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Direito Eleitoral, 13ª edição - forumdeconcursos.com · 14/06/2017 · Direito eleitoral / José Jairo Gomes – 13. ed ... , o Direito Eleitoral ainda se encontra empenhado na

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  • AEDITORAATLASseresponsabilizapelosvciosdoprodutonoqueconcernesuaedio(impressoeapresentaoafimdepossibilitaraoconsumidorbemmanuse-loel-lo).Nemaeditoranemoautorassumemqualquerresponsabilidadeporeventuaisdanosouperdasapessoaoubens,decorrentesdousodapresenteobra.

    Todososdireitosreservados.NostermosdaLeiqueresguardaosdireitosautorais,proibidaareproduototalouparcialdequalquerformaouporqualquermeio,eletrnicooumecnico, inclusiveatravsdeprocessosxerogrficos,fotocpiaegravao,sempermissoporescritodoautoredoeditor.

    ImpressonoBrasilPrintedinBrazil

    DireitosexclusivosparaoBrasilnalnguaportuguesaCopyright2017byEDITORAATLASLTDA.UmaeditoraintegrantedoGEN|GrupoEditorialNacionalRuaConselheiroNbias,1384CamposElseos01203-904SoPauloSPTel.:(11)5080-0770/(21)[email protected]/www.grupogen.com.br

    Otitularcujaobrasejafraudulentamentereproduzida,divulgadaoudequalquerformautilizadapoderrequereraapreensodosexemplaresreproduzidosouasuspensodadivulgao,semprejuzodaindenizaocabvel(art.102daLein.9.610,de19.02.1998).

    Quemvender,expuservenda,ocultar,adquirir,distribuir,tiveremdepsitoouutilizarobraoufonogramareproduzidoscomfraude,coma finalidadedevender,obterganho,vantagem,proveito, lucrodiretoou indireto,parasiouparaoutrem,sersolidariamente responsvel com o contrafator, nos termos dos artigos precedentes, respondendo como contrafatores oimportadoreodistribuidoremcasodereproduonoexterior(art.104daLein.9.610/98).

    Capa:DaniloOliveiraProduodigital:Geethik

    Datadefechamento:23.02.2017

    DADOSINTERNACIONAISDECATALOGAONAPUBLICAO(CIP)(CMARABRASILEIRADOLIVRO,SP,BRASIL)

    Gomes,JosJairo

    Direitoeleitoral/JosJairoGomes13.ed.rev.,atual.eampl.SoPaulo:Atlas,2017.

    ISBN978-85-9701168-5

    1.DireitoeleitoralLegislaoBrasil2.Recursos(Direito)BrasilI.Ttulo.

    13-01172 CDU-347.955:342.8(81)

    1.Brasil:Recursos:Direitoeleitoral347.955:342.8(81)

    mailto:[email protected]://www.grupogen.com.brhttp://www.geethik.com

  • Nomanisgoodenoughtogovernanothermanwithoutthatothersconsent.

    (AbrahamLincoln)

  • Ester,sempre.

  • QuemlanarumolharapressadosobreoDireitoEleitoraltalvezsesintaimpelidoadarrazoaoalienista Simo Bacamarte, personagem do inexcedvel Machado de Assis. Qui fique tentado acompreenderesseramodoDireitocomoumagrandeconchaemquereinaoilgico,onoracional,naqual,todavia,jazumapequenssimaproladeracionalidade,organizaoemtodo.Talimpressoseriafortalecidanospeloemaranhadodalegislaovigentequeseapresentasinuosa,sujeitaaconstantesflutuaeserepletadelacunas,comotambmpelocasusmocomquenovasregrassointroduzidasnosistema.Semcontaragrandecpiadenormascaducas,comooquarentenrioCdigoEleitoral,quedatade15dejulhode1965,tendosidopositivadonosalboresdoregimemilitar!

    Na verdade, o Direito Eleitoral ainda se encontra empenhado na construo de sua prpriaracionalidade, no desenvolvimento de sua lgica interna, de seus conceitos fundamentais e de suascategorias. Importa considerar que a realidade em que incide e que pretende regular encontra-se, elamesma,emconstantemutao.Isso,alis,peculiaraoespaopoltico.Daaperplexidadequesvezesperpassa o esprito de quem se ocupa dessa disciplina, bem como o desencontro das opinies dosdoutores.Etambmexplicaoacentuadograudesubjetivismoquenorarosedivisaemalgunsarestos.

    Se,deumlado,urgecompilarereorganizaralegislao,deoutro,anseia-seporumahermenuticaeleitoralatualizada,queestejaemharmoniacomosprincpiosfundamentais,comaideiadejustiaemvogaecomosvalorescontemporneos.Cumpreprestigiarosdireitosfundamentaiseacidadania,bemcomoprincpioscomoanormalidadedoprocessoeleitoral,a igualdadedechances,a legitimidadedopleitoedomandato.Noregimedemocrticodedireitoimpensvelqueoexercciodopoderpoltico,aindaquetransitoriamente,nosejarevestidodeplenalegitimidade.

    Dequalquersorte,nosepodeignorarseroEleitoralumdosmaisimportantesramosdoDireito.EssencialconcretizaodoregimedemocrticodedireitodesenhadonaLeiFundamental,dasoberaniapopular,dacidadaniaedosdireitospolticos,porelepassamtodaaorganizaoeodesenvolvimentodocertame eleitoral, desde o alistamento e a formao do corpo de eleitores at a proclamao dosresultados e a diplomaodos eleitos.Daobservnciade suas regras exsurgemaocupao legal doscargospoltico-eletivos,apacfica investiduranosmandatospblicoseo legtimoexercciodopoderestatal.Indubitavelmente,ofimmaiordessacinciaconsisteempropiciaralegitimidadenoexercciodopoder.

    Apartirdeumaabordagemterico-pragmtica,estaobraprocuradelineardeformasistemticaosinstitutos fundamentaisdoDireitoEleitoral e assentar a conexoexistenteentreeles.NodescuradasemanaesdosrgosdaJustiaEleitoral,nomeadamentedoTribunalSuperiorEleitoral.Conquantoseambientenadogmtica jurdico-eleitoral,argumentandosempre intrassistematicamente,nochegaaseracrtica.

  • Por convenincia, o captulo inaugural cuida dos direitos polticos, j que se encontramumbilicalmenteligadosaoDireitoEleitoral.

    OAutor

  • Plusachange,pluscestlammechose.(provrbiofrancs)

    Parafraseando Zygmunt Bauman, no h exagero em dizer que o Direito Eleitoral brasileiro lquido.Oslquidos,comosesabe,sobamenorpresso,rapidamentemudamdeforma.Pornoseremslidosouporseremdeliberadamenteimpedidosdesesolidificarem,soincapazesdemanteramesmaformapormuitotempo.

    As frequentes mudanas no Direito Eleitoral provm no apenas de novas leis emanadas doCongresso Nacional, mas tambm da jurisprudncia dos tribunais eleitorais e do Supremo TribunalFederal. Em geral, no h alterao na realidade objetiva (sobre a qual incidem as normas jurdico-eleitorais),massimdopensamentooudainterpretaoacercadela.Desortequeasconstantesmudanaslegislativasejurisprudenciaistmsobretudoopropsitodeimporaalteraodarealidade,infligindoaprevalnciadedeterminados interessesoupontosdevista.Masnemsempreasmudanasmelhoramosistema, sobretudo porque as concepes eleitorais ainda se encontram permeadas de uma culturademasiadoautoritria,egosta,paternalistaeelitista.Tudoconsiderado,resultanessasearaumelevadograudeinseguranajurdicaecasusmos.

    Dequalquersorte,arapidezdasmudanasimpeejustificaopermanenteaperfeioamentodaobradedicadaaoestudodoDireitoEleitoralbrasileiro,oqueseprocuroufazernestaedio.

    O texto foi atualizado luz da Lei no 13.146/2015 (Lei Brasileira de Incluso da Pessoa comDeficincia LBIPD), daResoluo doTSEno 23.478/2016 (que estabelece diretrizes gerais para aaplicao do CPC/2015 aos procedimentos eleitorais) e das novas smulas editadas pelo TribunalSuperior Eleitoral, que, agora, so em nmero de 71. Tambm foram analisados diversos julgadosrecentesacercadamatriaeleitoral.

    Ressalte-se que todos os artigos do CPCmencionados no texto referem-se ao Cdigo de 2015.Entretanto,halgumascitaesdejurisprudnciaemqueregrasdoCPCde1973soreferidasnocorpodacitao.Emtaiscasos,paramaiorclareza,foramacrescentadoscolchetescomainformaodequeodispositivomencionadonotextocitadoserefereaoCdigorevogado.

    Algunscaptulosdaobraforamreestruturados,quersejacomasupressodeitensesubitens,quersejacomainserodenovostemasediscusses.

    Umavezmais,agradeoaboaacolhidaqueestaobratemmerecidodopblico,nicoresponsvelpelagrataoportunidadedestanovaedio.

    OAutor

  • ADC AoDeclaratriadeConstitucionalidade

    ADI AoDiretadeInconstitucionalidade

    AIJE AodeInvestigaoJudicialEleitoral

    AIME AodeImpugnaodeMandatoEletivo

    AIRC AodeImpugnaodeRegistrodeCandidatura

    CC CdigoCivilbrasileiro

    CE CdigoEleitoral

    CF ConstituioFederal

    CP CdigoPenal

    CPC CdigodeProcessoCivil

    CPP CdigodeProcessoPenal

    CR ConstituiodaRepblica

    D Decreto

    DJ DiriodeJustia

    DJe DiriodeJustiaeletrnico

    D-L Decreto-Lei

    JTSE JurisprudnciadoTribunalSuperiorEleitoral

    Jurisp Jurisprudncia

    JURISTSE RevistadeJurisprudnciadoTribunalSuperiorEleitoralTemasSelecionados

    LC LeiComplementar

    LE LeidasEleies(Leino9.504/97)

    LI LeidasInelegibilidades(LCno64/90)

    LINDB LeideIntroduosNormasdoDireitoBrasileiro

    LOMAN LeiOrgnicadaMagistraturaNacional(LCno35/79)

    LOPP LeiOrgnicadosPartidosPolticos(Leino9.096/95)

    MP MinistrioPblico

    MPE MinistrioPblicoEleitoral

    MPF MinistrioPblicoFederal

    MProv MedidaProvisria

    MPU MinistrioPblicodaUnio

    MS MandadodeSegurana

    OAB OrdemdosAdvogadosdoBrasil

  • PA ProcessoAdministrativo

    Pet Petio

    PGE Procuradoria-GeralEleitoral

    PGR Procurador-GeraldaRepblica

    PJ ProcuradoriadeJustia

    PRE ProcuradoriaRegionalEleitoral

    PSS PublicadonaSessode

    RCED RecursoContraExpediodeDiploma

    RDJ RevistadeDoutrinaeJurisprudncia

    RE RecursoExtraordinrio

    Res Resoluo

    REsp RecursoEspecial

    REspe RecursoEspecialEleitoral

    RO RecursoOrdinrio

    Rp RepresentaoEleitoral

    STF SupremoTribunalFederal

    STJ SuperiorTribunaldeJustia

    TJ TribunaldeJustia

    TRE TribunalRegionalEleitoral

    TRF TribunalRegionalFederal

    TSE TribunalSuperiorEleitoral

  • 11.1

    1.1.11.1.21.1.3

    1.21.31.4

    1.4.11.4.21.4.3

    1.4.3.11.4.41.4.51.4.6

    22.12.22.32.42.5

    2.5.12.6

    33.13.23.33.43.53.63.73.83.9

    DireitospolticosCompreensodosdireitospolticos

    PolticaDireitopoltico,direitoconstitucionalecinciapolticaDireitospolticos

    DireitoshumanosedireitospolticosDireitosfundamentaisedireitospolticosPrivaodedireitospolticos

    ConsideraesiniciaisCancelamentodenaturalizaoIncapacidadecivilabsoluta

    PessoasportadorasdedeficinciaCondenaocriminaltransitadaemjulgadoRecusadecumprirobrigaoatodosimpostaImprobidadeadministrativa

    DireitoEleitoralConceitoefundamentodoDireitoEleitoralOmicrossistemaeleitoralConceitosindeterminadosFontesdoDireitoEleitoralHermenuticaeleitoral

    ProporcionalidadeeprincpiodarazoabilidadeRelaocomoutrasdisciplinas

    PrincpiosdeDireitoEleitoralSobreprincpiosPrincpiosfundamentaisdeDireitoEleitoralDemocraciaDemocraciarepresentativaEstadoDemocrticodeDireitoSoberaniapopularPrincpiorepublicanoPrincpiofederativoSufrgiouniversal

  • 3.9.13.9.23.9.33.9.43.9.53.9.63.9.7

    3.9.7.13.103.113.123.13

    44.14.2

    4.2.14.2.24.2.34.2.4

    4.34.44.54.64.7

    55.15.25.35.45.5

    66.16.2

    6.2.16.2.26.2.3

    Oquesufrgio?SufrgioecidadaniaClassificaodosufrgioSufrgioevotoVotoVotoeescrutnioVotoeletrnicoouinformatizado

    Transparnciadaurnaeletrnica:ovotoimpressoLegitimidadeMoralidadeProbidadeIgualdadeouisonomia

    JustiaEleitoralConsideraesiniciaisFunesdajustiaeleitoral

    FunoadministrativaFunojurisdicionalFunonormativaFunoconsultiva

    TribunalSuperiorEleitoralTribunalRegionalEleitoralJuzeseleitoraisJuntasEleitoraisDivisogeogrficadajustiaeleitoral

