão do contrato de trabalho, nos casos em que o empregado, comprovadamente,

cometer ato lesivo à honra ou realizar ofensas físicas contra o empregador (artigo 482,

“k”, CLT).

O pedido de demissão também é possível durante o período de suspensão,

entretanto, ele só será válido se assistido por entidade sindical ou administrativa ou de

jurisdição voluntária (artigo 500 da CLT).

Interrupção

Cessação parcial e provisória do Contrato de Trabalho.

Efeitos: Como a cessação é parcial, continua a contar o tempo de serviço e há a

remuneração.

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Veja, a seguir, algumas hipóteses de interrupção do Contrato de Trabalho:

1. Férias;

2. Aviso prévio não trabalhado;

3. Licença-maternidade;

4. Auxílio doença – primeiros 15 dias – neste caso, o empregador é quem paga;

5. Repouso Remunerado;

6. Faltas ao serviço – artigo 473 da CLT;

7. Feriados;

8. Casamento;

9. Licença Paternidade;

10. Falecimento do Cônjuge;

11. Doação de sangue;

12. Alistamento militar;

13. Comparecimento a juízo;

14. Alistamento eleitoral;

15. Vestibular;

16. Acidente do trabalho (nesse caso não recebe salário da empresa, mas tem o período

computado como trabalhado);

17. Acompanhamento a consultas médicas e exames complementares durante período

de gravidez da esposa ou companheira (até dois dias);

18. Acompanhamento de filho de até seis anos em consultas médicas (um dia por ano).

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Temos como principal característica da interrupção dos contratos de trabalho a

continuidade de vigência de todas as obrigações contratuais.

Efeitos da interrupção do contrato de trabalho

O principal efeito da interrupção é a sustação restrita das obrigações contratuais

(prestar serviço e disponibilidade perante o empregador). Outros efeitos são as

garantias, tais como: retorno do empregado ao cargo ocupado após o fim da causa

interruptiva (art. 471, CLT), garantia do recebimento pelo empregado do salário e

direitos alcançados ao retornar as atividades.

As causas de dispensa por justa causa são as mesmas já citadas na suspensão do

contrato de trabalho. Lembramos ainda que a suspensão e a interrupção do contrato do

trabalho inviabilizam a extinção dos contratos por tempo indeterminado, pois ambos

sustam as cláusulas do contrato de trabalho durante certo tempo.

2.2 – A remuneração

Vejamos as nomenclaturas de acordo com as categorias aplicáveis:

• Vencimentos: professores e funcionários públicos;

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• Subsídio: magistrados;

• Soldo: militares;

• Ordenado: trabalho preponderantemente intelectual;

• Salário: trabalho preponderantemente físico;

• Proventos: aposentados;

• Honorários: profissionais liberais.

Diferença entre salário e remuneração

Na maioria das vezes, utilizamos as palavras salário e remuneração como se

fossem sinônimas, entretanto, elas possuem conceitos distintos e esta diferença tem

aplicações práticas no direito do trabalho, como veremos a seguir.

Por remuneração, podemos entender o conjunto de vantagens recebidas pelo

empregado em virtude dos serviços prestados ao empregador, em dinheiro ou em

utilidades. Embora a CLT não possua uma definição de salário ou de remuneração, o

artigo 457 expõe que o salário está compreendido na remuneração paga pelo

empregador, juntamente, com as verbas pagas por terceiros, como as gorjetas.

Neste sentido, podemos entender que o salário constitui uma parte da

remuneração recebida pelo empregado, juntamente, com outros itens como gorjetas e

benefícios in natura, os quais possuem natureza salarial de acordo com a legislação.

O salário, por sua vez, é composto do valor fixo monetário ajustado com o

empregador, acrescido de comissões, gratificações, diárias para viagem que excedam

50% do salário recebido, abonos e benefícios in natura (como, por exemplo, moradia e

alimentação).

É importante ressaltar que algumas verbas, se pagas com habitualidade, também

integram o salário para todos os fins, como as horas extras prestadas e prêmio por

produção, por exemplo. Uma vez integradas ao salário, o empregador não poderá

suprimi-las unilateralmente.

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Por fim, julgamos importante transcrever os artigos 457 e 458 da CLT para

maior entendimento a respeito do assunto, vejamos:

Art. 457 - Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos

legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como

contraprestação do serviço, as gorjetas que receber.

§ 1° - Integram o salário a importância fixa estipulada, as gratificações legais e

as comissões pagas pelo empregador. (Parágrafo alterado pela Lei n° 13.467/2017 -

DOU 14/07/2017)

§ 2° - As importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda de custo, auxílio-

alimentação, vedado seu pagamento em dinheiro, diárias para viagem, prêmios e

abonos não integram a remuneração do empregado, não se incorporam ao contrato de

trabalho e não constituem base de incidência de qualquer encargo trabalhista e

previdenciário. (Parágrafo alterado pela Lei n° 13.467/2017 - DOU 14/07/2017)

§ 3° - Considera-se gorjeta não só a importância espontaneamente dada pelo

cliente ao empregado, como também o valor cobrado pela empresa, como serviço ou

adicional, a qualquer título e destinado à distribuição aos empregados. (Redação dada

pela Lei n.º 13.419/2017 - DOU 14/03/2017)

§ 4° - Consideram-se prêmios as liberalidades concedidas pelo empregador em forma

de bens, serviços ou valor em dinheiro a empregado ou a grupo de empregados, em

razão de desempenho superior ao ordinariamente esperado no exercício de suas

atividades. (Parágrafo alterado pela Lei n° 13.467/2017 – DOU 14/07/2017)

§ 5° - Inexistindo previsão em convenção ou acordo coletivo de trabalho, os critérios de

rateio e distribuição da gorjeta e o percentuais de retenção previstos nos §§ 6° e 7°

deste artigo serão definidos em assembleia geral dos trabalhadores, na forma do art.

612 desta Consolidação. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 13.419/2017 - DOU

14/03/2017)

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§ 6° - As empresas que cobrarem a gorjeta de que trata o § 3° deverão: (Parágrafo

acrescentado pela Lei nº 13.419/2017 - DOU 14/03/2017)

I - para as empresas inscritas em regime de tributação federal diferenciado, lançá-la

na respectiva nota de consumo, facultada a retenção de até 20% (vinte por cento) da

arrecadação correspondente, mediante previsão em convenção ou acordo coletivo de

trabalho, para custear os encargos sociais, previdenciários e trabalhistas derivados da

sua integração à remuneração dos empregados, devendo o valor remanescente ser

revertido integralmente em favor do trabalhador;

II - para as empresas não inscritas em regime de tributação federal diferenciado,

lançá-la na respectiva nota de consumo, facultada a retenção de até 33% (trinta e três

por cento) da arrecadação correspondente, mediante previsão em convenção ou acordo

coletivo de trabalho, para custear os encargos sociais, previdenciários e trabalhistas

derivados da sua integração à remuneração dos empregados, devendo o valor

remanescente ser revertido integralmente em favor do trabalhador;

III - anotar na Carteira de Trabalho e Previdência Social e no contracheque de seus

empregados o salário contratual fixo e o percentual percebido a título de gorjeta.

§ 7° - A gorjeta, quando entregue pelo consumidor diretamente ao empregado, terá

seus critérios definidos em convenção ou acordo coletivo de trabalho, facultada a

retenção nos parâmetros do § 6° deste artigo. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº

13.419/2017 - DOU 14/03/2017)

§ 8° - As empresas deverão anotar na Carteira de Trabalho e Previdência Social de

seus empregados o salário fixo e a média dos valores das gorjetas referente aos últimos

doze meses. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 13.419/2017 – DOU 14/03/2017)

§ 9° - Cessada pela empresa a cobrança da gorjeta de que trata o § 3° deste artigo,

desde que cobrada por mais de doze meses, essa se incorporará ao salário do

empregado, tendo como base a média dos últimos doze meses, salvo o estabelecido em

convenção ou acordo coletivo de trabalho. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº

13.419/2017 - DOU 14/03/2017)

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§ 10. - Para empresas com mais de sessenta empregados, será constituída comissão de

empregados, mediante previsão em convenção ou acordo coletivo de trabalho, para

acompanhamento e fiscalização da regularidade da cobrança e distribuição da gorjeta

de que trata o § 3° deste artigo, cujos representantes serão eleitos em assembleia geral

convocada para esse fim pelo sindicato laboral e gozarão de garantia de emprego

vinculada ao desempenho das funções para que foram eleitos, e, para as demais

empresas, será constituída comissão intersindical para o referido fim. (Parágrafo

acrescentado pela Lei nº 13.419/2017 - DOU 14/03/2017)

§ 11. - Comprovado o descumprimento do disposto nos §§ 4°, 6°, 7° e 9° deste artigo, o

empregador pagará ao trabalhador prejudicado, a título de multa, o valor

correspondente a 1/30 (um trinta avos) da média da gorjeta por dia de atraso, limitada

ao piso da categoria, assegurados em qualquer hipótese o contraditório e a ampla

defesa, observadas as seguintes regras: (Parágrafo acrescentado pela Lei nº

13.419/2017 - DOU 14/03/2017)

I - a limitação prevista neste parágrafo será triplicada caso o empregador seja

reincidente;

II - considera-se reincidente o empregador que, durante o período de doze meses,

descumpre o disposto nos §§ 4°, 6°, 7° e 9° deste artigo por mais de sessenta dias.

Art. 458 - Além do pagamento em dinheiro, compreende-se no salário, para todos os

efeitos legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações in natura que a

empresa, por força do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado.

Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas

nocivas.

§ 1º - Os valores atribuídos às prestações in natura deverão ser justos e razoáveis, não

podendo exceder, em cada caso, os dos percentuais das parcelas componentes do

salário mínimo (arts. 81 e 82).

§ 2º - Não serão considerados como salário, para os efeitos previstos neste artigo, os

vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos ao empregado e utilizados no

local de trabalho, para a prestação dos respectivos serviços.

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§ 3º - A habitação e a alimentação fornecidas como salário-utilidade deverão atender

aos fins a que se destinam e não poderão exceder, respectivamente, a 25% (vinte e

cinco por cento) e 20% (vinte por cento) do salário-contratual.

§ 4º - Tratando-se de habitação coletiva, o valor do salário-utilidade a ela

correspondente será obtido mediante a divisão do justo valor da habitação pelo número

de co-habitantes, vedada, em qualquer hipótese, a utilização da mesma unidade

residencial por mais de uma família.

Analisando os artigos acima transcritos, podemos concluir que o termo

remuneração é mais amplo que o termo salário, como já dissemos acima. O salário é a

soma de tudo o que o empregado recebe, já a remuneração é a soma que inclui, além do

salário, outras parcelas recebidas de terceiros em função do contrato de trabalho, como,

por exemplo, as gorjetas.

Formas de remuneração

Assim como já mencionamos no tópico anterior, a remuneração do trabalhador

pode ser composta, além da parcela salarial fixa paga em dinheiro, em utilidades

(salário in natura) disponibilizadas pelo empregador ao trabalhador como moradia, por

exemplo. A remuneração também pode ser composta de benefícios com natureza não

salarial, como: a assistência médica, o auxílio alimentação ou a cesta básica, o vale-

refeição, entre outros.

Entretanto, o empregador deverá observar que o salário pago em dinheiro

(moeda corrente nacional) jamais poderá representar um montante inferior a 30% do

montante salarial total.

A Lei estabelece também que a periodicidade máxima em que o funcionário

receberá seu salário não pode ser superior a um mês. Além disso, os empregados que

recebem seus salários mensalmente, denominados mensalistas, a remuneração deverá

ser paga até o 5º dia útil subsequente ao da prestação de serviços.

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Neste sentido, um trabalhador contratado por tarefa, por exemplo, deverá ter sua

remuneração paga mensalmente, mesmo que a tarefa a qual o mesmo esteja executando

tenha duração superior a um mês.

