52
DIREITO DO TRABALHO Efeitos do contrato de emprego Poder diretivo Poder regulamentar. Regimento interno Poder fiscalizatório Poder disciplinar. Poderes do Empregador Sonia Soares

DIREITO DO TRABALHO · 2018-03-26 · Os efeitos conexos do contrato de trabalho surgem ou não dependendo do tipo de contrato. Exemplos desse tipo de efeito estão as indenizações

  • Upload
    voliem

  • View
    214

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

DIREITO DO TRABALHO

Efeitos do contrato de emprego

Poder diretivo

Poder regulamentar. Regimento interno

Poder fiscalizatório

Poder disciplinar.

Poderes do Empregador

Sonia Soares

Considerações Prévias

Contrato de trabalho, “é um negócio jurídico pela qual

uma pessoa física (empregado )se obriga, mediante

pagamento de uma contraprestação (salário),a prestar

trabalho de natureza não eventual em proveito de outra

pessoa, física ou jurídica (empregador),a quem fica subordinado juridicamente.” Délio Maranhão

Na relação de emprego a subordinação é um lado, e o poder diretivo é o outro lado da moeda. Amauri Mascaro

Efeitos do contrato de emprego

Do contrato de trabalho decorrem obrigações de dar, fazer e não fazer distribuídas entre os dois sujeitos do contrato

Empregado:Obrigação de fazer = prestar serviços subordinados

Empregador:Obrigação de dar = pagar salário;

Obrigação de fazer = anotar CTPS; expedir CAT

Os efeitos próprios do contrato de trabalho são aqueles inerentes a sua própria natureza, seu objeto e suas cláusulas contratuais. São efeitos obrigacionais aplicáveis ao contrato de forma absoluta. Para o empregador: dirigir, regulamentar,

controlar, fiscalizar, disciplinar mediante aplicação de sanções.

Para o empregado: dever de obediência, diligência, lealdade,

fidelidade, colaboração.

Os efeitos conexos do contrato de trabalho surgem ou não dependendo do tipo de contrato. Exemplos desse tipo de efeito estão as indenizações por dano moral e por dano material.

EFEITOS PRÓPRIOS CONTRATO DE

TRABALHO - EMPREGADOR:

Empregador, CLT, art. 2º., “a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço.”

Art. 5º., XXII, CF, anuncia que é garantido o direito de propriedade a todos, sem distinção

Fontes normativas que fundamentam o Poder

Diretivo (Amauri Mascaro, Jorge Neto/Pessoa

Cavalcante) ou Poder Empregatício (Godinho)

Poder Diretivo = poder organizativo que é o conjunto de prerrogativas concentradas no empregador dirigidas à organização da estrutura e espaço empresariais internos.

Do poder diretivo do empregador emerge seu direito de alterar certas condições de trabalho

São 3 as correntes principais que fundamentam o poder diretivo: teoria da propriedade privada, teoria institucional e a teoria

contratual: Empregador manda porque é dono; Empresa possui caráter político e social, concepção institucional; Contrato de trabalho é ajuste entre sujeitos

Titular do poder diretivo: empregador, prepostos, aqueles para quem o empregador delegar.

Natureza jurídica Poder Diretivo:

direito potestativo: exercício de um direito mediante declaração de vontade unilateral, cabendo a outra parte simplesmente aceitar.

direito-função : guarda compatibilidade com a função social do contrato – artigo 421 do CC.

Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos

limites da função social do contrato.

Deve ser exercido segundo sua finalidade, mas de maneira útil e de forma a atender a sua utilidade.

Na atualidade o poder diretivo deve ser exercido sob enfoque de “direito-função”

Poder Diretivo: Amauri Mascaro

O empregador determina como a atividade do empregado será exercida e se manifesta de três principais formas:

poder de organização;

poder de controle sobre o trabalho e não

sobre a pessoa do empregado, mas sobre as atividades;

poder disciplinar.Ou

a metodologia utilizada por Godinho:

Poder Empregatício: Godinho

Poder empregatício “é um conjunto

de prerrogativas asseguradas pela ordem jurídica concentradas na figura do empregador, para o exercício no contexto da relação de emprego”.

Conjunto de prerrogativas diz respeito à direção, regulamentação, fiscalização e disciplinamento da regulação interna correspondente prestação de serviços.

