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Dir Empresarial - Falimentar ___________________________________________________________________________________________________ _____________________ FALÊNCIA (Lei 11.101-2005) Histórico Corporações, Atos de Comércio (1808-Cód.Comercial Francês) e Teoria da Empresa (1942-Cód.Com.Italiano) o 1ª. fase: confusão de execução (não havia distinção entre pessoa física e jurídica). Execução pode recair sobre o patrimônio ou, não sendo suficiente, sobre a própria pessoa (força de trabalho: escravo; ou até pagando com a vida). Autotutela. o 2ª. fase: Direito Romano (o Estado chama para si a jurisdição). A execução recai somente sobre o patrimônio. o 3ª. fase: Código Comercial Francês (Código Napoleônico) - 1808. Falência é instituto próprio de comerciante. Distinção entre o bom falido (não utilizou de má-fé) e o mau falido (intenção de dar o golpe na praça; fraudulento; crime falimentar pena impedindo reabertura de nova atividade por 10 anos). Conceitos: o Insolvência : é o instituto que denuncia que existe patrimônio menor do que obrigações a pagar. DIFERENTE de Impontualidade, que é o atraso no pagamento das obrigações. o Falência (falere, italiano – faltar): é um processo de execução coletiva contra empresário(a) devedor insolvente, o qual tem por objetivo resguardar os interesses (direitos) dos credores na medida do que for levantado com o patrimônio remanescente. Outros nomes usados: Bancarrota (banco roto, francês banco que quebrava); Quebra. o Recuperação de empresa : é o instituto jurídico por meio do qual o empresário(a), em dificuldade econômico-financeira, pleiteia junto aos seus credores a possibilidade de colocar em prática um plano de recuperação visando afastar a sua crise. Natureza Jurídica: o Falência : tem natureza sui generis pois recebe influência de vários segmentos do Direito (empresarial, penal, processual); o Recuperação de empresa : contratual (há um consenso entre o devedor e os credores, aceitando o plano de recuperação e trocando as dívidas por novas obrigações) Legitimados o Ativos : são os que podem requerer o falência (art. 97): credores (exceção: o Estado não pode requerê-la); o próprio (auto-falência) sócios (por decisão de assembléia ou por qualquer dos sócios em juízo); cônjuge, herdeiros ou inventariante o recuperação judicial (art. 48): o próprio empresário ou sociedade empresária cônjuge supérstite, herdeiros ou inventariante o Passivos (art. 1º): o empresário ou a sociedade empresária (tanto para falência como para recuperação). Excluídos (da aplicação da Lei 11.101): sociedades simples, pessoa física, empresa pública ou sociedade de economia mista; seguradoras, administradoras de consórcios, administradora de planos de saúde, sociedades de capitalização, cooperativas de crédito e instituições Victor Hugo – Uniceub – 6º. sem 1

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FALÊNCIA (Lei 11.101-2005) Histórico

Corporações, Atos de Comércio (1808-Cód.Comercial Francês) e Teoria da Empresa (1942-Cód.Com.Italiano)o 1ª. fase: confusão de execução (não havia distinção entre pessoa física e jurídica). Execução pode recair sobre

o patrimônio ou, não sendo suficiente, sobre a própria pessoa (força de trabalho: escravo; ou até pagando com a vida). Autotutela.

o 2ª. fase: Direito Romano (o Estado chama para si a jurisdição). A execução recai somente sobre o patrimônio.o 3ª. fase: Código Comercial Francês (Código Napoleônico) - 1808. Falência é instituto próprio de comerciante.

Distinção entre o bom falido (não utilizou de má-fé) e o mau falido (intenção de dar o golpe na praça; fraudulento; crime falimentar pena impedindo reabertura de nova atividade por 10 anos).

Conceitos:o Insolvência : é o instituto que denuncia que existe patrimônio menor do que obrigações a pagar.

DIFERENTE de Impontualidade, que é o atraso no pagamento das obrigações.o Falência (falere, italiano – faltar): é um processo de execução coletiva contra empresário(a) devedor

insolvente, o qual tem por objetivo resguardar os interesses (direitos) dos credores na medida do que for levantado com o patrimônio remanescente. Outros nomes usados: Bancarrota (banco roto, francês banco que quebrava); Quebra.

o Recuperação de empresa : é o instituto jurídico por meio do qual o empresário(a), em dificuldade econômico-financeira, pleiteia junto aos seus credores a possibilidade de colocar em prática um plano de recuperação visando afastar a sua crise.

Natureza Jurídica:o Falência : tem natureza sui generis pois recebe influência de vários segmentos do Direito (empresarial, penal,

processual);o Recuperação de empresa : contratual (há um consenso entre o devedor e os credores, aceitando o plano de

recuperação e trocando as dívidas por novas obrigações) Legitimados

o Ativos : são os que podem requerer o falência (art. 97):

credores (exceção: o Estado não pode requerê-la); o próprio (auto-falência) sócios (por decisão de assembléia ou por qualquer dos sócios em juízo); cônjuge, herdeiros ou inventariante

o recuperação judicial (art. 48): o próprio empresário ou sociedade empresária cônjuge supérstite, herdeiros ou inventariante

o Passivos (art. 1º): o empresário ou a sociedade empresária (tanto para falência como para recuperação).Excluídos (da aplicação da Lei 11.101): sociedades simples, pessoa física, empresa pública ou sociedade de economia mista; seguradoras, administradoras de consórcios, administradora de planos de saúde, sociedades de capitalização, cooperativas de crédito e instituições financeiras – art. 2º. Para alguns desses casos existem leis específicas de liquidação (por exemplo: Lei 6.024-74, lei de intervenção e liquidação extrajudicial de instituições financeiras). Inexistindo lei específica, alguns juízes entendem que se pode aplicar a Lei 11.101.

Art. 97. Podem requerer a falência do devedor: I – o próprio devedor, na forma do disposto nos arts. 105 a 107 desta Lei; II – o cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o inventariante; III – o cotista ou o acionista do devedor na forma da lei ou do ato constitutivo da sociedade; IV – qualquer credor. § 1o O credor empresário apresentará certidão do Registro Público de Empresas que comprove a regularidade de suas atividades. § 2o O credor que não tiver domicílio no Brasil deverá prestar caução relativa às custas e ao pagamento da indenização de que trata o art. 101 desta Lei.

Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que atenda aos seguintes requisitos, cumulativamente: I – não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado, as responsabilidades daí decorrentes; II – não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial; III – não ter, há menos de 8 (oito) anos, obtido concessão de recuperação judicial com base no plano especial de que trata a Seção V deste Capítulo; IV – não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei.

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Parágrafo único. A recuperação judicial também poderá ser requerida pelo cônjuge sobrevivente, herdeiros do devedor, inventariante ou sócio remanescente.

Art. 1o Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária, doravante referidos simplesmente como devedor.

Competência:o Em razão da matéria: Justiça Estadual juízo falimentar (nas praças que dispõe de vara falimentar) ou juízo

cível (onde não dispõe de vara falimentar). o Em razão do lugar: principal estabelecimento do devedor (nem sempre é a matriz).

* Principal estabelecimento: é considerado aquele que congrega o maior volume de bens e negócios do falido.* Quando não for possível determinar qual o principal estabelecimento, o primeiro juízo que receber se torna

prevento. Requisitos (elementos ensejadores) – art. 94 – são elementos que denunciam um possível estado de insolvência. É

preciso provar um deles para que seja requerida a falência (mas não quer dizer que a existência de um desses elementos a insolvência realmente se configure):o Impontualidade injustificada:

o Títulos não pagos > 40 SM: títulos executivos (judiciais ou extrajudiciais) cujo montante ultrapasse 40 salários mínimos, de um ou vários credores (se um único credor não disponha desse valor, poderá se juntar a outros para atingir o valor, formando-se litisconsórcio ativo)

o protesto: os títulos executivos extrajudiciais necessitam estarem protestados;o execução frustrada (sem valor mínimo legal): diante de uma execução não paga, não faz depósito, não

nomeia bens à penhora (ocorrendo isso, o credor pode obter uma certidão diante do juízo da execução, para pedir a falência);

o atos de falência:o liquidação precipitada dos ativos ou meios ruinosos/fraudulentos para realizar pagamentos (ex:

contrato vultoso com parente para desviar recursos da empresa) o negócio simulado ou alienações a terceiros;o transfere estabelecimento sem consentimento de todos os credores, sem reserva para solver o passivo;o simula transferência do principal estabelecimento para burlar legislação, fiscalização e credores;o dá ou reforça garantia a um credor de dívida anterior, sem reserva para solver os demais;o ausenta-se/abandona/oculta-se sem deixar representante e recursos;o passando por recuperação judicial, deixa de cumprir obrigações no prazo estabelecido.

Art. 94. Será decretada a falência do devedor que: I – sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência; II – executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal; III – pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de recuperação judicial: a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio ruinoso ou fraudulento para realizar pagamentos; b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar pagamentos ou fraudar credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou não; c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento de todos os credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo; d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de burlar a legislação ou a fiscalização ou para prejudicar credor; e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar com bens livres e desembaraçados suficientes para saldar seu passivo; f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes para pagar os credores, abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu domicílio, do local de sua sede ou de seu principal estabelecimento; g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de recuperação judicial. § 1o Credores podem reunir-se em litisconsórcio a fim de perfazer o limite mínimo para o pedido de falência com base no inciso I do caput deste artigo. § 2o Ainda que líquidos, não legitimam o pedido de falência os créditos que nela não se possam reclamar. § 3o Na hipótese do inciso I do caput deste artigo, o pedido de falência será instruído com os títulos executivos na forma do parágrafo único do art. 9o desta Lei, acompanhados, em qualquer caso, dos respectivos instrumentos de protesto para fim falimentar nos termos da legislação específica. § 4o Na hipótese do inciso II do caput deste artigo, o pedido de falência será instruído com certidão expedida pelo juízo em que se processa a execução. § 5o Na hipótese do inciso III do caput deste artigo, o pedido de falência descreverá os fatos que a caracterizam, juntando-se as provas que houver e especificando-se as que serão produzidas.

PEDIDO DA FALÊNCIA o Requerida por terceiro (credor, sócio, cônjuge, herdeiro

o Petição: requisitos no CPC-art. 282;Victor Hugo – Uniceub – 6º. sem2

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o Documentos: procuração ao advogado, prova da legitimidade ativa: sujeito juridicamente capaz (sociedade comum não pode pedir falência de outra sociedade, pois aquela é apenas de fato, não tendo personalidade jurídica), prova do requisito ensejador da falência (art. 94 – incisos);

o Rito: litigiosoo Requerida pelo próprio (empresário)

o Petição : requisitos no CPC-art. 282;o Documentos : art. 105 documentos contábeis dos últimos 3 anos, relação de credores, relação dos bens

e direitos, prova de condição de empresário (certidão de regularidade junto à Junta Comercial; se não houver, indicação dos sócios, endereços e bens neste último caso trata-se de sociedade comum, em que os sócios respondem solidariamente; ou seja SOCIEDADE COMUM PODE REQUERER SUA PRÓPRIA FALÊNCIA), livros obrigatórios exigidos em lei, relação dos administradores dos últimos 5 anos;

o Informações: razões da impossibilidade de prosseguimento da atividade empresarial;o Rito: não litigioso.

