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Nadia I Arauj Projessorn de Direito Internacional Privado - PUC-Rio. Doutora em Direito Internacional, USP. Mestre em Direito Comparado, GWU. Procuradora de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO Teoria e prática brasileira 53 edição Atualizada e ampliada RENOVAR Rio de Janeiro. São Paulo. Recife 2011

Direito Iinternacional Privado,Nádia de Araújo - Cap. 1

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Capitulo 1.

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  • Nadia I AraujProjessorn de Direito Internacional Privado - PUC-Rio.

    Doutora em Direito Internacional, USP.Mestre em Direito Comparado, GWU.

    Procuradora de Justia do Estado do Rio de Janeiro.

    DIREITO INTERNACIONALPRIVADO

    Teoria e prtica brasileira

    53 edioAtualizada e ampliada

    RENOVARRio de Janeiro. So Paulo. Recife

    2011

  • Todos os direitos I"S 'rvutlos LlVRARIAE DIT RI\REN VI\RLl'll\,MATRIZ: Rua da Asscmbl 'ia, 1012.421 - "n\1'O 10CEP:200IJ-901-Tel.:(21)2531-2205-FllX:(21)2 1- 1.5FILiAL RJ: Tels.: (21) 2589-1863 / 2580-8596 - Fax: (21) 2589-1962FILIAL SP: Te!.: (LI) 3104-9951 - Fax: (I I) 3 I05-0359FILIAL PE: Tel.: (81) 3223-4988 - Fax: (81) 3223-1176

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    2011 by Livraria Editora Renovar Ltda.

    Conselho Editorial:

    Arnaldo Lopes Sssekind - PresidenteCaio Tcito (in memoriam)Carlos Alberto Menezes DireitoCelso de Albuquerque Mello (in memoriam)Luiz Emygdio F. da Rosa Jr.Nadia de AraujoRicardo Lobo TorresRicardo Pereira Lira

    Reviso Tipogrfica: Ana Maria Grillo

    Capa: Simone Villas-Boas

    Editorao Eletrnica: TopTextos Edies Grficas Ltda. OOO9 4 4

    CIP-Brasil. Catalogao-na-fonteSindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ.

    A663Araujo, Nadia de . , . .. .

    Direito internacional privado: teona e pratica brasileira - 5.ed. atualiza-da e ampliada / Nadia de Araujo. - Rio de Janeiro: Renovar, 2011.

    660p. ; 23cm.

    ISBN 978-85-7147-798-8

    I. Direito internacional privado. 1. Ttulo.CDD 343.810922

    Proibida a reproduo (Lei 9.610/98)Impresso no BrasilPrinted in Brazil

    Errata

    Pg. 449 - 1 pargrafo. Onde se l: Celso de Mello.841Leia-se: Celso de Mello.84J O par. nico foi revogado pela Lei

    12,036/09 .:

    Pg. 492 - n. 930. Onde" se l: do STF. Veja in www.stf.gov.br.Leia-se: do STF. Veja in www.stf.gov.br. Agora o pargrafo nico foi

    revogado pela Lei 12.036/09, que mudou o prazo do art. 7, 6 para umano.

    Pg. 519 - n. 987. Novo texto.Os embargos execuo so regulados no Cdigo de Processo Civil,

    arts. 736 e seguintes. Como o laudo arbitra I equipara-se a sentena e podeser executado diretamente, por ser um ttulo executivo judicial, no cursoda execuo o devedor pode opor mesma os embargos de execuoregulados no CPC . .As causas para os embargos de execuo esto no art.745 do CPC.

    Pg. 649 - art. 1, 2. Revogado pela Lei 12.036/09

    Pg. 650 - art. 7, 6. Novo texto. 6 - O divrcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os

    cnjuges forem brasileiros, s ser reconhecido no Brasil depois de 1 (ano)ano da data da sentena, salvo se houver sido antecedida de separaojudicial por igual prazo, caso em que a homologao produzir efeitoimediato, obedecidas as condies estabelecidas para a eficcia das senten-as estrangeiras no Pas. O Superior Tribunal de Justia, na forma de seuregimento interno, poder reexaminar, a requerimento do interessado,decises j proferidas em pedidos de homologao de sentenas estrangei-ras de divrcio de brasileiros afim de passem a produzir todos os efeitoslegais.

    Pg. 652 - art. 15, (e) ter sido homologada pelo Superior Tribunal deJustia. '

    Pargrafo nico. Revogado pela Lei 12.036/09.

  • 1. O Novo DIPr e os Direitos Humanos

    Nos dias atuais, a preocupao com os direitos humanos ultra-I'IISSOU os limites do Direito Internacional Pblico e se espalhoupor vrios outros ramos jurdicos. Uma reflexo acerca do Direitolntcmacional Privado (DIPr) no poderia continuar imune uni-versalidade dos direitos humanos, protegidos por uma pliade deIralados internacionais e j integrados ao direito interno dos Esta-dos, seja pela incorporao desses tratados, seja na esteira das mo-di [icaes e reformas constitucionais ocorridas em diversos pasesnos ltimos vinte anos. I Na Amrica Latina relevante esse movi-mento? como se verifica na redemocratizao do continente, aps

    I Apenas para citar alguns exemplos, temos a Constituio espanhola, de1978, a portuguesa, de 1976, a brasileira, de 1988, e a Constituio argentinareformada, de 1994, entre outras. Ver, sobre o assunto, PINHEIRO, Cada,Direito Internacional e Direitos Fundamentais, So Paulo, Editora Atlas, 2001,p.71.2 Explica Diego Fernandez Arroyo que o termo "Amrica Latina" aparece nasegunda metade do sculo XIX, com conotaes polticas para distinguir osEstados do sul dos Estados poderosos do norte. Esclarece que, na Espanha, otermo preferido ibero-arnericano, pois Amrica Latina seria impreciso. AR-ROYO, Diego D., in "Derecho Internacional Privado Interamericano: Evoluciny perspectivas", XXVI Curso de Derecho Internacional, Washington, OEA, 1999,p.157.

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  • 'r d mar ado p r v ,o s ditntorinlsvos gov rnos a similaram os prin Ipi s prmanos nas reformas legais efetuadas n r nh 1\111como princpios fundamentais, d v - a s gurar a sua a I ). 1\1aplicao nos ordenamentos positivos, assim omo no IPr.