    MinistrioPblicoEleitoralConsideraesiniciaisProcurador-GeralEleitoralProcuradorRegionalEleitoralPromotorEleitoralConflitospositivosenegativosdeatribuioentremembrosdoMPEleitoral

    PartidospolticosIntroduoDefinio

    FunoDistinodepartidopolticoeoutrosentesColigaopartidria

  • 6.36.46.56.66.76.86.96.106.116.12

    77.17.27.37.47.5

    88.18.28.3

    8.3.18.3.28.3.3

    8.48.58.68.78.8

    99.19.2

    9.2.19.2.29.2.39.2.49.2.5

    LiberdadedeorganizaoNaturezajurdicaRegistronoTSEFinanciamentopartidrioFiliao,desfiliaoecancelamentodefiliaopartidriaFidelidadepartidriaCompetnciajurisdicionalparaquestespartidriasExtinodepartidopolticoVciosdosistemapartidriobrasileiroPerdademandatoporinfidelidadepartidria

    SistemaseleitoraisConsideraesiniciaisSistemamajoritrioSistemaproporcionalSistemadistritalSistemamisto

    AlistamentoeleitoralConsideraesiniciaisDomiclioeleitoralAlistamentoeleitoralobrigatrio

    RealizaodoalistamentoPessoasobrigadasasealistarSigilodocadastroeleitoral

    AlistamentoeleitoralfacultativoInalistabilidadeTransfernciadedomiclioeleitoralCancelamentoeexclusoRevisodoeleitorado

    ElegibilidadeCaracterizaodaelegibilidadeCondiesdeelegibilidade

    NacionalidadebrasileiraPlenoexercciodosdireitospolticosAlistamentoeleitoralDomiclioeleitoralnacircunscrioFiliaopartidria

  • 9.2.69.39.49.59.69.7

    1010.110.2

    10.2.110.310.410.510.6

    10.6.110.6.2

    10.710.7.110.7.210.7.310.7.410.7.5

    10.7.5.110.7.5.210.7.5.3

    10.7.5.4

    10.7.5.510.7.5.6

    10.810.8.110.8.210.8.3

    10.8.3.110.8.3.210.8.3.310.8.3.4

    IdademnimaElegibilidadedemilitarReelegibilidadeMomentodeaferiodascondiesdeelegibilidadeArguiojudicialdefaltadecondiodeelegibilidadePerdasupervenientedecondiodeelegibilidade

    InelegibilidadeConceitoFonte

    TratadoouconvenointernacionalcomofontedeinelegibilidadeNaturezajurdicaefundamentoPrincpiosreitoresClassificaoIncompatibilidadeedesincompatibilizao

    DesincompatibilizaoereeleioFlexibilizaodoinstitutodadesincompatibilizao?

    InelegibilidadesconstitucionaisConsideraesiniciaisInelegibilidadedeinalistveisInelegibilidadedeanalfabetosInelegibilidadepormotivosfuncionaisInelegibilidadereflexa:cnjuge,companheiroeparentes

    InelegibilidadereflexaderivadadematrimnioeunioestvelInelegibilidadereflexaefamliahomoafetivaInelegibilidadereflexaderivadadeparentescoporconsanguinidadeouadooato2ograuInelegibilidadereflexaderivadadeparentescoporafinidadeato2o

    grauMunicpiodesmembradoeinelegibilidadereflexaFlexibilizaodainelegibilidadereflexa

    InelegibilidadesinfraconstitucionaisoulegaisConsideraesiniciaisALeiComplementarno64/90InelegibilidadeslegaisabsolutasLCno64/90,art.1o,I

    Perdademandatolegislativo(art.1o,I,b)Perdademandatoexecutivo(art.1o,I,c)Abusodepodereconmicoepoltico(art.1o,I,d)Condenaocriminal,vidapregressaepresunodeinocncia(art.1o,I,

  • 10.8.3.510.8.3.610.8.3.710.8.3.810.8.3.9

    10.8.3.1010.8.3.1110.8.3.1210.8.3.1310.8.3.1410.8.3.1510.8.3.16

    10.8.410.8.4.110.8.4.210.8.4.310.8.4.410.8.4.510.8.4.610.8.4.7

    10.910.9.1

    10.1010.11

    10.11.110.12

    1111.111.211.3

    1212.1

    e)Indignidadedooficialato(art.1o,I,f)Rejeiodecontas(art.1o,I,g)Abusodepodereconmicooupolticoporagentepblico(art.1o,I,h)Cargooufunoeminstituiofinanceiraliquidanda(art.1o,I,i)Abusodepoder:corrupoeleitoral,captaoilcitadesufrgio,captaoougastoilcitoderecursoemcampanha,condutavedada(art.1o,I,j)Rennciaamandatoeletivo(art.1o,I,k)Improbidadeadministrativa(art.1o,I,l)Exclusodoexerccioprofissional(art.1o,I,m)Simulaodedesfazimentodevnculoconjugal(art.1o,I,n)Demissodoserviopblico(art.1o,I,o)Doaoeleitoralilegal(art.1o,I,p)AposentadoriacompulsriaeperdadecargodemagistradoemembrodoMinistrioPblico(art.1o,I,q)

    InelegibilidadeslegaisrelativasLCno64/90,art.1o,IIaVIIInelegibilidadeparaPresidenteeVice-PresidentedaRepblicaInelegibilidadeparaGovernadoreVice-GovernadorInelegibilidadeparaPrefeitoeVice-PrefeitoInelegibilidadeparaoSenadoInelegibilidadeparaaCmaradeDeputadosInelegibilidadeparaaCmaraMunicipalSituaesparticulares

    MomentodeaferiodascausasdeinelegibilidadeInelegibilidadessupervenientes:aferioduranteoprocessoderegistrodecandidatura?

    ArguiojudicialdeinelegibilidadeSuspensoouextinodoatogeradordeinelegibilidade

    RevogaodasuspensodoatogeradordainelegibilidadeSuspensodeinelegibilidade:oartigo26-CdaLCno64/90

    ProcessoeleitoralOqueprocessoeleitoral?PrincpiodaanualidadeouanterioridadeSalvaguardadoprocessoeleitoral

    AbusodepoderIntroduo

  • 12.212.3

    12.3.112.3.212.3.3

    12.4

    1313.1

    13.1.113.1.213.1.313.1.413.1.5

    13.1.5.113.213.3

    13.3.113.3.213.3.3

    13.3.3.113.3.3.2

    13.3.413.3.513.3.613.3.713.3.813.3.9

    13.3.9.113.3.9.2

    13.413.4.113.4.2

    13.4.2.113.4.2.213.4.2.313.4.2.413.4.2.513.4.2.6

    PodereinflunciaAbusodepoder

    AbusodepodereconmicoAbusodepoderpolticoAbusodepoderpoltico-econmico

    Responsabilidadeeleitoraleabusodepoder

    RegistrodecandidaturaConvenopartidria

    CaracterizaodaconvenopartidriaInvalidadedaconvenoQuantoscandidatospodemserescolhidosemconveno?IndicaodecandidatoparavagaremanescenteesubstituioPrviaspartidriasoueleitorais

    PrimriasamericanasColigaopartidriaProcessoderegistrodecandidatura

    ConsideraesiniciaisRitoPedidoderegistro

    DocumentosnecessriosaoregistroIdentificaodocandidato

    PedidoindividualderegistrodecandidaturaCandidaturanataNmerodecandidatosquepodeserregistradoporpartidooucoligaoQuotaeleitoraldegneroVagasremanescentesSubstituiodecandidatos

    SubstituiodecandidatomajoritrioSubstituiodecandidatoproporcional

    ImpugnaoapedidoderegistrodecandidaturaNotciadeinelegibilidadeAodeImpugnaodeRegistrodeCandidatura(AIRC)

    CaracterizaodaaodeimpugnaoderegistrodecandidatoProcedimentoPrazosInciodoprocessoCompetnciaPetioinicial

  • 13.4.2.713.4.2.813.4.2.913.4.2.1013.4.2.1113.4.2.1213.4.2.1313.4.2.1413.4.2.1513.4.2.1613.4.2.1713.4.2.1813.4.2.19

    13.5

    1414.114.2

    14.2.114.2.2

    1515.1

    15.1.115.1.2

    15.1.2.115.1.2.215.1.2.3

    15.215.2.115.2.215.2.315.2.415.2.515.2.615.2.7

    15.3

    16

    ObjetoCausadepedirPartesNotificaodoimpugnadoDefesaDesistnciadaaoTutelaprovisriadeurgnciaantecipadaExtinodoprocessoJulgamentoantecipadodomritoFaseprobatria:audinciadeinstruoedilignciasAlegaesfinaisJulgamentoRecurso

    Verificaoevalidaodedadosefotografia

    CampanhaeleitoralCampanhaeleitoralecaptaodevotosDireitosedeveresdecandidatosnoprocessoeleitoral

    DireitosdecandidatoDeveresdecandidato

    FinanciamentodecampanhaeleitoraleprestaodecontasFinanciamentodecampanhaeleitoral

    ModelosdefinanciamentodecampanhaeleitoralModelobrasileirodefinanciamentodecampanhaeleitoral

    LimitedegastosdecampanhaFinanciamentopblicoFinanciamentoprivado

    PrestaodecontasdecampanhaeleitoralGeneralidadesFormasdeprestaodecontasPrestaesdeconstasparciaisefinaisProcedimentonaJustiaEleitoralSobrasdecampanhaAssunodedvidadecampanhapelopartidoConservaodosdocumentos

    Aopordoaoirregularacampanhaeleitoral

    Pesquisaeleitoral

  • 1717.1

    17.1.117.1.217.1.317.1.417.1.5

    17.217.317.4

    17.4.117.4.217.4.317.4.417.4.517.4.617.4.7

    17.4.817.4.917.4.1017.4.1117.4.1217.4.1317.4.1417.4.1517.4.1617.4.1717.4.1817.4.1917.4.2017.4.2117.4.22

    17.4.22.117.4.22.217.4.22.317.4.22.4

    17.4.23

    Propagandapoltico-eleitoralPropagandapoltica

    CaracterizaodapropagandapolticaNovastecnologiascomunicacionaisFundamentosdapropagandapolticaPrincpiosdapropagandapolticaEspciesdepropagandapoltica

    PropagandapartidriaPropagandaintrapartidriaPropagandaeleitoral

    DefinioClassificaoGeneralidadesPropagandaeleitoralextemporneaouantecipadaPropagandaembempblicoPropagandaembemdeusoouacessocomumPropagandaembemcujousodependadeautorizao,cessooupermissodoPoderPblicoPropagandaembemparticularDistribuiodefolhetos,adesivos,volanteseoutrosimpressosOutdoorComcio,showmcioeeventosassemelhadosAlto-falante,carrodesom,minitrioetrioeltricoReunioemanifestaocoletivaCultoecerimniareligiososCaminhada,passeataecarreataPropagandamediantedistribuiodebensouvantagensDivulgaodeatoseatuaoparlamentarMensagensdefelicitaoeagradecimentoMdia:meiosdecomunicaosocialMdiaescritaMdiavirtualRdioeteleviso

    AspectosdapropagandanordioenatelevisoEntrevistascomcandidatosDebateDebatevirtual

    Propagandagratuitanordioenateleviso

  • 17.4.23.117.4.23.217.4.23.317.4.23.417.4.23.517.4.23.617.4.23.7

    17.4.2417.4.25

    17.4.25.117.4.2617.4.2717.4.2817.4.2917.4.30

    17.517.6

    17.6.117.6.217.6.3

    17.6.3.117.6.3.217.6.3.317.6.3.417.6.3.517.6.3.617.6.3.717.6.3.817.6.3.917.6.3.1017.6.3.1117.6.3.1217.6.3.1317.6.3.1417.6.3.1517.6.3.1617.6.3.1717.6.3.18

    ConsideraesgeraisContedodapropagandaDistribuiodotempodepropagandaPrimeiroturnodaseleiesSegundoturnodaseleiesInexistnciadeemissorageradoradesinaisderdioetelevisoSanes

    InternetPginainstitucional

    PginainstitucionaldecandidatoareeleioouaoutrocargoeletivoViolaodedireitoautoralPropagandanodiadaseleiesPronunciamentoemcadeiaderdioouTVImunidadematerialparlamentarTelemarketingeleitoral

    PropagandainstitucionalRepresentaoporpropagandaeleitoralilcita

    Procedimentodoartigo96daLeidasEleiesCaracterizaodarepresentaoporpropagandaeleitoralilcitaAspectosprocessuaisdarepresentao

    ProcedimentoPrazosIntimaodepartes,procuradoreseMinistrioPblicoInciodoprocessoPetioinicialObjetoCausadepedirPartesPrazoparaajuizamentoDesistnciadaaoCompetnciaTutelaprovisriadeurgnciaTuteladeevidnciaNotificaodorepresentadoDefesaIntervenoobrigatriadoMinistrioPblicoExtinodoprocessoJulgamentoantecipadodomrito

  • 17.6.3.1917.6.3.2017.6.3.2117.6.3.22

    17.717.7.117.7.2

    1818.118.218.318.418.518.6

    1919.119.2

    19.2.119.2.1.119.2.1.219.2.1.3

    19.319.4

    2020.120.2

    2121.121.2

    21.2.121.2.221.2.321.2.421.2.521.2.621.2.7

    FaseprobatriaAlegaesfinaisJulgamentoRecurso

    DireitoderespostaCaracterizaododireitoderespostaAspectosprocessuaisdopedidodedireitoderesposta

    EleioIntroduoGarantiaseleitoraisPreparaodaseleiesOdiadaeleio:votaoApuraoetotalizaodosvotosProclamaodosresultados