DEFESA DO REQUERIDO o Citação e prazo para manifestação – art. 98: citado, o requerido tem 10 dias para apresentar contestação,

requerer o depósito elisivo ou fazer o pedido de recuperaçãoo Alegações de defesa

o Alegações de ordem processual: CPC-art. 301 (inexistência ou nulidade da citação, incompetência absoluta, inépcia da petição inicial, perempção, litispendência, coisa julgada, conexão, convenção de arbitragem, carência de ação, etc.). Quando uma pessoa estrangeira faz o pedido de falência, é exigida uma caução. Caso não seja feita a caução é motivo de alegação de defesa para extinção da ação

o Alegações de ordem material – art. 96: quando requerida a falência com base no Art. 94-I pode utilizar das alegações do art. 96, apresentadas em contestação (peça escrita): Título falso; Prescrição do título; Nulidade da obrigação ou do título; Pagamento da dívida; Qualquer fato que extinga, suspenda a obrigação ou não legitime a cobrança (ex: duplicata fria; títulos

relativos a operações canceladas); Vício em protesto ou seu instrumento; Apresentação de pedido de recuperação judicial. cessação das atividades empresariais há mais de 2 anos devidamente baixada na Junta Comercial (se

encerrou as atividades, mas não deu baixa, continua sujeito à falência)ALGUMAS SITUAÇÕESPode ocorrer de, solicitada a falência com base em vários títulos, a exclusão de alguns com base nos motivos acima, faz com que o valor total não atinja 40 SM a falência é denegada.Mesmo com atividades encerradas há mais de 2 anos devidamente baixada, havendo provas a respeito de fraudes contra credores, pode-se requerer a desconsideração da personalidade jurídica e requerer a falência.

o Depósito Elisivo – art. 98 § único: é o depósito realizado pelo requerido com a finalidade de afastar a declaração de falência. Objetiva evitar a decretação da falência.o Cabimento: se o pedido for embasado no art. 94-I e II (falta de pagamento ou execução frustrada); no

entanto se for requerida por atos de falência (art. 94-III) não é cabível o depósito elisivo;o Valor: valor do crédito requerido + honorários advocatícios +despesas de protesto + despesas de cobrança

+ correção monetária + juroso Conseqüências:

Devedor faz depósito e apresenta contestação: o juiz denega a falência e julga a relação creditícia em face da situação apresentada, liberando o depósito ao requerente (credor) ou ao requerente;

Devedor faz depósito e não apresenta contestação: o juiz denega a falência e libera o levantamento do depósito ao requerente (credor);

Devedor NÃO faz depósito, mas apresenta contestação: o juiz vai julgar o pedido de falência e a sentença pode ser DECLARATÓRIA (acatando a falência) ou DENEGATÓRIA (afastando a falência);

Devedor NÃO faz depósito e não apresenta contestação: o juiz declara a falência por revelia do requerido – SENTENÇA DECLARATÓRIA.

o Pedido de Recuperação (Judicial): se for acolhido o pedido, afasta-se a falência. Depois que o empresário tem sua falência declarada pode requerer a recuperação judicial dentro do prazo de defesa (apelação) – 10 dias.

CONCLUSÃO AO JUÍZO

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DECISÃO/SENTENÇA o Conceito: ato jurisdicional por meio do qual o juiz põe fim à fase de conhecimento do direito alegado (não põe

fim ao processo, pois é passível de recursoo Elementos:

o Relatório: relato do pedido eo Fundamentação: lei, jurisprudência, linha doutrinária que fundamenta o dispositivo.o Dispositivo

o Sem julgamento do mérito – CPC-art. 267o Motivos listados no art. 267 do CPC. o Outros:

Confusão entre autor e réu: pode ocorrer no caso de substituição societária (nunca no caso de transferência do estabelecimento);

Se o requerente não apresentar a documentação necessária;o Com julgamento do mérito – CPC-art. 269-I

o DENEGATÓRIA : rejeitando o pedido do autor Natureza jurídica: DECLARATÓRIA (declara que a empresa não se encontra falida). Causas:

Depósito elisivo Prova/alegação do art. 301 do CPC (alguns casos) Prova/alegação do art. 96 da LF

Efeito: não houve falência; Pedido de indenização por dano – LF-art. 101: cabível nos casos de pedido de falência por dolo

(ex: para prejudicar a imagem do requerido) pode ser por reconvenção/pedido contraposto na contestação (danos morais e até materiais) ou através de uma ação indenizatória autônoma após a sentença denegatória.

Art. 101. Quem por dolo requerer a falência de outrem será condenado, na sentença que julgar improcedente o pedido, a indenizar o devedor, apurando-se as perdas e danos em liquidação de sentença. § 1o Havendo mais de 1 (um) autor do pedido de falência, serão solidariamente responsáveis aqueles que se conduziram na forma prevista no caput deste artigo. § 2o Por ação própria, o terceiro prejudicado também pode reclamar indenização dos responsáveis.

o DECLARATÓRIA (sentença falimentar)– art. 99: acolhendo o pedido do autor (não é vista como uma sentença, mas como uma decisão interlocutória.

Natureza: CONSTITUTIVA pois constitui uma nova relação jurídica entre o falido e os credores. O falido não mais pode dispor de seus bens, não pode contrair obrigações, não pode desenvolver atividades empresariais. Os devedores não podem mais cobrar e executar seus haveres (devem habilitar seus créditos junto à massa falida).

Conteúdo: Síntese do pedido, identificação do falido e seus administradores; Termo legal (art. 99-II): é o período que antecede à declaração de falência, o qual é

definido pelo juiz e tem por finalidade estabelecer o período em que o administrador judicial fará uma investigação minuciosa (espécie de auditoria) nas contas, documentos e contratos do falido, visando, com isso, diagnosticar atos ineficazes ou revogáveis. Pode retroagir a até 90 dias de um destes 3 marcos conforme decisão do juiz:o Do pedido de falência (nesse caso o termo legal abrange o período que antecede o

pedido de falência e também do pedido até a sentença) – ex: pedido em 10-04-2011, sentença em 15.08.2011 e termo legal de 90 dias do pedido de falência: o termo legal iria de 10-01-2011 a 15.08.2011;

o Do pedido de recuperação judicial (mesma contagem acima) – no exemplo acima, suponha que a empresa vinha passando por recuperação judicial e o pedido de recuperação tenha ocorrido em 12.05.2010; a sentença em 15.08.2011 e termo legal de 90 dias do pedido de recuperação: o termo iria de 10.01.2010 a 15.08.2011;

o Do 1º protesto por falta de pagamento nos pedidos de falência requeridos com base no art. 94-I

IMPORTANTE: é incorreto afirmar que o termo legal não poderá ter mais de 90 dias, pois como nos exemplos acima ele se estenderá até a decretação da falência.

Lista dos credores: ordena que o falido apresente a lista em 5 dias sob pena de crime de desobediência – CP-art. 330 (se for auto-falência a lista já foi apresentada no pedido – art. 105);

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Prazo para habilitação dos créditos (15 dias): na verdade ele só reforça o prazo previsto no § 1o do art. 7º;

Suspensão de ações e execuções: todos os créditos serão pagos via massa falida.Exceções: o EXECUÇÕES fiscais;o AÇÕES trabalhistas (todos os trabalhadores que tenham ações trabalhistas em curso

ou entrarem com ações após a falência, continuarão com suas ações em curso até o trânsito em julgado, quando deverão habilitar seus créditos na massa falida); as EXECUÇÕES trabalhistas também serão suspensas e deverão habilitar-se na massa falida;

o ações que demandem quantias ILÍQUIDAS (a ação continuará até a determinação do valor – liquidez, quando também deverá ser habilitado o crédito na massa falida);

Suspensão de ações e execuções: todos os créditos serão pagos via massa falida. Suspensão de atos de disposição ou oneração de bens do falido. Exceções dependem

de autorização judicial (ex: continuação provisória dos negócios); Diligências para preservar o patrimônio remanescente (ex: prisão preventina do falido

ou administradores se estiverem causando óbices à falência); Anotação da falência na Junta Comercial (Junta Comercial deve informar ao DNRC que

alimenta o Cadastro Nacional – com isso todas as Juntas Comerciais tomam conhecimento, impedindo a abertura de empresa em outros Estados): a anotação é mantida até que o falido se torna reabilitado (não tem relação com o encerramento do processo de falência);

Nomeará administrador judicial (é o antigo síndico da massa falida); Oficiar órgãos públicos e entidades sobre existência de bens e direitos do falido (ex:

cartórios de registros de imóveis, DETRANs, INPI); Pronunciar sobre continuidade provisória (por administrador judicial) ou lacração dos

negócios; Convocação de Assembléia Geral: Comitê de Credores: se o juiz julgar necessário

geralmente em empresas de grande porte (pode aproveitar o Comitê da recuperação judicial, se existente);

Intimação do MP e cartas às Fazendas Públicas Federal, Estaduais e Municipais de todas as localidades onde o falido tiver estabelecimento.

Publicação – art. 99- § 1º: por edital, na integra, no Diário Oficial (obrigatória) e, se houver disponibilidade de caixa em veículos de grande circulação (despesas de publicação: pagas pela massa falida);

FASES DO PROCESSO FALIMENTAR: o 1ª – fase conhecimento (se encerra com a sentença que declara a falência);o 2ª - fase execução coletiva (é a falência propriamente dita);o 3ª - fase reabilitação (se encerra com a sentença que extingue as obrigações).

SÓCIO DE RESPONSABILIDADE ILIMITADA: também pode ser considerado falido.

RECURSOSo Em face da sentença DENEGATÓRIA:

o Apelação, em 15 dias;o Legitimidados a recorrer: MP, credores; também é possível ao devedor por exemplo para apelar de

eventual indenização;o Em face da sentença DECLARATÓRIA:

o Agravo por Instrumento – art. 100 (regra própria da Lei Falimentar): como a sentença declaratória na verdade não está encerrando o processo, ela é tida como uma decisão interlocutória, daí o recurso do AGRAVO e não APELAÇÃO. O agravo de instrumento é admitido quando a decisão pode causar prejuízos de difícil reparação.

o Prazo: 10 dias;o Legitimidados: MP, credores e o próprio falido; o falido não recorrerá apenas para mudar para

denegatória, mas para pedir a reforma em parte da sentença (ex: não concordar com o administrador judicial nomeado;

o Embargos de declaração: sanear a obscuridade ou pedir a correção de erro material. Cabe tanto em face da sentença denegatória como da declaratória.

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EFEITOS (da decretação da falência)o Em relação aos CREDORES:

o Vencimento antecipado dos créditos ante a massa falida - art. 77. Todos os créditos vencidos e não vencidos podem ser habilitados na massa falida. Os sócios de responsabilidade ilimitada, em conseqüência da falência da sociedade, também serão considerados falidos e, portanto, também sofrerão esse efeito (antecipação de vencimento das obrigações)– art. 81 Exceções:

Obrigações subordinadas a condição suspensiva – CC-art. 121: somente com o cumprimento da condição a obrigação torna-se exigível;

Obrigações solidárias frente aos terceiros (consórcio de 3 empresas - construtora, concreteira e de mão-de-obra - para construção de um hipermercado; a concreteira faliu; falta um ano para o vencimento do contrato; a rede de hipermercado somente pode cobrar antecipadamente da concreteira, que está falida; para executar os 3 somente após o vencimento do contrato); ou seja, o credor somente pode habilitar seu crédito, antecipando-o, ante a massa falida; para os demais co-obrigados deverá aguardar o vencimento da obrigação.

o Suspensão dos juros - art. 124: inclue-se os juros até a decretação da falência; após a decretação da falência não incide mais juros. Os juros posteriores irão para a 7ª. classe de prioridade Exceções:

Debêntures Garantia real

o Suspensão das ações e execuções movidas contra o falido - art. 99-V; Exceções:

Ações trabalhistas, Execuções fiscais Ações que demandam quantias ilíquidas.

Art. 77. A decretação da falência determina o vencimento antecipado das dívidas do devedor e dos sócios ilimitada e solidariamente responsáveis, com o abatimento proporcional dos juros, e converte todos os créditos em moeda estrangeira para a moeda do País, pelo câmbio do dia da decisão judicial, para todos os efeitos desta Lei.

Art. 81. A decisão que decreta a falência da sociedade com sócios ilimitadamente responsáveis também acarreta a falência destes, que ficam sujeitos aos mesmos efeitos jurídicos produzidos em relação à sociedade falida e, por isso, deverão ser citados para apresentar contestação, se assim o desejarem. § 1o O disposto no caput deste artigo aplica-se ao sócio que tenha se retirado voluntariamente ou que tenha sido excluído da sociedade, há menos de 2 (dois) anos, quanto às dívidas existentes na data do arquivamento da alteração do contrato, no caso de não terem sido solvidas até a data da decretação da falência. § 2o As sociedades falidas serão representadas na falência por seus administradores ou liquidantes, os quais terão os mesmos direitos e, sob as mesmas penas, ficarão sujeitos às obrigações que cabem ao falido.

CC - Art. 121. Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto.