    A proteo da pessoa humana hoje o objetivo pr li 11.todo o ordenamento jurdico, e ultrapassou as front iras ini iai: 1111direito pblico, integrando os princpios norteadores do dire tilconstitucional.:' e influenciando tambm a sistemtica do 11'1Assume cada dia mais relevncia a interpretao e a utiliza I,das questo da proteo da pessoa humana e de sua digndad , '111todas as reas do direito, em especial no direito privado. Ant.fortemente marcado pelas doutrinas individualistas dos s LI I IXVIII e XIX, foi aos poucos invadido pela tica constitucionali lu, t

    3 GANNAG, Lna, La Hirarchie de Normes et les Mthodes du O rOI 1International Priv, Paris, LGDJ, 2001, p. 48: "Les droits fondamentaux 11\rejoint Ia catgorie des principes gnraux du droit ... On assiste alors unr-viction des mthodes de rglementation au profit des normes fondamental s.'4 Sobre essas mudanas, ver TEPEDINO, Gustavo, Temas de Direito Civil,2a. ed. rev. e atualizada, Rio de Janeiro, Renovar, 2001. Dois estudos cuidamespecificamente dessa questo. No primeiro, "Premissas Metodolgicas para tiConstitucionalizao do Direito Civil", o autor, ao justificar a nova adjetiva oatribuda ao direito civil [direito civil constitucionalizado], diz: "Trata-se, muma palavra, de estabelecer novos parmetros para a definio de ordem pbli a,relendo o direito civil luz da Constituio, de maneira a privilegiar, insista-s ,ainda uma vez, os valores no patrirnoniais e, em particular, a dignidade dapessoa humana, o desenvolvimento de sua personalidade, os direitos sociais e ajustia distributiva, para cujo atendimento deve se voltar a iniciativa econmicaprivada e as situaes jurdicas patrimoniais." E no estudo "Direitos HumanosRelaes Jurdicas Privadas", posterior ao primeiro cronologicamente, volta acuidar do tema e afirmar: "( ...)verifica-se igualmente a insuficincia das tcnicasde proteo da pessoa humana elaboradas pelo direito privado( ...) mostra-seinteiramente aqum das inmeras e crescentes demandas da pessoa humana."(p. 58) Conclui afirmando que a tutela dos direitos humanos nas relaes priva-das consolida a interpenetrao dos espaos pblicos e privados (p. 70).Veja-se tambm, CAMARGO, Margarida Lacombe, "Eficcia Constitucional:Uma Questo Hermenutica", in Hermenutica Plural, orgs. Carlos Eduardo deAbreu Boucault e Jos Rodrigo Rodrigues, So Paulo, Martins Fontes, 2002.

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    lis '( I' \ S hr ss s n V aminh s do IPrVI \l urs da AS s br Dir ito Interna-

    ta, "A pessoa humana no Direito lnter-11 fi 'Ol//( nipor neo", at ta sua atualidade e pertinncia.1111 II d' ~ \3 a r fi xo ' a influncia da moderna concepo

    1I 1111 IltIn an - direitos fundamentais no plano interno'I \1 11'

  • . ad ta prcc 'il nstiu, i nais na ua m t di, Iint rpretatva.? Nos ltimos anos, essa t ndn ia p d s r bs r-

    vada nos pases europeus - como a Alemanha, a Fran a Portugal,onde as regras conflituais sofreram grande modificao -, especial-mente informados pelas peculiaridades da construo europia epela atuao da regulamentao regional especfica dos direitos hu-manos."

    Erik Jayme definiu a ordem pblica como sendo o conjunto deprincpios gerais de base de um sistema jurdico, os quais se apre-sentam como um obstculo aplicao da lei estrangeira, figuran-do, dentre eles, os direitos fundamentais do indivduo, protegidos

    7 O Cdigo Bustamante j trazia essa concepo em suas regras gerais, aoestabelecer, no seu artigo 4, que os preceitos constitucionais so de ordempblica internacional. Conveno de Direito Internacional Privado dos EstadosAmericanos - Cdigo Bustamante, Havana, 1928. Promulgado pelo Brasil em13/8/29, Dec. ] 8.871. So tambm partcipes: Bolvia, Chile, Costa Rica, Cuba,Repblica Dominicana, Equador, Guatemala, Haiti, Honduras, Nicargua, Pana-m, Peru, Salvador e Venezuela. Para o texto integral, ver DOLINGER, Jacob eTIBURCIO, Carmen, Vade-Mcum de Direito Internacional Privado, Ed. Univ.,2aed. Rio de Janeiro, Renovar, 2002, p. 166 e seguintes. Para uma maior reflexo

    sobre o Cdigo Bustamante, ver o completo estudo de SAMTLEBEN JrgenDerecho Internacional Privado en Amrica Latina - Teoria e Prctica del Cdi~go Bustamante, vol. I, parte geral, traduo de CarIos Bueno-Guzmn, BuenosAires, DePalma, 1983. Esclarece Samtleben que o Cdigo Bustamante muitousado na Amrica Latina, no s entre os pases contratantes, mas como fonte dedoutrina jurdica, por seu carter universalista, op. cit., p. 177-178. Isso ampliasua utilizao e importncia como autntica lei de Direito Internacional Privadona falta de regras especficas da legislao interna em temas por ele tratados:Finalmente, aponta Samtleben para a importncia prtica do Cdigo Bustaman-te, pois um instrumento de argumentao jurdica, como se v na sua utilizaopor juristas e pareceristas em casos envolvendo o Direito Internacional Privado.Tambm no Brasil o Cdigo Bustamante fonte doutrinria e utilizado najurisprudncia como fonte, mesmo em relao a pases no signatrios.8 V:ja-se, neste sentido, o prefcio de Yves Lequette obra de Lna Gannag,La Hzerarchze de Normes et les Mthodes du Droit International Priv ParisLGDJ, 2001. Na sua apresentao, Lequette afirma: "Constitutionnalisation'internationalisation, europanisation, ces trois mots rsument l'essental desbouleversements qui ont affect les sources du droit international priv depuisune trintaine d' annes" (p. VI).

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    1"1 111I1 onulm 'nl ." N{ m -sm S '11 icl , L na annag 'o xpli aI IIllItI,,1 ) [run s, on I, a uut riza d n Ih 00 titucional,11 .I, I!l71, rn. a apr ia 5 da onf rrnidad de uma lei no s1IIIIII,IlI a l xt da on tituio, como tambm ao seu prem-

    1111111, I [ara d Dir itos do Homem e aos princpios funda-li" 111 lis nh idos pela leis da Repblica, conjunto chamado1"" 1,111 cl bloco constitucional, abrindo a porta para a hegemonia.111 dll'l'il s fundamentais.