    Invalidade:nulidadeeanulabilidadedevotosConsideraesiniciaisInvalidadenodireitoeleitoral

    DelineamentodainvalidadenoDireitoEleitoralInexistnciaNulidadeAnulabilidade

    PrazosparaarguioEfeitodainvalidade

    DiplomaoCaracterizaodadiplomaoCandidatoeleitocompedidoderegistrosubjudice

    Aesjudiciaiseleitorais:procedimentodaAIJEProcessocontenciosoeleitoralTpicosprocessuais

    DevidoprocessolegalCeleridadeImparcialidadedosagentesdaJustiaEleitoralDemandaoudispositivoCongrunciaoucorrelaoentreaimputaoeasentenaImpulsooficialPersuasoracionaldojuiz

  • 21.2.821.2.921.2.1021.2.1121.2.1221.2.1321.2.1421.2.1521.2.16

    21.321.4

    21.4.121.4.2

    21.4.2.121.4.2.221.4.2.321.4.2.421.4.2.521.4.2.621.4.2.721.4.2.821.4.2.921.4.2.1021.4.2.1121.4.2.1221.4.2.1321.4.2.1421.4.2.1521.4.2.1621.4.2.1721.4.2.1821.4.2.1921.4.2.2021.4.2.2121.4.2.2221.4.2.2321.4.2.24

    MotivaodasdecisesjudiciaisPublicidadeLealdadeInstrumentalidadedoprocessoGratuidadeAmicuscuriaeAutocomposio,conciliaoemediaoNegciojurdicoprocessualPrioridadenatramitaodefeitosquantoaidoso,portadordedoenagraveeportadordedeficincia

    AeseleitoraisAIJEporabusodepoder

    CaracterizaodaAIJEporabusodepoderAspectosprocessuaisdaAIJE

    ProcedimentoAtosjudiciaiseordinatriosPrazosprocessuaisIntimaodepartes,procuradoreseMinistrioPblicoInciodoprocessoPetioinicialObjetoCausadepedirPartesPrazoparaajuizamentoLitispendnciaecoisajulgadaDesistnciadaaoCompetnciaTutelaprovisriadeurgnciaantecipadaTutelaprovisriadeurgnciacautelarTuteladeevidnciaNotificaodorepresentadoDefesaArguiodeincompetnciaArguiodeimparcialidadedojuiz:impedimentoesuspeioExtinodoprocessoJulgamentoantecipadodomritoFaseprobatriaDiligncias

  • 21.4.2.2521.4.2.2621.4.2.2721.4.2.2821.4.2.2921.4.2.3021.4.2.3121.4.2.32

    21.521.5.121.5.2

    21.621.6.121.6.2

    21.721.7.121.7.2

    21.7.2.121.7.2.221.7.2.3

    21.7.2.421.7.2.5

    21.7.2.621.7.2.721.7.2.821.7.2.9

    21.7.2.1021.7.2.1121.7.2.1221.7.2.1321.7.2.1421.7.2.15

    21.7.321.8

    21.8.1

    AlegaesfinaisRelatrioJulgamentoAnulaodavotaoRecursoEfeitosdorecursoJuzoderetrataoRecursoadesivo

    AoporcaptaoougastoilcitoderecursoparafinseleitoraisLE,artigo30-ACaracterizaodacaptaoougastoilcitoderecursosAspectosprocessuais

    AoporcaptaoilcitadesufrgioLE,artigo41-ACaracterizaodacaptaoilcitadesufrgioAspectosprocessuais

    AoporcondutavedadaaagentespblicosLE,artigos73a78CaracterizaodacondutavedadaEspciesdecondutasvedadas

    Cessoouusodebenspblicosart.73,IUsodemateriaisouserviospblicosart.73,IICessoouusodeservidorpblicoparacomitdecampanhaeleitoralart.73,IIIUsopromocionaldebensouserviospblicosart.73,IVNomeao,admisso,transfernciaoudispensadeservidorpblicoart.73,VTransfernciavoluntriaderecursosart.73,VI,aPropagandainstitucionalemperodoeleitoralart.73,VI,bPronunciamentoemcadeiaderdioetelevisoart.73,VI,cDistribuiogratuitadebens,valoresoubenefciospelaAdministraoPblicaouporentidadevinculadaacandidatoart.73,10e11Infringiro1odoart.37daCFart.74Despesasexcessivascompropagandainstitucionalart.73,VIIRevisogeralderemuneraodeservidoresart.73,VIIIContrataodeshowartsticoeminauguraodeobraart.75Comparecimentodecandidatoeminauguraodeobrapblicaart.77Sanesdascondutasvedadas

    AspectosprocessuaisCmulodeaes

    Cmulodepedidosemumamesmademanda

  • 21.8.221.9

    2222.1

    22.1.122.1.2

    22.222.2.1

    22.2.1.122.2.1.222.2.1.322.2.1.422.2.1.522.2.1.622.2.1.722.2.1.822.2.1.922.2.1.1022.2.1.1122.2.1.1222.2.1.1322.2.1.1422.2.1.1522.2.1.1622.2.1.1722.2.1.1822.2.1.1922.2.1.2022.2.1.2122.2.1.2222.2.1.23

    2323.123.223.323.4

    ReuniodeaesconexasExtensodacausapetendieprincpiodacongruncia

    AodeImpugnaodeMandatoEletivo(AIME)CaracterizaodaAodeImpugnaodeMandatoEletivo

    CompreensodaAIMEInelegibilidadeeAIME

    AspectosprocessuaisdaAIMEProcedimento

    AplicaosubsidiriadoCPCTemascomunscomoprocedimentodaAIJESegredodejustiaPetioinicialObjetoCausadepedirPartesPrazoparaajuizamentoLitispendnciaecoisajulgadaDesistnciadaaoCompetnciaTutelaprovisriadeurgnciadenaturezacautelarCitaoDefesaArguiodeincompetnciaExtinodoprocessosemresoluodomritoJulgamentoantecipadodomritoFaseprobatria:audinciadeinstruoedilignciasAlegaesfinaisJulgamentoRecursoJuzoderetrataoInvalidaodavotaoerealizaodenovaseleies

    RecursoContraExpediodeDiploma(RCED)CaracterizaodoRecursoContraExpediodoDiploma(RCED)NaturezajurdicadoRCEDRecepodoRCEDpelaConstituioFederalde1988Aspectosprocessuais

  • 2424.1

    24.1.124.2

    24.2.124.2.2

    24.324.3.1

    24.3.1.124.3.1.2

    24.3.224.3.3

    24.3.424.3.5

    2525.125.2

    26

    Perdademandatoeletivo,invalidaodevotoseeleiosuplementarExtinodemandatoeletivo

    CausanoeleitoraldeextinodemandatoCausaeleitoraldeextinodemandatoeletivo

    CassaodediplomaoumandatoporabusodepodereinvalidaodavotaoIndeferimentooucassaoderegistrodecandidaturaeinvalidaodavotao

    Eleiosuplementar,invalidaodevotosoart.224doCEOartigo224doCdigoEleitoral

    Oregimedocaputdoart.224doCEOregimedo3odoart.224doCE

    Constitucionalidadedoart.224,3oe4o,doCEEleiosuplementar:novoprocessoeleitoraloumerarenovaodoescrutnioanterior?EleiosuplementardiretaeindiretaAocausadordainvalidaodaeleiovedadodisputaronovopleitosuplementar

    SanoeleitoralesuaexecuoSaneseleitoraisExecuodemultaeleitoral

    Aorescisriaeleitoral

    Referncias

    ApndiceSmulasdoTribunalSuperiorEleitoralTSE

  • Apalavrapolticoapresentavariegadossignificadosnaculturaocidental.Nodiaadia,associada cerimnia, cortesia ou urbanidade no trato interpessoal; identifica-se com a habilidade norelacionar-secomooutro.Tambmdenotaaartedetratarcomsutilezaejeitotemasdifceis,polmicosoudelicados.Expressa,ainda,ousoouempregodepoderparaodesenvolvimentodeatividadesouaorganizao de setores da vida social; nesse sentido que se fala em poltica econmica, financeira,ambiental,esportiva,desade.Emgeral,o termousadotantonaesferapblica(ex.:polticaestatal,polticapblica,polticadegoverno),quantonaprivada(e.g.:polticadedeterminadaempresa,polticade boa vizinhana). Possui igualmente sentido pejorativo, consistente no emprego de astcia oumaquiavelismo nas aes desenvolvidas, sobretudo para obteno de resultados sem a necessriaponderaoticadosmeiosempregados.

    Outra,entretanto,suaconotaotcnico-cientfica,ondeencontra-seligadaideiadepoder.Mastambmnesseterrenonounvoca,apresentandopluralidadedesentidos.

    Nomundogrego, apoltica era compreendidacomoavidapblicados cidados, emoposiovidaprivadaentima.Eraoespaoemqueseestabeleciaodebatelivreepblicopelapalavraeondeasdecisescoletivaseramtomadas.Compreendia-seapolticacomoaartededefiniraesnasociedade,aes essas que no apenas influenciavam o comportamento das pessoas, mas determinavam toda aexistnciaindividual.Oviverpolticosignificavaparaosgregosaprpriaessnciadavida,sendoestainconcebvelforadapolis.

    Em suaticaaNicmacos, Aristteles (1992, p. 1094a e 1094b) afirma que a cincia polticaestabeleceoquedevemosfazereaquilodequedevemosabster-nos.Suafinalidadeobemdohomem,ouseja,afelicidade.Devedescreveromodocomoohomemalcanaafelicidade.Estadependedeseseguir certa maneira de viver. Nesse sentido, o termo poltico significa o mesmo que tica e moral,conduzindoaoestudoindividualdaaoedocarter.

    Todavia,emoutro texto,Poltica,Aristteles (1985,p.1253a1280b)empregao termoenfocado

  • comsignificadodiverso.Consideraqueohomemumanimalsocial;onicoquetemodomdafala.Suavida e sua felicidade so condicionadas pelo ambiente, pelos costumes, pelas leis e instituies.Isoladamente, o indivduo no autossuficiente, existindo um impulso natural para que participe dacomunidade. A cidade, nessa perspectiva, formada no apenas com vistas a assegurar a vida, mastambmparaassegurarumavidamelhor, livreedigna.Nessecontexto,poltica consistenoestudodoEstado, do governo, das instituies sociais, das Constituies estatais. a cincia que pretendedesvendaramelhororganizaosocialamelhorConstituioestatal,demodoqueohomempossaalcanar o bem, a felicidade.Assim, a cincia poltica deve descrever a forma ideal deEstado, bemcomoamelhorformadeEstadopossvelnapresenadecertascircunstncias.

    Note-seque,emAristteles,ambosossignificadosdapalavrapolticaencontram-seentrelaados.A poltica tem por misso estabelecer, primeiro, a maneira de viver que leva ao bem, felicidade;depois,devedescreverotipodeConstituio,aformadeEstado,oregimeeosistemadegovernoqueasseguremessemododevida.

    Apoltica relaciona-se a tudo o que diz respeito vida coletiva, sendo indissocivel da vidahumana,dacultura,damoral,dareligio.Emgeral,elacompreendidacomoasrelaesdasociedadecivil,doEstado,queproveemumquadronoqualaspessoaspodemproduzireconsumir,associar-seeinteragirumascomasoutras,cultuarounoDeuseseexpressarartisticamente.Trata-se,poroutrolado,de esfera depoder, constituda socialmente, naqual se agregammltiplos e, por vezes, contraditriosvaloreseinteresses.

    Porpodercompreende-seofenmenopeloqualumente(pessoaougrupo)determina,modificaouinfluencia o comportamento de outrem. A dominao exercida sobre outrem propicia que projetos eobjetivossejamperseguidoserealizados.Amaneiracomosentimos,agimosepensamostantonoplanoindividualquantonocoletivopodeserdeterminadapelopoder.

    Tal fenmeno no uma propriedade ou atributo de algo ou algum, mas uma relao que seestabeleceentresujeitos.Anaturezadopoder,pois,relacional.Deumlado,hosujeitoouentequedetm o poder, e, de outro, o que a ele se submete.As relaes de poder encontram-se arraigadas epulverizadasnasociedadesobdiversasformas.

    Ofundamentodopodervariaconformeaculturaeosvaloresemvigor.Repousarnaforafsica,na religio,em juzostico-morais,emqualidadesestticas,dependendodoapreoqueacomunidadetenha por tais fatores. Assim, o poder estar com quem enfeixar ou controlar os elementos maisvalorizados.

    H diversas dimenses do poder na sociedade, destacando-se, dentre elas, alm do poltico, oeconmico e o ideolgico. O poder econmico se funda na propriedade, posse ou controle de benseconomicamente apreciveis, os quais so empregados como meio de influir ou determinar ocomportamentodeoutraspessoas.

    Jopoderideolgicosefirmaeminformaes,conhecimentos,doutrinaseatcdigosdeconduta,que so usados para influenciar o comportamento alheio, de sorte a induzir ou determinar o modo

  • individualdeagir.Aquisetemaconstruodediscursosesignificadosquedeterminamouorientamaaodosatoressociais.

    Porsuavez,opoderpolticofundadonoimperativodesegovernarasociedade,asinstituieseorganizaessociaispara tanto,nos regimesdemocrticos, fundamentalaconstruodeconsensoscomvistascriaoeexecuodasregrasnecessriasaofuncionamentodasociedade.