Art. 124. Contra a massa falida não são exigíveis juros vencidos após a decretação da falência, previstos em lei ou em contrato, se o ativo apurado não bastar para o pagamento dos credores subordinados. Parágrafo único. Excetuam-se desta disposição os juros das debêntures e dos créditos com garantia real, mas por eles responde, exclusivamente, o produto dos bens que constituem a garantia.

Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras determinações:V – ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o falido, ressalvadas as hipóteses previstas nos §§ 1o e 2o do art. 6o desta Lei;

o Em relação aos DEVEDOR :o Suspensão da prescrição – art. 6º: enquanto a falência estiver em curso suspende-se a prescrição das

obrigações do falido. Com o encerramento da falência encerra-se a suspensão da prescrição:

Se o falido conseguiu pagar todos ou mais de 50% dos quirografários: todas as obrigações consideram-se prescritas com o trânsito em julgado da sentença de encerramento da falência; o falido já pode pedir a sua reabilitação;

Se não conseguiu atender ao acima: todas as obrigações passam a ter prazo de prescrição de 5 anos a partir do trânsito em julgado da sentença de encerramento da falência;

Se o falido (ou sócio) por condenado por crime falimentar: o prazo prescricional se estende por mais 5 anos (total de 10 anos); só se aplica ao sócio condenado;

o Dissolução – CC-art. 1044: a falência é causa da dissolução da sociedade; no entanto, é mantido o registro na Junta Comercial com a indicação de FALIDA.

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Art. 6o A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário.

CC-Art. 1.044. A sociedade se dissolve de pleno direito por qualquer das causas enumeradas no art. 1.033 e, se empresária, também pela declaração da falência.

o Inabilitação para o exercício empresarial – art. 102: abrange não só a empresa, como também o sócio que for considerado falido; para voltar a constituir empresa (reabilitação), tem que requerer ao juízo declaração de extinção das obrigações.

Art. 102. O falido fica inabilitado para exercer qualquer atividade empresarial a partir da decretação da falência e até a sentença que extingue suas obrigações, respeitado o disposto no § 1o do art. 181 desta Lei. Parágrafo único. Findo o período de inabilitação, o falido poderá requerer ao juiz da falência que proceda à respectiva anotação em seu registro.

o Descontinuidade do negócio (cessação das atividades de empresário; lacração do estabelecimento) – art. 99-IX e XI e 109: com a declaração da falência o juiz decreta a cessação das atividades empresariais. É possível que o juiz permita que alguma parte da empresa continue operando (deve constar expressamente da sentença):

Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras determinações:IX – nomeará o administrador judicial, que desempenhará suas funções na forma do inciso III do caput do art. 22 desta Lei sem prejuízo do disposto na alínea a do inciso II do caput do art. 35 desta Lei;XI – pronunciar-se-á a respeito da continuação provisória das atividades do falido com o administrador judicial ou da lacração dos estabelecimentos, observado o disposto no art. 109 desta Lei;Art. 109. O estabelecimento será lacrado sempre que houver risco para a execução da etapa de arrecadação ou para a preservação dos bens da massa falida ou dos interesses dos credores.

o Indisponibilidade dos bens – art. 103Art. 103. Desde a decretação da falência ou do seqüestro, o devedor perde o direito de administrar os seus bens ou deles dispor. Parágrafo único. O falido poderá, contudo, fiscalizar a administração da falência, requerer as providências necessárias para a conservação de seus direitos ou dos bens arrecadados e intervir nos processos em que a massa falida seja parte ou interessada, requerendo o que for de direito e interpondo os recursos cabíveis.

o Imposição de obrigações previstas no art. 104 : cabe ao(s) representante(s) legal(is) e aos sócios falidos também. O não cumprimento dessas obrigações pode ensejar crimes de DESOBEDIÊNCIA e/ou de RESPONSABILIDADE.

Art. 104. A decretação da falência impõe ao falido os seguintes deveres:I – assinar nos autos, desde que intimado da decisão, termo de comparecimento, com a indicação do nome, nacionalidade, estado civil, endereço completo do domicílio, devendo ainda declarar, para constar do dito termo:

a) as causas determinantes da sua falência, quando requerida pelos credores;b) tratando-se de sociedade, os nomes e endereços de todos os sócios, acionistas controladores, diretores ou

administradores, apresentando o contrato ou estatuto social e a prova do respectivo registro, bem como suas alterações;

c) o nome do contador encarregado da escrituração dos livros obrigatórios;d) os mandatos que porventura tenha outorgado, indicando seu objeto, nome e endereço do mandatário;e) seus bens imóveis e os móveis que não se encontram no estabelecimento;f) se faz parte de outras sociedades , exibindo respectivo contrato;g) suas contas bancárias, aplicações, títulos em cobrança e processos em andamento em que for autor ou réu ;

II – depositar em cartório, no ato de assinatura do termo de comparecimento, os seus livros obrigatórios, a fim de serem entregues ao administrador judicial, depois de encerrados por termos assinados pelo juiz;III – não se ausentar do lugar onde se processa a falência sem motivo justo e comunicação expressa ao juiz, e sem deixar procurador bastante, sob as penas cominadas na lei;IV – comparecer a todos os atos da falência, podendo ser representado por procurador, quando não for indispensável sua presença;V – entregar, sem demora, todos os bens, livros, papéis e documentos ao administrador judicial, indicando-lhe, para serem arrecadados, os bens que porventura tenha em poder de terceiros;VI – prestar as informações reclamadas pelo juiz, administrador judicial, credor ou Ministério Público sobre circunstâncias e fatos que interessem à falência;VII – auxiliar o administrador judicial com zelo e presteza;VIII – examinar as habilitações de crédito apresentadas; (EXERCE O PAPEL DE FISCAL)IX – assistir ao levantamento, à verificação do balanço e ao exame dos livros;X – manifestar-se sempre que for determinado pelo juiz;XI – apresentar, no prazo fixado pelo juiz, a relação de seus credores; - ART. 99-III (5 DIAS)XII – examinar e dar parecer sobre as contas do administrador judicial.Parágrafo único. Faltando ao cumprimento de quaisquer dos deveres que esta Lei lhe impõe, após intimado pelo juiz a fazê-lo, responderá o falido por crime de desobediência.

o Em relação aos BENS DO FALIDO :o Indisponibilidade dos bens – art. 103 o devedor perde o direito de administrar e dispor de seus bens.

Medida cautelar antes da decretação da falência seqüestro dos bens: se houver risco de desvio de bens. O administrador judicial fará a ARRECADAÇÃO dos bens da massa (inclusive os de terceiros que estiver

em poder da massa falida), fará a avaliação e ficará responsável pela guarda e conservação auto de arrecadação (inventário)

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Art. 103. Desde a decretação da falência ou do seqüestro, o devedor perde o direito de administrar os seus bens ou deles dispor. Parágrafo único. O falido poderá, contudo, fiscalizar a administração da falência, requerer as providências necessárias para a conservação de seus direitos ou dos bens arrecadados e intervir nos processos em que a massa falida seja parte ou interessada, requerendo o que for de direito e interpondo os recursos cabíveis.

o Comunicação dos bens pessoais dos sócios : se de RESPONSABILIDADE ILIMITADA, os seus bens são alcançáveis. O credor particular do sócio ilimitado poderá ser habilitar na massa falida – art. 20.

Art. 20. As habilitações dos credores particulares do sócio ilimitadamente responsável processar-se-ão de acordo com as disposições desta Seção.

Exceções: os previstos no art. 1659 do CC;o Comunicação dos bens pessoais do cônjuge (excluídos: CC-1659): depende do regime de comunhão de

bens: comunhão universal: abrange todos os bens do casal; comunhão parcial: em princípio atinge somente os bens do cônjuge adquiridos na constância do

casamento, entretanto se teve proveito durante a constância pode ser atingido (reformou o imóvel utilizando recursos da empresa falida);

separação total: em princípio não se comunica, a não ser que tirou proveito; participação final dos aquestos: em princípio não alcança, a não ser que tirou proveito

o Em relação aos CONTRATOS :o Gerais – art. 117 e 118:

Regra única para unilaterais e bilaterais podem ser mantidos se não ampliar o prejuízo (dívidas) da massa; os necessários podem ser mantidos mesmo ampliando o prejuízo. Caso contrário, deverão ser denunciados e não cabe pagamento de multa, se prevista no contrato (pois a decisão é amparada pela Lei – art. 117). Quem decide: o Administrador da Massa.

Unilaterais: mandato (procurações), doações; Bilaterais: locação, prestação de serviços, etc.

Art. 117. Os contratos bilaterais não se resolvem pela falência e podem ser cumpridos pelo administrador judicial se o cumprimento reduzir ou evitar o aumento do passivo da massa falida ou for necessário à manutenção e preservação de seus ativos, mediante autorização do Comitê. § 1o O contratante pode interpelar o administrador judicial, no prazo de até 90 (noventa) dias, contado da assinatura do termo de sua nomeação, para que, dentro de 10 (dez) dias, declare se cumpre ou não o contrato. § 2o A declaração negativa ou o silêncio do administrador judicial confere ao contraente o direito à indenização, cujo valor, apurado em processo ordinário, constituirá crédito quirografário.Art. 118. O administrador judicial, mediante autorização do Comitê, poderá dar cumprimento a contrato unilateral se esse fato reduzir ou evitar o aumento do passivo da massa falida ou for necessário à manutenção e preservação de seus ativos, realizando o pagamento da prestação pela qual está obrigada.

o Contratos sujeitos a regras especiais - EXCEÇÕES – art. 119: I. coisas revendidas: adquiridas pelo falido (ainda não pagas) e já comprovadamente revendidas

e em trânsito: o vendedor não pode obstar a entrega e o crédito resultante da venda deve ser habilitado na massa (ex: venda de piscina com entrega direta pela fábrica);

II. Coisas compostas - vendidas em partes pelo falido (para serem montadas – ex: silos, construção pré-moldada): se o administrador judicial resolver denunciar o contrato, o comprador pode devolver à massa falida as partes já recebidas e pedir perdas e danos (deve iniciar uma ação indenizatória e definido o quantum, habilita-o na massa falida);

III. Em prestações: entrega de coisa móvel ou prestação de serviços (com pagamento já feito) se ainda tiver como concluir o contrato, deve ser concluído; entretanto, não sendo possível, o credor deverá habilitar, na massa falida, o crédito relativo ao que ainda não recebeu ou não foi prestado;

IV. Coisas compradas com reserva de domínio (recebeu e não pagou tudo): se resolver não continuar o contrato, o Administrador judicial, ouvido o Comitê, pode restituir a coisa móvel, exigindo a devolução dos valores pagos ou abatendo o valor avaliado do bem na dívida (ex: compra de caminhão para fazer entrega – com a falência não interessa mais o caminhão Valor Financiado = 200 mil, Pagou = 80 mil, Falta = 120 mil, Caminhão vale = 100 mil, devolve o caminhão e fica devendo 20 mil o credor se habilita na massa em 20 mil; Em tempo: tratando-se de alienação fiduciária: o Banco nem precisaria aguardar a decisão do Administrador e já pedir o arresto do caminhão.