    A partir do marco estabelecido pela Declarao Universal dos1) 11'1 )$ I lumanos, de 1948 - com referncia expressa proteo.11 dignidade do indivduo -, introduziu-se a concepo contem-11111 n 'U d que esses direitos so caracterizados por sua universali-.11111 '~' indivisibilidade.!' Espalhou-se esta noo de proteo para

    I IAYME Erik "ldentit Culturelle et Intgration: le Droit International1IIIvI'P()stm~dern';, in Recueil de Cours, tomo 251, ] 995, p. 228. Explica o autor1/"1 , IlOAlemanha, os direitos fundamentais so expressamente mencionados natil I'\l~i o legal que cuida da ordem pblica no direito internacional privado. A"'"11111 em questo o art. 6, da Lei de Introduo ao Cdigo Civil (EGBGB):

    I/t. . Offentliche Ordnung (ordre public). 'Eine Rechtsnorm eines anderen'/t/"tl'~' ist nicht anzuwenden, wenn ihre Anwendung zu einem Ergebnis [uhrt, dasIIIlIwcsentlichen Grundsiitzen des deutschen Recht offensichtlich unvereinbar isto

    /r, ist insbesondere nicht anzuwenden, wenn die Anwendung mit den Grun-,I" i len unvereinbar ist." Em traduo livre: Art. 6. Ordem pblica (ordreI'lIhllc). 'Uma norma de outro Estado no deve ser aplicada, quando sua aplica-~ \) levar a um resultado incompatvel com princpios fundamentais do direito11I1'1I1UO. 2Ela ser especialmente inaplicvel, quando sua aplicao for incornpat-vr-l , om os direitos fundamentais.111 ANNAG, Lna, La Hirarchie de Normes et les Mthodes du Droitlntomational Priv, Paris, LGDJ, 2001, p. 5.11 PIOVESAN, Flavia, in "Direitos Humanos Globais, Justia Internacional e\I lirusil", Arquivos de Direitos, vol. I, org. Ricardo Lobo Torres e Celso Albu-'lIwrque Mello, Rio de Janeiro, Renovar, 1999, p. 75. Segundo a autora: liAIh-llarao Universal introduz a concepo contempornea de direitos huma-1I1l~, .aracterizada pela universalidade e indivisibilidade desses direitos. Univer-',"lldade porque clama pela extenso universal dos direitos humanos sob a crena.lI' que a condio de pessoa o requisito nico para a dignidade e titularidade,1\direitos, Indivisibilidade porque a garantia dos direitos civis e polticos aI ondio para a observncia dos direitos sociais, econmicos e culturais e vice-ve-rsa. Quando um deles violado, os demais tambm o so. Os direitos humanosr ornpem assim uma unidade indivisvel, interdependente e inter-relacionada."

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  • utras r 3S d dir it . Erik Jayrn afirma qu )s II ' I ).humantm um pap I primordial na atual ultura jurfdi a nt '1)11 rn a,tambm pela sua funo de aproximar o Direito Int rna i nal P-blico do Direito Internacional Privado. Ao invs de ontinuaremseu caminho em dois crculos separados, com temticas distintas- o DIPu tratando das relaes entre os Estados, e o DIPr somen-te das pessoas privadas -, encontraram-se em um novo espao,tendo ao centro a preocupao com a pessoa hurnana.l/

    O eixo axiolgico dos direitos humanos o da dignidade dapessoa humana, alada ao patamar de um valor, tanto internacio-nalmente (nos tratados de direitos humanos), quanto no plano in-terno (nas constituies). A Constituio brasileira, a elevou a ca-tegoria de princpio fundamental (artigo 1, 111) constituindo o n-cleo informador de todo o ordenamento jurdico. 13

    12 JAYME, Erik, "Identt Culturelle et Intgration: le Droit InternationalPriv Postmoderne", in Recueil de Cours, tomo 251, 1995, p. 37. O autor fazesta explanao ao justificar o ttulo e a linha de estudo empregada para o cursogeral da Academia de Direito Internacional, pois acredita que o direito parteintegrante da cultura e, portanto, a categoria ps-moderna, utilizada nas artes ena arquitetura, se aplicaria tambm ao direito. Em seguida, descreve as caracte-rsticas do fenmeno, que divide em quatro: pluralismo, comunicao, narraoe o retorno aos sentimentos. Ao longo do curso, e em particular na sntese feitana concluso, o autor exemplifica cada uma dessas caractersticas do ps-moder-nismo em uma situao ligada ao DIPr. Veja-se, expandindo a noo de ps-mo-dernidade no direito, MARQUES, Claudia Lima, "A Crise Cientfica do Direitona Ps-modernidade e Seus Reflexos na Pesquisa", in Rumos da Pesquisa, Ml-tiplas Trajetrias, org. Maria da Graa Krieger e Marininha Aranha Rocha, PortoAlegre, Pr-Reitoria de Pesquisa, UFGRS, 1998, pp. 95-108. Em resumo, expli-ca a autora que nesses tempos ps-modernos, o desafio para o direito nosentido de propor uma nova jurisprudncia dos valores, uma nova viso dosprincpios do direito civil, agora mais influenciada pelo direito pblico e pelorespeito aos direitos fundamentais dos cidados. Claudia Lima Marques volta aotema da ps-modernidade no DIPr e a aplica, concretamente, quando sugereuma Conveno Interamericana de Proteo ao Consumidor. MARQUES, Clau-dia Lima, "A Proteo do Consumidor: Aspectos de Direito Privado Regional eGeral", in XXXVII Curso de Direito Internacional, Washington, OEA, 2000.13 PIOVESAN, Flvia, Temas de Direitos Humanos, So Paulo, Max Limonad,1998, pp. 34-35. Acrescenta ainda a autora que: "A dignidade humana e osdireitos fundamentais vm a constituir os princpios constitucionais que incorpo-

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    d d mai r r 1 vncia\ _\ \ , I '111nssu m .rn a a a Ia _ ,,t~ S t d nfltto d 1 iS.14 A proteao aI 11 \ 11 I IPr, n "r 'ghral n os prin pios da decorrentes, pas-I , ulc \:1 P a umana, .11 I I, c _ d l' - do direito estrangeuo,

    \ inf rrnar as ondies e ap icaao ,. E111 \ I \ .}." -o da metodologia propna do D IPr. ssas

    \ r v "\1 n 'a p a .utJ l_za.a 1 as regras de conexo clssicas, 1\ \ 0'5 d ,apl.l :s~~ ~:~~::;rincipiOlgico e dotadas de maiorI 1111\ ) outra t cm . . d DIPr regras flexveis, regras1\ \ .\. \ d regras matenals e, d -, 11 I. a - . lusulas de exceo. To as na?dI ,'I ";luva, normas narratl~aksJe c h a de "double coding". E

    . d' d e En ayme c am1"11\ -m p~ sem ir o qu sob uma dupla perspectiva, pois estas1\ "II~ 'ndlmen~o da norma uanto sua finalidade, e de reverso,1'1\' .sarn ser vistas de frente"d 1 No so jamais intrinse-1\\1 Il\to a outros pontos atingi ~: ~~l;~~objetivo precpuo, uma'I :::: :n~~~~~~:l~r!;~~:~~:iO~~~'esr,T~:~:~:'n;l~~~~~V~~:1111\11 s reconhecidos na or em Jur~ ica. enor no s do

    11) \a Haia sobre a~do~o, que V1S\~:t~~e~eos:a ide~tidade cul-plInto de vista economlCO, mas tam

    \ IrI1II:lEs~asnovas construes tericas - cUdjaf~i~erenD~;:~~~~e::

    . , . d passam a e mlr oIIIS regras ]a menciona as. ~ . ualmente da tarefa de formaonuno do Direito, que partiCipa 19 bili d de e a abertura a valo-I . dade 17 Acentua-se sua permea 1 I aI li saCIe .