PODER DIRETIVO:

Possibilidade do empregador organizar sua estrutura/organizar o seu sistema produtivo;

Justificativa: artigo 2º. “assumindo os riscos da atividade

econômica ... dirige a prestação pessoal de serviço” = empregador assume risco e empregado trabalha de forma subordinada/empregador dirige sua prestação pessoal dos serviços.

ACÚMULO DE FUNÇÕES. ACRÉSCIMO SALARIAL INDEVIDO.

Ao empregador incumbe definir e adaptar a organização do

trabalho dentro dos limites do seu poder diretivo, uma vez que,

por força do art. 444 c/c art. 456, parágrafo único, da CLT, o

contrato de trabalho, em regra, não possui um conteúdo específico

atinente à prestação de serviços, obrigando-se o empregado a

desempenhar, dentro de sua jornada, todo o plexo de poderes e

tarefas que se revelem compatíveis com a sua condição pessoal.

Recurso ao qual se nega provimento. (Processo: RO - 0001088-

64.2015.5.06.0193, Redator: Jose Luciano Alexo da Silva, Data de

julgamento: 22/02/2018, Quarta Turma, Data da assinatura:

22/02/2018)

(TRT-6 - RO: 00010886420155060193, Data de Julgamento:

22/02/2018, Quarta Turma)

Poder Regulamentar:

Possibilidade do empregador regulamentar a sua atividade por meio de circulares, normas, regulamentos internos os quais são fontes de direito e que se integram ao contrato de trabalho desde que se conformidade com o ordenamento jurídico.

A natureza jurídica das disposições regulamentares são de meras cláusulas contratuais

Aplicam-se os artigos 468 da CLT e a Súmula 51 do TSTSúmula 51

Norma Regulamentar. Vantagens e opção pelo novo regulamento. Art. 468 da CLT.

I - As cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens deferidas

anteriormente, só atingirão os trabalhadores admitidos após a revogação ou alteração do

regulamento. (ex-Súmula nº 51 - RA 41/1973, DJ 14.06.1973)

II - Havendo a coexistência de dois regulamentos da empresa, a opção do empregado por

um deles tem efeito jurídico de renúncia às regras do sistema do outro. (ex-OJ nº 163 -

Inserida em 26.03.1999)

RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA. DESVIO DE FUNÇÃO. A

instituição de quadro de pessoal organizado em carreira é inerente ao

poder regulamentar do empregador. Todavia, uma vez instituído, as normas

que o disciplinam são de observância obrigatória. Mesmo quando originários de

ato unilateral do empregador, o quadro de pessoal adere aos contratos de

emprego então vigentes, e aqueles que venham a ser firmados no curso da sua

existência. Passa a ser cláusula contratual que não pode ser modificada em

prejuízo dos empregados, sob pena de ofensa ao artigo 468 da CLT e da

Súmula nº 51 do TST. O quadro de carreira visa à organização de pessoal em

cargos funcionais ou administrativos e à fixação de critérios de promoção por

antiguidade e merecimento. Recurso ordinário da reclamada a que se nega

provimento.

(TRT-4 - RO: 00205054620155040811, Data de Julgamento: 02/12/2016, 8ª

Turma)

Poder Fiscalizatório:

conjunto de prerrogativas dirigidas a propiciar o acompanhamento contínuo da prestação de trabalho e da própria vigilância efetivada ao longo do espaço empresarial interno.

direito de fiscalizar e controlar as atividades de seus empregados;

Exemplos meios de controles: Controle de portariaRevistas

Circuito interno de televisãoControle de horário e frequência

Prestação de contas (certas funções)

Desde que observado o princípio da dignidade da

pessoa humana dentre outros de índole

constitucional/legal

DANOS MORAIS. PODER FISCALIZATÓRIO DO

EMPREGADOR. REVISTA DE EMPREGADO.

PRESERVAÇÃO DA INTEGRIDADE DO

TRABALHADOR. O procedimento de revista do

empregado encontra respaldo no poder fiscalizatório

do empregador e, desde que realizado sem excessos e

com as cautelas devidas, não importa em prejuízo moral

ao trabalhador.