V. coisas vendidas a termo – cotação em bolsa: não cumprido o contrato com entrega da coisa o credor cobra a diferença de cotação entre o dia do contrato e do pagamento e habilita-se na massa falida; tem doutrinador que entende que essa diferença deve entre a cotação do dia contrato e da data em que efetivamente vier a receber o crédito (nesse caso, habilita o crédito provisório e depois emenda);

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VI. Promessa de compra e venda de imóveis: falido como promitente comprador, faz-se a rescisão sem incidência de multa, pois é rescisão legal; falido como promitente vendedor: se for benéfico pode ser mantido; senão deve ser rescindido, podendo ser até objeto de revogação por conluio com terceiros;

VIII – SFN: toda vez que o falido estiver diante de situação em que tiver crédito e débito (pode fazer uma compensação e, se restar, habilitar o débito remanescente na massa falida); essa compensação também pode ser aplicado a sistema de conta corrente existente entre empresas;

IX. Patrimônios de afetação: bens afetados pelo poder público serão separados até que cumpram sua finalidade

Art. 119. Nas relações contratuais a seguir mencionadas prevalecerão as seguintes regras: I – o vendedor não pode obstar a entrega das coisas expedidas ao devedor e ainda em trânsito, se o comprador, antes do requerimento da falência, as tiver revendido, sem fraude, à vista das faturas e conhecimentos de transporte, entregues ou remetidos pelo vendedor; II – se o devedor vendeu coisas compostas e o administrador judicial resolver não continuar a execução do contrato, poderá o comprador pôr à disposição da massa falida as coisas já recebidas, pedindo perdas e danos; III – não tendo o devedor entregue coisa móvel ou prestado serviço que vendera ou contratara a prestações, e resolvendo o administrador judicial não executar o contrato, o crédito relativo ao valor pago será habilitado na classe própria; IV – o administrador judicial, ouvido o Comitê, restituirá a coisa móvel comprada pelo devedor com reserva de domínio do vendedor se resolver não continuar a execução do contrato, exigindo a devolução, nos termos do contrato, dos valores pagos; V – tratando-se de coisas vendidas a termo, que tenham cotação em bolsa ou mercado, e não se executando o contrato pela efetiva entrega daquelas e pagamento do preço, prestar-se-á a diferença entre a cotação do dia do contrato e a da época da liquidação em bolsa ou mercado; VI – na promessa de compra e venda de imóveis, aplicar-se-á a legislação respectiva; VII – a falência do locador não resolve o contrato de locação e, na falência do locatário, o administrador judicial pode, a qualquer tempo, denunciar o contrato; VIII – caso haja acordo para compensação e liquidação de obrigações no âmbito do sistema financeiro nacional, nos termos da legislação vigente, a parte não falida poderá considerar o contrato vencido antecipadamente, hipótese em que será liquidado na forma estabelecida em regulamento, admitindo-se a compensação de eventual crédito que venha a ser apurado em favor do falido com créditos detidos pelo contratante; IX – os patrimônios de afetação, constituídos para cumprimento de destinação específica, obedecerão ao disposto na legislação respectiva, permanecendo seus bens, direitos e obrigações separados dos do falido até o advento do respectivo termo ou até o cumprimento de sua finalidade, ocasião em que o administrador judicial arrecadará o saldo a favor da massa falida ou inscreverá na classe própria o crédito que contra ela remanescer.

o Em relação aos ATOS DO FALIDO :INEFICAZES - art. 129 (rol taxativo) REVOGÁVEIS – art. 130-135

Não requer a prova do dolo Requer a prova do doloNão requer o conluio com terceiros Requer a prova de conluio com terceirosNão requer a prova do real prejuízo para a massa Requer a prova do real prejuízoNão requer ação própria (pode ser declarado até de ofício) – art. 129-parágrafo único – A decisão é uma decisão interlocutória (cabe agravo). Entretanto, se utilizada ação revocatória, a decisão será sentença.

Requer ação revocatóriaA decisão é uma sentença (cabe apelação)

Art. 129. São ineficazes em relação à massa falida, tenha ou não o contratante conhecimento do estado de crise econômico-financeira do devedor, seja ou não intenção deste fraudar credores: I – o pagamento de dívidas não vencidas realizado pelo devedor dentro do termo legal, por qualquer meio extintivo do direito de crédito, ainda que pelo desconto do próprio título; II – o pagamento de dívidas vencidas e exigíveis realizado dentro do termo legal, por qualquer forma que não seja a prevista pelo contrato; III – a constituição de direito real de garantia, inclusive a retenção, dentro do termo legal, tratando-se de dívida contraída anteriormente; se os bens dados em hipoteca forem objeto de outras posteriores, a massa falida receberá a parte que devia caber ao credor da hipoteca revogada; IV – a prática de atos a título gratuito, desde 2 (dois) anos antes da decretação da falência; V – a renúncia à herança ou a legado, até 2 (dois) anos antes da decretação da falência; VI – a venda ou transferência de estabelecimento feita sem o consentimento expresso ou o pagamento de todos os credores, a esse tempo existentes, não tendo restado ao devedor bens suficientes para solver o seu passivo, salvo se, no prazo de 30 (trinta) dias, não houver oposição dos credores, após serem devidamente notificados, judicialmente ou pelo oficial do registro de títulos e documentos; VII – os registros de direitos reais e de transferência de propriedade entre vivos, por título oneroso ou gratuito, ou a averbação relativa a imóveis realizados após a decretação da falência, salvo se tiver havido prenotação anterior. Parágrafo único. A ineficácia poderá ser declarada de ofício pelo juiz, alegada em defesa ou pleiteada mediante ação própria ou incidentalmente no curso do processo.

Prenotação = registro em cartório (ex: do contrato de promessa de compra e venda)

AÇÃO REVOCATÓRIA

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Prazo: 3 anos Legitimados ATIVOS: credores, Ministério Público, sócios (falido), Comitê de Credores,

Administrador Judicial; Legitimados PASSIVOS: todos aqueles que lograrem proveito com o ato (sócios,

administradores, parentes, herdeiros, conjugues sobreviventes, etc.); Competência: o próprio juiz falimentar; será processado em apenso aos autos falimentares; Efeito da decisão (sentença): a devolução dos bens ou valores à massa falida; Recurso: apelação.

Art. 130. São revogáveis os atos praticados com a intenção de prejudicar credores, provando-se o conluio fraudulento entre o devedor e o terceiro que com ele contratar e o efetivo prejuízo sofrido pela massa falida. Art. 131. Nenhum dos atos referidos nos incisos I a III e VI do art. 129 desta Lei que tenham sido previstos e realizados na forma definida no plano de recuperação judicial será declarado ineficaz ou revogado. Art. 132. A ação revocatória, de que trata o art. 130 desta Lei, deverá ser proposta pelo administrador judicial, por qualquer credor ou pelo Ministério Público no prazo de 3 (três) anos contado da decretação da falência. Art. 133. A ação revocatória pode ser promovida: I – contra todos os que figuraram no ato ou que por efeito dele foram pagos, garantidos ou beneficiados; II – contra os terceiros adquirentes, se tiveram conhecimento, ao se criar o direito, da intenção do devedor de prejudicar os credores; III – contra os herdeiros ou legatários das pessoas indicadas nos incisos I e II do caput deste artigo. Art. 134. A ação revocatória correrá perante o juízo da falência e obedecerá ao procedimento ordinário previsto na Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. Art. 135. A sentença que julgar procedente a ação revocatória determinará o retorno dos bens à massa falida em espécie, com todos os acessórios, ou o valor de mercado, acrescidos das perdas e danos. Parágrafo único. Da sentença cabe apelação. Art. 136. Reconhecida a ineficácia ou julgada procedente a ação revocatória, as partes retornarão ao estado anterior, e o contratante de boa-fé terá direito à restituição dos bens ou valores entregues ao devedor. § 1o Na hipótese de securitização de créditos do devedor, não será declarada a ineficácia ou revogado o ato de cessão em prejuízo dos direitos dos portadores de valores mobiliários emitidos pelo securitizador. § 2o É garantido ao terceiro de boa-fé, a qualquer tempo, propor ação por perdas e danos contra o devedor ou seus garantes. Art. 137. O juiz poderá, a requerimento do autor da ação revocatória, ordenar, como medida preventiva, na forma da lei processual civil, o seqüestro dos bens retirados do patrimônio do devedor que estejam em poder de terceiros. Art. 138. O ato pode ser declarado ineficaz ou revogado, ainda que praticado com base em decisão judicial, observado o disposto no art. 131 desta Lei. Parágrafo único. Revogado o ato ou declarada sua ineficácia, ficará rescindida a sentença que o motivou.

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A partir de 05.10.2011 – Prof. Marcelo Reis

ÓRGÃOS DA FALÊNCIA (E DA RECUPERAÇÃO)o JUIZ

o Competência – art. 3º.Art. 3o É competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir a recuperação judicial ou decretar a falência o juízo do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil.

o Presidência do processo; o Julgamento das impugnações de créditoo Homologação do quadro geral de credoreso Nomeação do administrador judicialo Convocação da Assembléia Geral de Credores – AGC (nem sempre é usual na falência, mas é importante

na recuperação judicial)o Despacho de processamento da Recuperação Judicial: autorização para que o devedor comece a negociar

com os credores os termos de um processo de recuperação (o devedor já ganha algumas vantagens: 180 dias de moratória, etc.)

o Concessão da recuperação: uma vez tudo negociado, é concedida a recuperação;o Decretação da falênciao Fixar remunerações

É dupla a função do juiz. Em primeiro lugar, ele é diretor direto dos procedimentos concursais; toma iniciativa, intimando pessoas várias a tomar medidas e pronunciar-se. Como superintendente, ele supervisiona o trabalho do administrador judicial e de outros órgãos dos procedimentos concursais. Embora a lei diz que ele exerça a “fiscalização”, na verdade ele exerce a “supervisão”. É ele quem nomeia o administrador judicial e o fará na própria sentença declaratória de abertura do procedimento concursal ou então determinará a constituição do Comitê de Recuperação. Na sentença, além da nomeação, o juiz determinará uma série de providencias, na qual se incluirão: a abertura de prazo para que os credores se manifestem, a fixação do termo legal, a suspensão das ações ou execuções contra a empresa em estado de crise econômico-financeira, a apresentação do laudo econômico-financeiro, a expedição de editais.

o MINISTÉRIO PÚBLICO o Veto do art. 4º - artigo vetado. Não é por falta de prever na Lei que o MP deixará de intervir no processo

de falência. O artigo previa a intervenção em TODA ação proposta pela massa falida ou contra ela. o Intimação do MP: obrigatória em todos os casos de decretação – art. 99-XIII. TJDFT entende que deve

haver a intimação já no recebimento do pedido.o Acompanhamento pelo MP: normalmente nas falências de micro e pequenas empresas não há interesse

de acompanhamento; nas médias e grandes há maior interesse;o Impugnação de créditos – art. 19: da relação de credores publicada pelo Administrador Judicial, o MP

pode impugnar determinados créditos. Pode impugnar a legitimidade (excluir o crédito), o valor (alterando-o por estar incorreto) ou a classificação (alterando-o para a classificação correta. Ex: quirografário incluído na relação como se tivesse garantia);

o Legitimação aos recursos – art. 59 § 2º: o MP é legitimado aos recursos (tanto de sentença denegatórias como declaratórias)

o Impugnação da relação de credores – art. 8º: declarada a falência, os credores tem 15 dias para habilitarem seus créditos, a partir daí o Administrador Judicial tem 45 dias para pubicar a Relação de Credores definitiva; se for auto-falência, a relação de credores já deve ser apresentada na petição inicial; ambas as relações (apresentada na petição inicial ou publicada pelo Administrador) podem ser impugnadas pelo MP (aqui se fala em impugnação da relação e não de determinados créditos);

o Requerimento de substituição ou destituição do Administrador Judicial – art. 30 § 2º: se comete alguma falha leve pode solicitar a substituição; se for falta grave pode solicitar a destituição. O MP apresenta pedido ao Juiz com as provas respectivas.

o Legitimado a propor ação revogatória – art. 132: o Destinatário da intimação acerca da alienação dos bens da massa – art. 142 - § 7º: principalmente

quando se tratar de imóveis (bens de pequeno valor não precisa intimar o MP);o Impugnação da alienação do ativo – art. 143:o Oferecimento de denúncia do crime falimentar – art. 187 e parágrafoso Requerimento de substituição ou destituição de membros do Comitê de Credores – art. 30 § 2º:o Solicitação de informações ao falido – art. 104-VI: O MP pode solicitar informações ao falido e este deve

prestá-las sob pena de desobediência.o Auxiliar o Juiz: legalmente não existe essa incumbência, mas é considerada esta função. Fiscalizando,

conferindo os cálculos, etc.

