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DIREITO E INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL: A VISÃO E O COMPORTAMENTO DOS ADVOGADOS BRASILEIROS.
ÍNDICE
Profissionais que trabalham em Escritórios de Advocacia
Advogados que trabalham no Governo
Advogados que trabalham em Departamentos Jurídicos
Introdução 1
2
7
11
Conclusão 15
INTRODUÇÃO
Uma das áreas mais tradicionais da história das profissões, o Direito sempre tem sido um ponto de partida para a mediação, compreensão e evolução das relações em sociedade. Desde o início, tecnologias como a escrita, por exemplo, derivam justamente de práticas relacionadas a essa área.
Contudo, a contínua evolução e a crescente necessidade de adaptação a rotinas mais estratégicas e eficientes, impostas pelo mercado em si, fizeram com que o setor jurídico tivesse que repensar a sua atuação, adequando a prática profissional a ambientes cada vez mais complexos, nos quais uma gestão eficiente e uma atuação estratégica são cada vez mais uma consequência da utilização de novas tecnologias - software jurídicos que oferecem agilidade, informação e automação de processos, aumentando a eficiência e a garantia de respostas confiáveis, assertividade e performance.
O mesmo movimento de adaptação está acontecendo em relação à Inteligência Artificial (IA). Extremamente útil para auxiliar os profissionais do Direito na execução de tarefas repetitivas, burocráticas e cansativas, esta tecnologia adapta-se perfeitamente ao Direito, seus dados, incontáveis informações, artigos, documentos e jurisprudência.
Nas próximas páginas mostraremos, por meio de uma pesquisa realizada pela Thomson
Reuters, em 2019, a relação entre a Inteligência Artificial e os profissionais do setor jurídico, separadas por três áreas de atuação: advogados que trabalham em departamentos jurídicos; profissionais que trabalham no governo, e, por último, aqueles que exercem suas funções em escritórios de advocacia. A pesquisa tem como foco os comportamentos pessoais e profissionais relacionados à Inteligência Artificial, sua utilização no presente e também a visão que esses profissionais têm em relação à utilização desse conjunto de tecnologias no futuro.
DIREITO, TECNOLOGIA E INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
1
ADVOGADOS QUE TRABALHAM EM DEPARTAMENTOS JURÍDICOS
Na sua rotina profissional, os profissionais do Direito que trabalham em departamentos jurídicos de empresas e corporações têm a percepção e o sentido de importância da Inteligência Artificial na sua rotina e prática jurídica, mas ainda mostram alguma relutância e desconhecimento sobre esse conjunto de tecnologias.
Ter bases de dados estruturadas e atualizadas é o ponto de partida para que a estrutura de informação e inteligência funcione. E, claro, para que a Inteligência Artificial possa ser implementada e ganhar escala.
Quase 30% dos entrevistados ainda não possuem uma base atualizada, estruturada e integrada.
O USO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NO PRESENTE
DADOS ESTRUTURADOS
2
66% dos respondentes desse perfil entendem a necessidade de utilizar ferramentas de gestão jurídica.
31% utiliza uma ferramenta integrada, otimizando custos, informações e a colaboração humana.
53% destes profissionais têm uma reação positiva e apoiam o uso da IA em todas as esferas possíveis.
21% utilizam serviços baseados na inteligência Artificial, mas apenas superficialmente.
Apenas 2% desses profissionais são contra o uso da Inteligência Artificial.
VIDA PROFISSIONAL VS. VIDA PESSOAL
A aceitação e o uso da Inteligência Artificial dependem da conscientização de suas aplicabilidades cotidianas.
Dos profissionais reconhecem que utilizam serviços baseados em IA (streaming e software de tradução, por exemplo) e entendem como funciona sua aplicação.
Dos participantes utilizam a tecnologia na vida pessoal, mencionando ainda que as empresas onde trabalham aplicam já alguma dimensão de IA nos processos de trabalho.
27%
30%
3
4
34%
No dia a dia, a integração e padronização das atividades aindaé uma barreira, que consome energia, tempo e recursos.
PROCESSOS DE PESQUISAS JURÍDICAS
Dos profissionais dizem que em seus departamentos jurídicos o processo de pesquisa é fragmentado e varia de acordo com o profissional.