(TRT-5 - RecOrd: 00006071320125050039 BA 0000607-

13.2012.5.05.0039, Relator: VÂNIA J. T. CHAVES, 3ª.

TURMA, Data de Publicação: DJ 27/03/2015.)

Poder Disciplinar:

Possibilidade de aplicar sanções disciplinares por descumprimento de obrigações legais, contratuais, normativas.

Natureza jurídica: embora controvertida, tem sido admitida como um poder especial atribuí do ao empregador com o objetivo de resguardar a ordem do empreendimento.

impor sanções aos empregados, desde que respeitadas as limitações legais – dosagem da “pena” = poder limitado.

SUSPENSÃO. PODER DISCIPLINAR DO EMPREGADOR. CONTRADITÓRIO

E AMPLA DEFESA. Por força do artigo 2º da Consolidação das Leis do

Trabalho (CLT), cabe ao empregador o poder diretivo, que lhe confere o

direito de organizar, fiscalizar e disciplinar as relações pessoais e sociais

existentes na empresa. O poder disciplinar autoriza o empregador a aplicar

punições ao empregado, entre as quais a advertência, a suspensão ou, na

pior das hipóteses, a demissão por justa causa, de acordo com o princípio

da proporcionalidade entre o ato faltoso e sua punição, devendo ser

respeitado, ainda, o direito à ampla defesa e ao contraditório. In casu, o

autor interpôs recurso administrativo, o que não foi observado pela ré, que lhe

aplicou a pena de suspensão sem a solução do recurso interposto, sendo

indubitável que foi negado ao autor o seu direito ao contraditório e à ampla

defesa. Recurso do autor a que se dá provimento.

(TRT-1 - RO: 00109604620135010021 RJ, Relator: LEONARDO DIAS

BORGES, Décima Turma, Data de Publicação: 03/04/2017)

LIMITES PODER EMPREGATÍCIO:

Princípio da Dignidade da Pessoa Humana – Art. 1º., III, CF

Se exorbitar o exercício do Poder Empregatício = Art. 483, CLT.

LIMITES DO PODER REGULAMENTAR = Art. 444, CLT

PODER DISCIPLINAR: Doutrina/Jurisprudência: dosagem da punição/ escolha da penalidade disciplinar/dias de suspensão é critério a ser determinado pelo empregador, e não pelo judiciário vez que não pode interferir no poder diretivo. Cabe ao judiciário manter a sanção ou cancelá-la.

LIMITES PODER DO EMPREGADOR = Art. 1º, III e IV; 5º, III e X, CF :

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união

indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,

constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como

fundamentos:

III - a dignidade da pessoa humana;

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

Art. 5º - ...

III - ninguém será submetido a tortura nem a

tratamento desumano ou degradante;

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a

honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito

a indenização pelo dano material ou moral decorrente

de sua violação;

PODER DISCIPLINAR = Art. 1º., III, CF

ASSÉDIO MORAL E DANOS MORAIS - EXTRAPOLAÇÃO

DE LIMITES DO PODER DIRETIVO -

CONSTRANGIMENTO COMPROVADO - REPARAÇÃO

DEVIDA. Diante da prova apresentada pelos obreiros de

que foram perpetradas ofensas à sua esfera privada,

causando-lhes constrangimento, em face da

extrapolação dos limites do poder diretivo do

empregador, devidas a reparação por danos morais

vindicada.

(TRT-20 00000050220155200006, Relator: MARIA DAS

GRACAS MONTEIRO MELO, Data de Publicação:

23/11/2016)

APÓS ESTUDO DOS PODERES DO

EMPREGADOR:

DEVERES DO EMPREGADOR:

Do contrato de trabalho emerge deveres ao empregador, que não se restringe

ao pagamento do salário e direitos

trabalhistas, MAS TAMBÉM DE “DAR”

trabalho ao empregado:

Uma das obrigações do empregador é

oferecer trabalho ao empregado. O empregador ao negar ao empregado o direito de trabalhar, ele viola importante obrigação do contrato de trabalho: a de proporcionar trabalho digno ao trabalhador.

Trata-se de prática que consiste em abuso do direito do exercício do poder diretivo, afronta ao princípio da dignidade da pessoa humana, causando violaçãoaos direitos da personalidade do empregado na medida em que é posto em em inatividade, em total inobservância ao art. 6º da CR/88.