    Segundo Bobbio (2000, p. 221-222), em sua essncia, o poder poltico se caracteriza pelo uso(efetivooupotencial)dafora,dacoero,comexclusividadeemrelaoaosoutrosgruposqueatuamnumdeterminadocontextosocial.Nasrelaesinterindividuais,apesardoestadodesubordinaocriadopelopodereconmico(oqueseevidencia,e.g.,nasrelaesdetrabalho,comdestaqueparaaqueseestabelece entre empregador e empregado) e da adeso passiva aos valores ideolgicos transmitidospelaclassedominante,apenasoempregoda fora fsicaconsegue impedira insubordinaoedomartoda forma de desobedincia. Domesmomodo, nas relaes entre grupos polticos independentes, oinstrumentodecisivoqueumgrupodispepara impor aprpriavontade aumoutrogrupoousodafora,isto,aguerra.Deveras,opoderpolticoopodersupremonumasociedadeorganizada,aelesubordinando-se todososdemais.Mas apossibilidadedeusar a fora apenasumacondiopara aexistnciadopoderpoltico,nosignificandoquesedevasemprerecorreraela.

    Modernamente,consolidou-sealigaodepolticacomgoverno.Assim,otermoassociadoao que concerne polis, ao Estado, ao governo, arte ou cincia de governar, de administrar a respblica, de influenciar o governo, suas aes ouo processo de tomadade decises.Nesse sentido, osocilogo ingls Giddens (2005, p. 342, 573) assevera que poltica o meio pelo qual o poder utilizadoecontestadoparainfluenciaranaturezaeocontedodasatividadesgovernamentais.Assinalaque a esfera poltica inclui as atividades daqueles que esto no governo, mas tambm as aes einteressesconcorrentesdemuitosoutrosgruposeindivduos.

    Estado,emdefiniolapidar,asociedadepoliticamenteorganizada.atotalidadedasociedadepoltica, formalmente organizada sob a forma jurdica, com vistas a assegurar certa ordem social e aintegraodetodosparaobemcomum.Trata-sedeenteabstrato,deexistnciaideal,noqualopoderenraizadoeinstitucionalizado.Constituemseuselementos:poderpoltico,povoeterritrio.

    Ogovernodenotaafacedinmica,ativa,doEstado.Trata-sedoconjuntodepessoas,instituiesergosque impulsionamavidapblica, realizandoavontadepolticadogrupo investidonopoder.Ogoverno,emsuma,exerceopoderpolticoenfeixadonoEstado.

    OuniversopolticoabrangeadireodoEstadonosplanosexternoeinterno,agestoderecursospblicos,adefinioeodesenvolvimentodepolticaspblicas,aimplementaodeprojetossociaiseeconmicos, o acesso a cargos pblicos, a realizao de atividades legislativas e jurisdicionais, aresoluodeconflitosentreindivduosegrupos,entreoutrascoisas.

  • Nesseamploquadro,DireitoPolticooramodoDireitoPblicocujoobjetosoosprincpioseasnormasqueregulamaorganizaoeofuncionamentodoEstadoedogoverno,disciplinandooexerccioe o acesso ao poder estatal. Encontra-se, pois, compreendido no Direito Constitucional, cujo objetoconsistenoestudodaconstituiodoEstado,naqualencontram-sereguladasnosaordempoltica,comotambmasocial,aeconmicaeosdireitosfundamentais.

    Acinciapolticatambmseocupadofenmenopoltico,fazendo-o,contudo,emoutradimenso,de maneira ampla e com maior grau de abstrao. Sem se restringir a aspectos normativos ouorganizacionaisdedeterminadoEstadoouadeterminadapoca,cuidatalcinciamaispropriamentedeestudar o poder poltico, suas formas de distribuio na sociedade, bem como seu funcionamento ouoperacionalizao. Para alm de concepes jurdico-normativas, a ela tambm aportam ideiasfilosficas,morais,psicolgicas (psicologiasocial)esociolgicas,asquais lhealargamsobremodooespectro.

    Denominam-sedireitos polticos ou cvicos as prerrogativas e os deveres inerentes cidadania.Englobamodireitodeparticipardiretaouindiretamentedogoverno,daorganizaoedofuncionamentodoEstado.

    Conforme ensina Ferreira (1989, p. 288-289), direitos polticos so aquelas prerrogativas quepermitem ao cidado participar na formao e comando do governo. So previstos na ConstituioFederal,queestabeleceumconjuntosistemticodenormasrespeitantesatuaodasoberaniapopular.

    Extrai-sedoCaptuloIV,doTtuloII,daConstituioFederal,queosdireitospolticosdisciplinamasdiversasmanifestaesdasoberaniapopular,aqualseconcretizapelosufrgiouniversal,pelovotodiretoesecreto(comvalorigualparatodososvotantes),peloplebiscito,referendoeiniciativapopular.

    pelosdireitospolticosqueaspessoasindividualecoletivamenteintervmeparticipamnogoverno.Taisdireitosnosoconferidosindistintamenteatodososhabitantesdoterritrioestatalisto, a toda a populao , mas s aos nacionais que preencham determinados requisitos expressos naConstituioouseja,aopovo.

    Note-sequeessetermopovonodeixadeservago,prestando-seamanipulaesideolgicas.No chamado sculo de Pricles (sculo V a. C.), em que Atenas conheceu o esplendor de suademocracia, o povo no chegava a 10% da populao, sendo constitudo apenas pela classe dosatenienses livres; no o integravam comerciantes, artesos, mulheres, escravos e estrangeiros. EssaconceporestritivaerageneralizadanosEstadosantigos,inclusiveemRoma,ondeaplebenodetinhadireitoscivisnempolticos.Aarespublicaeraosoloromano,distribudoentreasfamliasfundadorasdacivitas,osPatresouPaisFundadores,deondesurgiramosPatrcios,nicosaquemeramconferidosdireitoscivisecidadania;durantemuitotempoaplebesefaziaouvirpelavozsolitriadeseuTribuno,ochamadoTribunodaPlebe.Paraosrevolucionriosfrancesesde1789,opovonoincluaorei,nemanobreza, tampouco o clero, mas apenas os integrantes do Terceiro Estado profissionais liberais,

  • burgueses,operriosecamponeses.Naticacomunista(marxista),opovorestringe-seclasseoperria,deleestandoexcludostodososqueseoponhamouresistamatalregime.

    Asdemocraciascontemporneasassentamsualegitimidadenaideiadepovo,nasoberaniapopularexercidapelo sufrgiouniversal eperidico.Ao tempoemqueopovo integrae fundamentaoEstadoDemocrtico de Direito, tambm objeto de suas emanaes.Mas bom frisar que essa integraoideolgico-liberalno temevitadoumapronunciadadivisodeclasseseumaforteexclusosocial.que a ordem capitalista contempornea soube manter a esfera poltico-social bem separada daeconmico-financeira. Prova disso o fato de os mercados nem sempre se abalarem seriamente poreventuaiscrisespolticas.Comoresultado,tem-seumapfiadistribuioderendas(queinvariavelmenteseconcentranotopo),umgrandenmerodepessoasalijadasdossubsistemaseconmico,trabalhista,desade, educacional, jurdico, previdencirio, assistencial, entre outros. Ao contrrio do que possaparecer, esse no um problema restrito a pases pobres, perifricos, pois tambm os ricos delepadecem.ConformeassinalaMller(2000,p.92):

    AextensodoempobrecimentoedadesintegraonosEUAinfelizmentejnonecessitademenoespecial.NaFranaaexclusosetornouhanosotemadominantedapolticasocial.NaAlemanhaasituao,aoquetudoindica,avaliadapelogovernofederaldetalmodo,queelesenegaatagora[...]apublicarumrelatriosobreapobrezanopas.

    Nessesentido,asseveraGiddens(2007,p.256-257):

    OsEstadosUnidosrevelam-seomaisdesigualdetodosospasesindustrializadosemtermosde distribuio de renda. A proporo de renda auferida pelo 1% no topo aumentousubstancialmenteao longodasltimasduasou trsdcadas,aopassoqueosdabaseviramsuas rendas mdias estagnarem ou declinarem. Definida como 50% ou menos da rendamediana,apobrezanosEstadosUnidosno inciodadcadade1990eracincovezesmaiorquenaNoruegaounaSucia20%paraosEstadosUnidos, emcontraste comos4%dosoutros dois pases. A incidncia de pobreza no Canad e na Austrlia tambm alta,respectivamente14%e13%.

    Estemesmoautor assinala que, apesar deonvel dedesigualdadede rendanospases daUnioEuropeiasermenorqueodosEUA,

    apobrezageneralizadanaUE,segundocifrasemedidasoficiais.Usando-seocritriodemetadeoumenosdarendamediana,57milhesdepessoasviviamnapobrezanasnaesdaUEem1998.Cercadedoisterosdelasestavamnasmaioressociedades:Frana,Itlia,ReinoUnidoeAlemanha.

    Emlinguagemtcnico-constitucional,povoconstituiumconceitooperativo,designandooconjuntodos indivduosaquesereconheceodireitodeparticiparnaformaodavontadeestatal,elegendoou

  • sendo eleitos, ou seja, votando ou sendo votados comvistas a ocupar cargos poltico-eletivos. Povo,nesse sentido, a entidademticaqual asdecisescoletivas so imputadas.Note-se,porm,queasdecises coletivas no so tomadas por todo o povo, seno pela maioria, ou seja, pela frao cujavontadeprevalecenaseleies.

    Chama-secidadoapessoadetentoradedireitospolticos,podendo,pois,participardoprocessogovernamental, elegendo ou sendo eleito para cargos pblicos. Como ensina Silva (2006, p. 347), acidadania um atributo jurdico-poltico que o nacional obtm desde o momento em que se tornaeleitor.

    verdadeque,nosdomniosdacinciasocial,otermocidadaniaapresentasignificadobemmaisamploqueoaquiassinalado.Denotaoprpriodireitovidadignaeplenaparticipaonasociedadedetodososhabitantesdoterritrioestatal.Nessaperspectiva,acidadaniasignificaquetodossolivrese iguais perante o ordenamento legal, sendo vedada a discriminao injustificada; todos tmdireito sade,locomoo,livreexpressodopensamento,crena,reunio,associao,habitao,educaodequalidade,aolazer,aotrabalho.Enfim,emsentidoamplo,acidadaniaenfeixaosdireitoscivis,polticos,sociaiseeconmicos,sendocertoquesuaaquisiosedantesmesmodonascimentodoindivduo,jqueonascituro,tambmele,ostentadireitosdepersonalidade,tendoresguardadosospatrimoniais.Noentanto, no Direito Eleitoral os termos cidadania e cidado so empregados em sentido restrito,abarcandotosojussuffragiieojushonorum,isto,osdireitosdevotareservotado.

    Cidadaniaenacionalidadesoconceitosquenodevemserconfundidos.Enquantoaquelastatusligado ao regime poltico, esta j um status do indivduo perante o Estado.Assim, tecnicamente, oindivduopode serbrasileiro (nacionalidade) enempor isso ser cidado (cidadania), hajavistanopodervotarnemservotado(ex.:criana,pessoaabsolutamenteincapaz).

    Osdireitospolticos ligam-se ideiadedemocracia.Nesta, sobressaema soberaniapopular e alivreparticipaodetodosnasatividadesestatais.Ademocracia,hoje,figuranostratadosinternacionaiscomodireitohumanoefundamental.

    antigaapreocupaocomodelineamentodeumefetivoesquemadeproteodapessoahumana.Adoutrinadosdireitoshumanosdesenvolveu-seapartirdaevoluohistricadessemovimento.

    O jusnaturalismomoderno concebia os direitos do homem como eternos, imutveis, vigentes emtodos os tempos, lugares e naes. A declarao desses direitos significou, no campo simblico, aemancipaodohomem,porafirmarsualiberdadefundamental.Teveosentidodelivr-lodasamarrasopressivasdecertosgrupossociais,comoordensreligiosasefamiliares.

    Segundo Alexy (2007, p. 45 ss), os direitos do homem distinguem-se de outros direitos pelacombinaodecincofatores,poisso:(i)universais:todososhomens(consideradosindividualmente)so seus titulares; (ii)morais: sua validade no depende de positivao, pois so anteriores ordem

  • jurdica; (iii)preferenciais: oDireitoPositivodeve seorientar por eles e criar esquemas legais paraotimiz-los e proteg-los; (iv) fundamentais: sua violao ou no satisfao acarreta gravesconsequnciaspessoa;(v)abstratos:porisso,podehavercolisoentreeles,oquedeveserresolvidopelaponderao.

    Expoentes da primeira gerao de direitos, em que sobressai a liberdade, figuram os direitospolticosnasprincipaisdeclaraesdedireitoshumanos,sendoconsagradosjnasprimeirasdelas.

    Deveras,aDeclaraodeDireitosdoBomPovodaVirgnia,de12dejunhode1776,deautoriadeGeorgeMason,dispeemseuartigo6o:

    Aseleiesderepresentantesdopovoemassembleiasdevemserlivres,etodosaquelesquetenhamdedicao comunidade e conscinciabastantedo interesse comumpermanente tmdireitodevoto,enopodemsertributadosouexpropriadosporutilidadepblica,semoseuconsentimentoouodeseusrepresentanteseleitos,nempodemsersubmetidosanenhumaleiqualnotenhamdado,damesmaforma,oseuconsentimentoparaobempblico.

    esse igualmente o sentido expresso na Declarao de Independncia dos Estados Unidos daAmrica, ocorrida em 4 de julho de 1776, j que, na histria moderna, nela que os princpiosdemocrticossoporprimeiroafirmados.

    Porsuavez,aDeclaraoFrancesadosDireitosdoHomemedoCidado,de1789,asseveraemseu artigo 6o: A lei a expresso da vontade geral. Todos os cidados tm o direito de concorrer,pessoalmenteouatravsdemandatrios,paraasuaformao.