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o Proposição da ação penal cabível (falimentar): o MP é o órgão competente para propor essa ação, por ser pública e incondicionada. Quem julgará é o Juiz da Vara Criminal.

o ADMINISTRADOR JUDICIAL – art. 21: o Profissional idôneo, de confiança do Juiz (preferencialmente das áreas de direito, economia,

contabilidade ou administração de empresas); tem prioridade para recebimento de sua remuneração.o Pessoa jurídica especial (parágrafo único): antes não era clara a possibilidade de ser pessoa jurídica;

agora ficou expresso e deve indicar o profissional responsável pela condução do processo;Art. 21. O administrador judicial será profissional idôneo, preferencialmente advogado, economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa jurídica especializada. Parágrafo único. Se o administrador judicial nomeado for pessoa jurídica, declarar-se-á, no termo de que trata o art. 33 desta Lei, o nome de profissional responsável pela condução do processo de falência ou de recuperação judicial, que não poderá ser substituído sem autorização do juiz.

o Impedimentos – art. 30: Destituição em processo anterior (penalidade) – não pode assumir novo encargo por 5 anos; Relação de parentesco até 3º grau; Relação de amizade ou inimizade.

Art. 30. Não poderá integrar o Comitê ou exercer as funções de administrador judicial quem, nos últimos 5 (cinco) anos, no exercício do cargo de administrador judicial ou de membro do Comitê em falência ou recuperação judicial anterior, foi destituído, deixou de prestar contas dentro dos prazos legais ou teve a prestação de contas desaprovada. § 1o Ficará também impedido de integrar o Comitê ou exercer a função de administrador judicial quem tiver relação de parentesco ou afinidade até o 3o (terceiro) grau com o devedor, seus administradores, controladores ou representantes legais ou deles for amigo, inimigo ou dependente. § 2o O devedor, qualquer credor ou o Ministério Público poderá requerer ao juiz a substituição do administrador judicial ou dos membros do Comitê nomeados em desobediência aos preceitos desta Lei. § 3o O juiz decidirá, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, sobre o requerimento do § 2o deste artigo.

o Atribuições na RJ – art. 22-I e II: Atendimento aos credores Verificação de créditos Apuração de informações: tem responsabilidade inclusive investigativa, devendo passar relatório ao

MP de atos que estejam sendo praticados para prejudicar a recuperação; Presidência da AGC; Fiscalização das atividades do devedor: verificação se os compromissos assumidos estão sendo

cumpridos. Acompanhamento do plano de RJ (plano = conjunto de medidas acordado com os credores e

homologado pelo juiz) Funções gerenciais (art. 64 e 65-§1º): a princípio na RJ o Administrador Judicial não administra a

empresa (só fiscaliza); no entanto, nas hipóteses do art. 64 assumirá o comando da empresa temporariamente, até que, convocada Assembléia Geral de Credores, eleja um Gestor Judicial.

Art. 64. Durante o procedimento de recuperação judicial, o devedor ou seus administradores serão mantidos na condução da atividade empresarial, sob fiscalização do Comitê, se houver, e do administrador judicial, salvo se qualquer deles: I – houver sido condenado em sentença penal transitada em julgado por crime cometido em recuperação judicial ou falência anteriores ou por crime contra o patrimônio, a economia popular ou a ordem econômica previstos na legislação vigente; II – houver indícios veementes de ter cometido crime previsto nesta Lei; III – houver agido com dolo, simulação ou fraude contra os interesses de seus credores; IV – houver praticado qualquer das seguintes condutas: a) efetuar gastos pessoais manifestamente excessivos em relação a sua situação patrimonial; b) efetuar despesas injustificáveis por sua natureza ou vulto, em relação ao capital ou gênero do negócio, ao movimento das operações e a outras circunstâncias análogas; c) descapitalizar injustificadamente a empresa ou realizar operações prejudiciais ao seu funcionamento regular; d) simular ou omitir créditos ao apresentar a relação de que trata o inciso III do caput do art. 51 desta Lei, sem relevante razão de direito ou amparo de decisão judicial; V – negar-se a prestar informações solicitadas pelo administrador judicial ou pelos demais membros do Comitê; VI – tiver seu afastamento previsto no plano de recuperação judicial. Parágrafo único. Verificada qualquer das hipóteses do caput deste artigo, o juiz destituirá o administrador, que será substituído na forma prevista nos atos constitutivos do devedor ou do plano de recuperação judicial. Art. 65. Quando do afastamento do devedor, nas hipóteses previstas no art. 64 desta Lei, o juiz convocará a assembléia-geral de credores para deliberar sobre o nome do gestor judicial que assumirá a administração das atividades do devedor, aplicando-se-lhe, no que couber, todas as normas sobre deveres, impedimentos e remuneração do administrador judicial. § 1o O administrador judicial exercerá as funções de gestor enquanto a assembléia-geral não deliberar sobre a escolha deste. § 2o Na hipótese de o gestor indicado pela assembléia-geral de credores recusar ou estar impedido de aceitar o encargo para gerir os negócios do devedor, o juiz convocará, no prazo de 72 (setenta e duas) horas, contado da recusa ou da declaração do impedimento nos autos, nova assembléia-geral, aplicado o disposto no § 1o deste artigo.

o Atribuições na FALÊNCIA – art. 22-I e III: Atendimento aos credores

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Verificação de créditos Apuração de informações Presidência da AGC Exame das causas da falência: elaboração de relatório que apontará a responsabilidade civil e penal

dos envolvidos, podendo embasar eventual ação penal falimentar; Representação judicial da massa falida Arrecadação de bens e documentos é similar à penhora do processo de execução normal. A

arrecadação é ABRANGENTE, pois até mesmos os bens sem valor econômico devem ser arrecadados (ex: correspondências, memorandos, comunicações internas, etc.). Na penhora é restrita ao valor do crédito, enquanto que a arrecadação é ABRANGENTE, envolvendo todos os bens do falido.

Contratação de auxiliares (admitida no caso de administrador pessoa física, mediante autorização judicial). Em se tratando de administrador pessoa jurídica, não faz muito sentido (a não em situações excepcionais), pois na sua remuneração já estão incluídas as dos auxiliares;

Realização do ativo Pagamento dos credores Prestação de contas

o Remuneração do Administrador Judicial – art. 24: Critérios de fixação: capacidade de pagamento, grau de complexidade do trabalho, valor de mercado.

Limite de 5% (do valor devido aos credores, no caso de recuperação; ou do valor da venda dos bens, na falência);

Ônus do devedor ou da massa falida – art. 25; Forma de pagamento – art. 24, caput e par. 2º: no caso de falência reservar-se 40% para ser pago

após a aprovação das contas do AJ Remuneração proporcional – art. 24-§ 3º: quando o AJ pedir para ser exonerado de sua função, o juiz

analisará e determinará a remuneração proporcional, salvo se sair sem relevante razão ou for destituído (por desídia, culpa, dolo ou descumprimento das obrigações legais);

o Hipóteses de exoneração: Nomeação incompatível com a lei; Renúncia, justificada ou não; Morte; Incapacidade superveniente; Dissolução da PJ; Destituição;

o Hipóteses de destituição (art. 24 --§ 3º: Descumprimento de devedores legais (ex: mora na entrega de contas ou relatórios); Prejuízo ao processo (por culpa ou dolo);

o Efeitos de destituição: Perda do direito de remuneração (art. 24 § 3º); Vedação temporal para nova nomeação – art. 30; Eventual fixação de responsabilidade – art. 32

Originariamente a lei conferia à AGC a função de substituir o indicar novo AJ. Na nova lei isso ficou somente com o Juiz. Nada impede, entretanto que a AGC delibere sobre o tema, ficando ao arbítrio do Juiz decidir sobre a exoneração ou não.MASSA FALIDA é o acervo ativo e passivo de bens e interesses do falido, que passa a ser administrado e representado pelo síndico. Embora seja apenas uma universalidade de bens, e não uma pessoa jurídica, a massa falida tem capacidade de estar em juízo como autora ou ré. A massa falida divide-se em massa ativa (créditos e haveres) e massa passiva (débitos exigíveis pelos credores). Forma-se no momento em que é decretada a falência.

o COMITÊ DE CREDORES o Constituição facultativa:

Requerimento de qualquer classe (art. 26): pode ser constituído mediante requerimento de qualquer classe de credores, exceto dos Créditos Tributários;

o Atribuições – art. 27: Proteção dos interesses dos credores; Fiscalização do administrador judicial Acompanhamento do plano Funções gerenciais – art. 27-II-c Na falta do Comitê, suas atribuições assumidas pelo AJ ou pelo Juiz (art. 28).

o Remuneração – art. 29: assumida pelos próprios credores;o Demais aspectos: impedimentos, destituição e responsabilidade, utilizam-se os mesmos critérios do AJ.

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o Composição – art. 26: se apenas uma classe requerer, pode constituir mesmo sem de acordo das outras 2 classes (alguns autores entendem que não possa ter apenas representante de 1 classe, mas a lei permite): Trabalhistas Garantia real e privilégio especial Quirografários e privilégio geral

o ASSEMBLEIA-GERAL DE CREDORES o Conceito: órgão de deliberação composto de todos os credores sujeitos aos efeitos da recuperação

judicial e da falênciao Atribuições (art. 35)

– Aprovação, rejeição ou modificação do plano de RJ – Apreciação do pedido de desistência da RJ – Nomeação de gestor judicial na RJ– Modalidade alternativa de realização do ativo– Destituição e indicação do AJ– Qualquer matéria de interesse dos credores

A Presidência afastou possível interpretação tendente a evidenciar incoerência interna da lei. A possibilidade da AGC discutir a destituição do AJ estará presente com a cláusula genérica (art. 35, I, f e art. 35, II, d)

o Convocação (art. 36)– De ofício

• Apreciação do plano de RJ (art. 56)• Escolha do gestor judicial (art. 65)• Constituição do Comitê na falência (art. 99, XII)

– Requerimento• Pedido de desistência da RJ (art. 52, § 4º)• Constituição do Comitê na RJ (art. 52, § 2º)• Provocação de:

– ¼ dos créditos de qualquer classe (art. 36 § 2º)– Comitê de Credores (art. 27, I, “e”)– Administrador Judicial (art. 22, I, “g”)

o Custos de convocação e realização (36, § 3º)– De ofício ou pedido de desistência da RJ– Requerimento do Comitê ou dos credores– Requerimento do AJ (hipótese vinculante)– Requerimento do AJ (discricionariedade)

o Forma do edital de convocação – Antecedência (art. 36)– Intervalo entre 1ª e 2ª convocação (art. 36, I)– Conteúdo (art. 36, incisos)– Publicidade (art. 36, caput e § 1º)

o Instalação – Presidência (art. 37)– Quórum (art. 37 § 2º)

• Exclusão dos créditos em conflito de interesse (art. 43)• 1ª convocação => Credores que representem mais da metade dos créditos de cada classe• 2ª convocação => Qualquer número de credores

– Impossibilidade de suspensão liminar (art. 40) Caso algum interessado se oponha a algum crédito participante da RJ ou falência, basta requerer liminar para suspender o direito de voto específico, não sendo necessário postergar a realização da assembléia.

o Representação do credor – Apresentação do mandato ao AJ

• Mandato ordinário => 24 horas (art. 37, § 4º)• Mandato sindical => 10 dias (art. 37, § 5 e 6º)

o Quórum de deliberação (art. 38 e 42)– Titulares de mais da metade dos créditos– Exclusão dos créditos em conflito de interesse (art. 43)– Exceções

• Apreciação do plano de RJ• Constituição do Comitê de Credores• Modalidade alternativa de realização do ativo

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Credor em moeda estrangeira terá seu crédito convertido em moeda nacional para fins de votação na AGC (art. 38, p. único)

o Divisão das classes na apreciação do plano

No Comitê, a divisão das classes é distinta. Aparentemente, não há razão lógica para essa diferenciação. Talvez tenha havido algum erro na preparação do texto do projeto de lei.

o Direito de voto (art. 39)

– Decisões judiciais sobre pedidos de “reserva”• Quantia ilíquida (art. 6º, § 3º)• Habilitação ou divergência retardatária (art. 10, § 4º)• Impugnação (art. 16)

– Decisões liminares podem ser usadas para afastar direito de voto (ver lâmina 17 supra)– Exclusão dos créditos em conflito de interesse (art. 43)

o Estabilidade das deliberações da AGC– Impossibilidade de invalidação em razão de posterior decisão judicial acerca da existência,

quantificação ou classificação de créditos (art. 39, § 2º).– Se ainda houver invalidação, protegem-se os interesses de terceiros de boa-fé (art. 39, § 3º)

VERIFICAÇÃO DOS CRÉDITOS• Finalidades : identificar os credores; determinar o poder de voto na AGC; orientar o rateio na falência.• Procedimento – Fase administrativa

Há 3 situações distintas quanto a relação de credores: Na recuperação judicial, deve integrar o pedido (art. 51, III) Na falência requerida por credor, obedece-se ordem judicial

(art. 99, III) Na confissão de falência, deve integrar o pedido (art. 105, II)

• Habilitação e divergência quanto aos créditos relacionados: • Natureza administrativa: deve ser apresentada ao AJ

• Atribuição do administrador judicial (art. 7º, § 1º)Art. 7º. § 1º Publicado o edital previsto no art. 52, § 1o, ou no parágrafo único do art. 99 desta Lei, os credores terão o prazo de 15 (quinze) dias para apresentar ao administrador judicial suas habilitações ou suas divergências quanto aos créditos relacionados.