    -. -.- . s de justia e dos valores ticos, conferindo suporte axiolgico a111111 as exigencialodo o sistema jurdico brasileiro." "49

    AYME E ik "Identit Culturelle ... , p. . d1,1 J ,fi , . . d U .- Europia sobre o contrato elifi m a Diretiva a ruao

    I ~ Exemp I rca o autor co d . oteo ao comprador, parte mais. lado quer ar maior pr dIII/le-shanng, que por um . t' bom funcionamento do merca o,

    . t quer com ISSOgaran Ir o I1 "I1 aca, mas por ou ro . JAYME Erik "ldentit Culture e ... , p.(.vitando distores na concorrenCla. "

    49. d - concluda em 23 de maio de 1993,Ih A Conveno da Haia sobre ~loYeo~aio de 1995; no Brasil, foi aprovada('ntrou em vigor mternac.iOnal em

    d1999 t'fl'cada em 10 de maro de 1999, e

    01 d 14 de Janeiro e , ra Ipelo DL n. ,e d 2l de 'unho de 1999, entrando em vigor empromulgada pelo Dec. n. 3087, e j

    () I de julho de 1999. d M Direito Internacional Privado e17 RAMOS, Rui Manoel_Ge2s. ~ra ~~~:nbra Ed., 1991, pp. 100-101.onstituio, 2a. relmpressao, OIm ,

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  • r is u prin rpt ir .it .Phli (nt 1'1\) \11 11\1'11\H it nnl .IMA normas narrativas, qu no obrigan Iir tnm '1\ v, I\la~ Ivem valores, prescrevem um processo para r' 'gui I na lu 5 \dos conflitos de leis, dentro dessa tica. 19

    O DIPr, reduzido a um direito apenas de regras conflituai ,fruto de um excessivo formalism020 (com a norma de conexatuando por um jogo predeterminado e caprichoso) est sendo su-perado pelos novos topoi (lugares-comuns) criados, e pelas solu-es substanciais e flexveis, surgidos na jurisprudncia e da doutri-na americana, posteriormente adota dos na Europa." Esta orienta-o metodolgica est comprometida com uma jurisprudncia deinteresses e valores, em favor de decises que, ao solucionar oconflito de leis, no ignorem as conseqncias do caminho encon-trado. No fcil por em prtica essa maneira de pensar, atravs dejurisprudncia informada por valores, pois o intrprete deve orien-tar seu labor interpretativo baseando-se nos princpios constitucio-nais e materiais extrados das fontes legais.

    Essa jurisprudncia est se construindo da perspectiva de umsistema nacional tendo como vrtice a Constituio, mas partindoda universalizao dos direitos fundamentais. O papel do juiz,

    18 RAMOS, Direito Internacional.", p, 104,19 JAYME, Erk, "Identit Culturelle ... ", p, 260. O autor d como exemplo oart. 190 do Tratado das Comunidades Europias, que prev: "Os regulamentos,as diretivas e as decises do Conselho sero motivadas e visaro s proposiesou opinies obrigatoriamente utilizadas na execuo do presente tratado", Eesses considerandos aparecerem na Diretiva 94/47 CE, sobre o contrato detime-sharing, dando uma descrio da Finalidade da regra de conflito, Esta umanorma narrativa que deve ser levada em considerao pelos juzes na interpreta-o das normas comunitrias em questo, mas no contm um comando imposi-tivo direto,20 ROZAS, Jos Carlos Fernndez, "Orientaciones deI Derecho InternationalPrivado en el Umbral del Siglo XXI", in Revista Mexicana de Derecho Interna-cional Privado, nmero especial, 2000, p, 7,21 Como ocorreu na Conveno de Roma sobre a lei aplicvel s obrigaesinternacionais, que adotou a regra dos vnculos mais estreitos (princpio daproximidade) para determinar a lei aplicvel aos contratos internacionais, criaoda jurisprudncia americana, no caso Babcock, como se ver mais adiante,

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    jur li ,na apli a d IPr,inl rna P ializadas sobre a

    rasil), ma tambm aos direitos huma-- ' I no plano interno - pelas

    I liISSU-n pr t ao speCla . ,, I .. ,. d blo o onstitucional, que incluem os pnn~i-

    I tlll 1 1I)l s. d' so global e reglO-1\\1 lnn internaClonal- em sua imen .

    "'li 1'r ' rccsa dispor de uma metodologia que i~corpore_oI to J'urdico retrico-argumentatlVo, e nao

    .11 \\1\\ r '11 amen , . d cepes po-I 1111

    01\ ~ Si~t :~~~~~~ef;~~:;~s~~e~:~~:i~ol~~~~ndesejada~ n?

    1I , 11\" . _ do ensamento tpico e casUlstl-11,11 11\0 utual: LIma ressurreiao d p I it lana 22 Por isso as

    ~ ivens do DIPr a esco a 1 ai. ,, 1" I :Sl,- l~~Sp~:~~~m obedecer ao sistema de_ regra/exce!o,I \ (\ .' h s como baliza das soluoes encontra as11.111\\1> IIr ltosfl,um~no _ ndo a lei aplicvel a nica soluo

    I I" 11\' odo con tuai, nao se .1 blerna plurilocahzado.1'1' 1 t' para um pro di total ausncia de normas de

    , todologia no quer izer a ,'.!lla me. flexibilizao do sistema existente, atraves

    1Il1llllos, mas Sim uma. _ orma do princpio de proxi-.11 11'\ni as novas: pela mtroduao na n I' europias24 atravs

    I \ 1,23 - como se v agora em recentes eiS d DI'P .11\\ , d ateriais e r,onen-d, \ ltusulas de exceo; atraves e ~~gras ~omprometidas com osI ulns para a soluo global do prfo e,:nalo'calizadora.25 O aumento

    1 - is somente a sua unaoI or 'S e nao ma.. roblemas legais decorrentes de situa-dlls indivduos atmgidos por P dores j rdicos nova com-\) 'S plurilocalizadas imps aos opera ores JU

    ROZAS "Orientaciones deI Derecho ... ", p. 11. . 'dos, ; , ' id de teve origem no direito amencano, na area "/ \ O prinCipiO da proxlml ai' I" I deve ser a "most closely connected ,

    d se diz que a ei ap icave d\ onlratos, quan o , nculos mais estreitos. Incorpora o, I qual o contrato pOSSUIv 'I' dnu seja, aque a com a . f L foi posteriormente uti iza o na