    RezaoartigoXXIdaDeclaraoUniversaldosDireitosdoHomem,de1948:

    1. Todo homem tem o direito de tomar posse no governo de seu pas, diretamente ou porintermdio de representantes livremente escolhidos. 2. Todo homem tem igual direito deacesso ao serviopblicode seupas. 3.Avontadedopovo ser a baseda autoridadedogoverno;estavontadeserexpressaemeleiesperidicaselegtimas,porsufrgiouniversal,porvotosecretoouprocessoequivalentequeassegurealiberdadedovoto.

    Ademais,oartigo25doPactoInternacionalsobreDireitosCivisePolticos,de1966ratificadopeloBrasilpeloDecreto-Legislativono226/91epromulgadopeloDecretono592/92,estabelece:

    Todo cidado ter o direito e a possibilidade, sem qualquer das formas de discriminaomencionadas no artigo 2o e sem restries infundadas: (a) de participar da conduo dosassuntos pblicos, diretamente ou pormeio de representantes livremente escolhidos; (b) devotar e de ser eleito em eleies peridicas, autnticas, realizadas por sufrgio universal eigualitrioeporvotosecreto,quegarantamamanifestaodavontadedoseleitores;(c)deteracesso,emcondiesgeraisdeigualdade,sfunespblicasdeseupas.

  • Comentando esse ltimo dispositivo, observa Comparato (2005, p. 317) que a se encontramcompendiados os principais direitos humanos referentes participaodo cidadonogovernode seupas.aafirmaododireitodemocraciacomodireitohumano.

    Direitos humanos expresso ampla, de matiz universalista, sendo corrente nos textosinternacionais,sobretudonasdeclaraesdedireitos,conformealudido.

    Jaexpressodireitosfundamentaisteveseuusoconsagradonasconstituiesestatais,noDireitoPblico, traduzindo o rol concreto de direitos humanos acolhidos nos textos constitucionais. Apositivaodetaisdireitosnoordenamentojurdicoestatalfazcomquesejaminstitucionalizados,sendoessamedidaessencialparaotimizaraproteodeles.

    AsseguraCanotilho(1996,p.517)queasexpressesdireitosdohomemedireitosfundamentaissofrequentementeutilizadascomosinnimas.Segundosuaorigemeseusignificado,poderamosdistingui-las da seguintemaneira: direitos do homem so direitos vlidos para todos os povos e em todos ostempos(dimensojusnaturalista-universalista);direitosfundamentaissoosdireitosdohomem,jurdico-institucionalmente garantidos e limitados espao-temporalmente. Os direitos do homem nascem daprprianaturezahumanaedaseucarterinviolvel,atemporaleuniversal;josdireitosfundamentaisseriamdireitosobjetivamentevigentesemumaordemconcreta.

    OTtuloIIdaConstituioFederalde1988quereza:DosDireitoseGarantiasFundamentaisabrangequatroesferasdedireitosfundamentais,asaber:(1)direitosedeveresindividuaisecoletivos(art.5o);(2)direitossociais(arts.6oa11);(3)nacionalidade(arts.12e13);(4)direitospolticos(arts.14a17).deseconcluir,pois,queosdireitospolticossituam-seentreosdireitosfundamentais.

    LevantamentofeitopeloTribunalSuperiorEleitoralnosalboresde2007,divulgadoemmarodomesmoano,revelaque503.002brasileirosestavamprivadosdedireitospolticosnaocasio.Amaiorparte deles (376.949) por fora de condenao criminal; 72.627, em virtude de prestao de serviomilitar (os chamados conscritos); 42.401, em razode interdiopor incapacidade absoluta; 972, pormotivo de condenao em improbidade administrativa; 296, por terem optado por exercer os direitospolticosemPortugal;176,porseteremrecusadoaexercerobrigaoatodosimposta(serviomilitar);9.581,semcausaidentificada.

    Privartirarousubtrairalgodealgum,queficadestitudooudespojadodobemsubtrado.Obememquestosoosdireitospolticos.AConstituioprevduasformasdeprivaodedireitospolticos:perdaesuspenso.Probe,ademais,acassaodessesmesmosdireitos.Veja-seotextoconstitucional:

  • Art.15.vedadaacassaodedireitospolticos,cujaperdaoususpensossedarnoscasosde:Icancelamentodanaturalizaoporsentenatransitadaemjulgado;IIincapacidadecivilabsoluta;IIIcondenaocriminaltransitadaemjulgado,enquantoduraremseusefeitos;IVrecusadecumprirobrigaoatodosimpostaouprestaoalternativa,nostermosdoart.5o,VIII;Vimprobidadeadministrativa,nostermosdoart.37,4o.

    A cassao de direitos polticos foi expediente largamente empregado pelo governomilitar paraafastar opositores do regime. O Ato Institucional no 1, editado em 9 de abril de 1964, autorizava acassaodemandatoslegislativos.Cassarsignificadesfazeroudesconstituiratoperfeito,anteriormentepraticado, retirando-lhe a existncia e, pois, a eficcia.Apesarde se tratar de termo tcnico-jurdico,ficouestigmatizado.

    Aseuturno,perderdeixardeter,possuir,deterougozaralgo;ficarprivado.Comobvio,sseperdeoquesetem.Aideiadeperdaliga-sededefinitividade;aperdasemprepermanente,emborasepossarecuperaroqueseperdeu.

    JasuspensonadefiniodeCretellaJnior(1989,v.2,p.1118)interrupotemporriadaquiloqueestemcurso,cessandoquando terminamosefeitosdeatooumedidaanterior.Trata-se,portanto,deprivaotemporriadedireitospolticos.Spodesersuspensoalgoquejexistiaeestavaemcurso.Assim,seapessoaaindanodetinhadireitospolticos,nopodehaversuspenso.

    ALeiMaiornofalaemimpedimento,emborasepossacogitardele.Consisteoimpedimentoemobstculoaquisiodosdireitospolticos,demaneiraqueapessoanochegaaalcan-losenquantono removido o bice. Haver impedimento, e. g., quando o absolutamente incapaz portar anomaliacongnita,permanecendonesseestadoatatingiraidadeadulta.

    Parte da doutrina tem considerado os incisos I (cancelamento de naturalizao) e IV (escusa deconscincia) do citado artigo 15 da Constituio como hipteses de perda de direitos polticos. Asdemais so de suspenso. Assim era na Constituio de 1967, cujo artigo 144 separava os casos desuspenso(inc.I)dosdeperda(inc.II).Nessesentido,pronunciam-seFerreiraFilho(2005,p.115)eMoraes(2002,p.256).Noentanto,CretellaJnior(1989,v.2,p.1122,no169)afirmaque,naescusadeconscincia, pode haver perda ou suspenso. Cremos, porm, que essa hiptese (e tambm a deincapacidade)desuspensooudeimpedimento,nodeperda.

    Aperdaouasuspensodedireitospolticospodemacarretarvriasconsequnciasjurdicas,comoocancelamentodoalistamentoeaexclusodocorpodeeleitores (CE,art.71, II),ocancelamentodafiliaopartidria(LOPP,art.22,II),aperdademandatoeletivo(CF,art.55,IV,3o),aperdadecargooufunopblica (CF,art.37, I,c.c.Leino8.112/90,art.5o, IIe III),a impossibilidadedeseajuizaraopopular(CF,art.5o,LXXIII),oimpedimentoparavotarouservotado(CF,art.14,3o,II)epara

  • exercerainiciativapopular(CF,art.61,2o).

    Aexclusodocorpodeeleitoresnoautomtica,devendoserobservadooprocedimentotraadono artigo 77 do Cdigo Eleitoral. Todavia, uma vez cessada a causa do cancelamento, poder ointeressado requerer novamente sua qualificao e inscrio no corpo eleitoral (CE, art. 81),recuperando,assim,suacidadania.

    Notocanteadeputadosfederaisesenadores(etambmadeputadosestaduaisedistritais,porforadodispostonosarts.27,1o,e32,3o,daCF),aconcretizaodaperdadosdireitospolticosacarretaadomandato.Masaperdademandato legislativodevenecessariamenteserprecedidadeatoeditadopelaMesadaCasarespectiva,queagedeofciooumedianteprovocaodequalquerdeseusmembros,oudepartidopolticocomrepresentaonoCongressoNacional,asseguradaampladefesa(CF,art.55,IV,3o).AnecessidadedehaverpronunciamentodaMesadenotarespeitoindependnciadosPoderese,pois,doParlamento.

    A perda demandato constitui efeito necessrio da ausncia de direito poltico, sendo, por isso,apenasdeclaradapelaMesadarespectivaCasaLegislativa.Essergonogozadediscricionariedade(ou liberdade)paradecidirsedeclaraounoaperdadomandatodoparlamentar,pois trata-sedeatovinculado.Limita-seeleaconfeccionarepublicaradeclarao.que,conformejassentouoPretrioExcelso, da suspenso de direitos polticos resulta por simesma a perda domandato eletivo ou docargodoagentepoltico(STFREno418876/MT1aT.Rel.Min.SeplvedaPertenceDJ4-6-2004,p.48).

    Dequalquersorte,afrontariaarazoeaticaamanutenodomandatodeparlamentarqueperdeuoutevesuspensosseusdireitospolticos.fcilimaginarocontrassensoqueseriaasituaodealgumquepudesseparticipardeprocessolegislativo,debatendo,votandoecontribuindoparaaaprovaodeleis,masnogozassedanacionalidadebrasileira ounem sequerpudessevotar emeleiesgerais oumunicipaisporqueseencontracomainscrioeleitoralcancelada.

    Nacionalidade o vnculo que liga um indivduo a determinado Estado. Pela naturalizao, oestrangeirorecebedoEstadoconcedenteostatusdenacional.

    Aaquisiodanacionalidadebrasileiraporestrangeirorege-sepeloartigo12,II,daConstituio,peloqualsobrasileirosnaturalizados:

    a)osque,naformadalei,adquiramanacionalidadebrasileira,exigidasaosoriginriosdepasesdelnguaportuguesaapenasresidnciaporumanoininterruptoeidoneidademoral;b)os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes naRepblica Federativa doBrasil hmais de quinze anos ininterruptos e sem condenao penal, desde que requeiram anacionalidadebrasileira.

  • A regulamentao desse dispositivo encontra-se naLei no 6.815/80, que estabelece os requisitosparaaconcessodanaturalizao,conformeconstadeseuartigo111.OatoadministrativoqueconfereaoestrangeiroostatusdenacionaldecompetnciadoPoderExecutivo,nomeadamentedoMinistriodaJustia.

    A lei no poder estabelecer distino entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casosprevistos naConstituio.Nessa ressalva encontra-se o preenchimento de certos cargos no organismoestatal, pois so privativos de brasileiro nato os cargos: I de Presidente e Vice-Presidente daRepblica;IIdePresidentedaCmaradosDeputados;IIIdePresidentedoSenadoFederal;IVdeMinistrodoSupremoTribunalFederal;Vdacarreiradiplomtica;VIdeoficialdasForasArmadas;VIIdeMinistrodeEstadodaDefesa(CF,art.12,2oe3o).Quantoaosportuguesescomresidnciapermanente no Pas, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, sero atribudos os direitosinerentesaobrasileiro,salvooscasosprevistosnestaConstituio(CF,art.12,1o).

    Impende registrar que a outorga a brasileiro do gozode direitos polticos emPortugal importarsuspensodessesmesmosdireitosnoBrasil.OEstatutodaIgualdade(Decretono3.927/2001),firmadoentre Brasil e Portugal, prev que os que optarem por exercer os direitos polticos no Estado deresidnciaterosuspensooexerccionoEstadodenacionalidade.esseigualmenteosentidodoartigo51,4o,daResoluoTSEno21.538/2003.

    O cancelamento da naturalizao traduz o rompimento do vnculo jurdico existente entre oindivduo e o Estado. O artigo 12, 4o, I, da Constituio determina a perda da nacionalidade dobrasileironaturalizadoquetivercanceladasuanaturalizaoemvirtudedeatividadenocivaaointeressenacional.Comoconsequncia,elereassumeostatusdeestrangeiro.

    Somente por deciso judicial se pode cancelar naturalizao. Nesse sentido: STF RMS no

    27840/DFPlenoDJe27-8-2013.

    daJustiaFederalacompetnciaparaascausasreferentesnacionalidadeenaturalizao(CF,art.109,X).

    Ademais, o Ministrio Pblico Federal tem legitimidade para promover ao visando aocancelamentodenaturalizao,emvirtudedeatividadenocivaaointeressenacional(LCno75/90,art.6o,IX).

    Tambm ser declarada a perda da nacionalidade do brasileiro nato que adquirir outranacionalidade,salvonoscasos:(a)dereconhecimentodenacionalidadeoriginriapelaleiestrangeira;(b)deimposiodenaturalizao,pelanormaestrangeira,aobrasileiroresidenteemEstadoestrangeiro,comocondioparapermannciaemseuterritrioouparaoexercciodedireitoscivis.

    Aperdadanacionalidadebrasileiraacarretaipsofactoaperdadosdireitospolticos.

    Ahiptese emapreo remetia ao artigo 3o doCdigoCivil de 2002, cujos incisos tratavamdos

  • menoresdedezesseisanos(incisoI),daspessoasabsolutamenteincapazesdeexerceratosdavidacivilporenfermidadeoudeficinciamental(incisoII)ouque,porcausatransitria,nopuderemexprimirsuavontade(incisoIII).

    OcorrequeaLeino13.146/2015(LeiBrasileiradeInclusodaPessoacomDeficinciaLBIPDouEstatuto da Pessoa comDeficincia EPD) revogou os trs incisos daquele dispositivo, passando ocaputaconterunicamenteasituaoantesprevistanoincisoI.