• Inexistência de sucumbência (art. 5º, II)Art. 5o Não são exigíveis do devedor, na recuperação judicial ou na falência: II – as despesas que os credores fizerem para tomar parte na recuperação judicial ou na falência, salvo as custas judiciais decorrentes de litígio com o devedor.

• Obrigatoriedade: dispensa-se os credores relacionados pelo devedor, salvo se desejarem divergir.

• Habilitação ou divergência retardatária • Procedimento judicial: deve ser peticionado ao Juiz

• Rito de impugnação antes do QGC (art. 10, § 5º)• Ação própria após o QGC (art. 10, § 6º)

Art. 10 § 5º. As habilitações de crédito retardatárias, se apresentadas antes da homologação do quadro-geral de credores, serão recebidas como impugnação e processadas na forma dos arts. 13 a 15 desta Lei.§ 6o Após a homologação do quadro-geral de credores, aqueles que não habilitaram seu crédito poderão, observado, no que couber, o procedimento ordinário previsto no Código de Processo Civil, requerer ao juízo da falência ou da recuperação judicial a retificação do quadro-geral para inclusão do respectivo crédito.

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• Repercussões por ser retardatário: perda do direito a voto (art. 10, § 1º e 2º) e, na falência, perda ou reserva dos rateios (art. 10, § 3º e 4º)

Art. 10. Não observado o prazo estipulado no art. 7o, § 1o, desta Lei, as habilitações de crédito serão recebidas como retardatárias.§ 1o Na recuperação judicial, os titulares de créditos retardatários, excetuados os titulares de créditos derivados da relação de trabalho, não terão direito a voto nas deliberações da assembléia-geral de credores.§ 2o Aplica-se o disposto no § 1o deste artigo ao processo de falência, salvo se, na data da realização da assembléia-geral, já houver sido homologado o quadro-geral de credores contendo o crédito retardatário.§ 3o Na falência, os créditos retardatários perderão o direito a rateios eventualmente realizados e ficarão sujeitos ao pagamento de custas, não se computando os acessórios compreendidos entre o término do prazo e a data do pedido de habilitação.§ 4o Na hipótese prevista no § 3o deste artigo, o credor poderá requerer a reserva de valor para satisfação de seu crédito.

• Exemplo de perda do rateio

• Conteúdo formal (art. 9º) : qualificação do credor, valor, origem, classificação e prova do crédito, delimitação da garantia (se com garantia, especificar qual

Art. 9º. A habilitação de crédito realizada pelo credor nos termos do art. 7o, § 1o, desta Lei deverá conter: I – o nome, o endereço do credor e o endereço em que receberá comunicação de qualquer ato do processo; II – o valor do crédito, atualizado até a data da decretação da falência ou do pedido de recuperação judicial, sua origem e classificação; III – os documentos comprobatórios do crédito e a indicação das demais provas a serem produzidas; IV – a indicação da garantia prestada pelo devedor, se houver, e o respectivo instrumento; V – a especificação do objeto da garantia que estiver na posse do credor. Parágrafo único. Os títulos e documentos que legitimam os créditos deverão ser exibidos no original ou por cópias autenticadas se estiverem juntados em outro processo.

Há 2 observações sobre princípios cambiários:• Exige-se declaração sobre a origem do crédito, o que excepciona o princípio da autonomia (art. 9º, II): evitar

fraudes e permitir que o AJ se convença da regularidade do crédito• Admite-se cópia autenticada para provar o crédito desde que os títulos estejam juntados a outros autos (art. 9º,

par. único). Como os originais continuam necessários, não há que se falar em exceção da cartularidade.

• Relação de Credores do AJ – Fase administrativa • Prazo de 45 dias para que o AJ publique a relação de credores, por meio de edital• Credor que não concorda: apresenta IMPUGNAÇÃO ao Juiz, um incidente judicial, em até 10 dias do Edital –

prazo fatal.• A impugnação pode ser utilizada para incluir créditos até a homologação do QGC

Se houver impugnações, o procedimento inaugura a fase judicial.

• Impugnação • Natureza judicial (art. 13): endereçada ao Juiz• Autos apartados (art. 13, par. único): tem ônus de sucumbência. Para cada crédito gera 1 auto apartado,

mesmo que apresentado por legitimados diferentes (ex: impugnações de determinado crédito apresentada pelo credor e também pelo devedor – junta num único auto)

• Efeito da não apresentação (art. 14): melhor dos mundos quando não há impugnação• Reserva para rateio (art. 16): o impugnante pode pedir a reserva se, quando da homologação do QGC, a

impugnação ainda estiver pendente.• Legitimados para impugnar (art. 8º): Comitê de credores, Credor, Devedor, Sócios do devedor e Ministério

PúblicoHavendo a habilitação ou divergência, a impugnação pode ser usada para desafiar a relação do AJ pela ausência ou determinação incorreta de crédito.

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Procedimento Conclusão ao juiz (art. 15)

Embora a decisão resolva o mérito da legitimidade de participação no processo de recuperação ou de falência, o recurso cabível é de agravo.

• Definição do Quadro-Geral de Credores • Atribuições do AJ (art. 18): consolidar o QGC • Atribuição do Juiz (art. 18): homologar o QGC

• Exclusão, reclassificação ou retificação (art. 19 e 10 § 6º) – após o QGC homologado - credores retardatários que perderam os prazos• Depende de Ação própria a ser interposta no:

• Juízo da recuperação ou falência (art. 19, § 1º), se título extrajudicial;• Juízo originário (art. 19, § 1º), se execução por quantia ilíquida ou reclamação trabalhista.

LIQUIDAÇÃO FALIMENTAR• Conceito : é a conversão em dinheiro dos bens e direitos arrecadados e, com o seu produto, o pagamento dos

credores (apuração do ativo para solução do passivo).• Fases

• Realização do ativo, com a Venda dos Bens e a Cobrança dos Créditos – art. 139-148• Pagamentos – art. 149-153

• Realização do ativo: Venda dos Bens • Formas de agrupamento dos bens : utilizar-se-á as seguintes opções observadas esta ordem de preferência

• Alienação da empresa (art. 140, § 3º)• 1ª. opção: Estabelecimentos em bloco (art. 140, I) – vender a empresa como um todo • 2ª. opção: Filiais ou unidades produtivas isoladas (art. 140, II)

• Alienação dos bens em bloco (art. 140, III) – 3ª. opção• Alienação dos bens individualmente (art. 140, IV) – 4ª. opção.

• Modalidades de hasta pública• Leilão (art. 142, I) – aqui não interessa se é móvel ou imóvel (no CPC: leilão: móvel; praça: imóvel)• Propostas fechadas (art. 142, II): interessados apresentam propostas em envelope lacrado;• Pregão (art. 142, III): duas fases apresentação das propostas e depois o leilão por lances orais.

• Sucessão de dívidas na arrematação • Desoneração do arrematante (art. 141, II): aqui a regra da sucessão é excepcionada, ou seja, quem adquire

o bem não assume as dívidas associadas a ele (inclusive tributária). Houve ADIN sobre dívidas trabalhistas e o STF entendeu que a norma é constitucional sim.

Exceções (se um desses arrematar assume as dívidas): sócio da sociedade falida (art. 141, § 1º, I), parente do falido ou de sócio (art. 141, § 1º, II) ou agente do falido (art. 141, § 1º, III)

• Alternativas à hasta pública - outros meios não elencados na lei, que podem ser por: • Requerimento do AJ (art. 144): depende de aprovação pelo Juiz;• Aprovação da AGC (art. 46 e 145): se aprovada outra forma em AGC, o Juiz homologará.• Uso do crédito trabalhista (art. 145, § 2º) na constituição de sociedade pelos empregados para aquisição ou

arrendamento da empresa.

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• Realização do ativo: Cobrança dos créditos • Atribuição: do AJ (art. 22, III, “l”)• Meios:

• Cobrança extrajudicial• Negociação (art. 22, § 3º) – amigável – com autorização do Juiz• Protesto extrajudicial – meio coercitivo

• Cobrança judicial• Ações ou execuções próprias• Competência: no juízo originário. ATENÇÃO: não é o falimentar aqui a massa falida está no pólo

ativo, não sendo a ação absorvida pela universalidade do juízo falimentar• Pagamentos

• Ordem de precedência: via de regra aguarda-se o QGC para efetuar os pagamentos, mas tem créditos que podem ser pagos antes da homologação do QGC, tais como:• Despesas inadiáveis (art. 150) – indispensáveis à administração da falência e manutenção provisória das

atividades: assim que tiver dinheiro em caixa • Créditos salariais prioritários (art. 151) – antecipação de créditos trabalhistas (vencidos nos 3 últimos meses

anteriores à falência até o limite de 5 salários mínimos): único crédito consursal que tem essa benesse• Restituições em dinheiro (art. 86, par. único): bens de terceiros que foram arrecadados e não podem mais

ser restituídos (foram alienados ou se deterioraram) e são restituídos em dinheiro.• Créditos extraconcursais (art. 84): • Créditos concursais (art. 83) – listados no QGC• Falido, sócios ou acionistas (art. 153)

• Créditos Concursais • Créditos trabalhistas (ou alimentares): • limite de 150 salários-mínimos por credor (ADI 3934 confirmou a constitucionalidade desse limite);• indenização por acidente de trabalho (sem limitação por credor = verba alimentar);•Créditos equiparados – honorários advocatícios (RESP 1068838) - há controvérsia.

• Créditos com garantia real: limite do valor da garantia; EXCEDENTE vai para crédito quirografário.• Créditos fiscais – problema em função da possibilidade de existência de ações de execução em outros

juízos (não são atraídos para o juízo universal da falência) Súmula 44 do TFR: as execuções fiscais continuam normalmente, mas os valores arrecadados nessas execuções devem ser levados à massa falida.

• Créditos com privilégio especial (o pagamento é assegurado por um bem específico), difere da garantia real (o que difere é a vontade: enquanto a garantia real é constituída por um ato de vontade, no privilégio especial o vínculo ao bem decorre de previsão legal – ex: crédito decorrente de benfeitorias necessárias feitas por inquilino – o credor é o inquilino, o devedor o dono do imóvel, o valor do crédito as despesas com as benfeitorias e o privilégio especial o imóvel no qual foi feita a benfeitoria): limite do valor do privilégio

• Créditos com privilégio geral – aqueles que a lei define como tal – ex: art. 965 do CC; honorários advocatícios (controvérsia);

• Créditos quirografários: os não previstos nos itens anteriores e aqueles que excederem seus limites de preferência (ex: fornecedores, prestadores de serviços e outros decorrentes de contratos sem garantia real)

• Multas e penalidades pecuniárias: ver RR 76621 (multa decorrente de contrato de trabalho)• Créditos subordinados: os definidos como tal em contratos ou em lei (ex: debêntures subordinadas)• Juros pós-falência (art. 124): somente são pagos juros pós-falência se restar recursos no final (exceção do

crédito com garantia real, que continuam sujeitos a juros).• Pagamento dos credores

• Hipóteses de reserva de importâncias• Ações de quantia ilíquida (art. 6º, § 3º)• Créditos retardatários (art. 10 § 4º)• Créditos impugnados (art. 16)

• Perda do objeto da reserva• Rateio suplementar (149, § 1º)

Art. 149. Realizadas as restituições, pagos os créditos extraconcursais, na forma do art. 84 desta Lei, e consolidado o quadro-geral de credores, as importâncias recebidas com a realização do ativo serão destinadas ao pagamento dos credores, atendendo à classificação prevista no art. 83 desta Lei, respeitados os demais dispositivos desta Lei e as decisões judiciais que determinam reserva de importâncias. § 1o Havendo reserva de importâncias, os valores a ela relativos ficarão depositados até o julgamento definitivo do crédito e, no caso de não ser este finalmente reconhecido, no todo ou em parte, os recursos depositados serão objeto de rateio suplementar entre os credores remanescentes.