O pagamento da remuneração deverá sempre ser efetuado em dia útil, no local

de prestação de serviços, dentro do horário de trabalho ou imediatamente após este. A

exceção desta condição do horário para pagamento, refere-se ao salário pago mediante

depósito em conta corrente, o qual poderá ser efetuado em qualquer horário.

Em termos de classificação, a remuneração pode ser analisada sob dois aspectos:

por modo de aferição (no caso de pagamento por hora ou pelo período mensal) ou pela

natureza do pagamento (se pago em dinheiro ou utilidades). Vejamos:

Modo de aferição

A remuneração paga por modo de aferição possui como característica principal a

de que seu cálculo é realizado através de unidade temporal. Neste sentido, o trabalhador

pode ser remunerado por hora, por dia, por semana, por quinzena ou por mês.

Estados como São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro possuem legislações estaduais,

estabelecendo pisos salariais locais mínimos para determinadas atividades, os quais

devem ser observados pelos empregadores.

O trabalhador também pode ser remunerado por unidade de obra ou tarefa. Nesta

forma de avaliação de trabalho, o resultado do trabalho é a base para o cálculo do

salário.

Natureza do pagamento:

A classificação da remuneração de acordo com a natureza do pagamento decorre

da possibilidade legal do trabalhador ser remunerado não só em dinheiro, mas também

em utilidades.

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O artigo 458 da CLT prevê expressamente que a alimentação, o vestuário, a

moradia ou outras prestações in natura através das quais o empregador remunere,

habitualmente, o trabalhador serão consideradas como salário.

O empregador deverá avaliar, financeiramente, qual é o valor da utilidade

fornecida e lançar referido montante no recibo de salário do trabalhador, a fim de que se

constitua uma base de cálculo para os demais reflexos.

Neste sentido, caso o empregador forneça a um trabalhador específico moradia,

sua remuneração, para todos os fins e reflexos, será formada pelo salário base acrescido

do montante relativo ao aluguel de referida moradia.

Adicionais ao salário

Os adicionais salariais correspondem aos acréscimos da remuneração do

trabalhador, devido às condições mais ofensivas que ele se submete durante a prestação

de serviços. Veremos a seguir cada um dos adicionais previstos na legislação:

1) Horas extras

A realização de trabalho, além da jornada habitual do empregado, enseja o

pagamento de adicional de horas extras. Como exemplo, temos a hipótese do

empregado contratado para trabalhar em uma jornada de oito horas por dia. Se em um

determinado dia, este funcionário trabalha por dez horas, neste caso, o trabalhador fará

jus ao recebimento dessas duas horas trabalhadas, acrescidas do adicional de horas

extras.

A CLT determina que o adicional de horas extras não poderá ser inferior a 50%

(cinquenta por cento) da hora normal. Desta forma, deve ser verificado se o empregador

se inclui no Acordo Coletivo que determina o pagamento do adicional em porcentual

superior ao previsto em lei ou se a Convenção Coletiva de Trabalho da categoria possui

previsão neste sentido.

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Outro fator que deve ser analisado para o pagamento deste adicional diz respeito

à existência ou não de acordo para a compensação de jornada de trabalho, no qual o

trabalhador executa suas atividades em sobrejornada em um determinado dia, mas folga

em outro, como a emenda de um feriado, por exemplo. Os acordos desta natureza

preveem quais são as condições para que a referida compensação ocorra sem prejuízo

aos trabalhadores, e, neste caso, não serão pagas as horas extras com o seu devido

adicional. As horas extras pagas com habitualidade integram o salário do empregado

para todos os fins, devendo repercutir em férias e 13º salário, por exemplo.

2) Adicional noturno

O trabalho no período noturno é aquele compreendido entre 22:00 e 05:00 horas

e enseja o pagamento de adicional, sendo o percentual devido de 20% sobre o valor da

hora diária.

Vale lembrar que assim como para o caso de horas extras, a convenção coletiva

da categoria pode estabelecer um porcentual maior do que o estabelecido em lei, e neste

caso será pago o porcentual definido pela convenção, sempre o que for maior.

O adicional noturno pago com habitualidade integrará o salário do trabalhador

para todos os reflexos legais.

3) Adicional de insalubridade

O adicional de insalubridade ocorre na hipótese do trabalhador executar suas

atividades em condições prejudiciais à sua saúde. Por condições insalubres podemos

entender como algumas condições presentes no ambiente de trabalho que podem

acarretar danos à saúde do trabalhador, ocasionando as denominadas doenças

profissionais.

A legislação estabelece várias condições insalubres que são consideradas para

efeito de estabelecer a obrigatoriedade do pagamento de adicional, entre elas estão:

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ruído, poeira, temperaturas muito altas, temperaturas muito baixas, produtos químicos,

entre outros.

O percentual do adicional de insalubridade depende do grau de insalubridade ao

qual o trabalhador é exposto, podendo variar de 10% (grau mínimo), 20% (grau médio)

e 40% (grau máximo).

Embora a CLT determine que a base de cálculo do adicional de insalubridade

seja o salário mínimo, esta questão é bastante controversa no Judiciário, uma vez que o

artigo 7º da Constituição Federal veda a vinculação do salário mínimo para qualquer

fim.

O trabalhador não terá direito ao recebimento de referido adicional, caso o

empregador adote todas as medidas previstas em lei para eliminar ou reduzir a

insalubridade, o que deverá ser comprovado em laudos ambientais dos programas de

segurança e medicina do trabalho da empresa. Estas medidas, em geral, estão previstas

nas Normas Regulamentadoras.

4) Adicional de periculosidade

O fato gerador do pagamento do adicional de periculosidade consiste no trabalho

executado em contato permanente com inflamáveis ou explosivos, tal como ocorre com

os operadores de bombas de gasolina nos postos de combustíveis.

Os empregados que trabalham no setor de energia elétrica também têm direito ao

recebimento de referido adicional, não por força de previsão estabelecida na CLT, mas

em virtude do previsto na Lei 7.369/1985.

No caso da energia elétrica, o fato gerador consiste no contato com

equipamentos energizados, dentro dos parâmetros indicados pela legislação como de

risco à vida do trabalhador.

Em todas as hipóteses, o adicional devido será de 30% sobre o salário base do

trabalhador sendo que se pago com habitualidade, o benefício integrará o salário do

trabalhador para todos os fins de direito.

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É importante observar que, caso o empregado tenha direito tanto ao recebimento

do adicional de periculosidade quanto ao de insalubridade, ele deverá optar pelo

recebimento de um adicional apenas, o que lhe seja mais favorável, uma vez que é

proibida a acumulação dos dois adicionais.

5) Adicional de transferência

O empregado transferido de forma provisória de seu local de prestação de

serviços habitual e cuja transferência acarrete a mudança de seu domicílio, poderá

receber o adicional de 25% sobre o seu salário contratual.

Porém, caso o empregado retorne ao local inicial da prestação de serviços, não

haverá o direito ao recebimento do adicional.

Descontos salariais

A CLT, em seu artigo 462, veda ao empregador a possibilidade de efetuar

descontos no salário de seus empregados e esta é a regra geral. Esta preocupação do

legislador existe em função do salário ter natureza alimentar, e, neste sentido, o

legislador buscou proteger a subsistência do trabalhador e de sua família em detrimento

de eventuais interesses financeiros e econômicos do empregador. Entretanto, há

exceções a esta regra e elas consistem nos descontos decorrentes de:

1. Adiantamentos salariais;

2. Previsão em lei, como descontos de INSS, Imposto de Renda e vale transporte;

3. Determinação de acordo ou convenção coletiva;

4. Percentuais devidos em decorrência do fornecimento de salário in natura;

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5. Prejuízos causados pelo empregado, desde que previamente combinado com o

empregador quando de sua contratação e desde que exista prova inequívoca da

responsabilidade do trabalhador pelo dano ocasionado;

6. Descontos autorizados por escrito pelo empregado, como participação nos custos da

assistência médica e odontológica.

Não há qualquer previsão legal que autorize que sejam descontadas multas

contratuais do salário dos empregados, mesmo que esta condição tenha sido

estabelecida no contrato de trabalho. Deve-se apenas observar se referida multa é

decorrente de previsão legal constante em norma coletiva, quando o desconto de multas

passa a ser válido com respaldo no artigo 462 da CLT.

Quanto ao montante que pode ser descontado do salário do trabalhador, temos

que deverá ser garantido, mensalmente, o recebimento de 30% do salário do trabalhador

em dinheiro. Ainda, o empregador não poderá descontar valor superior ao do salário do

trabalhador.

Outro aspecto que deve ser observado é o fato de ser vedado ao empregador

descontar do salário do empregado qualquer montante referente ao fornecimento de

bens, equipamentos e vestuários utilizados para a prestação dos serviços, bem como

pelo fornecimento dos equipamentos de proteção individual (EPI’s), os quais

estudaremos no tópico relativo à segurança e saúde no trabalho.

Proteção ao salário

Tomando por princípio que a natureza do salário é alimentar, ou seja, visa

custear as despesas com alimentação do trabalhador e de sua família. Tal natureza

acarreta a proteção legal quanto ao recebimento do salário de forma integral pelo

trabalhador, evitando-se abusos por parte do empregador em efetuar descontos

indevidos.

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Pensando nisso, o legislador estabeleceu algumas condições para que

efetivamente o salário tenha proteção legal, como, por exemplo, na hipótese de falência

do empregador, o crédito trabalhista é privilegiado, devendo ser pago antes de qualquer

outro crédito de qualquer outra natureza. Trata-se da proteção do salário contra os

credores do empregador.

Caso a empresa esteja em débito com os salários de seus empregados e efetue

distribuição de lucros, bonificações ou dividendos aos seus dirigentes e administradores,

ficará caracterizado crime, estando os administradores (diretores, sócios, gerentes etc.)

passíveis de pena de detenção de 01 (um) mês a 01 (um) ano.

A legislação também prevê a proteção do salário contra os credores do próprio

empregado. Neste sentido, não poderá um credor do empregado solicitar que parte do

salário seja destinada à quitação de uma dívida, mesmo que referida pendência

financeira seja regular.

A única exceção para esta regra é a possibilidade de desconto do salário de

pensão alimentícia, na qual os credores são os filhos ou ex-cônjuges do empregado;

nesta hipótese, o empregador deverá receber um ofício judicial, que consiste na ordem

legal que legaliza o desconto no salário.

Equiparação salarial

Tanto o artigo 5º da Constituição Federal quanto o 461 da CLT tratam do direito

relativo à isonomia salarial. A Constituição Federal determina que “a todo trabalho de

igual valor corresponderá salário igual, sem distinção de sexo”.

A CLT detalha a previsão do texto constitucional, estabelecendo como requisitos

para a equiparação salarial: idêntica função, trabalho de igual valor, serviço prestado ao

mesmo empregador e no mesmo estabelecimento empresarial. A simultaneidade na

prestação de serviços é outro critério que deve ser observado. Antes da reforma

trabalhista, outro requisito que assegurava a equiparação salarial era a ausência de um

plano de carreira homologado em órgão público. Esse requisito, entretanto, não é mais

válido, como garante o mais recente parágrafo 2º do artigo:

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§ 2º - Os dispositivos deste artigo não prevalecerão quando o empregador tiver pessoal

organizado em quadro de carreira ou adotar, por meio de norma interna da empresa

ou de negociação coletiva, plano de cargos e salários, dispensada qualquer forma de

homologação ou registro em órgão público.

Leia, abaixo, o detalhamento de cada um dos tópicos que assegura a equiparação

salarial:

Idêntica função

No direito do trabalho, não há uma distinção precisa do que seja cargo ou

função. Desta forma, para fins de análise quanto à equiparação salarial, prevalecerão as

atividades efetivamente desenvolvidas pelos empregados e não a nomenclatura atribuída

pelo empregador para cada função ou cargo.