PROCESSO Nº 0000804-37.2015.5.02.0203 – 8ª TURMA RECURSO ORDINÁRIO RECORRENTE: DENISE MENDES RECORRIDO: CATHO ONLINE LTDA. DATA PUBLICAÇÃO 07/06/2017 - CONTRATO DE INAÇÃO. ILEGALIDADE. RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR CARACTERIZADA. INDENIZAÇÃO DEVIDA. O contrato de trabalho obriga o empregador a efetivar os direitos fundamentais no trabalho, assegurando emprego de qualidade, seguro e saudável. Manter o empregado afastado ou excluído de funções e atividades produtivas enseja ofensa a sua dignidade. Aplicação dos artigos 5º, X, da CF, 186 e 927 do CC. Dano configurado. Indenização devida.

PROCESSO TRT/SP Nº 0001580-59.2014.5.02.0401 RECURSO ORDINÁRIO – 9ª TURMA- DATA PUBLICAÇÃO 29/11/2016 - ORIGEM: 01ª VARA DO TRABALHO DE PRAIA GRANDE RECORRENTE: GP GUARDA PATRIMONIAL DE SÃO PAULO RECORRIDOS: WILLIAM IZIDORO DE OLIVEIRA..............................................................................INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS DECORRENTES DO CONTRATO DE INAÇÃO. O ócio forçado é um método cruel de aviltamento do trabalhador, lesa direitos da personalidade obreira. Recurso patronal ao qual se nega provimento.

DANO MORAL. ÓCIO FORÇADO DO TRABALHADOR.

Considerando que a principal obrigação do trabalhador é

executar suas atividades laborais, não há dúvida de que o

ócio forçado causa constrangimento e afronta a dignidade

humana do empregado. Logo, deve a reclamada responder

pelos danos morais causados. Contudo, levando-se em conta a

situação delineada nos presentes autos e considerando os

Princípios da Razoabilidade e da Proporcionalidade, reforma-se

a Sentença para reduzir o valor da indenização atribuída ao

dano moral ocorrente, de R$ 30.000,00 (trinta mil reais) para o

importe de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Apelo parcialmente

provido.

(TRT-20 00005580620165200009, Relator: RITA DE CASSIA

PINHEIRO DE OLIVEIRA, Data de Publicação: 01/06/2017)

Exemplos de outros deveres do empregador:

do contrato emerge imediatamente o dever de

respeito à dignidade humana do trabalhador;

também de preservar a salubridade e

segurança do meio ambiente do trabalho;

e do dever de respeitar a intimidade dos

empregados

EFEITOS PRÓPRIOS CONTRATO DE

TRABALHO EMPREGADO:

Da obrigação de trabalhar decorre o DEVER DE

OBEDIÊNCIA às instruções do empregador, manifesta característica da subordinação jurídica.

Na esteira do art. 5º, incisos IC, VI, VIII e XVIII da CF estão assegurados liberdade de pensamento, crença religiosa e convicção filosófica e política e de associação sindical;

Violação ao do dever de obediência, gera a prática de ato de indisciplina ou insubordinação.

As ordens devem ser lícitas e não contrárias à vida, saúde ou dignidade do empregado;

EFEITOS PRÓPRIOS CONTRATO DE TRABALHO

EMPREGADO:

DEVER DE DILIGÊNCIA: interesse ou cuidado aplicado na execução de uma tarefa; zelo.

O empregado tem por obrigação ser ativo, diligente e interessado nas tarefas que lhe foram incumbidas, para que possa desenvolvê-la da forma mais proveitosa possível para a empresa.

De todos os deveres do empregado, o de diligência é o mais importante porque representa o perfeito cumprimento do contrato, ou seja, a prestação fiel do trabalho, tal como pactuaram os contratantes desde o início.

negligência é, ato contrário ao dever de diligência do empregado.

Violação: pode traduzir, por exemplo, em desídia.

JUSTA CAUSA. DESÍDIA FUNCIONAL. Corretamente aplicada a justa causa quando claramente evidenciada a desídia funcional, decorrente de faltas reiteradas que importam na violação do dever de

diligência do empregado.