    2 d n the Confllcts o aws, _.'no Restatement n o b d it licvel s obrigaoes mternaClO-C-de Roma so re o Irei o ap NEuropa na onvenao ioria dos pases europeus, as

    C ' h' e tem uso corrente na ma -nais. om ISSO, OJ 'f' 'I' d com regra de conexo na Convenao, ' " 'o tambem 01 utllza o M' 'Amencas, o pnnctpi " Ii 1 s contratos internacionais, exICO,'nteramericana sobre o direito ap icave ao

    1994. , h .. 2l24 ROZAS "OrientaClones deI Derec o... s p, ., , h .. 23,25 ROZAS, "Orientaclones dei Derec o .. , ,p,

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  • pr n da dis iplina. N pas ad u nn r t'1 I 11111 ( 1\, Iap nas as lites podiam viajar ou ter rela s priva lu 'internacional, mas a situao modificou-se completam nt .2h A ex-panso das situaes privadas internacionais se deu atravs da glo-balizao, que com a abertura de novos mercados possibilitou ummaior movimento de trabalhadores no plano internacional, comsuas correntes migratrias de cunho econmico; as advindas doincremento do turismo de massa; as migraes por motivos polti-cos, com grandes grupos de refugiados deslocados para outras co-munidades, levando consigo seus valores culturais, que precisamser respeitados, inclusive no que diz respeito lei aplicvel.V

    Os princpios protetivos dos direitos humanos interferem naoperacionalizao do mtodo de soluo de conflitos do DireitoInternacional Privado de duas formas: na sua aplicao positiva ena sua aplicao negativa. 28 Aplicao positiva porque a manuten-o do mtodo garante os direitos individuais de respeito ao patri-mnio jurdico que os indivduos carregam consigo.?

    26 Nas palavras de GANNAG, op. cit., p. I, "por muito tempo conhecidocomo um processo entre ricos, o direito internacional privado interessa hoje atodos os que vm aos tribunais". Observao de cunho sociolgico resultante dapesquisa nas obras de compilao da jurisprudncia francesa, pois no comeo dosculo a maioria dos processos era de prncipes, bares etc., enquanto hoje composta de nomes comuns.27 Nesse sentido, o Estatuto dos Refugiados, de 1951, no ficou insensvel aessa problemtica, contando com artigo especfico a cuidar da temtica, no seuartigo 12, pelo qual a lei aplicvel ao estatuto pessoal ser determinada pela leido domiclio do refugiado.28 Segundo BRITO, Maria Helena, A Representao nos Contratos Internacio-nais, Coimbra, Almedina, 1999, p. 596: "A reserva da ordem pblica, quer nasua funo negativa e positiva, significa sempre uma imposio das concepesjurdicas fundamentais do Estado do foro na regulamentao de uma situaointernacional submetida, pelas normas de conflitos do sistema do foro, a umaordem jurdica estrangeira."29 Veja-se, OOLINGER, Jacob, "In Oefense ofthe 'General part' Principies",in International Conflicts of Laws for the Third Millenium, New York, Transna-tional Publishers, 2001, p. 31, em que o autor, ao esclarecer o princpio deordem, pblica justifica a aplicao do mtodo: "As dfferent people from diffe-rent countries, nationalities, cultures and mentalities relate between themselves

    22

    'gro I, 1 I Pr, que r .n te a dir it trang iro,ai _ m ju tifi ativa apar nt den.tro das exce-

    , . l n m t do onflitual (leis imperativas e ordemlU", I I r 'VI a d dIIlhll n) _ irnpli aria m um territorialismo exacerba o e um es-: I "wi a s dir itos do indivduo, com relao a~ seu est~tut?II'~ oal m uma sociedade pluralista. Portanto, aphcar.a um.mdl-I I' . 'I . d signada pela regra de conflito preserva sua identidadeI I \ I d 1 di l' - d

    11 ral m um mundo ameaado pela crescente mun Ia izaao ?I 11 li", - d t d nfl11111 'r io e das relaes privadas. A manutenao o me o oco -

    t 1\" d ntro de uma perspectiva mais flexvel, rep~ese:1ta u~a m~-111,1 ;\ positiva de respeito aos direitos hu~a~o~, pOIS,ha uma h?aaoI . iva entre a regra a ser utilizada e o mdlvld~t E. o re~p.e.lto ~o

    ti I -to diferena, acentuado por Erik Jayme, p01~ a clvglzayolos-moderna se caracteriza por um pluralismo de estlI?s e e va 0-: I'~' d sconhecidos anteriormente. S o mtodo confht,:aI garan:eIOSindivduos os seus direitos diferena no que tange a proteao

    d:l identidade culturaIY ~. " "Para evitar que a escolha seja meramente mecarnca, cega :os

    VIII res de justia material, "neutra" ou indifer~nte ao. co.nteto

    Ias normas materiais encontradas, serve o conceito de d~reltos u-. os de baliza tambm no seu aspecto negativo, ou seja, quandom an . . l' d

    11 aplicao da lei estrangeira levar a um efeito negauvo, imp l~an _oviolao dos direitos humanos.32 O resultado obtido pela aplicao

    I d dfferently by each State the maintenance of transnationallegal111 matters ru e I r I' h' hd r demmands that we apply one legal system to each re ations IP, to eac

    or e ti and so we establish a set of rules that will indicate the appltcable la~~':~~:Vl:~situation. We accept a foreign law out of a philosophy of tolerance, ounderstanding that transnational situations ask for sol~tlOns tat ar~a~i~: e;~;State's idea of sovereignty, of peculiarity, of mdlVlduahsm, o paroc Ia dea: d:)1' course this philosophy has to respect certain basic values that are ear animportan~ to the jurisdiction and the people that lve therein, and th~,refore nororeign law that stands in antagonism to these values can be accepted.30 JAYME Erik, "Identit Culturelle ", p. 251.~, JAYME' Erik "Identit Culturelle ", p. 252. . , . .. AI JA'YME Erik "Le Oroit International Priv du Nouveau Mtllenalre.32 erta " I b I' . " . R cueii deIa Protection de Ia Personne Humaine Face Ia G o a isation, tn e .,.Cours, tomo 282, 2000, para a questo do divrcio no direito comumtano

    europeu.