Neste sentido, caso um empregado seja registrado como encarregado de portaria

e o outro como porteiro, mas, na prática, eles desempenhem as mesmas funções, sem

distinção de hierarquia ou responsabilidades, os funcionários terão direito ao mesmo

salário.

A existência de diferença de grau de escolaridade entre os dois empregados

somente justifica a diferença salarial caso acarrete uma melhor perfeição técnica na

execução das atividades, conforme analisaremos no requisito seguinte.

Trabalho de igual valor

A CLT determina como trabalho de igual valor “[...] o que for feito com igual

produtividade e com a mesma perfeição técnica, entre pessoas cuja diferença de tempo

de serviço para o mesmo empregador não seja superior a quatro anos e a diferença de

tempo na função não seja superior a dois anos”.

No tocante à igual produtividade, esta se refere às questões quantitativas, ou

seja, referente ao empregado que produz mais, dentro das mesmas condições de trabalho

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de seus colegas. Este item deve ser analisado em conjunto com a perfeição técnica, que

representa a qualidade do resultado do trabalho executado pelo trabalhador.

Vale ressaltar que o empregador é o responsável por provar, em uma eventual

reclamação trabalhista na qual o objeto consista em um pedido de equiparação salarial,

que o empregado com salário superior possuía os requisitos previstos acima, que

justificam a superioridade salarial.

Mesmo empregador

Um dos requisitos para requerer a equiparação salarial é que tanto o empregado

reclamante quanto o seu colega que recebe salário superior (chamado de modelo ou

paradigma nas ações desta natureza) devem trabalhar para o mesmo empregador.

Neste sentido, não é viável o pedido de equiparação utilizando-se como

paradigma um empregado de outra empresa, mesmo que do mesmo ramo do

empregador.

Ainda temos que considerar, conforme estudamos no tópico relativo ao conceito

de empregador, que o grupo de empresas é considerado como um empregador único,

podendo o trabalhador valer-se desta previsão legal para requerer a equiparação salarial

em relação à outra empresa do grupo econômico com a mesma atividade econômica de

seu empregador.

Mesmo estabelecimento empresarial

Alterado pela reforma trabalhista, este tópico agora garante a equiparação

salarial a funcionários que, além de cumpridas todas as requisições acima, trabalhem no

mesmo espaço físico. Antes da reformulação das leis, a equiparação salarial era

garantida a funcionários da mesma “localidade”, termo que se referia à mesma região

metropolitana (cidade) e buscava garantir equiparação do custo de vida dos

trabalhadores.

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Simultaneidade na prestação de serviços

O requisito da simultaneidade determina que tanto o trabalhador quanto o seu

paradigma devem trabalhar ou ter trabalhado para o empregador no mesmo período.

Neste sentido, um trabalhador não poderá requerer a equiparação salarial em relação a

um colega que desempenhou a mesma função em período diverso ao seu seja anterior

ou posterior.

Descriminação de gênero e etnia

A reforma trabalhista trouxe um novo aspecto à equiparação salarial: a equidade de

gêneros. O aspecto é coberto por um novo parágrafo, o 6º:

§ 6 - No caso de comprovada discriminação por motivo de sexo ou etnia, o juízo

determinará, além do pagamento das diferenças salariais devidas, multa, em favor do

empregado discriminado, no valor de 50% (cinquenta por cento) do limite máximo dos

benefícios do Regime Geral de Previdência Social.

2.3 – Manutenção da jornada de trabalho

Podemos adotar como conceito de jornada de trabalho, o espaço de tempo

durante o qual o empregado deverá prestar serviço ou permanecer à disposição do

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empregador com habitualidade. Nos termos da Constituição Federal, art. 7º, XIII, sua

duração deverá ser de até 8 horas diárias e 44 horas semanais.

Na jornada de trabalho diurna, o trabalhador desempenha suas atividades entre

05:00 e 22:00 horas. No caso de jornada noturna, o trabalho é desempenhado entre

22:00 e 05:00 horas. O horário para refeição e descanso não é remunerado e, desta

forma, não é contado na duração da jornada de trabalho, uma vez que se destina ao

repouso físico e mental necessário para que o trabalhador execute suas atividades até o

final do expediente.

Não podemos conceituar jornada de trabalho como o tempo efetivamente

trabalhado pelo empregado, pois há hipóteses em que o trabalhador possui um intervalo

remunerado obrigatório, sendo este período contado na jornada de trabalho. Há ainda os

empregados que trabalham em regime de sobreaviso, ou seja, ao final de sua jornada de

trabalho na empresa, permanecem à disposição do empregador, em sua residência ou

não, aguardando um chamado para o retorno às atividades a qualquer momento.

Este período de espera, embora não seja trabalhado, deve ser remunerado pelo

empregador sempre que impossibilitar o livre deslocamento do empregado para a

execução de suas atividades e interesses pessoais.

Antes da reforma trabalhista, alguns empregados recebiam pelo tempo

despendido para se deslocarem até o local de trabalho. Essa remuneração, denominada

“horas in itinere", era paga nos casos em que o local de trabalho era de difícil acesso e

com oferta de transporte público escassa. O parágrafo 2 do artigo 58 da CLT, que

asseguravam o direito às horas in itinere teve sua redação alterada. Confira:

§2º - O tempo despendido pelo empregado desde a sua residência até a efetiva

ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por qualquer meio

de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na jornada

de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador.

Veja, abaixo, alguns tópicos relacionados à jornada de trabalho:

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Controle da jornada de trabalho

O empregador tem a obrigação de efetuar o controle de jornada de todos os seus

empregados, com exceção daqueles que como vimos, não estão sujeitos a este controle.

Esta obrigatoriedade tem aplicação prática, para efeitos de apuração de horas excedentes

e comprovação junto ao judiciário, quando necessário. Esta obrigação se aplica a todas

as empresas com dez ou mais empregados.

O controle da jornada poderá ser executado de diversas formas pelo empregador,

seja através de registro manual, mecânico ou eletrônico. Para os empregados que

executam suas atividades externamente, mas que seja possível o controle da jornada,

esta deverá ser anotada em ficha ou papeleta que ficará sob a posse do empregado,

devendo ser entregue mensalmente ou na periodicidade acordada junto ao empregador.

Horas extras e respectivo adicional

Por horas extras, também conhecidas como horas extraordinárias ou

suplementares, podemos entender o trabalho executado além do horário legal ou

acordado junto ao empregador. Pelo trabalho neste período extraordinário, o empregado

deverá ser remunerado pela hora extra trabalhada, acrescida do respectivo adicional.

As horas extras podem ocorrer após a jornada de trabalho, durante o intervalo

para refeição e descanso e no período que antecede a jornada de trabalho.

Contudo, os acréscimos de até cinco minutos no horário de entrada ou saída dos

trabalhadores não são considerados horas extras, pois este pode ser o período necessário

para que o trabalhador se desloque e efetue a marcação do ponto.

Acordo e prorrogação de horas

Podemos definir Acordo de Prorrogação de Horas como o instrumento pelo qual,

o empregado e o empregador, estabelecem que o empregado trabalhe, habitualmente,

em regime de horas extras.

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Aos menores é vedada a prorrogação da jornada de trabalho, salvo para efeito de

compensação ou excepcionalmente no caso de força maior. O acordo de prorrogação de

horas deve ser celebrado por escrito, em duas vias, sendo uma do empregador e a outra

do empregado, devendo constar neste documento diversos requisitos:

a) As horas extras diárias em número, limitadas a apenas duas horas;

b) Discriminação dos dias de trabalho e respectivos horários;

c) Constar o tipo de contrato por prazo determinado ou indeterminado (normalmente

firmado por dois anos);

d) A fixação do valor da remuneração devida nas horas normais de trabalho e nas

suplementares. Observe-se que a remuneração da hora suplementar será, no mínimo,

50% superior à da hora normal;

e) É opcional para qualquer uma das partes rescindir o acordo de prorrogação quando,

antes de seu encerramento, não for mais conveniente.

Compensação da jornada de trabalho

Diferentemente do Acordo de Prorrogação de Horas em que o empregado

recebe, em dinheiro, pelas horas suplementares trabalhadas, no Acordo para

Compensação da Jornada de Trabalho, o empregado trabalha em regime suplementar,

mas ao invés de receber por tal trabalho extra, deixa de trabalhar em um outro dia.

O exemplo mais usual de compensação é o trabalho por uma hora a mais de

segunda a quinta-feira, com o intuito de descanso aos sábados. Neste sentido, o

empregado trabalha por nove horas de segunda a quinta-feira e por oito horas às sextas-

feiras, totalizando 44 horas semanais.

Turnos de revezamento

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Ocorre turno ininterrupto de revezamento quando os empregados se revezam na

linha de produção do empregador, por exemplo, sem que as máquinas sejam

paralisadas. O fato de a empresa não trabalhar em um dia da semana, aos domingos, por

exemplo, não descaracteriza o sistema de turnos de revezamento.

Para que este revezamento seja viável, os empregados possuem escalas pré-

definidas, nas quais há alternância entre os turnos do dia, tarde e noite, com o

empregado trabalhando cada dia ou semana em um horário diferente.

Os empregados que trabalham neste sistema possuem jornada de trabalho

diferenciada de no máximo seis horas diárias, considerando o desgaste físico e mental

da total ausência de rotina. O intervalo para refeição e descanso também é direito destes

trabalhadores, sendo de quinze minutos e não computado na contagem da jornada de

trabalho.

Hora noturna reduzida e respectivo adicional

Para a regra geral, é considerado trabalho noturno aquele realizado no período

compreendido entre 22:00 e 05:00 horas. Estabelecemos esta como a regra geral, uma

vez que algumas categorias diferenciadas possuem previsão específica sobre o horário

noturno, como a legislação que rege a profissão de advogado, a qual determina como

hora noturna a compreendida entre 20:00 e 05:00 horas.

Conforme estudamos no tópico relativo aos adicionais salariais, o adicional

noturno deverá ser de, no mínimo, 20% do valor da hora normal trabalhada.

Intervalo intrajornada

O artigo 71 da CLT prevê o intervalo intrajornada, também denominado como

intervalo para alimentação e repouso. O artigo mencionado prevê que em qualquer

trabalho contínuo, cuja duração exceda seis horas, é obrigatória a concessão de um

intervalo para repouso ou alimentação, o qual será no mínimo de uma hora e, salvo

acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder duas horas.

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O parágrafo 1º do mesmo artigo, determina que não excedendo seis horas será

obrigatório um intervalo de quinze minutos após quatro horas de trabalho. Os intervalos

previstos neste artigo não são computados na duração do trabalho. Um exemplo deste

intervalo intrajornada remunerado é o aplicável aos digitadores, que devem paralisar

seus trabalhos por dez minutos a cada cinquenta minutos trabalhados.

Intervalo interjornada

O intervalo interjornada é o que ocorre entre duas jornadas de trabalho, ou seja,

entre o término de uma jornada e o início de outra. O artigo 66 da CLT determina que

entre duas jornadas de trabalho deve existir um intervalo mínimo de onze horas

consecutivas, para o descanso do trabalhador. Neste exemplo, caso o trabalhador

encerre uma jornada às 20 horas, ele deverá retornar à empresa, somente, a partir das 07

horas do dia seguinte, desta maneira, o intervalo mínimo será obedecido.

Descanso semanal remunerado

O descanso semanal remunerado ou repouso semanal é a folga que o empregado

tem direito após determinado número de dias ou de horas de trabalho por semana. A

medida é considerada de caráter social e recreativa, objetivando a recuperação física e

mental do trabalhador. Além disso, esta folga deve ser paga pelo empregador. O período

deve ser de 24 horas consecutivas, que deverão coincidir, preferencialmente, no todo ou

em parte, com o domingo.