(TRT-1 - RO: 00100420820145010021 RJ, Data de Julgamento: 02/02/2016, Oitava Turma, Data de Publicação: 22/02/2016)

DEVER DE FIDELIDADE:

Deriva do elemento confiança que permeia toda relação empregatícia;

dever de caráter pessoal e cunho ético; é o dever de retidão

• Se manifesta por obrigações de fazer, por exemplo, informar empregador de situações como equipamentos defeituosos, negócios em risco etc, ou não fazer, o empregado se abster de ocasionar dano ao empregador, deixando por exemplo de divulgar segredo, passar informações, concorrer de forma desleal.

• Violação ao dever de diligência em afronta aos disposto no art. 482 da CLT: negociação habitual por conta própria ou alheia que causa prejuízo ao empregador ou violação de segredo da empresa

JUSTA CAUSA. IMPROBIDADE. Pratica a falta classificada no artigo 482, a, da CLT, o empregado que tem ciência do furto praticado pelo colega de trabalho dentro da empresa e age de forma a acobertá-lo, sem denunciar ou comunicar o ato aos seus superiores, existindo, ainda, nos autos, claros indícios da sua participação no ato delituoso. A infração evidencia desvio de conduta e representa séria violação aos deveres de fidelidade, de obediência e de boa-fé a que o empregado está sujeito, incompatível com o prosseguimento da relação de emprego.(TRT-3 - RO: 00853200904403006 0085300-71.2009.5.03.0044, Relator: Convocado Jesse Claudio Franco de Alencar, SetimaTurma, Data de Publicação: 02/02/2010,01/02/2010. DEJT. Página 150. Boletim: Não.)

JUSTA CAUSA. APROPRIAÇÃO INDEVIDA DE DADOS SIGILOSOS PARA

FAVORECIMENTO PRÓPRIO E DA CONCORRÊNCIA. VIOLAÇÃO DE SEGREDO DE

EMPRESA. MAU PROCEDIMENTO CONFIGURADO................ In casu, ficou

constatado que o autor apoderou-se de um bem incorpóreo e sigiloso da

reclamada, qual seja, a lista de clientes e potenciais clientes constante do banco

de dados da ré, e a utilizou com a nítida intenção de captar clientes para sua nova

empregadora, caracterizando violação de segredo. Configurado, ainda, o mau

procedimento, em virtude da desleal atitude do empregado, ao trair a confiança e a

fidelidade necessárias na prestação de serviços em prol da reclamada. Desse

modo, logrou êxito a ré em demonstrar um quadro comportamental de mau

procedimento por parte do demandante, bem como a violação de segredo de

empresa, e que a punição aplicada não se revelou excessivamente rigorosa.

Acolhe-se, portanto, a alegação de falta grave atribuída ao demandante, sendo, pois, de

rigor, o reconhecimento do despedimento motivado. Recurso do autor ao qual se nega

provimento.(TRT-2 - RO: 00030748620135020079 SP 00030748620135020079 A28,

Relator: RICARDO ARTUR COSTA E TRIGUEIROS, Data de Julgamento: 09/12/2014,

4ª TURMA, Data de Publicação: 09/01/2015)

DEVER DE CORTESIA: Georgenor de Sousa Franco Filho, escreve

sobre esse dever para com superiores, colegas de trabalho,

subordinados e terceiros, por entender que significa boa educação e

respeitando outras pessoas, pouco importando sua classe social.

Justa causa. Discussão e ofensas recíprocas entre vendedor e cliente. CLT, art. 482, alíneas h e j. Os empregados são prepostos do

empregador e devem portar-se com dignidade e

cortesia perante a clientela. Em caso de desentendimento com o

cliente, por motivos relacionados à negociação,devem solicitar a intervenção

do superior hierárquico.Não podem os prepostos entrar em bate-boca com o

cliente,usando desnecessariamente palavras que ofendem a auto-estima,salvo

se a atitude for em auto-defesa, a título de retorsão, ou resposta imediata a uma

ofensa pessoal que constitua crime, o que será sempre dependente de

prova,competindo ao trabalhador provar sua versão em caso de dispensa por justa

causa.(TRT-2 - RECORD: 1738200305802001 SP 01738-2003-058-02-00-1,

Relator: LUIZ EDGAR FERRAZ DE OLIVEIRA, Data de Julgamento: 05/12/2005, 9ª

TURMA, Data de Publicação: 27/01/2006)

DEVER DE COLABORAÇÃO: empregado deve prestar serviços de

acordo com o pactuado e de forma a colaborar para que o empregador atinja seus objetivos.