    23

  • nflitual pr isa l .r limi; 'S I '/'illldo, / t I' '/'I r 'nliznd Ip Ia utiliza o do prin pio da rd m pbli a. 'vil I .\' , ntrariur,com a aplicao da regra de DIPR, os dir itos fundam 'l1lai .33

    S atravs de uma concepo valorativa da apli a o do li,ser possvel o respeito aos direitos humanos constitucionalm n 'protegidos para se atingir os objetivos da disciplina. A tcnica donorma indireta continua adequada para resolver os conflitos pluri-localizados, porque a exceo da ordem pblica usada para garan-tir o respeito aos direitos fundamentais, no plano interno, e o re _peito aos direitos humanos, no plano internacional. Tampouco anica maneira de resolver os conflitos de leis, em face das novatcnicas. Promove-se, desta forma, harmonia e segurana jurdicano plano internacional, pois a soluo ser a mais justa, depois dproceder-se valorao do caso concreto.34 O conceito de ordempblica atua como vlvula de escape para o funcionamento do sis-tema, evitando a ocorrncia de situaes potencialmente explosi-vas do ponto de vista da justia material. Seu carter indetermina-do, mutante e de difcil definio s pode ser definido pela ticados direitos humanos, e no apenas de acordo com as convenin-cias legislativas do Estado. Segundo Moura Ramos, o que podelevar um tribunal a recusar a aplicao da lei estrangeira no qualquer imperativo que se ancore no interesse estatal, mas simquando em jogo um princpio de ordem constitucional. 35 Sua noo composta dos direitos fundamentais, constitucionalmente prote-gidos, e pelos direitos humanos descritos nos tratados internacio-nais.

    Outro aspecto impeditivo da aplicao do mtodo de DIPr,preliminar a qualquer ato, so as leis de aplicao imediata: as cha-

    33 Veja-se o comentrio sobre o desenvolvimento do DIPr Argentino deKLOR, Adriana Dreysin, "Los Principales Desarrollos Dentro dei Derecho Inter-nacional Privado em el Prximo Siglo em Argentina", in Revista Mexicana deDerecho Internacional Privado, especial 2000, p. 64, sobre a necessidade deincorporar o labor criativo do juiz em uma jurisprudncia de valores como fatordeterminante do prprio objeto do DIPr.

    34 No se nega a necessidade, em algumas situaes, de regras unilaterais, masas excees complementam o sistema.

    35 RAMOS, Rui Manoel de Moura, "Direito Internacional ... , ", p. 239.

    24

    1/ IA ME, Erik, "Identit Culturel~e"i:~~'i~;:;nacional, veja-se o excelenteIlllll' o tema do consumidor n "APP t o do Consumidor: Aspectos de

    RQUES CI dia LIma ro ea , LI1111dI' MA , ,au I" in XXXVII Curso de Direito lntemaciona ,1'1111111Privado Regional e Gera,' d ' b ileira merece ser lembrado o

    OEA 2000 N jurispru encta rasi ,1 lillIglon, , . a I A ' d-o Min Slvio de Figueiredo1)81/SP Quarta Turma Rel. para cor a, di

    1 I ')1 h. ., '/2000 00296 onde, no obstante o ISpOS-11 1'11:1,j, 11/04/2000, DJ 20f/ll I" Pd' as no' rmas do Cdigo de Proteod LICC oram ap ica as d '1IIIIlIIIIL 90, caput, a '_ 1 d compra e venda de merca onaid ' laao contratua e, Il.'I\'~a do Consumi or are 'I b do em Miami Estados Unidos,I ' d respectiva garantia, ce e ra "I 1 11111101e e sua , b idi ' de uma multinacional Japonesa,'I ' a amencana su SI lana ,I 1111I' hrasi erro e empres ,,' b idi ria brasileira da multinacio-' , , d I brasileiro contra a su SI I

    111.110fOI Intenta a pe o d tia (firmado com a empresa' nto do contrato e garan I

    Illd, vxigindo o cumpnme h id I STJ o direito do comprador, principal-1IllI'llCana), tendo sido recon eCI o pe d itou na marca do produto, e com

    o d f a que este epos1I11'IItcem razao a con ian "consumidor De notar que o

    b 'I' as de proteao ao .,lundamento nas normas rasi err d t de vista do Cdigo do Consumi-I' t to somente o pon o d'r !'] ana ISOUa ques ao a -, t 90 da LICC que cuida os

    o disposto no ar . ,.1111,sem se preocupar com id f ai a norma do CDC como norma de, ontratos internacionais. Consi eraram, a m ,

    011nter imperativo" HEIRO C 1 Direito Internacional e DireitosIH Nesse sentido, veja-se PIN I 200'1 A

    ara, t a defende esta linha de idias.' S- P I Ed At as ,au or

    lundamentais, ao au o, ' d D' 'I t national Priv, Recuel de Cours,\'1 RIGAUX, Franois, Cours e roit n er101110213,1989, p, 95.

    25

  • nais d pr te a t das as p as humana' i"'l I 1111 11\\ 1 nhc-im nto da qualidad d suj ito aos strang ir s ': S I 'mais psoas, conforme estabelecido em diversas conv n - 'internacio-nais. Embora os tratados de direitos humanos no ontenham ex-pressamente nenhuma regra para o conflito de leis ou de jurisdio,tm influncia considervel na aplicao do DIPr interno.

    Procura-se - atravs da reflexo sobre as modificaes ocorri-das no sistema conflitual tradicional, a partir dos direitos funda-mentais do indivduo -, apontar para uma nova vertente interpre-tativa das regras de DIPr. Os pases da Amrica Latina em geral, eo Brasil, em particular, enfrentam essa nova realidade. No Brasil asregras de DIPr precisam se adequar sistemtica constitucional apartir de 1988, e ainda aos cnones do Novo Cdigo Civil, pois aLICC, principal fonte normativa do DIPr, de 1942, permaneceinalterada. Sua metodologia clssica do DIPr - inspirada nos mo-delos do sculo XIX -, mostra-se inadequada complexidade e diversidade do momento.

    O desenvolvimento da teoria dos direitos fundamentais, cujauniversalizao encontrou eco nos planos interno e internacional,interfere na metodologia do DIPr, que no pode ficar alheia a suadissiminao. preciso adequar a sua utilizao ao paradigma dosdireitos humanos. A ordem pblica tem papel fundamental paraequilibrar a aplicao do mtodo conflitual, especialmente se fordado ao aplicador da lei parmetros para faz-lo, o que s possvelse for utilizada a perspectiva retrico-argumentativa, estribada nodesejo de encontrar a soluo justa, a partir da lgica do razovel, eno mais apena atravs das razes de Estado.

    1.1 Direitos humanos e direitos fundamentais - a proteoda pessoa humana

    "The Rights of Man, supposedly inalienable, proved to be unenforcea-ble - even in countries whose constitutions were based upon them -whenever people appeared who were no longer citizens of any sovereignstate. To this fact disturbing enough in itselj, one must add the confu-sion created by many recent attempts to [rame a new Bill of HumanRights, which have demonstrated that no one seems able to define with

    26

    " I///,//lt/ 111"1/""1',1'/' /{l'/I 'I' Ill/IrIIl/'I rights, as dist'ingui hedfrom, .11/\ 01 ('/I;Z/'/I, 1'('(>111 are. j\lthol~gh eueryone seems to ag~ee that/'/1 '/11 011 lioso P '01'1, Or! i t precisely in Lhe loss of the Rtghts of

    11,"1 1/11 11/1/' S/'I'11I to k/1OW which rights they lost when they lost these,'11111 IlgIII"'."