O empregado mensalista e o quinzenalista já possuem esta folga remunerada

dentro da sua remuneração estabelecida junto ao empregador. As faltas ou atrasos

justificados pelo empregado, nos termos da CLT, normas internas da empresa ou

normas coletivas, não poderão ser utilizados para o desconto do descanso.

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2.4 – Período de férias: aquisição e gozo

As férias podem ser definidas como o período de tempo em que o trabalhador

deixa de prestar serviços ao empregador, mas recebe normalmente sua remuneração.

Por sua natureza social, este descanso consiste em um direito irrenunciável do

trabalhador que se não desfrutado no período correto, acarreta ao empregador o ônus de

efetuar o pagamento em dobro deste período.

O período de gozo das férias é determinado pelo empregador de acordo com as

necessidades da empresa. O empregador deverá informar ao empregado por escrito

com, no mínimo, 30 dias de antecedência da data da concessão das férias. Esta

comunicação com antecedência visa permitir ao empregado que se programe para o

descanso junto à sua família, planejando atividades para este período, como uma

viagem, por exemplo.

As férias deverão ser anotadas tanto na Carteira de Trabalho e Previdência

Social (CTPS) do profissional quanto no Livro ou Ficha de Registro de Empregados.

Durante o período das férias, o empregado não poderá prestar serviços para outro

empregador, salvo se esta obrigação for decorrente de outro contrato de trabalho

firmado nos termos da lei.

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O pagamento do valor devido em decorrência das férias deverá ser efetuado pelo

empregador em até dois dias antes da data prevista para o início das férias, lembrando

que o período de gozo das férias é determinado pelo empregador.

Período aquisitivo

O período aquisitivo corresponde ao período de trabalho no qual o empregado

adquire o direito às férias, que é conquistado pelo empregado após o trabalho por doze

meses seguidos.

Um empregado contratado em janeiro, por exemplo, possui como período

aquisitivo o período de janeiro a dezembro do mesmo ano, ou seja, doze meses. A partir

do primeiro dia de janeiro do ano seguinte, inicia-se um novo período aquisitivo e assim

sucessivamente.

Período de gozo

O período de gozo das férias corresponde ao período de tempo no qual o

empregador deverá conceder as férias ao empregado. Assim, depois de conquistado o

direito de gozo das férias pelo empregado, inicia-se a obrigação do empregador de

conceder o descanso ao empregado.

O período de duração das férias é de trinta dias consecutivos, salvo se o

empregado tiver faltado injustificadamente, neste período, o que acarretará na

diminuição do período de gozo, conforme veremos no tópico relativo às faltas.

As férias são concedidas, geralmente, num único período corrido de 30 dias.

Entretanto, a reforma da previdência trouxe flexibilização ao período de gozo das férias,

como versa o parágrafo 1:

§ 1° - Desde que haja concordância do empregado, as férias poderão ser usufruídas em

até três períodos, sendo que um deles não poderá ser inferior a quatorze dias corridos e

os demais não poderão ser inferiores a cinco dias corridos, cada um. (Parágrafo

alterado pela Lei n° 13.467/2017 – DOU 14/07/2017)

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Outra regra antiga que foi revogada é a que impedia o parcelamento das férias de

empregados menores de 18 anos e maiores de 50. Os trabalhadores dessas faixas etárias

estão, agora, sujeitos às mesmas regras que valem para a maioria. O período de gozo das

férias é definido pelo empregador, salvo as seguintes exceções:

• Os membros de uma mesma família que trabalhem no mesmo estabelecimento ou

empresa podem solicitar que as férias sejam concedidas no mesmo período, desde que

não resulte em prejuízo ao serviço;

• O empregado menor de 18 anos e estudante tem o direito de solicitar que as suas

férias do trabalho coincidam com as férias escolares.

Observação: caso as férias não sejam concedidas pelo empregador dentro do período

devido, o empregado terá o direito de receber em dobro o valor referente a este período

de férias.

O artigo 130 da CLT diz o seguinte:

Art. 130 – Após cada período de doze meses de vigência do contrato de trabalho, o

empregado terá direito às férias, na seguinte proporção:

I – 30 dias corridos, quando não houver faltado ao serviço mais de 5 vezes;

II – 24 dias corridos, quando houver de 6 a 14 faltas;

III – 18 dias corridos, quando houver de 15 a 23 faltas;

IV – 12 dias corridos, quando houver de 24 a 32 faltas.

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Conforme visto na tela anterior, o empregado possui o direito de 30 dias

consecutivos de férias para cada período aquisitivo conquistado. Entretanto, as faltas

injustificadas, ocorridas durante o período aquisitivo, podem ser descontadas do período

de descanso. Veja, abaixo, um quadro representativo desta situação:

Faltas no período aquisitivo Dias de descanso

Até 05 30

De 06 a 14 24

De 15 a 23 18

De 24 a 32 12

Acima de 32 0

Podemos verificar pela tabela acima que, caso o empregado tenha faltado por

mais de 32 vezes durante o período aquisitivo, ele perderá o direito às férias. Algumas

faltas são permitidas e não acarretam a perda do direito às férias, e são as previstas no

artigo 473 da CLT, decorrentes de:

1. Falecimento de cônjuge, ascendente, descendente, irmão ou dependente econômico;

2. Casamento;

3. Doação de sangue;

4. Alistamento eleitoral;

5. Serviço Militar;

6. Realização de exame vestibular;

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7. Comparecimento em juízo;

8. Representante sindical para comparecimento em reunião de organismo internacional

do qual o Brasil seja membro.

Além das hipóteses previstas acima, também não serão consideradas faltas para fins de

desconto do período de gozo das férias:

1. Licença-maternidade;

2. Afastamento decorrente de acidente do trabalho ou auxílio doença por até 06 meses;

3. Falta justificada e aceita pelo empregador;

4. Durante o período necessário para responder a Inquérito Administrativo ou de prisão

preventiva;

5. Dias em que não haja serviço por determinação do empregador.

Perda do direito às férias

No tópico relativo às faltas, analisamos a hipótese em que o empregado perde o

direito às férias caso tenha faltado, injustificadamente, ao trabalho por mais de 32 vezes

dentro do mesmo período aquisitivo. Contudo, existem outras hipóteses nas quais o

empregado também perde o direito às férias. Vejamos:

1. Se o empregado for readmitido no mesmo emprego após 60 dias subsequentes à sua

saída do trabalho. Caso o empregado seja readmitido em período inferior a 60 dias da

data do desligamento, a contagem do Período Aquisitivo interrompido em virtude do

desligamento é reaberta, não sendo iniciada uma nova contagem a partir da nova data de

admissão;

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2. Caso o empregado permaneça em gozo de licença remunerada por mais de 30 dias

dentro do mesmo período aquisitivo, ou seja, 31 dias ou mais. Nota-se que não se trata

de licença decorrente de benefício previdenciário, e sim de licença concedida de comum

acordo junto ao empregador. Além disso, a legislação não indica se este período deve

ser contínuo ou não, existindo o entendimento que podem ser 30 dias esparsos, mas

totalizados dentro de todo o período aquisitivo;

3. Caso o empregado deixe de trabalhar, mas com percepção de salários, por mais de

30 dias dentro do mesmo período aquisitivo. Neste caso, quer dizer 31 dias ou mais em

virtude de paralisação total ou parcial da empresa;

4. Na hipótese de afastamento com percepção de auxílio-doença ou decorrente de

acidente do trabalho por mais de 06 meses, ainda que descontínuos, dentro do mesmo

Período Aquisitivo.

Em qualquer uma das hipóteses acima citadas, inicia-se um novo período

aquisitivo a partir do retorno ao serviço, desconsiderando-se o período aquisitivo

iniciado quando de seu afastamento.

Férias coletivas

Podemos definir como férias coletivas as concedidas para todos os empregados

de uma empresa ou de determinados departamentos ou setores. Diferente do que se

imagina, não há obrigação de que as férias coletivas sejam concedidas para todos os

trabalhadores da empresa, sendo permitido que estas férias alcancem apenas

determinado departamento ou área.

As férias coletivas ocorrem por determinação do empregador, não constituindo

uma obrigação concedê-las. Normalmente, as empresas optam por conceder as férias

coletivas quando há diminuição da procura de seus produtos no mercado, a fim de evitar

o acúmulo de estoque.

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Podem ser concedidas em dois períodos distintos, sendo que nenhum deles

deverá ser menor que dez dias corridos. Desta forma, é vedado à empresa conceder

férias coletivas fracionadas em dois períodos, sendo um deles de seis dias e o outro de

vinte e quatro dias, uma vez que não houve respeito ao período mínimo de dez dias

determinado pela legislação.

Tal como ocorre nas férias individuais, é o empregador que determina o melhor

período para o gozo das férias. A concessão de férias coletivas requer a observância de

determinados procedimentos por parte do empregador, com no mínimo de 15 (quinze)

dias de antecedência da data pretendida para o início das férias. Vejamos:

1. Deve o empregador comunicar ao órgão local do Ministério do Trabalho as datas de

início e fim das férias coletivas, informando quais são os setores ou estabelecimentos

abrangidos pelas férias;

2. Deve comunicar ao sindicato ou sindicatos da categoria a concessão das férias

coletivas;

3. Deve comunicar para todos os empregados a concessão das férias coletivas, através

de comunicados coletivos afixados em quadro de avisos ou através de comunicados

individuais.

Observe-se que em todas as determinações acima, a obrigação do empregador é

a de comunicar e não a de pedir autorização para a concessão das férias. Desta forma,

mantém-se a determinação legal de que as férias devem ser concedidas no período que

melhor atenda aos interesses da empresa.

Os empregados que, quando da concessão das férias coletivas, não possuam o

período aquisitivo completo para o gozo integral das férias, devem gozá-las

proporcionalmente, retornando ao serviço antes dos demais empregados. Caso o

empregador opte por conceder o mesmo período de descanso dos demais empregados, a

diferença entre o período devido e o concedido deverá ser considerada como licença

remunerada.

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Ainda para os empregados com menos de 12 (doze) meses de serviço na

empresa, ou seja, que não possuam o período aquisitivo completo mas que gozarem as

férias coletivas de forma integral ou parcial, se iniciará um novo período aquisitivo

quando do retorno ao trabalho.

Na hipótese do empregado ter direito a trinta dias de férias, mas a empresa optar

por conceder férias coletivas de apenas vinte dias, deverá a empresa conceder os dez

dias restantes dentro do período concessivo ou de gozo correspondente ao período

aquisitivo conquistado pelo empregado.

Remuneração e abono pecuniário

O período no qual o empregado encontra-se em férias é remunerado pelo

empregador, da mesma forma como se estivesse trabalhando. Desta maneira, a

remuneração a ser utilizada para o cálculo das férias não corresponde à recebida pelo

empregado no período aquisitivo, e sim ao valor devido por ocasião da concessão das

férias.

O empregado mensalista com salário fixo receberá com base em seu último

salário. O empregado que recebe por tarefa, receberá a média aritmética dos últimos

doze meses (período aquisitivo). Há ainda a hipótese do empregado comissionado, neste

caso também será calculado pela média das comissões no período aquisitivo.

Além do valor da remuneração que habitualmente seria recebida pelo empregado

em serviço, o trabalhador terá o direito de receber 1/3 a mais do salário habitual. Este

acréscimo é conhecido como o “terço constitucional”, uma vez que sua previsão

encontra-se disposta na Constituição Federal.

Neste sentido, um empregado que possui como remuneração o valor de R$

1.000,00 receberá por ocasião das férias o valor de R$ 1.333,33, correspondente à

remuneração mensal acrescida de 1/3 (um terço), relativo ao terço constitucional.

O empregado possui o direito de converter 1/3 de suas férias em abono

pecuniário. Este abono não se confunde com o direito ao recebimento do terço

constitucional visto anteriormente, conforme veremos a seguir.