Sobre em que situações a Inteligência Artificial poderia ser aplicada a serviço do advogado e das suas consultas e trabalho diário:
A SERVIÇO DO ADVOGADO
Dos profissionais responderam que a tecnologia poderia ser empregada em situações técnicas e estratégicas, tais como pesquisas e gestão de pessoas.
Dos participantes referiram a aplicação resumida a situações técnicas, como a automatização de processos e contabilização de horas vs. gastos.
59% 15%
5
O volume de informações, análises, andamentos e atualizações coloca os profissionais do Direito sob uma enxurrada de informações e dados. Com isso, tarefas operacionais, repetitivas e não remuneráveis deveriam ser riscadas da lista, mas não é bem isso que acontece.
TEMPO
18% 68%Apenas uma pequena parte dos profissionais gastam menos de 40% do tempo com atividades de baixo valor.
Dos profissionais gastam mais de 40% do seu tempo com esse tipo de tarefas. 27% deles estão acima do 60%.
Quanto à presença de profissionais híbridos (colaboradores que aplicam, nas áreas em que são especialistas, conhecimento de outras áreas relacionadas ou afins) ou especializados em tecnologia nas equipes dos departamentos jurídicos:
PROFISSIONAIS ESPECIALIZADOS EM TECNOLOGIA
23%Responderam não terem ninguém com esses perfis.
Afirmaram ter uma equipe especializada em TI, segurança de dados e sistemas, tendo essa poder estratégico de influência e tomada de decisões.
34%
6
ENTUSIASTAS, PORÉM SOBRECARREGADOS
A cultura corporativa e processos burocráticos podem tomar muito tempo dos profissionais de Departamento Jurídico, mas o mindset já está direcionado para o futuro e esse grupo é o mais otimista com as transformações. Dentre esse perfil de profissionais:
É o momento decisivo para otimizar o dia a dia com mais integração da equipe, bases de dados e sistemas de gestão mais eficientes e, em paralelo, ter informações confiáveis para tomar decisões ágeis e de alto impacto para a organização.
71% acreditam que a IA é uma importante aliada para otimizar o trabalho do profissional e permitir que os departamentos jurídicos ganhem escala para focar nas respostas do Direito às questões que realmente importam no futuro.
Na sua rotina profissional, e partindo do princípio de que o volume de informações é um dos alicerces da Inteligência Artificial:
31% dos entrevistados afirmaram não ter nenhuma base de dados ou possuir apenas bases de dados diferentes, que não interagem entre si.
DADOS ESTRUTURADOS
7
22% declararam ter uma base, mas sem nenhum tipo de tratamento ou atualização de dados.
ADVOGADOS QUE TRABALHAM NO GOVERNO
Na segunda parte da pesquisa efetuada pela Thomson Reuters, os entrevistados foram os profissionais de Direito que trabalham no governo. Estes profissionais compreendem o impacto da Inteligência Artificial na sua atividade jurídica, mas também mostram alguma resistência e falta de compreensão sobre a tecnologia.
O USO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NO PRESENTE
25% dos profissionais referiram que trabalham com softwares e ferramentas variadas para processos distintos, com a adesão de múltiplos departamentos.
19% afirmaram utilizar um sistema integrado ou mencionaram que cada indivíduo ou departamento faz uso de softwares diferentes para gerenciar tarefas e fluxos de trabalho.
58% dos inquiridos demonstraram estar satisfeitos com esta situação, manifestando apoio ao uso da Inteligência Artificial em todas as esferas possíveis.
8
VIDA PROFISSIONAL VS. VIDA PESSOAL
Mudando para os comportamentos relacionados à vida pessoal dos advogados que exercem a sua atividade no governo:
Dos entrevistados usam a Inteligência Artificial fora do seu ambiente profissional, em serviços de streaming, smart devices, etc.
São clientes e/ou consumidores de softwares com essa tecnologia em aplicativos de tradução, chatbots e serviços de processamento de linguagem natural, referindo também que têm a noção e o entendimento de como essas tecnologias são aplicadas.