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§ 2o Os credores que não procederem, no prazo fixado pelo juiz, ao levantamento dos valores que lhes couberam em rateio serão intimados a fazê-lo no prazo de 60 (sessenta) dias, após o qual os recursos serão objeto de rateio suplementar entre os credores remanescentes.

ENCERRAMENTO DA FALÊNCIA E REABILITAÇÃO DO FALIDO • Prestação de contas do AJ (art. 154)

• Prazo de 30 dias após liquidação• A quem prestar contas: ao JUIZ• Descumprimento do AJ (art. 23)• Autuação apartada• Impugnação (10 dias do aviso judicial)• Manifestação do MP (5 dias)• Manifestação do AJ, se necessário (sem prazo)• Sentença

• Rejeição das contas • Indisponibilidade ou seqüestro (art. 154, § 5º)• Título executivo (art. 154, § 5º)• Responsabilidade penal do AJ (art. 173 e 177)• Perda da remuneração (art. 24, § 4º)• Afastamento da profissão de AJ (art. 30)

• Relatório final (art. 155) • Prazo de 10 dias após julgamento das contas• Conteúdo:• Valor do ativo e produto da realização: quanto foi apurado• Valor do passivo e pagamentos: o que foi pago• Responsabilidade remanescente do falido: o que faltou ser pago

• Serve de informação para constituir título executivo (certidão): aplica-se mais quando se trata de empresário individual (pois ele pode reconstituir patrimônio); quando se trata de sociedade empresária não tem efeito prático, vez que, com o encerramento da falência, extingue-se a empresa, não tendo mais como executá-la.

Art. 155. Julgadas as contas do administrador judicial, ele apresentará o relatório final da falência no prazo de 10 (dez) dias, indicando o valor do ativo e o do produto de sua realização, o valor do passivo e o dos pagamentos feitos aos credores, e especificará justificadamente as responsabilidades com que continuará o falido.

• Sentença de encerramento (art. 156) Art. 156. Apresentado o relatório final, o juiz encerrará a falência por sentença. Parágrafo único. A sentença de encerramento será publicada por edital e dela caberá apelação.

• Extinção das obrigações (art. 158) : após esgotados os recursos da massa falida e atendida uma destas hipóteses:• Pagamento de todos os créditos• Rateio de mais de 50% do passivo quirografário• Prazo decadencial de 5 anos após encerramento• Prazo decadencial de 10 anos após encerramento se houve condenação por crime falimentar• Prescrição normal de todas as obrigações

Art. 158. Extingue as obrigações do falido: I – o pagamento de todos os créditos; II – o pagamento, depois de realizado todo o ativo, de mais de 50% (cinqüenta por cento) dos créditos quirografários, sendo facultado ao falido o depósito da quantia necessária para atingir essa porcentagem se para tanto não bastou a integral liquidação do ativo; III – o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contado do encerramento da falência, se o falido não tiver sido condenado por prática de crime previsto nesta Lei; IV – o decurso do prazo de 10 (dez) anos, contado do encerramento da falência, se o falido tiver sido condenado por prática de crime previsto nesta Lei.

• Atendimento do pleito (art. 159) : a extinção das obrigações deve ser obrigatoriamente requerida podendo ser dada:• Na própria Sentença de encerramento: nos casos dos incisos I e II do art. 158;• Em Sentença autônoma: para os demais casos

Art. 159. Configurada qualquer das hipóteses do art. 158 desta Lei, o falido poderá requerer ao juízo da falência que suas obrigações sejam declaradas extintas por sentença. § 1o O requerimento será autuado em apartado com os respectivos documentos e publicado por edital no órgão oficial e em jornal de grande circulação. § 2o No prazo de 30 (trinta) dias contado da publicação do edital, qualquer credor pode opor-se ao pedido do falido. § 3o Findo o prazo, o juiz, em 5 (cinco) dias, proferirá sentença e, se o requerimento for anterior ao encerramento da falência, declarará extintas as obrigações na sentença de encerramento. § 4o A sentença que declarar extintas as obrigações será comunicada a todas as pessoas e entidades informadas da decretação da falência. § 5o Da sentença cabe apelação. § 6o Após o trânsito em julgado, os autos serão apensados aos da falência.

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• Reabilitação do condenado por crime falimentar • Prazo de 5 anos após extinção da punibilidade (art. 181, § 1º)• Ou antes, pela reabilitação prevista no CP (art. 94)

Art. 181. São efeitos da condenação por crime previsto nesta Lei: I – a inabilitação para o exercício de atividade empresarial; II – o impedimento para o exercício de cargo ou função em conselho de administração, diretoria ou gerência das sociedades sujeitas a esta Lei; III – a impossibilidade de gerir empresa por mandato ou por gestão de negócio. § 1o Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença, e perdurarão até 5 (cinco) anos após a extinção da punibilidade, podendo, contudo, cessar antes pela reabilitação penal. § 2o Transitada em julgado a sentença penal condenatória, será notificado o Registro Público de Empresas para que tome as medidas necessárias para impedir novo registro em nome dos inabilitados.

CP-Art. 94 - A reabilitação poderá ser requerida, decorridos 2 (dois) anos do dia em que for extinta, de qualquer modo, a pena ou terminar sua execução, computando-se o período de prova da suspensão e o do livramento condicional, se não sobrevier revogação, desde que o condenado: ...

RECUPERAÇÃO JUDICIALArt. 47. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica.

Postulação e Efeitos do Despacho de Processamento• Legitimidade ativa do devedor (art. 1º e 48) – somente o devedor tem legitimidade para requerer a recuperação

• Empresário individual (CC-art. 966)• Sociedade empresária (CC-art. 982)• Exceções (art. 2º):

• Empresa pública e sociedade de economia mista• Instituições financeiras, seguradoras, planos de saúde e previdência complementar (fiscalizadas pelo BACEN, SUSEP,

ANS ou PREVIC: não podem requerer recuperação judicial, mas podem ser objeto de intervenção, liquidação extrajudicial e até de falência). Lei 6.024 para instituições financeiras.

• Competência (art. 3º) • Estabelecimento principal

• Requisitos objetivos de viabilidade (art. 48) : preocupação: que a empresa seja viável.• Exercício regular superior a 2 anos (da data do registro na Junta Comercial);• Ausência de inabilitação empresarial (não pode ter falido)• Ausência de recuperação judicial anterior

• 5 anos da concessão de recuperação judicial• 8 anos, se concedida com base em plano especial

• Ausência de condenação por crime falimentar (há discussão sobre constitucionalidade dessa regra)• Empresário, no caso de empresário individual• Administrador ou sócio controlador, no caso de sociedade empresária

• Instrução da inicial (art. 51) • Exposição das causas• Demonstrações contábeis (3 últimos exercícios)• Relação de credores• Relação de empregados• Certidão da Junta Comercial• Ato constitutivo da sociedade• Atas de nomeação dos administradores• Relação de bens do controlador e administradores• Extratos bancários e investimentos (3 últimos exercícios)• Certidões de protesto• Relação das ações judiciais

O exame judicial é meramente formalAusente algum documento, o juiz manda emendar a inicialA instrução é tão complexa que pode ser considerada como requisito de viabilidade à parte

Processamento da RJ• Natureza jurídica

• Embora tenha efeitos materiais, considera-se o deferimento do processamento como um despacho.• O DESPACHO de processamento da RJ dá início a um processo em que o devedor vai negociar com os credores

a efetiva recuperação, dando-lhe um prazo de 180 dias para que conclua o processo. Esse despacho ainda não é a concessão da recuperação judicial que somente ocorrerá quando o devedor acertar um plano de pagamento com os credores.

• Recorribilidade Victor Hugo – Uniceub – 6º. sem20

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• Não cabe recurso, mas Campinho admite a formação de incidente a partir de denúncia de interessado• Caberá recurso de apelação se houver denegação

A negação de processamento não é causa para decretação da falênciaEm sua maioria, os efeitos do despacho de processamento perduram até o encerramento da recuperação judicial.

• Efeitos do despacho de processamento • Publicidade

• Edital (art. 52, § 1º)• Alteração do nome do devedor (art. 69, caput) – acrescenta em seguida ao nome EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL.• Anotação no Registro Empresarial (art. 69, p. único)• Intimação do Ministério Público (art. 52, V)• Ciência das Fazendas Públicas (art. 52, V)

• Proteção da atividade• Dispensa de certidões negativas (art. 52, II): o próprio artigo indica exceção para contratação com o Poder Público ou

recebimento de benefícios ou incentivos fiscais ou tributários, que tira a eficácia da dispensa.• Inexigibilidade de certas obrigações (art. 5º)• Renovação de penhor sobre créditos (art. 49, § 5º)• Parcelamento tributário (art. 6º, § 7º, e 68) – para ter eficácia plena depende de regulamentação em outra lei que

ainda não foi• Suspensão das ações (art. 52, III, e 6º, § 4º) – é o PRINCIPAL benefício, mas limitado ao prazo de 180 dias.

• Características da blindagem• Suspensão da prescrição (art. 6º, caput)• Provisoriedade (art. 6º, § 4º)• Improrrogabilidade (art. 6º, § 4º)• Abrangência geral (art. 49, caput): abrangem todos os créditos, mesmo que não vencidos• Privilégio pessoal (art. 49, § 1º): só vale para o devedor (não serve para o fiador, nem para o avalista do devedor)

• Exceções à blindagem• Créditos constituídos após o despacho (art. 49)• Ações sobre quantia ilíquida (art. 6º, §§ 1º, 2º e 3º) - Sentença => QGC• Fazenda Pública (art. 6º § 7º)• Adiantamento de Contrato de Câmbio (art. 49 § 4º)• Alienação fiduciária (art. 49 § 3º)• Arrendamento mercantil (art. 49 § 3º)• Promessa de venda de imóvel (art. 49 § 3º)• Venda com reserva de domínio (art. 49 § 3º)

• Administração da empresa • Manutenção da administração: diferentemente da falência, aqui ela é preferentemente mantida (mas fiscalizada)• Fiscalização do AJ e do Comitê (art. 64, caput)• Restrição quanto ao ativo permanente (art. 66)

• Opera desde a distribuição do pedido até a concessão• Excepcionam-se os bens e direitos inscritos no plano de RJ

• Acompanhamento do devedor • Nomeação do administrador judicial (art. 52, I)• Contas demonstrativas mensais (art. 52, IV)• Possibilidade de falência (art. 73)

Art. 73. O juiz decretará a falência durante o processo de recuperação judicial: I – por deliberação da assembléia-geral de credores, na forma do art. 42 desta Lei; II – pela não apresentação, pelo devedor, do plano de recuperação no prazo do art. 53 desta Lei; III – quando houver sido rejeitado o plano de recuperação, nos termos do § 4o do art. 56 desta Lei; IV – por descumprimento de qualquer obrigação assumida no plano de recuperação, na forma do § 1o do art. 61 desta Lei. Parágrafo único. O disposto neste artigo não impede a decretação da falência por inadimplemento de obrigação não sujeita à recuperação judicial, nos termos dos incisos I ou II do caput do art. 94 desta Lei, ou por prática de ato previsto no inciso III do caput do art. 94 desta Lei.

• Afastamento da administração (art. 64, incisos)• Hipóteses de afastamento da administração (art. 64)

• Condenação penal (falência ou RJ anterior ou crime contra o patrimônio, a economia popular ou a ordem econômica) • Indícios veementes de prática de crime falimentar• Dolo, simulação ou fraude• Operações prejudiciais à empresa• Simulação ou omissão de créditos• Recusa de informações ao AJ ou Comitê• Afastamento previsto pelo plano

• Substituição da administração

Victor Hugo – Uniceub – 6º. sem21

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• Eleição conforme ato constitutivo ou plano de RJ (art. 64, p. único)• Designação do gestor judicial pela AGC (art. 65, caput)

• Atenuação do risco de falência • Créditos constituídos na RJ (art. 67, caput): são considerados extraconcursais no caso de decretação da falência.• Créditos quirografários derivados de contratos de execução contínua (art. 67, p. único) – fornecedores

contínuos: serão considerados de privilégio geral até o limite dos créditos concedidos durante a RJ. Questionamento: tratamento diferenciado prejudicando aqueles enquadrados no art. 67-p. único.