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Ao converter 1/3 de suas férias em abono pecuniário, o empregado não goza

integralmente suas férias embora as receba normalmente, tal como previsto na

legislação. A diferença consiste no fato de que o empregado trabalhará durante este 1/3

convertido, recebendo o salário normal correspondente pelos dias trabalhados.

Vejamos um exemplo: um empregado com direito a férias de 30 dias e com

remuneração mensal de R$ 1.000,00 opta por converter 1/3 de suas férias em abono

pecuniário. O período de férias ocorrerá no mês de junho. Neste exemplo:

1. O empregado descansará apenas 20 dias e não 30 dias, uma vez que converteu 1/3

de seu descanso, correspondente a 10 dias em abono pecuniário;

2. Pelas férias de 30 dias a que possui direito, o empregado receberá R$ 1.333,33,

correspondente ao seu salário do mês de junho acrescido do 1/3 constitucional;

3. Em vista a conversão do abono pecuniário, o empregado trabalhará 10 (dez) dias

dentro do mês de junho e receberá R$ 333,33 pelo trabalho neste período;

4. No mês de junho, o empregado descansará do dia 01 a 20 de junho e trabalhará do

dia 21 a 30, recebendo o montante total de R$ 1.666,66;

5. O período compreendido entre 21 a 30 de junho será remunerado tanto pelo

pagamento das férias quanto pelo pagamento pelo trabalho executado, consistindo esta,

a vantagem do abono pecuniário.

Para ter direito ao abono pecuniário, o empregado deverá requerê-lo ao

empregador com quinze dias de antecedência da data de vencimento do período

aquisitivo. Observe que o abono deverá ser solicitado antes do vencimento do período

aquisitivo, e não do período de gozo das férias.

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2.5 – Pagamento do 13º Salário

A gratificação de natal, mais conhecida como 13º salário, nasceu

espontaneamente da vontade de alguns empregadores pagarem um adicional por ocasião

das festas de final de ano aos seus empregados.

Em 1962, foi publicada a Lei 4.090 de 13/07/1962, que veio a tornar o

pagamento obrigatório, eliminando o caráter de espontaneidade e determinando que

todos os empregadores efetuassem o pagamento a partir de então.

Não há um conceito legal para a gratificação de natal ou 13º salário, como é

mais conhecido, contudo, podemos conceituá-lo como um salário adicional a ser pago

para todos os empregados ao final de cada ano.

A base de cálculo para o 13º salário deverá ser o salário recebido pelo

empregado no mês de dezembro do ano em que será efetuado o pagamento e assim

como as férias, caso o empregado seja comissionado, será feita a média das suas

comissões recebidas durante o ano, para o pagamento.

Segundo o que dispõe a lei, o pagamento do 13º salário deve ser efetuado em

duas parcelas. A primeira parcela deverá ser efetuada entre os meses de fevereiro e

dezembro de cada ano e deverá ter por base 50% do salário devido no mês

imediatamente anterior ao do pagamento. Neste sentido, caso a primeira parcela seja

paga no mês de julho, deverá ser calculada com base no salário de junho.

A segunda parcela deverá ser paga a todos os empregados até o dia 20 de

dezembro. Neste pagamento, deverá ser recalculado o valor devido a título de 13º

salário, considerando-se a possibilidade de ocorrência de aumentos salariais desde a

data do pagamento da primeira parcela.

Este recálculo deverá ser efetuado, uma vez que o empregado deve receber como

13º salário total, somando-se a primeira e a segunda parcela, o valor correspondente à

sua remuneração do mês de dezembro.

Para os empregados comissionados ou com remuneração variável, o empregador

deverá efetuar, até o dia 10 de janeiro do ano subsequente ao do pagamento do 13º

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salário, um novo recálculo da média salarial utilizada, considerando-se a remuneração

efetivamente paga no mês de dezembro.

Na hipótese do empregado ter sido contratado no meio do ano, o pagamento é

efetuado de forma proporcional, ou seja, 1/12 avos por mês trabalhado. Como mês

trabalhado, deve-se entender o trabalho por, no mínimo, 15 (quinze) dias dentro do mês.

Por exemplo: caso o empregado tenha sido admitido em 20 de junho, ele deverá

receber 6/12 de seu salário como 13º salário, correspondentes aos seis meses

trabalhados durante o ano. O mês de junho será desconsiderado, uma vez que o

empregado trabalhou menos de quinze dias em referido mês.

Os empregados que, no decorrer do ano, tenham se afastado para o recebimento

de benefício previdenciário deverão receber do empregador o 13º salário correspondente

aos meses efetivamente trabalhados e o correspondente aos quinze primeiros dias de

afastamento, correspondentes ao período em que o empregado recebe a remuneração do

empregador, mas já se encontra afastado do trabalho.

O empregado poderá, ainda, requerer que o pagamento da primeira parcela

ocorra por ocasião de suas férias. Para que possa exercer tal direito, deverá requerê-lo

expressamente ao empregador dentro do mês de janeiro do ano correspondente.

2.6 – Como rescindir o contrato de trabalho

Abordaremos as hipóteses de rescisão motivadas por ato do empregado ou

empregador. Além disso, veremos que o contrato de trabalho também pode ser

rescindido em virtude do desaparecimento de uma das partes.

Do aviso prévio

O aviso prévio, aplicável aos contratos de trabalho por prazo indeterminado,

pode ser concedido tanto pelo empregado, quando este efetua um pedido de demissão,

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quanto pelo empregador, quando ocorre o desligamento de um empregado sem justa

causa.

Sua existência tem caráter

social e está presente no Contrato

de Trabalho, no qual as partes

assumem o compromisso de avisar

a outra parte de sua intenção em

romper o contrato. Além disso,

acrescenta-se a indenização quando

a formalidade exigida não é

cumprida.

O prazo do aviso prévio previsto em lei é de trinta dias corridos. Contudo,

algumas normas coletivas estabelecem prazos superiores a este, principalmente, para

empregados com muitos anos de contratação junto ao mesmo empregador, como

também para empregados com idade mais avançada. A Lei 12.506, por exemplo,

normatiza o período do aviso prévio de acordo com o tempo de serviço. Neste caso, a

cada ano trabalhado, o funcionário terá direito a três dias de acréscimo no aviso prévio

até o limite de 60 dias.

Caso o empregado deixe de comunicar ao empregador a respeito da sua decisão

de rescindir o contrato de trabalho, a empresa terá o direito de descontar o aviso prévio

das verbas rescisórias deste trabalhador, no valor correspondente à remuneração de um

mês.

O aviso prévio, tal como outros direitos trabalhistas, é irrenunciável por parte do

empregado. Neste sentido, o empregado não poderá deixar de receber a indenização

devida, caso o empregador deixe de comunicá-lo quanto ao seu interesse na rescisão do

contrato de trabalho. Podem as partes, contudo, cancelar o aviso prévio concedido

através de mútuo acordo.

O empregado demitido com aviso prévio trabalhado terá o direito de ter sua

jornada de trabalho reduzida, com o intuito de buscar uma nova colocação no mercado

de trabalho. Esta redução poderá ocorrer durante o aviso prévio, com a redução em duas

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horas de sua jornada diária, como também, reduzir em sete dias o aviso prévio, hipótese

na qual o empregado não trabalhará trinta dias e sim vinte e três dias, embora receba

pelo prazo integral do aviso prévio. A opção pela forma mais adequada pertence ao

empregado.

Demissão a pedido do empregado

Há duas hipóteses de rescisão do contrato de trabalho pelo empregado, são elas:

pedido de demissão e rescisão indireta. O pedido de demissão consiste na decisão do

empregado em não prestar mais serviços ao seu empregador, encerrando o vínculo de

emprego por decisão unilateral do empregado. Caso o empregado conceda o aviso

prévio ao empregador, ele permanecerá prestando serviços até o encerramento do

período.

Caso a sua opção seja não cumprir o aviso prévio, o empregado deixará de

prestar os serviços tão logo comunique ao empregador de sua decisão, conferindo a este

o direito de: de descontar de suas verbas rescisórias o montante referente ao valor do

aviso prévio ou de liberá-lo de seu cumprimento. Na ocorrência de pedido de demissão,

o empregado receberá como verbas rescisórias:

� Saldo de salário;

� 13º salário proporcional;

� Férias vencidas;

� Férias proporcionais.

Neste caso, o empregado perderá o direito ao recebimento das seguintes verbas:

� Saque do FGTS, e a consequente multa de 40%;

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� Seguro-desemprego.

Rescisão indireta

A rescisão indireta consiste na decisão do empregado em rescindir o contrato de

trabalho existente com seu empregador em virtude de uma falta grave cometida por este.

A rescisão indireta é a denominada justa causa motivada por ato do empregador.

A CLT, em seu artigo 483, estabelece as hipóteses de falta grave por parte do

empregador que podem ensejar a rescisão indireta, entretanto, é importante salientar que

a falta grave deverá ser provada pelo empregado perante o Poder Judiciário para validar

o direito à rescisão indireta do Contrato de Trabalho, são elas:

Exigência de serviços superiores às forças do empregado: esta hipótese refere-se à

exigência de serviços superiores à capacidade normal do empregado, seja esta física ou

intelectual; consiste na hipótese do empregador solicitar que o empregado pratique um

ato contrário à lei ou mesmo vedado à sua condição;

Exigência de serviços contrários aos bons costumes: trata-se da hipótese de

solicitação de serviços imorais;

Exigência de serviços alheios ao contrato de trabalho: refere-se à hipótese na qual o

empregador solicita que o empregado execute serviços diversos dos inicialmente

contratados;

Tratamento com rigor excessivo por parte do empregador: a ocorrência desta

hipótese está condicionada ao tratamento desigual por parte do empregador a dois ou

mais empregados que cometam o mesmo ato, punindo um dos empregados com mais

rigor do que os demais.

Exigência de trabalho em local com exposição a mal considerável: nesta hipótese, o

empregador exige que o empregado trabalhe em local com exposição da saúde, vida ou

integridade física do empregado.

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Descumprimento por parte do empregador de obrigações contratuais: refere-se à

hipótese na qual o empregador deixa de cumprir com as suas obrigações do contrato de

trabalho, tal como efetuar o pagamento do salário.

Ofensa à honra e à boa fama do empregado ou pessoas de sua família: configura-se

esta hipótese com a prática de calúnia, injúria ou difamação por parte do empregador

contra o empregado ou seus familiares.

Prática de ofensas físicas: consiste na agressão física do empregador contra o

empregado, com exceção da hipótese do empregador agir em legítima defesa contra a

agressão iniciada pelo empregado.

Redução do trabalho do empregado: trata esta alternativa da hipótese na qual o

empregador reduz o volume de trabalho direcionado ao empregado, de forma ou a

reduzir a sua remuneração no caso de contratação por tarefa, ou para expor o empregado

moralmente perante os demais colegas.

Quando é provada a falta grave perante o Judiciário e reconhecida a rescisão

indireta do contrato de trabalho, o empregado recebe como verbas rescisórias:

• Aviso prévio;

• Férias proporcionais;

• 13º salário proporcional;

• Indenização de 40% sobre o FGTS depositado;

• Saque do FGTS.

Caso o Judiciário entenda que não há motivo para a rescisão indireta, uma vez

que a irregularidade praticada pelo empregador não abalou a relação existente com o

empregado, ou mesmo, que o ato praticado é reincidente, tendo o empregado aceito

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referida prática em diversas outras situações, o empregado receberá como verbas

rescisórias:

• Saldo de salário;

• Férias vencidas.

Demissão a pedido do empregador

O empregador também possui o direito de encerrar o vínculo de emprego

mantido com seus empregados. Nesta hipótese, o empregador poderá demitir o

trabalhador sem justa causa ou por justa causa, conforme veremos a seguir.

Não existindo conduta do empregado caracterizada como justa causa, mas tendo

o empregador interesse no término da relação de emprego mantida com o trabalhador,

ele poderá ser demitido sem justa causa.