    Assim,emsuaatual redao,o referidoartigo3odoCCapenasestabeleceseremabsolutamenteincapazesdeexercerpessoalmenteosatosdavidacivilosmenoresde16(dezesseis)anos.

    Nessecaso,imprpriofalar-seemperdadedireitospolticos,poisoadolescentecommenosde16anosaindanoosadquiriuintuitivoquenosepodeperderoquenosetemouoqueaindanoseadquiriu. Igualmente imprprio falar-sede suspensodosdireitos emexame,porquanto a suspensopressupeogozoanteriordeles.

    Na verdade, o que ocorre a ausncia de condio de ordem cronolgica para a aquisio dosdireitospolticos.

    AreferidaLeino13.146/2015baseadanaConvenoInternacionalsobreosDireitosdasPessoascomDeficincia(CIDPD),aqualfoiassinadanacidadedeNovaYork/EUAem30demarode2007epromulgadanoBrasilpeloDecretono6.949/2009.

    ACIDPD foi incorporada ao sistema jurdico brasileiro sob a forma de EmendaConstitucional.Trata-sedoprimeirodocumento internacionaldedireitoshumanosaadquirirstatus constitucional porforadoartigo5o,3o,daConstituioFederal.

    Taisatosnormativos introduziramumanova filosofianapresente seara.Nocampoda linguagem,e.g.,passou-seaempregaraexpressopessoacomdeficincia,emsubstituioatermosinadequadosepejorativoscomoloucosdetodoognero(CC/1916,art.5o,II)einvlidos(CE,art.6o,I,a).

    Apessoacomdeficinciadefinidadeformaamplacomosendoaquelaquetemimpedimentodelongoprazodenatureza fsica,mental, intelectualousensorial,oqual,em interaocomumaoumaisbarreiras,podeobstruirsuaparticipaoplenaeefetivanasociedadeemigualdadedecondiescomasdemaispessoas(CIDPD,art.1;Leino13.146/2015,art.2o,caput).

    PorforadaLeiBrasileiradeIncluso,emprincpio,soplenamentecapazesparaoexercciodeatos da vida civil as pessoas portadoras de deficincia, independentemente de esta ser grave ou no,temporriaoupermanente.

    Se, em razo da deficincia, a pessoa no puder exprimir sua vontade, poder, ento, serconsideradarelativamenteincapaz.Ateordoartigo4o,III,doCC,sorelativamenteincapazesquantoprticadecertosatosoumaneiradeexerc-losaquelesque,porcausatransitriaoupermanente,nopuderemexprimirsuavontade.

  • Portanto, a restrio capacidade civil baseada na impossibilidade de a pessoa exprimir suavontade, e no apenas na deteno de deficincia. Malgrado a deficincia que porta, tem-se comoabsolutamentecapazapessoaquetiveraptidoparaporsiprpriamanifestarsuavontade,exercerseusdireitosepraticaratosjurdicos.Acapacidadeaquifiguradadenaturezamoral,enofsica.Emoutrostermos,considera-seplenamentecapazapessoaquetiverautonomiaeindependnciaparaconduzir-senavidasocialepoltica,tomandodeciseseassumindoresponsabilidades.

    Entre os princpios gerais da CIDPD encontram-se o respeito pela autonomia individual e aindependnciadaspessoasportadorasdedeficincia.

    Todavia,serautnomoeindependentenosignificaqueapessoapossafazertudosozinha,porcontaprpria,dispensandooauxlioeacolaboraodeoutrem.Osconceitosdeindependnciaeautonomianosoabsolutos.Atporque,mesmoquemno temqualquerdeficincianosempreabsolutamenteautnomoeindependenteemalgumamedida,todosdependemdealgumtipodeauxliooucolaboraoparaocumprimentodedeterminadasaes.

    Assim,ofatodeapessoaportardeficinciaenecessitardeauxlioparaaprticadealgumatonosignificaquesejaincapaz,ouquelhefalteautonomiaparaagirmoralmente.detentoradecapacidademoral e poltica tanto quanto qualquer outra pessoa considerada normal pela sociedade, devendoigualmenteserresponsabilizadaporseusatos.

    Incapacidade(eaindaassimrelativa)haverapenasseapessoadenenhummodopuderexprimirsuavontade.

    Noqueconcerneaoportadordedeficincia,somentenosentidoexpostosepoderiacompreenderoartigo15,II,daConstituioFederalquandodeterminaasuspensodedireitospolticosnahiptesedeincapacidadecivilabsoluta.

    Emvezdeexcluir,cumpreaoPoderPblicogarantirpessoacomdeficinciatodososdireitospolticos e a oportunidade de exerc-los em igualdade de condies com as demais pessoas,assegurando-lhe,inclusive,odireitodevotaredeservotada,ouseja,decandidatar-senaseleieseefetivamenteocuparcargoseletivosedesempenharquaisquer funespblicasemtodososnveisdegoverno(CIDPD,art.29;Leino13.146/2015,art.76,capute1o).

    Interdio e curatela por causa transitria ou permanente, pode ocorrer de a pessoa se tornarinaptaapraticaratosdavidacivileconduzircomindependnciaeautonomiaasuaprpriavida.

    Em tal caso, sendo necessrio, ela poder ser interditada e submetida curatela, nos termos doartigo 1.767, I, do Cdigo Civil (com a redao da Lei no 13.146/2015). A sentena que declara ainterdioproduzefeitosconcretosdesdelogo,emborasujeitaarecursodeapelao(CPC,arts.715e1.012,1o,VI).

    Note-se, porm, que a interdio e a curatela no implicam automtica e necessariamente asuspenso dos direitos polticos. Tais institutos tm carter excepcional e protetivo, atuandoespecialmentenombitonegocial,ouseja,naprticadeatosrelacionadosaopatrimnio.Apropsito,

  • dispeaLeino13.146/2015:

    Art. 85. A curatela afetar to somente os atos relacionados aos direitos de naturezapatrimonialenegocial. 1o A definio da curatela no alcana o direito ao prprio corpo, sexualidade, aomatrimnio,privacidade,educao,sade,aotrabalhoeaovoto.[...].

    Umapessoa interditadaesobcuratelamantminclumeseusdireitosdepersonalidade,podendo,ainda, ser titulardeoutrosdireitos, comoospolticos.Nessecaso, terdireitodevotar e servotada.Paraisso,necessrioquetenhaaptidoparalivrementeformaremanifestarsuavontade.

    A suspenso de direitos polticos fulcrada no artigo 15, II, da Constituio Federal deve serreservadaapenasaoscasosemqueapessoasetornarcompletamenteinaptaaformareexpressaroseuquerer.Aqui,ento,ojuizcvelquedecretarainterdiodevercomunicaressefatoJustiaEleitoral,de maneira que seja suspenso o alistamento do interditado, com sua consequente excluso do rol deeleitores(CE,art.71,IIe2o).

    Observe-se que a hiptese em apreo refere-se suspenso de direitos polticos e no perda,pois, uma vez recobrada a aptido ou capacidade de expresso da vontade, tais direitos devero serrestabelecidos(CE,art.81).

    No entanto, pode ocorrer de a pessoa j nascer portando deficincia ou doena que a tornecompletamenteincapazdeexprimirsuavontadeatafaseadultaoumesmoportodaavida.Nessecaso,no exato falar-se de suspenso, que pressupe o gozo anterior de direitos polticos. Tampouco sepoderiafalardeperda,poisnoseperdeoquenosetemouoqueaindanoseadquiriu.Maiscorretoserpensaremimpedimentoparaaaquisiodosdireitospolticos.

    Reza o artigo 15, inciso III, da Constituio Federal que a condenao criminal transitada emjulgadodeterminaasuspensodedireitospolticosenquantoperduraremseusefeitos.Trata-sedenormaautoaplicvel,conformepacficoentendimentojurisprudencial.

    [...]SuspensodeDireitosPolticosCondenaoPenalIrrecorrvelSubsistnciadeseusEfeitosAutoaplicabilidadedoart.15,III,daConstituioAnormainscritanoart.15,III,daConstituio reveste-sedeautoaplicabilidade, independendo,paraefeitode sua imediataincidncia, de qualquer ato de intermediao legislativa. Essa circunstncia legitima asdecises da Justia Eleitoral que declaram aplicvel, nos casos de condenao penalirrecorrvel e enquanto durarem os seus efeitos, como ocorre na vigncia do perodo deprova do sursis , a sano constitucional concernente privao de direitos polticos dosentenciado.Precedente:REno179.502-SP(Pleno),Rel.Min.MoreiraAlves.Doutrina(STFAgRRMSno22.470/SP1aT.Rel.Min.CelsodeMelloDJ27-9-1996,p.36158).

  • Administrativo. Concurso Pblico. Posse. Gozo de Direitos Polticos. Bons Antecedentes.CandidatoCondenadoporSentenaTransitadaemJulgado. Impossibilidade. IOSupremoTribunalFederaljpacificouoentendimentoquantoautoaplicabilidadedoart.15,incisoIII,daConstituioFederal.IIHavendolegislaoespecficaexigindooplenogozodosdireitospolticosebonsantecedentesparaapossenoserviopblico,nohdireitolquidoecertonomeao do candidato que no cumpriu com tais requisitos, por ter sido condenado comsentenatransitadaemjulgado.Recursodesprovido(STJRMSno16.884/SE5aT.Rel.Min.FelixFischerDJ14-2-2005,p.217).1.Oart.15, III,daCF/88auto-aplicvel,constituindoasuspensodosdireitospolticosefeitoautomticodacondenao.2.Acondenaocriminaltransitadaemjulgadosuficienteimediatasuspensodosdireitospolticos,aindaqueapenaprivativadeliberdadetenhasidoposteriormente substituda por uma restritiva de direitos. 3.Agravo regimental desprovido(TSEAgR-REspeno65172/SPDJe,t.98,28-5-2014,p.82-83).RecursoEspecial.Eleies2004.Regimental.Registro.Condenaocriminal transitadaemjulgado.Direitospolticos.CF/88,art.15,III.Autoaplicabilidade.autoaplicveloart.15,III,CF.Condenaocriminaltransitadaemjulgadosuspendeosdireitospolticospelotempoquedurar apena.Nega-seprovimento a agravoqueno infirmaos fundamentosdadecisoimpugnada(TSEAREspeno22.461/MSPSS21-9-2004).

    A suspenso de direitos polticos constitui efeito secundrio da sentena criminal condenatria,exsurgindodiretaeautomaticamentecomseutrnsitoemjulgado,independentementedanaturezaoudomontantedapenaaplicadainconcreto.Porisso,nonecessrioquevenhagravadanapartedispositivadodecisum.

    Talqualoregistrodacandidaturaeadiplomaodoeleito,ainvestiduranocargoeoexercciodemandatopoltico-eletivopressupemqueomandatrioestejanogozodosdireitospolticos.Pretende-seque os cargos pblico-eletivos sejam ocupados por cidados insuspeitos, sobre os quais no pairemdvidas quanto integridade tico-jurdica, honestidade e honradez. Visa-se, com isso, assegurar alegitimidade e a dignidade da representao popular, pois o Parlamento e, de resto, todo o aparatoestatalnopodetransformar-seemabrigodedelinquentes.

    Cumpreindagarseasuspensodedireitospolticosdecorrentedecondenaocriminaltransitadaem julgado implica a perda automtica de mandato eletivo. A indagao justifica-se diante daespecificidade que reveste a sentena penal condenatria e seus efeitos, bem como do especialtratamentonormativoconferidomatria.

    No que concerne a deputado federal ou senador (e tambm a deputado estadual ou distrital, porforadodispostonosarts.27,1o,e32,3o,daCF),rezaoart.55,VI,2odaConstituioFederal:aperda do mandato ser decidida pela Cmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por maioriaabsoluta,mediante provocao da respectivaMesa ou de partido poltico representado noCongressoNacional,asseguradaampladefesa.AredaodessedispositivofoialteradapelaECno76/2013que

  • suprimiu o carter secreto da votao; essa, agora, aberta. Logo, na hiptese de haver condenaocriminal,aperdadomandatonoseconcretizadeformainstantnea,poistalefeitodependedeatoaserpraticadoulteriormentepelorgoLegislativoaquepertenceocondenado.

    O citado 2o, art. 55, daCF enseja a interpretao de que no caso especfico de condenaocriminalaCmaradosDeputadosouoSenadodecidiro,pormaioriaabsolutadevotos,aperdadomandato de seus respectivosmembros. Portanto, esse efeito no decorreria direta e imediatamente dacondenaocriminalimpostapeloPoderJudicirio,masdoatoemanadodaquelasCasas.Desortequeoato judicialconstituiriaapenasumrequisitooupontodepartidaparaanlisee julgamentopoltico doPoderLegislativo.

    Entretanto,essaregracolidecomoutradeigualestatura,asaber,aprevistano3o,IV,art.55c.c.art. 15, III, ambos daConstituioFederal.Aqui, conforme salientadoh pouco, no h propriamentedecisoporpartedoLegislativo,masmeradeclaraoepublicaodoatodeperdadomandato.Issoporqueacondenaocriminal(entreoutrascausas)provocaasuspensodosdireitospolticos(CF,art.15,III),eessasuspenso,sporsi,determinaaincidnciadoincisoIVedo3odomesmoart.55daConstituio,osquaissexigemadeclaraodaMesadaCasarespectiva,declaraoessaquepodesedar ex officio ou decorrer de provocao de qualquer de seus membros ou de partido polticorepresentado no Congresso Nacional. No h, aqui, discricionariedade (ou liberdade) do PoderLegislativoparadecidirsedeclaraounoaperdadomandatodoparlamentarqueseencontracomseusdireitospolticossuspensos,poistrata-sedeatovinculado,demaneiraqueaCasaLegislativaselimitaadeclararaperdadomandatoepublicarorespectivoato.