Plano de Recuperação Judicial• Conceito

• Conjunto de medidas firmadas no âmbito processual voltadas para a superação da crise empresarial• Meios de recuperação (art. 50) – rol não é taxativo (tudo o que for lícito pode ser utilizado)

• Reorganização da administração (III, IV e V): pode ocorrer compartilhamento com os credores;• Reestruturação do capital (II e VI)• Aumento da liquidez (VII, XI e XIII)• Reestruturação do passivo (I, VIII, IX e XVI)

A Negociação do Plano• Créditos excluídos da negociação geral – não estão sujeitos ao Plano de Recuperação

• Créditos fiscais (art. 6º § 7º) • Alienação fiduciária (art. 49 § 3º)• Arrendamento mercantil (art. 49 § 3º)• Venda com reserva de domínio (art. 49 § 3º)• Venda de bem imóvel (art. 49 § 3º)• ACC (art. 49 § 4º)• Créditos constituídos após a recuperação judicial

Pode haver parcelamento dos créditos fiscais, se houver previsão legal – tanto parcelamento especial como o geralQuanto aos demais, nada impede a negociação particular.Normalmente é o que ocorrer: o devedor em várias frentes negociando não só os créditos sujeitos à recuperação como aqueles excluídos.

• Créditos trabalhistas • Redução salarial ou de jornada depende de acordo ou convenção coletiva (art. 50, VIII)• Prorrogação máxima de 1 ano (art. 54, caput)• Prorrogação máxima de 30 dias (art. 54, p. único)

Art. 54. O plano de recuperação judicial não poderá prever prazo superior a 1 (um) ano para pagamento dos créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho vencidos até a data do pedido de recuperação judicial. Parágrafo único. O plano não poderá, ainda, prever prazo superior a 30 (trinta) dias para o pagamento, até o limite de 5 (cinco) salários-mínimos por trabalhador, dos créditos de natureza estritamente salarial vencidos nos 3 (três) meses anteriores ao pedido de recuperação judicial.

• Créditos com garantia real • Supressão ou substituição da garantia tem eficácia condicionada à anuência expressa do credor afetado (art.

50 § 1º)• Créditos em moeda estrangeira

• Afastamento da variação cambial tem eficácia condicionada à anuência do credor afetado (art. 50 § 2º)

Tramitação do Plano

Publicação do Despacho de

Processamento(art. 52, § 1º, I e III)

Prazo de submissão

do plano(art. 53)

60 d

Edital(art. 53, par. único)

X d

Coincide com o prazo do AJ para

publicar sua relação de credores

Consequência do não cumprimento dos 60 dias para apresentação do plano de recuperação falência

Victor Hugo – Uniceub – 6º. sem22

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Edital(art. 53, par. único)

+Relação de

credores pelo AJ(art. 7º, § 2º)

Prazo para objeção de credores

(art. 55, caput e par. único)

30 d

Convocaçãoda AGC(art. 56)

X d

Se houver objeção deve-se convocar uma AGC. Se não houver objeção dentro dos 30 dias leva à homologação do plano

150 d

Despacho deprocessamento

Realização daAssembléia(art. 56, §1º)

60 + X 30 + X 15 + 5

Desde que não haja culpa ou dolo do devedor, Campinho defende a prorrogação da blindagem se o prazo de 150 dias não for atendido. O prazo de 150 dias é recomendável, mas não existe nenhuma penalidade se esse prazo não for atendido.

Critério de aprovação - Art. 45, caput , §§ 1º e 2º

Trabalhistas Garantia real

Quirografários,privilégio especial,

privilégio gerale subordinados

Maioria dos credores

Maioria dos credores

Maioria dos créditos

Maioria dos credores

Maioria dos créditos

Não se conta o voto do credor que, mesmo sujeito aos efeitos da RJ, não é afetado pelas disposições do plano proposto (art. 45, § 3º).Se uma das classes vetar o plano, ele não será aceito.Se a AGC rejeitar o plano falência

Eficácia do plano

Plano aprovadoCertidãoNegativa

(art. 57)

X d

DecisãoConcessiva

(art. 58)

X d

Agravo(art. 59, § 2º)

Como tem havido óbices para o parcelamento de dívidas fiscais para empresários em RJ, o Judiciário tem dispensado a apresentação da certidão negativa.O Judiciário tem dispensado a apresentação da Certidão Negativa tendo em vista ainda não existir lei sobre o parcelamento especial e a possibilidade de parcelamento geral não ser exequível em todos os níveis.

Decisão concessiva• Modalidades de decisão concessiva

• Homologação• Aprovação (art. 58, § 1º)• Maioria dos créditos• Aprovação de duas classes

Votação favorável na classe dissidente (mais de 1/3 favoráveis por cabeça e tratamento paritário - art. 58, § 2º)

Victor Hugo – Uniceub – 6º. sem23

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• Efeitos da decisão concessiva • Novação das obrigações (art. 59, caput): a maioria sobrepõe a vontade de todos e a novação é condicionada

(se após a RJ ocorrer a falência, os créditos voltam à condição anterior – a novação é desfeita);• Executividade do plano (art. 59, § 1º): constituem-se em títulos executivos;• Alienação do patrimônio e afastamento da sucessão de dívidas (art. 60 e parágrafo único). Apesar de o

dispositivo não afastar explicitamente as dívidas trabalhistas, existe entendimento relativamente solidificado que a não sucessão de dívidas também atinge as trabalhistas na recuperação judicial.

Continuidade da RJ• Regime de RJ após a decisão concessiva

DecisãoConcessiva

(art. 58)

2 anos1

Sentença deencerramento da RJ

(art. 61)

Execução do plano ou possível falência ex officio

O encerramento da RJ depende do cumprimento das obrigações previstas no plano e vencidas neste prazo.O AJ é exonerado.Após a sentença de encerramento da RJ, a falência não pode mais ser

Frustração da RJ• Hipóteses de convolação em falência (art. 73)

• Deliberação da assembléia• Perda do prazo de apresentação do plano• Rejeição do plano de recuperação• Descumprimento do plano de recuperação• Pedido de falência por credor não sujeito: deixa o devedor exposto, sendo que todo o esforço de negociação

pode ter sido em vão se um credor não sujeito entrar com execução da dívida. LEMBRANDO: a Fazenda Pública não pode requerer falência.

• Situação dos créditos ante a frustração • Reconstituição de créditos (art. 61, § 2º) – revogam-se as novações• Créditos originados durante a RJ (art. 67, caput)• Créditos de fornecedores (art. 67, p. único)

Notar a desigualdade de tratamento entre o caput e o parágrafo único do art. 67.

Encerramento da RJ• Regime após o encerramento da RJ

Sentença deencerramento da RJ

(art. 61)

Execução do planoou falência a pedido

A empresa volta à condição de normalidade.

Plano especial• Plano especial para MPE’s (arts. 70-72)

• Sujeição exclusiva de credores quirografários: se o problema envolver créditos trabalhistas, créditos com garantia real, por ex., não pode usar do plano especial.

• Único meio de recuperação: dilação de dívidas• Dispensa da assembleia• Possibilidade de falência por objeção

Incoerência do regime de plano especial – art. 72-par. únicoConcessão => quarentena de 8 anos (art. 48, III)

Victor Hugo – Uniceub – 6º. sem24

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RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL• Conceito : acordo obtido entre devedor e credores, sem a interferência do Poder Judiciário, podendo ser

homologado judicialmente de modo a constituir título executivo judicial e obrigar eventuais credores minoritários dissidentes.

Nasce como uma solução de mercado, mas pode ser invocado o Judiciário se houver dissidência de minoria para que o acordo possa ser eficácia a todos.Como não há interferência do Estado na negociação, também não há a proteção própria da recuperação judicial (art. 161, § 4º)

• Requisitos • Requisitos do art. 48 (art. 161, caput)• Ausência de RJ pendente (art. 161, § 3º)• Ausência de, nos 2 anos anteriores (prazo reduzido em relação à recuperação judicial):• Concessão de RJ (art. 161 § 3º)• Homologação de RExt (art. 161 § 3º)

Os requisitos relacionados no art. 161, caput e § 3º, apenas têm importância se o devedor precisar obrigar credores dissidentes.E se não forem cumpridos os requisitos: Não impede acordos consensuais (art. 167)

• Quadro comparativo Marco inicial Marco final Prazo mínimo

Concessão de RJ Pedido de RJ 5 anos

Concessão de RJ Pedido de Homologação de Plano de RExt

2 anos

Homologação de RExt Pedido de Homologação de Plano de RExt

2 anos

Homologação de RExt Pedido de RJ ???

• Créditos sujeitos (163 § 1º): • Garantia real• Privilégio especial• Privilégio geral• Quirografários• Subordinados

ATENÇÃO! A homologação opera efeitos apenas sobre créditos constituídos até a data do pedido de homologação (fim do art. 163, § 1º).O devedor não precisa abranger todos os credores de cada uma das classes no plano. Não sendo abrangido pelo plano, o crédito não será contabilizado para definir a anuência ao plano (art. 163, § 2º).

• Limitações sobre o poder da maioria : exige anuência do credor afetado:• Afastamento de garantia real (art. 163, § 4º) • Afastamento da variação cambial (art. 163, § 5º)

• Créditos não sujeitos (art. 161, § 1º) • Créditos tributários• Créditos trabalhistas• Arrendamento mercantil• Alienação fiduciária• Reserva de domínio • Promessa de compra e venda de imóvel• Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC)

• Instrução processual do pedido de homologação • Plano consensual (art. 162)• Justificativa• Plano (termos e condições)• Assinatura dos aderentes

• Com dissidência, soma-se (art. 163, § 6º)• Exposição da situação patrimonial• Demonstrações contábeis• Relação de credores• Prova dos poderes dos subscritores

Victor Hugo – Uniceub – 6º. sem25

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Negociaçãodo plano

Consenso

Rejeição

3/5 cadaclasse

Homologação obrigatória

Inviabilidade

Homologação facultativa

Consenso não exige homologação.Os 3\5 referem-se ao valor dos créditos e não à quantidade de credoresRejeição não implica em falência ex-ofício e o devedor pode apresentar outro plano a qualquer momento

• Procedimento da homologação

Pedido dehomologação

(art. 162 e 163)

Edital(art. 164)

X d 30 d

Impugnações(art. 164, §2º)

Prova do envio de cartas (art. 164, § 1º)

Estranho que o envio de cartas aos credores deva ser provado apenas durante a fluência do prazo para objeção. Pode representar mitigação inconstitucional do direito ao contraditório.

• Razões de impugnação • Infração à regra dos 3/5 (art. 164, § 3º, I)• Ato de falência ou fraude (art. 164, § 3º, II)• Inobservância de exigência legal (art. 164, § 3º, III)• Simulação de crédito (art. 164, § 6º): simula créditos para suprir a regra dos 3/5• Vício de representação (art. 164, § 6º): quem se apresenta como credor não é o real credor

• Procedimento da homologação

Manifestaçãodo devedor

(art. 164, §4º)

5 d X d

Impugnações(art. 164, §2º)

Conclusãoao juiz

(art. 164, §5º)

5 d

Sentençahomologatória

(art. 164, §5º)

• Efeitos da homologação • Torna-se título executivo judicial (art. 161, § 6º)

• Efeitos da rejeição • Possibilidade de novo pedido (art. 164, § 8º)• Reconstituição de créditos (art. 165, §§ 1º e 2º)

• Recurso cabível • Apelação sem efeito suspensivo (art. 164, § 7º)

• Alienação judicial de bens • Sucessão das dívidas? (art. 166) a lei deixou lacuna. Pode aplicar por analogia a regra da Falência.

TÓPICOS DA PROVA: A PARTIR DE ÓRGÃOS DA FALÊNCIA – fl. 11.

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