21%
31%
9
Na sua prática jurídica diária, e depois de questionados em relação aos métodos e processos de pesquisas jurídicas, as opiniões foram distintas:
PROCESSOS DE PESQUISAS JURÍDICAS
Sobre em que momentos a aplicação da Inteligência Artificial poderia ser útil à realidade diária da sua atividade:
A SERVIÇO DO ADVOGADO
31%
31%
28%Afirmaram trabalhar de forma autônoma na sua pesquisa.
Declararam que o processo de pesquisa jurídica é feito por meio de consulta de livros, periódicos e acesso às bases oficiais para atualizações e notifi-cações.
Dos inquiridos mencionaram a utilização da tecnologia em situações técnicas e estratégicas, como pesquisas, projeção de dados e custos, bem como a gestão de processos e pessoas. 56%
Questionados sobre como classificariam o tempo despendido com registros de processos, análise e pesquisas, as respostas forma similares:
TEMPO
Afirmaram que o tempo dedicado nessas atividades varia entre 40% e 60%.
Alegaram que ultrapassa os 60%. 33%
Em reposta à atuação sobre a presença de profissionais híbridos ou especializados em tecnologia nas estruturas onde atuam:
PROFISSIONAIS ESPECIALIZADOS EM TECNOLOGIA
Mencionaram a existência de uma equipa especializada em TI, segurança de dados e também de sistemas, com poder estratégico de influência e decisão.
Referiram a presença de uma pessoa ou equipe encarregada apenas das questões técnicas, sem atribuições nas questões estratégicas.
10
Vivemos a era da Informação, onde as tecnologias alteram a dinâmica das relações entre Estado e sociedade. Cabe a estes profissionais, enquanto representantes do poder público, auxiliar na transformação das questões culturais, políticas, econômicas e sociais do presente.
64% consideram que a Inteligência Artificial é uma ferramenta necessária para melhorar o seu trabalho enquanto advogados, e têm a noção de que a sua prática jurídica pode ser melhorada, tornando-se mais ágil e eficiente, criando tempo para que direcionem os seus esforços a questões prioritárias.
28% 21%
CONSCIENTES E ABERTOS A TRANSFORMAÇÕES
As atividades jurídicas que implicam retrabalho, burocracia e repetição de processos de forma sistemática também tomam muito tempo aos advogados que trabalham no governo, mas estes já apresentam uma linha de pensamento voltada para o futuro e as suas mudanças.
PROFISSIONAIS QUE TRABALHAM EM ESCRITÓRIOS DE ADVOCACIA
O terceiro perfil apresentado na pesquisa efetuada pela Thomson Reuters – a Inteligência Artificial e o comportamento dos advogados em relação a ela – tem como público-alvo os profissionais que trabalham em escritórios de advocacia.
Podemos afirmar que neste segmento as premissas são idênticas aos targets anteriores (advogados que trabalham em departamentos jurídicos de empresas e corporações ou que exercem a sua atividade no governo): há um perfeito entendimento do enorme potencial da Inteligência Artificial na prática jurídica, mas ainda encontramos certa apreensão e falta de conhecimento em relação a essa tecnologia.
O USO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NO PRESENTE
11
Partindo do princípio que processos e fluxos geram dados, e que a sua volumetria é a estrutura base de concepção da IA:
26% dos profissionais afirmaram ter uma base de dados, mas sem nenhum tipo de tratamento ou atualização.
DADOS ESTRUTURADOS
7
20% dos entrevistados falaram em bases de dados higienizados, estruturados e atualizados para todos os tipos de processos.
20% mencionaram a inexistência de uma base de dados ou então a presença de bases de dados sem nenhum tipo de relação entre si.
VIDA PROFISSIONAL VS. VIDA PESSOAL
Na esfera pessoal do público-alvo deste terceiro perfil, a utilização da Inteligência Artificial fora do habitat profissional pode ser traduzida da seguinte forma:
Utilizam a IA na vida pessoal, referindo que o escritório onde trabalham aplica algumas dimensões dessa tecnologia.
Não soube responder com precisão, mencionando, no entanto, a utilização habitual de serviços de streaming, smart devices e outros.
30%
33%
12
7
29% dos advogados expressaram que não trabalham com sistemas, mantendo as informações em documentos e arquivos físicos.
39% dos entrevistados mencionaram a existência de sistemas integrados.
52% aprovam e apoiam o uso d Inteligência Artificial em todas as esferas possíveis.