Assim, o trabalhador poderá tanto ser dispensado do cumprimento do aviso

prévio e receber o referido montante juntamente com suas verbas rescisórias, como

também pode ser solicitado que ele cumpra o aviso prévio, trabalhando normalmente.

Na hipótese de aviso prévio trabalhado, deverá ser concedida a redução da

jornada em duas horas diárias ou em sete dias, conforme estudamos no tópico relativo

ao aviso prévio.

O empregado receberá como verbas rescisórias: aviso prévio indenizado (se

houver), 13º salário proporcional, férias vencidas, férias proporcionais, saldo de salário,

saque do FGTS, multa de 40% sobre o FGTS depositado e seguro desemprego.

Dispensa por justa causa

Tal como ocorre com a rescisão indireta, que constitui a possibilidade de

rescisão imediata do contrato de trabalho por parte do empregado em vista de ato faltoso

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grave cometido pelo empregador, a justa causa traduz-se na possibilidade do

empregador demitir, sumariamente, um empregado em vista de uma falta praticada por

este.

O ato faltoso deve ter sido praticado de forma intencional pelo empregado ou

pode ter sido decorrente de culpa do empregado no exercício de suas funções, tendo

agido o mesmo com negligência, imprudência ou imperícia.

A demissão por justa causa macula a vida profissional do trabalhador e, por este

motivo, a legislação determina quais condutas poderão ser consideradas como faltas

graves para fins deste tipo de demissão, com o intuito de evitar que o empregador

utilize-se desta forma de demissão para casos de pequena monta ou que poderiam ser

objeto de uma punição mais branda.

A conduta faltosa do empregado pode ser praticada tanto no horário de trabalho

e dentro das instalações da empresa, quanto fora do expediente em quaisquer locais

públicos ou privados, desde que caracterizado o ato previsto em lei.

A CLT em seu artigo 482 prevê expressamente quais são as hipóteses de

demissão por justa causa, vejamos:

Ato de improbidade: o ato de improbidade está diretamente relacionado a um desvio

de conduta do trabalhador, decorrente de maldade, perversidade ou desonestidade.

Temos como exemplo furto de materiais e apresentação de atestados médicos falsos

para justificar ausências ao trabalho;

Incontinência de conduta: a incontinência de conduta está relacionada aos aspectos da

vida sexual do trabalhador, como atos obscenos e pornografia. O assédio sexual no

ambiente de trabalho e a prática de atos libidinosos na empresa são exemplos desta

hipótese legal;

Mau procedimento: o mau procedimento consiste em um comportamento não

específico do empregado, mas em desacordo com as normas da empresa e que não seria

praticado pelo homem comum em sociedade;

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Negociação habitual: a negociação habitual refere-se à prática do comércio pelo

empregado, em concorrência ao empregador ou mesmo em prejuízo a este. A legislação

não proíbe que o empregado possua um trabalho em paralelo ou mesmo um segundo

emprego, mas este acúmulo de atividades não poderá prejudicar o desenvolvimento das

atividades comerciais do empregador;

Condenação criminal: a demissão por justa causa em virtude de condenação criminal

somente será válida após a condenação do empregado com trânsito em julgado, ou seja,

após a condenação contra a qual não caiba mais recurso. Além disso, o empregado deve

estar impossibilitado de prestar serviços em virtude de encontrar-se preso; caso o

empregado possa cumprir sua pena em liberdade, estará descaracterizada a justa causa,

uma vez que a prestação de serviços ao empregador pode ser realizada normalmente;

Desídia: são características da desídia: o trabalho executado pelo empregado com

displicência, má vontade, preguiça e desinteresse. Um conjunto de pequenas faltas

também pode ser caracterizado como desídia, desde que o empregador efetue as

punições comportamentais (advertência verbal, escrita, suspensão) a cada pequena falta

cometida, com o intuito de advertir o empregado de que a conduta praticada é incorreta.

Atrasos frequentes podem ser caracterizados como desídia, desde que o empregador

tenha advertido formalmente o empregado;

Embriaguez: a embriaguez caracterizadora da justa causa pode ser tanto a habitual

quanto a em serviço. Como embriaguez habitual, podemos entender o empregado que

bebe constantemente fora do expediente, mas cujos reflexos desta prática repercutem no

ambiente de trabalho. A embriaguez em serviço pode ocorrer em uma única

oportunidade, mas deve ser detectada pelo empregador durante o horário de trabalho.

No Judiciário, existe o entendimento, ainda não majoritário, de que a embriaguez é

doença e, desta forma, não deveria ser motivo de justa causa e sim de afastamento do

trabalhador para tratamento junto ao INSS;

Violação de segredo da empresa: a caracterização da violação de segredo da empresa

ocorre com a divulgação, pelo empregado e sem autorização da empresa, de marcas,

patentes, informações confidenciais ou quaisquer outros dados e informações que

deveriam permanecer restritos ao empregador, uma vez que sua divulgação a terceiros

pode acarretar prejuízos diretos ou indiretos ao empregador;

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Indisciplina: caracteriza-se a indisciplina por meio do descumprimento de normas

gerais da empresa, sejam elas constantes de regulamentos internos ou de prática

habituais de todos os trabalhadores;

Insubordinação: diferentemente da indisciplina, que se refere ao descumprimento de

normas gerais e aplicáveis para todos os trabalhadores, a insubordinação ocorre na

hipótese do trabalhador recusar-se a cumprir alguma determinação de seu superior,

direcionada para ele, tal como a execução de uma tarefa pontual;

Abandono de emprego: o abandono de emprego é caracterizado pelo desinteresse do

trabalhador na continuidade da prestação de serviços, o qual pode ser confirmado tanto

por faltas contínuas e ininterruptas durante certo período de tempo, quanto por atos

praticados pelo trabalhador. Na hipótese de faltas reiteradas, entende o Judiciário que 30

dias de ausência são suficientes para comprovar o abandono. Também se caracteriza

falta grave outros atos praticados pelo trabalhador, tal como a prestação de serviços em

um novo emprego, sem que tenha ocorrido o pedido de demissão no emprego anterior;

Ato lesivo à honra e boa fama: a prática desta falta grave ocorre com a realização de

calúnia, injúria ou difamação por parte do trabalhador contra o empregador ou superior

hierárquico. Pronunciar palavras de baixo calão contra empresa ou superior hierárquico

são exemplos desta falta;

Ofensa física: esta falta grave se caracteriza pela agressão física do empregado, contra

seu superior, colega de trabalho ou qualquer outra pessoa no ambiente de trabalho. Um

empregado que agride outro, mesmo que não resulte desta agressão uma lesão física,

pode ser dispensado por justa causa com fundamento nesta hipótese;

Práticas constantes de jogos de azar: a aplicação desta hipótese requer a habitualidade

para que seja possível. Não é necessário que o trabalhador jogue apostando dinheiro:

qualquer tipo de jogo de azar, como jogo do bicho, roleta, bingo, desde que praticado

com habitualidade, pode ensejar a caracterização desta falta grave;

Atos atentatórios à segurança nacional: esta hipótese refere-se à prática pelo

trabalhador de atos que possam acarretar o risco à segurança nacional, tais como: atos

de terrorismo, sendo essencial que a falta seja comprovada em Inquérito Administrativo.

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Perda de requisitos: caso o funcionário perca, de maneira dolosa, requisitos,

permissões e/ou credenciais necessárias para realizar o trabalho, como a perda de

habilitação para dirigir, por exemplo, em empregos onde esta é requerida, a

possibilidade de demissão por justa causa também é assegurado ao empregador.

Outras hipóteses legais de dispensa por justa causa: além das hipóteses previstas no

artigo 482 da CLT, a legislação, de forma esparsa, estabeleceu outras situações nas

quais o empregado também poderá ser demitido por justa causa, entre elas: fraude à

legislação do vale transporte; não utilização dos Equipamentos de Proteção Individual

(EPI’s) fornecidos pelo empregador; não cumprimento habitual de obrigações

financeiras por parte de empregados bancários etc.

Após a comprovação da justa causa, o empregado receberá como verbas rescisórias:

• Saldo de salário;

• Férias vencidas.

Na ocorrência de justa causa durante o curso de aviso prévio trabalhado, o

empregado perderá também o direito ao recebimento do montante relativo ao período

restante de aviso prévio.

Pagamento das verbas rescisórias

A CLT em seu artigo 477 determina, expressamente, o prazo no qual as verbas

rescisórias devem ser pagas aos empregados desligados, independentemente do motivo

pelo qual se rescindiu o contrato de trabalho: dez dias. Este prazo também vale para a

devolução e entrega de todo e quaisquer documentos “que comprovem a comunicação

da extinção contratual aos órgãos competentes”, como estabelece o § 6º do artigo.

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A empresa que não realizar o pagamento das verbas rescisórias nos prazos acima

estabelecidos estará sujeita à obrigação de indenizar o empregado no montante

equivalente a um salário, indenização esta que deverá ser paga juntamente com as

verbas rescisórias.

As verbas rescisórias deverão estar discriminadas no documento denominado

Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho (TRCT), o qual deverá ser assinado tanto

pelo empregado quanto pelo empregador.

Este formulário poderá ser adquirido pelas empresas em papelarias, como

também poderá ser emitido pelo sistema de folha de pagamento do empregador, desde

que observado, rigorosamente, o modelo oficial.

Lembramos que o aviso prévio indenizado integra o contrato de trabalho para

todos os fins de direito. Desta forma, um trabalhador contratado há onze meses e

dispensando com aviso prévio indenizado, deve ter sua rescisão homologada, uma vez

que, somando o período efetivamente trabalhado com os trinta dias de aviso prévio

indenizado, temos um ano de trabalho, conforme determinado pela legislação.

Os empregados com menos de um ano de contratação, por sua vez, não contam

com a assistência destes órgãos no momento da rescisão contratual, sendo o pagamento

das verbas efetuado diretamente na empresa empregadora.

A homologação, procedimento através do qual o sindicato ou representante do

Ministério do Trabalho conferia os valores lançados pelo empregador no TRCT para

validar a rescisão de contrato, não é mais requerida pela CLT após a reforma trabalhista.

Causa impeditiva da rescisão: estabilidade

A estabilidade consiste em uma limitação imposta pelo legislador ao

empregador, com o intuito de impedir que este rescinda o contrato de trabalho com seus

trabalhadores em determinadas situações. Vale lembrar que esta limitação não é

absoluta, uma vez que a estabilidade pode ser eliminada pela prática de uma conduta

caracterizada como justa causa, por exemplo.

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Veja alguns exemplos de categorias que possuem estabilidade perante a

legislação trabalhista:

� Dirigente sindical;

� Membro da CIPA;

� Gestante;

� Empregado acidentado no trabalho;

� Membro do Conselho Curador do FGTS;

� Membro do Conselho Nacional da Previdência Social;

� Membro da Comissão de Conciliação Prévia.

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Unidade 3 – Segurança e medicina no trabalho

Olá,

Nesta última unidade, estudaremos as questões relativas ao meio ambiente do

trabalho, nelas compreendidas todos os aspectos ambientais presentes no local

disponibilizado pelo empregador para a prestação de serviços.

Estudaremos, também, as regras estabelecidas pela legislação para que o

trabalhador não tenha sua saúde e segurança expostas ao risco durante a prestação de

serviços.

Bom estudo!

3.1 – Abordagem histórica

A grande importância que é dada aos meios

de produção em detrimento da própria saúde humana

é um fato que, infelizmente, vem sendo

experimentado ao longo da história da sociedade

moderna desde a Revolução Industrial.

Os problemas relacionados à saúde

intensificaram-se a partir deste período e as doenças

do trabalho aumentaram com as deploráveis

condições de trabalho e de vida nas cidades.