    NojulgamentodaAoPenalno470,oplenriodoSupremoTribunalFederal,pelaestreitamaioriade 5 a 4, na sesso realizada em 17-12-2012, firmou a interpretao de que, havendo condenaocriminalemanadadoPretrioExcelso(mormentenahiptesedecrimecontraaadministraopblica),aperdadomandatoparlamentardoacusadoexsurgediretaeautomaticamentedo trnsitoem julgadododecisum. Mesa da Casa Legislativa cabe apenas declarar a perda do mandato e no decidi-la.Distinguiu-se,portanto,adecisodadeclarao.Issoporquearesoluo(=deciso)sobreaperdadomandatoinerenteaoexercciodajurisdio.

    [...] Perda do mandato eletivo. Competncia do Supremo Tribunal Federal. Ausncia deviolaodoprincpiodaseparaodepoderesefunes.Exercciodafunojurisdicional.Condenao dos rus. Detentores de mandato eletivo pela prtica de crimes contra aAdministraoPblica.Penaaplicadanostermosestabelecidosnalegislaopenalpertinente.1.OSupremoTribunalFederalrecebeudoPoderConstituinteoriginrioacompetnciaparaprocessarejulgarosparlamentaresfederaisacusadosdaprticadeinfraespenaiscomuns.Como consequncia, ao Supremo Tribunal Federal que compete a aplicao das penascominadasemlei,emcasodecondenao.Aperdadomandatoeletivoumapenaacessriadapenaprincipal(privativadeliberdadeourestritivadedireitos),edeveserdecretadapelorgoqueexerceafunojurisdicional,comoumdosefeitosdacondenao,quandopresentes

  • osrequisitoslegaisparatanto.2.DiferentementedaCartaoutorgadade1969,nostermosdaqualashiptesesdeperdaoususpensodedireitospolticosdeveriamserdisciplinadasporLeiComplementar(art.149,3o),oqueatribuaeficciacontidaaomencionadodispositivoconstitucional,aatualConstituioestabeleceuoscasosdeperdaoususpensodosdireitospolticos em norma de eficcia plena (art. 15, III). Em consequncia, o condenadocriminalmente,pordeciso transitadaemjulgado, temseusdireitospolticossuspensospelotempoqueduraremos efeitosda condenao.3.Apreviso contidano artigo92, I e II, doCdigoPenal,reflexodiretododispostonoart.15,III,daConstituioFederal.Assim,umavezcondenadocriminalmenteumrudetentordemandatoeletivo,caberaoPoderJudiciriodecidir, emdefinitivo, sobre a perda domandato.No cabe aoPoderLegislativo deliberarsobreaspectosdedecisocondenatriacriminal,emanadadoPoderJudicirio,proferidaemdetrimento de membro do Congresso Nacional. A Constituio no submete a deciso doPoderJudiciriocomplementaoporatodequalqueroutrorgoouPoderdaRepblica.Nohsentenajurisdicionalcuja legitimidadeoueficciaestejacondicionadaaprovaopelosrgosdoPoderPoltico.Asentenacondenatrianoarevelaodoparecerdeumasdas projees do poder estatal, mas a manifestao integral e completa da instnciaconstitucionalmente competente para sancionar, em carter definitivo, as aes tpicas,antijurdicaseculpveis.Entendimentoqueseextraidoartigo15,III,combinadocomoartigo55,IV,3o,ambosdaConstituiodaRepblica.Afastadaaincidnciado2odoart.55daLeiMaior,quandoaperdadomandatoparlamentarfordecretadapeloPoderJudicirio,comoum dos efeitos da condenao criminal transitada em julgado. Ao Poder Legislativo cabe,apenas, dar fiel execuo deciso da Justia e declarar a perda do mandato, na formapreconizadanadecisojurisdicional.4.RepugnanossaConstituiooexercciodomandatoparlamentar quando recaia, sobre o seu titular, a reprovao penal definitiva do Estado,suspendendo-lhe o exerccio de direitos polticos e decretando-lhe a perda do mandatoeletivo. A perda dos direitos polticos consequncia da existncia da coisa julgada.Consequentemente, no cabe ao Poder Legislativo outra conduta seno a declarao daextino do mandato (RE 225.019, Rel. Min. Nelson Jobim). Concluso de ordem ticaconsolidadaapartirdeprecedentesdoSupremoTribunalFederaleextradadaConstituioFederal e das leis que regem o exerccio do poder poltico-representativo, a conferirencadeamento lgico e substnciamaterial deciso no sentido da decretao da perda domandato eletivo. Concluso que tambm se constri a partir da lgica sistemtica daConstituio,queenunciaacidadania,acapacidadeparaoexercciodedireitospolticoseopreenchimento pleno das condies de elegibilidade como pressupostos sucessivos para aparticipaocompletanaformaodavontadeenaconduodavidapolticadoEstado.5.Nocaso,osrusparlamentaresforamcondenadospelaprtica,entreoutros,decrimescontraa Administrao Pblica. Conduta juridicamente incompatvel com os deveres inerentes aocargo.Circunstnciasque impemaperdadomandatocomomedidaadequada,necessriae

  • proporcional.6.Decretadaasuspensodosdireitospolticosdetodososrus,nostermosdoart.15,III,daConstituioFederal.Unnime.7.Decretada,pormaioria,aperdadosmandatosdosrustitularesdemandatoeletivo.[...](STFAPno470/MGPlenoRel.Min.JoaquimBarbosaDJe74,22-4-2013).

    Todavia,esseltimoentendimentofoirevogadopeloprprioSTFnojulgamentodaAoPenalno

    565/RO,ocorridonasessoplenriadosdias7e8-8-2013.Dessafeita,tambmpormaioriadevotos,afirmou o PretrioExcelso competir respectivaCasaLegislativa decidir sobre a eventual perda demandato parlamentar (no caso, de senador), por fora do disposto no artigo 55, VI, 2o, da CF. Demaneira que o especfico efeito atinente perda de mandato poltico no decorre direta eautomaticamentedoatojurisdicional.essaainterpretaotendencialdaquelaCorteSuprema.

    Noqueconcerneavereadoresedetentoresdemandatoexecutivo(prefeito,governador,presidentedaRepblicaeseusrespectivosvices)inexistemregrasexcepcionaiscomoasdosaludidosartigos27,1o,32,3o,e55,2oe3o,todosdaLeiMaior.Eexceesinterpretam-serestritivamente.Valefrisarque o silncio constitucional aqui relevante, eloquente, no havendo de se falar em lacuna a sercolmatada.Em tais casos, o trnsito em julgado da condenao criminal implica privao de direitospolticoseperdademandato.

    Nessesentido,colhem-senajurisprudnciadaCorteSupremaosseguintesarestos:

    (i) [...] Da suspenso de direitos polticos efeito da condenao criminal transitada emjulgadoressalvadaahipteseexcepcionaldoart.55,2o,daConstituioresultaporsimesmaaperdadomandatoeletivooudocargodoagentepoltico(STFREno418.876/MT1aT.Rel.Min.SeplvedaPertenceDJ4-6-2004,p.48);(ii)[...]Condenaocriminaltransitadaemjulgadoapsapossedocandidatoeleito(CF,art.15,III).Perdadosdireitospolticos:consequnciadaexistnciadacoisajulgada.ACmarade vereadores no tem competncia para iniciar e decidir sobre a perda de mandato deprefeito eleito. Basta uma comunicao Cmara de Vereadores, extrada nos autos doprocesso criminal. Recebida a comunicao, o Presidente da Cmara de Vereadores, deimediato, declarar a extino domandato do Prefeito, assumindo o cargo oVice-Prefeito,salvose,poroutromotivo,nopossaexercerafuno.NocabeaoPresidentedaCmaradeVereadoresoutracondutasenoadeclaraodaextinodomandato.Recursoextraordinrioconhecidoemparte enessaparteprovido (STFREno 225.019/GOPlenoRel.Min.NelsonJobimDJ22-11-1999,p.133);(iii) [...] O propsito revelado pelo embargante, de impedir a consumao do trnsito emjulgadodedecisopenalcondenatriavalendo-se,paraesseefeito,dautilizaosucessivaeprocrastinatriadeembargosdeclaratriosincabveisconstituifimilcitoquedesqualificaocomportamento processual da parte recorrente e que autoriza, em consequncia,o imediatocumprimento do acrdo emanado do Tribunal a quo, viabilizando, desde logo, tanto a

  • execuo da pena privativa de liberdade, quanto a privao temporria dos direitospolticos do sentenciado (CF, art. 15, III), inclusive a perda domandato eletivo por estetitularizado.Precedentes(STFAgEDAIno177.313/MG1aT.Rel.Min.CelsodeMelloDJ14-11-1996,p.44488).

    Note-se, porm, que em tais hipteses a concretizao da perda de mandato com o efetivoafastamentodoagentepblicosedapartirdedeclaraoemanadadorespectivorgolegislativo.Estenodecideaperdadomandato,masapenasadeclaraetornapblica,inexistindoespaopararevisooudiscusso dos fundamentos da deciso condenatria. O ato do Legislativo vinculado e nodiscricionrio.Talsoluoencontrafundamentonoprincpiodedivisodospoderes.

    Por outro lado, no se pode olvidar a previso constante do artigo 92, I, do Cdigo Penal, queestabelececomoefeitosecundriodacondenaoaperdademandatoeletivo:(a)quandoaplicadapenaprivativadeliberdadeportempoigualousuperioraumano,noscrimespraticadoscomabusodepoderou violao de dever para com a Administrao Pblica; (b) quando for aplicada pena privativa deliberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais casos. Na seara penal, a perda de cargopblicooumandatopolticodevesermotivadamentedeclaradanasentena.Antesdeimporessasano,o juiz deve sopesar fatores comoanaturezado evento e sua lesividade, ograude culpado agente, anecessidade de aplicao da sano no caso concreto. O aludido dispositivo regula nomeadamente aperdademandatonombitoeparaosfinsdoDireitoPenal,enoaperdadedireitospolticos.Ocorre,porm,queasincidnciadosaludidosartigos15,III,55,IV,VI,2oe3odaConstituioFederalporsisafetaomandato.

    Semprequetransitaremjulgadocondenaopenal,ojuizdavaracriminaldevecomunicaressefatoao juiz eleitoral para o fim de cancelamento da inscrio e de excluso do condenado do corpo deeleitores (CE, art. 71, II).No se pode negar o exagero de se determinar a excluso do eleitor, poisbastariaquehouvesseasuspensodesuainscrio.

    Algunsautoresinsurgem-secontraaexignciadetrnsitoemjulgadodasentenapenalcondenatriapara fins eleitorais, considerandomais consentnea a s condenao, regra, alis, esposada no artigo135, 1o, II, da Constituio de 1946. Nessa linha, Djalma Pinto (2005, p. 84-85) assevera que apresuno de inocncia, at o trnsito em julgado da sentena penal, para fins eleitorais, umaaberraorepelidapeloDireitoRomano,pelaDeclaraodosDireitosdoHomemedoCidadoeemqualquerlugarondehajapreocupaocomaboaaplicaodosrecursospblicos, jquesignificaaconstitucionalizao da impunidade diante da eternizao dos processos no Brasil. No entanto, orequisitoemapreoestemharmoniacomodireitofundamentalinscritonoartigo5o,LVII,daLeiMaior.

    Aexpressocondenaocriminal,constantedodispositivoconstitucional,genrica,abrangendocrimes de qualquer natureza, inclusive a contraveno penal. Nesse diapaso, assentou-se najurisprudnciaoentendimentodeque:Adisposioconstitucional,prevendoasuspensodosdireitospolticos,aoreferir-secondenaocriminaltransitadaemjulgado,abrangenosaqueladecorrentedaprticadecrime,mastambmadecontravenopenal(TSEREspeno13.293/MGPSS7-11-1996).

  • No importa a natureza da pena aplicada, pois, em qualquer caso, ficaro suspensos os direitospolticos.Logo, irrelevante: (1)queapenaaplicadaseja restritivadedireitos; (2)quesejasomentepecuniria; (3) que o ru seja beneficiado com sursis (CP, art. 77); (4) que tenha logrado livramentocondicional (CP, art. 83); (5) que a pena seja cumprida no regime de priso aberto, albergue oudomiciliar. Igualmente irrelevante perquirir quanto ao elemento subjetivo do tipo penal, havendo asuspensodedireitospolticosnacondenaotantoporilcitodolosoquantoporculposo.

    E quanto sentena penal absolutria imprpria? Nesse caso, a despeito da absolvio, haplicaodemedidadesegurana,aqualostentanaturezacondenatria.Porisso,tambmnessahiptesehaversuspensodedireitospolticos.

    Esehouvertransaopenal,conformeprevisoconstantedoartigo76daLeino9.099/95?Note-sequeapropostadetransaodeveserfeitaantesdadenncia;aaceitaoeahomologaodapropostano causam reincidncia, sendo isso registrado apenas para impedir nova concesso desse mesmobenefcio no lapso de cinco anos; ademais, a imposio de sano no constar de certido deantecedentes criminais. Embora possa haver a aplicao de pena restritiva de direito ou multa, ahomologaojudicialdatransaonosignificacondenaocriminal.Nohavendocondenaojudicialtransitadaemjulgado,osdireitospolticosdequemaceitaatransaopenalnosoatingidos,e,pois,nosesuspendem.