Artigo Publicado Revista LTr.81,08, Agosto de 2017, p.903/908. Colaboração Premiada Trabalhista? Arion Sayão Romita

• Lei 12.850, de 02/08/2013, introduziu no ordenamento processual penal brasileiro o instituto da colaboração premiada, definido pela lei como “meio de obtenção de prova”;

• Negócio jurídico bilateral, exteriorizado pela vontade do MP ou do delegado de polícia e a do colaborador.A atuação do órgão jurisdicional corresponde ao juízo de homologação;

• De acordo com a colaboração podem resultar em benefício para colaborador o perdão judicial, redução em até 2/3 (dois terços) da pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo criminal;

Em alguns países, principalmente no mundo das finanças, há legislação destinada a assegurar a transferência e a proteger o colaborador contra possíveis represálias por parte da administração pública ou do empregador;

Na Itália, diversas leis têm sido promulgadas com o propósito de dispensar proteção ao funcionário público que denuncia delitos (a partir de 2012)

O colaborador deve ter sua posição resguardada; o interesse do empregador, que não pode aceitar a divulgação das informações relacionadas à organização produtiva, as quais podem ser de interesse da sociedade e poderá repercutir de maneira direta ou indireta e ocasionar dano;

Conclui Romita que os deveres dos sujeitos do contrato de trabalho, por parte do empregado, de prestar serviços e, da parte do empregador de pagar salário são os básicos. No entanto, ao cumprir sua obrigação de prestar trabalho, o empregado encontra-se sob o império da boa-fé, comportando como “satélites” que gravitam em redor do planeta uma série de deveres anexos, quais sejam, deveres de proteção, lealdade, esclarecimento, diligência, probidade...

Como decorrência do dever, obrigação do empregado, de denunciar ao empregador, ou a seus prepostos, os perigos existentes.

Entende que transparência deve ser a regra e o sigilo a exceção, notadamente nos países democráticos.

Como no campo do direito penal o instituto da colaboração premiada tem produzido bons resultados, os mesmos podem ser esperados se adotado no campo da administração pública e das relações de trabalho, no setor privado.

ACÚMULO DE FUNÇÃO. PLUS SALARIAL INDEVIDO. DEVER DE COLABORAÇÃO DO EMPREGADO. A realização de algumas tarefas vocacionadas a função diversa da contratada, não caracteriza o desempenho de funções acumuladas, pois não se pode confundir função (que é um conjunto de tarefas) com a tarefa em si. Cuida-se, pois, à evidência, de realização de uma ou algumas tarefas compatíveis com a condição pessoal do autor (art. 456, parágrafo único, da CLT), inerentes ao seu dever de colaboração com o empregador, não havendo desequilíbrio contratual na espécie.(TRT-11 00006704520165110002, Relator: SOLANGE MARIA SANTIAGO MORAIS, Gabinete da Desembargadora Solange Maria Santiago Morais)

EFEITOS CONEXOS CONTRATO DE TRABALHO

Indenizações por danos sofridos pelo empregado são efeitos conexos do contrato de emprego.

Danos: Material: lesão aos bens materiais, suscetíveis de avaliação

econômica e compreendem: dano emergente – gastos feitos pela vítima os quais deverão ser ressarcidos pelo autos do dano e lucro cessante que corresponde a tudo aquilo que a vítima deixou de aferir durante o período em virtude do dano.

Moral: vem a ser a lesão de interesse não patrimoniais de pessoa natural ou jurídica , provocada pelo fato lesivo. (Maria Helena Diniz)

Estético: qualquer modificação duradoura ou permanente na aparência externa de uma pessoa, modificação esta que lhe acarreta um “enfeamento” e lhe causa humilhações e desgostos, dando origem, portanto, a uma dor moral. (Tereza Ancona Lopez)

A CF ampliou o âmbito de aplicação das indenizações por danos sofridos pelo empregado., com ênfase no reconhecimento do dano moral.

CF deu especial destaque ao instituto do dano moral dano a imagem não associadas necessariamente à saúde e segurança do trabalhador, tais como, as hipóteses por discriminação por idade, sexo, raça.