23% utilizam tecnologias baseadas na IA, mas sem se aprofundarem muito na questão.
13
Indagados em relação ao processo de pesquisas jurídicas que pautam a rotina diária da atividade nos escritórios de advocacia, os profissionais que fizeram parte deste estudo se posicionaram de maneiras divergentes.
PROCESSOS DE PESQUISAS JURÍDICAS
35% 21%Dso profissionais trabalha de forma autônoma nos processos de pesquisa.
Possuem um software para registro e acompanhamento de processos, além de bibliotecas próprias para recolha de referências.
Sobre em que situações a Inteligência Artificial poderia ser aplicada a serviço do advogado, das suas consultas e trabalho diário:
A SERVIÇO DO ADVOGADO
Responderam que ela pode ser utilizada em situações técnicas e estratégicas, como pesquisas, gestão de pessoas, processos, dados e custos.
Mencionaram a utilização de IA apenas em situações técnicas, como a automatização de processos e contabilização de horas/gastos.
62% 12%
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Nos registros de processos, análise e pesquisa, bem como o tempo que é despendido pelas equipes dos escritórios de advocacia neste tipo de operações, esta pergunta teve resultados discrepantes: para 36% dos pesquisados, entre 40% e 60%; para 25%, entre 25% e 40%.
TEMPO
Outro tópico colocado à consideração dos advogados foi a existência de profissionais híbridos (colaboradores que aplicam, nas áreas em que são especialistas, conhecimento de outras áreas relacionadas ou afins) ou especializados em tecnologia nas equipes dos escritórios:
PROFISSIONAIS ESPECIALIZADOS EM TECNOLOGIA
Mencionaram o fato de não trabalharem com ninguém que preenchesse aquelas características.
Referiram a presença de uma pessoa ou equipe encarregada apenas das questões técnicas, sem atribuições nas questões estratégicas.
32% 26%
PREPARADOS PARA SEREM INDISPENSÁVEIS
Entre os três perfis entrevistados, os advogados que trabalham em escritórios de advocacia são os mais abertos à mudança e uso das novas tecnologias no Direito. Neste grupo, 73% acreditam que a IA tem uma importância incontornável para impulsionar o seu negócio. Estes profissionais têm um claro entendimento de que a transformação digital não é mais uma opção e por isso estão redefinindo e reinventando a sua prática jurídica. Otimizando a sua rotina, estes profissionais estão se posicionando para serem parceiros estratégicos dos seus clientes, quer sejam empresas, quer sejam entidades ligadas ao Poder Público.
A Inteligência Artificial permite uma gestão jurídica mais eficiente e rentável, que respalda decisões legais com respostas confiáveis por meio de uma integração a soluções e ferramentas tecnológicas, permitindo uma atuação preventiva, assertiva e estratégica, que gera uma melhor visão global do negócio e impulsiona a atividade dos escritórios de advocacia.
15
A transformação digital no setor jurídico deixou de ser opcional. A utilização cada vez maior da Inteligência Artificial é inquestionável: as suas características, o seu potencial de crescimento e a sua aplicação prática em todos os ambientes e áreas de negócio, inclusive do setor jurídico, são impressionantes.
No nosso entender, os três perfis entrevistados já demonstram esse mindset. Mesmo com alguma resistência, os profissionais entrevistados compreendem o alcance da Inteligência Artificial, ainda que, em alguns momentos, mostrem algum desconhecimento sobre a ferramenta.
Acreditamos que a aplicação e utização da IA em ambientes jurídicos vai provar o contrário. A pesquisa mostra haver pleno conhecimento das vantagens no uso da Inteligência Artificial: rapidez, eficiência nos fluxos de trabalho, respaldo e tomada de decisões estratégicas.
Atitudes e comportamentos podem ser mudados. E melhorar a performance no setor jurídico de maneira ágil e rentável com confiança, dedicando recursos e alavancando prioridades, é um argumento mais do que válido para uma mudança de comportamento destes profissionais no presente - e uma maior abertura em relação às mudanças do futuro.
A otimização das rotinas jurídicas e a automatização dos processos, com uma atuação preventiva e assertiva, é apenas o começo. O Futuro da prática jurídica já tem várias respostas e, definitivamente, a Inteligência Artificial faz parte delas.
CONCLUSÃO
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