Em 1919, com o objetivo de uniformizar as questões trabalhistas e melhorar as

condições subumanas do trabalho, a OIT (Organização Internacional do Trabalho)

adotou seis convenções que se destinaram à proteção da saúde e integridade física dos

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trabalhadores, como: limitação da jornada de trabalho, proteção à maternidade,

proibição de trabalho noturno para menores, entre outras.

Em 1948, é criada a OMS - Organização Mundial da Saúde, estabelecendo o

conceito de que a “saúde é o completo bem-estar físico, mental e social, e não somente a

ausência de afecções ou enfermidades”.

Em 10 de dezembro de 1948, a Assembleia

Geral das Nações Unidas, aprova a Declaração

Universal dos Direitos Humanos do Homem, que se

constitui como uma fonte de princípios na aplicação

das normas jurídicas, assegurando ao trabalhador o

direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, às

condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção

contra o desemprego. Além do direito ao repouso e

ao lazer, à limitação de horas de trabalho e às férias periódicas remuneradas com o

objetivo de assegurar um padrão de vida digno para o trabalhador e para sua família.

Na década de 1960, países como Alemanha, França Inglaterra, Estados Unidos e

Itália iniciaram um movimento social renovado, marcado pelo questionamento do

sentido da vida e o valor da liberdade.

Na Itália, a empresa Farmitália começou um processo de conscientização dos

operários quanto à nocividade dos produtos químicos e dos técnicos para a identificação

dos problemas. Neste período, a empresa Fiat também conseguiu mudar os modos de

participação da classe operária e reorganizar as condições de trabalho nas fábricas.

No Brasil, em 1977, o legislador dedica no texto da CLT um capítulo específico

à Segurança e Medicina do Trabalho. Este capítulo foi posteriormente regulamentado

por meio da Portaria no. 3.214/78 do Ministério do trabalho e Emprego, que criou as

Normas Regulamentadoras.

A legislação brasileira, ao reconhecer que o trabalho em determinadas condições

pode acarretar danos à saúde do trabalhador e risco à sua vida, estabeleceu condições

mínimas de conforto e segurança para o meio ambiente do trabalho, estabelecendo,

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entre outras normas, a obrigatoriedade das empresas em manterem serviços

especializados em segurança e medicina do trabalho em suas instalações.

De fato, as obrigações relativas a este tema não se aplicam somente às empresas.

Os trabalhadores também estão obrigados a cumprir com todas as determinações da

empresa que visem evitar acidentes ou doenças profissionais, além disso o

descumprimento destas normas é motivo para o desligamento por justa causa do

trabalhador.

Ainda vale ressaltar que a elaboração e alteração das Normas Regulamentadoras

ocorrem com a participação de representantes do governo, dos empregados e

empregadores para que as experiências cotidianas sejam aliadas ao conhecimento

científico e atinjam o grau máximo de eficácia nestas normas de proteção.

3.2 – Da insalubridade

A CLT define como atividade insalubre aquela em que o trabalhador é exposto

aos agentes nocivos à saúde acima dos limites tolerados pelo Ministério do Trabalho e

Emprego.

A insalubridade refere-se a um dos aspectos físicos do meio ambiente do

trabalho que pode acarretar danos à saúde do trabalhador, em curto ou longo prazo,

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dependendo do agente insalubre ao qual o trabalhador é exposto. Os agentes insalubres

são divididos nas seguintes categorias:

� Agentes físicos: ruído, calor, radiações, frio, vibrações e umidade;

� Agentes químicos: poeira, gases e vapores, névoas e fumos;

� Agentes biológicos: micro-organismos, vírus e bactérias.

A insalubridade ataca diretamente a saúde do trabalhador, de forma imediata ou

vagarosa, fazendo com que o trabalhador perca a sua saúde dia após dia. Isto porque,

caso o empregado seja exposto diariamente aos níveis elevados de ruídos, durante a sua

jornada de trabalho, por meses ou anos, poderá desenvolver perda auditiva. É

importante ressaltar que esta é uma doença profissional mais comum em ambientes

industriais.

Conforme previsto no artigo 189 da CLT, são consideradas atividades ou

operações insalubres as condições de trabalho que exponham os empregados aos

agentes nocivos à saúde acima dos limites de tolerância fixados.

O trabalho em condições insalubres confere ao trabalhador o direito ao

recebimento de um adicional salarial, de acordo com o tipo de insalubridade ao qual

esteja exposto, nos graus mínimo, médio e máximo. O adicional de insalubridade visa

remunerar o trabalhador pelas condições ambientais ao qual o funcionário é exposto e,

também, através do ônus financeiro, forçar o empregador a neutralizar o agente

insalubre. Isto porque, uma vez neutralizada a insalubridade, o trabalhador perde o

direito ao recebimento do adicional.

A eliminação ou neutralização da insalubridade pode ocorrer com a adaptação

do ambiente de trabalho, de forma a atender aos limites técnicos de exposição do

trabalhador à insalubridade, como também através da utilização de Equipamentos de

Proteção Individual (EPI’s).

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Para que seja constatada a insalubridade, é necessário realizar uma perícia no

local de trabalho. Este procedimento deve ser efetuado pelo Médico ou Engenheiro do

Trabalho, registrados e habilitados para tal procedimento perante o Ministério do

Trabalho e Emprego.

3.3 – Da periculosidade

A periculosidade é caracterizada pelo contato ou exposição do trabalhador aos

produtos inflamáveis ou explosivos em condições de risco, os quais podem tirar a vida

do trabalhador na ocorrência de um único acidente como uma explosão.

O contato do trabalhador com energia elétrica também pode ser um agente de

periculosidade, desde que observadas as determinações da Lei 7.369/85. Através da

Portaria nº 3.393 de 17.1287, o Ministério do Trabalho instituiu o direito ao adicional de

periculosidade para os trabalhadores expostos às radiações ionizantes e às substâncias

radioativas. A legislação determina alguns pressupostos para que a periculosidade seja

reconhecida, como:

• Contato com inflamáveis e explosivos;

• Caráter permanente;

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• Condições de risco acentuado.

Tal como ocorre com a atividade insalubre, a exposição do trabalhador aos

agentes perigosos também confere o direito ao recebimento de um adicional salarial,

denominado de adicional de periculosidade. Contudo, a partir do momento em que o

trabalhador não se encontra mais exposto ao agente perigoso, cessa o direito ao

recebimento do referido adicional.

O Ministério do Trabalho e Emprego, através das Normas Regulamentadoras,

estabeleceu condições técnicas que devem ser observadas pelos empregadores, com o

intuito de minimizar os riscos aos quais os empregados estão expostos.

3.4 – Medidas preventivas de medicina do trabalho

As medidas preventivas de Medicina do Trabalho evitam que danos sejam

causados à saúde física e mental dos trabalhadores, de acordo com o ambiente de

trabalho ao qual eles estão expostos.

Dentre as medidas preventivas, podemos citar a obrigação do empregador em

cumprir e em exigir dos trabalhadores o cumprimento de todas as normas de segurança

e medicina do trabalho, com o intuito de evitar ao máximo a exposição da saúde, da

vida do trabalhador e a ocorrência de acidentes do trabalho.

Ainda há a obrigatoriedade de realização de exames médicos para o

acompanhamento da saúde do trabalhador em algumas situações, como: no momento da

admissão (exame admissional), durante a prestação de serviços ao empregador (exames

periódicos) e quando ocorre o encerramento do contrato de trabalho (exame

demissional).

A legislação determina tanto a periodicidade de realização quanto o tipo de

exame a ser realizado pelo trabalhador, de acordo com as condições ambientais nas

quais o funcionário é submetido.

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Outra medida determinada pela legislação é a atuação presencial dos

representantes do Ministério do Trabalho e Emprego nas empresas, de forma a efetuar

uma fiscalização rigorosa nos ambientes de trabalho, identificando procedimentos

pontuais para cada empresa de acordo com a atividade desenvolvida e possíveis riscos

identificados em virtude desta atividade.

Contudo, a forma mais eficaz de proteger a saúde do trabalhador e evitar os

riscos inerentes à periculosidade e insalubridade, consiste na utilização dos

Equipamentos de Proteção Individual e na correta implantação dos Órgãos de

Segurança e Medicina do Trabalho nas empresas.

Equipamentos de proteção individual

Os Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) são instrumentos que objetivam

prevenir acidentes do trabalho e proteger a saúde do trabalhador contra os agentes

insalubres ou perigosos constantes do meio ambiente de trabalho.

O Ministério do Trabalho e Emprego fiscaliza os EPI’s comercializados no

mercado, conferindo um certificado de aprovação para que atendam a todos os aspectos

técnicos requeridos pelo órgão. Caso uma empresa forneça aos seus trabalhadores um

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EPI não certificado, a entrega será considerada como não realizada e a empresa autuada

pelo órgão. Constituem exemplos de EPI’s: protetores auriculares, máscaras, luvas para

manipulação de produtos químicos, capacetes, cabos de segurança etc.

Os EPI’s devem ser fornecidos gratuitamente pelo empregador, sem qualquer

ônus aos trabalhadores, bem como devem ser substituídos periodicamente, de acordo

com a orientação do fabricante e do Ministério do Trabalho e Emprego.

A legislação determina qual é o EPI mais adequado para cada agente agressivo

constante no ambiente de trabalho. Desta forma, o empregador deverá seguir estas

orientações técnicas fornecidas pelo órgão, sob pena do EPI fornecido ser considerado

ineficaz. Além de ser obrigatória a entrega, a qual deverá ser realizada mediante recibo.

A fiscalização quanto ao uso dos EPI’s também é responsabilidade dos empregadores.

Neste sentido, não basta entregar ao trabalhador o equipamento, com o intuito de

transferir a responsabilidade pelo seu uso: o empregador deverá fiscalizar

constantemente os seus trabalhadores, aplicando as sanções disciplinares cabíveis caso

eles não estejam utilizando os equipamentos disponibilizados.

Órgãos de segurança e medicina do trabalho nas empresas

Constituem os órgãos de segurança e medicina do trabalho: o Serviço

Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) e a

Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA). Veja as características de cada

um deles, abaixo:

SESMT

O SESMT, estabelecido pela Norma Regulamentadora nº 4 do Ministério do

Trabalho, deve ser implantado na empresa de acordo com o tipo de atividade

desenvolvida e de acordo com os riscos aos quais os trabalhadores são expostos.

A referida norma possui duas tabelas distintas, sendo que a primeira tabela

identifica o grau de risco da empresa, de acordo como código de Código Nacional de

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Atividade Econômica (CNAE). Para cada CNAE, há um grau de risco estabelecido de 1

a 4.

A segunda tabela indica, para cada grau de risco, a composição que o SESMT

deverá ter de acordo com o número de empregados da empresa. A composição será

formada pelos seguintes profissionais: técnico em segurança do trabalho, engenheiro de

segurança do trabalho, auxiliar de enfermagem do trabalho, enfermeiro do trabalho e

médico do trabalho.

CIPA

A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) está disciplinada pelo

artigo 163 da CLT, bem como pela Norma Regulamentadora nº 5. O objetivo principal

da CIPA é o de prevenir acidentes do trabalho e a ocorrência de doenças profissionais,

através de uma constante observação das condições presentes no meio ambiente do

trabalho.

A CIPA também deve analisar os acidentes eventualmente ocorridos na empresa

e propor medidas para que eventos desta natureza não ocorram novamente. Constitui,

também, função da CIPA, orientar os trabalhadores quanto às medidas preventivas com

o intuito de evitar acidentes e doenças profissionais.

A CIPA é composta por representantes dos empregados e do empregador. Os

representantes do empregador serão por este indicados, enquanto que os representantes

dos empregados serão eleitos através de um procedimento eleitoral interno, de acordo

com os procedimentos estabelecidos pela Norma Regulamentadora.