Indenização por danos que decorrer de lesões acidentárias que podem ser de natureza material, moral e estética.

A reforma trabalhista inseriu na CLT dano extrapatrimonial.

Direito à imagem = divulgação de fotografia pode configurar exposição indevida

Não precisa ser vexatória a exposição, já que a simples divulgação de fotografia é suficiente para caracterizar a ofensa ao direito de imagem

TRT-15 - Recurso Ordinário RO 273820125150060 SP 095763/2012-PATR (TRT-15)Data de publicação: 30/11/2012Ementa: DANO MORAL. UTILIZAÇÃO DA IMAGEM DO EMPREGADO. INDENIZAÇÃO DEVIDA. A utilização da imagem do empregado pelo empregador não pode ser subentendida como decorrente do contrato de trabalho, que não produz efeitos tão amplos, pena de gerar locupletamento ilícito; o uso da imagem pode ser ajustado, mas não deflui originariamente do contrato laboral; de maneira que frágil falar-se, na hipótese, de anuência presumida. Indenização devida.

TRT-9 - Recurso Ordinário RO 07440201302109002 PR 07440-2013-021-09-00-2 (TRT-9)Data de publicação: 31/07/2015Ementa: DANO MORAL. USO DA IMAGEM DO EMPREGADO EM PROPAGANDA COMERCIAL SEM AUTORIZAÇÃO PRÉVIA. Para configuração da responsabilidade civil decorrente de dano moral, se faz necessária a demonstração de ato ilícito do empregador (omissivo ou comissivo) que ocasione lesão aos direitos da personalidade juridicamente tutelados (intimidade, vida privada, honra, imagem, etc.). O uso da imagem da reclamante sem a necessária autorização prévia desta e em prol dos interesses comerciais da reclamada acarreta violação ao consagrado pelo artigo 5o, inciso X da Constituição Federal c/c artigo 20 do Código Civil. Tratando-se de um direito personalíssimo, o seu uso não autorizado, por si só, já enseja o direito à reparação. Presentes os requisitos para a responsabilização civil do réu, deve ser mantida a condenação. Recurso ordinário das reclamadas a que se nega provimento.

Uso de uniforme com logotipo de produtos de outras empresas cujos produtos sejam comercializados pelo empregador (fornecedores) –

REFORMA TRABALHISTA INSERIU ART. 456-

A CLT

Art. 456-A. Cabe ao empregador definir o padrão

de vestimenta no meio ambiente laboral, sendo

lícita a inclusão no uniforme de logomarcas da

própria empresa ou de empresas parceiras e de

outros itens de identificação relacionados à

atividade desempenhada

Proteção à Intimidade:

Revista:

• Revista (art. 5º, inciso X) – decorre do direito de propriedade e do poder diretivo o direito de o empregador fazer revista pessoal no trabalhador, desde que não seja vexatória;

• A revista íntima afronta a intimidade do trabalhador e gera reparação moral:

Art. 373-A - Ressalvadas as disposições legais destinadas a corrigir as

distorções que afetam o acesso da mulher ao mercado de trabalho e certas

especificidades estabelecidas nos acordos trabalhistas, é vedado: VI -

proceder o empregador ou preposto a revistas íntimas nas empregadas ou

funcionárias.

art. 373-A CLT permite revista, salvo a íntima, por afrontar a dignidade da pessoa humana.

Art. 5º., I, CF homens e mulheres são iguais = homens podem invocar art. 373-A CLT

Lei 13.271, de 15/04/2016: As empresas privadas, os órgãos e entidades da administração pública, direta e indireta, ficam proibidos de adotar qualquer prática de revista íntima de suas funcionárias e de clientes do sexo feminino. Não cumprimento, multa R$20.000,00; reincidência, valor em dobro sem prejuízo indenização por danos morais/materiais e sanções de ordem penal.

Revista em pertences de empregados = por não terem sido caracterizadas como revistas íntimas, têm sido admitidas.