    E quanto ao sursis processual? Impe-se, nesse caso, amesma soluo dada transao penal.Previstonoartigo89daLeino9.099/95,essamedidasustaocursodoprocesso,e,expiradooprazosemrevogao,deveserdecretadasuaextino.Extintooprocesso,impossvelsetornaacondenao.

    Osefeitosdasuspensodosdireitospolticossomentecessamcomocumprimentoouaextinodapena.oquerezaaSmulano9doTSE:Asuspensodedireitospolticosdecorrentedecondenaocriminal transitada em julgado cessa com o cumprimento ou a extino da pena, independendo dereabilitaoouprovadereparaodedanos.Logo,aproposituraderevisocriminal (CPP,art.621)porsisnofazcessarosefeitosdacondenao,demaneiraarestaurarosdireitospolticos.

    Olegisladorfoimaisseveroemrelaoaalgunsdelitos,pois,conformedispeoartigo1o,I,e,daLCno64/90,soinelegveisparaqualquercargo

    osqueforemcondenados,emdecisotransitadaemjulgadoouproferidaporrgojudicialcolegiado,desdeacondenaoatotranscursodoprazode8(oito)anosapsocumprimentodapena,peloscrimes:1.contraaeconomiapopular,afpblica,aadministraopblicaeopatrimnio pblico; 2. contra o patrimnio privado, o sistema financeiro, o mercado decapitais e os previstos na lei que regula a falncia; 3. contra o meio ambiente e a sadepblica;4.eleitorais,paraosquaisaleicominepenaprivativadeliberdade;5.deabusodeautoridade,noscasosemquehouvercondenaoperdadocargoou inabilitaoparaoexerccio de funo pblica; 6. de lavagem ou ocultao de bens, direitos e valores; 7. detrficodeentorpecentesedrogasafins,racismo,tortura,terrorismoehediondos;8.dereduocondioanlogadeescravo;9.contraavidaeadignidadesexual;e10.praticadospor

  • organizaocriminosa,quadrilhaoubando.

    Assim,notocanteaessasinfraes,oagentetambmficarinelegvelpeloprazode8anos,apsocumprimentoouaextinodapena.

    Dispe o artigo 5o, VIII, da Constituio que ningum ser privado de direitos por motivo decrenareligiosaoudeconvicofilosficaoupoltica,salvoseasinvocarparaeximir-sedeobrigaolegalatodosimpostaerecusar-seacumprirprestaoalternativa,fixadaemlei.

    J o artigo 15, inciso IV, daConstituio prev a suspenso de direitos polticos na hiptese dealgumserecusaracumprirobrigaoatodosimpostaouprestaoalternativa,nostermosdoart.5o,VIII.

    Cuidam tais dispositivosdadenominada escusaouobjeode conscincia, normalmente fundadaemcrenaouconvicoreligiosa,tica,filosficaoupoltica.

    Entre as obrigaes legais a todos impostas destacam-se o exerccio da funo de jurado e aprestaodeserviomilitar.

    No que concerne ao jurado, dispe o artigo 436 doCdigo deProcessoPenal ser obrigatrio oserviodojriparaoscidadosmaioresde18(dezoito)anosdenotria idoneidade.Desseservionenhumcidadopoderserexcludooudeixardeseralistadoemrazodecorouetnia, raa,credo,sexo,profisso,classesocialoueconmica,origemougraudeinstruo(1o).Note-se,porm,queoart. 437 doCPP prev vrias hipteses de iseno, sendo que o incisoX contm uma clusula geraldesobrigandoosquedemonstraremjustoimpedimento.

    A recusa injustificada ao serviodo jri poder acarretar multa novalor de 1 (um) a 10 (dez)salrios-mnimos,acritriodojuiz,deacordocomacondioeconmicadojurado(CPP,art.436,2o).

    Noentanto,fundando-searecusaemconvicoreligiosa,filosficaoupoltica,rezaoartigo438do CPP que o cidado incide no dever de prestar servio alternativo, sob pena de suspenso dosdireitos polticos, enquanto no prestar o servio imposto.Nesse caso, no h sano demulta. Porservio alternativo entende-se o exerccio de atividades de carter administrativo, assistencial,filantrpicooumesmoprodutivo,noPoderJudicirio,naDefensoriaPblica,noMinistrioPblicoouementidadeconveniadaparaessesfins(1o);orollegalexemplificativo,podendoserdeterminadaaprestaoemoutrosrgosquenoosindicados.

    Pelo2odoaludidoartigo438,oserviodeveserfixadopelojuizatendendoaosprincpiosdaproporcionalidade e da razoabilidade. de se censurar a vagueza dessa norma, porque no veiculacritrio seguro para a fixao do prazo de prestao do servio. Como diz Nucci (2011, p. 772),ningum pode ser obrigado a realizar qualquer espcie de servio a rgos estatais por perodo

  • indeterminadoesemqualquerparmetroconcreto.Invivelsetornadeixaracadajuizfixaroqueachaconveniente[...].Sugereoautorqueojuradodeveprestarservioalternativoporapenasumdia,poisnormalmenteesseotempodedicadosessodejulgamento.

    Quanto ao serviomilitar, em seu artigo 143, 1o, a LeiMaior impera ser ele obrigatrio nostermosdalei,competindosForasArmadasatribuirservioalternativoaosque,emtempodepaz,aps alistados, alegarem imperativo de conscincia, entendendo-se como tal o decorrente de crenareligiosaedeconvicofilosficaoupoltica,paraseeximiremdeatividadesdecarteressencialmentemilitar.ALeino8.239/91regulamentaotema.Aobrigaoparacomoserviomilitarcomeanodia1o

    dejaneirodoanoemqueapessoacompletar18anosdeidade(Leino4.375/64,art.5o).

    Oalistamentoeleitoralobrigatrioparaosmaioresde18anos,sendofacultativoparaosmaioresde16emenoresde18anos(CF,art.14,1o,IeII,c).Destarte,muitaspessoasqueestonaiminnciadeprestarserviomilitarjgozamdosdireitospolticos,encontrando-sealistadascomoeleitores.Masficaro privadas dessesmesmos direitos caso se recusem a prestar o servio ou a cumprir obrigaoalternativa.Nesse caso, a suspensodosdireitos polticos s cessar como cumprimento, a qualquertempo,dasobrigaesdevidas(Leino8.239/91,art.4o,2o).Todavia,seaquelequeserecusaaprestarserviomilitaroualternativoaindanoestiveralistadocomoeleitor,noseresseumcasodesuspensonem de perda de direitos polticos, mas, sim, de impedimento. Conforme acentuado, o impedimentoconsiste em obstculo aquisio de direitos. Estar, pois, impedido de se tornar cidado, at querealizeaobrigaoalternativa.

    Outrahiptesedesuspensodedireitospolticosprevistanoartigo15,V,daConstituio.Trata-sedaimprobidadeadministrativa.Emmonografiasobreotema(GOMES,2002,p.245,254),registreique a improbidade consiste na aodesvestidadehonestidade, deboa-f e lealdadepara como enteestatal,compreendendoosatosque,praticadosporagentepblico,feremamoralidadeadministrativa.

    Prev o artigo 37, 4o, da Lei Maior: Os atos de improbidade administrativa importaro asuspenso dos direitos polticos, a perda da funo pblica, a indisponibilidade dos bens e oressarcimentoaoerrio,naformaegradaoprevistasemlei,semprejuzodaaopenalcabvel.EssedispositivofoiregulamentadopelaLeino8.429/92,queestabelecetrsespciesdeatosdeimprobidade:osqueimportamenriquecimentoilcito(art.9o),osquecausamlesoaopatrimniopblico(art.10)eosqueatentamcontraosprincpiosdaAdministraoPblica(art.11).

    Comoconsequnciadaaomproba,oartigo12danormaemapreoestipulavriassanes,entreasquaisdestaca-seasuspensodedireitospolticosporatdezanos.Transitandoemjulgadosentenajudicialquecondenealgumpelaprticadeatodessanatureza,cpiadeladeveserencaminhadaaojuizeleitoralparaosregistrosdevidos.Ultrapassadoaquelelapso,volta-seausufruirdosdireitospolticos.

    O conhecimento e o julgamento de aes de improbidade administrativa encontram-se afetos JustiaComumFederalouEstadual,noEleitoral.Note-se,porm,que,emcertassituaes,osfatos

  • quefundamentamaodeimprobidadepodemigualmenteembasaraoeleitoral,estadecompetnciadaJustiaEleitoral.Acondenaoporimprobidadeapresentanaturezacivil-administrativa.Diferentementedo que ocorre com a condenao criminal, a suspenso dos direitos polticos deve vir expressa nasentena que julgar procedente o pedido inicial.Reza o artigo 20 daLei no 8.429/92 que a perda defunopblicaeasuspensodedireitospolticossseefetivamcomotrnsitoemjulgadodasentenacondenatria.

  • 2.1 CONCEITOEFUNDAMENTODODIREITOELEITORAL

    Direito Eleitoral o ramo do Direito Pblico cujo objeto so os institutos, as normas e osprocedimentosqueregulamoexercciododireitofundamentaldesufrgiocomvistasconcretizaodasoberaniapopular,validaodaocupaodecargospolticose legitimaodoexercciodopoderestatal.

    SegundoMaligner (2007, p. 11), o Eleitoral o ramo doDireito que permite conferir contedoconcreto aoprincpioda soberaniapopular (Cest donc labranchedudroit qui permetdedonneruncontenu concret laffirmation de principe suivant laquelle la souverainet nationale appartient aupeuple).ParaosprofessoresJean-YvesVincenteMicheldeVilliers (citadosporMaligner,2007,p.17), trata-sedoconjuntoderegrasquedefinemopoderdesufrgioeorganizamoseuexerccio(pardroit lectoral, il faut entendre lensemble des rgles qui dfinissent le pouvoir de suffrage et enamnagentlexercice).

    Depois de assinalar que o objetivo da legislao eleitoral sempre lograr la autenticidad decualquier eleccin, a jurista portenha Pedicone de Valls (2001, p. 88, 94, 95) reala o grandedesenvolvimentoqueoDireitoEleitoraltemexperimentadonasdemocraciascontemporneas.Asseveraquese temformadounaespeciedederechoelectoralcomn(o transnacional),queobedecea igualesprincipios generales y se proyeta, por eso, en todos los ordenamientos que pertenecen al Estado deDerecho constitucional democrtico. Para ela, o Direito Eleitoral constitui el conjunto de normasreguladorasdelatitularidadydelejerciciodelderechoalsufragio,activoypasivo;delaorganizacinde la eleccin; del sistema electoral; de las instituciones y los organismos que tienen a su cargo eldesarrollodelprocesoelectoral,ydelcontrolde la regularidaddeeseprocesoy laveracidaddesusresultados.

    Aobservnciadospreceitoseleitoraisconferelegitimidadeaeleies,plebiscitosereferendos,oque ensejao acessopacfico, semcontestaes, aos cargos eletivos, tornandoautnticosomandato, arepresentaopopulareoexercciodopoderpoltico.

    Entre os bens jurdico-polticos resguardados por essa disciplina, destacam-se a democracia, alegitimidadedoacessoedoexercciodopoderestatal,arepresentatividadedoeleito,asinceridadedas

  • 2.2

    eleies,anormalidadedopleitoeaigualdadedeoportunidadesentreosconcorrentes.

    Insere-se o Eleitoral nos domnios doDireito Pblico Interno. Como se sabe,Direito Pblico aquelecujasrelaes envolvemaparticipaodoEstado,comopoderpolticosoberano.Trata-se docomplexodenormas e princpios jurdicosqueorganiza as relaes entre entes pblicos, estrutura osrgoseosserviosadministrativos,organizaoexercciodasatividadespoltico-administrativas,tudovista do interesse pblico e do bem comum. O Direito Eleitoral justificado pelo prprio regimedemocrtico.

    Observa Viana Pereira (2008, p. 15) que, apesar de se apresentar como conjunto normativoorganizadordadelegaoconsentidadoexercciodopoder,oDireitoEleitoralparecetersemantidonapenumbra, em um territrio fosco em que predomina uma espcie de desprezo terico, e mesmolegislativo,relativamenteavriosdeseusinstitutos.

    Deveras, uma apreciao crtica revela que oDireito Eleitoral, como cincia, ainda se encontraempenhadonodesenvolvimentodeseumtodoecontedo.Comosesabe,omtodocientficosempreoracional,fundadonarazologos,sendoessaabasefundamentalparaaexplicaodefenmenoseresoluodeconflitos.imprescindvel,portanto,oempregodeargumentaolgica,aapresentaodemotivaoracionaleademonstraodecausaseefeitos.Isso,porm,nemsempreseapresentanessaseara, onde no incomum que a argumentao lgico-jurdica seja substituda por merosinconformismosouevidentessofismas. Issocontribuiparaodecisionismoeleitoral, bemcomoparaainseguranaquegrassanessaseara.Poroutrolado,noqueconcerneaocontedo,aindapairamalgumasincertezas como a de saber se amatria atinente a partidos polticos (o chamadoDireito Partidrio)integraounooDireitoEleitoral,ehtambmmuitaslacunas,oqueparticularmentegravenosmbitosprocessualedaresponsabilidadeeleitoral.

    Urge,pois,atualizaresseimportanteramodoconhecimento,demaneiraaatenderospostuladosdacinciajurdica,sobretudonoqueconcerneteoriajurdicaehermenuticacontemporneas.Emais:preciso que oDireito Eleitoral tenha eficcia social, propiciando respostas claras, efetivas e segurasparademandaseconflitossociopolticos. Isso implica ingente trabalhomultidisciplinar,noqualsejamlanadasasbasesdeumanovacinciaeleitoralquetenhamtodo,contedo,princpioseobjetivosbemdelinead