    I d 401111111 I I Ar n t

    1I I 111 5l do que sejam direitos humanos" s pode ser feitadi nnlis de sua conceituao histrica." Esta?ele.ce~-se

    1111111\ 11 o as d claraes inseridas em textos constItuCIOnaIS a111I dI! '-rulo XVIII, pois atravs delas se procurou c~~templ~r

    ti 1I'lles om uma dimenso permanente e seg~r.a.. -':-partir1 11\ 111'lI

  • r 'il d pr l li, mar ad p r uma I li I I IIlpl I, I' voltndalvaguarda dos dir ito dos s r S human no los I~'ta IOS:'5

    Ancorado no valor da pessoa humana como ba ,'n entrou suaexpresso jurdica nos direitos fundamentais do homem. Sobressa tutela, com nfase primordial na pessoa, pronuncia-se Norber-to Bobbo."

    "Concepo individualista significa que antes vem o indivduo,notem, o indivduo isolado, que tem valor em si mesmo, e depois vemo Estado e no o contrrio; que o Estado feito pelo indivduo e noo indivduo pelo Estado; alis, para citar o famoso artigo 2, da Decla-rao de 89, a conservao dos direitos naturais e imprescritveis dohomem 'o objetivo de qualquer associao poltica'.

    "O caminho da paz e da liberdade certamente passa pelo reconhe-cimento e pela proteo dos direitos do homem, a comear pelo di-reito liberdade de culto e de conscincia, que foi o primeiro a serproclamado durante as guerras religiosas que ensangentaram a Euro-pa durante um sculo, at os novos direitos (como o direito privaci-dade e tutela da prpria imagem) que vo surgindo contra novasformas de opresso e desumanizao tornadas possveis pelo vertigi-noso crescimento do poder manipulador do homem sobre si mesmoe sobre a natureza."

    Com o tempo, o princpio da dignidade da pessoa humana tor-nou-se o epicentro do extenso catlogo de direitos civis, polticos,

    45 CANADO TRINDADE, Antonio Augusto, Tratado de Direito Internacio-nal dos Direitos Humanos, vol. I, Porto Alegre, Fabris, 1997, p. 20. Sobre adisciplina, veja-se ainda: RAMOS, Andr de Carvalho, Processo Internacional deDireitos Humanos, Rio de Janeiro, Renovar, 2002; ALMEIDA, Guilherme Assisde, Direitos Humanos e No-violncia, So Paulo, Atlas, 2001; PIOVESAN,Flvia, Direito Internacional dos Direitos Humanos, 4a. ed., So Paulo, MaxLimonad, 2000. Andr Ramos assim define o DIDH: " entendido como oconjunto de direitos e faculdades que garante a dignidade da pessoa humana ebeneficia-se de garantias internacionais institucionalizadas".46 BOBBIO, Norberto, Teoria Geral da Poltica: a Filosofia Poltica e as Liesdos Clssicos, organizao de Michelangelo Bovero, traduo de Daniela Beccac-cia Versiani, Rio de Janeiro, Campus, 2000, p. 480.

    28

    I I \)11 ml S, s dois ulturais qu ' as n titulo os instru-111I'l\lo int rna i nais of r m 01 nemente aos indivduos e sI ulotividad sY H uma indissocivel vinculao entre a dignidadeIII p .ssoa humana e os direitos fundamentais, sendo aquela um dos1'11.'lulados nos quais se assenta o direito constitucional contempo-I 1\'0:'8

    Para lngo Sarlet, segundo a Declarao Universal da ONU,l'l'ifica-se que o elemento nuclear da noo de dignidade da pessoahumana continua a ser conduzida pela matriz kantiana, centrando-I' na autonomia e no direito de autodeterminao de cada pes-111\."9 Seu respeito implica em um complexo de direitos e deveresIlinda mentais, assegurando proteo contra todo e qualquer ato deI linho degradante e desumano, v.g., as condies existenciais mni-runs para uma vida saudvel.P'' A partir do marco da Declarao aI1 (I nsgresso desses direitos no poderia mais ser concebida co~olima questo apenas de jurisdio domstica do Estado, sobressain-rlu, ao contrrio, sua relevncia universal. A soberania estatal dei-ou de ser considerada como princpio absoluto, e os indivduos

    pnssaram a apresentar, ao lado dos Estados, o status de sujeitos dedireito internacional. Multiplicaram-se, ao longo dos ltimos anos,IIS instrumentos internacionais relativos aos direitos do homem.

    O incio dessa nova vis directiva do campo dos valores (noplano internacional) alando a proteo dos direitos humanos \ ondio de tema global da humanidade, surge a partir da urgncia

    17 CASTRO Carlos Roberto Siqueira, "O Princpio da Dignidade da Pessoal lumana nas Constituies Abertas e Democrticas", in 10 anos de Constituio,\)f'1-\. Margarida Maria Lacombe Camargo, Rio de Janeiro, Renovar, 1999, p. 104.( 'ontinua o autor: "Por esse conjunto aprecivel de razes, justo reconhecerqlll' o princpio da dignidade da pessoa humana, por seu significado emblemtico,. catalisador da interminvel srie de direitos individuais e coletivos sublimadospl'las constituies abertas e democrticas, acabou por exercer um papel dencleo filosfico do constitucionalismo ps-moderno, comunitrio e societrio."(p. 114.) .IH SARLET, Ingo, Dignidade da Pessoa Humana e os Direitos Fundamentais,Porto Alegre, Livraria do Advogado, 2001, p. 26.11) SARLET, Ingo, "Dignidade da Pessoa ... ", p. 44.~II Ibidern, p. 60.

    29

  • da omunidad int rna i nai m dar UIWI "', I o, t I lIOS hocorridos na Segunda Gu rra, por au a da ruptui tlao do Estado totalitrio. Para Hannah Ar ndt, 'a ruptura dEstado totalitrio com os demais criou um novo grupo de indiv -duos no cenrio internacional, os sem-direitos [rightless], pois, d -providos de nacionalidade ou qualquer vnculo a um Estado naci -nal, perderam sua condio humana. Passaram a viver em um est-gio de invisibilidade diante dos demais setores, seja o Estado de suaprovenincia, seja para aquele ao qual se dirigiam. As instituieinternacionais deram-se conta da sua incapacidade de prover-lhequalquer tipo de proteo.