Não podem expor individualmente o empregado, como suspeito de furto;

TRT-5 - Recurso Ordinário RecOrd 00006888820135050018 BA 0000688-88.2013.5.05.0018 (TRT-5)Data de publicação: 21/11/2014Ementa: PODER FISCALIZATÓRIO DO EMPREGADOR. REVISTA DE PERTENCES DO EMPREGADO. PRESERVAÇÃO DA INTEGRIDADE DO TRABALHADOR. O procedimento de revista de pertences do empregado encontra respaldo no poder fiscalizatório do empregador e, desde que realizado sem excessos e com as cautelas devidas, não importa em prejuízo moral ao trabalhador.

TRT-1 - RECURSO ORDINÁRIO RO 00109806420145010033 (TRT-1)Data de publicação: 15/12/2016Ementa: REVISTA. VISTORIA NA BOLSA. CARÁTER GENERALIZADO. Não há dano moral pela revista de objetos pessoais dos empregados, sem qualquer contato físico. Não se trata de quebra de fidúcia, mas do exercício do poder fiscalizatório do empregador, desde que não haja abuso de direito. Recurso não provido.

TRT-17 - RECURSO ORDINARIO TRABALHISTA RO 00020020420155170006 (TRT-17)Data de publicação: 28/09/2016Ementa: REVISTA LEGAL. DANO MORAL CONFIGURADO. A revista realizada com moderação e razoabilidade não configura abuso de direito ou ato ilícito, tratando-se, na realidade, de exercício regular do direito do empregador, inerente ao seu pode rdiretivo e fiscalizatório. Contudo, in casu as revistas eram realizadas na entrada e saída da loja, na presença de clientes do estabelecimento, o que demonstra abuso no poder fiscalizatório do empregador a ensejar a reparação moral da reclamante. (TRT 17ª R., RO 0002002-04.2015.5.17.0006, 3ª Turma, Rel. Desembargador Mário Ribeiro Cantarino Neto, DEJT 28/09/2016 ).

Regra geral - tem sido admitida a revista:

• Caráter geral/impessoal, critério objetivo (para todos; sorteio, numeração etc); mediante ajuste prévio/por escrito; desde que empregado tenha acesso a bens passíveis de ocultação; sem contato pessoal; de forma respeitosa;porpessoas do mesmo sexo;

Câmaras televisivas de seguranças em banheiros = afronta a tutela da privacidade;• No ambiente de trabalho, pode.

Acórdão : 20160621792 Turma: 17 Data Julg.: 18/08/2016

Data Pub.:26/08/2016 –Processo:20160042035

Permite-se ao empregador, em razão dos poderes de

direção e fiscalização da prestação de serviços, como

também em virtude da preservação da segurança e

defesa de seu patrimônio, utilizar de revistas, desde que

as mesmas não extrapolem os limites de sua atuação e

não atinjam a dignidade humana do trabalhador em suas

várias espécies jurídicas.

E-mail:

Monitoramento de e-mail pelo empregador tema polêmico;

Regra geral: e-mail corporativo, em que o empregado horário de trabalho, utiliza-se de computador da empresa, provedor da empresa e do próprio endereço eletrônico que lhe foi disponibilizado pela empresa para a utilização estritamente em serviço. O e-mail corporativo é como se fosse uma correspondência em papel timbrado da empresa;

Havendo ajuste prévio e por escrito, poderá empregador monitorar e-mail do empregado – Justificativa: computador instrumento de trabalho

BIBLIOGRAFIA:Barros, Alice Monteiro. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo. LTr.10ª.

Edição

Carlos, Vera Lúcia. Discriminação nas Relações de Trabalho. São

Paulo. Editora Método.2004.

Delgado, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. LTr. 16ª.

Edição

Goldfarb, Cibelle Linero. Pessoas Portadoras de Deficiência e Relação

de Emprego. O Sistema de Cotas no Brasil. Curitiba. Juruá

Editora.2007.

Lima, Firmino Alves. Mecanismos Antidiscriminatórios nas Relações de

Trabalho. São Paulo .LTr. 2006

Lippmann, Ernesto. Assédio Sexual nas Relações de Trabalho. São

Paulo. LTr. 2005

Nascimento, Amauri Mascaro. Direito do Trabalho. São Paulo .Saraiva.

26ª. Edição

Sussekind, Arnaldo e outros Instituições de Direito do Trabalho. LTr. 19ª

Edição. 2000

Zangrando. Carlos. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo. LTr.2008