Após a eleição, o Ministério do Trabalho deverá ser informado quanto à

composição da CIPA, sendo obrigatório que os membros da CIPA realizem um curso

preparatório antes do início de seus mandatos. O número de integrantes da CIPA é

definido de acordo com a atividade econômica e o número de trabalhadores da empresa.

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3.5 – Normas regulamentadoras

A Portaria nº 3.214/78 do Ministério do Trabalho e Emprego estabeleceu as

Normas Regulamentadoras, que disciplinam as questões técnicas complementares às

previstas na CLT relativas ao meio ambiente do trabalho, especificamente, em relação

às condições de segurança. Vejamos, de forma resumida, do que dispõe referidas

Normas Regulamentadoras:

NR1 – Disposições Gerais

Determina que as normas regulamentadoras, relativas à segurança e à medicina

do trabalho, obrigatoriamente, deverão ser cumpridas por todas as empresas privadas e

públicas, desde que possuam empregados celetistas. Esta norma determina que o

Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho é o órgão competente para coordenar,

orientar, controlar e supervisionar todas as atividades inerentes. Além de fornecer

competência às DRTs regionais e ditar as responsabilidades do empregador e a

responsabilidade dos empregados.

NR2 – Inspeção Prévia

Determina que todo estabelecimento novo deverá solicitar aprovação de suas

instalações ao órgão regional do Ministério do Trabalho e Emprego, que emitirá o CAI -

Certificado de Aprovação de Instalações por meio de modelo pré-estabelecido.

NR3 – Embargo ou Interdição

A DRT poderá interditar/embargar o estabelecimento, as máquinas e o setor de

serviços se os mesmos demonstrarem grave e iminente risco para o trabalhador,

mediante laudo técnico ou exigir providências a serem adotadas para prevenção de

acidentes do trabalho e doenças profissionais. Caso haja interdição ou embargo em um

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determinado setor, os empregados receberão os salários como se estivessem

trabalhando.

NR4 – Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do

Trabalho – SESMT

A implantação do SESMT depende da gradação do risco da atividade principal

da empresa (Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE) e do número

total de empregados do estabelecimento (Quadro 2). Dependendo desses elementos, o

SESMT deverá ser composto por: um engenheiro de segurança do trabalho, um médico

do trabalho, enfermeiro do trabalho, auxiliar de enfermagem do trabalho, técnico de

segurança do trabalho e todos empregados da empresa. Atualmente, esta Norma está

sendo revista pela Comissão Tripartite Paritária Permanente. Na nova NR4 – Sistema

Integrado de Prevenção de Riscos do Trabalho, pela Portaria nº 10, de 6 de abril de

2000, as novidades são os serviços terceirizados, o SEST próprio, o SEST coletivo e a

obrigatoriedade de todo estabelecimento, mesmo com um empregado, ser obrigado a

participar do programa.

NR5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA

Todas as empresas privadas ou públicas, sociedades de economia mista,

instituições beneficentes, cooperativas, clubes, desde que possuam empregados

celetistas, dependendo do grau de risco da empresa e do número mínimo de 20

empregados são obrigadas a manter a CIPA. Este dimensionamento depende da

Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE, que remete a outra listagem

de número de empregados. O objetivo é a prevenção de acidentes e doenças decorrentes

do trabalho, tornando compatível o trabalho com a preservação da saúde do trabalhador.

A CIPA é composta de um representante da empresa, como o presidente (designado) e

representantes dos empregados, eleitos em escrutínio secreto, com mandato de um ano e

direito a uma reeleição e mais um ano de estabilidade.

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NR6 – Equipamentos de Proteção Individual – EPIs

As empresas são obrigadas a fornecer aos seus empregados equipamentos de

proteção individual, destinados a proteger a saúde e a integridade física do trabalhador.

Todo equipamento deve ter o CA (Certificado de Aprovação do Ministério do Trabalho

e Emprego), e a empresa que importa os EPIs também deverá ser registrada junto ao

Departamento de Segurança e Saúde do Trabalho, existindo para esse fim todo um

processo administrativo.

NR7 – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO

Trata dos exames médicos obrigatórios para as empresas. São eles: exame

admissional, exame periódico, de retorno ao trabalho, de mudança de função,

demissional e exames complementares, dependendo do grau de risco da empresa, ou

empresas que trabalhem com agentes químicos, ruídos, radiações ionizantes, benzeno,

entre outros, a critério do médico do trabalho e dependendo dos quadros na própria

NR7, bem como, na NR15, existirão exames específicos para cada risco que o trabalho

possa gerar.

NR8 – Edificações

Esta norma define os parâmetros para as edificações, observando-se a proteção

contra a chuva, insolação excessiva ou falta de insolação. Devem-se observar as

legislações pertinentes nos níveis: federal, estadual e municipal.

NR9 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA

Esta norma objetiva a preservação da saúde e integridade do trabalhador, através

da antecipação, avaliação e controle dos riscos ambientais existentes, ou que venham a

existir no ambiente de trabalho, tendo em vista a proteção ao meio ambiente e recursos

naturais. São considerados agentes físicos, químicos e biológicos. Além desses agentes,

destacamos também, os riscos ergonômicos e os riscos mecânicos. É importante manter

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esses dados no PPRA, a fim de as empresas não sofrerem ações de natureza civil por

danos causados ao trabalhador, mantendo-se atualizados os laudos técnicos e o Perfil

Profissiográfico Previdenciário.

NR10 – Instalações e Serviços de Eletricidade

Trata das condições mínimas para garantir a segurança daqueles que trabalham

em instalações elétricas, em suas diversas etapas, incluindo projeto, execução, operação,

manutenção, reforma e ampliação, incluindo terceiros e usuários. Esta Norma encontra-

se sob consulta pública para a sua revisão.

NR11 – Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais.

Destina-se a operação de elevadores, guindastes, transportadores industriais e

máquinas transportadoras.

NR12 – Máquinas e Equipamentos

Determina as instalações e áreas de trabalho; distâncias mínimas entre as

máquinas e os equipamentos; dispositivos de acionamento, partida e parada das

máquinas e equipamentos. Contém anexos para o uso de Motosserras, Cilindros de

Massa, entre outros. No Estado de São Paulo, as empresas devem observar a Convenção

Coletiva para Melhoria das Condições de Trabalho em Prensas e Equipamentos

Similares, Injetoras de Plásticos e Tratamento Galvânico de Superfícies nas Indústrias

Metalúrgicas no Estado de São Paulo, assinada em 29.11.02, em vigência a partir de

28.01.03.

NR13 – Caldeiras e Vasos de Pressão

É de competência do engenheiro especializado nas atividades referentes a

projeto de construção, acompanhamento de operação e manutenção, inspeção e

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supervisão de inspeção de caldeiras e vasos de pressão. Norma que exige treinamento

específico para os seus operadores, contendo várias classificações e categorias, nas

especialidades, devido, principalmente, ao seu elevado grau de risco.

NR14 – Fornos

Define os parâmetros para a instalação de fornos, cuidados com gases, chamas e

líquidos, é necessário observar as legislações pertinentes nos níveis federal, estadual e

municipal.

NR15 – Atividades e Operações Insalubres

Considerada atividade insalubre, a exemplo da NR16 – Atividades Perigosas,

quando ocorre além dos limites de tolerância, isto é intensidade, natureza e tempo de

exposição ao agente, que não causará dano à saúde do trabalhador, durante a sua vida

laboral. As atividades insalubres estão contidas nos anexos da Norma e são

considerados os agentes: Ruído contínuo ou permanente; Ruído de Impacto; Tolerância

para Exposição ao Calor; Radiações Ionizantes; Agentes Químicos e Poeiras Minerais.

Tanto a NR15 quanto a NR16 dependem de perícia, a cargo do médico ou do

engenheiro do trabalho, devidamente credenciado junto ao Ministério do Trabalho e

Emprego.

NR16 – Atividades e Operações Perigosas

Também considerada quando ocorre além dos limites de tolerância. São as

atividades perigosas ligadas aos explosivos, aos inflamáveis e à energia elétrica.

NR17 – Ergonomia

Esta norma estabelece os parâmetros que permitam a adaptação das condições de

trabalho às características psicofisiológicas, máquinas, ambiente, comunicações dos

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elementos do sistema, informações, processamento, tomada de decisões, organização e

consequências do trabalho. Observe que as Lesões por Esforços Repetitivos (LER), hoje

denominada DORT (Doença Osteomuscular Relacionada ao Trabalho) constituem o

principal grupo de problemas à saúde, reconhecidos pela sua relação laboral. O termo

DORT é muito mais abrangente que o termo LER, constante hoje das relações de

doenças profissionais da Previdência.

NR18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção –

PCMAT

O PCMAT é o PPRA da Construção civil. Resume-se no elenco de providências

a serem executadas, em função do cronograma de uma obra, levando-se em conta os

riscos de acidentes e doenças do trabalho e as suas respectivas medidas de segurança.

NR19 – Explosivos

Determina parâmetros para o depósito, manuseio e armazenagem de explosivos.

NR20 – Líquidos Combustíveis e Inflamáveis

Define os parâmetros para o armazenamento de combustíveis e inflamáveis.

NR21 – Trabalho a céu aberto

Define o tipo de proteção aos trabalhadores que trabalham sem abrigo, contra

intempéries (insolação, condições sanitárias, água etc.).

NR22 – Trabalhos subterrâneos

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Destina-se aos trabalhos em minerações subterrâneas ou a céu aberto, garimpos,

beneficiamento de minerais e pesquisa mineral. Nesses trabalhos, é necessário ter um

médico especialista em condições hiperbáricas. Esta atividade possui várias outras

legislações complementares.

NR23 – Proteção contra incêndios

Todas as empresas devem possuir proteção contra incêndio; saídas para retirada

de pessoal em serviço ou público, pessoal treinado e equipamentos. As empresas devem

observar as normas do Corpo de Bombeiros sobre o assunto.

NR24 – Condições sanitárias e de conforto nos locais do trabalho

Todo estabelecimento deve atender as denominações desta norma, que o próprio

nome contempla. E, cabe a CIPA ou ao SESMT, se houver, a observância desta norma.

Deve-se observar, também, nas Convenções Coletivas de Trabalho de sua categoria se

existe algum item sobre o assunto.

NR25 – Resíduos industriais

Trata da eliminação dos resíduos gasosos, sólidos, líquidos de alta toxidade,

periculosidade, risco biológico, radioativo, a exemplo do césio em Goiás. Remete às

disposições contidas na NR15 e legislações pertinentes nos níveis federal, estadual e

municipal.

NR26 – Sinalização de Segurança

Determina as cores na segurança do trabalho como forma de prevenção,

evitando a distração, confusão e fadiga do trabalhador, bem como cuidados especiais

quanto aos produtos e locais perigosos.

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NR27 – Registro Profissional do Técnico de Segurança no Ministério do Trabalho

e Emprego

Todo técnico de segurança deve ser portador de certificado de conclusão do 2º

grau de Técnico de Segurança e Saúde no Trabalho com currículo do Ministério do

Trabalho e Emprego devidamente registrado através das DRTs regionais.

NR28 – Fiscalização e Penalidades

Toda norma regulamentadora possui uma gradação de multas, para cada item

das normas. Estas gradações são divididas por número de empregados, risco na

segurança e risco em medicina do trabalho. O agente da fiscalização, baseado em

critérios técnicos, autua o estabelecimento, faz a notificação, concede prazo para a

regularização e/ou defesa. Quando constatar situações graves e/ou iminentes ao risco à

saúde e à integridade física do trabalhador, é preciso propor à autoridade regional a

imediata interdição do estabelecimento.

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Encerramento

Olá, aluno!

Chegamos ao fim do nosso curso de Direito do Trabalho, com a certeza de que

conseguimos transmitir as noções básicas sobre este tema tão relevante.

Esperamos que este curso possa lhe auxiliar no desenvolvimento de seus

conhecimentos sobre o tema.

Boa sorte e sucesso!