    A Declarao Universal foi uma resposta a esses novos tempos,consubstanciando o direito a uma hospitalidade universal propug-nada por Kant em sua paz perptua, com o fito de impedir o surgi-mento de aptridas em larga escala.f Esse processo de universali-zao permitiu a formao de um sistema normativo internacionalde proteo aos direitos humanos, tanto no plano regional- siste-ma da OEA-, quanto no plano global- sistema da ONU -, noqual o Brasil tem participado ativamente, iniciando a incorporaodesses atos internacionais a partir da Constituio de 1988.52

    Os instrumentos internacionais de proteo aos direitos huma-nos apresentam natureza subsidiria, pois atuam como garantiasadicionais de proteo aps falharem os sistemas nacionais. A res-ponsabilidade primria pela tutela dos direitos fundamentais con-tinua no mbito do Estado, mas pode ser transferida comunidadeinternacional quando sua interferncia se mostrar necessria parasuprir omisses ou deficincias. Para a utilizao desses instrumen-tos de carter internacional no plano interno, preciso proceder sua recepo pelo nosso ordenamento jurdico. Tal questo remete

    51 LAFER, Celso, A Reconstruo ... , p. 155.52 Sobre o impacto dos direitos humanos no Brasil, especialmente a partir daincorporao dos tratados internacionais de direitos humanos no Brasil, confira-se a anlise de PIOVESAN, Flvia, "Direitos Humanos Globais, Justia Interna-cional e o Brasil", in Arquivos de Direitos Humanos, vol. I, org. Celso D. deAlbuquerque Mello e Ricardo Lobo Torres, Rio de Janeiro, Renovar, 1999, p. 85e seguintes.

    30

    b I( utrina da jurisprud ncia acerca doint rna ionais no nosso ordena-

    1111 Illn. : uma r a m qu a onstituio no possui normas claras111" ' suo in rpora o ou posio hierrquica, tendo esta lacuna111 I suprida p Ia jurisprudncia. No Brasil, os tratados internacio-

    111 entram em vigor aps a aprovao congressual e promulgaodll Pr .sidente da Repblica, situando-se no mesmo plano hierr-'1,11\ ) qu as leis ordinrias.V

    /\g ra, com a EC n. 45/04, acrescentou-se o pargrafo 3 ao\I t 1\ 5 da Constituio, que criou um novo degrau na hierarquiaIII~tratados internacionais: os de direitos humanos, equivalentes

    e-m ndas constitucionais, desde que aprovados com quorum es-I" iul de 3/5 e votao em dois turnos.

    DIPr - ao utilizar o mtodo conflitual para determinar a leiIplidvel a uma situao plurilocalizada -, precisa legitimar suas, ilhas, seus preceitos e suas solues com o respeito aos direitos

    humanos. A inexauribilidade dos direitos humanos como veto r deI unduta tem aparecido cada vez mais no dia-a-dia dos hard cases'"

    I tema em questo no pacfico. H muitos autores, entre eles AntonioAIlj.\lIstoCanado Trindade e Flvia Piovesan, que alam os tratados relativos 1'1 otco dos direitos humanos ao nvel constitucional. Todavia, at o presentemomento, o STF se declarou contrrio tese, apesar de recentes abrandamentos11I'~~e sentido, pois em voto do Min. Seplveda Pertence declarou que se nolorern contrrios s normas constitucionais, estes princpios alam ao patamarIlll1stitucional. Veja-se, ainda, ARAUJO, Nadia, "A Internalizao dos Tratadoslutcrnacionais no Direito Brasileiro e a Ausncia de Regulamentao Constitu-r ronal", in Plurima,vol. 3,1999, e mais adiante, nesta obra, o captulo referenteIh fontes do DIPr.~4 Para a definio de hard cases ou casos difceis, veja-se STRUCHINER,Noel, "Uma Anlise da Noo de Casos Difceis do Direito em um Contextol'ositivista", in Revista Direito, Estado e Sociedade, PUC-Rio, vol. 9, 2000. DizIi autor: "A discusso sobre os chamados "hard cases" do direito, os "casosdifceis ou inslitos" que ocorrem no mbito jurdico, surge a partir das investi-gaes de Herbert Lionel Adolphus Hart e Ronald Dworkin [juristas america-nos] acerca da objetividade do direito, isto , sobre a capacidade do direito dedeterminar urna nica soluo correta para cada caso que surge ou possa surgirsob a gide de seu domnio". Na concepo utilizada por esses autores, "casosdifceis" so aqueles casos de direito para os quais no possvel encontrar urna

    31

  • d DIPr.Aapli ao d ss s prin ipios ao I r scgue umn lgi adque deve haver respeito diferena dos sist ma jurdi os. ParaLafer, "a construo da tolerncia passa pela afirma o da indivisi-bilidade dos direitos humanos, e neste sentido, sua agenda umdos ingredientes de governabilidade do sistema internacional donossos dias".55 Fazendo um paralelo com o DIPr, a utilizao dosdireitos humanos como balizador da aplicao do mtodo confli-tual tambm um dos ingredientes fundamentais para a adaptaoda metodologia da disciplina aos dias atuais. Por isso, desnecess-rio recorrer a novas teorizaes ou criar novas excees utilizaodo sistema conflitual, baseadas somente no interesse da lex fori oude uma pretensa justia material.

    Um exemplo marcante dessa nova perspectiva a atuao daCorte Europia dos Direitos Humanos, em especial nos casos rela-tivos igualdade de direitos entre filhos naturais e legtimos. Adeciso da Corte no Caso Mackx declarou como contrria aos di-reitos protegidos pelos artigos 8 e 14 da Conveno Europia, aexistncia de disposies discriminatrias entre filhos na legislaobelga, que posteriormente foi modificada.

    soluo trivial, ou uma nica soluo correta, e que portanto deixam a comuni-dade jurdica perplexa sobre a maneira pela qual eles devem ser resolvidos (p.84).55 LAFER, Celso, Prefcio, op. cito

    32

    2. O Direito Internacional Privado atual:Os sujeitos e seu contedo nuclear

    "O Direito Internacional Privado o ramo da cincia jur-dica onde se definem os princpios, se formulam os critrios, seestabelecem as normas a que deve obedecer a pesquisa de solu-es adequadas para os problemas emergentes da: relaes. pri-vadas de carter internacional. So essas relaoes (ou sItua-es) aquelas que entram em contato, atravs dos seus elemen~tos com diferentes sistemas de direito. No pertencem a um sodo:nnio ou espao legislativo: so relaes 'plurilocalizadas'."

    Ferrer Correa'"

    "Le droit international priv trouve sa raison d'tre dans ladiversit des lois des Etats, d'une part, et la ncessite de trouverles solutions justes dans la communaut internationale."

    Erik Jayrne'"

    Vive-se hoje em um mundo globalizado e instantneo. A~ pe:-soas fsicas e jurdicas no mais circunscrevem as suas rel~.oes asfronteiras de um nico Estado, e do ponto de vista das atividadesl omerciais e pessoais essas fronteiras so, por vezes, irrelevantes. A

    "I> CORREA, A. Ferrer, Lies de Direito Internacional Privado, vol. I, Coim-hra, Almedina, 2000, p.ll.